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DISTRIBUIÇÃO: SUNSHINE

TRADUÇÃO: ISABEAU D’ANJOU

REVISÃO INICIAL: MANDY

REVISÃO FINAL: CHLOE MOORE

LEITURA FINAL: RAVENA

FORMATAÇÃO: AZALEA
A tradução foi efetuada pelo grupo Sunshine Books, fãs e admiradores da
autora, de modo a proporcionar ao leitores e também admiradores o acesso à
obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros
sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os aos
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Levamos como objetivo sério, o incentivo para seus admiradores adquirirem


as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não
ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos autores
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“WELCOME TO WHITLOCK”

SCOUT 14 NOTAS:
Localização: cidade de Nova York
Escolhido: Charlee Renee Hillis
Estatísticas: 21 anos, 1,77. Cabelo loiro e olhos azuis.
Ex-modelo, alcoólatra, usuária ocasional de drogas.
Ocupação: Garçonete no Dizzy Dagger
Objetivo: Escrava de Whitlock... mas primeiro... vamos começar os jogos.

BOAS-VINDAS (INTERJEIÇÃO): 1. Uma palavra de saudação, quanto à


chegada a um destino.

WHITLOCK (SUBSTANTIVO): 1. Uma fortaleza subterrânea na base de uma


montanha, abrigando escravos para o uso cruel de Mestres que os compraram
por meio de um leilão. Para referência, veja a série 24690 enquanto você
experimentará o mundo em primeira mão.

Aviso: Isto não é romance. Se você não tiver certeza do que significa Pitch
Black, prossiga com cautela. A profundidade da escuridão irá variar ao longo da
série, mas tenha certeza de que essas não são suas histórias de abdução típicas.
O conteúdo irá ALÉM da norma. Espere o pior de TODAS as situações. Vocês
foram avisados.

– A. A.

Em outra nota, cada Welcome to Whitlock será um autônomo. A MENOS


que você esteja acompanhando Bram e Everleigh desde 24690 e deseje seguir sua
história contínua nessas novelas. Tenha uma leitura Feliz.
WELCOME TO WHITLOCK

A.A. DARK
CHARLEE

Muitas vezes nos perguntamos para onde nossas vidas teriam nos levado se
tivéssemos tomado outras decisões - tomado outro caminho quando chegamos
àquelas encruzilhadas da estrada. Eles dizem que tudo aconteceu por um
motivo. Alguns acreditam que nossas vidas são predestinadas, e talvez
fossem. Talvez, quando isso me jogou em um loop após loop de tragédia, o universo
soube que eu tomaria o caminho mais destrutivo possível.

Então, os dias continuaram. Tempo: girava e girava em uma infinidade de


escolhas simples. “Você gostaria de açúcar no seu café? Por que você não se inscreve
para a nova promoção? Quer voltar para a minha casa, querida?” Todos os
caminhos diferentes. Tudo nos moldando para quem nos tornamos.

Mas quem era eu além de um fracasso que nunca estive na indústria da


moda? Eu era um rosto distinto com grandes olhos azuis, seios não tão empinados
e uma bunda que impressionava uns bons cinco anos atrás. Eu era o que a auto-
sabotagem parecia. Eu sou uma maldita piada.
A cidade zumbia e as pessoas passavam em uma coleção de sucesso e
caos. Alguns eram profissionais de negócios, outros eram vagabundos sentados de
costas contra os prédios encardidos de Nova York com seus copos de isopor,
aguardando o próximo dólar. Para bebida, comida ou drogas, eu não sabia. Eu não
me importava. Cada pessoa por quem cambaleei fez pelo menos uma decisão
melhor do que eu. Por quê? Porque eles fizeram a escolha, enquanto eu vagava
pelo aglomerado de multidões em transe - em um colapso mental, sem dúvida
desencadeado pelas drogas ainda em meu sistema da noite anterior.

As cores ficaram borradas ao redor e, pela primeira vez no que pareceram


horas, meus pés pararam. Buzinas explodiram em locais aleatórios ao redor, e o
zumbido das vozes deixou minha cabeça ainda mais confusa. Um homem de terno
bateu no meu ombro enquanto ele gritava em seu telefone. Suas palavras
morreram enquanto seus olhos percorriam meu corpo de cima a baixo. Foda-me -
oh sim, ele faria em um piscar de olhos. No entanto, ele continuou andando,
olhando por cima do ombro para me ver enquanto os mistérios do mundo
destruíram qualquer bom senso que eu deveria ter nutrido.

A revolta cresceu em meus pensamentos sombrios, mas a confusão reinou


suprema. Ainda assim, eu fiquei enraizada em reunir as pessoas que surgiam em
mim. Meu cabelo loiro voou para cobrir meus olhos e era como se eu fosse
invisível. E talvez eu estivesse. Eu estava mesmo aqui - viva? Será que a
combinação de álcool e cocaína acabou comigo? Eu tomei uma pílula em algum
momento. Um triplo combinado prometendo uma noite de foda acalorada com um
estranho. Talvez a mistura tenha expulsado minha alma do meu corpo quase
perfeito. E foi isso que todos pensaram, não é? Que eu era uma espécie de
prêmio? Que eu estava melhor do que tantos outros por causa dos meus
genes? Genes. Eles foram uma maldição para todos nós. Eles mantiveram as
primeiras impressões. Eles nos condenaram e nos tornaram alvos. Sempre estive
na luz, destacando as pessoas mal intencionadas. Por que não? Não era preciso
um sinal de néon para fazer os predadores agarrarem uma bela presa.

— Mova-se, senhorita!

Eu tropecei com a colisão, mal ouvindo o homem usando um relógio que


custava mais do que meu guarda-roupa inteiro. Uma mão envolveu minha
cintura, me segurando e me endireitando conforme o pavimento se
aproximava. Mas eu não vi quem me salvou. Seu aperto foi firme através do
movimento lento da minha mente. Seguro, um sussurro de segurança.

Pesadamente, meus olhos piscaram, e o vômito queimou minha garganta. Eu


estava cansada. Perdida. Com mais força, os dedos pressionaram meu estômago e
eu deixei. Eu estava caminhando novamente, deixando essa pessoa me levar a um
destino que só ele conhecia. E era ele. A rica loção pós-barba lutou contra a poluição
e o lixo que flutuava na rua sufocante. Eu deixei o cheiro exótico me engolfar,
enraizando profundamente em minha mente como se algo, ou ele , fosse destinado
a ficar comigo para sempre. Gritos soaram, um tom hipnótico e suave. E estávamos
entrando em um táxi. Sujo, mas de aparência limpa... como eu.

— Deixe-me ajudá-la a ir para casa. Onde você mora?

Eu me virei, usando a força que não tinha certeza para olhar nos olhos
escuros. Olhos escuros. Mas não era o tom de seu tom marrom que escurecia suas
profundezas. Segredos. Ele os tinha. Todos nós temos, mas sua energia fez com
que os pensamentos voltassem à minha mente. A intuição gritou para que eu
corresse - para deixar o lado deste homem neste instante e buscar proteção.

Merda. Sempre tomei o caminho errado. E pela atração que senti por esse
estranho, sabia que desta vez não seria diferente. A coisa mais inteligente teria
sido sair do táxi e fugir, mas eu fiquei, olhando para seus traços
bonitos. Procurando o olhar desse monstro. Conectando-me com demônios
relacionados aos meus. A vozinha interior insinuou perigo. Prometia algum tipo
de engano e aceitei isso. Pela primeira vez em horas, fiz uma escolha. Uma, no
fundo, eu tinha certeza que iria me arrepender.

— 4-14 Freedom Drive.


SCOUT 14

Identidade: a maioria das pessoas a considera como sua própria


existência. Seu nome faz de você quem você é. Sua correspondência. Era como seus
amigos e familiares chamam você quando querem sua atenção. Fornecer status em
alguns casos. Quando as pessoas sabiam seu nome, isso lhe dava poder de
presença.

Eu estava mais interessado em quem não tinha poder. Que não tinha noção
de ser ou ter sucesso na vida. Meu trabalho era anônimo. O bonito e fora do
lugar. Eu espreitei pelas ruas, parecendo normal para que eu pudesse me misturar
com a sociedade. Mas eu não era normal. Eu era um predador para os fracos - um
caçador em meio à horda.

A maioria não me notou - não até que nossos olhos se encontraram. A vida
tinha uma maneira de manter as pessoas ocupadas com suas atividades diárias,
mas eu tinha algo dentro de mim que as despertava do hipnotismo da
humanidade. Eles viram dentro de mim seus maiores medos. Pesadelos que
poucos podiam imaginar.
Não havia como esconder a morte por dentro. Era como um farol que clareava
a névoa da mente de minha vítima. Eles sempre perceberam a diferença em meu
comportamento quando realmente nos olhamos. Mas nossas reuniões finais nunca
duraram muito. E sua reação de defesa foi atrasada por sua resposta de luta ou
fuga. Mesmo quando eles começaram a reagir, eles nunca foram rápidos o
suficiente. E eles com certeza não poderiam me dominar. Meu corpo era minha
vida. Era minha arma e minha própria defesa de sobrevivência. Era letal em mais
de um aspecto. Tinha que ser na minha linha de trabalho.

Eu era um olheiro de Whitlock - um assassino, se tivesse que ser. Um


libertador de fantasias perturbadas e morte. Os Mestres que eventualmente
compravam meus escolhidos, sem dúvida os mataram no primeiro ano de seu
sequestro. Eu sabia disso e não me importava. Ter consciência não funciona neste
campo. Eu só via meu trabalho como duas coisas: um meio de existência e
diversão. Eu tinha um trabalho a fazer. Alguma mulher bonita e quebrada para
tirar de sua vida inútil. Era uma habilidade em que eu era bom. Eu até podia
provar os produtos, se quisesse. E tudo dependia de mim como eu queria levá-
las. Onde eu normalmente apenas arrancava as mulheres de sua destruição, eu
fiz, em raras ocasiões, levar meu tempo em foder seus corpos tão forte quanto fodia
com suas mentes.

Virgens não eram meu campo como era com alguns dos outros. Minha
especialidade consistia no único - mulheres que iam além da beleza típica e se
destacavam em um grau mensurável. É por isso que eu era tão valioso para meu
Mestre Principal. Não foi fácil encontrar um prêmio daquela estatura que pudesse
desaparecer sem alarde. E a sociedade não sentiria falta de Charlee Renee Hillis.
Alcoólatra. Drogada ocasional. Abandonou o ensino médio. Ímã para o
caloteiros e sexo de uma noite. Ela era um desastre de trem de um episódio de
embriaguez após o seguinte - uma estatística no início de sua juventude, mas o que
isso importa agora? Ela estava prestes a se tornar a maior estatística até
agora. Ela teria ido para o mundo exterior, e o que era reservado para ela em
Whitlock ainda estava para ser visto. Talvez o leilão fosse bom para ela. Talvez
algum Mestre a espancasse e estudasse, mas a deixaria viver. Duvido, mas era
esperado que acontecesse. Eu não me importava de qualquer maneira. Tudo o que
vi foi meu novo brinquedo. Meu novo jogo.

— Obrigada, — ela murmurou. —Por me ajudar.

O tráfego nos parou e olhei para o motorista, sabendo que ele não dava a
mínima para a nossa conversa blasé.

— Não precisa agradecer. Você não parece bem. Como você está se sentindo?

Suas pálpebras se fecharam e seus dedos pressionaram contra o lado de sua


testa.

— Eu não sei. Um pouco enjoada, talvez? Acho que festejei muito na noite
passada.
Esse foi o eufemismo do século. Ela tinha sido incoerente, e praticamente
ainda era. Eram oito da manhã e ela ainda não tinha dormido nem ido para
casa. Ela estava usando o mesmo pequeno vestido preto que usava em todos os
clubes que permitiam a ela e seus chamados amigos entrarem. O que era
quase todos os clubes malditos. Eu tinha largado milhares para passar por
algumas de suas portas, e quase a levei então, só para evitar a dor de cabeça, mas
não pude, não com ela cercada por tantas pessoas. Era muito arriscado e minha
lealdade era para com Whitlock. O Mestre Principal, Bram Whitlock, não era
alguém com quem mexer. Ele estalava os dedos e eu seria uma partícula do
nunca. Achei que, com seu suposto assassinato, eu teria alguma margem de
manobra do Mestre Principal que tomou seu lugar, mas West Harper, seu ex-
melhor amigo, não foi tão inteligente quanto pensava. Bram não tinha sido morto,
e a ira que ele causou em seu retorno ainda estava em andamento dentro da
montanha que abrigava a fortaleza misteriosa.

Os guardas foram eliminados. A segurança foi reforçada além da


compreensão. Você não poderia chegar perto do lugar sem que Bram soubesse. E
isso estava do lado de fora. O interior estava pior. Ele observa cada movimento
através da vigilância. Ele matou os Mestres que mostraram sinais de rebelião
contra ele. E ele procurou em vão pela escrava que subiu para o topo da
classificação e o enganou com sua fuga. Ele a amava, e foi ela - 24690 - que segurou
seu coração ferido. Eu conhecia o velho Bram. Ele era um monstro antes, mas
agora ele era o próprio diabo. Irritá-lo seria um erro - um que eu não estava
cometendo.

— Você fuma? — Torcendo minha boca, eu balancei minha cabeça para a


beleza inebriada que mal conseguia manter os olhos abertos. Uma carranca tomou
conta do rosto de Charlee, e ela suspirou, voltando para a janela. —Eu deveria
parar, — ela murmurou. —Fico dizendo que vou, mas nem tentei.
— É um mau hábito. Felizmente, um com o qual nunca tive que
lidar. Quantos anos você tem, se não se importa que eu pergunte?

— Vinte e um.

— Ainda jovem. Você tem muito tempo para parar. — Eu me inclinei mais
em direção a ela para não parecer indiferente. —Você é muito alta. Você é modelo
ou algo assim? Jogadora de basquete?

Ela riu, mas a carranca voltou quando ela bocejou. —Eu costumava ser
modelo na minha adolescência. Não fui a lugar nenhum. Provavelmente porque
estava muito distraída com outras coisas para levar a sério.

— Outras coisas?

— Sim. Coisas estúpidas.

— Não é tarde demais para isso também, você sabe.

Ela ficou quieta. O alívio se instalou quando ela encostou na porta, olhando
para a paisagem borrada de edifícios antigos. Mesmo sendo bom em conversa
fiada, eu detestava. De que adiantava você já saber tudo sobre a pessoa? Era uma
perda de tempo. Havia apenas algumas coisas pelas quais ansiava. A atração. A
perseguição. A captura. Os jogos.

Minutos se passaram enquanto o tráfego se arrastava. Eu mexi no meu


telefone, deixando o desinteresse perceptível caso o motorista se lembrasse de
nós. Ele não se lembraria da atração ou do apelo por ela do meu lado. Ele
provavelmente nem se lembraria de como eu era. Eu não era um homem bonito,
mas também não era desagradável. Eu estava um pouco acima da média, para ser
honesto. Minha constituição e altura me colocaram mais alto na escala, e eu estava
bem com isso. Mas meu tamanho não estava realmente aparecendo comigo
relaxado em seu banco traseiro com meu terno enorme. Se alguma coisa, ele
provavelmente pensou que eu estava acima do peso. A percepção era tudo, e
quanto mais longe da verdade ele estivesse, melhor.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ela fez uma pausa, esperando que eu
olhasse para ela. —Eu sinto muito. Não perguntei seu nome. Sou Charlee.

Meus dentes cerraram quando sua mão se estendeu. Não porque eu tivesse
que me apresentar, mas porque ela havia declarado seu nome em voz alta. Não era
um nome comum para uma mulher. O motorista, independentemente de estar
prestando muita atenção ou não, teria percebido - até mesmo inconscientemente.

— John Rodriguez. — Um nome comum, mais truques mentais. Um que nem


combinava com minha etnia.
— Prazer em conhecê-lo, John. Você estava falando sério quando disse que
não era tarde demais para começar a modelar novamente? Quer dizer, você
realmente acha que eu tenho uma chance? Não estou bem como costumava
estar. Ou tão bonita. Eu só... ninguém me diz isso há muito tempo. Você me
surpreendeu até mesmo insinuando que pensava que eu era uma.

Um sorriso apareceu no canto dos meus lábios. —Eu acho, se você tem sua
vida ajustada, então com certeza. Você tem a aparência. Você apenas tem que
querer muito. Você tem que sentir aqui, — eu disse, batendo contra meu coração.

A sobrancelha de Charlee franziu-se e ela se voltou para a janela. Por um


longo momento, ela não falou. Quando ela finalmente se virou para mim
novamente, seus olhos estavam nublados com lágrimas. — Eu sempre quis
isso. Querer não é o problema. Eu sou. As pessoas pensam que a felicidade é
definida pelo tamanho de suas roupas, pelo dinheiro que você tem ou pela
atratividade de seu rosto. É tudo mentira. Às vezes, nenhuma inspiração ou
verdade pode apagar o dano que foi feito. Como você encontra alegria na vida
quando não sabe o que é?

Olhos azuis fitaram os meus, procurando uma resposta que não viria
imediatamente para mim. Eu não esperava que ela fosse tão profunda e, na
verdade, eu não sabia como responder a ela.

— Eu sinto muito. Normalmente não sou tão franca ou taciturna. Tem sido
muito ruim nos últimos meses - anos, — ela corrigiu.
— Está bem. Acho que todos nós passamos por períodos assim. Alguns mais
do que outros, mas sempre nos recuperamos. — Eu sorri enquanto os pensamentos
sobre ela espancada e ensanguentada surgiram em minha mente. —Não se
preocupe mais, Charlee. Algo me diz que sua vida está para mudar.

Para sempre.
CHARLEE

Minha cabeça estava girando quando me levantei do táxi e agarrei o braço de


John. A dureza por baixo do terno escuro de grandes dimensões me fez olhar para
cima com surpresa. Seus bíceps eram grandes - muito maiores do que eu
pensava. Mais uma vez tentei avaliar o homem que não olharia para mim a menos
que eu estivesse forçando uma conversa. Eu tive medo dele à primeira
vista. Agora, eu estava apenas confusa. Ele parecia bom o suficiente, mas mesmo
sua atitude inspiradora não abafou a vibração que eu tive quando nossos olhos se
encontraram. Eu deveria ter ficado com medo, mas não estava, e não questionei o
porquê. O perigo sempre foi o maior afrodisíaco para mim. Isso me atraiu como um
ímã que eu não pude resistir.

— Eu te agradeci? Não consigo me lembrar.

— Você fez, — disse ele, levando-me em direção ao meu prédio. —E eu disse


que não era problema.
Meu braço apertou enquanto eu balançava. O mundo parecia continuar se
movendo embaixo de mim, e o enjoo se intensificou a cada segundo que passava.

— Um passo para cima.

Sua voz era suave e persuasiva enquanto seu braço deslizava em volta das
minhas costas para me ajudar a subir os cinco degraus. Minha mão tremia quando
estendi a mão e lentamente digitei o código para entrar pela minha porta. Eu mal
conseguia me lembrar dos números que passei um ano digitando.

— Provavelmente posso conseguir daqui. Eu…

— Não seja ridícula, — ele suspirou, me levando para a escada. —Você mal
consegue andar. Você cairia de cabeça escada abaixo e eu seria o responsável por
isso.

Antes que eu pudesse protestar, ele passou seu outro braço sobre meus
joelhos e me levantou como se eu fosse nada. O choque me deixou sem
palavras. Ele deu cada passo com um salto, mais uma vez me pegando de
surpresa. Eu não era leve e minha altura geralmente tornava as coisas
estranhas. Não com John. Ele era alguns centímetros mais alto do que meu corpo
de 1,78 e ele se movia com uma facilidade que me rendeu.
— Qual apartamento? — Ele perguntou, virando-se para o segundo
andar. Meu braço estava pesado quando apontei para a minha porta.

— As chaves… — Eu parei, piscando para o que eu ia dizer. —A minha chave.


— Eu me levantei, balançando em seus braços. Felizmente, ele me colocou no
chão. Eu quase cambaleei, mas me endireitei quando percebi que minha bolsa não
estava mais pendurada no meu corpo. John ergueu o braço e eu balancei a cabeça,
confusa enquanto ele a erguia.

— Você deixou cair na rua quando quase caiu. Esqueci que enfiei no bolso
quando estava colocando você no táxi.

— Graças a Deus. Eu pensei que tinha perdido. Não seria a primeira vez, —
eu murmurei, pegando minhas chaves.

Quando abri minha porta, meu nariz enrugou com o cheiro. Pizza e caixas de
comida estavam espalhadas pela bancada e pela mesa de centro. Minha casa
estava uma bagunça, mas eu não me importei quando tirei meus saltos e me
encostei no batente da porta.

— Nós não terminamos. Você ainda não está na cama.

Empurrando a porta, John passou por mim. Minha boca se abriu, e o medo
tingiu a embriaguez entorpecente. — Espera. John…?
— Jesus. Que cheiro é esse?

Ignorando-me, ele caminhou até a cozinha e arrastou minha lata de lixo para
a bagunça. Um por um, ele despejou os recipientes, balançando a cabeça. Tudo que
pude fazer foi olhar, mas o desconforto desapareceu. Alguém que iria me machucar
não estaria limpando minha casa. Ele estaria me atacando. John não deu
nenhuma indicação de que estava atraído por mim dessa forma. Não havia olhares
cheios de desejo e luxúria. Não havia nada além de generosidade. Ainda... aqueles
olhos. Eles falaram de algo escondido dentro dele. Ou talvez fosse a combinação de
narcóticos em meu sistema.

Fechei a porta, entrando mais na minha sala de estar. Eu tinha armas


espalhadas por toda parte, e embora eu não achasse que precisaria chegar até uma
delas, apenas saber que elas estavam lá me deixava à vontade.

— Você realmente não tem que fazer isso. Eu posso cuidar disso mais tarde.

Houve uma pausa, e o olhar de John cortou para mim. Pegando a caixa de
comida chinesa, ele a jogou no lixo. A blusa apertou com seu puxão, e ele ergueu a
grande bolsa preta até o ombro.

— Você provavelmente poderia fazer isso, mas eu acredito que você vai fazer
isso em breve? Não. Pelo menos posso sair sabendo que você não vai respirar
comida podre. Agora, vá para o chuveiro enquanto levo isso para a lixeira. E sem
discussão. — Sua voz era severa enquanto ele caminhava em minha direção,
abrindo uma janela a poucos metros de distância. Sem um único olhar, ele se
dirigiu para a porta da frente, parando, mas não olhando para trás enquanto
estava na entrada. —Banho, Charlee.

Apesar do clique suave da porta fechando, reverberou por mim como um


tiro. Pisquei em meio à confusão - por meio de suas ordens que pareciam confortar
a solidão - e me vi indo em direção ao meu quarto.

Roupas estavam espalhadas pelo chão e uma montanha de cores estava se


formando perto do meu armário. Para piorar, minha cama estava coberta com a
mesma quantidade. A visão me fez entrar em meu banheiro adjacente e abrir a
torneira. A água caiu e eu tirei minhas roupas, querendo esquecer tudo isso -
minha vida, meus problemas.

O spray estalou e gotas frias brincaram em meus dedos quando comecei a


tomar banho. Fechei a cortina azul escura e entrei, deixando a temperatura gelada
roubar meu fôlego. Ficar de pé teria me apressado na rotina, mas eu não tinha
força mental ou física para querer acelerar as coisas. Em vez disso, deitei no fundo
da banheira. O álcool e as drogas estavam voltando com o aumento da minha
frequência cardíaca, e eu os deixei enquanto fechava meus olhos e sintonizava as
gotas batendo contra minha pele. Cada um intensificou meu senso de
consciência. Mesmo horas depois de tomar a pílula de ecstasy, a excitação
disparou. A cada segundo, eu não era mais Charlee. Eu era quem eu queria ser. Eu
estava feliz.
O tempo ficou turvo e a água esquentou. Meu corpo estava relaxado e
zumbindo em intoxicação. No fundo da minha mente, eu sabia que John estava em
algum lugar da minha casa. A vibração ocasional de seus passos ecoou por mim,
formigando minha pele. Eu senti tudo. Eu era tudo . Algo ousado e escuro disparou
por dentro, e deixei apodrecer enquanto cenas assustadoras dele entrando e me
forçando a ir para a cama dançavam na minha cabeça. Talvez estivesse errada,
mas dentro disso, meu cérebro fodido sussurrou que estava certa.

Eu deixei minha mão trilhar sobre meu peito e minha barriga enquanto
minhas pernas se espalharam para descansar em cada lado. Os passos
continuaram, e minha consciência de cada som e sensação cresceu. A umidade
encontrou minhas pontas dos dedos enquanto eu traçava as pontas de dois dedos
sobre minhas dobras. A maciez aumentou na minha entrada e eu respirei fundo
enquanto colocava um dentro.

A pressão da palma da minha mão sobre o clitóris enviou meus quadris


balançando, e eu mordi meu lábio inferior, deixando-me ir mais alto em meio às
fantasias que não deveriam estar ali. Mas elas sempre estiveram. Minha
necessidade de perigo sempre me trouxe problemas. Os encontros de uma noite. Os
amantes do beco escuro que eu encontraria nos clubes. Pelo menos isso era mais
seguro, mesmo que não fosse certo.

Thump-thump-thump-thump.

Minha mão parou e eu abri meus olhos me perguntando se era meu pulso
acelerado ou John se aproximando. Ele ainda estava aqui? Talvez ele tenha ido
embora e fosse meu batimento cardíaco, alimentando esses pensamentos dentro
de mim.

Nada.

Eu bocejei, virando-me de lado e afastando minha necessidade de liberação. O


cabelo molhado do spray grudou no meu rosto e fechei os olhos enquanto minhas
pernas tentavam se enrolar no meu corpo. Não fazia diferença o quão difícil era
para mim caber no pequeno espaço. Conforto não era algo com o que me importava
no momento - não quando estava me deleitando com os efeitos renovados do meu
baseado. Isso era exatamente o que as drogas faziam por mim. Elas vinham e iam
em ondas. Eu era tudo sobre sexo em um momento, e no próximo, eu estava
contente em apenas... ser.

— Você não se afogou, não é?

Não me preocupei em me virar em direção à voz. Um sorriso apareceu, apesar


de não sentir nada para provocá-lo. Nem senti medo de que John estivesse a poucos
metros de me ver nua. Eu não me importava com nada, exceto como me sentia
bem. Até o enjoo sumiu temporariamente.

— Eu não me afoguei ainda. Você está indo embora?

— Quando você estiver na cama, dormindo.


Outro bocejo.

— Eu provavelmente poderia dormir bem aqui. A água é tão acolhedora e


quente. É como um cobertor.

Ele riu baixinho e eu senti seus pés se moverem devido ao repentino


formigamento em meu corpo.

— Não vai ficar quente por muito tempo. Então você vai acordar congelando
e não tão feliz.

— Provavelmente. Você veio me ajudar a tomar banho também?

Silêncio. E novamente, eu estava sorrindo.

Mas não muito.

O ar frio correu sobre minha pele e me afastei da parede para encarar os olhos
escuros. John era muito alto, seu olhar nunca vacilou. Ele não percebeu meu corpo
ou deixou óbvio que me queria. Eu não sabia de nada. Absolutamente nada sobre
o que ele estava pensando.
— Levante-se.

Uma ordem. Eu segui por minha mente nebulosa.

Minhas pernas tremiam enquanto eu obedecia, e se era de adrenalina ou


exaustão, eu não tinha certeza. O ar frio fez meus mamilos enrijecerem e minha
altura elevada nivelou nossos olhos. John tirou a jaqueta e eu engoli em seco a
camisa branca de botões que se moldava ao seu corpo magro e musculoso. De
repente, ele parecia ainda mais estranho. O apelo e a situação atingiram alturas
que me deixaram tremendo ainda mais. Quem era este homem?

Mais e mais, a pergunta se repetia enquanto ele arregaçava as mangas para


expor as tatuagens que cobriam a superfície de sua pele bronzeada. Linhas grossas
foram gravadas em cada antebraço, irregulares, cortando de um lado para o
outro. A imagem abstrata quase parecia ganhar vida enquanto eu tentava
descobrir o que era. Minha mente disse que eu estava alucinando, e talvez
estivesse certa, mas não questionei a tatuagem em movimento deslizando e se
contorcendo como cobras. Foi o homem que me manteve refém dentro de mim. A
beleza de seu rosto e o tamanho de seu corpo poderoso eram como nada que eu já
tivesse visto antes. Ele era a mesma pessoa que me carregou escada acima e para
dentro de minha casa?

Eu não sabia.
— Espera.

Pisquei com as memórias borradas da viagem de táxi. Mesmo com ele jogando
fora o lixo. O rosto era o mesmo, mas ele parecia diferente e eu não conseguia
descobrir o que era.

— Shhh.

A mão de John espalmou na parte superior do meu estômago enquanto a


outra veio segurar em volta do meu bíceps. Eu estava cambaleando. A única coisa
que me mantinha firme era seu aperto - um aperto que eu tinha que admitir que
estava continuamente flexionando. A ação foi pequena, mas o significado foi
enorme para a parte de mim que prosperou sob o sexo áspero e prático.

— Diminua sua respiração, Charlee. Não gostaríamos que você desmaiasse,


não é?

Eu enrijeci, embora minha mente gritava: “Sim!” Seu toque circulou em torno
do meu estômago e voltou a deslizar sobre um dos meus seios pequenos. Minha
respiração ficou lenta, mas só porque ficou presa na minha garganta.

— Por que você está fazendo isso?


— Alguém tem que lavar você. Você não pode fazer isso sozinha. Você não
pode fazer muita coisa agora.

John já estava olhando nos meus olhos quando levantei meu olhar. Apesar
de ser realmente curioso, meu corpo e minha mente me traíram. Meus olhos
rolaram e minhas coxas se esfregaram com o prazer de seu toque. O volume de sua
voz caiu no final quando a pressão apertou meu mamilo. Então, terminou tão
rápido que me perguntei se ele tinha feito isso. Advertências explodiram, dizendo
que eu precisava fazê-lo partir. Para chutá-lo para fora e trancar a porta atrás
dele. Em vez disso, gemia, fechando os olhos e descansando a parte de trás da
minha cabeça contra a parede enquanto ele se movia para o meu outro seio.

A fricção suave contra minha pele enviou um fogo selvagem de calor se


espalhando por mim. A surpresa me tirou da escuridão quando ele agarrou minha
mão e a colocou sobre a espuma em meu peito. Lentamente, ele a enviou descendo
pelo meu estômago. Eu estava hesitante em encontrar seus olhos, mas no
momento em que o fiz, eu estava de volta àquele sentimento cativo.

Eu deixei o sabão me levar para baixo. John se inclinou para mais perto
enquanto se mexia para caber minha mão entre as pernas. A sensibilidade e as
emoções colidindo arregalaram meus olhos. Minha mão disparou em seu ombro e
me puxei para seu corpo enquanto ele trabalhava seus dedos com os meus ao longo
das minhas dobras.

— É isso que você estava fazendo antes de eu entrar? Você geme tão
docemente, — ele sussurrou em meu ouvido. — E bem alto.
Os dentes puxaram contra a parte inferior da minha orelha e eu segurei mais
forte enquanto ele levava meu dedo para a minha entrada. A largura de seu dedo
me esticou quando ele se juntou ao meu impulso, enterrando seu dedo.

Eu tremia tanto que mal conseguia ficar de pé. Quando ele passou o outro
braço em volta das minhas costas, eu não tinha ideia. A realidade estava se
confundindo com a fantasia e eu me sentia tão bem que não queria saber se isso
estava realmente acontecendo ou não. Talvez eu ainda estivesse dormindo no
fundo da banheira. Talvez eu nem estivesse aqui agora. Não importa. Eu não me
importava com nada além de perseguir o êxtase em meu sistema. Foi a
racionalidade dominante, me enchendo - talvez até me matando.
SCOUT 14

Está é a Charlee que eu conhecia. A Charlee que eu observava há


semanas. Ela estava fora de controle, entregando-se a estranhos aleatórios como
se estivesse distribuindo doces de graça. Mas isso estava prestes a mudar. Ela não
tinha ideia do que estava acontecendo comigo, e tudo começou agora.

— Olhe para mim.

Sua boceta apertou em torno de nossos dedos enquanto sua cabeça se


erguia. Suas pálpebras estavam pesadas e havia um rubor em suas bochechas
enquanto sua cabeça tentava ficar ereta.

— Aqui vamos nós. — A aprovação estava em meu tom enquanto eu


continuava a empurrar meu dedo com o dela. —Quase lá. Abra mais para mim.
— Ela levou um momento para registrar minhas palavras, mas ela abriu as pernas
e eu me retirei, movendo sua mão para o lado enquanto mergulhava dois dedos.
O corpo de Charlee travou e suas mãos voaram para cada um dos meus
ombros. Eu deixei minha palma se estabelecer e provoquei seu clitóris enquanto
eu a fodia forte e bem, assim como ela gostava. Cada tapa contra sua boceta a fazia
gritar e gemer mais alto do que a anterior.

— Não. Não se atreva a fechar os olhos. Bem aqui, — eu disse, movendo meu
rosto para mais perto do dela.

Ela precisava de ordem. Charlee era uma seguidora, não uma líder. Ela
precisava de direção. Em breve, ela teria mais do que esperava.

— John. Por favor, — ela engasgou, agarrando-me como um torno enquanto


eu enfiava meus dedos profundamente. Eu a tinha tão apertada em volta da
cintura, ela não teria sido capaz de escapar de mim mesmo se quisesse. Eu sabia
disso, e estava supondo que ela também, em algum lugar de sua mente
embriagada.

— Por favor, o que? Por favor, faça você gozar? Por favor, foda-me? Ou você
não sabe o que está pedindo?

A confusão fez Charlee piscar rapidamente. Seu corpo enrijeceu, mas eu só


segurei mais forte enquanto continuava a atacar aquele medo que ela
secretamente ansiava. Meu dedo varreu seu clitóris e ela empurrou contra
mim. Ela estava molhada pra caralho. Meu pau estava morrendo de vontade de
estar dentro dela.
— Você e eu... acho que vamos nos ver muito. — Chupei seu lábio inferior em
minha boca, mordendo contra a carne antes de me mover para trás para que ela
não pudesse me beijar como tinha tentado. Era tudo sobre construí-la em lugares
que ela nem sabia que estava faltando peças. E então ela veria…

— Porra. — Um gemido saiu dela enquanto eu esfregava contra suas


entranhas com cada descida em meu impulso. O tremor nas pernas estava
piorando. Eu estava praticamente segurando ela.

A água correu sobre seu corpo, e eu franzi a testa para a área encharcada da
minha manga logo acima do meu cotovelo. Ela mal parecia perceber que eu estava
me movendo quando me inclinei e desliguei a água. Peguei a toalha pendurada no
gancho e a enrolei tão rápido que ela gritou quando a joguei por cima do ombro. A
cama estava uma bagunça maldita. Revirei os olhos, inclinando-me para passar
minha mão sobre o monte de roupas do caralho.

— Quando você acordar, você vai limpar este quarto. Você me ouve?

Largando-a no lugar vazio, vi seus olhos brilharem enquanto ela saltava


contra o colchão. Ela parecia um animal confuso e acuado.

— O que? Espere... eu acho... — Sua cabeça balançou e seus olhos rolaram,


mas eu não a deixei pensar no que diabos estava acontecendo ou o que eu estava
dizendo. Eu puxei meu cinto e coloquei a mão no bolso de trás para tirar a
camisinha que coloquei lá quando a ouvi gemer do chuveiro. Charlee estava
começando a recuar. Eu rapidamente a alcancei e girei em seu estômago. Ela
estava fraca. Isso era óbvio, já que ela mal conseguia ficar de pé no
chuveiro. Agora, ela não podia escapar de mim quando sua mente claramente
sabia que ela deveria. Inferno, ela provavelmente nem se lembraria disso. Mas eu
faria.

— Isso não está certo. Pare, — ela conseguiu dizer, puxando o edredom
enquanto tentava se puxar para frente.

— Pare? Nós dois sabemos que você não quer isso. Na verdade não.

Eu rasguei o pacote, usando uma mão para prender contra o meio de suas
costas enquanto deslizava o preservativo pelo meu comprimento duro. Pesando
contra a minha palma, e eu alcancei seus quadris, puxando-a para trás para que
suas pernas se estendesse em cada lado das minhas. Um som escapou de seus
lábios, e ela fez uma pausa em suas tentativas de fugir quando comecei a esfregar
ao longo de suas dobras. Ela ainda estava tão molhada - talvez mais molhada
agora que eu extraí o que ela queria mais do que qualquer coisa.

— Você está com medo, mas não pode lutar contra as drogas ou o desejo,
pode? Que pena. Você provavelmente vai desejar que tivesse. Eu vou mostrar o
porquê. Lição número um, Charlee. E ouça com atenção. Ouça com atenção, isso
queima profundamente em seu cérebro. Você vai se arrepender se esquecer. Isso,
— eu disse, colocando meu dedo em seu canal, — não pertence mais a você. Esta é
minha propriedade - minha boceta. Esse é o seu único aviso. Você pode não me
ver. Você pode nem se lembrar de mim depois de hoje, mas manterá suas malditas
pernas fechadas para todos os outros homens, ou eles vão se arrepender de terem
se aproximado de você.

Eu coloquei meu dedo anelar dentro para se juntar ao meu dedo médio e
deslizei meu antebraço sob seu estômago enquanto levantei sua bunda mais
alto. Ao fazer isso, tracei sua entrada traseira com meu dedo indicador, molhando-
o.

— Lição dois. Deixe-me pegá-la tropeçando pela rua de novo, incoerente, e


vou lembrá-la do pior que pode acontecer em uma situação como essa. Assim, —
eu rosnei, mergulhando meu outro dedo dentro de sua bunda. O corpo de Charlee
estremeceu e ficou rígido. Ela gritou, tentando se afastar, mas meu aperto em sua
cintura tornou isso impossível. Quando comecei a empurrar em suas entradas
lentamente, levou apenas alguns segundos para ela se soltar do meu aperto. Sua
respiração estava se aprofundando e suas pernas se abriram ainda mais. Um
sorriso apareceu no canto dos meus lábios, mas não havia nada feliz com isso.

— A última lição vem em breve.

Retirando meus dedos, empurrei meu braço para cima para trazer sua boceta
para a cabeça do meu pau. Charlee estava murmurando algo, mas eu a ignorei
enquanto avançava em seu canal. Ela estava tentando se apoiar em seus braços,
mas parou quando eu bati minha mão em sua bunda.
— Você é uma bagunça. Perfeita, realmente. Você sabe o quão perfeita você
é?

Eu bati meu pau nela, empurrando com força. O cabelo loiro balançou
frouxamente quando ela levantou a cabeça. Antes que eu pudesse derrubá-la de
volta, seus braços caíram. A oportunidade e a demonstração de fraqueza me
deixaram fodendo ela com cada grama de ódio que eu tinha engarrafado por
dentro.

— E-espere. Espera. Pare! — A parte superior de seu corpo se debateu com


energia renovada. Ela estava acordando de novo, e eu não poderia ter isso ainda.

— Lições, baby. Lembre-se dessas lições. — Com um golpe na nuca, ela ficou
mole. Eu cavei meus dedos nas laterais de sua bunda, empurrando mais rápido,
usando-a exatamente para o que ela era - minha posse. Alguns bons minutos se
passaram. Porra disparou do meu pau enquanto eu olhava para seu corpo
inconsciente.

— Lição três. — Eu puxei para fora, virando-a de costas e retirando minha


faca. Quando eu agarrei seu pulso e a girei para mais perto, ela nem sequer se
mexeu. —As aparências enganam. Tenha cuidado em quem você
confia. Especialmente, você mesma.
CHARLEE

A dor me fez chorar e meus olhos se abriram. Minha mandíbula estava


batendo tão forte que não conseguia parar de bater com os dentes. A cada
movimento que eu fazia, minha cabeça latejava.

Água derramou sobre mim, gelada, e levei todas as minhas forças para
empurrar o fundo da banheira para desligá-la. Com força, abracei meu peito nu,
olhando ao redor do meu banheiro vazio. Minha mente procurou por si mesma e
flashes de... algo voltou. Um homem. Um... homem assustador?

Eu não me sentia sozinha. Eu estava sozinha? Como eu cheguei aqui?

Minhas pernas tremiam enquanto eu estava de pé e peguei minha


toalha. Estava pendurada onde sempre estava. Enrolei-a ao redor do meu corpo,
caminhando cautelosamente até a porta. O medo me fez abri-la. O apartamento
estava em silêncio. Mas não deveria estar?
Não... tinha alguém. O homem. Um terno apareceu na minha cabeça e depois
os olhos. Olhos pretos. Tatuagens. Elas se moviam como cobras. Ele me ajudou a
sair do chuveiro, não foi?

Gemidos encheram meus ouvidos e eu gemi com os clipes de mim enterrando


meu rosto em seu pescoço enquanto ele me tocava. Sim, ele me levou para a cama.

Eu fiquei na porta do banheiro, examinando o edredom. Ele limpou a seção,


mas minhas roupas ainda estavam lá. Ainda espalhada por toda a superfície da
maneira exata que eu deixei.

Eu balancei minha cabeça em confusão e voltei para o grande espelho sobre


a pia. Um suspiro saiu da minha garganta e eu corri para frente, esfregando meus
dedos sobre o corte número quatorze em meu ombro. Não tinha mais que um
centímetro de comprimento, mas estava lá. Eu tinha feito isso? Por que eu não
conseguia lembrar? Nada fazia sentido.

— Deus. — Andei para trás, em direção ao meu quarto, incapaz de desviar


imediatamente o olhar da ferida que não estava mais sangrando. Meu coração
disparou. Lágrimas escorreram pelo meu rosto e um soluço escapou quando mais
memórias vieram. Ele me fodeu. Ou... sonhei que sim. E ele era duro. Gostei, mas
disse a ele para parar, e ele não parou. Então... dor e nada.

Com força, segurei a toalha entre meus seios. Eu não conseguia parar de girar
em círculos enquanto tentava entender mais do que aconteceu.
— Foi a viagem.

Eu cambaleei para a sala de estar, chorando ainda mais quando a sujeira que
eu conhecia muito bem me encarou. Nada estava limpo. Tudo estava igual. Até a
porta estava trancada. O que significava? Que eu tinha imaginado tudo? Que foi
uma viagem de fantasia que deu errado? Algo nisso me fez respirar fundo.

— Um pesadelo. Sim. — Eu funguei, enxugando a umidade do meu


rosto. Apesar do pequeno alívio, o medo não iria embora. Não parecia um
pesadelo. As memórias eram tão reais. E eu nunca tinha visto isso acontecer com
os comprimidos antes. Uma ligeira alucinação, sim, mas um episódio completo
como esse? Nunca.

Toque do telefone tinha meus olhos indo para a mesa de centro onde minha
bolsa estava. Aproximei-me, franzindo a testa para o meu número de trabalho no
identificador de chamadas. Eu não poderia falar com eles agora. De jeito nenhum
eu chegaria mais cedo.

Eu olhei o relógio, sacudindo minha cabeça em pânico. Quando puxei as


cortinas, mais lágrimas vieram. Não podia ser depois das sete da
noite. Simplesmente não podia ser. O sol estava quase se pondo. Eu dormi o dia
todo no chuveiro?
A prova em meus dedos enquanto eu olhava para baixo em descrença dizia
que sim, o que só aumentava minha ansiedade. Tocando de novo. Eu pulo com o
som, me afastando da janela enquanto apertava o botão.

— Estou atrasada, — eu saí correndo. —Eu sei. Acabei de acordar. Eu estou


doente. Eu não posso ir esta noite.

— Não pode vir? — Lawrence gritou. — Já perdi dois. Beber não é uma
doença, Charlee - a menos que seja. Nesse caso, terei prazer em levar sua bunda
para o AA.

Uma exalação alta me deixou enquanto eu esfregava meu rosto. —Bem. Dê-
me vinte minutos.

— Depressa.

A linha ficou muda e eu desliguei, jogando o telefone no sofá. Eu estava


exagerando. Foram as drogas. Foi só isso. Minha mente inventou algo realmente
fodido e acabei cortando um maldito número no meu ombro. Certamente, isso
acontecia com as pessoas o tempo todo. Talvez não o corte, mas as drogas ruins. Eu
apenas ficaria longe dos comprimidos por um tempo e isso iria embora.

Mesmo enquanto tentava ignorar, minha mão subiu para a parte de trás da
minha cabeça. Estava sensível, mas poderia ter sido pela maneira como minha
cabeça descansou contra a banheira por horas. Ou talvez eu tenha caído e batido
em algum momento? Faz sentido. E nada estava diferente no meu
apartamento. Não havia evidência de que alguém tivesse estado aqui.

Voltei para o meu quarto. Pela minha vida, eu não conseguia chegar perto da
cama ou parar de olhar para ela. Pegando uma calcinha e um sutiã da gaveta, eu
os vesti. Havia uma dor do lado de fora da minha entrada, o que me deu uma
pausa, mas eu ignorei, não querendo pensar mais na situação. Continuar a
contemplar não me ajudaria. Isso apenas alimentaria a depressão que estava por
dentro, e eu não poderia seguir por essa estrada tão rapidamente depois de uma
farra.

Uma calça jeans estava em cima da cômoda e eu a vesti, em seguida, peguei


minha camisa do uniforme que estava cortada e trançada nas costas. Isso expôs
alguns centímetros do meu estômago. Pela primeira vez na vida, eu queria
envolver meus braços em volta da minha cintura e tentar esconder a pele que
aparecia. Em vez disso, coloquei algumas meias e minhas botas. Recusei-me a
olhar para o meu apartamento enquanto pegava minha bolsa e enfiava meu
telefone dentro. Minhas chaves estavam no balcão, e as peguei antes de sair e
trancar a porta atrás de mim.

A Dizzy Dagger ficava a apenas alguns quarteirões de distância. Eu mantive


meu ritmo rápido, contornando as pessoas aleatórias que caminhavam ou apenas
parando na rua. Quanto mais perto eu chegava da faixa, mais à vontade ficava.

— Charlee? Charlee!
Eu diminuí, parando a poucos metros da entrada do bar. Um homem de
cabelo castanho atravessou a rua correndo. Eu estreitei meus olhos enquanto
estudava sua aparência. Ele era familiar, mas não o suficiente para eu me lembrar
de onde o conhecia.

— Charlee, pensei que fosse você.

Olhos azuis me observaram e ele sorriu, exibindo dentes brancos


perfeitos. Ele estava vestindo uma camiseta branca e jeans desbotados. Eles foram
rasgados no joelho, e algo sobre eles desencadeou algo.

— Dylan. Nós nos conhecemos ontem à noite no Hell-O's. — Sua cabeça


inclinou para o lado enquanto ele ria. —Você não se lembra de mim. Está bem. Não
conversamos muito. Mas você, eu me lembro. — Ele olhou para minha camisa,
então voltou sua atenção para o bar. —Você trabalha aqui?

— Sim, e estou atrasada. Desculpe, não me lembro de você. Eu estava meio


confusa na noite passada.

— Se você diz. Você estava caindo em todo o lugar. Derramou sua cerveja em
cima de mim, mas tudo bem. Acho que você só queria tirar minha camisa.
Eu gemi, balançando minha cabeça enquanto as memórias voltavam. —Está
certo. Eu me lembro agora. Eu sinto muito. Nunca mais vou ficar tão bêbada. Eu
estou tão envergonhada.

— Você não deveria estar. Você não foi tão ruim, — ele disse, se
aproximando. —Você estava se divertindo. Nada de errado com isso.

Dylan cambaleou para o lado, mal se segurando quando um homem com um


boné de beisebol preto bateu em seu ombro - com força.

— Ei, mano, qual é o seu problema?

O estranho parou na porta da Dizzy Dagger, imóvel. Meu coração saltou na


minha garganta com o tamanho de seus ombros. Lentamente, ele se virou, nos
fixando em um par de olhos verdes brilhantes. Ele tinha uma mandíbula quadrada
e lábios carnudos, e havia um ligeiro crescimento tingindo suas bochechas.

Mesmo que ele não estivesse nem perto de tão bronzeado quanto John estava,
meus olhos dispararam para seus braços nus em busca de tatuagens. Ele
parecia... familiar, mas não foi o estranho que me ajudou a voltar para casa. Não
pode ter sido. Sem tatuagens. Cor de pele errada. Cor dos olhos errada. Mas eu
conhecia aquele rosto, mesmo que não conseguisse me lembrar de como era o John
das minhas visões de perto. Eu estava perdendo minha cabeça? O homem que me
ajudou na calçada tinha entrado em minha casa? Ele tinha se aproveitado de mim
em meu estado de embriaguez? E se ele não existisse?
— John?

A raiva apertando o rosto do homem suavizou quando seus olhos foram de


Dylan para mim.

— Não essa noite. A menos que você queira que eu seja.


SCOUT 14

As pessoas riam. Casais se beijavam e dançavam. Os homens discutiam entre


si. E pela minha vida, não pude evitar o sorriso do meu rosto. Normalmente, o
ambiente teria ficado sob minha pele, mas esta noite foi diferente. Charlee estava
uma bagunça, constantemente olhando por cima do ombro e pulando em qualquer
um que a tocasse. Ela estava questionando sua sanidade? Quer saber se todo o
episódio foi um sonho? Inferno, eu sabia que ela estava.

Tomei um grande gole, terminando minha cerveja. Foi minha terceira na


última hora, mas estava longe de sentir os efeitos. Eu queria que ela
voltasse. Cada vez que ela anotava meu pedido, ela examinava meu rosto, e eu
sabia que grande parte era porque minha resposta ao meu nome a
confundia. Nossas conversas foram pequenas, mas ela tentou prolongar a
conversa. Eu simplesmente não daria a ela muito para continuar. Meu
desinteresse mais uma vez a atraiu como uma mariposa para uma chama.

Uma boa meia hora se passou enquanto eu a observava trabalhar no


balcão. Ela checou o relógio na parede continuamente e, com o passar do tempo,
não perdi suas olhadas furtivas de trás do bar, que por acaso foram encorajadas
por outra garçonete. Em pouco tempo, um sorriso apareceu em seu rosto enquanto
ela parecia relaxar. Era exatamente o que eu precisava para meu próximo jogo.

— Garçonete! — Gritei por cima da música, gesticulando com a mão. A cabeça


de Charlee girou, e seu comportamento feliz caiu um pouco enquanto ela se
aproximava.

— Outra cerveja?

— Você tem isso. Diga-me... Charlee, não é? — Em seu aceno, eu continuei. —


Charlee, onde é o lugar para ir se estou procurando me divertir.

— Você não está se divertindo aqui?

Seu tom era provocador e eu inclinei minha cabeça.

— Eh, está tudo bem, mas eu estava pensando em algo um pouco mais
divertido do que cerveja. Você não conhece um lugar que eu pudesse ir que
pudesse fornecer algo mais?

Ela fez uma pausa, perdendo o sorriso quando percebeu que eu estava
insinuando drogas. —Não. Eu não posso te ajudar nisso. Desculpe. Vou pegar sua
cerveja.
Eu ri ainda mais forte enquanto ela decolava em um ritmo rápido. A pista de
dança estava lotada e eu vi alguns casais balançando ao som do rock. Um grande
grupo de mulheres mais velhas estava no canto, se divertindo, enquanto se
moviam no ritmo também. Eu me inclinei para trás, trabalhando meu olhar e
estudando cada uma. Uma cor brilhante ao lado ficou presa na minha
periferia. Isso me fez sentar direito. Uma jovem foi separada da multidão. Ela
estava sozinha e parecia chateada. Ela tinha idade suficiente para entrar no
bar? Eu não tinha certeza. Cabelo castanho comprido ondulado sobre os ombros. E
ela tinha um rosto redondo com grandes olhos claros. Ela era bonita - bonita o
suficiente para Whitlock. E o importante era que ela estava sozinha. Era tudo o
que precisávamos para agarrar e levar rapidamente. Era o sentido tradicional de
como sequestramos alguns, e ela se encaixava no perfil.

Peguei meu telefone, puxando o texto. Meus dedos correram pelas letras
enquanto eu examinava a área em busca de alguém que pudesse ter sido associado
a ela. Pela maneira como ela se sentou sozinha no fundo, quase parecendo se
esconder, não achei que seríamos interrompidos por conhecidos.

14: Há uma Red na lista, correto?

7: Sim. Red para azul.

Azul significa não virgem. Isso poderia ser consertado facilmente se ela fosse
uma.
14: Possivelmente trouxe uma surpresa. Dizzy Dagger.

7: Estou a caminho.

Coloquei meu telefone no bolso enquanto meu olhar cortou para Charlee no
bar. Ela estava tendo uma conversa acalorada com um cara - um cara que não
reconheci nas semanas em que a observei. Eu estava de pé antes que pudesse me
conter.

O som morreu e o assassino em mim se concentrou nas duas únicas pessoas


no bar que eu queria me concentrar. A cada passo, meu coração desacelerou. O
homem estava gritando e enfiando o dedo em seu peito. Charlee não parecia com
medo; ela parecia chateada. Mas isso não o impediu de ficar mais em seu
rosto. Idiota. Ninguém toca em minha propriedade - propriedade de Whitlock.

— Estou cansado de suas desculpas, Charlee. Você acha que eu gosto de ouvir
dos meus amigos sobre como minha ex tem estado em cima de cada cara que
mostra sua atenção? Eu disse para você ficar longe do Barney's e você disse que
iria. Você estava tentando me envergonhar? É isso que você estava tentando fazer?

Eu parei no bar logo atrás de Charlee e respirei fundo através da raiva


assassina envolvendo todo o meu ser. Demorava muito para me irritar, mas não
era qualquer pessoa que esse homem estava atacando e chamando atenção. Esta
foi minha escolhida. Minha.
— Não é como eu planejei ir, Drew. Eu sinto muito. A última coisa em que
estava pensando era em você. Eu sei que você acha isso difícil de imaginar, mas se
você se lembra, fui eu que terminei nosso relacionamento. E é melhor esse dedo
não me tocar de novo.

— Ou o que? O que você vai fazer?

O corpo de Charlee esbarrou em mim. O homem nem pareceu notar meu


brilho. Ele nem me notou.

— Você sabe o que? Você está fora daqui. Lawrence!

— Oh, sim, me jogue fora de novo. Muito bom, vadia.

Um homem empurrou do outro lado do bar, vindo em nossa direção enquanto


Charlee batia em mim ainda mais forte com o empurrão de seu ex. O homem por
trás da raiva do bar era evidente enquanto corria em nossa direção. Um rádio
estava em seu cinto e ele o ergueu, gritando. Em segundos, um homem grande
entrou no local pela área da porta da frente e disparou em nossa direção
também. Mas era tarde demais. Meu braço estava em volta do estômago de
Charlee e meu corpo a envolvia. Eu segurei com força enquanto avançava, dando
um passo a centímetros do rosto do cara, praticamente prensando-a entre nós. Eu
não tive que dizer uma palavra. Meus olhos seguraram os dele, projetando tudo o
que ele precisava saber. Ela era minha , e ele era um homem morto por tocá-
la. Passo a passo em sua retirada, seus ombros se encolheram ainda mais. Mas eu
não desisti. Avancei, levando Charlee e eu ainda mais perto. Terror
confuso gravou em sua expressão quando o segurança agarrou seu braço e o puxou
em direção à porta.

— Fique longe do Barney's! Charlee!

— Você está bem? Jesus. — Lawrence voou para uma parada na nossa frente
e levei um momento para perceber que ainda a tinha em um beco sem saída. A
fúria morreu enquanto eu me acalmei sabendo que aquele pedaço de merda seria
cuidado. Não agora, mas definitivamente mais tarde esta noite. Eu já estraguei
tudo ao me colocar em uma situação que não pertencia. Era muito arriscado segui-
lo. Em poucas horas, porém, ele estaria gritando por perdão.

— Estou bem. Eu... —Charlee examinou meu rosto, olhando para Lawrence,
depois voltando para mim. —Obrigada.

— Não me agradeça. Ele estava fora da linha.

— Você acabou por esta noite, — seu chefe disse, alcançando seu ombro. —
Você não parece bem. Tem certeza que está bem? Você está muito pálida.

— Eu vou ficar bem. Eu só preciso descansar. Eu disse que não estava me


sentindo bem.
— Eu posso ver. Carter pode te levar para casa. A casa deve ficar bem
enquanto ele estiver fora, e Jerome pode cuidar de qualquer problema.

— Oh, não, — disse Charlee, balançando a cabeça. —Quando eu pegar


minhas coisas, Drew já terá ido embora. Vou voltar para casa bem.

— Eu a levarei. Ela estará segura comigo.

— Me desculpe, quem é você? Vocês se conhecem? — A testa de seu chefe


franziu enquanto ele olhava entre nós. A boca de Charlee se abriu, apenas para
fechar, e ela acenou para Lawrence. Eles se dirigiram ao bar, conversando
baixinho. Charlee tirou seu avental e agarrou sua bolsa. No momento em que
saímos, ela parou.

— Obrigada pela oferta para me acompanhar até em casa, mas eu vou ficar
bem. O que você fez lá com Drew... eu agradeço.

Charlee se virou, me deixando ali enquanto ela corria pela rua e mais adiante
na calçada. Peguei meu telefone, deixando-a colocar distância entre nós. Quando
ela alcançou o próximo bloco, comecei a segui-la.

14: Cuidando da minha escolhida. Aguarde. Volto em breve.


Enfiei o telefone de volta no bolso e observei tudo sobre Charlee enquanto ela
passava pelos negócios ao longo do caminho. Seu cabelo loiro soprou para trás com
o vento e o balanço de nossos braços estava em sincronia enquanto eu descobri que
minha velocidade aumentava. A cada passo, seus quadris balançavam mais do que
ela provavelmente percebeu. Ela caminhava com determinação, mas a maneira
como mantinha a cabeça baixa não dava essa impressão às pessoas. Ela poderia
ter sido alguma coisa na vida. Eu sabia disso nas minhas entranhas. Agora já era
tarde demais.

Em uma corrida rápida, cheguei ao lado oposto da rua. Charlee já estava


desaparecendo em seu prédio, mas eu não podia sair ainda. Um bom minuto se
passou e, uma a uma, as luzes começaram a inundar sua casa. A silhueta de sua
forma alta parou em seu quarto. Observei enquanto ela puxava a camisa pela
cabeça. Ela estava se movendo, tirando mais de suas roupas.

E então ela se foi.

Eu conhecia sua rotina como conhecia a minha. Ela tomaria banho, então
colocaria uma minúscula camiseta e calcinha antes de se servir de um copo de
vodca. Nesse ponto, ela começava a beber até desmaiar. Mal sabia ela, ela não
consumiria muito esta noite. Eu tinha uma surpresa reservada para Charlee. Ela
teria sorte de chegar à cama depois de provar a mistura em sua amada garrafa.

As vibrações me fizeram enfiar a mão no bolso e puxar o telefone. Eu


examinei o texto e dei uma última olhada na janela do quarto de Charlee. A
agitação da vida noturna aumentou enquanto eu voltava para os bares e
negócios. Fiquei nas sombras, me sentindo mais um estranho do que meu
verdadeiro eu. Eu raramente cobria as tatuagens ou loção bronzeadora, ou mesmo
clareava meu cabelo o suficiente para combinar com minha cor natural. E eu
nunca usei apenas jeans e uma camiseta, mas aqui estava eu, exposto como meu
verdadeiro eu pela primeira vez em desde que me lembrava.

— Vinte dólares, baby, e eu farei sua noite.

O toque em meu braço me fez desacelerar. Eu me virei para encarar a mulher


de aparência exótica que estava encostada no prédio. Ela tinha cabelo escuro, pele
clara e seus ricos olhos castanhos eram amendoados. Ela estava usando um
vestido vermelho justo e saltos pretos vistosos com solas muito grossas que
gritavam o que ela era.

— Vinte dólares, hein?

— Está certo. Trinta e eu vou realizar seus sonhos.

Eu sorri, estendendo a mão para cavar meus dedos em suas bochechas para
que a luz refletisse em seu rosto.

— Meus sonhos, — eu repeti. —Não tenho tanta certeza disso, docinho. Veja,
estou prestes a estourar a cereja de uma virgem só para ouvi-la gritar, então vou
voltar e acabar com a minha vida fodendo uma velha com sangue ainda no meu
pau. E vou pegar isso de graça. Supere isso e eu te dou cinquenta dólares.

— Idiota.

Ela puxou o rosto e continuou a praguejar enquanto me empurrava. Eu ri,


aumentando meu ritmo para a Adaga Dizzy.

Seria uma boa noite. A Red, o ex e a escolhida - todos seriam meus.


CHARLEE

Impaciência. Isso é tudo que eu pude fazer enquanto sintonizava o calor que
cobria meu estômago enquanto olhava para a garrafa tão lindamente exibida no
centro da minha mesa. Eu queria beber mais. Eu queria tanto isso, eu não
aguentava. Tive um problema. Não precisava ser um gênio para descobrir isso. A
maior questão que me atormentava era o que eu faria a respeito.

Eu sabia que iria desabar. Pela contração em meus dedos e as paredes fracas
da minha mente já desmoronando sob a pressão, era um indício. Apesar disso, a
verdade era que eu não queria essa vida. Eu estava exausta e cansada de lutar e
viver de salário em salário com contas que eu mal podia pagar.

Tantas vezes tentei encontrar um emprego melhor, mas sem uma boa
escolaridade, estava ferrada. Modelar sempre foi uma solução e ainda era. Mas eu
nunca faria isso se continuasse no caminho em que estava.

Eu não tinha ninguém perto de mim. Eu estava sozinha... e destrutiva. As


pessoas que tentei me aproximar sempre me machucaram de uma forma ou de
outra. Ver Drew apenas enfatizou meus problemas de confiança. Ele não tinha
sido abusivo no início - muito pelo contrário. Achei que minha vida estava
finalmente mudando para melhor quando nos conhecemos. Conseguimos um
lugar juntos. Nossa química foi às alturas. Até parei de festejar e de beber. Mas
meu trabalho era o problema.

Drew tinha ciúmes dos homens que flertavam e se agarravam a mim. Com
nós dois trabalhando no Barney's, ele viu tudo. E o que ele não percebeu foi que
eu não tinha controle sobre esses homens. Os argumentos verbais aumentaram
com o tempo. Com eles, veio o abuso físico. Foi quando eu fui embora. Foi quando
o consumo de bebidas aumentou dez vezes.

Uma respiração irregular me deixou enquanto eu caminhava em direção ao


balcão. Eu parei, passando meus dedos pelo meu cabelo conforme as alternativas
surgiam. Eu poderia assistir TV. Eu poderia ler um livro. Eu costumava ler
muito. Eu poderia…

Minha cabeça se virou e olhei para meu laptop na mesa final do outro lado da
sala. Minha atenção voltou para a garrafa. Eu gemi quando me aproximei e peguei
um copo, servindo-o com vodca a um quarto do caminho.

Ambos. Eu bebia só um pouco enquanto descobria uma maneira de contornar


os obstáculos. Devia haver algo que eu pudesse fazer. Eu precisava mudar. E
motivação. Eu precisava de mais disso também.
Aproximando-me, peguei meu laptop e me dirigi para o sofá. A necessidade
de beber antes de abrir o mecanismo de busca estava lá, mas eu o afastei, deixando
minha pequena vitória cimentar no fato de que eu poderia fazer isso. Pequenos
passos eram melhores do que nada. E esta foi a primeira vez que eu estava
realmente tentando melhorar a mim mesma.

Agências de modelos inundaram a página quando comecei a vasculhar


minhas opções. As letras em negrito da minha ex-agência me fitaram - zombaram
de mim. Eu rolei para baixo, nem mesmo querendo perder meu tempo. Eu
estraguei tudo irritando a incrível oportunidade que eles me deram, e eu não iria
recorrer a voltar para que eles pudessem presumir que eu faria isso de novo. Eu
precisava de um novo começo. Um novo eu - aquele que não tinha lembretes
furiosos de como meu passado estava cheio de erros.

Parei sobre Benson e Dean, clicando no link.

Se eu conseguisse que um agente me levasse a sério, eles veriam que eu


poderia mudar. Mais importante, eu poderia provar a mim mesma que não era
quem eu havia me tornado. E esse foi o maior obstáculo, não foi? Para superar o
estereótipo que me considerava e me tornar o que sonhei?

Eu poderia fazer isso. Quanto mais eu lia e quanto mais fotos das modelos
em sua galeria eu via, mais claro ficava que eu tinha uma chance. John pensava
assim. Mesmo se ele não tivesse existido.
Pegando a vodca, tomei um grande gole e enruguei o nariz com o
gole. Imediatamente, puxei o copo de volta e olhei para ele antes de trazê-lo de
volta para cheirar o conteúdo. Estava ruim? Algo estava diferente, mas eu não
tinha certeza do que era. O gosto era bom, mas não.

— Você está perdendo o controle, Charlee. Você está vendo pessoas e falando
consigo mesmo. Jesus. Apenas beba essa maldita coisa.

Eu trouxe de volta aos meus lábios, tomando um gole ainda maior. Meu rosto
se encolheu e eu coloquei o copo na mesa. Havia uma acidez seca que veio com o
gosto residual. Ele me fez limpar a garganta para não vomitar.

Eu me levantei, caminhando e pegando minha água do balcão. Quando voltei


para o sofá, tentei levá-la da boca, mas não consegui me livrar do sabor
desagradável que cobria minha língua. Tentei ignorar enquanto me movia para a
página dos agentes e comecei a ler a biografia. No meio do segundo agente, as
palavras ficaram borradas e a sala se girou. O som entrava e saía enquanto meu
pulso explodia em meus ouvidos.

— O que agora…?

Minha voz se aprofundou quase demoníaca em meus ouvidos e o laptop caiu


de meus joelhos enquanto eu lutava para ficar de pé. Para frente, eu balancei,
batendo na mesa de café com minhas canelas. Eu sabia que estava caindo para o
lado, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito. Meu corpo bateu com uma
força que sacudiu meus dentes. O ar ficou preso em meus pulmões e lutei para
recuperar o fôlego. Centímetro por centímetro, agarrei o carpete para chegar ao
meu quarto.

O que estava acontecendo? Minha mente não pensava e meus membros


estavam ficando mais pesados.

Uma eternidade se estendeu enquanto o sono acenava. Um momento, eu


estava no meu limiar. No próximo, eu estava na cama. Eu não tinha ideia de como
tinha chegado lá, e um rápido momento de clareza me fez chorar de medo. Eu
estava acordada, mas não respondia. Eu estava aqui em um momento e no
seguinte fui embora. O tempo passou enquanto eu esperava o feitiço estranho
seguir seu curso, mas as coisas só pioraram. Sintomas semelhantes aos da gripe
atingem com força, deixando não apenas meus músculos doendo, mas também
meus ossos doendo. Eu tremia de calafrios e o suor cobria cada centímetro de mim.

Mais tempo.

Então, do nada, o tormento físico parou. Momentos sombrios de flutuar em


um abismo sobrenatural surgiram e a escuridão do meu quarto voltou. Pisquei a
imagem, sugando grandes goles de ar. Levou tudo para levantar minha cabeça e
olhar ao redor. Normal. Tudo estava bem. Exceto eu. Eu…

Minha pulsação aumentou, ficando mais alta dentro da minha cabeça. O


medo veio à tona e tentei rolar, mas o peso estava piorando. Fechei meus olhos,
apertando minhas pálpebras com força. Isso não estava acontecendo. Isso não
estava certo.

Uma risada profunda fez meus braços e pernas sacudirem de surpresa. O


medo cresceu profundamente e meus olhos se abriram. O teto empanado branco
mudou para um redemoinho vermelho escuro com rostos negros. Seus olhos
estavam muito arregalados e sua boca esticada em um ‘O’ enquanto
gritavam. Eles estavam sendo sugados para o que eu só poderia processar como
lava derretida. Inferno? Os gritos e gemidos aumentaram de volume enquanto
seus braços se libertavam do carmesim e arranhavam a superfície. O horror me
fez tentar afundar ainda mais no colchão. Mas eu não estava apenas me moldando
em minha cama, eu estava sendo puxada por ela. Dedos romperam minha pele,
arranhando minha carne e tentando arrancá-la.

Minha boca se abriu, mas um grito não veio quando os seres distorcidos me
envolveram. A pressão apertou em meus braços e envolveu minhas coxas,
espalhando-as amplamente. Minha visão enfraqueceu e eu sabia que estava
hiperventilando.

Chegou o tom preto.

Então... nada.
SCOUT 14

Sangue. Cobriu minhas mãos, quente, pegajoso... vermelho. Eu tracei a


laceração no peito do ex de Charlee, empurrando meu dedo até a primeira junta
para que eu pudesse sentir sua carne separar sob meu toque enquanto ele
gritava. A maciez lisa do músculo envolveu os lados do meu dedo enquanto eu saía
de um mamilo e voltava para o outro, parando bem onde estava seu coração.

— Você alguma vez a amou? Essa coisa acelerou quando ela estava perto? Ou
era a boceta dela que você queria?

— P-por favor. Juro, nunca mais vou chegar perto dela. Porra, por favor.

O suor cobria a pele pálida de Drew e empurrei a superfície, sentindo o osso


por baixo.
— Eu sei que você nunca vai chegar perto dela novamente porque você nunca
vai sair desta sala vivo. Agora responda minha pergunta. Você alguma vez a
amou?

Um grito longo e prolongado o deixou enquanto ele lutava contra as restrições


que o prendiam no teto, assim como a ruiva pendurada alguns metros atrás de
mim.

— Não. Ela é impossível de amar. Ela é sua. Você mesmo disse. Charlee é
sua.

— Está certo. Ela pertence a mim. Você não. Nem mesmo a si mesma. Eu.

Em golpes lentos, continuei a traçar a ferida, empurrando meu dedo mais


fundo dentro dele enquanto pensava nos mistérios de porque minha atração por
ela estava ficando mais forte. Ele murmurou súplicas interrompidas baixinho, e
suas pernas fraquejaram enquanto ele tentava se levantar. Ele estava acabando
com minhas feridas anteriores, e eu estava contente em deixá-lo sangrar.

— Sabe, quando eu vi você tocá-la, eu poderia ter matado você na hora. Foi
isso que você fez, não foi?

Tap. Tap. Tap.


Com as palavras, cutuquei com força o osso do peito exposto, assim como ele
fez em seu peito quando gritou com ela.

— Porra! P, — ela é sua! Eu…

Enterrei meus dedos em seu cabelo, jogando sua cabeça para trás para que
ele olhasse para mim. Suas pálpebras pesadas piscaram e se abriram quando
minha mão abaixou para que eu pudesse entrar no corte que eu havia cortado em
seu estômago minutos antes.

O músculo se dividiu mais amplamente, e eu mordi meu lábio inferior,


adicionando peso, forçando meu dedo mais fundo do que minha faca havia
perfurado. O leve estalo da carne se partindo não poderia ter sido ouvido com seus
gritos, mas eu o senti reverberar em minha mão enquanto ria na cara dele. O
soluço da garota atrás de mim irrompeu, mas não pensei nisso, sabendo que Seven
estava esperando com ela enquanto eu terminasse.

— Você fica dizendo que Charlee é minha. E você está certo. Para isso, vou
lhe contar um segredinho. Um que ela nem conhece.

As pálpebras de Drew se estreitaram e mal abriram quando me aproximei de


seu rosto.
— Eu a drogo, então eu invado seu apartamento e a fodo. Agora, ela está
desmaiada porque eu batizei sua garrafa com Cort. Seu corpo está simplesmente
deitado, inerte, esperando que eu brinque com ele. Você quer saber outro segredo?

Todos os meus quatro dedos cravaram em seu estômago enquanto o sangue


acumulava na minha palma. A força renovada da dor o deixou gritando e
implorando novamente. Ele tentou se afastar, mas eu segurei firme enquanto
vasculhava o conteúdo de seu estômago. Foi revigorante saber que literalmente
segurei sua vida em minhas mãos e a cada segundo, ela estava se afastando cada
vez mais. Mãos gordas roçaram meu rosto enquanto o bastardo choramingava e
gemia. E não pude evitar que meus lábios se abrissem para expor meus dentes de
excitação que seu sofrimento me deu.

— Eu vou vendê-la como uma escrava sexual. Como isca para algum filho da
puta rico e sádico que quer torturá-la e matá-la. E você sabe o que estou ganhando
com isso? Uma grande porcentagem de seu preço de leilão. Charlee está
condenada, assim como você.

— N... não. Não!

— Ah sim. E temo que estejamos sem tempo. Você deveria apenas tê-la
deixado em paz. Espero que valha a pena morrer por uma mulher morta.

— Espera. Espere, por...


Eu puxei minha faca, não perdendo meu tempo enquanto angulava a lâmina
logo abaixo de sua orelha e cortei sua garganta. O sangue jorrou como uma
torneira aos meus pés, e gritos de gelar o sangue atrás de mim seguiram o
gargarejo e espasmos de seu corpo.

— Socorro! Ajuda por favor!

— Ajudar você? — Eu zombei, virando-me para rir. —Diga isso de


novo. Grite, pequenina.

— Socorro! Alguém me ajude!

Lágrimas correram pelo rosto pálido, e Seven e eu rimos mais alto enquanto
observamos a garota ruiva puxar as algemas.

— Ninguém vai te ajudar, — disse Seven, apagando o cigarro. —Você ouviu


o destino de seu escolhido. Esse é o seu destino também, escrava.

— Não! Alguém virá. Alguém vai me encontrar.

— Errado, — eu disse, voltando em direção a eles. —Mas digamos que você


esteja certa e alguém milagrosamente venha atrás de você. Eles morreriam antes
mesmo de violar o portão. Você não tem ideia de quem somos ou do que você faz
parte agora.

— Eu não sou parte de nada, seus desgraçados. Me deixa ir! Socorro!

Eu balancei minha cabeça, batendo as costas da minha mão contra sua


bochecha. O cabelo ruivo voou para cobrir sua bochecha já machucada, e suas
pernas se dobraram com a força. Eu circulei ao redor, deixando um caminho do
sangue de Drew sobre seu quadril nu enquanto me colocava atrás dela.

— Você é bonita, mas tem uma boca... Shayla, não é? Estúpida, garotinha. O
que você estava pensando entrando sorrateiramente naquele bar com uma
identidade falsa? Sua mãe e seu pai não avisaram você sobre os perigos de homens
como nós?

— P-por favor. Eu não direi uma palavra. Eu só quero ir para casa. Nunca
vou fugir de novo, prometo. Apenas me deixe ir para casa.

— Oh, você está indo para casa, certo. Mas não o que você está esperando.
— Seven entrou, enterrando a mão entre as pernas dela enquanto ela se
debatia. —Está entre as escolhidas agora. Tenho pelo menos algumas semanas de
sobra. O que você acha de me fazer companhia por um tempo?

— Não. Oh Deus, não! Socorro!


Uma risada sacudiu meu peito enquanto envolvia meu braço em volta de sua
cintura. Os dedos dos pés mal tocaram o chão. Ela chutou contra mim enquanto
tentava escapar, mas não adiantou.

— Eu não vou demorar, — eu disse, olhando para Seven enquanto deslizava


meu dedo em sua boceta por trás. Quando bati na parede que esperava, meu
sorriso cresceu. Virgem. —Vou pegar meu prêmio e deixar você se divertir.

Ele apertou seu seio, prendendo a outra mão em seu cabelo enquanto assentiu. —
Pegue o que quiser. Você a encontrou.

Eu estiquei seu canal com outro dedo e desabotoei minhas calças, liberando
meu pau.

— Não, não, por favor. Estou te implorando, por favor!

— Continue implorando. Eu gosto disso. — Eu empurrei meus dedos, usando


sua umidade e o que restou do sangue de Drew para bater em sua entrada. Gritos
ecoaram da sala de espera subterrânea, mas não me preocupei se alguém pudesse
ouvir. Ninguém iria. Era impossível. O lugar não era apenas bem guardado, mas
também era o ponto de desembarque de uma das muitas entradas secretas do
sistema de rodovias subterrâneas que levava a Whitlock.
— Adoraria ficar e brincar, mas tenho um encontro. — Retirando meus dedos,
peguei o preservativo de Seven e coloquei-o para que pudesse caber em sua
entrada. O corpo de Shayla ficou selvagem, mas com o meu aperto e o de Seven,
ela ficou ainda mais presa do que apenas nas algemas.

Levantando seus quadris, mergulhei meu pau em sua boceta apertada,


rompendo a parede roubando sua virgindade. Os gritos morreram enquanto ela
engasgava com uma inspiração de ar. A tosse durou apenas um segundo antes que
os gritos continuassem novamente. Eu não empurrei - eu não fiz nada, mas fechei
meus olhos e sintonizei a forma como seu canal teve um espasmo e agarrou meu
pau dolorosamente.

Soluços sacudiram seu corpo. Seven falava, mas não ouvi suas
palavras. Charlee. Ela foi a única coisa que vi e ouvi. Seus gemidos encheram
meus ouvidos, seu corpo balançando debaixo de mim enquanto ela clamava por
mais. E ela me queria antes de eu agredi-la e nocauteá-la. Algo nisso me fez piscar
e afastar as memórias para ver o que estava diante de mim. Eu nunca quis essa
garota; Eu queria a escolhida - minha escolhida.

Meu pau já estava amolecendo com a visão do cabelo vermelho. Deslizando


para fora, tirei o preservativo e me afastei.

— Eu tenho que ir. Não se divirta muito.


Fechei o zíper da calça e fui até a porta, subindo as escadas de dois em
dois. Muitos pensamentos vieram, e eu os afastei, focando em me preparar. A
rotina era bastante fácil. Bronzeamento. As caras tatuagens falsas. O spray
desbotado que escureceu meu cabelo. Quando vesti o terno, não conseguia parar
de olhar para a transformação.

— Fourteen, você está ocupado?

Eu me virei em direção à porta, observando a expressão estranha no rosto do


Scout1 3. Ele era novo, mas nossos números não tinham nada a ver com nossa
posição. Eles representavam as coisas. Habilidades especiais e colocação. Havia
quatro olheiros em Nova York e mais três em treinamento. Algum dia, quando eu
morresse ou fosse substituído, haveria outro Scout 14, vasculhando as ruas, mas
ele nunca seria tão bom quanto eu.

— Estou prestes a sair. O que é?

— Você ouviu sobre a reunião?

— Que reunião?

1 Scout - Olheiro, Caça - talentos, em Whitlock usam este termo para os sequestradores, usando um termo do basebol.
Ele cruzou os braços sobre o peito largo enquanto se encostava no batente da
porta.

— O Mestre Principal está redirecionando. Não saiu muita informação, mas


recebemos uma mensagem há cerca de uma hora. Iremos para Whitlock em dois
dias. Ele quer se encontrar conosco. Todos nós. Há Scouts voando de todos os
lugares. Um amigo me ligou de Seattle depois de receber a mensagem. Ele está
indo para Whitlock esta noite. Tenho a sensação de que isso não é bom.

— Não parece, — eu disse, olhando para cima. —Eu estarei pronto.

Eu balancei a cabeça para longe, olhando para o meu reflexo.

Redirecionando? Por que diabos Bram Whitlock redirecionaria os


olheiros? Para quê? O que isso significa para Charlee? Ele não a levaria afinal? Ele
estava mudando de direção no modo como administrava o lugar e decidindo acabar
com os Scouts que eram descartáveis? Tínhamos um trabalho como qualquer outra
pessoa. Era tudo uma questão de números e qualidade do nosso trabalho. Minha
qualidade era excelente. Não me preocupei comigo, mas aqueles que não
estivessem à altura seriam mortos.

Peguei meu telefone do balcão e atravessei o complexo. O caminho para a


casa de Charlee foi um borrão. Eu queria provocá-la de novo e talvez ainda o
fizesse, mas se ela não fosse pertencer a Whitlock, o que aconteceria? E se eles me
colocassem na cola de outra escolhida ou me colocassem em um novo estado? Essa
era uma possibilidade.

— Porra!

A raiva empurrou contra meu interior quando desliguei o sedan e olhei pela
janela de seu quarto do outro lado da rua. Eu tinha investido muito tempo nesta. E
ela fez algo comigo que eu não conseguia entender. Eu poderia ir sem ter ela para
brincar? Eu sempre poderia ter outro desastre de uma mulher, mas não seria ela.

Não.

Se Whitlock não a aceitasse, eu descobriria algo. Ela era bonita demais para
ser perdida. Eu arranjaria um lugar para usá-la como desejasse. Ou talvez eu
pudesse convencer Mateo, o chefe dos Scouts, a falar com o Mestre Principal. Se
ela estivesse em Whitlock, eu tinha uma maneira de chegar até ela, se quisesse. É
por isso que eu estava confortável com ela indo. Claro, ela poderia morrer nas mãos
de seu Mestre, mas pelo menos eu poderia encontrar maneiras de vê-la antes
dele. E eu a veria. Eu não temia os ricos fodidos por trás daquelas
muralhas. Apenas uma pessoa me assusta, e é o próprio Bram.

Eu tranquei as portas do carro antes de correr pela rua. O código para a porta
da frente foi bastante fácil. Puxei uma cópia de sua chave do bolso enquanto subia
as escadas e me aproximava de seu apartamento. O corredor estava vazio, mas
sempre era tarde da noite.
O silêncio veio ao meu encontro quando destranquei a porta e entrei. A luz
da cozinha estava acesa, mas as outras pareciam apagadas. Um laptop estava
aberto no chão e me aproximei para pegá-lo. Com o movimento do meu dedo, a tela
ganhou vida e meus olhos se estreitaram enquanto eu percorria a página. Agentes
de modelagem. Benson e Dean eram bem conhecidos em todo o mundo. Eles
apenas pegavam o melhor. E apesar de seus problemas, Charlee era a melhor.

Meus lábios se pressionaram e o barulho fez minha cabeça girar em direção


ao quarto dela. Eu coloquei o laptop de lado e fui em sua direção, desabotoando
minha jaqueta e deixando-a cair no chão atrás de mim.

— Você está acordada, Charlee?

Acendi a luz a tempo de vê-la se enrolar em uma bola no canto da sala. Seus
olhos arregalados espiaram por cima do ombro e sua blusa branca grudou na pele
de suor. Respirações profundas e gritos encheram o ar enquanto seu olhar voava
sobre o teto em movimentos bruscos.

— Oh, Alice, você está perseguindo o coelho de novo, não é? — Comecei a abrir
minha camisa, sorrindo com a estranha sensação de alegria que tive por estar
perto dela - por foder com sua cabeça novamente. Ela ia ficar muito confusa
quando acordasse de manhã. E eu mal podia esperar para ver o resultado. —Eu
tenho saudade de você. Você está com saudades de mim?
Charlee se pressionou mais contra a parede e balançou a cabeça
freneticamente.

— Não? Isso fere meus sentimentos. Não tenho feito nada além de pensar em
você a noite toda e é isso que eu ganho? Isso não é muito bom.

— D-Deixa.— Suas mãos voaram para os ouvidos enquanto ela soluçava,


enterrando o rosto. —Pare. Pare!

— Receio não saber o que quer dizer. Venha me dar um beijo e me diga que
você sentiu minha falta. Eu estive no trabalho o dia todo. Você não quer ouvir como
as coisas foram?

Os olhos de Charlee apareceram, cheios de confusão e lágrimas enquanto ela


me encarava. Fui até o final da cama e me sentei, dando um tapinha no joelho.

— Vamos. Venha sentar e me deixe te abraçar. Você bebeu demais de


novo? Nós realmente precisamos de sua ajuda, baby. Você não está bem.

— O que? J-John? Você é... —Ela enterrou os dedos em seu cabelo loiro e
puxou enquanto murmurava palavras sem sentido. —Irreal. E-isso não é real.
— Claro que é. Eu sou real para você . Sou tudo que você sempre quis. Tudo
que você precisa. Venha.

Com sua hesitação, suspirei. —Não me faça enviar o que quer que você veja
atrás de você. Eu posso, você sabe. Vou fazer com que machuquem você, Charlee. É
isso que você quer?

— Não! N-Não. Por favor.

Enquanto ela implorava, ela tentou rastejar em minha direção. Seus braços
continuavam cedendo, mesmo enquanto ela se movia em um ritmo lento. Em um
ponto, ela cambaleou e quase caiu para o lado. Quando ela se levantou, me abaixei
e a puxei em meus braços para abraçá-la.

— Aqui vamos nós. Shhh. Respire. Eu tenho você agora.

— O que é isso? O que está acontecendo comigo?

— Diminua sua respiração.

Fungando, Charlee virou o rosto no meu peito quando comecei a balançá-


la. —Você está doente. Você está certa, isso não é real. Amanhã, você vai acordar
e isso será mais um sonho. Mas, por enquanto, posso torná-lo melhor. Você quer
que eu faça as coisas ruins irem embora?

Os dedos se cravaram em mim, puxando minha camisa.

— Você vai me machucar. Você me machucou.

— Errado, baby. Eu vou fazer você se sentir bem. Melhor do que você já se
sentiu em toda a sua vida de merda.

Eu me levantei, carregando-a comigo enquanto me movia para o topo da


cama. Quando me abaixei para colocá-la no chão, mal consegui soltar suas mãos.

— Feche os olhos e sinta. Isso é tudo que você precisa fazer.

Meus dedos engancham em sua calcinha, e algo entre um gemido e um soluço


a deixou quando eu a tirei. Ela não queria que eu continuasse, mas não me
importei. Tirei minhas roupas e me sentei na cama, separando suas pernas
enquanto me deitava entre elas. A primeira lambida em suas dobras suaves fez
todo o corpo de Charlee estremecer. Sua cabeça balançou e ela apertou as
pálpebras com mais força.

— Isso não é real.


— Mas parece real, não é?

Minha língua empurrou em sua entrada, empurrando profundamente


enquanto os sons deixavam sua garganta. O que ela estava sentindo foi
intensificado mais do que qualquer outra droga no mercado. Sua viagem ruim logo
seria revertida, e quando isso acontecesse, ela faria tudo ao seu alcance para
mantê-la. Para me manter.

— Sim. Mas…

— Sem desculpas. Você nunca quis ninguém mais do que eu. É por isso que
estou aqui. Posso mudar sua vida de mais maneiras do que você pode
imaginar. Deixe-me mostrar como é o verdadeiro prazer. Amo, Charlee. Amo isso.

Eu fiz um caminho em sua fenda, sugando contra seu clitóris. O instinto fez
com que os dedos de Charlee enterrassem em meu cabelo, apesar de ela mal ter
forças para segurá-lo.

Por minutos, eu a provoquei, esfregando meu rosto de um lado para outro


para cobrir minha pele com seus sucos. Sua essência me dominou, construindo a
obsessão que eu tentei tanto ignorar. Ou talvez fosse a droga que escapava dela
que estava fodendo com minha mente.
Mordi suas coxas apenas o suficiente para fazê-la gritar. E eu coloquei um
esforço em minhas ações, onde nunca havia feito antes. As drogas, o jogo? As rodas
na minha cabeça estavam girando. Eu estava sentindo coisas que não sentia há
muito tempo, não tinha certeza do que pensar. Inferno, eu não conseguia
pensar. Talvez eu quisesse que Charlee fosse diferente para que ela não se
confundisse com os outros. Talvez eu estivesse aumentando as apostas, até mesmo
comigo mesmo. Mas, por que? Eu não sabia. Charlee nunca seria minha, apesar
do quanto eu a via dessa forma. Se o Mestre Principal ainda a quisesse, ela
pertenceria a outro. Mesmo se eu conseguisse esgueirar-me em algumas sessões
de foda aqui e ali, não me deixa com direito a muito.

Tantas dúvidas e inconsistências surgiram, mas não me importei em deixá-


las continuar. O negócio foi fechado. Tudo que eu precisava fazer era entregar. No
entanto, aqui estava eu, deixando meu jogo ficar tingido de ganância. E isso nunca
foi bom. Se eu fosse inteligente, eu me levantaria e a deixaria lidar com o resto da
viagem sozinha. Ou melhor ainda, leve-a para Whitlock e deixe-a quando eu for a
esta reunião.

— Eu vou acordar agora. Qualquer minuto.

Eu ri, puxando sua coxa com meus dentes antes de puxar de volta contra ela.

— Eu não quero que você acorde. Eu quero ficar aqui com você nesse sonho.

Mesmo quando disse isso, sabia que era um erro. Mas não consegui controlar
minhas palavras. Drogas. Sim, elas estavam definitivamente no meu sistema
também. E por que não estariam? Cort-Double Z era uma das drogas mais
poderosas já produzidas e estava apenas nas mãos de alguns... por enquanto. Em
breve, ela inundaria as ruas e, quando o fizesse, a epidemia seria paralisante para
a sociedade.

— Isso parece real. Não parece um sonho. — Ela olhou para mim, me
estudando com aqueles malditos olhos azuis.

— Quem se importa com o que é isso. Está perfeito. Agora, pare de falar.

Eu me levantei, mordiscando seu estômago. Quando me aproximei dela,


minha mão travou em torno de sua garganta, segurando... não apertando. Ela não
lutou comigo, mas o medo estava em seu olhar. Então foi outra coisa. A incerteza
do que era deixou meu cérebro me convencendo de que era amor ou destino. Foi
uma percepção estúpida, mas em Cort, era a melhor coisa do mundo - algo que eu
nunca tinha experimentado. E eu a persegui, direto nos lábios dela.

Meu beijo foi cheio de fome. Só aumentou quando ela encontrou minha língua
com tanto entusiasmo. A umidade cobriu a cabeça do meu pau quando alcancei seu
cabelo para agarrar os dois lados de sua cabeça. O formigamento zumbia em cada
centímetro de mim, vibrando até o âmago, alimentando a solidão que tentei
ignorar. E minha necessidade de amor aumentou enquanto eu relaxava dentro de
sua boceta. As pernas de Charlee se espalham mais e ela gemeu enquanto eu
recuei e fui ainda mais fundo.

— Eu... amo você. E você me ama. Nós nos amamos, não é?


Eu acalmei, parando para olhar para ela. Havia uma atitude defensiva que
veio com suas palavras. Eu tive visões de bater nela. De bater em seu rosto até
ficar com tanto sangue, eu a esqueceria e nunca mais teria que olhar para ele
novamente. Mas a violência estava tão distante. Meu peito doeu, afogando o ódio
que eu segurava por dentro. Amor. Deus, amor. Ele estava lá.

E, como se a verdade fosse clara, minha respiração ficou presa na


garganta. — Sim. Acho que sim. — Empurrei com mais força, deixando a droga em
seu sistema me contaminar ainda mais a cada segundo que passava. No fundo, eu
sabia que não era real, mas não conseguia parar. Eu não queria. Eu não seria
afetado tanto, mas o Cort estava cobrando seu preço. Mais palavras me deixaram,
e com elas, eu bati mais forte.

— Diga-me novamente, Charlee. Porra, diga mais uma vez.

— Eu te amo. Eu juro que sim.

Eu apertei minhas mãos em punhos, fazendo-a gritar de dor. Foi


fofo. Perfeito, como ela. Quando inclinei seu rosto para cima com um puxão em seu
cabelo, não pude evitar de mergulhar em seu pescoço para poder sugar o sal de sua
pele. Eu queria provar tudo dela. Eu a queria tão profundamente que ela nunca
me deixasse. Houve um frenesi caótico acelerando meus
pensamentos. Necessidade. Amor. Para sempre. Querer. Minha. Whitlock.
O último tinha um rosnado alto saindo da minha garganta. A proteção que a
envolvia veio rugindo. Minha cabeça disparou e eu mergulhei minha língua na
boca de Charlee, empurrando meus dedos do pé no colchão enquanto eu forçava
cada centímetro do meu pau o mais fundo que pude. Seus espasmos deixaram seu
canal agarrado em torno de mim e foi puro paraíso.

14. Quando ela gozou e gritou meu nome, olhei para a cicatriz que coloquei
em seu ombro - uma ação que não consegui parar. Eu queria minha reivindicação
onde todos pudessem ver. Especialmente seu novo dono. Ele pode ter pago pelo
corpo dela, mas eu tornei isso possível. Isso a faz minha para sempre.

Mais forte, eu empurrei, lutando contra as mentiras que queriam derramar


dos meus lábios enquanto eu absorvia cada segundo na memória. Eu pensei uma
coisa, mas outra tentou vir. Foi uma batalha - uma que eu estava perdendo a cada
batida do meu coração. —Eu te amo agora. Sobre amanhã, posso te odiar por
isso. Não... —Eu balancei minha cabeça e cerrei minha mandíbula quando as
palavras me destruíram. —Porra, isso não está certo. Eu te amo. Mas não
realmente.

Lágrimas nublaram seus olhos e meu coração se partiu ao meio, sangrando


dentro de mim por causa da porra das drogas. O horror me fez gemer quando me
sentei, puxando-a para sentar em mim. Eu mal consegui recuperar o fôlego quando
a fiz começar a montar meu pau.

— Eu te amo. Não chore. Eu faço. Eu sou...


porra. Porra. Jesus. Mentiras. Tudo isso. Mentiras.
As paredes ondularam em uma onda branca, transformando-se em
sangue. Embora eu soubesse que não era real, não pude evitar a ansiedade que
veio com a visão. Minha viagem estava piorando, e isso não seria bom se eu lutasse
contra o que o Cort queria que eu sentisse. Ou desisto ou ganho.

Fechei meus olhos e apertei nos quadris de Charlee enquanto a movia para
cima e para baixo. O cheiro de seu sabonete acalmou meu pulso. Ela estava
gemendo de novo, enfiando as unhas na parte de trás do meu bíceps enquanto
descansava contra mim. Ela estava sobrecarregada, onde eu não estava. Mas eu
estaria se continuasse a tocá-la por muito mais tempo. O pensamento me fez movê-
la em um ritmo mais rápido. Não havia como eu deixar isso se arrastar por muito
mais tempo. Eu estragaria tudo. E mesmo com as drogas em meu sistema, eu sabia
que não era algo que eu pudesse pagar.

— Você me odeia. — Ela fez uma pausa durante meu impulso. —Você me
ama. — Outra pausa. —Eu amo você, quem eu sou de verdade . Eu não quero
acordar. Eu não quero que você vá. O que é estúpido. Você me machucou antes,
mas acho que fui eu quem me machucou. Eu não quero acordar, — ela repetiu.

Devagar. Estava arrastando mais no final. Ela estava mais doente do que
nunca. Ela nem estava aqui agora. Talvez eu tenha misturado a vodca com
muito. Ou talvez ela tenha consumido mais do que eu esperava.

— Eu voltarei. Todas as noites. Nada pode me afastar. Nem mesmo você.


Seus braços caíram para os lados e eu caí de costas, puxando-a comigo
enquanto batia em sua boceta. Não demorou muito para eu gozar. Parecia bom
demais querer adiar por mais tempo. Meu pau inchou, e seus sons, a forma como
seu canal se encaixava em torno de mim - tudo chegou ao clímax até que eu não
aguentava mais. Eu puxei, gemendo, enquanto acariciava meu comprimento e
gozava em toda a sua bunda.

Respirações lentas e profundas a deixaram. Ela estava dormindo


agora. Provavelmente foi quando ela estava divagando também. Eu não me
importei. Limpei-a, tentando o meu melhor para ficar estável e bloquear as
alucinações enquanto me vestia.

Não foi fácil. Mesmo que eu não pudesse ver as figuras assistindo, eu senti
sua presença. Isso tornava difícil me concentrar. Para me mover. Mas eu sabia
bem. Fui até onde ela estava esparramada de cabeça para baixo na cama e levei-
a para o sofá. Seus olhos estavam fechados e eu me perguntei com o que ela estava
sonhando. Ela continuou sussurrando meu nome, mesmo durante o
sono. Obviamente, eu estava em sua mente, mas o que isso implica?

Falso amor. Isso me governou no momento. Aquele maldito inchaço do meu


coração aumentou, e pela minha vida, eu não queria ir embora. Eu queria levar
Charlee de volta para a cama, me enroscar ao lado dessa viciada e nunca me
separar dela. Droga, essa droga era boa. Boa demais. Um homem pode se perder
em um sonho. Talvez eu já tenha.
CHARLEE

Não havia outra maneira de dizer: eu estava doente. Mais do que doente. Eu
finalmente caí do fundo do poço. Não saber a diferença entre realidade e fantasia
estava cobrando seu preço. Por horas, olhei entre meu laptop e a garrafa vazia de
vodka na minha mesa de centro. Não fazia sentido. Nada disso faz. Eu poderia ter
jurado pela minha vida que só tinha bebido um pouco. Que uma gripe estranha me
levou a um passeio que mudou minha vida. Mas não foi esse o caso. Fiquei bêbada,
tive o sonho mais vívido e fodido e acordei em um lugar que não deveria estar.

Eu precisava de ajuda. Mais importante, isso tinha que parar.

Eu me levantei do sofá, concentrando-me em quão rígida eu estava. Meus


músculos doíam. Minha cabeça estava confusa e latejante. E o enjoo estava em seu
ponto mais alto. Eu não me importei; Eu não poderia me dar ao luxo neste
momento. Não havia nenhuma maneira de deixar isso acontecer novamente.

Esse homem que eu inventei não era um consolo, era meus demônios. Ele fez
sentir que não havia problema em continuar nessa estrada. Mas não
consegui. Este ponto de viragem foi a minha bifurcação. Era vida ou morte - e eu
não estava pronta para morrer. Eu queria viver. Para tentar me encontrar pela
primeira vez e ser alguma coisa. Isso nunca aconteceria se eu não me afastasse do
que estava me matando.

Fui para a geladeira, fechando-a com a mesma rapidez. Quando abri o


freezer, foi um tapa na cara. Não havia comida. Absolutamente nada que uma
pessoa pudesse extrair substância. O que me olhou de volta foi a única coisa que
sempre me segurou.

O vidro frio queimou minha pele sensível quando peguei a vodca e despejei
no ralo. Cada segundo que deixava a garrafa era uma punhalada no coração da
minha viciada. Duas vezes, eu parei. Três vezes, virei-o de volta e comecei a
assistir a velha eu morrer.

A caminhada até a loja da esquina foi igualmente devastadora. Todo o


dinheiro que eu tinha vinha de minhas gorjetas da noite anterior. Antes, a
pequena quantidade teria ido para a vodca e o necessário: pão, sanduíche de carne,
talvez algumas latas de sopa. Quando escolhi vegetais e alimentos saudáveis com
os quais não teria sonhado em gastar dinheiro em um milhão de anos, as lágrimas
se acumularam. Eles eram uma mistura de alívio e medo do desconhecido. Eu não
voltaria a beber ou usar drogas. O que minha vida se tornaria me assustava, mas
eu tinha que fazer isso. Tenho. Não era uma questão de desejo, mas de
necessidade. Eu precisava viver.

— Ei. Charlee, certo?


Agarrei as bananas, quase as deixando cair com o tom. Eu conhecia aquela
voz como conhecia o homem dos meus sonhos. O que eu esperava quando me virei
não foi ver o mesmo homem que me protegeu de Drew na noite anterior. Isso me
deixou incapaz de falar enquanto eu olhava para ele.

— Uau, você não parece bem. Seu chefe não estava brincando na noite
passada. Você realmente está doente. Aqui, deixe-me ajudá-la com isso.

Ele pegou a cesta que eu carregava, empurrando a palma da mão contra


minha testa enquanto o fazia.

— Você. Eu sinto muito. Nunca soube o seu nome.

— Você não poderia apenas me chamar de John?

— John?

Meu coração explodiu.

— Sim, é assim que você me chamou antes. Eu estou apenas mexendo com
você. Você estava perto, no entanto. É James.
— James, — eu repeti. —Sim, eu estou … —Eu parei enquanto olhava para
ele. Mesmo rosto. O rosto de John. Mas não seus olhos. Ou seu cabelo escuro. Ou
a cor da pele. A bile queimava o fundo da minha garganta enquanto minha mente
tentava dar sentido a isso. Mas não consegui. Meu cérebro parecia frito e eu não
conseguia aceitar que aquele não fosse o mesmo homem.

— Você não está bem. — Sua voz era baixa enquanto ele me conduzia para o
lado do espaço aberto.

— Eu juro que você me lembra alguém. De John. Você poderia ser gêmeo dele.

— Espero que seja uma coisa boa. Seria uma decepção completa se não fosse.

Estendi a mão, pegando minha cesta de volta. —Sinceramente, não sei.

Quando comecei a me afastar, ele me seguiu. Havia um conforto nisso, mas


não. Eu estava tão confusa. Eu não podia negar a atração por esse
estranho. Talvez eu quisesse que ele fosse John. Compartilhamos algo - algo
destrutivo e puramente da minha própria imaginação - mas havia uma
química. Um desejo que ele tinha em mim que eu amava. Amor, sim. Eu disse a
ele que o amava.
— Se você não sabe, pelo menos há esperança.

Meus olhos cortaram e parei no final da longa fila. Apenas um caixa estava
aberto e havia três pessoas com carrinhos cheios na minha frente. Eu me virei para
James, incapaz de parar as palavras que saíram dela.

— Você não é bom para mim. Você estava procurando por drogas na noite
passada. Eu não estou mais sobre isso. Estou recompondo minha vida e excluindo
qualquer um que se interponha no caminho. Sinto muito, mas é assim que as
coisas são.

— Drogas?— Sua boca se abriu e seus olhos se arregalaram. Ele balançou a


cabeça rapidamente e riu baixinho. —Nossa... acho que tivemos um mal-
entendido. Eu não uso drogas. Nunca, nunca usei. Não posso perder meu
emprego. A diversão a que me referia era superficial e errada, e eu a desrespeitei
com minhas palavras de embriaguez. Eu estava tentando chegar em você e saiu
completamente errado. Sinto muito que você tenha pensado isso. Ou que eu até
falei com você desse jeito. Eu não tinha o direito. Quando entrei naquele bar, já
estava bêbado. Podemos começar de novo?

— Oh. — Eu deixei as memórias fluírem, desejando ter prestado mais


atenção ao que ele disse. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu tenha entendido no
contexto errado, porque isso é o que a diversão era para mim - tinha sido para
mim.
— Charlee, eu sou realmente um cara bom. Eu prometo. E adoraria conhecê-
la melhor. Se há uma coisa com que você pode contar comigo, é o suporte. Você
mencionou como organizar sua vida e excluir as influências negativas. Isso é o que
estou fazendo agora também. — Ele encolheu os ombros. —É por isso que eu
estava tão bêbado noite passada. A vida não tem sido boa ultimamente, mas estou
tentando torná-la melhor. É por isso que arrisquei falar com você. Você está fora
do meu alcance, obviamente, mas pensei, que diabos? O que mais eu tenho a
perder?

Fora do seu alcance? Ele estava falando sério? Eu não via dessa forma, mas
me fez sentir bem. Bem, como quando John me fez sentir...

— Me desculpe, eu li a situação tão errada. Eu não sei o que dizer.

— Nada. E não se desculpe. — Ele estendeu a mão para mim. —Posso?

Lentamente, entreguei a cesta. Mesmo agora, eu ainda sentia a lentidão da


vodca no meu sistema, mas ter um amigo seria bom. Um que não foi fruto da minha
imaginação.

— Grande seleção, — disse ele, olhando para a cesta. —Eu amo comida
saudável. Você estaria interessada em jantar? Poderíamos voltar e pegar alguns
bifes para adicionar a esta salada. É por minha conta, — ele ofereceu, levantando
a mão antes que eu pudesse falar. — Jantar, um filme... amigos. Nada sobre o qual
você tenha que ser estranha. Se eu encostar em você, você nunca mais terá que
falar comigo.

— Eu não sei.

— Só me dê uma chance. Me conhecer. Eu prometo que você não vai se


arrepender.

****

Jantar. Um filme. James manteve sua palavra, sentando-se na extremidade


oposta do sofá enquanto comíamos pipoca e rimos da comédia romântica que ele
escolheu. Foi diferente de qualquer noite que tive em meses e, embora tenha sido
bom, não pude evitar de roubar olhares para ele. Não importava que sua aparência
fosse diferente. Quando o vi, senti John.

— O que você está pensando? — Ele estreitou os olhos e eu desviei o olhar. O


calor subiu pelo meu pescoço, rapidamente assumindo cada centímetro.

— Nada. — Eu olhei para trás. —Eu acho que você me enganou na divisão
da pipoca. Você claramente comeu mais.
— Você mal tocou na sua. — Sua risada me fez sorrir, mas voltei minha
atenção para a televisão. Minutos se passaram e, mais uma vez, me vi examinando
seu perfil. Meus dentes afundaram em meu lábio inferior enquanto me obrigava
a voltar ao filme, mas nada do que fiz me fez focar no que estava
acontecendo. John. John. O nome repetido, me distraindo. Um inferno rolou pelo
meu corpo e eu me mexi com a imagem borrada dele em cima de mim. Ele tirou o
pesadelo e o substituiu pelo melhor sexo que eu mal conseguia lembrar. Mas foi
bom. Bem no fundo, eu sabia disso. Amor.

— Qual é o nome da mulher?

— O que?

A cabeça de James se inclinou para o lado. —Você não tem ideia do nome do
personagem principal, não é?

— Claro que sim. É... uh...

— Eu sabia. — Ele riu, estendendo a mão e desligando a televisão. —Vamos


conversar. Fale-me sobre você. Eu sei o básico. Você trabalha no Dizzy
Dagger. Você está tentando voltar a ser modelo. Você cresceu na Carolina do
Norte. Você é filha única, sem família próxima. O que mais você pode me dizer?
Eu balancei minha cabeça. —Eu te contei tudo durante o jantar. Sua
vez. Fale-me sobre você. Quem é James?

— Hmmm. Essa é difícil. Ele é um monte de gente.

— Quantas pessoas?

— Quanto tempo você tem?

Nós dois rimos e eu me inclinei para frente, colocando minha pipoca na mesa
e pegando minha água.

— Por quanto tempo for necessário. Conte-me tudo.

Silêncio e contemplação. Ele estava pensando em algo e não tinha certeza se


deveria me dizer.

— Eu sou um Scout.

— Um Scout?
— Olheiro de beisebol. Eu vou para escolas e faculdades em busca de
talentos. Muito chato, pois perdi todo o amor pelo esporte. Mas de qualquer
forma. É o que é. Deixe-me ver... Eu sou de Escorpião. Odeio longas caminhadas
na praia. A areia me irrita muito. Eu prefiro muito mais isso. Ficar em casa,
assistir filmes, ter uma conversa de verdade. Sou viciado em cupcakes. Eu gosto
de como eles vêm em todos os sabores possíveis. Acho que dar flores a uma mulher
é superestimado. Elas morrem. Elas apenas simbolizam um fim. É por isso que só
as dou quando há uma separação. É como um presente de despedida. Oh, — ele
disse, sorrindo,— eu provavelmente deveria mencionar a família. Meus pais
morreram, mas tenho dois irmãos, Jerry e Peyton. Jerry é advogado e Peyton é
agente da Benson and Dean. Eu provavelmente deveria contar a ele sobre
você. Embora... Não tenho certeza de que seria uma decisão sábia da minha
parte. Ele pode tentar roubar você. Ele é mais bonito.

Eu engasguei, não acreditando na minha sorte. —Benson and Dean é a


agência que eu estava procurando ontem à noite. Eu não acredito nisso. Seu irmão
é um agente lá? Sério?

— Juro por Deus. Na verdade, estou pegando um voo para me encontrar com
ele amanhã. É uma coisa de família, fora do estado. Quando voltarmos em alguns
dias, você gostaria de conhecê-lo?

Minha mão cobriu minha boca e eu mal consegui abaixá-la para falar.

— Eu adoraria isso. James... eu... isso é tão bizarro. Sinto muito, estou tendo
dificuldade em compreender isso. Coisas boas nunca acontecem comigo. Conhecer
você... —Eu balancei minha cabeça em descrença. —Você enfrentou o Drew. Você
se ofereceu para me acompanhar até em casa depois. Você pagou pelo
jantar. Agora isso. Quase não consigo acreditar que isso está acontecendo. — Isso
estava acontecendo? Tudo parecia tão irreal. E se eu acordasse novamente com
outra garrafa vazia? Ou nas ruas, desmaiada por causa das drogas?

— Sua sorte acabou de mudar, Charlee. Eu prometo. — A intensidade


irradiava dos olhos de James. O tempo pareceu diminuir enquanto ele se
aproximava e pegava o telefone. —Eu sou um olheiro. Eu sei de algo ótimo quando
vejo e acho que você é especial. Você vale muito mais do que imagina. Eu vejo isso
e, em breve, todos os outros verão. Agora, sorria para a câmera, baby. Estou
prestes a mudar o seu mundo.
SCOUT 14

— Você está brincando comigo, Fourteen. Essa é a sua escolhida? Como


diabos você a encontrou?

Eu ri de Ten enquanto colocava meu telefone de volta no bolso. —Eu tenho


meus caminhos. Vamos apenas dizer que nos encontramos. Literalmente. Ela
estava tão bêbada que mal conseguia ficar de pé. Quase a peguei naquela noite,
mas resisti. E ela é divertida de se foder, se é que você me entende.

— Bastardo sortudo. Você sempre encontra as melhores.

— Claro que sim. Charlee é uma joia. Mais algumas semanas e ela estará
enfeitando o leilão e me fazendo ganhar uma porrada de dinheiro.

— Há semanas?
— Sim, semanas. Você perdeu a parte que eu disse que ela era
divertida? Além disso, tenho tempo. O leilão ainda está longe. Ela estará aqui
antes de ser necessária.

Ten revirou os olhos, movendo-se na cadeira. —Eu odeio virgens. Mal posso
esperar para passar para o azul. Azul é onde está. Estou feliz que o Mestre
Principal abriu mais brechas. Quanto mais azul, melhor.

— Malditamente certo. Você viu aquela que deixamos quando chegamos


aqui? Jovem ruiva? Ela tem proporcionado bastante entretenimento no
complexo. Os caras não se cansam.

— Oh sim. Eu vi ela. Ouvi dizer que você a encontrou também. Eu não sei
como você faz isso.

— Eles não me chamam de melhor à toa.

Tomei um gole da minha água engarrafada e olhei para a porta quando ela
abriu. O Alto Líder entrou na sala de reuniões junto com o Chefe dos Scouts,
Mateo. O silêncio após a posição deles na frente das mesas fez com que todos nós
nos sentássemos mais eretos. Estávamos em Whitlock havia dias esperando para
ver o que estava acontecendo, e finalmente parecia que tínhamos nossa resposta. O
que eu não esperava era que o chefe, Mestre Principal Bram Whitlock, viesse
invadindo nossa porta. Ele estava além da raiva enquanto examinava nossos
rostos. Seu cabelo escuro estava uma bagunça em comparação com o quão bem
cuidado ele normalmente era, e seus olhos azuis estavam injetados.
— Trinta de vocês, — disse ele com os dentes cerrados, caminhando ao longo
das mesas, levando seu tempo enquanto estudava cada um de nós. Quando ele
chegou a mim, suas pálpebras baixaram ainda mais, mas ele continuou
andando. —Metade. — Ele fez uma pausa, olhando para seu Alto Líder e Mateo,
que assentiu.

— Aqui está o acordo. — Ele ergueu a foto de uma mulher com cabelos pretos
na altura dos ombros. Ela tinha grandes olhos azuis, lábios carnudos e um nariz
pequeno e fino. Ela era bonita. Minha nota, linda. E eu sabia exatamente quem
ela era: Everleigh Harper, ex-escrava transformada em Senhora. Ela foi casada
com o corrupto ex-Mestre Principal, West Harper, mas destinada a Bram. Ela
tinha enlouquecido antes de escapar. Era o que os rumores diziam.

— Tenho dez dos melhores homens do mundo procurando por essa mulher. E
esta mulher, — ele rosnou, sacudindo a imagem,— está enganando todos
eles. Me superando! Eu não vou permitir. Eu não vou deixá-la vencer. Quero que
ela seja encontrada e quero que seja trazida de volta. 24690 não vai escapar de
minhas garras. Whitlock é a casa dela e, por Deus, ela vai voltar se eu tiver que
queimar o mundo ao redor e tirá-la das cinzas. Eu fui claro?

— Sim, Mestre Principal, — todos nós declaramos.

— Bom. Porque quinze de vocês estão sendo redirecionados para o caso


dela. Estejam avisados. Ela não deve ser encarada com a guarda baixa. Ela é uma
assassina. Ela é a melhor manipuladora que eu já conheci, e quero dizer,
já conheci. E ela não está sozinha. Ela tem centenas de milhões do meu dinheiro e
seus próprios guarda-costas treinados para protegê-la. Eles são os melhores. Nós
somos os melhores. Você vê meu maldito problema? Os que acabam perto dela
desaparecem. E não apenas desaparecer. Eles fazem, mas não antes de ela
conseguir me enviar a porra da cara deles! Eu! Aqui, em Whitlock!

Ele passou a mão pelo cabelo e parou de andar para fechar os olhos e respirar
fundo.

— Eu quero que ela seja encontrada, — ele disse, mais calmo. —Eu
recompensarei aquele que capturar e trazer de volta viva para mim mais dinheiro
do que eles poderiam ter sonhado. Mas lembre-se de uma coisa. O mais
importante: ela é minha. Vocês me entendem? Minha. Que isso seja um aviso. Se
você valoriza sua vida, você levará a sério.

Olhos azuis cortaram para o seu Alto Líder e ambos desapareceram pela
porta. Só quando Mateo fecha a porta é que alguém fala.

— Porra, — disse Seven, balançando a cabeça. —Não me mande. Não quero


ter nada a ver com a guerra que está acontecendo entre aqueles dois. É uma
situação em que todos perdem. Conheci a Sra. Harper antes que ela e West
escapassem. Não. Eu não quero o trabalho. Ela vai me matar ou o Mestre
Principal o fará se eu estragar tudo. Eu gostaria de viver, muito obrigado.
— Eu também, — outro concordou. —Eu não a conhecia pessoalmente, mas
vi como toda aquela merda aconteceu, e você pode me cortar.

— Você não tem escolha no assunto. Já decidi quem vai e quem não vai.
— Mateo pegou uma pilha de pastas e jogou-as na mesa diante de alguns dos
Scouts. —Você vai procurar a escrava 24690 e vai trazê-la de volta. Não está em
debate. Você vai fazer isso ou pode passar o resto de seus dias no White Room. Sua
escolha.

— White Room? — Seven engasgou. —Você nos trancaria com os malucos por
recusar uma missão suicida?

— Recusando uma ordem direta de seu Mestre Principal. E você aposta sua
bunda. — Mateo se virou, apontando para mim. —Você vai chefiar os Scouts em
seu distrito. E você, e você, — ele disse, apontando para baixo na linha. —Os
restantes continuarão com os seus escolhidos. Qualquer problema que surgir será
revertido para seu líder. Alguma pergunta?

Com a sacudida de cabeça, ele girou e desapareceu pela porta. Briga e


reclamação soaram, mas eu ignorei, pegando meu telefone para ver uma
mensagem perdida.

Charlee: Recebi sua mensagem antes. Estou ótima. Espero que tudo
esteja indo bem com você.
Eu sorri, deixando meus dedos trabalharem.

Eu: Desculpe, meu sinal não é bom aqui. Acabei de ver seu texto. As
coisas estão indo. Eu não diria ótimo. Como foi a entrevista de emprego?

Quase rolei meus olhos. Eu disse a ela que faria com que ela fosse vista pelo
meu suposto irmão. Que ela precisava adiar o abandono do Dizzy Dagger, mas
parecia com pressa de se afastar desta parte de sua vida. E não é como se eu
pudesse culpá-la desde que ela começou a ficar mais limpa do que eu. Mas isso foi
minha culpa. Meu jogo estava afetando ela. A única coisa positiva que vi foi o fato
de que ela havia colocado seu aviso, o que significava que cobrir meus rastros seria
mais fácil.

Charlee: Eu pensei que estava tudo bem. Eles disseram que ligariam
para mim.

Eu: Mostrei sua foto ao meu irmão.

— Você acredita nisso? Eu sabia que as coisas estavam ficando ruins, mas
você viu o Mestre Principal? — Ten perguntou, me distraindo. —Ele está
horrível. Eu me pergunto quanto tempo faz desde que ele dormiu bem. Essas
olheiras ficaram piores desde a última vez que o vi.
— Quem sabe, — eu murmurei. —Mas é uma boa lição. Nunca se apaixone. O
amor que ele tem por aquela vadia louca não conhece limites. Ela está fodendo com
ele e nem mesmo está aqui.

— Verdade.

Charlee: Oh não. Era uma foto horrível minha!

Eu: Não foi. Ele mal pode esperar para conhecê-la. Eu te disse, você é
especial.

Um bom minuto se passou. Então, mais. Eu me mexi na cadeira, começando


a sentir impaciência e ciúme. Eu odiava não estar onde pudesse observá-la. O
pensamento de que algum homem estava verificando o que era meu ou chegando
muito perto fez meu sangue ferver. Isso me fez trazer meu telefone de volta.

Eu: Onde você está? Está em casa?

Charlee: Não, estou com uma amiga. Estou tão feliz que queira se
encontrar.

Meu mundo parou. Fora? O que diabos aconteceu com a recuperação de sua
vida? Eu estive fora por alguns dias e ela já caiu da carroça?
Eu: Oh. Achei que você tinha terminado com essas coisas.

Charlee: Não gosto disso. Acabei de sair do cinema. Estou indo para
casa agora.

Novamente. Ciúmes. Estava piorando a cada segundo. Filmes? Com quem


ela foi? Um cara? Não é como se eu pudesse perguntar a ela. Ela recuaria, e eu
não poderia pagar por isso - a menos que eu quisesse acabar com isso agora. O que
era uma possibilidade. Charlee não conseguia organizar sua vida e fazê-la me
excluir. O que quase parecia ser o caso. Eu tinha mencionado sair para jantar em
um restaurante de verdade ou ao cinema e ela me dispensou. Rejeição. Isso me
atingiu como uma tonelada de tijolos. Ela me queria quando ela estava
chapada. Não sóbria? Porra, não. Se ela não podia sair comigo, ela não estava
saindo com mais ninguém.

Eu: Vou deixar você ir. Apenas me mande uma mensagem quando
chegar em casa para que eu saiba que você chegou em segurança.

Charlee: Vou mandar.

Eu me afastei da mesa, indo para a porta. Paredes brancas cobriam o corredor


curvo e eu o segui, deixando o departamento de Scouts. A fúria vibrava por dentro
e meu pulso explodiu em uma rajada de batidas rápidas e violentas. Um guarda
acenou para mim na entrada do Slave Row, e eu entrei, examinando as portas
enquanto me dirigia para a área azul onde as não-virgens estavam presas. A raiva
diminuiu e eu parei quando o Mestre Principal quebrou a porta na minha frente.

— Você. O que diabos você está fazendo aqui?

O que eu estava fazendo aqui? Ai sim. Procurando alguém para derrotar. O


que eu não poderia fazer agora que os escravos estavam em Whitlock. Eles
pertenciam a Bram. Vencê-los seria mexer com sua mercadoria, o que eu não tinha
permissão para fazer livremente. A menos, é claro, que eu tivesse um motivo - o
que não era verdade.

— Mestre Principal, — eu disse, inclinando minha cabeça antes de trazê-la


de volta. —Estava apenas verificando a competição. Estou sempre procurando
melhorar meu jogo para você.

Os olhos azuis se estreitaram quando ele se aproximou. Mesmo com a perda


de peso e a aparência abatida, ele me dominou. Ele era tão largo quanto meu corpo
e uns bons cinco centímetros mais alto. Mas o tamanho não tinha nada a ver com
o quão pequeno ele me fazia sentir. Era sua aura. A energia projetava um
assassino - um homem que eu não queria enfrentar. O medo não funcionou bem
comigo, mas eu sabia o meu lugar. Especialmente ante a ele.

— Eu conheço você. Você é Fourteen.


— Sim, Mestre Principal.

— Você tem uma escolhida, ou você está no meio? Eu não vi você na minha
lista de Scouts para procurar 24690.

Gritos ecoaram atrás de nós na esquina. Eu olhei por cima do ombro, ouvindo
um baque forte. Os gritos cessaram, apenas para retornar em uma gargalhada de
súplicas. Um escravo havia sido atingido e, ao que parecia, estava sufocando com
o sangue.

— Eu tenho uma escolhida. — Fiz uma pausa, sentindo uma vibração


estranha. As palavras quase não queriam sair. Eu não queria contar a ele, mas eu
sabia quem eu era. Eu não tinha escolha. Ela já estava no sistema. — O nome dela
é Charlee. Acho que você ficará muito, muito feliz com esta. Não há muitas como
ela, e eu nunca digo isso. Ela pode ser a melhor que já observei até agora.

— Charlee, — disse ele baixinho. —Ela tem um arquivo?

— Ela tem. — Enfiei a mão no bolso, retirando meu telefone. Minha mão
tremia enquanto eu olhava para ele. Para frente e para trás, minha mente
lutou. —Eu tenho uma foto dela que tirei alguns dias atrás.

— Sério? Deixe-me ver.


Mais gritos vieram atrás de nós enquanto eu ia para as fotos e olhava para o
sorriso dela. Ao meu sorriso. Quase parecíamos normais. Tipo... um casal.

— Essa é ela.

Bram pegou o telefone, estreitando os olhos. Ele olhou para mim, apenas para
retornar à tela.

— Você parece um pouco confortável com esta escrava. Temos algum


problema aqui?

— Não, Mestre Principal. De modo nenhum.

— Estatísticas?

Eu engoli em seco. — 1,78 de altura. 54 quilos. Cabelo loiro, olhos azuis. Ela
é modelo… ou foi.

— Foi?
Havia um aviso em sua voz. Raiva, como se eu estivesse colocando Whitlock
em risco.

— Ela costumava ser, na adolescência. Agora, ela é uma alcoólatra e


drogada. Ela trabalha em um bar, mas recentemente se demitiu. Ela mal consegue
pagar o aluguel e não tem amigos de verdade. Charlee fica muito isolada. Ela é um
desastre de trem.

— Perfeito. Isso, — disse ele, segurando o telefone, — isso é bom. Isso me faz
feliz.

— Por favor! Por favor!

Uma briga soou atrás de mim e me virei quando um guarda puxou uma
escrava para a esquina. Seu cabelo preto na altura do queixo era uma bagunça e
alguns dos fios estavam presos ao sangue manchado em sua bochecha. Bram
estava ao meu redor antes mesmo de eu saber que ele se moveu.

— O que é isso?

O guarda congelou e os joelhos da garota cederam, mas ele conseguiu segurá-


la enquanto ela soluçava.
— Ela não queria tomar banho e tentou fugir. Até mesmo me atacou quando
tentei forçá-la a entrar. Ela tem lutado comigo durante todo o caminho.

A mão de Bram disparou, apertando seu rosto. Por segundos, ele não
falou. Ele apenas olhou para baixo com uma raiva que me deixou inquieto.

— Você dá trabalho ao meu guarda, escrava? Você não conhece o seu


lugar? Você ainda não aprendeu onde está?

— Eu quero ir para casa. Eu…

Soluços ultrapassaram sua forma minúscula, e eu tinha certeza que Bram e


eu vimos a mesma coisa. A garota parecia Everleigh Harper. Não as
características, mas a constituição e o cabelo. Até os olhos claros.

— Esta é sua casa agora. Esta será sua casa até você morrer. Eu fui claro?

— Não, — disse ela, sacudindo a cabeça livre de seu alcance e cuspindo bem
na cara dele. —Não! Nunca! Eu vou matar você. Vou matar todos vocês! Eu quero
ir para casa!

Seus braços se agitaram e suas pernas chutaram enquanto ela lutava para
se livrar do guarda. Ela estava gritando mais alto, rasgando as unhas no homem
que a segurava e ao nosso Mestre Principal. Um estalo alto cortou o ar quando
Bram recuou e a atingiu no rosto. O jato de ar que a deixou não foi registrado
imediatamente. Minha boca se abriu, mas eu não conseguia entender o que estava
vendo.

As pernas da garota cederam e Bram deu um passo para trás, puxando a faca
de seu estômago. Mas não foi o suficiente. Ele a empurrou uma vez. Duas
vezes. Seus lábios estavam separados, assim como os meus, e seus olhos estavam
arregalados e esbugalhados com o choque.

— Talvez você tenha entendido mal, escrava, — ele rosnou na cara dela. —
Até a morte. Morte, — ele gritou. —Ninguém sai de Whitlock. Nunca. — A garota
estava lutando para respirar. Ela estaria morta em segundos, e ele não se
importava. — Livre-se dela, — ele repreendeu o guarda. —Eu não aguento olhar
para ela. Eu não preciso de outra rebelde, teimosa... me ameaçando, — ele parou,
limpando o sangue de sua lâmina ao longo de sua calça de terno preto enquanto se
virava para mim. —Ninguém mais como ela. Nenhuma que se pareça com
ela. Você me entendeu?

Minha boca se moveu, mas demorei um momento para falar. —Sim, Mestre
Principal.

Se Bram Whitlock matou uma escrava por lutar, o que dizer de Charlee? Ela
pode lutar. Não... ela definitivamente lutaria.
— Você precisava de mais alguma coisa?

— Não Senhor.

Ele acenou com a cabeça, me olhando assustadoramente. Talvez ele soubesse


o que eu estava pensando. Ou talvez ele também estivesse cansado de olhar para
mim. O Mestre Principal não tinha paciência para nada atualmente. Ele foi levado
a encontrar 24690, e eu sabia que ele não iria descansar até que Everleigh
estivesse em suas garras novamente. Mas não ajudou com ela apertando seus
botões também. Se ela estava enviando rostos dos homens que a perseguiam, não
era de se admirar que ele estivesse ficando louco.

Bram desapareceu, passando pela porta de onde o guarda saiu. Eu trouxe


meu telefone, clicando na tela para ver a minha foto com Charlee novamente. Eu
tinha certeza que era assim que tinha que ser, mas de repente, eu não tinha
certeza do que fazer. Meu treinamento, ver o Mestre Principal, me disse que eu
precisava afastar qualquer coisa que eu sentisse por ela e simplesmente entregá-
la. E rápido. Mas havia outra maneira? Ela estava recompondo sua vida. Se ela
pudesse me ver como James. Se eu pudesse…

Eu olhei seu sorriso. Por quanto tempo eu encarei, eu não tinha certeza. Não
foi até que meu telefone apitou que eu pisquei para afastar os pensamentos
opressores.

Charlee: Estou em casa. Você está ocupado? Andei pensando em você.


Eu: Nem um pouco ocupado. Entediado, na verdade. Eu também
estive pensando em você.
CHARLEE

As ruas sempre me pareceram mais com um lar do que qualquer lugar em


que morei. As luzes de néon, as pessoas... a emoção. Mesmo sozinha, nunca me
senti sozinha. Assistir os casais e famílias rirem enquanto se dão as mãos, saindo
de restaurantes ou dos negócios próximos, sempre proporciona conforto. Espero
que talvez um dia eu tenha a sorte de ter algo relativamente próximo ao que eles
foram abençoados.

Mas não esta noite.

Eu tinha saído do meu apartamento para afogar a tristeza com vislumbres


do meu possível futuro, mas não importa quantas pessoas eu procurasse, eu não
conseguia afastar a sensação de estar sendo observada.

O vento soprou meu cabelo para trás quando olhei por cima do ombro e
empurrei minhas mãos mais fundo nos bolsos da minha calça. O ar frio foi uma
mudança refrescante dos confins abafados do meu apartamento imaculado, mas
calafrios continuamente subiram pela minha espinha.
Eu virei a esquina, planejando dar a volta no quarteirão - qualquer coisa para
sair e tentar limpar minha mente - mas as sensações rastejando sobre minha pele
me fizeram parar logo depois da curva. Eu pressionei minhas costas no prédio,
esperando. Para quê, eu não tinha certeza. Pessoas iam e vinham, e eu estudei
todos eles. Não estava escuro, mas estaria em breve. E o pensamento me deixou
ainda mais com medo.

Minutos se passaram enquanto eu observava tudo. Carros passavam e uma


grande multidão de pessoas corria pela faixa de pedestres. Ninguém se destacou
ou parecia estar olhando para mim de uma forma que aumentasse minhas
suspeitas.

Eu balancei minha cabeça e voltei por onde vim. Paranóia. Estava piorando
e devia ser por causa da abstinência, que crescia a cada dia. Eu lutei por
alívio. Cada segundo, cada minuto, era uma batalha para a qual eu não estava
preparada. Descobri isso quando fui ao cinema com Barbara, uma ex-garçonete
que conheci no Barney's. Embora não fôssemos realmente amigas, mantivemos
contato. Ela era uma festeira - algo que eu não era mais. Encontrar-se com ela
naquela noite foi um erro. Soube disso no momento em que senti o cheiro da bebida
em seu hálito. Ela até tentou me convencer de que deveríamos ir aos clubes quando
o filme terminasse.

A fome constante por meus vícios era paralisante. Especialmente com a


pressão adicional. Mas isso não era nada comparado à necessidade mental de
escapar. Ela estava tão livre, tão longe com o álcool em seu sistema. Só de pensar
no quanto eu queria fisicamente voltar aos meus velhos hábitos me deixava
doente. Eu tinha saído no momento em que o filme acabou e chorei todo o caminho
para casa. Chorei, como queria fazer agora.

Eu mantive minha cabeça baixa enquanto continuava olhando para os


pedestres que passavam. Um homem veio em minha direção e eu encarei seu rosto
por motivos que não faziam sentido. Seus olhos castanhos perfuraram-me. Seu
nariz estava ligeiramente torto e seu queixo quase parecia moldar-se ao pescoço. A
desconfiança estava aumentando, mas o instinto me disse que ele não era
ninguém. Apenas um transeunte observando uma loira alta que provavelmente
estava jogando todos os tipos de bandeiras vermelhas em seu rosto em pânico, mas
crítico. Eu podia sentir como minhas feições estavam tensas. Eu estava no limite,
pronta para um colapso emocional a qualquer minuto.

A solidão fez meu coração doer, e o peso invisível em minhas costas fez com
que o medo intensificasse minhas emoções. Meu mundo estava uma
bagunça. Tudo que eu queria era ter uma vida normal e feliz. Eu sabia que
chegaria lá eventualmente, e essa era a única coisa que me fazia lutar contra esses
desejos.

Minha cabeça se virou para o que parecia uma mão escovando meu cabelo. O
ar jorrou de meus pulmões com a colisão, e eu parei com os braços em volta da
minha cintura, me firmando.

— Uau, aí. Sentiu tanto a minha falta?


— J-James. — Eu me endireitei, olhando para ele, confusa. —Eu não vi
você. Você estava apenas... —Eu retirei meus dedos e apontei meu polegar por
cima do ombro. —Você estava atrás de mim?

— Não. Eu estava caminhando bem em sua direção. Eu acabei de voltar. Você


não me viu?

— Não me desculpe. — Meus braços subiram e eu dei um abraço nele


enquanto tentava envolver meu cérebro em como eu estava me tornando distante
da realidade. Não parecia importar se eu estava intoxicada ou não. Minha mente
não estava funcionando.

— Estou tão feliz que você voltou. Eu não sabia que seria tão cedo. Sua
mensagem esta manhã dizia que você poderia demorar mais alguns dias.

Ele deu de ombros, sorrindo enquanto me conduzia em direção ao meu prédio.

— Digamos que eu tive tempo de família suficiente para durar mais dois
anos. Essa foi a semana mais longa da história. Acho que enviar mensagens de
texto para você provavelmente salvou algumas vidas. Minha família não é fácil de
se conviver.

Eu ri, me relacionando um pouco bem demais.


— Às vezes, pode ser difícil lidar com a família. Não falei com a minha desde
que fui embora. Não é como se eles se importassem. — Fiz uma pausa, mordendo
minha língua para não ir mais longe. — Estou feliz por ter ajudado.

— Falar comigo te ajudou? Como você está, Charlee?

A sinceridade em seu tom me fez estender a mão para segurar a sua. Ele
imediatamente a trouxe aos lábios, e a ação quase fez meus pés pararem. A
estranha familiaridade se estabeleceu e minha ansiedade diminuiu.

— Honestamente, eu estaria perdida sem você. Ser capaz de chegar a


qualquer momento ajudou mais do que você imagina. Obrigada.

— Não, obrigado. Você também está me ajudando, lembra? Acho que,


enquanto ficarmos juntos, tudo ficará bem para nós dois.

Parando do lado de fora da porta do meu prédio, ele olhou ao redor. —Sabe,
não tenho certeza se quero entrar ainda. Estou confinado há dias. Podemos andar?

— Claro.
— De onde você veio? Você parecia chateada pouco antes de me encontrar.

James girou sua mão, e seus dedos passaram de segurar quatro dos meus
para deixar seus dedos deslizarem entre eles. Na forma de segurar as mãos,
definitivamente parecia mais íntimo. Meu pulso disparou e uma vibração estranha
fez cócegas em meu estômago.

— Eu estava apenas caminhando. Eu precisava de ar fresco também. Mal saí


do meu apartamento desde que você saiu de viagem. Fui ao cinema com a Bárbara,
mas só. E isso só porque eu estava inquieta. Eu me encontro ficando muito assim
agora.

— Charlee, quero perguntar uma coisa a você e, por favor, seja honesta.

— Tudo bem.

— Você mencionou que não tinha bebido. Você realmente não bebeu uma
gota de álcool desde que eu saí?

Seus olhos procuraram os meus e eu balancei minha cabeça, sorrindo


enquanto voltava meu olhar para a nossa frente.
— Nenhum. Às vezes acho que estou morrendo. Fico trêmula e enjoada. Foi
horrível, mas valeu a pena.

— Estou orgulhoso de você. Eu realmente estou.

Eu me encontrei envolvendo o braço que segurava minha mão e descansando


minha cabeça em seu ombro. Não importava que eu mal conhecesse este
homem. Quatro palavras, palavras simples: Estou orgulhoso de você - eram como
uma carga elétrica no meu coração debilitado. Não conseguia me lembrar da
última vez que alguém disse isso para mim, ou se alguém já disse. Lágrimas
queimaram meus olhos, mas evitei que caíssem quando ele nos fez parar e
acariciou meu cabelo.

— É uma loucura que eu sinto que te conheço desde sempre? Não posso
explicar, Charlee, mas estou tão confortável perto de você. Como se eu não tivesse
que fingir ser alguém que não sou.

— Eu me sinto da mesma forma. Eu realmente quero. É difícil de explicar,


mas você é tão familiar para mim.

Sua mão se moveu do meu cabelo para o meu rosto, e seus lábios
pressionaram minha testa enquanto seu braço me envolveu, puxando-me contra
seu lado. Eu não tinha certeza de quanto tempo andamos. A conversa era inútil, e
nós dois parecíamos estar contentes em apenas estar na presença um do outro.
O sol se pôs e luzes iluminaram a cidade. As pessoas iam e vinham e as vozes
morriam enquanto caminhávamos pelo pequeno parque da esquina. Nossos
cachorros-quentes se foram há muito tempo, e eu estendi a mão, jogando minha
bebida na lata de lixo enquanto avançávamos pelo caminho de cimento.

— Entregue o dinheiro ou ela morrerá.

Uma mão em volta do meu bíceps me fez parar, puxando-me para longe de
James. O medo me sufocou quando uma arma foi empurrada contra minha
têmpora.

— Ei, ei. Uau. Abaixe a arma. Não há necessidade disso.

— Agora!

O homem empurrou a arma para James, e um moletom preto foi tudo que eu
vi antes que ele a trouxesse de volta, empurrando o metal na minha pele com uma
pressão que fez um pequeno som de dor sair da minha boca.

— Está bem, está bem. Se acalme. — James abaixou lentamente as mãos e


avançou antes que eu pudesse processar o borrão de velocidade. A força explosiva
de sua mão me empurrando para fora do caminho me fez voar para o lado. O
cimento queimou em minhas palmas enquanto eu tentava me segurar.
James agarrou o pulso do estranho, e a arma caiu enquanto ele torcia o
membro do homem e o girava de modo que o bíceps de James ficasse preso em seu
pescoço. Um grito alto cortou a noite e uma inspiração profunda foi seguida por
mais sons de dor.

— Acho que você quebrou a porra do meu pulso!

— Você está certo, e a seguir será seu braço ou pescoço. Sua escolha.

Outro grito veio do atirador quando James puxou o braço preso entre eles. Eu
não conseguia ver o que ele estava fazendo, mas a agonia no rosto do homem
aumentou com a respiração ofegante.

— Braço ou pescoço, — grunhiu James, sacudindo-o com força.

— Por favor, cara. Porra!

— James, por favor! — Eu me levantei, apavorada com a morte em seus


olhos. Ele piscou, trazendo sua atenção para mim, e algo que eu não tinha certeza
se cruzou em seu rosto. O homem agarrou a camisa de manga comprida enquanto
James se enrolava nele, cortando seu ar enquanto apertava seu bíceps com mais
força.
— James, por favor. Vamos.

Segundos se passaram e o homem ficou inerte em seus braços. Por um


momento, não consegui me mover. Não conseguia respirar.

— Agora, vamos embora, — disse ele, deixando cair o corpo do ladrão como
se não fosse nada. —Não se preocupe, ele não está morto. Apenas
inconsciente. Tive aulas de defesa pessoal. Ele não teria nos deixado partir depois
disso. Droga. Nunca pensei que os usaria. Vamos sair daqui antes que ele
volte. Vou chamar a polícia e informá-los. Você está bem?

Ele me puxou para seus braços, me abraçando com força antes de me puxar
para fora do parque em um ritmo rápido.

— Eu estou bem.

— Você tem certeza? Eu sinto muito. Eu não estava


pensando. Não pude pensar quando vi aquela arma na sua cabeça. É incrível como
tudo voltou para mim. Parecia tão natural. Eu só... reagi.
Paramos em frente a uma delicatessen e ele puxou minhas mãos para cima. O
sangue estava manchado em minhas palmas e gotas vermelhas contra minha
pele. Ele rapidamente tirou um lenço e deu um tapinha neles.

— Obrigada, — eu sussurrei, olhando para ele. —Você continua me salvando.

Lábios esmagados nos meus enquanto eu me sentia derreter em seus


braços. Eu mal soube quando ele separou seus lábios dos meus, mas ele não me
deixou ir. Ele estava ao telefone, falando rapidamente com quem presumi serem
os policiais. Mais forte, ele segurou, e mais meu coração inchou. Fechei os olhos,
segurando-o... pelo resto da vida... por segurança contra o barulho interno. Eu até
segurei por esperança. James tinha sido minha rocha na solidão e a única pessoa
com quem eu podia contar. Havia paz nisso. Mesmo que houvesse um desconforto
na velocidade com que ele se movia, ou na expressão que ele tinha nos olhos
quando sufocou o ladrão. Eu deveria ter ficado apavorada com o vislumbre que
peguei dele. Eu deveria estar me distanciando. Os sinais estavam lá, e minha
intuição sabia melhor. Ele tinha segredos. Mas valia a pena afastá-lo?
SCOUT 14

Havia algo mais poderoso do que palavras - do que a maneira como cada
história, confissão, testemunho... cada quebra-cabeça de frases perfeitamente
encaixadas tecia uma imagem perfeita de percepção?

As palavras têm a capacidade de distorcer a mente de uma pessoa. Com mais


pressão nos pensamentos, você pode mudar completamente a perspectiva
deles. Você pode alterar vidas para melhor ou destruir seus pontos de vista ou
autoestima para pior. Com palavras... você pode tornar tudo possível.

Eu era um mestre da manipulação. Um mago para redirecionar emoções. O


messias do destino de Charlee. Ela estava comendo na palma da minha mão com
as mentiras que eu alimentei, e eu estava doente o suficiente para prosperar. A
vida era perfeita, e a direção dependia totalmente de mim.

Depois de meu encontro com Bram Whitlock, o camaleão em mim disse que
qualquer homem decente a teria arrebatado. Que eu deveria tê-la protegido de sua
má sorte. Mesmo depois do ladrão no parque, a possessividade deveria ter me feito
querer mantê-la ainda mais para mim. Percepção. Senso próprio. A maioria teria
sido influenciado pelo amor. Mas eu não era a maioria. A verdade era que, embora
eu tivesse sentimentos por Charlee, a única pessoa com quem me importava era
eu mesmo. Ela estava condenada, não importa o que sua vida
segurasse. Whitlock: seu Mestre certamente a mataria. Comigo: ela seria ainda
mais escrava - uma viciada em Cort criada por mim. E aqui, sozinha, sem mim na
foto, ela se destruiria.

Charlee nunca faria seu futuro tão brilhante quanto ela desejava. Ela era
incapaz de seguir o caminho certo. Em algum momento, o feitiço que ela estava
sofrendo por uma vida saudável iria desmoronar. Ela desabaria, e seu estado
alcoólico e drogado repetido provavelmente seria pior do que nunca. Nesse ponto,
ela estava praticamente morta.

Não precisava ser um gênio para saber que as chances de ela se afastar de
seus hábitos na primeira vez que tentasse não eram a seu favor. E com certeza,
poderia ter acontecido. Mas não para ela. Não para Charlee. Internamente, ela já
estava quebrada. Já condenada por causa da forma como sua mente foi
programada. Então isso me deixou com o óbvio. Charlee iria para Whitlock e
eu? Eu a veria quando pudesse. Eu poderia viver com isso. Afinal, carinho não era
amor. Eu sabia que não a amava mais do que a mim mesmo. Era o jogo que eu
adorava. E a destruição dela eu adorei.

Mesmo agora, enquanto a seguia pela rua para uma nova entrevista de
emprego, tudo em que conseguia pensar era em drogá-la e estuprá-la
novamente. Ela estava limpa por um tempo agora, e o conhecimento acendeu um
fogo dentro de mim. Eu ansiava por derrubá-la. Para mostrar a ela o que ela estava
perdendo.
As ideias floresceram: um novo escolhido para brincar. O desejo estava lá,
mas não mais do que minha necessidade de Charlee. Era ela. Ela projetou todas
as coisas das quais eu estava fugindo. Ela era um sonho para um homem como
eu. Eu nunca teria alguém como ela na vida real. Se ela não fosse uma viciada e
me conhecesse em seu tempo livre de fazer sessões de fotos, a lúcida Charlee nunca
teria me dado a hora do dia. No fundo, eu sabia disso. Ela estava amolecida e
dependente de sua vida dura. Isso a tornou mais tolerante. A verdade é que,
sabendo ela ou não, ela estava me usando, e isso não era bom para o homem por
dentro. Talvez fosse por isso que eu queria machucá-la tanto com uma recaída. Ela
continuaria sendo minha se continuasse fraca. Mas era tudo por nada. Charlee não
era minha. Ela nunca seria. O tempo estava se esgotando e eu talvez tivesse mais
uma chance antes de entregá-la - mais uma chance de afogá-la pelo desprezo que
ela despertou em mim.

Charlee afastou o cabelo loiro para trás e se endireitou enquanto suas mãos
corriam sobre a blusa azul bebê e a saia lápis preta. Ela parou do lado de fora da
loja de departamentos, olhando ao redor da multidão de pessoas que passava
rapidamente. Eu parei, movendo-me em direção à entrada do grande varejista ao
lado. O nervosismo cintilou em seu rosto, e ela ajustou a alça da bolsa antes de
contornar a saída de uma mulher. No momento em que ela desapareceu dentro,
retirei meu telefone, mandando uma mensagem para ela.

Eu: Ei, linda. Quer dar um passeio um pouco mais tarde?

A resposta foi quase imediata.


Charlee: Eu estava prestes a mandar uma mensagem para
você. Minha nova entrevista é em vinte minutos. Pensei em andar pela loja
e dar uma olhada. Estou tão nervosa! Hmmm... para onde?

Eu: Há uma pequena cidade adorável a cerca de três horas de


distância. Mystic, Connecticut. Eu acho que você gostaria. Podemos
explorar um pouco antes de escurecer. Talvez pegue uma pizza famosa
antes de voltarmos.

Charlee: Aventura e pizza! Parece divertido. Vamos fazer isso.

Eu: Ótimo. Eu irei em direção ao centro da cidade e pegarei você.

Charlee: Mal posso esperar. Avisarei você quando terminar.

Eu sorri para o rosto sorridente, então coloco o telefone no bolso enquanto


atravesso a rua. Eu estava estacionado a alguns quarteirões, mas não haveria uso
para o meu carro no próximo lance.

Uma boa hora se passou antes que Charlee finalmente emergisse das portas
duplas. Ela verificou seu telefone, franzindo a testa. Sua cabeça abaixou, e
observei enquanto ela iniciava sua longa caminhada para casa. Eu fiquei parado
do outro lado da rua, incapaz de conter meu sorriso com a mensagem que ela leu
de mim. Expliquei como fui chamado ao trabalho e lamentava. Teríamos que
reagendar.

O calor perfurou minha pele e o suor se acumulou contra meus antebraços


expostos. Eu tinha as mangas do terno puxadas para cima, onde minhas tatuagens
falsas estavam expostas. E como se ela me sentisse, sua cabeça virou bem na
minha direção, e ela quase caiu quando seus pés tentaram parar. A multidão era
grande em ambos os lados, e eu ziguezagueava pelas pessoas enquanto ela ficava
boquiaberta e aumentava sua velocidade. Ela ficou olhando duas vezes, como se
não tivesse certeza de que era realmente eu - John.

Eu soube o momento em que ela decidiu me confrontar, mas era tarde


demais. Seu rosto disparou onde ela pensava que eu estaria, mas eu havia sumido
- escondido do outro lado do beco, onde ela não conseguia me ver.

Charlee deu um passo para trás, parando enquanto seus olhos procuravam
freneticamente a área. As pessoas se chocaram contra ela, e sua mão saiu,
afastando-as enquanto ela procurava nos que paravam. Ela pensou que eu estava
perto. Que eu estava indo buscá-la. O pânico estava gravado em seu rosto. E
então... ela começou a correr. Eu assisti até que ela estava muito longe para eu
ver. O orgulho de mim mesmo aumentou e eu me deliciei com meu jogo.

Deixá-la pensar que estava perdendo a cabeça. Que ela se perguntasse se


estava alucinando ou não. Esta parte de mim, esse mal, logo a encontraria
novamente, e quando eu o fizesse, ela desejaria ter escapado do meu alcance e
fugido para mais longe do que apenas seu apartamento de merda.
CHARLEE

Abstinência. Talvez eu soubesse que seria tão ruim. Talvez seja esse o motivo
pelo qual tentei não pensar em abandonar as drogas e o álcool. Dizer que era difícil
manter distância da bebida e dos narcóticos era um eufemismo. Eu vomitei. Eu
tremi e comecei a suar frio. A náusea não tinha fim. Apenas o pensamento de
engolir uma garrafa de vodka fez meu coração bater forte contra meu peito. Eu
estava com coceira. Com coceira para destruição. Coçava fisicamente a ponto de
querer rasgar minha pele apenas para tentar parar as alucinações. Eu estava uma
bagunça.

— Beba.

James afastou o cabelo do meu rosto enquanto me entregava um copo


d'água. Eu estava sentada em frente ao banheiro, ainda tentando recuperar o
fôlego dos vômitos secos que não resultaram em expurgar fisicamente nada do meu
corpo.
Visões passaram de John na rua e eu não conseguia parar de me perguntar
se estava ficando louca. O que era pior, é que eu pensei que fosse James no
começo. Pelo menos, até meu cérebro clicar que ele não parecia assim. Não fazia
sentido. Eu não tinha bebido no que parecia uma eternidade, mas a doença ainda
estava lá. Ainda tentando me atrair de volta. Eu estava totalmente
abalada. Minhas dúvidas tentavam me afogar e estavam conseguindo. Ver James
agora foi como deixar um lobo entrar na minha casa. O que era ridículo. Eles não
eram a mesma pessoa. Então, por que eu estava tendo dificuldade em acreditar
nisso?

— Obrigada. Por tudo. Você tem sido incrível. Você realmente não precisa
estar aqui. Tenho certeza que você teve um longo dia. A última coisa que você
provavelmente quer fazer é tomar conta de mim. Eu vou ficar bem.

Ele me lançou um olhar, ajudou-me a levantar e pegou a água enquanto eu


escovava os dentes.

— Você acha que eu te deixaria assim? Você não me conhece muito


bem. Estou dentro, ou você não percebeu?

Eu sorri, terminando, e deixando-o envolver seu braço em volta de mim


enquanto me levava de volta para o sofá. Ele agarrou o cobertor, aquele que ele
comprou para mim dias atrás, e me cobriu.

— Dentro. Por quê? Eu sou uma bagunça.


— Você é uma guerreira. Você está em uma batalha e está vencendo. Isso é
admirável.

Ele beijou minha bochecha e colocou o copo na mesa de café. Pegando o


controle remoto, liguei a televisão. O noticiário mundial apareceu, mas não na
forma que eu esperava. Foi um especial.

Os desaparecimentos e mortes de ricos e famosos não param no senador


Kunken. Nos últimos meses, as celebridades morreram em um ritmo
alarmante. Mais agora do que nunca na história. Alguns de acidentes, outros de
causas naturais. Várias celebridades desapareceram juntas, sem deixar rastros de
seu paradeiro.

Enquanto o mundo chora, nos perguntamos: Por quê? Como?

A próxima morte de celebridade que examinamos é a do herdeiro e advogado


bilionário Bram Whitlock. Ele deslumbrou Hollywood com suas participações
especiais e até trabalhou em estreita colaboração com instituições de caridade
conhecidas. Onde a maioria o considerava o solteiro mais cobiçado há apenas
alguns meses, seu assassinato deixou autoridades perplexas e corações em todo o
mundo partidos.

— Jesus, — eu suspirei.
A filmagem da cena do crime quase me fez virar as costas. Minha mão voou
para a boca e me mexi no sofá. Um par de pernas se projetava do início de um
corredor e a quantidade de sangue era enorme e horrível. Manchas carmesim
manchavam o piso de mármore de cor clara como se ele tivesse sido arrastado para
o espaço, e uma grande piscina parou perto de seus sapatos de grife. Quando uma
imagem de seu rosto apareceu na tela, eu fiz uma careta, balançando a cabeça. O
homem era além de bonito com seu cabelo preto ondulado e olhos azuis
brilhantes. Ele tinha um sorriso que teria parado corações. E provavelmente
tinha. Mandíbula perfeita. —Que desperdício, — murmurei, baixinho.

—O que isto quer dizer?

Eu me virei para James. A raiva estava clara em seu tom e fiquei surpresa
com a súbita centelha de ciúme. — O homem estava claramente definido na
vida. É muito triste que tenha terminado tão tragicamente.

— Bram Whitlock não era quem as pessoas pensavam que ele era. Ele era
um idiota quando as câmeras não estavam nele. A maioria das celebridades não é
o que parece. E acredite em mim, conheci mais do que você pode imaginar. Eles
são todos altos e poderosos e tão fora de sintonia com a realidade que não é nem
engraçado. Eles acham que o mundo gira em torno deles. Como se eles fossem
algum tipo de Deus ou algo assim.

— Você o conhecia? — Eu olhei de volta para a TV enquanto eles mostravam


mais fotos. A amargura no tom de James me trouxe de volta para ele.
— Eu encontrei Bram algumas vezes. Não éramos amigos nem nada, mas eu
conhecia um lado dele que ele não mostrava aos outros. Ele era um monstro,
Charlee. Seu desaparecimento do mundo exterior foi uma bênção. — Ele fez uma
pausa, franzindo a testa. —Ou, talvez, uma maldição.

— O que você quer dizer?

— Nada. — Forçando um sorriso, ele estendeu minhas pernas e sentou-se na


beira do sofá, na altura do meu estômago. —Eu sinto muito por ter arruinado
nossa viagem, mais cedo. Eu não esperava que o trabalho ligasse. Acho que foi bom
ter acontecido antes de partirmos.

— Está bem. Eu entendo completamente. Eu estava começando a me


perguntar se você tinha um emprego, — eu ri. —Você passou a última semana
comigo sem sequer uma ligação.

Seu rosto endureceu um pouco antes que ele mudasse de assunto. —O que
você gostaria de comer no jantar? É por minha conta. Podemos pedir comida para
viagem ou posso correr e pegar algo na loja. Você decide. O que você acha que seu
estômago pode aguentar? Você precisa comer. Você não teve apetite por dias.

— Bem. — Eu repassei as opções na minha cabeça, mas não importa o quanto


eu tentasse pensar em comida, não conseguia parar os sentimentos estranhos
sobre sua mudança repentina de comportamento. O ciúme. Bram não foi o
primeiro homem que o provocou. Houve um punhado desde seu retorno e eu não
podia negar que James era diferente. Meu coração gostou da ideia dele, mas minha
mente não parava de me dizer que algo estava seriamente errado.

Eu examinei seu rosto - o rosto de John, sem o tom de pele mais claro e olhos
de cores diferentes.

— Talvez apenas um pouco de arroz?

— Chinês, então? Excelente escolha. Eu estava pensando a mesma


coisa. Você quer o que você teve na outra noite?

— Isso seria bom.

James assentiu e se levantou, caminhando até a cozinha. Tínhamos uma


pilha de cardápios que colecionamos ao longo dos dias e voltei a pensar e a fingir
que assistia à televisão enquanto ligava o telefone. Quando a conversa mudou,
isso me tirou do segmento. Eu me virei para ele, percebendo que ele estava de
costas para mim e falando baixo.

— Que tipo de problema? — Ele fez uma pausa. —Mm-hmm. Me ligue se


precisar de alguma coisa. Eu posso estar lá em quinze.
Ele desligou, depois se virou e mexeu no telefone. —Outro batedor. Ele não
tem certeza sobre o jogador que escolheu. Acontece.

— Que bom que ele estava ligando para você pedindo ajuda.

Uma risada profunda fez seu peito tremer. —Eu sou o chefe aqui em Nova
York, Charlee. Ele tem que telefonar se houver algum problema. É o que me
permite tanto estar com você. Meus escolhidos já estão prontos. Estou apenas
pegando a onda agora, esperando o fechamento dos negócios. Eu provavelmente
deveria ter explicado isso antes. Prometo que tenho um emprego, — brincou.

— Claro. — Pisquei com as memórias de quão profundo seu tom tinha sido,
mas as suspeitas só aumentaram. —Estou impressionada. Aqui estou eu, sentada
com um grande chefe, e eu nem sabia disso. Tenho sorte.

Ele lambeu os lábios e veio se sentar ao meu lado. Uma seriedade mascarou
suas feições e meu sorriso falso caiu enquanto eu olhava em seus olhos - olhos que
assombravam meus sonhos. Mesmo que eles não fossem castanhos escuros como
os de John, eles tinham o mesmo vazio. A mesma atração por algo dentro de
mim. Alcançando, ele puxou meu cabelo para trás enquanto sua outra mão subia
para minha bochecha.

— Acho que sou o sortudo. Charlee…


Minhas pálpebras baixaram quando James roçou seus lábios nos meus. A
conexão fez meu corpo ganhar vida e havia apenas uma pessoa que vi emergindo
dos recessos da minha mente.

Mãos agarraram meus quadris, girando-me para ficar envolta em sua cintura
enquanto ele se sentava na almofada do meio do sofá. Seu poder me
surpreendeu. Ele me levantou como se eu não fosse nada... assim como John fez. O
controle que ele tinha quando seu braço envolveram minha parte inferior das
costas e me aliviou na protuberância dura de sua calça jeans era fluido e
familiar. Era como se tivéssemos feito isso antes, apesar de James nunca ter feito
mais do que roubar um beijo aqui ou ali. Meu corpo se encaixou perfeitamente
contra o dele e ele sabia exatamente como me enganchar deslizando os dedos em
meu cabelo para me segurar em sua boca.

— James. — Eu respirei contra seus lábios, pesadamente, quando eles mais


uma vez encontraram os meus. Memórias iluminaram a escuridão. Flashes de
cores brilhantes foram registrados e cenas que eu não lembrava voltaram. Eu
sabia que deveria pará-lo, mas não consegui enquanto sintonizava o que estava
vendo. Meus quadris balançavam, movendo-se contra ele enquanto seus dedos se
fechavam em meu cabelo. Ele se afastou, ofegante assim como eu.

— Muito rápido. Eu não quero estragar tudo. Porra. — Seus lábios


esmagaram os meus enquanto sua outra mão achatava minhas costas. —
Deus. Droga.— Fui colocada de volta no sofá enquanto ele se movia para o outro
lado, descansando a cabeça para trás e fechando os olhos. —Eu não posso apressar
isso. Não podemos. Eu quero que isso seja real. Eu quero você melhor para que
tenhamos uma chance. — Ele ergueu a cabeça, encontrando meu olhar. —Você
entende o que eu estou dizendo?
Eu quebrei nosso olhar, olhando para minhas mãos... não vendo nada além
de John-James. Eles eram dois, mas para mim eram um. Só não tinha certeza de
como isso era possível. Eu deixei as novas memórias se repetirem enquanto
murmurava em minha resposta. —Acho que sim.

— Não. Você não pode pensar. Você tem que saber. Você sabe o que estou
dizendo para você?

— Você gosta de mim e quer ter certeza de que não vou estragar tudo. Você
acha que com pressa, posso voltar a beber e a se drogar.

Só então levantei os olhos.

— Você não vai falhar. Você vai vencer isso. E não vou colocar mais
obstáculos no seu caminho. Mudar para o próximo nível pode se tornar um
problema para você. Prefiro mantê-la como uma amiga enquanto você fica melhor
do que algo acontecer e isso a atrapalhe. Sua saúde é minha maior prioridade
agora.

Palavras perfeitas - mentiras perfeitas.


Ele se inclinou para frente, arrastando seu dedo indicador em forma de
gancho pela minha bochecha. Eu agarrei seu pulso, beijando a junta quando
encontrei seus olhos de frente. Mentiras. Mentiras. O que parecia verdade circulou
em minha cabeça. Isso estava errado. Eu tinha que estar errada. James não foi
nada além de gentil, então por que ele fingiria ser duas pessoas diferentes?

— Você é tão incrível, — eu forcei para fora, insegura. —Eu não sei o que eu
faria sem você. Você tem sido um grande amigo.

Ele sorriu, pegando o controle remoto e me puxando para me inclinar contra


ele. Enquanto ele clicava nos canais, eu me curvei para o lado dele e respirei sua
loção pós-barba. O cheiro exótico - familiar. Como tudo mais. Assim como em
casa. Algo nisso era perfeito. Também desencadeou meu primeiro encontro com
John. A calçada ficou mais distante quando ele me puxou para cima, e eu conhecia
seu cheiro antes mesmo de vê-lo. Era o mesmo. Era de John, sem sombra de dúvida
em minha mente.

Meus olhos se ergueram para os de James e mal consegui recuperar o


fôlego. Algo me disse que eu não estava imaginando isso. Eles eram a mesma
pessoa e eu não era louca. Eu olhei profundamente em suas profundezas
infinitas. Profundidades escuras. Profundezas desalmadas. E eu sabia.
SCOUT 14

Havia moralidade na loucura? Havia loucura na moralidade? Olhei para a


sala de estar, observando Charlee enquanto ela preparava nossos pratos na mesa
de café. Ela tomou seu tempo derramando o conteúdo, tentando deixar tudo
perfeito. Eu sorri, mexendo sua bebida na cozinha. Uma bebida especial. Meu
último jogo.

À medida que a compreensão me aprofundava, contemplei os últimos


dias. Além da minha façanha anterior, eu me permiti tentar ser o verdadeiro eu,
o antigo eu - Jonathan James Kimble. Eu tentei imaginar se eu nunca tivesse
tomado a estrada escura e fodida que eu tinha, minha vida seria algo como o que
eu e Charlee compartilhamos, sem minha maldade?

Foi um pensamento interessante. Uma experiência ainda mais interessante,


já que certa vez flertei com a ideia de ficar com ela. Isso me mostrou o que eu sabia
ser verdade e levou a verdade ainda mais. Eu não era normal. Eu nunca fui e
nunca seria. Afinal, desde muito jovem, passei meus dias caçando
mulheres. Fantasiando sobre sufocá-las e quebrar seus crânios. As tendências
violentas me seguiram em minha carreira de operações especiais, onde quase
matei um empreiteiro militar, no exterior. Se eu não tivesse estado tão fundo,
poderia ter acabado na prisão ou pior. Em vez disso, isso me levou até a mesa de
um oficial militar de alto escalão que por acaso era um Mestre em Whitlock. Eu
não podia ignorar o que tinha por dentro, então, enquanto eu drogava a mulher
que eu trabalhava duro para construir mentalmente - que eu tinha algum tipo de
sentimento - eu não podia ignorar agora.

— Uau, estou ficando muito cansada. Provavelmente irei para a cama logo.
— Ela bocejou, fazendo uma pausa em suas ações. —Tem certeza que não quer
nada do meu arroz frito? Eu realmente não me importo.

Eu estreitei meus olhos, pegando sua dica de querer que eu fosse embora logo,
mas balancei minha cabeça enquanto carregava nossas bebidas para a mesa.

— Eu acho que tenho mais do que suficiente. Se eu comer tudo o que tenho,
mais metade do que você pediu, terei sorte de me mexer. Por que você não pega
um pouco da minha carne mongol? Você realmente precisa tentar comer mais.

— Mais? — Ela riu pegando seu prato e colocando-o no colo. —Meu arroz tem
carne, frango e camarão. Eu não vou ser capaz de fazer um arranhado neste prato.

— Tente comer o máximo que puder. Eu sei que você provavelmente está
exausta. Você teve um dia ruim. Não vou ficar muito mais tempo. Eu tenho
algumas coisas para cuidar mais cedo, de qualquer maneira.
Coloquei nossas bebidas na mesa e peguei meu próprio prato para poder
sentar ao lado dela. Estava passando um programa de culinária. Um que achei
que era o favorito dela. Para mim, foi a maior chatice que eu já vi e só alimentou
minha irritação com sua mudança repentina. O que diabos aconteceu? O que eu
perdi? Ela estava agindo normalmente, mas eu não perdi como ela queria que eu
fosse embora. Ela pode ter tentado disfarçar, mas eu não sou idiota. Charlee não
estava cansada.

— Ooh, isso vai ser bom. Quem você acha que vai ganhar?

Olhei para a TV, mas dei uma espiada em minha pasta enorme perto da porta
da frente. Ela achava que tinha a ver com o meu trabalho e estava certa. Mas ela
não tinha ideia das guloseimas descansando no couro preto.

— Hmmm,— eu olhei para os três competidores, encolhendo os ombros. —


Talvez aquele do meio. Eles não tiveram uma boa entrada?

Ela bocejou novamente. —Sim. Acho que ele vai ganhar também.

Nós dois começamos a comer, o tempo todo, eu a mantive na minha


periferia. Quando ela finalmente alcançou o copo, o canto da minha boca fez sinal
para sorrir. Eu coloquei mais do meu foco no show. Desta vez, Charlee não seria
superada por um episódio tão difícil. Com o Cort iludindo, ela seria atingida com
força no começo, mas não como antes. Ela sentiria. Ela flutuaria entre a
inconsciência e o sexo. E eu, estaria livre das alucinações horríveis.
— Eca, o que é isso?

Eu ri, voltando-me para ela. —É um daqueles pacotes de limonada para


mexer. Achei que você gostaria de um descanso da água. Você não gostou? Eu
pensei que tinha um gosto bom. Tente de novo.

Hesitante, ela o levou aos lábios, bebendo o conteúdo. —Está bem. Eu só não
esperava isso. — Ela passou a língua nos lábios, engolindo compulsivamente. Um
bom minuto se passou enquanto eu a mantive no canto da minha visão. Como se
fosse uma deixa, seu corpo enrijeceu ao meu lado.

— James? Oh, Deus, James. — A comida derramou do prato quando ela se


levantou e balançou para o lado. Eu já estava preparado, puxando-a para mim
enquanto suas pernas travavam e fraquejavam.

— Shh. O que há de errado? Você está bem?

— Eu não sei. Eu não…

Respirou fundo a deixou enquanto seus olhos se arregalaram e ela tremeu em


meus braços.
— Alguma coisa não está certa. Eu... —Mais uma vez, sua voz falhou. Ela
estava ficando mais pesada em meus braços - um peso morto, enquanto eu a
carregava para o quarto.

— Diga-me o que você sente. O que eu posso fazer?

Eu puxei os cobertores, deitando-a e cobrindo-a. O tremor assumiu o controle


e em poucos instantes seu coração estava batendo forte sob a minha palma. Os
gemidos soavam enquanto ela tentava levantar o braço, apenas para cair.

— Doente. Estou com frio. Cansada.

— Vou correr até a loja e ver se encontro algum remédio. Eu volto já. Fique
na cama e espere por mim.

Saí de seu quarto, indo direto para minha mochila. Não demoraria muito
para que ela saísse. Os sons continuaram a deixá-la, e demorei a vasculhar o
conteúdo. Tirando a roupa, adicionei a coloração. Minha pele escureceu sob meu
toque e coloquei toda minha energia para ouvir cada gemido enquanto me
cobria. Adicionar o spray para escurecer meu cabelo foi fácil com o espelho
pendurado na parede. Quando finalmente cheguei às tatuagens, o silêncio encheu
o apartamento. Eu me encarei, me vendo - vendo ele. John era meu verdadeiro eu,
mesmo que não fosse minha aparência real. Ele tinha a personalidade que eu
legalmente não podia. Ele era meu assassino. Um estuprador, por dentro. O diabo
que me tornou capaz de coisas horríveis.
Minutos se passaram. Depois, meia hora. Os sons continuaram, e só quando
tive certeza de que a droga tinha feito efeito, fui para o quarto dela. O rosto de
Charlee estava vermelho e ela estava coberta de suor, respirando
pesadamente. Era quase como se ela sentisse minha presença, porque eu sabia que
ela não tinha me ouvido entrar.

— J-John?

— Eu disse que voltaria. Quanto você sentiu minha falta?

— Eu não estou bêbada. Eu n-não bebi.

Ela rolou na cama, tentando mover seus membros para subir. Eu me


aproximei, virando-a de costas enquanto colocava meu corpo nu sobre o dela.

— Estou em sua mente. Não em uma garrafa, baby. Você sentiu minha
falta. Eu sei que você sente. Conte-me. Deixe-me ouvir.

— J-James?
Sua cabeça virou para o lado e eu imediatamente a trouxe de volta, então ela
teve que olhar para mim.

— John. Não James. Não finja que você o quer. Você me quer.

— James!

A pressão de seu rosto empurrou contra meu aperto. Envolvi minha mão em
torno de seu queixo e mandíbula, sibilando enquanto me abaixava mais perto de
seus lábios. Meu coração estava disparado. Eu estava chateado, ainda... Achei
difícil ficar tão bravo quando ela me deu a oportunidade perfeita para machucá-la
como eu precisava.

Um sorriso apareceu no canto da minha boca enquanto eu puxava a alça fina


de sua blusa e apertava em seu seio. Charlee gritou e se mexeu embaixo de mim,
mas eu a ignorei enquanto me abaixava e chupava seu mamilo. Ainda assim, ela
se moveu, mais forte a cada segundo. Eu me levantei surpreso, apenas para sentir
a dor explodir contra o lado da minha cabeça. Eu sabia que estava caindo para o
lado, mas mal conseguia processar isso por causa da dor.

— Quem é você? Quem é você? Você realmente achou que eu deixaria você me
drogar de novo? — Ela recuou, enviando fogo pelo meu braço com o golpe. —Eu sei
que você está fingindo ser James... ou você. Essa piada de mau gosto acaba
agora. Você me ouve? Terminou!
Charlee recuou mais uma vez e a estátua de cavalo de ferro grosso que ela
mantinha em sua mesa de cabeceira borrou para mim. Quase não levantei o braço
a tempo. Agonia disparou em meu antebraço e o calor correu pelo meu rosto
enquanto eu me jogava para frente, direto para ela. Ela conseguiu se soltar do meu
alcance, mas não conseguiu chegar até a porta antes de eu estar em cima dela.

Gritos saíram de sua boca, seguidos por palavras que mal conseguia
decifrar. Minha cabeça estava girando. Eu estava girando, mas meu treinamento
não me falhou.

— Baby, você deveria ter se mantido jogando de estúpida. Você estragou


tudo. Você sabe o que você fez? Você?

Eu puxei seu cabelo enquanto prendia seus pulsos na parte inferior de suas
costas com a outra mão. Seus gritos continuaram e embora ela não tenha obtido
todos os efeitos, ela ainda estava fraca e sob a influência.

— Eu não estraguei tudo, você fez. E é melhor você sair agora! Lawrence e
Jerome chegarão a qualquer minuto e quando descobrirem o que você fez, você terá
muitos problemas. Eles já chamaram a polícia, James. Eles estão todos vindo.

Minha cabeça disparou para olhar em direção à porta da frente e me joguei


para cima, arrastando Charlee comigo. Suas pernas voaram e ela agarrou meus
pulsos. Eu não tenho tempo para essa merda. Empurrando-a, eu bati meu punho
em seu rosto. Suas pernas cederam com o impacto e eu a abaixei no chão enquanto
colocava minhas roupas e empurrava todas as minhas coisas na mochila. Minha
mente disparou, passando por planos - passando pelo que diabos eu precisava
fazer.

E então tudo parou.

Fiz uma pausa, percebendo o telefone de Charlee no balcão da


cozinha. Pisquei com a realização, rindo baixinho.

— Puta merda. Você está mentindo, vadia inteligente do caralho.

Mais uma vez, eu ri, pegando uma seringa de emergência da minha bolsa e
injetando o sedativo nela. Enquanto envolvia seu corpo no cobertor, não conseguia
parar de beijá-la. Tocando ela. Mesmo provando ela.

Um por um, passei por cada cômodo, limpando tudo o que pude em busca de
impressões digitais. Uma boa hora se passou e eu apaguei as luzes, absorvendo
nosso tempo em minha memória.

Nunca voltaríamos a este apartamento. Nós nunca conseguiríamos terminar


nosso jogo ou brincar com alguma fantasia fodida de que eu tinha uma vida
normal. Era apenas a maneira como o Scout acontecia. Às vezes não havia um fim
definidor. Não poderia haver neste jogo. Era algo que eu tinha aceitado. Whitlock
era o dono dela. Sim, desde que enviei suas informações. Charlee e eu
terminamos. Pelo menos por enquanto, ela é apenas mais um número no
sistema. Apenas mais uma azul em meio à massa de véus brancos que cobrem os
escravos prontos para a ação. Ela teria pesadelos, e eu seria o maior deles.

Se eu sentia algo por ela, não sentia mais. Eu estava focado. De volta ao
modo de batedor. As emoções se foram e logo ela também. Exatamente como as
anteriores. Exatamente como aquelas que viriam depois. Esta era Nova York - a
cidade dos sonhos - o lugar onde alguns sonhos morrem.
Clique.

Clique.

Clique.

A grossa porta de metal se abriu e gritos dos guardas encheram a pequena


sala enquanto suas vozes ecoavam pelo corredor. Soluços explodiram ao meu redor
e as duas garotas com quem eu dividia o quarto se encolheram, segurando seus
estômagos enquanto se amontoavam em uma das camas. Eu mal conseguia ver
com um olho. Eu não era estúpida o suficiente para sair correndo como queria. Em
vez disso, eu me levantei, me preparando para o que iria acontecer a seguir.

Estupro. Espancamentos. Mesmo uma tortura leve. Os guardas faziam tudo,


destruindo-nos não só mentalmente, mas fisicamente. Lutar dava permissão a eles
e eu não faria isso de novo. O pouco tempo que estive aqui foi o pior da minha
vida. Não havia palavras para descrever a atmosfera do lugar onde estávamos
sendo mantidas. E eu sabia que éramos muitas. Os procedimentos médicos, ser
cutucada e marcada. Havia tantas portas. Muitos corredores. E eu não tinha ideia
de onde estava. Acordar aqui, simplesmente não fazia sentido. Se eu não tivesse
visto James/ John olhando pela janela da cela, talvez pensasse que tinha
enlouquecido. Mas eu sabia que ele estava por trás disso.
Um homem alto de uniforme apareceu na porta. Ele estava encarando
enquanto seu olhar varreu cada uma de nós.

— É hora de sua turnê. Você vai ficar na linha e não vai falar a menos que
fale com ele. Você não tentará correr ou será derrubada. Você ouvirá e seguirá as
ordens de seu Mestre Principal. Eu fui claro?

Os soluços aumentaram, mas as meninas se levantaram ao meu lado. Elas


sabiam melhor. Seus hematomas estavam desaparecendo. Como eu, elas
aprenderam rápido a não desobedecer.

O guarda se aproximou, puxando para baixo a parte de cima de seus vestidos


de chiffon azul brilhante. Quando ele deslizou o meu para baixo entre o meu seio,
eu vacilei. A pequena tatuagem de números foi uma que me recusei a olhar.

— Os brancos já estão na fila. Você deve ir bem para trás. Vocês duas
primeiro. 27001, você é a última.

As meninas puxaram seus lenços para cobrir a cabeça da maneira que fomos
instruídas no início do dia. Eu o segui, tentando ignorar a forma como minha pele
se arrepiou. No minuto em que saí da cela, uma voz estrondosa me fez olhar para
o lado. E com a visão... meu coração parou. Meu mundo desabou. E minha vida...
acabou. Igual a dele. Peça por peça, tudo se encaixou, mas eu não conseguia pensar
direito. Eu não pude fazer nada além de encarar olhos azuis penetrantes. Os olhos
de um monstro.
— Tudo bem, escravas! Este é o seu tour. Você vai ouvir ou vai desejar ter
ouvido. Eu sou Bram Whitlock, seu Mestre Principal. Amanhã vocês serão
leiloadas e estou aqui para lhes dizer onde vocês podem ir. Mas vamos deixar uma
coisa bem clara... —Ele fez uma pausa, virando-se à direita para mim. —Você tem
algum problema em escutar, escrava? Você se esqueceu de como seguir ordens?

Bram Whitlock comeu o chão enquanto caminhava em minha direção. O puro


choque de que eu estava olhando para um homem morto me fez cambalear para
trás, para onde deveria estar alinhada. Assim que ele se aproximou, me joguei na
linha.

O ódio poderia ter derretido meu rosto por quanta raiva ele apontou para
mim. —Você está morto, — eu suspirei. —Eu vi você na televisão. Nas
notícias. Você está morto.

Lentamente, as linhas duras de seu rosto diminuíram e um sorriso apareceu


no canto de seus lábios quando ele estendeu a mão e virou meu rosto de um lado
para o outro.

— Você é realmente estúpida ou quer se tornar aquela que estará


morta.— Sua mão agarrou meu ombro e seu polegar esfregou a cicatriz do
número. —Você é a modelo do Fourteen. Quem arrebentou a sua cara?

— Eu não... um guarda. Eu não sei o nome dele. Fourteen?


— Scout Fourteen. E eu vou descobrir. — Seu braço caiu e ele deu um passo
para trás, apontando para um guarda a alguns metros de distância. O chão mudou
quando tudo caiu. Claro. Scout Fourteen. — Passe a informação. Com esta:
espancá-la, estuprá-la, mas mantenha as mãos longe do rosto dela. Ela vai me
fazer muito dinheiro. Fui claro?

— Sim, Mestre Principal.

A dureza voltou e ele me lançou um olhar antes de começar a


andar. Respirações profundas me deixaram. O terror me fez tremer quando ele
caminhou até a frente da fila e se ajoelhou diante de um garotinho que não devia
ter mais de dois ou três anos. Ele não estava vestindo branco ou azul como nós,
mas um terno preto em miniatura, assim como o Mestre Principal.

— Devemos mostrar a elas nossa casa, Alvin?

Ele pegou o garotinho de cabelos escuros para descansar em seu quadril e


com um grito, a fila começou a se mover. Paredes brancas borradas, e quanto mais
descíamos, mais eu via meu fim. O corredor se abriu para uma passagem externa
e, com ela, um mundo que eu nunca poderia ter imaginado. Uma grande área
aberta tornou-se visível e o exterior da enorme fortaleza que eu estava sendo
mantida dentro emergiu. São paredes de pedra branca envolvendo a estrutura
gigante do que eu rapidamente percebi ser uma montanha. A abertura no topo não
projetava sol, mas chuva e céu escuro enquanto eu olhava para cima em choque
atordoada.
E talvez por causa do silêncio, estávamos todas além de ser capazes de
compreender nossa nova vida. Ficamos quietas, surpresas demais para encontrar
palavras. Com muito medo de projetar nossas vozes. Todas nós olhamos com
medo enquanto o homem que segurava a criança pequena caminhava ao longo da
fila, olhando para nós.

— Você não vai escapar deste lugar. Você não terá uma vida feliz aqui. Você
nunca vai se casar. Você nunca terá filhos. Vocês são escravas e a maioria morrerá
em questão de dias. Algumas de vocês podem ter sorte de durar alguns anos, mas
não conte com isso. Eventualmente, você encontrará sua morte neste lugar. Eu
com certeza encontrei. — Ele fez uma pausa, olhando direto para mim. —Bem-

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