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Automóveis Antigos 3
Sumário

Foguete do rock........ 10
Oldsmobile Holyday

Pequeno notável....... 14
Porsche 356 D Roadster

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Elegância italiana..... 22
Isotta Fraschini Tipo 8

Política sobre rodas.. 29


FNM JK

80 anos de Brasil...... 32
General Motors

4 Automóveis Antigos
Grã-Turismo.............. 36
Brasinca GT

Clássico.................... 48
Packard Straigh

Cortina de ferro........ 54
Malibu 1964 conversível
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Cavalo de batalha..... 58
Corcel 1969

Chrysler GTX................................................................................................... 06
Cadillac Brogham............................................................................................ 18
Ford Anglia....................................................................................................... 26
Rolls-Royce Silver Wraith Cabriolet.............................................................. 40
Chevrolet Chevelle SS.................................................................................... 44
Romi-Isetta....................................................................................................... 52
Evento............................................................................................................... 62
Programe-se..................................................................................................... 63
Índice remissivo.............................................................................................. 64
Homenagem..................................................................................................... 66

Automóveis Antigos 5
Chrysler GTX

Projeto
TRANSGÊNICO
Um dos mais cobiçados esportivos brasileiros da década de 1960, o Chrysler
GTX reunia genes das marcas Ford, Simca e Chrysler

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6 Automóveis Antigos
Fotos: Arnaldo Bento

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N
o fim da década de
1960, a sigla GTX
era sinônimo de
grandes emoções. Nos EUA, de-
nominava uma versão do Ply-
mouth equipada com o motor
big block V8 Hemi. No Brasil,
a recém-chegada Chrysler apro-
veitou a sigla para lançar seu pri-
meiro modelo nacional também
equipado com um motor V8 de
câmaras de combustão hemisfé-
ricas. Mas as coincidências aca-
bavam por ai já que, além de uma
concepção mais antiga, o motor
do modelo brasileiro era bem
menos potente.

A versão GTX desta


reportagem foi fabricada
pela Chrysler, em 1969

Automóveis Antigos 7
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O GTX nacional também ti- de combustão hemisféricas e, para ples, batizada de Regente. Com o
nha uma origem bem conturbada. isso, se baseou no projeto Ardun novo comando na empresa, surgi-
O sedã de quatro portas derivava desevolvido pelo engenheiro Zora- ram inclusive boatos sobre o cance-
do Simca Esplanada, lançado em Duntov para o velho motor da Ford. lamento da produção dos modelos
1966, que, por sua vez, era derivado Assim surgiu o motor Hemi-Sul, de que ainda viriam a ser lançados.
do Chambord, modelo lançado pela Hemisfério Sul. De fato, a linha Esplanada acabou
marca francesa na década de 1950 e Quando a Chrysler assumiu sendo substituída pelo Dodge Dart.
nada mais era do que uma evolução o controle acionário da Simca do Porém, enquanto isso não aconte-
do Ford Vedette, o qual também her- Brasil, no final de 1965, esta já pre- ceu, a Chrysler procurou alavan-
dou o tradicional motor Ford Flathe- parava o lançamento para o Salão car suas vendas com uma campa-
ad, “cabeça chata”, de válvulas late- do Automóvel, a ser realizado em nha publicitária que explorava os
rais. A este motor a Simca do Brasil novembro de 1966, do modelo Es- rigorosos testes que o novo mode-
incorporou, em 1965, as câmaras planada e de sua versão mais sim- lo havia superado na pista de pro-

8 Automóveis Antigos
vas. Isso ajudou a vender os mode- rod, com três raios e aro de ma-
los até 1969, quando finalmente o deira. Além disso, destacavam-se
Dodge Dart chegou ao mercado. o conta-giros da marca italiana
Veglia, o rádio Blaupunkt AM
DESFAZENDO BOATOS e o pequeno relógio do conso-
le. Os bancos dianteiros indivi-
Na mesma época, Eugene Caffie- duais eram reclináveis e já con-
ro, o então gerente-geral da Chrysler tavam com cinto de segurança,
para a América Latina, levou a sério opcionais no banco traseiro. Vale
a posição pública da empresa, que também citar a existência da ala-
dizia ser interessante manter a pro- vanca de regulagem do avanço
dução do Esplanada e do Regente. da ignição, localizada à esquer-
Com isso, a Chrysler também pas- da do rádio.
sou a oferecer a maior garantia da Na mecânica o GTX pouco
época: dois anos ou 36 mil quilôme- diferenciava do Esplanada. Seu
tros. Ao mesmo tempo, desenvolveu motor V8 Emi-Sul, de 2.414 cm3,
o Chrysler GTX, que foi apresen- desenvolvia 140 cv e levava o ve-
tado como uma das vedetes do 6o ículo aos 160 km/h. O esportivo
Salão do Automóvel, em novembro era equipado com pneus radiais
de 1968. Para um público carente Pirelli Cinturato 185x380R15,
de lançamentos, o novo modelo era enquanto que no Esplanada
mesmo um “estouro”. Externamen- eram usados Goodyear diagonais
Entre
te se destacavam em
as faixas nosso
pretas de- Canal no Telegram:
165x380R15. t.me/BRASILREVISTAS
Outra diferencia-
corativas, cuja cor se repetia no fun- ção era a caixa de câmbio de qua-
do da grade do radiador e nas caixas tro marchas à frente, com alavan-
de ar, recurso que passava a impres- ca no assoalho. Porém, como a
são de uma carroceria bem mais bai- relação da terceira marcha do Es-
xa que a do Esplanada. planada – cuja alavanca de câm-
Além disso, como opcionais, a bio permanecia na coluna de di-
Chrysler oferecia teto de vinil, fa- reção – era idêntica à quarta do
róis auxiliares montados acima dos GTX, ambos tinham a mesma ve-
pára-choques, falsas entradas de ar locidade final. A capacidade de
no capô e espelhos retrovisores so- frenagem também era semelhan-
bre os pára-lamas. Esses itens são te e pouco eficiente, já que ambos
tão raros que, segundo alguns espe- utilizavam somente tambores nas
cialistas da marca, nunca chegaram quatro rodas.
a equipar os carros de série. Mas Ao todo, foram produzidas
existiram nos veículos cujas fotos apenas 10 unidades do GTX em
circularam no lançamento para a 1968 e mais 600 até meados do
imprensa. O modelo mostrado nes- ano seguinte, quando toda a li-
ta reportagem, por exemplo, traz nha deixou de ser fabricada. Era
apenas os retrovisores externos. o fim de uma longa história, mar-
cada pela mistura de genes de três
DETALHES EXCLUSIVOS marcas. Pode-se afirmar que GTX
foi o ápice de um projeto inicia-
No interior, o GTX se dife- do pela Ford, que teve seqüência
renciava do Esplanada por vários pela Simca e que acabou incorpo-
detalhes. O volante era da Wal- rado pela Chrysler.

Automóveis Antigos 9
Oldsmobile Holiday 98

FOGUETE DO ROCK
Grande e imponente, o Oldsmobile Holiday foi um exemplo do exagero
norte-americano durante os incríveis “anos cromados”

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10 Automóveis Antigos
A
década de 1950 pode
ser lembrada por dois
símbolos mundialmen-
te aceitos como ícones da cultura
norte-americana: o surgimento do
rock´n’roll e os enormes e impo-
Fotos : Saulo Mazzoni nentes automóveis que também se

destacavam por rabos-de-peixe, ra-


bos de arraia, barbatanas de tubarão
e asas de gaivota. Além disso, suas
carrocerias abusavam de croma-
dos e curvas que remetiam à idéia
de foguetes.
Essa “onda” iniciada pelo de-
partamento de estilo da General
Motors, com o lançamento do Ca-
dillac, rabo de peixe, em 1951 aca-
bou se difundindo também nos mo-
delos de outras marcas da GM:
Buick, Pontiac, Chevrolet e Olds-
mobile, cuja linha 1956, com as
novas carrocerias dos modelos 88
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e 98, acabou se tornando uma das
preferidas dos americanos atrain-
do, inclusive, estrelas como o can-
tor de rock Jerry Lee Lewis.
Classificado como topo de li-
nha, o modelo 98 apresentava qua-
tro versões: De Luxe sedã quatro
portas, De Luxe Holiday sedã, De
Luxe Holiday cupê e De Luxe cupê
conversível, sendo que as três últi-
mas tinham um luxo extra: vidros
com acionamento elétrico. Vale
lembrar que a palavra sedã se re-
feria à carroceria com colunas cen-
trais, independente do modelo ter
duas ou quatro portas.
Enquanto isso, a versão De Luxe
88 tinha 14 opções de decoração
interna, contra 17 no Super 88 e 20
no 98. Externamente, para toda a li-
nha da marca, também eram ofere-
cidas 20 cores diferentes, disponí-
veis em até três tons diferenciados.
Além disso, quanto mais elaborado
o jogo de frisos, maior era o festi-
val cromático.

Automóveis Antigos 11
POTÊNCIA E CONFORTO O fim de um mito
Na mecânica, tanto a linha Após 107 anos de exis-
Oldsmobile 88 como 98 eram tência, a Oldsmobile encer-
equipadas com o mesmo motor rou suas atividades no
V8 Rocket, de 324 polegadas cú- último dia 29 de abril. Cria-
bicas (5,3 litros). Mas, enquan- da pelo pioneiro americano
to o 88 tinha dupla carburação Ramson Eli Olds, no fim
e taxa de compressão de 9,25:1, do século 19, a marca foi a
desenvolvendo 230 cv de potên- pri-meira a produzir um
cia bruta, os modelos Super 88 e automó-vel em larga escala
98 eram equipados com um car- nos Esta-dos Unidos.
burador quadrijet, de quatro cor- Enquanto Henry Ford ainda
pos, Rochester e desenvolviam fazia suas primei-ras
10 cv a mais. O câmbio, sempre experiências, Olds já lan-
com alavanca na coluna de dire- çava o prático Curved-
ção, podia ser manual ou auto- Dash, em 1901, e do qual
mático Hydramatic. em 1904 já havia produzido
No restante do pacote, os Ol- mais de 5 mil unidades.
dsmobile eram idênticos aos de- Acionista mino-ritário na
mais produtos da GM, com chassi empresa que levava seu
de longarinas sobre o qual era afi- nome, Olds então vendeu
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xada a carroceria, freios a tambor sua parte e foi ser o sócio ma-
nas quatro rodas, suspensão dian- joritário em uma nova
teira independente por braço trian- empre-sa: a R.E.O.
gular inferior, superior e mola he- Sem Olds a empresa não
licoidal e eixo rígido traseiro, com manteve o mesmo
feixes de molas longitudinais. sucesso, mesmo assim
ainda era uma das marcas
OSTENTAÇÃO mais importan-tes no
CAPITALISTA mercado americano,
1908, quando seu contro-le
em

Os comandos elétricos da- acionário foi assumido por


vam um charme extra ao Olds: o William Crapo Durant, já
motorista precisava apenas tocar dono da Buick, possibilitando
um botão para levantar a antena a cria-ção da General Motors,
do rádio ou para regular a altura a qual no ano seguinte
e a distância do banco. Os vidros também as-sumiu o controle
Ray-Ban denominados E-Z-Eye da Oakland, mais tarde
(verdes ou azuis) também conta- denominada Pon-tiac, e da
vam com acionamento elétrico. Cadillac. No come-ço da
Uma curiosidade era um botão década de 1920, estas
existente no assoalho do carro: marcas, junto com a
comandado pelo pé esquerdo do Chevro-let, nova associada do
motorista, que mudava as esta- conglo-merado, disputavam
ções do rádio. de forma acirrada e com
prejuízo o mes-mo mercado.
Foi quando o executivo
Al-fred Sloan Jr.
12 Automóveis Antigos reestruturou a GM e definiu
uma faixa de mer-cado para
lar, enquanto a Cadillac, a mais
requintada. Como intermediá-
ria ficou a Buick, enquanto que
Oakland (Pontiac) ficava no
segmento entre Buick e Che-
vrolet a Olds, então rebatizada
de Oldsmobile, era a marca que
produzia os modelos entre Bui-
ck e Cadillac. Nos anos trinta, a
marca voltou a crescer no mer-
cado com o lançamento de seus
primeiros modelos com trans-
missão automática.
Mas o auge foi na década de
1950, quando os Olds chegaram
a ser tão cobiçados quanto os
modelos da Cadillac. Em 1966,
a Olds revolucionou o mercado
americano com o lançamento
do Toronado, Entre
um modeloemcomnosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
motor V8 de 7 litros, mas com
tração dianteira e câmbio auto-
mático. O término da produção
dos Olds, como sempre foram
chamados os modelos da mar-
ca, já estava previsto desde de-
zembro de 2000, quando a GM
anunciou a decisão como par-
te de um programa de reestru-
turação de marcas na corpora-
ção. Na verdade, já há alguns
anos a Olds vinha perdendo es-
paço no mercado americano e
não conseguia cativar as novas
gerações sendo definido como
carro de idosos.
Para marcar o fim da mais
antiga marca de automóveis
dos Estados Unidos, foi pro-
duzida uma série especial
de 500 unidades do sedã
Alero. O derradeiro modelo
saído da linha de montagem
não foi vendido e atualmente
ocupa um lugar de destaque
no museu da General Motors.

Automóveis Antigos 13
Porsche 356 Roadster

PEQUENO A restauração deste


Porsche 356 D Roadster

NOTÁVEL
enfrentou até vendaval e
desabamentos. Confira o
resultado obtido

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14 Automóveis Antigos
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Fotos: João Luiz Oliveira

Automóveis Antigos 15
R
estaurar um automóvel veu restaurá-lo depois que um for-
antigo implica numa te vendaval assolou a região de Itu,
missão sempre mais SP, no início da década de 1990. “O
cara e demorada que as previsões carro estava em minha casa de cam-
mais otimistas. Mesmo contando po e ficou sob os escombros do teto
com uma completa infra-estrutu- da garagem, que desabou. O estrago
ra em sua oficina mecânica, espe- não foi tão grande. Rasgou a capo-
cializada em carros importados, ta e amassou as portas. Mas como
Henning Sandtfoss não esperava o carro já rodava há 30 anos, resol-
enfrentar tantos problemas, inclu- vi fazer uma restauração completa”,
sive um vendaval, além de dois de- conta. Para isso, o Porsche 356 D foi
sabamentos de telhado, para recu- totalmente desmontado. Capota e
perar seu companheiro de muitas portas foram substituídas por outras
jornadas: o Porsche 356 D Roads- originais. O assoalho foi reproduzi-
ter 1961. Ao fim de oito anos e por do e as demais peças e componen-
um custo que ele deixou de conta- tes foram avaliados para determi-
bilizar no meio do caminho, o re- nar a necessidade de substituição.
sultado é excelente. “Durante a res- A partir daí teve início uma verda-
tauração, tive de rejeitar peças não deira epopéia para manter o nível de
originais e até mesmo algumas ori- restauração: “A existência de uma
ginais, mas que não eram corretas grande frota de 356 ainda rodando
Entre em nosso Canal no
paraTelegram:
o meu carro”,t.me/BRASILREVISTAS
explica San- pelo mundo fomentou o surgimen-
dtfoss, cuja atenção aos detalhes é to de uma indústria de reproduções,
caso a parte. algumas até bem feitas, mas não são
O clássico tem carroceria fabri- peças originais. Por isso acabei de-
cada pela empresa belga D’Leteran, volvendo muita coisa.”
uma das fornecedoras da Porsche, Em suas viagens pela Europa
junto com a alemã Drauz, que com- e Estados Unidos, ele sempre in-
pletavam a produção da Reutter, a cluía uma visita aos mercados de
principal fabricante de carrocerias pulgas e, principalmente, a dois lo-
da casa de Stuttgart, que no início cais muito procurados pelos admi-
da década de 1960 esgotou sua ca- radores da marca: a loja Sttodard,
pacidade de produção, antes de ser na Califórnia (EUA), onde encon-
absorvida pela própria Porsche. trou o volante de madeira Les Les-
Por isso mesmo, a letra “D” na de- ton – piloto inglês que nos anos 60
nominação oficial do automóvel é desenvolveu uma linha de equipa-
uma forma de diferenciar a origem mentos esportivos e se tornou for-
da carroceria. “Talvez por isso os necedor oficial da Porsche –, além
Roadsters continuaram com a espe- do Classic Center da Porsche, em
cificação D até o fim de sua produ- Zuffenhausen, nos arredores de
ção, em 1964”, analisa o proprietá- Stuttgart. “Mesmo assim comprei
rio. O 356 foi produzido até 1965, peças originais que, mais tarde,
mas neste ano só foi montada a ver- descobri não serem destinadas ao
Detalhe: as saídas dos
escapamentos eram são Cabriolet 356 SC/C, fornecida meu carro. Um exemplo: os faróis,
embutidas nas garras dos para a polícia rodoviária alemã. que possuem granulações de lentes
pára-choques traseiros
Proprietário do carro há aproxi- diferenciadas conforme o modelo,
madamente 30 anos, Henning resol- linha e ano de fabricação”.

16 Automóveis Antigos
Mas na hora de pintar o car- Apesar de toda a dedicação, nem
ro, Henning resolveu mudar a cor. tudo permaneceu fiel às especifica-
No Festival de Monterey (Califór- ções originais do modelo, mas as
nia, EUA) deEntre1998 eleem nosso
descobriu Canal no
mudanças Telegram:
obedecem t.me/BRASILREVISTAS
a padrões acei-
a cor cinza-pedra, que se destaca- tos internacionalmente: “Os freios
va num 356 em meio a centenas dianteiros a tambor foram substitu-
de modelos expostos: “A princípio ídos por outros, a disco, que equi-
achei que não fosse uma cor origi- pavam a série C, e o sistema elétri-
nal, mas o proprietário do carro me co é de 12 volts. São alterações que
garantiu que ela constava no catálo- os órgãos que homologam automó-
go da Porsche. Decidi pintar o meu veis de época autorizam para garan-
carro, que originalmente era verme- tir a segurança e a preservação des-
lho (com capota preta e estofamento ses clássicos.”
cinza), nessa cor e aí começou outra Outra mudança é o motor, de um
novela: descobrir a fórmula original Porsche 912 dos primeiros importa-
da tinta.” dos pela Dacon. Todavia, este mo-
Após conseguir o nome do for- tor 912 S era o mesmo do 356 na
necedor oficial da tinta – a Glasurit versão S90. O propulsor do carro de
– demorou mais um ano para obter Henning Sandtfoss, porém, desen-
a fórmula. De posse da especifica- volve cerca de 110 cv – contra 90 cv
ção do produto ele fez a encomenda do original –, conseqüência da subs-
à filial do fabricante no Brasil, que tituição dos carburadores Solex 40
só ficou pronta após seis meses de por outros da marca Weber, além do
árduas negociações. Mas quando o aumento da taxa de compressão para
carro estava pronto para receber a 10,5:1, comando com maior abertu-
primeira demão de tinta, nova tra- ra das válvulas e volante do motor
gédia: o telhado da oficina desabou aliviado. O resultado: a velocidade Os faróis, assim como
outros detalhes, são
e uma das laterais teve de ser total- máxima passou dos 165 km/h origi- originais de época
mente refeita. nais para cerca de 200 km/h.

Automóveis Antigos 17
Cadillac Brogham 1916

O GRANDE PRECURSOR
Luxo, confiabilidade e motores V8: as maiores virtudes da marca Cadillac ja
eram exploradas no longínquo ano de 1916

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18 Automóveis Antigos
“N
Fotos: Saulo Mazzoni
osso credo: a
perfeição. Nossa
lei: a precisão”.
Esse era o lema da Cadillac, em-
presa fundada em Detroit em 1902.
Já o primeiro Cadillac, denomina-
do Modelo A e apresentado no Sa-
lão de Nova Iorque de 1903, era um
pequeno veículo, aberto de dois lu-
gares, que usava um motor mono-
cilíndrico desenvolvido por Henry
Leland e logo se tornou em um su-
cesso comercial. Seu êxito, no en-
tanto, deve-se a um fato curioso: o
Entre em nosso Canal
primeiro no Telegram:
Cadillac t.me/BRASILREVISTAS
era bastante rús-
tico, por isso se mostrou bastante
adequado para enfrentar as péssi-
mas estradas americanas da época,
sobretudo devido a grande altura
em relação ao solo.

EVOLUÇÃO
O Modelo A logo foi aperfeiço-
ado, dando origem a sete variações
distintas: B, E, F, K, M, S e T. Des-
tes, destacou-se o modelo K, pri-
meiro automóvel no mundo que ti-
nha componentes intercambiáveis.
Para provar a precisão desse siste-
ma, Frederick Bennett, importador
da marca na Inglaterra, solicitou a
funcionários do Royal Automo-
bile Club que escolhessem três
dos oito modelos Cadillac de seu
show-room para serem levados ao
Autódromo de Brooklands.
Após um longo teste de de-
sempenho, os carros foram des-

Automóveis Antigos 19
montados e suas 721 peças mis- com essa configuração, desen-
turadas a outros componentes de volvido pela marca francesa De
reposição do estoque da loja de Dion-Bouton, o propulsor criado
Frederick. Em seguida, dois me- por Henry Leland tinha refrigera-
cânicos montaram os três veí- ção a água e era a junção de dois
culos e os inscreveram nas 500 blocos originalmente de quatro
Milhas de Brooklands. Os três cilindros dispostos em ângulo de
completaram a prova sem apre- 90 graus, com 5.145 cm3. Além
sentar defeitos. Por tudo isso, o disso, pela primeira vez um au-
RAC (Automóvel Clube Real da tomóvel apresentava um termos-
tato para controlar a temperatura
Inglaterra) conferiu à Cadillac o
do motor. A potência máxima de
Troféu Dewar, oferecido para a
70 cv levava o primeiro Cadillac
empresa que aumentasse signifi-
V8 a velocidade máxima de 104
cativamente a confiabilidade de
km/h. O câmbio, de três marchas,
seus modelos.
ainda era manual.
O sucesso técnico e comercial
da Cadillac despertaram o interes-
se de Willianm Crapo Durant, que
PREOCUPAÇÃO
estava formando o grupo General COM O LUXO
Motors. Sendo assim, Henry Le-
land acabou vendendo a fábrica A carroceria do Cadillac 1916,
que apresentamos nessa reporta-
Entre em nosso Canal no
paraTelegram:
a GM por US$t.me/BRASILREVISTAS
4,5 milhões,
gem, é do tipo Brougham e foi
num processo que envolveu par-
produzida pela Brewster, confor-
te em dinheiro e outra parte em
me pode se verificar no friso das
ações da própria GM. A princípio,
soleiras. As portas traseiras abrem
mesmo com Leland mantendo-se
no sentido contrário (“suicidas”),
no comando das operações da Ca-
enquanto o predomínio do preto
dillac, essa negociação afetou a
no exterior faz destacar as rodas
qualidade dos modelos da marca.
de madeira clara, os pneus com
A General Motors, entretan-
faixa branca, as peças de latão
to, logo percebeu o erro que es-
polido e os filetes dourados. Já o
tava cometendo e tratou de rever-
pára-brisa tem limpador manual
ter esse quadro. Desta forma, em
dividido em três partes.
1912, a Cadillac foi pioneira na
Internamente, o carro apresen-
utilização do sistema de ilumina-
ta revestimento em gabardine cin-
ção e ignição elétrica com motor
de partida, que eliminou a neces-
sidade de manivelas, o que garan-
tiu para a marca o segundo Tro-
féu Dewar.

UMA NOVA ERA


Outro fato marcante na traje-
tória da Cadillac foi o desenvolvi-
mento e confiabilidade do motor
V8. Baseado no primeiro motor

20 Automóveis Antigos
za. Além disso, na parte de trás do
banco dianteiro ficam acomoda-
dos dois assentos escamoteáveis,
enquanto as janelas dos passagei-
ros do banco traseiro têm corti-
nas reversíveis. Como luxo extra,
cada coluna posterior da carroce-
ria pode acomodar delicadas flo-
reiras. O volante tem aro de mog-
no, acelerador manual, comando
de avanço da ignição e buzina.
Na extremidade direita do pai-
nel, encontra-se um instrumento
que agrupa os comandos das lan-
ternas, partida, trava de segurança
e do farol. Ao lado dele, há ainda os
botões que acionam as lanternas in-
ternas, e instrumentos como o am-
perímetro, vacuômetro, manômetro
de óleo, dentre outros acessórios.
Uma curiosidade é o dispositivo da
bomba de combustível, que deve
ser movimentadoEntre emo nosso
para que motor Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
receba gasolina antes da partida.
A enorme alavanca da caixa
de câmbio de três marchas e a ala-
vanca do freio de mão, destrava-
da por meio de uma espécie de ga-
tilho – sistema idêntico ao usado
por muitos caminhões até meados
dos anos 1960 – são fixadas no as-
soalho e o Cadillac tem apenas os
pedais da embreagem e do freio,
já o acelerador é acionado por um
pequeno botão localizado à direita
do apoio de pé, sendo que, acima
dele, está o botão da partida.

Os filetes dourados
contrastam com a pintura
negra e os detalhes em latão.
Já as rodas são de madeira,
com aro desmontável feito
de aço

Automóveis Antigos 21
Isotta Fraschini 1925

ELEGÂNCIA
Técnica apurada e acabamento perfeito eram as armas do Isotta Fraschini Tipo 8,

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Fotos: Saulo Mazzoni

22 Automóveis Antigos
À ITALIANA
uma jóia mecânica que cativou reis, presidentes e astros de cinema

“I
l massimo della perfe-
zione e dell’eleganza.”
Assim a marca italia-
na Isotta Fraschini definia seus pro-
dutos, em especial o famoso Tipo
8 e suas variações, caso do modelo
apresentado nesta matéria, um Tipo
8A 1925, que foi trazido naquela
época para o Brasil pelo industrial
Henrique Lage que o presenteou a
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
sua noiva, a cantora italiana de ópe-
ra Gabriela Besanzoni.
A Societa Milanesi d’Automobili
Isotta, Fraschini & C. foi fundada
em janeiro de 1900, tendo como só-
cios majoritários Cesare Isotta e os
irmãos Vincenzo e Antonio Fraschi-
ni. Mas empresa, que iniciou suas
atividades como uma revenda Re-
nault, logo passou a montar carros
com chassi e mecânica próprios, ini-
ciando um dos mais importantes e
refinados capítulos da história da in-
dústria automobilística italiana.
Até a Primeira Guerra Mun-
dial, a empresa produziu auto-
móveis de quatro cilindros e ca-
minhões, além de motores para
aviões e dirigíveis. Com o fim do
conflito, em 1918, a empresa teve
a idéia de construir um único tipo
de carro de luxo, voltado ao emer-
gente mercado americano, tendo
como base seu bem sucedido mo-
tor de avião de oito cilindros, em li-
nha, com 5.902 cm3 e que desenvol-

Automóveis Antigos 23
via 85 cv na versão automobilística. representada pela empresa O. A.
Assim, o Isotta Fraschini Tipo Lucchini, cujo showroom ficava na
Entre em nosso Canal no Telegram:
8 chegou ao mercadot.me/BRASILREVISTAS
america- Rua do Arouche nº 3, no centro da
no, onde seu preço era equivalen- capital paulista. Por aqui, os luxuo-
te a uma pequena frota de carros sos IF serviram a “figurões” como
de luxo locais, como Cadillac, Pa- o comendador José Martinelli, os
ckard ou Marmon. Mas, dentre os condes Rodolfo Crespi e Francesco
clientes mais famosos da marca nos Matarazzo, o comerciante Gabriel
EUA, figuravam o magnata da im- Gonçalves, o aviador João Ribei-
prensa William Randolph Hearst, o ro de Barros e os irmãos Renaud e
lutador de Box peso-pesado Jack Henrique Lage, do então poderoso
Dempsey, a atriz Clara Bow e as- Grupo Lage.
tros do cinema como Douglas Fair- Lançando em 1924, o Tipo 8A
banks e Rodolfo Valentino. Na Eu- é uma evolução ainda mais refinada
ropa e Ásia, o Isotta Tipo 8, junto da versão original. O veículo tinha
com o Rolls Royce, eram os carros o mesmo motor, mas com cilindra-
preferidos por reis, rainhas e prín- da elevada a 7.372 cm3 e potência
cipes de países como Itália, Romê- de 120 cv, que permitia atingir até
nia, Japão, Egito, Iraque e Etiópia, 144 km/h. Outras inovações eram
além de servir a figuras históricas a adoção de pneus mais largos e
como o papa Pio XI, Benito Mus- freios com tambores de maior di-
solini e Josef Stalin. âmetro. Como ocorria com o Tipo
Desta forma, as exportações 8, a IF só produzia o chassi e a me-
representavam 65% da produção cânica deste carro, ficando a carro-
e a marca tinha revendas em Pa- ceria por conta do comprador, que
ris, Londres, Madri, Nova Iorque, a encomendava em empresas como
Buenos Aires, Santiago do Chile e Sala, Castagna, Ghia, Farina, Flee-
até aqui em São Paulo – onde era twood, dentre outras. Só a partir de

24 Automóveis Antigos
1928 é que a empresa também pas- dução de seus caminhões no Brasil,
sou a oferecer carrocerias de fabri- mas posteriormente a empresa esta-
cação própria.Entre em nosso Canal
tal noacabou
brasileira Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
fechando negó-
A quebra da Bolsa de Valores cio com a Alfa Romeo.
de Nova York, em outubro de 1929, No total foram produzidos cer-
também não poupou a Isotta-Fran- ca de 400 automóveis Isotta Fras-
chini, assim como outros fabrican- chini do Tipo 8, 950 unidades do
tes de carros de luxo nos Estados Tipo 8A e 30 do Tipo 8B, no perío-
Unidos e na Europa. Na tentativa de do de 1921 a 1932. Após a 2ª Guer-
sobrevivência, estudou-se uma as- ra, a empresa ainda tentou lançar o
sociação até com a Ford. Dizem que modelo Tipo 8C Monterosa (com
as negociações, entretanto, foram motor V8 traseiro). Mas a produ-
interrompidas por causa de Giovan- ção desse modelo de proposta futu-
ni Agnelli, um dos fundadores e en- rista jamais foi concluída, ficando
tão presidente da Fiat, que usou sua apenas nos protótipos.
influência política para impedir a Com sérias dificuldades fi-
eventual criação de uma sociedade nanceiras, a tradicional empre-
comercial ítalo-americana. sa foi liquidada judicialmente em
Por isso, em 1932 a IF decidiu setembro de 1949. A estatal Fin-
encerrar a produção de automóveis, meccanica Costruzione Revisione
mantendo apenas as linhas de monta- Motori assumiu a marca e suas ins-
gem de motores e caminhões a diesel talações, mantendo apenas a pro-
também utilizados pelas tropas ita- dução de motores diesel e acopla-
lianas na Segunda Guerra Mundial, mentos hidráulicos, que ainda hoje
especialmente na invasão da Etiópia. levam essa marca e são as únicas
Após a guerra, a IF chegou a nego- lembranças dos automóveis que
ciar com a nossa FNM – Fábrica Na- um dia foram sonho de consumo
cional de Motores – a licença de pro- da elite mundial.

Automóveis Antigos 25
Ford Anglia 1947

Para INGLÊS ver


Com estilo peculiar e durabilidade relativa, o Ford Anglia foi o
automóvel britânico mais popular de seu tempo

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Fotos: Saulo Mazzoni

A
pós o sucesso obtido A situação só mudaria 21 anos de duas portas e acabamento mais
nos Estados Unidos, depois, com a inauguração das simples, era o modelo básico, en-
Henry Ford decidiu “modernas” instalações na cidade quanto o Prefect, de quatro portas e
explorar o mercado automobilís- de Dagenham. Dessa planta saiu mais equipado, se destinava a uma
tico do “velho continente”. Como em 1932 o primeiro Ford com pro- faixa superior do mercado.
parte da estratégia, fundou a filial jeto inglês, o modelo Y (também Importado em grande quanti-
britânica de sua empresa em 1911, denominado Popular), com motor dade para o Brasil, o Anglia che-
localizada em Trafford Park, Man- de quatro cilindros, válvulas late- gou a ser bastante comum em nos-
chester, que durante bom tempo, rais, 993 cm3 e 21 cv. Em 1935, sas ruas principalmente na década
basicamente montou os automó- foi lançado o Ten, igualmente de de 1950. Hoje em dia, no entanto, é
veis “Made in USA”; ou seja, os quatro cilindros, mas com 1.172 raro ver um exemplar deste modelo
modelos T e A, apenas com coman- cm3. Dois anos depois, após alguns até mesmo nos encontros de anti-
dos e volante de direção deslocados aperfeiçoamentos, os modelos fo- gos, principalmente em tão perfeito
para o lado direito, conforme exige ram rebatizados, respectivamente, estado, como o modelo destas fotos
a mão inglesa. como Anglia e Prefect. O primeiro, e que foi fabricado em 1947.

26 Automóveis Antigos
DESPOJADO E ROBUSTO existente no teto metálico.
Este Ford também tinha vários
pontos com manutenção periódica
Extremamente simples, o An-
em curtos períodos. A cada 1.500
glia tem chassi perimetral, suspen-
km era necessário verificar quatro
sões por feixe de mola e amorte-
pontos de lubrificação do distribui-
cedores hidráulicos a embolo com
dor, além de trocar (ou completar)
alavanca, também conhecido como
o óleo de motor, do câmbio e do
“de bracinho”. Seu motor, com um
diferencial. Também era necessá-
arcaico sistema de arrefecimento a
rio lubrificar as gaxetas do chas-
água, é derivado do modelo Y/Po-
si e completar o nível do fluido de
pular, de quatro cilindros em linha,
freio. Quando chegava aos 6.000
1.172 cm3 e que desenvolvia 30 cv a
km rodados, seu proprietário devia
4.000 rpm, possibilitando ao veícu-
limpar velas, platinado e verificar a
lo alcançar cerca de 100 km/h e ace-
quantidade de óleo ainda existen-
lerar de 0 a 50 km/h em longos 24
te nos amortecedores. Depois, aos
segundos. Seu carburador, da marca
8 mil km, tinha que encher de gra-
Zenith, é de corpo simples. A tração
xa os cubos das rodas dianteiras
é traseira e a caixa de câmbio, cuja
(o rolamento das traseiras já tinha
primeira marcha não é sincronizada,
lubrificação selada) e de 12.000 a
tem três velocidades.
15.000 km, deveria substituir as lo-
Os freios, a tambor nas quatro
nas de freio e trocar o lubrificante
rodas, contam com um regulador
Entre em nosso Canal
do sistemano Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
de direção.
cada, enquanto as rodas, com cin-
O Ford inglês, além de bem
co furos, assemelham-se às do VW
mais barato que os modelos ame-
Sedan. O sistema elétrico, fabrica-
ricanos, era um carro de relativa
do pela Lucas, é de 6 volts e não
qualidade, principalmente se com-
incorpora o limpador de pára-brisa,
parado aos frágeis modelos france-
que funciona com o vácuo gerado
ses da época. Por isso mesmo, foi
pelo coletor de admissão. A carro-
bastante utilizado por nossas auto-
ceria, feita com chapas de aço, ti-
escolas, durante a década de 1950 e
nha design que lembrava os carros
que só encontraram um substituto à
anteriores à 2a Guerra Mundial.
altura no VW 1200 a partir da dé-
Um detalhe curioso: apesar não ter
cada de 1960. Este fato, por si só, é
teto solar, o Anglia conta com uma
o suficiente para explicar o sucesso
capota de lona fixa que, curiosa-
deste modelo da Ford inglesa.
mente, serve para fechar o buraco

Automóveis Antigos 27
FNM JK 1967

POLÍTICA
SOBRE RODAS
Derivado de um projeto destinado ao mercado norte-americano, o primeiro
“Alfa” fabricado no Brasil nasceu com nome de presidente. E teve sua trajetória
marcada pela política

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28 Automóveis Antigos
O
Fotos: Itamar Aguiar
Salão de Turim de
1957 foi o palco para
MODERNIDADE E COBIÇA
o lançamento mun-
O JK se destacava por ser rápi-
dial do Alfa Romeo 2000, um sedã
do alcançando com facilidade os
com sangue italiano e com a am-
160 km/h, uma marca excelente
biciosa proposta de conquistar o
para um sedã naquela época, além
mercado dos Estados Unidos. As
de trazer inúmeras soluções mecâ-
dimensões avantajadas para os pa- nicas requintadas como as câmaras
drões europeus da época, banco de combustão hemisféricas, duplo
dianteiro inteiriço e alavanca de comando de válvulas no cabeço-
câmbio na coluna de direção, pro- te, com válvulas cujas hastes con-
curavam agradar ao consumidor tinham sódio para melhorar o ar-
americano. O motor de 2,0 litros, refecimento e carburador de corpo
quatro cilindros em linha e duplo duplo. Outro ponto de destaque era
comando de válvulas no cabeço- o então exclusivo câmbio de cinco
te, garantia bom desempenho, mas marchas à frente com a embreagem
nada disso, nem o fato de ser um de acionamento hidráulico.
legítimo Alfa Romeo, garantiram A suspensão independente na
seu sucesso no concorrido merca- dianteira e e eixo rígido na trasei-
do dos Estados Unidos. ra tinha eficiência aumentada por
Na Europa, nem mesmo com o pneus radiais, Pirelli Cinturato CF-
aumento de capacidade para 2,6 li- 67 175-400. Enquanto os freios dei-
Entre em nosso Canal
tros noosTelegram:
cativou t.me/BRASILREVISTAS
clientes. Problemas xavam a desejar, apesar dos enormes
específicos de lubrificação desse tambores de alumínio com aletas
motor selaram em definitivo a sorte para melhorar a dissipação de calor,
do modelo também no “velho con- mas que eram insuficientes para o
tinente”. Mas, no Brasil, ele acabou desempenho e peso do modelo.
tendo um longo período de produ- Mesmo assim, ele se impunha
ção e foi um dos modelos pioneiros frente ao Simca Chambord seu úni-
de nossa indústria automobilística, co concorrente nacional. E isso de-
apesar de conturbada trajetória. vido ao estofamento em couro, ban-
Lançado no Brasil oficialmen- co dianteiro com encosto reclinável
te no dia 21 de abril de 1960, na até a posição horizontal, sistema de
data de fundação de Brasília, com ventilação interna, desembaçador,
a denominação de FNM JK 2000, focos de luz para os passageiros e
ele era produzido pela então Fá- inclusive no porta-malas, que tra-
brica Nacional de Motores - em- zia ainda um estojo de ferramen-
presa estatal que detinha um acor- tas contendo calibrador de pneus e
do de transferência de tecnologia jogo de velas de ignição.
com a Alfa Romeo - no município O painel era outro destaque: o
de Duque de Caxias (RJ). Já as ini- velocímetro tinha uma escala ho-
ciais “JK” eram homenagem dire- rizontal que terminava junto a um
ta ao então presidente da República conta-giros. O bloco do motor, im-
Juscelino Kubitschek, principal in- portado da Itália, era usinado no
centivador da implantação da nos- Brasil. Porém, o índice de naciona-
sa indústria automobilística, além lização cresceu rapidamente e em
de responsável pela construção da pouco tempo a maioria das peças
nova capital do País. era fabricada no País.

Automóveis Antigos 29
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
SUCESSO E PROBLEMAS as falhas naturais do projeto.
Ironicamente, uma vez prova-
do do então Presidente da Repúbli-
ca, João Belchior Marques Goulart).
da a superioridade dos JK perante a Mas isso acabou não ocorrendo já
Fiel às origens esportivas da
concorrência, a FNM abandonou as que Goulart ficou pouco tempo no
marca, o Alfa Romeo brasileiro foi
competições. Os dirigentes da em- poder, sendo deposto pelo golpe
desenvolvido e adaptado às condi-
presa optaram por concentrar esfor- militar de 1964. De quebra, a sigla
ções locais por uma equipe oficial
ços em solucionar dificuldades de “JK” também foi cassada, da mes-
de competição liderada pelo enge-
ordem interna, em especial na lenta ma forma que os direitos políticos
nheiro Amílcar Barone e pelo pi-
e problemática linha de montagem. de Juscelino Kubitschek.
loto Chico Landi, que tinha uma
Vale também registrar que a FNM, O projeto programado para o
boa experiência com a mecâni-
apesar de ser uma sociedade anôni- “Jango” acabou chegando ao mer-
ca da marca e era um dos poucos
ma, mas que por ter o governo fe- cado no 4º Salão do Automóvel de
brasileiros com conhecimento de
deral como acionista majoritário era São Paulo, de 1964, mas com a de-
cabeçotes com duplo comando de
impedida de fazer reajustes nos pre- nominação de Timb (Turismo In-
válvulas. Nessa equipe, destaca-
ços compatíveis aos da inflação. ternacional Modelo Brasil), e se
vam-se o próprio Landi e Chris-
destacava pelo volante esportivo de
tian “Bino” Heins que, em dupla,
venceram com o JK a 5ª edição das SOBREVIVENDO três raios com aro de madeira, ala-
Mil Milhas Brasileiras, em novem- A POLITICAGEM vanca de câmbio no assoalho, ban-
cos dianteiros individuais, vidro
bro de 1960, a primeira de um mo-
vigia verde, pára-choque diantei-
delo nacional naquela competição. A politicagem que envolvia a
ro bipartido, capô rebaixado e uma
Até 1963 inúmeras vitórias foram FNM tornou-se ainda mais clara em
grade dianteira de dimensões mais
obtidas pelo JK em provas de resis- 1962, quando a empresa realizou
compactas. Em relação ao 2000, o
tência, que serviram para divulgar modificações no modelo, que se-
motor do Timb tinha taxa de com-
o desempenho do modelo e corrigir ria relançado como “Jango” (apeli-
pressão aumentada de 7:1 para

30 Automóveis Antigos
8,25:1, enquanto a potência pula- nável de problemas e decidiram
va para 160 cv, quando equipados privatiza-la. Para preparar o terre-
com dois carburadores horizontais no, em 1966 contrataram Jean-Ja-
de corpo duplo, que só eram vendi- cques Pasteur, que havia acabado
dos como opcionais nas concessio- de perder a posição de principal
nárias FNM. executivo da Simca, após esta
ser incorporada pela Chrysler.
COMANDO EM MILÃO O curioso é que a Simca nunca
foi considerada um exemplo de
A FNM, entretanto, era publica- gestão, mas o engenheiro fran-
mente vista como um “cabide de em- cês conseguiu aumentar a produ-
pregos”, com graves problemas de ção de um automóvel e dois ca-
ineficiência. De 1960 a 1963 a em- minhões por dia para oito e nove
presa conseguiu montar 1.504 auto- unidades, respectivamente.
móveis. Já, em 1964, apenas 168 se- Essa melhora facilitou a ven-
dãs saíram de sua linha de produção da da FNM para a Alfa Romeo, na
devido a crise econômica provoca- época também uma estatal italia-
da pela mudança de governo, o que na, ao preço de US$ 36 milhões.
também motivou mudanças na di- Contrariando o que muitos espe-
reção da empresa, que passou a ser ravam – a fabricação do modelo
comandada diretamente pelos mili- Giulia no País –, a incorporação
tares. Estes, por sinal, sempre ocupa- pela Alfa Romeo resultou apenas
Entre em
ram cargos importantes desdenosso
a fun- Canal
na no Telegram:
reestilização de grades e t.me/BRASILREVISTAS
cro-
dação da FNM, na década de 1940, mados do 2000 e no início de es-
inicialmente para produzir motores tudos para a produção do Alfa Ro-
de aviões durante a Segunda Guerra meo 2300, que só foi lançado em
e, posteriormente, caminhões. 1974. Enquanto isso, foram feitas
Pouco a pouco, entretanto, os melhorias e alterações mínimas na
militares passaram a associar a linha até ela deixar de ser fabrica-
empresa como uma fonte intemi- da, em 1972.

O painel trazia velocímetro


horizontal, enquanto o banco
traseiro oferecia apoio de
braço e o porta-malas se
destacava por ser o maior
da época

Automóveis Antigos 31
GENERAL MOTORS

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80 ANOS DE

BRASIL
Data é comemorada nas ruas de São Paulo com desfile de vários modelos
que marcaram época

32 Automóveis Antigos
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Fotos: Moisés Nascimento

A
General Motors com- no Parque do Ibirapuera. De acor- quena, algo em torno de 20 carros
pleta em 2005 oitenta do com Felipe Araujo, dono de al- por mês, todos em regime de CKD
anos de atividades em gumas raridades, como um Bel Air (no qual o carro é importado com as
solo brasileiro. Para comemorar, a 1957, a grande participação do pú- peças separadas e apenas montado
Chevrolet – marca que a empresa blico pelas ruas de São Paulo foi o localmente) provenientes da matriz
utiliza no País – organizou na capi- maior presente dos participantes. em Detroit, nos Estados Unidos.
tal paulista um desfile com 200 car- “Ver o público admirando os carros Em apenas dois anos, a empre-
ros antigos, incluindo clássicos de é emocionante”, afirmou. sa mudou seu nome de Cia. Geral
outra subdivisões do grupo GMC A trajetória da GM no Brasil de Motores do Brasil S.A. para Ge-
(General Motors Company), como teve início em 1925, num galpão neral Motors do Brasil S.A.. Nes-
Opel, Buick e Cadillac. alugado na Avenida Presidente Wil- te mesmo período, sua produção
Os veículos partiram de quatro son, no bairro do Ipiranga, em São saltou para 150 unidades/dia. Com
pontos distintos e encontraram-se Paulo. A linha de produção era pe- isso, a fábrica norte-americana viu-

Automóveis Antigos 33
Buick , se obrigada a implantar uma rede
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Cadillac, Opel de concessionárias em pontos es-
e os tradicionais
Chevrolet: juntos tratégicos do nosso território. As
para comemorar cidades escolhidas para os primei-
os 80 anos de ros locais de atendimento foram:
atividades no Brasil
São Paulo, Rio de Janeiro, Porto
Alegre e Recife.
Com o sucesso crescente das
vendas, a GMB decidiu construir
sua própria fábrica. Numa área de 45
mil metros quadrados, localizado no
municipio de São Caetano do Sul, a
General Motors dá início à industria-
lização de toda a região do Grande
ABC – conhecida como o berço da
indústria automobilística brasileira.
Todo o processo para a constru-
ção das instalações durou aproxi-
madamente três anos. Pouco tempo
após a mudança de endereço, veio
a crise econômica mundial de 1929,
provocada pela “quebra” da bolsa de
Nova Iorque. Para contornar o pro-
blema, a GM brasileira decidiu bus-
car novos rumos. Com a facilidade
de importação de peças, a empresa

34 Automóveis Antigos
resolveu trazer para o Brasil a linha
de montagem dos refrigeradores da
marca Frigidaire. Com o passar dos
anos, além de geladeiras, passaram
pela linha de produção o primei-
ro ônibus com carroceria fechada,
além de veículos usados pelas For-
ças Aliadas durante a 2ª Guerra.
Paralelamente a estas ativida-
des, a GMB continuava a produ-
zir automóveis, com destaque para
o Bel Air, as picapes e os furgões
da linha 3100 – todos com grande
aceitação do público brasileiro.
Visando a liderança de mer-
cado, a empresa adquiriu em São
José dos Campos (interior de São
Paulo) um novo terreno, com área
de 1,6 milhão de metros quadra-
dos. Mais tarde, com a aprovação
da nacionalização de seus produ-
tos, a planta de São José passaria
a produzir o Entre
motor doem nosso
Chevrolet Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
Brasil – enquanto o primeiro car-
ro 100% nacional seria uma pica-
pe modelo 3100.
Na década de 1960, os modelos
3100 tiveram alterações que cul-
minaram nos lançamentos da pica-
pe C-10 e da caminhonete C-1416.
Foi nesta época também que os en-
genhgeiros da GMB iniciaram al-
guns testes com o Opel Reckord.
Anos mais tarde, a iniciativa servi-
ria de inspiração para a criação do
primeiro automóvel Chevrolet bra-
sileiro: o Opala, lançado em 1968.
Em 2000, uma nova linha de
produção foi construída no muníci-
pio de Gravataí, na região da Gran-
de Porto Alegre (Rio Grande do
Sul). O resto da história já é bem
conhecido e apresenta nomes como
Chevette, Monza, Kadett, Omega,
Vectra, Corsa, Astra, entre outros
modelos que perduraram ou perdu-
ram em nosso mercado.

Automóveis Antigos 35
Grã-Turism
Brasinca GT

Lançado em 1964, o Brasinca/Uirapuru foi o primeiro

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36 Automóveis Antigos
mo nacional
verdadeiro esportivo fabricado no Brasil

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Automóveis Antigos 37
sileiro de série capaz de superar os
200 km/h.
Projetado pelo engenheiro es-
panhol Rigoberto Soler Gisbert, o
Uirapuru teve uma carreira tumul-
tuada devido a problemas políticos
e econômicos, que limitaram sua
produção. Segundo os profissionais
envolvidos no projeto foram fabri-
cadas apenas 75 unidades, incluin-
do dois conversíveis e o protótipo
Gavião, modelo que depois foi uti-
lizado por longo tempo pela Polícia
Rodoviária de São Paulo.
O projeto Uirapuru nasceu de-
pois que a Willys Overland rejei-
tou a proposta do esportivo Bou-
levard. Na mesma época a Toyota
O Uirapuru foi o primeiro modelo também não respondeu à oferta
nacional de série capaz de superar os
200 km/h de um projeto para uma camione-
ta baseada na mecânica do utilitá-
rio Bandeirante. Ambos projetos
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS foram desenvolvidos pela Brasin-
ca, tradicional empresa ainda hoje
especializada no fornecimento de
peças estampadas para a indústria
automobilística nacional.

A
década de 1960 foi
pródiga em mode- MOTOR DE CAMINHÃO
los esportivos fabrica-
dos ou desenvolvidos no Brasil. A Os parâmetros básicos do pro-
Willys deu o pontapé inicial com o jeto do Uirapuru eram avançados
Interlagos. A Volkswagen respon- para a época: o chassi adotava téc-
deu com o Karmann-Ghia. Mas o nicas de construção aeronáutica,
desempenho dos dois modelos era com vigas vazadas e estrutura mo-
bastante limitado devido a potência nobloco; a carroceria, testada no
reduzida de seus motores. túnel de vento do Centro Técnico
O mercado, ávido por mode- Aeroespacial (CTA), com estilo ar-
los de elevado desempenho, sonha- rojado mesclava grandes superfí-
va com um verdadeiro Grã-Turis- cies esculpidas com princípios de
mo nacional e só pôde comemorar aerodinâmica e grande área envi-
em 1964, quando a Brasinca lan- draçada. Apenas a mecânica podia
çou o 4200 GT, também conheci- ser criticada.
do como Uirapuru – nome de ba- Mas sem opções dignas de um
tismo do projeto e que foi adotado carro daquele porte, Soler teve que
definitivamente quando a Brasinca optar pelo motor do caminhão Che-
vendeu o ferramental para outra so- vrolet Brasil de seis cilindros em
ciedade – primeiro automóvel bra- linha e que primava pelo elevado

38 Automóveis Antigos
torque para um esportivo. Para di- central alojava relógio e os coman-
rias GM, mas somente duas uni-
minuir as deficiências no desempe- dos de itens como luzes internas,dades foram comercializadas: uma
nho foram adotados carburadores bomba de combustível elétrica, lim-
em Araraquara e outra em Barretos,
SU ingleses – usados pela Jaguar – padores de pára-brisa e afogador.no interior de São Paulo. Para en-
e feitas outras modificações impor- A Brasinca ainda oferecia, como
frentar a concorrência dos modelos
tantes que visaram aumentar sensi- opcionais: rádio, espelhos retrovi-
importados, a Brasinca chegou in-
velmente a potência bruta. sores externos, cintos de seguran-
clusive a importar um motor Che-
O câmbio original de três mar- ça, comando de válvulas importa- vrolet 327 V8, mas este nunca che-
chas utilizado nas camionetes Che- do Iskenderian, rodas de liga leve
gou a equipar o esportivo.
vrolet foi logo substituído por um 7 x 15”e até a caixa de câmbio do A falta de estrutura comercial e
de quatro marchas, que a Eaton Corvette, também de quatro mar- administrativa no projeto parece ter
ainda estava desenvolvendo para chas, com carcaça de alumínio, e sido fatal. A promoção do Brasinca
o Dodge Dart. Requintes como di- relação de diferencial 3,36:1. O foi feita de maneira muito formal:
reção hidráulica e ar condiciona- modelo básico, com diferencial anúncios em revistas e divulgação
do jamais foram fornecidos, mas o longo e taxa de compressão de na imprensa especializada. Além
projeto original previa tais equipa- 7,6:1 que possibilitava o uso de disso, o fato de Rigoberto Soler ter
mentos: o espaço entre o motor ins- gasolina comum, amarela, atingia se desentendido com a direção da
talado entreeixos e a grade diantei- 180 km/h e acelerava de 0 a 100 Brasinca também pode ter contri-
ra estava reservado para isso. km/h em 10,4 segundos. buído para o sucesso limitado do
Internamente, o 4200 GT ti- Uirapuru. As limitações financei-
nha um elegante painel feito de ja- DIFICULDADES ras da Sociedade Técnica de Veí-
carandá da Bahia no qual estavam
Entre emconta-gi-
instalados velocímetro, nosso FINANCEIRAS culos (STV), que adquiriu da Bra-
Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
sinca os direitos de fabricação, mas
ros, manômetro de óleo, voltímetro, sem capital suficiente para bancar
Tendo em vista que o 4200 GT
termômetro e marcador do nível de a continuidade do projeto acaba-
utilizava mecânica Chevrolet, a
combustível. O volante era o clássi- ram provocando o encerramento da
Brasinca tentou vendê-lo por in-
co Walrod, de três raios, aro de ma- produção em 1967.
termédio da rede de concessioná-
deira e grande diâmetro. O console

Automóveis Antigos 39
Rolls-Royce Silver Wraith Cabriolet 1953

Luxo
PRESIDENCIAL
Automóveis Antigos andou no Rolls Royce usado na posse do presidente Lula
e comprovou que o modelo está a salvo, ou quase...

Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

40 Automóveis Antigos
A
garagem do Presidente
da República também
guarda lá seus clássi-
cos. Dentre eles, dois majestosos
Rolls-Royce Silver Wraith. O mais
antigo, um Park Ward Cabriolet
1953, que ilustra esta reportagem, é
Fotos: José Rezende Mahar talvez um dos carros mais fotogra-
fados e conhecidos do Brasil, já que
normalmente é utilizado em even-
tos como o desfile de 7 de setembro,
além das posses presidenciais. O
outro, a limusine Mulliner 1954, fe-
chada e equipada com câmbio auto-
mático GM Hydramatic, é de uso do
Itamaraty, mas atualmente está “en-
costado” por falta de freios, além de
aguardar por restauração.
Os modelos foram encomen-
dados diretamente pelo então pre-
sidente Getúlio Vargas, no começo
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
da década de 1950, a empresa de
Gastão Correia da Veiga Filho, na
época importador oficial da mar-
ca, embora exista uma lenda de que
eles foram doados pela rainha da
Inglaterra, Elizabeth II. Mas, a bem
da verdade, vale destacar que, na
ocasião, a empresa de Gastão parti-
cipou de uma licitação oficial con-
correndo contra a General Motors,
que queria vender o Cadillac, e a
Ford, que oferecia o Lincoln.
Escolhido por Vargas no início
de 1952, o Cabriolet custou aos co-
fres públicos 7.339 libras esterli-
nas e foi fabricado exclusivamen-
te para atender ao presidente. Por
isso, a fábrica tratou de incorporar
alguns detalhes, como a platafor-
ma no pára-choque traseiro e nos
estribos laterais, ambos reforçados
para suportar o peso dos seguran-
ças, mastros para o uso de bandei-
ras nos pára-lamas dianteiros, além
de relógio, rádio e velocímetro no
compartimento traseiro.

Automóveis Antigos 41
USO ROTINEIRO O motor tem cerca de 150 cv
para 4.566 cm³, já que a Rolls-
Antes da restauração, realiza- Royce não costumava divulgar a
da numa oficina de São Paulo, o potência, mas ela é suficiente p ara
Rolls Royce da presidên-cia levar o carro até 150 km/h e acele-
apresentava vestígios de, por rar de zero a 100 km/h em 17 segun-
muito tempo, fora mal conservado, dos – mais lento que muito carro 1.0
com riscos e amassados na carro- atual. AUTOMÓVEIS ANTIGOS
ceria de alumínio, apesar do hodô- acelerou o Rolls Royce presiden-
metro registrar, atualmente, menos cial e pôde analisar seu desempe-
de 30 mil quilômetros. Contudo, há nho. A embreagem é bastante macia
quem afirme que o carro tenha ro- e precisa, assim como a alavanca do
dado muito mais. A teoria leva em câmbio manual na coluna de dire-
consideração o fato de que, diferen- ção. O esquema de marchas é igual
temente de hoje, o veículo na épo- ao do Aero Willys, mas merece um
ca em que foi adquirido era utiliza- reparo para recuperar a precisão do
do para deslocamentos de rotina do trambulador, enquanto o volante é
presidente Vargas, havendo inclusi- razoavelmente leve. Um problema,
ve registros de algumas viagens do sobretudo para pessoas de físico
Rio de Janeiro a Petrópolis. avantajado, é a proximidade do vo-
O modelo foi utilizado pela pri- lante de direção do banco, que é fixo
meira vez numa cerimônia pública devido ao anteparo que o separa do
Entre em nosso Canal no Telegram:
em 1° t.me/BRASILREVISTAS
de maio de 1953, durante as compartimento traseiro.
comemorações do Dia do Traba- Mas o Rolls Royce realmente
lho, em Volta Redonda. Já o pri- desliza sobre o asfalto mostrando a
meiro visitante estrangeiro a utili- razão de seu elevado preço. O pesa-
zar o automóvel foi o presidente do do automóvel comporta-se como é
Imponência sob todos os ângulos: o Peru, general Manoel Odria, em 25 de se esperar de um símbolo de ex-
painel abusa dos acabamentos em
madeira, enquanto o ilustre passageiro de agosto de 53. Depois dele, anda- celência da manufatura britânica,
controla velocidade e tempo de ram no carro, em visita ao Brasil, o sem fazer qualquer ruído de mo-
viagem. Com 150 cv, o motor permite
rei da Bélgica, o presidente francês tor e com qualidade de marcha di-
velocidades de até 150 km/h
Charles de Gaulle, a rainha da In- fícil de igualar até em caros mode-
glaterra, Elizabeth II, e outros che- los atuais. É fácil também sentir a
fes de Estado. qualidade de construção. O interior
é tradicional, com toda a madeira
de lei que se espera de um Rolls-
Royce, enquanto o estofamento de
couro já foi refeito no Brasil.

A RESTAURAÇÃO
A restauração feita foi
patrocinada pela própria Rolls
Royce do Brasil. Mas infelizmente
limitou-se à estética, deixando para
trás todos os problemas de “cansa-
ço” causados pela idade e pelo trato
pouco refinado que o veículo sofreu

42 Automóveis Antigos
ao longo dos anos. Um bom exem-
plo disso é o sistema de freio, adap-
tado. No lugar de seu sistema mis-
to, com cilindros hidráulicos nas
rodas dianteiras e varões nas rodas
traseiras, foi instalado um conjunto
nacionalizado que mescla peças de
Opala, Kombi e do pequeno cami-
nhão Mercedes-Benz 608/708. Um
verdadeiro samba de crioulo doido.
Em razão disso, ao pisarmos no pe-
dal, a resposta ficou comprometida,
sobretudo devido ao fato de a assis-
tência ser produzida por um servo
acionado pelo cardã, que perde efi-
ciência em baixa velocidade, quan-
do essa peça gira devagar.
Mas o que realmente importa
é que o carro foi pelo menos pre-
servado, apesar de sua imagem
ter sido manchada pelo problema
ocorrido na rampa do Congresso,
no dia em que Entre em nosso
o presidente Lula Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
tomou posse. Para quem ainda se
lembra, o Cabriolet na ocasião não
conseguiu subir a íngreme rampa
com oito pessoas a bordo. O resul-
tado foi uma embreagem reniten-
te, que deve ter sofrido muito pelo
esforço a que foi submetida. Nada
que um bom serviço mecânico não
possa resolver. Mas só falta mes-
mo é o devido respeito que a “ve-
lha dama” merece.

Automóveis Antigos 43
Chevrolet Chevelle SS

Um superstar da
Jovem guarda
O Chevrolet Chevelle SS teve uma carreira de sucesso. Lançado em 1964,
tornou-se astro de seriado de TV e conquistou muitos roqueiros em plena época
da Jovem Guarda

Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

44 Automóveis Antigos
Fotos de Saulo Mazzoni

O
s fabricantes america- SAE, bruta). Procurando reverter
nos decidiram lançar este quadro, a Chevrolet lançou,
novos modelos, no co- em 1965, o SS com motor V8 de
meço da década de 1960, para re- 396 pol³ (6,5 l) e 375 cv SAE, que
forçar sua posição no segmento também era equipado com câmbio
intermediário do mercado. Era tam- esportivo manual Muncie de qua-
bém uma resposta ao crescimento tro marchas e relação de diferen-
da importação de modelos euro- cial de 4,56:1, contra 3,32:1 do res-
peus. Um dos modelos americanos to da linha. Esta caixa, entretanto,
de maior sucesso nesta proposta foi foi montada em apenas 200 cupês e
o Chevrolet Chevelle, lançado em num único conversível, mas isso foi
1964 em três versões: 300, Malibu o suficiente para transformar o Che-
e Malibu SS, com dimensões exter- velle num dos mais cobiçados mus-
Entre em nosso nas ligeiramente
Canal menores que ast.me/BRASILREVISTAS
no Telegram: do cle cars, a onda de modelos super-
Chevrolet Impala, mas com confor- potentes que marcou o fim da fase
to e desempenho compatíveis às do de ouro do automóvel americano.
também famoso full-s­ize.
O Chevelle também era equipa- NA ONDA DO ROCK
do com a mesma mecânica do Im-
pala, incluindo motor, câmbio e sus- O Chevelle SS desta reporta-
pensão, mas a carroceria do “Tipo gem é da primeira geração do mo-
A” era compartilhada com a linha delo, que firmou a imagem jovial
Tempest, da Pontiac. O Malibu SS no auge da era do rock’n’roll. Isto,
era o modelo mais interessante da inclusive, acabou colaborando para
linha Chevelle. Um esportivo com a sobrevivência de bom número de
carroceria cupê hardtop, duas portas cupês, embora muitos deles tam-
sem coluna, ou conversível como o bém tenham sido desmontados e
que abordamos nesta reportagem – suas peças utilizadas na recupera-
por sinal, igual ao do personagem ção de unidades do Camaro ou na
interpretado pelo ator Dick York: o montagem de hot rods. Nos Estados
publicitário James Stevens, no se- Unidos, ainda hoje remanescentes
riado de televisão A Feiticeira e que originais do Chevelle 1964/65 ain-
inclusive foi patrocinado na época da podem ser vistos pelas ruas com
pela General Motors. certa facilidade transportando tan-
Apesar da boa aceitação no to um grupo de “simpáticas” ve-
mercado, o Malibu SS não era pá- lhinhas como de “antipáticos” ca-
reo para o “primo” Tempest GTO, beludos que, ouvindo rock a todo
já equipado com o motor V8 de 389 volume, costumam deixar as mar-
pol³ (6,3 litros) e 325 cv (potência cas de pneus no asfalto provocadas

Automóveis Antigos 45
pelo “veneno” que vai do carbura- é de acrílico nos carros equipados
dor Quadrijet até os atualmente po- com caixa automática. Este conso-
pulares sistemas de injeção de óxi- le termina com uma pequena luz de
do nitroso. cortesia destinada aos passageiros
do banco traseiro.
LUXO RACIONAL A sigla SS, de Super Sport, Su-
per Stock ou Separated Seats, de-
Para um modelo americano dos pendendo da fonte consultada, já
anos sessenta, o Chevelle SS até que a Chevrolet nunca fez questão
que é um carro de linhas bastan- de esclarecer especificamente o as-
te convencionais. Os “exageros” sunto, se referia aos bancos diantei-
ficavam por conta dos faróis quá- ros individuais segundo a explica-
druplos, emblemas dos pára-lamas, ção mais comum. Naquela época,
rodas cromadas e o friso da tampa pressionadas pelas autoridades ame-
do porta-malas, que também serve ricanas preocupadas com o elevado
como moldura interligando as pe- índice de acidentes, as fábricas evi-
quenas lanternas traseiras. No in- tavam destacar seus modelos como
terior do Chevelle, destaque para o superesportivos, apesar de, com tan-
volante de direção esportivo, com ta cavalaria, os carros serem verda-
três raios de alumínio e aro de ma- deiros “foguetes”. Mas o Chevel-
deira, enquanto o painel de ins- le já vinha equipado com cintos de
trumentos é mais sóbrio. Como segurança que, apesar de subabdo-
Entre em nosso Canal no
todoTelegram: t.me/BRASILREVISTAS
esportivo americano dos anos minais, eram retráteis. A prática e
1960, o SS também tem um relu- elegante capota retrátil já tinha acio-
zente console central no qual fica a namento elétrico, que abre ou fecha
alavanca do câmbio e cujo seletor em menos de dez segundos.

46 Automóveis Antigos
PAIXÃO DA FICHA TÉCNICA*
JOVEM GUARDA Motor Dianteiro, longitudinal, V8, bloco e ca-
beçotes de ferro fundido, duas válvu-
  las por cilindro com um único comando
montado no centro do bloco e carbura-
Muitas histórias e várias len- dor duplo ou quádruplo.
das costumam envolver a trajetó- Cilindrada: 1964: 283 pol³ de 195 cv ou 220 cv, e
ria dos carros antigos. Com este 327 pol³ de 250 cv ou 300 cv
Entre em nosso
Chevelle SS 1965, equipado com
Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS 1965: 283 pol³ de 195 cv ou 220 cv,
327 pol³ de 250, 300 ou 350 cv e 396
motor V8 de 327 pol³ (5,3 l) e pol³ com 375 cv.
câmbio automático Turbo Hydra- Transmissão Câmbio: manual de quatro marchas ou
matic, não é diferente. O atu- automático de três. Nas duas opções a
alavanca de acionamento era no assoa-
al proprietário, Flávio Sebastião lho; tração traseira.
Vaz, afirma que este raro conver- Direção: Por setor e sem-fim com esferas recircu-
sível “foi importado pela cantora lantes, assistência hidráulica.
Wanderléa que, naquela ocasião, Carroceria e chassi Em aço estampado e montada sobre
desejava ter um Chevelle azul chassi perimetral de longarinas
de estofamento gelo, igual ao da
Produção 1964: 76.860 unidades
“Feiticeira”. 1965: 72.500 unidades
Ainda, segundo Flávio, ele * Esta é a ficha técnica correta do Chevelle SS. A publicada na edição nº 11 é do Willys
Interlagos, e saiu por erro de edição.
acabou sendo vendido para ou-
tro ídolo da Jovem Guarda, o can-
tor Ed Carlos, que mais tarde te-
ria revendido para um político
de Brasília. Após muitos donos,
em 1988 ele retornou a São Pau-
lo para ser restaurado por Nello
Bini Júnior, que fez um trabalho
bastante meticuloso, e o Chevelle
voltou a ostentar a “silhueta” que
tinha ao deixar a linha de monta-
gem da General Motors em De-
troit, há quarenta anos.

Automóveis Antigos 47
Packard Straitgh 1929

Charmoso e
carismático
A marca Packard foi sinônimo de classe e prestígio na primeira metade do
século 20. O modelo Straitgh 8 ajudou a construir essa fama

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48 Automóveis Antigos
Fotos: Cláudio Larangeira

E
mpresário que coman-
da uma conceituada
distribuidora de peças
e acessórios para veículos, Leo-
poldo Huber é também um apaixo-
nado por automóveis antigos. Mas
essa paixão pelos carros de épo-
ca se multiplica quando se refere
à extinta marca Packard: “Eu co-
mecei a gostar de Packard porque
meu avô foi dono de um e acabei
cultivando o interesse pela marca
desde a infância.”
Leopoldo tem diversos mode-
los Packard, uma das marcas pio-
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
neiras da indústria automobilística
americana, e que se destacava por
elevado prestígio na primeira me-
tade do século 20. A paixão por es-
ses carros refinados é tanta que no
casamento de sua filha foram utili-
zados quatro modelos: um para le-
var os noivos, dois para os pais dos
noivos e o outro para conduzir os
padrinhos.
Mas um modelo dessa cole-
ção chama a atenção: o Straitgh 8,
1929, equipado com o majestoso
motor de 8 cilindros em linha, que
Leopoldo adquiriu há cerca de 20
anos e que ilustra essa reportagem:
“É um modelo raro aqui no Bra-
sil, com mecânica refinada e tam-
bém muito gostoso de dirigir”. Mas
quando adquiriu o clássico, apesar
do bom estado de conservação, ele
sabia que o modelo precisava de
um acurado trabalho de restaura-
ção principalmente no que se refe-
ria aos detalhes.
Por isso decidiu refazer to-

Automóveis Antigos 49
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

talmente o automóvel, com toda


tranqüilidade, nas horas de fol-
ga em sua fazenda no interior do
Estado de São Paulo. A perfeição
no trabalho é confirmada n ão s ó
pelos rasgados elogios de quem
conhece o assunto, mas também
em muitos eventos de automóveis
antigos, como o reconhecimento
dado ao Packard 1929 de Leopol-
do no 8º Encontro Paulista de Au-
tos Antigos, realizado na
cidade de Lindóia, onde con-
quistou o prêmio de melhor
car-ro do evento. Uma
recompensa que, segundo o
proprietário, mos-tra que os
jurados souberam reco-nhecer a
O motor deste modelo 1929 possui oito cilindros em linha e 90 cavalos de potência originalidade do traba-

50 Automóveis Antigos
Inventor incansável irmão William. Nove anos mais tar-
de, os dois e um terceiro sócio, Ge-
James Ward Packard foi um tí- orge L.Weiss, fundaram a Packard &
pico e irrequieto inventor do fim do Weiss com o capital inicial de US$
século 19 e começo do século pas- 10 mil. Outra pessoa importante nes-
sado. Além de automóveis, ele tam- sa fase foi William Hatcher, que cui-
bém se divertia criando engenhocas dava das compras da companhia.
movidas a eletricidade, alarmes de O nome da empresa logo foi
relógio e fechaduras controladas a alterado para Ohio Automobi-
distância. Ele e o irmão William, le Company em 1900 e dois anos
sócio em várias empreitadas, pas- mais tarde novamente, dessa vez
saram boa parte da infância no lago para Packard Motor Car Company.
Chautauqua, no Estado de Nova O primeiro Packard foi montado
York, onde seus pais tinham um em 6 de novembro de 1899. Em
hotel, uma madeireira e uma loja 1903 a empresa mudou-se para De-
de ferragens. troit, onde produziu automóveis até
James Ward formou-se enge- 1956. James Ward presidiu a com-
nheiro mecânico em 1884 e logo panhia até 1909, quando foi desig-
em seguida foi trabalhar na Sawyer- nado presidente do conselho, car-
Mann Electric Company, em Nova go que ocupou até 1915. Somente
York. De um salário inicial diário de em 1928, pouco antes de sua morte,
Entre em nosso Canalumno
apenas Telegram:
dólar, seis anos maist.me/BRASILREVISTAS
tar- ele começou a se desfazer de suas
de ele assumia a gerência da fábrica. ações na empresa, que o transfor-
Suas pesquisas sobre lâmpadas in- mou em um milionário. Mas James
candescentes permitiram que regis- Ward não esqueceu de apoiar a
trasse mais de 40 patentes. O passo universidade de Leigh, onde se for-
seguinte foi fundar a Packard Elec- mou, e doou US$ 1 milhão para a
tric Company em sua cidade natal construção do Laboratório Packard
(Warren, Ohio) em sociedade com o no campus dessa instituição.
lho feito na restauração.
O Pakard mostrado nesta re-
portagem tem carroceria conver-
sível identificada como Phaeton
e a peculiaridade de poder trans-
portar até sete passageiros: dois
no banco dianteiro, três no trasei-
ro e outros dois em banquetas do-
bráveis instaladas na parte central
do automóvel.
A capota traz ainda janelas re-
movíveis, consideradas “de emer-
gência”. Outras características des-
te modelo são os faróis circulares,
o termômetro instalado no painel e,
obviamente, o motor de oito cilin-
dros em linha, de 6.300 cm3 e que
produz 90 cv.

Automóveis Antigos 51
Romi-Isetta 1957

O OVO DE COLOMBO
Pequena e econômica, a Romi-Isetta era um projeto avançado
para seu tempo e foi fabricada no Brasil, mas teve vida foi curta

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Fotos: Aniello de Vitta

52 Automóveis Antigos
D
esenvolvido pelo indus- são dianteira independente contava namentos. Além disso, o Grupo
trial Iso Rivolta, o Isetta com molas helicoidais em posição Executivo da Indústria Automobi-
foi lançado em abril de horizontal, coxins de borracha nas lística (Geia), estabeleceu normas
1953 sendo fabricado em seu país de extremidades e amortecedores de para incentivar a produção de au-
origem, a Itália, até 1956, mas tam- fricção com dois braços. Atrás, a tomóveis no País e numa delas es-
bém foi fabricado pela BMW na Ale- Romi-Isetta era equipada com mo- tabelecia que o carro deveria ter no
manha e por outras empresas em paí- las semi-elípticas e amortecedores mínimo duas portas e quatro luga-
ses como França, Espanha, Inglaterra, telescópicos hidráulicos. res para receber benefícios fiscais.
Bélgica, Áustria, Suécia e Argentina. O freio era a tambor nas quatro Por isso, A Romi-Isetta perdeu
No Brasil, a licença do Isetta foi ad- rodas, que tinham aro de 10 pole- para a perua DKW-Vemag o título
quirida pela fábrica de equipamentos gadas, e a caixa de direção do tipo de primeiro automóvel nacional,
industriais Romi (daí o nome Romi- setor e rosca sem-fim. Todo o con- além de não desfrutar das vanta-
Isetta), localizada na cidade de Santa junto mecânico fica afixado em um gens oferecidas pelo governo.
Bárbara D’Oeste, a 145 km de São chassi tubular, vestido por uma car- Em 1959, as Indústrias Romi
Paulo. Seu proprietário, o comenda- roceria feita de chapas de aço, cuja enfrentaram dificuldades financei-
dor Américo Emílio Romi, obteve o única parte móvel é a porta diantei- ras, o que decretou o fim do car-
direito de fabricação do veículo em ra na qual são apoiados o painel e rinho. A produção foi desativada.
1953, mas a produção só teve início a coluna de direção articulada. Com Houve apenas a montagem de al-
três anos depois. A primeira unidade 2,250 mm de comprimento, a Romi- gumas unidades com peças do es-
saiu da linha de montagem no dia 30 Isetta tem banco inteiriço para duas toque durante 1960 e 1961. Nessa
de junho de 1956, mas o lançamento pessoas, pesa 330 kg, fazendo até mesma época, o presidente Jusce-
oficial ocorreu em São Paulo, em 5 25 km/l e atingindo uma velocidade lino Kubitschek tentou impulsio-
de setembro doEntre emcom
mesmo ano, nosso
um Canaldeno
máxima Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
90 km/h. nar a fabricação do veículo (com
grande desfile pelo centro da cidade. o qual, em 2 de fevereiro de 1960,
O FIM liderou a famosa Caravana de In-
DETALHES tegração Nacional), mas foi em
O senso de humor brasileiro vão. Vale também lembrar que, em
Idêntica ao modelo italiano não livrou o veículo de apelidos 1979, o industrial Humberto Dias,
da primeira geração, a Romi-Iset- como “bola de Fenemê”, devido de São Bernardo do Campo, SP,
ta era equipada com motor traseiro a sua fragilidade frente a um ca- tentou reviver o carrinho, moder-
Iso, unidade monocilíndrica de dois minhão, principalmente os “pesa- nizando uma unidade rebatizada
tempos e 198 cm3, que desenvolvia dos” de então da Fábrica Nacional com o nome Diasetta. O insólito
9,5 cv. O motor tinha dois pistões de Motores. Em 1957, o minicarro veículo foi exposto na feira Brasil
gêmeos, que trabalhavam na mes- foi reestilizado, ganhando novos Export 80, mas nunca foi fabrica-
ma câmara de combustão. O projeto faróis e pára-lamas e, no ano se- do em série.
do carro, patenteado pelo engenhei- guinte, passou a ser equipado com
ro italiano Preti em 1950, previa a o motor BMW monocilíndrico de
utilização de apenas três rodas, duas 245 cm3, quatro tempos e 13 cv.
na frente e uma atrás. Por motivos Com ele alcançava 100 km/h. Nes-
de segurança, a Isetta chegou às ruas te modelo, a suspensão dianteira
com quatro rodas. Mas como a bito- independente trazia molas heli-
la traseira era muito estreita, dispen- coidais envolvendo os amortece-
sava o uso de diferencial. dores, sendo o conjunto instalado
A transmissão era feita por cor- dentro de uma caixa cônica.
rente dupla banhada a óleo e o câm- A Romi-Isetta, porém, chegou
bio tinha quatro marchas, sendo a no momento errado. Numa época
alavanca de acionamento instalada em que a gasolina era farta e ba- As rodas tinham apenas 10 polegadas
de diâmetro. Já o motor era dois-
à esquerda do motorista. A suspen- rata e não havia ainda congestio- tempos, semelhante ao de motocicletas

Automóveis Antigos 53
Skoda Felicia TS Super 1964

Atrás da
cortina de ferro
Pequeno, robusto e simpático, o Skoda Felicia foi um dos raros modelos
exportados pela Tchecoslováquia no auge do comunismo

Fotos: Saulo Mazzoni


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54 Automóveis Antigos
O
s automóveis fabrica-
com a primeira marcha no lugar da
dos no Leste Europeu,
terceira e a segunda no da quarta. A
na época do Comu-
marcha-à-ré fica numa posição me-
nismo, são de um modo geral bem
nos ortodoxa, ao lado da quarta, se-
pouco conhecidos por boa parte dos
melhante ao que ocorre no Fusca.
brasileiros. Um dos motivos reside
As suspensões dianteira e tra-
no fato que durante muito tempo
seira do Felicia são independentes:
nosso País não mantinha relações
na frente, o sistema conta com mo-
com as nações que ficaram do lado
las helicoidais, bandeja superior e
de lá da chamada “Cortina de Fer-
inferior e amortecedores no centro,
ro”. O outro era a total falta de qua-
sistema semelhante ao do Opala.
lidade e capacidade de produção de
No traseiro o modelo utiliza semi-
fábricas empíricas que “tentavam”
eixos, amortecedores e um úni-
montar veículos, com a rara exce-
co feixe de molas transversal. De-
ção da marca Skoda produzida na
talhe curioso é que, pelo fato de a
então Checoslováquia.
Tchecoslováquia ser um país com
AUTOMÓVEIS ANTIGOS lo-
temperatura média bastante baixa,
calizou, na cidade de São Paulo,
o modelo que abordamos nessa re-
um Skoda Felicia TS Super 1964.
portagem veio equipado com uma
Esse modelo que fora lançado em
pequena cortina que, acionada do
1959 e era baseado na mecânica
interior do veículo, servia para en-
do velho sedã 440 da Skodovy Za-
Entre emanosso cobrir
Canal o radiador, possibilitando
no Telegram: ao
t.me/BRASILREVISTAS
vody, como era conhecida tradi-
motor atingir a temperatura ideal
cional marca na extinta Checos-
com maior rapidez.
lováquia. Na verdade a empresa
O sistema elétrico de 12 volts
desenvolveu o modelo denominado
era outra vítima do clima do Leste
Octavia, o Felicia era apenas sua
Europeu e arriava com facilidade.
versão conversível. Com carroceria
Para contornar tal problema, os en-
monobloco e tração traseira, am-
genheiros da Skoda, de forma mui-
bos utilizavam o conhecido motor
to racional, aplicaram uma solução
da marca, de quatro tempos, qua-
tão simples quanto eficiente: a ma-
tro cilindros, 1.089 cm3 e potên-
nivela. Isso mesmo: quando a ba-
cia de 50 cv. Posteriormente, em
teria perdia sua carga, o motorista
1961, chegou ao mercado o Felicia
abaixava a placa dianteira, intro-
TS Super, disponível com motor de
duzia a manivela no painel frontal,
1.200 cm3 e 55 cv.
logo abaixo da grade do radiador, e
girava o motor até que esse entras-
A VELHA MANIVELA se em funcionamento.

Além da maior cilindrada, o TS
Super contava com a dupla carbu-
LUXO COMUNISTA
ração Ikov, o que o ajudava a atin-
O painel do Felicia não difere
gir 131 km/h, 4 km/h a mais que o
muito dos carros das décadas de
Felicia tradicional. O câmbio man-
1950/60, com velocímetro gradu-
teve o mesmo escalonamento do
ado até 160 km/h, hodômetro, ter-
Octavia com uma peculiar posi-
mômetro e marcador do nível de
ção no trambulador, comparado ao
combustível. No velocímetro exis-
das caixas atuais: um “H” invertido

Automóveis Antigos 55
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

tem ainda quatro luzes espia, uma Abrindo-se a porta do motoris-


delas para a instalação de equipa- ta, logo abaixo da trava existente no
mento opcional e as outras três para pára-lama, fica o gatilho que abre a
dínamo, pressão do óleo e luz alta. tampa do porta-malas; um meca-
No quadro do rádio fica a lâmpada nismo semelhante, do lado direito
piloto da bomba elétrica de combus- do carro, libera a trava da portinho-
tível, cujo botão se encontra à es- la do tanque de combustível, permi-
querda do conjunto, simetricamente tindo assim o reabastecimento. Com
oposto ao botão do afogador. tantos requintes, não é difícil imagi-
Quatro comandos do tipo tecla nar que o Felicia, feito sob o domínio
se encontram abaixo do rádio. Os da “Cortina de Ferro”, tivesse como
dois primeiros ligam farol baixo e alvo principal o mercado exterior, ou
limpador de pára-brisa e os outros seja, a Europa Ocidental, cujos paí-
dois foram previstos para itens op- ses de clima mais quente como Espa-
cionais. À esquerda do marcador nha e Itália tinham grande interesse
de combustível ficam o comando em conversíveis de baixo custo.
de partida e a haste de acionamento Naturalmente, o Felicia não era
do pisca-pisca, ambas logo acima páreo para os spiders ingleses, mas
da alavanca do freio de mão e do por ser mais barato que conversí-
comando da cortina do radiador. veis como VW 1200 e NSU Prinz

56 Automóveis Antigos
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

4, além de apresentar um desempenho


condizente com sua classe, atrapalha-
va as vendas dos modelos alemães.
Mas em 1965, a Skoda abandonou a
produção de carros com motor dian-
teiro, passando a fazer uso, a partir do
modelo 1000 MB, do conceito “tudo
atrás”.
Ironicamente, este tipo de constru-
ção só foi abandonado na década de
1990, quando a própria VW comprou
a Skoda e lançou o modelo que anteci-
pou o novo Polo, não por coincidência
denominado Felicia. Vale destacar que
esse modelo foi desenhado pelo brasi-
leiro Raul Pires, que hoje desenha os
O modelo checo tem desenho atraente,
modelos da Bentley. Enquanto isso, a
mas oferece acabamento simples e
Skoda continua com seu tradicional poucos instrumentos. Atrás da placa,
posicionamento mercadológico apos- abertura para eventual partida a
manivela
tando em preço baixo e durabilidade.

Automóveis Antigos 57
Cavalo de
Ford Corcel 1969

Projetado pela Willys em parceria com a Renault, o Corcel tinha mecânica do

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58 Automóveis Antigos
batalha
R12, mas chegou ao mercado como modelo Ford Fotos: Saulo Mazzoni

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Automóveis Antigos 59
E
m meados da déca- presa brasileira de origem america- o acelerador.
da de 1960 a Willys ti- na. Pouco tempo depois, o “Projeto O painel de instrumentos era
nha como arma para en- M” passou a ser a última esperan- básico com o enorme conjunto cen-
frentar o Fusca 1200 e os modelos ça da marca Willys de vingar em tral de velocímetro e hodômetro la-
DKW, Belcar e Vemaguet, apenas solo brasileiro. Mas as glórias des- deado por um termômetro de água
o frágil Renault Gordini. Disposta se projeto, entretanto, acabaram ca- e pelo indicador de combustível. Já
a não entregar os pontos, a empresa pitalizadas pela Ford, que absorveu o conjunto motor-câmbio-transmis-
guardava duas cartas na manga: o a Willys-Overland do Brasil quan- são era uma evolução do Renault
Projeto E (de econômico) e o Pro- do o projeto já estava bem adian- R8. Com 1.289 cm³, ele tinha 68
jeto M (de médio). Porém, como o tado. Na verdade, o único mérito cv de potência bruta. Um argumen-
caixa estava baixo, a empresa op- da Ford foi ter batizado o modelo to de venda promovido à exaustão
tou por concentrar esforços apenas como Corcel. era o circuito de arrefecimento se-
no Projeto M, em parceria com a O modelo foi lançado oficial- lado (primazia mundial da Renault,
própria Renault, que tinha peque- mente em 26 de setembro de 1968 lançado no R4, 1961), o que gerou
na participação acionária na em- e o primeiro lote a chegar às reven- uma resposta provocativa da VW:
das incluía apenas o sedã de qua- um anúncio com o mote “Ar não
tro portas, um típico três-volumes. ferve”. No Corcel, o líquido de re-
Durante os testes de durabilidade, frigeração era coletado por um re-
a fábrica tentou dissimular aten- servatório de expansão, inicial-
ções instalando um logotipo com mente construído em vidro Pyrex
o nome Kobata, o que fez alguns (resistente a variações de tempe-
acreditarem se tratar de um car- ratura) e posteriormente de plásti-
Entre em nosso Canal no Telegram:
ro japonês t.me/BRASILREVISTAS
em avaliação por aqui. co. Este líquido deveria ser trocado
Mas as linhas externas já estavam a cada 30 mil km. Igualmente im-
definidas: superfícies planas, capô portante era o virabrequim de cinco
dianteiro com vincos centrais e ro- mancais, que permitia maior suavi-
das típicas do Renault, com apenas dade de funcionamento do motor.
três parafusos. Para acentuar a sen- A suspensão dianteira indepen-
sação de largura, os frisos da gra- dente tinha braço inferior triangu-
de dianteira e as lanternas traseiras lar e superior simples, com a mola
eram horizontais. helicoidal sobre este, o que levou
O interior do Corcel também ti- muita gente a afirmar erroneamen-
nha suas peculiaridades: a alavan- te que o sistema era McPherson,
ca de câmbio de quatro marchas além de tensor, barra estabilizadora
era instalada no assoalho, apesar e amortecedor hidráulico, também
do banco dianteiro ser inteiriço e instalado em cada lado do eixo tra-
o volante de direção, herdado do seiro. Este era posicionado por dois
Aero-Willys 2600, era grande de- tensores longitudinais, um braço
mais para o tamanho do sedã, tal- triangular central e molas helicoi-
vez para passar a sensação de uma dais. O peso total de 944 kg não
direção mais leve, enquanto a ma- permitia que o Corcel ganhasse ad-
çaneta do freio de estacionamento jetivos mais interessantes que o de
era instalada sob o painel, exigindo um automóvel confortável: a velo-
um movimento anti-horário para cidade máxima chegava a 138 km/
destravar. Os pedais suspensos, po- h e a aceleração de 0 a 100 km/h
rém, facilitavam a manobra do pun- levava longos 20,8 segundos, tudo
ta-tacco, possibilitando facilmente isso com um consumo médio em
acionar simultaneamente o freio e torno dos 10 km/l.

60 Automóveis Antigos
março de 1970 chegou a Belina. fixa. Antes ela requeria ajuste em
VARIAÇÕES Sua única concorrente direta era a função da altura da suspensão, o que
VW Variant. Disponível nas ver- era complicado e costumava provo-
Acostumado a sedãs pequenos sões Belina Standard, Luxo e Luxo car erros freqüentes. Outros proble-
como o Belcar, o Fusca e o aca- Especial (LDO), esta última tinha mas típicos do Corcel eram o cabo
nhado Gordini, o consumidor bra- acabamento externo com adesivos de embreagem frágil, vazamentos
sileiro ficou impressionado com plásticos que procuravam imitar as de óleo de motor e câmbio e a defi-
Entre em nosso
as linhas do Corcel. O pára-brisa
Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
woodies americanas dos anos 50. ciência na vedação, que persistiu até
generoso permitia uma boa visão Mas poucas unidades desta versão o Del Rey, e que facilitava a pene-
à frente, porém as colunas trasei- foram fabricadas. tração de água e poeira no interior
ras tolhiam parte da visibilidade. Uma característica comum nas do veículo.
A versão cupê surgiu no Salão do primeiras unidades do Corcel era Mesmo assim, como prova do
Automóvel de 1968 e trouxe novi- o desgaste prematuro dos pneus êxito do Corcel, em março de 1971
dades interessantes e práticas como dianteiros. Assim, em julho de foi comemorada a fabricação do
bancos dianteiros individuais com 1970, quando Joseph O’Neill assu- 100.000ª unidade do modelo. Uma
encosto basculante, freios diantei- miu a direção da subsidiária brasi- marca inédita na indústria automo-
ros a disco. leira determinou estudos imediatos bilística brasileira por ter sido al-
Para os apreciadores de versões para a correção dos problemas. Era cançada em apenas 29 meses de
esportivas passaram a contar com voz corrente que para quebrar uma produção. Um ano depois, a Ford
o Corcel GT, que, externamente, junta universal das primeiras uni- ultrapassou a marca das 150 mil
se diferenciava pelo capô pintado dades do Corcel bastava esterçar o unidades vendidas e aumentou a
de preto-fosco, o teto de vinil com volante para um dos lados e arran- produção do Corcel para 300 uni-
emblema GT nas colunas traseiras car cantando os pneus. Como con- dades por dia.
e as rodas estampadas com três vin- seqüência, o projeto das semi-árvo- Sofrendo inúmeras alterações
cos destacados. Seu motor também res da transmissão foi inteiramente de ordem mecânica e estética, como
tinha taxa de compressão mais ele- modificado, com a adoção de novas a adoção do motor XP e mudanças
vada (8,0:1, contra 7,8:1) e carbu- cruzetas (juntas universais). nos pára-lamas e grade dianteira
rador duplo, alterações estas que Por causa disso, a Ford realizou em 1973, o Corcel salvou a Ford
rendiam 12 cv a mais e 141 km/h o primeiro recall do Brasil, envol- durante a crise do petróleo, mas su-
de velocidade máxima. vendo 65 mil veículos. A solução do cumbiu ante a chegada do Passat.
Com a produção do Corcel au- problema incluia um pequeno des- Assim, o velho campeão deixou as
mentando significativamente, a fa- locamento da caixa de direção, que linhas de montagem em 1977, sen-
mília continuou crescendo. Em também passou a ficar em posição do substituído pelo Corcel II.

Automóveis Antigos 61
Evento

Encontro de Em sua terceira edição, Dream Machines reúne na

classe
capital paulista 34 dos mais belos e raros exemplares do
antigomobilismo nacional

Fotos: Moisés Nascimento

Acima, o Dedion Boutton 1902, considerado hoje o carro mais antigo do Brasil

A
Entre em
últimanosso
semanaCanal
de no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
janeiro reservou
o primeiro grande
encontro de automóveis
clás-sicos e antigos. Orga-
nizado pela Câmara
America-na de Comércio de
São Paulo (Amcham-SP), o
Dream Ma-chines reuniu 34
raridades de várias épocas,
todas em exce-lente estado de
conservação.
A grande atração desta edi-
ção foi o modelo francês De-
odion
modelo
Boutton
licenciado
1902, considerado
mais antigo
do Brasil. Além dele, também
chamou a atenção as presenças
de um Rolls Royce Silver Ghost
1921, um Fiat Town Car 1923,
um Franklin 1928, um Bugatti
57-C Stelvio 1939 e um belíssi-
mo Cadillac 1941 conversível.
Houve ainda um concurso de
elegância, que premiou os auto-
móveis mais votados de acordo
com o gosto popular.

62 Automóveis Antigos
Programe-se

Confira aqui os próximos eventos nacionais. Não deixe de confirmar a data


e horário com os organizadores, bem como outros detalhes como taxas de in-
scrição, hospedagem e ingressos. Inclua seu evento gratuitamente nesta seção:
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Barros – Águas de Lindóia – VCC Balneário Camboriú – Rio
São Paulo Organização: So- Grande do Sul Telefone: (47)
ciedade Feminina de Autos 367 0144 / (47) 9983 5115
Antigos. Telefone: (19) 3876
– 2957 com Nílson ou Edeni- 22 – I Encontro de Automó-
se Carratu veis Antigos de Botucatú - São
23 e 24 – 7o Encontro de Paulo. Local: Largo da Catedral
Carros Antigos de São Mar- Metropolitana de Botucatú Or-
cos. Local: Praça Dante Mar- ganização: Associação de Ve-
cussi - Centro Organiza- ículos Antigos Botucatú. Telefo-
ção: Veteram Veículos Clube ne: (14) 3881 – 9569
de São Marcos – Rio Gran-
de do Sul. Telefone: (54) 291 JULHO
– 1515 ou pelo site www.ve-
teransm.nsol.com.br 22 a 24 – III Encontro Na-
29 a 01 – IX Encontro de cional de Veículos Antigos de
Veículos Antigos da ASVA. Novo Hamburgo – Rio Grande
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Local: Praça da Rodoviária do Sul. Local: Pavilhões da FE-
- Centro Organização: As- NAC Organização: Veteran
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ículos Antigos – Tiradente – Tel: (51) 595-2264 Fax: (51)
Minas Gerais. Telefone: (32) 582-3814
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2332 ou pelo site www.guia- 29 a 31 – X Encontro de
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tos – São Paulo. Local: Mendes
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edições de Automóveis Antigos
EDIÇÃO 01 02 03 04 05
Chrysler Esp- Aero Willys
NACIONAL Brasinca GT Karmann Ghia Romi-Isetta
landa GTX 69 2600
Rolls Royce
Jaguar MKV Citroën Traction Porsche 356 Ford Anglia
EUROPEU Silver Wraith
1949 Avant Roadster 1947
1953

Cadillac Special Chevrolet Cor- Packard Eight Buick Special


AMERICANO Bel Air
60 1938 vette 1929 1939

Mercedes 300 Willys Bino Alfa Romeo Vemag “Mickey


ESPORTIVO Fittipaldi Vê
SL Mk II GTA Mouse”
Alexander Ari Antonio da
ENTREVISTA Anisio Campos Claus Hoppen
Gromow Rocha
COLEÇÃO

Autoshow e Curitiba, Auto


Lindoia e Serra Brasil Classic Cachambu e
Entre em nossoDream
EVENTO Canal
Ma- no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS Show, Interla-
Negra Fiat Tour Piracicaba
chines gos e Jundiaí

Hollywood
Internacional de Moncopulli
MUSEU Ulbra Dream Cars Bebedouro
Genebra (Chile)
(Gramado)

100 anos da O automóvel O adeus do 90 anos da


HISTÓRIA
Ford nos selos besouro Porsche

Como escolher
Como iniciar Remoção de
RESTAURAÇÃO seu primeiro Feito em casa Funilaria
um projeto pintura
clássico
Nilo Antonio DOS Auto
FERRO VELHO Cantagalo Rio Claro
Alves Peças
Auto Union
Clube de Rio
CLUBE DKW Club do Bel Air VCC do Paraná MP Lafer
Claro
Brasil

3º Rali Interna- 1º Rali de


Brasil Classic Brasil Classic
COMPETIÇÃO cional Classic Regularidade
Tour (MG) Fiat Tour
Car FIVA

64 Automóveis Antigos
06 07 08 09 10 11
Alfa Romeu Willys Interla-
Puma GTB-S2 Corcel Dodge Dart VW SP2
2000 1967 gos

Skoda Felícia Isota Fraschini Jensen Intercep- Opel 1932 Cab- Volvo Amazon
FIAT 500
TS Super 1964 1925 Tipo 8A tor riolet 1967

Oldsmobile Dodge King-


De Sooto Dip- Cadillac 1916
Jeep Willys 1942 Holiday 98 sway Custom Franklin 1929
lomat 1952 V8
1956 1953

Patinho Feio

José Aurélio
Og Pozzoli
(FBFVA)
Ricardo Trein Gil Leão Rosário Veppo
Itajaí, Busfest
Brasil, Fregue- Eventos: Bar- 1000
sia do Ó, Auto retos. Santos, Milhas Argen-
Nova Petrópolis Dream Ma-
Union DKW Avaré, Novo tinas, Espírito
Entre
(RS) e Santa Fé emAmcham
chines nosso Canal no Telegram:
Rio Preto
comemora 25
t.me/BRASILREVISTAS
Hamburgo / Santo, Mil
do Sul e Blumenau
anos e Chilenos Bagé / Goiás / Milhas e Históri-
repetem 1000 Timbó. co do Uruguai
km

Fortaleza Tom Wheatcroft Brasília

Alfa Romeo
Johames Wick- Citroën Traction Os 100 anos de 90 anos da
Importação Giuletta -
eström Avant Rolls Royce Maserati
50 anos

II Parte Sistema
Pintura Montagem Tapeçaria Sistema elétrico Cromeação
Elétrico

Irmãos Marco-
Trovão Relicário
lino
Aero-Willys
Clube do Classic Car
Chevrolet Itamaraty Clube
Fordinho Club – RS
do Brasil
Rally de las Bo- Rali Porto
F1 Brasileiro:
Rali Campos do degas e Rally de Alegre e X
a volta às ori-
Jordão Fin del Mundo Rally de Puerto
gens
- AR Vellero – Chile

Automóveis Antigos 65
Homenagem

RIGOBERTO
(1926-2004) SOLER

E
spanhol de Valencia, onde se além de ter criado junto com os alunos
formou em engenharia, Ri- muitos modelos conceito como o FEI
goberto Soler Gisbert che- X-3 Lavinia, um Fórmula Super Vê ex-
gou ao Brasil ainda jovem, na década posto no Salão do Automóvel de 1976
de 1950, para trabalhar na extinta Ve- e um trem de alta velocidade, o revolu-
mag – que ainda implantava a linha de cionário Talav, além do ônibus-conceito
montagem do DKW. Apaixonado por Uiraquitam em que o motorista ia sobre
automóveis, ele foi um dos principais a cabine dos passageiros.
responsáveis pelo desenvolvimento de Apaixonado pelo Brasil, Rigober-
projetos e veículos no País, como o Ui- to Soler morreu em novembro de 2004
rapuru, o esportivo de conceito avança- frustrado com os rumos tomados pelo
do que desenvolveu para a Brasinca no País em relação à sua indústria automo-
começo da década de 1960. “Foi um dos bilística: “Fizemos automóvel no Brasil
primeiros modelos a utilizar o princípio quando a Coréia do Sul nem tinha indús-
do carro-asa, com o bico alto e um ex- tria. Hoje não temos uma única fábrica
trator aerodinâmico na traseira”, recor- nacional, enquanto os coreanos produ-
dou Soler em entrevista para zem milhões de carros e estão conquis-
Automó-veis Antigos. tando o mundo. É uma vergonha. Algo
Após trabalhar na Brasinca, Soler está profundamente errado com o Bra-
foi convidado para lecionar na Facul- sil. Uma fábrica de automóveis, como
dade de Engenharia Industrial (FEI), e qualquer indústria, deve ser vista como
contribuiu na formação de diversas ge- um centro gerador de rendas, não um
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
rações de engenheiros de automóveis, pólo concentrador de receitas.”

N Eugênio Martins
o dia 1º de março, o auto- iniciativas de Chico Landi, seu ídolo
mobilismo brasileiro per- nas pistas, como a construção de car-
deu um de seus mais ilus- ros de Fórmula Júnior projetados por
tres representantes: Eugênio Martins.
Apaixonado desde muito jovem pelos
Tony Bianco e o Meta 20, um espor-
tivo realizado com apoio financeiro da
(1932-2005)
automóveis, começou como piloto e, Metal Leve.
por muito pouco, não venceu a primei- Eugênio também foi o primei-
ra edição das Mil Milhas Brasileiras, ro empresário a importar oficialmen-
em 1956, quando em dupla com o ami- te a marca BMW para o Brasil. Isso,
go Christian Heins correu com um Fus- em meados da década de 1960, quan-
ca equipado com mecânica do Porsche do a marca alemã ainda não desfruta-
356. No final, quando lideravam a pro- va do prestígio que tem hoje. Curioso,
va com boa folga, o cabo do acelerador Eugênio foi um dos primeiros a acre-
quebrou e os obrigou a uma parada ex- ditar e investir no desenvolvimento do
tra nos boxes. Mesmo assim, chegaram carro a álcool e, nos últimos anos, gas-
em segundo. tava boa parte de seu tempo em estu-
Depois, com seu entusiasmo e po- dos sobre motores multicombustíveis
der de convencimento, Eugênio teve 100% vegetais. Para isso, costumava
participação fundamental na criação utilizar no dia-a-dia um Audi equipa-
das primeiras equipes brasileiras de do com motor do pesquisador alemão
competição de fábrica como a Vemag, Eckel (capaz de queimar tanto palmoil,
FNM, Willys e Simca. Muito articula- como óleo de dendê, mamona ou soja).
do, ele convenceu os executivos dessas Assim era Eugênio Martins, um apai-
empresas a investir no automobilismo xonado que estava sempre procurando
de competição. Coisa que ele também um jeito de ampliar a importância do
fez, muitas vezes apoiando diversas automóvel em nossas vidas.

66 Automóveis Antigos
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