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Os Maias

de Eça de Queiróz

Linguagem e estilo queirosiano

Trabalho elaborado por:


Beatriz Gonçalves nº2 Disciplina: Português
Carolina Silva nº5 Professora: Dulce Salgueiro
Mariana Monteiro nº12 Ano: 11º Turma: A 1
Índice
1.Introdução............................................................................................3

2.Estilo e linguagem

2.1. Adjetivação...........................................................................5

2.2. Advérbio.................................................................................6

2.3. Verbo.......................................................................................6

2.4. Diminutivo...........................................................................7

25.Estrangeirismo....................................................................7

2.6. Hipálage................................................................................8

2.7. Ironia......................................................................................8

2.8. Comparação.......................................................................8

2.9. Metáfora...............................................................................9

2.10 Sinestesia...........................................................................9

3.Reprodução do discurso no discurso.....................................9

4. Técnicas narrativas utilizadas na obra...............................11

5. Conclusão..........................................................................................12

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Introdução
José Maria Eça de Queirós, conhecido como Eça de Queiroz, nasceu no dia
25 de novembro, na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal. Os seus pais, o
brasileiro José Maria Teixeira de Queirós e a portuguesa Carolina Augusta
Pereira de Eça, casaram-se quatro anos após seu nascimento.

Eça passou sua infância e adolescência longe da família, sendo criado pelos
avós paternos. Foi interno no Colégio da cidade do Porto. Em 1861 ingressou
no curso de Direito da Universidade de Coimbra, onde se formou em 1866.

Nessa época, manteve contato com os movimentos estudantis liderados


por Antero de Quental e Teófilo Braga. Depois de formado, foi para Lisboa
residir com os pais. Exerceu por algum tempo a advocacia.

Eça de Queirós iniciou sua carreira literária como romântico, caminhando


para a prosa realista, foi um escritor português. "O Crime do Padre Amaro"
foi o seu primeiro grande trabalho, um marco inicial do Realismo em
Portugal. Foi considerado o melhor romance realista português do século
XIX.

Outras também muito conhecidas são:

• Crime do Padre Amaro (1875)


• O Primo Basílio (1878)
• A Relíquia (1887)
• Os Maias (1888)

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Introdução à obra em estudo

Os Maias de Eça de Queiroz são uma obra literária publicada em 1888 e


relatam a história de 3 gerações da mesma família.

Afonso da Maia nobre, culto e requintado casou com Maria Eduarda Runa e
deste casamento surge Pedro da Maia, um menino que sempre foi frágil e
muito protegido pela mãe e quando esta morre, fica desolado.

Este só volta a sorrir quando conhece Maria Monforte. Pedro perde-se de


amores por ela e mesmo sem o consentimento do seu pai decide casar com
Maria Monforte. Deste relacionamento resulta Maria Eduarda e Carlos da
Maia. Maria Monforte decide fugir com um italiano e levar consigo Maria
Eduarda, sua filha.

Pedro, desesperado, entrega o seu filho Carlos, ainda bebe, a Afonso da


Maia, seu pai e nessa mesma noite suicida-se. Então, avó de Carlos decide
dar-lhe uma educação totalmente diferente da que o seu filho teve, ao
contrário de Pedro, Carlos recebe uma educação tradicional inglesa,
acabando por se tornar médico.

Em Lisboa e já adulto Carlos conhece Maria Eduarda, mas nunca imagina


que esta Maria Eduarda por quem se apaixona é a sua irmã, que ele julga
morta. Carlos, tal como o pai se perdeu de amores por Maria Monforte, fica
também ele perdidamente apaixonado por Maria Eduarda, tendo cometido
incesto. A verdade apenas surge quando Guimarães conta a Ega que Maria
Eduarda e Carlos são irmãos.

Ega, grande amigo de Carlos, conta-lhe a verdade, no entanto este não


consegue contar a verdade a Maria Eduarda e permanece ainda como seu
amante. Quando descobre a verdade, Afonso da Maia, avô de Carlos morre
com uma apoplexia. Carlos e Maria Eduarda separam-se definitivamente, e
Carlos vai dar a volta ao mundo.

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Estilo e linguagem
Segundo Eça de Queiroz, “a literatura é a arte de pintar a realidade”. Por isso,
para descrever a mesma de forma fiel, pormenorizada e realista, ele
apresenta um estilo literário rico e variado; uma linguagem cuidada; uma
grande beleza na construção frásica e imagens sugestivas. No que diz
respeito à reprodução das falas das personagens, o escritor recorre aos
registos familiar e corrente e, ocasionalmente, ao calão para reproduzir,
com naturalidade e humor os tiques da linguagem oral do português do final
do século XIX.

Recursos expressivos

Adjetivação:
A adjetivação é um dos recursos mais utilizados por Eça nesta obra, o que
lhe permite caracterizar de uma forma minuciosa, realista e impressionista
as personagens, as ações e os espaços narrados.

Recorre, por isso:

• à adjetivação expressiva (“sorriso mole”; “radiante figura”; “gritos


medonhos”; “grossas lágrimas”; “melancolia negra”)

• à dupla adjetivação (“aquele belo e impetuoso rapaz”; “começara


então uma existência festiva e luxuosa”; “passos lentos e murchos”;
“maciço e silencioso palácio”; “o reverendo Vasques, obeso e
sórdido”; “pequenino e nervoso”)

• à tripla adjetivação (“Dona Maria Eduarda runa, filha do conde de Runa,


uma linda morena, mimosa e um pouco adoentada.”; “Verdadeira
lisboeta, pequenina e trigueira”; “que o traziam dias e dias mudo,
murcho, amarelo”).

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Advérbio:
O uso do advérbio expressivo é sistematicamente recorrente ao longo da
obra, conferindo beleza ao texto e contribuindo para o realismo das
descrições.

Utiliza, por isso:

• a adverbiação dupla (“Tu és simplesmente, como ele, um devasso; e


hás de vir a acabar desgraçadamente como ele, numa tragédia
infernal!”)
• a adverbiação tripla (“ambos insensivelmente, irresistivelmente,
fatalmente, marchando uma para o outro”)
• o advérbio de modo:
“o Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da Titi”
(utilizado de forma irónica e negativa);
“respirando penosamente”;
“Afonso apoiou-se nele pesadamente”

Verbo:
O verbo é uma das classes de palavras utilizada por Eça repleta de
criatividade e expressividade, como podemos comprovar nas seguintes
passagens:

• derivados de cor: “estátua de mármore(...) enegrecendo a um canto”


• uso metafórico: “os dois olhos do velho(...) caíram sobre ele, ficaram
sobre ele, varando-o até as profundidades da alma, lendo lá o seu
segredo”
• verbos novos(neologismos): “na Havanesa fumavam também outros
vadios, de sobrecasaca, politicando”
• no gerúndio: “Mas Ega, esguio e magro, foi rompendo pela coxia
tapetada de vermelho. De ambos os lados se cerravam filas de cabeça,
embebidas enlevadas, atulhando os bancos de palhinha”

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Diminutivo:
O diminutivo é, geralmente, utilizado de forma pejorativa e caricatural,
como podemos comprovar com os seguintes exemplos:

“perninhas flácidas”; “se dissesse os versinhos”; “perninhas moles”; “mas o


Eusebiozinho a um repelão mais forte rolara no chão, soltando gritos
medonhos”; “pobre Pedrinho”.

Nestes exemplos, Eça apresenta uma descrição negativa das personagens


Eusebiozinho e Pedro que receberam uma educação tipicamente
portuguesa a qual limitou o seu desenvolvimento físico e intelectual.

Este recurso também é utilizado para transmitir afeto e carinho pela


personagem central da obra, Carlos Maia (“está-se fazendo tarde,
Carlinhos”).

Estrangeirismos:
Ainda no domínio do vocabulário, nesta obra d’Os Maias surgem bastantes
estrangeirismos, que são utilizados de forma prudente e subjetiva.

Assim, tanto o “anglicismo” (expressão de origem inglesa) como o


“galicismo” ou “francesismo” (expressão de origem francesa) traduzem
frequentemente a vaidade das personagens em exibir um requinte e uma
modernidade, que, contudo, acabam por não existir.

Vemos aqui, o jogo das aparências em que a sociedade burguesa tanto


vivia. Por exemplo, no episódio das corridas de cavalos, o vocabulário deste
espetáculo tão pouco nacional é requisitado à língua inglesa: “jockey”,
“sports-man”, “handicap” ou “dead-beat”.

O estrangeirismo é utilizado por Eça de forma irónica, como o famoso


«chique», de Dâmaso, que denuncia a sua sub- missão pacóvia ao
francesismo, o qual também marca presença no romance para abordar
questões de moda e sociedade.

7
Hipálage:
A hipálage, que se associa à prosa romanesca do escritor, tendo em conta a
elegância e expressividade com que o mesmo a usou. Este recuso consiste
em associar uma palavra não ao termo a que normalmente estaria ligado,
mas sim a um vocábulo vizinho.

“Ega espalhava também pelo quarto um olhar pensativo”;

“casarão de paredes severas”

“a ama não passou da porta tristonha”

Ironia:
A ironia é um dos principais recursos mais utilizados pelo escritor para
criticar a sociedade. Trata-se também de uma figura de estilo que confere
encanto e humor à narrativa.

“O Eusebiozinho com o craniozinho calvo de sábio curvado sobre as letras


garrafais da boa doutrina”;

“Quase desde o berço, este notável menino revelara um edificante amor por
alfarrábios e por todas aas coisas de saber”;

“É um canteirinho de camélias meladas”

Comparação:
A comparação está ao serviço da descrição de ambientes, personagens e
paisagens.

“iam ambos caminhando por uma das alamedas laterais, verde e fresca, de
uma paz religiosa, como um claustro feito de folhagem”;

“dias taciturnos, longos como desertos”;

“apertando o leque fechado como uma arma”

8
Metáfora:
A metáfora, tal como outros recursos expressivos, serve para descrever de
uma forma sublime também os espaços, ambientes e as personagens.

“um reflexo de cabelos de oiro”;

“longa barba de neve”

“Isto decidiu-o: abriu a boca, e como de uma torneira lassa veio de lá


escorrendo”

Sinestesia:
A sinestesia serve para conferir maior realismo, visualismo e dinamismo.

“os olhos luminosos iluminavam-na toda”;

“a friagem fazia-lhe mais pálida a encarnação de mármore”;

“cor de botão-de-oiro; um tapete de veludo”

Reprodução do discurso no discurso

Discurso direto:

O discurso direto é bastante expressivo na obra, evidenciando a


coloquialidade da linguagem.

“- Que diabo, não me hão de esquecer as queijadas! -murmurou o Cruges”

“Carlos, outra vez sereno, acabava a sua chávena de chá. Depois disse muito
simplesmente:

– Meu querido Ega, tu não podes mandar desafiar o Cohen. […]”

9
Discurso indireto:

O discurso indireto é a modalidade de reprodução do discurso que mais


abunda na obra.

“Ega murmurou que a história se encarregaria um dia de retificar esse


facto(...)e então o Gouvarinho perguntou se os amigos tinham ouvido
alguma coisa do Ministério e da crise”

Discurso indireto livre:

Esta modalidade de reprodução do discurso é uma das marcas do estilo


queirosiano e que é marcada pela sobreposição do discurso do narrador e
da personagem.

“depois, reclinando-se para as costas da cadeira e abrindo o leque, declarou,


a transbordar de ironia, que, talvez por ter a inteligência curta nunca
compreendera a vantagem dos “métodos” (...)era à inglesa.”;

“A coisa mais extraordinária... Ele chega lá, para fazer o convite, e Sua
Excelência declara-lhe que sente muito, mas que no dia seguinte para o Rio...
E já de mala feita, já alugada uma casa para a mulher ficar aqui à espera três
meses, já a passagem no bolso. Tudo de repente, feito de sábado para
segunda-feira... Telhudo aquele Castro Gomes;

“Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu o senhor administrador.


Mimos e mais mimos, dizia Sua Senhoria? Coitadinho dele, que tinha sido
educado com uma vara de ferro!”.

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Técnicas narrativas utilizadas na obra:

Analepse:

A analepse surge no capítulo I da obra e, através dela, Eça recua cinquenta e


cinco anos no tempo, já que a ação central inicia no “outono de 1875” e recua
até ao ano de 1820. Nesta longa analepse recupera-se o passado para melhor
compreender o presente do protagonista, Carlos da Maia, constituindo uma
preparação da ação. Assim viaja-se até à geração de Caetano da Maia, figura
que representa o absolutismo; faz-se referência à época de Afonso da Maia
e ao liberalismo; à infância, juventude e casamento de Pedro com Maria
Monforte e, ainda, à infância e juventude de Carlos. (inicia no capítulo I e
termina no capítulo IV, “Esta existência nem sempre assim correra com a
tranquilidade larga e clara de um belo rio de Verão (...) E então Carlos
Eduardo partira para a sua longa viagem pela Europa.”

Elipse:

A elipse é também uma técnica utilizada ao longo da obra em que o narrador


aproveita para ilidir vários acontecimentos, como podemos comprovar nas
seguintes passagens:

“Mas esse ano passou, outros anos passaram”;

“Um ano passou, chegara esse outono de 1875”;

“Outros anos tranquilos passaram sobre Santa Olávia”

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Conclusão
O trabalho que nos foi proposto pela professora de português foi
trabalhoso, minucioso e exigente. No entanto, o mesmo fez com que
tivéssemos uma perceção mais aprofundada da obra e, sobretudo, do estilo
e linguagem utilizado por Eça de Queiroz.

Concluímos que Os Maias apresentam uma linguagem rebuscada,


pormenorizada, sensorial e realista e que os variadíssimos recursos
expressivos e técnicas utilizadas de que se socorre permitem a descrição da
paisagem, dos espaços, dos ambientes e das personagens de uma forma
realista e caricatural, já que ele se preocupou não só em apresentar a história
das várias gerações da família Maia com rigor mas também fazer um retrato
crítico da sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX, como
pudemos comprovar nos vários episódios que compõem a crónica de
costumes ou os episódios da vida romântica.

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