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SEMANA DE ARTE

MODERNA
Por

ANNY VITÓRIA & VITOR


Personagens
Anita Malfatti
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Vicente do Rego Monteiro
Victor Brecheret
Manuel Bandeira
Menotti Del Picchia
Guinomar Noraes
Heitor Villa-Lobos
Di Cavalcanti
Tarsila do Amaral
Zina Aita
Regina Graz
Graça Aranha
Ronald de Carvalho
Narrador Personagem - Professor
Cena I
ABERTURA DA CENA:
INT. SALA DE AULA — DIA

O professor se dirige à frente da sala para dar início a explicação, segurando


um livro escolar.

PROFESSOR
— BOOOOOOOM DIAAAA GALERINHA DO BEM... Tupi or not
tupi em??? Anh ahn entenderam entenderam???.. é claro que não, essa
piada é pra poucos

Gurizada eu vim passar um conteúdo diferente pra vocês, é sobre um


dos acontecimentos mais importantes pra nossa cultura, que aconteceu
aqui mesmo.. em São Paulo

Esse evento foi A Semana da Arte Moderna, que aconteceu lá no meio


do teatro municipal da cidade, e vcs se perguntam quando que foi isso..
foi lá pra 1922 no começo do ano

Mas quem vocês acham que foram os cabeças dessa façanha.. e antes
que falem bruno berti ou lucas neto já adianto que não foram eles

Foram um grupinho de 5 amigos batutinhas que hoje conhecemos como


grupo dos 5, com as 2 lindas e talentosas pintoras Anitta e Tarsila e os
excelentes escritores Menoti, Oswald e o famoso Mario.. que Mario vcs
me perguntam?? Mario de Andrade pô
Mas vou confessar um negócio pra vcs.. meu joelho da me matando
(sair mancando pra mesa)

Cena II

CORTA PARA:
INT. ATELIER DE TARSILA DO AMARAL — NOITE

Entram em cena Tarsila do Amaral sentada ao lado de Mário de Andrade em


um sofá, rindo entre si. Anita Malfatti, Menotti del Picchia e Oswald de
Andrade sentados no chão lado a lado. Todos com uma taça de champanhe
nas mãos. Uma música suave tocava ao fundo. Além de sua taça, Oswald
também tinha um cigarro que estava dividindo com Tarsila. Menotti levanta,
indo atrás de uma garrafa de vinho.

MÁRIO DE ANDRADE
— Os jornais estão cheio de críticas sobre mim

TARSILA DO AMARAL
— Isso porque você não é nem mulher e nem
pintora. Anita fôra criticada apenas por usar
rosa.

Ela diz indignada. Nesse momento ela troca olhares com


Oswald de Andrade, que oferece seu cigarro a Tarsila,
que aceita imediatamente.

MENOTTI DEL PICCHIA


— Viu o que está nos jornais, Anita? Aquele
velhote escreveu uma enorme crítica à você e
suas obras. Disse até mesmo que eram
decadentes. — Diz ele, enquanto distribui o
vinho entre os demais

ANITA MALFATTI
— E quem disse que isso é problema meu? Ora
essa, eu não darei ouvidos a esse… esse…
mequetrefe. Ele que cuide do seu rabicó. —
esbravejou ela com o rosto vermelho de raiva

MÁRIO DE ANDRADE
— Você está certa, não dê ouvidos a ele. E olha
que eu e Oswald estávamos falando sobre isso.
Tivemos uma ideia. Revolucionária talvez. O
que me dizem?

O grupo dirige o olhar à Mário, um tanto quanto


desconfiados e curiosos.

TARSILA DO AMARAL
— Vocês sempre tem boas ideias, rapazes.
Conte-nos a respeito.

Ela lhe lança um olhar amigável. Oswald se levanta e vai


até o centro do atelier.
OSWALD DE ANDRADE
— É o seguinte, pensamos em um evento - uma
semana - onde a gente possa… trabalhar com
novas linguagens, novos materiais e novas
propostas a fim de renovar a arte nacional.
Afinal, estamos em meio ao centenário da
independência do Brasil, o país precisa de um
novo olhar artístico.

Os outros três, antes desconfiados, fitaram os dois com


admiração.

TARSILA DO AMARAL
— Eu adorei — ela disse animada indo em
direção aos amigos abraçando-os por trás — É
exatamente o que esse país precisa, Brasilidade
e arte.

Anita vai em direção a eles.

ANITA MALFATTI
— Que ótima ideia, amigos. Vamos calar a boca
dessas pessoas que não tem a mínima noção do
que é arte! Já tem alguma ideia de nome para
esse evento?

O até então calado Menotti encarou os amigos.

MENOTTI DEL PICCHIA


— Olha pessoal, a ideia é até interessante, mas o
que a elite irá pensar?

Oswald lançou um olhar fulminante ao amigo.

OSWALD DE ANDRADE
— Dane-se, eles não são a base da nossa
sociedade! Os trabalhadores, os artistas, nós
somos o povo! Não os riquinhos — ele diz com
desdém.
Anita se aproxima de Oswald

ANITA MALFATTI
— Mas você não faz parte dos “riquinhos”? —
ela pergunta entre risos.

Um clima estranho surge entre eles e Tarsila logo se


coloca entre eles, dizendo:

TARSILA DO AMARAL
— Que tal algo como Semana de Arte
Moderna? Causa impacto, não é? — ela sorri.

Cena III

CORTA PARA:
TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO - ENTARDECER

PROFESSOR
— Alguns dias depois que na verdade
pareceram meses, os 5 batutas foram em
direção ao Teatro municipal, mas por
algum motivo que ninguém sabe a Tarsila
não foi com eles

Todo mundo tava meio com receio desse


evento, mas Menotti não.. O Menotti tava
tomando a frente super confiante abrindo
as portas do teatro e acomodando os
demais

Após a entrada de todos, Menotti fecha as portas do


teatro enquanto se vira para os demais, dizendo:
MENOTTI DEL PICCHIA
— Ta dã! — O moço exaltava — O que
acharam? Não seria esse o local perfeito para
nosso evento?

Oswald, Anita e Mário começam a admirar o teatro, A


construção, visivelmente influenciada por teatros de ópera
da Europa, foi erguida como símbolo aspiracional da alta
sociedade paulistana, a luxuosidade do local era o bastante
para deixá-los desnorteados. Incrédulo, Mário responde:

MÁRIO DE ANDRADE
— O Teatro Municipal?! Rá! — Mário
retrucava, enquanto se virava para Menotti —
Você deve ter perdido a cabeça mesmo, como
poderíamos alugar o local inteiro por uma
semana? Já devo estar endividado apenas por ter
entrado aqui. Além do mais, onde está Tarsila?

Anita permanece admirando o Teatro, Oswald por outro


lado, adentra a discussão:

OSWALD DE ANDRADE
— Tarsila me disse que chegaria tarde para
nossa reunião, iria trazer algo para nós.

MENOTTI DEL PICCHIA


— O aluguel também não será problema, pois…
Cena IV
Antes que pudesse começar sua explicação,
Menotti é interrompido com a chegada da Tarsila.
A pintora abria as portas e adentrava sozinha,
entretanto, as portas permaneceram abertas.
Menotti parecia impaciente, pois foi interrompido
na cena anterior.

TARSILA DO AMARAL
— É um prazer rever vocês.

Anita, até então calada, finalmente se vira ´para os


demais, em destaque, Tarsila;

ANITA MALFATTI
— Tarsila! Já não era sem tempo, mas vejo que
estás de mãos vazias, onde está a tal surpresa
que Oswald disse sobre?

TARSILA DO AMARAL
— Não fique preocupada, Anita. O que
lhes trago é grande demais para trazer em uma
só mão — Tarsila estende sua mão para a
porta, e então ela diz — Venham, rapazes!

Após o chamado, quatro artistas adentravam o Teatro,


a porta finalmente era fechada.

Cena V

Victor, Guiomar, Zina, Heitor, Di Cavalcante e Regina


adentram o Teatro. Todos logo se espalham em grupos.

TARSILA DO AMARAL
— Será que isso vai dar certo?

Ela pergunta a Oswald.

OSWALD DE ANDRADE
— Não se preocupe, querida. Eu cuido
disso — ele pisca para ela.

Indo para o meio da sala, ele olha para todos ali


presentes e começa a falar:
OSWALD DE ANDRADE
— Podemos começar? Vocês devem estar
se perguntando qual o motivo de Tarsila ter
trago Victor, Guiomar, Zina, Heitor, Di
Cavalcanti e Regina até aqui. — As duas
mentes brilhantes aqui. — ele aponta para
ele e Mário — tiveram uma ideia genial.
Porque não explica, Mário?

Mário se junta à Oswald no centro da sala.

VICTOR BRECHERET
— Mario, bist du das? — Victor perguntava
se aquele era Mário, em alemão, pois era
da Suíça.

Todos ficam confusos, pois não entendiam o que aquele


homem dizia, exceto por Tarsila e o próprio Mário, que
o
respondia com clareza:

MÁRIO DE ANDRADE
— Sou eu sim, velho amigo! — Dizia ele,
enquanto apertava a mão de Victor, após
isso, ele retomava a explicação — Bom,
queríamos criar uma arte que fosse
autenticamente brasileira e popularizar a
arte aqui nesse país. Nada melhor do que
um evento, uma exposição dos nossos
trabalhos. Precisamos chocar os
tradicionalistas acostumados às tradições
europeias.

Todos os artistas se animam com a ideia e começam a


falar ao mesmo tempo.

GUIOMAR DE NOARES
— Mas e como faríamos isso? Não temos
dinheiro para fazer uma coisa tão grande.

O até então nervoso Menotti, finalmente recupera seu


ânimo.

MENOTTI DEL PICCHIA


— Obrigado por perguntar! Já organizei
tudo, teremos apoio tanto do Paulo Prado e
até do próprio Governador. Por esse motivo
estamos aqui no Teatro Municipal. A ideia
principal era fazer uma semana de
exposições, mas só consegui alugar o
espaço por 3 dias: 13, 15 e 17 de fevereiro.
Acho que é o suficiente.

ZINA AITA
— O que esses dois estão tramando
estendendo a mão para nós desse jeito?

TARSILA DO AMARAL
— O Governador quer pintar São Paulo
como centro do progresso no país e o
centenário da Independência do Brasil é o
cenário perfeito para um evento desse tipo.
Paulo, por outro lado… No fundo acho que
ele só quer nos incentivar mesmo —
Tarsila parecia reclusa, mas logo
recuperava sua postura — De toda forma,
eu ainda tenho mais uma surpresa para
todos vocês. Não é, Cavalcanti?

Di Cavalcanti vai para o lado de Tarsila com alguns papéis


em mãos.
DI CAVALCANTI
— Então, eu terminei de fazer os cartazes
e os catálogos que a madame me pediu.
Agora só falta divulgar sobre o evento e
voilà. — explicou ele enquanto distribuía os
cartazes para os artistas.

Heitor Villa-Lobos examina o papel e olha indignado


para Mário e Oswald.

HEITOR VILLA-LOBOS
— Espera aí! deixa eu ver se entendi
direito. Uma exposição do meu trabalho e
ainda por cima sem ganhar nada em troca?
Não, não, não. Música de graça é
desgraça. — reclamou ele.

VICENTE DO REGO MONTEIRO


— É com isso que está se preocupando? O
Oswald consegue um cachê pra você. —
diz ele com um tom provocativo.

HEITOR VILLA-LOBOS
— É isso que veremos! — Ele retrucava

REGINA GRAZ
— Também ficaria mais feliz de expor
minhas obras se for esse o caso.

GUIOMAR NOVAES
— Já que o Heitor vai se apresentar,
faremos em dias diferentes. Eu só poderia
tocar no segundo dia.

TARSILA DO AMARAL
— Ah que pena que não vou poder estar
aqui. Estarei em Paris estudando, mas
minhas obras ficarão aqui para serem
expostas! Afinal, um artista não é nada
mais do que suas criações.

Mário e Oswald olham para a mulher com uma


expressão de tristeza e dizem ao mesmo tempo:

MÁRIO E OSWALD
— Que pena, querida!

Os dois se olham com os rostos franzidos e semblantes


irritados.

ANITA MALFATTI
— Realmente uma pena, Tarsila. Aproveite
Paris por mim. — diz ela, sem se importar
de verdade.

Cena VI
Dia 1

PROFESSOR
— Ai ai (suspira) Após eles conseguirem alugar o
Teatro municipal, e aconteceu finalmente.. o evento
revolucionário

Lá na noite do dia 13, todos os grandes artistas


começaram a mostrar suas estupendas obras-primas,
e mostraram finalmente pra sociedade oque que era
arte
Mas sabe como é né, o pessoal daquela época era
meio chatinho então como de esperado o público não
aceitou tão de boa assim

Mas o que abriu o evento com seu discurso foi o


gracinha do Graça Aranha

INT. TEATRO MUNICIPAL — NOITE

Graça Aranha se coloca no meio do palco e começa a


dizer

GRAÇA ARANHA
— Sejam todos muitos bem-vindos à
Semana de Arte Moderna. Para muitos de
vocês a curiosa e sugestiva exposição que
gloriosamente inauguramos hoje, é um
show de horrores. Outros horrores vos
esperam. Daqui a pouco, juntando-se a
essa coleção de absurdos, teremos uma
poesia liberta, uma música extravagante
mas transcendente, que virão para revoltar
aqueles que reagem movidos pelas forças
do passado.

A plateia grita em respostas, vaiando o


discurso do romancista.

Cena VII
PROFESSOR
—Então para começar as exposições,
apresentaram-se no mesmo dia as artistas super
talentosas Zina Aita e Regina Graz

Zina Aita e Regina Graz sobem ao palco juntas.


ZINA AITA
— Olá a todos, muito obrigada por estarem aqui
presentes. Sou Zina Aita, pintora, ceramista e desenhista
e essas são algumas de minhas obras.

REGINA GRAZ
— Boa noite, me chamo Regina Graz e sou pintora,
decoradora e tapeceira. Aqui estão alguns de meus
trabalhos.

Elas apontam para alguns de seus quadros.


A plateia aplaude em resposta.

Cena VIII
Dia 2

PROFESSOR
— No segundo dia do evento aconteceu a
leitura do poema "Os Sapos" do famoso Manoel
Bandeira
Mas que infelizmente ele não conseguiu lê-lo,
porque na época ele tava em uma crise de
tuberculose, então para substituir o Bandeira
quem fez a leitura foi Ronald de Carvalho

E além disso para começar o segundo dia teve


uma incrivel palestra do nosso amiguinho
Menotti del Picchia

Menotti del Picchia sobe no palco.

MENOTTI DEL PICCHIA


— O que é a nossa arte? Nada de postiço,
meloso, artificial, precioso: queremos escrever
com sangue - que é humanidade; com
eletricidade - que é movimento, expressão
dinâmica do século; violência - que é energia
bandeirante. Assim nascerá uma arte
genuinamente brasileira, filha do céu e da terra,
do homem e do mistério.

Assim que termina seu discurso, surgem vaias e


barulhos diversos. O público mostrava seu
descontentamento.

Cena IX
PROFESSOR
— Com o pobre Ronald o cenário não foi tão
diferente assim.

RONALD DE CARVALHO
— Olá, estarei declamando agora o poema
“Os Sapos” de Manuel Bandeira.
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

O público faz coro atrapalhando a leitura do texto.

PROFESSOR
— Mas pra salvação da noite a talentosa
Guiomar Novaes aproveitou o intervalo do
evento, para tocar algumas músicas clássicas
muito renomadas com excelente maestria

Então depois de tanta decepção o público


finalmente aplaudiu a iniciativa da artista

GUIOMAR NOVAES
— Boa noite, sou Guiomar Novaes, pianista
brasileira e hoje vou tocar “O ginete de
pierrozinho” de Villa-Lobos

Ela se senta no piano e começa a tocar.


(“O ginete do pierrozinho” começa assim que ela se senta
e termina em *conversar com a gi*)

Enquanto Guiomar toca, Oswald de Andrade e Anita


Malfatti conversam no canto do palco.
ANITA MALFATTI
— Parece que está dando certo não é, Oswald. Melhor do
que eu esperava.

OSWALD DE ANDRADE
— Claro, não tinha como dar errado. Uma pena que
Tarsila está em Paris, ela adoraria estar aqui.

Anita lhe lança um olhar desconfiado.

ANITA MALFATTI
— Sim, sim. Infelizmente ela e o marido dela não
puderam estar aqui. Sem mais delongas, vamos aproveitar
a música.
Cena X
Dia 3

PROFESSOR
— Por fim chegamos ao último dia do evento, e se
vcs tiverem sentindo falta dos batutas Oswald e
Mário, digo a vocês que eles fizeram um grande..
mas quando digo grande é ENORME encerramento

Que aconteceu no dia 17, com as apresentações do


famoso escultor alemão Victor Brecheret e do
talentoso pianista Villa-Lobos

INT. TEATRO MUNICIPAL — NOITE


O Teatro estava lotado com uma escultura de Victor à
esquerda e um piano à direita

VICTOR BRECHERET
— Das geht nicht! (Isso não vai dar certo!) —
Victor discutia com Mário nos fundos do teatro.

MÁRIO DE ANDRADE
— Claro que vai dar certo, nós fizemos tudo dar
certo até aqui! Suas peças já estão lá, você só
precisa apresentá-las.

VICTOR BRECHERET
— Deshalb Mario. Wird nicht verstehen. (Por isso
mesmo, Mário. Eles não entenderão.)

Após alguns segundos pensando, Mário tinha uma idéia:

MÁRIO DE ANDRADE
— Sem problemas, deixa isso comigo!
Mário puxava Victor para fora dos fundos e ambos
começavam a exposição juntos.

MÁRIO DE ANDRADE
— Boa noite, senhoras e senhores! Abrindo
nosso último dia da Semana de Arte Moderna,
teremos a exposição de Victor Brecheret!

Victor mal terminava de se apresentar e já era puxado


por Mário até a obra da esquerda.

MÁRIO DE ANDRADE
— E então, Victor. Como você descreve essa
obra para nós?

VICTOR BRECHERET
— Ahmmm…. Kopt? (Cabeça?)

MÁRIO DE ANDRADE
— Kort? (Corte)

VICTOR BRECHERET
— Kopt! — Victor gritava

MÁRIO DE ANDRADE
— Ah sim, Kopt! Pois bem, senhores, o que
nosso aclamado escultor tem a dizer sobre sua
obra é… Cabeça!

A plateia começava a vaia, pois pensavam que aquilo


fosse algum tipo de piada suas heranças europeias. Antes
que as coisas pudessem piorar, Mário puxava Victor até o
piano
MÁRIO DE ANDRADE
— Pois bem, Victor, tenho certeza que essa
escultura aqui tem um significado obscuro,
diga para nós o que é!

VICTOR BRECHERET
— Hmmm… Lobos!

MÁRIO DE ANDRADE
— Lobos? Mas isso parece tanto um piano…
O piano do Villa-Lobos!
Cena XI
Era tarde demais, antes que algum dos dois pudessem
fazer qualquer coisa, os gritos de Villa-Lobos já ecoavam
por todo o Teatro:

HEITOR VILLA-LOBOS
— Se afastem do meu piano!

Villa-Lobos mancava dos fundos do Teatro até a


exposição. Ele estava acabado, em um pé calçava um
sapato, em outro, um chinelo. Aquilo foi a gota d’água
para a plateia, pensavam estarem sendo chamados de
“pés de chinelo” pelo pianista.

Victor e Mário saiam do palco após os gritos da plateia,


mas Villa-Lobos permanecia. Ele mancava até seu piano,
dizendo:

HEITOR VILLA-LOBOS
— Boa noite, sou Heitor Villa-Lobos, um
compositor, maestro, violoncelista, pianista
e violonista brasileiro. Estou aqui para
tocar minhas próprias composições.
Aproveitem enquanto podem.

E como ele mesmo disse, Villa-Lobos senta no piano e


começa a tocar, sem se importar com a plateia.
(A música começa assim que ele se senta e termina
em *conversar com a gi*)

Após terminar a canção, ele se levantava, fazia pose e saia de


cena.

Cena XII
PROFESSOR
— E por fim com todas as apresentações já feitas, o
evento já tava praticamente no fim

No final das contas do evento foi um completo


desastre, a maior parte da platéia já tinha ido
embora

Mas os artistas ainda tinham suas questões


pendentes a serem realizadas

Villa-Lobos e Regina encurralam Oswald, eles estão


atrás do cachê que lhe foram prometidos.

HEITOR VILLA-LOBOS
— Espere aí, Oswald! Não pense que pode
sair desse fininho sem me pagar, ainda
mais depois do vexame que eu tive que
passar!

REGINA GRAZ
— Andem logo com isso. Se vocês não perceberam, eu
também tenho que recolher minhas obras.

OSWALD DE ANDRADE
— Calma lá, vocês dois! É o dinheiro que
querem? — Oswald coloca a mão dentro do
casaco, sacando várias cédulas e distribuindo
para os dois — Pois bem! Aqui está. Agora
saiam daqui!

Os três começam a sair de cena, mas Oswald olha


para trás e percebe que Villa-Lobos ainda está
usando um sapato e um chinelo ao mesmo tempo.

OSWALD DE ANDRADE
— Sabe, Heitor, você já pode colocar o sapato
se quiser.

Villa-Lobos e Regina também se viram após a fala de


Oswald.

HEITOR VILLA-LOBOS
— Com um inchaço no pé desses? Não
seja tão besta.

OSWALD DE ANDRADE
— Inchaço no pé? Mas isso não era uma crítica
aos burgueses e coisa do gênero? Pé de chinelo,
sabe?

Se contorcendo de vergonha alheia, Regina puxa


Villa-Lobos para fora do teatro, esse que vai se
arrastando e reclamando do pé. Oswald também sai
do teatro, mas sai de cena pelo outro lado.
Cena XIII
Após todos os artistas se retirarem do teatro com
suas obras, Graça Aranha ficava para fechar o local.
Porém, um jornalista curioso o abordava:

JORNALISTA
— Graça Aranha, senhor! Tem tempo para
algumas perguntas?

GRAÇA ARANHA
— Seja breve, rapaz.

JORNALISTA
— É verdade que Paulo Prado financiou o
evento? Qual o interesse dele com esses patetas?

GRAÇA ARANHA
— Paulo financiou o evento de fato. Mas ele
não fez isso por pura boa-vontade, ele vê nesses
jovens o futuro da nossa arte, da nossa
identidade. Ele está apostando sua carreira
neles, e eu estou junto dele nessa.

JORNALISTA
— Sabe, os senhores não deveriam fazer apostas
que não irão ganhar. Digo, esses tais artistas
estão mais para doentes mentais, eu quase
confundi o teatro com um hospício. A sorte
deles é que nenhum jornal terá coragem para
criticá-los.

GRAÇA ARANHA
— Pelo menos o velhote do Monteiro Lobato é
honesto. — Dizia ele, rindo.

JORNALISTA
— Como é que é?

GRAÇA ARANHA
— Não tenha vergonha de receber propina, tenha
vergonha de sua ignorância. — ele ri.

JORNALISTA
— Você não sabe do que está falando.

GRAÇA ARANHA
— Colega, arte é sobre criticar, é sobre expor
nossa realidade e como mudá-la para melhor. Se
você não tem coragem para criticar nem aquilo
que menospreza, o que você sabe de arte afinal?

O jornalista tentava retrucar, mas começava a


gaguejar sem argumentos. Logo recuava e saía de
cena, Graça também se retirava, mas saía pelo outro
lado.
Cena XIV
Com todos os artistas fora de cena, o professor levanta-se de sua
cadeira e começa a discursar:

PROFESSOR
— EEEEEEENTÃO GALERINHA DO BEM, essa foi a
Semana da Arte Moderna que aconteceu a cem anos
atrás, e antes que me perguntem eu NÃO TAVA LÁ
OKAY?

Mas msm tendo acontecido a tanto tempo atrás ela


causa impacto na nossa cultura e na arte até hoje

E povo bonito, foi uma honra ter narrado esses


acontecimentos pra vocês, eu espero que tenham
gostado

E TAMBÉM ACHO BOM VOCÊS TEREM ANOTADO


TUDO QUE EU FALEI PQ VOU PASSAR 2 SAES E
AMANHÃ TEM NEARPOD (sair correndo do palco)
FIM
(boa sorte para vocês lol)

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