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ROCK BRASIL D50 à 2000

As Grandes Bandas e o Vigor do Rock Nacional

Autor:
Ivanildo J. M. Sousa

*Jornalista Profissional desde 1988


(Formação: Faculdade de Comunicações Sociais Cásper Líbero)

Diagramação:
Igor Sabino Moreira Sousa

Capa: Naty Dias

Índice

Apresentação: Minha Infância, a Jovem Guarda e meus primeiros


contatos com Rock!

I Capítulo - Entrevistas

.Carlinhos Power Five


.Israel Borges, hoje Israel Mercury
.Cid Chaves (Renato & Seus Blue Caps)
.Oswaldo Rock Vecchione (Made In Brazil)
.Mário Testoni (Casa das Máquinas)
.Clemente (Inocentes)
.Luiz Calanca (Baratos Afins)

II Capitulo: Os Anos 50 e o Estúpido Cupido de Celly Campello!


III Capítulo: Nos Embalos da Jovem Guarda, com o Ie,Ie,Ie
IV Capitulo: Anos 70: surgem as bandas pioneiras do Rock Nacional
V Capitulo: O Movimento Punk e o resgate do Rock In Natura...
VI Capitulo: Um novo momento do Rock Nacional com grandes
Bandas e Shows
VII Capítulo: Jornalistas, Produtores, Radialistas e seus achados...
VIII- Capítulo: Lojas de Discos (Vinis), Festivais e as Casas de
Shows

Apresentação:

Minha Infância, a Jovem Guarda e meus primeiros contatos com


Rock!

Apesar de ser um projeto pessoal que conta um pouco dos meus 53 anos de
convivência com o "universo do rock", e que levou muito tempo para ser
desenvolvido e finalmente editado, esse livro não é uma autobiografia. Mas
vou começar falando sobre o que a música, em especial o rock, representou
e representa na minha vida. Os primeiros contatos "conscientes" com o rock
aconteceram entre os anos de 1968 e 1970, quando eu tinha apenas 07
anos de idade. Nessa época acompanhava os programas de rádio e o
Programa Jovem Guarda, que era a sensação da época com grandes astros
como o Rei Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Os Incríveis e
Renato Barros com o seu Renato e Seus Blue Caps, a minha preferida.

Mas o que realmente marcou o meu bom gosto pelo Rock foi um presente
de uma vizinha que se chamava Helena, que era filha da Dona Rita. Elas
moravam em uma casa que ficava no terreno de fundos e usavam o nosso
quintal como acesso. Muito amigas de meus pais, Helena costuma trazer
coisas que lhes eram oferecidas pela família para quem trabalhava. Ela
vinha para casa aos finais de semana e num sábado de 1970 (Não me
lembro o mês), eu estava sentado na porta e ela parou e me deu algumas
peças de roupas e dois discos. Eram Compactos Simples. Um dos Rolling
Stones, que tinha duas faixas, com o Lado A: 19th Nervous Breakdown e
Lado B: Paint It Black, disco lançado pela Odeon (Selo London) em 1966. O
outro disco era do grande Neil Diamond, que no Lado A tinha a canção
Cracklin Rosie e no Lado B: Lordy, lançado em 1970 pela MCA Records.
Com apenas 09 anos de idade comecei a me interessar e procurar saber
mais sobre o Rock´n Rol em revistas que conseguia ter acesso. Na época,
além de poucas opções em mídia impressa, também eram raros os
programas de televisão e rádio que falavam sobre música pop. Sobre Rock
então...

No Brasil, a Jovem Guarda ainda estava "na moda" no final dos anos 60 e
começo dos anos 70. No bairro do Jardim Peri, especificamente na Rua 20,
atual Dr. Araújo de Castro (São Paulo) onde nasci, também moravam na
época meus tios Antonio (Toninho) e seu irmão, meu saudoso Tio João
(Joãozinho), irmãos de minha saudosa mãe Judite Maria de Jesus Sousa.
Eles adoravam promover e curtir festas que aconteciam em suas próprias
casas ou de amigos. Eles se reuniam para beber umas caipirinhas, Martini,
vinhos, que eram as bebidas mais populares na época e claro para ouvir e
dançar com o som da Jovem Guarda: Roberto Carlos, Erasmo Carlos,
Wanderléia, Martinha, Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, Jerry Adriani,
Demetrius, Trio Esperança entre outros. Eu sempre que ouvia a vitrolinha
Delta deles ligada, sempre aos sábados ou domingos a tarde, corria para
ouvir e tentar convencê-los a colocar os meus discos. Mas era muito
complicado porque repudiavam as músicas internacionas. Depois consegui
comprar um disco do Lee Jackson, que foi uma grande banda do pop rock
nacional que "explodiu" com a música Hey Girl, em 1972. Essa banda fazia
parte dos "falsos importados" com outras bandas de destaque no cenário da
época como: Pholhas, Light Reflections, Morris Albert entre outros. Esse
disco eles deixavam tocar, mas com muita insistência de minha parte por
ser em inglês. A repressão não era apenas a imposta pela Regime da
Ditadura Militar, que em 1972 teve o seu auge em termos de violência...

A banda Lee Jackson era formada por Marcos Maynard, Luiz Carlos Maluly,
Cláudio Condé, Marco Bissi e Sérgio Lopes e seu grande sucesso "Hey Girl"
teve uma versão em português gravada pela banda The Fevers. Em 1976, a
banda lançou o álbum Bill Haley presents Lee Jackson - featuring Rock
samba. Com a participação do veterano Bill Halley, o álbum apresentava
versões de canções de rock estrangeiras com influências de samba. O Lee
Jackon encerrou suas atividades em 1979 e seus integrantes se tornaram
executivos de gravadoras e produtores musicais.
Esse era o disco (Compacto Simples) da Banda Lee Jackson, que eu
levava em todas as festas e “enchia o saco” pro pessoal tocar.

A partir de 1973, com 12 anos de idade e já "antenado" com o rock e suas


influências, foi a vez de "sofrer" os impactos de bandas e cantores os quais
considero como grandes destaques no rock brasileiro A primeira delas foi o
Made In Brazil, que foi formada em 1967 no bairro da Pompéia, na cidade
de São Paulo pelos irmãos Oswaldo Vecchione e Celso Vecchione. Mais
adiante, apresento mais detalhes sobre a sua trajetória da banda através de
uma entrevista exclusiva que fiz com o grande Oswaldo Rock Vecchione,
antes dele, infelizmente, sofrer um AVC. No entanto, Graças a Deus ele
continua se recuperando e já está se apresentando com Made In ao Vivo!

Outra grande "aparição", que detonou mesmo, foram os Secos & Molhados.
Uma excelente banda liderada pelo músico João Ricardo e o vocalista Ney
Matogrosso. Pintados (Oswaldo Vecchione, do Made In Brazil, afirmou que
eles foram os primeiros e eu acredito), com muita presença e performance
de palco e lindas canções. Eles lançaram seu primeiro álbum em 1973 e
colocaram vários hits nas paradas, como O Vira, Sangue Latino, Rosa de
Hiroshima. Foram apenas dois álbuns e um ano depois, em 1974, o grupo
com sua formação clássica (João, Ney e Gerson Conrad) se desfez

Também em 1973, Raul Seixas inicia uma carreira solo, chegando a vender
600.000 compactos de "Ouro de Tolo" em poucos dias. O fenômeno Seixas
se tornaria um dos mais irreverentes cantores do País e referenciado por
hippies e jovens "revolucionários" da época, os quais se identificaram com
as suas músicas debochadas como "Mosca na Sopa" e "Maluco Beleza" ou
mesmo as esotéricas como "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" e "Gita", além
das "pseudos" motivacionais como "Metamorfose Ambulante e "Tente Outra
Vez". Letras que também foram compostas com a grande parceria que
estabeleceu com Paulo Coelho. Hoje escritor de grande destaque mundial!

Esse é meu querido Tio Toim (Toninho), que é o responsável pela


compra do meu primeiro violão e pelos bailes com muita música de
Roberto Carlos e Renato e Seus Blue Caps. Irmão de minha saudosa
mãe, Judite Maria. No centro minha irmã Ivonete Sousa, a famosa
Netinha.
Ivanildo Sousa: “ e o rock é minha vida e minha vida é ROCK AND
ROL”

Entrevistas

A Rua 20, o The Power Five e os Amigos de Infância...

Apesar de todas as dificuldades financeiras, repressão militar e outros


problemas sociais da época, as pessoas sempre estavam procurando formas
para atenuar as pressões do dia-a-dia e a música, assim como hoje, era
uma das formas para se divertir e confraternizar com familiares e amigos.
No início dos anos 70 era muito comum a realização de festas em casa sem
grandes preocupações com segurança etc. Nesse clima, na Rua 20, onde
ficava a Barbearia do Sr. Natalício, que era fanático por instrumentos
musicais e aparelhagens de som, nasceu uma banda com a reunião de
amigos. O líder da banda, que se chamava The Power Five, era o Carlinhos
(Filho do Sr. Natalício). Ele e mais 04, claro, para formar o Power Five:
Carlinhos (Guitarra Base), Adilson (Guitarra Solo), Zezinho - José Alberto
(Baixo), Dizão - Valdir Silva (Baterista) e Robô (Antonio Carlos), nos Vocais.

Em 1974, o The Power Five era a sensação do bairro e ensaiava em um


porão da Barbearia. Eu não saía de lá. Sempre atento aos novos discos que
o Carlinhos descolava. Lembro de ter ouvido pela primeira vez bandas como
Led Zeppelin (Rock´n Rol), Bachman Turner Overdrive (Not Fragile),
Nazareth (Razamanaz), Bee Gees (Trafalgar), entre outras grandes
influências que até hoje ouço ainda no Vinil. Inclusive, quando estive na
Barbearia do Carlinhos para realizar uma entrevista para esse livro (a seguir
apresento o bate-papo) fizemos um "rolo", como se dizia antigamente, e
troquei um par de Caixas Acústicas da Novik por um Toca Discos da Polivox
(Anos 70). O mesmo no qual ouvia os discos em seu porão quando garoto.
Muita emoção!

Carlinhos Power Five...

Há muitos anos atuando como profissional barbeiro e cabeleireiro, meu


amigo de infância Carlinhos não poderia ficar de fora deste livro. No início
da nossa conversa ele me contou que começou a pegar num violão ainda
garoto e claro que influenciado pelo seu pai Sr. Natalício, que tocava vários
instrumentos, mas gostava mais da Sanfona, já que era nordestino, de
Maceió (AL). Começamos a falar sobre a formação da banda e ele lembrou
que se reunia com alguns amigos para se divertir tocando violão músicas da
época como Renato e Seus Blue Caps, Beatles, The Jet Black, The Hollies,
Johny Rivers, Credence, Bee Gees. "Aí resolvemos montar uma banda e
começamos a ensaiar no Salão da Barbearia do meu Pai e no Porão...Isso
em 1975, 76. Em meados de 1977 começamos a tocar em algumas festas e
a ganhar um "dinheirinho". A primeira festa na qual tocamos foi no bairro,
no aniversário do Luiz Caldeira (Luizinho) que fez um baile na sua casa (Rua
Dr. Salles Malheiros). O Luiz deu uma grana para gente comprar Cordas...
Isso bem no início", lembrou Carlinhos. De acordo com o líder do The Power
Five, a festa era apenas para os familiares do aniversariante e alguns
convidados. "Mas como nós éramos muito conhecidos na região, a todo o
momento o Luizinho tinha que ir até o portão da casa para liberar a entrada
de alguém que nos conhecia e queria ver o The Power Five tocar. Acabou
que a festa ficou super lotada com os nossos amigos", foi uma ótima
apresentação.

Assim como outras bandas amadoras da época, a banda tocava músicas do


Renato e Seus Blue Caps, Credence, Bee Gees, Jorge Ben. Ele lembrou que
uma das mais pedidas pelos fãs do The Power Five era a música Os
Milionários, dos Incríveis. Sou testemunha disso porque a banda tinha um
ponto muito forte nos solos do guitarrista Adilson, que era um excelente
músico. Também gostava de ouvir a execução da música It Dont Come
Easy, do Ringo Star com eles. O baterista black Dizão dava um show a
parte. Quanto aos instrumentos, ele afirmou que tocava com uma Guitarra
Del Vecchio ou uma Snake. O Adilson com uma Guitar Gianini, enquanto o
baterista usava uma Pinguium e também uma Saema. "Nossa maior
influência foi a banda Renato & Seus Blue Caps, que fazia as versões das
músicas dos Beatles e a gente "pegava" as músicas no tom do Renato...Meu
pai adorava Beatles, aquela música Dont Let Me Dow a gente tocava
muito...", lembrou.

Sobre as mídias da época, Carlinhos falou sobre o Programa Sábado Som,


comandado pelo jornalista Nelson Motta, que era uma das boas e poucas
opções para conhecer o que era lançado fora do Brasil através de clipps... O
pessoal também lia muito a Revista Pop, que além de publicar as notícias
sobre bandas nacionais e internacionais, também dava destaque sobre o
comportamento da juventude da época com matérias muito interessantes.
Ele acrescentou que acompanhava, assim como eu, as edições da Revista
VIGU - Violão E Guitarra, que trazia as músicas cifradas. A banda utilizava
muito essa publicação.

Carlinhos lembrou um fato interessante quando foram convidados para


tocar em Santos. "Fomos de Trem, cheio de instrumentos, tocarem em um
evento na Baixada Santista. Foi o maior sufoco, mas muito legal pela
satisfação de estar com os nossos amigos e a nossa banda já na estrada, de
ferro... kkk". Foi um tempo maravilhoso e que marcou muito na minha vida.
Hoje com 68 anos de idade tenho a grande satisfação de ter sido um pouco
de referência para muitos jovens daquela época que nos acompanhavam.
Naquela época, o máximo que fazíamos era beber Coca-Cola com Pinga
(Cavalinho), era mais barata...E esse não era o que motivava as nossas
reuniões. O nosso barato mesmo era tocar, era a música e beber por prazer
e curtir mais a arte, as músicas e também as menininhas... Época boa
demais"!

Lembrando dos anos 70, 80 na periferia, Carlinhos destacou que era muito
complicado e perigoso quando tinham as "batidas" da PM no Bairro. "Era a
época do Tático Móvel, da Rota e da "Baratinha". Você tinha que ter o
Cabelo Curto, Carteira Registrada, senão era preso por vadiagem. Nós
tínhamos os cabelos compridos eles sempre nos encaravam nas ruas,
quando não abordavam...Até mesmo as empresas não admitiam
Cabeludos... Eram vistos como Bandidos... Nossa banda não chegou a
sofrer repressão porque não chegamos a gravar e ser mais conhecidos, o
que era comum para as grandes bandas da época, que tiveram músicas e
discos censurados. No começo dos anos 90, Carlinhos procurou alguns
amigos daquela época para "matar" as saudades e talvez reunir o pessoal
para fazer um som, já que ainda tinha todos os equipamentos. Mas
infelizmente, segundo ele, não conseguiu encontrar mais ninguém...

De Pai para Filho - Ricardo é o filho único de Carlinhos e assim como o pai
tem a música como uma de suas paixões. Carlinhos lembra que ele sempre
escutou os seus "incontáveis" discos. Ele toca bateria e guitarra e é casado
com uma contrabaixista e tem uma banda e "deu" um Casal de Netos para
Carlinhos. Ele recordou uma passagem muito bonita na relação dele com o
filho"Ricardo e sua banda, que tem predileção por Heavy Metal, foram fazer
um som em Guarulhos. Ele queria que eu o levasse porque ninguém tinha
carro e eu disse que não dava para levar. Eles arrumaram um jeito e foram
fazer o evento. Aí fiz uma surpresa para ele: estavam tocando no palco e eu
apereci de Jaqueta de Couro gritando Oh Rick,Toca Raul.. O homem quase
morre do coração...kkkk Estava cheio de Motoqueiros. Eles desceram do
Palco e me abraçaram. Foi muito bacana", finalizou Carlinhos.

Foi muito emocionante para eu fazer essa pequena, mas relevante


entrevista com o meu grande amigo e referência pessoal e musical.
Carlinhos, assim como seus familiares, representaram muito naquele meu
período de desenvolvimento intelectual e de formação e caráter. Um
homem que tem a arte como ponto de apoio não dá espaço para influências
negativas o acompanhe e faça parte da sua História. Há, não contei que
cheguei a cantar umas músicas do Credence durante os ensaios da banda.
Bons Tempos Brother. Obrigado!
Carlinhos Power Five: “O nosso barato mesmo era tocar, era a
música e beber por prazer e curtir mais a arte, as músicas e também
as menininhas... Época boa demais"!

O amigo Israel Borges, hoje Israel Mercury


Esse cara eu conheço desde garotinho. Seu pai era um exímio violonista e
amigo de meu Tio Roque e eu gostava de ir à casa dele porque tocava a
Marcha dos Marinheiros no Violão e eu ficava encantado. Com o passar do
tempo, eu já arranhava um pouco o meu primeiro instrumento, um violão
da marca "O Rei dos Violões". E sempre encontrava o Israel na Rua 20 e
conversava sobre música, que com o surgimento do Queen, ficou encantado
e mergulhou na onda da fantástica banda e desenvolveu-se muito como
multi-instrumentista e cantor. Lembro que ainda adolescentes, ele nos
encontrava e falava sobre a nova música do Queen que tinha aprendido. Ele
também foi entrevistado para falar sobre a sua carreira artística como uma
das melhores performances cover do saudoso Fred Mercury e de sua opinião
a respeito do Rock Nacional.

Ele explicou que sua primeira experiência com a música foi ainda na
infância:"Me identifiquei com a bateria e montava bateria de latas no
quintal. Depois, quando comecei a trabalhar, fui comprando algumas peças
e montando o meu instrumento. Quanto as influências, já adulto comecei a
entender que a melhor qualidade e o que tinha que extrair de conteúdo
para chegar aonde cheguei vinha da música clássica, da ópera, Jazz, MPB e
o Rock, é claro. Eu também gosto do Queen desde criança. Quando assisti
ao vídeo da música Bohemian Rhapsody no Canal chamado Som Pop, o som
penetrou em mim, me deixou louco...Eu já tinha uma ligação com a música,
mas o interesse despertou aí. Tinha 07 ou 08 anos de idade, foi
inacreditável", lembrou emocionado.

Ao comentar sobre a sua carreira como Israel Mercury Cover e o impacto


que percebe nas pessoas que o assistem, ele lembrou que sua primeira
experiência foi em 1986 quando montou uma banda chamada Projeto Cover
do Queen. "Tinha entre 25 e 26 anos de idade e foi muito válido o projeto,
embora ficasse apenas em 02 anos de ensaio e não acontecer nenhum
evento. Anos mais tarde, eu retomei esse projeto, porque tentei um
trabalho solo sem sucesso. Então, em 2001 eu retomei esse projeto e as
coisas começaram a acontecer. Veio a MTV, Faustão, Silvio Santos, Ratinho,
Record... Muitas Turnês pelo Brasil. O impacto nas pessoas é muito grande
porque quando se é muito fã, elas vai num show cover com uma
expectativa enorme de você conseguir retratar a obra do artista e não
apenas musicalmente, mas com a arte cênica, a expressão corporal,
timbragem de voz, o piano elétrico que eu levo para o palco e tudo mais. O
legal é que temos essa referência do fã que vai de camiseta etc. e "briga"
por uma foto. Tem aqueles que apenas conhecem algumas músicas, os
clássicos ou vão porque estão começando a gostar. É legal que muitos
enxergam e reconhecem, a importância na figura da pessoa que está
fazendo o papel do artista", relatou Israel Mercury.
Quando perguntei sobre a sua opinião sobre o Rock no Brasil e quais as
suas bandas preferidas (por que), Israel Borges disse: Uma pergunta difícil
heim...Mas destacou que as bandas nacionais que gosta mais de ouvir são
as mais antigas, como Casa das Máquinas, que para ele foi a maior banda
de rock dos anos 70. Afirmou que também gosta muito de ouvir o Made In
Brazil e as bandas do Movimento Punk da década de 80. "Foi aí que saímos
da "mesmice". Nesse período, bandas como Os Inocentes, por exemplo,
vieram com muito fervor para o Rock Nacional. Dessa época, também curto
muito o Camisa de Vênus, Paralamas do Sucesso, RPM. Comprei muitos
discos dessas bandas para colecionar.", disse.

Israel Borges, além de se apresentar em muitos eventos como Cover Israel


Mercury, também mantém seu trabalho como professor multi
instrumentista. Ele explicou que vem desempenhando a sua carreira de
professor em domicilio de música desde a retomada do trabalho de Cover
do Queen, por volta de 2001. "Tenho esse projeto, no qual já trabalho há
20 anos, com aulas de violão popular, contra baixo, guitarra (harmonização
e escalas), de piano e técnica vocal também. São funções que eu consigo
exercer no campo da música, embora toque outros instrumentos. Também
desenvolvo um trabalho de músico de estúdio em gravações de terceiros",
finalizou Israel Borges
Isra
el Mercury: “Quando assisti ao vídeo da música Bohemian Rhapsody
no Canal chamado Som Pop, o som penetrou em mim, me deixou
louco...”

Cid Chaves (Renato e Seus Blue Caps)

A banda Renato e Seus Blue Caps é uma das minhas prediletas. Ela foi uma
das primeiras referências de rock que tive na minha infância e, sem dúvida,
na de muitas pessoas que curtiram a Jovem Guarda. A entrevista para esse
livro seria feita com o líder Renato Barros e o grande parceiro Cid Chaves,
que hoje continua levando o importante trabalho à diante. Isso porque,
infelizmente, Renato Barros faleceu no dia 28 de Julho de 2020 devido a
uma infecção pulmonar em um hospital em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Cid Rodrigues Chaves nasceu no dia 12 de Julho de 1946 no Rio de Janeiro
e entrou para a banda em 1964, mas já atuava como cantor e saxofonista
na banda The Silver Boys, no começo dos anos 60, em Campo Grande, no
Rio de Janeiro. Ele ingressou na banda a convite do baixista Paulo César
Barros, irmão de Renato Barros, substituindo Roberto Simonal, que era
irmão do cantor Wilson Simonal.

Conforme Cid Barros, a primeira formação da banda em 1960 foi com os


irmãos Renato Barros, Ed Wilson e Paulo César Barros, Euclides de Paula
(futuro guitarrista-solo e arranjador do grupo instrumental The Pop´s) e
Gelson, jovens moradores do bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, que no
início chamava-se "Bacaninhas do Rock da Piedade". Quando Cid Chaves
entrou, a formação era: Renato Barros, Paulo César Barros, Cid, Carlinhos,
Toni. Ao comentar sobre o início das apresentações, Cid Chaves explicou
que, após ter o primeiro nome da banda censurado, mudaram o nome com
inspirados em um conjunto norte-americano de rock and roll e rockabilly,
Gene Vincent and His Blue Caps. Inicialmente, tocaram no rádio e em
programas de televisão, como Os Brotos Comandam, da TV Rio,
apresentado por Carlos Imperial. A gravação do primeiro compacto
aconteceu em 1962 e desde então ficaram muito destacados em função das
versões que apresentavam de sucessos de bandas como The Beatles, como
Não Te Esquecerei; "Califórnia Dreaming", de The Mamas & The Papas. Em
1963 Ed Wilson saiu do grupo e começou sua carreira solo, sendo
substituído por Erasmo Carlos, que teve uma participação muito breve no
grupo. Tornaram-se um sucesso e passaram a se apresentar no programa
Jovem Guarda, em shows, festas e bailes. Em 1966 apareceram em dois
filmes: Na onda do iê-iê-iê e Rio, Verão & Amor.

Uma passagem "engraçada" contada por Cid Chaves foi quando eles, ainda
no começo das tentativas de iniciar a carreira, insistiram para tocar em um
baile de um determinado clube no bairro de Piedade (RJ) e o responsável,
que não queria a princípio, disse que jogaria os instrumentos na rua caso
eles não tocassem bem. Ao contrário do que ele imaginava, os "Bacaninhas
do Rock da Piedade" fizeram um grande sucesso. Em resumo, a banda
conta com mais de 20 álbuns e foi um dos grandes destaques da Jovem
Guarda. Além de acompanhar grandes astros, como o Rei Roberto Carlos
em seu excelente disco (LP) "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", o líder
Renato Barros, que também foi um grande compositor, teve suas letras
gravadas por diversos cantores da época.

Um dos momentos mais emocionantes da minha vida adulta com a música


se deu em 2005. Esse foi o ano de fundação da minha atual empresa Enter
Books Edições e também o lançamento do projeto Agência Seg News, uma
mídia digital voltada para a divulgação do mercado de seguros. Enfim,
naquele mesmo ano lançamos o Prêmio Seg News para homenagear os
destaques do setor. Um grande evento realizado no Acre Clube (Zona Norte
de São Paulo) para mais de 500 pessoas com dois grandes shows. O
primeiro com o Grupo Fundo de Quintal e fechando a noite uma bela
apresentação do Renato e Seus Blue Caps. Foi sem dúvida a realização de
um sonho de infância de ver meus ídolos da Jovem Guarda ao vivo. Após a
realização deste evento, acabei ficando amigo do Cid Chaves e recebi
inclusive a sua visita em minha casa.

A nova formação da banda conta com os seguintes integrantes: Cid Chaves,


Gelsinho Moraes, Bruno Sanson e Darci Velasco. Na guitarrista, Chi Lenno,
pupilio de Renato Barros e que, conforme Cid Chaves, foi escolhido há
tempos por Renato Barros para assumir sua guitarra em outros momentos
de sua ausência. A banda, que nunca parou de se apresentar, está dando
prosseguimento em sua agenda de shows pelo Brasil e, conforme Cid
Chaves, é considerada por diversos pesquisadores a banda de rock mais
antiga do mundo em atividade.
A Banda que marcou época e ainda continua em atividade, apesar
da morte de Renato Barros e recentemente do baterista Gelsinho
(1º Esquerda)
Cid Chaves, um dos pilares do Renato & Seus Blue Caps.

Oswaldo Rock Vecchione (Made In Brazil)

O Made In Brazil é a banda mais longeva do rock brasileiro e não poderia


deixar de entrevistar o seu grande líder Oswaldo Rock Vecchione. O
baixista, vocal e compositor da banda é uma das grandes personalidades
em atividade nesta Paulicéia Desvairada. Nosso encontro aconteceu no
início de 2020, antes da Pandemia da COVID 19, na praça de alimentação
do Shopping Bourboon, no bairro da Pompéia. O berço do Made In Brazil e
também de outras grandes e destacadas bandas como Os Mutantes e Tutti
Frutti, do guitarrista Luiz Carlini.

Muito tranqüilo (Ele ainda não havia sofrido o AVC), Oswaldo Rock
Vecchione, acompanhado de sua esposa Solange Blessa (Sol), que também
é vocalista da banda, falou sobre o início da carreira ao lado do irmão, o
guitarrista Celso Kim Vecchione. De acordo com ele, o seu interesse e sua
paixão pelo rock nasceu bem antes dos Anos 60. "Na verdade, eu me
interessei e me apaixonei pelo rock bem antes dos Anos 60. Isso aconteceu
em 1956, quando ouvi Litlle Richard pelo Rádio. Foi aí que comecei a
procurar músicas dele e de outros artistas do gênero, comprar discos. Ainda
era um garotinho, tinha apenas 08 anos de idade, mas quase todos os
sábados ia com o meu pai na Loja Sears, que ficava na Água Branca
(Pompéia). A loja, que era muito grande, tinha um departamento só de
discos. Meu pai comprava para ele e começou a me dar uma grana para
comprar discos de 78 Rotações também", contou.

Oswaldo lembrou que, aos 10 anos de idade, assistiu ao show do Bill Haley
& His Comets quando vieram para o Brasil através da TV Record, isso em
1958. A banda fez uma série de 08 apresentações no Teatro Paramount,
que ficava na Av. Brigadeiro Luiz Antonio e na Boate Oasis, na Praça da
Republica, ambos em São Paulo. Ele, que já gostava de rock, quando
assistiu ao show decidiu que iria montar uma banda com seu irmão Celso,
que é 02 anos mais novo e nesta época tinham apenas 10 e 08 anos,
respectivamente. Celso ganhou um violão de sua mãe e depois ensinou
Oswaldo a tocar também...

Então, seguindo seu objetivo, conseguiram montar o Made In Brazil em


1967. Inicialmente era formado pelos irmãos Vecchione, o baterista Celso
Cebolinha, o cantor Cornélius Lúcifer e outro colega chamado Alberto. Todos
eles amigos de escola, do Colégio Oswaldo Cruz onde Oswaldo estava
cursando o "Científico" (Colegial e hoje Ensino Médio). "Tudo começou com
o pessoal da Escola", destacou.

Já em 1967, a banda começou a tocar em bailes nos Clubes e também


fizeram sua primeira apresentação na Televisão. "Havia um Programa de
Rock na TV Tupi e o Júlio Rosemberg, que era um radialista e descobridor
de talentos na TV Tupi, viu o Made In Brazil tocando em uma festa (Com
apenas 03 meses de banda) e nos convidou para se apresentar na TV.
Também tocamos em algumas boates e festas fechadas. Em 1968
começamos a tocar nas Escolas Americanas (Great Chorou) e também nas
festas dos alunos destas escolas. Na época, nosso repertório era Coovers de
bandas que estavam em evidência na época, como os Rolling Stones, The
Kinks, The Animals, The Yardbirds...Resolvemos não tocar The Beatles
porque todo mundo tocava. Apesar de gostar, optamos por não incluir as
suas músicas para se diferenciar um pouco das demais bandas da época",
explicou Oswaldo.

Além do rock, ele acrescentou que o Made In Brazil também tocava Ray
Charles e que foi muito influenciada pelo Blues. Disse ainda que de 1967 a
1972 o repertório do Made In Brazil contava com cerca de 60 músicas
ensaiadas. "Todo começo de ano, trocávamos umas 10 ou 15 músicas, as
vezes até 20 músicas e sempre tinham números de Blues no meio", frisou.

Em 1973, ano no qual a banda Secos & Molhados estourou no mercado com
o lançamento do seu álbum, Oswaldo Vecchione afirmou que o Made In
Brazil também assinou o seu primeiro contrato com a RCA. Segundo ele,
nesse período, impulsionadas pelo sucesso do Secos & Molhados, as
gravadoras começaram a correr atrás das bandas que existiam na época. E
a RCA se interessou pelo som da banda e então os contratou. "Nosso
contrato foi assinado em 1973, mas acabamos por gravar em 1974 o nosso
primeiro disco. Na época, fizemos todos os programas de TV, menos o
Chacrinha. Apresentamo-nos até no Fantástico para lançar o primeiro disco.
A gravadora nos ajudou com a divulgação e fez com que o Made In Brazil
passasse a ser conhecido em todo o Brasil. O lançamento do disco foi feito
primeiro em São Paulo, em dezembro de 1974 com shows no Teatro
Bandeirantes. Depois começamos a fazer Turnês, com apresentações no Rio
de Janeiro (1975) e em Salvador (BA), onde tocamos na Concha Acústica
do Teatro Castro Alves. Daí pra frente não parou mais", relembra
Vecchione.

Ele se orgulha, com toda a razão, de falar que o Made In Brazil completou
54 anos de atividade em agosto e que se trata da única banda brasileira
que nunca interrompeu suas atividades. Ao comentar sobre o público que
segue o Made In, ele afirmou que hoje a banda conta com muitos jovens
entre os fãs que freqüentam os seus shows. Segundo ele, são os pais que
levam os filhos, os tios levando os sobrinhos e até os avôs levando os seus
netos para conhecer e curtir o som do Made In Brazil. "A maior renovação
de público aconteceu entre os anos de 1983 á 1985, quando gravamos um
álbum pesado: Deus Salva o Rock Alivia, que foi o nosso 5o Disco. Teve
outro momento de renovação do nosso público quando começamos a tocar
no Sul do País, entre 2002 e 2003. O pessoal do Sul (Paraná, Rio Grande do
Sul) começou a curtir mais o Made In. Então, podemos dizer que já
atravessamos uns três períodos de renovação de público", comemorou.

Um fato interessante lembrado pelo líder do Made In é que entre 1980 e


2000, sempre quando eles iam assistir shows de bandas novas que lhes
eram indicadas para ver se tinham bons músicos (Novos contatos para uma
emergência), eles percebiam que boa parte destas bandas se pareciam com
o Made In Brazil em termos de performance e sonoridade. Umas com a
formação do primeiro vocalista, Cornelius Lúcifer e outras com o Percy, que
substituiu Cornélius. "A gente via muita referência do Made In nas bandas.
Isso acontecia muito. Muitas bandas imitando o nosso jeito, corte de cabelo
etc.".

Os discos d Made In Brazil foram lançados em outros países, mas a banda


nunca fez uma Turnê Internacional. Em 2017 a banda programou 02 shows
para a comemoração dos 50 anos no Sesc Pompéia, mas o sucesso foi tão
grande que a banda recebeu diversos pedidos da produtora para levar o
show para outras regiões do Brasil. O que acabou se tornando uma Turnê
dos 50 Anos do Made In Brazil. Em relação aos dois últimos discos, ele
explicou que o vinil "Jack o Estripador ao Vivo", virou um Tributo ao Percy.
"Na verdade, foi em homenagem ao Percy e contou até mesmo com a
participação dele, que faleceu logo depois. O outro, um CD de número 19,
Rock Festa, onde gravamos dois shows com a participação de 23 amigos:
Serguei, Simbas, Clemente, Ivan Buzic (Dr. Sin), Tony Campello, Guto Goff
(Barão). Fomos convidando o pessoal e além de gravar um CD Duplo,
também gravamos um DVD Triplo. Estes shows renderam um bom material
para nós de vendas e de poder atender aos nossos fãs. São clássicos do
Made In com convidados", concluiu o líder do Made In.

Ao comentar sobre preferências em relação aos discos da banda, Oswaldo


destacou que para os fãs, no seu ponto de vista, os melhores são o primeiro
álbum, o da Banana (Made In Brazil - 1974) e Jack, o Estripador (1976).
"Mas a minha opinião é totalmente diferente. Eu gosto mais do Minha Vida É
Rock 'n' Roll (1981), que é o 4o Disco, quando eu assumi o vocal. Nos três
primeiros discos, cada um teve um vocal (O 1o de 1974 com o Cornelius, o
2o o Percy e o 3o com o Caio Prado (Flavio). Gosto muito dos discos de
Estúdio também, que são o Sexo, Blues & Rock 'n' Roll (1998), que já está
na 3a tiragem e o Rock de Verdade! (2008). Nestes dois discos não há um
trabalho só de rock. porque nós resgatamos um pouco a nossa origem.
Como eu falei, quando começamos o Made In, ela não era uma banda
tipicamente de rock. Nós tocávamos rock , mas também Blues e Rithm
Blues. Nós então resgatamos nossas origens, mas com o nosso material.
Isso porque, como já disse no começo da entrevista, naquela época
tocávamos os clássicos dos gringos né. Influência dos Stones, Faces etc.
Principalmente as bandas que faziam um trabalho com influência do Chuck
Berry. Na minha opinião, o Keith Richards é o cara que melhor toca Chuck
Berry", elogiou.

Claro que não poderia finalizar a entrevista com um dos meus ídolos e
também censurado do rock sem falar de política. Ao ser questionado sobre
o tema, Oswaldo Vecchione ratificou que "a essência do rock sempre foi
apoiada pela rebeldia". O Made In Brazil também foi uma das banda que
teve seu trabalho censurado pela Ditadura. Conforme Osvaldo, o disco
Massacre, que tinha um tanque de guerra em sua capa, era para ter sido
lançado em 1977. Mas com a proibição pelos "Milicos", o disco foi lançado
oficialmente em 2005 e apenas em CD.

Em relação ao atual governo ele afirmou: "Acho muito triste esse momento
que a gente está vivendo no Brasil. Um retrocesso muito grande. E o pior é
que algumas pessoas ligadas ao rock estão apoiando este governo. Gente
de grana que tinha banda de rock tem outra visão de uma pessoa classe
média como eu...Achei estranho o pessoal criticar o Roger Waters do Pink
Floyd pelo que ele disse no Brasil. Pô, o que ele falou aqui ele sempre falou
nas letras dele. Acho que muitos escutam o som, mas não prestam atenção
na letra das músicas. E aí vai no show e passa vergonha", finalizou.
Foi um grande prazer entrevistar o grande líder do Made In Brazil. A
mais longeva banda do rock nacional.

Mário Testoni (Casa das Máquinas)

O tecladista do Casa das Máquinas Mário Testoni também foi um dos


entrevistados. O papo com ele foi on line (GoogleMeet) no início da
Pandemia Covid19. A banda nasceu a partir de outra banda que foi uma das
pioneiras no rock nacional: Os Incríveis. Em 1974, o guitarrista José Aroldo
Binha e o baterista Luiz Franco Thomas, conhecido como Netinho,
juntaram-se ao vocalista e guitarrista Carlos Roberto Piazzoli, o Pisca, além
do baixista Carlos Geraldo (também cantor) e pelo multi-instrumentista
Pique (piano, órgão, saxofone e flauta). Com essa formação nascia a banda
que inicialmente foi chamada de Os Novos Incríveis, mas depois veio o Casa
das Máquinas, que gravou três álbuns históricos: Casa das Máquinas
(1974), Lar de Maravilhas (1975) e Casa de Rock (1976). De acordo com
Mário Testoni Jr., que entrou no Casa das Máquinas em 1975, a banda, que
ao contrário dos Incríveis, trilhou para uma "pegada" de Rock Progressivo e
tem essa marca carimbada com o lançamento do segundo álbum "Lar de
Maravilhas", considerado um clássico do progressivo nacional.

Com novas trocas de formação, lançam Casa de Rock, em 1976, com uma
abordagem musical e lírica mais simples e direta, próxima ao hard rock
setentista. Infelizmente, no dia 17, foram à TV Record, em São Paulo, para
realizar uma apresentação, onde ocorreu um incidente no qual Simbas,
Piska, o roadie Sidnei Giraldi e o irmão adolescente do vocalista se
envolveram em uma briga - que teve origem em uma colisão
automobilística - com um operador de câmera - Lucínio de Faria - e um
motorista - João Luís da Silva Filho - daquela emissora. O cinegrafista ficou
machucado e foi orientado por funcionários da emissora a não procurar nem
um hospital nem a polícia. Entretanto, no dia seguinte, ele acordou muito
mal e foi encaminhado a um hospital em Santo André, onde foram
constatados hematomas nas pernas e no abdômen, que resultaram em
ruptura do fígado e lesões pulmonares, devido a costelas quebradas. Em
pouco tempo após a sua admissão, Lucínio morreu devido aos ferimentos.
As lesões no fígado foram determinantes para o óbito, já que o cinegrafista
já tivera problemas hepáticos e cardíacos. A banda encerrou as atividades
em abril de 1978 em função de dois músicos estarem sendo processados
por homicídio doloso, o que estava afetando muito a imagem do Casa das
Máquinas. Após mais de uma década e dois julgamentos por júri, todos os
acusados seriam inocentados já que a demora para procurar atendimento
foi considerada determinante para a morte do cinegrafista.
Quase três décadas mais tarde, no final de 2007, o grupo retornou aos
palcos para apresentações esporádicas, como no Festival Psicodália de 2008
e na Virada Cultural Paulista naquele mesmo ano.

O novo líder Mário Testoni, que nasceu em 1954, lembrou que começou a
estudar música com apenas cinco anos de idade: acordeão e piano e que. E
que, apesar de ter formação na música erudita, foi imediatamente
influenciado pelo Rock. Já que a mídia da época era focada neste
movimento que era forte. "Ainda bem", argumentou ele. Ele também teve
uma passagem pelo Pholhas, outra banda de grande destaque na época.
"Chegávamos a vender 1.500.000 cópias. Hoje quando se vende 50.000 o
pessoal se acha...

No início de 2010, Netinho e seu filho, Sandro Haick, comunicam ao resto


da banda que passariam a se dedicar apenas a Os Incríveis, já que vinham
tocando nas duas bandas desde a volta do Casa, o que prejudicava a
agenda dessa última banda. Assim, Mário Testoni assume a liderança do
conjunto e monta uma formação para levar a banda pra frente, tendo uma
verdadeira agenda de shows, e não apenas apresentações esporádicas.
Assim, a formação passa por modificações, saindo também Andria Busic e
Faiska. Para os seus lugares, entram João Luiz (vocal), Leonardo Testoni
(guitarra) - filho do tecladista - e Fábio Cesar (baixo). A banda anuncia seu
retorno definitivo em show no Carioca Club, em São Paulo. Após quase dois
anos de estrada, Leonardo Testoni anuncia sua saída da banda, entrando
Marcello Schevano para o seu lugar, já no início de 2013. No início de 2019,
a banda anuncia a saída de três integrantes: João Luiz (vocal), Marcello
Schevano (guitarra) e Fábio Cesar (baixo). Eles são substituídos,
respectivamente, por Ivan Gonçalves, Cadu Moreira e Geraldo Vieira e a
banda continua excursionando e fazendo shows pelo país. Em Outubro de
2021, quando da edição final do livro, o Casa das Máquinas estava
finalizando um novo álbum...
Casa das Máquinas, a banda que começou a fazer o rock progressivo
no cenário nacional. Estão na ativa...

Clemente - Inocentes

O começo de tudo, Restos de Nada - Em uma entrevista feita na sede do


Estúdio Show Livre, o vocal e guitarrista Clemente Nascimento, líder da
banda Inocentes, falou sobre o início da carreira no bairro da Carolina, Zona
Norte de São Paulo. Coincidentemente, eu cursava (1979-80) o 2o Grau no
Colégio Righini, na Vila Santa Maria, que é bem próximo e onde uma irmã
dele também estudava. Muitos alunos do colégio curtiam as bandas da Vila
Carolina, que foi referência do Punk Rock na região. Clemente contou que a
Banda Restos de Nada foi o seu primeiro projeto. Eram garotos de 13, 14
anos, mas segundo ele, com o "Restos" concretizaram o sonho de formar
uma banda e, inclusive, foi o seu primeiro show. A banda tinha a seguinte
formação: Ariel Uliana, vocal; Clemente Nascimento, baixo; Charles; bateria
e Douglas Viscaino, na guitarra. Clemente lembrou que sua passagem pelo
Restos de Nada foi meteórica e que, no entanto, fizeram vários shows pela
periferia nos vários Salões de Rock que haviam, junto com a banda AI-5,
cujo nome era relacionado ao absurdo Ato Institucional Nº 5, instaurado
pela ditadura militar, uma medida para calar os que eram contra o sistema
vigente. Esse nome era pesado demais para a situação do país na época, e
mesmo sendo uma banda com propostas políticas de todas as espécies, só
pelo fato de estarem usando esse nome poderiam sofrer, a qualquer
momento, alguma represália do governo militar, e por nunca abandonarem
esse nome já os obrigava os membros da banda a ocultar seu nome de
banda em cartazes e shows que fariam pela periferia de São Paulo. O
Restos de Nada fez com o AI-5 o primeiro show de punk rock em São Paulo,
num porão de uma padaria abandonada, no Jardim Colorado, zona leste da
capital, promovido por Kid Vinil, na época radialista da rádio Excelsior
(Wikepedia)

Depois dos Restos de Nada, Clemente vai para outra banda do bairro da
Carolina, o "Condutores de Cadáver". Era um pessoal que já estava saindo
para um "rolê" , bebendo junto, enquanto o pessoal do Restos de Nada era
mais de ficar em casa. Sem dúvida, foi uma banda importante da Cena
Punk de São Paulo, tanto que em 1980 foi a organizadora do Primeiro
Festival Punk em São Paulo (A Gruta - Salão).Este Festival aconteceu
durante os três dias de Carnaval de 1980, onde se apresentou a banda
Cólera". Anos depois, o Condutores de Cadáver começou a articular o que
podemos definir como Movimento Punk em São Paulo. Organizamos
Festivais e fomos a primeira banda punk a tocar no Salão Beta da PUC, que
era um espaço importante e teve "suas portas abertas" pelos Condutores",
se orgulha Clemente.

Em 1981, a banda troca de vocal. Sai Indião e entra Mauricinho. Nasce


então o Inocentes com Clemente no baixo, Callegari na Guitarra e
Marcelinho na bateria e tem seu primeiro show realizado no dia 16 de
Outubro. O nome Inocentes foi inspirado em uma música dos primórdios do
punk inglês, de John Cooper Clarke, "Innocents", que fez parte da coletânea
Streets do selo Beggar’s Banquet. Suas influências foram bandas como
Buzzcocks, The Vibrators, Generation X, New York Dolls, The Saints e
Ramones. Em 1982, foram convidados, junto com Cólera e Olho Seco, a
participar da coletânea Grito Suburbano, o primeiro registro sonoro das
bandas punks brasileiras, lançada pelo selo Punk Rock Discos em 1982.

Ao falar sobre o momento político da época e a repressão militar, que ainda


era observada nas ruas de SP, Clemente lembrou que a maioria dos shows
de bandas de punk rock acabavam sempre com a invasão da polícia para
acabar com a festa. "Era um período difícil, mas a gente não se preocupava
com isso. Nós não íamos tocar em algum lugar como forma de protesto,
para combater alguma coisa etc. A gente ia se divertir. A nossa subversão
era a diversão! E as nossas letras tinham esse enfoque "combativo" porque
era a maneira como encarávamos o mundo. Ou seja, era a perspectiva que
tínhamos em relação à realidade da época. Foi um momento difícil, mas que
não nos impediu de fazer o que fizemos. A gente não estava nem aí para
falar a verdade", afirmou.
Quanto ao mercado e as vendas de discos, Clemente destacou que não
havia essa perspectiva. E que, sequer imaginavam gravar um disco e
ganhar dinheiro com a banda. "A gente tinha urgência em fazer o que
estávamos a fim que era tocar, fazer música e que tivesse a ver com a
gente. O Rock estava muito chato na época. Uma coisa meia progressiva,
distanciada e não falava mais com a garotada da Periferia. Então nós
queríamos trazer aquela rebeldia que tinha nos anos 50 de volta para o
Rock. E o Punk Rock foi isso, o resgate da Rebeldia dos Anos 50" destacou.

Ele acrescentou que entre os anos 50 e 70 foi o período de grande


efervescência do Rock´n Roll e que isso sempre acontece num período de
20 anos. Na sua visão, no início da década de 80 o Rock está meio que
adormecido e o Movimento Punk trouxe de volta a Jaqueta de Couro, que
era o símbolo da rebeldia dos Anos 50. Assim como, as letras de
contestação que sempre foram marcantes no rock. "Isso era legal e
precisava ser feito. Como não tinha ninguém para fazer isso nós fizemos e
sem expectativa nenhuma de mercado, de gravar. Quando nós gravamos
em 1981 e lançamos o Gritos Suburbanos em 1982, ninguém pensava
Vamos Viver de Música. Era só registrar o trabalho em Disco Independente
com 1 Mil Cópias e vender para os Punks que a gente conhecia", comentou.

O Movimento Punk não fazia parte do que se convencionou a chamar de


Circuito Cultural Oficial da Cidade e conforme Clemente, até quando foi
lançado o disco Gritos Suburbanos, que foi o primeiro registro Punk
(Coletânea), a banda ainda não era conhecida. "Mas, quando a gente lançou
o disco e eu escrevo a Carta Resposta para o Estadão, o Movimento Punk
Paulistano passou a ficar conhecido pela Grande Imprensa", lembrou ele.
Isso ocorreu porque o jornalista Luis Fernando Emediato publicou uma
matéria no estadão com a manchete "A Geração Abandonada", vinculando a
imagem do punk como ladrões que agrediam velhos e tomavam leite com
limão pra vomitar no jornal Estadão. Foi então que todos se reuniram e
Clemente escreve a carta para o estadão dizendo que o punk era um
movimento sócio-cultural, que era a revolta dos jovens de classes menos
privilegiadas, transportada por meio da música. Depois de a carta ser
publicada a sociedade ganha mais conhecimento do que era a cena punk e
o movimento se repercute.

Tendo a loja Punk Rock Discos como ponto de encontro da turma, na


seqüência, personalidades como o dramaturgo Antonio Bivar que lançou o
livro "O que é Punk Rock", pela Editora Brasiliense e o pessoal do Olhar
Eletrônico, uma produtora independente criada em 1981 por Fernando
Meirelles que fez o Documentário Garotos do Subúrbio, descobrem e
começam a dar destaque ao Movimento Punk. De acordo com Clemente, a
partir daí foram muitas entrevista e exposição na mídia. "Em 1982 foi
realizado o Festival do Sesc Pompéia e começamos a entrar no Circuito
Cultural Oficial da Cidade. Porém, em 1983 recomeçam as brigas entre as
Gangs de São Paulo e o Inocentes para por uns tempos (Chegando até a
acabar). Depois voltamos, mas com outros rumos. Um som misturado com
pós punk, que a gente sempre gostou. Aí entramos definitivamente no
Circuito Cultural da Cidade e passamos a tocar em Casas como Rose Bom
Bom, Napalm e em 1986 chegamos na Warner Music.",

A apresentação da "demo" do Inocentes para a Warner foi feita por Branco


Mello dos Titãs. E o primeiro trabalho lançado foi o mini-LP Pânico em SP,
produzido por Branco e Pena Schmidt, e o Inocentes torna-se a primeira
banda punk brasileira a gravar por uma multinacional. O disco foi bem
aceito pela mídia e a banda começou a fazer shows por todo o País pela
primeira vez. As vendas na Warner são boas, mas não as esperadas pela
gravadora. Apesar disso, a banda conquista respeito e público por todo o
país. Pânico em SP apresenta uma sonoridade mais limpa, mas sem perder
as raízes punk rock do grupo, incluído a regravação de "(Salvem) El
Salvador", do compacto Miséria e Fome, e músicas antigas que ainda não
haviam sido gravadas, como o ska "Não Acordem a Cidade", que também
foi o primeiro videoclipe da banda. Devido à banda ter assinado com uma
multinacional, na época alguns punks disseram que eles foram "vendidos"
ao sistema. Este álbum foi mais tarde escolhido pela Rolling Stone Brasil
como o sexto melhor álbum de punk rock brasileiro. Depois veio o segundo
álbum pela Warner, Adeus Carne (1987), com músicas como "Pátria
Amada" (que se tornou seu segundo videoclipe), "Tambores" e "Cidade
Chumbo". O show de lançamento, realizado no Center Norte, no
estacionamento do shopping na zona norte de São Paulo, reúne mais de dez
mil pessoas. O terceiro álbum pela Warner só sai em 1989, produzido por
Roberto Frejat, do Barão Vermelho. Segundo a banda, é um disco um tanto
confuso, desde a capa, onde a banda aparece nua e algemada, até o
conteúdo, uma mistura de rock’n’roll, punk rock e rap. Tudo isso foi
resultado da pressão exercida pela gravadora em cima da banda, que faz
com que o clima interno esquente, tornando-se insuportável. A capa foi o
resultado de uma tentativa da banda em persuadir a gravadora a não
colocar os quatro na capa novamente, mas eles adoraram a foto e ela
acabou saindo assim mesmo. As gravações foram um tanto tumultuadas e a
banda preferia esquecer os shows de lançamento em São Paulo e no Rio. O
resultado de toda essa confusão foi a saída de Tonhão e de André Parlato,
substituídos por César Romaro na bateria e Mingau no baixo, e a saída da
banda da Warner (Wikepedia)

Clemente argumentou que nunca conseguiu "sobreviver" financeiramente


apenas com a Banda. Além de trabalhar como apresentador em projetos
como o extinto programa Musikaos, na TV Cultura, apresentado por Gastão
Moreira, do qual foi diretor artístico; apresentado do programa Show Livre e
na Kiss FM, onde apresentou um programa chamado Filhos da Pátria,
voltado parta o rock nacional, também trabalhou como coordenador de
Projetos Culturais na Secretaria do Estado de São Paulo e como Produtor
Musical da Paradox, onde fez o lançamento de diversas bandas. "Fiz um
projeto pela periferia de São Paulo, chamado "Projeto Rock de Garagem"
onde passava para o pessoal como funciona o lance de produção musical,
produção, como fazer um release legal, gravar etc.", comentou ele.

No final da entrevista, perguntei o que ela acha do que rock nacional hoje. E
ele avaliou que o que aconteceu foi a mesma coisa do que ocorreu com o
rock mundialmente. "O rock vem perdendo espaço para outros estilos e tal.
Acho que o rock não soube se renovar e que o "roqueiro tradicional" tem
um problema com o que é novo. Temos um exemplo que é a Banda Greta
Van Fleet, da qual muitos reclamam porque a banda parece o Led Zeppelin,
ao invés de falar, nossa que legal, parece o Led Zepelim".É muito boa".
Precisamos de renovação sempre. Isso está acontecendo no mundo. Mas,
como as coisas são cíclicas, uma hora o rock retoma o fôlego. Precisamos
aprender a aceitar o novo e não ficar muito preso ao passado porque uma
hora esgota não é", avaliou.

Ele não esqueceu de falar sobre a turnê que a banda fez na Europa após 38
anos de estrada. Ele destacou que o Inocentes tocou em dois festivais
importantes. No Rebellion, maior festival punk rock da Europa, realizado em
Blackpool, Inglaterra com a participação de mais de 10 mil pessoaas. Nesse
festival o Inocentes tocou no palco principal para cerca de 6 mil pessoas. No
Puntala Rock, realizado na Finlândia, a banda tocou para 3 mil pessoas.
Além dos festivas, a banda também tocou em lugares menores e se
despediu da Europa tocando para um público formado, em sua maioria, por
brasileiros no Made Brasil, um bar e restaurante brasileiro localizado em
Camden Town, uma das casas do punk britânico. "Foi muito legal ver as
pessoas curtindo o nosso som, mesmo sem conhecer nada a nosso
respeito... Esperamos voltar", finalizou Clemente.
Clemente, do Inocentes, um dos pioneiros do punk rock. Da Vila
Carolina, o berço do movimento...

Luiz Calanca, da Baratos Afins

A Baratos Afins é uma loja que marcou muito a minha adolescência e a


minha trajetória de vida como apreciador do Rock e da Boa Música. Por
isso, resolvi entrevistar o Luiz Calanca, fundador da Baratos Afins no final
do mês de agosto de 2021. Foi a entrevista final para a edição desse
pequeno histórico...Sempre irreverente e contestador, contou como tudo
começou em detalhes, alguns deles que eu já conhecia por ter sido um dos
primeiros freqüentadores do espaço em sua inauguração no ano de 1978,
pois já circulava pelas Grandes Galerias onde tinha a loja Wop Bop e em
1979 a Music House.

Ex-farmaceutico, produtor fonográfico e dono da Baratos Afins, Luis Calanca


iniciou a entrevista lembrando que tinha uma equipe que fazia os
"bailinhos" de garagem nos anos 60. Aqueles com Luz Negra etc. Morava na
Zona Leste e quando pintava eventos maiores, a equipe alugava o salão do
Clube Guilherme Jorge, na Vila Carrão. Ele disse que em função dos bailes
comprava muitos discos e que sua mulher ficava até irritada por isso. "No
aniversário dela eu comprava e dava um disco de presente, mas na verdade
eu estava também interessado em usar nos bailes", brincou.

Desta forma, acabou juntando muitos discos e quando sua filha nasceu e se
viu "apertado" financeiramente, resolveu "sacrificar" alguns discos. E foi
nesse período que teve a idéia de abrir o seu próprio negócio ."Montei uma
tabela de preços, que era a da Associação dos Varejistas de Discos de SP e
Afins... Me liguei e fiquei obcecado pelo Afins. Cheguei em casa e falei para
a mulher que ia abrir uma Loja de Discos porque era disso que eu entendia.
E hoje após 40 anos descobri que não entendo é Porra Nenhuma",
polemizou Calanca.

Em 1978 seu cunhado apresentou uma pessoa da Galeria que tinha uma
loja para alugar. Segundo ele, montou a Baratos Afins sem contrato de
locação, "no fio do bigode", como diziam na época. Calanca lembrou que a
Galeria estava abandonada e estava quase para ser fechada. Mas os lojistas
passaram a investir mais na melhoria das suas unidades e a Galeria
melhorou bastante. "Tenho saudades daquela época. A Galeria era mais do
rock mesmo e era muito legal. Hoje é uma grande mistura. Silk Screen, que
já tinha na época, Skate, Tatuagem, um monte de outras coisas".
No início, 1978, além das vendas e trocas de discos (Vinil - LPs) usados e
novos, a Baratos Afins começou também a ampliar o seu catálogo refazendo
discos (prensar) em 1981. Lembrou que queria muito fazer um disco, Lóki,
do Arnaldo Baptsta (Ex-Mutantes). "Falei com ele, mas ele não entendeu
bem a minha proposta. Depois veio me procurar com outra proposta que
era fazer o disco Singin Alone.Topei porque era muito fã dele e fiz o
primeiro disco em 1981 e depois mais um, o Disco Voador: Paz, em 1987.

Demos continuidade ao trabalho e hoje temos um catálogo com mais de


104 álbuns de vinil e cerca de 98 CD´s.", destaca Calanca. Também
relançou álbuns dos Mutantes, Jorge Mautner, Discos da Tropicália
(Caetano, Gil), Elomar, Fagner, entre outros grandes nomes. Foi para a
gravadora Continental onde relançou obras de bandas como Som Nosso de
Cada Dia, Secos e Molhados, Bicho da Seda, Barca do Sol, Sá e Guarabira,
Tom Zé e a série Rock Brasil Anos 70.

Também desenvolveu esse trabalho de relançamentos na Warner Music com


discos do Joy Division e U2, que eram "piratas". "Foi uma ciumeira da
concorrência ficou pesado para min. Não admitiam eu ter lançado os discos
e me denunciaram com "Pirateiro". Mas eu estava legal e documentado por
ter conversado com as bandas. Tinha o aval delas de que poderia fazer. O
U2 Trouble Fire, por exemplo, vendeu 170 mil cópias e foi o que me livrou
do processo. Inclusive, a Warner me enviou uma carta de agradecimento",
explicou ele.

Luis Calanca falou também sobre um importante projeto desenvolvido junto


à Prefeitura do Município de São Paulo. Em 2008 ele produziu e foi o
curador do Projeto Rock na Vitrine, na Galeria Olido (Centro de SP). De
acordo com ele, o objetivo do projeto era dar oportunidade para que novas
bandas e artistas independentes se apresentassem todo segundo sábado do
mês. Pelo projeto Rock na Vitrine passaram grupos musicais ou artistas
como Golpe de Estado, Cérebro Eletrônico, Violeta de Outono, Wander
Wildner, Mercenárias, Haxixins, Lanny Gordin, Adriano Grineberg, Fábrica
de Animais, Cyro Pessoa e The Soundtrackers. Coloquei mais de 200 bandas
para tocar em mais de 06 anos de trabalho. Mas, fui excluído do projeto por
um próprio "colega" da Prefeitura que tinha uma banda horrível. Promovi a
apresentação da sua banda e ele me culpou pela sua má performance da
banda. Detonou a estrutura do evento, qualidade do som etc.", lamentou.

Falando um pouco de tecnologia e as novas formas de se curtir música,


Calanca foi enfático ao afirmar que a Internet acabou com a música. No
período da Pandemia, a sua loja começou a atender pelo WhatsApp, mas
Calanca disse que parou de atender porque acabou complicando muito o
atendimento. "Virou um estorvo para gente. Encheu o saco. As pessoas
queriam ver as fotos do Vinil (Lacrados), saber se tinha Encarte. Um saco. A
gente gosta mesmo é do contato e mostrar o disco. Eu prefiro que a pessoa
fale tudo na nossa cara... A nossa pedra no sapato é a Internet", criticou.
Ao comentar sobre as bandas nacionais, Calanca lamentou que a mídia, em
geral, valoriza "grandes lixos" e acabam "jogando" bandas talentosas pelo
ralo. "E sempre foi assim. Nos anos 80 eu estava muito envolvido com o
Cenário Underground Paulistano e só tinha nós, o selo Baratos Afins. Hoje,
felizmente existem muitos selos né.E cada um tem o seu Perfil, a sua
Predileção...Estou até mais tranqüilo. Claro que tem muita banda boa e
muita banda ruim que fizeram mais sucesso que as boas", comparou
Calanca.

Ele argumentou que a paixão pela música foi o que sempre norteou o seu
trabalho e que algumas bandas que ele produziu e lançou, mesmo não
vendendo "porra nenhuma", foram satisfatórias pelas amizades que
conquistou e companheirismo. Ele citou várias outras bandas com as quais
a Baratos Afins trabalhou, entre elas Kafka, Vultos, Ratos de Porão,
Voluntários da Pátria. Sem esquecer que também produziu dois discos do
Patrulha do Espaço, banda que contou com a participação do Arnaldo
Baptista.

Perguntei a ele sobre o Clemente, líder do Inocentes, que também teve


uma loja na Galeria do Rock... Ele disse que teve uma "relação de amor e
ódio com ele", mas que gosta muito dele. "Antigamente, eram todos
"moleques" e eles ficavam aqui na porta da loja "serrando cigarro" e
andando de skate. Mas estão todos perdoados, hoje estamos amadurecidos,
kkk", brincou.

No entanto, Calanca lembrou que não ia aos shows de punk porque era
"mal visto" e tido como metaleiro. Isso porque tinha produzido o Disco
Mixto Quente e estava fazendo o SP Metal na época do Ratos de Porão.

Eu não ia nos shows de punk porque era mal visto e tido como metaleiro.
Tinha feito o Disco do Mixto Quente, estava fazendo o SP METAL,isso na
época do Ratos de Porão. "Então eles me julgavam e eu me sentia muito
mal. Falavam, você gravou aquela merda...Tem que ouvir o nosso som etc.
Todo mundo tinha um som melhor para me mostrar" relatou. Outro fato
que Calanca lembrou foi quando recebeu a primeira demo da Legião
Urbana, que ainda era Aborto Elétrico. "Abominei aquilo e não me
arrependo. A banda fez sucesso porque investiram pesado e foi o que fez a
banda decolar. Como sou Underground, não teria com investir no projeto
deles...

Calanca finalizou a entrevista com mais frases "polêmicas": "eu sou


traficante de drogas musicais", estou aqui para vender... Mesmo bandas
que eu não curta, ou goste (80% do que eu vendo eu não gosto) e tenho
muita coisa que não trago para cá porque sei que não vai vender... É assim.
Luiz Calanca: “A Galeria era mais do rock mesmo e era muito legal.
Hoje é uma grande mistura. Silk Screen, que já tinha na época,
Skate, Tatuagem, um monte de outras coisas".

CAPÍTULO II:

Os Anos 50 e o Estúpido Cupido de Celly Campello!

Carlos Gonzaga, o pioneiro!

Na verdade, o rock nacional tem um precursor que, assim como boa parte
de seus sucessores, alcançou enorme sucesso com versões de músicas de
consagrados cantores e bandas internacionais. O nome dele é Carlos
Gonzaga, nome artístico de José Gonzaga Ferreira (Paraisópolis, Minas
Gerais, 10 de fevereiro de 1924), que "estourou" nas paradas com uma
versão de Diana (gravação original de Paul Anka) em 1958. Além do hit
Diana, ele também se destacou com versões das músicas Oh Carol, Bat
Masterson e Cavaleiros do Céu. O cantor Carlos Gonzaga foi um dos
pioneiros do rock brasileiro e suas versões ocuparam as paradas de sucesso
brasileiras, fazendo do artista um dos mais tocados entre 1956 e 1962.

De origem simples, após trabalhar até mesmo como carregador de malas da


rodoviária local ao hotel da cidade, aos 17 anos de idade Carlos Gonzaga
ingressou no rádio, cantando PRJ7 Rádio Clube de Pouso Alegre. Em
seguida, resolve mudar-se para São Paulo, para tentar a carreira
profissional cantando com o nome de José Gonzaga. Participou durante 02
anos de diversos programas de calouros e, após vencer um concurso na
Rádio Bandeirantes, acabou contratado na emissora em 1952, onde ficou
por seis meses. Depois venceu um novo concurso de calouros, promovido
pelos Conhaques Ipiranga e foi contratado pela Rádio Piratininga. Mas,
infelizmente, o cachê que recebia não lhe dava para arcar com as suas
despesas. Por isso tinha que trabalhar também em uma fábrica de
pratarias.

Por sugestão do amigo Capitão Furtado, mudou seu nome artístico para
Carlos Gonzaga, porque já existia no rádio outro José Gonzaga (irmão de
Luiz Gonzaga). Além disto, seu nome também era muito parecido com o da
também cantora Zezé Gonzaga.Em 1955, já chamado de Carlos Gonzaga,
gravou seu primeiro disco pela RCA Victor, um 78 RPM onde cantava a
canção-guarânia Anahí ( de Osvaldo Sosa Cordeiro, versão de José Fortuna)
e o tango Perdão de Nossa Senhora (de Teddy Vieira e Diogo Mulero, o
Palmeira). Apesar de ter ficado conhecido como um dos pais do rock' and
roll brasileiro, o cantor gravou diversos estilos, de valsas a sambas,
incluindo a marchinha de carnaval Tomara que Caia, que fez um enorme
sucesso no carnaval de 1956. Ainda em 1956 gravou Meu Fingimento,
versão de The Great Pretender, sucesso na voz dos The Platters. A música,
adaptada por Haroldo Barbosa, foi seu primeiro sucesso neste estilo
musical, que marcaria sua carreira. Neste mesmo ano foi contratado pela
Rádio Record, passando a atuar também na televisão.

Na Record, a popularidade do cantor disparou, ainda mais com a gravação


de Diana, em 1957 (vendeu mais de 300 mil discos na época). Além de
cantar na rádio, também se apresentava na televisão, em programas como
Astros do Disco e Alegria dos Bairros. Ainda em 1957 Carlos Gonzaga
estreou no cinema, cantando no filme Dorinha no Soçaite (1957), onde
cantava o sucesso Diana, além da canção Made in USA.

Contratado pela emissora paulista, o cantor teve a oportunidade de cantar


junto com grandes astros internacionais, como Paul Anka e Johnny Ray, e
também foi agraciado com cinco troféus Chico Viola e outros cinco
Roquettes Pinto. Carlos Gonzaga, apelidado de "O Rei do Rock Balada" e "O
Príncipe da RCA" era um dos cantores mais queridos do Brasil, tendo uma
legião de fãs. Em 1958 outro grande sucesso na carreira do cantor foi a
música tema do seriado Batmasterson. Carlos Gonzaga também cantou no
show de Gene Barry, o astro da série, quando este se apresentou na TV
Record. Na década de 60 foi também o introdutor do twist no Brasil,
gravando muitos discos do gênero, também com muito sucesso. Veterano,
Carlos Gonzaga foi um dos astros do programa Excelsior a Gogo (1966),
exibido pela TV Excelsior, e apresentado por Jerry Adriani. Era uma resposta
da emissora ao Programa Jovem Guarda, da Record, onde Roberto Carlos e
uma nova geração de cantores despontavam. Com uma nova geração de
artistas, Carlos Gonzaga, recordista de vendas entre 1956 a 1962, foi
perdendo destaque na mídia, mas nunca deixou de cantar. Ele ainda gravou
muitos discos, e fez diversos shows. Em 1976 voltou as paradas de sucesso
graças ao sucesso da novela Estúpido Cúpido.

Carlos Gonzaga é um dos grandes nomes do início do rock no


Brasil...

A Estrela Celly Campello e seu irmão Tony Campello!

Nascida em 1943 na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, Célia Benelli


Campello, a nossa Celly Campello, também pioneira do rock nacional.
Iniciou sua carreira artística aos cinco anos de idade dançando "Tico-Tico no
Fubá" em um programa infantil e, com apenas seis anos, já cantava na
Rádio Cacique, em sua cidade natal, onde viveu toda a sua infância. Sempre
voltada para a música, estudou piano, violão e também participou de aulas
de balé...Participou de um programa denominado Clube do Guri, na Rádio
Difusora de Taubaté e aos doze anos já tinha o próprio programa de rádio,
também na Rádio Cacique. Gravou seu primeiro disco em São Paulo aos
quinze anos (1958). Era um disco de 78 rotações que trazia de um lado
Celly Campello e do outro seu irmão Tony Campello, que a acompanhou em
boa parte da carreira como cantora e atriz.

Sua estréia na televisão aconteceu em 1958 no programa Campeões do


Disco, da TV Tupi. Em 1959 lançou um programa próprio ao lado do irmão
Tony Campello, intitulado Celly e Tony em Hi-Fi, na Rede Record, que foi
apresentado por dois anos. A carreira decolou com bastante destaque em
1959, ao gravar a versão brasileira de Stupid Cupid, que no Brasil
denominou-se Estúpido Cupido. A música foi lançada no programa do
Chacrinha e tornou-se um grande sucesso em todo o país no ano de 1959.
Nesse mesmo ano participou do longa-metragem de Mazzaropi, Jeca Tatu.

Além do estrondoso sucesso de Estúpido Cupido, Celly Campello também


fez sucessos com outras músicas: Lacinhos Cor-de-Rosa, Billy, Banho de
Lua 1960, que lhe renderam inúmeros prêmios e troféus, inclusive no
exterior. O que lhe proporcionou o título de Rainha do Rock Brasileiro. No
entanto, a carreira da musa do rock nacional foi muito curta. Celly Campello
abandonou a cena aos 20 anos para se casar e morar na cidade de
Campinas, em São Paulo. O fato aconteceu em 1962. Ele chegou a ser
cogitada para apresentar o Programa Jovem Guarda ao lado do cantos
Roberto Carlos, mas como havia abandonado a carreira foi substituída pela
cantora Wanderléa, a musa da Jovem Guarda.

Ela chegou a lançar um LP em homenagem aos 10 anos da Gravadora


Odeon em 1968 e tentou relançar a carreira no início dos anos 70.
Participou do festival Hollywood Rock em 1975, no Rio de Janeiro, cantando
a música Estúpido Cupido ao lado de seu irmão Tony Campello. Em 1976,
Celly Campello volta à cena na TV brasileira com o lançamento da novela
Estúpido Cupido pela TV Globo, na qual a Rainha do Rock Brasileiro gravou
uma participação especial. Com o sucesso da novela, ela tentou novamente
impulsionar sua carreira... Celly Campello faleceu em 2003 aos 61 anos
vítima de um câncer de mama.

Tony Campello, o irmão da Rainha do Rock Nacional - Nascido Sérgio Beneli


Campelo, em São Paulo, em 24 de fevereiro de 1936 é mais conhecido
como Tony Campelo. Irmão e parceiro da Rainha do Rock Brasileiro Celly
Campello, além de cantor é produtor musical. Fez grande sucesso na
década de 1950 e 1960 ao lado de sua irmã. Seu primeiro disco foi lançado
em 1958 junto com Celly Campello, com as faixas "Perdoa-me" e "Belo
Rapaz". Seu interesse pela música, assim como Celly, vem desde cedo, aos
09 anos de idade, tendo estudado sozinho violão e piano. De 1953 a 1958,
integrou o conjunto Ritmos OK, em Taubaté SP, tendo também participado,
de 1956 a 1958, do Mário Genari Filho e Conjunto.

Participou pela primeira vez de um programa na TV Paulista e se apresentou


no programa Galera do Nelson, da Rádio Nacional, de São Paulo. Gravou o
primeiro disco em 1958, Forgive me (Odeon); no verso do disco, sua irmã
Celly Campello cantava Handsome Boy (ambas de Mário Genari Filho e
Celeste Novais).

Nos dois anos seguintes, apresentou com a irmã o programa Celly e Tony
em Hi-Fi, na TV Record, de São Paulo, participando ainda de shows e
programas de televisão nas principais cidades brasileiras. Gravou seis LPs
pela Odeon, fazendo sucesso com as músicas Boogie do bebê (J. Parker e
Relin, versão de Fred Jorge), Pertinho do mar (Sílvio Pereira de Araújo) e
Canário (Norman Luboff, Marilyn Keith e Alan Berman, versão de Fred
Jorge), gravada em dupla com Celly. Trabalhou nos filmes Jeca Tatu,
dirigido por Milton Amaral, 1959, e Zé do Periquito, dirigido por Mazzaropi e
Ismar Porto, em 1960. Em 1961 e 1962, recebeu o troféu Chico Viola,
sendo que o segundo foi em conjunto com sua irmã. Viajou nos dois anos
seguintes para o Paraguai e Peru. Produziu para a RCA Victor discos dos
artistas Celly Campelo, Os Incríveis, Carlos Gonzaga e Chris McClayton e
lançou em disco, entre outros, a dupla Deny e Dino, Sérgio Reis, Silvinha e
Luís Fabiano. Em 1974 ganhou o prêmio Rock 74 pela produção do disco
Rock das quebradas. Apresentou-se em 1975 na boate Igrejinha, de São
Paulo, onde foram organizados os shows Cuba-libre em Hi-Fi, promovendo a
volta de cantores de sucesso do final da década de 1950 e início da de 1960
- Celly Campello, Carlos Gonzaga, Ronnie Cord, George Friedman, Baby
Santiago e Dan Rockabilly. Como produtor e pesquisador de música
sertaneja, produziu quase todos os discos de Sérgio Reis desde 1967, além
da série de coletâneas Luar do Sertão da BMG Ariola (nome da RCA Victor
desde 1985). Continua a se apresentar em shows pelo interior de São
Paulo.
Celly Campello, interrompeu a carreira de grande sucesso para
casar...

CAPÍTULO III:

Nos Embalos da Jovem Guarda, com o Ie,Ie,Ie

Jovem Guarda: o rock em movimento no Brasil!

Era 1965 e os jovens queriam, como sempre, se divertir. Os Beatles


explodiam com um hit atrás do outro embalando um movimento que no
Brasil ficou conhecido como iê-iê-iê (yeah-yeah-yeah). Nesse ano foi
lançado o Programa Jovem-Guarda pela TV Record Paulista. Uma criação da
agência de propaganda Magaldi, Maia e Prosperi para a grade de
programação da emissora. Conforme relatos, o que causou a demanda por
um programa do gênero foi a proibição das transmissões ao vivo das
partidas de futebol aos domingos. "A inspiração para a título do programa
foi uma frase do revolucionário russo Vladimir Lenin: "O futuro pertence à
jovem guarda porque a velha está ultrapassada".

O Programa foi liderado pelo cantor Roberto Carlos, acompanhado por


Erasmo Carlos e pela cantora Wanderléa. Apoiado pela maioria das mídias
da época (Rádios e Revistas), o programa consolidou o Movimento da
Jovem Guarda, que já vinha sendo articulado já no início dos anos 60 com
muito rock. Com a explosão de sucesso do programa começou a grande e
verdadeira "Festa de Arromba" com a consagração e surgimento de muitos
ídolos. Entre eles as bandas Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, The
Fevers, The Jordans, Os Golden Boys, Trio Esperança, The Jet Blacks; os
cantores Roberto Carlos e Erasmo Carlos (líderes do movimento), Jerry
Adriani, Ronnie Von, Eduardo Araújo, Antonio Marcos, Ronnie Cord, Ed
Wilson, George Freedman, Marcos Roberto, Dori Edson, Sérgio Reis,
Wanderlei Cardoso, Sérgio Murilo, Bobby de Carlo, Demetrius, Arthurzinho,
Paulo Sérgio; as duplas Leno e Lilian, Deno e Dino e Os Vips. As cantoras
Wanderléa, Martinha, Sylvinha Araújo, Evinha, Vanusa.

Além das centenas de jovens que iam assistir o programa ao vivo no Teatro
Record, que ficava na Rua da Consolação, 1992, tendo sido inaugurado em
1959. Infelizmente, sofreu um incêndio em 1969 e suas instalações
mudaram para a Rua Augusta. No auge da sua popularidade, o Programa
Jovem Guarda chegou a atingir 3 milhões de espectadores apenas em São
Paulo. Fora as cidades para onde chegava em videotape, como as capitais
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.

O programa, com a grande repercussão alavancada pela TV, passou a


influenciar o comportamento da juventude com o lançamento de discos,
roupas e acessórios (calças colantes de duas cores, calças boca de sino,
minissaias, botas e cintos), além de influenciar significativamente na
linguagem com o surgimento de gírias e expressões como: broto, papo-
firme, boko moko, barra limpa, legal, bacana, mancada, "ela é um pão",
maninha, lelé da cuca, maluco, coroa, pra frente, uma brasa, mora!..). O
programa foi retirado do ar no final de 1968 com a saída de Roberto Carlos,
que era o principal ídolo do Movimento Jovem Guarda!

Alguns fatos devem ser destacados em relação ao movimento. Em termos


musicais, abriu espaço para o surgimento de novos artistas e de muitos
trabalhos autorais. O rock nacional começava a ter a sua identidade, "sua
própria cara". Foi a principal responsável pela introdução da guitarra
elétrica e do órgão Hammond por Lafayette em gravações de Roberto
Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e a maioria dos artistas da Jovem
Guarda, em seus discos com solo de Órgão e também nos bailes com seu
conjunto.
Uma crítica que ainda hoje é dirigida aos participantes do movimento é que
eram "alienados" por se manterem, em sua grande maioria, afastados das
discussões políticas. Já que o período foi marcado pela Ditadura Militar, que
teve início com o Golpe de 64 e seguiu com ondas de repressão e violência
contra políticos de esquerda, estudantes, intelectuais e trabalhadores que
se opunham ao regime. O público engajado, que tinham mais afinidade com
o movimento e a música da Bossa Nova e depois às canções de protestos
dos Grandes Festivais de MPB, com destaque para cantores como Geraldo
Vandré (Para Não Dizer que Não Falei das Flores). De fato, esta é uma
opinião pessoal, a Jovem Guarda realmente não se preocupava e nem
implementava ações que poderiam ser consideradas "subversivas" pelos
Militares. Ao contrário, a banda Os Incríveis gravou o hít "Eu te Amo, Meu
Brasil no final de 1970, canção composta por Dom (nome artístico de
Eustáquio Gomes de Farias), da dupla Dom & Ravel. Como a Seleção
Brasileira de Futebol tinha acabado de conquistar a Copa do Mundo FIFA de
1970, a banda acreditou que era uma boa ideia lançar uma canção que
fizesse ligação com aquele clima festivo em relação ao país. Assim, foi
gravada nas sessões para aquele disco, nos estúdios RCA, em São Paulo.
No entanto, a música foi associada á campanha que o Regime Militar
adotará: "Brasil, ame-o ou deixe-o"! No comando estava o General Emilio
Garrastazu Médici que comandou um período de forte repressão de 1969 á
1974. Desta forma, a banda ficaria marcada como adesista à ditadura
militar brasileira, o que levaria ao seu ostracismo nos anos seguintes.

Alguns Destaques da Jovem Guarda:

O Rei, Roberto Carlos!

Sem dúvida, o maior destaque entre os cantores da Jovem Guarda foi


Roberto Carlos, que nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES), em 19 de
abril de 1941. Inclusive, o movimento do IE-IE-IE, um refrão de música dos
Beatles, recebeu o nome de Jovem Guarda porque esse era o nome do
programa que ele comandava na TV Record ao lado de Erasmo Carlos e
Wanderléa. Reconhecido como o "Rei", Roberto Carlos Braga nasceu em
Cachoeiro de Itapemirim (SC) em 19 de abril de 1941 e começou a sua
grande carreira no início da década de 1960 sob influência do samba-canção
e da bossa nova. Seu grande parceiros em composições foi o Tremendão,
Erasmo Carlos.Além da carreira musical, estrelou filmes inspirados na
fórmula lançada pelos Beatles - como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura
(1968), Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa (1970) e Roberto Carlos a
300 Quilômetros por Hora (1971). A Jovem Guarda foi o primeiro
movimento musical do rock brasileiro

No início da década de 1970 se tornou um cantor e compositor basicamente


romântico, algo que não modificou desde então. Logo também mudava seu
público-alvo, que deixou de ser o jovem e passou a ser o adulto. Entre 1961
e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Atualmente continua se
apresentando com freqüência, e estrela anualmente um show especial
exibido na semana do Natal pela Rede Globo. Dezenas de artistas já fizeram
regravações de suas músicas, entre os quais Caetano Veloso, Gal Costa e
Maria Bethânia. De acordo com a Pro-Música Brasil, Roberto Carlos é o
artista solo com mais álbuns vendidos na história da música popular
brasileira. Algo em torno de 140 milhões de cópias, incluindo gravações em
espanhol, inglês, italiano e francês, em diversos países.

O Tremendão Erasmos Carlos e Roberto Carlos, dois grandes ícones


da Jovem Guarda!

O Tremendão Erasmo Carlos!

O grande parceiro de Roberto Carlos nasceu Erasmo Esteves no bairro da


Tijuca na Zona Norte do Rio de Janeiro em 05 de Junho de 1941. Foi amigo
de infância do "tal Sebastião Rodrigues Maia", o nosso eterno Tim Maia.
Erasmo participou da banda de Tim que se chamava The Sputniks em 1957,
que também contou com a participação de Roberto Carlos, o mesmo tendo
saído da banda após uma briga com Tim Maia. Também participou do grupo
Tijucanos do Ritmo, com Tim Maia. Já nos Snakes, novamente com Tim,
Erasmo aprende a tocar violão com o Síndico. Sem dúvida, Erasmo Carlos
era o mais roqueiro entre os ídolos da Jovem Guarda. Agenciado por Carlos
Imperial, em 1964 Erasmo Carlos lançou o seu primeiro compacto que seria
de grande sucesso com a música O Terror dos Namorados com a novidade
do Órgão Hammond de Lafayette. Antes deste trabalho, ele era apenas
Erasmo, tendo adicionado Carlos em homenagem à Roberto Carlos, seu
amigo desde a adolescência e ao seu empresário Carlos Imperial.

Com a chegada da bossa nova, Erasmo também se deixou influenciar pelo


gênero, Roberto chegou a se tornar crooner cantando bossa nova, bastante
influenciado por João Gilberto. Nesse período, Erasmo compôs "Maria e o
Samba", cantado por Roberto na boate onde era crooner. Antes de seguir
carreira solo, Erasmo fez parte da banda Renato e Seus Blue Caps.
Participou efetivamente junto com Roberto Carlos e com Wanderléa do
programa Jovem Guarda onde tinha o apelido de Tremendão, onde por mais
que Elvis fosse seu ídolo, tentava se diferenciar. Seus maiores sucessos
como cantor nessa fase foram "Gatinha Manhosa" e "Festa de Arromba".

O disco Erasmo Carlos e os Tremendões já é um trabalho transitório na


carreira do artista. O LP, de 1969, traz interpretações muito peculiares de
canções de compositores da MPB, como "Saudosismo", de Caetano Veloso e
"Aquarela do Brasil", de Ary Barroso (lançada no filme Roberto Carlos e o
Diamante Cor-de-rosa em que Erasmo atua com Roberto e Wanderléa) e
"Teletema" (canção originalmente interpretada por Regininha, sucesso por
ter sido tema da novela Véu de Noiva, da Rede Globo), de Antônio Adolfo e
Tibério Gaspar, além da primeira gravação de "Sentado à Beira do
Caminho".

Ele também participou dos filmes Roberto Carlos a 300 Quilômetros por
Hora (1971), de Roberto Farias; e Os Machões (1972), dirigido por
Reginaldo Faria, que também atuou no filme. Em 1975 aparece em show ao
vivo no documentário Ritmo Alucinante, registro do festival de rock
Hollywood Rock realizado no mesmo ano, no Rio de Janeiro. A carreira de
Erasmo Carlos daria para escrever uma série de livros à parte...

A ternurinha Wanderléa!

A cantora Wanderléa Charlup Boere Salim, de ascendência libanesa, nasceu


em Governador Valadares, Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1946. Aos dez
anos de idade ganhava concursos em rádios e lançou em 1962 o primeiro
compacto. No ano seguinte, sai o primeiro LP, "Wanderléa", pela Discos
CBS, na época uma subsidiária da Columbia Records. Na gravadora conhece
Roberto Carlos, quem namorou por pouco tempo, e Erasmo Carlos,
passando a apresentar em agosto de 1965 o programa Jovem Guarda pela
TV Record de São Paulo. Transmitido nas tarde de domingo, o programa
teve uma das maiores audiências da época e lançou diversos artistas.
Wanderléa e Celly Campelo foram as primeiras estrelas do rock brasileiro.
Participou de filmes ao lado de Roberto Carlos e, depois de terminada a
Jovem Guarda, continuou a carreira como cantora pop. Atualmente se
apresenta cantando seus maiores sucessos, como "Pare o Casamento"
(versão de Luís Keller), "Ternura" (Rossini Pinto) e "Prova de Fogo" (Erasmo
Carlos).

Aos quinze anos cantava em boates, e como era menor, pedia autorização
ao juizado de menores e aos seus pais para assinarem. Seu pai, no começo,
não aceitava a carreira da filha, mas com o tempo entendeu que a jovem
tinha grandes talentos musicais.

Um grande sucesso de Wanderléa, "Te Amo", esteve nas trilhas sonoras


nacionais das novelas Caras & Bocas e Guerra dos Sexos (remake) da Rede
Globo. A mesma música já havia entrado para a trilha de uma novela dos
anos 90, Pedra Sobre Pedra. Graças a essa canção, Wanderléa voltou a ter
destaque na mídia. No início de 2017, Wanderléa apresentou no Rio de
Janeiro e em São Paulo, o musical 60! Década de Arromba, revivendo
acontecimentos importantes da década de 60, apresentando vários figurinos
diferentes e interpretando seus sucessos como Ternura e Pare o
Casamento. Um espetáculo que tive a oportunidade de assistir aqui em São
Paulo com minha esposa a convite da patrocinadora Bradesco Seguros.

The Jet Blacks, para Jovens Namorados!

A banda The Jet Black's foi uma das pioneiras de rock instrumental do
Brasil. Começou sua trajetória em 1961 com os guitarristas Joe Primo
(Primo Moreschi) e Bobby de Carlo. Iniciou a carreira com o nome The
Vampires. Mas, em 1961, adotou o nome The Jet Black's para homenagear
a banda inglesa The Shadows, a qual tinha uma canção de grande sucesso
chamada "Jet Black". Além dos Shadows, também influência do grupo foi a
do conjunto norte-americano Ventures. Ambos tinham como repertório
básico rocks e twists instrumentais executados para bailes. Em 1962,
assinaram com a Chantecler e lançaram seu primeiro disco, um 78 rpm, no
qual fizeram dois covers do The Shadows: "Apache" e "Kon-Tiki". Com o
sucesso da estréia, a gravadora investiu no grupo com o lançamento de
dois LPs. O primeiro, lançado ainda no mesmo ano, foi "Twist", e o segundo
foi gravado no ano seguinte, "The Jet Black's Again - Twist".
Ao longo da década de 1960 foi um dos grupos mais requisitados para
shows e gravações de intérpretes como Celly Campelo, Ronnie Cord (que
acompanhou na gravação do sucesso "Rua Augusta"), Roberto Carlos,
Sérgio Reis e outros astros da Jovem Guarda. Em 1965, passaram a fazer
gravações vocais e lançaram o LP "Jet Black's", no qual se destacaria a
regravação do clássico do rock norte-americano "Suzie Q", de Dale
Hawkins. Ainda no mesmo ano, gravaram aquele que seria seu maior
sucesso: "Tema para jovens namorados", versão para "Theme for Young
Lovers", lançado em compacto que incluía também "Suzie Q".

Em 1968, o grupo gravou com o cantor Reginaldo Rossi o álbum "O


Quente". No mesmo ano, o guitarrista Alemão parte para os Estados Unidos
e ingressam na banda o compositor e arranjador Osvaldo Luís Posi (ex-Nim
and His Boys) e o tecladista Renato Mendes. Com essa nova formação, o
The Jet Black's grava o LP "Sempre". Com o declínio da Jovem Guarda, no
final dos anos 1960, o grupo entrou em crise apresentando várias
formações, sempre em torno de Jurandi. Na década de 1970, caiu no
ostracismo e encerrou as suas atividades, somente retomadas no início da
década seguinte, com a revitalização do rock no Brasil.

Em 1982, os remanescentes do grupo, Jurandi e Guilherme, assinaram com


a Som Livre e lançaram o LP "Rides Again", esta formação contava com
Rodolfo Ayres Braga no Baixo Elétrico e Ricardo Melchior na Guitarra Solo,
com novas versões para sucessos da década de 1960. Em 1998, Douglas
Dotta, filho de Guilherme, retomou o trabalho do grupo. Participaram das
comemorações referentes aos 30 anos da Jovem Guarda, regravando
"Apache" para a caixa de CDs "30 anos da Jovem Guarda", lançada pela
PolyGram, em 1995. Morte de Jurandi Trindade - Em 2003, com uma nova
formação, o grupo lança o álbum "The Jet Black's Instrumental", que
marcaria um novo retorno do grupo às atividades. Porém, em 13 de julho
de 2004, morre Jurandi Trindade - o único membro que participou de todas
as formações - e, assim, encerra-se a carreira do lendário grupo.

Os Carbonos

Os Carbonos foram uma banda formada durante a década de 1960 em São


Paulo e uma das primeiras a fazer cover dos sucessos internacionais.
Usaram os nomes The Witchcraft e Os Quentes antes de adotarem o nome
Os Carbonos, em 1966. Integrantes: Raul Carezzato Sobrinho - vocal e
percussão Umberto Carezzato Sobrinho - baixo, piano, gaita e vocal Mario
Bruno Gonçalves Carezzato - teclado, órgão, piano e vocal Antônio Carlos
de Abreu - bateria e percussão Ricardo Fernandes de Moraes - guitarra solo,
violão e viola Igor Edmundo - guitarra base e violão. Os irmãos Carezzato
eram sobrinhos dos Trigêmeos Vocalistas'. Também foram banda de apoio
para diversos artistas, entre eles Paulo Sérgio, Wanderley Cardoso, Nelson
Ned, Morris Albert e João Mineiro & Marciano.

Os Incríveis e o Milionário!

A banda, que fez grande sucesso entre os anos 60 a 70, foi formada em
São Paulo pelos músicos Domingos Orlando, o "Mingo", Waldemar Mozena,
o "Risonho", Antônio Rosas Sanches, o "Manito", Luiz Franco Thomaz, o
"Netinho" e Lídio Benvenutti Júnior, o "Nenê". Iniciaram sua trajetória com
o nome The Clevers e, em seus shows, tocavam principalmente twist, estilo
em moda no início da década de 1960. O sucesso veio durante o período da
Jovem Guarda, quando o grupo alterou o nome após romper com o
empresário Antonio Aguilar, que era o dono da marca The Clevers. Com a
mudança de nome, começou a fazer sucesso com canções populares como
"Era um Garoto Que, Como Eu, Amava os Beatles e os Rolling Stones",
versão brasileira da música italiana C’e come um regazzo me amava Beatles
e Rolling Stones, de Gianni Morandi, "O Milionário" e "Eu Te Amo, Meu
Brasil, que foi exaustivamente tocada para enaltecer o período da Ditadura
Militar durante o governo do General Médici. Ao longo dos anos de 1970,
ex-integrantes dos Incríveis formariam outras importantes bandas do rock
brasileiro, Netinho montou a banda Casa das Máquinas e Manito juntamente
com Pedro Baldanza e Pedro Pereira da Silva formaram o famoso grupo
progressivo Som Nosso de Cada Dia. Entre 2001 e 2005 o grupo voltou a se
reunir em algumas ocasiões. Domingos Orlando, "Mingo" - (voz e guitarra).
Falecido em 15 de junho de 1995, aos 52 anos; Waldemar Mozena,
"Risonho" - (guitarra), falecido em 05 de agosto de 2019 aos 75 anos;
Antônio Rosas Sanches, "Manito" - (teclados, vocal e sax), falecido em 9 de
setembro de 2011, aos 68 anos; Lídio Benvenutti Júnior, "Nenê" - (baixo),
falecido em 30 de janeiro de 2013 aos 65 anos.

The Fevers, os Reis dos Bailes!

Uma banda que foi formada em 1964 com o nome de The Fenders, com a
participação de Almir Bezerra (vocais e guitarra), Liebert (contrabaixo),
Lécio do Nascimento (bateria), Pedrinho (guitarra), Cleudir (teclados) e
Jimmy Cruise (vocais). Em 1965, Jimmy saiu do grupo e os membros
remanescentes decidiram mudar o nome para The Fevers, foi quando
entraram mais dois componentes, Miguel Plopschi em 1965 e Luiz Claudio
em 1969. A banda fez muito sucesso na segunda metade da década de
1960 e início da década de 1970. O grupo foi eleito o melhor conjunto para
bailes em 1968 e lançou um LP chamado Os Reis do Baile. Em 1982 a
música Elas por Elas (Augusto César e Nelson Motta) entrou na abertura da
novela da TV Globo colocando o grupo como um dos grandes vendedores de
discos e de shows do país. Em 1983, outra abertura de novela: a música
Guerra dos Sexos (Augusto César e Cláudio Rabello) trouxe um público
mais jovem a conhecer o trabalho do grupo. O componente Miguel Plopschi
se desliga da banda e assume a direção artística da gravadora BMG nessa
época. Em 1984, ao fazerem participação especial no LP da recém-criada
banda infantil Trem da Alegria, ajudaram a alçá-la ao estrelato, sendo parte
fundamental na composição da lendária música Uni Duni Tê, uma das
melhores músicas infantis já criadas no Brasil, com a interpretação do
vocalista Augusto Cesar.

Um dos momentos mais importantes na carreira dos Fevers foi em 2008, o


Concerto “FEVERS INTERNATIONAL TOUR”, no Ontário Place, em Toronto e
em Mississauga, Canadá , onde foram homenageados pela comunidade
portuguesa canadense. A turnê internacional teve seqüência em Julho de
2009, e o The Fevers se apresentaram novamente no Canadá. Desta vez
com maior destaque no Chin Radio Pic Nic, considerado o maior pic nic ao
ar livre do mundo, o evento reuniu uma platéia de mais de 150.000 pessoas
no Ontário Place em Toronto. Apresentaram-se novamente em Mississauga
e em Winnipeg, todos os concertos tiveram lotação esgotada. Isso graças
ao trabalho da Banda The Fevers e do bom relacionamento que a Marinho
Produções mantinha com a comunidade empresarial internacional.

Pholhas, grande sucesso em Inglês

Criada em São Paulo, Os Pholhas começou em 1969 contando com Helio


Santisteban (teclado), Paulo Fernandes (bateria), Oswaldo Malagutti (baixo)
e Wagner "Bitão" Benatti (guitarra), com os quatro se revezando nos
vocais. Começaram fazendo covers de bandas dos Estados Unidos e
Inglaterra e passaram a compor também em inglês. Seus primeiros hits
foram a música "My Mistake", cuja letra com aparência "água com açucar",
conta a história de um assassinato passional, mas retomando a tradição do
blues primitivo de usar tragédias cotidianas para refletir sobre a significação
da vida); compacto esse que chegou ao primeiro lugar das paradas,
vendendo 400 mil cópias em apenas três meses. Outros grandes sucessos
foram "She Made Me Cry", "I Never Did Before" e "Forever", todas atingindo
vendagem superior a 300 mil cópias. Em 1975, o álbum de estréia foi
lançado no mercado hispânico com o título de "Hojas", dando ao grupo mais
um Disco de Ouro. Em 1977 o grupo mudou de estilo, lançando o LP "O
Som das Discotheques", com covers dos principais sucessos do gênero, e
chegando a 150 mil cópias vendidas.

Logo em seguida, Hélio Santisteban resolveu seguir carreira solo e em seu


lugar entrou Marinho Testoni, ex-Casa das Máquinas. Isso levou a outra
mudança no grupo, que lançou um disco de rock progressivo, e pela
primeira vez com letras em português. O disco vendeu bem menos que os
anteriores, mas tornou-se cult para um segmento de público.

Em 1978 foi Oswaldo Malagutti quem deixou a banda, sendo substituído


pelo baixista João Alberto, também ex-"Casa das Máquinas". Malagutti criou
com Santisteban o Estúdio MOSH (acrônimo de seus nomes) e até hoje
trabalha com produção e masterização de CDs e DVDs musicais.

Em 1980 Hélio Santisteban retornou ao grupo, que retomou a tradição de


cantar e compor em inglês, lançando então o LP "Memories". Poucos meses
depois, com a saída de Marinho, o Pholhas chegou à seguinte formação:
Bitão (guitarra), Paulo Fernandes (bateria), Hélio Santisteban (teclados) e
João Alberto (baixo).

No final de 2007 Hélio Santisteban deixa definitivamente a banda, a partir


de então Bitão, Paulinho e João Alberto resolvem não ter mais um tecladista
fixo e sim um tecladista especialmente convidado para cada apresentação.
Essa formula deu tanto certo que virou um atrativo a mais dos shows. Ainda
na estrada, a banda PHOLHAS continua apresentando espetáculos em todo
o Brasil e exterior, com recriações de sucessos do rock inglês e norte-
americano, especialmente de Bee Gees, Creedence Clearwater Revival, Elvis
Presley, Rolling Stones e Beatles. No dia 26/08/2018 o tecladista e vocalista
Helio Santisteban morreu aos 69 anos da idade.

Lee Jackson, Hey Girl

A banda Lee Jackson foi criada em São Paulo no início dos anos 70 e fez
bastante sucessos no Brasil a princípio com um compacto que tinha a
música Hey Girl. Essa música tocou muito no rádio e eu, com 12 ou 13 anos
de idade, não deixava de levar o meu disco para tocar nos bailes
promovidos pelos meus tios. Eles questionam muito porque era em inglês,
música internacional. Foram os precursores do samba-rock. A banda era
composta por Dudu França, Luiz Carlos Maluly e Marcos Maynard. Desses
três, dois (Luiz e Marcos) se tornaram grandes executivos de gravadoras,
em Portugal, México e Brasil. Em 1979 a banda se desfez pelo grande
sucesso individual de seus integrantes, de forma que todos se tornaram
grandes produtores musicais da cena brasileira. O último álbum lançado
pela banda foi “A Era dos Super Heróis”, lançado em 1979 pela Philips. A
faixa-título “Essa era a era que já era. Era dos super-heróis!” estourou nas
rádios brasileiras naquele ano e virou até clipe no programa Os Trapalhões.
Em 1992, a banda Dominó também gravou um cover dessa faixa. O álbum
conta com diversas versões de clássicos da música popular brasileira.
Destaque para “Zazueira” de Jorge Ben, “Fé Cega, Faca Amolada” de Milton
Nascimento, “Sá Marina”, entre tantos outros. O álbum é incrível sob vários
aspectos, a começar pela capa, com inspirações nos heróis dos quadrinhos.
Sonoramente, foi algo pioneiro, apesar de também interpretarem canções
já existentes, mas a adaptação ao samba-rock foi precursora.

CAPÍTULO IV

Anos 70: surgem as bandas pioneiras do Rock Nacional

O início dos anos 70 foi muito turbulento e violento. No auge da repressão


imposta pela Ditadura Militar, tudo e todos que não se enquadravam no
padrão de submissão à "ordem", imposta na base da prisão, tortura e
assassinatos eram tidos como subversivos e o lema era "Brasil, Ame-o ou
Deixe-o". Músicos como Gilberto Gil e Caetano Veloso ficaram exilados
(1969-1972) em Londres. Também tivemos grandes acontecimentos, como
a Feira Experimental de Música de Nova Jerusalém, um festival de música
alternativa, fora do circuito comercial, considerado o Woodstock brasileiro,
em 1972. Nesse período também surgem os grandes nomes do nosso rock,
como a própria Rita Lee, que iniciou sua carreira solo após sair dos
Mutantes no final de 1972. Acompanhada da banda Tutti Frutti lançou um
dos seus melhores discos, o álbum Fruto Proibido (1975), disco que conta
com os sucessos "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e
"Ovelha Negra".

Em 1973 é a estréia da banda Secos & Molhados, que já foram citados aqui,
e também do "maluco beleza" Raul Seixas. Raul, um amante do rock´n roll
e muito influenciado por Elvis Presley, teve seu primeiro conjunto, Raulizito
e Os Panteras, na Bahia. No início de sua carreira solo, Raul Seixas, em
poucos dias, vendeu cerca de 600 mil cópias do seu compacto simples
"Ouro de Tolo".
Foi também o período das realizações de grandes festivais, que além de
bandas e músicos do rock nacional, também reunia destaques de outros
estilos musicais. Inspirados no Festival de Woodstock, surgem eventos
similares no país, como o Festival de Verão de Guarapari, realizado em
1971 na cidade de Guarapari. Em 1975, acontece o Festival de Águas
Claras, na Fazenda Santa Virgínia, em Iacanga, interior de São Paulo; o
festival Banana Progressiva, realizado no Teatro da Fundação Getúlio
Vargas, em São Paulo; o Hollywood Rock, patrocinado pela companhia
Souza Cruz, no Rio de Janeiro. Deste último, participaram os grupos
Vimana, O Peso, Rita Lee & Tutti Frutti, além dos cantores Erasmo Carlos,
Raul Seixas e os irmãos Celly e Tony Campelo. As apresentações foram
registradas no documentário Ritmo Alucinante, lançado no mesmo ano.

No final da década, apesar de poucos representantes jovens na música


brasileira, surgem alguns grupos que incorporavam elementos da MPB, do
Tropicalismo e do Clube da Esquina, porém com uma nova linguagem. Entre
esses conjuntos estão a banda A Cor do Som, que tinha Armandinho
Macedo (filho de Osmar Macedo da dupla Dodô e Osmar) que resgatou o
pau elétrico, agora com o nome de guitarra baiana. A Cor do Som foi
apadrinhada por Gilberto Gil, Caetano Veloso e pelos Novos Baianos.
Também o grupo 14 Bis, banda de Flávio Venturini, recém saído de O Terço,
que foi acolhido pelo Clube da Esquina, de Lô Borges, Milton Nascimento.
Outro exemplo é a banda Roupa Nova, originado da banda Os Famks, que
era formada por músicos experientes em bailes desde a década de 1960.
Ambos tornaram-se conhecidos nacionalmente entre 1979 e 1980.

Os Mutantes e o Rock Psicodélico...

Uma super banda formada durante o Movimento Tropicalista, em São Paulo


no ano de 1966 por Arnaldo Baptista (baixo, teclado, vocal), Rita Lee
(vocal) e Sérgio Dias (guitarra, baixo, vocal). Também participaram do
grupo Liminha (baixista) e Dinho Leme (bateria). O nome da banda veio
quando eles se apresentaram no programa O Pequeno Mundo de Ronnie
Von da TV Record. O grupo foi batizado como Mutantes pelo próprio Ronnie
Von, antes da estréia na TV. Antes, a banda chamava-se Os Bruxos,
originado do livro O Império dos Mutantes, de Stefan Wul.

Os Mutantes, considerado um dos principais grupos do rock brasileiro,


também foram muito influenciados pelas performances de bandas como The
Beatles, Jimi Hendrix e Sly & the Family Stone. Foram gravados seis álbuns
(tendo o primeiro, de 1968, como uns dos álbuns mais importantes da
história da música brasileira), que deram origem a hits como "A Minha
Menina", "Dom Quixote", "Balada do Louco", "Dois Mil e Um" e "Ando Meio
Desligado". Entre 1968 e 1972, Rita Lee foi casada com o companheiro de
banda Arnaldo (o divórcio seria assinado somente em 1977). Uma banda
muito irreverente, fez uma grande mistura do rock and roll com elementos
musicais e temáticos brasileiros.

A banda foi responsável por várias inovações técnicas e sonoras que, até
então, eram desconhecidas ou pouco usadas pela indústria fonográfica no
Brasil. Um dos maiores responsáveis por tais inovações foi Cláudio César
Dias Baptista, irmão mais velho de Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. Foi
Cláudio César quem construiu, por exemplo, a "Guitarra de Ouro" usada por
Sérgio Dias em quase todos os discos dos Mutantes, e o baixo Regvlvs
usado primeiro por Arnaldo e posteriormente por Liminha. Outros
equipamentos, como amplificadores, caixas e mesas de som, assim como
pedais de efeito também foram projetados e construídos por Cláudio César
para uso da banda. Após seu desligamento dos Mutantes, Cláudio César
escreveu um livro sobre gravações em estúdio e começou a comercializar
seus equipamentos sob a marca CCDB, prosseguindo no campo da
eletrônica e engenharia de áudio até a década de 80. Em 2006, a banda se
reuniu, sem Rita Lee ou Liminha, mas contando com a presença de Arnaldo
Baptista e com Zélia Duncan nos vocais. No ano seguinte, Arnaldo e Zélia se
desligaram da banda, que foi recomposta com outros músicos e continua a
fazer shows sob a liderança de Sérgio Dias, único membro restante da
formação original.

O Terço, trilhou pelo Progressivo

Banda que iniciou sua trajetória em 1968 no Rio de Janeiro pelos músicos
Jorge Amiden (guitarra), Sérgio Hinds (baixo) e Vinícius Cantuária (bateria).
Inicialmente, o nome escolhido tinha sido "Santíssima Trindade", mas para
evitar atritos com a Igreja Católica, foi adotado "O Terço". No começo das
apresentações, a banda tocava rock clássico, mas influenciados pela onda
da época, começou a tocar rock progressivo com misturas ao rock rural e
pop já executados pela banda, o que acabou destacando e caracterizando o
som e a diversidade musical do O Terço.

O disco de maior sucesso foi o LP Criaturas da Noite, um clássico do rock


nacional. Época na qual a banda contava com Hinds, Moreno, Magrão e
Flávio Venturini (teclados, viola, vocal). Apesar de ser o disco mais famoso
do Terço, estranhamente até hoje a única edição em cd deste disco foi da
versão em inglês lançada em 1976 visando o mercado externo. Em 1976
lançam Casa Encantada, com a participação de César das Mercês desta vez
na flauta. Logo após Venturini deixa a banda, que lança mais três discos,
desta vez optando por uma sonoridade mais MPB. Deixam de gravar por um
bom tempo, retornando em 1993 com Time Travellers, desta vez com
Sérgio Hinds (vocal, guitarra), Luiz de Boni (teclados), Andrei Ivanovic
(baixo) e Franklin Paolillo (bateria). Em 94 sai mais um disco, desta vez
gravado ao vivo com uma Orquestra Sinfônica!

Som Nosso de Cada Dia, do Progressivo ao Funk...

Algumas bandas reivindicam que foras as primeiras a se apresentar com os


rostos pintados. É o caso do Som Nosso de Cada Dia, que começou com o
nome de CABALA em 1970 com membros dos Incríveis. Mas pouco tempo
depois, influenciados pelo "Capitão Fuguete", pseudônimo de Paulinho
Machado, figura destacada no meio artístico, poeta e historiador musical,
resolvem trocar o nome da banda para SOM NOSSO DE CADA DIA - título
de um poema feito por ele. O primeiro show feito com este nome foi no
ginásio do Ibirapuera no Kohoutek Festival em 1973.

O primeiro álbum da banda "Snegs", muito progressivo e um dos primeiros


no estilo a ser gravado no Brasil, foi lançado em 1974. Nesse momento a
banda fez os 5 shows de abertura da grande turnê de Alice Cooper com
público avaliado em 140.000 pessoas, o que na época foi um grande
fenômeno.

Apesar do sucesso relativo, Manito resolve deixar a banda no final de 1975,


que passa a contar com Tuca (teclados) e Egídio Conde (guitarras). Com
esta formação lançam mais um disco em 1977, Som Nosso
(Sábado/Domingo), no qual adotaram uma sonoridade funk. Muitos
especialistas avaliam que este disco é um marco do movimento funk
carioca, contendo inclusive uma música que deu nome à uma icônica banda
carioca de funk - Black Rio. Após mais algumas andanças, a banda encerra
as atividades com um show na Bahia em 1977 - gravado em tape e
disponível no circuito dos "colecionadores" - desta vez com a seguinte
formação: Pedrinho, Pedrão, Ricardo Cristaldi (teclados) e Luciano Soares
(guitarras). Em 1996 lançam o "Live 94", registro de um show ao vivo
acontecido nos dias 01 e 02 de outubro de 1994 no Centro de Cultura de
São Paulo, onde os veteranos Manito, Pedrão e Pedrinho, acrescido de
Homero Lotito nos teclados e Jean Trad nas guitarras nos dão uma
verdadeira aula de boa música.

Toca Raul, o Maluco Beleza!

Também considerado o Pai do Rock Brasileiro, Raul Santos Seixas, nasceu


em Salvador, no dia 28 de junho de 1945. Sua obra musical é composta por
dezessete discos lançados durante 26 anos de carreira. Com estilo próprio e
nordestino, que misturou rock e baião, mostrou esse experiência na música
Let me Sing, Let me Sing. Suas músicas tocaram exaustivamente (ainda
bem), entre os anos de 1973 e 1975, início da sua carreira: músicas como
Ouro de Tolo, Mosca na Sopa e Metamorfose Ambulante, do álbum Krig-ha,
Bandolo!

Raul também foi produtor musical da CBS, durante sua estada na cidade do
Rio de Janeiro, tendo produzido discos para Tony & Frankye, Osvaldo
Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade
enorme de músicas para os colegas da gravadora. Algumas de muito
sucesso, como Doce doce amor (Jerry Adriani), Ainda Queima a
Esperança(Diana) e Se ainda existe amor (Balthazar).

Sua Sociedade Alternativa foi lançada em 1974 no álbum Gita, sob


influência de nomes como o ocultista britânico Aleister Crowley, que
também é reverenciado pelo Black Sabath...Mr. Crowley. Seu grande
parceiro em letras que falam sobre ocultismo, filosofia entre outros temas
relacionados foi Paulo Coelho. Eles "criaram" a Sociedade Alternativa, uma
sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley,
praticamente repetindo o chamado Livro da Lei. O cantor foi levado pelo
escritor a conhecer uma ordem filosófica baseada na Lei de Thelema,
desenvolvida por Crowley. A Sociedade Alternativa, com sede alugada,
papel timbrado e relatórios mensais, chegou a anunciar a aquisição de um
terreno em Minas Gerais, para a construção da Cidade das Estrelas, uma
comunidade onde a única lei era: “Faz o que tu queres, há de ser tudo da
lei.” Em todos os seus shows, Raul divulgava a Sociedade Alternativa com a
música de mesmo nome. A obsessão de Raul Seixas e Paulo Coelho em
construir “uma verdadeira civilização thelêmica”, evidentemente, trouxe
problemas com a Censura. A letra da música "Como Vovó já Dizia"
composta pelos dois, teve de ser mudada. Logo no show de lançamento, a
polícia apreendeu o gibi/manifesto "A Fundação de Krig-Ha" e o queimou
como material subversivo. A Ditadura, então, através do DOPS
(Departamento de Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando
que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo.

Nos anos 80, continuou produzindo álbuns que venderam bem, como Abre-
te Sésamo (1980), Raul Seixas (1983), Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!
(1987) e A Panela do Diabo (1989), esse último em parceria com o também
baiano e amigo Marcelo Nova. Sua obra musical tem aumentado
continuamente de tamanho, na medida em que seus discos (principalmente
álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do
rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos
últimos anos. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista
dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul
Seixas na 19.ª posição, superando nomes como Milton Nascimento, Maria
Bethânia, Heitor Villa-Lobos e outros. No ano anterior, a mesma revista
promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde dois
de seus álbuns apareceram: Krig-ha, Bandolo!, na 12.ª posição e Novo
Aeon, na 53.ª posição.

No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical,
totalizando 50 apresentações pelo Brasil. Durante os shows, Raul mostra-se
debilitado. Tanto que só participa de metade do show, a primeira metade é
feita somente por Marcelo Nova. Na manhã do dia 21 de agosto, Raul
Seixas foi encontrado morto sobre a cama, por volta das oito horas da
manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca.

O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco


de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova,
tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira. Raul foi
velado pelo resto do dia no Palácio das Convenções do Anhembi. No dia
seguinte seu corpo foi levado por via aérea até Salvador e sepultado às 17
horas, no Cemitério Jardim da Saudade. Toca Raul, para sempre!

A Revolução Visual e Astral dos Secos e Molhados!

Formada em 1973, os Secos & Molhados que, além do rock progressivo,


tocavam canções que misturavam MPB, danças e canções do folclore
português como o Vira. A formação original da banda foi João Ricardo
(vocais, violão e harmônica), Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad
(vocais e violão). Seu álbum de estréia, Secos e Molhados I (1973), foi
possível graças às tais performances que despertaram interesse nas
gravadoras, e projetou o grupo no cenário nacional, vendendo mais de 700
mil cópias no país. Desentendimentos financeiros fizeram essa formação se
desintegrar em 1974, ano do Secos e Molhados II, embora João Ricardo
tenha prosseguido com a marca em Secos & Molhados III (1978), Secos e
Molhados IV (1980), A Volta do Gato Preto (1988), Teatro? (1999) e
Memória Velha (2000), enquanto Gérson continuou a tocar sozinho. Do
grupo, Ney Matogrosso é o mais bem-sucedido em sua carreira solo, e
continua ativo desde Água do Céu - Pássaro (1975).

Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada entre as


bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então
para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos
80. Seus dois álbuns de estréia incorporaram elementos novos à MPB, que
vai desde a poesia e o glam rock ao rock progressivo, servindo como
fundamental referência para uma geração de bandas underground que não
aceitavam a MPB como expressão. O grupo continua a ganhar atenção das
novas gerações: em 2007, a Rolling Stone Brasil posicionou o primeiro LP
em quinto lugar na sua lista dos 100 maiores discos da música brasileira e
em 2008 a Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock
Iberoamericano o colocou na 97ª posição.

O primeiro disco dos Secos & Molhados, um grande sucesso...

Rita Lee, a Rainha do Rock Nacional

Rita Lee Jones de Carvalho, nasceu em São Paulo no dia 31 de dezembro de


1947. Destaque no rock nacional e reconhecida com a Rainha, Rita Lee
alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos, sendo a quarta artista
mais bem-sucedida neste sentido no Brasil, atrás de Tonico & Tinoco,
Roberto Carlos e Nélson Gonçalves. Trata-se de uma das mulheres mais
influentes no Brasil e neste ano (2021) foi homenageada com uma grande
Exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.
Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1966-1972) e do Tutti Frutti (1973-
1978), ela participou de importantes revoluções no mundo da música e da
sociedade. Suas canções, em geral carregadas com uma ironia ou
reivindicações da independência feminina, tornaram-se freqüentes nas
paradas de sucesso, sendo "Ovelha Negra", "Mania de Você", "Lança
Perfume", "Agora Só Falta Você", "Baila Comigo", "Banho de Espuma",
"Desculpe o Auê", "Erva Venenosa", "Amor e Sexo", "Reza", "Menino bonito"
, "Flagra" e "Doce vampiro", entre outras, as mais populares. O álbum,
Fruto Proibido (1975), lançado juntamente com a banda Tutti Frutti, é
comumente visto como um marco fundamental na história do rock
brasileiro, considerado por alguns como sua obra-prima. É casada desde
1976 com o guitarrista Roberto de Carvalho, o qual tem sido seu parceiro
na maioria de suas canções e a acompanhou em todas apresentações ao
vivo. Ambos tiveram três filhos, entre eles Beto Lee, também guitarrista,
que acompanha os pais nos shows. Rita Lee também é vegetariana e
defensora dos direitos dos animais. Em outubro de 2008, a revista Rolling
Stone promoveu a Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira, onde
Rita Lee ocupa o 15° lugar.

A rainha do rock brasileiro ganhou uma exposição no MIS em São


Paulo, em 2021..

Tutti Frutti, a banda do Carlini


Outra banda nascida no berço do rock paulistano, o bairro da Pompéia, Tutti
Frutti foi criada em 1973 pelo guitarrista Luis Sérgio Carlini, a banda foi o
grupo de apoio de Rita Lee, após a saída da cantora dos Mutantes. Com ela
tornaram-se um dos grandes nomes do rock brasileiro na década de 70 e
gravaram 4 álbuns de estúdio - Atrás do Porto Tem uma Cidade, Fruto
Proibido, Entradas e Bandeiras e Babilônia, 2 álbuns ao vivo - Hollywood
Rock e Refestança, em parceria com Gilberto Gil, e várias músicas de
sucesso nacional, como "Mamãe Natureza", "Agora Só Falta Você", "Esse Tal
de Roque Enrow", "Luz del Fuego", "Ovelha Negra", "Corista de Rock", "Miss
Brasil 2000" e "Jardins da Babilônia". No final de 1978, Carlini levaria
consigo o nome da banda, recrutando novos integrantes, como o vocalista
Simbas, e lançariam, ainda, mais 1 álbum de estúdio: Você Sabe Qual o
Melhor Remédio. Com a fraca recepção do novo disco, o grupo encerraria
suas atividades em 1981. Em 1997, volta com nova formação, trazendo
Carlini e Franklin Paolillo de sua formação mais conhecida, além da vocalista
Helena Theodorellos. Com esta formação apresentar-se-iam até 2008,
quando a vocalista sai do grupo. Então, com a entrada da vocalista Sol
Ribeiro, o grupo continua se apresentando até os dias de hoje.

A Irreverência teatral do Joelho de Porco

O Joelho de Porco não foi exatamente uma banda de rock, mas conquistou
muitos fãs entre nós. Foi um grupo que deu muita ênfase ao espetáculo
teatral em suas músicas que também tinham muito rock e uma grande
mistura com ritmos latinos, música sertaneja, samba, etc. Sua formação
sofreu muitas variações com o passar dos anos (só perdem para o Made in
Brazil) girando em torno de Próspero Albanese (vocal, ocasionalmente
bateria) e Tico Terpins (violão, guitarra e vocal). Passarem pelo Joelho Billy
Bond, Ricardo Petraglia, Conrado Assis, Flávio Pimenta, Mozart de Mello...
Discografia: São Paulo - 1554/Hoje (1975), 45 rpm (1977), Joelho de Porco
(1978), Saqueando a Cidade (1983), 18 Anos sem Sucesso (1987).

Patrulha do Espaço, contou com grandes nomes...

Formada em meados da década de 70 como banda de apoio à Arnaldo


Batista, ex- Mutantes, para e época era considerada uma banda que fazia
um som pesado.Passaram pelo Patrulha Sérgio Dias (guitarra), Percy Weiss
(ex-Made in Brazil - vocal) John Flavin (guitarra), Oswaldo Cokinho (baixo),
Rolando Castelo Júnior (bateria) e Guina Martins (teclados). Existem
também dois discos gravados na época em que estavam com Arnaldos,
chamados "O Elo Perdido" e "Faremos uma noitada excelente" (gravado em
vivo em 13/05/78). Entre 1978 e 1983 lançaram quatro discos, todos com o
nome de Patrulha do Espaço. A banda possui trabalhos lançados pelo selo
Baratos Afins, como já foi mencionado na entrevista com o produtor e
proprietário da loja Luis Calanca.

CAPÍTULO V

O Movimento Punk e o resgate do Rock In Natura...

A Zona Norte de São Paulo, especificamente a Vila Carolina, foi o berço do


Punk Rock no Brasil. Além dos Inocentes, outras bandas importantes foram
criadas na região sob a influência da onda internacional que saiu dos EUA
com The Stooges, Dead Kennedys e foi para Londres com o fulminante Sex
Pistols. O que interessava era fazer rock na sua essência e como diz
Clemente, vestir novamente a Jaqueta de Couro. No final dos anos 70, além
da Carolina, começaram a aparecer muitos espaços pequenos onde as
bandas se apresentavam. Região do ABC, Pirituba e Vila Nova Cachoeirinha.
Inclusive fui em alguns eventos...No grande ABC a rapaziada que curtia
punk rock era, em sua grande maioria, formada por metalúrgicos, já que a
região era e ainda é um grande pólo industrial. Por isso muitos deles
utilizavam as famosas botas com biqueiras de aço. Uma verdadeira arma
quando saiam as "tretas". Infelizmente muitas festas acabaram em
confusão e confronto entre os punks do ABC e de São Paulo.
O grande Festival de Punk no Sesc Pompéia que começou a
repercutir o Punk Rock em SP e no Brasil

Cólera, mais uma banda na cena da Vila Carolina..

A banda foi fundada em 1979 por Helinho, na guitarra; Redson Pozzi no


baixo e Carlos Lopes Pozzi (Pierri) na bateria. A banda era para ter sido
chamada de Alcatraz no início, título de uma música do álbum RAZAMANAZ,
do Nazareh. O Cólera não era uma banda genuinamente punk, já que
tocava blues e tinha talvez alguma pretensão de fazer hard-rock. Além de
ser uma banda em busca de um estilo musical, também estava preocupada
em produzir as suas letras.E m 1982, participaram da compilação Grito
Suburbano com as bandas Inocentes e Olho Seco. Nesse mesmo ano,
participam do festival O Começo do Fim do Mundo no SESC Pompéia em
São Paulo, e participam das compilações internacionais em K7 Punk Is... e
Hardcore or What? do selo XCentric Noise Records.

Em 1983, Redson cria o selo Estúdios Vermelhos e lança a compilação SUB,


que conta com o Cólera, além das bandas Ratos de Porão, Psykóze e Fogo
Cruzado. Nesse mesmo ano, participam do álbum-compilação internacional
Beating the Meat do selo XCentric Noise Records e em 1984, lançam a
demo-tape 1.9.9.2.. Em 1985, Redson muda o nome do selo para Ataque
Frontal e lança o álbum de estréia do Cólera, Tente Mudar o Amanhã. No
mesmo ano o show de lançamento do álbum no Lira Paulistana é gravado, e
sai no formato split-LP com a banda Ratos de Porão e o selo também lança
a compilação Ataque Sonoro que inclui músicas da banda. Em 1986, lançam
o álbum Pela Paz em Todo Mundo, que foi um recordista de vendas em se
tratando de um produção independente: 85 mil cópias, e participam da
compilação internacional Empty Skulls, vol. 2 do selo Fartblossom
Enterprizes. Também sai pelo selo Hageland Records, o EP Dê o Fora.

Em 1987, lançam o EP É Natal!!? e tornaram-se a primeira banda de punk


rock do Brasil a excursionar pela Europa, num circuito alternativo, pelo
underground punk europeu, tocando em squats com bandas como a alemã
Inferno e a inglesa Disorder, entre outras. Voltam para o Brasil sem
dinheiro e param de lançar seus álbuns independentes. Isso faz com que os
próximos álbuns só saiam em 1989, quando foi lançado o álbum ao vivo
European Tour '87 e o vídeo 20 Minutos de Cólera, ambos com gravações
dos shows da turnê européia, lançados pela A. Indie Records. Também é
lançado esse ano, o álbum de estúdio Verde, Não Devaste! pela Devil
Discos.[1] Durante esse intervalo entre os álbuns fazem diversos shows
com a banda brasiliense Plebe Rude.

Em 1992, é lançado o álbum Mundo Mecânico, Mundo Eletrônico pela Devil


Discos, que conta com a regravação da música "1.9.9.2." do primeiro
álbum. Somente em 1998, foi lançado um novo álbum, Caos Mental Geral.
Em 2000, a banda ficaria em evidência com a regravação da música "Medo"
pelo Plebe Rude em seu álbum ao vivo Enquanto a Trégua não Vem, e pela
regravação da música "Quanto Vale a Liberdade?" pelos Inocentes em seu
álbum O Barulho dos Inocentes.

Em 2002, é lançado o álbum 20 Anos ao Vivo, e em 2004 o álbum de


estúdio Deixe a Terra em Paz!. Em 2006, é lançado o álbum Primeiros
Sintomas com gravações de 1979 e 1980. Nesse ano, o baixista Fábio sai
da banda, sendo substituído pelo antigo baixista, Val. Em 2008, fizeram
outra turnê européia, comemorando os 29 anos de banda. Em 2009, deram
início a turnê 30 Anos Sem Parar! pelo Brasil, comemorando os 30 anos de
banda.

Em 2014 a banda passa por mais uma reformulação, entra Fábio Belluci
assumindo a guitarra no lugar de Cacá Saffioti. Com sangue novo
demonstra que veio pra fazer a diferença e gravar novo álbum Acorde
Acorde Acorde que está em produção e a banda pretende fazer lançamento
no inicio de 2017 pelo selo EAEO. Atualmente, o Cólera continua na ativa
com Pierre na bateria, Val no baixo, Fabio na guitarra e Wendel nos vocais.

Olho Seco, veio inspirada pelo Cólera

Banda formada em 1980 contou com ex-integrantes do Cólera e tem


história muito similar. Após ir a um ensaio do Cólera no bairro da Casa
Verde, em São Paulo, o vocalista Fábio Sampaio conheceu outra banda
chamada Osso Oco, que tinha Sartana como baterista. No final do ensaio
ele se dirige ao baterista e pede um ritmo para uma letra que tinha escrito.
Enfim, desse encontro juntaram se a Val Pinheiro e Redson Pozzi, que
assumiram o baixo e a guitarra. Nasce o Olho Seco. A idéia era gravar um
EP e depois acabar a banda pois Fábio Sampaio achava ruim que
integrantes tocassem em mais de uma banda ao mesmo tempo. Em 1982
participaram da coletânea Grito Suburbano e do festival O Começo do Fim
do Mundo, ambos marcos do início do movimento punk no Brasil. Em 1983
lançam o 7" EP Botas, Fuzis, Capacetes, que foi muito bem recebido e
rendeu à banda o convite para participar de diversas coletâneas
internacionais como Welcome to 1984, promovida pelo fanzine punk
Maximumrocknroll

Em 1985, seu 7" EP de estréia é reeditado em LP como um split com a


banda Brigada do Ódio. Em 1987, lançam o álbum Os Primeiros Dias..,
somente com gravações originais de demo-tapes de 1981 e 1982. Mais
tarde esse álbum é reeditado em CD, incluindo faixas de demo-tapes
gravadas em 1982 e 1983. Em 1988, lançam o 7" EP Fome Nuclear com o
estilo musical mais voltado para o Grindcore, que se vai ao extremo no seu
primeiro álbum Olho por Olho, pela Cogumelo Discos, em 1989. Algum
tempo depois a banda se desfaz. Em 1996, Fábio se junta a Mingau, Marcos
e Arnaldo e lançam o CD "Haverá Futuro?", com algumas músicas inéditas.
Após a gravação do CD, a banda para novamente.

Em meados de 1998, o Olho Seco volta à tocar, somente com Fábio da


formação antiga, além de Jeferson no baixo, Marcos na guitarra e André na
bateria (da banda Agrotóxico), se apresentando por diversas cidades no
brasileiras. Em 1999, fizeram pela primeira vez uma turnê européia, com 25
shows em 9 países, num total de 37 dias. O Olho Seco iniciou sua turnê em
Amsterdam na Holanda, seguindo para Alemanha, Suécia, Dinamarca,
Áustria, Eslovênia, Itália e Espanha, finalizando em Portugal.

Após seu retorno ao Brasil, o Olho Seco fez uma participação especial no
show de lançamento do álbum-tributo a eles, intitulado Tributo ao Olho
Seco, onde as mais expressivas bandas hardcore punk brasileiras, além de
Força Macabra da Finlândia e Cripple Bastards da Itália fizeram versões de
suas músicas. Nesse álbum, há uma música gravada pela formação original
da banda, composta especialmente para esse lançamento, chamada "Crise
da Fome".

Em 2000, o Olho Seco volta ao estúdio (pela primeira vez, ainda com a
formação original) para gravar uma participação no álbum-tributo à banda
finlandesa Rattus, editado pelo selo finlandês Fight Records. No mesmo ano,
os Inocentes registram uma versão de "Sinto", do Olho Seco, em seu disco
de covers "O Barulho dos Inocentes" até que a banda termina em 2005 por
problemas de saúde de Fábio Sampaio. Em 2011, o Olho Seco volta aos
palcos e participa do Festival Punk na Páscoa, no Hangar 110 em São Paulo.
Ratos de Porão, do punk ao thrash...

Destaque no estilo punk hardcore, a banda Ratos de Porão já tem 40 anos


de estrada e foi uma das mais bem sucedida, tanto no Brasil como no
Exterior. Foi fundada em 1981 com a explosão do movimento punk paulista.
João Carlos Molina Esteves (o Jão, vocalista e guitarrista) formou o Ratos de
Porão com seu primo Roberto Massetti (o Betinho, baterista) e Jarbas Alves
(o Jabá, baixista) no distrito de Jaguara. Em 1982 participam do festival O
Começo do Fim do Mundo, que reuniu vinte bandas no SESC Pompéia, em
São Paulo, tornando-se um marco do movimento punk brasileiro. Em 1983,
já com Mingau na guitarra, gravaram seu primeiro registro musical no split
SUB. Após o lançamento do álbum, Betinho decide sair da banda, fazendo
com que Jão passe para a bateria. O vocalista João Gordo, que conheceu a
banda durante as gravações da compilação, é convidado a entrar na banda
para assumir os vocais.

Em 1984, a música "Parasita" fez parte da coletânea internacional World


Class Punk, lançada em K7 pelo selo ROIR de Nova Iorque. Como na
maioria das coletâneas internacionais de bandas punks que foram lançadas
na época, e muitas traziam faixas de bandas do Brasil, só ficaram sabendo
de sua participação após seu lançamento, e até hoje não receberam
nenhum centavo pela participação, apesar da coletânea ter dado um bom
retorno financeiro. Apesar disso, serviu na época para divulgar o Ratos de
Porão pelo mundo. Muitos anos mais tarde essa coletânea foi relançada em
CD. Voltaram em 1985, com a formação original (Jão reassumindo os
vocais e guitarra, Jabá no baixo e Betinho na bateria) e gravaram um álbum
split com o Cólera, ao vivo no Lira Paulistana durante o show de lançamento
do LP Tente Mudar o Amanhã.

Fase Thrash Metal - Em 1984 lançam o álbum de estréia, Crucificados pelo


Sistema, um álbum pioneiro de hardcore. Segundo os membros do Ratos,
foi nessa época que os punks paulistanos começaram a chamá-los de
"traidores do movimento", já que o Ratos passou a tocar hardcore em
detrimento do punk mais tradicional tocado por outras bandas do contexto.
A época da gravação desse álbum coincidiu com o chamado "fim do
movimento punk de São Paulo", devido a brigas e rixas de gangues. Em
razão disso não houve show de lançamento do álbum e o Ratos de Porão se
desfez por um breve período.

João Gordo retornou à banda e em 1987 assinam contrato com a Cogumelo


Discos, gravadora que se tornou conhecida pelos lançamentos de Metal, e
lançam o álbum Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, em duas versões, uma
gravada em português e outra em inglês. Nessa época, também fazem o
primeiro show com bandas dos gêneros musicais punk e metal do Brasil,
com O Sepultura de Belo Horizonte. Esse show criou polêmica, pois devido a
rixas na época entre as duas tribos, comentou-se que iria haver brigas
durante a apresentação, mas o show ocorreu sem nenhum conflito. Devido
a divulgação de Cada Dia Mais Sujo e Agressivo no exterior, a banda assina
com a gravadora holandesa Roadrunner Records, e em 1989 gravam na
Alemanha, o álbum Brasil, produzido por Harris Johns, também em duas
línguas, com a capa desenhada pelo autor de quadrinhos underground
paulistano Marcatti, que alguns anos depois lançou duas edições do R.D.P.
Comix, uma revista de histórias em quadrinhos do Ratos de Porão.

Em 1990, gravam Anarkophobia, novamente na Alemanha, com o mesmo


produtor e mesmo desenhista de capa de Brasil, incluindo um cover de
"Commando" dos Ramones e realizam uma turnê européia para divulgação
do álbum. Em 1992 lançam o álbum RDP ao Vivo, gravado ao vivo em São
Paulo, com o baterista Boka (ex-Psychic Possessor) no lugar de Spaghetti,
que saiu da banda após a turnê européia.

Em 1993, gravam Just Another Crime in... Massacreland, o único álbum


com a maioria das músicas em inglês, com exceção de "Suposicollor" em
português, "Quando Ci Vuole, Ci Vuole!" em italiano e "Ultra Seven no Uta"
(uma versão da música-tema do seriado tokusatsu Ultraseven) em japonês.
Esse foi o álbum mais voltado para o thrash metal da banda, incluindo um
cover de "Breaking All the Rules" de Peter Frampton. Também gravam a
música "Videomacumba" para a coletânea No Major Babes do jornalista
Marcel Plasse, pela Caffeine Records. Em 1995, lançaram Feijoada
Acidente?, um tributo a bandas punk brasileiras e internacionais. O título é
uma paródia a The Spaghetti Incident?, disco do Guns N' Roses que
também é um tributo.

Banda Ultster, nome inspirado pelo IRA

Essa banda, muito "agressiva" e encapuzada, foi formada em São Bernardo


do Campo em 1979. Foi uma das primeiras no estilo hardcore punk.
Inicialmente se chamava M-19, mas trocaram o nome para Ulster inspirados
nos terroristas do IRA (Exército Republicano Irlândes), que tratavam
batalhas nas ruas de Ulster, na Irlanda. Sua formação: Betão na bateria,
Vladi no baixo, Luís na guitarra e Mauro no vocal.

A banda participou de duas compilações em K7: Decaptados e Contra Tudo


que é Comercial e Nada de Novo nos Oferece, ambas de 1982 e com a
presença das bandas Hino Mortal e Submundo. Também fizeram parte do
festival O Começo do Fim do Mundo, mas não quiseram participar do disco
gravado nesse festival porque, segundo eles, foram prejudicados quanto a
qualidade da gravação. Após 13 anos esse equívoco foi resolvido e a banda
entrou na versão CD com a música "Heresia". A banda se destacava das
demais na hora de se apresentar. Eles tinham uma performance totalmente
agressiva em cima do palco, pois sempre apareciam de capuz negro nos
rostos, parecendo verdadeiros terroristas. Em 1983, o Ulster encerrou seus
trabalhos devido principalmente aos rumos que o movimento punk paulista
havia tomado (as brigas entre gangs aumentavam a cada dia, não havia
mais shows e zines). Após o fim da banda Ulster, Betão foi tocar no
Varsóvia e Luís no Brigada do Ódio e Olho Seco.

Em 1994, o Ulster volta à ativa embalado pelo lançamento da compilação


ABC Hardcore '82 e do compacto M-19, com Vladi, Betão, Mauro e Rato (ex-
Hino Mortal). A partir dessa época houve a passagem de vários integrantes,
entre eles Fábio (Olho Seco), Hamilton Donà (Varsóvia) e Luís (guitarrista
da primeira formação), até se estabilizar com Vladi, Fábio, Thiago e Johnny.

Em 2000, lançaram o álbum Ulsterror pela Rasura Records, com todas as


demo-tapes de 1982 e 1983, incluindo 9 músicas no festival O Começo do
Fim do Mundo em 1982 . Ainda em 2000, lançaram o CD Aperte o Gatilho
com regravações de músicas da primeira fase, novas músicas e covers das
bandas Raw Power, Olho Seco e Negative Control, e conta com
participações de Fábio (Olho Seco), Borella (F.D.S.), Gepeto (Ação Direta),
entre outras pessoas. Em 2001 lançaram um split-CD com a banda
finlandesa Força Macabra. Em 2002 participam do festival A Um Passo do
Fim do Mundo em São Paulo. Recentemente, o baixista Thiago saiu da
banda, sendo substituído por Borella do F.D.S. Em 2013 a Terrotten lançou
o compacto "95/96" com 5 faixas gravadas com 3 membros da formação
original da banda (Vladi, Beto e Mauro ).

Plebe Rude, essa é de Brasília...

A Plebe Rude nasceu no começo dos anos 80 em Brasília e, como a maioria


das bandas locais, os temas de suas letras eram influenciados pela política,
ditadura...Época na qual a polícia invadia universidades para bater em
estudantes e professores, em que a censura proibia canções e vetava sua
execução pública. Isso na área da música popular, sem contar a
perseguição ao teatro e à imprensa. Sua formação original: Philippe Seabra,
Gutje, André X e Jander Bilaphra. Atualmente é formada por Philippe
Seabra nos vocais e na guitarra, Clemente Nascimento, dos Inocentes,
também nos vocais e na guitarra, André X no baixo e nos vocais, e Marcelo
Capucci na bateria.

A Plebe Rude vendeu 500 mil cópias de seus seis discos, foi destaque no
rádio e se apresentou na televisão. Em 2011 lançou o primeiro DVD
Rachando Concreto: Ao Vivo em Brasília com um resumo da carreira bem
sucedida, lançado também em CD. No mesmo ano, o álbum concorreu ao
Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Um marco importante
foi quando Plebe Rude e Legião Urbana fizeram um show num festival de
rock em Patos de Minas em 5 de setembro de 1982, primeiro show da
recém formada Legião Urbana, abrindo para a Plebe Rude. Após as
apresentações, acabaram sendo presos por causa de suas letras, Plebe
Rude por uma música chamada "Voto em Branco" e Legião Urbana pela
"Música Urbana 2", mas todos acabaram soltos após a polícia local ser
informada por eles mesmos que eram de Brasília, temendo que fossem
filhos de políticos.

Em 2003, Gutje e Jander Bilaphra deixam a banda. Plebe Rude volta na


forma definitiva com Clemente, que também integra a banda Inocentes, e
Txotxa, que já havia integrado a banda Maskavo Roots. Desfalcada
temporariamente em virtude da ida de André X para os Estados Unidos
fazer um mestrado em meados do mesmo ano, a Plebe contou com o
baixista Fred Ribeiro durante dois anos. Em março de 2014 a banda
finalizou seu sexto álbum de estúdio intitulado Nação Daltônica, lançado em
novembro pelo selo Substancial Music, além de abrir os shows da banda
americana Guns N' Roses em Brasília e em São Paulo. Em 2016 a banda
lançou o documentário agora intitulado A Plebe é Rude, em parceira com a
Pietá Filmes e o Canal Brasil.No mês de novembro a banda novamente abriu
shows para o Guns N' Roses, dessa vez em São Paulo, Rio de Janeiro,
Curitiba e Brasília.

Os Replicantes, do Sul

Com o nome Inspirado no filme Blade Runner (1982) de Ridley Scott, a


banda Os Replicantes foi criada em 1984 em Porto Alegre (RS) com os
personagens: Wander Wildner (vocal), Cláudio Heinz (guitarra), Heron
Heinz (baixo) e Carlos Gerbase (bateria). Estrearam com um videoclipe da
música "Nicotina" e, auxiliada pelo produtor musical Carlos Eduardo
Miranda, gravam seu primeiro disco: um compacto duplo (vinil) com quatro
músicas: "Nicotina", "Rockstar", "O Futuro é Vórtex" e "Surfista Calhorda".
O disco é distribuído pelo selo Vórtex, dos próprios Replicantes. De forma
independente, o compacto chega em várias cidades brasileiras e vende duas
mil cópias.
Na seqüência fazem um videoclipe para "Surfista Calhorda" e são
convidados a participar da coletânea Rock Garagem, com a música "O
Princípio do Nada". Em 1986 assinam contrato com a gravadora RCA
(depois BMG), e gravam o LP O Futuro é Vórtex, em São Paulo. As músicas
"Surfista Calhorda" e "A Verdadeira Corrida Espacial" saem na coletânea
Rock Grande do Sul, que traz as bandas DeFalla, Engenheiros do Hawaii,
Garotos da Rua e TNT. "Surfista Calhorda" tem boa aceitação nas rádios de
todo país e logo se torna um hit. O segundo disco, lançado em 1987,
também pela BMG, é Histórias de Sexo e Violência, outro clássico, com
"Sandina", "Astronauta" e "Festa Punk". Nesta época fazem uma série de
shows em São Paulo, tocando ao lado de outras bandas do cenário da
época, como o Plebe Rude, Cólera, Garotos Podres e 365. Lançam o
primeiro vídeo da música brasileira em locadoras, a fita VHS Os Replicantes
em Vórtex, com videoclipes e shows da época.

Em 1989, lançam o quarto disco, terceiro pela BMG, o também Papel de


Mau, com Luciana Tomasi (produtora da banda desde o início) nos teclados
e vocais de apoio. Após dois shows de lançamento, Wander Wildner sai da
banda. O baterista Carlos Gerbase torna-se o vocalista dos Replicantes e
chamam Cleber Andrade para a vaga na bateria. Em 1991, com o amigo e
saxofonista King Jim gravam o quinto disco, o vinil Andróides Sonham com
Guitarras Elétricas, lançado pela Vórtex. Seguem fazendo shows e
videoclipes. Pouco tempo depois o amigo e na época produtor da banda,
Cléber Andrade, também baterista dos Cobaias, assume as baquetas dos
Replicantes.

Retorno de Wander Wildner e turnê na Europa.

Em 2002, Carlos Gerbase sai dos Replicantes. Wander Wildner reassume os


vocais, num show no Bar Ocidente, em maio, no aniversário de dezoito anos
da banda. Em abril de 2003, lançam o CD Go Ahead, e em maio vão para a
Europa em sua primeira tour internacional, fazendo 24 shows em 27 dias. O
registro dessa turnê sai em janeiro de 2006, no DVD Go Ahead: A Primeira
Tour na Europa a Gente Nunca Esquece. Em maio de 2006 voltam para a
Europa na tour Old School Veterans Braziliasta.

Saída de Wander e fase atual. Na volta da tour, fazem alguns shows no Rio
Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Wander decide ficar somente com a sua
carreira solo de "punk brega". Junta-se então a vocalista Júlia Barth à
banda, que fez seu show de estréia no OX, Porto Alegre.

As Mercenárias, som das Minas...


Com influências das bandas inglesas Siouxsie and the Banshees, Joy
Division, The Slits e Sex Pistols, As Mercenárias foi formada em 1982 na
cidade de São Paulo com as integrantes Sandra Coutinho (baixo), Rosália
(vocal) e Ana Machado (guitarra) e a adição de Edgard Scandurra como
baterista, que seria substituído pela baterista Lou. O primeiro disco Cadê as
Armas? foi lançado somente em 1986 e bem acolhido pelo público e mídia,
com gravações para programas de destaque da época, como o Fábrica do
Som da TV Cultura. Também teve um disco lançado pelo selo Baratos Afins,
que na época já produzia diversas bandas do cenário undergroud do metal
ao rock progressivo.

A partir do primeiro álbum, as Mercenárias começam a chamar a atenção de


grandes gravadoras, que se interessaram pela sonoridade da banda e sua
performance de palco. Em função desse sucesso, em 1988, foi gravado o
segundo álbum do grupo, Trashland, lançado pela EMI. O disco foi um
sucesso de público e de crítica, sendo eleito inclusive como o "álbum do
ano" pela Revista Bizz. Mas, pelo fato da gravadora não ter investido na
divulgação do disco e, além disso, dispensou o grupo por meio de um
telegrama sem maiores explicações. Um desrespeito.

Em seguida a banda encerra suas atividades. Rosália, Ana e Lou


abandonaram a carreira musical e Sandra resolve morar em Berlim,
trabalhando no meio musical alternativo. Após muitos anos residindo na
Alemanha, Sandra Coutinho volta ao Brasil em 2005 e decide remontar o
grupo junto com a vocalista Rosália, incluindo duas novas integrantes:
Geórgia Branco e Pitchu Ferraz. No mesmo ano, é lançado no exterior o CD
O Começo do Fim do Mundo (Beginning of the End of the World: Brasilian
Post-Punk 1982-85), coletânea com músicas dos dois discos da banda.
Pouco tempo depois Rosália sai do grupo, com Sandra assumindo os vocais.
Em 2012, em comemoração as 30 anos do grupo, é feito um show no
Centro Cultural da Juventude - CCJ com a participação dos músicos Edgard
Scandurra, Naná Rizzini, Karina Buhr, Maria Alcina, Clemente Nascimento
(Inocentes) e Michelle Abur[3]. Segundo Sandra, há planos para um
lançamento para um novo disco com a nova formação. Em 2015, é lançado,
internacionalmente, em vinil, a primeira demo tape da banda, pela Nada
Nada discos e Dama da Noite. O grupo continua na ativa, com a integrante
da formação original Sandra Coutinho mais as novas integrantes Silvia Tape
(guitarra e back vocal) e Michelle Abu (bateria e back vocal).

Garotos Podres, também do ABC

Banda criada em 1982 na cidade de Mauá, em São Paulo, os Garotos Podres


fizeram sua primeira apresentação em um momento muito importante para
a Classe Trabalhadora. Participaram de um evento em 1983 na cidade de
Santo André que reuniu vários grupos de vários estilos musicais em prol do
Fundo de Greve dos Metalúrgicos do ABC. Na verdade, o próprio Movimento
Punk no Brasil nasceu em um período no qual jovens estudantes e
trabalhadores lutavam por liberdade e justiça social, como ainda ocorre nos
dias de hoje.

A banda gravou e mixou seu primeiro trabalho de estúdio em 1985. Foram


gravadas e mixadas 14 músicas em 12 horas num estúdio de 8 canais. O
resultado foi considerado excelente para os padrões da época e 11 destas
músicas acabaram se tornando o primeiro álbum da banda, intitulado "Mais
Podres do que Nunca". Foi editado pelo extinto selo Rocker e no ano
seguinte pelo selo Lup-Som. Esse disco, chegou a marca das 50.000 cópias
vendidas, um recorde de vendagem de discos independentes na época e
continua sendo distribuído em CD até hoje, ultrapassando a marca das
70.000 cópias. Infelizmente, nesse período de repressão militar a censura
"atrapalhava" muito. Era necessário enviar cópias das letras das músicas
para o Departamento de Censura Federal. Deste álbum, a música "Johnny"
e “Vou Fazer Cocô” foram censuradas, sendo proibida a sua execução bem
como as músicas: "Papai-Noel Filho da Puta" (Papai-Noel Velho Batuta ) e
"Maldita Polícia" (Maldita Preguiça) tiveram suas letras mudadas
propositalmente pelos Garotos para burlar a censura.

Lançam em 1988 o seu segundo álbum, "Pior que Antes" pela gravadora
Continental, teve a música "Batman" censurada, sendo proibida sua
execução pelos meios de comunicação. A música "Subúrbio Operário" foi
incluída no curta metragem, premiado no Festival de Cinema de Nova York
e no Festival de Cinema de Brasília, "Rota ABC" do cineasta Francisco César
Filho em 1990, onde a banda faz uma participação. Após ficarem cinco anos
sem lançar nenhum álbum, em 1993 o selo Radical Records edita o quarto
trabalho dos Garotos, Canções para Ninar, emplacando nas rádios "rock" as
faixas: "Fernandinho Veadinho", "Oi! Tudo bem?" e "Rock de Subúrbio"
(primeiro videoclipe da banda) enquanto são ameaçados de serem
processados por uma certa pessoa que se sentiu ofendida com a faixa
"Fernandinho Veadinho". A essa altura a fama dos Garotos já havia
ultrapassado os limites nacionais. Passam a manter contatos com selos da
Europa, principalmente Portugal e Alemanha, o que resultou no lançamento
de vários trabalhos na Alemanha, França, Portugal e Estados Unidos. Em
1995 realizam uma tour pela Europa junto com a banda portuguesa Mata-
Ratos.

No final de 1997 lançam o seu quarto álbum pela gravadora Paradoxx


Music, "Com a Corda Toda" , tendo a música "O Mundo não pára de Girar"
uma das mais executadas na rádio rock 89FM (São Paulo). A música
"Mancha" foi escolhida para ser o segundo videoclipe da banda que contou
com a participação do popular Pedro de Lara, jurado do Programa Silvio
Santos.
Em 1999 lançam no Brasil seu primeiro álbum ao vivo “Rock de Subúrbio –
Live!”. Editado e lançado inicialmente em Portugal em 1995. Foi gravado
num pequeno show em um bar, na cidade de Mauá SP em 1995. Em 2001
lançam o seu segundo álbum ao vivo “Live in Rio”, gravado no Ballroom, Rio
de Janeiro em outubro de 2000 e editado pela própria banda.

Novamente, em 2003 suas músicas servem de inspiração para outra curta


metragem; “Os Últimos Dias De Papai-Noel” produzido pelo cineasta
Eduardo Aguilar, que tem como tema a música “Papai-Noel Filho da Puta”,
que foi exibido com sucesso na Mostra do Audiovisual Paulista deste mesmo
ano. Além da música “Papai-Noel Filho da Puta” também foi incluído neste
curta as músicas “Miseráveis Ovelhas” e Liberdade (“ Onde esta“?)”.

Desde o início da banda o que mais chamou a atenção da mídia e do


público, foram suas letras "politizadas", irônicas, carregadas de sarcasmo e
humor negro e as vezes até ingênuas que muitas vezes foram
incompreendidas, e que causaram em algumas cabeças menos privilegiadas
uma série de preconceitos em relação aos Garotos e várias tentativas
frustradas de rotular o grupo.

Apesar de estarem na estrada há tanto tempo, os Garotos Podres nunca


sobreviveram da música, todos os integrantes tem outras atividades que
lhes garantem o sustento e a sobrevivência da banda. Isto lhes deu a
liberdade de criarem o seu próprio estilo musical e realmente só tocarem o
que gostam. É inegável a importância e a influência dos Garotos Podres no
cenário do rock alternativo brasileiro, a prova disso é o CD “Tributo Garotos
Podres – 20 anos de Podridão”, coletânea lançada em 2002 pelo selo
independente Rotten Records em comemoração aos 20 anos da banda,
onde 23 bandas de diferentes estilos e nacionalidades como: Inocentes,
Ratos de Porão, Ultraje a Rigor, Tihuana, Devotos, Acromaniacos (Portugal),
Muerte Lenta (Argentina), Kães Vadius, Underboys, Lambrusco Kids,
Muzzarelas, etc., interpretam suas músicas. Em 2003 lançaram o seu
último trabalho utilizando o nome “Garotos Podres”: “Garotozil de
Podrezepam – 100mg”, novamente os Garotos Podres roubam a cena, nos
mostrando que a luz no fim do túnel... É apenas mais um trem. (Garotos
Podres).

Lixomania, muitas tretas...

Formada pelos músicos Adauto "Adá" no baixo, Tikinho na guitarra e no


vocal e Zú na bateria, a banda Lixomania iniciou sua trajetória no cenário
punk paulistano em 1979. Pouco tempo depois, o vocalista Alê entra para o
grupo e em 1980, com alguns ensaios e apenas três músicas no repertório,
o Lixomania faz a sua primeira apresentação num encontro inédito de
bandas punks, realizado em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Neste
mesmo dia apresentaram-se Inocentes, Mack, Anarkólatras, Colera e Olho
Seco. Entre 1980 e 1981 fazem diversos shows pela periferia de São Paulo
com bastante sucesso e prestígio entre a galera punk. Em 1981, Alê deixou
a banda e Moreno assumiu os vocais, além do baterista Zú, substituído por
Miro (ex-Guerrilha Urbana). Com essa formação, o Lixomania gravou o EP
triplo Violência e Sobrevivência, lançado em setembro de 1982, financiado
por Carlos Marçal Bueno, amigo e simpatizante da banda. O EP contém seis
faixas: "Violência e Sobrevivência", "Massacre Inocente", "O Punk Rock não
Morreu", "Zé Ninguém", "Fugitivo" e "Os Punks Também Amam". Foi o
primeiro disco individual de uma banda punk no Brasil, lançado poucos
meses depois do pioneiro Grito Suburbano. Após o lançamento do EP, o
Lixomania tocou em algumas cidades do interior paulista e participou do
lendário festival O Começo do Fim do Mundo, no Sesc Pompéia, em São
Paulo. Nessa época, o vocalista Moreno tinha saído para tocar baixo no
Psykóze, e foi substituído por Alê, que voltou à banda. Pouco tempo depois,
a banda é uma das primeiras do gênero a tocar fora do estado, ao se
apresentar no Circo Voador no Rio de Janeiro. Evento que contou com
apresentações na abertura com Paralamas do Sucesso e Kid Abelha & os
Abóboras Selvagens.

Após as apresentações no Rio de Janeiro, foram convidado para uma


reunião com o diretor da gravadora RCA no Brasil, que propôs lançar um LP
da banda. O contrato previa que a gravadora poderia acrescentar teclados e
saxofone em algumas canções, o que fez com que a banda recusasse a
proposta. Uma das últimas apresentações do Lixomania dessa época, no
programa Fábrica do Som, da TV Cultura, terminou em pancadaria entre
gangues rivais. Com isso, em março de 1983, o Lixomania resolveu
encerrar suas atividades. Após o final da banda, Miro formou o 365, com
um som mais voltado para o pop rock.

Em outubro de 2002, o grupo voltou à ativa com sua formação clássica


(Moreno, Tikinho, Adá e Miro) como convidado do festival O Fim do Mundo,
realizado no Tendal da Lapa, zona oeste de São Paulo, que reuniu, durante
uma semana, mais de 60 bandas de todo o Brasil. A partir dessas
apresentações, com o apoio dos fãs, o Lixomania voltou a ensaiar
regularmente e, em 2003, fez um show no Hangar 110. Em 2004, a banda
voltou ao estúdio para regravar três músicas: "OMR (Ódio, Medo e
Revolta)", "Quero ser Livre" e "PPP (Pare para Pensar)". Em 2005,
gravaram outras 15 músicas e lançaram o álbum Não, Obrigado!, que
incluem 12 músicas inéditas mais as regravação do primeiro EP. Em julho
de 2016, se apresentaram no Estúdio Show livre, em São Paulo.

Coquetel Molotov, primeira banda punk do RJ


Integrada por jovens universitários e skatistas: Tatu, César Ninne, Olmar
Lopes e Lúcio Flávio, a banda Coquetel Molotov surgiu em 1981 no Rio de
Janeiro, no subúrbio, em uma pista de skate de Campo Grande. É
considerada uma banda cult até hoje, por ter sido realmente underground.
Não chegou a gravar LP ou CD. O que existe em termos de registro do seu
trabalho são reproduções de fitas cassetes/DAT/Rolo convertidas para CDs
nas mãos de alguns poucos colecionadores. Não existem registros
fonográficos oficiais, pois as gravadoras multinacionais da época não se
interessavam em gravar o punk brasileiro. O som do Coquetel Molotov era
muito coeso, direto e livre, com muita visão sobre o país em que viviam. Foi
a primeira banda punk do Rio de Janeiro.

Em 1984, a formação original acabou. A segunda formação do Coquetel


Molotov, foi baseada em outra banda chamada Diário de Bordo, do Meier. A
nova formação do Coquetel Molotov teve destaques nas mídias, como na
coluna do jornalista Tuty Vasques, do Jornal do Brasil, outras matérias
foram veiculadas no "O Globo", "A Notícia", "Folha de S.Paulo", "Revista
Manchete", "Revista Bizz" entre outras...

A segunda formação de dezembro/1983 a 1987 eram: Jorge Luiz de Souza


Tatu (Vocal), Ailton "Pecly" de Oliveira (Guitarra/Arranjos), Jailson Jan
(Guitarra), Mauro Caldas (Baixo) e Regis Perrin (Bateria). Nesta formação
chegaram a contar com Roberto Silva como roadie (cantor da nova M.P.B),
que lançou CD intitulado 'Cavalo de Tróia'. Logo depois entraram novos
integrantes, os irmãos Fred Holtz na bateria e Fábio Holtz nos teclados, o
baixista Carlos Henrique e os guitarristas Carlos Santiago e José Márcio.
Anunciaram a nova formação e a rodada de shows que viria a seguir em
entrevista para Mônica Venerábile, no programa de TV Vibração. Esta
formação se apresentou em vários shows no Rio de Janeiro, incluindo Circo
Voador, Metrópolis e um show no Parque Laje com Raul Seixas (em uma de
suas últimas apresentações, antes de falecer, em 1989), aparecendo no dia
seguinte na página de shows do Jornal do Brasil. A mais recente formação
(2015-2016) contou com Rod Santoro (voz), Cesar Ninne (guitarra), Olmar
Lopes (baixo) e Sérgio Conforti (bateria). Com ela, foram realizadas apenas
duas apresentações: Subúrbio Alternativo e Audio Rebel. Nesta última, em
janeiro de 2016, participando do festival Bacafest. O Coquetel Molotov foi a
primeira banda punk brasileira a ter fã-clube na Finlândia. O documentário
"Punk Molotov" (primeira formação) foi vencedor de prêmios em algumas
mostras de cinema.

CAPÍTULO VI

Um novo momento do Rock Nacional com grandes Bandas e Shows


O começo da década de 80 foi decisivo para a explosão do rock no Brasil.
Além de mais profissionalização em termos de produção, também
começaram a acontecer grandes eventos, tanto com bandas internacionais
como nacionais. Nesse período, que podemos considerar de pós punk, o
eixo Rio-SP tem em seu cenário musical o lançamento de bandas com
letras mais engajadas politicamente e exercendo muita pressão para o fim
da ditadura, que acaba em 1985 com o General Figueiredo. Ano também do
maior festival de rock do País, o Rock In Rio, que foi idealizado pelo
publicitário Roberto Medina e realizado, claro, no Rio de Janeiro. Nesse
festival, que consolidou a carreira de bandas nacionais como Os Paralamas
do Sucesso, Barão Vermelho, Blitz, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e
também contou com grandes nomes, entre eles, Erasmo Carlos, Gilberto
Gil, Pepeu Gomes, Lulu Santos, Alceu Valença, Lobão, Eduardo Dusek e
Moraes Moreira. Entre as atrações internacionais se apresentaram AC-DC,
Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Scorpions e Whitesnake. O festival não só
impulsionou as bandas que se apresentaram e "abriu as cortinas" para as
que estavam para surgir. Vamos conhecer um pouco sobre as grandes
bandas que surgiram nesse período..

Os Paralamas do Sucesso, trio explosivo!

Os Paralamas nasceram em 1982 no município fluminense de Seropédica


com a mesma formação que atua até hoje: Herbert Vianna (guitarra e
vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria). No início a banda
misturava rock com reggae, posteriormente passaram a agregar
instrumentos de sopro e ritmos latinos. Os primeiros ensaios do trio
começaram na casa da avó de Bi, em Copacabana, quando também
passaram a compor canções de cunho humorísticas, como "Vovó Ondina é
Gente Fina", "Mandingas de Amor", "Reis do 49" e "Pinguins? Já Não os
Vejo Pois Não Está na Estação". Além disso, os amigos trouxeram Ronel e
Naldo como vocalistas da banda, que foi batizada originalmente como As
Cadeirinhas da Vovó. Em 1982 decidiram se tornar uma banda profissional
e passar a compor a sério, no entanto, Ronel e Naldo não queriam seguir a
carreira artística e decidiram sair do projeto. Hebert, que até então tocava
apenas guitarra, tornou-se também vocalista da nova banda, batizada como
Os Paralamas do Sucesso. Começaram a realizar shows oficialmente,
trazendo um repertório que mesclava músicas próprias e covers de outros
artistas. Em 1982 Vital faltou a uma apresentação na Universidade Rural do
Rio e foi substituído por João Barone, que assumiu de vez o lugar na banda
pela inviabilidade de continuar na carreira artística do baterista original.
Neste ano a banda enviou a demo da canção "Vital e sua Moto" para a
Fluminense FM, se tornando uma das mais tocadas na rádio no verão de
1983. Em janeiro a banda abre os shows de Lulu Santos no Circo Voador,
fato que chamou atenção da EMI, com quem assinaram contrato. No
mesmo ano a banda lança o álbum Cinema Mudo trazendo as canções
humoradas escritas antes de se profissionalizarem, o que a banda era
contra, porém tendo sido obrigados pela gravadora para garantir um
lançamento sério futuro. Apesar dos Paralamas serem considerados parte
da turma do "rock de Brasília" – como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital
Inicial –, por terem amizade com estas bandas, além de Herbert e Bi terem
vindo da capital brasileira, o Paralamas foi formado no Rio de Janeiro. Em
1984 a banda lançou finalmente o tão esperado álbum mais sério, O Passo
do Lui, que teve enorme sequência de sucessos como "Óculos", "Me Liga",
"Meu Erro", "Romance Ideal" e "Ska", além da aclamação crítica, levando o
grupo a tocar no Rock in Rio, no qual o show dos Paralamas foi considerado
um dos melhores. Depois de grande turnê, lançaram em 1986, Selvagem?,
o mais politizado. O álbum contrapunha a "manipulação" desde sua capa
(com o irmão de Bi no meio do mato apenas com uma camiseta em torno
da cintura), e misturava novas influências, principalmente da MPB. Com
sucessos como "Alagados", "A Novidade" (a primeira com participação de
Gilberto Gil, e a segunda co-escrita com ele), "Melô do Marinheiro" e "Você"
(de Tim Maia), Selvagem? vendeu 700.000 cópias e credenciou os
Paralamas a tocar no cultuado Festival de Montreux, em 1987.

Em 1999 a MTV Brasil convidou os Paralamas para gravar um Acústico MTV.


O álbum, com canções menos conhecidas e as participações de Dado Villa-
Lobos, ex-Legião Urbana e Zizi Possi, vendeu 500.000 cópias, ganhou o
Grammy Latino e teve turnê de shows lotados. Em 2000, lançaram uma
segunda coletânea, Arquivo II, com músicas de todos os álbuns entre 1991
e 1998 (exceto Severino), uma regravação de "Mensagem de Amor" e a
inédita "Aonde Quer Que Eu Vá", parceria de Herbert com Paulo Sérgio Valle
(a dupla também escrevera sucessos para Ivete Sangalo).

Um fato muito triste e impactante, mas que não acabou com a banda. Em
04 de fevereiro de 2001, Herbert Vianna sofre um acidente quando pilotava
um ultraleve no qual sua esposa Lucy faleceu. Ele foi resgatado e levado
para a capital. As seqüelas foram duras (Herbert fora entubado e acabara
ficando paraplégico), mas assim que Herbert mostrou que podia tocar, Bi e
João resolveram voltar aos ensaios e gravar um disco cujas canções já
estavam preparadas antes do acidente. Longo Caminho foi lançado em 2002
e a sonoridade da banda voltava ao princípio, sem metais, em busca de um
som mais "cru". Uma apresentação no programa Fantástico, da TV Globo,
serviu como a reestréia da banda, pós-acidente. A volta às turnês teve
muito êxito, com shows lotados, até pela curiosidade do público em saber
das reais condições de Herbert e da ansiedade em ver a banda reunida
novamente. Estão na ativa...

Camisa de Vênus, Botando pra Fudê!

Liderada pelo vocalista Marcelo Drummond Nova, a banda Camisa de Vênus


foi formada em 1980 em Salvador (BA). Com ele nos vocais, Robério
Santana no baixo; Karl Franz Hummel na guitarra base; Gustavo Adolpho
Souza Mullem na bateria e Eugênio Soares na guitarra solo. O primeiro
disco da banda foi um compacto lançado por uma gravadora local chamada
NN Discos. Após o compacto, a gravadora decide dar a oportunidade de eles
gravarem um álbum. Entretanto, com o sucesso de outras bandas do
incipiente rock nacional dos anos 80 - o primeiro compacto da Blitz é de
1982, assim como o dos Paralamas do Sucesso e o do Kid Abelha -, a Som
Livre se interessa em lançar nacionalmente o álbum. Então, Marcelo Nova é
chamado para uma reunião com os executivos da gravadora Som Livre,
Heleno de Oliveira e João Araújo, pai de Cazuza. Neste encontro, eles
expõem um "problema" para Marcelo Nova: o nome da banda atrapalharia a
divulgação do primeiro trabalho (nos jornais o Camisa de Vênus era tratado
como "Camisa de…"). Eles sugeriram que o nome fosse trocado por outro
"melhor". Marcelo Nova, sempre irreverente e irônico, diz que aceitaria a
troca de nome e propõe que o novo nome seja "Capa de Pica". Enfim, os
diretores não gostaram da sugestão de Marcelo Nova e a banda grava seu
primeiro álbum homônimo pela Som Livre em 1983. No entanto, ainda sob
a nefasta influência da ditadura, a distribuição do disco foi atrapalhada em
função da censura da música Bete Morreu, que fez sucesso nacionalmente,
mas pouco tempo depois, teve a sua execução radiofônica proibida em todo
o território nacional. Após o lançamento, a banda fica quase um ano sem
gravadora, mas acaba assinando com a RGE. Assim, em 1984, sai o
segundo álbum do Camisa de Vênus intitulado Batalhões de Estranhos. O
disco traz uma banda mais madura e com melhores recursos de estúdio à
sua disposição, o que proporciona a realização de um som mais polido e
menos agressivo. O segundo álbum da banda traz mais um sucesso
radiofônico, Eu Não Matei Joana D'Arc e eles saem novamente em turnê.

A banda também gravou o álbum Correndo o Risco pela Warner em 1986,


após terem sido sondados pelo chairman da gravadora André Midani. O
álbum foi produzido por Pena Schmidt e vendeu 300 mil cópias, com a
música "Só o Fim" sendo a mais tocada nas rádios naquele ano. Além dela,
também se destacaram as músicas "Simca Chambord" e "Deus Me Dê
Grana". Após mais uma turnê, a banda se reúne em estúdio para gravar um
novo álbum. Chamam Raul Seixas para uma participação, o que resulta na
composição e gravação de Muita Estrela, Pouca Constelação. Marcelo Nova
e o Camisa de Vênus conheciam Raul desde uma apresentação no Circo
Voador, no Rio de Janeiro em 1984, quando foram informados que Raulzito
viria vê-los e acabaram tocando uma seleção de covers de clássicos do
Rock.

Após muitos anos, a banda se reuniu novamente em 03 de maio de 2009


em uma apresentação na 5ª edição da Virada Cultural de São Paulo, com a
seguinte formação: Marcelo Nova (vocal), Robério Santana (Baixo), Karl
Franz Hummel (guitarra base), Gustavo Mullem (Guitarra solo), Ivan Busic
(bateria) e Luiz Carlini (guitarra). Naquela mesma noite do festival também
tocaram bandas de rock como Tutti Frutti, Joelho de Porco e Velhas Virgens.
[9] Após a apresentação, Robério Santana, Karl Hummel e Gustavo Mullem
decidem continuar com a banda, mesmo sem a presença de Marcelo Nova.
Assim, no início de 2010, a banda anuncia a volta oficial, porém, com a
presença de Eduardo Scott (ex-Gonorreia) nos vocais e Louis Bear na
bateria. Essa volta começa com uma série de shows pelo país juntamente
com a banda Raimundos.

Em comemoração aos 35 anos do Camisa de Vênus, fazem uma turnê em


2015 na qual Marcelo Nova conta com músicos de sua banda da carreira
solo como apoio: Drake Nova, filho de Marcelo, na guitarra; Leandro Dalle
na outra guitarra e Célio Glouster na bateria). Essa turnê passou pelas
principais capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,
Curitiba e Recife. A atual formação foi definida como um “rolo compressor”
no palco, tocando ao menos uma canção de cada um dos seus sete álbuns
lançados até então. Em Julho de 2016, após 20 anos sem lançamentos, a
banda anuncia a turnê "Dançando na Lua", homônima do novo álbum,
contendo apenas faixas inéditas

Barão Vermelho, do produtor Ezequiel Neves

Conheci a banda na abertura de um show do cantor Ney Matogrosso, no


Estádio do Morumbi, em São Paulo. Formada em 1981, o Barão Vermelho é
uma das principais bandas da produtiva década de 80. Foi um dos
destaques do Rock in Rio com a formação clássica: Cazuza no vocal;
Roberto Frejat, na guitarra; Guto Goffi, bateria; Dé (André Palmeira
Cunha), baixo e Maurício Barros nos teclados. O primeiro contato da banda
com o produtor Ezequiel Neves e o diretor da Som Livre, Guto Graça Mello
se deu em 1982. Lançaram a banda com pouco investimento m produção e
em apenas 4 dias produziram o primeiro álbum do Barão, o homônimo
"Barão Vermelho". Das músicas mais importantes, destacam-se "Bilhetinho
Azul", "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Ponto Fraco" e "Down Em
Mim". Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda
voltou ao estúdio, agora por um mês inteiro, e gravou o LP "Barão
Vermelho 2", lançado em 1983.

Além do Rock In Rio, também foram convidados para fazer a trilha sonora
do filme Bete Balanço, de Lael Rodrigues, em 1984, e o seu som se
espalhou pelo Brasil. Aproveitando o embalo, o grupo lançou o terceiro
disco, Maior Abandonado, em 1984, conseguindo vender mais de 100 mil
cópias em apenas seis meses.

Cazuza, que já havia manifestado seu desejo de sair da banda para trilhar
outros caminhos, mais mpb, parte para carreira solo em 1986. A saída, no
entanto, anunciada primeiramente ao público no final de um show, foi
conturbada, causando uma ruptura na forte amizade que unia Cazuza e
Frejat e que só veio a ser reconciliada anos depois. Com a saída, Cazuza
ainda levou consigo algumas músicas para o seu primeiro disco solo. A
banda superou, lançando a música "Torre de Babel", agora com Frejat no
vocal.

Em 1986, lançaram o quarto disco —"Declare Guerra"— e, embora as


composições contassem com a ajuda de grandes nomes, como Renato
Russo e Arnaldo Antunes, o álbum não foi muito promovido (até mesmo
porque Cazuza era filho do presidente da Som Livre). A banda então,
sentindo-se abandonada, assinou um contrato com a Warner e, em 1987,
lançou o álbum Rock'n Geral, que contava com a participação mais ativa
dos outros membros nas composições. Embora o disco tenha recebido boas
críticas, ele não vendeu mais que 15 mil cópias. No mesmo ano, Maurício
deixou a banda, e entraram o guitarrista Fernando Magalhães e o
percussionista Peninha.

Depois de idas e vindas entre seus membros, em 17 de janeiro de 2017 a


banda anunciou seu retorno oficial aos palcos, mas sem a participação de
Roberto Frejat. Em seu lugar, entra o cantor e guitarrista Rodrigo Nogueira,
também conhecido como Rodrigo Suricato, líder da banda Suricato,
revelada no talent show Superstar, da Rede Globo, em 2014. Frejat
também declarou que atualmente não têm interesses profissionais com o
grupo e que pretendia se reunir com o Barão quando a banda completasse
40 anos de existência em 2021, mas isso não estava nos planos dos outros
integrantes, que decidiram voltar aos palcos com o novo vocalista. A banda
também lançou o documentário planejado em 2013, intitulado Porque a
gente é assim, dirigido pela cineasta Mini Kerti. O longa metragem fecha o
ciclo de Frejat no grupo.

Ira!
Iniciou sua trajetória em 1981 na cidade de São Paulo e, ao contrário do
que muitos possam imaginar, o nome da banda não tem nenhuma
referência com o Exército Republicano Irlandês, mas apenas do sentimento
de IRA. A primeira banda do guitarrista Edgard Scandurra, que é fascinado
por punk rock, foi a Subúrbio. À época, Edgard estudava no Colégio Brasílio
Machado, onde sempre encontrava com Marcos Valadão Ridolfi, o Nasi.
Mesmo sem conhecê-lo, Edgard sentia simpatia pelo modo com que ele se
vestia, e num desses encontros os dois acabaram se conhecendo, e ficando
amigos. Mais tarde, Edgard chamou Nasi para participar do Subúrbio, no
festhits do Ira! Em 1980, Edgard foi convocado para servir ao exército e foi
lá onde compôs "N. B." ("Núcleo Base"). Em 1981, Nasi chamaria o amigo
Edgard para tocar num show na PUC-SP e ali surgiria o Ira, ainda sem o
ponto de exclamação. Completavam a formação o baterista Fábio Scattone
e o baixista Adilson Fajardo. Após dois anos, descoberta pelo produtor Pena
Schmidt a banda, nessa época contando com Charles Gavin (que viria a se
tornar membro dos Titãs) na bateria e Dino (da antiga banda Subúrbio) no
contrabaixo, a banda foi para a gravadora Warner, onde o Ira! gravaria
seu primeiro compacto, IRA, que contava com as faixas "Gritos na Multidão"
e "Pobre Paulista".

Seu primeiro LP foi gravado em 1985, Mudança de Comportamento, com 11


faixas, entre elas "Núcleo Base", "Ninguém Precisa de Guerra", "Longe de
Tudo" e "Ninguém Entende um Mod". Agora com Ricardo Gaspa no baixo no
lugar de Dino e ex-titã André Jung no lugar de Charles Gavin. No ano
seguinte, com maior prestígio dentro e fora da gravadora, a banda lançaria
o LP Vivendo e Não Aprendendo. O disco, lançado em setembro, trazia
faixas como "Envelheço na Cidade", "Vitrine Viva", "Pobre Paulista" e "Gritos
na Multidão", sendo as duas últimas gravadas ao vivo na Broadway em São
Paulo. A canção "Flores em Você" entrou na trilha sonora da novela O Outro
da Rede Globo. Quatro meses depois, a banda ressurgiria com o lançamento
do álbum Psicoacústica. Dentre as oito longas faixas estavam "Rubro
Zorro", "Manhãs de Domingo", "Farto de Rock 'n' Roll", e um rap de roda
"Advogado do Diabo". E, durante a gravação do quarto disco da banda,
Edgard Scandurra gravou um disco solo chamado Amigos Invisíveis, onde
tocava todos os instrumentos.

Em 2000, a banda lança o MTV ao Vivo gravado no Memorial da América


Latina em comemoração aos vinte anos de carreira. O Ira! se apresenta no
Rock in Rio III, no ano de 2001, para 250.000 pessoas. Ricardo Gaspa
lança[quando?] seu projeto paralelo de surf music Huntington Bitches. Em
2001, o grupo lança o CD Entre Seus Rins, apenas com músicas inéditas.
Em 2004, lançam o Acústico MTV, que trouxe quatro faixas inéditas e
também participações de três gerações diferentes na gravação: Os
Paralamas do Sucesso, Samuel Rosa e Pitty.
Depois de muitos anos brigados, Scandurra e Nasi retomam a amizade e a
banda volta a tocar em 2013 em um show beneficente realizado em 30 de
outubro do mesmo ano, no Espaço Traffô, localizado no bairro da Vila
Olímpia, em São Paulo. O evento contou com a participação especial de
Paulo Ricardo, Arnaldo Antunes, do trompetista Guizado, além de uma
banda de apoio formada pelo multi instrumentista Johnny Boy, nos
teclados; Daniel Scandurra, filho de Edgard, no baixo; e Felipe Maia, da
banda Marrero, na bateria. A renda do evento foi revertida para a Escola
NANE, especializada em crianças com dificuldade de aprendizado. Após esse
show, surgiu a possibilidade de um retorno definitivo aos palcos.[5]

Após um recesso de sete anos, a banda anuncia seu retorno oficial em


janeiro de 2014, porém, sem a presença de André Jung e Ricardo Gaspa,
membros da formação clássica. Para a nova turnê, foram escolhidos:
Johnny Boy nos teclados, Daniel Scandurra no baixo e Evaristo Pádua na
bateria (da banda que acompanhava Nasi em carreira solo).

IRA, com o vocalista Nasi estilo Volverine...

A fúria dos Titãs...


Formada em São Paulo em 1982, os Titãs é uma das bandas de rock mais
bem sucedidas no Brasil, com mais de 6,3 milhões de álbuns vendidos.
Receberam um Grammy Latino em 2009 e ganharam o Troféu Imprensa de
Melhor Banda por quatro vezes. Inicialmente, contava com nove membros,
dos quais seis eram vocalistas. Arnaldo Antunes, Branco Mello e Ciro Pessoa
cantavam e faziam vocais de apoio. Sérgio Britto, Nando Reis e Paulo
Miklos, além de cantarem, se revezavam entre os teclados e o baixo.

Além de André Jung, na bateria, Marcelo Fromer na guitarra rítmica e Tony


Belloto na guitarra solo. Ciro Pessoa rapidamente deixou o grupo, antes
mesmo do lançamento do primeiro álbum da banda, em 1984. André Jung
era o baterista inicial, mas foi substituído por Charles Gavin no início de
1985, estabelecendo a formação clássica da banda.

Quase todos os integrantes da banda se conheceram no Colégio Equipe, em


São Paulo, no final da década de 1970. A exceção era o guitarrista Tony
Bellotto[4] e o baterista Charles Gavin. Após acompanharem apresentações
de Novos Baianos, Alceu Valença e Gilberto Gil no pátio da instituição, e
também por influência da Blitz, iniciaram uma banda e gravaram uma fita
com cantadas para meninas - àquela altura, o grupo era grande e incluía
nomes como Nuno Ramos, que mais tarde viraria artista plástico.[4] A
partir de uma apresentação na Biblioteca Mário de Andrade no ano de 1982,
passaram a fazer shows em várias casas noturnas da cidade, com o nome
Titãs do Iê-Iê

Durante sua carreira, a banda perdeu cinco membros que nunca foram
substituídos oficialmente: em 1992, Antunes deixou o grupo para seguir
carreira solo. Em 2001, Fromer morreu após ser atropelado por uma
motocicleta em São Paulo. No ano seguinte, Nando Reis também deixou a
banda para se concentrar em seus projetos solo. As mudanças mais
recentes foram as saídas de Charles Gavin, em 2010, e Paulo Miklos, em
2016, ambas por motivos pessoais. Após a morte de Marcelo e a saída de
Nando, o grupo passou a se apresentar com alguns guitarristas e baixistas
eventuais (Emerson Villani, André Fonseca e Lee Marcucci). A partir do
lançamento do álbum Sacos Plásticos (2009), Branco Mello e Sérgio Britto
tornaram-se baixistas definitivos (com Britto tocando apenas quando Mello
canta) e Miklos como guitarrista até sua saída do grupo. Em 2010, a banda
voltou a usar músicos de apoio, com a entrada do baterista Mario Fabre no
lugar de Charles Gavin; algo que se repetiria em 2016, após a saída de
Paulo Miklos[3], com a entrada do guitarrista Beto Lee.

No dia 23 de Setembro de 2011, ao lado de Os Paralamas do Sucesso, a


banda participou do show de abertura da quarta edição do Rock in Rio, no
palco principal. O show contou com a abertura de Milton Nascimento, ao
lado de Tony Belloto e da Orquestra Sinfônica Brasileira, tocando "Love of
My Life", do Queen. O show também contou com a participação de Maria
Gadú. No dia 2 de Outubro do mesmo ano, a banda se apresentou no Palco
Sunset do festival ao lado da banda portuguesa Xutos & Pontapés, que
gerou um DVD distribuído pela MZA Music no ano seguinte.

A Blitz, Teatral

O grupo foi formado na cidade do Rio de Janeiro por Evandro Mesquita (voz
e guitarra), Fernanda Abreu (backing vocal), Marcia Bulcão (backing vocal),
Ricardo Barreto (guitarra), Antônio Pedro Fortuna (baixo), Billy Forghieri
(teclados) e Lobão (bateria). No início de 1981 Evandro Mesquita e Lobão
foram convidados por Mauro Taubman, dono da grife Company, para
tocarem no Caribe, bar que o empresário estava inaugurando na orla de
São Conrado. Embora na época tocassem apenas por passatempo, os dois
aceitaram e recrutaram amigos músicos para fazer a apresentação na
estréia do bar, em 21 de fevereiro, gerando grande repercussão no local, o
que levou a uma série de outras apresentações com uma rotatividade de
músicos convidados, mantendo apenas os dois fixos. Buscando
profissionalizam-se, os dois amigos buscaram músicos para juntarem-se a
eles, trazendo Fernanda Abreu e Marcia Bulcão para nos backing vocals,
Ricardo Barreto na guitarra, Antônio Pedro Fortuna no baixo, Billy Forghieri
nos teclados, além do próprio Evandro no vocal e Lobão na bateria. Em 15
de janeiro de 1982 a banda sobe no palco do Circo Voador, maior casa de
shows carioca da época, tocando pela primeira vez sob o nome de Blitz –
nome inspirado pela quantidade de vezes que Evandro era parado pela
polícia e multado. A repercussão chamou atenção da EMI, que assinaram
contrato com a banda e, em 20 de julho, é lançado o primeiro single, "Você
Não Soube Me Amar". Em três meses o compacto com apenas a faixa
vendeu 100 mil cópias, se tornando a canção de maior sucesso deles. Na
sequência foi lançado o primeiro álbum , As Aventuras da Blitz 1, que
vendeu 300 mil cópias e gerou grande repercussão pela mistura de músicas
humoradas e figurinos futuristas. Por divergências com Evandro Mesquita,
Lobão decidiu deixar a banda, sendo substituído por Juba na bateria.

A BLITZ se tornou uma das pioneiras do movimento do rock brasileiro da


década de 1980 e também teve músicas censuradas.O segundo single
lançado, "Mais Uma de Amor (Geme Geme)", se tornou o segundo maior
sucesso da banda, embora tenha sido censurado pela composição com teor
sexual. Em junho de 1983 é lançado o novo single do grupo, "Dois Passos
do Paraíso", trazendo uma temática mais leve para que não fosse barrada
pela censura.

Após mais de 10 anos sem se apresentar, em 2006 a banda se reúne


novamente e lança os álbuns "Blitz – Ao Vivo e a Cores" e "Eskute Blitz",
mas o único membro remanescente da banda é Evandro Mesquita. Em
2017, seu álbum Aventuras II foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de
Melhor Álbum de Rock ou Alternativo em Língua Portuguesa.

Capital Inicial nasceu do Aborto Elétrico!

Os irmãos Fê Lemos e Flávio Lemos participavam da banda Aborto Elétrico


e após o encerramento das atividades da mesma fundaram o Capital Inicial
em 1983. A banda atualmente é composta por quatro integrantes: Fê
Lemos (baterista), Flávio Lemos (baixista), Dinho Ouro Preto (vocalista) e
Yves Passarell (guitarrista), além de Robledo Silva (tecladista) e Fabiano
Carelli (guitarrista), banda de apoio.

Em 1984, o ritmo cada vez maior de viagens indica a necessidade de


estarem mais próximos do seu principal mercado, as regiões Sudeste e Sul.
No final do ano assinam seu primeiro contrato fonográfico, com a CBS
(atual Sony), e se mudam para São Paulo no início de 1985. Logo em
seguida lançam seu primeiro registro em vinil, o compacto duplo Descendo
o Rio Nilo/Leve Desespero. Ainda neste ano integram o elenco da trilha
sonora do primeiro "filme-rock" brasileiro, Areias Escaldantes, de Francisco
de Paula, ao lado de Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão e os Ronaldos, Ira!, Metrô,
Lulu Santos e May East.

O primeiro LP, Capital Inicial, já pela Polygram, lançado em 1986 e recebeu


ótimas críticas. "Um rock limpo, vigoroso, dançante e sobretudo
competente, a quilômetros de distância da mesmice que assaltou a música
pop brasileira nos últimos tempos", assim o jornalista Mário Nery abre a
crítica ao disco na Folha de S.Paulo. O álbum trazia faixas como "Música
Urbana", "Psicopata", "Fátima", "Veraneio Vascaína", "Leve Desespero"
entre outras. Em 1987, contando com o tecladista Bozzo Barretti em sua
formação, o Capital Inicial lança seu segundo disco, Independência,
emplacando "Prova", "Independência" e a regravação de "Descendo o Rio
Nilo".

Nesse ano, é convidado para abrir os shows da turnê do cantor inglês Sting
em São Paulo (estacionamento do Anhembi), Rio de Janeiro no Maracanã,
Belo Horizonte no Estádio Independência, Brasília no Estádio Mané
Garrincha e Porto Alegre no Estádio Olímpico Monumental. Você não Precisa
Entender chega as lojas de todo o país em 1988, com "A Portas Fechadas",
"Pedra Na Mão" e "Fogo". O ano de 1989 marca o lançamento do álbum
Todos os Lados, com as faixas "Todos os Lados", "Mickey Mouse em
Moscou" e "Belos e Malditos". Em 1990 participam do festival Hollywood
Rock, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. O álbum Eletricidade,
lançado em 1991, marca o início de mudanças no Capital Inicial, começando
pela gravadora. O álbum, lançado pela BMG, trazia uma versão para "The
Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro", e composições como
"Cai a Noite", "Kamikaze" e "Todas as Noites". Neste mesmo ano,
participam da segunda edição do festival Rock in Rio. O clipe "O
Passageiro", foi todo gravado utilizando uma câmera PXL-2000 que
armazenava imagens em preto e branco em uma fita cassete de áudio.

Em 2015, o Capital Inicial decidiu gravar um segundo álbum acústico em


Nova York. Acústico NYC teve na maior parte do seu repertório canções
gravadas após o Acústico MTV, fora três composições inéditas, uma canção
dos anos 80 ("Belos e malditos") e covers de Legião Urbana e Charlie Brown
Jr. Lenine e Seu Jorge fizeram participações especiais, e os violões tiveram
as adições do produtor Liminha e do ex-Charlie Brown Thiago Castanho.[9]

Em um show em Manaus, no dia 15/04/2016, Dinho comentou a


participação do músico Lenine no disco.

"Quando convidamos o Lenine, pensamos que ele fosse querer tocar nossas
músicas mais complicadas. Mas foi exatamente o contrário, logo no nosso
primeiro encontro ele pediu para cantar algumas das nossas canções mais
populares", revelou Dinho, referindo-se a "Não olhe para trás" e "Tempo
perdido", da Legião Urbana.

Em 2017 em plena turnê do acústico NYC, a banda preparou um show


elétrico com setlist passando por todas as fases das três décadas de
carreira, investiu em pirotecnia e arte visual nos telões, para se apresentar
na 7ª edição do Rock in Rio, o show teve a participação do Thiago Castanho
(Ex Guitarrista do Charlie Brown Jr). A apresentação da banda foi eleita o
melhor show nacional do Rock in Rio 2017.

No dia 10 de abril de 2018, a banda entrou em estúdio e está atualmente


gravando um novo álbum de inéditas cujo lançamento será "parcelado"
onde a banda vai divulgar uma música inédita por mês, totalizando 12
músicas inéditas que terá lançamento digital e posteriormente mídia física.
No dia 25 de maio de 2018, a banda lançou em todas rádios do país o mais
novo single "Não me olhe assim", primeiro trabalho divulgado do novo
álbum intitulado "Sonora" produzido por Lucas Silveira da banda Fresno.

Legião Urbana também veio de Brasília!

A banda Legião Urbana nasceu em 1982 em Brasília, Distrito Federal, e


contou com integrantes Renato Russo (Voz, Letras, Teclas, Violão); Marcelo
Bonfá (Bateria, Percussões); Dado Villa-Lobos (Guitarra, Violão) e Renato
Rocha (Baixo) em sua formação clássica. Diante do falecimento de Renato
Russo em 11 de Outubro de 1996, o grupo encerrou suas atividades 11 dias
depois. O baixista da formação original, Renato Rocha, também faleceu
posteriormente, tendo sido encontrado morto no Guarujá, em São Paulo,
em 22 de fevereiro de 2015. A primeira apresentação da Legião Urbana
aconteceu em 5 de setembro de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas,
durante o festival Rock no Parque, que contou com outras oito atrações,
entre elas o grupo musical Plebe Rude (banda afiliada e amiga da Legião).
Este foi o único concerto em que a banda apareceu com a sua primeira
formação: Renato Russo (Voz, Baixo), Marcelo Bonfá (Bateria), Paulo
Paulista (Teclado) e Eduardo Paraná (Guitarra).[

A Legião Urbana possui uma discografia de oito álbuns de estúdio, três


compilações e seis álbuns ao vivo (um deles sem a presença de Renato
Russo).

Em 2010 a Legião Urbana somou um total de mais de 25 milhões de discos


vendidos (tendo uma média de venda de 250 mil por ano), sendo o
segundo grupo musical brasileiro que mais vendeu discos de catálogo no
mundo, além de fazer parte do chamado "quarteto sagrado" do rock
brasileiro, juntamente aos grupos musicais Barão Vermelho, Titãs e Os
Paralamas do Sucesso.Entre outubro de 2015 e dezembro de 2016, Dado
Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, os dois integrantes remanescentes do grupo,
apresentaram juntamente a André Frateschi nos vocais principais e diversos
músicos convidados a turnê Legião Urbana XXX Anos, que consistiu na
comemoração dos pouco mais de 30 anos de seu primeiro álbum de
estúdio. Devido a boa aceitação do público, o grupo resolveu retomar o
projeto em 2018, desta vez executando o repertório do segundo e do
terceiro álbum do grupo, que continua até os dias atuais.

Em 5 de setembro de 2009, após rumores a respeito de um possível retorno


às atividades, a família Manfredini, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e a
gravadora EMI, afirmaram que não eram fundamentadas as informações
sobre o retorno da banda. Destacaram que não existe nenhuma
possibilidade de uma volta da banda Legião Urbana. Quinze dias após o
desmentido, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá fizeram uma participação
especial em um concerto do festival Porão do Rock, em Brasília. Em 2011,
Dado e Bonfá conduziram, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira,
um tributo à Legião Urbana durante o Rock in Rio 4. O concerto contou com
convidados que cantaram alguns sucessos da banda (entre eles, Rogério
Flausino, Pitty e Herbert Vianna), além de um medley especial feito pela
Orquestra Sinfônica Brasileira com trechos de canções do grupo. No ano
seguinte, a MTV Brasil organizou um novo tributo para a série MTV ao Vivo,
em São Paulo, pelos trinta anos de início das atividades do grupo. A
homenagem teve a participação do ator e diretor Wagner Moura como
vocalista principal, além de participações dos músicos Fernando Catatau &
Clayton Martin (Cidadão Instigado), Bi Ribeiro (Os Paralamas do Sucesso) e
Andy Gill (Gang of Four), este último guitarrista de uma das maiores
influências da Legião.

Kid Abelha, da musa Paula Toller...

O Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, grupo formadoem1981, teve como


"embrião" a banda "Chrisma", formada por Leoni (voz e baixo elétrico),
Carlos Beni (bateria) e Pedro Farah (guitarra). Eles sempre convidavam
Paula Toller, que sempre ia ver os ensaios, pois era namorada de Leoni, a
ingressar na banda, porém, ela sempre recusava, alegando ser tímida. Suas
visitas aos ensaios a motivaram a cantar. Depois, George Israel, foi visto
tocando saxofone em Búzios, Rio de Janeiro, e convidado por um amigo de
Leoni a conhecer a tal banda que este liderava. A primeira demo da banda
"Distração", foi executada pela extinta rádio Rádio Fluminense FM com
grande sucesso. A partir de então, o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens
começaram a fazer shows no Circo Voador e participam do LP Rock Voador,
com duas faixas: Distração e Vida de Cão é Chato pra Cachorro. Depois
disso a banda é convidada pela Warner para a gravação do seu primeiro
compacto com a música Pintura Íntima (Lado A) e Por Que Não Eu?.(Lado
B). "Fazer amor de madrugada..." foi o primeiro refrão do Kid Abelha a ficar
na cabeça dos brasileiros, e primeiro disco de ouro. Em 1984, o maior
sucesso da banda entrou como lançamento do segundo compacto, Como Eu
Quero, os levou ao segundo disco de ouro. O Lado B era Homem com uma
Missão. O primeiro álbum do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens é lançado
também em 1984, Seu Espião. Disco com grandes sucessos que
estouravam nas rádios: Fixação, Nada Tanto assim, Alice (Não Me Escreva
Aquela Carta de Amor), e as lançadas anteriormente Pintura Íntima, Por
Que Não Eu? e "Como Eu Quero". Além de um Disco de Ouro,a banda foi
convidada e se apresentou no Rock In Rio para mais de 50 mil pessoas em
1985.

Em 1987 lançam o disco Tomate e Paula é nomeada a mais nova sex


symbol do Brasil. O disco faz muito sucesso com as músicas "No Meio da
Rua, Me Deixa Falar e Amanhã é 23 (incluída na trilha sonora da novela O
Outro, da Rede Globo) todas da primeira safra de canções da parceria Paula
Toller e George Israel. Já com a presença do baixista e produtor Nilo
Romero

O início da década de 1990 é brindado com o disco "Greatest Hits 80's", que
além de nove sucessos em LP e dez em CD, revela "No Seu Lugar". As
músicas foram remasterizadas digitalmente e "Como Eu Quero" e "Fixação"
ganharam novo vocal, com a voz de Toller mais afinada do que nunca.
Rendeu o primeiro disco de platina da banda. "Tudo É Permitido" trouxe, em
1991, um forte erotismo em letras como "Gosto de Ser Cruel", "Lolita" e
"Eletricidade" (estréia de George Israel nos vocais). Trouxe também o
sucesso "Grand' Hotel", as regravações de "Fuga Número 2", d'Os
Mutantes; e de "Não Vou Ficar", canção de Tim Maia que fez sucesso com
Roberto Carlos. "A Indecência", por sua vez, vem inspirada no poema de
D.H. Lawrence, "A Indecência Pode Ser Saudável". Em 1996 , a banda
grava a música de Hyldon "Na Rua, na Chuva, na Fazenda" com o disco
"Meu Mundo Gira em Torno de Você". No clipe "Te Amo pra Sempre", top na
MTV, Paula aparece vestindo um simplório biquíni de bolinhas. Também
encontram-se no disco "Como É Que Eu Vou Embora", "Combinação" e "A
Moto". Participações nos instrumentos, de Rodrigo Santos (do Barão
Vermelho) no baixo e a estréia do atual trompetista Jefferson Victor, na
faixa "Vou Mergulhar". "Meu Mundo…" é o disco de estúdio mais vendido da
banda, tendo 3 diferentes versões, inclusive uma de platina, com CD duplo.
Em 1997, a banda alçou vôos ainda maiores, levando seu trabalho ao
exterior, no CD Kid Abelha, divulgado nos EUA, Espanha e países latinos.

Os 20 anos do Kid foram comemorados em grande estilo em 2002: a banda


foi convidada para participar do projeto Acústico MTV. Compõem o disco 20
anos de sucesso em versão acústica: "Como Eu Quero", "Lágrimas e
Chuva", "Fixação", "Eu Contra a Noite", "Os Outros", "No Seu Lugar" etc.
Possui três inéditas: "Nada Sei", "Gilmarley Song" (homenagem a Gilberto
Gil, que havia lançado um disco com canções de Bob Marley) e "Meu Vício
Agora", além das regravações de "Brasil" (parceria entre George Israel, Nilo
Romero e Cazuza), "Mudança de Comportamento" (Ira!), com participação
do guitarrista e vocalista Edgard Scandurra, e "Quero Te Encontrar" (da
dupla funk Claudinho e Buchecha, numa homenagem a Claudinho, falecido
em junho do mesmo ano). O álbum recebeu vários prêmios de grande
importância no cenário nacional e foi indicado ao Gramy Latino, em 2003.

RPM, muito "barulho" e sucesso!

Formada em 1983 pelo vocalista Paulo Ricardo; Luiz Schiavon nos teclados
e Edu Coelho na guitarra; Fernando Deluqui (ex-guitarrista da cantora May
East, ex-integrante da Gang 90 e as Absurdettes) e o baterista Junior
Moreno, o Revoluções por Minuto (RPM) revolucionou o mercado fonográfica
na época. Fez muito sucesso de 1984 a 1987 e tornou-se uma das bandas
mais bem sucedidas da música brasileira. Chegou a vender 900.000 cópias
vendidas em pouco mais de 1 ano batendo todos os recordes de vendagens.
As primeiras músicas a emplacar nas paradas de sucesso foram Olhar 43 e
A Cruz e A Espada. O sucesso do primeiro álbum foi enorme, tanto que o
RPM emplacou uma sequência de oito hits no rádio (entre as onze faixas do
álbum).

Logo depois dos primeiros shows de divulgação, o RPM fecha contrato com
o mega empresário Manoel Poladian, que procurava uma banda em
ascensão no rock brasileiro para o seu elenco de artistas platinados de MPB.
Os palcos das danceterias são trocados por uma megaprodução, com direito
a Ney Matogrosso assinando luz e direção, canhões de raio laser e
multidões espremidas em ginásios e estádios. A esta altura, Paulo Ricardo
já era ovacionado como sex symbol: estampa diversas capas de revistas e
enlouquece fãs histéricas.

Como não tinham novos hits para serem gravados, para manter a banda
em evidência, Poladian, músicos e gravadora lançam em julho de 1986 um
novo álbum, com parte do registro de dois shows da histórica turnê. O
repertório de Rádio Pirata Ao Vivo traz quatro gravações inéditas (sendo
duas covers) e cinco faixas de Revoluções Por Minuto. Com a ajuda dos
preços congelados do Plano Cruzado, 500 mil cópias são vendidas
antecipadamente. Rapidamente as vendas de Rádio Pirata Ao Vivo disparam
e chegam a 3,7 milhões. O RPM transforma-se na banda de maior
vendagem da indústria fonográfica nacional até então. O sucesso foi tanto
que no mesmo ano o grupo foi o tema principal de uma edição integral do
programa jornalístico Globo Repórter, com reportagem de Pedro Bial.
Apesar do mega sucesso alcançado no Brasil e Europa, a banda começou a
atravessar por uma situação difícil. O fracasso do projeto RPM Discos, selo
próprio lançado pelo grupo, acabou causando conflitos entre seus
integrantes. Chegou-se a produzir um LP com o grupo paulista Cabine C
(liderado pelo ex-Titã Ciro Pessoa), que prensado e distribuído pela RCA, foi
um grande fracasso comercial. Ainda em 1987, Paulo Ricardo, Fernando,
Schiavon e P.A. anunciaram a separação oficial do grupo.

O grupo retomou as atividades em 1988, com o álbum RPM e vendeu 250


mil cópias antecipadamente indicando outro grande sucesso a exemplo do
disco Radio Pirata ao Vivo. Com a crise econômica daquele ano, várias
brigas internas entre os integrantes do grupo não permitiram que a
gravadora divulgasse as músicas em novelas da emissora Rede Globo,
amargando vendas consideradas abaixo dos padrões do RPM e fazendo com
que o disco atingisse 450.000 cópias. Mesmo assim o álbum entrou naquele
ano na lista dos 5 LP's mais vendidos entre todos outros artistas da música
brasileira. O RPM tinha destaque, pois chegaram a ultrapassar Roberto
Carlos em termos de vendagens, ainda a maior fonte de receita da
empresa.

Zero, a volta no romantismo!


Uma banda do Rio de Janeiro, formada em 1983 e considerada a precursora
do New Romantic no Brasil. O Zero surgiu após o término da banda
Ultimato, de "punk jazz", como se auto definiam, formada em São Paulo em
1978 (rebatizada para Ultimato em 1981) por Fabio Golfetti, Alberto "Beto"
Birger, Cláudio Souza, Gilles Eduar e Nelson Coelho. O futuro vocalista
Guilherme Isnard, que recentemente havia deixado sua banda anterior, o
Voluntários da Pátria, foi introduzido ao Ultimato por seu amigo Luiz Antônio
Ribas, dono da extinta gravadora independente Underground Discos e
Artes. Isnard então decidiu-se juntar à banda, e conversou com seus
integrantes sobre acrescentar letras às suas canções. Seu estilo musical
acabou por mudar para um "art rock com pegada hardcore"e em 1983 se
reorganizaram como Zero. Seu primeiro lançamento foi o single "Heróis",
que saiu pela CBS Records em 1985. Nesse mesmo ano a banda participou
do primeiro álbum da cantora May East, Remota Batucada, na faixa "Caim e
Abel" — porém também sofreria uma grande reestruturação em sua
formação no mesmo ano, com todos os seus membros menos Isnard
saindo. Muitos de seus ex-membros começariam seus próprios projetos:
Fabio Golfetti e Cláudio Souza formaram a influente banda de rock
psicodélico Violeta de Outono, e Beto Birger juntar-se-ia ao Nau com Vange
Leonel. Juntou-se a Isnard, então, a formação "clássica" da banda: Alfred
"Freddy" Haiat (ex-Degradée e irmão do guitarrista do Metrô Alec Haiat) no
teclado, Ricardo "Rick" Villas-Boas no baixo, Eduardo Amarante (ex-Agentss
e Azul 29) na guitarra e Athos Costa na bateria. Seu primeiro grande
lançamento de estúdio foi o extended play Passos no Escuro, pela EMI; foi
um sucesso de vendas, ganhando um Disco de Ouro pela ABPD. O EP gerou
os sucessos "Formosa" e "Agora Eu Sei", o último contando com uma
participação especial do vocalista do RPM Paulo Ricardo providenciando
vocais adicionais.

Em 1987 Athos Costa deixou a banda e foi substituído pelo também ex-Azul
29 Malcolm Oakley. A banda então começou a trabalhar em seu primeiro
álbum de estúdio, Carne Humana, que não foi tão bem-sucedido quanto seu
EP mas ainda assim gerou os também populares singles "Quimeras" e "A
Luta e o Prazer". No mesmo ano abriram shows para Tina Turner em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Alegando falta de interesse em continuar com a
banda, Guilherme Isnard anunciou que o Zero estava chegando ao fim em
1989. Então mudou-se para Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, onde
trabalhou em outros projetos, entre eles a banda cover do Roxy Music e de
Bryan Ferry Roxy Nights.

Isnard reuniu-se à formação clássica do Zero para um show celebrando o


15º aniversário da banda em 1998; seria apenas por um dia, mas a
resposta dos fãs foi tão positiva que acabaram por anunciar uma reunião
definitiva. Seu primeiro lançamento após o hiato (porém com uma formação
levemente diferente — Sérgio Naciffe entrou como baterista, Jorge Pescara
no baixo e Chapman stick e JP Mendonça como um tecladista adicional) foi
a compilação Electro Acústico, que saiu em 2000 pela Sony. Em 2005 o
Zero sofreu mais uma mudança em sua formação, com a entrada de Yan
França na guitarra e Vitor Vidaut na bateria; no ano seguinte, em 30 de
agosto, lançaram às próprias custas seu primeiro álbum desde 1987, Quinto
Elemento.

Engenheiros do Hawaii, lirismo crítico...

Banda formada na cidade de Porto Alegre (RS) em 1984 por Humberto


Gessinger (vocal e baixo), Carlos Stein (guitarra), Marcelo Pitz (baixo) e
Carlos Maltz (bateria), que alcançou grande popularidade com suas canções
líricas e críticas. Antes de chegarem à sua formação final, a banda passou
por algumas mudanças, sendo Gessinger o último integrante da formação
original a permanecer na banda até a "pausa" ocorrida em 2008, por
motivos particulares da banda. Quatro estudantes da Faculdade de
Arquitetura da UFRGS - Humberto Gessinger (vocal e guitarra), Carlos Stein
(guitarra), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Maltz (bateria) - resolveram formar
uma banda para uma apresentação em um festival da faculdade, que
aconteceria por protesto à paralisação de aulas. O primeiro show da banda
foi em 11 de janeiro de 1985. Escolheram o nome Engenheiros do Hawaii
para satirizar os estudantes de engenharia que andavam com bermudas de
surfista, com quem tinham uma certa rixa. Começaram a surgir propostas
para novos shows e, depois, algumas apresentações em palcos alternativos
de Porto Alegre, juntamente com uma série de shows pelo interior do Rio
Grande do Sul. A banda, em menos de quatro meses de carreira, já
consegue gravar duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985)
com diversas bandas gaúchas, em razão de uma das bandas vencedoras do
concurso adicionador à coletânea ter desistido da participação do álbum na
última hora. Quando a banda seguiu com seus ensaios, durante a greve da
faculdade, Carlos Stein realizou uma viagem que acabou inviabilizando sua
permanência no grupo, e, tempos depois, ele passa a integrar a banda
Nenhum de Nós. Meses passaram, e os Engenheiros do Hawaii gravam o
seu primeiro álbum: Longe Demais das Capitais, em 1986. O norte musical
do disco apontava para um som voltado à música pop, muito próximo ao
ska de bandas como o The Police e Os Paralamas do Sucesso. Destacam-se
as canções "Toda Forma de Poder", que foi tema das novelas Hipertensão
da Rede Globo e Vitória da RecordTV. "Segurança", além de "Sopa de
Letrinhas" e "Longe Demais das Capitais".
Um dos grandes hits da banda, "O papa é Pop, é de 1990. Depois vieram
"Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones",
regravação de uma velha canção do grupo Os Incríveis (por sua vez versão
da canção "C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling
Stones" de Gianni Morandi).

Os Engenheiros atravessaram por muitas formações durante a sua


trajetória e o líder Humberto Gessinger chegou a montar um trio. O
"Humberto Gessinger Trio", contava com Luciano Granja na guitarra e Adal
Fonseca na bateria. O grupo lançou o disco, também intitulado "Humberto
Gessinger Trio" (HG3), em 1996. O clima enxuto do disco, basicamente com
bateria, baixo e guitarra, lembrava os primeiros trabalhos de Gessinger,
como exemplificam as canções "Vida Real", "Freud Flintstone", "De Fé" e "O
Preço". Paralelo a esse fato, Carlos Maltz envolve-se numa trilha mística e
resolve abandonar os Engenheiros. A partir daí, o baterista monta o grupo
"A Irmandade". Durante a turnê do Humberto Gessinger Trio, há uma
constante troca de nomes da banda. Os shows que deveriam ser
anunciados como HG3 ainda eram apresentados como Engenheiros do
Hawaii.

Sepultura, sucesso mundial...

O Sepultura é uma banda de heavy metal criada em 1984 pelos irmãos Max
Cavalera e Igor Cavalera em Belo Horizonte, Minas Gerais. Com uma
mistura death metal e thrash metal, somado a elementos de música tribal
indígena, africana, japonesa e outros estilos, o Sepultura fez muito sucesso
na década de 1990 com discos como Arise e Chaos A.D.. Foi ainda é uma
forte influência para inúmeras bandas de death metal, groove metal e nu
metal.

Originalmente era formada por Igor Cavalera (baterista), Max Cavalera


(somente guitarrista), Paulo Jr. (baixista) e Wagner Lamounier (guitarrista e
vocalista). Em 1985, Wagner deixa o grupo para formar o Sarcófago, Max
assume os vocais, e Jairo Guedez entra como segundo guitarrista. Em
1987, Jairo sai e Andreas Kisser entra em seu lugar, estabelecendo a
formação clássica que duraria dez anos. Agora, em sua formação atual, o
vocal é feito pelo americano Derrick Green e a bateria por Eloy Casagrande,
ficando Andreas como guitarrista único. O Sepultura já vendeu
aproximadamente 50 milhões de unidades mundialmente, ganhando vários
discos de ouro e platina em todo o mundo, inclusive em países como
França, Austrália, Estados Unidos e Brasil.
Max Cavalera, hoje no Soulfly e Cavalera Conspiracy, foi um dos fundadores
do Sepultura

Em 1990, a banda toca em vários shows, incluindo o Dynamo Open Air


Festival, com cerca de 26 mil pagantes, e conhecem Gloria Bujnowski,
empresária do Sacred Reich. O grupo decide tê-la também como
empresária. Depois das apresentações, o Sepultura entra em estúdio para
regravar "Troops of Doom", que a Roadrunner usaria para relançar o álbum
Schizophrenia remixado. Ainda no mesmo ano, a Cogumelo relança Bestial
Devastation com uma nova versão de "Troops of Doom".

A banda chamou atenção por onde passou e seu nome despontou na mídia
mundial. Nesta turnê encontraram uma de suas fontes de inspiração:
Lemmy Kilmister e sua banda Motörhead, cruzaram o muro de Berlim ainda
na época da Guerra Fria, e até conheceram o Metallica, banda muito forte
na época. Foi gravado nesta época o primeiro videoclipe do Sepultura,
"Inner Self", que tal qual "Mass Hypnosis" e "Beneath the Remains", tornou-
se um clássico da banda. Em janeiro de 1991, eles tocaram no Rock in Rio
II para um público de mais de 100 mil pessoas. A banda, que havia se
mudado do Brasil para Phoenix, Arizona (nos Estados Unidos) em 1990,
obteve um novo empresário e gravou o álbum Arise nos estúdios
Morrisound em Tampa, Flórida. Quando o disco foi lançado em 1991, o
Sepultura tornou-se uma das bandas de thrash/death metal mais elogiadas
criticamente da época. Arise vendeu cerca de 160 mil cópias nas 8
primeiras semanas. Ao final da turnê de divulgação, o álbum já tinha
vendido mais de 1.000.000 de cópias, e figurou a posição 119 no top 200
da Billboard. Como seu antecessor, também foi produzido por Scott Burns.
É considerado pela maioria dos fãs de longa data o melhor álbum do grupo.

Raimundos, mais uma banda de Brasília...

Formada em Brasília em 1987 com Digão na bateria e Rodolfo Abrantes na


guitarra. O nome da banda é uma derivação do nome de uma das maiores
influências: Ramones. Na época, Raimundos era um cover de Ramones. No
entanto, faltava um baixista. Rodolfo decidiu chamar Canisso para tocar
com eles e com a entrada deste, a banda foi levada um pouco mais a sério.
A primeira apresentação da banda foi realizada na casa de Gabriel Thomaz
(cantor do Autoramas) durante a virada de ano de 1988, sendo que um dos
presentes era Fred, que tornar-se-ia então baterista. A parte nordestina do
som é reflexo da cultura familiar dos integrantes e das canções do
compositor de forró Zenilton. "Minha família é da Paraíba, e eu me lembro
que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos com os meus
pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava
das canções do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito
fera", explica Rodolfo numa entrevista à revista Bizz. "O pai do Rodolfo
usava um disco do Zenilton para abanar o churrasco", lembra Canisso.
Rodolfo é padrinho de Mike, filho de Canisso. Esse ritmo manteve-se
constante até a separação da banda dois anos após. Canisso iniciou estudo
de Direito na UnB e teve filhos, Digão deixou de tocar bateria por problemas
auditivos e começou a tocar guitarra. Rodolfo por sua vez passou a cantar
na banda Royal Street Flesh, casou-se e mudou-se para o Rio de Janeiro.

O retorno se deu em 1992 com uma oportunidade em tocar em um bar de


Goiânia. Como Digão havia passado para a guitarra a banda começou a
procura por um baterista, chegando até a utilizar uma bateria eletrônica.
Não obtendo bons resultados, recrutam Fred, que na época já era fã do
grupo. No ano seguinte a banda gravou uma fita demonstrativa contendo
"Nega Jurema", "Marujo", "Palhas do Coqueiro" e "Sanidade", iniciando
então divulgação pelo país. A banda passou a ser reconhecida pela mídia e
por outras bandas, e foi convidada a tocar no Rio de Janeiro. Os Raimundos
chegaram a abrir apresentações de Camisa de Vênus e Ratos de Porão no
Circo Voador, além de uma temporada para o Titãs.

Em 1994, lançam seu primeiro disco, intitulado apenas como Raimundos,


pelo selo Banguela dos Titãs. O disco teve boa aceitação, vendendo mais de
150 mil cópias. O som pesado, com letras cheias de palavrões e com fortes
influências nordestinas, chamou a atenção da mídia e do público, com
canções como "Puteiro em João Pessoa", "Nega Jurema" e "Marujo". Mas o
grande sucesso do álbum foi a balada pornô-erótica "Selim", que
impulsionou as vendas do disco e tornou a banda conhecida no país inteiro.
O álbum foi de extrema importância para o cenário musical brasileiro,
devido ao som inovador (intitulado "forró-core") e ao fato de ter sido um
dos responsáveis pela "abertura de portas" para o rock dos anos 90,
influenciando praticamente todas as bandas que se formariam depois. Com
8 discos autorais, 30 anos de estrada e mais de 5 milhões de cópias
vendidas, os Raimundos estão marcados na história como uma das
principais bandas de rock no Brasil.

Skank, influência do Reggae...

Banda mineira, de Belo Horizonte, formada em 1991 pelo guitarrista e vocal


Samuel Rosa; Henrique Portugal (teclados); Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo
Ferretti (bateria). Antes do Skank, em 1983, Samuel Rosa e Henrique
Portugal tocavam em uma banda de reggae chamada Pouso Alto do
Reggae, junto com os irmãos Dinho (bateria) e Alexandre Mourão (baixo).
Em 1991, o Pouso Alto conseguiu um show na casa de concertos Aeroanta,
em São Paulo, mas como os irmãos Mourão não estavam em Belo
Horizonte, o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram
chamados para o show. Antes da apresentação, o grupo mudou seu nome
para Skank, inspirado na música de Bob Marley, "Easy Skanking" ("Skunk"
é o nome de uma variação da cannabis sativa, popularmente conhecida
como maconha). A banda fez sua estréia em 5 de junho de 1991, e devido
a final do Campeonato Brasileiro no mesmo dia, o público pagante foi 37
pessoas. Entre os presentes estavam Charles Gavin e André Jung, ex-
bateristas dos Titãs e do Ira!. Após o show, a banda gostou da performance
e resolveu continuar junta. Começou a tocar regularmente na churrascaria
belo-horizontina Mister Beef, bem como nas casas noturnas Janis, Maxaluna
e L'Apogée. A proposta musical era transportar o clima do dancehall
jamaicano para a tradição pop brasileira. O primeiro álbum, Skank, foi
lançado de forma independente, em 1992. Apesar dos membros nem terem
aparelhos de Compact disc em casa, fizeram no formato CD, segundo
Ferreti, "para chamar a atenção dos jornalistas, das rádios e talvez de uma
gravadora. Era uma aposta na qualidade, na inovação." O destaque da
banda na cena underground despertou o interesse da gravadora Sony Music
que, junto ao Skank, inaugurou no Brasil o selo Chaos, e relançou o álbum
em abril de 1993.

O segundo disco, Calango, foi lançado em 1994 e vendeu mais de 1 milhão


de cópias e músicas como "Jackie Tequila" e "Te Ver" tornaram-se hits
cantados por todo o país. O disco seguinte, O Samba Poconé (1996), levou
o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça,
Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao
lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against
The Machine. O single "Garota Nacional" foi sucesso no Brasil e liderou a
parada espanhola (na versão original) por três meses. A canção foi o único
exemplar da música brasileira a integrar a caixa Soundtrack for a Century,
lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda
ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em
diversos países ao redor do mundo. Enquanto O Samba Poconé chegava a
quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a
representar o Brasil em Allez! Ola! Olé!, disco oficial da Copa do Mundo de
Futebol de 1998. Nos próximos álbuns, a música da banda passou a
equalizar as origens eletrônicas com novas influências psicodélicas e
acústicas, reveladas nos álbuns "Siderado" (1998) e "Maquinarama" (2000).

Em 2001, a banda registrou seus sucessos no CD e DVD MTV ao Vivo em


Ouro Preto (2001), que vendeu mais de meio milhão de cópias e rendeu a
primeira posição nas paradas de sucesso para a balada "Acima do Sol". A
banda já vendeu cerca de 6,6 milhões de discos entre CDs e DVDs.
Charlie Brown Jr, originalidade...

O Charlie Brown Jr. nasceu em Santos em 1992 apresentando uma grande


mistura de gêneros como o hardcore punk, reggae, rap, e skate punk. Sua
história tem início quando o vocalista "Chorão" (Alexandre Magno Abrão)
passou a morar em Santyos, no Litoral Paulista. Certo dia, entrou em um
bar local e substituiu o vocalista de uma banda, quando o mesmo precisou
se ausentar devido a necessidades fisiológicas. Uma pessoa da platéia, ao
vê-lo cantar, convidou-o para ser vocalista em sua banda. Em 1990, quando
o baixista da referida banda saiu, Champignon, então com 12 anos de
idade, foi apresentado ao Chorão por músicos conhecidos que freqüentavam
o mesmo estúdio do cantor, em São Vicente, para fazer um teste para
baixista. Os dois formaram então a banda What's Up. Não há registros da
What's Up disponíveis na internet, mas a banda, segundo relatos, praticava
um som ligado ao thrash metal, hardcore e crossover. As letras eram em
inglês e a pegada era semelhante a de bandas como Biohazard e Suicidal
Tendencies. Os dois tentaram divulgar a banda ao longo da cidade. Tempos
depois, Chorão e Champignon decidiram convidar o baterista Renato Pelado,
egresso de bandas da cidade como Ecossistema, Jornal do Brasil, entre
outros projetos. Mais tarde, Marcão e Thiago Castanho completaram a
primeira formação do grupo, que ainda não tinha um nome. Desta época,
resta apenas um registro em VHS já deteriorado, que foi divulgado pelo
guitarrista Marcão, somente em 2017, em uma rede social. Segundo o
próprio Marcão, "trata-se de imagens inéditas da gravação do primeiro
videoclipe do grupo, gravado de forma independente, que chegou a ser
lançado, mas "se perdeu no tempo".

O nome Charlie Brown Jr. só iria ser escolhido em 1992, quando Chorão,
inspirado em um incidente no qual o próprio atropelou uma barraca de água
de coco com o desenho de Charlie Brown, o protagonista da tira Peanuts. O
"Júnior" foi acrescido, nas palavras de Chorão, "pelo fato de sermos filhos
do rock", inspirado por músicos do rock brasileiro à época como Raimundos,
O Rappa, Nação Zumbi, e Planet Hemp.[12] A sonoridade do grupo tinha
influências de grupos como Blink 182, Sublime, Bad Brains, 311, Rage
Against The Machine, NOFX e Suicidal Tendencies, misturando hardcore,
skate rock, reggae e ska.

O vocalista da banda, Chorão, era skatista, chegando a figurar nas


melhores posições do ranking de diversos campeonatos brasileiros, e
costumava apresentar-se nos shows em cima de um skate. Por volta de
1993, já com esta formação da banda, começaram a tocar no circuito
underground de Santos e São Paulo e a fazer shows em vários eventos de
skate. As primeiras apresentações do quinteto aconteceram em Santos e
São Paulo, especialmente em campeonatos de skate.

O primeiro álbum foi Transpiração Contínua Prolongada, produzido por


Tadeu Patolla e Rick Bonadio com o selo da Virgin. O título do álbum,
segundo a banda, retratava tudo que passaram para chegar aonde
chegaram. Lançado em 1997, o disco vendeu por volta de 500 mil cópias, e
foi bem recebido pelas rádios, que executaram faixas como "O Coro Vai
Comê!", "Proibida pra Mim (Grazon)", "Tudo que Ela Gosta de Escutar" e
"Quinta-Feira". A primeira aparição da banda na TV, em rede nacional,
ocorreu no dia 24 de junho de 1997, no Programa Livre, do SBT,
apresentado por Serginho Groisman.

As canções da banda misturavam vários gêneros musicais como o hardcore


punk, reggae, rap, e skate punk, criando assim um estilo próprio e original.
Suas letras faziam diversas críticas à sociedade, além de uma abordagem
da perspectiva do universo jovem contemporâneo. Todos os membros da
banda eram naturais da cidade de Santos, exceto o vocalista Chorão, que
nasceu em São Paulo.

No dia 6 de março de 2013, Chorão, o vocalista do grupo, morreu em seu


apartamento em São Paulo devido a uma overdose de cocaína e álcool. Os
membros remanescentes da banda decidiram não mais usar o nome Charlie
Brown Jr., assim mudando-se para A Banca, na intenção de preservar a
memória de Chorão com o antigo nome e homenageá-lo. Porém o novo
grupo se extinguiu já em setembro de 2013, quando na madrugada do dia 9
desse mês, após pouco mais de seis meses da morte de Chorão, o baixista-
fundador do Charlie Brown Jr. e vocalista d'A Banca, Champignon, foi
encontrado morto em sua casa, em São Paulo, vitima de suicídio.

Em julho de 2015, um levantamento da plataforma de streaming Deezer


revelou que o Charlie Brown Jr. é a segunda banda brasileira de rock mais
ouvida no exterior, atrás apenas do Sepultura. Em setembro de 2015,
levantamento similar da Billboard Brasil divulgou uma lista similar com 47
brasileiros e o CBJr. apareceu na 31ª posição, o quarto grupo (depois do
Sepultura, Natiruts e Tribalistas).Em 2019, Marcão, Heitor Gomes e André
Pinguim Ruas fizeram uma turnê com convidados nos vocais.

Angra, mais de 5 milhões de cópias vendidas mundialmente!

Banda de power metal lançada em São Paulo (1991) pelo vocalista,


tecladista e multi-instrumentista Andre Matos e os guitarristas Rafael
Bittencourt e André Linhares, os quais se conhecerem na Faculdade Santa
Marcelina, onde cursavam composição e regência. Matos já tinha
participado do Viper, entre 1985 e 1990 e Rafael Bittencourt fazia parte da
banda Spitfire. Após a formação inicial da banda, entraram os músicos Luis
Mariutti (baixo) e Marco Antunes (bateria), e André Linhares cedeu lugar a
André Hernandes, e posteriormente a Kiko Loureiro. Apenas os guitarristas
Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro foram os únicos integrantes a tocarem
em todos os álbuns da banda. A proposta musical da banda era de fazer
uma fusão do heavy metal, os ritmos étnicos brasileiros e a sofisticação da
música erudita.

O quinteto ensaiou praticamente por um ano para lançar sua primeira demo
tape, intitulada Reaching Horizons em 1992. Ainda desconhecidos do grande
público, o Angra assinou com a JVC e viajou para a Alemanha para gravar
seu primeiro álbum de estúdio. Antes das gravações iniciarem, Marco
Antunes deixa o grupo, ficando a cargo de Alex Holzwarth tocar a bateria no
disco. O primeiro show da banda foi dia 17 de Abril de 1993 no Black Jack
em São Paulo. O tecladista foi Fábio Ribeiro, que fez alguns shows e depois
saiu para trabalhar na Korg. Entrou então Leck Filho. No fim de 1993 foi
lançado o disco de estréia, Angels Cry, que contava com a participação de
Kai Hansen, Dirk Schlachter, Thomas Nack (Gamma Ray) e Sascha Paeth
(Heavens Gate). O álbum apresentava uma mistura de heavy metal e
música clássica, sonoridade que marcou o estilo da banda. Após o
lançamento, o Angra ganhou fama no Japão, aonde Angels Cry chegou à
terceira posição na parada internacional, tendo vendido 106 mil cópias,
ganhando seu primeiro Disco de Ouro. Leitores de revistas japonesas e sul-
americanas elegeram o Angra "Melhor Banda Nova" de 1993, sendo que, na
Rock Brigade, o grupo (e Angels Cry) venceu diversas categorias da votação
dos leitores: "Melhor Álbum", "Melhor Vocalista", "Melhor Capa", "Melhor
Tecladista" e "Melhor Música" (Carry On). O videoclipe de "Time" foi
executado muitas vezes em emissoras de TV do Brasil e do Japão, enquanto
que o de "Carry On" foi indicado para o MTV Video Music Awards.

Ainda em 1994 a banda foi convidada para a inauguração da versão


brasileira do festival Monsters of Rock, dividindo palco com o KISS, Black
Sabbath e Slayer, tocando para mais de 50 mil pessoas presentes além da
cobertura televisiva ao vivo. Com as imagens desse show é feito o clipe da
música Carry On. Após o festival, a banda embarcou numa turnê no Brasil:
a Angels Cry Tour, que incluiu um show patrocinado pela 97FM, que levou
10 mil pessoas ao Maracanã, e duas apresentações lotadas no Aeroanta, em
março. O fim da turnê ocorreu em 13 de maio de 1995, quando a banda foi
à Europa para uma série de shows, que compreendiam 11 datas em cinco
países, incluindo dois festivais ao ar livre. O tecladista em toda a turnê foi
Leck Filho.[6]

No período entre o término dos shows e o início das gravações do segundo


álbum, o guitarrista Kiko Loureiro e o baixista Luís Mariutti foram chamados
a criar vídeo-aulas para as séries Guitar Rock e Rock Bass,
respectivamente. O Angra iniciou as gravações de seu novo álbum em
1995. Holy Land, lançado em Março de 1996, sucedido por shows em
diversos países europeus, como Itália, França e Grécia. Em 08 de junho de
2019 falece Andre Matos, que além do Angra, foi vocalista das bandas Viper
e Shaman. O Angra já vendeu mais de 5 milhões de cópias pelo mundo
CAPÍTULO VII

Jornalistas, Produtores, Radialistas e seus achados...

Carlos Imperial

Foi um dos nomes mais influentes no cenário artístico e musical brasileiro.


Nasceu em 1935 na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, no estado de
Espírito Santo, a mesma do Rei Roberto Carlos, e foi responsável pelo
lançamento de inúmeros cantores e bandas do período da Jovem Guada.
Entre eles, o próprio Roberto Carlos, Renato e Seus Blue Caps, Tim Maia,
Paulo Sérgio, Wilson Simonal, Clara Nunes... Também desenvolveu projetos
importantes na televisão, teatro e no cinema. Muito polêmico, ele mesmo se
autodeclarava como o "rei da pilantragem". E isso no meio artístico e com
as várias mulheres com as quais se envolveu.

Imperial era colecionador de discos importados e admirava os métodos de


Tom Parker, empresário de Elvis Presley. Inspirado neste contexto,
começou a atuar no nascimento do movimento do rock brasileiro, criando o
Clube do Rock, que foi um espaço de música e dança em Copacabana e que
se tornou ponto de convergência de um grupo de artistas que se
apresentavam em clubes, rádio e televisão. Imperial também atuou no
conjunto Os Terríveis, onde tocou piano e acordeão.

Produziu, pela Polydor, os dois primeiros discos de 78 rotações do


conterrâneo Roberto Carlos e investiu na carreira do pupilo como um
"príncipe da bossa nova". Entretanto, o cantor foi considerado imitador de
João Gilberto e os discos não fizeram sucesso. Em seguida, Imperial
apresentou Roberto Carlos à Columbia e foi o produtor (não creditado) de
seu primeiro LP, Louco por Você.

Ele também revelou Elis Regina, que esperava colocar como concorrente de
Celly Campelo; porém, o LP Viva a Brotolândia desagradou a cantora e teve
vendas inexpressivas. Em meados dos anos 60, Carlos Imperial aderiu à
Jovem Guarda e compôs sucessos como "O bom" (interpretado e co-escrito
por Eduardo Araújo), "Mamãe passou açúcar em mim" (na voz de Wilson
Simonal) e "A Praça" (na voz de Ronnie Von e tema dos humorísticos Praça
da Alegria e A Praça É Nossa), além da música Para o Diabo os conselhos de
vocês, composta em parceria com Nenéo e sucesso na voz de Paulo Sérgio.
Imperial tornou-se um compositor disputado, com vários temas inscritos em
festivais de música.
No fim dos anos 60, ele desenvolveu o estilo musical pilantragem, inspirado
no rock e no soul americanos, e formou o conjunto A Turma da Pesada
como concorrente da Turma da Pilantragem. Sob a produção de Imperial, o
grupo gravou o LP Pilantrália (paródia da Tropicália), com participação de
músicos como Paulo Moura e Wagner Tiso. Em nova formação, com as
gêmeas cantoras Celia & Celma e o próprio Imperial, a Turma da Pesada fez
incontáveis apresentações no eixo Rio-São Paulo. Em 1970, o sucesso do
soul brasileiro, liderado por Tim Maia, levou Imperial a explorar o filão,
lançando no gênero (que denominou "som livre") artistas como Tony
Tornado e Guilherme Lamounier. Nos anos seguintes, a atividade de
Imperial como produtor musical se tornou esporádica. Em parceria com
Oberdan Magalhães, produziu, entre outros, o compacto duplo da trilha
sonora de Sábado Alucinante e os discos que lançaram Dudu França. O
grande produtor veio a falecer em 04 de novembro de 1992, aos 56 anos,
no Rio de Janeiro.

Big Boy

Newton Alvarenga Duarte, o Big Boy, foi um locutor que nasceu no Rio de
Janeiro em 01 de junho de 1943. Foi um dos principais disc jockey de sua
época, responsável por uma verdadeira revolução no rádio brasileiro. Sua
coleção de discos de música pop chegou a 20 mil, entre o quais a sua
maioria discos de rock an roll. Tinha como saudação a frase "hello crazy
people!", era uma maneira irreverente através da qual saudava seus
ouvintes. Essa postura tornou-se marca registrada, um estilo próprio e
descontraído, que se diferenciava do padrão dos locutores da época que
tinham a voz impostada. Como programador, demonstrou extrema
sensibilidade ao captar o gosto do público, observando as tendências
musicais ao redor do mundo e inovando a partir de ideias que modificariam
todo um sistema de programação estabelecido. O que se pode dizer é que
Big Boy foi o primeiro "profissional multimídia" do show business brasileiro.

Além de manter dois programas diários na Rádio Mundial, Big Boy Show e
Ritmos de Boite, um na Rádio Excelsior de São Paulo e um semanal
especializado em Beatles, o Cavern Club, também na Mundial, atuava como
programador, colunista em diversos jornais e revistas, produtor de discos e
DJ dos Bailes da Pesada, onde mantinha um contato direto com o público
que gostava especialmente de soul e funk, principalmente na Zona Norte do
Rio de Janeiro. Em televisão, inovou ao apresentar em sua participação
diária no Jornal Hoje da TV Globo, pela primeira vez, film clips com músicas
de sucesso do momento.
Em seu programa Papo Pop, na TV Record de SP, lançou grupos brasileiros
de vanguarda. Foi também o responsável pela implantação do projeto Eldo
Pop, no início das transmissões em FM no Brasil. A lendária rádio (antiga
Eldorado FM), especializada em rock progressivo, visava contemplar um
público restrito mas altamente especializado em seu gosto musical e que
encontrava ali um veículo de expressão da autêntica música de vanguarda.
Chegou a participar como ele mesmo da novela cômica Linguinha, ao lado
do humorista Chico Anysio (TV Globo - 1970).

Ao longo de toda sua vida profissional, Big Boy continuou ampliando sua
coleção. Em diversas viagens a outros países apurou seu acervo, buscando
raridades como "discos piratas" de tiragens limitadíssimas. Ao morrer havia
juntado cerca de 20 mil títulos, entre LPs e compactos, na maioria
importados, que abrangem diversos gêneros musicais como rock, jazz, soul
music, rock progressivo, música francesa, trilhas sonoras de filmes,
orquestrais, etc. Como um todo, a discoteca Big Boy constitui-se num
acervo cultural importantíssimo, pois retrata vários períodos do cenário
discográfico mundial e, mais do que uma coleção, trata-se da síntese do
trabalho de um profissional que ousou inovar.

Foi o primeiro DJ a executar, num programa de rádio, a música Let It Be,


dos Beatles, isso nos idos do ano de 1970, após ter estado na cidade de
Londres. Conseguiu, através de um amigo, adentrar num dos estúdios de
gravação da "Apple", onde ensaiavam ainda o sucesso inédito e com um
mini gravador escondido sob a roupa, gravou o pré-lançamento. Ao ser
descoberta a trama, conseguiu evadir-se do local, trazendo consigo a fita já
gravada e a exibiu num de seus programas logo depois, em primeiríssima
mão no mundo, na Rádio Mundial do Rio de Janeiro. Big Boy faleceu em São
Paulo no dia 07 de março de 1977.

Nelson Motta

Um dos ícones do cenário artístico brasileiro, Nelson Cândido Motta Filho


nasceu em São Paulo, no dia 29 de outubro de 1944. Atua como
compositor, escritor, roteirista, produtor musical, teatrólogo e letrista e é
autor de mais de trezentas músicas, com diversos parceiros, como Lulu
Santos, Rita Lee, Ed Motta, Cidade Negra, Guilherme Arantes, Dori Caymmi,
Erasmo Carlos e a banda Jota Quest. Produziu espetáculos de artistas como
Elis Regina, Marisa Monte e Gal Costa. É o autor de sucessos musicais como
Dancing Days (com Ruben Barra), Como uma Onda (com Lulu Santos),
Coisas do Brasil (com Guilherme Arantes) e da canção de final de ano da
Rede Globo, "Um Novo Tempo" (com Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle).
Em 1966, venceu a fase nacional do I Festival Internacional da Canção
(FIC), com sua canção Saveiros (com Dori Caymmi), interpretada por Nana
Caymmi. Participou da bossa nova junto com nomes como Edu Lobo e Dori
Caymmi. Ajudou no desenvolvimento do rock brasileiro, através de seu
trabalho como jornalista em O Globo e no programa Sábado Som, pela
Rede Globo. No final da década de 1980 foi responsável pelo lançamento de
Marisa Monte e pela produção do festival Hollywood Rock. Idealizou e
formatou programas como Chico & Caetano (1986) e Armação Ilimitada
(1985). Fez palestras nas Universidades de Harvard (2000), Oxford
(Inglaterra, 2005), Roma (2002) e Madri (2004) e em quase todas as
capitais brasileiras.

Foi diretor artístico da gravadora Warner Music, produtor da PolyGram e


também participou do programa Manhattan Connection (canal GNT), com
Lucas Mendes e Paulo Francis, entre 1992 e 2000. Escreveu os best-sellers
Noites Tropicais e Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia (ambos pela
editora Objetiva), que, juntos, venderam mais de trezentas mil cópias; seus
romances Ao Som do Mar e À Luz do Céu Profundo (editora Objetiva), O
Canto da Sereia (editora Objetiva) e Bandidos e Mocinhas, além do livro de
histórias Força Estranha (2010 - editora Objetiva), que mistura ficção e
realidade, permaneceram na lista dos livros mais vendidos por semanas.
Também escreveu Nova York é Aqui (editora Objetiva), Memória Musical
(editora Sulina), dentre outros. Em 2005, foi condecorado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com a Ordem de Rio Branco no grau de Oficial
suplementar. Foi colunista dos jornais Ultima Hora (1968), O Globo (1973 a
1980 e depois de 1995 a 2000) e Folha de S.Paulo (2003 a 2009).

Em 2014 Nelson celebrou seus setenta anos com o lançamento do CD


Nelson 70, com músicas de sua autoria interpretadas por nomes da MPB
como Lenine, Marisa Monte, Ana Cañas, Gaby Amarantos dentre outros;
lançou também o livro As Sete Vidas de Nelson Motta, uma compilação de
crônicas escritas durante sua carreira como jornalista, e o documentário
Nelson 70, exibido pelo Canal Brasil. Nelson ganhou o Premio APCA 2014 na
categoria Música Popular e o Premio Faz diferença 2014 – na categoria
Música. Em 2015 foi idealizador do Musical “S’imbora - a história de Wilson
Simonal", em parceria com Patrícia Andrade, dirigida por Pedro Brício e
estrelada por Ícaro Silva e produzida por Joana Motta. Em 2016, foi
homenageado no Grammy Latino, e lançou 101 canções que tocaram o
Brasil, traçando uma história da música do país. Em 2018 escreveu o
Musical “O frenético Dancin’ Days”, em parceria com Patrícia Andrade,
dirigido por Deborah Colker e produzido por Joana Motta.

Nelson Motta tem três filhas (Joana, de seu primeiro casamento, Esperança
e Nina, que teve com a atriz Marília Pêra). Tem três netos, duas meninas e
um menino e um bisneto. Foi casado quatro vezes: além de Marília, casou-
se com Mônica Silveira, com a empresária Costanza Pascolato e com a
publicitária Adriana Penna. Teve também um relacionamento com a cantora
Elis Regina.

O multimídia Nelson Motta ainda jovem na década de 80

Kid Vinil

Antônio Carlos Senefonte, o Kid Vinil, nasceu em Cedral, São Paulo, no dia
10 de março de 1955 e fez um grande sucesso como radialista, jornalista,
apresentador de televisão e cantor. Nos anos 80 fez parte do rock brasileiro
ativamente com vocalista das bandas Verminose, Magazine, Kid Vinil & Os
Heróis do Brasil e Kid Vinil Xperience. Também foi um dos maiores
incentivadores do início do movimento punk paulista, organizando shows e
tocando músicas de bandas de punk rock e pós-punk em seu programa de
rádio. Sempre usando roupas muito coloridas, tinha um "visual
extravagante".Em função de sua paixão desde garoto pelos discos de
bandas como Beatles e Rolling Stones e pelo conhecimento adquirido em
relação ao rock, em 1979 foi convidado para apresentar um programa de
rádio na Excelsior sobre punk e new wave. Foi como apresentador deste
programa que ele adotou o "nome de guerra" Kid Vinil.

Foi como vocalista do Magazine que Kid Vinil ficou famoso nos anos 1980,
com as canções "Tic Tic Nervoso" (de Marcos Serra e Antonio Luiz), "A Gata
Comeu", "Sou Boy" e "Glub Glub No Clube". Pouco depois, após
desentendimentos com os membros da banda, Kid decide se separar do
Magazine. Depois que saiu do Magazine, Kid Vinil gravou um disco com os
Heróis do Brasil em 1986, intitulado Kid Vinil & Os Heróis do Brasil. No
trabalho, com influências do blues, o cantor contou com André Christovam e
a participação de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Ainda na década de 80,
Kid lançou um trabalho solo sem nenhum comprometimento comercial,
chamado “O Toque do Vinil”

Na televisão, participou em 1987 do programa Boca Livre na TV Cultura.


Nesta mesma emissora, de 1989 a 1993, apresentou o programa Som Pop,
que exibia videoclipes. Na Rede Bandeirantes, comandou o programa
Mocidade Independente. Tornou-se VJ da MTV, participando de programas
como Lado B, em que apresentava videoclipes de bandas underground,
especialmente do exterior. Em 1997, a popularidade e o jeito alegre de Kid
Vinil lhe renderam uma homenagem do cantor Zeca Baleiro, que não o
conhecia pessoalmente. No primeiro CD do cantor maranhense - Por Onde
Andará Stephen Fry? - a faixa 10 se chama "Kid Vinil". Na letra Zeca diz:
“Kid Vinil, quando é que tu vai gravar um CD?”. O agradecimento de Kid
também veio em forma de música, quando ele escreveu com o Magazine a
letra: “Zeca, quando é que você vai gravar um LP?”. Voltou com o Magazine
em 2000, lançando um segundo trabalho pela gravadora Trama, o álbum
Na Honestidade, em 2002. Encerradas as atividades com o Magazine,
formou uma nova banda, o Kid Vinil Xperience, em 2005. Em 2008, lançou
um livro pela Ediouro Publicações intitulado Almanaque do Rock, que relata
a trajetória do rock, começando pelos anos 1950 e indo até os dias atuais.

Viajou pelo Brasil trabalhando como DJ. Com o Kid Vinil Xperience, lançou,
em 2010, o seu primeiro álbum, Time Was, um disco de covers de músicas
favoritas e obscuras e, em 2013, o primeiro álbum de vídeo, Vinil Ao Vivo,
gravado em 2010 na cidade de Novo Horizonte, pelo selo Galeão, com
interpretações de todos os hits de sua carreira. Em 2013 lançou, com o Kid
Vinil Experience, seu último disco com material inédito, um compacto de
vinil 7 polegadas, com as músicas "Beatriz" e "Música Panfletária". Foi
lançado em uma edição limitada a 300 cópias pelo seu próprio selo, a Kid
Vinil Records.

Kid Vinil foi responsável por produzir o primeiro disco, através da gravadora
Trama, da violeira Helena Meirelles, reconhecida mundialmente por seu
talento como tocadora da denominada viola caipira (às vezes denominada
simplesmente viola). Além dela, Kid Vinil também produziu em 1998 o
álbum Com Defeito de Fabricação, de Tom Zé. Este lançado anteriormente
nos Estados Unidos pelo músico David Byrne (ex-Talking Heads), em uma
visita ao Rio de Janeiro. Kid Vinil dizia que um belo dia encontrou-se com
Tom Zé no sinal e, numa conversa rápida, este lhe comentou que estava
tendo dificuldades em encontrar uma gravadora no Brasil que lançasse este
mesmo disco por aqui. Kid Vinil prontamente procurou o pessoal da
gravadora Trama, na qual tratou de lançar este, que seria eleito um dos dez
melhores álbuns do ano pelo The New York Times. Kid Vinil faleceu em São
Paulo, em 19 de maio de 2017.

Liminha

Arnolpho Lima Filho, conhecido como Liminha, nasceu em São Paulo, em 5


de maio de 1951. É produtor musical e foi ex-baixista da banda Os
Mutantes. Compôs com Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias várias
músicas, dentre elas: "Top Top", "Lady Lady" e "A Hora e a Vez do Cabelo
Nascer". Gravou os álbuns A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado,
Jardim Elétrico, Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets, Tecnicolor,
Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (creditado como álbum solo da
Rita Lee), e O A e o Z. Em parceria com Gilberto Gil, compôs sucessos
como: "Vamos Fugir" e "Nos Barracos da Cidade". Com Vanessa da Mata
compôs os sucessos "Ai, Ai, Ai..." e "Ainda Bem". Até hoje é reverenciado
pela linha de baixo que fez na canção "Fullgás", gravada por Marina Lima
em 1984. Na produção musical, Liminha trabalhou com nomes como: Ana
Carolina, Arnaldo Antunes, As Frenéticas, Barão Vermelho, Blitz, Caetano
Veloso, Charlie Brown Jr, Chico Science & Nação Zumbi, Cidade Negra,
Daniela Mercury, Ed Motta, Erasmo Carlos, Fernanda Abreu, Fausto Fawcett,
Forfun, Frejat, Gabriel o Pensador, Gilberto Gil, Ira!, Jota Quest, Jorge
Mautner, Jorge Ben Jor, Kid Abelha, Lobão, Lulu Santos, Marina Lima,
Rouge, Natiruts, Os Paralamas do Sucesso, O Rappa, Pedro Luis e a Parede,
Ritchie, Skank, Titãs, Ultraje a Rigor, Vanessa da Mata, Paulo Ricardo,
Capital Inicial, Biquini Cavadão, entre outros. Conforme pesquisa realizada
pela revista Rolling Stone em outubro de 2008, Liminha ficou em 99° lugar
na Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira.

Arnaldo Saccomani

O produtor musical, multi-instrumentista e compositor Arnaldo Saccomani


nasceu em Indaiatuba, interior de São Paulo, em 24 de Agosto de 1949.
Começou suas atividades profissionais em 1960 tendo, ao longo de sua
carreira, produzido discos de Tim Maia, Rita Lee, Ronnie Von, Fábio Júnior,
Mara Maravilha e das Chiquititas Brasil. Também produziu na Espanha um
disco do cantor mexicano Luis Miguel.Ele e sua filha Thaís Nascimento estão
entre os vinte maiores arrecadadores de direitos autorais no Brasil.

Também atuou em rádios, tendo dirigido a Antena 1 FM de São Paulo e a


Jovem Pan II, lançando muitos radialistas de sucesso, como Antonio Viviani
e Eduardo Thadeu. Na década de 1990, foi um dos produtores responsáveis
por lançar os grupos de pagode romântico que dominaram a cena musical.
Em 1992, ele produziu o álbum auto-intitulado de Dominó e coescreveu
duas canções, "Me Liga" e o single "Sem Compromisso". Em 1995,
estabeleceu o contrato do grupo Mamonas Assassinas com a gravadora que
os lançou. Alguns anos depois, lançou o Grupo Carrapicho e foi o
responsável por trazer Tiririca para assinar seu primeiro contrato com uma
gravadora em São Paulo. Arnaldo foi nacionalmente conhecido pelo seu
papel de jurado em programas de calouros do SBT, sendo os principais
Astros, Ídolos e Qual é o Seu Talento?, tendo como sua última participação
no Programa do Ratinho no quadro "Dez ou Mil", onde ele sempre
desempenhou um característico estilo sério, imprevisível e ríspido, muitas
vezes mal-humorado. Saccomani morreu em 27 de agosto de 2020, aos 71
anos, no município de Indaiatuba, no interior de São Paulo. Segundo a
família, ele sofria de insuficiência renal e diabetes, e começou a fazer
hemodiálise em julho de 2019.

Carlos Eduardo Miranda

O produtor, conhecido como Miranda, nasceu em Porto Alegre, em 21 de


março de 1962. Participou do cenário independente de São Paulo, onde
trabalhou com Akira S e As Garotas Que Erraram. Sua primeira produção na
capital paulista foi um tributo a Arnaldo Batista dos Mutantes. Em meados
da década de 80, Carlos Eduardo Miranda participou da equipe da revista
Bizz e suas iniciais se tornariam bastante conhecidas nas resenhas de
discos, fazendo trocadilho com o número 100. Por causa de suas resenhas
de discos e artistas, era considerado um dos mais polêmicos críticos
musicais da revista, o que dividiu opiniões.

Na década de 1990, com os selos Banguela Records e Excelente, lançou


nomes como Raimundos. Como produtor musical lançou, entre outros
grupos, Skank, O Rappa, Os Virgulóides, Blues Etílicos, Cordel do Fogo
Encantado, Cansei de Ser Sexy, Móveis Coloniais de Acaju, MQN, Mundo
Livre S/A e o primeiro disco da Graforréia Xilarmônica, Coisa de Louco II, e
também criou e dirigiu o site Trama Virtual, que é um projeto de
distribuição online de artistas independentes por MP3. Nessa época,
retomava o trabalho de músico com a banda de rock experimental
Aristóteles de Ananias Jr. Nesta época já mostrava talento para a produção,
sendo uma espécie de padrinho de bandas como DeFalla, Os Replicantes e
muitas outras. Ele também fez uma edição especial da revista Ação Games,
foi um dos jurados da primeira e segunda temporada de Ídolos e do
programa Astros, de 2009 a 2012 foi jurado do programa Qual É o Seu
Talento?.

Em 2014 foi anunciado como jurado do novo reality show do SBT, Esse
Artista Sou Eu, comandado por Márcio Ballas. Em 2016 participou como
jurado no programa de televisão da RedeTV! João Kléber Show. Em 2017
acabou fazendo parte do elenco do quadro de provas de gincana "Malucos
Molhados", do programa de televisão Domingo Legal do SBT. Miranda veio a
falecer em 22 de março de 2018, em São Paulo

Programa Sábado Som

Esse foi um dos meus favoritos, até mesmo porque tinham poucas opções
na TV. O Programa Sábado Som foi produzido e apresentado pelo jornalista
Nelson Motta na Rede Globo. Teve início em abril de 1974 quando exibiu,
completo e pela primeira vez no Brasil, o show "Live At Pompei" do Pink
Floyd, um show antológico gravado nas ruínas de Pompéia. Nos meses em
que esteve no ar, Sábado Som exibiu vários tapes de artistas e bandas de
rock dos anos 70, que faziam apresentações nos programas das TVs dos
Estados Unidos (Don Kirschner's Rock Concert, In Concert e Midnight
Special) e da Inglaterra (Old Grey Whistle Test e Top Of The Pops) ou
quando se apresentavam em concertos em estádios.

Artistas e grupos como The Who, Sparks, Triumvirat, Status Quo, David
Bowie, Greenslade e tantos outros fizeram a festa dos jovens daquela
época, que grudavam seus olhos na TV em todos os sábados às 16h, para
assistirem seus ídolos que faziam sucesso naquela época. Inesquecível a
apresentação do concerto California Jam com Emerson Lake and Palmer,
Deep Purple, Black Sabbath e Black Oak Arkansas. Em 1975, a Rede Globo
deixou de exibir Sábado Som, substituindo-o por um seriado com Keir
Dullea (Star Lost). Mas, em 1976, a emissora voltava a presentear seus
jovens telespectadores com a exibição de Rock Concert.

Programa Fábrica do Som

Foi transmitido pela TV Cultura entre 11 de março de 1983 a 27 de junho


de 1984 com apresentação de Tadeu Jungle. Produzido em parceria com o
Serviço Social do Comércio da cidade de São Paulo (Sesc-SP) foi
responsável pelo lançamento de várias bandas de rock brasileiro, até então
desconhecidas. Era gravado no SESC Pompéia e apresentado a partir das
18h00, tendo alcançado um ibope de 04 a 11 pontos, o que é considerado
um programa com boa audiência. Além de trazer nomes já "consagrados"
da música, cantores e bandas então consideradas alternativas e que mais
tarde viriam a se tornar conhecidos se apresentavam ali pela primeira vez,
como por exemplo Arrigo Barnabé e Vânia Bastos, Sossega Leão,
Premeditando o Breque, Titãs, Ira! ou Ultraje a Rigor ou experimentais e
performances de José Roberto Aguilar e sua banda, Asdrúbal Trouxe o
Trombone, Wally Salomão ou Paulo Leminski.

CAPÍTULO VIII - Lojas de Discos (Vinis), Festivais e as Casas de


Shows

1 - Lojas de Discos "descoladas" de Rock & Pop"

Baratos Afins Discos

Uma das primeiras lojas de disco da Galeria do Rock, foi inaugurada em


1978 primeiro como uma loja de discos e depois como uma gravadora. A
idéia da gravadora surgiu quando Arnaldo Baptista, ex-vocalista e baixista
do os Mutantes combinou com Calanca o lançamento de seu segundo álbum
solo de forma independente. Assim, a história de Baratos Afins ficou para
sempre entrelaçada com a (oi) história do rock em São Paulo. A partir de
então, a gravadora lançou álbuns seminais das melhores bandas
underground de São Paulo: Fellini, Kafka, Vultos, Akira S. e como Garotas
que Erraram, Voluntários da Pátria, Gueto, Smack, 3 Hombres e
Mercenárias. A compilação No São Paulo comprou quatro novas bandas e foi
tão bem recebida que um segundo volume foi montado. Todas essas bandas
possuíam uma forte influência pós-punk, mas Baratos (como
carinhosamente chamado pela maioria dos fãs que compram discos) não
pretendiam se associar a nenhum público em particular, e logo lançaram os
primeiros álbuns de heavy metal produzidos no Brasil: SP Metal, Volumes
um e dois. Esses álbuns incluíam bandas como Korzus, Salário Mínimo… Os
álbuns até chamaram a atenção de uma banda jovem e emergente de
Minas Gerais: o Sepultura. A gravadora também iniciou uma campanha
para relançar álbuns de os Mutantes (antigo grupo de Arnaldo e uma das
bandas favoritas de Kurt Cobain) que trocavam de mãos a preços
exorbitantes entre os colecionadores. A gravadora PolyGram criou todos os
tipos de obstáculos para dissuadir Calanca de licenciar os discos para
lançamento, mas, finalmente, em 1984, a BA recebeu um lote de todos os
cinco álbuns de Mutantes, abrindo caminho para uma nova geração de
roqueiros (brasileiros e internacional) para finalmente ouvir uma das
primeiras e melhores bandas de rock do Brasil. Juntamente com os
Mutantes, a gravadora também relançou longos álbuns esgotados de Tom
Zé (um dos quais foi escolhido por David Byrne no Brasil e levado de volta
aos EUA e, conseqüentemente, responsável pela descoberta de Tom Zé no
mercado musical mundial). e sua reabilitação no cenário musical brasileiro),
e Itamar Assumpção (cantor e compositor afro-brasileiro que conseguiu
misturar samba, funk e rock e transformá-lo em um novo som urbano
inebriante). Seu trabalho foi lançado originalmente em outra gravadora,
mas foi relançado pela Baratos, primeiro em vinil e depois em CD. Nos anos
90, a BA começou a relançar lentamente seus álbuns em forma de CD,
alcançando um novo público dentro e fora do país. A gravadora também
voltou a lançar compilações, principalmente os dois volumes Brazilian
Pebbles, que apresentam bandas de garagem dignas de inclusão nas
coleções do Nuggets. O primeiro volume da série inclui principalmente
bandas da cidade de São Paulo, mas o segundo volume apresenta bandas
de outros estados e é um banquete para quem precisa de uma boa dose de
violão. As coleções provaram ser um campo de testes para uma nova cena
de rock underground em SP, povoada por bandas criadas com uma dieta
saudável de pop rock dos anos 60 e punk dos anos 70. Algumas dessas
bandas provaram ser tão boas que lançaram seus próprios CDs. É o caso
dos Skywalkers, Mákina du Tempo, Pipodélica e Gasolines. Além disso, as
bandas Baratos também lançaram um álbum excepcionalmente bom de
Mopho, do estado de Alagoas, localizado no nordeste do Brasil, e um forte
candidato à melhor banda de som dos Beatles de todos os tempos, mas
com sua própria versão atualizada do pop clássico. som. Todas essas
bandas não deixam nada para seus colegas americanos e britânicos. Basta
ouvir os fãs do rock em todo o mundo concordarem. Baratos também
lançou alguns álbuns de jazz brasileiros bastante saborosos pelo
trombonista Bocato (infelizmente ainda não está disponível em CD) e agora
está lançando dois CDs da lenda da guitarra brasileira Lanny Gordin. Lanny
estabeleceu padrões para o violão rock brasileiro que ainda precisam ser
superados, misturando uma forte influência de Hendrix com jazz e música
brasileira. Seu violão foi encontrado em algumas das músicas mais
influentes do Brasil no final dos anos 60 e início dos anos 70: as músicas de
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jards Macalé, Tim Maia e Gal Costa.
Juntamente com Arnaldo Baptista, Lanny é uma das vítimas do rock
brasileiro, mas ele ainda é capaz de fazer boa música, que agora pode ser
ouvida nos dois novos lançamentos Baratos.

Aqualung Discos (Records)


Loja e Selo (Aqualung Records) fundada por Johnny Magrão em 1990 na
Galeria do Rock (Av. São João, 439), em São Paulo. Lançou trabalhos como
o LP "Primus Inter Paris", da Banda Patrulha do Espaço. Em 1994 lançou o
álbum "Muros e Fatos", em parceria com o compositor pernambucano
Jadson Gallego (Selo Eldorado). Entre 2000 e 2005, em parceria com a
Rock Company, lançou 2 títulos do baterista JR. Vargas (On&Off e Ao Vivo),
entre outros. A partir de 2010 retomou sua carreira e lançou os álbuns
"Qual que é, em 2014 e É Isso Aí, em 2019.

Bruno Blois

Bruno Blois – Fundada em 1957 pelo empresário Bruno Blois, era uma das
maiores lojas de vinil do centro de São Paulo. Além de discos, também
vendia aparelhos de som e assessórios, câmeras fotográficas e até
videogame (vendiam Atari e seus jogos) e computadores (os primeiros
modelos de computadores pessoais que eram novidade no início da década
de 80). Essa era daquelas lojas que tinham cabines para escutar o disco
antes de comprar. Cresceu tanto que tinha 4 lojas de rua. A principal ficava
na 24 de Maio, as outras 3 ficavam na D. José de Barros (também no centro
e pertinho da 24), na Pamplona (Jardins) e na Barão do Triunfo (Brooklin).
Chegaram a abrir uma loja no Shopping Morumbi e uma no Center Norte.
Mas, infelizmente muitas lojas não resistiram aos tempos modernos e a
Bruno Blois foi uma delas. As dívidas resultavam em praticamente 4x o
faturamento e no início de 1996 entraram com pedido de concordata.

Eric Discos
A loja foi fundada pelo inglês Eric Crauford, que veio para São Paulo em
1972, tendo fundado a Eric Discos na Rua Artur de Azevedo, 1813, em
Pinheiros, onde permanece até os dias de hoje. O espaço já recebeu visitas
ilustres como o DJ Fatboy Slim e é especializado em preciosidades do rock,
mas também é freqüentada por fãs de outros gêneros, como a mpb e a
bossa nova. Quem organiza as mais de 40 000 "bolachas" é o próprio Eric

Hi Fi

A loja foi fundada no ano de 1956 em São Paulo. Maior e mais antiga loja
de São Paulo (Rua Augusta), por Hélcio Serrano. Por ser comissário de
bordo na época, ele aproveitava a oportunidade para trazer ao Brasil álbuns
de artistas das paradas internacionais. Inclusive, foi o responsável pela
comercialização do primeiro álbum dos Beatles no Brasil. Ao ouvir a banda
pela primeira vez, entrou em contato com a Odeon Records (fazia parte da
EMI) para que os lançassem aqui. Como a gravadora não manifestou
interesse pela dica do empreendedor, Hélcio decidiu resolver o problema
sozinho: trouxe o álbum dos EUA para que pudesse vender em sua loja. A
loja fez muito sucesso e era freqüentada por grandes nomes da música
brasileira, escritores etc. Entre eles Chico Buarque de Holanda, Elis Regina,
Raul Cortez, Loyola Brandão...Até mesmo as rádios o procuravam para
comprar discos que ainda não tinham mas queriam promover. A Hi Fi
fechou em 2002 ainda no auge. Seu proprietário resolveu se aposentar e
declarou á época que "estava cansado e cheio da música ruim que a maior
parte do público de hoje aprecia. Destacou ainda: "Os tempos são outros e
as gravadoras no geral só visam o lucro e não mais a qualidade, portanto
prefiro sair de cena para descansar e aproveitar mais a vida".

Locomotiva Discos

Uma loja inaugurada em 2011, na Galeria Nova Barão, mas que já


comercializava discos novos e usados pela Internet desde 2003. A
Locomotiva Discos trabalha com discos de vinil, CD, DVD, K7s etc. Além da
loja da Nova Barão, possui outra Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros.

Museu do Disco
Com mais de 40 anos de História, a loja Museu do Disco já teve várias filiais
em São Paulo. Hoke está localizada na região central de São Paulo, Rua
Quintino Bocaiúva, 274. A loja é o lugar para os apaixonados por música e
cinema.

Music House

Foi fundada em 1979, sendo uma das lojas mais antigas da Galeria do Rock
e na ativa. Possui um acervo muito grande de CD´s. Hoje já não tem a
mesma variedade de Vinil.

Ventania Discos

Desde 2018 atendendo somente via Internet, a Ventania Discos foi lançada
no ano de 1985 em São Paulo (Rua 24 de Maio, 188, Loja 113/115/117) por
Alcides Campos Filho. Conta com mais de 100 mil discos de variados
gêneros e tem como especialidade a comercialização de discos raros...

Woodstock Discos

Inaugurada por Walcir Chalas em 1978, inicialmente na Galeria José


Bonifácio (Rua Homônima), a Woodstock Discos completou 43 anos neste
ano (2021) e ainda se destaca como um dos pontos de referência para
roqueiros. Desde a sua fundação, a loja despertou curiosidade pelos vinis
raros, suvenires, revistas e filmes que o proprietário trazia de suas viagens
ao exterior. Como a galera ficava nos corredores da galeria assistindo aos
vídeos e ouvindo música bem alto, a loja teve que mudar de endereço e em
1985 passou para a Rua Dr. Falcão Filho, 155 (Centro de SP). A Loja era
freqüentada por grandes nomes do rock nacional, como o saudoso André
Matos (Angra), João Gordo, do Ratos de Porão, além dos integrantes da
banda Sepultura, que realizou uma tarde de autógrafos no espaço em 1994.
Em 2015, a Woodstock Discos passou a ser tema do documentário
"Woodstock — Mais do que uma Loja", dirigido pelo jornalista Wladimyr
Cruz, que traz entrevistas com nomes como João Gordo, além de fotos e
trechos da famosa visita dos Ramones.

Wop Bop

Foi fundada em 1975 pelos empreendedores, jornalistas René Ferri e


Antônio Albuquerque, em um pequeno espaço nas Grandes Galerias (Av.
São João), hoje conhecida como Galeria do Rock. Especializada em discos
de vinil de rock, a Wop Bop teve muito destaque no cenário Punk e New
Wave. Lá você encontrava muitos itens importados, como discos de Neil
Young, Bob Marley entre outros grandes nomes. Depois de alguns anos, a
loja foi transferida para uma galeria na Rua Barão de Itapetininga, também
no Centro de São Paulo. Com o crescimento constante do cenário de rock
nacional, René Ferri criou o selo da Wop Bop e começou lançando a banda
Violeta de Outono com o EP "Reflexos da Noite". O trabalho emplacou o
sucesso de ambos e consolidou Wop Bop como um dos principais selos
independentes de rock nacional da época. Com o surgimento das grandes
lojas de discos e CDs e também impactada pelos planos econômicos dos
governos da época, a Wop Bop acabou fechando em 1993.

Embalagem da Loja Wop Bop, uma das pioneiras...

2 - Os Festivais de Rock no Brasil...

1971 - Festival de Verão de Guarapari

Organizado por Antônio Alaerte e Rubens Alves, esse evento foi anunciado
como a versão brasileira do lendário Festival de Woodstock, mas conforme
relatos da imprensa foi um desastre. Foi realizado em fevereiro de 1971 em
Três Praias, Guarapari, Espírito Santo. Cerca de duzentos jornalistas
compareceram a Guarapari para a cobertura do festival e não encontraram
nenhuma infraestrutura em termos de recursos tecnológicos na cidade, que
não contava com nenhuma agência telegráfica e nem linha telefônica local;
todas as chamadas eram feitas através de Vitória, e ainda assim com
grande dificuldade.Às vésperas do início do festival os organizadores ainda
não tinham conseguido o mínimo em equipamento sonoro necessário. Não
contaram com os vários patrocinadores procurados e sequer do auxílio
oficial. O equipamento foi conseguido apenas um dia antes das
apresentações começarem, e mesmo assim somente após um acordo com a
firma fornecedora.

No dia da abertura, 11 de fevereiro, os promotores ainda tentavam


conseguir a instalação de som e a apresentação dos artistas sem o cachê
combinado previamente. O início do concerto, programado para as 7:00 da
noite, atrasou quase quatro horas, enquanto o público vaiava e atirava
sacos de areia no palco. Pouco antes da meia-noite o apresentador
Chacrinha surgiu para acalmar a multidão, e o concerto teve início. O
espetáculo recomeçou novamente atrasado no dia seguinte, com a
apresentação de artistas que atenderam aos apelos de Carlos Imperial para
salvar o festival de um fiasco completo. Era esperado um público de 40.000
pessoas, mas compareceram pouco mais de 4.000. A participação dos
hippies, o principal quesito de um festival que pretendia emular Woodstock,
foi vetada pela Polícia Federal, que declarou, "Para nós, hippie é o sujeito
sujo, com mau cheiro, cheio de bugigangas nas costas e que pode perturbar
o andamento do espetáculo. Esses não poderão participar do festival, nem
como público. Os organizadores, mesmo após todos os esforços, tiveram de
correr em busca do auxílio do estado, conseguindo com o governador de
Espírito Santo passagens para o retorno dos artistas e com o prefeito de
Guarapari o pagamento das respectivas contas nos hotéis.

1973 - Festival Colher de Chá (Cambé-PR)

O nome oficial desse evento foi "Colher de Chá – Concerto de Rock Brasil” e
foi um dos primeiros festivais de rock do Brasil ao ar livre. Também
apelidado de “Woodstock Pé-Vermelho”, aconteceu no dia 11 de fevereiro
de 1973 na zona rural de Cambé (PR). Contou com bandas importantes da
época como Mutantes, Joelho de Porco, o portenho Tony Osanah e a banda
psicodélica Escaladácida. Também se apresentaram no festival bandas de
Joinville ( Banana Tree), Curitiba (A Semente) e da região (Os Vultos e Os
Bárbaro). Entre os organizadores estavam Paulo Cesar Troiano, radialista e
promotor cultural conhecido como Paulão Rock `n Roll, Claudio Coimbra,
Wilson Vidotto, o Bidu, realizador (em 1969) do 1.o Festival da Canção de
Cambé, que revelou a cantora Neuzza Pinheiro, e Carlos Alberto Cavali,
baterista da banda Os Bárbaros.

1975 - Festival de Águas Claras (Iacanga - SP)

Um grande evento que teve sua primeira edição em 1975 na cidade de


Iacanga, no interior de São Paulo. Foi realizado na Fazenda Santa Virgínia e
contou com importantes músicos brasileiros nas suas quatro edições, em
1975, 1981, 1983 e 1984. O evento foi organizado pelo estudante de
engenharia Antonio Checchin Junior (conhecido popularmente como
Leivinha), que estudava em Mogi das Cruzes. Ele estava prestes a se formar
quando aconteceu um acidente ferroviário na cidade em onde estudava, no
dia 08 de junho de 1972. Com 23 mortos e 65 feridos graves (incluindo
colegas de faculdade), o acidente impactou muito Leivinha, que acabou
abandonando a faculdade e viajando pela América do Sul. Após retornar de
viagem, Leivinha vislumbrou a realização de uma festival de música na
fazenda de sua família (Fazenda Santa Virgínia) em Iacanga. Através da
amizade de Leivinha com os músicos Sérgio Dias e Liminha, foi montado o
line-up do festival, que foi denominado "Festival de Águas Claras" e
aconteceu em janeiro de 1975. Neste Festival, apresentaram-se em um
Palco de Madeira (10m de altura e 20 de largura) os seguintes artistas:
Mutantes, Som Nosso de Cada Dia, Terreno Baldio, Apokalypsis, Walter
Franco, Ursa Maior, Moto Perpétuo, Jazco, Tibet, Burmah, Grupo Capote,
Jorge Mautner, Acaru Raízes, Corpus, Mitra, Burmah - Ocho, Marcus
Vinicius, Nushkurallah, Rock da Mortalha, O Terço. Por conta de o festival
ter sido realizado no interior de São Paulo, a repressão das autoridades foi
menor. Com isso, mais de 30 mil pessoas participaram do mesmo. Após o
festival, as autoridades constataram que o festival não possuía todas as
autorizações para ser realizado e Leivinha foi brevemente detido pelo
DOPS-SP.

1975 - Hollywood Rock (1o no RJ)

A primeira edição do festival, que idealizado pela empresa de tabacos Souza


Cruz, detentora da marca de cigarros Hollywood, aconteceu em 1975 no
Rio de Janeiro e só voltou a ser realizado novamente em 1988. Depois em
1990, 1992, 1993, 1994, 1995 e 1996. O primeiro aconteceu no Estádio de
General Severiano e foi organizado por Nelson Motta.

O festival rolou durante quatro sábados, e contou apenas com artistas


nacionais. Dentre as atrações, estiveram Celly Campelo, Erasmo Carlos,
Raul Seixas e os grupos O Peso e Vímana, que não chegou a tocar todo o
repertório devido a problemas na aparelhagem. Destaque para os shows de
Rita Lee & Tutti-Frutti, Os Mutantes, Veludo e Raul Seixas . Conforme
Nelson Motta, o evento recebeu cerca de 10 mil pessoas a cada dia. Foi
produzido um disco e o documentário do festival, lançado no mesmo ano
com o título Ritmo Alucinante.

A primeira edição oficial do Hollywood Rock ocorreu em janeiro de 1988,


com 4 noites dos concertos em cada cidade. Os locais escolhidos para as
apresentações eram o Estádio do Morumbi em São Paulo e o da Praça da
Apoteose (seção final do Sambódromo) no Rio de Janeiro. O Supertramp,
que encerrou o festival nas duas cidades, foi a grande estrela do evento. Já
o UB40, que abriu para Simple Minds, também obteve uma boa resposta do
público. A banda de reggae britânica distinguiu-se também por receber
alguns convidados em sua apresentação, como o cantor Robert Palmer, a
líder dos Pretenders Chrissie Hynde (que executou ao vivo seu famoso
dueto com Ali Campbell do UB40 "I Got You Babe") e Paralamas do
Sucesso, que tinham tocado na mesma noite. Outras atrações
internacionais foram Pretenders, Simply Red e Duran Duran. Também
representando o Brasil nas quatro noites do evento (na edição seguinte o
festival seria encurtado para três noites), se apresentaram Ira!, Titãs, Os
Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Lulu Santos e Marina Lima.

1985 - Rock in Rio (Rio de Janeiro - Cidade do Rock)

A primeira edição do Rock in Rio, festival de música idealizado pelo


empresário brasileiro Roberto Medina, aconteceu em 1985 no Rio de
Janeiro, sendo até hoje considerado o maior festival musical do planeta. Foi
originalmente organizado no Rio de Janeiro, de onde vem o nome. Tornou-
se um evento de repercussão em nível mundial e, em 2004, teve a sua
primeira edição fora do Brasil em Lisboa, Portugal. Ao longo da sua história,
o Rock in Rio teve 20 edições, oito no Brasil, oito em Portugal, três na
Espanha e uma nos Estados Unidos. Em 2008, foi realizado pela primeira
vez em dois locais diferentes, Lisboa e Madrid. Além destas, duas edições
foram canceladas: Madrid e Buenos Aires, ambas programadas para 2014.O
hino do festival é de autoria do compositor Nelson Wellington e do maestro
Eduardo Souto Neto e foi gravado originalmente pelo grupo Roupa Nova. A
história do festival está contada no livro "Rock in Rio - A História do Maior
Festival de Música do Mundo" (Globo Livros), lançado pelo jornalista Luiz
Felipe Carneiro em 2011. De acordo com informações do Wikipédia, o Rock
In Rio é considerado o oitavo melhor festival de música do mundo pelo site
especializado Festival Fling. A última edição do festival aconteceu em 2019
dentro do Parque Olímpico do Rio de Janeiro.
Primeira edição contou com a participação de grandes bandas
internacionais e brasileiras

3 - Danceterias, Espaços Culturais e de Shows...

Carbono 14 (Bixiga)
O Carbono 14 iniciou suas atividades em 1982, na Rua 13 de Maio, 363, no
Bixiga. Era uma espécie de centro cultural multimídia. O que mais
celebrizou o Carbono foram as sessões de vídeo com gravações de shows
de novas bandas inglesas. Era um prédio de quatro andares nos quais
tinham uma serraria (fechada durante a noite); uma sala de cinema para 35
mm, outra sala para 16 e Super 8 ,uma sala de vídeo onde eram exibidos
filmes raros e vídeos de shows de rock de bandas estrangeiras como The
Smiths, Bauhaus, Cabaret Voltaire e The Cramps; um sala de jogos com
fliperama, três bares, uma pista de dança e palco onde se apresentavam
alguns dos principais nomes do rock brasileiro da década de 1980 tais como
Ira!, Mercenárias, Smack, Nau, Cabine C, Violeta de Outono, Akira S e As
Garotas Que Erraram e Voluntários da Pátria. Além dos shows de música e
exibição de filmes e vídeos, ocorriam também espetáculos de dança tal
como: Ismael Ivo, vernissages de artes plásticas, teatro e performances...

Madame Satã (Bixiga)

A trajetória desta casa, considerada uma das principais do cenário


underground, teve início em 1983 na Rua Conselheiro Ramalho, 873, no
Bixiga. A casa fechou suas portas em 2009, quando era administrada por
José Maurício Penteado, mas em outubro de 2011 foi anunciada a sua volta,
que ocorreu em 29 de fevereiro de 2012. A convivência pacífica entre
pessoas de postura, classe social, etnia e ideologias diferentes presentes
em um mesmo lugar era comum, o que fugia à regra dos demais points da
época; artistas, carecas, escritores, estudantes, homossexuais assumidos,
intelectuais, jornalistas, poetas, punks, góticos, socialites, transformistas,
entre outros, faziam a clientela da casa. Recebeu alguns dos primeiros
shows de bandas da cidade como o RPM, Titãs, Ira!, entre outras.

Lira Paulistana (Vila Madalena)

O Teatro Lira Paulistana, também conhecido como Lira Paulistana ou Lira,


foi um teatro e centro cultural da cidade de São Paulo. Com nome inspirado
na obra homônima do escritor Mário de Andrade, o Lira foi fundado em 25
de outubro de 1979 em um porão com cerca de 150 lugares localizado na
Praça Benedito Calixto, na Rua Teodoro Sampaio 1091, no bairro de
Pinheiros na Zona Oeste de São Paulo. Além de teatro propriamente dito,
também foi palco de diversos tipos de manifestações culturais, dentre estas
a famosa Vanguarda Paulista que era composta de nomes como Ná Ozzetti,
Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Tetê Espínola, Cida Moreira, Eliete
Negreiros, Laura Finocchiaro, Zé Eduardo Nazário, de grupos musicais
alternativos como Língua de Trapo, Tonelada & Seus Kilinhos Rumo, Grupo
Um e Premeditando o Breque, o regional Grupo Paranga e, mais tarde, dos
grupos de rock da década de 1980 tais como Gang 90, Ira!, Ultraje a Rigor,
Titãs, Violeta de Outono. Em 17 de março de 1985, os grupos de hardcore
punk paulistas Cólera e Ratos de Porão, fizeram o show de lançamento do
álbum de estréia do Cólera, Tente Mudar o Amanhã. Esse show ficou
registrado no álbum Ao Vivo no Lira Paulistana, lançado no mesmo ano pelo
selo Ataque Frontal. O Lira encerrou suas atividades em 1986, mas entrou
para a história cultural paulistana.

Centro Cultural de São Paulo (Vergueiro)

O Centro Cultural São Paulo é uma instituição pública subordinada à


Secretaria Municipal de Cultura do município de São Paulo. No local, onde
existe um pequeno teatro de arena, já foram e são realizadas muitas
performances e shows de bandas de rock e outros estilos. É também um
ponto de encontro de jovens que tem interesse em exposições e outras
atividades culturais, como teatro e cinema.

Aeroanta (Pinheiros)

Destacou-se na noite paulistana como uma casa de shows que conjugava


serviços restaurante, bar e pista de dança. Funcionou entre os anos de
1987 e 1996 contando com filiais em Curitiba e Ponta Grossa no Paraná.
Proporcionou em sua trajetória apresentações de artistas como Marisa
Monte, Cazuza, Caetano Veloso, Joe Satriani, Tim Maia, Ira! e Raimundos.
Além de nomes do circuito alternativo, como a banda Fellini, Mercenárias,
Akira S e As Garotas Que Erraram, Banda Locos de Osasco, etc. Em 1991
assisti à um show de Lulu Santos no Aero. Muito bom...

Fábrica da Pompéia

Um espaço muito importante para o cenário underground e cultural de São


Paulo. Localizado nas dependências do Sesc Pompéia, a Fábrica abrigou o
primeiro festival de punk de São Paulo e do Brasil em 1982. Com o nome de
"O Começo do Fim do Mundo", foi o maior festival punk de todos os tempo e
teve cobertura da imprensa internacional, chegando até Washington e
Japão. Também foi palco das gravações do programa Fábrica do Som.

Dama Xoc (Zona Oeste)

Foi inaugurada em 4 de agosto de 1988 com um show de lançamento do LP


"Carnaval" do Barão Vermelho. Era um espaço multilazer que ocupava um
antigo cinema reformado. Pelo palco de 180 metros quadrados passaram,
entre outros, o cantor Evandro Mesquita (Blitz), Titãs, Egberto Gismonti,
Kiko Zambianqui, Inocentes, Capital Inicial e Ira. Nos 1500 metros de área
ainda funcionavam bar e restaurante. Ficava na Rua Butantã, 100, zona
oeste.

Café Piu Piu (Bela Vista)

Em plena atividade, o Café Piu Piu fica na Rua Treze de Maio, 134 e foi
inaugurado em 1983. Segundo seus administradores a fórmula do Café Piu
Piu é simples: oferecer diversidade musical e cultura. Prova disso é que
passam pelo palco bandas dos mais diversos ritmos. Tem como grandes
atrações excelentes apresentações com as melhores bandas cover´s, desde
Pink Floyd a Deep Purple...

Rose Bom Bom (Oscar Freire)

Ficava na Oscar Freire, 720 (Galeria Femina) na região dos jardins. Além de
punk rock, também tocava grooves americanos, do hip hop e da house
music, que logo cederam espaço para a EBM (Electronic Body Music) e new
beat. No pequeno palco de apenas três metros de largura por dois de
comprimento, os oito integrantes da formação original dos Titãs se
acotovelavam para tocar "Sonífera Ilha", o primeiro hit. O Rose intercalava
o som das picapes com apresentações ao vivo de bandas como Titãs,
Ultrage a Rigor, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Ratos de Porão,
Inocentes, Cólera, As Mercenárias, Plebe Rude, Engenheiros do Hawaii.
Eram duas ou três entradas de meia hora por noite, sempre encerradas com
o providencial café da manhã servido para os últimos combatentes, pouco
antes de a danceteria fechar. O fundador da casa, Ângelo Leuzzi, faleceu de
infarto em abril de 2020.
Latitude 3001 (23 de Maio)

Era uma Danceteria em formato de caravela. Foi inaugurada em 7 de


novembro de 1984, onde funcionava o antigo restaurante Caravela, na 23
de Maio, 3001. O barco, réplica de um galeão do século 17, recebeu uma
reforma completa cujo investimento chegou a quase meio milhão de
dólares. Em uma área de 4500 metros quadrados foram implantados um
lago artificial (onde os freqüentadores podiam andar de barco), um bosque
de pinheiros (para casais mais românticos), um restaurante para duzentas
pessoas, uma pizzaria e duas vitrines permanentes (numa delas uma moça
aparecia como sereia e na outra havia um professor de ioga). No porão do
navio havia todos os tipos de jogos (não eletrônicos): dados, xadrez, jogo
de sapo. No primeiro e segundo andar, uma pista de dança, um palco
suspenso e uma parafernália de som. Havia também piratas em sucessivos
duelos e uma lista de atrações que poderiam acontecer em qualquer outro
navio. O melhor do new wave e do novo rock brasileiro foram destaques na
casa.

Latitude, uma danceteria com visual diferenciado mesmo.


Napalm (Centro)

Uma casa sombria, na verdade uma garagem com um grande palco onde
apresentavam-se bandas de rock. Ficava na Rua Marques de Itu, 392 e foi
onde os grupos de Brasília tocaram em SP pela primeira vez, como a
legendária Legião Urbana. Lá também se apresentavam as bandas punks da
periferia, como os Inocentes e os Ratos de Porão. O local era freqüentado
por todas as tribos, dos new waves aos punks, passando pelos topetes dos
rockabilly e reggae.

Radar Tantã (Bom Retiro)

Inaugurada em 11 de maio de 1984, a casa ficava na Rua Sólon, 1069, Bom


Retiro e tinha 1500 metros de área para dançar. Foi instalada numa antiga
fábrica com paredes de tijolos fortes e estrutura interna com vigas de ferro,
sustentando o altíssimo teto de placas de amianto. Tinha shows de new
wave, e até Armandinho, Dodô e Osmar tocaram por lá. Além do Barão
Vermelho, com Cazuza.

Victoria's Pub (Al. Lorena)

Espaço localizado na Alameda Lorena 1604 que substituiu o antigo "The


Victoria", que havia sido inaugurado em maio de 1979. Tinha decoração
com peças trazidas de Londres e apresentava vídeos de shows country e
rock. E também apresentações com bandas ao vivo.

Woodstock Music Hall (Consolação)

A casa ficava na Rua da Consolação, 3247 e tinha como atrações muitas


bandas cover. Era meio alternativo, destacava grupos do rock Inglês de
vanguarda, além de shows com grupos nacionais e apresentações do
conjunto Rock Memory.
Fofinho Rock Bar (Zona Leste)

Ainda em atividade, a casa fica na região leste de São Paulo, no bairro do


Belém. Hoje Fofinho Rock Bar, antigo Fofinho Rock Club, possui mais de 45
anos de existência, sempre oferecendo ao público uma opção de
entretenimento agradável aos amantes do rock, apresentando eventos e
shows de grande expressão ao cenário da música underground
paulistana.Conta com 2 ambientes, tendo uma pista com capacidade para
800 pessoas e palco principal que acolhe bandas alternativas de médio e
grande porte e no bar com lounge e palco onde acontece acústicos de
classic rock e diversos gêneros da musica nacional e internacional. Pouco
antes da pandemia (Novembro -2019) aconteceu uma apresentação da
banda Made In Brazil.

Salão Beta PUC (Perdizes)

Espaço que reunia jovens estudantes e também públicos do rock e da mpb.


Fato que marcou (Incendiou) o Salão Beta foi um Show de Punk Rock
realizado em 1982 que reuniu duas facções, ABC e São Paulo, com a
presença das bandas Inocentes, Ulster e Passeata e um público formado por
estudantes mais politizados e que eram combativos em relação á Ditadura e
Repressão. O show acabou quando aconteceu um incêndio na PUC.
Acreditaram inicialmente que era um ato dos punks, quando na verdade era
um ato planejado da policia militar e da ditadura para queimar arquivos da
PUC da invasão que aconteceu em 79. Os militares aproveitam o evento
para que pensassem que eram os punks que haviam incendiado e saem
manchetes como “Punks são suspeitos do incêndio da PUC”...

Led Slay (Tatuapé)

A Led Slay foi fundada como uma equipe de som em 1972. Em 1981 se
instalou na Avenida Celso Garcia, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo,
onde fez história tocando muito rock pesado. Grandes bandas, como
KREATOR, GRAVE DIGGER, DARK AVENGER, TUATHA DE DANANN etc., já
tocaram na Led Slay. Além de muito underground no som mecânico. Foram
mais de 40 anos sempre atraindo grande público de rockeiro
California Dreams (Santana)

A Danceteria California Dreams, localizada na Avenida Cruzeiro do Sul, 3320


no bairro de Santana, conseguiu unir na Zona Norte públicos diferentes,
como surfistas, skatistas, e no final dos anos 80 alguns darks também
circulavam e dançavam na pista. Era muito comum no meio da balada
assistir shows de Bandas Nacionais como: Utraje a Rigor, Camisa de Vênus,
Tókio, Legião, Capital, IRA, etc. A iluminação da casa era simplesmente
fantástica, com aparelhos que pareciam naves espaciais e algumas delas
desciam quase até o chão. Mesmo sendo uma casa da Zona Norte, seu
público era variado de várias regiões, devido ao fácil acesso por ter um
terminal de ônibus dois minutos de onde era o local e a estação de metrô.
Não foi uma danceteria tão famosa e com um espaço físico tão grande
quanto as outras na época, durou entre 1986 até o final de 1989, onde
depois abriram outra casa no mesmo lugar com o nome de Sunset, mas não
“vingou” tanto quanto o Califa.

Rhapsody Club (Osasco)

O Rhapsody Club foi uma das principais casas noturnas da região de


Osasco, começou em 1984, criado por Raimundo Braga, chamado pelos
freqüentadores de Braga, como no Autobahn, gostava de conversar com os
clientes, e a casa já começou com Dress Code dos mais seletivos da Grande
São Paulo, o que fazia a diferença nos primeiros anos, por ser uma casa
instalada em Osasco, ainda havia o preconceito de quem era de São Paulo,
então a casa logo na primeira noite já o Dress Code dos mais radicais e que
influenciaram toda a noite de SP. Não era permitida a entrada de homens
trajando tênis, camisetas e bonés. Nessa época as bandas mais tocadas
eram Devo, B-52s, New Order, Cure, Ira, Smiths, Oingo Boingo, Metro,
Duran Duran. Com o advento do Acid House, que já tomava casas como
Espaço Retrô e Madame em São Paulo, e começavam a estourar nas casas
mais "pops" como Up & Down, Contramão, Hippodromo, o Rhapsody mudou
sua política de Dress Code para participar também da revolução do Acid
House na noite de SP. Nessa fase já podia entrar de tênis e camiseta, e
continuaram proibidas apenas regatas, bermudas e bonés, um ano mais
tarde, abandonaram até essa política e acabaram com o Dress Code.
Bibliografia (Pesquisa): Além das entrevistas realizadas, esse livro
contou com informações pesquisadas em sites, livros e outras
publicações, tais como: Almanaques Anos 70, Livro: Guia do
Passado (Autor: Ronaldo Conde Aguiar), No Embalo da Jovem
Guarda (Autor: Ricardo Pugialli), Wikepedia, Site Jovem Guarda
(www.jovemguarda.com.br), Site Erasmo Carlos
(www.erasmocarlos.com.br) etc. Além da minha vivência... Claro!

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