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UMA HISTÓRIA DE PIONEIRISMO E SUCESSO

SETEMBRO 2021
KOMBOSA, PERUA E PÃO DE FORMA: ESSES SÃO ALGUNS
DOS APELIDOS CARINHOSOS DA VW KOMBI.

Com certeza, um dos mais longevos projetos de uma montadora e, sem dúvida, o único
veículo que sobreviveu e manteve sua aparência praticamente inalterada ao longo de mais
de meio século de existência. Todos a bordo, e boa viagem com a perua mais querida da
indústria automobilística.

Exposição de Kombis na cidade de Curitiba (PR), em comemoração ao Dia Nacional da Kombi. Foto: divulgação KCC - Kombi
Clube Curitiba.

De perua escolar a carro funerário, passando por todo tipo de transporte de passageiros
e cargas, o que a levou a ser escolhida para veículo de serviço dos Correios, empresas de
telefonia, bancos, atacadistas de produtos e outras aplicações.

A VW Kombi é, com certeza, um daqueles carros que você conhece e nos quais já andou.
É possível que em algum momento de sua vida uma dessas não tenha sido utilizada para
uma volta, passeio ou viagem.

Se você nasceu na década de 60, 70 ou 80, ela provavelmente tenha sido o seu
transporte escolar.
Parece de verdade, mas é uma miniatura da série Carros Inesquecíveis do Brasil, lançada pela Editora Planeta D’Agostini.
Foto: divulgação.

E quem não se lembra das famosas peruas que faziam as vezes de transporte coletivo, as
precursoras das vans de hoje em dia, levando as pessoas para o trabalho, ligando os bairros
de grandes cidades ao centro dela, ou as conhecidas excursões bate e volta, em que as
peruas VW Kombi levavam e traziam os turistas após um dia na praia ou uma visita a outra
atração de uma cidade próxima.

Hoje ela é uma “senhora” já aposentada, mas ainda “cult”. Apaixonados pela Kombi pagam
verdadeiras fortunas em modelos restaurados – existem até aqueles que fazem questão
das cortininhas nas janelas ou caçam exemplares para completar suas coleções, que pode
ser simplesmente um modelo todo original e cheio de detalhes ou uma transformação aos
moldes das peruas coloridas e psicodélicas dos hippies e surfistas dos anos 60 e 70.
Modelo adaptado e personalizado para serviços de manicure à venda na cidade paulista de Araraquara. Foto: imagem
extraída de anúncio de venda da proprietária.

História

O nome Kombi vem do alemão Kombinationfahrzeug, que quer dizer “veículo combinado”
(ou “veículo multiúso”, em uma tradução mais livre). O conceito por trás da Kombi surgiu
no final dos anos 40, criação do importador holandês Ben Pon, que anotou em sua agenda
desenhos de um tipo de veículo inédito até então, baseando-se em uma perua feita sobre
o chassi do Fusca.

O veículo especial que Ben Pon rabiscou em sua agenda em 23 de abril de 1947 era uma
van de entrega prática baseada na tecnologia do Fusca, com uma carroceria fortemente
arredondada, motor traseiro e a cabine acima do eixo dianteiro.
Desenho da primeira Kombi feito por Ben Pon, que se encontra exposto na coleção Rijksmuseum, em Amsterdã, Holanda.
Foto: VW Newpress.

Com o esboço, Ben Pon, um comerciante sediado em Amersfoort e fundador da importadora


holandesa Volkswagen, apresentou ao mundo o conceito de carro multiúso, dando origem
ao VW Transporter, que seria a Kombi brasileira, com mais de doze milhões de unidades
vendidas em todo o mundo.

Os primeiros protótipos tinham aerodinâmica terrível, porém retrabalhos na Faculdade


Técnica de Braunschweig deram ao carro, apesar de sua forma pouco convencional, uma
aerodinâmica melhor do que a do Fusca. Testes então se sucederam, com a nova carroceria
montada diretamente sobre a plataforma do carro mais popular da Volkswagen.

Mas esse não foi o projeto final. Devido à fragilidade do carro resultante, uma nova base foi
desenhada para o utilitário, inspirada no conceito de chassis monobloco, e, finalmente, após
três anos passados desde o primeiro desenho, o carro ganhava as ruas em 8 de março de 1950.

Sua construção robusta monobloco (sem chassi), suspensão independente com barras
de torção, além da exótica posição do motorista no carro (sobre o eixo dianteiro e com
uma coluna de direção praticamente horizontal) tornavam a Kombi um veículo simples
e robusto, de baixo custo de manutenção.
O projeto T1 foi o primeiro modelo lançado pela VW em 1950 e que viria a ser a nossa Kombi. Foto: divulgação VW.

Sua motorização é um caso à parte. Embora os modelos apresentados no final dos anos 90
tivessem motores mais modernos, durante 50 anos o motor que equipou o veículo no Brasil
e em boa parte dos países em que a Kombi circulou foi o tradicional “boxer” refrigerado a
ar, simples e muito resistente.

Sua durabilidade geralmente superava em muito a do resto do carro, sendo comum ainda
hoje ver nas ruas brasileiras carros totalmente destroçados, porém com o motor
funcionando perfeitamente.

Tipos de carrocerias

Além da versão Standard, a Kombi teve diversos tipos de carrocerias:

• Furgão sem janelas ou bancos traseiros;


• Pickup cabine simples, com caçamba larga, feita de madeira;
• Pickup com caçamba mais estreita, feita de aço;
• Pickup cabine dupla, com caçamba em aço ou madeira;
• Van com janelas e bancos traseiros removíveis (Standard);
• Versão Safari.
Reprodução de folheto comercial da VW do Brasil, com os modelos de carroceria da Kombi e o código comercial do produto.
Foto: divulgação.

A versão Standard veio para o Brasil inicialmente com a designação Kombi, ou seja, uma
natureza multiúso dessa versão em particular, que poderia ser utilizada como veículo de
carga (sem os bancos) ou de passageiros/família (com os bancos).

Posteriormente o nome acabou servindo para designar toda a linha no Brasil.


Durante a produção no Brasil, mesmo a versão Standard apresentou várias configurações,
como a Escolar, para 12 passageiros, ou a Luxo apresentada nos anos 50 e 60 como
transporte para famílias.
Já a versão Safari era um tipo de casa móvel produzida pela Karmann-Ghia, baseada no
modelo pickup.

VW Kombi Safari, um motorhome produzido pela Karmann-Ghia. Foto: Pinterest

Um modelo diesel chegou a ser produzido no Brasil. Utilizava o motor do Passat para
exportação (carros de passeio não podem ter motores diesel no mercado brasileiro), com
cilindrada alterada para 1.600 cc e um nada discreto radiador montado na dianteira.

Aparentemente o radiador não foi bem dimensionado para o layout ou para o tipo de motor,
pois o modelo não agradou nas vendas, justamente por superaquecer, entre outros problemas.
Na Europa e em outras partes do mundo, a Kombi, também batizada como Transporter,
Type 2 ou Combi, dependendo do país, foi produzida em sua forma tradicional até o fim dos
anos 70, quando saiu de produção para dar lugar a um utilitário de tração dianteira e motor
refrigerado a água, que chegou a ser importado para o Brasil sob os nomes VW Eurovan e
VW Transporter.

No mercado brasileiro, essas modificações foram adiadas por um longo tempo, sendo
que a carroceria se manteve basicamente a mesma do modelo original. O maior exemplo
desse longo tempo com a mesma aparência é que, de 1975 a 1996, a VW Kombi era uma
combinação das gerações 1 e 2 da Kombi alemã.

A partir de 1997, a Kombi brasileira era o mesmo modelo produzido na Alemanha entre 1972
e 1979 (T2b, Clipper), com porta lateral corrediça – modificação não incluída no modelo
1975, pelo alto custo na época – tampa do porta-malas mais larga, redução do número de
janelas laterais para três em cada lado, além de teto mais elevado. A bem da verdade, essa
foi a última e única alteração verdadeiramente original feita nessa ocasião.

Foto de divulgação para a imprensa na época do lançamento da VW Kombi Clipper. Foto: divulgação Newspress VW.

No final de 2005, quase 10 anos após o lançamento da versão anterior, mais algumas
mudanças radicais foram feitas pela Volkswagen do Brasil. Pela primeira vez, desde seu
lançamento, o motor boxer refrigerado a ar saía, e entrava a motorização refrigerada a
água, voltando o radiador frontal. No interior, a montadora trocou o painel quase horizontal
por outro semelhante aos automóveis mais tradicionais da marca, como o VW Gol e Fox.
Essa mudança de motorização foi implementada muito mais pela exigência de adequação
à legislação brasileira do controle de emissão de gases poluentes por veículos do que por
opção da montadora e serviu para decretar o fim do motor boxer refrigerado a ar, que
impulsionou vários modelos Volkswagen durante mais de 70 anos.

Mas não se iluda. Embora a VW Kombi ainda seja a queridinha de muitas pessoas e tenha
convivido com os motoristas e com o trânsito por quase 60 anos, ela também tinha defeitos,
alguns muito sérios.

Alguns muito simples, tais como:

• O trinco da porta dupla lateral, que, muitas vezes somente o proprietário acostumado a
esse desafio conseguia fechar.

• A ventilação interna deficiente, pois a tomada de ar frontal sob o para-brisa não ajudava
muito – agora você sabe para que serve aquela grade pintada com uma faixa preta entre
as setas da Kombi na frente da perua.

• E a saída de ar do interior da cabine no teto da cabine, tipo basculante, que deixava a


água entrar.

Outras falhas de projeto, entretanto, eram gravíssimas:

• A posição da mangueira da gasolina, que passava por cima do distribuidor, o que levava
a incêndios frequentes. Essa falha perigosa só foi corrigida em 2006.

• O centro de gravidade do modelo muito alto, junto com o perfil dos pneus (pequenos e
estreitos) favorecia a perda de estabilidade, e algumas Kombis acabavam tombando em
curvas acentuadas ou manobras bruscas.

• A questão mais grave era, no entanto, a cabine do motorista. Como o motor era localizado
na parte traseira e sem nenhuma parte de carroceria na frente do modelo, qualquer choque
frontal podia atingir diretamente motorista e passageiros nos bancos da frente, além da
alta probabilidade de choque contra o para-brisa dianteiro ou estilhaços e ferimentos
nos ocupantes.

Mesmo com toda a robustez e confiabilidade, não havia como a Kombi competir com as
modernas minivans, vans, pickups médias e outros utilitários que vieram na esteira da perua
Volkswagen, causando a despedida da kombi das linhas de montagem da Volkswagen do
Brasil em 2013, com o lançamento da edição comemorativa Last Edition.
Fichas técnicas

Detalhe do motor boxer refrigerado a ar do VW T1, conceito que acompanhou o modelo por mais de 50 anos. Foto: divulgação
VW.

Modelo 1200 (1957-1967) - primeiro tipo a ser vendido no Brasil.

Motor Traseiro, refrigerado ar, boxer, a gasolina


Cilindrada: 1.192 cm³ (1,2 litro)
Potência líquida máxima: 36 cv

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: não divulgada


Velocidade máxima: 93 km/h
Fichas técnicas

O motor 1500 refrigerado a ar foi utilizado na VW Kombi por 9 anos. Foto: Brunelli Veículos Antigos.

Modelo 1500 (1967-1975) - primeira carroceria nacional, segunda motorização

Motor Traseiro, refrigerado ar, boxer, a gasolina


Cilindrada: 1,5 litro
Potência líquida máxima: 52 cv

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 21 segundos


Velocidade máxima: 109 km/h
Fichas técnicas

Detalhe do motor 1600 refrigerado a ar utilizado na VW Kombi Pick up. Foto: Atelier do Carro.

Modelo 1600 (1975-1998) - primeira reestilização, terceira motorização

Motor Traseiro, refrigerado ar, boxer, a gasolina ou álcool


(dois motores distintos, não flex ainda)
Cilindrada: 1,6 litro
Potência líquida máxima: 65 cv

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 22,7 segundos


(gasolina) ou 19 segundos (álcool)
Velocidade máxima: 125 km/h
Fichas técnicas

Motor 1600 Diesel. Essa opção de motorização esteve disponível por pouco tempo. Foto: divulgação VW.

Modelo 1600 a Diesel (1981-1985) - primeira reestilização e motor alternativo

Motor Traseiro, refrigerado a água, em linha, a diesel


Cilindrada: 1,6 litro
Potência líquida máxima: 50 cv

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 30,26 segundos


Velocidade máxima: 111,3 km/h
Consumo médio: 16,95 km/litro
Fichas técnicas

O motor VW AP 1600 tinha duas opções de combustível, uma a gasolina e outra a álcool. Foto: divulgação VW.

Modelo 1600a (1998-2006) - segunda reestilização, terceira motorização

Motor Traseiro, refrigerado a ar boxer, a gasolina ou álcool


(dois motores distintos, não flex ainda)
Cilindrada: 1,6 litros
Potência líquida máxima: 65 cv

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 22,7 segundos


(gasolina) ou 19 segundos (álcool)
Velocidade máxima: 125 km/h
Fichas técnicas

O motor EA 111, de 1.4 litros e refrigerado a água, foi o último da longa linha de produção da Kombi, e equipou até os últimos
modelos. Foto: divulgação VW.

Modelo 1.4L (2006-2013) - segunda reestilização, quarta motorização

Motor Traseiro, refrigerado a água (EA 111), movido a álcool, gasolina ou ambos
em qualquer proporção (flex)
Cilindrada: 1.390 cm³ (1,4 litro)
Potência líquida máxima: 57 cv (gasolina) / 59 cv (álcool)

Desempenho Aceleração de 0 a 100 km/h: 16,1 segundos


(gasolina) ou 16,6 segundos (álcool)
Velocidade máxima: 130 km/h
A Kombi ao longo dos anos no Brasil
1950 - ano do lançamento na Alemanha e início das vendas no Brasil, importada pelo Grupo
Brasmotor.

1953 - início da montagem no Brasil pelo Grupo Brasmotor, com as peças importadas
da Alemanha, no sistema CKD – Completely Knocked Down – as partes chegam desmontadas,
vindas da fábrica na Alemanha e são montadas na fábrica da Brasmotor.

VW Kombi montada pela Brasmotor em sistema CKD. Foto: Wikipédia.

1957 - começa a produção no Brasil pela


Volkswagen, com nacionalização das peças e
motor 1.200 cc. A Kombi 00001 saiu da fábrica
brasileira da VW no dia 2 de setembro de
1957, inaugurando a Planta de São Bernardo
do Campo (SP), sendo a primeira fábrica da
Volkswagen fora da Alemanha.

VW Kombi 00001, primeiro veículo fabricado por uma


fábrica Volkswagen fora da Alemanha. Não se tem
notícias sobre o paradeiro do modelo pioneiro. Foto:
Arquivo VW do Brasil.
1961 - a Kombi ganha a versão 6 portas. As peruas VW produzidas a partir do segundo
semestre de 1961 são conhecidas como “segunda série”, pois incorporaram algumas
mudanças, entre elas o
marcador de combustível
no painel, o fim das
bananinhas de sinalização
(uma espécie de setas
de direção que ficavam
embutidas na lateral do
veículo e saíam de seus
alojamentos como pequenas
hastes iluminadas que
indicavam a mudança de
direção) e a transmissão
com todas as marchas Detalhe da seta de direção, a popular bananinha, da VW Kombi 1961.
Foto: arquivo VW Alemanha.
sincronizadas.

1963, 1964 e 1965 – apenas pequenas mudanças visuais. A mudança marcante nos modelos 1963 foi a
adoção de mais duas janelas de cada lado nas laterais e nas curvas acentuadas da traseira, o que exigiu
um vidro maior na tampa traseira. Na versão do ano seguinte, 1964, a VW colocou novas lentes no pisca
dianteiro – os modelos anteriores utilizavam lentes salientes, que os bem-humorados motoristas brasileiros
batizaram de “tetinhas”. No modelo 1965, as mudanças foram na grade de ventilação do motor, que passou
a ter as aletas viradas para dentro, e na caixa de roda traseira, onde a montadora incluiu vincos.

A partir do modelo 1963, as lentes do pisca, as populares “tetinhas” da VW Kombi, foram substituídas por novas lentes menos
salientes. Foto: montagem com fotos de arquivos do site Kombi Warriors.
1967 – substituição do motor 1.200 cc pelo 1.500 cc, com 44 cavalos de potência, dando
mais força e agilidade à Kombi. Foram incluídas outras alterações nesse ano, como a
barra estabilizadora instalada na dianteira e a redução do diâmetro das rodas de 15 para
14 polegadas. Na mesma ocasião, foi lançada a versão picape cabine simples, que já era
sucesso na Europa desde a década de 50.

1968 – introdução do diferencial travante, sistema de carga de 12 volts e do para-choque


sem vincos. Opcional útil para estradas de terra, muito comuns na época, o diferencial
travante bloqueava uma roda que estava girando em falso, para transferência de força para
a outra roda que tinha contato com solo firme. O sistema era acionado por uma alavanca
que ficava embaixo do banco do motorista e acendia duas luzes indicativas ao lado do
velocímetro no painel. Em janeiro de 1968, as Kombis (assim como os Fuscas) começaram
a sair equipadas de fábrica com o sistema elétrico de 12 volts, em substituição ao antigo
sistema de 6 volts. Outra mudança foi a adoção dos para-choques sem as almofadinhas
(duas peças recobertas de borracha instaladas nos para-choques dianteiro e traseiro, sendo
adotada uma peça lisa).

1975 - primeira reestilização do design e entrada do motor 1.600 cc. A intenção da


Volkswagen do Brasil era fazer uma reestilização completa, deixando a Kombi nacional
mais próxima da fabricada na Alemanha, com a porta corrediça e as três janelas grandes
de cada lado. Por questões de custos, a Kombi brasileira mudou apenas na parte da frente,
com a adoção das portas dianteiras iguais às do modelo alemão, e na traseira, utilizando
as lanternas do modelo internacional, mantendo a carroceria do modelo nacional com 12
janelas laterais.

1976 – lançamento da versão Kombi Clipper. A tão esperada mudança na linha Kombi veio,
mas não 100% igual à do mercado europeu. Tinha nova frente com para-brisa único, portas
dianteiras iguais às da versão europeia, com janelas com vidros que podiam ser acionados
por manivela e lanternas traseiras maiores Faltaram as portas centrais de correr, que
continuaram ser as mesmas da versão anterior, criando assim uma mistura entre primeira
e segunda gerações alemãs, uma configuração de VW Kombi que só existiu no Brasil.
A motorização passou a ser de 1.600 cc com carburação simples e a introdução do
servofreio em toda a linha. A carroceria foi reforçada, dando maior resistência ao modelo.
O lançamento da Kombi Clipper frustrou os consumidores, pois a tão esperada mudança veio com algumas diferenças em
relação à versão oferecida no mercado europeu, principalmente a porta corrediça. Foto: Autoentusiastas.

Comparação entre a frente da VW Kombi até o ano 1975 (à esquerda) e a partir de 1976 (à direita). Detalhe do para-brisa
dianteiro com vidro bipartido (que tinha o apelido de “Kombi Corujinha”) e o para brisa com vidro único do novo modelo,
além da introdução do para-choque em peça única. Foto: montagem com imagens do arquivo VW e da fanpage VW Bus.

1978 - nesse ano, a Kombi passou a oferecer a versão de carburação dupla como opcional,
exceto na Kombi picape (que, na época, era chamada de pickup), que só poderia vir com
a carburação simples. As cruzetas e as caixas de redução nas rodas foram abandonadas,
e foi introduzido o sistema de transmissão com juntas homocinéticas.
1979 – na linha 1979, a Kombi trouxe um novo sistema de aquecimento da cabine como opcional,
além da nova chave de ignição e portas com cabeça de plástico com o logo VW em metal
no meio, além das novas manivelas dos vidros em plástico e novo desenho da luz de cortesia
interna. Apenas “perfumarias”, nada significativo em termos de novidades ou design.

1981 - início das vendas do modelo com motor Diesel, refrigerado a água e radiador
dianteiro, e apresentação da pickup Kombi cabine dupla. A linha 1981 trouxe duas novidades:
a carroceria cabine dupla e o motor diesel, que podia equipar a versão furgão e
pickups cabine simples e dupla. O motor de 1.600 cc, refrigerado a água e 50 cv, fez a
Kombi a adotar o radiador na parte frontal, com uma grade grande, saltada para frente.
Logo surgiram acessórios de proteção para a grade, que fizeram sucesso.

O modelo 1981 marcou o Início das vendas do modelo com motor Diesel, refrigerado a água e radiador dianteiro, que podia
equipar a versão Furgão e as pick ups cabine simples e cabine dupla. Foto: arquivo VW Press.

1983 - uma importante mudança em favor da segurança foi realizada nos modelos 1983:
a adoção do freio a disco dianteiro. Além disso, a furação das rodas mudou, passando
da especificação 5x205 para a 5x112, o que levou à adoção de rodas com novo desenho.
Outras alterações importantes foram a mudança da alavanca do freio de estacionamento,
novos encostos de cabeça e inclusão do cinto de segurança de três pontos para motorista
e passageiro dianteiro direito. Como a Kombi permitia a acomodação de motorista e dois
passageiros no banco da frente, o passageiro dianteiro central continuou com o cinto
subabdominal até o fim da produção da Kombi. A coluna de direção foi rebaixada em
2 centímetros, e o volante ganhou novo desenho. As maçanetas das portas, para-choques
e aros dos faróis ganharam a cor preta. A versão lotação foi introduzida, com duas portas
individuais somente do lado direito.

1987 – o ano de 87 não trouxe alterações ou lançamentos, mas sim encerramento de


algumas versões da Kombi. O fim do ano de 1986 marcou a despedida de algumas versões,
não oferecidas mais na linha 1987, como a VW Kombi Luxo, a Kombi Cabine Dupla e a
motorização a diesel.

1992 – após anos com pouca ou nenhuma modificação, por uma exigência da nova lei
de controle de emissão de poluentes (Proconve - programa de controle de emissão de
poluentes), a linha 92 trouxe a adoção do catalisador no sistema de escape, para a diminuição
da emissão de gases tóxicos. Outra mudança devido à legislação foi a adoção de para-brisa
laminado, para maior segurança em caso de quebra. Além de novos opcionais como os
vidros verdes com para-brisa degradê, desembaçador traseiro e janelas laterais corrediças,
todos esses itens oferecidos em um único pacote de opcionais.

1997 - segunda reestilização, com adoção da porta lateral corrediça (finalmente). A tão
aguardada mudança que não veio na década de 70 apareceu 21 anos depois, com a adoção
da porta lateral de correr, assim como vidros laterais e traseiros maiores e inteiriços, além de
novas tomadas de ar para o
motor. Foi também lançada
a versão Carat, com bancos
de veludo, interior todo
forrado e com 7 lugares,
sendo 2 individuais na frente,
2 no meio e 3 no último banco.
A Carat, pelo requinte, era
praticamente uma reedição
da Kombi Luxo. Essa versão
só durou três anos.
1998 - a VW Kombi entra na era da
eletrônica embarcada, com a adoção
do sistema de injeção eletrônica em
substituição ao antigo carburador
usado por mais de 40 anos. A nova
fase do Proconve, fez com que a Kombi
recebesse a injeção eletrônica multiponto
no motor a ar, o que melhorou a potência,
consumo, dirigibilidade e a regulagem
do motor.
A versão Carat tinha os mesmos itens da Kombi Luxo e trazia a novidade
esperada desde a década de 70, a porta corrediça. Essa versão durou apenas
três anos, mas a porta corrediça e o teto alto permaneceram nos modelos a
partir de 1997 (foto acima). Fotos: divulgação VW Press.

2000 - no ano 2000, foi encerrada a produção da Kombi pickup.

2005 - no fim de 2005, o motor a ar foi retirado de linha por não atender mais
às especificações da nova fase da lei de emissão de poluentes. Para marcar a despedida,
foi lançada a Série Prata, limitada a 200 unidades, todas pintadas na cor prata light, com
para-choques, aros de faróis e maçanetas de portas pintados na cor cinza cross. Tinha
ainda vidros verdes e para-brisa degradê, desembaçador traseiro, piscas dianteiros brancos
e lanternas traseiras fumê, forração de bancos diferenciada e janela traseira esquerda
corrediça. Um adesivo no painel e um outro logo na tampa traseira identificavam a
série especial.

No final de 2005, saía de produção a Kombi com motor refrigerado a ar, com o lançamento da série Prata, edição especial com
apenas 200 unidades, e, já no ano seguinte, surgia a Kombi com motor 1,4 litro e refrigerado a água.
2006 - chega o novo motor de 1.400 cc, refrigerado a água, exigindo uma nova grade
dianteira para o radiador e novo painel. A solução encontrada para substituir o motor a ar,
veio no motor 1.4 derivado do motor do VW Fox/Polo, usado para exportação, conhecido
pelo código EA-111, com a tecnologia flex. O motor flex caiu muito bem na Kombi melhorando
seu desempenho, consumo e um pouco sua estabilidade por causa do posicionamento do
motor, além de ser mais silenciosa. Uma nova grade dianteira, igual à utilizada no modelo
mexicano e diferente da utilizada no modelo Diesel nos anos 80, marcava a grande alteração
estética. Um novo quadro de instrumentos também foi adotado, mas sem o termômetro de
água. No lugar dela, havia apenas uma luz-espia para avisar o superaquecimento do motor.
2007 – a VW do Brasil lança a edição limitada Kombi 50 anos, em comemoração ao meio século de produção

Com apenas 50 unidades numeradas produzidas, a série especial Kombi 50 anos vinha com uma carta assinada pelo presidente da
VW do Brasil. Foto: divulgação VW.

em solo brasileiro. Foram somente 50 unidades numeradas, na pintura saia e blusa nas cores vermelho
bonanza e branco cristal, com vidros verdes e para-brisa degradê, desembaçador do vidro traseiro, bancos
com forração diferenciada, lentes cristal nos piscas dianteiros, lanternas traseiras fumê e três janelas laterais
basculantes. Todos os compradores da série 50 Anos ganhavam uma carta assinada pelo presidente da
VW, parabenizando pela compra do modelo, com a numeração da Kombi adquirida na própria carta e uma
miniatura de uma Kombi 1957 pintada com as cores da edição 50 Anos. Junto com a Last Edition (veja a
seguir) essas são as mais raras Séries Especiais da Kombi.
2013 - fim de produção e a Série Especial Last Edition - depois de 56 anos, no dia 18 de dezembro de 2013, a
Kombi deixa de ser produzida no Brasil. Com a obrigatoriedade da instalação de freios ABS e airbag duplo,
a Kombi, por não conseguir abrigar o airbag de forma satisfatória, deixou a linha de produção. Para marcar
esse fato, a Volkswagen lançou a Kombi Last Edition, inicialmente com 600 unidades e com a produção
dobrada para 1.200 unidades, o modelo com pintura saia e blusa azul e branca, trazia itens exclusivos e retrô,
como cortinas nas janelas, pneus com faixa branca e forração listrada nos bancos.

Depois de 56 anos sendo fabricada no Brasil, a Kombi se despede com a série Last Edition, modelo limitado a 1.200 unidades
e Certificado de Autenticidade, assinado pelo Presidente da VW, no qual constava o número da unidade vendida ao cliente,
correspondendo com a numeração existente no painel.
Toda a a produção inteira da Kombi Last Edition tinha uma plaqueta numerada mostrando o número daquela
unidade dentro das 1.200 fabricadas. O motor era o mesmo das demais Kombis fabricadas naquele momento,
o 1.4 refrigerado a água, conhecido como o EA-111, que pode ser abastecido com álcool e/ou gasolina em
qualquer proporção. Os compradores receberam da Volkswagen um Certificado de Autenticidade, que
atestava que aquela unidade adquirida pertencia à série que marca o encerramento de produção da Kombi
no Brasil. No Certificado, assinado pelo Presidente da VW na época, Thomas Schmall, e pelo Vice-Presidente
de Vendas & Marketing, Jutta Dierks, constava o número da unidade vendida ao cliente, correspondendo
com a numeração existente no painel.

Com essa série final, a Kombi entrou para a história, e o mundo inteiro voltou os olhos para o fim da produção
do utilitário mais querido de todos os tempos.

A linha de produção da Kombi esteve ativa por 56 anos e fabricou mais de 1,5 milhão de unidades. Foto: arquivos
VW do Brasil - divulgação.

Para marcar essa história, foi instituído o Dia Nacional da Kombi, comemorado em 2 de setembro no Brasil,
data histórica, pois, nesse dia e mês no ano de 1957, saía da linha de montagem da fábrica da Volkswagen,
em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, a primeira Kombi feita no Brasil.

A Volkswagen Kombi foi e ainda é um sucesso em diversos países.


O futuro
A Volkswagen já iniciou as vendas da Kombi elétrica, chamada e-Bulli. O carro é baseado no modelo T1
Samba Bus, de 1961. Embora seja um veículo-conceito, é possível ter um modelo retrô da Kombi, com a
tecnologia moderna de um veículo elétrico.

No mercado europeu, já circula o VW e-Bulli, carro baseado no modelo T1 Samba Bus, de 1961, com a tecnologia moderna
de um veículo elétrico.

O motor boxer de quatro cilindros de 43 cv dá lugar a um silencioso motor elétrico Volkswagen com 82
cavalos de potência, quase duas vezes mais potente que o boxer. A transmissão de força é por meio de uma
caixa de velocidades de uma velocidade. O sistema de tração é acoplado à alavanca de câmbio, que agora
está posicionada entre o banco do motorista e o passageiro da frente.

Assim como o motor boxer do T1 1966, a combinação de caixa de câmbio e motor elétrico integrado na
parte traseira do 2020 e-Bulli aciona o eixo traseiro. Uma bateria de íon de lítio é responsável por fornecer
energia ao motor elétrico. A capacidade de energia utilizável da bateria é de 45 kWh.

No VW e-Bulli, o motor boxer de quatro cilindros de 43 cv dá lugar a um silencioso motor elétrico Volkswagen com 82 cavalos
de potência. Foto: arquivo VW Press.
Todas as peças do sistema de acionamento elétrico estão sendo feitas pela Volkswagen Group Components,
em Kassel, na Alemanha.

A bateria é carregada por meio de um soquete de sistema de carregamento combinado (CCS). Permite
o carregamento com corrente alternada ou contínua. O alcance com a carga total da bateria é de cerca de
200 quilômetros.

Os preços na Europa partem de 64.900 euros (aproximadamente R$ 400 mil pelos valores de conversão
do euro no fim do mês de agosto de 2021).

Algumas curiosidades sobre a VW Kombi.


• A nossa Kombi é conhecida por diversos nomes ao redor do planeta: Rugbrod na Dinamarca; Barndoor nos
Estados Unidos; Junakeula na Finlândia; Bulli na Alemanha; e Papuga na Polônia. No Brasil, ficou conhecida
como Kombosa, Perua e “Pão de forma”, devido ao seu formato retangular.
• Os veículos produzidos no Brasil foram exportados para a Argentina, na América do Sul, e para a Nigéria,
na África, na década de 1980. Além disso, uma empresa inglesa importou 99 modelos produzidos no país
para transformá-los em motorhomes.
• A partir de 2000 até o fim da produção, a Volkswagen só produziu Kombi na cor branca e com apenas um
modelo de tecido para os bancos, formato usado até o fim da produção.
• No ano de lançamento no Brasil, em 1957, eram fabricados apenas oito veículos por dia. Em 2013, último
ano de produção, a Volkswagen do Brasil encerrou a fabricação da Kombi, registrando o total de 1.557.984
unidades ao longo dos 56 anos.

Exposição de modelos Kombi em evento no Sambódromo da cidade de São Paulo. Foto: Kombi Clube do Brasi
Fonte: Volkswagen do Brasil e Volkswagen Newpress.
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