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Rick Wakeman Mago dos teclados ou grande fraude?

& AFINS
Ano 3 - Número 27 - Julho 2016
www.teclaseafins.com.br

Jordan
Rudess
O ídolo do prog metal
E mais
Programação e uso de presets
Dr. John : o mestre do blues
Acordes diminutos e suas funções
O acesso às amostras no Kontakt
“O Bêbado e a Equlibrista” e “Besame”
em arranjos exclusivos

Pedais O controle da interpretação na ponta dos pés


EDITORIAL

& AFINS
Ano 3 - N° 27 - Julho 2016
Quem faz nossa revista
Publisher são nossos colaboradores!
Nilton Corazza Sem eles, não é possível
publisher@teclaseafins.com.br
transmitir a você, todos
Gerente Financeiro os meses, a quantidade
Regina Sobral de informação que
financeiro@teclaseafins.com.br
levamos. E isso ocorre
Editor e jornalista responsável porque cada um deles
Nilton Corazza (MTb 43.958) tem uma especialidade,
um conhecimento, uma
Colaboraram nesta edição:
Alex Saba, Alexandre Porto, Edwaldo Venturieri, preferência. Nosso trabalho
Eneias Bittencourt, Fabio Rineiro, Jobert Gaigher, é o de organizar todos esses interesses de forma que nossa
Maurício Pedrosa, Rosana Giosa, Turi Collura e revista traga variedade e profundidade, de forma clara e
Wagner Cappia
bem ilustrada. E a busca por cada vez mais qualidade nos
Diagramação faz alterar, editar, orientar e sugerir. Poder oferecer pautas
Sergio Coletti atrativas e notícias interessantes, além de entrevistas com
arte@teclaseafins.com.br grandes tecladistas, pianistas e organistas - muitas vezes
Foto da capa exclusivas - valem cada minuto de pesquisa e trabalho.
Divulgação Essa equipe merece nossos aplausos e agradecimentos.
E temos a certeza de que grande parte de nossos leitores
Publicidade/anúncios
comercial@teclaseafins.com.br
reconhece esse esforço. Prova disso foi o público presente
no I Festival Teclas & Afins- EM&T que realizamos no mês
Contato de junho em São Paulo, reunindo importantes tecladistas
contato@teclaseafins.com.br com o apoio das marcas mais importantes de nosso
Sugestões de pauta mercado. Se você é de São Paulo e não foi, perdeu! Mas,
redacao@teclaseafins.com.br se você não é, não fique triste. Muitas novidades vêm por
aí. Por falar em novidades, não podemos deixar de citar
Desenvolvido por
Blue Note Consultoria e Comunicação
nosso entrevistado desta edição. Jordan Rudess, além
www.bluenotecomunicacao.com.br de grande instrumentista, é apaixonado por tecnologia
e ávido por oferecer novidades, seja em termos musicais,
Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade
de seus autores. É permitida a reprodução dos conteúdos por meio de sua empresa de desenvolvimento de
publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o aplicativos ou como consultor. O tecladista, pouco
material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados. antes de sua chegada ao Brasil, atendeu nosso repórter
especial, o músico Fabio Ribeiro, com muita simpatia. O
papo rolou solto e agradável e os melhores momentos
você lê aqui. Boa leitura!

Nilton Corazza
Rua Nossa Senhora da Saúde, 287/34
Publisher
Jardim Previdência - São Paulo - SP
CEP 04159-000
Telefone:
4 / JUNHo 2016+55 (11) 3807-0626 teclas & afins
VOCE EM TECLAS E AFINS 6 NESTA EDIÇÃO
O espaço exclusivo dos leitores
49 alma de blues
INTERFACE 8 Dr. John
As notícias mais quentes do Por Maurício Pedrosa
universo das teclas
52 harmonia e improvisacao
Vitrine 16 Acordes diminutos e suas funções
Novidades do mercado Por Turi Collura

raio x 18 55 arranjo comentado


Na ponta dos pés “Besame”
Por Nilton Corazza Por Rosana Giosa

materia de capa 28 60 acordeon sem limites


Jordan Rudess - O ídolo do prog metal “O Bêbado E A Equlibrista”
Por Fabio Ribeiro e Nilton Corazza Por Eneias Bittencourt

sintese 38 64 kontakt
Programação X Presets Acessando amostras
Por Jobert Gaigher Por Edwaldo Venturieri

livre pensar 44 66 palco


Mago dos teclados ou fraude? Crise?
Por Alex Saba Por Wagner Cappia

© Felipe Scappatura

teclas & afins JUNHo 2016 / 5


vOCE em teclas & afins

Vamos nos conectar?


Edição 26
Grande revista, conteúdo de muito valor. (José Luís
Tecladista, em nossa página no Facebook)
Bacana a entrevista (Léo Brandão, em nossa página no
Facebook)
Olha a fera! (Marcos Kaizer, em nossa página no
Facebook)

Assinatura
Gosto muito do material de vocês, sempre acompanho
as revistas. Gostaria de saber como fazer para assinar e receber a
revista física e não virtual. (Marcelo Messias Rocha, por e-mail)
R.: Prezado Marcelo, Teclas & Afins é uma revista digital, que toma vantagem de todas as
possibilidades que a internet proporciona. Por conta disso, não há versão física. Assinando
a publicação, você pode baixá-la e ler em seu dispositivo ou imprimir se achar conveniente.

Mostre todo seu talento!


Não importa o instrumento: piano, órgão, teclado, sintetizadores, acordeon, cravo e
todos os outros têm espaço garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas!
Como participar:
1. Grave um vídeo de sua performance.
2. Faça o upload desse vídeo para um canal no Youtube ou para um servidor de
transferência de arquivos como Sendspace.com, WeTransfer.com ou WeSend.pt.
3. Envie o link, acompanhado de release e foto para o endereço contato@teclaseafins.com.br
4. A cada edição, escolheremos um artista para figurar nas páginas de Teclas & Afins, com
direito a entrevista e publicação de release e contato.

Teclas & Afins quer conhecer melhor você, saber sua


opinião e manter comunicação constante, trocando
experiências e informações. E suas mensagens podem
ser publicadas aqui! Para isso, acesse, curta, compartilhe
e siga nossas páginas nas redes sociais clicando nos ícones acima. Se preferir, envie críticas, comentários
e sugestões para o e-mail contato@teclaseafins.com.br

6 / junho 2016 teclas & afins


vOCE em teclas & afins

I Festival Teclas & Afins - EM&T


Foi sensacional! Obrigado e parabéns! (Junior Carelli, em nossa página no Facebook)
Foi excelente! Ainda mais com direito ao show dos dois gênios, Fabio Ribeiro e Daniel
Latorre. Foi incrível. Viajei no tempo com eles tocando. Perfeito. Sou fãzaço mesmo.
Parabéns Nilton Corazza. Que venham mais! (Alex Bessa, em nossa página no Facebook)
Olá pessoal, recebi hoje a minha camiseta KORG! Eu adorei, fiquei muito feliz! :)
Parabéns a todos os envolvidos no evento I Festival Teclas & Afins - EM&T, foi muito
legal! Já na espera pelo próximo evento! Muito obrigado e um abraço! (Susanne Nolting,
por e-mail)
Façam novamente! (Paulo Santoro M Almeida, por e-mail)
Parabéns Teclas & Afins pelo evento. Sensacional! Pudera termos pelo menos um
desses por mês! Sugestão para uma próxima edição, Corciolli.Sucesso e um grande
abraço! Muito obrigada! (Sandra Helena Kukel, por e-mail)
R.: Agradecemos a presença dos músicos, da plateia, dos apoiadores e todos aqueles que
tornaram possível realizar o I Festival Teclas & Afins - EM&T. As mensagens e os elogios
corroboram a percepção que tivemos no evento, de que estamos no caminho certo! Muitas
novidades estão por vir, aguardem! E acompanhem os vídeos em nosso canal no Youtube!

teclas & afins junho 2016 / 7


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EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE


O renomado compositor e pianista italiano Ludovico Einaudi gravou um vídeo
em que interpreta “Elegy for the Arctic”, peça composta por ele para sensibilizar
os delegados internacionais da OSPAR que se reuniram em Tenerife, na
Espanha, para decidir sobre uma proposta de proteger 10% do Oceano Ártico.
O objetivo é levar as pessoas a cuidar e agir para proteger o Ártico de práticas
insustentáveis como exploração de petróleo e pesca industrial. “Pude ver a pureza
e a fragilidade dessa área com meus próprios olhos e interpretar uma canção
que escrevi para ser tocada sobre o melhor palco do mundo” disse Einaudi.

8 / julho 2016 teclas & afins


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RECORDE
O pianista cearense Felipe Adjafre, de
34 anos, conseguiu quebrar o recorde
nacional de concerto de piano mais longo

QUEBRADO
da história, em Fortaleza. Tocando 13 horas
consecutivas, ele superou em uma hora o
recorde do curitibano Cláudio Maksoud.
Agora, o músico aguarda validação do Rank
Brasil. A preparação foi intensa, com dieta
balanceada e estratégias para diminuir a
quantidade de líquidos. Segundo o pianista
cearense, que começou a estudar música
aos 9 anos de idade, o recorde foi uma
forma encontrada de popularizar o piano
no Estado e desmistificar a ideia “erudita”
do instrumento. “Desde que comecei, vi a
dificuldade de acesso a esse instrumento.
Sempre tentei criar projetos para colocar o
piano em evidência”, afirma.

Parabéns a você
De 19 de outubro a 11 de dezembro,
Chick Corea celebrará a maior festa de
aniversário de todos os tempos. O pianista
- que completou 75 anos em 12 de junho -
dará continuidade à tradição que criou de
comemorar em alto estilo, com concertos
e apresentações. Corea iniciou essa prática,
em 2001, ao completar 60 anos e repetiu o
feito dez anos depois. Na primeira, foram
três semanas de festa e, na segunda, um mês.
Desta vez, o músico celebrará com um time
de estrelas no epicentro do jazz no universo,
o Blue Note Jazz Club, em Nova York, que
receberá a The Chick Corea Elektric Band
(Chick Corea, Eric Marienthal, Frank Gambale,
John Patitucci e Dave Weckl) e, em seguida,
o show For Miles, com participação de Kenny
Garrett, Wallace Roney, Mike Stern, Marcus
Miller e Brian Blade. Entre outros nomes
que se apresentarão com o tecladista estão
Steve Gadd, Eddie Gomez, Gary Burton, Ravi
Coltrane, Avishai Cohen, Lenny White, John
McLaughlin e Victor Wooten, além da The
Trondheim Jazz Orchestra.

teclas & afins julho 2016 / 9


INTERFACE

I Festival Teclas & Afins – EM&T

Remove Silence

Em junho, impor tantes tecladistas do País se reuniram no


I Festival Teclas & Afins – EM&T, realizado em São Paulo. O evento
iniciou com o pianista Alexandre Porto, que, em um Kawai MP7,
interpretou temas de jazz e falou sobre estilo e improvisação,
Alexandre Porto
acompanhado por Ivan Paiakan. Na sequência, o tecladista
Thiago Gomes apresentou músicas pop apoiado pelos produtos
da linha Reface e recursos do Motif, da Yamaha. Fabio Ribeiro e
o Remove Silence iniciaram a parte mais pesada do programa,
interpretando faixas do repertório do grupo e explicando a
importância de equipamentos como o Kronos, o Kross e o King
Korg para a gravação do disco da banda e a realização dos shows.
O peso continuou com Junior Carelli, que se apresentou com
os teclados Roland JD-XA e Fa-06 e temas da banda Noturnall.
O encerramento ficou por conta do organista Daniel Latorre e o
Hammond Grooves, que, com o apoio da Hosmil – Viscount, levou
Thiago Gomes
ao palco do auditório da EM&T um autêntico Hammond B3 e seu
clone portátil, o SK2. A plateia participou de um sorteio de brindes.
Vídeos e fotos podem ser vistos em nossa página no Facebook.

Junior Carelli Hammond Grooves

10 / julho 2016 teclas & afins


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R.I.P.
Bernie Worrell, tecladista das bandas
Parliament-Funkadelic e Talking Heads, e
homenageado pelo Rock and Roll Hall of
Fame, faleceu no fim de junho após uma
árdua batalha contra o câncer. Apelidado
de “Wizard of Woo,” Worrell é reconhecido
por imprimir ao funk seu som futurista.
Além de seu trabalho com o Parliament-
Funkadelic e o Talking Heads, Worrell
lançou cinco álbuns solo. “É uma enorme
perda, disse George Clinton. “O mundo
da música nunca mais será o mesmo. A
influência e a contribuição de Bernie ,
não apenas para o funk mas também para
o rock e o Hip Hop - será para sempre
sentida”. Bernie Worrell tinha 72 anos.

teclas & afins julho 2016 / 11


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CARIOCA
Em recital durante o mês de
julho, o premiado pianista
Daniel Sanches lança seu
primeiro CD solo, que faz
homenagem à cidade do
Rio de Janeiro. O pianista
gravou peças que fazem parte
de sua memória auditiva e
afetiva, como composições
de Ernesto Nazareth, Alberto
Nepomuceno, Edino Krieger,
Eli Joory e Ronaldo Miranda.
“Todos os compositores que
estão no disco tiveram parte
de sua trajetória no Rio e este
foi o ponto principal durante a
concepção do CD”, explica.

TODA A INFORMAÇÃO QUE VOCÊ QUER...


E NÃO TINHA ONDE ENCONTRAR!

12 / julho 2016
VIOLAO
www.violaomais.com.br
+
A revista digital dos instrumentos de cordas

teclas & afins


interface
Conheça as publicações da
SOM & ARTE
E D I T O R A

INICIAÇÃO AO PIANO POPULAR


Volumes 1 e 2
LANÇ Inéditos na
AMEN
TO área do piano
popular, são
livros dirigidos
a adultos ou
crianças que
queiram iniciar
seus estudos de
piano de forma
agradável e
consistente.

MÉTODO DE ARRANJO PARA

Time de Primeira PIANO POPULAR


Volumes 1, 2 e 3
Ensinam o aluno
Hermeto Pascoal (flauta), Douglas de
Oliveira (bateria), Cido Bianchi (piano), a criar seus
próprios arranjos.
Lanny Gordin (guitarra), Alemão (violão
e guitarra), João Carlos Pegoraro (vibra-
fone), Carlos Alberto de Alcântera Pereira
(sax e flauta) e Nilson da Matta (baixo).
Essa era a sensacional formação do Bra-
zilian Octopus, grupo que lançou um úni-
co disco, homônimo, em 1969. Com esse
time de gigantes, o álbum certamente é REPERTÓRIO PARA PIANO
um dos mais importantes da discografia POPULAR
nacional. Esse grande e raro clássico vol- Volumes 1, 2 e 3
ta às lojas em vinil de 180 gramas pela
coleção “Clássicos em Vinil”, da Polysom. Trazem 14
O disco traz 12 faixas e foi produzido arranjos prontos
por Mario Albanese e Fausto Canova. As em cada
canções são de autoria dos músicos do volume para
Brazilian Octopus e de outros parceiros desenvolvimento
da leitura das
como Rogério Duprat, Cyro Pereira, Edu duas claves (Sol e
Lobo, Tereza Souza e Gabriel Fauré. A Fá) e análise dos
@BlueNoteComunicação

sonoridade transita por vários ritmos arranjos.


brasileiros, sendo experimental e psico-
délica, transmitindo diversas sensações Visite nosso site para conhecer melhor
no decorrer dos 29 minutos do álbum. os 3 Métodos e os 3 Repertórios
Para adquirir, clique aqui!
www.editorasomearte.com.br
teclas & afins Contato: rosana@editorasomearte.com.br
julho 2016 / 13
interface

A Fundação Osesp realiza


a 47ª edição do Festival
Internacional de Inverno
de Campos do Jordão, de
2 a 31 de julho de 2016. O
evento alia uma intensa
programação pedagógica
a um grande número de
concertos sinfônicos e de
câmara. A principal atração
é a Orquestra do Festival,
formada pelos bolsistas,
que faz dois programas,
com dois concertos cada um. Uma grande novidade deste ano é o Grupo de Música
Antiga, que se apresenta sob a regência de Luís Otávio Santos (spalla de La Petite Bande,
na Holanda, e coordenador do Núcleo de Música Antiga da EMESP). Entre recitais e
concertos, quem frequentar os espaços do Festival em Campos de Jordão e São Paulo
poderá assistir a performances dos pianistas Dana Radu, Olga Kopylova, Jean-Louis
Steuerman, Maria Cecília Moita, Michael Sheppard, Eduardo Monteiro, Débora Halász,
Nahim Marun, Leonardo Hilsdorf, Miroslav Georgiev, Marian Sobula, Fabio Martino,
Rosana Diniz, do Duo Gisbranco (formado por Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco)
e do cravista Nicolau de Figueiredo. Mais informações podem ser obtidas aqui!

14 / julho 2016 teclas & afins


28 de Setembro | 21h

28/9 : Richard Galliano 11/10 : Kurt Elling


com Quinteto de Cordas
Renomado acordeonista francês Eleito 14 anos seguidos melhor cantor
retorna ao Brasil. de jazz pela Revista Downbeat.

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(11) 2344-1051 | ingressos@tucca.org.br

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Roland HPi-50e
Roland Brasil – www.roland.com.br

O piano digital Roland HPi-


50e oferece som e toque
autênticos de piano com a
tecnologia SuperNATURAL
e teclado PHA-4 Concert
com Escapement e Ebony/
Ivory Feel. Além disso, traz o
sistema DigiScore, que coloca
à disposição dos estudantes
muitas opções de exercícios
e jogos para melhorar suas
habilidades o que torna o
estudo mais divertido para
todas as idades. Com essa
tecnologia, a partitura digital
é exibida no amplo visor LCD
colorido, com capacidade
para apresentar até fusas e 48
compassos simultaneamente.
A função Auto Sync garante que a notação apresentada no display siga a execução
de forma perfeita, independentemente do tempo em que você tocar, e as páginas
são viradas em sincronia. O motor sonoro de Piano SuperNATURAL foi melhorado
com a função Dynamic Harmonic que permite ajustar as características únicas
dos harmônicos criadas com um toque fortíssimo. Caso seja um estudante, isto
proporciona novas possibilidades sonoras, à medida que sua técnica se desenvolve.
Com o Piano Designer incorporado, o músico pode modificar o som do modelo de
modo a adaptar-se ao seu estilo pessoal ou a um gênero musical específico. Para uma
personalização ainda mais detalhada, a função Individual Note Voicing permite ajustar
a afinação, o volume e outras características sonoras em cada uma das 88 notas de
forma independente. A tecnologia Acoustic Projection utiliza múltiplos alto falantes
discretamente distribuídos pelo móvel do modelo para projetar os diversos elementos
sonoros do piano a partir das suas posições naturais. Entre os recursos, o modelo
conta com modos de teclado Full, Dual (com balanço de volume ajustável), Split
(com ponto de divisão ajustável) e Twin Piano; pedais Damper (com capacidade de
detecção contínua), Soft (com capacidade de detecção contínua e função configurável)
e Sostenuto (com função configurável); polifonia máxima de 128 vozes; 350 timbres;
oito tipos de escalas de afinação; afinação global de 415.3Hz a 466.2Hz (ajustável
em incrementos de 0.1 Hz) e transposição entre -6 e +6 semitons, inclusive para
reprodução de arquivos de áudio.

16 / JUlHo 2016 teclas & afins


VITRINE

Ritmüller R6
Pianofatura Paulista - www.piano.com.br

A Ritmüller, fabricante de pianos fundada na Alemanha em 1795,


encarregou o master piano designer Lothar Thomma, o mais requisitado
no mundo, de remodelar sua linha, oferecendo produtos que unem a
herança clássica da marca e os padrões de excelência atuais. Pertencente a
um minúsculo círculo de piano
designers experts, Thomma
desenvolveu o piano vertical
Ritmüller R6, o mais compacto
da linha, com apenas 131cm
de altura, 151cm de largura e
64cm de profundidade, ideal
para pequenos espaços. O
modelo conta com 88 teclas,
martelos com feltro duplo,
tampa com amortecedores,
estrutura de cinco colunas
de madeira maciça, tábua
harmônica de spruce maciço,
11 costelas e três pedais
de latão fundido. Com
acabamento em preto alto
brilho e 5 anos de garantia,
o piano vertical vem com
banqueta regulável.

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Whatsapp (11) 9.8956.3003

teclas & afins setembro


JUlho 2015
2016 / 17
RAIO X POR NILTON CORAZZA

Ignorado por alguns e desconhecido


por muitos, o correto uso dos pedais é
ferramenta imprescindível para a boa
interpretação pianística

Na pont
18 / JULHo 2016 teclas & afins
RAIO X

ta dos pés
teclas & afins JULHo 2016 / 19
RAIO X

aperfeiçoamento da técnica interpretativa.


Ao lado da introdução do mecanismo de
duplo escape desenvolvido por Sébastien
Erard, entre 1809 e 1823, um dos mais
importantes avanços foi a implementação
dos pedais, patenteados pelo fabricante
John Broadwood, em 1783. O objetivo
dessa inovação era aumentar a gama de
dinâmicas possível de ser reproduzida
pelo piano, ou seja, aprimorar as
diferenças entre as sonoridades mais
fortes e mais fracas. A evolução do uso
deles, no entanto, caminhou ao lado de
uma maior exploração das capacidades
do instrumento e permitiu que técnicas
específicas fossem desenvolvidas e
novas sonoridades esculpidas. Acreditar,
portanto, que os pedais servem somente
para aumentar ou reduzir o volume é uma
simplificação inaceitável de um processo
extremamente sofisticado e complexo.
Eles são recursos enriquecedores da
sonoridade e do timbre que transcendem
O piano é um instrumento musical cujo a função comumente a eles atribuída de
desenvolvimento se deu aos poucos. O meros “auxiliadores” dos planos dinâmicos.
primeiro exemplar foi construído, por A maneira de utilizá-los, contudo, é muito
volta de 1709, pelo fabricante de cravos variável e é possível afirmar que o modo
Bartolomeo Cristofori, e chamado de como um pianista “pedaliza” as obras que
Gravicembalo col Piano e Forte. Mais do que interpreta está em direta relação com a
uma modificação da forma de geração do percepção musical dele. Existe, nessa arte,
som - em que as cordas, em vez de serem um refinamento para o qual não há limites.
pinçadas, eram percutidas por martelos –, O emprego racional dos pedais, portanto,
o italiano desenvolveu um novo tipo de resgata detalhes de grande significado
mecanismo, capaz de permitir ao pianista interpretativo em obras de qualquer
o controle da dinâmica por meio da ação período ou compositor. Diversos deles,
dos dedos sobre o teclado. Embora tenha inclusive, prestaram um excelente serviço
surgido na Itália, foi na Alemanha, porém, aos intérpretes, ao indicar em suas obras
que o piano teve maior aceitação, e os trechos que deveriam ser tocados
Gottfried Silbermann, renomado artesão “senza pedale”, ou seja, sem o uso deles.
de cravos e órgãos, foi o primeiro a fabricá- Como todo recurso, no entanto, o uso
lo naquele país, em 1730. Durante a dos pedais deve ser estudado e a prática
história do instrumento, várias inovações é o melhor método para isso. O emprego
foram incorporadas a ele, buscando um deles deve ser sempre funcional e com

20 / JULHo 2016 teclas & afins


RAIO X

objetivos específicos. E é necessário que melhor forma de utilizá-los, evitando os


o pianista saiba reconhecer a pedalização erros mais comuns e valorizando a música
que melhor valorize as intenções musicais executada. Muitas vezes um pianista põe
contidas naquilo que vai interpretar. a perder todo o investimento de estudo
”O trabalho dos pés não é somente feito numa obra, por uso inadequado dos
um complemento ao das mãos. Ambos pedais.
estão intrinsecamente relacionados. As
diversas gradações precisam ser treinadas Diferentes tipos
(pedal inteiro, quarto de pedal, meio Os pianos podem ter dois ou três pedais.
pedal), assim como a velocidade da troca O direito, também chamado sustain ou
(como, por exemplo, no pedal vibrato) e damper, é o mais usado. Quando acionado,
a utilização simultânea dos dois pedais. afasta os abafadores, responsáveis por
Nada disso pode ser conquistado sem um parar o movimento das cordas quando uma
investimento consciente de estudo e de tecla é solta, de todas elas. Isso permite
prática interpretativa”, ensina o pianista que continuem vibrando, o que causa um
Amaral Vieira. prolongamento do som e facilita, muitas
Mas o uso correto deles não está vezes, a interpretação de notas de modo
circunscrito à música erudita. No popular, ligado, quando não é possível fazê-lo por
assim como no jazz, é importante que se meio da digitação. Além disso, as cordas
saiba dosar o uso do pedal. Em qualquer soltas vibram simpateticamente às das
gênero ou estilo, portanto, é importante notas tocadas, enriquecendo o timbre do
que o intérprete conheça bem o instrumento pela adição de harmônicos.
funcionamento dos pedais, assim como a Mas esse recurso deve ser utilizado de

Pedais de um piano de cauda: una corda, sostenuto e sustain/damper

teclas & afins JULHo 2016 / 21


RAIO X

maneira correta, sob o risco de compro- de uma peça modificando a utilização


meter toda a interpretação. O uso exa- desse pedal. E isso, de forma negativa.
gerado do pedal direito resulta na falta Muitas vezes, no início dos estudos, o
de clareza melódica, empastelamento de pianista “esquece” o pé no pedal. Esse vício
harmonias e encadeamento indiscrimi- é muito comum e pode causar grande
nado de frases e subfrases. O emprego desconforto ao ouvinte mais atento.
desmedido provoca, ainda, uma amplia- Um exemplo disso é a interpretação das
ção da massa sonora, uma vez que pas- obras dos compositores da chamada
sagens tocadas suavemente acabam se escola impressionista, como Debussy e
somando umas às outras, com o pedal, Ravel. “Muitos pianistas amadores e, até
transformando rapidamente um delicado mesmo, profissionais, têm uma visão
‘piano’ num ‘fortíssimo’ veemente. interpretativa equivocada dessas obras.
Por conta disso, percebe-se que é possível Acreditam que o uso abundante do pedal
alterar de forma profunda a interpretação direito ajuda a valorizar o ambiente de
bruma e névoa que se convencionou
associar a essas composições”, diz Vieira.
“No entanto, ao ‘banhar’ essas obras num
mar de pedal, o intérprete acaba não
focalizando a obra”, afirma.
Na música popular, não é diferente. Um
samba ou uma bossa nova, por serem
gêneros mais rítmicos e que, geralmente,
têm harmonias ricas e movimentadas,
pedem um pedal de sustain muito mais
econômico e sutil.
O pedal da esquerda é chamado “una
PEDAL SINCOPADO corda” e sua função primária é a de
“abafar” o som do instrumento. O
O pedal direito é mais utilizado na forma
mecanismo funciona de forma diferente
conhecida como “pedal sincopado”,
quando se tratam de pianos de cauda ou
base para a boa interpretação na música
de armário, os chamados verticais. Nos
popular. A técnica consiste em “trocar”
primeiros, seu acionamento causa uma
o pedal após tocar cada nova harmonia,
movimentação de todo o mecanismo,
limpando a sonoridade da última e
incluindo o teclado, para a direita do
sustentando o som da nova. Isso deve ser
pianista, fazendo que os martelos atinjam
feito abaixando o pedal logo em seguida
apenas uma das duas ou três cordas
à execução de um acorde. Ao ferir o
referentes a cada tecla, ou, no caso dos
seguinte, levanta-se imediatamente o
bordões, não as firam de modo completo.
pedal, abaixando-o novamente antes de
Além de uma redução no volume, o uso
largar as teclas para atacar o terceiro, e,
desse recurso promove uma modificação
assim, sucessivamente. Isso possibilita
na coloração do timbre. Nos pianos
o completo domínio da coordenação
verticais, a ação desse pedal aproxima os
mãos e pés.
martelos das cordas, o que origina uma

22 / JULHo 2016 teclas & afins


RAIO X

Notação de pedalização: diferentes formas

menor ação deles, reduzindo o volume 181, dentro da dinâmica “pp”, o compositor
sonoro. A modificação na qualidade do escreveu “una corda”, ou seja, com a
timbre, contudo, não é a mesma obtida utilização do pedal esquerdo do piano.
nos instrumentos de cauda. Curiosamente, o último acorde desse
Ao que parece, o “una corda” foi movimento contém a marcação ambígua
uma invenção do próprio Cristofori, de “ppp” (extremamente delicado) e, ao
desenvolvida posteriormente, que mesmo tempo, “tutte le corde”, ou seja,
ocasionava uma modificação no timbre sem a utilização desse mesmo pedal.
maior do que a dos pianos modernos. “No Beethoven quer que o intérprete toque
final do Adagio da Sonata Hammerklavier, esse acorde do modo mais sutil possível,
Opus 106, composta entre 1817 e o ano sem usar o recurso que facilitaria essa
seguinte, por Beethoven, no compasso ação”, exemplifica Vieira. “Para mim

teclas & afins JULHo 2016 / 23


RAIO X

torna-se claro que o pedal esquerdo dos como ele trabalha. Em muitos modelos
fortepianos da época modificava o timbre de qualidade inferior, o pedal esquerdo
do instrumento de modo significativo funciona de forma idêntica ao pedal de
e não era isso o que queria o grande sustain, mas apenas na região grave do
compositor”, conclui. teclado e deve-se prestar atenção na
O terceiro pedal existente nos pianos, hora da compra de um instrumento com
situado no meio dos outros dois, possui esse recurso.
funções bem diferenciadas dependendo Nos modelos verticais, o uso mais comum
do instrumento. Nos modelos topo de do terceiro pedal é o de abafamento. Seu
linha - mais notadamente os de cauda acionamento resulta na colocação de
e, raramente, nos verticais -, possui uma manta de feltro ou espuma entre os
a função de “pedal tonal”, também martelos e as cordas, diminuindo a ação
chamado “sostenuto”. O resultado do deles. Isso causa um forte amortecimento
acionamento dele é similar ao do pedal de na sonoridade. Dotado de uma trava,
sustain, mas age, apenas, sobre as teclas é utilizado para o estudo, pois evita o
que estejam abaixadas no momento provável incômodo causado pela repetição
em que é pressionado. Esse complexo excessiva de passagens e exercícios aos
mecanismo permite que algumas notas ouvintes compulsórios. Seu uso, porém,
sejam prolongadas enquanto outras não acarreta na distorção do timbre, já pouco
sofram qualquer alteração. Dependendo audível, e, conseqüentemente, na falta
da marca e do modelo do instrumento, de controle da sonoridade por parte do
porém, podem existir alterações na forma pianista.

Fazioli F308: o quarto pedal permite reduzir o volume sem modificar o timbre

24 / JULHo 2016 teclas & afins


RAIO X

Utilização
A utilização dos pedais do piano é a regra.
Não os utilizar, a exceção. O uso, no entanto,
deve ser analisado e parcimonioso, de
acordo com o caráter da obra e a época em
que ela foi composta. “Considero uma boa
estratégia utilizar o pedal direito sempre
com muita discrição no repertório que
abrange toda a produção para teclado até
o final do classicismo vienense e a primeira
fase criativa de Beethoven”, ensina Vieira.
E isso ocorre por conta, principalmente,
da evolução que o uso dos pedais sofreu
juntamente à maior exploração das
capacidades do instrumento. A modificação
da linguagem musical, portanto, foi fator
determinante para que o uso dos pedais
fosse incrementado e os compositores
tirassem proveito de suas possibilidades
interpretativas. “Em uma sonata de
TECLADOS E
Mozart, não se mobilizam os mesmos
recursos de pedal, por exemplo, que em SINTETIZADORES
uma rapsódia de Liszt”, diz o pianista. No Pianos digitais, sintetizadores e
entanto, um mesmo compositor pode arranjadores também fazem uso de
exigir o uso diferenciado de pedais em suas pedais para auxiliar a interpretação do
obras. “Pode-se citar o caso de Johannes músico. O mais comum é a utilização do
Brahms, cujo delicado Capricho Opus 76 sustain. Em alguns modelos, esse recurso
nº 2 requer o emprego mínimo do pedal simula o decaimento produzido pela ação
direito, ao passo que o Capricho Opus 116 dele em um piano, em que a sonoridade
nº 3 é impensável sem uma pedalização esmaece aos poucos até acabar, mesmo
exuberante”, pondera o professor. Para na utilização de timbres como cordas ou
conceber uma pedalização correta e órgãos. Em outros, sua ação faz que o
consciente, portanto, é importante que o som continue indefinidamente, até que
pianista leve em consideração elementos o pedal seja liberado, como se as teclas
como a estética vigente à época de criação continuassem pressionadas. Alguns
da obra, os recursos que o instrumento equipamentos, para evitar isso, fazem
possuía e, principalmente, as anotações distinção entre o “sustain” e o “damper”.
originais grafadas pelos compositores,
mesmo que sejam passíveis de eventuais soar”, ensina Vieira. Compositores como
adaptações aos instrumentos modernos. Frédéric Chopin e Franz Liszt, inclusive,
“Ao anotar suas idéias de pedalização, mantiveram estreito relacionamento
os autores deixaram pistas importantes com os fabricantes de pianos da época,
de como determinado trecho deveria sugerindo modificações, melhorias e

teclas & afins JULHo 2016 / 25


RAIO X

aperfeiçoamentos, inclusive na ação mais Além dos métodos, é imprescindível


eficiente dos pedais. a audição da interpretação de bons
É interessante lembrar que até a segunda pianistas, seja ao vivo ou em gravações. Na
metade do século 19, a marcação do música popular, notadamente no jazz, não
uso do pedal era inserida entre os dois faltam exemplos de bons pedalizadores
pentagramas da partitura, ou seja: entre como Bill Evans e Chick Corea. Na música
a pauta da mão direita e a da esquerda. popular brasileira, é inegável a qualidade
Ele ocupava a mesma área reservada aos de músicos como César Camargo Mariano
sinais de dinâmica, agógica e expressão. e Nelson Ayres.
“Isso significa que o pedal não era Para quem se dedica ao erudito existe
considerado um recurso interpretativo material gravado de alto nível. Quem
‘externo’”, acredita Vieira. Foi somente comenta é Amaral Vieira: “a antiga escola
mais tarde que ele passou a ser marcado francesa de piano empregava os pedais de
na parte inferior externa do pentagrama modo muito judicioso e peculiar e esses
reservado à mão esquerda. efeitos podem ser admirados nas diversas
gravações realizadas na primeira metade
Aprendizado do século passado”, diz. Walter Gieseking
Para aprender o uso do pedal, existem (1895-1956) gravou a obra completa
diversos métodos. O ideal, contudo, para piano solo de Debussy, em registros
parece ser o domínio da parte mecânica e definitivos e nos quais pode-se admirar
de coordenação motora logo no início dos uma notável engenhosidade no emprego
estudos, para que se torne parte natural desse recurso. “Curiosamente, Gieseking
do processo de tocar piano. Quanto mais gravou também a obra completa de Mozart
rápido o pianista aprende a usar o pedal para piano, porém, sem o pedal direito.
mais desenvoltura terá para tocar. E o resultado deixa a desejar”, comenta
Vários compêndios e exercícios foram Vieira. “A gravação, realizada pela brasileira
escritos sobre o assunto, mas caíram em Guiomar Novaes (1894-1979), da Rapsódia
desuso. Os mais antigos foram criados Húngara nº 10 de Liszt é um assombro,
pelo francês Louis Adam (1758-1848) e com efeitos de pedal muito sofisticados”.
pelo alemão Daniel Steibelt (1765-1823). O italiano Arturo Benedetti Michelangeli
No entanto, o método mais utilizado era (1920-1995) foi outro pianista que soube
de autoria do professor italiano Albino utilizar os mais avançados recursos dos
Gorno (1859-1945), que escreveu diversos pedais. “Seus registros são verdadeiras
exercícios, publicados em vários volumes aulas de clareza e rigor interpretativo”. O
e classificados por ordem de dificuldade. russo Emil Gilels (1916-1985), por sua vez,
Atualmente vem sendo muito utilizado foi um dos mais respeitados pianistas do
o método de Hannah Smith, intitulado século 20 e verdadeiro mestre na grande
Estudos De Pedal. “Os leitores com arte da pedalização. Busoni, Rachmaninov,
boa fluência em inglês poderão ler o Cortot, Rubinstein, Backhaus, Kempff,
interessante livro A History of Pianoforte Horowitz, Arrau, Richter, Sofrotnisky e
Pedalling, de David Rowland, publicado todos os grandes pianistas, enfim, sempre
pela editora inglesa Cambridge University podem ensinar a utilizar os pedais de
Press”, aconselha Vieira. modo criativo e responsável.

26 / JULHo 2016 teclas & afins


materia de capa por fabio ribeiro e nilton corazza

Jordan Rudess:

© Jorge Rosenberg
pensamento tecnológico

o ídolo do
28 / julho 2016 teclas & afins
Jordan Rudess

Tecladista de uma das bandas


mais cultuadas da atualidade, o
estadunidense Jordan Rudess
não retringe suas atividades aos
estúdios e palcos: empreendedor,
é proprietário de uma empresa
de tecnologia e desenvolve novos
instrumentos musicais

prog metal
teclas & afins julho 2016 / 29
Jordan Rudess

Jordan Rudess não foge do estereótipo dos exceção do setup do tecladista, ele e
grandes tecladistas. De formação erudita Morgenstein ficaram improvisando até que
- iniciou os estudos aos 9 anos de idade o sistema se reestabelecesse, apresentando
na Juilliard School of Music – começou uma química poucas vezes vistas entre um
a se interessar por sintetizadores e rock tecladista e um baterista. Rudess ainda
progressivo durante a adolescência. Apesar participou do Liquid Tension Experiment,
dos conselhos de seus pais e professores, que tinha como membros John Petrucci
afastou-se do erudito tentando carreira e Mike Portnoy, o baixista Tony Levin
como tecladista de rock e, após dedicar-se (King Crimson) e o vocalista Peter Gabriel,
a vários projetos durante a década de 1980, gravando dois álbuns.
chamou a atenção depois do lançamento Desde 1999, Jordan Rudess é tecladista do
de Listen, álbum solo de 1993. Depois de Dream Theater, uma das mais cultuadas
ser aclamado pela crítica, duas bandas se bandas de prog metal de todos os
interessaram em ter o jovem músico como tempos. Entre muitos projetos paralelos,
seu membro: The Dixie Dregs e Dream o tecladista dedica-se à educação musical
Theater. Rudess escolheu a primeira, pois pela web, fornecendo vídeo e lições em seu
não trabalharia full-time com o grupo. Conservatory Online e fundou sua empresa
Pouco depois, o músico formou um power de tecnologia, a Wizdom Music, que
duo com o baterista Rod Morgenstein - o desenvolveu aplicativos premiados como
Rudess/Morgenstein Project ou RMP – MorphWiz, SampleWiz, Geo Synthesizer,
inspirado por um incidente ocorrido em SpaceWiz, SketchWiz, Tachyon e EarWiz.
um show do The Dixie Dregs: durante Além disso, assumiu o cargo de Diretor de
uma queda de energia que fez que todos Experiência Musical da Roli Labs, empresa
os equipamentos do se desligassem, com criadora do Seaboard.

30 / julho 2016 teclas & afins


Jordan Rudess

Conversamos com Jordan Rudess pouco treinar seus dedos para que toquem
antes dos shows que fez no Brasil a música que está na sua cabeça. Para
-apresentando, com o Dream Theater, o mim, estudar música clássica foi a chave,
álbum The Astonishing - e falamos sobre pois meu treinamento foi muito focado
música, tecnologia e o papel do tecladista. e disciplinado. Tive alguns dos melhores
professores de piano do século, que me
Sua formação técnica é clássica. Até instruíram a entender a importância de
que ponto isso é fundamental para um conseguir tocar com meus dedos o que
tecladista, principalmente de prog metal? está na minha mente. E, se você pretende
Bem, eu acredito que quanto mais variada ser um músico de progressivo, você deve
a formação inicial de um músico, melhor. estar aberto a diversos estilos diferentes.
Uma coisa importante a se saber sobre É a fusão desses estilos que, na verdade,
teclados - e que, infelizmente, muita gente tornam esse tipo de música “progressiva”.
nova não compreende - é que tocar teclado
é uma atividade muito física, como um The Astonishing é um álbum épico. Há nesse
esporte. Para tocar música em um teclado, conceito influências do rock progressivo
seus dedos precisam funcionar, precisam da década de 1970 e da música clássica?
estar aptos a obedecer instruções do seu Absolutamente! The Astonishing é um
cérebro. Isso requer treinamento. Então, o álbum com tantas influências! Para suportar
mais importante, desconsiderando o estilo com consistência a história extremamente
musical no qual você está interessado, é detalhada que havia sido escrita, tivemos
participar de alguma atividade que possa que abordar diversos tipos de música,

teclas & afins julho 2016 / 31


Jordan Rudess

como os estilos clássicos, dixieland, metal, E estamos tocando o álbum ao vivo! Tudo
progressivo clássico, música em estilo tem que estar em condições perfeitas, a
“Teatros da Broadway”... Foram realmente música, a sincronia com os eventos visuais.
muitas influências absorvidas. É um show que exige muito para que
possamos apresentá-lo da maneira que
Quais os grandes desafios em executar pretendemos.
The Astonishing ao vivo?
Um dos grandes desafios para mim, como Você tem utilizado muita tecnologia,
tecladista, é que inicio e finalizo muitas das diferentes instrumentos, suportes para
músicas em sincronia com muitos eventos teclados e aplicativos musicais para o
no palco. Uma vez que começo a tocar, o sistema iOS, muitos deles criados por
foco é tremendo para administrar tudo você mesmo. Por que essa busca por
aquilo, musicalmente e tecnologicamente. diferentes maneiras de criar sonoridades
Outra coisa sobre estar em um grupo, e utilizá-las? Você acha que os sons que
especialmente em uma banda como o um tecladista usa tornam-se parte de sua
Dream Theater, é que todos são músicos personalidade musical?
excelentes, então você tem quase que Sempre fui apaixonado por instrumentos
uma responsabilidade de encontrar uma musicais e tecnologia. A tecnologia permite
maneira de se destacar, fazer o seu melhor. que os músicos se expressem de forma

32 / julho 2016 teclas & afins


Jordan Rudess

completa. Acredito que a tecnologia é uma analógica, digital, ou uma combinação


das respostas para o que vai acontecer de ambos?
com a evolução da música no futuro, assim Cresci com sintetizadores analógicos. Meu
como quando Les Paul criou a guitarra primeiro instrumento foi um Minimoog
elétrica. Ele criou algo, tecnologicamente, e estou muito contente com a notícia da
que descortinou caminhos totalmente reedição desse sintetizador pela Moog. Hoje,
novos para a criatividade musical. É isso estou mais interessado em novas maneiras
que estou tentando fazer por meio de de criar sons ou maneiras existentes que
minha empresa de aplicativos para iOS, não foram completamente desenvolvidas.
a Wizdom Music: abrir novas portas com Por exemplo, meu novo aplicativo utiliza
o uso da tecnologia, como, por exemplo, a tecnologia de modelagem física. Essa
criar aplicativos que permitem controlar o tecnologia não é tão popular quanto a
som com expressividade, com seus dedos síntese subtrativa, como no Minimoog, ou
deslizando por um instrumento. Isso permite o sampling. O resultado é muito orgânico,
que você se expresse. Em primeiro lugar, a muito expressivo. Ando muito interessado,
tela multitouch - apresentada no iPhone e, também, em Re-Síntese, que permite
posteriormente, em todos esses dispositivos capturar um som e, além de oferecer
que estão disponíveis hoje - abriu todas uma exata reprodução dele, possibilita
essas possibilidades diferentes para se manipulá-lo quase que como uma massa de
expressar por meio da música. É um tipo modelar. Você pode realmente controlar o
de tecnologia na qual estou muito focado que acontece com o som de maneira muito
atualmente. Isso também possibilitou meu fluída e orgânica. Então, sim, tenho interesse
trabalho com outras empresas, como a Roli, em ambos os tipos de direcionamento,
fabricante do Seaboard, uma verdadeira
evolução do teclado do piano como o
conhecemos, levando-o para um nível
mais avançado. Antes, eu já trabalhava
com um instrumento chamado Continuum.
Todos esses instrumentos permitem
mais expressão com seus dedos que um
instrumento de teclado convencional,
coisas mais próximas ao do que uma
guitarra ou um violino podem executar,
em que a nota que você está tocando tem
algo a ver com a atividade do som a todo
instante. É esse o pensamento diferente
com o qual vivo há muitos anos. O novo
aplicativo de minha empresa – o GeoShred
- é um exemplo desse direcionamento, que
oferece a habilidade de criar instrumentos
que permitem que você se expresse de
maneiras novas e interessantes.
Sobre síntese sonora... Tecnologia

teclas & afins julho 2016 / 33


Jordan Rudess

34 / julho 2016 teclas & afins


Jordan Rudess

Você usa sintetizadores modulares em maneira de fundir suas influências em seu


seu estúdio e também já usou estes próprio caráter musical e então começar
instrumentos ao vivo. O formato Eurorack a fazer algo realmente interessante, com
é muito popular atualmente. Você está personalidade. Para nós, tecladistas, existem
usando? também outras ótimas oportunidades,
Eu tenho um sintetizador modular gigante como essa enorme disponibilidade de
em casa, composto por alguns módulos sons e tecnologias de sínteses diferentes
originais... que estávamos discutindo. Uma das coisas
que me atraíram para a programação de
E alguns da Synthesizers.com também... sintetizadores foi a possibilidade de ter meus
Exatamente. Mas não tenho nenhum “sons de assinatura” como, por exemplo,
sistema em formato Eurorack ainda, pois “Snarling Pig” ou “JR Lead” que possuem
ando trabalhando mais e mais “dentro da essas capacidades sonoras interessantes
caixa”. Ando usando muito a tecnologia como feedback e texturas. Outra coisa é
móvel em dispositivos como iPads e coisas que, com esses novos instrumentos, como
do tipo, mas estou muito interessado e o Seaboard ou o aplicativo GeoShred, você
provavelmente vou adquirir algum tipo de pode realizar coisas consideradas básicas
sistema em breve. por outros músicos, como o controle de
vibrato por guitarristas, por exemplo.
Qual é o seu instrumento principal no Imagine nossos guitarristas preferidos
palco e por que? como Jeff Beck, Steve Vai, Eric Clapton ou
Meu principal instrumento no palco é o qualquer um destes caras. O que os torna
Korg Kronos, que adoro tanto. Acabo de únicos é a maneira com a qual controlam
levar meu Kronos para a Califórnia onde a afinação e o volume. Muito de suas
participei de um tributo a Keith Emerson. personalidades musicais está na forma com
Foi uma noite maravilhosa com muitos a qual controlam a afinação e o vibrato, o
outros músicos. Toquei “Tarkus” do início que muitas vezes nos permite até mesmo
ao fim, tudo soou perfeitamente! identificá-los com clareza quando os
ouvimos tocando. Nós, tecladistas, temos
Acredita que os tecladistas devem buscar agora outros recursos além do tradicional
formas de se diferenciarem tanto dentro controle de “pitch bend”, como o teclado
de uma banda quanto no show business? da Roli, onde você pode iniciar com seu
Quais as melhores ferramentas para isso? dedo sobre uma nota e a cada momento
Esta é uma ótima pergunta. Acredito que expressar afinação e volume. O tecladista
para você ter sua própria “voz”, é preciso passa a ter sua própria “voz” ao ter esse
navegar por estilos musicais diferentes. tipo de controle e esta é uma ideia muito
Se você pretende tocar apenas um tipo de excitante. É uma excelente forma de instruir
coisa ou almeja apenas estar em uma banda as pessoas sobre esse novo direcionamento
“pop” e nada mais, você está se limitando. dos instrumentos de teclado, para onde
Mas, se você conseguir manter os ouvidos estão indo e o que você pode fazer com isso.
abertos para apreciar música alternativa,
música clássica, música regional e tantos Você é um dos tecladistas mais ativos nas
outros estilos, você poderá encontrar uma redes sociais e mantém um conservatório

teclas & afins julho 2016 / 35


Jordan Rudess

online. Qual o futuro da música e da de streaming ao vivo e compartilhar música


educação musical para você? com as pessoas. Caso possa também ajudá-
Meu interesse pela internet para educação las um pouco com educação musical,
já vem de muitos anos e o Jordan Rudess isso é ainda mais divertido. Estamos em
Online Conservatory está ativo até hoje. uma era na qual há tantas maneiras de
Uso esse recurso para propagar música apresentar informações. Você pode ter um
em todas as suas formas. Neste momento, problema qualquer com um determinado
também estou participando de um equipamento seu ou uma simples questão
programa externo de uma semana aqui em como “qual a forma de criar uma trilha de
Nova York, chamado KeyFest, em que eu e acompanhamento em um software?” e a
outros profissionais administramos cursos. resposta é imediata. Por isso, a internet e
Realmente, estou interessado no aspecto as mídias sociais são tão poderosas. São
das mídias sociais, gosto de fazer sessões tempos excitantes para se viver!

NA REDE

36 / julho 2016 teclas & afins


KORG B1
A ESCOLHA CERTA PARA TODAS AS
SUAS NECESSIDADES EM UM PIANO!
Com design moderno e excelência nas características vitais para qualquer
pianista, o Piano Digital KORG B1 possui um autêntico mecanismo de
teclas, sons de pianos acústicos surpreendentes e recursos exclusivos.

Assista o vídeo do KORG B1

KORG.COM.BR
SINTESE POR Jobert Gaigher

Programação X Presets
O uso de patches de memória acabou criando uma nova
geração de tecladistas que passaram a se preocupar menos
com a compreensão do processo de construção do som e
acabaram se tornando escravos dos sons prontos

As polêmicas envolvendo sintetizadores pode até traumatizar. E em alguns casos,


continuam até hoje. Inclusive em relação para sermos mais precisos, teríamos que
à sua própria definição. Afinal, o que considerar inclusive hammondistas, mini-
é exatamente um sintetizador? Aliás, mooguistas, e certamente, Oberheimnistas.
podemos denominar facilmente pianistas, Usaremos, por falta de denominação
guitarristas, organistas, harpistas etc, melhor, “sintetista”.
mas não podemos sair por aí falando Por outo lado, existe atualmente todo tipo
“sintetizadoristas”. “Tecladista” é uma de sintetizadores que se possa imaginar,
terminologia muito genérica e, cá entre com e sem teclas (guitarras, baterias,
nós, quem toca sintetizadores passa mais instrumentos de sopro, softwares e apps com
tempo mexendo em botões do que em novas interfaces, sem teclas e sem cordas
teclas. Definitivamente, tecladista não etc). Mas, quando se fala em sintetizadores,
serve. Fica aqui o protesto! Afinal, isso as teclas imediatamente veem à mente.

Telharmonium: criado em 1897 pelo norte-americano Thaddeus Cahill a partir de microfones de telefones

38 / JULHo 2016 teclas & afins


sintese

Nós, tecladistas, nos apropriamos dos


sintetizadores. Temos esse sentimento, lá
no fundo, de que o mundo dos osciladores,
filtros, LFO e ADSR são nossos. E a maioria
dos músicos acabaram concordando com
isso, com exceção dos DJs, que até agora
não cheguei à conclusão se são ou não
músicos. Que nenhum DJ nos ouça, ou
melhor, nos leia.
E, tirando alguns “sintetistas”, a maioria Gigante: dois dos rotores de tom do Telharmonium MkII no porão do
das pessoas, músicos ou não, continua Telharmonic Hall por volta de 1906
ainda a não ter a menor ideia do que é um Origens
sintetizador. Por volta de 1900, foram inventados
De acordo com o Dicionário inFormal (SP), os primeiros instrumentos eletrônicos,
o significado de sintetizar é: condensar, precursores dos sintetizadores modernos.
resumir, sumarizar, compendiar, juntar - Como vimos, um sintetizador é constituído
“Uma das funções do figado é sintetizar por diferentes módulos que interatuam
diversas proteínas presentes no sangue”. em conjunto para produzir um som. O
Na acústica, de modo geral, pode-se dizer que telarmônio, ou telharmonium, criado em
o sintetizador é um instrumento eletrônico 1897 pelo norte-americano Thaddeus
(hardware ou software) constituído por Cahill a partir de microfones de telefones,
diferentes módulos (osciladores, filtros, é considerado o avô dos sintetizadores
amplificadores, LFO, etc) que interatuam atuais. Foi, verdadeiramente, o primeiro
em conjunto para produzir um som. O som instrumento de peso (em todos os sentidos).
é, portanto, produzido a partir da síntese Não por acaso, o telarmônio era também
dos diversos parâmetros utilizados em um instrumento eletrônico de teclas. É
cada um desses módulos. Para gerar ou citado praticamente em todas as histórias
moldar os sons, um sintetizador analógico sobre o sintetizador. Era uma espécie de
combina circuitos controlados unicamente sintetizador aditivo. Para entender síntese
por tensão elétrica, e a síntese analógica de aditiva, pense nos órgãos de tubos, em
sons baseia-se na manipulação dos sinais que o som final é o somatório de vários
emitidos por esses circuitos. sons, provenientes de diferentes tubos,
Os sintetizadores se distinguem pela conforme a seleção de determinados
enorme capacidade de gerar praticamente registos. Aliás, o telarmônio usava
qualquer tipo de som imaginável ou tonewheel para gerar sons musicais, e foi
não, desde imitar com precisão o som de também inspiração para o aparecimento
um instrumento acústico, uma voz, um dos órgãos Hammond anos depois.
helicóptero, um carro, ou um cão latindo, No início do século 20, os sintetizadores
e melhor de tudo, também possuem a eram enormes, caros, complicados,
capacidade singular de produzir sons que delicados, e por tudo isso, não eram
não ocorrem no mundo natural, aptidão ideais para performances ao vivo. A ideia
exclusiva que faz do sintetizador uma de Thaddeus Cahill era mais ambiciosa.
ferramenta musical única. Pensou em um sistema de fornecimento

teclas & afins JULHo 2016 / 39


SINTESE

EMMS: recriação fiel do sistema mais amplamente ouvido no mundo, o Moog Modular de Keith Emerson

de música para hotéis, restaurantes e O sintetizador de Thaddeus Cahill pesava


domicílios. Antes da década de 1920, não mais de 200 toneladas e era necessário
havia nenhuma maneira de amplificar 30 vagões de trem para ser transportado.
sinais elétricos. Cahill sabia que se ele Por essa e outras razões, não deu muito
conseguisse gerar um sinal elétrico certo, pelo menos do ponto de vista
grande o suficiente para amplificar um comercial. Mas foi a primeira semente
sinal qualquer e conduzisse esse sinal de um instrumento que revolucionaria a
para um cone (muito parecido com um música do séc 20.
cone de gramofone) no lugar do receptor Alguns anos se passaram e essa ideia ficou
do telefone, ele poderia transmitir música adormecida, até que, na década de 1960,
através do telefone que poderia ser o aparecimento dos transístores permitiu
ouvida por uma plateia. Ele imaginou que, que o Dr. Robert Moog projetasse um
se pudesse enviar a música através do sintetizador analógico infinitamente
telefone no volume adequado, ele poderia mais leve e compacto, o que finalmente
montar um negócio de fornecimento possibilitou sua produção em série e
de música para hotéis, restaurantes, e comercialização em massa. E, desta vez,
domicílios. com uma finalidade totalmente musical. Se

40 / JULHo 2016 teclas & afins


sintese

apresentava como uma nova ferramenta complexas e filtros são utilizados para
para fazer música, uma nova concepção moldar essas ondas, subtraindo certas
de instrumento musical, imediatamente frequências e harmônicos. Finalmente o
amada por muitos e odiada por tantos sinal é enviado ao amplificador. O timbre
outros, como toda novidade impactante. final é o resultado desse processo.
O sistema modular revolucionário e Mesmo passadas mais de quatro décadas
inovador de Moog consiste de um desde o lançamento dos primeiros
número de diferentes módulos de sintetizadores Moog, existe ainda hoje,
circuitos controlados por tensão elétrica infelizmente, uma quantidade considerável
capazes de gerar ou manipular sons. Esses de tecladistas - alguns profissionais,
módulos eram montados em um armário que inclusive utilizam sintetizadores em
e conectados em um único teclado. A seus trabalhos - que entra em pânico
popularização desse tipo de instrumento ao ouvir palavras como osciladores,
aconteceria a partir da década de 1970, filtros, LFO, ADSR, síntese subtrativa,
com a invenção do Minimoog, que foi vozes, FM, Wavetable, sample, e todas
concebido para incluir as partes mais as terminologias utilizadas no cotidiano
importantes de um sintetizador modular desse instrumento. Mesmo depois de
em um pacote compacto e mais acessível. tantos anos, a síntese continua sendo um
O Minimoog acabou estabelecendo tabu. Por isso, é necessária uma pequena
um padrão que se tornaria a base explanação sobre o funcionamento básico
dos sintetizadores contemporâneos. dos sintetizadores analógicos.
Diferentemente do telarmônio, o Minimoog
e todos os sintetizadores analógicos são O funcionamento
sintetizadores subtrativos. Na síntese Nos sintetizadores analógicos
subtrativa, assim como o nome diz - ao encontraremos osciladores totalmente
contrário da síntese aditiva - osciladores analógicos, ou seja, controlados
e geradores de ruído produzem ondas unicamente por tensão elétrica. Por

Minimoog: módulos fundamentais em modelo portátil

teclas & afins JULHo 2016 / 41


SINTESE

isso, também recebem o nome de VCO – tensão, que recebem o nome de VCA -
Voltage Controlled Oscillator. Em resumo, Voltage Controlled Amplifier. É na seção
o oscilador é o principal gerador do som. do amplificador que se encontram os
É o oscilador que gera o sinal básico envelopes, abreviados como EG, ENV
nesse tipo de sintetizador, ou seja, sem ou simplesmente ADSR (acrônimo para:
osciladores, um sintetizador subtrativo Attack, Decay, Sustain, Release). São
não produz nenhum som. Em sua grande utilizados para controlar o nível do sinal
maioria, os sintetizadores oferecem mais ao longo do tempo, fornecendo controles
de um oscilador, que produzem formas de de nível para o ataque, decaimento,
ondas ricas em harmônicos. As ondas mais sustentação e repouso.
comuns são a senoidal (ou sine wave), a Além de oscilador, filtro e amplificador, há
quadrada (ou square wave), a de dente- também outros componentes que atuam
de-serra (ou sawtooth wave) e a em forma na síntese do som e que estão presentes
de triângulo (ou triangle wave). quase que na totalidade dos sintetizadores
Em seguida, entra em ação o filtro, que existentes. Há, por exemplo, um tipo
nos analógicos também é controlado especial de oscilador que funciona em
por tensão, recebendo o nome de VCF baixas frequências, abaixo do limite da
– Voltage Controlled Filter. Um filtro é audição do ser humano (menos de 20
utilizado para remover frequências da Hz) denominado LFO (oscilador de baixa
forma de onda original, de modo a alterar frequência). Embora inaudível, é utilizado
o sinal básico e, por consequência, o para criar pulsações, vibrato, vibração,
timbre, filtrando (removendo) porções do chorus etc, no som audível. O LFO pode,
espectro de frequência. Existem inúmeros por exemplo, modular o oscilador principal
tipos de filtro, mas podemos dizer que os (VCO), para criar pulsações ou vibrato, ou
mais comum são: Low Pass (LPF), High-Pass o amplificador (VCA), para criar um efeito
(HPF), Cut-Off, Response e Resonance. de trêmolo.
Por último, como o nome já denuncia,
o amplificador é o componente que E os presets?
amplifica o sinal e é usado para ajustar Um dos pontos fundamentais que permitiu
o sinal filtrado. Os sintetizadores o sucesso de modelos de sintetizadores foi
analógicos possuem amplificadores a facilidade de salvar a programação em
totalmente analógicos, controlados por patches de memória. Isso tornou possível

Síntese analógica substrativa: esquema básico de funcionamento

42 / JULHo 2016 teclas & afins


sintese

Max

A D S
Amplitude

R
0
ATTACK DECAY SUSTAIN RELEASE
Tempo
Nota pressionada Nota solta

ATTACK (Ataque) – O início do som. No caso do sintetizador de teclas, quando acionamos


a tecla. O ataque pode ser rápido ou lento (ou algo entre);
DECAY (Decaimento) – quando o som passa do ataque para a sustentação;
SUSTAIN (Sustentação) – determina o nível de sustentação do som, enquanto a tecla
estiver pressionada;
RELEASE (Repouso) – determina o nível de sustentação do som, após a tecla ser solta.

não apenas armazenar os sons criados para um patch de memória. Por outro lado,
utilização futura, mas alternar entre os sons essa invenção acabou criando uma nova
programados com apenas um toque. Não geração de tecladistas um tanto quanto
era mais uma questão de experimentalismo. preguiçosa. Por encontrarem os sons
Os tecladistas e programadores agora prontos em patches que vinham de fábrica,
passavam horas, e até dias, ajustando passaram a se preocupar menos com a
cuidadosamente os controles em busca de compreensão do processo de construção
um timbre perfeito, e quando encontravam, do som e acabaram se tornando escravos
bastava salvar a posição dos controles em dos presets.

Jobert Gaigher
Músico, compositor, educador musical, produtor cultural, blogueiro e consultor de marketing para os mercados de
áudio e música, é especialista da linha NORD no Brasil desde 2008. Entre os anos de 2001 a 2003 foi gerente técnico
da Quanta Service, e então mudou-se para Londres, participando de várias gravações em estúdio e performances ao
vivo em festivais e eventos no Reino Unido, Espanha e Itália. Em 2008 retornou ao Brasil, quando idealizou e passou
a coordenar o Sistema e-SOM para a Quanta Educacional, sistema multimídia para aulas de educação musical que
foi pré-qualificado pelo MEC e incluso no Guia Nacional de Tecnologias Educacionais. www.jobert.info

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livre pensar POR ALEX SABA

Rick Wakeman:
caldeirão de influências

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junho 2016
2014 teclas & afins
livre pensar

Mago dos teclados


ou fraude? Parte I
Em uma das listas de discussão da qual par ticipo,
quando do 55º aniversário do Rick Wakeman, há
alguns anos, um integrante teve coragem de escrever
a opinião dele sobre um ícone do rock progressivo.

clássico para fomentar sua pobre


Você, leitor, sabe o quanto gosto de uma
boa polêmica. E por “boa”, quero dizer criatividade artística. Por sorte, acabou
daquelas em que se colocam opiniões ingressando na banda dos bons músicos do
fundamentadas, mesmo que contrárias à Yes, que ampliaram muito o seu limitado
da maioria. Bem, como não podia deixar horizonte musical. No período inicial em
que esteve com Anderson, Squire e Howe,
de ser, houve muita gente contra, alguns
Rick até que se dedicou para acompanhar
a favor e outros que não se manifestaram,
provavelmente porque estavam boquia- a linguagem elaborada das músicas da
bertos com o “bate-boca”. banda, talvez seguindo obedientemente
Pedi autorização ao “corajoso”, para as orientações de seus colegas. Mas durou
pouco. Na época da gravação de Tales From
publicar o texto dele aqui, pois acredito
que uma segunda opinião é sempre muito Topographic Oceans, Rick já não assimilava
importante, mesmo que não se trate de a profundidade do trabalho do conjunto e
se julgou independente para seguir sozinho.
um diagnóstico de vida-e-morte. O autor é
Grave equívoco.
Antônio Escarlate, músico e jornalista, que
A partir daí, o tecladista passou a investir
concluiu sua formação pianística na Escola
cada vez mais na sua imagem de pop-star, se
Superior Nacional de Música de Varsóvia,
preocupando em demonstrar sua habilidade
na Polônia, sob a orientação de Jan Eikier.
Atualmente, se dedica a interpretação etécnica acima de tudo, mesmo que para
isso tivesse que sacrificar o resultado final
regência da música de Igor Stravinsky com
orquestras e grupos camerísticos. Como da música. Em seu primeiro disco solo, por
exemplo (As Seis Esposas de Henrique VIII),
jornalista, escreve artigos e resenhas para
Rick aparece rodeado de teclados, destila
diversos jornais. Como se pode ver, não é
uma opinião qualquer. Com a palavra, o solos rápidos e técnicos, mas se mostra
Antônio: incapaz de tecer variações sobre um tema
musical. Os solos pretendem impressionar
“Cinqüenta e Cinco Anos Abjetos pela rapidez, mas os arranjos são fracos e
Infeliz idéia teve o jovem Rick quando os fraseados são pobres; em várias vezes,
decidiu abandonar os estudos de piano seus solos são apenas um “sobe-desce”

teclas & afins junho 2016


julho 2014 / 45
livre pensar

das escalas naturais, mas tocados com uma a seguirem o seu consagrado caminho.
rapidez que podem impressionar ouvintes Ganha a indústria fonográfica, perde a
leigos. No fim das contas, o resultado foi um música. Talvez, se Rick não tivesse parado
completo desperdício de idéias musicais até seus estudos pianísticos, sua obra fosse mais
interessantes. madura, fazendo desenvolver mais e melhor
Nos trabalhos solos seguintes a estratégia sua música. Com isso, o rock progressivo
é a mesma, porém, com idéias musicais já poderia ter durado mais tempo e ser, ainda
muito menos interessantes. Até o terceiro hoje, objeto de atenção por parte do meio
solo (Mitos e Lendas de Rei Arthur), musical, como acontece com o jazz-fusion
Rick buscava ideias e concepções bem- atualmente, até hoje tema para festivais de
intencionadas, como gravar com orquestras, grande audiência. Mas a ambição venceu a
porém, sempre desperdiçando o que poderia arte, e como um Patrick Moraz sozinho não
ser um trabalho muito mais vigoroso. Mas faz verão, o rock progressivo morreu pelos
o tecladista parecia não se preocupar com excessos como o de Rick Wakeman: excesso
isso. No lugar de primar pela música, Rick de glacê, excesso de estrelismo, excesso de
continuava prezando pela sua imagem e ambição, e falta, muita falta de conteúdo
pela boa vendagem de seus discos. musical. Cinqüenta e cinco anos: hora de se
Hoje, com seus 55 anos, Rick aposta na aposentar, Rick...”
continuidade da saga da família Wakeman, O que você acha? Concorda ou discorda?
incentivando seus filhos também tecladistas Escreva dando sua opinião.

46 / julho
junho 2016
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alma de blues POR mauricio pedrosa

Dr. John
Apesar de não ser muito conhecido antes dos anos 70,
Dr. John estava na ativa desde a década de 1950, quando
era conhecido como Mac Rebennack

Formidável pianista de boogie e blues - e teclados. Para fugir de problemas com a


possuidor de uma voz rouca inconfundível -, lei e as drogas, saiu de Nova Orleans e foi
os trabalhos de Dr. John abrangem R&B, para Los Angeles, onde começou a gravar
rock e mardi gras, estilo característico de com Harold Battiste. Mudou seu nome
Nova Orleans, além do seu próprio estilo para Dr. John, The Night Tripper, quando,
de “voodoo music”. No final dos anos 50, então, gravou seu primeiro álbum, Gris-
Mac Rebennack ganhou destaque na gris. A mistura do R&B de Nova Orleans
cena daquela cidade como tecladista e com voodoo e uma pitada de psicodelismo
guitarrista, participando de gravações foi perfeita e resultou em um grande
com Professor Longhair, Frankie Ford e Joe disco, apesar da lenda que diz que tanto a
Tex. Também fez algumas composições, gravação quanto a mixagem foram feitas
mas foi na década de 1960 que realmente às pressas e sem muitos cuidados pelo
expandiu suas produções e arranjos. pessoal do estúdio de Sonny & Cher.
Depois de um acidente com um revólver Dr. John começou a construir, então, uma
que feriu sua mão, abandonou a guitarra carreira em que a música se somava à sua
para se dedicar exclusivamente aos presença excêntrica no palco, conduzindo

teclas & afins julho 2016 / 49


alma de blues

1980, retornando aos estilos tradicionais,


registrou discos de piano-solo com Chris
Barber e Jimmy Witherspoon, como In a
Sentimental Mood, de 1989.
Nessa época, além de participar de
numerosos jingles, gravou New Orleans
Supersessions, para o selo Bluesiana, e
discos de New Orleans e de standards do
pop. Em 1994, lançou Television, seu último
disco com material original. A partir daí,
seus trabalhos oferecem interpretações
marcantes e características de músicas
conhecidas, além de re-interpretações
de algumas de suas composições já
gravadas. Em 1998, lançou Anutha Zone,
com Paul Weller, Super Grass e Ocean
Colour Scene. Em 2000, gravou Duke
Elegance. Outros discos para a Blue Note
são Creole Moon (2001) e Dis Dat or
shows tipo cerimonial, ao costume mardi Dudda (2004). Sipriana Hericane, um EP
gras. Seu ecletismo, cheio de momentos de quatro músicas celebrando sua amada
admiráveis, levou Eric Clapton e Mick cidade, devastada pelo furacão Katrina,
Jagger a participarem de The Sun, Moon & foi lançado em novembro de 2005. Seu
Herbs, de 1971. No disco seguinte, Gumbo, trabalho Mercenary é uma coleção de
produzido por Jerry Wexler, provou ser covers do famoso Johnny Mercer, lançado
um mestre do R&B de Nova Orleans nos em 2006 pelo selo Blue Note.
moldes de um de seus heróis, Professor
Longhair. Em 1973, lançou seu grande “Frankie and Johnnie”
hit, In the Right Place, produzido por No exemplo a seguir, temos um chorus da
Allen Toussaint. No mesmo ano, gravou música “Frankie and Johnnie”, em que se
com Mike Bloomfield e John Hammond pode notar toda a técnica e estilo do blues
Jr., no disco Triuvirate. Já na década de de Nova Orleans, à la Dr. John.

“Frankie and Johnnie”


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Mauricio Pedrosa
Tecladista, vocalista, compositor e produtor. Foi integrante das principais bandas do cenário do rock
brasileiro, como Ursa Maior, Made in Brazil, Walter Franco e Rita Lee & Tutti-Frutti. Nos anos 80 emplacou
um sucesso nacional - “Só Delírio” - com a banda de pop rock Telex. Acompanhou artistas internacionais
como Pepeu Gomes, Mathew Robinson, Lil’ Ray Neal, Charlie Love, Tom Hunter, Nuno Mindelis, entre
outros. Em 2001, participou do Festival Internacional de Jazz de Montreal.
www.reverbnation.com/mauriciopedrosa

teclas & afins julho 2016 / 51


HARMONIA E IMPROVISACAO por turi collura

Acordes diminutos e
suas funções Parte II
Vamos avançar nos estudos iniciados na edição anterior
de Teclas & Afins sobre os acordes diminutos e suas
funções, um dos tópicos mais buscados pelos estudantes
de harmonia

Continuando a análise do que Schoenberg chamava de “acordes vagantes”, vamos ver


outras funções desse tipo de acorde: dominante, cromática e auxiliar.
Na edição anterior, estudamos os acordes
diminutos com função de dominante. Ali,
vimos que o acorde diminuto, composto
por dois trítonos, pode ser considerado
um “portal” para a modulação para outra
tonalidade! De fato, um acorde pode
“resolver” em oito acordes diferentes! A
figura mostra um acorde de Dº ( = Fº = Abº
= Bº) e suas possíveis resoluções.

Mas, além da função de dominante, o


acorde diminuto possui também outras
funções, que iremos analisar aqui.

Obs.: Sugiro, antes de mais nada, que você assista ao vídeo para, em seguida,
fazermos as considerações e os exemplos pertinentes.

Conforme o vídeo, podemos dividir os acordes diminutos em três grupos:


1) Acordes diminutos com função de dominante;
2) Acordes diminutos com função cromática;
3) Acordes diminutos com função auxiliar.

1) Diminutos com função de dominante:


contêm o trítono que resolve no acorde
sucessivo.

52 julho 2016 teclas & afins


HARMONIA E IMPROVISACAO

2) Diminutos com função de cromática:


a função do acorde diminuto é cromática
todas as vezes em que não apresenta a
resolução de trítono. Veja o exemplo ao
lado: as notas do acorde de Db° não contêm
um trítono que resolve no acorde de C.
Clichê harmônico: diminuto com função cromática
A imagem a seguir mostra um exemplo de clichê com o acorde diminuto com função
cromática.

Normalmente, quando a função do acorde diminuto é cromática, a fundamental do


acorde está um semitom acima do acorde sucessivo (como no caso do exemplo acima).
Veja, porém, os casos a seguir. Trata-se de função cromática: o baixo sobe, mas o acorde
de chegada é invertido. Observe que o acorde diminuto não possui o trítono que resolve
no acorde seguinte.

Função Auxiliar do acorde diminuto


Como reconhecer a função do diminuto auxiliar? O importante é ver que o acorde
“disfarçado” contém a nota “certa” (no nosso caso, as notas de Aº são: lá-dó-mib-solb).

Exemplo de clichê harmônico com diminuto auxiliar:

No exemplo acima, o acorde diminuto aparece com 7M. O si natural representa uma
tensão do acorde.

teclas & afins julho 2016 / 53


HARMONIA E IMPROVISACAO

Qual é o “significado” do acorde diminuto auxiliar?


Geralmente, ele é utilizado para retardar uma resolução. No exemplo acima, por exemplo,
ele se coloca entre o acorde de dominante e sua resolução. O Cº é como se estivesse
“dizendo”: “a resolução vai chegar, mas antes disso eu estou aqui no meio”.
No repertório da bossa nova, os acordes diminutos podem se apresentar em sua forma
natural, isto é, sem alterações, como mostra a figura abaixo à esquerda. Encontramos,
todavia, dois tipos de cifras características: Xº(b13) e Xº(7M), como vemos do lado direito
da figura seguinte:

Na maioria das circunstâncias em que aparecem tais alterações (b13 ou 7M), essas se
encontram na melodia.

O caso de “Corcovado”
Os primeiros acordes da música “Corcovado”, de Tom Jobim, apresentam um clichê
interessante que envolve tensões nos acordes diminutos. Ali, encontramos os acordes
Abº(b13) e, pouco depois, o acorde Fº(7M). Podemos observar que os dois acordes são
compostos pelas mesmas notas. O acorde bVIº tem função cromática, enquanto o acorde
IVº possui função auxiliar. Vejamos:

Com isso, analisamos as possíveis funções dos acordes diminutos. Convido você para
conhecer o Curso Online de Harmonia Aplicada à Música Popular que ministro no site
www.terradamusica.com.br. A Aula 1 é gratuita! Até a próxima!

Turi Collura
Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo
Brasil. Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado
ao estudo do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição
melódica”, publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu
segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades,
Turi é Coordenador Pedagógico do site www.terradamusica.com.br onde ministra os cursos online de “Piano
Blues & Boogie”, “Improvisação e Composição Melódica”, “Harmonia Aplicada à Música Popular” e “Linguagem
e Percepção Musical”.
www.turicollura.com - www.terradamusica.com.br

54 julho 2016 teclas & afins


arranjo comentado por rosana giosa

“Besame”
Canção de Flávio Venturini com referências ao tradicional e
clássico tango-bolero “Besame Mucho”

“Besame”, na voz de Jane Duboc, tem em sua gravação um arranjo muito rico e criativo
que faz referências ao famoso tango-bolero “Besame mucho” (música e letra composta
em 1940 pela mexicana Consuelo Velasquez), uma das canções mais gravadas e
traduzidas do idioma espanhol no século passado.
Citar referências pode ser um bonito recurso e, neste caso, o arranjo foi propositalmente
transcrito para o piano como exemplo de associação a outro tema que possua elementos
semelhantes em sua essência. Ouça a gravação original e, depois, a transcrição para o
piano e perceba como pode ficar interessante.

O arranjo

Introdução: uma introdução dramática e enérgica, típica do tango, prepara o clima


romântico e sensual deste tema. Repare que há fórmulas de compassos variadas: três
compassos em 3/8, um em 4/8 e depois o padrão do tango em 4/4. Dessa forma, ela
chama fortemente o tema que vem a seguir, já mais calmo, mais canção.

Tema: difícil dividir este tema em partes A, B ou C. Note que ele se desenvolve de
maneira muito encadeada e, por isso, foi nomeado apenas de “tema”. No início, ele é
acompanhado de arpejos com alguns acordes na direita dando apoio rítmico, o que dá
uma ideia de um ritmo “abolerado”. Já no compasso 17, novamente o padrão do tango
reaparece, intercalando e preparando o trecho mais forte do compasso 31, em que a
letra diz repetidamente “besame”.

Interlúdio: nesse momento, o tema é instrumental. Arpejos se intercalam com o padrão


e com elementos do tango, trazendo um
resultado rítmico e melódico muito bonito
e pianístico.

Coda: aqui a introdução se repete, já que


é um período forte e muito bonito nessa
canção. Um acorde de Sol menor, cheio
de notas e graus altos, encerra o arranjo.

teclas & afins julho 2016 / 55


arranjo comentado

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“Besame” Flávio Venturini

Arranjo: Rosana Giosa Flavio Venturini


Introdução

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58 julho 2016 teclas & afins


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arranjo comentado
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Rosana Giosa
Pianista de formação popular e erudita, vive uma intensa relação com a música dividindo seu trabalho entre
apresentações, composições, aulas e publicações para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lançou três
segmentos de livros: Iniciação para piano 1, 2 e 3; Método de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3; e Repertório para
Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros músicos convidados lançou o CD Casa Amarela, com composições
autorais. É professora de piano há vários anos e desse trabalho resultou a gravação de nove CDs com seus alunos: três
CDs coletivos com a participação de músicos profissionais e seis CDs-solo.
Contato: rosana@editorasomearte.com.br

teclas & afins julho 2016 / 59


acordeon sem limites Eneias Bittencourt

“O Bêbado e a
Equilibrista” Parte I
Nesta edição, começaremos a partilhar um arranjo para
acordeon solo de um dos maiores clássicos do século
passado, “O Bêbado e a Equilibrista, de João Bosco e Aldir
Blanc, imortalizado por Elis Regina

Conforme ocorre invariavelmente com visto que são muitos os argumentos. A


qualquer instrumento, alguns temas princípio, devemos tomar o cuidado de
exigem muita adaptação. No caso do mantermos a levada peculiar do samba,
acordeon, por não ser um instrumento desde que manter o “balanço” seja a
que contenha sustentação ou “sustain”, intenção. Baseado nisso, nota-se um intenso
às vezes é necessário modificarmos a trabalho de contracantos ou contraponto
harmonia ou até mesmo adaptar a melodia entre baixo e mão direita. Também se
por acréscimo de notas para que a falta de observa em geral, o quesito “variação”, o que
sustain seja compensada. Evidentemente evita a monotonia causada se aplicarmos o
outros atributos são responsáveis por tal tempo todo a mesma técnica.
adaptação, mas o sustain é preponderante. A melodia evidentemente, se mantém na
Para os pianistas ou tecladistas que ponta, e, propositalmente, a mantive o
queiram conferir a partitura, a transcrição tempo todo o mais identificável e próxima
para o piano não é difícil, uma vez a par das do original possível. A escrita prima pela
peculiaridades da grafia para acordeon. fidelidade, uma vez que concentrei os
Essa peculiaridade se evidencia
principalmente na clave de Fá. Ali, os acordes
são representados apenas por uma única
nota que vem acompanhada das letras “M”,
“m”, “7” ou “dim”, respectivamente acorde
maior, menor, maior com sétima menor, e
diminuto. Até a terceira linha, as notas são
individuais somente até uma oitava. Por
isso, à primeira vista parece que as frases
contêm saltos melódicos sem sentido. É
preciso adaptar. Acima da terceira linha,
já a partir do terceiro espaço, é onde se
escrevem os tais acordes representados
apenas pela nota fundamental.
A análise que farei não será muito refinada,

60 julho 2016 teclas & afins


acordeon sem limites

esforços para registrar todos os mínimos


detalhes, o que é imprescindível,
principalmente por se tratar de samba
em que a sincopa é responsável pela
característica. A harmonia representada
nos baixos está repleta da técnica de fusão,
aliás, já escrevi aqui em outra edição a
respeito.
Aberturas na mão direita utilizam muito da
técnica de sobreposição. Acordes, terças
duplas, e pequenos trechos de “soli” em
quartas entram no quesito “variação”. A
indicação de baixo “staccato” do compasso
18 ao 26 não é exclusiva, mas é a que
merece maior atenção.
No compasso 26, destaco um recurso
inusitado para muitos, que é o de digitar para manter a notação sobre a pauta.
um acorde diminuto com o polegar. No Espero que apreciem! Continuaremos na
compasso 31, uma pequena sequência de próxima edição.
acordes escrita uma oitava acima, apenas Abraço e bons sons a todos.

“O Bêbado e a Equilibrista”
Arranjo: Eneias Bittencourt João Bosco / Aldir Blanc

teclas & afins julho 2016 / 61


acordeon sem limites

62 julho 2016 teclas & afins


acordeon sem limites

Eneias Bittencourt
Gaúcho, é escritor e editor de material didático e luthier de acordeon. Atuou como músico profissional,
arranjador e produtor musical. Dedica-se a desenvolver soluções didáticas e técnicas para acordeon. Em
2007 lançou seu primeiro livro, “Acordeon sem Limites”, que dá início à retomada da produção didática
para acordeon no Brasil, então estagnada por mais de 20 anos. É proprietário do primeiro site dedicado
a aulas online para acordeon no Brasil.
www.aprendacordeon.com.br - leandroeneiasbittencourt@hotmail.com

teclas & afins julho 2016 / 63


Kontakt POR Edwaldo Venturieri

Acessando amostras
O módulo Source é responsável por controlar a reprodução
de samples por group no Kontakt, ou seja, para cada grupo
de samples podemos ter uma configuração diferente

No software Kontakt, existem dois Em MIDI (B) temos a possibilidade de


principais métodos de acesso aos samples, alterar a porta e o canal MIDI para o
pelo playback mode (A, Figura 1): Sampler grupo específico. Utilize apenas se quiser
e DFD. Sampler é a maneira tradicional que diferentes grupos de sons sejam
de acessar nossas amostragens de áudio, controlados por diferentes canais MIDI.
pois o sample (amostra) é armazenado Caso contrário, deixe em default. Tune
por completo na memória do sistema, (C) altera a afinação de todas as amostras
utilizando pouco a CPU (lembre-se que que fazem parte do grupo, sem alterar
se seu sistema tem pouca memória, isso a velocidade desses samples. Tracking
é um agravante). Por outro lado, a opção (D), quando ativado, permite que suas
DFD (do inglês, direto do disco) é uma amostras sejam transportadas de acordo
técnica que utiliza um avançado motor de com a nota tocada, ou seja, é utilizado se
streaming, armazenando apenas o início nesse grupo existem amostras mapeadas
de cada amostra na memória e, assim que em mais de uma nota. Se você quer manter a
uma determinada é acessada, lê o restante tonalidade constante independentemente
do áudio diretamente do HD. Sendo da nota tocada, você deve desativar essa
assim, se você tem amostras pequenas função. Reverse (E) reproduz a amostra de
de áudio, utilize o modo Sampler para trás para frente, ou seja, em modo reverso,
diminuir a latência (atraso ao acessar os simples assim. Release Trigger (F) permite
samples), mas, se suas amostras forem
muito grandes, DFD será a melhor opção.

Figura 1 Figura 2

64 julho 2016 teclas & afins


Kontakt

reproduzir as amostras apenas quando a Vale lembrar que nossos arquivos de áudio
mensagem MIDI note-off é recebida, ou preferivelmente devem estar no formato
seja, quando soltamos a nota do teclado. proprietário do Kontakt, “.ncw”. Ao salvar
Em alguns sons de órgão, existe um clique nosso instrumento, basta marcar a opção
que é característico desse instrumento e compress samples (A, Figura 2).
que só é audível quando soltamos a tecla Aguardo sugestões para juntos
que estamos tocando. Por meio desse conhecermos um pouco mais sobre o
recurso, podemos facilmente simular esse Kontakt. Bons sons!
efeito. Ao ativar a função Release Trigger
(F), temos acesso à opção note mono (G),
que, como o nome diz, não permite que
esse efeito seja polifônico, ou seja, apenas
uma amostra é reproduzida por vez. HQI
(H) é uma interpolação de alta qualidade, Edwaldo Venturieri
utilizada apenas quando tocamos uma Pianista, tecladista, graduado
em música pela Universidade
amostra na nota diferente de seu original, Federal de Minas Gerais.
ou seja, que foi transportada e teve sua Graduado também em Ciência
afinação alterada para ser reproduzida. da Computação, sendo servidor
Standard, High e Perfect são as opções, público concursado em Belém
do Pará, daí a paixão pela
onde Perfect é a que utiliza mais recursos informática.
de processamento da CPU. venturieri@hotmail.com

24 horas no ar

Uma das mais ouvidas no Mundo!


Várias vertentes com qualidade!
Programas ao vivo - Humor - Esportes - Entrevistas - Entretenimento - Participação do ouvinte

teclas & afins julho 2016 / 65


PALCO POR wAGNER CAPPIA

Crise?
Estamos em crise. Fato! O país atravessa um período
complicado, que atinge uma boa parcela da população
economicamente ativa, mas “crise” passa a ter um
significado mais abrangente do que simplesmente um
“puxa, estamos ferrados!”

Sou dono de uma empresa detentora deixei escapar a minha capacidade de ser
de algumas marcas. Uma banda, um empresário.
conservatório e um estúdio, entre outros Para um músico entender o que é ser
projetos. Estamos em crise! Quem me empreendedor é relativamente fácil: ideias,
conhece - ou acha que me conhece -, projetos, planejamento, criatividade a flor
olhando a empresa do ponto de vista da pele etc. Mas o que é ser empresário?
externo, tem a nítida impressão de que Na música ou em qualquer outra área,
estamos bem. E estamos. Mas não tanto ser empresário é olhar para o seu projeto
quanto gostaríamos ou poderíamos. e o encarar como um negócio 100% do
O músico é, em maior ou menor tempo. É cuidar dos números, da conta,
intensidade, um empreendedor nato. Ele do fundo de reserva, da capacidade de
tem que ser um empreendedor, senão investimentos, da contabilidade, do
nunca terá destaque. Se ele não buscar estoque, impostos etc. Quando comecei
inovação, oportunidades, exposição e a entender que a minha força criativa,
fixar sua bandeira no alto da montanha
todos os dias, ele não terá uma carreira
sustentável por muito tempo. O músico
é um exemplo de empreendedor por
obrigação, se assim o podemos definir.
E, como o palhaço de circo, não importa
a tempestade que está caindo no seu
mundo, o público quer sorrir.
Às vezes, tenho a impressão de estar à
frente de muitos projetos, mas, ao mesmo
tempo, nenhum deles parece estar indo
para a mesma direção, ou para a direção que
eu entendo que deveria. E essa sensação
me perseguiu por um bom tempo, até que
me deparei com uma palavra que sempre
fez parte do meu vocabulário, mas como
músico ainda não a tinha internalizado. Eu
era (e ainda sou) um empreendedor, mas

66 julho 2016 teclas & afins


PALCO

natural, para ter ideias legais não era com isso, está no caminho errado. Sendo
suficiente para que aquilo se tornasse uma dono de escola, vejo constantemente os
realidade permanente, meu mundo caiu. alunos reclamarem do tal “tec”, “tec”, “tec”...
Todo mundo já teve uma ideia para um o metrônomo! E nos deparamos com a
show incrível, que muita gente curtiu e missão de demonstrar como esse aparelho
achou genial. Mas, para colocar a ideia no é importante na formação de um músico.
palco, a coisa deixa de ser tão glamourosa. Certa vez, o renomado baterista Maurício
Inclusive para os companheiros que agora, Leite disse algo como “se você considera
esbarrando nas dificuldades tangentes o estudo com metrônomo uma perda de
àquela ideia, já não a acham tão genial tempo ou algo chato e desnecessário,
assim. E muitas vezes deixam o projeto de procure outra atividade na vida..”. Ele é a
lado e partem para uma nova ideia “genial”. base de um estudo sério que será útil e
utilizado em toda a sua vida profissional.
O que falta? Não é chato. Faz parte da construção da
Falta tratar o assunto de forma empresarial. sua formação. Não existe “chato” naquilo
Tornar realidade. E só se conhece a realidade que você faz por amor. Se houver, significa
encarando não somente os benefícios que que isso ainda não é exatamente o que
aquilo pode trazer, mas, principalmente, você ama fazer.
enfrentando tudo o que pode dar de errado Empreenda, mas seja também um
em sua ideia: quanto vai custar e como empresário e conheça cada detalhe da sua
se vai pagar; quais as implicações e quais ideia. Com isso, seus pés não sairão do chão
cuidados legais devem ser tomados; qual e o seu sucesso terá muito mais chances
impacto sobre os demais investimentos da de acontecer. A crise? Está presente para
empresa sua ideia pode causar; quanto de nos mostrar o quanto somos capazes de
imposto será pago; qual a viabilidade legal superar dificuldades e trabalhar com o
da empresa em executar tal ação; e muitas disponível, mas nem sempre o necessário.
outras coisas. A crise vai passar, e seus projetos precisam
Tudo tem seu lado “chato”. Se você concorda estar prontos para sobreviverem a ela.

Wagner Cappia
Iniciou seus estudos em piano clássico em 1982, com formação pelo Conservatório Dramático Musical
de São Paulo. É sócio-diretor do Conservatório Ever Dream (Instituto Musical Ever Dream), tecladista,
compositor e arranjador da banda Eve Desire e sócio-proprietário e responsável técnico do estúdio
YourTrack. Músico envolvido na cena metal, procura misturas de estilos que vão desde sua origem natural
na música erudita até a música contemporânea, mesclando elementos clássicos e de ambiente em suas
composições. Especialista em tecnologia musical, performance ao vivo para tecladistas, coaching para
bandas, professor de piano, teclado e áudio.
www.cappia.com.br - www.evedesire.com - www.institutomusicaleverdream.com

teclas & afins julho 2016 / 67

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