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ligado_na_obra

<Quincas Borba>
@Machado_de_Assis

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Caro(a) estudante,
A Literatura é a arte da palavra. Por meio dela, podemos conhecer
histórias, personagens e épocas fascinantes. Cada romance, conto,
poema ou peça de teatro, por exemplo, é capaz de nos transportar a
realidades e situações que jamais imaginamos.
A coleção #ligado_na_obra foi criada para aproximar você dos
grandes clássicos da Literatura. Em cada volume apresentamos
um percurso que possibilitará conhecer as características de obras
literárias que influenciaram nossa cultura.
Além disso, você terá à sua disposição questões especialmente
selecionadas que serão grandes aliadas na sua preparação para os
principais vestibulares do país.
Aproveite esse material ao máximo, mas não se esqueça:
nenhuma análise de obra literária poderá substituir a leitura integral
Wagner de Souza

e atenta do original!
Bons estudos!

ligado_na_obra
<Quincas Borba>
@Machado_de_Assis

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Todos os direitos reservados à
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Diretor de Conteúdos e Negócios Coordenadora de Imagem e Texto


Ricardo Tavares de Oliveira Marcia Berne
Diretor Adjunto de Sistema de Ensino Pesquisa
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Gerente Editorial Crédito de imagem de capa
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Revisora
Simone Keiko Shimabukuro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Fonseca, Mark Douglas da


Ligado na obra : Quincas Borba : Machado de Assis / Mark Douglas da
Fonseca. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2020.

ISBN 978-85-96-02634-5
www.twosides.org.br

Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar . Assis, Machado de , 1839-1908. Quincas Borba - Crítica e interpretação 2.
1
adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes Literatura (Ensino médio) 3. Romance brasileiro I. Título.
1a edição – 1 2 3 4 5 6 7 8 9 

nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para


avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e
consequente correção nas próximas edições.

As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmen- 19-30788 CDD-807


te, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propa-
Índices para catálogo sistemático:
ganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e
não representam recomendação ou incentivo ao consumo. 1. Literatura : Ensino médio 807
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

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Joaquim Maria Machado de Assis

@Machado_de_Assis (Rio de Janeiro, 1839-1908)


Contista, romancista, cronista, poeta, dramaturgo e crítico literário.
Wagner de Souza

Movimento Influências Influenciados


Romantismo e Realismo José de Alencar, Manuel Antônio de Carlos Drummond de Andrade,
Almeida, William Shakespeare Guimarães Rosa, Victor Heringer

Histórico
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 no Morro do Livramento, cidade do Rio de Janeiro.
Publicou seu primeiro soneto com 15 anos, em 1854, no Periódico dos Pobres. No ano seguinte, publicou mais dois poe-
mas na Marmota Fluminense, revista do livreiro Francisco de Paula Brito. Tornou-se aprendiz de tipógrafo e revisor na
Imprensa Nacional. Foi incentivado a seguir carreira literária por Manuel Antônio de Almeida (autor de Memórias de um
sargento de milícias). Machado passou a colaborar no jornal Correio Mercantil, para o qual escrevia crônicas e revisava
textos. Em 1859, estreou Pipelet, ópera com livreto de sua autoria, que não foi bem recebida pelo público. A pedido de
seu amigo José de Alencar e com sua experiência como crítico literário, Machado orientou o iniciante poeta Castro Alves
(1847-1871).
Trabalhou para vários jornais, como o Diário do Rio de Janeiro e o Jornal das Famílias. Em 1867, ascendeu à função de
burocrata e, nesse mesmo ano, foi nomeado por Dom Pedro II diretor assistente do Diário Oficial. Fez uma breve carreira
política e, por meio de outra nomeação do imperador, passou a ser oficial da Ordem da Rosa. Em 1876, foi promovido a
chefe de seção pela princesa Isabel e passou a receber os direitos autorais de suas crônicas.
Em 1866, conheceu Carolina Augusta Xavier de Novaes, com quem se casou. Carolina era muito culta e apresentou
clássicos das literaturas portuguesa e inglesa a Machado. Há relatos de que ela lia os textos do esposo e opinava sobre
eles. A ela se credita a transição de Machado de Assis do Romantismo para o Realismo. Foram casados por 35 anos, até
a morte dela, aos 70 anos de idade – fato que abalou muito o autor emocionalmente.
Machado de Assis apoiou, em 1897, a fundação da Academia Brasileira de Letras e, por unanimidade, foi eleito seu
primeiro presidente. Faleceu em 1908 em razão de uma úlcera cancerosa. Seu enterro foi acompanhado por diversas
personalidades da época e noticiado no Brasil e em Portugal.

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4

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 A_obra
Quincas Borba
Movimento: Realismo

<Resumo>
O romance inicia-se em 1867, no município de Barbacena, Minas Gerais. O protagonista da história é Ru-
bião, um ex-professor que passa a trabalhar como enfermeiro de Quincas Borba, filósofo e autoprocla-
mado inventor do Humanitismo. Herdeiro de quantia considerável provinda de um tio, Quincas Borba é
acometido por uma doença e acaba falecendo. Deixa sua fortuna para Rubião, fazendo-lhe apenas uma
exigência: que este cuidasse de seu cachorro, também chamado Quincas Borba.
Detentor de considerável quantia, Rubião parte para a capital da República à época, a cidade do Rio de
Janeiro, estabelecendo-se em uma grande casa no bairro de Botafogo, com vista para a enseada. Durante
a viagem de trem para a capital conhece Cristiano de Almeida e Palha e sua bela esposa, Sofia. Rubião
estabelece uma amizade com o casal e apaixona-se por Sofia, de quem julga haver alguma reciprocidade.
Rubião declara-se à Sofia, mas ela o rejeita, queixando-se ao marido. Este, no entanto, não corta relações
com Rubião, por dever a ele empréstimos e planejar negócios futuros. O ex-professor de Barbacena não
possui grandes habilidades com dinheiro e conta com Cristiano Palha para administrar sua herança. Com
o dinheiro de Rubião, Cristiano abre uma loja de importação, que logo começa a dar lucro. Após ter seu
negócio estabelecido, Cristiano desfaz a sociedade com Rubião, a fim de evitar a divisão de lucros.
Em sua trajetória pelo Rio de Janeiro, Rubião faz outros amigos, como: Freitas, homem de classe mais
pobre cujo enterro é pago por Rubião; Carlos Maria, jovem rapaz que vivia à custa dos bens da mãe;
Major Siqueira e sua filha Dona Tonica, solteira à beira dos 40 anos cujo sonho é se casar. Aliás, Rubião
lhe desperta interesse, mas não lhe retribui os desejos matrimoniais. No fim da história, Tonica encontra
pretendente, que morre antes do casamento já marcado.
Em certo ponto da história, Sofia traz do interior sua prima Maria Benedita, que passa a morar com ela
após a morte da mãe. A moça, então, aprende os modos da cultura dita urbana, tem lições de francês e
de piano. Maria Benedita é considerada uma pretendente para Rubião, que não chega a prestar atenção
nela, em razão de sua obsessão por Sofia. Maria Benedita, por sua vez, apaixona-se perdidamente por
Carlos Maria, que fica a par do interesse da moça por meio da prima Fernanda, responsável por juntar
os dois, que, posteriormente, se casam. Fernanda conhece Maria Benedita por intermédio de Sofia. Esta
funda uma instituição filantrópica composta por damas da alta sociedade como forma de inserir o marido
e ela mesma em um círculo social de maior renome. Sofia não reage positivamente ao relacionamento da
prima com Carlos Maria, pois havia demonstrado interesse no jovem depois de um flerte que tiveram em
um baile. Sofia vivia entediada em sua vida burguesa e tinha sua aparência como único trunfo.
Rubião gasta seu dinheiro descontroladamente, chegando a patrocinar uma revista dirigida pelo político e advo-
gado João de Souza Camacho, que promete elegê-lo deputado. O ex-professor de Barbacena chega ao ápice da
influência social como homem rico da capital, obcecado pelos devaneios de prestígio em uma possível carreira
política. O deslumbre chega a tal ponto que Rubião passa a se confundir com a figura de Napoleão III. Tido como
louco, perde o restante do dinheiro, é rejeitado pelos amigos da capital e acaba internado por Cristiano Palha.
Junto de Quincas Borba, o cachorro, Rubião volta a Barbacena, dorme na rua e é encontrado por sua co-
madre Angélica. Apresentando traços de loucura, é motivo de chacota na cidade. Pouco tempo depois,
adoece e morre. O cachorro Quincas Borba, também adoecido, desaparece atrás do dono e é descoberto
morto três dias depois.

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 Aspectos_gerais_da_obra

<Machado de Assis e as correntes literárias>


Ao lermos a obra de Machado de Assis, é possível percorrer a trajetória particular do
autor na literatura brasileira, ao fazer uma passagem do Romantismo para o Realismo,
cujas características marcam a segunda fase de sua obra.
A obra A origem das espécies (intitulada em sua primeira edição, em 1859, A origem
das espécies por meio da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na
luta pela vida), do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), e a nova con-
cepção de história introduzida pelo filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831)
podem ser consideradas as bases do pensamento realista. Darwin apresenta um
estudo substancial da evolução das espécies, ressaltando sua luta pela sobre-
vivência, seja em relação ao meio ambiente, seja em relação a outras espécies.
Para Hegel, haveria entre o ser humano e a natureza uma relação de conflito
constante, de oposição (tese × antítese). A possibilidade de evolução surge
a partir do momento em que o ser humano é capaz de estabelecer uma
relação harmoniosa entre a natureza e suas necessidades. Hegel propõe,
assim, uma ideia de evolução, pois enfatiza a capacidade do ser humano
de melhorar suas condições de vida.
Esses, entre outros estudos importantes, concebem a identidade do ser
humano como construção histórica, em que fatores sociais e ambientais
possuem grande relevância. Nessa perspectiva, as circunstâncias são res-
ponsáveis pela construção do sujeito e de suas relações com o outro. O foco
de análises sociológicas, artísticas e filosóficas passa a ser as experiências
concretas dos sujeitos, afastando-se da noção de alma e espírito, muito rele-
vantes no Romantismo.
Esse apreço pela objetividade é traduzido pela estética literária do Realismo, que
prima pela linguagem objetiva enquanto se afasta dos jogos linguísticos e dos pre-
ciosismos de movimentos anteriores. No campo da prosa, as histórias são narradas
em 3a pessoa por narradores panorâmicos e oniscientes, cujo foco está nas extensas, e
muitas vezes escatológicas, descrições de espaços e personagens. As obras se concen-
majivecka/Shutterstock.com

tram em temas como a pobreza, a exploração e os interesses políticos, estabelecendo


uma literatura muito ligada às questões sociais da época.
Na obra de Machado de Assis, principalmente na sua segunda fase, aspectos relevantes
do Realismo literário estão presentes, como a objetividade analítica, o interesse pelo pa-
pel da história e das convenções sociais na formação da identidade e subjetividade
humana, e a recusa a idealizações no que tange ao amor e à alma humana: esta
recusa a idealizações está no cerne de Quincas Borba. Muitos aspectos da es-
tética machadiana, entretanto, escapam à corrente realista da literatura, pois é
fato que o autor não chegou a se filiar a nenhuma escola literária específica.

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Segundo descrição do crítico literário Antonio Candido, fazem parte da estética de Ma-
chado de Assis procedimentos alheios ao dogma realista, como: mudanças narrativas
da 3a para a 1a pessoa; digressões; jogos com a linguagem; comentários e reflexões
pessoais do narrador; fala direta do narrador com o leitor; e a presença de temas liga-
dos à questão da natureza e subjetividade humana (CANDIDO, Antonio. Esquema Ma-
chado de Assis. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970.).
Para muitos autores, Machado de Assis poderia ser considerado um predecessor da es-
tética modernista, justamente pela presença dessas experimentações em seus textos.
A reverência à literatura de Machado de Assis dá-se justamente devido à genialidade do
autor no que concerne à mistura entre prosa narrativa, objetividade analítica e experi-
mentação literária.

<Machado de Assis e o Brasil>


Não é de se estranhar que o Brasil seja palco para uma visão de mundo
tão cínica e pessimista como a que encontramos nas narrativas macha-
dianas. No país escravocrata, as relações se davam quase exclusiva-
mente por meio da violência, do exercício abusivo do poder e de
relações de dependência daqueles que não pertenciam à classe
dominante dos senhores de terras.
Vê-se no Brasil um panorama social em que cada um luta
pela própria sobrevivência, muitas vezes de modo des-
leal, em uma sociedade completamente injusta.
As atitudes e a índole das personagens de Quin-
cas Borba seriam quase uma descrição do Bra-
sil, e o Humanitismo, uma filosofia inventada
por uma dessas personagens como justifi-
cativa para a barbárie social instalada no
país desde sua fundação.

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i ã o
R u b h ã
m a n
da dos
<O estilo machadiano: minucioso e preciso>

i
Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os pole-

e t
gares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo,

m a
cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos

r
digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era,

g
há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas

a
(umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para

um dm
a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo,
desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.

a
[…]

l e
Esse trecho faz parte do capítulo inicial de Quincas Borba e nele já está presente o pujante estilo do autor.

e
A escrita de Machado de Assis é reconhecida por suas nuances e pela capacidade de análise. Nesse peque-
no trecho, o autor nos apresenta a personagem, suas emoções e seus pensamentos, o tempo e o espaço,

m
ao mesmo tempo em que muda o foco narrativo de perto da personagem para o protagonista visto por um

a ;
terceiro, chegando ao seu interior, mostrando-nos seu intelecto e memória (uma vez que Rubião reflete

t
sobre acontecimentos do passado). O autor consegue essa proeza sem exagerar no uso de adjetivos ou

e
advérbios, encontrando a medida certa de sua meticulosidade.

m
O narrador nos apresenta a personagem principal já em ação, precisando exatamente o tempo em que a

e
ação ocorria. Ele muda o foco e passa a descrever a personagem de longe, por intermédio de outro olhar.

va
Com essa perspectiva, vai do detalhismo dos dedos no cordão do chambre à apresentação do espaço em
que a personagem se situa. Assim, o narrador, partindo do presente material, adentra a mente de Rubião,
apresentando-nos os pensamentos da personagem, bem como seu ponto de vista sobre si mesmo (quan-
do olha para as chinelas, por exemplo).

p r
Ao estilo neutro e analítico do autor juntam-se ainda outras características muito presentes em sua obra,

o
como a psicologia, o humor e o pessimismo.
A psicologia é percebida no apreço pela investigação das motivações das personagens, desvelando sua
complexidade sempre em relação ao contexto em que estão inseridas e às atitudes que o autor julga serem
naturais do caráter humano.

u
O humor é resultado dessa atitude analítica que expõe as personagens desprovidas de idealizações e exal-

Q
tações, ressaltando sua falta de polidez, seu caráter mesquinho e egoísta. Mesmo apresentando um estilo
neutro, o narrador dispõe de tom sarcástico e cômico em sua apresentação das convenções sociais da
época, principalmente no caso de Quincas Borba, quando se dirige diretamente ao leitor:

as
… Ou, mais propriamente, capítulo em que o leitor, desorientado, não pode
combinar as tristezas de Sofia com a anedota do cocheiro. E pergunta confuso:
– Então a entrevista da Rua da Harmonia, Sofia, Carlos Maria, esse chocalho de
rimas sonoras e delinquentes é tudo calúnia? Calúnia do leitor e do Rubião,

lh
não do pobre cocheiro, que não proferiu nomes, não chegou sequer a contar
uma anedota verdadeira. É o que terias visto, se lesses com pausa. […]
Há, em Quincas Borba, uma negatividade vinda da natureza humana que possui grande influência sobre a
história e o contexto social como um todo. Suas personagens utilizam, ou tentam utilizar, as instituições
sociais como o casamento, o dinheiro e a política para satisfazer seus desejos escusos ligados ao poder,

p
ao egoísmo e à vaidade. Essa negatividade é exalada pelas atitudes de diversas personagens ao longo do
romance.

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Q u e o d o f o g
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Q u n e l n t e j a r
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Viktora/Shutterstock.com

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Viktora/Shutterstock.com

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10

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m e t a ,
a s e s o r
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po
<O tempo e a história em Quincas Borba >

o
Diversas são as formas como o tempo pode ser retratado em uma narrati-

ã
va: por meio do envelhecimento das personagens, de menções a fenôme-

. s
nos naturais como estações do ano ou da cronologia. Machado de Assis,

ão expl o -
em Quincas Borba, escolhe esta última. No início do romance, o narrador

u
deixa claro que a ação está situada na época em que o autor está inserido.

i n
Em constante relação com o tempo está o espaço: teatros, gabinetes e bai-
les são ambientes comuns à época e são mencionados no romance; cos-

s a m
tumes comuns à elite urbana do século XIX também são mencionados por

s t e
meio das personagens Sofia e Maria Benedita, ambas dedicadas ao estudo

e i n .
do francês e do piano. O narrador chega a mencionar que Sofia lê um ro-

v s i
mance em uma revista, hábito muito comum para a época, uma vez que a

e a
primeira publicação do próprio romance Quincas Borba se dá de maneira

d
similar. Sofia ainda cria uma comissão de senhoras, uma espécie de grupo

o o u v a
filantrópico, muito comum à elite feminina do século XIX.

t n o
Outros fatos que marcam o tempo do romance são: a tomada de grupos

o r l c
conservadores na política, episódio relatado pelo protagonista e aconte-

t a
cimento verídico da época; a menção a figuras históricas, como José

e a
Bonifácio; o aparato bancário como ações, apólices e escrituras,

, u
instrumentos por meio dos quais se expressava o capitalismo fi-

o u o , —
nanceiro da época; a figura de Napoleão Bonaparte, que Rubião

i r e
acredita ser quando de sua loucura.

m r t
O uso da figura de Napoleão III, aliás, era recorrente no debate político

i , a -
liberal, ao ter sua governança comparada à de D. Pedro II, que, em meio

s m i
ao debate a respeito do fim do sistema escravocrata, simplesmente

e o h
desfez, sem consulta, o ministério liberal para substituí-lo por um con-

c c
servador (favorável à escravidão), fato narrado em Quincas Borba.

a d a a
Machado de Assis, portanto, estabelece um panorama da segunda me-

n h z t
tade do século XIX, trazendo à cena todas as instituições da época: a

i a fi
política, os bancos, os teatros, as casas de importação (fonte da rique-

d f a
za de Cristiano Palha), os grupos filantrópicos de mulheres e as revistas

e m
literárias. O autor nos mostra a relação entre as personagens e essas insti-

q u u o
tuições, dando ênfase em como suas personagens as utilizavam para dar

o h
vazão aos seus desejos íntimos e, geralmente, mesquinhos.

o s a e l h v e l
h o v l h o u
ta l e t a a q
m r ho s
11

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n o n t e n t
p a e s e i c a i n s
a p r â m a e
n o s d i n n c i i
s s a i v ê n o d
e r e v v ê
am sob e
<Uma visão panorâmica>

l h a c i a
Por meio da leitura do romance Quincas Borba, fica clara a abrangência do narrador: estão entrelaçados

e a n
diversos enredos de personagens, todos sob um eixo principal, que é a trajetória de Rubião. A dinâmica

d P ê
narrativa dá-se por meio do deslocamento do narrador, que vai do mundo exterior ao interior, revelando a

e o u o
interação das personagens com o espaço, suas intrigas secretas, intenções e desejos:

d a n n fl o m
Ladeira abaixo, D. Tonica foi ouvindo o resto do discurso do pai, que mudou

t i , i c
de assunto, sem mudar de estilo, – difuso e derramado. Ouvia sem entender.

i s e r m
Ia metida em si mesma, absorta, remoendo a noite, recompondo os olhares de

r d s i
Sofia e de Rubião.

C p o s h o
[…]

o , a i n
Durou muito tempo essa explosão de raiva interior, – perto de vinte mi-

r a fi a m
nutos; mas a alma cansou, e tornou a si. […] Olhou em volta de si, mirou

pa s; So um c ia vê a
a alcova de solteira, arrumadinha com arte, — dessa arte engenhosa que
faz da chita seda e de um retalho velho uma fita […].
O trecho tem início com o narrador fazendo menção ao espaço e à ação centrada na personagem D. Toni-

i o l r
ca; ele a olha externamente, descrevendo a maneira como interage com o pai. Deste ponto, desloca-se

r i a a
para dentro dos pensamentos da personagem, revelando seus desejos e memória – chega a falar em

p c M r
“raiva interior”. Da ladeira é possível seguir D. Tonica até seu quarto, e aqui o narrador toma o ponto de

ó o s e
vista da personagem: vemos pelos olhos dela seu quarto, a chita de seda e demais detalhes.

s l o z
Assim é o tratamento narrativo dado ao enredo do romance: o narrador passa, dessa forma, por uma

ã o r f a
grande quantidade de personagens, e todas elas entram no foco do romance em algum momento. Na

s a i s
teoria narrativa, são reconhecidos diversos tipos de visão que o narrador pode utilizar ao longo do tex-

n ; C t r
to. Em Quincas Borba, encontramos a visão por detrás, voltada à objetividade e à possibilidade de

e a s a e
explicação de fatos psicológicos e pessoais, por meio da qual o narrador demonstra conhecer

m l h
a vida e o destino da personagem. É a visão pela qual o narrador expressa o que as perso-

t i d e u
nagens veem, seu saber próprio sobre si e seus acontecimentos.

s e m
O narrador de Quincas Borba encaixa-se na tipologia narrativa do escritor Norman

o e d a h
Friedman, o chamado “autor onisciente intruso”: ele é capaz de colocar-se acima das

a m a c
personagens, além dos limites do espaço e do tempo, assim como adentrá-los, po-

i d u
dendo assumir várias posições. É denominado intruso em razão de sua capacidade de

i l a a m
fazer comentários a respeito das personagens, assim como dirigir-se diretamente ao

b i v C
leitor, que tem como única fonte de informação as palavras do narrador.

s i o ; a
É esse tipo de liberdade que faz o narrador ser capaz de mudar o ponto de vista, aden-

n l e r a
trar os pensamentos das personagens, fazer comentários sobre elas, falar diretamente

o e a
com o leitor, assim como mudar drasticamente de tempo e espaço, característica do nar-

m d p
rador onisciente intruso e, mais especificamente, do narrador apresentado por Machado de

o m o
Assis em Quincas Borba.

c a g e b i ã v ê n
i m R u ão
12

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t i t u m c t o
s
in eiro u m e n
h e c i a s -
d i n a n d n a
o g r , v ê u -
<Um baile de máscaras>

e n d o a a
As personagens machadianas veem nas instituições sociais o meio fundamental para a afirmação de

e r i u
sua subjetividade, de seus desejos e suas ambições: o casamento, o dinheiro, o status social e a política

ia a s -
representam essas instituições capazes de atender às fantasias e aos delírios de poder presentes em

m r o s
cada personagem machadiana. Estar inserido nos meios de poder evidencia a força do sujeito perante a

o a p
sociedade e seu poder sobre os outros. Aquele que não se adapta à dinâmica das instituições se torna

e v a
o diferente e é considerado fraco, louco e marginal. Há nas narrativas de Machado de Assis personagens

o l o
que buscam proteger a si mesmas – de impulsos, desejos, violências presentes tanto em si quanto

m e t
nos outros –, formando uma identidade que se coloca de acordo com os ideais vigentes na sociedade:

o r a n
dinheiro, influência e família. A busca pelo poder, pelo dinheiro e pelo status está associada à preserva-

a e o
ção da integridade física e mental dos seres humanos.

p a m n d
A visão panorâmica do narrador de Quincas Borba nos apresenta diversas personagens que utili-

o s e
zam essa dinâmica entre egoísmo, necessidade de sobrevivência e instituições públicas:

h a , t o
Cristiano Palha vê no dinheiro um caminho para o poder, influência e engrandeci-

n c e v
mento próprios; Sofia, assim como o marido, vê na ascensão social um caminho

o d e
para elevar a autoestima; Carlos Maria vê no casamento a possibilidade de

n a d
satisfazer sua vaidade, tendo como noiva uma mulher completamente

ê i d t e
devota à imagem dele; Camacho manipula e usa o dinheiro de Rubião

v a n i
para atender a seus interesses pessoais; Rubião vê na possibi-

a v e d
lidade de carreira política a satisfação íntima e a afirmação

a m o
de sua subjetividade.

r s u l e t a u s a
z e m p a e r e s
r c o p u l i n t e
h e a n i u s c a
o m a s e d e
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Anastasiia Sorokina/Shutterstock.com

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vê o ínt i m 13

D3-8010-LIGADO-NA-OBRA-VOLUME-29.indd 13 10/1/19 10:02


m
Master3D/Shutterstock.com

u u
<A loucura de Rubião>

e t
O comprometimento do estado mental de Rubião é anunciado sutilmente ao longo do romance em

õ s
instâncias nas quais o protagonista parece perder o domínio de si e deixar dominar-se por seus im-

u p t a
pulsos. Um exemplo desses anúncios está na passagem em que:

S i n
[…] Rubião ia devorando a moça com olhos de fogo, e segurava-lhe uma das

] m
mãos para que ela não fugisse. […]

[ … f a a r
[…]

o s n t
Inclinava-se para beijar a mão, quando uma voz, a alguns passos, veio

i b e
acordá-lo inteiramente.

tr i m
A loucura de Rubião é um exemplo de como essa relação entre sujeito e história é relevante para a

a l f o
narrativa. A mudança do protagonista para a capital e centro do poder político e econômico do país

a e
despertou em Rubião o desejo de nobreza, que corresponde ao desejo de poder irrestrito. O imaginá-

r i r
rio do protagonista toma parte fundamental em sua loucura, reforçado pelas narrativas de romances,

a u
lidos pela personagem, que traziam costumes da nobreza:

p d q
[…] Aquelas cenas da Corte de França, inventadas pelo maravilhoso Du-

a o
mas, e os seus nobres espadachins e aventureiros, as condessas e os

m r à
duques de Feuillet, metidos em estufas ricas, todos eles com palavras

si i
mui compostas, polidas, altivas ou graciosas, faziam-lhe passar o tempo

e
às carreiras. […]

a n
Em síntese, os indivíduos buscam instituições econômicas, burocráticas e sociais capazes de con-

n h u
ter e de satisfazer seus impulsos egoístas. Portanto, na visão do autor, havia uma relação comple-

a b
xa entre sociedade e sujeito. Não era apenas o meio determinando a personalidade humana, como

t a
acreditavam muitos naturalistas, mas, sim, as pessoas se adaptando aos seus contextos como meio

m
de sobrevivência. Essa tese, inclusive, está implícita no Humanitismo, teoria filosófica de Quincas

e e
Borba.

a s e m
[…] Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas ape-

t r
nas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para

d i
transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundân-

i n
cia; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não

di v a
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse

m
caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermi-

a
na a outra e recolhe os despojos. […]Ao vencido, ódio ou compaixão; ao

e g a
vencedor, as batatas.

h i n
[…]

c e
O princípio de sobrevivência e autopreservação seriam o fundamento da experiência humana,

d
e uma instituição como a guerra seria necessária para a manutenção da vida na Terra. Muitos

m
críticos acreditam que a teoria formulada por Quincas Borba teria uma espécie de inspiração
GlebSStock/Shutterstock.com

e
no darwinismo social e outras teorias recorrentes na época. O certo é que essa teoria está

r ã o
em conformidade com a dinâmica psicológica das personagens do romance.

u i ç
t r
14

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d e e n a
p o s a p u e a
c a m a t a s , q
um s ba t i b o a
A s t r p o r
a s . d a a n s á
t m a a t r e h
r u a r o n d
ta a s p
n t e , d u a
f o r ç r t e e a s
e a v e s , s o c
u t r m a a s d
à o i a ; t a t e
â n c b a t e m
n d a s i e n
u p a z u fi c e c
e m e s e s s
m trir-s az, n erv
n u . A p o n s
a ç ã o a c t r a
a n i r a é o u
in guer ina a ó d i
; a r m d o ,
ç ã o x t e n c i s .
s e v e ta t a
o o
15

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Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.
 Contexto histórico

1843
Golpe da Maioridade:
Acervo Iconographia/

Dom Pedro II assume o


Reminiscências

poder, centralizando a
administração do país.

1830
Concentração de escravizados no sul

Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.


do Brasil como resultado da expansão
do café.
de Orleans e Bragança sob guarda do
Antonio Luiz Ferreira/ Coleção Dom João

Instituto Moreira Salles

1870-1888
Movimento abolicionista pela luta da extinção do
sistema escravocrata.
1864-1870
Eclode a Guerra do Paraguai: o conflito,
que envolveu brasileiros, paraguaios,
argentinos e uruguaios, expôs as
fraquezas do Exército brasileiro, o que
gerou intensa oposição ao Império.

1871
Marc Ferrez/Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles

Lei do Ventre Livre:

1885
libertação dos filhos
de escravizados
nascidos a partir de
1871. No entanto, se os Lei dos
senhores de escravos Sexagenários:
ClassicStock/AlamyFotoarena

assim o quisessem, os libertação dos


filhos dos escravizados escravizados que
teriam de trabalhar até tinham 60 anos
completar 21 anos. de idade ou mais.

16

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1850

Acervo Iconographia/Reminiscências
Fim do tráfico negreiro no país, por
pressão política da Inglaterra.

Everett Historical/
Shutterstock.com
1850-1884
Chegada de imigrantes europeus para
trabalhar nas lavouras do país.
Marc Ferrez/Coleção Gilberto Ferrez/
Acervo Instituto Moreira Salles

1840-1889
É intensificada a urbanização das cidades do sul. A literatura
e o teatro franceses passam a ser muito apreciados pela
classe burguesa.
, RJ.
de Janeiro

Acervo da Pinacoteca Municipal de


São Paulo/Centro Cultural São Paulo.
teca Nacional, Rio
Biblio
Fundação

1888 1889
Golpe de Estado político-militar no país:
Abolição da escravatura: milhares de negros foram libertos,
fim da monarquia constitucional e exílio da
porém as políticas de apoio a essa população, previstas pelo
família real. Proclamação da República.
movimento abolicionista, não foram implementadas, deixando
milhares de negros na marginalidade ou em subempregos.
17

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Personagens Rubião
Ex-professor, enfermeiro de Quincas Borba, o qual

Camacho
lhe deixa considerável herança mediante promessa
de que tomasse conta de seu cão. Apresenta alguma
culpa inicial diante de seu egoísmo e interesse, mas
Político que manipula Rubião, prome- a esquece quando se desloca para a capital, onde se
tendo a ele elegê-lo deputado a fim encanta com a vida de aparências e vaidade. O deslum-
de receber apoio financeiro para sua bre, acompanhado de certa ingenuidade, leva-o a gas-
revista política. tar sua herança descontroladamente, enquanto cria

Dona
fama na capital e vislumbra uma carreira na política.

Tonica Quincas
Filha do Major Siqueira, é uma

Borba, o
mulher solteira de quase 40
anos. Praticamente sem espe-
ranças de conseguir um ma-

homem
trimônio, preocupa-se com a
vergonha de ser uma mulher
solteira de idade avançada.
Chega a se interessar por Ru- Filósofo autoproclamado, criador
bião, mas acaba por arranjar do Humanitismo e detentor de uma
um noivo que falece antes herança deixada por um tio. O per-
mesmo do casamento. sonagem aparece em Memórias
póstumas de Brás Cubas antes de
ter recebido a herança. Teve um
princípio de romance com a irmã
de Rubião, Maria da Piedade.

Quincas
Borba, o cão
Fiel e leal ao dono de mesmo nome, é entregue aos cuidados
de Rubião, que chega a acreditar que a alma do filósofo se
instalara no cão. Passa a ter com o novo dono o mesmo com-
portamento que tinha com o anterior, apesar do desprezo que
recebe. Depois da morte de Rubião, também falece.

18

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Cristiano
Palha Carlos
Sofia Homem ganancioso e interesseiro, marido de Sofia Palha.

Palha Maria
Seu principal objetivo é ascender socialmente pelo acúmu-
lo de capital. Bem relacionado, apresenta a Rubião diversas
figuras importantes da capital da República e torna-se ad-
ministrador de sua herança, explorando-o até o levar à ban- Jovem que vive à custa dos
Mulher de Cristiano Palha, re- bens deixados pela mãe. Dono
presenta a quebra do ideal de carrota (falência). Vale-se do interesse de terceiros em sua
esposa, analisando o que estes podem lhe oferecer. de alguma beleza e charme,
mulher da era romântica. De- utiliza tais atributos em jogos
tentora de beleza considerável, de sedução. Por conta de sua
regozija-se da atenção dos ho- vaidade, casa-se com Maria

Maria
mens, chegando a seduzi-los Benedita simplesmente por
por interesse. Aproveita-se das ser alvo de sua adoração.
instituições sociais urbanas

Benedita
para afirmar sua vaidade e con-
seguir ascensão social. Quando
não satisfeita com seus êxitos
vaidosos, encontra-se cercada Moça do interior do Rio de Janeiro que vem morar
pelo tédio. com sua prima Sofia após a morte da mãe. Apren-
de os hábitos culturais da cidade sem se desfazer
da ingenuidade interiorana. Apaixona-se por Carlos
Maria, com quem se casa e tem um filho.

Dona
Fernanda
Mulher fiel e bondosa, esposa de um
deputado. Dona de certo altruísmo,
preocupa-se com o estado de saúde
de Rubião após o agravamento de sua
doença mental.

19

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c e s c o n
n e u e t o
É o q o au u
N ue ce Qm
 Leitura_crítica
q an nhul
m ne re
aar à s u
O estudante que se encontra com a obra de Machado de Assis,
preparando-se para os vestibulares, deve ficar atento a alguns

t bra tór
pontos muito recorrentes nos testes que cobram a leitura do au-
tor. Geralmente, as questões abordam aspectos relacionados ao

o his re
estilo, temas presentes na obra específica e a visão literária macha-
diana mais voltada ao Realismo.
Deve haver um foco especial entre a estética machadiana e o realismo

a atuap
literário, que se expressa de maneira mais evidente na objetividade e
neutralidade no estilo; no detalhismo das descrições de tempo, espaço

n a c ur
e personagens; na recusa às idealizações a respeito da alma e valores hu-
manos; e na busca por explicações de causas e efeitos de diversos fenôme-

d rat l
nos psicológicos e sociais ligados à experiência humana.
É necessário, contudo, considerar o fato de que o autor não se alinhou com-

e écud
pletamente a nenhuma corrente literária. Há em suas obras um interesse pela
psicologia e pela natureza humana, muito presentes na literatura romântica.
Além disso, as narrativas de Machado de Assis contam com experimentações,

s as p
como mudanças de foco narrativo, narração em 1a pessoa, jogos de linguagem,
falas com o leitor, comentários cheios de ironia e humor e citações. Essas carac-

v es
terísticas o aproximam da estética da literatura moderna. É importante considerar
também que o autor dialoga com um grupo de filósofos que vai desde os cínicos

O eri
gregos e latinos até os moralistas do século XVIII, o que o afasta um pouco das refe-
rências mais comuns dos autores realistas.

p ers
No que concerne especificamente ao romance Quincas Borba, é preciso se atentar à re-
lação entre o tempo do romance e a história do Brasil, mais especificamente da capital da

p ar
República (Rio de Janeiro) no século XIX, muito abordada no romance. O espaço criado na
narrativa e a ação das personagens representam instituições, hábitos e fenômenos sociais
da época, como o uso da língua francesa e a importação de costumes europeus. Outro foco de

n áb
atenção é o narrador, que apresenta uma visão panorâmica, passando por diversos enredos e
também personagens, ao mesmo tempo em que analisa estes últimos, expõe seus pensamen-

hin
tos, memórias e, inclusive, assume seu ponto de vista. O narrador ainda pula de uma cena para
outra, mudando o tempo, as personagens e a ação de maneira abrupta. Deve-se considerar, ainda,

lo
seu diálogo com os leitores, repletos de ironia e humor.
As personagens do romance têm motivações egoístas e grande parte delas age de má-fé, manipula

ch
e até rouba o protagonista, mais inexperiente que as demais nas tramas de dinheiro, influência, se-
dução e poder.

ca
Reafirmando a teoria do filósofo Quincas Borba, qualquer ação das personagens se constitui com propósi-
to voltado exclusivamente à preservação da própria vida e, portanto, à sobrevivência.

t
Quincas Borba é um romance rico, repleto de diálogos com a história e com filosofias caras à época, res-
paldado por uma excelência estética nas descrições minuciosas e neutras, nas mudanças de foco narra-
tivo, no humor dos comentários do narrador e nas citações a outras obras da Literatura. Enfim, o romance

c
proporciona uma grande experiência literária a seus leitores.

a
20

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o n c n ã B o e l i e m s i c
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c tor casren o t la esps p
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e umaçãoeres sil, uito (Riios p
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a r p é s
21

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Rubião fitava a enseada, eram oito horas da manhã.
 Obra_e_vestibular Quem o visse, com os polegares metidos no cordão
do chambre, à janela de uma grande casa de Botafo-
A questão a seguir refere-se ao texto a seguir,
go, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água
extraído do sexto capítulo de Quincas Borba
quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em
(1892), de Machado de Assis (1839-1908).
outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que
Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famin- era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista.
tas. As batatas apenas chegam para alimentar uma Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Tú-
das tribos, que assim adquire forças para transpor nis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para
a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros
em abundância; mas, se as duas tribos dividem em e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo
paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se entra na mesma sensação de propriedade.   
suficientemente e morrem de inanição. A paz, nes- ‒ Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas,
se caso, é a destruição; a guerra é a conservação. pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas
Uma das tribos extermina a outra e recolhe os des- Borba, apenas me daria uma esperança colateral.
pojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comi-
recompensas públicas e todos os demais efeitos go; de modo que o que parecia uma desgraça...
das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Disponível em:
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo moti-
<http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/
vo real de que o homem só comemora e ama o que category/23-romance>. Acesso em: 23 jun. 2019.
lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional
de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que vir- 2. Com base na leitura do trecho transcrito, é pos-
tualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; sível afirmar que o estilo de Machado de Assis é:
ao vencedor, as batatas. a) impreciso, repleto de referências vagas, e difuso.
(ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba. b) dotado de adjetivos que conferem valor ao es-
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 648-649.) paço e à personagem.
c) minucioso, com descrições detalhistas, e neutro.
1. (Uel) O Humanitismo, filosofia criada por Quin- d) prolixo, com frases longas e descrições muito
cas Borba, é revelador: longas.
a) Do posicionamento crítico de Machado de e) minimalista, interessado apenas nas ações
Assis aos muitos “ismos” surgidos no século das personagens.
XIX: darwinismo, positivismo, evolucionismo.
3. No que concerne ao narrador, verificamos que este:
b) Da admiração de Machado de Assis pelos
muitos “ismos” surgidos no início do século a) está configurado em 1a pessoa.
XX: futurismo, impressionismo, dadaísmo. b) é um narrador em 3a pessoa, mas que apenas
c) Da capacidade de Machado de Assis em ante- acompanha a perspectiva de uma persona-
ver os muitos “ismos” que surgiriam no século gem, não abordando aquilo que se passa fora
XIX: darwinismo, positivismo, evolucionismo. da consciência ou longe do protagonista.
d) Da preocupação didática de Machado de As- c) é um narrador com uma visão de fora, que
sis com a transmissão de conhecimentos fi- aborda apenas aspectos concretos e não
losóficos consolidados na época. adentra a subjetividade dos personagens.
e) Da competência de Machado de Assis em ante- d) é um narrador onisciente capaz de trazer ao leitor
cipar a estética surrealista surgida no século XX. uma visão externa e interna das personagens.
e) é um narrador testemunha, ou seja, uma per-
Leia o excerto do primeiro capítulo do romance sonagem que narra aquilo que presencia ou
Quincas Borba para responder às questões 2 e 3. presenciou.
22

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Leia o seguinte trecho de Quincas Borba para a) do amor que Rubião sente por Sofia.
responder à questão 4. b) da obsessão pela ideia de nobreza e poder
Carlos Maria pensava na devota incógnita. Estava que acomete o protagonista.
longe, muito longe do ensino e seus estabelecimentos. c) da perda de sua fortuna.
Que bom que era sentir-se um deus adorado, e adora- d) do estado de solidão em que se encontra a
do à maneira evangélica, metida a devota no aposen- personagem ao final do romance.
to, fechada a porta, em secreto, não nas sinagogas, à e) da convivência de Rubião com o filósofo Quin-
vista de todos. “E teu pai que vê o que se passa em se- cas Borba.
creto te dará a paga” Oh! ele daria a paga, se soubesse 6. Explique que referenciais teóricos contribuem
quem era. Casada, seria? Não, não podia ser, não iria para a criação da estética realista.
confessá-lo a ninguém; viúva ou solteira, antes soltei-
ra. Cheirava-lhe a solteira. Em que aposento se fecha- 
va para rezar, para evocá-lo, chorá-lo e abençoá-lo? Já 
nem teimava pelo nome; mas o aposento, ao menos.

[...]

Tal foi o início dos amores. Carlos Maria folgou de se ver

assim amado em silêncio, e toda a prevenção se conver-
teu em simpatia. Começou a vê-la, saboreou a confusão 
da moça, os medos, a alegria, a modéstia, as atitudes 
quase implorativas, um composto de atos e sentimen-

tos que eram a apoteose do homem amado. [...]
(ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Disponível em: 7.
<http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/ Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tão
category/23-romance>. Acesso em: 23 jun. 2019.)
comprido; não sabemos o que se passou entre Sofia e o
Palha, depois que todos se foram embora. Pode ser até
4. Críticos apontam uma ruptura de Machado de
que acheis aqui melhor sabor que no caso do enforcado.
Assis com o ideário romântico que pode ser re-
velada na: Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Teresa. A
a) não idealização do amor, uma vez que Carlos sala está ainda alumiada, mas por um bico de gás; apa-
Maria passa a interessar-se por Maria Benedi- garam-se os outros, e ia apagar-se o último, quando o
ta apenas por vaidade. Palha mandou que o criado esperasse um pouco lá den-
b) obsessão que Carlos Maria tem pela sua amada. tro. A mulher ia a sair, o marido deteve-a, ela estremeceu.
c) maneira como Carlos Maria descreve seu (ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Disponível em:
amor por Maria Benedita. <http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/
d) forma como o narrador descreve os pensa- category/23-romance>. Acesso em: 23 jun. 2019.)
mentos de Carlos Maria, voltados ao amor
puro e incondicional. Com base na leitura do trecho de Quincas Borba, o
e) idealização do amor, uma vez que o romance que pode ser dito sobre o narrador do romance?
representa a redenção moral de Carlos Maria.

5. Segundo o narrador de Quincas Borba, a lou-

cura de Rubião deu-se como resultado de uma
mudança de contexto social que ocorre na vida 
da personagem. Levando em consideração que 
Rubião passa a se identificar com Napoleão, po-
de-se dizer que essa loucura é fruto: 

23

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8. Muitos críticos associam Machado de Assis ao rea- 9. Explique de que forma o Humanitismo se confi-
lismo literário. Contudo, o crítico Antonio Candido gura como uma justificativa à realidade brasilei-
afirma que a obra do autor não se enquadra comple- ra que o romance estudado retrata.
tamente em uma única escola literária. Levando em

consideração essas duas informações, responda:
a) Quais características da obra de Machado de 
Assis podem ser relacionadas ao Realismo? 
 
 
 
 10. Explique, com exemplos do romance Quincas Bor-
 ba, a forma como as personagens se relacionam
com as instituições sociais de seu contexto.
b) Quais características da prosa do autor diver-
gem dos preceitos da escola realista? 

 

 

 

 

 

 Gabarito
1. a 2. c 3. d 4. a 5. b 6. O Realismo é uma das escolas literárias que feitos ao leitor, jogos de palavras, jogos com o espaço gráfico do texto
surge no decorrer do século XIX, contrapondo-se à estética romântica. e o senso de humor, revelado por sua ironia. 9. O Humanitismo, filosofia
Essa corrente é resultado do interesse cultural da época pela ciência criada por Quincas Borba, enxerga as relações, principalmente humanas,
e pela objetividade na análise do comportamento humano. Pode-se como uma competição constante em que a guerra e a desigualdade são
dizer que o evolucionismo de Darwin e a noção de história de Hegel naturalizadas e entendidas como necessárias, uma vez que os recursos
são os principais fundamentos teóricos do Realismo. O primeiro diz não são suficientes para todos. Tendo em vista o contexto escravocrata
respeito à competição e à constante adaptação das espécies em e extremamente igual do século XIX no Brasil, a teoria surge como uma
busca da sobrevivência; o segundo argumenta que a possibilidade de justificativa para as mazelas sociais (naturalizando-as), vindas de um
evolução surge a partir do momento em que o ser humano é capaz de ser humano não interessado no trabalho e cuja morte de um parente
estabelecer uma síntese entre a natureza e suas necessidades. Nesta lhe garantiu o meio de subsistência. 10. No romance Quincas Borba, as
perspectiva, as circunstâncias são responsáveis pela construção do personagens utilizam as instituições – como o dinheiro, o casamento
sujeito e de suas relações com o outro, e o foco das análises passa a ser e a política – como meio de afirmar suas potencialidades e satisfazer
a realidade concreta em vez da subjetividade. 7. O narrador de Quincas seus desejos, proporcionando a elas o bem-estar que desejam. Essa
Borba possui uma visão panorâmica na obra: narrando em terceira relação com o poder se dá quase exclusivamente pela busca deste. Os
pessoa, ele se desloca por diversos espaços e personagens. Além disso, exemplos no romance são variados: a amizade forçada entre Cristiano
poder ser caracterizado como onisciente, sendo capaz de adentrar as Palha e Rubião, com o primeiro estabelecendo a relação com o objetivo
personagens e revelar seus pensamentos e suas memórias. O narrador de usufruir do dinheiro do segundo, de modo a investir em negócios
também pode ser concebido como intruso, pois tece comentários sobre que o tornarão rico. Sofia mantém acesas as expectativas de Rubião
as personagens, desloca a cena narrativa de um espaço a outro quando a respeito do romance entre os dois para não interferir nos planos do
lhe convém e ainda estabelece conversas com o leitor. 8. a) A presença marido de usufruir do dinheiro do protagonista. A mesma Sofia inicia
do realismo literário na estética de Machado de Assis está em seu gosto uma instituição filantrópica com o objetivo de inserir o marido e ela
pela análise, nas descrições objetivas, na não idealização do amor própria na elite da capital. Rubião deslumbra-se com a possibilidade de
e na subjetividade das personagens, assim como no interesse pelas entrar para a política e exercer poder e influência sobre terceiros, além
diversas facetas do comportamento humano. b) Entre as características de tornar-se famoso. Esses acontecimentos, entre outros, são exemplos
encontradas na obra machadiana que divergem do Realismo, estão de como as personagens estão sempre buscando as instituições com o
as citações, narradores em primeira pessoa e intrusos, comentários objetivo de satisfazer seus desejos íntimos.
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