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Centenário da Semana de Arte Moderna

(Narrador, Marinette Prado, Vitor Brecheret, Mário de Andrade, Oswald de Andrade,


Monteiro Lobato, Anita Malfatti).

Abertura

NARRADOR: Você sabe o que foi a Semana de Arte Moderna? Entre os dias 11 e 18
de fevereiro de 1922 um grupo de artistas e intelectuais se reuniu no Teatro Municipal
de São Paulo para promover discussões sobre pintura, literatura, poesia, escultura e
música. Este evento reuniu figuras como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Vitor
Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcante entre outros. De um encontro como este, só
poderia sair coisa boa, não é?! Inspirados em vanguardas europeias, os artistas
promovem a Arte Moderna no Brasil.

ATO I

Sentados em volta de uma mesa os artistas conversam.

Marinette Prado (sotaque francês): O senhor está muito quieto, professor (fala com
doçura).
Vitor Brecheret: Mário, está nos ouvindo? (Chama em tom de reprovação).
Mário de Andrade: (Em pé, segurando um livro antigo como se estivesse lendo) Estava
pensando no amor. Na sua capacidade subversiva, na força e na coragem que carrega
(fala com profundidade).
Oswald de Andrade: Por que você, ao invés de pensar na capacidade subversiva do
amor, não pensa em uma maneira de subvertermos a mentalidade artística dessa
cidade, hein, Mário? (fala chegando ao centro do palco e sentando-se à mesa).
Vitor Brecheret: Claro, claro, concordo com você, Oswald de Andrade.
Marinette Prado (sotaque francês): Por que vocês não fazem um evento parecido com
a Semaine de Fêtes de Deauville (pronúncia: semene dê féte dú víl) que tem pinturas,
apresentações musicais, declamação de poesia... (Vitor Brecheret começa a rir
debochando). Estou falando alguma tolice, Vitor?
Vitor Brecheret: Não, não, senhora... (se recompõe e volta a ficar sério).
Mário de Andrade: Madame, você acabou de nos dar uma excelente ideia. Pronto!!!
Está resolvido (fala com empolgação em um tom de voz grave). Vamos fazer uma
Semana de Arte Moderna.
Vitor Brecheret: Mas onde, meu caro? (Pausa por alguns segundo, todos se
entreolham, surge uma ideia vinda de Oswald).
Oswald de Andrade: Bem, eu posso conseguir Teatro Municipal e, se não cederem
graciosamente, eu posso organizar um grupo de amigos abonados para pagar o aluguel
do teatro.
Vitor Brecheret: Faremos uma semana muito louca (Todos riem e fingem comer e
conversar animados enquanto o narrador entra em cena. Aos poucos os atores saem
do palco de modo organizado).

NARRADOR: Anita Malfatti é considerada a primeira representante do Modernismo no


Brasil entre bengaladas, risos, devoluções de obras e bilhetinhos ofensivos. A causa de
tudo isso? Um cruel artigo escrito por Monteiro Lobato em que comparava os trabalhos
de Anita aos “que ornam as paredes internas dos manicômios”. O artigo foi publicado
no jornal O Estado de S. Paulo, intitulado ‘A propósito da exposição Malfatti’, mais tarde,
conhecido como ‘Paranoia ou Mistificação?’. Mal sabia ele que a artista iria inspirar,
tempos depois, outros autores e um grande movimento.

ATO II

Monteiro Lobato: (Indignado) Bom, como alguém chama isso de arte? Isso é um delírio
de quem vê anormalmente a natureza e interpreta na luz de teorias efêmeras. Embora
se deem como novos precursores de uma arte aí, nada é mais velho que a arte anormal
ou teratológica. Nasceu com paranoia e a mistificação. Não pode ser considerado como
arte moderna. E sim, como uma perturbação mental. Eu afirmo, isso não é arte! (Fala
alterando a voz) Muito menos Moderna! E sim, um manicômio.

É necessário haver uma mudança no cenário.

ATO III (A participação de Anita Malfatti)

Anita Malfatti: (Pintando uma obra, fala em tom ríspido) Não contem mais comigo! Eu
não serei mais uma vez saco de pancada da imprensa dessa cidade. O meu nome
esteve em um horrendo artigo de jornal.
Oswald de Andrade: Qual é o sentido de fazer um festival de Arte Moderna sem a
artista que nos revelou o expressionismo Anita Malfatti?
Anita Malfatti: E quem gosta do expressionismo a não ser você o Mário?
Oswald de Andrade: Anita, vamos chacoalhar a miopia. Vamos estremecer o
perfeccionismo.
Anita Malfatti: Não quero abalar mais nada. Aliás, já estou muito abalada. A única coisa
que eu quero, é que vocês todos me deixem sossegada.
Oswald de Andrade: Olha, uma grande artista como você, não precisa de sossego.
Você precisa de efervescência, turbulência para criar.
Anita Malfatti: Você é rico Oswald, não tem nada a perder. Eu não posso arriscar a
minha reputação de artista nessa aventura.
Mário de Andrade: Anita, em nome da nossa amizade e da admiração que nós temos
por você, em nome do grande saber, e se isso não for suficiente, que seja em nome do
afeto que tenho por você, por favor, junte-se a nos.
Anita Malfatti: (Pausa dramática) Eu vou escolher algumas telas... (diz convencida).
Mário de Andrade: Não se esqueça do homem amarelo!
Anita Malfatti: O que eu não faço por você, Mário?

Música

Você tem o poder


De fazer isso acontecer
A arte está em você
Cem anos já se sucedeu
Os artistas que eu vou mostrar
E a arte compartilhar
Na Semana de 22
Barreiras vão enfrentar

Eu canto por aí
Eu pinto por aí
A arte é uma forma de ver tudo melhor
No Municipal, vamos participar

Refrão
Eu canto e vou escrever a nossa história
Ela, ela, ê, ê, ê
Na semana de 22
Ela, ela, ê, ê, ê, ê, ê, ê
Inspiram
A arte inspira,
Venham conhecer e aprender

Você tem o poder


De fazer isso acontecer
A arte está em você
Cem anos já se sucedeu
Os artistas que eu vou mostrar
E a arte compartilhar
Na Semana de 22
Barreiras vão enfrentar

Eu canto por aí
Eu pinto por aí
A arte é uma forma de ver tudo melhor
No Municipal, vamos participar
Cantando e dançando por aí
Vamos escrever a nossa história
Ela, ela, ê, ê, ê
Na semana de 22

Inspiram
A arte inspira,
Venham conhecer e aprender

Eu canto por aí
Eu pinto por aí
A arte é uma forma de ver tudo melhor
No Municipal, vamos participar
Cantando e dançando por aí
Vamos escrever a nossa história
Ela, ela, ê, ê, ê
Na semana de 22
(Todos juntos)

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