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ROMANTISMO NO

BRASIL
PROSA URBANA
PÉROLAS DA PROSA ROMÂNTICA
ROMANCE X ROMANCE

O GÊNERO ROMANCE É UMA NARRATIVA EM PROSA DE LONGO FÔLEGO,


CONSTITUÍDA PELO DESENVOLVIMENTO DE VÁRIOS CONFLITOS, QUE OCORREM
EM TORNO DE UM CONFLITO CENTRAL.
ROMANCES
URBANOS OU DE
COSTUMES
ROMANCE ROMÂNTICO:
1830 – Leitura de romances
R E T R AT O D A V I D A N A C O RT E
estrangeiros, publicados em folhetins.
Público leitor e profissionalização do
escritor.
1843 – O filho do pescador, de
Teixeira e Sousa.
1844 – A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo.
Uma sociedade em formação.
18,6% da população livre e 15% dos
escravos sabiam ler e escrever –
leitura em família, praças,
restaurantes.
“MANUAL DE BOAS MANEIRAS” SOCIEDADE IDEAL
CARACTERÍSTICAS GERAIS
• Adoção de um mesmo pano de fundo – Rio de Janeiro. Capital do império.
• Representação dos costumes da elite urbana brasileira.
• Familiaridade com o comportamento das personagens, os eventos, os locais.
• Divulgação de valores importantes para uma sociedade em formação.
• Melodramas, finais felizes, amores idealizados, introdução de elementos nacionais,
• O narrador e o diálogo com o leitor – sedução, cumplicidade, confidência e intimidade.
• Público heterogêneo.
• Democratização da leitura e ampliação de seu alcance.
• Estrutura e linguagem simples, sem referências culturais sofisticadas.
• Amor como causa de mudanças e superação das personagens.
• Caráter moralizante.
• Referências ao mundo real.
• Identidade nacional – identificação com as personagens e suas histórias: vida imita arte / arte imita
vida.
ENTRELAÇAMENTO ENTRE REALIDADE
E FICÇÃO
PÚBLICO LEITOR
ROMANCES
ROMÂNTICOS
O romance e o público
feminino
PRINCIPAIS AUTORES
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
(1820-1882)

Autor mais lido no Brasil no final da década de 1840.


Características: descrição dos costumes da sociedade
carioca (suas festas e tradições; jovens idealizados,
moçoilas casadoiras, ingênuas e puras), linguagem
simples, tramas fáceis, pequenas intrigas de amor e
mistério, final feliz com a vitória do amor, humor,
pureza do amor infantil, traços nacionalistas (lenda
indígena de Ahy e Aiotin - resgate do passo histórico).
Espaços tipicamente brasileiros (a ilha de Paquetá, as
matas da Tijuca, os espaços urbanos do Rio de Janeiro). PRINCIPAIS OBRAS
Personagens: estudantes, moça namoradeira, Romances: Moreninha (1844); O
empregada intrometida, avó carinhosa, a senhora Moço Loiro (1845); Os Dois Amores
fofoqueira e inconveniente... (1848); Rosa (1949); Vicentina
(1853) O forasteiro (1855), A
Doutor em Medicina (nunca exercendo a profissão), Carteira do Meu Tio; A luneta
professor de Geografia e História do Brasil (ensinou os Mágica (1869), As Vítimas Algozes;
filhos da princesa Isabel). Nina; A Namoradeira; Um Noivo e
Duas Noivas.
Teatro: O Cego (1849); O Fantasma
Branco (1856), O Primo da
Califórnia (1858)
A MORENINHA
A MORENINHA
ENREDO
• Feriado de Sant’Ana e aposta
• A Moreninha
• Avó da Carolina e a conversa com Augusto
• O amor infantil – os breves
• A lenda indígena
• Amor à “segunda vista”
• A garotinha da praia
• Os pais de Augusto
• Pagando a promessa
[...]
(FUVEST) Assim se pode definir o romance A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo:

A. relato da vida nas repúblicas estudantis do tempo do império.


B. estudo da psicologia de um tipo de mulher brasileira, no ambiente rural.
C. crônica de um caso de mistério, na sociedade carioca de fins do século.
D. narrativa sobre o problema da escravidão, na sociedade brasileira do
século passado.
E. história de fidelidade ao amor da infância, na sociedade do Rio Imperial.
JOSÉ DE ALENCAR

• Deu forma mais bem-acabada ao romance urbano.


• Traços da sociedade da época: críticas e reafirmações.
• Caráter mais realistas das histórias de amor.
• Personagens vítimas das pressões sociais e
econômicas – comportamentos condenáveis.
• Redenção final.
• Relações humanas e o ambiente.
• Perfis de mulher: fortes, senhoras de seu destino, PRINCIPAIS ROMANCES
URBANOS
coração romântico e ideias puros, à frente de sua Cinco minutos (1856)
época. A viuvinha (1857)
Lucíola (1862)
• Descrições, flashback.
Diva (1864)
• Amor e superação. Senhora (1875)
PRINCIPAIS ROMANCES URBANOS DE
JOSÉ DE ALENCAR
C I N C O M I N U TO S LUCÍOLA

Narrador – prima – Carlota Maria da Glória (Lúcia / Lucíola) – Paulo -


Romance epistolar Couto e Rochina – Ana – “respeitável
senhora de cabelos brancos”
Caráter realista – cenário e acontecimentos
Complexidade humana, o comportamento e
Folhetim ingênuo (curto)
o modo de ser de homens e mulheres
Amor e salvação
Revela certos abismos do ser e da sociedade
Ambiguidade
Amor e redenção (apesar de não salvá-la)
Crítica e reafirmação
Em Cinco minutos, primeiro romance de José de Alencar, por causa de cinco minutos de atraso, o narrador-
personagem é obrigado a esperar o ônibus seguinte, no qual encontra Carlota, a mulher por quem se
apaixonaria. Depois de muitos encontros e desencontros, o desfecho desse romance, em que o tempo
desempenha importante papel no destino dos personagens, é:

A. a mãe de Carlota, que não tolerava o namoro dos dois, viaja com a filha para a Europa, e o rapaz morre
de desgosto.
B. o narrador-personagem perde de vista a mulher amada, que foge para a Europa com sua mãe, para tratar-
se de uma doença incurável, e os dois nunca mais se encontram.
C. Carlota, mesmo amando profundamente o rapaz, recusa seu pedido de casamento por saber-se
condenada em razão de uma doença fatal; no final do romance, morre nos braços do amado.
D. Carlota viaja para a Europa, onde o rapaz vai encontrá-la prostrada por uma doença fatal. No momento
em que a jovem pensava estar morrendo, um casto beijo de amor, milagrosamente, devolve-lhe a saúde.
Os jovens casam-se em Florença e voltam ao Brasil, para morar em uma linda e alva casinha, na
quebrada da montanha.
E. Carlota, apesar de não corresponder ao amor do narrador, alimentava o namoro com bilhetes e encontros
furtivos, divertindo-se com a situação, até que se cansa da brincadeira e se casa com outro.
A protagonista de Lucíola, romance de José de Alencar,

A. recusa-se a receber Paulo em seus aposentos, pois quer evitar o ciúme de seus
pretendentes e de seus clientes.
B. assume o papel de mulher fatal, a fim de garantir que o homem que desonrou
sua família seja punido e abandonado pela esposa.
C. participa de uma orgia em que se embebeda, canta cançonetas obscenas e
ofende os convidados com insinuações sobre a honra masculina.
D. evita casar com Couto, com o propósito de preservar o patrimônio da família
dele, pois ela não controlava seu ímpeto de consumo e ostentação.
E. apaixona-se por Paulo – que retribui o sentimento –, abandona a prostituição e
vem a morrer nos braços de seu amado.
PRINCIPAIS ROMANCES URBANOS DE JOSÉ DE ALENCAR

SENHORA
• Aurélia Camargo, Fernando Seixas, Pedro Camargo, Emília Camargo, Emílio Camargo, Lourenço Camargo,
Manuel Lemos , D. Firmina, Adelaide Amaral, Torquato Ribeiro, Eduardo Abreu.
• Dividido em 4 partes: o preço, quitação, posse, resgate. (uma transação comercial)
• Narrativa não linear
• Crítica à sociedade da época (casamento por interesse, papel da mulher).
• Romance de transição: Reprodução da estrutura das narrativas românticas e apresentação de um olhar crítico para
alguns dos desvios da sociedade da época – Romântica com traços realistas
• Sentimento como causador de mudanças e redenção de suas faltas.
• Divulgação de valores morais e criação de um espelho no qual o público possa ver refletida a sua face ou um ideal
dela.
• Dote – de humilhação à vingança
• Comportamentos emancipados de Aurélia e futilidades de Seixas
• Crítica à sociedade burguesa e a seus valores
• Visão pessimista do casamentos: transação mercantil
• O papel do dinheiro na classificação e avaliação das pessoas, bem como no próprio teor das relações burguesas.
SENHORA
O PREÇO
SENHORA
RESGATE
(PUC) Nos romances Senhora e Lucíola, José de Alencar dá um passo em relação
à crítica dos valores da sociedade burguesa, na medida em que coloca como
protagonistas personagens que se deixam corromper por dinheiro. Entretanto, essa
crítica se dilui e ele se reafirma como escritor romântico, nessas obras, porque:

a) pune os protagonistas no final, levando-os a um casamento infeliz.


b) justifica o conflito dos protagonistas com a sociedade pela diferença de raça:
uns, índios idealizados; outros, brasileiros com maneiras europeias.
c) confirma os valores burgueses, condenando os protagonistas à morte.
d) resolve a contradição entre o dinheiro e valores morais tornando os
protagonistas ricos e poderosos.
e) permite aos protagonistas recuperarem sua dignidade pela força do amor.
(ITA) O romance Senhora (1875) é uma das obras mais representativas da ficção de
José de Alencar. Nesse livro, encontramos a formulação do ideal do amor romântico:
o amor verdadeiro e absoluto, quando pode se realizar, leva ao casamento feliz e
indissolúvel. Isso se confirma, nessa obra, pelo fato de:

A. o par romântico central — Aurélia e Seixas — se casar no início do romance, pois


se apaixonam assim que se conhecem.
B. o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente no primeiro encontro e
permanecer intenso até o fim do livro, quando o casal se une efetivamente.
C. o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os preconceitos socioeconômicos para se
casar, pois ela é pobre e ele é rico.
D. a união efetiva só se realizar no final da obra, após a recuperação moral de Seixas,
que o torna digno do amor de Aurélia.
E. o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar que ela se case com Seixas,
fatos que são expostos logo no início do livro.
"O vestido de Aurélia encheu a carruagem e submergiu o marido; o que lhe
aparecia do semblante e do busto ficava inteiramente ofuscado [...].
Ninguém o via..."
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: DCL, 2005. p. 96. (Grandes Nomes
da Literatura)

(UFMG) Considerando-se o personagem referido – Fernando, o marido de


Aurélia –, é CORRETO afirmar que a passagem transcrita contém a
imagem:

A) da anulação de sua individualidade, transformado que fora, como


marido, em objeto ou mercadoria.
B) da sua tomada de consciência da futilidade da sociedade, que preza
sobretudo a beleza física e a riqueza.
C) do ciúme exacerbado, ainda que secreto, que sente da esposa, por
duvidar de que ela realmente o ame.
D) do orgulho que sente da beleza deslumbrante da esposa, ressaltada
nessa ocasião por seus trajes luxuosos.
Em Senhora, uma das últimas obras de José de Alencar, os personagens Aurélia e
Fernando protagonizam uma história de amor. A respeito dessa obra, é correto
afirmar:

A. A protagonista mostra-se completamente dominada pela emoção, revelando a


sua fragilidade e submissão ao homem amado, característica marcante das
heroínas românticas.
B. A descrição dos personagens enquadra-se plenamente no processo de
idealização da realidade, traço norteador da estética romântica.
C. O amor aparece, na narrativa, como caminho para que os personagens, heróis
ou vilões, possam se redimir, resgatando valores que lhes permitam a
correspondência amorosa.
D. O romance limita-se a uma análise do contexto social da época, não enfocando
a dimensão psicológica das personagens.
E. Os protagonistas, tipicamente românticos, vivem um conflito conjugal, resolvido
no momento em que o personagem Fernando resgata a sua dívida.
MANUEL ANTÔNIO DE
ALMEIDA
• Único romance, em forma de folhetins.
• Cenário diferente – O Rio de Janeiro das camadas mais
baixas da população.
• Pouca popularidade à época.
• Apresentação do avesso das instituições sociais.
• Leveza, linguagem direta, coloquial, irônica e próxima
do estilo jornalístico.
• Tipo especial de nacionalismo, ao documentar traços OBRA
específicos da sociedade brasileira do tempo do rei D. Memórias de um sargento de milícias
João VI, com seus costumes, os comportamentos e os
tipos sociais de um estrato médio da sociedade, até
então ignorado pela literatura.
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE
MILÍCIAS
Original: Difícil classificação – Romance Picaresco / Excêntrico / Romance Pré-Realista
Novela de tom humorístico que faz crônica de costumes do Rio Colonial, na época de D. João. –
Uma estrutura não mais puramente colonial, mas ainda longe do quadro industrial-burguês
Protagonista anti-herói: travessuras, malandragem, libertinagem
Personagens não idealizados, pertencentes a camadas mais inferiores da sociedade.
Maior realismo das personagens e dos acontecimentos.
Humor
Contornos realistas – final romântico.
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE
MILÍCIAS
ENREDO
Viagem Os ciganos
Traição e abandono Vidinha
Padrinhos Emprego na despensa Real e a mulher do
Infância Toma-Largura

Adolescência Vidigal e a vadiagem de Leonardinho

Dona Maria, Luisinha e José Manuel O soldado Leonardinho

Morte do padrinho e rejeição do pai. Segunda prisão e Maria Regalada


O Sargento dos brigadeiros / das milícias
Casamento
Texto 1
Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se
nesse tempo - o canto dos meirinhos (...).
Quem passasse por aí em qualquer dia útil dessa abençoada época veria um grupo mais ou menos numeroso
dessa nobre gente conversando pacificamente em tudo sobre que era lícito conversar: na vida dos fidalgos, nas
notícias do Reino e nas astúcias policiais do Vidigal. Entre os termos que formavam essa equação meirinha
pregada na esquina havia uma quantidade constante, era o Leonardo- Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e
gordíssima personagem de cabelos brancos e carão avermelhado, que era o decano da corporação (...)
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do
negócio, e viera ao Brasil. (...) viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da Hortaliça,
quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitota. (...) Quando saltaram em terra, começou a
Maria a sentir certos enjoos: foram os dois morar juntos: e daí, a um mês, manifestaram-se claramente os efeitos
da pisadela e do beliscão; sete meses depois, teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de
comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas
horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos
interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história.

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memória de um sargento de Milícia. São Paulo, Editora Ática, 2000.
(UPE) Considerando os fragmentos lidos, bem como os conteúdos a que eles remetem, assinale a alternativa
CORRETA.

A. Situado no período da vinda da família real para o Brasil, no tempo em que D. João VI refugiou-se no Rio de
Janeiro, ou seja, no início do século XIX, o trecho do romance em análise é exemplo da estética romântica, não
apenas pela temática – o romance de Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça – mas, sobretudo, pela idealização de
tais personagens.
B. O trecho em questão faz a apresentação de Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça e, pelas suas características, já
denuncia o afastamento da obra da idealização comum do Romantismo. Nele, se observam seres caricaturais
descritos com humor e ironia, como é o caso também do (anti)herói da história que, desde o nascimento, já se
afasta dos traços característicos de um herói.
C. O excerto é parte da obra de Manuel Antônio de Almeida, autor realista de obras de caráter picaresco, que trazem
à tona uma visão divertida das pessoas situadas em determinada época. Também exemplo da literatura de
transição, o tema é a própria representação das obras regionalistas de autores, como José de Alencar e Joaquim
Manuel de Macedo.
D. O livro Memórias de um Sargento de Milícias pode ser considerado, em razão de sua própria estrutura, um
romance de ruptura. No entanto, também, em razão de sua linguagem, um romance pouco valioso e de clara
fragilidade no que diz respeito aos efeitos estéticos.
E. O trecho destaca a vida nos subúrbios cariocas e configura o contraste com a vida da corte, principal tema das
obras do Romantismo, especialmente daquelas produzidas pelos poetas do mal do século, como Castro Alves,
que representaram fielmente o tempo do rei, junto com Manuel Antônio de Almeida, autor das memórias em

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