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ESPAÇOS SIMBÓLICOS E

EMOTIVOS N´OS MAIS

ARTHUR REMONATTO
DUARTE BEIRÃO BELO
ESTEVÃO SILVA
GUILHERME MELO
ESPAÇOS SIMBÓLICOS E EMOTIVOS N´OS MAIS

A ação da obra Os Maias, de Eça de Queiroz, movimenta-se


principalmente em três espaços físicos - Santa Olávia, Coim-
bra e Lisboa.

Relativamente a Santa Olávia, é onde se passa a infância de


Carlos, que simboliza o Portugal antigo ligado à terra e aos
valores tradicionais portugueses.

Coimbra está associada à frequência universitária


de Carlos e às suas primeiras aventuras amorosas.
ESPAÇOS SIMBÓLICOS E EMOTIVOS N´OS MAIS

Lisboa é o local onde decorre o romance e assume-se como o


centro da vida politica, social e cultural. É em Lisboa que se situa
o Ramalhete, casa de grande importância no decurso da ação.
Também a Vila Balzac, com a sua exótica decoração. De destacar a
Toca, onde Carlos e Maria Eduarda vivem a sua paixão.

Sintra e Olivais são espaços também muito referidos, mas onde


não se passa uma ação de relevo no romance.

Acompanharmos a descrição dos espaços físicos


permite-nos compreender a dimensão emocional das
personagens que os habitam, e numa obra tão
descritiva como Os Maias, é possível
aprofundarmos os sentimentos mais íntimos dos
protagonistas.
O RAMALHETE

O Ramalhete situa-se em Lisboa, onde é o


centro da vida social, política e cultural. Esta
casa é a residência da família Maia, e é onde
decorrem várias tragédias de várias gerações:

. o suicídio de Pedro,
. a morte de Afonso
. a separação de Carlos

Este palacete, simbolicamente, representa a decadência


nacional. O ramo de girassóis representado num painel
de azulejos pode apontar para uma atitude de submis-
são da família Maia relativamente às várias paixões, ou
mesmo ao próprio país.
O RAMALHETE
É uma casa cheia de simbolismos. No jardim do Ramalhete
sobressaem três símbolos: o cipreste, o cedro e a Vénus
Citereia. O cipreste e o cedro são duas árvores que se
apresentam unidas pelas suas raízes e que a tudo resistem, e
simbolizam o Amor Absoluto. A estátua da Vénus Citereia
relaciona-se com a sedução e o prazer da deusa do amor.

É curioso que esta estátua passa por três fases de descrição: quando
morre Pedro, a estátua está enegrecia a um canto; depois das obras
de remodelação do palacete, apareceu em todo o seu esplendor,
símbolo de vida feliz, mas mantendo o sentido de símbolo feminino
desestabilizador; na última fase, a estua aparece coberta de ferrugem
verde e humidade, simbolizando degradação.

Também de destacar a cascata e o que esta representa: a água é símbolo


de regeneração e purificação, e a sua passagem representa a passagem
inevitável do tempo, associada à ideia de destino. No primeiro capítulo a
cascata está seca porque a ação d' Os Maias ainda não começou. No último
capítulo, o fio de água da cascata simboliza a melancolia do tempo que vai
passando, dos sentimentos e mostra-nos também que o tempo está mesmo a
esgotar-se e o final da história está a chegar.
QUINTA DE SANTA OLÁVIA

Esta quinta é o solar da família Maia, em


Resende, na margem do Rio Douro.

É um espaço com referências positivas, que


se opõe à degradação de Lisboa. É um local
de regeneração, muito natural, muito sau-
dável.

Santa Olávia simboliza a vida, com o seu


clima ameno:

- “Carlos passava as férias grandes em


Lisboa, às vezes em Paris ou Londres; mas
por Natais e Páscoas vinha sempre a Santa
Olávia”. (capitulo IV);
QUINTA DE SANTA OLÁVIA

- “(…) que o prendera mais a


Santa Olávia fora a sua grande ri-
queza de águas vivas, nascentes,
repuxos, tranquilo espelhar de
águas paradas, fresco murmuro de
águas regantes… E a esta viva to-
nificação de água atribuía ele o ter
vindo assim, desde o começo do
século, sem uma dor e sem uma
doença, mantendo a rica tradição
de saúde da sua família, duro, re-
sistente aos desgostos e anos –
que passavam por ele, tão em vão,
como passavam em vão, pelos
seus robles de Santa Olávia, anos
e vendavais”. (capitulo I)
A TOCA

Refere-se- à casa de Maria Eduarda.


Uma toca é um covil de um animal,
é onde este se esconde das ameaças
exteriores. Assim, o nome da casa
aponta para um amor marginal e
incestuoso.

Na primeira vez que Carlos vai a casa de Maria


Eduarda, este sente uma atmosfera de:
. intimidade
. sensualidade
. luxo
Na segunda vez, Carlos considera a casa acolhedora, com
bom gosto e com peças requintadas (como o Manual de
Interpretação de Sonhos e uma caixa de pó de arroz).
A TOCA

A descrição permite ao leitor apreender perfeitamente o ambiente desta casa:


“Ao pé da porta havia um piano antigo de cauda, coberto com um pano alva-
dio; sobre uma estante ao lado, cheia de partituras, de músicas, de jornais
ilustrados, pousava um vaso do Japão onde murchavam três belos lírios bran-
cos; todas as cadeiras eram forradas de repes vermelhos; e aos pés do sofá
estirava-se uma velha pele de tigre. Como no Hotel Central, esta instalação
sumária de casa alugada recebera retoques de conforto e de gosto: cortinas
novas de cretone, combinando com o papel azul da parede, tinham substituí-
do as clássicas bambinelas de cassa: um pequeno contador árabe, que Carlos
se lembrava de ter visto havia dias no tio Abraão, viera encher um lado mais
desguarnecido da parede: o tapete de pelúcia de uma mesa oval, colocada ao
centro, desaparecia sob lindas encadernações de livros, álbuns, duas taças ja-
ponesas de bronze, um cesto para flores de porcelana de Dresda, objectos de-
licados de arte que não pertenciam decerto à mãe Cruges. E parecia errar ali,
acariciando a ordem das coisas e marcando-as com um encanto particular,
aquele indefinido perfume que Carlos já sentira nos quartos do Hotel Central,
e em que dominava o jasmim”.
A TOCA

“Mas o que atraiu Carlos foi um bonito biombo de linho cru, com ramalhe-
tes bordados, desdobrado ao pé da janela, fazendo um recanto mais res-
guardado e mais íntimo. Havia lá uma cadeirinha baixa de cetim escarlate,
uma grande almofada para os pés, uma mesa de costura com todo o traba-
lho de mulher interrompido, números de jornais de modas, um bordado en-
rolado, molhos de lã de cores transbordando de um açafate. E, confortavel-
mente enroscada no macio da cadeira, achava-se aí, nesse momento, a
famosa cadelinha escocesa, que tantas vezes passara nos sonhos de Carlos,
trotando ligeiramente atrás de uma radiante figura pelo Aterro fora, ou
aninhada e adormecida num doce regaço...” (capitulo XI)

Estas descrições apontam para um gosto exótico, requintado e sensual, re-


lacionado com a experiência de um amor proibido. Na descrição da Toca,
são vários os elementos simbólicos que apontam para o carácter incestuoso
da relação e que fazem antever o fim trágico da mesma. Por exemplo com a
referência ao quadro com os amores de Vénus e Marte (amor proibido).

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