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Riccardo Bianchi passou boa parte da sua vida sendo treinado para
assumir o lugar do seu pai em uma das mais tradicionais máfias, a Cosa
Nostra.
A fim de torná-lo o Don mais implacável da história, seu pai se
certifica de tirar qualquer tipo de sentimento e humanidade que ele possa
ter, o tornando frio, uma verdadeira máquina de matar e torturar.
Sua única paixão são os cavalos, tanto que ele tem constrói um
centro de hipismo de referência na Itália.
Sua fama com o passar do tempo o precede e um dos seus muitos
nomes é Diabo.
Mas há um porém, para ele se tornar um Don respeitável, precisa se
casar, algo que não deseja fazer mesmo sendo pressionado por todos.
Pelo menos era o que ele queria até uma linda mulher de cabelo
longo, olhos marcantes e corpo perfeito cruzar seu caminho, chamando sua
atenção.
Ele não sabe quem ela é, mas a deseja intensamente e a quer para si.
Lorena Bernardi, é uma linda mulher, com a personalidade forte
que não se deixa dobrar por nada. Apesar de ser filha da máfia, ela teve
oportunidade de estudar e se formou na profissão que tanto ama. Ela é a
veterinária-chefe do centro de hipismo e uma amazona premiada, detentora
de inúmeras medalhas de ouro.
Diferente das mulheres da máfia, ela tem voz e se faz se respeitar.
Aqueles que tentam algo contra sua vontade ou tentam diminui-la
provam algo amargo e doloroso.
Ela tem tudo o que sempre quis até seu caminho se cruzar com o já
Don, Riccardo, em uma das suas noites de diversão.
Ele a deseja, ela sente repulsa...
Ela quer liberdade, ele quer ensiná-la a ser submissa...
Ela é apocalíptica, ele o apocalipse...
Um casamento forçado, obrigações com a máfia, chantagem e
inimigos fazem parte do plano de fundo dessa história explosiva onde
desejo e raiva se misturam.
AVISO DA AUTORA
Você não escreve sua vida com palavras, escreve com ações. Sou a
ação na máfia e a máfia foi a ação em mim, explicou o monstro.
O que você pensa, não é tão importante, só é importante o que você
faz, disse a rainha.
Sim, a máfia faz...
Eu sou o Diabo, o chefe.
Submetemos a tudo e protegemos a famiglia com o nosso sangue.
Sigo na linha de frente com a legião de MONSTROS, e a rainha?
Ah, ela tem o poder de controlar o monstro da mesma forma que
domina o segundo escalão deles, também regidos por mim, o Diabo.
Riccardo Bianchi, Don da Cosa Nostra.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
BÔNUS
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
AGRADECIMENTO
SOBRE A AUTORA
OBRAS DA AUTORA
CAPÍTULO 1
Momentos antes...
Estou com meu pai no hospital há dois dias e ele está bem, mas teve
uma das costelas trincadas.
Nada de grave, grazie a Dio.
Hoje ele recebe alta e vou poder levá-lo para casa, mas temos que esperar
pelo médico.
Ainda não conversamos sobre o que aconteceu e me sinto culpada por vê-lo
nesse estado, mas uma hora vamos ter que conversar sobre isso.
— Por que esse médico não vem logo? Achei que esse hospital fosse...
— Lorena! Ele vai vir quando for a hora, não precisa dessa pressa toda —
Rosa fala tentando me acalmar, mas tudo o que quero é tirar meu pai daqui.
— Acalme-se, minha filha, ainda não está na hora do médico passar, ele
geralmente faz isso no fim do dia, assim como fez ontem.
— Eu só quero ver o senhor em casa, confortável, na sua cama. Vou
cozinhar aquela sopa que gosta e vai se sentir... — Paro de falar quando meu
celular toca e vejo o número do haras.
Eles só me ligam do haras quando uma coisa muito grave acontece, então
logo trato de atender.
— Lorena falando.
— Doutora, a égua Hanoverian horse, entrou em trabalho de parto.
Chego a fechar os olhos quando escuto isso.
Ela tinha que entrar em trabalho de parto justo hoje?
— Há quanto tempo ela está assim?
— Quase duas horas e ela já apresenta contrações uterinas coordenadas. A
égua está inquieta e já apresenta suor no pescoço, virilhas e entre as pernas.
— E só agora você me liga? Era para ter sido avisada de imediato. Se
acontecer alguma coisa a culpa será sua. — Desligo a ligação e vejo o meu pai me
olhando.
Não costumo me alterar com os funcionários do haras, mas a metade deles
são soldados que se acham os donos da razão.
— Você pode ir, minha filha, vou ficar bem.
Fico em dúvida, pois não queria deixar o meu pai aqui.
— Pode ir, Lira, fico com ele. Se o médico passar dando alta antes que você
esteja de volta te ligo avisando e nos encontramos em casa. Pode ir despreocupada.
Eu sei como cuidar do seu velho pai — Rosa fala me incentivando a ir.
Como não tenho muita escolha acabo aceitando.
Passei muito tempo estudando sobre essa raça de cavalos em específico,
consegui fazer a inseminação artificial e obtive sucesso. Não estou há um ano
cuidando dessa gestação para que agora deixe tudo nas mãos de outro veterinário.
— Tudo bem, eu vou, mas me liguem. Qualquer coisa não hesitem em me
ligar.
— Pode deixar, minha filha, vá em paz.
Eu vou até o meu pai, beijo sua testa e o encaro logo em seguida.
— Depois conversamos.
Ele sabe do que estou falando.
— Não se preocupe com nada, não sou idiota e já entendi muito bem o que
aconteceu. Parece que Don Riccardo achou uma maneira de te manter sob o
comando dele.
Balanço a cabeça achando isso um absurdo.
— Eu vou consertar as coisas, papai. Não vou permitir que nada de ruim
aconteça com o senhor.
— Não tente consertar nada, Lorena, só faça o que ele manda e ficaremos
bem. Agora vá, estão esperando por você.
Beijo de novo sua testa, me despeço de Rosa e saio do hospital.
Como o meu querido noivo deixou bem claro dois dias atrás, um maldito
soldado me segue onde quer que eu vá.
Pelo menos ele ainda não interferiu onde posso ir ou não.
Não tive mais notícias de Don Riccardo desde que ele me obrigou a esse
noivado e poderia nunca mais ter notícias dele que não me importaria, mas o anel
que carrego no dedo não me deixa esquecer a quem pertenço agora, como se eu
fosse um objeto que ele quis, foi lá e pegou.
Entro no carro e pelo espelho retrovisor vejo que estou sendo seguida por
outro carro, mas já sei que são os soldados fazendo seu trabalho.
Gosto mais quando é o Jorge que fica na minha cola, pelo menos ele é meu
amigo e sabe de tudo o que estou passando.
Quem não deve saber a essa altura do campeonato?
Afinal o idiota do meu noivo mandou o sogro para o hospital.
Cretino!
Ando pelas ruas em alta velocidade, com bastante pressa, pelo que me
disseram no telefone não vai demorar muito para que o pequeno potro nasça e vou
estar lá para recebê-lo.
Quando já estou entrando no haras meu celular toca novamente e o atendo
pelo viva-voz.
— Estou passando pelos portões do haras, como a Estrela está?
— Foi dispensada do serviço, Lorena, outro veterinário já está com a
Estrela cuidando dela.
O filho da puta na linha parece sentir prazer no que fala.
É sempre assim, tenho que provar quase que diariamente a minha
capacidade como veterinária.
Mas isso não vai ficar assim, não tive todo esse trabalho para outro tomar o
meu lugar.
— Com a ordem de quem isso foi feito?
— Don Riccardo. Mais alguma pergunta?
Desgraçado infeliz!
— Ele está aí? — pergunto tentando manter uma calma que no momento
não tenho.
— Não, mas ele foi avisado, afinal essa égua é a campeã dele.
A minha vontade é de gritar que sou a campeã dele, pois sem o meu
treinamento os cavalos não ganhariam as competições.
— Estou chegando e espero que os meus protocolos estejam sendo
seguidos, ou a coisa vai ficar muito feia.
Antes que ele fale mais alguma besteira, desligo a ligação na cara do idiota.
Já que somos todos da máfia e eles querem agir como animais marcando
território que seja então. Eu também sei ser assustadora quando se é preciso e hoje
é um desses casos.
Estaciono o carro na minha vaga e abro o porta-luvas tirando de dentro a
minha bela pistola czp10f semiautomática, calibre 9mm, com meu nome gravado
nela. Um belíssimo presente de aniversário do papai que me deu para que
conseguisse me proteger depois que mandei para o hospital um soldado que tentou
abusar de mim.
Saio do carro e coloco a minha belezinha no cós da calça para que todos
possam ver.
Se os homens podem andar armados por aqui, eu também posso.
Quero só ver se esses babacas vão ter coragem de me parar.
Vou andando em direção as baias onde Estrela é para estar e por onde passo
as pessoas vão me olhando de cima a baixo.
Não sei se é pela arma na cintura, ou pelo maldito anel no meu dedo.
A única certeza que tenho é que minha vontade é de tirá-lo, mas prezo
muito pela vida do meu pai.
— Onde ela está? — falo alto o suficiente para que todos escutem, porque a
minha Estrela não está onde deveria.
— Está na outra ala, doutora, o veterinário mudou o protocolo.
Fico com tanto ódio do que escuto que tiro a arma da cintura e fico com ela
empunhada em minha mão.
— Quem é o filho da puta desse veterinário?
Pelo olhar que o soldado me direciona não precisa nem mesmo falar o
nome, pois já sei quem é...
Francesco, o imprestável que sempre quis o meu lugar aqui dentro.
— Eu vou matar esse infeliz. — Saio andando quase que correndo para a
outra ala.
Ninguém que passa por mim, tem coragem de me parar, afinal sou uma
mulher armada com um anel de noivado enorme no dedo.
Eles sabem o que isso significa.
Mas quando chego na baia o que vejo me faz apontar a arma para a cabeça
do infeliz que parece que estudou em uma universidade clandestina, é a única
explicação.
O maldito mudou todo o protocolo que passei um ano desenvolvendo para
que esse momento fosse o mais adequado e confortável para a égua parir.
— Tire as mãos dela agora mesmo, ou vai levar uma bala bem no meio da
cara.
Ele arregala os olhos, mas logo dá um sorrisinho, que quase passa
despercebido, olhando para trás de mim.
— Don Riccardo, estou só fazendo o meu trabalho.
Era só o que me faltava agora!
Isso não pode estar acontecendo!
A minha vontade agora é de matar os dois.
— Você quebrou todo o meu protocolo, está tocando na Estrela, tirou o
animal do ambiente em que estava acostumada e familiarizada. Sabe muito bem
que é recomendado transferir a fêmea prenha para o ambiente, onde irá parir pelo
menos trinta dias antes para que ela possa se adaptar e produzir anticorpos
presentes no colostro para imunização do potro.
“O local precisa ser limpo, seguro, silencioso, com uma forragem adequada.
“Ela tinha tudo isso lá e agora olha como ela está?
“Nervosa e estressada e prestes a dar à luz.
“Você é um completo estranho e está tocando nela, o que também não é
recomendado.
“Posso até não te matar agora, mas com certeza vou te demitir seu incapaz
filho de uma grande puta.”
Ele fica furioso com tudo o que falo na cara dele, mas o desgraçado está
confiando em Riccardo que deu a ordem de me dispensar.
— Eu só estou cumprindo ordens, sua vadia. Não era nem mesmo para você
estar aqui.
Observo como a égua está nervosa então olho para trás encarando Riccardo
que também me olha.
— Riccardo, por favor, olhe para a Estrela, preciso ajudá-la.
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até que ele dá a ordem sem
nem mesmo tirar os olhos de mim.
— Faça o seu trabalho e levem esse veterinário para o meu escritório junto
com a ficha dele.
Quando Riccardo manda todos obedecem e não é novidade para ninguém o
que pode acontecer quando se é levado para o escritório do Don.
Francesco é tirado mesmo sob protesto da nossa presença, afinal por isso ele
não esperava.
— Me ajuda aqui. A culpa de Estrela estar assim é sua, por ter me impedido
de cuidar dela. — Jogo a arma que Riccardo apara no ar.
— Quem te deu uma arma, mulher? — ele pergunta de forma ríspida, mas
no momento não tenho tempo para discussões.
— É apenas para a minha defesa pessoal e só queria dar um susto no
Francesco. Ele é um burro, idiota, que não sabe fazer nada direito. Agora coloca a
arma ali em cima daquela mesa e me ajuda aqui, temos que acalmá-la.
Ele faz o que digo, tira a arma que tinha na cintura e coloca ao lado da
minha.
— Você disse que não é para tocar nela. Por que está tocando agora? — ele
pergunta se abaixando do meu lado.
Mesmo sem intenção nenhuma é impossível que não fique arrepiada com a
sua proximidade.
— Estranhos não, mas cuido dela há mais de um ano e você é o dono, deve
ter algum tipo de vínculo com a Estrela, apesar de que nunca te vi com ela antes —
falo com ele tentando deixar o ódio que sinto de lado, pois no momento o que
importa é a égua.
— Fim de semana. — Ele começa a acariciá-la assim como estou fazendo.
— O quê?
— Eu venho vê-la aos finais de semana, quando tenho tempo ou não estou
em uma missão. Negociei a Estrela pessoalmente, me apaixonei por ela assim que a
vi. Sabia que seria uma boa aquisição para o meu haras e para o centro de hipismo.
Encaro o homem no mesmo instante em que me olha, mas não consigo
descrever o sentimento que sinto em relação a ele.
Ficamos assim nos olhando até que sinto algo diferente em Estrela.
— Aconteceu a ruptura da bolsa, o fluido alantoide está sendo liberado,
olha só. O potro está posicionado para sair, afaste-se dela. Esse é o processo natural
da vida e Estrela sabe o que tem que fazer agora.
Riccardo faz o que digo, então me levanto e fico por perto monitorando a
minha linda Estrela.
— Você é uma boa médica veterinária — ele fala e me lembro que ele
mesmo mandou me dispensar do serviço.
— Eu sei disso, mas parece que ser bom não é suficiente para trabalhar para
você.
Sei que não deveria estar enfrentando esse homem que já me mostrou do
que é capaz de fazer, só que ter interferido no meu trabalho apenas para mostrar
que manda em mim, não foi a ideia mais inteligente, pois Estrela seria a maior
prejudicada nisso tudo.
CAPÍTULO 13
destemido é por causa de tudo o que meu pai me ensinou e me fez passar
durante o meu treinamento.
Há quem diga que irei conseguir bater todos os méritos dele na
máfia, o que creio já ter acontecido. Realmente, o lucro aumentou e muito
depois que assumi tudo e superar o meu pai foi mais fácil do que imaginei.
Mas não há nenhuma concorrência ou algo do tipo.
Só que ainda falta uma etapa a ser seguida e essa etapa
é o casamento. É só por isso que estou me controlando com Lorena.
— Sua pistola ficará mais segura comigo, mio caro[9].
Agora sim, ela entra de vez no escritório e ainda passa por cima do
morto parando na minha frente.
— Me devolva, Don Riccardo, que vou embora e me verá apenas no
dia do casamento como é a vontade do senhor. — Ela estica a mão e cruzo
os braços.
— Você gosta de me provocar, não gosta? Gosta de desafiar a minha
autoridade como Don, testa os meus limites para ver até onde vou. E olha
que essa é apenas a terceira vez que interagimos.
— Está enganado, sei até onde o senhor pode ir, pois, como mesmo
disse, já me deu provas disso. Eu só quero a minha pistola e depois vou
embora.
— E eu já disse que não.
Ela olha para o meu coldre, mas a pistola dela está na minha cintura,
no cós da minha calça social, bem na parte da frente.
— Olhe mais para baixo, piccolla[10].
Ela faz o que digo e não é só na pistola que ela presta atenção, mas
na porra da ereção dolorida que tenho agora, porque essa maldita de algum
modo tem esse poder sobre mim. Toda vez que a vejo fico excitado e estou
mais ainda agora, sabendo que ela realmente não parece ter medo de nada,
exceto que eu encoste no pai dela. Outra mulher em seu lugar teria saído
correndo desse escritório vendo um corpo sem vida no chão cheio de
sangue, mas ela não.
A diaba está aqui, na minha frente, encarando o meu pau, querendo
a pistola dela de volta, o que não vai acontecer.
— Vejo que tirar vidas deixa o senhor excitado, pois carrega uma
bela de uma ereção, Don Riccardo. Devolva a minha pistola e o senhor
pode ir rapidinho resolver esse seu problema em algum dos bordéis da
famiglia.
Acabo sorrindo para ela de um jeito que deixaria muita gente com
medo, mas ela não, então dou um passo em sua direção.
— Não tenho problemas em matar... Isso me acalma, me excita,
me sinto vivo. E você não tem noção de como estou me segurando para não
acalmar a minha ereção bem aqui mesmo, nesse escritório, em cima dessa
mesa, entre suas pernas, encaixado em você.
“Mas eu não posso, não posso te tocar até o casamento, essas são as
malditas regras, as tradições que infernizam a minha vida.
“Mas não se preocupe que logo, logo estará na minha cama, me
servindo, como tem que ser, como uma boa esposa.”
Ela fica vermelha e não é de excitação, é de raiva, mas sabe que não
pode falar nada.
Aprecio uma boa mulher e uma foda, mas nunca nenhuma mexeu
tanto com os meus instintos mais primitivos quanto essa mulher a minha
frente.
Lorena é marrenta, petulante, mas quero essa petulância
toda em cima de mim, cavalgando como uma boa amazona que ela é.
— Pode ficar com a minha pistola, posso conseguir outra. — Ela
vira as costas para ir embora, completamente sem jeito com as minhas
palavras.
Admito que fiquei satisfeito em deixá-la assim, mas não permito que
saia, então a pego pelo braço e puxo seu corpo para o meu.
— Como ousa me virar as costas, mia piccolla[11]? Como pode ser
tão insubordinada assim, Lorena? Sabe quem eu sou, sabe o que posso fazer
e mesmo assim é desrespeitosa. Você é minha, carrega a maldição do meu
anel no seu dedo, então, por que ainda luta contra isso sabendo que não tem
escolha? — Enredo a mão em seu cabelo, segurando firme o suficiente para
que ela não consiga mexer a cabeça e encosto a minha testa na dela. — Eu
não vou te machucar, nunca te machucaria, Lorena. Eu seria incapaz de
fazer isso com você. Mas não me provoque...
— Vai usar o meu pai contra mim, para me manter na linha como
mesmo disse.
Sinto um pequeno tremor em seu corpo, então deposito um beijo em
sua testa.
— Se for preciso sabe que sim. Mas, por agora, vou beijar você, já
que não posso te foder forte em cima dessa mesa, tendo como testemunha
apenas um corpo sem vida.
Antes que ela consiga reagir ao que falo grudo nossos lábios. Ela
tenta reagir no começo, mas insisto e quando mordo seu lábio ela abre a
boca. Começamos uma guerra de línguas que se duelam e se pressionam
uma na outra, quase como uma dança de poder.
Lorena geme na minha boca e logo suas mãos vão para a minha
nuca. Seus dedos começam a afagar o meu couro cabeludo, meu pescoço,
meus ombros e isso me deixa mais louco ainda por ela. Então, a levanto
pela cintura e a coloco sentada em cima da mesa com as pernas abertas me
deixando entre elas.
Chupamos nossos lábios verbalizando sons de puro prazer, acaricio
suas costas, pego sua bunda apalpando e apertando com força. Ela abre bem
as mãos para afagar meus braços parecendo se deliciar com meus músculos
enquanto pressiono seu corpo em minha ereção, tentando inutilmente
acalmá-la.
Essa mulher vai acabar comigo desse jeito.
— Não! Não podemos...
— Se eu quiser eu posso. — Passo a beijá-la novamente.
Assim como antes ela se entrega ao beijo e quando passo a chupar
seu pescoço até chegar no lóbulo da sua orelha ela geme meu nome, me
fazendo vibrar por dentro.
— Riccardo...
— Diga que também me deseja. — Aperto seus seios por cima da
blusa a fazendo suspirar.
— Não podemos, as tradições seriam quebradas.
Com isso a desgraçada consegue me parar.
— Maldição! Mas que inferno! — Estou prestes a beijá-la
novamente quando escuto a voz do meu irmão.
A porra da porta está aberta.
— Per l'amor di Dio, tenha respeito pelo defunto.
Um dia ainda vou acabar com o meu irmão e que mamma me
perdoe.
— Riccardo, afaste-se.
Lorena, é claro, se assusta com o intruso e me empurra.
Tudo o que me resta a fazer é arrumar meu pau dentro da calça, a
fazendo ficar vermelha.
— É assim que você me deixa, piccolla. Não vejo a hora de tê-la em
minha cama. Vai ser delicioso estar entre suas pernas.
— Será que os dois podem parar com a safadeza por um instante?
Temos que recolher o lixo. Depois eu que sou o sádico.
Desço Lorena da mesa e ela se ajeita da melhor forma que pode,
mas quando dá um passo ela se desestabiliza e a seguro.
— Desculpa, é que eu, eu, eu...
— Quando foi a última vez que comeu?
Ela pisca seus lindos olhos, me encarando.
— Não minta pra mim, Lorena, odeio que mintam pra mim e que
tentem me enganar.
— Estava cuidando do meu pai no hospital, não tive muito tempo
para comer. — Ela parece lembrar do que fiz, por isso me empurra com
mais força e a solto.
— Vá ver como Estrela está. Encontro com você nas baias, vou te
levar para jantar.
— Vou para casa, meu pai já deve ter recebido alta uma hora dessas,
o senhor pode seguir...
— Eu não estou perguntando a sua opinião, Lorena, estou
informando que vou levar você para jantar. E nem adianta pedir a sua
pistola que não vou entregar, você já é perigosa demais desarmada. E
duvido muito que saiba como usar uma pistola como essa. Agora vá. —
Aponto para a porta e a vejo travar o maxilar com tanta força que chega a
tremer. — Não me desafie!
— Odeio você com todas as minhas forças.
— Não era isso que estava parecendo agora pouco, piccolla.
Ela me olha semicerrado e vira as costas saindo, passando pela porta
feito um furacão.
Ela não se dá nem mesmo ao trabalho de cumprimentar o meu
irmão.
— Está brincando com fogo, Riccardo, estou só avisando.
Sorrio para ele.
— Sei muito bem como apagar o fogo dela.
Meu irmão balança a cabeça sorrindo e ordena que os soldados
entrem para limpar a bagunça que o meu escritório se encontra.
Lorena vai andar na linha comigo...
Ah, mas vai!
CAPÍTULO 15
Lorena...
Essa mulher é diferente de todas as que já vi.
Nunca na minha maldita vida tinha visto uma mulher com tamanha
petulância, me encarando, se colocando na frente de outro homem,
praticamente implorando pela vida do desgraçado, e o pior foi que cedi.
Não sou de ceder, isso não acontece nunca.
Agora estou aqui, o Don da Cosa Nostra, dentro do carro esperando
pela mulher que resolveu ir ver a égua que deu cria antes de sairmos. Não
espero por ninguém, esperam por mim, até mesmo os condenados esperam a
morte pelas minhas mãos.
— Don Riccardo, acho que me sujei um pouquinho com a Estrela.
Olha só que tragedia, acho que vamos ter que adiar o nosso jantar. Uma
pena, pois, realmente, estava morrendo de fome. — Ela aparece do nada ao
lado da porta do motorista onde estou, com um maldito sorrisinho nos lábios.
Essa infeliz pensa que não sei o que ela está tentando fazer. Ela fez
um parto de uma égua e não se sujou, mas agora me aparece desse jeito.
— Uma pena que terá que ir ao restaurante desse jeito. Agora entre
no carro. — Giro a chave na ignição dando partida no carro e Lorena me
encara incrédula.
— Eu não vou sair desse jeito, Don Riccardo. Estou imunda não está
vendo? — Ela mostra o corpo.
— Sim, estou vendo que fez isso de propósito, agora entre no carro.
— Não vou entrar. Não vou sair com o senhor para lugar nenhum
desse jeito. — A demônia cruza os braços batendo o pé.
Acho que Lorena ainda não se deu conta de verdade com quem está
lidando.
— Engraçado que há pouco, enquanto pedia quase que implorando
pela vida do seu amiguinho, eu era apenas Riccardo. Agora está aqui na
minha frente, toda suja sabe Deus de que, me chamando de Don e de senhor,
tudo isso porque disse que iria levá-la para jantar. Uma bela forma de
agradecimento, não acha?
Ela me olha desconfiada e é bom que fique mesmo.
— Eu apenas me sujei cuidado da Estrela, foi apenas um acidente.
Balanço a cabeça concordando com ela, afinal se ela quer do jeito
difícil, por mim, tudo bem.
Pego o celular fazendo uma ligação.
— Para quem está ligando?
Levanto o dedo e ela se cala por um momento.
— Riccardo, para...
— Don Riccardo falando, marque uma reunião para hoje à noite no
meu escritório com Alessandro Moretti e o filho dele, preciso...
— Eu vou com você, por favor, não faça nada, vou. — Ela segura no
meu braço, me interrompendo, como se não tivesse visto o que aconteceu no
meu escritório agora pouco quando fui interrompido.
Lorena não tem limites e as coisas funcionam na base da chantagem
com ela. O problema é que não fico só na chantagem, eu as cumpro.
— Solte o meu braço agora mesmo, você está pedindo por isso,
piccolla.
Ela faz que não com a cabeça.
— Eu já disse que vou com você, Riccardo, só não faça nada com o
Bernardo e o pai dele.
Encaro a mulher a minha frente e vejo o medo e desespero em seus
olhos.
Isso é bom, muito bom...
— Chefe, a reunião...
— Cancele — respondo ao soldado do outro lado da linha e vejo
Lorena respirar aliviada, enquanto guardo o celular no bolso.
— Será que pode pelo menos passar na minha casa primeiro para que
eu possa tomar um banho rápido e trocar de roupa? Vai ser vergonhoso
entrar em um restaurante suja desse jeito ao seu lado.
Eu deveria fazê-la ir assim mesmo, porque sei que essa sujeira toda
foi proposital.
— Entre logo na porra do carro antes que perca o restinho de
paciência que tenho com você. E não abra a droga da boca para reclamar de
nada.
Vermelha de raiva ela dá a volta no carro e entra no lado do
passageiro batendo a porta com mais força do que deveria, como uma
criança pirracenta.
Preciso fazer Lorena entender como as coisas vão funcionar e que
para que ela continue tendo a vida que tem, que tanto gosta, vai ter que andar
em uma linha muito reta comigo. Qualquer vacilo, qualquer tomada de
decisão errada terá uma consequência muito desagradável para ela.
— Depois do nosso casamento terá outras responsabilidades, não
poderá mais se expor da maneira como vem acontecendo. — Coloco o carro
em movimento sendo seguido pelos meus homens de confiança, mas a cara
que Lorena faz mostra que ela não gostou muito do que escutou.
Conhecendo as mulheres como conheço ela vai se fazer de
desentendida agora.
— Como assim outras responsabilidades? E a parte de me expor eu
também não entendi muito bem, já que as competições chamam muito
atenção, ainda mais quando se ganha as medalhas de ouro.
Sorrio para ela.
— Você entendeu sim, mia piccolla. Se eu tiver que escolher entre a
segurança da minha esposa e uma medalha de ouro, com toda certeza a
segurança da minha mulher ganha. Você não é a única amazona do mundo
ganhadora de medalhas, te substituir é muito fácil. — Olho rapidamente para
Lorena que mantém o olhar cravado em mim.
A menina está pálida feito um fantasma, como se a vida tivesse sido
arrancada dela apenas com palavras e, por alguma razão muito estranha, me
sinto mal em vê-la assim, sem reação nenhuma.
— Então é assim que a minha vida acaba — ela fala se ajeitando no
banco do carro, olhando para frente.
Essa não era a reação que estava esperando, pensei que fosse gritar,
espernear e me xingar. Esperava tudo, mesmo o que estou vendo.
— Sua vida não vai acabar por isso, Lorena. Muito pelo contrário,
será a esposa do Don, terá o mundo aos seus pés.
Ela passa a mão rapidamente pelo rosto, então percebo lágrimas em
seus olhos, lágrimas sutis, mesmo assim são lágrimas de tristeza e não era
para estar me sentindo mal com isso.
— Dois dias atrás acordei feliz, porque participaria de mais uma
competição e tinha certeza da vitória. Sempre tenho certeza das minhas
conquistas, porque me esforço ao extremo, me esforço para sempre ser a
primeira colocada.
“Tinha planos de sair pelo mundo competindo, porque foi para isso
que estudei e treinei a minha vida inteira.
“Enquanto as poucas amigas que tinha estavam sendo moldadas para
se tornarem bonecas manipuláveis da máfia, eu estava treinado, estudando,
virando a noite até cair de cansaço.
“Fui a primeira da minha turma na faculdade de medicina veterinária
e chorei de emoção ao ver o quanto meu pai estava orgulho de mim.
“Aquele orgulho que vi nos olhos dele fez todo o meu esforço e
noites sem dormir valerem a pena.
“Estava me tornando muito mais do que só uma mulher comum da
máfia, estava mudando o meu destino, tentando ser inspiração para que
outras, como eu, tentassem também ter uma vida diferente. Uma vida que
não fosse só se casar com um marido muito provavelmente abusivo e encher
uma casa de filhos. Filhos esses que também serviriam a máfia como um
círculo vicioso que não acaba nunca.
“Filhas de soldados não precisariam de casamentos estratégicos.
“Sei que nunca poderei sair da máfia, porque nasci nela, mas eu tinha
a certeza de uma vida diferente, a certeza que me foi tirada no dia em que o
destino me colocou no seu caminho.
“Vinte e seis anos da minha vida foi jogado fora apenas porque tive a
infelicidade de cruzar o caminho do Don da Cosa Nostra.
Agora tudo o que tenho vai ser tirado de mim, então a morte seria um
destino muito melhor do que o que me espera.”
Ela termina de falar e vira o rosto encostando a cabeça na janela do
carro.
Tenho que admitir que suas palavras me deixaram com um peso no
coração. Lorena teve uma vida muito diferente da que as mulheres da máfia
estão acostumadas, mas ela apenas estava se iludindo achando que poderia
viver de uma forma diferente. O pior foi que Félix permitiu isso, permitiu
que a filha vivesse uma ilusão.
Não que estudar fosse se tornar um problema na vida dela, é bom que
as mulheres estudem, mas nunca passa disso. Os pais não permitem que
passem disso, porque todos querem bons casamentos para as filhas.
Eu não fiz as regras, já nasci dentro delas, tendo que segui-las
também.
Para todos sou apenas o monstro, o Diabo encarnado, mas nunca
ninguém parou para pensar no processo que me fez chegar até aqui.
— Sinto muito ter sido eu a acabar com os seus sonhos. Mas nunca
poderia fugir do seu destino, Lorena.
“Por mais que conseguisse tudo o que queria e planejava, uma hora
ele ia bater na sua porta e você seria arrastada de volta para a sua realidade.
“Se me permite te dar um conselho, não tente que ir contra as minhas
vontades, piccolla.
“Já mostrei a você do que sou capaz.
“Não tenho escrúpulos, Lorena, e quero você, foi a minha escolhida.
“Não tente lutar contra isso, porque não tenho coragem de encostar
um dedo em você, mas apenas em você.
“Não posso dizer isso de outras pessoas.”
Ela entendeu muito bem o que quis dizer com isso.
— Você é um monstro desumano.
— Sou sim, amore mio[12], já nasci com esse destino traçado para
mim. Diferente de você, não tive nem mesmo a oportunidade de
experimentar algo além do que já estava traçado para mim. Nascemos na
máfia, Lorena, sob as leis e regras que ela nos impõe, e não se pode fugir
disso nunca.
CAPÍTULO 17
mesmo, por alguns instantes, chego a esquecer que estou sendo obrigada a
me casar.
Dona Giulia está tão empolgada com a cerimônia e a festa que acaba
me animando também. A mulher é uma máquina de planejar festas e com
toda certeza vou precisar muito dela para me ensinar tudo o que sabe.
Segundo ela, terei que organizar alguns eventos em nome da empresa da
família, já que para todos de fora da máfia, meu noivo é um grande
empresário de sucesso, o que não deixa de ser verdade.
Riccardo sempre está nas notícias, já ganhou inúmeros prêmios
mundo a fora com a sua empresa e a Itália gira em torno dos seus negócios.
— Pronto, Lira, por hoje é só, querida. Você deve estar cansada de
ter passado a tarde inteira aqui comigo. Eu também estou exausta, mas
conseguimos adiantar muita coisa. Amanhã me encontrarei com a
cerimonialista, ela irá ajudar também, já que o tempo é o nosso inimigo.
Eu a ajudo a se levantar.
— Foi cansativo, mas empolgante, me fez até mesmo esquecer... —
Eu me calo antes que saia o que não se deve.
— Que está se casando obrigada?
— Me desculpa, eu...
— Não se desculpe por isso, querida, não está falando nenhuma
mentira. Eu, realmente, não queria que fosse assim. Ainda tentei criar meus
filhos com princípios, mas só fui influenciável na vida deles até certo ponto,
depois disso... — Ela para de falar e entendo o que quer dizer.
— Eles foram para o treinamento da máfia e se transformaram nos
monstros que são hoje.
Seus olhos ficam marejados.
— Não pude fazer nada para impedir.
“Meu marido ao longo dos anos fez muitas das minhas vontades,
mas em relação a isso não pude opinar e nem interferir.
“Meu lindo garotinho, aquele que seria o Don, teve que se
transformar em um homem com apenas treze anos e quando ele voltou para
os meus braços já não era mais o meu menino.
“Muitos falam que fui abençoada, que dei ao meu marido dois filhos
homens, mas temo pela vida dos meus filhos desde o nascimento deles,
porque sei que cada vez que saem à serviço da máfia, a possibilidade de
voltarem para mim, é quase zero.”
Ela fala como se doesse em sua alma e sei que esse é o futuro que
me aguarda, o que me faz pensar se ter um filho é uma opção.
— Eu sinto muito, deve ser bem difícil para senhora passar por isso.
Ela sorri sem querer.
— Foi mais difícil para eles, querida. Riccardo ainda tentou resistir
ao treinamento, Lorena, e foi jogado em uma ilha sozinho por mais de trinta
dias, sem comida, sem água, sem exatamente nada. Ele teve que aprender a
sobreviver sem ajuda nenhuma, apenas com o conhecimento básico que
possuía.
“Foi lá, sozinho, que ele entendeu que não adiantava resistir, ou
seria pior.
“Espero que você não tenha que passar pelo que passei, pois, dói
demais ver nossos filhos sendo transformados em assassinos a sangue frio.
“Rezo todos os dias para que Riccardo seja mais piedoso com os
filhos do que o pai foi com ele.”
Ela segura minha mão, beija o meu rosto e fico pensando no que
falou.
Não vou permitir que meus filhos sejam treinados dessa maneira
sobre-humana, e sei que piedade não existe no vocabulário do Don da
máfia.
— Não pense demais, Lorena, e não sofra antecipadamente. Agora
vá que Riccardo deve estar esperando por você no escritório. Ele deve
querer te levar para casa assim como fez questão de te buscar. Se quiser
posso te acompanhar até lá.
— Não precisa, senhora, me indique a direção que vou sozinha. A
senhora está cansada, então suba para o quarto e descanse.
Nos despedimos já deixando marcado o dia para irmos à loja de
noivas para encomendar o meu vestido.
Espero que dê tempo até porque não faço questão de nada muito
exagerado.
Saindo da biblioteca vou andando em direção ao escritório que
Giulia indicou o caminho, já que essa casa é enorme e a possibilidade de me
perder é muito grande.
Devem trabalhar aqui muitos empregados para manter tudo limpo e
organizado, afinal até agora observei que não existe nada fora do lugar e
tudo é extremamente muito organizado.
Vejo uma porta muito grande de duas abas e pela descrição da
minha sogra esse é o escritório, então me aproximo e quando estou prestes a
bater na porta escuto a voz do Diabo.
Pelo jeito ele está no telefone.
Encosto o ouvido na porta para tentar escutar melhor o que ele está
falando.
Não sou fofoqueira, mas ele está falando alto demais e não vou
interromper a conversa.
— Eu a quero na minha cobertura em uma hora. Não me importo se
ela tem clientes, cancele tudo, pois hoje ela só serve a mim e a mais
ninguém. Preciso disso, Antônio, preciso relaxar. Você escolhe, ou é sexo,
ou arrume uns cinco homens para que eu torture até a morte.
Mas que cretino filho de uma...
— Foi o que pensei, uma hora e nem um minuto a mais.
— Escutando atrás da porta, cunhadinha?
Levo um susto tão grande que só não grito porque Carlo tampa a
minha boca.
— Quietinha, quer morrer antes do casamento? Porque é isso que
vai acontecer se o meu irmão te pegar escutando atrás da porta. — Ele tira a
mão da minha boca e me viro para ele.
— Que susto, Carlo. Assim é você que vai me matar.
— A sua sorte é que fui eu, já imaginou se fosse o meu pai?
Eu não quero imaginar uma coisa dessas.
— Você pode me levar para casa? O safado do seu irmão está
marcando um encontro com outra mulher na cobertura dele.
Ele segura minha mão e sai me puxando, até que entramos em outra
porta e vejo que é tipo uma sala de visitas.
— Se importa com isso, Lira? Se importa do Riccardo estar
marcando um encontro com outra mulher?
Que pergunta descabida é essa do Carlo?
— Ele me obrigou a usar isso. — Levanto a mão e mostro o maldito
anel de noivado. — É claro que me importo dele estar me traindo. Ele quis
atirar na cabeça do Bernardo só porque ele me abraçou. O Don pode se
divertir com quantas mulheres quiser? Isso é um absurdo, a máfia inteira já
sabe do nosso compromisso e tenho uma imagem a zelar, cunhado. Vou ser
motivo de chacota para aquele bando de macho no haras e sabe disso.
Lorena Bernardi, a noiva traída do Don.
Carlo sorri do que falo.
— Mas ele é homem, e como você mesmo acabou de falar é o Don.
Ele pode, você não.
— Sério que você é que nem ele?
Carlo arqueia a sobrancelha.
— É claro que é, afinal os dois tem o mesmo sangue correndo pelas
veias. Dio mio, onde estão me metendo?
— Não me compare com ele. Riccardo hoje também me estressou e
muito. Ele não obriga só você, cunhadinha, a um casamento que não deseja,
ele fez isso comigo também. Ele é o Don e pode fazer o que quiser, nunca
se esqueça disso, Lorena.
Eu me surpreendo com isso.
— Você vai se casar também? — pergunto já sentindo pena da
coitada que vai ser obrigada a entrar para essa família.
— Eu queria me casar com você, mas ele apontou uma arma bem no
meio da minha testa. Tentei te salvar, mas não foi possível, sinto muito.
Agora respondendo a sua pergunta, sim, vou me casar, mas antes disso
acontecer vou aproveitar ao máximo.
— Mas que porra de conversa é essa, Carlo?
Ele sorri.
— Olha... Você sabe falar palavrão, gostei.
— É claro que falo palavrão, idiota, já viu muitas vezes eu mandar
aqueles soldados incompetentes irem se foder.
— Acabou de chamar o subchefe da Cosa Nostra de idiota?
— Sim, quer que eu chame de novo?
Ele fica me encarando por um tempo.
— O meu consolo é saber que o meu irmão vai se casar com você.
O infeliz vai pagar por todos os pecados dele nessa Terra e vou me divertir
muito assistindo de camarote.
— Larga de falar besteira, Carlo. Vai me levar para casa ou não?
Ele me analisa.
— Que tal um lugarzinho mais movimentado, está estressada,
cunhadinha, precisa relaxar. Vamos lá. — Ele segura meu braço, mas antes
de abrir a porta o paro.
— Os soldados vão avisar para o Riccardo assim que colocar os pés
na boate, sei que é para lá que você quer ir.
Ele arqueia uma sobrancelha.
— Eu te conheço bem, Lira, somos farinha do mesmo saco, a
diferença é que o meu saco tem mais poder que o seu.
— Carlo! — Bato o pé para ele.
— Vai aceitar o chifre assim de bom grado sem fazer nada para
impedir? Esperava muito mais de você, piccolla, ou é amore mio que ele
chama?
— Não subestime a minha inteligência, Carlo. Sei que está querendo
me usar para provocar o seu irmão.
— Até parece que preciso de você para provocá-lo, se quiser fazer
isso é só ir para a boate e comer a puta preferida dele antes que o infeliz
chegue lá.
“Gosto de você, Lorena, não merece o destino que vai ter.
“Riccardo não é bom, ele não ganhou o apelido de Diabo à toa. Ele
já fez coisas horríveis e tem várias amantes.
“Ele não vai poder te trair depois do casamento, mas até que isso
aconteça ele pode comer quantas prostitutas der conta, enquanto você fica
em casa chorando pelos cantos por causa da sua vida que vai ser triste no
futuro.
“Ele pode até descobrir que você vai estar na boate comigo, Lira, e
nós dois saímos ganhando.”
— Como assim, explique melhor, porque você é o irmão que ele não
pode matar, seria traição contra o sangue. Quanto a mim, sou apenas a
noiva que teve o pai espancado.
— Riccardo está bêbado, Lorena, e ele não vai fazer nada. Ele deve
ter recebido notícias da... Melhor você não saber.
— Saber do quê? — Dou um passo à frente.
— Não é da sua conta, a questão é que vou conseguir irritá-lo mais
ainda por te levar para a boate e você vai conseguir impedir que ele te traia
com a gostosa da... Você também não precisa saber o nome.
A minha vontade é de bater nesse infeliz que fala as coisas pela
metade.
Vou dar uma dor de cabeça para o meu noivo hoje, assim ele
aprende que não pode brincar comigo. Se ele quer esse casamento vai ter
que ser fiel desde agora.
— Vamos lá então e não me impeça de fazer nada quando
chegarmos lá.
Carlo levanta as mãos em sinal de rendição.
— Quem sou eu para ir contra uma ordem da futura rainha da máfia.
CAPÍTULO 27
Casamento...
Tentei escolher os detalhes da cerimônia o mais básico possível,
mas, segundo a minha sogra, não podemos ter dó de gastar o dinheiro do
marido. Ainda segundo ela, vou ser a rainha da máfia, a rainha do Riccardo
e dinheiro não é problema.
Gaste e mande a conta, esse é o lema dela.
Nunca serei rainha, não como gostaria, mas ela insiste, dizendo que
hoje é por obrigação esse matrimônio, mas chegará um dia em que veremos
que foi por amor, mesmo batendo um de frente ao outro.
Que num futuro próximo será lembrado com perfeição, então ela
caprichou em exatamente tudo.
Ela fez a minha vontade e meu casamento será ao ar livre em um
fim de tarde no jardim da mansão da máfia.
Se fosse uma jovem apaixonada estaria contente, mas tudo o que
mais desejo é sair correndo feito uma louca.
Só que não posso.
Apesar da minha tristeza, ficou tudo muito lindo, elegante, um luxo
aos olhos da corja mafiosa.
Um portal todo decorado foi montado no jardim da casa com
delicadas flores, que segundo minha sogra se chama mosquitinhos, além de
uma passarela espelhada com as laterais enfeitadas. As cadeiras dos
convidados optei pelas de cristais transparentes com almofada branca. Há
também o pergolado montado com várias flores, voal, luzes e cascatas de
cristais e um pequeno altar com apoios almofadados para se ajoelhar e
quatro poltronas ao fundo para nossos pais se sentarem.
Claro que o lugar da minha mãe estará vazio, mesmo assim estará
lá.
Tudo está perfeito e digno de uma rainha.
A recepção será aqui também, no salão de festas anexo à mansão.
Tudo nesse lugar é enorme e mal conheço tudo, na verdade, as vezes
em que estive aqui durante os preparativos não me dei ao trabalho de
explorar os ambientes, mas creio que tem de tudo nessa casa.
Enfim, depois descubro.
Optamos por uma decoração clássica e romântica, sinal de
esperança de mudança de Giulia Bianchi, não minha.
Mas fui no embalo dela e gastei sem dó nem piedade, afinal não era
isso que ela queria?
Pois, foi isso que ela teve.
Para a recepção escolhi mesas de vidro e cadeiras de cristal,
transparente e, além da mesa dos noivos, pais e padrinhos, tudo com
arranjos de flores delicadas, como rosas, mosquitinhos, lírios e folhagens
verdes. Mesa de doces, bolo e iluminação.
Tudo estará perfeito no enorme salão.
O nome de cada convidado da famiglia, está devidamente
personalizado e colocada em cada mesa indicando o lugar de se sentar.
Tudo de boa qualidade, afinal com dinheiro se compra tudo e o
evento sairá perfeitamente conforme planejado.
Desde o dia da noiva até a cor do guardanapo de mesa, tudo em
perfeita sintonia, exceto eu.
Como disse o dinheiro compra tudo, ou quase tudo e eu, por
exemplo, continuo insatisfeita.
Mesmo a cerimônia não sendo em uma igreja, será realizada por um
padre do Vaticano como manda a tradição, disso Riccardo não abriu mão.
— Lira, querida, chegou o momento, seja a menina forte que sei que
você é — meu pai fala assim que entramos no campo de visão de todos e
meu coração se aperta.
— Pai, não sei se consigo fazer isso. — Minha voz sai embargada.
— Consegue sim, seja sempre firme, forte e corajosa. Ele não
escolheu você? Mostre ao Don da Cosa Nostra quem é Lorena Bernardi.
Agora vamos, pois, vou me deliciar em ver a cara do Don te vendo vestida
de noiva, a noiva mais linda que esse mundo de merda já viu, a minha
menina. — Meu pai passa a mão pelo meu rosto e segura meu queixo me
fazendo encará-lo. — Não se preocupe comigo, vou ficar bem e você,
minha filha, sempre vai ser o meu orgulho. Don Riccardo não vai nem saber
o que o atingiu, afinal ele mesmo procurou por isso.
As palavras do meu pai me dão força para continuar.
Uma das damas de honra me entrega o buquê e Rosa aparece do
nada, preocupada.
— Riccardo está quase vindo aqui buscar você, está uma hora
atrasada, Lira.
Ao ver Rosa na minha frente algo me vem à cabeça, afinal essa
mulher me criou como se fosse filha dela.
Antes de tomar qualquer decisão, busco com os olhos pela minha
sogra, que parece ler meus pensamentos e sorri para mim, como se dissesse
que a decisão é minha.
— Rosa, entre comigo e o papai, preciso de mais alguém me
arrastando até o altar.
Ela arregala os olhos como se estivesse acabado de falar uma
blasfêmia.
— Mas, não estaríamos quebrando as tradições?
— Que se fodam as tradições! Elas foram feitas para serem
quebradas. Agora entrem e mostre para o meu filho quem é que manda na
porra toda agora, Lorena.
Minha sogra não cansa de me surpreender.
Como queria ter essa autoestima em relação ao meu casamento.
Todos olham em minha direção quando entro com meu pai e Rosa.
Uns tem um olhar divertido, outros de reprovação, alguns aplaudem e
muitos ainda cochicham, dizendo que quebrei a tradição.
Caminhamos devagar, pois não tenho a menor pressa de chegar no
altar.
Sinto que minhas pernas podem quebrar a qualquer momento por
conta do meu nervosismo.
— Tenha cuidado com aquela mulher, ela é uma cobra venenosa e se
acha, só porque o marido dela é um capo agora. — Rosa mostra com a
cabeça uma senhora elegante que me olha com a cara feia.
— Por que ela me olha assim?
Rosa sorri.
— A filha dela era uma das pretendentes do Don.
Fala sério, se ela soubesse que cederia o meu lugar para a filha sem
pensar duas vezes não me olharia assim, como se quisesse me matar.
Olho para frente e Riccardo me espera no altar com uma expressão
sem qualquer demonstração do que está sentindo.
Confesso que é ruim não saber o que ele está imaginando, pois,
poderia me preparar se ele me mostrasse alguma emoção.
Paramos em frente ao altar e meu noivo se aproxima para segurar a
minha mão no momento em que meu pai a solta.
Isso significa que agora serei dele para sempre.
Todos aplaudem quando ele segura minha mão e me olha com um
sorriso.
O Diabo sorri e até mesmo parece ser sincero, mas não me engano
com essa sua máscara, afinal ele tem que mostrar o mínimo de satisfação
em seu casamento.
O padre dá início à cerimônia assim que Rosa pega meu buquê. Ele
celebra a união em latim e às vezes fala algo em italiano, sempre exaltando
o poder do amor e o que é necessário para cultivá-lo, como se Riccardo
fosse se importar com esse papo de amor.
Será que as pessoas são tão doentes ao ponto de achar isso tudo
normal?
Todos nessa cerimônia sabem que estou me casando obrigada, mas
ninguém fala nada e parecem estar felizes pelo meu triste destino.
— Riccardo Bianchi, aceita Lorena Bernardi como sua legítima
esposa, prometendo amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na riqueza e
na pobreza, por todos os dias da sua vida até que a morte os separe?
Riccardo olha para mim e diz num tom alto e claro para que todos
ouçam:
— Sim.
— Faça os seus votos — pede o sacerdote.
— Eu, Riccardo Bianchi, prometo estar contigo, Lorena, na alegria e
na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te,
respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a
morte nos separe — fala segurando em minhas mãos, olhando em meus
olhos.
Por um instante, o vendo falar assim, quero acreditar e imaginar que
podemos ser felizes.
Mas o olhar que ele lança a uma das convidadas, bem na minha
frente, no altar, me faz esquecer tudo o que disse.
Quem será essa mulher?
Não tenho muito tempo de pensar já que a pergunta que foi feita a
ele agora é dirigida a mim.
— Lorena Bernardi, aceita Riccardo Bianchi como seu legítimo
esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na riqueza e
na pobreza, todos os dias de sua vida, até que a morte os separe? — Olho
para trás, vejo todos os convidados e constato que não tem como fugir
daqui, muito menos do meu destino.
— Sim — falo com uma dor no coração.
— Faça seus votos.
— Eu, Lorena, prometo estar contigo, Riccardo, na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te,
respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a
morte nos separe — falo cada palavra com lágrimas nos meus olhos e a voz
embargada.
A minha vontade é de gritar socorro na frente de todos, mas seria
em vão e ninguém iria me socorrer.
— Se alguém aqui presente tiver algo contra esse casamento que
fale agora ou cale-se para sempre.
Percebo que meu pai irá se levantar, mas o acalmo com o olhar,
afinal Riccardo o mataria se ele interrompesse a cerimônia.
— Eu vos declaro marido e mulher. O que Deus uniu, o homem
jamais conseguirá separar — o padre fala dando a benção final em latim e
em meu peito arde a dor da decepção que a minha vida está se
transformando.
— Agora pode beijar a noiva.
Todos estão numa expectativa enorme para o beijo, mas não quero e
até seria capaz de empurrá-lo, só que não posso. As lágrimas escorrem por
meu rosto e o vejo levantar meu queixo para me beijar. Riccardo me dá um
beijo calmo e respeitoso na minha testa, outro na minha bochecha e um
selinho quase que de surpresa, em seguida, suas mãos tocam meu rosto com
autoridade, onde diz que pertenço a ele agora.
Sim, eu pertenço.
Agora é tarde, pertenço a ele!
— Finalmente minha e isso ninguém poderá mudar mais. E não se
preocupe, querida esposa, irá me pagar pela afronta que me fez passar hoje.
— Ele passa a ponta dos dedos pelo meu braço e entendo muito bem o
recado dado. — Agora só nos resta a festa, e depois disso, nada mais me
impedirá de tornar você a minha mulher.
É nessa hora que meu pobre coração se acelera e bate forte no peito.
Certamente, devo ter mudado de cor porque Riccardo analisa cada
uma das minhas feições.
Vou estar perdida se ele não me aceitar depois dessa noite, pois meu
destino agora está nas mãos do pior Don que a Cosa Nostra já teve,
Riccardo Bianchi.
CAPÍTULO 30
— Um dia ainda vou arrancar essa sua língua. As coisas agora vão
ser diferentes, Lorena, você é minha, e viverá sob as minhas regras, as
regras da máfia. Será a esposa obediente e submissa que tem que ser,
enquanto eu...
— Não sonhe com isso.
Aperto sua cintura com força e colo seu corpo mais ao meu.
— Tem certeza que quer discutir isso aqui, amore mio, na nossa
festa de casamento?
Ela travar o maxilar e respira fundo.
— Eu odeio você e, por mim, pode voltar hoje mesmo para a
Calábria. Vá comemorar a sua noite de núpcias com a vagabunda para
quem estava olhando enquanto fazia os nossos votos de casamento.
Sei que ela está falando de Antonella.
— Ciúmes, esposa? Garanto que de vagabunda ela não tem nada,
muito pelo contrário.
Lorena fica vermelha de raiva e tenta me empurrar, mas a seguro
com força e percebo que algumas pessoas cochicham pelo que veem, já que
todos estão de olho em nós.
— Me solta agora mesmo, ou...
— Ou o quê? Vai fazer uma cena aqui, bem no meio da recepção do
nosso casamento?
“Vai ficar quietinha e já vou logo avisando que o seu pai terá uma
proteção especial a partir de hoje, afinal ele é da família agora.
“Ah, e não poderia me esquecer da Rosa, afinal ela te levou até o
altar junto com o seu pai, então é da família também.
“Sou o homem que protege a família, então é bom que se comporte
muito bem. — Sinto seu corpo estremecer em meus braços.
— Não pode me ameaçar para sempre com isso.
— E quem disse que estou te ameaçando, amore mio, só estou
informando que vou cuidar da sua família de uma maneira especial, tenho
muitos inimigos.
Ela respira fundo.
— Você é um monstro.
— Nunca disse o contrário, piccolla.
A valsa acaba e quando a solto, ela corre para os braços do pai sem
nem mesmo me olhar, então, minha mãe se aproxima e começamos a
dançar.
— O que falou para ela?
Olhamos para minha esposa dançando com meu sogro e percebemos
que ele tenta consolá-la com alguma coisa que ela fala.
— Nada de mais, só estava explicando a ela que cuido muito bem da
nossa família. — Meu olhar rapidamente se cruza com o de minha esposa,
mas ela logo desvia o olhar.
— Riccardo, não vou permitir que você machuque essa menina.
Agora olho para a minha mãe.
— A senhora não pode fazer nada, mamma. Como teve coragem de
permitir que ela usasse aquele vestido?
Ela apenas sorri.
— Admita, Riccardo, sua esposa é a noiva mais linda que você já
viu nessa vida e ela é toda sua. Cuide dela com o devido respeito, lembre-se
dos votos que fez a ela perante Deus. Agora me diga, o que Antonella está
fazendo aqui?
Minha mãe tem razão, a Diaba está linda e meu pau lateja só de
olhar para ela. Vou acabar com essa porra de festa mais cedo do que
deveria, afinal já esperei demais para tê-la em minha cama.
— O que Antonella faz aqui também não é da sua conta, mamma.
— Riccardo, nem pense em trair sua esposa, isso é inadmissível e
vai contra as malditas tradições que tanto prezam.
— Ah, então quer dizer para isso as tradições valem, agora para a
minha noiva quebrá-las no dia do casamento, tudo bem.
— Não seja ridículo, Riccardo, são coisas totalmente diferentes.
— Não, mamma, as tradições foram criadas para manterem as coisas
em ordem, então...
— Então, nada. Vou ficar com meus dois olhos bem abertos em
cima de você, Riccardo, e nem pense em levar a sua mulher para aquela
maldita cobertura. Ela vai ficar aqui e você também, onde posso vigiar os
dois. Não vou permitir que essa menina passe pelo que passei.
Eu não tenho nem mesmo a chance de falar nada porque a música
acaba e então vejo Lorena começando a dançar com o meu irmão, mas, para
mim, já chega.
Saio da pista de dança e vejo Antonella se despedindo de Antônio,
então resolvo ir até eles, pois preciso falar com ela, saber se está bem.
— A festa mal começou e pelo que estou vendo já está de saída.
Antonella fecha os olhos por breves segundos quando escuta a
minha voz.
— Ric. — Ela se vira na minha direção e me dá o mais belo e puro
sorriso.
— Meu namorado me espera no hotel, amanhã partimos daqui para
a Grécia.
Travo o maxilar só de escutar isso.
— Onde conheceu esse homem?
— Isso não é da sua conta, Riccardo — Antônio chama a minha
atenção.
Para não ser mais interrompido por ele, seguro no braço de
Antonella, a tiro do meio da festa e a levo até um local mais afastado, perto
da piscina.
— Riccardo, isso não é certo, me solta, a sua esposa viu você me
arrastando até aqui.
— Eu não me importo, só quero saber se está segura ao lado desse
homem.
Ela olha de um lado para o outro, preocupada.
— Antonella.
— Ele me ama e não abriu e nem vai abrir mão de mim.
O que ela fala é um tapa na minha cara.
— Eu não queria essa vida para você. Será que não entende como
ser minha é perigoso? Eu tenho inimigos e eles...
— E para ela, não é? Para a sua esposa não é perigoso, Riccardo?
— Ela nasceu nesse mundo da máfia, você não.
— Isso é ridículo! Ela é uma mulher, assim como eu, e que também
merece a sua proteção e amor. Se você a escolheu em vez de mim, é porque
sente alguma coisa.
Eu a seguro pelos braços e a faço me encarar.
— Eu a escolhi apenas por obrigação, porque precisava gerar um
herdeiro e nunca vai passar disso, eu juro.
Ela faz que não com a cabeça.
— Não diga bobagens, vi como você olha para ela. Eu vi como...
— Desejo, Antonella, tesão, só isso. Sabe muito bem como sou,
nunca escondi nada de você.
— Chega dessa conversa, Riccardo! Nem mesmo deveria ter vindo
aqui, mas queria ver você se casando para colocar de vez um ponto final na
nossa história. Amanhã, vou para a Grécia e vamos marcar o nosso noivado.
Não se preocupe que vou ter com você a mesma cortesia que teve comigo,
mandarei o convite. — Ela se solta das minhas mãos e quando nos viramos
damos de cara com Lorena pálida, como se estivesse perdido o sangue do
corpo.
— Sua mãe está procurando por você, vão servir o jantar e logo em
seguida vamos cortar o bolo...
— Eu quero que você mande para o inferno a porra desse bolo. O
que está fazendo aqui? Está...
— Riccardo! É assim que fala com a sua esposa? Não...
— Calada você também, Antonella.
Antonella me olha de um jeito que não gosto e dá mais um passo se
afastando.
— Eu ia desejar felicidades a você, mas acho que tenho que desejar
é boa sorte — ela fala para Lorena e depois me olha por uma última vez
antes de se afastar, com um olhar de decepção.
— Antonella!
Ela nem mesmo olha para trás e some das minhas vistas.
— Então é ela, o seu paraíso.
— Eu não estou com paciência para essa porra agora, Lorena. Então
vamos. — Pego sua mão e juntos voltamos para a festa.
Só vou partir a porra desse bolo e acabar de uma vez com o meu
tormento. Para mim, essa festa já deu o que tinha que dar, afinal tudo o que
mais queria era me casar e isso já consegui.
CAPÍTULO 31
Odeio o Riccardo, mas vê-lo jurando para outra mulher que não
passo de uma obrigação para ele e que esse casamento tem apenas o
propósito de gerar um herdeiro, me fez sentir algo estranho no peito. Ouvir
que tudo não passava de desejo e tesão pelo meu corpo foi como se sentisse
éguas de puro sangue. Sem falar que também vou fazer uma vistoria geral,
verificar os manejos sanitários e de biossegurança, controle de vacinação,
além das orientações adicionais que vou passar para toda a equipe
envolvida no ambiente do haras.
— Café da manhã, senhora Bianchi.
Eu me assusto com a voz do meu cunhado falando comigo, quando
estou praticamente passando direto pela sala de refeições. Assim que
levanto as vistas, vejo meus sogros já se levantando dos seus lugares e
Carlo parece estar começando a comer.
— Lorena, minha querida, tome o seu café da manhã primeiro antes
de sair, estou notando que tem pulado refeições. Você tem que estar forte
para gerar o meu neto.
Mas que conversa é essa agora?
— Ela precisa de um marido para isso acontecer, mamãe.
— Carlo! — meu sogro chama atenção do filho.
— Estou atrasada, sogra, como qualquer coisa no...
— Você é a dona agora, Lorena, por isso nunca está atrasada, são as
outras pessoas que se adiantam. Agora, sente-se e tome o seu café da
manhã, sem discussões.
Meu sogro é firme em falar de forma educada que não vou sair de
casa sem comer antes, então o que me resta a fazer é me sentar e comer
enquanto ele e Giulia saem.
— Por onde andava? Quase não te vejo mais por aqui — pergunto
ao meu cunhado enquanto me sirvo.
— Fazendo o trabalho do seu marido que adora ferrar com a minha
vida — Carlo fala de uma maneira séria demais.
Essa é uma versão dele que ainda não conhecia.
— Desculpa, eu não...
— Ele deve estar chegando, a qualquer momento, na verdade, já era
para ter chegado.
Eu me engasgo com o suco que tinha acabado de tomar um gole.
Como assim ele está voltando?
— O quê? Mas, por quê?
Carlo coloca a xícara sobre a mesa.
— Ele é o Don da Cosa Nostra, Lorena, essa é a casa dele, e é claro
que um dia ele voltaria. Parece que a sua lua de mel acabou.
Estava muito bom mesmo para ser verdade!
Nem sei como é a vida de casada porque ainda não tive uma e nem
estou com pressa em ter.
Na verdade, nem sei como nada disso funciona.
Para mim, o que mudou até agora foi que mudei de casa e as pessoas
evitam falar comigo, só isso.
— Carlo, será que posso ir para Roma? Quero fazer um curso...
— Peça para o seu marido. Como falei, ele está chegando a qualquer
momento.
Droga!
Por que esse idiota não me falou isso ontem?
Se soubesse disso teria pedido autorização ao meu sogro e ele com
certeza me deixaria ir, mas agora com Riccardo chegando, o Don volta a dar
as ordens.
Se pudesse também passaria um mês longe daqui.
— Às vezes, me questiono o que foi que fiz para merecer um
castigo desses. Você me conhece, Carlo, sou impulsiva e fui largada aqui
logo depois... Depois do casamento. — Eu não vou falar a ele que Riccardo
me virou do avesso e para não me matar foi para a Calábria. — Eu sinto
como se essa vida não fosse a minha, não fui criada para isso, Carlo. Os
cavalos sempre foram a minha vida, a minha paixão sempre foi a minha
profissão e tudo isso está em jogo agora. Eu não sei se consigo, tenho medo
de não conseguir ainda mais quando não sei ficar de boca fechada.
Meu cunhado limpa a boca no guardanapo e segura a minha mão.
— Meu irmão é um homem forte e que não teme a morte, Lira. Se
para nós, homens, viver sob as regras dele é completamente difícil, agora
imagine uma mulher?
Eu apenas balanço a cabeça.
— Isso é injusto demais comigo. Ele nem mesmo me ama —
comento me lembrando da caixa que encontrei nas coisas dele.
— Se conforme de uma vez por todas, pois não tem mais como
fugir, essa é a sua vida agora. Seja uma boa esposa, Lorena, pois
casamentos na máfia são para um único propósito.
“Meu irmão é um homem quebrado, com um passado conturbado e
obscuro.
“Ele não tem mais redenção.
“Riccardo abriu mão de coisas que para proteger ele daria a sua
vida.
“O mundo da máfia é sujo e cruel, nos tornamos homens
programados para matar em qualquer circunstância e nossos pais são os
responsáveis por isso.”
Ouvir Carlo dizer que Riccardo abriu mão daquela mulher me deixa
com mais raiva ainda, porque sei que é dela que ele está falando.
— E se eu não me conformar?
Ele sorri.
— Vejo em você uma mulher forte e determinada, mas sei também
que é impulsiva e até um pouco infantil, como está sendo agora. Peço que
vá devagar e tome muito cuidado com as palavras. Você tem algo que é
diferente, mama também percebeu isso, por isso ela gosta tanto de você.
Quem sabe o Diabo ainda não tenha salvação? — Ele se levanta, beija o
topo da minha cabeça e sai me deixando sozinha com os meus
pensamentos.
Carlo só pode estar louco, o Diabo não tem salvação e se for para
atormentar a vida que seja de igual para igual.
Sem apetite algum depois dessa conversa me levanto e vou para a
garagem pela entrada lateral. Se dentro de casa está tudo tranquilo e
silencioso, do lado de fora é completamente o oposto. Soldados andam de
um lado para o outro, uns falam no rádio, enquanto outros se revezam entre
a guarda e a ronda.
Um verdadeiro campo de concentração do mal.
Era estranho, para mim, estar no meio de tantos homens armados, e
agora moro na residência do chefe, no covil dele, por isso a segurança é
reforçada.
Presumo que aqui é o lugar onde Riccardo fica um pouco mais
tranquilo, se é que isso é possível, mas para todos os efeitos é aqui que ele
fica quando não está servindo a máfia.
— A senhora vai para o haras ou para o centro de hipismo? — Jorge
pergunta assim que me aproximo do meu carro, que foi trocado depois que
me casei.
Nem mesmo sei por onde anda o antigo.
— Continue me chamando de senhora que te dou um soco bem no
meio da sua cara.
Esse filho da mãe passou a me chamar de senhora depois do
casamento, na verdade, todos passaram a me chamar assim.
— A senhora agora é a esposa do Don.
— E a esposa do Don vai quebrar o seu nariz.
Ele se segura para não rir.
— A esposa do Don vai continuar sendo chamada de senhora,
porque isso é sinal de respeito.
— Respeito por quem? Por mim, ou pelo cretino do meu marido?
— Lorena, por Dio. Você quer morrer? Olha lá como fala do Don,
agora você é a senhora dele.
Por que todo mundo me pergunta isso?
Se Riccardo fosse mesmo me matar já teria feito isso há muito
tempo.
— Me chamar pelo nome não é uma falta de respeito e falo do Don
como...
— Don Ricardo está entrando na residência, repito Don Riccardo
está entrando na residência.
Sou interrompida pelo som do comunicador do rádio de Jorge e meu
coração acelera.
— Vamos, Jorge, me leve para o haras, é para lá que vou.
Agora o idiota sorri e responde pelo rádio:
— Entendido, estou com a senhora Bianchi, a levando para o haras.
Vou aguardar a entrada do Don para sair com ela.
Eu vou quebrar o nariz desse filho da puta.
— Desgraçado! Você me paga.
— Ele tem que entrar para podermos sair.
— O portão é grande o suficiente para passar três carros um do lado
do outro, seu idiota.
— Não é assim que as coisas funcionam, Lorena. Depois do Don
Riccardo você é a pessoa mais importante da máfia.
Isso faz com que o encare sem entender nada.
— Mas de que porra está falando?
— Os inimigos do seu marido agora são seus inimigos também. E
não são poucos, minha cara. Se você cair nas mãos erradas usarão você para
tirar vantagem do Don.
Agora é a minha vez de sorrir.
— Acredite, Jorginho, eles estariam fazendo um favor para o Don se
me pegassem, pois, ele me odeia.
— Não fale besteiras. Já falei que essa sua língua ainda vai te meter
em problemas sérios, Lira.
— Sabe qual foi a última vez que vi o Don? No dia do nosso
casamento e em dois dias fará um mês. Então sim, Jorge, Don Riccardo me
odeia. Agora me leve para o haras, tenho tanto trabalho que não sei nem
mesmo se volto para casa hoje. Acho que vou dormir no meu pai. — Vejo o
carro que traz o Don, estacionando ao lado do meu. — Agora, Jorge, por
favor! — peço quase que implorando.
— Porra! Você só me mete em problemas. Entra na porra do carro.
— Jorge dá a volta no carro e entra rápido.
Escuto uma porta se abrindo atrás de mim e me apresso em abrir a
minha porta. Entro, bato a porta e olho para Jorge sentado no banco do
motorista que me encara pelo espelho retrovisor.
— O que está esperando para sair?
— Não temos autorização, sinto muito.
— Como assim não temos autorização? — Ele me mostra a tela do
celular e vejo a mensagem.
— Sou a esposa do Don e estou ordenando que me leve agora
mesmo para o haras.
— A ordem do Don está acima da sua e ele está ao lado da sua
janela, então desça logo. Resolva com o seu marido o que tem que resolver,
consiga a autorização dele e aí sim, te levo para o haras com o maior prazer
do mundo.
Que droga!
CAPÍTULO 37
Momentos antes...
Voltei da Calábria para Sicília porque meu tio estava enchendo a
porra do meu saco. Segundo a sua sabedoria infinita, eu estava precisando
transar com a minha jovem esposa, pois a culpa de apenas vinte dos
sessenta soldados enviados terem terminado vivos ao meu treinamento era
falta de sexo.
O que é um absurdo.
Sempre fui sanguinário e isso não é novidade para ninguém.
Se os novos membros não sobreviveram é porque eram um bando de
fracos e só quero os melhores trabalhando para mim. Agora se apenas vinte
restaram é porque esses eram os mais fortes e ponto final.
Foi difícil explicar para o velho o motivo de ter voltado para a
Calábria na madrugada do meu casamento, pois para ele aquilo era
inadmissível.
Mas a desculpa dos russos caiu bem, já que os filhos da puta
estavam nos dando dor de cabeça.
Os imbecis querem de todas as formas nos obrigar a negociar com
eles uma droga que levará vinte anos para ficar pronta e estavam
dificultando a nossa vida nas entregas de cocaína somente para chamar a
porra da nossa atenção. Eles tiveram até mesmo a ousadia de tentar roubar
uma das nossas cargas, o que não deu certo porque mandei a cabeça de cada
um de volta para a Rússia em uma caixa de madeira.
Espero que sosseguem agora.
Durante toda a viagem de volta, a única coisa em que pensava era na
minha esposa e no que ia fazer com ela, pois ainda não engoli o fato de ter
me casado com uma mulher que não era virgem.
A infeliz estava falando a verdade quando tentou me alertar que ela
não era a mulher certa para ser a esposa de um Don.
Mas ignorei, porque achava que ela estava tentando me fazer desistir
do casamento, afinal que mulher nascida e criada na máfia, conhecendo as
regras e tradições teria coragem de se entregar a outro homem antes do
casamento?
Pelo visto só a minha esposa mesmo.
O certo teria sido eu, como um homem de honra, devolvê-la ao pai
no mesmo dia, ou então tê-la matado por ser uma mulher que não segue as
tradições, assim serviria de exemplo para outras que tivessem essa ideia
maldita na cabeça, mas eu não consegui.
Algo dentro de mim, não deixou,
Nunca pestanejei em fazer algo em nome da máfia, mas dessa vez
eu mesmo quebrei as regras e as tradições.
Lorena me transformou em um homem igual a ela quando implorou
aos meus pés por piedade.
Eu não tenho piedade, mas, naquele momento, ao ver suas lágrimas
e seu desespero, com medo do que poderia fazer com o pai dela fez com
que algo mudasse dentro de mim. Foi mais fácil sair de perto, e deixá-la
sozinha, ou os meus demônios poderiam ganhar a batalha interna que
travavam comigo.
— Chefe, a senhora Bianchi está de saída. Os soldados informaram
no rádio que...
— Qual delas?
— Senhor!?
— Qual das senhoras Bianchi está de saída, idiota?
— A Lira, senhor.
— Quem!?
— A senhora Lorena.
Será que todos os meus soldados conhecem Lorena pelo apelido.
— Chame minha esposa de Lira mais uma vez e explodo a sua
cabeça.
— Desculpa, chefe.
— Não quero as suas desculpas, negue a autorização dela sair.
— Sim, senhor.
Nada como começar o dia com uma discussão de casal, pois pelo
que conheço, sei que ela ficará furiosa.
O soldado faz o que digo e não demora muito para que ele estacione
o carro ao lado do carro dela, que foi trocado é claro.
Mesmo com tudo o que ela fez, a desgraçada é minha esposa, e não
pode simplesmente andar por aí desprotegida.
A infeliz gosta de andar e ficar em casa deve ser um castigo para
ela.
Desço do carro e fico aguardando que ela desça do dela.
Sei que ela está dentro do veículo, então encaro a porta para que ela
perceba que não estou para brincadeiras, mas nada me preparou para o que
vejo quando ela abre a porta e desce.
— Don Riccardo, o que posso fazer pelo senhor?
Olho para a infeliz dos pés à cabeça.
Ela só pode estar sonhando se acha que vai sair de dentro dessa casa
vestida desse jeito, mostrando a porra da barriga, mas nem que estivesse
morto ela sairia assim. Eu a encurralo na porta do carro dela com um braço
a cada lado do seu corpo, inalando seu doce perfume.
— Onde pensa que vai, esposa? — pergunto com o rosto
praticamente colado ao dela.
— Trabalhar.
— Trabalhar!? Vestida desse jeito? A porra da minha mulher saindo
de casa vestida desse jeito? Você só pode mesmo estar querendo me irritar
logo pela manhã. Isso não se faz, amore mio, não comigo.
Ela respira fundo e acredito que deve estar com vontade de colocar
sua língua afiada em ação.
— Estou indo para o seu haras, trabalhar, queria que fosse vestida
como? Com um vestido de festa e salto alto?
“Eu sou veterinária, Don Riccardo, o senhor sabe disso.
“Essa roupa está mais do que adequada para o meu dia de trabalho,
ainda mais com o dia de hoje que está particularmente quente.”
É claro que ela não iria ficar calada!
Acaricio seu rosto e seguro com força seu maxilar, a encarando,
praticamente encostando meus lábios nos dela.
— Entre e troque de roupa agora mesmo. Você não vai sair mais é
nunca dessa casa, mostrando sequer um centímetro de pele da sua barriga.
Não vou falar duas vezes, Lorena, então não me teste, não me perturbe, que
ainda estou com você entalada na garganta. Se ainda não fiz nada com a sua
infeliz vida é porque gozei gostoso na sua boceta. — As palavras saem
ácidas pela minha boca, porque foi exatamente essa desculpa que usei
durante todo o mês para me controlar, a possibilidade dela estar grávida.
— O que quer dizer com isso, Riccardo?
Com um sinal que faço, todos os soldados saem.
— Sua menstruação ainda não desceu, não é mesmo?
Agora sim, ela se dá conta do que quero dizer.
Tenho vigiado Lorena todo esse tempo e sei de tudo, até mesmo que
seu período ainda não chegou.
— Você é um desgraçado, e te odeio com todas as minhas forças.
— Sou muito mais do que só um desgraçado, Lorena. Sei
exatamente tudo o que faz a cada minuto do dia. Transamos na nossa noite
de núpcias, fizemos isso mais de uma vez e gozei dentro de você em todas
elas. Não vou correr o risco de matar um filho meu junto a procriadora dele,
então até que a porra da sua menstruação desça está segura, depois disso já
não sei.
É nessa hora que tudo parece explodir, Lorena vem para cima de
mim, como uma pessoa completamente descontrolada, sem medo de nada e
nem ninguém.
— Seu desgraçado, cretino, monstro! Você acabou com a minha
vida, seu infeliz. Eu te odeio com todas as minhas forças, para mim, você
não passa de um ser humano sem coração.
— Ficou louca, porra? — Seguro seus pulsos, mas a infeliz parece
ter a força de um cavalo.
— Você ainda não me viu louca, Riccardo. Ainda estou sã e com
muita vontade de matar você.
— Já falei pra parar com isso, caralho! Não me faça ter que
machucar você, Lorena. Está me ameaçando? Logo eu?
Essa mulher perdeu completamente a noção do perigo, pois por
muito menos eu matei.
— Não merece ser pai. Criança nenhuma nesse mundo merece ter o
Diabo como pai. Você não sabe o que é ter sentimentos e que Deus abençoe
que não esteja grávida de você. Prefiro a morte a ter que colocar uma
criança sua nesse mundo. O seu paraíso deveria era agradecer ao Criador
por você tê-la deixado, só assim ela terá um futuro e uma família de
verdade, com um homem de verdade e não com...
— Cala a boca, sua desgraçada. — Perco a cabeça quando ela se
refere a Antonella.
Ela é um assunto proibido, um assunto meu, o mínimo de
humanidade que tenho pertence a ela, por isso a deixei ir, porque sabia que
ela nunca seria feliz de verdade ao meu lado.
Mas aí o pior acontece, viro Lorena com força de um lado para o
outro e ela bate a cabeça no retrovisor do meu carro. Vejo que ela está
lutando para não desmaiar quando minha mãe aparece, então a pego no colo
e a levo para dentro de casa, a deitando no sofá.
Mamma pede a uma das empregas a maleta de primeiros socorros e
mais uma vez Lorena me surpreende querendo fazer suturar na sua testa,
sem anestesia, negando atendimento médico.
— Tem o Kit de sutura e o fio que você quer, mas não tem anestesia,
Lorena. Serão três pontos, tem certeza de que aguenta isso? — Meu irmão
ainda tenta convencê-la do contrário.
Carlo chega para me avisar que preciso ir à empresa e vê tudo o que
está acontecendo.
— Lembra da competição do ano passado? — Lorena questiona
meu irmão.
— É claro que lembro, você competiu em três modalidades e
ganhou medalha de ouro nas três. Foram cinco dias de competição, foi
exaustivo para os atletas.
— Como foi que não percebi essa mulher nessa competição? Eu
deveria estar cego para não prestar atenção nela.
— Estava com o dedão do pé quebrado. Depois do último dia,
quando ganhei a terceira medalha de ouro, fui comemorar com os meus
amigos e fiz uma tatuagem.
Carlo gargalha alto e minha mãe parece estar completamente
surpresa, já eu tenho sentimentos fúnebres pelo meu sogro, aquele maldito.
— Você é louca mesmo, uma sádica, o casal perfeito. Vocês dois se
merecem.
— Você tem a porra de uma tatuagem? — pergunto a ela com
vontade de agarrá-la pelo pescoço.
— Riccardo, olha os modos! Você tem várias, por que ela não pode
ter uma?
— Não se meta nisso, mama. Onde tem essa tatuagem, Lorena?
Minha esposa me olha como quem diz que está por cima agora.
Ela é afrontosa, não tem medo de nada, e isso é a porra de um
grande problema.
— Você não viu, amore mio? Vai ser meio constrangedor mostrá-la
aqui, na frente do seu irmão.
Ela não pode ter sido tão louca a esse ponto!
Se Lorena tiver feito uma tatuagem íntima a mato sem
arrependimentos e depois vou atrás do tatuador para matá-lo também.
— Puta que pariu! Você é mais corajosa do que eu pensava, Lira.
Pega aqui e costura logo a sua testa, mostra para o meu irmão que você
aguenta sentir um pouquinho de dor.
— Eu vou te matar, Lorena. E vou fazer isso devagarinho para que
possa sentir a morte chegando — falo pausadamente para que ela entenda
muito bem o que vai acontecer.
Como foi que não vi essa tatuagem na nossa noite de núpcias?
Dio deve amar muito essa mulher, é a única explicação, pois apenas
uma intervenção divina para fechar meus olhos para isso naquele dia, ou, eu
estava tão louco de tesão que não reparei em nada a não ser na sua boceta
na minha cara.
— Você já disse isso, amore mio, acho que mais de cem vezes.
Por que não aceitei uma das escolhas do meu pai?
Por que tinha que desejar logo essa mulher, a pior de todas?
Meu irmão segura um espelho na frente dela e a infeliz faz ponto
por ponto, sem anestesia.
Tem muito homem feito que não aguentaria nem o primeiro ponto,
mas essa mulher endemoniada não faz nem cara feia.
Ela é um perigo, uma pessoa que aguenta a dor desse jeito é
perigosa.
— Cazzo! Você nem mesmo fez cara feia. Tem muito homem feito
na máfia que desmaiaria no primeiro ponto — meu irmão fala.
— Fazer cara feia não iria diminuir a dor. Agora só vou limpar e
depois disso você pode me dar uma carona até o haras? Eu já perdi tempo
demais aqui...
— Você não vai trabalhar hoje — falo e meu celular toca.
Tinha que ser justo agora?
CAPÍTULO 39
hoje cedo.
Dio mio, como estou cansada!
Tudo o que queria agora era a comida gostosa da Rosa e a minha
cama quente e macia.
— Senhora, já é tarde, temos ordens de levá-la de volta para casa.
Levo um susto grande quando a minha sala é invadida por um
soldado.
— Não sabe bater à porta?
— Desculpa, senhora. Eu bati, mas a senhora parece não ter
escutado.
— Pare de me chamar de senhora, pois desse jeito me sinto mais
velha do que a minha sogra. Espere mais cinco minutos e saímos. Não
vamos para a mansão, hoje quero ficar com o meu pai.
O soldado parece não gostar do que escuta.
— Desculpa, senhora, mas nossas ordens são para levá-la
diretamente para casa.
Mas não mesmo, não depois do que escutei do meu marido hoje.
— Ordens de quem? Será que pode me dizer? — Cruzo as mãos
apoiando os cotovelos na mesa.
— Do consigliere.
Menos mal.
— As minhas ordens estão acima das do consigliere. Se fosse uma
ordem direta do meu marido, ficaria quieta, mas não é. Então...
— Senhora...
— Não discuta comigo, me espere lá fora que saio em cinco
minutos.
Ele fica me encarando.
— Fora!
Ele desiste e sai.
Não vou para casa hoje, afinal meu marido sente nojo demais de
mim. Ele pode usufruir da cama todinha que não irei me deitar nela hoje.
Realmente não sei como vou fazer para conseguir conviver com
Riccardo, pois para mim, parece ser algo impossível de acontecer.
Quando termino de organizar tudo e saio da sala vejo o soldado me
aguardando na porta, então o acompanho até o estacionamento do haras e
fico literalmente de boca aberta com o que vejo.
— Mas que porra é essa?
Tem um verdadeiro exército de soldados esperando por mim.
Será que Riccardo enlouqueceu de vez?
— Sua segurança foi triplicada, senhora — ele fala e eu arregalo os
olhos voltando a minha atenção para ele.
— Mas, por quê? Aconteceu alguma coisa?
— Nossas ordens são de apenas proteger a senhora com as nossas
vidas se for preciso.
— Mas isso é um absurdo de exagero. Quem deu essa ordem?
— Senhora...
— Não precisa responder, já até imagino quem foi. — O desgraçado
do meu marido, certamente.
— Senhora, não complique a nossa vida e nem a sua, por favor.
Sei que eles apenas estão cumprindo ordens, então resolvo cooperar
e entro no carro.
— Para a casa do meu pai, é uma ordem.
Ele não discute mais comigo e passa as minhas ordens aos outros
soldados pelo rádio.
O soldado coloca o veículo em movimento e começo a pensar em
tudo o que aconteceu hoje pela manhã. Não foi fácil enfrentar o Riccardo
daquele jeito e sei que estou brincando na cara do perigo, mas ele tem o
poder de me deixar descontrolada. Ele me trata como se eu fosse um animal
que ele tem que adestrar.
Depois que Carlo me deixou no haras, mergulhei de cara no
trabalho, aproveitei e treinei a tarde toda. Confesso que enrolei até onde
pude para não ter que voltar para a casa ou atender ligações que sabia de
quem eram.
Meu celular tocou várias vezes durante a manhã e à tarde, mas não
atendi nenhuma delas. Vi que algumas eram do Jorge, mas não atendi
também.
Tudo o que queria era paz e sabia que se atendesse o telefone a
minha paz iria embora.
Não foi nada fácil me dar conta do que Riccardo estava fazendo,
vigiando até mesmo as minhas regras, por isso ele ainda não tinha feito
nada.
Mas agora me pego pensando em outra questão...
O que vou fazer da minha vida?
Não consigo mais enxergar um futuro para mim, sendo a esposa do
Don, afinal a minha carreira no hipismo está por um fio e não sei nem como
Riccardo ainda permite que venha para o haras, mesmo nós dois já tendo
conversado sobre isso antes do casamento.
Não sei se ele vai manter a sua palavra, dadas as circunstâncias do
que aconteceu na nossa noite de núpcias.
— Senhora, estamos chegando na residência do seu pai, mas a
ordem é de levá-la imediatamente para a mansão.
Olho pela janela e já consigo avistar a casa do meu pai.
— Mas já estamos chegando.
— Senhora, agora são ordens diretas do Don Riccardo. E ele disse
também para a senhora atender o telefone.
Malditos soldados e seus rádios de comunicação!
Eu nem tenho tempo de responder e o meu celular toca novamente.
— Vou atender o telefone, mas me leve para a casa do meu pai.
— Mas, senhora...
— Agora mesmo. — Pego o telefone e vejo o mesmo número que
me ligou mais cedo, o que significa que estou certa e esse é o número do
meu marido.
— Lorena Bernardi, quem está falando?
O soldado me olha pelo espelho retrovisor como se eu fosse louca
dando o meu nome de solteira e acho que devo ser mesmo, pelo menos um
pouquinho.
— Amore mio, você realmente deve sentir muito prazer em me
irritar, ser desobediente, piccolla, e colocar a vida de terceiros em risco.
Eu não vou mais permitir que ele me ameace usando o meu pai.
— Não me ameace, Riccardo, o meu pai está fora da sua equação.
Ele sorri do outro lado da linha.
— E quem foi que disse que estou falando do seu pai?
— E não está?
— Sabia que a esposa do soldado que desobedeceu às ordens de
Antônio teve um lindo bebê há menos de cinco dias? Será uma pena a
criança perder o pai assim de uma hora para outra. Antônio e eu somos
parecidos em muitos aspectos, não gostamos de ser contrariados.
Olho para o soldado no instante em que ele estaciona o carro na
frente da casa do meu pai e não posso arriscar a segurança dele, afinal esse
maldito tem coragem de fazer o que fala.
— Riccardo, só quero jantar com o meu pai. Estou com saudade
dele e da Rosa.
— Você vê os dois quase todos os dias. Eu não gosto nada disso,
Lorena, quero você em casa.
— É o meu pai, Riccardo, a mulher que me criou e não pode me
impedir de vê-los. — Abro a porta do carro, descendo.
— Volte para casa agora mesmo, é uma ordem, Lorena.
Que se foda!
— Espere sentado, amore mio.
— Lorena...
Desligo a ligação na cara dele antes que termine de falar.
Estou segura até que minhas regras desçam e ele não vai fazer nada
com o soldado, ou teria que matar todos.
— Vou esperar pela senhora aqui.
— Não espere, vou dormir aqui hoje.
O homem engole em seco.
— Mas, senhora, o Don Riccardo pode não gostar.
— Eu não estou nem um pouquinho preocupada se ele vai gostar ou
não. Ele que volte para a Calábria se estiver achando ruim. — Entro na casa
do meu pai sem nem mesmo prestar atenção no que o soldado fala.
Quando papai me vê fica surpreso com a minha presença.
— Por Dio, minha filha, o que está fazendo aqui? E o que foi isso na
sua testa?
— Boa noite para o senhor também, papai, estou feliz em vê-lo bem.
— Tiro a bota e me jogo no sofá.
— Lorena, o que foi isso na sua testa? E o que está fazendo aqui?
Deveria estar na sua casa, cuidando do seu marido — ele fala sério.
Meu pai morre de medo do Riccardo e com razão, mas ele que não
se atreva a tocar no meu pai novamente.
— Em primeiro lugar, papai, não preciso cuidar de ninguém, meu
marido já é um homem barbado que sabe fazer suas merdas sozinho. Quero
mais é que ele vá para o inferno.
“Segundo, aqui é a minha casa também, e a menos que o senhor não
me queira mais aqui, vou embora para a minha prisão.
“Terceiro, isso aqui na minha testa foi um acidente provocado pelo
seu genro desgraçado, tudo porque toquei no nome do paraíso dele.”
Eu devo ter sido uma filha da puta muito cretina em outra vida para
estar sendo castigada desse jeito nessa.
— Lorena, minha filha, por que não aceita de uma vez por todas o
seu destino? — Meu pai se senta ao meu lado e coloca a minha cabeça no
colo dele, analisando os pontos na minha testa.
— Porque esse não era para ser o meu destino, papai. É muito
injusto o que aconteceu comigo e estou tão cansada de tudo. A minha vida
está uma merda. Eu deveria ter morrido no lugar da minha mãe, assim
evitaria...
— Não fale besteiras, menina. Sua mãe teria escolhido você mil
vezes se fosse preciso. Os poucos minutos que ela teve você em seus braços
te amou e ninou, me fazendo jurar que te daria uma vida diferente da que
ela teve.
Minha mamma, nem mesmo sei o cheiro que ela tinha.
— E do que adiantou, papai, o senhor me proporcionar uma vida
diferente? Eu acabei caindo nos braços do Diabo de qualquer jeito. Estudei
tanto, treinei tanto para sempre ser a melhor e tudo isso foi em vão. Perdi
até mesmo o único amigo que tinha de verdade, porque Bernardo sumiu do
mapa sem dar notícias.
Meu pai me olha de um jeito estranho.
— O que foi, pai? O senhor tem notícias do Bernardo?
Ele balança a cabeça dizendo que sim.
— Fiquei sabendo que ele está negociando com outro centro de
hipismo, um na América, parece que ele vai morar lá agora.
Sinto como se uma faca estivesse sendo cravada no meu coração,
pois Bernardo e eu sempre fomos uma dupla, desde crianças, mas agora ele
está me deixando e nem mesmo se deu ao trabalho de me comunicar.
— Eu vou perdê-lo também, papai, vou perder o meu amigo.
— Não fale isso, Lorena. Sabe que as coisas não estão fáceis como
deveria. Não julgue o pobre Bernardo, ele é um bom menino, mas tem que
ir atrás dos sonhos dele agora, já que você...
— Eram os nossos sonhos, os nossos planos, e não só dele, papai.
— Agora é só dele, Lira. Você não faz mais parte de nada disso, é só
uma questão de tempo até que pare de competir de uma vez, isso se já não
parou. Você é a esposa do Don, é arriscado demais toda essa exposição e o
chefe jamais permitiria isso.
Levanto de uma vez e, por poucos segundos, fico tonta, então volto
a me sentar.
Maldita pancada na cabeça!
— Eu não aceito! Eu me recuso a aceitar isso.
— Não seja teimosa, Lira, escute o seu pai e aceite de uma vez o seu
destino. Agora vá lavar as mãos para jantar e depois trate de voltar para a
sua casa — Rosa entra na sala, falando alto e olho para ela.
— Essa é a minha casa.
— Não, querida, essa casa deixou de ser sua no dia em que se casou
com o chefe da Cosa Nostra. Agora vá lavar as suas mãos para jantar e
chega desse assunto. Não coloque mais a vida de ninguém em risco por
causa da sua teimosia. Os pobres soldados estão apavorados lá fora com
medo do que pode acontecer a eles. Pessoas inocentes se machucam,
Lorena Bianchi, quando a esposa do Don não cumpre as ordens dele.
Odeio admitir que ela tenha razão.
— Bando de borra-botas, isso sim, que eles são. — Levanto do sofá
e faço o que Rosa manda, deixando o meu pai na sala, sorrindo do que falo.
CAPÍTULO 41
ele está de volta. Ela teve a coragem de me mandar cozinhar para ele e
preparar um banho quente depois de um dia exaustivo de trabalho, o que é
ridículo. Se Riccardo para comer for depender de mim, ele vai morrer de
fome e ainda vai morrer sujo porque nem fodendo que preparo um banho
para ele.
A não ser que seja para colocar ácido na banheira.
— Eu não gosto dessa sua cara, Lorena — Rosa fala chamando a
minha atenção.
Meu pai olha para mim e sorri balançando a cabeça.
— Mas eu não fiz nada.
— Está pensando. Seu problema é esse, você faz uma cara de
diabrura quando está pensando no que não deve.
Agora não posso mais nem pensar?
— Mas, Rosinha, eu sou um anjo.
— Caído, só assim para você ser um anjo.
Nisso eu concordo.
— Rosa, não fale assim da nossa menina. Lira é única, minha filha...
Papai se cala quando a nossa porta é espancada pelo lado de fora.
— Dio mio, só pode ser o Diabo — Rosa fala apavorada.
— Deve ter vindo buscar o anjo caído.
— Pai!
— Vá abrir a porta, antes que o seu marido a derrube.
Estou prestes a abrir a boca...
— Agora e sem reclamar. Lembre-se das palavras da Rosa de como
ser uma boa esposa, vá abrir a porta.
Eu chego a tremer por dentro.
— Sim, senhor. — Eu me levanto e a pobre porta é espancada
novamente.
— Já vai, não tem ninguém surdo aqui. Será que custa ter um pouco
de paciência? Mas que inferno!
Meu pai deve estar querendo morrer ao me escutar falar uma coisa
dessas, porque é exatamente o contrário do que ele e Rosa falaram para que
eu fizesse.
— Don Riccardo, chegou no fim do jantar, uma pena. Não vou
poder convidá-lo para entrar, então adeus — falo quando abro a porta e vejo
a cara raivosa do meu marido.
Quando tento fechar a porta ele coloca o pé no meio e a abre de uma
vez, entrando na casa.
— Eu dei uma ordem a você e o que fez, esposa? Responda! — ele
pergunta entredentes com o maxilar travado.
— Desobedeci como sempre faço. Algum problema quanto a isso?
Estou na casa do meu pai, jantando com ele, passando um momento em
família agradável até você chegar para atrapalhar. É falta de educação, Don
Riccardo, chegar na casa das pessoas sem avisar.
— Lorena!
Escuto a voz do meu pai atrás de mim e Riccardo sorri de lado, mas
isso não é bom.
— Está proibida de vir até aqui e está proibida também de sair de
casa. Se é assim que quer agir, por mim, está tudo bem, eu até prefiro.
Ele não pode estar falando sério.
— Não pode fazer isso comigo, sou sua esposa e não sua
prisioneira.
— Só não posso como já fiz. Não vai mais sair de casa se não for
comigo ao seu lado.
— Isso é cárcere privado, é um crime. — Dou um passo em sua
direção.
— Ligue para a polícia então, vamos ver o que acontece.
Ele manda na polícia, desgraçado!
— Lorena, minha filha vá para casa com o seu marido e conversem
de cabeça fria, brigar não vai resolver os problemas de vocês.
Riccardo olha do meu pai para mim e me encara por rápidos
segundos.
— Você tem um minuto para se calçar e me encontrar no carro. E
você, Felix, vamos ter uma conversinha depois.
— Sim, senhor Don Riccardo.
É nessa hora que o meu coração falha uma batida.
— O que você vai fazer com o meu pai? — Seguro o braço do meu
marido quando ele se vira para sair de casa.
— Deveria se preocupar com isso antes de fazer o que não deve,
esposa. — Ele puxa o braço e sai, então me viro para o meu pai.
— Pai, eu sinto muito, ele pode...
— Não se preocupe, ele não vai fazer nada comigo.
— Como o senhor pode ter tanta certeza disso? Ele é o Diabo,
esqueceu?
— O olhar dele está diferente. Vá em paz para a sua casa, pois acho
que está conseguindo operar um milagre, minha filha.
— O quê? Que história de milagre é essa?
Meu pai não responde a minha pergunta.
— Vá, Lorena, seu tempo está acabando. Creio que você não quer
que ele volte aqui.
Droga!
— Tudo bem, volto assim que der. — Vou até o meu pai e o beijo, já
Rosa não sei onde se meteu, mas não tenho tempo de ir procurar por ela.
— Não se preocupe comigo, vai ficar tudo bem, agora vá.
Pego as minhas botas que estavam jogadas próximas ao sofá e saio
de casa descalça mesmo, segurando o calçado nas mãos. Vejo Riccardo de
braços cruzados, encostado no carro e ele conversa com alguns soldados.
Como sempre, o Diabo está perfeito.
A alma pode ser feia e suja como a de um Demônio, mas a
aparência é de um anjo, criado com perfeição.
Sem quebrar o contato daqueles olhos intimidadores mandando
calafrios por minha pele, ele abre a porta do carro. Entro e me acomodo
sem falar uma única palavra.
E é assim a viagem toda, ele concentrado na porra do celular e eu na
chuva forte que começa a cair de uma hora para a outra pelas ruas da
Sicília.
Meus pensamentos estão na mais completa desordem, afinal meu
destino é incerto demais para que mantenha a mente limpa.
Minha vida está na mais completa desgraça e não há nada que possa
fazer. Estou nas mãos de um homem cruel e que não se importa com nada.
Não duvido que não pensará duas vezes antes de matar para alcançar
qualquer que seja seus objetivos.
O maldito Demônio que entrou na minha vida para mudar aquilo
que eu era, para acabar com minha essência e destruir meus sonhos.
— Chegamos, se calce...
Abro a porta do carro e desço sem nem mesmo deixar que ele
termine de falar. Entro em casa e passo pela sala agradecendo aos céus que
não tem ninguém por ali para falar comigo. Subo a escada correndo e entro
no quarto ofegante, fechando a porta atrás de mim e me encostando nela.
Caminho até o banheiro, observo a imagem refletida no espelho e
percebo que há algo diferente em mim, mas não sei exatamente o que é.
A única certeza é que algo mudou em mim...
Como se fosse outra pessoa no reflexo e não eu.
A minha testa ainda está vermelha e inchada e lateja devido a
pancada de hoje mais cedo.
Preciso me lembrar de tomar um anti-inflamatório para que não
piore ou infeccione.
Tiro a roupa e entro no box ligando o chuveiro numa temperatura
agradável, que dê ao menos para relaxar os músculos e aliviar a tensão.
Mas é só fechar os olhos que a imagem de Riccardo vem perturbar
minha mente como sempre faz.
Estou com a cabeça apoiada na parede, com a água caindo pelo meu
corpo quando sinto uma presença no banheiro. O corpo estremece e os
pelos ficam arrepiados quando a porta do box é aberta e uma respiração
morna toca meu pescoço.
É ele.
— Olhe para mim — ordena.
Levanto a cabeça e abro os olhos.
Riccardo está completamente nu à minha frente, seu membro está
duro feito pedra e as veias salientes. Seu corpo forte é revestido por
tatuagens e seu rosto mesmo impassível é bonito, parece até ter sido
esculpido por deuses.
Mesmo que digam que sua personalidade é semelhante à do Diabo.
Grande engano meu achar que uma porta trancada iria impedi-lo de
entrar aqui.
Eu me sinto pequena e indefesa perto da sua presença ameaçadora,
pois aqui, dentro do banheiro, posso sentir o poder da sua energia sobre
mim.
Riccardo não é um homem comum, há muita coisa por trás de um
vulgo homem.
Ele contorna meu rosto suavemente e dá um passo em minha
direção, encostando a boca no vão do meu pescoço, dando leves beijos e
mordidas.
Solto um gemido reagindo aos seus toques e meu corpo entra em
combustão como se não tivesse mais o controle de mim mesma.
E não tenho, pois, é praticamente impossível não reagir ao meu
marido.
— Vou te foder, esposa — sussurra no meu ouvido.
Minhas pernas bambeiam e tudo dentro de mim, vai se apertando ao
mero som da sua voz exigente.
Estou derretendo como uma mocinha indefesa, mas não irei me
sentir culpada, afinal Riccardo destila sedução pelos poros.
Ele me toma, causando um choque elétrico dentro do meu cérebro
que dispara prazer por cada terminação nervosa do meu corpo. Sua língua
brinca com a minha, acariciando, me instigando a retribuir.
É tão macia, gostosa.
O sabor mentolado, me aquece por dentro.
— Riccardo — gemo seu nome quando mordisca meu lábio,
esfregando a barba em meu rosto. — Não pare.
Voltando a me beijar, ele enreda a mão no meu cabelo, me
dominando por completo.
Não há nenhuma pressa, pois ele está degustando, tomando seu
tempo com prazer, como se houvesse esperado muito por aquilo.
Seu beijo me consome e não quero parar nunca, pois posso beijá-lo
até morrer de prazer.
Mas aí me lembro do que aconteceu hoje pela manhã e tento
empurrá-lo, o que é inútil.
— Não, eu não quero.
— Mentirosa, você é a porra de uma grande mentirosa e odeio
mentiras, amore mio.
Riccardo me vira de frente para a parede e se posiciona atrás de
mim, então abaixando levemente, direciona seu membro na minha
intimidade e me penetra numa estocada firme.
Meu corpo reage de imediato e grito após ser completamente
empalada.
Fechando os punhos no meu cabelo, Riccardo o puxa bruscamente
para trás...
— Que tipo de Demônio é você? — gemo, me perdendo na
imensidão do prazer que o homem me proporciona, me perdendo na luxúria
do famigerado Don.
— Um que gostou muito de te foder.
Ele continua me fodendo forte, sem dizer nada.
O contato da parede gelada roçando nos bicos dos meus seios me
deixa ainda mais excitada.
Quase perco a noção quando ele desce a mão até meu clitóris e em
movimentos circulares vai me masturbando enquanto estoca forte em minha
boceta, que pulsa de tesão.
Ele tira o seu pau de dentro de mim e volta a estocar forte.
Meus gemidos se misturam ao barulho da água caindo do chuveiro e
do seu corpo batendo contra minha bunda...
— Vem para mim, doce Lorena. Se entregue por completo a mim —
ele ordena e empino minha bunda para ele.
Riccardo me segura pelo pescoço enquanto aumenta o ritmo das
estocadas.
Quando penso em gritar novamente, ele ataca minha boca e sua
língua me invade serpenteando cada canto, abafando meus gemidos
enquanto seus dentes rasgam a carne sensível dos meus lábios.
Sinto minhas pernas ficarem bambas cada vez mais e minha
intimidade latejar forte até que me desmancho, gozando dolorosamente.
Meu corpo atinge o ápice em espasmos alucinantes.
Riccardo me mantém suspensa enquanto me fode sem piedade.
Sua respiração se torna mais ofegante e o seu membro lateja dentro
de mim, me enchendo com seu gozo que escorre pelas minhas pernas.
Mas ele continua me fodendo, até que seu membro volta a crescer
dentro de mim.
Passo horas intermináveis no banheiro com Riccardo, sendo fodida
pelo meu marido em todas as posições que achei não ser possível.
Ele é um homem insaciável e já não aguento mais gozar.
Assim que ele se sente satisfeito sua respiração retorna ao normal e
ele sai de dentro de mim. Em seguida, toma um banho e enrola a toalha na
cintura, saindo do banheiro como se nada tivesse acontecido.
Assim que me recupero, tomo meu banho, me ajeito vestindo o
roupão e vou atrás dele.
CAPÍTULO 42
Epílogo 1
Um mês depois...
Nunca senti tanto medo como no dia em que me sequestraram.
Eu acordei dentro da embarcação fedida e o pavor tomou conta de mim,
pois estava com os pés e mãos amarrados, e não conseguia lutar para me
libertar.
Entendi pela experiência que meu marido tinha razão em alguns
aspectos e que não devo sair sozinha, sem os soldados fazendo a minha
segurança, foi uma delas.
Nunca mais quero passar por uma experiência dessas.
Segundo Riccardo, os russos me pegaram para obrigá-lo negociar
uma droga sintética que ficará pronta daqui aproximadamente vinte anos, o
que é um absurdo.
Mas Antônio acha que tem muito mais por trás desse ataque e segue
investigando.
Ele é bom nisso, é como se fosse um caçador que fareja suas presas.
É assim que a máfia funciona, onde as coisas giram em torno de
garantir a continuidade de tudo. Por isso casamentos são negociados como
mercadoria, como está sendo com o meu cunhado, Carlo. Ele não está
satisfeito com a situação, mas foi obrigado a aceitar e só espero que não
faça com sua noiva o que o meu marido fez comigo.
Riccardo, por incrível que pareça, pediu perdão ao meu pai por tê-lo
espancado, mesmo meu pai alegando que não precisava, afinal o Don nunca
se desculpa por nada.
Porém, ali não estava o Don, mas o genro que pedia desculpa por
algo que nunca deveria ter feito,
Meu pai entendendo isso aceitou e tudo ficou bem entre nós.
Já em relação a Antonella, entendi tudo o que aconteceu. Riccardo e
eu conversamos muito sobre isso e foi esclarecedor. Ele fez uma promessa
de honra e tem que cumpri-la.
Hoje sei que realmente não existe mais nada entre a Antonella e ele,
e eu desejo de coração que ela não se arrependa do caminho que está
seguindo. Ela está apaixonada por um homem perigoso e ele é obcecado por
ela. Na verdade, a vida dela não está muito diferente da minha, porque aqui
estou eu, apaixonada por um homem obcecado por mim, dentro do banheiro
do quarto da minha sogra com seis testes de gravidez na minha frente.
Detalhe, todos com o resultado positivo se esfregando na minha
cara.
— Ainda tem dúvidas? Esse é o sexto, Lira querida, vou ter um neto
ou neta e temos que contar para o Riccardo agora mesmo.
Dio mio, me ajude, estou gravida de verdade e não há como negar.
— A senhora não pode contar, não agora. — Eu a seguro pelo braço
e ela me encara sem entender.
— Por que não? — ela pergunta confusa.
— Ele não vai me deixar competir se souber que estou grávida e já
foi difícil demais convencê-lo a me deixar fazer isso por causa da
exposição. Então, vamos fingir que não fiz seis testes de gravidez e que
todos deram positivo. A competição começa em menos de uma hora e já
estou pronta, é só o tempo de chegarmos no centro de hipismo.
Só eu sei o que tive que passar para que Riccardo permitisse que
continuasse trabalhando e treinando.
— Como conseguiu fazer isso, Lorena? Riccardo estava irredutível
quanto a isso, até mesmo Antônio e Carlo se impressionaram.
— Cavalgando nele, foi assim que consegui. — Só me dou conta do
que falo quando a última palavra sai e a minha sogra gargalha alto. —
Desculpa, Giulia, quis dizer que eu, eu... E...
— Não se preocupe, querida, entendi muito bem o que quis dizer.
Você está certa, pois já não tenho idade e nem folego para cavalgar como
você. E deve fazer isso prazerosamente bem, já que conseguiu fazer o meu
filho mudar de ideia.
Dio mio, que vergonha!
— Agora jogue esses testes no lixo e vamos antes que o seu marido
venha até aqui atrás de você, veja isso e descubra. Mas conte a ele ainda
hoje, Lira, pois não poderá competir por um bom tempo depois de hoje. —
Ela me abraça e a beijo no rosto.
— Obrigada, Giulia. Prometo que vou contar, mas só depois da
competição.
— É claro que vai.
Saímos juntas do banheiro, me olho mais uma vez no espelho dela,
confiro que tudo está no lugar e que meu uniforme está impecável.
— Agora sim, podemos ir.
— Entendo o motivo do meu filho ter se encantado por você desde a
primeira vez em que te viu. Você fica mais linda ainda nesse uniforme,
simplesmente perfeita.
— Não fala assim que fico sem jeito. Agora vamos ou pela primeira
vez vou chegar atrasada em uma competição.
Saímos do quarto conversando e sei que ela deve estar usando de
muito autocontrole para não gritar aos quatro ventos da Itália que estou
grávida.
Descemos a escada e quando chegamos na sala me surpreendo com
a quantidade de soldados que estão perfeitamente organizados enquanto
Riccardo passa a eles instruções absurdas.
— Quero segurança armada até os dentes em volta de toda a arena
de competição. Quero soldados nas baias dos cavalos e por onde Lorena for
passar. Se ela der um passo para a esquerda ou direita vocês vão estar lá
para protegê-la. Quero segurança até mesmo para a sombra dela.
A minha vontade é de gritar a palavra exagero em alto e bom tom,
mas não posso.
Esse foi a porra do nosso combinado e assim como ele não voltou
atrás com a palavra dele, não posso voltar com a minha.
— Riccardo, já estou pronta.
Quando ele escuta a minha voz se vira na minha direção e o safado
literalmente me come com os olhos.
— Puta que pariu, amore mio! Está linda nesse uniforme, o meu...
— Riccardo, amore mio, a sua mãe está aqui, por favor, tenha
modos.
Ele entende o que falo e olha para a mãe dele.
— O que estavam fazendo que demoraram tanto? — ele pergunta.
— Nada, agora vamos ou vou me atrasar — falo me aproximando
dele.
— A rainha da máfia nunca se atrasa, minha piccolla, mas vamos,
quero me aproveitar de você no carro.
— Mas de jeito nenhum, você vai me bagunçar toda como sempre
faz quando saímos juntos. Preciso estar impecável, isso conta pontos, sabia?
— E eu posso comprar os jurados — ele fala como se isso fosse a
coisa mais normal do mundo.
— Não, não e não. Agora vamos, Bernardo deve estar achando que
morri pelo caminho, porque só acontecendo uma coisa muito grave como a
morte para me atrasar em uma competição.
Eu não sei o que rolou, mas Bernardo voltou a treinar comigo e irá
participar da competição, mas quando pergunto alguma coisa a ele sobre o
que aconteceu, meu amigo sempre fala que o futuro há de me surpreender.
E espero que me surpreenda de forma positiva.
Chego no centro de hipismo e confesso que ter Don Riccardo ao
meu lado no carro foi uma tarefa difícil, ainda mais quando sei o motivo
dos meus hormônios estarem explodindo pelo meu corpo. Ele mal encosta
em mim e já estou pronta para ele, mas de jeito nenhum iria transar no carro
a caminho de uma competição importante como essa.
— Eu vou para o camarote, cuide-se e tenha atenção. — Ele em
abraça e me beija como se quisesse arrancar meus lábios.
Confesso que adoro quando ele faz isso.
— Arrasa, amore mio, vá ganhar mais uma medalha de ouro para
nós, vou torcer por você. — Ele beija a minha testa em cima da pequena
cicatriz que agora tenho e depois se afasta, vestindo a pele de Don com sua
áurea fria.
É assim que Riccardo é agora, comigo ele é um homem e para a
máfia ele é outro completamente diferente.
Agora ele sabe que tem que ter o equilíbrio entre os dois.
— Graças a Deus, que chegou, minha filha, está atrasada e você não
se atrasa nunca. — Meu pai se aproxima aflito.
Sinto vontade de contar a novidade a ele, mas é capaz do homem
desmaiar, então é mais seguro ele ficar sabendo depois do Riccardo.
— Onde está a Rosa?
— Já está no camarote com a família do seu marido, ela ainda não
se acostumou com isso.
— Ela vai, papai, pois somos uma só família agora.
Ele sorri e me abraça.
— Você conseguiu, minha filha, e estou orgulhoso de você. Agora
vá, a competição está prestes a começar e Bernardo já aprontou a Berla para
você.
Berla é a minha égua premiada e ocupou lindamente o lugar da
Estrela que por enquanto está fora do páreo.
— Até que enfim a rainha da competição chegou, está atrasada —
Bernardo fala assim que chego na entrada da arena.
Como papai disse, Berla já está pronta à minha espera.
— Desculpa, Bernardo, mas estava fazendo um teste... — Paro de
falar, mas ele me conhece bem para saber do que se trata.
Ele já tinha me questionado sobre esse assunto alguns dias atrás
porque me ouviu conversando com Rosa ao telefone sobre o atraso na
minha menstruação.
— Só me diga, sim ou não.
— Sim.
Ele sorri e me abraça.
— Parabéns, tenho certeza que você vai fazer um excelente trabalho
criando o próximo Don da Cosa Nostra. O nosso futuro está literalmente em
suas mãos, Lira.
— Não fala assim que fico apavorada. Agora vamos.
A buzina toca e cada um toma o seu lugar para darmos início a
competição.
Essa competição, em especial, é importante, porque a senhora
Bianchi irá participar representando o centro de hipismo do marido.
Como já esperava a competição ocorreu lindamente bem e não errei
um salto sequer. Berla foi maravilhosa sob o meu comando e mais uma vez
a medalha de ouro veio.
Como sempre meu coração transborda de alegria e irei demorar
longos meses para conseguir competir novamente, afinal Riccardo jamais
irá permitir que suba em cima de um cavalo estando grávida.
Agora, o cuidado dele vai ser insuportável em cima de mim.
— Parabéns, amore mio. Você foi perfeita como sempre. —
Riccardo se aproxima assim que desço do pódio e me abraça me rodando,
fazendo a minha cabeça girar.
— Seu louco, para com isso.
Ele me coloca no chão e cheira o meu pescoço.
— Eu sei que você gosta de comemorar, mas tenho que ir à boate,
espere por mim, em casa.
— Eu posso ir com você, eu...
— Negativo, de jeito nenhum, em hipótese alguma.
É tanta negativa que tenho uma ideia, pois sei exatamente para que
boate ele vai a essa hora.
— Tudo bem.
Ele me encara, arqueando uma sobrancelha.
— O que foi?
— Rápido assim?
— Vai me levar?
— Não.
— Então pronto, não vou discutir com você. Nos vemos em casa. —
Viro as costas e ele me puxa pelo braço.
— Ei, amore, é trabalho, só que não vou te levar para uma boate, é
aquela boate — ele fala se referindo a boate que Carlo me levou.
— Tudo bem, eu sei, nos vemos em casa. — Fico na ponta dos pés e
o beijo rapidamente nos lábios. — Te espero em casa, amore mio.
Ele faz carinho no meu rosto.
— Certo, eu te amo.
— Também acho que te amo.
Ele sorri, pois, é sempre isso que respondo quando ele fala que me
ama, mesmo não gostando nada desse acho na frase.
Nos despedimos e vou atrás da única pessoa que pode me ajudar no
que quero fazer, Carlo Bianchi.
— Ei, para onde vai com tanta pressa? — Bernardo me para.
Ele também foi medalhista hoje.
— Você viu o meu cunhado? Preciso falar com ele.
Bernardo sorri.
— Nas baias com uma tremenda gostosa.
Carlo não tem jeito!
— Vou atrás dele, depois nos falamos. Eu te vejo amanhã no haras,
quero que monte a Estrela para ver se ela está bem fisicamente.
— Pode deixar, chefa, nos vemos amanhã.
Saio da presença de Bernardo e vou em direção as baias.
Como o meu amigo falou, Carlo está praticamente comendo uma
mulher com a mão dentro do vestido dela.
— Você falou para ela que é um homem comprometido, cunhado?
A mulher o empurra com tudo e ele parece ficar frustrado.
— Você não tem um marido para tomar de conta, Lorena?
— Desculpa, senhora Bianchi, não sabia que ele era comprometido.
— Agora sabe, cai fora.
A mulher arruma a roupa rapidamente e sai quase que correndo.
— Está ficando tão insuportável quanto o seu marido.
— Preciso da sua ajuda.
Ele sorri.
— Acabou de atrapalhar a minha foda da noite, acha mesmo que
vou ajudar você a irritar o meu irmão?
Ele vai sim.
— Estou grávida, descobri hoje antes de vir para cá. Riccardo foi
para aquela boate e vou atrás dele, não vou deixar meu marido solto por aí.
— Você está gravida!? — ele fala mais alto do que deveria.
— Fala baixo, quer que todo mundo saiba antes do pai do bebê?
— Dio mio, você carrega o futuro da Cosa Nostra no ventre.
— Exatamente, e você vai me ajudar a ir atrás do seu irmão, vou
fazer uma pequena surpresa para ele.
Com o meu jeito de falar ele dá um passo para trás.
— O que você vai fazer, sua diaba? Eu não gosto desse seu olhar,
Lorena, pois junto com ele sempre vem problemas.
Dou a ele o meu melhor sorriso.
— Não vou fazer nada de mais, vou apenas dançar Bishop Briggs
para ele. Eu amo essa música e o seu irmão ama me ver de uniforme,
então... — Deixo o restante para a imaginação pervertida dele.
— O quê? Ficou louca de vez? Ele vai te matar, Lira.
— Vai matar coisa nenhuma, já passamos dessa fase. Agora vai me
ajudar ou não? Sabe que vou fazer isso com ou sem a sua ajuda.
— Que Dio me defenda de uma esposa como você. Vamos lá, vou te
ajudar. A sua sorte é que Antônio não está aqui ou nunca que conseguiria
fazer isso.
— Eu sei, Antônio é um chato, agora vamos.
Carlo me leva até o carro dele e estando com o subchefe as coisas
são facilitadas para mim.
Me aguarde, Riccardo, estou indo mostrar o que a rainha da máfia é
capaz de fazer.
CAPÍTULO 50
Epílogo 2
Quando chegamos na boate constatamos que ela está vazia. Por
hoje ser uma quinta-feira ela não abre, mas Riccardo está no bar com uma
dupla de homens e ele parece estar muito sério.
O papo deve estar tenso, e Carlo e eu estamos escondidos.
— O plano é o seguinte, vou entrar lá, tiro os defuntos e você... —
Carlo nem termina de falar e escutamos dois tiros. — Mas que porra!
Riccardo nunca me chama para diversão.
Levo um susto com a cena à minha frente, mas isso não vai me fazer
desistir, afinal Riccardo jamais me machucaria, agora sei disso.
— Mas, por que o Riccardo matou esses homens?
— Se você não entende a cabeça doente do seu marido acha mesmo
que eu vou entender? Eles devem ter feito alguma coisa muito ruim para
merecerem esse destino.
— Deve ser isso mesmo. Então, agora que não tem mais plateia vou
para o palco, você solta a música que te falei e some.
— Ah, com toda certeza! Não estou a fim de ver o meu irmão
transando com a mulher dele, porque é isso que vai acontecer. Fala sério,
vocês dois são loucos. — Ele se afasta.
Aproveito que Riccardo pega o telefone e vou para o palco.
Quando a música começa a tocar, ele se vira na direção do palco e
me vê, então começo a dançar conforme as batidas da música.
Sempre quis fazer isso, é excitante, ainda mais que tem um pole
dance aqui e posso explorar a minha sexualidade através da música.
— Eu vou te matar, mulher diabólica. — É o que a boca dele fala,
mas os olhos do filho da mãe me devoram, ainda mais quando começo a
tirar a blusa.
— Vai me matar sim, mas é de prazer, amore mio.
Ele sobe em cima do palco e começo a dançar enroscando o meu
corpo no dele.
— Lorena, quem te trouxe aqui e te ajudou com essa loucura? Eu
acabei de matar dois homens.
— Eu sei, eu vi o que o Don da Cosa Nostra acabou de fazer. —
Seguro a gravata dele passando a bunda pelo seu pau que já sinto estar duro.
— E ver isso não te assustou? — Ele parece estar curioso.
Não estou a fim de muita conversa agora, mas respondo:
— Seja para a máfia o que tem que ser e, para mim, seja o meu
marido, o homem que amo e o pai do nosso filho. — Ainda de costas para
ele, pego sua mão e levo ao meu ventre, sem perder o rebolado da batida da
música.
Riccardo parece ficar em choque, mas logo segura meus braços e
me vira de frente para ele.
— Você está...
— Grávida?
— Grávida!
Sorrio e o puxo para mim, o beijando.
— Sim, amore mio, estou grávida, o nosso bebê está aqui. — Seguro
sua mão no meu ventre e o sinto tremer.
Quando menos espero, ele me pega no colo e me beija
profundamente, descendo do palco.
— Para onde está me levando?
— Para o meu escritório. Não vou foder a minha mulher com
defuntos olhando, pois, ninguém pode ver o seu corpo nem mesmo os
mortos, apenas eu. Quero comemorar a chegada do bebê, não foi para isso
que veio até aqui indo contra as minhas ordens?
— Sim, foi.
Ele entra no escritório e me coloca em cima de um sofá grande e
espaçoso, então deslizo as mãos em seus ombros.
Estou louca para senti-lo dentro de mim.
Riccardo faz questão de ficar no meio das minhas pernas, onde tem
uma das mãos segurando meus pulsos e a outra mão desliza pela minha
barriga, subindo, passando o indicador no meu mamilo duro.
— Você sempre me quer, amore mio.
Sinto suas palavras no meu clitóris, como uma onda elétrica, então
puxo sua camisa, o aproximando mais e em resposta meu marido beija
minha boca dando uma mordida.
Ele parece estar faminto, seus olhos estão intensos e escuros, me
encarando.
Riccardo é eroticamente tentador e gostoso.
— Eu quero você, Riccardo, e quero agora.
— Tira essa roupa, quero você pelada nesse sofá, toda aberta e se
derretendo pelas pernas para mim. Quero chupar sua boceta doce até
implorar pelo meu pau bem fundo dentro de você.
Respiro pelo nariz, tentando não parecer uma desesperada para ele
fazer exatamente tudo isso. No entanto, não controlo meu gemido, pois
estou louca de desejo.
— Tira essa roupa, Lorena — ordena com pressa.
Encho meus pulmões de ar, me sentindo toda sensível e sem
protesto tiro a roupa como ele manda.
Quando tiro tudo sua boca se curva para o lado, com seu olhar
safado.
— Sou toda sua. — Abro a boca para conseguir respirar e ele
aproveita para capturar meus lábios num beijo molhado, intenso e gostoso.
Solto um gemido em seus braços, amando como meus seios
sensíveis raspam nele. De olhos fechados e ainda beijando meu marido,
deslizo as mãos para a bainha da sua camisa e a arranco.
Também preciso dele sem roupas, todo forte, quente e suado.
Eu me afasto e suspiro vendo seu peitoral.
Minhas mãos acariciam cada detalhe do seu peito, as cicatrizes, as
tatuagens, os gominhos do seu abdômen definido.
E, pelos céus, sou louca pelas tatuagens dele.
Riccardo agarra o meu pescoço conduzindo minha boca para a sua.
— Minha, todinha minha — ele rosna, me beijando.
Eu concordo abraçando seu pescoço, forçando meus seios a se
esfregarem na sua pele e solto um gemido quando ele aperta meu pescoço
pela nuca, com nossas bocas batendo uma na outra num beijo enfurecido.
Eu deveria odiar quando ele faz isso, é bruto, mas a verdade é que
adoro quando ele “meio que me enforca”.
Sou só gemido e tesão quando ele para de me beijar e se afasta,
sorrindo com malícia.
— Você gosta que agarre seu pescoço, não é, piccolla?
— U-hum... — Não tenho motivo para negar isso.
— Fica de costas para mim e arrebita bem essa bunda. Quero
conseguir ver sua boceta.
Confiante, faço o que ele pede.
— Porra! — ele rosna, dá um tapa em minha bunda em seguida sem
eu esperar a palmada vem na minha boceta. — Agarra esse sofá, amore
mio.
— O que você vai fazer? — Tento olhar para ele que está atrás de
mim.
Ele não responde apenas afaga com dois dedos os lábios da minha
boceta, depois abre para pegar minha excitação e desliza pelos lábios,
abrindo.
Fecho os olhos e mordo o lábio com força.
— Caralho! — resmungo em um gemido.
— Adoro sua boca suja, esposa.
Riccardo chega o corpo para mais perto, me obrigando a abrir mais
as pernas. Viro a cabeça e o pego colocando os dedos dentro da boca.
— Salgadinha e deliciosa. — Ele leva os mesmos dedos para
acariciar meu clitóris e mete outro no meu núcleo.
Com o dedão, ele pressiona meu clitóris, apertando e massageando,
enquanto com os dois dedos me fode, enfiando e tirando rápido.
— Vai, amore, goza para mim — ele fala no meu ouvido.
Assinto e ele puxa meu cabelo para que meu rosto levante e ele
possa me beijar.
Seus dedos me fodem e a outra mão bate na minha bunda.
Sou conduzida a uma corrente de intenso prazer, que me faz gozar
mordendo o sofá. Não tenho tempo de me recuperar, pois Riccardo me vira
e me beija. Preciso respirar fundo pelo nariz enquanto ele me devora.
Quando estou recuperando as forças, ele sorri para mim e vou logo
arrancando sua calça, a cueca.
Ele ajuda tirando os sapatos com os pés.
Assim que ele está nu, o empurro no sofá.
— Você quer isso? — ele pergunta com a mão no seu pau enorme e
duro, fazendo um movimento de vai e vem vagarosamente, melando ainda
mais a ponta de pré-gozo.
Abro as pernas e me esfrego nele, que, pelo ângulo, minha boceta só
alcança suas bolas.
Eu não preciso verbalizar o que quero, pois, Riccardo se acomoda
entre minhas coxas, agarrando e empurrando uma delas. Olhando dentro
dos meus olhos, guia o seu pau para a entrada da minha boceta.
— Porra... Você está... — Ele fecha os olhos, arfando e desliza para
dentro de mim. — Está como um mel, molhada e quente. Puta que pariu,
Lorena!
Ele tem seu pau na mão e o retira, então esfrega a cabeça na minha
entrada, me acariciando. Eu fecho os olhos suspirando e jogo a cabeça para
trás quando ele me invade completamente, me abrindo toda.
— Ah... Riccardo... — Solto um gemido delirante.
— Você é minha, só minha. — Ele gosta de repetir isso.
Abro um sorriso entorpecido, mexendo o ombro e concordo.
— Sim, sua.
Isso faz com que ele estoque para dentro de uma vez só e me tremo
toda, com os olhos lacrimejando.
Riccardo nos levanta, me fazendo sentar no seu colo e nesse ângulo
seu pau enorme me preenche completamente. Solto o ar pela boca e me
agarro a ele com os braços jogados nos seus ombros e respirando com
dificuldade. Suas mãos firmes me seguram pela cintura e me aprisionam no
seu colo.
Riccardo orienta meu corpo a subir e descer no seu pau duro e
grosso.
Essa posição faz com que me abra e o aceite todo dentro de mim.
É incrível?
É, mas um pouco doloroso também.
— Isso, amore mio, cavalga em mim. Não para.
— SIM! — Concordo assentindo enlouquecida.
Adoro seu corpo mais quente e o suor começando a escorrer por nós
dois. Trocamos fluidos corporais e nos beijamos aflitos, de bocas abertas e
línguas lambendo lábios e dentes. Chupando minha língua, ele engole meus
gemidos. Suas mãos escorregam por minhas costas então entro em
combustão quando suga meus mamilos.
— Ah... Riccardo... — gemo continuando a cavalgá-lo e arranho
seus ombros.
Quero arranhá-lo, quero devorá-lo o quero todo para mim.
Sentando firme no seu colo, fazendo seu pau ir até o fundo, puxo
sua cabeça com as duas mãos e o beijo como se dependesse disso. Ele
massageia minhas costas tão lento e gostoso. Ainda beijando seus lábios,
gemo dentro da sua boca e quase gozo quando ele desce as mãos e as enche
com minhas nádegas, me fazendo mover o corpo guiado por ele.
— Sua boceta é incrível — fala na minha boca. — Estou viciado.
Gemendo e movendo meu corpo rápido, meus seios balançam e ele
segura com as duas mãos.
Eu rebolo no seu colo, olhando em seus olhos.
Porra, eu adoro isso!
Eu adoro senti-lo dentro de mim, adoro esse poder que ele tem sobre
mim.
É uma sensação tão gostosa.
Abro a boca, respirando com dificuldade, me afasto e apenas o
encaro. Ele parece perder o controle e me segurando, estoca para cima com
força. Fazemos barulho, suas coxas batem em mim, com força para dentro e
pulo em cima dele.
Eu não paro.
— Lorena... — fala jogando a cabeça para trás, perdido. — Goza!
Vamos! Goza agora. — Ele me encara ordenando, dando tapas na minha
bunda. — Goza para mim. Goza para mim, porra.
Engulo com força, enquanto ele agarra meu cabelo e sou apenas
sons e gemidos. É como se ele estivesse me abrindo toda e não sei
exatamente como, mas aperto seu pau dentro de mim.
— Porra, mulher, assim você me mata... — ele rosna, me puxando
para ele, me segurando pela nuca, me forçando a encostar minha testa na
sua molhada de suor.
Grito sentindo uma onda forte de prazer, não recuo e acelero até que
estou gozando feliz porque ele também começa a gozar. Suas pernas
tremem e ele não me deixa afastar.
Riccardo está tomando tudo de mim.
Ele segura meu cabelo num aperto forte que não machuca, mas é
dominante, e beijo sua boca, sentindo que ele me enche.
— Puta que... — Ele não completa a frase, aperta meu pescoço e me
dá um beijo molhado na boca.
Tremendo e satisfeita, tento respirar e ficar calma.
A exaustão toma conta de mim e minha respiração está trêmula.
— Riccardo... Eu...
— Não diga mais que acha que me ama, é castigo demais, por favor,
agora sou eu que imploro a você, amore mio, não diga mais isso.
— Eu te amo, Riccardo, eu amo, amo muito.
— Puta que pariu! — Ele busca por meus lábios e me beija. — Me
perdoa por tudo que fiz, Lorena. Eu te amo e vou fazer de tudo para ser o
marido que você precisa, um bom pai para o nosso filho. Vou tentar ser o
melhor que conseguir pela nossa família.
Eu começo a chorar ao ouvir suas palavras.
— Eu também te amo e vou amar além da eternidade. Somo um só
agora, meu amor, e eu te amo. E juntos vamos criar o nosso filho ou filha
para ser o futuro da Cosa Nostra.
FIM.
AGRADECIMENTO
De início, quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem DELE
a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a Ele!
Agradeço também a minha família, meus filhos e meu esposo que
são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as Lindaétes,
como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e entusiasmo.
Sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo, porque sem vocês
nada disso teria sido possível.
Vocês moram no meu coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e críticas
construtivas.
Espero de coração que tenham gostado de mais essa história.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma leitura
contagiante e agradável, e saber que sou capaz de despertar sensações e
alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado do
mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês e me aguardem para
próximas histórias.
Bora viajar juntos?
SOBRE A AUTORA
Olá, meninas!!
Sou Linda Evangelista, tenho trinta e cinco anos, sou casada, mãe e
estudante de engenharia civil, cursando os últimos períodos da faculdade.
Apaixonada por literatura em suas diversas ramificações de escrita e
gênero, e é nesse meu "paraíso particular" em que me conecto a música e
viajo pelo alfabeto de letras, linguagens e infinitas possibilidades. É daí que
sai minhas inspirações que muitos já conhecem.
Inicialmente, escrever era um hobby e hoje faço disso a minha
profissão, pois amo escrever.
E assim deixo um pouquinho de mim, em cada livro escrito, com
pequenas doses de sonhos, homens lindos, românticos, possessivos e ricos,
quase donos do mundo.
Mas que se deixam ser de uma única dona, de mulheres lindas que
são donas de si e amam serem chamadas de MINHA pelo mesmo homem
lindo, romântico e possessivo.
Agradeço a cada uma de vocês que leem meus livros esse quiserem,
me sigam nas diversas mídias sociais para saberem das novidades e
próximos lançamentos.
Siga-me nas Redes Sociais
OBRAS DA AUTORA
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SINOPSE
O casamento perfeito, o príncipe encantado em seu cavalo branco
pronto a salvar a mocinha de tudo e uma família perfeita é tudo o que
Louise pensa que tem.
Ela está feliz com sua nova vida, vivendo o que sempre sonhou.
Porém, não imagina que seu príncipe não passa do vilão, aquele que
já a fez chorar, o responsável por notícias maldosas e falsas que foram
espalhadas de maneira tão vil pela internet e gerou grandes problemas a ela
e a sua família que tanto ama.
Kristofer por outro lado se vê envolvido na própria armadilha, pois
acaba se apaixonando por quem não deveria, sua linda e doce esposa, o alvo
que usaria para enfim ter sua vingança e se ver livre da promessa que fez
ainda pequeno.
Seu novo dilema é esquecer tudo e viver esse sentimento novo que
ele está sentindo ou perder seu grande amor e realizar a vingança que ele se
preparou a vida toda para cumprir.
Segredos vêm à tona, ferindo dois corações.
Raiva se transforma em amor e amor se transforma em decepção.
Inimigos antigos voltam e põem à prova a união da família.
Agora um pedido de perdão deverá ser buscado, assim como a
confiança quebrada deverá ser restaurada.
A princesa com coração partido irá fazer o vilão passar por maus
bocados, afinal ela não é apenas doce e meiga, ela é um furacão e o fará
provar do seu próprio veneno.
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SINOPSE
SINOPSE
SINOPSE
SINOPSE
SINOPSE
SINOPSE
Aline Jones teve a sua vida unida a de Ethan Parker antes
menos do seu nascimento, ela era a sua prometida, sua futura esposa,
mas esse não era o desejo da parte principal, Ethan não a queria como
sua esposa.
Ethan depois de passar por um dos momentos mais difíceis da
sua vida jurou para si mesmo que nunca mais entregaria o seu
coração a uma mulher, ele se fechou para o amor, transformou seu
coração em um simples pedaço de pedra, mais o que ele não esperava
era que Aline Jones estava disposta a quebrar e amolecer novamente
o seu coração com o jeito rebelde que ela tinha, ela iria lutar até onde
conseguisse ir, mais depois que ela desistisse o jogo mudaria e as
regras também.
CONTOS
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[1] Família.
[2] Mamãe.
[3] Pelo amor de Deus.
[4] Moça.
[5] Graças a Deus.
[6] Meu Deus.
[7] Amaldiçoado.
[8] Criança.
[9] Minha querida.
[10] Pequena.
[11] Minha pequena.
[12] Meu amor.
[13] Bom dia.
[14] Nosso pai.
[15] Capo de todos os capos.
[16] É um termo da língua napolitana que define um código de honra de organizações mafiosas do
Sul da Itália.
[17] Porra.
[18] Filho da puta.