Você está na página 1de 84

Semana de Arte Moderna/ Primeira Fase do Modernismo

Língua Portuguesa – Literatura Brasileira


O Brasil de 1922 a 1930

Coleção Mário de Andrade do IEB/USP


Índice

A Semana de Arte Moderna

Antecedentes da Semana

A Semana - Documentação

O modernismo dos anos 1920

A geração dos anos 1920

"O Homem Amarelo", de Anita Malfatti, 1915.


Óleo sobre tela, 61 x 51 cm.
Coleção Mário de Andrade do Instituto de
Estudos Brasileiros – USP-SP.
A Semana de Arte Moderna

“O passado é lição para se meditar, não para reproduzir.”


ANDRADE, Mário de. Prefácio interessantíssimo. Pauliceia desvairada.

 A Semana de Arte Moderna é considerada o marco do modernismo no Brasil.

 As manifestações modernistas ocorreram principalmente nas artes plásticas e na


literatura, mas também houve presença da música e até mesmo da arquitetura.

 As manifestações se relacionavam com as transformações políticas, econômicas e


sociais do período.

 Os modernistas buscavam uma identidade nacional para as artes brasileiras,


influenciados pelos movimentos de vanguarda europeia: expressionismo, cubismo,
futurismo e surrealismo.
A Semana de Arte Moderna

Vejamos alguns dos principais artistas


da Semana de Arte Moderna:

© www.itaucultural.org.br
• Artes Plásticas:
 Anita Malfatti
 Di Cavalcanti
 Vicente do Rego Monteiro
 Victor Brecheret

• Música:
 O maestro Heitor Villa-Lobos

• Literatura:
 Mário de Andrade
"Mulheres, Flores e Arara”, de Emiliano Di Cavalcanti,
1966. Óleo sobre tela de c.i.d. 140 x cm
 Oswald de Andrade

 Manuel Bandeira
A Semana de Arte Moderna

Não foi por acaso que a Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo, no
Teatro Municipal, em fevereiro de 1922.
Comemoração do primeiro centenário da
1922 Independência do Brasil.

Inaugurado em 1911, idealizado para as grandes


apresentações de Ópera, era orgulho da elite
paulistana. Considerado pelos modernistas o melhor
Teatro Municipal local dentro da cidade de São Paulo para realização
do evento.

Para os modernistas, apenas São Paulo reunia as


condições para sediar a Semana. Pela diversidade
de raças, crenças e classes sociais de sua população
São Paulo era o palco ideal para o evento que mostrava uma
arte inovadora, que rompia com as estruturas do
passado.

Segundo Mário de Andrade, “São Paulo estava, ao


mesmo tempo, pela sua atualidade comercial e sua
industrialização, em contato mais espiritual e mais
técnico com a atualidade do mundo”.
Semana de Arte
Moderna

No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna levou ao


Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos,
escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus
trabalhos, os quais foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo
de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande
acontecimento cultural do período, que lançou as bases para a
busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira.
13, 15 e 17/ fevereiro/1922
Embora as primeiras manifestações modernistas já
viessem surgindo em São Paulo desde 1911, é somente
na década de 20, principalmente a partir da Semana de
Arte Moderna que o Modernismo se difunde e se
solidifica em nosso país.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna
1

“Nós não sabíamos o que queríamos, mas


sabíamos o que não queríamos(...) o nosso
sentido era especificamente destruidor.”

1911- Oswald de Andrade funda o semanário


humorístico O Pirralho, que circulou até 1917,
contando entre seus colaboradores com um
excelente desenhista, Di Cavalcante.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna
2
1912- Oswald de Andrade retorna de sua primeira viagem à
Europa trazendo em sua bagagem as ideias do Futurismo
de Marinetti.

1913- Lasar Segall russo) realiza sua


(pintor
mostra no Brasil, apresentando
primeira clarament
expressionistas.
telas Apesar de trazer para o e um
país
importantes movimentos da Vanguarda Europeia, dos
Lasar
Segall não alcançou grande repercussão nos meios
artísticos.
Antecedentes da Semana de Arte Moderna
3

O bananal
Lasar Segall
A Família

Lasar Segall
Antecedentes da Semana de
Arte Moderna 4
1914- Primeira exposição de Anita
Malfatti.

1915- Ano considerado marco inicial do


Modernismo em Portugal, com a
publicação da revista Orpheu.

- Juó Bananére publica paródia ao poema


“Ouvir estrelas” de Olavo Bilac.
Uvi Strella

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Che scuitá strella, né meia strella!
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Vucê stá maluco! e io ti diró intanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
E abro as janelas, pálido de espanto... I vô dá una spiada na gianella.

E conversamos toda noite, enquanto I passo as notte acunversáno c'oella,


A Via Láctea, como um pálio aberto, Inguanto che as otra lá d'un canto
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em Stó mi spiano. I o sol come un
pranto, briglianto
Inda as procuro pelo céu deserto Nasce. Oglio p'ru çeu: — Cadê
strella?!
Direis agora: "Tresloucado amigo! Direis intó: — Ó migno inlustre
Que conversas com elas? Que amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
sentido Quano illas viéro acunversá contigo?
Tem o que dizes, quando não estão
contigo?" E io ti diró: — Studi p'ra
E eu vos direi: "Amai para entendê-
las! Pois só quem ama pode ter intedela, Pois só chi giá studô

ouvido Astrolomia É capaiz de intendê


ista strella.
Capaz de ouvir e de entender
estrelas".

Soneto "XIII", da série Via-Láctea, do livro POESIAS (1888),


de Olavo Bilac Paródia do soneto "XIII", da série Via-Láctea,
do livro POESIAS (1888), de Olavo Bilac
Os Antecedentes da Semana
Mário de Andrade afirmava que a Semana de Arte Moderna abriu na verdade a
segunda fase do modernismo, que foi de 1922 a 1930. Para o autor, o Modernismo
no Brasil teve início em 1917 com a exposição da pintura de Anita Malfatti.
Para entender melhor o período que antecede a Semana, veremos a seguir uma
breve retrospectiva dos três anos anteriores:

Di Cavalcanti, pintor, ilustrador, caricaturista e desenhista


 1917:

• Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade.

• Mário de Andrade, com o pseudônimo de Mário Sobral,


publica o poema regionalista Juca Mulato.

• O Pirralho, semanário humorístico dirigido por Oswald


de Andrade, publica a primeira versão de Memórias
sentimentais de João Miramar, com ilustrações de Di
Cavalcanti.

• Di Cavalcante realiza sua exposição de caricaturas.


Os Antecedentes da Semana

• É inaugurada em São Paulo a rumorosa exposição

da Universidade de São Paulo


Museu de Arte Contemporânea
de Anita Malfatti.

• O Jornal Estado de São Paulo publica o polêmico


artigo “Paranoia ou mistificação? A propósito da
Exposição Malfatti”, assinado por Monteiro Lobato.

• Os jovens artistas de São Paulo, liderados por Mário


de Andrade e Oswald de Andrade, unem-se em
defesa de Anita e da arte moderna.
"A Boba", de Anita Malfatti, 1917.
Óleo sobre tela, 61 x 50,6 cm. Museu de Arte
Contemporânea, São Paulo-SP.
Museu de Arte Contemporânea da Universidade
de
São Paulo (MAC-USP).
Exposição de Anita Malfatti

Em 1917, depois de estudar na Europa e


nos Estados Unidos, Anita Malfatti retorna
ao Brasil e realiza uma mostra de seus
quadros em São Paulo. Com uma técnica de
vanguarda, a sua pintura surpreende o
público, acostumado com o realismo
acadêmico, trivial e sem ousadia.
Mas, em geral, as reações são favoráveis até
que Monteiro Lobato, crítico de artes de O
Estado de São Paulo, escreve um artigo feroz
intitulado Paranoia ou mistificação, no qual
acusa toda a Arte moderna.
A
estudan
te
russa
O homem
amarelo
Paranoia ou Mistificação

“Há duas espécies de artistas. Uma composta


dos que veem normalmente as coisas(..) A
outra espécie é formada pelos que veem
anormalmente a natureza e interpretam-na à
luz de teorias efêmeras, sob a sugestão
estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá
como furúnculos da cultura excessiva. (...)
Embora eles se deem como novos, precursores de
uma arte a vir, nada émaisvelho do que a arte
anormal ou
teratológica: nasceu com a paranoia e com
a mistificação.(...) Estas considerações são provocadas
exposição da Sra. Malfatti onde
pela nota
se acentuadíssimas tendências para uma atitude
m
forçada no sentido das extravagâncias de Picasso
estética
e companhia.”

Monteiro Lobato
A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas
opiniões e gostos pessoais do autor de Urupês, é imediata:
escândalo, quadros devolvidos, uma tentativa de agressão à
pintora, a mostra fechada antes do tempo.

Jovens "futuristas" brasileiros se unem em torno de um ideal


comum: destruir as manifestações artísticas que remontavam ao
século XIX, especificamente, no caso da literatura, o
Parnasianismo.
exposição de Anita Malfatti
+
“Paranoia ou Mistificação”
=
estopim
Os Antecedentes da Semana

 1919:

• Guilherme de Almeida publica Messidor.

• Manuel Bandeira publica Carnaval.

 1921:
• Manifesto do Trianon: primeira manifestação artística do
grupo que no ano seguinte faria a Semana de Arte
Moderna.
• Mário de Andrade escreve os poemas de Pauliceia
Desvairada.
• Mário de Andrade publica uma série de artigos críticos
sobre os poetas parnasianos, que ainda dominavam o
ambiente literário, eram os chamados Mestres do passado.
Nesses artigos entre outras ironias afirma:
Os Antecedentes da Semana

Malditos para sempre os Mestres do


Passado! Que a simples recordação de um
de vós escravize os espíritos no amor
incondicional pela Forma! Que o Brasil seja
infeliz porque vos criou! Que o universo se
desmantele porque vos comportou!
E que não fique nada! nada! nada!

BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Bras.: antecedentes da Semana de Arte


Moderna. 4.ed. Rio de Janeiro: Civilização Bras., 1974.

• Em novembro de 1921 acontece a exposição de


Di Cavalcanti, Fantoches da meia-noite. O pintor
conhece Graça Aranha, durante a mostra, e
nessa mesma ocasião surge a ideia de realizar a
Semana de Arte Moderna.
A Semana - documentação
 A Semana de Arte Moderna foi amplamente divulgada pela imprensa.

P
S

BU
/
E
I

Editora 34
Capa do catálogo da exposição de artes
plásticas da Semana, desenho assinado por Di Páginas internas do catálogo da
Cavalcanti. exposição da Semana de Arte
Moderna de 1922, com a relação dos
artistas e obras apresentadas,
realizada em São Paulo. fac-símile
Brecheret, Anita Malfatti, Di
Cavalcanti, Vicente do Rego
Monteiro, e outros mencionados
13/02/22- segunda-feira

Casa cheia, abertura oficial do


evento.
Espalhadas pelo saguão do
Teatro Municipal de São Paulo,
várias pinturas e esculturas
provocam reações de espanto e
repúdio por parte do público.

O espetáculo tem início com a


confusa conferência de Graça
Aranha, intitulada "A emoção
estética da Arte Moderna".

Tudo transcorreu em certa


calma neste dia .

Imagem: Programa da semana de arte moderna de1922 / Autor


Desconhecido / http://www.febf.uerj.br/pesquisa/semana_22.html
Os sapos Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
Enfunando os papos, -"Não foi!" - "Foi!" - "Não
Saem da penumbra, foi!".
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra. Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
Em ronco que aterra, - A grande arte é como
15/02/22 -quarta-feira Berra o sapo-boi: Lavor de joalheiro.
- "Meu pai foi à
Guiomar Novais era para ser a grande atração da -guerra!"
"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".Ou bem de estatuário.
noite. Contra a vontade dos demais artistas Tudo quanto é belo,
O sapo-tanoeiro, Tudo quanto é vário,
modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo Parnasiano aguado, Canta no martelo".
para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado. Outros, sapos-pipas
aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite (Um mal em si cabe),
foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte Vede como primo Falam pelas tripas,
estética. Em comer os hiatos! - "Sei!" - "Não sabe!" -
Que arte! E nunca rimo "Sabe!".
Menotti apresenta os novos escritores dos novos Os termos cognatos.
Longe dessa grita,
tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, O meu verso é bom Lá onde mais densa
latidos, grunhidos…) que se alternam e confundem Frumento sem joio. A noite infinita
com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Veste a sombra
imensa;
poema intitulado ”Os Sapos”, de Manuel Bandeira Lá, fugido ao mundo,
(poema criticando abertamente o parnasianismo e Vai por cinquenta anos Sem glória, sem fé,
Que lhes dei a norma: No perau profundo
seus adeptos). O público faz coro atrapalhando a Reduzi sem danos E solitário, é
leitura do texto. A fôrmas a forma.
Que soluças tu,
A noite acaba em algazarra. Clame a saparia Transido de frio,
Em críticas céticas: Sapo-cururu
Não há mais poesia, Da beira do
Mas há artes poéticas..." rio...
M
17/02/22 - sexta-feira

O dia mais tranquilo da semana,


apresentações musicais de Villa-Lobos,
com participação de vários músicos.

O público em número reduzido,


portava-se com mais respeito, até que
Villa-Lobos entra de casaca, mas com
um pé calçado com um sapato, e outro
com chinelo; o público interpreta a
atitude como futurista e desrespeitosa
e vaia o artista impiedosamente. Mais
tarde, o maestro explicaria que não se
tratava de modismo e, sim, de um calo
inflamado.

Imagem: Cartaz da Semana de Arte Moderna / Autor Desconhecido /


http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Arte-moderna-8.jpg
1º - Representou a confluência das várias tendências de
renovação que vinham ocorrendo na arte e na cultura
brasileira antes de 22 e cujo objetivo era combater a arte
tradicional.
2º - Conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo
o país e, ao mesmo tempo, aproximar os artistas com
ideias modernistas que até então se encontravam
dispersos.
3º - Permitiu a troca de ideias e de técnicas, o que ampliaria
os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao
que se fazia na Europa.
Após a Semana de Arte Moderna, o Modernismo passa a
viver sua “fase heroica”, isto é a fase de divulgação das
ideias modernistas em todo o país e de aprofundamento das
questões estética.

Duas tendências
=
destruição e construção
O pescador
Tarsila do Amaral/ 1925

A tela mostra o
interesse da arte
brasileira dos anos
20 em captar os
temas e o colorido
da paisagem
brasileira.
Contexto Histórico

 1922 – Fundação do Partido Comunista brasileiro.


 Eleição presidencial
Artur Bernardes (São Paulo e Minas Gerais)

x
Nilo Peçanha (Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul)

 Revolta dos militares do Forte de Copacabana


 Coluna Prestes
 Getúlio Vargas
O Modernismo dos anos 1920

 KLAXON
As revistas e os manifestos

Divulgação
• Primeiro periódico modernista.

• Fruto das agitações de 1921 e da Semana de


Arte Moderna de 1922.

• Circulou de maio de 1922 a janeiro de 1923.

• Anunciava a modernidade do século XX.

Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer


representar a época de 1920 em diante. Por isso é
polimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante,
contraditório, invejado, insultado, feliz.
Revista Klaxon. Edição fac-similar. São Paulo: Livraria Martins/Secretaria da
Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1976.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos

Divulgação /FAAP/ Tarsila do Amaral


Empreendimentos
 Manifesto da Poesia Pau-Brasil

• Escrito por Oswald de Andrade.

• Inicialmente publicado no jornal Correio da


Manhã, em 18 de março de 1924.

• Em 1925, uma forma reduzida e alterada do


texto, abriu o livro de poesias Pau-Brasil.

• Proposta de uma literatura vinculada à


realidade brasileira, a partir da redescoberta "Pau Brasil", livro com ilustrações de Tarsila do
Amaral para o marido, Oswald de Andrade, que faz
do Brasil. parte da exposição "Da Antropofagia a Brasília-Brasil,
1920 a 1950", na FAAP-SP.
“A poesia existe nos fatos. Os
casebres de açafrão e de ocre
nos verdes da Favela, sob o azul
cabralino, são fatos estéticos.
A Poesia para os poetas. Alegria
dos que não sabem e
descobrem.”
ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica.
São Paulo: Globo, Secretaria do Estado da Cultura,
1990.
O Modernismo dos anos 1920

As revistas e os manifestos
 Outras Revistas

• De setembro de 1927 a janeiro de 1928, Revista Verde de Cataguazes – Minas Gerais.

• Em 1924, Revista Estética – Rio de Janeiro.

• Em 1926, Revista Terra Roxa e Outras Terras – São Paulo.

• Em 1927, Revista Festa – Rio De Janeiro.


A orgia intelectual – revistas e manifestos

Manifesto Regionalista de 1926

Através do Centro Regionalista do Nordeste, lança-se o Manifesto, que


desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste dentro dos valores procura
Tinha como proposta trabalhar em prol dos interesses da região nos seus modernistas.
aspectos
diversos: sociais, econômicos e culturais. Década de 30 - regionalismo nordestino resulta em
brilhantes obras literárias com nomes que vão de Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José
Américo de Almeida, Raquel de Queiroz e Jorge Amado (romance) a João Cabral de Melo
Neto (poesia).
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
 Verde-Amarelismo

• Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e
Cassiano Ricardo, em 1926.

• Era contra o nacionalismo Pau-Brasil, de Oswald de Andrade.

• Apresentava a proposta de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo.

• Idolatra o Tupi.

• Elege a anta como símbolo nacional, por conta disso também fica conhecido como “Escola
da Anta”.

• Oswald contra-ataca, primeiro em 1927 com o artigo Antologia, depois em 1928 com o
Manifesto Antropófago.

• Em 1929, o grupo verde-amarelista também publica um manifesto, intitulado “Nhengaçu


Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
 Revista de Antropofagia

Divulgação
• Teve duas fases (ou “dentições”, segundo os

antropófagos): 1ª: publicada entre maio de 1928 a fevereiro

de 1929.

2ª: Apareceu semanalmente no jornal Diário de São Paulo,


de março a agosto de 1929.

• Surgiu como uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil.


Capa da edição fac-similar reunindo os 16 números
da Revista de Antropofagia, lançada em 1977 pela
Resposta ao
• Principais grupo verde-amarelista.
representantes antropófagos: Metal Leve, SP.

 Oswald de Andrade, Raul Bopp, Geraldo Ferraz,


Oswald Costa, Tarsila do Amaral e a jovem Patrícia
Galvão, a Pagu.
A antropofagia: a deglutição cultural

Movimento antropofágico que surgiu como uma nova etapa do


nacionalismo Pau-Brasil e como resposta ao grupo verde-amarelista,
que criara a Escola da Anta.
Lançado em 1928 é o mais radical de todos os movimentos de todo o
período.
Devoração simbólica da cultura
estrangeira, aproveitando suas
inovações artísticas, porém sem a perda
da nossa própria identidade
cultural.
Abaporu 1928
Tarsila do
Amaral
Antropofagia
1929
Tarsila do
Amaral
OO
MMooodddeeerrrnnniissmmoo
Características
Características Gerais
Gerais do
do Primeiro
Primeiro Momento
Momento Modernista
Modernista
ddoossaannooss11992200
 com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentido
 Rompimento
 Rompimento com
Rompimento com
comtodas
todas as
todas estruturas
estruturas dodo
as estruturas passado;
dopassado; caráter
caráter
passado; anárquico
anárquico
caráter e forte eesentido
anárquico
forte sentido
sentido destruidor.
destruidor.
forte
destruidor. destruidor.

 No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um


 No
 No final
lado umda
final década
década dede 1920,
danacionalismo 1920, aa postura
crítico, postura nacionalista
nacionalista
consciente, apresenta
apresenta
de denúncia duas
duas vertentes
da realidadevertentes distintas:
distintas:
brasileira, de
de um
um
politicamente
lado
lado um
um nacionalismo
identificadonacionalismo crítico,
crítico, consciente,
com as esquerdas; de outro,de
consciente, denúncia
deum
denúncia da
da realidade
nacionalismorealidade brasileira,
utópico,politicamente
brasileira,
ufanista, politicamente
exagerado,
identificado com
identificado com
identificado as esquerdas;
comasascorrentes
esquerdas; de outro,
de outro,
políticas um nacionalismo
um nacionalismo
de extrema direita. ufanista,
ufanista, utópico, exagerado,
utópico, exagerado,
identificado
identificado com
com as
as correntes
correntes políticas
políticas de
de extrema
extrema direita.
direita.

 O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de


fontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nas
O
 ruas),
O a valorização
nacionalismo
nacionalismo se do índio verdadeiramente
se manifesta
manifesta em
em suas brasileiro.
suas múltiplas
múltiplas facetas:
facetas: uma
uma volta
volta às
às origens,
origens, aa pesquisa
pesquisa de
de
fontes
fontes quinhentistas,
quinhentistas, aa procura
procura de
de uma
uma “língua
“língua brasileira”
brasileira” (a
(a língua
língua falada
falada pelo
pelo povo
povo nas
nas
ruas),
ruas), aa valorização
valorização do
do índio
índio verdadeiramente
verdadeiramente brasileiro.
brasileiro.
 Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
 Paródias:
 Paródias: tentativa
tentativa de
de repensar
repensar aa história
história ee aa literatura
literatura brasileiras.
brasileiras.
Representantes

 Mário de Andrade
 Oswald de Andrade
 Manuel Bandeira
 Antônio de Alcântara Machado
 Guilherme de Almeida
 Raul Bopp
 Ronald de Carvalho
 Menotti del Picchia
Oswald de
Andrade

José Oswald de Sousa


Andrade

1890 –1954
Figura fundamental dos
principais acontecimentos da
vida cultural brasileira da
primeira metade do século XX.
A geração dos anos 1920

Oswald de Andrade:

“Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por


ela briguei.”

 José Oswald de Souza Andrade (1890-1954)


 Foi figura fundamental dos principais
acontecimentos da vida cultural brasileira na
metade do século XX.
 Polêmico, irônico, gozador.
 Foi idealizador dos principais manifestos
modernistas.
Revista de Antropofagia

"Manifesto Antropófago" escrito por Oswald de Andrade, inspirado


no quadro "Abaporu", de Tarsila do Amaral. Revista de
Antropofagia, ano I, n. 1, São Paulo, maio de 1928. In. Mestres do
Modernismo/coord. Editorial e introdução de Maria Alice Milliet;
textos de Marcelo Mattos Araújo, Paulina Nemirowsky, Fernando
Xavier Ferreira e outros. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo: Fundação José e Paulina Nemirowsky e Pinacoteca do
Estado, 2005. Pág. 226.
A geração dos anos 1920
Oswald de Andrade:

Global Editora
Características:

 A obra de Oswald apresenta um nacionalismo que busca


as origens sem perder a visão crítica da realidade
brasileira.

 Utiliza a paródia como forma de repensar a literatura.

 Valoriza o falar cotidiano, numa busca do que seria a


língua brasileira.

 Critica a sociedade burguesa capitalista, notadamente nas


Capa do livro "Serafim Ponte Grande", de Oswald de
obras produzidas após 1930, como o romance Serafim Andrade, publicado em 1933.
Ponte Grande e a peça O rei da vela.
Oferta

Oswald de Andrade
 Inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que Quem sabe
sempre haviam um forte apelo visual, criando os Se algum dia
chamados “poemas pílulas”. Traria
O
 Seus romances quebram com toda a estrutura elevador
dos romances tradicionais. 48
Até aqui
O teu
amor
Poesi
a

 Influência das Vanguardas Europeias

 Exploração crítica e bem-humorada da história,


da cultura e da realidade brasileiras.

 Antropofagia
Erro de Português

Quando o português chegou


Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
brasil

O Zé Pereira chegou de caravela


E preguntou pro guarani da mata virgem
—Sois cristão?
—Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
—Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
Prosa de ficção

Memórias Sentimentais de João Miramar


Serafim Ponte Grande

Texto experimental
Técnicas de composição cubista
Invenção verbal
Capítulos curtíssimos
Paródia
Linguagem telegráfica
Teatr
o

O rei da vela

Em 1937 publicou-se O rei da vela, peça que


focaliza a sociedade brasileira dos anos 30.
Pelo pouco
caráter seu só foi levada a cena
integrando o movimento
trinta convencional, anos
tropicalista.
depois,
Mário de
Andrade

Mário Raul de Morais Andrade

1893 –1945

Intensa atividade ligada à


cultura
A geração dos anos 1920

Mário de Andrade:
“Minha obra badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”

Arquivo Mário de Andrade/IEB


 Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945).

 Chamado “papa do modernismo”.

 Estreia em 1917 com Há uma gota de sangue em cada


poema, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial; são
poemas que refletem influência parnasiana.

 A adesão absoluta aos padrões modernos se manifesta em


Pauliceia Desvairada, com poemas inspirados na cidade
de São Paulo.

 Em 1928, lança a prosa antropofágica Macunaíma, em


um estilo muito pessoal, que é um marco no modernismo
e na literatura brasileira.
A geração dos anos 1920
Mário de Andrade
Poema de abertura do livro Pauliceia Desvairada:
Características:

 A poesia de Mário de Andrade tem


caráter revolucionário, que rompe
Inspiração
com todas as estruturas do passado. São Paulo! comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!...Traje de losangos...Cinza e ouro...
 Em toda a sua obra, o autor lutou por Luz e bruma...Forno e inverno morno...
uma língua brasileira, que estivesse Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
mais próxima do falar do povo. Perfumes de paris...Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...

 Valorizava os brasileirismos e o folclore, São Paulo! comoção de minha vida...


como bem atestam os livros Clã do Galicismo a berrar nos desertos da América!
jabuti e Remate de males.
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Círculo do livro,
1976.

 Suas poesias, romances e contos


revestem-se de uma nítida crítica
social, tendo como alvo a alta
burguesia e a aristocracia.
O Modernismo dos anos 1920
Moça linda bem tratada

Moça linda bem tratada,


Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.

Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.

Mulher gordaça, filó


De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...

Plutocrata sem consciência,


Nada porta, terremoto
Que a porta do pobre arromba:
Uma bomba.

ANDRADE, Mário de. Poesias completas.


São Paulo: Círculo do Livro, 1976
Macunaíma
o herói sem nenhum caráter

 Criação de uma língua literária nacional

 Intensa investigação da realidade e da cultura nacional

 Anti-herói

 Síntese do povo brasileiro


“No fundo do mato-virgem
Macunaíma,
nasceu herói de nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um
momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uraricoera, que
a índia tapanhumas pariu uma criança feia.
Essa criança é que chamaram de
Macunaíma.”

É assim que nosso herói nos é apresentado pelo


narrador em terceira pessoa: uma criança feia, filho
do medo e da noite.
Observe a caracterização do "herói", tão diferente daquela
pretendida, por exemplo, pelo romântico Alencar em O Guarani
(Peri).

"Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro


passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a
falar exclamava:
- Ai que preguiça!
Nada mais dizia; trepado num jirau de paxiúba,
olhando o trabalho dos outros e dos irmãos ( Maanape,
bem velhinho e Jiguê, na força de homem). Seu único
divertimento era "decepar cabeça de saúva."
Observe aqui como o autor aproveita na
narrativa os ditos populares:

"Vivia deitado mas si punha os olhos em


dinheiro, "Macunaíma dandava pra
vintém."
ganhar
E ainda:
"As mulheres se riam muito simpatizadas,
falando que "espinho que pinica, de pequeno
já traz ponta."
Gostava de tomar banho no rio, com a família. e mergulhava dando
beliscões nas mulheres nuas; quando visitava a maloca,"Macunaíma
punha as mãos nas graças dela", se alguma cunhatã se aproximasse
dele para acarinhá-lo.

O caráter libidinoso do herói começa a se revelar aí. Mais uma vez você
pode compará-lo a Peri, de O Guarani: no livro de Alencar, o herói é
construído sob o signo da Beleza, Bondade, Justiça, Fidelidade; aqui, nosso
herói vai se revelando aos poucos: preguiçoso, mentiroso contumaz,
libidinoso. Enfim: "um herói sem nenhum caráter".
"Quando era pra dormir trepava no macuru
pequeninho sempre se esquecendo de mijar.
Como a rede da mãe estava por debaixo do
berço, o heróimijava quente na velha,
espantando os mosquitos bem. Então
adormecia sonhando palavras-feias,
imoralidades estrambólicas e dava patadas
no ar."
Outro aspecto que deve ser notado é sobre a linguagem. Verifique que
as palavras usadas pertencem ao uso cotidiano, à linguagem coloquial:

"E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na


cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis
porque não podia largar da mandioca não."

"Sofará aguentou a sova sem falar um isto. "


 PERSONAGENS: Macunaíma - é a personagem central do livro
– "o herói sem nenhum caráter". Fugindo à etimologia do
nome Macunaíma: " o grande mau“; podemos afirmar que o
herói é múltiplo: "encarna uma enorme variedade de
personagens, ora boas, ora más, ora ingênuas; quase sempre
ingênuas." Isto porque o herói reúne em si várias figuras da
mitologia indígena que Mário de Andrade soube sintetizar em
uma só personagem; Maanape; Jiguê; Sofará; Iriqui; Ci;
Capei; Piaimã; Vei; Ceiuci.

 ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES:


 COMPLEXO RACIAL: O herói índio, nasce preto retinto. Esse
complexo racial da nossa formação fica claro mesmo é na
passagem do poço encantado em que Mário de Andrade reúne
os três tipos fundamentais da formação da raça brasileira: o
índio, o negro e o branco.
 APATIA – “- Ai! que preguiça!...”
 LÍNGUA: O Modernismo fez uma verdadeira revolução na língua
literária. Os modernistas aproximam-na do povo,
incorporando a ela os modismos brasileiros e o português do
jeito que o brasileiro fala.

 MUIRAQUITÃ - A muiraquitã é um amuleto que se associa à


vida primitiva de Macunaíma, antes do contato com a
civilização. Pode-se dizer que a muiraquitã se associa à ideia
de pureza e inocência. Com a perda do amuleto, Macunaíma
vai-se civilizando e “sifilizando": contrai as doenças da
civilização, conforme constata e registra na sua carta as
icamiabas.

 PIAIMÃ - O gigante Piaimã, por outro lado, representa bem o


elemento estrangeiro, civilizado e superior, que vai dominando
a pobre nação, subdesenvolvida e fraca. Somente com muita
artimanha, o herói consegue enganá-lo e vencê-lo, na ficção
de Mário de Andrade.
Manuel Bandeira

Manuel Carneiro de Sousa

Bandeira Filho

1886 –1968

Tuberculoso
Autor de “Os sapos”
A geração dos anos 1920

Manuel Bandeira:
“Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
Reprodução

 Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (1886-1968).

 Aos 18 anos contraiu tuberculose, doença que o


acompanhou por toda a vida, afirmava que era “um tísico
profissional”. Desenganado pelos médicos, viveu para as
letras e preparando-se para a morte.

 Sua obra inicialmente foi influenciada por parnasianos e


simbolistas.

 Bandeira inicia sua produção modernista com a


publicação dos livros Carnaval, em 1919, O ritmo
dissoluto, em 1924.

 Em 1930 publicou Libertinagem, uma das obras mais


importantes da literatura brasileira, na qual estão alguns
Poeta Manuel Bandeira tocando violão de seus mais famosos poemas, como Poética,
Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Brasil –
Vol.5, p. 1452. Bloch Editores.
Pneumotórax, Evocação do Recife e Irene no Céu.
A geração dos anos 1920
Manuel Bandeira
Irene no céu
Irene preta
Características de sua obra:
Irene boa
Irene sempre de bom humor
 Liberdade de conteúdo e forma. Imagino Irene entrando no céu:
-Licença, meu branco!
E São Pedro, bonachão:
 Valorização do português falado no Brasil. -Entra, Irene. Você não
precisa pedir licença.
 A tristeza e a alegria dos homens.
Manuel Bandeira

 Idealização de um mundo melhor.

 Humor.
De um lado Do outro
 Ceticismo.
A família A rua por onde transitavam os
 Ironia. mendigos
A morte As prostitutas
 Buscou na própria vida inspiração para
seus grandes temas: A infância no Recife Os meninos carvoeiros
O Rio Capibaribe Os carregadores de feira-livre
Poema Tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no
morro da
Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou

Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado.
Características

 Integração das formas da língua coloquial


linguagem poética da primeira à
Modernismo brasileiro geração do

 Clássico entre os modernistas

 Dizer coisas importantes de forma simples, clara,


mas nunca banal

 Não se subordinou a formas literárias fixas


Momento num café

Quando o enterro passou


Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto longo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem
finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

Manuel Bandeira
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem
cheirava: Engolia com
voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era


um homem. Manuel Bandeira
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero Vou-me embora pra Pasárgada
Na cama que escolherei Aqui eu não sou feliz
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água


Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra
Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
E quando eu estiver mais
Tem um processo triste Mas triste de não ter
seguro De impedir a jeito Quando de noite me der

concepção Tem Vontade de me matar


- Lá sou amigo do rei -
telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Terei a mulher que eu quero
Tem prostitutas bonitas Na cama que escolherei

Para a gente namorar Vou-me embora pra


Pasárgada
Antônio de Alcântara
Machado
Antônio de Alcântara Machado

1901 –1935

Não participou da SAM

Procurava renovar a literatura brasileira

Jornalismo
Prosa de ficção
A geração dos anos 1920
Alcântara Machado: retratos da São Paulo Macarrônica

Livraria José Olympio Editora


 Antônio de Alcântara Machado (1901-1935).
 Participou da primeira “dentição” da Revista de Antropofagia.
 Teve seu nome consagrado com a publicação dos livros de
contos Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) e Laranja
da China (1928).
Características:
 A característica mais marcante de sua obra está no retrato,
ao mesmo tempo crítico, anedótico, apaixonado, mas
sobretudo humano, que faz da cidade de São Paulo e de seu
povo, com particular atenção para os imigrantes italianos,
quer os moradores de bairros mais pobres, quer os que se
vão aburguesando.
 Narrado no dialeto paulistano, ou “português-macarrônico”.

Delírio futebolístico no Parque Antártica

Camisas verdes e calções negros corriam pulavam, chocavam-se,


Capa do livro "Novelas Paulistanas" de Antônio de
embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Alcântara Machado. Neste exemplar estão reunidos
Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um os contos: “Brás, Bexiga e Barra Funda”, “Laranja da
China” (1928), e alguns contos avulsos.
minuto, um segundo. Não parava.
- Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
- Gooool! Gooool!
Alcântara Machado
Características

Retrata a cidade de São Paulo e o seu


(imigração italiana), povo de bairros
moradores
pobres maisum ar
e os que vão se aburguesando) com
crítico, anedótico, apaixonado, mas sobretudo
humano, numa linguagem intitulada como
“português macarrônico”.
Apesar de escrever artigos sobre cultura para o
Jornal do Comércio, só tomou contato direto com os modernistas
em
1925.
Participou ativamente da “dentição” da Revista
primeira
Antropofagia.
Obras:
Pathê-Baby (crônicas - sua estreia literária)
Brás, Bexiga e Barra Funda
Laranja da China
Brás, Bexiga e Barra Funda

 onze contos caracterizados como notícias


 linguagem concisa
 flashes cinematográficos
 personagens ítalo-brasileiras
 costumes de imigrantes italianos influenciarão a cultura
que
paulistana
 narrativa isenta de descrições

Você também pode gostar