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Carlos da Maia

Como sabem é um dos principais personagens deste Romance. É filho de Pedro da Maia e Maria Monforte. Porém
depois da fuga de Maria Monforte e o suicídio de seu pai este foi entregue ao seu avo Afonso da Maia. Este deu a
educação a Carlos que nunca pode dar ao seu filho Pedro, desta forma Carlos teve uma educação á maneira inglesa,
com normas rígidas sem os tradicionalismos católicos. Assim, Carlos foi educado de forma a enfrentar o mundo real
e poder se destacar não só dos indivíduos resultantes da decadente educação portuguesa e a própria sociedade que
se torna fútil como veremos mais a frente na parte das críticas. Forma-se em medicina em Coimbra onde conhece
seu amigo João da Ega. Calos era culto, bem-educado, de gostos requintados; este destaca-se pelo seu caráter
firme, pela finura do trato e pela elevação intelectual. É uma personagem que se destaca da restante sociedade e
mesmo através do seu humor critica a ausência de valores das pessoas á sua volta, porém apesar destas qualidades
desde o início da obra o seu destino está marcado. Assim, este quando volta da sua viagem pela Europa regressa a
Lisboa onde abre um consultório e enche-se de projetos que nunca irá cumprir… pois este acaba por ser
influenciado da vida boémia da capital. Mantém uma relação adultera e fugaz com a Condessa de Gouvarinho e
depois desta espécie de relação fútil conhece Maria Eduarda, uma mulher bela, impossível de resistir que será um
dos motivos de sua perdição, já que como sabem, ela é sua irmã e este mesmo quando estava consciente dessa
informação persiste no incesto. Assim, ele sente uma profunda desolação quando se separa de Maria, facto ira
representar a sua morte sentimental, pois depois de algo tão doloroso é impossível voltar a amar. Desta forma,
destaca- se da sua personalidade o gosto pelo luxo, o diletantismo já que apesar de ter tantas aspirações nada
concretiza e assume uma atitude critica e irónica face a sociedade portuguesa, mas mesmo assim como iremos ver
nem mesmo Carlos escapou do meio social onde se instalou e das suas consequências.

Fisicamente: Era belo, alto, bem constituído de ombros largos, olhos pretos, pele branca e cabelos castanhos e
ondulados. Tinha barba fina pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca.

Espaços: Ramalhete ~

1 parte

No primeiro capítulo inicia-se uma descrição pormenorizada da cada que os Maias vieram habitar no outono de
1875. Caracterizado como “um sombrio casarão de paredes severas” isto é como uma casa austera e abandonada, a
cobrir-se de “tons de ruina “ que á semelhança das “teias de aranha”, reiteram o seu aspeto degradado. O palacete
apresenta um “aspeto tristonho” oque se deve ao luto que rodeia o sofrimento de Afonso pela morte do seu filho
Pedro.

No interior as “rosas grinaldas” estavam desmaiadas, sem cor e pálidas. O quintal é descrito como pobre e inculto
“abandonado de servas brancas” ou seja descuidado e não tratado. Existia uma cascatazita seca e sem vida pois o
tempo de ação do maia ainda não tinha começado. No exterior existia um cipreste e um cedro, que devido á sua
longevidade simbolizam a vida e morte. Foram testemunhas das várias gerações da família tendo assistido a todas as
tragedias.

“A um canto enegrecendo” estava a estatua de Vénus Citereira símbolo de amor e sedução que representa as
mulheres fatais da obra. Nesta fase a sua degradação esta associada á fuga de Maria Monforte, que desolou Pedro.

2 parte

Apos estes anos em que permaneceu desabitado, o Ramalhete sofreu obras de restauro, tendo sido decorado por
um inglês supervisionado por Carlos, com o objetivo de dar um ar mais confortável e de luxo. Agora é símbolo de
vida e de esperança. Está ornamentado, com mármores, plantas, vasos e quadros com cor. Também apresenta
tapeçarias que demonstram o culto das aparências e a riqueza da família Maia e exuberância que em tudo
contrastam com o Ramalhete na fase anterior.

O jardim ganhou vida, adquirindo um “ar simpático” muito mais acolhedor. É neste momento que surgem os
girassóis que dão nome ao Ramalhete, visto que neste existia um quadro de azulejos com um grande ramo isto é um
ramalhete de girassóis que simboliza a atitude do amante, que como um girassol, vira-se continuadamente para o
seu amado, numa atitude de submissão e de fidelidade, associa-se á incapacidade de ultrapassar a paixão
relacionando-se com Pedro e Carlos. Estes aparecem agora com a vinda da família, como se este acontecimento
fosse o sol, que os faz desabrochar.
A estátua de Vénus também evoluiu, tendo adquirido “um tom claro “parecendo ter chegado de Versalhes oque vai
ao encontro da relação Carlos da maia e Maria eduarda. A cascata anteriormente seca é agora “deliciosa” dando
um toque ternurento e alegre ao jardim. No entanto, este elemento também pode ter outro significado, pois a
abundância de água esta associado ao pranto, como se fizesse antever a tragedia que ira abater sobre a família.

O cipreste e o cedro são caracterizados como dois amigos tristes que envelhecem juntos, representam a amizade de
Carlos e Ega.

3 parte

Carlos e Ega vão até ao Ramalhete que novamente tem um aspeto triste e abandonado oque se percebe através da
sua “fachada severa”. Excerto

No interior era como se tudo estivesse a morrer, como se verifica na expressão “tapeçarias orientais que tendem
como uma tenda”. A escassez de luz transmite a ideia de fatalidade tal como o carater triste da antepara que
“entristecia toda despida” oque vai ao encontro da ausência de decoração e brilho com era na 2 parte. Agora
reinava o vazio e silencio através da frase “os seus passos soaram como um claustro abandonado” compara- se o
ramalhete a uma sela, isto reflete como Carlos se sente aprisionado. O ambiente é frio e lebre. Excerto

O vocábulo utilizado neste excerto como “amortalhados” e “múmia” remetem também para a morte. A maior sala
do Ramalhete era agora um depósito de recordações do passado e Carlos estava pálido e calado, através desta dupla
adjetivação percebemos que ele não sabia como reagir. Carlos vai até ao escritório de Afonso da Maia, onde todos
os moveis estavam cobertos de sudários brancos, ou seja, de lençóis brancos como mortalhas remetendo para a sua
morte. A fechadura estava perra o oque evidencia o facto de ninguém ter ido la há muito tempo e a dificuldade
interior de Carlos em ultrapassar a morte de seu avo.

Em seguida estão no terraço onde “morria um resto de sol”, ou seja, a escuridão esta prestes a aparecer e a
esperança e o sonho a desaparecer mostrando o ambiente melancólico do jardim.

Excerto

Este excerto é muito importante pois tem muitas simbologias:

João da Ega e Carlos estavam de rastos por terem visto o estado do ramalhete e continuaram ambos calados. A
estatua de Vénus está degradada, devido ao facto de Maria Eduarda ter ido embora, apos a descoberta do incesto.
Os “grossos membros” que conferem um aspeto monstruoso á estatua remetem para a monstruosidade do incesto.
Na cascatazita corria agora um “plantãozinho” mais lento, como se a própria passagem do tempo fosse mais triste,
mostrando que o tempo está a esgotar e o fim da família maia esta próximo, pois Carlos não terá descendência. O
choro simboliza mais uma vez a tristeza pela morte de Afonso e a saudade dos tempos bons. O cipreste e o cedro
continuam juntos e não se separam tal como Carlos e Ega juntos sentados no parapeito.
Estátua de Camões

Carlos e Ega começam por percorrer o Loreto onde vem a estatua de camões. Ler excerto (página 656).

Camões como sabem, é um símbolo para Portugal. Camões é representado de pé, com a perna esquerda avançada,
evidenciando uma atitude determinada que se aproxima da representação do herói destemido. Na cabeça,
evidencia-se a coroa de louros mantém o significado de distinção e glória. Está situada entre o limite do Chiado e do
Bairro Alto com um tema geral que relembra a caravela portuguesa e o mar. Assim, esta estátua representa
simbolicamente a época áurea dos Descobrimentos. A época dos descobrimentos foi um dos melhores momentos
para os portugueses, simbolizando a riqueza, a gloria, os valores e a importância de Portugal. Assim a estatua evoca
um passado glorioso (anterior a 1570) que contrasta com a estagnação, inércia e decadência que marcam a
sociedade do século XIX (daí a caracterização da estátua de Camões como «triste»). A estátua observa
impotentemente as pessoas a passar a sua volta, não é a cidade ou a estátua que representa um problema, mas sim
as pessoas que são caracterizadas como: p 656. Através dessa adjetivação percebemos que a estatua gloriosa de
Camões observa a decadência da sociedade portuguesa, ou seja “gente feiíssima” e ainda “encardidas e molenga”
como se não se interessassem em mudar os seus comportamentos e preguiça de evoluir de alguma maneira como
veremos melhor na parte das críticas. Assim, o passado é evocado como meio de comparação com Portugal da
atualidade, o novo Portugal.

Avenida

De seguida, os dois amigos chegam à Avenida da Liberdade, espaço que representa simbolicamente um Portugal
moderno (tempo da regeneração a partir de 1851). Passam pelo obelisco dos Restauradores que tem cadeeiros a
sua volta A última frase é uma comparação que Eça faz entre os candeeiros, a parte brilhante e transparente a bolas
de sabão suspensas no ar. Existe uma descrição pormenorizada rica em adjetivações e enumerações como por
exemplo “ os pesados prédios, lisos e aprumados…”. Carlos lembra-se das famílias que antes passavam por ali.
Excerto p 661, através desta ultima parte “curto rompante de luxo barato” podemos verificar que as tentativas de
modernização do espaço urbano se resumem a uma zona muito limitada, terminando de forma abrupta no fim da
Avenida. A avenida estava repleta de obras de renovação, mas que se processam morosamente, ou seja, muito
devagar, espelhando o esforço inglório do processo. Da mesma forma que a renovação se baseia em algo nada
original e genuíno já que se baseiam em imitar o estrangeiro, é como se fosse impossível evoluir, isto reflete- se
também nas pessoas que nem sabem verdadeiramente oque é a modernização ou a evolução e baseiam- se nos
outros sem parecer chegar em algum lado. Finalmente, Carlos aponta para os «velhos outeiros da Graça e da
Penha», que representam simbolicamente a hipótese de orientação para aquilo que é genuinamente português.
Assim percebemos que o passeio que eles fazem por Lisboa representa uma viagem ao longo do tempo feita a partir
de elementos simbólicos que marcam o passeio

Críticas

Ao longo da obra Eça critica estes aspetos e no capítulo XVIII fá-lo de forma claramente. Lisboa é o símbolo da
decadência nacional, caracterizada pela degradação moral e pela ociosidade cronica.

Depreciação do português

Todas as críticas que as minhas colegas referiram ajudam a caracterizar oque é a desvalorização do povo português.
Desde quando Carlos volta a encontrar-se com Ega e este afirma que ele está muito bonito e com bom aspeto, já
que esteve a viver em Franca, enquanto Ega está envelhecido. Lisboa e o seu ambiente envelhece as pessoas. Tal
como Dâmaso, os lisboetas só se importam com o exterior, com as aparências, e mesmo aqueles com poder
financeiro, ou seja, a alta burguesia que é criticada ao longo da obra como no capitulo………………………………………,
nem mesmo eles ajudam os mais pobres ou tentam mudar alguma coisa, simplesmente limitam-se a existir e
mostrar as suas roupas caras e habitações luxuosas. “o novo Portugal só ………..” É verdade que nem a geração
anterior nem a nova são admiradas por Eça de queirós, mas é como se tudo estivesse cada vez pior, como é repetido
várias vezes por Carlos agora só valorizam o dinheiro e vivem apenas para isso. A sociedade portuguesa é fútil e
despreocupada. Assim, todos os setores estão corrompidos e as pessoas não tem valores, nem são genuínas já que
se limitam a imitar oque é estrangeiro, e nem isso sabem fazer como a Marisa explicou. As pessoas apenas se
importam consigo mesmas oque leva á A sociedade portuguesa é fútil e despreocupada. e das pessoas no geral.
Inação da sociedade

Alguém sabe oque significa a palavra ócio?

Isso mesmo uma pessoa ociosa é alguém preguiçoso, que não apresenta curiosidade em nada. Carlos diz a Ega que
este está velho devido a ociosidade de Lisboa. Excerto. Esta última frase transmite muito bem a ideia que Eça de
Queiróz queer passar, ou seja, Portugal um país pequeno que depende do exterior para tudo e que acaba por então
irrelevante e insignificante, e os portugueses sabem disso mas ignoram. Passado algum tempo quando Carlos e Ega
estavam sentados num banco, Carlos apercebe-se de algumas pessoas que não estava familiarizado- a nova geração
e ele questiona (…………………….), ou seja, as pessoas andam por ali sem rumo, sem desejo, sem vontade de perseguir
alguma coisa, através dos adjetivos………., percebemos a sua desmotivação. É uma geração nova, que representa a
esperança de mudança do país, contudo são semelhantes a geração anterior, visto que, não fazem nada. São fracos
e sem aspirações. As pessoas não tentam evoluir, e quando tentam pensam que é ao imitar os ostros que estão a ser
modernas, revelando assim a ignorância da população. Assim, Carlos percebe que nada no país ira mudar pois nem
a própria população se importa com os problemas e mesmo que saibam quais são, porque sabem, preferem ignorar
e continuar a viver na indiferença e de aparências.

Relacionar com os dias de hoje

As pessoas mesmo atualmente parecem impotentes e incapazes, parecem contentar-se com o simples facto de
existir e não valorizam a vida que tem. Nas ruas apesar de vermos pessoas a andar para o trabalho de todos os dias
secalhar não tem rumo, quando vemos as pessoas perto umas das outras se calhar é como se estivessem sozinhas já
que cada um fica com o seu telemóvel, apesar de vermos nas notícias e todos sabermos os problemas existentes no
mundo ignoramos e dizemos que é impossível resolvê-los, mas quando vemos algo real ou triste na televisão
mudamos de canal para nem refletirmos…. Assim percebemos que Eça com esta critica não critica apenas as pessoas
do seu tempo, mas também dá para relacionar com a atualidade.

Desfecho da obra e Vencidos da vida

Tal como devem ter percebido através da descrição do Ramalhete, a tristeza, o vazio e o ambiente frio e melancólico
representa a decadência da família maia e também a de Portugal. Agora já não existe esperança e a família Maia
acaba por ter um fim triste. Carlos e Ega são uns falhados da vida.

Mini teatro excerto importante do fim

Quais os motivos então de serem uns falhados?

Carlos apesar de ter uma atitude critica e de saber identificar os problemas do país acaba por ser influenciado pela
ociosidade dos portugueses, este é cobarde por não conseguir enfrentar os seus próprios desafios e sente-se
desiludido consigo mesmo. A sua perdição, Maria Eduarda, foi um amor verdadeiro que este teve, mas mesmo ao
saber do incesto ele teve relações com Maria, ou seja, não conseguiu ser forte o suficiente magoando as pessoas a
sua volta. Sente uma enorme culpa dentro de si, amava o seu avo e este morreu de desgosto. Tinha sonhos, muitos
sonhos e projetos, mas não continuou nada sendo um diletante. Importou-se mais com o luxo e com as aparências
do que com a vida real. Carlos viajou durante 10 anos para se distanciar dos problemas, mas mesmo passando tanto
tempo, ele meso admite não ter evoluído em nada, apenas existiu.

Apesar de ter vivido 2 anos no Ramalhete é la onde toda a parte importante da sua vida aconteceu. Os dois
apercebem-se que mesmo ele tem sidos romântico, já que erraram muito e se guiaram apenas pelos sentimentos,
mas Carlos gostaria de saber se as pessoas que se guiam pela razão são realmente mais felizes, Ega, seu fiel amigo
que por ser também um diletante e ter azar no amor falhou a vida, afirma que então ou somos pessoas aborrecidas
(guiadas pela razão) ou insensatas (guiadas pelo romantismo).

OS dois concluem que não vale a pena viver e seguem a teoria do fatalismo muçulmano “nada desejar e recear”,
para não se sentirem mal consigo mesmos, mas ironicamente acabam a correr atras de um americano para o jantar.
Personagem trágica -são personagens de condição humana , moral e social superior que devido a uma falha de
carater e conduzidas pela forca do destino cometem um “erro de julgamento” que as conduz a perdicao e por vezes
até mesmo á morte

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