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Tradução: Mah Alves

Revisão Inicial:Kennia da Silva

Revisão Final: SRM

Leitura Final: Alice e Marcileide

Formatação: Lola

Verificação: Carla
Deixe seu cabelo solto, Caroline. Disseram elas.

Será divertido, disseram.

Tenho consciência que me fechei no último ano, desde o "incidente" em


que arruinei a minha vida e estava na hora de voltar a viver ou
simplesmente renunciar a tudo.

Só que esta é possivelmente a coisa mais louca que fiz.

Em um último esforço para me revigorar, estou de pé do lado de fora


da casa de Oren Tenning, usando o conjunto de calcinha e sutião mais sexy
que tenho e minha mão está se elevando para bater na porta. Meu irmão me
repudiaria por fazer alguma coisa com seu melhor amigo e, provavelmente,
mataria Oren por isso.

Mas se eu jogar bem minhas cartas, ninguém saberá. Nem mesmo Ten.

Talvez, depois desta noite, supere este amor estúpido e irracional que
detesto ter pelo maior idiota que conheci. Ou, possivelmente, só vou
terminar me apaixonando ainda mais por ele.

E descubra que há mais do que parece nesse meu homem lindo, rude e
insensível.
TEN

Comecei com boas intenções e falo sério.

Isso é louco de escutar, mas essas duas palavras e eu,


simplesmente não se misturam. Mas de verdade, queria fazer
o certo nesta situação.

É provável que isso tenha a ver com meu problema


fraternal, mesmo que tenha acontecido há muito tempo.
Ainda me sinto estranho quando descubro que a garota no
qual estou é irmã de alguém. Fico bem se não souber nada a
seu respeito e continuo com minha atitude típica de idiota.
Mas com todo respeito, se ela menciona o irmão, essa merda
arruína as más intenções que tenho.

E isso condenou nosso relacionamento no instante em


que eu soube que ela era uma irmã, antes mesmo de pôr os
olhos em cima dela.

E o pior não era o fato de ser a irmã mais nova de alguém, mas
sim a irmã mais nova do meu melhor amigo.

E conhecê-la no momento em que ele a tirava do


banheiro, onde esteve doente durante toda a noite, deixou
claro para mim que ela estava muito mal. Podia ver isso pela
forma como sua pele estava pálida, transparente, pelas
mexas de cabelo loiro húmido, caindo do rabo de cavalo e
braços magros sem força pelo esgotamento, enquanto
envolvia o pescoço de seu irmão.

Depois de vê-la assim e escutar o que aconteceu com


ela, tive um monte de reações loucas e estúpidas. A mais
forte foi ... qual era mesmo a palavra? Aquela que nunca se
aplica para mim ... Oh sim! Proteção. Me tornei protetor e
queria tirá-la de seus braços, pegá-la nos meus e chutar os
ovos de qualquer pessoa que estivesse perto de nós.

Eu estava disposto a matar por esta garota.

E isso foi antes mesmo dela levantar o rosto de seu


ombro e me olhar. Um golpe certeiro!

Eu nunca esperei experimentar nada, por simplesmente


fazer contato visual com uma garota. Mas aconteceu isso e
muito mais. Seus inesquecíveis olhos azuis estavam
vermelhos pela insônia, as maçãs do seu rosto, perfeitamente
formadas, estavam com um doentio tom de cinza e os lábios
cortados, deixando um rastro de sangue seco em sua
deliciosa boca.

Entretanto, estava linda de uma maneira


inquietantemente etérea, que te deixa sem fôlego.

Sim, sim, estou sendo brega, dramático e um idiota!


Mas é certo, então basta.

Sei o que você está pensando. Sou Oren Tenning e


considero que as mulheres são preciosas. O que tem de novo
nisso?
Não posso sair de meu apartamento sem listar os
atributos que valorizo.

Dou uma olhada em seu traseiro.

Eu adoro as tetas dela.

Ouça, me deixe passar minha língua por seus lábios, carinho.

Ah sim, faria isso em um instante.

Isso é tão sexy que inclusive faria de novo.

Mas é estranho quando uma garota em particular


permanece em minha mente, me dando um murro tão forte
que deixa um buraco no meu estômago.

E Caroline Gamble, deixou um grande buraco no centro


de meu estômago. O esse lugar arde quando a vejo, ou
quando alguém fala dela, ou quando penso e inclusive sonho
com ela. Merda, investi em fornecimentos de antiácidos
porque todo meu aparelho digestivo é um desastre constante
e sufocante.

Nunca devia ter sido amável com ela, pois isso foi o que
me arruinou e só percebi agora ... e agora que já é muito
tarde.

Veja, sempre e sempre me comportei bem quando ela


estava por perto. Tinha cuidado com o que dizia, tratava ela
com cortesia e outras coisas que não são normais para mim.
Sim, não queria que ela soubesse o quão pervertido e
horripilante que eu era. Queria que ela pensasse que era um
bom cara. Além disso, seu irmão teria chutado o meu traseiro
se não me comportasse com ela.
Mas, caralho, ser amável saiu pela culatra.

A maldita garota tentou me beijar!

Duas vezes!

Eu sei! Que descaramento!

E ali estava eu, tentado ser bom pelo menos uma vez na
minha vida. Me incomodava e irritava com todo o respeito e
amparo por ela. Acrescente o fato de me sentir atraído por ela
e de que seu irmão mais velho — meu maldito melhor amigo
no mundo — me advertia diariamente para me manter longe
dela. E o que ele conseguiu com isso? Me converter em um
homem tentado, isso é o que ele conseguiu. Como se atreve a
advertir, quando procurava me comportar, apesar de querer
fodê-la de duzentas maneiras diferentes?

O pior momento da minha vida, foi dispensá-la nas duas


ocasiões em que tentou me beijar. Bem, na verdade, o
segundo pior momento da minha vida. Mas veja, não vamos
falar do número um na minha lista negra. Portanto, esqueça
esses pequenos pensamentos curiosos. Estamos falando da
expressão perdida que invadiu imediatamente o rosto de
Caroline quando eu disse: “Não faça isso”, “Pare” e “Isto não
vai acontecer”.

Sim, “Não faça isso”. A primeira e última vez que disse


isso a uma mulher.

A luz apagou de seus olhos, o sorriso desapareceu de


seus lábios e seus ombros se curvaram de forma protetora.
Nunca me incomodou tanto por ferir alguém, como nesses
dois momentos e acredito que doeu mais em mim, do que
nela.

Graças a Deus, ela se afastou. Saiu correndo nas duas


ocasiões (embora tenha ido — foda-se! — com lágrimas nos
olhos) antes que eu pudesse reagir. Penso que talvez teria me
ajoelhado e pedido desculpas, a abraçado, ou alguma coisa
do tipo. E, sem dúvida, terminaria o beijo que não a deixei
começar. Quem sabe o que aconteceria? Mas estou certo de
que seria algo que seu irmão me mataria só por pensar.

Depois disso, tive que mudar minha estratégia. Ela era a


única irmã de Noel Gamble e eu não podia fodê-la. Não
importava como faria, mas precisava tomar medidas
drásticas para manter a distância entre nós. Precisava ...
tudo bem, concordo. Merda. Só tinha que ser eu mesmo. Na
verdade, se pensar bem, não foi tão drástico, mas
provavelmente, para ela, pareceria.

Então, permiti que visse toda a intensidade de Ten.


Deixei de dar atenção para as coisas que dizia quando ela
estava perto e deixei que todos meus pensamentos básicos e
repugnantes se esparramassem de minha boca como era
costume. Não sorria, não prestava atenção especial com
coisas amáveis. Como segurar as portas abertas ou perguntar
como foi seu dia. Deixei de ser um bom rapaz. Retrocedi e
praticamente a ignorei, a menos que achasse algo grosseiro
para dizer-lhe. Tentei perseguir outras mulheres, quando ela
estava por perto. Sentia-me horrível todas as noites ao deitar,
incapaz de conciliar o sono, porque revivia cada coisa
degradante que lhe fiz no dia.
Entretanto, não importava o quanto minhas ações
incomodavam, porque não me impediria de fazê-la me odiar e
matar qualquer sentimento bom que sentia por mim.

Deveria ser fácil de alcançar meus objetivos, pois todos


conheciam minha habilidade de enfurecer uma mulher.

Mas nada foi fácil quando se tratava de Caroline.

Uma curiosidade sobre a tentação é que ela acumula e


cresce. Se a alimentamos o suficiente, se transforma em
desejo, em seguida, em obsessão e quando percebemos nada
em sua vida é tão importante como isso, isso que não se
podemos ter.

Eu a queria e não podia tê-la. Então, alimentava a


tentação, atravessava-me o desejo e se pudesse, alimentaria a
tentação em meu próprio peito. Assegurava-me de ter
pequenas doses dela por toda parte. Mas algo incrível
acontece quando passamos muito tempo na companhia de
uma mulher. Aprendemos pequenas bobagens sobre ela,
tolas e inúteis, que começam a significar muito. Como o jeito
que afasta o cabelo do rosto — mesmo que não tenha nada
em seus olhos — sempre que está inquieta, ou como rói uma
caneta durante a aula, cada vez que está escutando algo que
chama sua atenção. Aprende todas suas diferentes risadas e
sabe o significado de cada uma. Aprende o que mais a
incomoda ou o que a faz mais feliz. Descobre o quanto é
inteligente, engenhosa, sarcástica e que sua mente é quase
tão suja como a sua. Vê como fica sensível ao defender as
pessoas que ama e então, começa a se apaixonar,
profundamente.

Portanto, esta é a confissão de um Perdedor Patético:


Sou Oren Tenning e me apaixonei profundamente.

Maldição! Não posso acreditar que acabo de admitir isso


sobre uma garota que nunca beijei e nem mesmo levei para a
cama. Porém, quase não me restam truques e sei que devo
ficar longe dela, mas estou desesperado porque a desejo
muito.

E na verdade é minha culpa, pois poderia, e deveria, ter


perdido meu interesse nela. Mas cada vez que acredito ter
feito algo que vai fazê-la me odiar para sempre — algo pelo que
nunca me perdoará— o pânico se instala. Não posso suportar
a ideia que me odeie e nunca me perdoe. Então faço algo para
conseguir seu perdão.

E ela sempre me perdoa, apesar de ser errado. Adoro


isso nela, esse doce, bonito, indulgente e sujo coração. E
assim, sigo abrindo espaço por este caminho destrutivo,
sabendo muito bem que estou ficando louco e provavelmente
ela também.

Alguém terá que ceder logo ou eu vou explodir ... muito


provavelmente dentro dela.

Só espero que isto não termine com minha morte pelas


mãos de meu melhor amigo.
CAROLINE

— Oh, ele é tão lindo! Caroline, não acha que ele é


lindo?

Suspirei, quando Blaze (E sim, ela deu esse nome a si


mesma) empurrou meu braço pela décima vez nos últimos
cinco minutos, quase me fazendo derrubar o copo de Coca-
Cola que segurava.

— Sim. — Disse, sem me incomodar em olhar no mais


recente menino sexy que ela descobriu. — É ... fascinante!

Normalmente, me animava ver qualquer menino


próximo da minha idade que possuísse um cromossomo Y.
Mas esta noite eu era anti-Y. Gostaria de jogar um tanque de
ácido sobre a pele de todos eles do que ver um de seus
irritantes e lindos sorrisos, ou traseiros, ou pacotes, ou
peitorais.

No outro lado da mesa, Zoey cobria a boca com a mão e


tentava não cair na gargalhada, por causa da minha resposta
inexpressiva. Fiz uma cara feia e articulei um “Cale-se”.

Ela não tinha motivo para estar mal-humorada, pois seu


namorado era perfeito! Maravilhoso, doce e fiel. Quinn
Hamilton era exatamente o tipo de menino que eu deveria
desejar. Mas não ... Oh, não. O imbecil que eu desejava era
um idiota irritante, politicamente incorreto, que colocava seu
pau em qualquer mulher disposta, que sacudisse as
pálpebras em sua direção.

Exceto eu. Ele me dispensou completamente.

Duas vezes.

Sim, eu disse duas vezes ... Porque fui idiota o suficiente


para não captar a indireta na primeira vez.

Envolvi-me com meus próprios braços, porque se


lembrar desses eventos faz-me sentir feia e desagradável.
Olhei fixamente para minha bebida, desejando ter um pingo
de álcool na Coca-Cola. Mas meu irmão trabalhava no bar,
então isso era impossível.

Normalmente, seus colegas de trabalho me dariam um


pouco de álcool, mas não quando Noel trabalhava. Ninguém
enfrentava Noel Gamble quanto se tratava de sua irmã de
dezoito anos, nem sequer o maior idiota politicamente
incorreto do século.

—Não, espera. Olhe para aquele. Agora, esse é um


garanhão que eu gostaria de montar e cavalgar. —Blaze
literalmente lambeu os lábios enquanto olhava com avidez
através do clube cheio de gente. — Só olhe a espessura desse
peito. E esses braços. Humm. Deus. Você tem que saber se o
resto dele é igualmente grande. Maldição. Quero vê-lo nu.

—Ei! — Disse Zoey, com um tom irritado. — Esse é o


meu namorado. — Olhei por cima para encontrar a forma
descomunal de Quinn junto ao palco enquanto falava com
Asher.
Preparado para a apresentação da noite, Asher tinha um
violão nas costas e afastava uma comprida mecha de cabelo
do rosto antes de fazer gestos com as mãos enquanto falava
com Quinn. E como Quinn, ele era outro tipo assombroso,
um roqueiro sexy, com uma voz que fazia que seus
hormônios cantarolassem a cada vez que ele cantava.

Mas ele também não me queria e essa era mais uma


razão para eu ser tão anti-homens esses dias. Os bons tipos
que poderiam me tratar bem se mantinham afastados, não
estavam interessados ou já tinham uma mulher. O único
imbecil que na verdade teve uma oportunidade comigo, tinha
me usado, me convertido em seu pequeno e sujo segredo, e
logo me jogado como lixo. Era um milagre que não tivesse
feito sexo em quase um ano

Oh, caralho. Já tinha quase um ano? Isso não era


genial.

Afundei profundamente na cadeira enquanto Blaze


ofegava.

— O que? Esse pedaço de orgasmo caminhante é seu


namorado? Desde quando você pode atrair um homem?

—Uau! — Sentei reta, franzindo a testa para ela. — Que


diabos? Zoey poderia atrair o homem que desejar.

Zoey era minha melhor amiga. Ela e eu viemos aqui com


Quinn para ver a banda de Asher tocar. Blaze era meramente
uma conhecida que compartilhava um par de aulas, que se
aproximou de nós procurando uma mesa para se sentar.
—Mas ela é simplesmente tão... — Blaze apontou para
Zoey enquanto fazia uma cara amarga. — Tão...

—Doce? — Adivinhei sarcasticamente, arqueando uma


sobrancelha enquanto meu olhar a desafiava a dizer algo
negativo sobre minha amiga.— Bonita? Inteligente? Leal?

—Tímida. — Soltou de repente como se isso fosse algo


horrível. — Sério, não sei por que passa o tempo com tais
perdedoras. Não se parece com elas, mas juro que tenta
parecer. Só precisa viver um pouco, Caroline. Encontre um
homem e uma sexy aventura de uma noite. Não ouvi sobre
você estar com alguém desde que nos conhecemos o semestre
passado e sei que você não gosta de garotas. Preocupa-me
que sua pobre vagina vá enrugar e secar se não a mimar um
pouco.

Os olhos de Zoey se ampliaram enquanto olhava entre


Blaze e eu. A diferença ente elas é que Zoey sabe que tenho
um temperamento que não temo usar, então sabia que não
deixaria Blaze sair ilesa depois de dizer toda essa merda.

Uma cara recém-arranhada a caminho.

Inalando um pouco de ar pelo nariz, assenti e dediquei a


Blaze um sorriso agradável.

— Sabe o que mais? Tem toda a razão.

— Eu sei. —Levantou uma mão e apontou para Quinn.


— Digo que tome seu homem e mostre como é uma
verdadeira mulher.
—Não. — Balancei a cabeça. — Não a respeito disso.
Tinha razão ao dizer que tenho passado muito tempo com
perdedores. Tenho que parar essa merda. É uma perda de
tempo. Então... Adeus ... Perdedora.

A boca de Blaze caiu aberta.

— Que demônios? O que você disse?

Ela falava sério?

— Acaba de menosprezar minha melhor amiga e disse


para enganá-la com seu namorado. Não importa quem é. Isso
está errado, querida. E desde quando uma garota precisa de
um homem em sua vida para que se considere viva? Não
preciso de um idiota para provar que sou alguém.

— Não tinha que ser tão cadela. Falei para seu bem,
Care. —Com um suspiro, Blaze empurrou sua cadeira para
trás e ficou de pé em um salto. — Não tenho que suportar
isto de você. — Levantando o queixo, jogou os ombros para
trás e empinou o peito. — Só uma garota que não consegue
um homem diz isso. Ambas são perdedoras.

Enquanto ela partia zangada, eu ria. Foi uma boa forma


de me desfazer dela. Voltei-me para Zoey, para pedir
desculpas por deixar que Blaze se sentasse conosco, mas já
me enviava uma careta de arrependimento ao mesmo tempo
em que mordia o lábio.

— Sinto muito, Caroline.

Pisquei.

— Você sente? Sobre o que? Foi ela que te insultou.


— Mas também insultou você e eu não disse nada. Se
fosse um pouco mais extrovertida, eu...

Estendendo minha mão através da mesa, agarrei a sua.

—Zo, você é perfeita desse jeito e não quero que mude


nada. Além disso, como pode considerar uma palavra do que
disse sobre você ou sobre mim? Ela está indo flertar com seu
homem enquanto falamos.

—Ela o que? —Zoey se virou para observar Blaze


abordando de maneira ousada Asher e Quinn, mas focou sua
atenção em Quinn. Ela se aproximou o suficiente para roçar
contra o braço dele enquanto dava um sorriso de flerte.

Pulando em sua cadeira, Zoey aplaudiu alegremente.

— Oh, isto vai ser divertido de testemunhar. Espero que


ele seja frio e mal educado quando a dispensar.

Sacudi a cabeça, em diversão. Noventa por cento das


mulheres que conhecia estariam com ciúmes e inseguras se
outra mulher falasse com seu namorado e terminariam
culpando-o, mas não Zoey. Ela se sentia completamente
segura sobre sua relação com Quinn e sabia que seu homem
nunca a enganaria... o que só me fazia sentir pior a respeito
do meu próprio status de relacionamento.

Sem consentimento, meu olhar se desviou para outra


parte do bar, onde um cara de cabelo escuro flertava com
quatro — não uma, nem duas, nem sequer três, mas quatro
— mulheres. Seus braços estavam ao redor da cintura de
duas enquanto falava algo para as que estavam na frente
dele. Quando as duas garotas da frente se abraçaram e
começaram a se beijar, ele gritou em sinal de aprovação como
se tivesse pedido que fizessem isso e se sentisse feliz de ver
que seu desejo foi concedido.

Esse asno de imoralidade.

Revirei os olhos e parei de dar atenção, antes de desejar


vomitar. Oren Tenning era o símbolo de porco machista. Cada
palavra que saía de sua boca refletia seus crus e promíscuos
pensamentos. Queria odiar tudo a seu respeito com cada
fibra de meu ser, porém ele provocava desejo em cada
molécula de meu corpo para saltar e tomá-lo.

Humilhada por ter tentado beijá-lo há alguns meses, e


mais humilhada ainda por ele não ter deixado “duas vezes”
apertei os dentes. Ele e seu harém eram a razão de estar tão
zangada esta noite.

Mas, sério, quatro mulheres? Isso não era um pouco


excessivo? Juraria que ele se esforçava para parecer imbecil e
mulherengo cada vez que eu estava por perto só para me
manter afastada dele. Mas claro talvez isso fosse uma ilusão,
um pensamento presunçoso. Elaborei uma grande trama
romântica em que ele estava desesperadamente apaixonado
por mim, mas mantinha-se afastado porque seu melhor
amigo “meu superprotetor irmão mais velho” o mataria por
sequer me olhar de forma errada. E por isso ele ia até os
extremos do ridículo para fazer com que eu o odiasse.
Odiando-o, me afastaria e ele não se sentiria tão tentado a se
apaixonar por minha maravilhosa pessoa.
Sim, ansiava para que esse fosse o motivo. Mas ele
provavelmente nem sabia que eu estava aqui e seu único
pensamento a meu respeito, era ser amável comigo ou meu
irmão cortaria seu pau com uma faca de manteiga.

Meus ombros caíram. Deus, minha vida era uma merda.


Talvez Blaze estivesse certa quando disse que precisava viver
um pouco. Passou-se quase um ano desde que saí da minha
zona de conforto. Não concordo em precisar de um homem
para ser feliz, mas Zoey parecia mais que satisfeita por ter
alguém com quem compartilhar tudo. E desde que Noel
conheceu Aspen, tinha algo diferente nele, como se sua
presença assentasse a sua parte inquieta. Ter uma pessoa
especial para falar poderia não ser tão mau, alguém com
quem passar o tempo, contar segredos e ter em quem se
apoiar quando precisasse de amparo, quando precisasse de
um impulso. Isso não soava tão errado.

Então, por que relutava em aceitar essa ideia de


encontrar esse tipo de companheirismo?

Talvez porque a última vez que procurei isso, eu fui


arruinada. Ou me permitisse ser obcecada por Oren, pois de
forma inconsciente sabia que nunca poderia tê-lo. Podia
definhar por ele de forma segura sem pôr meu coração em
risco... Outra vez.

Entretanto, sentia falta de beijar alguém. E de tocar


certas partes. Ser fisicamente próxima e me afogar em um
pouco de prazer.
— Deveria ter uma aventura de uma noite. — Disse em
voz alta. Zoey se virou em seu assento para piscar para mim
com seus grandes e sobressaltados olhos verdes.

— O que?

— Passou quase um ano desde Sander. — Disse a ela,


me sentindo estranha só por dizer seu nome.

Sander Scotini me quebrou de tal forma que ainda era


incapaz de dizer seu nome em voz alta, exceto por um
punhado de vezes nos últimos doze meses. Odiava quanto
poder lhe dava só por minha incapacidade de vocalizar sua
existência e ... como fiquei cautelosa com o sexo masculino
depois dele, ou como super protetor Noel ficou comigo depois
do escândalo. Queria recuperar meu maldito poder. Queria
ser capaz de viver outra vez.

— Eu não quero ficar com uma vagina seca, velha e


enrugada. —Disse com, talvez, muita veemência.

Zoey bufou e sacudiu a mão.

— Isso é simplesmente absurdo. A minha não foi usada


durante dezoito anos e Quinn não tem queixa sobre ela.

Soltei uma gargalhada, amando quando minha


tranquila e reservada melhor amiga dizia algo surpreendente.

— O que é tão divertido? — Perguntou Quinn,


aparecendo por trás de Zoey e deslizando os braços ao redor
de sua cintura.

Quando ele beijou a lateral do pescoço de Zoey e


esfregou o nariz contra seu cabelo, não pude evitar engasgar
um pouco, em uma forma muito ciumenta do tipo “eu te
odeio por ser tão desagradavelmente feliz, enquanto sou
miserável”. Entretanto, uma parte de mim ainda adorava vê-
los juntos, porque eu adorava uns bons “felizes para sempre”.

Separados, Quinn e Zoey eram normalmente muito


tímidos para fazer muito, exceto permanecer em segundo
plano. Juntos, entretanto, se iluminavam como as luzes de
uma árvore-de-natal e eu adorava as luzes de natal. Eram as
melhores luzes do mundo.

Observando o rosto de Zoey se iluminar com prazer


enquanto passava sua mão pelo braço de Quinn e o puxava
para que ele se aproximasse mais dela, sacudi a cabeça.

— Amo totalmente a sua namorada.

Quinn aconchegou sua bochecha contra a de Zoey.

— Sinto muito, mas já tem dono.

Bufei.

— Ouça, não seja egoísta, Hamilton. Compartilha pelo


menos um fim de semana de vez em quando? Aposto que é
quente.

— Oh, e é. — Sorriu, parecendo orgulhoso de si mesmo.


— Por isso, não vou compartilhar.

Enquanto todos nós ríamos, deslizei minha atenção


além deles para o palco, onde Blaze se aproximou de Asher.
Fiquei um pouco decepcionada por ter perdido a grande
dispensada que ele deu nela porque estava muito ocupada
olhando o mulherengo com suas quatro putas.
Maldição, eu era patética.

Vendo Blaze perto de Asher, sacudi a cabeça


desgostosa. Quando Asher me pegou olhando, revirei os olhos
e fiz um gesto com os polegares para baixo, fazendo-o saber
que a mulher não valia a pena. Ele me enviou uma piscadela,
mostrando que entendia e manteria as mãos fora de minha ex
conhecida. Inclusive ouvi sua voz em minha cabeça dizendo
"É isso aí, baby".

Mostrei um ar de superioridade. Acabava de dar uma


lição a essa cadela.

Era agradável saber que tinha algum tipo de influência e


adorarei Asher por me entender. Ele podia ser um menino
que me desejava mais que tudo e enfrentaria à ira do meu
irmão para ficar comigo. Ou talvez não. Não estava certa com
respeito a ele, porque nenhum de nós tentou nada com o
outro. Devia saber onde estava meu coração. Meu estúpido e
idiota coração sem decência ou autopreservação. Sério, que
tipo de coração se apaixonava por um irritante, falastrão e
mulherengo?

Provavelmente um coração muito fraco, indulgente e


desorientado, porque não importa o quanto doí vê-lo babando
por outras mulheres, acho uma razão para me apaixonar por
Oren Tenning uma e outra vez. Cada maldito dia! Justo
quando decidia odiá-lo a sério, ele aparecia com uma enorme
qualidade redentora que me faria olhar além de todo o mau e
simplesmente ver ... ele.
Como agora. Ao ver Quinn e Zoey, soltou uma de suas
putas para cumprimentá-los.

—Loira! — Gritou com um grande sorriso feliz.

Zoey e eu somos loiras, mas sabia que cumprimentava


ela. Por alguma razão desconhecida, negava-se a chamá-la
pelo primeiro nome. Inclusive, chegou a nomeá-la de “essa
garota” ou “a com que Hamilton está saindo” para evitar dizer
Zoey. Assim ela era “Loira” para ele.

O menino tinha problemas.

Mas então, tinha um motivo para querê-lo tanto quanto


o fazia. Uma vez mais me senti, involuntariamente,
apaixonada por ele porque era tão agradável e aceitava a
minha tímida melhor amiga, então suspirei. Ele e Zoey
tinham uma amizade próxima. Nem uma vez ele a fez sentir
diferente por ser introvertida, e francamente, não podia odiá-
lo exatamente por isso.

No entanto, podia odiá-lo por me fazer sentir ciúmes de


um punhado de putas repugnantes que não deixavam de o
apalpar. Queria arrancar com um tapa, o sorriso da pequena
bruxa que se apoiava nele para esfregar seu nariz contra seu
pescoço. Ansiava ir até lá, arrastá-la pelo cabelo e esfregar
seu nariz contra a primeira parede que encontrasse... tão
forte quanto pudesse.

Está bem, concordo. Tinha um caminhão de problemas


em vez de só um. Me processe!
Mas olha só, esse bastardo deslizava sua mão sobre o
traseiro da outra enquanto a primeira chupava seu pescoço?
Sim! Grrrrrrr. Eu o odiava tanto.

Desejando à Oren Tenning uma longa, lenta e dolorosa


doença venérea que o levasse à morte, afastei o olhar.

— É um idiota mulherengo.

Tanto Quinn como Zoey me olharam, seus olhares


cheios de simpatia, no qual me fez querer puxar o cabelo e
gritar, porque também odiava a quantidade de pessoas que
sabiam da queda por Oren. Não era justo.

— É isso aí. — Anunciei. — Vou fazer isso.

Zoey e Quinn se olharam, franzindo a testa em


confusão, antes de olharem para mim de novo.

— Fazer o que? — Perguntaram juntos.

Soltei um suspiro.

— Vou viver outra vez. Eu... eu... — Olhando


freneticamente ao redor, parei sobre o primeiro cara que vi. —
Vou falar com ele.

Zoey olhou e fez uma careta.

— Ele? Está certa...?

— Quem é? —Perguntou Quinn, olhando o cara com


censura. Ele era outro amigo de meu irmão e provavelmente
pensava quantas vezes Noel mataria o menino por sequer
falar comigo.

Começava a pensar que Noel tinha amigos demais.


— Não faço ideia. — Disse sem me importar quem era
absolutamente. — Que tal se for lá e perguntar?

Para criar coragem, peguei a bebida colorida que Blaze


abandonou em nossa mesa e engoli, deixando o copo vazio
num golpe e soltei um suspiro renovado.

— Por favor, me desculpem enquanto consigo alguma


diversão. — Levantei-me e dediquei um pequeno gesto
coquete a Zoey e Quinn, ou Zwinn, como ia chamá-los a
partir de agora, e me virei para fazer meu caminho para o
Senhor Afortunado, quem quer que fosse ele.

Exceto que já não podia vê-lo. Merda. Para onde foi? Não
sabia que era um possível candidato para limpar as teias de
aranha da minha boceta? Meu próprio espanador pessoal
para limpar teias de aranha.

— Um... —Zoey limpou a garganta antes de falar de


forma sutil. — Ele foi por esse lado.

Dei a volta de repente para franzir a testa para ela. Logo


apontei para Quinn.

— Pare de rir. Não tive alguma ação em um bom tempo.

Ele imediatamente apertou os lábios, contendo um


sorriso. Estreitei os olhos e esperei um instante para me
assegurar de que não escapava outra risada. Logo olhei para
Zoey que me apontou a direção correta. Agradeci com um
movimento de cabeça e virei-me na direção indicada,
satisfeita quando visualizei meu possível homem para uma
aventura de uma noite, logo a frente.
CAROLINE

Aproximei-me do alvo, como uma mulher decidida em


uma missão. Ia recuperar minha vida e meu poder de garota
esta noite, nem que fosse a última coisa que fizesse. À merda
Sander Scotini e no que me converteu. E à merda Oren
Tenning por me dispensar. Não ia deixar que esses idiotas me
deprimissem.

As costas do desconhecido estavam voltadas para mim


enquanto ele falava com outros dois meninos. Não estou certa
de porque o escolhi. Talvez porque fosse o contrário de Oren.
Mais baixo, pálido, não tinha aspecto esportivo, em uma
camisa pólo e calças sociais cinza escuro. Duvidava inclusive
que Oren possuísse um par de calças sociais.

Com um último olhar para Zwinn, enviei-lhes um


sorriso do tipo “olhem esta merda” e dei um passo até que
empurrei as costas do meu alvo, fazendo ele cambalear para
frente e derrubar a cerveja que segurava em toda a frente da
linda camiseta pólo amarela.

— Meu Deus. Sinto muito. —Me obrigando a não rir em


triunfo, agarrei um punhado de guardanapos da mesa ao
nosso lado. — Está tudo bem? Não posso acreditar que fiz
isso. — Ou que o tenha capturado perfeitamente.
Virando-se para mim lentamente, seu rosto mostrava
claramente a sua raiva, mas a expressão mudou quando me
viu. Bati minhas pestanas e desdobrei minha simpatia
enquanto limpava sua camiseta ensopada.

— Oh, pobrezinho. Me deixe limpar isto para você. —


Limpei o seu peito um par de vezes e não era um mau peito,
mas também não era o melhor, antes de me inclinar na frente
dele para enxugar a cerveja derramada no chão junto a seus
pés. Uma vez que tive o chão razoavelmente seco, fiquei de
joelhos mas levantei meu rosto para olhar ele nos olhos.

— Sequei tudo? —Não sabia se era a proximidade do


meu rosto de suas genitais, a respiração dificultosa em
minha voz ou a completa inocência que tentava mostrar em
meus olhos, mas o tipo caiu nisso, com tudo.

— Uh... — Sua atenção se lançou de meu rosto, para a


parte da frente de suas calças e logo depois de volta para meu
rosto enquanto parava de novo.

— Deixa te comprar outra bebida. — Ele não pareceu


perceber que eu não usava um bracelete de “maior para
beber” como ele, o que significava que não era capaz de
comprar nada, a menos que fosse um refrigerante. Se tivesse
feito, poderia saber seriamente quanto esforço fazia para
parecer que este encontro era casual.

Em troca, ele deu um passo direto em minha armadilha


e levantou a mão para que deixasse eu me virar para o
balcão.
—Não, tudo bem. Que tal se eu comprar uma bebida
para você?

—Sério? — Uau, isto foi quase muito fácil. — Isso seria


perfeito. Obrigado. — Olhei dissimuladamente para o bar
enquanto puxava no lado do meu rosto uma comprida mecha
da franja.

Meu estômago se encheu de nervos. A maior parte da


multidão se concentrou ao redor do palco logo que Asher e
sua banda começaram a instalar seus equipamentos, o que
deixava a área do bar menos cheia. Podia ver Noel de onde
estava, enquanto servia a alguém uma garrafa de cerveja.
Mason Lowe estava atrás do balcão com ele, mas nenhum
deles se fixou em mim, então dei um pequeno passo para um
lado para me esconder um pouco melhor e segui sorrindo ao
senhor Missão Cumprida.

— Sou Caroline. — Disse por cima do barulho enquanto


estendia a mão.

— Trey. — Respondeu, sacudindo a minha e me


puxando um pouco mais perto dele, antes de soltar.

Asher escolheu esse momento para nos interromper.


Ligou seu microfone e apresentou à banda, Non-Castrado. A
multidão se tornou ruidosa até que o baterista fez uma
contagem regressiva para a primeira canção e todos os violões
começaram. Quando as pessoas perceberam que tocavam
uma música original, uma que Asher escreveu, chamada
“Slingshot”, as fãs femininas começaram a gritar.
Então Asher se inclinou para cantar e as fãs
rapidamente se calaram para poder ouvi-lo. Sorri por ver
como podia cativar uma plateia.

Trey me deu uma cotovelada no braço para chamar


minha atenção.

— Já os ouviu antes?

Poderia ter dito qualquer número de coisas, que


conhecia Asher, que possuía seu CD e tinha todas suas
canções memorizadas, que devia ver ao Non-Castrado quase
todas as sextas-feiras. Mas como queria ser um pouco mais
misteriosa e ilusória, respondi.

— Oh... algumas vezes — Disse, sorrindo evasivamente.

Trey devolveu-me o sorriso, embora seus olhos tinham


dificuldades para permanecer nos meus. Gostava de
observar, bem, comprovando meu peito. Não estava
desinteressado. Se o queria, certamente o podia ter. Agora, só
tinha que averiguar se eu queria.

—E você? — Perguntei.

Fez uma pausa antes de responder, parando uma


garçonete e pegando duas garrafas de sua bandeja antes de
pagar por elas.

Quando se virou para mim, me oferecendo uma delas,


mordi o lábio. Ele não se incomodou em perguntar se eu
queria esta marca de cerveja, ou inclusive se a bebida que
preferia era cerveja. Isso tinha que ser uma marca no lado
negativo de minha lista. Mas tinha um sorriso muito bonito e
uns olhos muito expressivos que me permitiam saber o muito
que gostava do que via quando me olhava. Isso contava como
duas marcas no lado positivo. Decidi dar outra oportunidade
antes de tomar minha decisão final.

— Obrigada. — Disse e agarrei a garrafa. Mas antes que


pudesse beber, outra mão se equilibrou e me tirou isso.

Meu estômago se afundou até meus joelhos. Fui pega.

Levantei os olhos, esperando encontrar um furioso Noel,


mas me surpreendeu em ver Oren. Me ignorando, olhava
para a minha potencial aventura de uma noite como se
quisesse chutar o traseiro de Trey.

Uma borbulha de entusiasmo ricocheteava em meu


peito. Estava com ciúmes? Parecia quase ciumento. Louco de
ciúmes. Esperava que estivesse com ciúmes e me afastasse,
esquecendo de suas quatro putas e me levasse para casa com
ele.

—Está cego, imbecil? —Agarrando meu cotovelo,


levantou meu braço e sacudiu meu pulso nu na cara de
Trey.— Quer ser preso esta noite por dar álcool para uma
menor de idade?

Minha boca se abriu enquanto um hipócrita Tenning


continuava fulminando Trey, porque Oren estava acostumado
a ser um dos colegas de trabalho do Noel que me dava álcool
grátis cada vez que trabalhava no bar e Noel não.

— Eu... eu... — Com sua cara alagada por um brilhante


e envergonhado vermelho, Trey me olhou, seus olhos cheios
de alarme. Notei pela expressão em seu rosto que percebeu
que o enganei. — Não sabia que era menor de idade. Sinto
muito.

— Bom, talvez soubesse se evitasse olhar para seus


peitos por tempo suficiente para ver que não usa um
bracelete, estúpido.

Tentei liberar meu braço do agarre de Oren, mas ele se


negou a soltar. Dando um passo mais perto de Trey,
perguntou.

—Você sabe quem é seu irmão?

Oh, Deus. Tinha que ir por aí, não?

Mais preocupação iluminou a cara de Trey enquanto


engolia saliva, seu pomo de Adão movendo-se rapidamente.

— N—não. —Lançou um olhar para mim— Quem é seu


irmão?

Oren sorriu.

— O nome Noel Gamble te lembra alguém?

— Merda. — Disse Trey com voz rouca. — Refere-se ao


quarterback do futebol?

— Aham. —Oren sacudiu sua cara para um lado,


fazendo um gesto para o balcão. — E está bem ali, atrás do
balcão. — Todos olhamos, Trey, seus dois amigos, eu e
inclusive Oren, e sim, ali estava Noel nos olhando com uma
expressão zangada e os braços cruzados friamente sobre seu
peito, em sua firme e grande postura de irmão decepcionado.

Os três meninos que Oren intimidava gemeram juntos:


“Oh merda”.

— Sinto muito. Sinto muito. — Trey se virou para me


oferecer suas desculpas, mas suponho que o preocupou
muito em falar diretamente comigo, porque vacilou e se virou
rapidamente para Oren. — Nunca vou voltar a falar com ela.
Juro.

— Será melhor que não, bastardo. Agora suma. —


Quando fez um gesto desdenhoso com o queixo, Trey e seus
amigos se foram tropeçando um com outro em sua pressa.

Meu rosto se alagou de calor. Não sabia se alguma vez


em minha vida me senti tão humilhada, como uma menina
pequena que acabava de ser repreendida por mau
comportamento.

Oren inchou o peito com auto-satisfação.

— Caramba, isso foi fácil. — Sorriu para mim. — Mas


que montão de covardes, né? — Então tomou um grande e
comprido gole da cerveja que era minha.

Enquanto olhava ele rir e limpar a boca com as costas


da mão, minha humilhação se transformou em raiva.

— O que... caralho foi isso? — Empurrei seu peito,


usando ambas as mãos e tentando não notar como definidos
se sentiam seus peitorais sob as minhas mãos. Muito melhor
do que Trey, embora esse não era o ponto.

Minha cerveja confiscada se derramou sobre ele, em seu


rosto e sua camiseta. Pulando para trás, ele deixou a garrafa
em posição vertical.
— Calma, mulher! Esta é minha camiseta favorita.

É obvio que era. Dizia: “Suporte para mães solteiras” e


mostrava a silhueta de uma curvilínea mulher nua,
balançando em uma barra de strip-tease.

— Parece que me importa?

Ele elevou o olhar por meu tom seco e levantou uma


sobrancelha.

— Me deixe adivinhar. Não vai se oferecer para me secar


como fez com esse imbecil, né?

Empurrei ele de novo por ser um idiota total e por


comprar uma camiseta tão ofensiva.

— Por que fez isso?

Ele soprou e olhou para Trey.

— Porque o cara parecia um idiota.

Virei os olhos.

— Bom, é óbvio que não tenho um problema com os


idiotas. Falo com você, não é verdade?

Franziu a testa.

— Calma Caroline. Só estava cuidando de você.

— Não.

Pus as mãos em meus quadris e dei um olhar profundo


como um raio laser.

— Foi um desmancha prazer.


Levantando as mãos com negligência impertinente,
disse.

— Bem, chame como quiser. Ele não vai te incomodar


de novo. De nada.

—Não estou te agradecendo por isso.

Fiz uma careta atrás dele enquanto se afastava com


passo tranquilo

— Idiota.

—Também te amo. — Respondeu, me soprando um beijo


por cima do ombro. Logo tomou outro gole de minha cerveja.

Apertei os dentes, frustrada comigo mesma por permitir


me que me afete tanto, me fazendo ter uma reação infantil,
mostrando a língua, mas estava tão ... histérica.

Olhei com ódio para Oren enquanto caminhava para o


balcão de onde Noel nos olhava e se sentava em um
banquinho. Ele e meu irmão falaram e Noel dirigiu o olhar
para mim. Apontando para seus próprios olhos, logo voltou
seus dedos para me dizer que sempre me olhava.

Enviei a ele minha própria linguagem de gestos e


mostrei o dedo do meio. E todo o tempo, Oren se sentou de
frente para o bar, de costas para mim, terminando minha
bebida.

Idiotas. Os dois.

Suponho que isso foi o que ganhei por tentar conseguir


um pouco de ação, enquanto estavam por perto. Mas vim
aqui para ver Asher tocar e esta ação foi uma coisa
espontânea do momento.

Eu tinha um mau hábito de agir no momento, sem


pensar duas vezes. Há um ano atrás, paguei por isso e devia
ter aprendido a lição. Mas igual a todos os outros Gamble que
conhecia, tinha uma cabeça dura para aprender lições.

Precisando me refrescar e recuperar meu autocontrole,


virei e caminhei para o banheiro. Esperei até estar a salvo
dentro do banheiro das mulheres para respirar de novo.
Pressionando minhas costas na porta, fechei os olhos e me
alegrei por um momento livre de Oren. Aspirando um
agradável e refrescante... ui! Quem demônios usava um
perfume tão rançoso?

Abri os olhos e imediatamente franzi a testa olhando as


três mulheres amontoadas em frente aos espelhos. Eram três
das quatro putas, quero dizer, finas e honoráveis jovens, que
se agruparam em torno de Oren a poucos minutos.

Estupendo.

Talvez todas nós poderíamos nos juntar algum dia e


simplesmente ter uma festa de pijamas.

— Ainda não posso acreditar que escolheu você,


sortuda. — Se queixou a garota arrumando seu cabelo
enquanto franzia a boca e estudava seu lápis labial.

— Sei. — Acrescentou a que se inclinava para examinar


os pontos negros em seu nariz antes de tentar espremer um.
— Senti um clima entre nós. Estava tão certa de que me
escolheria esta noite.
— Só... fode. — Murmurou a terceira que ainda aplicava
esse horrível perfume. — Nunca o tive. Devia ser minha vez.

Atrás de uma das portas, puxaram a descarga, e a


quarta puta apareceu enquanto abriu a porta.

— Aceitem garotas. Sou a melhor. Ten sempre me


prefere.

Diante a menção de Oren, ou seu estúpido apelido, com


o que todo mundo o chamava, congelei e me concentrei nela
um pouco mais. Então, ela foi escolhida para esta noite, né?

Odiava ela. Realmente, realmente a odiava.

— Fiquei sabendo que ele só faz sexo no escuro. — Disse


a moça perfumada, com os olhos muito abertos pelo
assombro.

Minha boca se abriu. O que? Não deveria escutar esta


merda. Mas então, me aproximei um pouco, com vontade de
saber mais.

— Aha. — A ganhadora, suponho que a chamaríamos


assim, disse. — É quase estranho. Mas é tão pervertido que
não importa, porque, OH meu Deus, ele compensa a falta de
luz mediante o uso de todos seus outros sentidos.

Quase choraminguei enquanto imaginava. Oren comigo,


me conhecendo através do tato, do gosto, do aroma.
Estremeci, ficando com um pouco mais de calor debaixo de
minha roupa até que a ganhadora arruinou o momento
falando de novo.
— Se souber o que quero dizer. — Sorriu e moveu as
sobrancelhas. Sim, querida, todas sabemos o que quer dizer.
Mas... demônios. Escutá-las falar sobre as preferências
sexuais de Oren era... provavelmente proibido, mas embora
alguns pedaços de meu coração se desprendessem ao pensar
nele fazendo essas coisas com elas, ele ainda me fazia esticar
o estômago e todo meu corpo fez cócegas vergonhosamente.

Corpo estúpido.

— E sempre por atrás. Nunca falei com alguém que


ficou com ele e que não tenha feito estilo cachorrinho.

Apertei minhas pernas, porque falavam do meu Oren...


em diferentes posições. Sim, era desalentador escutar que
tinha tantas seguidoras e que todas conheciam suas
inclinações... Não podia acreditar que encontrava a meio
segundo de me apaixonar por um mulherengo. Mas,
maldição, ainda queria que me tomasse por trás assim.

— Devo me encontrar com ele em sua casa à meia-noite.


—Anunciou à escolhida enquanto começava a se olhar no
espelho junto com as outras três, acomodando suas tetas em
seu decote. — É sempre muito misterioso e emocionante
quando vou lá.

— Ele deixa seu apartamento sem chave. — Explicou a


exploradora de acne para a garota perfume. — E
simplesmente você deve entrar e caminhar por um corredor
escuro até seu quarto escuro. Nunca se sabe se alguém vai
saltar e te agarrar.

A escolhida suspirou.
—E então ele vem, salta e te agarra.

As quatro riram e logo suspiraram. Virei os olhos,


decidindo que já teve informação suficiente.

— Sinto muito. — Agitei minha mão para chamar sua


atenção. — Mas vocês falam de... Oren Tenning?

Quatro rostos se viraram para mim. Tenho certeza que


me acharam estranha em meu confortável jeans azul e uma
camiseta gola V. Nunca me arrumava. Na verdade, me vestia
assim de propósito para evitar chamar a atenção do sexo
oposto. Não me arrumava desde o baile da escola, no ano
passado, aquele em que Sander me convidou para ser o seu
encontro quando ainda era amável e doce. Mas a verdade era
que ele jamais planejou me levar a esse estúpido baile. Gastei
todo o dinheiro que economizei durante anos para comprar o
vestido e depois de duas horas de me embelezar, ele levou-me
diretamente para um lugar que me encheu de beijos e me
comeu no assento traseiro de seu Dodge Challenger. Desde
esse terrível dia, eu já não usava roupa, maquiagem ou
perfume para impressionar a ninguém.

— Verdade, querida. O conhece? — A garota perfume


soprou e levantou a cara de maneira arrogante, como se não
pudesse acreditar que eu fosse boa o bastante para conhecer
ele.

— Oh... — Dei um sorriso breve e tenso.— Talvez. —


Aposto que o conhecia muito melhor que ela.

Duvido que tivesse a menor ideia de que sua sobremesa


favorita fosse bombons de chocolate com menta, ou que
preferia uma garrafa de Sunny Delight antes de tomar o café
da manhã. Ou que odiava aranhas e amava gatos. Aposto que
não tinha nem ideia de que cada dólar adicional que fazia no
clube noturno onde trabalhava, entrava em uma conta de
economias com a intenção de construir sua própria casa dos
sonhos... a que desenhou ele mesmo. Aposto que nunca
saberia o artista de grande talento que era ou que distância
correria sozinho para ajudar seus amigos.

A cadela provavelmente não sabia nada sobre ele...


exceto como se sentia em seu interior, o qual, de acordo, era
mais do que sabia eu. Maldição.

— Mas uma de minhas amigas... — Continuei


levantando as sobrancelhas para que pensassem que minha
amiga tinha todo o conhecimento carnal sobre ele. — ...ainda
tem tratamentos para superar... do que quer seja que ele a
contagiou.

As quatro mulheres ficaram sem fôlego.

— Não. — Disse uma, com os olhos muito abertos.

— Meu Deus. Estive com ele faz só duas semanas.

— Oh, querida. — Disse com toda a simpatia falsa que


pude reunir enquanto estendia a mão como se fosse acariciar
seu braço. — Precisa ir fazer uns exames. — E ela
provavelmente precisava de todo modo, assim não me senti
mal por sugerir isso.

— É herpes?

— Sífilis?
— AIDS?

Quase virei os olhos. Como diabos saberia que


enfermidade escolher?

— Não sei, mas era desagradável. Ficou toda vermelha,


cheio de bolhas, tinha coceira e... — Inclinei mais perto,
baixando a voz de forma dramática. — Gotejava algo
amarelo... sabe o que quero dizer?

As quatro pequenas bonecas retrocederam com horror.

— Urg!—Disseram em coro e isso me deu vontade de


jogar a cabeça para trás e gargalhar.

Assenti, me colocando na personagem muito


entusiasmada. Mas bem, se Oren era um empata paus, eu
seria uma empata bocetas. —Sabe. — Falei para o bando de
prostitutas. — O doutor disse que não podia ter relações
sexuais de maneira segura por um ano inteiro.

Seguiram mais ofegos horrorizados.

— Um ano?

Merda, era boba ou o que?

— Bom, agora não posso me encontrar com ele! —


Gritou a escolhida, parecendo assustada.— O que digo à ele
se estiver lá fora quando sairmos do banheiro? Não posso
nem olhar nos olhos dele sem ver... — Estremeceu. — Não.
Simplesmente não.

A exterminadora de cravos deslizou seu braço ao redor


de sua amiga de forma consoladora.

— Está bem, Kelly. Tiraremos você daqui. Não verá você.


— Oh por Deus, obrigada. — Kelly se aproximou de mim
para me dar um abraço. — Não sei como poderei te pagar por
isso. —Estava muito agradecida também. Talvez devia sentir
a primeira pontada de remorso. Mas não. Não sentia.

Abracei-a em resposta, contente de que Oren não


sentiria essas grandes tetas pressionando contra seu peito
mais tarde.

— Me alegro de te advertir isso antes que fosse muito


tarde.

Depois de conseguir uma roda de abraços das outras


três garotas, todas com tetas muito enormes que punham a
minha taça C em vergonha quando me abraçaram, juntaram
seus ombros, formaram um círculo fechado ao redor de Kelly
e se apressaram em sair do banheiro.

Eu tinha que ver isto, então as segui e me apoiei contra


a parede atrás do balcão.

Apertando os braços sobre meu peito, ri de tão bobas


que eram tentando tirar Kelly sem que a percebessem dentro
de seu grupo, para se esconder dele.

Mas Oren não tinha nem ideia de seus patéticos


intentos enquanto estava parado do outro lado da sala,
falando com Quinn. Nem sequer percebeu sua saída
precipitada. Mas o faria com o tempo e isso me fazia sorrir.

As coisas estavam a ponto de ficar interessantes.


CAROLINE

Fiquei no Forbidden um pouco mais e observei Oren de


uma distância segura. Ele olhava para o corredor onde se
localizavam os banheiros com a testa franzida um par de
vezes, possivelmente em busca de Kelly e suas amigas, mas
mesmo assim não parecia tão perturbado de não vê-la
novamente porque continuou se misturando com a multidão
e falando com todos os que o paravam.

— Está sendo muito evidente esta noite. —Disse Zoey a


meu lado. Nem sequer dei uma olhada.

— Humm?

— Isso de observar fixamente Ten. — Advertiu.— Nem


sequer se incomoda em disfarçar. Te encheu muito o saco
quando afugentou o outro cara?

— Oh, já me esqueci disso. — Disse, embora não fosse


verdade. Ainda queria machucá-lo, não só por me dispensar e
logo ir atrás de outras mulheres como Kelly, mas sim por
impedir que fizesse exatamente o mesmo que teria feito com
ela.

Por fim olhei para Zoey.


— Acabo de escutar um par de garotas falando sobre ele
no banheiro. Meus ouvidos ainda estão doendo pelas coisas
que aprendi.

Zoey estremeceu.

— Posso imaginar. Na verdade... — Enrugou o nariz. —


Não quero nem imaginar.

Essa ideia parecia desgostar ela, mas me excitava. Isso


provavelmente significava que era um inseto estranho. Bom,
tinha que ser pois desejava Oren Tenning e isso não podia ser
normal. Mas mesmo assim, por que eu adorava essas coisas
sujas? Com ele?

Olhei a hora em meu telefone. Onze e meia. Se falou


sério isso de se encontrar com Kelly a meia-noite, ele teria
que sair logo. Mas continuava aqui. Talvez isto significava
que não...

— Ouça, Ham. Estou indo. — Ele apareceu do nada a


meu lado para tamborilar na parte de cima de nossa mesa e
chamar a atenção de seu colega de quarto.

Gritei porque nem sequer percebi que se dirigiu para


nós. Com um grunhido, franzi a testa por me surpreender...
ou talvez por sair agora, porque isso significava que ainda
pensava em se encontrar com Kelly. O idiota.

Encontrou com meu olhar e parou. Lendo algo “embora


não estou certa do que” em minha expressão, se aproximou
para falar em meu ouvido.
— O que? Não continua zangada comigo por afugentar
aquele menino, né?

Bufei e levantei meu queixo.

— É tão ruim quanto Noel. Digo, nunca vai me deixar


sair com ninguém sem nenhum tipo de interferência, não é
verdade?

Olhou-me por um tempo a mais, sua expressão


escondendo todos os seus pensamentos. Logo se inclinou de
novo.

— Que tal isto? Se alguma vez alguém for


suficientemente bom para você, vou dar um passo para atrás
e te deixar com ele, sem sequer um olhar em sua direção. —
Então se inclinou ainda mais perto. — O problema é que não
acredito que alguém, alguma vez, vai ser bom o suficiente
para alguém como você.

Quando se aproximou lentamente e agarrou uma mecha


de meu cabelo, o mais doloroso olhar apareceu em seus
olhos. Estudou a mecha metodicamente enrolada ao redor de
seu dedo e a forma em que se via era só... Conhecia esse
olhar e intimamente. Cada vez que o via, sentia-o se elevando
do meu próprio coração, ofegante, entretanto, incapaz de
tomá-lo.

Um calafrio me sacudiu. Uma vez disse a Zoey que se eu


soubesse que Oren gostava de mim, nem que fosse um
pouquinho do quanto eu gostava dele, não deixaria que Noel
nos mantivesse separados. E falei sério.

Mantinha essa ideia.


— Nem sequer você? — Perguntei.

Seus olhos brilharam diante da pergunta.

—Especialmente eu.—Deixando cair meu cabelo, deu


um passo para trás e se ergueu antes de dar uma rápida
olhada para o balcão, como para comprovar se meu irmão
podia nos ver ou não. Quando pareceu perceber que Noel não
o viu me tocar, deu a volta e partiu.

Fiquei atrás dele, com os lábios separados. E aí é


quando soube, ou ao menos me convenci de que sabia. Minha
teoria não era uma teoria em tudo. Oren honestamente me
desejava e era um idiota comigo às vezes, porque tentava me
manter longe, para não entrar em tentação e ir contra os
desejos do Noel.

Bom, isso é uma merda. Meu irmão não se tornaria


amigo de Oren se pensasse que era um mau tipo. E Oren fez
muitas coisas boas por ele, o que era outra razão pela qual eu
fiquei obcecada. Juro, a única razão pela qual Noel não
queria que eu saísse com seu amigo era porque não confiava
que eu não arruinaria minha vida outra vez, como o fez na
última vez que me envolvi com alguém.

Mas Oren não era nada parecido com Sander. E o


desejava. Desejava-o muito. Inclusive, a suspeita que ele
também me desejava fez com que meu coração doesse.

Fez que as palavras de Blaze ecoassem através de minha


cabeça. “Só precisa viver um pouco, Caroline. Encontre um
homem. Uma sexy aventura de uma noite.”
Uma aventura de uma noite, né? Atrás do eco de seu
comentário, ouvi Kelly: “Só faz sexo no escuro... Devo me
reunir com ele em sua casa à meia-noite.”

“Deixa seu apartamento sem chave e se supõe que


simplesmente deve entrar e caminhar por um corredor escuro
até seu quarto escuro.”

Enquanto tudo o que ouviu esta noite se acumulava em


minha cabeça, uma ideia se formou. Era uma loucura.
Completamente demente. A pior ideia que tive. Mas não pude
tirá-la de minha mente.

Nem sequer deveria considerar.

Mas o fiz, de todo modo.

Sério... se fosse ao apartamento de Oren esta noite e


entrasse em seu quarto escuro, e se de verdade sempre fazia
sexo com as luzes apagadas, ele nunca saberia que era eu.
Pensaria que era Kelly.

Certo?

Meu coração pulsava com força. Sim, essa era uma ideia
louca. Muito louca. Tinha que deixar de pensar nisso agora.

Por outro lado, qual seria o dano? Ele conseguiria sexo e


eu obteria o que estive desejando dele durante meses. Blaze
estaria feliz de que minha boceta não ia secar e encolher, não
que estivesse certa de porque ela se preocupava com minha
boceta. Mas, sinceramente, todo mundo estaria feliz. Não?
Nem sequer Noel poderia enlouquecer pelo que aconteceu,
porque nunca saberia. Oren podia me ter e não teria que se
preocupar em esconder do meu irmão.

A parte mais doce de toda a ideia era que eu poderia ter


exatamente o que queria e o porco chauvinista imaturo que
me incomodava tanto, como me excitava, não teria a mínima
ideia. Não queria que ele soubesse que tinha uma grande
queda por ele. Esta poderia ser a solução perfeita, o que
realmente me fez questionar...

Oh, demônios. Toda a ideia era uma loucura. Nunca em


um milhão de anos levaria tal coisa até o fim.

Meia hora mais tarde, milhares de vozes em minha


cabeça chiavam. “Pelo amor de Deus, Caroline. O que está
fazendo?”

— Shh. — Sussurrei. — O que vou fazer?

Deslizei para dentro, pela porta de entrada do


apartamento de Quinn, Oren e Zoey e logo a fechei atrás de
mim com os dedos tremendo. Para ser discreta, estacionei o
carro que minha cunhada me emprestou esta noite a uma
quadra daqui. E se alguém me pegasse aqui dentro, já tinha
uma desculpa à mão. Estava aqui para ver Zoey. Para falar de
coisas importantes de garotas. Sim. Isso soava bem. E
realmente falaria com ela se me apanhassem... sobre o fato
de que eu perdi a cabeça por completo!

Fazendo uma pausa no começo da sala, levei um


momento para reforçar o pensamento. O quarto de Oren era a
primeira porta à direita. Só três metros de distância. Inalando
profundamente, comecei a dar um passo adiante quando me
ocorreu uma ideia. Rebolando, coloquei as mãos debaixo de
minha saia, a qual foi a minha casa para trocar, em busca de
minha roupa íntima e as deslizei por minhas pernas.

Sei, sei. Era a roupa íntima mais bonita que eu tinha.


Por que tirava isso antes que ele pudesse ver? Bom, talvez
porque, se ficávamos no escuro como supunha, nunca veria-
as. E esta noite, só queria ser audaciosa e promíscua. Se for
fazer isto, quero fazer direito.

Sem calcinhas, parei em frente à sua porta e levantei


minha mão, mas em vez de bater, pus os dedos contra a
madeira. Ele estava do outro lado desta porta, me esperando.

Bom, está bem, esperava outra garota. Mas se batesse


na porta e entrasse, seria eu quem o faria.

Um estremecimento correu por minha coluna vertebral e


mariposas dançaram em meu estômago.

Bati.

Meu Deus. Acabava de bater à porta do quarto de Oren.


Que demônios estava fazendo?

Sem esperar resposta, alcancei o trinco e o girei. Não


tinha chave. O corredor estava escuro, por isso não seria
capaz de me ver quando entrasse. Seu quarto estava escuro
exatamente como murmuraram as garotas no banheiro.

Tinha batido o martelo sobre o aspecto emocionante e


horripilante de tudo isso. Encontrava-me sem dúvida
assustada e entretanto, excitada, tudo ao mesmo tempo.
Esticada com antecipação e medo, esperei que me abordasse.
Ah, isto ia me matar.

Não, não. Seria como caminhar pela corda bamba com


uma boa rede de segurança debaixo dela. Sim. Porque se
mudasse de opinião, poderia lhe dizer quem eu era e pararia.
Imediatamente. Não tinha nenhuma dúvida em minha mente
de que ele faria isso. Seu melhor amigo era meu irmão mais
velho. Se ele não quisesse ser assassinado, definitivamente
pararia.

Mas eu estava certa de que não gostaria que parasse,


por isso teria que ser muito cuidadosa de não deixar
averiguar quem eu era. Mesmo assim, aquela segurança de
saber que podia parar isto em qualquer momento, era um
bom benefício em caso de que me acovardasse no último
minuto.

— Olá? —Mantive minha voz baixa e rouca, esperando


que não a reconhecesse.

—Veio cedo.

Saltei como uma égua surpresa antes de me amaldiçoar


em silêncio. Inferno, não esperava que estivesse tão perto.

Graças a Deus que estava completamente escuro. Ele


não podia ver como estava assustada.

A acusação oculta através de suas palavras me fez


começar a dizer “sinto muito”, mas parei no último segundo,
sem querer soar como uma presa fácil. Só o som do “s” saiu,
soando como se eu tivesse mordido a língua.
— O que foi isso? — Perguntou, sua voz ainda mais
perto. Passou por mim e fez que meus mamilos pulsassem.

Limpei a garganta o mais silenciosamente possível e


puxei toda a coragem que pude reunir. Então levantei o
queixo.

— Acredito que você é o único aqui que temos que nos


preocupar em vir muito cedo. — Riu em meu ouvido, fazendo
que meus nervos se enrolassem uma vez mais porque não
percebi ele se aproximar de novo. Podia sentir seu fôlego em
meu cabelo.

— Então você está toda engraçadinha esta noite? —Sua


voz continha aprovação. — Sabe o que faço com as
engraçadinhas, pequena?

Não me movi, mas virei o rosto em sua direção. Seu


fôlego passou na minha bochecha e seu aroma de hortelã e
almíscar flutuou até meu nariz. Meu ventre se agitou com
entusiasmo quando o tecido de sua camisa roçou meu braço
nu.

— Oh.

Deus. Talvez tivéssemos que nos preocupar de que eu


gozasse muito cedo. Era possível que as garotas ejaculassem
prematuramente?

Tremendo, assenti, reforçando meu valor. Tentando


baixar o tom de minha voz para disfarçar e talvez para que
fosse mais sensual, disse.

— Por que não me mostra o que faz com elas?


Ele demorou um segundo em responder. Maldição,
minha voz falsa saiu terrível e muito igual à minha. Estando
certa de que me descobriu, fiquei gelada e esperei, me
preparando para que acendesse a luz e me visse, arruinando
toda a farsa. Meu coração pulsava através de meus ouvidos.

Mas logo murmurou.

— Você entendeu, baby. — Dedos quentes, fortes e


seguros, agarraram-me pelo cotovelo. — Por aqui. — Me deu
um empurrãozinho para caminhar na frente dele, não mais
dentro do quarto para a cama, mas para outro lado para...
quem sabe onde.

Quando topei com algo, soprei sobressaltada e estendi


minhas mãos, revisando as coisas às cegas até que me dei
conta do que tínhamos encontrado.

— Mesa. — Adverti, pensando que me dirigiria para dar


a volta nela. Mas não. Inclinou-me sobre ela.

— Bom. Apoia as mãos e separa as pernas.

Um raio de calor se propagou através de mim e algo


dentro de meu útero se esticou arduamente, doendo por
sentir ele ali.

— Então é verdade? — Fiquei sem fôlego, agarrando a


mesa como um salva-vidas enquanto arrumava minha
postura. Não tive que fazer nada para mudar minha voz
dessa vez. Saiu distinta por sua conta, porque Oh meu Deus,
estava abrindo minhas pernas para Oren.
— Realmente você gosta de fazer isso no escuro e por
trás.

Logo que as palavras saíram de minha boca, dei-me


conta de que meti os pés pelas mãos. A garota que estaria
com ele hoje à noite já esteve aqui, o que significava que já
deveria saber suas inclinações.

Não me acusou, o que me fez franzir a testa em


confusão depois de um segundo de horror petrificado,
esperando que ele percebesse. Mas simplesmente se inclinou
para cheirar meu cabelo.

— Como você apareceu, suponho que a ideia não te


desgosta totalmente.

Não pude evitar e saltei quando pôs sua mão em meu


quadril. O calor de seus dedos queimou através de meu
vestido até que fez que meus mamilos já duros se apertassem
em protuberâncias hipersensíveis.

Fez uma pausa. E soube “simplesmente soube” que ia


me descobrir, acender a luz e obrigar à malcriada irmãzinha
de Noel a sair de seu quarto. Mas depois de um suspiro
comprido, ele moveu sua mão, deslizando-a para minha
barriga.

— Por que está tão nervosa, baby? — Seu peito se


pressionou em minhas costas, insistindo para me inclinar
sobre a mesa um pouco mais. Me movendo naturalmente
com ele, abri mais as minhas pernas e apoiei os cotovelos na
parte superior da madeira lisa. Minhas mãos estavam úmidas
e deslizaram um pouco pela superfície até que encontrei um
bom agarre ao redor da borda.

— Não estou nervosa.— Respondi — Preocupada... só


preocupada de que não vai ser capaz de me fazer gozar. Sou
um osso duro de roer. — Sander só conseguiu uma vez, e foi
com língua e dedos, nunca com seu pênis.

Entretanto isso não era o que me preocupava com Oren.


Mas me fez soar muito menos insegura a respeito desta coisa.
Fez-me soar confiante, sexy e no controle.

Era Caroline. Me ouça rugir.

— Oh, vou fazer que goze, querida. Não tem que


preocupar-se com isso.

Oren subiu minha saia até a cintura. E Oh por Deus,


Oh por Deus, Oh por Deus, isto realmente ia acontecer. Uma
ligeira brisa penetrou entre minhas coxas nuas. Minha
cabeça dava voltas em uma confusão enjoada!

Devia detê-lo?

Deveria detê-lo. Oh Deus. Não o detive.

Mãos quentes e ligeiramente calosas se apoderaram de


minhas pernas e se deslizaram para cima, e sim...
definitivamente não teríamos que nos preocupar de que não
me fizesse vir.

— Oren. — Gemi, inclinando a cabeça para baixo e


mordendo o lábio. Minhas coxas ansiosas tremeram sob sua
carícia.
Até que parou de se mexer. Droga! Tenho que me
lembrar de disfarçar a voz.

Mas não mencionou isso. Em troca, murmuro.

— É só Ten.

— O que? — Pisquei, abrindo os olhos e elevei o rosto,


apesar de que não podia ver absolutamente nada, e apesar de
que ainda não o viu, mesmo se uma luz estivesse acesa já
que ele estava atrás de mim.

— Só me chame de Ten.

Franzindo a testa, disse.

— Eu gosto mais de Oren.

Suas mãos me deixaram completamente.

— Bom, merda. Odeio esse puto nome. Só minha família


tem permissão de me chamar assim.

Eh. Sério? Não parecia se importar quando Caroline o


chamava de Oren. Isso significava que me considerava da
família? Porque nunca o chamei de nada mais que isso, e ele
nenhuma só vez me corrigiu.

Não estava certa se isso era bom ou ruim. Talvez só me


via como uma irmã. Isso era horripilante. Se alguma vez
soubesse desta noite, estaria aborrecido, pensando no que fez
com sua irmã substituta.

— Está bem. —Endireitei-me, me negando a expressar


minha decepção. — Acredito que já vou indo. — Foi estúpido
pensar que poderíamos ser algo mais.
Que diabos tentou obter? Inclusive se tivesse sido capaz
de me deitar com ele, seguiria sem tê-lo. Seguir com isto teria
conduzido a nada mais que agonia.

Separei-me dele que deu um passo para trás, deixando


que eu fosse. Zangada comigo mesma por ser uma completa
idiota e zangada com ele por me deixar ir tão facilmente,
encontrei-me na escuridão até que bati meus dedos na porta.
Com uma maldição de dor, procurei o trinco, mas quando
não pude encontrá-lo rápido o suficiente, grunhi com mais
frustração e me deixei cair no chão derrotada, sentada de
costas na porta enquanto embalava minha cabeça em minhas
mãos.

— Qual é o grande problema em te chamar de Oren? —


Sentia-me de mau humor, com o coração quebrado,
percebendo que não ia conseguir uma das coisas que eu mais
queria. Ele.

— Porque não. — Murmurou, soando relutante. — É a


última palavra que saiu dos lábios ensanguentados de minha
irmã antes de morrer em meus braços.

— Oh. — Estremeci, minha voz apenas um sussurro. —


Oh, caralho.

— Sim. — Murmurou.

Engolindo saliva com mal-estar, dor e vergonha, me


perguntei o que devia fazer agora. Soltei um suspiro e tentei
controlar o tremor repentino em todo meu corpo. Mas que
caralho? Por que teve que me confessar isso? Nem sequer
sabia que teve uma irmã. Merda, não sabia que tinha família.
Pelo que sabia, poderia ter brotado totalmente da cabeça de
Zeus.

Tampei a boca com a mão tremendo. Como podia não


saber isto? Tentei saber tudo o que podia sobre ele. Duvido
que Noel sequer soubesse, porque meu irmão teria
mencionado em algum momento. Certo?

Descobrir isso agora me disse que o deixei


traumatizado. Não disse isso a ninguém em nosso grupo, ou
eu saberia. Isso significava que ainda não podia falar disso,
estava reprimindo a dor. Perguntei-me quanto tempo atrás...

—Então... — Disse em um tom de conversa que parecia


misturado com preocupação. Será que se arrependeu de ter
me contado? — Não posso deixar de notar que ainda está
aqui.

Bufei e limpei o rosto, apesar de não chorar. Só queria


chorar. Muito.

— Sinto muito. — Murmurei. — Estou indo.

Mas logo que pus as mãos no chão para me levantar,


disse.

— Não disse que era para você ir.

Seus pés se arrastando na escuridão me disseram que


se aproximava. E então se ajoelhou na minha frente.

—Merda. Não está chorando, né?

— Não. — Minha cara esquentou com vergonha,


horrorizada de que soubesse que queria chorar. Me senti tão
estúpida... e pequena. — Mas sinto muito. A respeito de sua
irmã. Não sabia.

— Bom, ninguém sabia, então... — Calou-se como se


estivesse encolhendo os ombros.

— Por que não contou a ninguém?

— Porque não queria falar sobre isso. Por que continua


aqui, sentada no chão do meu quarto?

— Não sei. — Murmurei. — Porque me sinto como uma


grande estúpida perdedora, suponho. Esta foi minha primeira
e única oportunidade de estar com você, e eu... fiz uma
asneira muito grande.

Fiquei sem fôlego, ao perceber que falei bobagem de


novo. Esta não era primeira e única vez que Kelly “a quem
supunha que devia imitar” ficou com ele. Por que continuo
estragando tudo?

E por que não colocou em evidência meus enganos?

— Não diria que foi uma asneira muito grande. —Sua


voz parecia se aproximar, aparentemente sem ter ideia de
minha falsa representação. — Quero dizer, ainda estou aqui.
Ainda está aqui. E não é que seja muito difícil estar comigo.

Soltei um suspiro. Sim, ele era tão fácil. Este era minha
terceira tentativa fracassada de entrar em suas calças.

— Droga. Realmente me desejava esta noite? — A ideia


parecia fascinar ele.

Virando os olhos suspirei. Não podia ser tão


inconsciente do muito que as mulheres o desejavam, ou era?
— Se pudesse sentir como estou molhada, nem sequer
teria que perguntar.

— Bom... está bem. — Soava como se tivesse aceito um


convite. Quando sua mão posou em meu tornozelo, gritei de
susto.

— Que demônios? O que está fazendo?

Seus dedos apertaram minha perna.

— Acaba de dizer que era para eu sentir o quanto está


molhada. Convite aceito.

— Não, não fiz isso. Sabe o que quis dizer. Oren!

— Shh! — Advertiu me lembrando que não devia chamá-


lo assim.— Sabe que quer isto.

— Oh, Santo Deus. — Gemi e bati uma mão em minha


testa. — De todas as coisas bregas que...

Interrompi o que dizia com um ofego quando Oren


descobriu como eu estava molhada.

— Puta merda Santa. Não está usando calcinhas. —


Seus dedos eram seguros mas suaves enquanto se moviam
entre minhas pernas, deslizando através de minha umidade
antes de encontrar meus clitóris.

— Espera. Não pode... —Agarrei sua mão, mas não o


parei. Não queria que parasse.

— Não posso o que? — Perguntou.

— Não sei. — Ofeguei, minhas pernas se tornando


gelatina enquanto seu polegar rodava sobre o músculo mais
sensível em todo meu corpo com uma precisão implacável. —
Disse algo?

Sorriu.

— Está assim molhada por mim?

— Por quem mais? — Gemi e arqueei os quadris. É por


isso que estava aqui, que arriscava tudo para estar aqui.
Saber sobre sua irmã só me fez sentir mais perto dele. Queria
acalmar sua alma, domar este selvagem menino ferido, e
enquanto isso, experimentar a intimidade física.

Não importava se ele pensasse que era outra garota ao


azar com a qual iria se aliviar. Ver ele dessa maneira não
ajudava nada.

Apertei os olhos, fechando-os. Poderia existir alguém


mais idiota que eu neste momento?

— Maldição. — Suspirou. Pressionou dois dedos dentro


de mim e ambos contivemos o fôlego. Meus olhos se abriram
enquanto ofegava através do prazer e me moía contra sua
mão, precisando de mais.

Gemeu.

— Quero cheirá-la. — Abandonou minha vagina para


agarrar meus quadris, me puxou da porta para junto dele. —
Poderia deslizar em você assim, baby?

Uma vez que me teve onde queria, subiu minha saia até
a cintura, abriu mais minhas pernas e logo me agarrou por
trás para me levantar do chão. Um segundo depois, seu
fôlego me esquentou ali.
Estava a ponto de gozar.

—OH Deus. OH Deus.

— Maldição! — Ofegou. — Você cheira tão bem. Faz eu


querer... prová-la.

Só de escutar essa palavra fez com que meus olhos


virassem. Então um calor úmido me tocou. Sabendo que era
sua língua “a sua” não pude controlar. Gozei fortemente,
ofegando e agarrando seu cabelo, tremendo sem controle.

O que? Passou um ano desde que um maldito homem


esteve perto dali. Não pude evitar. E sabendo que foi Oren
quem fez... sim. De maneira nenhuma ia me conter.

Então não me contive.

E Oren me lambeu até que estava exausta e ofegante


uma verdadeira confusão debaixo dele.

— Cristo, mulher. É muito sensível. Muito sensível. De


alguma forma tinha a esperança de que fosse gozar me
rodeando, deixando que essas paredes doces e apertadas
ordenhassem meu pau enquanto estivesse dentro de você.

Quando roçou ligeiramente a abertura de minha vagina,


apertei os dentes e me inclinei para cima, tensa e pronta de
novo.

—Merda. Está...? — Provando, deslizou dois dedos em


mim. Fiquei sem fôlego e apertei as coxas ao redor de sua
mão — Merda. — Parecia surpreso. — Já está molhada e
pronta.
— Eu... eu... — Não estava certa. Ainda me encontrava
montando o último orgasmo que me deu, mas também me
sentia como um cabo de alta-tensão. Se seu pênis não
estivesse dentro de mim em trinta segundos...

Seus dedos saíram e chiei pela perda. —Não.

— Espera. Estou... merda. Diabos. Onde pus a


camisinha?

— O que? — Gritei, quase chorando. Se perdeu a


camisinha, eu ia matá-lo.

Ninguém me excitou assim antes. Estava tão quente que


me sentia como uma pistola com o gatilho sensível. Só um
toque mais e podia voar... outra vez.

— Ah, sim. Estava na mesa. — Uma fração de segundo


depois, seus braços me levantaram. Levou-me uns metros
mais à frente, para a mesa em que me inclinou antes. Não
tinha que dizer nada nesta ocasião, só me deixei cair sobre
ela e expus meu traseiro no ar, totalmente preparada.

O som de seu zíper enquanto o baixava me fez sacudir.


Não tinha ideia de que um som poderia me excitar tanto. Mas
estando tão excitada como eu estava agora, ele poderia
simplesmente exalar, e talvez eu conseguisse gozar só com
isso. O chiado de um papel de alumínio e logo o assobio de
seu fôlego enquanto rodava o látex sobre sua longitude fez
que minhas coxas tremessem. Pensando em sua mão que
deslizava em torno de si mesmo neste momento. Tinha que
estar duro e palpitante, preparado para entrar em mim.
Traguei saliva, incapaz de acreditar no que acontecia.
Oren ia pôr seu pau dentro de mim.

— Pronta?

Estremeci e um calafrio alagou todo meu corpo da


cabeça aos pés... meus dedos dos pés se curvaram porque
formigavam muitíssimo.

— Sim, estou. — Cantei me impulsionando e tentando


acalmar a antecipação, tudo em duas palavras. — Estou bem.

—Está bem. — Repetiu ele. Soava tão ansioso e nervoso


como eu me sentia, o que só fazia me sincronizar com ele
ainda mais. Assim quando me tocou lá com a cabeça de seu
pênis, choraminguei.

— Oh, Deus. Por favor.

A cabeça entrou e tomei ar, contendo o fôlego quando


me embebi na sensação. Aplicou pressão lentamente, me
enchendo e me estirando para dar espaço a si mesmo. Sentia
cada centímetro.

— Santa... merda. — Disse entre dentes, agarrando


minha cintura com tanta força que seus dedos se cravaram
em minha pele. — Está tão... apertada. — Ele suspirou
enquanto entrava por completo, tudo dele em mim.

Não me lembrava de ter me sentido assim tão cheia com


Sander. Não é que estivesse pensando nele, mas era meu
único ponto de referência e sem dúvida, nunca experimentei
este grande estiramento antes. Oren parecia tão... não sei,
enorme, talvez. Encheu-me e parecia quase muito apertado,
como se não houvesse espaço para nada mais. Tudo o que
podia sentir era ele, e era delicioso e perfeito e...

— Oh, Deus! — Gritei quando ele trocou de posição


ligeiramente, golpeando algo que disparou um espasmo que
me consumia por completo. —Bem aí. Bem aí. Encontrou.
Não se mexa. — Queria congelar este momento para toda a
eternidade e memorizar a sensação de albergá-lo
profundamente, me enchendo e me consumindo. Só
necessitava um segundo para apreciar a maravilhosa...

— Que? Não me mexa? — Gritou, repetindo minhas


instruções. — Está louca? Não pode deixar que um menino
entre no céu das bocetas e dizer que não se mexa.

Então, é obvio, moveu-se, deslizando a maior parte para


fora, até que eu estava ofegando e agarrando a mesa com
mais força, pressionando minha testa na superfície plaina de
madeira. E logo colocou de novo.

— Oren. — Gemi. Parecia incrível ter ele tão profundo.


Ele se movia e esfregava seu pau contra cada terminação
nervosa em meu canal; era pura tortura, uma incrível e
maravilhosa tortura. Meus músculos internos tremiam e se
contraíam em torno dele. Nenhum dos orgasmos que teve —
inclusive os auto infligidos — se acumularam de forma tão
extrema dentro de mim.

Agarrando meu cabelo “e não de forma muito suave”


empurrou de novo e grunhiu em meu ouvido.

—Pare de me chamar...
Mas eu estava muito ocupada gozando, para me fixar
em que nome gritar, então continuei gritando.

— OhmeuDeus, OhmeuDeus, Orrrrrennnn!

Amaldiçoando, me golpeou com mais força, puxando


meu cabelo e grunhindo por sua própria liberação enquanto
eu esticava a seu redor, com meus mamilos palpitando e
núcleo convulsionando com cada puxão que dava no meu
couro cabeludo.

Foi o melhor grande orgasmo que tive... e, sem dúvida, o


mais estranho. Quem saberia que me excitava assim porque
puxava o meu cabelo?

Depois que terminou, Oren desabou sobre mim, fazendo


que a pequena mesa cambaleasse com nosso peso. Seu peito
úmido se grudou nas minhas costas e empurrou meus peitos
para frente, golpeando contra a madeira fria.

Ofegando em meu ouvido, parecia drenado de toda


energia.

— Santa... merda. — Sinto muito, te... chamei de Oren


outra vez. — Tentei dizer, embora fosse quase impossível que
o ar pudesse circular por meus pulmões, pela forma que me
esmagava.

Soltou um som divertido.

— Não me importou tanto desta vez.

Sorri.

— Suponho que já era hora de dar a esse nome um novo


tipo de lembrança.
— Humm. — Sua voz estava distante, como se não
quisesse compartilhar tal intimidade comigo.

As boas lembranças só se construíam com amigos e


amantes, não fodendo estranhas no escuro.

Foi então que a primeira onda de realidade me cortou


me atravessando. Isto não significou para ele o mesmo que
significou para mim. Em minha cabeça soube todo o tempo.
Mas agora que tudo estava dito e feito, de verdade o vivia.
Continuava enterrado dentro de mim e o que para mim
significava intimidade e vínculo, para ele continuava sendo
sexo vazio e sem emoções.

Mordi o lábio, me obrigando a não chorar. O que acabei


de fazer?

Pressionei a testa na mesa forte demais, fazendo um


barulho alto.

Os dedos dele voltaram para meu cabelo. — Gozou


porque puxei seu cabelo?

Sabia que o que me fez gozar foi uma acumulação de


tudo mas o do cabelo... Oh sim, meus músculos
estremeceram ao redor de sua longitude, lembrando como me
senti quando ele fez isso. Então disse.

— Sim. É estranho?

— O que? Alguma vez ficou quente quando puxaram seu


cabelo?

— Eu... ninguém puxou ele, já sabe, durante...


Deu outro puxão experimental. Meu corpo se apertou ao
redor dele e ambos contivemos o fôlego quando ele começou a
crescer novamente dentro de mim.

— Porra. — Outra vez estando suficientemente duro


para tirar e empurrar de novo, gemeu. — Vou precisar de
outra camisinha. —Mas em vez de sair de mim, empurrou de
novo na próxima vez que afastou os quadris. —Caralho, está
tão gostosa.

—Oren. — Solucei, meu corpo cada vez mais tenso e


formigando.

— Sim. — Grunhiu.— Diga outra vez.

— Oren.

Ele esticou a mão e beliscou ligeiramente meus clitóris.


Convulsionei e comecei a gozar, dizendo em voz alta seu
nome. Estava quase terminando quando ele tirou de mim
bruscamente.

— Que...? — Que está fazendo?

— Camisinha nova. — Se engasgou. Quando me


abandonou por completo, e me deixou gelada, me endireitei e
esfreguei os braços, acalmando do formigamento que ainda
se apoderava de mim.

Quando dei um passo me afastando da mesa, estremeci.

—Aí. Acho que sua mesa me deixou uma fenda


permanente no quadril.

— Pobrezinha. — Murmurou, voltando para mim.— Vem


aqui. A cama será mais cômoda.
Suspirei, pensando que tiraria as cobertas e subiríamos
juntos e nos abraçaríamos um pouco, talvez por fim nos
beijaríamos. Mas não. Ele me inclinou sobre a cama
exatamente como me inclinou sobre a mesa. Não esperava
quando entrou. A rápida penetração me fez saltar.

—Oh, Deus! Oren...

Movendo-se profunda e lentamente com cada investida,


se apoiou com força em mim e inclusive descansou os braços
em ambos os lados de meu corpo para poder pressionar sua
testa em minhas costas.

— Sabe. — Murmurou em meu ouvido enquanto


começava a acariciar meu cabelo com seus dedos. — Kelly
sempre me chamou de Ten.

Franzi a testa, me perguntando quem era Kelly e por


que falava dela enquanto estava dentro de mim. Não queria
matá-lo antes que pudesse me dar um quarto orgasmo.

— Também tem cachos grossos e curtos. — Acrescentou


enquanto continuava me penteando o cabelo com seus dedos.
— Não é longo, nem liso, nem suave como seda.

— Oh, merda. — Agora lembrei quem era Kelly.


Supunha-se que eu devia ser Kelly.
TEN

Minha visitante misteriosa tentou se retorcer para sair


debaixo de mim, mas a cobri completamente, sujeitando-a à
cama. De maneira nenhuma a deixaria ir até que lhe desse o
Grande Número Quatro. Então empurrei dentro dela,
literalmente nos aprisionando juntos. Deus, era muito bom.
Apertado, úmido e quente; o ajuste de sua boceta era nirvana
puro.

Não acreditaria que o interior de uma mulher pudesse


ser tão diferente de outra. Mas era. Santa mãe, ela era
diferente. Era melhor que qualquer outra mulher que me
deixou entrar em seu corpo.

Apertei meu agarre em seu sedoso cabelo, porque tinha


que me agarrar em algo e também porque eu adorava a forma
com que isso parecia excitá-la. Logo comecei a empurrar com
mais intensidade e ela deixou sair um som de surpresa e
ofegou mais forte, cada vez mais perto desse próximo
orgasmo pelo qual estava tão faminto em reclamar. Podia
dizer pela tensão em cada músculo de seu corpo, que se
achava a segundos de gozar. Quando jogou a cabeça para
trás, afundei os dentes nos músculos fortemente tensos de
seu ombro, me deleitando com sua próxima explosão. Soava
tão bem ao gozar. Muito bem.
— Soube desde o primeiro segundo que entrou neste
quarto que não era Kelly. — Murmurei em seu ouvido e
pressionei os lábios contra sua têmpora porque o aroma
familiar de seu cabelo fazia que minhas bolas se
esticassem.— Mas está tudo bem. Eu gosto de foder uma
desconhecida.

Entretanto, isso era mentira, já que nada parecia como


se estivesse fodendo uma desconhecida. O que eu gostava era
de imaginar que pudesse ser quem eu queria que fosse, não
quem era realmente.

— Não saber quem é só faz ficar mais quente. —


Imaginar ser Caroline era o que o fazia mais quente.

E só assim, ela veio. O pequeno músculo quente


apertando meu pênis estremeceu e estreitou, e eu não pude
me conter. Gozei nela, moendo meus quadris em seu traseiro
enquanto me introduzia tanto como podia e deixava ir tudo.
Ela enterrou sua cara em meus lençóis e gritou. Senti surgir
meu próprio gemido, por isso mordi a parte traseira de seu
ombro de novo e deslizei as mãos por seus braços até que
cheguei em seus dedos enquanto se agarrava nos lençóis.
Logo cobri suas mãos e agarrei os lençóis junto com ela.

A tormenta nos percorreu e a sustentei dessa maneira


muito tempo depois que terminou.

Queria beijá-la. Queria colocá-la sobre suas costas para


poder pressionar meu peito contra suas tetas e selar minha
boca, separar seus lábios e umedecer minha língua contra a
sua. Queria saboreá-la e compartilhar nossas próximas mil
respirações juntos. O que me assustou até a medula. Porque
nunca quis beijar as outras. Não era assim doce e tenro com
elas.

E isso significava que sabia que ela era diferente. Ela


era...

Moveu-se debaixo de mim.

— Saia.

— O que? Auch. Merda, mulher. — Fez seu traseiro ir


para trás, me tirando de seu interior e golpeando meu
estômago. Não doeu, mas me surpreendeu o suficiente para
me levantar. — Que caralho?

Quis pegá-la, mas era como uma pequena artista do


escapamento quando queria ser. Saiu disparada da cama e se
apressou para a porta enquanto meus dedos só agarraram o
ar.

— Espere! — Peguei um cotovelo, mas não consegui


segurar bastante firme, porque ela imediatamente se libertou.
Seus sapatos ressoaram pelo chão antes que a porta de meu
quarto se abrisse de repente e logo se fechasse. Escutei ela
correr pelo corredor e também o golpe na porta de entrada.

Liberando um comprido suspiro, me coloquei de costas


e olhei para o teto escuro, basicamente não vendo nada.

O que acabava de acontecer foi... sim. Isso foi outra


coisa.

Soube que não era Kelly imediatamente. A falta de


risadas e conversa constante foi meu aviso. E ela deixou
escapar que nunca esteve comigo. Sem mencionar os
rumores sobre que eu só fazia sexo no escuro e por trás, me
fez saber que tinha que ser alguém do grupo da Kelly.

Estive um pouco aborrecido ultimamente, por isso


comecei este jogo no qual fodia em uma posição específica a
cada garota do mesmo grupo. Por exemplo, fodi todas as
irmãs da fraternidade Alpha Delta Pi na posição cowgril
inversa. As da carreira docente eram estritamente oral. E as
seguidoras dos atletas conseguiam o estilo cachorrinho.
Desse modo, quando falavam entre elas, todas se davam
conta que as fodia da mesma maneira e começavam a pensar
que tinha algum estranho fetiche, ou algo assim.

Não sei porque coloquei em marcha um jogo tão


estranho que me envolvia, mas me divertia bastante foder
com suas cabeças.

Então, por isso que assumi que minha nova visitante da


meia-noite era outra seguidora dos jogadores de futebol... Até
o primeiro momento que esqueceu de disfarçar sua voz ou
quando disse meu nome nesse tom que reconheceria em
qualquer parte.

Congelei, com minha mão em sua coxa quente e nua,


sem saber o que fazer e completamente incapaz de acreditar
que Caroline estava em meu quarto, inclinada sobre minha
mesa. De repente, mais duro do que jamais estive em minha
vida, neguei com a cabeça, tentando negar. Quero dizer, de
maneira nenhuma era possível que pudesse ser a pele de
Caroline que esquentava minha palma. Não...
Antes de mais nada, ela não teria a audácia. Bom, isso
eu acho, sem dúvida ela tinha. Essa era uma das razões
pelas quais eu estava tão quente por ela. Podia ser um pouco
valente e feroz quando punha seu pensamento em algo.

Mas ela não... demônios, não viria aqui se fazendo


passar por Kelly, ou sim? Ela estava zangada comigo esta
noite, supunha que estaria mais propensa a romper minhas
bolas com um torno que dar a viagem de sua vida ao meu
pênis.

Então, sim, tinha que estar equivocado. Não podia ser


ela, não importa o quanto sua voz parecesse com a de
Caroline, não importa o quanto que cheirasse como Caroline,
e não importa o quanto se sentiu como imagino que se
sentiria Caroline. Cabelo sedoso, pele suave, seios
perfeitamente firmes, mas maleáveis, e a boceta mais
apertada e quente que jamais espremeu meu pau.

Oh, merda. Acabo de ter o pau dentro da boceta de


Caroline? A tratei como nunca antes tratei uma mulher na
cama, admitindo essa merda pessoal sobre minha irmã,
beijando sua têmpora, tomando sua mão enquanto nós
gozávamos juntos.

Mas não. De nenhuma maneira. Não podia ser.


Entretanto... a ideia me excitou como nenhuma outra coisa.
Caído em minha cama, a qual parecia estranhamente vazia
sem ela, comecei a endurecer de novo, só de pensar na
possibilidade que tive meu pau dentro da mulher que
desejava há quase um ano.
Estremeci. Não, não, não. Não podia ser ela. Só estive
dando as qualidades de Caroline porque ela era a única
mulher que queria mais alguma coisa e não sabia quem era
na verdade.

Sentei no meu colchão e acendi o abajur. Mas não


importava o quão rápido a minha Visitante Noturna saiu
daqui, porque não deixou nada para trás, nada que provasse
que era Caroline, mas também nada que o negasse. Eu
estava fugazmente tentado a correr atrás dela e averiguar
quem era “possivelmente ainda poderia alcançá-la no
estacionamento” mas então... eu queria saber?

Passei as mãos pelo cabelo e logo apertei a cabeça com


força, dizendo que Kelly simplesmente trocou com uma de
suas amigas esta noite porque... demônios, quem sabia
porquê. A quem importava? Ainda não podia acreditar como
foi bom.

Mas, gozar por puxar seu cabelo? Humm. Interessante.

Finalmente fui tirar a camisinha e me deixei cair sobre


minha cama. Olhei para o teto escuro, revivendo cada minuto
da minha visita da meia-noite.

Meu cérebro ainda se encontrava nublado com os


pensamentos nela na manhã seguinte... até que algum
pentelho interrompeu minhas boas lembranças.

— Ei, como se escreve informativo?


— Mmm? — Grunhi quando Gamble me deu um chute
por baixo da mesa. — O que?

— Informativo. — Disse. — Como se soletra?

Nós sempre passávamos juntos um tempo nos sábados,


jogávamos futebol de manhã. Mas estando no último ano e
com a temporada terminada, já não tínhamos que
comparecer às aulas e não retornaríamos no próximo ano.
Então nos reuníamos na cafeteria local todo sábado pela
manhã. E tal como os anciões aborrecidos que nos
convertíamos, geralmente, fazíamos juntos as tarefas.

Sim, disse tarefa. Meu amigo pobrezinho se converteu


em uma máquina de conclusão de tarefas no ano passado.
Foi um pouco embaraçoso, mas me uni a ele nisso. Por que?
Diabos, não sabia. Ele era meu amigo e os amigos se
sacrificam um pelo outro, faziam merdas como a tarefa com
amigos que se converteram em uns submissos com as
mulheres que amavam e, portanto, queriam impressioná-las
com boas qualificações. Então eu sacrificava minhas
preciosas manhãs de sábado e fazia tarefa com meu amigo ao
invés do que realmente estávamos acostumados a fazer
juntos, que era conquistar garotas.

Como eu perdi o gosto por conquistar garotas?


Entretanto como não perder? Tornou-se algo monótono e
velho ultimamente. Não sei se foi o fato de Gam se
estabelecer que mudou as coisas, ou algo em mim. Demônios,
talvez estivesse ficando velho e aborrecido como Gamble.
Merda, isso não podia ser bom. Por isso, em um esforço por
preservar minha “essência Ten”, ainda tentava pôr um pouco
de esforço em paquerar com cada garota que passava junto à
mesa, apesar do meu coração já não estar nisso.

— I, m, formativa. Caralho, não sei. — Franzi a testa. —


Não é você que se casou com uma maldita professora de
inglês?

— Não posso perguntar a ela. — Gam me olhou como se


fosse me bater. — Se ela me ajudar, a administração saberá
que não é meu trabalho pela qualidade da escrita.

— Então, soletra errado de propósito. Ou melhor ainda,


utiliza a palavra mais idiota que possa soletrar e ainda a usa
em uma frase. — Neguei com a cabeça. Que fenômeno.

Gam apertou os dentes e franziu a testa.

— Quero surpreender Aspen e obter uma boa nota.


Inglês é a sua área. Eu não posso ir mal no teste de inglês.

Suspirei e levantei o dedo indicador.

— Razão número um pela qual nunca me apaixonarei


por uma professora de inglês: porque me recuso a fingir que
gosto dos testes de inglês.

Como meu amigo me dizia obscenidades, voltei a ignorá-


lo e a mastigar minha caneta, sem deixar quase nada
destroçado. Ainda era estranho que ele estivesse casado. Atou
o nó com sua mulher no dia de ano novo e já faz três meses.

No momento que fizeram seus votos, esses ecoaram


através de meu cérebro. Como seu padrinho, tive que
permanecer de pé lá com uma vista da primeira fila, por isso
pude escutar suas palavras, claras como o dia. Até esse
momento, quando ele prometia sua vida para sua mulher, fiz
um maldito bom trabalho em não olhar além deles para a
dama de honra. Mas quando a voz clara de Noel começou a
prometer amar, cuidar e tudo isso, me virei e olhei para ela.

Para Caroline.

E ela estava me olhando e parecia impressionante em


seu vestido de dama de honra. E a olhei fixamente pelo resto
da cerimônia. Se ela tivesse afastado o olhar primeiro,
também o teria feito, mas não o fez, então aí estava eu, a
olhando e conseguindo uma ereção no meio do casamento
porque desesperadamente queria montar na irmã do meu
melhor amigo.

— Ahá! — gritou Gam de repente, me fazendo saltar, o


imbecil. — É I, n, formativa, idiota. — Pôs o celular que
consultava sobre a mesa junto ao seu notebook e começou a
teclar, copiando a ortografia.

Franzi a testa. — Bom para você. —Encontrava-me


franzindo muito a testa ultimamente. Mas não podia evitar,
às vezes queria torcer seu pescoço idiota por me dizer
constantemente para me manter afastado de Caroline. Não
sabia que me proibir me fez querer me aproximar mais dela
até que estivesse em seu interior?

Mas pensar em estar dentro dela me fez pensar em


ontem à noite, o que me pôs ainda mais nervoso, porque
sabia que não podia ser ela, sem me importar o quanto
queria que fosse verdade.
Suspirei e olhei fixamente para a página aberta em meu
livro de cálculo, sem ver nada.

— Uau, Gam pode soletrar. Uhul. — Minha voz soava


seca enquanto levantava minhas mãos em punhos como
falsos pompons e os sacudia para ele.

Deu-me um chute por debaixo da mesa, de novo.

—Idiota.

Dei um chute em resposta com mais força.

— Monta dedos.

— Virilha podre. — Seu sapato bateu em minha tíbia,


mas neguei a fraquejar.

— Mergulhador de merda. — Golpeei com meu


calcanhar na ponta de seu tênis, na esperança de acertar
seus dedos. O êxito chegou quando fez uma careta.

Sim! Sou genial. Gamble babaca.

Passando a língua por seus dentes, franziu a testa.

— Não vai parar, certo?

Encolhi os ombros.

— Poderia fazer isto o dia todo, filho da puta.

— Que perdedor. — Sacudindo a cabeça, voltou para


sua tarefa, tomando o caminho para a maturidade.

Suspirei, apostando que me daria um chute de novo


antes que terminasse nossa sessão de tarefas.

Ia chamar ele de imbecil quando um par de moças que


passavam por nossa mesa disseram.
— Olá, Noel. — E logo. — Olá, Ten. —Parecendo um
cumprimento de última hora. Sabe sem querer!

— Olá. — Disse Noel, sem sequer se atrever a levantar


seu rosto e fazer contato visual enquanto agitava a caneta
para elas em uma saudação pela metade. Também as
cumprimentei e as vi continuar seu caminho enquanto se
meteram no final da fila para conseguir uma bebida.

Entretanto, em lugar de sair da cadeira e seguir às belas


moças que acabavam de nos cumprimentar, voltei a mastigar
minha caneta e olhar minha tarefa de cálculo.

— Olhe. —Noel me deu outro chute, bem como sabia


que faria, no mesmo lugar em minha tíbia que chutou antes.
Doía muito.

— Que merda? — Falei olhando para ele. — Para de me


chutar. Ele piscou como se meu pedido fosse infundado. Logo
sacudiu a cabeça.

— O que está acontecendo com você?

Esperava não ter empalidecido, mas isso é o que


parecia, como se cada mililitro de sangue em meu rosto fosse
drenado para os irritantes nós que se formaram em meu
estômago. Entrei em pânico, minhas mãos se tornaram
completamente frias e suadas, e não sabia porque. Mas me
senti culpado imediatamente, como se ontem à noite
houvesse fodido a sua irmã. E eu não fiz isso. Sabia que não
fiz, porque a mulher com quem estive não era Caroline. Fim
da discussão.

Então franzi a testa para o imbecil por me assustar.


— Você não pode manter seus pés para si mesmo. —
Repliquei. — Que merda está acontecendo com você?

Ele inclinou a cabeça para a enorme fila do bar.

— Por que não foi atrás delas?

Franzi a testa, momentaneamente confuso.

— Atrás de quem?

— De quem? — Repetiu, incrédulo. —As duas garotas


que acabam de te foder com os olhos, homem. Elas. Em um
dia normal na vida de Ten, já estaria aí, ofegando e babando.

Encolhi os ombros, me negando a discutir os termos


ofegando e babando.

— Elas disseram olá para você primeiro.

Suspirou.

— Como se isso tivesse impedido você alguma vez.

Tudo bem, ele poderia ter razão. Dei uma olhada nas
duas mulheres que cochichavam, tão perto uma da outra que
quase se tocavam. Pareciam ótimas por trás. Lindos traseiros
firmes, com carne suficiente para me interessar. Imaginei as
duas juntas, fazendo sexo comigo. Mas não me excitou o
suficiente para levantar da cadeira.

Me virei para Noel.

— Não.

Sua boca se abriu.


— O que está acontecendo? Oren Tenning não diz "não"
para tetas e traseiros. Nunca. Então... que demônios está
acontecendo com você? Merda. Está morrendo?

— O que? Não! — Noel não parava de me olhar como se


estivesse com medo de que eu tivesse câncer ou alguma coisa
parecida, então deixei sair um suspiro e olhei ao redor antes
de me inclinar para ele sobre a mesa. — Alguma vez...? —
Olhei a cafeteria de novo, à caça de ouvidos espiões. Me
questionei se devia dizer alguma coisa. Mas então, disse que
não era como se estivesse falando sobre sua irmã. Isto
poderia ser a prova de que não poderia ser ela na noite
passada. Nunca daria detalhes sobre sua própria irmã a um
homem. Além disso, sempre dava detalhes à ele, se não
fizesse isso, pensaria que algo estava acontecendo.

Então, baixei a voz e continuei:

— Alguma vez se excitou mais quando discutia com


uma garota do que quando fazia sexo?

Gamble me olhou fixamente com a boca aberta antes de


sacudir a cabeça e piscar.

— Por que discutiria com uma garota enquanto


transava?

— Porque... — Grunhi com frustração e balancei a mão,


com a esperança de conseguir que esquecesse esse assunto.
Ele não entenderia porque não podia suportar que as
pessoas, além de meus pais e Caroline, me chamassem de
Oren. — Não importa porquê. Só... aconteceu. E foi quente.
Muito estranho. Mas algo assim como, muito quente.
Virou os olhos para o teto.

— Jesus. Só você gostaria de algo estranho como isso.

— Falo sério, homem. — Franzi a testa.

— Eu também. — Soltou uma gargalhada. — Só você


iniciaria uma discussão com uma mulher enquanto está
dentro dela. Demônios, Ten. — Sacudiu a cabeça de novo,
mas desta vez, pelo menos sorria. — É sério.

Decepção me percorreu. Tinha a esperança de que, pelo


menos, tivesse experimentado algo similar antes.

— E quanto a puxar o cabelo? — Pressionei. — Alguma


vez conseguiu que sua mulher gozasse puxando seu cabelo
enquanto transavam?

Suas sobrancelhas se elevaram até onde nascia o cabelo


e suspirou.

— Como se fosse dizer a você sobre o que excita a minha


mulher.

Abri a boca para protestar, mas levantou um dedo.

— Me deixa ver se entendi. Discutiu com uma garota e


puxou o cabelo dela durante o sexo? Uau.
O que? Tem cinco?

— Não. — Murmurei, me irritando mais que nunca. Eu


não gostava que menosprezassem o que poderia
possivelmente ser o melhor sexo de minha vida. — Sou Ten.
E ela gostou. Muito. Tanto que gozou “quatro vezes em vinte
minutos”. Muito bom, né?
Gamble se reclinou, claramente impressionado.
Assobiou, mas logo seu rosto se encheu de incredulidade.

— Provavelmente fingiu.

Levantei as mãos.

— Por que fingir quatro vezes? Por que não só uma?


Então teria parado e a deixado em paz.

Encolheu os ombros.

— Bom ponto, mas não sei. Para fazer você se sentir


melhor, talvez?

— Qual é! — Virei os olhos. — Ela não fingiu. Confie em


mim. Não tinha como fingir isto. Foi... — Sacudi a cabeça,
ainda atordoado por tudo o que aconteceu. — Incrível.

Um sorriso conhecedor iluminou o rosto do Gamble.

— Bom, merda Santa. Uma mulher, por fim, deixou


uma impressão em meu amigo Ten. Como disse que se
chamava? Alguém que eu conheça?

Estremeci e mordisquei o lábio inferior.

—Não sei.

— Piscou. — Não sabe o que? Seu nome?

Com um movimento de cabeça, disse:

— Não. Não sei seu nome.

— Bom, que aspecto tem? Era uma das seguidoras


usuais dos jogadores de futebol?

Encolhi os ombros.
— Não estou certo.

— Não está certo sobre... o que?

— Não estou certo de como era.

Noel arranhou a barba de um dia de sua mandíbula e


franziu a testa.

— Como pode não saber que aspecto tinha? Estava


muito bêbado?

— Não estava bêbado. Simplesmente não... a vi.

— Você não... — Sacudiu a cabeça, claramente confuso.

— O que? — Estava escuro.

— Ok, mas... Espera, espera, espera. — Fez um gesto


com as mãos. —Comece desde o começo.

Então foi o que eu fiz, contando meu encontro com a


Kelly no bar. Ele sabia quem era Kelly e os firmes cachos que
tinha. Então contei nossos planos de encontro às escuras.

— Mas a coisa era que, a garota que veio ao meu quarto


tinha o cabelo comprido e liso, era muito suave. — E sedoso.
E cheirava incrível... como Caroline.

Gamble me estudou durante uns dez segundos depois


de minha história antes de dizer.

— Então, basicamente, pode ter fodido... qualquer uma?

— Sim.— Disse. — Suponho que sim. Quero dizer, foi


sem dúvida uma mulher, mas fora isso... sim.

Seus olhos se abriram como pratos.

— Não era a mulher de Hamilton, né?


Comecei a esperar um momento para que pensasse.
Então disse:

— Você não está falando sério né?

Encolheu os ombros.

— Bom.... não é impossível. Ela mora no mesmo


apartamento que você e tem o cabelo comprido e liso. E se ela
levantou no meio da noite, e... não sei, usou o banheiro e
estava tão cansada quando saiu, que entrou por engano no
quarto errado e se meteu na cama com o companheiro de
apartamento errado?

Fiquei olhando para Gam, certo de que perdi a cabeça.


Então ele falou.

—O que? Não é uma ideia irracional.

—Lógico que é! Porque não era a Loira! —Embora, ok, o


tipo de corpo e o cabelo coincidiam um pouco. Oh, merda.
Não era ela, não é? Meu estômago se embrulhou. Quinn
nunca me perdoaria se acidentalmente...

—Espera. Não. — Meus ombros caíram com alívio— Não


pôde ter sido ela. Me chamava de Or... por meu nome. Então,
a garota definitivamente sabia quem estava fazendo, o que
descarta totalmente sua teoria de que a mulher do Ham se
metesse por acidente na cama comigo e fodesse à pessoa
errada. Duas vezes.

— Humm. Sim. Suponho. — Continuou pensando nisso


antes de dizer. — Mas, a garota percebeu que você não sabia
quem era ela?
— Sim. — Sentei de novo para frente, baixando a voz. —
Essa é a parte mais estranha. A assustei completamente
quando disse que sabia que não era Kelly. Ela queria que eu
acreditasse que era outra pessoa. Inclusive tentou se impor e
parar quando eu disse. E nem sequer tínhamos terminado
ainda a segunda rodada.

— Espera. O disse durante o sexo? — Ofegou Gamble.


— É uma merda. Nem sequer era a primeira rodada? Poderia
dizer possivelmente qualquer outra coisa estranha neste
momento?

“Sim. Acredito que poderia ter sido sua irmã.”

Mas, sim, não disse isso. Me assustei por pensar sequer


nisso. Então deixei escapar um suspiro.

— Foi o melhor sexo de minha vida.

Fui capaz de admitir.

Gamble soprou.

— E ainda assim sabe quem era ela?

Neguei com a cabeça, inseguro se queria saber. Sim, na


verdade não queria saber. Porque se tivesse sido quem eu
queria, estaria seriamente fodido. E se não tivesse sido,
estaria seriamente... decepcionado.

— Correu de lá como se seu traseiro estivesse em


chamas logo que terminamos. E digo mais, ela não queria
que eu soubesse sua identidade.

Mas essa ideia não perturbava meu amigo.


— Bom, não culpo a pobre garota. — Disse com um
sorriso desagradável. — Se eu fosse uma mulher que se
sentisse atraída por você, estaria muito humilhada para que
ninguém, inclusive você, soubesse.

— Bode. — Era minha vez dar um chute nele por baixo


da mesa.

Gam virou os olhos como se estivesse muito além das


travessuras.

— Portanto, foi o melhor sexo de sua vida e nunca será


capaz de conseguir repetir porque não tem nem ideia de
quem chamar para a segunda noite. Genial, homem. Grande
maneira de cagá-la.

— Oh, merda. — Caí em minha cadeira, olhando-o com


a boca aberta.—Tem razão.

Nunca conseguiria foder com essa mulher misteriosa de


novo. Isso não era divertido.

— Olá, meninos. — Um Hamilton sem fôlego nos


interrompeu se sentando na cadeira vazia entre nós e
desabando sem ar e esgotado.

Desde que só era um estudante de segundo ano, ele


ainda assistia os treinamentos da equipe nos sábados de
manhã. Vestido com um moletom e uma camiseta, com a
cara vermelha e brilhante pelo esforço e o cabelo molhado por
uma ducha recente, obviamente veio diretamente do treino.

— O que eu perdi? — Perguntou.


Gamble riu e sabia que ia dizer algo pelo que teria que
golpear o seu traseiro em uma fração de segundos antes que
perguntasse.

— Ouça, sua mulher não se levantou no meio da noite


ontem, para não sei... tomar água ou ir ao banheiro ou
alguma coisa assim, né?

— Jesus. — Murmurei, inclinando a cabeça para trás e


apertando os olhos. Só tinha que dizer, não?

— Uh... — A confusão nublou a voz do Ham enquanto


olhava os dois. —Acho que não. Por que? — Seu olhar posou
em mim antes de voltar para Gam.

— Porque o Ten aqui teve uma visita à meia-noite em


seu quarto. Uma garota o encontrou no escuro, eles foderam
até arrebentar e então ela fugiu antes que ele pudesse
conseguir seu nome ou ver seu rosto, e agora ele não tem
nem ideia de quem era.

Apertei os dentes pela forma vulgar em que ele contava.


O que era estranho, porque em qualquer outra ocasião, eu
teria me expressado mais ou menos do mesmo jeito. Mas
desde que imaginava que essas qualidades eram de Caroline,
de repente não parecia tão engraçado dizer isso assim.

As sobrancelhas de Hamilton franziram com confusão


antes de dispararem até onde nascia o cabelo, e então virou
para mim com um olhar incrédulo.

— E você acredita que foi Zoey?


— Não. — Levantei as mãos em sinal de rendição
imediata. Eu não era magro mas Ham era enorme e estava
bastante certo de que podia me superar se ofendesse sua
mulher de algum jeito.

— Sei que não era ela. E nunca pensei que fosse. Este
imbecil que teve essa ideia idiota por sua conta.

Ham lançou seu olhar severo a Gamble.

—Vá. — Disse Gamble, levantando as mãos também,


mas rindo enquanto isso. — Só estava brincando. Jesus.
Quem teria sido a primeira aposta de vocês?

— Alguma groupie do futebol. — Disse Hamilton


imediatamente.

Caroline.

Mas não disse nada.

Gemi em minhas mãos antes de deixar elas caírem do


meu rosto.

— O fato é que não tenho nem ideia de quem era a


senhorita Visitante Noturna, e estou certo de que nunca
saberei. Então vamos deixar assim, ok?

Sabendo que ele nunca mais ia mergulhar seu pavio


nesse pote de mel, o estava deixando irritado.

Jesus, por que tudo estava me irritando hoje?

Ham e Gam me olharam. Logo se olharam. Quando


deram um sorriso ardiloso, virei os olhos. Mas Deus... que
inferno. Sentia falta dos dias em que todos meus amigos
eram solteiros e disponíveis como eu. Agora que eles estavam
sob as ordens de suas mulheres, pareciam estar pensando
que eu também deveria estar, como se foder uma mulher
durante o resto de minha vida fosse uma grande coisa,
incrível.

Querido Deus. Que horror. A não ser que essa única


mulher se parecesse como a mulher de ontem à noite. Então
talvez... não. Estremeci diante da ideia e me inclinei para
frente para prestar atenção no meu livro de cálculo.

— O treinador vai continuar te colocando como


quarterback titular no próximo ano? — Perguntei a Ham.

Ele limpou a garganta, olhou para Gam e logo assentiu.

— Sim. — Gamble foi o quarterback estrela de nossa


equipe até que quebrou a clavícula na penúltima partida do
ano passado. Então Hamilton teve que intervir e nos orientar
para os campeonatos nacionais. Todos sabiam que o fato de
não ter sido capaz de jogar essa última partida, incomodou
Gamble porque ele perdeu sua oportunidade de provar para
os profissionais. Apesar de dizer que estava contente de se
estabelecer aqui com sua mulher e cuidando de seus três
irmãos menores que trouxe depois de que sua mãe os
abandonou, sabíamos que isso o incomodava.

— Aspen encontrou trabalho? — Perguntou Ham,


esperançoso. Quando Gam levantou os olhos, sabia que não,
pelo endurecimento de sua mandíbula.

— Não. — Murmurou.

Ela estava desempregada há um ano, desde que a


despediram por começar uma relação com ele. O que trouxe
outro assunto delicado para Gamble. Ele sentia-se um
fracasso pessoal cada vez que ela procurava outro trabalho e
não era contratada. Mas ele nem sequer a deixava aceitar
postos de trabalho que eram “inferiores” ao que ela era
qualificada. E se o seu dinheiro não estivesse tão curto como
eu sabia, acho que ele simplesmente se aguentaria e que a
deixaria... bom, que seja, parada por um tempo. Mas não. Ele
continuava teimoso. E ela sabia o muito que incomodaria se
“rebaixasse” a si mesma, como ele falava, então ela ainda
esperava e eles continuavam fazendo cortes. E eu continuei
fingindo que era minha vez de pagar todas as nossas bebidas
aos sábados de manhã na cafeteria. E Gamble continuava
deixando.

Sabia que Caroline ofereceu dinheiro a uma base


regular. Ela conseguiu umas economias no último ano,
embora nunca soube quanto era essa quantia, depois que se
envolveu com esse imbecil rico de sua cidade natal e seus
pais pagaram por sua viagem. Mas Gamble se negava a tocar
num centavo desse dinheiro.

Acredito que todos e cada um de seus rechaços


arrancaram uma parte de sua alma e a deixou sangrando um
pouco mais a cada vez. Ela passou por um montão de coisas
ruins para conseguir esse dinheiro e poderia gastar na merda
que quisesse. Se queria ajudar a sua família, seu irmão mais
velho devia deixar. Gamble aceitou isso no começo por esta
razão mas logo a obrigou a gastar em ninguém mais que nela
mesma e isso matou uma parte dela. Às vezes, eu queria
envolver minhas mãos em seu pescoço e colocar um pouco de
sentido, obrigando-o a aceitar um pouco de seu dinheiro. Isso
a teria feito mais feliz.

Mas eu não tinha nada que fazer em seus assuntos


familiares, e sabia que não devia me intrometer, sem
importar quantas vezes tenha visto Caroline esticar as costas,
levantar o queixo e tentar ocultar a dor de seus olhos cada
vez que ele negava sua ajuda. O idiota obstinado era muito
orgulhoso.

— Acredito que vou trocar minha especialidade. — Disse


Gamble, de repente.

— O que? — Hamilton e eu dissemos ao mesmo tempo.

Ele assentiu.

— Aspen e eu estivemos falando, e... administração de


empresas não é o meu forte. Sei que não vou ser sempre um
profissional, mas sinto falta do campo de futebol. Isso é o que
me corresponde. Então, estou pensando... Vou me inscrever
de novo no próximo ano e obter um diploma, talvez me
formar em treinador.

Enquanto Hamilton assentiu, fazendo saber a grande


ideia que era, eu fiquei boquiaberto.

— O que? — Não podia ser o único de nós três em se


formar primeiro e passar a procurar um trabalho de verdade.
Eu era o menos amadurecido de nosso grupo, o menino da
eterna festa universitária. Não queria ser o primeiro a crescer.

Gam encolheu os ombros e me lançou um olhar solene.


— Desde que Pick subiu o meu salário no bar, estamos
levando... bem. Podemos ir bem durante outros dois anos até
que me forme e Caroline já tem dinheiro para fazer a
universidade, então não tenho que me preocupar com ela. É
sério, acredito que isto seja o melhor a fazer.

— Bom, caralho. — Agora sim que me sentia horrível.


Não só tive o melhor sexo de minha vida e percebi que nunca
o teria outra vez, como agora estava ouvindo que me formaria
e iria embora enquanto todos meus amigos permaneceriam
aqui juntos... sem mim.

Essa merda não estava bem.


CAROLINE

O segundo semestre de meu primeiro ano no ESU


chegava ao seu fim em um mês. Um mês. Uma semana
depois do último dia de aulas, eu faria dezenove anos, já
tinha um trabalho de salário-mínimo limpando um escritório
de seguros no centro, fora de horário, e acabava de enganar o
imbecil de meus sonhos para ter relações sexuais comigo.

Sim, era um completo desastre.

A dor entre minhas pernas foi a primeira coisa que senti


quando abri meus olhos na manhã seguinte, o que encheu
minha cabeça com lembranças da noite passada. A mão de
Oren subindo por minha coxa, os dentes de Oren mordendo
na parte de trás do meu ombro. O pau de Oren fazendo-me
gozar em seu quarto. Estremeci e apertei minhas coxas
enquanto colocava um braço por cima de meus peitos que
estavam formigando.

Bom, tive curiosidade a respeito de como seria com ele.


E apazigou minha curiosidade.

Mas agora desejava repetir.

— Isso Caroline. É assim que se faz. — Murmurei em


voz alta. Que boa maneira para tirar ele de meu sistema,
não? Incrustei o desejo por ele ainda mais profundo em
minha alma.

Estudando o teto do meu quarto, soltei um lento


suspiro. Tinha um ventilador de teto delicado pendurado
diretamente em cima da minha cama. Não existia nem um
buraco ou nem sequer uma mancha de umidade que se visse.
Era o melhor teto do melhor quarto que eu já tive. Também
era meu próprio quarto. Não tinha que compartilhá-lo com
dois irmãos pequenos, que se mexiam de forma constante a
noite e sempre me golpeavam no rosto com um braço ou um
cotovelo.

Era todo meu.

Mas a casa alugada em que vivíamos, na verdade, não


podia nem sequer ser classificada como casa. No dia que Noel
chegou em nossa porta e viu como sobrevivíamos, reuniu nós
três e nos mudou para a universidade com ele. Após esse dia,
não voltei a ver minha mãe inútil.

Embora soubesse o muito que Aspen e Noel se


sacrificavam para nos manter aqui e cuidar de nós, tudo o
que tinha no Ellamore era um milhão de vezes melhor que
qualquer coisa que tive lá em casa. Meu irmão mais velho era
meu salvador pessoal. Salvou-me em mais de um sentido ao
me trazer aqui.

E como eu paguei a ele? Me deitando com seu melhor


amigo. Aí se acabou meu prêmio da irmã do ano.

Com um pouco de choro de culpa, fechei meus olhos


com força e passei uma mão por cima de minha testa
dolorida. O que aconteceu ontem à noite, me deixava com um
grande conflito. Acredito que senti todas as contradições de
um livro. Envergonhada e mesmo assim, emocionada.
Assustada por ser descoberta, mas logo totalmente cômoda
por saber quão bem se sentia em ser sustentada nos braços
de Oren. Saciada por tudo o que me deu ontem à noite, mas
com vontade de mais. Ansiosa para vê-lo outra vez, mas
horrorizada pela mesma ideia. Culpada e eufórica, deprimida,
mas extasiada, acordada embora esgotada pelos
pensamentos que enchiam minha cabeça.

Sabendo que podia ficar aqui o dia todo, preocupei-me


em sucumbir a um ataque de pânico, então retirei meus
lençóis e saí da cama. Durante os primeiros três meses de
minha estadia aqui, fui uma casca de ovo vazia. Não deixei
meu quarto, a menos que fosse obrigada a fazê-lo e isso foi
horrível. Não foi até que comecei a universidade e conheci
Zoey, Reese e Eva e toda a turma de Noel, que comecei a viver
de novo. Mas sempre que me lembrava, queria me esconder
sob meus lençóis todos os dias e só ficar debaixo deles.

Essa era a razão principal do porquê não ficaria na


cama pensando a respeito do que fiz.

De todo jeito, já aconteceu. Agora não existia forma de


voltar atrás.

Mas enquanto tomava uma ducha e passava sabão


sobre mim, meu sensível corpo não me permitiria parar de
pensar. Jamais o esqueceria. Meus mamilos estavam eretos e
meu clitóris inchado com luxúria.
Eu não era uma grande fanática em masturbação.
Pensei que Sander ao me desprezar, matou tudo relacionado
ao sexo em minha vida. Jamais me toquei, não até que a
presença de Oren lentamente fizesse que meus desejos
despertassem, e então me masturbei pela primeira vez... há
alguns meses.

E a única vez que o fiz foi quando pensei nele. Como


fazia agora. Exceto que agora, sabia o que sentia estando com
ele.

Oh, Deus. Como pude me converter em alguém tão


descontrolada? Jamais senti necessidades assim tão fortes
antes que ele aparecesse. Eu gostava de me sentir dessa
forma, mas também me assustava. Meu Deus, será que
estava me tornando igual a minha mãe, que ignorava seus
próprios filhos quando encontrava o próximo pau que a
enchesse? O que se...?

Demônios. Não é porque eu gosto de ter relações com


um menino que vou me converter em minha mãe. Me tocar
na ducha não vai me transformar em minha mãe.

Pressionei minhas costas contra a parede da ducha e


me esfreguei com uma mão enquanto beliscava um mamilo
inchado com a outra. A água corria por cima de mim e
parecia que eram suas mãos, me tocando em toda parte. Só
que quando minhas coxas tremeram e minha vagina se
apertou, preparando-se para gozar com força, um punho
golpeando a porta do banheiro apagou meu êxtase.
— Jesus Cristo, Caroline! Quanto tempo mais vai ficar
aí? Quero fazer cocô.

— Demônios, Brandt! —Gritei em resposta. — Quase


terminei. — Ou melhor, agora não acabaria nada. O pequeno
chutador de traseiros matou um momento perfeitamente
bom. — Gruuuurr. —Me enxaguei e fechei a torneira.

Nesta casa, tínhamos três quartos e dois banheiros, mas


algumas vezes, ainda me sentia tão presa como na casa do
parque. Achar um emprego melhor e me mudar soava cada
vez melhor. Noel enlouqueceria e brigaria o tempo todo, ele
ainda era super protetor e se preocupava comigo, mas já não
era meu tutor legal, então suponho que não precisasse de
sua aprovação.

Mas, ainda assim a queria.

Depois de o decepcionar no ano passado, ainda


precisava de seu amor absoluto e sua aceitação.

Mais golpes impacientes chegaram enquanto envolvia


uma toalha ao redor de meus peitos.

—É sério, Caroline. Tenho que usar o banheiro. —


Queixou-se meu irmão de quatorze anos.

Com um suspiro, prendi meu cabelo em uma toalha


como um turbante e logo abri a porta para olhar meu irmão
que tinha que reconhecer, agora era mais alto que eu.
Quando diabos cresceu tanto?

Devolveu-me o olhar.
Arqueei uma sobrancelha e esperei que se afastasse
para que pudesse sair e o deixasse entrar.

— Por que não usou o banheiro do Noel e da Aspen se


estava com tanta vontade? — Tinham um banheiro privado
conectado a seu quarto, e era dez vezes mais agradável que
este.

— Porque Aspen já estava lá dentro. — Brandt me


empurrou de lado enquanto entrava de forma abrupta.

Deixei escapar um suspiro indignado e fui para o


corredor, fechando a porta atrás de mim, porque o
pressentimento de que ele não esperaria que eu fosse antes
de começar a fazer suas necessidades. Asqueroso, isso sim.
Fez-me desejar pela bilionésima vez ter três irmãs em lugar
de três irmãos.

Fui para meu quarto para me vestir e secar meu cabelo,


depois para a cozinha onde encontrei Aspen, acordada e
preparando o café da manhã. Parei na porta e olhei para ela,
me dando conta de que agora tinha uma irmã.

Não se parecia em nada com Noel para começar, nem


sequer estava certa de como encontraram uma razão para se
conectar, mas podia ver a intensidade de seu amor quando
estavam juntos, assim nada importava. Era cada um na sua,
suponho.

Estava feliz por Noel se apaixonar e conseguir ficar com


ela, porque ela era, em absoluto, um presente do céu.
Acolheu os quatro irmãos Gamble em sua casa e nos
permitiu ficar ao redor até que reorganizamos por completo
toda sua vida. E parecia agradecida por isso, como se
estivesse contente por termos arruinando seus planos.

Como se sentisse minha presença, olhou sobre seu


ombro e saltou.

— Oh! Bom dia, Caroline. — Me direcionou o mais doce


sorriso, enquanto levava uma jarra de suco para a mesa. — O
café da manhã está quase pronto.

Quando duas metades de um pãozinho pularam da


torradeira, aproximei-me para colocar o queijo e os morangos
favoritos de Colton.

— Obrigado. —Disse Aspen. — Não tinha que fazer isso.

Coloquei uma mecha de meu cabelo úmido atrás de


minha orelha e encolhi os ombros.

— Está tudo bem. Não me importo. Honestamente,


queria me sentir mais útil do que geralmente me sinto por
aqui.

Um ano atrás, era eu quem atendia a maioria das


necessidades de Colton e de Brandt. Em nossa antiga casa,
era eu quem os alimentava, lavava suas roupas, me
assegurava que tomassem banho e comprava tudo o que
precisavam. Mas logo que nos mudamos, Aspen se
encarregou perfeitamente de todas essas funções. Nessa
época, não me achava em condições de fazer qualquer coisa
por mim mesma, então não resisti. Na verdade, retrocedi
tanto no último ano que me tornei menos independente que
em qualquer outro momento da minha vida.
Sei que isso soa louco, mas só ressalta o desastre tão
grande que eu era.

Ainda me sentindo incômoda por fazer as coisas da


cozinha enquanto Aspen se encontrava também ali, pulverizei
o queijo tão rápido como pude e levei os pãezinhos para a
mesa onde Aspen já tinha tudo preparado para quatro
pessoas. Olhei o assento vazio onde geralmente Noel se
sentava. Não havia prato, nem xícara, nem talheres em seu
lugar, o que me dizia exatamente onde estava.

— Noel está de novo na cafeteria com....?

— Os meninos. — Terminou Aspen por mim com um


sorriso e virou seus olhos. — Não sei porque sente que tem
que ir lá para fazer sua tarefa de inglês. Não é como se eu
estivesse de pé junto a seu ombro e corrigisse sua gramática
ou algo assim.

Ri porque isso é quase exatamente o que fez este ano


cada vez que Brandt, Colton ou eu trabalhávamos em algo
que envolvesse o inglês. Mas os Gamble mais novos, na
verdade, apreciavam e graças a isso, obtivemos notas
espetaculares. E de fato, Aspen adorou compartilhar seu
conhecimento na matéria. Então, era uma situação onde
todos ganhávamos. Noel era o único imbecil teimoso que não
queria que ela ajudasse. Acredito que isso feria seus
sentimentos tanto quanto adorava. Sabia que ele desejava
impressioná-la com seu próprio trabalho.

Me sentando em meu lugar na mesa, mordi o lábio,


ainda olhando o lugar vazio de Noel. Parecia estranho saber
que estava com Oren. E se Oren... Oh Deus. É obvio, Oren
contaria sobre ontem à noite. Oren era exatamente o tipo
"beije e compartilhe com todos".

Caralho. Meu próprio irmão sabia de cada coisa


pervertida e deliciosa que ele fez. Se Oren contasse a respeito
do cabelo, ia morrer absolutamente. Por que não pensei nesta
possibilidade até agora?

Talvez porque estive muito preocupada em obter minha


primeira experiência com Oren Tenning. Nada mais importa.
Nem meu orgulho, nem meu senso comum, nem minha
prudência, nem meu irmão. Nada.

Não existia nenhuma maneira de que Oren pudesse


descobrir que era eu. Era embaraçoso. E não tinha ninguém
mais a quem culpar a não ser eu mesma.

—Aspen! Aspen! — Gritou Brandt, correndo na cozinha


com o jornal da manhã enrolado sob seu braço. Patinou em
suas meias, até parar em frente a ela enquanto levantava e
agitava o jornal. — Adivinha?

— O que? Tudo bem? Onde está Colton?

— Ele está bem. Estamos todos bem. Isto é.... um pouco


diferente. — Brandt afugentou suas preocupações antes de
soltar o elástico que estava enrolado no jornal e abrir ele
sobre a mesa, bem em cima do meu prato de café da manhã.
— Sarah acaba de enviar um texto com as notícias.

— Que notícias? — Perguntei, curiosa por saber sobre o


que ele estava falando. Por outro lado, Aspen não devia ter
um osso curioso em seu corpo. Deu um doce sorriso e apoiou
uma mão em seu ombro e a outra em seu coração. — Já
sabe, acho maravilhoso que tenha feito amizade com a irmã
mais nova de Mason.

— Sim. — Distraído por completo, o menino de quatorze


anos se agitou. — Olhe isto. — Passou as páginas até que
chegou a uma lista de obituários. Logo parou e apontou. —
Aqui. Esse cara.

Aspen e eu nos inclinamos.

— Roger Martin Rowan? — Leu lentamente Aspen, suas


sobrancelhas subindo diante da confusão. Quando me olhou,
neguei com minha cabeça, deixando ela saber que não tinha
ideia de quem era.

— Sim! — Anunciou Brandt com orgulho, e seu sorriso


se expandiu até a orelha. — Está morto.

— Ahm... — Aspen piscou e me olhou de novo. Encolhi


os ombros, ainda sem saber porque era uma notícia tão boa
que alguém tivesse morrido.

Dei a meu irmão um olhar questionador.

— Sim, entendemos essa parte... por toda essa coisa do


obituário.

— Era um professor de inglês na Escola Secundária


Ellamore. — Disse Brandt revirando seus olhos, como se isso
fosse óbvio, o que deveria ter acontecido na verdade se
tivéssemos lido seu obituário. Mas não tínhamos feito isso. —
Sarah disse que programei ter aulas com ele no próximo ano
quando se inscreveu para o Ensino Médio.
Aspen murmurou com simpatia.

— Oh, não. Você o conhecia? Pobre Sarah. — Os ombros


de Brandt desabaram. Suspirou e negou com sua cabeça.

— Jamais conheci esse cara em minha vida. Esse não é


o ponto.

— Então, qual é o ponto? — Perguntei, cansada de que


não chegasse a um ainda.

— O ponto é que vamos precisar da merda de um novo


professor de inglês para o próximo ano!

— Brandt. — Aspen franziu imediatamente sua testa. —


Por favor, olhe o palavreado. Sei que seu irmão mais velho
amaldiçoa todo o tempo, mas não pode ir por aí falando dessa
forma em... —Sua reprimenda se apagou enquanto as
palavras dele, por fim, pareciam formar raízes em seu
cérebro. — Espere. Acaba de dizer... — Agarrou o jornal e o
aproximou mais de seu rosto para ler em mais detalhe o
obituário do Roger Martin Rowan. — Oh, por Deus. —
Murmurou, levantando seu olhar das palavras impressas. —
No próximo ano vai haver uma vaga na Escola Secundária
Ellamore. Será uma oportunidade para um professor de
inglês!

O jornal saiu voando enquanto literalmente ela pulava


de alegria. Jamais a vi pular. Parecia estranho, mas na
verdade era divertido. Logo agarrou a Brandt e o abraçou em
um círculo feliz. Depois disso, me levantou de minha cadeira
para me envolver em seus braços entusiasmados.
— Vou conseguir este trabalho! — Declarou e parecia
tão certa e animada que senti que meu próprio entusiasmo
crescer junto ao dela. — Tenho que conseguir este trabalho.
É como... acredito que está destinado a ser assim. Oh, Deus.
Sinto-me tão mal. Mas nunca fiquei tão feliz de ver alguém
morto. — As lágrimas começaram a cair por seu rosto. Não
estava certa se eram pela culpa, pelo entusiasmo, pelos
nervos, ou talvez uma mistura de todos eles.

Evidentemente abalada, balbuciou e soluçou um pouco


mais.

—Preciso... preciso atualizar meu currículo. Oh, Deus.


Nem sequer sei o que fiz com minha roupa de entrevistas. Me
desculpe. Deveria...

— Vá. — Rindo, fiz gestos para que fosse para a sala e


ela seguiu minha instrução sem vacilar.

Brandt e eu sorrimos um para o outro, e toda a irritação


que me causou por matar meu orgasmo na ducha se
desvaneceu. Queria dar um abraço nele por fazer Aspen tão
feliz.

— Então, quais são as possibilidades de que na verdade


consiga o trabalho? —Perguntou.

Franzi a testa porque parecia muito sério.

— Oh, ela conseguirá. Tem que conseguir.

Aproximou-se mais, agora sério e com um olhar


preocupado.
— Sim, mas e se tiverem escutado alguns dos rumores a
respeito dela e Noel?

Endireitei-me, surpresa pela pergunta sem sentido.

— Sabe sobre isso? — Não tinha ideia de que ele


soubesse.

Com um suspiro, virou seus olhos.

— Tenho quatorze anos, não sou estúpido. É obvio que


sei que foi despedida por culpa dele. Estava lá quando seu
antigo chefe veio em seu quarto no hospital depois de que
rompeu sua clavícula e a ameaçou. Lembra?

— Sim, mas... — Suspirei. Tinha razão, tinha quatorze


anos, já não era um menino. Droga, é claro que sabia o que
aconteceu, e sabia exatamente quantos problemas Aspen teve
por se relacionar com um estudante.

— Bom, se de alguma forma milagrosa souberem, talvez


não seja um grande assunto já ela terminou se casando com
o estudante que teve uma aventura. Além disso, ambos são
legalmente adultos, e.... isso foi no nível universitário. Quero
dizer, vamos. Certamente saberão que não fará isso com um
mísero menino do ensino médio.

— Ei. — Elevou suas mãos. — Vou ser um desses


míseros meninos do Ensino Médio, muito obrigado.

— Exatamente. — Disse. Quando me golpeou


ligeiramente no braço, ri. — Sério, se não a contratarem...
então só teremos que matar outro professor de inglês em
outro lugar para conseguir uma nova oportunidade.
Aspen era uma Gamble agora, e nós, os Gamble,
vivíamos por nossa família... ao menos esta geração o fazia.
Também estávamos dispostos a passar por um montão de
coisas para obter o que queríamos. A verdade é que não
assassinaríamos por Aspen, mas apreciávamos o poder de
uma boa mentira.

Depois de tudo, uma mentira bem jogada manteve Kelly


longe do quarto de Oren ontem à noite, para que eu pudesse
ocupar seu lugar.

Traguei saliva com nervosismo, deixando que minha


mente vagasse pensando nele outra vez. Perguntava a mim
mesma quem ele pensava que usurpou o lugar de Kelly.
Perguntava-me...

— Oh, sim. Eu gosto de sua forma de pensar. — A voz


de Brandt me trouxe de volta ao presente. Levantando seu
punho para que se chocasse com o meu, assentiu. —
Planejarei uma forma de tirar o próximo professor... se
tivermos que fazer isso.

Choquei meus nódulos com os seus.

— Agora, não faça nada muito sangrento. — Ele sabia


que tinha aversão a sangue.

Brandt riu e começou a falar de diferentes venenos e


formas de eletrocutar alguém "acidentalmente". Neguei com a
cabeça, me perguntando como os meninos pensavam em
coisas tão sangrentas. Cresci junto com ele, por isso a esta
altura estava acostumada, só que não. Nunca pude pensar
em coisas tão estranhas como as que de uma hora para outra
apareciam nas mentes dos meus três irmãos.

Brandt e eu estávamos na metade de nosso café da


manhã quando Colton por fim entrou na cozinha, esfregando
os olhos lacrimosos e bocejando.

— Bom dia, dorminhoco. —Disse ao menino de nove


anos. Eu ainda ficava continuamente alucinada pelo muito
que cresceu no último ano. Antes de nos mudarmos, ele era
um menino frágil que adoecia constantemente. Inclusive às
vezes me preocupava se chegaria aos dez anos. Mas desde
que nos mudamos para cá, floresceu. Sob a influência de
Aspen, estava tão saudável e feliz, que inclusive me fez
pensar que poderia ser o mais imponente dos três irmãos
Gamble.

Isso tudo me fez ver como cuidei mal dele. E de Brandt


também. Brandt nunca voltou para casa com um olho roxo
desde que chegamos aqui, em troca, quando estava aos meus
cuidados, estava constantemente. Eu devia ter os piores
instintos maternais do mundo, para deixar que nós três
caíssemos tão baixo.

Noel gostava de me tranquilizar e me dizer que fiz um


bom trabalho, que em comparação com nossa mãe, fui
incrível. Mas a verdade prevalecia, ele era muito melhor
cuidando da gente do que eu jamais seria.

Essa era outra razão pela que queria impressionar o


meu irmão mais velho. Senti como se falhasse. Se cuidasse
melhor de Brandt e de Colton, não reorganizaria toda a sua
vida para nos recolher e nos acolher em Ellamore.

Por mais que me culpasse, Colton não parecia ter


qualquer ressentimento contra mim. Depois de olhar ao
redor, provavelmente procurando Aspen “seu primeiro amor”
caminhou para mim e se meteu em meu colo. Já era muito
grande, mas não me importava. Aconcheguei meus braços ao
seu redor e o abracei, aproximando-o, enquanto deslizava seu
pãozinho e seu queijo e morangos favorito para ficar na nossa
frente.

— Tive um pesadelo ontem à noite. — Disse Colton, com


voz acusadora. — Mas não estava em seu quarto.

Que viesse para mim no meio da noite quando tinha um


pesadelo era lisonjeador e ao mesmo tempo uma dor de
cabeça. Enquanto Brandt, que compartilhava o quarto com
ele, se negava em deixar que seu irmão mais novo se
arrastasse em sua cama, estava certa de que Aspen não o
expulsaria se fosse para ela. Mas ele sempre me procurava.
Provavelmente porque ainda se sentia um pouco intimidado
ao redor de Noel, e Aspen dormia com Noel. Mesmo assim...
gostava de saber que precisava de mim, apesar de que não
era certo deixá-lo monopolizar minha cama, porque estava
acostumado a dormir bem contra mim com um braço ou uma
perna sobre meu corpo.

No outro lado da mesa, Brandt arqueou as


sobrancelhas.
— O que? Nossa irmã mais velha não estava em casa
ontem à noite? Onde foi, Caroline?

Revirei os olhos e me ordenei a não ficar vermelha.

— Saí com Zoey para ver à banda no clube. Tolo. — E


depois me converti em uma mulher ardilosa e suja que se
enganchou com o melhor amigo de Noel.

Por Deus.

Me encolhi e o sabichão do Brandt percebeu que não


dizia toda a verdade.

— Hummm aham. — Murmurou, como se não o


convencesse. — Tanto faz.

Fiz uma careta e logo alisei o cabelo do Colton em sua


testa antes de beijar sua têmpora.

— O que sonhou, amorzinho?

— Sonhei com a mamãe. — Sua confissão fez que tanto


Brandt como eu nos sentássemos direitos. Brandt inclusive
deixou de mastigar. — Aparecia e nos levava longe daqui. —
Colton estremeceu e colocou a cara em meu peito. Apertei
meus braços ao seu redor e quase derramei uma lágrima ou
duas. Não passou despercebido que meu próprio irmão tinha
medo de nossa mãe. Ambos tínhamos o mesmo tempo sem
ver ela, mas suponho que ele ainda tinha medo de que o
levasse de volta.

— Nunca terá que se preocupar que isso aconteça. —


Disse a ele. —Aspen e Noel agora são seus tutores legais.
Inclusive se Daisy aparecesse e quisesse te levar, não poderia
fazer isso sem passar primeiro por cima deles e de todo um
juizado. E também passar por mim.

— E também por mim. — Disse Brandt. — Não temos


que nos preocupar com ela nunca mais. Tudo bem, amigo?

Colton assentiu, mas percebi que o pesadelo o deixou


nervoso. Um calafrio passou por sua coluna vertebral.
Comecei a esfregar suas costas e coloquei sua cabeça em
meu ombro. A ideia de me mudar daqui logo se foi para parte
de trás da minha mente.

Talvez não fosse um membro dispensável da família


depois de tudo. Talvez pudesse servir para algo e assim Noel
recuperaria parte da confiança que estava acostumado a ter
em mim. Mas uma coisa era certa, para obter isso, nunca
poderia deixá-lo saber o que fiz com Oren... inclusive que eu
queria fazer de novo.
CAROLINE

Estive afastada dele durante tanto tempo quanto foi


possível. De verdade! Mas havia algo a respeito de Oren
Tenning que me mantinha voltando por mais. Eu gostei de
como foi tão doce e agradável comigo quando nos
conhecemos faz um ano, mas gostei ainda mais de como se
converteu em um sabichão. A única coisa que nunca gostei
foi sua constante atenção brincalhona com outras mulheres.
Poderia viver sem aquilo.

Minha obsessão era o contrário de saudável, mas nunca


fui conhecida por seguir o caminho saudável. Certo?

Às cinco da tarde, o desejava como um viciado precisava


de sua próxima dose. Sabia que Noel tinha que trabalhar esta
noite — escutei-o mencionar para Aspen. E Asher sem dúvida
estaria lá. Ele gostava de trabalhar aos sábados desde que a
converteram em noite de karaokê e a música do clube era sua
criação. Além disso, os sábados se tornaram tão concorridos
ultimamente que agora precisavam de três garçons em vez
dos dois regulares.

Dei uma olhada no horário de trabalho de Noel e, sim,


Oren trabalhava esta tarde.
Isso significava que precisava de uma razão para visitar
o clube noturno Forbidden.

Mordi o lábio, repassando as opções que juntei em


minha cabeça. Não podia ir sozinha, Noel saberia que algo
estava acontecendo. Por que tinha que trabalhar esta noite,
também?

Sacudi a cabeça, fazendo pouco caso desse pequeno


impedimento. Não importava que Noel trabalhasse. O que era
um obstáculo a mais para superar se eu conseguisse o que
queria? Não era como se simplesmente fosse saltar sobre
Oren bem lá no bar. Ainda não queria que soubesse que eu
era a mulher que esteve na noite passada.

Só tinha que vê-lo e não fazia diferença alguma se meu


irmão estava lá ou não. Mas isso significava que precisava de
alguém comigo “uma companheira” ou Noel poderia
suspeitar. Assim, chamei minha fiel melhor amiga.

Zoey respondeu no terceiro toque.

— Olá? — Estava um pouco sem fôlego, fazendo me


perguntar exatamente o que eu interrompi.

Fiz uma careta. Genial. Oren trabalhando significava


que Zwinn tinha o apartamento, que compartilhavam com
ele, para eles essa noite.

Bom, teriam que conseguir seu tempo de aconchegar-se


outra noite. Eles tinham seu felizes para sempre e o resto da
eternidade para estarem juntos.

— Preciso de você. — Eu disse.


— Oh, não. O que está acontecendo? — A preocupação
imediatamente apareceu em sua voz. Maldição, eu a amava.

— Fiz a coisa mais louca de toda minha vida, e agora


mesmo, preciso de seu apoio e aceitação, e.... e ajuda. Preciso
de sua ajuda.

— Está bem. — Disse lentamente. — Preciso levar


minhas botas de montanha, uma pá e um pouco de cal, ou o
dinheiro da fiança?

Ri e relaxei.

— Nenhum dos dois. Não matei ninguém... e não estou


presa. Nem sequer violei a lei.

— Bom, isso é um começo. O que tem feito?

— Hum... Acredito que tenho que te dizer isto


pessoalmente. Podemos ir no Forbidden em, digamos... meia
hora?

— Claro.

Mordi o lábio e respirei fundo antes de acrescentar a


parte mais difícil de minha petição.

— E.... pode ir sem o Quinn?

Seguiu uma pausa. Então, finalmente, perguntou.

—Por que não posso levar o Quinn?

— Porque... isto é uma coisa de garotas e eu... eu


simplesmente não posso falar disso com essa descomunal
pilha quente de testosterona respirando sentado entre nós.

— Mas, ele não é....


— Zoey, por favor.

Suspirou.

— Está bem. Quinn pode ficar em casa.

Fiz um punho com minha mão e a impulsionei no ar.


Sim!

—Obrigada, obrigada, obrigada! Me pegue em casa. Até


logo.

Depois de dizer as últimas palavras, desliguei antes que


se arrepende-se. Zoey odiava fazer algo sem Quinn, mas eu
não ia deixar que isso a detivesse.

Meia hora mais tarde, os faróis de seu carro apareceram


através da janela da frente e das paredes da sala, quando ela
chegou. Levantei do sofá onde Colton estava me abraçando e
assistindo Goonies.

— Aí está Zoey. Tenho que ir. Nos vemos amanhã,


meninos. — Aspen levantou a cara de seu computador
portátil, onde provavelmente continuava aperfeiçoando seu
impecável currículo. Sentada com as pernas cruzadas em
uma cadeira lateral, usava uma das camisetas velhas do Noel
e um par de shorts desfiados.

—Oh! — Surpresa iluminou sua voz enquanto olhava


minha roupa. — Vai sair? — Depois de dar a Colton um
sorriso tranquilizador, para ele saber que ela ainda se
encontrava aqui para ele, voltou sua atenção para mim. — Se
divirta.
Graças a Deus ela era muito menos curiosa que Noel.
Não me perguntou aonde ia, com quem estaria, o que estaria
fazendo ou quando estaria em casa. Era bom saber que
alguém neste lar podia me tratar como uma adulta e me dar
um pouco de confiança.

Saltei sobre o Brandt que estava jogado em uma bolsa


de frijoles1 no chão, de onde assistia o filme. Inclusive
consegui chutar seu pé quando, de forma deliberada,
estendeu sua perna para me fazer tropeçar.

Uma vez lá fora, parei para respirar profundamente.


Realmente faria isto? Apenas... passar o momento e espionar
um menino que eu gostava? Isso soou pouco convincente e
desesperado. Mas, sinceramente, não acreditava que
conseguiria superar ainda mais minha graduação na escala
de loucura depois do que fiz na noite anterior. E quanto mais
pensava em todas as desagradáveis putas que estariam
rondando por todo o bar, tentando paquerá-lo, mais me
convencia que não podia ficar em casa, vendo filmes dos anos
oitenta com minha cunhada e irmãos mais novos.

Assentindo com propósito reafirmado, fui para o carro


esperando por mim. Amava o carro de Zoey. Era um desses
bonitos, limpos e antigos novos sedans de luxo. Ela tinha
dinheiro, mas não poderia saber a menos que visse seu carro.
Desejei ter um. Na verdade, tinha um pouco de dinheiro para
conseguir um, mas Noel me convenceu a gastar esse dinheiro
apenas com coisas importantes... como a matrícula

1
pasta de feijão típica mexicana
universitária. E desde que foi capaz de conseguir um
caminhão desmantelado, o que significava que tínhamos dois
veículos em casa, “o seu e o de Aspen” no geral não precisava
do meu próprio carro.

Zoey passava as estações na rádio quando abri a porta


do passageiro. Levantou os olhos quando entrei e coloquei o
cinto de segurança.

— Olá. — Sua voz era muito alegre, seu sorriso muito


brilhante. Parecia uma grande inquisição atormentada pelos
remorsos. Não podia suportar a pressão.

Então eu disse.

— Fiz sexo com Oren ontem à noite. —Em um comprido


fôlego, só para gemer com dor e me afundar mais no assento
do carro enquanto colocava minha cabeça em minhas mãos
em derrota.

Esqueça a tortura chinesa da água e dos parafusos, só


bastou um inocente sorriso de melhor amiga e já me
encontrava soltando tudo.

Ela era boa.

Mas, oh, era um alívio finalmente confiar em alguém.

— Mmm... — Zoey envolveu ambas as mãos ao redor do


volante como se precisasse se segurar em algo estável para se
preparar. — Se esse for o código para outra coisa, eu não...
eu não o entendo.

Olhando a seu redor para me assegurar de que ninguém


escutava, apesar de que nos encontrávamos sentadas
sozinhas em um carro fechado na escuridão, “olhe, ela
poderia ter escondido o Quinn no assento traseiro! ” Inclinei-
me sobre o console central e confessei

—Esse não é um código. Para nada. É sério, fiz sexo com


ele. Ontem à noite.

— Mas isso não... — Sacudiu a cabeça— Espera. O que?


— Seus olhos se abriram e colocou suas duas mãos sobre a
boca. — Quer dizer que você é a Visitante Noturna?

— Quem?

— Quinn me disse... Oh bom Deus, Caroline. Por favor,


não me diga que entrou em seu quarto na noite passada na
escuridão e.... e.... Bom, sem que ele soubesse que era você.
Fez isso?

— Entrei em seu quarto escuro sem que ele soubesse


quem era e fiz sexo com ele... duas vezes. Bom, duas vezes
para ele. Quatro explosões para mim.

Zoey segurou o fôlego e levou as mãos ao peito.

—Merda. —Disse uma garota que provavelmente só


disse três más palavras em voz alta em toda sua vida. — Oh,
Deus. Por que me disse isto? —Começou em uma espécie de
voz baixa enquanto falava mais para si que para mim. — Não
deveria me dizer isto. Eu não deveria saber.

— Tinha que dizer a alguém. — Argumentei. — Porque


minha mente está completamente danificada. Foi bom. Oh,
Meu Deus, foi tão bom, Zoey. Como... se quisesse construir
uma casa dentro de minhas calcinhas e obrigá-lo a viver lá
permanentemente. Não posso guardar isto para mim. E você
é minha melhor amiga. A quem mais eu poderia dizer?

— Mas ele é meu companheiro de casa! — Exclamou. —


E do Quinn.... Oh, não. Quinn. Não posso esconder isto do
Quinn.

— Uh, sim, pode. De maneira nenhuma Quinn pode


saber disto. Ele dirá a Oren, ou pior... a Noel.

— Noel. — Ofegou Zoey. — Merda. Se Noel souber...

— Sei. — Sussurrei. —Então só vai ter que manter isto


entre nós duas.

Zoey engoliu a saliva, mas nos tirou do caminho de


entrada.

—Por que? — Perguntou finalmente. —Por que me põe


nesta situação? Sério? O que eu te fiz?

Acariciei seu braço, me sentindo de repente menos


estressada e mais alegre agora que consegui tirar o segredo
de meu peito.

— Só um benefício de ser minha melhor amiga.

Quando me lançou um olhar seco dentro do carro


escuro, sorri. Por último, suspirou e relaxou seus ombros.

—Então... por que fez isso? Digo, sei o muito que você
gosta dele, mas isto parece... um pouco extremo.

Um pouco? Ha! Adorava suas notificações.


Não muito certa de como explicar, já que foi uma dessas
ideias imprudentes que não se tem tempo de pensar, encolhi
os ombros.

— Uma vez, você me disse que ele gostava de mim.

— Ele gosta, Caroline, mas também te disse o porquê ele


se mantém longe.

Soltei um suspiro e olhei pela janela.

— E te disse que se ele gostasse tanto de mim quanto eu


gosto dele, não ia deixar que meu irmão se colocasse entre
nós. E não o fiz, certo? Ao fazer desta maneira, posso
proteger tanto Noel como Oren. Noel nunca saberá, e Oren
tampouco, assim nunca terá que se sentir culpado por isso. É
basicamente a solução perfeita.

— Ceeerto.

Franzi a testa por seu tom sarcástico. Supunha-se que


eu devia ser a engenhosa e sarcástica das duas. Ela era a
amiga doce e calma. Por que eu não estava sentindo o doce
apoio?

Oh, sim. Porque finalmente cheguei ao fundo do poço, e


de maneira nenhuma, ninguém poderia “nem sequer Zoey
Blakeland” apoiar isto.

— Sabe, ele já disse ao Quinn e ao Noel sobre você.


Estão te chamando de A Visitante Noturna.

Me encolhi enquanto as náuseas se revoltavam em meu


estômago.

— Disse ao Noel? Merda. Tinha medo disso.


— Bom, o que esperava? Estamos falando de Ten. Não é
exatamente do tipo calado quando se trata de compartilhar os
detalhes de sexo.

— Sei. — Gemi. —Mas... não podia evitar, Zoey. Ele é....


é tão... é Oren. Tudo dentro de mim se enche de vida quando
ele está perto. Estive louca por ele durante tanto tempo, o
querendo há meses, que já estava ficando louca. E ele nunca
ia fazer nada a respeito. Você sabe isso.

Assentiu pensativa.

—Tem razão. Ele não teria feito. Apesar de todos seus


defeitos...

— E tem muitos. — Concordei.

Sorriu.

— Sempre foi uma das pessoas mais leais que conheço


quando se trata de seus amigos. Vai contra tudo e todos por
eles. E nunca trairia nenhum deles.

Engoli saliva.

— Está tentando fazer eu me sentir culpada? Porque


está funcionando.

— Não. — Se apressou em dizer. — É que... suponho


que de certo modo, me alegro de que o fizesse desta maneira.
Quero tanto os dois juntos. Os dois merecem amor e
felicidade. Tenho medo de que sua... sua...

— Estupidez? — Eu disse.

— Descarada coragem. — Corrigiu enquanto entrava no


estacionamento no outro lado da rua do clube. Quando
desligou o carro, virou para mim. — Mas sério. — Fez uma
careta— Como acha que vai terminar isto?

Me encolhi e em voz baixa respondi:

— Mal. Provavelmente epicamente... desastrosamente


mal...

Encontrava-me tão segura de que ela assentiria e estaria


de acordo, mas mordeu o lábio um momento antes de
murmurar:

—Não sei. Talvez terminará bem. Quero dizer, nunca em


um milhão de anos pensei que Quinn e eu íamos terminar
juntos quando o conheci. Então, talvez...

Peguei sua mão e a apertei com gratidão.

— Eu te amo. Sabe que isto vai acabar terrivelmente, e


pensa que sou louca e talvez estúpida, mas mesmo assim,
aqui está, me apoiando. Obrigada.

Zoey devolveu o aperto, e olhou pela janela as luzes


intermitentes do bar em frente.

— Portanto, sei que Ten está trabalhando esta noite.


Suponho que estamos aqui para nos assegurar de que
nenhuma outra mulher tenha suas patas sujas nele, certo?

— Uau. Você me conhece tão bem.

Suspirou e abriu a porta.

— Dá medo, não?
Havia uma fila para entrar esta noite. Depois que
atravessamos a rua e esperamos uns minutos na calma noite,
Harper, o porteiro, negou com a cabeça quando nos viu.

— Ah, caralho. Cheiro problemas.

— Sempre. — Respondi felizmente e me inclinei para


beijar sua bochecha. Harper sorriu, mas me afastou. —
Ouça, nada disso. Seu irmão está lá dentro. Quer que morra
lenta e dolorosamente? Agora, rápido. Me dê algo para olhar,
assim parece que estou comprovando suas identidades.

Fizemos e dissemos obrigada por nos deixar entrar sem


ter que pagar. Zoey me agarrou pelo braço logo que
começamos a passar por ele. Apertou-me com força.

— Espera. Não me disse que Noel também trabalhava


esta noite.

Encolhi os ombros e imediatamente deslizei minha


atenção para o balcão, mas droga, havia muita gente em meu
caminho. Não se dão conta de que precisava dar uma olhada
em Oren, tipo, agora?

— Apenas um probleminha. — Fiz um gesto com a mão


para Zoey, fazendo ela saber que não me preocupava com
meu irmão.

Mas ela gritou.

—Probleminha?

Murmurando o que parecia com uma oração em voz


baixa, pegou minha mão e começou a me conduzir para o
balcão.
Resisti, fazendo-a perder o equilíbrio por acidente, e
bem, quando se virou para mim com dúvida em seu olhar, ali
estava ele. Era como se a multidão se abrisse e as luzes de
néon azuis cintilassem sobre ele. Os músculos do meu
estômago imediatamente convulsionaram com prazer e
apertei minhas pernas. Estava quase tentada a cobrir meus
peitos palpitantes com meus braços.

— O que foi?

Nem sequer podia responder à pergunta de Zoey.


Encontrava-me muito ocupada alimentando o desejo. Mas,
vá.

Vi ele quase todos os dias desde que nos conhecemos


faz um ano. Ele era um visitante frequente na casa Gamble.
Meus irmãos menores o tratavam como a sua esteira pessoal
de abordar, e falando de abordar.... Queria abordá-lo neste
momento.

Entretanto, não importava quantas vezes o vi, ou o


quanto familiar era sua aparência, esta noite parecia melhor
que nunca.

Seu cabelo bagunçado parecia bem escuro neste tipo de


iluminação e destacava o fato de que tinha que barbear-se.
Não tenho ideia de como as arrumava para barbear-se assim,
já que sempre parecia possuir um restolho de barba, mas
ficava bem. Destacava os ângulos masculinos em sua
mandíbula e emoldurava seus lábios cheios à perfeição.

Caramba. Queria-o tanto. Meus dedos se fecharam, com


a vontade de seguir o caminho até seus braços tonificados.
Minha boca se encheu de água, querendo chupar seu pomo
de Adão.

Sabia que uma garota tinha uma grande queda quando,


inclusive, as retas e escuras sobrancelhas de um menino a
excitavam. E as suas definitivamente o fizeram.

— Acredito que vou gozar. — Disse para Zoey. Minha


mão se fechou sobre a sua enquanto minha respiração se
elevava.

Ela gritou.

— Santa...!!!

— Merda. — Terminei. Meu núcleo se apertou


dolorosamente. Não podia acreditar que me encontrava tão
excitada só de olhar para ele e lembrar. — Isto é embaraçoso.

Quando um grupo de garotas se aproximou do balcão,


Oren sorriu para elas com os lábios que ontem à noite
estiveram em minha pele, cintilando dentes que se
afundaram na parte traseira de meu ombro. Com os braços
abertos, apoiava suas mãos “essas mãos que tinham estado
em cima de mim, puxando meu cabelo, brincando com meus
clitóris e empurrando dentro de mim” na borda do mostrador
e inclinado para elas para escutar sua ordem. Grunhi por
elas estarem tão perto do meu homem, apesar de que ele era
o que se movia para elas.

— Quem diabos são elas?


— São clientes. Elas só querem uma bebida. Se acalme,
garota. —Zoey puxou minha mão e me levou para longe,
tirando minha visão privilegiada do meu homem perfeito.

Franzi o cenho para ela, apesar de que agradecia a


pausa. Meu corpo ainda palpitava por liberação, mas sem vê-
lo, a intensidade de cada pulso começava a diminuir.

Quando encontramos uma parte vazia na parede para


nos apoiar na parte mais escura do clube, inalei ar e me
obriguei a acalmar-me.

—Melhor? — Zoey estudou meu rosto com preocupação


enrugando sua testa.

Assenti.

— Sim. Obrigada.

Assentiu também.

— E agora o que?

Minha cara se enrugou quando a olhei.

— Tenho que o ver de novo. Quero dizer, não como eu.


Como ela. Só queria que ontem à noite fosse algo de uma só
vez, mas Zoey, não o entende. Foi tão.... Foi...

Enviou-me um sorriso triste.

— Na verdade, entendo. Totalmente.

Suponho que sim. Era difícil de acreditar, mas faz


apenas uns meses, Quinn foi completamente proibido para
ela já que ele esteve saindo com alguém mais. Não importava
o quanto todos outros poderiam dizer que eles se pertenciam,
tinha uma má sensação de que nunca ficariam juntos porque
ambos eram muito honráveis. Mas aqui estavam agora,
juntos e mais felizes que nunca.

Isso deveria me dar algum tipo de esperança.

Mas não o fez. Minha situação era um pouco diferente


que a deles. E eu não era de maneira nenhuma tão honrável
como eles.

— Tenho que de algum jeito penetrar de novo em seu


quarto sem que ele saiba que sou eu.

Zoey riu.

— O retorno da Visitante Noturna?

— Sim. — Assenti antes de que suas palavras se


afundassem. E de qualquer jeito, me ocorreu uma de minhas
ideias loucas e espontâneas. — Sim. — Murmurei de novo,
olhando-a um pouco maniacamente. — Visitante Noturna.
Zoey, isso é brilhante.

— Oh, Deus. — Gemeu, já se encolhendo. — O que


acabo de começar?

Agarrei seu antebraço, apertando entusiasmada.

— Pode conseguir seu telefone?

Começou a dizer que sim, quando se deu conta do que


realmente queria dizer.

— O que? Quer dizer agora?


CAROLINE

Cinco minutos mais tarde, Zoey abria espaço pela


multidão com o sorriso maior em seu rosto.

— Fiz! Consegui seu celular. — Parecia tão emocionada


e orgulhosa de si mesma que era adorável. — Não posso
acreditar que fiz isso. Me sinto como uma rebelde neste
momento.

— Oh, querida, você é. É muito. — Esfreguei as mãos. —


Agora me dê.

Entregou-me o celular. O plástico liso estava fresco em


minhas mãos. Parecia qualquer outro telefone inteligente com
uma capa azul claro, mas estava quase eletrificado em meu
tato, como se sua superfície santificada crepitasse contra
meus dedos.

Este era o telefone de Oren.

Sim, eu era muito tola por celebrar por só segurar seu


telefone. Mas não me importava. Estava segurando seu
telefone!

— Não vai trocar o número de ninguém, vai? —


Perguntou Zoey.

— O que? Não. É obvio que não. — Ao me dar conta que


me via como uma pessoa horripilante, limpei a garganta e
liguei o telefone antes de apertar o botão de início. Quando o
liguei, apareceu uma solicitação de senha. Gemi.

Mas que demônios? A sério protegia seu telefone com


uma senha? Não!

Dei uma olhada para Zoey. Levantou o olhar e mordeu o


lábio com simpatia.

— Alguma ideia? — Perguntei.

—Não. Mas não imagino que tenha uma senha difícil. É


talvez algo assim como um, dois, três, quatro.

Assenti. Sim, isso parecia próprio dele. Digitei. Nada.

Depois de pensar um segundo, tentei outra.

— Essa também não é.

— O que tentou? — Perguntou Zoey.

— Seis, sete, três, seis. Já sabe, os números de O—R—


E—N.

— OH, sim. Isso é o que Quinn põe em sua senha, mas


já sabe... o utiliza nove, seis, três, nove por.... Zoey. —
Ruborizou-se e sorriu até que seus olhos se abriram. — Oh!
Posso tentar um?

Franzi o cenho mas entreguei o telefone para ela.

— Toma. — Imediatamente ela digitou quatro números.


Tristeza entrou em seu olhar, mas logo assentiu. — Estou
dentro.

— O que? Sério? — Inclinei-me para ver a tela de início


com um fundo temático de futebol americano. Meu estômago
se lançou com entusiasmo e decepção porque ela o conhecia
melhor. — Que números usou?

— O que? —Ela franziu seu rosto rapidamente, com os


olhos muito abertos pela culpa.

Me afastei, franzindo a testa. O que tentava esconder?


Antes que pudesse enchê-la com perguntas, o telefone tocou
em suas mãos e ela gritou e quase o deixou cair. Teve que
procurar forças para que não se deslizasse entre seus dedos,
mas uma vez que o teve firmemente de novo em suas mãos,
seu rosto se drenou de cor. — Oh meu Deus, está tocando. O
que eu faço?

— Silencia-o! — Sussurrei, olhando a seu redor com a


esperança de que ninguém escutasse o timbre conhecido "We
want some pussy" de 2 Live Crew. Mas o lugar era tão
escandaloso e o karaokê era tão mal, que não acreditei que
tivéssemos um problema que alguém escutasse muito do que
fazíamos aqui em nosso conto privado.

Zoey, entretanto, continuou frenética.

— Como faço isso? Não sei onde... — Suas palavras se


cortaram quando sua atenção se concentrou na tela. E só
assim, toda sua cara se iluminou. — Oh, é Quinn.

Pressionou em Responder e levou o celular para sua


orelha.

—Não! — Gritei, empurrando o celular longe.

Muito tarde.
Foi um instinto natural para ela falar com seu homem.
Já dizia.

— Olá! —Uma fração de segundo depois, seus olhos se


abriram como pratos e dirigiu seu olhar para mim. —Oh,
merda. —Murmurou ao dar-se conta de que acabava de
atender o telefone de Oren.

Podia ouvir a voz de Quinn no outro extremo da linha,


sem dúvida, lhe perguntando porque atendia seu telefone.

O pânico encheu seu rosto.

—Ahm... porque ajudei Caroline a roubá-lo. — Disse, só


para estremecer e pressionar a mão contra sua cabeça. —
Sinto muito. — Sussurrou para mim. Logo continuou
confessando tudo. — Porque ela é a Visitante Noturna... e eu
estou a ajudando a configurar um desses números de
telefone do Google Voz em sua lista de contatos e....

— Zoey! — Arranquei o telefone de sua mão antes de


que pudesse contar tudo... apesar de que já o fez.

— Sinto muito. — Lamentou-se uma vez mais,


claramente consternada. —Mas não posso mentir para ele.
Simplesmente... não posso. Juro que sua voz é um soro da
verdade para mim.

Grunhi e apertei o telefone em meu ouvido, minha


mente dando voltas sobre como poderia cobrir os danos.

—Quinn? — Disse com vacilação antes de morder meu


lábio.
—Caroline. — Era geralmente agradável e amável
comigo, mas o tom duro em sua voz quando disse meu nome
me fez saber que não se sentia muito agradável... ou amável.
Então explodiu. — Em que diabos acaba de colocar a minha
noiva?

— Sinto muito. — Disse imediatamente. É sério sentia


por ter colocado ela em uma posição tão horrível. — Mas era
a única pessoa com que podia contar. Sabe, deve ser uma
honra ter uma mulher tão confiável.

— Sim, bom. Estou muito zangado no momento porque


a envolveu em uma pequena rede de mentiras. Zoey odeia
mentir.

— Sei. Sei. — Fiz uma careta, sentindo ainda mais


culpa. Se eu fosse inteligente, cortaria isto agora e iria para
casa, querendo que esta noite jamais tivesse acontecido. Mas
quando se tratava de Oren, não era inteligente. Era muito
emocional para essa merda.

— Sinto-me como uma merda por envolvê-la nisto,


mas... já é muito tarde. Por favor, só me diga que não vai
dizer a Oren... ou a Noel.

— A sério que está me pedindo para mentir para meus


dois melhores amigos na Terra?

Oh, Deus. Estava fodida. Mas disse.

— Sim, suponho. Sinto muito. Mas, por favor. — Por


favor, por favor, por favor.
É obvio que ele diria a eles. Por que não deveria? Sua
lealdade sempre estaria tanto com Oren como com Noel antes
de que mentisse por mim.

Sentia como se minha vida tivesse terminado. As coisas


começaram a afundar na boca de meu estômago. Coisas más
e terríveis que não pertenciam nem de longe a um estômago.

Pânico, medo, hiperventilação. Noel ia saber o que fiz.

Oh, merda. Oren ia saber. O que faria quando soubesse


que a mulher de ontem à noite foi eu? Voltaria a falar
comigo? Estaria aborrecido?

— Merda, Caroline. — Murmurou Quinn em meu


ouvido. — Por mais que acredite que ambos têm direito de
saber o que fez, teve que colocar Zoey nisto? Não posso deixar
que a peguem por isso.

Pisquei, surpresa e sem fala. Mas, Oh meu Deus.


Esqueci por completo que tinha uma pessoa que sempre
apoiaria, com quem sua lealdade era inclusive mais forte que
as que tinha para seus dois melhores amigos na Terra.

Um lento sorriso se estendeu por meu rosto. Tinha Zoey


do meu lado, o que significava que também o tinha. Sim!

— Então, não vai dizer a eles?

— Só porque você envolveu a minha garota.

— Oh meu Deus! — O alívio fez que meus olhos


palpitassem com lágrimas de felicidade. — Obrigada. Muito
obrigada. Eu te amo.

Riu.
— Sinto muito, mas já tenho dona. — E Graças a Deus
por isso. Seu amor por Zoey era a única coisa que garantia
seu silêncio neste momento. — Me deixe falar com ela de
novo. — Exigiu.

— Claro. — Passei feliz o telefone.

Vi Zoey soltar desculpa atrás de desculpa antes que


começasse a borbulhar sobre seu amor por ele. Começava a
acreditar que era antinatural a rapidez em que se perdoaram
e se arrumaram quando a ligação finalmente terminou. Mas
gostava de vê-los bem, mais do que eu gostaria de vê-los
discutindo.... Se é que alguma vez o faziam.

Também era antinatural a forma como nunca brigavam.

— Não esqueça de apagar sua ligação do histórico. —


Adverti.

Ela fez isso e me entregou o aparelho. Tive que pegar o


meu celular do meu bolso para recuperar o novo número que
consegui e configurar os detalhes no de Oren. Um
estremecimento correu através de mim enquanto guardava
meu novo contato.

Estava a ponto de sair de seus contatos quando dei


conta do nome Marci Bennett. Meus dedos congelaram
enquanto olhava fixamente o nome da cadela que entregou
Aspen e Noel ao chefe dela e fez que a despedissem. Eu não
gostava de ver seu nome no telefone de Oren. E gostei ainda
menos de saber o que significava ele estar lá.

As náuseas me alagaram. Esteve com Marci Bennett?


De repente queria cortar seu pênis. Mas eu amava seu pênis.
Amava como entrou em mim, como se mexeu e... Merda...
Merda! Por que tinha que compartilhar ele com cada maldita
mulher que conhecia?

Antes que pudesse me deter, meus dedos começaram a


apagar o número. Mas Zoey agarrou minha mão.

— O que está fazendo?

— Ele tem o nome da Marci Bennett aqui. Marci...


Bennett. — Zoey piscou sem compreender.

— Quem?

— A cadela que queria Noel para si mesma, por isso


pegou fotos dele e Aspen juntos para que despedissem minha
cunhada de seu trabalho.

— Oh. — A boca da Zoey se abriu. — Ela. Bom... —


Mordeu o lábio e olhou o nome da Marci nos contatos de
Oren, fazendo uma careta.

— Este é seu pequeno livro negro, né? Todas as


mulheres com as que se deitou têm seus dígitos aqui. Não
posso acreditar que fui tão estúpida para pensar.... Não sei.
Não sei no que pensava, inclusive para vir aqui esta noite e
roubar seu telefone.

— Não pode culpá-lo pelas mulheres que teve no


passado, Caroline. Quero dizer, Cora é a última pessoa no
planeta que quero que tenha conhecimento carnal do Quinn,
mas é possivelmente ela que ensinou a metade das coisas que
fazemos juntos. E sim, isso me incomoda. Mas não posso
deixar que me consuma. Se não puder superar o que Ten teve
antes de te conhecer, então...

— Mas e se o fizer esta noite? Ou amanhã o.... caralho,


Zoey. Eu fui só outra conexão de sexta-feira para ele. Nada,
absolutamente nada o está mantendo afastado de fazer seu
próximo movimento.

— Pensei que era por isso que pôs seu novo número em
seu telefone. — Zoey fez gestos, parecendo de repente
insegura. — Para manter sua atenção em você, assim ele não
faria... — Mas suas palavras foram à deriva como se ela
também se desse conta de que era provável que não
funcionasse.

Oren não decidiria inesperadamente ser monogâmico


por uma estranha na escuridão que se negou a mostrar sua
cara ou dizer seu nome.

— Não posso mandar uma mensagem de texto, dizendo:


"Seu pênis agora é meu. Afaste-o de qualquer outra mulher
ou vou tirá-lo fisicamente e mantê-lo em um frasco junto a
minha cama". Isso soaria um pouco horripilante.

— Na verdade, pensava que isto soava muito


horripilante. – Bufei e empurrei seu ombro. — O que seja.
Não posso... simplesmente não posso...

Mas então olhei para o balcão. Ninguém estava usando


o karaokê desde que a última pessoa terminou de cantar, por
isso uma canção normal se escutava pelo alto-falante e Ten
balançava sua cabeça no ritmo enquanto enchia uma caneca
de cerveja no grifo.
Depois que a entregou ao cliente esperando e aceitou o
pagamento, foi dançando para a caixa registradora onde Noel
contava as moedas. Oren disse algo para meu irmão antes de
virar as costas e meneou seu traseiro e fingiu moer-se contra
sua perna.

Não pude evitar, ri enquanto Noel o empurrou longe


antes de deixar escapar um sorriso relutante e sacudir a
cabeça.

Isso era o que sempre me atraiu em Oren, suas alegres e


despreocupadas piadas. Não parecia se importar com o que
pensassem dele, só seguia e fazia seu próprio caminho e
conseguiu construir lealdades que eram inquebráveis para os
quais chamava amigos.

— Está bem, talvez possa suportar seu... passado sujo.


— Disse.

Olhei, me sentindo reforçada. Falei durante todo o dia,


sabendo que o que fiz estava errado e com vontade de voltar a
fazer, de qualquer forma. Mas agora... agora me sentia
totalmente segura. Tinha que voltar a vê-lo.

— Temos que voltar a pôr este telefone onde o


encontrou.

Zoey assentiu e começou a esticar a mão para pegar o


aparelho, mas neguei com a cabeça. Foi além de afortunada
por não ter sido apanhada a primeira vez que foi ao bar. Uma
segunda viagem seria muito arriscado.

Dando uma olhada sobre o balcão para me assegurar


que Noel ou Oren ainda não nos viram, fiquei gelada quando
fiz contato visual com o terceiro garçom. Asher sorriu e
começou a saudar, mas neguei com a cabeça freneticamente
e levei a mão a minha garganta, pedindo que parasse.

Fez isso, franzindo a testa ligeiramente, olhou para meu


irmão e se voltou para mim para torcer sua cabeça de uma
maneira curiosa. Pus o dedo sobre minha boca e fiz gestos
para que viesse até nós. Uma vez mais, comprovou o que
faziam seus colegas de trabalho. Logo se voltou para mim
com um movimento de cabeça enquanto sustentava um dedo,
dizendo que esperasse um minuto.

— Incrível. — Murmurou Zoey a meu lado. — Acredito


que na verdade segui toda a conversa. Asher e você seriam
uns espiões impressionantes.

Pisquei um olho para ela.

— Se só pudéssemos usar nossos poderes para o bem.

Olhei para o Asher me dando um sinal enquanto ia pelo


corredor levando uma bandeja cheia de material de vidro
utilizado.

— Vamos. — Agarrei a mão da Zoey e puxei-a,


atravessando entre as pessoas, assim poderia ficar fora da
vista do bar. Nossa missão se fez mais perigosa porque
tivemos que passar perto dele para chegar à sala, mas Oren e
Noel pareciam ocupados sem Asher para ajudar. Assim não
nos viram.

Asher esperou com os braços ainda carregados de copos


sujos. Reduzi a velocidade até parar e Zoey ficou a meu lado.
Com o cenho franzido nos pratos que ele arrastava para a
cozinha de trás, sacudi a cabeça.

— Pick não comprou uma nova máquina dessas que


desinfetam e lavam os copos sob o balcão?

Suspirou e virou os olhos.

— Quebrou e o novo pedido está atrasado. Pick está


bravo. — Olhou curiosamente entre Zoey e eu. — O que está
acontecendo, garotas? Ao final decidiram renunciar a seus
homens e ser minhas groupies favoritas?

Meus ombros se afundaram. Talvez seria melhor para


minha saúde mental se renunciasse a Oren para estar perto
do Non—Castrato, mas... cheguei tão longe.

— Por desgraça... não. — Levantei o telefone de Oren


para mostrar para ele. — Pode colocar isto atrás do balcão?

Asher olhou o telefone e levantou uma sobrancelha.

— Isso é de Ten. – Assenti e encolhi os ombros.

Um provocador sorriso iluminou seu rosto.

— Quero saber o que fez com ele?

Desta vez, neguei com a cabeça.

Riu.

— Genial. Conte comigo. Coloque-o no bolso da frente,


doçura. — Já que suas mãos se achavam cheias,
sustentando uma bandeja de copos, alcancei o bolso da
frente de sua camiseta preta e deslizei o telefone antes de dar
uns tapinhas com gratidão.
—E um pouco de carinho? —Animou-se, inclinando seu
rosto para baixo e para um lado para me mostrar sua
bochecha.

Revirei os olhos, mas me inclinei para beijar sua


bochecha. Ele assentiu e logo se voltou para Zoey.

—Você também, princesa. Não seja tímida.

Zoey a contragosto deu um passo adiante e o beijou na


bochecha. Asher se endireitou, parecendo bastante orgulhoso
de si mesmo.

— Damas. — Murmurou. — Foi bom fazer negócios com


vocês. —Então deu a volta e se afastou.

Queria ficar para me assegurar de que conseguisse fazer


seu trabalho. Mas confiava em Asher, assim agarrei o braço
de Zoey.

—Vamos sair daqui antes que sejamos apanhadas.

Tinha algumas mensagens de texto para escrever.


TEN

—Merda. — Fiquei boquiaberto olhando a tela de meu


telefone enquanto lia a mensagem de texto que me enviaram
durante o trabalho.

O bar fechou quase vinte minutos mais cedo, e todos


nós ainda limpávamos, a ponto de terminar nossos deveres.
Acabava de agarrar meu telefone de onde o deixei junto à
caixa registradora quando me dei conta de que tinha uma
mensagem em espera.

"Foi um bom menino desde o nosso primeiro encontro? Só


vou repetir a noite passada, se tiver sido um bom menino."

O remetente se chamava... Visitante Noturna.

— Santa puta merda.

— O que? — Perguntou Noel com curiosidade enquanto


se aproximava por trás.

Virei as costas para ele, sentindo a necessidade


instintiva de proteger minha tela de seus olhos. Mas logo
disse a mim mesmo que era estúpido fazer isso. Não tinha
necessidade de ocultar isto. Não tinha nenhuma razão. Assim
virei o telefone para que lesse a mensagem.

— De algum jeito pegou meu telefone e acrescentou seu


nome e número. — Virei de volta e me perguntei em voz alta.
— Isso é tão estranho. E como diabos sabe que vocês a
chamavam de A Visitante Noturna?

A menos que fosse Caroline. Possivelmente Gamble


disse, ou Ham disse a Loira, e ela contou para Caroline.

Limpei a mão de repente tremendo sobre minha boca,


Gam riu e me golpeou no ombro.

— Bom, é um afortunado filho de puta. A quem diabos


se importa como o colocou aí? Quer te ver de novo. Não é isso
que você queria?

— Sim. — Murmurei. —Acho que sim. — Mas caralho,


não podia acreditar que entrou em contato comigo. Pela
forma em que saiu de meu quarto na noite passada,
acreditava que seria a última vez que saberia dela. Comecei a
suar, nervoso e eufórico ao mesmo tempo.

Gamble me deu uma cotovelada de novo.

— O que está esperando? Responda. — Franzi a testa,


sem querer mandar uma mensagem assim em público. Mas,
Oh... sem dúvida responderia.

—Está escrevendo para quem? — Perguntou Asher,


olhando para meu telefone, que ainda estava em minha mão
tremendo.

Franzi a testa e guardei o telefone em meu bolso de trás,


fora de vista.

—Nada. — Disse ao mesmo tempo que Gamble espetou.


— Ten tem uma admiradora secreta.
Embora tenha revirado o olho lembrou-me do que fiz no
semestre passado, deixando desenhos de Caroline em sua
cadeira na aula de arte. Inferno, era um perdedor quando se
tratava dela. Honestamente, deixei esses desenhos só para
fazê-la sorrir.

Era impossível pensar que ela poderia me fazer o


mesmo... com rondas noturnas de sexo selvagem e quente em
lugar de estúpidos desenhos.

— Oh, sério? — Hart arqueou uma sobrancelha curiosa


e cruzou os braços sobre o peito. —Conte.

Não queria contar nada. Odiava a amizade que tinha


com Caroline a ponto de me irritar por dentro e não poder
suportar este cara. Mas Gamble parecia pensar que era
perfeito. Ele começou a falar tudo sobre meu encontro com
Car... Quero dizer, Visitante Noturna. E quanto mais meu
bom amigo falava, mais Hart parecia intrigado.

— Então, quando você acredita que ela pegou seu


telefone e acrescentou seu número? — Perguntou.

— Merda, vou saber? —Enviei um último olhar furioso


de mau humor e murmurei. — Já estou indo.

Estava dando a volta ouvindo Gamble e Hart rindo de


mim como se pensassem que meu mau humor era lindo.
Demonstrei a eles o contrário e comecei a andar na noite
calma de abril. Eram mais de duas da manhã e as ruas
estavam tranquilas e a luz tênue. Tirei meu telefone do bolso
e imediatamente chequei meus contatos enquanto corria pela
rua até o estacionamento onde estava minha caminhonete.
Em primeiro lugar, comprovei o número da Visitante
Noturna, e logo me desloquei até a C e olhei o contato de
Caroline. Esperava que os dois números fossem o mesmo.
Mas não eram. Senti uma estranha decepção. Reduzi a
velocidade até parar na calçada e fiquei olhando o nome de
Caroline em minha tela com uma série de números
totalmente diferente do da Visitante Noturna.

Neguei e respirei profundamente, quase tentado em


apagar a mensagem e o número, mas apertei os dentes e
olhei para o céu. Um bilhão de estrelas apareciam, quase
zombando de mim com sua encantadora cintilação.

Não podia acreditar que estava tão certo de que era


Caroline. Um suspiro profundo aliviou meus pulmões. Bom...
queria ver a mulher de novo, ou não? Eu não gostava de me
negar a uma boceta livre. Mas saber que a noite passada foi
na verdade com uma completa estranha me inquietava. Eu
não gostava de sentir a conexão que senti com uma mulher
que não fosse Caroline. Já tinha emoções estúpidas o
suficiente em meu interior porque suspirava por uma mulher.
Não queria acrescentar outra garota à lista.

Então lembrei que só me senti perto da Visitante


Noturna porque me lembrou de Caroline, então... O que tinha
de mal dar outra oportunidade? Sem ataduras, bom sexo,
então por que me encontrava parado aqui debatendo comigo
mesmo? Podia seguir fingindo que ela era quem eu queria
que fosse, e tudo estaria bem. De todo modo, isto seria talvez
o mais próximo de Caroline que estive alguma vez.
Esclarecendo meus pensamentos, respirei e voltei a
abrir a mensagem que me enviou.

“Defina bom.”

Escrevi e andei o resto do caminho para minha


caminhonete. Acabei de abrir a porta do lado do motorista
quando meu telefone tocou. Meu pau sacudiu em resposta,
sabendo que minhas mensagens o envolviam diretamente.

"A definição de bom: Não teve seu pau em outra mulher,


desde que esteve comigo. Então... Você foi bom?"

Com uma gargalhada, sacudi a cabeça.

"Passaram apenas vinte e quatro horas desde que estive


CONTIGO. Quanto acredita que posso aguentar?”

"Sei exatamente o quanto você aguenta. Responda a


maldita pergunta."

Sabia que me divertia com isto mais do que deveria, mas


sorri.

"Tem uma boca suja. Eu gosto."

Por alguma razão, pensei que gostaria do comentário.


Em troca, escreveu.

"Tomo sua evasão a minha pergunta no sentido de que foi


um menino muito mal e sujou seu pau com alguma outra puta.
Então até mais tarde."

Soprei, já que eu não gostava de sua ameaça de tipo


ultimato.
"Na verdade, não, não estive com ninguém desde que
estive com você. Mas se quiser uma resposta diferente, me dê
uma hora. Estou certo de que posso encontrar uma garota para
dar uma."

Demônios! Grunhi enquanto apertei no botão enviar, me


perguntando quem pensava que era para me exigir
monogamia.

Imediatamente, respondeu.

"Não! Por favor, não o faça."

Não respondi imediatamente. Deixei-a suar. Não queria


perder a oportunidade com minha aspirante a Caroline, mas
tampouco ia deixá-la mandar em mim.

Liguei minha caminhonete e silenciei meu telefone,


murmurando em voz baixa a respeito de como ninguém me
possuía.

Recebi outra mensagem no momento em que cheguei a


casa e estacionei em frente a meu prédio. Como não sou
paciente, abri antes de ir a meu apartamento.

"Só te peço que não foda com ninguém, enquanto esteja-


me fodendo.”

Soava muito mais humilde agora, o que me fez


petulante.

"Se isso for aceitável para você, então... Terça-feira à


noite. Meia-noite. Seu quarto. Mantenha as luzes apagadas.
Farei uma prova de olfato, e se seu pau cheirar a tudo menos a
sabão Ivory. Vou embora e nunca me tocará de novamente."
Bom, essa segunda parte não foi tão humilde. Minha
testa se franziu, mas logo dei conta de algo mais e me joguei
para trás, surpreso. “Merda.” Como sabia que usava essa
marca de sabão? Poderia jurar que nunca estive com ela
antes de ontem à noite, mas está garota esteve em meu
apartamento, em meu banheiro. Caralho descobriu a senha
de meu telefone. Sabia que meus companheiros a apelidaram
de Visitante Noturna. E não só isso, sabia meu horário de
trabalho, porque na terça-feira era minha seguinte noite livre.

Demônios! Tinha uma maldita perseguidora.

Sorri, porque ter uma perseguidora era algo sexy. As


garotas loucas eram muito mais interessantes que as
sensatas.

"Nós nos veremos logo.”

"Não, não nos veremos. Será melhor que não veja nada.
Disse sem luzes."

Recusei e ri para mim mesmo. Essa mulher tem a boca


suja. Isso foi impressionante.

"E te tocar então? Te lamber? Foder? Qual termo prefere


princesa?"

"Qualquer desses servirá. Obrigada."

"Então. Lambo-te logo, baby. "

"Espero o momento... boa noite, Oren".

Um pouco de tristeza e pesar roía meu estômago. Fiquei


olhando seus comentários sexuais e dei conta que na verdade
tive um divertido combate com ela. Particularmente não
queria fazer nada divertido salvo foder esta mulher. Meu
coração já pertencia à outra. Não queria que o estúpido órgão
me mudasse.

Mas me sentia mal em não responder, então escrevi.

"Boa noite, Visitante Noturna. "

Na segunda-feira, acalmava meu estresse desenhando


no pátio principal do campus entre as aulas, quando Gamble
e Ham me encontraram. Ultimamente fazia isto cada vez
mais, desenhando ausente quando minha mente pensava
coisas que não devia pensar. E sabia exatamente do que se
tratava, mas me negava a aceitar.

Faz quatro anos que uma parte de mim morreu. A maior


parte. A fodida melhor parte. Para combater a dor que
persistia, fechei outras partes porque não podia me imaginar
amando outra garota jamais. E mais, nunca planejei fazer
amizade com homens. Mas Noel Gamble destroçou esse plano
no dia que o conheci.

Éramos dois completos estranhos forçados a serem


companheiros de quarto e me deixei levar. Depois, ele ficou
sabendo que joguei um pouco de futebol americano no
Ensino Médio, me convidou para treinar, logo me disse o
tanto que estava impressionado com minha habilidade, e sem
me dar conta, era suplente da equipe e estávamos jogando
partidas para o final do ano.
Nunca senti que escolhi ser seu amigo. Simplesmente
aconteceu sem me dar conta. Gam me arrastou com ele para
minha primeira festa, e quando dei conta de quão fácil seria
me inundar nessa área, nesta vida, de que poderia esquecer
toda a dor de uma maneira mais divertida, muito mais
prazerosa, já era tarde. Depois, nos tornamos uma equipe.
Quando encontrou um trabalho no Forbidden, disse que
procuravam por outro garçom, então encolhi os ombros,
pensando por que não. Daí minha amizade com homens se
descontrolou. Aproximei-me de Pick e Hamilton, de Lowe, e
depois Hart. Mas sempre tomei cuidado de não me aproximar
da persuasão feminina. As usava para encontros sexuais e
seguia em frente, esse era meu lema.

As mulheres esquartejam a gente. Ou diziam coisas que


destroçavam sua autoestima, o faziam sentir-se mal quando
devia tê-las protegido, o que te deixava tão quebrado que
desejava estar morto. Tentei me manter afastado de todos
esses "sentimentos" quando se tratava de mulheres. Às vezes
era diretamente grosseiro com elas.

Bom, de acordo. A maioria das vezes era grosseira... e


ofensivo... e geralmente bravo. Mas a gente tinha que se
proteger de algum jeito, porque as mulheres abrem as nossas
vísceras.

Não esperava o que me aconteceu quando Gamble


colocou Caroline em minha vida. Nem o agradeci. E eu não
gostava muito da ideia de que a mulher de Hamilton
atravessasse minhas defesas e me fizesse sentir coisas. Mas a
Visitante Noturna? Não. De maneira nenhuma. Esta merda
tinha que parar. Mas já estava acontecendo. Teclar com
minha pequena companheira de cama era divertido. E isso
me deixava muito nervoso.

Eu ficava muito feliz e sensível ao redor de muitas


mulheres. Vi Caroline antes, caminhando com Lowe e sua
mulher para o departamento de ciência. Andei até eles, mas
me esquivei antes que me vissem. Trabalhei com Lowe ontem
à noite, e sempre adorava dizer algo para incomodar a sua
mulher, a qual a apelidei Buttercup. Mas não podia me
aproximar deles nesse momento. Não com Caroline lá.

Depois de fazer meus planos com a Visitante Noturna há


duas noites, estive preocupado em ver Caroline de novo. Era
como se me sentisse muito culpado para enfrentá-la, o que
era estranho. Fico com várias mulheres desde que a conheci.
Nunca tive problemas para enfrentá-la depois de uma noite
de libertinagem sexual. Mas isto parecia... Diferente e
certamente causou outra sessão de desenho antiestresse.

Tentava pôr ordem em meus estúpidos sentimentos,


quando alguém me surpreendeu por trás, agarrando meus
ombros e me balançando.

— O que acontece, perdedor? — Gritou Gamble, me


sobressaltando. — Desenhando de novo, como sempre?

Elevei o olhar e tentei cobrir meu caderno de desenho


antes que pudesse ver o que fazia, porque honestamente, não
sabia o que estava desenhando. Pedi a Deus que não fosse
outra imagem de Caroline quando seus olhos se ampliaram.
Apertei os dentes e, vacilante, baixei o olhar. Entretanto
não era uma representação perfeita da cara de sua irmã.
Graças a Deus. Mas para mim, era algo muito pior. Um temor
doentio cravou meu estômago enquanto olhava fixamente as
quatro letras que desenhei e decorei com chamas.

Gamble olhou para Ham, que estava junto com ele e


olhando meu bloco de papel. Logo se virou para mim.

— Por que está desenhando o nome Zoey?

Toda cor e sensação se drenaram de minha cara. Não


sabia o que dizer a ele. Dei uma olhada para Ham, mas em
lugar de ira ou confusão, uma espécie de triste simpatia
encheu seu rosto. Apertei os dentes.

— Eu... estou desenhando uma tatuagem para o Ham.

Sim. Merda, isso realmente soava bem.

Gamble levantou suas sobrancelhas para Ham.

— Vai fazer outra tatuagem? — Ham piscou, mas voltou


sua atenção para a folha onde escrevi o nome de sua mulher.
Tentação brilhou em seu olhar. — Sim. — Murmurou. — Sim,
estive pensando nisso.

Quase me queixei, certo de que não pensou nisso. Mas


agora que pus a ideia em sua cabeça, na verdade estava
considerando. Idiota. Não sabia que alguma vez teria que
tatuar o nome de uma mulher? Inclusive tinha a sensação de
que ele e a Loira seriam dos que ficariam juntos para sempre,
era idiotice tentar à sorte dessa maneira. E se a Loira o
deixasse? O que ele faria então?
Fechei a caderneta em uma pancada. Já era hora de
começar minha próxima aula, além disso Gam estava me
olhava de uma forma estranha, que me deixava com os
cabelos em pé, então me levantei e afastei o caderno.

Estava para me despedir desses dois perdedores quando


Gamble olhou além de mim e negou.

— Genial. Aí vêm problemas.

Olhei para ver Caroline e a Loira virem em nossa


direção.

— Caralho. — Murmurei, sabendo que não podia


escapar, mas Gam me escutou.

Ele me enviou um olhar de assombro antes de que um


olhar de cumplicidade passasse por seus olhos. O sangue
drenou de meu rosto. Merda, que demônios ele descobriu?

No lugar de deixar que eu entendesse sua pequena


revelação, virou-se para sua irmã quando ela estava bem
perto para falar.

— Ouça, anã. Tem se comportando?

Ela sorriu e piscou os olhos.

— Nunca.

Adorava as respostas sarcásticas que ela dava. Sempre


faziam que desse vontade de beijá-la até me cansar.

Mas hoje, doía olhar para ela. Quero dizer, o brilho de


seu loiro cabelo de seda, seus olhos azuis brilhantes e o
queixo obstinado sempre deixavam uma dor em meu peito.
Mas hoje estava pior que de costume. Malditas mulheres que
me faziam sentir fodido.

Passei por não sei quantas garotas para acalmar meu


desejo por ela, e nunca me incomodou olhar nos olhos dela
na manhã seguinte. Mas tinha alguma coisa em meus
encontros com a Visitante Noturna que me faziam sentir
culpado. Parecia como se a estivesse traindo, quando nem
sequer era minha... e nunca seria.

Também não era bonito pensar nisso, então voltei


minha atenção para Zoey e Ham enquanto se aproximavam
para uma pequena saudação sexy. Com língua e tudo.

Pela extremidade do olho, vi Gamble passar o braço ao


redor do ombro de sua irmã e dizer alguma coisa em seu
ouvido. Ela riu e enfiou o dedo indicador nas costelas dele
antes de responder. A curiosidade me matava, me
perguntando que caralho discutiam. Em momentos como
estes, odiava como eram unidos. Brincavam com minha
cabeça.

Irmão e irmã se dando bem, saindo, passando juntos


um bom tempo. Deus, sentia saudades disso.

Gam beijou o lado da cabeça de Caroline e se afastou,


aliviando um pouco a pressão que estava se construindo em
meu peito.

—Bom, vou para a aula. Nos vemos depois. Ham. Zoey.


— Disse como despedida.
Eu, tecnicamente, ainda estava olhando para o
casalzinho apaixonado, quando os vi se afastar para se
despedir de Gamble. E logo Gamble disse.

—Ten.

Arriscando minha prudência, voltei minha atenção a ele.


Tinha esse olhar de novo, como se soubesse algo a respeito de
mim que ninguém mais sabia. Eu não gostava desse olhar.
Inclinei meu queixo para ele e murmurei.

— Depois nos vemos. — E afastei o olhar rapidamente.

Quando ele se afastou e Ham voltou a beijar sua noiva,


decidi ir também.

Mas a voz de Caroline tinha que me espreitar.

— O que está acontecendo com você?

Franzi a testa para ela, e.... merda. Por que tinha que
sempre me tirar o fôlego? Simplesmente porque seus olhos
eram de um tom azul pálido, seu pequeno nariz arrebitado
terminava da forma mais adorável, e um punhado de sardas
salpicando suas bochechas, não significava que fosse uma
estrela sexy de cinema. Entretanto, podia olhar para ela todo
dia e ainda queria mais, porque era a mais formosa que eu
desejei.

— Do que está falando? — Perguntei com um confuso


encolhimento de ombros a seu olhar acusador. — Não disse
nada.

— Sei. E isso é suspeito. — Pôs suas mãos nos quadris,


onde eu que queria pôr minhas. —Por que está tão quieto?
Incapaz de olhá-la nos olhos, baixei o olhar, só para me
deparar com uma imagem de seus peitos perfeitos. E sério,
eram perfeitos. Forma perfeita, tamanho perfeito, altura
perfeita. Só queria colocar a cara no meio deles e morrer
como um homem feliz no paraíso das lanchas com motor.

Sacudindo a cabeça um pouco, abri a boca para dizer


que não sabia de que demônios falava. Mas em vez disso,
disse.

— Tenho que ir. Me virando, meio que corri, meio me


andei.

Talvez concordar em me encontrar com a Visitante


Noturna de novo não era tão boa ideia depois de tudo. Foi
quente a primeira noite porque fingi que era Caroline, mas
agora que sabia que não eram a mesma pessoa, sentia com
uma merda, porque não sabia se agora poderia deixar de lado
minha fixação por essa mulher.

Deus, estava tão fodido.

CAROLINE

Olhei como Oren fugia do pátio, e sim, fugir era


exatamente o que parecia que ele estava fazendo. Correu
daqui como se seu traseiro estivesse em chamas.

Dando uma olhada em Zwinn, apontei por trás dele.


— Sério, o que aconteceu com ele? — Parecia... mal-
humorado, distante, calado, todos os adjetivos que nunca
associei com Oren. A preocupação palpitava em meu interior.

— Talvez descobriu sua mentira. — Disse Quinn,


arqueando uma sobrancelha enquanto passava um braço ao
redor da cintura de Zoey e a puxava.

Inferno, não aprovava o que fez? Engoli a saliva e desviei


o olhar.

—Disse-lhe?

— Não. Mas não é estúpido, Caroline. Se continuar


assim, ele perceberá. — Não sabia como responder a isso,
então respirei profundamente. — O que está fazendo não
pode trazer nada bom. — Quinn me enviou um olhar
constante que disparou um calafrio por minhas costas e me
fez sentir pior do que já estava.

Mas enquanto Zoey brandamente dizia a ele.

—Quinn. Não tinha que dizer isso. — Assenti, de acordo


com ele. Sabia que tinha razão. Deveria parar essa loucura.
Já estava afetando Oren, e a última coisa que queria era
machucá-lo. Não podia pensar em outra coisa que poderia
estar incomodando-o e Zwinn não sabia de outros motivos
alternativos para que pudesse estar mal-humorado, distante
ou calado. Talvez fosse pela Visitante Noturna.

Separei-me deles, me despedindo com a mão enquanto


minha mente ficava em Oren.
Antes que pudesse parar, tirei meu telefone de minha
mochila, atualizei meu novo número do Google e teclei uma
mensagem.

"Possivelmente deveríamos cancelar o encontro de


amanhã à noite."

Escrevi e apertei o enviar antes que pudesse parar. Um


nó se formou em meu peito, e de repente, me deu vontade de
chorar. Alguma vez ia compartilhar outra intimidade com ele?

Meu telefone vibrou, e puxei um pouco meu fôlego. Meio


esperando que implorasse para que me encontrasse com ele
de todo modo, abri a mensagem e fiquei olhando fixamente
sua resposta.

"Possivelmente."

Foi tudo o que disse.

Possivelmente? Espera, o que? Achava que me queria


sem importar como. Por que não me queria? Algo estava mal
com ele. Ou talvez estava destinada a ser rechaçada por ele
com qualquer identidade que usasse.

Eu não gostava disso. A ira cresceu dentro de mim.

"Então, por que VOCÊ não quer que nos encontremos?" —


Exigi saber.

"Por que não quer VOCÊ?" — Replicou.

"Eu perguntei primeiro. "

"Bom, você começou toda esta fodida discussão, por isso


terá que responder primeiro."
Maldição. Apertei os dentes.

"Não sei. Por onde quer que comece? Sinto-me enganada,


acho. Dizem que só faz sexo no escuro e por trás. Mas, o que
acontece se quero mais? O que acontece se quero percorrer
minhas mãos por seu peito e seu cabelo? Ou cravar minhas
unhas em sua bunda enquanto golpeia dentro de mim? Quero
seu fôlego, quente e pesado, em meu ouvido sussurrando
todas estas coisas sujas enquanto nossos peitos chocam entre
si."

Oh meu Deus. Por que continuava escrevendo esta


merda? Talvez porque não podia evitar. Meus dedos de
repente tinham vômito de palavras.

"Quero te deitar e subir sobre seu colo, e só... te montar


até que goze dentro de mim. Mas alguma vez serei capaz de
fazer isso? Digo, se só o fizer por trás. Nunca chegarei a ver
sua cara e te beijar quando estiver dentro de mim. Nunca
poderei te fazer um boquete. Nunca chegarei a fazer TODO
TIPO de coisas que estou desejando te fazer."

Tudo o que eu disse era verdade, mas era só uma


cortina de fumaça para o que realmente desejava. Por cima
de tudo, me incomodou porque nunca chegaria a ter uma
relação verdadeira com ele.

Meu telefone vibrou, fazendo meu pulso se acelerar.


Quase tinha medo de ler sua mensagem.

"Odeio ter que dizer isso, carinho. Mas o que ELES


disseram, não é verdade. Faço em TODAS as posições. Suas
preocupações são completamente infundadas."
Lascas de chocolate. Agora pensava em... todo tipo de
posições, inclusive as que eu falei. Minha respiração falhou.
Estive tentada de novo a dizer que o encontro de amanhã à
noite continuava em pé.

Me afundei no primeiro banco que achei, apertei minhas


coxas porque estava úmida e palpitante.

"O que aconteceu com a escuridão?" — Disse em minha


seguinte mensagem. — "Faz também com as luzes acesas?"

"Se não estiver enganado, foi SUA ideia manter as luzes


apagadas para este próximo encontro. Quer as luzes acesas?"

"Não, não quero. "

"Pois bem, princesa, talvez agora EU me sinta enganado.


Talvez queira ver seus peitos balançando ou sua boceta toda
molhada e apertada enquanto se aferra a meu pau. Talvez
queira saber de que cor são seus olhos, ou seu cabelo, ou se
suas bochechas se ruborizam quando está excitada, se tem os
mamilos cor de rosa ou marrom. "

Gemi e dobrei a cintura, apertando tão forte as coxas


que tinha um pouco de medo de que não pudesse separar
elas de novo.

"Nunca poderá ver." — Eu disse.

"Por que não?" — Mandou imediatamente.

Engoli a saliva e olhei por cima das árvores. Por alguma


razão, os brotos de flores recentes nas folhas me deram a
coragem de responder com honestidade.

"Tenho medo de que você não gostará do que vai ver."


"Impossível. Parecia bonita para mim."

Um nó formou-se em minha garganta e eu não podia


engolir. Adorei o que disse, entretanto, não gostei de saber
que escreveria algo tão doce e puro... para outra mulher.
Soltei abruptamente uma risada porque dei conta de que
tinha ciúmes de mim mesma.

Isto se tornava mais e mais ridículo a cada momento.

Precisando evitar dizer nada mais que pudesse me dar


ciúmes de mim, disse.

"Sua vez. Por que não quer que nos encontremos? Causei
algum tipo de gatilho da última vez?"

Um gatilho? Era evidente que estava desorientado, o que


me fez sorrir e imediatamente afrouxar os músculos tensos
do meu estômago.

"Me disse sobre a morte de sua irmã. Talvez você não


tenha gostado de se expor tanto. Ou talvez você não gostou de
como continuei te chamando de Oren. Talvez deixou-me
aproximar muito emocionalmente e isso te fez sentir incômodo."

Não sabia porque disse nada disso. Algo que


responderia provavelmente doeria. Se me dissesse que não
sentiu nada por mim durante nosso encontro, morreria. Se
dissesse que gostou do como se abriu para mim, ficaria
ciumenta de mim mesma... outra vez.

Mas em lugar de qualquer dessas respostas, disse.

"Está totalmente louca."

Enquanto ria e sacudia a cabeça, adicionou.


"Mas tudo bem. Eu gosto das garotas loucas. Não me
importa que seja uma perseguidora ou que inclusive saiba qual
cor de cueca estou usando neste momento. Acredito que sua
obsessão comigo seja quente."

Ri de novo, desta vez uma risada alta.

"Não usa cueca." — Escrevi, porque provavelmente, eram


boxers ou cueca, ou mmm, meu favorito: cueca boxers.

"Maldição, é boa."

Ler sua resposta fez que meu sorriso se ampliasse, mas


um segundo depois, fiquei séria.

"Então se minhas características arrepiantes não estão


dando medo, não se importa que queira nosso encontro no
escuro, e se não despertei nenhum gatilho, então por que se
encontrava tão pronto a considerar cancelar o encontro de
amanhã à noite?"

"Baby, você que o cancelou."

Virei os olhos. Era tão estúpido?

"Mas aceitou IMEDIATAMENTE. "

"Oh, sinto MUITO, achou que ia implorar que me deixasse


entrar de novo em sua boceta? "

Com o cenho franzido, teclei minha resposta.

"SIM, PORRA!"

"Jesus, tudo bem." — Lançou. — "Por favor, minha


misteriosa Visitante Noturna que parece como o céu ao redor
do meu pau, seria tão amável de me deixar entrar de novo em
sua boceta?"

Oh, meu Deus. Que idiota.

"Que se foda."

"Esse é o plano, querida. Quero te foder até que não


possa caminhar reto no dia seguinte. Então seguimos adiante
ou não?"

"Isso seria um absolutamente não. Você não me quer."

"É uma maldita mulher confusa. FODA-SE! Te quero.


Tudo bem? Te desejo, e esse é o problema. Te quero, mas
quero a alguém mais, por isso estou fodido da cabeça,
sentindo que estou enganando a ambas, quando a verdade é
que realmente não tenho a nenhuma das duas, certo? Por isso
qualquer tipo de engano seria literalmente impossível, não é? "

Retrocedi, olhando a suas palavras em uma estranha


espécie de comoção. Mas admitiu querer... mais alguém. Era
eu? Imediatamente, me perguntei se poderia ser eu. Zoey
parecia pensar que ele se preocupava comigo. De vez em
quando, entre todas suas desbocadas obscenidades, agarrava
um brilho de interesse, mas... nunca estive completamente
certa.

Minha mente dava voltas. Poderia fazer ele se sentir


culpado por dormir comigo porque pensava que traía... bom,
a mim? Maldição, estava tão cheio de merda como eu
sentindo ciúmes de mim mesma.

"Você está atualmente se deitando com outra mulher?"


Perguntei, confundindo-o, porque precisava obter mais
informação. Mas acredito que a pergunta o irritou um pouco.

"Jesus! Não. Acabo de te DIZER que é a única pessoa que


fodo agora mesmo. Nunca fodi a garota que quero. Nunca a
foderei. Não posso. "

Meu fôlego se apanhou em meu peito, mas merda. Era


eu. Falava de mim. Tinha que ser eu!

"Está proibida para você?" — Pressionei.

"Bingo. E quando chegou, no escuro sem nenhum nome,


sem rosto, foi fácil imaginar que era ELA. "

E.... aqui vieram mais ciúmes de mim mesma. Ou, se


estivesse errada, e ele se encontrava tão louco por outra
mulher como eu por ele, então teria uma carga de ciúmes por
essa maldita cadela que roubou o coração dele, quem quer
que fosse.

"CRETINO! Imaginava estar com outra mulher enquanto


estava comigo?" — Mordi o lábio, não tão brava como disse na
mensagem, mas tinha que saber como ia responder a isso.

"Caralho. Estou descontrolado. Não posso acreditar que


admiti isso. Pode fingir que alguma vez leu isso? Por favor."

Bem, isso não era exatamente uma desculpa, mas


parecia arrependido. Não me achava segura do que pensar
sobre tudo, então perguntei.

"Qual é o nome dela?"

"Isso seria um grande fodido não, nunca direi seu nome."


Uma vez mais, não sabia como me sentir. Se falava de
mim, eu adorava que fosse tão protetor. Mas se ele se referia
a outra pessoa, queria gritar.

"Aposto que posso fazer você gritar o nome dela quando


gozar dentro de mim amanhã à noite. "

Santo Cristo. Por que disse isso?

Talvez porque estava mais certa de que gritaria meu


nome ao invés do de outra pessoa, e. Oh... meus pobres
ovários. A ideia de que ele diga meu nome quando gozasse,
era mais do que podia suportar.

"Então estamos retomando o encontro de amanhã à


noite?" — Perguntou Oren com sua seguinte mensagem. —
"Mesmo depois de tudo o que acabo de te confessar?"

Mordi o lábio. Queria dizer isso? Oh, demônios. Sim.


Pensando que poderia me querer era impossível de resistir.
Então respondi. "Posso suportar saber que está imaginando
como alguém mais, se você puder suportar sempre ser no
escuro."

"Isto vai ser um desastre. "

"Pensei que você gostasse de loucura. A verdade é que,


embora seja totalmente uma mentira, te quero outra vez, e
estou disposta a escutar você gritar o nome de outra mulher
para conseguir que me foda como fez na sexta-feira."

"Maldição, agora estou duro."

"Bom, eu estive molhada por um tempo, então não tenho


nenhum remorso."
"Amanhã à noite não pode chegar o suficientemente logo.
É verdade que vamos fazer isto outra vez?"

'Nós dois somos plenamente conscientes do que estamos


fazendo, então, por que não?"

"Genial. Lambo-te logo, querida. "

Neguei com a cabeça e deslizei meu telefone em minha


bolsa. Eu adorava falar com ele, inclusive para discutir,
nossa versão estranha de paquera, ou simplesmente
comentar sobre o clima. Qualquer jogo com Oren Tenning me
deixava feliz. Juro que era sua presença em minha vida que
tinha me trazido de volta a vida depois que Sander me deixou
grávida e sozinha. E francamente, ia aproveitar qualquer
oportunidade de estar com ele. Ansiava muito a vivacidade
que pôs em mim.
TEN

Que alguém me espete com um garfo. Sentia-me bem e


bem-fodido. Deitado sobre o colchão, ao lado da minha
Visitante Noturna, eu soltei um suspiro e deixei cair meu
braço sobre minha testa enquanto minha respiração
finalmente se acalmava. Mas...

—Caralho. —Murmurei. Isso foi... Sim. Minha mente


ficou oficialmente em branco.

Ela se lembrou da sua ameaça de comprovar


olfativamente meu pau, porque foi à primeira coisa de mim
que atacou logo que entrou em meu quarto e me empurrou
contra a porta antes de tirar as minhas calças e ficar de
joelhos. Suponho que devia ter acontecido a inspeção, já que
o boquete que seguiu me deixou os joelhos tão fracos que
quase não pude levar ela até a cama para realizar minha
própria comprovação olfativa.

Deus, eu adorava o aroma da excitação de uma mulher.


E o sabor. E a suavidade da parte interna de sua coxa contra
minha bochecha.

Agora ela estava aconchegada ao meu lado na


escuridão. Fechei os olhos e os mantive fechados, já que não
podia ver nada nesta escuridão de todo modo. Simplesmente
desfrutei da silenciosa alegria do momento.

Curvando-se ao meu lado, ela apoiou sua cabeça sobre


meu ombro. Sua respiração também se desacelerou, mas sua
perna, que deslizava sobre minha coxa, ainda se encontrava
quente e úmida. Bem do jeito que eu gostava de deixar a
minha mulher: quente, suada e bem satisfeita.

Um sorriso triunfante curvou meus lábios enquanto


puxava seu quadril para mantê-la perto de mim. Maldição,
somos bons nisto. Tudo o que estava me incomodando e
estressando ontem se encolheu em uma parte distante de
meu cérebro. E tudo o que podia me concentrar era quão
incrível era meu resplendor pós-coito.

Esperava que em qualquer segundo começasse a me


elogiar. Mas o que escutei soava mais como. —Uau. Eca. O
que é isto?

Não era exatamente o uau, você é o melhor que tive que


eu esperava.

— Que? — Meu sorriso arrogante teve uma morte


trágica e decepcionante. Aturdido por qualquer tipo de crítica
negativa, dei a volta para poder olhar ela de frente, embora
na escuridão eu não pudesse ver sua expressão. — De que
demônios está falando? Isso foi incrível.

Quando a alcancei, arqueava suas costas sobre o


colchão e rebolava tentando escapar de algo debaixo dela.

— O que...? Eca. Oren Michael Tenning, esteve comendo


bolachas na cama?
— O que? Não. — Também sabia meu segundo nome?
Não era uma surpresa. — Que classe de idiota come bolachas
na cama? —Bufei diante de seu descaramento por sugerir
uma ideia tão patética. — Eram batatas fritas. Doritos sabor
rancheiro2. — Porque era um tipo genial.

Deixou escapar um grande suspiro decepcionado como


se pensasse que eu não tinha esperança.

— Encantador. Neste momento, tenho farelo de doritos


rancheiros cobrindo meu traseiro.

— Humm. — Isso soava ardente. — Então é melhor que


as tire com minha língua, querida.

Estendi a mão para ela para fazer precisamente isso,


mas a afastou com um golpe, queixando-se dos farelos.
Quando se sentou, pude escutá-la se limpando, então estendi
minha mão para sacudir às cegas alguns dos farelos do
colchão.

— Pronto. — Ofereci tão corajosamente como foi


possível. — Agora já não estão. — Sua resposta foi um bufo
de incredulidade. —Precisa limpar estes lençóis antes que te
visite de novo.

Estava tão ocupado quase dormido, pensando na frase


"te visite de novo", e gostando da ideia de mais encontros com
ela, que tagarelei uma de minhas habituais respostas de Ten.

— O que? E me desfazer de todos os piolhos de puta que


acumulei com os anos? —Inclusive dei um ofego audível e

2
Para o Brasil é a tal Mystery.
coloquei minha mão sobre meu coração, porque foder, assim
foi como me dava a volta.

Ficou imóvel. Quando senti um baforada de frieza vindo


dela, foi aí que me dei conta, merda, acabava de foder tudo e
bem grande.

— Por favor, não me diga que teve outras mulheres


nesta cama desde a última vez que trocou seus lençóis.

Dobro, triplo e quádruplo caralho.

— Um... claro.

— Oh, eca. Oren! — Começou a se abaixar por um lado.


Sabia que se ela ia nesse momento, tinha uma boa
probabilidade de que não iria voltar, então me lancei atrás
dela e a derrubei debaixo de mim.

— Não. Espera.

Grunhiu quando a fiz girar sobre suas costas. Logo


empurrou contra meus ombros.

— Me solte. Agora! Não posso acreditar que você...

Beijei-a, silenciando-a.

Não tinha ideia de como sabia que funcionaria, mas


merda, funcionou. Aceitou o impulso de minha língua e
inclusive me devolveu o beijo. Logo envolveu suas pernas ao
redor de minha cintura, cravou os calcanhares na base de
minhas costas enquanto suas unhas afundavam em meus
ombros.

Rompi o beijo, ofegando forte, e pressionei minha testa


contra a sua.
—Não vá. Ainda não.

Sua resposta foi igualmente ofegante.

—Por que não?

—Bom... —Merda. Não tinha nada. Falando sem pensar,


disse. — Um: Sabe que sou um imbecil. Eu não... quero dizer,
nunca vou pensar em coisas assim como... como lavar os
lençóis para apagar tudo das mulheres passadas. Talvez
sempre serei desconsiderado e..e.. Me conhece! É minha
perseguidora. Sabe meu horário de trabalho, como entrar em
meu celular, meu segundo nome, que tipo de sabão uso. Não
me diga que não sabe o idiota que sou.

No princípio, parecia relutante, mas finalmente disse.

—Bem, tem razão.

— Malditamente certo, a tenho. E dois...

— Dois? — Disse ela quando eu não disse a opção dois


rápido o bastante.

— Merda. Me conhece. Sou um imbecil. — Realmente,


por que necessitava de um dois quando o um parecia dizer
tudo?

Riu e meu pulso acalmou um pouco.

—Não vá. — Disse com mais suavidade e estendi minha


mão para encontrar sua bochecha. Seu fôlego se obstruiu e
isso fez que algo enorme se movesse em meu peito. — Fique.
— Inclinei para acariciar o lado de seu pescoço com meu
nariz.— Só um pouco mais.
—Por que? — Sua voz era áspera e suave, fazendo com
que meu pau se movesse. — Já conseguiu o que queria
comigo.

Não disse a ela que estava preparado para fazer de novo.


Havia um pequeno toque de vulnerabilidade em sua voz,
como se pensasse que o sexo era só o que tínhamos, quando
na verdade se supunha que fosse assim. Mas eu não gostava
de pensar que minha Visitante Noturna de pele suave e
mente suja se sentia ferida.

Afastei minha boca de sua deliciosa garganta. Virando


sobre meu lado, enfrentei-a, apoiando um cotovelo em meu
travesseiro e a bochecha em minha mão. Com minha mão
livre, encontrei seu quadril e comecei a arrastar meus dedos
por seu lado.

— Então, façamos algo. O que quer fazer?

— Não sei. — A pergunta pareceu deixar ela surpresa. —


Poderíamos possivelmente... falar, suponho.

— Estamos falando neste momento. — Lembrei. Quando


me inclinei e tentei roçar a linha de sua mandíbula com
minha boca, porque não podia me manter longe, virou seu
rosto para um lado e me afastou.

Com um gemido metade grunhido, enterrei meu nariz


em seu ombro.

— Do que quer falar? — Perguntei, minha voz


amortecida contra sua pele, que cheirava incrível.

— Não sei.
Ri um pouco. É obvio que não saberia.

—De acordo, bem. —Levantei minha cara e olhei


através da escuridão em sua direção por uns bons cinco
segundos, com minha mente em branco sem nada que dizer.

Minha mão errante finalmente encontrou seus peitos.


Quando seus mamilos se endureceram sob meu toque, meu
pau passou de meio duro para completamente pronto para
penetrar em profundidade.

Engoli um gemido e movi meus quadris para trás, assim


não saberia o quanto estava excitado. Mas não podia deixar
de fazer círculos ao redor de seu mamilo com meu dedo,
porque a maldita coisa seguia erguendo mais e mais, me
dando água na boca e fazendo cócegas em minha língua até
que não quis fazer nada mais que lamber, lamber e lamber...

Ela respirou e arqueou seus peitos para mim, amando a


atenção. Sabia que já estava molhada, e isso fez que minha
ereção pulsasse pela liberação.

— Quantos anos tinha quando seus peitos começaram a


crescer? — Perguntei.

Deixou escapar um par de suspiros antes de se afastar e


me dar um murro no ombro.

— Maldição, Oren. — E se sentou na cama. — Não me


referia a esse tipo de conversa.

— Bom, então é melhor que escolha o tema. — Disse me


sentando também.— Porque a única coisa que posso pensar
agora é em sugar esses peitos suculentos e duros em minha
boca e passar minha língua através deles, logo levantar suas
pernas e inundar essa mesma língua tão profundamente em
sua boceta.

Ela estremeceu e começou a respirar mais rápido.

—Está duro, não é assim?

Um, dah.

— Como um fodido tubo de aço.

— Maldição. — Grunhiu de novo. — Acabamos de fazer,


faz cinco minutos. —Embora enquanto se queixava,
empurrou-me de costas e se arrastou escarranchada sobre
minha cintura. Logo se abateu sobre mim e pressionou suas
quentes coxas ao redor de minha cintura. Escutei-a procurar
e encontrar uma camisinha em minha mesinha.

O som dela rasgando para abrir fez que os músculos de


meu estômago se esticassem com antecipação. Logo me
agarrou com sua mão livre e a senti deslizar o látex. Uma vez
que me teve coberto e se acomodou sobre mim, elevei meu
quadril assim que sua cálida umidade se apoiasse contra a
cabeça do meu pau. Mas a Visitante Noturna agarrou meu
quadril, me impedindo de me inundar nela.

Arqueei uma sobrancelha na escuridão.

— Suponho que quer dominar totalmente esta rodada,


né?

Respondeu agarrando minhas mãos e as colocando em


ambos os lados de minha cabeça. Com um giro de seus
quadris, me colocou em seu interior. Poderia ter me soltado,
não me segurava apertadamente, mas parecia gostar do que
fazia, e com certeza eu não me importava.

Começou a me montar, e gemi, arqueando minhas


costas.

—Foda... me. — Isto era assombroso.

Sobre mim, soltou uma risada rouca. Suas unhas


rasparam ligeiramente meu peito para brincar com meus
mamilos.

— Quais são as probabilidades de que possa te fazer


gritar o nome dessa outra mulher quando gozar?

— Que...? — Se encontrava a ponto de me fazer virar os


olhos pelo rápido que se movia. Não podia pensar em nada
mais nesse momento.

— Está imaginando que sou ela neste momento?

A mulher estava me matando. Me deixava levar pelo


bem que estava sentindo, e tinha que me lembrar de
Caroline?

—Shh. — Vaiei, estendendo minhas mãos para agarrar


seus peitos. — Não fique estranha.

— Está bem. —Murmurou, como se tranquilizasse a um


animal assustado. — Pode dizer. Me dê seu nome.

Apertei os dentes.

— Não vou dizer seu nome.

— Mas não me incomoda se você...


— Isso é fodido. Tem que se incomodar. Por que não se
incomodaria? — Diabos, queria que se incomodasse. Se não
se importava, então isto não podia significar tanto para ela
como para mim. E não podia aceitar a ideia de que não
estivesse envolta nisto tanto como eu.

Deslizou sua mão por meu peito, sobre meu ventre e


debaixo de meu umbigo até onde, Oh Santo Deus, acredito
que tocava a si mesma.

— Porque e se.. e se for meu nome o que diz?

— Não é... não pode ser. — Sacudi a cabeça, negando,


inclusive enquanto alcançava sua mão, porque tinha que
saber o que fazia... estava esfregando seus clitóris.

— Mas, e se for? — Pressionou, me levando de volta a


essa maldita conversa irritante. Sua voz se voltou
entrecortada. Tinha que estar cada vez mais perto de sua
liberação, uma ideia que me aproximava mais à minha.

— Será melhor que não seja ela. — Apertei os dentes,


me arqueando em seu interior.

— Por que não?

— Porque não posso... merda, foder, isso. Não posso


sentir isto com ela. Não posso fazer isto com ela.

Entretanto, isso é exatamente o que poderia estar


fazendo. Só a ideia de que pudesse ser Caroline, me tinha tão
perto, que sacudi de novo meus quadris, mais forte desta vez,
me levando tão profundo em seu interior como podia. Gritou
e cravou seus dedos em meus ombros.
— Oren.

— Maldição. — Ofeguei. — Agora mesmo quero tanto ver


você. Ela se inclinou, por isso pude sentir suas pernas
se moverem com cada queda que provocava sobre mim. Algo
que estava pendurando em seu pescoço bateu contra meu
peito bem antes de que sussurrasse em meu ouvido.

— Lamento, mas terá que usar sua imaginação. Porque


nunca me verá durante estas visitas.

— Ah, é? —Tive a tentação de simplesmente colocar ela


em seu lugar. — Poderia estender a mão e acender meu
abajur... agora mesmo.

Conteve a respiração e voltou a agarrar minhas mãos,


as sujeitando contra o colchão outra vez. Mas logo me
desafiou.

— Então por que não o faz?

Liberei minhas mãos, o que causou que tomasse um


fôlego surpreso. Mas em vez de ir para o interruptor da luz,
meus dedos atacaram seu cabelo, enterrando meus dedos
profundamente neles e dando um puxão, o que pareceu
gostar tanto como a última vez.

— Porque eu gosto deste jogo. —Falei ao seu ouvido.

— OhmeuDeus, OhmeuDeus, OhmeuDeus. —Fez coro


seu mantra orgástico, me dizendo que se encontrava bem aí.
Logo as paredes de seu sexo paralisaram ao redor do meu
pau, apertando fortemente enquanto gozava.

— Oren.
O uso de meu nome foi o que me levou sobre a borda.
Queria esperar até que ela terminasse, e logo tratar de fazer
ela gozar de novo, mas seu orgasmo pareceu me agarrar pelas
bolas e fez que eu gozasse profundamente em seu interior.

— Maldição, maldição.—Apertei os dentes e sacudi os


quadris grosseiramente, levantando-a da cama enquanto
tentava conter. E falhei.

— Caroline.

Estava tão gostoso, que nem sequer podia pensar


enquanto puxava seu cabelo e me esgotava em seu interior
uma e outra vez.

Quando paralisou em cima de mim, essa coisa que


usava ressonou contra meu peito de novo. Uma corrente de
metal frio se achava conectada à mesma, por isso imaginei
que era um colar.

Cabelo sedoso revoou sobre meu braço quando recostou


sua bochecha em meu ombro. Me sentia bem. Sabia que
podia mantê-la assim para sempre e estaria completamente
satisfeito. Mas essa coisa ainda apoiada sobre meu peito
despertou minha curiosidade.

—O que é isto? — Perguntei enquanto baixava meu


rosto para roçar meus lábios por seu pescoço até que tive a
corrente em minha boca. Recolhi o amuleto com meus dedos
e senti sua forma. A tristeza me atravessou, porque não podia
lembrar de Caroline usando algo tão grande.
Eu não gostava da prova de que Caroline não fosse a
Visitante Noturna, apesar de que começava a separá-las em
minha mente e as converter em duas pessoas diferentes.

— É um colar. —Murmurou, com voz divertida.

— Humm. — Talvez Caroline só o usasse debaixo de sua


blusa. Isso não era completamente ilusório. Era mais realista
que admitir que fosse ela a Visitante Noturna. Continuei
riscando a forma ovalada antes de pressionar de volta contra
seu peito e passar com minha língua. Deixou escapar um
murmúrio de prazer.

— Significa algo especial para você?

Seus dedos vagavam por meu cabelo, fazendo que meu


couro cabeludo formigasse.

— É obvio que sim.

Ri e levantei meu rosto quando não deu mais detalhes.

— Mas, não vai me contar?

— Quer saber de verdade?

Encolhi os ombros. Algo assim, sim. Começava a me


voltar muito curioso sobre minha Visitante Noturna. Queria
saber todo tipo de coisas, incluindo, aparentemente, a
importância de seu colar.

Quanto mais tempo passava com esta mulher, mais


confuso me sentia. Com quem quer que estivesse agora,
estava se metendo sob minha pele. Sabia como chegar à mim.
Ou possivelmente eu mesmo permita que o faça porque
secretamente queria que fosse Caroline. De qualquer
maneira, o que tínhamos aqui entre nós era muito doce,
entretanto, sentia-me como merda porque ela era uma pessoa
viva, real, da qual me aproveitava.

Por outra parte, esta não era Caroline. Era alguém com
quem podia estar, então, por que não podia deixar de
imaginar que era outra pessoa e só... estar com ela?

Ansiedade se agitou em meu interior. Havia razões de


porque não tive uma namorada estável em quatro anos, do
porque não me permitia ficar muito tempo com uma garota,
porque me negava a deixar alguém entrar. Mas conhecer
Caroline há um ano mudou tudo.

E agora que assumi minha obsessão por ela, esta


mulher aqui tentava me afetar também. Isso me fez entrar em
pânico. Não tinha nem ideia de como era ou qual era seu
nome, mas a garota ao meu lado, tinha poder sobre mim.

Pensei que eu gostava do mistério de não saber quem


era. Mas agora tinha curiosidade. Riscando meu dedo entre
seus peitos, beijei sua bochecha. Meu estômago se esticou,
porque sabia que uma parte de mim estaria decepcionada.
Tinha-me divertido sonhando acordado que era Caroline, mas
ia ter que superar minha obsessão com ela. E esta mulher
era o mais perto que cheguei ao que sentia pela irmãzinha de
Gamble.

Enterrei meu rosto em seu pescoço. Com nossos braços


e pernas enredados entre si, senti-me tão perto dela como
nunca sentiu de outro ser humano vivo, e entretanto,
também sentia a mundos de distância.
Sabia o que eu ocultava. Mas, o que diabos ela
escondia? Por que não queria que visse quem era?

— Estive trabalhando em meu portfólio. — Disse,


esperando que se compartilhasse algo de mim, ela também o
fizesse.

— Humm? —Sua voz estava sonolenta e quase


desinteressada no que eu estava dizendo. — O que?

—Jesus, mulher. — Suspirei. — Primeiro me diz que


converse com você, e quando por fim começo a fazer isso,
dorme sobre mim. O que está acontecendo?

Bocejou e se sentou.

— Não, eu estou acordada. Estou acordada. Sinto


muito. Agora, o que dizia sobre um portfólio? Como... seu
portfólio de arquitetura? Oh, meu Deus, já está procurando
um trabalho?

—Sim. — Deveria saber que estaria plenamente


consciente de que eu era um estudante de arquitetura,
apesar de que contava a quase todo mundo que ia receber
um título em construção. Minha perseguidora era boa desse
jeito. — Todos os meus professores e meu conselheiro estão
dizendo que sou inteligente por conseguir uma vantagem e
aplicar aos lugares agora, antes de me formar.

—Uau. — Soava emocionada. — Mas sua formatura é


em...

— Em menos de um mês. — Terminei brandamente, me


aproximando dela sem querer.
— Sim. — Sussurrou e se meteu de novo a meu lado
para se aproximar e beijar meu ombro. — Então... encontrou
algum lugar que está em busca de novos arquitetos?

De novo, assenti.

— Um par.

— Oh, meu Deus. Uau. Onde?

— Há algumas empresas do estado que estou revisando.


Algumas no Missouri e Ohio. Uma tão longínqua como no
Lake Tahoe.

— Lake Tahoe? Como, o Lake Tahoe na Califórnia?

— Humm. — Inalei profundamente o aroma de seu


cabelo e me senti sonolento.

—Uau. — Juro que escutei decepção em sua voz e me


perguntei, do que seria isso?

— Mostraria alguns dos desenhos que fiz, mas teria que


acender a luz. — Além disso, era muito difícil tentar sair
desta cama e ir buscar neste momento.

— Está bem. — Disse enquanto começava a acariciar


meu cabelo. — Estou certa de que são incríveis. É um artista
talentoso.

Um músculo saltou em minha bochecha. Tinham


passado quatro anos desde que alguém utilizou esse termo
comigo. Artista talentoso. Minha irmã estava acostumada a
exigir que eu fizesse desenhos dela. Inclusive posou das
formas mais estranhas e enrugava seu rosto em algum tipo
de expressão cômica. E dizia a cada o quão certeiro fui com
seu retrato.

Fechei os olhos, afastando as lembranças.

— Não posso acreditar que considere se mudar para


Califórnia. —A Visitante Noturna passava suas unhas
brandamente sobre meu couro cabeludo, deixando-me
sonolento.

O sono empapou minhas veias enquanto relaxava sobre


seus suaves peitos.

—Ainda não sei o que vou fazer. — Murmurei, e então já


não recordei nada mais.
CAROLINE

Quando Oren ficou sem forças apoiado contra mim,


soube que dormiu. Suspirei profundamente e, pouco a pouco,
detive o movimento de meus dedos acariciando seu cabelo.

De repente, tinha muito que processar. Mas, e aí? Sabia


que era o passo lógico para alguém que se formava na
universidade, mas, merda... nem sequer considerei a
possibilidade. Porque, obviamente, era uma idiota.

Ou talvez, porque Oren nunca agiu como alguém que


desejava crescer e se mudar.

Mas o mais perturbador era o fato que gritou meu nome


quando teve seu orgasmo. Não acredito que sequer se deu
conta que o fez. Depois disso, não disse nada, nem parecia
estranho. Com o passo dos segundos, cheguei à conclusão
que nem sequer se deu conta do que fez.

Minhas mãos começaram a tremer e as lágrimas


alagaram meus olhos. Bom, aconteceu. O sonho de que me
desejasse tanto como eu o desejava se fez realidade, mas
simplesmente queria chorar porque era muito que processar.
Foi muito bonito, muito irreal, muito... Céus! E dois segundos
depois, soltou a bomba sobre mudar-se a um lugar tão longe
como Califórnia?
Em que caralho eu estava me metendo? Arriscava a ira e
confiança de meu irmão por um mulherengo estúpido e
imaturo, que talvez iria embora e romperia meu coração. E o
fazia com plena consciência porque, sem importar todas as
vezes me disse para fugir, não podia deixá-lo, ainda não.
Baixei minha bochecha a seu ombro e percorri seu peito com
meus dedos.

— Eu te amo. — Sussurrei, agradecida de pelo menos


ter este momento de paz com ele, uma lembrança que
entesouraria uma vez que se fosse. Mas mesmo assim, tive
que adicionar a silenciosa súplica. — Por favor, não vá.

Quando não respondeu e nem sequer se moveu, suspirei


com tristeza e me afastei de seu quente abraço. Saí da cama e
vi quando ele se virou em minha direção como se me
buscasse em seu sono. A dor me atravessou, mas continuei e
encontrei meus pertences na escuridão.

Estive tentada a acender o abajur assim poderia ter uma


visão dele dormindo e nu em sua cama, mas não queria me
arriscar que despertasse e me visse, então me dirigi para a
porta e me apressei pelo corredor para a porta principal.

Enquanto caminhava pela rua a caminho de casa,


dezoito quadras da casa de Aspen, decidi que seria o melhor
se a Visitante Noturna tivesse acabado de fazer sua última
incursão no quarto de Oren.
TEN

Quando despertei na manhã seguinte, estava sozinho.


Nesse mesmo instante, levei minha mão ao seu lado da cama.
A fenda de uma cabeça no travesseiro junto à minha me fez
sorrir. Ao menos, tinha uma prova de que era real.

A dor aguda em minhas costas enquanto tomava uma


ducha era outra prova.

— Que merdas? — Murmurei, me virando e tentando


sentir essa parte de minhas costas para saber o que
aconteceu comigo. Não foi até quando saí da ducha e me
secava que vi um brilho de marcas de arranhões em minhas
omoplatas e me dei conta do porquê estavam doendo. Ela
deve ter deixado sua marca quando a saboreei ontem à noite.
Agarrou-me bastante forte.

Merda, isso me agradou. Sorrindo, assobiei enquanto


voltava para meu quarto em nada mais que uma toalha.
Comecei a fazer minha cama, me sentindo como um tonto
quando parei e me inclinei para cheirar seu aroma em meus
lençóis. Quando senti seu perfume único, suspirei e inalei
mais profundo. Céus, cheirava tão bem. Encontrava-me a
ponto de voltar para a cama e me masturbar pensando nela
quando me freei.

Que caralho eu estava fazendo? Sério que estava tão


louco por esta garota mesmo que não conhecesse nada mais
do que como se sentia, cheirava e que tinha uma anormal
obsessão comigo? Perdi minha maldita cabeça. Caralho, já
estava louco por alguém, não precisava acrescentar outra
mulher à lista.

Ontem à noite, permiti ela saber com muita facilidade e


dei um pouco do bate-papo de merda que queria. Por que fiz
isso? Não precisávamos falar, entre nós era tudo físico. E isso
era tudo do que se tratava, pensei com um pouco mais de
firmeza. De fato, a próxima vez que me enviasse uma
mensagem, a ignoraria. Encontraria outra garota que não
tivesse nenhum problema sobre que fosse todo físico e minha
vida voltaria para a normalidade. Não mais estresse
espreitando, não mais sonhos perturbadores como o que tive
ontem à noite sobre minha irmã, e não mais desta merda de
"sentimentos". Não para mim.

Juntei um punhado de lençóis, e os tirei com força da


minha cama com a intenção de tirar seu aroma deles, mas
logo me dei conta que, na verdade, faria caso sobre lavar
meus lençóis.

Maldição.

Merda. De toda forma precisava lavá-los. Continuei


tirando-os do colchão, com um pouco mais de agressividade,
zangado que uma mulher sem nome nem rosto me tivesse
feito mudar tanto de ideia em uma semana. Supunha-se que
os meninos não mudavam de ideia. Antes que me dessa
conta, me cresceriam ovários.

—Uff. — Bufei. — Não é provável.

Quando um canto do lençol não se liberou do colchão


depois de puxar, grunhi e puxei ele com tanta força que,
quando por fim se liberou, cambaleei para trás. Terminei
aterrissando sobre meu traseiro com a toalha que enrolei em
minha cintura se soltando e caindo a meu lado.

Mas o mais doloroso foi o objeto duro como uma rocha


que se enterrou em minha mão direita quando cai.

—Ai. Merda!

Com o traseiro nu, levantei e virei para notar um colar,


uma corrente de ouro ao redor de uma pedra ovalada e
brilhante.

Piscando, inalei.

— Oh, caralho. — Recordei quando, ontem à noite,


perguntei a Visitante Noturna sobre seu colar. Passei meu
polegar sobre o brilhante amuleto verde e percebi que o
broche estava quebrado, o qual me indicou que tinha se
soltado acidentalmente de sua proprietária.

Isto era o único vínculo que tinha com ela. Quem quer
que seja a garota, as esmeraldas eram algo importante para
ela. Fez com que meu peito se inchasse pelo êxito do
descobrimento e logo irritação por inclusive querer saber.

O aniversário de Caroline era em maio, por isso me


perguntei imediatamente qual era a pedra ideal para maio.
Merda, não. Já não a associaria com Caroline. Esta mulher
devia ter sua própria identidade, uma identidade da qual
precisava me distanciar.

Debati sobre o que fazer. Ontem, teria pego meu telefone


e enviado uma mensagem, conservando seu colar como refém
até que aceitasse me dar o que queria. Diabos, ainda queria
fazer isso. Mas precisava pensar com a cabeça fria.

Depois de colocar o amuleto sobre a cômoda, me vesti.


Meti na mochila um bloco de papel de desenho e um par de
livros que poderia precisar, e comecei a me dirigir à porta só
para me deter e dar uma olhada no maldito colar.

Antes de sair do meu quarto, tomei uma rápida decisão,


peguei o colar e guardei em meu bolso.

O conjunto Loira/Ham já foi. Eles tinham aulas muito


cedo, por isso tomei meu tempo assaltando a cozinha.
Engasguei com uma broa e suco de laranja e fui para a
universidade. Minha primeira aula do dia era um pouco
aborrecida, de ética dos negócios, e tentaria (com força) não
ficar cochilando. Continuando, aulas de desenho
arquitetônico e então um recesso para almoçar antes de
história da arquitetura.

Durante minha hora livre, procurei um pouco de comida


no campus, e me sentei em uma grande e cômoda cadeira no
centro dos estudantes. Devorava um sanduíche quando tirei
o colar de meu bolso e brinquei com o broche quebrado.
Talvez o arrumaria, o devolveria, e logo poria um fim ao nosso
caso. Quer dizer, pareceu como se fosse importante para ela,
estava certo de que o queria de volta. E uma última foda de
despedida não lhe faria mal e...

— Ouça, bastardo, o que faz aqui? — A voz de Gamble


me fez saltar antes que sua mão golpeasse minha cabeça.
— Caralho, homem. —Murmurei, tirando meu rosto de
lado no caso dele me golpear de novo. — Estou comendo meu
almoço, o que parece que estou fazendo?

Gam se deixou cair na cadeira de frente a minha e


gemeu imediatamente, jogando sua cabeça para trás,
retorcendo-se em êxtase.

— Maldição, são tão confortáveis.

Franzi o rosto fazendo uma careta.

— Irmão, deixa de incomodar a pobre cadeira. Sério. —


Sem me dar conta do que fazia até que foi muito tarde, joguei
meu braço para trás e joguei o que tinha em minha mão,
golpeando-o no centro de seu peito. Tiro perfeito.

—Ai. Que caralho? — Esfregou seu peito e pegou o colar.

Congelei e disse em voz baixa cada maldição que


lembrava. Que merda acabei de fazer?

Antes de piscar e levantar seu olhar, Gamble olhou


fixamente a esmeralda em sua mão.

— O que faz com o colar de Caroline?

Fiquei olhando-o.

—O que? — De jeito nenhum, encontrei minha voz para


perguntar. Sacudi minha cabeça, confuso. Disse o colar do
Caroline?

O colar de Caroline?
Com seus olhos entrecerrados, Gamble, olhou-me com
receio, e envolveu, com lentidão, seus dedos ao redor do
amuleto.

—Por que merda tem o colar de minha irmã?

Não sabia o que responder. Merdas, nem sequer sabia o


que pensar. Meu olhar se dirigiu a sua mão empunhada e o
sangue subiu para minha cabeça. Por fim, disse.

— Não. Não, esse não é o... —Tive que sacudir minha


cabeça de novo, incapaz de compreender. — Não é dela. —
Não podia ser. — Eu... não... — Observei meu melhor amigo
às cegas, mas tudo o que vi foi o rosto de sua irmã. Seus
olhos azuis. Seu nariz. Merda, inclusive tinham os mesmos
lábios. Minhas mãos começaram a tremer. —Tem certeza que
é dela?

Tinha que ser um engano. Caroline não era a Visitante


Noturna, sem importar o muito que acreditei que poderia ser
no começo.

Mas então, céus, me excitei diante a ideia. Sacudindo


minha cabeça um pouco mais, olhei seu irmão com a boca
aberta, esperando que se equivocasse.

— Caralho, sim, é dela. — Respondeu. — Conheço a


única joia que usa. Inclusive gravei seu aniversário no verso
antes de dar para ela. – Virou para me mostrar, e tive que me
levantar da minha cadeira super confortável para me
aproximar e pega-lo de sua mão.

Virei a esmeralda.
— Me matem. — Soltei. Nem sequer notei. Dia 24 de
maio gravado no verso. Olhei às cegas a meu melhor amigo.
— Você deu isto para ela. — Repeti com estupidez.

Mas Oh, maldito, inferno. Isto era ruim. Muito ruim.


Estava certo que pôde ver toda a culpa em meu rosto porque
franziu a testa e me tirou o amuleto.

—É óbvio que dei. Foi para seu décimo sexto


aniversário. As esmeraldas são sua pedra natal.

Minha cabeça deve ter se convertido em um pêndulo


porque continuava balançando de um lado para outro em
negação. Mas era tudo muito louco. Totalmente irreal.
Caroline era minha Visitante Noturna? Impossível. Em
nenhum âmbito de realidade todos meus sonhos se
materializariam assim, inclusive sendo possíveis.

—Mas nunca a vi usando—argumentei, porque...


inferno. Não podia me permitir acreditar que fosse verdade.

Gamble girou a pedra em sua mão para percorrer a


esmeralda com o polegar.

—É porque o usa por dentro da roupa. Sempre se


preocupou para não perder.

Sentia a garganta afundar em meu estômago porque, de


um momento a outro, não podia falar. Encostei em minha
cadeira, me sentindo... caralho. Nem sequer sabia o que
sentia.

Meus sentimentos ficaram distorcidos.

Gamble me penetrou com um olhar acusador.


— Se importaria de me explicar por que você está com
ele?

Não. Sacudi a cabeça.

—Acreditei que era... —Merda. Pense. — ...da mulher


do Hamilton. Eu, ahm... o encontrei na poltrona... do nosso
apartamento. Vi que estava quebrado, então ia arrumar e
devolver para a Zo... Loira.

Merda, ia perder a cabeça. Quase chamei a Loira por


seu verdadeiro nome. Sem dúvida, o pânico e a comoção me
deixaram tonto.

Encolhi os ombros, esperando que fosse um gesto


casual e apontei para o colar.

— Mas se estiver certo que é de Caroline, deve ter caído


em algum momento quando visitava a mulher do Ham.

Gamble assentiu, e um olhar cúmplice invadiu seus


olhos.

—Sério. Sente algo por ela, verdade?

Não podia respirar. Nem sequer sabia o que dizer.


Merda, encontrava a um segundo de me deprimir.

Entretanto, em lugar de cruzar o espaço que nos


distanciava para me estrangular com suas próprias mãos,
Gamble deixou que um sorriso ardiloso se espalhasse por seu
rosto.

— Sabia! Soube quando te apanhei desenhando seu


nome no outro dia. Desenhando uma tatuagem para Quinn,
meu rabo. Deseja a sua mulher.
Retrocedi, surpreso, sem antecipar que diria isso. —
Perdão?

Simplesmente seguiu assentindo como se estivesse certo


que tinha razão.

— Sim, soube que passava algo quando a deixou se


mudar com vocês depois que nem sequer permitisse a Cora
passar a noite.

Grunhindo, murmurei.

— Não permitia a Cora passar a noite com o Hamilton


porque odiava suas vísceras de cadela, e tinha medo que
tentasse sair de sua cama durante a noite e se metesse na
minha. Não tenho que me preocupar com isso com a Loira.
De fato, ela tem princípios.

— Você se apaixonou profundamente por ela, não? —


Gamble sacudiu sua cabeça como se estivesse assombrado.
—Nunca acreditei que veria esse dia. Ten está apaixonado.

—Não estou apaixonado! — Soprei e neguei com a


cabeça.— Caralho, está louco.

— Não se preocupe. —O sorriso do bastardo não


terminava. — Não contarei para o Quinn.

— Que seja. — Revirei meus olhos e decidi ignora-lo.


Mas não funcionou, por isso explodi. — Não contará porque
não há nada que contar. Inferno, está completamente
equivocado. Não estou apaixonado pela Loira. — Meu olhar se
dirigiu para sua mão que ainda segurava o colar e tive que
fechar minhas mãos em punho para evitar me jogar sobre ele
e pegar o colar.

Pertencia a minha Visitante Noturna, a Caroline. Não


queria que o tocasse.

— Sabia que algo te incomodava ultimamente. —


Murmurou, assentindo. — Não estava sendo tão insuportável
nem vulgar como sempre. Devia saber que se tratava de uma
mulher.

Pois é, quase. Mas não tão perto.

— Está louco, homem. —Zangado ao saber que não


conseguiria de volta o colar, fiquei em pé e coloquei uma alça
da mochila em meu ombro e joguei o resto de meu sanduíche
no lixo mais próximo. — Não me sentarei aqui para escutar
esta merda. Não desejo a Loira. Não planejo roubar a mulher
do Ham. E fui tão insuportável e vulgar como sempre. — Para
provar que a última parte era certa, chutei seu pé quando
passei perto dele e me inclinei para dizer o mais ofensivo e
vulgar que me ocorreu.

E fui embora.

Mas logo que o ar de abril me envolveu, em meu


interior, me senti mais claustrofóbico que nunca. O pânico se
expandia em meu peito sugando todo o oxigênio dos meus
pulmões até que quase estive perto de lutar para obter um
pouco de ar. Com lentidão, dei uma volta, tentando me
concentrar na imprecisa imagem dos edifícios e árvores ao
meu redor. Mas sentia que ia desmaiar.
Sem pensar, tirei o telefone de meu bolso e logo inalei e
exalei profundamente antes de poder me concentrar o
suficiente para me focar. Depois de me deslocar pela lista de
contatos, sacudi minha cabeça, perplexo. Ainda tinha o
número de Caroline em minha memória, e era um número
diferente do da Visitante Noturna.

Não podiam ser a mesma pessoa.

Em algum momento, Caroline deve ter entrado em meu


quarto e o colar caiu no chão, e isso era tudo. Não que
soubesse que caralho ela estaria fazendo no meu quarto, mas
era uma possibilidade... exceto ontem à noite o sentiu na
Visitante Noturna e inclusive perguntei pelo colar. Que não
explicou sua importância porque, céus, era um presente do
seu irmão, meu maldito melhor amigo no mundo.

Oh, caralho. Minha visão escureceu nas bordas quando


considerei a possibilidade que de verdade fosse Caroline.
Endurecido como uma rocha, meu pau se retorceu em
minhas calças, e minha pele sensibilizada estremeceu.

Havia fodido Caroline?

O melhor sexo da minha vida. A forma que me chamava


de Oren. A forma em que discutia comigo e se metia em
minha cabeça.

Céus, fui tão estúpido. Ninguém se metia sob minha


pele como ela. Por que sequer considerei a ideia que duas
mulheres diferentes podiam me afetar da mesma maneira?

Possivelmente, porque quis acreditar que era alguém


mais, alguém com quem, na verdade, poderia estar.
Enterrei o rosto em minhas mãos e me foquei em
respirar. Mas meu corpo ardia tanto que temia gozar em
minhas calças. Necessitava respostas, mais respostas,
respostas sólidas e boas, ou ficaria louco.

Pegando meu telefone outra vez, enviei uma mensagem


de texto para a Visitante Noturna.

"Esta noite."

Respondeu quase imediatamente, o qual provocou que


meu sangue corresse ao ver sua mensagem aparecer.

"O que? Nenhum "por favor"? Não estou muito motivada a


aceitar. "

Maldição, era uma resposta tão quente, típico de


Caroline. Por que não me permiti me dar conta antes?

Meu pau pulsava com força. Desejava tanto que fosse


ela, mas ao mesmo tempo, não. Tudo mudaria se fosse
Caroline. Já não seria sexo quente, divertido e sem sentido.
Mas de novo, já era algo mais que isso, não era assim? Sem
me dar conta que ocorria, esta mulher apanhou toda minha
atenção. E mesmo assim queria mais dela.

Apertando os dentes, comecei a escrever.

"Já estou completamente duro por você. Não use


calcinhas a não ser que queira que as arranque de novas
maneiras criativas, porque vou te foder DURO no momento que
ponha um pé em meu quarto. Queria no escuro. Bom, se
prepare para o mais escuro, duro e pecaminoso sexo de sua
vida."
Depois de enviar, esperei, mordendo o lábio inferior.
Quando respondeu, suspirei com alívio.

"De acordo, estou motivada."

Sorri.

"Se prepare para estar dolorida amanhã. Lambo-te logo,


baby."

Não respondeu, e não queria que o fizesse. Estava muito


ocupado voltando a me deslocar pela letra C em minha lista
de contato. Quando cheguei a Caroline, e escrevi uma nova
mensagem. "O que está usando... digo, fazendo?"

Se ela fosse a Visitante Noturna, já teria seu telefone


com ela, a não ser que tivesse dois telefones. Neguei com a
cabeça. Não. O mais provável era que conseguisse um desses
números do Google Voz.

E, merda, por que não me ocorreu antes essa ideia?

Vinte segundos passaram e a decepção me encheu.


Talvez Caroline não era a Visitante Noturna depois de tudo.

Merda. Também começava a gostar da ideia. Mas então


meu telefone vibrou, e meu coração deu um tombo.

"Por que?"

Porque estou a ponto de descobrir todos seus segredos,


mulher. Um sorriso se deslizou em meu rosto. Mas em lugar
de dizer isso, escrevi.

"Estou aborrecido."
Imaginei ela lendo e dando um suspiro irritado. Meu
deleite cresceu.

"Encontro-me na biblioteca com o Zwinn."

"Zwinn?"

"Quinn e Zoey. Já sabe... Zwinn."

Ah. Eu gostava dessa abreviatura para eles. Ciumento


de que não me ocorresse, dirigi-me para a biblioteca
enquanto teclava uma resposta.

"Um trio? Pervertida."

"Uma resposta obscena típica de Oren? Não me


impressiona."

Ri. Maldição, eu adorava sua engenhosidade.

"Me dê vinte e quatro horas, e encontrarei uma maneira


de te impressionar. Garanto."

"Não estou interessada." — Respondeu.

—Ah, estará. — Murmurei. Guardando meu telefone,


subi os degraus da porta principal e a abri. Nunca antes
estive na biblioteca do campus, então vaguei sem rumo por
um minuto antes de encontrá-la junto aos pombinhos em
uma mesa de estudo. Depois de me aproximar por trás, me
inclinei e sussurrei em seu ouvido:— Muito tarde, menina. Se
prepare para que sua mente exploda.

Caroline pulou e se virou para me olhar boquiaberta.

— O que? Do que diabos está falando?


— Nossa conversa telefônica a um momento atrás. —
Quando seus olhos piscaram, me perguntei em que conversa
pensava. Pisquei de forma inocente e acrescentei. — Acredito
que me lançou uma provocação para te impressionar. E o
aceitei. Vou te surpreender... provavelmente antes de que
durma esta noite.

— Oh. — Revirou os olhos. — Pensei que como de


costume, realizava grosseiras insinuações sexuais.

Pisquei um olho.

—Uau, tem uma mente suja. —Vi sua cara quando


pronunciei essas palavras cuidadosamente escolhidas.
Entretanto, nenhum indício de nossa outra conversa
telefônica cruzou sua expressão. Simplesmente me olhou
piscando.

Sem me alterar por sua negativa a reagir, abri minha


bolsa e em lugar de tirar os livros de texto para estudar,
encontrei uma banana e uma garrafa do Power Rade. O
apetite que Gamble matou a alguns minutos de repente rugiu
de volta à vida. Não era de sentir saudades, sempre me sentia
vivamente alerta ao redor de Caroline.

— Sabe, nem tudo que faço ou digo gira em torno do


sexo. —Disse, trazendo nossa conversa de volta.

Seu olhar seguiu o progresso enquanto descascava a


banana e finalmente a levava a minha boca. Levantou suas
sobrancelhas enquanto me observava.

—Sério?
Quase engasguei enquanto mastigava.

— Jesus, está certa de que nem tudo é uma insinuação


sexual com você? Uau, estava comendo um sanduíche, não
baixando imaginariamente minha cabeça para um menino. E
para sua informação, só recebo boquetes, não os faço.

Apertando os dentes, deu uma palmada fechando seu


livro e me olhou.

—Por que demônios se encontra aqui, nos


incomodando?

Me virei para Zwinn pela primeira vez desde que


cheguei. Olhavam-me abertamente, possivelmente se
perguntando por que era ainda mais chato do que o normal.

—Estou incomodando?

Loira imediatamente assentiu.

— Um pouco, sim.

— Bastante. — Respondeu Quinn bem depois dela.

Separei-me deles. Não eram de ajuda. Mas Caroline já


abriu seu livro de novo e tinha a cabeça inclinada para baixo
enquanto estudava o texto. Seus cabelos pálidos formavam
uma pequena onda que fluía por cima do ombro cobrindo sua
cara. Tive que me mover em meu assento para reajustar meu
jeans, já que começavam a me oprimir. Olhar esse cabelo me
recordava o muito que gostava que o jogasse.

Meus dedos estiveram enterrados nessa bela cabeleira


loira enquanto a fodia?
Um gemido tentou subir pela minha garganta mas o
cobri com uma tosse. Ela continuou me ignorando então
fiquei olhando-a abertamente. Vi quando tomou uma caneta
e fez algumas anotações no caderno ao lado de seu texto.
Meu olhar se deslizou para seus magros dedos. Estiveram
envoltos ao redor do meu pau ontem à noite, me devorando
até que me vim em sua boca? Poderia ser. E só em pensar
disparou um batimento do coração de desejo puro através de
mim.

Não podia esperar até esta noite. Esta noite, nossas


vidas mudariam para sempre.

Acabei minha banana e brinquei com a casca enquanto


olhava ao redor, procurando um cesto de lixo próximo. Meus
dedos se encontraram com a etiqueta auto adesiva do
produto. Depois de tirar o adesivo da pele amarela, me
inclinei e o pressionei na parte de trás da mão de Caroline
quando ainda estava ocupada escrevendo.

Danifiquei qualquer palavra que tentava escrever.

— Que caralho? — Sacudiu sua mão.— Estou


escrevendo.

Pisquei para ela.

— Agora não pode dizer que nunca te dei nada.

— Oh, caramba. Obrigada. Vou amar isso para sempre.


— O sarcasmo em sua voz e a expressão em seu rosto me
mostraram que ainda não conseguiu impressioná-la. Mas o
dia ainda era uma criança.
— Sério? —Arqueei uma sobrancelha. — Vinte dólares
que você nem sequer o usará amanhã.

— Meu Deus. Está aborrecido, não?

Nem sequer um pouco. Simplesmente sorri para minha


braguilha enquanto terminava de tecer a rede que utilizaria
para a prender.

—O que? Vinte dólares, Caroline. Sonha como uma


aposta fácil para mim. Ou é que meu presente não significa
tanto para você? — Pus uma mão em meu coração e fingi
parecer machucado.

Revirou os olhos.

Um dia destes contaria quantas vezes podia fazê-la


revirar seus olhos em uma só conversa. Tinha que ter um
recorde mundial para essa merda, não?

— Bem. —Murmurou.— Mas é melhor que pague.

— Oh, farei isso.


CAROLINE

Quando Oren saiu de sua cadeira e se afastou, olhei


para ele me perguntando o que aconteceu. Seu alegre assobio
ressonou nas minhas costas antes de virar uma esquina e
desaparecer de vista.

Virei para Zwinn, apontando.

— O que foi isso?

Enquanto Zoey encolheu os ombros, Quinn disse:

— Ele deve saber.

Apertei meus dentes.

—Não sabe.

Não podia saber, entretanto, não precisava ser um gênio


para se dar conta de que era eu. Só teria que acender a luz.
Talvez tenha me seguido ontem à noite depois que saí. Talvez
finalmente reconheceu minha voz. Ou talvez Quinn só punha
pensamentos em minha cabeça.

Oren não deixou parecer para a Visitante Noturna que


sabia algo quando enviou uma mensagem. E, de todo modo,
por que aconteceu isso, as mensagens de texto e vindo para
me ver depois que enviou uma mensagem? A menos que...
não, não acredito que soubesse.
A menos que soubesse.

Merda, não sabia o que pensar. Odiava estar confusa.

Odiava a facilidade com que a Visitante Noturna aceitou


esse convite. Mas isso possivelmente teve algo mais a ver com
a maneira suja, escura e pecaminosa em que prometeu fazer.
Deus, era muito fácil deixar que o sexo dominasse meu senso
comum. Mas não eram só meus hormônios clamando por ele,
meu tolo e estúpido coração também era pró-Oren. Negar era
francamente impossível, sem importar o muito que tratasse
de me animar a mim mesma de que algo bom e são não eram
o caminho a seguir.

— Tenho que ir. — Disse para Zwinn quando fechei meu


livro. Jamais poderia estudar agora. Tinha uma noite com
Oren para ansiar.

Uma noite de prazeres escuros.

Escuro. Umm, de repente me perguntei porque ele me


permitiu deixar as luzes apagadas. Sei que disse que gostava
do jogo de não saber quem era, mas foi sua a ideia de
continuar no escuro na primeira noite que fui danificando
seus planos com Kelly. Talvez o rumor de que só fazia dessa
maneira fosse certo. Mas... por que?

Seria de se pensar que tratava de ocultar algo, uma


deformidade ou uma cicatriz ou algo assim. Exceto que Oren
Tenning não era um homem modesto. Eu o vi sem camisa em
numerosas ocasiões... todos foram momentos gloriosos que
me deixavam sem fôlego. Vi ele de shorts tão curtos que
deixavam ver suas musculosas e bronzeadas coxas
tonificadas. Ele não tinha nenhum problema expondo seu
esculpido corpo atlético. As únicas coisas que não vi era seu
pau... ou seu traseiro. Entretanto, duvidava que tivesse algo
mau em seu traseiro, porque também o vi perfeitamente
moldado na parte posterior de shorts de futebol. Sem dúvida
não tinha nenhuma deformidade existente.

Isso só deixava seu pau. Com a testa franzida, sacudi a


cabeça. Não. Essa parte dele não parecia estranha ou
deformada. E tampouco era pequeno, em caso de que
estivesse preocupado de que seu tamanho não estivesse à
altura de seu enorme ego. Pela forma em que teve que me
estirar para entrar, sabia que tinha que ser facilmente duas
vezes maior que o de Sander.

Ruborizei e olhei ao meu redor, esperando que ninguém


soubesse quão molhada eu estava, ou o muito duro que
estavam meus mamilos. Mas, aahhg, isto era tão embaraçoso.
Como poderia Oren Tenning me excitar desta maneira sem
sequer estar por perto?

Limpei a garganta e fui para minha próxima aula,


apesar de ser muito cedo para isso. Precisava de algum
destino porque minha mente estava se perdendo com
frequência.

Entretanto, o que escondia? Se seu pau é perfeitamente


formado e grande, será que era de uma cor estranha, cheio de
manchas, listas de zebra?

Soltei um suspiro. Tinha que deixar de sonhar acordada


com o pau de Oren. De todo modo, estava certa que sua
preferência pelo sexo com luzes apagadas tinha mais a ver
com razões emocionais que físicas, como um inseto estranho.

Talvez... Oh, talvez gostava de fingir que estava com


alguém mais “como, ah, eu” então não se esforçava para não
ver o rosto de sua parceira. Já admitiu que não gostava de
saber quem eu era, de modo que o cenário fazia sentido
agora.

Sorri, eu gostava da ideia. Sim, eu era a razão de seu


estranho fetiche com a escuridão.

Certo.

TEN

Ela estava de calcinha.

Tive que a rasgar com meus dentes. Ela abriu a boca,


mas mesmo assim quando o algodão rasgou, seus quadris
subiram para se encontrar com a primeira imersão de minha
língua entre os lábios de sua boceta.

—Oh, Deus. —Agarrou-me pelo cabelo quando gemeu.

Chupei sem piedade, nem sequer fazendo uma pausa


entre cada lambida quando fui diretamente para sua pequena
protuberância de músculos, imediatamente deixando-a se
retorcer, ofegando. Seus dedos se apertaram em meu cabelo e
aproximou minha boca com mais força contra ela. Seu aroma
e sabor invadiram meus sentidos. Estava tão consciente de
cada maldito detalhe sobre ela, sabendo que estava fazendo
sexo oral em Caroline.

Meu pau palpitava quando coloquei dois dedos dentro


dela. Gozou quase que imediatamente, seu corpo se
inclinando para cima, contendo a respiração, seu pequeno e
apertado canal pulsando ao redor de meus dedos. Estive a
ponto de gozar em meus shorts enquanto ela gritava, o que
pareceu durar para sempre. Minha língua continuava a
massageando, fazendo-a estremecer. Parecia que não podia
deixar de lamber. Mas logo suas mãos perderam seu agarre
em meu cabelo e suas coxas se afrouxaram ao redor de meus
ouvidos.

A primeira fase completa. A segunda fase estava pronta


para começar.

— Maldição, que gosto bom. Me lembre de voltar para a


sobremesa em um minuto.

Recolhendo suas pernas enquanto me arrastava por seu


corpo, sujeitei seus joelhos perto de suas orelhas para que
não tivesse o controle daquelas largas e deliciosas
extremidades.

Esta noite, eu manteria todo o controle.

—Vai ter que se segurar em mim para esta segunda


parte. —Disse para ela, mantendo suas pernas em meu torso
quando encontrei suas mãos e entrelacei nossos dedos. E a
beijei. Nossas línguas duelavam e me perguntei o que ela
achava de seu próprio sabor quando ouvia-a gemer com
aprovação, então corri meus polegares ao longo da parte de
trás de suas mãos quando tirei meu shorts. Já tinha a
camisinha, preparado para ir.

Quando a ponta do meu polegar encontrou a etiqueta da


banana que coloquei nela na biblioteca, grunhi e tive que
deixar de lado o beijo para pressionar minha testa com a sua.

Mas caralho. Estava com Caroline. Não tinha maneira


de deixá-la agora. Meu corpo se converteu em um cabo de
alta tensão. Estava tão preparado para explorar em seu
interior que temia que poderia gozar antes de que entrasse
nela.

Ainda brincando com a etiqueta, deixei que meu polegar


começasse a tirá-la do caminho.

— Espere. — Ela lutou contra mim, tentando me deter.


Mas eu a tinha fixa em seu lugar.

— Que seja. — Disse em seu ouvido. — Você e eu


sabemos que nunca ia te pagar vinte dólares.

Abriu a boca e se esticou debaixo de mim.

— Oh, Meu deus.

Entrei nela, absorvendo sua comoção e desfrutando,


tirando vantagem para beijá-la novamente, apertando os
dedos ao redor de suas mãos, junto à cama. Meu torso ainda
mantinha suas coxas acima e imóveis, estirando-a até que se
sentiu adicionalmente apertada ao redor de mim enquanto
tinha um acesso mais profundo.
—Meeeerda. — Gemi e pressionei minha testa de novo
com a dela, bombeando meus quadris duro e rápido. — Eu
adoro estar dentro de você. Você é tão gostosa.

— Oren. — Soluçou, contendo a respiração enquanto


seus músculos se contraíram ao redor de mim. — OhDeus,
Oh meu Deus, OhDeus.

—Já? — Brinquei. — Tão cedo? Mas não acaba de gozar


faz trinta segundos?

— Se cale. —Tentou se esquivar, mas não muito


eficazmente porque se encontrava muito ocupada tentando
evitar gozar de novo. — Te... odeio. — E soltou um comprido
gemido tenso quando seu orgasmo a rasgou.

Meus olhos foram até a parte de trás da minha cabeça,


me privando de tudo que não estalou com ela. Eu queria
torturá-la durante tanto tempo quanto fosse possível.
Quando a maior parte de seus tremores terminou, ela ofegava
inerte debaixo de mim mas eu me sentei o suficiente para
deixar que suas pernas baixassem e ela estendeu-as
imediatamente. E eu continuava entrando e saindo dela até
que ela soluçou.

— Não posso. Por favor.

Pobre garota. Já estava esgotada. Não acreditava que


poderia gozar de novo. Bom, já era hora de demonstrar a ela
o muito que estava errada.

Agarrando seus quadris, demos a volta na cama até que


ela se achava por cima. Quando pedi que se sentasse, deu
um pequeno gemido de protesto.
— Oren, não posso.

Agarrando sua cara entre minhas mãos, sussurrei.

— Maldição, Caroline. Você começou isto. Você veio me


buscar e me enganou. Agora me tem. Seu irmão vai matar
nós dois por isso, então é melhor fazer que valha a pena.
Sente-se lá em cima e foda-me como insinuou a primeira
noite que chegou a este quarto, sem roupa íntima.

—Oh, Deus. — Gemeu um micro segundo antes de que


sua boca se juntasse com a minha. Seus dedos enjaularam
meu rosto e sua pélvis se movia contra a minha. Ficou louca,
me beijando duro e sujo, roçando minha pele, saltando para
cima e para baixo em meu colo. Isto me enviou direto a
borda, perdendo o controle e explodindo dentro dela. Fui para
o esquecimento, me movendo até a última gota do orgasmo
de ambos. Demos um beijo com a boca aberta e nos
agarramos com força.

Uma vez que meu pau liberou sua última gota, demos a
volta outra vez até que voltei para o topo. Me mantendo
dentro dela, não parei de beijá-la, empurrando minha língua
e cavando seu rosto, unindo minha boca com a sua.

A boca de Caroline.

Gemi e aprofundei o beijo, úmido, com golpes lentos e


preguiçosos, conectando-me com ela de uma maneira que
nunca tinha me conectado com ninguém. Esta noite era
tecnicamente nosso primeiro beijo oficial. Não podia lembrar
se tivemos qualquer ação de boca a boca em nossas duas
primeiras noites juntos. Mas agora que sabia sem dúvida que
era ela, e ela era consciente de que eu sabia, tudo mudou.

Não nos separamos para tomar ar. Respiramos no outro,


com os lábios bloqueados até que ao final, ela afastou o rosto,
sem fôlego.

— Oren. — Ofegou e pressionou sua testa em meu


ombro— Não posso acreditar que saiba...

— Se cale. —Com um grunhido selvagem, beijei-a de


novo, empurrando minha língua sem piedade, fazendo-a
gemer antes de que a sugasse em sua boca.

Parecíamos ter um duelo, lutando por mais paixão,


por... diabos, nem sequer sabia o que.

— Merda. — Disse, esbofeteando o colchão junto a nós.


— Merda, merda, merda. Não posso acreditar que seja você.

Sentei-me, necessitando de espaço para clarear minha


cabeça, mas quando passei os dedos pelo cabelo, ainda podia
senti-la.

Estendi a mão e acendi a luz, fazendo-a ofegar e piscar,


levantando a mão para proteger seus olhos sensíveis.

— Oh, Jesus. —Um soluço estranho saiu de meu peito.


Estava magnífica. Seu cabelo era um desastre por causa das
minhas mãos, mas nunca pareceu melhor. Seus peitos que
pareciam perfeitos escondidos no interior de uma camiseta e
eram ainda melhor assim arranhados pela minha barba.
Inferno, todo seu corpo estava... comecei a ficar duro
novamente. Estava impecável.
Agarrei meu cabelo com as duas mãos.

—Maldita fodida merda. Sério que é você.

Franzindo a testa, puxou meus lençóis rápido para


cobrir suas incríveis tetas.

—Bom, sinto te decepcionar.

Seu queixo se elevou majestosamente e senti tanta


vontade de beijá-la, mas fui ultrapassado por minha irritação,
ou mais acertadamente, por meu medo, para ceder a esse
impulso.

— Não estou decepcionado. — Disse, francamente


incrédulo de que pense isso. — Estou muito zangado.
Prometi... prometi a seu irmão que nunca ia te tocar.

Juro isso, um microssegundo de culpabilidade cruzou


seu rosto antes de que estreitasse seus olhos.

— Bom, relaxe. Não me tocou. Eu te toquei, lembra? Te


enganei e vim te procurar, não tinha ideia...

Aspirei, a interrompendo quando neguei com a cabeça.

— Sim... Tenho a sensação de que Gamble não vai ver


isso dessa maneira.

Me deixando cair para trás contra o travesseiro, fiquei


olhando o teto e me perguntei como diabos ia sair disto ileso.

—Estou morto. — Disse mais para mim que para ela. —


Estou morto. — Gemendo por minha situação, passei as
mãos pelo rosto. — Cristo, Caroline. Ele vai me matar.
CAROLINE

Envergonhada, mordi o lábio e voltei minha atenção


para Oren, que me matava com suas acusações perfeitamente
lógicas.

Mas, como pude ter feito isto com ele? Coloquei-o na


pior situação. Amava e respeitava Noel, nunca quereria trair
meu irmão assim mas ignorei tudo isso por minhas próprias
necessidades egoístas. Não podia acreditar a cadela que eu
era.

Mordi o lábio, lutei contra as lágrimas e tentei pensar


em uma desculpa boa o bastante, quando me dei conta da
etiqueta da banana que pôs em minha mão antes.

Pisquei, olhando fixamente. Sabia que era eu quando a


pôs ali, certo? Sabia que era eu quando chamou a Visitante
Noturna e organizou o encontro desta noite. Sabia que era eu
quando entrei em seu quarto esta noite, me agarrou pela
cintura por trás e me levou para a cama onde me jogou no
colchão. Soube todo o tempo que arrancou minha roupa e
pôs sua boca e mãos sobre mim.

Esse filho de puta soube, e agora me jogava a culpa?


Apertei os dentes.
— Se está tão zangado comigo por te enganar, por que
esperou até que estava dentro de mim para me dizer que
sabia?

A pergunta o desconcertou. Suas mãos se separaram de


sua cabeça ao mesmo tempo que piscava para mim.

—Porque sou um menino? — Expressou mais como uma


pergunta que uma resposta.

Soltei um suspiro.

— Pura merda. Pura maldita merda. Você me queria


tanto como eu te quis e também pelo mesmo tempo que te
quis.

Grunhindo enquanto se sentava, franziu a testa.

— Bom, é óbvio que eu tenho mais controle dos


impulsos que você, porque não pensava atuar sobre esses
impulsos. Gamble é um dos melhores amigos que tive. E a
única coisa que me pediu é que não ficasse com você.
Planejava respeitar seus desejos, maldição. Não quero trair
meu melhor amigo.

Perdi meu agarre no lençol que sustentava até cobrir


meu peito quando pus as mãos em meus quadris.

— Oh, nem sequer pretenda atuar todo santo comigo.


Aceitarei a culpa pelas duas primeiras noites, mas por esta
não. E não, é óbvio que não tem controle sobre os impulsos
mais que eu, porque dormiu comigo de novo mesmo depois
de descobrir quem eu era.
Quando dei conta que sua atenção estava em meus
peitos nus, levantei o lençol de novo. Ele agarrou os lençóis
também, e usou o tecido entre nós para me aproximar até
que ficamos a uns centímetros de distância. Seus olhos
brilharam com ira e calor e ele apertou os dentes com
indignação, antes de dizer.

— Só porque duas noites contigo não são suficientes.

Então sua boca atacou a minha. Abri para ele e devolvi


o beijo, duro e quente. Suas mãos amassavam meus peitos,
seu agarre era ligeiramente áspero e me lembrava da vez em
que puxou meu cabelo. Eu gostava quando não era tão
suave. Quando era consumido por uma paixão voraz.

Comecei a enrolar minhas pernas ao redor de sua


cintura quando saltou para trás, amaldiçoando e limpando a
boca com as costas da mão.

—Porra. — Murmurou. Tinha o rosto avermelhado e os


olhos frágeis e arregalados. — Maldição, não podemos voltar
a fazer isto.

A bofetada metafórica de água fria não me fez bem.

— Oh, quer deixar de ir de quente a frio e esclarecer sua


mente? Me quer ou não?

Seus olhos se alargaram enquanto olhava para meu


rosto.

— Sabe que sim. Esse é o problema. Te quero, mas não


posso ter você.

Pus as mãos em meus quadris.


—Bom, já me teve. Em repetidas ocasiões. E me teve
quando sabia quem eu era. Já estabelecemos como pode me
ter. A pergunta é... vai me manter?

Seu pomo de Adão balançou nervosamente enquanto


engolia. Seus olhos pareciam atormentados e tentados
quando olhou meu corpo. Então fechou os olhos e grunhiu.

— Não.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Engoli a saliva,


tentando os secar antes de que ele abrisse os seus, mas eles
se abriram como se pudesse ouvir minha agonia.

O arrependimento nublou imediatamente seu rosto.

— Caroline. —Começou a me alcançar, mas levantei


uma mão.

— Não. Para. Terminei. Estou fora. Você e seu estúpido


pênis manchado podem ir para o caralho.

Ficou paralisado.

— Meu o que manchado? Merda. — Olhou ao redor do


quarto antes de dizer.—Vou matá-la.

Quando seu rosto empalideceu, franzi o cenho.

— O que foi?

Nem sequer ouviu minha pergunta enquanto se


destrambelhava a si mesmo.

— Não posso acreditar que a Loira tenha falado sobre


isso com você. — Seu olhar se fixou no meu, de repente
intenso e desesperado. — E não está manchado, há um
montão de pontos. É uma maldita marca de nascimento!

Neguei com a cabeça.

—De que diabos está falando?

— Espera. — Seus olhos se dilataram pela surpresa.—


Quer dizer... ah, merda. Ela não te disse, né?
CAROLINE

—Me disse o que? — Soltei uma risada estranha. — Não


mostra seu pênis. Quero dizer, pensei nisso só porque faz
sexo no escuro e era a única parte de seu corpo que não
exibia em público para todo mundo. Era só uma teoria... —
Meus olhos começaram a se ampliar quando dei conta do
estranho que me olhava. — Mas, uau... — Soltei um
comprido suspiro. — É sério, não é? Você honestamente tem
uma...

— Sinal de nascença. — Grunhiu. — Uma marca de


nascimento. — Quando afastou o olhar, percebi como ficou
pálido. — Uma... enorme marca de nascimento.

— Então eu tinha razão? — Gargalhei. — Isto é incrível.


Estou muito impressionada.

Sua testa franziu em total desacordo comigo.

Limpei a garganta e me tranquilizei porque o tema


claramente o inquietava.

— Sinto muito. Eu só... eu sabia que tinha que ter uma


razão por você fazer sexo só no escuro, e... — Neguei. — Isto
de verdade funciona? Quero dizer, nenhuma das garotas que
ouvi contar intrigas sobre você no banheiro mencionou sobre
isso, e mencionaram todo o resto, então estou certa que
teriam feito se soubessem. Não posso acreditar que ninguém
com que tenha estado antes tenha visto.

Encolheu os ombros incomodado.

—Não quero falar sobre isso.— E não encontrou com


meu olhar. — Outras duas garotas a viram... além da Loira.

Minhas costas se endireitaram.

—E por que Zoey viu seu pênis? Ele abriu a boca para
responder, mas parou quando viu minha cara. Seus lábios se
curvaram em um sorriso. — Está com ciúmes? Da Loira?

Bufei e dei um olhar furioso.

— Não.

Sim, totalmente.

Seu sorriso só aumentou.

—Ela me encontrou na ducha uma vez, pensando que


era Hamilton. — Seu sorriso diminuiu de repente e afastou o
olhar. —Para dizer o mínimo, ela enlouqueceu. O mesmo que
as outras duas.

Não sei porque me incomodava que três mulheres


tivessem visto seu pênis, mas me incomodou muito. Me
afastei, meu peito apertando com dor, assim obriguei a
minha voz soar informal.

—Ah, é? Se assustaram?

—O que acha? — Seu olhar era duro e penetrante. Logo


bufou com uma risada zombadora e encolheu os ombros. — A
primeira vez foi... bom, minha primeira vez. Não pensei
sequer em esconder ou me envergonhar. Não sabia que era
uma maldita anormalidade. Todos em minha família sabiam e
me viram correr por aí nu quando era mais jovem. Nunca
ninguém me disse: "Olhe, isto poderia assustar alguma
garota quando for maior".

— Portanto ela não a viu até depois que vocês dois


tiveram...? —Fiz um gesto com as mãos, me perguntando
porque falava disto com ele enquanto estávamos nus e juntos
na cama, argumentando a respeito de coisas completamente
alheias e não de coisas mais importantes... como nosso
possível futuro juntos.

— Correto. — Disse.

— O que ela fez? — Acredito que a única razão pela que


podia perguntar era porque sabia que terminei mal para ele.
Se tivesse sabido que teve um bom momento com ela, não
teria sido capaz de fazer isso.

— Ela gritou e exigiu saber o que demônios estava


errado comigo e se era contagioso e... já sabe.—Afastou o
olhar, pálido e sério. — Toda essa merda.

Soltei um suspiro.

— Que cadela!

Seu olhar subiu de novo a mim.

— Ela só tinha dezesseis anos.

Mesmo assim ainda era imperdoável para mim.


Traumatizei meu Oren. A cadela devia morrer... bom, em
minha cabeça. Imaginei eu mesma empurrando-a de uma
ponte e escutando seu grito descender até que... ela já não
gritava.

E aí, eu realmente tenho problemas, não?

— E a próxima garota?

— Tianna. — Disse.

Notei que no interior, não gostava que eu conhecesse


um dos nomes de suas últimas putas.

Tianna, Tianna. A grande, gorda cadela—anna, cantei


em minha cabeça.

— Ela me deu um bom boquete. — Continuou, e sim, eu


não gostava de saber isso. Mas ele já não parecia saber que
me encontrava no quarto, estava apanhado em uma
lembrança. — E parecia estar bem fazendo no escuro até que
uma noite tirou seu telefone celular e acendeu a luz para que
pudesse ver o que fazia.

— E também enlouqueceu. — Supus.

Oren assentiu.

— Oh, sim. Muito. Disse que era um inseto estranho e


ameaçou cortar meu pênis se eu tivesse lhe passado alguma
DST. Todo tipo de merda. Na verdade, tive que chantagear
alguém para que mantivesse sua boca fechada a respeito. —
Deixou escapar um pequeno suspiro deprimido. — Ainda me
odeia.

Em uma fração de segundo, passei de louca ciumenta a


coração quebrado por simpatia. Mas a sério, o que andava
mal com todas as putas que o viram? Como foram tratar uma
área tão sensível de uma maneira tão cruel?

— Quero ver. — Falei.

— O que? — Lançou-me um olhar de incredulidade. —


Não. Além disso, não se supõe que me veja assim nunca
mais. — Como se recordasse de repente a promessa que se
fez faz uns poucos minutos, agarrou os lençóis e as levantou
para cobrir-se até o queixo.

Revirei os olhos, mas logo sorri e me arrastei para ele. —


Oh, vamos. Por favor. Prometo que não te incomodarei com
minha reação.

Ele se queixou e arrastou longe de mim, sacudindo a


cabeça com força.

— De maneira nenhuma. Até a Loira se assustou


quando viu. E ela é a última pessoa que feriria alguém com
sua reação às diferenças...

— Bom, já sei que tem algo diferente, então não me vai


me pegar de surpresa.

Afastou o olhar e o pânico em seu rosto quase me


matou.

— É de cor vermelha escura muito brilhante e se vê


como uma veia de sangue pisado ou algo assim. E parece pior
quando está mole.

Levantei minhas sobrancelhas, intrigada.

— De verdade? Então acredito que devemos te deixar


duro antes de que eu o veja em seu melhor momento, né? —
Inclinada, o encontrei através dos lençóis e envolvi minha
mão ao redor de seu pênis. Quando ele cresceu em minha
mão, estalei a língua para que se comportasse. — E o
vermelho escuro brilhante é na verdade uma de minhas cores
favoritas.

Ele me olhou, sua expressão cheia de incerteza, mas


juro que também vi uma dor como se quisesse acreditar em
mim, como se quisesse confiar em mim com a parte mais
vulnerável de si mesmo.

— Caroline. — A forma em que disse meu nome e se


endureceu ainda mais sob meu tato, me fez cantarolar com
deleite.

Me inclinei para beijá-lo, minha mão trabalhando para


cima e para baixo de sua cada vez maior longitude através do
lençol. Ele me devolveu o beijo, cravando sua língua
profundamente em minha boca. Quando gemeu e pegou meu
rosto entre suas mãos, o lençol caindo de entre nós, eu sabia
que minha distração funcionou.

Arranquei os lençóis no mesmo momento em que tirei a


boca dele e olhei para baixo.

— Maldição. — Tomou fôlego e pôs sua mão sobre sua


boca antes de virar o rosto para o lado.

—Oh! — Genuína surpresa encheu minha voz. — É


maior do que pensei. —Então passei meu polegar sobre a
marca que causou tanta dor e acrescentei. — Então esta é a
marca de nascimento.
Ele virou o rosto e me olhou. Sorri tão inocentemente
como pude. A diversão finalmente entrou em seus olhos. Logo
soltou uma risada curta e desviou o olhar. Suas bochechas
estavam um pouco vermelhas, entretanto, sabia que seguia
envergonhado. Querendo deixá-lo em absoluta confiança, me
inclinei para baixo até descansar sobre meu ventre e seu colo
na altura dos meus olhos.

— Lembra uma dessas coisas da prova do Rorschach.


Que imagem vê na mancha de tinta? Humm... — Pus meu
lábio inferior entre os dentes enquanto o examinava
plenamente. — Eu vejo... Virgínia Ocidental. Ou um muito
estranho esperma disforme. Não. Eu gosto mais de Virgínia
Ocidental.

Quando o olhei, ele só me olhou, piscando, como se não


me pudesse entender.

—O que foi? —Perguntei.

Lentamente enterrou seus dedos em meu cabelo.

—Não tem que fingir que está bem se não estiver. Se


quiser fugir, só diga.

Enruguei a cara com confusão.

— Por que uma marca de nascimento me assustaria?


Sério, Oren. — Voltei a examinar minha prova de Rorschach.
Mas tudo que podia ver era o estado Virgínia Ocidental... em
um muito grande e delicioso pênis. — Sabe, esta é
possivelmente a única vez que eu gostaria de ser capaz de pôr
todo um estado dentro da boca.
Quando todos os músculos do estômago de Oren se
esticaram, sorri com ar de confiança. Então me inclinei e o
lambi da base até a ponta, mas persisti na ponta até que
lambi o começo de gotas na cabeça.

—Humm. —Eu fechei os olhos, saboreando o sabor


salgado dele em minha língua.— Virgínia Ocidental é ótima.

Abri meus olhos e levantei o rosto para me encontrar


com seu olhar. Mantivemos o contato visual intenso
enquanto minha boca se abria e eu me inclinava para sentir
ele entre meus lábios ansiosos. Seus olhos brilharam e seus
dedos puxaram com mais força meu cabelo.

— Cristo. — Disse entre dentes enquanto me olhava


tomar tanto como podia. Seu pescoço se arqueou para trás e
ofegou um par de vezes. Golpeou o calcanhar contra o
colchão a meu lado como se precisasse aliviar algo do prazer
antes de olhar para baixo, lançando seu olhar entre meus
olhos e o lugar onde meus lábios se deslizavam para cima e
para baixo. — Deus, Caroline.

Cavei suas bolas, e ele soltou um som que estou certa


que não queria.

— Caralho, isto é... — Arqueou seus quadris e ao


mesmo tempo empurrou para baixo a minha cabeça com o
punho que tinha em meu cabelo. Quando me engasguei,
afrouxou a pressão imediatamente. — Merda. Sinto muito.
Não quis... Jesus. É tão bom. Quem diria que ver alguém
sobre mim me faria ficar muito mais quente? Ou talvez seja
só você. Te observar.
Chupei um pouco mais e o levei profundamente na
minha garganta o que o levou a gritar outro som não
intencional. Agarrou os lençóis junto a nós com a mão que
não estava enterrada em meu cabelo, e parecia estar
preparando-se para o grande final.

—Vou gozar. — Sua voz era tensa e seus dedos


pareciam de ferro, sujeitando meu cabelo. — Caroline, me...
Merda.

Ele tentou tirar de mim e me deu um montão de


advertências razoáveis, mas eu não queria ir a nenhuma
parte. Queria tudo dele. Gemi ante a pressão sobre meu
cabelo e apliquei mais sucção e o acariciei mais rápido.

Deixando sair uma corrente de maldições, encheu


minha boca e isso foi tão sujo e delicioso, que estirei minha
mão e me toquei enquanto ele gozava.

Por um momento, ele estava muito emocionado e


satisfeito para se dar conta do que eu fazia. Mas quando
notou que eu tentava gozar também, seus olhos brilharam.

— Oh, eu não acredito. — Agarrando minha mão,


arrancou os dedos da mancha de umidade que palpitava
entre minhas pernas, me virou sobre minhas costas e subiu
em cima de mim. — Ontem à noite, estava quente quando
soube que tocava a si mesma, mas duas noites seguidas só
me faz pensar que não estou fazendo meu trabalho. Esta é
minha boceta, mulher. Não quero dedos tocando este clitóris
a não ser os meus.
Seu polegar imediatamente me encontrou e começou a
massagear sem piedade, me enviando ao clímax
imediatamente. Gritei e me arqueei debaixo dele.

— Nenhuma língua provará esta nata a não ser a


minha.

Inclinou-se e não pude evitar, agarrei seu cabelo em


minhas mãos, tão ansiosa por sentir sua boca sobre mim,
que quase não podia suportar.

— Oren.

Deteve-se bem antes de fazer contato e elevou o olhar. —


E ninguém me chama assim, a não ser você.

Eu adorei a forma em que me reclamou como


propriedade, mas mais que isso, adorei a forma em que ele
também me deu sua propriedade. Logo que sua língua cálida
e úmida me tocou, gozei.

Não sei quanto tempo se passou. Acredito que entrei e


saí do sono durante um tempo enquanto jazia inerte e
saciada a seu lado. O suor de nossos corpos ainda secava
enquanto nos aferrávamos juntos, mas eu sabia que ele
estava acordado porque seus dedos se mantinham
acariciando acima e abaixo de minha espinha dorsal. De vez
em quando, escorregavam mais, descendendo até chegar no
meu traseiro e ele embalava uma nádega com uma de suas
cálidas mãos, mas um segundo mais tarde, ficava em marcha
de novo, acariciando um caminho de volta até o centro de
minhas vértebras.

—Deveria ir antes de dormir. — Murmurei, muito


sonolenta e inerte para me mover. Ele não respondeu, não
tentaria conseguir que eu ficasse, o que me fez suspirar
decepcionada. Sentei.

Mas quando tentei me arrastar fora do colchão, agarrou


meu braço. Olhei para ele, meu coração golpeando com força
em meu peito.

Em vez de me pedir que ficasse, disse.

—Não tem carro.

Pisquei.

—Ahm? —Sabia que não tinha um carro.

Ficou em posição vertical, com o rosto queimado pela


ira.

—Está louca? Como demônios esteve vindo até aqui e


voltando para casa todas as noites? Não me diga que esteve
caminhando, porque são o que, vinte quadras, entre sua casa
e a minha?

Limpei a garganta discretamente.

—Está bem. — Disse-lhe. — Não vou dizer isso, então.

Fechou os olhos e grunhiu.

— Caroline. Que caralho?

— A primeira noite pedi o carro da Aspen. E, além disso,


são só dezoito quadras, não vinte.
— Oh. Bom, Graças a Deus. — Murmurou, sem soar
aliviado. – Porque essas duas quadras a menos o fazem
parecer muito mais seguro. Não posso acreditar a loucura
que fez. Nunca, nunca mais ponha nesse tipo de perigo de
novo só para me ver.

— Perdão? — Minhas costas se endireitaram com


superioridade moral ante seu tom exigente. — Não me diga o
que devo fazer. Eu posso cuidar de mim mesma. — Pus as
mãos em meus quadris e o olhei ao mesmo tempo em que ele
saltava da cama e, com pressa, levantava a roupa do chão e a
sacudia.

— Fiz uma hora de treinamento de defesa pessoal no


último semestre, além disso sempre estou armada com um
spray, um apito, e Noel me pôs em dia com uma dessas
coisas engenhosas como o taser.

Completamente vestido, colocou uma boina na cabeça e


agarrou sua carteira e telefone celular de sua penteadeira.

—Bom, isso me faz sentir um meio por cento melhor. —


Franziu a testa quando eu ainda estava sentada em nada
mais que seus lençóis. Logo deu uma palmada. — Vamos lá.

Neguei.

—Aonde vamos exatamente?

Inclinou o queixo para baixo, para seu peito, mas


manteve o contato visual enquanto me lançou um olhar seco.

— Estou te levando para casa.

Imediatamente, comecei a sacudir a cabeça.


— Mas não pode fazer isso. O que acontece se Noel ver
seu caminhão estacionado em nossa porta e eu sair dele? Ele
te mata.

Deu um passo mais perto.

— E se algum imbecil te ver em sua excursão de dezoito


quadras e te estupra e te mata? — Com um suspiro,
adicionou.— Eu prefiro fazer frente a seu irmão.

Ahh, ele se preocupava tanto por mim que estava


disposto a enfrentar Noel para me manter a salvo. Isso era
incrivelmente doce. Ia dizer que estava feliz quando disse.

— Além disso, teremos que pedir emprestado o carro da


Loira. Ela deixa a chave pendurada junto à porta principal.
Se ele olhar pela janela quando chegar em casa, pensará que
ela é quem está te deixando. Problema resolvido.

Meus lábios se abriram quando um pouco de decepção


me encheu.

—Oh. —Disse. – Boa ideia. Está certo de que não se


importará?

Soprou.

—A Loira? Claro que não. Ela me ama.

Dez minutos mais tarde, quando estávamos próximos de


minha casa, há duas quadras de distância, me mexi
incomodada em meu assento. O carro de Zoey era talvez a
coisa mais cômoda que jamais montei, mas me sentia
diferente aqui esta noite, com Oren ao volante. Além disso,
tinha o fato de que nada entre nós se resolveu.

—Pode me deixar aqui. — Disse em voz baixa.

Oren me lançou um olhar duro.

— Sem chance. Roubamos o carro da Loira para que eu


possa te ver indo direito para sua porta.

—Sim. —Encolhi os ombros. — Mas se parar aqui,


posso te dar uma boa despedida e Noel não teria que
perguntar porque as janelas do carro da Zoey se embaçaram
antes de que eu saísse.

Pisando no freio, Oren desviou o carro para a calçada e


parou. Mas não se esticou para mim. Nem sequer me olhou.
Envolveu suas mãos ao redor do volante e olhou pela janela
da frente. Sua mandíbula parecia dura no reflexo das luzes
do painel e sua expressão era tensa.

Empurrei meu cabelo atrás da orelha e passei a língua


pelos lábios secos quando dei conta do que isto significava.

— Alguma vez vai me tocar de novo?

Ele deixou escapar um suspiro e sussurrou.

— Não sei. —Então grunhiu e soltou o volante para


agarrar cabeça. — Não sei. Não sei. Não sei.

Abracei a mim mesma, me sentindo uma merda ao fazer


ele passar por isso.

—Sinto muito. — Sussurrei.


Ele me olhou, mas não disse nada.

Neguei, derrotada.

— Sei em que posição estou colocando você, com Noel. E


com você mesmo. E... Sinto muito por te fazer passar por
isso. Sinto muito por te enganar. Sinto muito... Simplesmente
sinto por tudo. Mas sobre tudo o que sinto eu não... não me
arrependo disso. — Fiz uma careta. — Sei que é horrível e
egoísta de minha parte, mas não me arrependo. Eu adorei.
Amei cada momento, e só... foi o melhor momento de minha
vida. Então obrigado.

—Vêm aqui. —Murmurou em voz baixa, estendendo sua


mão em minha direção.

Me aproximei e ele me colocou em seu colo. Uma mão foi


para a minha nuca, se enrolando em meu cabelo, enquanto
que a outra se apoiou no lado do meu rosto. Ele me olhou
nos olhos por um momento, a tentação em seu rosto tão
aguda que me encheu de necessidade de acalmá-lo. Então me
aproximou até que minha bochecha estava contra seu
coração e seus braços a meu redor.

— Sabe que não estou zangado, certo? — Disse em voz


baixa.— Quando enlouqueci antes, nem sequer foi tão sério
assim. Eu estava... não sei, tendo um momento de loucura
porque na verdade tudo isto me atingiu, suponho. Entretanto
não deveria ter dirigido isso a você.

Suspirei e limpei meu rosto, ainda me sentindo uma


merda por colocá-lo em uma situação deste tipo. Me
afastando de seu peito quente, olhei em seus olhos e
sussurrei.

— Vou embora.

Entretanto, disse.

— Não. — E me beijou. Suas mãos mantinham meu


rosto cativo enquanto torturava minha boca, acariciando
brandamente com sua língua entre meus lábios e reclamando
um pedaço da minha alma.

Agarrei a parte da frente de sua camiseta e me


aproximei mais, deslizando em seu colo até que me balançava
e esfregava meu calor contra sua dureza. Ele se arqueou e
gemeu em minha boca. Pensei que ia tomar-me ali mesmo, no
assento do carro de Zoey, a duas quadras da casa de meu
irmão, mas ele rompeu o beijo, palpitando e ofegando.

Pressionou sua testa com a minha.

—Uma semana.

Pisquei, confusa.

—Uma semana, do que?

— Disto. Você, eu, nós. Vamos dar uma semana para


explorar... o que queremos e logo, por respeito a... seu irmão,
isso é tudo. O fim. Nunca falaremos de novo. Tudo bem?

Ele nem sequer queria me dar uma semana. Pude ver a


tortura que formava redemoinhos em seu olhar e a tensão de
sua mandíbula, poderia ouvir suas duras palavras
sussurradas. Trair Noel o matava de verdade. Mas estava tão
tentado como eu.
Assenti imediatamente, ao me dar conta que recebia
mais dele do que deveria.

—Aceito. — Eu disse. Sentia-me tão eufórica como


triste, sabendo que tinha somente sete dias a mais com ele.
TEN

Na verdade, não quis que a tentação levasse a melhor.


Supunha que fosse mais forte que um pequeno desejo tolo.
Mas então, subestimei o poder de Caroline Gamble.

Me desejava e, sendo assim, me teve.

Sabia que devia estar zangado. Devido a sua astúcia


oculta, traí meu melhor amigo e fiz a única coisa que ele não
queria que eu fizesse. Mas saber que ela me desejava tanto,
que chegou a este extremo “se converteu em minha
perseguidora pessoal” realmente me excitava. E, dessa
maneira, a ira desapareceu em algum lugar entre a
admiração, lisonjeio e o desejo.

Embora, isso não significasse que estava preparado para


dar uma de mentiroso, no mesmo dia depois de apunhalar
Gamble pelas costas. Exceto, sim, de todo modo, assim é
como terminou tudo.

— Hoje trabalho. — Disse, enquanto cruzávamos juntos


o campus.

Ele me enviou uma mensagem de texto depois de minha


última aula, exigindo que nos encontrássemos na cafeteria
para uma bebida. Hamilton também se uniu a nós, e depois
que tivemos um descanso para tomar café, decidimos ir
separados antes de voltarmos a nos encontrar esta noite no
trabalho. Já que era quinta-feira, dia das garotas, e isso
significava que todos tínhamos que trabalhar. Dois dirigindo
o bar enquanto os outros três serviam as mesas. E como na
semana anterior, resultou que Gamble e Lowe dirigiram o bar
na quinta-feira.

Normalmente, eu não tinha nenhum problema em servir


mesas, já que ganhava mais gorjetas e conhecia mais garotas
desse jeito, mas hoje, como queria me manter atrás da
segurança do balcão. Já não era uma pessoa livre, não podia
deixar que uma mulher deslizasse o seu número de telefone
para mim. O...

— Santa merda. — Lentamente parei e pisquei aturdido


diante o mundo ao meu redor. Mas, pensei em mim mesmo
como alguém comprometido? Alguém que já não se
encontrava disponível para as mulheres? Comprometido?
Uau. De onde veio essa merda?

Já parado para absorver o choque, por isso ambos,


Gamble e Ham, também deixaram de caminhar e olharam
para trás.

— Ten? — Perguntou Gamble, com a testa enrugada


com preocupação. — O que está acontecendo?

Neguei com a cabeça. Ia dizer a ele que não era nada,


mas não tinha maneira de que acreditasse. Então conformei
franzindo a testa.

—Você trabalha no bar toda semana. Por que não


trocar seu lugar de vez em quando para que o resto de nós
tenha um descanso de todas essas garotas fogosas pegando
em nosso pacote?

Gamble me olhou como se estivesse louco. Logo sacudiu


sua cabeça e bufou.

— Como se isso importasse. Além disso, estou casado e


você está solteiro. Não tenho nada que fazer na pista,
trabalhando em torno de um grupo de mulheres solteiras e
bêbadas.

Fiz uma careta. O impulso de dizer para ele que já não


era solteiro, picava minha garganta até que tive que dizer algo
ou tinha medo de que o fosse dizer tudo. Assim apontei para
Hamilton.

— Bom, Ham já não está solteiro e não tem nenhum


problema fazendo isso de servir mesas cada semana.

—Tem razão. —Gam olhou para Ham. — Sinto por isso,


Quinn. Pode servir no bar esta noite se quiser.

Hamilton se animou e o prazer imediato nublou seu


rosto. Mas logo franziu a testa ligeiramente enquanto olhava
de mim para Gam.

—Tem certeza? Não quero causar nenhum problema.

— Oh, vai logo. — Queixei-me, agitando minha mão


enquanto me afastava deles.

Me sentia estranho estando perto de Gam o dia todo.


Mas estranhamente, a culpa não era a única coisa que me
afetava. De repente me achava muito irritado com ele. Tudo o
que disse parecia me incomodar. Precisava escapar.
Mas em vez de deixar ir, ele chamou minha atenção.

— Ei. —Um segundo depois, trotou e apareceu a meu


lado, mantendo meu ritmo. — O que está acontecendo com
você hoje? Você está bem?

Bufei, mas não respondi.

— Como vão suas aulas?

— Bem.

— Então, ainda consegue se formar?

Enviando olhar estranho para ele, assenti.

—Sim. Por que?

Com um sorriso frustrado, agitou suas mãos no ar.

— Não sei, homem. Me diga você. Algo definitivamente te


incomoda. Não é o típico Ten chato desde.... Caralho, quase
não posso lembrar.

— Bom, lamento te decepcionar. — Disse. — Não há


nada errado comigo. Não estou doente. E o mundo não se
acabou. Mas estou cansado. Irei para casa tirar um cochilo
antes de que tenha que aguentar vocês pelo resto da noite,
perdedores.

Um sorriso repentino iluminou seu rosto.

— Oh, então é disso que se trata? Sua Visitante Noturna


não te deixou dormir ultimamente?

Quase me afogo com meu próprio oxigênio.

— O que? Não. Caralho, terminou. Ela não... não


voltará. — Tive que afastar o olhar quando eu disse isso. Meu
rosto ficou vermelho. Mas quando me afastei de Gam,
encontrei o olhar de Ham por acidente.

Quando meu companheiro de casa fechou seus olhos e


franziu a testa com seriedade, pisquei confuso. O que
acontecia com ele?

— Vivi para ver isso. —Murmurou Gamble a seu lado. —


Nunca pensei que veria o dia em que uma mulher te
amarrasse. — Seu sorriso caiu e me estudou por um pouco
mais de tempo. — Por isso, o que fez para ela se afastar e
ficar brava?

— Nada. — Murmurei, zangado de que pensasse


imediatamente que eu fui a razão para meu rompimento
imaginário com minha Visitante Noturna. — E para sua
informação, não me encontro ama....

Esqueci o que queria dizer quando encontrei Caroline e


a Loira caminhando para nós. Os nós em meu estômago se
expandiram, me deixando saber como estavam amarrados.
Jesus, pertencia a esta garota por completo, e ela
provavelmente não tinha nem ideia.

Calor correu através de minha pele. O impulso de ir


para ela me encheu e tomou tudo o que tinha em mim para
não... ir. Mas Hamilton golpeou “com força” meu braço, me
fazendo tropeçar e afastar meu olhar dela.

Franzi a testa para ele, mas somente me murmurou três


palavras, as quais pareceram ser "pare de olhar."
Merda, estive olhando Caroline na frente de seu irmão e
me excitei, incapaz de esquecer a noite de ontem, ou a noite
anterior a essa, ou cada fodida sexta-feira antes dessa.

—Ei, menina! — Gritou Gamble quando a viu. — Pronta


para ir para casa? Aspen disse que faria lasanha para o
jantar.

— Umm. — A sedução involuntária na voz de Caroline


quase me deixou vesgo. Evitei olhar para ela diretamente,
mas podia dizer que esfregava a barriga, porque ainda a
estava olhando pelo canto do olho. — Podia morrer obesa pela
lasanha de Aspen.

E eu podia morrer obeso e feliz por conta de seus


pequenos gemidos. Entretanto, a mulher de Gamble
realmente fazia uma boa lasanha. De fato, se tivesse feito
como sempre, daria um passo à frente e faria o que fosse
para obter um convite para jantar, caralho, imploraria por
um e terminaria me convidando sozinho mesmo que Gamble
dissesse sim ou não. Mas pressentia que se abrisse minha
boca agora, diria a primeira coisa em minha cabeça, que seria
dizer para Caroline como ela estava bonita, ou perguntar a
ela se a veria de novo... a sós, em meu quarto.

Por isso mantive minha boca firmemente fechada e


coloquei minha intenção em uma árvore em nossa frente,
enquanto os quatro membros do grupo falaram uns minutos,
antes que Gamble jogasse seu braço ao redor do ombro de
sua irmã, se despedindo de nós e indo junto com ela.
Passando na minha frente para ir, não pude suportar.
Movi o braço que esteve pendurando a meu lado e o estendi
para que a parte de trás de nossos dedos se tocassem.
Mantive minha atenção em Gamble, me assegurando que não
visse nada disto. Caroline respondeu agitando seus dedos
com os meus para que se entrelaçaram por uma fração de
segundo antes de que se afastasse e se fosse.

Fiquei olhando, abobado. Esteve aqui e a única coisa


que consegui fazer foi roçar minha mão contra a sua?

Não estava bem. Isso era péssimo.

Virando-me, nervoso e resmungando, encontrei ambos,


a Loira e Ham, me observando abertamente e com severidade.
Merda. Me esqueci deles.

Ham levantou sua sobrancelha em decepção.

— Sério? Acredita que poderia ser mais óbvio?

Pisquei, confuso mas preocupado de que ele pudesse


suspeitar.

—Uh?

— Fará que te peguem se continuar a olhando desse


jeito. E o que foi essa coisa com a mão? Noel vai saber que ela
é a Visitante Noturna se te pegar às escondidas em uma
merda como essa.

Minha boca se abriu enquanto o olhei, incapaz de dizer


algo. Mas, sim... atônito.

— Você... sabe? — Finalmente encontrei as palavras


para dizer. Olhei dele para uma Loira avermelhada de
vergonha e encolhida de culpa. Bom, merda. Ambos sabiam.
— Por quanto tempo sabem disso?

Ham suspirou e esfregou um lugar no meio da testa.

— Desde domingo. — Admitiu.

De novo, só podia olhar. Incapaz de acreditar, olhei para


sua mulher para confirmar que engoliu saliva e assentiu.

— Que merdas? — Explodi. — Como puderam saber


antes que eu? — A Loira se moveu para mais perto de Ham e
começou a retorcer as mãos

Enquanto confessou.

— Caroline. Ela, ahm, confiou em mim.

— Bom... caralho. — Pus minhas mãos nos quadris e


olhei o céu onde as nuvens se agrupavam em formas
estranhas flutuando sobre minha cabeça. Por um instante,
me transportei a minha infância onde minha irmã e eu
estávamos deitados no chão pensando em imagens sujas que
veríamos nas nuvens. Sim, me encontrava bastante
preocupado que quase me conformei com suas lembranças
em lugar de lutar com meus dois companheiros de casa
sabichões. Mas merda, a dor que veio com essas lembranças
me perseguiam até o presente.

Neguei com minha cabeça e dei um olhar feroz para


Ham.

— E alguma vez pensou em me dizer quem se enfiava


em meu quarto? Jesus, homem. Traí Gamble e não tive nem
ideia.
Entretanto, dizer isso assim parecia como uma mentira,
porque sendo sincero comigo mesmo, tive uma ideia, mas não
sabia.

Soube?

Merda. O sabor repentino da bílis na parte posterior de


minha garganta me fez engolir a saliva.

— Já aconteceu quando fiquei sabendo. — Disse


Hamilton. — O que teria ganhado te dizendo?

Porra. Falava sério?

— Teria me impedido de fazer de novo, talvez.

— Tem certeza? —Levantou uma sobrancelha.— Sabe


agora, e não vai... evitar que continuem com isso, ou vai?

— Se cale. — Franzi a testa, tanto para ele como para


sua mulher. — Já é muito tarde. Já fizemos... — Merda, não
sabia o que já tínhamos feito. Mas não existia maneira em
que poderíamos só... parar, só porque era ruim manter
escondido de Gamble. Já passamos desse ponto muitos beijos
e orgasmos atrás. Já nos estabelecemos e apontamos
diretamente para nosso choque com o destino.

— Recorda quando Noel pensou que eu fazia algo com


Caroline e vinha me chutar o traseiro? — Perguntou Ham do
nada, com sua voz suave e quase se desculpando.

Soprei.

— Como posso esquecer? — Me demonstrou que Gam


nunca pensaria que eu era suficiente para ela, se nem sequer
pensava que meu perfeito companheiro de casa era digno
dela.

— Sim, bom, logo se desculpou por ter exagerado, disse


que não era porque pensava que não era suficiente para ela,
mas sim porque pensou que andava com ela escondido. Disse
que alguém mais fez isso a ela, tratou-a como se não fosse o
tipo de garota a que se levasse a um encontro em público, e
Noel acreditava que ela merecia algo melhor que isso. Se
zangou porque pensou que a mantinha como um segredo.

Ouch.

A vergonha se equilibrou sobre mim como uma


vingança. Meu companheiro de casa se encontrava ali me
dizendo que não era melhor que o filho da puta da cidade
natal de Caroline, que a usou, e a deixou grávida e sozinha, e
tive que concordar com ele.

— Bom, ela sim merece algo melhor que ser o segredo de


alguém. — Disse, com a voz rouca de arrependimento. Mas
merda, por que não me disse antes sobre esta conversa?

— Teria feito alguma diferença?

Encolhi os ombros.

—Não sei. Talvez. —Mas era muito tarde. Se dissesse


agora, pensaria que estava fazendo isso escondido.

Mal–di–ção.

Esfreguei as mãos tremendo sobre meu rosto. —Não


importa. Como disse, é muito tarde. Muito obrigado por sua
ajuda.
Caminhei para longe deles em uma pilha de nervos. Foi
então que me dei conta, plenamente, de que como isso ia
terminar mal. E comecei a entrar em pânico.

Sei o que pensa. Por que simplesmente não corto os


laços com ela se me encontro tão preocupado com Gamble?
Bom, por que não perguntam a um fumante porque não
deixa de fumar, a um alcoólatra porque não deixa de beber, a
um amante da leitura porque não deixa de ler? E foda-se por
pensar que um vício era remotamente fácil de deixar. Eu era
viciado nesta garota. E não me encontrava nem perto de
renunciar a ela.

E assim começava a verdadeira confusão.

Então, apunhalar meu melhor amigo pelas costas era


horrível, mas no final ter Caroline, depois de meses a
desejando... era o céu.

No sexto dia do acordo, ela apoiou sua bochecha contra


meu ombro, pressionou seus peitos úmidos a meu lado e
começou a desenhar padrões em meu peito antes de dizer.

— Então, amanhã é nossa última noite juntos, né?

Minhas sobrancelhas franziram. Nem sequer queria


pensar nisso, peguei sua mão e entrelacei nossos dedos.

— Não. — Disse lentamente. — Acredito que seus


cálculos estão errados. Ainda temos quatro ou cinco dias a
mais.
—Sim. — Murmurou por fim.— Claro, acredito que tem
razão.

E isso foi tudo.

No dia seguinte, nosso tempo limite chegou. O dia


depois desse, passou. Segui buscando minha Visitante
Noturna na calçada a uma quadra de sua casa, a cada noite e
logo a deixava depois de algumas horas. E segui fazendo
coisas indizíveis e travessas com ela. E sim, amava cada
segundo disso. Mas ela também amava.

Por isso, nem no oitavo dia, nem sequer no décimo


segundo dia, algum de nós mencionou que já tínhamos
terminado o nosso tempo. Estou certo que nenhum de nós se
importava que tivéssemos quebrado as regras. Nessas poucas
semanas, nada importava mais que a próxima vez que estaria
dentro dela. Nem sequer o fato de que estava traindo
completamente meu melhor amigo no mundo.

Entretanto, ainda odiava quando ela dizia seu nome,


especialmente quando nós estávamos abraçados e relaxados
depois de uma rodada muito vigorosa de sexo.

— É imaturo de minha parte ocultar isto de Noel? —


Perguntou, sua bochecha descansando em meu braço e seu
perfeito traseiro encostado em meu colo enquanto meus
braços permaneciam a seu redor.

Um tic se formou em minha mente, mas não viu, por


isso encolhi os ombros.

—Ainda somos jovens. Não nos é permitido sermos um


pouco imaturos?
Suspirou. Odiava esse suspiro porque me dizia que
manter isto escondido incomodava tanto a ela como a mim.

— Sei que odeia mentir para ele, mas eu... quero


esperar para dizer, se estiver tudo bem para você. Isto é só...

— Nada disso é só sua incumbência. — Grunhi, irritado


porque ele era um problema.

— Bom, isso... é novo e divertido, e ele o converterá tudo


em...

— Acredite em mim. — Acariciei seu quadril para ela


relaxar.— Não me encontro muito emocionado com a ideia de
que meu melhor amigo fique como um pai desaprovador
comigo. E sei que ele fará exatamente isso. NÃO me importa
esperar. Talvez se me ver assentar a cabeça por um tempo
sem perseguir toda mulher que cruza meu caminho, ficará
mais... aberto diante a ideia.

Ele não faria isso. Ela com certeza também sabia isto.
Gamble se embriagou muitas vezes comigo, me viu me
enganchar com várias mulheres, compartilhou mulheres
comigo tantas vezes, como poderia deixar-me ficar com uma
pessoa que ele se preocupa tanto?

— Sim. — Caroline deixou escapar um suspiro e me


enviou um sorriso lindo, me fazendo saber que disse a coisa
certa.— Talvez um pouco de tempo o ajudará a... se adaptar
com a ideia.

Seu sorriso me fez coisas, por isso a fiz virar até que ela
ficou sobre seu estômago. Precisando distraí-la da tristeza, da
culpa e do mal-estar que seguiu depois da conversa sobre
"Noel", esfreguei suas costas e beijei meu caminho por sua
espinha dorsal. Um sorriso iluminou meu rosto quando me
deu um suspiro de sono.

— Adoro sua boca e suas mãos sobre mim.

Sua voz era lânguida, ainda rouca, então me inclinei


para sussurrar em seu ouvido.

— E eu adoro sua voz depois do sexo. Só de te escutar


dá vontade de... —Em lugar de descrever minhas fantasias,
pressionei meus quadris contra seu perfeito traseiro nu e
esfreguei meu crescente pau nele.

Conteve o fôlego e arqueou as costas.

— De novo? Tão rápido?

— Com você? Sempre. — Logo depois de me satisfazer,


peguei suas pernas e as abri para poder me colocar entre
suas coxas. — Me desculpe. Me perdoe, senhora. Só preciso
chegar aqui. Obrigado.

Ela riu e me deslizei nela por trás. E então...

—Oh. — Ofegou surpresa.— Uau. Adoro como você me


preenche e o que me faz sentir, como desliza perfeitamente
dentro e fora, quão quentes e estimulantes são seus dedos
quando apertam meus peitos e... sim. Isso.

Sorri enquanto beliscava ligeiramente seus peitos.


Arqueando-se para mim, gemeu necessitada.

—Oh, Deus. Oren.

Queria dizer que adorava quando dizia meu nome dessa


maneira. Mas só suspirei.
—Eu sei, certo? Sou bastante bom nisto.

Outra gargalhada veio dela.

— E tão modesto também.

— Modesto, muito modesto. —Rodei sobre minhas


costas para que dessa maneira ficasse sobre mim, mas
olhando para o outro lado. O novo ângulo exposto a fez
ofegar, mas me aproveitei disso pegando seu peito em uma
mão e seus clitóris com a outra.— Quem quer modéstia
quando se pode ter o melhor sexo de sua vida?

— Não... não eu, acredite. — Ofegou, girando seu rosto


para um lado para que nossas bochechas se roçassem. —
Eu... uuuuuhhhh.

Reduzi o movimento de meus dedos, realmente


chegando à alegria do momento.

— O que dizia? — Perguntei uma vez que mordisquei o


lóbulo de sua orelha.

— Ai, se cale. — Ofegando e esgotada sobre mim,


sujeitou meu quadril e enterrou seus dedos em minha carne.
— Só termine já.

Diminuindo os movimentos de meus dedos ainda mais,


apliquei mais pressão nos lábios de sua boceta.

—Nunca ouviu falar em paciência, senhorita Gamble?

— Inferno. — Murmurou. E arqueou suas costas,


pressionando sua bochecha com a minha, levantando seus
quadris antes de descer e enviar uma sacudida elétrica
através do meu pau. Mas a menina não teminou. Apertou
seus músculos internos no mesmo momento que estendeu
uma mão para trás e agarrou um punhado do meu cabelo. E
santo caralho, talvez eu também gostasse que puxassem meu
cabelo.

— Não é justo. — Grunhi e gozei, incapaz de deter o


orgasmo que me agarrou pelas bolas.

Caroline riu enquanto gozava dentro dela. E então


gritou, me seguindo no esquecimento.

Se chegássemos a uma segunda rodada em uma só


noite, no geral a levava para casa logo depois, porque se não
fizéssemos isso, sabíamos que dormiríamos e acidentalmente
passaríamos toda a noite juntos.

Mas nenhum dos dois se moveu ainda. Inclusive, estava


muito cansado até para passar minha mão sobre seu corpo
como sempre fazia. Era como estivéssemos presos ali, fracos
contra o outro. Não queria que o momento chegasse ao fim,
embora sabia que teríamos que sair logo.

A pior parte de cada noite era levá-la para casa de novo.

—Estou pensando em começar a tomar pílulas


anticoncepcionais. — Disse ela do nada.

Cada músculo de meu corpo esticou. Sabia que ela


sentia minha reação. Mas merda. Esta foi a primeira
referência a um futuro entre nós que ela mencionou. Isto
significava que na verdade desejava um futuro entre nós. A
ideia me assustava tanto quanto me emocionava. Eu evitei
relações longas durante quatro anos por uma razão, mas
aqui estava eu preparado para me afogar na relação mais
perigosa, sem sequer pestanejar. Eu não era assim, e essa
era a parte aterradora.

Mas Deus, um futuro com Caroline. Essa ideia me


causava felicidade pura.

Limpei a garganta e pus toda a naturalidade que


possuía em minha voz.

—Tudo bem para mim.

—Bom. — Repetiu.

Não respondi, um pouco enjoado pelo que acabava de


acontecer. Acabávamos de fazer um acordo. Agora somos um
casal.

Uns poucos minutos de silêncio encheram o quarto. Eu


me sentia muito aterrorizado para dizer algo, inclusive para
me oferecer para levá-la para casa.

Caroline inalou e perguntou.

— Como está progredindo seu portfólio e a formação do


currículo?

Preparado para falar de algo, menos de nosso novo


estado civil, sentei-me e comecei a sair da cama.

— Vou te mostrar, quer ver?

— Claro.
Enquanto pegava a bolsa cheia de merda que reuni com
meu portfólio e o material do currículo, ela se sentou nua e
cruzou as pernas, esperando ansiosamente que eu mostrasse
o que tinha. Fiz uma pausa, surpreso de como ela parecia
sentada dessa maneira, puritana e travessa ao mesmo tempo.

Tê-la aqui, nua em minha cama, era um sonho molhado


se tornando realidade. Sacudindo a cabeça para me libertar
de tais pensamentos, passei minhas coisas para ela e me
sentei sobre o colchão ao seu lado.

—Este é meu portfólio. —Entreguei. — Aqui está a lista


dos lugares que procuram novos sócios. Este é o currículo
que sigo apagando e começando de novo. E este...

Ela levantou os olhos da merda que acumulei em seus


braços.

—Então ainda não escolheu nenhum destes lugares? —


Tirou as pastas cheias de ofertas de trabalho.

Neguei com a cabeça. É obvio que não escolhi. Morria de


medo de crescer e encontrar um trabalho de verdade. Eu
gostava de minha vida tal como era. Sustentava-me sozinho e
me encontrava rodeado de meus amigos, e Caroline estava
em minha cama agora. Se achasse um bom trabalho, o mais
provável é que tivesse que me mudar e eu não queria deixar
isto ainda, não quando me sentia tão satisfeito aqui e mais
feliz que nunca.

— Meu currículo é uma merda. — Disse em seu lugar,


utilizando essa desculpa.— Não posso o enviar assim.

Caroline mordeu o lábio enquanto o olhava por cima.


—Sabe... — Disse. Pensei que ia se oferecer para lê-lo
para mim, mas me surpreendeu quando disse. — Aspen
acaba de repassar seu próprio currículo quando solicitou
esse posto na escola secundária. Estou certa de que estaria
encantada de te ajudar a fazer o teu.

Nem sequer pensei em recorrer a ela, de todas as


pessoas, em busca de ajuda. No geral, evitava à esposa de
Gamble. Não porque eu não gostasse dela. Ela parecia
bastante agradável, e fazia incrivelmente feliz o meu melhor
amigo. Mas era difícil não pensar nela como minha professora
em lugar da esposa de meu amigo, porque isso é o que foi a
primeira vez que a vi. Além disso, mais ou menos a insultei
uma noite quando Gam e ela estavam saindo, ou na verdade,
quando tiveram uma pequena separação. Mas ela me usou
para mantê-lo afastado e não se envolver em um escândalo
sujo de um romance estudante-professora. Tentou protegê-lo,
certo, mas eu não gostei de ser o miserável no meio de algo
que implicasse em o machucar.

E apesar de termos superado isso e tudo ter dado


milagrosamente certo para eles, ainda não tinha me
desculpado por gritar com ela essa noite... ou outras coisas
que fiz que não foram muito respeitosas com ela.

Dei uma olhada em Caroline e enruguei a testa,


fazendo-a saber como estava em dúvida sobre sua ideia.

—Não sei. Acredita que estaria disposta a me ajudar?

Começou a rir.
— Um... é Aspen. A famosa professora de inglês. Ela vive
para este tipo de coisas.

— Bom, está bem. Suponho que... perguntarei a ela,


então. — Caroline se iluminou com a aprovação e a beijei no
nariz. Logo voltou sua atenção à lista de postos de trabalho.
— Tá, certamente há um montão de oportunidades para
você... — Seu olhar se congelou em um detalhe. — E é certo
que estão muito longe.

Quando colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha “


sua brincadeira nervosa com o cabelo” soube que não gostava
do aspecto da distância. Queria tranquilizá-la e dizer que
nunca iria se ela não queria que eu fosse. Mas merda, só
existia oficialmente um "nós" há dois minutos.

Provavelmente era um pouco prematuro para fazer tais


promessas.

— Pela forma em que marcou este, posso dizer que é seu


favorito. — Se virou para me mostrar de que trabalho falava.
Eu rodiei cinco vezes e sublinhado e se encontra no Lake
Tahoe. Quando seus dedos foram para seu cabelo outra vez,
apertei os dentes.

— Sim. — Disse. Parecia como se tivesse um montão de


cascalho em minha garganta. — Tem os melhores salários e
benefícios, e é exatamente o tipo de trabalho que quero fazer.

Caroline assentiu.

—Então deve aplicar lá.


— Ainda não sei o que vou fazer. — Fiquei olhando à
folha que começou a tremer ligeiramente em sua mão.

Soprou como se minha indecisão fosse ridícula.

—Como não. Quer dizer, parece a oportunidade de sua


vida.

Quando levantou a mão para seu cabelo pela terceira


vez, não pude suportar. Agarrei sua mão para evitar que
tocasse um só cacho. Então levei seus dedos à minha boca e
dei um beijo. Seus olhos azuis pareciam chorosos quando me
olhou.

— Não sei o que vou fazer. — Repeti.

Mas sim sabia o que não ia fazer. Não ia deixar que se


estressasse por isto.

— É tarde. Deveria te levar para sua casa.

Ela gemeu e deixou cair o exemplar de meu currículo


em seu colo.

— Eu não gosto da parte de nossas noites em que


vamos para casa.

— A mim tão pouco. — Beijei seu cabelo e tirei


lentamente minha pasta de seu colo. — Eu não tenho que
trabalhar amanhã à noite. Diga a Gamble que vai fazer algo
com a Loira e venha me ver?

Cantarolou e se afundou em mim antes de dizer.

— Estarei trabalhando até as nove.


Grunhi de novo. Trabalho, escola, irmãos. Estava
cansado de tudo o que se interpunha constantemente entre
nós. Mordisquei sua orelha e passei minha boca até seu
pescoço.

— Então diga que a Loira vai te buscar no trabalho, e eu


vou te buscar.

Sua cabeça caiu para trás enquanto me deleitava em


seu pescoço. Com um gemido, ela cedeu.

— Tudo bem.
CAROLINE

Perto de três semanas depois de começar uma aventura


com Oren, visitei o doutor na sexta-feira a tarde. Tive sorte e
consegui marcar uma consulta para um dos últimos turnos
do dia, assim podia ir depois das aulas.

De certa forma, pensei em dizer o que necessitava e que


ele me desse uma receita médica e possivelmente algumas
amostras grátis de anticoncepcionais. Mas aparentemente,
essa era uma ideia delirante. Antes que inclusive soubesse o
que estava acontecendo, encontrava-me fazendo xixi em um
recipiente, vestindo uma bata de hospital fina que se abria
pela frente e pondo os pés nos horrorosos estribos. Deus,
odiava as visitas ao ginecologista.

Comecei a pensar que terminaria depois de um rápido


exame de pélvis e que então me dariam as pílulas para que
eu pudesse sair e ter sexo sujo e maravilhoso com Oren. Mas
não houve nada rápido a respeito do que aconteceu. De fato,
pareceu que o tempo se estendeu e os segundos passavam ao
ritmo de dias inteiros.

Pareceram anos mais tarde, mas só passou uma hora


quando caminhei pela porta dos fundos da casa de Noel e
Aspen, anestesiada e estupefata. Absoluta e totalmente
anestesiada. Nem sequer estava certa de como processar tudo
o que me disseram. Afundei-me na primeira cadeira que
encontrei.

Aspen me encontrou nessa posição minutos depois,


enquanto observava aturdida e chocada os desenhos que
Colton fez para ela, presos com pequenos ímãs com forma de
fruta na geladeira.

— Caroline? — Fez uma pausa e inclinou a cabeça para


um lado. — Está bem?

Assenti sem pensar, mas então disse.

— Não.

Ela se aproximou e tomou uma cadeira perto de mim.

— O que está acontecendo? — Quando se sentou,


agarrou meus dedos flácidos, os quais estavam repousando
em meu colo e tomou fôlego, surpresa. — Tem as mãos
congeladas.

—Sim? —Baixei os olhos para elas. Não podia as sentir,


na verdade, mas pareciam pálidas nas de Aspen. Ela tentou
esquentá-las esfregando minhas mãos nas suas, mas isso só
me fez querer as afastar.

Assim que as afastei. Embalei-as em meu peito,


querendo que permanecessem frias. Sem vida. Mortas.
Exatamente como me sentia, como merecia me sentir.

Aspen levantou seu rosto surpresa. Abriu a boca, mas,


sabiamente, logo a fechou.

Não podia suportar feri-la e sabia que ao retirar minhas


mãos fez isso, assim limpei a garganta.
—Eu... — Sacudi a cabeça. Não podia dizer. — Eu... hoje
fui ao doutor, para começar com o controle de natalidade. E...

—Oh! —Seus olhos se abriram enquanto pressionou


uma mão em seu peito. — Eu... sinto muito. Não dei conta de
que estava... vendo alguém.

Pestanejei. Merda. Acabava de soltar isso? Com o rosto


ardendo, comecei a sacudir a cabeça, mas Aspen levantou
suas mãos.

— Me ignore. Sinto muito. Não é da minha conta. O que


dizia... sobre a visita ao médico?

Continuei olhando para ela boquiaberta.

—Vai dizer a Noel? —Contive o fôlego esperando sua


resposta.

— Em... — Olhou a outro lado, seu rosto delatava todas


suas incertezas. A lealdade a seu marido batalhava contra
sua lealdade a mim. — Eu não... Isso... não, se preferir que
não o faça... Estou certa de que não é de sua conta tanto
como não é da minha o que faz em seu... tempo privado,
mas... como amiga e como nova irmã, sei que eu gostaria de
conhecer o seu... jovem. — Logo seus olhos se ampliaram
como se uma nova ideia a tivesse golpeado. Se inclinando
mais perto, baixou a voz. — Há um só, né?

Sorri. Na verdade, deixei escapar uma risada. Ela


parecia tão jovem quando tentava comportar-se e não passar
dos limites ao mesmo tempo que tentava me dizer o que
pensava.
— Sim. — Disse. — Há apenas um... — Sorri mais
amplamente enquanto roubei seu termo. —...jovem.

Ela ficou vermelha e colocou uma mecha de cabelo atrás


da orelha.

— Sinto muito, não sabia como dizer.

Meus ombros caíram e todo o feio voltou a flutuar de


volta à superfície. Me sentindo como uma merda, confessei.

— Sei. Eu também não.

Aspen se inclinou para pegar minhas mãos de novo,


mas parou, se lembrando da maneira que eu me afastei dela.

— Sabe. — Começou lentamente. — Se precisa falar do


que seja, estou aqui. Inclusive prometo não contar os
detalhes a Noel. Mas às vezes, as pessoas simplesmente...
precisam falar com alguém.

Sorri brandamente e tomei uma das mãos que ela


retorcia em seu colo. Os músculos de seu rosto relaxaram
imediatamente, e me devolveu o apertão nos dedos. Estava a
ponto de contar que sempre contava tudo a Zoey, mas então
me perguntei se ela não necessitava de uma amiga tanto
como parecia querer que eu tivesse uma. Assim que deixei
sair.

— O médico não acredita que alguma vez possa ter


filhos.

Seus olhos se encheram com horror imediatamente


enquanto suas mãos se enroscaram com as minhas.

—Oh meu Deus, Caroline.


Observei nossos dedos entrelaçados.

— Eu... esta foi a primeira vez que fui ao ginecologista


desde o ano passado. Não tinha ideia de que tudo tivesse sido
tão danificada quando... —Inclinei o rosto e as lágrimas
encheram meus olhos. — Arruinei meu futuro
completamente, não é?

— Não! Não, querida. Ainda pode ter uma vida plena e


feliz. Você...

— Se eu soubesse que essa era minha única


oportunidade de ter um bebê...

— Por favor, não pense nisso. Não quero que isto te


aflija.

Sacudi a cabeça.

— Sobre que mais se supõe que pense, Aspen?


Possivelmente nunca seja capaz de segurar o meu próprio
filho nos braços. Nunca o verei crescer. Alguma vez... —
Sacudi a cabeça quando minha voz se quebrou. — Como
poderia não pensar nisso? Como posso parar de me
arrepender por ter tido uma queda por um menino rico e
estúpido, cujos ricos e estúpidos pais me fizeram fazer algo
que não queria fazer?

As lágrimas também se acumularam nos olhos de


Aspen.

—Tem razão. — Admitiu. — Eu também me sentiria


devastada. — Quando se inclinou para me envolver em seus
braços, abracei-a com força e enterrei o rosto em seu ombro.
Ela acariciava meu cabelo e murmurava palavras
tranquilizadoras quando um punho soou contra a porta
traseira.

—Iuu Ruuu. —A porta se abriu. — Há um galã


arrumado na porta.

Afastei-me de Aspen e limpei, freneticamente, a umidade


dos olhos. Mas Oren já estava congelado na porta,
observando tudo. O sorriso em seu rosto desapareceu
instantaneamente enquanto olhava de mim, para Aspen e de
volta a mim.

Merda. Esqueci que ia vir para que Aspen o ajudasse


com seu currículo.

— O que está acontecendo? — Perguntou.

— Oh, não é nada. — Em uma repentina rajada de


movimento, Aspen saltou da cadeira, sacudindo as mãos. —
Já sabe como são as garotas. Choramos até pelos cartões de
felicitação.

Oren lançou um olhar incrédulo para ela antes de virar


para mim. Seus olhos seguiram cada lágrima que se deslizou
por minha bochecha.

— Não vejo cartões de felicitação por nenhum lado.

Aspen limpou a garganta e deu um sorriso tenso.

—A que devemos o prazer de sua visita, senhor


Tenning?
Oren demorou uns segundos a mais para afastar sua
atenção de mim, mas quando o fez e se virou para Aspen,
ainda parecia distraído.

Levantando uma pasta em suas mãos, se lembrou.

—Curriculum. Correção. Sua caneta vermelha


deslizando por meus papéis uma vez mais.

— Oh, certo. Sinto muito. — Levando uma mão à frente,


Aspen deixou sair um suspiro esgotado.— Me esqueci. —
Então franziu o cenho um pouco e pôs as mãos nos
quadris.— E só para que saiba, já não uso canetas
vermelhas. — Limpou a garganta com descrição. — Agora são
verdes.

O canto da boca de Oren se levantou quando ela


brincou, mas seu olhar voltou para mim e seu sorriso caiu.
Soube logo que abriu a boca que ia perguntar de novo o que
estava acontecendo. Mas, graças a Deus, o telefone de Aspen
começou a tocar de onde o carregava no balcão e o
interrompeu.

Aspen se aproximou e observou a tela antes de que um


suave sorriso aparecesse em seu rosto.

— É Noel. Está na loja e tem que me perguntar algo. Por


favor, me desculpem um momento.

Enquanto saía da cozinha com suas costas tensa, Oren


sacudiu a cabeça, a observando.

— Segue sendo tão formal e é como uma professora às


vezes. Caralho, me assusta. — Então deu a volta para mim e
baixou a voz. — Agora, de verdade. Que diabos está
acontecendo?

Não tinha maneira de que contasse a Oren. Era muito


pessoal, penoso e... e profundo para o que seja que estivesse
acontecendo entre nós. Fiquei de pé tão rápido que quase
joguei a cadeira. Me apressando para pegar, remexi
incomodamente.

— Oh, só é... Merda, sinto muito... Já sabe, coisas de


garotas. — Respondi vagamente, copiando a frase de Aspen.

Oren pegou minhas mãos, as capturando no respaldo


da cadeira.

—Não me venha com essa merda, Caroline. Que diabos


aconteceu?

Encontrei seu olhar zangado.

— Disse que são coisas de garotas. De verdade quer que


te conte todos os detalhes horripilantes?

— Como se um ciclo menstrual fosse me assustar. Além


disso, sei que não se trata disso. Está chorando e quero saber
porquê.

— Está bem. — Disse. Tratei de retirar minhas mãos


das suas, mas ele apertou seu agarre ao redor de minhas
mãos. — Fui ao médico hoje para... para um controle de
natalidade. — Podia sentir o desafio em meus olhos quando
inclinei meu rosto para encontrar seu olhar, e não sei por que
o pus ali. Possivelmente o desafiava a dar um passo atrás e
afastar-se dos problemas. Contar as más notícias do médico
significaria que já não seríamos companheiros de cama.
Significaria que haveria mais entre nós que só sexo.

Mas ele não se rendeu.

—E?

—E primeiro teve que me fazer um exame.

A compreensão se refletiu em seu olhar e, uma vez mais,


superou-me a necessidade de chorar.

—Merda. —Fechou seus olhos brevemente. Quando os


abriu, seus olhos avelã pareciam cheios de sofrimento. — O
aborto te fodeu aí dentro, não é assim?

— Sim. — Me encolhi enquanto inclinava minha cabeça


e fechava os olhos. — Ele não acredita que possa voltar a
ficar grávida.

— Caralho. —Exalou suavemente, seu calor aquecendo


meus ossos frios e intumescidos enquanto se aproximava.
Logo se encontrava respirando em meu cabelo. — Sinto
muito.

Quando seus dedos tocaram brandamente meu ombro,


dei um passo para trás e escondi o rosto.

— De verdade, não tem que...

— Poderia simplesmente se calar e vir aqui. —Agarrou-


me com mais força e me apertou contra ele. Seus largos
dedos embalaram minha cabeça, guiando-a para seu ombro.
Logo seus braços me envolveram e ele, simplesmente, me
sustentou.
Um arrepio me percorreu quando seus lábios tocaram a
minha testa. Me apertando contra ele mais profundamente,
agarrei a parte traseira de sua camiseta em meus punhos e a
segurei como se minha vida dependesse disso.

Minha dor estalou e comecei a chorar de novo em


enormes soluços agitados.

Ele me balançou para frente e para trás, enquanto o


calor de seu corpo esquentava o meu.

—Shh, amor.— Cantarolou em voz baixa. — Tudo vai


ficar bem.

Não tinha nem ideia de como poderia chegar a ficar


bem. Inclinei o rosto para olhar para ele.

—Está bem se me arrepender disso? Sei que só tinha


dezessete e não tinha como ser uma boa mãe. Não tinha
dinheiro. Provavelmente teria sobrecarregado Noel com todas
as responsabilidades. Mas desejaria... Simplesmente...
Inclusive no momento em que estava feito, nunca mais me
senti aliviada. Sinto, unicamente, arrependimento.

Oren se inclinou e beijou as lágrimas de minhas


bochechas.

—Pode se arrepender do que demônios seja que queira


se arrepender. Eu me arrependo de muitas coisas. Mas não
deixe que isto te consuma e defina sua vida.

O que me surpreendeu mais que o fato de que Oren


Tenning estivesse cheio de bons conselhos, foi o fato de que
parecia completamente sério e genuíno quando me
aconselhou.

— Como faço? — Perguntei. — Como faço para me


controlar? — Seus lábios se suavizaram antes de romper em
um sorriso reconfortante.

— Só segue adiante, suponho. Merda, não sei.

Ri e ele se inclinou para roçar seu nariz contra meu


cabelo.

—Continue cheirando assim a cada dia, isso é um bom


começo. — Sua voz retumbou em meu ouvido e me fez
estremecer... o bom tipo de arrepio.

Então suas mãos escorregaram por minhas costas em


uma carícia sensual enquanto beijava minha testa.

— Também poderia continuar me deixando louco com


cada respiração que dá, O...

— Oren. — Disse, ficando sem fôlego enquanto minha


excitação ficou em movimento. —Se cale ou vai me deixar
quente.

Ele riu.

— Vou te deixar quente? Mulher, sei que já está


ensopada por mim. — Seu nariz se moveu contra meu ouvido
antes de sussurrar. — Não é assim? — E então seus dentes
beliscaram o lóbulo de minha orelha.

Meus dedos se enroscaram em seus ombros enquanto


arqueava meu pescoço para trás e meu corpo se esmagava
contra o seu, me pressionando contra seu duro peito.
—Ninguém gosta de um fanfarrão. — Ofeguei, desejando
que me beijasse.

— Sim, você gosta. — Sua voz rouca enviou faíscas de


eletricidade através de todo meu corpo. Estremeci e me
aconcheguei mais perto dele. — Você gosta de cada coisa
sobre mim, desde todas as frases estúpidas e chatas que digo
até como se sente quando estou enterrado tão profundamente
dentro de você que tudo o que pode fazer é gritar meu nome.

Tinha razão. Me envergonhava, mas amava cada detalhe


gravemente defeituoso dele.

— Inferno. — Murmurei. Ele esperava que eu o beijasse


primeiro, não?

Agarrei o seu cabelo com meus punhos e esmaguei


minha boca contra a sua. Sua risada presunçosa e vitoriosa
foi interrompida por minha língua abrindo espaço dentro de
sua boca. O gemido que retumbou em sua garganta me
encheu de satisfação por uma fração de segundo antes de
que pegasse meu traseiro e me levantasse do chão.

Me perdendo na distração que oferecia, desfrutei da


sensação de nossos peitos roçando enquanto me levantava.
Passei uma perna ao redor de sua cintura e ele empurrou
seus quadris contra as minhas, me deixando sentir sua
excitação.

Não me ocorreu absolutamente que este era o pior


momento e o pior lugar para beijar Oren Tenning até que a
porta dos fundos se abriu e duas vozes entraram, enchendo a
cozinha.
E abruptamente, se calaram.

Oren e eu nos separamos.

— Oh, meu Deus. —Pressionei minha mão contra seu


peito enquanto observei Colton e Brandt.— O que estão
fazendo aqui?

Ficaram congelados na entrada dos fundos da casa,


olhando espantados de mim para Oren, o qual nos deu as
costas e respirava com dificuldade enquanto se agarrava na
borda do balcão, tentando acalmar sua respiração e, sem
dúvida, também sua libido.

— Vivemos aqui. — Respondeu finalmente Brandt. Logo


o imbecil apartou o olhar das costas de Oren para me lançar
um pequeno sorriso. — O que você está fazendo aqui,
Caroline?

— Por que beijava Ten? — Perguntou Colton.

A mortificação se apoderou de meu rosto.

— Eu... não estava beijando. — Meus dois irmãos me


deram um olhar de não acreditamos em você. Ao final,
Brandt perguntou. — Então, ele se... afogava e você... tentou
ressuscitá-lo... com a língua?

Quando Oren riu e por fim virou para mim, lancei-lhe


um olhar assassino.

—Por que está rindo?

Oren se encolheu inocentemente como se estivesse


dizendo O que eu fiz?
— Porque isso foi divertido. — Respondeu.— É como
algo que eu diria. — Então sorriu para Brandt e ofereceu o
punho a modo de felicitação, que meu irmão sorriu e aceitou.

Oh, meu Deus. Não entendia os meninos


absolutamente. Revirando os olhos, lancei minhas mãos no
ar, me sentindo perdida.

— Noel sabe que estão...? — Colton apontou sua mão


entre Oren e eu. Nem sequer ele estava certo do que
acontecia entre nós.

Cruzei os braços sobre o peito e levantei o queixo.

—É óbvio. – Brandt riu dissimuladamente, ele já se deu


conta da verdade.

—Então se o mencionarmos hoje de noite...?

Inferno.

—Nem sequer se atreva.

O menino de quatorze anos riu, me dizendo quão


perdida me achava antes de dizer.

— Não sei, Caroline. Na verdade não acredito que vá


gostar que esteja saindo com seu melhor amigo... o mesmo
amigo que adverte para permanecer afastado de você, tipo,
cada vez que Ten nos visita.

Oren gemeu e levantou os olhos para o teto.

— Maldição... Inclusive vai nos chantagear por seu


silêncio, igual eu faria.

Suspirei em aceitação e olhei para Brandt.


—Está bem. Que seja. Vinte dólares.

— Céus, irmã mais velha. — Arranhou a bochecha


pensativamente enquanto olhava de Oren para mim. — Isto é
importante. Noel se zangaria de verdade se soubesse.

—Vinte e cinco? — Respondi, esperançosa.

Bufou.

— Que tal cinquenta?

— Cinquenta dólares? Está louco? Eu mesma diria a


Noel por cinquenta dólares.

—Humm. — Respondeu Brandt serenamente. — Acaba


de subir para cem.

—Oh, meu Deus. Sério, não tenho tanto dinheiro.

Sim tinha, mas estava em uma conta bancária com o


nome de Noel nela. Alertavam-no de qualquer saque que
fizesse.

—Tá. — Oren sacudiu suas mãos e parou entre meus


irmãos e eu. — Eu tenho cinquenta. Você põe cinquenta
também. — Me disse antes de dar a volta para encarar
Brandt.— E você mantém a maldita boca fechada. Capiche?

Brand assentiu, o brilho feliz de seus olhos me


mostrando o quão contente ficou com a oferta de Oren.

—Capiche. — Respondeu.

Deixando cair seus ombros enquanto dava um suspiro


de alívio, Oren se virou para mim.

— Suas habilidades de negociação são horríveis.


—O que? —Disse.

E Colton disse:

— Ei, eu também quero cem dólares.

— Os cem dólares são para ambos. — Disse entre


dentes. Brandt bufou. —Ao caralho se for assim. Não vou
compartilhar com ele.

— Cuida da sua boca, pequeno sabichão.

O menino de quatorze anos piscou os olhos.

—Diria para você cuidar da sua, mas parece que Ten já


aceitou o trabalho.

— Jesus. — Gemeu Oren, sacudindo a cabeça. — Ele é


um maldito mini eu.

Infelizmente, sim, era.

Bem nesse momento se escutaram passos se


aproximando do lado de fora, nos alertando de que vinha
alguém. Todos na cozinha trocamos olhares, sabendo que
tinha que ser Noel.

— Cem para cada um. — Foi a última oferta sussurrada


de Brandt. Comecei a suar e olhei para Oren, por ajuda. Suas
sobrancelhas se levantaram, me deixando decidir nosso
destino. Franzi a testa e sussurrei para Brandt.— Esqueça.

Ele encolheu os ombros.

—Se prepare. —Depois deu a volta para a porta. Como


se tivesse lido sua mente, Colton o seguiu.

—Noel! — Chamaram juntos.


Meus olhos se arregalaram.

—Não! — Sussurrei.

Ao mesmo tempo Oren murmurou.

— Merda. — E agarrou os meninos por seus pescoços e


os arrastou para trás para poder grunhir em seus ouvidos.—
Cento e cinquenta para cada um e será melhor que ambos
fiquem calados como os mortos.

Colton e Brandt assentiram e olharam para Noel com


sorrisos muito inocentes, quando abriu a porta de trás e
entrou com um montão de sacolas de compra.

Noel parou quando os viu. Olhou de Brandt para Colton


e logo franziu a testa um pouco antes de voltar sua atenção
para Oren.

— Olá. Está aqui para trabalhar em seu currículo com


Aspen?

Oren assentiu e murmurou.

— Sim. — Brandt soltou um pequeno suspiro, que


causou que Noel passasse sua atenção aos dois meninos, que
continuavam de pé congelados em frente a ele observando-o
com atenção.

Enrugando as sobrancelhas em confusão, Noel levantou


um dedo para apontar entre Brandt e Colton, depois pôs
lentamente as sacolas na mesa da cozinha.

— Bom, isso é horripilante. O que acontece com vocês


dois?

— Nada. — Disseram em uníssono.


Gemi e virei os olhos. Ia matar meus dois irmãos
menores, na calada da noite com travesseiros sobre seus
rostos. Faria um favor ao mundo, na verdade.

— Sério. — Insistiu Noel, olhando para eles antes que


seu olhar curioso se mudasse para mim.— O que acontece
com eles?

—Não podemos dizer. — Colton se meteu na


conversação.— Pagaram para que permanecêssemos em
silêncio.

Golpeei a testa com a mão e gemi. Cancelar os


travesseiros. Isso era uma maneira muito humana para
acabar com eles.

O olhar de Noel passou voando de novo para mim.

— Sério? —Disse lentamente. — Então, o que está


tentando esconder, Caroline?— E franziu as sobrancelhas
com preocupação.— Esteve chorando?

Imediatamente se virou para Oren como se fosse sua


culpa, por isso me interpus entre os dois meninos e levantei
minhas mãos, de frente para meu irmão mais velho.

— Já sabe, só porque é o tutor legal desses dois, não


quer dizer que também é meu durante mais tempo. Eu não
tenho que dizer nada do que está acontecendo em minha
vida.

Afastando seu estreito olhar de Oren, Noel piscou


surpreso.
— Pode ser que não seja seu tutor legal, mas ainda vive
sob meu teto. E eu não gosto que minha própria irmã guarde
segredos, ou pague a Brandt e Colton para que escondam
isso.

— Bom, então acredito que é hora de que eu vá. —


Endireitei minhas costas e enviei um pequeno sorriso de
superioridade, como dizendo: toma isso!

Levantou as sobrancelhas.

— Uau. Então, este segredo é tão importante que está


disposta a se mudar para não me dizer isso, obrigado irmã.
Estou sentindo o amor daqui.

— Meu Deus, Noel. Não estou dizendo que não te ame.


Só digo que possivelmente é hora de deixar o ninho e
conseguir certa independência. Estou certa de que Zoey e eu
podemos alugar um lugar juntas.

— Uau, não. — Oren levantou as mãos, dando um passo


adiante para interromper.— A Loira se encontra bem onde
está.

Quando enviei um olhar incrédulo para ele, encolheu os


ombros com ar de culpa.

—O que? Cozinha, limpa e mantém Hamilton


perpetuamente feliz e longe de mim. Ela não vai a nenhuma
parte.

— Oh, Deus. — Espetou Noel e o horror apareceu em


seu rosto quando deu a volta para mim.— Por favor, não me
diga que está grávida de novo.
—Ei! — Estalou Oren e o empurrou com tanta força que
tropeçou em sentido inverso.

E bem, da porta, Aspen ofegou.

— Noel!

Oren exigiu saber qual era o problema de Noel, e Noel


queria saber porque Oren o empurrou, e eu alcancei o balcão
para me apoiar ao tempo que toda esta sensação uma vez
mais desapareceu de meu corpo, e me deixou fria e exposta.

Tudo o que fiquei sabendo no consultório do doutor


voltou correndo, todas as palavras que ouvi, os sentimentos
que experimentei, o absoluto e inano arrependimento. Meu
peito se movia tentando puxar uma respiração constante,
enquanto Oren enfrentou Noel, parecendo de saco cheio.

— Caralho, te empurrei porque o que você disse para


sua própria irmã foi uma idiotice!

Queria que o deixasse, ia nos expor se continuasse


atuando como um noivo enfurecido defendendo a sua garota
que acabava de ser insultada. Mas todo o resto doía tanto.

— Quem diabos acredita que é para me dizer como


tratar a minha família? — Grunhiu Noel. — E tendo em conta
seu passado, era uma pergunta legítima.

—Noel! —Irrompeu Aspen golpeando seu peito.

Mas antes que ela pudesse o repreender ele disse.

— Sabe o que mais, era uma pergunta legítima. Quem


sabe quando Caroline ficará grávida outra vez?
— Mas ficará feliz em saber, irmão mais velho, que
nunca mais te incomodarei com outro susto de gravidez. O
médico me informou hoje que minha equipe de fazer bebês
está permanentemente fora de serviço.

Sua boca se abriu.

— O que?

Não podia explicar mais. Dando a volta, fugi da casa.


TEN

Ver os olhos do Caroline se encherem de lágrimas bem


antes de correr da cozinha e não ser capaz de ir atrás dela
tinha que ser uma das coisas mais difíceis que eu fiz, ou não
feito, neste caso. Ou talvez me conter de golpear os dentes de
Noel e fazê-los descer por sua garganta era o mais difícil. Não
podia decidir. Mas te direi uma coisa, ficar aí de pé como um
idiota e não fazer nada me massacrava.

Tremia “literalmente vibrava” com a necessidade de


reagir, ao mesmo tempo que Gamble levantava sua mão e
girava em um círculo, nos olhando por respostas.

— Alguém poderia me dar uma pista do que caralho


acaba de acontecer?

Dei as costas e agarrei a borda do balcão, apertando


muito forte para evitar asfixiá-lo e dizer o quanto ele acabava
de machucar Caroline.

— Não sei nada sobre a coisa da equipe para fazer


bebês. —Insistiu Brandt, levantando suas mãos com
inocência.

— Ten? — Disse Gamble, com voz dura.

Ainda enfrentando os gabinetes, apertei os dentes.

— Só sei o que a escutei dizer à sua esposa.


Gamble suspirou.

— Aspen?

Sua voz soou irritada quando respondeu.

—Como ela te disse, ela acabou de voltar do médico.

Olhei para Gam a tempo de vê-lo empalidecer. Inclusive


seus malditos lábios perderam a cor.

— E?

— E... houve... danos. — Seu olhar se desviou para os


dois Gamble mais jovens. Mas Noel não parecia se preocupar
com eles. Estendeu sua mão, pedindo para contar tudo. — O
procedimento que teve no ano passado, — começou com
muito tato — acho que não cicatrizou muito bem.

Gamble tomou ar e logo abaixou o rosto.

—Caralho. — Sussurrou. Cobrindo seu rosto com


ambas as mãos, gemeu.— Agora me sinto como uma merda
total.

— Bom, deveria —disse antes de poder me deter —


porque é.

Deixando cair suas mãos, se virou para olhar em minha


direção.

—Desculpa?

— Sabia como toda essa merda a afeta. Mencionou o


quão preocupado que se sentia por ela cada dia. Tem que ser
um completo idiota para não te dar conta de quão sensível é
sobre esse tema. E entretanto, jogou com isso esta noite como
se fosse uma espécie de... brincadeira.

—Genial. — Gam sacudiu a cabeça e levantou o olhar ao


teto.— Estou conseguindo um sermão sobre meu
comportamento do Senhor Rei da Insensibilidade em pessoa.

Bufei.

— Suponho que isso deveria te dizer quanto se


equivocou, idiota.

Ele assentiu.

— Tem razão. Tem toda a razão. — Com um olhar para


sua esposa e seus dois irmãos, anunciou.— Vou procurá-la.
Tenho que me desculpar.

Enquanto deixava a cozinha, esfreguei a cara com as


mãos e me desabei contra a mesa.

— Bom, me alegro que tenha dito para que então eu não


tivesse que fazer isso. — Murmurou Aspen.

Deixando cair meus braços, forcei um sorriso.

— Feliz de estar a seu serviço.

Deu-me um gracioso assentimento.

—E em troca, estou feliz de olhar seu currículo.

Uma hora depois, minha mente não se focava. A quem


diabos tentava enganar? Foi impossível me concentrar a
partir momento em que me sentei com a mulher de Gamble
na sala de estar. No geral, parecia impressionada com meu
currículo, mas definitivamente usou sua caneta verde.

—Acredito que se utilizar as sugestões que fiz, terá


surpreendentes resultados.

Quando me olhou, assenti.

— Sim, obrigado.

Ela assentiu também e tomou uma respiração.

— Então...tem lugares em mente nos quais você gostaria


de trabalhar?

— Na verdade, sim. Tenho uma lista. — Chequei a porta


principal, pela milionésima vez nos últimos sessenta minutos,
mas ninguém a abriu. Nem Gamble. Nem Caroline. Onde
demônios se achavam? Ela se encontrava bem?

— Sério? — Aspen parecia surpresa por minha resposta.


— Isso... uau, isso é estupendo. Sabia que Noel se
preocupava que você não...

Dei um olhar para ela, e seus olhos flamejaram antes de


que tampasse uma mão sobre a boca.

Bufei.

— Se preocupava que não fosse amadurecer e


procurasse um trabalho real depois da formatura?

— Eu... — Sacudiu a cabeça, completamente frustrada.


— Ele só...

— Toma a responsabilidade pelo mundo. — Disse por


ela. — E se preocupa pelo que todo mundo faz.
Sorriu brandamente.

— Só todos os que são importantes para ele.

Me dando conta de que me encontrava nesse grupo,


baixei os olhos para minhas mãos, as mesmas mãos que
usaram para reclamar a sua irmã.

Era um bastardo.

—Bom... —Aspen parecia incômoda de repente.

Olhei-a.

—Lamento. — Disse.

Seus olhos se ampliaram e ela retrocedeu surpresa.

—Você o... sinto muito, estou confusa.

—Não fui muito... respeitoso. — Disse.— Quando você e


Gam estavam, já sabe, enganchando-se.

Engoliu ruidosamente.

— Bom, foi bastante escandaloso E... ilícito. — Encolheu


os ombros e deixou sair uma risada nervosa. — Sério? O que
você pensava?

— Devia ter pensado em cobrir as costas do meu amigo,


sem importar o que.

— Mas o fez. — Começou em minha defesa.— Lembro


que veio à minha casa me amaldiçoar depois que rompi com
ele. E logo...

— Voltei bêbado e gritei do outro lado de uma sala cheia


de pessoas perguntando como ficaram juntos.— Confessei em
uma rajada.
Aspen se sentou mais direita e apertou a mandíbula
antes de exalar.

— Oh. — Disse finalmente. — Eu... não sabia a respeito


disso.

Baixei o olhar para minhas mãos.

— Nesse momento, não pensei que alguém acreditaria


em mim. Quer dizer, estava bêbado e sempre dizia besteiras.
Mas aposto qualquer coisa que Marci Bennett se encontrava
nessa sala e escutou tudo.

Aspen estremeceu e se envolveu com seus braços.

— Só precisou que uma pessoa acreditasse em mim e


fizesse um pouco de investigação e saber isso me incomodou
por um maldito ano. — Quando olhou para mim, senti a
urgência de confessar. — É minha culpa que despediram
você.

Seus ombros caíram.

— Não. Não é. É minha culpa que me despediram. Fui


eu quem começou uma relação com um estudante. Conhecia
as regras. Sabia as consequências, e o fiz de todo jeito.

— Mas...

— Não. Em todo caso, suas ações aceleraram o


inevitável. O que aconteceu, ia acontecer, Ten. E sabe o que?
Me alegro. Terminei com o homem de meus sonhos. Não teria
sido capaz de fazer isso se tivesse ficado lá. Mas agora estou
aqui e sou mais feliz do que nunca fui, mais feliz do que
acreditei que podia ser. Sinto-me completa de todas as
maneiras, porque vou conseguir esse maldito trabalho na
escola e Noel deixará de insistir que de alguma forma
arruinou minha vida, e logo tudo vai ser perfeito. Assim, na
verdade, eu gostaria de te agradecer por qualquer papel que
teve em tudo isto.

Sacudi a cabeça. Em lugar de se incomodar comigo, a


mulher terminou me agradecendo.

— Isso é fodido. — Disse.

Ela sorriu.

— Bom, tome ou deixe. Mesmo assim estou agradecida


por tudo o que tem feito por nós. — Esta vez foi seu turno de
olhar a porta. — Passou quase uma hora desde que se foram.

— Uma hora E dezoito minutos.

Aspen disparou um olhar de entendimento. Me afastei,


esperando não ter dado nenhuma pista.

— Caroline esteve muito mais feliz ultimamente. —


Disse. Meu pulso trovejou em meus ouvidos. Não tinha ideia
de como responder. Era essa sua maneira de me dizer que
sabia sobre nós? Ou simplesmente retomava a conversa?

— Sinto muito, o que? — Perguntei, minha boca


incrivelmente seca.

Seus olhos cintilaram.

— Nada.

Assenti.
— Bem. — Fiquei em pé. — Provavelmente já vou. Esta
conversa encheu minha cota de sensibilidade pelos próximos
meses, assim tenho a urgente necessidade de fazer algo
muito viril como voltar para casa, ver alguns esportes apenas
de cueca e coçar minhas bolas por uma hora.

— Que bom. — Seus ombros liberaram toda a tensão


neles. — Porque já ficava sem coisas que dizer.

Ri e reuni minhas coisas.

—Tem toda a razão, Dra. Kavanagh. Quero dizer...


merda. — Dei um encolhimento de desculpa. Não foi Dra.
Kavanagh por meses. Agora era a senhora Gamble. Ou era a
Dra. Gamble?

— Só Aspen.— Me disse.

Deslizei a alça da minha mochila sobre meu ombro.

— Nos vemos por aí.

Logo que escapei da casa, tirei meu telefone e liguei


minha caminhonete.

"Onde está?"

Escrevi para Caroline.

"Me encontre. Agora."

Nem sequer tive que esperar trinta segundos por sua


resposta.

"Não estou com humor para sexo esta noite".

— Jesus, mulher. — Murmurei e digitei minha resposta.


"Uau, de verdade pensa tão pouco de mim? Esta não é
uma chamada sexual. Só preciso de você."

Esperei outro minuto. Quando não respondeu, grunhi


em voz baixa e acelerei minha caminhonete. Uma vez que
cheguei em casa, me impedi de enviar outra mensagem até
que estivesse em meu quarto com a porta fechada. Zwinn
estavam aconchegados no sofá, olhando um de seus
programas juntos, mas só lhes grunhi algo enquanto
passava.

Logo que me deitei em minha cama, escrevi uma nova


mensagem.

"Sequer se dá conta do quão difícil foi para mim não


correr atrás de você quando saiu da cozinha chorando? Acabo
de sair de minha sessão com sua cunhada e já não vou me
conter mais. Se não tiver você em meus braços antes do final
da noite, poderia perder minha maldita cabeça. VEM AGORA."

"Uau. Tem uma habilidade muito doce com as palavras."


— Respondeu ela.

Bufei.

"Se o queria doce, deveria ter ido detrás do Hamilton.


Mas me queria, então isto é o que tem. Se seu traseiro não
estiver em minha casa em vinte minutos, irei atrás de você.
Não me interessa se tiver que entrar na casa do Gam,
empurrá-lo do meu caminho, e entrar nos corredores para te
encontrar. "
"Ok. Estarei aí em cinco minutos."

"Me diga onde está. Irei te buscar. "

"DISSE QUE ESTAREI AÍ EM CINCO MINUTOS".

"De acordo. Maldição. "

Deixei-a ganhar essa e vir para mim.

CAROLINE

Não sabia o que fazia aqui. Oren foi francamente


agressivo em suas mensagens. Não me sentia no clima para
agressivo. Queria estar brava com ele, com o mundo inteiro.
Não me sentia o bastante estável para estar perto de
ninguém, mas encontrei uma sensação de alívio enquanto
subia os degraus para seu apartamento e sua porta da frente.
Sem importar como me sentisse ou de que humor estivesse,
ainda queria estar perto dele.

Bati uma vez antes de tentar abrir a porta e encontrá-la


destrancada. Então entrei.

Os Zwinn me enviaram um sorriso simpático como se


soubessem de tudo. Logo apontaram para o corredor.

— Está em seu quarto.

Fui para lá. Logo que passei a porta, mãos famintas me


puxaram contra um duro e quente peito. Beijou minha testa
antes de agarrar a bainha da minha camisa e puxar para
cima, sobre minha cabeça.

— Pensei que não era uma chamada sexual. — Disse


enquanto levantava os braços para ajudar.
Ele alcançou o fecho do meu sutiã.

—Não é. Não fale. — Depois de descartar o sutiã, se


inclinou e beijou o vale entre meus seios.

Logo removeu minhas calças. Sim, certo que isto parecia


uma chamada sexual para mim. Esperava que fosse tirar
minhas calcinhas depois, mas me surpreendeu até a morte,
quando pôs com urgência uma de suas enormes camisetas
sobre minha cabeça. Cheirava a ele e não pude evitar inalar a
embriagadora essência.

Então pegou minha mão e me guiou para a cama. Uma


vez que nos arrastamos sob as cobertas e ele posicionou
minha cabeça para que descansasse sobre seu ombro
enquanto envolvia seus braços ao redor de minha cintura,
finalmente deixou sair um suspiro e todos seus músculos
relaxaram debaixo de mim.

—Agora sim. — Disse, soando satisfeito. — Agora está


bem melhor.

Sorri e fechei os olhos, deixando que o forte e sólido


batimento de seu coração soasse contra minha orelha. Na
verdade, estava melhor. Mas o fez inclusive mais incrível
enterrando seus dedos através do meu cabelo e acariciando
ritmicamente as mechas.

— Mmm. Isso é tão bom.

Poderia ficar acostumada com isto, sem problemas.


Podia esquecer tudo e deixar que ele cuidasse de mim.
E amanhã, meu útero seguiria sendo estéril. Meu irmão
ainda não saberia sobre a maior relação da minha vida, e
Oren... Oren seguiria sem saber com quanta intensidade ou
por quanto tempo o amei.

— Me conte de sua infância.

Sua suave pergunta me fez abrir os olhos.

— Por que?

— Porque quero saber. Gamble nunca falava disso. Não


sabia nada de você, exceto que existia, até o dia em que te
conheci.

— Não é muito glamorosa.

— Não me importa. Só... quero saber o que era a vida


para você. Viveu nesse trailer toda sua vida?

— Não. Quer dizer, sim, sempre tínhamos vivido em


trailers, mas não nesse em específico. Ficávamos em um que
era melhor, de três quartos, até que Noel se foi para a
universidade. Entretanto, minha mãe não podia manter as
contas em dia, então rebaixamos a esse em que nos
conheceu.

O senti assentir, mas continuou acariciando meu cabelo


enquanto descrevia minha vida.

— Noel basicamente nos criou. Minha mãe não ficava


por perto e quando se encontrava em casa, não nos dava
muita atenção. Lembro dela me repreendendo quando Brandt
e Colton eram pequenos, dizendo que os mantivesse calados
porque tinha dor de cabeça ou algo assim. Noel amortecia
muitas coisas. Era um líder natural. —Sorri. — Ainda é, um
pouco mandão algumas vezes, mas não o trocaria por nada
do mundo. Sempre se assegurava de que estivéssemos
alimentados, vestidos e entretidos. Olhando para trás, estou
assombrada por todo o trabalho que teve para nos manter
felizes. Quero dizer, não podia fazer muito, mas ele... tentava.
Realmente tentava.

— É um bom irmão. — Murmurou Oren.

— O melhor. — Concordei.

— Esteve brava com ele quando foi para a universidade?

— Não. Absolutamente. — Recordei quão petulante


Brandt foi, mas sabia que Noel tinha que ir. Esteve pronta
para assumir a responsabilidade e fazer o que fosse
necessário para que ele pudesse fazer algo de si mesmo.
Estava muito orgulhosa de que meu irmão mais velho estava
indo obter um diploma universitário com sua bolsa de
futebol. — Entretanto, não me dei conta das muitas coisas
das que se encarregava até que se foi. —Até que tive que dar
um passo e tentar fazer o que ele sempre fez.

— Quantos anos tinha?

— Quinze. E tentei usar o dinheiro que me enviava


sabiamente. Pagava as contas que me dizia que eram mais
importantes primeiro e ia ao supermercado comprar os
mantimentos que precisávamos, mas às vezes... não sei.
Esbanjava quando não devia fazer, e trazia para Brandt e
para Colton algum brinquedo que na verdade não precisavam
ou uma linda roupa que custava muito. E segui tentando
arrumar cada engano que cometia, mas cada um nos fazia
retroceder um pouco mais.

— Fazia o melhor que podia.

— E mesmo assim nunca alcancei o nível de perfeição


de Noel Gamble. — Oren soprou contra mim

—Quem poderia? Me acredite, joguei com o cara por


quatro anos. Ninguém pode ser tão bom como a onipotente
estrela do futebol.

Arqueando as sobrancelhas, virei para olhar para ele.

— Detecto um pouco de ciúmes em sua voz, senhor?

Encolheu os ombros e se inclinou levemente para beijar


meu nariz.

— Na verdade não, mas me roubou toda a glória, apesar


de que tive que apanhar a maior parte de seus malditos
passes. Direi agora, nem todos foram tão perfeitos.

Subi minha mão para sua barba.

— Bom, graças a Deus que não sou a única que conhece


de fato que ele é tão perfeito, e eu não.

— Ouça, nunca disse que não era perfeito. Ele só tem


que ser... perfeccionista?

— Quer dizer, mais perfeito?

Encolheu os ombros. — Eu gosto mais de perfeccionista.


Sorri e me aconcheguei contra ele.
— Continue falando. — Instruiu brandamente enquanto
sua mão passeava em minhas costas. — Eu gosto de
aprender sobre você.

—Bom, não há muito mais que dizer. Depois de que


Noel se foi, as coisas começaram a escapar de minhas mãos
progressivamente. Fiquei mais solitária, estressada,
perpetuamente preocupada. Quando Sander Scotini me
saudou na escola um dia, estava tão faminta por algo que
só... me afastasse de tudo, que enganchei a sua atenção
como a... estúpida idiota que era.

Oren se esticou debaixo de mim e sua mão deixou de se


mover

— Não foi estúpida. O filho da puta somente soube como


dar o golpe em seu momento mais vulnerável.

Suspirei.

— Sim, suponho. Mas devia ter sabido. Deveria ter


sabido que não significava nada para alguém como ele.
Deveria...

—Que merda. — Espetou Oren. Me virou sobre minhas


costas e se elevou para me enviar um olhar penetrante. —
Refere-se de que deveria ter sabido que era muito boa para
um imbecil esnobe como ele, certo?

Sorri brandamente, mas apartei o olhar.

— Sei que não sou muito boa para ninguém...

— A merda que não é. —Tomando meu queixo, Oren


girou minha cara até que estivesse olhando diretamente em
seus olhos. —É... maravilhosa. E o único bem que esse idiota
fez foi foder tudo para você, porque isso te trouxe aqui.
Comigo.

Tomei fôlego, inexplicavelmente tocada pela intensidade


de seu olhar e o calor em suas palavras. Dizia a sério.
Lágrimas cravaram meus olhos, mas pisquei para as afastar.

Colocando minha mão sobre o peito nu de Oren, senti o


firme batimento do seu coração sob meus dedos e me
maravilhei do quão incrível seu coração que podia ser.

— Então, não espera sexo neste momento? — Perguntei.

Ele pestanejou diante a pergunta, obviamente sem


esperar por ela, e talvez nem sequer pensando nisso. Logo
franziu o cenho.

—Disse que não na mensagem, ou não? Pensou que


mentia? — Soava um pouco insultado.

— Bom, não. — Humm, isto era estranho. — Sabia que


não mentia... quando disse. Mas agora que estou aqui...

Deixou escapar um suspiro, definitivamente insultado.

— Sei que isto pode soar louco, mas na verdade posso


sobreviver sem sexo por uma noite.

— Sim, mas... — Encolhi os ombros com


autoconsciência.— Já que está sendo agradável, cômodo e
compreensivo, eu meio que quero... agora.

— Oh, Jesus. — Gemeu, esticando seus braços a meu


redor.— Acredito que meu pênis ficou instantaneamente
duro. Tipo todo meu sangue correu para o sul tão rápido que
minha cabeça está aturdida.

Um sorriso iluminou meu rosto.

—Está? —Em lugar de estender uma mão e massagear


sua cabeça aturdida, minha mão se foi ao sul para
massagear... bom, sua outra cabeça.

O menino definitivamente não mentia. Estava tão duro


como uma rocha sob meus dedos. Gemeu quando envolvi
minha mão ao seu redor através de suas boxers e bombeei.

— Maldição. — Arqueou sob meu toque, pressionando


seus quadris contra meu corpo.— Encontrava-me preparado
para ser um nobre cavalheiro e tudo mais. Mas que se foda
tudo isso.

— Eu prefiro que você me foda. — Disse enquanto o


empurrava sobre suas costas e me arrastava sobre ele.
CAROLINE

Sabia que tinha que ir para casa e enfrentar Noel de


novo, mas evitei tanto quanto foi possível. Depois de dormir
nos braços de Oren, não me movi durante o resto da noite.
Despertei com a luz entrando através da janela e com a
palma de sua mão curvada possessivamente ao redor do meu
peito.

Estava quente em minhas costas e fiquei ali durante um


segundo, me deleitando com a sensação de despertar em sua
cama, com suas mãos sobre meu corpo. Quando inalei
profundamente, amando este momento, ele se agitou atrás de
mim, se movendo até que se aconchegou, sua ereção matinal
empurrando meu traseiro nu e seus dedos instintivamente
apertando meu peito.

— Porra. — Disse em um gemido. — Poderia despertar


assim todos os dias. O meu pau gosta de se aconchegar em
seu traseiro.

Sorri.

— Oh, sim? Ou gosta mais disto? — Me sentando, virei


para olhar para ele e dei a volta para poder beijar seu peito e
pegar sua ereção em minha mão. Sua marca de nascimento
de cor púrpura com a forma da Virgínia Ocidental parecia
particularmente brilhante esta manhã. Eu adorava que
nunca se incomodasse em me ocultar isso. Não tínhamos
ficado juntos com as luzes apagadas desde o
desaparecimento da Visitante Noturna e eu também adorava
isso. Fomos abertos a respeito de tudo entre nós, não
guardávamos segredos e compartilhávamos todo tipo de
coisas que nunca compartilhei com ninguém mais em minha
vida.

Querendo mostrar para ele o muito que significava para


mim, dei a sua marca de nascença um pouco mais de
atenção e lambi todo seu lado antes de colocar a cabeça de
seu pênis em minha boca.

Ele agarrou meu cabelo com força, como eu gostava e


gemi enquanto o chupava até que encostasse em minha
garganta.

—Está bem, tem razão. — Disse com voz áspera.— Eu


gosto mais de acordar desse jeito.

Ri com a boca cheia dele e comecei a dar a melhor


mamada de minha vida, exceto porque me afastou dele bem
antes de gozar. Então me pôs de costas e me olhou com
assombro antes de tomar uma de minhas pernas. Começando
pelo tornozelo, beijou, lambeu e mordiscou o caminho até que
sua boca se encontrou em minha boceta e sua língua dentro
de mim.

—Oh, Meu Deus, Oren. — Ofeguei e apertei os lençóis


debaixo de mim.—Isto é tão gostoso. Isso está tão bom.

Me olhou para perguntar.


—Vai gozar?

— Sim! — Disse, desejando que retornasse sua boca em


mim, mas em lugar disso, levantou-se para se sentar.

Olhando para mim enquanto ainda me encontrava


deitada de barriga para cima com as pernas estendidas, e
abertas, sorriu lentamente.

—É tão bonita.

Agarrou uma de minhas pernas e logo a outra.

—No primeiro momento em que te vi, com nada mais


que uma camiseta, fixei-me nestas formosas coxas
tonificadas. — Levantou minhas pernas enquanto falava. — E
queria saber como se sentiriam envoltas ao meu redor.

Ajudei-o a enredar minhas pernas ao redor dele. Ele as


fez subir sobre seus joelhos e logo se abateu sobre mim, nos
alinhando até que senti seu calor e sua dureza contra mim,
preparado para entrar.

—Vi esta boca —continuou— carnuda e pálida. E quis


provar. — Logo depois de se inclinar, apertou os lábios
gentilmente contra os meus. Respiramos um ao outro até que
murmurou.— Então olhei nos seus olhos, e... Jesus.

Pressionando sua testa contra a minha, me olhou nos


olhos.

— Que demônios você fez comigo, Caroline?

E metendo-se em mim, ofeguei com surpresa diante o


impulso inicial, tão cheia, tão grande. Sempre tão grande.
—Por que não podia ficar longe de você? —Perguntou
com outro comprido e lento impulso.— Por que não posso ter
o suficiente de você? —Investida.— Por que quero ser dono de
cada pedaço seu? —Investida.

— Por... porque obedecer as regras é uma mudança


radical, suponho. — Agarrei-o pelo cabelo para me ajudar a
absorver o delicioso impacto de cada investida, mas isso só
pareceu fazê-lo bombear mais duro e mais rápido.

Com uma risada incrédula, negou com a cabeça.

— O que está dizendo? Que mereço isto porque me


deseja tanto como eu desejo você? Impossível. Ninguém podia
desejar mais a alguém que isto. Caralho, ninguém poderia
ansiar tanto por outra pessoa assim.

Me inclinando para cima, sussurrei em seu ouvido.

—Eu sim.

Com um gemido torturado, ficou louco, me fodendo no


colchão com um ardor que eu amava. Apertei as pernas ao
redor dele, apertei meu agarre em seu cabelo e o beijei com
força.

Atacamos um ao outro tão grosseiramente que quando


gozei, mordi a sua língua. E acredito que gostou disso.

— Maldição. — Ofegou contra minha garganta enquanto


o suor gotejava de sua testa para meu ombro. — Isso foi...
isso foi...

—Fantástico pra caralho. — Suspirei.

Levantou o rosto e sorriu.


— Sim. — Então piscou e franziu a testa.— Tenho que te
levar para casa hoje?

Neguei com a cabeça, com muito gosto disposta a ficar


com ele para sempre. Mas então franzi a testa e assenti,
dando conta de que a realidade ainda nos esperava, sem
importar quanto tempo ficássemos trancados em seu quarto.

Gemeu.

— Isso é o que eu temia. — Então saiu de mim e se


sentou. Eu ainda não estava pronta para a ausência de seu
calor, mas me abracei e me sentei também.

Nos vestimos em silêncio. Oren me olhou com uma ruga


de preocupação entre seus olhos enquanto punha os sapatos
e agarrava a carteira em sua penteadeira.

— Está bem?

Sabia que me perguntava isso pelo que aconteceu ontem


à noite e o que soube no consultório do doutor, mas revirei os
olhos.

— Depois do que acaba de acontecer, estou fabulosa.

Riu, mas não por muito tempo.

— Falo sério, baby. — Deslizando seus braços ao redor


de minha cintura quando me endireitei, pressionou sua testa
com a minha. — Sei que o que o doutor disse não era o que
queria escutar, mas... — Suspirou. Não acreditava que
soubesse o que dizer a seguir, por isso encolheu os ombros.
— Caralho, você me tem e é provável que seja mais difícil
lutar comigo que com qualquer menino que possa ter.
Seu intento de me animar me fez sorrir. Me encontrava
tão tentada em dizer que o amava, que o amei durante meses,
antes de penetrar em seu quarto fingindo ser outro alguém.
Mas decidi pôr minha boca contra a sua e murmurei.

— Acredito em você. Obrigada.

Ele me devolveu o beijo brandamente antes de se


afastar.

— Vamos te levar para casa.

O segui pelo quarto, só para cheirar algo muito, muito


bom vindo da cozinha.

— Oh, Meu Deus. — Apertei o seu braço. — Que cheiro


é esse?

Me piscou os olhos.

— Sábado pela manhã com o Zwinn. Vem e olhe. —


Depois de me aproximar da porta da cozinha, ele parou ao
meu lado e envolveu um braço ao redor de meu ombro. —
Cozinham juntos panquecas e bacon cada semana. É algo
bonito.

Bonito? Era loucamente mágico. Quinn e Zoey se


achavam de costas para nós, situados diante do balcão, um
mexendo e o outro virando as panquecas. Falavam em voz
baixa e suas cabeças se encontravam intimamente próximas.
A cada dois segundos, se tocavam.

Pude enxergá-los dali a cinquenta anos fazendo o


mesmo, cozinhando juntos e só... desfrutando das coisas
corriqueiras, sempre e quando o estivessem um com o outro.
— É como um precioso cartão de Natal. — Sussurrei
para Oren. — Acho que vou chorar. — Ele riu e me passou
um lenço imaginário. Fingi aceitar e limpei o rosto. —
Obrigada.

Zoey se virou.

—Oh. — Deu um pulo e Quinn olhou por cima. —


Caroline! Ainda está aqui.

— Dormimos. — Confessei, embora nenhum dos dois


mencionasse nenhuma vez em me levar a casa ontem à noite.
Acredito que os dois sabiam que eu não ia a parte alguma até
o dia seguinte.

— Já que chegam tão tarde, por que não ficam para o


café da manhã? Sempre fazemos um montão.

Olhei para Oren, que respondeu por mim enquanto


entrava na cozinha.

— Claro. Ela tem que entender por que não estou


disposto a permitir que nenhum dos dois se mude deste
apartamento.

Zoey deu um olhar confuso.

— Vai....

Assim comemos o café da manhã com o Zwinn e foi


agradável. Oren soltou as habituais piadas e Zoey me pôs em
dia com sua vida já que não a viu muito ultimamente.

— Meu pai biológico continua me pedindo que eu vá


visitá-lo na Califórnia, onde ele vai ficar neste verão. Mas eu
não sei.
— Eu digo para ele ir à merda. — Disse Oren com a
boca cheia. — O idiota não fez nada enquanto sabia que você
foi criada por um imbecil abusivo. Não deve nada a esse
idiota.

Dei uma olhada para Quinn, que permaneceu em


silêncio. Tive a sensação de que, talvez, concordasse com
Oren, mas lealmente ia apoiar com qualquer decisão que
tomasse Zoey.

—Não sei. — Murmurei, pensativa. — Se alguma vez


tivesse a oportunidade de me encontrar com meu doador de
sêmen, quereria vê-lo. Nada mais que por curiosidade. Para
averiguar de onde vêm meu queixo, os olhos e a
personalidade obstinada.

— Direi de onde vem sua personalidade obstinada. —


Oren ficou de pé e não só recolheu seu prato, mas o meu
também. — Isso é tudo de seu irmão.

O vi carregar a lava-louças. Não só sua doçura ao se


ocupar do meu prato me impressionou, mas gostei da forma
em que me lembrou que não precisava saber a que distância
se encontravam minhas raízes, sabia de onde vinha e quem
era minha verdadeira família. Noel. Não importava o muito
que suas palavras me feriram ontem, amava meu irmão mais
velho e ele também me amava.

Tinha que ir para casa e falar com ele.

Uma vez que Oren terminou, sacudiu as mãos sobre as


coxas e se virou para mim.

— Pronta para ir?


Zoey falou antes que eu pudesse responder.

—Oh, eu poderia levá-la para sua casa, se quiser.

Oren franziu a testa imediatamente. Eu gostei que ele


queria me levar para casa. Mas logo suspirou em derrota e
murmurou.

— Sim. Isso seria o melhor.

Então Zoey acabou me levando para casa, mas não até


que Oren me levou para a sala com um beijo de despedida.

— Se Gam te der uma bronca por ficar fora durante a


noite toda, me chama.

Sorri para ele e deslizei os dedos sobre seu pescoço


sexy.

— E o que vai fazer?

Encolheu os ombros e sorriu, esfregando seu nariz


contra o meu.

— Vou impedi-lo, fazendo ficar irritado comigo ou algo


assim, para que não se zangue contigo.

— Isso é doce. — Levantei minha boca para a sua, mas


não o beijei. — É tão doce.

— Oh, sim? Quanto?

— O suficientemente doce para que queira te ver de


novo.

— Isso eu espero, mulher. — Para confirmar sua


afirmação, me deu um beijo duro e longo. Zoey finalmente
teve que limpar a garganta para nos separar. Mesmo assim,
Oren teve que acariciar meu traseiro e meu pescoço um
segundo mais antes de dar um passo atrás e deixar que me
fosse.

Não podia deixar de brilhar intensamente todo o


caminho a casa.

—Ainda está sorrindo? — Disse Zoey, me olhando do


outro lado em seu carro.

Com um suspiro, assenti.

— Simplesmente não posso parar.

— Ele te faz feliz.

Olhei para ela, franzindo a testa ligeiramente.

— Bom, sim. Acredita que me faria ficar triste?

— Não, mas pensei que... não sei, que discutiriam mais.

Encolhi os ombros, pensando nisso.

— Fazemos... ou algo assim. Mas parece que nos


reconciliamos rápido. Estar em desacordo com ele é como
preliminares...

Zoey deu uma gargalhada.

— Bom, isso é mais do que queria saber, mas mesmo


assim, me alegro por você. Espero que tudo saia bem.

— Eu também. —Me inclinei e dei um rápido beijo na


bochecha dela enquanto parava em frente de casa. —
Obrigada por ser a melhor amiga no mundo.

— Se cuida. — Advertiu quando abri a porta. — E


chame se Noel se zangar. Direi que ficou no sofá.
Senti-me mal por fazê-la mentir tanto, então mandei um
beijo depois que saí do carro. Corri para a porta dos fundos,
pensando que seria menos provável me encontrar com
alguém na cozinha do que na sala de estar.

Mas Noel estava sentado na mesa da cozinha, lendo algo


no notebook e levantou o olhar quando abri a porta. Quando
nossos olhares se encontraram, fiquei gelada.

— Está em casa. — Foi tudo o que ele disse.

Entrei e fechei a porta atrás de mim.

— Sim. — Respondi o óbvio.

— Te enviei uma dúzia de mensagens.

— E eu respondi.

— Tudo o que disse foi "Estou bem".

Encolhi os ombros e desviei o olhar.

—Bom... era o certo.

— Não, não era. — Juntando as mãos, pôs os cotovelos


sobre a mesa e continuou me olhando. O fato de que não
estivesse gritando comigo era um pequeno milagre, mas
mesmo assim... não queria falar com ele no momento.
Precisava de tempo para preparar minhas palavras.

— Onde estava? — Perguntou.

Soltei um suspiro e neguei com a cabeça. Quando me


dirigi para a porta para sair da cozinha, saltou de sua cadeira
e se lançou em meu caminho.

— Caroline, sinto muito.


Parei abruptamente e olhei para ele boquiaberta, não
esperando uma desculpa, em absoluto.

Deixando escapar um suspiro, passou uma mão pelo


cabelo.

—Aspen me disse para eu não te perguntar onde passou


toda a noite e caralho, é a primeira coisa que eu te pergunto.
O que realmente quero saber é, está bem?

Agora isso era completamente inesperado.

— O que? — Tive que perguntar, certa de ter escutado


mal. Ficou vermelho.

— Ontem à noite passei da conta. E estou... já sabe que


nunca quis te magoar, certo?

Soltei um suspiro, me dando conta de que falava da


visita ao meu médico. Oren fez com que me esquecesse dele
por um tempo. Inclusive esqueci de dizer a Zoey a respeito.

Levantando o queixo, olhei nos olhos azuis em questão,


da mesma cor que os meus.

— Não me fez mal, Noel. Faço isso eu mesma. Fiz isso


eu mesma.

Quando meu queixo tremeu, murmurou em voz baixa.

— Merda. — E me aproximou dele para me dar um forte


abraço. — Mas não tinha que ser um idiota desconsiderado a
respeito, e...caralho, sinto tanto, menina. Não posso nem
imaginar o que está passando.
Bom, não pensar nisso funcionou melhor até o
momento. Mas agora que ele falava de novo, meus olhos
ardiam.

— Só desejo... —Engasguei. — ... que tivesse feito as


coisas de maneira diferente. Desejo...

— Sei. — Acariciou meu cabelo lentamente. — Sinto-me


como uma merda por não estar lá para você quando passou
por tudo isso. Se estivesse lá, se não tivesse feito você sentir
que não podia contar com minha ajuda...

— Você não fez nada errado. — Comecei, mas me calei.

— Sim, fiz. Supunha-se que devia te proteger e cuidar


de você. No lugar disso, gritei com você quando me disse que
estava grávida. Eu te fiz....

— Noel, não pode se fazer responsável por tudo o que fiz


de errado. Tomei minhas próprias decisões e tenho que viver
com elas. Tive que... —Minha voz se afogou.— Mereço isso, já
sabe. Matei meu primeiro filho, o privei inclusive do início de
sua vida, de tomar sua primeira respiração, não mereço outra
oportunidade...

— Cuidado, não fale dessa maneira. Não... —Agarrou


meus braços e me olhou fixamente nos olhos.— Era uma
garota de dezessete anos, sozinha e com medo, sem ninguém
perto para te ajudar. E me contou isso. Significava que estava
pronta e disposta para ter esse bebê. Não acredito que
alguma vez planejasse abortar. Acredito que esses idiotas dos
pais dele tomaram as rédeas e te intimidaram. Mostraram
rapidamente um monte de merda de dinheiro e...
— Não foi pelo dinheiro. Não fiz pelo dinheiro. — Noel
assentiu, acreditando em mim, por isso acrescentei.—
Ameaçaram. Disseram que fariam mal a você e também a
Colton e a Brandt. Ia tão bem com o futebol, estava a
caminho dos profissionais... E Colton e Brandt... por que
deveriam ou teriam que pagar por algo estúpido que eu fiz?

Ele soprou e sacudiu a cabeça.

— E como diabos pensavam em nos fazer mal?

Encolhi os ombros.

— Não disseram, mas eram ricos e poderosos. Sabia que


podiam, se quisessem.

— Filhos da puta. —Disse entre dentes.

Assenti.

—Sim. Eram, mas ainda não... — Quando a voz me


falhou, Noel beijou minha testa.

— Acabou e já passou. — Assegurou. — Sei que isto vai


te seguir durante bastante tempo, mas quero que saiba, que
daqui em diante, sempre terá meu apoio... não importa o que
acontecer.

Assenti e engoli saliva.

— Obrigada. — Sussurrei. Mas agora me sentia como


uma merda. Acredito que tivesse preferido que simplesmente
gritasse comigo. O Noel amável sabia como exagerar a
culpabilidade sem nem sequer tentar.
Abracei-o porque não podia olhar nos seus olhos,
sabendo que escondia tantas coisas, sabendo que não me
apoiaria se soubesse onde passou a noite.

—Bom. —Comecei. — Tenho que estudar para as provas


finais, então...

—Antes que vá. —Agarrou um pedaço de papel da mesa.


—Tad chamou.

Parei e virei para trás, agarrando a folha.

— Sério? Graças a Deus. — Então franzi a testa,


pensativa, me perguntando por que liguei no telefone de
casa.— Humm. Devia ter dado o número do telefone fixo no
lugar do de meu celular.

Noel levantou uma sobrancelha.

— Com ele que você estava ontem à noite?

A pergunta me fez tropeçar e parar.

— O que? Meu Deus, não. — Enruguei o nariz. — Está


em minha turma de filmes. Nosso projeto final é um projeto
em grupo e tive que ser a líder. Era para ele fazer os efeitos de
som e começava a me preocupar de ter que me ocupar disso
eu mesma.

Tive que ser encarregada de fazer o trabalho da Blaze


para escrever o diálogo para a curta cena que tivemos que
filmar. Ela continuava zangada comigo por eu ter chamado
ela de perdedora no Forbbiden, mas me deixava atônita por
prejudicar a si mesma e que nem sequer participasse do
projeto em grupo. Não só os professores nos avaliariam,
também tínhamos que entregar informes sobre todos os
outros membros do grupo. Ninguém ia dar uma boa
avaliação.

— Portanto, este Tad não é...? — Quando olhei para


Noel e levantei uma sobrancelha, parou e limpou a garganta.
— É que ultimamente está saindo muito mais. Imaginei que
poderia estar saindo com alguém....

— Imaginou isso, sério?

— Se for assim. — Continuou, dando ênfase a suas


palavras com os dentes apertados. — Então quero conhecê-
lo.

Era óbvio que Aspen aconselhou muito à ele quanto ao


que devia e o que não devia me dizer. Era um pouco estranho
vê-lo se conter e não soltar o que sabia que queria dizer, mas
isso somente me fez sentir pior porque estava sendo tão bom.

Mesmo assim.

— Se estivesse vendo alguém... — Sorri e dei uns


tapinhas na bochecha dele. — ... esperaria um tempo antes
de deixar que o pobre cara se encontrasse contigo.

Soprou.

— Sim, certamente depois que esteja casada e grávida


de seu segundo...

Quando meu rosto empalideceu, deu-se conta do que


fez. Chiando os dentes, fechou os olhos e amaldiçoou em voz
baixa.

—Merda, Caroline. Sinto muito. Esqueci.


— Não foi nada. — Mas, sinceramente, doía. Caralho,
doía muito. — Acredito que vai levar muito tempo para nos
acostumarmos. — Só tinha que me concentrar em todo o
resto, a escola, minha família, Oren e poderia sobreviver a
isto.

Noel não pareceu acreditar em meu perdão, então o


abracei com força.

— Superaremos isto. — Me disse. — De uma maneira ou


outra.
TEN

Estava passando pela abstinência de Caroline.

Depois de ficar comigo toda a noite na sexta-feira,


despertava cada manhã procurando por ela. O problema era
que nunca estava lá. Não fomos capazes de nos ver durante
as quatro noites seguintes por causa de seu trabalho, meu
trabalho e as tarefas escolares de merda que chegaram
oportunamente. Assim não só a queria aqui, mas também
comecei a ficar excitado.

Na quarta-feira a vi sentada debaixo de uma árvore no


campus, tirando o cabelo de seu rosto enquanto lia algo em
seu telefone e de maneira nenhuma me manteria afastado.

—Bem a mulher em que eu estava pensando. — Disse


assim que me aproximei. Sua cabeça sacudiu, com os olhos
muito abertos pela surpresa. Depois de olhar ao redor a todas
as pessoas que passavam indo para as classes, se virou para
me olhar.

— As pessoas podem nos ver.

— Droga. — Estalei meus dedos e fiz uma careta de dor


enquanto me deixava cair a seu lado.— Pensei que hoje
minha capa de invisibilidade estava funcionando.

Virou os olhos.
— Tristón3. Mas é sério, o que está fazendo falando
comigo em público?

Franzi a testa.

— Falar contigo em público não está permitido? — Para


evitar me aproximar dela como precisava, abri minha mochila
e procurei dentro antes de tirar uma caixa cheia de balas de
hortelã.

— Eu só... não esperava que você... já sabe... fosse falar


comigo em público.

Depois de abrir minhas balas de hortelã,


silenciosamente ofereci um punhado. Um sorriso iluminou
seu rosto antes que estendesse a mão.

— Obrigada. — Pulverizei um montão em sua mão e logo


joguei algumas diretamente em minha boca.

— Falo com você em público todo o tempo. — Disse com


a boca cheia. Pareceu considerar por um tempo antes de
encolher os ombros e mastigar.

— Acho que tem razão.

— Sei que tenho. — Engoli a saliva e coloquei mais


pastilhas de hortelã na boca. — Agora me diga, o que está te
incomodando?

Seu olhar se encontrou com o meu.

— Por que acredita que algo está me incomodando?

Fiz gestos com a minha própria franja.

3
Personagem da série animada Leôncio, o Leão.
— Está fazendo a coisa do cabelo.

— Coisa do cabelo? — Sacudiu a cabeça, me dizendo


que não tinha nem ideia do que eu estava falando.

— Sim, já sabe. — Fiz um gesto com a mão de novo. —


Sempre faz essa coisa com seu cabelo quando algo te
incomoda.

Piscando, inclinou-se para mim.

—Eu faço... o que?

— Não importa. Só me diga que traseiros tenho que


chutar.

— Você... — Pôs sua mão sobre a boca e só me olhou


com assombro. Logo limpou a garganta e deixou cair sua mão
enquanto negou. — Não deve chutar nenhum traseiro. Só
estou vendo se a nota de minha filmografia final foi
publicada. — Olhou de novo abaixo e atualizou sua tela.—
Lembra do que te disse? Tínhamos que fazer um projeto em
grupo e convertê-lo em uma pequena peça de teatro. Como
meu grupo me nomeou a maldita diretora, basicamente tive
que assumir a responsabilidade e me assegurar de que tudo
desse certo.

Diabos, sim, lembrei dela me contando sobre isso. Era a


razão pela qual não pôde vir a noite mais vezes como eu
queria. Assenti e fiz gestos para que continuasse.

Deixou escapar um suspiro.

—Bom, entreguei ele ontem. — Com um grunhido


suave, continuou. — E estou preocupada sobre nossa
avaliação. Ainda quero matar Blaze por me deixar toda a
responsabilidade. Terminei escrevendo todo o texto porque se
zangou comigo por ter a chamado de perdedora.

Levantei uma mão.

— Espera. Disse isso para Blaze? Uma garota da


irmandade Alpha Delta Pi? Que na verdade se chama Jan, ou
algo assim, mas se faz chamar a si mesmo...

—Sim. — Gemeu, virando os olhos.— Conhece ela?

Mordi o interior do meu lábio, parando de falar antes de


deixar escapar o tão bem conheci Blaze uma vez. Com um
encolhimento de ombros, murmurei.

— Chamou bem. É uma espécie de idiota.

— Algo assim. — Murmurou como se isso fosse um


eufemismo. — Me disse que deveria enganar Zoey com o
Quinn... bem em frente da cara da Zoey.

Bufei e revirei os olhos.

— Parece próprio dela.

— De todo modo. — Continuou Caroline. — Todo o


projeto foi um pesadelo. Não só Blaze nos deixou, mas Tad
não teve seus efeitos de som prontos até no sábado, então
estive em um maldito sufoco para fazer que toda a coisa
estivesse produzida, e...

Quando olhou de novo seu telefone, pus minha mão em


seu braço, segurando-a.

—Tem um A.
Piscou e franziu a testa.

—E sabe isso porque...?

— Porque sei quanto tempo e esforço pôs nisso. De


maneira nenhuma vai ter uma nota mais baixa e vai demorar
uma eternidade que se publique sua nota, então decidi
simplesmente te dizer o que vai acontecer. Agora não tem que
morrer pela espera.

Com um sorriso, chocou seu ombro no meu.

—Bom, olhe quem está sendo totalmente doce e está


fazendo eu me sentir melhor.

Apontei para ela com meu dedo para fazê-la parar.

— Só mantém toda esta merda em silêncio. Tenho uma


reputação de idiota para manter.

— Oh, está bem. —Me piscou um olho e pôs seu dedo


sobre os lábios. Seus lábios, que pareciam realmente bons.
Provavelmente estava a ponto de fazer algo como inclinar e
beijá-la até não poder mais, quando meu telefone tocou.

Com um grunhido irritado, tirei-o do meu bolso. Meus


pais estavam tentando falar comigo durante a manhã toda.
Provavelmente estive evitando por muito tempo, então
respondi.

— Olá.

A petição de minha mãe era curta e simples, e não


houve forma de poder rechaçar, então murmurei uns quantos
está bem, certo, e sim antes que dissesse.

— Nos vemos então. Está bem. Adeus.


Minha mudança de ânimo deve ter sido óbvia porque
Caroline me tocou o braço, me fazendo saltar pelo inesperado
contato.

—Ouça. Tudo bem?

—Tá. — Tentei enviar um sorriso que dizia tudo era cor


de rosa, mas quando olhei nos olhos azuis em questão, me
ocorreu uma ideia.

— Sim! — Disse. — Você. Preciso de você. Esta noite.


Acredita que poderia ser minha namorada falsa esta tarde?

Piscou, a pausa em sua resposta me fez me inquietar.

— Sua namorada o que? —Disse lentamente.

Com um suspiro, acariciei meu pescoço para deixar sair.

—Era minha mãe no telefone. Me chamou para ir em


sua casa para comer com eles esta noite, já sabe, para
celebrar minha formatura deste fim de semana, ou algo
assim. Não quero a maldita conversa habitual. Então pensei
que se estivesse ao meu lado, não iriam me perseguir por...
outra merda e simplesmente vão estar emocionados porque
levei uma verdadeira garota para jantar.

Seus lábios se apertaram com desagrado.

—Tem o costume de levar garotas infláveis para jantar?

— Caroline. — Gemi através de meus dentes. — Isto é


sério. Acredita que pode não ser uma palhaça durante três
segundos e dizer, sim, Oren, eu adoraria ir com você?

Em troca, disse.
— Está dormindo com outras garotas?

—O que? — Neguei, completamente confuso. — O que


em toda a merda que acabo de dizer te impulsionou a
perguntar isso?

— Disse que queria que fosse sua namorada falsa.

— Sim. —Assenti, ainda desorientado. — E?

—E... — Franziu a testa. — Se agora não for sua


verdadeira namorada, então o que diabos sou para você?

Minha boca abriu, mas as palavras não saíram.

OH, merda. Nem sequer pensei nas etiquetas e merdas


como essa.

—Uhhh... — Disse, sem saber como responder.

A maldita coisa equivocada para dizer.

Caroline colocou seu telefone na bolsa. Fechando com


um golpe, ficou de pé.

— Lembra que acabo de te dizer que foi doce? Retiro


isso.

Se não a detinha, ia se caminhando e isso seria o final


das visitas noturnas para mim.

— Espera. — Fiquei de pé atrás dela. — Jesus, não


pensei nessa merda. Estive tão ocupado desfrutando do que
temos, que não parei exatamente para pôr um rótulo em
nossa relação.

Fez uma pausa, seus olhos fixos enquanto me estudava.

— Te assustam os rótulos?
Diabos, sim!

Soltei um suspiro.

— Diabos não. Eu só... — Sacudi uma mão. — Não tive


uma verdadeira namorada em mais de quatro anos. Eu...
estou enferrujado, já sabe, a monogamia e o compromisso e a
merda toda.

Ela cruzou os braços sobre seu peito e continuou


olhando com esse olhar, aquele que me dizia que estava em
grandes problemas.

Fiquei inquieto sob sua inspeção. Depois de trocar meu


peso de uma perna à outra, olhei ao redor do pátio cheio.

— Devemos realmente estar discutindo isto tão


abertamente... ao redor de tantos ouvidos?

Sacudindo a cabeça com tristeza, suspirou com


desgosto e começou a andar, tomando distância.

Fui atrás dela.

— Sinto muito, está bem. Por favor, Caroline. Sabe que


sou um cretino.

Ela sorriu levemente.

— Entretanto, a culpa é minha, eu sou a que continua


aguentando.

— Não há ninguém mais que você. Sabe disso. Não sei


no que pensei dizendo toda essa merda falsa. Estive sozinho
tanto tempo que é difícil lembrar que estou castamente em
uma relação. E, além disso, já que temos que mantê-la em
segredo e tenho que parecer que estou sozinho para certas
pessoas, de todo modo, não sabia se aplicavam as regras
habituais.

Parou antes de se virar, com os olhos cheios de tortura.

— A coisa do segredo faz que não tenhamos a


possibilidade de ter uma relação normal?

— Não sei. — Encolhi os ombros, preocupado mais uma


vez, que o que ia dizer parecesse errado. — Me diga você.

— Não, obviamente, você tem suas próprias ideias do


que não somos. Então agora preciso de uma luz. Somos só
amigos com benefícios ou somos na verdade um casal? Não
esteve com nenhuma outra garota porque não teve a
oportunidade ou porque está sendo fiel? Porque preciso saber
antes de começar a pensar coisas.

Pensar coisas? Isso não soava bem.

— Que tipo de coisas?

— Não sei, Oren. Coisas! Um futuro, amor, casamento,


para sempre. Só coisas!

— Oh. — Está bem, essa resposta me deixou sem


palavras e um pouco sem fôlego. Mas merda, pensou nessas
coisas? Comigo? Estive vivendo o dia a dia. Depois de nosso
acordo não verbal para permanecer juntos quando ela
perguntou sobre os anticoncepcionais, não pensei além da
próxima vez que conseguiria vê-la e como mantê-la comigo.

— Assumo que isso significa que não esteve pensando


nessas coisas. — Sua voz era seca e um pouco
impressionada.
Tentou se afastar de novo, então a agarrei pelo braço e a
aproximei mais.

— Maldição, Care. O fato de que não estive pensando


nisso não significa que estou assustado com essas coisas. Só
estou...

Quando dei conta que não sabia como me sentia, ela


levantou uma sobrancelha e adivinhou.

— Assustado com essas coisas?

—Não! — Apertei os dentes. — Cristo, mulher. Talvez


nem sequer me deixo pensar muito para frente, porque estou
à espera desse inevitável dia quando você se der conta de que
pode ter algo muito melhor e me abandone. Não tenho medo
dessas coisas. Tenho medo de as querer e logo não as
conseguir, assim nem sequer me permito pensar nelas.

Se aproximou mais, seus olhos azuis repentinamente


cheios de simpatia.

— Por que acredita que vou te deixar?

Ergui minhas mãos no ar.

— Provavelmente porque eu sou eu, o cretino. Por que


mais? Precisa outra razão?

— Oh, Oren. Homem estúpido. Não se dá conta de como


sou viciada em você?

Neguei e ri nervosamente.

— A gente se livra de vícios desagradáveis todos os dias.


Se aproximou mais um pouco, o olhar em seus olhos me
dizia o muito que desejava minha boca sobre a dela.

— Bom, eu não vou fazer. Este é um vício que eu gosto.

Inferno, eu adorei seu vício. E adorava ser viciado nela.

— Vai me dar um beijo agora? — Perguntei, levantando


uma sobrancelha com curiosidade. Na verdade, parecia tudo
bem se ela quisesse. Se queria esclarecer tudo e que o mundo
todo soubesse sobre nós, poderia tentar isso sem dúvida.

Me aproximei mais um pouco dela, dando um bem-


vindo a qualquer tipo de demonstração pública de afeto que
queria me dar, mas o movimento pareceu despertá-la para à
realidade.

Dando conta de que nós estávamos em público,


rapidamente voltou para trás.

— Merda. Me esqueci.

Um sorriso apareceu em meu rosto, apesar de que por


dentro me sentia estranhamente decepcionado.

— Imaginei. Tenho esse efeito em você.

Sacudiu a cabeça, com os lábios apertados pelo esforço


para não sorrir. Então deixou escapar um suspiro esgotado.

— Então, para onde vamos daqui?

— Que tal isto? — Eu disse. — Meus pais solicitaram


minha presença esta noite em um restaurante perto de casa.
Sei que não podemos dizer a seu irmão a respeito de nós,
mas eu gostaria muito de te apresentar a meus pais. O que
diz disso?
— Como vai me apresentar?

— Como Caroline.

Virou os olhos, mas um sorriso curvou seus lábios.

— Bom. Sem rótulos. Posso lidar com isso. Pelo menos


tenho uma ideia de onde estou com você agora.

Não, não tinha. Talvez nem sequer imaginava. De fato,


duvidava que alguma vez fosse dar conta exatamente onde
estava comigo ou o louco que estava por ela.

CAROLINE

Chegamos ao restaurante onde os Tenning nos


esperavam para o jantar bem a tempo. Depois que Oren
estacionou e desligou o motor, respirou fundo e olhou do seu
lugar para mim. E estremeceu.

— Porra, você está bonita vestindo isso. Tem certeza de


que não temos tempo para...?

Esmaguei minha mão sobre sua boca para que se


calasse. Então agarrei sua outra mão quando começou a
penetrar por minha coxa e sob a saia de meu vestido.

— Vou ignorar o fato de que acaba de pedir para ter


sexo contigo logo antes de eu conhecer seus pais e vou te dar
uma oportunidade de se comportar.

Sorrindo, tirou minha mão de sua boca.


— E como diabos espera que me comporte quando te
vejo tão comestível? E cheira tão incrível?

Tive que reprimir um sorriso, porque, bom, não foi


capaz de afastar seu olhar de mim, desde que me buscou,
exceto para ver onde estava conduzindo de vez em quando.
Era bom saber que todos meus esforços para me arrumar
tinham dado seus frutos. Não me vesti assim desde... não
quero pensar em nada que tivesse a ver com Sander Scotini.

— Não vesti isso para você. — Golpeei sua mão quando


resistiu aos meus esforços de deixá-lo ir mais acima em
minha perna. — Estou tentando impressionar a seus pais.
Quero parecer... apresentável.

Seus dedos pararam em minha coxa, sua pele estava tão


quente que quase me queimou. Com os olhos perdidos e
brilhando pelas brincadeiras, sacudiu a cabeça.

— Apresentável? — Murmurou como se a palavra fosse


alheia a ele. — Jesus, Caroline. Não tem que se preocupar
com isso. Não importa como esteja. Vão te amar por quem é.

Tomei uma profunda respiração que cheguei a


estremecer. Suas palavras significavam mais do que jamais
poderia saber. Me emocionava que tivesse tanta fé em mim,
mas eu ainda não tinha fé em mim mesma. Agora, estava
ainda mais nervosa, porque na verdade queria que gostassem
de mim.

— Mas...

Pegou minha mão quando comecei a tirar o cabelo do


meu rosto.
— Sem mas. Tudo vai ficar bem. É fácil se dar bem com
eles, são pessoas tranquilas e centradas, então não tem nada
com que se preocupar. Tudo bem? – Assenti, mas meu
estômago seguia embrulhado.

— Vou te fazer uma promessa. — Quando se inclinou


para beijar minha testa, imediatamente dei uma olhada ao
redor para me assegurar de que ninguém nos viu quando dei
conta... aqui não tínhamos que ocultar nada, não quando nos
encontrávamos tão longe de Ellamore. Uau. Não tínhamos
que nos esconder. — Pare de se preocupar e vou manter
minhas mãos tranquilas até depois do jantar com eles. Tudo
bem?

— Tudo bem. — Disse, embora não existisse nenhuma


maneira que eu fosse deixar de me preocupar. No entanto,
era o que ele esperava que dissesse, porque Oren sorriu. —
Perfeito. Está preparada?

Diabos não. Mas assenti e dei um sorriso tenso.

— Claro. – Um ansioso bater de asas brotou


imediatamente em meu estômago enquanto saíamos da sua
caminhonete e caminhávamos para entrada. Mas então Oren
pegou minha mão, e imediatamente acendeu faíscas por todo
meu corpo. Baixei o olhar aos nossos dedos entrelaçados.
Sua mão era tão quente contra a minha. Me senti estranha,
como se estivesse protegida, querida e desejada, tudo devido
a um pequeno apertão de seus dedos.

Por Deus, parecia feliz em me apresentar para seus


pais... enquanto segurava minha mão.
Uau. Esta merda acabava de ficar real.

Como se sentisse meus nervos, voltou a me olhar. Seu


olhar se moveu de meu rosto, até nossas mãos e logo depois
de volta ao meu rosto.

— O que foi?

— Nada. — Me apressei em responder.

Então franziu a testa. Desacelerou até parar e se virou


para mim... sem soltar meus dedos.

— Esta coisa de pegar em suas mãos está te deixando


louca, não é?

— Não. — Soltei.

Franziu as sobrancelhas, dizendo merda com um só


olhar.

Meus ombros caíram.

— Maldição. —Murmurei. Ele era muito bom em me ler.


—Talvez. Um pouco.

Em vez de me soltar, seu polegar começou a acariciar a


palma da minha mão enquanto me puxava para mais perto.

—Por que? O que acontece quando segura minha mão?


É perfeitamente respeitável.

— Sei, mas... não sei! — Grunhi enquanto olhava para


longe dele, me sentindo um inseto estranho.— É público. —
Sussurrei lançando um olhar para ele, advertindo que não
risse de mim.

— Público? — repetiu lentamente.


— Sander nunca pegou minha mão.

— Sander. — Disse entre os dentes, fechando os olhos


enquanto seu agarre se apertava ao redor de minha mão. —
O filho da puta que te fez seu segredo sujo? Esse imbecil
certamente nem sequer falava contigo em público.

— Não. — Murmurei desanimada, dando-me conta de


que tinha razão. — Nunca fez. Só quando ninguém estava por
perto. — E a única vez que prometeu pegar minha mão em
público, mentiu.

Gostaria que tivesse me dado conta disso antes de cair


em sua lábia e deixar que destruísse uma parte tão frágil de
mim.

— Meu ponto é... — Levantei minha mão livre e


cegamente a agitei antes de deixá-la cair sem forças. — As
pessoas não andam de mãos dadas apenas porque sim...
Fazem isso em público, como um sinal para o mundo de que
estão juntos, e...

— Está bem, espera. — Parou bruscamente. — Em


primeiro lugar, não é só algo que os casais fazem em público.
Não sei quantas malditas vezes vi os meus pais com as mãos
dadas quando pensavam que não tinha mais ninguém
olhando.

—Ahh. — Um sentimento suave me alagou.— Isso é tão


doce.

— Sim. Que seja. — Revirou os olhos, porque algo doce


e romântico que envolvesse a sua mãe e seu pai
provavelmente era asqueroso para ele. — O ponto é, não é
algo público. E não é um símbolo para mostrar aos outros
alguma coisa. É algo que duas pessoas fazem porque querem
se tocar e se sentirem mais próximos um do outro. Nada
mais.

A emoção que tinha me alagado há segundos voltou,


girando através de mim em uma confusão desordenada e
emocional. Me aproximei de seu lado e inalei seu perfume,
com minha cabeça atordoada pela luxúria.

— Então, deseja me tocar quando estou para conhecer


seus pais?

Suas narinas se alargaram em resposta e uma sensação


de formigamento se estendeu até minhas coxas.

— Sempre quero te tocar. — Murmurou com uma voz


que fez com que meus mamilos se agitassem. Os dedos da
minha mão livre voaram para cima e acariciaram sua
bochecha. Seus olhos se fecharam antes de suspirar. — E
agora mesmo, estaria totalmente de acordo tendo minha
língua em sua garganta enquanto eles te conhecem.

Tirei minha mão de seu rosto e limpei a garganta com


uma risada nervosa.

— Bom, não acredito estar pronta para isso. Mas... me


conformarei segurando sua mão.

— Graças a Deus. Porque não ia soltar mesmo.

Eu até mesmo bufei enquanto um sorriso se formava em


meu rosto. Ele se adiantou para empurrar a porta do
restaurante e a segurou para que eu entrasse. Me perguntei
se estar tão perto de sua mãe o fez atuar de maneira
cavalheiresca, embora seus modos cavalheirescos me
deixassem zonza. Eu gostava do Oren doce e educado, tanto
quanto eu gostava do Oren travesso e brincalhão.

A anfitriã se aproximou, mas Oren a dispensou, dizendo


que já viu seus pais.

— Onde? — Murmurei em seu ouvido enquanto


entrávamos no restaurante.

— Bem ali.— Quando apontou, segurei a respiração e


olhei por cima.

Pareciam como... bom, como pais. Me emocionou como


pareciam normais e comuns. Sua mãe era gordinha e tinha o
cabelo curto e cinza enrolado em suaves cachos. E seu pai
parecia com ele... porém mais baixinho.

Me inclinei e sussurrei no ouvido de Oren.

— Por favor, me diga que vai ter o aspecto de seu pai em


vinte anos, porque... uau.

Virou a cabeça para me enviar um olhar incrédulo.

— Que caralho? Está secando meu pai?

—O que? — Meu rosto estava avermelhado e quente, e o


olhei com fúria por falar tão alto. — Parece com você... é
como a versão grisalha de você. Quero dizer... Uau.

—Merda. — Desviou o olhar para o teto como se se


sentisse perplexo por ter esta conversa comigo. — Não posso
acreditar que estou saindo com uma garota que pensa que
meu papai é quente.
Ri, mas logo nos aproximamos ainda mais de seus pais,
e meu sorriso morreu. Só assim. Os nervos ressurgiram.

Não tinha experiência com pais reais que se


preocupassem com seus filhos e queriam participar de sua
vida. Imediatamente me senti insegura e paranoica. Iriam me
ver e notariam como disfuncional era a minha família, como
disfuncional eu era, e me afastariam de seu filho para
sempre.

O que estava pensando ao aceitar conhecer seus pais?


Estúpida Caroline. Olharam por onde vínhamos e a boca de
sua mãe se abriu quando me viu segurando a mão de seu
filho. E sim, minhas inseguranças aumentaram ainda mais.

—OH, Deus, Oren. —Apertei meus dedos ao redor dos


seus com mais força. — Não disse a eles que eu viria com
você?

Se Inclinou e sussurrou em meu ouvido, sorrindo.

— Uma surpresa sempre vai bem.

Inclinei-me para sussurrar.

— Bom, espero que a morte seja boa, porque vou te


matar por isso.

Me beliscou o traseiro. Pulei, incapaz de conter um grito


de surpresa. Quando olhei para ele, jogou a cabeça trás e
começou a rir, sua voz alguns decibéis mais alto de todo o
resto no restaurante. Merda, as pessoas nos olhavam.

Oh Deus, me leve agora.

Sua mãe e seu pai se levantaram.


—Bom. —Murmurou sua mãe, seus olhos brilhando
com alegria.— Começava a me perguntar quem caminhava
para nós com essa formosa jovem a seu lado, já que não
podia ser verdade que nosso filho trouxesse uma garota para
jantar, mas essa risada familiar me diz que estou equivocada.
Realmente é nosso Oren... com uma amiga.

—Olá, MA. —Deu um enorme abraço e a levantou,


fazendo-a chiar e golpear seu braço para que a colocasse no
chão.

Logo se dirigiu para a versão grisalha de si mesmo.

—Papai. —Estendeu a mão. — Essa é Caroline. Veja


como ela é quente.

O chão se abriu e eu caí em um universo alternativo que


de repente não podia ouvir nem me mover, só podia sentir a
mortificação me congelando.

—Oren! — Falou sua mãe, dando um golpe no seu


braço.— Deixe de envergonhar a pobre garota. Sinto muito,
querida. — Disse, sua voz sem fôlego, enquanto arrumava o
cabelo, já que bagunçou quando Oren a abraçou. Entretanto,
um sorriso iluminava seus olhos. Amava muito seu filho,
mesmo quando se comportava de forma inapropriada.—
Sempre foi assim. E tentar calá-lo só parece o animar mais a
continuar. Sou Brenda. —Estendeu a mão.— Oren disse que
é Caroline, certo?

Era estranho escutar outra pessoa na verdade o chamar


de Oren. Mas limpei a garganta e assenti.
—Certo. — Minha voz era tensa. Meus ombros se
encontravam rígidos. Minhas malditas calcinhas se sentiam
rígidas. Tinha medo de respirar, de dizer ou fazer alguma
coisa errada e só... destruir tudo.

Não importava como amável e educada fosse sua mãe.


Ainda queria me afundar no chão de vergonha.

—Que nome tão bonito. É muito agradável te conhecer.


— Seus olhos brilhavam quando sorriu para Oren. —
Parabéns, filho.

Ele bufou.

— Como se eu a tivesse conquistado. Foi ela quem me


conquistou.

Queria dar uma cotovelada na cara dele e dizer que


fechasse a boca, mas me conformei com um olhar de
advertência.

O bastardo simplesmente piscou para mim.

— Eu sou Phil. — Disse seu pai, também esticando sua


mão para apertar a minha. – Também acredito que é quente.

Meus dedos congelaram enquanto Oren se engasgava ao


meu lado.

— Jesus, papai.

— O que? — Deixou cair sua mão da minha para


levantar as sobrancelhas para Oren. — É o termo que os
jovens usam para as moças bonita nos dias de hoje.

—OH, meu Deus. — Gemeu Oren e levantou uma mão.


— Me prometa que nunca usará esse termo de novo.
— Ok. — Concordou seu pai antes de me dar um
pequeno sorriso malicioso, me dizendo que só estava
brincando com Oren. Logo se virou para sua esposa,
murmurando em voz alta para que nós escutássemos. —
Suponho então que não devemos deixá-lo ouvir os termos que
usamos no quarto.

Oren gritou e colocou as mãos sobre as orelhas,


dizendo.

— Sou surdo. Simplesmente mataram meus pobres e


inocentes ouvidos. — Comecei a rir. Ele fez cara feia para
mim.— Não é engraçado, merda.

— Oren. Olha a língua! — Disse sua mãe. — Estamos


em público.

Levantei minhas sobrancelhas, me perguntando o que


diria se ouvisse quão suja sua boca era em Ellamore. O
menino não sabia falar sem amaldiçoar.

— Vamos sentar agora. — Sugeriu seu pai, seu sorriso


ainda um pouco petulante.

Oren se deixou cair em uma cadeira e deslizou as mãos


de suas orelhas, me olhando enquanto me sentava em
silêncio a seu lado, com minha coluna vertebral rígida pelos
nervos.

— Então, Caroline... — Começou sua mãe. Engoli saliva,


tirei meu olhar de Oren e dei um sorriso incômodo.

— Sim?
E assim começou a inquisição. Apesar de não estarem
me importunando por informação. Parecia que realmente
estavam curiosos e queriam me conhecer. Foi estranho no
princípio, falar sobre as coisas que me interessavam, com um
pai. Mas Brenda, e inclusive Phil, pareciam interessados no
campo de estudo que escolhi. Me deixei levar um pouco e
impulsivamente contei todo tipo de coisas que queria fazer.

— Acredito que os efeitos de som são o que realmente


fazem um filme.

— É obvio que sim. — Assentiu com entusiasmo Brenda


enquanto se inclinava para mim e levava uma mão a seu
coração. — Eu adoro quando a música se torna tão forte que
troveja através do seu peito bem antes que o herói proclame
seu amor no...

— Ah, vou vomitar. — Gemeu Oren e se afundou mais


na cadeira. — Juro, mamãe, se começar a falar sobre O
Último dos Moicanos de novo...

— Meu Deus, eu adoro esse filme. — Sentei mais ereta.


— A emoção na voz de Daniel Day Lewis quando disse a
Madeleine Stowe que a encontraria... quer dizer, derreteu
minhas calcinhas.

Brenda me olhava com os olhos muito abertos e dizia:

— Exato. — Ambos os homens começaram a rir. Ela


franziu a testa para seu filho. — O que é tão engraçado?
Provavelmente foi concebido por esse filme.

Imediatamente parou de rir e começou a tossir.


— Merda, MA. Não precisava saber isso.

Ainda rindo, Phil deu uma palmada nas costas para


ajudá-lo a conseguir ar de novo.

— Só pensei que era divertido como ela disse “derreteu


minha calcinha”.

— Oh, merda. — Fiquei sem fôlego, ao me dar conta. —


Fiz isso. — Então coloquei uma mão sobre a boca, dando
conta de que acabava de dizer merda. — Quero dizer, caralho.
—Espera, acabo de dizer caralho? — Quero dizer...

Olhei desesperadamente para Oren procurando por


ajuda, mas ainda parecia traumatizado pelo novo
conhecimento que adquiriu a respeito de sua concepção.

Brenda bateu em meu braço com compaixão.

— Não se preocupe por isso querida. Todos


amaldiçoamos de vez em quando.

Oren fez um som como se fosse estar em desacordo com


ela, porque "amaldiçoava sem querer" quase tanto como ele.
Tanto sua mãe como eu fizemos uma careta.

Phil ainda ria e secava as lágrimas de alegria de seus


olhos.

— Deus, me alegro de que Oren tenha trazido Caroline


esta noite. Este foi o jantar familiar mais agradável
desde...ficou sem fôlego quando Brenda pegou seu copo de
chá gelado e, por acidente, derramou em seu colo.
Enquanto ficava de pé, tirando os cubos de gelo, sua
esposa seguiu com um punhado de guardanapos,
imediatamente as pressionando contra sua virilha.

—Brenda! —Agarrou sua mão e olhou ao redor como se


estivesse escandalizado. — Não em público.

— Oh, Prezado senhor. — Suspirou Brenda e me olhou.


— Nos desculpe por um minuto. — Disse. Tomando o braço
de Phil, levou-o para o banheiro.

Fiquei olhando para eles com assombro. Phil me


lembrava muito Oren em alguns aspectos. E Brenda... ela
simplesmente era incrível.

Logo que estiveram fora da vista, dei um tapa no braço


de Oren. Duro.

— Idiota. — Sussurrei. — Seus pais são incríveis.

Ele me olhou confuso com a testa franzida.

— Bom, sim. Nunca disse que não fossem.

— Mas... fez parecer que fosse difícil conhecê-los, como


se fossem terríveis, mas são... são incríveis. Eles te amam e
se preocupam com você e querem saber o que está
acontecendo em sua vida. Como não apreciar isso? Quero
dizer, se tivesse tido só um pai que tivesse a metade de
interesse em mim que os teus tem em você, teria...

Minha voz se quebrou, assim que fiquei fulminando-o


com o olhar. Não tinha ideia da sorte que tinha no
departamento familiar. Quer dizer, apreciava tudo o que Noel
fez ao nos trazer para Ellamore e nos salvar da vida que
tínhamos. Nunca teria chegado tão longe sem Colton e
Brandt comigo, mas... teria gostado de ter uma mãe que se
importasse. Ou pelo menos saber quem era meu pai.

Mas não, eu não tinha nada, enquanto que Oren tinha


tudo e se queixava de disso.

Bastardo idiota.

— Eu não disse que eram maus pais. Não são,


absolutamente. E me apóiam. Possivelmente muito. Mas só
são... deteve-se quando os viu retornar.

Olhei para eles também, preparada para perguntar se


tudo estava bem. Mas algo mudou quando Brenda e Phil se
levantaram da mesa para ir se limpar. Pareciam estoicos,
quase pormenorizados.

— Merda. — Murmurou Oren a meu lado.— Aqui vem.

Olhei para ele, mas estava muito ocupado franzindo a


testa para seus pais.

Pararam em frente a nossa mesa, mas ao invés de


sentar, permaneceram de pé, preparados para fazer algum
tipo de anúncio.

Oren se esticou ao meu lado, então deslizei a mão


debaixo da mesa até encontrar a sua. Tinha os dedos
apertados em punho, mas os abriu para mim, então podia
apertar minha mão.

— Oren. — Começou sua mãe. — Entendo que você não


gosta de falar dela, mas pensei que deveria saber... seu pai e
eu pedimos à cidade para realizar um monumento para Zoey
no parque, e concordaram. Queremos que venha para
inauguração no próximo fim de semana.
TEN

Não tenho ideia porque escutar meus pais falarem dela


sempre me punha fisicamente doente. Mas meu estômago se
rebelou, a bílis subiu em minha garganta e minha visão ficou
embaçada.

— Sério? — Me levantando, olhei para o outro lado da


mesa. — Trará está merda na frente da minha namorada? —
E estive tão certo de que Caroline seria o perfeito amortecedor
para manter o drama familiar fora da conversa.

Mamãe olhou para Caroline, com os olhos muito abertos


em alarme antes de se virar para mim.

— Esta merda é o legado da sua irmã. Não a quer


honrar?

O redemoinho em meu estômago se converteu em


pequenas agulhas de agonia. Me dobrei um pouco, pondo
minhas mãos nos quadris, tentando ocultar o muito que me
doía.

— Não quero nem pensar nisso. — Sussurrei.

Mamãe deixou sair um suspiro triste enquanto papai


agarrava sua mão. Odiava deixá-los angustiados, mas
caralho, por que sempre tinham que me forçar a isto?
— Querido, isto não é saudável. Fingir que ela nunca
existiu não vai diminuir sua dor.

Sim, bom, tinha que discordar. Funcionou muito bem


para mim nos últimos quatro anos.

Quando papai tentou dizer algo depois, levantei uma


mão e falei.

— Não faça isso.

— Acreditamos que precisa de ajuda. — Mamãe deixou


sair as palavras, me fazendo sacudir pela comoção.

— O que?

— Nosso maior temor era que nunca seria capaz de


seguir adiante depois do que aconteceu. E por um tempo,
pensamos que o fez. Mas está claro que está reprimindo. Nem
sequer tentou as etapas do luto para trabalhar através disso,
e vai terminar voltando e te mordendo algum dia, quando
menos esperar por isso.

— Estou bem. — Explodi. — Por favor, me desculpem se


não quero passar o resto de minha vida deliberadamente
deprimido sobre... sobre alguém que nunca vai voltar.

Papai negou com a cabeça.

— Ainda não pode dizer seu nome em voz alta, certo?

Dei a Caroline um olhar de advertência, dizendo a ela


que mantenha a boca fechada. Seus olhos se encontravam
muito abertos enquanto analisava a cena da minha
disfuncional família. Caralho, ia ter tantas perguntas depois
disto. O que pensei para trazê-la aqui?
— Senhora Tenning. — Disse ela, dirigindo-se a minha
mãe. — Não sei se isto ajuda a aliviar, mas Oren esteve
visitando um terapeuta.

O que disse? Lancei um olhar de surpresa, mas nem


sequer me olhou. Concentrando em meus pais, juntou as
mãos em seu peito com um autêntico espetáculo de
compaixão.

— Quero dizer, sei que ainda não fez muito por ele, mas
foi a algumas sessões, o que deve significar algo, não é?
Admitiu que precisa de ajuda. Não é isso o que dizem que é a
metade da batalha?

Os olhos de minha mãe brilhavam com lágrimas


enquanto se virava para mim.

— Sério? Oh, Oren. Isso é incrível. Estou tão orgulhosa


de você.

Enquanto minha mãe me abraçava, encontrei o olhar de


Caroline, ampliando meu olhar para perguntar
silenciosamente a ela que merda pensou que estava fazendo.

— Obrigado. — Murmurei para minha mãe enquanto


saía de seu quente abraço que na verdade sentia saudades. –
É minha culpa que esteja morta, mas está orgulhosa de mim.
Isso faz que tudo seja muito melhor.

Incapaz de suportar mais um segundo desta merda, me


virei para longe deles e saí. Minha cabeça correu em um
milhão de direções diferentes enquanto saía, sem pensar, do
restaurante. Comecei automaticamente a ir para meu carro,
mas as visões do rosto ensanguentado da minha irmã coberto
de vidro enquanto estava apoiada contra o volante, me fez
parar. Sua voz enquanto gritava para que a ajudasse
ressonou em minha cabeça.

Não me achava em condições de dirigir, então virei para


a direita e comecei a caminhar pela tranquila calçada, me
esquivando dos postes da rua para me manter nas sombras.

Não cheguei muito longe antes de que uma Caroline


ofegante me alcançasse, correndo para chegar a meu lado.
Ofegou enquanto tentava manter o ritmo.

— Não pensava me abandonar aqui, né? Com seus


pais... a quem acabo de conhecer.

Dei um rápido olhar duro para ela.

— Se quiser vir comigo, é melhor seguir o ritmo.

— Não acredito que possa. — Mancava, mas conseguiu


manter o ritmo e não se queixou.

De fato, a mulher ficou absolutamente e por incrível que


pareça calada... o que só me incomodou mais. Por que não
gritava comigo, me xingando por que fui tão grosseiro com
meus "incríveis" pais, exigindo saber o que aconteceu lá?
Estava com humor para brigar, mas como demônios ia brigar
com uma incrível namorada?

— Maldição! — Chutei uma pedra num intento por me


desafogar. — Como se atrevem a me perdoar tão facilmente?

Caroline não respondeu. Tudo o que fez foi colocar uma


mecha de cabelo atrás de sua orelha, me dizendo como estava
nervosa. Apertei os dentes, imediatamente arrependido por
ter a colocado em uma situação deste tipo.

Dando uma olhada nela, disse

— Não posso acreditar que mentiu por mim. Terapia?

Soltei um suspiro. Eu, em terapia? Nunca.

— O que? — Deu um sorriso triste e encolheu os


ombros.— Sou a filha de Daisy Gamble. Sei tudo sobre
mentiras.

Neguei com a cabeça e finalmente deixei escapar um


sorriso. A mulher tinha sim um lado grosseiramente
conspirador, mas até agora, sempre o usou para meu
benefício, penetrando em meu quarto para sacudir meu
fodido mundo até conseguir que meus pais me deixassem em
paz. Francamente, poderia beijá-la para sempre pela forma
que mentiu.

Dando uma olhada ao redor da rua morta de minha


pequena cidade natal, perguntou.

—Aonde vamos?

Neguei com a cabeça, incapaz de manter meu


temperamento sobre controle. Só de estar com ela suavizava
qualquer ira que queria sentir. Maldita mulher, tinha o dom
de me fazer muito feliz cada vez que estava perto.

— Tenho que ir a meu lugar. — Fechei a cara em um


último esforço para seguir com minha raiva, mas caralho,
estava muito bonita, com suas bochechas vermelhas pelo
esforço que fez a o tentar manter meu ritmo. — E já que quer
ser minha sombra, suponho que vai vir comigo.

Curiosamente, na verdade queria mostrar a ela meu


lugar, que estava acostumado a ir ficar sozinho quando era
menino. Nunca levei ninguém ali antes, por isso a parte
solitária. Nem sequer a minha irmã. Mas de algum jeito me
sentia bem em levar Caroline.

— Tem um lugar? — Me enviando um olhar de lado,


começou a sorrir. — Isso é tão legal.

Soltei um suspiro.

—É obvio que tenho um lugar. Todo mundo tem um.

Mas ela negou com a cabeça.

— Eu não.

— Não acredito. Tem que ter algum lugar, que vá para


ficar sozinha, relaxar, para tirar a cabeça de seu traseiro?

— Não onde cresci. Quero dizer, no trailer, estava


acostumada a acampar em meu quarto às vezes, mas tinha
que compartilhar ele com Colton e Brandt, então... na
verdade não era só meu. — Ao passar por um teatro velho e
em decadência, abriu a boca e olhou para o espaço vazio
onde a bilheteria foi colocada. —Oh, homem. Este lugar é tão
impressionante. É uma pena que não esteja aberto.

Com um sorriso, peguei sua mão.

— Tive a sensação de que gostaria. Vamos.


Quando nos dirigi por um beco escuro ao lado do teatro,
aproximou-se de mim, tocando minhas costas enquanto me
seguia cegamente.

— Então, seu lugar é um beco? —A cautela em sua voz


me disse que não se encontrava impressionada. — Isso é um
pouco horripilante.

Parei junto a uma escada de incêndios enferrujada.

— Não, querida. Meu lugar se encontra no telhado do


teatro. — Me virando para colocá-la na parede ao lado da
escada, me apoiei perto. — Olhe, sempre tive um fetiche por
querer estar em cima dos amantes do cinema.

Com um suspiro, jogou a cabeça para trás e riu.

—Deus. Não posso acreditar. Não deveria estar em uma


crise pessoal? Entretanto, ainda solta uma piada?

— Admita. — Murmurei, me apoiando nela até que pude


cheirar seu cabelo. — Isso é exatamente o que você mais
gosta de mim.

— Humm. — Seu murmúrio de interesse percorreu


minha corrente sanguínea e meu pau endureceu.

— Há algo travesso e sexy a respeito. — Admitiu


finalmente.

— Ah, sim? — Baixei meu rosto para o seu até que


nossas bocas se alinharam. Mas não a beijei. — Se não
soubesse bem, senhorita Gamble, diria que está tentando me
seduzir.

Tocou meu nariz com um movimento rápido.


— Quase parece com o Graduado4 ali.

— Sim? —Apertei meus quadris contra os seus para que


pudesse sentir como estava duro. — Entretanto, não há
palavras boas para o que quero fazer contigo neste momento.

Embora seu olhar gritasse foda-me e a curva sensual de


seus lábios parecia seguir esse sentimento, sussurrou em
meu ouvido:

— Me leve... — Comecei a gemer de prazer, mas logo


terminou com. — Quero ver seu lugar, Oren.

Cheguei mais perto, minha boca a centímetros da sua.

— Então será melhor começar a subir, mulher. Antes


de que te tome contra esse muro.

Seu olhar se desviou para escada junto de nós, antes de


que seus olhos se abrissem como pratos.

— O que...? Não. OH, não. Na verdade não espera que


suba nessa coisa velha e decrépita, né?

Com um som de minha língua, agarrei sua cintura e a


levantei, por isso poderia chegar ao primeiro degrau.

— Sim, absolutamente espero. Agora, se ponha em


marcha, mulher.

— Oren... — Subiu e amaldiçoou antes de finalmente


agarrar bem ao corrimão. Quando subiu, gemeu—. Oh, Deus.
Vou morrer.

4 É um filme de 1967, apoiada na novela do mesmo nome do Charles Webb


— Só... suba — Murmurei com aprovação, desfrutando
da vista. Esta era a segunda, talvez terceira vez que a via em
um vestido e agora estava vendo-o por baixo. Maldição, era
um afortunado filho da puta. E se vestiu assim para meus
pais. Mas de maneira nenhuma pôs essa tanga para
impressionar a minha mamãe.

Subia bem em saltos, o qual me impressionou.


Entretanto, quando comecei a subir atrás dela, a escada se
balançou com nosso peso combinado. Ficou imóvel, chiando
com medo e agarrando os degraus para salvar sua vida até
que se acostumasse ao movimento.

Quando, uma vez mais, começou uma ascensão lenta,


baixou o olhar para perguntar.

— É ilegal subir aqui?

Encolhi os ombros e dei um sorriso, me perguntando


quão rápido podia tirar essa tanga.

—É mais que provável.

Olhou para a frente de novo.

—Deus. O que fazemos se nos pegarem?

— Imagino que iremos presos.

Fez uma pausa.

— Oren!

— O que? — Empurrei seu tornozelo para mantê-la em


movimento. — Por que está tão preocupada? Sou um menino
e é mais provável que eu seja violentado em grupo por Bubba
e seus amigos se formos enviados para a prisão.
— Ha, ha! É tão engraçadinho.

— Sim, imaginei que era por isso que me manteve com


você. — Bufou, mas chegamos ao teto do antigo cinema, eu
me sentia feliz. Caroline parou assim que saiu da escada.

— E agora o que? — Não tenho ideia de porque


sussurrava depois de termos uma barulhenta discussão ao
lado de um edifício, mas eu gostei disso.

Pus meu braço ao redor de sua cintura e a virei na


direção que sempre ia quando vinha aqui sozinho.

—Por aqui.— Beijei seu cabelo.

Depois de me sentar no centro do terraço, coloquei-a em


meu colo para que não tivesse que se sentar nas telhas
imundas e sujasse o traseiro. Não havia razão para manchar
tal perfeição. Além disso seu traseiro estava muito bem
contra meu pau.

Uma vez que ficou contra mim, apertei meus braços ao


seu redor e beijei o lado de seu pescoço.

—Agora se incline para trás contra mim, olhe para o


céu, e simplesmente... desfrute. — Sussurrei em seu ouvido.

Seguiu minhas instruções só para deixar sair um grito


de alegria.

—Uau!

— Eu sei, certo? — Levantei o olhar também e a noite


parecia que nos engolia inteiros, me fazendo sentir tão
insignificante e pequeno neste momento, e ainda importante
para o universo. A sensação era impossível de explicar. Era
uma dessas coisas que simplesmente tinha que se sentir.

Entretanto, Caroline parecia entender. Apertou seu


agarre em meu braço e respirou fundo.

— O céu é tão perfeito daqui. As estrelas parecem tão


perto e tão longe ao mesmo tempo.

Assenti. Oh, sim, ela entendeu totalmente.

Nos sentamos em silêncio durante quinze minutos,


simplesmente deixando que a noite nos levasse a esse lugar
que parecia tranquilo e livre.

O único problema era que não podíamos ficar aqui para


sempre. Caroline rompeu o precioso silêncio dizendo.

—Então... o nome de sua irmã era Zoey?

Soltei um suspiro e estirei minhas pernas debaixo dela


antes de passar minhas mãos sobre suas coxas.

—Sim.

Virou seu rosto para beijar minha mandíbula.

— E é por isso que escreve seu nome o tempo todo.

Franzi o cenho para as estrelas.

— Não escrevo o tempo todo.

Caroline riu brandamente.

— Vi você fazer isso mais de uma vez.

Deixei sair um grunhido mas virei minha cara para


esfregar na sua. Deixou escapar um lindo gemido enquanto
acariciava meu pescoço.
—Está muito incômodo com esta discussão, é
bonitinho(adorável).

— Obrigado. — Coloquei meu braço ao redor de sua


cintura, em um esforço para me sentir cômodo com algo...
inclusive se era só seu traseiro em meu colo .— Me alegro que
um de nós se divirta.

— Eu pensava que sentia alguma coisa por ela. —


Admitiu. Franzi o cenho.

— Por quem? A mulher do Ham? Não. Bom, algo assim,


suponho. Quero dizer, eu gosto da Loira. Mas não... não
assim.

— Você gosta dela como um irmão. — Conjecturou.

Cada músculo de meu corpo se esticou com essa


palavra. Fui um irmão. Isso terminou mal. Não queria ser
irmão de novo para outra pobre, despreparada e inocente
garota.

— Sabe, tudo bem se tiver sentimentos fraternais por


ela. — Murmurou Caroline, acariciando meu cabelo com seus
dedos. — Não vai mudar em nada o que sentiu pela primeira
Zoey. Tenho três irmãos e amar a um não impede de amar os
outros dois por igual.

Gemi.

— Jesus, não mentiu para meus pais em tudo, né?


Estou vendo um terapeuta. Só não me dei conta que era
psiquiatra.

Murmurou uma risada tranquila.


— E se continuar sendo um bom menino pelo resto de
nossa sessão, de uma hora, a Dra. Caroline poderia estar
disposta a te dar uma análise física rigorosa uma vez que isto
tenha terminado.

—Humm. — Beijei sua orelha e deslizei meus dedos de


sua cintura para a parte interna de sua coxa. — Podemos
saltar diretamente para essa parte?

Agarrando meu braço, moveu minha mão para um lugar


mais respeitável em seu joelho.

— Não até que sua hora termine, senhor Tenning.

Mordi o lóbulo de sua orelha brandamente.

— Matadora de diversão. — Sorriu e se virou para me


olhar. Mas sua expressão, com a mesma rapidez, caiu para
uma sombria. —Por que diz que a morte dela foi sua culpa?

Com um gemido, fechei os olhos.

— Porque foi.

Franziu o cenho em confusão.

— Então... atirou nela? Apunhalou? Asfixiou com um


travesseiro? — Depois de uma pausa reflexiva, assentiu. —
De fato, considerei asfixiar Brandt com um travesseiro,
inúmeras vezes.

Não pude evitar sorrir. Mas então as lembranças me


alagaram e me engoliram.

— Deixei ela dirigir. — Admiti finalmente. — Quando


sabia que estava zangada.
Caroline ficou calada por um momento antes de
simplesmente perguntar.

— E por que fez isso?

Um suspiro aliviado saiu de meus pulmões. Olhei de


novo as estrelas e abracei a quente mulher em meus braços
mais forte contra mim, dando-me conta que honra era chegar
a tê-la assim. Em um segundo, poderia ser arrebatada de
mim, também... de qualquer jeito.

Colocando meu rosto em seu cabelo e apreciando o que


tinha neste momento, disse.

— Porque estava zangada. Adorava dirigir, então pensei


que deixá-la no volante a faria sentir melhor.

—E o fez... antes da parte do acidente?

Encolhi os ombros.

— Bom, sim. Suponho que sim. Estava sorrindo


quando... — Me quebrei, lembrando os faróis do outro carro
enquanto golpeavam meu rosto bem antes de passar uma luz
vermelha e nos golpear por um lado. Um calafrio me sacudiu.
As lembranças de Zoey gritando meu nome, o medo em sua
voz enquanto pedia ajuda, a total impotência que senti, tudo
me perseguia.

—Por que estava zangada? —Perguntou Caroline.

Neguei com a cabeça e suspirei.

— Por causa de um imbecil. Pensou que ele gostava


dela, mas logo foi a uma festa com suas amigas e ficou
sabendo que uma das garotas também saía com ele. Quando
me chamou, chorando, me pedindo que fosse buscá-la, eu
acabava de...

Caralho, não podia dizer a Caroline sobre isso. Mas


cravou minhas costelas com seu dedo indicador.

—Acabava de que?

Olhei para ela com cautela.

—Suponho que já te contei sobre minha primeira vez,


não?

— Refere-se à estúpida garota que riu de seu formoso


pênis? – Apreciando a forma em que descreveu minha marca
de nascimento, sorri.

— Sim. Ela. Bom, estava indo para casa depois disso e


foi quando Zoey chamou pedindo ajuda.

—Espera. — Levantou uma mão e se virou para me


olhar diretamente nos olhos. — Então, a mesma noite
traumática que perdeu sua virgindade e foi ridicularizado por
essa cadela idiota, foi também a noite que sua irmã...

Pondo a mão sobre sua boca para evitar que dissesse o


que não podia suportar escutar, assenti.

—Sim.

Seus olhos se ampliaram.

— Ah, com razão teve todo esse trauma com seu pênis.
Está vinculado a sua irmã.

Não pude evitar e soltei uma gargalhada.


— Caralho, não tem ideia de como incorreto pareceu
isso quando disse dessa maneira.

—O que? — Perguntou antes de que se repetisse


mentalmente o que acabava de dizer. Logo riu e se atirou
contra mim.— O que seja. Sabe o que quero dizer.

Assenti.

—Sim, mas segue parecendo muito estranho.

Finalmente Caroline riu comigo antes de inclinar a


cabeça.

—Então, Zoey era mais nova ou mais velha que você?


Não posso saber pela forma que fala dela.

Limpei a garganta.

—Tinha... tinha a mesma idade. Exatamente a mesma


idade.

Abrindo a boca, Caroline ofegou.

—Eram gêmeos? Merda!

Assenti e fechei os olhos. Mas mesmo assim as


lembranças me atacaram. Cada um dos detalhes da minha
infância envolvia a minha irmã. Sempre estava lá comigo,
quase uma extensão de mim até que, só se... foi.

—Bom. — Caroline apoiou a bochecha em meu ombro.


— Não é para menos que esteja tão destroçado. Quero dizer,
perder um irmão tem que ser duro. Deve doer e te fazer sentir
que falhou de algum jeito. Mas um gêmeo? Isso seria como
perder... uma parte de si mesmo.
—Sim. — Precisando de uma distração, passei os dedos
por seu cabelo. — Me destruiu bastante. E jurei que nunca
voltaria a ser machucado. Nunca... caralho, nunca amaria
assim de novo. Não me importa que fosse só amor fraternal,
mesmo assim foi...

— Não, entendo totalmente. Qualquer tipo de amor:


fraternal, paternal, passional, platônico, dói muitíssimo
quando perde essa pessoa.

Assenti.

— Sim. E mantive minha promessa muito bem durante


três anos. Não deixei que nenhuma garota me afetasse, não
até que você apareceu. E logo veio a Loira. Jesus, vocês
sabem como foder minha cabeça, né?

Seus dedos acariciaram meu rosto de novo.

— Diria que lamento. — Murmurou, seus lábios se


curvaram com prazer.— Mas então estaria mentindo.

Enruguei o nariz. É óbvio que não lamentava.


Conseguiu exatamente o que queria disto. Olhei para ela por
um tempo, admitindo que me alegrava que tivesse feito.

—Começa a ver por que permaneci longe de você por


tanto tempo? Não foi só por seu irmão.

Assentiu.

— Sim, acho que sim. Irracionalmente teme que outra


pessoa vá morrer se você começar a gostar dela.

Bufei.
— Se começar a gostar dela? O navio do começo zarpou.
Já gosto. Muito. Por isso isto é tão difícil. Por isso toda nossa
conversa sobre namorada e namorado de hoje foi tão
incômoda. Eu não gosto das garotas que fodo, me assegurei
que isso não acontecesse. Não tenho encontros, não tenho
sexo com as luzes acesas, nunca me aconchego depois do
sexo. — Com um suspiro impaciente, a abracei com mais
força. — E você está quebrando todas minhas regras. Sabe
disso. né?

Seu sorriso simplesmente cresceu.

— Começo a entender. — Jesus, amava isto. Por que as


mulheres gostam tanto quando é tudo brega e as derramas
seu maldito coração?

— Então, se a linha do tempo em minha cabeça é


correta, tudo isto aconteceu perto do final do... último ano do
Ensino Médio, certo?

Assenti.

—Dois meses antes da formatura.

— Deus, é tão horrível. Como fez... não posso nem


imaginar como foi capaz de se formar depois disso. Como
seguiu adiante.

Neguei com a cabeça.

— Não lembro muito da última parte do Ensino Médio.


Só sei que passei. Me mudar para a universidade foi o que
realmente mudou tudo. Suponho que o vi como um novo
começo, como se não tivesse existido até esse momento. Nada
aconteceu, nenhuma irmã, nem nada. Era só eu. Gamble... —
Fiz uma pausa e dei uma olhada para ela.

Assentiu, aparentemente bem com que tocasse no nome


de seu irmão. Engoli saliva.

— Bom, possivelmente foi o que mais me ajudou a


atravessar tudo, sem sequer saber. Nos colocaram como
companheiros de quarto nos dormitórios. E simplesmente...
me arrastou com ele e nos obrigou a ser esta... equipe. —
Neguei com a cabeça e sorri.— Foi fácil não contar nenhuma
merda sobre mim. Esse filho da puta vinha motivado. É sério
que te digo isso, olhava tão longe para o futuro quando
chegou à universidade, era como se não tivesse um passado.
Como se ninguém o tivesse. Então, merda, não sei. Também
só tivesse sido fácil esquecer tudo o que me passou antes da
universidade porque só vivíamos para o presente e o futuro.
Sabia sobre você e seus irmãos porque chamava à casa a
cada fodido dia, mas pensei que todos eram muito jovens ou
algo assim. Realmente nunca pensei nisso. Não me expressou
nenhuma preocupação, então não me preocupei com você. E
nunca se importou com toda a merda que tirava de minha
cabeça, então... só funcionou para nós.

Com um sorriso, Caroline me abraçou.

—Então entendo porque teve que deixar Colton, Brandt


e eu por um tempo. Tinha que estar aqui para você.

Olhei fixamente para ela, dando conta da merda que


teve que sofrer para que eu pudesse encontrar uma maneira
de curar. Mas de certo modo, me alegrou um pouco que
tivesse terminado desta maneira. Seu sofrimento a trouxe
aqui, para mim.

Pressionando minha testa na sua, respirei esse incrível


aroma que era puramente da minha mulher. Logo coloquei se
rosto entre minhas mãos.

— Qualquer merda que ocorreu para nos arrastar para


este momento... desejaria que a maior parte não tivesse
ocorrido da maneira que aconteceu, mas, mesmo assim, me
faz feliz de que terminasse assim, bem aqui, com você e eu
juntos neste teto. A dor valeu a pena se foi isso o que te
trouxe para mim.

Caroline tomou uma respiração trêmula antes de


murmurar.

— Oren?

—Humm? — Fechei os olhos, agradecido mais uma vez


por tê-la.

—Sua sessão de uma hora terminou.

Abri os olhos. Sorriu. Porra, amava quão travessa podia


ser.

Com um gemido rouco, disse.

— Graças a Deus. — Antes de beijá-la.


TEN

Devia ter pensado melhor ao me abrir com alguém sobre


minha irmã. A mesma noite em que me sentei no telhado do
velho teatro e contei a Caroline sobre Zoey, fui para casa
depois de deixá-la perto da sua e me deitei para dormir, só
para ter um fodido pesadelo.

O sonho inclusive começou sendo uma merda, com


Libby Lawson gritando diante do meu pau.

— Oh, meu Deus! Que caralho há de errado com ele?

Eu acabava de sair de dentro dela, e ainda estava nu,


vasculhando o quarto em busca de minhas calças antes que
seus pais retornassem de seu passeio.

— O que? — Baixei o olhar, esperando que não pensasse


que era muito pequeno. Então me cobri imediatamente. Merda,
não era menor que o do Rowdy Crowner, certo? Ela saiu com
ele no começo do ano e escutei que chegaram até o final. Mas,
maldição, teria que me suicidar se dissesse que o meu era
menor do que o daquele imbecil.
Com o rosto horrorizado, retrocedeu na cama em um
intento de se afastar de mim o máximo possível.

— Santa merda. O que é essa coisa no lado? Não tem


algum tipo de doença sexualmente transmissível, né?

Pisquei durante um segundo antes de dizer.

— Você tá falando da minha marca de nascença?

— Sua o que?

Abri minhas mãos para mostrar para ela.

— É só uma marca de nascimento. Sempre a tive.

Ela estremeceu e virou a cabeça.

— Que nojo. Se afaste. Não posso acreditar que tive essa


coisa dentro de mim. Que asqueroso. Por que não me disse
isso antes de fazer alguma coisa? Será melhor que não tenha
me contaminado com nada!

— Não se preocupe. — Não pude ocultar a amargura em


minha voz enquanto cambaleava para pôr minha roupa em um
puxão. Odiava que meu rosto estivesse esquentando. — As
marcas de nascimento não são contagiosas.

—Será melhor que não sejam ou vou dizer a todo mundo


o inseto estranho que é.

Ácido queimou em meu estômago e a bílis subiu por


minha garganta. O pânico me rasgou enquanto imaginava
entrando na escola na segunda-feira com todo mundo rindo e
apontando para mim. Maldição, ia ter que abandonar a escola.
Faltavam oito semanas para a formatura do Ensino Médio e
minha vida já se encontrava acabada... tudo porque finalmente
perdi minha virgindade com uma garota que obviamente viu
paus suficiente para saber que o meu não era normal.

— Como quiser. — Disse. — Obrigado pela foda.


Possivelmente melhore com a prática.

Quando se tratava de me despedir, esse não era meu


forte, mas merda, eu não me encontrava em meu melhor
momento. Baixando a cabeça, corri de sua casa até meu carro,
uma formosa antiguidade que meu papai comprou para mim e
para minha irmã, pensando que seríamos capazes de
compartilhá-lo.

Na maioria das vezes, simplesmente brigávamos por


quem ia dirigir. Esta noite, eu ganhei as chaves e pensei que a
sorte estava comigo quando Libby me chamou para que viesse,
dizendo que seus pais estavam fora, nos dando uma hora para
brincar. Quem iria saber que iria tudo a merda tão rápido?

— Caralho, caralho, caralho. — Murmurei e golpeei o


volante com meu punho. Nunca me senti tão humilhado como
me senti nesse momento. Tinha dezessete anos e minha vida
já estava oficialmente acabada. Se Libby cumprisse sua
promessa, ligando para todas as suas amigas neste momento,
eu nunca conseguiria foder de novo. Minha primeira e única
vez para experimentar o sexo e nem sequer foi tão bom.

— Maldição. — Arranquei o carro e conduzi rua abaixo.


Tentava alcançar os botões do rádio para procurar um pouco
de música forte e pesada quando meu telefone tocou.
Merda. Provavelmente era um de meus amigos que ouviu
falar sobre meu peculiar pau. Quase não olhei para a tela, mas
a curiosidade ganhou. Quando vi o nome de Zoey, gemi.

Minha irmã gêmea já sabia? Bom, não era isso


simplesmente... incrível.

— O que? — Murmurei quando respondi.

— Vem me buscar. — Exigiu falando pelo nariz,


obviamente chorando. — Agora.

— O que aconteceu? — Me esquecendo por completo de


mim, pisei no freio e mudei de sentido, voltando a toda
velocidade para a casa de sua amiga, onde sabia que ela ficou
para passar a noite com algumas garotas da escola. — A quem
tenho que matar?

— A ninguém. Simplesmente... quero ir para casa.

— Estou a quatro quadras. Estarei aí rápido.

— Está bem. Depressa.

Ela chegou destroçada no carro, com sua bolsa jogada


por cima do ombro e o rímel manchando suas bochechas. Abri
minha porta, zangado porque alguém fez a minha irmã chorar.

— Sério. —Tirei sua bolsa do ombro a joguei no banco de


trás do carro. — Quem te fez chorar?

Zoey limpou suas bochechas manchadas de preto.

— Ninguém. Ela nem sequer sabe o que fez. Não foi sua
culpa de toda maneira. Só... vamos. Por favor.
Virei para franzir a testa para a casa de sua amiga, mas
as garotas que abarrotavam a porta nos observando, estavam
preocupadas e simpáticas, então não pude ir até lá para
amaldiçoar apropriadamente a alguma delas. Quando voltei a
virar, Zoey sentou no banco do motorista.

— Não. — Disse, apontando com meu dedo polegar para


que saísse. — Não vai dirigir. Não nesse estado. Além disso, é
minha noite, lembra?

E eu não queria me sentir mais frágil do que já me sentia.


Já me disseram que eu tinha uma coisa horrorosa e estranha
entre minhas pernas, então não queria que minha irmã mais
nova me levasse. Nem sequer importava que ela fosse só um
minuto e meio mais nova que eu, tecnicamente ainda era o
irmão mais velho.

— Porra, Oren. — Com os olhos cheios de lágrimas, disse.


— Preciso dirigir... Simplesmente preciso liberar um pouco da
tensão. Por favor.

Nunca fui capaz de dizer não para ela, muito menos


quando chorava, então suspirei, apertei os dentes e murmurei.

— Tudo bem. Como quiser. — Antes de dar a volta para


o banco do passageiro. Puxei o cinto de segurança logo que
subi e como o terrível irmão que era, nem sequer notei que ela
esqueceu de colocar o seu.

— Então,o que aconteceu? — Perguntei enquanto ela


acelerava pela estrada e virava bruscamente a esquina.

— Corey Garboni dormiu com Suzanne.


Esperei que continuasse, mas quando não o fez, levantei
as sobrancelhas.

— Tudo bem. E?

— E? — olhou para mim com incredulidade. — E eu


gostava de Corey. O deixei tocar nos meus seios no fim de
semana passado.

— Você fez o que?

— E ele ia me levar ao cinema outra vez amanhã. —


Continuou destrambelhando sem nem sequer me escutar. —
Não fazia ideia de que também gostasse de Suzanne e ela não
tinha nem ideia do que eu fiz com ele.

— Bastardo! — Murmurei em voz baixa. — Nem sequer


posso acreditar que você gostasse desse cara. Sempre pensei
que era um maldito bastardo.

— Oh... Bom, lamento muito que não pude gostar de


alguém que você gostasse.

— Pois deveria. — Disse. — Provavelmente poderia


encontrar um cara melhor. Alguém que não te enganasse.

— Sério? — Ela deu um olhar de incredulidade. — Eu


adoraria escutar com que tipo de menino acredita que deveria
namorar.

— Bem. — Limpei a garganta e me acomodei no banco do


passageiro, pensando. — Tem que gostar de futebol ou eu não
teria nada em comum com ele, e se for sair com você,
provavelmente estarei junto para sair com ele mais do que
gostaria.
— Está bem. — Disse assentindo enquanto desacelerava
o carro para virar em uma esquina. — Poderia suportar sair
com um jogador de futebol.

— Certo. — Tomei uma respiração antes de acrescentar.


— E ele tem que ser leal, fiel e calado.

— Calado? — Deu-me um olhar misterioso.

Assenti, apegando a minha decisão original.

— Sim. Ambos somos faladores, então precisaria de um


escutador, possivelmente a alguém um pouco reservado, mas
totalmente disposto a dar a cara por você se for necessário.
Teria que ser maior que eu, porque não seria capaz de
respeitá-lo se não fosse. Ah, e inteligente e goste de medicina,
dessa maneira terminará sendo um rico cirurgião cardiologista
ou algo assim.

— Ainda não descreveu sua aparência.

Encolhi os ombros e fiz uma careta.

— Caralho, como se me importasse com isso.

Sorriu.

— Então quero que seja sexy. Preferivelmente de olhos


azuis e possivelmente com uma covinha.

Sacudi a cabeça, pensando o porquê escolhi essas duas


coisas e nada mais. As garotas eram tão estranhas.

—Bem. — Disse. — É isso aí.

Ela deu uma rápida risada.


— Sabe, acabamos de descrever um menino que poderia
não existir. Um atleta sexy, tímido e que gosta de medicina.
Sério, Oren. Nunca vai acontecer.

— Bom, então suponho que teremos que envelhecer


juntos, solteiros e impotentes. — Olhando pela janela,
murmurei para mim mesmo. — Porque estou totalmente certo
que não vou foder de novo.

Mas minha gêmea escutou, forte e claro.

— A que se refere com de novo? Você não há... Oh, meu


Deus. Estava na casa de Libby quando te chamei?

— Estava a caminho de casa quando chamou. — Corrigi.

Ofegou.

— Santa merda. Então vocês dois... — Quando me olhou,


suas sobrancelhas franziram com preocupação. — Ai, não. Sua
marca de nascimento a assustou, não foi?

Olhei feio para ela.

— Como demônios sabia isso?

— Não sei. Simplesmente... adivinhei. Quero dizer, nunca


vi um pênis de verdade além do teu quando éramos meninos,
mas escutei as garotas falarem e nenhuma mencionou marcas
de um arroxeado vivo no lado.

Afundei mais em meu assento, querendo morrer.

— Bom, obrigado por me iluminar sobre isso... depois de


ter me humilhado por toda vida. Ela vai dizer a todo mundo, já
sabe. Vai dizer que sou um inseto estranho e nunca vou voltar
a ter sexo em toda mi...
— Ai, por favor. — Zoey bufou e revirou os olhos para
mim. — Nem todas as garotas lá fora são tão cruéis como
Libby A Cadela Lawson. Algum dia, vai conhecer uma garota
incrível — que eu possa suportar — e vai amar tudo de você,
inclusive o seu pau colorido.

Arqueei uma sobrancelha.

— Na verdade esperava poder conseguir quantas bocetas


fosse possível antes de que a garota certa aparecesse e eu ter
que assentar a cabeça.

Zoey ofegou e agarrou um lenço dobrado que havia no


centro do console antes de lançar em mim.

— Não se atreva a terminar como um mulherengo, Oren


Michael Tenning, ou eu...

— Cuidado! — Gritei quando entramos em uma


intercessão. O carro da esquerda não obedecia seu sinal de
pare.

Zoey pisou nos freios, mas já era muito tarde.

Ela gritou meu nome, e eu gritei o seu.

Ainda gritava seu nome quando despertei, dando voltas


nos lençóis.

— Zoey! — Gritei, só para levar um susto de morte


quando um par de mãos agarraram meu braço.
— Ten. Ten. Acorda. Está tendo um pesadelo. — Pulei
em um salto, ofegando, sem fôlego enquanto meus dois
companheiros de casa estavam parados a um passo de meu
colchão, me olhando como se estivessem com raiva. Suor
corria por minhas têmporas e meu peito nu.

Olhei boquiaberto para Ham, lembrando cada detalhe


da última conversa que tive com minha irmã gêmea. A
primeira vez que o vi, quase me caguei nas calças com
incredulidade. Ele foi a viva imagem do menino que Zoey e eu
havíamos descrito. Acredito que a minha irmã na verdade
também teria gostado dele... Se alguma vez tivesse tido a
oportunidade de conhecê-lo.

O fato de que ele terminou com uma mulher que se


chamava Zoey, quase foi muito para assimilar no princípio. A
Loira era a antítese de como foi minha irmã, mas mesmo
assim... com o mesmo nome e a forma em que se enganchou
com Hamilton, eu não fui capaz de me desprender dos
sentimentos de irmandade que começei a ter por ela.

— Você está bem? — Loira me perguntou, subindo na


cama, com os olhos preocupados, para se sentar ao meu
lado. — Estava gritando meu nome.

Estremeci.

— Fiz isso?

— Nos assustou. — Ham se sentou no canto, sua


expressão coincidia com a de sua mulher.

Limpei a garganta e afastei o olhar.


— Sim, bom... sinto por isso.

— Sonhou com sua irmã, certo?

Com um olhar para Ham por sequer perguntar isso, e


um estremecimento interno a mim mesmo porque uma vez
admiti que tive uma irmã que se chamava Zoey, logo afastei o
olhar e assenti.

A Loira pegou minha mão.

— Quer que eu troque meu nome? Faria isso. Por você.

— Isso é lindo. — Disse e dei um pequeno sorriso


enquanto apertava seus dedos em forma de agradecimento.
Logo a puxei para mim e dei um abraço. — Mas, não.
Simplesmente continuarei te chamando de Loira.

Ela assentiu.

— Tudo bem. Eu gosto de Loira. É muitíssimo melhor


que Tetas de Leite.

Me afastei do abraço para olhar para ela.

— Tetas de Leite é um apelido bom.

Ela riu e sacudiu a cabeça.

— Não. Na verdade, é horrível. — Mas logo que sorriu se


arrumou. — Quer falar sobre isso? Sobre seu pesadelo?

Deus, não. A última vez que falei desta merda, terminei


com este pesadelo. Terminei de falar. Neguei com a cabeça.

— Não. Estou bem. Podem voltar a dormir, meninos.

— Tem certeza? — Perguntou Ham. — Podemos te trazer


um pouco de água ou alguma coisa?
Maldição. Estes dois. Sua doçura começava a fazer que
meus dentes se apodrecessem.

— Papai. Mamãe. — Levantei as mãos. — Estou bem.


Sério. Sinto por ter acordado vocês. Agora voltem para cama.

E por fim, cederam. Loira me deu outro abraço e Ham


bateu no meu ombro, mas uma vez antes de irem. Não pude
voltar a dormir. Estive dando voltas e antes que soubesse, me
encontrava agarrando meu telefone da mesinha de canto e
enviando uma mensagem de texto para Caroline.

Depois de escrever "Ninguém coloca a Baby em um


canto." , suspirei e joguei o telefone de volta na mesinha, só
para que tocasse imediatamente com uma resposta. Não
esperava que respondesse a esta hora da noite, então corri
emocionado de ver se era dela.

"Por que me está enviando uma fala do Dirty Dancing às


duas da madrugada?"

Sorri e, imediatamente, meu peito se sentiu mais leve.


Podia respirar com mais facilidade e a dor de cabeça que
esteve se formando atrás de meus olhos, me abandonou
totalmente.

"Estive estudando. Queria deslumbrar minha sexy noiva


perita em filmes com meu novo conhecimento em filmes com
piadas curtas."

"Bom, não estou deslumbrada. Todo mundo conhece essa


frase."

Assim escrevi.
"Francamente, querida, eu poderia me importar menos."

Ao qual ela me respondeu.

"Clark Gable. Em E O Vento Levou. Envia um autêntico


desafio. Estou bocejando."

Um sorriso iluminou meu rosto.

"Talvez esteja bocejando porque está acordada às duas


da fodida madrugada. Possivelmente alguém deve... te fazer
uma oferta que não possa rechaçar."

"O Poderoso Chefão. E você é o que está me despertando


às duas da fodida madrugada. O que está acontecendo?"

"Te deixei uma mensagem para que lesse quando


acordasse. Minha intenção não era te acordar na verdade,
Rosebud."

"Bom despertou, Citizen Kane. O que está fazendo agora,


de toda maneira? Não trabalhou esta noite."

Pensei se devia dizer a ela mas logo resolvi. Que


demônios?

"Tive um pesadelo." — Escrevi.

Dois segundos depois, meu telefone tocou. Sacudi a


cabeça e respondi.

— Sim?

— O que estava sonhando?

— Não foi nada... — Comecei, só para que ela falasse


por cima de mim.
— Era sobre sua irmã, certo? Tivemos essa grande
conversa íntima no terraço antes e te trouxe um montão de
lembranças. Maldição, devia ter suspeitado que isto poderia
acontecer.

— Um diagnóstico equivocado da doutora Caroline? —


Ofeguei. — Acredito que vou necessitar um reembolso por
nossa última sessão.

Houve uma pausa antes que ela dissesse.

— Nem sequer sei o que significa isso. Não está se


arrependendo do sexo no terraço do teatro, né?

— Caralho, não. — Ri e a maldição me fez bem. Na


verdade, estava contente que minha mensagem de texto a
tivesse acordado. Só de escutar sua voz já me fazia sentir
melhor. — Não sei a que me referia. — Admiti. —
Simplesmente soou bem.

Ela soprou.

— Assim é como seu cérebro funciona todas as noites às


duas da madrugada? Acredito que precisa dormir mais,
amigo.

— Bom, possivelmente poderia dormir melhor se tivesse


a uma suave loira de doce aroma aconchegada comigo.

Suspirou.

— Bom, possivelmente se fosse para sua porta e a


abrisse, encontraria uma te esperando.

Fiz uma pausa e pisquei.


— Espera? O que? Não pode estar aqui, agora, do lado
de fora de meu apartamento.

— Por que não?

— Merda. Está aqui? Agora? — Puxei os lençóis e


caminhei através da casa para abrir rapidamente a porta em
um puxão.

Uma Caroline em pessoa, com o cabelo desarrumado e a


roupa amassada, me sorriu.

— Surpresa.

— Que caralho? — Puxei-a pela cintura e a arrastei para


dentro. — O que...? Por favor não me diga que caminhou até
aqui no escuro. —E como demônios chegou aqui tão rápido
se estava a pé?

— Não. — Me abraçou e me beijou na bochecha. —


Peguei as chaves de Aspen e deixei um bilhete.

Sorri.

— Bom, é uma mulherzinha descarada. Sabe o que faço


às mulheres ardilosas?

— Você... as deixa ofegando e sem ossos depois de uma


aula de orgasmo mundial. Adivinhei?

— É obvio. Sim, senhora. Faço isso. — Pegando-a, a


levei para meu quarto e fechei a porta com o pé.

E o único sonho que tive pelo resto da noite foi um


sonho feito realidade.
TEN

As coisas mudaram depois dessa noite. E não foi só


porque terminei a universidade, coloquei uma toga e um
capelo e caminhei através de uma fila estúpida para que
meus pais pudessem tirar um montão de fotos de mim dando
a mão para alguns idiotas importantes. Eu me sentia...
diferente.

Meu portfólio foi enviado, meu futuro estava aberto para


explorar, entretanto, eu temia sair de Ellamore mais que
nunca. E tudo era devido a uma pequena loira sexy e
descarada que virou meu mundo de cabeça para baixo.

Certamente, não ajudava que gostasse de foder comigo


no pior momento possível, com a pequena mensagem sexy
que enviou antes de que começasse meu turno no clube na
noite das garotas.

"Só queria que soubesse que estou me tocando neste


momento e imaginando que é sua língua."

Os copos que deviam estar empilhados atrás do balcão


foram imediatamente esquecidos. Gemi, duro como uma
rocha quando comecei a escrever minha resposta.

"Tem uma boca suja, pequena. Sei exatamente o que


necessita para limpá-la."
"Então... 69?

Neguei com a cabeça quando o desejo me percorreu.

—Descarada. — Murmurei em voz alta. Comecei a


escrever de novo quando uma voz atrás de mim me assustou
até a morte.

— Uau, quem está te enviando mensagens que tem


tanto de sua atenção? — Dei a volta para olhar boquiaberto
para Gam. Logo suspirei.

— Não é de sua maldita conta. — Baixei meu rosto para


a mensagem, mas agora o momento já foi arruinado pelo
irmão mais velho.

— Sério. — Gamble tentou agarrar meu telefone, mas fui


mais rápido, mantendo longe dele. Seu olhar saltou para o
meu. — Quem te está mandando mensagens? Por que não
quer me mostrar?

— Acho que é sua irmã. — Usei uma de minhas típicas


respostas sabichonas porque, caralho, não sei. Isso é algo
que eu diria, e... merda, não acreditei que realmente
acreditasse.

Escrevi.

"Volta a usar aquela coisa vermelha outra vez. Quero


arrancar isso com meus dentes desta vez."

O bastardo enfiou um punho no meu estômago e tirou o


telefone de minha mão. Me dobrei, gemendo. Quando me
endireitei tanto como pude, agarrando meu ventre, dei conta
que um Ham de aspecto preocupado fez uma pausa para nos
olhar. Seus olhos estavam muito abertos, porque sabia que
não menti sobre a irmã do Gamble.

Entretanto Caroline nunca me enviava mensagens


provocadoras do seu número pessoal. Ela ainda usava o
número da Visitante Noturna. Não estou certo porque, mas
tinha que admitir que sempre ficava quente ao ver esse nome
emergente. Isso me dizia que ia ler algo explícito e sexual. No
momento, estava duplamente contente de que ela o fizesse,
porque acabava de salvar nossos traseiros da ira de Noel
Gamble.

Ele riu quando começou a ler nossa correspondência


privada.

—Pervertido. — Murmurei, agarrando meu telefone e


olhando para ele.— Estes não estavam destinados para seus
olhos, imbecil.

Gam elevou as sobrancelhas com surpresa.

— Era de sua amiga Visitante Noturna.

Revirei os olhos.

—Sério? Não tinha ideia.

Pôs suas mãos em seus quadris, com a testa franzida.

— Pensei que disse que não manteve mais contato com


ela.

— Bom, suponho que ainda mando mensagens. Por que


se importa?

— Não me importa. Só me surpreende que esteja sendo


tão reservado a respeito.
Com uma risada, sacudi a cabeça.

— Não estou sendo reservado. Desde quando não querer


arruinar meu estado de ânimo por interromper uma conversa
quente, me faz ser reservado?

— Desde que no geral as empurra na minha cara para


ler cada maldita mensagem. O que está acontecendo com
você, homem? Sempre dá detalhes, usualmente mais do que
quero saber, para começar.

— Bom, talvez estou começando a te escutar sobre


manter minha merda para mim mesmo. Pensou nisso alguma
vez? Seu pequeno Ten está crescendo e aprendendo um
pouco da chamada privacidade, responsabilidade, respeito e
essa merda decente.

— Sim, claro. — Disse secamente. — Cresceu muito


em... quanto tempo aconteceu desde que começou a fodê-la?
Umas semanas? Um mês?

Me zanguei. Eu não gostava de como malditamente


desrespeitoso tratava minha relação com Caroline. Sabia que
não estaria dizendo essa merda se soubesse de quem falava,
mas maldição... ainda me fez querer envolver minhas mãos
ao redor de seu pescoço e só...

— Ouça, Gamble. — Gritou Hart de repente do outro


extremo do balcão. Elevei o olhar para ver ele com seu
telefone na mão e a palma sobre o receptor. — Sua irmã está
no telefone perguntando por você.

O que? Por que demônios Caroline estava ligando para


ele no meio das mensagens provocadoras comigo? E por que
não ouvi o telefone tocar? Qualquer que seja a razão, Gam se
afastou para responder sua chamada, deixando nossa
discussão.

Pisquei para Hart enquanto negava com a cabeça para


mim.

—De nada. — Murmurou.

— O que? — Confuso, me virei para segui-lo.

Hart suspirou e olhou por cima do ombro para ver


Gamble falar no telefone.

— Tem que ser um pouco mais sereno com ele, homem.

Parei em seco, piscando.

— Que demônios significa isso?

— Significa que está sendo um imbecil. Você é quem


está tendo sexo nas suas costas. Entretanto, atua como se
fosse o inverso.

— Está brincando? — Murmurei, cavando um dedo em


meu próprio peito. — Ele é a razão pela qual Caroline e eu
temos que manter tudo em segredo. Acredito que tenho uma
razão muito boa para estar irritado com ele e... espera. Que
caralho? — Dei um passo mais perto e agarrei sua camisa
para puxar ele para o corredor. —Você sabe? — Sussurrei. —
Como diabos você sabe?

O filho de puta só sorriu.

— Saber o que?
Apertei os dentes e dei uma olhada ao redor para me
assegurar de que ninguém nos escutava.

— Não foda comigo, amigo. Como descobriu?

Ele encolheu os ombros, sem deixar de parecer muito


satisfeito de si mesmo.

— Dei conta na noite em que recebeu sua primeira


mensagem... como a chamou? Sua Visitante Noturna?
Caroline me pediu que devolvesse seu celular depois que Zoey
e ela o pegaram.

— Zo... a Loira estava envolvida nisso? — OOh, ela e eu


íamos ter algumas palavras depois disto. — Merda. Então,
sabia inclusive antes de mim?

— Sim. — Parecendo orgulhoso de si mesmo, Hart riu.


— Sou bastante inteligente.

— Está bastante morto. —O empurrei contra a parede e


franzi a testa. — Por que diabos não me disse que sabia
naquela mesma noite?

Hart encolheu os ombros, aparentemente


despreocupado pelo fato de que eu estava a uma fração de
segundo de mutilá-lo.

— Sabia que se daria conta eventualmente. E Caroline


teve um montão de trabalho para te enganar, não queria
arruinar seus planos.

Ele se encontrava na Equipe Caroline. Eu não gostava


disso. Quanto a adorava? Com o cenho franzido, olhei feio
para ele e dei um passo atrás para dar espaço. Assobiando
uma melodia, me piscou os olhos e se deslizou junto a mim,
saindo do corredor e voltando ao bar.

— Então, Ten... — Asher me sorriu enquanto balançava


uma cadeira fora de uma mesa. Seu sorriso era muito
intrigante.

Fechei os olhos.

— O que?

— Faremos uma pequena aposta esta noite?

Esquecendo os copos que estava empilhando, fui até a


mesa que ele estava trabalhando e peguei outra cadeira para
colocar na posição vertical no chão.

— Que tipo de aposta?

— Vemos qual de nós dois pode obter mais números de


telefone de mulheres?

Parei e olhei para ele. O brilho em seus olhos quando


cruzou os braços sobre seu peito e apoiou as costas contra a
mesa me disse que sabia que me encurralou em um canto.

Atrás de nós, Gamble vaiou.

— Essa sim é uma competição que eu gostaria de ver.

Merda. Olhei para trás, para Gamble e mentalmente


esbofeteei Hart. Em que demônios me estava colocando? Não
podia dispensar ele agora, não com Gamble escutando, ele
saberia que alguma coisa estava acontecendo se dispensasse
uma provocação como esta.
— Eu também. — Disse Hart. Seu sorriso ficou muito
amplo. — A menos que tenha uma razão muito grande que
tenha que dizer... não.

Minha boca se abriu. Que cretino. Devia gostar de


Caroline o suficiente como para foder comigo esta noite em
algum plano maligno para afastar ela de mim.

Assenti e murmurei.

—Que seja. — Porque não podia dizer que não na frente


de Gam e nem podia expressar a palavra sim em voz alta.

Mas no primeiro segundo que tive depois de que


abrimos as portas e Gamble estava ocupado no bar, empurrei
o cretino por trás.

— Vai até o bar onde Gamble possa te ouvir e cancela


esta fodida aposta.

— O que? — Se sobressaltou. — Por que teria que fazer


isso?

Porque o mataria se não fizesse. Levantei minhas mãos


e deu um olhar incrédulo.

— Por que acha? Não posso me ligar com outras


mulheres. Estou com alguém, idiota.

— Então cancele você.

— Não posso. Gamble dará conta de que algo estranho


está acontecendo, como se estivesse dormindo com sua irmã
nas suas costas.

— Bom, mais está, então...


— Vai a merda. — Empurrei ele no peito. — Nós vamos
dizer a ele. Algum dia. Mas primeiro, quero mostrar que
posso crescer e cuidar dela antes de deixar cair a grande
bomba. Talvez dessa maneira, ele não vá me matar tão rápido
quando souber. Exceto que brincar de acumular números de
telefone não vai demonstrar merda nenhuma.

— Então cancele você, homem. Mostre que está


crescendo.

Grunhi.

— Como se acreditasse em mim. Todo mundo sabe que


não poderia crescer tão depressa. Tem que ter uma mudança
progressivamente lenta para a maturidade.

— Oh, Deus. — Hart virou os olhos.

— Está me dando uma dor de cabeça. — Empurrei-o de


novo. —Só cancele a fodida aposta.

Só que ele não fez isso. E então... a noite começou com


sua estúpida aposta comendo minha consciência.

—Nenhum número ainda? — Perguntou Gam uma meia


hora depois quando me aproximei do balcão com uma lista de
bebidas para servir os clientes.

Levantei meu rosto para onde ele me olhava bem atrás


do balcão.

— O quê?

Virou os olhos e estalou os dedos diante do meu rosto.

— Garotas.Números. Aposta. Algo é familiar?


— Oh, certo. Sim, não. Não há números ainda.

— Sério? Deve estar fora do jogo esta noite. Hart já tem


três.

— Sério? — Olhei a meu redor para uma mesa onde


Hart sorria para a mesa das garotas. Filho da puta. Cerrei os
olhos para ele antes de me virar para Gam. — Deve ser a
coisa de músico.

— Hmm. —Gamble me olhou criticamente, como se


soubesse. Logo cruzou os braços sobre seu peito. — Estava
certo que conseguiria algo da mesa que acaba de servir.

Se estivesse jogando o maldito jogo de Hart, sim,


provavelmente tivesse feito.

Olhei para as garotas.

—Todas tinham namorados. — Disse.

— E como poderia saber? — Perguntou Gamble. — Você


mal falou com elas tempo suficiente para anotar seus pedidos
e muito menos para obter status de relação.

Coloquei minha bandeja vazia na parte superior do


balcão, com força demais e enviei um olhar feroz para Gam.

— Por que diabos essa aposta é tão importante para


você? Jesus, é como se tentasse reviver seus anos de
bacharelado através de mim, ou algo assim.

— Perdão, como? — Gam afastou um pouco para trás


por meu arrebatamento, e foi aí que percebi que fui longe
demais. Merda. —Cristo, homem. Não sei o que te fez tão seco
e irritante ultimamente, mas definitivamente está
acontecendo alguma coisa com você. Agora... me diz o que
está acontecendo?

Inclinei para descansar os cotovelos no balcão e logo


afundei meu rosto nas mãos. Quase contei tudo. Não sei
porque, não falei com Caroline sobre isso, mas estava muito
cansado de esconder.

— Ou é por ela? — A pergunta de Gamble me fez


levantar a cabeça. Olhei por cima do ombro para ver Caroline
passando pelo porteiro.

Minha cara empalideceu.

Merda, merda, merda? O que ela estava fazendo aqui? E


se ela soubesse da aposta? E se pensasse que eu estava de
acordo com isso e que concordei voluntariamente em
participar? E se...

— Jesus, está louco pela mulher do Hamilton, é


verdade? — Murmurou.

— O que? — Olhei para ele confuso, até que apontou na


direção de Caroline de novo. Foi então quando dei conta de
que a Loira estava com ela. O filho da puta pensava que olhei
ela no lugar da sua irmã. Gemi. Isto não estava funcionado.
Abri a boca para cancelar a aposta com Hart e dizer para
Gamble em termos inequívocos que não estava quente pela
mulher de Hamilton quando Hart amaldiçoou por trás de
mim. Logo falou mais alto, dizendo.

— Ouça, Ten. Vou fechar a aposta agora. Tenho quatro


números. Pode superar isso?
Olhei para ele com a testa franzida.

— Vai parar agora? — Quando assentiu, virei os olhos.


— Todos vocês podem ir para o caralho! Sabem disso?

Farto de ambos, dei a volta para longe do balcão e sumi.


Queria ir para Caroline, mas não podia, o que só me
enfureceu mais. Quando ela chamou minha atenção,
continuei caminhando, me sentindo como merda por mandá-
la para longe.

Só tomei um pedido de outra mesa quando Hart agarrou


meu braço.

— Homem, não sabia que Caroline ia aparecer esta


noite. Nunca faria nada para machucá-la.

— Vá a merda. — Saí para longe dele e caminhei para o


balcão para pôr meus pedidos em ordem. Entretanto, me
assegurei de parar no lugar do Lowe em vez do de Gamble.
Enquanto ele preparava a bandeja para levar para os meus
clientes, dei uma olhada ao redor do lugar. Vi a Loira
assaltando Ham e o saudando com um abraço e um beijo.
Mas Caroline já não estava com ela. Então continuei
procurando. Onde demônios se foi?

Quando por fim a vi, ela já tinha me encontrado.


Caminhou através da multidão de pessoas e mesas enquanto
se dirigia em minha direção, e querido Deus... Não tinha ideia
que possuía uma saia assim tão curta, ou uma blusa assim
tão apertada e decotada. Meu interior esquentou. Queria que
todos as pessoas do lugar desaparecessem, então poderia me
sentar na parte superior do balcão e fazer uma festa com ela.
Mas Gamble a chamou e dobrou seu dedo fazendo
gestos. Ela se afastou e algo dentro de mim grunhiu com
desgosto.

Vi seu irmão saltar da parte superior do balcão. Cruzou


os braços sobre seu peito enquanto falava com ela,
provavelmente dando algum tipo de sermão. Em troca, ela
pôs suas mãos sobre os quadris e disse algo, algo inteligente
e defensivo seria minha conjetura. Mas no lugar de se zangar,
Gamble simplesmente riu e logo a puxou para poder abraçá-
la, o que fez que sua saia subisse na parte de trás de suas
coxas para “puta merda” mostrar a todos do clube que cor de
calcinha usava. Quando ela sorriu e devolveu o abraço, olhei
para longe.

Eram momentos como este que faziam tudo muito mais


difícil de fazer as coisas pelas suas costas. Se sua irmã
tivesse sido qualquer pessoa menos Caroline, eu estaria certo
de que nunca teria tido um problema mantendo minhas mãos
longe. Mas ela era tão... ela.

— Aqui. — Lowe colocou a última bebida dos meus


pedido em minha bandeja e a peguei, enviando um último
olhar ofegante para Caroline, que me olhava de novo, por
desgraça, como se estivesse começando a se dar conta de que
não ia me aproximar dela. Aqui não.

Me virei para longe, mais miserável que nunca.

Quando voltei para o bar, ela já não estava mais lá. Tive
que explorar rapidamente antes de vê-la perto de uma mesa
cheia de homens e mulheres, onde um maldito filho da puta
parecia muito interessado em suas tetas enquanto sorria do
que ela estava dizendo.

Apertei meus nódulos, querendo matá-lo, quem quer


que fosse. Mas então Hart se aproximou de sua mesa e
roubou sua atenção longe do filho da puta. Mas isso não
resolveu meu ciúme.

Sério, o maldito paquerava abertamente com ela, bem


na frente de Gamble. E Gamble “o maldito” não fazia nada,
nem sequer se alterou. Não podia mencionar o nome de
Caroline sem que ele rompesse minhas bolas e advertisse
para que me afastasse dela, mas Hart podia quase colocar
sua mão sob sua saia curta diante dele e o ignorava
completamente?

Isso não era nada justo.

Chupei o ar e chiei meus dentes enquanto anotava outro


pedido. Acabava de entregar uma rodada de chupitos a um
grupo alvoroçado de garotas bêbadas “uma das quais agarrou
meu traseiro enquanto deslizava minha gorjeta em meu bolso
traseiro” quando vi Caroline entrando no corredor que ia para
os escritórios e aos banheiros.

Sem deixar passar esta oportunidade, corri atrás dela.


TEN

Havia uma dúzia de pessoas ao redor, bloqueando meu


caminho, mas me esquivei delas e peguei o braço direito de
Caroline antes de que pudesse entrar no banheiro das
mulheres.

— O que...? — Deu a volta para me enfrentar e seus


olhos se arregalaram quando me viu.

Mudando de direção, puxei-a até que chegamos na porta


do escritório de Pick. Nem sequer me incomodei em acender
uma luz. Logo que estávamos dentro, fechei a porta e a
empurrei contra ela, segurando-a lá. Então a beijei. Sua boca
se grudou na minha e seus dedos agarraram minha camisa.

Atacamos um ao outro até que tivemos que nos separar


para poder respirar.

— Que porra está fazendo, vindo aqui, vestida assim? —


Gritei e beijei-a de novo, duro, sem dar a oportunidade para
ela responder. Enquanto colocava a língua em sua boca,
minhas mãos percorreram suas coxas até que as tive sob sua
saia e bati em suas nádegas através da calcinha. Depois de
que fiz isso afastei minha boca, pressionei minha testa com a
sua. — Só queria me deixar louco porque sabia que não podia
falar com você, ou te tocar ou te beijar depois daquelas
fodidas e excitantes mensagens que me enviou?

— Antes estava acostumado a falar comigo em público.


—Argumentou, inclusive enquanto passava seus dedos por
meu cabelo e pegava minha cabeça entre as suas mãos.
Então me devorou em outro beijo.

Esfreguei a pélvis contra a dela e a beijei de novo, só


para me separar por ar e seguir discutindo.

— Sim. Antes. — Murmurei. —Quando não era


impossível manter minhas mãos longe de você. Não sei como
diabos vou sobreviver estando de novo no mesmo lugar
contigo e seu irmão, não sem deixar escapar algo.

Caroline riu.

— Quer dizer algo como isto. — Quando sua mão vagou


para minha palpitante ereção, agarrei sua mão.

— Oh não, não o faça. Não jogará com a varinha mágica


depois da forma em que paquerou com Hart.

— O que? — Sua exclamação de incredulidade chegou


um segundo antes de que me empurrasse no peito. — Não
paquerei com ele.

— Sério? Eu poderia ter jurado que te disse como estava


bonita esta noite, como punha todas as demais mulheres em
vergonha, e, em resposta, sorriu e sacudiu esses malditos
formosos cílios.

— Ah. Isso. — Limpou a garganta. — Bom, não


chamaria exatamente de paquera. Era mais como...
— Paquera. — Disse. — Paquerou você. E você devolveu
a paquera.

— Essa é a forma que falamos. Não significou nada.


Certamente, não agarrei seu traseiro como essa garota
quando deslizou sua gorjeta em seu bolso, sim?

Soltei uma gargalhada.

— Está comparando? Sério? Então devia notar que não


sorri ou bati os cílios para essa garota depois que me tocou.
Te procurei, e te vi entrar pelo corredor, então te segui, e
“bam”. Aqui estamos. Jesus, me deixa quente quando está
com ciúmes.

A beijei de novo e estava muito impaciente por me


devolver o beijo. Se arrastou sobre mim até que enrolou suas
pernas ao redor de minha cintura.

— Maldição. Quero estar dentro de você agora.

— Sei. — Gemeu e apertou seu núcleo contra minha


ereção. — Mas não quero deixar uma confusão aqui. Tem
alguma coisa aí?

Estremeci.

— Sim, mas... merda, baby. Estou trabalhando. Seu


irmão... — Diabos, nem sequer podia terminar uma lista de
todas as razões pelas que isto era uma má ideia. Arranquei
suas calcinhas e coloquei um dedo dentro dela. Caroline
imediatamente gozou e quase gozei com ela enquanto
continuava vestido.
— Espera, eu... porra. — Não podia ver nada neste
escritório escuro. Enquanto Caroline gozava contra meus
dedos, procurei na parede um interruptor de luz. Uma vez
que o encontrei, acendi e observei o resto de seu orgasmo
enquanto apoiava a parte posterior de sua cabeça contra a
porta e ofegava. A transpiração orvalhou sua testa e o lábio
superior. Era tão bela que uma vez mais quase gozei.

Vi o sofá através da sala, então a carreguei para lá e a


deitei. Coloquei a mão em meu bolso, tirei minha carteira e,
enquanto procurava uma camisinha que estava certo que
estava lá dentro, Caroline se sentou e abriu o zíper de minhas
calças. Gemi enquanto ela me libertava.

Passando os dedos sobre minha marca de nascimento


em primeiro lugar, como era seu costume, sorriu
brandamente enquanto a tocava com uma espécie de
reverência gentil. Logo a beijou antes de que me lambesse da
base até a ponta, sugando uma gota do pré-gozo no final.

Me perguntei porque isto não se parecia estranho.


Passei anos assustado com meu pau manchado e fez um
grande esforço para mantê-lo oculto de todos. Mas um mês
estando com Caroline e eu já não tinha escrúpulos de
nenhum tipo sobre mostrá-lo diante dela. Ela, na verdade, me
fazia sentir mais especial por isso. Sua boca me cobriu por
completo antes de que seu rosto se movesse para frente e
tomasse a maioria de mim em sua garganta.

Maldição. Isso estava bom.


Agarrei um punhado de seu cabelo. Quando gemeu,
apertei meu agarre.

— Merda. É muito boa nisso. — Chupou-me um pouco


mais duro e me atraiu mais profundamente na quente
cavidade de sua boca. — Maldição. Como faz que esteja
preparado para gozar tão facilmente?

Liberou seus lábios e sorriu. Queria chorar pela perda


de sua boca, mas sim... estava muito atordoado por esse
sorriso.

— Me chamam Caroline Gamble, famosa encantadora


de pau.

Ri.

— Tem razão. Meu pau definitivamente sabe obedecer


todas as suas ordens.

Seu incrível sorriso cresceu.

— E o que faria seu pau se eu desse esta ordem? —


Soltando meus quadris, se recostou sobre suas costas e abriu
as pernas até que sua pequena saia subiu até sua cintura
para me lembrar que tirei a sua calcinha. Quando tocou a si
mesmo, separando os lábios de sua boceta me mostrando
como estava molhada, me sacudi tão forte que quase não
podia abrir o pacote da camisinha suficientemente rápido.

— Caralho, mulher. Vai me matar.

— Eu só pretendia te satisfazer.
Fiz uma pausa entre suas pernas e levantei os olhos
para ela. Quando voltou a sorrir, senti que golpeou forte em
meu peito.

—Você me satisfaz. — Disse, querendo dizer mais do


que jamais quis dizer nada em minha vida.— Me satisfaz
imensamente.

Agarrei um punhado de seu cabelo na base de seu


pescoço e mantive sua cabeça cativa para que se visse
obrigada a me olhar nos olhos. À medida que seu olhar
aumentava com uma espécie de comoção deliberada, me
empurrei dentro dela, que ofegou em surpresa.

Investi lento e constante, me assegurando de que


sentisse cada fodido centímetro do muito que me satisfazia.

— Ninguém nunca me satisfez como você faz. Cada vez


contigo é melhor que a anterior. Nem sequer posso... Deus,
Caroline. Pertenço a você.

— Oren. — Soluçou meu nome e jogou a cabeça para


trás. Quando seus músculos internos começaram a me
ordenhar, apertei os dentes.

— Maldição. Ainda não.

— Não posso... evitar. Não posso parar. — Ela tentou


conter seu orgasmo, mas ele a arrastou e eu fui incapaz de
me conter. Beijando-a e passando minhas mãos sobre seu
rosto e cabelo, gozei dentro dela.

Nos abraçamos, até que a sala se assentou de novo.


Então ofeguei um suspiro e me derrubei em cima dela,
enterrando meu rosto em seu pescoço, bem onde cheirava
melhor.

Não tenho ideia de quanto tempo ficamos assim. Estava


quase inconsciente e provavelmente me tornando pesado
sobre ela, quando sacudiu meu ombro e riu debaixo de mim.

— Oren. Baby, não durma sobre mim.

— Por que não? — Arrastei as palavras, me enterrando


nela um pouco mais e a fazendo rir de novo.

— Está trabalhando, lembra?

Levantei a cabeça de seu ombro para olhar ao redor do


escritório de Pick.

— Merda. — Esqueci completamente onde estávamos. E


não tranquei a porta.

Saí de cima dela e provoquei um enjoo em minha


pressa. Tirei a camisinha e coloquei minhas calças. Enquanto
fechava o zíper, me virei para Caroline a tempo de vê-la
recolher sua calcinha do chão. Não havia maneira de que
fosse capaz de vestir o tecido destroçado de novo, e não pude
evitar sorrir com orgulho.

Ela franziu a testa e a balançou em meu rosto.

— Muito obrigada, idiota. Acabou com ela. Que diabos


acha que vou usar agora?

A peguei, alegre de ter a lembrança, e a meti no bolso.

— Parece que alguém vai ficar sem roupa íntima pelo


resto da noite. Só se assegure de não paquerar com Hart
outra vez enquanto não esteja usando roupa íntima ou
enlouquecerei e virarei um homem das cavernas.
Provavelmente jogarei você sobre meu ombro e te arrastarei
de volta para minha casa, te amarrarei em minha cama e te
açoitarei diariamente.

Sorriu e pegou meu rosto em suas mãos.

— Eu adoro quando fica ciumento.

Bufei porque não estava gostando absolutamente.


Quase odiava. O ciúme era sexy quando ela queria golpear
uma cadela por me tocar, não o inverso.

— Não sabe como o idiota do Hart me fodeu mais cedo


esta noite, então tenho uma boa razão para estar zangado
com ele.

Seu cenho se franziu pela confusão.

— Asher te fodeu? Como? Me sentindo como um menino


manhoso que reclama sobre um valentão, apoiei meu rosto
em seu ombro e deslizei minha mão ao redor de sua cintura,
só para deixar minha palma vagar até que a tinha sob sua
saia, acariciando seu traseiro nu.

—Ele descobriu sobre nós quando você pediu ajuda


para colocar meu telefone no lugar. Então me incomodou esta
noite, e tentou iniciar um concurso comigo para ver quem
podia obter uma maior quantidade de números de telefone de
garotas para o final da noite, sabendo que não podia dizer
que não na frente do seu irmão.

Quando se esticou contra mim, peguei-a pelo cotovelo


para evitar que se fosse a parte alguma.
— Não se preocupe. Não consegui nenhum número.
Nem sequer tentei. O filho da puta simplesmente me
incomodou por provocação.

Quando elevei a vista, vi o alívio no rosto de Caroline.


Sorrindo, murmurou.

— Meu pobre Oren. É difícil ser um mulherengo


reformado, não é?

— Sim. — Fiz uma careta para fazer ela rir. Na verdade,


a parte reformada não era difícil, mas sim fingir diante do
meu melhor amigo que ainda eu era esse imbecil.

— Então promete não paquerar com ele nenhuma vez


mais, tá? — Pressionei.

— Humm? — Parecia muito distraída beijando minha


mandíbula para responder. Franzi a testa e estalei meus
dedos diante do seu rosto.

— Se concentre, Caroline. Hart. A paquera. Terminou


com isso. Ok?

Piscou e me olhou com as sobrancelhas levantadas.

— Uau. Está com muito ciúmes dele.

— Não estou com ciúmes. — Murmurei. Mas parecia tão


contente com a ideia que deixei escapar um comprido
suspiro. — É só que parece tão... próxima dele.

Encolheu os ombros.

— Bom... sou. Suponho. Quero dizer, somos amigos.


— Amigos. — Repeti em um tom seco quando levantei
minhas sobrancelhas para olhar diretamente para ela.

A maldita mulher riu de minha irritação.

— Bom, é muito próximo de Zoey. — Me lembrou.

— E sabe porquê! — Exclamei, me aborrecendo com


esta conversa quanto mais se estendia.

Com um assentimento, sorriu.

— Sei. Pensa nela como uma irmã. Bom... o mesmo


pode se dizer sobre Asher e eu.

Não pude deter um suspiro de incredulidade.

— Pensa nele como um irmão? — Quando assentiu,


olhei para ela sem acreditar. —Então não acha ele atraente.

—Oh Deus, sim. Asher é precioso.

— Precioso? — Não esperava que usasse precisamente


essa palavra forte. — Esse músico fracote, magro como um
lápis?

Seus dedos se arrastaram até minha mandíbula, me


distraindo.

— Humm. Tem um rosto muito impressionante.

Baixei o nariz e esfreguei ao longo do seu.

— Mas você gosta mais do meu rosto. — Era uma


pergunta apesar de que a formulei como uma declaração. O
sorriso de Caroline se ampliou.

— O que acha? Foi em seu quarto que me esgueirei,


para poder estar com você, não o dele.
Escutá-la dizer isso me fez sentir melhor. Mas ainda
assim peguei sua mão para evitar que me distraísse.

— Acredito que estou muito confuso. Ele é o que tem o


corpo perfeito, rosto impressionante, voz perfeita e atitude
impressionante. Eu sou um imbecil. Então, por que foi o meu
quarto que escolheu?

Sua mão se liberou de meu agarre para se deslizar em


meu cabelo, e a outra seguiu até que enjaulou meu rosto.

— Porque é o único que quero.

Eu adorei escutar isso. Deus, como gostava de escutar


isso. Mas quando se inclinou para me beijar, puxei de novo
fazendo ela parar.

— Mas por que? — Poderia conseguir algo muito melhor


que um fodido idiota como eu. — Por que eu?

Ela parou quando percebeu que eu falava sério. Seu


olhar suavizou e seus lábios se curvaram no mais formoso
sorriso.

—Lembra o dia que nos conhecemos?

Ficou gravado em meu cérebro para sempre, então


assenti.

—Sim.

— Você saiu e comprou café da manhã para todos. —


Começou. Eu estava morrendo de fome. Logo que saí do
trabalho na noite anterior, Gamble teve uma ligação
angustiada de casa. Precisava pedir emprestada minha
caminhonete, já que não tinha como ir nesse momento. Me
preocupei e fui com ele. Dirigimos por toda a noite para
chegar à ela, Colton e Brandt. Precisava de comida antes de
me deprimir, e não tinha maneira de que fosse comer algo
nesse lugar desagradável, por isso levei os dois irmãos mais
jovens no McDonalds mais próximo e comprei café da manhã
para todos enquanto Noel se ocupava de Caroline, porque seu
aborto a deixou muito doente.

Caroline respirou.

— Enquanto os meninos e eu comemos no sofá, você e


Noel saíram para falar, mas a janela estava aberta, por isso
ouvi quase tudo o que disse.

Fiz uma careta, tentando lembrar essa conversa.

— Que disse? — Sorriu com carinho.

— Bom, primeiro soltou algum tipo de brincadeira sobre


o kama-sutra, ou algo parecido.

Ri em voz baixa.

— Está bem, sim. Lembro algo assim.

— Então começou a zombar dele a respeito de como...


tão sexy achava que eu era.

Gemendo, joguei minha cabeça para trás e fechei os


olhos.

—Inferno. Fiz isso né? Sinto por isso.

— Não, eu gostei muito. Eu gostei como zombou dele,


como se estivesse tentando tirá-lo de sua depressão depois da
comoção que acabava de encontrar em casa. — Seu sorriso se
suavizou em uma expressão de avaliação suprema.— Mas
logo ficou sério com ele e o fez falar de seus problemas.
Quando te disse que queria nos trazer de volta para casa com
ele, o incentivou. Não importava que ao fazer isso significava
que de repente três pessoas a mais estariam vivendo no
apartamento que compartilhava com ele e que sobretudo
provavelmente teria que encontrar outro lugar onde viver
porque nem sequer parou para pensar nisso. Você só... o
apoiou, e não sei se ele teria feito o que fez por nós se você
não estivesse lá para dizer o que deveria fazer. Eu só... —
Sacudiu a cabeça, me olhando como se fosse algo especial.
Isto fez que meu peito se sentisse todo apertado e estranho.
— Lembro de ter pensado que desejava ter um amigo como
Oren Tenning.

A inquietação me tomou. Sim, era um amigo. Mentia


para Gamble cada vez que o via.

Entretanto, Caroline parecia pensar que era honorável.


Sorriu.

— Cada vez que esteve perto depois disso, nossa casa só


se tornava... mais brilhante. Sempre foi este raio de
otimismo. Inclusive quando tentava ser amável comigo no
começo, sempre tinha algo gracioso para dizer, algo um
pouco alto, um pouco obsceno, mas sempre, sempre
engraçado. Ansiava para te ver. Juro isso, você me tirou da
minha depressão mais que ninguém. A risada é muito mais
curadora do que parece.
Uma lembrança estranha veio de surpresa diante suas
palavras. Caroline viu a mudança em meu rosto, e jogou a
cabeça para o lado.

— O que foi?

Comecei a sacudir a mão e dizer que não era nada, mas


logo, não sei... parei.

— Conhece esse jogo de crianças em que se faz careta


para alguém para ver quem rirá primeiro?

Sorriu.

— Sim. Noel e eu estávamos acostumados a brincar


disso, e o fazia com o Brandt quando se foi.

Assenti.

— Só estava lembrando... o que acaba de dizer me


lembrou por alguma estranha razão...

—O que? — Incitou.

Neguei com a cabeça, mas logo segui e confessei.

— Zoey e eu estávamos acostumados a fazer isso, exceto


que usávamos palavras. Já sabe, quem dizia a coisa mais
engraçada para fazer a outra pessoa rir primeiro, ganhava.

Levou um momento para se dar conta de que disse


Zoey, o nome de sua irmã. Então seus lábios se separaram e
seus olhos se iluminaram.

Caroline me deu um sorriso tranquilo.

— Me deixe adivinhar. Ganhava sempre.


—Não. Na verdade ela ganhava. Minha irmã era
malditamente hilariante. Sempre soube o que fazer ou dizer
para me fazer sorrir quando estava chateado. Só... suponho
que me senti honrado ao ouvir o que fiz por você. Como se
uma parte dela continuasse aqui. Vivendo através de mim.

— Oren? — Murmurou Caroline brandamente, me


tocando no rosto. Eu a olhei.

— Tenho que voltar a trabalhar. — Eu disse.

Assentiu, mas sussurrou.

— Obrigada por me dizer isto.

Limpei minha garganta e olhei para seu rosto.

— Sim, bom... obrigado por me dizer que sou muito


melhor que Hart. — Então pisquei um olho, fazendo-a gemer
e revirar os olhos. Pressionei minha boca na sua no momento
que a porta do escritório se abriu.

Saltamos longe, mas era muito tarde. Já nos achávamos


expostos. Esperando encontrar Gamble na porta, pisquei
quando vi Pick.

— Que caralho você faz aqui? — Soltei.

Pick olhou de mim para Caroline e de novo olhou para


mim.

— É meu escritório. — disse no final, com voz suave,


mas seus olhos se estreitaram com desagrado.

— Mas é meia-noite. — Discuti sem querer. — Não


deveria estar metido na cama com sua pequena família?
— Humm. — Pick olhou entre nós outra vez. Caroline
parecia incomodada, cruzando os braços sobre seu peito e
chutando a ponta de seus sapatos. Me movi um pouco para
bloquear o olhar dele para Caroline.

— Sim, neste momento deveria estar na cama, envolto


ao redor de minha preciosa esposa, mas deixei um trabalho
inacabado aqui, por isso não pude dormir e estava virando na
cama, então Sininho me jogou e me disse que não voltasse
até que tivesse terminado.

— Oh. — Bom, isso explicava. Soltei um suspiro,


olhando para Caroline, e dei a volta olhando Pick. — Então,
acredito que sairemos e te deixaremos fazer.

Virei de lado e guiei Caroline para a porta. Ela voltou


para a ação, só para fazer uma pausa quando chegou onde
Pick estava.

Deu um caloroso sorriso e se afastou.

— Caroline. Está linda esta noite.

Ela baixou a cabeça e murmurou.

— Obrigada.

Batendo em seu braço quando passava, disse.

— Tenha um boa noite. Eu ia segui-la, mas meu maldito


chefe parou em meu caminho, bloqueando minha saída, se
moveu mais perto e me forçou a dar um passo atrás. Uma vez
que esteve plenamente dentro da sala, fechou a porta e me
olhou nos olhos. — Está malditamente louco? — Grunhiu.
Simplesmente o observei, meus olhos dando um olhar
ousado para que fizesse o que ia fazer: correr onde Gamble
estava e dizer tudo, chutar meu traseiro, me dar uma
advertência, o que fosse. Estava preparado.

— Estúpido idiota. Sabia que não seria capaz de te


manter afastado dela para sempre, mas Jesus, Noel está no
final do corredor. E este é meu escritório, homem. Meu
escritório. Seguro também o fez no sofá, não é assim? Esse
era o sofá especial da Sininho e meu. Arruinou nosso sofá
especial.

— É malditamente confortável. — Tive que admitir.

Pick grunhiu e me deu um pequeno empurrão,


compensando meu balanço até que dava um passo atrás.

— Não me aborreça mais do que já estou. Eu não gosto


de vir e encontrar um empregado tendo sexo enquanto está
trabalhando e, no processo, apunhalando um de meus bons
amigos nas costas.

Apertei os dentes e me neguei absolutamente a pedir


desculpas, apesar que sabia que estive totalmente errado.
Nunca poderia estar arrependido pelo tempo com Caroline.

— Olhe, se for me despedir, só faça logo, de acordo?

Com o cenho franzido, Pick murmurou.

—Não vou te despedir. Jesus. Só... não tente fazer isso


em meu escritório outra vez... ou em qualquer lugar do clube,
muito menos quando estiver trabalhando. Não posso
acreditar que Caroline e você... — Sacudindo a cabeça,
deixou escapar um suspiro.

— Vai dizer ao Gamble? — Perguntei.

Isso o fez rir.

— Acha que estou louco? Não vou me envolver nesta


confusão mais do que já estou. Eventualmente ele vai saber,
e quando o fizer, irei para tão longe de vocês como é
geograficamente possível.

— Está bem. — Disse. — Bom... obrigado por não dizer


a ele. —Com um gesto de agradecimento, caminhei para a
porta, mas Pick agarrou minha camisa, me parando.

— Só me diga que ela significa algo para você.

Neguei com a cabeça. Pick sempre era protetor com as


mulheres. Tinha que reconhecer. Mas mesmo assim disse.

— Jesus, homem. Não. É só um pó a mais que decidi


mandar voar amanhã. — Quando ele franziu a testa pela
minha resposta sarcástica, afastei meu braço. — Que
demônios acha? Estou me arriscando à ira de Noel Gamble
para estar com ela. Significa que é tudo para mim. — Quando
a boca de Pick se curvou com apreciação, suspirei. — Agora
posso voltar ao trabalho, chefe?

— Uma coisa mais. — Murmurou. — Ao menos pode


esperar até depois da festa de aniversário de Skylar este fim
de semana para dizer para ele?

Pisquei, totalmente sem esperar ouvir essa solicitação.

— Por que?
— É o primeiro aniversário de minha menina. — Me
lembrou. — Sininho e eu convidamos todos para um almoço
ao ar livre.

— Claro. — Disse. — Então o que?

— É uma boa oportunidade para ver toda a turma unida


antes de que nos separemos, e nos vejamos obrigados a
tomar um lado e poderia ser agradável. Além disso, não quero
foder o aniversário com seu drama. Sininho planejou tudo
isto.

Virando os olhos, ri.

— Sim, claro. Pela Tetas de Leite me absterei de dizer a


meu melhor amigo que estou fodendo sua irmã. Entendido.

— Jesus, você é muito malditamente vulgar. Não tenho


ideia do que a pobre Caroline vê em você.

Caroline viu além do vulgar, queria dizer a ele, mas não


me incomodei, porque ele estava muito ocupado adicionando.

— E pare já de chamar Sininho de Tetas de Leite.


Inferno.

Saí de seu escritório rindo. De maneira nenhuma


alguém poderia me fazer deixar de chamar Eva Mercer de
Tetas de Leite. Seguia de bom humor quando cheguei atrás
do balcão e comecei a trabalhar. Vi Caroline uns minutos
depois, perto da Loira. Quando me deu um olhar preocupado,
dei uma piscada e mostrei um polegar para cima, o que fez
cair seus ombros com alívio.
Ainda tínhamos tempo antes de que Gamble se
inteirasse da verdade e todo o drama estalasse.
TEN

Não tinha ideia do que comprar para uma criança de


um ano, mas nesse sábado a tarde entrei no pátio dos fundos
da casa de Pick com o que parecia o brinquedo mastigável de
um cachorrinho. Tetas de Leite me insultou há uns meses
atrás, quando deram uma festa de aniversário para seu filho.
Ela me enviou para comprar alguma coisa, e ordenou que
não voltasse até que conseguisse um presente para a criança.
Então, desta vez, vim preparado.

Tetas de Leite aplaudiu em apreciação assim que me viu


levar o estúpido embrulho de presente cor de rosa.

— Não posso acreditar. — Ofegou, se aproximando de


mim e, por sorte, me liberando do meu presente. —Ten pode
ter modos.

— Sim, é um fodido milagre. — Franzi a testa ao mesmo


tempo que puxei a gola da minha camisa— Onde está a
cerveja?

Em vez de me assinalar na direção correta, ela cruzou


seus braços sobre seu peito e arqueou uma sobrancelha.

— Antes de beber, você e eu teremos um pequeno bate-


papo.
Merda, isso não está nada bem. Pick deve ter dito sobre
mim e Caroline.

— Suponho que não vai dizer que quer pôr meu nome
em seu próximo filho.

Soprou.

— Não. Meu próximo filho já tem nome, mas obrigada. O


que quero saber é o que você acha que passou pela minha
cabeça quando entrei no escritório de Pick, e encontrei uma
camisinha usada no cesto de lixo.

Meus olhos se arregalaram.

— Oh, merda. Sinto muito. — Nem sequer pensei nessa


cena. Mas então franzi a testa. — Espera, não acredita que
ele te traiu, né? — Eles eram tão unidos como Gamble e sua
mulher, Hamilton e a Loira, Lowe e Reese. Esses casais
simplesmente não trapaceavam.

Tetas de Leite franziu ainda mais a testa.

—Por uma fração de segundo, houve um momento em


que senti um pingo de inquietação. — Estremeceu. — E esse
foi o pior segundo e meio da minha vida. Então, muito
obrigado, idiota, por me fazer experimentar isso. — Me bateu
no ombro e partiu enfurecida para falar com Lowe e Reese,
que viravam os hambúrgueres na churrasqueira. Hamilton e
a Loira se encontravam também por lá, brincando com os
dois meninos de Eva e Pick. E Hart estava junto aos
refrigeradores de cerveja.
Comecei a me dirigir para lá, pois precisava de um gole.
Quando me viu, sorriu.

— Ei, Ten. Olhe isto. Estive praticando.

Lançou uma garrafa de álcool vazia no ar, e a apanhou


por detrás de suas costas. Uma vez que a teve na mão, levou
a parte dianteira e fingiu servir em uma taça invisível. Com
um sorriso, levantou o olhar para avaliar minha reação.

— Pensei que conseguiria mais gorjetas se o fizer no


trabalho.

Na verdade, foi um movimento estupendo. Mas franzi a


testa como se não estivesse impressionado.

— Sempre tem que se esforçar para ser melhor que eu,


não é?

Riu.

— Me esforçar? Na verdade, não. Ser melhor que você é


algo que me é natural.

— Que seja.

Comecei a me afastar, mas ele gritou.

— Não é um fã do Cocktail, não é?

Fiz uma pausa e olhei para trás.

—Cock... o que?

—Cocktail. O filme dos anos oitenta. Tom Cruise.


Elisabeth Shue.

Neguei.

— Nunca vi.
— O que tem que Coyote Ugly? — E continuou a girar a
garrafa sobre sua mão e pegá-la de novo.

Maldito fanfarrão. Neguei.

— Coyote Ugly? — Repeti estupidamente. — É outro


filme ou algo assim? — Bom, na verdade vi esse porque
mostravam garotas sexys, mas não ia dizer.

Hart suspirou e sacudiu a cabeça.

— Homem, não tem remédio. OOh, Caroline. — Olhando


atrás de mim, sorriu. — Olhe isto. Aprendi sozinho.

Me estiquei, surpreso ao saber que ela vinha por trás de


mim e nem sequer a senti. Quando me virei, a vi observando
Hart fazer seus truques do Cocktail e Coyote Ugly.

— Legal. — Seu sorriso para ele me fez trincar os


dentes. — Isso é do Cocktail, não?

— Sim. Obrigado. —Hart me olhou, mas eu revirei os


olhos.

— Não é justo. É uma maldita nerd dos filmes com uma


carreira de direção cinematográfica.

Sua boca se abriu.

— Acaba de me chamar de nerd?

Sorri e me movi um pouco mais perto dela.

— Uma nerd sexy.

Seu rosto se iluminou de prazer antes de que franzisse o


cenho. Ao se dar conta do quanto me aproximei, ofegou e
abriu muito os olhos antes de lançar um olhar cauteloso para
Hart.

— Oren. —Advertiu em voz baixa.

— O que? Ele já sabe. De fato. — Dei uma olhada a


todos na festa. — Estou certo que todo mundo aqui sabe.
Pick falou para Tetas de Leite, que provavelmente contou a
Reese, que deve ter dito a Lowe. E Zwinn o soube desde o
começo. Acredito que Gam é, literalmente, a única pessoa que
não sabe, e acaba de chamar para me dizer que chegará
tarde, o que significa... — Peguei-a de surpresa e a agarrei
pela cintura. — Posso, absolutamente, fazer isto.

Puxando-a para mim, a aconcheguei contra meu peito,


enterrei meu rosto em seu pescoço, onde mordisquei sua pele
sensível. Gritou pela surpresa, e se sustentou no braço que
envolvi a seu redor.

— E isto. — Levantei a mão como se fosse embalar seus


peitos através de sua camisa.

— Oren! — Escandalizada, mas sem deixar de rir,


agarrou minha mão, me detendo. — Já basta. — Saiu de
meus braços para me enfrentar. — Está brincando com fogo.
— Então cravou seu dedo em meu estômago.

Ri e me esquivei de novo quando veio para mim.

—Mulher. —Adverti. — Não me bata.

Com uma risada brincalhona, acusou.

— Não seja tão infantil. Eu gosto quando me bate.


Quando a apanhei e segurei seus braços, joguei para
trás minha cabeça e soltei uma gargalhada.

Hart cobriu seu rosto com uma mão e gemeu.

— Jesus. Tem uma mente tão suja como a sua, Ten.

— Sei. — Ao pressionar minha bochecha contra a sua,


sorri com orgulho e balancei de um lado para outro com ela.
— Não é incrível?

— Ten!! — Gritou Lowe do outro lado do pátio. — Noel


está chegando na entrada.

Levantei meu rosto e franzi a testa.

— O que? Mas acaba de me enviar uma mensagem


dizendo que chegaria tarde.

— Bom, suponho que chegue a tempo.

Grunhi de frustração.

— Merda. — Com um último e rápido beijo na bochecha


de Caroline, murmurei em seu ouvido. — Logo te lambo,
baby.

Afastei meu braço do dela e me afastei. Quando o fiz,


uma pequena dor se estendeu em meu peito, mas me
assegurei de comportar-me com normalidade. Me aproximei
de onde Ham e Loira brincavam com os dois garotinhos.

— Como vai com o cuidado dos meninos? — Perguntei,


olhando aos Gamble pela extremidade de meus olhos,
enquanto entravam no pátio dos fundos. Gam e sua esposa
levavam pratos de comida para Pick, onde preparava tudo, os
irmãos menores foram para Caroline, que estava onde a
deixei falando com Hart.

Não queria me zangar com meu amigo mais antigo por


chegar antes do que disse, mas merda se não me incomodava
porque apareceu tão cedo. Mas prometi a Pick que não
causaria nenhum tipo de drama na festa do seu filho, então
fiquei longe.

— Olhe. — Disse Ham, me passando um dos meninos.


— Segure Skylar por mim, sim? Vou ajudar Mason a arrumar
as mesas e cadeiras.

Meus olhos se abriram como pratos, mas levantei o


menino para que não caísse. Segurando-o a um braço de
distância, gritei atrás dele.

— O que devo fazer com isto? — Ele simplesmente riu e


continuou caminhando. Quando vi a Loira rir de mim, virei
para ela, ainda sustentando o bebê o mais longe possível de
mim.

— Loira. — Sussurrei. — Pare de rir e me diga o que


fazer.

— Não sei. Talvez deveria, já sabe, se sentar com ela em


seu colo.

— Ela? Então esta é a menina?

— O vestido rosa não te deu nenhuma pista, né?

— Se cale. — Murmurei. Não podia pensar com


claridade com a responsabilidade de uma maldita menina em
minhas mãos.
A Loira riu da minha angústia. Mas pouco depois seu
coração muito bondoso a fez me acariciar o ombro. — Só
respire. Vai ficar tudo bem. E sério, deve se sentar. Parece
como se fosse desmaiar.

Sentei-me como instruiu, engoli a saliva bruscamente


quando a coisinha de bochechas gordinhas com cachos finos
e escuros me olhou com os maiores olhos azuis.

— Esta é a aniversariante. — Apresentou a Loira.— Seu


nome é Skylar.

— Certo. — Olhei em busca de uma ajuda. — E agora o


que eu faço?

Negou.

— Não sei. Tente falar com ela.

Grunhi em frustração e olhei do outro lado do pátio,


procurando Caroline para me assegurar de que não me viu
brincando e acreditasse que queria um ou algo parecido,
agora que sabia que ela não podia ter filhos. Mas estava
ocupada falando com Aspen e Hart. Virei para a menina.

A coisinha era linda com essa expressão sempre séria.

— Oi. —Disse, inseguro de que diabos devia dizer a


alguém de um ano. — Uh... feliz aniversário.

Skylar inclinou sua cabeça como se estivesse surpresa


que por fim decidisse falar. Logo seus lábios tremeram e
sorriu. Para mim. Senti algo em meu peito e caralho, quem
saberia que o sorriso de um bebê era tão poderoso? Acredito
que me apaixonei.
— Loira. Veja, acredito que gosta de mim.

— É obvio que sim. — Sorriu. — É um cara simpático.

— Sim. — Assenti. — Caralho, sim, sou. As garotas me


adoram. — Isto provocou que outro sorriso de Skylar, e sim,
provavelmente morreria por ela. Me pegou, de cabo a rabo.

A Loira ficou perto, sustentando as mãos do menino


enquanto ele cambaleava pela grama.

— Pode fazer isso? — Perguntei à menina. — Caminhar


como seu irmão? — Eles não eram irmãos de sangue, mas os
criavam juntos, e já que eram tão próximos em idade, seriam
criados mais ou menos do mesmo modo que minha irmã e
eu. Como gêmeos.

Skylar me enviou um sorriso secreto como resposta.


Devolvi o sorriso.

— Sim, tenho certeza que pode fazer tudo como ele. —


Minha irmã foi bastante competitiva para se assegurar de que
sempre estaria comigo, apesar de eu ser mais alto, mais
rápido e mais forte. Ainda assim, me chutou o traseiro em
mais competições do que eu queria admitir.

— Ei, Loira. — Comecei de novo, precisando


compartilhar este genial momento com alguém.

Mas no segundo em que me virei para ela, Loira decidiu


recolher o menino e ficar de pé. O problema era que esteve
ajoelhada tão perto de mim, para que seu bicudo cotovelo me
golpeasse diretamente no olho quando nos chocamos.
— Caralho! — Gritei, vendo as estrelas
momentaneamente quando meu olho explodiu pela dor.

—Oh, meu Deus! — Gritou. — Oh, Ten, sinto muito.


Está bem?

— Não. — Não vi nada mais que uma segadora luz


branca, ao mesmo tempo que o pacote em minhas mãos se
retorceu e começou a chorar. — Está bem? — Perguntei. —
Caralho, não posso ver uma merda. A menina está bem,
certo?

— Está bem. — A voz de Pick veio da minha esquerda.—


Eu me ocupo dela. — Tiraram-na gritando dos meus braços,
mas ela imediatamente se acalmou.

Já que não devia me preocupar mais pela menina, me


agachei e apertei meu palpitante olho.

— Deus... Caralho.

— Ten, está bem? — Perguntou Reese, ao mesmo tempo


que me tocou no meu braço.

— Melhor que nunca. — Murmurei.

Ela riu, mas logo disse em voz baixa.

— Então levante um polegar ou alguma coisa assim,


porque Caroline parece bastante pronta para correr até aqui e
ver como está.

Imediatamente levantei meu braço, com o polegar no ar.

— Estou bem! — Gritei. — Passou muito tempo desde


que me deixaram um olho preto. Pensei em me pôr em dia
novamente.
Alguém começou a aplaudir.

— Assim que se faz, Zoey. Agora pode se unir


oficialmente ao clube de "deixar um olho negro em Ten" com
Quinn, Pick e eu.

— Se cale, filho da puta! — Gritei para Gamble, ao


mesmo tempo que Reese e a Loira agarraram meus braços e
me guiaram para dentro da casa. — Você pode ter certeza que
este hematoma se estenderá muito mais, e será mais escuro
que o pequeno que você me fez.

Depois que as garotas fizeram uma bolsa de gelo para


mim, voltei para a festa e estava falando com Pick e Mason,
porque pareciam estar localizados muito longe de Caroline.
Era como se todo mundo estivesse tentando de me manter
afastado dela. Eu não gostava disso. Então não escutei muito
do que os bastardos disseram porque estava muito ocupado
seguindo seus passos no outro lado do pátio.

Isto era horrível e piorou ainda mais quando Lowe sorriu


e me estreitou o ombro, enquanto falava com Pick. — Só olhe
essa expressão de cachorrinho sem dono que tem enquanto a
observa.

Pick sorriu com ar de pena.

— Ten, homem. Está apaixonadíssimo.

— Se cale. — Murmurei e continuei olhando enquanto


bebia minha cerveja. O resto da festa parecia avançar
lentamente. Mas sério, os meninos de um ano demoraram
uma eternidade para abrir seus malditos presentes. Assim
que os abriam, eles queriam brincar com seus brinquedos,
sem o menor desejo de se mover e ver o que mais ganharam.
Sério, o que acontecia com isso?

Eu me encontrava apoiado contra um poste, tentando


animar a seu irmão para que engatinhasse até lá, e ajudasse
a rasgar o papel de presente quando pela extremidade de
meu olho, onde meu radar de Caroline ressonava com força,
ela agarrou seu estômago e caiu para frente, se dobrando.
Toda minha atenção se concentrou imediatamente nela, e me
separei do poste. Seu olhar se encontrou com o meu, seus
olhos se abriram muito pela surpresa e a dor.

— Está bem? — Articulei.

Assentiu, mas estava mais pálida e o suor deslizava pelo


lado de seu rosto. Não se encontrava para nada bem,
maldição. De repente, se lançou para um arbusto próximo e
vomitou sobre ele, pondo para fora todo seu almoço.

— Merda! — Saltei para diante, mas Ham me agarrou


pelo braço, me detendo.

Olhei para ele e tentei me liberar.

— Não me foda, homem.

Ele se aproximou mais.

— Noel está aqui. Cuidará dela.

Minha respiração acelerou. De todo modo, queria me


livrar dele e ir com Caroline. Pick, Hart e a esposa de Gamble,
se amontoaram ao seu redor, igual a seus três irmãos. O que
teria de mau se também fosse lá? Era minha mulher,
maldição.
— Este seria o pior momento para expor sua relação. —
Murmurou Ham. Então comecei a andar a seu lado, me
sentindo como um animal enjaulado, enquanto observava de
muito longe Caroline esvaziando seu estômago.

— Que diabos está acontecendo com ela? — Murmurei,


começando a entrar em pânico. Faz só uns minutos que se
encontrava bem.

Ham negou.

— Não sei. Não acredito... — Parou quando Reese


colocou uma mão sobre a boca e correu para dentro da casa
de Pick e Eva pouco antes de que Lowe a seguisse,
sustentando seu estômago.

— Que demônios? — Um segundo depois, Brandt


também começou a vomitar sobre a grama.

— Uma intoxicação? — Supôs a Loira.

E a esposa de Gamble levantou os braços e gritou.

— O que todo mundo comeu?


TEN

O fato de eu não gostar de camarões foi algo bom.


Salvou-me de um caso severo de diarreia e vômito. Mas isso
não evitou que me preocupasse um pouco, bom, talvez muito.

Depois de que passou o pior da intoxicação alimentar de


Caroline e seu irmão, Gam pegou-a em seus braços e a levou.
Quando sua esposa foi ajudar Brandt a se levantar, Quinn
começou a avançar.

— Me deixe te ajudar. — Mas agarrei seu braço.

— Para trás, filho da puta. — Empurrando-o, corri para


Brandt e Aspen. — Eu pego ele. — Disse.

O menino estava pálido e débil. Fiz uma careta de "Sinto


muito, só faço isto para me aproximar de Caroline" e o
peguei. Ele grunhiu uma vez mas passou um braço ao redor
de meu pescoço para manter o equilíbrio.

— Obrigado. — Conseguiu dizer enquanto se inclinava


pesadamente sobre mim.

— Não há problema. — Grunhi pelo esforço. Ele era


provavelmente mais pesado que Caroline, mas não me
importava. Fazer isto me aproximaria mais dela. Quando
Gam saiu do banco traseiro do carro onde a colocou, todos
meus esforços valeram a pena.
Gamble piscou para mim em surpresa, mas disse.

— Obrigado por trazê-lo. — Ajudei Brandt a sentar no


banco traseiro junto da sua irmã. Uma vez que o estabeleci,
me apoiei nele e logo passei pela sua frente, fazendo-o
protestar à medida que me pressionava contra ele
possivelmente um pouco forte. —Porra!

Mas não parei até que tive minha boca no ouvido de


Caroline.

—Melhore. — Murmurei, encontrando seu olhar


impreciso enquanto me afastava.

Ela me enviou um sorriso débil, então saí do carro e me


endireitei. Gam, que não viu nada, bateu no meu ombro em
agradecimento, e me despedi dele e sua família com a mão
quando conduziram de volta para casa.

A festa provavelmente terminou a esta altura. Conduzi


de volta para meu apartamento atrás de Zoey e Quinn, que
tampouco comeram camarões. Mas eu não podia acalmar
meus nervos. Finalmente, dirigi por volta da rua da casa de
Gam onde sempre buscava Caroline para nosso encontro da
meia-noite. Sentei em minha caminhonete, vendo a casa até
que o céu começou a escurecer. E logo me sentei por um
momento mais.

Continuava doente? Tomava líquido suficiente?


Descansava? Maldição, não suportava essa merda. Precisava
vê-la. Era o suficientemente tarde para que alguns membros
da casa estarem dormindo, então saí da minha caminhonete
e perambulei para o pátio traseiro da casa de Gamble. Parei
em frente de uma janela que, com certeza, pertencia a seu
quarto e bati. Só um ligeiro golpe para não alertar a ninguém
mais sobre minha presença, mas não parei até que a cortina
se levantou e uma pálida Caroline apareceu por ela.

Seus olhos se arregalaram. Cumprimentei-a, enviando


um tímido sorriso e coloquei minhas mãos nos bolsos
enquanto esperava que tirasse a trava da janela e a deslizasse
para cima.

—Oren! Que demônios faz aqui?

— Estou constatando se está bem.

Moveu sua cabeça, confusa.

— Ouviu falar sobre telefones celulares?

— Certo. Tenho um. Mas queria te ver. Acha que pode


evitar isto? Vou entrar.

— O que? — Ela olhou para trás e logo se virou para


mim com os olhos esbugalhados. — Está louco?

— Sim. Agora me deixe entrar. Por favor.

Suspirou como se considerasse suas opções. Mas por


fim, negou com a cabeça e retirou a cortina da janela. Uma
vez que a abriu por completo, comecei minha subida. Não foi
fácil, mas eu era um filho da puta determinado. Uns
arranhões, uns golpes e um punhado de frases de maldição
recém inventadas mais tarde, estava dentro.

Suspirando com alívio, puxei-a para mim em um gentil


abraço.

— Como está se sentindo?


— Melhor. — Admitiu, apoiando sua cabeça em meu
ombro. — Meu estômago continua mal, mas não acredito que
vá vomitar mais.

— Bom. — Minha mão foi para sua testa porque ela se


sentia tão quente contra mim. — Está muito quente. Tem
febre?

— Um pouco. Mas Aspen já me preparou para a noite.


— Fez um gesto para sua mesinha de canto onde tinha água,
aspirina, um termômetro, toalhinhas, lenços e mais algumas
coisas. Logo se virou para mim. — Não posso acreditar que
tenha subido por minha janela para ver se eu estava bem.

— Por que não faria isso? Está doente. Não posso fazer
você ir para o meu apartamento para cuidar de você.

Depois de agarrar seu braço e a levar de volta para a


cama, onde empurrou seu lençol para um lado para
responder a minha chamada, ajudei a se deitar no colchão.

Caroline devia estar se sentido bastante horrível porque


me deixou mimá-la sem lutar. Assim que sua cabeça bateu
no travesseiro, suspirou em agradecimento. Logo seus cílios
se agitaram enquanto me estudava.

— Não tem por que se preocupar comigo. Ficarei bem.

— Muito tarde. Já me preocupei, já estou aqui. Lide com


isso. —Comecei a trabalhar, ajeitando a cortina de volta em
seu lugar, fechando e pondo a trava na janela. Logo tirei os
sapatos e minha camiseta. Enquanto tirava minhas calças de
maneira que só estava em boxers, Caroline simplesmente me
observou piscando.
— Se pensa que posso ter sexo neste momento, está
tristemente delirando.

— Graciosa. — Murmurei e levantei um lado dos lençóis


para me colocar na cama atrás dela e a abracei. — Não te
disse que posso sobreviver uma noite sem sexo?

Sua voz era rouca e cansada.

— Sim, mas... não constituiria isto como uma segunda


noite?

— Não, porque você terminou me entregando tudo essa


noite. Então estou declarando esta como minha primeira e
única noite de abstinência.

— Obrigada. — Murmurou, agarrando-se a mim. —


Aprecio muito porque nem sequer tenho a intenção de me
mexer.

Beijei seu ombro.

— Bom, porque não tem que fazer. Estou aqui para


cuidar de você.

Quando comecei a massagear ligeiramente seus ombros,


gemeu.

— Oh, Deus. Isso é muito bom. Juro que cada músculo


em meu corpo está dolorido.

— Pobrezinha. — Disse, beijando seu cabelo. — Tirarei


toda a dor te massageando. — E segui esfregando até muito
depois dela ter pegado no sono sobre mim. Enterrei meu
nariz em seu cabelo e a abracei.
Fiquei dormindo, a sustentando e o seguia fazendo
quando tremores começaram a sacudir seu corpo.

— Care? — Murmurei enquanto piscava até despertar —


Caroline? Merda, o que está acontecendo?

— Faz tanto...frio. — Seus dentes batiam e seus ombros


tremiam.

— Sim, bom, está ardendo. — Sentei-me para alcançar


um analgésico da mesinha. — Quando foi a última vez que
tomou isto? — Calculei as horas depois que me disse, e ainda
não era a hora para dar outra dose. Mas disse. — Foda-se. E
orvalhei dois comprimidos em minha palma.

Ajudei-a a se sentar, e ela teve que apoiar-se em mim


para engolir e beber um pouco de água. Quando a fiz tomar
outro gole de água, franziu a testa, mas obedeceu. Suas
bochechas se encontravam vermelhas com febre, e isso me
preocupou.

— O que posso conseguir para você? — Perguntei


quando ela voltou a se deitar e fechou seus olhos.

— Cobertas. — Murmurou.

Então percorri seu quarto em busca de cobertas extras


e, demônios, um par de suéteres foi o único que pude
encontrar. Depois de empilhar sobre ela, me aconcheguei de
novo na cama. Estava quente como o caralho sob os lençóis.
Mas Caroline apreciou meu calor, então a apertei ainda mais
e deixei que tomasse todo o calor que podia dar.
Depois de suar até pelas bolas e escutar sua respiração,
tirei metade das cobertas que me cobriam e deixei pendurar
uma perna para fora enquanto ofegava por ar fresco. Logo
pus uma mão em suas costas e a escutei respirar, esperando
que não piorasse. Fiquei dormindo com uma perna
pendurada de um lado da cama e uma mão em suas costas.

A próxima vez que despertei, estava ensopado de suor. A


febre de Caroline devia ter cessado porque suava sobre mim.
Sentei-me e removi a maior parte dos cobertores. Encontrei
uma toalha e sequei seu corpo o melhor que pude sem
acordá-la.

Terminava de secar sua testa úmida quando ouvi algo


do outro lado do quarto. Meu olhar disparou para encontrar
uma Aspen congelada, com os olhos totalmente abertos,
parada na soleira da porta.

— Sinto muito. — Sussurrou, sustentando suas mãos


se rendendo. — Só vim ver ela e o Brandt. Como ela está?

Não havia nenhuma razão para tentar inventar alguma


desculpa porque eu estava lá já que ela me pegou com as
malditas mãos na massa. Mas a mulher de Gamble não
gritava como louca, então me mantive calmo e simplesmente
respondi a sua pergunta.

—Acredito que sua febre acaba de cessar. Está suando


como uma puta na igreja.

Ela sorriu e assentiu.

— Bem. Isso provavelmente significa que está fora de


seu sistema. Parece que tem tudo controlado, então te
deixarei continuar. Boa noite. — Saiu do quarto, fechando a
porta atrás dela.

Sente-me ali por um segundo, esperando que


despertasse seu marido, assim ele podia chutar meu traseiro,
mas passaram trinta segundos e nada ocorreu. Então um
minuto. A esposa do Gam não ia me delatar.

O alívio me alagou, mas também o fez a tristeza.


Inclusive sua própria esposa sabia que não devia contar
sobre nós. Todos devem saber que ele não tomaria bem a
notícia.

Suspirei e me deitei ao lado de Caroline. Provavelmente


deveria ter ido para casa nesse momento, mas me encontrava
cansado logo depois de ter estado entrando e saindo do sono
tantas vezes durante a noite. Outro par de horas com ela não
me mataria. Além disso, não queria ir.

Passaram-se mais horas. Um amanhecer cinza se filtrou


no quarto enquanto despertava. A sensação de ser observado
incomodava minha consciência, então abri os olhos e quase
sujei minhas calças ao dar de cara com Colton.

— Filho da puta. — Sussurrei, saltando. — Merda, não


faça isso às pessoas. É horripilante.

Ele logo inclinou sua cabeça para um lado.

— O que faz no quarto de Caroline?

— Bom, estava dormindo .— Murmurei irritado. — O


que faz você aqui?
— Tive um pesadelo. Sempre durmo com Caroline
quando tenho pesadelos.

— Está doente, homem. Não pode escolher outra pessoa


e ir assustá-los, no lugar dela?

O pequeno filho da puta obstinado negou com a cabeça.

— Não. Preciso de Caroline.

Me queixei por uns segundos antes de levantar meu


lado do lençol, e suspirei.

— Então se jogue aqui. Mas não a incomode, ela precisa


descansar.

Ele não se moveu quando fiz o gesto. Sacudiu sua


cabeça e apontou para um lugar diferente na cama.

— Quero dormir no meio.

— Jesus Cristo, menino. Esta não é uma festa de


pijamas. Tem sorte permitir que fique.

— E você tem sorte de que não esteja dizendo a Noel que


está aqui.

Olhei para ele com os olhos intimidadores. Ele também


me olhou nos olhos.

Cedi.

— Porra. Deite no meio, pequena merda. Mas faz por


este lado e não desperte a sua irmã.

Sorrindo, foi por meu lado da cama e me deu uma


joelhada no estômago quando subiu em cima de mim para
reclamar seu lugar.
— Caralho. Tome cuidado com seus joelhos ok? Essas
coisas são letais. — Quando se moveu um pouco mais para
se acomodar, ele me acertou de novo, na coluna vertebral
desta vez, e forçou mais perto da borda da cama até eu estar
meio pendurando na maldita coisa. — Será melhor que não
esteja dando cotoveladas em Caroline por lá. — Adverti,
depois na terceira vez que me pegou no centro das costas.

Em resposta, virou para sua irmã e arrastou metade das


cobertas com ele, me deixando com um pequeno quadrado de
coberta sobre meu quadril.

— Confortável? — Perguntei, minha voz carregada de


sarcasmo.

Colton suspirou pacificamente.

— Meu Deus. — Virei meus olhos uma vez que ele disse.
— Ten?

— O que? —murmurei.

— Pode vir mais tarde e jogar bola comigo? Porque quero


jogar bola.

Soltei um suspiro.

— Não acredito. Acaba de me roubar o lugar junto de


Caroline.

— Bom... quer que conte a Noel sobre vocês?

Que demônios?

— Ouça. Já me chantageou para entrar nesta cama e


dormir no meio. Não pode pedir mais.
— Por que não? — Perguntou o pequeno mimado.
Merda, nem sequer tinha uma resposta para isso.

— Por que você, pequeno ambicioso...

Colton inalou como se fosse gritar por Gamble nesse


mesmo instante. Grunhi e pus minha mão sobre sua boca.

— Está bem. Virei mais tarde e jogarei bola contigo. Que


seja.

Seu sorriso foi instantâneo.

— Obrigado. — Disse, todo doce, assim que removi


minha mão de sua boca.

— Bom. — Disse Caroline, suas costas ainda para nós e


sua voz carregada de sono. — Agora, podemos todos voltar a
dormir? Por favor?

Merda, a acordamos.

— Caroline. — Colton começou a aplaudir, com bom


humor. – Está acordada?

Ela soou totalmente desgastada quando respondeu.

— Foi um pouco difícil dormir enquanto vocês dois


discutiam.

Estiquei a mão através de Colton, me assegurando de


ter posto minha axila bem em sua cara, assim poderia
esfregar o ombro de Caroline.

— Como está se sentindo?


— Muito melhor, deixando de lado o fato de que minha
cama se converteu na Grande Estação Central. Sério, como é
que todos encaixamos em meu colchão de tamanho normal?

— Não faço ideia. — Disse. — Mas irei para que possa


ter mais espaço. Devo ir, de toda maneira.

Enquanto deslizava para fora da cama, me encontrei


com o olhar do menino. Sorriu com tanta suficiência que tive
que articular, "Filho da puta", ao que ele respondeu:
"Imbecil".

Demônios, o converti em um boca suja. Isso não podia


ser bom.

Depois de me pôr minha roupa, fui para o lado de


Caroline e me ajoelhei perto dela, tocando seu cabelo. Seus
olhos se abriram lentamente.

— Te ligarei logo, tudo bem?

Quando assentiu, toquei sua boca com a minha


gentilmente.

—Fique calma. Te verei quando vier pagar a chantagem


com o Pestilento.

— Tenho que trabalhar esta noite.

Franzi a testa.

— Possivelmente deveria ter o dia livre para se


recuperar. Essa intoxicação alimentar te chutou o traseiro,
baby.

Seus lábios se alargaram quando seu sorriso cresceu.


— Te ver preocupado por mim é sexy.

Com um suspiro melancólico, acariciei o seu cabelo um


pouco mais.

— Se apenas me aproveitasse de garotas doentes.

— Esse hematoma ao redor de seu olho também é sexy.

Me aproximando até que meu nariz tocou a dela, sorri.

— Então o manterei perpetuamente azul e preto, só para


você.

— Já vão dar o beijo de despedida ou não? — Se


queixou Colton. — Quero voltar a dormir agora.

— Já o fizemos, catarrento. — Dei uma cotovelada na


parte traseira de sua cabeça. — Agora deixa de ser curioso e
me permita me despedir de forma adequada.

Ele bufou e Caroline e eu sorrimos um ao outro.

—Não quero ir. — Admiti em um sussurro.

— Eu também não quero que vá. — Estendeu a mão e


tocou minha mandíbula. Mas seus olhos começaram a ficar
sonolentos.

— Durma um pouco. — Disse e beijei seu cabelo.

Seus olhos já se encontravam fechados no momento em


que me afastei.

— Bom. — Murmurou.

— Está bem. — Respondi enquanto saía. —Eu te amo.

— Eu também. — Disse, arrastando as palavras.


Permaneci lá por um momento, observando ela e seu
irmão aconchegados e dormindo pacificamente um contra o
outro. Dei uma olhada para a janela mas soube que não
podia ir dessa forma, já que ninguém a fecharia atrás de
mim, assim contive minha respiração e caminhei nas pontas
dos pés para a porta. Apareci no corredor enquanto a abria.
Ainda se encontrava bastante escuro, então caminhei dentro
das sombras e me lancei para a abertura que conduzia a
cozinha. Quase esperava encontrar Gamble lá, sentado na
mesa e bebendo café, esperando por mim, mas a cozinha
estava vazia. Escapei pela porta dos fundos e caminhei
rapidamente até minha caminhonete.

Depois de chegar em casa, me arrastei até minha


própria cama, mas não pude dormir. Tudo parecia mal sem
Caroline a meu lado. Dava voltas quando me ocorreu um
pensamento repentino.

—Merda. —Levantei de um salto, com os olhos bem


abertos.

Disse que a amava. Nem sequer me passou pela cabeça


o que me encontrava dizendo quando disse. Saiu tão natural
como respirar.

Nunca disse isso para nenhuma mulher, além de minha


mãe e minha irmã.

Não tenho nem ideia de por que me aterrorizava tanto a


ideia. Sabia que a amava por um tempo, mas mesmo assim,
não tinha que ir por aí dizendo essa merda impulsivamente a
todo mundo.
Talvez ela não tenha escutado já que estava meio
dormindo e me murmurou sua resposta como se tivesse
falando com seu irmão, ou algo assim.

Um segundo, merda. Também disse que me amava. Me


perguntei se ela lembraria disso.

Deus, todo este pensamento começava a me dar dor de


cabeça. Me arrastei fora da cama e corri para o restaurante
de comida rápida mais próximo. Logo depois de comprar
suficiente comida para mim e meus companheiros de casa,
corri para meu apartamento. Zwinn ficaram surpresos por
minha generosidade quando despertaram, mas comeram e
passaram o momento comigo, me distraindo dos
pensamentos formando redemoinhos em minha cabeça.
Depois foram fazer suas coisas, e eu perambulei inquieto pela
casa a maior parte do dia. Enviei uns quantos currículos e
tentei ver um pouco de televisão. Recebi uma chamada de um
dos lugares dos quais enviei eletronicamente um mas na
maior parte do tempo, só observei o relógio.

Passei um tempo enviando mensagens de texto para


minha mulher e paquerando com ela, que acatou o meu
conselho e ligou para o trabalho para dizer que estava doente.
Ela não mencionou nada sobre a palavra com "A” que eu
deixei cair umas horas antes, assim assumi que não
lembrava. Precisando vê-la de todo modo, me apresentei em
sua casa a tarde bem depois que soube que já comeram.
TEN

A mulher de Gamble abriu a porta.

—Ten. — Disse, surpresa. — Uh, Noel não está aqui esta


tarde. Está trabalhando...

— Sei. —Virando os olhos, murmurei. —Me encontro


aqui pelo menino. O pequeno.

Suas sobrancelhas se elevaram.

— Colton?

— Sim. Esse. Quer jogar... — Suspirei pesadamente. —


...bola.

— De... acordo. — Abrindo a porta ficou de lado. —


Então entre... suponho. Irei buscá-lo.

Entrei e ela desapareceu da sala para encontrar o


menino. Colocando minhas mãos nos bolsos, olhei o quarto
de frente enquanto esperava.

— Levou tempo suficiente para vir. — Sussurrou uma


voz. Virei-me para achar Caroline usando uma camiseta
folgada e calças esportivas, coxeando para mim. Parecia
cansada e tinha olheiras, mas continuava bonita. Nem sequer
posso descrever como me sentia por saber que se encontrava
o suficientemente perto para que pudesse tocá-la.
Meus dedos formigaram quando fizeram contato com
sua bochecha.

— O que faz fora da cama? Como se sente?

Recostou-se contra mim e me deu um quente abraço.

—Meu estômago segue me dando ferroadas, mas me


sinto um milhão de vezes melhor que ontem à noite. Seu olho
preto está muito escuro. Encontra-se bem?

Na verdade, tinha uma pequena dor de cabeça, mas


disse.

— Estou bem. Nunca adivinhará quem me ligou hoje.

Levanto o rosto. Sombras encheram seus olhos.

— Não sei. Uma ex-namorada?

— O que? Não. — Baixei a voz e me aproximei. — Lake


Tahoe.

Seus olhos se ampliaram.

— Oh, uau. Conseguiu uma entrevista com eles?

Assentindo, soltei o fôlego.

— Queria dizer isso pessoalmente. — Ela se inclinou e


me beijou na bochecha. — Isso é fantástico. Parabéns. —
Observava seu rosto de perto, por isso juro que vi um pouco
de medo cruzar seus olhos. Ou talvez só imaginei.

— Está feliz? — Perguntou.

Bufei.
— Mais como cagado de medo. — Dei um passo mais
perto dela até que pude sentir seu aroma. Quase disse que
não iria se não quisesse, mas Colton entrou correndo na sala.

— Ten! Realmente veio.

Me afastando de Caroline, juntei meus calcanhares para


poder dar uma saudação à pequena merda.

— Me reportando para cumprir a chantagem como


requereu, senhor.

Riu e logo agarrou minha mão para me arrastar da sala


de estar, longe de Caroline. Olhei para ela, com um gesto
sombrio de despedida.

Sorriu e revirou seus olhos, mas me soprou um beijo.

A bola de futebol que o menino encontrou estava


murcha, então passamos uns bons vinte minutos pegando
uma bomba e enchendo-a de novo. Também estava cheia de
pó.

— Bom, merda. Acho que não joga muito bola com seu
irmão mais velho, né?

Colton abaixou o rosto diante a menção de Gam.

— Está muito ocupado. — Murmurou.

— Sim? — Não acreditava. Sua família significava tudo


para Gam. Não importava como ocupado estivesse, se
soubesse que seu irmãozinho queria jogar bola, teria jogado
com ele. — Alguma vez pediu?

Sacudiu a cabeça, ainda olhando para o chão.


— Bom, deveria, sabe. Ele me ensinou a fazer isto. — O
menino levantou o olhar a tempo para me ver fazer girar a
bola sobre meu dedo indicador.

Seus olhos se iluminaram.

— Incrível.

— Eu sei, certo? — Lancei a bola ao ar e apanhei com


uma mão atrás de minhas costas. — Vai para lá e se prepare
para apanhar isto. — Depois que seguiu minhas instruções,
eu disse. — Quer saber quão assombroso era Noel com uma
bola de futebol? — Lancei a bola em sua direção.

Ele se esticou, mas foi capaz de apanhar a bola contra


seu peito.

— Quanto? — Perguntou e voltava a jogar.

Apanhei a bola no ar antes que se estrelasse em meu


joelho.

—Era tão incrível que podia lançar a bola trinta e sete


metros enquanto fugia de uma multidão de jogadores que
vinham em cima, com temperatura abaixo de zero e com
cinco segundos restantes no relógio enquanto nos
encontrávamos três pontos abaixo, e mesmo assim as
arrumou para que ganhássemos a partida.

Continuei o surpreendendo com os grandes momentos


universitários de Gam no campo. E ele começou a melhorar
seu lançamento e sua apanhada enquanto escutava,
inclusive fez mais perguntas, aumentando sua curiosidade
sobre seu irmão mais velho.
O crepúsculo começava a cair quando alguém mais se
uniu a nós, caminhando por um lado da casa no pátio dos
fundos e levantando a mão para nos saudar.

Franzi o cenho, perguntando quem diabos era este


presunçoso de merda.

— Posso te ajudar? — Perguntei, suspeitando


imediatamente.

Quando Colton se virou e o viu rondando pela borda do


pátio, o reconhecimento iluminou o rosto do cara. Deu um
passo para Colton.

— Olá, amiguinho. Lembra de mim?

Em vez de responder, o menino se grudou em mim.


Agarrei-o pelo ombro, o pus contra mim protetoramente e
coloquei minha mão em sua cabeça para tranquilizá-lo.
Instantaneamente sem gostar de como este idiota o
incomodou, disse.

— Sabe que tem nove, né? Não dois. — Mas é sério,


quem falava com um menino de nove anos dessa maneira,
com voz de bebê e inclusive tentando se agachar a sua
altura? O filho da puta era suspeito, se me perguntasse.

O estranho me deu um olhar irritado antes de


perguntar.

— É Noel?

Bufei.

— Me pareço como um fodido Gamble para você?

Encolheu os ombros.
— Como se soubesse. Nenhum de vocês tem o mesmo
pai, não é verdade?

Sim, realmente eu não gostava deste pedaço de merda.


Simplesmente havia algo sobre sua atitude afetada e
arrogante e sua roupa do Abercrombie e Fitch que me
chateava.

Foi então quando a porta traseira se abriu e Brandt


saiu.

—Ouçam, escutei que jogavam... — Sua voz se


desvaneceu quando viu o visitante. — Você! — Grunhiu
enquanto fazia um punho com sua mão e se dirigia para
frente. — Te devo um olho roxo pelo que me deu, idiota.

Rapidamente agarrei seu braço enquanto avançava.

— Espera, espera, espera. — Repreendi brandamente. —


Ninguém dará nenhum murro até que saiba o que esta
acontecendo. Agora alguém diga rápido. — Estralei meus
dedos. — E já.

— É Sander Scotini. — Disse Brandt.

Minha boca se abriu, mas não saíram palavras. Me virei


para olhar para o menino que fodeu a vida de Caroline.
Queria rir. Este pequeno mequetrefe débil era Sander
Scotini? E logo depois de repente quis pegar ele.

—Oh, é ele? — Murmurei.

Quando Brandt tentou se mover novamente para ele,


bloqueei mais uma vez, para assim poder enfrentar eu
mesmo com o bom Sander.
— Por que não deixa que eu me encarregue disto? —
Quando me encontrei com o olhar do filho da puta, sorri
amplamente e dei um assentimento com o queixo. — Olá.

Sabia que minha saudação quase coquete o


desconcertou. porque franziu o cenho, de forma desconfiada e
deu um passo atrás.

Bem. Eu gostei de inquietá-lo.

— O que te traz por aqui, Sander? — Perguntei,


caminhando casualmente por seu lado. —Um pouco longe de
casa não?

Olhou nervosamente para a casa, mas deve ter sabido


que não iria a nenhuma parte perto dela até que passasse por
mim. Com um suspiro, arranhou a nuca.

— Preciso falar com Caroline.

Sacudi a cabeça e franzi a boca como se estivesse


pensando. Logo disse.

— Não, na verdade não precisa.

O idiota inchou seu peito, os vinte centímetros que tinha


deste e elevou essa afetada sobrancelha.

— Vim até aqui para falar com ela, e assim o farei. Eu


gostaria de vê-lo tentar me deter.

Ah, que comece o jogo, cadela.

— Com muito prazer.

Agarrei a parte da frente de sua camisa de poliéster cor


de rosa, sim, rosa, e o empurrei até que golpeei suas costas
contra um lado da casa. Imobilizei-o com meu antebraço em
sua traqueia e levantei as sobrancelhas com desafio. O
barulho que saiu de sua garganta enquanto lutava
inutilmente era música para meus ouvidos. Entretanto, deve
ter assustado Colton, porque gritou de medo e correu para a
porta dos fundos da casa.

Brandt, por outra parte, saltava e seus olhos se


iluminaram de prazer antes de murmurar um som surpreso.

— Legal.

Eu me inclinei mais perto do filho da puta, que


obviamente tinha problemas de audição, para que escutasse
cada palavra que tinha para dizer.

— Agora, isto é o que vai fazer, Sandy. Vai sair deste


pátio, se arrastar de novo para o buraco de onde veio, e
nunca vai voltar a entrar em contato com Caroline. Capiche?

Antes de que pudesse se afogar com sua resposta, a


porta se abriu. Maldição.

Testemunhas presenciais.

— Que demônios...—começou a dizer uma Caroline


surpresa enquanto Aspen enchia o espaço da entrada atrás
dela.

Mas a cortei com um grunhido.

— Volta para dentro. —Talvez muito severamente.

E sim, foi completamente a maneira equivocada de


dizer. Suas sobrancelhas se elevaram com fúria. Saiu ao
pátio com as mãos nos quadris.
— O que acaba de me dizer?

— Care... — Comecei a dizer, mas o pequeno filho da


puta agitou seus braços, chamando sua atenção.

— Caroline... Ajuda. — E ela parou e piscou para o tipo


que sustentava pela garganta.

— Sander?

Quando ele abriu a boca, voltei a empurrar rudemente


contra a parede.

— Não te permiti falar. Não tem permissão para olhar


para ela.

— Que demônios está acontecendo? — Exigiu.

— Quem é este menino? — Balbuciou Sander, tratando


de me empurrar. — É seu irmão?

—Ouça! — Agarrei um punhado de seu cabelo e golpeei


a parte de atrás de sua cabeça contra o revestimento de vinil.
— Não acabo de dizer que não fale com ela?

Caroline suspirou e cruzou os braços sobre seu peito.

— Oren, sério. Deixe-o ir.

Bufei.

— Claro, como se isso fosse acontecer.

Ela levantou suas mãos como se pensasse que meu


rechaço a seu pedido fosse ridículo.

— E por que não?

— Porque de verdade eu gosto de sujeitá-lo a esta


parede. Porque ainda não posso superar o fato de que este
patético filho da puta teve seu pau feio, enrugado e pequeno
dentro de você. De fato, me incomoda muito e só quero
agarrar seu cabelo gordurento e asqueroso com as duas
mãos. — Para demonstrar, soltei sua garganta para poder
agarrar dois punhados do cabelo do Scotini. — E só quero
chutá-lo... bem nas bolas.

Sem poder evitar, subi meu joelho e o sustentei com


força entre suas pernas. Scotini grunhiu e se dobrou.

— Oren! — Caroline avançou com os olhos abertos em


surpresa.

— OOh! — Gritou Brandt com assombro, antes de cobrir


a boca com a mão e começar a rir.— Impressionante.

Deixei o idiota ir e levantei minhas mãos enquanto me


afastava dele em um intento de renunciar a toda
culpabilidade por machucá-lo. Ele caiu sobre seu lado,
sustentando sua virilha.

Caroline se deteve a meu lado e fez uma careta para


Sander.

—Sério tinha que fazer isso?

Assenti.

— Sim, sério tinha que fazer. Agora me sinto melhor.


Obrigado por perguntar. — Fiz um gesto para Scotini.— Quer
fazer?

Estudou um momento, olhando pensativamente antes


de assentir e dar um passo adiante.

— De acordo.
Sorri impressionado, mas Scotini grunhiu, fazendo que
parasse e mudasse de ideia.

Bufei.

— É um pouco frágil não?

— Sem dúvida não tem jeito de jogador de futebol. —


Concordou,me olhando de lado.

Dei um sorriso satisfeito.

— Então seu tipo são os jogadores de futebol, verdade?

— Caroline. — Ofegou Sander do chão. Uma clara


petição de ajuda em sua voz.

Suspirei e agarrei sua camisa antes de o colocar de pé.


Logo deslizei meus braços a seu redor e fiz uma chave na
cabeça atrás antes de virar ele para Caroline.

— De acordo, querida. — Disse. —É todo seu.

Mas em vez de dar um golpe físico, ela se encolheu e


retrocedeu, movendo-se incomodamente enquanto seu
queixoso ex tratava de desabar-se contra mim porque tinha
muita dor. Dei uma joelhada no traseiro para que não me
tocasse muito.

— Sander, o que faz aqui? — Perguntou finalmente


Caroline com voz cansada.

— Meus pais me repudiaram. — Fez uma pausa para


tossir e ofegar através da dor.

— De verdade? — Minha mulher arqueou uma


sobrancelha, aparentemente não muito interessada. — Sinto
muito ouvir isso. — Sorri, porque não parecia lamentar nada.
— Mas por que veio até aqui para me dizer isso?

— Sobrou... algo desses... vinte mil... que deram para


você?

Cuspi.

— Espera, disse vinte... Merda. —Olhei para ela. —


Disse vinte mil? Vinte mil dólares? —Quando me olhou,
empurrei o filho da puta.

— Ei, menino bonito, quer me fecundar?

— Que diabos? — Ele lutou contra mim um pouco mais,


mas sim, seus intentos para escapar eram ridículos. — O que
é isto? Deliverance?

Sorrindo, murmurei em seu ouvido.

— Já sei que pode chiar como um porco.

— Certo, antes de mais nada. — Interrompeu Caroline


quando Scotini gemeu. Apontou para mim e esboçou um
sorriso. — Uau. Disse essa linha do Deliverance5
perfeitamente.

Sorri, me pavoneando alegremente.

— Eu sei, obrigado.

— E em segundo lugar... — Seu sorriso se converteu em


uma careta enquanto se concentrava em seu ex-Sander, Oh
meu Deus, acabava de urinar nas calças?

5
Aqui no Brasil o nome do filme é Amargo Pesadelo.
— O que? Merda! — Saltei, me afastando dele, soltando
imediatamente a chave. Quando vi uma mancha úmida
estendida pela frente de suas calças, estremeci com repulsa.
Limpei minhas mãos em minhas calças, me sentia poluído. —
Ah, que nojo, cara. Sério?

Entretanto, Brandt parecia pensar que era hilariante.


Enquanto Scotini caía de joelhos e embalava seu pênis úmido
e ferido, o menino apontou para ele e zombou.

— Meu Deus, isto é divertidíssimo. Não posso acreditar


que chutou os ovos dele, Ten.

— Preste Atenção. — Apontei com um olhar sério. —


Quando alguém machuca a sua irmã, também o machuca
onde achar que será mais doloroso.

— Sander, para. — Ordenou Caroline, soando muito


brava. — Não posso acreditar que pensasse que tinha algo
desse dinheiro. Quero dizer, olá, olhe a seu redor. Acha que
esta casa é grátis? Acha que é barato cuidar de três irmãos?
Passou um ano. O dinheiro acabou faz tempo.

—De toda forma, não teria te dado nada. — Senti a


necessidade de acrescentar.

— Merda. — Vaiou Sander bem quando a porta traseira


voltou a abrir Noel apareceu.

Me senti tão feliz em vê-lo que quase ri.

—Olá, querido! — Chamei alegremente. — Chegou cedo


em casa. E nem sequer cheguei a pôr o laço no presente que
tenho para você.
Scotini olhou de Noel para mim e logo deu um olhar
escandalizado para Caroline.

— O que? Seu irmão é gay?

Sério? Também me virei para ela, e com o mesmo tom,


disse.

— Cara, você é estúpido?

Ela só suspirou e parecia um pouco envergonhada por


ter tido algo a ver com um estúpido descerebrado.

—Ten? — Noel se aproximou, franzindo o cenho. — Que


demônios está fazendo? Aspen me chamou no trabalho, me
dizendo que bateu num estranho em nosso quintal. Assim
vim para casa para encontrar isto. Quem é este menino?

Não pude evitar sorrir.

— Bom, por que não te apresento, amigo? Este aqui é


Sander Scotini.

Noel saiu da comoção e olhou para Scotini antes de que


um pequeno sorriso iluminasse seu rosto.

— De verdade é ele?

Assenti.

— E Sandy. — Disse, tomando à pequena merda do


chão, pelo cabelo. — Conheça o super protetor e homicida
irmão mais velho de Caroline, Noel Gamble.

A porta traseira se abriu de novo.


—Noel? — Disse Aspen, olhando preocupada enquanto
Noel fazia ranger seus nódulos e dava um passo ameaçador
para Scotini.— Está tudo bem? Devo chamar à polícia?

— Quem é ela? — Perguntou Scotini.

— É minha esposa. — Disse Noel. — Nem sequer a olhe.


—Logo disse sobre seu ombro. — Não, baby. Temos tudo sob
controle.

Scotini me olhou.

— Se ele é Noel, então quem é você?

— Sou Ten.

Piscou, honestamente avoado.

— Dez o que?

— Estou a dez segundos de tirar seus pais de sua


miséria por ter um idiota como filho. Jesus.

— Espera, urinou-se em suas calças? — Perguntou


Noel, de repente dando um passo cauteloso para trás.

Levantei minhas mãos, orgulhoso de mim mesmo.

— É obvio que urinou em suas calças. Sou um maldito


filho da puta. Sou muito intimidante.

Noel sacudiu a cabeça e parecia decepcionado.

— Demônios. Agora não posso bater nele.

— Eu posso fazer isso? — Perguntei.

—OOh. —Brandt saltou ansiosamente. — Também


quero pegá-lo. — Noel suspirou e pôs as mãos em seus
quadris enquanto observava o patético desastre que era
Sander Scotini. — Que diabos faz aqui?

— Acho que mami e papi finalmente se cansaram de sua


merda, e cortaram seu fornecimento de dinheiro, então ele
veio se arrastando para Caroline para pedir um pouco de seu
muito secreto pagamento.

— Demônios, não. — Murmurou. — Não vai obter um


centavo, maldito retardado. E se quiser viver para poder
respirar mais uma vez, sumirá daqui neste momento e nunca
mais voltará. De fato, se tentar entrar em contato com ela
outra vez, morre. Entendeu?

Quando Scotini não respondeu em dois segundos,


exceto para olhar suplicantemente para Caroline, Noel
grunhiu.

— Inferno, olhou para ela. Brandt, vá lá dentro e traga


minha arma.

— Merda! — Gritou Scotini, levantando suas mãos e


retrocedendo. — Maldição. Não atire. Sinto muito. Sinto
muito. Nunca voltarei de novo. Nunca voltarei a falar com ela.
Juro por Deus.

—Então suma! — Gritou Noel.

Scotini se virou e meio que cambaleou, meio que correu


pelo pátio.

Depois que se foi, Brandt levantou o olhar para Noel.

— Não sabia que tinha uma arma.

Gam encolheu de ombros.


— Não tenho.

Todos nós rimos disso. Quando não pude suportar mais


tempo, deixei que minha atenção se concentrasse em
Caroline. Parecia estar bem depois de tudo o que acabava de
passar, mas mesmo assim, odiava o fato de não me poder me
aproximar.

Como se sentisse meu olhar sobre ela, suspirou e elevou


os olhos.

— Quanto sobrou desse dinheiro? — Perguntei,


precisando de uma desculpa para falar com ela.

Seu sorriso intrigante era encantador.

—Hum... uns quinze mil dólares.

Minha boca se abriu.

— Merda. — Então sorri e sacudi a cabeça. — Excelente.


— Estendi minha mão para que chocássemos os punhos.
Queria agarrá-la e beijá-la quando ela pressionou seus
nódulos contra os meus. Mas sim... Gamble se encontrava
bem ali.

— Por que vocês dois não entram? — Ordenou ao


Brandt e a Caroline, empurrando-os para a porta como se
fossem uma manada de gado. — Tenho que voltar ao
trabalho. Deixei Quinn sozinho no bar.

Caroline me enviou um último olhar, mas finalmente


assentiu e seguiu seu irmão para dentro da casa.

Eu a vi indo ao mesmo tempo que senti o mau


pressentimento de que Gamble ia começar a falar, logo que a
porta se fechasse deixando só nós dois sozinhos aqui.
Assustava-me que tivesse visto algo na forma em que a olhei
ou que se deu conta do que sentia por ela pelo modo em que
tratei Scotini, então inalei e o enfrentei, preparado para um
murro no estômago, ou na cara, ou, esperava —por Deus que
não — nas bolas.

Ao invés disso, estendeu a mão.

— Homem... — Depois de seu próprio suspiro,


acrescentou. — Obrigado.

— Obrigado? — Repeti estupidamente.

— Sim. Obrigado por estar aqui para minha família


quando eu não pude. É um verdadeiro amigo.

Fiquei olhando sua mão, me sentindo tão mal e falso


que logo que pude tomar uma baforada de ar. Quando depois
de cinco segundos não sacudi sua mão, franziu o cenho.

— O que?

Neguei com a cabeça.

— Nada. — Depois de agarrar e sacudir sua mão, me


afastei. — Mas não fiz nada.— Finalmente adicionei.

— Sim, fez. O impediu de entrar em nossa casa.


Manteve-o afastado de Caroline e o segurou aqui até que
pude me apresentar.

Com um encolhimento de ombros, afastei o olhar. Sim,


fiz tudo isso. Mas não o fiz por ele. Nem sequer pensei nele.

Golpeou-me como uma bola de demolição no peito que


já não valorizava minha relação com ele mais do que
valorizava minha relação com Caroline. Para mim, ele não era
mais importante que ela. Se eu perdesse minha amizade com
Gamble depois disto, poderia sobreviver. Se a perdesse,
ficaria destruído.

Que ele descobrisse já não era o que mais me assustava.


Então abri a boca, a ponto de dizer: Estou apaixonado por
sua irmã, quando ele deixou escapar um suspiro.

— Sabe o que mais me incomodou de tudo o que ele fez?

Sacudi a cabeça.

— O que?

— O fato de que a escondesse como um maldito segredo.


Seu primeiro namorado e provavelmente nem sequer permitia
falar com ele em público, ou merda, nem ao menos segurar
sua mão.

Minha mente retornou ao momento em que segurei sua


mão pela primeira vez antes de apresentá-la aos meus pais.
Estava tão nervosa e sabia que ele tinha razão. A culpa se
apoderou de mim. Ela ainda seguia sem poder segurar a mão
do seu homem em público.

— Provavelmente nunca esteve em um encontro real. Ou


fez as coisas da forma correta.

Fechei os olhos. Não, nunca a levou a um encontro.


Merda.

Noel me deu uma palmada no ombro, me


sobressaltando. Meus olhos se abriram.
— O que está fazendo aqui? — Perguntou, me olhando
de maneira estranha.

— Eu, uh... — Minha mente dava voltas. De repente não


podia lembrar porque estava aqui. O único que via era o rosto
de Caroline durante todas as noites que a peguei na calçada
a uma quadra de sua casa. Sempre parecia feliz de me ver,
mas tinha que ter uma parte dela que se sentia
decepcionada, rechaçada. Acreditava que a considerava uma
espécie de segredo sujo?

—Ten? — Gamble agitou a mão diante do meu rosto.

Pisquei.

— Sinto muito. Estava... estava jogando bola com


Colton. Ele queria que passasse por aqui.

— Oh. — Os ombros de Gamble desabaram e suas


sobrancelhas baixaram. — Não sabia que gostava disso.
Nunca me pediu para jogar bola com ele.

— Isso é porque ainda o assusta. — Encolhi os ombros.


— Me vê como um irmão mais velho divertido.

— Mas eu sou seu irmão mais velho.

Com um suspiro, dei uns tapinhas no ombro dele.

— Mas teve que lutar com coisas de merda e também


ser seu pai. Ele não teve uma grande história com os pais,
então... naturalmente, vai estar cauteloso por um tempo.

Quando o rosto de Gam se encheu de dor, golpeei seu


ombro de novo, desta vez um pouco mais forte.
— Não se preocupe, homem. Já está começando a
encontrar a razão. Enquanto lançávamos a bola, falei de seus
incríveis reflexos no futebol e parecia muito impressionado.

Seus lábios se curvaram para cima, e a esperança


entrou em seu olhar.

— Sério?

Soltei um suspiro.

— Lógico, quem não estaria? Só dê um pouco mais de


tempo para ele. De acordo? Vai terminar se adaptando a você.

Ele assentiu, mas teve que acrescentar.

— Aceitou Aspen quase imediatamente.

— Provavelmente porque é muito mais bonita que você.


— Desta vez, sua boca cedeu a um sorriso completo.

— Tem razão.

Com um murro no ombro, o afastei.

— Agora, volta para o trabalho, imbecil. Sua família está


sã e salva lá dentro. Não tem nada do que se preocupar. —
Exceto talvez com um melhor amigo idiota que nas suas
costas está profanando por completo a sua irmãzinha.

Caralho, eu era pior que Sander Scotini, não?

Com um movimento de cabeça, murmurou.

— Obrigado, homem. — E se afastou.

Observei-o ir, me sentindo de novo como uma merda.


Bom, temia perder Caroline mais que a ele, mas maldição...
preferiria não perder nenhum deles antes que isto estivesse
dito e feito. Gamble era meu melhor amigo. E Caroline, meu
coração e minha alma.

Mas eu não via como poderia manter os dois.


CAROLINE

Oren não entrou em contato comigo depois da visita de


Sander. Eu esperava uma mensagem, uma ligação, algo essa
noite.

Estou certa de que ele tinha muito que queria dizer,


como "Que demônios viu nesse imbecil?" Ou "Maldição, por
favor, me diga que sou melhor na cama, ou que sou melhor
dotado que ele".

Algo! Mas, não. Ele não me contatou.

Não sabia com segurança o que isso significava. Queria


falar com ele, morria por dizer que vê-lo brigar com Sander foi
sexy. Lembrou um grande leão passeando, ou uma pantera,
um desses enormes gatos selvagens que não só golpeava a
sua presa, mas brincava com ela primeiro, separando
membro por membro. Não tinha ideia de porque pensei que
era quente, mas o fiz.

Mas agora queria saber se sentia tão aborrecido por


minha escolha passada de namorado, que ia terminar
comigo, ou o que. Por que não falava comigo? Enviei
múltiplas mensagens de texto e continuava sem resposta.

Quando finalmente me enviou uma mensagem, quinze


horas depois de brigar com Sander em meu quintal, estava
muito assustada para ler. E se dizia algo como: Precisamos
conversar?

Não queria ter uma dessas conversas. Ainda não


terminei com ele.

Mas pus minha calcinha de garota grande, ou ao menos


minha calcinha de garota universitária, e abri um olho para
ler. Quando vi que dizia: Vamos sair hoje, abri o outro olho.

— Hein? — Em lugar de responder à mensagem, disquei


seu número. — De que demônios está falando? — Perguntei
logo que respondeu.

— O que quer dizer? Não era uma pergunta complexa.


Quer sair ou não?

— A que se refere sair?

— Sair. — Repetiu, soando assustado. — Como... Sair


em público. Simplesmente... sair.

— Mas... o que... não podemos sair.

— Por que não?

— Porque não! — Balbuciei. — O que acontece se


alguém nos vê e conta para Noel? Diabos, o que acontece se
Noel nos vê?

— Juro, Noel é a única pessoa na terra que não sabe a


respeito de nós e estou começando a me perguntar porque
não sabe.

Minha boca se abriu. Acabava de dizer o que acreditei


que disse?
— O que está dizendo? Quer contar a ele.

— Bom, com o tempo, sim.

— Mas quer contar agora?

Suspirou antes de responder. E logo disse.

— Digamos que estou preparado para dizer a ele sempre


que você o esteja.

Oh, Meu Deus. Meu estômago se revolveu com nervos


repentinos. Imaginei Noel golpeando Oren na cara sem parar
até que meu namorado parasse no hospital. O medo se
aferrou a minha garganta, e minha mãos passaram de
suadas a frias pelo pânico.

—Então está preparado para dizer a ele?

— Não. — Disse seriamente. — Só estarei preparado


quando você estiver. — Neguei com a cabeça.

— Essa não é uma resposta.

— Bom, supere, porque é a única resposta que vou dar.

— Bom, vá merda. Eu não gosto de ser posta na posição


onde sou a que toma esta decisão.

— Bom, eu não gosto desta conversa e ponto. Não te


chamei para brigar. Simplesmente quero passar o dia com
você porque não pude te ver toda a noite. Estou irritado e
ciumento depois de conhecer esse imbecil que estava
acostumada a sair, me preocupando como louco de que esteja
duvidando de sua relação comigo depois de vê-lo de novo, e
só quero passar o maldito dia contigo. De acordo?
Ele estava com diarreia verbal ou algo assim porque
começou a vomitar as palavras até que teve minha cabeça
dando voltas.

Finalmente levantei a mão e disse.

— Espera. Por que sequer pensaria que duvidaria de


nossa relação depois de vê-lo?

— Não sei. — Murmurou. — Foi seu primeiro amor, ou o


que seja. As garotas ficam sentimentais e essa merda toda
quando se trata de seu primeiro amor, não é?

Bom, sim. Sim, fazíamos.

— Mas Sander não foi meu primeiro amor. Foi só um...


menino estúpido que sorriu para uma garota solitária e
vulnerável, faminta por um pouco de atenção. Era um imbecil
e o deixei me usar. A única coisa que sinto por esse idiota é
uma enorme satisfação de que chutasse sua merda por mim.

— Sério?

Sorri e virei meus olhos. Me deixou totalmente aturdida


que este arrogante e incrédulo Oren Tenning atuasse tão
inseguro. Mas então, lembrei que era a primeira vez que se
atrevia a se abrir a qualquer pessoa e tentar uma relação
depois da morte de sua irmã, desde que estúpida destroçou
seu ego. Pensando dessa maneira, sentiu que tivesse algumas
dúvidas.

— Sim, sério. — Murmurei. — E sim, eu adoraria passar


o dia fora, com você. — Se Noel nos descobrir, suponho que
só era uma possibilidade que me sentia disposta a tomar
para demonstrar a Oren que definitivamente não tinha
nenhum tipo de dúvidas. Porque ele era meu primeiro amor.

— Genial. — Murmurou como se tentasse reconstruir


suas dúvidas e voltar a ser o incrédulo Oren. — Tenho o lugar
perfeito para te levar. Há um parque uma hora daqui, perto
de minha cidade natal. É muito agradável e deveria ser o
bastante longe para que seu irmão não nos surpreenda. Está
junto a um rio e há um carnaval e pequenos quiosques de
comida e...

— Se refere ao Parque Rainly?

— Já ouviu sobre ele? — A decepção encheu sua voz.

— Sim, claro. Noel nos levou lá um par de vezes para os


passeios familiares.

— Esse filho da puta! — Explodiu.— Eu o levei lá


primeiro. Como se atreveu a te levar lá antes de que eu
pudesse?

Sorri.

— Se te faz sentir melhor, com certeza que irei gostar


muito mais com você lá.

— Tem toda a maldita razão.

Ri e finalmente riu junto comigo.

— Te pego em uma hora em nosso lugar? — Perguntou.


O prazer floresceu em meu peito.

— Parece bom. Te verei então.

— Sim, fará. Te ligo logo, baby.


Oren primeiro me levou para conseguir broas de milho “
porque estava morrendo de fome” e enquanto comia três
contra a minha respeitável broa (bom, está bem, roubei a
metade da sua última broa de milho), passeávamos ao redor
das barracas de artesanato, observando alguns artistas
pintando ao ar livre antes de encontrar um local de vídeos
antigos.

Depois de olhar uma pilha de velhos DVDs e fitas VHS,


encontrei uma versão readaptada do Child of Glass da Disney
e quase fiz xixi em cima.

— Oh, Meu Deus, estive procurando este filme por toda


parte.

Olhando a capa, Oren riu.

— Essa menina com os óculos é surpreendente, posso


ver porque molhava sua calcinha.

Bati no seu braço.

— Cale a boca. É um filme dos anos setenta. Todo


mundo tinha um péssimo sentido de moda nessa época.

— Sim, posso notar. Sério, se alguma vez usar uma


camiseta assim, atire em mim e me tire da minha miséria,
por favor.

— Foi a trama da história o que me encantou, não o que


vestiam.
— Do que se trata? — Oren tirou o DVD de minha mão e
virou para ver a parte de trás.

Franzi o cenho.

— Sabe, já não lembro.

— Parece excitante. — Entoou.

Franzi o cenho e golpeei seu braço de novo, só para me


sentir melhor.

— Eu era muito jovem a última vez que vi. Era uma


espécie de filme de sábado a tarde que passava no especial da
televisão. Só consegui ver uma vez, mas lembro que adorei.
Amava o nome do fantasma. Inez Dumaine. — Com um
suspiro, sorri. — Construí este sonho em minha cabeça de
que se alguma vez tivesse uma filha, a chamaria Inez
Dumaine.

Lembrando que nunca teria filhos, meu sorriso se


desvaneceu. Oren elevou os olhos da capa, e pela sua
expressão, soube exatamente no que eu pensava.

Então limpei a garganta e continuei falando.

— De todo modo, também amava seu sotaque. Eu


adorava a forma como dizia o nome do menino principal que
a ajudava. E queria ver de novo no dia seguinte, então Noel
me levou a um lugar próximo onde alugavam filmes para
conseguir, mas eles não tinham. Procuramos por toda parte
até que finalmente escrevi uma carta ao Walt Disney e
perguntei se podia comprar uma cópia. — Com o cenho
franzido, adicionei. — Esse bastardo nunca me respondeu.
— Vou chutar seu traseiro. — Prometeu Oren, soando
mortalmente sério. Sorri e agarrei seu braço. — Já não
importa. Temos o filme agora.

— Bom, vamos comprar esta filha da puta e assistir esta


noite quando chegarmos em casa.

Enquanto levava o DVD até o vendedor para pagar, Oren


colocou a mão em seu próprio bolso para tirar a carteira e eu
fiquei atrás o olhando fixamente, assombrada. Uma vez que a
transação esteve completa, ele virou para mim com meu novo
filme e um sorriso orgulhoso em seu rosto.

— O que acontece se não funcionar? — Disse, de


repente desconfiada enquanto mordia o lábio. — E se
funcionar, e terminar sendo um filme horrível? Eu era muito
jovem, passaram anos desde que vi.

Ele tocou meu nariz com a ponta de seu dedo.

— De verdade, querida, não me importa uma merda


como termina o filme. Está te fazendo sorrir agora e isso é
tudo o que quero.

Meu coração se derreteu, metaforicamente se retorceu


em uma pilha pegajosa de mingau e se liquidificou bem aos
seus pés. Deixei escapar um suspiro de assombro.

— Inferno, Oren. Não tem ideia de como me excitam


seus pequenos atos inesperados de amabilidade. Estou tão
molhada que poderia me sentar em seu rosto e gozar no
segundo em que sua língua me tocasse.
Contendo um gemido, ele agarrou minha mão,
apertando quase dolorosamente.

— Conheço o lugar perfeito.

Oren caminhava tão rápido que quase tive que correr


para acompanhá-lo. Rindo, me pressionei contra seu lado.

— De verdade vamos encontrar um lugar para estar


juntos... por aqui?

Enviou-me um olhar sério.

— Maldição, sim. Não pode dizer uma coisa como essa


sem pagar as consequências, mulher. Estou duro como uma
fodida rocha.

Nos apressamos por um pequeno mercado e para um


parque aberto onde as famílias faziam picnic, onde Noel nos
trouxe para fazer um no passado. Quando Oren se desviou
por um atalho coberto de grama, apertei seu braço.

— Aonde diabos está me levando? — Um cartaz mais


adiante dizia: Caminho Fechado.

— A um lugar que nunca levei Noel, então estou certo de


que nunca te levou. — Soava um pouco presunçoso quando
me agarrou pela cintura e me levantou sobre o cartaz até o
outro lado, saltando atrás de mim. — Há uma cascata no
final deste caminho.

— Sério? Assombroso.

— Sim, é muito bonita, mas tiveram que fechar faz um


par de anos devido a uma severa erosão do chão. De vez em
quando as bordas só... deslizam.
Meus olhos se ampliaram.

— E aí é onde me leva passar o momento?

Sorriu e me deu uma piscada.

— Confia em mim, boneca, terá muito espaço para fazer


o que temos em mente.

Confiava e ele me demonstrou que fiz certo. Desde esse


dia em adiante, nunca voltaria a ver uma cascata da mesma
maneira.
CAROLINE

Sentei-me na cama de Oren com uma perna debaixo de


mim e a outra pendurada para o lado enquanto o via tirar um
terno do seu armário e logo tossir quando tirou o pó
acumulado nos ombros.

— Será melhor que considere levá-lo na tinturaria antes


que vá a sua entrevista. — Sugeri, tentando não rir... e
falhando.

Olhou-me com o cenho franzido.

— Ah, acha isso?

Sacudi minha cabeça, as risadas saíam de meus lábios


fechados.

— Quando foi a última vez usou essa coisa?

Olhou-o com repulsa.

— Acredito que para minha formatura no Ensino Médio.


Espera, não. O irmão do meu avô morreu faz três anos. Tive
que usar para o funeral.

— E realmente acha que servirá? — Arqueei minhas


sobrancelhas, sem acreditar.

— Está me chamando de gordo, mulher? — E veio sobre


mim com o cenho franzido e indignado, o que me fez sorrir.
— Gordo? Deus, não, mas imagino que criou um par de
músculos novos durante sua carreira universitária ao jogar
futebol. Como este mísero e pequeno tanquinho aqui.

Quando umedeci meus lábios e passei meus dedos por


seu abdômen, ele se moveu mais perto.

— Por que tenho a sensação de que isto não se trata de


sua preocupação de que o traje entre, mas sim de que quer
me ver nu?

— Ah, mas eu estou muito, muito preocupada de que


entre em seu traje. — Murmurei, levantando a mão para
desabotoar sua calça e, com lentidão, baixar o zíper. — Ver
você nu para experimentar isso é só um benefício extra.

Oren grunhiu e agarrou meu cabelo quando me inclinei


para frente para beijar seus abdominais sobre sua camiseta.

— Maldição, amo sua boquinha suja.

— Garanto que amará de verdade a pequenina coisa que


quero fazer com ela.

— Demônios, sim.

Comecei a levantar sua camiseta para tirá-la do meu


caminho quando Zoey apareceu pela porta aberta.

— Pessoal, a pizza já chegou... Oh, Deus. — Quando se


deu conta do que acontecia ao entrar, gritou e cobriu os
olhos. — Sinto muito, sinto muito. Achei... — Nem sequer se
incomodou em terminar a frase enquanto saía do quarto.

— Sairemos em um minuto. — Disse Oren — Até então,


poderia fechar a porta, por favor?
— Oren! — Ofeguei à medida que Zoey levantava o braço
e procurava a maçaneta da porta antes de fechar.

— O que? — Perguntou, virando para mim enquanto


jogava o terno para um lado e se metia na cama comigo. —
Quando minha garota promete me fazer coisas sujas com sua
boca, a pizza pode realmente esperar.

Mordi meu pedaço de pepperoni e gemi com deleite.

— Humm. Está maravilhoso.

Oren sorriu para mim do chão, onde se achava sentado


contra minha perna com um braço envolto ao redor do meu
pé, e murmurou em voz baixa.

— Melhor que um pênis com mancha?

Ruborizei, dando uma olhada a Zwinn para me


assegurar que não escutaram, mas se encontravam envoltos
em seu próprio mundo na poltrona. Empurrei com suavidade
seu ombro e disse.

— Não seja ordinário.

— Por que? — Inclinou para morder minha coxa. —


Adora quando sou ordinário.

Mandei um pequeno cenho franzido.

— Só quando estamos sozinhos. — Não parecia aflito.

Assentindo em direção ao Zwinn, disse.


— Como se esses dois sequer se dessem conta que nós
estamos aqui. Encontram-se muito ocupados fazendo bebês
com seus olhos.

— Escutamos isso. — Disse Quinn, nos franzindo o


cenho.

Oren mordeu um pedaço da sua própria pizza.

— Bem. — Soltou, soando amortecido pela boca cheia.


— Então escutem isto e me prometam que ficarão fora de sua
borbulha de amor este fim de semana o suficiente para fazer
companhia a Caroline enquanto não estou, ok?

Uma dor pulverizou por meu peito quando ele


mencionou sua viagem à Lake Tahoe. A empresa de
arquitetura pagou a viagem de avião e o alojamento para ele
ir até lá fazer a entrevista para o cargo. Eu sabia que era a
oportunidade de uma vida. Qualquer empresa disposta a
aceitar um universitário novato, dar os tipos de benefícios e
gastar como estavam fazendo, era algo que ninguém poderia
rechaçar.

Encontrava-me mais que emocionada por ele, e mesmo


assim temia sua viagem ainda mais. E se conseguisse o
trabalho? E se ele mudasse para longe será que o veria de
novo? E se...?

— Na verdade, — Disse Zoey, fazendo uma careta. —


estávamos pensando em ir até lá para ver meu pai este fim de
semana.

Olhei surpresa.
— Então decidiu visitá-lo? — Demônios, sério. Eu
precisava conversar com minha melhor amiga. Desde que
comecei meu namoro secreto com Oren, minha amizade com
Zoey ficou abandonada.

Ela assentiu e levantou os olhos para olhar Quinn. Ele


tomou sua mão.

— Ela queria ver se poderia aprender um pouco sobre


sua família. — Explicou.

— Mas, o que acontecerá com Caroline? — Exigiu Oren,


franzindo o cenho. Sua mão se esticou ao redor de minha
perna.

Virei meus olhos.

— Ficarei bem. — Não falamos sobre como eu sentiria


saudades enquanto ele não estivesse, ou como estava nervosa
de que, na verdade, conseguisse o trabalho, mas ele deve ter
pressentido para agir desta maneira.

O que me fez sentir como merda. Eu não queria que ele


se preocupasse comigo quando se apresentasse para a
maldita oportunidade de sua vida.

— Minha família inteira está aqui e tenho um trabalho


para começar para o próximo semestre. — Está certo, não
teria que me preocupar com meu próximo semestre
universitário durante este fim de semana em particular
enquanto estivesse longe, mas pensava em quando se fosse
de maneira definitiva, depois que conseguisse o cargo.
Oren observou-me por um momento, sem dizer nada,
com seu olhar cheio de preocupação antes de se virar para
Zwinn outra vez e se concentrar em Zoey.

— Disse que seu pai ficará na Califórnia este verão,


certo? Quão longe está de Lake Tahoe?

— Sabe... — Inclinou sua cabeça pensativamente. — Na


verdade não acredito que seja tão longe. A umas duas horas,
talvez.

Oren assentiu e mordeu seu lábio inferior como sempre


fazia quando tramava um plano louco.

— Já reservaram um voo? —Perguntou.

Zoey negou com a cabeça e olhou para Quinn.

— Acabamos de decidir esta noite que iríamos.

— Deveriam levar Caroline com vocês. — respondeu, me


dando uma olhada enquanto seus olhos se iluminavam com
travessura. — É sua melhor amiga no mundo. Necessitará de
seu apoio moral durante este momento difícil.

— Mas...

— E deveriam reservar um voo na mesma companhia


aérea que vou e ver se podem reservar um quarto no mesmo
hotel. Então depois que você visite seu pai e eu termine
minha entrevista, nós quatro podemos passar o momento na
praia antes que voltemos para casa na manhã seguinte.

Minha boca se abriu por completo.

— Oren, não seja louco. Não posso ir com você na sua


entrevista.
Levantou o olhar, me observando.

— Por que não?

— Porque não... — Sacudi a cabeça e ri. Sua ideia era


descabida, apesar de me encher de emoção sequer considerar
isso. — Não posso simplesmente subir em um avião e passar
um par de dias com você no outro lado do país. E se eu sacar
essa quantidade de dinheiro de minhas economias para a
passagem, Noel perguntará...

— Então eu pagarei por sua passagem.

— Oren. — Estava a ponto de dispensar de novo quando


agarrou minha mão.

— Quero você lá comigo. — O olhar em seu rosto me


confirmou que não estava brincando. — Preciso de você lá.

Meu estômago dava voltas enquanto observava Oren


colocar nossa mala na cabine em cima de nossos assentos.
Não podia acreditar que estávamos fazendo isto. Quase
esperava que Noel entrasse apressado no avião a qualquer
minuto e me levasse de volta como uma menina malcriada.

Começava a me sentir tão infantil como sabia que agia


ao esconder minha relação, mas simplesmente me
preocupava o que aconteceria se Noel soubesse. As duas
coisas que sabia era que não queria perder Oren e que Noel
não nos queria juntos. E as duas verdades não coexistiriam
em paz uma vez que soubessem da outra.
Mas deixei de lado minhas preocupações para rir com
dissimulação de uma mulher de idade mais velha que não
podia deixar de olhar o traseiro de Oren quando sua camiseta
subiu enquanto suas mãos estavam levantadas. Sacudi
minha cabeça, sem a culpar por seu interesse. Logo comecei
a roer minhas unhas quando todos os medos voltaram a
aparecer.

Oren baixou os braços e se virou para mim com um


sorriso.

— Quer a poltrona da janela, baby?

A mulher dos Olhos Comilões me empurrou com


suavidade o quadril.

— Oh, será melhor que aceite, céu. Não é sempre que


um homem renuncia ao tão querido assento da janela por
sua mulher.

Oren se virou para ela, sorrindo.

— É sua primeira vez voando. — Disse. — Pensei que


deveria ter a experiência completa.

— Bom, não é a coisa mais carinhosa? — Pude ver suas


vísceras se derretendo quando olhou para ele. O idiota
acabava de desatar o pobre puma interno da senhora, e ela
sem dúvida imaginava ele ensopado com seu vinho favorito
assim ela poderia... limpá-lo com lambidas.

Ela se animou porque Oren foi extremamente cavalheiro


enquanto com gentileza pegava meu braço para ajudar eu
chegar em minha poltrona.
— Será melhor que pare. — Sussurrei quando se sentou
perto de mim. — Explodirá seus ovários.

Seus lábios se curvaram com diversão.

— Mas querida, não explodi os ovários de ninguém


durante todo o dia.

Soprei e sacudi minha cabeça.

Em dois assentos diretamente em diagonal a nós, Zwinn


também começavam a se acomodar. Chocando com
suavidade meu cotovelo com o de Oren, murmurei.

— Não importa. Ela acaba de notar como Quinn é sexy e


se esqueceu por completo de você.

— O que? — Ele virou com atenção à mulher dos Olhos


Comilões. Quando viu que, de fato, observava Quinn, franziu
a testa, mas se inclinou mais perto de mim para murmurar.
— Provavelmente se pergunta por que ele não parece nem de
perto tão bom como eu.

Jogando minha cabeça para trás, soltei uma


gargalhada. E foi aí que decidi: Chega de preocupações. Ia me
divertir e desfrutar desta viagem.

Observei Oren pegar seu cinto de segurança para


colocá-lo em seu lugar. Um atordoamento me invadiu. Ele
não mentiu quando disse para a mulher que eu nunca voei
antes. De verdade, este era meu primeiro voo, nunca antes
estive tão longe de casa. Queria pular em meu assento e
gritar. E o que era melhor, estava fazendo isso com Oren.
Ele parecia bem com seu cabelo caído sobre sua testa
enquanto tinha o cenho franzido e resmungava para seu
cinto de segurança, puxando-o por fim. Seus ombros
pareciam tão deliciosos quando se balançavam e flexionavam
sob sua camisa cinza que eu queria arrancar todos os botões
e passar minhas mãos por seu peito, lambendo sua barba de
vários dias e só... morder seu pescoço.

Me inclinei para ele e sussurrei em seu ouvido.

— Quer se unir ao clube das alturas?6

Suas mãos se congelaram em seu cinto. Logo levantou


seu rosto.

— Caralho, sim!

Sorrindo, na verdade saltitei em meu assento.

— Eu também! — Deu uma olhada ao nosso redor. Do


outro lado do corredor, Zwinn se instalou e estavam de mãos
dadas, apoiados um no outro enquanto falavam em voz baixa
entre eles. Virando para mim sem realmente me olhar nos
olhos, Oren começou a falar sussurrando. — Primeiro, temos
que esperar até que o avião esteja de verdade no ar e aí você
vai primeiro. Quando chegar lá, baterei na porta duas vezes.
Só duas vezes, entendido?

Assenti e agarrei sua mão, apertando.

Oren apertou a minha mão de volta.

— Isto será maravilhoso.

6
Clube de pessoas que fazem sexo no avião.
TEN

Tudo bem, possivelmente o assunto do clube da altura


resultou ser uma falha épica. Mas não podemos dizer que não
demos nossa melhor oportunidade.

Minutos depois quando já estávamos no ar, Caroline


ficou de pé, fingindo bocejar e se espreguiçar, e rebolou em
frente as minhas pernas para chegar no corredor. Houve um
momento em que seu formoso traseiro esteve bem em frente
ao meu rosto e fiquei tentado a levantar minhas mãos e
embalar cada firme nádega, mas me disse para ter paciência.
A teria em minhas mãos muito, muito em breve uma vez que
a penetrasse a um quilômetro e meio sobre o nível do mar.
Ou a nove mil quilômetros sobre o nível do mar. Tanto faz. O
ponto era que íamos ser tão travessos, que eu mal podia
esperar.

Limpando minha garganta, a observei caminhar até a


parte de trás e tive que me acomodar porque minha ereção se
chocava com meu cinto.

Tamborilei meu joelho com meus dedos por uns bons


trinta segundos até que não pude esperar mais. Depois de
soltar meu cinto, cambaleei sobre meus pés e sem querer me
encontrei com o olhar da Loira que me encarava, franzindo o
cenho com suspeita. Depois de um movimento das minhas
sobrancelhas, fui ao banheiro. Havia duas portas e ambas
diziam ocupado, assim golpeei duas vezes na primeira, só
para que uma voz muito masculina e nada igual à da
Caroline rugisse.

— Ocupado.

Então comecei a ir para à outra, mas ela se abriu antes


que pudesse bater. Uma Caroline rindo dissimuladamente me
observou de dentro. Quando comecei a me dirigir para ela,
seus olhos se abriram por completo e sacudiu sua cabeça.

— Oren, não acredito que... mmm.

Fiz que retrocedesse no banheiro e se deteve de repente


porque não tinha mais lugar para que se movesse.

— Maldição, estas coisas são pequenas.

— Sei. — Disse. — É uma loucura. Não tem jeito que


entremos... – A levantei pela cintura e coloquei-a na borda da
pia, que me deu espaço suficiente para entrar no banheiro
com ela. Rapidamente fechei a porta e me virei para olhá-la.

Caroline enterrou seu rosto nas mãos e começou a rir


com nervosismo.

— Não tem jeito. — Disse finalmente. —


Simplesmente... não tem jeito. Nem sequer temos espaço
suficiente para tirar a roupa.

— Fale por você, mulher. Tudo o que tenho que fazer é


baixar o zíper.

— Bom, minhas calças vão ficar. É impossível eu tirar


isso.
Baixei o olhar para a calça preta que usava com um par
de botas e um comprido suéter. E sim, de maneira nenhuma,
alguém seria bastante flexível para tirá-las neste lugar.

— Estou certo que posso fazer você gozar através de


toda esta roupa. — Decidi. Situei uma mão na parede atrás
de sua cabeça e a outra no alto de sua coxa. — Ao menos
podemos brincar um pouco, certo?

Seu sorriso me disse que gostava da ideia, então me


inclinei para dar um beijo nela com suavidade quando
alguém bateu na porta.

— Senhor. Senhora — Exclamou um cara pela fina


porta. — Eu sou Jon, seu auxiliar de voo. Poderiam sair do
banheiro, por favor?

— Meu Deus. — Ofegou Caroline, me olhando com os


olhos abertos como dois pratos.

Olhei para ela antes de sussurrar.

— Fomos pegos.

Seu rosto avermelhou.

— Isto é tão vergonhoso.

Pegando sua mão, a ajudei a descer da pia.

— Não se preocupe. Eu me encarrego disso.

Ela ficou nas minhas costas, procurando amparo


quando abri a porta e vi um cara com a testa franzida vestido
com o uniforme de auxiliar.
— Senhor. — Disse tão seriamente que Caroline teve
que disfarçar uma risada contra minhas costas.

— Há um limite de capacidade para uma só pessoa em


cada banheiro. Terão que se separar.

— Sim, lamento. — Me desculpei. — Ela se.... sentia


mal. Simplesmente vim ver como estava.

Jon fechou seus olhos.

— É por isso que ela não pode parar de rir?

— Bom, já sabe. — Encolhi meus ombros e levantei uma


mão. — A dor estomacal a faz... rir.

— Oh, céus. — Grunhiu Caroline com absoluta


humilhação.

— Senhor. — A Jon não fez graça minha mentira porque


cruzou os braços sobre o peito e me olhou. — Não nasci
ontem. Sei exatamente o que faziam vocês dois e esse tipo de
relações não estão permitidas neste voo comercial.

— Então... está dizendo que deveríamos ter ido com a


Southwest em seu lugar?

Deixou escapar um som grave.

— Isto não é divertido.

— Vamos, homem. — Soprei e levantei as mãos. — O


que vai fazer? Nos colocar na prisão do avião?

Jon inchou seu pequeno peito de auxiliar adoentado e


me deu um olhar.
— Senhor, perto o suficientemente para dar a volta no
avião e deixar vocês em O'Hare.

Tinha a sensação de que ele estava tirando sarro. Não


imaginava o avião dando a volta só por dois meninos
brincalhões se comportando mal, mas caralho, o homem
tinha cara de pôquer. Engoli saliva, sentindo que poderia
estar dizendo a verdade.

— Bom, merda.

—Meu Deus, não! — Caroline saltou a meu redor e


sacudiu a cabeça rapidamente. — Não, por favor, não pode
fazer isso. —Apertou o braço de Jon desesperadamente. —
Ele está indo para uma entrevista. A entrevista de sua vida.
Por favor. — Levou a mão ao peito e respirou profundamente.
— Foi minha ideia. Isto foi tudo... minha ideia, e sinto muito,
muito. Só... por favor não faça isto. Pode me levar de volta a
O'Hare. Só eu. Ele não. Vou aceitar todo o castigo. Ele só...
tem que chegar a Lake Tahoe.

Quando as lágrimas encheram as bordas de seus olhos,


não aguentei mais.

— Maldição, baby, não. — A puxei para mim e enviei ao


imbecil do Jon uma careta por fazê-la chorar.

Seus olhos se arregalaram pela preocupação enquanto


eu acariciava o cabelo de Caroline.

— Não chore, princesa. Se você não pode ir, então eu


também não. Esta é sua primeira viagem através do país, sua
primeira viagem de avião. Não irei a nenhum lugar sem você.
Ela ergueu os olhos, e uma de suas lágrimas deslizou
por sua bochecha.

— Mas a entrevista...

— Foda-se a entrevista. Não poderia fazer se você não


estivesse lá. — Agarrei seu rosto e a olhei profundamente nos
olhos. — Se você descer, eu desço. De acordo, Rose?

Começou a soluçar.

— Meu Deus. Estamos a ponto de ser enviados para a


prisão do avião e você cita Titanic?

— Sinto muito. — Me desculpei imediatamente. — Deus,


baby. Sinto muito. Isto foi minha culpa. Devi... merda, não
sei. Só disse a frase do filme para te fazer sorrir.

— Funcionou. — Jurou apesar de mais lágrimas


alagarem seu rosto e a inclinação de seus lábios parecesse
algo menos feliz. — Foi tão bonito, e eu adorei. É que... não
queria nos colocar em problemas. Foi tão incrível, e eu só
estou fodendo tudo.

— Não... Não, não tem nenhum problema, senhora. —


Jon tocou em seu ombro vacilante, sua expressão cheia de
preocupação. — Não quis fazer você chorar. Tome. —
Empurrou para ela um maço de lenços.

— Obrigada. — Caroline choramingou e com cautela


agarrou um lenço de papel antes de limpar o rosto. —
Então... não nos vai tirar a chutes do avião?

— É obvio que não. Sinto por assustar você. Só queria


que fosse consciente das regras.
Ela assentiu e assoou o nariz.

— De acordo. Sou consciente agora. Somos muito


conscientes.

Jon ainda a observava com receio como se estivesse


preparado para pegar ela no caso de que desmaiasse ou
alguma merda.

— Tudo bem? Você se encontra bem?

— Sim. Obrigada. Muito obrigada. Se não se importar,


eu... acho que vamos voltar para nossos assentos.

— Claro. — Tocou seu ombro de novo e teve a sorte de


que eu não arrancasse a sua mão. — Vou fazer algo quente
para beber, de acordo?

— Obrigada. Isso é muito amável.

Elevei uma sobrancelha enquanto observava sua ação.


Quando Caroline levantou os olhos para mim, suas
bochechas ainda estavam úmidas pelo choro, mas nenhuma
só nova lágrima encheu seus olhos. Ela pegou minha mão e
nos levou de volta para nossos assentos. Sem dizer uma
palavra, colocamos os cintos de segurança e nos sentamos lá,
olhando para frente.

— Está bem? — Perguntei enfim, baixando rosto para


conseguir olhar para ela. Se virou para mim, completamente
casual.

— Claro. Por que?

Pisquei. E então dei conta.


— Por que, pequena mentirosa de merda, você brincou
totalmente com ele. — E comigo também, ao que parece.

Seu sorriso ardiloso se deslizou por seu rosto.

— Bom, tinha que fazer alguma coisa. Sua atitude de


idiota e petulante não nos levava a parte alguma.

Minha boca se moveu um momento antes de sussurrar.

— Merda, mulher. Como diabos pode chorar desse jeito?

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Tenho três irmãos. Anos de prática.

— Meu Deus. — Joguei a cabeça para trás e soltei uma


gargalhada. — É tão impressionante. Não sou digno. —
Sacudindo a cabeça, olhei para ela com assombro. — Não sou
nada digno.

Ela ficou vermelha e sorriu, mas rapidamente baixou a


expressão quando olhou por cima do ombro. Me deu uma
cotovelada e sussurrou.

— Rápido. Lá vem ele com minha bebida.

Por muito que tentasse, não podia deixar de sorrir.


Deixei meu rosto baixo de modo que Jon não pudesse ver
meu sorriso.

— Aqui está, senhora.

— Muito obrigada. — Caroline se aproximou de mim


para aceitar sua bebida de cortesia. — Chá quente. Humm.
Cheira delicioso.
— E me desculpo de novo. — Soltou Jon. — Não quis
incomodar.

— Está bem. Não se preocupe. Aprendi a lição.

Estava muito perto de morrer de rir e Caroline sabia,


porque de repente, apertou sua mão ao redor de minha coxa
e enfiou as unhas para me manter tranquilo. Mas caralho.
Tínhamos quebrado as regras e aqui estava Jon, se
desculpando com ela e lhe servindo um fodido chá. Ela era
sem dúvida a mulher mais engraçada, dinâmica, descarada,
incrível e formosa que conheci.

Se já não estivesse loucamente apaixonado por ela, teria


ficado nesse mesmo momento.
CAROLINE

Um homem com um cartaz que dizia "Oren Tenning" nos


esperava quando descemos do avião.

Sustentando minha mão, Oren começou a parar quando


o viu.

— Olá. — Disse com vacilação.

O pequeno homem gordo levantou o olhar para ele.

— Senhor Tenning?

Logo Oren respondeu.

— Sim... suponho. — O homem sorriu e estendeu a


mão.

— Lance Stanley. Sou da Booker e Finch, encarregado


de levar vocês para o hotel.

— Você... nos levar? — O sorriso de Oren caiu enquanto


me olhava e logo olhou para Zwinn. — Eu não... isto é...
inesperado. Só... pensei que teria que encontrar o caminho
para o hotel por minha conta.

— Oh não, senhor. Este é o serviço completo com a


experiência da entrevista. E posso dizer que é uma honra
conhecer o senhor? Todo mundo fala de seu portfólio desde
que receberam a solicitação.
— Sério? — Oren piscou antes de sacudir a cabeça e
limpar a garganta. — Quero dizer, obrigado. Isso... legal.

O senhor Stanley se virou para mim.

— E você deve ser a senhora Tenning. Reconheço seu


rosto por alguns dos desenhos livres que seu marido
acrescentou a seu portfólio.

— Você... — Muito atônita para deixar passar a parte da


senhora Tenning, levantei o olhar para Oren, pedindo ajuda.

Ele interveio, levantando a mão e a sacudindo.

— Oh, não. Ela não é... quero dizer... ainda não. É... —
Me olhou com uma expressão desesperada. — É minha noiva.

Meus olhos se abriram e o olhei de boca aberta. Agarrou


mais forte meus dedos.

— Não tem problema eu ter trazido ela? Vou pagar do


meu bolso toda a despesa dela...

— Certo. Claro. — O senhor Stanley tirou as


preocupações de Oren. — É obvio que queira vir para revisar
a área e dar sua aprovação. Felicidades por seu futuro
casamento, senhora.

Quando o homem me enviou um sorriso, lhe dei um


débil sorriso em resposta.

— Humm... obrigada. Foi... — Olhei para Oren. — ...


tudo uma surpresa.

O senhor Stanley se inclinou para piscar um olho.


— As melhores propostas frequentemente são uma
surpresa. — Logo se endireitou e se virou para Oren. — A
área de retirada de bagagens é por aqui.

Oren balançou a cabeça e me puxou enquanto


seguíamos o senhor Stanley. Depois olhou para trás com uma
careta de desculpa para Zwinn, por abandoná-los. Quinn
levantou um polegar, nos fazendo saber que achariam o
caminho para o hotel, sem problemas.

E assim começou nossa noite de vinho e jantar como


um casal quase casado pelos futuros empregadores de Oren,
embora nos inteiramos durante a sobremesa que o senhor
Stanley era mais um secretário do que um executivo real com
a autoridade para contratar Oren. A pior parte foi a que ele
tentou me vender a cidade, falando de todas as vantagens de
viver perto do lago.

Oren seguiu o seu jogo, dizendo que eu era uma


estudante de cinematografia, o que iluminou a cara do pobre
homem.

— Bom, Califórnia é o melhor lugar para esse tipo de


carreira. Seria a área perfeita com certeza.

— Então, todos seus créditos estudantis se


transfeririam sem problemas se ela viesse aqui no próximo
semestre? — Perguntou Oren, parecendo interessado na
resposta.

Enviei-lhe um estranho olhar, que ignorou


completamente.

— Com certeza que sim.


No momento em que o senhor Stanley nos deixou no
hotel a noite, meus nervos estavam completamente em pó.
Silenciosamente segui Oren para o quarto depois de nos
registrar, e não disse nada até que colocou todas nossas
malas dentro da suíte e fechou a porta. Depois fiquei lá,
olhando para ele enquanto deixava a bagagem na cama e
imediatamente se dirigia para a janela para dar uma olhada
na vista.

Finalmente, rompi o silêncio.

— Se importaria em me dizer que diabos acaba de


acontecer?

Olhou para trás e fez uma careta.

— Fala da coisa da noiva, né?

Gemi diante do som da palavra e assenti.

Suspirou e veio para mim.

— Não sei. Só... escapou. Não esperava que alguém me


recebesse no aeroporto ou te recebesse. Dizer a ele que era
minha namorada soava como algo irresponsável, como se só
houvesse te trazido comigo para vir festejar em Lake Tahoe.

— Assim... mentir pareceu muito mais responsável, né?

— Merda, não sabia o que fazer. Me preocupava um


pouco que não deixassem você vir comigo se não
parecêssemos mais... sérios. Então improvisei. Não está tão
zangada, né?

Lentamente, sacudi a cabeça.


— Não, mas... se terminar conseguindo este trabalho
porque te fiz parecer mais como um responsável homem de
família, então me deve uma parte de todos os salários que
consiga.

Sorrindo, pressionou sua testa com a minha.

—Você o terá, baby. Com uma risada inesperada por


tudo o que tínhamos passado hoje, sorri.

— Primeiro, sou a namorada falsa frente a seus pais,


agora a noiva falsa frente a seu futuro chefe. Não posso
esperar para brincar de esposa falsa depois.

Oren pegou minha mão e beijou meus nódulos.

—E estou certo de que seria a melhor esposa falsa do


mundo. Agora, vem aqui e olhe essa vista.

Levou-me para a janela e contive o fôlego enquanto


contemplava a areia da praia, iluminada com tochas e o mais
colorido anoitecer brilhando nas lentas ondas da água do
lago.

— Uau! — Inalei quando Oren me rodeou com os braços


e apoiou seu queixo em meu ombro. — Diga quando podemos
nos mudar para cá.

Rindo em meu ouvido, virou seu rosto para poder beijar


minha bochecha.

— Poderíamos construir nossa casa falsa na praia e


viver falsamente aqui para sempre.

Meu coração pulsava com força em meu peito enquanto


substituía por diferentes palavras todas as falsas. Mas logo só
neguei com a cabeça, me lembrando que era tudo... falso. Se
Oren se mudasse para cá, eu não viria com ele.

Oren ligou para Quinn, que informou que Zoey estava


enjoada depois da viagem de avião e nos veriam no café da
manhã. Então Oren e eu tomamos todas as vantagens do
hotel. Pedimos uma garrafa de champanhe no quarto e
ficamos na cama, bebendo das taças borbulhantes em forma
de flauta enquanto víamos filmes até que começamos a nos
beijar e fizemos amor na cama extragrande do hotel.

Na manhã seguinte despertei nua e relaxada, meio


tombada em cima dele. Uma de suas mãos descansava sem
forças em minha bunda e a outra se encontrava enfiada em
meu cabelo. Despertei fazendo um caminho de beijos em seu
peito. Oren se queixou e grunhiu, mas depois gemeu quando
meus lábios se envolveram ao redor de sua ereção matinal.

— Mulher. — Murmurou, afundando suas mãos em


meu cabelo. Deixou-me chupá-lo durante uns minutos antes
de me separar e me tirar da cama, só para me levar ao
banheiro e me tomar duro e desesperadamente contra a
enorme parede da ducha do hotel.

Depois de se esvaziar dentro de mim e eu ter ofegado


minha liberação em seu ombro, beijou minha bochecha e
perguntou.
— Alguma vez sentiu como se estivesse desgastando sua
boceta? Quero dizer, merda. O que acontece se começo a te
deixar em carne viva por te tomar tantas vezes?

Quando sua mão abaixou para acariciar brandamente


entre minhas pernas, ri e pressionei minha testa contra a
sua.

— Alguma vez se sente como se minha boceta deixasse


seu pau em carne viva?

Ele sorriu.

— Não.

Encolhi os ombros.

— Aí tem sua resposta.

Com uma risada divertida, envolveu os braços ao redor


de mim e pressionou sua bochecha contra a minha.

— Amo sua forma de pensar.

Eu o amava, ponto.

Depois de nos vestir, encontramos com o Zwinn no salão


para um café da manhã continental. Zoey parecia um lençol
branco quando se sentou com Quinn na mesa, bebendo o que
parecia ser suco de maçã.

— Caralho, parece uma merda. — Espetou Oren.

Golpeei seu braço e lhe enviei um olhar.


— O que? — Perguntou enquanto fazia um gesto para
ela. — Está tão pálida como um maldito fantasma.

Também me preocupava com ela. Só aconteceu uns


meses desde que tiraram um rim quando o doou para sua
malvada meio irmã. E roguei a Deus para que não estivesse
tendo uma má reação disso.

Mas ela negou com a cabeça e nos ofereceu um débil


sorriso.

—Estou bem. Só... um pouco nervosa. Meu pai me


deixou uma mensagem misteriosa ontem à noite. Algo sobre
Cora.

Oren grunhiu, sem gostar da meia irmã de Zoey


absolutamente.

— Se essa cadela estiver aí, saiam, me ouviram? — E


olhou para Quinn. — Não deixem que a arraste em mais de
seus dramas.

— Ah, não tem que me avisar. —Quinn pegou a mão de


Zoey para oferecer apoio. — Estamos totalmente preparados
para dar meia volta para o hotel se ela aparecer.

— Bom. — Oren assentiu e soltou um suspiro. Olhou-


me e vi redemoinhos de inquietação em seu olhar. Quando
toquei sua perna debaixo da mesa, agarrou minha mão. Mas
o mal-estar não diminuiu e parecia crescer todo o tempo que
durou nosso café da manhã.

No momento que Zwinn anunciou que já estavam indo


para onde seu pai estava, Oren inclusive tinha suor
escorregando pela testa. Com uma inclinação de cabeça, me
olhou.

— Acredito que é hora de me trocar.

Foi aí que percebi. Estava nervoso pela entrevista.


Depois de segui-lo até o quarto e que entrasse no banheiro
para se trocar, procurei no caderno que o hotel deixou no
quarto, procurando seus lugares de entretenimento. Mas o
joguei na cama, decidindo que iria tomar sol na praia com
uma bebida de frutas que tivesse uma sombrinha, a maior
parte da tarde. Deus, este ia ser o dia mais comprido de
minha vida, esperando que terminasse a entrevista e que ele
fosse ótimo; tudo enquanto me preocupava com a viagem de
Zwinn.

Ia alcançar o controle da televisão para me manter


ocupada quando a porta do banheiro abriu e de lá saiu um
maldito estranho.

Oren se barbeou todo e inclusive alisou o cabelo para


trás. Seu traje recém tirado da tinturaria era elegante e fazia
que seus ombros parecessem incrivelmente largos. Minha
boca secou enquanto olhava para este empresário
tremendamente bonito.

— Oh, meu Deus. — Disse e minha boca abriu. —


Tenho muita vontade de te dar um boquete neste momento.

Quando me mostrou esse sorriso arrogante que era o


que adorava mais dele, deslizei para fora da cama e fui até
onde estava.

— É a gravata, não é? — Perguntou, tocando a garganta.


— É tudo a seu respeito, Oren Tenning. — Me ajoelhei
em frente a ele e fiquei olhando suas calças até que começou
a formar uma barraca. Então olhei em seus brilhantes olhos.
— Tenho a sensação de que o senhor Grey me verá agora.

Quando o desabotoei, ele inspirou e agarrou o marco da


porta do banheiro com uma mão.

— Suponho que essa é a frase de um filme.

— Humm. Muito bem. — Tirando seu pênis quente e


palpitante em minhas mãos, lambi o líquido que aparecia na
cabeça e depois beijei sua marca de nascença antes de enfiá-
lo em minha boca.

Seu traje de tinturaria estava tão fresco e limpo, que não


me atrevia a fazer nada que pudesse sujar. Então quando me
advertiu que ia gozar, engoli até que terminou. Quando me
afastei e o olhei, ficou olhando com um olhar aturdido, e se
apoiou fortemente contra o marco da porta.

— Isso foi... isso foi... merda, mulher. Nem sequer sei


como dizer o que me faz. — Se inclinou e me levantou em
seus braços. — Aqui estava, me tornando louco pela
entrevista, e você só... relaxou cada nervo agitado em mim.
Agora vê porque tinha que te trazer?

Honrada porque se sentisse dessa forma, embalei seu


rosto entre minhas mãos e o olhei nos olhos antes de
simplesmente dizer.

— De nada.
Ele riu em voz baixa e fechou seus olhos antes de
pressionar sua testa com a minha.

— Vou sentir sua falta hoje. — Quando se afastou, me


olhou preocupado. — Vai ficar bem aqui sozinha?

Assenti.

— Sim. Claro. Decidi conseguir o bronzeado de toda


uma vida.

Meu dia de tomar sol na praia funcionou melhor do que


esperava. Tinha um tom dourado ao meio-dia, então
caminhei até uma cabana próxima, pedi algo para comer,
dispensei uma bebida de um homem que me olhava no bar,
fui para o quarto e fiquei cochilando vendo um filme que
achei na televisão. E não me preocupei com Oren nenhuma
só vez.

Bom, de acordo. Me preocupei todo o maldito dia, mas


todo o resto estava bem.

O som do meu celular me acordou no meio da tarde.

— Estamos de volta! — Anunciou Quinn em meu


ouvido. — O telefone de Ten foi diretamente ao correio de voz
então imagino que continua na entrevista. Quer passar o
tempo em nosso quarto até que ele volte?

Olhei à solitária suíte.


— Sim, obrigada.

— Nenhum problema. — E me deu número do seu


quarto onde o encontrei uns minutos depois no andar
debaixo do meu.

Zoey estava sentada na cama, olhando para a parede


quando Quinn abriu a porta. Olhei para ela e depois para ele
quando entrei, sentindo que continuava o desconforto.

— Como...? Como foi tudo?

Quinn se encolheu intranquilo. Zoey me olhou, mas a


comoção em seus olhos fez que parecesse como se realmente
não me visse.

— Bem.

Sentei a seu lado e peguei sua mão, olhando para Quinn


em busca de uma explicação.

Encolheu-se de ombros outra vez.

— Seu pai ofereceu um milhão de dólares em um fundo


que tirou de Cora, e oh... sua irmã está em um manicômio...
depois de tentar se suicidar.

Olhei entre os dois antes de rosnar.

— O que?

Zoey agitou uma mão para seu namorado.

— O que ele disse.

Quinn suspirou e se deixou cair na cama do outro lado


de Zoey, de barriga para cima com os pés no chão. Parecia
tão emocionado como Zoey.
— Suponho que o senhor Wilder decidiu ser mais duro
com Cora e tentou conseguir que se comportasse. Terminou
tirando todo seu fundo, e... não gostou disso. Assim ela ficou
um pouco... — Enviou um olhar preocupado para Zoey.

— Louca. — Disse Zoey por ele enquanto se virava para


mim. — Ficou malditamente louca, tentou se suicidar
cortando as veias e tomou um montão de comprimidos. Ela...
é um desastre. Agora está em um centro de reabilitação, sob
observação. Mas não só tenho que me sentir culpada por
isso, como nosso pai diz que vai me dar todo o dinheiro que
tirou dela.

— Espera. Por que tem que se sentir culpada por isso?


— Perguntei

— Seu pai a levou de Ellamore por mim. Baguncei toda


sua vida. Roubei seu namorado. Eu...

— Você não me roubou. — Grunhiu Quinn, se sentando


para pegar o rosto de Zoey entre suas mãos e fez que o
olhasse nos olhos. — Nos apaixonamos.

Mas o lábio inferior de Zoey tremeu.

— Nada disto teria acontecido se não tivesse ido para


Ellamore.

— Sim, e provavelmente estaria morta agora. —


Interrompi, fazendo que as duas metades do Zwinn pusessem
sua atenção em mim. — Deu-lhe um rim, Zo. Depois de toda
a merda que fez Quinn e você passar, você ainda salvou a sua
vida. Não fez nada de mau. Se Cora está louca, é sua maldita
culpa, e digo que merece tudo o que está passando.
— Amém. — Disse Quinn em voz baixa enquanto beijava
a têmpora de Zoey. Zoey se apoiou nele, pôs sua mão
oferecendo apoio em sua coxa, e virou seu olhar para mim. —
É que... não quero esse dinheiro. Seu dinheiro. Parece
manchado. Quero dizer, olhe no que a converteu.

Levantei um dedo.

— Em primeiro lugar, converteu-se a si mesma em uma


cadela malvada. O dinheiro não tem nada a ver com a
maldade dessa garota. E em segundo lugar... — Encolhi os
ombros. — Não tem que aceitar o dinheiro se não quiser.
Nunca deixe que os ricos tratem de te controlar com dinheiro.
Mas...

Quando seus olhos se arregalaram como se quisesse


estutar o meu, sorri e parei. Murmurei.

— Estou certa de que sempre pode encontrar algo útil


para ele. Obras beneficentes... ou talvez um novo fundo para
seus futuros filhos.

Mordeu o lábio, pensativamente.

— Suponho que tem razão. — Quinn começou a


balançar ela para frente e para trás com os braços apertados
ao redor dela.

— Estou com Caroline. Pode fazer o que quiser com ele.


E é muito boa em sua essência para deixar que algum tipo de
dinheiro te converta em algo que não é. Mas se Cora nunca
mais voltar, me deixará muito feliz.

Depois de um tempo pensando, Zoey assentiu.


— Têm razão. Acho que vou aceitar.

Quinn beijou seu cabelo e eu apertei a sua mão.

— Claro que fará. — Meu celular tocou, fazendo que


cada músculo de meu corpo se esticasse.

— É Oren. — Anunciei, meu estômago saltando com


nervos quando vi seu nome. — Como foi a entrevista?

— Deus, sua voz soa bem. — Respondeu. — Mas, onde


está? Nosso quarto está vazio.

— Estou no quarto de Zwinn. Acabam de voltar e merda.


Tenho a sensação de que vai amar as novas notícias sobre
Cora.

— É mesmo? O que aconteceu com ela? Por favor, me


diga que está em um manicômio. — Ri, me perguntando
como demônios adivinhou isso. Informava ele como ficou
louca quando a porta do quarto se abriu e ele entrou.

— Já era hora que Cora por fim tivesse o que merecia.


— Anunciou enquanto caminhava para mim. Me levantando
da cama e beijou-me com força. Ainda usava essa roupa que
o deixava quente, então agarrei sua gravata e me apertei nele
quando sua língua disparou possessivamente em minha
boca.

— Isto significa que a entrevista foi bem? — Perguntei


quando me afastei procurando ar.

Fechou os olhos e enterrou sua cara em meu cabelo.

— Sim. —Disse, soando um pouco resistente a admitir.


— Foi... maravilhosa, na verdade.
A dor me invadiu. Sabia que era horrível ter uma
pequena parte que secretamente esperava que tivesse ido mal
então não poderia me deixar, mas não podia evitar. Ia doer
muitíssimo quando tivéssemos que nos separar.

— Estou muito feliz por você. — Beijei seu peito e seus


olhos se abriram. Seu olhar era ilegível por um momento
antes que olhasse ao redor do quarto e anunciasse.

— Vamos nos embebedar.

Zoey queria se trocar antes de ir para a praia, mas Oren


estava ansioso por começar sua festa, como ele a chamava.
Eu queria um momento a sós com minha melhor amiga para
ver como ela se sentia na verdade depois de sua viagem de
hoje, então quando os meninos saíram antes de nós,
encontramos um pouco de roupa de praia apropriada para
vestir.

— Então, sério. — Pedi quando Zoey atava uma saída de


praia ao redor de seu maiô. — Como está?

Suspirou.

— A verdade? Não tenho nem ideia. — Logo me olhou e


começou a rir. — Estou um pouco aliviada e entretanto me
sinto mal por Cora. Apesar de tudo me alegro de que
conseguiu o que merecia, mas logo me sinto completamente
culpada por pensar isso, e...

Agarrei sua mão para acalmá-la e ela sorriu.


— Está tudo bem. Entendo.

— Acredito que Quinn também está bem. Estava muito


surpreso quando o senhor... quero dizer meu pai, nos falou
dela, mas... acredito que está bem.

— Estou certa de que sente igual a você. — Disse. —


Quero dizer, Cora o fodeu quase tanto como fodeu você. —
Sorri. — Mas acredito que é bonitinho(adorável) como
preocupados estão um pelo outro. —Com um tapinha no
braço, declarei. — Vocês vão sair bem disto.

Finalmente Zoey concordou e peguei sua mão para


sairmos pelo corredor do hotel. Falei de como achei que Oren
estava sexy em sua roupa enquanto passeávamos pelas
escadas para a entrada na praia, e ela virou os olhos antes de
me dizer que era irremediável. Logo apontou.

— Oh, aí estão os meninos.

Elevei o olhar para encontrar Quinn e Oren, bem diante


de nós. Usavam camisetas e shorts e estavam rodeados por
três mulheres que pararam na frente deles.

Uma delas baixava a parte de cima do seu biquíni,


mostrando a Oren e a Quinn suas tetas.

— Meninos, estão procurando um pouco de diversão?

— Vá. — Quinn imediatamente deu a volta. Seus olhos


estavam arregalados com o horrível susto quando enfrentou
nossa direção e nos viu ir para eles. Mas Oren não saiu de
perto.
É obvio, não podia ver sua expressão por trás, mas era
óbvio que ele olhou seu peito exposto por mais de uns poucos
segundos.

Finalmente disse.

— Sabe... não deveria estar muito orgulhosa dessas


coisas, querida.

A boca da mulher caiu aberta, claramente insultada.

— Perdão? Oren bufou.

— Muito pequenos. — Apontou para a mulher da


direita. — Muito falsos. — Levantou o queixo para a outra da
esquerda. Apontou para a que estava no meio. — E
absurdamente frouxos. Se querem ver um par de peitos
perfeitamente cheios e naturais, deveriam ver os de minha
namorada. — Assobiou, longamente e alto. — As dela são
excelentes tetas de grau A.

Quinn escolheu esse momento para limpar a garganta e


dar uma cotovelada em Oren. Oren o olhou.

— O que?

Quinn nos apontou e Oren se virou em nossa direção.


Quando seu olhar se encontrou com o meu, seu sorriso
cresceu.

— Aí está! —gritou. — Vem aqui, baby.

Quando o alcancei, agarrou minha mão e me virou até


que enfrentava às mulheres ainda boquiabertas. Balançando
seus braços ao meu redor por trás, pegou meus peitos com
ambas as mãos.
—Observem esta merda. — Seus dedos me amassavam
através de minha roupa. — Isto é perfeição. Os melhores
peitos de todos os tempos.

Enquanto as três mulheres ofegaram atordoadas antes


de correrem para longe, olhei para ele sobre o ombro só para
fazer uma careta diante de seu fôlego.

— Quanto você já bebeu?

Seu sorriso era um pouco vidrado.

— Não tenho nem ideia, mas vamos nos divertir te


pondo em dia comigo.
TEN

Juro, um caminhão de dezoito rodas foi o que me


despertou na manhã seguinte, já que bateu contra mim e
logo retrocedeu antes de me golpear de novo.

Gemi e fiz uma careta ao escutar minha própria voz


muito alta.

— Santa... merda.

Já passou um bom tempo desde que despertei com este


tipo de ressaca. Deitei nos lençóis antes de que pudesse estar
certo de que seguia de uma peça. A luz que penetrava pela
fresta da cortina da janela estava piorando minha dor de
cabeça, mas não tinha jeito de me mexer a curto prazo para ir
fechar por completo a cortina.

— Oh, meu Deus. — Uma voz rouca soou a minha


esquerda. —Por que há tanta areia na cama?

Virei devagar a minha cabeça e me senti eternamente


aliviado de ver Caroline a meu lado porque não lembrava de
nada “nenhuma maldita coisa” da noite anterior, exceto uma
vaga visão de dançar com ela na praia em uma festa com um
montão de estranhos.
— Vendo a quantidade de areia em meu traseiro —
arrastei as palavras — vou dizer que provavelmente nos
deitamos na praia.

Ela gemeu e agarrou a cabeça antes de suplicar.

— Por favor... faça que isso pare.

Eu não estava em condições para me levantar da cama,


mas minha mulher se sentia mal, assim rolei até que caí no
chão. Amaldiçoando os meus doloridos músculos e cabeça,
agarrei a mesinha do lado e a usei para me ajudar a me pôr
de pé. Nua e enrolada nos lençóis, Caroline me observava
com olhos imprecisos e injetados em sangue.

— Te peguei. — Murmurei e a levantei, tropeçando para


o banheiro em vez de ir em linha reta.

Deixando cair sua bochecha contra meu ombro, ela se


agarrou em mim de uma maneira frouxa e débil. Agradecido
de que houvesse um banco para sentar na ducha, a sentei e
abri o chuveiro, me assegurando de ter a temperatura correta
antes de molhá-la.

Com um suspiro de gratidão, abriu seus olhos e me deu


um sorriso cansado, só para franzir o rosto quando viu meu
braço.

— O que...?

Olhei o que chamou a sua atenção, me surpreendendo


ao ver uma gaze grudada em meu braço. Quando pus a mão
sobre a gaze, uma picada familiar me disse exatamente o que
aconteceu.
— Caralho... — Bati com o punho em minha palpitante
cabeça e amaldiçoei um pouco antes de admitir. — Acredito
que consegui outra maldita tatuagem estando bêbado. —
Encolhi os ombros. — As tatuagens nunca saem bem quando
as faço bêbado. A última vez fiz uma tatuagem do
campeonato de futebol com o Gam, perdemos a partida no
dia seguinte.

Me apressei para sair da ducha e fui ao espelho para


tirar a bandagem. As palavras coloridas em minha pele se
viam o reverso no reflexo, mas mesmo assim podia dizer com
exatidão que dizia. À medida que minha boca se abria pela
surpresa, Caroline exclamou:

— O que diz?

Segui olhando, sem saber o que dizer.

— Uh...é, um...

— Não fez nada feminino como um coração, uma rosa


ou uma mariposa, certo?

— Não... — Pisquei diante a tatuagem. — É... na


verdade é uma palavra.

— Bom, o que diz?

— Nada. — Fui rápido em responder. Muito rápido.

— Nada? — Repetiu. — Como, literalmente a palavra


nada? N—A—D—A?

— Sim. Diz NADA.

— Por que tatuaria algo que diz NADA?


— Provavelmente porque era um bêbado estúpido. Por
que fazemos alguma coisa? Por que o mundo é redondo e gira
em círculos? Por que o sol sai na manhã e a lua de noite?

— Está bem, agora soa estranho. — Caroline abriu a


porta da ducha e abriu a boca, só para congelar quando me
virei e viu a tatuagem ela mesma. Seus olhos se abriram. —
Esse é meu nome.

— Sim... — Disse lentamente. Tinha seu nome gravado


em minha pele... com tinta permanente.

Constantemente incomodava Pick por tatuar o nome de


sua mulher em sua pele. Disse que era um mau agouro. Ia
terminar perdendo-a de algum jeito “partiria, morreria, a
levariam uns macacos voadores” e então ele ficaria com uma
agridoce lembrança do que já não tinha. E mesmo assim,
aqui estava eu, copiando a esse filho da puta. Nunca me
deixaria viver tranquilo. Abri os olhos e vi Caroline me
estudando tranquilamente.

— O que? — Perguntei.

Negou antes de sorrir.

— Poderia ter sido pior. Poderia ter ficado bêbado e


deitado com outra, mas no lugar, pensou em mim e agora
tem meu nome gravado em seu corpo.

Suspirei. Sim, acredito que poderia ter sido pior. Mas


seguia preocupado, porque a sério, nunca passava nada bom
quando me tatuava em estado de embriaguez. Embora me
emocionasse um pouco ver seu nome gravado em minha pele,
e ainda mais ver o muito que ela tenha gostado, também me
lembrou como era difícil. Porque caralho, e se essa má sorte
terminasse fazendo que a perdesse?

Ainda não estava muito contente no momento em que


terminamos de nos limpar e saímos para tomar o café da
manhã. Usava roupa escura e me recostei contra Caroline
para me manter em pé, enquanto ela se recostava contra mim
pela mesma razão. Apontei, assim que vi Ham.

— Filho da puta. Que demônios aconteceu ontem à


noite? — Levantei minhas mãos enquanto me elevava sobre
ele que levantou os olhos de seu café da manhã, e arqueou as
sobrancelhas. — Deixou que eu fizesse uma maldita
tatuagem?

Sabia que ele tinha que estar sóbrio toda a noite. Não só
era um mau bebedor, mas desde que sua mulher não podia
beber muito depois de sua doação de rim, ele seguia o mesmo
caminho.

Só sorriu e negou.

— Se soubesse tudo o que te impedi de fazer ontem à


noite, daria conta de que a tatuagem foi algo pequeno.

— Oh Deus. — Me deixei cair em uma cadeira e embalei


minha cabeça entre as mãos. — Que mais queria fazer?

Se me disser que vomitou, não seria tão difícil, já sinto


como que pudesse fazer isso agora. Mas quando Caroline se
sentou a meu lado e me tocou as costas, pus a mão em sua
perna, me preparando para o pior.

Hamilton e Loira se olharam antes de sacudir suas


cabeças e sorrir.

— Homem, vocês dois sem dúvida sabem como passar


um bom tempo. — Foi tudo o que disse.

Mas eu ainda precisava um pouco mais de informação.

— O que? — Perguntei. — O que fizemos que poderia ser


pior que uma tatuagem?

— Por onde deveríamos começar? — Hamilton riu. —


Primeiro, tive que evitar que batesse em um cara que olhava
para Caroline. Suponho que notou que ele ofereceu comprar
uma bebida para ela, e... — Assobiou e sacudiu a cabeça. —
Depois que te separei dele, fez todo um espetáculo dizendo a
todos que passavam por nosso lado que ela era sua mulher.
Juro, todas as pessoas em Nevada, Oregon e Arizona
escutaram que Caroline estava com você.

— Está bem. — Disse devagar. Podia concordar em ter


dito a um montão de bêbados que Caroline era minha. — Isso
é tudo?

— Nem sequer um pouco. — Zwinn trocaram olhares


divertidos entre eles. — Houve um momento em que decidiu
que iria dizer a Noel sobre... — Fez um gesto nos assinalando
a Caroline e a mim.— Já sabe.
Dei uma olhada em Caroline. Usava óculos de sol
também, assim não podia ver seus olhos, mas cobriu a boca
com a mão, obviamente horrorizada.

—Merda. — Olhei para Ham. — Por favor, me diga que


me deteve.

Assentiu.

— É obvio. Confisquei ambos os telefones e os guardei


toda a noite. Tomem. — Lançou-nos os celulares.

— Menos mal. — Deixei escapar um suspiro e peguei a


mão de Caroline. — Bom, obrigado por me deter. — Quão pior
poderia ter feito era dizer a Gamble por telefone que estava
com sua irmã do outro lado do país enquanto me encontrava
bêbado?

Ham assentiu.

— E isso nem sequer é o melhor.

— Deus... — Gemi. — Que mais?

— Bom... encontramos uma festa de casamentos na


praia. Acho que tinha por aí uma dessas capelas aberta vinte
e quatro horas para casamentos. Eles aceitam clientes sem
entrevista e inclusive os podem casar na praia.

Franzi a testa e arranhei minha cabeça ainda dolorida.

— Pensei que só tinham essas coisas em Las Vegas.

A Loira riu, então olhei feio para ela.

— O que?
—Isso é exatamente o que disse ontem à noite. —
Informou.— Quando se encontrava completamente perdido.

— E bem nesse momento decidiu que queria se casar


com Caroline. — Adicionou Ham.

Caroline se inclinou para frente.

— Sinto muito, o que disse?

— Tentei me casar? — Repeti, levantando minhas


sobrancelhas com incredulidade. — Ontem à noite?

Zwinn assentiram e riram.

— Mas nos impediram, certo? — Quando voltaram a


assentir, tanto Caroline como eu deixamos escapar suspiros
de alívio. — Bom, merda. Está bem, posso ver porque decidiu
me deixar fazer uma tatuagem depois disso.

— Na verdade. — Ham enrolou a manga de sua camisa


para revelar a palavra Zoey rabiscada em seus bíceps. — A
tatuagem foi minha ideia. Foi você que copiou isso.

Neguei. Uau. Ao que parece, foi um menino ocupado.

— Desenhou isto para mim no salão de tatuagens. —


Continuou Ham com orgulho enquanto olhava com adoração
sua tatuagem antes de sorrir para a Loira.

— Espera. — Agitei minhas mãos. — Estava quase cego


da bebedeira e me deixou desenhar uma tatuagem que vai ter
na pele pelo resto de sua vida? Homem, isso é fodido.

Quinn encolheu os ombros.


— Tudo saiu bem, então não tive nenhum problema com
isso.

Me virei para Caroline e sacudi a cabeça.

Depois de um segundo, um lento sorriso se estendeu


por seu rosto.

— Acredito que esta é a melhor viagem que tive em


muito tempo.

Uma vez que voltamos para Illinois e ter entregue


Caroline de novo para seu irmão, acredito que passei por
uma mini depressão de merda ou algo assim. Ainda passava
todas as noites para pegá-la em nosso lugar, a via todos os
dias e falava com ela constantemente através de mensagens,
mas não era a mesma coisa.

Em Lake Tahoe, não tive que escondê-la, nem precisei


me esgueirar. Pude tê-la toda a noite e despertar na manhã
seguinte com ela a meu lado. Caralho, de acordo com o Ham,
foi capaz de anunciar meus sentimentos por ela o
suficientemente alto em público para que até as pessoas de
três estados ao redor os conhecessem.

Mas ela... caralho, aqui ainda era um segredo. E odiava


isso. Caroline Gamble não era meu segredo. Ela era meu
coração e minha alma e não podia seguir com esta merda por
muito mais tempo.
Eu tentei esperar até que Caroline pensasse no assunto
e fosse sua ideia, para que não se sentisse ansiosa ou
assustada quando por fim o disséssemos a Gamble, mas
simplesmente... não podia aguentar muito mais.

Além disso, outras coisas me obrigavam a tomar


decisões antes do esperado.

Então, por volta de uma semana depois de Lake Tahoe,


a levei para meu quarto, depois de buscá-la em nosso lugar, e
disse.

— Há algo que preciso te dizer.

Ela piscou e deu um passo para trás surpresa.

— Está... bem. — Disse lentamente. — Parece sério.

Assenti. Na verdade, tinha três coisas que precisávamos


falar, então peguei suas mãos e a olhei nos olhos. Mas
quando abri a boca, algo fez tremer as paredes do corredor do
lado fora do meu quarto.

— Que demônios? — Trocamos olhares de preocupação


e de uma vez só corremos para a porta. — Loira? — Gritei.
Ham foi trabalhar, por isso só podia ser ela. — Oh, merda. —
Ela estava no chão, meio apoiada contra a parede e
inconsciente. Corri a seu lado, meu coração indo a mil por
hora. — Loira!

— Meu Deus. Zoey? — Caroline estava bem ao meu


lado, ajoelhada comigo enquanto esticava minhas mãos
tremendo, temeroso com o que pudessem encontrar. Quando
senti o pulso em meus dedos ao tocar sua garganta e seu
fôlego em meu braço, me sentei de cócoras aliviado.

— O que aconteceu com ela? — Se colocando do outro


lado da Loira, Caroline afastou o cabelo de seu rosto
brandamente.

— Não tenho ideia. Acredito que simplesmente


desmaiou.

— Mas por que? Acredita que tenha algo a ver com seu
transplante de rim?

Olhando-a, compartilhamos expressões iguais de


preocupação.

— Vamos levá-la para um hospital. — Me Inclinei para


pegar a figura inerte do chão. — Chama...

— Já estou nisso. — Olhei para cima bem quando


Caroline terminava de discar e colocava o celular na orelha.

— Deus, é uma fodida mulher incrível.

Ela me piscou um olho mas logo começou a morder o


lábio enquanto esperava.

— Vamos, Quinn, atende, atende.

— Não tem como ele escutar o celular nesse lugar. É um


milagre quando escutamos o telefone fixo.

— Então ligarei para Noel e o enviarei para buscar


Quinn.

— Boa ideia. — Grunhi quando me endireitei com todo o


peso morto da Loira em meus braços.
— Fodida mulher incrível, lembra. — Disse Caroline,
voltando a discar no celular e correndo na minha frente para
abrir a porta principal. Disse um obrigado com um beijo na
bochecha antes de cruzar a porta.

— Noel? — Começou, logo franziu o cenho. — Olá? Noel?


Maldição. — Sacudiu o celular enquanto franzia o cenho. — A
ligação é muito ruim. Me pergunto onde diabos está.

— Disse a ele que iria sair com Loira esta noite?

— Sim. Graças a Deus. — Enquanto parei para apoiar


um braço contra a parede e tentar distribuir o peso da Loira,
Caroline olhou para trás e parou. — Está bem?

— Sim. Só... bem. Vamos. — Finalmente tinha um


agarre firme. Caroline uma vez mais me surpreendeu com
sua previsão quando nos levou ao carro da Loira e o abriu
com um jogo de chaves que pegou do gancho da parede antes
de sair de casa.

A Loira despertou no caminho do hospital no banco


traseiro onde a tínhamos recostado com sua cabeça no colo
de Caroline.

— O que está acontecendo? — Parecia desorientada e


sonolenta. — Onde estamos?

— Desmaiou, querida. — Caroline pressionou sua mão


contra a testa da Loira e depois a ajudou a se sentar. —
Estamos te levando para que te examinem.

— Desmaiei? — Foi a vez da Loira pressionar a mão


contra a testa. — Isso é tão estranho. Nunca desmaiei.
Lembro de me sentir enjoada, então fui à cozinha para beber
algo quando o corredor se inclinou e tudo ficou escuro.

— Acredita que tenha algo a ver com seu transplante de


rim? — A Loira olhou para Caroline por um momento antes
de sacudir sua cabeça lentamente.

— Não sei. Não acredito. Depois da recuperação inicial,


não tive nenhum efeito secundário. E honestamente, me sinto
bem. Não temos por que ir ao hospital.

— Não importa. — Disse. — Já estamos aqui e vamos


averiguar que demônios aconteceu com você.

— Ten? — Disse, me observando no volante de seu carro


como se a surpreendesse me ver ali. Então olhou o banco
vazio do passageiro a meu lado. — Parece gracioso aí sozinho.

— Sim, não me importa, estou levando as minhas duas


Miss Daise à loja.

A Loira olhou para Caroline, que sorriu.

— Está indo bem com as entrevistas de filmes, certo.

Ri e achei um lugar para estacionar perto da sala de


emergências. Mas depois que me abaixei e abri a porta para
minhas duas damas, Loira resistiu.

— Não temos... que ir. O que acontece se soubermos


que algo anda mal?

— Então é melhor sabermos agora e não depois. —


Caroline deu um empurrão por trás e quando a Loira caiu
para mim, agarrei sua mão e a ajudei todo o resto do
caminho do carro.
Seus dedos se envolveram ao redor de meus e pânico
escureceu seu rosto.

— Quero o Quinn.

O telefone de Caroline apareceu em sua mão.

— Não se preocupe. O encontrarei para você.

— Não, espera. Sabe o que, isto não é nada. Estou certa


de que não tenho nada. Não o chame. Não quero preocupá-lo
no trabalho devido a um alarme falso.

— Mas e se... — Comecei, só para me calar quando


Caroline me enviou um olhar de advertência.

A Loira elevou seus olhos preocupados para mim, por


isso limpei minha garganta e assenti.

— Bem, não o incomodaremos. Ainda.

Então, nos sentamos na sala de espera por perto de


uma maldita meia hora com uma suspirante Loira nos
dizendo constantemente que isto era ridículo porque se sentia
bem.

Nunca fui tão feliz em escutar alguém chamar seu


nome.

—Obrigado, fodido Deus.

Nós três ficamos em pé e nos levaram a um quarto onde


ela se sentou em uma cama de armar. Caroline ficou em um
lado e agarrou uma das mãos da Loira, enquanto eu fiz o
mesmo do outro lado. Dava a seus dedos um apertão de
apoio enquanto a enfermeira começou a fazer perguntas de
rotina e comprovar seus sinais vitais.
Quando as perguntas lentamente se voltaram um pouco
mais pessoais, a cara da Loira rapidamente ficou mais
vermelha.

— Como estão seus ciclos menstruais?

E caralho. Desta vez, eu fiquei vermelho beterraba com


ela. Tossi em minha mão e peguei Caroline rindo
dissimuladamente de mim. Franzi o cenho enquanto a Loira
baixou seu rosto e admitiu.

—Estão um pouco escassos nos meses passados. Quer


dizer, muito mais escassos. Eu... eu não estou sequer certa
se menstruei o mês passado.

A enfermeira assentiu como se suspeitasse muito.

— É possível que esteja grávida?

Nós três ficamos boquiabertos quase simultaneamente.


Por último, a Loira sacudiu sua cabeça.

— Não. Eu... eu tomo anticoncepcionais. Não é possível.

O olhar que a enfermeira enviou nos disse que isso era


inteiramente possível.

— Esteve doente ultimamente? Algum vômito?

— Não. — Começou a Loira, só para deter-se. — Digo,


acho que em março vomitei. Tive um vírus estomacal, mas só
durou um dia.

— Se você ficar dia sem tomar a pílula pode ficar


grávida, e se vomitou a pílula... — Encolheu os ombros, nos
dizendo que isso era tudo.
— E teve náuseas em todo o caminho para Lake Tahoe.
— Interveio Caroline, o que explicava o início das náuseas
matutinas.

A Loira olhou para Caroline e logo para mim, sua


expressão estava assustada. Levantei as mãos.

— Bom, vamos averiguar se está grávida.

A enfermeira pegou um pote de plástico e instruiu a


Loira para que fizesse xixi lá. Uma vez que se foi, Caroline
veio para mim. A abracei forte, beijando seu cabelo.

— Pelo menos pode ser que não seja algo


potencialmente mortal. — Disse, um pouco aliviado.

Mas quando Caroline levantou o rosto, seu olhar ainda


parecia preocupada.

— Está seguro? Me refiro a que, não tem problema que


ela fique grávida tão cedo depois da operação?

— Merda. — Fechei os olhos e apertei meus dentes. —


Esqueci disso. Não sei.

A Loira retornou, então nos calamos a respeito de


nossas preocupações e a fizemos se sentar uma vez mais.

Momentos depois, o doutor entrou, sorrindo.

— Parabéns! —Disse, nos dando um sorriso tanto para


mim como para a Loira. — Vocês terão um bebê.

Loira chiou em comoção. Caroline saltou para a porta


que conduzia ao corredor, já tirando seu telefone fora do
bolso.
— Chamarei Quinn. — Disse enquanto deixava o quarto.

E olhei para a Loira antes de me virar para o doutor.

— Maldição, isso é impressionante, já que nunca fiz


sexo com ela.

— O... sinto muito. — O doutor ficou vermelho e


gaguejou um momento antes de perguntar. — Vocês dois
não...?

A Loira e eu negamos. Então a olhei.

— Ela é... minha irmã. —Disse no final e dei um quente


aperto em sua mão.

— OH!... — O sorriso do doutor desapareceu. Consultou


seu histórico médico. — Parece que...

— Espere. —Loira elevou as mãos, interrompendo o


doutor. — Eu... eu não posso ficar grávida agora. Doei um
rim faz cinco meses, e disseram... disseram que precisava
esperar pelo menos de três a seis anos antes de que pudesse
ficar grávida.

O doutor fez uma careta de dor.

— Sim... isso faz uma diferença. — Comprovou o


histórico médico. — E disse que seus períodos foram ligeiros
ultimamente, além disso vomitou uma pílula em março, por
isso poderia significar que tem pelo menos dois meses.
Adicione o feito de que estiveste tomando anticoncepcionais
todo o tempo e isso te põe em uma categoria definitiva de
risco.
— Oh, Deus. — A Loira cobriu a boca com ambas as
mãos. Estava tão assustada que passei um braço ao redor de
seus ombros. Se inclinou contra mim, agarrando meu braço.
— Então o que... o que nós temos que fazer?

— Bom... — O doutor soltou um suspiro antes de olhar


uma prateleira cheia de panfletos pendurando da parede.
Pegou um. — Se quiser interromper, há um pouco de
informação a respeito aí, lugares onde chamar para locações
e... e... senhorita?

A Loira afastou sua mão dos panfletos que ele tentava


entregar a ela e desabou em lágrimas.

— Está dizendo... Deus... devo fazer um... um aborto?

— O que? Não. — O doutor negou. — É obvio que não,


ninguém a forçaria. É que... pode ter uma gravidez de risco e
pensei que me pedia... assumi que queria... na verdade, só
tentava te dar toda a informação, assim ficará totalmente
consciente de todas suas opções.

Elevei minhas mãos para fazer ele se calar. Então


gentilmente, me estiquei e empurrei o panfleto fora da vista
da Loira.

—Claramente, essa não é uma opção que ela esteja


disposta a seguir. — Inclusive o disse em uma voz calma e
racional.

Mas o idiota só elevou o panfleto de novo e o empurrou


de volta para ela.

— Mas...
— É surdo, imbecil? — Rugi. — Tira essa coisa de sua
vista. Ela não vai matar o seu bebê!

Assim que o grito saiu de meus pulmões, Caroline


apareceu na porta. Meus olhos se encontraram com os seus e
soube, simplesmente soube... estraguei tudo de novo.

Um momento depois, seu rosto pálido se foi de novo,


totalmente desaparecendo da porta enquanto ela fugia.
TEN

Minhas mãos não deixavam de tremer enquanto levava


Loira de novo para nosso apartamento. Ela parou de chorar,
mas ainda tremia até a medula. Caroline deve ter falado com
alguém no clube e alertou Quinn do problema, porque ele me
ligou enquanto levava sua mulher do hospital para casa...
sem Caroline.

Disse para ele nos encontrar aqui, assim a Loira poderia


explicar tudo, e logo desliguei, porque não podia falar.

A Loira devia ter entendido. Fiquei tão abalado assim


que Caroline se precipitou para fora da sala do hospital, que
ela disse.

— Tem que ir atrás dela.

Simplesmente apertei meu braço ao redor de seus


ombros.

— É sério quer que te deixe aqui sozinha... assim?

Com um estremecimento, olhou para doutor e logo


sussurrou.

— Não. — Com os lábios brancos.

— Então procurarei Caroline depois —eu disse.


Mas merda, era tarde e eu já estava muito ansioso. Não
podia deixar de lembrar o olhar devastado em seu rosto
quando gritei essa merda sobre o aborto.

Eu era um maldito idiota.

— Eu... eu vou para o meu quarto. — Disse a Loira, em


voz baixa e assustada.

Assenti, mas no segundo último, agarrei-a e dei um


último abraço e um beijo no topo da sua cabeça.

— Vai ficar tudo bem, garota. Sei como determinado que


pode ser Hamilton e ele não deixará que nada aconteça a você
nem a seu bebê, ok?

Ela me olhou com seus olhos verdes chorosos.

— Eu também. —Prometeu. — Mas obrigada. Obrigada


pela tranquilidade e por estar comigo.

Sorri e a deixei ir. Segundos depois que desapareceu em


seu quarto, a porta se abriu e um Ham sem fôlego entrou no
apartamento.

— Onde está Zoey? O que aconteceu? Está bem?

— Está em seu quarto. Ela te dirá tudo. Tenho que ir.

— Espera. — Segurou meu braço quando cheguei na


porta—. Aonde vai?

— Tenho que encontrar Caroline. — Comecei a


caminhar para longe dele, só para fazer uma pausa e dar um
tapinha em seu ombro. — E, felicidades.

Sacudiu a cabeça, completamente confuso.


— Que?

Sorri enquanto saía da casa, mas logo que fechei a


porta, a preocupação chegou de novo. Caralho, como
conseguiria que Caroline me perdoasse? Vi a desolação em
seu rosto, a machuquei muito.

Cheguei na casa de Gamble em cinco minutos, quando


possivelmente deveria ter feito em dez. Não me incomodei em
bater, mas sim corri para a parte dos fundos e abri a porta.
Quando me meti na cozinha, fui abordado imediatamente.

— Grande... idiota. — Colton franziu a testa uma fração


de segundo antes de jogar seu braço para trás e me golpear
bem nas bolas.

Tomei uma respiração profunda quando a dor explodiu


através dos meus testículos, me revirando o estômago e
quase me fazendo vomitar por todo o chão. Fiquei de cócoras,
já que meus joelhos paralisaram e soltei um gemido.

— Que demônios fez a Caroline? — Exigiu Brandt


enquanto esticava seu próprio braço. Quando me golpeou no
olho, apenas o senti, meus testículos seguiam monopolizando
toda a dor.

— Que demônios? — Ofeguei, sentado no chão e


descansando minhas costas contra a bancada, enquanto
embalava meu dolorido olho e minhas torcidas bolas.

— Disse que se alguém alguma vez incomodasse


Caroline, devíamos machucar onde mais doesse.
— Bom, parabéns. — Ainda queria chorar de agonia,
mas disse isso para não derramar as lágrimas. — Teve êxito.
Merda... porque isso de verdade doeu, inferno.

Colton, se aproximou, com cara de preocupação.

— Está bem?

— Não. — Grunhi. — Vim aqui para me assegurar de


que Caroline estivesse bem, e vocês me deram uma surra,
pequenos filhos da puta. Como acreditam que estou?

Agora Brandt começou a parecer muito inquieto.

—Quer dizer que não é quem a fez chorar?

De maneira nenhuma poderia responder isso, por isso


disse.

— Me ajudem a entrar em seu quarto para que possa


arrumar tudo isto de novo.

Os dois irmãos se olharam antes de que se virassem


para mim. Logo estenderam suas mãos ao mesmo tempo,
com as palmas para cima.

— O que? — Perguntei antes de que entendesse. — Oh,


têm que estar brincando. Não esperam que eu pague depois
de que me deram um chute nas bolas e me deixaram um
fodido olho roxo, né?

— Sim. — Disseram juntos.

Murmurando, levantei meu quadril e fiz uma careta por


meus testículos.
— É uma fraude. Sou um homem ferido e me
chantageiam. Onde está a humanidade? — Tirei duas notas.
— Só tenho vinte dólares.

— Com isso bastará. — Cada menino pegou uma nota


de dez dólares e me sorriu com suficiência.

Quando começaram a sair da cozinha, sussurrei.

— Vão me ajudar a passar escondido de seu irmão, ou


não?

— Noel não está em casa. — Respondeu Brandt. — Ele e


Aspen foram ao supermercado.

— Filhos da puta. — Murmurei, golpeando o pé contra o


chão, porque porra, ambos sabiam, sem dúvida, como
machucar um menino e logo dar um chute enquanto estava
no chão.

Com outra maldição, segurei na mesa para me levantar.


Não podia acreditar, acabava de ser enganado por esses dois
pequenos peraltas. Como que me faziam sentir orgulhoso...
da maneira mais irritantemente possível.

Assim que fiquei em pé, me faltou fôlego, porque mais


sangue correu para minhas bolas com uma urgência sensível.

— Merda. —Respirei através de meus dentes para


ajudar a desacelerar o batimento do coração, mas cada passo
pela casa, comigo em sua maioria segurando nas paredes, era
uma tortura.

Não chamei quando cheguei no quarto de Caroline. Só


virei a maçaneta e abri a porta, tropeçando para dentro.
Caroline sobre a cama com os joelhos até o peito e os
braços envolvidos ao redor de suas pernas. As lágrimas
corriam por suas bochechas. Tanto os olhos como o nariz
avermelhados, me disseram que esteve chorando por um
tempo.

Ofegou quando levantou os olhos e me viu.

— O que... como entrou aqui?

— Pela porta. — Esquecendo minhas próprias feridas,


me aproximei subindo na cama.

Eu era um idiota. Aqui estava minha forte e decidida


fera, e eu a quebrei. Por que diabos reagi daquela maneira no
consultório quando sabia que ela estava no hospital, quando
sabia que este era o assunto mais sensível para ela?

— Maldição. — Me arrastei para ela, grunhindo quando


se afastou de mim. — Maldição. — Disse de novo,
empunhando minhas mãos e as pondo contra minha boca.
Me rompeu o coração. Simplesmente... em fodidos
pedacinhos. — Amor, não. — Supliquei. — Por favor. — De
joelhos frente a ela, procurei seu cabelo, mas tinha medo de
tocá-la. Não queria fazer nada para machucar mais do que já
fez. — Sinto muito. Estou tão arrependido.

Suspirou e levantou o rosto.

— Por que... por que o sente? Você... você não fez nada.

— Mas disse...

Sacudiu a cabeça com força, me calando.


— Não disse nada que eu mesma não tenha dito um
milhão de vezes. Matei meu bebê. Eu...

— Não. Shh. — Peguei seu rosto e por fim a trouxe para


meus braços. Quando veio por vontade própria e se agarrou
com força, traguei de alívio, muito contente de que não
estivesse zangada comigo.

— Seria mãe neste momento. Teria um bebê, e...

— E seria uma mãe que eu gostaria de foder. —


Concordei, então optei por uma brincadeira para aliviar sua
dor. Pensei que na verdade poderia funcionar. Funcionou
antes.

Mas começou a soluçar de novo.

— Oren. — Enterrando seu rosto entre suas mãos,


deixou sair sua dor. — Isto não é divertido.

— Sei. Sinto muito. Sinto muito. Merda, olhe... — Tomei


seus braços e pressionei minha testa contra a sua. — Todos
fazemos e dizemos coisas que lamentamos. Para mim, é um
montão de coisas. Mas sejam grandes ou pequenas, tem que
encontrar uma maneira de perdoar a si mesma e passar
dessa merda. Já que não podemos voltar atrás e mudar,
temos que aprender com isso. E se arrepender disto ou não...

— Sim, me arrependo.

Assenti.

— Bom. Então tem que... Não sei, caralho. Mas não


posso te ver se destroçando desta forma. Quero dizer, se olhe.
Esta não é você. Você não chora assim e não se encolhe nos
cantos. Eu gostaria de poder aliviar tudo, gostaria... caralho!
Não sei.

Com olhos azuis ainda brilhantes pelas lágrimas, ela me


olhou e esboçou um sorriso trêmulo.

— Quer saber o que aconteceu com minha mente


quando te vi gritando com aquele médico?

Fiz uma careta.

— Que eu era um estúpido filho da puta?

Negou com a cabeça.

— Não. Pensei... onde estava este homem incrível


quando precisei que alguém fizesse isso por mim? Quando eu
me sentia tão assustada e sozinha, tremendo em frente aos
intimidantes e poderosos pais de Sander, ou quando entrei
nessa clínica me sentindo mal do estômago? Por que teve que
aparecer no trailer de minha mãe só na manhã seguinte? Por
que não pôde chegar na minha vida apenas um dia antes?

A devastação me inundou. Minha garganta estava seca,


mas quando tentei limpar e tive que piscar várias vezes para
evitar que me umedecessem os olhos.

— Eu também gostaria de ter estado lá. — Disse com a


voz enferrujada. — Poderia ter dado uma olhada em seu rosto
e saber que não era o que queria fazer. Poderia ter dito a
todos esses idiotas que se fodessem.

Caroline pegou minha mão e logo apoiou a bochecha


sobre meu ombro.
— Sei que faria isso. Mas o que mais me incomodou foi
escutar o que fez pela Zoey e pensar: “Por que não fiz isso por
mim mesma? Por que não enfrentei todo mundo e disse que
não?”

— Porque tinha medo, estava intimidada, e sozinha,


como disse. — Lembrei a ela. Comecei a me balançar, aliviado
quando ela se aconchegou em mim, relaxada contra meu
peito. — Além disso, era jovem, vulnerável, desamparada e
tinha o coração quebrado pelo idiota que te deixou. Não era
como se tivesse um montão de outras opções.

Caroline suspirou, mas não respondeu. Se limitou a me


escutar enquanto acariciava seu cabelo. Com um beijo em
sua testa, disse.

— Quando te vi na porta do consultório do doutor, a


forma que me olhou, pensei que acabei. Que terminou
comigo... Mas juro por Deus que nem sequer pensei no que te
passou quando falei. Eu só... a Loira estava ficando nervosa e
ela claramente não quer...

— Sei. — Disse Caroline. Pôs sua mão em meu braço,


me reconfortando e estremeci de alívio. — Soube no segundo
que escutei. É que... precisava...

—Ir? — Supus. —Para sua casa?

Olhou seu quarto e deu um pequeno sorriso.

— Sim. Suponho que sim.

Respirei, aliviado porque suas lágrimas pararam. Seu


rosto continuava vermelho e com manchas e os olhos
injetados com sangue, mas já não parecia se achar no
começo de um colapso total. Me aconchegando mais nela,
descansei minha bochecha contra a sua e perguntei.

— Como posso te ajudar com isto? O que posso fazer


para aliviar sua dor? Porque juro por Deus que farei o que
for.

Absolutamente tudo.

Ela pôs sua mão em meu coração e me olhou, com os


olhos cheios de tanta emoção, que parte dela transbordou, se
derramando em mim.

— Simplesmente me ame. — Sussurrou.

— Faço. — Prometi. Pressionando minha testa na dela,


a deitei até que a tive estendida de costas em diagonal sobre
sua cama. — Te amo tanto que me assusta. — Pus meus
lábios contra os seus e lhe dei um beijo que poderia
transformar uma pessoa são em um diabético de tão
malditamente doce.

Mas logo nossas bocas se abriram e nossas línguas se


roçaram brandamente. Gemi e enterrei meus dedos em seu
cabelo enquanto acomodava meu peso em cima do dela.

— Não tinha ideia de que poderia ser assim. —


Sussurrou, somente afastando sua boca da minha o
suficiente para me olhar com assombro. — Não tinha ideia de
que poderia compartilhar muito com uma pessoa e me sentir
tão... cheia. Igual a, não sei... sem você em minha vida, não
estou certa de como ser eu. Você se converteu em uma parte
do que sou.
Sorri, entendendo por completo.

— Sim, bom, me faz querer crescer para poder cuidar de


você e ser um homem o suficientemente bom para te merecer.

— Sou eu que não te mereço. — Respondeu.

Esfreguei meu nariz contra o dela e sorri.

— Também penso assim. — Me devolveu o sorriso.

— Tivemos suficiente conversa séria e emocional?


Porque estou muito molhada agora e...

— Estou nisso. — Disse-lhe enquanto deslizava minhas


mãos por seu corpo, bem dentro da parte de trás de suas
calças até que embalei seu traseiro.

Balançando meus quadris entre suas pernas para que


pudesse sentir como já estava duro, me queixei quando
envolveu suas coxas a meu redor e me puxou mais perto
ainda de sua boceta.

— Maldição, nunca poderei ter o suficiente de você. Nem


em mil anos. Arranquei sua camisa, beijando-a e ofegando
quando se tornou tão selvagem, sujeitando a linha do pescoço
de minha camiseta enquanto a atirava por cima de minha
cabeça.

— Quero te olhar nos olhos enquanto me toma. —


Ordenou ela.

Não tive problema com isso, então assenti e tirei as


calças enquanto ela se apressou em tirar as suas. Me pegou
em sua mão, o que me estremeceu com desejo, enquanto via
seus pequenos magros dedos envolver-se ao redor de meu
pênis. Quando me pressionou em sua palma, respirou e me
olhou. — Quero sentir isto dentro de mim... agora mesmo.

Sem romper o contato visual, coloquei-a sobre a cama e


me aproximei dela. Então, entrei duro.

Caroline arqueou seu pescoço e começou a gritar, mas


pus uma mão sobre sua boca. Seus olhos se abriram e logo
percorreram seu quarto antes de parecer se da conta do
lugar. Logo arrancou meus dedos de seu rosto, sussurrando:

— Oh, meu Deus, Oren. Estamos na minha casa.

Só sorri e a penetrei de novo.

— Não me diga, Sherlock. — Ela chiou seus dentes e


ofegou, começando a se perder de prazer.

— Mas... e se... pelo menos fechou a porta?

— Não lembro. — Admiti. — Estive ocupado com outros


assuntos. — Minhas bolas ferroavam quando meu escroto se
apertou ao redor delas, mas nem sequer a dor de ser
golpeado recentemente me deteve. Encontrava-me ocupado
com assuntos que eram muito mais importantes.

Caroline agarrou meus braços, cravando suas unhas em


minha carne.

— Mas o que se... — Abriu seus olhos. — Meu Deus.


Parece que ouvi a voz de Noel na cozinha.

Só neguei com a cabeça e segui bombeando dentro e


fora dela.
—Não me importa. Tenho que agradar a minha mulher.
— Então me inclinei para sussurrar em seu ouvido. — E
demonstrar a ela o muito que a amo.

Conteve o fôlego e segurou meu rosto.

— Eu também te amo. Tanto.Tantooo... oooOhhh... OH


Deus... tanto.

Beijei-a para afogar seus gemidos de prazer. Sua boceta


se contraiu ao redor de meu pau, e isso foi tudo. Não pude
aguentar mais. Viemos juntos, abraçados fortemente.

Uma vez que me detive, desabei sobre a cama, ficamos


cara a cara.

— Somos incríveis nisto.

Ela riu e estendeu a mão para brincar com meu cabelo


que umedeceu.

—Sim, somos, não somos?

Virei de lado para que pudesse sorrir para seus


formosos olhos azuis.

— Agradeci ultimamente por se esgueirar em meu


quarto e me enganar?

— Sua gratidão já foi dada.

Rindo brandamente, me encontrei passando meu dedo


indicador ligeiramente sobre a curva de seu peito perfeito. —
Como diabos convenceu Kelly em mudar de lugar com você?

Suas bochechas se tornaram imediatamente vermelho


brilhante.
— Uh, sim... sobre isso.

— Oh, Jesus. — Gemi, já sabendo que não ia gostar de


sua resposta. — O que fez?

— Eu... poderia ter...insinuado que tinha... uma doença


venérea, talvez.

Fechei os olhos, deixe-me cair sobre minhas costas e


não pude evitar. Ri.

— Sério? Merda. Muito obrigado. Não é de se estranhar


porque poucas mulheres paqueram comigo no trabalho
ultimamente.

Caroline se sentou se mordeu o lábio.

— Você está bravo?

Com outra risada, encolhi os ombros e dei a volta para


ela.

—Não, já que terminou em meu favor, não. Mas me


lembre de não a fazer ficar brava.

— Nunca me deixe brava, Oren. — Disse com uma cara


séria antes de dar um sorriso.

Abri a boca para dizer alguma coisa quando alguém


chamou na sua porta.

— Care? —A voz de Gam chegou através da madeira, o


que quase me fez cagar na hora. — É hora do jantar. Pronta
para jantar?
Nossos olhos se abriram antes de que saíssemos da
cama juntos e lutássemos pela roupa que estava dispersa por
todo o quarto.

—Uh... já vou! — Gritou, e sua voz saiu muito assustada


para meu gosto. — Só tenho que me trocar... primeiro.

— Merda, merda, merda. — Sussurrei em voz baixa


enquanto colocava minhas pernas em meu jeans sem a roupa
de baixo.

— De acordo. — Respondeu Gam. — Daremos cinco


minutos.

Me vesti em uns vinte segundos, enquanto Caroline


amaldiçoava por seu sutiã torcido. Estendi a mão para ajudar
e levantou as suas em derrota enquanto o endireitava ao
redor de seus peitos. Logo deslizei as correias perfeitamente
em seu lugar.

— Irei pela janela. — Disse. — Não se esqueça de fechá-


la depois que eu sair.

Assentiu enquanto me observava deslizar o vidro e sair.

— Tem certeza que pode se ocupar disto? — Perguntei.


Revirou os olhos, fechando a janela.

— Já fiz isso antes, lembra? — Assenti.

— Certo. Obrigado. Lambo-te logo, baby.

Seu rosto se iluminou com adoração. — Acho bom.

Nos beijamos, duro e rápido. Quando nos separamos,


adicionei.
—Te amo. — Ao que ela me enviou o sorriso perfeito.

— Eu também te amo. OH! Espera.

Parei e olhei para a porta de seu quarto.

—O que?

— O que quis me dizer antes? Em sua casa... bem antes


de que Zoey desmaiasse. Oh, merda! Zoey. Ela está bem?

Assenti, começando a me preocupar de que a porta do


quarto não estivesse bem fechada.

— Sim, está bem. Um pouco assustada, mas tem o Ham


com ela, e... — Merda, não podia dizer o que estava pensando
em dizer antes. Não aqui, assim. Mencionar a chamada que
recebi de Lake Tahoe e a coisa que encontrei em minha
bagagem depois de voltar de lá poderiam assustá-la.

Mas a deixar inquieta era a última coisa que queria


fazer neste momento, por isso decidi pela terceira coisa que
planejei discutir com ela.

— Vou perguntar a seu irmão se posso sair contigo.


TEN

Sabia que deveria ter ido para casa para ver como
estavam a Loira e o Ham, mas mesmo assim ainda queria
estar perto de Caroline. E agora parecia um bom momento
como qualquer outro para falar com Noel e pedir sua
permissão para levar sua irmã para um encontro verdadeiro.
Então, no lugar de ir procurar minha caminhonete, penetrei
pelo lado da casa para a parte da frente. Depois de saltar o
portão, tomei uma respiração profunda e bati na porta.

A mulher de Gam respondeu menos de um minuto


depois. Piscou como se estivesse confuso em me ver.

Sorri tão encantadoramente como pude.

—Noel pode sair agora?

— Uh... — Sacudiu a cabeça. — Sim, certo. Está aqui.


Entra. O que acontece? Parece... — Olhou minha roupa
enrugada e meio rasgada. — Bagunçado.

Merda, devia ter me arrumado um pouco antes de bater.


Caroline foi um pouco selvagem esta tarde.

Oh, bom. Muito tarde para isso.

Encolhi os ombros tristemente.

— Foi uma noite daquelas.


— Ten? — A curiosa voz de Gam veio por trás de sua
esposa. Apareci ao redor dela para sorrir para ele. — Ouça,
homem. Ham e a Loira precisam do lugar para eles por um
momento, então estou temporalmente sem lar. Aceita cães de
rua aqui, certo? — Passei ao redor de sua esposa e respirei
profundamente, levantando o nariz para o teto. — Maldição, o
que seja que esteja cozinhando, cheira incrível. Eu adoraria
ficar para jantar, obrigado.

Gamble apoiou um ombro contra o marco que dava à


sala de estar e levantou uma sobrancelha enquanto cruzava
seus braços sobre o peito. Mas sua esposa riu de minhas
palhaçadas.

— Não é nada luxuoso. — Disse. — Só tacos. E é bem-


vindo a ficar, Ten. Não tem problema.

Ignorando seu marido, dei a ela outro brilhante sorriso.

— Obrigado, senhora Gamble. Vou pôr a mesa.

Minha oferta fez que sua cara se iluminasse, mas agitou


uma mão.

— Não tem que fazer isso, mas obrigado. E pode me


chamar de Aspen, já sabe.

Enquanto a seguia para dentro da cozinha, estremeci.

— Sim, sinto muito. Não estou acostumado a chamar as


mulheres por seu nome. É uma espécie de tic estranho que
não posso controlar.

— Sério? — Ela enviou um pequeno sorriso ardiloso. —


Nunca ouvi você dizer a Caroline algo mais que seu nome.
— Hmm... — Murmurei enquanto abria a porta do
armário e baixava uma pilha de pratos. — Se quiser, posso
escolher um apelido para você.

Com seus olhos cheios de horror, ela negou com a


cabeça.

—Não! Oh, não. Quero dizer, sério. Não. Se for algo


como o que deu a Eva, simplesmente passo.

— Ouça, tenho que dizer que Tetas de Leite ama seu


apelido.

Aspen soltou uma gargalhada.

— Sim, estou certa disso.

— Espera. Tenho um. — Fiz uma pausa com um prato


na mão para estudar ela por um momento e alargar o
suspense. Logo apontei e disse. — Shakespeare.

Aspen ofegou imediatamente.

— Oh meu Deus, eu adoro! —Uma fração de segundo


depois, pareceu se dar conta de que agia muito feminina,
assim se ruborizou e tampou a boca. — Quero dizer,
obrigada. Aceitarei esse.

Com uma piscada, continuei colocando os pratos.

— Então é seu.

— Noel, Ten acaba de me dar o apelido de Shakespeare.


Você não adora? — Olhei ao meu redor para encontrá-lo
apoiado na entrada da cozinha, com seus olhos estreitos me
observando tirar os copos do armário.
— Desde quando se tornaram tão bons amigos? —
Perguntou. Abri a boca para dizer que não era de sua maldita
incumbência, mas Shakespeare disse.

— Desde que o ajudei com seu currículo faz umas


semanas.

Pressionei ambas as mãos sobre meu coração e sorri tão


modestamente como pude.

— Estamos vinculados. Foi bonito.

Gamble contorceu seu rosto em uma expressão de


suprema confusão. Logo olhou para sua esposa.

— Não paquerou com você, não é?

Ela suspirou e depois virou os olhos.

— Noel. Sério?

— Sim, Noel. — Repeti. — Sério? Fui um cavalheiro


respeitável. — Pisquei os olhos para Shakespeare. — Depois
que pusemos a roupa de novo.

O rosto de Gam ficou vermelho escuro.

— Filho da puta!

— Oh meu Deus, Noel! — Shakespeare agarrou seu


braço e começou a rir. — Ele está brincando. Foi uma
brincadeira. — E me enviou um olhar com os olhos abertos,
para que parasse com isto.

— Não acredito que ele tenha achado divertido, Ten.

Encolhi os ombros e tirei uma batata da travessa em


cima da mesa.
— Bom, eu me diverti, que é tudo o que importa.
Algumas pessoas... — arqueei minhas sobrancelhas para
Gam — ...levam as coisas muito a sério.

— Onde está todo mundo? — Perguntou Aspen,


desesperada para mudar a conversa. — Colton! Brandt!
Caroline! O jantar.

Colton chegou na sala rapidamente, com o Brandt


pisando em seus calcanhares. Ambos pararam quando me
viram. Seus olhos se ampliaram como se não estivessem
certos de que eu fosse gritar com eles pelo que fizeram antes.

Mas simplesmente enviei a eles um enorme sorriso.

— Olá, meninos. Faz tempo que não vejo vocês.

Brandt limpou a garganta, baixou o rosto e se apressou


a chegar em uma cadeira. Colton o seguiu com similar
docilidade. Esperei que ambos estivessem sentados para
pegar a cadeira entre eles e me sentar. Ficaram ainda mais
inquietos e quase arrebentei em uma gargalhada. Mas
maldição, os amava.

Enquanto me acomodava, uma ofegante Caroline entrou


na cozinha, só para parar de repente quando se encontrou
com meu olhar e ficou boquiaberta, então me encolhi e
apontei para mim mesmo. — Sinto muito, peguei sua
cadeira?

—O que? — Piscou e olhou os lugares. — Não. —


Começou, só para negar com a cabeça. — Bom na verdade
sim, mas fique. Está tudo bem. — Enviou a seu irmão mais
velho um olhar perplexo. — Uh... suponho que vamos ter um
convidado para o jantar.

— Ele mesmo se convidou. — Entoou Gam secamente.


Caroline se sacudiu de novo e pegou a última cadeira
disponível. E assim começou nosso jantar juntos como uma
grande família feliz. Estava a meio caminho de meu segundo
taco quando Gamble franziu o cenho curiosamente e se
inclinou sobre a mesa, entrecerrando os olhos. Me afastei
dele, com a esperança de não estar parecendo um chupão ou
algo assim.

— Tem um novo olho roxo? — Perguntou finalmente.

Não esperava essa pergunta, então disse.

— O que?

Brandt começou a engasgar com um omelete. Enquanto


eu dava uns tapinhas nas costas dele, Gamble voltou sua
atenção a seu irmão do meio.

— Está bem?

Brandt não podia olhar nos olhos dele quando assentiu.

— Bem. Maravilhoso. Esplêndido.

Gamble olhou para sua esposa.

— Por que está agindo tão estranho? — Enquanto


Shakespeare se encolhia, sem ter ideia, Caroline respondeu.

— Provavelmente porque é um idiota.

Ri.

Caroline me olhou, seus olhos brilhando com malícia.


— Todos a favor? — Ela e eu levantamos a mão. Quando
ninguém mais pareceu captar que votávamos pela idiotice do
Brandt, agarrei o braço do Colton e o levantei por ele.

— Três contra dois. — Disse. — É oficial. Brandt é um


idiota. Enquanto Brandt gritava.

— Ei, isso não é justo.

Caroline e eu sorrimos através da mesa... até que seu


sorriso caiu.

— Oh, por Deus. Realmente tem um novo hematoma.


Bem ao redor de seu olho esquerdo. O que a Zoey fez era no
direito.

— Vê, foi isso mesmo que pensei. — Assinalou Gamble


vitoriosamente. Logo riu. — A quem encheu o saco está vez?

A cabeça de Brandt se levantou de repente, seus olhos


enormes. Deve ter pensado que ia entregar ele. Mas encolhi
os ombros.

— É difícil de dizer. Recebi muitos ultimamente, é


impossível que faça uma lista, como uma planilha ou algo
assim. Honestamente, acredito que estão começando a
desovar e ter filhos juntos. — Colton riu disso. Assim segui
adiante, assinalando meu palpitante olho. — Juro que este é
o neto do que me deu no ano passado, Gam.

Mas Gam não achou graça. Entrecerrando os olhos, o


bastardo me franziu o cenho.

— Por que está desviando da pergunta?

Cocei a mandíbula e me encolhi com abandono.


— Que pergunta? Não fez nenhuma.

— Quem te deu o olho roxo? — Perguntou lentamente.

Respondi da mesma maneira.

— Não vou dizer isso. É vergonhoso, homem. Sinto como


se fosse uma menina pequena que me bateu.

Um som de incredulidade saiu da garganta de Brandt


quando se virou para franzir o cenho por minha ofensa.

— Hamilton te golpeou de novo? — Perguntou Gam com


um suspiro. — Paquerou com Zoey, né? É por isso que tinha
que vir esta noite?

Dei uma palmada na testa e gemi.

— Maldito Deus. É tão avoado. Sério?

— O que? — Exigiu Gam, claramente perturbado.

Shakespeare se levantou de repente, dizendo.

— Sabe, Colton. Acredito que é hora de seu banho.

Queria apontar para ela e dizer a seu marido: "Vê, até


ela entende o que está acontecendo aqui, mas olhei para o
menino."

— Amigo, ainda toma banho de banheira? — Ele piscou


para mim.

— Sim. Por que?

— Por que? Porque as duchas são impressionantes. São


como um milhão de pequenos dedos úmidos te massageando
por todo o corpo.
— Uau. — Gam soprou uma gargalhada enquanto me
lançava um olhar estranho. — Olhe quem está todo poético
esta noite.

Me encolhi e apontei meu polegar para sua esposa.

— É por causa da Shakespeare. Algo de sua merda


literária me pegou.

Ela riu e sorriu para Caroline.

— Adoro esse apelido. — Gam só suspirou. Quando


tocou o telefone, ficou de pé e saiu da cozinha para atender.
Aspen seguiu Colton para ajudar a se preparar para a cama,
enquanto Caroline se levantava e golpeava Brandt no braço.

— Meu Deus, você bateu em Oren? No olho?

— O que? — Vaiou, se afastando dela. — Estava


chorando. Pensei que ele fez você chorar.

— Ele não me fez chorar.

— Sim, percebi. — Murmurou Brandt. — Sinto muito.

Caroline o golpeou de novo, mas levantei minha mão.

— Esperem, esperem. Meninos, se comportem. —


Levantei o olhar para Caroline. — Se te faz sentir melhor, o
mais jovem me feriu mais quando me bateu nas bolas.

— Ele... Colton te bateu nas bolas? — Quando assenti,


ela sorriu brandamente. — Ah, era tão doce cuidando de
mim.

— O que acha que eu estava fazendo? — Demandou


Brandt, levantando as mãos com incredulidade.
Caroline franziu a testa bateu nele de novo.

— Espero que da próxima vez também deveria ir nas


bolas.

— Ouçam. — Ri com inquietação. — Talvez todos


devessem deixar essa área da minha anatomia tranquila. —
Fiz um movimento sobre meu colo. — Está fora dos limites.

Pestanejando para mim, Caroline perguntou.

— Isso me inclui também? — Estava a ponto de dizer


que era a única pessoa permitida nessa zona quando um
grito ecoou através da casa. Voei da minha cadeira,
preparado para ver outra pessoa desmaiada no corredor. Mas
quando saí da cozinha, com Brandt e Caroline atrás de mim,
patinei até me deter quando vi Shakespeare rindo, chorando
e abraçando Gam.

— Que demônios?

—Consegui o trabalho! — Gritou ela e soltou seu marido


para se lançar para mim. Quando me abraçou com força,
tropecei para trás antes de pegá-la e devolver o abraço.

— Bom, parabéns Shakespeare. — Bati em suas costas


enquanto me desenredava e a passava para Brandt. —
Entretanto, sabia que conseguiria. É uma professora muito
boa.

Lágrimas brilhavam em seus olhos enquanto sorria e


abraçava o adolescente.

— Seriamente pensa isso?


— Diabos, sim. Odeio inglês e me sobressai em sua aula
antes de ter que sair. — Enviei a Gam um olhar revelador por
foder minha nota. Terminei o semestre com um maldito B
graças a aborrecida substituta que enviaram.

Ele só me franziu o cenho, então virei os olhos e sorri


brandamente quando vi Shakespeare e Caroline se abraçando
e dançando por todo lado. Depois de que as mulheres se
soltaram, ela voltou a abraçar seu marido. Quando se
beijaram, Caroline parou ao meu lado.

— Este não é o melhor momento para falar com ele, né?


— Disse pelo canto de minha boca.

Suspirou tristemente e negou com a cabeça.

— Não. Provavelmente não. Meus ombros caíram.


Caralho. Ia ter que esperar mais um tempo por minha
Caroline.
TEN

Me chamar para trabalhar na noite do karaokê foi uma


merda. Mas Lowe decidiu que tinha coisas melhores para
fazer do que atender o bar, então Pick me pediu para
substituí-lo.

Eu pensei em passar a maior parte da noite na cama


com minha mulher. Desde Lake Tahoe, não podia ter o
suficiente dela. Cada momento roubado parecia como se
nosso tempo junto ficasse mais e mais curto. Não podia
esperar para enfrentar seu irmão e ter esse bate papo logo.

A sorte quis que eu trabalhasse com ele na noite do


karaokê. Olhava ele do outro lado do balcão, me debatendo
como abordar o tema, quando Hart se aproximou e me deu
um murro amistoso nas costas.

— Bom, como esteve Tenoline estes dias? — Ele arqueou


uma sobrancelha, curioso. — Ou prefere Caroten? Não estava
certo de como se chamam.

Soltei um suspiro e virei os olhos.

— Chama-se Oreline, filho da puta. E estamos


estupendamente bem. Por que pergunta? — Franzi a testa. —
Pretende ficar com minha mulher?

Ele riu e sacudiu as mãos.


— Não. Não, não, não. Digo, se a quisesse, já teria ela
comigo.

— Oh, já a quis idiota. Não teria tido nenhuma


oportunidade.

— Não sei. — Murmurou, pensativo. — Caroline e eu


tivemos sempre...

Fechei os olhos enquanto sua voz desaparecia. O ciúme


me encheu e só queria golpear sua cabeça contra a parede
mais próxima. Mas uma nova canção começou no karaokê.
Queixei-me porque cansei de escutar "All About That Bass"
da Meghan Trainor, mas então uma das duas garotas no
palco começou a cantar e tive que levantar as sobrancelhas,
impressionado. Não era frequente que alguém que tivesse
talento musical cantasse em nossa máquina de karaokê.

Me virei para Hart.

— Maldição, ela não será... — Mas minhas palavras


sumiram, porque ele não me escutava. O cara tinha aquele
olhar em seus olhos. O mesmo olhar que Gamble tinha
quando falava de sua esposa, ou Ham quando a Loira entrava
em algum lugar onde ele estava. O mesmo olhar que sabia
que provavelmente eu tinha quando Caroline estava perto.

Olhei alternativamente entre Hart e a garota com cabelo


escuro no palco que capturou sua atenção, enquanto ela
cativava o público com sua voz rouca. A ruiva que estava
junto a ela finalmente se inclinou e a acompanhou no coro,
mas se achava longe de ser tão boa como sua amiga. As
damas fizeram um pequeno baile juntas, movendo o traseiro
para a multidão e olhei para Hart, procurando sua reação, só
para romper em um sorriso quando seus olhos se alargaram
e se agarrou ao balcão em busca de apoio. Uma gota de suor
descendia por sua têmpora.

— Ei, amigo, você está bem? — Tinha que perguntar,


incapaz de frear meu arrogante sorriso. Mas, sério, amava
isto. Se incomodou tanto por minha obsessão por Caroline.
Era impressionante ver as coisas mudarem e vê-lo se retorcer
na presença de uma garota.

Hart deixou escapar um suspiro antes de me dar sua


atenção. Tinha os olhos frágeis pela surpresa.

— Acredito que... — Se deteve para lamber seus lábios e


virar seu olhar de novo para o palco, onde as duas garotas
terminavam a canção. — Acredito que acabo de conhecer a
garota com quem vou me casar. Bem ali. — Apontou para o
palco. — Aquela. Sim, ela vai ter meus bebês.

Soprei por sua proclamação muito dramática. Tive que


zombar um pouquinho.

— Quem? A ruiva? — De fato, sabia seu nome. Nos


agarramos um par de vezes nos anos passados.

Mas Hart franziu o cenho antes de que pudesse


acrescentar essa parte.

— Não. A alta e formosa latina. — Deu-me um olhar


incrédulo. — Não acaba de ouvir sua voz? Ou de ver esse
perfeito traseiro?
Comecei a rir, mas as garotas que se abraçavam no
palco se separaram justo quando um tipo se aproximou
delas. A garota dos sonhos do Hart saltou do palco para ele e
este a agarrou pela cintura antes de abaixar ela o suficiente
para que pudesse inclinar o rosto e lhe dar um beijo. Com
língua. Um montão de língua. Ao ver que não se separaram
em busca de ar ao cabo de trinta segundos, tive que
comprovar a reação do Hart.

Dei uma cotovelada.

— Acredito que esse cara poderia ter um problema com


todos seus planos de casamento e de ter bebês com ela.

Horror iluminou o rosto de Hart enquanto sua


mandíbula se desencaixava e seus olhos ficavam saltados.
Então me olhou, devastado.

— Isso não podia acontecer.

Atirei minha cabeça para trás e ri. Não pude evitar. Já


era a maldita hora de que alguma garota causasse um pouco
de sofrimento nele.

— Se cale. — Me bateu com seu punho em meu ombro,


mas isso só me fez rir mais alto.

— Oh, merda. — Tive que apertar minha barriga, porque


ria tão forte que doía. — Merda, homem. Deveria ter visto o
olhar em sua cara quando beijou esse outro cara.

— Tanto faz. — Deu as costas ao palco, por isso se


achava enfrentando a parte posterior do balcão. — Não posso
acreditar que já esteja com alguém. Usa uma camisa do Non-
Castrado e tudo. Sério, quantas mulheres são fãs do Non-
Castrado?

— Não sei. — Enruguei o rosto, pensando nisso antes de


dizer um número ao azar. — Milhares?

— Vai a merda, homem. Isto não pareceria tão divertido


se acontecesse com você.

— Oh, eu acredito que já me aconteceu e você foi o


primeiro filho da puta na fila que debochou disso. Então... se
vira. A vingança é uma cadela, querido.

— O que é uma cadela? — Perguntou Gamble, unindo a


conversa.

— Nada. — Absolutamente mal-humorado, Asher


agarrou uma bandeja de copos sujos e saiu de detrás do
balcão para levar à cozinha para lavar.

Gam arqueou as sobrancelhas e me olhou. Apontei com


a cabeça para o palco.

— Hart teve uma ereção pela garota de cabelo escuro


que cantou a última canção. E se sentiu mal quando ela
colocou a língua na garganta de outro menino depois.

—Ah. — Gamble assentiu e logo deixou escapar uma


risada divertida. — É de imaginar que fosse atrás de outra
cantora. Entretanto, ela cantava bem.

Encolhi os ombros, apesar de concordar. Quando vi a


ruiva que estava no palco com ela se aproximar do bar, fui
para pegar seu pedido. Bem antes de cumprimentá-la,
esquentei os miolos tentando lembrar seu nome. Era um
pouco parecido com Cody, Jude O... Jodi! Era esse.

— Olá, Jodi. — Descansando meus cotovelos sobre o


balcão que nos separava, assenti com a cabeça em sinal de
saudação e lhe dei um sorriso.

Seus olhos brilharam em resposta.

— Ten.

Não teminamos muito bem. Além de um pouco de prazer


oral, nunca chegamos até o final e não foi porque nenhum
dos dois não estivesse disposto. Ela ficou um pouco irritável
dizendo que não faria nada no escuro, então saí de sua casa.
E me odiou depois disso.

— Bom trabalho lá. — Inclinei meu queixo para o palco,


onde alguém matava agora uma canção do Tim McGraw. —
Quem era a amiga que cantava com você?

Soprou e inclinou seu queixo.

— Não é de sua maldita conta. Vai me servir ou não?

Um par de meses atrás, virei essa pergunta em algo sujo


e cuspido uma resposta que a tivesse enchido o saco. Esta
noite, era um bom menino e assenti amavelmente.

— Claro. O que vai tomar?

Peguei seu pedido de três bebidas, o que me disse que


talvez ia pagar pela bebida de sua amiga e pela do homem da
sua amiga. Pus os copos no balcão na frente dela e disse. —
Essa rodada é por conta da casa.
— Bom. — Fez outra careta amarga e agarrou um copo
para beber metade do conteúdo. — É o menos que mereço
pela forma em que me tratou.

— Ouça. — Franzi o cenho. — Não fui tão mal com você.

— Entretanto, fiquei me sentindo como uma completa


idiota.

Quando a dor cruzou seu rosto, me movi,


repentinamente incômodo. Esteve todos estes anos muito
assustado de que alguém visse minha marca de nascença, e
possivelmente deixei dezenas de mulheres se sentindo
insatisfeitas devido meus problemas. Que merda de
descobrimento horrível.

Abri a boca para me desculpar quando ela continuou.

— E depois de todo este tempo, a primeira coisa que me


diz é “quem é sua amiga?”. Bom, vai a merda, Ten! Caralho.
Não pode tê-la.

Sua voz foi aumentando de volume. Me encolhendo, dei


uma olhada ao meu redor para ver se alguém a ouviu e, é
obvio, Gamble olhava para nós. Quando seu olhar se chocou
com o meu, levantou as sobrancelhas, curioso.

Merda.

Me virei para Jodi, sobressaltado pelo pânico.

— Jesus, Jo. —Baixei a voz e deslizei a mão pelo balcão


em sua direção. — Sinto muito. Juro Por Deus que nunca
quis te fazer passar por algo que, obviamente, ficou contigo
tanto tempo. — Ela não acreditava em minhas desculpas,
assim contive o fôlego e deixei sair tudo. — Passava por
alguns problemas pessoais naquele tempo e não tinha tempo
a perder com qualquer garota. Nunca me ocorreu que ocultar
algo do que eu me envergonhava te fizesse sentir mal. Porque
não foi assim. Foi uma pessoa malditamente divertida com
quem passar o momento, e simplesmente... sinto muito.

Me olhou por um momento antes de assentir


lentamente.

—Tudo bem. Quando põe dessa maneira, suponho...


suponho que posso te perdoar.

Assenti de forma respeitosa.

— Obrigado. Ah, e para sua informação, não perguntei


por sua amiga para meu benefício. Já tenho alguém.
Perguntava para... um amigo.

— Então... para quem? — Seu olhar vagou ao redor do


balcão até que aterrissou em Gamble. Inclinou mais perto,
com os olhos muito abertos. — Noel Gamble? O grande
jogador do ESU gosta de Remy?

Remy? Então o amor da vida de Hart se chamava Remy,


né? Esse era um nome genial para uma garota.

Comecei a dizer a Jodi que não, que não falava de Gam,


mas continuou.

— Bom, sinto muito, mas Remy não está interessada


nos atletas. Gosta dos músicos... e ela já tem um. Então diga
ao senhor Buenorro que tem uma sorte de merda.
— Músicos, né? — Olhei ao meu redor em busca de
Hart, desejando que pudesse escutar a informação que
compilava de sua futura alma gêmea e mãe de seus bebês.
Mas ele ainda não voltei da parte de trás.

— Sim. — Jodi parecia um pouco petulante enquanto


recolhia as três bebidas que pediu e se deslizava de seu
banco. — Seu namorado é o cantor líder de uma banda.

— Fascinante. — Concentrei minha atenção em todo o


clube até que vi Remy em sua camiseta preta do Non-
Castrado, falando com seu namorado cantor. Meus lábios se
arquearam. Ah, sim, não custaria nada a Hart roubá-la desse
perdedor se a quisesse realmente.

Quando Jodi começou a se afastar, me debati se deveria


dizer a Hart a informação que reuni de sua mulher dos
sonhos quando Gamble se moveu a meu lado.

— Dispensado, né?

— O que? — Olhei. Meus pensamentos seguiam


distraídos. Apontou com a cabeça para Jodi.

Ao me dar conta de que pensava que paquerei com ela,


levantei minhas mãos.

— Não. Eu não estava...Não! Estive aí já. Nem sequer fiz


isso e não tenho nenhum desejo de terminar.

Gam soprou.

— Sim, claro. Você que está dizendo, perdedor.

E foi para o outro lado do balcão para pegar um pedido


enquanto eu franzia a testa atrás dele. Merda, ele pensava
que estava procurando diversão para esta noite. Idiota.
Gamble me deixava nervoso em mais de um sentido. Não só
me impedia de estar abertamente com Caroline, como nem
sequer dava conta do muito que mudei e evolui ultimamente.

Estúpido cego filho da puta.

Estive a ponto de não me aproximar dele para falar de


Caroline depois que o bar fechasse, como planejava fazer.
Mas logo pensei no muito que odiava me esconder. Queria ser
capaz de lhe dar um beijo em público ou, merda, inclusive só
pegar a sua mão cada vez que eu quisesse. Estava cansado
de manter distância, maldição.

Isto terminaria esta noite.

— Ouça. — Agarrei o braço de Gam quando todos


começamos a sair depois da limpeza do lugar. — Preciso falar
com você por um segundo.

Fez uma pausa e se virou.

— Claro. O que está acontecendo? —Olhei para ele por


um tempo, nem sequer estava certo de como dizer. Seus
olhos se enrugaram com preocupação. — Está tudo bem? O
que está acontecendo? Está pálido.

Neguei com a cabeça.

— Não é nada. Só... quero dizer...

Gam levantou as sobrancelhas.

— Sim? — Sua boca se abriu. — Merda, está morrendo,


né?
— Não! — Gemi e juntei as mãos em minha cabeça. —
Não, não, não. Não é nada disso. É só que quero convidar a
Caroline para sair.

Soltei a última frase como se estivesse arrancando uma


tripa e imediatamente me senti melhor. Meses de culpa e
preocupação gotejavam de meus ombros.

Mas Gam piscou como se estivesse falado em uma


língua estrangeira. Franzindo o cenho ligeiramente,
acrescentei.

— Em um encontro. — Esclareci porque, segundo sua


expressão, me dei conta de que claramente precisava de um
esclarecimento.

Negou com a cabeça e logo esboçou um sorriso e


apontou para mim.

— Sim, claro. É muito engraçado.

Oh, Deus. Sério?

— Não estou brincando.

Seu sorriso morreu. Sacudiu a cabeça outra vez,


confuso.

—Mas... você gosta da mulher do Hamilton.

— Não. —Neguei com a cabeça. — Eu te disse a cada


maldita vez que sugeriu isso que eu não gostava da mulher
de Hamilton. Quero... sair com... Caroline.

— E te disse cada maldita vez que olhava em sua


direção que não. Isso não vai acontecer.
Fiquei olhando para ele, sem saber o que dizer sobre
isso. Por alguma louca razão, não esperava uma dispensa
imediata. Acreditei que dizer aberta e honestamente
surpreenderia ele o suficiente ao menos para que
considerasse. Mas isto... não planejei isto.

Por que não planejei isto? Disse para que me mantivesse


afastado dela um milhão de vezes. Por que pensei que
mudaria de ideia se me tornava sério de repente?

—Bom... — Fiquei sem palavras por um instante, sem


ter nem ideia do que dizer, porque não ia me dar por vencido.
Não podia me dar por vencido. Não ia deixar de ver ela, fim da
história. — Sinto muito, amigo, mas não era uma pergunta.
— Embora, sim, era. Pedia sua aprovação e sua bênção.

Por que não iria me dar sua maldita bênção?

—Vou convidá-la para sair. — Terminei, minha voz


cheia de convicção. Mas meu melhor amigo na Terra, o filho
da puta, se limitou a dizer.

— Não. Não fará isso.

Explodi, lançando minhas mãos no ar.

— Que merda, Gam? Não pode me dizer não dessa


maneira. Tem dezenove anos. Ela pode tomar sua própria
decisão.

— Então simplesmente vai sair com ela pelas minhas


costas?

— Não. — Grunhi e fechei minhas mãos antes de as


pressionar em minha têmpora. — É por isso que estou
falando com você, adiantando isso e tentando fazer a coisa
certa.

— A maldita coisa certa seria deixá-la só e simplesmente


se manter afastado.

Mordi meu lábio inferior e sacudi a cabeça porque essa


ideia não era nem sequer uma opção.

— Por que tem um grande e puto problema que eu a


convide para sair?

Com uma breve gargalhada, Gam me disse.

— Porque te conheço. E não merece ter nada a ver com


ela.

Bom, isso doeu. Inclusive porque era Noel Gamble, o


menino que cuidou das minhas costas durante quatro anos,
que não acreditava que fosse digno.

— Obrigado. Muito obrigado. — Dava um passo para


trás para tomar uma baforada de ar e me recuperar da
ardência.

Obviamente assumindo que o nosso pequeno bate-papo


terminou, Gamble deu a volta para partir.

Preso no pânico, porque esta era minha única


oportunidade de conseguir que se cumprissem meus desejos,
o chamei.

—Não notou nenhuma mudança em mim ultimamente?

Gam parou e se virou para mim. Inclinou a cabeça para


um lado, obviamente confuso.
Levantei minhas mãos, ofendido quando não respondeu.

— Não saí para nenhuma puta festa nem bebi nenhuma


noite. Não paquerei com cada pedaço de traseiro que cruzou
por meu caminho, não... Caralho! Não tive relações sexuais
com ninguém desde... — Me forcei os miolos, me perguntando
com quem foi a última vez que tive sexo antes de Caroline,
até que me lembrei. —... a Visitante Noturna.

Mas esse nome só fez que Gam soprasse e cruzasse os


braços sobre o peito.

— Com quem ainda envia mensagens de texto eróticos


para você.

Apertei os dentes e comecei a responder, mas ele


levantou a mão para me parar.

— E não tente usar essa merda de abstinência comigo.


Vi você andar aqui no trabalho ultimamente, usando seu
petulante sorriso de “acabo de ter sexo”. Sei que ainda está
tendo um montão de sexo.

Pisquei, atordoado.

— Não tenho nenhum sorriso de “acabo de ter sexo”.

Quando encontrei Hart escutando minha conversação


com Gamble, se encolheu e me enviou uma piscada tímida.

— Sim, tem.

— Merda. — Passei a mão pelo cabelo, sentindo meu


controle da situação se afastando cada vez mais.

Gam levantou as sobrancelhas, como se esperasse que


eu renunciasse à luta. Um suspiro de cansaço me reclamou.
Olhei para a fileira de bebida que cobriam a parede e logo me
concentrei nele de novo.

—Como seu amigo — disse — vou te avisar. Vou sair


com ela.

Dito isto, dei a volta para sair, mas meu suposto melhor
amigo disse.

— Se inclusive tentar convidá-la para sair, vou contar


tudo.

Aspirei uma estranha risada confusa e dei a volta.

— Não sei de que merda de boceta está falando. Tudo a


respeito do que?

— Tudo a respeito de você. Cada mulher que alguma vez


fodeu. Cada mulher que você faltou com o respeito,
maltratando e logo enchendo o saco. — Seus olhos azuis
eram gelo duro quando me enviou um olhar maligno de lado.
— Quero dizer, você descreveu todas para mim... em
detalhes, não? Acredito lembrar uma boa quantidade delas.
Começando por essa ruiva de saco cheio que se aproximou
esta noite do bar e te insultou.

O pânico me alagou. Não estava certo se ia vomitar ou


começar a chorar. Mas a ideia de Caroline escutando a
respeito de cada aventura sexual que alguma vez tive fez que
me sentisse um suor frio. Faria mal a ela, a danificaria. Não
podia suportar que fosse ferida.

— É um maldito idiota. — Grunhi.

Gamble abriu os braços e começou a rir com força.


— Você é o que ameaça se metendo com minha irmã.
Você começou isto.

Levantei minhas sobrancelhas.

— Então suponho que começou. — Dei a volta e me fui


para a saída.

— Ten! — Gritou com sua voz dura. — Não tome isto


como uma espécie de desafio. Caroline não é um prêmio que
terei que ganhar só para me incomodar. Se a tocar, te
matarei.

Nem sequer dei uma resposta. Segui caminhando para


aporta.

—Ten! — Rugiu. — Está me escutando, filho da puta?


Não faça mal a minha irmã.

Cortaria minhas próprias bolas antes de ferir sua irmã.


Mas não me incomodei em explicar.

Saí da discoteca vazia, zangado, assustado e muito


preocupado. Não só meu plano de colocar gentilmente a ideia
de Caroline e eu juntos fracassou epicamente, mas agora o
alertei de meu interesse. Não seríamos capazes de escapulir
nas suas costas da mesma maneira que antes. Sempre
observaria e provavelmente se converteria em um idiota
desconfiado. Tensão cresceria entre Caroline e eu, e tudo pelo
que trabalhei em construir juntos estes últimos meses ia ser
submetido à prova definitivamente.

Ferido, subi em minha caminhonete, dirigi para casa e


entrei em meu tranquilo e escuro apartamento. Esperei até
que estive em meu quarto com a porta fechada antes de
chutar as gavetas de minha cômoda e fechar minhas mãos
em punhos.

— Pedaço de filho da puta. Imbecil. Bastardo de merda!

— O que está acontecendo?

Dei um grito afogado e uma volta pois não esperava que


alguém estivesse em minha cama.

— Jesus Cristo! — Pressionando a mão sobre meu


coração, olhei boquiaberto para Caroline enquanto se
sentava, os lençóis se afastando para mostrar que usava uma
de minhas camisetas. — Que demônios está fazendo aqui?

— Vim ver Zoey antes ... e me esqueci de ir a casa.

Um cego e incontrolável amor me alagou. Sentindo como


se os grãos de meu tempo com ela estavam acabando, corri
para cama, recém-impressionado por quão formosa era para
mim, por dentro e por fora.

— E como vai a Loira? — Perguntei, me arrastando


sobre o colchão com ela para estar em cima da colcha a seu
lado.

Se encolheu e afastou o cabelo de minha testa com um


toque suave.

— Tem medo. Tanto ela como Quinn estão assustados.


Foram a três médicos diferentes e todos disseram que
possivelmente terá que repousar por algum momento da
gravidez. Estão bem por agora, mas acredito que vão ser nove
meses estressantes.
Assenti enquanto tirava os sapatos.

— Sim. Só posso imaginar o muito que isto vai ser


estressante.

Quando arqueei meu rosto para beijar sua bochecha,


Caroline se retirou logo que meus lábios tocaram os seus.
Acariciando com sua mão minha mandíbula, me olhou de
lado pensativamente, a simpatia enchendo seu olhar.

— Me diga o que está te fazendo mal.

Sacudindo a cabeça, olhei em seus olhos, assustado de


que logo não seria capaz de olhar para eles assim nunca
mais. Nunca seria capaz de me deitar na cama com ela, ou de
puxar seu cabelo enquanto a fazia gozar.

— Te amo. — Disse tão sério, mais do que qualquer


outra vez, sentindo isso se mover através de cada fibra de
meu ser e me dando conta do que esta mulher era para mim.
Ela era minha alma gêmea.

Seus olhos se encheram de preocupação.

— O que está te fazendo mal é que você me ama? —


Supôs, tentando me fazer sorrir, mas assenti com seriedade.

— Sim. — Disse. — Te amo e por isso senti o


irritantemente nobre desejo de abordar o tema de nós com
Noel.

— Você... —Abriu muito os olhos. — Contou? Sobre


nós?

Neguei com a cabeça.


— Não. — Sabia que ela não queria que fizesse isso, esse
foi o porquê não o fazer. Esse foi o motivo pelo que fiz isso em
seu lugar. — Mas eu... talvez tenha mencionado que queria te
convidar para sair.

Ela gemeu e fechou os olhos.

— Me deixe adivinhar. Disse que não.

Soltei um suspiro.

— E algo mais.

— Bom... — Se encolheu. — Acredito que tentamos. E


embora tivesse sido bom deixá-lo se adaptar com a ideia em
doses lentas... talvez deveríamos simplesmente dizer a ele que
é muito tarde.

Meu olhar grudou no dela.

— Se refere em dizer a ele que já estamos juntos e que o


estivemos juntos durante meses?

Assentiu.

— Claro. Por que não? Já é hora, não?

Gemi e enterrei o rosto em minhas mãos.

— Sim, exceto pelo fato de que ameaçou te revelar meu


passado com outras mulheres se me atrevesse a te pedir para
sair. Se se inteira disto, então definitivamente vai te contar
isso tudo.

A preocupação iluminou seus olhos enquanto começou


a morder seu lábio.

— É tão ruim? Seu...seu passado?


Encolhi e desviei o olhar.

—Não sei. — Murmurei. — Não é bom. — Me virando


para ela, implorei com meus olhos que me perdoasse. — Sabe
que tive um montão e que não era o homem mais
considerado e respeitoso, mas merda... quer ouvir falar de
todas elas?

—Não. — Sacudiu a cabeça imediatamente. — Mas... eu


só... —Deixou escapar um suspiro. — Sabe o que? Talvez
você devesse me contar isso e adiantar o golpe de Noel.

Olhei para ela como se estivesse louca.

— Está completamente demente, mulher? Não quero


confessar toda essa merda.

Seus olhos se encheram de miséria.

— Melhor que me diga isso claramente antes que Noel


me pegue de surpresa.

Com um gemido, enterrei o rosto em minhas mãos.

— Tenho vergonha. — Admiti em voz baixa. Quando


ergui os olhos para ela, meu rosto estava quente. — E se te
der nojo, me olhará igual de novo? O que se...?

— Oren. — Disse em voz baixa e apanhou minhas


bochechas entre suas mãos. — Te conheço melhor que
ninguém na Terra. Sou plenamente consciente de que não é
perfeito. Agora, por favor, confie em mim.

Assenti e lambi meus lábios secos.

— Está bem. — Olhando seu calmo e tranquilo sorriso,


assenti de novo. — Está bem.
Agarrou minha mão e me fez deitar sob os lençóis com
ela. Ainda levava minha roupa de barman, mas nenhum de
nós se importou. Depois de envolver os braços em seu redor,
ela acariciou seu rosto contra meu ombro e soltou um
suspiro contido.

—Então, conheço a primeira garota. — Começou. —


Libby. A noite em que sua irmã...

— Exato. — Já estava preocupado e tenso, então não


queria começar a pensar também em Zoey. Merda. — Então,
sim. Esteve também...

— Tianna. — Me ajudou Caroline de imediato. — Quem


também viu sua marca de nascença.

— Sim, e depois... — Caralho, minha mente ficou em


branco. —Alguém te deixou marcas de arranhões em suas
costas no ano passado, lembra? Joguei o café com leite de
Reese sobre sua cabeça por isso.

Não esqueci essa parte. Mas não podia lembrar a garota


que causou tudo isso. Depois de procurar em meu cérebro
por um momento, disse.

— April. Ela era uma garota Alpha Delta Pi... como


Blaze.

— Blaze? — Caroline se esticou contra mim. — Se refere


a Blaze de minha aula de cinema? Se deitou com a Blaze?

Deus, eu não gostava disto. Eu não gostava


absolutamente.

—Sim. — Murmurei e fechei os olhos com força.


Depois de um momento, ela deixou escapar um suspiro.

— Está bem. — Disse finalmente. — Odeio suas


malditas vísceras, mas está bem. O que tem que... o que tem
que Marci Bennett?

Quando me queixei em voz alta, revelando minha culpa,


Caroline se separou de mim e se sentou, pondo espaço na
cama entre nós.

— Marci Bennett? — Repetiu. — A puta que conseguiu


que Aspen fosse despedida de seu trabalho? A que quase fez
que expulsassem Noel da escola? Ela?

Assenti levemente, e seus olhos se ampliaram com


horror.

—Oh, Meu Deus. — Sussurrou.

Levantei as mãos.

— Escuta, só fiz isso para ter algo para chantageá-la


para manter ela calada.

— E funcionou? — O peito de Caroline se levantou à


medida que começou a respirar com mais força, mas
assentiu, ainda se mantendo um pouco calma. Mais quanto
mais ela se esforçava em permanecer calma, mais merda me
sentia eu.

Assenti.

— Sim. Tenho como chantagear ela. Ela... posou para


mim... um pouco... nua. Tenho as fotos em meu telefone para
usar contra ela se alguma vez tentar fazer alguma coisa
contra Noel ou Aspen.
— Tem fotos dela nua? Em seu telefone? Agora? —
Quando assenti uma vez mais, se jogou em mim e arrancou o
telefone do meu bolso traseiro.

— Caroline... — Comecei, com dor profunda em meus


ossos. Olhou para a tela do código de minha senha. Logo
mordeu o lábio, parecendo por um momento pensativa. Um
segundo mais tarde, apertou uns poucos números e entrou.

Minha boca se abriu.

— Como demônios decifrou minha senha?

Apenas prestou atenção quando encontrou a aplicação


de imagens e a abriu.

— É Zoey. — Disse. —Não foi tão difícil de decifrar.

Começando a clicar através de todas minhas as fotos,


senti um pânico e arrebatei o telefone de sua mão.

— Não as olhe. — Disse.

Me atacando com um olhar duro, apertou a mandíbula.

— Por que não? Ela é muito mais bonita que eu?

— Não. É obvio que não. Jesus, não faça isto, Care.


Apagarei todas. Agora mesmo. Já aconteceu há muito tempo,
estou certo de que ela seguiu adiante e não dirá nada sobre
Gamble.

Caroline me olhou com os olhos feridos enquanto


procurava as fotos e apagava cada uma delas.

— Pronto. — Murmurei em voz baixa, mostrando a tela.


—Apaguei todas.
Ela o agarrou de minha mão e começou a olhar todas as
imagens.

— Então Marci, Blaze e Kelly, cujo lugar tomei, além de


duas de suas amigas. Quem mais?

Neguei com a cabeça.

— Talvez deveríamos parar por aqui. Esta foi uma má


ideia.

Mas Caroline me queimou com um olhar duro.

— Só continue falando. Agora tenho que saber.

Passei as mãos tremendo sobre meu rosto, sentindo a


merda se levantando ao meu redor.

—Está bem. — Sussurrei. — Vejamos. Esteve... —


Caralho, não podia acreditar que ia admitir isto. — Cora.

— A irmã de Zoey? — Seus olhos se ampliaram com


horror. — A ex do Quinn? Oh, Oren. É por isso que Quinn te
deixou um olho roxo no semestre passado? Porque o
apunhalou pelas costas com ela?

— Não o enganei. — Insisti. Logo passei a mão pelo


cabelo freneticamente. — Quero dizer, não conscientemente.
Não sabia que estavam juntos, não até mais tarde, e então...
merda. Sabe que não faria isso a Ham de propósito.

Quando me olhou com dor se formando por trás de seus


olhos, exalei um suspiro doloroso.

— Entretanto, também fiz isso com Pick, suponho.


— Não. —As lágrimas encheram seus olhos enquanto
colocava a mão sobre sua boca. — Se deitou com Eva?

—O que? Não! Deus, não! — Quando alcancei seu braço,


ela foi para longe de mim. — Sua primeira esposa. — Disse.
— A que teve uma overdose e morreu. A verdadeira mãe do
Julian. Ela veio no bar uma noite e não tinha ideia de quem
era. Mas Pick me assegurou que estava tudo bem, que ele e
ela nunca tiveram esse tipo de relação.

— Mas ele tecnicamente ainda estava casado com ela?

Não pude fazer que minhas mãos deixassem de tremer


ou que minha respiração se acalmasse. Odiava vê-la assim.

— Sim. — Disse com voz áspera. — Ele tecnicamente


ainda estava casado com ela... só no nome.

Fechou os olhos.

— O que aconteceu com o resto de nossos amigos?


Alguma vez deitou com alguma das mulheres em nosso
grupo? Reese?

— Não. — Sussurrei. — Nunca me deitei com Reese ou


com qualquer de nossas amigas.

Caroline suspirou pelo nariz e secou suas malditas


bochechas. Fui avançar para ela, mas levantou uma mão.

— Eu só... preciso de um segundo.

Deixei cair minha mão e exalei, mas minhas costelas se


sentiam como se queriam ceder.
— O que é...? — Ela limpou mais lágrimas de suas
bochechas com os dedos. — O que é que Noel pensaria em
me dizer? Algo que ele acreditasse que é.... mau?

— Não sei. — Gemi e esfreguei meu rosto, simplesmente


querendo que isto terminasse. — De nosso primeiro ano,
acho. Nós gostávamos de ir para as festas, nos embebedar e
trazer uma garota para nosso quarto.

— Uma garota. — Repetiu Caroline lentamente. — Uma


só garota?

Assenti.

— Sim. Só... uma garota, uma diferente a cada vez.

— E então... — Sacudiu a cabeça, confusa. — O que? —


Mas numa fração de segundo depois, entendeu. Seus olhos se
ampliaram. — Meu fodido Deus. Tinha trios... com meu
irmão?

— Não! Quero dizer, não... realmente. Simplesmente nos


alternávamos.

— Ehh. — Ela engasgou e bateu a mão sobre sua boca.


As lágrimas caíam com mais força e eu amaldiçoei um pouco
mais forte.

— Logo depois foi a Faith McCrown.

— Sabe o que? Não. — Caroline levantou as mãos em


sinal de rendição e voou de minha cama. — Não... não
acredito que queira escutar mais.

— Caroline. — Fui atrás dela, mas me afastou.

— Não. Por favor, não me toque.


— Maldição. — Coloquei as mãos em punhos, com
vontades de golpear algo ou agarrar ela como se minha vida
dependesse disso.

— Sabia que isto era uma má ideia.

— Não, não foi. Só... Preciso um pouco de tempo. —


Agarrou seu jeans do chão e os colocou debaixo de minha
camiseta muito grande para ela. — Tenho que ir.

Observei impotente como colocava os pés em seus


sapatos.

—Não tem que ir.

Soltou uma risada miserável e me deu um olhar escuro.

— Não. Na verdade, tenho sim. — Quando ficou de pé,


abri a boca para dizer... caralho, não tinha nada a dizer para
me defender. Era um puto mulherengo, e isso era tudo.

Depois de limpar com os dedos seu rosto úmido uma vez


mais, ela colocou os braços sobre seu peito e me lançou um
olhar triste.

—Adeus.

Saiu depressa do quarto, e como o completo idiota que


eu era, deixei ela ir. Logo me deixei cair sobre a cama e
sussurrei.

— Adeus. — Enquanto embalava minha cabeça em


minhas mãos e tentava não perder meu fodido juízo.
TEN

Se passaram seis dias. Dei a Caroline seu espaço... e ela


o tomou. Não ligou, não enviou uma mensagem pelo
Facebook, não veio.

Morri um pouco por dentro a cada hora que se


mantinha afastada. Contatei ela exatamente três vezes. Na
manhã seguinte, enviei uma mensagem, dizendo. “Sinto
muito.”

No dia seguinte adicionei. “TE AMO.”

E no terceiro dia, escrevi. “Ainda confio em você.”

Confiei que ela se inteirasse de toda essa merda sobre


mim e não rompesse meu coração me deixando. Mas minha
maldita confiança foi dolorosamente exterminada e destruída.

Me lembrei que ela só precisava de tempo. Que ia


superar e que voltaria para mim.

Sim, repeti isso uma e outra vez em minha cabeça, sem


acreditar realmente, enquanto mantinha a esperança.

Caroline me odiava neste momento, e terminou comigo.


Minha vida estava definitivamente acabada.
Nem sequer apareceu no Forbidden na sexta-feira
seguinte para ver a banda do Hart e sempre ia ver o Non-
Castrato.

Depois de fechar o bar, guardava a última garrafa de


licor, quando parei e a olhei, tentado afogar toda minha
tristeza como um típico imbecil com o coração quebrado.

Continuei ali de pé como um completo idiota, olhando a


garrafa, quando Lowe parou ao meu lado e apoiou seus
antebraços no balcão. Observou Hart e a sua banda
empacotar seus equipamentos antes de sacudir a cabeça. —
Juro que um dos meninos da banda do Asher, o da crista,
deixou cair mais maldições que você, Ten.

Bufei, inclinando a cabeça para um lado enquanto


considerava a garrafa de tequila de um ângulo diferente.

— Isso nem sequer é malditamente possível. — Disse


antes de me encolher e pegar um copo para me servir uma
bebida. Logo o bebi de um só gole.

— Também acredito que é mais vulgar que você.

— Bom pra ele. — Me servi outro.

Finalmente Lowe me olhou, franzindo o cenho.

— Sente-se bem esta noite?

Terceiro copo, fundo branco.

— Muito bem. Como está você?

Levantou suas sobrancelhas.

— Uh... Asher!— Gritou.


Hart olhou em nossa direção e logo se unia a nós.

— O que está acontecendo?

Lowe lançou seu polegar em minha direção. — O que


está acontecendo com ele?

Hart me estudou por um segundo e retornou sua


atenção para Lowe.

— Problemas de mulheres. Que mais pode ser? — Então


sorriu e golpeou o balcão. — Por que não se encarrega disto?

Lowe suspirou.

— Como se soubesse o que fazer com um Ten


depressivo. Isso se encontra fora de meu âmbito da realidade.

Com uma risada, Hart se sentou em um banco. Comecei


com meu gole número cinco... ou era o sexto? Merda, já perdi
a conta de quantos tomei enquanto estes dois falavam de
mim na minha frente.

— Então a última vez que te vi, perguntava a Noel se


podia sair com sua irmã. — Murmurou Hart, pensativamente.

— Não pedia permissão a ele. — Cuspi.

— O que seja. — Pareceu não se importar. — Noel disse


que não, discutiu e ameaçou dizendo que ia dizer para
Caroline todo sobre seu passado... com as mulheres, se
tentasse algo com ela... então suponho que de toda forma o
fez.

— Não. — Tomei mais e vaiei entre dentes ao me


queimar a garganta. — Eu disse a ela.
— Fez o que? — Gritaram ambos em uníssono.

— Estúpido idiota. — Lowe pôs uma mão em meu


ombro com simpatia. — Por favor não me diga que contou
para ela sobre todas as mulheres com que esteve.

— Não. — Ri com severidade. — Ela se foi antes que


pudesse dar toda a lista.

Lowe fez uma careta. Hart riu com dissimulação. Olhei-


os.

—Ou eu dizia ou Gamble diria. Pensei que seria melhor


se soubesse por mim.

— Faz quanto tempo que fez isto? — Perguntou Hart.

— No sábado passado. — Pronunciei, sentindo a dor de


sentir saudades cada pequena parte dela: sua voz, cada um
de suas pequenas, lindas e sexys mensagens de texto, seus
braços ao meu redor, seu sorriso.

— Merda. — Lowe sacudiu sua cabeça. —Dê-lhe pelo


menos uma semana.

Olhei para ele.

— O que acontece é que não falou comigo dentro de


uma semana.

Se encolheu.

— Então lhe dê duas.

— E o que acontece se...

— Só lhe dê um pouco de tempo, homem.


Enterrei a cara entre minhas mãos, absoluta e
miserável. O tempo ia me destroçar se tivesse que passar
muito tempo longe dela.

— Sou um idiota. — Vociferei. — As últimas palavras


que minha irmã me disse antes de morrer foram que não me
tornasse um mulherengo. E qual foi a primeira coisa que fiz?
Me converti em um maldito mulherengo para lutar contra as
más lembranças, que agora voltam para me morder o
traseiro.

Embalando os lados de meu rosto em minhas mãos,


levantei o olhar para Hart e Lowe, que me olhavam com a
boca aberta como se tivessem crescido chifres em mim. Em
algum lugar da minha cabeça, me dei conta que derramei um
montão de merda sobre minha irmã, mas neste momento
nem sequer poderia me importar. Estava acontecendo algo
mais importante.

— O que acontece se eu a perder?

Incapaz de carregar o peso desta dor, me afundei no


chão e apoiei meus cotovelos sobre meus joelhos enquanto
me concentrava em não me romper em choro.

— Isso é suficiente. — Hart me pegou pelo braço,


tentando me pôr de pé. — Te levarei para casa.

Sacudi a cabeça.

— Não. Não posso ir para casa. — Murmurei. — Meus


lençóis ainda cheiram a ela. — Não foi capaz de dormir nada
a maior parte da semana por isso. Devia tê-los lavado, mas
então já não cheirariam a ela e isso teria me quebrado muito
mais.

— Então pode ficar em meu sofá. Só vamos te tirar


daqui. — Na próxima vez que tentou de me levantar, deixei.

No sábado, o conselho do Lowe de esperar uma semana


chegou. E logo passou. Sem uma palavra de Caroline.

Na manhã seguinte, o começo do dia oito, foi tudo.


Sabia que as coisas terminaram. Caroline me odiava e nunca
me permitiria estar de novo em sua vida.

Miserável, sem me barbear e depois de dois dias sem


tomar banho, estava sobre minha cama, vendo Child of Glass
em meu computador porque ela deixou ali seu DVD.

Odiava o estúpido filme.

— Esta tem que ser a coisa mais brega que foi feito. —
Me queixei em voz alta para mim mesmo. — Atuações
horríveis, a pior maldita música e nenhuma fodida maldição
durante toda a maldita coisa.

Mesmo assim provavelmente era a terceira vez que o via


hoje. Parecia que não podia deixar de fazer isso.

— Espera! — Gritou o fantasma do filme. — Não vá,


Alexander. Preciso de sua ajuda.

Suspirei.
— E esse tem que ser o maldito fantasma mais falso que
se inventou.

Ergui o volume para escutar o sotaque do fantasma, que


Caroline tanto amava.

— Embora tenha um lindo sotaque. — Admiti com um


grunhido.

E justo assim, a agonia se estendeu através de mim.


Meu peito se sentia cheio e em carne viva como se garras de
metal tivessem atravessado meus pulmões.

Virando minha cabeça para o lado, inalei a essência que


apenas se aferrava em meu travesseiro.

Deus, sentia saudades.

— Ouça, Ten. — Quinn bateu em minha porta aberta e


me olhou com um encolhimento de solidariedade. — Quer ir
conosco ao picnic ou vai em outro carro sozinho?

Pausei o filme e franzi o cenho.

— Que picnic?

— Ahm... — Quinn arranhou a cabeça antes de passar


seu peso de um pé para o outro. — O de Noel... para
comemorar que Aspen conseguiu um trabalho novo na escola
secundária.

— Gam dará uma festa? — Disse devagar. Tirei o


computador de meu colo então podia sair da cama.

— Sim... Não recebeu o convite por mensagem de texto?


Olhei fixamente para ele durante um tempo antes
encolher os ombros.

— Deve ter se perdido no correio. Acredito que irei em


meu carro.

— Quer dizer, que na verdade ele não... — Ham ficou


calado antes de me dar um olhar de preocupação. —Está
seguro de que é uma boa ideia? Se não te convidou...

— O que? — Perguntei. —Acha que eu não deveria ir à


festa? Eu acredito que é uma grande ideia. — Rebusquei
entre a pilha de calças no chão, levantando alguns e fazendo
um exame de olfato antes de decidir qual era o mais limpo. —
Vejo vocês lá, de acordo? Primeiro tomarei uma ducha.

De pé, Ham continuou me olhando.

— Ouça, só... — Deu uma olhada para a entrada e se


aproximou. Baixando sua voz disse. — Por favor, não cause
uma cena ou faça algo que possa incomodar Zoey. Neste
momento qualquer estresse emocional para ela...

Bati em seu braço.

— Não se preocupe, papai. Nunca faria nada para


machucar seu bebê.

Hamilton soltou um suspiro e assentiu, mas seus olhos


ainda estavam cheios de preocupação. E deveriam estar,
porque me sentia no humor para causar uma cena.
Uma hora e meia depois, me aproximei do pátio dos
fundos do Gam. Todos os outros já chegaram. A maioria das
mulheres estavam reunidas ao redor dos Zwinn e falando
merda sobre bebês. A Loira embalava sua barriga como fazia
estes dias a cada vez que a via e me dei conta que Caroline
estava a seu lado. Estava de costas para mim enquanto Tetas
de Leite e Buttercup tagarelavam, rindo sobre... merda, quem
sabe o que.

— Ten. — A voz de surpresa do Gamble fez que eu


olhasse a minha esquerda de onde se aproximava
lentamente.

— Olá. — Minha voz era bastante agradável para a


maldade com a que o olhei. — Obrigado pelo convite, idiota.

Esbarrei nele ao passar e fui para sua esposa, onde


estava ocupada com a mesa de comida.

— Shakespeare. — Saudei com um sorriso. — Parabéns.


—Tirei de meu bolso um bloco redondo de madeira vermelha
e o entreguei.

— Aí. — Disse, pegando. — Uma escultura de maçã.


Obrigada, Ten.

— E também funciona como um porta-lápis. — Assinalei


os ocos.

O estudou sorrindo com a avaliação.

— Isso é muito doce. Não tinha que me dar nada.

Só encolhi os ombros e sem permissão, meu olhar se


desviou pelo pátio.
— Sim, Ten. — Disse Gamble atrás de mim. Dei a volta
para encontrar ele deslizando um braço sobre os ombros de
Shakespeare. — Não tinha que trazer nada, especialmente se
acredita que adoçar ela a convenceria de falar comigo para
fazer algo que não vou fazer.

Estreitei meus olhos.

— Disse que não estava te pedindo permissão.

— E eu te disse o que faria se você se aproximasse dela.

— Oh... então primeiro não podia pedir que saísse


comigo, mas agora nem sequer posso me aproximar é isso?
Muito em breve chutará meu traseiro se, pelo menos, pensar
nela.

— Então possivelmente não deveria pensar nela. —


Sugeriu, apertando os dentes.

— Possivelmente deveria deixar de ser um cretino. —


Grunhi.

— Ou possivelmente deveríamos comer neste momento.


— Interrompeu Aspen com muito ânimo, retorcendo as mãos
enquanto olhava entre nós. — Escutaram isso? — Elevou a
voz para chamar a atenção de todos. — A comida está pronta,
então... adiante.

Gamble e eu compartilhamos um último olhar antes de


nos afastarmos um do outro para que seus irmãos chegassem
à mesa e enchessem seus pratos.
Eu não tinha fome, mas não me afastei exatamente da
linha da comida. Caroline se aproximava com as mulheres,
assim não ia a lugar nenhum.

Não me estava certo de onde vieram Ham e Lowe, mas


os encontrei me rodeando enquanto começavam uma
conversa entre eles sobre quem diabos sabe o que. Não
escutei uma palavra do que disseram. Nem olhei diretamente
para Caroline. Observei o chão frente a mesa da comida e me
conformei olhando para ela pelo conto do meu olho. Quando
teve que passar por mim depois de encher seu prato, não me
olhou. Levantei meus olhos nesse pequeno segundo no que se
moveu e me ignorou completamente.

Tomei uma longa respiração, mas não acredito ter


conseguido ar. Senti que só inalei uma baforada de agonia.

—Uh. — Murmurou Hart tranquilamente atrás de mim.

O ignorei e me virei para Lowe.

— Uma semana? — Disse elevando minhas


sobrancelhas.

— Duas semanas. — Corrigi, olhando depois para


Caroline e fazendo uma careta.— Definitivamente duas
semanas.

— Demônios. — Não ia sobreviver a isto.

— Merda. — Escutei a voz de Caroline. — Esqueci meu


garfo. Me movendo rápido para a mesa, tomei o primeiro
garfo de plástico que vi e o estendi para ela. Parou surpresa
quando se virou e me encontrou lá.
— Oh! — Tomou ar e retrocedeu.

— Aqui está. — Ofereci com tranquilidade.

Imediatamente baixou o olhar.

— Obrigada. — Quando ia o alcançar, me neguei em


soltar o garfo. Elevou o rosto rapidamente, cintilando pânico.
— Oren. O que está fazendo? —Lutou para liberar o garfo.

Quando começava a se afastar, perguntei.

— Nem sequer vai me cumprimentar? — Congelou antes


de me olhar de novo com lentidão.

— Não pode fazer isto aqui. — Sussurrou a advertência.


Mas não podia não fazer... em nenhum lugar. Precisava falar
com ela, precisava da minha mulher de volta. Precisava saber
que ia me perdoar... se não hoje, então algum dia.

— Já se passaram oito dias. — Foi tudo o que pude


dizer. Não podia evitar a forma em que meu olhar suplicava.
Ajoelharia e imploraria se fosse necessário.

Uma expressão de compreensão encheu sua expressão.

— Eu... —Mas não disse nada mais.

Ia ficar louco.

— Isso significa que terminou? — Perguntei.

Sacudiu a cabeça, confusa.

— Terminei?

Toquei meu peito com um dedo.

— Comigo?
— Sobre o que estão falando aqui tão sozinhos? —
Perguntou Gamble se aproximando, sua voz soava o
suficientemente casual e curiosa, mas podia sentir sua
censura.

Caroline saltou diante sua voz e imediatamente virou


para ele, mas não podia afastar meu olhar dela, não até que
me respondesse. Ainda ignorando Gamble, falei.

— Caroline?

Nervosa e assustada, seus olhos se moveram para mim.

—Não. — Disse sem fôlego tão silenciosamente que só


eu pude ouvir. — É obvio que não terminei com você. — Logo
sua atenção se voltou para seu irmão e deu a ele um grande
sorriso. — Possivelmente contávamos segredos sobre você. —
Brincou.

— Segredos? — Repetiu. Quando seu olhar se deslizou


em minha direção, só a correspondi, o desafiando a começar.

O filho da puta aceitou meu desafio porque envolveu um


braço ao redor do ombro de Caroline e sorriu.

— Oh, poderia te dar todo tipo de segredos... sobre Ten.

— Gam. — Disse em voz baixa. A advertência era clara.


Não ficaria aqui e receberia esta merda. O rosto de Caroline já
perdi a cor e se estava rígida e zangada.

— Não.

Encolheu os ombros.

— Não o que?
Olhei ao redor e todo mundo deixou o que faziam para
nos observar, todos eles em alerta extra.

— Que não diga a ela sobre seus segredos? Nem sequer


a respeito da Tianna? — Depois de um assobio baixo, falou
diretamente com Caroline. — Não sei o que fez a essa pobre
garota, mas nunca vi alguém odiar tanto um menino como
ela e Tianna ama todos os meninos.

—Noel! — Gritou Aspen, se apressando para nós. —


Acho que poderia me ajudar a trazer mais batatas fritas?

— Em um segundo. — Respondeu, sem afastar seu


olhar de mim. — E lembra da Faith McCrown? Não tirou sua
virgindade em nosso segundo ano?

Com um rápido olhar para Caroline, apertei meus


dentes. Entretanto, ela manteve seu queixo alto e fiquei
orgulhoso. Mas ainda muito bravo.

Assentindo, enviei um sorriso duro para meu bom velho


amigo.

— Sim, já sabe, me lembro dela. Lembro de como a


tomou depois de que eu te contei com entusiasmo como
flexível ela era.

Seu sorriso zombador se tornou frio. Inclinei minha


cabeça para um lado.

— Não foi ela que ficou tão obcecada por você que se
tornou quase suicida depois de que a deixou por sua melhor
amiga? Ou foi por sua arqui-inimiga? Não posso lembrar
qual.
A seu lado, Aspen começou a tossir e a olhei, de repente
me lembrando que estava ali.

Merda.

Pressionando uma mão em seu peito, bateu suas


pestanas como louca e deu um passo se afastando de nós.

—Aspen? — Gamble a alcançou, mas ela deu um passo


rápido para se afastar.

— O... O... sinto muito. Acredito que tenho pó no... —


Tossiu de novo quando as lágrimas encheram seus olhos. Se
virando, murmurou. — Me desculpem.

Enquanto escapava, Gamble me enviou um olhar


assassino.

— Maldito idiota. — E logo correu atrás de sua esposa.

Apertei meus olhos.

— Merda. —Arruinei isso.

Quando os abri, uma Caroline incrédula se encontrava


em minha cara.

— Por que demônios fez isso com Aspen?

— Não pensei nela. — Admiti. — Não queria machucá-


la. Só me sentia tão... zangado com ele.

— Bom, a feriu. E muito.

— O filho da puta tinha que fechar a boca, assim o calei.


Machucava você e não pude suportar isso. Não pensei, estava
focado em fazer que ele deixasse de te incomodar para pensar
em alguém mais. Sinto muito.
— Mas não sabia o que estava me fazendo.

— Então possivelmente deveria. — Disse com


brutalidade. — Não, não há possivelmente para isso, já não
mais. Ele... deveria... saber. Passou muito tempo. Todos os
outros sabem. Inclusive meus pais. É a única pessoa que não
sabe.

— Mas...

Agarrei seus ombros e a sacudi ligeiramente.

— Por que não quer que ele saiba?

Me empurrou e gritou.

— Porque tenho medo!

Não acreditei. Ainda me preocupava que queria me


abandonar depois do que eu disse a ela, por isso sacudi
minha cabeça.

— Não se desforrará em você. É sua irmã. Sempre te


amará, sem se importar com nada. Sou eu quem está em
risco de perder meu maldito melhor amigo. Então do que tem
medo?

Só queria que admitisse que era por mim, se esse era o


caso, mas em troca gritou.

— Tenho medo de que faça ou diga algo que te


convencerá de que não valho a pena, ok? — Lágrimas
encheram seus olhos. — E se nos separar? Não estou pronta
para te perder.

Recebi um golpe por suas palavras e a olhei com a boca


aberta. Ela queria estar comigo. Queria... merda. Inalei
bruscamente. Imediatamente, minha raiva desapareceu, por
isso dava um passo mais perto e embalei seu rosto em
minhas mãos.

— Baby, não há nada que ele poderia dizer ou fazer para


me afastar de você.

— Então é assim? — Perguntou Noel atrás de nós.


TEN

Dei a volta para encontrar Gamble a três metros de


distância, sua rosto ficou vermelho, seus lábios se curvaram
em um grunhido, e seus olhos se estreitaram com ódio.

—Filho da puta. — Grunhiu e um montão de coisas


aconteceram ao mesmo tempo. Pick, Lowe e Hart gritaram
para que parasse enquanto saltavam em cima dele,
agarrando seus braços e seu peito para evitar que chegasse a
mim.

Parei em frente a Caroline para que ficasse atrás de nós


e a Loira a agarrou para afastá-la. Mas Ham não queria
ninguém perto de sua mulher, então se colocou na frente das
duas garotas, enquanto Tetas de Leite e Buttercup trataram
de levar os dois irmãos pequenos de Gamble para dentro da
casa, mas Colton e Brandt se negaram. Aspen saiu pela porta
dos fundos e parou para cobrir sua boca com as mãos.

— Maldição! — Rugiu Gam, me olhando com fúria


enquanto tentava sair do agarre dos três homens. — Me
soltem. Só quero matá-lo.

— Você não pode matar Ten. — Explicou Pick, soando


extremamente sensato para um momento como este.
— Sim, porque ele não está dormindo com sua irmã por
trás de suas malditas costas, assim tente dizer isso de novo.

Grunhi.

— Não só estou dormindo com ela, idiota. De fato,


estamos saindo. — Olhei para Caroline, que cobria a boca
com as mãos e me olhou com olhos preocupados.— Temos
feito isso por um par de meses.

— Saindo? Está brincando? — Voltou sua atenção para


Caroline. — A quantos encontros te levou?

Piscou, obviamente sem entender.

— O que?

Moveu sua mão, animando-a a falar.

— A quantos encontros foi com ele? Ao cinema? Para


dançar?

— Isso não é justo. — Me movi para ele, fazendo minhas


mãos em punhos. — Não podíamos ir a nenhuma dessas
merdas por sua causa.

— Sim. Que seja. A verdade é que não é melhor que


Sander Scotini.

Filho da puta. Só tinha que chegar lá, não?

A ira inundou minhas veias. Mas o que mais me doía


era escutar que pensou que pertencia à mesma categoria
daquele maricas sem valor, mas estava de acordo com ele.
Não fui justo com Caroline. Escolhi esconder nossa relação
por temor às consequências, pelo medo de que Noel soubesse.
Só fui o maior dos idiotas.
Mas empurrei toda minha culpa em Gamble.

— Bastardo! — Rugi antes de me jogar em cima dele.


Hamilton passou um braço por trás de mim e me pôs de novo
sobre meus pés enquanto Hart, Pick e Lowe tratavam de
aumentar seus esforços para manter Gamble quieto.

Ainda zangado, me esforcei em sair do agarre do meu


impenetrável companheiro de apartamento.

— Se retrate! Não sou um pedaço de merda. Na verdade,


a amo. E essa é a única razão pela qual não disse isso antes,
para protegê-la, porque sabia que reagiria assim e a
machucaria. Quero dizer, merda! Só olhe para ela.

Não sabia que começou a soluçar, mas podia sentir em


meus ossos. E sim, quando olhei e apontei com o dedo em
sua direção, as lágrimas corriam por seu rosto enquanto se
agarrava a Loira como se para salvar sua vida. Se abriu um
buraco através de mim.

— Demônios. — Disse, minha voz áspera se quebrou. —


A fizemos chorar;

— Noel. — Soluçou. — Por favor. — A dor em seus olhos


me matou. Só queria estrangulá-lo e fazer que encontrasse a
razão.

Noel fechou os olhos como se tratasse de bloquear o


efeito de suas súplicas. Logo apertou os dentes e sacudiu a
cabeça.
— Não é sua culpa. — Rogou. — Eu o enganei. Entrei
escondido em seu quarto numa noite quando esperava por
outra pessoa.

— Está me... fodendo. — O nojo nublou seu rosto. — Ela


é a Visitante Noturna?

— Ele não tinha ideia que era eu. — Disse Caroline.

Gamble soprou.

—Oh, até parece que não tinha ideia. — Seu olhar se


fechou em mim como se soubesse a verdade.

— Ele não sabia. — Clamou Caroline em defesa própria.

— Na verdade... — Admiti com um suspiro enquanto


olhava com ar de culpabilidade. — ... sabia.

— O que? — Ela se virou para mim, com a boca aberta.


— Não, não sabia.

A olhei direto nos olhos.

— Sim... sabia.

Piscou.

— Não... não sabia. — De repente não parecia tão certa.


— Mas... se zangou comigo quando descobriu. Estava...
chateado porque te enganei. Te forcei a trair a seu melhor
amigo, lembra?

Encolhi os ombros.

— Mesmo assim sabia. Quero dizer, me chamou de


Oren. Esqueceu de mudar sua voz um montão de vezes, e...
merda, cheirava como você. Sabia que era você. Só... me
neguei a aceitar.

Confusão cruzou sua expressão.

— O que quer dizer com se negou a aceitar?

— Fácil. Disse a mim mesmo que não era você. Sabendo


que se de verdade fosse você tudo iria se transformar em uma
bagunça e não queria estar errado, assim me convenci de que
não era você.

Negou, incapaz de acreditar no que eu disse.

— Como demônios fez algo assim?

— Não sei, mas fiz. Fiz um bom trabalho me negando


por quatro anos que tinha uma irmã gêmea morta, então
como não poderia fazer de novo? Sou o rei da negação.

— Tinha uma irmã gêmea? — A mandíbula de Gamble


se abriu e seus olhos aumentaram, mas me encontrava muito
ocupado com Caroline para prestar atenção nele.

Sacudiu a cabeça confusa.

— Mas... se sabia quem era, então, por que não me


afastou?

Ri em voz baixa.

— Porque era você.

Com seus lábios abertos, seu rosto se iluminou com o


entendimento. Estava tão concentrado vendo sua expressão
que não dei conta que Gamble se soltou de Lowe, Pick e Hart,
até que me empurrou. Retrocedi até que perdi o equilíbrio e
aterrissei com meu traseiro na grama.

— Maldito idiota! — Rugiu. — Em primeiro lugar, fodeu


minha irmã nas minhas costas e agora tem uma gêmea da
qual nunca soube? É como se não te conhecesse. E por que,
diabos, vocês ficam me segurando como se tentassem
protegê-lo?

Se afastou de Pick, Lowe e Hart quando de novo


tentaram o segurar. Pick elevou uma mão para acalmá-lo.

— Noel, homem. Precisa se acalmar.

— Me acalmar? — Sua boca se abriu antes de olhar


para mim, ainda no chão e de volta aos meninos ao seu
redor. — Santa merda. — Sussurrou. — Na verdade o estão
protegendo. Me traiu e estão ao seu lado. Obrigado, rapazes.
Obrigado vigiarem minhas costas.

— Não se trata de ficar de seu lado ou do dele. — Disse


Hart.— Caroline o queria e ele a trata bem, então... —
Quando encolheu os ombros, Noel estreitou os olhos.

— Fala como se soubesse há algum tempo. — Seus


olhos brilharam. — Merda. Sabia isto há um tempo. Caralho,
quantos de vocês sabiam? — Quando olhou ao redor, todos
baixaram seu olhar. Um som de negação subiu por sua
garganta.

Colton olhou preocupado para Brandt.

— Isso significa que temos que devolver a Ten o dinheiro


que nos pagou por nos manter calados?
Gamble negou e riu sem som.

— Inclusive teve que pagar para meus irmãos? Que


bom, homem. Que bom. Agora me diga que minha própria
esposa sabia.

Quando Aspen deu um passo para trás, olhou bem para


ela, cobriu sua boca com as mãos e os olhos dele se
ampliaram.

— Oh, Deus. — Suspirou. — Aspen?

— Sinto muito. — Sacudiu a cabeça como se pudesse


negar enquanto seguia se desculpando. — Sinto muito. Mas
Asher tem razão. Ele a fez feliz de novo. Do momento em que
chegou, Caroline estava sempre triste e então de repente, era
feliz. Ten... é bom para ela.

— Sim, é malditamente bom para ela. Manteve-a


escondida como uma puta suja que ela não é, mas não... ele é
maravilhoso. — Ele se afastou e saiu do pátio.

Aspen escondeu o rosto entre suas mãos e começou a


chorar. Quando Brandt e Colton se moveram para consolá-la,
Caroline correu para longe da Loira. Se jogou em mim, a
agarrei pela cintura e enterrei o nariz em seu cabelo.

— Está bem?

— Não. Deus. Como poderia estar bem? Estava tão


zangado. Viu?

— Sim, vi.

Quando as lágrimas caíram por seus olhos e suspirou.

— O perdi. — A ira me envolveu.


Por que tinha que ser assim? Não via que eu era o que
Caroline queria? Nem tentou averiguar se era bom para ela
ou como a tratava? Achava que era seu melhor amigo,
entretanto, assumiu tão rápido que eu era igual a Sander
Scotini.

Que se foda.

Não pude me deter, soltei meus braços de Caroline.

— Volto em seguida. —Beijei-a no cabelo, correndo por


onde se foi Gam.

Caminhava pela calçada dando grandes passos longe de


sua casa quando o vi do pátio.

— Espere! — Gritei.

Ele parou e pouco a pouco deu a volta.

— Acho que sou seu melhor amigo. Por que é tão


horrível pensar em Caroline e eu juntos?

— Porque te conheço! Conheço desde o primeiro dia que


cheguei a esta cidade. E nestes quatro anos, nenhuma só vez
teve um pouco de respeito por alguma mulher.

— Como malditamente nunca. Respeito muito às


mulheres. O que acontece com sua esposa?

Noel soltou uma gargalhada.

— Oh sim, a respeitou o suficiente para subir em uma


mesa e perguntar a uma sala cheia de seus alunos como
seria vestida de colegial, assim poderia brincar com o
professor. Isso foi muito respeitoso.
Merda, talvez Shakespeare não era um bom exemplo.

— Homem, estava bêbado.

— Terminou sendo despedida de seu trabalho e o


treinador publicou sua foto de topless na parede do vestuário.

— De acordo, está bem. — Levantei as mãos para que se


calasse. Shakespeare definitivamente era um mau exemplo,
sem importar o muito que fiz por ela.

Troquei a tática.

— O que acontece a mulher do Ham? Caralho, a deixei


morar conosco.

— Ah, se refere à garota com que foi a um encontro,


onde deixou que se embebedasse pela primeira vez enquanto
paquerava com o menino que saía com alguém mais, e então,
terminou a noite vomitando no banheiro do clube. Sim, um
excelente exemplo.

Merda, na verdade não chegaria a nenhum lugar com


ele, não? Pensei em minha irmã e a incerteza me invadiu. A
única garota que amei mais que a qualquer pessoa, e falhei,
passou o pior que poderia passar. Como demônios pensei em
começar algo com Caroline?

Meu estômago se revolveu, avançando um passo para


Gamble.

— Então que fiz com Caroline?

Negou com a cabeça como se não pudesse acreditar


como inclusive eu perguntava isso.
— O fato que escondeu que saía com ela e nem sequer
tivesse as bolas para fazer algo a respeito me diz tudo o que
preciso saber. Não é importante para você.

— Essa é uma completa mentira. Ela...

— Não teria se convertido em seu segredo sujo se tivesse


sido honesto desde o começo. Isso também era tudo o que foi
para ele. O primeiro idiota que a engravidou. Estava sozinha
em um trailer como seu segredo sujo e está fazendo-a passar
por tudo isso de novo. Se tivesse significado algo para você,
não me teriam escondido isso, não teria escondido seus
sentimentos. Teria lutado para estar com ela abertamente em
vez de andar escondido como um maldito covarde.

— Jesus, homem. — Neguei com minha cabeça. — Se


essa sempre foi a maneira que pensou de mim, então,
inclusive por que foi meu amigo?

— Porque não sou uma mulher. Nunca me incomodou


sua maneira de ser com os estranhos, mas te asseguro que
não quereria que se envolvesse com uma garota que seja
importante para mim.

Sacudi a cabeça lentamente. Foi revelador aprender o


que algumas pessoas próximas em minha vida pensavam
sobre mim. E não da melhor maneira. Não sabia o que dizer
para ele. Nem sequer um de meus estúpidos comentários me
vinha à mente. Sentia como se tivessem chutado meu traseiro
e sem importar quanto tentasse fazer a razão entrar em meu
cérebro, não servia para estar com Caroline. Não a merecia.
Nunca a tratei bem, e se na verdade tivesse me preocupado
por ela, teria me mantido afastado.

Mas só a ideia me deu vontade de vomitar.

Inseguro do que ia fazer, dei a volta e caminhei como se


fosse um estranho sonho.

CAROLINE

O medo invadiu meu estômago como um gás nocivo, me


dando um caso doloroso de indigestão. Inclusive era difícil
funcionar. Estava muito assustada.

A semana passada, sofri. Cada vez que pensei em Oren,


o imaginei com uma garota nova em alguma horrível
enroscada posição e a agonia me sacudiu até me fazer sentir
enjoada. Assim que me afastei para me proteger, para sanar e
superar minha própria festa de compaixão.

Passei muito tempo com Zoey, ajudando-a a lutar com


seus temores da gravidez e assim comecei a me acalmar.
Então comecei a sentir saudades, mas ainda me sentia
insegura por não saber como me aproximar dele, para me
desculpar por sair correndo e fazer exatamente o que prometi
que não faria.

Vê-lo hoje no pátio do meu irmão foi uma bênção e uma


maldição. Passou muito tempo desde que o vi, falei-lhe e
beijei-o. Queria correr e derruba-lo, arrastá-lo para meu
quarto e fazer coisas perversas com ele. Mas, imediatamente,
os nervos ataram meu estômago porque nem sequer sabia
como deveria enfrentá-lo depois que o deixei na semana
passada. Sentia-me envergonhada de mim mesma por deixar
que meus tenros pequenos sentimentos me superassem.

Ignorá-lo pareceu a única opção até que ele forçou


minha mão, até que me fez olhar em seus olhos e enfrentar a
verdade. Também sentiu saudades. Fez mal a ele estar sem
mim.

A partir daí, tudo saiu de controle. Não fui capaz de


fazê-lo pensar que não me importava. Noel não foi capaz de se
manter afastado e tentou nos manter separados. E Oren não
foi capaz de dar um passo atrás e se acalmar, gritei de volta
para meu irmão, fazendo que tudo explodisse.

Quando foi atrás de Noel pois não voltou para pátio dos
fundos ao mesmo tempo que meu irmão, sabia que
discutiram mais.

— Gamble. — Começou Pick.

Mas Noel levantou uma mão.

— Por que não saem do meu pátio, traidores filhos da


puta? A festa acabou.

— Nós também? — Perguntou Colton para Aspen.

— Não. —Noel apontou para eles. — Vocês... dentro.

Quando acompanhou Brandt e Colton, Aspen estava


pálida. Agarrei o braço de meu irmão.

—Noel.
Nem sequer me olhou. Pôs suas mãos em meu rosto.

— Não quero falar sobre isso.

— Bom, muito mal. — Segurei ele com mais força. —


Não vai desaparecer só porque você quer.

Ele me olhou, com sua mandíbula rígida e os olhos


brilhantes.

—Caroline. — Mas não fiz caso da sua advertência.

— Eu fiz isto. —Disse. — Eu comecei. O procurei várias


vezes antes de recorrer ao ardil e penetrar em seu quarto.

Fazendo uma careta, virou o rosto.

— Não quero escutar isto.

— Que pena. — Grunhi, dando em seu braço um puxão.


— Vamos falar. — Eu o persegui e não parei até esgotar sua
resistência e no final cedeu porque o amo.

— Amor? — Burlou-se Noel e sacudiu a cabeça. — Não


tem nem ideia, pequena. Vi o que pensou que era o amor e
isto nem sequer se aproxima.

Inspirei uma dolorosa baforada de ar por essa facada e


fechei os olhos um instante, mas logo o olhei mais
determinada que nunca.

—Sei que, faz um ano, perdeu por completo a fé em


mim. Sei que pensou que me converti em algo que não podia
confiar o meu próprio coração, mas acredite ou não, aprendi
de minha experiência com Sander. E Oren não se parece em
nada com ele.
Noel soprou e sacudiu a cabeça sem acreditar. Puxei seu
braço de novo.

— Falo sério. — Disse. — Possivelmente não tenha me


levado em um encontro convencional, mas foi mais notável e
atento do que jamais poderia ter imaginado que um
namorado poderia ser. Nunca comecei um dia sem algum tipo
mensagem para me fazer saber que pensava em mim. Levou-
me ao parque Rainly e inclusive me mostrou uma cascata
escondida lá.

Quando meu irmão me lançou um olhar de surpresa,


assenti.

— Fizemos todo tipo de coisas no apartamento com


Quinn e Zoey. Inclusive me apresentou a seus pais.

Noel olhou ao redor do pátio, provavelmente para enviar


ao Quinn uma careta de traição, mas todos nossos amigos se
foram respeitando seus desejos.

— Honestamente, a única pessoa que não dissemos foi


você. —À medida que Noel jogava fumaça, levantei uma
sobrancelha. —Por que acha que não fizemos isso?

Sacudindo a cabeça, o deixei no pátio dos fundos para


lutar com isso. Então caminhei para o apartamento de Oren.
Mas quando não o encontrei lá, Zoey me emprestou seu carro
para ir a sua cidade natal. Não estava certa de como sabia
que iria para sua casa, mas simplesmente sabia.

Quando cheguei, ao entardecer, estava sentado sozinho,


com os braços envoltos ao redor de seus joelhos enquanto
observava o colorido pôr do sol.
Oren me ignorou quando sentei ao seu lado, então
também não disse nada.

— Escutou a conversa que tive com seu irmão no pátio


da frente? — Perguntou por fim, virando o rosto para me
consultar.

Sacudi a cabeça.

— Não. Me mantiveram lá traz enquanto vocês dois,


supostamente, aplacavam as coisas. Mas não aplacaram
nada, né?

Riu em voz baixa.

— Nem sequer um pouco.

Agarrei sua mão. Ele não se afastou, assim entrelacei


com mais força seus dedos.

— Oren, o que te disse?

— Oh, já sabe... — Deixou escapar um suspiro e voltou


sua atenção ao pôr do sol. — Só uma puta bofetada verbal
sobre minha merda com um par de verdades difíceis de
aceitar.

— Como o que?

— Como que não sou bom para nenhuma mulher e


muito menos para você. E que se alguma vez me preocupei
ou quis o que era melhor para você, deveria te deixar ir
encontrar a alguém que te mereça mais que eu.

— Então... — Neguei, sem estar certa sobre o que


tentava me dizer. — Acabou entre nós? Pelo que ele disse?
Está me deixando? De qualquer jeito? Depois de que me
prometeu que nada do que dissesse poderia nos separar.

— Maldição. — Murmurou enquanto se virava para


mim. — Desde que me conhece, quando fiz o que é melhor
para outra pessoa? Faço o que me faz feliz, sem importar
como afeta aos que me rodeiam. E o que quero mais que tudo
no mundo é você.

— Então, por que me deixou lá? — As lágrimas


encheram meus olhos sem meu consentimento.

— Não... merda. — Sua expressão cintilou com


preocupação. Chegou para mim e me abraçou com força. —
Sinto muito, amor. Não estava pensando. Acabava de perder
meu melhor amigo. Queria uns minutos para mim mesmo.
Só... pensei que sabia que nada mudaria o que temos.

Agarrei seus ombros e enterrei o rosto em seu pescoço.

— Bom, sinto muito, mas não sei nada neste momento.


Me sinto confusa, se meu irmão me odiar ou me perdoar, se...
— Minha voz se emudeceu e ele me segurou mais forte antes
que agarrasse meu queixo e fizesse com que olhasse em seus
olhos.

— Tem uma coisa que pode ter por garantido. Eu te


amo. E isso não vai mudar. Nunca.

— Diga outra vez. — Exigi.

Sustentando com gentileza minha nuca, aproximou meu


rosto até que seu olhar sério se concentrou em nada mais
que o meu.
— Eu te amo Caroline. Me teve no momento em que seu
irmão te tirou do banheiro nesse desmantelado velho trailer.
E sem importar o que vai acontecer, seguirei te amando.

Os soluços tomaram o controle.

— Eu também te amo. — Admiti através de minhas


lágrimas. — Simplesmente não posso evitar. Existiam muitas
razões para me manter afastada, para te odiar, mas... é como
se fosse parte de mim ou algo assim.

— Sim. — Murmurou com um pequeno sorriso. Logo


beijou minhas pálpebras. — Sei exatamente o que quer dizer.
E é por isso que, na verdade, preciso te mostrar uma coisa.

Inspirei, piscando diante do seu tom sério.

— O que? — Isto não estava bem. Absolutamente.

— Lembra se de Lake Tahoe? — Perguntou.

Contive o fôlego.

— Conseguiu o trabalho?

Oh, Deus. Conseguiu o trabalho e iria embora. Contra


minha vontade, mais lágrimas se derramaram.

Limpou-as e sacudiu a cabeça.

— Não essa parte. Lembra de quando nos embebedamos


na praia e como Zwinn nos disse que tiveram que nos deter
de ir à capela e nos casar?

Enruguei o nariz e a testa.

— Sim?
— Bom... Acredito que pudemos ter conseguido voltar lá
de novo mais tarde... depois que dormiram.

Pisquei.

— O que?

Oren levantou o quadril e colocou a mão no bolso


traseiro para tirar sua carteira e abrir. Com mãos tremendo,
tirou uma folha de papel e me entregou isso.

— Encontrei isto em minha mala depois que chegamos


em casa.

Me entregou isso e me olhava com os olhos preocupados


enquanto a desembrulhava.

Fiquei olhando o documento durante um minuto antes


de apontar para ele.

— Isto é uma certidão de casamento.

Oren deixou escapar um suspiro.

— Sim.

Com os olhos muito abertos, gaguejei um segundo antes


balbuciar.

— Esta é nossa certidão de casamento. Oh, Meu Deus.


É real?

— Sim. Liguei lá até que consegui entrar em contato


com alguém em algum juizado na Califórnia. Essa noite nos
casamos legalmente, caralho. — Deslizou a certidão da minha
mão inerte, e com cuidado, a abriu a alisando.

— Oh, Meu Deus. — Pronunciei. — Estamos casados.


Esvaziou uma bochecha cheia de ar.

— Sim. Basicamente.

Pânico me preencheu. Pediu para eu olhar em seu rosto.


Agarrando meu ombro, sem dizer nada, insistiu para eu olhar
para ele, apesar de que não podia me concentrar muito bem.

— Estávamos bêbados. — Começou com uma voz


tranquila.— Podemos anular, não tem problema, se for isso o
que quer. Isto não tem porque te afetar absolutamente.

— Se for o que eu quero? — Repeti com incredulidade,


sacudindo minha cabeça. — Mas, e o que acontece com você?
O que há com o que você quer?

— Eu... — Seu olhar se cravou no meu. — Respeitarei


qualquer decisão que tome.

Atordoada sem palavras, sacudi a cabeça.

— Mas, se eu não quiser anular? Respeitaria isso?

Um lento sorriso se moveu por seu rosto.

— Caralho, sim.

Minha boca se abriu.

— Merda, você não quer anular? Você... você quer


continuar casado comigo.

— Mais ou menos. — Respondeu com um encolhimento


de ombros.

— Mais ou menos? — Ri abertamente. Oh, Meu Deus.


Estava casada, e ao que parece, poderia continuar assim.
— Mais ou menos... muito. — Murmurou Oren em meu
ouvido, pressionando o nariz contra minha bochecha.

Apesar de uma calma vertiginosa ter me atravessado,


sacudi a cabeça.

— Mas só tenho dezenove. Sou...

Pegou minhas duas mãos.

— Não temos que ser tradicionais. Caralho, só a palavra


me dá urticária. Podemos fazer isto lento e de qualquer forma
que quisermos. Podemos, por um tempo, seguir como
estamos agora, se isso for o que quer.

— Quer dizer, comigo vivendo com Noel e você, com


Zwinn? — Encolheu os ombros.

— Claro. O que quiser. Digo, estou certo que Gamble


teve suficiente emoção por um dia. Podemos manter isto em
segredo por um tempo até que nos achemos preparados para
lidar com isso.

— O que você acha de um anel? — Perguntei,


começando a entrar realmente na ideia.

Um sorriso apareceu em seu rosto.

— Quer um anel?

— Mais ou menos. — Logo sorri grande. — Sim, muito.

Me puxou para ele e beijou meu cabelo.

— Então conseguirei um maldito anel, o maior que me


possa permitir.
— Oh, Meu Deus. — Fiquei sem fôlego. — Na verdade,
estamos casados. Estamos... meu Deus, espera. O que tem o
Lake Tahoe? Sua entrevista. Você...

— Não consegui o trabalho. — Disse imediatamente.

Meus ombros caíram por não saber disso antes.

—Não? Por que não me disse? Afastou o olhar

— Nesse momento, não estava falando exatamente


comigo, então...

Peguei sua mão, me sentindo como uma absoluta cadela


por permanecer longe por tanto tempo como o fez. Claro,
doeu saber tudo o que me inteirei, mas perdi de escutá-lo.
Fui uma cadela total.

— Sinto muito.

Negou, incapaz de me olhar nos olhos.

— Não, tudo bem. Eles, é, tinham outra pessoa em


mente, suponho.

— Esses imbecis. — Murmurei, incomodada enquanto


me sentia aliviada de que não tivessem escolhido meu Oren.
— Mas você disse que correu tudo bem.

— Bom, ainda me encontrava alto pelo orgasmo que


tinha me dado depois que vesti meu terno, então... sim. Tudo
parecia bastante bem nesse dia.

Bati em seu ombro.


— Jesus, Oren. — Comecei, mas minha repreensão não
durou mais tempo que isso. Abracei-o e beijei sua bochecha.
— Sinto muito por não ter conseguido.

— Eu não. — Se virando para mim, me beijou


totalmente na boca e me mostrou quanto não lamentava ter
que ficar um pouco mais de tempo.

Tive que admitir em silêncio, que tampouco me causava


pena ver meu marido ficar.
TEN

A semana passou. Continuei vendo Caroline toda noite


que podia, salvo que não nos incomodávamos em esconder
nada. Estacionava em sua entrada para buscá-la e íamos ver
um filme ou no teatro e depois a um restaurante na noite
seguinte.

Não vi e nem falei com Gamble e Caroline apenas o


mencionava. Todo dia eu perguntava se estava tudo bem,
mas simplesmente sorria e dizia.

— Está bem. Não se preocupe. Encontrará a razão e o


superará. Sempre o faz.

Não me encontrava tão certo, embora deixei passar o


assunto. Mas eu não era o único preocupado. Pick me
chamou em seu escritório na próxima vez que trabalhei.

— Sabe o muito que gosto de ser seu chefe e amigo ao


mesmo tempo, certo? Vou ser obrigado a escolher um lado
entre Gamble e você?

Neguei com a cabeça.

— Não, Gamble tinha razão. Não devia ter escondido


dele. Tem todo o direito de estar zangado comigo.

Levantou as sobrancelhas.
— Me dou conta de que está dizendo que não devia
esconder, mas não que não devia tocar em sua irmã mais
nova.

— Me manter afastado dela não era uma opção.

Talvez não devia ter tocado nela jamais, mas já era


muito tarde para isso e não me arrependia nem um minuto
do que aconteceu entre nós.

— Caralho. — Murmurou Pick, passando a mão pelo


cabelo em sinal de frustração. — Então suponho que ele
segue mais que zangado com você e haverá muita tensão
quando trabalharem juntos.

Assenti.

— Sim, mais ou menos.

— Incrível. — Grunhiu outro suspiro de frustração. —


Tudo bem. Vou tentar voltar a revisar os horários para evitar
que isso ocorra o menos possível. Mas sempre estará na
quinta-feira a noite.

— Sei. — Comecei a me encolher outra vez quando me


ocorreu um novo pensamento. — Espera! Você é como a
defesa pessoal de toda mulher. Por que não está me
ameaçando para me manter afastado de Caroline igual a ele?

— Porque me dei conta do muito que você mudou. É fiel


a ela. E ela está mais feliz do que jamais a vi. Acredito que
são bons um para o outro.

Soltei um suspiro.
— Se importaria em mencionar isso ao Gamble?
Obviamente não vê nenhuma merda do que você vê.

Pick sorriu e bateu no meu braço.

— Só lhe dê tempo.

Deus, odiava o tempo. Seguiu adiante e a quinta-feira


chegou antes que estivesse preparado. A noite das garotas na
discoteca Forbidden começou e Gamble trabalhava no bar
com Lowe, como era costume.

Na maior parte do tempo, evitamos um ao outro. Levei


meus pedidos para Lowe e funcionou muito bem... por um
tempo.

Em um momento, vi Gamble falando com uma garota


com pouca roupa. Fez um gesto para mim e olhou em minha
direção, mas não pensei muito nisso, não até que Gamble me
disse que fosse na parte de trás para procurar outra caixa de
Heineken. Ainda não o compreendia, mas isso foi até que
estive no armazém, encurralado na última fila de prateleiras
junto à parede com os braços levantados para baixar a caixa
necessária, quando um par de mãos femininas se envolveram
ao redor de minha cintura por trás.

E foi então que entendi. Enviou uma cadela para me


fazer uma armadilha e fazer que me encontrassem em uma
posição comprometedora.

O Ten de um ano atrás teria caído. Demônios, o Ten de


três meses poderia ter sido emboscado. Mas o Ten que
descobriu a mulher de seus sonhos, a que secretamente se
meteu em seu quarto para estar com ele, não queria ter nada
a ver com esta armadilha.

Me afastei bruscamente, levantando as mãos, me


afastando de seu agarre.

— Que demônios!?

CAROLINE

Devia saber que Noel tramava algo horrível no momento


em que me aproximei do balcão no Forbidden para me
assegurar que ele e Oren não se mataram entre si.

Enviou-me um pequeno sorriso malvado.

— Procurando seu namorado? Foi ao armazém. —


Quando inclinou o queixo para o corredor, me animando a ir,
soube que ia encontrar algo que eu não gostaria, algo sobre
Oren que deveria mudar minha opinião sobre ele.

Disse a mim mesma que não fosse, mas maldição, tinha


que saber.

Ouvi sua voz, inclusive quando abri a porta do


armazém.

— Me seguiu até aqui? Isso é tão fodido. Nem sequer te


conheço. E nem tente me tocar assim de novo.
— Mas aquele garçom disse que tinha me olhado e
falado de mim a noite toda. Me assegurou que se eu te
seguisse até aqui, seria digno de meu tempo.

— Oh, foi isso que te disse? Bom, se equivocou. Tenho


uma namorada e nunca te vi antes. Então, sinto te
decepcionar, mas tem que ir. Agora.

A mulher se aproximou, esticando a mão para acariciar


seu peito.

— Está absolutamente certo disso, bonito? Quero dizer,


já que estamos aqui atrás... só nós. E não vejo sua namorada
em lugar algum.

— Então deveria dar a volta, cadela, porque estou bem


atrás de você. Mantenha suas fodidas mãos fora dele.

Os olhos de Oren se ampliaram enquanto realmente


batia nos dedos da cadela para os tirar de seu peito.

— Caroline! — Ofegou desesperadamente, se


empurrando além dela e se apressando para chegar em mim.

Não estava zangada com ele, mas me encontrava muito


zangada para qualquer tipo de abraço. Então retrocedi e
elevei minhas mãos para mantê-lo afastado.

— Me desculpe. — Disse com os dentes apertados. —


Vou matar meu irmão.

— Espera! — Gritou atrás de mim, mas eu estava


furiosa.
Noel estava petulante e presunçoso ao ver minha
expressão assassina quando fui para o balcão. O filho de uma
cadela pensava que me encontrava zangada com Oren.

— Teve um lindo espetáculo? — Perguntou.

— Sim, tive. — Subi num banco do bar para poder


chegar além do balcão. Então dei nele uma bofetada tão forte
quanto pude.

Jogou a cabeça para trás e imediatamente levantou a


mão para cavar sua bochecha. Com os olhos muito abertos
pela surpresa, gritou.

— Que diabos?

Apontei para ele com o dedo em riste.

— A próxima vez que enviar alguém para seduzir meu


namorado para o afastar de mim, provavelmente deveria
escolher a uma puta que realmente interesse, já que, sinto
muito, não caiu em sua armadilha.

Me afastei só para encontrar Oren correndo do corredor


para mim, seus olhos iluminados com preocupação. Agarrei
seu rosto, me aproximei o beijei tão intensamente quanto
pude. Parecia atordoado quando me afastei. Olhando para o
balcão, gritei.

— Mas como é idiota, só fez eu me apaixonar ainda mais


por este homem.

Comecei a me afastar do bar, mas Oren pegou minha


mão e me puxou de volta para ele.

— O que vai fazer? Aonde vai?


Toquei seu rosto, amando a preocupação em seus olhos.

— Não estou zangada com você.

Negou com a cabeça.

— Mas está zangada. Não quero que dirija enquanto


está zangada. Dirigiu até aqui, certo?

— Peguei emprestado o carro de Aspen. — Duvidava que


Quinn deixasse Zoey voltar para o bar até que nascesse o
bebê, então tive que escapulir com as chaves de Aspen pela
cozinha.

— Não dirija zangada. — Pressionou sua testa contra a


minha. — Tenho um mau pressentimento.

— Vou ficar bem. — Me inclinando para beijá-lo


brandamente nos lábios, sorri, incapaz de permanecer tão
zangada como queria. — Prometo.

Não parecia estar muito seguro com minha afirmação,


mas me devolveu o beijo.

— Me mande uma mensagem quando chegar em casa.

— Farei. Agora volte a trabalhar. Te vejo mais tarde.

Quando tentei me afastar, não me soltou no começo,


mas logo articulou.

—Te amo. —E finalmente soltou meus dedos.

Por ele, guardei meus sentimentos por todo o caminho


de casa, prestando mais atenção na estrada do que
normalmente o faria, só para poder cumprir minha promessa.
Mas deixei tudo para trás logo que estacionei no meio-fio .
A raiva ainda me alimentava quando entrei pela porta
dos fundos da casa do meu irmão traidor. Aspen estava na
mesa da cozinha com Colton e Brandt, construindo algo que
parecia um minivulcão com uma coisa vermelha espumosa
gotejando pelos lados. Os meninos pareciam animados e
Aspen parecia atenta em seu experimento como eles, até que
levantou o rosto e viu minha cara.

Seu sorriso caiu imediatamente e se levantou de sua


cadeira.

—Está bem? O que aconteceu? Oren e você...?

— Oren e eu estamos bem! — Gritei, olhando para ela.


— Como alguém pode pensar que ele faria algo para me
machucar? É o namorado mais incrível já que tive. Alguém se
importa que me faça feliz? Que pela primeira vez em um ano,
anseio por cada novo dia, ou que fui capaz de me perdoar
pelas coisas que fiz? Me curou. Nunca me fez mal.

Caminhei com fúria, passando por ela e meus irmãos


menores que pareciam traumatizados, corri para meu quarto
e imediatamente me ajoelhei no chão para tirar a mala
debaixo da cama. Uma vez que aberta, abri de um puxão a
primeira gaveta da penteadeira. Quando voltei para a mala
com uma quantidade de sutiã e calcinhas, encontrei Aspen
na porta, parecendo assustada.

— Eu... — Confusa pelas palavras, piscou e começou a


torcer as mãos em sua cintura. — Sinto muito, Caroline. É só
que parecia tão zangada. Não quis assumir automaticamente
que era culpa de Ten. — Se moveu até o final de minha cama
e fez um gesto para meu apressado trabalho na mala. — O
que exatamente está acontecendo?

Soltei um suspiro, me obrigando a ficar calma. Explodir


contra minha cunhada não ia ajudar em nada. Não era sua
culpa que meu irmão tivesse sido um completo idiota esta
noite.

— Tenho que ir. — Disse. — Não posso ficar aqui um


segundo a mais tendo que olhar a fodida cara do seu marido.
É só que... ele... — Estremeci e meu lábio inferior tremeu.
Mordi duro antes de que pudesse explodir em lágrimas pela
forma como me traiu.

— Oh, perfeito. — Murmurou Aspen, passando a mão


pela testa. — Me preocupei de que fosse fazer algo feio e
irracional. Sempre faz algo feio e irracional quando está
assustado e zangado.

— Assustado? — Soltei em uma gargalhada. — Por que


ele teria medo?

Me olhou, seus olhos cheios de preocupação.

— Acredito que tem medo de perder seu melhor amigo e


a sua irmã por isso.

— Sim, bom... acaba de perder sua irmã.

Os olhos de Aspen se encheram de miséria.

— Provavelmente não quero saber o que fez, certo? Bem.


Me deixe te ajudar a fazer as malas. Logo te levarei aonde
precise ir.
TEN

O turno terminou, o clube se esvaziou e só nós meninos


ficamos para limpar o lugar. Tentei manter minha boca
fechada tanto tempo como pude, mas para mim, “tanto
tempo” foi durante uns dez minutos. Todos no bar
perceberam nossa tensão, porque não houve muito bate-papo
ou brincadeiras enquanto fazíamos nosso trabalho. Limpava
os bancos em frente o balcão quando Noel começou a limpar
o mostrador por trás. Nos encontramos frente a frente, o
balcão entre nós e trabalhando na mesma direção, embora
evitando o contato visual, quando minha paciência se fez em
pedacinhos.

Golpeando meu pano no balcão, olhei para ele e disse.

— Sabe, se seu puto plano tivesse funcionado esta noite,


a pessoa que teria saído mais machucada seria sua irmã.
Pensou nisso, bastardo imbecil? Sua única irmã. Ah, mas
não se preocupe, se esse era seu objetivo, acredito que
funcionou de todo modo. Entretanto, não fui eu quem causou
a devastação, foi você. Nem sequer posso acreditar que fez
isso... — Sacudi a cabeça quando as palavras falharam
devido toda a raiva que vibrava por meu corpo, só queria
saltar sobre o balcão e começar a bater em sua maldita cara.
O que fez para Caroline foi completamente inaceitável.
Muito alterado para confiar em mim mesmo, olhei para Lowe,
que deixou o que fazia para nos olhar abertamente.

— Já vou.

Assentiu e fez um gesto com a mão, me desculpando.


Juro que vi um pouco de orgulho brilhando em seu olhar
quando me enviou um pequeno sorriso.

Sem sequer olhar na direção do Gamble, dei a volta e saí


do clube.

Quando encontrei minha esposa aconchegada na cama,


dormindo, com sua mala contra o estribo, não me
surpreendeu em tudo.

Sorrindo brandamente, tirei minha cueca e me deitei


junto a ela.

Despertei na manhã seguinte na minha cama, com


alguém sentado aos meus pés. Em meus braços, Caroline se
agitou e seu aroma chegou do seu cabelo, enchendo meu
nariz até que fiquei duro. Meus braços estavam ao seu redor
enquanto fazíamos conchinha e seu traseiro metido em
minha virilha, com suas costas aconchegadas contra meu
peito.

Como alguém que apreciava seu espaço na noite,


impressionou-me que eu gostasse tanto de dormir com ela
perto de mim. Mas, caralho, não tinha ideia de que tê-la aqui
seria tão agradável. Meus quadris se arquearam para frente e
instintivamente esfreguei meu pênis duro até que encontrei a
dobra de seu traseiro.
Ela deixou escapar um suspiro, me inclinei para
enterrar meu rosto em sua nuca, desfrutando de cada
segundo deste momento... até que um pigarro soou no final
de minha cama.

Me assustando, me sentei, subindo as cobertas


imediatamente para cobrir a minha mulher. Estávamos
cobertos até nossos peitos. Mas sabia que ela só usava esses
shortinhos curtos e uma camiseta sem mangas. Não queria
que alguém mais a visse, nem sequer se fossem seus
cremosos ombros nus.

Quando vi Noel em meus pés, me sentei direito.

— Jesus. Que diabos, homem?

Encontrava-se de costas para nós, com suas mãos


entrelaçadas em seu colo, como se estivesse preparado para
passar o tempo e esperar que despertássemos.

— Tenho que falar com minha irmã. — Disse, sua voz


rouca com pesar e desculpa.

Suspirei e deixei cair minha cabeça sobre o travesseiro.

— Neste momento? — Virando a cabeça, vi que eram


apenas sete da manhã.

Merda, Gamble realmente enlouqueceu.

— Sabe, ainda é muito estranho pensar em vocês dois...


— Fez um gesto entre nós por cima do ombro. — Mas ver com
meus próprios olhos é ainda mais estranho. Não... — Negou
com a cabeça e afastou o olhar. — Ainda não aprovo isto e
estou absolutamente certo de que vai terminar rompendo seu
coração.

Me limitei a bufar e negar com a cabeça.

— Sim, bom... depois de ontem à noite, deixou de me


importar uma merda o que pense sobre isto.

Noel fechou os olhos e apertou os dentes.

— Ontem à noite... —Começou, só para dar meia volta e


abrir os olhos, me enviando um olhar sincero. — Ontem à
noite me equivoquei. Eu sei.

Não ia perdoar já que nem sequer se incomodou em se


desculpar, embora admitiu que fodeu tudo. Ninguém se metia
com minha mulher da forma em que ele fez e o solucionava
sem nenhum tipo de perdão, humilhação ou súplicas... e
possivelmente um milhão de dólares.

Mas logo disse.

— Sinto muito, Caroline. E não estou dizendo isto


porque tive a pior briga do meu casamento com minha esposa
ontem à noite, que estava muito ansiosa por me dizer tudo o
que tenho feito de errado ultimamente. Me envergonho de
verdade pelo que fiz. Fui impulsivo e muito... Ten, mais ou
menos.

Olhei para ela para encontrar seus olhos abertos e


cheios de lágrimas. Gam enviou seu olhar mais triste.

— Não quero que vá só porque enfiei os pés pelas mãos.


É sua casa e continuará sendo. Eu nunca... merda. — Olhou
suas mãos e suspirou. — Nunca te disse como estava
orgulhoso de você pelo muito que fez pelos meninos enquanto
eu estava fora. E nunca te disse que não te culpo pelas coisas
que saíram errado. Não sei se alguém, me incluo, pudesse
manter as coisas por tanto tempo como você. E nunca perdi
nenhum tipo de confiança em você. É uma mulher forte e
valente e estou orgulhoso de te ter como irmã. Sempre te
amarei sem importar o que aconteça.

Caroline me olhou e enviei um sorriso de ânimo antes de


pegar sua mão e apertar.

— E Ten... — Continuou Gamble. Caroline apertou


meus dedos, como se esperasse que me desse o mesmo tipo
de discurso. Diabos, acredito que inclusive eu esperava.

Mas o que disse foi.

— É um traiçoeiro filho da puta. Vou continuar


trabalhando com você, porque tenho que fazer isso, mas além
disso, simplesmente fique longe de mim. Já não quero ser seu
amigo. Não quero ter nada a ver contigo. E vou rir e celebrar
o dia que ela, por fim, se livrar do seu traseiro inútil.

— Noel! — Exclamou Caroline, horrorizada.

Olhou-a, com seus olhos duros.

— Sinto muito, sei que não posso te proibir que o veja,


mas não vou fingir que gosto disto. Vem para casa ou não?

Caroline envolveu seus braços ao redor de meu braço.

— Estou em casa. — Disse simplesmente.


O olhar que Gamble disparou em mim me disse que esta
tinha que ser a pior traição, como se acabasse de roubar a
sua irmã.

Logo assentiu uma vez, limpou a garganta e se levantou.


Quando se foi sem dizer nada mais, olhei para uma muito
tranquila e pálida Caroline. Não me sentia tão estável. Nem
todos os dias se perdia um melhor amigo.

— Está bem? — Perguntei.

Soltou uma risada tensa.

— Você está?

Assenti.

— Não me arrependo de nenhuma só coisa. Tenho você


e isso é mais do que mereço. É tudo o que quero. — Pegando
suas mãos, beijei os nódulos. — Agora, o que é o que quer
fazer pelo resto de nossa vida?
TEN

Caroline e eu começamos a procurar um novo lugar,


juntos. A Loira tinha um pouco de náuseas pela gravidez,
mas ainda não era nada grave. Continuei dizendo a ela que
todos os médicos exageravam, que ela ia ter uma gravidez
perfeitamente normal, mas me alegrei de que ela e Ham
continuassem tomando todas as precauções, só por
segurança.

Outras coisas que fizemos foi que coloquei Caroline em


meu plano de saúde fazendo que Pick jurasse guardar
segredo para que não dissesse a ninguém a respeito de nosso
casamento, por enquanto. Caroline foi a Segurança Social e
ao Departamento de Veículos Motorizados para se converter
legalmente em uma Tenning.

Caroline Tenning.

O dia que sua nova licença para dirigir com seu novo
sobrenome chegou pelo correio, estava muito emocionada, me
atacou no sofá e me fodeu bem ali. Foi algo bom que Zwinn
estivesse em uma consulta com o médico. Fomos bastante
ruidosos... e nus.

Eu adorava viver com ela, adorava acordar ao seu lado a


cada manhã, dormir junto com ela todas as noites e inclusive
tomar banho com ela em algumas ocasiões. Aconteceram
algumas mudanças, suas roupas sempre se encontravam
penduradas por toda parte, mechas de cabelo loiro tentavam
me afogar em meu sono a cada noite e produtos femininos
enchiam minha penteadeira, mas sobrevivemos e no geral
nos divertimos no processo.

Segui indo na cafeteria toda manhã de sábado, mas


Gamble nunca se apresentou. Caroline se inteirou da minha
rotina dos sábados e continuava esperando que ele me
perdoasse e simplesmente... aparecesse um dia desses, que
numa dessas manhãs, ele viesse e se sentasse comigo em seu
lugar.

Nunca em um milhão de anos admitiria, mas sim sentia


saudades do filho da puta do Gamble. Ele me ajudou a
superar a morte de minha irmã e esteve comigo quando
comecei esta fase de minha vida. Caralho, foi ele que me deu
o apelido de Ten. Foi o responsável por uma grande parte de
quem eu era e simplesmente sentia saudades de passar o
tempo e me incomodar.

Mas não ia contar tudo isso para Caroline.

Quando ela recebeu uma ligação dele num sábado a


noite, eu tentei não parecer interessado, mas se virou para
mim depois de desligar como se soubesse que desejava cada
detalhe.

— Todos vão ao parque Rainly amanhã. — Disse. —


Pediram que eu vá também. — Parecia triste por isso franzi a
testa.
— Bom, isso é ótimo. Por que não sorri?

Com um suspiro, deu uns tapinhas em meu braço e se


afastou.

— Porque não vou.

Quando tentou se afastar, a agarrei pela cintura e a


puxei de volta.

— O que quer dizer? Como assim não vai?

Negou.

— Não. Não, a menos que te convidem também.

Gemi e virei os olhos.

— Baby, sabe que isso não vai acontecer. Só tem que ir


e se divertir. Não viu seus malditos irmãos chantagistas em
muito tempo. Não se preocupe por mim, só vá.

Entretanto, esse obstinado sangue Gamble não cederia.


Essa situação a incomodou todo o fim de semana e, por sua
vez, me incomodou também, então finalmente, no domingo
pela manhã, a arrastei para fora da cama e a coloquei na
ducha, dizendo.

— Vamos nos arrumar. Nós dois vamos.

Se animou depois disso e eu sabia que fez algo bom.


Mas também sabia que o maldito drama começaria logo que
chegássemos.
Noel franziu o rosto, logo seus olhos foram para onde eu
segurava a mão de Caroline enquanto passeávamos pelo
caminho em frente a sua casa para cumprimentá-lo.

— É um passeio familiar. — Disse, deixando bem claro


que não estava convidado.

— E eu sou da família. — Argumentou Caroline,


levantando o queixo.

Ele a olhou com seu rosto ainda franzido.

— Não disse a você que ele não podia vir.

Ela me olhou e eu sabia exatamente no que estava


pensando. Considerava deixar ou não cair a bomba de
“estamos casados”, para ver se negaria que eu era da família.

Encolhi os ombros, a deixando decidir se queria revelar


isso ou não.

— O que? — Exigiu Noel ao notar nossos olhares


intercambiados. — Que demônios significa esse olhar? Oh,
Deus. Por favor, não me diga que está grávida.

Um momento de incômodo silêncio seguiu depois de sua


pergunta antes que eu explodisse.

— Que diabos, imbecil? Sabe que ela não pode ficar


grávida.

Gam imediatamente fechou os olhos e fez uma careta.

— Merda. Esqueci. Sinto muito. — Quando abriu os


olhos, Caroline deu um passo para longe dele.
Ela sacudiu sua cabeça, olhou para Aspen e seus
irmãos menores.

— Passem bem. Acredito que não vou nesta viagem.

E se afastou deles e eu também, mas seu imbecil irmão


mais velho correu atrás dela, a agarrando pelo braço.

— Caroline. — Sua voz era desesperada. A puxou para


ele para poder abraçar ela e pressionar seus lábios em seu
cabelo. — Sou um idiota. Sinto muito. Sinto muito. Estive tão
preocupado por conseguir que se afastasse dele para que não
te pudesse fazer mal, mas acabei te fazendo mal eu mesmo.
Não sei como fazer isto, como dar marcha ré. Estou
acostumado a ser seu irmão mais velho e um pai protetor. É
como uma segunda natureza para mim querer saltar e te
afastar de algo que acredito que é perigoso. Assusta-me como
o caralho te ver entrar em algo que não posso te proteger. E
não sei como... Só sigo o arruinando. Mas o que sei, com
certeza, é que não posso te perder. É parte desta família. Não
quero que nos deixe só porque tenho problemas para me
comportar. Se... — me lançou um olhar mortal — ... se quiser
trazer alguém mais com você tudo bem. Mas não pode ser um
verdadeiro passeio familiar sem você.

Caroline deu uma respiração profunda. Então me olhou.

— Tudo bem, mas Oren vem também.

Gam levantou as mãos em sinal de rendição.

— Tudo bem.

— Posso ir com Ten e Caroline? — Perguntou Brandt.


— OOh, eu também. Quero ir com eles. — Colton saltou
para sua irmã para envolver os braços ao redor de sua
cintura.

Gamble me lançou um olhar cheio de ódio, em silêncio


me acusando de roubar toda a sua família. Levantei minhas
sobrancelhas, o desafiando a dizer alguma coisa. Ele abriu a
boca, mas de lá não saiu nenhuma palavra.

Shakespeare enganchou seu braço.

— Parece que você e eu temos uma viagem para nós


dois sozinhos.

Quando a olhou e sorriu, um calor entrou em seu olhar.


Suponho que os dois se reconciliaram da briga mais
importante de seu casamento.

Isso foi impressionante, porque sempre agradecia a


presença dessa mulher em sua vida. Ninguém acalmava seu
temperamento tanto como Shakespeare.

— Então já está tudo decidido. — Anunciei aplaudindo.


— Todo mundo, suba no carro!

CAROLINE

Definitivamente eu estava na “caminhonete da diversão”


no caminho do parque Rainly. Quando estávamos a menos de
um quilômetro na estrada, Oren golpeou ligeiramente em um
lado do meu braço com o dorso de sua mão.
— Padiddle.

Olhei-o, completamente confusa.

— O que?

Olhou-me brevemente.

— O que? Alguma vez, vocês jogaram jogos de carros


quando era pequena?

Tanto Brandt como Colton se inclinaram para frente


com curiosidade do banco traseiro enquanto dizia.

— Minha família nunca fez viagens longas.

A simpatia cruzou suas feições antes de se encolher e


agarrar minha mão, entrelaçando nossos dedos sobre o
console central. Então me enviou um rápido sorriso.

— Bom, minha irmã e eu tínhamos intermináveis horas


de jogos de carros enquanto crescíamos.

Eu me virei de lado no meu banco para olhar para ele.

— Então, como se joga padiddle?

— É fácil. Você vê um carro com só um farol e dá uma


palmada na outra pessoa que está no carro enquanto diz:
padiddle.

Pisquei, esperando que dissesse o objetivo do jogo. Por


último, Colton coçou a cabeça.

— E isso é tudo?

Rindo, Oren se encolheu outra vez.


— Não disse que era um jogo instrutivo, complicado ou
educativo. Mas é uma razão divertida para dar uma palmada
em sua irmã sem se colocar em problemas.

— Mas é de dia. — Disse secamente. — E nossas


possibilidades de encontrar alguém com só um farol a esta
hora são bastante baixas.

Oren coçou a nuca um segundo antes de dizer.

— A família de meu amigo estava acostumada a jogar o


mesmo, mas golpeavam o teto do carro cada vez que viam um
carro amarelo.

— Eu gosto de bater nos braços. — Disse Brandt.

Enquanto Colton sugeria.

— Vamos fazer com os carros vermelhos.

Um segundo mais tarde, três mãos diferentes atacaram


meu braço que estava coberto com uma pobre camiseta
curta.

— Padiddle! — Disseram todos juntos. — Carro


vermelho.

— Que merda?! — Levantei minhas mãos em defesa


própria, fugindo deles. — Por que todos bateram em mim?

Oren moveu suas sobrancelhas. — É a mais fácil.

— Que demônios! — Ao ver uma caminhonete vermelha,


me virei com minhas duas mãos, golpeando Oren e Colton.
Brandt se salvou nessa ocasião só porque foi quem se afastou
mais. — Padiddle.
E assim começou a guerra.

Tinha que ser o mais tolo e estúpido jogo que joguei em


minha vida inteira, mas ria no momento que chegamos ao
parque. Meus irmãos falavam até pelos cotovelos quando
estacionamos a caminhonete de Oren.

Aspen e Noel pararam no meio do caminho para


descarregar as cobertas e cestas cheias de comida. Noel
franziu o rosto para nós “provavelmente por estarmos tão
felizes” e seu cenho franzido foi de novo para Oren.

Fazendo caso omisso de meu irmão mal-humorado,


Oren saltou para Aspen.

— Aqui, Shakespeare. Me deixe levar isso para você. —


À medida que pegava a cesta carregada de seus braços, o
cenho de Noel escureceu.

Depois de encher seus próprios braços com dois sacos


de dormir, Noel correu atrás Oren, pisando em seus
calcanhares.

— Ouça, imbecil. Não se atreva a tentar passar através


dela para chegar em mim.

Oren não se incomodou em olhar para trás.

— Nunca faria isso nem em sonho. — Disse com frieza.


Então parou abruptamente, chegando em nosso lugar de
picnic enquanto baixava a cesta.

Noel bufou mas soltou os sacos de dormir. Enfrentou


Oren.
—Não sei o que está tramando com este ato de bom
menino, mas não me engana.

Oren olhou para ele sem compreender por um tempo.

— Humm... — Disse por fim. — É bom saber. — Então


ficou de joelhos e desenrolou cada coberta para que toda a
família se sentasse.

Meu irmão excessivamente suspeito pôs suas mãos nos


quadris e observou sem prestar muita atenção. Me ajoelhei
para ajudá-lo em silêncio. Enquanto isso, Brandt e Colton
começaram a perseguir um ao outro através da grama, tendo
seu próprio jogo de padiddle, com esquilos agora. Quando
Aspen chegou com uma última cesta de comida, Noel ainda
observava mal-humorado enquanto Oren e eu terminávamos
de esticar as cobertas.

— Obrigado meninos. — Aspen se ajoelhou conosco e


começou a descarregar a cesta.

No final, Noel se uniu para ajudá-la, mas a discórdia


que começou, ficou no ar. Tão desesperada e decidida que
estive para conseguir que Noel incluísse Oren na família,
também fui completamente ingênua. Ambos eram miseráveis.
Noel não queria falar, exceto para perfurar Oren com seu
olhar. E por mais respeitoso que Oren fosse com ele, percebi
por sua própria tranquilidade pouco comum e cortesia, que
queria estar em qualquer outro lugar menos aqui.

Forçá-los a se encontrar foi um erro. No que estava


pensando, os forçando a se encontrar com a esperança de
que se animassem?
Brandt e Colton conversavam enquanto comíamos, e
Aspen se uniu. Estava muito ocupada lançando olhares
preocupados entre os dois melhores amigos.

Quando Oren encontrou meu olhar, franziu a testa. Se


aproximou.

— O que está acontecendo?

Neguei.

— Nada. — Mas quando olhei para longe, agarrou meu


braço e me fez levantar o rosto de novo.

— Olhe. — Disse, seus olhos cheios de sinceridade. —


Estou bem, tá bom? Não há nada para se preocupar, baby.
Está tudo bem.

Olhei para ele. A seriedade em seu rosto enquanto


levantava suas sobrancelhas para me assegurar que não
sofria somente me fez o amar mais... entretanto, me
assegurou que minha preocupação estava justificada. Sem
dúvida, sofria.

Mas logo apontou além de mim, dizendo.

— Merda, olhe isso. Olhei, mas não podia entender do


que tentava me mostrar. — O que...?

Quando dei a volta, tinha a metade de um ovo em sua


boca. Sabendo que já comi o seu, dirigi meu olhar para meu
prato vazio e ofeguei.

— Esse era meu ovo?

Sem soltar a última metade do ovo, sorriu e começou a


mastigar.
— Não o comeu.

A surpresa fez com que minha boca se abrisse.

— Guardava ele para o final. Nada é melhor que os ovos


de Aspen.

— Então deveria ter comido ele primeiro... como eu fiz.


Quero dizer... e se algo tivesse acontecido antes de chegar no
final de sua comida? Poderia ter se engasgado e morrido com
seu sanduíche. Um tornado poderia ter chegado e o teria
mandado para o lixo. Ou alguém poderia ter... roubado? —
Igual ele fez.

Chiei os dentes.

— Quero meu maldito ovo.

— Toma. — Sorriu petulantemente e me estendeu a


metade que ainda não comeu. — Vou compartilhá-lo com
você.

O agarrei de sua mão e coloquei toda a coisa em minha


boca. Enquanto mastigava, sorriu. Mas o golpeei no
estômago. Com um gemido e logo uma risada, se agarrou na
barriga e caiu de costas sobre a coberta que compartilhamos
com Colton. No último segundo, pegou e me arrastou com
ele.

— Oren! — Gritei, mas já me coloquei em cima dele. —


Se queria mais, amor, tudo o que tinha que fazer era dizer. —
Me beijou, colocando sua língua imediatamente. Sempre me
sentia atraída para sua boca, então devolvi o beijo. Esqueci
onde nos encontrávamos e quem mais nos rodeava até que
Noel limpou a garganta grosseiramente.

— Desculpem.

Me separei da boca de Oren e saí de cima dele para me


sentar, com meu rosto vermelho e envergonhado. Enquanto
discretamente abaixava meu rosto e limpava os lábios, Oren
levantou a cabeça para franzir o cenho para Noel.

— Por que? Você soltou um gás?

Noel não achou graça.

— É sério, tem que a beijar na minha frente?

Contive a respiração quando Oren ficou imóvel. Se


encolheu e se deitou de novo na coberta para contemplar as
nuvens.

— Acho que não. — Respondeu.

Toquei seu braço em sinal de gratidão, agradecida de


que não tivesse começado uma discussão com meu estúpido
irmão mais velho. Em resposta, Oren estendeu sua mão e
agarrou meu joelho. Com seus olhos fechados, esfregava
minha panturrilha do joelho até o tornozelo e vice e versa.
Entretanto, isso pareceu enfurecer Noel mais ainda. Sua
mandíbula se endureceu e entrecerrou seus olhos enquanto
se concentrava em nada mais que o movimento da mão de
Oren, mão que nem sequer chegava por cima de meu joelho.

Necessitando um descanso da tensão, agarrei os dedos


de Oren.

—Vamos na cascata.
Suas pestanas se abriram e imediatamente se sentou
em posição vertical.

— Bom. — Um calor se estendeu sobre mim, me


lembrando o que fizemos na última vez que estivemos lá. Mas
à medida que nos púnhamos de pé, Noel se endireitou,
surpreso.

— Aonde acreditam que vão?

Franzi o cenho.

— Vamos dar um passeio.

Noel fez gestos com a mão.

— Colton, por que não vai junto com eles?

Apertei os punhos em meus quadris.

— Sério?

Noel me olhou inocentemente.

— O que?

— Não precisamos de um maldito acompanhante para


evitar que façamos alguma coisa errada. Você se deu conta de
que vivo com ele agora, certo? Já estamos...

Oren levou sua mão a minha boca.

— Vamos, moço. — Chamou Colton. — Quer ver uma


cascata?

— Sim! — Colton se levantou de um salto, emocionado.

— Tome cuidado. — Advertiu Noel imediatamente.

Oren enviou um olhar fulminante.


— Não se preocupe, irmão mais velho. Terá seus dois
irmãos de volta, sãos e salvos.

Deixando a ele, Aspen e Brandt para trás, nós três


caminhamos pelo atalho abandonado para a cascata.
Enquanto Colton ia na frente, agarrei a mão de Oren.

— Sinto tanto.

Ele olhou de lado, com as sobrancelhas levantadas em


surpresa.

— Por que? Não fez nada errado.

Suspirei e apoiei a bochecha em seu ombro.

— Eu deveria saber que não podia esperar que vocês


dois só... se dessem bem.

Oren afastou meu cabelo dos olhos.

— Se alguma vez formos nos dar bem de novo, primeiro


vamos ter que sofrer em um par de encontros como estes. —
Beijou a têmpora. — Bem que poderia tirar eles do caminho
agora.

Entretanto, ainda odiava vê-los se dando tão mal por


mim.

—Mas...

— Não se aproxime muito da beirada! — Gritou Oren


por cima de mim.

Me virei para encontrar Colton na nossa frente. Já


cheguei na beira da cascata, e bem quando se virou para
olhar para nós, o chão debaixo dele cedeu.
Num segundo ele estava ali, sorrindo e no seguinte foi
sugado pela terra. Aconteceu tão rápido que logo que só pude
tomar uma respiração, entre o que meus olhos viram e o que
meu cérebro percebeu que acabava de acontecer.

Então gritei.

— Colton! — Me apressei, mas Oren foi mais rápido,


chegando na beirada estendendo uma mão, me mantendo a
distância. — Fique atrás. Este bastardo é instável como uma
merda.

Parei de repente, não querendo acrescentar problemas.


Mas me sentindo impotente, tampei a boca com ambas as
mãos enquanto as lágrimas encheram meus olhos. O rugido
da cascata era tão forte que Oren teve que gritar quando me
olhou.

— Está bem. Ele está aqui mesmo. Não caiu nela. Se


agarrou em uma raiz de uma árvore velha e está se
segurando.

— Graças a Deus. — Pressionei as mãos em meu


coração, além de aliviada.

Uma ligeira bruma da água perto cobriu meus braços e


pernas. Estremeci e me abracei, desejando poder fazer algo
quando Oren se aproximou mais da beirada, tentando manter
um pé para trás no terreno mais sólido.

Ficando de joelhos, esticou um braço para um lado,


onde esperava que estivesse alcançando meu irmão pequeno.
O terreno a uns três metros de distância desmoronou e caiu
na água. Dei um grito afogado quando vi grandes pedaços
cair só um segundo mais tarde. A forma em que foi caiando
por aí como uma bola, me fez rogar ainda mais para que
Colton não se unisse a ela logo.

— Caroline! — Gritou Oren, olhando para mim.

Percebi imediatamente por seu olhar que algo estava


muito mal.

— O que? — Perguntei. — Ele está bem?

Oren assentiu, mas ainda se parecia... doente?


Assustado? Resignado?

— Preciso.... Preciso que esteja preparada para pegá-lo


logo que eu o subir. De acordo?

— Está bem. — Assenti, sem entender o que significava


até que Oren se moveu. Com um grunhido forçado, ele
apertou os dentes e puxou seu braço. Quando Colton chegou
simultaneamente voando ao longo da borda para mim, o chão
debaixo de Oren cedeu.

Colton bateu contra mim, a força de seu impacto me


jogando para trás sobre meu traseiro. Segurei-o com força,
me arrastando para trás longe da borda. Colton se
aconchegou em mim até que estivemos a uma distância
segura. Foi então quando o empurrei a um lado e procurei
desesperadamente por Oren... para não encontrá-lo em
nenhuma parte.

— Meu Deus. Meu Deus. Vamos! — Agarrei Colton,


erguendo ele em pé, e logo o empurrei na direção de nosso
picnic. — Vá buscar Noel. Rápido. Oren está em perigo.
Assim que ele assentiu e se foi, mordi os nódulos dos
meus dedos e me arrastei para a beirada.

— Oren! — Gritei.

Ele sabia que isto ia acontecer quando subiu Colton.


Soube que seria miserável para baixo. Temendo que não o
encontraria, chorei quando o vi, só para me dar conta que foi
deixado na mesma situação em que Colton esteve,
pendurando em uma raiz que se sobressaía de um lado da
íngreme montanha com a água do rio rochoso correndo uns
vinte metros abaixo dele.

Quando levantou os olhos e me viu, seus olhos


brilharam com pânico.

— Não. Volte.

Mas a raiz da que se agarrava não podia manter seu


peso tão bem como foi capaz de manter o de Colton. Esta
começou a se deslizar pelo barranco e enquanto ele se
apressava a se agarrar. Avancei sobre meu estômago para
que a maior parte de meu corpo ainda estivesse em terra
sólida e eu me esticasse para ele.

Oren procurou minha mão, mas quando finalmente


conseguiu um bom agarre, não me encontrava preparada
para quão pesado seria, e patinei para frente sobre meu
ventre, sendo arrastada mais perto da borda. A sujeira,
grama e pedras rasparam meu ventre e braços.

— Está deslizando! — Gritou. — Não. Me solte!


Mas de maneira nenhuma no caralho eu ia soltá-lo. Tirei
as sandálias e cravei os pés descalços na terra, impedindo
meu progresso para frente, mas Oren era pesado e meus
braços gritavam em agonia.

Ao longe, ouvi Noel gritando meu nome. Vinha no


caminho, correndo para nós. A ajuda já está quase chegando.

— Só um pouco mais... — Não pude terminar a frase,


muito tensa e sem fôlego para terminar.

Oren apertou os dentes e tentou subir, mas cada vez


que seus sapatos se afundavam no chão, este se
desmoronava debaixo ele.

Sua cara estava vermelha com tensão, seus olhos loucos


com pânico. Através de dentes apertados, gritou.

— Não! Vai cair comigo!

Só sorri para ele apesar que as lágrimas de esgotamento


e medo encheram meus olhos.

— Se você saltar, eu salto, certo Jack?

A tristeza encheu seu rosto. Pensei que fosse chorar,


mas ele negou e uma emoção que me fez saber como ele se
sentia por mim apareceu em seu rosto.

— Deus, te amo. — Disse. E soltou minha mão.


CAROLINE

Apesar de não cair na água, senti minha alma caindo


aos meus pés, como se todo meu mundo tivesse afundado e
se afogado.

—Não! — Me lancei atrás de Oren, tentando me jogar no


rio com ele. Mas um braço se envolveu ao redor de minha
cintura e me puxou para trás na segurança da borda. Briguei
contra ele, lutando para voltar para Oren.

Eu o viu bater na espumosa água branca e sumir por


completo. Não cheguei a vê-lo flutuar, tinha que voltar para a
borda e ver se ele estava bem, se tirou a cabeça da água, se
podia levantar a mão e me dar um sinal de que estava bem.

Mas não, esse maldito braço ao redor de minha cintura


me mantinha afastada de meu Oren. Então lutei. A voz de
Noel gritou meu nome no meu ouvido enquanto lutava para
evitar que me lançasse para frente, mas segui lutando contra
ele. Finalmente, me libertei o suficiente para me pôr de pé e
olhar de novo para a água, mas Oren ainda não saía, por isso
procurei um pouco mais abaixo. Um grito de negação foi
arrancado de meus pulmões quando o vi. O que parecia um
tronco por sua imobilidade, mas era claramente a forma de
um humano através das correntes. Em um momento se
afundava e em um momento saía e boiava, bem antes de
bater contra uma rocha e já não pude mais vê-lo.

— Meu Deus. Meu Deus.

Minhas extremidades adormeceram e enjoei. Comecei a


hiperventilar.

Queria correr atrás dele com minhas pernas


intumescidas, mas Noel pegou meu braço.

— Não podemos alcançá-lo daqui. — Já tinha seu


telefone pressionado contra sua orelha. Enquanto falava com
a emergência com uma voz tranquila e nivelada, explicando o
que aconteceu, me aconcheguei em meu irmão mais velho e o
abracei com força. Minha cabeça dava voltas e meu corpo
estremeceu. Não podia acreditar no que estava acontecendo.

Ele me abraçou e beijou meu cabelo.

— Vai ficar tudo bem. —Murmurou contra meu cabelo,


mas o choque me disse que não poderia de maneira nenhuma
estar bem.

Noel continuou me consolando e eu devia ter me


fechado mentalmente. Tudo o que sabia era que Noel estava
lá, sempre lá, se agarrando em mim e me mantendo forte. Me
agarrei a ele, segurando sua camisa e precisando de forma
desesperada de sua calma, porque eu não tinha nenhuma.

Em um certo momento, lembrei de Aspen, Brandt e


Colton, por isso acho que voltamos ao local do picnic, ou
talvez eles tivessem chegado onde estávamos. Colton soluçava
histericamente sobre Aspen e Brandt parecia como se fosse
fazer xixi em suas calças. Eu só queria voltar ao rio e
procurar Oren. Precisava encontrar Oren.

Fiquei ainda mais desorientada. Embora todo mundo


parecesse correr a meu redor, tudo se movia muito lento para
meu gosto. Eu devia tentar voltar para a cascata, o último
lugar que vi Oren, onde olhou nos meus olhos e disse que me
amava antes de soltar minha mão para me salvar. E devia
tentar fazer mais uma vez, porque finalmente Noel me
agarrou pelos ombros e me sacudiu com força enquanto
gritava meu nome em meu rosto.

— Ainda não podemos voltar. Precisamos de ajuda para


buscar ele.

Foi então quando, por fim, escutei o som distante das


sirenes.

Mesmo assim, levou muito tempo para chegar a maldita


polícia, a ambulância e as equipes de resgates. E levou uma
quantidade excessiva de tempo para organizar todo mundo
para trabalhar.

Noel e eu fomos junto com a primeira viatura de polícia


que entrou no parque. Confundimos o pobre homem com
ambos falando ao mesmo tempo e tentando levá-lo no lugar
onde Oren caiu. Finalmente ele parou, levantou sua mão e
disse.

— Agora parem. Um de cada vez. Primeiro de tudo, qual


é o nome da vítima?

A palavra vítima me fez tremer. Oren se converteu em


uma vítima. Nem sequer parecia possível.
— Oren Tenning. — Respondeu Noel.

Um segundo depois eu disse.

— Meu marido.

Noel me olhou, mas não disse nada. O oficial tirou seu


rádio e começou a transmitir a informação que lhe dávamos.

— Um metro e oitenta e oito. Homem branco. Vinte e


dois anos. Caiu na cascata no Rainly. Aterro derrubado.
Busca e resgate solicitado imediatamente.

Escutar ele transmitir isso nessa voz tranquila e


monótona me fez tremer mais ainda. Fez Oren soar como
uma estatística, como um número de caso genérico de uma
longa lista de outras “vítimas” que caíram em um rio
caudaloso, como se ele não fosse conseguir nenhum
tratamento especial, como se ninguém se importasse que
meu mundo inteiro se pôs de cabeça para baixo e o amor de
minha vida fosse um imediato problema fatal.

Quando chegamos no lugar onde o vi pela última vez, o


policial olhou na água com uma careta.

— Pela forma em que esta corrente se move, devemos


percorrer mais de um quilômetro e meio rio abaixo.
Demônios. — Murmurou a última parte em voz baixa, por
isso supus que não devíamos escutar, mas a palavra
ressonou em minha cabeça.

Demônios.

Demônios.

Demônios.
Como se Oren fosse uma causa perdida.

Enlouqueci de novo e Noel teve que me abraçar uma vez


mais para lutar com minha histeria.

Encontraram Oren meia hora mais tarde. Na verdade


não estava muito distante. Talvez uns noventa metros antes
de que se enroscasse em uma madeira que ficou entre duas
rochas e que essencialmente manteve Oren no lugar e que
manteve sua cabeça fora da água, de algum jeito milagroso,
enquanto a corrente golpeava o resto de seu corpo.

Levou outros quarenta e cinco minutos para que alguém


chegasse até ele e nos dissesse que Oren estava vivo mas
inconsciente, e mais outra hora e meia para tirá-lo da água
para terra firme.

Corri para ele, mas meia dúzia de homens


uniformizados bloquearam meu caminho e me pararam,
dizendo que os paramédicos precisavam atendê-lo... e que de
todo modo, eu não quereria o ver assim.

— Não quero ver ele como? — Exigi. Quão mal estava?


Na verdade, estava vivo? Por que não me deixariam ver ele?

E assim... perdi a compostura. Sim, de novo.

Noel me pegou em seus braços e me levou para a


caminhonete de Oren, onde dirigiu até o hospital. Quase
seguimos à ambulância, mas mesmo assim não cheguei a ver
Oren uma vez que chegamos e ele foi levado para dentro em
uma maca. Muitas pessoas o rodeavam, o que absolutamente
não acalmou minhas preocupações.

Uma vez que nos instalamos na sala de espera, onde eu


andava de um lado para outro e Noel em seu telefone, tive
cinco minutos de calma para entrar em pânico e me
preocupar antes de que uma enfermeira viesse com uma
prancheta e me perguntasse.

— Senhora Tenning?

Essa foi a primeira vez que foi chamada dessa forma e


isso fez com que as lágrimas brotassem em meus olhos.

— Sim? —Solucei, secando minhas bochechas com


ambas as mãos.

Deu-me um sorriso de simpatia e me estendeu a


prancheta junto com uma caneta.

— Acredita que possa preencher esta informação sobre


seu marido?

— Tentarei. — Peguei os formulários com as mãos


tremendo e me afundei na cadeira mais próxima. No
princípio, as palavras eram imprecisas na minha frente. Mas
depois de algumas respirações profundas, obriguei meu
cérebro a se acalmar. Nome, filiação e data de nascimento
foram fáceis de preencher sem soluçar. Mas quando Noel se
sentou a meu lado, seja para me ajudar ou só para continuar
sendo um apoio, eu tirei minha carteira para procurar meu
novo cartão de seguro, sob o nome do meu marido, e ver se
podia encontrar algo como o seu número de seguro social.
Noel viu minha nova carteira de motorista e ofegou
antes de pegá-la para olhar de perto.

— Merda. Isto... está... pensei que só estava... —


Sacudiu a cabeça e me olhou boquiaberto. — Não mentia só
para se aproximar? Isto é... — Assinalou com seu dedo para
meu documento. — Isto é real?

Não tinha paciência nem estômago para uma


repreensão de meu irmão, por isso peguei minha carteira e a
guardei. Então dei uma resposta curta.

— Sim, é real.

Ele continuou me olhando com os olhos muito abertos


enquanto eu escrevia com cuidado a informação do seguro de
Oren. Quando terminei de preencher o formulário com o
melhor de minha capacidade, deixei escapar um suspiro e
finalmente me virei para Noel.

— Nos casamos em Lake Tahoe.

— Em Lake Tahoe? — Sua boca caiu aberta com


assombro. —Te levou em Lake Tahoe com ele?

— Não quisemos te dizer... não, eu não quis te dizer


porque parecia que estava passando por um mau momento
lutando com o fato que saía com ele. O casamento não foi
planejado... ou sequer lembrado até que ele encontrou a
certidão de casamento em nossa bagagem depois de voltar
para casa.

Noel fechou os olhos e grunhiu:


— Oh, Deus. Se embebedaram e tiveram um dessese
casamentos instantâneos em uma capela?

Elevei meu queixo com orgulho e fechei os olhos.

—E não me arrependo de nada. — Ficando em pé,


limpei a garganta. — Me desculpe. Preciso devolver isto para
a enfermeira.

Quando voltei, Noel apoiava os cotovelos sobre seus


joelhos estendidos e embalava seu rosto em suas mãos. Me
observava com seus preocupados olhos escuros, enquanto me
sentava em uma cadeira do outro lado da sala, mas de frente
para ele.

Não disse nada. Nos olhamos durante uns trinta


segundos. Tinha a certeza de que meu olhar era tão defensivo
como o seu era decepcionado.

Seu telefone tocou e ele ficou em pé para atender.

— Olá, baby. Não. Ainda não se sabe. — Saiu da sala de


espera para o corredor para que não pudesse escutar sua
conversa. Mas com ele fora e sem razão para seguir jogando à
pequena irmã obstinada, voltaram minhas preocupações.

Como estava Oren? Por que ninguém me dizia o que


estava acontecendo? Continuava com vida ou não?

Bem quando estava quase entrando em pânico e não


podia me conter um segundo mais, Noel voltou e se sentou ao
meu lado sem dizer uma palavra, me envolvendo em seus
braços. Me virei para ele e escondi meu rosto em seu pescoço
para chorar.
— Devia estar zangada com você. — Solucei aferrando
isso com mais força. — Pela maneira que tratou Oren
ultimamente, a idiotice que fez no bar para fazer uma
armadilha, o fato de que deixou de ir na cafeteria nos
sábados de manhã e ele ainda vai, esperando que apareça.
Deveria te odiar neste momento.

Noel ofegou.

— Continua indo na cafeteria?

Assenti.

— Cada fodido sábado.

— Merda. — Noel fechou os olhos e deixou escapar um


suspiro. — Fui um cego, estúpido e teimoso. Sei. Sabia
enquanto fazia e dizia toda a merda que fiz, mas não podia
me segurar. Ele me zangou tanto. Nunca pensei que atuaria
dessa maneira nas minhas costas. Eu... doeu.

— Isso não é desculpa para...

Levantou a mão e negou com a cabeça.

— Sei. Eu... maldição, Caroline. Sinto muito. Me


obriguei a me concentrar em todo mal que tem feito e o deixei
me apodrecer.

— Eu o amo. — Disse simplesmente. — E ele me ama.


Também é bom para mim. Ninguém nunca foi tão bom
comigo como ele.

Noel beijou minha testa.


— Vejo isso... agora. — Agora que poderia ser muito
tarde, não acrescentou, mas pareceu transmitir com seu
olhar.

Fechando os olhos, virei minha cabeça para um lado.

— Não disse nada sobre nosso casamento. — Não sei


porque pressionei sobre o assunto. Talvez porque me
mantinha ocupada em outra coisa a parte de meus medos.

Noel deixou escapar um comprido suspiro.

— Isso é porque não sei o que dizer. É tão jovem, mas...


não tenho medo. Não por você. Porque eu... sinceramente,
não tem alguém com quem confiaria que estivesse mais que
com ele. Por um tempo, perdi de vista que era meu amigo.
Mas o é, e tem uma maldita boa razão para isso. Sempre me
cobriu as costas e agora sei que cobre as suas, o que é mais
valioso para mim que o fato de que cubra as minhas. —
Pegando minhas mãos, me olhou direto nos olhos,
suplicando. — Acha que alguma vez possa me perdoar?

Dei um pequeno sorriso.

— Acredito que tenho que fazer isso porque preciso do


meu irmão mais velho neste momento.

— Aqui estou. — Quando me abraçou de novo, o agarrei


com força, agradecida a ele pela milionésima vez nas últimas
duas horas. Talvez devia me manter zangada, mas
simplesmente não podia, porque na verdade precisava do
meu irmão mais velho.
Em algum momento, devia ter dormido porque Noel me
acordou. Levantei o olhar para ver os pais de Oren na sala de
espera, parecendo um pouco perdidos enquanto olhavam ao
seu redor em busca de ajuda. Quando saí dos braços de Noel
e me sentei, Brenda finalmente se fixou em mim.

— Caroline. — Ofegou e se apressou para frente. —Você


está horrível. O que aconteceu? Estava com ele?

— Sim. Eu... — Quando fiquei de pé, pegou minhas


mãos e estendeu meus braços para me ver melhor. Baixei o
olhar e foi a primeira vez que dei uma verdadeira olhada em
mim mesma. Minha camiseta estava manchada de terra com
manchas de sangue aonde arranhei o estômago pela terra e
pedras. E agora vendo isso, vi que meu abdômen e meus
cotovelos estavam doloridos. E também estavam minhas
palmas, que não foram capaz de segurar Oren e evitar que ele
caísse. Elas se encontravam raspadas e recobertas de barro
seco.

Lágrimas encheram meus olhos.

— Sinto muito. Sinto muito — Solucei. Brenda fez um


som de entendimento e me envolveu em um grande abraço
reconfortante. Contei tudo, sobre o picnic, que levamos meu
irmão pequeno na cascata para contar como Colton caiu e
como Oren salvou nossas vidas. Quando cheguei na parte
onde Oren me disse que me amava antes de soltar minha
mão para evitar que eu caísse junto com ele, Noel amaldiçoou
com fluidez e afundou o rosto em suas mãos.

Os pais de Oren o olharam.


— Não acredito que nos conhecemos ainda. — Disse Phil
finalmente.

Noel levantou o olhar e logo se endireitou.

— Sinto muito, senhor. Sou Noel Gamble, quem o


chamou.

Pisquei, sobressaltada. Nem sequer pensei em contatar


a alguém, muito menos aos pais de Oren. Agradecida de que
meu irmão se ocupou disso, dei um sorriso para ele em
algum lugar de minha dor, agradecida de que estivesse
comigo, me ajudando.

Os pais de Oren pareciam surpresos por sua introdução.

—Noel Gamble? — Repetiu Brenda. — O Noel Gamble


que viveu com meu filho por quase três anos e de alguma
forma nem nos conhecemos?

Phil se encolheu de ombros.

— Vimos você jogar bola quando fomos as partidas de


Oren.

— Mas mesmo assim nunca...

— É meu irmão. — Disse, sentindo a necessidade de


defender ele. — Noel é meu irmão mais velho.

— Oh. — Brenda sacudiu a cabeça, confusa. — Bom,


então isso explica como você conheceu Ten.

Ela bateu em minhas mãos de uma maneira maternal e


sorri com inquietação. Não sei porquê me sentia tão
incomodada. As mãos de Brenda tremiam como se custasse
muito a ela manter a compostura. Parecia como se a estivesse
enganando de alguma forma, talvez porque mentiu sobre
Oren vendo um terapeuta na última vez que a vi. Ou talvez eu
estivesse tensa porque ele estava aqui por minha culpa e
ainda assim ela tenha me perdoado facilmente. Não é de
estranhar que Oren tivesse muitos problemas junto a eles
logo depois de que sua irmã morrera. Ele se sentia
responsável e eles não jogaram a culpa nele. Isso talvez o
tivesse feito se sentir mais culpado.

— Então, tiveram alguma notícia? — Perguntou Phil.


Neguei com a cabeça e os Tenning pareceram desfalecer com
mais preocupação.

Bem nesse momento, a enfermeira que me deu a


papelada de Oren entrou na sala.

— Senhora Tenning?

Brenda levantou o olhar.

— Sim?

Um momento incômodo de confusão cruzou o rosto da


enfermeira antes de me apontar.

— Eu... na verdade falava com a senhora Tenning.

Se dirigiu para mim, sustentando a prancheta.

— Sinto muito. Há um formulário a mais que precisa


preencher.

Congelei uma vez que os pais de Oren se viraram para


me olhar boquiabertos. Me aproximei mais de Noel, que
envolveu um braço de apoio ao redor de meus ombros.
— De... de acordo. — Estendi minha mão, peguei a
prancheta de sua mão e me sentei na cadeira mais próxima
onde comecei a escrever com uma mão tremendo.

Os Tenning continuaram olhando. Por último, Brenda


disse.

—Estão casados?

— Eu, é... — Limpei a garganta e pressionei a caneta


contra a prancheta. — Sim. Nós estamos. Oren e eu nos....
casamos.

A correia da bolsa da Brenda deslizou de seu ombro e a


coisa caiu no chão, passando despercebido por ela.

Seus olhos se fecharam em forma de acusação, bem


antes de repetir.

— Estão casados?

Me encolhi um pouco mais em minha cadeira.

— Sim. — Noel se sentou a meu lado e segurou minha


mão. — Nos casamos em Lake Tahoe.

— Em Lake Tahoe? — Brenda parecia como se fosse


arrancar meus olhos, então me apertei com mais força contra
meu irmão.

Phil amaldiçoou entre dentes e negou com a cabeça.

— Suponho que agora sabemos porque dispensou esse


trabalho.
— O que? — Sacudi a cabeça. — Não. Não, ele não
conseguiu o trabalho. Me disse... — Minha voz se apagou
quando percebi que Oren poderia ter mentido.

— Oh, conseguiu o trabalho. — Brenda franziu o rosto.


— Disse que tinha razões para não aceitar neste momento.
Esqueceu de mencionar que era porque estava casado.

— Eu... eu... — Levantei o olhar para Noel, confusa. —


Conseguiu o trabalho?

Simpatia encheu seu olhar uma vez que apertava minha


mão.

—Por que não me disse isso?

Noel abriu a boca, mas Brenda foi a primeira em


responder.

—Talvez porque não queria angustiar a sua preciosa


esposa de dezoito anos de idade, com o pensamento de que a
deixaria.

A verdade me golpeou no peito. Oren ficou... por mim.


Queria chorar de novo. Nem sequer me disse que o dispensou
por mim.

Em vez de me defender, tudo o que pude dizer foi.

— Tenho dezenove agora. — Em uma estúpida voz oca.

— Dezoito, dezenove. Parece que me importa? —


Grunhiu Brenda. — Meu filho é muito jovem para estar
casado e agora, por causa disso, por sua culpa, luta por sua
vida enquanto falamos.
Estremeci e pressionei minhas mãos contra meu peito.
A dor me atravessou. A verdade nunca doeu tanto.

— Sinto muito. — Grasnei, incapaz de olhá-la nos olhos.

Não me perdoou.

— Poderia ter estado a salvo em Lake Tahoe agora


mesmo. Mas não, ficou aqui por você e terminou salvando a
você e a sua família. Agora, eu talvez perca meu único filho.
—Levou uma mão ao coração e lágrimas se derramaram por
suas bochechas. — Já perdi um de meus bebês. Não posso
perder o outro. Não. Simplesmente... não posso. — Agarrando
o braço de seu marido, me deu um olhar feroz, com seu peito
agitado. — Tudo isto é sua culpa. Como pôde me fazer isto?

— Ouça... — Começou Noel a me defender, mas Phil


levantou a mão.

— Deixe-a quieta. Ela está angustiada. — Mas parecia


concordar com ela, porque quando passou os braços ao redor
de sua esposa para confortá-la, me enviou um olhar
acusatório.

Estremeci e as lágrimas encheram meus olhos.

— Vamos. — Noel pegou minha mão e me levou para


fora da sala de espera até o corredor.

Desabamos no banco mais próximo, onde ele me


balançou em seus braços enquanto soluçava.

— Ela tem razão. É minha culpa. Se não tivesse


sugerido que fôssemos a essa estúpida cascata. Se tivesse
vigiado melhor Colton. Se não tivesse impedido Oren de ir
para Lake Tahoe.

— Shh... — Ordenou Noel em voz baixa. — Isto não foi


sua culpa. Não fez nada errado.

— Devia ter agarrado sua mão um pouco mais. Devia...

— Não. Olhe pra mim. Não fez nada de errado. E se Ten


estivesse aqui agora diria o mesmo. Ele tomou a decisão de
ficar em Ellamore com você e também de vir hoje com você. E
tomou a decisão de soltar sua mão para te salvar.

Quando solucei com mais força, acariciou meu cabelo e


beijou minha testa.

— E estou certo de que teria feito exatamente o mesmo


de novo se tivessem dado uma segunda oportunidade. Porque
te amava.

Foi a forma em que disse amava em tempo passado o


que me rompeu. Me dissolvendo na dor, desfaleci contra ele e
chorei até dormir.
CAROLINE

Quando acordei, estava deitada sobre algo duro, mas


minhas pernas penduravam de um lado com meus pés no
chão e minha bochecha estava apoiada contra uma perna.
Não parecia a perna de Noel.

Me sentei, fazendo uma careta pela dor em minha


cabeça. Depois de empurrar meu cabelo do rosto, me
concentrei em Asher. Não o esperava absolutamente, só
pisquei.

—Olá. — Murmurou, simpatia dominando seu olhar


verde. — Como se sente?

Afastei os olhos e olhei ao redor da sala de espera do


hospital para descobrir que todos os outros chegaram
enquanto eu dormia. Zoey estava dormindo, escondida no
colo de Quinn. Reese e Eva se levantaram de onde estavam
sentadas com Pick e Mason. Quando começaram a caminhar
para mim, elevei minhas mãos, as afastando. Não podia
suportar que alguém me consolasse neste momento. Só
queria Noel.

Ou Oren.

Mas não podia ter Oren. A dor se agitou através de mim.


Olhei a meu redor de novo. Mas não encontrei Noel na
sala. Nem Brenda e nem Phil.

Suspirei e sacudi meu rosto seco e sujo. — Onde está


Noel? Deram alguma notícia sobre Oren? Quanto tempo
estive dormindo?

— Por que não deita de novo? — A voz de Asher me


persuadia enquanto se esticava para mim, mas retrocedi.

Oren não gostaria que Asher me tocasse.

— Onde está Noel? — Perguntei, sentindo um iminente


ataque de pânico.

Sem Oren. Sem Noel. Não podia suportar isto.

Reese fechou as mãos sobre seu coração.

— Acaba de sair para fazer uma ligação para casa. E


não, não tivemos notícias sobre Ten. Estivemos aqui faz
menos de uma hora. Noel disse que acabou de dormir quando
chegamos.

Assenti com agradecimento, escondi meu rosto e me


apressei em sair pela sala para encontrar meu irmão.

Ouvi sua voz enquanto me aproximava de um canto no


corredor.

— Não, ainda não tem notícias. Ele deve... merda. Deve


estar mal se ainda não saíram para dizer nada. Só liguei para
te avisar. Não, na verdade, tinha que escutar sua voz. Queria
estivesse aqui comigo.

Sua própria voz soava afogada e crua, e isso me deteve


em seco. Ele parecia tão aflito como me sentia, machucando
ainda mais meus sentimentos. Eu estive preocupada com
nada nem ninguém mais que comigo e Noel estava a ponto de
perder seu melhor amigo.

Enquanto agarrava meu estômago, Noel disse.

— Não, não venha. Disse que Colton continua doente.


Ele precisa de você. Estarei bem. Simplesmente falar contigo
já me ajuda. Escutar sua voz.

Depois de uma pausa para escutar uma pergunta,


suspirou com cansaço.

— Ela é um completo desastre. Está se fazendo mal e


culpa a si mesma, e merda... não sei o que fazer por ela. E se
terminar sendo uma viúva de dezenove anos por causa disso?
Só a seguro enquanto chora até dormir e tento não
desmoronar na frente dela. Mas Deus, Aspen. Era meu
melhor amigo. E se morrer e as últimas coisas que eu disse
foram...

Assobiou e deixou sair um suspiro.

— Sei, mas ainda me sinto como uma merda. Fui um


idiota. Tratei-o mal e ele poderia morrer por salvar a vida do
meu irmão e da minha irmã. Realmente a amava, e eu estava
muito zangado e me sentia muito traído inclusive para ver
isso. Não posso... eu...

Quando sua voz se quebrou, as lágrimas rolaram por


minhas bochechas. Me apressei em dar volta na esquina.
Seus olhos úmidos e vermelhos se abriram quando me viram.
— Sinto muito. — Corri para ele e o abracei. Seus
braços imediatamente me rodearam. — Sinto muito, só
pensei em mim.

Enterrou seu rosto em meu cabelo.

— Não. Eu lamento ter sido tão teimoso.

Nos abraçamos e choramos, e ele finalmente terminou


sua ligação com sua esposa. O tempo passou e eu não tenho
ideia de quanto. Segundos, horas, minutos. Tudo parecia ser
absorvido por algum vazio surrealista onde nada disto
acontecia realmente. Onde era só um louco sonho horrível do
qual acordaria a qualquer momento. Abriria os olhos e estaria
de volta na cama de Oren com nossas pernas entrelaçadas e
a palma de sua mão apertando meu peito, a luz se
derramando através das janelas e ele abriria seus olhos e me
daria um de seus preguiçosos e sexys sorrisos matinais.

— Bom dia. — Me diria. — Suponho que decidiu ficar


um dia a mais, né?

Mas então Noel se separou de mim, limpando o rosto, e


eu percebi que continuava em um hospital, onde não vi Oren
em seis horas, não desde que levantou os olhos de onde
estava pendurando e disse que me amava antes de soltar
minha mão.

Um estremecimento de horror me atravessou, me


perguntando se alguma vez veria de novo esses maravilhosos
olhos cor avelã.

Noel me deu um sorriso trêmulo que parecia cheio de


dor.
—Não queria desmoronar diante de você desta maneira.

Apertei seu braço.

— Está tudo bem. Só me faça um favor e pare de falar


dele no passado. Ele vai ficar bem. Vai sobreviver.

A dor atravessou o rosto de Noel, mas o apagou com


outro triste sorriso e assentiu.

— Ok.

Com esse acordo feito, envolvemos nossos braços ao


redor do outro e começamos a volta para a sala de espera,
onde nos demos conta que um médico em roupa cirúrgica
chegou. Os pais de Oren também reapareceu.

— Aqui está. — Pick apontou para mim quando entrei


na sala. O médico se virou, me olhando dos pés à cabeça e
logo assentiu antes de dizer. — Senhora Tenning, sou o
doutor Wolfowitz, o traumatólogo que tratou de seu marido.
Quando Oren entrou, estava inconsciente e em estado de
choque. Houve danos importantes em seu osso frontal e
parietal esquerdo, o que é provável que ocorresse quando se
chocou contra o tronco e a rocha onde ficou enroscado até
que o encontraram. Embora foi possivelmente o que o salvou
de morrer afogado, isso também foi o que causou o maior
dano. Tinha muito traumatismo na cabeça e a medula
espinhal...

Tinha? Por que continuava dizendo tudo como se fosse


em tempo passado? Como se Oren fosse tempo passado.
— Além da lesão cerebral, tem uma luxação no ombro,
uma perna quebrada e cicatrizes significativas e permanentes
no lado direito do rosto, embora tenhamos sido capazes de
salvar o olho e o ouvido prejudicado.

Engoli saliva e apertei a mão sobre minha boca. As


cicatrizes permanentes não significavam nada para mim.
Não, na verdade eram tudo. Significavam que continuava
vivo. Um olho e ouvido salvo, isso significava que salvaram o
resto dele também, certo? Seu coração continuava pulsando?

— Então está vivo? — Disse com voz áspera, quase com


medo de expressar as palavras.

O doutor duvidou. Não tenho ideia do porquê. Se o olho


e ouvido de Oren sanaram, então o resto dele tinha que estar
bem também.

Finalmente, o médico deu uma pequena inclinação de


cabeça. Mas então teve que seguir com.

— Tivemos que o colocar em coma induzido para dar


tempo do seu cérebro melhorar.

— Oh, meu Deus. — Brenda cobriu a boca com as mãos


e se virou para Phil, que imediatamente a tomou em seus
braços.

Fiquei olhando para eles por um tempo enquanto a


palavra coma ressoava em meus ouvidos. Mas Oren se
achava em coma. Nem sequer parecia possível. O mais
irritante, animado, desbocado, idiota e amoroso que conheci e
eles apagaram seu cérebro?
Um insensível vazio me encheu, como se meu cérebro
tivesse decidido tomar um pequeno descanso. Estudei a todos
os outros na sala de espera, os pais de Oren abraçando um
ao outro, Zoey soluçando no ombro de Quinn enquanto ele
brandamente acariciava seu abdômen e a beijava no cabelo,
Reese e Eva segurando as mãos uma da outra e parecendo
pálidas enquanto seus homens as rodeavam, Asher com as
mãos dentro de seus bolsos e a cabeça encurvada ao mesmo
tempo que chutava um lado de seu outro sapato, e Noel...
Noel parecendo como se pudesse começar a chorar de novo, e
eu só os olhava, me sentindo triste por eles, enquanto que
meu interior estava muito... muito assustado para sentir algo
absolutamente.

Mas então Noel me agarrou e me arrastou para seus


braços, e essa primeira dolorosa mordida do medo afundou
seus dentes em minha jugular, me deixando fria e fazendo eu
me tremer.

— Disse induzido medicamente. — Repetiu Phil


enquanto acariciava o braço de sua esposa e assentiu para o
médico.

Quando o doutor Wolfowitz confirmou, Phil perguntou.

—Então isso significa que vocês também o tirarão disso?


Como... quanto tempo ficará assim?

— Isso depende. Vamos diminuir os barbitúricos logo


que a inflamação comece a baixar. Se o nível funcional for
bom, vamos tirar por completo.
Neguei com a cabeça, incapaz de acreditar na maior
parte disto. Um Oren funcional simplesmente não era algo
que pudesse configurar em meu processo de pensamento. Ele
sempre estava em movimento, nunca ficava quieto, na
verdade nunca deixava de falar. Sempre tinha uma réplica
engenhosa para tudo, sempre tinha algum tipo de reação.
Imaginá-lo imóvel e inconsciente, sem reação, em uma cama
de hospital branca e estéril não encaixava com o homem pelo
qual me apaixonei e com o qual me casei.

Mas então não tive que imaginar em minha cabeça por


mais tempo. Duas horas mais tarde, consegui vê-lo eu
mesma. As visitas foram por fim admitidas na unidade de
cuidados intensivos, dois de cada vez e só por dez minutos
uma vez cada hora, mas nenhum de nós se preocupou com
as regras. Estávamos dispostos a fazer qualquer coisa,
esperar quanto tempo fosse necessário, por qualquer
quantidade de tempo que pudéssemos ter com Oren.

A enfermeira olhou para mim quando saiu para permitir


que as duas primeiras pessoas entrassem, mas dei um passo
atrás e fiz um gesto para seus pais, deixando-os ir primeiro.
Entretanto, juro que eles ultrapassaram seu tempo. Cada
maldito segundo parecia como um milênio. Quando saíram,
seus rostos estavam úmidos e se viam dez anos mais velhos
que quando entraram. Brenda me olhou brevemente e
rapidamente desviou o olhar.

Eu me virei para Noel em busca de apoio. Ele pegou


minha mão e me deu uma inclinação de cabeça encorajadora.
— Só uma hora a mais.

Assenti porque não podia falar. Quando nossa vez


finalmente chegou, meus dedos se apertaram ao redor do
braço do meu irmão enquanto o medo apertava meu coração.
Odiava a visão de sangue e vísceras e ver Oren machucado
por causa do que fez para me salvar, fazia tudo muito mais
doloroso.

Encontrava-se em estado de coma com cicatrizes


permanentes, um cérebro inchado e ossos quebrados por
minha culpa.

Mas então ele estava aqui na minha frente e me esqueci


de tudo isso. Por fim pude ver meu precioso homem. Com um
suspiro, deixei Noel para trás e corri para frente. Um gesso
cobria sua perna elevada, uma tipoia apoiava seu braço
enquanto que a metade de sua cabeça se achava enrolada em
ataduras. Um tubo introduzido em sua boca dava oxigênio a
ele enquanto agulhas intravenosas e monitores cardíacos
conduziam várias outras mangueiras para seu corpo. A parte
de seu rosto que podíamos ver estava bastante inchada, mas
notava-se que era ele.

Meu Oren.

Toquei seus dedos com reverência, com cuidado de não


incomodar algum dos aparelhos conectados à parte posterior
de sua mão. Então agachei a seu lado para poder falar em
seu ouvido.

— Olá, bonito. Sinto ter demorado tanto em chegar até


você. Não acreditei que me deixariam voltar aqui. Já ia tirar
alguns de meus truques de atuação e fazer um ato digno de
uma diva para conseguir estar ao seu lado, mas eles
finalmente obedeceram.

Sorri, lembrando a cena que tínhamos feito no avião.


Mas o sorriso caiu quando Oren não deu nenhuma resposta,
o monitor de seu coração continuava soando a um ritmo
constante e os braceletes ao redor de seus tornozelos seguiam
liberando a pressão com uma baforada de ar.

— Estou muito zangada com você, sabe. — Mantive


minha voz ligeira enquanto o acariciava, inclusive estendi a
mão para mover brandamente minhas unhas sobre seu
pescoço, mas segui o acariciando. — Não achei que soltaria
minha mão assim. Digo, se você saltar, eu salto, lembra,
Jack? Devia escutar essa parte.

Mas também não respondeu à fala do Titanic. Um


soluço me escapou. As mãos de Noel se envolveram ao redor
de meus ombros e os apertou em apoio.

— Achei que devia ir com você, em qualquer lugar que


fosse. Somos uma equipe. Me disse uma vez que devia ter um
lugar. Bom, finalmente me dei conta onde está. É com você.
Quer me deixar sozinha, sem um lugar? Merda, não pode me
abandonar aqui para viver esta vida sozinha. Sou um
completo desastre sem você. Eu... — Minha voz quebrou e
neguei com a cabeça. — Te amo, Oren. Eu só... quero que
volte.

Mas Oren não estava aqui e eu falava com um corpo que


não respondia. Não sabia o que mais fazer entretanto, não
podia deixá-lo. Então passei a maior parte de nossos dez
minutos com ele, só falando, dizendo à ele que todo mundo lá
fora esperava sua vez para vê-lo e que Noel já não estava
zangado com ele. Quando percebi que só faltava um minuto
para a visita terminar, me dei conta que Noel possivelmente
também queria dizer algo.

Fui para um lado e ele se inclinou no ouvido de Oren


para murmurar algo curto e doce. Logo limpou a garganta e
ficou de pé, se virando para mim.

Quando nossos olhares se encontraram, soube que era


o pior momento de nossas vidas.

Passaram dois dias. Não deixei o hospital nem uma vez.


Simplesmente não podia. Reese e Eva tomaram conta de mim
e me limparam. Pediram emprestada roupa de alguma
enfermeira e me puseram isso, revisando os arranhões em
meu estômago. Depois disso, Reese escovou meu cabelo
enquanto Eva limpava meu rosto e aplicava um toque de
maquiagem. Zoey se sentou a meu lado, tomando minha mão
e sendo minha tranquila melhor amiga. Mas estava tão pálida
que no primeiro momento em que a vi estremecer e colocar
uma mão sobre seu bebê, enviei-a para sua casa, ordenando
a Quinn para mantê-la na cama e cuidar dela.

Entretanto ela voltou no dia seguinte, igual a todos os


outros. Noel e os pais de Oren ficaram toda a noite,
acampando nas incômodas cadeiras da sala de espera
enquanto nossos amigos retornavam diariamente. Todo
mundo usava seu turno para visitar Oren, mas todos
obtinham o mesmo resultado que eu: ele não reagia.

Quando o médico nos disse que começariam a tirá-lo do


coma induzido, me converti em uma confusão de nervos.
Havia uma possibilidade de que o corpo de Oren não
estivesse preparado para isso e ele morresse. Eu odiava todas
as estatísticas e porcentagens que davam as pessoas, só
queria que alguém dissesse: “Ele vai ficar bem”, mas ninguém
fez.

— A inflamação reduziu, a atividade do cérebro parece


bem e ele respira de forma independente. Segue inconsciente,
já que estamos retirando gradualmente os barbitúricos, mas
se quiser sentar se com ele, senhora Tenning, e estar lá
quando acordar, pode ser o melhor para ele.

Saltei para me parar tão rápido que quase tropecei com


eles.

—Sim. — Respondi muito rápido, mas não me


importava como ansiosa estava. Oren ia despertar logo.
Comecei a seguir o médico, mas logo parei quando vi Brenda
e Phil do outro lado da sala.

Desacelerando até parar, observei-os aconchegados


juntos antes de perguntar.

—Seus pais podem estar lá também?

Os Tenning e eu tínhamos declarado uma espécie de


trégua. Eles já não me olhavam e nem me culpavam, e eu
evitava todo contato visual com eles quando se achavam na
mesma sala, mas nenhum de nós falamos um com o outro de
novo depois do primeiro dia, apesar ter conhecido todos os
outros no grupo.

Enquanto Brenda me olhava agora, entretanto, só alívio


e gratidão permaneciam em sua expressão.

O doutor assentiu.

—É uma exceção, então vamos deixar acontecer e


permitir que fiquem os três no quarto.

Então, os pais de Oren e eu fomos juntos para seu


quarto. Um dos lados de sua cara continuava densamente
enfaixado, mas se parecia mais com ele mesmo, agora que o
tubo de respiração estava fora de sua boca.

Sentamos ali um pouco mais de uma hora, eu dê um


lado, Phil e Brenda no outro, antes de que ele movesse seu
rosto contra o travesseiro, se afastando de mim. Os três
ficaram de pé somente observando. Compartilhamos um
olhar emocionado antes de voltar nossa atenção novamente
para Oren. Uma tosse ligeira deixou seus pulmões e juro que
foi o som mais incrível do mundo. Logo lambeu os lábios e
moveu seu rosto outra vez, virando para mim desta vez.

Suas pestanas revoaram.

Contendo o fôlego, me inclinei.

— Oren? Pode me ouvir?

— Sim. — Murmurou com seus lábios rachados. O


médico nos avisou sobre todos os tipos de dano cerebral que
poderia acontecer a Oren. Poderia ter problemas para falar,
problemas de definição de cor, dificuldade com as habilidades
motoras. Havia várias coisas que poderiam sair errado, mas
quando ele abriu seus olhos e me olhou com seus charmosos
olhos cor avelã, a única coisa que eu sabia era que estava
vivo e acordado e que o mundo era absolutamente perfeito.

Meu Oren me olhava.

As lágrimas encheram meus olhos, mas sorri com tanta


força que me surpreendi que minhas bochechas não
racharam.

— Olá. Como se sente?

Abriu a boca, tentando falar de novo, mas só saiu um


ofego. Depois de molhar seus lábios de novo, com voz rouca
disse.

— Água.

— Oh. — Ri de minha própria estupidez. É obvio que


estaria sedento. Teve tido um tubo enfiado em sua garganta
durante dias. Era provável que se sentisse tão seco como
uma seca de sete anos.

Me virei para encontrar um copo de água para ele, e sua


mãe murmurou seu nome.

— Mamãe? — Sua pobre voz estava tão rouca que fiz


uma careta enquanto trazia o copo para ele. Devia doer falar.
E sim, ele estava pálido e se encolheu de dor quando esticou
a mão para seus pais, se movendo como um lento e dolorido
ancião. — Papai.
Brenda e Phil se aproximaram e pegaram sua mão, os
três agarrando seus dedos enquanto seus pais começaram a
chorar e rir.

Oren olhou ao redor do quarto, parecendo desorientado.

— O que aconteceu?

Quando seu olhar posou em mim, estendi o copo para


ele, colocando em seus lábios. Bebeu um pouco e fechou os
olhos e suspirou de alívio.

Deixei o copo na bandeja ao lado.

— Quer que levante a cama para que possa se sentar?


— Deixaram de suspender sua perna quebrada, então não
acreditava que tivesse algum problema em que sentisse o
mais cômodo possível se assim quisesse.

E ele queria. Com um assentimento, murmurou.

— Sim. Obrigado. — Pressionei o botão junto à cama e


vi seu rosto enquanto seu torso era levantado. Quando abriu
os olhos e levantou uma mão, me fazendo saber que estava
bem, parei. Me estudou por um momento, seu olhar
reparando em minha roupa.

Baixei o olhar para a roupa que ainda usava e tentei


pensar em uma razão para falar porque não usava a minha
própria.

— Não parece tão velha para ser uma enfermeira. —


Disse arrastando as palavras, cochilando.

Comecei a sorrir, pensando que estava tirando sarro já


que eu dei-lhe água e arrumadei sua cama, mas logo se
afastou de mim, me esquecendo por completo, e então
percebi que era sério. Pensava que era uma enfermeira.

Meu olhar passou voando para seus pais, só para


descobrir que me olhavam, com alarme em seus olhos.
Brenda voltou sua atenção a seu filho.

— Oren? — Disse ela com medo.

— Sim? — Sua voz suave e rouca me fez estremecer.


Alcançou a sua mãe de novo. Nenhuma só vez tentou me
alcançar.

Ele sabia quem era ela. Sabia quem era seu pai. Sabia
quem era ele. Mas não sabia quem era eu.

O medo, a escuridão e o frio, me encheram. Oren não


sabia quem eu era. Como podia não saber quem eu era?

— Onde está Zoey? — Perguntou, olhando ao redor do


quarto.

— Oh, merda. — Sussurrou Phil.

Cobri minha boca com as duas mãos e dei um passo


para trás. Os pais de Oren trocaram um olhar horrorizado
antes que lançassem um olhar através da cama para mim, a
angústia alagando a ambos. Sacudi minha cabeça, tentando
negar, mas aconteceu uma das piores coisas possíveis. Oren
perdeu sua memória recente, pelo menos quatro anos...
porque pensava que sua irmã estava viva.

Capturando toda a angústia no quarto, ele disse.

— O que está acontecendo? Ela está bem? O que


aconteceu? Por que estou aqui? Onde está minha irmã?
Brenda gemeu e pôs suas mãos sobre ele para o
tranquilizar, mas deve ter sentido sua dor.

—Mamãe? — Sua voz tremia de medo.

Seus pais me olharam outra vez e Oren se virou para


mim, com o olhar acusador, como se estivesse interferindo
em um momento privado que um estranho não deve
interromper.

— Eu, é... — Minha voz tremeu enquanto levantei


minhas mãos e retrocedi um passo mais longe. — Vou deixar
que tenha um tempo com sua família.

Seus pais assentiram em agradecimento e Oren se virou


para eles, já me esquecendo.

As lágrimas escorriam por minhas bochechas. Minhas


pernas se sentiam como macarrão e de maneira nenhuma era
capaz de me sustentar, mas segui caminhando, saindo de seu
quarto e em silêncio fechando a porta atrás de mim.

Estava na metade do caminho pelo corredor quando


ouvi ele gritar.

— Nãooo... Zoey!

Era um milagre que suas cordas vocais pudessem soar


tão fortes logo depois de estarem tão roucas. Mas a dor por
trás de seus gritos me fez saber que encontrou uma maneira
de as usar apesar de tudo.

Noel, Quinn, Zoey... todo mundo saiu da sala de espera


bem quando minhas pernas cederam e comecei a cair.

Meu irmão se lançou para mim, logo me pegando.


— Caroline? Que demônios? Está bem?

Outro grito do quarto de Oren o fez levantar o rosto e


olhar para lá.

— O que aconteceu?

Me agarrei em sua camisa enquanto nossos amigos se


reuniam ao redor, parecendo assustados e preocupados. As
lágrimas escorriam por meu rosto e obstruíam minha
garganta. Não podia falar.

— Ele não... — Um soluço se apoderou de mim e fechei


meus olhos com força.

— Caroline? — Preocupação encheu a voz de Noel


enquanto acariciava meu rosto.

— Sua memória. — Consegui dizer. — Esqueceu alguns


anos. Ainda pensava que sua irmã estava viva. — Me
encontrei com os olhos de cada pessoa reunida ao meu redor.
— Ele não lembra de nenhum de nós.

Dias de cansaço, medo, preocupação, angústia e culpa


cobraram seu preço. Desmaiei, tudo às escuras e
benditamente intumescido.
CAROLINE

Acordei em uma cama de hospital. No começo, não tinha


nem ideia do que aconteceu e porque estava lá. Quando
lembrei de Oren, seu estado de coma e o momento em que
acordou com só metade de sua memória, fiquei sem fôlego e
me sentei em posição vertical. Então gemi e embalei minha
cabeça que doía muito.

Noel, que dormiu em uma cadeira ao lado de minha


cama, acordou de repente.

—Fique calma. — Murmurou parando para me abraçar.


— Está tudo bem.

— O que...? —Baixei meus braços lentamente e dei uma


olhada em mim. Ainda tinha a bata que usou durante dias,
mas minhas mãos agora estavam enfaixadas. — O que
aconteceu? Quanto tempo estive inconsciente?

Soltando um comprido suspiro como se estivesse


esgotado até os ossos, Noel sorriu de forma cansada. Não se
barbeou em dias e seus olhos estavam cheios de cansaço.
Mas deslizou a um lado de minha cama para se sentar junto
a mim e me confortar como se nada absolutamente o
estivesse afetando.

— Desmaiou depois...
Fiz um gesto o silenciando, fazendo uma careta quando
pensei no horror que me encheu quando percebi que Oren
não tinha nem ideia de quem eu era, e a dor que produziu
quando o ouvi gritar por sua irmã morta.

— Sim, lembro essa parte.

Noel assentiu e engoliu saliva.

— O pessoal te trouxe aqui e te examinaram. Está


sofrendo algum esgotamento severo e desidratação, garota. —
Pegou minhas mãos e olhou minhas bandagens. — Por que
não me disse que se machucou nesse dia? Seus arranhões
poderiam ter infeccionado.

Encolhi os ombros e desviei o olhar.

— Não sei. Não percebi, acho. — Ou não me importou.

Deixou escapar um suspiro.

— Estivemos tão preocupados com ele que não estamos


nos cuidando. Esta noite, vamos para casa, dormiremos em
camas de verdade e deixaremos que Aspen nos encha de
comida caseira quente. Sem discussão.

— Mas Oren...

— Ainda não lembra de nenhum de nós. — Fiz um som


de negação e a cara de Noel se encheu de dor. — Não estamos
fazendo nenhum favor estando por aqui e adoecendo,
Caroline. Os médicos disseram que pode recuperar sua
memória em questão de minutos, horas, dias, ou...

— Nunca. — Eu disse, ecoando a palavra através de


minha cabeça. Viu o filme The Vow com o Channing Tatum e
Rachel McAdams que foi inspirado em um casal verdadeiro, e
ela nunca recuperou sua memória.

Será que Oren se lembraria de mim algum dia? E se o


perdi para sempre?

O medo obstruiu minha garganta. Conhecê-lo este ano e


desenvolver uma relação com ele que achei ser para o resto
de minha vida e pensar que ele poderia esquecer tudo, me
devastou.

Disse a mim mesma que deveria estar feliz porque ele


estava vivo, que conseguiu sair do coma. Mas a parte egoísta
e necessitada de mim queria que me olhasse e lembrasse de
nós.

— Caroline. — A voz de Noel me acalmava enquanto


envolvia um braço ao redor de meu ombro. —Vai ficar tudo
bem.

Assenti, mas meus olhos continuavam úmidos. Limpei


os olhos cansada de chorar, de me sentir ferida. Apenas
queria Oren. Queria me aconchegar em seus braços e
esquecer que isso estivesse acontecendo.

— Como ele está? — Perguntei.

— Melhor. — Respondeu uma voz da porta aberta.


Brenda vacilou quando encontrou meu olhar, mas entrou no
quarto com Phil atrás dela. — Fala claramente e sem
problemas. Suas habilidades motoras estavam lentas no
princípio, mas estão se desenvolvendo bem.
— E sua memória? — Perguntei, olhando para longe
porque ainda não sabia como estava seu humor comigo. Era
estranho vê-la me olhando com compaixão.

Brenda se sentou na cama junto a Noel.

— Ainda faltam uns cinco anos. Acredita que está no


último ano do Ensino Médio e não lembrou nada mais desde
que acordou.

Assenti.

— Isso... — Limpei a garganta. — Bom, pelo menos ele


ainda tem os primeiros... — Mas não podia expressar meu
agradecimento.

Sua mãe pegou minhas mãos, sorrindo brandamente


como se entendesse meu dilema e me perdoasse por minha
dor.

— Queria te dizer obrigada. — Disse ela. — Obrigada


por não dizer a ele quem você era. Já estava desorientado e
assustado. Saber a respeito de Zoey o devastou o suficiente.
Acredito que escutar que se casou e...

— Sei. — Assenti e afastei minhas mãos para as manter


em meu peito. — Nunca faria nada para machucá-lo ainda
mais.

Brenda parecia um pouco triste de que me afastasse,


mas assentiu.

— Sei. Você o ama muito, e eu... — Limpou a garganta e


baixou o olhar. — Eu gostaria de te pedir desculpas pelas
coisas que disse. Estava... histérica e assustada. E tinha que
atacar e culpar alguém, mas não...

Como ainda me sentia responsável, não podia escutá-la


me perdoar. Levantei minha mão e a tranquilizei.

— Está tudo bem. Entendo.

Seus dedos envolveram os meus com severidade.

— Não. Não acredito que entenda completamente. Não


foi sua culpa, Caroline. Foi um acidente. Não o causou e
tentou tudo a seu alcance para o ajudar. Você não teve culpa.

Meu nariz pinicava enquanto tentava não chorar, mas


não funcionou. Quentes e pesadas lágrimas encheram meus
olhos.

—Mas e se houvesse...

— Não. Não mais “e se”, filha. Oren esteve sofrendo por


anos com todos os “e se” que tem quando pensa em Zoey.
Não passe por isso, também. Se concentre no fato de que ele
foi um herói e salvou a você e a seu irmão, ok?

Não pude evitar, comecei a chorar. Fechando os olhos,


inclinei minha cabeça e confessei.

— Só quero que lembre de mim.

— Oh, querida. — Brenda me separou de meu irmão e


me deu um abraço quente e maternal. — Ele lembrará. Tenha
fé. Oren sempre se sai bem. É nosso pequeno sobrevivente.
Vai recuperar suas lembranças e te amará de novo. Não se
preocupe.
Mas eu me preocupava e chorei todas as minhas
preocupações sobre a blusa de minha sogra. Ela só me
segurou e me perdoou, e depois de um tempo, as lágrimas,
por fim, secaram.

Noel cumpriu sua ameaça. Sem importar o muito que


me opus, me levou para casa essa noite. Não vi Oren desde
que acordou de seu coma e não me reconheceu. Todo mundo
acreditou que era melhor se não se aproximasse muita gente
que veria como estranhos, não até que se adaptasse ao fato
de que perdeu sua irmã e que já não tinha dezessete anos.

Doeu me manter afastada dele. Uma parte de mim


queria entrar em seu quarto e obrigá-lo a me olhar.
Lembraria de mim. Tinha que lembrar. De nós. Para mim, era
o único digno de recordar. Mas não queria confundi-lo e fazer
mais danos a ele.

Meu quarto na casa de Noel e Aspen já não era meu.


Brandt se mudou e nenhuma das minhas coisas estavam lá.
Parecia bem. Minha casa era com Oren, em sua cama. Tive a
tentação de voltar para seu apartamento e dormir em nosso
quarto sozinha. Mas sabia que não voltaria a dormir e sentir
saudades me mataria, então deixei Brandt ser um cavalheiro
e dormir no beliche com Colton de noite enquanto me
apropriava de seu novo quarto.

Mas mesmo assim não podia dormir e quando Colton


entrou para me abraçar no meio da noite, me alegrei pela
companhia. Inclusive a doçura desse gesto me fez chorar um
pouco mais.
Oren aparentemente esteve inquieto e frustrado por não
poder lembrar os cinco últimos anos de sua vida. No dia
seguinte, quando Noel e eu voltamos ao hospital, seus pais
pareciam esgotados de ter que “tomar conta” dele.

Brenda tirou o cabelo do rosto e deixou escapar um


suspiro.

—Quer respostas e não sabemos o que dizer sem o


alterar muito. — Dissemos a ele que tinha amigos
preocupados aqui, preocupados com ele e quer conhecer
todos.

Noel e eu compartilhamos um olhar. A emoção brilhava


em seus olhos e eu sabia que meu próprio estômago revoava
com antecipação. Não podia esperar para voltar para seu
quarto. Assentimos um ao outro e nos viramos para os pais
de Oren.

— É óbvio. — Respondeu Noel imediatamente. — Vou


reunir a turma, não tem problema.

Dentro de duas horas, tínhamos todos no hospital.

— Está bem, então... — Noel esfregou as mãos quando


tomou o controle do grupo. — Acredito que estamos de
acordo em que é muito cedo para dizer a ele que está casado
a menos que lembre, mas, uh... o resto é jogo limpo. Se
perguntar a respeito de algo, podemos dizer o que queira
saber.

Embora só Pick, e possivelmente Eva, soubessem que


Oren e eu nos casamos antes do acidente, agora todos já
estavam cientes.

— Parece bom. — Pick pôs sua mão na parte baixa das


costas de Eva. — Vamos ver nosso menino.

Em massa, nos encaminharmos para seu quarto. Me


perguntei de forma fugaz se tantos desconhecidos de uma vez
o faria transbordar, mas também sabia que todo mundo teria
paciência com ele. Quando chegamos à porta, onde Phil
estava de pé parado para nos dar as boas-vindas no interior,
parei e me agarrei ao braço de Noel.

Ele me olhou e me afastou uns passos antes de


murmurar.

— O que está acontecendo?

A preocupação se filtrava através de mim.

— O que acontece se eu não conseguir fazer isto? O que


acontece se perder a cabeça e... Começar a chorar outra vez?
Não quero incomodá-lo, e...

— Caroline. — Noel sorriu e me beijou na testa. — Se


quiser ver seu marido, então vamos. Conheço-te. Uma vez
que estejamos nesse quarto, poderá fazer o que for para não
perder a cabeça.

Seu discurso não tão enérgico fez meus lábios tremerem


com um meio sorriso, então endireitei minhas costas e
assenti. Embora estivesse morta de preocupação, agarrei sua
mão enquanto me conduzia para o quarto atrás de todos os
outros.

Oren estava acordado e sentado na cama. A metade de


seu rosto continuava enfaixada, mas parecia muito melhor,
alerta e consciente.

Seu olhar se lançou com cautela sobre todos enquanto


nos apresentávamos em seu quarto.

— Ah... — Murmurou finalmente, como se estivesse


assustado. — É um montão de gente.

A seu lado, sua mãe pegou sua mão.

— Estes são seus amigos mais íntimos. — Disse ela. —


Estiveram aqui todos os dias, preocupados com você.

Uma vez mais, Oren parecia doente de medo. Não


reconheceu nenhum de nós. Mas levantou uma grande mão
saudando e deu um trêmulo.

— Olá.

Nenhum de nós respondeu. Acredito que estávamos em


estado de choque porque nos tratava como completos
desconhecidos.

— Deixaremos você falar com seus amigos. — Brenda


deu um sorriso alentador para ele enquanto se levantava. —
Se precisar de alguma, estaremos lá fora.

Oren deu uma piscada nervosa e a seguiu pelo quarto


com o olhar, como se não quisesse que o deixassem sozinho
aqui conosco. Logo deixou escapar um suspiro e nos olhou
outra vez.

— Bom! Isto é estranho. — Disse Pick. — Ten


usualmente diria uma brincadeira suja quando precisamos
um pouco de alívio cômico.

Enquanto todos os outros deixavam escapar uma risada


baixa, Oren negou com a cabeça, confuso.

— Quem é Ten?

O silêncio que sucedeu sua pergunta o fez se acomodar


em sua cama, parecendo ainda mais incomodado. Por último,
meu irmão disse.

— Você é Ten, amigo. Assim é como te chamamos.

Eu me apoiava contra o lado de Noel, me agarrando em


seu braço porque queria muito ir até Oren e simplesmente
abraçá-lo e acalmar sua inquietação. Parecia tão só nessa
cama. Só e perdido.

— Sério? — Murmurou Oren, confuso. Negou com a


cabeça. — Por que...? Ah. Devido ao meu sobrenome Tenning.
Entendi. — Olhou outra vez para nós e nem sequer reparou
em mim, o que me doía cada vez que seu olhar passava, e
acrescentou. — Ainda sou amigo de algum de meus
companheiros do ensino médio?

— Nunca conheci nenhum. — Respondeu Noel. — E te


conheci provavelmente por mais tempo que todos os aqui
pressente. Você e eu nos conhecemos no primeiro ano de
faculdade. Fomos companheiros de quarto no primeiro
semestre e juntos conseguimos um apartamento até um ano
atrás.

Oren assentiu.

— Então, nenhum de vocês conheceu Zoey? — O nome


nos fez congelar. A esta altura, todo mundo sabia que era sua
irmã e morreu, mas já que tínhamos uma Zoey em nosso
grupo, era estranho ouvi-lo dizer o nome.

Por último, Noel negou com a cabeça.

— Uh, não. Não, sinto muito, nunca chegamos a


conhecer sua irmã.

— Oh. — Decepcionado por isso, Oren baixou o olhar


para suas mãos.

— Então... — Continuou Noel, decidido a limpar a


tensão incômoda no ar. — Também conhece o Hamilton por
mais tempo, faz uns dois anos quando se uniu à equipe de
futebol conosco.

— Futebol? — Oren levantou os olhos surpresos. —


Joguei futebol? Na faculdade? — Negou com a cabeça. —
Eu... Não estava pensando em esportes na faculdade.

Noel sorriu.

— Não, eu que insisti até que você entrou. Fomos


geniais nisso. Ganhamos o campeonato nacional deste ano.
Foi o melhor receptor na equipe.

— Sério? — Surpresa alagava a voz de Oren enquanto


seus lábios se curvaram em um sorriso. — Isso está muito
bem.
— Sim. — Murmurou Noel. — E depois de me casar, se
mudou com Hamilton e sua namorada...

— Loira. — Disse Zoey antes que Noel dissesse seu


nome. — Me chama de Loira. — As lágrimas brilhavam em
seus olhos enquanto sorria. — E você gosta de me convencer
para que cozinhe para você ou lave a sua roupa tão
frequentemente como é possível.

Tinha vontade de chorar de novo porque Zoey e Oren


estavam muito unidos. Tinha que doer nela também, saber
que se esqueceu da espécie de irmandade que formaram.

— Eu... É — Disse lentamente, olhando com


desconfiança entre Quinn e Zoey. — Então, vivo com vocês
dois? Que estranho.

A culpa se arrastou pela expressão do Zwinn enquanto


me olhavam. Mas o melhor era não mencionar que eu agora
vivia com eles.

Noel acariciou meu braço para me acalmar, seu sexto


sentido deve ter o advertido, sabendo que meus dutos
lacrimais lutavam por começar a abrir suas comportas.

— E Pick é provavelmente a próxima pessoa que


conheceu. Trabalhava, na verdade. Agora é dono, do bar onde
todos trabalharam.

Oren afastou o olhar de Pick para franzir a testa para


Noel.

—Bar? Trabalho em um bar?


— A discoteca Forbidden. — Respondeu Pick. — Todos
os meninos aqui são garçons lá.

Oren fechou os olhos.

— Um bar? — Repetiu incrédulo e negou com a cabeça.


— Nem sequer tenho idade suficiente para beber e eu, quero
dizer... — Talvez tenha se lembrado de que tinha vinte e dois
anos agora, em lugar de dezessete, e levou uma mão à testa,
se inundando nas notícias. — É estranho. — Murmurou.

Ele deu uma olhada para Eva de pé ao lado de Pick,


então este passou um braço ao redor de sua cintura.

— E esta é minha futura alma gêmea, apesar de que


todo mundo já nos trata como casados...

—Deusa. — Disse Eva. — Apelidou-me de Deusa.

Pensando que lembraria que realmente a chamava de


Tetas de Leite, todo mundo fez uma pausa, esperando que
corrigisse, mas ele se limitou a assentir.

— Bom.

A dor me atravessou. Nesta cama poderia estar Oren


Tenning, mas Ten desapareceu por completo. E eu me
apaixonei por Ten. Meu perfeito Ten.

Estremeci e apertei a mão de Noel com mais força.


Baixou o olhar para mim e seus olhos se iluminaram com a
mesma preocupação. Seu Ten, seu melhor amigo, também
foi.

Mason foi o seguinte em se apresentar.


— E me chama de Buttercup. — Disse Reese
cumprimentando-o com a mão e um sorriso que não
alcançou seus olhos. — Compartilhamos uma aula de arte no
último ano e passamos bons momentos nos incomodando.

Oren franziu o cenho, provavelmente tentando averiguar


se os bons momentos poderiam acontecer incomodando
alguém.

— É provável que te tenha conhecido pelo menor tempo.


— Disse Asher. — Meu nome é Asher, mas usualmente me
chama por meu sobrenome, que é Hart.

Pareceu-me tão estranho que tivéssemos que nos


apresentar. Queria escapar deste quarto, queria escapar
deste momento. Oren não podia esquecer. Simplesmente não
podia.

— Parece que apelidou muita gente.

— Definitivamente tem algo pelos apelidos. — Disse


Quinn— Meu nome é Quinn, mas sempre me chamou de
Ham. E Noel está acostumado a ser Gam para você.

Oren assentiu e me olhou antes de voltar seu olhar a


Noel. — Então, que apelido pôs em sua esposa?

— Oh. — A simpatia se precipitou pelo olhar de Noel


quando me olhou. — Não. Ela na verdade é minha irmã.
Caroline. — Fez uma breve pausa, como esperando para ver
se esse nome significava algo para ele, mas nem sequer se
alterou, o que me fez estremecer por dentro. — Minha esposa
está em casa com meus irmãos menores, Aspen. Mas você a
chama de Shakespeare, porque é professora de inglês.
— Sinto muito. — Oren me olhou, pedindo desculpas
por me confundir com a esposa de Noel. Começou a afastar o
olhar, mas logo olhou outra vez. O reconhecimento iluminou
seu olhar, e eu contive a respiração, desejando, orando que
lembrasse.

Acredito que todos na sala se inclinaram, com um


suspiro coletivo como se esperassem o mesmo.

Apontou-me. — É a enfermeira de ontem, não?

Inalei uma respiração dolorosa e retrocedi, tentando não


perder o controle. Noel me apertou o cotovelo forte, assim
pisquei rapidamente e assenti.

—Sim fui. Essa era eu.

Olhou entre Noel e eu antes de murmurar.

— Está bem, então.

Não ia lembrar. Precisava sair daqui e chorar em algum


lugar.

Apanhei o olhar de Zoey e seu rosto se dissolveu na


miséria. Teve que enterrar a cara no ombro do Quinn para
ocultar suas lágrimas.

Levantei meu queixo para me manter forte, mas não sei


como fiz isso. Esse foi um ponto de quebra para todo mundo,
ao que parece.

— Devemos ir para te deixar descansar. — Murmurou


Asher, parecendo tão triste como nunca o viu.

— Está bem. — Oren, pelo contrário, parecia aliviado ao


ver que íamos embora.
Noel me apertou contra ele com força, sabendo como eu
estava perto de desmoronar. Todos nós olhamos para a porta,
mas logo Eva murmurou.

— Maldição. Sei que não se lembra de mim, mas vou te


abraçar para me despedir.

— Uh... — Oren se foi um pouco para trás, seus olhos se


ampliando quando ela se aproximou com um determinado
arco nas sobrancelhas. E logo disse. — Ok.

Vi com inveja como Eva jogou os braços no pescoço dele


e o abraçou. Inclusive ele devolveu o abraço com um braço.
Então ela estalou um beijo rápido em sua bochecha. Desejava
tanto ir até ele, me fundir em seus braços e simplesmente me
refugiar no amor da minha vida.

Reese me olhou, piscou e se afastou de Mason.

— Bom, eu também quero um abraço.

Então, o abraçou e ele deixou, dando outro abraço de


um braço. Quando se afastou, ela me olhou diretamente.

— Próximo?

Zoey se aproximou e me deu uma cotovelada para que


me adiantasse. Tropecei, mas estabilizei meus pés e levantei
o olhar. Oren me observava, me deixando ir até ele sem
protestar.

Ia abraçá-lo. Deus. Como ia parar depois de uma


quantidade razoável de tempo e voltar a soltá-lo assim? Como
ia parar com um só abraço?
Mas me inclinei para ele, de todo modo, aterrorizada de
não ser capaz de manter minha integridade.

Meus braços o rodearam e quase choraram de alívio, tão


felizes de envolver o corpo conhecido de Oren. Entretanto não
cheirava a Oren, cheirava a antissépticos hospitalares. Isso
me ajudou a me lembrar de que já não era meu e comecei a
me retirar.

Mas Oren virou seu rosto para mim e meu cabelo se


arrastou por seu nariz enquanto me afastava. Inalou
sobressaltado e me olhou com os olhos muito abertos.

Fiquei imóvel, boquiaberta. Piscou várias vezes,


parecendo muito confuso.

— O que aconteceu? — Perguntei lentamente, com medo


de acreditar que na verdade desencadeou algo.

Noel se aproximou mais.

— Lembrou-se de alguma coisa?

Diabos! Acredito que todos que estavam no quarto se


aproximaram. De repente, todo mundo estava ali, com os
olhos brilhantes e ansiosos.

— Eu... — Oren continuou me olhando antes de negar


com a cabeça. — Sinto muito, tive uma sensação estranha.
Seu cheiro... Quero dizer... — Agitou as mãos como se as
ideias em sua cabeça fossem absurdas. — Sinto muito. —
Murmurou no final, parecendo absolutamente envergonhado
ao mesmo tempo em que suas bochechas se avermelharam.
— Não, não sinta. — Exigiu Eva. — Só tem que nos dizer
o que já lembrou.

Oren foi um pouco para trás, obviamente surpreso pela


impaciência em sua voz. Mas então seu olhar se desviou de
novo para mim e meu estômago se revolveu com todo tipo de
coisas. Necessidade, esperança, antecipação, amor.

Fechando os olhos como se tentasse desesperadamente


se lembrar, disse.

— Por acaso nós...?

— Nós o que? — Insisti em voz baixa.

Uma vez mais, negou com a cabeça. Mas logo deixou


escapar uma espécie de suspiro incrédulo e perguntou.

— Por acaso alguma vez subimos juntos pelo lado de um


prédio e nos sentamos no topo para olhar... as estrelas?

As lágrimas encheram meus olhos imediatamente.


Tampei a boca com as mãos e amorteci a resposta.

— Sim. Sim fizemos isso.

Mas isso só pareceu confundir ele ainda mais.

— O antigo cinema?

Assenti com a cabeça.

E ele sacudiu a sua.

— Mas por que ia te levar lá? — Uma risada nervosa


retumbou em seu peito. — Só vou ali para ficar sozinho.
Nunca levei ninguém. — Seus olhos piscaram de repente com
a compreensão. Olhou para Noel. — Oh, diabos. Não é só sua
irmã, né?

Noel sorriu com orgulho.

— Não. Não é.

Oren voltou seu olhar para mim. E ficou me olhando


como se estivesse tentando me ler. Meu coração pulsava a
uma velocidade louca, tão feliz de que lembrou se sentar
comigo no teto do cinema.

— Incrível. — Murmurou Quinn. — O olfato é o sentido


mais associado com a memória porque o bulbo olfatório é
parte do sistema límbico, mas uau. Nunca o vi funcionar
assim.

Com um suspiro, Oren virou os olhos.

— Que fodido nerd de biologia. — Um sorriso se


estendeu por meu rosto. Recordou que a biologia era a
especialidade de Quinn. Se lembrou...

Alcancei seu braço, incapaz de evitar. Quando seu olhar


enviou raios laser para minha mão, parei e comecei a me
afastar, mas ele pegou minha mão e a levou para seu nariz.

— Mas tem razão. Conheço esse cheiro. — Seu olhar


voltou para meu rosto. As lágrimas encheram meus olhos
enquanto Ten começava pouco a pouco a voltar para nós.

Um conhecimento invadiu sua expressão.

— Venha aqui. —Dobrou o dedo, me indicando que me


aproximasse mais.

Abaixei-me e perguntou.
— Quer construir um boneco de neve?

Soltei uma risada feliz. Escolhi um filme para mim e o


fez nosso.

— Frozen. — Disse a ele, nomeando o filme.

Quando elevou as sobrancelhas, um olhar de assombro


se apoderou de seu rosto. Logo agarrou meu cabelo e levou
uma mecha ao nariz.

— Merda. — Seu olhar se lançou ao meu. — Você gosta


mais quando a puxo pelo cabelo.

Ofeguei e me afastei com mortificação.

— Oren!

— É obvio — murmurou secamente Eva —que sua


primeira lembrança seria de sexo.

— Se cale Tetas de Leite! — Exclamou Oren, sem afastar


nenhuma só vez os olhos de mim. — Estou tentando
recuperar minha maldita memória.

— Você lembrou! — As lágrimas alagaram meu rosto. —


Lembrou-se de tudo. — Oren limpou brandamente as gotas
de minhas bochechas.

—Como se pudesse te esquecer. É minha outra metade.


Minha esposa.

De algum lugar do quarto, Reese falou.

— Ahh. Isso é tão doce.

Oren franziu a testa.


— Agora, estes outros filhos da puta, os esquecerei com
muito prazer.

— Ei! — Interrompeu a voz ofendida de Mason. — Isso


não é muito amável. Arrastamos nossos traseiros cansados
até aqui todos os dias desta semana para às vezes nem
sequer chegar a te ver, e é assim que nos trata?

Sem dar importância, Oren me aproximou mais.

— Deus! Te Amo. — Murmurou e pressionou sua testa


contra a minha só para murmurar "auch", e se afastar.

— Sinto muito, sinto muito. — Me afastei, levando


minha mão à boca porque o sentia realmente, embora
também quisesse rir e chorar de alegria porque meu Oren
estava de volta.

Ten estava de volta.

— Jesus. — Fez uma careta e tocou sua bandagem


brandamente. — Que diabos? O que me aconteceu? As
pessoas mencionam um acidente. Mas não dizem que tipo.
Por último só lembro... — Fez uma pausa e olhou para Noel.
— Estava furioso comigo, mas, mesmo assim, me deixou ir a
seu picnic familiar. E... No caminho jogamos jogo dos faróis
com os meninos, mas... Isso é tudo. — Seus olhos se
alargaram com horror. — Merda. Não tivemos um acidente de
carro, certo? —Seu olhar percorreu freneticamente, envolta
do quarto. — Onde estão Colton e Brandt?

— Eles estão bem. Estão em casa. — Noel pôs uma mão


de forma tranquilizadora no ombro de Oren. — Todos
chegaram bem ao parque Rainly. Tivemos um dia de campo e
você levou Colton e Caroline para mostrar a cascata.

Oren assentiu, mas sua testa se enrugou pela confusão.

— E então... Fui mordido por uma serpente venenosa


que... — Levantou o braço e o olhou estranhamente. —...
Tinha umas impressionantes habilidades de ninja e fez que
me pusessem uma tipoia no braço, um gesso na perna e me
desfigurou a cara?

— E então desmoronou o chão ao redor da cascata. —


Corrigi. — Quando Colton parou muito perto da beirada.

— Merda. Caiu?

— Quase. Segurou-se em uma velha raiz que se


sobressaía do dique e pôde ficar a salvo. Mas você caiu.

— Mas o menino está bem? — Perguntou Oren


insistentemente.

— Só tem um arranhão ou dois. — Disse Noel. — Só


está bravo porque você ficou ferido e como ele está pensando
que foi tudo culpa dele, Aspen e Brandt estão em casa com
ele.

— Pobre menino. — Ten agarrou minha mão e eu nem


sequer podia expressar como incrível era entrelaçar meus
dedos com os seus. Quando seu olhar encontrou o meu,
deixou escapar um suspiro. — Então, o que eu tenho? Vou
ficar bem? — Uma vez mais, tocou todas as ataduras que
cobriam a metade de seu rosto.
Um sorriso floresceu em meus lábios. Sabia que ia ficar
bem.

—Além do dano cerebral, só tem uma luxação no ombro,


a perna quebrada e alguns arranhões. — Fiz uma pausa e
respirei profundo. — Ah, e o doutor disse que é provável que
tenha algumas cicatrizes permanentes no rosto.

Os dedos de Oren foram para a bandagem.

— Permanentes? Assenti e peguei sua mão.

— Tenho certeza que as cicatrizes ficarão sexy. — Seu


olhar se encheu de tortura e eu queria dizer a ele que sempre
seria o homem mais bonito que conheci, mas Noel disse.

— A boa notícia é que depois de ter salvado a vida de


meu irmãozinho, já não estou zangado com você.

Oren o olhou e suspirou.

— Sim, desde que eu deixe sua irmã, certo?

Noel encolheu os ombros.

— Não. Depois de salvar a vida dela imagino que ficou


ligada a você.

— Também salvei a sua vida? — Disse Oren lentamente,


voltando seu olhar para mim.

Não ia responder, mas Noel teve que dizer.

— Quando você caiu, ela tentou te ajudar.

Oren se virou para mim.

— Cristo, Caroline. Fez isso? Você poderia ter caído.


— Quase caiu. — Noel parecia ansioso por continuar
falando. — Ela estava deslizando para a beirada, mas você
soltou sua mão.

— É obvio que sim, maldição. — Oren assentiu como se


não houvesse outro passo lógico.

Neguei com a cabeça.

— Poderia ter te salvado, ou esperar o tempo suficiente


até que Noel nos alcançasse.

Mas ele também negou com a cabeça.

— Não me importa. O que fez é muito arriscado. Nunca


em um milhão de anos deixaria que nada de mal te
acontecesse. Por isso, acho que posso lidar com um par de
cicatrizes. Eu era muitíssimo bonito de todo jeito.

Embora todo mundo tenha começado a rir, eu continuei


olhando para ele assombrada por minha sorte ao ser a
mulher que ele amava. Sabia que não merecia isso, mas ia
aproveitar com tudo que tinha.

Noel apertou seu ombro.

— Ouça. — Murmurou.

Quando Oren o olhou, meu irmão engoliu saliva


ruidosamente. Depois de engolir seu orgulho, disse.

— Sinto muito.

Meu marido franziu a testa e sacudiu ligeiramente a


cabeça.

— Por quê?
— Por ser um maldito imbecil nas últimas semanas.

Oren se encolheu.

— Sempre foi um imbecil. O que há de novo?

Noel soltou uma risada afogada que soou como se fosse


se converter em um soluço. Logo disse com voz rouca.

— Que diabos! Estou falando.

Mas Oren negou com a cabeça.

— Não. Não sei. Acreditou que Caroline se encontrava


em perigo, por isso fez tudo em seu poder para proteger ela.
Não vou perdoar essa merda. Alegro-me de que o fizesse.
Estaria bravo se não tivesse feito nada.

Com um movimento de cabeça, Noel refutou.

— Se alegra que tenha feito toda essa merda contra


você? — Parecia não acreditar.

Mas Oren esticou seu braço lentamente e agarrou o de


meu irmão.

— Me alegro de que fizesse isso contra quem é que você


considerasse uma ameaça para ela. Mas também me alegra
que afinal percebesse que não sou uma ameaça.

— Sim. — Noel esfregou o rosto como se quisesse se


assegurar de que permanecia seco. — Eu também. — E
respirou profundo. — Então... um café? No próximo sábado
pela manhã depois que você sair deste lugar? Na verdade,
desta vez eu poderia te convidar.
Oren sorriu para ele antes de voltar seu olhar em minha
direção.

— Ok, amigo. — Estalou os dedos enquanto mantinha


seu olhar em mim. — Hart! — Exclamou. — Não é tradição
que comece a cantar uma canção de merda para nós?

— Sério? — A voz de Asher soava mordaz. — Vai fazer


isso comigo outra vez?

Oren simplesmente continuou sorrindo para mim.

— Caralho, sim. Sou eu que estou deitado em uma


maldita cama de hospital. Faça o que eu digo.

— Bem. Mas me deve por isso. — E então começou a


cantar. Ri quando as letras de "Sweet Caroline" encheram o
ar.

Mas Oren não riu. Só me olhou, com os olhos brilhantes


de amor e admiração enquanto pronunciava silenciosamente
as palavras da canção. Quando Eva, Reese e Pick se uniram
no coro, Oren me puxou para mais perto.

— Te amo. — Murmurou. — Obrigado por estar aqui


quando acordei e me trazer de volta.

— Eu também te amo. — Murmurei. — Obrigada por


voltar.

— Por você? Sempre.


TEN

CINCO ANOS DEPOIS...

Na faculdade, as brincadeiras com bebidas eram as


melhores porque, usualmente, significavam que eu
conseguiria foder com alguma garota bêbada. Esta noite,
queria revirar os olhos e gemer. Ah, espera. Acabei de revirar
os olhos e gemer. Mas, inferno, agora era um idiota velho e
casado. Tudo bem, talvez não tão velho, mas sim
amadurecido à perfeição. Mesmo assim, não precisaria de
álcool para ter sexo esta noite.

Todos os casais que estavam sentados no chão do hotel


eram tão adultos e casados como eu. Então, por que nos
preocupávamos? Não teríamos sexo com desconhecidos ou
acordaríamos em algum lugar estranho com peças vitais de
roupa perdidas.

Pelo contrário. Voltaríamos para nossas respectivas


casas e nos aconchegaríamos com nossa parceira, logo
despertaríamos antes do maldito amanhecer para voar cedo e
voltar para casa. Então, por que nos encontrávamos jogando
um maldito jogo de beber?
— Oh, demônios. — Grunhi, me agarrando de lado. —
Acho que acabo de deslocar o quadril por estar sentado neste
maldito piso.

Gam me chutou, bem no quadril que segurava.


Bastardo.

— Deixa de ser um bebê. Parece como alguém de oitenta


anos em vez de um de vinte e sete.

— Sinto-me mais próximo dos oitenta. — Me queixei,


olhando para ele enquanto esfregava o lado que me chutou.
— Bode.

A seu lado, sua esposa tampou a boca com uma mão e


começou a rir como uma menina. O jogo deixou-a totalmente
excitada. Ainda não tinha vontade de jogar, mas tudo bem
era bastante divertido ver Shakespeare bêbada. Era o
primeiro fim de semana longe de seu filho mais novo e podia
assegurar que a pobre mulher parecia desesperada por um
pouco de liberdade.

— Me deixe segurar isso para você, baby. — Gamble


estendeu seu braço para tirar a garrafa de licor das mãos
dela, mas ela o afastou, e se aproximou dele enquanto fazia
biquinho com seus lábios para beijá-lo.

— Preferiria que me fodesse.

— Ugh! Céus. — Fazendo uma careta, erguia mão para


proteger os olhos do beijo que seguiu. — Sério? Vão me fazer
ver pornô bem depois de ter sido forçado a sofrer com este
estúpido jogo onde Shakespeare faz armadilha enquanto
toma uns goles entre cada turno, e estas duas nem sequer
podem participar?

Apontei com o polegar para Tetas de Leite e para


Buttercup, ambas volumosas e inchadas pela gravidez e,
além disso, proibidas de beber qualquer tipo de álcool.

Buttercup virou os olhos enquanto bebia seu brilhante


suco de uva num outro enganoso e suspeito gole.

— Se embebedar não é o objetivo.

Franzindo o cenho, arqueei uma sobrancelha.

— Então, qual é o maldito objetivo de um jogo de beber?

— Reaproximar. — Respondeu Tetas de Leite. —Passou


muito tempo desde que estivemos todos juntos. Tentamos
nos divertir um pouco, Ten. Céus, não seja desmancha-
prazeres.

Suspirei. Os estúpidos jogos não eram minha ideia de


reaproximação ou de diversão. Porra! Acreditei que tínhamos
feito um bom trabalho vendo-nos no dia do jantar antes do
show, e tenho a certeza de que todos os meninos me
apoiariam nisto... Se estivessem dispostos a ir contra a
opinião de suas almas gêmeas.

Dominados.

Apreciando muito Caroline por nunca me fazer sentir


como se não pudesse expressar minha própria opinião, apoiei
meu braço sobre seu joelho e esfreguei sua panturrilha. Ela
estava sentada na cadeira ao meu lado e me encontrava
encostando em sua perna para me apoiar.
Quando seus dedos se enrolaram em meu cabelo como
resposta, quase ronronei de felicidade. Deus! Amava esta
mulher. Para falar a verdade, faria o que fosse por ela,
inclusive abandonar nosso perfeito ninho de amor no Lake
Tahoe. Com o tempo, tive outra oportunidade de trabalho e o
aceitei. Caroline se transferiu de faculdade para se formar em
cinema, para viajar de volta para Chicago e ver Asher Hart e
sua banda, Non-Castrato, em sua primeira e grande
apresentação na sala de concertos, o Metro.

Bem, talvez também me orgulhasse do cara e queria ver


seu show, o qual foi, com certeza, assombroso. E as entradas
que nos enviou foram ainda mais legais. Eu nunca admitiria
isso em voz alta. Ao invés disso, gemi e lamentei, porque sou
assim.

Mas se juntar com o resto do grupo na casa de Pick e


Tetas de Leite e depois jogar jogos de beber para
“reaproximar”, parecia errado.

— OOh, é minha vez. — Buttercup se emocionou um


pouco enquanto escolhia a folha dobrada do centro de nosso
círculo e a abria. Logo depois de limpar a garganta, leu a
mensagem em voz alta. — Acredito que este maldito jogo fede.
— Inclinando sua cabeça, me olhou. — Ten.

— Acha? — Disse pouco impressionado. — Adivinhou


que fui eu. — Pondo minha mão em meu coração, bati
minhas pálpebras. — Me conhece tão bem.

Suspirou.
— Não, a diferença de alguns aqui, eu tenho boa
memória. Disse essa frase há exatos trinta segundos.

— Ah, tirará carta da memória, né? Isso é baixo,


senhora Lowe. Muito baixo.

De vez em quando, ainda tenho lacunas em minha


mente. Não lembro nada do dia do acidente e, às vezes,
Caroline tem que me lembrar das coisas que fizemos quando
saíamos, mas nunca esqueci o muito que significava para
mim, o que é tudo que importava.

— A próxima vez, por que não vai por minha cara


fodida?

De fato, todos tinham se acostumado com as minhas


cicatrizes e agora quase não as notavam.

— Mas são lindas. — Buttercup se esticou para riscar


com seu dedo a mais profunda em minha mandíbula. — Por
isso frustraria o propósito de tentar me burlar.

— Esta é minha favorita. — Caroline tocou a que estava


no canto de minha sobrancelha esquerda. Levantei a cabeça
para sorrir para ela.

— Eu gosto da curvada em seu queixo. — Loira me


sorriu enquanto rodeava o bíceps do Ham e posava a
bochecha em seu ombro.

Quando pisquei os olhos, Gamble grunhiu.

— Que raios? O idiota se mutila e as garotas ainda o


perseguem?
— Sou um cara encantador. — Descansando minha
bochecha na coxa de Caroline, sorri e ela me sorriu em
resposta, mostrando que concordava comigo.

— Sim, um tipo encantador que não deixou de


incomodar e se queixar desde que entramos em minha casa.
— Murmurou Pick e apontou com um dedo a pilha de peças
de papel no chão. — E é sua vez agora.

Gemi.

— É sério me obrigarão a continuar jogando?

— Só pegue um maldito pedaço de papel. — Rosnou


Lowe.

Franzindo o cenho, me afastei do calor e comodidade de


minha mulher para me inclinar e pegar um papel.

Gemendo baixo, desfiz cada desesperadora dobra e abri


os olhos antes de me focar nas palavras.

— Estou grávida e não sei como dizer ao meu marido. —


Li em voz alta, antes de supor imediatamente. — Tetas de
Leite.

Tetas de Leite franziu a testa para mim enquanto punha


uma mão sobre sua enorme barriga.

— É... acho que é certo dizer que Pick já sabe.

— Bem. — Virei os olhos E tomei um gole porque isso


significava que perdi. Mas mesmo assim tinha que adivinhar
até ter a resposta correta. — Buttercup, então.

Bufou e também esfregou sua barriga.


— Se acha que não faço Mason ter consciência em cada
oportunidade que tenho, já que estou com cinco meses de
gravidez de seus gêmeos, então está louco.

— E é sério me faz saber isso... A cada oportunidade que


tem. — Acrescentou Mason. Quando sua esposa olhou feio
adicionou com rapidez. — E eu adoro cada vez que o faz. —
Logo quebrou um pedaço da barra de chocolate que segurava
e a colocou na boca de sua esposa. Ela suspirou
imediatamente e fechou seus olhos, satisfeita.

Demônios, Lowe era bom. Teria que lembrar esse truque


para quando Caroline... Merda. Não podia engravidar.
Ultimamente, foi um imbecil por esquecer isso. Culpava
Gamble. Desde que engravidou Shakespeare, me
encontrava... Ansioso.

Falando em Shakespeare, olhei para ela com


curiosidade antes de beber meu segundo gole de cerveja.

Imediatamente, sacudiu a cabeça.

— Nem sequer me olhe, amigo. Acabo de dar o peito a


Beau. Ainda não estou pronta para ter o segundo.

Então levei meu olhar para o outro lado da sala, onde a


esposa de Parker segurava um adormecido bebê em seus
braços e Parker segurava ela em seus braços. Malditos
recém-casados. Encaixavam bem sendo o novo casal do
grupo, mas desde que se tornaram pais, gostavam de se
trancar em sua concha familiar. Tenho que admitir que era
agradável vê-los juntos. Se Caroline e eu tivéssemos um
filho... merda. Precisava deixar de pensar em nós e crianças.
— Também não sou eu. — Assegurou a esposa de
Parker, a quem apelidei de Três. — Então, por favor, pare de
me olhar assim.

— Merda. — Tomei mais dois goles e todos na sala


dirigiram sua atenção para a Loira.

Inclusive Ham a olhou com surpresa.

— Zoey? — Perguntou devagar.

Mas ela negou com a cabeça e pegou sua mão.

— Oh, não. Não, sinto muito, não sou eu. Acredito que
já estamos bem com o J.B. e Luke.

Loira teve muitos problemas para trazer J.B. ao mundo.


Ele nasceu mais prematuro que o primeiro filho de Tetas de
Leite. Quando Luke chegou dois anos depois, Hamilton foi
um desastre emocional, preocupado com ela os nove meses
completos. Mas ela não teve náuseas matinais com ele.
Incrivelmente, seus dois filhos estavam bem agora e neste
instante eram cuidados pelo universitário Brandt, que estava
em casa cuidando do filho pequeno de Gamble com o Colton,
que céus, agora cursava o Ensino Médio.

— Bom merda. — Murmurei logo depois de outro gole.


— Não sei. — Não tinha mais mulheres na casa. — Então a
mulher de Hart.

— Como poderia ser Remy se ela e Asher nem sequer


chegaram? — Perguntou Pick.

Hart ligou faz meia hora, anunciando que ele e sua


esposa estavam no caminho, mas ainda não chegaram.
Encolhi os ombros.

— Caralho não sei. Não tem mais mulheres para


escolher, a menos que um de vocês milagrosamente se
fecundou.

Quando o silêncio me respondeu, parei de beber e franzi


o cenho.

— O que?

Buttercup apontou com seu dedo em direção à mulher


que eu estava apoiado.

— Ainda tem uma mulher que não disse.

Meu braço rodeou com forças a perna de Caroline,


querendo protegê-la.

— Não seja cruel. — Olhei para Buttercup com os olhos


entrecerrados por sequer sugerir a ideia. — Caroline não
pode...

Mas sua perna esticou sob meu agarre e a olhei,


preocupado. Quando encontrei seus olhos azuis, pareciam
brilhantes e ansiosos. Sorriu nervosamente com os lábios
apertados, como se não estivesse certa se me desculpava ou
me felicitava.

— Oh, Deus! — Vociferou Buttercup. — Não posso


acreditar Ten. Inventamos este maldito jogo de beber como a
forma mais tenra de te dizer que vai ser papai e ainda não
entendeu, mesmo que Caroline seja a última mulher na sala
para adivinhar. Argh! — Olhou para Lowe como se fosse
começar a chorar ou cometer um assassinato. Não tinha
certeza de qual opção era a certa. — Às vezes... me irrita
tanto.

— Sei baby. Sei. — Lowe deu outro pedaço de chocolate


e beijou sua bochecha. — Também me irrita muito.

Por uns instantes, olhei para eles embevecido enquanto


meu nublado cérebro tentava clarear. Então voltei a olhar
para Caroline.

Minha surpresa foi ao fundo do meu estômago enquanto


minha boca caía aberta.

— Merda. Você está grávida?

Ela lentamente assentiu enquanto suas bochechas


avermelhavam.

Sacudi a cabeça, incapaz de acreditar, e temeroso de


sequer tentar acreditar.

— Mas o doutor disse...

— Que era pouco provável muito pouco provável. —


Disse me interrompendo com rapidez. — Não que era
completamente impossível.

Deixei escapar um suspiro. Passaram anos desde que


nos preocupamos em usar anticoncepcionais. Simplesmente
assumi que os bebês eram impossíveis. Descobrir que me
equivoquei provocou um zumbido em meus ouvidos e fez com
que minha visão se nublasse.

Mas Caroline estava grávida. Minha esposa e o amor de


minha vida iam ter o meu bebê.
— Merda. — Minhas mãos foram para meu cabelo para
agarrar minha confusa cabeça.

— Vá Ten. — Murmurou Pick, soando impressionado. —


Deve ter algum tipo de superesperma para superar
possibilidades assim.

— Inferno, tem razão, assim é. — Disse ainda


atordoado.

Uma mão me bateu forte no ombro.

— Ei. — Disse Gamble com seriedade. — Está se


sentindo bem amigo?

Olhei para ele e pisquei para me focar nele.

— Sim, por que?

Seus olhos azuis brilharam com preocupação.

— Parece que tentou nos abandonar. Está preparado


para ser papai ou o que?

Papai.

Deus santo, só de pensar na palavra sendo usada me


fazia suar. Caralho, não, não estava preparado para ser pai.
Queria ser um bom pai, como o meu, mas como podia fazer
isso quando não tinha ideia de como seria ser um? Queria
que meu filho tivesse tudo de incrível. A melhor vida.

Mas parecia que seria assim, teria Caroline como mãe.


Com um suspiro, virei os olhos para Gam.

— Está preparado para ser tio? — O desafiei e um


prazer genuíno brilhou em seu rosto enquanto sorria.
— Estou muito preparado para ser o tio de seu filho.
Vou mal criar a seu filho mais do que você mal cria o meu
Beau.

— Que assim seja. — Disse preparado para vencê-lo,


crente de que poderia mal criar mais a seu filho sem
problema algum.

— Ouça Ten. — Murmurou a Loira com suavidade,


afastando minha atenção do Gam. Quando apanhou meu
olhar, levou seu olhar para Caroline.

Olhei para minha esposa e me endireitei, imediatamente


alarmado. Em lugar da energia pura e a ansiedade de faz uns
momentos, seu rosto perdeu a cor.

— Baby, o que está acontecendo? — A tirei de sua


cadeira e a puxei para meu colo, onde pressionei minha mão
em seu abdômen.

Cobriu meu dorso com dedos frios e me observou direto


nos olhos, com medo e preocupação em seu rosto.

— Está tudo bem em se converter em pai?

— Está brincando? — Deixei escapar uma risada


surpresa e pressionei nossas testas. — Estou... estou além
disso, maldição, estou ansioso por isso. — Embalei seu rosto
em minhas mãos. — Vamos ter um bebê, Caroline. Um
pedacinho de você e de mim. Não posso... nem sequer posso
processar, é maravilhoso, maldição. Por fim vamos ter a
nossa Inez Dumaine.

Imediatamente, seus olhos se encheram de lágrimas.


— Oh, Por Deus. Lembra-se.

— Claro que me lembro. Por que esqueceria o nome que


quer dar a nossa filha?

— Te amo. — Soluçou. —Te amo tanto, Oren Tenning,


que quase me assusta.

— Não tanto como eu amo você. — Respondi.

Minha esposa grávida chorava e me beijava e eu


também fiquei um pouco chorão. Mas, merda, este tinha que
ser um dos momentos mais felizes de minha vida. Nos braços
da mulher que amava, rodeado por meus melhores amigos no
mundo e escutando que ia ser pai. Quem no mundo não
deixaria cair uma lágrima? Certamente não me conteria.

E vão a merda qualquer um de vocês que lerem isto e


pensam em espalhar o boato de que chorei como menina
quando fiquei sabendo que iria ser pai, pois chutarei o seu
traseiro. Este é meu maldito final feliz, então vou chorar se
quiser...

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