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EMPREGADA

Carolayne Morais

EMPREGADA
Trilogia Contrato
Livro 1
Para minha família.
Prólogo

Antes
-A Lana para de roubar você sabe que não é assim que faz bolha de sabão! -
Protesta Guilherme fazendo cara feia.
-É sim! -digo alto e a madrinha vem correndo ver o que está acontecendo
deixando as panelas no fogão a lenha.
-Parem já vocês dois -diz ela com sua voz suave e doce como sempre -os dois
são meus grandes campeões -senta na grama verde do quintal e nós três, eu
Gui e Jô( que não ligava para brigas, e nunca discutia com nada) tomamos
lugar ao seu lado.
-A Lana sempre rouba no jogo da bolha! -começa Gui com sua janelinha nos
dentes de baixo.
-E você não? -Retruco, exibindo minha janelinha na parte de cima, e
Madrinha afaga todos nós em um abraço.
-Vocês são muito especiais. -diz ela com seu cheiro de lavanda e jasmim.
¨¨

Capítulo Um

Brasília, Brasil, Atualmente.

-Terminei - disse o homem barbudo.


-Quanto custa? - pergunto retirando algumas moedas e notas dos bolsos.
No fim o senhor fez um precinho muito fera pra mim, o agradeci e sai
contente de seu estúdio de tatuagem.
Me chamo Lana Bler, na verdade era pra ser só Lara mas meus pais se
confundiram no cartório e deu no que deu, pelo menos essa e a historia que a
madrinha conta e sempre cai na gargalhada, minha madrinha Mérida é uma
senhora baixinha, robusta de cabelos negros curtos e dona das bochechas
mais fofas que conheço cuidou de mim até meus dezessete anos de idade e
lhe sou muito grata por isso, meus pais se foram quando eu tinha apenas três,
ela ainda me conta historias magníficas sobre os dois de como eles se
conheceram e de como mamãe ficou eufórica ao saber que eu estava a
caminho, a mesma me educou me ensinou a ler e a escrever como a seus oito
filhos, a madrinha e divorciada e o pai das crianças nunca ia visitá-la ou
enviava cartas, somente mandava o dinheiro que não alimentava direito nem
uma criança sequer, sempre a ajudei da maneira que consegui como uma
forma de pagar pelo que ela faz por mim.Tempos depois Josy sua filha que
tinha a mesma idade que eu alugamos uma kit net e passamos a dividir o
aluguel trabalhando como empregadas ou camareiras em casas e
apartamentos de pessoas ricas.
-Ficou bom Lana - diz Josy examinando minha nuca ainda dolorida.
-Valeu Jô - digo.
-Nosaaaa!!! -diz alarmada.
-O que foi?? –pergunto, estranhando sua reação.
-Esqueci minha bolsa lá em casa, volto daqui a pouco me espera aqui. -diz e
sai em disparada.
Já tinham se passado duas horas e nada de Josy voltar, então corro para casa
para ver se ela estava bem, eu não tinha celular por que com o dinheiro que
eu ganhava estava ajuntando para comprar uma passagem para voltar para
casa dos meus pais que ficava no RJ que ficou em meu nome depois que
completei dezoito anos, e como a madrinha não tinha dinheiro nem para
alimentar seus filhos corretamente, não quis perturbá-la com isso, devo ter
guardado uma bela quantia, meu objetivo e ajudar a madrinha e todos os seus
filhos principalmente Jô que sempre foi uma amiga leal e sempre soube todos
os meus segredos.
Quando chego a nossa velha kit net encontro tudo revirado de ponta cabeça,
corro para a gaveta do velho guarda roupas onde ficava meus pertences afim
de encontrar minha carteira com minhas economias mas ela não estava lá,
chuto as roupas espalhadas pelo chão abruptamente para melhorar minha
vista e procuro novamente, mas minha visão começa a ficar embaçada pelas
lágrimas que salpicavam meus olhos, as limpo rapidamente e girando nos
calcanhares me levantando para vasculhar no outro cômodo até que vejo
na geladeira escrito de batom rosa a seguinte frase:

"Me desculpe Lana"


¨¨

Capítulo Dois

-NÃO NÃOOO. -Grito caindo sobre o chão frio da pequena sala/cozinha,


cobrindo meus olhos com as mãos sujas e ásperas, limpando as lágrimas que
teimavam habitar em meu rosto.
*
Depois de alguns minutos lembro da madrinha é que sua casa ficava somente
a quatro horas a pé de onde eu morava então sai em disparada para lá não me
lembrando de trancar tudo antes. Corri tão rápido que cheguei a escutar as
batidas do meu coração, varias pessoas se assustaram com a minha
brutalidade ao correr e eu não as julgo, digamos que eu não seja a pessoa
mais elegante do mundo. Chegando a casa da madrinha estranhei de imediato
pois seus filhos menores Geremy e Carlyce com seus agora cinco e seis anos
não estavam brincando no quintal como de costume, passei pela cerca viva
que agora era somente mato seco e bati na porta principal.
-MADRINHAAAA. - Bati mais uma vez- POR FAVOR ABRA A PORTA.
Esperei alguns instantes e nada, absolutamente nenhum barulhinho sequer,
então peguei dois grampos que eu tinha no cabelo os entortei e abri a
fechadura, Guilherme o irmão gêmeo de Josy, tinha me ensinado alguns
truques alguns dias antes de toda essa bagunça estar acontecendo, eu nunca
perguntei o que ele fazia para ganhar dinheiro fácil, mas depois que ele me
explicou esses recursos não foi difícil descobrir, jamais falei nada para
madrinha por que algo me dizia que ela já sabia. Abrindo a porta entrei
lentamente no local, a casa continha cinco cômodos o que não era difícil de
vasculhar, o lugar estava completamente vazio, sem móveis ou pessoas,
verifiquei todos os cômodos e não encontrei absolutamente nada, eu não
podia acreditar que eles estavam fazendo isso comigo, e não conseguia
pensar ou mentalizar nada alem do fato de Josy ter me enganado e mentido
para mim. Alguém que eu sempre confiei.
Me recostei no batente da sala abraçando os joelhos, quando de repente me
lembro da casa,dos meus pais no Rio.
-Merda –Falo, passando as mãos pelos fios encaracolados - eles foram para o
RJ, foram para a minha casa, só pode ser isso! - Me ponho de pé, meu
cérebro parecia estar trabalhando de novo então corro para minha kit net, já
ofegante.
Minha madrinha foi para a minha casa? mas por que? Isso não faz nenhum
sentido!
Tento me lembrar do que ela me disse sobre a casa sobre meus pais, mas
nada me vinha a cabeça, eu sabia que a casa estava em meu nome e só, pelo
que ela me disse a casa era pior que a kit que eu e Jô dividimos. Depois de
algumas horas chego ao meu lar doce muquifo e vejo Jackson colocando
tudo para fora.
-Espera ai Jackson o que pensa que está fazendo? –Digo, pegando minhas
roupas de suas mãos sujas.
Jackson era o cobrador de aluguel do lugar, um velho alto magricela com o
sorriso afetado por tanto fumar cigarro.
-Esperar o que criatura? -Diz ele me olhando de cima a baixo.
-Essas são minhas coisas você não pode....
-Eu posso fazer o que eu quiser Lana - Me olha nos olhos e sopra fumaça em
mim - eu sou o dono desse lugar, e se você e a ruivinha gata não pagam o
aluguel não e culpa minha.
-Jô já pagou o aluguel desse mês é do mês passado eu mesma lhe entreguei o
dinheiro. - Disse rapidamente e rapidamente me dei conta do que tinha
acontecido.
Aquela traidora não tinha pagado coisa nenhuma, ela tinha me enganado
depois de tudo que eu fiz por ela, ela e a madrinha deviam estar tramando
isso desde o começo, meu Deus.
-Não coisa, não pagou então pode procurar outro lugar pra ficar por que aqui
você não fica mais nenhuma noite....a não ser que - Me olha com malícia e
me repúdio de nojo, entro no lugar sem olhar para sua cara e pisando firme
pego meus pertences que couberam perfeitamente em uma única mochila,
ainda sem olhar para trás deixo o local.
Escutei a risada de Jackson arteira.
-Você até que é jeitosinha se olhar bem de perto. –Diz e aperto mais o passo,
não estava em meus planos discutir com aquele velho asqueroso, hoje não!
*
Olho para todos os lados em busca de auxílio, claro eu ainda tinha meus
empregos mas eu duvidava, que eles aceitassem funcionários que dormissem
em serviço...literalmente.
Sem outra escolha me dirijo para a casa de Mérida, a noite já estava a tona e
a lua iluminava meu caminho a estrada estava deserta, até que de longe vejo
um farol, chegando mais perto noto que se trata de uma camionete branca, o
dono parece me ver então sinaliza e para, não espero para ver quem é, afinal
poderia ser qualquer um, uma pessoa com intenções boas ou ruins e eu não
estava afim de descobrir.
-Moça - Escuto uma voz masculina, um pouco rouca, mas não paro -espere
por favor -insiste ele e corre para me alcançar.
-Quem é você - digo mantendo distância- o que quer?
-Me chamo Heitor – Diz, esboçando um sorriso, me fazendo arregalar os
olhos –prazer.
Fico observando aquele sorriso e não faço menção de que vou me apresentar,
então ele pergunta.
-Sabe se tem alguma pousada aqui perto, para eu passar a noite e carregar
meu celular para ligar para o meu pessoal? –Diz, me observando.
A essa altura ele já deve ter visto o quanto sou diferente das mulheres que ele
está acostumado a conhecer, pois não são todas que usam macacão de
jardinagem preto, botas coturno vermelhas com sobrancelhas compridas, eu
sei o que é um salão de beleza, mas sei também que essas coisas custam
caro, caro demais.
-Não -Digo por fim, e ele retoma a atenção para meu rosto -mas tem a casa da
minha madrinha, eu estava indo para lá, você pode me acompanhar se quiser.
-digo sem preocupação.
Observando-o noto que seus cabelos eram escuros sedosos, que no momento
estavam desgrenhados, sua barba estava por fazer o que deixava seu maxilar
a mostra, era alto e bem vestido, usava um terno sem gravata azul escuro,
tinha os ombros largos e um anel misterioso em seu anelar direito.
-Mas você nem me conhece eu poderia ser um assassino ou coisa parecida. –
Fala me acompanhando quando percebe que eu tinha seguido meu caminho
silenciosa.
-Pelo que observei você é importante, já que vai mandar seu "pessoal" vir
buscá-lo pela manhã - Me viro para vê-lo - e também, se fosse para você me
matar ou coisa parecida já teria feito.
-Você não tem medo de perder o que tem? – Questiona.
-Não tenho mais nada a perder nessa vida.
¨¨
Capítulo Três
Chegando a velha casa da minha não mais madrinha empurro a porta que já
estava aberta e entro com ele logo atrás, acendo as luzes que estão com o
brilho enfraquecido devido ao tempo de uso imagino, ele percebe que a casa
não possui nenhum móvel ou a presença de outras pessoas e indaga.
-Cadê a sua madrinha, você não disse que aqui era a casa dela?
-É -Digo retirando da mochila alguns lençóis - é uma longa historia -digo
passando um lençol para ele que me olha cético - olha eu sei que não é muito
mas pelo menos aquece do frio.
-Não precisa se preocupar comigo - Recusa,então pego dois lençóis e
improviso uma cama para mim -mas eu gostaria de saber por que você vive
assim, se não for incômodo perguntar.
-É e não é, ao mesmo tempo -Sorrio cobrindo os olhos com o braço pelo
cansaço já deitada, em minha cama improvisada- a verdade é que eu preciso
resolver um problema de família, só isso...boa noite Heitor, sinta-se a
vontade.
Faço um gesto com a mão de beleza e me viro para o outro lado.
Eu não sou o tipo de pessoa que conta a vida para um estranho, sempre tive
cuidado com as pessoas, nunca confiei em ninguém e quando pensei que
podia confiar fui traída e acabei onde estou agora, sem dinheiro ou comida,
quanto menos contato com pessoas melhor, fecho os olhos pensativa e
adormeço em seguida.
***

Josy

-A maravilha chegamos. - digo a mamãe e a Gui que estão no banco de trás


do táxi.
A casa era belíssima, Rio de Janeiro era mesmo perfeito era a cidade
maravilhosa com certeza, sai do carro correndo em direção a minha nova
casa, a frente era linda com um portão azul que inundava qualquer um, toquei
a campainha e dentro de dez segundos ouço uma voz feminina dizer:
-Residência dos Bler bom dia em que posso ajudar?
Um amplo sorriso reinou em meus lábios quando falei:
-Aqui é a Lana... Lana Bler, e sim você pode ajudar.
O enorme portão de um azul intenso se abriu e pude ver minha mãe e meus
irmãos eufóricos repentinamente de modo que eu lhes lancei uma expressão
de "fiquem quietos droga".
Uma senhora que tinha mais ou menos a estatura da própria Lana veio me
receber, ela possuía os cabelos louros como o sol daquela manhã e tinha os
olhos de um preto muito profundo era rechonchuda e tinha uma risada de dar
nos nervos.
-Oooooooh querida, minha querida minha nossa como você é linda -Disse
enquanto me abraçava- e linda muito linda. - disse ela olhando meus cabelos
ruivos.
-Obrigada, senhora. -digo acanhada pela sua animação.
-Meu nome é Sebastiana sou a governanta da casa a dez anos - Diz- mas
pode me chamar de Tiana se quiser - pisca os olhos para mim.
-Tem mais algum empregado aqui? -Pergunto.
-Ah sim menina, tem cinco no total.
-Certo - Digo cautelosamente - essa é a minha madrinha - olho para mamãe
que sorri com o meu teatro - e meus primos.
-Olá tudo bem com vocês? - Indaga Sebastiana.
-Sim sim, só um pouco cansados da viajem. - Diz minha mãe e meus irmãos
confirmam.
-Ora então vamos entrar comer alguma coisa e descansar. -Sugere a
governanta e entramos na mansão Bler ou de agora em diante mansão
Pacheco.

***

Lana

Acordei com uma baita dor de cabeça na manhã seguinte, me levanto e


percebo a ausência dele, deve ter ido embora assim que amanheceu e como
eu não fazia idéia de que horas eram me levantei bruscamente e notei que
ainda estava usando botas.
Maravilha.
Pego minha toalha na bolsa e vou para o banheiro afim de lavar o rosto e
tomar um merecido banho, ando ainda sonolenta pelos cômodos retirando
minhas botas que ficam pelo caminho, entro no banheiro e nem me dou o
trabalho de fechar a porta, passando as mãos pelos olhos mais uma vez
percebo a presença de algo e também escuto um fraco som de água caindo,
mas antes que eu conseguisse me dar conta do que estava acontecendo
Heitor deixa o box completamente nu.
Puta que pariu
Meus olhos pareciam que iam saltar das órbitas, depois de recuperar minha
sanidade, deixei a toalha lá mesmo e sai do banheiro o mais rápido que pude.
De volta do banho, Heitor aparece na sala com a toalha pendurada em sua
cintura, seu corpo ainda estava molhado, e me peguei olhando para seu
abdômen mais uma ou duas vezes, enquanto ele perguntava as horas, que
olhei em seu relógio que estava perto do batente da cozinha.
-Obrigado pela toalha -Diz ele me passando a peça.
-Me desculpa eu não sabia que você ainda estava aqui.... Eu não quis te olhar
de propósito...
-Não tem importância –Fala me interrompendo.
Depois de tomar um banho, me sinto com as energias renovadas e decido ir
para o trabalho.
-Trabalha com o que? – Questiona, quando volto do banho.
-Sou empregada - O mesmo franze o cenho -e estou atrasada para meu
primeiro emprego, se me der licença. -digo pegando meus pertences.
-Sim claro, e obrigado pela ajuda - confirmo com a cabeça - meu pessoal já
deve estar chegando - diz ele e eu fecho a porta do lugar bruscamente para
garantir que não ficará aberta pois a mesma esta sem tranca, eu teria que
achar um chaveiro rápido - pegue -ele me entrega um cartão que diz : Heitor
Carter Sanches Gerente das industrias manufatureiras Sanches Tel:
**0078415263 seguro e encaro seu rosto.
-Obrigada. -Digo e coloco o cartão no bolso.
-Me ligue se precisar de algo, ficarei grato em lhe retribuir o favor. -Eu
apenas confirmo com a cabeça saindo para meu emprego mais que atrasada.

...
Capítulo Quatro

-Que droga Lina - Diz Carlos meu gerente, ele nunca acertava meu nome -
está demitida essa e sétima vez que você se atrasa garota.
-Eu não tenho relógio mas prometo que chegarei mais ce.....
-Olha me poupe de suas promessas idiotas - Faz um gesto com as mãos me
silenciando - vá ao RH e pegue o que te devemos por esses dias trabalhados.
-Senhor eu realmente preciso do emprego.
-Olha eu não to nem ai, suportava você apenas por que Josy era 'dedicada ao
serviço' diferente de você e como ela não esta mais conosco infelizmente, não
precisamos mais olhar pra sua cara, mas se não me engano estão contratando
no bordel lá de cim.....
Ele não conseguiu terminar sua frase por que eu não pude conter a raiva que
se desencadeou dentro de mim. Quem ele pensa que é para me tratar daquele
jeito?
Miserável.
Depois de chutá-lo onde mais dói, Carlos se levantou do chão furioso
chamando os seguranças que chegaram rapidamente.
-Tirem...tirem essa selvagem daqui agora mesmo, ela não tem direito a nada
nem um centavo sequer. -Disse cuspindo fogo.
Os dois homens que eu já conhecia me levaram para fora do prédio e me
pediram desculpas, eu sai com a cabeça erguida assim como entrei, mas
depois que refiz o caminho para minha casa 'emprestada' lágrimas saiam
descontroladas dos meus olhos, as limpei com as mãos calejadas com calos e
doloridas pelo trabalho que eu agora não tinha e também não tinha direto
sobre o dinheiro que ganhei com ele.
Caminhei sem pressa alguma chutando pedras pelo caminho, até que chego
na casa de Mérida e vejo vários homens sentados fumando cigarro, entro em
pânico, não os conhecia, por que estavam ali?
Me aproximo lentamente sem fazer qualquer barulho e os observo de longe
até que um surge atrás de mim e pronuncia algo como "quem é você garota?",
não o respondi e sai em disparada pela mata isolada até que escuto uma voz
familiar.
-Espere moça sou eu Heitor.
Heitor?
O que ele ainda estava fazendo aqui, quem eram aqueles homens? Paro
abruptamente e o vejo se aproximar arfante.
-Nossa, como você é rápida... - O observo com curiosidade.
-O que você quer? - Digo evasiva.
-Sei que você não vai me ligar - Franzo o cenho e o mesmo continua - não
estou julgando suas condições mas acho que você esta precisando de ajuda e
eu posso ajudar você.
-Não quero. -Continuo a andar, me ajudar? sei muito bem o que homens
como ele querem com garotas como eu, sei que não sou rica mas também não
sou idiota.
-Por que não? - Insiste.
-Sei o que homens como você querem com garotas como eu, e não estou
interessada obrigada. – O encaro.
Ele parece entender o que estou falando e se apressa em dizer.
-Não, não vou lhe fazer mau se é isso que esta pensando - Continuo
observando-o com os braços cruzados - e sério - sorri, levantando os braços
em gesto de paz.
-Quer me ajudar só por que lhe dei um teto para dormir sem ao menos uma
cama ou água quente? -Indago.
-Sim, sou muito agradecido por isso, pelas pequenas coisas que fez, se não
fosse por isso, eu poderia ter passado a noite na rua e quem sabe o que
poderia ter acontecido, pois nessas estradas sempre existem vândalos - diz -
lhe dando um emprego foi a forma que vi de poder ajudá-la e pagar minha
divida, então o que acha?
-Sim. - não tive que pensar muito, só o que eu via era uma Lana sem
dinheiro, comida ou casa e o fato de Carlos ter me demitido e ainda ter me
humilhado definitivamente não ajudava em nada, então aceitei sua proposta.
-Ótimo – disse sorridente - já viajou de avião?
-Como? - questiono.
-Vamos ter uma viajem de algumas horas, espero que não seja um incômodo
para você.
-Você não mora aqui em Brasília?
-A não, moro no Rio de Janeiro, estou aqui apenas a trabalho, e tive a
infelicidade de ter o carro com o pneu furado, justamente no último dia de
minha estádia, mas por outro lado tive o prazer de conhecer uma pessoa
humilde e bondosa. - fala me observando.
Rio rio rio de janeiro????
-Tem algum problema para você moça?
-Não absolutamente nenhum e pode me chamar de Lana.

...
Capítulo Cinco

-Você não precisa pegar nada? -Indaga meu mais novo patrão.
-Não senhor, tudo que eu tenho esta aqui nessa mochila – O que não era
muito.
-Pode me chamar de Heitor. –Com um sorriso me pede para entrar em sua
camionete agora sem danos, eu apenas assinto com a cabeça mesmo sabendo
que não conseguirei chamá-lo de Heitor sabendo que será ele quem pagará
meu salário.
Olho para a velha casa de Mérida antes de tomar o assento ao seu lado e um
sentimento de magoa me invade.
-Precisa de um tempo sozinha? – Pergunta.
-Não, eu não preciso! - Ele apenas liga o carro e saímos dali rapidamente.

***
Josy

-Mais que droga é essa Josefa? - A menina que devia ter seus 17 anos me
olha apavorada - chame sua mãe aqui. -ela sai correndo como se tivessem
cobras em seus calcanhares.
Dois minutos depois vejo Raimunda uma senhora que avaliei estar na casa
dos cinquenta chegar.
-Raimunda - Ela me olha com apreensão- eu pago a você uma quantia
enorme para você apenas arrumar a casa, é ainda deixo você e sua filha -
aponto para a garota atrás da mãe chorosa - morarem nessa casa de graça a
minhas custas.
-Sim madame e somos muito gratas por isso...-Diz olhando para o chão
alisando seu avental.
-Sei disso, mas seriam muito mais gratas a mim se fizessem o trabalho de
vocês corretamente, ensine sua filha a cozinhar, a comida dela e horrível
assim como o nome - Escuto um soluço engasgado -agora saiam e não
cometam mais erros pois eles serão os últimos.
Depois que cheguei aqui tive que fazer várias mudanças, primeiro de tudo
coloquei meus irmãos bem longe de mim e como tem outra casa nos fundos
do terreno mandei os mais velhos para lá, como Guilherme, Diana e Marcos e
não to nem ai se estão bravos, que se dane. Apenas minha mãe Carlyce,
Geremy e Cami estão aqui, por enquanto.
Demiti cerca de três empregados, deixei somente Sebastiana e Raimunda com
a sua cruz de nome feio, mandei a governanta contratar mais dois
empregados apenas, sei que a casa e grande mas também sei que não estou
afim de gastar o meu dinheiro com bobagens.
Farei compras quando o novo chofer contratado chegar, minhas roupas estão
um completo trapo e como agora sou rica tudo graças a aquela sonsa, tenho
que aproveitar.
***
Lana

Chegamos ao aeroporto e foi ai que realmente caiu a ficha de pra onde eu


estava indo.
-Você tem algum documento de identificação? -Pergunta Heitor
educadamente.
Retiro do bolso da mochila minha identidade o único documento que me
restou e o entrego, depois de alguns minutos Heitor entrega uma passagem
em minhas mãos, olho por um tempo para aquela passagem a passagem que
eu iria comprar a passagem que eu tanto lutei para conseguir.
-O.o.obrigado. -Falo pasma.
-Não tem de que. -Diz convicto.
-Seus amigos não vem? -Pergunto, quando percebo que os homens que vi na
casa de Mérida não nos acompanhavam.
-Não não, eles são meus funcionários, mas trabalham aqui, tenho outros que
desenvolvem suas funções no RJ. -assenti devagar. Percebendo por
experiência própria que só pessoas de classe elevada falavam isso.
A viagem durou mais ou menos umas duas horas e meia, eu não dormi
apenas observei a imensidão do mundo pela janela, observei Heitor cochilar
com os braços cruzados tão relaxado e imaginei por um momento como
nossos destinos se encontraram de tal maneira, até então eu ainda era uma
completa estranha pra ele e mesmo assim ele me ajudou, outras pessoas
talvez na mesma situação não se importariam mas por que ele não? por que
não virou as costas e simplesmente foi embora?
"Senhores passageiros chegamos ao nosso destino, queiram se ajustar
ordenadamente até a saída por favor" - Diz a aeromoça e Heitor desperta de
seu rápido sono.
Segui Heitor como se ele fosse minha sombra e ele deve ter percebido minha
inquietação quando descansou uma mão em meus ombros tensos.
-Não se preocupe, logo você vai se acostumar.-Fala afetuoso.
E me permito relaxar depois disso.
-Venha por aqui -Segura minha mão e vamos em direção a um carro preto
alto belíssimo, ele abre a porta para mim e um senhor de bigode vem
cumprimentá-lo.
-Este é Junior Linhares meu chofer há vinte anos o melhor que há na cidade.-
O homem fica pomposo com o elogio, aperto sua mão e Heitor me pede para
entrar no carro e de lá seguimos para sua casa.
No caminho Heitor me conta algumas coisas sobre ele, que era o dono de
varias fábricas de tecido e que iria começar com um novo projeto para lançar
uma marca de roupas mas que ainda estava sem criatividade e inspiração para
dar continuidade, ele era um CEO com apenas 32 anos de idade, perdeu os
pais a cinco anos atrás em um acidente de avião, tinha apenas um primo
chamado Edgar e morava com seu cachorro que não tinha nome pois tinha
ganhado quando teve que viajar para Brasília, ele tinha empregados fiéis que
estava com ele a anos.
-Acho que isso e tudo. - Conclui.
-Entendo, sinto muito pelos seus pais.
-Não se preocupe está tudo bem – diz, pedindo para Junior diminuir a
velocidade quando passamos por uma curva - mas e você Lana - estreito os
olhos - me conte sobre você.
Não respondi, ainda não estava certa se podia confiar em alguém, mesmo
sendo ele.
-Tudo bem - Diz, quando percebe minha confusão - me fale sobre essa
tatuagem.
Toco minha nuca, quase tinha me esquecido que tinha feito.
Meus pássaros.
-Eles - levanto meus cachos para que ele possa ver melhor - Significam
liberdade, uma liberdade que todos sentimos e que precisamos sentir, a
liberdade de ser você mesmo, de estar com quem você quiser, de fazer o que
quiser de apenas ser você.
Ele me olha nos olhos por alguns instantes mas não fala nada.
-Chegamos senhor. -Anuncia Junior, minutos depois.
Heitor sai do carro e quando dou por mim, está abrindo a porta do carro para
que eu saia.
-Dizem que da azar se o anfitrião não for o primeiro a dar as boas vindas. -
Fico grata e de pé percebo a imensidão do lugar, era de perder o fôlego de tão
magnífico.
A entrada da casa possuía um belo gramado com pedras brancas harmoniosas
que enfeitam o jardim repleto de rosas vermelhas a casa tinha quatro
andares, um tom meio rústico mas elegante e aconchegante, na entrada uma
senhora sorridente veio nos receber.
-Menino - A senhora abraça Heitor que retribui contente - você demorou
muito dessa vez fiquei preocupada, seu celular quebrou?
-Acalme-se Dil - Assegura ele a mulher - tive alguns contratempos apenas, e
essa aqui - os dois se viram em minha direção e a mulher me avalia da cabeça
aos pés - e a Lana, sua mais nova ajudante nas tarefas. -termina ele.
-Olá senhora. -Estendo a mão, mas ela não me cumprimenta e segue para
dentro da casa pisando firme em suas sapatilhas exclamando "Está com fome
Heitor..quer bolo?" ele confirma para ela, que entra no lugar nos deixando
para trás.
-Não se preocupe, ela apenas não gosta de se apegar muito a pessoas mas
quando você obter a confiança dela tudo ficará bem - Assegura Heitor
confiante - venha vamos entrar, mais tarde mostro a cidade a você.
Encarando minhas botas vermelhas, respiro fundo e entro na casa.
vamos lá!
...

Capítulo Seis

-Coloquem as malas dele lá em cima. -Diz a governanta aos dois homens que
julguei serem empregados de Heitor.
-Venha Lana, vou lhe mostrar o lugar. -Diz, me fazendo encará-lo.
-Não precisa, somente me diga onde irei dormir e quais serão minhas tarefas
para que eu as cumpra, e é claro gostaria de saber quanto me pagará e se
trabalharei o dia todo. –Específico.
-Quanto a isso, lhe pagarei a quantia que pago a Dil deve ser mais ou menos
uns três salários mínimos e não, não quero que trabalhe o dia todo somente
um período está bom, você escolhe em qual.
-Hã somente um período? -Indago.
-Sim, no outro poderá fazer algo que lhe agrade, sair, fazer amigos, fazer
algum curso...você escolhe -sorriu -Todos os funcionários que trabalham
aqui, seguem essa filosofia, bom agora preciso resolver alguns assuntos da
empresa mas fique a vontade, Dil, sabe qual é seu quarto e só lhe perguntar,
até mais tarde Lana.
Se despede e sobe as escadas, então saio a procura da mulher carrancuda
que está na cozinha.
-Senhora - Me aproximo do balcão e ela me lança um olhar de reprovação. -
preciso que me diga onde fica meu quarto.
-Onde foi que Heitor achou você, em um lixão menina? - O comentário dela
me irritou com certeza mas quem poderia culpá-la? minhas roupas e
aparência não me ajudavam em nada - Heitor e seu senso de ajudar os
necessitados, um dia esse menino ainda vai se meter em confusão, se é que já
não se meteu. – dispara.
-Olha senhora não precisa gostar de mim só quero que me diga onde fica
meu quarto e não se preocupe não pretendo fazer mau algum a Heitor que
tem sido um verdadeiro anjo da guarda para mim. -Digo e a mulher baixinha
dos olhos escuros opacos com cabelos castanhos encaracolados aponta para o
corredor aos fundos da cozinha, sigo o caminho e vejo que no meio dele
existe um quarto isolado dos demais então deduzo que ali era o meu mais
novo aposento.
Abro a porta e ligo as luzes, percebo a grandiosidade do cômodo, podia ser
um quarto de empregada mas era maior cem vezes que a kit que eu dividia
com Josy, sim muito maior, deposito minha mochila em cima da cama, o
quarto era na cor creme tinha poucos móveis compostos por uma
escrivaninha um guarda roupas uma penteadeira com um enorme espelho e
uma cama de casal que estava portando um macio lençol de ceda branco,
deitei e fiquei apreciando a sensação por alguns instantes até que escuto
batidas na porta.
- Lana, sou eu Heitor está muito ocupada agora?
Heitor?
-Não, só um segundo. - Abro a porta e o vejo com uma expressão
aconchegante no rosto e sorrio com educação.
-Gostou do quarto? -Pergunta cauteloso.
-Sim, qualquer lugar pra mim esta ótimo, só de não ter que pagar a estadia já
me sinto muito agradecida. -Recebo seu sorriso em resposta.
-Pois bem -Diz - estarei esperando você para o jantar.
-Não precisa posso comer aqui mesmo qualquer hora depois que você
terminar... –Me apresso em dizer.
-Nada feito Lana, estarei esperando por você. -Confirma novamente e sai
andando, lentamente.
Retiro minhas botas e o macacão sujo e os coloco na cama, no banho sinto
a água cair sobre minhas costas como a punhalada que Mérida e Josy me
desferiram me deixando fraca e indefesa com os ferimentos.
Já no quarto penteio minhas ondas negras e no espelho vejo uma mulher de
vinte três anos de idade com a expressão enigmática e derrotada no rosto,
porém o fato de estar aqui no RJ me da forças e mais possibilidades de
encontrá-las para saber de uma vez por todas por que me enganaram.
Com certeza esse sumiço repentino delas deve ter algo haver com meus pais,
eu só preciso saber o que.
Visto o único vestido que tenho, cor violeta que vai até abaixo dos joelhos
sem decote e acetinado que ganhei de uma ex patroa quando trabalhei em
seu apartamento, volto a calçar as botas e saio para procurar Heitor que
encontro na cozinha.
-Com fome? -Pergunta delicado.
-Sim . -Ele sorri e me oferece a cadeira do balcão.
-Vamos comer aqui hoje se não se importar, quero que Dil me conte o que
aconteceu quando estive fora. -Assinto.
-A querido - Diz a mulher e serve Heitor - não tem muito o que contar, só seu
primo que esteve aqui umas duas ou três vezes procurando por você, eu
passei seu numero mas ele assim como eu não tivemos sucesso em nos
comunicar com você. - Heitor fez uma cara de menino brincalhão.
-Certo, que bom que não tivemos assuntos urgentes, Edgar quer
provavelmente tomar cerveja ou me contar sobre suas paqueras mal
sucedidas. -homens ainda se gabavam de suas conquistas? fazia tanto tempo
que não tinha contato com um amorosamente que me peguei pensando.
Comemos em silêncio por um tempo, parece que ele não gosta mesmo de
fazer suas refeições sozinho, nada sobre uma namorada ou mulher nenhum
comentário sequer mas por que o anel? Vai ver ele só gosta de usar, não
perguntarei nada sobre isso não era da minha conta afinal, tenho assuntos
próprios a resolver.
Terminamos o jantar e a comida estava ótima, Dil cozinhava muito bem,
agradecemos e me ofereci para lavar a louça já que ela teve o trabalho de
preparar a refeição, Heitor disse que me ajudaria então Dil foi se deitar.
-Posso terminar sozinha. -Digo e ele pega os talheres de minhas mãos para
secá-los, não me dando ouvidos.
-Com ajuda é mais rápido. -Diz por fim, me lançando uma piscadela.
Não passou muito tempo e tudo estava limpo e em seu devido lugar, desejei
boa noite a Heitor e segui para meu quarto.
Fechando a porta, apenas retirei as botas e me joguei na cama para refletir
sobre tudo que estava acontecendo, com uma única idéia fixa em mente que
era encontrar Josy e Mérida e fazê-las pagar por tudo que me fizeram passar.

***
Josy

-Ô Sebastiana dava pra você ser um pouco útil e ajudar o Carter a trazer
minhas sacolas de compras lá para cima - A mulher que estava tirando o pó
de um quadro se mexeu rapidamente quase caindo sobre o chão de mármore.
"Incompetente" coloco as mãos sobre a testa praguejando todos os
empregados da casa e subo para meu aposento gloriosa depois de sair do
salão de beleza, meus longos cabelos ruivos receberam os melhores
tratamentos capilares sem contar que fiz as unhas a pele, maquiagem enfim
dei uma repaginada total na antiga Josy Pacheco.
Hoje a noite vai ter um luau aqui perto peguei um panfleto com a manicure e
resolvi dar uma olhada, já que estou precisando extravasar um pouco, ter
uma família e empregados incompetentes me deixa sem forças. Finalmente
Carter e Sebastiana colocaram todas as compras em meu quarto e como não
aguentava ver a cara de nenhum dos dois fecho a porta irritada.
-A este vai ficar ótimo - Pronuncio ao colar o vestido azul claro curto e
decotado ao meu corpo frente ao espelho - vou me arrumar.
Depois do banho faço uma maquiagem que define meus belos lábios, deixo o
cabelo solto fazendo pequenos cachos nas pontas com babyliss, pego uma
bolsa preta da 'Channel' coloco saltos Stiletto pretos e desço as escadas bem
a tempo do evento, Carter vai me levar já que ainda não sei muito bem onde
ficam as coisas por aqui.
-Ta indo aonde em? -Pergunta Guilherme bêbado.
-Não te interessa merda, e vá para casa, você acha que estamos aqui para
você encher a cara a toda hora? -Berro - quer que eu te expulse da minha
casa? -chego perto e o homem se encolhe - quando eu chegar - aponto o
dedo em sua cara e vocifero - acho bom você ter jogado essa droga no lixo. -
aponto para a garrafa de 'Rum' em sua mão e vou em direção ao carro.
Chegando no luau, percebo o quanto era fantástico, muitas pessoas , música
e bebida, pedi para Carter voltar duas horas depois para me pegar, estava
tocando uma música alta que não soube distinguir o que era, quando me
aproximo da mesa para pegar a ultima vodca um cara moreno a pega antes e
fica me encarando.
-Me desculpe, pode ficar. -Me oferece a bebida e eu a aceito.
-Obrigada. -Falo em seu ouvido devido a música.
-De nada princesa, qual é seu nome? me chamo Edgar a propósito. -Sorri e
retribuo olhando fixamente em seus olhos.
...

Capítulo Sete

Lana
Acordei ótima da minha primeira noite de sono no Rio de Janeiro, olho o
despertador ao lado da cabeceira da cama e vejo o quanto estava
extremamente atrasada para o serviço, afinal de contas eu vim aqui para
servir e não ser servida, minha roupa de empregada já estava sobre a cama,
Dil deve ter colocado ali e com certeza estava brava. Me levanto num salto,
corro para o banheiro penteio as ondas nervosas as envolvendo em um coque
acima da cabeça, visto o vestido azul com detalhes brancos e coloco as
sapatilhas brancas que completavam o conjunto, passo um creme facial que
eu tinha na mochila e saio em disparada para procurar a governanta.
-A você esta ai -Diz a senhora tomando seu café da manhã -está atrasada.
-Sim senhora, sinto muito. -Digo apressada.
-Sei que ainda são sete da manhã mas você tem que entender que dorme
aqui, já recebe uma grande regalia o mínimo que poderia fazer era se mostrar
mais eficiente. -Diz ríspida.
-Sim . -Digo alisando meu vestido de cabeça baixa.
O que eu poderia dizer? ela estava completamente certa, Heitor já me
deixava morar, comer e sem pagar nada, isso era o mínimo que eu podia fazer
por ele.
-Tome café hoje o dia vai ser puxado, já que não temos uma faxineira faz
tempo. –Conclui a senhora.
Comi rapidinho, então Dil me instruiu sobre as tarefas que tinham que ser
feitas, ela me acompanharia se eu não tivesse experiência mas deixei bem
claro que já trabalhava nesse ramo a mais de dois anos, então ela me deixou
por conta própria o que era um alívio.
De acordo com a lista que ela me passou eu teria que começar o serviço
pelos cinco banheiros da casa fora o dos empregados.
Cinco banheiros????
Suspirei e voltei a ler o papel suicida.
Depois limpar os quartos do andar de cima que eram três incluindo o de
Heitor. Ela saiu e voltou meio minuto depois com vários produtos de limpeza
e multiuso.
-Vai precisar. -Colocou tudo no chão e saiu em direção a seu quarto
trancando-o.
Já que se lamentar não adiantava, dobrei o papel e coloquei dentro do sutiã.
Peguei o balde com os produtos e uma vassoura e comecei a subir as escadas
para o segundo andar.
-Vamos ao trabalho.

***
Josy
Acordo nos braços do tal Edgar, não sei bem onde estou levanto meio zonza e
cambaleio sobre meus próprios calcanhares.
-Humm oi gatinha -Diz ele passando as mãos sobre seus cabelos
encaracolados -onde está indo?
-Embora! -Pronuncio pegando meu vestido que estava sobre o chão, e
começo a vesti-lo.
-Que pena, não quer que eu te mostre a cidade ? Você disse que é sua
primeira vez aqui..então queria mostrar a cidade a você Lana..
-Sim -Digo depressa - quem sabe outra hora. -termino de me vestir e pego
minha bolsa.
Ele se levanta completamente nu e sem aviso deposita um beijo sexy em
meus lábios.
-Eu vou cobrar ruiva -Sorri com malícia - esse e meu número. -me entrega
seu número de telefone e lhe passo o meu.
Não que eu vá querer nada sério mas e sempre bom ter alguém a hora que a
necessidade aparece. Sorrio para ele e deixo o motel barato.

***
Lana

Eu já havia limpado metade dos banheiros e quartos do andar de cima e tudo


antes das nove da manhã, tive a sorte de não entrar no quarto que Heitor
dormia, por isso decidi limpa-lo depois que ele se levantasse , então fui
limpar a sala e a cozinha.
Duas horas depois o vejo descer as escadas de terno e gravata com aquele
sorriso que tirava o ar de qualquer um.
-Bom dia Lana. -Fala educado.
-Bom dia Heitor. -Digo voltando a me concentrar na limpeza dos móveis.
-Bom dia querido - Escuto Dil lhe dizer quando o mesmo chega a cozinha.
Heitor sai de lá cinco minutos depois e antes de sair passa por mim dizendo:
-Lana quando eu voltar se não estiver muito ocupada, quero que vá a um
lugar comigo, está bem? -Minha resposta ficou no ar, porque ele saiu
apressado, Junior o chamava e apontava para o relógio.
Um lugar? que tipo de lugar?
*
Deixei tudo nos trinques as exatas 16:00 pm, deixei os produtos na área de
serviço e segui para meu quarto me jogando na cama e adormecendo logo em
seguida.
Acordei com leves batidas na porta.
-Lana- Escuto a voz de Heitor - posso entrar?
-Heitor?, sim, quer que eu prepare alguma coisa? -Digo depressa.
-Não, não - Ele se senta em minha cama- vim lhe mostrar alguém. - faço uma
careta, ele levanta as mãos e vejo um filhote de cachorro.
-Que lindo - Digo pegando a bola de pelos de suas mãos - qual e o nome
dele?ou dela?
-E ele, e não tem nome é por isso que eu o trouxe aqui, para você me ajudar
a escolher um.. -O olho com diversão.
-Não sou boa com nomes, mas acho que ele poderia se chamar 'Xadrez'.
-Xadrez? por que ?- Diz intrigado.
-Por ele ser preto e branco? –Heitor sorriu concordando.
O cachorro era preto e branco com o focinho rosa.
-Falando nisso onde ele estava, arrumei a casa toda e não o vi. -Questiono.
-Estava no veterinário, justamente para não atrapalhar em nada por aqui. -
Fala segurando Xadrez nos braços.
-Ele e de raça ou e Vira lata?
-Ele e Border Collie.
-Haaaa....Heitor...?
-Sim?
-Qual era o lugar que você queria me levar?
-E mesmo, já está quase na hora -Fala olhando no relógio em seu pulso - vem
comigo.
Com Xadrez em uma mão ele usou a outra para segurar com firmeza a minha
e me guiar até seu carro, seguimos para uma estrada totalmente desconhecida
e não demorou muito para chegarmos.
-E aqui - Disse ele ao sair do carro e me convidar para ver aquele por do sol
magnífico.
Incrível....era a única palavra que eu consegui pensar para aquela vista.

...
Capítulo Oito

-Está cansada? -Pergunta.


-Não.
Ele me olha por alguns instantes.
-O que foi?
Ele e seu chefe, continue falando assim e será demitida. Minha consciência
gritava.
-Nada. -falei depressa.
-Você é linda Lana, sabia disso. -Disse sem tirar os olhos de mim.
E pronto, bastaram essas poucas palavras para que eu ficasse completamente
atordoada. O que diabos ele estava falando?
-Vamos para casa. -Diz abrindo a porta do carro.
-Vamos. -Digo apenas, entrando no carro sem ao menos olhar para ele
novamente.
*
Não conversamos durante a volta para casa, eu estava cansada e só almejava
uma boa noite de sono.
-Boa noite . -Disse ele gentil ao chegarmos em sua casa.
-Boa noite. -Digo e me dirijo ao quarto rapidamente
Assim que chego em meu quarto desabo na cama adormecendo sem ao
menos me trocar.

*
Acordo tarde no dia seguinte Dil não estava em casa, deve ter ido fazer as
compras da semana, ainda bem, porque se não era outro sermão daqueles,
decido começar a limpeza pela garagem.
Chegando no local quase caio para trás com tamanha quantidade de carros
que tinha ali, eram mais de seis e como eu não sabia nada sobre eles,
constatei que eram mais caros que minha vida, por isso tomei bastante
cuidado ao manusear a mangueira e os outros utensílios de limpeza.
Porém quando eu estava na fase final de enxaguamento da garagem uma
mulher aparece do nada me pegando de surpresa e...
Splash
-Sua .. sua.. IDIOTA, OLHA O QUE VOCÊ FEZ COM A ROUPA QUE EU
ACABEI DE COMPRAR! -Grita a mulher histericamente.
-Me desculpe madame mil perdões eu não queria fazer isso.....-Paro no
instante em que a observo bem e reconheço sua voz.
A mulher era ruiva, alta e tinha a pele branca feito leite, usava salto alto e um
vestido roxo que parecia ser caro, linda como uma princesa mas no momento
em que se virou, pude ver seu rosto.
Jô?
Não era possível..era ela..ela estava ali na minha frente. Minha cabeça estava
a mil e meu sangue começou a ferver.
O que essa golpista estava tagarelando? Ela vai ver só quem é a idiota!
Minhas roupas estavam molhadas e quase escorreguei ao me movimentar,
mas mesmo assim me joguei em cima dela a derrubando com o impulso da
queda, fazendo-a gritar e finalmente olhar em meus olhos diretamente.
-La.la.lana? –Pronunciou as palavras atordoada, ficando pálida.
-Sua biscate, mentirosaaa! -Disse lhe dando um tapa na cara.
Josy se esperneava mas não conseguia me deter, segurei em seus cabelos com
todas as forças que encontrei, puxando-o.
-SUA MENTIROSA MENTIROSAAA...
-Me solta, me solta, EDGAAAAR, EDGAAAR! -Gritou.
-LANA -Gritou Heitor e escutei seus passos.
Chegando no local ele me retirou de cima de Jô, porém com certa
dificuldade.
-O que significa isso Lana? -Pergunta Heitor tentando manter a calma.
Não respondi, ainda estava irada pelo ódio de ver a infeliz que me traiu e
roubou bem ali na minha frente.
-MEU AMOR O QUE ACONTECEU?- Pergunta um homem correndo para
socorrê-la.
-Edgar ....-Choraminga e aponta o dedo para mim- essa louca me atacou sem
motivos. -diz se fazendo de inocente e meu sangue ferve mais ainda, Heitor
segura em meu braço e tento manter a calma.
-Como é Lana? -Indaga o homem para Josy.
Franzi o cenho, o que ele disse? eu escutei direito? Olhei para a cara
daquela ruiva falsa e quase cuspi as palavras.
-O NOME DESSA VIGARISTA E JOSY PACHECO. -Digo com os dentes
trincados e vendo meu estado Heitor interfere.
-Você precisa descansar.
-NÃO EU NÃO PRECISO, EU SÓ PRECISO QUE ELA DIGA PORQUE ME
ROUBOU E PORQUE FOI EMBORA E PORQUE ESTA USANDO MEU
NOME. -Grito irada e irritada com tudo e com todos, até que sinto uma leve
tontura e Heitor não hesita em me pegar nos braços e me levar para dentro da
casa.
*
Acordo e estou em uma cama diferente da minha, era maior e com lençóis na
cor creme, não faço idéia de que horas sejam então me sento na cama de
supetão o que me deixa com as vistas embaçadas por um momento.
-Você deve cuidar mais da sua saúde senhorita. -Diz Heitor sentando ao meu
lado.
Olho para os lados tentando reconhecer o lugar mas constato que jamais
estive no mesmo.
-Este é seu quarto?
-Sim, a trouxe para cá porque não quis deixá-la sozinha lá em baixo...queria
ter certeza que ficaria bem. -Conclui ele.
-Obrigada. -Digo e logo ponho os lençóis de lado para me levantar.
-Espere..-Diz ele colocando as mãos sobre as minhas impedindo minha saída.
-O que foi? -Questiono.
-Sei que não tem muito tempo que está aqui mas queria que confiasse em
mim. -Diz com os olhos fixos nos meus.
Reparando bem, Heitor vestia somente um short azul e estava com os
cabelos despenteados o que o deixava completamente sexy e eu seria uma
louca se não perdesse minha estabilidade naquela barriga trincada, de
maneira que por sensatez e controle desviei meu olhar.
-Tudo bem...- Ele me olha curioso.
-Isso quer dizer que vai me contar porque bateu na senhorita Bler hoje cedo?
-Diz e no mesmo instante toda minha ira se volta.
-Ela me traiu, -Falo com o semblante fechado - e ela não e senhorita Bler, o
sobrenome dela e Pacheco. -termino de falar e um enorme V se forma na
testa de Heitor.
-Está me dizendo que ela esta se passando por você?...por que? -Questiona
ele intrigado com os braços cruzados.
Tomando fôlego conto a ele tudo o que aconteceu desde o início, de como eu
e Josy éramos ligadas, sobre ela ser a única a saber do meu esconderijo,
sobre sua mãe ter me ensinado tudo que sei sobre estudos o que não era
grande coisa e sobre eu ter uma casa modesta aqui no Rio de janeiro deixada
de herança por meus pais que morreram quando eu era criança.
Heitor escuta tudo quieto, eu não admiraria se ele me chamasse de mentirosa
farsante, até porque a história e bem absurda eu mesma acho isso, além do
mais eu não tenho provas, a não ser meu sobrenome.
-Acredito em você. -Diz por fim enquanto eu estava cabisbaixa.
Olho para ele sem saber o que pensar, ele acreditava em mim!
-Desde que a conheci a primeira impressão que tive de você foi sinceridade,
seus olhos -passa uma das mãos gentilmente em meus ombros - me passam
segurança. -Diz.
-Obrigada. -Digo enquanto deixo seu quarto arfando.
O que está acontecendo com você Lana?

...

Capítulo Nove
Já passavam das duas da manhã quando vi no relógio na cabeceira da cama.
Deitei mas não consegui dormir com tantos pensamentos invadindo minha
consciência. Rolei de bruços e a imagem de Heitor sem camisa me veio a
mente de imediato.
-Que droga Lana Bler pare de pensar nessas coisas, isso jamais vai acontecer,
se ponha em seu lugar de empregada. -Me repreendendo.
*
No dia seguinte antes das seis eu já estava de pé, decidi limpar a casinha do
Xadrez e brincar um pouco com o pestinha.
-Oi fofucho está com fome..-E entes que eu terminasse de falar o monstrinho
já estava rodopiando ao meu redor, pulando em minhas pernas com aquelas
patinhas minúsculas.
Coloco sua ração, mas o brincalhão não me deixa quieta um só minuto
pulando e latindo feito um pirado me fazendo sorrir.
-Para Xadrez, vá comer larga de ser dengoso.
-Ele é mesmo, ainda mais com mulheres bonitas. -A voz rouca de Heitor
dominou o lugar me causando arrepios.
E a felicidade invadiu o cachorrinho que corre ao encontro do dono feliz,
Heitor o pega no colo e recebe os vários beijos do pequeno filhote.
-Lana -Chama ele -na hora do almoço venho buscar você para almoçar
comigo em um restaurante típico da cidade...Dil também estará lá -completa
ele.
-Tudo bem. -Falo recolhendo o material de limpeza da área de serviço.
Com minha resposta, percebo um pequeno sorriso em seus lábios.
*
O lugar era realmente magnífico, os pratos principais eram tipicamente frutos
do mar, onde optei por camarão, Dil não parava de falar que a comida dela
era melhor me fazendo rir pois ela disse isso diretamente ao gerente do local.
Voltamos para casa em um clima leve e gostoso, Heitor tinha que voltar para
o trabalho mas antes de fazê-lo me chamou para uma conversa em particular
em seu escritório.
-Precisamos conversar.- Diz ele.
-Do que se trata. -Digo.
-Primeiramente -Diz ele andando até sua cadeira de coro marrom -quero que
aceite sem reclamações.
Inclino minha cabeça para o lado e cruzo os braços pronta para opinar, mas
ele continua.
-Já que somos amigos é claro–Diz me fazendo ficar na defensiva -espero que
aceite. -conclui e sorri para mim.
-O que é?
-Contratei um professor particular para você, para que se aprofunde mais nos
estudos. -Diz por fim.
-Certo eu gostaria muito... -Parece que ao escutar isso seus ombros relaxam -
mas eu pago. -digo e seus ombros se retesam mais uma vez.
-Mas eu...
-Mas nada, já faz muito por mim fico grata se me deixar fazer isso, por mim
mesma.. -concluo e o mesmo parece impassível suspira e continua.
-Quero que possua os conhecimentos necessários para ser minha sócia. -diz
ele e minha expressão de choque se torna evidente.
-Sua sócia? -Questiono incrédula.
-Sim.
-Sabe que não tenho dinheiro.
-Eu sei, e o que isso importa? quero uma pessoa sincera e verdadeira ao meu
lado no que der e vier e não um bando de abutres interesseiros. -diz ele
estendendo a mão para mim.
Observo sua mão por alguns instantes até que ele pergunta novamente.
-Aceita?
-Sim. -Digo e aperto sua mão firmemente.

--------Três meses depois------

-Lana está progredindo nos estudos Senhor Miler? -Interfere Heitor no meio
da minha apresentação sobre grupos financeiros ao senhor Miler um senhor
rígido de cabelos brancos que usava óculos de grau, tinha as costas curvas e
era mais baixo que eu, mas que estava sendo o demônio em pessoa nos
últimos três meses em minha vida.
-Oh claro que está Heitor. -Diz ele a Heitor que me lança uma piscadela e
pega uma maça na fruteira da cozinha.
-Então os grupos financeiros tem a missão de....
-Pode parar senhorita -Disse o velho -comece do começo sim.
Olho para Heitor fuzilando suas costas com um olhar fulminante.
Cretino!

*
Já a noite em meu quarto guardo meus cadernos e livros, e vou tomar um
banho já que pela manhã acordaria cedo para exercer as tarefas da casa, o que
ficou mais complicado com a viajem de Dil para visitar seus parentes a uma
semana atrás.
Saindo do chuveiro visto uma camisola que comprei em meu primeiro mês de
trabalho, minutos depois escuto a voz de Heitor.
-Lana, está com fome? -Pergunta ele gentil como sempre.
-Estou...já vou.
*
Chegando a cozinha noto o cheiro de macarrão.
-Hum...parece bom. -Digo me aproximando.
-Espero que goste, é a minha especialidade. -Diz ele com um tom brincalhão
me fazendo rir.
-Desculpe por lhe dar esse trabalho, você já tem a empresa...
-Não e trabalho algum eu gosto de macarrão, e Dil nunca faz.. -Pronuncia
dramático.
-Então vamos comer. -Digo faminta.
-Nem uma notícia sobre a denuncia que você fez a sua prima...-Pergunta.
-Ainda não.- Falo entristecida.
Quem diria que a minha família possuía tantos pertences e ainda mais que
Mérida jamais tocou nesse assunto.
-Mas eu não vou desistir até colocar todos atrás das grades. -Falo firme.
-Eu não esperaria menos de você....Está se esforçando tanto, fico admirado. -
Completa.
-Isso é o mínimo que eu posso fazer por você. -Falo e um calafrio passa sobre
meu corpo ao constatar que estamos lado a lado e que posso sentir sua
respiração.
-Lana eu...-começa ele e me sinto tão perdida que me levanto bruscamente
esbarrando nos pratos do balcão derrubando-os.
-Há -solto um gritinho com medo de pisar em algum caco de vidro, porém
para meu espanto Heitor e mais rápido e me coloca em seu colo me
segurando com tamanha avidez que pude sentir seus músculos mesmo sobre
sua camisa me deixando incoerente.
-Não tente mentir para mim -Disse ele aproximando seus lábios dos meus. -
não tente, me ignorar, não tente fingir para si mesma.
Observei seus olhos que me transmitiam verdade atentamente, mas ele estava
perto de mais para que eu conseguisse pensar, perto demais para se evitar
algo inevitável.
E foi naquele momento que Heitor Sanches me beijou intensamente.

...

Capítulo Dez

-Não – Digo recuperando o controle da situação - não podemos, não dá.


Mas Heitor que estava perto, perto demais aproximou seus lábios para falar
calmamente próximo a meus ouvidos, me fazendo estremecer.
-Não farei nada que não queira Lana. -E passou a me observar.
Seus olhos castanhos intrigantes, me avaliavam por completa me deixando
ainda mais sem ar, quando finalmente me toquei que ainda estava pendurada
em seus braços,me levantei e sai atordoada, Heitor somente assentiu
despreocupado.
Já no meu quarto procurei de todas as formas pegar no sono, mas isso parecia
a coisa mais impossível a ser feita. Então a procura de ar puro decidi ir para o
jardim, peguei meu hobby e segui pelo corredor escuro, mas certos
pensamentos invadiam minha mente.
O que foi aquilo? penso contrariada encostada sobre a pilastra de mármore
que dava passagem para o jardim.
-Sem sono também? –Instiga ele.
-Nossa! -Falo com as mãos sobre o peito - não me assuste assim.
-Me desculpe -Diz ele nitidamente sorrindo.
Sorrindo!
-Pare de rir. -Dou um soco em seu ombro.
-Não estou rindo de você...
-Há não diga que está rindo comigo porque com certeza essa resposta não
dará certo.
-Tudo bem, admito.
Cruzo meus braços, me perguntando porque ele não foi na sacada de seu
quarto se queria pegar ar fresco?
Não quero ficar e pensar mais bobagens eu só queria sair de perto de Heitor,
ele me fazia querer experimentar emoções novas e não estava muito certa se
agüentava mais novidade em minha vida, então digo a ele que vou preparar
um chocolate quente mas inesperadamente ele agarra meu braço me fazendo
olhar fundo dentro de seus olhos.
Nossos corpos se colam em uma sintonia surpreendente, ele ainda usava suas
roupas de trabalho, a não ser pela parte de cima que não havia nem sinal da
gravata deixando três botões desabotoados, então suas mãos me seguraram
com voracidade , me puxando cada vez mais para perto, diminuindo a
distância entre nós.
-Heitor...eu -Pronuncio arfando.
-Sim? -Diz roçando os lábios sobre meu pescoço.
-Você é comprometido?-Questiono.
-O quê? -Disse ele olhando em meus olhos lutando para não sorrir.
-E ou não? –instigo.
-Não Lana, eu não sou... Por quê?
-Por causa do anel. –Aponto para seu dedo.
Ele retirou a jóia do anelar direito e a colocou em meu polegar, beijando
minha mão.
-Era da minha mãe! ela me disse para dá-lo a mulher que roubasse meu
coração. -Aquele sorriso da primeira vez que o vi veio a tona novamente.
O que isso quer dizer?
-Não farei nada que não queira beija-flor...-Disse me observando.
-I.isso não é um beija flor, são somente pássaros. -Falo alisando minha nuca.
-Eu sei, você já me contou, mas gosto de pensar que o beija-flor são aves
peculiares que são livres e vivem sua liberdade mais intensamente que os
outros pássaros . -Pronunciou se aproximando novamente.
Minhas pernas travaram completamente.
-Heitor eu gosto muito de você, mas eu não acho que devemos.....
Minhas palavras foram silenciadas com beijos caricias e suplicas.
-Se não me quer , entre e me deixe dormir aqui, não sei se sou capaz de me
conter por hoje. -Disse ele interrompendo o beijo me deixando confusa.
-Heitor?
-Tudo bem.
E naquele momento me permiti ser feliz ao menos uma vez, aceitando tudo o
que o destino tinha a me oferecer.
-Então vamos juntos. -Esbanjei um sorriso livre e sincero que fez seus olhos
brilharem, fazendo eu me derreter por dentro.
Heitor tomou meus lábios com doçura pronunciando seguidas vezes a palavra
"minha" enquanto me carregava para seu quarto.

Ao chegarmos Heitor me depositou na cama como verdadeiros recém


casados.
-Lana..eu -começou a falar precisamente nervoso -eu gostaria que soubesse...
-Shhhhh - silenciei seus lábios com meu indicador -só me ame!
E ele o fez, Heitor depositou vários beijos sobre meus lábios descendo
avidamente para meu pescoço, segurando com desejo um de meus seios,
fazendo leves círculos sobre o fino tecido da camisola de cetim, a noite fria
estava como um vulcão em erupção para nos dois, Heitor me levantou com
delicadeza de sua cama me ajudando a ficar de pé.
-É difícil retirar suas roupas com você deitada. -disse sedutor.
Não pronunciei uma palavra, não era capaz de dizer nada só observei suas
mãos ágeis se livrarem do hobby e da pequena camisola que eu vestia me
deixando somente de calcinha em sua frente.
Me martirizei do fundo do meu ser por não estar usando uma calcinha fio
dental sexy, ao invés de uma confortável de algodão.
Mas Heitor não pareceu notar a calcinha feia cor de abobora quando me
colocou novamente na cama "maravilhado" ao dizer "linda".
Ele foi rápido ao retirar suas roupas, tão rápido que quando senti a mínima
menção de frio sobre meus seios Heitor já havia se juntado a mim na cama
colando seu corpo no meu e ao contrario de mim estava completamente nu.
-Minha -disse ao colar minha boca na sua.
Dessa vez o beijo foi diferente, Heitor me provocava com sua língua de modo
que arqueei o quadril na direção de seu mastro latente e pude sentir o
tamanho de seu desejo, de sua fome e querer por mim.
-Heitor?
Exasperei-me quando o vi se afastar e deixar somente o frio preencher meu
corpo.
-Calma amor. -disse ele.
Tentei ajeitar minhas ondas desgrenhadas o que o fez rir.
-Você está linda -disse.
-Porque esta demorando tanto? -questionei.
-Por que eu quero que dure. -disse enquanto deixava uma trilha de beijos
sobre minhas pernas e coxas e...
-Por quê?
Ele não respondeu apenas se livrou da calcinha horrorosa a jogando do outro
lado do quarto disparando beijos sobre minha intimidade.
-Heitor...eu..tenho que te dizer...
Mas era impossível, eu não estava conseguindo me controlar, minha cabeça
pendia para um lado e para outro a todo momento pela exitação.
Então ele mergulhou dois ágeis dedos me fazendo soltar gritinhos de
desejo e apertar o anel que estava em meu polegar com força.
-LANA? -disse ele retirando seus dedos me forçando a sair da zona do prazer
para encarar seus olhos aturdida- o que é isso?
-Hãm? O que? –questiono zonza.
-Você e virgem?
-Há- digo atônita – sou.
-Você é mesmo uma bela e maravilhosa surpresa sábia? -Ele não parecia
irritado só intrigado e com certeza essa revelação não afetou sua virilidade.
Sua expressão pareceu se suavizar, e no mesmo momento Heitor tomou
minha boca com primitividade, colando nossos corpos como se nossas vidas
dependessem disso..
Com suavidade Heitor abocanhou um de meus seios já empinado, lambendo
e chupando sua ponta me deixando louca, no outro dava leves beliscões na
ponta, sua língua desceu até meu umbigo onde fez círculos com a língua, com
a mão Heitor voltou a me instigar com seus hábeis dedos anunciando.
-Prontinha para mim amor. -minha barriga se tencionou na mesma hora.
-Shhhhhh -disse ele selando meus lábios -está tudo bem amor.
Depois que ele colocou a camisinha abriu ainda mais minhas pernas me
posicionando perfeitamente ao encaixe de seu corpo, fiz uma preparação
mental rápida, e três segundos depois Heitor estava dentro de mim, senti meu
hímen se arrebentar e logo em seguida uma dor imensa que não consegui
conter. Gruni com a sensação invasora.
Heitor ficou imóvel por alguns instantes, começou a se movimentar muito
lentamente apertando meu clitóris e chupando meus seios para me dar prazer
o que foi nitidamente reconfortante de modo que os gritos deram lugar aos
gemidos.
Heitor cobria todo meu campo de visão, o mundo naquele momento era só
ele, só seus fartos cabelos negros seu sorriso perfeito sua barba por fazer,
seus músculos me apertando cada vez mais contra sua cama. Suas investidas
ficaram cada vez mais fortes e ritmadas a toda vez que eu gritava seu nome.
-Agora Lana...por favor amor. -pediu ele.
E eu cheguei ao clímax dizendo seu nome.Heitor chegou ao ápice logo
depois, dando um nó na camisinha a jogando do outro lado da cama me
aninhando em seus braços.

¨¨¨

Capítulo Onze

-Bom dia flor do dia. -Diz Heitor ao me dar um beijo cálido no rosto.
-Bom dia. -Falei me espreguiçando.
Afundo meu rosto no travesseiro, relembrando a noite anterior, Heitor sorri.
-O que foi? -Pergunta me abraçando e me viro para encará-lo.
-Só estou feliz. -Digo e aquele sorriso perfeito vem a tona mais uma vez.
E era verdade em vinte e três anos de vida eu podia dizer que estava feliz.
Porém uma sensação de vazio e medo me invade quando olho sua face me
fazendo estremecer.
-Preciso ir fazer meu trabalho. -Levanto bruscamente, levando o lençol de
seda comigo.
Heitor se pós de pé imediatamente segurando a porta impedindo que eu
passasse.
-O que aconteceu? -Procurou meus olhos, mas eu não queria encará-lo, então
ele levantou meu queixo cuidadosamente para que eu o visse.
Minhas bochechas estavam em chamas.
-O que fizemos...ontem a noite..eu...
-Você o que Lana?- Repete ele.
-Eu -olho em seus olhos castanhos profundamente -quero que dure!
Sua expressão se suavizou com minha confissão, então em um movimento
rápido Heitor me segura pela cintura depositando um longo beijo molhado
em meus lábios.
-Eu também quero Lana! -Sorrio para ele como uma criança que acabou de
ganhar o melhor sorvete do mundo.

***

Josy/ Mérida
-Está tudo acabado. -diz minha mãe, sentada na poltrona do meu quarto.

Chamei ela e Guilherme para discutirmos o que iríamos fazer quanto a Lana.
-Está louca? -indago irritada - temos que fazer alguma coisa, ela não pode
saber que é rica e muito menos que é dona da 'Lanaim'(marca de roupas).
Tamborilo meus dedos sobre minhas pernas cruzadas, pensando em uma
solução para o problema até que Guilherme diz:
-E se ela sofrer um acidente? – O olho extasiada.
Até quem fim esse cretino disse algo plausível.
-Ótima idéia -digo me pondo de pé -acho que um acidente de carro deve
bastar para tirarmos aquele encosto do caminho de vez.
-Você não disse que ela está na casa dos Sanches...e se o rapaz estiver
protegendo ela ou se estiver sentindo algo mais? -Sugere mamãe.
Sorrio com seu comentário.
-Mamãe por favor, ele só teve pena da coitada, só isso - Encaro seus olhos -
porque Heitor Carter Sanches será meu.

*
Passei o endereço de Heitor a Guilherme que disse que vigiaria os dias que
Lana sairia sozinha para agir. Pela primeira vez agradeci a meu irmão
incompetente.
Mais tarde quando eu fazia minha maquiagem para sair para um jantar,
Sebastiana invade meus aposentos sem ser convidada.
-Senhora, senhora..-Disse arfante.
-Que é criatura? -Falo quase não me importando com sua intromissão.
-Ligação para senhora.
A olhei de soslaio e peguei o telefone.
-Agora saia. –Falo.
A mulher se retirou e eu atendi a chamada.

------Ligação em andamento-----

-Alô -falei ao observar a cor azul em minhas unhas das mãos.


-Lana?! -Falou Edgar.
-Sim?
-Porque não me ligou mais?
Revirei os olhos.
-Sou uma pessoa ocupada, não tenho muito tempo disponível.
Com certeza o short jeans e a blusa nude ficarão perfeitos conclui.
-Mas não estamos saindo? já faz mais de um mês que você não me procura
mais...
-A é quanto a isso, eu sinto muito, não ia dar certo mesmo não é! não
estamos mais saindo -Se é que um dia estivemos - boa sorte Ed.

-----Ligação finalizada------

-Argh idiota, estou cercada de idiotas. - Jogo o telefone na cama e desço para
comer alguma coisa antes de sair para o jantar com alguns colegas que fiz na
cidade.
...

Capítulo Doze
-Pra onde vamos? -Pergunto a Heitor animada.
Comendo minha torrada com manteiga.
Estávamos nos dando melhor do que eu imaginava em meus mais insanos
sonhos, depois que ficamos juntos pela primeira vez e depois da minha
confissão de quere -lo sempre perto de mim, Heitor tem me tratado como
uma verdadeira recém casada, não me deixa fazer o café da manhã ou exercer
minhas tarefas domésticas. Por outro lado tem me feito exercer tarefas muito
estimulantes.
-Hoje você vai conhecer as empresas Sanches. -Disse ele.
Tomei um gole de café concordando. Dil voltava depois de três dias então
não achei que teria problemas em acompanhar meu ..namorado? patrão?
Patronado?
A confusão voltou a se instalar em meu semblante, mas resolvi não
questioná-lo sobre isso ainda.
*
Depois de tomarmos café da manhã juntos, fui tomar banho em meu quarto já
que não possuía pertences no de Heitor.
Quando sai do banheiro e me olhei no espelho da penteadeira meu
subconsciente me cobrava respostas, as quais eu ainda não sabia a solução.
*Vai deixar Josy e não fará nada para desmascará-la?
*Já tem mais de três meses, você não se importa em descobrir a verdade?

Volto a encarar a mulher de cabelos encaracolados no espelho e decido que


não posso mais esperar a justiça da lei, vi naquele momento que precisava
agir e já.
Vesti uma calça jeans, botas vermelhas uma blusa branca e amarrei as ondas
em um coque no alto da cabeça e antes que eu chegasse ao quarto de Heitor
o encontro no corredor da cozinha.
-Ai está ela. -Diz me levantando e depositando um beijo casto em meus
lábios.
Seus lábios eram quentes e macios que quando me pôs de volta ao chão
fiquei na ponta dos pés para beijá-lo mais uma vez.
-Heitor -Recupero sua atenção - Gostaria que fosse primeiro -ele levanta uma
sobrancelha - sabe que seu Miler vem aqui hoje, e não quero que aquele
velho ranzinza me reprove na matéria de finanças.
Ele me avalia por um certo tempo até dizer.
-Tudo bem então -Segura uma de minhas mãos e caminhamos lentamente até
a saída da casa -Junior levará você a empresa depois que suas aulas
terminarem, avise-o quando isso acontecer tudo bem?
Faço que sim com a cabeça e o vejo dar partida e desaparecer em seu carro
cinza. Heitor estava tão lindo naquele terno preto com os cabelos levemente
bagunçados e seu cheiro era tão bom que quase me fez perder o controle
novamente.
Depois de ver sua partida, corri para o telefone na sala de estar e liguei para
senhor Miler, alegando uma grave gripe com suspeita de ser H1n1, eu jamais
fui boa em mentiras mas pelo jeito que ele me desejou melhoras e que eu
tomasse todos os devidos cuidados necessários, acho que devo ter conseguido
dessa vez.
Então subi para o quarto de Heitor e fui procurar em suas gavetas algo que
me indicasse onde era a casa de Josy ou melhor onde era a minha casa.
Depois de quinze minutos e de fazer uma bagunça em suas pastas de trabalho
estava quase desistindo quando avisto uma gaveta perto da sua cabeceira de
cama, mas que se encontrava trancada.
-Perfeito. -dramatizo caindo de joelhos tentando abri-la.
Até que quando me viro para pegar algo como um clipe de papel, percebo
sobre o chão o nome 'Lanaim' escrito e um endereço.
Estranho o nome, por lembrar um pouco o meu, pego o papel e coloco no
bolso da calça, coloco tudo em seu devido lugar para que Heitor não perceba,
sei que Heitor é uma pessoa boa e que me disse sempre para agir
corretamente, mas a justiça não estava olhando por mim e eu até temia que
jamais olhasse, quem acreditaria em uma zé ninguém que diz ser a certa na
história?
Então só me restava descobrir onde Josy estava, precisava saber porque me
enganou e isso não levaria muito tempo, aperto o passo até meu quarto pego
um boné preto e uma jaqueta de couro preta, saio pelas portas dos fundos
para que Junior não perceba minha presença.

***
Josy
-JO-SE-FA. -Grito e aquela coisa destrambelhada surge em minha frente.
-Si.si.sim senhora. -Diz a garota começando a chorar.
Isso já estava me irritando.
-Alguém lhe bateu? -Pergunto calma.
-N.não senhora.
-Então acho melhor você mudar essa cara de choro querida...-A observo e ela
parece entender o recado antes que eu seja mais específica -agora me traga
meu almoço.
A garota magricela corre para a cozinha.
-E espero que seja algo comestível dessa vez. - Digo
Ela engole em seco e continua a andar.

*
Até que a comida não estava tão ruim dessa vez, Carlyce e Geremy comeram
ao meu lado na mesa já que mamãe e o imbecil do Guilherme foram fazer as
compras no supermercado.
-Irmã, onde está a tia Lana? -Perguntou Carly.
-Eu não sei. -respondi seca, espero que morta!
-Queria ver ela. -Falou Geremy.
-Eu não. -Terminei minha refeição e subi para meu quarto deixando as
crianças com Sebastiana.

***
Lana

Me esgueirei pelas ruas procurando o bendito endereço, até que paro em


frente a um enorme portão azul escrito ‘Bler', não sabia ao certo mas meus
olhos se encheram de água rapidamente.
Era ali a casa dos meus pais, e eu estava ali finalmente.
-Ei -disse um homem alto e loiro de óculos pretos -Aqui não é casa de abrigo,
vai chispando garota.
-Aqui e a casa Bler? -Perguntei em meio as ofensas.
-Já que você não sabe ler -Emendou outro cara de cabelos escuros mas que
vestia as mesmas roupas. -sim aqui é a casa dos Bler e agora a madame
gatinha está de volta, então como não queremos problemas vai sumindo antes
que a gente tenha que usar a força.
-Tá legal, tá legal. -Falei aos brutamontes me afastando.

Eu não me importava com o que eles achavam de mim, agora eu sabia que
era ali, ali era a minha casa, minha por direito e Josy iria pagar por tudo que
me fez.
¨¨¨

Capítulo Treze

-Onde você estava? -Fala Heitor vindo a meu encontro.


Droga, demorei demais!
-Como foi o trabalho? -Desconverso nitidamente.
-Um verdadeiro stress. -Diz afrouxando a gravata.
-Quer que eu prepare algo para comer?
Digo indo em direção a cozinha quando Heitor segura em meus quadris.
-Só quero você. -fala em meus ouvidos me causando arrepios.
-E mesmo? -Sorrio -mas para isso terá que me pegar primeiro -me liberto de
suas mãos e corro escada acima.
Heitor revela um de seus sorrisos perfeitos e corre para me alcançar.
-PEGUEEEEEI -Grita ele me levantando em seus braços.
Sorrio me encaixando em seu corpo com certa agilidade, para tocar
suavemente seus cabelos com os dedos.
-Vem aqui.-Disse com a voz rouca entrecortada, depois entrou no nosso
quarto e se sentou em uma cadeira.
O que ele estava tramando e da onde surgiu aquela cadeira, estranhamente
perfeita na cor marfim levemente estofada em couro? Fiquei analisando o
móvel suspeito e o escuto repetir.
-Vem Lana.
-O que significa isso? –Falo e ele estende uma mão para que eu a alcance,
sem dizer uma só palavra.
Quando a alcanço ele segura em meus quadris me erguendo, até que eu
ficasse posicionada a sua frente.
Pisco algumas vezes absorvendo aquela sensação maravilhosa, Heitor não
retirou seus olhos penetrantes dos meus um só instante, me acariciando e
instigando meu corpo a mais.
-O que você está pensando? –Questiono grongue.
-Quero que experimente dessa maneira. –Falou mordiscando o lóbulo da
minha orelha.
-Mas eu não sei muito bem o que fazer. –Falo confusa.
-Eu ensino você. -Sorriu maliciosamente para mim, depositando um beijo
molhado em meus lábios.
Humm.
Heitor, com todo cuidado do universo retirou minhas roupas, repeti o
processo quando retirei as dele entre beijos.
-Assim. -Ele me posicionou para que eu ficasse localizada acima de seu
membro.
Pude sentir toda extensão do meu ser sendo preenchida por Heitor quando
nos tornamos um e não pude deixar de arfar.
-Tudo bem? -fiz que sim com a cabeça - pode se mexer, eu seguro você. -
disse ele.
Então comecei a me movimentar subindo e descendo, até que não era difícil e
logo peguei o jeito, com uma mão em seus ombros e a outra segurando meu
seio, continuei com mais intensidade, Heitor fez umas caras e bocas
estranhas, perguntei se ele estava bem e ele disse que sim eu estava me
satisfazendo tanto e estava quase no ápice quando de repente ele me fez
deitar em seu peito e assumiu as estocadas, que ficaram cada vez mais rápidas
e profundas.
-Aaaaaaaa.. -Gemi.
-Shhh. -Gruniu me beijando.
Meus gemidos foram silenciados com beijos e caricias urgentes.

***
Josy

-Ô Sebastiana -Grito a governanta incompetente.


-Madame. -Ela parece três minutos depois.
Suspiro com a incapacidade de meus empregados.
-Avise a Marlon que quero o carro pronto amanhã as 14 da tarde, entendeu?.
-Sim, madame. -Diz ela me deixando sozinha em meu quarto.
Deito em minha cama e sobre meu travesseiro de pena de ganso penso em
como usarei o famoso truque da chave de pernas com Heitor Sanches. Sorrio
ao pensar na idéia, afinal um evento beneficente e a melhor opção para isso,
visto que ainda terei a oportunidade de conhecer sua casa detalhadamente, e
se tudo der certo aquela coisa não estará presente.
***

Lana

Acordei e Heitor não estava, então me levanto com os lençóis cobrindo meu
corpo e desço a seu encontro.
-Bom dia, flor do dia. -Diz ele me dando um beijo nos lábios.
Sorrio.
-Ah já ia me esquecendo hoje terá um evento beneficente aqui em casa,
perdoe me, por só avisá-la agora.
Confirmei com a cabeça e questionei.
-Beneficiando quem?
-Pessoas que precisa, exemplo as ONGs que a empresa apóia.-Falou.
Confirmei com a cabeça e comecei a tomar meu café da manhã quando
Heitor começou a falar novamente.
-Quero que a senhora Sanches... -Olho para ele por cima da caneca de
chocolate quente -seja minha acompanhante.
Confirmo com a cabeça mais uma vez.
-Por isso.. -Voltou a dizer avaliando meu rosto -quero que vá ao salão de
beleza hoje as 10 da manhã, mando Junior pega-la para se aprontar as
12:00pm.
-Hum. –Foi apenas o que falei depois que ele me deu um beijo nos lábios e
pronunciou a palavra 'Capitche!' antes de deixar a cozinha.
*
As dez em ponto Junior me deixou no salão de beleza de uma senhora
chamada Marilu, que me recebeu.
-Meu Deus querida você precisa de uma repaginada total. -Disse a senhora de
cabelos escuros, meio grisalhos.
Primeiro fizeram as unhas das mãos e dos pés, depois me levaram para uma
sala onde retiraram meus pelos, fizeram hidratação nas minhas ondas
indomáveis, cortaram e finalizaram com baby-lis, por fim fizeram minhas
sobrancelhas e uma maquiagem. Não reconheci a Lana que vi no espelho,
essa estava linda estava completamente 'incrível'.
Me deixando em casa as 12 pontualmente, agradeci a Junior que foi ajudar a
aprontar o salão para o evento.
Em meu quarto vesti um vestido Laranja com cortes transversais,que se
ajustou perfeitamente as minhas curvas, coloquei o salto preto que estava
junto a ele, peguei um cartão em cima da cama que dizia:
"Lana Bler eu amo você"
Ass: Heitor.
Sorri feito uma idiota para o papel durante alguns segundos até ir ao
encontro dele.
Já eram 14:45, e Heitor não estava em casa as pessoas começaram a chegar e
eu não sabia o que fazer, até que um homem vem até mim e pergunta.
-O que você é do Heitor?
...
-Hã...Sou a...namorada dele! -Falo e o homem não diz nada apenas sai com
sua acompanhante.
Solto o ar depois disso e antes de receber mais pessoas sinto uma mão grande
apertar meu quadril, quando me viro para ver o rosto de Heitor, vejo
Guilherme que sorri para mim e diz baixinho 'cala boca puta, se não quiser
morrer agora', fala segurando um pequeno canivete.
Busco auxilio de alguém, mas todos estão no salão de festas e temo que se
gritar Guilherme me faça algum mau. Caminhamos até a garagem onde vejo
Mérida e Jô.
-Puta que pariu Guilherme essa coisa ainda está viva? você é mesmo um
incompetente -Diz Josy e Guilherme segura tão forte em minha mandíbula
que começo a gritar.
-Cale a boca dela Gui. -Fala Mérida, a olho com fúria e tento pegar seus
cabelos e prensar seu rosto sobre o chão mas o covarde e mais rápido e mais
forte, e imobiliza meus pulsos.
-Vou terminar o serviço mana, só quero me divertir um pouquinho. -Diz ele
me apertando contra seu corpo que cheirava a álcool.
-Faça o que quiser. -Só não me meta em problemas porra. - Diz Josy.

¨¨¨
Capítulo Quatorze

Lana
Acordo e sinto uma forte dor na parte de trás da cabeça, passo delicadamente
a mão sobre o local ferido e percebo uma substância úmida nos dedos, não
tinha luz alguma estava abafado e sacolejava bastante, mas consegui escutar a
voz de Guilherme alta sobre a música, constatando que eu estava no porta
malas de um carro.
-Desprezível ...digo baixinho gemendo por causa da dor.
*
O carro para e escuto passos largos e firmes se aproximando cada vez mais,
então um clarão invade o lugar, deixando minha visão turva e embaçada.
-Olha ela ai. -Diz ele.
-Me solta agora e eu não presto queixa contra você! -Digo no impulso em
que tento me levantar, e cambaleio devido a pulsão da dor.
-Vai nessa bebê -Fala aproximando seu rosto do meu - eu não to nem ai -diz
me jogando sobre seus ombros - e você não estará também, já que os mortos
não cumprem promessas.
Meu corpo se paralisa completamente.
-Você não tem que fazer isso.. -Digo a ele que continua a andar como se eu
não pesasse uma pluma.
Olho em volta e não vejo vestígios de casas ou pessoas por perto, é um lugar
abandonado e distante, a estrada era de terra e não tinha placas identificando
o local. Observo que o bêbado deixou as chaves na ignição, mas também
percebo que nas condições atuais talvez eu não seja capaz de chegar a
tempo...talvez.
-É - Fala ao empurrar a porta de uma velha cabana abandonada -eu sei que
não preciso - me põe no chão onde eu possa ver seu rosto -mas eu quero. -fala
e percebo suas pupilas se dilatarem.
-Porque ? -Me afasto – somos...éramos próximos!
Ele solta uma gargalhada e volta a me encarar.
- Jura? - Prende minhas mãos no alto da cabeça e completa - eu nunca te
considerei próxima a mim. - lambe meu rosto com rispidez.
-NÃO ME TOCA! -Digo tentando chutá-lo, mas ele põe uma de suas pernas
entre as minhas impedindo que eu desfira o golpe.
-UUUII UII que gatinha selvagem -Coloca sua boca em meus ouvidos -
admito que quase não a reconheci, está mais bonita, como uma verdadeira
herdeira, tem que ser, mas mesmo que tente, sempre será uma ignorante no
final das contas. –Completa.
-O.o.oque você quer dizer com herdeira? –Gaguejo.
Ele avalia meu rosto por alguns instantes e diz:
-Quer saber vadia? é ... você e rica sim e quer saber mais -Ele pressiona
meus braços e minha cabeça bate contra parede me fazendo gritar - sempre
soubemos disso, mamãe sempre fez questão de nós dizer quem era a família
responsável pela nossa desgraça financeira.
-O que você ta falando?
-A porra da sua família de merda, foi responsável pela nossa falência sua
puta....vocês Bler, demitiram a mamãe e a colocaram para fora de casa com
todos os filhos sem lugar para ir, você não passa de uma putinha mimada -
Solta meus pulsos e puxa meus cabelos com força me jogando em cima de
uma cama suja.
-Eu não acredito em você -Digo e lágrimas começam a descer dos meus olhos
-não acredito em nada do que você diz seu bêbado!
Vejo a raiva atravessar seus olhos e corro na direção da porta, porém, ele me
segura com rapidez em seus braços, segura em minha mandíbula me puxando
para um beijo feroz, mas antes que alcançasse meus lábios, impulsiono a
cabeça para trás e a lanço contra a sua com força, o choque fez com que
Guilherme imediatamente soltasse meus braços, ficando incoerente e
vacilante, a dor de antes estava de novo a tona, mas essa era minha única
chance.

***
Josy
-Mais que festinha meia boca é essa?-Digo..
-Querida, não reclame dos gostos do seu futuro marido! -Repreende mamãe e
reviro os olhos para aquela velha.
-Bom, fique ai falando com esses velhos, quem sabe você desencalha, vou ao
banheiro.
Me afasto de minha mãe e vou a procura de Heitor.
Por sorte vejo aquele espetáculo de homem logo a frente, parece nervoso e a
procura de algo então me aproximo.
-Oi -Ele percebe minha presença –lembra- se de mim? -sorrio.
-O que está fazendo aqui? não me lembro de ter convidado você. -Diz ele que
volta a olhar o salão.
-N.no e-mail que a empresa recebeu estava escrito Lana Bler...
Ele se vira e repousa o olhar sobre mim.
-Exatamente, convidei a Lana e você não é ela.
Passa por mim com seu terno impecável e me deixa sem reação.
Ando rapidamente para alcançar seus passos.
-O.oque você disse? -Questiono.
-Disse que você não é a Lana -Olha em meu rosto - e nunca será, mesmo que
tente!
O vejo falar com alguns convidados e volto para o lado de mamãe irada.
-O que foi? -Pergunta ela.
-O sonso está apaixonado pela burra. -Pego uma taça de vinho - o casal
perfeito tenho que admitir, mas ainda assim -olho Heitor mais uma vez, os
ombros largos, os bíceps quase saltando sobre o terno – ele vai ser meu!

*
-Maravilha! -Digo alguns minutos mais tarde ao receber uma ligação de Gui.

------------Ligação em andamento-------------

-Alô -Falo ansiosa.


-Mana...e que... - Ele estava hesitando, alguma coisa estava errada.
-Que foi porra? -Disparo e alguns convidados voltam seus olhares para nos,
então me contendo digo - o que aconteceu?
-Ela escapou. -Diz ele por fim.
-O que você disse Guilherme?-Falei com os dentes trincados.
-Me desculpa irmã....
Suspiro
-Faz tempo?
-Uns dez minutos mais ou menos. –Diz.
-Ela pegou o carro?
-Não...-Abro um sorriso vitorioso.
-Então vá atrás dela, essa cadela não deve estar longe, ela não conhece a
cidade...seja rápido!

-------------Ligação finalizada--------

¨¨¨

Capítulo Quinze

Lana
Sinto que logo vai escurecer, e não vejo sinal de nada a meia hora, minhas
pernas latejavam e a dor na nuca só piorava, recosto-me sobre uma árvore
para avaliar o estrago quando escuto passos, e mais passos e me escondo
atrás dos galhos.
-Irmãzinha, aparece logo sei que está por aqui! -Grita Guilherme.
Como me alcançou tão rápido?
-Achou mesmo que conseguiria ir mais longe com esse ferimento? -Solta
uma risada e cospe no chão.
Sinto seus passos passarem perto de onde estou e continuarem, mas na hora
de virar o rosto no sentido contrario para ver sua partida piso em falso em um
galho que faz um tremendo barulho.
Droga!!!!
Guilherme vira para trás e assobia.
-Sua vadia, agora você não me escapa. -Começou a correr em disparada em
minha direção.
Corro pela mata de folhas secas o mais rápido que consigo, eu já tinha
retirado os saltos assim que consegui sair daquela casa o que facilitou minha
fuga, mas pisar em pedras não ajudava muito.
Passo por diversas folhas que pinicavam e cortavam meus braços e pernas,
desço uma ribanceira que rasga a barra do vestido mas antes que eu
conseguisse chegar no seu fim sinto as mãos de Guilherme em minha cintura
que arrasta meu corpo consigo.
-PEGUEI VOCÊ GATINHA BORRALHEIRA.-Grune.
Fico imobilizada pelo seu corpo grande e pesado sobre o meu.
-Me diga Lana, eu sempre quis saber, você gosta de mulheres? -O encaro
com raiva, a única coisa que eu queria no momento era acabar com a risada
de Guilherme - a não me leve a mau, a culpa e sua por sempre usar aquelas
roupas masculinas. –Diz passando o indicador pelo meu rosto. Tento me
desvencilhar de suas mãos.
-Shhhhh ....agora vou lhe dar a chance de ficar com um homem de verdade
pela primeira vez. –Diz, colocando o dedo em meus lábios.
-Me larga seu monte de lixoooo.. -Protesto tentando me libertar em vão.
Guilherme pressiona o ferimento em minha nuca.
-AAAAiiiii. -Choramingo de dor.
-Dói não é? -Ele sorri - e é pra doer mesmo, não é fácil fazer você ficar quieta
sabia, agradeça a mamãe, foi ela que quebrou a garrafa de Uísque na sua
cabeça quando estávamos no estacionamento.
-Mas tudo ficará bem , logo, você se encontrará com seus pais no inferno. –
Emenda e engulo em seco.
Guilherme posicionou o joelho em minha barriga, colocou meus braços no
alto da cabeça como da última vez, tentei chutá-lo, mas não tinha forças.
-Não adianta, você não vai conseguir! -Disse, passando a língua repulsiva
sobre meu pescoço descendo até meus seios.
-PARA GUILHERME POR FAVOR EU TE IMPLORO NÃO FAÇA ISSO
–Lágrimas queimavam em meu rosto - NÃO ESCUTE A JOSY, LEMBRE-
SE DE QUANDO ERAMOS
CRIANÇAS....POR.VOR.NÃO.FAÇA.ISSO.COMIGO....-Lagrimas não
paravam de cair.
Ele pareceu refletir durante alguns segundos mas depois pronunciou.. "Vou
te foder vadia". Engoli em seco quando escutei o som do vestido se
rasgando, em seguida senti sua língua nojenta tocar um de meus seios, gritei e
Guilherme tapou minha boca com uma de suas mãos.
Olhei para o lado e vi uma pedra não era muito grande, mas também não era
pequena, faria um bom estrago, tinha que fazer! Como minhas mãos foram
libertas, porque Guilherme estava concentrado em me calar, a alcancei em
um movimento rápido e...
-AAAAII CARALHO!!!-Brandou –SUA PUTAAA MALDITA..
Sai em disparada, precisava chegar até o carro. Essa merda não ia acabar
assim, não assim!
***
Josy

-Noticias de Gui? –Perguntou mamãe.


-Não.

*
-Querida a festa já acabou, não vai agora? -Pergunta mais uma vez.
Massageio minhas têmporas para aliviar a tensão de sua voz, ela parecia
aqueles discos ralados, que droga.
-Não, vou ficar, tenho coisas interessantes a fazer. -Digo terminando meu
martini.
Ela parece confusa.
-Vá com o motorista, vejo você depois. -Ela parece entender e sai lentamente.
Que inferno, sou mesma filha dessa velha?

*
Infelizmente vejo Edgar que vem rapidamente a meu encontro.
-Oi linda! -Beija minha mão educadamente.
-Oi. –Digo com os olhos semicerrados e volto a olhar o salão, agora mais
vazio.
-Gostando da cidade? –Questiona.
-Já vi melhores.
-Sei.. -Ele sorri -senhorita Lana Bler..ou deveria ser Josy Pacheco? -olho para
ele alarmada.
O que?
Uma coisa e Heitor desconfiar, já que conhece a morta de fome ..mas porque
Edgar duvidaria?
-Não sei do que está falando, com licença -Falo com menção de me afastar.
Mas ele segura em meu braço e fala baixinho.
-Acho bom ouvir o que tenho a dizer -Me lança uma piscadela- não pense
que sou um cara dispensável.
Olho para seu rosto indecifrável e concordo em deixar a mansão Sanches em
sua companhia.

***
Lana
Meu senso de direção não era dos bons, disso eu não tinha duvidas, vesti a
jaqueta suada de Guilherme para cobrir meu corpo, avistei o restaurante que
Heitor me levou nos primeiros dias que cheguei aqui e me dei a tranquilidade
de sorrir por saber que estava perto de casa.
*
-Amor? Lana o que aconteceu.. -Vejo Heitor correr para mim, sinto meu
coração se encher novamente por vê -lo mas a tristeza dos acontecimentos me
fazem chorar.
Ele me pega em seus braços e me carrega para dentro de casa, afago meu
rosto em seu pescoço sentindo seu cheiro maravilhoso de mar e mogno.
Ele me deu banho e me colocou na cama junto de si, me fazendo cafuné até
que inalando seu cheiro adormeci.
***
Josy

-O que você quer dizer com parceria? –Questionei, quando colocava o resto
do cigarro no cinzeiro.
-Você escutou minha linda -Disse beijando meus ombros nus.
Avaliei seu apartamento, um tanto conservador demais pro meu gosto, mas
era melhor que nada.
-Quer que eu transfira a metade da grana da Lana pra sua conta? Acha que
sou idiota? -Falo.
-É isso..ou eu realmente faço aquele B.O que a Lana fez contra você na
delegacia.
Abro um sorriso.
-Espera, quer dizer que ela já envolveu a polícia nisso? que biscate.
-Ela me chamou gatinha. -Diz ele.
-E quem diria que você e policial em...que maravilha, gostoso.
-Uma mão lava a outra meu bem. –Diz malicioso.
Junto-me a ele na cama, montando em seu membro.
-E, acho que você merece mesmo uma recompensa.
¨¨¨

Capítulo Dezesseis

Lana
Por volta das três da manhã acordo assustada devido a um sonho que mais
pareceu uma lembrança ruim.
-O que foi amor? -Pergunta Heitor segurando meus ombros com os olhos
transbordando preocupação.
-Só um sonho...-Digo deitando novamente.
-Sobre o que? -Questiona ele se virando para encarar meus olhos mesmo
sobre a escuridão.
-Meus pais,ou pelo menos eu acho que eram, mas alguém me tirava dos
braços deles e me levava para longe...- Me aconchego em seu peito, roçando
o rosto sobre sua barba por fazer.
Heitor me apertou forte contra seu corpo, beijando meus cabelos. Ficamos em
silêncio até que Heitor questiona.
-Quem fez isso com você?
Me remexi em seus braços tentando mudar de lado, mas Heitor me apertou
ainda mais.
-Guilherme, irmão de Josy.
Senti a respiração de Heitor se acelerar, senti também seu polegar acariciar
minhas costas levemente.
-Eu resolverei tudo amor, não se preocupe. -Disse ele quebrando o silêncio
mais uma vez.
-Você não precisa, sei tomar conta de mim mesma. –Falo.
-Sei disso, só quero que saiba que não está mais sozinha, estou com você e
não posso jamais deixar que a machuquem ...nunca- ele voltou a atenção para
meus olhos e segurando em meu queixo me beijou nos lábios, depois me
aninhei novamente em seus braços.

***
Josy
-Me diga como descobriu a verdade? -Edgar sorriu.
-Quando me deu seu telefone me certifiquei de procurar a quem realmente
pertencia no banco de dados da polícia, poderia ser você ou não, e eu não
estava confiante de que me passasse seu número de verdade, mas por sorte do
destino você fez exatamente isso...Josy Pacheco.
Porra...
-Procurar evidências para bem pessoal não é crime? -Questiono e ele sorri
mais uma vez.
-Claro que é...mas cometer Falsa Identidade também e crime gatinha, artigo
307 sabia? -diz segurando meus cabelos com grosseria inclinando minha
cabeça para trás para abocanhar um seio inteiro em sua boca me fazendo
gemer.
-Adoraria surrar sua bundinha mais uma vez mas infelizmente tenho que ir
para o departamento. -Falou indo para o banheiro - mas se quiser pode ficar
aqui até que eu retorne a noite -me lançou uma piscadela -seria ótimo.
Me recuperei de meu pequeno transe e lhe lançando uma careta comecei a
vestir minhas roupas e sai daquele lugar.

Chegando em casa vejo mamãe que sorri ao me ver ligeiramente desarrumada


e vem ao meu encontro deixando de falar com Sebastiana.
-Vejo que seus planos funcionaram querida -Começou ela me deixando
enjoada com sua ladainha-já sabe qual o patrimônio líquido do meu genro
Heitor?
Suspirei irritada e subi para meu quarto deixando-a falando sozinha.
Tomei um banho e liguei para um advogado ‘laranja’ para que me ajudasse
na transferência do dinheiro de Lana para minha conta.
Quando ainda secava os cabelos escuto a porta se escancarar com um baque
estrondoso, era Guilherme que estava completamente irreconhecível e
ensanguentado.
-Meu Deus de que livro macabro você surgiu? -Indaguei.
-Aquela maldita, olhe o que ela me fez mana!- Choramingou.
Revirei os olhos com a incompetência e drama que aquele infeliz estava
fazendo.
É como dizem, se quer algo bem feito você mesmo tem que fazer.
-Está tudo bem, saia já daqui.
Ele me escutou depois que lhe disse que poderia gastar todo dinheiro que
quisesse com bebidas.
Sentei em minha cadeira a frente do espelho pensativa. Precisava agir e
rápido.

***
Lana
Já passavam das 13:30 da tarde quando despertei.
Quando foi a última vez que acordei tão tarde?
Encontrei Heitor na cozinha lendo um jornal e tomando café, ele sorriu
quando percebeu minha presença. Me aproximei lentamente me enroscando
em seus braços para sentir seu cheiro maravilhoso então percebi que estava
usando uma de suas blusas e uma cueca samba canção.
-Dormiu bem princesa?
-Sim, na verdade dormi além da conta. –Falo.
Ele deu uma risadinha se colocando de pé me oferecendo o lugar para que eu
me sentasse.
-Você estava tão bela e maravilhosa dormindo que não me atrevi a acordá-la.
Me deu um beijo na testa e pegou algo na geladeira.
-Pudim!!! -Falei extasiada e ele sorriu.
-Espero que goste -Disse.
-Você que fez? -Levantei uma sobrancelha.
-Não..mas escolhi na padaria, especialmente pra você amor. –Falou ofendido,
me tirando uma risada.
Estava uma delícia, Heitor me deu um beijo casto, assim que terminei minha
refeição.
-Preciso ir beija flor, queria me certificar que acordaria bem, a vejo mais
tarde quando retornar da empresa.
Depois que Heitor saiu belisquei algumas frutas e beberiquei o suco de
goiaba,ao abrir a geladeira para depositar a jarra visualizo um bilhete escrito
a mão por Heitor.
Que nossos corações
estejam interligados
eternamente minha
beija-flor...te amo.
H.
*
Senhor Miler finalmente me deixou fazer a tal prova de finanças e para seu
total espanto meu desempenho foi melhor do que o esperado. Depois de
recolher seus pertences me dissera que enviaria meu histórico o mais rápido
possível, Heitor não ficou muito receptivo a notícia.
-Você devia descansar Lana..-Disse inspirando fundo colocando a mão sobre
seus olhos.
-Eu sei mas já estou melhor acredite. -Coloquei uma mão em seu braço e ele
me puxou para perto.
-Não estou zangado, somente preocupado...amo você não quero que nada de
ruim lhe aconteça.
-Eu sei - Disse enquanto retribuía o abraço - também amo você.
-Com fome? -Perguntou, confirmei com a cabeça.
-Que tal uma pizza?
-Seria ótimo!

*
Depois que "jantamos" Heitor fez questão de que todas as minhas coisas
estivessem em seu quarto no dia seguinte.
-Tem certeza? -Questiono pensativa.
-Pretende ir a outro lugar senhorita? -Instiga ele com a voz rouca em meus
ouvidos me deixando arrepiada.
Eu já considerava aquele, o ‘nosso’ quarto, mas não via tanta necessidade em
levar minhas poucas coisas.
-Nos dê uma chance sim!? –Continuou ele, Heitor estava tão perto que pude
sentir seu hálito quente sobre meu rosto fazendo tenção em meus sentidos,
fechei os olhos na expectativa de sentir seus lábios.
Mas nada aconteceu. Os abri novamente e vi Heitor me observar de forma
sedutora.
-Se me quer, se quer dar uma chance para nosso relacionamento diga que sim
Lana.
Seu olhar era malicioso mas ao mesmo tempo gentil e urgente.
-Sim. -Falei com o rosto em chamas.
-Ótimo, venha pegar o que é seu então.
Heitor se inclinou para frente, e pude sentir seu cheiro e sua respiração
quente, e sem pensar duas vezes o puxei para um beijo intenso.
Seus lábios macios e quentes me sufocavam por inteira, sua língua passeava
travessa sobre a minha, provocante, sedutora, arrebatadora me causando
arrepios e arquejos , se afastando apenas para podermos respirar, não parava
de repetir a mesma palavra.
-Minha...minha, minha!

No dia seguinte Heitor estava me ajudando com a pequena mudança, Dil


havia retornado e estava achando tudo aquilo muito estranho, mas resolveu
não dizer nada, certifiquei-me de ter uma conversa franca com ela mais tarde.
-Separei metade do closet para você. -Falou ele subindo as escadas.
-Obrigada. -Sorri ao avaliar o espaço, e vi em um de seus suéteres a etiqueta
com o nome Lanaim.
Olhei para Heitor que tinha acabado de chegar.
-O que você sabe sobre essa marca ' Lanaim'?
Heitor me avalia com uma expressão seria no rosto. O que estava
acontecendo?
¨¨¨

Capítulo Dezessete

-Fala Heitor o que é Lanaim? -Exigi impaciente.


Ele suspirou mantendo os olhos fixos nos meus.
-Essa é a grife da sua família Lana.
Estreitei os olhos.
-Do que você está falando?
Ele parecia inquieto.
-Conheceu minha família? conheceu meus pais?
Ele olhava fixamente para o chão agora.
-Sim. -corri para ficar ao seu lado.
-Por favor me conte, como eles eram? -Disse eufórica.
Heitor não disse nada apenas atravessou para o outro lado do quarto indo em
direção a 'aquela' gaveta trancada que vi a alguns dias atrás.
Franzi o cenho, quando ele pegou de lá uma caixa de madeira, na cor
marfim.
-O que é isso?
Ele a abriu e pude ver vários papeis e fotos aleatórias. Ele pegou uma em
especial,com um homem e uma mulher segurando um bebê. A mulher
possuía cabelos negros longos encaracolados, tinha os olhos azuis como
safiras e uma pele levemente bronzeada como o poente, o homem era ruivo
meticulosamente mais alto do que a mulher, seus cabelos eram lisos e
sedosos e seus olhos eram de um castanho profundo, o bebê era moreno dos
cabelos encaracolados não se conseguia ver seus olhos pois era muito
novinho e não conseguia os abrir corretamente.
Olhei para Heitor que me encarava curioso.
-Esses são.meus.p.pais? -Disse trêmula.
Ele assentiu devagar e passei o indicador pela foto com cuidado.
-Posso ficar com essa foto?
-Pode ficar com todas..são suas. –Falou.
Tinham diversas fotos o casal parecia feliz em todas elas e o bebê (eu )
parecia completar esse amor, até que em uma das fotos percebo uma figura
familiar, Mérida estava em uma delas mas não sorria apenas olhava para
minha mãe com fúria.
Estranhando a descoberta questionei Heitor.
-Essa é Mérida! o que ela está fazendo? ela era amiga da minha mãe? -
Pergunto olhando a fotografia mais de perto.
-Não -Fala ele -elas não eram amigas...
Olho intrigada para ele que continua.
-Mérida era empregada de sua mãe.
As palavras de Guilherme ecoaram na minha mente.
"Á porra da sua família de merda foi responsável pela nossa falência sua
puta"
-O que aconteceu? –Indago.
Ele desviou o olhar, então pousei minha mão sobre a dele apertando-a
encorajando-o a me contar a verdade.
-Por favor Heitor, preciso saber.
Ele apertou minha mão de volta e começou a falar.
-Mérida foi contratada pela sua mãe Luana e seu pai Tiago quando os dois
voltaram da lua de mel. Seu pai era o dono da Lanaim grifes e sua mãe chefe
do departamento em uma empresa de RH, pelo que sei sua mãe Luana ficou
muito doente de virose e depressão por seu pai passar muito tempo
trabalhando, ela jamais quis acreditar que ele a traia, por isso que ao se curar
e se tratar teve você, depois de cinco anos de casamento, você era a alegria da
família e fazia sua mãe muito feliz, mas ao mesmo tempo em que sua mãe
estava grávida,Mérida também estava e de gêmeos.
Arregalei os olhos espantada cobrindo a boca com as mãos. Como se lesse
meus pensamentos Heitor continuou.
-Sim Lana seu pai estava tendo um caso com Mérida as escondidas e a
engravidou na mesma época que sua mãe também havia ficado grávida, com
o rumo que as coisas levaram Mérida queria que Tiago reconhecesse seus
filhos e que abandonasse Luana para ficar com ela, mas Tiago não fez nada
disso ele decidiu manter a boca de Mérida fechada com quantias de dinheiro
e depois que você completou 3 anos decidiu levar a esposa para uma segunda
lua de mel para reforçar a união entre eles...e depois disso foram encontrados
mortos, e você havia desaparecido completamente do Rio de janeiro.
-Meu Deus. –Falo perplexa.
Ele me puxou para um abraço apertado, sem que eu percebesse lágrimas
escapavam de meus olhos.
-Como você sabe disso? -Ele me apertou com mais intensidade.
-Seu pai era o melhor amigo do meu, eu não sabia de nada disso até encontrar
no escritório do meu pai essa caixa com essas informações sobre a sua
família e antes que você me pergunte porque meu pai tem uma caixa sobre a
sua família, e porque seu pai entregou a ele e revelou a verdade, ele estava
disposto a revelar para Luana na segunda lua de mel, mas não deu tempo.
Assenti devagar.
-Isso quer dizer que Josy é minha meia irmã...?
-Sim querida.
Suspirei angustiada.
-Mas, mas...na sua certidão de nascimento seu pai é o Douglas o ex marido
da Mérida.
-Isso porque Tiago não quis registrá-los, está nas anotações de seu próprio
pai.
Corri os olhos pelos papeis e funguei com as revelações.
-Precisa de um tempo sozinha? -Pergunta ele.
-Sim...mas não agora, agora só preciso de você aqui comigo! -Ele assentiu e
deitou na cama me colocando a sua frente segurando em meus braços
trêmulos murmurando palavras doces em meus ouvidos.

***
Josy
-Que que se tem em mãe? -Pergunto a ela que olhava fixamente para o único
quadro da família Bler na casa, um velho ruivo.
-Hã... nada querida, só estava pensativa. -Falou ela.
-Cadê aquela praga da Josefa? OOOOH Jo-se-fa -Grito e a menina magricela
surgiu cinco segundos depois, até que estava quase se tornando eficiente.
-Ma.madame?
-Está vendo aquele quadro ridículo -Ela olhou na direção da parede e assentiu
-pois chame Marlon e mande ele acabar com essa porcaria de uma vez -olhei
para o quadro do velho que me deu arrepios - agora mesmo, vai chispa.
-Não Josy você não vai jogar o quadro do seu p....do dono da Lanaim no lixo
que falta de respeito. -Mamãe falou nervosa.
Olhei para ela com curiosidade, então me cansei e fui ver televisão, Marlon
surgiu três minutos depois para retirar o quadro da parede mas mamãe disse
que queria ficar com ele, Marlon lançou um olhar desesperado para mim que
permiti que ela ficasse com aquele lixo. Marlon saiu rapidamente das minhas
vistas onde pude ver Josefa se empertigar e antes que ela me perguntasse o
que eu queria gritei.
-Maça e uma taça de vinho. -A garota saiu rapidamente dali.
Tamborilei os dedos pelo sofá a espera do vinho até que recebo uma
mensagem de Edgar.
~
Quero Vê- la, venha imediatamente.
~

Olho para a mensagem constantemente, quem esse cachorro pensa que é para
falar comigo dessa forma?
Porém precisava lhe contar sobre o advogado e não queria fazer isso por
telefone, relutante peguei as chaves do carro ignorando os serviços de Marlon
e segui para o apartamento de Edgar.

¨¨¨
Capítulo Dezoito

-Herdeira?
"É ...você é rica sim e quer saber mais...Sempre soubemos disso, mamãe
sempre fez questão de nós dizer quem era a família responsável pela nossa
desgraça financeira"
As palavras daquele cretino invadiram meu pensamento novamente. Me
afastei dos braços protetores de Heitor encarando seus olhos com avidez.
Ele estranhou minha reação.
-O que foi querida? -Disse afetuoso.
-Por.por que me fez a proposta para me tornar sua sócia? -Estreitei os olhos-
Sabia que eu era a herdeira da Lanaim? sabia que eu e Josy éramos parentes
de sangue? -me afastei me colocando de pé - por que não me disse nada,
porque não falou antes? Quando o que eu sempre fiz foi confiar
completamente em você de corpo e alma.....
-Não..nunca duvide do meu amor por você. -Ele se põe de pé e tenta segurar
em meus braços, mas me esquivo e começo a descer as escadas,
compulsivamente.
-Lana pra onde você vai, por favor amor, fiz isso para o seu bem.
Dil escutando os gritos de Heitor e minha confusão ao descer as escadas tenta
interferir.
-Parem com isso!
Passei por ela em direção a porta o mais rápido que consegui mas quando
escutei seus joelhos se estralarem sobre o chão paralisei completamente.
Heitor correu ao seu auxilio berrando o nome de Junior, desesperada corri
para a cozinha em busca de água com açúcar.
-Você está bem Dil? -Perguntei preocupada segurando sua mão, enquanto
Heitor acariciava delicadamente sua testa franzida.
Ela se retesou, de modo que conseguisse ficar sentada sobre o chão e
pronunciou baixinho.
-Pa...
-Pa? -Repetiu Heitor e Junior em uníssono.
-PARARAM? -Disse ela, sorrindo.
-Fala serio Dil –Disse Heitor, com as mãos sobre a testa -pensei que estivesse
tendo um ataque do coração.
Dil se levantou tranquilamente me deixando ali ajoelhada com cara de idiota.
-Bom, eu poderia ter mesmo se vocês dois continuassem com aquela
discussão -ela olhou para Heitor e para mim um de cada vez -se vocês tem
um desentendimento, conversem um com o outro, sair gritando e correndo
não adiantara nada, entrem em um consenso e se revolvam, vocês não são
mais adolescentes.-disse ela, passando o sermão.
Olhei de relance para Heitor que já estava me encarando com aquela
expressão carinhosa e gentil que eu tanto amava, naquele momento eu
percebi que não, ele não seria capaz de me trair como fez Josy, ele só queria o
meu bem, e se fez isso para esse fim, eu precisava ouvi-lo.

***
Josy
-Que demora gata! -Falou Edgar me dando um beijo molhado nos lábios.
-É eu estava vendo tv. -Disse me sentando em sua cama.
-Poxa, Jô assim você me machuca. - Reviro os olhos o fazendo sorrir.
-Estamos com um problema.-Digo.
-Qual? -Falou se sentando ao meu lado.
-O advogado disse que para pegar a grana no banco preciso dos documentos,
e do maldito documento que diz que a Lanaim pertence a herdeira Lana, só
que já revirei aquela casa de cima a baixo e não encontrei, onde será que
aquele velho enfiou?
-Quanto você disse que ia pegar?
Falou alisando sua barba por fazer.
-12 milhões.
-Isso e arriscado. -Disse.
-Eu sei, mas agora não tem mais volta.
Ele suspirou.
-Ok, vou falsificar seus documentos, só preciso de uma foto sua 3x4. Mas
você -Ele me encara com clareza -tem que achar aquele dossiê, o mais rápido
possível.
-Quanto tempo? -Questiono suando frio.
-Em dois dias estaremos em Miami baby. –Diz sorrindo e engulo em seco.
*
-Como sempre você me sacia linda. -Diz se virando de costas para mim.
Me levanto e visto minhas roupas.
-Vou indo. -Pego minha bolsa, e antes que eu deixasse o apartamento Edgar
me segura pelo braço olhando fundo em meus olhos.
-Acho bom você não me passar a perna gatinha.
Solto meu pulso de suas mãos e saio de seu apartamento com dor de cabeça.
Eu só precisava achar aquela porcaria de documento e seria rica para
sempre..só isso.
***
Lana
-Eu não lhe contei antes por que achei que seria uma grande noíicia negativa
para você, saber que seu pai tinha um romance proibido com a mulher que
traiu sua confiança e que logo após isso os dois apareceram mortos, eu não
sugeri que se tornasse minha sócia por querer me aproveitar de sua herança,
eu só queria motivá-la a estudar com Miler que é um grande professor para
que lhe ensinasse tudo sobre as finanças e o modo de dirigir uma empresa, a
sua empresa amor, eu só queria te preparar para ocupar o seu lugar de direito.
-Falou Heitor sem tirar seus olhos de um castanho intenso dos meus.
-Ele foi seu professor? –Questiono.
-Sem dúvidas -Sorriu ele -aquele ranzinza foi de grande ajuda para mim.
-Me desculpe -Passo as mãos pelas minhas ondas irregulares- por tudo.
Ele coloca um cacho atrás de minha orelha, aproximando nossas respirações.
-Não precisa se desculpar. -Seu hálito quente invadia minha pele me dando
arrepios.
-Eu não duvido do seu amor Heitor, e nunca irei duvidar. -Nesse momento
nossos lábios se colaram com a voracidade que um tinha pelo outro.
Me afastei de suas carícias.
-E a mudança? -Questiono entre risos.
-Bom, acho que teremos que fazer mais uma bagunça antes. -Falou me
colocando em seus braços, indo em direção a nosso quarto.
***
Mérida
-Mamãe cadê a maninha Jô? -perguntou Geremy.
-Não sei querido.
Falei enquanto acariciava a face de Tiago, imaculada naquele quadro.
-Quem e esse mamãe? -Perguntou Cami. -apontando para o retrato.
-Só um amigo querida. vão escovar os dentes para o jantar os dois.
As crianças foram escovar os dentes no andar de baixo, então resolvi colocar
o quadro de Tiago no meu closet onde não levantasse suspeitas sempre que
eu quisesse olhá-lo.
-Seu burro -Me recosto sobre a parede e murmuro para o quadro recém
colocado - se você não tivesse escolhido aquela sonsa, ao invés de mim,
ainda estaríamos juntos, e eu não teria feito o que fiz com você.

¨¨¨
Capítulo Dezenove

---------24 Horas depois-------

Lana
-Heitor não consigo falar com ninguém da polícia, cai na caixa de mensagem
toda vez que tento o que será que está acontecendo?
Heitor que havia acabado de chegar da empresa faz uma careta.
-Não sei ..será que estão de greve? –Sugere coçando sua barba por fazer.
-Se não estiverem atendendo e possível que estejam, eles sempre entram de
greve por alguma coisa ultimamente. -Falou Junior que ajudava Dil com as
compras.
-Ah mas isso também me lembra o Ed. -Suas palavras estavam morrendo no
ar quando perguntei.
-Quem e Ed?
-O único primo de Heitor, acho que você conheceu ele no dia em que você
estava lavando a garagem....
Merda, como não tinha pensado nesse laranja antes.
-Ele e da polícia? -Questiono o óbvio.
-Sim Lana, por que? -Falou a mulher.
Porque ele está ajudando aquela golpista.Só por isso!
-Amor, não me diga que acha que Edgar seria capaz de ajudar Josy a praticar
falsa identidade ideológica? -Fala Heitor franzindo a testa.
-E exatamente isso que acho, porque as peças se juntam perfeitamente com
ele incluso. pois desde o começo que fiz meu B.O, não tive retorno, talvez ele
mesmo tenha dado um jeito para que isso não acontecesse.- Heitor fica
pensativo.
-Meu Deus. -Dil colocou as mãos sobre a boca chocada.
-E porque não atendem as ligações na delegacia hoje? porque justo hoje?
porque não ontem? isso significa que eles estão tramando algo, que precisa
ser posto em prática hoje, porque talvez amanhã seja tarde demais -Todas as
cabeças se viraram na minha direção confusas - não tem nada nos noticiários
de greve de policiais hoje, tem que ser outra coisa, uma coisa planejada.

***
Josy
-Mais que porra!
-O que foi querida? -Mamãe chega a biblioteca onde eu estava.
-Não encontro o dossiê da Lanaim. Já procurei em tudo quanto é lugar dessa
casa maldita.
-Querida acalme-se...
-Não mande eu me acalmar, preciso daquela porcaria ou meus planos vão por
água a baixo e todos voltamos para a sarjeta e não estou a fim de ter que
dormir com os velhos do emprego de camareira para conseguir grana.
-Por favor Josy....
-Ajude-me a procurar e fique quieta.
*
--------Ligação em andamento -------

-Cadê você linda? -Fala Edgar.


-Procurando a porcaria do dossiê.
-Não tem nem uma pista de onde esteja? -Questiona.
-Joguei toda merda que tinha aqui fora, a mobília e nova a não ser.....
No mesmo instante me lembro do quadro do velho que mamãe não quis jogar
fora.
-A não ser? -Diz ele.
-Relaxa acho que tenho uma idéia, te ligo depois.
-Ta bom gatinha.

---------Ligação finalizada----------

Me viro para minha mãe que está procurando em alguns livros velhos e digo.
-Mãe!
-Sim?
-Onde está aquele quadro que você quis ficar com ele?
Percebi seu rosto corar.
O que ela estava me escondendo?
-Pra que o quer?
-Só para ter uma pista de onde o dossiê, possa estar...deixe-me vê -lo agora. -
Enfatizo.
Ela assentiu com a cabeça e se retirou para pegar a velharia. Chegando com o
objeto abraçado sobre o peito, me entregou com dificuldade.
-Porque gosta tanto deste quadro mãe? –Estreito os olhos em sua direção.
-Eu..hã...
Ela estava hesitando agora? que porra estava acontecendo?
-Ele é bonito.
Minhas palavras a deixaram atônita.
-Tem os cabelos ruivos,olhos castanhos profundos, maxilar perfeito, ombros
largos, não e de se jogar fora.
-Pare com isso Josy...
-Que foi? eu beijaria o pai da Lana com prazer. Você não?
-ELE É SEU PAI TAMBÉM. -Explode ela, suas feições estavam vermelhas e
ela parecia ofegante.
Mas como assim meu pai? que idiotice essa velha estava falando agora?
-Está louca? meu pai se chama Douglas Pacheco. –Enfatizo.
-Não ..não se chama, seu pai se chama Tiago Bler.
Fui consumida pela frustração e pela ira, pois joguei o quadro do homem no
chão com toda força que encontrei.
Pedaços de vidro estilhaçados inundaram o chão. Contudo percebo entre a
bagunça um papel enrolado com uma fita de cetim azul, devia estar no fundo
do quadro,pois estava amarelado e desgastado,mas mesmo assim era possível
ver em seu interior o nome Lanaim em letra cursiva.
Achei você. Abri um sorriso de vitória, o dinheiro era finalmente meu.
***
Edgar
A Josy precisa chegar aqui rápido com a foto e o dossiê, o laboratório de
perícia não ficará aberto o tempo inteiro, ainda mais se o que eu tenho a fazer
lá e uma identidade falsa e falsificar a assinatura daquele dossiê.
Não foi fácil desligar as câmeras e os fios de telefone da delegacia, o lado
bom e que hoje e folga de metade dos agentes, só os cadetes iniciantes estão
aqui, ou seja a transição tem que ser hoje. Sou um cara respeitado aqui na
delegacia um policial de méritos, jamais seria suspeito se algo estivesse fora
dos eixos, faz 10 anos que trabalho nesse local, porém quero deixar de ser um
policialzinho que vive uma vida pacata e prende bandidos, quero mais, sou
ambicioso e quero uma gata igual a Josy ao meu lado para conseguir alcançar
esse objetivo.

***
Lana
-Tenho que ir pra casa dos meus pais agora. -Falo me colocando de pé.
Heitor apressou-se em me dar um beijo carinhoso nos lábios e pronunciou
baixinho, "vou com você".
-Vamos eu levo vocês dois. -Disse Junior antes dando um beijo carinhoso na
testa de Dil.
Hum, esses dois.
-Tomem cuidado. -Falou ela, na companhia de Xadrez que acabara de chegar
a sala de estar despreocupado. –Vou rezar por vocês.
Eu estava usando uma calça jeans escura, uma blusa branca e tênis azul all
star, com os cabelos mais rebeldes do que nunca.
No caminho me lembrei dos seguranças que guardavam os portões.
-Como faremos para entrar...tem dois seguranças lá...-Alertei.
Ficamos pensativos por alguns segundos até que Junior se pronuncia.
-Deixem comigo...irei distraí-los.
Olhei para Heitor que fez um sinal verde que queria dizer "relaxa ele sabe o
que está falando baby".
Quando chegamos Junior estava mesmo convencendo os seguranças de que
era um entregador de sapatos de grife, mas eu não estava conseguindo mais
respirar sobre o carpete do carro, por estarmos completamente deitados então
solto um espirro.
-Merda! -digo a mim mesma.
-Quem está ai? -Escuto passos se aproximando rapidamente, depois escuto
um ‘back’ logo seguido por " uma ajudinha aqui não seria nada mau senhor"
vindo de Junior.
Ele tinha acabado de socar um segurança? Me olhando Heitor pronuncia:
-Quando eu abrir a porta quero que corra para dentro da casa o mais rápido
que conseguir, está com o gravador?
Fiz que sim com a cabeça e ele sorriu.
-Ótimo, depois que acabar aqui estarei logo atrás de você amor.
-Ok...Te amo.
Nesse momento seus lábios macios encontraram os meus, doces e urgentes,
então a porta do carro se abriu.
Corri o mais rápido que consegui até estar em frente a casa, não aperto a
campainha apenas entro na enorme casa que era incrivelmente magnífica.
Escuto vozes de crianças e uma mulher se aproximando, então me escondo
atrás de uma estante. A mulher era loira e baixinha as crianças chamavam ela
de tia tiana, os três eu já conhecia muito bem, era Cami, Geremy e Carlyce,
estavam quase todos indo para o jardim quando acidentalmente esbarro em
um enfeite da mesa fazendo um pequeno barulho e Cami esperta como
sempre vasculha o lugar me encontrando, coloco o dedo na boca
demonstrando que ela devia ficar em silêncio, ela entende e me manda um
beijo no ar e sai despreocupada.
Como sei que podem aparecer mais pessoas decido procurar as que eu vim
determinada a encontrar Josy e Mérida, por sorte escuto uma risada aguda e
alta vindo de um cômodo mais no fundo da casa, vou me esgueirando para
que ninguém perceba que estou ali até que chegando ao lugar vejo Josy,
Mérida e vários pedaços de caco de vidro espalhados pelo chão, a mulher
mais velha parecia estar triste mas Josy não, ela estava alegre, estava feliz e
eu já sabia o porque, porque ela iria conseguir o que queria . Então decido
entrar, escancarando a porta assustando-as.
-O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO JOSY? –Brando.
Josy parou de rir na hora em que me viu, ficando perplexa por minha
presença.
-C.C.OMO ENTROU AQUI? -Exigiu.
Mérida ficou desolada com os olhos arregalados.
-E como vem não estou morta como gostariam -Falo, passando a mão na
nuca -já que é isso que acontece, com as pessoas que atravessam seu
caminho, não é Mérida?
-Escute aqui sua pirralha, eu a alimentei, vesti e eduquei você desde os três
anos de vida, não me venha com ingratidões agora.- Disse ríspida.
-Eu tinha me esquecido disso desculpe madrinha, ou seria amante do meu
pai? o que prefere?
Agora ela estava mais furiosa do que nunca.
-CALA BOCA MALDITA -Apontou seu indicador em minha direção- SE
NÃO FOSSE POR VOCÊ MEU TIAGO ESTARIA COMIGO E NÃO COM
A DOENTE DA SUA MÃE, MAS SÓ FOI ELA FALAR QUE ESTAVA
GRÁVIDA DE VOCÊ QUE ELE NOS ABANDONOU.
Josy estava calada só escutando, talvez não tivesse consciência da situação.
-EU TIVE QUE MATA-LO POR ISSO, TIVE QUE MATAR OS DOIS.
O que? Que porra, ela estava falando? Ela matou meu pai...ela...matou a
minha mãe?
A pessoa que disse ter cuidado de mim desde os três anos, que um dia chamei
de madrinha, que a ajudava com o pouco que ganhava nos meus dois
empregos, que eu tinha pena por ter um ex marido como Douglas que não a
ajudava com as crianças, a pessoa que me disse que a violência não
significava nada para conseguir objetivos...essa pessoa, tinha matado meus
pais biológicos?
Meus olhos se encheram de lágrimas, senti meu estomago doer e a cabeça
girar.
-Você os matou? -Questionou Josy.
-Eu precisava –Disse, se virando para a filha - Tiago estava dominado pelos
olhos azuis de Luana e não se importou quando eu disse que estava grávida
de você e seu irmão, nem quando vocês nasceram mais parecidos com ele do
que essa coisa. -Apontou para mim.
-Saiam da minha casa agora. –Falo, com a voz saindo mais como um
sussurro.
Josy sorriu.
-Como é irmãzinha?
-SAIAM DA DROGA DA MINHA CASA AGORA SUAS GOLPISTAS. -
Ralhei.
Mérida sorriu.
-Acha que pode falar comigo dessa maneira? você não passa de uma criança
que abriu as pernas para o primeiro ricaço que apareceu, pra falar a verdade
você não é nada diferente da sua querida mãe...
No mesmo instante desferi uma bofetada em seu rosto, que a fez cambalear
para trás, sendo obrigada a se segurar na estante de livros.
-Não ouse sujar a memória da minha mãe, quando a vagabunda na história é
você. -Esbravejei.
Josy apenas me olhou furiosa. Me viro para encarar sua face.
-Sei que você é o primo do Heitor estão juntos nessa.
Ela arregalou os olhos.
-Mas gostaria de lhe informar que mesmo com um agente corrupto
juramentado você não escapará.
-É mesmo..não escaparei da onde? de levar um tapa seu?
-Não.. isso ainda seria pouco pra você, você seu namoradinho, seu irmão de
merda e seu projeto de mãe não escaparão da prisão porque eu farei de tudo
para que vocês, nunca mais saiam de lá.
Ela se aproxima até ficarmos cara a cara.
-Acho que você se enganou novamente a meu respeito.-Falou.
Eu estava prestes a retirar um papel amarelado que ela tinha nas mãos até que
escuto Guilherme.
-Tchau vadia. -Ele segurava uma pistola e estava engatilhando-a em minha
direção, senti meu corpo inteiro suar frio.
Mas uma pessoa atrás de Guilherme foi mais rápida, era Heitor que surgiu
como um foguete empurrando e derrubando o bêbado, a arma dispara com o
impacto acertando a parede, Heitor luta com Guilherme no chão e consegue
lhe retirar a arma que fica sobre o chão, depois desfere incontáveis socos em
sua cara deixando-o inconsciente.
Olho para Josy que pronuncia diversos palavrões e corre pela janela.
-Junior não deixe essa aqui escapar -Aponto para Mérida- aquela pode deixar
comigo.

¨¨¨

Capítulo Vinte

Pulei a enorme janela e avistei a golpista ruiva correr de salto agulha e gritar
incontrolavelmente o nome Josefa.
-Garota inútil traz logo a porcaria da minha bolsa com a chave do carro
praga.
Não sabia quem era a menina mas me fez sentir pena dela na mesma hora.
Josy era rápida, mas eu estava de tênis e a alcancei com facilidade segurando
com força em um de seus braços.
-Cale essa boca maldita. -Falei entre dentes, com os olhos fumegando de
raiva.
-Como você pode me deixar em Brasília...sem dinheiro? você nem ao menos
tinha pagado o aluguel a Jackson..como você pode fazer isso e ainda ter a
cara de pau de escrever "Me desculpe"? -Indaguei as palavras com um bolo
na garganta.
Ela ficou em silêncio me encarando e depois de quase um minuto inteiro,
olhou para baixo e gargalhou alto.
Solto seu braço com rispidez e ela branda.
-Fiz isso porque você é uma idiota..não me diga que pensou que fossemos
amigas? Primas? -Estreitei os olhos -Ora faça me o favor Lana, todos sabem
que é você que serve pra aquela vida de arrumadeira, pensei que estivesse lhe
fazendo um favor, em deixá-la fazer o que ama –Falou- mas eu não, nunca e
jamais servirei para essa vida.
Sorri com sua confissão.
-Que pena -Falei com um sentimento de dever cumprido -porque eu acho que
na prisão você terá que se esforçar para se adaptar...e muito.
Quando disse isso Josy estava pronta para correr novamente mas uma garota
jovem, veio em nossa direção carregando uma bolsa.
-Até quem fim lerda -Falou Josy a garota -me dê isso aqui agora.
Mas a menina não fez isso, ela entregou a bolsa a mim e disse.
-Aqui madame.
Josy ficou boquiaberta e cambaleou para trás em seus saltos.
-Obrigada. -Falei a garota.
-EU NÃO VOU ....-Gritou Josy.
Como se estivesse em um surto psicótico começou a correr em minha
direção.
-EU NÃO VOU VOLTAR A SER UMA SIMPLES EMPREGADA -Aponta
o indicador -eu sou filha do Bler também...tenho direitos.
Minha expressão ficou completamente severa.
-Mesmo que tenha você não passa de uma vigarista e vai pagar pelos seus
crimes na cadeia. -Digo.
Na mesma hora Heitor aparece carregando Guilherme desacordado e o põe
no chão, com as mãos amarradas por uma espécie de cinto, Junior traz
Mérida se debatendo e a põe ao lado do filho sentado no chão.
-SENTE-SE - Exigiu Heitor a Josy que não o obedeceu e ele completou -
NÃO VOU FALAR MAIS UMA VEZ. -Disse entre dentes.
A mulher com relutância se juntou a família pronunciando palavrões
profanos nada elegantes para a mulher que ela estava tentando ser.
Heitor prendeu as mãos dela com o cinto de couro marrom com agilidade. Ao
terminar se voltou para mim.
-Os dois seguranças estão desacordados perto do portão, quando a polícia do
departamento distinto ao que Ed trabalha chegar explique todo ocorrido a
eles, mostre a eles a gravação -Nesse momento Mérida praguejou -faça que
leve esses três para prisão baby.
Assenti com convicção.
-Vou deixar você com Junior.
-Onde você vai? -Questionei.
-Tratar de resolver as coisas com Edgar. -O nome do primo saiu ríspido de
sua boca.
Ele tocou minha face e senti seus lábios macios e gentis sobre os meus.
-Volto logo. -Falou.
***
Edgar
-Mas que porra, porque Josy não está atendendo o telefone?
Decido esperar mais um pouco antes de ir a casa dela.
*
-Argh..ainda não está atendendo? aquela idiota o que aconteceu? preciso
descobrir.
Falo aos cadetes que sairei mais cedo, como a delegacia está as moscas
ninguém se importa com um a mais ou um a menos.
Pego minha jaqueta,deixo o distintivo na gaveta do criado mudo da minha
sala, coloco a arma no bolso de dentro da jaqueta e saio.

Já no meu carro passando por uma rua deserta próxima a casa de Josy,
percebo uma caminhonete branca, sem dúvidas era Heitor.
O que aquele babaca estava fazendo na casa da Josy?
Reconhecendo meu carro um Jetta azul, sinaliza com os faróis, típico dos
Sanches. Sinalizo de volta e ambos descemos do carro.
A expressão de Heitor estava severa demais.
-Iai Brou –O abraço -como você está? –Questiono.
-Bem e você? -Fala evasivo.
-Tranquilo...o que você estava fazendo na mansão Bler? –Indago.
-Estão dando uma festa lá. -fala.
Franzo o cenho.
-O que?
-A 'Lana' me convidou eu estava indo buscar mais Martini..mas ai encontrei
você no caminho, que coincidência ...-Fala.
-Nossa..eu ..não sabia.
-Pois é.
-Será que faço mau aparecendo? –Indago.
-Não acho que seja um problema você aparecer. -Fala despreocupado.
-Será mesmo?
Ele sorriu e antes que eu pudesse dizer alguma coisa o seu gancho de direita
já havia me nocauteado.
-PORRA -Falo cuspindo o sangue da boca- que foi isso? -Indago ainda
zonzo.
-O que? Estamos indo para a festa primo, relaxa. -Diz ele me puxando para
seu carro.

***
Lana
O trigésimo sétimo departamento de polícia já havia escutado minha história
que se confirmou com a gravação que os mostrei. Os dois seguranças se
desculparam com Junior e comigo pela maneira como haviam nos tratado,
Guilherme seria preso por tentativa de estupro, porte de arma não legalizado
e cúmplice em crime de falsidade ideológica uma pena de mais ou menos 39
anos de detenção, Mérida seria presa pela confissão da morte dos meus pais e
por ser cúmplice uma pena que chega em torno dos 50 anos e por fim Josy
seria presa por falsa identidade ideológica e mandante do abuso sexual uma
pena que duraria 48 anos de prisão e por fim Edgar um policial corrupto que
estava ajudando Josy pegaria no mínimo 30 anos de prisão.
Heitor chegou uma hora e meia depois com Edgar em seu carro, contamos
tudo a polícia e obviamente o sujeito negou mas com a gravação e as câmeras
que comprovavam as saídas de Josy para vê-lo, era difícil acreditar em sua
versão, o que só aumentava sua pena.
-VOCÊ VAI ME PAGAR POR ISSO LANA. -Gritou Josy -TODOS VOCÊS
VÃO.
Sua voz foi silenciada pela batida da porta do camburão, onde ela,
Guilherme, Mérida e Edgar foram colocados, para serem encaminhados a
prisão.
-Senhora agradeço pela cooperação. -Falou o delegado, quando lhe indiquei o
local que a arma que Guilherme portava estava.
Todas as viaturas deixaram o local e ficaram ali :Cami, Geremy e Carlyce
me olhando com cara de choro.
-O que você vai fazer Lana? -Questiona Heitor.
Olhei para as crianças para a casa e num suspiro falei.
-Vamos descobrir juntos. –Disse abraçando- o.
¨¨¨

EPÍLOGO

DOIS ANOS DEPOIS

Rio de Janeiro- Brasil.

-Como está se sentindo? -Questionou Dil de mãos dadas com Junior.


-Bem? -Arrisquei -nervosa?
Dil sorriu com Laura nos braços, minha primeira filha com Heitor que já
estava com 1 aninho de idade.
-Você está linda com esse vestido Lana. -Falou Junior com carinho.
Me levantei e me olhei no espelho vestida de branco da cabeça aos pés.
Respirei fundo e disse a Junior.
-Vamos?
Ele assentiu sorridente e me estendeu o braço.

Já haviam se passado dois anos desde que todo aquele desastre havia ocorrido
na minha vida, desde então me tornei sócia de Heitor e o trabalho juntos tem
gerado grandes lucros. Todos continuamos a morar na mansão Sanches
decidimos alugar a mansão Bler. Nossa filha nasceu com os cabelos negros e
sedosos, assim como os de Heitor o sorriso da mãe e com os olhos azuis da
avó.
Dil e Junior finalmente assumiram o relacionamento depois de tantas
perguntas de minha parte, Xadrez é a alegria da casa para Cami agora com 9
anos, Geremy com 7 e Carlyce com 8 e agora a mais nova sensação também
para a pequena Laurinha. As crianças me chamam de tia e perguntam sobre a
mãe e os irmãos, mas eu e Heitor decidimos contar a eles toda a verdade
assim que todos tivessem idade o suficiente para compreender. Suas guardas
legais são minhas por direito, assim que aquela confusão foi feita, tratei de
ver isso com os advogados de Heitor e o juiz decretou suas guardas a mim
como protetora legal.
*
Pensando em tudo que aconteceu a dois anos atrás, ninguém diria que hoje
aquela garota de cabelos encaracolados e macacão sujos sem dinheiro ou
modos estaria bem economicamente e feliz com uma família que a amava e
prestes a se casar com o homem que mais amava na vida.
*
A cerimônia foi simples mas o meu coração para ele era grandioso.
-Está feliz amor? -Indagou ele em meus ouvidos enquanto dançávamos no
salão de festa.
-Muito. -Beijei seus lábios macios e suspirei sorridente.
-Adoro quando sorri -Diz ele - me deixa feliz.
-Acho que você ficará mais feliz.. -Falo.
-Mais do que estou agora?! -Questiona ele.
Me aproximei de seu ouvido.
-Estou grávida novamente.
O rosto dele se iluminou, irradiando felicidade.
-Meu amor, eu amo você demais! –Disse enquanto depositava um beijo
molhado em meus lábios.
-Eu também te amo meu amor!
E foi ali naquela pequena festa em família que eu e Heitor nos beijamos
intensamente, murmurando nossos votos mais uma vez com o hálito quente e
os olhos brilhando de amor e desejo um pelo outro eternamente.

QUATRO ANOS MAIS TARDE


-Apollo o que é isso? –Falei gargalhando com o desenho na parede branca
recém pintada.
Se é que aquilo poderia ser um desenho, estava mais para marcas de mãos na
tinta guache azul.
-É uma borboleta mamãe. –Diz inocente.
-Jura? –Falo entre risos.
-Claro que não Apollo, isso daí é só o desenho da sua mão. –Fala Laura.
-Não é.
-É sim.
-Ta bem já chega vocês dois, e uma linda obra de arte que o papai vai ter um
belo trabalho para retirar. –Falo.
-Não é pra tirar mamãe. –Protesta o pequeno.
-Ok ok –Levanto os braços num gesto de paz – não vamos retira-la, mas
guarde a tinta e vamos ver seu pai e seus primos no jardim.
-Ta mamãe. –Diz.
Laura veio logo atrás e a peguei nos braços.
-Sabe mamãe. –Começou ela.
-Sim?
-Eu amo muito a nossa família.
Um largo sorriso tomou conta do meu rosto com suas pequenas e doces
palavras. Apollo se juntou a nos na escada que dava para o jardim, toquei
seus cabelos sedosos idênticos aos do pai, na verdade Apollo era uma copia
perfeita de Heitor, lindo gentil, amoroso e pude ver que Heitor se aproximava
de nós, com um de seus perfeitos sorrisos contagiantes, pegou Apollo nos
braços e beijou as bochechas de Laura e olhando em meus olhos anunciou o
que eu já sabia a muito tempo.
-Eu te amo meu amor. – E me beijou castamente nos lábios.
-Eu também, pra todo sempre!
Amava a nossa família, mais que tudo no mundo.

¨¨

Naquele mesmo dia Isadora Pacheco chorava nos braços da Supervisora


Madalena, a pequena garotinha de dois anos queria uma boneca que vira no
comercial da TV do orfanato, mas como sempre, ela não podia ganhar tudo o
que desejava.

----
Agradecimentos

Esse livro é impressionante e maravilhoso é o segundo livro que escrevo


desde que iniciei minha vida de escritora. É o primeiro de uma trilogia, que
tenho grande expectativa e apresso que acompanhem.

Com Carinho da autora,


Carolayne Morais.
CONHEÇA O PRÓXIMO LIVRO DA TRILOGIA

CONTRATADA

Prólogo

Antes *
Isadora Pacheco.
Eu não vivi, apenas nasci, aos 6 meses fui separada da minha mãe, me chamo
Isadora Pacheco Soares, mas não sei quem são meus pais, agora estou com
onze anos, moro em um orfanato, não sei o que é natal ou ano novo, tudo e a
mesma coisa pra mim, convivo com dezessete meninas no mesmo quarto, eu
tinha três melhores amigas, Alice, Ingrid e a Gabriele, mas todas foram
adotadas mês passado , sorte a delas, todas tinham entre cinco e sete anos, era
mais fácil pra elas, diferente de mim, mas de certa forma eu estava
acostumada a ser separada das pessoas que amava.

{...}
Atualmente*
Rio de Janeiro, Brasil -Família Sanches.

-Apollo meu filho você já tem 24 anos sabe que é herdeiro direto das
empresas Sanches e sua irmã da marca Lanaim, isso já foi decidido você
sabe. -olho para minha mãe com os olhos semicerrados.
Cruzo os braços e olho em volta do lugar, eu havia crescido ali,era um bom
lugar, mas o fato de ser herdeiro estava deixando minha cabeça a mil, assumir
o negócio da família estava em meu sangue, mas eu não estava preparado
para isso, e meu pai sempre que me via falava da empresa, empresa,
empresa, eu precisava de um tempo, e nenhum lugar era melhor do que a
mansão Bler já que Laura não estava lá no fim das contas.
Eu precisava deixar isso claro para minha mãe, só que antes eu precisava
tomar um pouco de ar fresco.

Atualmente*
Rio de Janeiro, Brasil - Família Pacheco.
-Está vendo Isadora -minha mãe me aponta uma mansão enorme, faço que
sim com a cabeça -aquela e a sua casa. -diz ela.
-Não entendo. -digo.

Ela me olha severamente .

Peço desculpas.
-Aquela maldita casa lhe pertence Isadora, porque ela é minha também- ela se
aproxima e pega minhas mãos - e você irá conquistá-la para nós novamente,
depois desses vinte dois anos.
Sei que mamãe esteve presa até meus vinte anos de idade e que eu tive que
viver em um orfanato por conta disto, mas depois de todo esse tempo a
encontrei e a meu pai Edgar também, sei que não foi escolha deles estarem
presos, foi tudo um mau entendido e acredito na palavra dos dois, afinal são
meus pais, sangue do meu sangue. Quando descobri que ambos eram meus
pais pela supervisora do orfanato quase não quis conhecê-los por estarem
presos, mas acabei decidindo ir no fim das contas, curiosidade talvez.
Quando soube o dia que seriam soltos fui encontrá-los e as dúvidas que antes
se instalavam em meu coração em negação a eles como meus pais se
acabaram quando os vi, mesmo com mais idade a mulher era idêntica a mim,
tinha os cabelos ruivos era linda mesmo com tudo o que teve que passar,
porém diferente de mim possuía os olhos castanhos enquanto os meus eram
azuis, nossas alturas também eram distintas, eu era menor que ela uns dez
centímetros, meus cabelos estavam curtos e os da mulher longos e poderosos,
o homem ao seu lado tinha um sorriso perfeito como os meus, os observei por
um certo tempo até ter coragem o suficiente para ir falar com eles, assim que
o fiz os mesmo me reconheceram pela minha história e pelo físico me
abraçando e ficando emocionados assim como eu pelo reencontro. Depois os
levei para minha casa simples que foi conquistada com muito trabalho e suor.
Mamãe sempre deixava bem claro quando me dizia que uma mulher chamada
Lana que era sua amiga, a havia roubado e levado tudo que ela tinha a
deixando sem dinheiro ou abrigo e depois de fazer uma armadinha a colocou
na prisão acabando com sua vida e me afastando dela. Eu não conhecia essa
tal Lana mas a odiava por ter feito isso com a minha família, a odiava por me
privar de ter uma infância feliz com meus pais, a odiava por tê-los posto na
prisão, a odiava por me fazer odiar o natal e o ano novo.
Olho para minha mãe e aperto suas mãos em resposta.
-Tudo bem mãe não se preocupe, vou vingar nossa família e tomar o que é
nosso por direito. -sua face se suaviza e ela sorri para mim.
Nesse momento vejo um homem alto, moreno, saindo da casa, possuía os
ombros largos e rígidos, parecia pensativo, uma voz feminina chama seu
nome ' Apollo' de dentro da casa e é nesse momento que percebo um meio de
conseguir meus objetivos para o bem da minha família.

...
Copyright 2018 Carolayne Morais
Capa: Larissa Aragão
Revisão: Carolayne Morais
Todos os direitos reservados.
É proibido utilizar quaisquer partes desta obra sem a existente autorização
por escrito da autora.
Brasil, 2017.

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