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O título da obra – Os Maias – remete o leitor para a história trágica de uma família da
aristocracia lisboeta, relato de largos anos, permitindo ao leitor percorrer o Portugal
miguelista, fanático e beato de 1820, o Portugal liberal, representado por Afonso da
Maia, o ambiente romântico português, com Pedro da Maia e a geração da
Regeneração, desencantada com o liberalismo e responsável por uma sociedade
falhada e decadente.
O subtítulo – Episódios da Vida Romântica – encaminha o leitor para o ambiente social
da época relatado pelo olhar atento e crítico de Eça de Queirós, que faz o retrato
satírico, mas realista, da Lisboa do final do século XIX.
Intriga secundária:
- Pedro encontra casualmente Maria Monforte por quem se deslumbra e apaixona. De
forma obsessiva, Pedro procura conhecê-la, contando, para isso, com a ajuda de
Alencar, seu amigo.
- Pedro e Maria Monforte namoram e, apesar da oposição de Afonso da Maia, casam
e têm dois filhos, mantendo vida social em Arroios. Com o aparecimento do
napolitano, surge a infidelidade de Maria Monforte, que foge com Tancredo, levando
a filha.
- Pedro regressa à casa paterna, em Benfica, reconhece o seu erro e suicida-se,
deixando o filho, Carlos, com Afonso da Maia. Afonso da Maia reage ao desgosto e
à dor, isola- se em Santa Eulália e dedica-se à educação de Carlos.
Intriga principal:
- Carlos vê, por acaso, Maria Eduarda à porta do Hotel Central, ficando por ela
fascinado.
- Desesperadamente, Carlos tenta descobrir quem é aquela “esplêndida mulher”.
Procura-a por Lisboa, vai a Sintra, na esperança de a encontrar, mas é apenas
através de Dâmaso que consegue aproximar-se dela.
- O casal apaixona-se, relaciona-se e mantém uma vida social na Toca, apesar da
oposição de Afonso da Maia.
- Com o aparecimento de Guimarães e a entrega do cofre com documentos
comprovativos de que Carlos e Maria Eduarda são irmãos, há o reconhecimento do
incesto, que Carlos vive de forma consciente.
- Depois de mais um encontro com Maria Eduarda, Carlos cruza-se com o avô, em
quem vê espelhado o horror e o desgosto. Afonso da Maia morre e Carlos parte para
o estrangeiro.
O sentimento e a paixão são, também, visíveis no relacionamento de João da Ega com
Raquel Cohen, que conhece socialmente na Foz, no Porto. Essa relação é vivida
inicialmente com um certo recato, mas João da Ega acaba por revelá-la ao seu amigo
Carlos da Maia.
Ega homenageia Cohen com um jantar no Hotel Central, jantar que proporciona a
Carlos o seu primeiro contacto com a sociedade portuguesa.
Os encontros amorosos de Ega têm lugar na Vila Balzac. Quando a relação adúltera é
descoberta, Ega, humilhado, refugia-se em Celorico, enquanto o casal Cohen parte
para o estrangeiro.
Ega, mesmo com a passagem do tempo, não esquece Raquel. Ainda apaixonado,
sente-se humilhado quando percebe a nítida aproximação de Raquel a Dâmaso. A
ligação terminará apenas no final – epílogo – quando Ega reconhece que Raquel não
merece a sua atenção.
contaminar pelo tédio e indolência de Lisboa e falha em todos os planos da sua vida,
sentindo-se frustrado.
Maria Eduarda: Esta figura feminina é apresentada como uma bela mulher alta e loura,
elegante, mas simples e sóbria. Um certo mistério rodeia Maria Eduarda, de quem
ninguém conhece o passado. A bondade e a capacidade de se emocionar facilmente
são características que lhe são atribuídas.
João da Ega: Amigo inseparável de Carlos, elemento quase familiar, Ega é uma peça
fundamental do romance Os Maias, na medida em que faz parte do universo do
Ramalhete, atuando diretamente na ação central, mas estando também presente em
quase todos os episódios que decorrem do subtítulo e traduzem o ambiente social da
época. Desde a juventude, Ega é um excêntrico, um provocador, um dândi. Homem
culto, irónico e sarcástico, é uma personagem polémica, que gosta de escandalizar a
sociedade lisboeta, considerada por ele ignorante e provinciana. Inicia diferentes
projetos, mas, tal como Carlos, nunca os termina. É Ega que recebe o cofre, elemento
que desencadeia a tragédia, e o faz chegar a Carlos, de quem é amigo e confidente. Na
obra, esta personagem representa o Realismo que se opõe ao Ultrarromantismo de
Alencar.
Linguagem e estilo:
«Mas o menino, molengão e tristonho, não se descolava das saias da titi: teve ela de o pôr
de pé, ampará-lo, para que o tenro prodígio não aluísse sobre as perninhas flácidas; e a
mamã prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela… […].
Disse-a toda – sem se mexer, com as mãozinhas pendentes […]» (capítulo III)
Ironia: Parecia envolve-lo todo – como uma larga mancha de sangue» (capítulo I)
«apertando o leque fechado como uma arma» (capítulo III)
Comparação: «um reflexo de cabelos de oiro» (capítulo VI)
Metáfora: «longa barba de neve» (capítulo XVII)
Aliteração: «casarão de paredes severas» (capítulo I, l.5)
Hipálage: Sensações visual e auditiva: «e transparentes novos de um escarlate estridente»
(capítulo VI)
Sinestesia: Sensações visual e táctil: «cor de botão-de-oiro; um tapete de veludo»
(capítulo XII)