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Resumo detalhado da obra "Os Maias" de Eça de Queirós

Capítulo I
Descrição e historial do Ramalhete, casa que a família Maia veio habitar em Lisboa, no outono de 1875.
Em 1858, quase tinha sido alugada a monsenhor Buccarini pelo procurador dos Maias, Vilaça; nota-se
que os Maias eram uma família nobre, mas com sinais de decadência. A casa que tinham em Benfica foi
vendida (já pelo Vilaça Júnior) e o seu conteúdo passou, em 1870, para o Ramalhete. A Tojeira, outra
propriedade, também fora vendida. Poucos em Lisboa sabiam quem eram os Maias, família que vivia até
então na Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro.
Os Maias, antiga família da Beira, eram, no momento desta narração, constituídos por Afonso da Maia e
Carlos Eduardo da Maia, seu neto, que estudava medicina em Coimbra. Meses antes de este acabar o
curso, o avô decide vir morar para Lisboa, no Ramalhete. Reforma-se o Ramalhete sob a direção de um
compadre de Vilaça, um arquiteto e político chamado Esteves. Mas Carlos traz também um
arquiteto/decorador de Londres, despedindo assim Esteves. A casa é fechada e, só depois de uma longa
viagem de Carlos pela Europa, é que é habitada pelo avô e neto, em 1875. Descrição física de Afonso.
Começa-se, através do contar da vida de Afonso, uma analepse, onde se conta a ida a Inglaterra, a
morte do pai, o casamento, o nascimento de Pedro da Maia, o retorno e exílio a Inglaterra devido às
suas ideias políticas; em Richmond, Afonso fica a saber da morte da mãe, em Benfica. Pedro da Maia é
educado pelo padre Vasques, capelão do conde Runa, mandado vir de Lisboa. Morre a tia Fanny. Vão
para Roma, Itália. Voltam a Benfica, finalmente. Explica-se por que Afonso se torna ateu. Pedro cresce;
tem um filho bastardo, aos 19 anos. A mãe, esposa de Afonso da Maia, morre; Pedro da Maia entrega-se
à bebida e distúrbios. Um ano depois, "acalma-se". Começa a grande paixão de Pedro da Maia:
descrição de Maria Monforte, de origens misteriosas. Alencar vê Pedro e Maria no teatro S. Carlos, no
final do Ato I do Barbeiro de Sevilha. Pedro pede permissão ao pai para casar com Maria Monforte.
Afonso recusa. Pedro casa e vai para Itália.

Capítulo II
De Itália, Pedro e Maria vão para França. Maria engravida e Pedro trá-la para Lisboa; antes, porém,
escreve ao pai. Vai para Benfica, mas o pai, em desfeita, já tinha partido para Sta. Olávia. Nasce uma
filha a Pedro; mas este já não o comunica ao pai; começa um período de cerca de 3 anos, em que pai e
filho não se falam. Descreve-se o ambiente das soirées lisboetas em Arroios. Nasce um menino, Carlos
Eduardo. Numa caçada na Tojeira, Pedro fere um recém-chegado, um napolitano chamado Tancredo.
Trata-o em sua casa. Dois dias depois, Tancredo recolhe-se a um hotel. Descrição do napolitano. M.ª
Monforte isola-se, acaba com as soirées, depois de saber que o sogro voltara a Benfica. Passam-se
alguns meses, com a presença habitual de Tancredo. A filha tem já 2 anos. Maria Monforte foge com o
napolitano e a filha, deixando o filho, Carlos Eduardo e uma carta. Afonso, por causa disto, reconcilia-se
com Pedro. Nessa mesma noite e madrugada, Afonso acorda com um tiro. Pedro suicidara-se. É
enterrado no jazigo de família em Sta. Olávia.

Capítulo III
Passam-se vários anos. Afonso vive com o neto em Sta. Olávia, o Teixeira e a Gertrudes, mordomo e
governanta, respetivamente. Vive lá também uma prima da mulher de Afonso, uma Runa, que era agora
viúva de um visconde de Urigo de la Sierra, e o preceptor de Carlos Eduardo, o Sr. Brown. Refere-se a
severa educação inglesa de Carlos, em que não entra a religião, para desgosto do abade Custódio.
Descreve-se uma noite em Sta. Olávia com os amigos de Afonso. Fala-se dos arrulhos de Teresinha e
Carlinhos. Menciona-se a Monforte, mãe de Carlos, que dá pelo nome de Madame de l'Estorade. Não se
sabe o que é feito da filha que ela levou. Mais tarde, sabe-se por Alencar que Maria Monforte lhe
dissera que sua filha tinha morrido em Londres. Vilaça morre. Manuel Vilaça, filho do Vilaça, torna-se
administrador da casa.

Capítulo IV
Passam-se anos. Carlos faz exames; está prestes a formar-se em Medicina. Contam-se as cenas da vida
em Celas, com os amigos. O Teixeira, Gertrudes e o abade já haviam morrido. Descrição de João da Ega,
aluno desinteressado e grande ateu. Alude-se a uma aventura adúltera passageira de Carlos com uma
Hermengarda, mulher de um empregado do Governo Civil. Outra aventura foi com uma espanhola,
Encarnacion. Carlos forma-se em Agosto. Parte de viagem para a Europa. Chega o outono de 1875 e
Carlos também. Volta-se ao PRESENTE da narração. Descrição de Carlos já homem feito; instala-se no
Ramalhete com toda a sua parafernália de instrumentos de medicina. Passa tudo para um laboratório
no Largo das Necessidades e abre um consultório no Rossio. Ninguém lhe aparece para consulta. Ega
visita-o no consultório. Diz-lhe que vai publicar um livro, "Memórias de Um Átomo".

Capítulo V
Carlos tem a sua primeira doente, a mulher do padeiro Marcelino. Descreve-se um dos serões no
Ramalhete. Carlos começa a ter clientes. Ega aparece-lhe ocasionalmente, para ler uma parte do seu
manuscrito, para o convidar a ser apresentado aos Gouvarinhos… Conhece-os, por fim, na frisa do
teatro.

Capítulo VI
Carlos visita Ega na sua nova casa, a Vila Balzac. Saem. Encontram Craft. Combinam jantar no Hotel
Central, em honra ao Cohen. Chegam os Castro Gomes para se hospedar. Carlos fica fascinado com a
misteriosa mulher (Maria Eduarda). Alencar encontra Carlos da Maia, que tem agora 27 anos. Alencar é
contra o Naturalismo e tudo o que lhe cheire a Realismo. Começam a discutir a decadência de Portugal,
política e socialmente. Ega e Alencar discutem. Reconciliam-se. Saem todos do Hotel Central. Alencar
acompanha Carlos até casa. Analepse de uma conversa de Carlos e Ega em que este, bêbado, lhe
revelara a verdadeira história da mãe de Carlos. Carlos adormece, pensando na misteriosa senhora do
Hotel Central e no Alencar.

Capítulo VII
Craft tornara-se íntimo no Ramalhete. Carlos, retirado do consultório, passava os dias em casa,
escrevendo o seu livro. O Dâmaso pegou-se a ele como uma "lapa". Ega, endividado, vem pedir mais 115
libras a Carlos. Certo dia, o Dâmaso não aparece, nem nos dias seguintes. Carlos acaba por ir procurá-lo.
Chegando ao fim da Rua do Alecrim, encontra Steinbroken, que se dirige ao Aterro. Durante a conversa,
passa a misteriosa mulher do Hotel Central. No dia seguinte, Carlos volta ao Aterro e ela torna a passar,
mas agora acompanhada do marido.
A Gouvarinho, a pretexto da "doença" do filho Charlie, visita-o no consultório. Carlos flirta-a
abertamente. Reaparece Dâmaso, de repente, numa caleche, dizendo a Carlos ter um "romance divino".
Tudo indica serem os Castro Gomes a sua companhia. Aparece na "Gazeta" um artigo de J. da Ega
elogiando os Cohen. Discutem-no na soirée. Carlos convida o Cruges a ir a Sintra, depois do Taveira lhe
ter dito que Dâmaso e os Castro Gomes se dirigiam para lá.

Capítulo VIII
(Este capítulo demora 2 dias) Viagem a Sintra; instalam-se no Nunes. Apanham o Eusebiozinho com duas
espanholas. Na manhã seguinte, partem em direção a Seteais, detendo-se, porém, em frente ao
Lawrence. Pausa de reflexão idílica sobre Sintra. Encontram Alencar. Na volta, Carlos descobre que
Dâmaso e os Castro Gomes já tinham saído no dia antes para Mafra. Pensa disparates românticos sobre
a Castro Gomes. Jantam no Lawrence, um bacalhau preparado segundo o Alencar. Partem de Sintra.
Cruges, a meio do caminho, lembra-se de que se tinha esquecido das queijadas.

Capítulo IX
(1 dia) Já no Ramalhete, no final da semana, Carlos recebe uma carta a convidá-lo a jantar no sábado
seguinte nos Gouvarinhos; entretanto, chega Ega, preocupado em arranjar uma espada conveniente
para o fato que leva nessa noite ao baile dos Cohen. Dâmaso também aparece de repente, pedindo a
Carlos para ver um doente "daquela gente brasileira", i.e., os Castro Gomes. É a menina, visto que os
pais haviam partido nessa manhã para Queluz. Chega ao Hotel, mas a pequena, chamada Rosicler, não
teve mais que um mal-estar passageiro. Carlos dá uma receita a Miss Sara, a governanta.
10 horas da noite: ao preparar-se para o baile, aparece o Mefistófeles Ega a Carlos, dizendo que o Cohen
o expulsara (ao que parece, descobrira as cartas de Raquel e Ega). Vão a casa do Craft pedir conselho
sobre o "provável" duelo.
(1 dia) No dia seguinte, nada acontece, exceto a vinda da criada de Raquel Cohen, anunciando que ela
levara uma coça e que partiam para Inglaterra. Ega dorme nessa noite no Ramalhete.
Na semana seguinte, só se ouve falar do Ega e do mau-caráter que ele é. Carlos vai progressivamente
ficando íntimo dos Gouvarinhos. Visita a Gouvarinho e dá-lhe um "tremendo" beijo, mesmo antes da
chegada do conde Gouvarinho.

Capítulo X
Passam-se 3 semanas. Carlos sai de um coupé, onde acabara de estar com a Gouvarinho. Nota-se que já
estava farto dessas 3 semanas e que se quer ver livre da Gouvarinho. Fugazmente, vê Rosicler acenando
de um coupé adiante do Grémio. Combina com o Dâmaso, no Ramalhete, levar os Castro Gomes a ver o
bricabraque do Craft, nos Olivais. Não se concretiza a ideia. Chega(m) o(s) dia(s) das corridas de cavalos.
Confusão à porta do hipódromo. Descrição do ambiente dentro do hipódromo. Confusão com um dos
jóqueis que perdera uma corrida. Briga e rebuliço. Encontra a Gouvarinho, que lhe propõe ir até o Porto
(seu pai estava mal), para um breve encontro romântico em Santarém, e daí cada um seguia para o seu
lado. Carlos começa a ruminar no absurdo de toda aquela ideia. Fazem-se apostas. Todos apostam
contra Vladimiro, cavalo em que Carlos tinha apostado. Vladimiro vence e Carlos ganha 12 libras, facto
muito comentado. Encontra Dâmaso, que o informa sobre a ida de Castro Gomes para o Brasil, deixando
a mulher só por uns 3 meses. Carlos devaneia. Discute com a Gouvarinho, mas acaba por aceder ao
desejo do encontro em Santarém. Sempre pensando na mulher de Castro Gomes, vem a Lisboa, com o
pretexto de visitar o Cruges (o Vitorino), agora que sabe que ela mora no mesmo prédio, à R. de S.
Francisco. O Cruges não está; Carlos volta ao Ramalhete. Tem uma carta da Castro Gomes, pedindo-lhe
que a visite, por ter "uma pessoa de família, que se achava incomodada". Carlos fica numa agitação (de
contentamento).

Capítulo XI
Carlos vai visitar a Castro Gomes, i.e., Maria Eduarda. É a governanta, Miss Sara, que está doente.
Descrição de Maria Eduarda. Examina Miss Sara. Falando com Maria Eduarda, descobre que é
portuguesa, não brasileira. "Até amanhã!" é só no que Carlos pensa; um recado da Gouvarinho indispõe-
no. Começa a "odiá-la". Por sorte, o Gouvarinho decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o
que convém muito a Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhe os
"entraves" fora de Lisboa.
Nas semanas seguintes, Carlos vai convivendo com Maria Eduarda, graças à doença de Miss Sara. Falam
ambos das suas vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso volta de Penafiel; visita Maria Eduarda. "Niniche",
aninhada no colo de Carlos, rosna e ladra quando Dâmaso tenta fazer-lhe festas. "Desconfianças" de
Dâmaso. Sabe-se que, por coincidência, os Cohens voltaram de Inglaterra e que Ega está para chegar de
Celorico.

Capítulo XII
O Ega chega e pede "asilo" no Ramalhete. Informa Carlos de que viera com a Gouvarinho e de que o
conde os convidara para jantar na próxima segunda-feira.
(2.ª feira) Nesse jantar, a Gouvarinho está mesmo implicativa com Carlos, sempre com as suas indiretas.
O clima suaviza-se durante o jantar, devido aos ditos irreverentes do Ega. A pretexto de um mal-estar de
Charlie, a Gouvarinho beija Carlos nos aposentos interiores. Carlos e Ega são os últimos a sair.
(3.ª feira) Depois de ter sido "retido" pela Gouvarinho na casa da tia, Carlos chega atrasado à casa de
Maria Eduarda, que acusa algum ciúme. No meio da conversa, Domingos anuncia Dâmaso; Maria
Eduarda recusa-se a recebê-lo. Fala a Carlos sobre uma possível mudança de casa (Carlos pensa logo na
casa do Craft). Carlos deixa escapar que a "adora" depois de uma troca de olhares. Beijam-se.
(4.ª feira) Carlos conclui o negócio da casa com o Craft. Maria Eduarda fica um pouco renitente com a
pressa de tudo, mas acaba por concordar. Ega, depois de se mostrar insultado pelo segredo que Carlos
faz de tudo, vem a saber que Carlos está a ter mais do que uma aventura com Maria Eduarda.

Capítulo XIII
(6.ª feira) Ega informa Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda. Carlos faz os
preparativos para a mudança de Maria Eduarda para os Olivais. Encontra Alencar, que refere a crescente
antipatia de Dâmaso por Carlos. Aparece Ega. Cumprimentam-se. Do outro lado da rua, aparecem o
Gouvarinho, o Cohen e Dâmaso. Carlos atravessa a rua; ameaça Dâmaso.
(sábado) Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais. Descrição da casa. Têm a sua primeira relação
sexual.
(domingo) Aniversário de Afonso da Maia. Tagarelice do marquês: Dâmaso estava a namorar a Cohen.
Aparece Baptista a informar de que está uma senhora dentro de uma carruagem que quer falar com
Carlos. Era a Gouvarinho. Ela tenta uma aproximação física, mas, ao lembrar-se da imagem de Maria
Eduarda, Carlos recua. Discutem. Carlos sai. Terminou tudo.

Capítulo XIV
O avô parte para Sta. Olávia. Maria Eduarda instala-se nos Olivais. Ega parte para Sintra por alguns dias.
Carlos, só, vai passear depois do jantar. Encontra Taveira no Grémio, que o adverte contra Dâmaso.
Taveira arrasta-o até o Price, mas Carlos pouco se demora. Ao sair, encontra Alencar e o Guimarães, tio
do Dâmaso.
Carlos e Maria Eduarda pretendem fugir até outubro para Itália, mas Carlos pensa no desgosto que dará
ao avô. Descreve-se as idas de Carlos aos Olivais: os encontros com Maria Eduarda e as relações que
tinham no quiosque japonês. Isto não é o suficiente: eles querem passar as noites também. A primeira
noite é descrita. Carlos descobre uma outra casa perto da dos Olivais, que servirá para esperar pelos
encontros noturnos dele e de Maria Eduarda. Numa dessas noites, descobre Miss Sara a fazer sexo no
jardim da casa com o que lhe parece ser um jornaleiro. Sente vontade de contar tudo a Maria Eduarda,
mas, à medida que pensa no caso, compara-o com a furtividade do seu. Decide não dizer nada.
Chega setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos que pareceu-lhe estar
o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por lá. Carlos diz a Maria Eduarda que vai visitar o avô.
Ela pede-lhe para visitar o Ramalhete, antes. Combinam isso para o dia em que Carlos partirá para Sta.
Olávia. Maria Eduarda visita o Ramalhete mas, misteriosamente, desanima-se; Carlos "conforta-a".
Maria Eduarda refere que às vezes Carlos lhe lembra a sua mãe; diz que a mãe era da ilha da Madeira,
que casara com um austríaco e que tinha tido uma irmãzinha, que morrera em pequena. Chega Ega,
trazendo novas de Sintra. Carlos parte para Sta. Olávia. Regressa uma semana depois. Fala a Ega do
plano de "amolecer" o avô quanto à relação com Maria Eduarda. Castro Gomes anuncia-se! Mostra uma
carta anónima que lhe haviam mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante,
Carlos. Revela não ser marido de Maria Eduarda, que lhe retirava o uso do seu nome, deixando-a apenas
como Madame Mac Gren, seu verdadeiro nome. Carlos fica estupefacto com essa revelação. Ruminando
pensamentos, entre escrever uma carta de despedida ou não, Carlos decide confrontar Maria Eduarda
nos Olivais. Ao entrar, sabe por Melanie, a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda,
em choro, pede perdão a Carlos de não lho ter contado; conta a verdadeira história da sua vida. Depois
de uma grande cena de choro, Carlos pede-a em casamento.

Capítulo XV
Na manhã seguinte, perguntam a Rosa se quer o Carlos como "papá". Aceita. Maria Eduarda conta toda
a sua vida. Dias depois, ao ir visitar Maria Eduarda com Carlos, Ega diz-lhe pelo caminho que seria
melhor esperar que o avô morresse para se casar. Carlos acalenta a ideia. Jantam nos Olivais e Ega,
rodeado deste ambiente, diz querer casar e louva tudo o que até aí era contra. Aos poucos, os amigos
de Carlos (o Cruges, o Ega, o marquês) vão frequentando esses jantares de amizade dados nos Olivais.
Meados de outubro: estava Afonso com ideias de vir de Sta. Olávia (e Carlos de sair dos Olivais), pois o
inverno aproximava-se. Recebe, através do Ega, um número da Corneta do Diabo, que o difama em
calão "num caso que tem com uma gaja brasileira". Carlos primeiro pensa matar o autor da difamação,
mas, refletindo na verdade dos escritos, pensa se não será melhor não casar com Maria Eduarda. Volta
ao primeiro pensamento: matar. Descobre, pelo editor do artigo, o Palma, que tinham sido o Dâmaso e
o Eusebiozinho que lho tinham encomendado. Ega e Carlos vão até o Grémio; encontram o Gouvarinho
e Steinbroken. Finalmente, aparece Cruges, a quem pedem que faça de padrinho num duelo de Carlos.
Cruges e Ega vão a casa do Dâmaso. Este faz uma cena ao saber do desafio, mas acaba por escrever uma
retratação. Ega escreve-lhe a retratação e ele copia-a. Ega entrega-a, ao sair, a Carlos. Satisfeito, Carlos
devolve-lha, para usar como lhe aprouver. No dia seguinte, Ega remói a ideia de fazer conhecer a carta
do Dâmaso. Chega uma carta anunciando que Afonso voltava ao Ramalhete. Carlos retorna ao
Ramalhete e Maria Eduarda à R. de São Francisco. No dia seguinte, chega Afonso à estação de Sta.
Apolónia. Ao almoço, Carlos e Ega falam do projeto de uma revista. Ega vê a Cohen e o Dâmaso e,
afrontado, dirige-se à redação do jornal A Tarde e pede ao Neves para publicar a carta do Dâmaso. Há
um ligeiro rumor nos dias seguintes, mas tudo acalma. Dâmaso "vai de férias" para Itália.

Capítulo XVI
Carlos e Ega vão ao sarau da Trindade. Ouvem o discurso de Rufino. Entretanto, no botequim, dá-se uma
conversa entre o Guimarães e Ega, a propósito da carta do sobrinho. Ega volta ao sarau, ouve Cruges e
sai quando o Prata sobe ao estrado. Carlos vê o Eusebiozinho a sair. Vai atrás dele e dá-lhe uns
"abanões" e um pontapé. Voltam ao sarau, onde Alencar já ia declamar. Alencar arrebata a sala com o
seu poema "Democracia". Ega fica desacompanhado, pois Carlos já havia saído. À saída, de caminho
para o Chiado, Ega é parado por Guimarães, que lhe diz ter um cofre da mãe de Carlos para entregar à
família. No meio da conversa, revela, inconscientemente, uma verdade terrível a Ega: Carlos tem uma
irmã: Maria Eduarda. Guimarães conta a Ega tudo o que sabe sobre Maria Monforte, inclusive a mentira
que ela dissera a Maria Eduarda sobre a sua origem de pai austríaco. Enquanto Guimarães vai buscar o
cofre, Ega fica a atormentar-se com os seus pensamentos. Chega ao Ramalhete e deita-se, sempre
pensando no incesto praticado pelo seu amigo Carlos.

Capítulo XVII
Ega não tem coragem de contar a Carlos. Sai, à procura de Vilaça. Come no Café Tavares e volta à R. da
Prata. "Despeja" tudo ao Vilaça. Incumbe-o de contar tudo a Carlos. Abrem a caixa de Maria Monforte.
Encontram um documento que prova que Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia. Carlos está em baixo
à procura do Vilaça! Ega e Vilaça, atarantados, mandam dizer que não está. Combinam que Vilaça irá ao
Ramalhete, às 9 da noite. Mas Carlos não o atende e adia para o dia seguinte, às 11 horas. Ao saber
disso, Ega sai para cear no Augusto com o Taveira e duas espanholas; fica embriagado e acorda ao lado
de Cármen Filósofa, uma das espanholas, às 9 da manhã. Chega atrasado ao Ramalhete, às 12 horas.
Carlos e Vilaça já estavam "lá dentro". Carlos, insensatamente, não acredita no que lhe contam. Mostra
ao avô os papéis da Monforte. Mas Afonso não os refuta, dando a Carlos uma insegurança de que tudo
pode ser verdade. Afonso, no corredor, diz a Ega que sabe que "essa mulher" é a amante de Carlos. No
jantar dessa noite, estão todos "murchos". No final do jantar, Carlos escapuliu-se: ia à Rua de São
Francisco. Passa pela casa, desce até o Grémio, toma um conhaque e volta à casa de Maria Eduarda;
entra. Tenta inventar uma história, mas ela, no quarto, já deitada, puxa-o para si e… Carlos não
"resiste". Na festa de anos do marquês, no dia seguinte, Carlos está muito alegre. Ega desconfia. Ega
acaba por descobrir que Carlos continua a "visitar" Maria Eduarda. Na terça-feira evita Carlos; só
aparece no Ramalhete às nove da noite para se arranjar para o aniversário de Charlie, o filho do
Gouvarinho. Afonso da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda. Ega decide
partir; pensa melhor e desfaz a mala. Carlos debate-se com os seus pensamentos: o desejo e a culpa
simultâneos. Ao voltar da casa de Maria Eduarda, às quatro da manhã, encontra o avô e o seu silêncio
acusador, como um fantasma. Já era dia, quando dizem a Carlos que o avô estava desacordado no
jardim; estava morto. Carlos culpa-se a si mesmo dessa morte, pois acha que o avô morrer por saber a
verdade. Vilaça toma as providências. Ega escreve um bilhete a informar Maria Eduarda do facto.
Reunião dos amigos da família; recordam Afonso. O enterro é no dia seguinte. Carlos, depois do enterro,
pede a Ega para falar com Maria Eduarda, contar-lhe tudo e dizer-lhe que parta para Paris, levando 500
libras. Quanto a Carlos, vai para Sta. Olávia, esperar a trasladação do avô; depois, viajará para
espairecer. Convida Ega para ir consigo. Carlos parte. Ega deixa, atabalhoadamente, a revelação a Maria
Eduarda e diz-lhe que ela deve partir já para Paris. Encontra-se com ela na estação de Sta. Apolónia, no
dia seguinte. Segue no mesmo comboio até o Entroncamento. E nunca mais a vê.

Capítulo XVIII
Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa viagem.
Ano e meio depois (1879), regressa Ega, trazendo a ideia de escrever um livro, "Jornadas da Ásia"; Carlos
ficara em Paris. (1886) Carlos passa o Natal em Sevilha; de lá, escreve a Ega, dizendo que vai voltar a
Portugal. Chega nesse ano a Sta. Olávia. (Jan. 1887) Carlos chega a Lisboa e almoça no Hotel Bragança
com Ega, que está a ficar careca; a mãe deste já morrera. Carlos pergunta pela Gouvarinho. Aparece o
Alencar e, depois o Cruges. Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete. Antes, descem o Chiado. Encontram o
Dâmaso perto da Livraria Bertrand. Aos poucos, Carlos toma consciência do novo Portugal que existe
agora, anos passados. Passagem de Charlie (insinuação de que ele é homossexual). Passagem do
Eusebiozinho. Às quatro horas, tomam uma tipóia para o Ramalhete. Dentro, nota-se que a maior parte
das decorações (tapetes, faianças, estátuas,...) já tinham sido ou estavam a ser despachadas para Paris,
onde Carlos vivia agora. Também no Ramalhete estavam os móveis trazidos da Toca. Sabe-se que Maria
Eduarda ia casar. Saem do Ramalhete, descem a Rampa de Santos. Carlos olha para o relógio: está
atrasado para o encontro com os amigos no Bragança. Desata a correr, junto com Ega, pela rampa de
Santos e Aterro abaixo, atrás de um transporte.

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