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Edição
2021
Copyright© 2021 Julia Fernandes
Essa é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Sinopse
Iran, um forte guerreiro do reino de Flós, enviado a outro
mundo com a missão de proteger sua rainha.
Apenas o Bravo.
Fez alguns barulhos mais uma vez, até que seu rosnado
forte carregou uma ferocidade excessiva que arrepiou meu corpo,
me deixou séria e com medo.
Bravo mais uma vez grunhiu fazendo com que seu barulho
ecoasse pelo ambiente e para dentro do breu que era o túnel
caverna adentro. Seu gesto chamou a minha atenção, o olhei e ele
dava alguns passos em direção ao escuro e me encarava, como se
quisesse me encorajar a acompanhá-lo para dentro da escuridão.
Seria o fim.
É o fim...
Fechei os olhos e ia me entregar, no entanto, antes de
perder os sentidos ouvi vozes ao longe dizendo:
— Maldição?
— Sim.
— Sim, existe e a que foi lançada sobre nós foi a pior delas,
que só começaria a ser quebrada quando uma criança com a pele
como a noite e os olhos como o sol, nascesse no nosso reino, o que
era impossível, já que todos os habitantes do reino de Flós são
brancos e nunca na história da nossa genealogia uma criança com
essas características havia nascido aqui. — Apesar de ser difícil de
acreditar, eu estava me interessando por tudo o que ele contava. —
Com o passar dos anos, os alimentos foram ficando cada vez mais
escassos e cada árvore foi morrendo e se transformando em cinzas
como era em Cinere, o reino das cinzas. Mesmo o nosso rei e
rainha sendo solidários com seu povo e dividindo cada pão com
seus súditos, passávamos cada vez mais fome e cada vez menos
bebês nasciam aqui, com isso, tornando impossível a quebra da
maldição.
Conteve um sorriso.
Vossa majestade...
Assentiu.
— E quanto ao inimigo?
Mica sorriu.
Assenti.
Mica sorriu.
— Ravina?
Deu de ombros.
— Que interessante!
— Que bonito.
— Ataque?
Sorri.
— Que bonito.
— Ainda mais.
— E vocês? — perguntei.
— Sim, até onde eu sei, mas como está tudo muito incerto,
é melhor sermos cautelosos. — Assenti.
Iran lhe contou o que sabia, depois Mica contou tudo o que
o homem no vilarejo do Trigo nos contou e eu completei contando
sobre uivos horripilantes e a névoa densa que me cercou.
— Não.
Foi então que Iran sugeriu a Valery que ambos fossem até a
sala onde guardavam as escrituras, lá investigassem tudo o que os
antepassados deixaram escrito sobre a maldição e tentassem achar
o que estava acontecendo e o motivo de as cinzas terem voltado.
Parada onde estava, pensei que eu podia ser nova ali e não
conhecia nada desse negócio de reino e de ser rainha, mas pelo
pouco que eu sabia, rainhas deveriam ao menos ter poder de fala.
— Záia.
— Sabia?
— Como sabe?
— Pois bem, Flós exigirá muito de você, pode ser que tudo
acabe em um piscar de olhos ou que haja uma guerra.
— Guerra?
— E como seria?
— Eu farei.
— Tem que ser na lua cheia. Essa fase da lua serve como
um portal e a uso para diversos feitiços.
Respirei fundo.
Záia sorriu.
— Isso é bom.
Capítulo seis
Após acertarmos tudo com Záia, a volta para o castelo
estava sendo em silêncio, ouvíamos apenas o barulho dos bichos
da noite, do vento que balançava as árvores e das patas dos nossos
cavalos pisando firmes no chão.
— Eu vou.
— Podemos conversar?
— Sim — respondi, mas olhei rapidamente para Mica e vi
seu olhar brilhoso se apagar, talvez vendo em mim uma
concorrente.
— Sim.
— Sim.
Ficamos em silêncio.
— Ela te procurou?
— Não!
Assenti.
Foi inevitável não pensar que podia ser a última vez que eu
veria as pessoas, sentiria o cheiro doce das flores ou seria recebida
por sorrisos como se eu fosse de verdade amada.
Não esperei que Mica fosse ao meu quarto e antes que ela
aparecesse, resolvi descer, tomei café e rumei para o lado de fora
com a expectativa de aproveitar o dia. No entanto, quando ia passar
pela entrada principal do castelo a encontrei, sorridente como
sempre.
Sorri.
— Um dia eu aprendo.
— Sim.
— Combinado.
Sorri.
— Sim e não.
Juntei as sobrancelhas.
Ri.
— Concordo.
— Sim.
— Acho que não devo ser o professor ideal para dar aula a
rainha e...
— Dar aula?
— Aceito.
— E se der errado?
Olhei-o
— Sim.
— Não ouviria.
— Culpada?
— Dor de cotovelo?
— Vou me preparar.
— Obrigada.
Foi então que ouvi vagamente Záia pedir que Valery e Iran
se afastassem e ela colocou suas mãos sobre o meu peito. Nesse
momento encarei seus olhos que estavam purpuras e com as
pupilas enormes.
Calmaria...
Clareou...
Pensei.
— Sim.
— Não, ele pode ver o futuro, mas não com certeza. Como
eu disse, tudo depende das escolhas dos envolvidos, mas por
exemplo, ele pode ver que lançando o feitiço que pedia o
nascimento da de pele como a noite, mesmo isso sendo quase
impossível, ela podia sim nascer aqui, então ele ligou ao nascimento
a exigência de tempo, no caso todos aqui sabíamos que Vida só
viveria segura em Flós quando completasse vinte anos.
— E quem seria?
— Bom, como sua rainha, peço que aceite esse fardo tão
pesado e prometo te recompensar no futuro se conseguirmos
acabar com tudo isso, porém, faço questão de te lembrar que o seu
povo está sofrendo e eu não tenho tempo de procurar outro homem
que não ache que se casar comigo seja algo tão difícil de fazer.
Ele soprou.
Assenti.
— Decida-se, Iran!
Sabia que Iran faria de tudo para salvar o seu povo, quanto
a esse ponto eu não tinha dúvidas, e por isso não entendi o motivo
de ter se incomodado tanto com um simples casamento.
— Também? Fica claro com sua frase que você não está —
soltei, magoada demais.
— E eu sinto muito por ter que fazer você passar por esse
martírio que é se casar comigo.
Iran ficou quieto por uns segundos até que olhei para o lado
para encará-lo e o vi engolir em seco e depois dizer:
— Agora?
Sorri.
Iran riu.
Olhou-me divertido.
— Pentearei o cabelo.
— Vida! Anda que a Mariev irá nos matar pela demora —
Mica gritou.
— Vida.
— Desculpa, te assustei?
— Não. Bem, sim, mas só porque eu estava distraída. O que
são? — Apontei para as estantes e abaixei-me para pegar o peso
de papel do chão.
— Dois anos antes da sua volta. Após isso ninguém mais foi
nomeado, já que não acontecia nada no reino a não ser fome e
cinzas. Também não podíamos trazer mais ninguém para o castelo
e fazer com que gastassem suas poucas forças catalogando
acontecimentos. Nossos recursos eram escassos. — Deu de
ombros e seus olhos pareciam tristes por lembrar do passado
recente.
— Compreendo.
Valery sorriu.
O quê?
— Espera.
Ri em desdém.
— Me desculpe.
Mica disse que esse ritual era para que o noivo ficasse louco
para experimentar a boca da noiva, depois falou que Iran ia amar.
Senti-me envergonhada e mudei de assunto exclamando que
aquele dia estava quente. Realmente estava.
Nas maçãs do rosto, quase perto dos olhos, esfumaram um
pó dourado, feito de uma mistura extraída das flores. Mariev disse
que significava: “Que meus olhos vissem riqueza e fartura”.
Sorri.
— Ainda não acho que esteja digno de uma rainha, mas foi
o melhor que consegui fazer com o tempo disponível. — Mariev
juntou as mãos na frente do corpo e me admirou.
Sorri.
Mica riu.
Respirei fundo...
Dei um passo...
Depois outro...
Muita cor... nas roupas, nas pessoas, nas muitas flores que
decoravam tudo, inclusive o chão que eu pisava. Todo o povo
cantava e batia palma para eu passar e provavelmente viam em
meu rosto, toda a curiosidade que eu sentia e falta de experiência
com aquilo tudo.
Sorri ao ver.
— Você também.
— Nunca faria isso, agora menos ainda. E... você está muito
bonita. — Olhou diretamente para os meus lábios rosados.
— Ah!
Perdi uma batida do meu coração e mais uma vez Iran colou
nossos lábios como e fosse algo muito normal.
— Fique à vontade.
Bufei, desdenhando do seu comentário e ficamos em
silêncio até a dança acabar, mas eu ainda sentia em meu peito o
desconforto estranho.
— Está.
Dei de ombros.
— Como um noivo.
— Não sei como um noivo tem que agir, nunca fui um. Muito
menos nessas condições.
— Vamos dançar?
— Ham?
— Dançar. Você não queria animação? Não sei o que é
mais animado do que dançar.
— Cobertura de flores?
Será que terei que ter relações sexuais com Iran para a
maldição ter efeito?
Como seria a minha primeira vez?
O que eu teria que fazer?
— Respira, Vida, não precisa ficar tão tensa.
Tudo bem que a maioria ali podia ser que não soubesse,
pela pressa com que tudo foi arranjado, mas as notícias corriam.
— Não?
Sua postura era tensa, mas sentia-me ainda mais que ele.
Será que ele não pensava que aquilo tudo era desconfortável para
mim também? Será que pensava que eu era acostumada a
conhecer outra vida, quase morrer, me casar e beijar noivos
arranjados sempre?
Manteve-se de costas.
— Sim.
— Todos eles?
— Sim.
Encarei-o.
— Você nada.
— A tradição.
Ri.
Iran sorriu.
Fiquei séria.
Percebi que estava rindo, só por seu tom de voz. Ele sabia
que o arrepio foi causado por seu toque, mas tinha que perguntar e
esfregar a vergonha em minha cara.
Ele riu.
Ele riu? Bravo feliz.
Encarei-o.
Ele riu.
Revirou os olhos.
— Iran — corrigiu-me.
— Por quê?
— Sim.
Fiquei em silêncio.
— Sinto muito.
Desci com o olhar por suas costas até chegar na sua cintura
e observei seus glúteos redondos e avantajados cobertos pela calça
branca e de pano fino.
— Não entendi.
— Só estava pensando...
— No quê?
— Não.
— E aqui em Flós?
— Você e o Valery?
— O que tem?
— Você sabe.
— Também?
Riu em desdém.
— A dançarina é a Ravina.
Queria tentar ser sua amiga, queria saber mais dele e não
pretendia mais ficar no silêncio. Decidi que se estávamos juntos
naquilo, podíamos passar conversando e sendo amigos.
— Não.
— Por quê?
Ri.
— Não seria ruim, mas não, Iran, quero que fique perto de
mim sem a estranheza que me trata desde que viemos para cá.
Rimos.
— Em relação a mim?
Sorriu.
Pensou.
— Gosto do céu.
— Do céu?
Ele sorriu.
— Maravilhoso.
— Vem, agora vamos fechar a janela ou se alguém nos ver
aqui minha fama não será das melhores.
— Vida... Vou contar até três. Não vou deixar que fique
trancada no banheiro.
Não o encarei.
— Me... desculpa?
O encarei e explodi:
— Por quê?
Engoliu em seco.
— Por quê?
— Eu não ri de você.
— Você quer?
— Quero.
— Sim.
— Já estou satisfeito.
— Então me diga.
— Sim.
— Então peça.
— Me penetre.
Iran me beijou e logo se afastou para tirar sua roupa, o fez
de maneira tão rápida que percebi que sentia tanta vontade quanto
eu.
— Isso é ruim?
— Quero você.
Era tanto estimulo que notei o quanto estava difícil para Iran,
mas não aliviei e passei minhas mãos por seu corpo, o beijei e o
excitei até que não aguentou mais segurar e se aliviou me
preenchendo com seus fluídos.
— Que difícil.
— Nunca.
— Nunca?
Ficou sério.
— Sim.
— Não.
— Para quem há pouco perguntava a cada minuto, você
ficou muito séria e calada.
— Só aproveitando o momento.
Ele riu.
— É?
— Nada.
— Você mudou.
— Tenho tantas.
— Não que eu tenha visto, mas meu tio contou que sim. Há
muitos anos.
— Me conta.
Não era por mim, era por ele, não era porque me queria,
mas para se preservar.
— Tão de repente?
— Não sei o que está passando por sua cabeça, mas pode
falar comigo.
Ele me analisou.
— Estou falando sério quando digo que você não vai sair
daqui até me contar.
— Vou.
— Responda, Vida.
— Não.
— Quero.
— Sim.
Ri.
— Por quê?
Pensei que aquilo não podia acabar, o povo não podia viver
nas cinzas e assim como os viventes de Flós faziam, também fiz
uma prece para que os antepassados nos ajudassem a consertar a
bagunça que o rei de Cinere criou e o mago continuou.
— Muito observadora.
Levantou-se sem me olhar e, meio tonto, tirou a camisa
deixando-a cair no chão.
— Me deixa!
— Só me deixa.
— Está me vigiando?
dois
Ela riu.
— Dessa vez você não terá que fazer nada, a não ser ficar
sentada e assistindo. A rainha não pode participar da cerimônia, só
o rei e os guerreiros.
— E como foi?
Ri.
Mica me analisou.
— Por quê?
— Disse que não tem tempo para me ensinar, mas acho que
só não quer ficar perto de mim mesmo. — Deu de ombros.
Soprou o ar em frustração.
— Por que tem que ter essa dança? — perguntei baixo para
o senhor Mancler que encontrava-se parado ao meu lado e
observando tudo com atenção, a mim principalmente por notar meu
desconforto.
Vi que falou algo para ele, fazendo Iran tirar seus olhos de
mim pela primeira vez e a encarar. Meu corpo todo formigava de
ciúme, nervoso e raiva. Todos ali sabiam que Iran tinha uma ligação
no passado com Ravina e eu me sentia com vergonha de me ver
naquela situação.
— Olá.
— Eu?
— Acharam?
— Sim. — Bateu duas palmas, animada.
Revirei os olhos.
Ela riu.
Sorri.
— Tem razão.
— Ah, jura?
— Obrigada.
— Me chamo, Kay.
Fiquei tímida.
— Muitas.
Encarei-o.
— Perfeitamente bem.
— Apenas um desconforto.
— Já pedi desculpas.
— Ontem à noite...
Sorri e perguntei:
Riu.
— Um sonho... pesadelo.
— Com o quê?
— Igualmente.
— O quê?
Encarei-o.
— Eu amo você. Sei que está tudo muito rápido, mas tenho
certeza que te amo. Sinto que te amo — Vi seus olhos fitarem meu
rosto com desespero e antes que ele dissesse algo ou não dissesse
nada, pedi: — Me beija, me tome aqui, agora, porque amanhã não
sei o que acontecerá. Sinto que tudo vai mudar e só quero que me
beije, me faça sua mais uma vez.
Puxou-me para perto com sua mão em meu colo e sua boca
perto do meu ouvido, disse:
Sabia que devia ser algo importante, mas torcia para que
não fosse tanto, a ponto de nos separar e terminar com o
relacionamento que estávamos construindo pouco a pouco.
Olhei-o mais uma vez até que meu olhar foi capturado pelo
terror a minha volta e em seguida pela visão do castelo ao fundo, de
onde vi fumaça subindo em direção ao céu.
— Malditos! — praguejei.
— Animalis.
Aliviada vi os guerreiros de Animalis tomarem conta da
situação e com suas forças começaram a aniquilar os Cineres.
— Mica...
Minha fraqueza diante ao medo de perder minha melhor
amiga fez com que minha forma humana tomasse meu corpo e com
meus braços a puxei para perto.
— Mica... não vai embora, irmã. Eu preciso de você. Ainda
temos que fazer nosso passeio.
Uma bomba explodiu muito perto de nós e a protegi,
trazendo Mica para ainda mais perto.
— Precisamos tirá-la daqui e levá-la para um local seguro.
— Ouvi a voz de Iran em minha mente e assenti.
Levantei-me, peguei Mica pelo braço e colocando toda a
minha força, a ergui sobre meus ombros e depois a pousei sobre
Bravo.
— Transforme-se, você fica mais forte de lobo. —
Novamente o ouvi.
Balancei minha cabeça em positivo e não sabia como
voltar.
— Só deseje — Meu amor me orientou.
A nossa volta tudo era ruína e barulho de bichos, espadas
e bombas, mas mesmo assim mantive-me calma, fechei meus olhos
desejando novamente ser forte e dessa vez sem dor, em um pulo
caí no chão como loba.
Depressa assenti garantindo que sentia-me bem e Iran
correu com Mica sobre seu corpo em direção ao castelo, sendo
acompanhado de perto por mim.
Assim que entramos no salão principal, vi que o interior
encontrava-se revirado. Andávamos a passos lentos e de olho em
tudo para que não fizéssemos barulho ou fôssemos pegos de
surpresa por algum Cinere escondido.
Varri o lugar em busca de um local seguro para pousarmos
minha amiga, até que pudéssemos cuidar dela e encontrei um canto
afastado e escondido por uma pilastra que havia caído.
Chamei a atenção de Iran, passamos entre a bagunça dos
escombros e deitamos Mica no chão. Olhei-a e meu coração estava
despedaçado por vê-la daquele jeito.
— Tenho certeza que Mica ficará bem, mas agora
precisamos achar Chain. Ele deve estar aqui em algum lugar.
Talvez, acabando com ele, acabaremos com tudo. — Ouvi a voz de
Iran.
Só de pensar em encontrar novamente o mago de Cinere,
meu coração bateu acelerado de medo. Já o tinha visto de perto
quando voltei ao passado e seus olhos vermelhos eram
aterrorizantes.
— Vida... — Ouvi um gemido chamando meu nome e
quando olhei na direção da voz, avistei Záia caída.
Corri até ela e passei meu focinho em seu rosto. Sua perna
tinha uma enorme ferida aberta, provavelmente uma mordida ou
talvez uma lança.
— Eu sabia que você ficaria ainda mais linda de loba. —
Encarei-a e ela gemeu de dor. — Eles estão no subsolo, Chain
pegou Valery e o levou para sala de guerra. Aquele monstro nos
avisou sobre a guerra para que fossem atrás de ajuda e deixassem
o reino fraco. Ele quer algo do nosso reino, além do reino.
— Mas o quê? — perguntei.
— Vida, tente se lembrar de tudo que viu em Cinere
quando esteve lá... lembrem-se. Ele teme algo.
Repassei mentalmente a minha volta no tempo e não
lembrei nada que pudesse ajudar. Talvez fosse o nervoso da
situação ou a pressão de resolver tudo, mas eu mal me lembrava se
realmente estive em Cinere.
Por notar o desespero evidente em meu olhar de lobo, Záia
me tranquilizou:
— Fique calma, só vai. Salve Valery e o reino. Você é
capaz. — Passei meu focinho nela. — Vou ficar bem. Aquele
belzebu cego não vai conseguir acabar comigo. — Gemeu de dor.
Antes de ir, como um instinto de lobo, lambi a ferida que
Záia levava na perna e para minha surpresa, como mágica a ferida
da bruxa brilhou e começou a se fechar rapidamente, enquanto ela
cerrava os dentes de dor.
Quando a ferida estava completamente fechada, com os
olhos espantados Záia me encarou e falou com admiração:
— Você tem o dom da cura. É uma terapehá.
Sem tentar entender, imediatamente o que me veio em
mente foi curar Mica e com um salto cheguei onde a havíamos
deixado antes. Sem esperar nem um segundo lambi sua cabeça,
mas para o meu desespero nada aconteceu. Lambi de novo e nada.
Olhei para Záia como que pedindo explicação e com o
olhar triste, disse:
— Para alguns casos pode demorar... ou pode ser tarde.
Mas você não pode curar a todos agora, ficará fraca e precisa das
suas forças para derrotar Chain. — Tentou se levantar e
milagrosamente conseguiu. — E eu vou lutar com vocês.
Com mais uma olhada na direção de Mica, tive que deixá-
la e decidi que tentaria salvar Flós o mais rápido possível, para
depois voltar e tentar salvar minha amiga.
Pulei de volta para junto de Bravo e Záia e empurrei com a
cabeça um móvel que estava por perto, para esconder Mica. Depois
em pensamento falei para os dois:
— Vamos salvar nossa casa, nosso povo e nosso reino.
Flós não cairá.
Capítulo vinte e sete
Com a leveza de um lobo prestes a atacar sua presa,
descemos lentamente cada degrau da escada, que levava para o
subsolo do castelo e paramos em frente à sala de guerra.
Coitado de Valery.
Depois minha mente voltou para uma conversa que tive com
Mica e ela contou-me sobre como Flós produzia flores em
abundância, por isso era o reino das flores, sendo a flor de lótus a
mais presente em todos os lagos dos povoados do nosso reino.
Assim que saímos para o pátio, tudo que se via era dor.
Não era mais a dor e o medo da morte, mas a dor da perda. Não
havia mais barulho de espadas e bombas, mas tinha muito choro e
tristeza, além de muitos mortos.
Olhei ao longe e vi Kay abraçado ao seu pai, que jazia sem
vida no chão. Senhor Mancler havia partido.
Meus olhos se encheram de lágrimas e com força pedi
para me transformar em loba e lamber todos que precisassem de
cura, mas não consegui e chorei ainda mais.
— Por que eu não consigo me transformar? Eu preciso
ajudá-los — gritei.
— Não é assim que funciona, Vida. E provavelmente você
morreria enfraquecida tentando ajudar a todos — Záia me confortou.
— Eu não me importo. Preciso ajudar. — Fechei meus
olhos e tentei mais uma vez a transformação mais nada aconteceu.
— Vida... — Iran me puxou para um abraço e deixei-me ser
abraçada.
— Eu queria tanto ajudar.
— Nós sabemos.
Separei-me de Iran quando guerreiros de Animalis se
aproximaram. Eram muitos e dessa vez ao invés da forma animal,
também exibiam a forma humana como nós. Eram todos homens e
tinham cabelos compridos presos em tranças, corpo pintados e os
peitos nus, suas roupas eram apenas calças e botas.
— Sentimos muito por sua perda e em nome do nosso
reino oferecemos nossos sinceros sentimentos — disse um deles
abaixando levemente o corpo.
Enxuguei as lágrimas, aprumei meu corpo e vi Iran
responder tão triste quanto eu:
— Agradecemos imensamente por terem lutado ao nosso
lado. Meus sinceros agradecimentos ao rei Calei. Diga-o que sem
vocês não teríamos conseguido e aqui ele tem nossa eterna
gratidão e apoio.
— O recado será dado.
— Muito agradecida — foi o que consegui dizer e em
seguida ofereci: — Se quiserem passar a noite em Flós, creio que
não conseguiremos alojá-los com conforto, mas poderemos
acomodá-los para uma noite de descanso.
— Agradecemos a oferta, Rainha, mas preferimos partir e
pousar no nosso reino.
Após poucas palavras mais nos despedimos e vimos os
guerreiros de Animalis partir.
Observando tudo, dentro de mim eu buscava um jeito de
ajudar, ainda tentava me transformar, mas nada acontecia comigo,
então deixando a magia de lado, resolvi auxiliar como humana.
Chamei as mulheres que estavam por ali e pedi que
buscassem ervas, ataduras e o que pudesse ser útil para
montarmos um atendimento inicial do lado de fora do castelo.
Já do lado de dentro, as mulheres mais velhas que
estavam escondidas na cozinha apareceram e pedi que limpassem
o salão principal e acomodassem as vítimas mais graves.
Os guerreiros, que apesar de cansados ainda se
encontravam inteiros, começaram a limpeza do entorno, para que
pudéssemos fazer a triagem inicial.
Iran como um bom rei, delegava missões aos seus e
organizava o que era o mais primordial no momento.
Depois de a parte inicial resolvida, andei até onde Kay
ainda chorava a perda e ao me aproximar senti ainda mais a sua
dor.
Senhor Mancler tinha o rosto sereno e até parecia dormir.
Ainda que sua idade avançada não permitisse, foi corajoso e lutou
bravamente por nosso reino.
Eu era imensamente grata pelo modo como me tratou
desde nosso primeiro contado.
Vi Kay dizer palavras de despedida ao pai e meus olhos se
encheram de lágrimas quando deu um beijo em sua testa e disse:
— Obrigado, pai. Da terra para terra. Seu fim chegou e sua
batalha terminou. — Depois o ajeitou no chão com as mãos sobre o
corpo e deu espaço para que os homens que recolhiam os mortos
recolhessem seu pai e o levassem para onde todos seriam
preparados para um funeral coletivo.
Kay ficou de pé, enxugou o rosto de maneira grosseira e
me disse:
— No que posso ajudar, Rainha?
Meus olhos cheios de lágrimas entregavam o quanto eu
sentia por ver aquela cena.
— Seu pai foi um bom homem e pelo pouco tempo que
convivemos ele cativou a mim como um grande amigo. — Kay
assentiu. — Sente-se bem para ajudar?
— Sim, Majestade.
— Agradeceríamos se pudesse juntar-se aos demais
guerreiros.
— Obrigado. Com licença, Rainha. — Com um meneio de
cabeça e após mais uma olhada no pai que era levado por alguns
viventes, Kay se afastou.
Voltei para onde Iran organizava o início da reconstrução
de Flós junto com Valery, Mica e Záia.
Enquanto andava até eles, analisei o modo como a bruxa
observava meu lobo e estranhei, porém, quando encontrava-me a
alguns passos de me aproximar de todos, ouvi palmas e uma voz
feminina dizer:
— Que bonito! — Olhei na direção da voz e Ravina sorria
com deboche. — Muito bonito. Vocês venceram o Chain, mas será
que acabaram mesmo com o maior inimigo de Flós. — Juntei as
sobrancelhas sem entender sobre o que falava.
— Vida, podemos conversar? — Iran tentou me tirar de
perto dela.
— Não, não, não, conversem aqui mesmo, ou melhor, eu
converso com a Vida.
Ravina se aproximou de mim e pegou-me pela mão como
se fôssemos amigas, enquanto tinha a atenção de todos a nossa
volta.
— Sai daqui, Ravina. — Iran soltou a mão dela da minha.
— Eu vou contar tudo, sou homem o suficiente para assumir meus
atos e pagar por eles, mas esse não é o momento — esbravejou
com o rosto coberto de desespero.
— Eu acho esse momento perfeito. — Deu de ombros.
— Ravina... — Iran rosnou o nome dela com os dentes
cerrados, mas a mulher não se preocupou com a ameaça, olhou
para mim e perguntou:
— Ele te contou que é o culpado por tudo isso? — Rodou o
dedo no ar mostrando a destruição de Flós.
Juntei as sobrancelhas em desentendimento.
— O quê? — perguntei.
— Sim, conta para ela Iran.
Iran virou-se para mim com os olhos cheios de culpa e aí
percebi que o que Ravina dizia podia ser real, então apressei-me
em perguntar, porque queria ouvir dele:
— Do que ela está falando?
— Se você não contar, eu conto.
— Conta, Iran! — pedi.
— Vida... — Virou-se para Valery. — Valery... — Iran
respirava de maneira acelerada e parecia ter dificuldade para falar.
— Ravina tem razão, eu sou culpado por tudo isso.
— O quê? Como assim?
— Fui eu... Eu que fiz um acordo com Chain. — Ele engoliu
em seco e eu sabia que dizia a verdade, mas não queria acreditar
no que ouvia e nem que sempre foi ele.
— Meus pais... — começou a contar com repulsa, sendo
fitado pelas pessoas que conviveu durante a busca por paz e
durante a guerra. — Eles eram os guerreiros que te criaram no outro
mundo... eu tinha só quatro anos quando eles aceitaram o desafio
de ir com você. Lembro-me da minha mãe chorando ao se despedir
de mim, do meu pai dizendo que eu seria um guerreiro quando
crescesse e como ele daria a minha vida para defender Flós.
Lembro-me perfeitamente de tudo, principalmente da dor de vê-los
indo para longe de mim, segurando você nos braços e me deixando
apenas palavras, fome e cinzas.
Meu corpo todo tremia por não acreditar que ele pudesse
estar envolvido em uma traição e por sentir toda a tristeza de um
menino de quatro anos que perdeu os pais.
Eu não queria acreditar que ele tivesse feito um acordo
com o inimigo, não o meu Iran, meu Bravo. A apreensão para o que
contaria a seguir era enorme.
— Cresci sentindo a raiva do bebê no colo da minha mãe,
cresci movido pela esperança de que meus pais voltassem, pelo
ódio de ter sido trocado por outra criança para que todo o reino
ficasse em segurança e cresci pensando que não me importaria em
passar fome se fosse para tê-los perto de mim. Eu tinha apenas
quatro anos...
— Iran... — Meus olhos estavam cheios de lágrimas ao
sentir sua dor.
— Pedia todos os dias aos ancestrais que os trouxessem
de volta. Ano após anos alimentei a sensação de abandono, mas a
raiva foi diminuindo, principalmente quando cheguei à juventude e
me tornei o guerreiro que meu pai disse que eu seria. — Seu rosto
era tomado de tristeza. — Até que em uma cavalgada pelos
arredores de Flós, dei o azar de encontrar Chain na fronteira dos
dois reinos. Ele me chamou e disse que eu poderia ter meus pais de
volta. — Riu sem vontade. — Mesmo já sendo mais velho, a criança
de quatro anos dentro de mim, se iluminou com a ideia de tê-los por
perto, mas a condição era matar a protegida para que meus pais
não precisassem mais protegê-la. De imediato neguei, mas não sei
o que o desgraçado do mago fez que quando dei por mim, estava
apertando sua mão e aceitando o maldito acordo.
Meu coração batia acelerado ao ouvir cada palavra que
Iran contava.
— Quando enfim pude ir para o outro mundo. Muito já
havia se passado e até pensei que aquele momento ruim havia sido
um pesadelo. Convivi com meus pais a distância e foi a melhor parte
da minha vida. — Seu rosto se suavizou ao falar dos pais. — Depois
de suas mortes conheci você... — Iran ergueu o olhar que até
então estava no chão e me encarou ao dizer: — E imediatamente
me apaixonei. Quis ser seu protetor e não seu assassino, pensei
que se meus pais estavam mortos Chain não podia fazer nada
contra mim, nem trazê-los de volta, no entanto, a sensação de ser
um traidor me atormentava dia e noite. — Olhou para Ravina.
Eu não acreditava no que estava ouvindo e comecei a
andar de um lado para o outro, nervosa e me sentindo tonta. Não
pode ser!
— Vida, eu quis te contar todos os dias e me sentia horrível
por não ter coragem. — Transmitia muita vergonha. — Mesmo
correndo riscos, tentei negociar com ele no dia que você e Mica
viram Trigo tomado por cinzas. Eu estava lá tentando evitar que eles
te capturassem, mas naquele dia Chain disse que ou eu te matava
ou seria o fim de Flós. Neguei e assim só me restava ter esperança
de que acabando com a maldição tudo teria fim, eu poderia contar
sobre a minha traição e você me perdoaria.
— Podia ter nos contado, acharíamos uma saída.
— Tentei por diversas vezes, sentia-me um lixo,
principalmente quando vocês descobriram sobre o acordo... Eu
queria contar, mas me doía imaginar você me olhando como me
olha nesse momento. — Respirou fundo. — Inclusive na noite antes
da viagem até Animalis. Fui a Cinere tentar uma última negociação
e Chain me prometeu que não atacaria Flós. Aquele verme
mentiroso. Eu não estava com Ravina, Vida, estava tentando manter
tudo bem.
Encarei-o.
— E onde ela entra em tudo isso? — Apontei para Ravina
que tinha os braços cruzados na frente do peito e sorriu convencida.
— É sua cúmplice?
— Ela me chantageou... — Iran olhou-a com raiva. —
Queria se casar comigo, era apaixonada e vivia no meu encalço. No
dia seguinte ao meu acordo com Cinere eu me arrependi, não
entendia nem como tinha apertado a mão do Mago e fui desistir de
tudo, só que ela me seguiu e testemunhou a minha conversa com
Chain. Em troca do seu silêncio pediu que eu a alimentasse e me
casasse com ela, então aceitei. Mas aí, fui para o mundo gelado, me
apaixonei e depois voltei com você, nos casamos e não consegui
mais cumprir minha promessa. Desde então Ravina me chantageia
ainda mais.
Ravina não parecia arrependida, pelo contrário, parecia
feliz por entregá-lo publicamente e provavelmente pensava na sua
mente maldosa, que após contar sobre o acordo, Iran não ficaria
comigo e sim com ela.
Eu não sabia o que dizer, olhei em volta para encarar aos
outros e todos pareciam tão chocados com tudo quanto eu.
— Vida... — Iran disse meu nome sem concluir e eu não o
encarei. — Olha para mim — pediu e me doeu.
Fechei os olhos e soltei o ar. Sentia-me perdida, em dúvida
sobre amá-lo e querer matá-lo, mas decidi que não resolveria nada
naquele momento.
Mesmo me doendo deixá-lo sem um parecer, virei as
costas para tudo o que ouvi e foquei no reino.
Quando ia sair para ajudar meu povo, antes que eu desse
um passo para longe, Iran pegou-me pelo braço virando-me para ele
e se ajoelhou a minha frente.
— Eu me rendo a você e estou aqui para fazer o que quiser
comigo. Eu errei por amor aos meus pais, tentei consertar por amor
a você, mas não sei lidar com a culpa. Só peço que me perdoe. Vou
sair de Flós e vocês nunca mais irão me ver, mas me perdoa, Vida?
Nesse momento um clarão rompeu o céu como um raio
muito potente, atingiu o chão e se espalhou sobre Flós. Iran ficou de
pé e me puxou para os seus braços, me protegendo do que quer
que fosse aquilo que acontecia.
Quando o clarão se dispersou, pedra sobre pedra caída
pelo reino voltou em velocidade para o seu lugar de origem. O muro
quebrado se reconstruiu e flores e árvores foram replantadas,
refazendo a Flós de antes do ataque.
Os corpos dos Cineres mortos na batalha espalhados pelo
chão, um a um se tornou cinzas, subiram para o alto e depois
dispersaram no ar com o vento.
Parecia que o tempo estava voltando e o que foi destruído
era reconstruído como mágica.
Quando tudo voltou para o lugar e o clarão teve fim,
retornando para o céu de onde tinha surgido, separei-me de Iran e
ouvi Záia dizer:
— A maldição acabou, a última ramificação teve fim. —
Apontou para o Iran. — Sua redenção era a que faltava. Você se
libertou da escravidão em que vinha sendo cativo e pediu perdão
pelo que fez. Estamos livres.
Quem ainda estava por perto comemorou mesmo em meio
a tanta dor. Era como se a morte daqueles que íamos enterrar não
tivesse sido em vão.
Encarei o homem sério de pé perto de mim e eu sentia-me
tão culpada por tudo que ele teve que passar, que não conseguia
culpá-lo por nada do que fez.
Iran era tão vítima quanto qualquer um, foi só um menino
sentindo a falta dos pais, seu coração era bom demais para ser
culpado.
A minha volta, Mica com os olhos cheios de lágrimas,
Valery com o semblante atento e Záia com sua costumeira
aparência de quem sabia de tudo, me encaravam como se
esperassem uma resposta.
— Vamos enterrar os nossos, depois decidimos o resto. —
Os encarei com tristeza. — Está tudo bem.
— Vida... Eu te amo — Iran disse, quebrando meu coração,
mas naquele momento eu não conseguia retribuir seu amor.
Uma lágrima escorreu por meu rosto e eu apressei-me em
enxugá-la, depois virei-me em direção ao castelo e fui seguida por
Mica.
Não conseguia lidar com o Iran, eu precisava organizar
tudo no reino antes de pensar em como ficaríamos após tantas
revelações.
Mica e eu passamos por Ravina que me encarava com um
misto de inveja e ódio. Tirei meus olhos dos seus e continuei
andando, no entanto, a subestimei muito e quando dei as costas
para ela, fui atingida na cabeça por algo que pensei ser um pedaço
de madeira e desmaiei, mas antes de perder totalmente os sentidos,
vi Záia atingir Ravina com um feitiço e a matar sem piedade dizendo
em seguida:
— Flós não merece mais ter o mal entre o seu povo. Já
vivemos por muito tempo à mercê dele.
Vinte e nove
Fim...
Eu não podia.
— Pela sua cara, sei que vou me irritar, então não comece a
tagarelar — tentei dispensá-lo ao mesmo tempo que ainda limpava
a minha espada suja de sangue em um pano que uma das criadas
me entregou sem que eu pedisse.
Bufei.
— Isso não é algo que possa dizer a ela, Rei. Terá que
respeitá-la.
— O quê?
Agradeço à minha filha que me inspira e me ajuda da melhor maneira que pode, com seu
amor e sendo meu anjinho com seus doze aninhos de vida.
Agradeço à minha família e amigos que estão sempre me apoiando, incentivando e nunca
me deixam desistir, a todas as amigas virtuais e leitoras (MINHAS MARIAS) que me
incentivam todos os dias, mesmo à distância, sempre comigo pelas redes sociais, com
palavras e carinhos gratuitos.
Agradeço minhas betas lindas Michele, Nanda e Pam que com paciência são o termômetro
quando estou escrevendo e me dizem se estou indo pelo caminho certo. A todas as
parceiras que indicam, divulgam, compartilham e fazem aquele marketing lindo.
E enfim, não menos importante, agradeço a todos os leitores que se apaixonaram pela
história de Daniel e Pérola. Que se emocionaram, riram, me amaram ou odiaram a cada
capítulo.
Agradeço aos primeiros a ler e também a você que pode estar lendo esse agradecimento
no dia do lançamento ou anos após ele ter sido lançado.
Apaixonada por seus leitores, ela não pensa em parar e por isso se joga diariamente no
mundo das histórias que os personagens lhe contam, dando vida a cada um deles e
acreditando que seus leitores os mantêm vivos todas as vezes que os leem.