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hot rods # 77

Da gringa
Bel Air 1957 conversível
fiat 508 ballila - ford 1937 - impala 1965 - bel air 1957 - impala 1965

Rat Rod
Conheça este
estilo de vida

Ford
Business
Modelo raro no Brasil, Ford 1937 ganha
pintura vermelha e motor envenenado
ISSN 1808-9399

Fiat Ballila
ano 7 #77
R$ 12,90

Impala 1965 Águas de Lindoia


www.cteditora.COM.BR

TÉCNICA: Ajude a criar uma associação nacional de hot rods HISTÓRIA: Conheça os termos relacionados aos modelos de carros
GARAGE TECH: Acabe com as manchas de óleo no chão da garagem VITRINE: Veja sugestões de peças e acessórios para seu hot
Editorial
A união faz a força!
Uma associação que reunisse os profissionais e amantes de
hot rods, nos moldes das existentes nos EUA, daria voz à
defesa dos interesses do segmento

N
esta edição, o colaborador da Hot Rods Manoel Para isso precisamos mostrar aos órgãos competentes que
Bandeira usa o espaço de sua coluna – Técnica – temos força”. A força do movimento é a união de todos os
para lançar a pedra fundamental de uma associação clubes de todos os cantos do Brasil. Logo após a criação
brasileira que reúna profissionais e aficionados por hot da associação, e de posse do cadastro nacional de hots,
rods. Mas para quê uma entidade como essa? Ele responde: haverá uma reunião para nomear a data como sendo o “Dia
“É necessário que nos organizemos para que o movimento Nacional do Hot Rod no Brasil”. Neste dia, todos os clubes
Hot Rod possa crescer ainda mais”. Sua ideia é cadastrar o se reunirão, cada qual em sua cidade ou bairro, e haverá
maior número possível de carros para divulgar a quantidade um desfile simultâneo em todas as cidades onde houver
aproximada de hot rods existentes hoje no Brasil. Podem entrar hot rods, de norte a sul do Brasil, com arrecadação de
neste cadastro carros em construção e até mesmo aquele carro donativos que serão distribuídos regionalmente.
que está guardado há tempos, esperando uma definição de A ideia de Bandeira amadureceu em um evento do segmento,
seu dono. Quanto mais carros cadastrados, melhor. em Curitiba, e cresceu com o encontro de Águas de Lindoia,
Segundo Bandeira, o segundo passo será a criação de no mês passado. Se você acha que pode colaborar de alguma
uma associação nacional de hot rods, que futuramente maneira com essa ideia, escreva para hotrods@cteditora.com.
será um órgão fiscalizador, e deverá atuar na fiscalização br ou serralinda@netpar.com.br. E faça parte da crianção do
e homologação de novos projetos. “Nossa ideia é a “Good-Guys brasileiro”.
de ajudar na busca pela certificação de projetos e, Boa leitura e até a próxima.
consequentemente, na documentação de novos hots, Ademir Pernias e Ricardo Kruppa
auxiliando os órgãos técnicos oficiais ou particulares. editores
32
Sumário

Ford 1937
Empresário de São Paulo vive há 8 anos de
realizar seus próprios sonhos, para depois
colocá-los à venda

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Encontro Garage Tech Editor de Arte


Cesar Campion Zerbini
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XVI Encontro de Autos Antigos transportou Acabe de vez com as manchas de óleo na garagem com
visitantes ao passado em envolvente passeio pelas um procedimento no retentor do câmbio Editor de Fotografia
ruas de Águas de Lindoia (SP)s Ricardo Kruppa
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Roadster ou cabriolet, phaeton ou coupé. Enriqueça Entenda um pouco mais sobre o surgimento desta classe Dorival Sanchez Júnior
suas conversas no universo Hot Rods com termos de hot rods e acompanhe o passo a passo da construção
relacionados aos modelos de carros de um modelo da categoria Assinaturas e Atendimento ao Leitor
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O passeio pela Rota 66 continua por território Modelo 1932 da Fiat, o Ballila foi um símbolo do início
Hot Rods
indígena, cidades-museus com atrações e compras do fascismo italiano. Este, restaurado como hot em A Hot Rods é uma publicação mensal da Crazy
para turistas e, claro, muita cultura hot Curitiba, é um dos únicos no Brasil Turkey Editora e Comércio Ltda. • Redação,
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Impala 1965 Bel Air 1957 E-mail redação
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Jornalista Responsável
Modelo é reformado para ser um meio termo entre Integrante da segunda geração da Chevrolet, modelo Ademir Pernias - MTb 25815
um hot rod e um nostálgico. Um clássico 1957 integra lista dos mais clássicos hots americanos Impressão e Acabamento
para todos os gostos Prol Editora Gráfica
Uma volta
Encontro de Autos Antigos

pelo passado
O XVI Encontro de Autos Antigos transportou
visitantes ao passado em envolvente passeio pelas
ruas de Águas de Lindoia, em SP
Texto: Natália Inzinna_Fotos: Ricardo Kruppa
U
ma vez ao ano, a cidade de Águas de Lindoia, em
Encontro de Autos Antigos

São Paulo, é transportada ao passado. E caminhar


pelo centro da pequena cidade é como fazer uma
visita nostálgica às ruas de antigamente. Isto acontece
porque um evento toma conta do lugar: é o Encontro de Autos
Antigos, que completou 16 anos em 2011 e reúne centenas
de automóveis antigos.
Neste ano, a XVI edição do encontro aconteceu entre os dias
23 e 26 de junho e contou com 600 expositores. Número
expressivo, se considerarmos que no início de sua história, em
1996, o evento recebeu 180 expositores e 35 mil visitantes. O
crescimento do Encontro de Autos Antigos de Águas de Lindoia
fez com que este se tornasse o maior evento do segmento na
América Latina – o parque de diversões de apaixonados pela
história e beleza dos carros antigos.

Raros e especiais
E, claro, entre clássicos de todos os tipos, não faltaram Hot
Rods, representados por, aproximadamente, 100 carros.
Em um espaço exclusivo, foram vistos diversos estilos: Street,
Muscle, Picapes, Ratos, Pony Car e outros. O destaque ficou
por conta do Roadster 1932, de Curitiba, com mecânica 302
oito cilindros e cabeçote em alumínio.
Entre os originais, há quem diga que todos os olhos foram

Na outra página Ford Roadster 1930. À direita, Ford 1929.


Abaixo, Modelo A feito de alumínio: carros premiados

Hot Rods 8
9 Hot Rods
magnetizados em direção ao centro da praça, onde 12 Rolls
Encontro de Autos Antigos

Royce foram estacionados. Os veículos ingleses contagiaram


os visitantes com modelos raros, como o Silver Wraith marrom,
produzido em 1952, com carroceria H. J. Mulliner e o
Phanton I fabricado em 1928, sendo que existem apenas seis
exemplares como este em todo o mundo.

The Best of
A Meguiar’s, marca de embelezamento automotivo, realizou
um concurso especial, o “The Best of Show”. Uma comissão de
profissionais da empresa avaliou os carros expostos no evento
e elegeu o mais belo: o Mercedes-Benz 320 Roadster. O
automóvel irá direto para o SEMA Show, em Las Vegas, e será
exposto no estande da marca.
Já o “The Best nacional” do ano foi o Furia GT, obra de Toni
Bianco. Com apenas cinco unidades produzidas, o bólido
possui mecânica Alfa Romeo e deu origem ao Bianco S.
Os apaixonados por essas belezas antigas – sejam clássicos
ou hot rods – são convidados a se deslumbrarem através do
passeio por Águas de Lindoia. Ainda bem que tem todo ano!

Hot Rods 10
Na página à
esquerda: Chevy
1939 e Che-
vrolet 1938. À
esquerda, Ford
1939. Abaixo
dele, Chevrolet
1946 e, no pé
da página, Che-
vrolet 1938

11 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

No alto, exemplar de Impala. À esquerda,


Bel Air 1935 e, acima, Ford 1937. Abaixo,
Impala 1965 e Dodge RT. À direita, rat de
Donizete Costalonga e Bel Air 1956

Hot Rods 12
13 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

Acima, no centro,
Studebaker.
À esquerda, F-100
do customizador
Batistinha. Kombi
e Cobra também
deram o ar da
graça em Lindoia

Hot Rods 14
15 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

Hot Rods 16
À esquerda, picape F1 e Marta Rocha do
rodder Castanon. À direita, no alto, carros
da Tec Art, um Ford 1937 e um Ford Tudor.
Na foto maior, caminhão Fargo 1946.
Abaixo, Chevrolet 1934 e Willys 1941

17 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

Hot Rods 18
Na página à esquerda, El Camino 1974,
Dodge Charger RT e Chevrolet El Camino
com motor 350. Àbaixo, na área dos hots, o
pequeno Rafael, 2, com seu Ford 1940

19 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

Mustang, Fiat,
Rolls Royce e
Mercedes 1928
também estavam
entre as atrações
em Águas de
Lindoia (SP)

Hot Rods 20
21 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

À esquerda, Cady
1954. À direita,
Bel Air 1955,
Ford Modelo F6
1954 e Kaiser
1958

Hot Rods 22
23 Hot Rods
Encontro de Autos Antigos

Estande da Studio Phoenix,


de Curitiba. Abaixo, espaços
das empresas Tec Art, Brax
Trading e San Diego

Hot Rods 24
25 Hot Rods
Chão limpo!
Acabe de vez com as manchas de óleo na garagem com
Garage Tech

este procedimento no retentor do câmbio

A
quelas manchas no chão da garagem causadas por
vazamentos de óleo tiram do sério qualquer dono de
carro, ainda mais se o carro em questão for um hot
rod. Nesta edição, vamos ver como sanar mais um
vazamento do câmbio, no retentor frontal, posicionado em uma
peça chamada “moringa”.
Dúvidas e sugestões, escreva para suporte@hot-custons.com.br.
Até a próxima.

01 02
Texto e Fotos: Norberto Jensen - suporte@hot-custons.com.br

Visão do eixo piloto, que sai do câmbio para se ligar ao motor. A peça central, pela qual Comece soltando os parafusos que prendem a caixa seca ao corpo do câmbio
passa o eixo, é a moringa do câmbio, onde está o retentor que iremos trocar

03 04 05

Retire e guarde com cuidado todos os parafusos Solte a caixa seca do câmbio Retire-a através do eixo piloto
06 07 08

Solte os parafusos que prendem a moringa ao câmbio Retire também os parafusos e identifique-os, para facilitar Com um martelo de borracha, descole a moringa
na hora da remontagem do corpo do câmbio

09 10

Puxe e retire a moringa Moringa retirada do câmbio

11 12 13

Com a ajuda de uma cunha, tente retirar o retentor


da parte interna Se tiver dificuldades, utilize um martelo para ajudar O retentor retirado da moringa

14 15

Se houver dificuldade para retirar os resíduos de cola e junta, utilize a escova


Raspe e lixe a superfície da moringa que se encosta ao câmbio
de aço de um esmeril

27 Hot Rods
16 17 18
Garage Tech

Com o apoio de uma base circular, prense o retentor na


O novo retentor a ser instalado Se não tiver uma prensa, utilize um martelo
moringa

19 20

O retentor já instalado Passe adesivo na base da moringa

21 22 23

Coloque a junta de vedação Após passar cola na outra face da junta, coloque a Aponte os parafusos de fixação
moringa no câmbio

24 25

Aperte todos os parafusos de fixação Coloque a caixa seca no câmbio e instale o câmbio de volta ao veículo

Hot Rods 28
29 Hot Rods
Vocabulário
Hot Rodding (2ª p a r t e )
História

Roadster ou cabriolet, phaeton ou coupé. Enriqueça


suas conversas no universo Hot Rods com termos relacionados
aos modelos de carros

N
a edição do mês passado,
discorremos sobre vários termos
relacionados ao hot rodding,
como high boy, street rod, custom
e outros. Como o assunto é longo, nesta
edição escolhemos mais alguns termos,
agora relacionados ao modelo do
carro. No mês que vem teremos ainda
mais termos para enriquecermos com
estrangeirismos a nossa querida língua
portuguesa brasileira (mesmo porque se
não fossem os estrangeirismos, até hoje
estaríamos falando latim...).
Texto: Aurélio Backo_Fotos: Divulgação

Roadster: Que palavra linda! A tradução deste termo seria


algo como “estradeiro” e designa um carro aberto de dois
lugares, em geral da década de 1930. Seu porta-malas longo
pode ser equipado com um banco adicional e transportar mais
dois passageiros. Este banco é chamado de “banco-de-sogra” Cabriolet: Este seria algo como um “roadster” de luxo.
- os passageiros ficam expostos ao vento, poeira e se molham Enquanto o “roadster” tem cortinas plásticas nas laterais, o
numa eventual chuva... Um modelo destes “envenenado” era “cabriolet” tem vidros que sobem e descem. Não é muito
chamado de “hot roadster”, que com o tempo passou a ser popular para montagem de hot rods pela maior raridade e
chamado “hot rod”. Este é “o” clássico! pelo seu aspecto mais luxuoso do que esportivo.
Phaeton: Modelo aberto e de quatro portas produzido até a Sedan: Um carro sedan seria algo como um carro “normal”
década de 1940. Não é muito apreciado para a montagem (considerando que nossa ênfase são carros americanos até a
de um hot rod, talvez porque, como se dizia até a década de década de 70). O sedan tem carroceria fechada, um banco
80, quatro portas é táxi! dianteiro e outro traseiro, duas ou quatro portas, e estas portas
sempre têm molduras fixas ao redor das janelas.
Coupé: Esta é outra palavra bonita! O coupé é um carro
fechado feito para levar o seu dono, portanto é sempre duas
portas. Outra característica é o porta-malas longo, em especial
até a década de 40. Depois do roadster este é o preferido
para a montagem de um hot rod.

Tudor: Nome adotado pela Ford de 1928 até 1948 para seus


carros sedan de duas portas. A origem deste termo vem de
“two-door” (duas portas).
Três Janelas: Esta expressão é usada para chamar o coupé
que tem nas laterais apenas as janelas das portas. A contagem Fordor: Nome adotado pela  Ford de 1928 até 1948 para
seria uma janela para cada porta e uma na traseira. A seus carros sedan de quatro portas. A origem deste termo vem
pegadinha aqui é que o para-brisa nunca é contado. Um de “four-door” (quatro portas).
“three-window” famoso é o Ford 34 do filme California Kid.

Hardtop: Modelo de carro fechado de duas ou quatro


portas que não tem colunas ao redor dos vidros. O
Cinco Janelas: Se o coupé tem janelas laterais após as portas, objetivo era ter um carro com as linhas leves de um
este é chamado de “5 janelas”. Este termo não existiria se não conversível, mas com um teto fixo. A GM foi a pioneira
houvesse, em um mesmo ano e fabricante, modelos coupé na produção destes modelos, em 1949. Inicialmente estes
com e sem estas janelas adicionais. Um bom exemplo é o eram apenas duas portas, mas o sucesso foi tal que, em
Ford, que em vários anos oferecia as duas versões num mesmo 1955, o modelo com quatro portas passou a ser ofertado
ano (até hoje não decidi qual é o mais bonito, pois enquanto e com grande aceitação.
o 3 janelas é o mais elegante, o 5 janelas tem algo que me
agrada muito: a porta menor). Um “five- window” famoso é o Aurélio Backo (aureliobacko@gmail.com) é proprietário da
Ford 32 placa THX-138 do filme American Graffiti. Lakester, fabricante de carrocerias de fibra.

31 Hot Rods
Ford 1937
Texto: Flávio Faria_Fotos: Ricardo Kruppa

Máquina de
fazer amigos
Há oito anos, empresário de São Paulo vive de
realizar os próprios sonhos, para depois vendê-los
N
ão são raros, aqui na Hot Rods, os casos de pessoas que transformam a
Ford 1937

paixão por hots em profissão. Elas vivem o sonho de todos nós, que todos
os meses acompanhamos os melhores projetos do Brasil e do mundo nas
páginas da revista. Este é o caso, também, do proprietário deste Ford 1937.
Oito anos atrás, desempregado, o atual empresário Antonio Marin, de 50 anos,
não imaginava que o seu hobby se tornaria um meio de vida. “Eu reformei um carro
antigo, um amigo meu gostou e comprou. Então comprei outro carro, reformei, outro
amigo quis comprar, e eu vendi. O negócio acabou aparecendo por acaso”, conta o
atual proprietário da Marin Olds (www.marinolds.com.br). Marin define seu negócio
da seguinte forma: “É um hobby, uma máquina de fazer amigos e, por último, uma
fonte de renda”. Completa o empresário: “No meu trabalho eu realizo os meus
sonhos, para depois vendê-los aos outros”.
Um sonho recente realizado por Marin foi reformar um Ford 1937 Business
coupé, adquirido há um ano e meio aqui mesmo no Brasil. Segundo Marin, este
é um modelo raríssimo por aqui. “Até onde eu sei, o meu carro é um exemplar
único”, afirma. Perguntado sobre se venderia este Ford caso aparecesse uma boa
oportunidade, o empresário foi enfático: “Teria que ser uma excelente proposta”.
Interessados?

Pintura vermelha com pigmen-


tos PPG, grade dianteira da Race
Chrome, retrovisores sob medida e
rodas American Racing compõem o
visual externo deste Ford 1937

Hot Rods 34
35 Hot Rods
Ford 1937

Hot Rods 36
Lata perfeita Simplicidade clássica
Quando estacionou na empresa de Marin, a lata do Por dentro, Marin apostou na simplicidade original do modelo,
Ford 37 esta­va “perfeita”, mas foram feitos alguns ajustes o que deu certo. O volante é da marca Grant, revestido com
na funilaria. Na hora de decidir a cor, depois de muito couro na borda, mesmo material que reveste os bancos e as
pesquisar, Marin decidiu pelo vermelho e utilizou pigmentos portas. A bola de câmbio também é da marca Grant. Os
da PPG para preencher a lataria. instrumentos são originais, só foram restaurados para terem um
A grade dianteira foi produzida pela Race Chrome. Os bom funcionamento com a nova mecânica.
retrovisores externos foram feitos sob medida. Detalhes externos
mais difíceis de ser encontrados foram importados dos Estados 302 apimentado
Unidos. O vidro dianteiro é basculante, um detalhe original do Dentro do cofre do 37 está montado um propulsor Ford 302”,
modelo, mantido pelo proprietário. original do Maverick GT. Diferentemente dos antigos V8 que
As rodas são da American Racing, 15x7 na dianteira e na originalmente equipavam os modelos de 1937, o 302” tem
traseira, montadas em pneus 195/70 na frente e 245/60 atrás, 5.0L de cilindrada e 200cv originais. Mesmo com essa boa
o que deu um visual bastante esportivo ao hot. potência, Marin decidiu dar uma “apimentada” no Ford, com

Interior manteve estilo clássico com


volante Grant revestido de couro,
bola de câmbio da mesma marca e
instrumentos originais restaurados e
adaptados à nova mecânica

37 Hot Rods
pistões de cabeça plana, comandos mais bravos e carburador
Ford 1937

quadrijet de 600cfm de vazão.


O câmbio é mecânico, de quatro marchas, também herdado
de um Maverick. A suspensão é do Opala na dianteira e
original na traseira.
Segundo Marin, seus carros são para uso diário. Com ele
não existe esse negócio de tirar o carro da garagem só para
encerar. “Muito pelo contrário. Meus carros são para usar,
faça chuva ou faça sol. Eu inclusive gosto muito de viajar com
eles. O empresário contou, inclusive, que na última edição do
encontro de antigos e hots em Águas de Lindoia, ele acabou
tomando uma chuva torrencial na volta que serviu para atestar
a segurança do seu carro até em dias de mau tempo. Marin
contou ainda ter planos mais ambiciosos para um futuro
próximo. “Estou terminando outro Ford 37 daqui alguns meses
e pretendo colocar meus carros na estrada, conhecer o Brasil a
bordo de um hot”, conta o empresário.
Esperamos que ele nos mande fotos. Nossos leitores com certeza
ficarão felizes em acompanhar os detalhes desta aventura!

Quem fez:
Reinaldão e André (mecânica). Tel.: (11) 3873-7707.
Pistola (tapeçaria). Tel.: (11) 6838-8160.
Hot & Custons (adaptações). Tel.: (11) 7810-3472.
Giovan (funilaria e pintura). Tel.: (11) 2741-0949.
Oficina Street (elétrica). Tel.: 9*309367 (Nextel)

Motor Ford 302” original do Mave-


Ficha tÉcnica
rick ganhou pistões de cabeça plana e
Ford 1937
comandos bravos nas mãos de Marin
Parte externa
Pintura vermelha PPG
Acessórios importados
Grade dianteira feita sob medida
Rodas 15” American Racing
Pneus 195/70 e 245/60

Parte interna
Painel original
Bancos em couro
Instrumentos originais
Volante Grant
Bola de câmbio Grant

Mecânica
Motor Ford V8 302”
5.0L
200cv de potência original
Pistões de cabeça plana
Comandos de válvulas esportivos
Câmbio mecânico de quatro
velocidades
Suspensão dianteira de Opala
Suspensão traseira original

Hot Rods 38
39 Hot Rods
Rat Rod: um
Especial

estilo de vida
Entenda um pouco mais sobre o surgimento desta classe de hot
rod e acompanhe o passo-a-passo da construção de um modelo

M
ais importante do que buscar creditar a um grupo ou
entidade o pioneirismo da cultura rat rod é entender o
movimento social responsável por seu surgimento. Há
quem diga que, originalmente, seus primeiros passos
foram uma forma de resposta as customizações e restaurações de
custo elevado. Para outros, surgiram de forma natural durante a
grande crise econômica que assolou os Estados Unidos a partir de
1929 e perdurou até o desfecho da Segunda Guerra Mundial.
De uma maneira ou de outra, com seu berço nitidamente
ligado a questões socioeconômicas que extrapolam qualquer
tipo de modismo ou estilo, os rat rods rapidamente ganharam
personalidade e se tornaram uma bandeira levantada por
distintos grupos sociais – punks, rockabilies, greasers – que
em comum possuíam mais do que a paixão por automóveis:
a necessidade de se expressar.
Mas não são apenas os integrantes da chamada contra-
cultura que anseiam pela patente deste movimento. Isso
porque um grupo ainda mais numeroso e apaixonado
rapidamente abraçou a mesma ideia: homens de todas as
classes sociais, de todos os cantos dos Estados Unidos, que
enxergavam nos automóveis um estilo de viver.
Principalmente à época de seu surgimento, os rat rods
priorizavam a utilização de motores V8, simplesmente
porque boa parte da primeira safra de hot rods utilizava
esta motorização. Mas essa característica tem pouquíssima
importância quando falamos de rat rods, pois sua alma é
Texto e fotos: Ricardo Kruppa

puramente estética: pintura não brilhante, com preferência para


ferrugem e uso de peças originais, ou não, antigas.
O rat rod, como qualquer outro hot, possui segurança em sua
estrutura, como chassi, suspensão, freios, caixa de direção,
motorização, câmbio e diferencial em perfeitas condições, sob
uma carcaça com aparência desgastada.
Uma das principais características desta cultura é a liberdade
total que o proprietário tem para fazer do veículo uma obra
sem qualquer tipo de regra ou padrão.
Início da montagem do chassi e do motor do rat: peças
ainda pelo chão e espalhadas pela bancada da oficina
Especial

Nesta página,
momentos da
montagem do
motor e da
suspensão do
futuro rat. Na
página à direita,
a construção da
caçamba, com
madeira angelim

Hot Rods 42
Posteriormente a denominação rat rod passou a ser Com relação ao aspecto visual, este rato apresenta uma
utilizada para fazer referencia a qualquer hot rod que tenha cabine de um Ford 1929 com pára-lama traseiro do modelo
a aparência de um projeto inacabado ou que foi construído Tudor 1930 e lanternas do Ford 1939. A caçamba, por sua
simples e unicamente com o intuito de transportar o vez, foi feita sob medida – com madeiras de angelim – e
condutor sem qualquer tipo de preocupação com a estética. cantoneiras de ferro, que foram adquiridas em ferro-velho.
Contraditório, não? Os faróis originais foram mantidos e as lanternas dianteiras
(não existentes no modelo original) foram agregadas sendo que
Picape Ford 1929 sua origem é inacreditavelmente desconhecida. Completam
Para exemplificar tudo o que envolve a construção de um as características da parte externa do rato colete do radiador
rat rod, nossa reportagem acompanhou passo-a-passo e para-choque originais do modelo 1929. O rato desfila com
o surgimento dessa ratoeira. Foram mais de três meses pneus 185x80Rx14 que envolvem rodas do Opala com faixa
garimpando e pechinchando peças, desde uma suspensão de branca, calotas e aro da roda cromado.
Opala até a madeira de demolição que constitui a caçamba. No interior são utilizados assentos da época que, por se
Com todas as peças na oficina, o projeto tem início pelo encontrarem deteriorados devido ao desgaste natural do
chassi – verificação de trincas e alinhamento – e prossegue tempo, foram cobertos com manta mexicana. No assoalho,
com a montagem da suspensão (como geralmente essas peças por sua vez, foram utilizadas madeiras de demolição. As
são oriundas de desmanches apresentam desgaste e exigem a pedaleiras adotadas são extraídas de um Opala e o pedal do
substituição de buchas e outras peças). acelerador é assinado pela marca Mooneyes. A manopla de
Não podemos esquecer que o rato irá transitar como câmbio utilizada é uma réplica de granada utilizada durante a
qualquer automóvel, portanto, exige o máximo de atenção e Segunda Guerra Mundial.
responsabilidade em todos os quesitos de segurança. O interessante é que todos percebam que, dentre todas as
Chega então a hora de voltar as atenções para a motorização: categorias de hot rods, os ratos são os que possuem o menor
no caso foi selecionado um motor quatro cilindros modelo custo de construção e exigem um menor tempo de trabalho.
151 da GM com câmbio quatro marchas, também GM, com No caso, este rato Ford 1929 levou 25 dias para ser montado
diferencial do Opala quatro cilindros. A mecânica também e custou R$ 21 mil, além da mão-de-obra. Confira o processo
utiliza caixa de direção (do Opala) com a coluna de direção, de construção deste rato no canal da revista Hot Rods no
e volante, do Ford modelo A 1929. Youtube: www.youtube.com/user/revistahotrods

43 Hot Rods
Especial

00
Cabine - R$ 6.000,

Retrovisor - R$ 80,0
0

o - R$ 100,00
Madeira de demoliçã Ferro da caçamba -
R$ 80,00

Banco - R$ 300,00

rd 39
Lanterna modelo Fo
R$ 250,00 Manta mexicana - R$
180,00

Parte elétrica - R$ 20
0,00

ixas e calotas
Jogo de pneus, fa0, Bateria - R$ 220,00
R$ 1.60 00

Cilindro de roda - R$
60,00
- R$ 300,00
Madeira do assoalho
200,00
Amortecedores - R$ Diferencial de Opala - R$ 200,00
Escapamento - R$ 25
0,00

Hot Rods 44
Painel - R$ 300,00

odelo A
Coluna e volante00M
R$ 40 0,

Câmbio 4 marchas
- R$ 800,00

Bocal da gasolina 150,00 Tampa do radiador


R$ 80,00 Cilindro mestre - R$ - R$ 80,00

Motor 4 cilindros re
completo - R$ 2.50tificado
0,00
00
Radiador - R$ 700,

Farol - R$ 320,00

0,00
Para-choque - R$ 35

Pinça de freio
R$ 130,00

Coxim do câmbio Pastilha de freio


R$ 60,00 R$ 35,00

Coxim do motor Disco de freio


R$ 50,00 - R$ 500,00 R$ 180,00
Suspensão dianteira
Chassis Modelo A -
R$ 2.000,00 Jogo de rodas - R$
200,00
250,00
Caixa de direção - R$
Pedaleira - R$ 200,00 Esquema mostra a estimativa de
preço das peças e acessórios para a
construção do rat. Pesquisa foi feita
12 0,00
Trava do capô - R$ no Brasil e os preços são médios

45 Hot Rods
Especial

Sinais de ferrugem, motor com


marcas de desgaste e caçamba de
madeira bruta: assim é um rat rod

Hot Rods 46
Manta mexicana sobre assento da
época, pedaleiras de Opala e manopla
que imita granada: exclusividade

47 Hot Rods
Nosso Good-Guys
Técnica

Que tal a criação de uma associação para defender


os interesses dos rodders nacionais e valorizar o trabalho de
preservação desta cultura?
Texto: Manoel G. M. Bandeira_Fotos: Divulgação
C
hegou a hora de organizarmos definitivamente o movimento ideia é a de ajudar na busca pela certificação de projetos e,
Hot Rod no Brasil. Pedimos a todos que fazem parte de consequentemente, na documentação de novos hots, auxiliando
algum clube de Hot Rod, em qualquer lugar do Brasil, que os órgãos técnicos oficiais ou particulares. Para isso precisamos
entrem em contato com a revista Hot Rods, enviando dados mostrar aos órgãos competentes que temos força. Nossa força
do seu clube, como número de sócios, data de fundação etc. é a união de todos os clubes de todos os cantos do Brasil. Logo
Vamos cadastrar todos os clubes existentes no Brasil. Se após criarmos a associação, e de posse do cadastro nacional
você está pensando em montar um clube, a hora é agora. É de hots, faremos uma reunião na qual iremos nomear uma data
necessário que nos organizemos para que o movimento Hot como sendo o “Dia Nacional do Hot Rod no Brasil”. Neste dia,
Rod possa crescer ainda mais. todos os clubes se reunirão, cada qual em sua cidade ou bairro,
Queremos cadastrar o maior número possível de carros para e faremos um desfile simultâneo em todas as cidades onde houver
podermos divulgar a quantidade aproximada de hot rods hot rods, de norte a sul do Brasil, com arrecadação de donativos
existentes hoje no Brasil. Podem entrar neste cadastro carros que serão distribuídos regionalmente.
em construção e até mesmo aquele carro que está guardado Evidentemente que isso chamará muito a atenção da mídia,
há tempos, esperando uma definição de seu dono. Quanto por isso é importante que tenhamos o maior número de hots
mais carros cadastrados, melhor. nas ruas neste dia. Um evento deste porte certamente mostrará
O segundo passo será a criação de uma associação nacional às autoridades de nosso país que temos enorme força. As
de hot rods, que futuramente será um órgão fiscalizador, e deverá autoridades interessadas podem, desta forma, ajudar a
atuar na fiscalização e homologação de novos projetos. Nossa facilitar a documentação e emplacamento de novos projetos
e a liberação junto aos órgãos de controle de poluição. A
associação deve tratar de outros assuntos de nosso interesse
Evento de hot rods nos EUA: lazer para famílias e incremen-
também, como a importação de peças e de carros, montados
to à cultura de preservação da memória automobilística ou não, redução ou isenção de impostos, e também, quem
sabe, um acordo entre o Mercosul pelo qual possamos
importar carros considerados como ferro-velho dos nossos
vizinhos Argentina e Uruguai, sem carga tributária.
O que acontece hoje é um crime contra a preservação mundial
de automóveis antigos, pois Argentina e Uruguai têm um enorme
número de carros inteiros e/ ou parciais, e não tem mercado
consumidor para eles. Já o Brasil, que tem um movimento Hot Rod
muito forte, sofre por não ter matéria-prima básica, que são as
carrocerias que apodrecem em nossos vizinhos.
Como já falamos várias vezes em outras oportunidades, o
movimento Hot Rod é um movimento cultural. Diferentemente
dos carros antigos originais, que preservam a originalidade de
máquinas como foram projetadas pelas fábricas, o movimento hot
rod preserva uma maneira de pensar e agir, que vai muito além
dos carros. O homem sempre buscou uma maneira pessoal e
individual de demonstrar sua criatividade. Há 200 ou 300 anos,
fazia isso através da pintura, escultura, literatura, música etc. No
século XX, e agora no século XXI, com a revolução industrial,
esse mesmo espírito revolucionário, essa mesma necessidade de
criar e de mostrar ao mundo o que se passa dentro de cada um,
essa mesma força que em outros tempos inspirou Leonardo Da
Vinci e Mozart, entre outros tantos, a criar as maravilhas da arte
que conhecemos hoje, esse mesmo espírito criador e aventureiro,
motivou os rodders inicialmente nos EUA e depois por todo
mundo, a criar e inovar, saindo do lugar comum e dando
personalidade aos carros que desta forma deixaram de ser um
meio de transporte e se tornaram verdadeiras obras de arte.
Não se contentando com o lugar comum, esses pioneiros
sonharam e realizaram seus sonhos, são eles que nos
inspiram a fazermos nossos carros até hoje.
Vamos nos unir. A hora é agora, entre em contato pelo e-mail
hotrods@cteditora.com.br ou serralinda@netpar.com.br. Informe
seus dados e envie uma foto do seu hot. Vamos fazer o cadastro
nacional dos hots e dos clubes, unidos poderemos melhorar em
muito o movimento Hot Rod no Brasil.

49 Hot Rods
Put Your Kicks
on Route 66 (2ª p a r t e )
Cultura Hot

Nosso passeio continua por território indígena,


cidades-museus com atrações e compras para turistas e,
claro, muita cultura hot rod

N
a edição anterior, dei algumas dicas e contei um pouco do que vi e aprendi na
minha recente “aventura” pela Mother Road dos Estados Unidos, a Route 66. 1.
Falei que, na companhia de Ricardo Fallero e Danny Doll, escolhemos fazer o
trecho mais longo ainda intacto da 66, as 162 milhas que separam Seligman
e Kingman, no Arizona, saindo de Las Vegas rumo ao Grand Canyon. Quatro dias e
duas noites de paisagens exuberantes e muita, muita informação sobre cultura pop norte-
americana e (por que não dizer?) “cultura hot rod”.
Contei sobre Hoover Dam e seus cenários arquitetônicos estupendos. O ferro-velho cheio
de clássicos na beira da estrada. A cidade de Kingman (AZ), onde se pode comer no
Mr. D’z e visitar a Dunton Motors. Falei ainda das cidades-fantasmas de Valentine (AZ) e
Truxton (AZ), e deixei a dica do Frontier Motel, que existe desde 1952.
Nesta edição, como prometido, vai o restinho da história:

Peach Springs 1.2


Localizada a oeste do Grand Canyon Caverns na Rota 66. Nesse trecho a estrada
serpenteia pelas terras dos índios Hualapai, numa reserva indígena que abrange
mais de um milhão de acres, incluindo 108 milhas do rio Colorado e do Grand
Texto: Victor Rodder_Fotos: Victor Rodder e Ricardo Fallero

Canyon. É lá a sede tribal da reserva.


O “Povo dos Pinheiros Altos” como são conhecidos os índios Hualapai, vêm
ocupando estas terras há mais de 1.400 anos. E foi através desta parte do Grand
Canyon que os primeiros visitantes conseguiram acessar a parte baixa do selvagem
rio Colorado. Daqui se tem acesso a uma das últimas partes “não desenvolvidas” do
Grand Canyon. A Diamond Creek Road é a única estrada conhecida que possibilita
chegar ao fundo do cânion e às margens do rio Colorado. Mas prepare-se: são 21
milhas de estrada de chão muito precária.

Grand Canyon  2.
A parte oeste do Grand Canyon - The Grand Canyon West, está localizada no
lado sul do rio Colorado e está fora do limite e jurisdição do Serviço Nacional de
Parques dos EUA. O território é gerenciado pela tribo Hualapai, que oferece aos
seus visitantes não só a possibilidade de fazer camping e rafting, como até mesmo a
caça e pesca. Mas esses índios de bobos não têm nada. Cobram uma boa grana
para permitir o acesso a qualquer parte de sua reserva e vêm, pouco a pouco,
transformando este pedaço do Grand Canyon em um grande parque temático. E,
diferentemente dos demais parques temáticos e pontos turísticos dos EUA, aqui os
índios não fazem muita questão de ser amáveis ou gentis. Na verdade chegam a ser
até meio arrogantes às vezes. Então, prepare o bolso e não espere um “Disney day”.
3. 4. 5.

6.1 6.2

7. 7.1 8.

1 - Uma dica importante se você pretende ir até a margem do Colorado, seja para fazer rafting (uma 5 - O trio de aventureiros em Hackberry.
das opções de turismo oferecidas no local), seja somente para conhecer: passe primeiro no Hualapai
Lodge, em Peach Springs, e compre os tickets. A entrada da estrada é aberta, sem nenhuma “restrição de 6 - Apesar de ser uma das cidadezinhas mais bacanas da 66, uma quantidade enorme de manequins
acesso”. Tem apenas uma placa dando uma série de informações sobre o local, que a estrada é ruim, que muito “mal-acabados” espalhados por todo o canto dão um ar meio macabro a Seligman.
são 21 milhas, blá, blá, blá... e a parte que fala da necessidade de se ter autorização para o acesso está
lá no final, em “letras miudas”. Só quando você chega lá embaixo, pertinho do rio, é que tem uma placa 6.1 e 6.2 - Algumas das lojas de Seligman: Return to the 50s e Angel & Vilma’s gift shop.
ENORME avisando que sem os tickets, multa de US$500,00 por cabeça!
7 - Em Seligman, uma lanchonete chamada Westside Lilo’s Cafe oferece ótima comida alemã
1.2 - Diamond Creek Road: 21 milhas de estrada de chão à beira no cânion. sem placas, sem acosta- e americana! Lilo é uma jovem senhora alemã, muito simpática. Lá conhecemos “3 crazy
mento e sem sinal de celular. No final da “trilha”, o rio Colorado germans” como eles mesmo se intitulavam: Marc, Renato e Tom. Marc tem uma oficina de
restauração de carros e hots na Alemanha e tinha vindo para os EUA com mais dois amigos
2 - Em Peach Springs, um posto de gasolina abandonado na beira da estrada é uma das atrações locais buscar esse carrinho aqui, que ele comprou em LA desse jeito, prontinho, por US$25.000,00.
Eles já estavam há duas semanas rodando com o carro e iam fazer a 66 de ponta a ponta! No
3 - Skywalk – uma passarela de vidro que se projeta para fora do cânion e que deveria, ao menos em youtube procure pelo perfil “USA2DE” e acompanhe toda saga desse pessoal muito bacana e
tese, dar a impressão de se estar andando nas nuvens! Mas não é bem assim. Na minha escala de adren- que estava lá “vivendo o sonho” de todos nós.
alina, foi nivel 2 (fraco)! Valeu por poder ficar apavorando os gringos medrosos e pela vista realmente
maravilhosa do cânion e do Colorado abaixo. Mas nada que não se veja de fora. US$26,00 a voltinha e 7.1 - Um dos “nativos” de Seligman, após o café da manhã na Lilo´s
nada de fotos. Só as que eles mesmos tiram de você a módicos US$12,00 cada!
8 - Um dos melhores lugares para se parar, tomar um bom expresso e fazer umas compras em
4 - Hackberry General Store: na frente, a estranhamente bem conservada Corvette ‘57 – simbolo não Seligman é, sem dúvida, o “Historic Seligman Sundries”. Um casal superanimado e simpático
só da 66 como da “road culture” dos EUA. Dentro, uma lanchonete vintage, uma enorme coleção de ítens comanda o local e um jornal on-line. Eles nos colocaram na edição de junho! Confira em http://
históricos da Route 66 e a possibilidade de comprar todo tipo de souvenirs da “Mother Road”. www.route66arizona.com/content/june-e-news

51 Hot Rods
Mas, por outro lado, é uma aventura que não se espera encontrar Ashfork
Cultura Hot

nos EUA. Para começar, para se chegar ao topo do Grand Essa é uma das tantas cidades à beira da 66 que começou
Canyon West e ter acesso aos “point views” são cerca de 30 com a expansão da ferrovia, em 1882. Essa cidade foi
milhas de estradas, na maior parte sem asfalto, sem sinalização praticamente varrida do mapa por incêndios duas vezes, em
e muito precárias. Não há postos de gasolina ou sinal de celular. 1883 e em 1970. Mudaram a cidade de lado, cruzando a
Após no mínimo 45 minutos de sacolejo, finalmente se avista linha férrea, e hoje a cidade é o lar de apenas de 500 pessoas,
um grande estacionamento ao lado de uma pista de pouso e aproximadamente. Em Ashfork, uma paradinha no Desoto’s Salon
heliporto (uma das atrações do local são passeios de helicóptero é uma boa pedida. Nem que seja para fazer umas fotos!
por dentro do cânion) e, ao fundo, uma enorme tenda. Nesta
tenda, a já esperada loja de presentes e lembranças e a entrada Seligman
para as atrações. Daqui só se pode seguir por meio dos ônibus Com certeza, de todas que eu citei aqui, é a cidade
oferecidos pela tribo e que fazem o vai-e-vem dos turistas até com mais lojas e atrações. E a mais curiosa também. Na
as três atrações: Eagle Point, onde se localiza a Skywalk, virada do século, Seligman foi povoada principalmente por
Guano Point, e o rancho Hualapai. Nestes pontos de visitação vaqueiros que trabalham em grandes fazendas da área. Junto
da reserva, chamados de “point views”, pequenas praças de com estes homens veio um bom pedaço do Velho-Oeste, e
alimentação a céu aberto, shows de dança indígena, réplicas os cabarés e tiroteios nas ruas eram comuns. E essa parte da
das diversas cabanas das tribos da região e paisagens que história de Seligman está contada e preservada. Na beira
deixam qualquer um de boca aberta. da 66, uma pequena cidade do Velho-Oeste está montada
e, poucos metros adiante, uma série de lojas e pequenos
Hackberry museus da 66. Na primeira vez que passei por Seligman,
É a mais antiga cidade deste trecho. Em 1874 garimpeiros em 2008, foi por acaso e sem saber exatamente onde
descobriram ricos depósitos de prata, mas em 1919 a mina estava. E, a cada quadra, eu parava o carro e soltava um
fechou e a pá de cal veio com as autoestradas no começo “Olha aquilo!” Até que desisti e fiquei por quase duas horas
dos anos 60. Mas um dos ícones da 66 está lá: a Hackberry andando a pé pela pequena cidade. Ótimas oportunidades
General Store! Nessa “loja” à beira da 66, uma Corvette ‘57 para fotos e novas amizades. Afinal, é para isso que uma
“zerada” está parada na porta, destoando de todo o resto viagem serve: conhecer lugares, pessoas e culturas. Reforçar
da 66. E no restante da propriedade muitos carros antigos velhos laços de amizade e formar novos!
jogados pelo pátio, bombas de gasolina vintage (embora não
vendam gasolina aqui), uma infinidade de placas clássicas, E essa foi uma pequena parte da história. Logicamente, muitas
como Burma-Shave e Phillips 66, e centenas de peças de outras coisas legais aconteceram, mas não dá para contar tudo
memorabilia. Dentro, a loja é praticamente um museu. Aliás, aqui! Mas prometo que, assim que der, eu vou postando coisas
em muitos aspectos, chega a ser melhor do que os museus da novas sobre a 66 no meu canal do Youtube e no Facebook da
66 em outras cidades. revista. Fiquem de olho e até o mês que vem!

9.2

8.1 9.
9.3 9.4 10.

Hot Rods 52
8.1 - Seligman e a Route 66: 11.

Curiosidades
de volta ao passado!

9 - lil’ old west town em


Se­lig­­man – orgulho da tradição
“faroeste”!

sobre a 66
9.1, 9.2, 9.3 e 9.4 -
Algumas das paisagens que mais
me marcaram durante a viagem: à
beira da ferrovia, velhos modelos
da década de 50 e até mesmo
mais antigos, parecem esperar
tristemente o tempo passar.
. A Route 66 foi extraoficialmente batizada de “The Will
10 - Supai Motel: um dos tantos
pequenos e simpáticos moteis à
12. Rogers Highway”, pela Associação da Rodovia EUA 66 em
1952. Aliás, essa associação existia desde 1927, e buscava
beira da 66! incrementar o turismo na 66 e fazer com que ela fosse toda
“pavimentada”. Existiu oficialmente até 1970 e não tem relação
11 - Grand Canyon Caverns
direta com as associações para preservação da Rota 66 hoje
– uma ótima pedida para as
crianças! História, geografia, geolo-
existentes, associações que se espalham pelos estados por onde
gia e aventura num só lugar! a 66 passa, mas que teve seu nascimento com a primeira “Route
66 Association” fundada no Arizona em 1987.
12 e 12.1 - placas da
. Burma-Shave é uma marca norte-americana de creme de
12.1
marca clássica de combustíveis e
lubrificantes Phillips 66 são peças barbear, famosa pela sua forma de publicidade. Pequenas
raras e de colecionador. A logotipia placas dispostas em sequência ao longo das estradas,
da marca em um esquema de normalmente seis, que traziam, com rimas e bom humor,
cores preto e laranja foi introduzida mensagens sobre segurança nas estradas. Desde 1925, quando
em 1930 justamente para refroçar
a primeira sequência de placas foi instalada, até 1963, quando
a ligação com a auto-estrada.
a empresa foi comprada pela Phillip Morris, a marca Burma-
Durou quase 30 anos até quando,
em 1959, uma nova versão do
Shave fez parte das estradas dos EUA, e lógico, da Route 66,
escudo foi introduzida, agora com sempre com suas pequenas placas vermelhas com letras brancas.
as cores vermelho, branco e preto, Hoje, ao longo da 66, o trecho entre Ash Fork e Kingman (AZ)
usado até hoje. Por isso, na 66, é um dos charmes da estrada, já que apenas neste local ainda
era “comum” ver a logo clássica existem placas da Burma-Shave. O curioso é que, justamente
em preto e laranja, já que deixou neste trecho (aliás, em todo o Arizona, bem como Nevada
de existir em 59! e Novo México), essas placas nunca foram instaladas como
publicidade pela empresa, devido ao baixo fluxo de veículos. As
13 - Essa sequência de placas
13.
placas que lá se encontram foram instaladas e são mantidas pela
da Burma-Shave, com todo ar
U.S. Highway 66 Association. Uma das sequências de placas
de originalidade, está nos fundos
originais da década de 50 e que ainda se vê atualmente pela
da Hackberry General Store.
Uma infinidade de referências
66 diz: “Angels / Who guard you / When you drive / Usually
sobre Burma-Shave e suas / Retire at 65 / Burma-Shave”
placas é encontrada na cultura
pop norte-americana, tamanha a . Um dos ícones que se repetia por todo o nosso trajeto era um
popularidade dessa marca. Filmes, escudo em preto e laranja onde se lia “Phillips 66”. Lá descobri
seriados e desenhos animados que é uma marca de gasolina e postos de gasolina e serviços
fazem referências explicitas: alguns dos EUA e que a empresa que produz a gasolina “Phillips 66”
exemplos são o clássico Stand By começou em 1917 como Phillips Petroleum Company, em
Me (na sessão de filmes desse Oklahoma. Em 1927 (apenas um ano após a criação da Route
mês) e o recentíssimo Deuce of
66), a gasolina da empresa estava sendo testada na Highway
Spades. O seriado M.A.S.H. e
66, em Oklahoma, e quando se descobriu que o carro estava
desenhos animados da WB como
Pernalonga e Patolino também já
indo a 66 mph (106 km/h) – um feito para a época - a empresa
usaram mais de uma vez a Burma- decidiu dar o nome do novo combustível de Phillips 66.
Shave como referência

53 Hot Rods
Fiat 508 Ballila

Tariffa Minima
Modelo 1932 da Fiat, o Ballila foi um símbolo do início do
fascismo italiano. Este, restaurado como um hot em Curitiba,
é um dos únicos do Brasil
Texto: Flávio Faria_Fotos: Ricardo Kruppa
U
m modelo extremamente raro no Brasil e no mundo, o
Fiat 508 Ballila

Fiat 508 Ballila, de 1932, teve seu projeto concebido


na época de formação do estado fascista de Benito
Mussolini, na Itália entre-guerras. O momento histórico
de crises econômicas foi um dos grandes responsáveis pelo
apelo “popular” do projeto.
Adquirido em 2003 pelo empresário Antonio Helio Nunes,
de 59 anos, residente em Curitiba (PR), o Ballila fotografado
por Hot Rods estava completamente desmontado quando foi
comprado. Foram necessários sete anos de muito trabalho
para se chegar ao nível em que está hoje, com o visual
completamente restaurado e parte mecânica moderna e potente.

“T” italiano
Lançado na Fiera Campionaria di Milano, o “Salão do
Automóvel” italiano daquela época, o Ballila era um
investimento da Fiat no mercado de carros mais acessíveis,
uma vez que seus modelos sofisticados feitos até então já
encontravam barreiras para driblar a crise econômica que
assolava o país no início dos anos 30 do século passado. Por
essa característica, e por ter um conjunto mecânico econômico
– fazia 12,5 quilômetros com um litro de combustível –, o
Ballila foi apelidado na época como Tariffa Minima, ou Tarifa
Mínima, “preço baixo”, em uma tradução liberal.
Inicialmente, o modelo chegou com três tipos de carroceria,
todas produzidas tomando como base o modelo “T”, da Ford,
que já tinha um apelo bastante popular: o 508 Torpedo, um
conversível de quatro portas; o Spider, um roadster de dois
lugares, mais esportivo, e o mais discreto dos três, sedã de
quatro lugares, batizado de Berlina. O modelo restaurado por Por fora, visual nostálgico desde a combinação de cores.
Antonio é deste último tipo, embora não parecesse quando foi Maçanetas são do Ford 32 e emblema na grade da Fiat
comprado. “O carro que hoje é este Fiat Ballila estava em uma atual é provisório. Rodas em estilo nostálgico são de 15”
situação deplorável. Desmontado, chassi encostado de lado e

Hot Rods 56
57 Hot Rods
Fiat 508 Ballila

No interior, visual clássico com toques de modernidade:


volante em alumínio, instrumentps Auto Meter e som

Hot Rods 58
carroceria espalhada pelo quintal do vendedor. Algumas peças
estavam dentro de um tambor de 20 litros, outras nem existiam,
como painel corta-fogo e assoalho”, contou o empresário, que
para comprar o carro, quis ter ao menos uma ideia de como
ele iria ficar. “Uma coisa muito importante é que a “cintura do
carro”, os frisos, estavam em bom estado. Vendo isto, pedi ao
vendedor que montasse o carro para que eu pudesse ver o seu
formato. Ele então fez alguns furos nas peças e o montou como
um quebra-cabeças. Uma vez “montado”, eu consegui visualizar
como iria ficar o modelo, então fizemos negócio”, lembra.
A partir de então, o carro passou pelas diversas fases de
restauração. Desde o começo, a ideia era que o visual fosse
nostálgico, mas com mecânica moderna. A escolha das cores
visava sair do lugar-comum dos carros de época, mas ao
mesmo tempo deixá-lo nostálgico. “A maioria dos carros da
época eram pretos. Nós fizemos vários ensaios até chegarmos a
essa combinação de cores, que sai do padrão, mas que lembra
o que era usado na época”, contou o empresário. Segundo
Antonio, não foram encontradas peças para este modelo aqui
no Brasil, então as maçanetas são do Ford 32. O emblema na
grade dianteira é da Fiat atual, colocado provisoriamente até
que o empresário possa copiar o modelo original.
As rodas são estilo nostálgico, de 15”, montadas em pneus
Yokohama 175/65 na dianteira e 195/65 na traseira.

Elegante
Por dentro, o visual clássico ganhou toques de modernidade.
Os bancos dianteiros são os modelos traseiros do Renault
Scénic e os traseiros foram feitos sob medida que, assim
como os revestimentos das portas, foram cobertos com couro.
O volante é em alumínio, importado, e ganhou uma moldura

59 Hot Rods
em couro na mesma tonalidade dos bancos e revestimentos. Chevrolet Vectra na dianteira, e do Audi A3 na traseira.
Fiat 508 Ballila

A bola de câmbio imita o tambor de um revólver Magnum Segundo Antonio, o carro só costuma sair da garagem nos
44. No painel estão localizados os instrumentos da linha fins de semana, apesar de ter uma ótima dirigibilidade. “É
clássica da Auto Meter. um carro utilizado apenas como lazer, para passeios”. Sobre
No console central está instalada a central do sistema de som, o futuro, o empresário já traça planos para a montagem de
da Pioneer, que reproduz DVD e tem tela retrátil. um modelo também raro e que tem uma grande relevância
histórica: o Plymouth 1935. Mas, esta, é outra história.
V6 injetado
Por baixo do capô está instalado o melhor em custo x benefício. Quem fez:
O propulsor escolhido para empurrar o Fiat foi um V6 4.0L da Haroldo Froma (mecânica). Tel.: (41) 3606-2235.
Ford Ranger, mantido completamente original, inclusive com a Rafael Radunz (suspensão). Tel.: (41) 9642-8313.
injeção eletrônica de fábrica. O câmbio é de cinco marchas, Emerson (pintura). Tel.: (41) 8846-0405.
também da Ranger. O diferencial é do Maverick V8. Paulo Lepe (estofamento). Tel.: (41) 8519-2358.
A suspensão dianteira é de Chevette, modificada. Atrás, o Adão (coluna de direção, espelhos e acessórios em alumínio).
Fiat utiliza Four Link com Coil Over. Os freios são a disco, do Tel.: (41) 3657-9299.

Sob o capô do
Ficha tÉcnica
Fiat, um motor
Fiat 508 Ballila
original da
Parte externa Ranger, com
Carroceria reformada injeção
Pintura estilo saia e blusa
Rodas nostálgicas de 15”
Pneus Yokohama 175/65 na dian-
teira e 195/65 na traseira

Parte interna
Bancos do Renault Scénic
Bancos traseiros sob medida
Revestimento em couro
Instrumentos Auto Meter
Volante em alumínio
Bolinha de câmbio personalizada
Sistema de som com DVD Pioneer

Mecânica
Propulsor Ford V6 4.0L
Câmbio Ford de 5 velocidades
Diferencial Ford Maverick V8
Suspensão dianteira de Chevette
Suspensão traseira tipo Four Link
com coil over
Freios a disco de Vectra na dianteira
e A3 na traseira

Hot Rods 60
61 Hot Rods
Storyboard - Hot em quadrinhos
Texto: Da Redação_Arte: Kico Westphalen
Storyboard - Hot em quadrinhos
Impala 1965

Para gregos
e troianos
Impala 1965 é reformado para ser um meio termo entre um
hot e um nostálgico. Um clássico para todos os gostos
Texto: Flávio Faria_Fotos: Ricardo Kruppa
Impala 1965

Hot Rods 68
O
Chevrolet Impala é um dos modelos mais prestigiados
da cultura custom americana e, por isso, uma das
maiores joias dos puristas, que frequentemente torcem
o nariz para modelos com apelos mais esportivos
e atuais. Comprado em 2008 pelo pintor de motos Carlos
de Oliveira Vicente, de 44 anos, morador da cidade de
Uberlândia (MG), este Impala Fullsize 1965 quatro portas V8 é
um modelo bastante raro, segundo seu proprietário. “No Brasil
eu nunca vi nenhum modelo com capota original de vinil, como
o meu. Pelas características e modificações que fiz, meu carro
é único no mundo”, afirma.
Apaixonado por Opalas – ele já restaurou mais de 30
exemplares –, o mineiro também é fã de Chip Foose,
customizador americano que dispensa apresentações.
“Sempre gostei de carros grandes e das personalizações
que Chip Fosse faz, por isso escolhi um modelo importado”,
conta o pintor, mostrando de onde vem a influência para o
visual. “Eu queria algo que não fosse nem tão nostálgico,
nem tão hot, que agradasse a gregos e troianos”, completa
Carlinho, como é conhecido.

Laranja tricolt
Quando chegou às mãos de Carlinho, o Impala estava em
relativo bom estado. A lata não tinha grandes “podres”, mas a
pintura teve de ser refeita. “Estava bem desgastada, rachada”.
A cor escolhida para compor a lata é bem chamativa. O
pigmento se chama “laranja tricolt” e a mistura foi desenvolvida
pelo próprio Carlinho. O pintor gosta de salientar que fez o
trabalho com muito carinho. Antes da pintura, o carro passou
por um jateamento completo e recebeu uma base em PU, que
segundo ele ficou curtindo por sete meses antes de receber a
pintura definitiva. Tudo para garantir uma boa durabilidade.
Na parte de acessórios, o carro também não estava muito
ruim. Segundo Carlinho, itens como painel, molduras, grade e
para-choques estavam em excelente estado, sem amassados.
As partes que não puderam ser aproveitadas, como

Parte externa recebeu pintura na cor “laranja tricolt”, após


jateamento. Molduras, grade e para-choque são originais.
As rodas são de 20” e o teto de vinil foi refeito

69 Hot Rods
Impala 1965

Ficha tÉcnica
Impala 1965

Parte externa
Funilaria completa
Pintura “laranja tricolt”
Rodas 20”
Pneus Ling Long
Grade, frisos e para-choques
originais
Faróis, lanternas e acessórios
importados

Parte interna
Painel original
Volante original
Bancos revestidos em couro sintético
náutico
Emblemas originais

Mecânica
Motor Chevy 283” (4.7L)
Ignição eletrônica Mallory
Carburador Edelbrock quadrijet
650cfm
Comandos de válvulas de maior
graduação
Câmbio automático de duas
velocidades
Suspensão refeita nos padrões
originais
Freios originais

Hot Rods 70
Sob o capô, um
V8 de 283”
que recebeu
comandos
mais graúdos,
ignição Mallory
e carburador
Edelbrock. À
esq., Carlinho,
dono do Impala

retrovisores, faróis, lanternas, entre outros, foram importadas graúdos, ignição eletrônica Mallory e carburador Edelbrock
dos Estados Unidos, que tem um mercado de peças vasto quadrijet de 650cfm de vazão. O câmbio é automático, de
para esse tipo de projeto. O teto de vinil foi refeito seguindo o duas velocidades, com acionamento na coluna.
padrão original do modelo. O sistema de suspensão foi todo refeito, mas nos padrões
As rodas são HD, de 20”, calçadas em pneus Ling Long, que originais do carro, assim como os freios.
conferem ao Impala um visual bem esportivo. Apesar de gostar muito de reformar carros, Carlinho não
No porta-malas foi instalado um sistema de som completo, costuma ficar por muito tempo com o resultado dos seus
com direito a subwoofer, cornetas, tweeter e até uma tela projetos. “Faço meus carros para utilizar como lazer e sempre
de LCD de 20” com muito carinho, mas depois de pronto eu quase sempre
acabo vendendo. Gosto mesmo é de reformar”, conta. Sobre o
Avermelhado Impala, o pintor ainda não diz qual será o futuro, mas diz estar
Por dentro, o visual originalmente verde deu lugar ao vermelho, aberto a propostas! Interessou?
para combinar com a tonalidade da parte externa. A não ser pela
cor, toda a parte interna é original do modelo, incluindo volante, Quem fez:
instrumentos e emblemas. Os bancos, que estavam em péssimo Estofamentos. Tel. (34) 3212-2010.
estado, foram refeitos e revestidos em couro sintético náutico. Entre Auto Elétrica Audi. Tel. (34) 3232-5853.
os bancos traseiros foi instalado um detalhe onde ficam os alto- Mecânico - Mauro v8. Tel. (34) 9102-3377.
falantes, que originalmente só saíam nos Impalas duas portas. Triângulo Tintas. Tel. (34) 3236-1188.
Prime Custons (rodas e pneus). Tel. (34) 3229-0007.
283” Auto clima. Tel. 3212-3308.
Por baixo do gigante capô do Impala está instalado um V8 Virgilio v8 preparação de carros antigos. Tel. (34) 9102-3377
de 283 polegadas, ou 4.7L. Carlinho fez algumas alterações Silvio Pinturas Especiais Carros Antigos. Tel. (34) 9692-6553.
básicas no conjunto, como comandos de válvulas mais Wagner Suspensões Especiais. Tel. (34) 8853-0273.

71 Hot Rods
Chevrolet Bel Air 1957

Inconfundível!
Um dos maiores símbolos de sucesso da Chevrolet chega
às páginas de Hot Rods: Chevrolet Bel Air 1957
Texto: Vitor Giglio_Fotos: Ricardo Kruppa
Chevrolet Bel Air 1957

E
m 1950 a Chevrolet apresentou um veículo com visual e clean, quando comparado aos veículos da Ford, por exemplo.
e características até então únicas e completamente Acessórios cromados na parte externa, novas molduras para
diferentes do que era produzido até então. Esse modelo os vidros e revestimento interno atualizado foram algumas
se tornaria uma referência ao longo das três décadas das principais modificações estéticas, enquanto o principal
que viriam a seguir. Trata-se do Bel Air, um dos mais bem destaque no que diz respeito à mecânica foi a motorização
sucedidos modelos da marca que figurou durante anos, lado a opcional V8 265.
lado no quesito preferência, com um dos ícones da montadora Se por um lado o modelo 1956 não apresentou diferenças
norte-americana, o Cadillac. radicais para o seu antecessor, o mesmo não se pode dizer
A primeira geração do Bel Air foi comercializada entre 1950 do Bel Air 1957, o modelo que ilustra esta reportagem e que
e 1954, sendo que neste período pequenas modificações foi flagrado pela reportagem de Hot Rods durante o Good-
mecânicas e estéticas diferenciavam um modelo do outro. Guys de Charlotte.
Sua primeira grande atualização aconteceu no modelo
lançado no ano de 1955 que, não por acaso, deu início à O ícone da segunda geração
segunda geração da plataforma. Principal modelo produzido durante a segunda geração dos
O modelo 1955 recebeu novos traços. Bem recebido pelo Chevrolet Bel Air, a versão 1957 recebeu, à época, nova
público, foi popularmente apelidado de “the hot one”. A motorização, um V8 283 de 4.640cc, com o opcional
aceitação deu-se principalmente porque, naquela época, os “Super Turbo Fire V8”, capaz de produzir 283HP. Outros
veículos da Chevrolet tinham seu visual considerado muito simples diferenciais deste modelo eram o sistema de injeção

Hot Rods 76
O V8 foi mantido
com um exem-
plar Edelbrock.
O conjunto
mecânico deste
Bel Air é capaz
de gerar 460HP

77 Hot Rods
Chevrolet Bel Air 1957

O bordô reveste o interior de todo o


Ficha tÉcnica veículo, desde os bancos e laterais
Chevrolet de porta, em couro, até o carpete e
Bel Air 1957 volante. O cockpit recebeu ainda novo
console e assentos independentes
Parte externa
Rodas 20”
Pintura PPG Grafite

Parte interna
Revestimento com couro
Coluna de direção I did it
Volante I did it
Pedais Lockar
Manopla Lockar
Instrumentos Classic Instruments
Console central refeito

Mecânica
Edelbrock 460HP oito cilindros
Kit de polias cromadas
Freios Brembo
Câmbio TH 700R4
Radiador de alumínio

Hot Rods 78
mecânica, diferente do sistema que era utilizado nos Bel Air de direção, bem como o volante, são assinados pela I did it,
até então, e a robustez do bólido. enquanto o ar- condicionado tem a assinatura Vintage Air.
Por todos estes atrativos, os Bel Air 1957 estão entre os Além disso, o banco dianteiro inteiriço foi removido para dar
veículos norte-americanos mais reconhecidos de todos os lugar a dois bancos independentes e um novo console central,
tempos, e são presença obrigatória na garagem de todo que agora abriga os dispositivos que controlam a suspensão a
colecionador que se preze. ar independente utilizada. Pedais e alavanca de câmbio são
assinados pela Lockar.
Menos é mais Na parte de trás, o banco original também foi dispensado e
Propriedade do rodder norte-americano Randy Roten, este Bel substituído por um novo assento. Neste caso, uma divisória
Air foi reformado pela oficina Rods & Restoration Auto. O apelo foi criada em MDF para separar o espaço no local. Todo o
desta customização é o de preservar todas as características revestimento no interior foi feito com couro bordô nos bancos e
que fazem do Bel Air 1957 um veículo especial. laterais de porta, e carpete na mesma tonalidade, no assoalho.
Por este motivo, na parte externa, todas as características
originais foram mantidas, exceção feita a um novo conjunto de 460HP
rodas de 20” com tala 11, e da nova pintura grafite PPG. A tradição do V8 foi mantida, mas o propulsor utilizado pelo
Na parte interna, no entanto, inúmeras modificações foram conjunto é um Edelbrock 383. Outras configurações presentes
realizadas para agregar conforto e requinte ao bólido. A nas especificações técnicas são: kit de polias cromadas,
parte funcional fica por conta dos novos velocímetro e conta- radiador de alumínio, câmbio TH 700R4, de 4 velocidades,
giros, da Classic Instruments, acomodados no painel original, e kit de freios completo da renomada Brembo. Não há o que
que foi mantido. dizer: um Bel Air 1957 será sempre um Bel Air 1957!
Também no painel, um novo player cromado foi adotado.
O diferencial do aparelho é que ele possui um visual retrê, Quem fez:
para melhor se encaixar nos padrões do veículo. A coluna R&R Auto

79 Hot Rods
Vitrine
Painel em aço
Para facilitar a instalação do sistema elétrico de
seu hot rod, a 12VoltBoost lança o painel de
interruptores e luzes espia. Fabricada em aço
inox, a peça tem o tamanho de um CD player
convencional. Com este acessório, só falta velo-
címetro, contagiros, marcador de combustível e
temperatura no painel do seu hot ou réplica.
Informações: www.12VoltBoost.com.

Kit de para-lamas
A Clássicos e Raros destaca este mês o kit de para-
lamas para o Ford A 1928/29, em metal, da Broo-
ckville, para pronta entrega ou sob encomenda.
Informações: www.classicoseraros.com.br ou tel.
(47) 8413-5569.

Bancos de couro
A Tapeçaria Alemão é especialista em bancos
de couro, acessório que agrega conforto, sofisti-
cação, exclusividade e esportividade ao seu hot
rod ou antigo. A loja tem quatro endereços na
cidade de São Paulo.
Informações: www.alemao.com.br.

Cristalização em casa
O mais recente lançamento da Polidores Pérola é o Kit Cristalizador Péro-
la. O produto é composto por mega-polidor, cera MegaWax, toalha de
microfibra e algodão. Segundo a empresa, sua aplicação cria um filme
de proteção contra intempéries que garante um brilho incomparável e um
visual vitrificado, indicado para todos os tipos de pintura..
Informações: www.perola.ind.br ou tel. (11) 4238-5844.
Esquente seu inverno!
Rock´n hots

Seleção para a “sessão pipoca” deste mês vai fazer com


que você não queira sair de casa

G
raças ao frio congelante do mês de julho, fiquei muito Stephen King, Conta Comigo. Já na parte musical, confesso que
mais em casa e acabei tirando o pó de muitos discos estava meio sem inspiração, até assistir aos filmes. Então, de The
e filmes que estavam esquecidos nas prateleiras. Car eu saquei “Muleskinner Blues”, de Jimmie Rodgers, e lembrei
Para a “sessão pipoca”, em ordem cronológica, um uma ótima coletânea que eu tenho em casa, Songs The Cramps
clássico filme B de ‘47, The Devil on Wheels, considerado Taught Us. E, como uma coisa puxa outra, lembrei de outra
como o primeiro filme hollywoodiano sobre hot rods no período coletânea, essa sobre Road Songs, da ótima Rhino Records - Hot
pós-guerra. Na sequência, coloquei na lista The Car, o carro Rods & Custom Classics. E, para fechar, uma banda de Curitiba
que o diabo dirige! Outra obra do pessoal da Califórnia, com chamada Supercolor. Eles em breve estarão lançando seu
um “astro” criado pelo mago dos carros do cinema, George primeiro CD, mas já tem disponível um Epzinho fantástico e “pra
Barris. Para fechar, a clássica adaptação de um romance de cima”. Contato com a coluna: rockabillyrebel51@gmail.com.

THE DEVIL ON WHEELS – EUA – 1947 SONGS THE CRAMPS TAUGHT US – EUA - 2006
Darryl Hickman, irmão mais velho de Duane “Dobie Gillis” O Cramps é a banda que criou o psychobilly, e essa coletânea
Hickman, é o astro desse filme sobre delinquentes juvenis e é simplesmente fantástica. Em 3 volumes, a banda compilou
arrancadas ilegais. Um adolescente, depois de ter sido “inspi- gravações originais de artistas das décadas de 50 e 60,
rado” pelos hábitos de condução irresponsável de seu pai, vai artistas que, segundo eles, formam a base para compor seu
para as ruas participar de corridas em hot rods muito bacanas. material próprio ou mesmo fazer regravações. “The Way I
O astro do filme, claro, se mete em várias encrencas. Um Walk” (Jack Scott), “Surfin Bird’ (The Trashmen), “Loneso-
grande filme, lotado de ótimas cenas com hot rods de época, me Town” (Ricky Nelson), “Strychnine” (The Sonics), “Goo
gírias e expressões típicas dos adolecentes do EUA no final dos Goo Muck” (Ronnie Cook) e lógico, Muleskynner Blues (The
anos 40! Fotograficamente o filme também surpreende dada Fendermans), que é cantarolado por um dos personagens do
sua época e por se tratar de um filme B. Na película P&B, o filme The Car” pouco antes de ele ser mandado “dessa pra
uso de uma atmosfera de luz e sombra, nitidamente “noir”. melhor” pelo carango psicopata.
THE CAR – EUA – 1977 HOT RODS & CUSTOM CLASSICS – EUA - 1999
A chamada dizia: “Um elegante carro possuído, que aterroriza A Rhino é um selo reconhecido pela qualidade de seus pro-
a todos que entram em seu caminho”. O enredo, como todo dutos. E nessa caixa com quatro discos você vai encontrar o
bom filme de terror, não é lá aquelas coisas. E a trama, basi- melhor das antigas e clássicas canções de estrada. Em muitas
camente, é do misterioso carro preto que, após atropelar dois delas você terá a nítida impressão que foram escritas com a
ciclistas e fugir, mata o xerife da cidade e faz com que o outro mão na guitarra e o pé no acelerador. Temas como “Hot Rod
policial comece a pensar – com razão – que está lidando com Lincoln”, de Johnny Bond, “Maybelline”, de Chuck Berry,
algo maior que um simples carro, algo sobrenatural. Mas é “Low Rider”, do War, “Lost Highway”, de Hank Williams, e
com certeza um filme que vale a pena ser assistido. Primeiro por aí vai. Mas além do conteúdo musical, a Rhino sempre
porque é “o carro”, né? Segundo, que o carro “endemonia- capricha muito nas embalagens e livretos. Nesse box, que
do” é um dos modelos desenvolvidos especialmente para o tem dimensões, formato e desenhos lembrando uma caixa de
cinema por ninguém menos que George Barris! kit revel, o livreto lembra uma revista Hot Rod.
STAND BY ME (CONTA COMIGO) – EUA – 1986 SUPERCOLOR – NÃO VOU DEIXAR CAIR - BRA - 2010
Uma das melhores e mais emocionantes adaptações para o Essa banda brazuca lançou seu primeiro EP no finalzinho
cinema de um livro de Stephen King, esse filme não é um do ano passado e vem dando o que falar. Com produção de
“car movie”, mas sem dúvida é um clássico e sua ambien- Tom Sabóia e do Xandão do Rapa, o EP tem apenas quatro
tação, como a esmagadora maioria dos romances de King, faixas, mas que já são suficientes pra qualquer um virar fã.
faz referência ao final da década de 50, início dos anos 60. Eu particularmente não sei definir o estilo da banda... Rock,
Por Victor Rodder

Nesse, a história se passa no verão de 1959! Gordie Lachan- Pop, Funk...sei lá! Mas também, quem precisa de rótulos?
ce (Richard Dreyfuss) é um escritor que se recorda do verão O fato é que é musica brasileira, contemporânea, com letras
de 59, quando tinha 12 anos, vivia numa pequena cidade em português e de ótima qualidade! Eles estão pra entrar em
do Oregon e partiu na companhia de outros três amigos, em estúdio agora em agosto, mas enquanto o disco não vem, eu
busca do corpo de um adolescente que estava desaparecido recomendo que todos confiram o som deles no myspace da
na mata há mais de três dias. banda. www.myspace.com/bandasupercolor.

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