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G a l a x i e
O g i g a n t e e l e g a n t e
Um sedã com 5,4 metros de comprimento e quase
2 metros de largura, com espaço para seis pessoas
acomodadas confortavelmente nos bancos traseiro
e dianteiro. Motor V8 de 164 cv movido por gasolina,
câmbio de três marchas e todos os itens de requinte e
luxo disponíveis no mercado. Essa podia ser a descrição
de um carro de luxo norte-americano ou europeu, mas
é o primeiro veículo brasileiro desta categoria até então
inédita no país.
O ponto negativo, embora o petróleo e o meio ambiente
não fossem temas de preocupação na época, seria a
tecnologia de emissões e consumo de combustíveis,
que beirava os 4 km/litro – essa média podia cair para
Ford Galaxie:
um gigante
beberrão e
luxuoso
O Ford Galaxie
500, lançado nos
Estados Unidos em
1965, foi a base do
modelo brasileiro
apresentado em
1966. Imagem: site
Canal da Peça.
Presente no Brasil desde 1919 com a montagem
de caminhões e utilitários, a Ford foi a responsável por
despertar as demais fabricantes. Estas logo se dariam conta
do crescimento da demanda do mercado brasileiro e diversificar
suas ofertas de modelos, surgindo os Ford Corcel e Maverick, os Chevrolet
Opala e Chevette, e o Dodge Dart.
A Volkswagen ainda demorou um pouco para diversificar sua linha de modelos,
permanecendo até quase o final da década apenas com os Fusca e Kombi em sua linha de
montagem no ABC paulista. Somente no finalzinho dos anos 60, seria incorporada a família 1600
- o TL, a Variant e o VW 1600 sedã.
O b e r ç o d o G a l a x i e
O maior carro já produzido no Brasil tem sua origem nos Estados Unidos, país sede da
Ford, a fábrica que criou e trouxe para o mercado a linha Galaxie. Em 1959, a marca anunciou
o nome Galaxie 500 como a versão topo de linha do sucesso Fairlane, até então o mais
cobiçado sedã da marca.
O Ford Fairlane
foi o antecessor
do Galaxie 500.
Imagem: Wikipedia.
O nome tinha como referência a corrida espacial entre os
EUA e a União Soviética, que disputavam o pioneirismo de
levar um ser humano ao espaço. O nome remetia à palavra
inglesa galaxy, em português galáxia. O número 500 fazia
referência à vitória do piloto Shorty Rollins, que, com seu
Ford Fairlane Skyliner, foi o vencedor da primeira corrida no
Daytona International Speedway, dois dias antes da realização
da prova das 500 Milhas de Daytona.
A Ford lançou diversas versões para o Galaxie nos Estados Unidos, com
modelos conversíveis, picapes e peruas. No Brasil, apenas o sedã foi
oferecido, com opções de acabamento, mas sem diferenças nas
carrocerias. Imagem: Site Maxicar.
Em 1960, o Galaxie 500 torna-se o sucessor natural da família
Fairlane no mercado norte-americano. E ganha diversas opções de
carrocerias, entre elas: Sedan com quatro portas e três volumes;
Sport Sedan com três volumes, quatro portas e sem coluna; Coupé
com duas portas e sem coluna; Conversível; Pick-Up - que era uma
caminhonete com acabamento sofisticado; Ranchero - também
uma caminhonete, mas com acabamento rústico; Station Wagon – a
versão perua com quatro portas; e Ambulance – que era a versão
alongada da Station Wagon usada em socorro médico*.
“Corra no domingo e venda
na segunda”. O Ford Galaxie Mas sem dúvida alguma, o mais representativo para o mercado
500 7 litre era sucesso nas
pistas da Nascar, o que se norte-americano foi o Galaxie 7 litre, que podia sair tanto na versão
refletia na venda do modelo conversível, quanto na coupé e opção de motores 427, 428 ou 429, os
aos motoristas norte- maiores da época.
americanos, sendo uma
das razões do sucesso do
sedã nos Estados Unidos.
Imagem: Site Curbside
Classic.
A grade frontal tinha longos cromados horizontais e pronunciados, com exceção da parte
mais próxima dos faróis. Estes eram duplos e colocados em posição vertical, como era o
estilo do Ford Galaxie 500 e do Fairlane vendidos nos Estados Unidos.
Havia peças cromadas em toda a lataria, envolvendo para-brisa, janelas e colunas. O
porta-malas, de 541 litros, era bem grande e sua tampa ia até a base do para-choque traseiro,
também cromado. Uma moldura com o nome Ford ocupava toda a largura da tampa.
As rodas de aço com calotas cônicas e ornamentadas chamavam muita atenção, e se
destacavam ainda mais com pneus diagonais de faixa branca e sem câmara. As rodas eram
pintadas na cor da carroceria do veículo e podiam ser equipadas com duas opções de calotas.
Uma era pequena e cobria o conjunto de porcas e prisioneiros. Feita em metal cromado
com pequenos detalhes em preto fosco vinílico, trazia a inscrição Ford marcada três vezes
no centro. A outra opção eram as chamadas “supercalotas”, que cobriam as rodas por
completo, feitas em alumínio polido com os rebaixos pintados em preto fosco vinílico e com
o miolo em acrílico com fundo refletivo em vermelho.
A carroceria vinha em oito tons de cores sólidas, cujos nomes faziam alusões a elementos
espaciais: Vermelho Marte, Bege Terra, Verde Júpiter, Preto Sideral, Cinza Cósmico, Azul
Infinito, Azul Ágena e Branco Glacial. Opcionalmente a capota poderia vir na cor Branco
Glacial, criando, assim, o efeito “saia e blusa”.
O Ford Galaxie não era feito em monobloco, mas numa carroceria de aço montada sobre
um chassi de longarinas. Partes dele, como motor, câmbio, suspensão e eixo cardan, eram
devidamente cobertas por proteções e batentes plásticos para reduzir o ruído, assim como
as forrações no acabamento interno. O ruído a bordo deveria ser o mínimo possível, pois, os
clientes eram exigentes e o padrão de qualidade da Ford tinha de ser mantido.
Já as suspensões eram convencionais e bem macias. Independentes, com braços
sobrepostos na frente e eixo rígido atrás, possuíam molas helicoidais e amortecedores
hidráulicos. Havia barras estabilizadoras nos dois e os freios eram a tambor.
O motor era um Ford V8 Y-Block 272 de 4,5 litros (4.458 cm³) que rendia 164 cv brutos,
emprestado da linha de caminhões Ford (usado principalmente nas picapes F-100).
A diferença estava nos cabeçotes e seus coletores integrados de escape e admissão, tudo
fundido em alumínio. Com bloco em ferro fundido e comandos OHV - Over Head Valves
(válvulas no cabeçote), o V8 272 tinha carburador de corpo duplo e gerava 164 cavalos a
4.400 rpm, com 33,4 kgfm a 2.400 rpm.
O G a l a x i e n o B r a s i l
Foto da linha de
montagem do Galaxie na
fábrica da Ford no bairro
do Ipiranga, na capital
paulista. Imagem: site
História do Galaxie. O Galaxie caiu como uma luva na fábrica da Ford no Brasil. A
sua produção aproveitava a mecânica dos utilitários da marca
que já eram fabricados por aqui, bastando algumas adaptações
nas áreas de montagem dos chassis e carrocerias. Isso permitia
ganhar agilidade e economia em escala industrial, além de atender as demandas dos
consumidores.
Com o sucesso do lançamento, em 1968 o carro manteve-se praticamente inalterado.
Houve algumas mudanças no painel, que deixou de ter gomos “retos” e ganhou gomos
“acolchoados”, além da substituição do friso polido estriado por um liso.
No ano seguinte, o sedã trouxe pequenas alterações, como a antena passando a ser fixada
no paralamas dianteiro esquerdo. Além disso, a Ford apresentou o Galaxie LTD, uma versão
ainda mais confortável, com direito a teto de vinil. Um dos acabamentos mais lembrados e
emblemáticos da linha, o teto de vinil seria associado ao Galaxie até o final de sua jornada.
Neste mesmo ano, a Ford passou a oferecer dois opcionais para a família que já tinha
dois modelos: o sistema de ar-condicionado e o câmbio automático. O Galaxie foi o primeiro
veículo nacional a oferecer esta opção de câmbio.
O Ford Galaxie LTD estreava a transmissão automática, a Cruise-o-Matic com três
velocidades. Com conversor de torque, essa caixa oferecia mais conforto ao dirigir e tinha
sua alavanca agregada à coluna de direção, com um indicador de marcha no painel.
A nova mudança ocorreu no motor. Embora a Ford tenha mantido o 272 no Galaxie 500, o
modelo LTD ganhou um novo V8 292 de 190 cv. Com esse propulsor, o LTD tornou-se ainda
mais rápido que o Galaxie 500, acelerando de 0 a 100 km/h em 13 segundos e velocidade
final de 160 km/h.
O consumo urbano, no entanto, se deteriorava, fazendo 3,5 km/l na cidade e
7 km/l na estrada. Isso porque a relação da Cruise-o-Matic era mais longa que a
caixa manual de três marchas.
O Galaxie alcançou um sucesso inédito, mas seu valor era inacessível para
a maioria dos consumidores. Enquanto o salário-mínimo da época era 130
cruzeiros, o preço de lançamento do veículo chegava a 17 milhões de cruzeiros.
Mas o interesse despertado pelo novo modelo permitiu que a Ford investisse em
um novo segmento. Em 1970, então, chega ao mercado uma versão básica, o
Galaxie (sem o número 500). Este acabou sendo conhecido como Standard.
O carro era bem convencional para um automóvel de suas dimensões. Não
possuía direção hidráulica, rádio, relógio ou ar-condicionado. As calotas eram
pequenas e cobriam apenas o conjunto de parafusos das rodas. A maioria dos
frisos cromados desapareceu e a tapeçaria era obrigatoriamente na cor preta.
A partir de 1970, o Ford Galaxie passou a contar com três versões de acabamento.
Imagem: Site Maxicar.
Com mais esse integrante, a Família Galaxie
seguiu com três veículos sobre a mesma plataforma,
diferenciando-se apenas no acabamento e nos
itens de conforto. Existiam agora o Galaxie, o
Galaxie 500 e o Galaxie LTD. No modelo LTD,
abaixo do friso de contorno da carroceria, as
chamadas “caixas de ar”, a pintura era em preto
fosco vinílico, o que lhe valeu o apelido de “faixa
preta” para o sedã luxo da Ford.
Em 1971, os carpetes foram diferenciados nas
três versões. O modelo básico ficou com o
revestimento mais simples e os Galaxie 500 e
o LTD receberam de volta o mesmo material
oferecido até 69. Na versão topo de linha, o
Galaxie LTD perdeu sua “faixa preta” e passou a
se chamar LTD/Landau.
O carro ganhou ainda mais conforto, a vigia
A partir de 1971, toda a linha
traseira ficou menor e ele recebeu um adorno em
ganhou novas lanternas traseiras,
formato de “S” na coluna traseira (Coluna “C”). substituindo as tradicionais
Segundo os estudiosos do modelo, esse adorno lentes e molduras quadradas
com uma mira no centro por
era uma referência às elegantes carruagens outra com três gomos. Esse tipo
francesas de luxo, chamadas de Landau (em de lanterna recebeu o apelido
francês, pronuncia-se “landô”, mas no Brasil, de capelinha. Acima, o modelo
anterior e abaixo o novo modelo
o modelo ficou conhecido como landau mesmo). das lanternas.
Imagens: Site História do Galaxie.
Toda a linha teve as lanternas traseiras
modificadas. As tradicionais lentes e molduras
quadradas, com uma mira no centro, foram
substituídas por outro modelo, de igual tamanho,
mas com três gomos cada. Era uma alusão a
outros modelos famosos da Ford americana
como, por exemplo, o Mustang. Esse tipo de
lanterna recebeu o apelido de capelinha.
Em 1972, a Ford abandonou a ideia de oferecer
uma versão mais despojada e popular do Galaxie.
Portanto, permaneceram somente o Galaxie 500
e o Galaxie LTD/Landau. É deste ano, também,
a traseira mais alta com lanternas quadradas e,
assim, o desenho capelinha saiu de fabricação.
O ano de 1973 trouxe um novo estilo para o luxuoso sedã. Reprodução
digitalizada de
O conjunto óptico dianteiro ganhou a seta adornada por uma moldura
anúncio da Ford
cromada com desenho retangular, o que conferia ainda mais requinte sobre o lançamento
ao modelo. da nova linha
1974 do Ford LTD
O capô recebeu um novo desenho: um ressalto ao centro se abria Landau. Imagem:
reprodução de
em forma de funil no sentido do para-brisa. Na traseira, a tradicional
publicidade Ford
lanterna quadrada foi substituída por uma retangular e de perfil extraída do site
inclinado. Propagandas
Históricas.
Nos anos seguintes poucas modificações foram feitas no Galaxie
500 e no Galaxie LTD/Landau. Ainda assim, o modelo continuava
sendo o carro mais caro e de maior luxo oferecido pela Ford do Brasil.
Para os colecionadores e apaixonados pelo Ford Galaxie, o ano
de 1975 é considerado o final de uma época de ouro. Isso porque no
ano seguinte a montadora reestilizou o modelo, deixando de lado
a chamada frente em pé com o conjunto ótico disposto na vertical.
Em resumo, abandonou o desenho apresentado em 1966 ao mercado
norte-americano
Em 1976, novamente, um novo desenho chega à linha Galaxie.
Dessa vez, não eram apenas pequenas alterações, mas uma revolução
de estilo e um verdadeiro divisor de águas entre o carro tradicional e
o novo projeto nacional para o sedã de luxo.
Embora as alterações de carroceria tenham ocorrido somente na
dianteira e na traseira do carro, elas foram suficientes para dar uma
aparência totalmente nova. Os faróis foram dispostos na horizontal
com lanternas nas extremidades, semelhante ao design adotado no
Lincoln da época, considerado o “Top” da Ford nos Estados Unidos.
A traseira ficou mais baixa e o conjunto de luzes diferenciado
dos demais veículos da época. Três pequenos retângulos vermelhos
formavam as lanternas, freio e piscas. Todas acendiam ao mesmo
tempo em lâmpadas de dois filamentos. Um para freio e outro para
luz noturna. Quando acionado, somente o pisca do lado que indicava
a mudança de direção ficava intermitente. As luzes de ré continuaram
no para-choque traseiro.
A família foi desmembrada em três modelos: o Galaxie 500, mais
simples e com grade dianteira na horizontal; o Galaxie LTD, uma
versão intermediária; e o Landau, que continuava a ser o topo de
linha. Este era muito parecido com o LTD, mudava apenas a vigia
traseira da carroceria, pequena no Landau e grande no LTD.
Cenas abertura da novela Araponga, exibida pela TV Globo, mostrava o ator Tarcísio Meira contracenando
com um Ford Galaxie. Imagens extraídas de vídeo Memórias Globo no portal Globoplay. Clique na imagem
acima e assista à abertura.
Imagens: Pinterest.
Imagem: site
Maxicar.
Imagem: Anúncio de
venda extraído do
site Pastore, revenda
especializada em
veículos raros.
Muito importante! A SABÓ
oferece diversos itens em
retentores, anéis, juntas e jogos de
juntas de câmbio para os modelos
Ford Galaxie 500, Galaxie LTD e
Galaxie Landau. Acesse o catálogo
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