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VIOLAO
Ano 3 - Número 23 - Julho 2017
www.violaomais.com.br
Alessandro
Penezzi
Ampliando horizontes
E mais:
Baixarias em tonalidades menores
Pulgar e Alzapúa no Flamenco
Iniciação ao toque sem apoio
Interfaces de áudio para home studio
A vihuela e seu repertório
Machete ou braguinha?
“Lamento Sertanejo” para você tocar
Luis Stelzer
Editor-técnico
4 24
Você na V+ Alessandro
Penezzi
6
Em Pauta
67
Como Tocar
70
Filosofia
10 36 60 72
Especial Mundo De Ouvido Viola Caipira
18 38 64 74
Retrato História Sete Cordas Flamenco
44 81
Tecnologia Em Grupo
56 84
Siderurgia Coda
Duo Assad
Adorei a entrevista com o Duo Assad.
Saber que músicos desse gabarito
iniciaram de maneira tão curiosa nos
inspira a continuar buscando a perfeição.
Parabéns! (Gustavo Adorno, por e-mail)
Samuca Muniz
Parabéns! Melhor aula do Youtube.
Muito obrigado por estar nos ajudando.
(Nelson Lima, em nosso canal no
Youtube)
Boa Samuca! Sempre mandando ótimos
vídeos! (Felipe Agnoli, em nosso canal
no Youtube)
Legais as dicas...valeu! (Fernando
Petrauskas, em nosso canal no
Youtube)
4 • VIOLÃO+
você na violão+
NOVA GERAÇÃO
A nova geração do choro está se garantindo Rogério Caetano, Ulisses Rocha, Guinga
muito bem! O 7 cordas é uma febre. Que e Toninho Horta. Gilberto Gil, Toquinho,
continue assim! E há jovens já com muita Yamandu Costa, Mônica Salmaso, Fabiana
experiência. Violonista, educador musical, Cozza, Arthur Moreira Lima são alguns
compositor, arranjador e regente coral, dos artistas com quem já se apresentou,
Wellington Silva tem atuado em diversas em palcos como Sala São Paulo, Teatro
formações instrumentais, acompanhando Municipal, Memorial da América Latina,
cantores, além de seu trabalho como Biblioteca Nacional de Brasília, Teatro da
instrumentista solo. Obteve formação Aliança Francesa, Auditório Ibirapuera e
complementar com alguns dos grandes Museu da Casa Brasileira. Se percebe a
nomes do violão brasileiro, como Marco experiência na tocada segura e no timbre
Pereira, Mauricio Carrilho, Paulo Aragão, realmente bonito que tira do instrumento.
VIOLÃO+ • 5
EM PAUTA
© Mikhail Sergeev
6 • VIOLÃO+
EM PAUTA
Hereditariedade
O cantor, compositor e violonista paulista Chico Teixeira, acaba de lançar seu terceiro
álbum de estúdio, Saturno, uma homenagem ao irmão João Lavras, falecido em
2014. Chico Teixeira é dessa nova geração que vai “tocando em frente”, com estilo
próprio e qualidade musical, e que traz na origem a influência de seu pai, Renato
Teixeira. As parcerias de “Saturno” são enriquecidas pela participação especial de
João Carreiro, Roberta Campos, Irene Atienza e Carolina Delleva.
Viola e Violão
em Terras de São Sebastião
Nesta aula-espetáculo Marcia Taborda apresenta uma
visão muito própria da trajetória da viola e do violão
na sociedade brasileira. A autora recua no tempo para
localizar os antepassados das nossas violas e chega até
os anos de 1950, abordando um percurso histórico que
se deu em um cenário absolutamente privilegiado: os
contornos da cidade do Rio de Janeiro. Estão presentes
os grandes violonistas, e claro, a arte que produziram
- as canções e os diferentes gêneros instrumentais de
nossa música. Para adquirir, clique aqui.
C O N C E R TO S
BRASILEIROS
A ACTC - Casa do Coração dá
continuidade à terceira edição da série
Concertos Brasileiros 2017 no dia 22
de agosto, quando recebe o violonista
Yamandu Costa. Com seu violão de
sete cordas em punho, o músico traz
uma nova formação, com Guto Wirtti no
baixolão e Ernesto Fagundes no bombo
leguero. A afinidade entre as cordas de
Yamandu e Guto pode ser constatada
no primeiro álbum da dupla, Bailongo.
Amigos de infância e confidentes
instrumentais desde sempre, os dois têm
forte influência latino-americana não só em suas composições, mas na maneira
de tocar. Já Fagundes tem dividido o palco com Yamandu em apresentações com
orquestras no Brasil e no exterior, dando ritmo ao “Concerto Fronteira”. O show
vai reunir canções da parceria entre Yamandu e Guto, além de composições
individuais, relembrando tangos, milongas e choros, entre outros estilos. Trata-
se de uma homenagem aos bailes brasileiros, principalmente os do sul do Brasil,
terra natal dos três guris. A apresentação ocorre no Teatro CETIP, em São Paulo,
e os ingressos já estão à venda. A renda obtida na bilheteria será integralmente
destinada a subsidiar parte das despesas da associação.
8 • VIOLÃO+
EM PAUTA
Clube do Choro
De homenagens a compositores como Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga e
Ernesto Nazareth a obras autorais, o Sesc Ipiranga abriga, durante o mês de julho, o
chorinho, estilo genuinamente brasileiro, em apresentações gratuitas. O festival se
encerra no dia 21 de julho, com a dupla Alexandre Ribeiro (clarinete) e Swami Jr.
(violão), dois dos músicos mais requisitados da música instrumental brasileira, que
levarão ao público um repertório de celebração ao choro, com canções de autores
como Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, além de composições próprias. Mais
informações podem ser obtidas aqui!
A gravação de um
CD, passo a passo
Um sonho comum à grande maioria dos músicos
é o de registrar o seu trabalho em uma gravação
de qualidade, de preferência, que possa ser
comercializada. Sabe-se, também, que o custo para
tudo isso não é brincadeira, embora, atualmente,
os home studios conseguem resultados bem
interessantes. Mesmo assim, existe uma série de
passos que, muitas vezes, nem passam pela cabeça
do instrumentista, independentemente de o trabalho
ser autoral ou não. Para elucidar uma parte destas
questões, entramos em contato com dois feras,
envolvidos atualmente num projeto de gravação
de CD: Conrado Paulino e Swami Jr, um como
instrumentista, e outro nos bastidores, produzindo.
Os dois toparam a ideia de fazer um bate-papo
sobre esse processo, seus caminhos e percalços,
logicamente, no calor do trabalho que estão realizando
agora, o álbum A canção brasileira. E, justamente
por ser no meio de uma grande crise, fica mais
interessante ainda ver quais os caminhos, estratégias,
para conseguir esse feito.
Conrado Paulino
VIOLÃO+ • 11
Especial
Como é esse negócio de escolher o violonista, o violão, o tipo de
microfones, ter ficar em algum repertório, enfim... Aqui, no estúdio do
lugar específico da sala, um lugar Garga (Rafael Altério), que já conheço
que funciona melhor e outro pior, melhor, pensei na sala grande, com um
as pessoas em geral tem muita posicionamento que eliminasse algumas
dificuldade de entender isso. Você reflexões do som não desejadas,
pode nos explicar como é isso, no porque há uma sala de bateria com
que isso influencia na gravação? vidro ali. E fechei um pouquinho com
Swami – Essa questão dos microfones, os biombos. Gosto de fechar com eles
principalmente no trabalho com violão porque a sala é realmente grande e
solo, é muito importante. É claro que você tem, às vezes, uns sons de sala
depende muito do projeto, do violonista um pouco indesejáveis. Testamos várias
que está tocando, das características possibilidades. Eu adoro os DPAs 4011,
do instrumentista e do instrumento, tipo que são microfones maravilhosos para
de violão, enfim, várias coisas. Não violão, que já usei em vários discos do
existe um preset básico, aliás, não gosto Marco Pereira. Não é exatamente o
nada de formatos. A gravação é uma que uso sempre, mas é uma coisa que
história que depende da sala. O tipo de funciona muito bem. No caso, usamos
sala em que você está interfere muito, os DPAs em XY com o Millennia, um
assim como todos esses parâmetros, pré de que gosto bastante, macio...
12 • VIOLÃO+
especial
14 • VIOLÃO+
especial
consegui levantar dinheiro suficiente
para tocar o projeto, mas longe do
valor que eu tinha pedido, que previa
originalmente vídeo, capa do CD mais
trabalhada. Como entrou bem menos
dinheiro que o previsto, o orçamento
ficou bem apertado. Como ainda está
em processo, é bem provável que eu
tenha que completar com dinheiro do
meu bolso. O que consegui levantar
não vai pagar todos os custos, tenho
certeza.
16 • VIOLÃO+
especial
direção musical, fraseado, ralentando,
andamento, dinâmica, foram muito
legais, funcionaram muito. Ou seja, não
era somente a parte técnica, a parte
musical também me ajudou muito. E era
justamente o que eu queria: alguém que
fale a verdade, critique o que não está
bom, que ajude a chegar no ideal, que
olhe de fora e traga uma contribuição.
Quando a gente grava, acaba ficando
meio sem referências, achando tudo
ruim. Depois, acaba gostando. No meu
CD anterior de solos de violão, fiz sem
produtor, e foi bem mais difícil. Tem que
ter um produtor! Se o Marco Pereira,
que é um monstro no violão, chama o
Swami para produzir, como que eu vou
querer fazer sozinho? E gostei muito
do que ele me disse. Realmente, eu já
estava com tudo pronto, repertório e
arranjos definidos. Mas ele me ajudou
demais.
A viola no sul
do País
Com suas gravações, shows, aulas e métodos, Valdir
Verona vai passando para alunos e mais alunos, violeiros
e mais violeiros, a essência da viola que se toca no sul
A viola, diz Valdir Verona, chegou ao sul a maioria de violão. Isso acabou me
do País antes do acordeon, ou gaita, influenciando, eu ficava olhando o que
como se chama por lá. Aos poucos, faziam e tentava imitar. Depois passei
o fole tomou o lugar como principal a estudar com os primeiros métodos. O
instrumento da região. O violão, como primeiro, se não me engano, do Canhoto
sempre, tem seu espaço garantido, (Américo Jacomino), onde aprendi os
como em todo o País. De uns tempos primeiros acordes. Também apareceu
para cá, a viola começou um caminho um daqueles métodos que o meu irmão
muito interessante, resgatando um comprou por correspondência, que
espaço que parecia irremediavelmente vinha com um disquinho gravado e um
perdido. Seu estudo está mais manual de ritmos.
sistemático, atingindo conservatórios
e até universidades. Aqui, um pouco Nesse começo quais foram as
da história desse pesquisador, que primeiras referências de músicos,
transmite e resgata a essência da viola. além do pessoal que você ouvia
tocar e cantar? Algum violonista
Como você iniciou na música? em especial, que tenha chamado
Como aconteceu o fato de você se atenção?
desenvolver tanto como violonista Os violonistas que me influenciaram
quanto como violeiro? vieram depois, eu não conheci na época,
Comecei no lugar em que nasci, no interior só mais tarde, quando fui realmente
de Caxias, esses lugares afastados estudar violão. Como a gente ouvia
do mundo. Na verdade, mais perto de muito rádio de pilha, principalmente
Gramado e Canela do que de Caxias, à noite, o que chegava para nós era
um lugar bastante bonito, interessante, a música mais do Centro do País, as
mas que não tinha nem luz elétrica. duplas caipiras. Lembro, e cito como
Comecei pelo violão. Lembro que lá referência até hoje, de Rolando Boldrin
tinha muitos tocadores de violão e viola, a Tião Carreiro.
18 • VIOLÃO+
RETRATO
Valdir Verona
© Marcelo Ribeiro
VIOLÃO+ • 19
RETRATO
© Mazzochi Fotografias
Como é essa história de você e Villa-Lobos. Alguma coisa de Bach
começar num lugar muito simples, também. Toda essa bagagem acaba
ir avançando, até chegar a ser uma fazendo parte da minha história antes
referência no violão e na viola no sul da viola. Também estudei harmonia
do País e até no país inteiro? e improvisação, com estudos mais
Na década de 1980, nossa família saiu voltados para a MPB. Na década de
do interior e veio morar na cidade. Eu 1990, lá para 1994, 1995, estava
passei a estudar música em 1987, trinta preparando o meu primeiro disco solo.
anos atrás. Primeiramente, acabei Um dia, encontrei uma viola numa loja
conhecendo um movimento que já e, por uma questão de memória do que
estava acontecendo no Rio Grande do já tinha ouvido na infância, comecei
Sul, mais próximo à fronteira e também a tocar. Aquilo me chamou atenção:
na capital, chamado movimento estava querendo colocar algum som
nativista, que acabou me influenciando diferente no disco, então comprei a
bastante. Em seguida passei a estudar viola, e a primeira composição para
violão erudito, todos aqueles grandes esse instrumento, “Grotas”, saiu
nomes, Sor, Carcassi... Também logo. O nome é uma homenagem ao
gostava muito de peças brasileiras, de lugar em que nasci, cheio de serras e
Paulinho Nogueira, João Pernambuco montanhas. Nessa época, o trabalho
20 • VIOLÃO+
RETRATO
do Almir Sater estava aparecendo. outras. Fundamos a Teclas e Cordas,
Também conheci o trabalho do Tavinho da qual fui sócio durante 15 anos. Lá,
Moura, com harmonia sofisticada. formamos o Ária Trio. Participei do
Mas era para a viola ser o segundo primeiro CD, que era dos professores
instrumento. Em 1998, fui para Curitiba da escola. Atualmente trabalho com
fazer uma oficina de música com o aulas e oficinas particulares.
Roberto Correia, que foi fundamental.
A partir daí, decidi que iria batalhar Fale um pouco sobre a sua discografia,
pelo resgate da música do Rio Grande CDs, DVDs, seus métodos, tanto para
do Sul com o instrumento, trabalhando violão como para viola.
nossos ritmos. A viola chegou aqui no São quatro trabalhos solo: o primeiro
Rio Grande do Sul bem antes que o foi Acordes ao vento, na fase em que
acordeon - aqui, mais conhecido como eu era mais violonista, mas já gravei
gaita -, o instrumento mais tocado no a faixa “Grotas”, minha primeira
Sul. Hoje, tem muito violonista também, composição para viola. As demais são
mas violeiro tem pouco, embora esteja várias peças que registrei com um
melhorando. Aí, voltei bem decidido a único violão, algumas com dois violões,
mexer com isso, ajudar a ampliar esse gravando o próprio acompanhamento.
mapa do Brasil violeiro, até então um Gravei minhas primeiras composições
pouco desconhecido, de trabalhos com e regravei um estudo do Fernando Sor e
a viola na música do Sul. um prelúdio do Villa-Lobos. Depois veio
o Tons da Terra, um CD misto, de viola e
E o Valdir Verona professor? Você violão. Saiu cinco anos depois, lá pelos
gravou bastante com colegas seus anos 2000. É um CD de transição. Só fui
de escolas da música. Como se deu a gravar de novo dez anos depois, o CD
sua passagem para o lado do ensino? Uma viola ao Sul, quando decidi voltar
Esse processo de ensino musical também a cantar. Canto desde criança,
aconteceu bem rápido. Quando comecei mas tinha dado prioridade à música
a estudar música, já tocava há oito instrumental. Em 2013, lancei o CD Na
anos. O aprendizado foi bem rápido, estrada. Nesses dois últimos, a viola já
eu procurava associar principalmente a é o instrumento de frente. Além desses
teoria musical com aquilo que já estava
fazendo. O entendimento foi bem rápido.
Comecei a estudar em 1987, e, em 1989,
comecei a dar algumas aulas, mais à
noite, sábados pela manhã. Em 1990,
larguei minha outra profissão e passei a
trabalhar exclusivamente com música,
mais aulas do que apresentações.
© Tatieli Sperry
Alessandro Penezzi
Por Luis Stelzer
Ampliando
horizontes
Um dos maiores violonistas
do Brasil e do mundo, que
não perdeu sua simpatia, sua
simplicidade e seu sotaque do
interior - nem seu infinito talento
- fala sobre a carreira e os
projetos mais que ecléticos
matéria de capa
A primeira vez em que a gente encontra vazio, pouquíssima gente. O dono tinha
um talento fica marcada, por mais razão: teríamos prejuízo naquela noite,
estranha que seja. Uma vez, fui tocar num o que ganharíamos nem pagaria a
barzinho maravilhoso em Piracicaba, viagem. Mas tocamos. O grande lucro
cidade na qual toquei muito nos anos da noite estava lá, quietinho, assistindo
1990, quando fazia parte de um trio de a tudo. Antes da nossa terceira e última
música flamenca (que depois virou duo). entrada, o dono do bar pediu para eu dar
Era um show de MPB, voz e violão, com espaço a um jovem garoto, que estava
Selma Buso, cantora que acompanhei arrebentando no violão naquela época.
muito nessa época. Embora o dono do Seu nome era Alessandro. Deixei, claro.
bar tenha insistido em fazer esse show Pois o rapaz pegou e “comeu” o violão,
numa segunda-feira – segundo ele, o dia ficou mais de uma hora tocando. Albeniz,
mais “forte”, por conta do movimento, Barrios, Villa-Lobos, Paco de Lucía,
com alunos das universidades – insisti João Pernambuco, todos passaram ali,
para que fosse num sábado. E lá fomos um atrás do outro, quase sem respirar.
nós, uma trupe com dois carros, até Fiquei sem palavras. Foi difícil fazer a
Piracicaba. Encontramos o bar quase última entrada. O som do garoto estava
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matéria de capa
na minha orelha, na minha mente. Nunca Eu tinha um padrinho, o dr. Paulo, que
conversei com ele, depois, sobre isso. ajudava a gente, éramos pobres. Ele me
Nem sei se ele se lembra daquela noite. incentivou muito, comentou com minha
Agora o entrevisto, vinte anos depois. É mãe: tem que colocar ele para estudar
um violonista conhecido, um dos maiores música mesmo. Surgiu o nome do Sérgio
do Brasil e do mundo. Não perdeu sua Belluco, o grande professor de violão de
simpatia, sua simplicidade, seu sotaque Piracicaba. Ensinava o violão clássico,
do interior. Nem seu infinito talento. como a gente dizia. Minha mãe me levou
para estudar com ele quando eu tinha
Como você começou, em Piracicaba? dez anos, mas ele me achou muito novo
Vomo o violão, a música clássica e o e falou para me trazer quando eu tivesse
choro surgiram na sua vida? doze. Ela me levou no ano seguinte e
A música surgiu, de forma geral na ficou por isso mesmo.
minha vida, por influência da minha
família, mais precisamente minha mãe, a E como foi essa experiência?
primeira pessoa que vi tocando violão. Eu Ele me abriu o mundo! Eu via nele, além
devia ter três, quatro anos, e me marcou do mestre, uma figura paterna. Era muito
bastante. Meu pai tocava um pouquinho acolhedor, um educador mesmo, foi
também, mas eram separados, então vital na minha formação. Ele não só me
eu via mais a minha mãe. Da família ensinava, mostrava as coisas de música,
dela tinha a tia Rosa, que também pedia uma fita cassete virgem para que
tocava violão, me incentivava muito, me gravasse coisas para eu ouvir. Na época,
mostrava sempre o instrumento. Tinha nem vitrola a gente tinha em casa, só
uma tia que tocava sanfona, eu adorava. um rádio. O meu fornecimento musical
Quando tinha qualquer coisa musical, vinha todo do Sergio Belluco. Logo na
eu ficava em cima deles. Tia Rosa primeira fita, gravou Segóvia, falando,
comentou com minha mãe que eu tinha tocando... Para mim, foi um mundo
jeito, para me colocar para fazer aula. As novo, maravilhoso. Nesse ínterim, pedi
primeiras foram com uma professora de para meu padrinho um cavaquinho, pois
bairro, eu tinha uns sete anos, mal tinha tinha influência de uma escola de samba
começado a aprender a ler. Aprendia perto de onde eu morava. Gostava de
acordes, cifras, naquele modo à antiga, ver e ouvir aqueles batuques. Um dia,
prático: 1a. de Dó, 2a. de Dó... Fiquei ouvi uma música que não tinha canto,
nisso até oito, nove anos, quando minha e me pegou de um jeito... Perguntei o
tia sugeriu que minha mãe me colocasse que era e me disseram: chorinho. Fiquei
para estudar com o professor Antonio maluco. E vi na TV uma propaganda
Carlos Coimbra, o famoso Carlinhos do disco ‘Choro no Céu’. Incomodei a
Coimbra de Piracicaba, um grande minha mãe até ela me dar uma fita! Pedi
violonista no estilo popular. Fiz aula o cavaquinho para meu padrinho, ele
com ele e com o filho dele durante um me deu, e comecei a tirar os choros. E
ano, mais ou menos. Tirei várias coisas, a coisa foi aumentando, tirei essa fita
‘Sons de Carrilhões’, ‘Abismo de Rosas’. inteira, me enchi de coragem e contei
VIOLÃO+ • 27
matéria de capa
pro Sergio Belluco que eu gostava de D’Alma. No meio dessa fita tinha Paco
choro. Perguntei sobre a afinação do de Lucía. Fiquei extasiado! Como é que
bandolim, porque minha mãe tinha um acontecia aquilo? Quando eu ouvia a
que era do meu avô. Foi uma referência rumba dele, o “Entre dos Aguas”, aquela
musical, mesmo tendo falecido antes de frase feita de picados, era assombroso.
eu nascer, só pelas histórias que minha Procurei descobrir como fazia aquilo. Eu
mãe e tias contavam, que tocava vários não tinha acesso a nenhuma partitura
instrumentos. Era o meu herói da infância.
dele, nenhum vídeo, não tinha Youtube,
Veio esse bandolim, eu tentava colocar nem videocassete em casa. Soube que
corda, não conseguia, arrebentava. o Ronoel Simões, grande pesquisador,
Perguntei para o Sérgio a afinação, que morava em São Paulo, tinha algumas
ele me explicou e entrou no assunto, partituras e vídeos do Paco de Lucía.
perguntou se eu gostava de choro e eu Marcamos uma viagem para São Paulo,
disse que sim. Ele me convidou para para assistir a esse negócio. E foi o Jair
ensaiar com ele, já visando me colocar que intermediou, eu não ia chegar na
para tocar no seu grupo. Eu ia fora do casa do seu Ronoel e pedir... Antes de
horário da aula na casa dele, ficávamos assistir, tentei descobrir por mim mesmo
treinando, ele me ensinava as músicas, como ele fazia aquilo. Quando estudei
dizia onde estava errado. Era um trabalhocom o Carlos Coimbra, com uns nove
à parte, de percepção: eu tirava todas asanos de idade, ele me ensinou a tocar
músicas de ouvido e mostrava para ele, escalas com três dedos, tudo o que eu
que me corrigia. Passou a gravar uma tocava era com três dedos. O argumento
fita de choros por semana para mim. dele era o seguinte: violonista bom toca
com todos os dedos, esse era o bordão
Nessa primeira fase, você lembra dele. Quando eu ouvia o Paco de Lucía,
quais foram suas influências? Você imaginava que só assim ele poderia
tem um toque que transita entre o tocar aquilo tudo naquela velocidade e
choro, o erudito e o flamenco. Como precisão. E comecei a treinar desse jeito.
aconteceu essa mistura? É como se fosse a técnica do trêmulo,
As primeiras influências vieram da fonte dedos a, m, i. Comecei a praticar,
chamada Sergio Belluco: Dilermando praticar, praticar, foi melhorando a coisa.
Reis, Carlos Coimbra, Segóvia. Raphael Na viagem para a casa do seu Ronoel,
Rabello foi um impacto muito grande, para assistir ao famigerado vídeo
não só pelo vigor, mas pela perfeição: do Paco de Lucía, eu vi que ele fazia
ele sabia muito bem o que estava tudo aquilo com dois dedos... Foi uma
fazendo, tudo muito bem explicadinho frustração, eu estava fazendo errado.
ali. É uma grande influência, tentei Mas depois assumi essa coisa dos três
imitá-lo. Depois, estudei uns três anos dedos. Também confirmei que o Raphael
em Tatuí e, com o professor Jair de Rabello era muito influenciado por ele.
Paula, consegui uma fita na qual gravou O Raphael começaou a mistura entre
guitarristas flamencos, violonistas como flamenco e choro quando passou a ser
Ulisses Rocha, Heraldo do Monte, Grupo solista, não esquecendo que antes teve
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matéria de capa
uma grande carreira de acompanhador. vez pude ficar perto de um violonista que
No seu trabalho de solista, colocou fazia exatamente aquilo que eu queria
vivamente a influência do Paco de Lucía, aprender e tocar. Ele me ajudou muito,
do flamenco, rasgueios, golpes de me deu conselhos muito úteis, que uso
unha no tampo do violão, faz alzapúas, até hoje.
aqueles arpejos típicos do flamenco. E
eu, na minha coisa de adolescente, de Mas quem lhe chamou atenção para
ficar imitando, também tentava fazer, a Unicamp? Você achou importante
da minha forma. Nunca estive perto de a faculdade?
alguém para me orientar nessa técnica. A minha ida à Unicamp foi por causa
Ia tirando do meu jeito, mesmo. do Marcos Cavalcante (Marquito), um
músico muito bacana. Todo mundo
E a faculdade de música? falava dele em Piracicaba, mas
Quando fui para a Unicamp, tive contato morava nos Estados Unidos, fazendo
com o Ulisses Rocha, um dos violonistas mestrado. Um dia, avisou que vinha
que o seu Jair me mostrou. O Ulisses para o Brasil e ia dar um seminário de
tem uma grande técnica. Pela primeira jazz em São Paulo. Eu devia ter uns
© Kika Fragatte
VIOLÃO+ • 29
matéria de capa
dezessete anos. Fiz amizade com o Eu não tinha muita noção do mercado,
Marquito, que tocava jazz pra caramba, da realidade musical. Tive contato com
mas tocava choro também. Esse foi o grandes professores, tive aula de violão
nosso ponto de ligação. Gostou muito com o Ulisses Rocha! O Marquito dava
de me conhecer e começou a botar aula de guitarra jazz, embora eu nunca
“coisas” na minha cabeça, do tipo: você tenha me dedicado a isso (poderia
tem que estudar! Fiz essa amizade ter aproveitado mais!). Mas colei no
com ele, que voltou para os Estados Ulisses Rocha! É um dos maiores fatos
Unidos. A gente se correspondia por da minha história: eu lembro que o Jair
carta. Pedi conselhos do que fazer e de Paula, professor de Tatuí, tinha me
me respondeu: se prepare para fazer mostrado uma videoaula do Ulisses,
vestibular na Unicamp, eu vou dar fiquei impressionadíssimo. Poder ter
aulas lá em breve. Fui atrás de tudo, contato com ele foi muito legal. Por
cursinho... Prestei a primeira vez, não meio dele e de outros nomes, conheci o
deu, mas na segunda passei. Comecei Yamandu Costa, que já estava em São
a ter aula com ele mesmo. Essa entrada Paulo. Na faculdade tive contato com
na Unicamp abriu muito a minha cabeça. outras matérias, isso ajudou a abrir a
30 • VIOLÃO+
matéria de capa
cabeça, ter outro tipo de formação, um Nessa época você gravou o seu
lado mais acadêmico. primeiro disco, não é mesmo?
Sim, foi ainda em Piracicaba, eu tinha uns
E como foi a sua transição para São 21 anos. Chama-se Abismo de Rosas.
Paulo, encontrar a turma do choro, o Tinha texto do Guinga, do Poyares. Fiquei
Zé Barbeiro e sua turma? por Piracicaba ainda um bom tempo. E
Vou mais longe no tempo para explicar estava lá, tranquilo, quando me ligou
melhor. Eu tocava com o regional uma pessoa de Sorocaba, a dona Mazé,
do Sérgio Belluco, com uns dezoito, que fazia rodas de choro na casa dela.
dezenove anos. A gente acompanhou O marido dela, o Angelo, fazia parte de
vários artistas, o Sílvio Caldas foi um um regional e era amigo do pessoal de
deles. O show foi em Santa Bárbara São Paulo. Ela falava: olha, eu quero
d’Oeste, pertinho de Piracicaba. Só trazer aquele rapaz de Piracicaba pra
que ele levava um violonista junto, que cá. Colocou isso na cabeça do pessoal
conhecia todo o repertório. Era o João que ia na casa dela, a Roberta Valente,
Macacão, um dos grandes mestres do o Zé Barbeiro, o Rodrigo Y Castro
choro de São Paulo. O João adorou da flauta. Um belo dia, ela me liga e
a gente, viu que eu tocava um monte diz: você não quer vir para a roda de
de choro, fizemos uma “amizadona”. choro? Falei: claro! Lá encontrei esse
Quando o Miltinho (Mori) não podia tocar, povo. O Zé Barbeiro, eu já conhecia. A
ele começou a me chamar, num lugar gente começou a estreitar os laços. Eu
chamado Bingo Cruzeiro do Sul. Eles estava querendo mesmo sair, ampliar
faziam um regional lá, o João, o Tigrão, os ares, já estava na Unicamp na época
o Joãozinho do Cavaco e o Miltinho e ficava na rota Piracicaba, Campinas
solando, o Regional Paulistano, se não e, às vezes, São Paulo, para dar canja
me engano. Eu pegava o ônibus e ia no Bar do Cidão. Com a aproximação
lá tocar com eles. Levava o bandolim, do Zé Barbeiro, a Roberta e o Rodrigo,
às vezes o violão tenor. Na realidade, ficou mais tranquilo. Quando ia para
encontrei com o Miltinho, pela primeira São Paulo, ficava hospedado na casa
vez, quando tinha doze anos. O Sérgio da Roberta. Eles me convidaram para
vinha para São Paulo comprar violões na tocar no Ó do Borogodó. Topei na hora.
Del Vecchio, e eu fui numa vez, quando já Passei a tocar com eles toda terça-feira,
tocava um pouco de bandolim. Conheci e fui ficando. Dividia apartamento com
o Evandro do bandolim, e o Miltinho um amigo. Não ficava a semana toda
estava também. Ele me ajudou, corrigiu em São Paulo, mas uns três dias, pois
a postura da minha mão esquerda, foi estava na graduação. Isso foi muito
muito legal. Voltando ao bingo: nessas legal, fazer aos poucos essa transição,
de tocar lá, virava e mexia vinha outro até o momento de residir em São Paulo,
músico. Conheci o Ventura Ramirez, o Zé mesmo.
Barbeiro, a Dona Inah. Quem também ia
muito a Piracicaba era o Carlos Poyares. Como é a sua história fonográfica,
Fiz amizade com ele também. como você gravou os seus discos e
VIOLÃO+ • 31
matéria de capa
participações? me ajudou muito, eu não tinha grana,
Minha primeira gravação não saiu em vinha me buscar de carro. Eu ficava o
disco, mas em fita e gravada em estúdio dia todo no estúdio, gravei violão de 7,
e tudo mais. É do grupo Som Brasileiro, cavaco, violão solo, pandeiro, flauta.
do Sérgio, em que toquei bandolim, E tive participações neste disco, do
cavaquinho, flauta e violão tenor. Meio Ulisses Rocha e do Hercules Gomes,
que produzi tudo, eles tocaram. Fiquei pianista, só que o Ulisses fez sua parte
também na técnica, ajudando a produzir, na casa dele. Depois gravei com o
acho que foi em 1997. Teve um disco Quintessência, também no estúdio do
anterior, do Grupo Oitava Cor, um grupo Geleia. Esses dois discos saíram pelo
de samba do qual fazia parte, em 1996. selo Allegretto. Depois, foi o disco do
Nesse, toquei tudo! Cavaco, cavaco- Choro Rasgado, se não me engano, em
banjo, violão de 7, violão de 6, flauta, 2004, com composições minhas e do Zé
gaita, violão tenor, esses instrumentos Barbeiro. A gente gravou em São Paulo,
de roda de choro, e alguma coisinha com participação do Laércio de Freitas,
de percussão. Depois vem o meu do Caíto Marcondes e do Toninho
disco, Abismo de Rosas, gravado num Ferragutti. Depois, um disco com o
estúdio em Piracicaba, do Cristiano Laércio de Freitas, que me convidou para
Bortolazzo (Geleia), que foi técnico de participar, em homenagem ao Jacob do
som dos Mamonas Assassinas. Ele Bandolim, onde fiz solos no violão, e ele,
no piano. Saiu pela Maritaca em 2005.
A gente improvisava também. Participei
do projeto Violões do Brasil, com toda a
nata dos violonistas, Duo Assad, acho
que em 2005 também. O projeto é da
Myriam Taubkin. Toquei “São Braz”,
uma polca minha, e também “Arranca
toco”, do Meira. Fiz um disco em 2006,
que se chama Alessandro Penezzi.
É independente, e tem um monte de
participações: Yamandu Costa, Arismar
do Espírito Santo, Miltinho Mori, Beth
Carvalho, Quinteto em Branco e Preto,
Charles da Flauta, Amélia Rabello
(irmã do Raphael Rabello). Tem o
disco Sentindo, metade solo e metade
em trio, com o Cisão Machado o Alex
Buck. Aí, começa a minha parceria
com o Capucho, produtor, com quem
© Kika Fragatte
Depois desse, fizemos uma turnê pela para o Prêmio da Música Brasileira,
Europa e tocamos na 30ª edição do outros fizemos SescTV, rodamos muito
Spokje Jazz Festival, na Macedônia, trabalhando. Agora vem o Quebranto,
onde abrimos para o Wayne Shorter. Um com o Yamandu Costa. Espero não ter
show foi na Bimhuis, uma casa famosa esquecido nenhum (risos).
em Amsterdam. E eles gravam o áudio
e deram pra gente a gravação. Fomos Você lançou recentemente seu curso
ouvindo no carro, achamos bom o som. de violão pela internet. Essa ideia
Fizemos um CD ao vivo. Aí vem o Dança surgiu como? Dá muito trabalho
das Cordas, meu disco de violão solo, montar um curso desses? Quais são
gravado no estúdio Acari, no Rio de os seus objetivos com o curso?
Janeiro, com direção do Mauricio Carrilho. Em São Paulo, a gente fica refém da
Todos esses discos foram pela Capucho. logística, o trânsito, essas coisas, que
A partir de 2006, quase tudo o que gravei complicam. Depois que mudei para o
foi autoral. Ainda tem o Velha Amizade, Butantã (bairro da zona oeste de São
com o Proveta, gravado em São Paulo. Paulo, próximo à USP) – mais para
Alguns desses discos tiveram indicação Taboão da Serra que Butantã –, nem
VIOLÃO+ • 33
matéria de capa
todo mundo se dispõe a ir, principalmente que deixar a coisa muito bem preparada.
porque tem uma ponte que é um Algumas vezes, tentei fazer sem ter um
problema, dependendo da hora. Passei a roteiro, mas fica ruim. Tenho mania de dar
fazer aulas por videoconferência, Skype, muitas voltas e isso prejudica, fica uma
essas coisas. A primeira experiência foi aula muito comprida. A gente aprende
com uma aluna do Paraná, que queria a fazer um roteiro antes, preparar o
fazer aula comigo de qualquer jeito, mas material. Também tentamos fazer e
numa época que não tinha uma boa depois transcrever o material. Muito
tecnologia, era por chat. A gente falava mais difícil! Agora, preparo tudo antes e,
por ali, eu ia escrevendo, a metodologia mesmo assim, dá muito trabalho. Sem
era por tablatura, era bem complicado. contar que nem sempre a gente está
Com o Skype, a gente passou a fazer de com o pessoal da produção à disposição
uma forma melhor e passei a dar aula para para fazer os vídeos. Então, o que é mais
pessoas de outros países. Tive alunos na simples passei a fazer em casa. O que
Alemanha, nos Estados Unidos, tenho, isso significa: tive que passar a entender
até hoje, no Japão. Funcionou. Mas tinha minimamente de filmagem, programas
a questão do horário, você fala por uma de gravação, edição dos vídeos. Você
hora, tudo mais. E sempre fazia material começa a fazer mil coisas que não são
para os alunos, um monte de material tocar violão. Tem que entender mais
espalhado pelos cadernos, chats, Skype até do Word, onde faço as apostilas, do
dos alunos. A ideia foi juntar isso tudo, Sibelius, que é o editor de partituras. Está
comercializar, seria muito mais fácil: faz sendo um grande aprendizado, revisar
uma vez só e está pronto. Desenvolvendo assuntos, para falar corretamente até
essa ideia, aparece um parceiro, o aprender aquilo que achava que sabia,
Thiago, que propôs de eu fazer um mas não sabia.
curso online. Topei! A gente começou a
traçar a coisa, mas para entender como Além de assistir às suas aulas, o que
ia ser montado demorou bastante, foi a um violonista inexperiente pode fazer
primeira dificuldade. Depois pensamos para começar a frequentar rodas de
num curso abrangendo todos os níveis, choro? Falo por experiência própria.
o que foi outra grande dificuldade. Adoro choro, mas não toco choro.
Imagina você falar dos assuntos que vão Tenho vontade de tocar, mas também
abranger o violão brasileiro, o mote do muito receio, porque o pessoal
nosso curso, para todos os níveis. Claro que já toca parece muito firme no
que o curso é voltado para aquilo que repertório. Sinto que a roda não é o
faço. Não toco música flamenca, então lugar ideal para começar a aprender,
não vai ter isso lá, embora eu tenha nem sempre haverá paciência com
essa influência. Tenho influência da que está começando.
música gaúcha, mas não toco, não sou Esse negócio de roda depende muito de
especialista, não abordei assuntos que quem se trata: às vezes é uma roda de
não conheço o suficiente. É um negócio choro de amigos. Esta é uma boa receita:
muito difícil, porque no vídeo você tem se o cara tem algum amigo que toca
34 • VIOLÃO+
matéria de capa
mais que ele, o ideal é que comecem a
com o Yamandu Costa... fale um pouco
tocar juntos. Se isso não for possível, o
dele e de outros projetos.
ideal é que ele tenha gravações de choro
A gente acabou de fazer esse trabalho.
e tente tocar junto. Hoje, é muito fácil
Vamos trabalhar com ele, tentar rodar
conseguir as partituras, então, ele pode
um pouco com o show do CD, e isso faz
seguir pela partitura, que é uma forma de
estacionar um pouco outros projetos.
aprendizado. Vai saber do que se trata,
Mas tenho vários. Fazer um disco com
a cifra, vai ter o pré-requisito de ler cifra,
as canções que fiz com o Paulo César
conhecer minimamente leitura musical.
Pinheiro... Já tem material para isso. E
O que aconteceu comigo: eu tinha asestou pensando seriamente em gravar
gravações e os instrumentos. Tive que
cantando! São vários ritmos, samba,
tirar tudo sozinho. Esse caminho ainda
canção, baião, xaxado, está bem legal.
é a melhor forma de aprender, porque o
Outra coisa que quero fazer, mas acho
que se aprende desse jeito, dificilmente
que vai ser para o ano que vem, é um
se esquece. disco com o Zé Barbeiro, que a gente se
promete há muito tempo. Quem sabe,
Esse CD que saiu agora, Quebranto, no ano que vem?
VIOLÃO+ • 35
mundo Por Luisa Fernanda Hinojosa Streber
Machete ou
luisahinojosa@yahoo.com.br
braguinha?
É indiscutível a virtude dos artesãos que deram
forma, voz e cor ao instrumento que se espalhou por
toda a Macronésia entre 1844 e 1910
Vihuela
Depois de comentar nas edições anteriores sobre o alaúde renascentista,
o alaúde barroco e os arquialaúdes, nesta serão abordadas algumas
características do instrumento precursor direto do violão
VIOLÃO+ • 39
história
Afinação parte do repertório para vihuela consiste
A afinação padrão a partir da primeira de música intabulada. Tecnicamente
corda é: 4ª. justa, 4ª. justa, 3ª. maior, falando, o estudo dessas obras é
4ª. justa e 4ª. justa. Se abaixarmos a essencial para o violonista desenvolver
terceira corda do violão moderno em Fá principalmente suas habilidades de mão
sustenido, obteremos a mesma afinação. esquerda.
Assim, o estudo do repertório de vihuela A execução da polifonia em um instrumento
é facilmente realizado ao violão. O harmônico exige muita atenção por
primeiro violonista e musicólogo que parte do intérprete, pois a indicação
voltou sua atenção para esse repertório rítmica nas tablaturas mostra apenas o
foi Emilio Pujol (1886-1980), que publicou tempo de ataque das notas e não sua
transcrições para violão das obras de duração. Bermudo, em sua Declaración,
Narváez e Mudarra. Em sua Escuela recomenda iniciar o estudo fazendo
Razonada de la Guitarra, volume 1, arranjos de obras vocais, primeiramente
fornece dados sobre alguns intrumentos a duas vozes, e posteriormente a três ou
históricos, incluindo a vihuela do século mais, para o desenvolvimento simultâneo
16. Trata-se de uma publicação muito útil de técnica instrumental e conhecimentos
para quem deseja dar início à pesquisa musicais. Luís de Narváez, assim como
do repertório de cordas dedilhadas outros vihuelistas, recomendava ao
históricas. instrumentista ter conhecimento prévio
A hegemonia da música vocal na Europa de canto harmônico a fim de conduzir as
Ocidental resultou na importante prática vozes do contraponto adequadamente.
de arranjar obras polifônicas num único Um bom exemplo desta prática é sua
instrumento harmônico. Tal prática ficou obra Canción del Emperador – uma
conhecida como intabulação – passar as intabulação da obra vocal Mille Regretz,
partes vocais para a tablatura. A maior de Josquin des Prez (1440-1521).
40 • VIOLÃO+
história
Repertório
Como descrito anteriormente, a vihuela canto. Apesar das publicações para
teve todo o seu repertório publicado em vihuela serem poucas, as informações
tablatura italiana. A exceção é o livro contidas nesses sete livros podem
de Luys Milan, que utiliza a tablatura ser consideradas inovadoras. Neles,
napolitana, que inverte a ordem das surgem as primeiras indicações de
cordas (a 1ª. linha representa a 1ª. andamento, a canção acompanhada e
corda). Outra particularidade da escrita a organização da técnica de variações
para vihuela é a notação da parte (diferencias). Os autores organizavam
vocal nas intabulações, que aparece seu material de maneira racional, em
em destaque, em vermelho. A intenção ordem de dificuldade das peças (D=
desta notação é principalmente didática difícil, F= fácil, no caso de Milán), em
e não de sugerir a performance do modos (tonalidades) ou gênero musical.
Acervo
Os livros publicados estão listados abaixo, em ordem cronológica. O repertório
desses livros consiste, principalmente, de arranjos de música vocal, prática em
voga neste período.
tocar blues?
dos vihuelistas espanhóis e pelas Francesco da Milano – Intavolatura de
características do repertório, podemos viola o vero lauto, volumes 1 e 2, de
concluir que a vihuela era um instrumento 1536. Os livros de vihuela também citam
muito apreciado pela sociedade culta a guitarra de quatro ordens (chitarrino).
na Espanha do século 16. Seus autores Fuenllana incluiu obras para “vihuela
faziam parte dos círculos de cortesãos, de quatro cordas que é chamada de
eclesiásticos e universitários. Além de guitarra”. O livro de Mudarra contém
CD com método digital + 61 pistas de áudio
sete livros publicados entre 1536 e 1576 música para esse instrumento menor
(veja box na página anterior), existe(solos/Play Along) mas de características
que a vihuela,
também um manuscrito anônimo, de bem semelhantes.
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1593, chamado El ramillete de flores, com O livro de Fuenllana também contém
música para vihuela de vários autores; música para a guitarra de cinco ordens.
mais dois livros publicados na Espanha: emEmaté 12 x no cartão
1580, a guitarra de cinco ordens e
Luís Venegas de Henestrosa – Libro de seu estilo de música popular começa a
cifra nueva para tecla, arpa y vihuela suplantar a música culta ligada à vihuela.
(1557); Antonio de Cabezón – Obras Surge então uma nova estética musical,
de música para tecla, arpa e vihuela cujas características comentaremos
Mauricio Pedrosa
(1578). Fora da Espanha, temos tambémwww.teclaseafins.com.br
futuramente.
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VIOLÃO+ • 43
tecnologia
Pequena história
da gravação
Saulo Van der Ley
saulowan@icloud.com
44 • VIOLÃO+
tecnologia
Talvez isso explique por que os bateristas são seres algo
distantes e solitários.
Todos eram gravados ao mesmo tempo. Por isso, os
ensaios eram primordiais, tanto os individuais como
os coletivos. Gravar um show ao vivo era um exercício
um tanto impossível, mas há registros dessas proezas,
certamente feitas por um técnico audacioso. Vale lembrar
que – por mais que alguns músicos ainda se oponham –,
ensaiar faz parte da produção musical, não é uma etapa a
ser realizada dentro do estúdio, o que ainda acontece com
frequência.
E foram se sucedendo as invenções, desde mais de um
microfone, gravadores diversos, desde os que gravavam
no sulco de uma matriz de disco, gravadores de fita
magnética, até chegar nas gravações digitais feitas em
fita magnética – como o Digital Audio Tape (DAT) –, até
o uso dos discos rígidos dos computadores. O precursor
do home studio talvez tenha sido o “portastudio”, um
gravador de quatro canais do fim do século passado. Era
um gravador de fita cassete, com controles para gravar
quatro canais ao mesmo tempo, que, depois, podiam ser
resumidos em um só canal, ao qual se somavam os outros
IRig Pro DUO
Resolução de 24 bits / 96 kHz
Phanton Power
Pré-amplificador
Conexão lightning USB
Duas entradas / duas saídas.
Áudio e MIDI (mini-DIN)
Preço médio: R$ 1.500
VIOLÃO+ • 45
tecnologia
três para regravar mais instrumentos, e assim por diante.
Um banda chamada The Beatles usou muito esse recurso
em seu começo. Já não era necessário gravar todo mundo
ao mesmo tempo, e começou a ficar mais fácil gravar de
forma mais elaborada.
E a placa emplacou
A meta seguinte seria melhorar a qualidade das gravações,
desde o uso de microfones mais sofisticados até o
armazenamento das gravações. Uma vez resolvidos esses
problemas, começou-se a pensar na qualidade do som
gravado. Pré-amplificadores, efeitos, e todo um caminho
entre a captação do som e seu armazenamento e depois
a reprodução. Tinha chegado o momento de colocar algo
entre o microfone a as caixas de som, o que já tratamos
nas outras edições.
Um simples amplificador, com seus estágios de pré-
amplificação e potência, já era pouco. Ao mesmo tempo,
os gravadores foram cedendo lugar a outras formas de
armazenar o som, que começaram a ser guardados em
discos rígidos, vários tipos de disquetes e outros dispositivos
digitais. A informática e sua linguagem passou a dialogar
com a eletrônica, e o tradutor dessa conversa musical foi
a interface, popularmente conhecida como “placa de som”.
A princípio eram placas “espetadas” na placa principal dos
computadores – as “placas-mãe” – com suas entradas
e saídas para microfone, sinal de áudio, fones de ouvido
46 • VIOLÃO+
tecnologia
ou dispositivos que amplificassem o som e o recebessem.
Mais tarde as placas começaram a ser externas, envoltas
em vários tipos de estruturas, em formatos diversos. Com
a portabilidade, podiam viajar com seus usuários, que não
mais precisaram levar junto todo o computador.
Marcas e modelos começaram a procriar como coelhos.
Linhas e séries com nomes criativos – desde os de ilhas
do Caribe até nomes de espaçonaves – brigavam nas
prateleiras das lojas de áudio e eletrônica. Os preços
proibitivos começaram a dar lugar a modelos populares, e,
até hoje, a questão principal é a quantidade de entradas e
saídas que uma interface oferece, além dos recursos, os
mais diversos, que acompanham os produtos.
VIOLÃO+ • 47
tecnologia
Tipos de conexão
As interfaces precisam ser ligadas ao computador
e seus periféricos por meio de um cabo. Com este e
seus plugues apareceram diversas formas de enviar o
sinal, os chamados protocolos. Cronologicamente, eles
aumentam a velocidade do sinal, medida por Megabytes
por segundo (Mbps), sendo os mais conhecidos os
chamados Universal Serial Bus (USB), em suas versões
1 (12 Mbps), 2 (480 Mbps) e 3 (até 5 Gbps), o Firewire
(até 800 Mbps) e o Thunderbolt (10 Gbps). Cada um tem
plugue exclusivo, que permite reconhecer pelo formato
qual protocolo está em uso.
Mais recentemente tivemos o aparecimento de uma
tecnologia que permite passar o sinal através de cabos de
rede Ethernet (aqueles azuis usados para ligar modems)
em alta velocidade, capazes de conduzir muitos canais
simultaneamente. Para escolher a sua interface você terá
de verificar quais entradas/saídas tem o seu computador.
PCs rodando Windows geralmente usam USB, Macs usam
USB, Firewire, e os Macs mais recentes, Thunderbolt.
Adaptadores existem, mas não os recomendo.
A maioria das interfaces mais acessíveis aos iniciantes usa
o protocolo USB, aquele mesmo que liga sua impressora,
HDs externos e outros itens ao computador, e há inclusive
microfones razoáveis que se conectam via USB. A versão
mais nova é a 3; então, uma interface com USB 2 terá menor
velocidade. Neste momento, entramos em um polêmico
assunto: a obsolescência programada das interfaces,
que atinge também outros itens de home studio, gerando
Focusrite Solo
Resolução de até 24 bits / 192 kHz
Phanton Power
Pré-amplificador
USB
Saída para fones de ouvido
Uma entrada / uma saída
Só áudio
Preço médio: R$ 850
48 • VIOLÃO+
tecnologia
reclamações dos usuários.
A interface precisa ser compatível com o sistema operacional
que você está usando no computador. Entre as versões do
Windows 7, 8 e 10 há muitas interfaces, que funcionam
ou não. O mesmo acontece entre os sistemas da Apple -
OS X - 10.9, 10.10, 10.11 e 10.12. O cidadão compra uma
interface, o sistema operacional é atualizado e o fabricante
não tem o driver – pequeno aplicativo que faz funcionar a
interface - atualizado. Ou pior: resolve não produzir mais o
driver e avisa explicitamente sua opção.
Para ficar em um só exemplo, a marca M-Audio sempre
produziu boas interfaces USB e Firewire. Mas foi vendida
por duas vezes para outros conglomerados empresariais,
VIOLÃO+ • 49
tecnologia
que resolveram descontinuar o desenvolvimento dos
drivers, deixando os consumidores a ver navios, inclusive
este que vos escreve neste momento. Outro caso clássico
é a atualização dos sistemas da Apple, anuais, que vão
deixando os usuários em apuros, principalmente quanto ao
uso de interfaces. Os últimos Macs simplesmente aboliram
as entradas Firewire de sua linha.
Para quem está começando, aconselho as interfaces USB
básicas, quase todas com apenas dois canais de entrada,
uma saída para a amplificação – monitores amplificados
ou amplificadores e monitores passivos (ver artigo na
edição 22 de Violão+) –, uma saída para fones de ouvido,
algum tipo de pré-amplificador, circuito Phanton Power
para microfones condensadores (ver artigo na ediçao 21
de Violão+) e controles de volume de entrada e saída.
Geralmente, uma entrada é para microfone e a outra para
um instrumento musical.
Isso não significa que você só poderá gravar voz e
guitarra, por exemplo. Simultanemente sim, mas com o
uso do programa de gravação – as chamadas Digital Audio
Workstations (DAWs) – poderão ser gravados inúmeros
canais, sempre usando apenas uma entrada. Logo,
interfaces mais simples ainda, com apenas uma entrada,
também servirão. Há modelos bem baratos, que podem
ser usados até que, naturalmente, você continue a equipar
melhor o seu home studio. Consulte a parte do texto “O
que temos no mercado nacional” com os preços.
50 • VIOLÃO+
tecnologia
Roland UA 1010 Octa Capture
Resolução de até 24 bits / 192 kHz
Phanton Power
Pré-amplificador
USB
Saída para fones de ouvido
Oito entradas / oito saídas
Áudio e MIDI
Preço médio: R$ 3.700
52 • VIOLÃO+
tecnologia
O que temos no mercado nacional
Muita gente começa a ideia de montar um home studio a
partir de um tablet ou mesmo um smartphone. E muita gente
tem feito até gravações de trabalhos profissionais usando,
por exemplo, um iPad, e eu me incluo nessa turma. Então,
enumeramos nesta matéria dez interfaces, de um a oito
canais, como sugestão para quem está começando. As
primeiras são interfaces extremamente portáteis, cabem
no bolso, têm uma qualidade de áudio e MIDI que nada
deixa a desejar e funcionam com iPhones e iPads, além
de PCs e Macs.
2 em 1, 3 em 1
Atento à expansão dos home studios, o mercado sempre
procura oferecer produtos simplificados, desde a invenção
dos famosos aparelhos de som “ três-em-um”, que
reproduzem rádio, discos e fitas. Hoje já temos interfaces
embutidas em mixers – pequenas mesas de som –,
também muito usadas nos home studios. Recentemente,
os mixers pequenos, ou mesmo os grandes, passaram a ser
encontrados também no formato de software, até mesmo
em telas de toque. Para o amor ou o ódio dos técnicos de
Yamaha MG10XU
VIOLÃO+ • 53
tecnologia
som que adoram girar botões ou puxar faders.
Por módicos R$ 400 (preço médio), a Behringer oferece
um pequeno mixer equipado com interface USB, cinco
entradas – quatro com plugues RCA e uma P10/XLR –,
saídas para fones e/ou headsets (mic e fone separados) e
ajuste de ganho: Xenyx 302 USB. É uma opção para quem
vai trabalhar com podcasts ou para economizar algum –
com qualidade compatível com o custo-benefício – no
início da montagem do primeiro home studio.
Por R$ 1.300 (preço médio), a Yamaha oferece um belo
mixer de dez canais, com efeitos FX e uma interface USB
de 24 bits / 192 kHz, com duas entradas e duas saídas,
quatro entradas de áudio com pré-amplificadores.
Se tiver algum amigo voltando da Europa, peça para lhe
trazer um mixer/interface/controlador , o três-em-um do
momento na Inglaterra, onde custa apenas US$ 579,
reunindo entradas e saídas de áudio e MIDI espertas.
A interface é o coração do seu home studio. Por ela são
bombeados os sinais de entrada e saída dos sinais de áudio
e MIDI, fazendo-os ir de suas origens aos seus destinos
com pressão adequada, mas também sujeita a variações
inadequadas, se o operador abusar da alimentação,
excesso de sedentarismo etc. Na próxima edição vamos
abordar o cérebro do seu home studio, que pode tornar
você um gênio ou um louco: as Estações de Trabalho de
Áudio Digital (DAWs).
54 • VIOLÃO+
VIOLÃO+ • 55
siderurgia
“Lamento
Sertanejo” Eduardo Padovan
edupadovan@gmail.com
6 5 3 3 1 3
Violão acústico 63 35 33 3 3 31 3 33 3
5 53 33 3 23 2 33 3
Violão acústico 635 55 33 3
3 3 2131 2
3 33 3
3
Violão acústico 3 63 3 35 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Violão acústico 3 35 3 35 3 33 3 3 233 3 2 3 33 3 3 3
5 5 3 3 2 2 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
C 7/ G Gm7 C 7/ G Gm7
3 C 7/ G Gm7 C 7/ G Gm C 7/ G Gm7
3
C 7/ G Gm7 C 7/ G Gm C 7/ G Gm7
3 C 7/ G Gm7 C 7/ G Gm C 7/ G Gm7
Viol. 3 C 7/ G Gm
Viol.
Viol.
Viol.
6 5 3 3 1 6 5 3 3
Viol. 63 35 33 3 3 31 3 0 63 35 33 3 3
5 53 33 3 23 2 00 5 53 33 3
Viol. 635 55 33 3
3 3 2113 2
3
001 635 55 33 3
3 3
Viol. 63 3 53 3 33 3 3 3 3 3 63 53 33 3 3
Viol. 53 53 33 3 3 233 2 3 031 3
53
3
53
3
33 3 3
5 3 5 3 3 3 2 3 2 031 3 5 3 5 3 3 3
3 3 3 3 3 31 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
1 3 6 5 3 3 1
Viol. 31 3 33 3 63 35 33 3 3 31 3 0
23 2 3 33 3 3 5 53 33 3 23 2 3 00
Viol. 2131 2 33 3 3 635 55 33 3
3 3 2131 2 3 001
Viol. 3 3 3 33 3 63 3 35 3 33 3 3 3 3
Viol. 233 3 3 3 3 3 35 35 3 3 233 3 031 3 2
2 3 22 33 3 5 3 5 3 33 3
3 2 3 22 031 3 2
3 3 3 3 3 3 3 3 3 13 3 2
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2
3
9 Gm/ F Em7♭5 E♭ D7 Gm7 3
9 Gm/ F Em7♭5 3 E♭ D7 Gm7 3
Gm/ F Em7♭5 3 E♭ D7 Gm7
Viol.
9
9 Gm/ F Em7♭5 3 E♭ D7 Gm7
Viol. 3
Viol.
Viol.
3 1 1 3
Viol. 3 3 1 1 3 0 0 0 3 2 5 3 3 2 2 3 3
3 3 1 1 3 0 2 0 2 2 0 53 2 45 5 53 5 3 2 5 23 3
Viol. 2 0 2 2 0 65 54 5 55 5 5 5 3
Viol. 1 33 3 1 1 33 00 0 6353 2 55 3353 3 3 2 23 35 63
Viol. 1 0 2 0 2 2 0 2 45 5 53 5 3 3 2 5 23 3
6
2 2 2 65 45 5 5 5 5 3 5
1 0 6 5 35 3 5 6
1 0 3 3 3 6
3
3 VIOLÃO+ • 57
3
siderurgia
C m7
14 F♯dim F7sus4 F7 B♭maj7 3 3 B♭7
Viol.
3 3
3 3 6 5 3 1 3
4 4 4 4 4 1 4 3 3 3 6 4 3
Viol. 3 5 3 2 2 2 3
4 3 3 3 3 3
3 1 1
6 5 4
3 3 3 3
Viol.
3 3
3 3 8 6 5
Viol. 3 3 3 5 5 7 10 9 7
5 5 5 5 5 5 8 5 5 8 7 8 5
6 6 7 8 10 8 7 10
3 3 3
Viol.
1 0
3 3 1
Viol. 3 2 2 2 5 3 3 3 3 3 3 3
5 4 5 5 5 5 5 5 5 3 3 2 2
6 5
3 3 3 3 3 3
Viol.
1 0 1 0
3 3 3 1
Viol. 3 3 3 3 3 3 3 3 0 3 3
3 3 5 5 3 3 2 2 0 5 5
1
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
58 • VIOLÃO+
siderurgia
Gm7 C7/ G Gm7 C 7/ G Gm7 C 7/ G Gm
29
3
Viol.
1 0
3 3 1 3 3 3 1
Viol. 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 0
3 3 2 2 3 3 5 5 3 3 2 2 0
1
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2
1.
33 Gm/ F Em7♭5E♭ D7 Gm7 % Cm7 F7 B♭maj7B♭7 E♭ Em7♭5 B♭/ F
Viol.
(Improviso sobre
a harmonia acima)
Viol.
2.
45 Gm7 Gm/ F Em7♭5 E♭ D7 Gm
Viol.
5
3 3 3 3 6
Viol. 3 3 3 5 3
1 5 0 4 5
3 1 0 3
VIOLÃO+ • 59
3
de ouvido
O universo
rítmico Parte 2 Reinaldo Garrido Russo
www.musikosofia.com.br
duemaestri@uol.com.br
Histórias do mestre
Não é possível escrever sobre o maestro sem passar pela famosa ‘Carta aberta
aos músicos e críticos do Brasil’. Na passagem de 1950 para 1951, o incêndio
que provocou no ambiente artístico tornou-se um marco na História da Música
Brasileira. Mas, antes de contar o ocorrido, devo dissertar sobre a época em
que o compositor Camargo Guarnieri1 a publicou.
Antes, na década de 1920, o país se deparou com o movimento liderado
por Mário de Andrade2, que tinha o intuito de fazer do Brasil um país com
pensamento artístico próprio e assim desvencilhar-se dos ditames europeus
que impressionavam sobremaneira o pensamento e a mente artística dos
críticos, diretores de escolas e artistas brasileiros. Tudo o que havia em matéria
de concertos era europeu: a música tonal e cromática – predominante – e a
música modal, em salas menores. Camargo Guarnieri teve sua mente cultural e
musical formada por seu mestre Mário de Andrade, músico e musicólogo, além
de ser portador de todo o cabedal que conhecemos na literatura. Seu maior
objetivo era explorar o que havia de melhor nas pequenas culturas espalhadas
por nosso país.
62 • VIOLÃO+
de ouvido
Na Europa, os compositores faziam a vanguarda com
a Música Dodecafônica, criada pelo compositor Arnold
Schöenberg3 e acatada por seus discípulos Alban Berg4 e
Anton Webern5. A composição, fundamentalmente mental,
tinha como base a arte pela arte – imposição do próprio
sistema de doze sons, que exigia critérios composicionais
de forja intelectual.
Na década de 1930, a técnica caiu como uma luva para os
compositores brasileiros que pretendiam fazer vanguarda
e não queriam ficar atrelados às regras estéticas
aconselhadas – e não impostas, como pensava Guarnieri – por Mário de Andrade.
Koellreutter incentivava a mente criativa, o novo, e era adepto do dodecafonismo
somente porque era o que havia de mais ousado na época.
Alguns trabalhos de pesquisa fazem relação da música tonal com as organizações
monárquicas. Entenda isso: o primeiro som da escala, a rainha Tônica, regendo
seus súditos – os graus restantes – e tendo como parceiros-ministros os Condes de
Dominante e de Subdominante. O movimento cromático, como o exerceu Richard
Wagner, utilizou e abusou dos meios tons na tentativa de descambar o totalitário
tonalismo.
O sistema dodecafônico* (doze sons ou doze notas) abriga a simples ideia de que
todos os sons são iguais em valor expressivo e composicional. Não se trata apenas
de uma escala dodecafônica, pois esta podemos tomar como a escala cromática
utilizada no tonalismo, mas é a serialização das notas dessa escala que tem o
valor maior para a composição. Isso equivale a dizer que todas as notas numa
composição podem ter o valor do repouso de uma tônica, e podemos, assim, fazer
valer a relação com o socialismo, ou mesmo o comunismo, tal qual o fizemos sobre
o tonalismo e a monarquia.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), após o término da Segunda Grande Guerra,
tem papel fundamental nessa história quando acata as ordens vindas do Partido
Comunista Soviético na tentativa de destruir a vanguarda, fazendo uma cortina
de ferro para abrigar o folclore e os valores nacionais. Tudo isso acontecendo,
fervilhando e explodindo no início dos anos 1950.
Nossa história vai parar por aqui, porque além de ser empolgante demais, se tornará
muito complexo vislumbrar o que ocorria nas artes, especialmente na música, se
não fizermos, do todo, capítulos de uma novela. Ficará mais fácil assim, garanto.
Então, encerro o final do capítulo e até a próxima edição!
VIOLÃO+ • 63
sete cordas
Violão 7 cordas:
primeiros passos Samuca Muniz
muniz.samuca@gmail.com
Parte 2
64 • VIOLÃO+
sete cordas
VIOLÃO+ • 65
sete cordas
66 • VIOLÃO+
COMO TOCAR
Estudo 14 Op.60,
Matteo Carcassi
Ricardo Luccas
rnluccas@gmail.com
VIOLÃO+ • 69
VIOLÃO & FILOSOFIA
Equilíbrio
Felipe Coelho
Nesta edição trago uma questão filosófica de notável coelhoexperiment@gmail.com
importância para quem toca música profissionalmente,
pois, uma vez que refletirmos sobre tal assunto, certamente
teremos uma abordagem mais consciente e eficaz para
nosso desenvolvimento: o músico deve tocar música para
si mesmo ou para os outros?
É uma pergunta clássica, a qual já ouvi diferentes
respostas. Talvez, de fato, a resposta possa ser diferente,
dependendo de sua intenção e sua relação com a música.
Por isso esclareço, antes de apontar o que creio ser a
melhor resposta, que minha perspectiva serve àqueles
que almejam uma relação profissional e artística com a
música, que buscam o crescimento e desenvolvimento de
suas carreiras de forma saudável.
A resposta é o equilíbrio. Se tocamos pensando no público,
percebemos que a maior parte dele tende a gostar apenas
daquilo que já conhece. Aí, caímos na armadilha do “cover”:
agradamos a todos, porém não há desenvolvimento,
desafio, criatividade ou expressão original verdadeira,
tampouco exploração de seus mais profundos potenciais.
Se compusermos música buscando os moldes mais
populares, além das limitações acima citadas, também
cairemos na “guerra dos clones”: músicos que acreditam
estarem prestes a “estourar” com um hit, investindo
grandes quantias em produção e comerciais na internet,
sem perceber serem apenas mais um em um milhão.
Se o músico toca apenas para si, esquece que o primeiro
fundamento da música é que ela existe para ser ouvida,
entreter e agradar. Quem não considera o público também
vai vender menos. Entra numa espiral egoísta de desafiar
os próprios limites frente ao público, desrespeitando os
ouvidos de quem foi ali buscando um momento de lazer. Isso
é comum, principalmente, com a música instrumental e o
jazz: o músico assume que a mesma, por ser instrumental, é
naturalmente boa, tratando-a sem o menor cuidado, testando
suas capacidades ao limite, errando mais do que acertando.
Apenas engana a si mesmo e aos que compram sua atuação
dramática. A boa música dali já foi embora há tempo.
70 • VIOLÃO+
VIOLÃO & FILOSOFIA
O bom artista é um equilibrista: um bom observador do
mundo, que sabe se colocar na visão do outro, até mesmo
do leigo, enquanto também olha para dentro. Busca estar
antenado em relação a suas escolhas de repertório e
execução, explorando o próprio potencial enquanto discerne
o agradável do desagradável. Respeita o público, que lhe
doou tempo e ouvidos, buscando passar emoções, só
garantidas no fraseado certeiro, garantindo a construção de
seu público. Permite que sua criatividade e personalidade
venham à tona e usa sua técnica com consciência de onde
deve parar, antes de machucar o som, e, consequentemente,
os ouvidos de quem o escuta – assim como o motorista de
um carro que faz uma curva sem perder o controle. Equilibra
a complexidade com a simplicidade, apenas usando artigos
teóricos quando se traduzem em prazer sonoro.
Por fim, reitero que minha resposta serve para profissionais
da arte. Já para aqueles que apenas queiram curtir uma
melodia em casa, tocar para si é delicioso. E para aqueles
que queiram tirar um trocado e aparecerem bonitos num palco
iluminado, tocar só para o público pode ser divertido.
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tocar blues?
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Violasssss...
Fábio Miranda
Quando se fala em viola www.fabiomirandavioleiro.com
fabiosouzamiranda@gmail.com
Logo vem na minha mente
Um pinho chei de corda
Esticada e reluzente
Lá vem o cheiro do mato
Do sertão e do repente
Da palhoça do mangueiro
Das festas do povo crente
Só im pensá na tar da viola
O pensamento vai-se embora
E o coração fica sorridente
Se engana redondamente
Quem pensa que viola é uma só
Viola é só o nome
A verdade é bem maió
Tem tudo tipo de viola
É só olha nos arredó
Tem viola de dez corda
E viola de uma corda só
A viola é bem variada
Porque ela foi inventada
Pra trás dos tempo das avó
72 • VIOLÃO+
VIOLA caipira
VIOLÃO+ • 73
fLamenco
Introdução ao
flamenco
Diego Salvetti
dgsalvetti@gmail.com
VIOLÃO+ • 75
fLamenco
por Egito, República Checa, Eslováquia e, enfim, durante
o século 15, a formação de três grupos de nômades mais
estáveis nos Balcãs, na Itália, na França e na Espanha.
De fato, somente a partir do século 15 começamos a dispor de
documentos sobre a chegada das tribos gitanas à Espanha.
Mesmo esses documentos testemunham a chegada no país
através do Reino de Aragão, mas não podemos descartar a
hipótese da chegada através do Reino de Granada, do Norte
África, antes que fosse conquistado pelos reis católicos em
1492. Durante a conquista do Ocidente, os gitanos seguiram
pelo menos duas grandes rotas: uma através da Europa e a
outra pelo Oriente Médio e o norte da África, passando pelo
Egito. Por isso o apelativo aegiptanos-giptanos-gitanos, e o
contato direto com os países de cultura árabe.
A Andaluzia, região com uma tradição cultural e científica
76 • VIOLÃO+
fLamenco
multiétnica , entre todos, foi o lugar em que a tradição gitana
encontrou as melhores condições para a sua integração.
Ali, os gitanos adaptaram a cultura deles, latinizando os
nomes, mesclando a língua deles com o castelhano e se
integrando com a sociedade, por meio de um difícil processo,
que durou vários séculos. Durante os séculos 15 a 17, os
gitanos foram vitimas, junto aos árabes e aos hebreus, de
intensas persecuções católicas. Foram proibidos de falar
a língua deles. Muitos se refugiaram nas montanhas para
fugir da conversão religiosa.
Foi nessa fase histórica que a cultura musical se mescla com
a árabe e a hebraica e se torna expressão de uma rebelião
escondida. Os cantaores de flamenco eram convidados nas
cortes dos aristocráticos como “menestréis” e denunciavam
as opressões nos textos das músicas em língua Caló (dialeto
dos gitanos) na frente dos mesmos perseguidores, que,
obviamente, não entendiam o significado.
Exercício 1 - Pulgar
Diego Salvetti
78 • VIOLÃO+
fLamenco
Exercício 2 - Alzapúa
Exercício
Exercício 22
Exercício
(alzapúa) 2
Exercício
(alzapúa) 2
Exercício
(alzapúa) 2
(alzapúa)
DiegoSalvetti
Diego Salvetti
Diego Salvetti
Diego Salvetti
(alzapúa) Diego Salvetti
Diego Salvetti
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0 7 5 4 0 5 5 4 0 5 7 4 0 7 5 4 0 5 3 2 0 3 5 2 0 5 3 2 0 3
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3 2 0 3 5 2 0 5 3 2 0 3 2 1 2 2 3 1 2 3 2 1 2 2 0 1 2 0 3 1 2 3 2 0 1 2
3 2 0 3 5 2 0 5 3 2 0 3 2 1 2 2 3 1 2 3 2 1 2 2 0 1 2 0 3 1 2 3 2 0 1 2
3 2 3 5 2 5 3 2 3 2 1 2 3 1 3 2 1 2 0 1 0 3 1 3 2 0 1 2
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C. Gt. 5 0 5 0 5 0
2 2 2 2 2 2 7 5 0 7 9 5 0 9 7 5 0 7
Ø 00 22 22 00
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 7 5 0 7 9 5 0 9 7 5 0 7
3 2 2 3 2 2 2 2 0 2 2 0 3 2 2 3 2 2 2 2 7 5 7 9 5 9 7 5 7
3 2 2 3 2 2 2 2 0 2 2 0 3 2 2 3 2 2 2 2 7 5 7 9 5 9 7 5 7
3 2 2 3 2 2 2 2 0 2 2 0 3 2 2 3 2 2 2 2 7 7 9 9 7 7
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7 5 0 7 9 5 0 9 7 5 0 7 5 4 0 5 7 4 0 7 5 4 0 5 5 4 0 5 7 4 0 7 5 4 0 5
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7 5 7 9 5 9 7 5 7 5 4 5 7 4 7 5 4 5 5 4 5 7 4 7 5 4 5
7 5 7 9 5 9 7 5 7 5 4 5 7 4 7 5 4 5 5 4 5 7 4 7 5 4 5
7 7 9 9 7 7 5 5 7 7 5 5 5 5 7 7 5 5
VIOLÃO+ • 79
fLamenco
80 • VIOLÃO+
em grupo
Iniciação ao
toque sem apoio Thales Maestre
thalesmaestre@gmail.com
Passo a passo
1. Pedir para que os alunos memorizem quatro palavras:
a) forma;
b) posicionamento;
c) contato;
d) toque;
VIOLÃO+ • 81
em grupo
2. Refletir sobre memorização e aprendizado: memorizar
nem sempre significa aprender, portanto, é preciso saber
pensar o significado de cada palavra memorizada em
relação ao trabalho técnico proposto. Procure colocar
ideias claras sobre cada palavra, associando-as a dicas
que serão úteis no momento em que o aluno estiver
praticando sozinho, pois, se souber pensar sobre o que
está fazendo e quais são os objetivos, mais efetivo será
o seu estudo.
Exemplos:
a) Forma – imaginar que está segurando uma bola de
tênis na mão direita; a mão fica arredondada.
b) Posicionamento – posicionar a mão direita de modo
que os “ossinhos” (mostrar o osso da região da base das
falanges proximais) fiquem próximos da região (corda)
que será tocada;
c) Contato – é onde existe o ponto de contato do dedo
com a corda, que se dá por baixo da mesma.
d) Toque – o professor poderá mostrar o movimento do
dedo indicador com a mão suspensa, distante do violão, e
pedir para que os alunos descrevam o que estão vendo, até
que reúnam observações que servirão como boas dicas:
o dedo move-se inteiro; “para dentro”; não mobilidade da
mão (somente do dedo).
Para mostrar o movimento do toque sugiro recorrer ao
exagero. O exagero consiste em realizar um movimento
de dedo inteiro, para dentro, fazendo com que a ponta do
dedo encoste na palma da mão. O movimento exagerado
ajuda o aluno a assimilar a ideia de como movimentar o
dedo inteiro, desde a base. Esse movimento, aplicado
na corda de forma relaxada e por meio de um ataque
preciso, faz que a projeção sonora seja satisfatória, pois
tira-se proveito do peso do dedo. Eis que entra o próximo
passo: aplicar as ideias no instrumento.
Inspiração
Luis Stelzer
Alguns momentos são bem difíceis. página final de uma revista que fala
Outros, inexplicáveis. Fico me de coisas tão boas, que é tão bonita,
perguntando, num momento como o que traz um mundo de informações
que vive nosso País atualmente, no prazerosas? É meio que para dar um
que vale a pena. Essa instabilidade recado. Mais precisamente, para fazer
política extrema, essa roubalheira sem um pedido.
fim, esse abandono às classes menos Você que é amante da música, que
favorecidas, essa subserviência de produz música, toca, compõe, arranja.
quem deveria brigar Você que escuta,
pelos seus direitos, que se emociona.
intolerância, não Música é reflexão. Estamos Você que ensina
acolhimento, fazendo bem isso? Ou música, que
ânimos à flor da compartilha. É,
pele. As redes
estamos nos deixando tomar você mesmo: não
sociais, poderosa por essa nuvem de tristeza, deixe, nunca, de
ferramenta
pode servir para
que
de sentimentos ruins, de fazer isso! E faça
cada vez mais,
o encontro, tem intolerância, de radicalismo cada vez melhor,
amplificado muito exacerbado, de falta de escuta para cada vez
esse debate raso, mais pessoas. A
essa loucura. ao próximo? música é ponto
Briga-se em política de encontro, de
tão irresponsavelmente quanto num alegria, de sentimentos profundos.
jogo de futebol, a torcida de cá versus Música é reflexão. Estamos fazendo
a torcida de lá. Escuta, profundidade, bem isso? Ou estamos nos deixando
evolução, xi, esquece! A economia, tomar por essa nuvem de tristeza, de
parada, mandando nos humores das sentimentos ruins, de intolerância, de
pessoas. Violência. radicalismo exacerbado, de falta de
Mas o que isso tem a ver com uma escuta ao próximo?
84 • VIOLÃO+
coda
Nos lembremos que a diferença é a raiz usada, em momentos tão agudos como
do debate. Que o debate é forma de o que estamos vivendo, como ponto de
crescimento humano. Que o encontro encontro, de reflexão, de debate sadio,
pode e deve ser uma coisa que emane de união. De acolhimento a quem está
prazer. O ato de levar um violão a precisando, ou mesmo a quem não
um encontro entre amigos já muda esteja precisando, porque, de verdade,
o ambiente. Lógico, vai ter sempre o todo mundo precisa. Seja no gênero que
chato que vai torcer o nariz e dizer: for, tocada ao vivo ou mecanicamente,
lá vem aquele metido do violão... numa orquestra ou num celular. Não
Paciência! Chato existe em todo lugar, importa. O convite é simples: vamos nos
não é mesmo? entender, nos divertir, chegar a um lugar
Gosto muito de encontrar velhos amigos. melhor do que estamos? Vamos usar a
Novos também, mas os velhos amigos música, a viola, o violão, o cavaquinho,
dão aquele ar de cumplicidade. Tenho a voz, para nos ajudar?
a felicidade de conviver com várias
turmas, de conversar com pessoas
muito diferentes de mim. E achar isso
bom! E o violão se torna, muitas
vezes, ponte para que esse
encontro flua bem.
A música, através dos séculos, já serviu
muito às guerras, é verdade. Mas tem um
poder tão grande, que pode e deve ser
VIOLÃO+ • 85