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MAA

MAA
Editorial
A IMPORTÂNCIA DO FUSCA
Em recente edição da Automec 2011 (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços), realizada em abril, no
Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, tivemos a oportunidade de comprovar como o Fusca ainda é importante
para nossa indústria de autopeças. Tanto para as grandes multinacionais como Bosch, Continental, Mahle, dentre outras,
como também para um enorme número de pequenos fabricantes locais, que praticamente surgiram na nacionalização do
popular besouro com o objetivo de atender o chamado mercado paralelo.
Apesar de já não ser fabricado por aqui há quinze anos, o Fusca ainda alimenta o faturamento dos fabricantes na reposição
automotiva. Isso porque cerca de 500 mil Fuscas ainda circulam oficialmente pelo Brasil tendo como base os dados de
licenciamento do Renavan. Mas esta frota deve ser bem maior, levando-se em conta o grande número de besouros que
rodam pelos muitos rincões do País sem que seus proprietários se preocupem em licenciá-los regularmente. Sem exagerar,
pode-se especular que esta frota pode dobrar levando-se em conta também os derivados.
Como poucos foram os modelos nacionais que já superaram a marca de 1 milhão de unidades produzidas, dá para
se ter uma ideia de como o Fusca ainda “pesa” positivamente no faturamento da nossa indústria de autopeças.
Como muito bem define Claus Hoppen, presidente da unidade brasileira da Mahle, o maior fabricante mundial
de pistões, “o Fusca foi durante muitas décadas o carro-chefe da nossa indústria e continua tendo um papel
preponderante para os fornecedores nacionais de autopeças.”
O executivo-chefe da Mahle-Metal Leve, que também é o maior fabricante nacional
de kits de pistão e cilindro para a linha VW a ar, detalhou que sua empresa está
voltando a fornecer o kit forjado no mercado brasileiro, já que cresceu bastante
nos últimos anos a procura por este equipamento utilizado na preparação
de motores de maior desempenho, uma tendência que Fusca & Cia já vem
mostrando um há bom tempo. Por sinal, nesta edição destacamos
um Brasilia personalizado bem “brabo”. Outros destaques são a
picape alemã 1954 e também os detalhes da “nova geração” do
besouro, como a VW define o sucessor do New Beetle.

Roberto Marks
Editor-Executivo
fuscacia@gmail.com

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ATLAS
Sumário

RELÍQUIA.................................14
Raro exemplar 1973 ainda preserva a originalidade
e as cobiçadas placas amarelas de época

DERIVADO...............................22
Kombi Barndoor Single Cab 1954 é resgatada no
Brasil e restaurada nos mínimos detalhes

PERSONALIZADO....................30
Motor de 2.3 litros e mais de 200 cv de potência dá
nova identidade ao pacato Volkswagen Brasilia
14

22
ESPECIAL................................38
Volkswagen apresenta o Beetle 2012, substituto do
New Beetle e aclamado como a 3a. geração do besouro

FUSCA PAIXÃO........................44
Variant 1976 cruza os Andes num roteiro de muita aventura
com destino ao deserto do Atacama

FAÇA VOCÊ MESMO...............50


30
Os segredos e o passo a passo na hora de substituir o
cabo de embreagem na linha Volkswagen refrigerada a ar
38
COLUNAS
4 EDITORIAL
O legado do Fusca
8 LEITOR AO VOLANTE
A palavra é sua!
11 PLACA PRETA
100% originalidade
12 FUSCURIOSIDADES
Universo Volkswagen
56 OFICINA DO BESOURO
Correio Técnico
58 CLASSIFUSCA
Vitrine de compras e vendas
60 CLUBE DO MÊS
Fusca Clube São Roque
62 ENCONTROS
Besouros reunidos
66 RETROVISOR
Propaganda de época

44

Fotos de capa: Luiz Guedes Jr.


e Lucas Pysklyvicz de Souza
52
LEITOR AO VOLANTE
Críticas, elogios e sugestões fuscacia@gmail.com

FUSCÃO STANDARD
Aprecio muito a revista Fusca & Cia. Pena que eu não sabia antecipadamente
da reportagem “As duas faces do Fuscão” (Ed. 69), pois também tenho um
autêntico “Fuscão de pobre” (foto) original, com manual e placa preta. Sou o 2º
dono dele. É o meu brinquedo.

Juraci Madeiro de Sales


São Paulo

CAPOTA?
Sou assinante e gostaria de uma informação. Na edição 67, tem uma matéria
sobre um Karmann Ghia feito de fibra, que ficou lindo. Tenho um Karmann Ghia
1970 conversível (cortado), que já comprei assim. E gostaria de colocar a capota
nos moldes originais, como esse da matéria. Seria possível informar onde o
proprietário comprou a armação da capota?

João Pedro
E-mail

Caro João, infelizmente não sabemos informar o fornecedor da capota do modelo da reportagem. Mas existem
várias empresas especializadas neste serviço (inclusive aqui, nos anúncios publicados em Fusca & Cia).

FUSCA 64
Sou assinante da Fusca & Cia desde o começo do ano e gostaria de elogiar o
conteúdo e o nível das matérias, que têm me ajudado muito a conhecer um pouco
mais sobre o carro que acabei de me dar de presente. Um VW 1964 cinza prata!
Aproveito para perguntar se já foi feita alguma matéria sobre este ano e (caso
afirmativo) em qual edição, para eu adquiri-la.

Beto Apollaro
E-mail

Caro Beto, o Sedan 1964 foi a “Relíquia” retratada na edição 56, que você pode adquirir no site www.
revistaonline.com.br

8 FUSCA & CIA


GUEDES
&
MIRANDA
BRASIL X MÉXICO
Achei bem interessante o comparativo dos Fuscas Brasil x México (Ed. 70).
Mais uma vez o Brasil leva vantagem! Só achei que para a matéria ficar mais
ENCONTRO completa faltou um comparativo das suspensões. Ou são iguais?

GAÚCHO Marcelo Dias


Convido todos os leitores a
participarem do 5º Encontro de Prezados fusqueiros de plantão. Demais a reportagem “Duas formas de
Fuscas e Derivados em Marau dizer adeus” (Ed 70). Os nossos Fuscas, Vochos, besouros e afins foram
(RS), evento que será realizado transformados de máquina de levar para máquina de amar! Parabéns pela
nos dias 10 e 11 de setembro matéria!
de 2011. Visitem nosso site:
www.maraufuscaclube.com.br Rodolpho Caldeira
Taboão da Serra – SP
Sandro Almeida
Presidente do Marau Fusca Clube-RS Marcelo, de fato a suspensão do modelo mexicano é similar à do Fusca nacional. Por isso
(e pelo espaço de texto ser limitado) não mencionamos este detalhe no comparativo...

GARAGEM DA VEZ
O belo exemplar da foto pertence ao leitor
paulistano Wagner Abrahão Jr. “Esta foto
é marcante, pois foi a primeira vez que
a minha noiva entrou no carro, depois
de quase um ano de insistência”, sorri
Wagner. “O modelo é um 1968, mas está
pintado na tonalidade azul Pastel, original
da linha 1962”, detalha o proprietário...

10 FUSCA & CIA


FUSCA ITAMAR
Gostaria de parabenizar a magnífica matéria que promoveu o resgate
Tenho um Fusca 1300 ano 1972 e pretendo
do legado do Fusca Itamar (Ed. 70). No decorrer da leitura, me senti submetê-lo à vistoria de placa preta. Atualmente,
novamente em 1993, recordando todo o frenesi da volta do que era ele ostenta rodas de 4 parafusos, calotas e bitola
chamado na época de “O novo Fusca”. Só faltou mesmo a entrevista com traseira mais larga, originais do Fuscão 1500.
o próprio Itamar Franco para que virasse uma verdadeira monografia de Pergunto: é possível substituir as rodas pelas de
história. Entrevista esta que até faço aqui meu pedido para que aconteça, 5 furos utilizando os adaptadores de rodas de
pois acho que ele traria assuntos de bastidores que seriam muito 4x130mm para 5x205mm existentes no mercado?
Esta adaptação tira pontos na vistoria? E a bitola
interessantes para nós, fusqueiros....
mais larga, é impecilho para a placa preta? Fiz ainda
a troca do gerador para alternador e adotei ignição
Wagner Lira Xavier
João Pessoa-PB eletrônica. Estas trocas acarretarão perda de pontos
na concessão da placa preta?
 
Marcelo Meireles Bahia.
UM NOVO CLUBE... Fortaleza-CE
 
Dependendo dos critérios do clube que fará a avaliação o veículo
Comunico a todos a fundação
pode até ser reprovado. Meu conselho é que você procure
do Fusca Clube de Suzano e peço informações no clube onde pretende fazer a avaliação. Apenas
a colaboração de interessados como exemplo: na avaliação do Fusca Clube do Brasil (São Paulo/
em ajudar a criar um nome para SP), este veiculo não passaria na vistoria; pois, mesmo com
a agremiação. Um nome que não adaptador de 4 para 5 furos, as rodas sairão mais para fora que o
leve a palavra Fusca... Estão todos normal, além da bitola traseira maior, facilmente perceptível.
convidados a participar (da criação
Tenho um Fusca 1977/77
do batismo e do clube...).
1300-L e gostaria de saber
como era o banco original.
Ronaldo Magrão
Suzano-SP Alguns falam que era de
corvim e veludo preto;
outros que era de corvim e

REUNIÃO
vinil rajadinho...
 
Ricardo Leite Crocco

DE PUMAS
Sorocaba -SP
 
O banco do 1300-L 1977/77 era de
Comunico a realização do 8º. corvim rajadinho (foto). Apenas na
Encontro Nacional de Pumas, a ser segunda série (1977/78) é que surgiu o
realizado nos dias 15 e 16 de outubro banco com veludo (preto ou marrom) no centro da forração.
  
de 2011, na capital do Distrito
Tenho um Fusca 1969 vermelho Cereja que
Federal. Estão todos convidados. pretendo restaurar. O interior original é preto, mas
eu gostaria muito de fazer os bancos na tonalidade
Marcelo Bressan vermelho. Por isso eu pergunto: quais as cores de
Brasília-DF
estofamentos disponíveis em 1969? E a combinação
dessas cores na carroceria vermelho Cereja? Caso
não seja opcional de época o estofamento vermelho
e eu o coloque no meu 1969, consigo a placa preta?

FUSCAVIÃO
 
Danilo Pessolato
A foto que lhes mando São Paulo-SP
 
é do Fuscavião. Meu avô De 1967 a 68 haviam dois opcionais de interior: vermelho Turim
era proprietário de uma e branco Gelo. O problema é que atualmente não existe material
oficina de aviões e certa similar, já que estes materiais possuíam como características
vez resolveu fazer algo manchas acinzentadas. No caso do 1969, não haviam opcionais
de interior. Portanto, para efeito de placa preta, aceita-se um 1969
diferente. Muito diferente! somente com o interior no padrão preto. Salvo se o proprietário
Pegou uma fuselagem de possuir uma comprovação de um interior com cor opcional, como
avião e colocou sobre um uma nota-fiscal, por exemplo...
chassi VW, com para-lamas
e capô de Fusca. Assim *Aluizio Lemos é Diretor Técnico e Presidente da Comissão de
surgiu o Fuscavião! Avaliação para Veículo de Coleção do Fusca Clube do Brasil.
Cartas para essa seção: fuscacia@gmail.com
Lucas José Caruso David
E-mail
FUSCA & CIA 11
FUSCURIOSIDADES
Por Luiz Guedes Jr. fuscacia@gmail.com

SOM NO SPLIT!
As fotos correram a internet e acenderam
uma “luz” na cabeça de muita gente. Um
truque interessante para quem possui
um Sedan da década de 1950, Split
ou Oval, e deseja instalar um moderno
sistema de som sem comprometer o
visual de época do besouro. Simples, mas
genial, a proposta prevê a instalação de
alto-falantes no interior das tradicionais
almofadas de canto existentes no banco

BRASILIA
traseiro das versões Luxo.

MODERNA
Após soltar a
criatividade e dar
novas formas às
linhas do besouro
e da Kombi, o
talentoso designer
brasileiro Du Oliveira
(www.irmaododecio.
blogspot.com) voltou
a realizar ensaios
focados na releitura
moderna da clássica família Volkswagen refrigerada a ar. Desta vez, o modelo
escolhido foi o Brasilia, apelidado de “New Brasa” pelo artista. As tradicionais
linhas quadradas do projeto original foram mantidas na companhia de leves
curvaturas, resultando num inusitado visual de apelo esportivo – chega
a lembrar os modelos crossover da Mitsubishi. “Fiz estudos em cima das
versões de duas e de quatro portas, adotando vários detalhes perceptíveis do
design original, como farol trapezoidal com dupla parábola, ausência de grade
superior e lanternas horizontais frisadas”, analisa Oliveira. “Se fosse produzida
nas condições atuais, acredito que o motor seria dianteiro, aproveitando a
mesma mecânica do Gol/Fox/Polo”, finaliza o designer.

O MELHOR DA INTERNET
Gringo! – dois besouros do Clube Vitrine – Nova seção Classificados Raridade – KDF 1938 encontrado Kombinautas – Blog reúne
inglês “Low n’ Slow VW” em um video no site do VW Boxer Clube. Confira: na Lituânia e totalmente restaurado. apaixonados pela “velha senhora”.
realmente “gringo”. Acesse: http:// http://www.vwboxerclube.com.br/ No link: http://www.julianhunt. No link http://blogdakombi.
vimeo.com/23887556 classificados net/Automotive-Photography/ copava.com.br/
The-VW38-Trip/16490726_
qTTcB#1241106117_PwV5P

12 FUSCA & CIA


LÍDER
Relíquia
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

EF BRE
AMARELA
Além de INCRIVELMENTE BEM CONSERVADO, este Sedan 1973 atende
ao DESEJO “QUASE DOENTIO” DE MUITOS COLECIONADORES: encontrar
um modelo que ainda preserve as EXTINTAS PLACAS AMARELAS
14 FUSCA & CIA
Q
uem imagina que o maior portando as antigas placas amare-
desejo dos colecionadores las de duas letras e quatro dígitos
de automóveis clássicos é (extinguidas no começo da década
conquistar a cobiçada placa de 1990). “A placa amarela é um
preta para seus exemplares per- atestado não apenas de originalida-
feitamente preservados, pode se de, mas principalmente uma prova
surpreender. Para grande parte da- vital de que aquele veículo não
queles que se dedicam a resgatar a roda regularmente há pelo menos
história sobre rodas, o duas décadas”, ressalta o analista
A placa amarela chega a ser sonho é outro: encon- de sistemas Marcelo Clementino,

mais cobiçadas que a preta! trar um modelo muito


bem conservado,
32 anos, proprietário do raro Sedan
1973 que ilustra esta reportagem.
sem nenhum sinal de restauração A história de como este Fusquinha
e, desejo quase impossível, ainda chegou aos nossos dias sem nunca
FUSCA & CIA 15
Por lei, o carro não pode circular no trânsito. Mas quem disse que o dono quer?
16 FUSCA & CIA
ter ostentado as atuais placas cinzas
e sem jamais ter sido apreendido em
alguma fiscalização de trânsito é a
mesma que geralmente se escuta da
maioria dos proprietários de exem-
plares com estas características. “O
primeiro dono faleceu e o besouro
passou para um irmão, que nunca
utilizou o veículo. Em 2009, um vizi-
nho esperto comprou a raridade, já
com a intenção de revendê-la. E foi
assim, com a intermediação deste
vizinho, que o modelo chegou à mi-
nha garagem”, detalha Clementino.
Detalhes
GUARDAR, SIM. originais
Além das placas
RODAR, NÃO! amarelas, o
A diferença básica de um au- modelo também
tomóvel de placa amarela para preserva
um de placa preta é simples: em todas as
geral, carros de placa amarela até
características
reúnem todas as características
de época
básicas de originalidade para
conquistar a placa preta. Mas seus
proprietários, via de regra, não
o fazem. E não o fazem por dois
motivos: primeiro, porque a placa
amarela é vista como souvenir,
artefato raro (termo predileto no
universo dos colecionadores). Uma
placa preta pode ser conquistada,
já uma placa amarela exige um
bom tempo de “garimpo”, além de
muita sorte de quem a deseja.
O segundo motivo pelo qual os mode-
los remanescentes de placa amarela
dificilmente são modificados por
seus proprietários é que, ao contrário
dos outros modelos de uma coleção,
estes são carros que merecem ser
preservados ao máximo, inclusive
sem grande alteração no hodômetro.
“Quem compra um carro desses
pretende guardá-lo e não utilizá-lo
como veículo de passeio”, analisa
Clementino. “Eu mesmo, apesar de
não me considerar um colecionador
‘profissional’, tenho pena de rodar
com o Fusquinha.”
E o analista não mente. “Comprei
este carro em 2009. O modelo esta-
va na cidade de Santos e foi trazido
FUSCA & CIA 17
Pouco rodado, o Sedan registra pouco mais de 33 mil quilômetros no velocímetro
18 FUSCA & CIA
de guincho até meu escritório em
São Paulo. Foi a primeira e única
vez em que circulei com ele, num
trajeto de dois quilômetros até a ga-
ragem da minha casa”, diz. “Hoje,
para fazer as fotos desta reporta-
gem, rodei mais três quilômetros.
Acho que foi o maior passeio do
fusquinha em muitos anos, além Prática
da primeira lavagem desde que comum...
ele está comigo”, comenta Cle- A adaptação
mentino, que agora já soma cinco do pisca-alerta
quilômetros ao volante do “amare- (à esquerda
linho”, como apelidou carinhosa- do cinzeiro)
mente o besouro. era comum
na ocasião,
DETALHES DE ÉPOCA assim como
Quando comprou o raro exem- os detalhes
plar, Marcelo conta que tinha cromados
como ideia básica substituir as no volante e
placas amarelas pelas pretas. nos piscas
“Como não sou um colecionador dianteiros
típico de carros antigos, comprei
o Fusca com a intenção de utilizá-
-lo no dia a dia”, afirma. Agora, o
analista de sistema já cogita outra
alternativa. “Estou disposto até a
vender o carro para quem tenha
intenção e melhor condição de
preservá-lo”, diz.
Além das cobiçadas placas anti-
gas, o “amarelinho” também se
destaca pela baixa quilometra-
gem (o hodômetro registra ape-
nas 33 mil quilômetros) e pela
impecável originalidade de fá-
brica. “Este exemplar também é
curioso por pertencer às últimas
unidades fabricadas naquele ano
FUSCA & CIA 19
Até as rodas ainda
preservam as
marcas com a data
de fabricação...

de 1973”, observa o atual proprie- des – novidades introduzidas à li- prática comum na época em que era
tário, referindo-se ao painel já nha do besouro nacional somente vendido como zero-quilômetro. É o
com os rebaixos que previam a a partir de 1974. caso, por exemplo, do friso no capô
instalação das saídas de ar acima Por se tratar de um exemplar jamais e do cromado no aro da buzina e nas
do painel e do porta-luvas, além restaurado, o besouro também capas das lanternas de sinalização na
do cinzeiro preto e do limpador preserva algumas marcas “não dianteira. A linha 1300, básica, já não
de para-brisa com duas velocida- originais”, porém consideradas trazia tais adornos de fábrica na oca-

20 FUSCA & CIA


sião. Mas era bastante comum, antes do cinzeiro, equipamento adotado autopeças para fazer a adaptação.
mesmo de retirar o carro da conces- pela Volkswagen somente em 1975. E é possível perceber que o botão
sionária, que o comprador efetuasse “Quando passou a ser obrigatório deste Fusca é bem antigo, de época,
modificações como essas, para deixar por lei os carros novos saírem de o que o torna até um atrativo no
o modelo mais “charmoso”. fábrica com esse recurso, muitos conjunto”, destaca Clementino, ain-
Outro detalhe é a adaptação de um proprietário de modelos usados da incerto quanto ao futuro de seu
botão de pisca-alerta à esquerda também recorreram ao mercado de “amarelinho” com placas amarelas.

FUSCA & CIA 21


Derivado
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

22 FUSCA & CIA


SORTE AO

“A
acaso
RESGATADA DO ESQUECIMENTO e restaurada nos
mínimos detalhes, rara KOMBI BARNDOOR SINGLE
CAB 1954 volta a BRILHAR NAS RUAS BRASILEIRAS

tirar em uma formiga e acer-


tar em um formigueiro”. O
popular ditado cabe como
uma luva na história de
resgate desta rara Kombi picape,
capital, indo parar na cidade de
Amparo. Já que estava por lá, apro-
veitei para perguntar sobre modelos
antigos de Kombi. Por pura obra do
destino, deparei-me com esta jóia
ano 1954, legítima representante rara, uma legítima Single Cab da sé-
da série Barndoor – como ficaram rie Barndoor”, conta o comerciante.
conhecidos os modelos produzidos A definição Barndoor (porta de
desde os primeiros protótipos do celeiro, em inglês) surgiu devido ao
utilitário construídos em 1949 até tamanho da tampa do motor, cerca

Um erro na estrada levou ao março de 1955


(chassi 20-
de duas vezes maior se comparada
às tampas dos exemplares pos-
encontro da rara Kombi 1954 117901).
“Fui à cidade
teriores a este período. Além de
pertencer às gerações anteriores à
de Itapira, no interior de São Paulo, nacionalização da Kombi no Brasil,
atrás de uma Kombi nacional 1970 o que aconteceria somente em 1957,
anunciada como único dono e o raro modelo 1954 encontrado
jamais restaurada”, narra o proprie- ainda veio com a carroceria pintada
tário do modelo que ilustra esta na tonalidade Dove Blue, a mais
reportagem, um comerciante paulis- emblemática naqueles primeiros
tano que prefere não se identificar. anos de produção em Wolfsburg –
“Chegando lá, notei que o utilitário lembrando que a partir do segundo
havia sido pintado. E mal pintado semestre de 1956 a linha de fabrica-
ainda por cima”, diz. “Claro que eu ção da Kombi alemã passou para a
fiquei muito aborrecido por achar fábrica de Hannover. Outro detalhe
que havia viajado à toa. E até acabei importante é que tanto a versão
errando a estrada de volta para a picape (Single Cab, produzida a

FUSCA & CIA 23


feito para o
trabalho
Além da caçamba,
o modelo Single
Cab também
oferece um
espaçoso
compartimento
fechado de cargas

24 FUSCA & CIA


As simpáticas e frágeis
bananinhas de sinalização são
um dos charmes do modelo
partir de agosto de 1952) quanto a ambu- e elétrica, não esquecendo o garimpo de
lância (lançada em 1951) são consideradas peças. A maioria delas foi preciso importar
legítimas Barndoor (desde, é claro, que pro- da Europa ou dos Estados Unidos.”
duzidas até março de 1955), muito embora Outra preocupação foi resgatar toda a ori-
nenhuma delas apresente a característica e ginalidade do modelo. “O mais difícil, no
avantajada tampa do motor. entanto, foi a pesquisa sobre os detalhes
originais. Por ser muito rara no Brasil, não
existe por aqui nenhuma literatura que
RESTAURO DETALHADO possa ajudar quem deseja restaurar uma
Empolgado com a descoberta, o comercian- Kombi dessa época”, comenta. “Todas as
te paulistano fechou negócio sem pensar informações tiveram de ser buscadas em
duas vezes. “Só depois comecei a perceber livros estrangeiros ou na internet. E tenho
o trabalho que seria restaurar o modelo, que de destacar a ajuda do pessoal do site
se encontrava em estado bastante deteriora- dinamarquês barndoor.dk, que foi muito
do e faltando vários componentes originais”, solícito em enviar dados e fotos detalhadas
lembra o proprietário da raridade. da linha 1954”, agradece o comerciante.
O serviço teve início em meados de 2007 Dos componentes originais comprados no ex-
e levou três anos para ser finalizado. “Foi terior, o proprietário destaca os faróis Bosch,
necessário refazer o carro do zero, desde as diminutas lanternas Hella com o símbolo
a recuperação da lataria até a tapeçaria VW na moldura cromada e a lente do freio

FUSCA & CIA 25


O interior é marcado
pela simplicidade no
acabamento e nos
instrumentos do painel

no centro da traseira também da marca Hella.


Além, é claro, das simpáticas e frágeis “ba-
naninhas” de sinalização (hastes laterais que
antecederam as lanternas do pisca). A linha
1954 da Kombi alemã é famosa ainda por
marcar a estreia do motor de 1.200 cm³. “Foi
também o primeiro ano que o modelo saiu de
fábrica com para-choque traseiro. Antes dis-
so, havia o componente apenas na dianteira”,
observa o proprietário da raridade.
Como detalhe curioso, vale destacar que
o para-choque traseiro não foi introduzido
pela Volkswagen em toda a linha da Kombi
ao mesmo tempo. A primeira versão a rece-
ber o componente foi a Deluxe (a partir do
chassi 20-047102); depois disso vieram as
versões Microbus Standard, Kombi e Panel-
van (chassi 20-069409), sendo a Pick-Up a
última delas (a partir do chassi 20-079856).

DETALHES CURIOSOS
Além de verdadeira raridade em solo
brasileiro, a Kombi alemã 1954 desperta
o interesse por alguns detalhes diferen-

Detalhes
curiosos
O velocímetro é
igual ao usado pelo
Fusca até 1952.
Já a saída do ar
quente fica numa
coluna aos pés do
motorista...

26 FUSCA & CIA


ciados em relação aos modelos fabricados
no Brasil a partir de 1957. A começar pela
carroceria, que tem os recortes de ventila-
ção do motor e do compartimento inferior
de carga (na lateral direita) voltados “para
fora”, enquanto no utilitário nacional estes
recortes são dobrados “para dentro”. As
rodas com aro de 16 polegadas são pin-
tadas de branco, com calotas na cor da
carroceria, enquanto uma curiosa chave
em formato de “P” é usada para abrir o
capô do motor e a portinhola de acesso ao
bocal do tanque de combustível.
A cabine da versão alemã não possui venti-
lação no teto. Mas já conta com sistema de
ar quente proveniente do motor. A “roseta”
de girar que aciona o ar quente fica abaixo
do banco inteiriço (ao lado do botão do
afogador), enquanto a saída de ar está lo-
calizada em um tubo debaixo do painel. O
rústico volante de três raios combina com

FUSCA & CIA 27


o painel que se destaca pela simplicidade,
característico do utilitário, sendo que o
velocímetro é igual ao usado pelo Fusca
Split Window “Brezel” até 1952.
Graduado apenas até 100 km/h, este velo-
címetro é ladeado por dois botões, sendo o
da direita usado para acionar o limpador do
para-brisa, enquanto o da esquerda liga os
faróis. Entre eles, fica a chave de ignição.
Mas não basta girá-la para fazer funcionar o
motor. É preciso também apertar o botão lo-

Originalidade
Uma curiosa
chave em formato
de “P” abre o
compartimento
do motor e a
portinhola de
acesso ao bocal do
combustível

28 FUSCA & CIA


A linha 1954 marca a estreia do
motor de 1.200 cm³, além do
para-choque na traseira...

calizado à esquerda do nicho do painel. Por


fim, o nada prático pino localizado na parte
superior do painel é usado para acionar as
“bananinhas” de sinalização.
O sortudo proprietário do raro utilitário
faz questão de destacar o apoio que teve
na proposta de resgate. “Reviver este raro
exemplar com tamanha riqueza de de-
talhes não foi tarefa nada fácil. Por isso
gostaria de agradecer alguns profissionais
que trabalharam comigo nesta empreitada,
como a oficina do Antônio ‘Ceará’, de Ca-
rapicuíba, e o funileiro Roberto, que levou
um ano só para lixar a carroceria. Sem
esquecer o fornecedor de várias das peças,
que atende pelo e-mail fucaveio@hotmail.
com”, encerra o comerciante.

FUSCA & CIA 29


Personalizado
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

BRASILIA
BRABAPOTÊNCIA DE COMPETIÇÃO e VISUAL EXCLUSIVO
transformam o pacato derivado do besouro NUMA
VERDADEIRA FERA capaz de “enrugar” o asfalto...

30 FUSCA & CIA


O
longo e nada comportado
escapamento de saída única
funciona como um aviso: o
modelo da reportagem não se
trata de um Brasilia comum. E não é
mesmo! Debaixo do tampão na tra-
seira, repousa nada menos que um
motor 2.3-litros preparado e capaz de
despejar 220 cv de potência – “medi-
da em dinamômetro”, conforme faz
questão de ressaltar o proprietário
do rojão, o empresário Renato Amo-
rim, 43 anos, morador da cidade de
Campinas (interior paulista).
Para montar esta verdadeira usina
de força, foi importado dos EUA um
bloco novinho de 1.600 cm³, que logo
recebeu usinagem para cilindros
e pistões forjados de 94 mm, vira-
brequim roletado de 82 mm, bielas
aliviadas e balanceadas e comando
W125, entre outras modificações
que elevaram a cilindrada para 2.276
cm³. A tradicional carburação dupla
também cedeu lugar a um sistema de
injeção eletrônica Fuel Tech 1Fi com
cornetas duplas e 5 injetores – um
para cada cilindro e o quinto para a
partida a frio.
Para controlar a potência extra, o con-
junto também recebeu cárter seco e
radiador externo, ventoinha de alumí-
nio, distribuidor Hall, bobina especial
e sonda lambda instalada no coletor
de escapamento, bomba de óleo dupla,
além do escandaloso escapamento
4x1 com ponteira em inox. Tamanho
capricho incluiu ainda polia graduada,
cabos de velas especiais
O bloco do motor foi importado e todos os parafusos
dos EUA e recebeu usinagem em aço inox... “Além do
vigor fora do comum,
para ser elevado a 2.276 cm³ o motor foi muito
bem construído pelo
renomado preparador Cezinha, da
oficina Raptors Motor Force, aqui de
Campinas”, afirma o proprietário do
invocado Brasilia.

VISUAL CUSTOMIZADO
Fabricado em 1980, o modelo
pertenceu até meados de 2007 a

FUSCA & CIA 31


O nome Dacon na traseira
identifica a “grife” dos
acessórios da personalização

um único dono, que o manteve impe-


cavelmente original. Segundo o atual
proprietário, foi o segundo dono
quem investiu não só na elaborada
motorização, mas também em um
da carroceria, como fazia a conces-
novo pacote visual que acabou pro-
sionária em seus modelos personali-
porcionando uma nova identidade
zados. Faltou mesmo apenas trocar a
ao “quadradão” Brasilia. “O carro foi
cor de fábrica pelo preto, tonalidade
inspirado nos modelos customizados
com a qual a Dacon identificava to-
pela antiga concessionária paulis-
das as suas customizações”, comenta
tana Dacon”, observa o empresário.
o terceiro e atual proprietário do
“Todos os acessórios instalados no
charmoso Brasilia.
carro são originais Dacon”, detalha
Amorim. Do painel com conta-giros
e termômetro de óleo, ao volante do POTÊNCIA SOB CONTROLE
Porsche 924, sem esquecer os retro- Mas não basta apenas percorrer os
visores externos de Porsche 914 e os olhos pela longa lista de aprimora-
sobrearos cromados montados nas mentos instalados no pacato Brasi-
rodas Mangels de tala alargada para lia. Para entender a sua personali-
6 polegadas – montadas com pneus dade, é preciso sentir o volante e o
Pirelli P7 195/60-15, usados em com- acelerador, de preferência em uma
petição nos dias de chuva. estrada. O movimento do pé direito
“Além dos componentes com a grife é imediatamente respondido por
Dacon, o segundo dono também man- um forte “coice” nas costas, num
dou pintar os para-choques e as mol- efeito de ação e reação. Em poucos
duras dos faróis na mesma tonalidade segundos, o modelo 1980 supera

32 FUSCA & CIA


A longa ponteira de inox do
escapamento 4x1 revela o
“veneno” sob o capô traseiro

Detalhes visuais
O sobrearo nas
rodas faz parte
do pacote visual
Dacon, assim como
as máscaras dos
faróis e os para-
choques pintados
na tonalidade da
carroceria...

FUSCA & CIA 33


O barulho do motor despejando
seus 220 cv de força bruta é
sentido no interior da cabine...

34 FUSCA & CIA


Esportividade
O painel com
instrumentos
extras era
vendido pela
Dacon, assim
como o volante de
Porsche 924

facilmente os 100, 120, 140 km/h...


E continua a acelerar... A estrada
acaba antes do fôlego do motor,
deixando a impressão de que o limite
pode ultrapassar mesmo a barreira
dos 200 km/h...
O único inconveniente é o barulho
ensurdecedor provocado pelo mo-
tor no interior da cabine, tornando
impossível uma conversa natural dos
ocupantes. “Mas para quem gosta
de velocidade isso é música para os
ouvidos”, rebate Amorim. Na verda-
de, o barulho só não é maior porque o
motor está protegido por um tampão
especialmente fabricado, dotado de
duas placas de acrílico transparente
que deixam visíveis as cornetas do
sistema de injeção eletrônica.

FUSCA & CIA 35


Potência x calor
Para evitar
aquecimentos,
o motor ganhou
um necessário
radiador externo,
além de outros
aprimoramentos
que visam melhor
desempenho...

Com respostas rápidas


ao acelerador, o Brasilia
ultrapassa os 200 km/h...
36 FUSCA & CIA
Mesmo assim, volta e meia isso acaba estabilizadoras, uma na diantei-
causando problemas. “Às vezes es- ra e outra na traseira”, informa o
queço de fechar o tampão com chave empresário. “O comportamento em
e a força do ar em altas rotações joga curvas também foi melhorado com
o tampão para cima. Daí, além do o retrabalho feito nas suspensões,
som estridente, é o calor que torna que foram rebaixadas com sistema
insuportável a permanência den- de catraca na frente e facão articu-
tro do carro”, relata o proprietário. lado, na traseira”, detalha o atual
“Para melhorar a rigidez do conjunto, proprietário, feliz com seu “rojão”
também foram instaladas duas barras em formato de Brasilia.

ULTRAPASSANDO OS 200 KM/H


Ao elevar a potência de um Brasilia de 54 cv líquidos para 220 cv, sua
velocidade máxima original de 135 km/h sobe para 215 km/h. O cálculo
para isso leva em conta apenas a resistência aerodinâmica, mantidos
iguais os demais dados do veículo. Como o carro da reportagem foi re-
baixado, sua área frontal diminuiu, sendo possível ser ainda mais veloz,
mesmo que os pneus 20 milímetros mais largos imponham resistência
ao rolamento adicional... (Bob Sharp)

FUSCA & CIA 37


Especial
Texto: Roberto Marks Fotos: Divulgação VW

O NOVO BESOURO
A Volkswagen ESTÁ LANÇANDO O SUCESSOR DO NEW BEETLE, que vai se chamar
apenas Beetle e tem DESIGN QUE SE ASSEMELHA MAIS AO POPULAR BESOURO

38 FUSCA & CIA


A
Volkswagen aproveitou a realização mercialmente nos mercados da América do
dos Salões do Automóvel de Xangai Norte (outubro) e na Europa (novembro).
(China) e de Nova York (Estados Uni- No começo de 2012, é a vez do mercado
dos), organizados simultaneamente asiático. Na América do Sul, só no final de
em abril último, para fazer a apresentação 2012/início de 2013, conforme anunciou a
mundial do sucessor do New Beetle, que VW durante a apresentação oficial, que foi
teve sua produção descontinuada em 2010. comandada diretamente de Berlin.
O novo modelo da marca, denominado Assim como seu antecessor, o novo
simplesmente como Beetle, será lançado co- besouro também utilizará a plataforma

FUSCA & CIA 39


original do Golf, de tração dianteira, e será Especula-se que o preço da nova versão
montado somente na fábrica mexicana de no mercado americano deverá ficar em
Puebla. O modelo vai ter duas opções de torno dos 20 mil dólares, dependendo da
acabamento: Design e Sport. Nas versões mecânica e equipamentos opcionais. Já
para o mercado americano terá três ofer- para outros mercados, a VW vai oferecer
tas de motorização: 2,5 litros, aspirado, outras opções de motor e transmissão,
de cinco cilindros em linha e 170 cv; 2,0 com base na gama oferecida para o Golf,
litros TSI, de quatro cilindros em linha com a finalidade de reduzir o preço final
com turbocompressor e 200 cv e também do novo besouro.
versão de 2,0 litros TDI - Turbodiesel de
140 cv. Além disso, o comprador ameri-
cano poderá optar por câmbio manual VOLTA ÀS ORIGENS
de cinco marchas ou automático de seis Vale destacar que por ocasião da apre-
marchas nos carros com motor de 2,5 sentação a marca alemã surpreendeu a
litros, enquanto os carros com motor 2,0 opinião pública ao assumir que conside-
litros a transmissão pode ser manual de ra o novo Beetle como sendo a terceira
seis marchas ou a esportiva DSG, também geração do popular Fusca, apesar das
de seis marchas, com embreagem dupla. consideráveis diferenças na configuração

O novo Beetle terá duas opções de acabamento denominadas Design e Sport. Para o

40 FUSCA & CIA


técnica. Além disso, o Beetle do Século 21,
como define o fabricante, tem design que
se assemelha bem mais ao do besouro ori-
ginal do que o New Beetle. Este veio com
a proposta de ser uma releitura atualizada
do primeiro Fusca, no qual se destaca um
perfil mais arredondado com o detalhe da
cabine bastante avançada. Já o novo be-
souro tem capô dianteiro mais longo, com
para-brisa bem mais inclinado, enquanto a
queda do teto é mais equilibrada e a área
envidraçada reduzida em relação ao New
Beetle, o que o assemelha ainda mais ao
design do Fusca.
Outro detalhe retrô são os estribos das por-
tas, porém mais estreitos do que no besouro
original e que estão integrados aos para-
-lamas, aos quais também estão conjugados

mercado americano, serão três as ofertas de motorização, variando de 140 cv a 200 cv

FUSCA & CIA 41


O modelo estará disponível para os brasileiros apenas no final de 2012/início de 2013
os para-choques. Um detalhe exclusivo do novo
modelo é o spoiler montado sobre o capô traseiro
na versão esportiva. Rodas de liga leve com aro
de 19 polegadas e pneus de perfil baixo também
proporcionam um visual agressivo e bastante
atual à nova versão do Fusca.

EQUIPAMENTOS E DETALHES
A nova versão vem com equipamentos high-tech
como sistema de navegação por satélite, panora-
mic roof, ou seja: teto solar de vidro oitenta por
cento maior do que o do New Beetle, sendo que
o isolamento dos vidros garante proteção de 99
por cento contra a radiação UV e 92 por cento
de calor. Além disso, o novo besouro já incor-
pora o moderno sistema de partida que elimina
a necessidade da tradicional chave de ignição.
Este sistema desbloqueia o carro e permite ligar
o motor apenas ao apertar de um botão. Outro
destaque são os faróis bi-xenon.
Internamente, o novo besouro também se carac-
teriza por acabamento moderno e requintado,

42 FUSCA & CIA


mas um detalhe vai chamar a atenção dos fãs do
velho besouro: o painel relativamente simples vem
pintado na cor da carroceria, inclusive a tampa
do porta-luvas. Este detalhe segue pelas laterais
superiores das portas e do painel lateral traseiro,
característico no Fusca. O volante de direção
incorpora alguns comandos e tem desenho bem
ergonômico. Já o espaço na cabine é generoso nos
bancos dianteiro, mas apenas razoável no traseiro.

O design ficou mais esportivo em relação


ao antigo New Beetle. E passou a se
assemelhar mais ao popular besouro...

FUSCA & CIA 43


Fusca Paixão
Texto: Luiz Guedes Jr. Fotos: Lucas Pysklyvicz de Souza

DE VARIANT
PELOS ANDES
Derivado do Fusca ENCARA ALTAS ALTITUDES, ESTRADAS
POEIRENTAS E NEVE em territórios do URUGUAI, ARGENTINA E
CHILE. E cumpre o destino: chegar ao DESERTO DO ATACAMA

44 FUSCA & CIA


I
r de carro até o deserto do Atacama, pude sobre mecânica e fizemos algumas
no Chile, é uma aventura que já foi viagens como teste, a mais longa delas
encarada por muitos brasileiros. Mas com um trajeto de 2.500 quilômetros”,
esta aventura se torna mais desafiadora conta o proprietário do modelo. “Nes-
quando o veículo escolhido é uma “velha” te tempo também investi em algumas
Variant 1976, como a utilizada por um gru- melhorias, como a instalação de uma
po de quatro jovens curitibanos, liderado ignição eletrônica. Além disso, o motor
por Lucas Pysklyvicz de Souza. “A viagem foi retificado e a suspensão e o sistema
fazia parte dos meus planos há muitos elétrico foram revisados.”
anos, já que gosto muito de astronomia e o Aprovada nos testes, a Variant estava
Atacama é conhecido por possuir o melhor pronta para encarar a maior aventura
céu do mundo”, explica Lucas, mentor do nos seus já longos 35 anos de “vida”. Às
projeto. “Em 2009, após comprar minha 23 horas do dia 2 de janeiro deste ano, o
Variant, passei a estudar sobre a mecânica grupo deixou a capital Curitiba (PR) em
e a história do Fusca. E cheguei à conclu- direção ao Chuí, o ponto extremo sul do
são de que aquele era o veículo certo para Brasil, num trajeto de exatos 1.326 quilô-
a empreitada: forte, mecânica simples e metros. “Descemos pelo litoral catarinense
com bom espaço interno.” e depois passamos pela cidade gaúcha de
Ainda em 2009, Lucas convenceu outros Torres até Porto Alegre. Ao sul da Lagoa
três amigos a acompanhá-lo na aventura. dos Patos tivemos de retornar 12 km para
“Aproveitamos o ano de 2010 para nos abastecer, pois fomos avisados de que não
prepararmos. Aprendi o máximo que existem postos de combustível num trajeto

FUSCA & CIA 45


O roteiro de 9.600 quilômetros incluiu
quatro travessias de fronteiras, além
de chuva e neve a altíssimas altitudes

46 FUSCA & CIA


Nossos “hermanos”
ficaram surpresos com o
curioso Volkswagen...

s im p r o v is adas e dormir em barracas.


Parada uitas vezes teve d ria o interior do VW
m
O grupo motorista, que prefe
Exc e to o
de 200 quilômetros. Esse foi o mais longo passando ainda pelas cidades argentinas
trecho da viagem coberto em menos de 24 de Rosário, Córdoba e Mendoza. “Em Cór-
horas”, relembra Lucas. doba, o rapaz do estacionamento também
ficou maravilhado com o carro ‘diferente’,
que parecia não ter motor. Já no caminho
“¿DÓNDE ESTÁ EL MOTOR?” para Mendoza tivemos o primeiro teste
Feito o seguro Carta Verde, obrigatório em com a altitude, a 2.200 metros, sem apre-
todos os países do Mercosul, o grupo en- sentar nenhum problema.”
trou em território uruguaio, passando por A chegada a Mendoza reservou a primeira
Punta del Este antes de chegar à capital visão da Cordilheira dos Andes com suas
Montevideo. “Como a gasolina no Uruguai altas montanhas e picos nevados. A travessia
é muito cara, abastecemos apenas o sufi- para o lado chileno começou às 13 horas
ciente para chegar até a cidade de Colonia do dia 14 de janeiro. “Um pouco tarde para
del Sacramento, de onde atravessamos de aproveitar o visual encantador da estrada,
navio para Buenos Aires”, conta o dono e marcada por montanhas coloridas e pratica-
motorista do valente Volkswagen. mente sem cobertura vegetal, bem diferente
Além da arquitetura europeia, a capital da paisagem que temos aqui no Brasil”,
da Argentina chamou a atenção dos observa Lucas, encantado também com o
viajantes brasileiros pela receptividade e comportamento da velha Variant no alto
interesse que os portenhos dispensaram da Cordilheira. “Chegamos a uma altitude
à Variant. “Foi lá que percebemos como acima dos 3.200 metros e não precisei abrir
seria o comportamento das pessoas em a entrada de ar dos carburadores. O ar rare-
relação ao carro. Durante todo o tempo, feito apenas roubou um pouco a potência do
as pessoas ficavam admiradas com o fato motor, exigindo o uso da segunda marcha
de o modelo possuir dois porta-malas. E por um longo trecho”, diz.
perguntavam: ‘Y el motor, ¿donde está el Depois de encarar os famosos “caracoles”,
motor?’. Foi a frase mais escutada por nós como é conhecido o trecho de curvas
tanto na Argentina como, posteriormente, acentuadas que antecede a chegada à capital
no Chile”, diverte-se Lucas. Santiago, a Variant apresentou o primeiro
Após três noites em Buenos Aires, o grupo problema elétrico. “As luzes do pisca para-
rumou em direção a Santiago do Chile, ram de funcionar, defeito rapidamente con-

FUSCA & CIA 47


O modelo 1976 aguentou
bem a viagem, exceto por
pequenos defeitos elétricos

ho ileiros,
a s n o c am in ta pelos bras Variant
Surpres a p re v is a
não estav mas para
na estrada ndo proble
A neve ou não representa
mas acab

48 FUSCA & CIA


Apesar da idade, a Variant
cumpriu sua missão:
chegar ao Atacama!

sertado na capital chilena”, esclarece o líder metros num trajeto de apenas 60 quilôme-
do grupo brasileiro, que de Santiago rumou
para La Serena, passando por Valparaíso e
tros. “Foi uma subida muito íngreme, na
qual senti a perda de potência conforme Altitude x
Viña del Mar, onde foi possível contemplar
o Oceano Pacífico pela primeira vez. Um
aumentava a altitude. Por mais de uma hora
foi necessário o uso da primeira marcha”, potência e
aclividade
trecho de mais 850 quilômetros os levou até relembra o proprietário. “Chegamos a ver
a cidade de Antofagasta, onde foi realizada outros carros com o radiador fervendo, e
uma rápida troca de óleo. não deixamos de lembrar nas vantagens da
refrigeração a ar”, conta. “Para piorar, a cer- Nos motores de as-
ca de 3.900 metros de altitude pegamos um
MECÂNICA RESISTENTE pequeno trecho com chuva e gelo no asfal-
piração atmosférica
há perda de potência
A cidade de Calama era a próxima parada to, mas que a Variant superou com bravura
de 1% para cada 100
e também a porta de entrada do deserto para nos levar até o destino programado.”
do Atacama, o mais seco do mundo. “Ao
metros acima do nível
O caminho de volta para o Brasil apresen-
chegarmos, o carro não desligava, outro do mar. A 4.800 me-
tou ainda um último teste de durabilidade
problema elétrico rapidamente resolvido à mecânica Volkswagen. “Após passar pela
tros de altitude essa
em uma oficina local”, narra Lucas. “No cidade de San Miguel de Tucumán, na perda chega, portan-
percurso de Calama a San Pedro de Ata- Argentina, nos perdemos em uma estrada to, a 48%. Isso sig-
cama, tive que esticar a correia do alter- muito precária, sem qualquer pavimenta- nifica que dos 54 cv
nador. Antes de chegar à pequena cidade, ção e ainda por cima com chuva, situação de potência líquida
conhecemos o Valle de la Luna. Ficamos em que a suspensão da Variant se mostrou originais, a Variant
em um camping, onde tive que trocar a muito resistente”, testemunha Lucas, que chegou a rodar com
bomba de combustível, que estava vazan- faz questão de ressaltar o acerto na esco- apenas 28 cv. Já a
do. Meus amigos dormiram em barracas. lha do veículo. “O carro foi muito valente subida de 2.400 a
Eu fiz questão de dormir no porta-malas durante toda a viagem, que somou mais de 4.800 metros em 60
da Variant, com o banco reclinado. No dia 9.600 km. Rodamos a maior parte do cami- quilômetros represen-
seguinte, todos comentavam que eu havia nho a uma velocidade média de 90 km/h, ta uma aclividade mé-
acordado mais animado...” com o consumo na casa dos 12,1 km/l”, dia de 4%, bastante
Até ali, a Variant havia superado todas as diz. “Em 2012, pretendo repetir a aventura, para a altitude que os
expectativas. Mais o maior desafio ainda porém passando por outros países. Ainda quatro brasileiros en-
estava por vir: a subida de San Pedro de estou à procura de parceiros, mas o carro frentaram (Bob Sharp)
Atacama, que vai dos 2.400 aos 4.800 já está mais do que decidido”, encerra.

FUSCA & CIA 49


Caderno técnico
Texto: Luiz Guedes Jr. Fotos: Saulo Mazzoni

CABO DE EMBREAGEM Dicas!

FERRAMENTA NECESSÁRIA
chave soquete 17 mm (com catraca ou
formato de “L”) + alicate + chave de fenda

DIFICULDADE:
Dura até
acabar... TEMPO MÉDIO
O cabo de
1 hora e 30 minutos
embreagem

E
pode durar mbora os avançados sistemas embarcados venham
toda a vida útil substituindo antigos e tradicionais componentes nos
do besouro. automóveis modernos, o “velho e conhecido” cabo
Mas vale ser de embreagem ainda é o meio mais comum para
trocado numa acionar a embreagem nos veículos equipados com câmbio
restauração manual. No Fusca este sempre foi um componente bastan-
te peculiar. Trata-se de um cabo de aço trançado que corre
dentro de um conduíte: o conjunto é denominado cabo Bowden.
Bastante resistente, o cabo de embreagem pode durar por toda a vida
útil do besouro, mas ele também pode sofrer desgaste prematuro pro-
vocado pelas condições de uso e locais por onde circula. “E sua subs-
tituição é bastante trabalhosa, não devendo ser realizada por quem
não possui alguma experiência com mecânica”, alerta José Lucimar
Rodrigues, mecânico da oficina paulistana Garage Web. “Se a pessoa
arriscar e não conseguir concluir o serviço, acabará sendo obrigada a
levar o veículo de guincho até uma oficina”, diz.
De acordo com o especialista, no entanto, vale a pena trocar o cabo de
embreagem (mesmo que ele esteja em bom estado) quando o trabalho
envolver, por exemplo, uma restauração completa. “Neste caso, o reco-
mendado é fazer a substituição do componente com o chassi ainda
‘cru’; ou seja, desmontado da carroceria”, ensina Rodrigues. “Assim
fica mais fácil ter acesso aos terminais tanto na área do
motor quanto na pedaleira”, observa o especialista, que a
ensina o passo-a-passo a seguir (também realizado num
É raro, mas pode acontecer de o cabo da
chassi “cru”, para facilitar o trabalho fotográfico e melho- embreagem arrebentar, o que normalmente
rar o entendimento de cada etapa do processo). acontece junto à porca borboleta, na ponta traseira
50 FUSCA & CIA
FAÇA VOCÊ MESMO
4
! NO CASO DE BUGUES E OUTROS MODELOS DE PLATAFORMA
ENCURTADA, É PRECISO REDUZIR O TAMANHO DO CABO

1 Com a mão
ou uma chave
de fenda,
solte o cabo
do acelerador.

Com um alicate, solte


a porca borboleta para
liberar o cabo do terminal 5
próximo ao motor (se o
carro estiver montado, é Em seguida,
preciso erguê-lo num ele- solte o pino de
vador ou com um macaco trava do acio-
para ter acesso ao local). namento do
Se a porca estiver engripada, aplique um pouco de óleo cilindro-mestre
ou desengrimpante em aerosol. na base do
pedal do freio,
liberando toda
2 a pedaleira.

Agora já é possível “sacar” para fora toda a pedaleira, o que trará à mos-
tra o cabo de embreagem, antes ocultado no interior do túnel do chassi
(às vezes acontece de ele cair lá dentro, precisando ser “pescado”).

Em seguida, desencaixe o flexível e retire o cabo a ser


substituído instalado de dentro dele.

3
7

Com a chave soquete de 17 mm, retire os dois parafusos (de 12 mm,


mas com cabeça de 17 mm) que prendem a pedaleira ao chassi. Retire o cabo antigo do túnel do chassi.
FUSCA & CIA 51
Passe o cabo novo pelo conduíte existente no interior do túnel do
chassi até que ele saia na outra ponta, próxima do motor. Impor-
11
tante: é preciso lubrificar o cabo com graxa durante o movimento
de passagem pelo conduíte.

8
Em seguida, retorne o pino de trava do acionamento do cilindro-
-mestre do freio e também o cabo do acelerador.

12
Encaixe o cabo no
engate do pedal da
embreagem (localizado
9
à direita do acelerador).
Uma dica é amarrar
este encaixe, já que
qualquer movimento do
De volta à traseira do veículo passe a outra ponta do cabo de em-
pedal durante a fixação
breagem por dentro do flexível (veja Box “Dica do Mecânico”). Em
da pedaleira pode
seguida, prenda o flexível no terminal existente.
fazer com que o cabo
se solte no interior do
túnel do chassi.

10 13
Fixe a pedaleira apertando os dois parafusos com a Por fim, passe o cabo no terminal “traseiro” e fixe-o com a
chave soquete de 17 mm. porca borboleta.

! PEQUENOS CUIDADOS
Ao finalizar o serviço de troca do cabo da embreagem, é importante observar al-
guns detalhes. “O pedal, por exemplo, deve ter uma folga de 10 mm até começar a acio-
nar a embreagem”, ensina o mecânico José Lucimar Rodrigues. “É o chamado curso de
folga, para que o cabo fique relaxado.” Outra dica dada pelo especialista é sobre a troca AGRADECIMENTO
também do flexível (foto), que tem um papel importante no funcionamento do conjunto.
“A envergadura do flexível influencia no comportamento da embreagem. Ele deve ficar Garage Web
ligeiramente arqueado. Se ficar muito esticado, provavelmente a embreagem vai trepidar Rua Dr. Elias Chaves,
devido ao deslocamento do motor nos coxins em relação ao chassi. O arqueamento do 160, Santa Cecília,
flexível serve para compensar esse movimento.” São Paulo-SP
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PNEUS DE BRASILIA? BARRA


Caro Bob, qual medida de pneu radial mais se
aproxima dos 590/14 para as rodas do Volkswagen
ESTABILIZADORA
Brasilia? Elevei a cilindrada do meu
Fusca de 1600 cm³ para 2.500
Delfim Domingues dos Santos cm³ com o uso de pistões
E-mail
e bielas forjados, além de
Delfim, o 175/70-14 tem 600,6 mm de diâmetro, igual ao outros “venenos” extras.
5.90-14, de 601,3 mm (0,1% de diferença, desprezível). É O problema é que o carro,
Pirelli Cinturato P4. Mas você pode usar também o 175/80-14 um foguete nas retas, ficou
de 636 mm, mas é 5.8% maior em diâmetro. É Goodyear GP2. praticamente incontrolável
Usava-se essa medida nos Brasilias da época e iam bem. nas curvas. Uma oficina
especializada em suspensão
recomendou o uso de barras
TAMANHO É ESCAPAMENTO estabilizadoras na dianteira
e na traseira. Minha dúvida
DOCUMENTO? comTenho visto muitas matérias de besouros personalizados
escapamento de única saída (4x1). Quais as vantagens
é a seguinte: essas barras
tornarão o conjunto mais rígido
Troquei o volante do e desvantagens que a adaptação oferece referente ao
meu besouro 1973 por e, consequentemente, mais
desempenho e consumo do motor? estável? E onde essas barras
um modelo de menor
diâmetro (bem pequeno,
Evaristo M. de Carvalho são fixadas, nas longarinas?
São Paulo-SP
na verdade), o que tornou
Evaristo, o escapamento chamado 4x1 é vantajoso, sobretudo na questão do seu Pedro Carneiro
a direção bastante dura. Curitiba-PR
Como gostei do novo dimensionamento influir na faixa de potência, De um modo geral, os que existem
visual, pergunto: existe algo no mercado promovem algum aumento de potência ao elevar essa faixa para cima. Pedro, o assunto é complexo. Por
que eu possa fazer para As desvantagens são maior ruído e, certamente, ligeiro aumento de consumo. exemplo, barra estabilizadora na
tornar a direção mais leve,
porém mantendo o volante suspensão traseira só piorará a
pequeno? Caso contrário, estabilidade devido ao centro de
é viável a instalação de rolagem muito alto, resultado do
direção hidráulica no sistema de semieixos oscilantes do
Fusca? Fusca. Na suspensão dianteira sim,
cabe trocar a barra original de 12 mm
Sérgio D. Cabral
Fortaleza-CE de diâmetro por uma mais grossa.
Falamos sobre isso recentemente
Sérgio, o Fusca é um dos carros aqui na “Oficina do Besouro”,
de direção mais leve que se um leitor disse ter conseguido
conhece pelo fato de pesar pouco instalar uma barra de Kombi, que
e o maior peso estar atrás. Não há
é mais grossa. Já outro disse que
nada que faça a direção ficar mais
leve, a menos que, por exemplo, não conseguiu. Sobre barra mais
existisse uma caixa de direção
mais desmuliplicada (não existe), FREIO A DISCO grossa, peça orientação da oficina
mencionada. Em razão dessa potência
mas que teria o efeito negativo Estou restaurando um Fusca 1968, no qual pretendo toda, que deve beirar os 150 cv, será
de obrigar a girar mais o volante colocar freio a disco. Seria viável utilizar adaptador para preciso mais borracha no chão, e
para o mesmo esterçamento. Não poder usar as rodas de 5 parafusos? Outra dúvida: há mais atrás do que na frente. Estimo
há como, em termos práticos algum problema em usar rodas “fechadas”, sem ventilação,
que você consiga bom resultado
e a um custo razoável, instalar em conjunto com o freio a disco?
com pneus dianteiros de 175 mm
sistema de assistência de direção, Francis Ferrer
Araçatuba-SP de seção e traseiros, de 195 mm. Se
de qualquer tipo, que obrigaria,
antes de mais nada, a usar uma a suspensão tiver sido rebaixada e
Francis, é possível, mas é preciso que o adaptador seja muito bem feito e o as barras de direção ficaram muito
caixa de direção específica para
essa finalidade. Recomendo, mais leve possível, para que o peso não suspenso aumente pouco. Pode usar inclinadas, não é bom, piora a
por questão de pilotagem, não rodas fechadas, só lembrando que o aquecimento dos freios será mais rápido estabilidade direcional e em curva.
usar volante com menos de 34 e a perda de ação (fading) poderá surgir mais cedo. A potência de frenagem
cm de diâmetro. com freios em temperatura normal não muda, fique tranqüilo.
54 FUSCA & CIA
OFICINA DO BESOURO
LIMITADOR DE DIREÇÃO
Como leitor e colecionador da Fusca & Cia desde a primeira edição, solicito
uma informação que ainda não consegui com mecânicos, nem mesmo na Internet.
Possuo desde 1991 um Fusca alemão 1968, no qual fiz pequenas customizações,
inclusive a colocação de rodas de duralumínio de tala mais larga que as originais.
Acontece que quando esterço a direção para o lado direito sinto que a roda esbarra
na suspensão. Fui ao mecânico e com o carro no elevador constatei que existe
fixado ao chassi uma pequena haste com um parafuso de regulagem. O mecânico
me disse que está faltando outra peça como essa no lado oposto. Gostaria de
confirmar essa informação, pois o mecânico não me convenceu.

João Lauro de Oliveira Murta


E-mail

João Lauro, o eixo dianteiro do seu modelo alemão é igual ao nosso com rótulas, que começou pelo 1600
quatro-portas em 1968 e chegou ao Fuscão em 1970. Nos sistemas de direção daqui não existe batente de
fim de esterço, que é dado pela própria caixa de direção. Sobre o seu, só vendo, e para isso peço-lhe que nos
mande uma foto. De qualquer maneira, sugiro que mande ajustar a convergência cuidando para que ela seja
obtida com o braço Pitman rigorosamente alinhado com o eixo longitudinal do carro. Desse modo consegue-
se o esterço igual para os dois lados e pode ser que uma das rodas pare de tocar a suspensão.

DIESEL NO GOL?
CASA DO
Gostaria de saber se é possível (e também permitido) substituir o motor a ar
(foto) do Volkswagen Gol pelo mesmo motor a diesel que já equipou originalmente a
FUSCA
Saveiro?

Gabriel Pessoa Mecias


E-mail

Gabriel, tecnicamente é possível e relativamente simples, mas legalmente não. No Brasil só podem ser a
diesel veículos cuja carga útil seja igual ou superior a 1.000 kg ou tenham tração 4x4 com Reduzida.
CLASSIFUSCA
Para anunciar, entre em contato pelo telefone (0xx11) 3393-7757 ou escreva para veiculos@editoraonline.com.br
Importante: as informações contidas nos classificados são de responsabilidade dos anunciantes

Modelo: Fusca Alemão Modelo: Fusca Modelo: Karmann-Ghia


Ano: 1972 Ano: 1965 Ano: 1968
Motor: 2.000 cm³ Motor: 1.200 cm³ Motor: 1500 cm³
Detalhes: suspensão McPherson, teto solar Detalhes: Pneus P6000, interior em couro, Detalhes: Totalmente restaurado, aprovado pelo
original, ar-condicionado, motor preparado pelo revisado Controlar
Lossaco, bancos Recaro. Preço: R$ 17.500 Preço: R$ 65 mil
Preço: R$ 50 mil Contato: gmach_adv@yahoo.com.br, com Sidney Contato: contato@volksporsche.com.br
Contato: contato@volksporsche.com.br

Modelo: Fuscão Modelo: Fusca Modelo: Fusca 1300-L


Ano: 1971 Ano: 1973 Ano: 1976
Motor: 1.500 cm³ Motor: 1.300 cm³ Motor: 1.300 cm³
Detalhes: Comprado em leilão, com nota-fiscal, Detalhes: Totalmente restaurado, vários detalhes Detalhes: 2o. dono, muito original, necessita de
precisa de um novo chassi para poder rodar. originais, rodas “castelinho” de época. Rodas pequenos reparos.
Preço: R$ 1.700 originais acompanham. Preço: R$ 4.900
Contato: (0xx48) 8423-4062, com Luiz Fernando Preço: R$ 15.300 Contato: (0xx48) 9917-4947, com Luiz Fernando
Contato: contato@volksporsche.com.br

Modelo: Fuscão Modelo: Fusca Modelo: Puma GTE


Ano: 1971 Ano: 1955 Ano: 1977
Motor: 1.500 cm³ Detalhes: Teto solar de lona original, rodas répli- Detalhes: Restauração completa e mecânica
Detalhes: Carro 100% original, interior marrom, cas Fuchs aro 17, placa do ano revisada. Toda original.
toca-Fitas Aiko, placa preta Preço: R$ 55 mil Preço: R$ 23 mil
Preço: R$ 20 mil Contato: contato@volksporsche.com.br Contato: (0xx31) 9981-5253, com Henrique
Contato: contato@volksporsche.com.br

ANUNCIE

(0XX11) 3393-7777
56 FUSCA & CIA
CASLINI

LE MINT
CLUBE DO MÊS
O grupo já soma uma
década de existência e
mantém 25 associados

FUSCA CLUBE
SÃO ROQUE
A
ssim como a maioria dos eventos que realizamos
das agremiações, o paga como entrada 1 quilo
Fusca Clube São Roque de alimento. E toda a arreca-
surgiu da iniciativa e dação é doada pelo clube ao
do empenho de apenas dois Fundo Social da prefeitura
integrantes: Márcio Vieira e da Estância Turística de São
Marcos Oliveira, atual presi- Roque, que ajuda diversas
dente. Hoje, após uma década famílias carentes da região”,
de existência, o grupo já soma comenta Oliveira.
25 associados e promove im- Além de não cobrar dinheiro
portantes eventos periódicos. nos eventos, o Fusca Clube
O clube começou a crescer e São Roque ainda não cobra
a atrair novos participantes mensalidade de seus sócios.
após a realização do primeiro “Para se tornar um novo
encontro de Fuscas em São integrante, basta ao interes-
Roque (município da Grande sado preencher uma ficha de
São Paulo turisticamente fa- inscrição com o regulamen-
moso por suas rotas vinícolas). tos do clube. Além, é claro,
“O evento tornou-se anual e possuir obrigatoriamente um Nome: Fusca Clube São Roque
já soma oito edições. Além Fusca ou um modelo deriva- Data da fundação: 16 de setembro de 2001
disso, temos nossos encontros do”, enfatiza o presidente, Número de sócios: 25 integrantes
mensais, realizados todo pri- que conclui: “O objetivo do
meiro domingo de cada mês”, clube é reunir pessoas apai- Eventos: Encontro Anual (abril) e Reuniões Mensais (todo
enfatiza Oliveira. xonadas pelo velho besouro 1°domingo de cada mês)
O presidente da agremiação e incentivar a troca de ideias, Site: fuscaclubesaoroque.blogspot.com
faz questão ainda de ressal- experiências e informações. Contato: fuscaclubesaoroque@terra.com.br / Tel.: (0xx11)
tar o foco beneficente do clu- Resumindo: é um lugar para
be. “Todo carro participante fazer novas amizades”. 9550-5547

58 FUSCA & CIA


BILLES

RAG TOP
Encontros
Fotos: Saulo Mazzoni

Boxes colorido
Usada como área
de exposição, os
boxes de Interlagos
ficaram “coloridos”
com a quantidade
e a variedade dos
besouros presentes

O evento anual recebeu mais de 300 exemplares da linha Volkswagen a ar

Festa em Interlagos
E
m sua 19a. edição, rada a ar. Além da
o tradicional En- exposição dos modelos
contro Nacional na área dos boxes, o
do Fusca, realiza- evento contou com
do no dia 21 de abril provas de arrancada
pelo Fusca Clube do na reta principal do
Brasil, foi um sucesso. autódromo.
O palco da festa, mais Como já é de costume,
uma vez, foi o autó- no entanto, o ponto alto
dromo paulistano de da festa anual foi a tra-
Interlagos, que atraiu dicional volta na pista,
mais de 300 participan- que é quando o acesso
tes – dentre os quais ao asfalto é liberado
exemplares do popu- para todos os associa-
lar besouro e outras dos do Fusca Clube
raridades da família do Brasil, colorindo o
Volkswagen refrige- traçado de Interlagos.

60 FUSCA & CIA


Além da exposição, o evento contou com provas de arrancada na reta principal

POWER
BRAKES
Encontros

Congestionamento
nos Boxes
A fila para
entrar na pista
acabou gerando
“congestionamento”
na área dos boxes

A tradicional volta na pista foi o ponto alto do evento, que está em sua 19a. edição

Oportunidade
A participação no
evento é uma
oportunidade
única de dirigir
na pista de
Interlagos

62 FUSCA & CIA


SSR
SIXTIES PERFORMANCE CRIDE

O ARTESÃO
Encontros
Fotos Divulgação

VW’s em Osasco
r
ealizado no dia 42 besouros e duas
10 de abril, no Variant. Além do clube
estacionamento organizador, estiveram
do Osasco Plaza presentes integrantes
Shopping (Grande SP), do Madrugada Fus-
o encontro mensal ca Clube, Laskados,
(acontece todo segun- Pirituba e Fusca Clube
do domingo do mês) São Roque. As fotos
organizado pelo União foram gentilmente
Fusca Club reuniu 44 enviadas pelo leitor
exemplares, dos quais Rodolpho Caldeira.

O evento reuniu cinco clubes e 44 exemplares da família Volkswagen a ar


Personalizados
A forte presença
de modelos
customizados e
transformados
já é uma das
marcas do
evento mensal
de Osasco

64 FUSCA & CIA


CONCEPT CAR

JS SANTORO
Retrovisor
Uma propaganda inesquecível todos os meses

Dezembro de 1966 Publicado em vários idiomas e em diferentes países onde o Fusca era comercializado, a
premiada publicidade destaca no texto todas as vantagens “universais” do popular besouro, enquanto a área reservada à
imagem mostra um Sedan pequeno, como se já não fosse preciso exibir o modelo...
66 FUSCA & CIA
SÓ FUSCA
TROCAR
CAPOTAS

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