Você está na página 1de 228

Milo STONE:

A virgem e o Rock Star

KATE PALACE
Copyright © 2022 by Kate Palace
Tradução e Revisão: Hugo Teixeira
Edição: Hashtags
Arte de Capa: Hashtags
Reservados todos os direitos desta produção
ISBN: 978-65-00-40153-0
Observações para o(a) leitor(a):
* Não é aconselhável para leitores menores de 18 anos.
* Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes,
pessoas, fatos ou situações da vida real é mera coincidência.
Sinopse

Milo Stone é o maior Rock Star do país. Um dos homens


mais desejados do mundo. O cara que todos os homens invejam.
Mas, para Liberty James, ele é o cara que roubou sua melhor
amiga, sua irmã Arizona. Elas eram inseparáveis: até Milo aparecer
em sua vida.
Ela o detesta. Sempre o detestou. Até o dia em que eles se
beijam. O toque de Milo é explosivo, sensual, perfeito. De repente,
Libby vê Milo com outros olhos. Sim, ela ainda o odeia. Mas ele
pode ser a chave para os traumas românticos dela. Milo pode
ensiná-la a ser sexy, divertida, e até sedutora. Quem sabe, ele
consegue ajudá-la a conquistar Sean, o cara dos seus sonhos...
Todos amam a Liberty. Ela é inteligente, gentil, engraçada e
proativa. Exceto com ele. Com Milo, ela é chata, irritadiça e
ofensiva. Ainda assim, ele nunca quis uma mulher como ele a quer.
Especialmente agora, que ela cresceu, e está ainda mais linda.
Ela quer a experiência dele. Ele quer tudo que ela tem a
oferecer.
1
Libby

Estou no inferno. E o que é inferno para mim? É estar em


uma festa de trabalho rodeada de fãs de Milo Stone, o maior Rock
Star dos Estados Unidos, e agora o rosto da campanha da empresa
onde eu trabalho.
Eu me considero uma pessoa muito boa. Gentil. Justa.
Compreensiva. Exceto com Milo Stone. E sabem o que é pior? Acho
que sou a única pessoa do mundo que o detesta. Até as mulheres
descartadas por ele têm o irritante hábito de perdoá-lo. Isso só me
deixa ainda mais cansada de ouvir as fãs dele enchendo-o de
elogios.
Detesto o Milo desde os nove anos de idade, quando ele
apareceu na minha vida para me roubar a minha melhor amiga, a
minha irmã Arizona, que atualmente é a guitarrista da banda dele, e
coautora de suas canções.
A empresa convidou toda a equipe dele para a festa,
inclusive o pessoal que vai participar da próxima turnê. Entretanto,
eu geralmente não me esforço muito para aprender o nome das
mulheres da equipe que não são fixas. Em geral, elas nunca duram
mais do que uma turnê.
Querem saber por quê? Além de ladrão de melhores amigas,
Milo Stone é um porco machista que troca de mulheres mais do que
troca de camisa, então suas amantes nunca duram muito tempo em
sua equipe.
— Gente, ele é tão maravilhoso — uma das novas mulheres
da equipe comenta, e eu solto um som de escárnio.
Ela só diz isso porque não o conhece há tempo suficiente.
Só quero conseguir fugir logo desta conversa para poder
mostrar minha roupa nova para o meu chefe, o Sean. Sim, eu sou
MUITO A FIM do meu chefe desde a primeira vez que o vi, dois
anos, três meses e oito dias atrás.
Infelizmente, ele nunca me viu mais do que como Libby, sua
funcionária favorita. Por isso, decidi mudar meu jeito de vestir. Hoje,
peguei emprestado um vestido bem justo da Arizona, juntei com uns
saltos, e gastei uma fortuna com uma maquiadora.
Só espero não tropeçar com os malditos saltos e fraturar o
nariz até o fim da festa.
— Nossa, como eu adoraria prendê-lo na minha cama
durante uma semana — outra diz.
Sinto vômito se aproximar perigosamente da minha garganta
só de ouvir as palavras delas.
Sei que algumas pessoas escondem seus sentimentos
românticos por alguém (às vezes até de si mesmos) com um ódio
que inexiste, mas não é o meu caso.
Eu realmente o desprezo.
Não é que eu não o ache gato: tenho olhos, e ele tem
atributos bem impressionantes. Porém, eu sinto tanta atração por
ele quanto pelo IT, o palhaço assassino de crianças do Stephen
King.
Cansada da conversa sobre como-Milo-Stone-é-perfeito, vou
até o bar pegar mais vinho, e sinto a minha irmã, Arizona, me
seguindo.
Se vocês estão se perguntando por que meu nome é Liberty
e o da minha irmã, Arizona, vou lhes explicar. Mas já aviso que é um
tanto quanto traumático, assim como pensar em sexo com Milo
Stone.
Meus pais nos deram nomes relacionados aos lugares onde
fomos “concebidas”. Isso mesmo. Concebidas. Eu fui concebida a
Estátua da Liberdade. Ary, por sua vez, foi concebida na lua de Mel
deles no Arizona.
Nem preciso dizer que fiz questão de NÃO visitar a Estátua
da Liberdade quando visitei Nova Iorque, não é mesmo? E Ary se
recusa a se apresentar no Arizona.
— Será que dá para disfarçar seu desprezo pelo Milo na
frente da equipe? — ela questiona assim que me alcança.
— Isso sou eu disfarçando, Ary — comento secamente,
porque só de não falar mal dele já é um grande avanço para a
minha pessoa.
Passo 1: não falar mal de Milo Stone em voz alta.
Passo 2: virar budista.
— Se aquilo foi você disfarçando, deveria voltar a fazer aulas
de teatro. — Ela responde no mesmo tom seco, mas aí se
interrompe. Arizona arregala os olhos, olhando para um ponto atrás
de mim. — Libby, aja naturalmente! O seu crush está vindo.
A pior coisa que alguém pode dizer para mim é “aja
naturalmente”. Porque é a última coisa que eu vou fazer.
Sinto as mãos suando, as pernas fraquejando e a garganta
fechando. Obrigo-me a terminar o vinho em um gole, enquanto Sean
se aproxima, me olhando dos pés à cabeça.
No último mês, eu gastei todo o meu bônus do ano passado
com uma guarda-roupa novo, com roupas estilosas e sensuais que
Arizona me ajudou a comprar. Achei que poderia ter funcionado, já
que Sean tem olhado mais para mim.
Mas ele ainda não deu o primeiro passo. Não me convidou
para um encontro, nunca me falou de nada pessoal, nem sequer me
chamou para um café!
O pior é que, quando estamos no trabalho, somos super
profissionais e eu consigo ser a Libby Executiva perfeita. Mas é só
estarmos em um ambiente mais informal que eu pareço perder a
capacidade de formar frases.
— Oi, Libby — ele diz com seu sorriso gentil.
Estou louca, ou os olhos verdes do Sean focaram nos meus
lábios? Pelo visto, a minha mudança radical de estilo está
começando a surtir efeitos sérios!
Sean não é sexy ou musculoso como certos Rock Stars
galinhas, mas ele é lindo. Seus cabeços ruivos são levemente
encaracolados, e sua barba clara por fazer lhe dá um ar de rebelde,
ainda que suas feições sejam angelicais.
Ele não é musculoso, mas tem ombros largos, e braços que
eu já imaginei uma centena de vezes em volta de mim.
Não sei quanto tempo passo encarando-o, mas sei que é
bastante quando minha irmã belisca minha coxa e sussurra:
— Diga algo, Liberty.
Ah, merda. Estou encarando o Sean que nem uma palerma.
— Oi, Sean. Lembra-se da minha irmã?
— Claro — seu sorriso se dirige a ela. — Como está,
Arizona?
— Um pouco cansada das gravações do novo álbum, mas
muito animada com a parceria.
Não só o Sean é um chefe incrível, como também criou uma
empresa para pets que apenas usa produtos ecológicos, trabalha
com alimentos naturais e brinquedos reciclados, além de separar
boa parte dos seus lucros para ajudar ONGs que cuidam de animais
abandonados e ajudam com adoção.
Eu sei, eu sei... É praticamente impossível não se apaixonar
por ele.
— Também estou muito animado com a parceria. Tudo
graças a Libby — ele olha para mim com tanto orgulho que minhas
pernas fraquejam.
— Com certeza, minha irmã arrasa — ela diz para ele, e eu
começo a rir sem parar, algo que faço sempre que fico nervosa.
E eu fico nervosa na frente do Sean bastante.
— Que foi? Estou com algo no rosto? — ele me pergunta,
sorrindo.
Ah, droga. Eu realmente sou ridícula.
— Não, eu acabei de me lembrar de uma piada.
— Por que não vai dançar, Libby? — minha irmã sugere, já
me empurrando na direção da pista de dança.
— Sabe que eu não danço, Arizona! — sussurro para ela,
lançando um sorriso de desculpas para o Sean, que nos observa
com curiosidade.
— A velha Libby não dançava. A nova, vai dançar sim! Quer
ou não conquistar seu chefe? — ela questiona.
— Se ele me vir dançando, vai descobrir que tenho a
coordenação motora de um pinguim — eu a recordo.
— Então vamos tomar uma tequila para você dar uma
relaxada — ela sugere, e pega dois copos da bandeja de um
garçom.
— Aí eu terei a coordenação motora de um pinguim bêbado!
— Que nada. Todo mundo dança bem depois de umas biritas.
— Cite a sua fonte! — exijo, porque isso COM CERTEZA é
mito.
— Milo Stone, o maior biriteiro dançarino de todos os tempos
— ela responde, e me empurra para o centro da pista. — Não olhe
para o Sean. Só se joga na música — ela sussurra e se afasta.
Respiro fundo, e viro a minha tequila de uma vez. Aqui vamos
nós.
***
Milo

Eu não queria estar nesta festa. Depois longas semanas


gravando o novo álbum, quero só uma cama. Mas Arizona insistiu.
Além disso, a empresa é bacana, trabalha com vários abrigos de
animais para os quais eu faço doações, então vale a pena, apesar
de Liberty James estar envolvida.
Eu amo animais de estimação. Sempre estive rodeado deles.
Meus pais sempre tiveram cachorros, gatos, tartarugas, e até um
furão em casa. Eles são veterinários, e adoram a profissão.
Atualmente, eles vivem em um pequeno sítio no interior da
Califórnia.
Assim como meus pais, eu já resgatei dezenas de cachorros
e gatos abandonados na rua. Só nunca fiquei com nenhum deles
por causa das turnês.
Quer dizer, nenhum deles exceto o Xodó.
Depois que eu resgatei o Xodó, não consegui lhe dizer
adeus. Xodó vai comigo a todas as turnês. Já é praticamente um
membro da banda. E se dá bem com todos os animais que eu
resgato e levo para casa para fazer lar temporário até conseguirem
uma família.
Sinceramente? Gosto de conhecer novas mulheres, mas nem
para isso essa festa presta. Só quero ir para casa, abrir um vinho e
passar o resto da noite assistindo Netflix acompanhado do Xodó.
Por outro lado, poderia ser pior. A irmã de Arizona poderia
estar aqui, me irritando como ela faz desde que eu a conheço. Mas
eu não a vejo em nenhum lado.
Na verdade, eu não vejo a Liberty há uns sete anos, desde
que eu e Arizona terminamos o colegial e começamos a viajar pelo
mundo com a banda.
Ela me evita como se eu fosse a peste bubônica. E eu deixo
que ela me evite. Não há nada pior do que ver o desprezo nos
grandes olhos castanhos de Liberty.
Assim que eu decido ir embora de fininho, avisto uma bela
morena conversando com Arizona e o dono da empresa, Sean. Eu
adoro morenas. Elas servem para substituir a morena de olhos
castanhos que sempre me desprezou.
Liberty nunca foi o que o que a sociedade chamaria de
beldade. Ela era magra demais, desajeitada demais, e sempre
cobria o corpo com roupas largas demais.
Ainda assim, sempre a quis. Desde que a vi pela primeira
vez. Digo, desde que ela me desprezou pela primeira vez. Descobri
a dor da rejeição aos dez anos de idade.
A morena que faz minha virilha despertar tem os mesmos
cabelos longos e levemente encaracolados de Liberty, mas, ao
contrário dela, tem muitas curvas e usa um vestido bem justo que
deixa sua bunda durinha e redonda muito gostosa.
Queria ver o rosto dela, mas ela nunca se vira na minha
direção, nem enquanto Arizona a arrasta até a pista de dança, onde
a deixa sozinha. Essa é a minha oportunidade.
Termino a cerveja aguada que o garçom me ofereceu, e vou
até onde a morena do vestido azul colado, que está rebolando que
nem stripper. Ela não é exagerada; tem uma sensualidade natural,
quase inexperiente.
Quando estou poucos centímetros dela, seguro-a levemente
pela cintura e começo a dançar com o corpo colado às suas costas.
Para a minha surpresa, ela não se afasta. Pelo contrário, se cola
ainda mais ao meu corpo, deixando a cabeça cair sobre meu ombro
e a bunda rebolar contra o meu pau, que fica imediatamente duro.
Eu disse que a bunda dela era gostosa? Eu quis dizer
perfeita. Aproveito e inspiro profundamente o seu pescoço, e fico
ainda mais excitado com o cheiro de lavanda. Porra, eu sempre
amei esse cheiro.
Continuamos dançando, uma música após a outra, nossos
corpos cada vez mais colados, meu pau cada vez mais duro,
minhas mãos explorando as curvas da cintura dela, dos seus
quadris, até as laterais dos seus seios.
Honestamente, se não estivéssemos no meio da pista de
dança, eu provavelmente já estaria enterrado dentro dela. Não me
lembro qual foi a última vez que senti tamanho desejo assim.
E por uma mulher cujo rosto nem vi! Cujo nome eu nem sei!
Talvez, o fato dela estar dançando assim comigo sem saber
que sou Milo Stone também me deixe excitado. Desde que fiquei
famoso, não sei mais se as mulheres se interessam por mim, por
meu dinheiro, ou pela minha fama.
Mas a bela morena da bunda durinha e do cheiro de lavanda
não olhou para mim uma vez sequer.
Quando meu pau está até dolorido de tanto latejar, decido
dizer no ouvido dela:
— Gata, quer dançar assim comigo na minha cobertura?
Imediatamente, ela fica rija em meus braços. Ah, merda. Eu a
assustei. Lentamente, ela se vira em minha direção, e eu vejo um
rosto lindo, angular, com bochechas altas e lábios cheios.
E olhos castanhos familiares.
Eu conheceria aquele olhar de desprezo e aquela boca
deliciosamente beijável em qualquer lugar.
— Você?! — eu e Liberty dizemos ao mesmo tempo.
2
Milo

Ela imediatamente se afasta de mim, virando-se de frente, e


a visão dos seus peitos redondos e empinados me deixa ainda mais
excitado, apesar do olhar de puro ódio que ela me dirige.
Parece que nem os muitos anos de distância serviram para
apaziguar o ódio dela por mim. Ou minha atração por ela. Na
verdade, no meu caso, tudo se intensificou, agora que ela ganhou
várias curvas e veste roupas que me permitem admirá-las.
Acho que eu preferia quando ela vestia o que pareciam ser
sacos de batatas.
— Por favor, não me diga que acabou de me passar uma
DST! — ela resmunga, seus lábios curvando-se para baixo, como se
tivesse nojo só de olhar para mim.
Então, parece que vamos começar com as ofensas. Sim, eu
a desejo pra caralho, mas nem ferrando vou deixá-la saber disso.
Assim como ela não precisa saber que seu desprezo me atinge
diretamente no peito.
— Você colocou implantes? — provoco-a — A última vez que
te vi, seus peitos eram tão pequenos que até te confundiam com
garotos.
— Vá te foder, Milo! — ela diz, e começa a caminhar na
direção do bar.
Antes que eu possa pensar no que DIABOS estou fazendo,
eu a seguro pela cintura, e colo de novo seu corpo ao meu,
deixando que ela sinta minha ereção contra suas costas.
— Posso te foder, Liberty — sussurro em seu ouvido. —
Agora, seu corpo está gostoso o suficiente para ser bem fodido.
Ela se desvencilha dos meus braços e continua caminhando
até o bar, e eu a sigo. Espero que ela não fale nada da minha
ereção a Arizona, senão é capaz de eu terminar esta noite seu meu
pau.
— Deus me livre — ela está praticamente cuspindo fogo. —
Não quero que minha vagina pegue alguma DST e despenque do
meu corpo.
Paramos lado a lado no bar.
— Tudo bem — levanto os ombros com uma expressão de
escárnio. — Eu não fodo virgens mesmo...
— Quem te disse que sou virgem? — ela esbraveja, mas sei,
pela inocência dos seus olhos, pelo ardor das suas bochechas, e
pelos lábios trêmulos, que eu tenho razão.
Ela ainda é virgem.
Mais um motivo para ficar bem longe dela, se eu quiser
manter meu pau conectado ao meu corpo. Arizona é uma amiga
bem tranquila, mas, desde que nos conhecemos, ela tem só uma
regra: NUNCA TOCAR EM LIBERTY.
Essa frase é meu mantra há mais de quinze anos. Não que a
Liberty desejava ser tocada por mim. Na verdade, nunca estive tão
próximo dela quanto durante a dança.
— Qual é, Liberty — digo de forma sarcástica. — Sou o
melhor amigo da sua irmã. Sou a pessoa em quem ela mais confia
no mundo. A pessoa para quem ela conta tudo. Inclusive sobre a
irmãzinha virgem dela.
Se tem algo que Liberty ODEIA, é quando eu me refiro à
minha própria pessoa como o melhor amigo da irmã dela. Inclusive,
esse foi o início da rixa dela comigo. Ela considera que eu lhe roubei
a irmã mais velha.
— Não sou idiota — ela diz, a mandíbula tão tensa que temo
que possa partir. — Ary jamais falaria da minha vida sexual para
você, seu palerma DSTzudo.
— No seu caso, seria falta de vida sexual — eu a recordo,
apenas porque adoro quando ela fica toda irritadinha.
Além disso, apesar de saber que é muito imaturo da minha
parte, Liberty só me dirige a palavra por mais de dez segundos
quando estamos discutindo. E eu definitivamente quero continuar
perto dela, mesmo que numa briga.
Quão ridículo eu sou?
— Melhor não ter vida sexual do que ser um galinha sem
critério — ela sempre jogou isso na minha cara, o fato de eu ser
“rodado”, como ela costuma me chamar.
A verdade é que eu QUERO um relacionamento sério. Juro
que quero. Só nunca senti atração suficiente por nenhuma mulher
para desejá-la por mais do que algumas noites. Quando muito,
algumas semanas.
Só tem uma pessoa na minha vida que eu desejei durante
anos.
— Já disse que tenho critério: não fodo virgens, Liberty —
digo baixinho, sem conseguir deixar de olhar para a sua boca.
— Mas eu duvido muito— ela resmunga de volta, e pede uma
taça de vinho.
É impressão minha ou ela já está falando enrolado? Da
última vez em que vi a Liberty, ela não bebia. Porra, ela nem ia pra
festa, não usava decote, e muito menos salto alto.
Essa nova Liberty é completamente diferente, mas, ainda
assim, em alguns aspectos, é exatamente a mesma. Os mesmos
olhos inteligentes e profundos; a mesma língua afiada; e,
infelizmente, o mesmo desprezo por mim.
— Então vou refrasear: não fodo a irmã mais nova virgem da
minha melhor amiga.
— Por que não? — ela questiona e, desta vez (talvez pela
primeira vez em nossas vidas), ela não diz algo de forma acusatória,
mas com curiosidade.
A pergunta me pega de surpresa por um segundo. Olho para
seus lábios, para o decote que me deixa ver um pouco do contorno
dos seus seios, para as longas pernas.
Puta que o pariu. Já é difícil lidar com uma Liberty que me
trata feito lixo. Lidar com ela quando ela não me despreza vai ser
impossível. Preciso do desprezo dela. Sem ele, eu não sei se
consigo resisti-la.
— Porque é a mulher mais chata, insuportável, e sabe-tudo
que já conheci na vida.
Ela revira os olhos, mas, apesar da minha resposta irritá-la, o
desprezo não retorna aos seus olhos. Agora, ela me observa com
ceticismo.
— Se sou tão ZERO atraente para você, então por que não
para de olhar para os meus peitos?
Merda. Claro que, assim que ela diz “peitos”, meus olhos
voltam a encará-los. Porra, acho que até babei um pouquinho.
— Não disse que não era atraente — forço meus olhos a
retornarem aos dela. — Na verdade, eu adoraria ficar algumas
horas com você do pescoço para baixo e curtir esses peitos
maravilhosos e essas curvas perfeitas que você adquiriu nos últimos
anos.
— Argh — ela faz cara de nojo, e toma um gole do vinho. —
Passo.
— Esse é o problema. Para curtir você do pescoço pra baixo,
eu teria que tolerar você do pescoço para cima.
Ela me olha novamente com ceticismo.
— Parecia gostar bem do meu pescoço enquanto
dançávamos.
— E sua bunda parecia estar apaixonada pelo meu pau duro
enquanto dançávamos — sussurro, quase encostando a minha boca
na dela.
Claro que ela se afasta de imediato, usando a pequena mão
para empurrar meu peitoral.
— Nenhuma parte de mim vai se apaixonar por nenhuma
parte de você, Stone — ela diz com tamanha segurança que eu sei
que nunca precisarei me preocupar com a promessa que fiz a
Arizona: Liberty jamais vai permitir que eu a toque.
É um alívio e uma decepção ao mesmo tempo.
— Jura? Não diria isso, do jeito que você estava se
esfregando em mim e praticamente me pedindo para fodê-la no
meio da pista de dança — comento ironicamente, sabendo que
minha resposta não vai excitá-la, mas irritá-la.
— Achei que você fosse... — ela diz, mas se interrompe, e
observa um ponto atrás de nós.
Olho para o ponto e noto que é Sean. Ah, merda. Puta que
me pariu. Eu definitivamente não queria saber que ela era a fim do
chefe. E muito menos queria sentir o que estou sentindo: como se
meu peito estivesse prestes a explodir.
— Achou que eu fosse outra pessoa? — tento disfarçar a
raiva, sem qualquer sucesso. — Talvez, o almofadinha do seu
chefe?
— Ele não é almofadinha!
— Não, é muito pior. Aposto que ele também tem potencial
de virar padre e te largar virgem, que nem seu último namorado.
Eu me arrependo das palavras assim que elas deixam a
minha boca. Eu passei dos limites. Vocês devem achar que eu não
tenho limites, mas, como eu disse a Liberty, até eu tenho meus
critérios e as minhas regras.
E a principal delas, ao lidar com Liberty, é não mencionar seu
namorado. Que virou padre de verdade.
Aparentemente, ele é a razão para a Liberty ainda ser virgem,
mas Arizona se recusa a me explicar a história direito, eu só
conheço os boatos da galera antiga do colégio.
Os olhos castanhos enchem-se de tristeza, e eu me sinto um
merda. Segundos depois, a tristeza é substituída pelo desprezo que
eu conheço há muitos anos.
— Me deixa em paz!
Ela se vira de costas para mim, e volta a tomar seu vinho.
— Nunca, Liberty. Nunca — digo baixinho, mais para mim
mesmo do que para ela.
Eu bem queria ser capaz de deixá-la em paz. Até que deixei.
Durante anos. Manter-me afastado ajudou. Mas, agora vamos
trabalhar juntos. O que significa que eu estou muito fodido pelos
próximos meses.
— Duas doses de tequila — ela pede, ao terminar a taça de
vinho.
— Já não bebeu demais? — questiono, porque ela mal
consegue falar sem enrolar as palavras.
— Não o suficiente para te suportar — ela me encara por
cima do ombro, os olhos repletos de fogo e desprezo, e toma uma
dose de tequila.
— Devia desistir do almofadinha — digo, aproximando meu
rosto do dela, novamente olhando para os seus lábios. — Ele tem a
maior cara de quem faz sexo por um buraco no lençol.
Queria me controlar, mas infelizmente não consigo.
— Cala a boca, Milo — ela diz, mas começa a sorrir.
Sim, ela achou o que eu disse engraçado, e o desprezo
praticamente sumiu dos seus olhos. Acho que o álcool a deixou
menos estressada. O que é bom. Para ela. E péssimo para o meu
autocontrole.
— Sério, ele deve ter algum problema mental, para conseguir
passar cinco minutos ao seu lado sem olhar para os seus peitos
suculentos — continuo, sem conseguir controlar as palavras que
saem da minha boca.
— Vou gravar o áudio de você falando dos meus peitos e
enviar para Ary — ela ameaça, mas seu sorriso indica que ela não
está falando sério.
— Nem sua irmã não me culparia por dizer essas coisas.
Olha o decote que você usou! Seus gêmeos estão praticamente
gritando “vem na gente que queremos ser chupados!”.
— Sério, você é nojento — ela solta uma risada.
— Ah, você finge que me odeia, mas sei que me ama.
Agora sua risada vira uma gargalhada, e eu volto a ficar duro.
— Sabe, você poderia virar comediante profissional. Eu não
só te odeio, eu o desprezo — ela diz, e toma a segunda dose de
tequila.
— Acho melhor parar — digo, e balanço a cabeça em
negativa para o barman quando ela pede outra dose para ele.
— Essa é uma frase que você deve ouvir bastante das suas
vítimas — ela comenta comigo, mas seu rosto continua relaxado.
— Não tenho vítimas. Tenho fãs do meu pau. E elas não
dizem “pare” e sim, “mais”. “Oh, mais e mais! Por favor, Milo! Mais!”
— faço uma voz fina e feminina e, desta vez, ela gargalha tanto que
tenho que segurá-la pela cintura para ela não cair da cadeira.
Esta é uma noite estranha. Várias primeiras vezes. A primeira
vez que danço com Liberty. A primeira vez que ela esfrega qualquer
parte do corpo dela no meu. A primeira vez que ela não foge de
mim. A primeira vez que ela ri dos meus comentários.
A primeira vez que a gente consegue conversar sem brigar.
— Só assim para eu rir com você: à base da tequila.
— Hã... Libby? Estou interrompendo alguma coisa? — Sean,
o cara do sexo pelo buraco no lençol, aparece ao nosso lado.
— Sim — respondo com um sorriso irônico, só para provocar.
— De jeito algum — Liberty diz ao mesmo tempo.
— Quer dançar comigo? — Sean propõe a ela, e eu sinto um
desejo inexplicável de jogá-la sobre meu ombro e bater na cabeça
de Sean com um taco de beisebol.
— Eu... — Liberty começa a dizer.
Antes que eu possa fazer algo louco, como virar um homem
das cavernas e arrancá-la da festa, ela vomita no chefe e sai
correndo.
3
Libby

Eu dancei com Milo Stone. Pior: eu gostei de dançar com


Milo Stone. Sim, eu achei que estava dançando com o Sean, mas,
ainda assim, deve haver algo de errado com o meu cérebro, porque,
não só eu deixei o Milo me agarrar, como eu ainda me esfreguei
nele que nem cadela no cio!
No Milo DST Stone! Gente, qual é o meu MALDITO
problema?
Fujo até o bar, mas óbvio que Milo, INSUPORTÁVEL que é,
não me deixa em paz. Nem sei quanto de álcool já tomei hoje, mas
juro que só assim para eu aguentá-lo. Será que esse desejo bizarro
de me esfregar no Milo de novo é por causa da bebida?
Deve ser. Uma das minhas melhores amigas, a Beta, vive
dizendo que o álcool deve ter sido inventado por algum
ninfomaníaco, porque deixa todo mundo excitado. E é exatamente
assim que eu me sinto. Excitada. Com o Milo.
NOJOOOOOOO!
Felizmente, nossa conversa estranhamente divertida é
interrompida pelo Sean. Sim, Sean. É ele quem eu quero. Ele sim é
o meu tipo. Ele é o cara com quem quero FINALMENTE perder a
virgindade.
Mas... Por que não estou tão animada assim de dançar com
ele? Não era exatamente isso que eu queria? Que ele me notasse
como mulher?
Juro que nunca mais bebo na vida, especialmente tequila.
Parece que meu cérebro deixou de funcionar, porque, enquanto
Sean me convida para dançar, uma parte de mim quer voltar a
dançar com ninguém menos que Milo Stone.
Aparentemente, o álcool me deixa com um desejo
inexplicável de pegar DST. Não é que o Milo não seja desejável, ao
menos em teoria. Seus braços musculosos, e cobertos de
tatuagens, são de fato atraentes. Assim como sua mandíbula
quadrada e coberta por uma barba por fazer, os olhos verdes e
atentos, e os lábios carnudos.
Ah, maldição. Desde quando eu reparo na BOCA do Milo?
Pior: desde quando eu fico curiosa para saber o tamanho do
NEGÓCIO do Milo? Ouvi várias histórias ao longo dos anos, mas
sempre tive nojo delas. Agora, depois de senti-lo se esfregando em
mim...
Noto que tanto Sean quanto o Milo me encaram com
expectativa. É aí que eu me lembro do convite para dançar. Abro a
boca para responder, mas o mundo começa a girar. E girar. E girar.
E girar...
Até que eu despejo todo o álcool e a comida que ingeri esta
noite nos pés do Sean. Eu. Quero. Morrer. Agora.
Saio correndo do bar, arrastando as pernas, que parecem
pesar uma tonelada, e procuro pelo banheiro mais próximo. Porém,
minhas pernas se recusam a funcionar, e sinto o peito ficando
apertado, o estômago embrulhando de novo, e a cabeça rodopiando
que nem pião.
Coloco as mãos contra uma parede e apoio minha testa,
aproveitando o frio da pedra contra minha pele quente.
De repente, quando acho que vou vomitar de novo, sinto
braços fortes me agarrando pela cintura, meus pés deixando o chão,
meu corpo colando-se contra um torso duro feito pedra, meu rosto
acomodando-se em um ombro aconchegante. Ele tem cheiro de
limão, pinha e homem.
Imediatamente, sei quem está me carregando. Milo Stone.
Deveria pular para longe dos braços dele, mas não tenho mais
forças. Ele me leva até o banheiro, me ajeita em frente a um vaso
sanitário, e até segura meus cabelos enquanto eu vomito.
— Ah, você comeu os tacos? — ele comenta
sarcasticamente por cima do meu ombro. — Eles estavam bons?
Vomitar é uma merda. Vomitar na frente de Milo Stone é pior
ainda. Ele vai me zoar com essa história o resto da minha vida,
tenho certeza.
Porém, tudo tem suas vantagens: agora que o álcool está
deixando o meu corpo, e estou começando a ficar sóbria, meu ódio
e desprezo por ele estão voltando com força.
Aleluia, irmão!
— Morra, Stone — digo com prazer.
Prefiro NUNCA mais beber de novo do que sentir alguma
atração por ele.
— Ei! Eu te trouxe aqui para você não vomitar em mais
ninguém! Você poderia ter levado um processo — ele diz com
arrogância.
Claro que ele só me ajudou para me sacanear.
— Acho que prefiro um processo do que ter que te aguentar
— resmungo de volta, já me sentindo melhor por estarmos brigando
como sempre.
— Não fale assim comigo, senão não te ajudo a não ser
demitida — ele comenta, e se levanta, me ajudando a levantar
também.
Eu baixo a tampa do vaso, e aperto a descarga.
— Pffff. Você? Me ajudar? — digo ao sair do cubículo, e vou
até a torneira, para tomar um gole de água.
— Pfff para você, mal-agradecida — ele responde com ironia,
me observando pelo espelho acima da pia. — Estou aqui,
segurando seu cabelo enquanto você vomita e tudo.
— Deve estar aqui para se aproveitar de uma bêbada —
acuso, enquanto deixo a água fria cair sobre meus pulsos.
— Primeiro: não me aproveito de nenhuma bêbada — ele
levanta o indicador. — As mulheres que se aproveitam desse corpo
maravilhoso quando EU bebo demais da conta.
Reviro os olhos, voltando a sentir vontade de vomitar.
— Argh, sério que alguma mulher tem interesse de se
aproveitar desse seu ego?
— Segundo: se não me aproveito de mulher bêbada, então
NEM FODENDO vou me aproveitar de uma virgem bêbada que é
também a irmã caçula da minha melhor amiga de todos os tempos
— ele comenta com tamanha arrogância no olhar que tenho vontade
de chutá-lo entre as pernas.
Sério que a Libby bêbada queria se esfregar neste cara? A
Libby bêbada é uma completa idiota.
— Quer parar de dizer que ela é sua melhor amiga?
— É a verdade — ele levanta os ombros.
— Ela é minha irmã. Nossa relação é biológica — eu o
recordo.
— O que significa que ela não tem escolha a não ser se
relacionar contigo. Mas Ary se relaciona COMIGO de forma
voluntária.
QUE ÓDIO!
— Nossa, como você é insuportável — resmungo. — Sério,
não sei por que Ary o tolera.
— Ela passa mais tempo comigo para te evitar.
— SAIA DAQUI AGORA! — aponto para a porta do banheiro
feminino.
Ao menos, ninguém entrou enquanto eu estava colocando os
tacos que comi para fora.
— Não antes de você comer uma bala para tirar esse ranço
de morto-vivo — ele tira umas pastilhas de menta do bolso e
estende a mão para mim.
— E de que te interessa se estou com bafo ou não? —
questiono, desconfiada da bondade dele.
Será que as balas são drogas? Espero qualquer coisa de
Milo.
— Não me interessa. Mas quero proteger meus amigos que
estão na festa, e seu bafo é capaz de matar até o último deles. Até
mesmo minha melhor amiga de todos os tempos. Já te contei quem
ela é?
— Nossa, como eu te odeio — reviro os olhos, e tomo outro
gole de água.
Aparentemente, todo o vômito me deixou desidratada.
— Eu também te odeio. Do pescoço para cima. Do pescoço
para baixo, poderia ser a minha musa inspiradora, Liberty. —
Desgraçado. Viro para trás, o puxo pelo pescoço, e sopro meu bafo
de morto-vivo na cara dele. Imediatamente, Milo se afasta. — Quer
me matar, porra?
Solto uma gargalhada. Ainda assim pego as balas na mão
dele, porque nem ferrando quero que meus colegas de trabalho
sintam meu bafo de vômito. As balas de fato refrescam minha boca
e minha garganta, e ajudam com o enjoo.
— Queria eu que fosse tão fácil assim te matar — digo
secamente, e repito: — Saia daqui.
— Saio assim que tiver certeza de que tem condições de se
virar sozinha — ele diz sério, como se estivesse sinceramente
preocupado comigo.
Rá! Até parece.
— Oh, ele está preocupado comigo! Acho que ele me ama —
digo em um tom falso.
— Tomou o quê, LSD?
— Acho que vou contar para a sua melhor amiga de todos os
tempos que você está apaixonado — coloco a mão no peito, usando
um tom de Scarlett O’Hara.
— Mais fácil eu me apaixonar pela filha do Hitler — ele
responde acidamente, mas noto, pela sua expressão, que ele
realmente ficou incomodado com o que eu disse.
Ah, agora sim, estamos de volta à normalidade. E como eu
ADORO irritar Milo Stone tanto quanto ele me irrita. Abro os braços
e começo a cantar com meu tom falso:
— Ele me ama, ele me adora, ele mal consegue ficar longe
de mim...
Do nada – DO NADA – Milo me puxa pelo pescoço, o outro
braço em volta da minha cintura, juntando nossos corpos, e cola
seus lábios aos meus.
Mas. Que. DIABOS!
O mais estranho não é que o Milo me beija. É como ele me
beija. Como se me desejasse há anos. Como se o mundo estivesse
perto de acabar, e eu fosse seu último desejo. Como se eu fosse a
única mulher da Via Láctea.
Eu definitivamente o detesto. Mas isso não significa que eu
não saiba apreciar um bom beijo. Bom beijo? Estou sendo injusta.
O. Beijo. É. Perfeito.
Melhor do que eu poderia imaginar. Melhor do que todas as
mulheres falaram. Milo Stone tem os lábios mais macios que já
toquei. Tem as mãos mais provocantes que já me tocaram. Tem o
cheiro mais sensual que já senti. O beijo mais experiente que já
provei.
A língua dele invade minha boca, e eu a recebo com um
gemido. Milo solta um som gutural, e uma de suas mãos aperta
minha bunda contra sua virilha. Depois do que parecem horas de
beijos provocantes e profundos, nós nos afastamos de uma vez.
Ele me encara. Eu o encaro de volta. Não sei o que dizer.
Não sei o que fazer.
— Só e beijando para te calar — ele diz de repente,
parecendo tão perdido quanto eu, e sai do banheiro de forma
abrupta.
Mas eu não me ofendo. Sequer me irrito. Só penso em uma
coisa: se eu soubesse beijar do jeito que ele me beijou, se eu
pudesse ficar à vontade com outros homens como fiquei com ele,
definitivamente não seria mais virgem.
E isso me dá uma ideia brilhante. Sim, eu ainda o odeio. Mas
ninguém pode questionar que Milo tem experiência. Além disso, ele
é bem gostoso e sabe beijar, até eu tenho de admitir. Ele pode me
ensinar alguns truques. Os melhores truques.
— Libby, você está bem? — Arizona entra no banheiro, sua
feição preocupada.
— Estou ótima, Ary. Nunca estive melhor.
— Você está com aquela cara de momento eureca — ela me
observa seriamente.
— Ah, mas estou mesmo — respondo, e sorrio para ela.
— E que momento eureca é esse?
— O melhor que já tive — e um que eu não vou contar para
ela. Se Arizona souber o que estou planejando, vai fazer de tudo
para impedir. — Depois a gente se fala.
Digo, e fujo do banheiro atrás do melhor amigo dela.
4
Milo

Merda, merda, merda.


O que diabos eu fiz? Eu beijei Liberty na boca. Eu apertei a
bunda dela. Eu esfreguei o corpo perfeito dela contra o meu, a
virilha dela contra o meu pau duro.
Ah, é. E eu dei o melhor beijo da minha vida. Logo com
Liberty James.
Se eu já a desejava antes, agora é que só vou conseguir
pensar nela, em seus grandes olhos castanhos, em seus lábios
macios, no seu cheiro de lavanda, e naquela bunda durinha e
empinada dela, toda MALDITA vez que eu tocar outra mulher.
Como se ela já não me irritasse o suficiente.
Saio do banheiro às pressas, e vou até os fundos de um dos
corredores do salão, usando algumas plantas para me esconder dos
demais convidados. Alguns segundos mais tarde, Liberty deixa o
banheiro, e começa a olhar em volta.
Eu me encolho um pouco, tentando evitá-la, mas claro que os
olhos castanhos me encontram rapidamente. Ela caminha na minha
direção com o queixo erguido e um sorriso irônico, e eu não consigo
deixar de apreciar suas novas curvas, que me deixam duro de novo.
— O que quer agora, Liberty? — questiono em um tom
agressivo assim que ela se aproxima, para ver se consigo assustá-
la.
Mas ela nem parece notar meu tom. O sorriso continua
irônico. O queixo continua firme. A expressão continua decidida. Ela
coloca uma mão na cintura e, com um tom sarcástico, pergunta:
— Quero saber exatamente o que você me passou Stone.
— Como assim?
— Mono? Herpes? Sífilis? Essa sua boca gasta deve ter mais
doença que banheiro masculino depois do carnaval — ela diz de
forma ofensiva, mas seus olhos grudam na minha boca enquanto
ela lista as doenças.
— Você parece muito interessada na minha boca, Liberty —
comento no mesmo tom irônico dela, também encarando os lábios
que eu acabei de deixar inchados de tanto beijá-los.
E que não posso esperar para beijar de novo.
— Na verdade, estou é interessada em saber como mais
você sabe usar essa sua boca, Stone — ela me pega de surpresa.
Estou ficando maluco ou Liberty acabou de dar em cima de
mim?
— Como é que é? — pergunto, porque estou certo de que
ouvi errado.
Depois do beijo no banheiro, eu esperava que ela me
chutasse entre as pernas, ou que fosse contar tudo a Arizona, ou
que me processasse, ou que viesse tirar satisfação comigo, mas
JAMAIS imaginei que ela viria até mim para pedir mais.
— Sabemos que essa boca não é lá muito útil para falar —
ela sussurra, ainda com os olhos grudados na minha boca, e dá
mais um passo na minha direção.
— Liberty... — digo em tom de aviso.
Ela definitivamente não deveria estar me provocando desse
jeito.
Não quando eu ainda sinto o gosto delicioso da boca dela
nos meus lábios. Não quando minhas mãos estão formigando de
desejo para apertar de novo sua bunda. Não quando meu pau está
latejando por ela.
— Para cantar, vamos combinar que você é bem medíocre —
ela continua, agora tão próxima que eu consigo sentir o perfume de
lavanda.
— Liberty, pare — digo, e tento me afastar, mas minhas
costas batem na parede.
— Para beijar, até dá para o gasto — ela deixa os seios
roçarem contra o meu estômago, e coloca uma das pequenas mãos
sobre meu peito.
— Pro gasto? — questiono, encarando sua boca que está
implorando para ser calada com um beijo de novo.
— Agora, se as mulheres se jogam tanto para cima de você,
isso significa que algo de bom você deve fazer com essa boca seca,
pálida e cheia de doença, né?
— Ah, Liberty.
Eu a seguro pela cintura e a beijo de novo. E a segunda vez
é ainda mais intensa que a primeira. Assim que minha língua a
invade, Liberty solta um gemido sexy pra caralho na minha boca, e
eu aprofundo o beijo.
Seguro-a pela bunda, levantando-a até que ela fique na
mesma altura que eu, e me viro, pressionando-a contra a parede.
Levanto um pouco a saia do seu vestido, e ela abraça a minha
cintura com suas longas pernas, permitindo que minha virilha se
enterre contra a dela, e eu praticamente gozo nas calças ao senti-la
quente contra mim.
Uso as minhas pernas e meu corpo para ancorá-la na
parede, usando uma mão para segurar sua cabeça contra a minha,
e a outra explora seus seios, meu polegar massageando seu
mamilo até que eu sinta um pontinho duro.
Afasto a minha boca da dela quando precisamos tomar ar, e
aproveito para provocá-la.
— Acha minha boca seca e gasta agora, Liberty?
— Meio inexperiente — ela responde secamente, apesar dos
mamilos estarem duros e da boceta estar se esfregando
descaradamente contra meu pau duro.
Se não estivéssemos completamente vestidos, eu aposto que
já teria gozado ao menos três vezes dentro dela a esta altura.
— Como é que é? — questiono, sem acreditar como a
diabinha ainda tem a audácia de me provocar depois do nosso beijo.
— Até um adolescente virgem viciado em vídeo game sabe
beijar de língua razoavelmente bem — ela argumenta, sabendo que
eu não vou deixar passar essa nova provocação dela.
— Um adolescente também sabe usar a boca assim? — digo,
e baixo seu vestido até seus seios deliciosos estarem expostos aos
meus olhos sortudos.
Se é a experiência da minha boca o que ela quer, então é
isso que ela terá.
Baixo meu rosto, e puxo um mamilo entre os dentes. Porra, o
gosto da pele dela é tão gostoso quanto o gosto de sua boca. Ela é
macia, gostosa, e solta uns sons que me levam à loucura.
As mãos de Liberty pressionam tanto meus ombros que sei
que terei marcas roxas amanhã; se eu não estivesse usando uma
camisa social grossa, provavelmente ela abriria feridas.
— Oh!
Ela solta um som de prazer, mas morde os lábios para não
gritar.
— Está gostando, Liberty? — roço meus lábios contra seu
mamilo sensível.
— Está satisfatório — apesar de mal conseguir controlar a
respiração de tesão, ela ainda consegue me provocar.
— Ah, é?
Com um esforço hercúleo, obrigo-me a afastar meu rosto dos
seios suculentos dela, e a encaro com sarcasmo. Ela solta um
xingamento, e finalmente propõe:
— Vamos fazer uma aposta.
— Que aposta? — questiono, curioso e interessado.
— Se me fizer gozar assim, eu digo que você é o melhor
beijo que eu já tive — ela sussurra, e me dá um leve beijo nos lábios
que me deixa arrepiado dos pés à cabeça.
Nunca senti qualquer prazer em ouvir as mulheres dizerem
que fui o melhor delas. Mas ouvir isso dos lábios perfeitos de
Liberty? Vou sonhar com isso durante anos. Sem contar que vou
poder usar isso para provocá-la o resto da vida.
— Aposta aceita, Liberty.
Volto a chupar seus seios, um de cada vez, enquanto a
seguro com uma mão pela cintura, e a outra desce até suas coxas.
Subo a mão pela parte interna de sua perna, enquanto minha língua
e meus dentes continuam a provocar seus seios.
Ela aperta a minha mão entre suas pernas quando eu
alcanço o elástico de sua calcinha. Mas ela não diz nada, apenas
solta gemidos, então eu continuo. Quando meu polegar começa a
fazer círculos em seu montinho, ela me puxa em um beijo profundo.
Nós continuamos nos beijando enquanto eu massageio seu
clítoris. Começo a esfregar meus dedos contra o montinho dela
cada vez mais rápido, ao mesmo tempo em que aprofundo o beijo.
Sinto quando ela goza porque suas mãos apertam ainda mais
os meus ombros, e suas longas pernas esmagam minha cintura,
quase me partindo no meio. Enquanto ela se recupera, eu a coloco
de novo no chão e ajeito seu vestido, sem parar de encará-la.
Fico ainda mais excitado em observar o estado em que a
deixei, ao ver sua expressão de puro deleite. Porra, como ela fica
linda depois de gozar.
— Já gozou — anuncio o óbvio quando ela finalmente abre
os olhos. — Agora faça o combinado e diga — sussurro contra a
boca dela.
Ela imediatamente se recupera, coloca uma expressão de
escárnio no rosto, e diz com um tom arrogante:
— Eu só fingi, porque você estava demorando tanto que
fiquei entediada.
— Ah, Liberty — eu seguro seu queixo, de novo
pressionando o corpo dela contra a parede. — Por que está fazendo
isso? Por que está me provocando?
— Porque eu o detesto.
— Não parecia me detestar agora há pouco — eu a recordo.
— Exatamente — ela sorri para mim. — Como eu o detesto,
não fico nervosa contigo.
Mas que porra... De onde foi que saiu isso?
— Do que diabos está falando?
— Eu quero o Sean.
Por que DIABOS ela está falando do almofadinha de merda
logo depois que EU a fiz gozar tão forte que ela quase me partiu ao
meio com as pernas em volta da minha cintura?
— Mas estava se esfregando no meu pau na pista de dança
e gozando enquanto eu chupava os seus peitos e massageava o
seu montinho — digo entredentes, sentindo uma dor excruciante se
apossar do meu peito.
— Exato. Quero que o Sean faça tudo isso comigo.
Sério, se o almofadinha estivesse aqui, eu provavelmente já
teria fraturado todos os ossos do rosto dele. Sei que não é culpa
dele, mas saber que a Liberty o deseja depois do que ACABAMOS
de fazer me deixa em um estado em que nunca tive antes,
consumido por um ódio e um sentimento de possessividade que eu
não reconheço.
Esse sentimento de possessividade não faz qualquer sentido.
Primeiro, porque Liberty nunca foi minha. Segundo, porque ela
jamais poderá ser minha.
— Duvido que ele consiga fazer o que eu fiz.
— Só porque você sabe usar a boca, não quer dizer que é
um Deus, Stone — ela replica, revirando os olhos.
— Não, só quer dizer que virgens como você vivem
implorando para serem fodidas — eu a pressiono ainda mais contra
a parede, querendo beijá-la de novo para fazê-la esquecer do
almofadinha de merda.
— Stone, isso é sério! — ela tenta me empurrar, mas eu não
me movo. — Preciso que me ensine!
Ensine?
— O quê, exatamente? — questiono.
— Tudo o que meu ex que virou padre nunca me ensinou,
como você adora esfregar na minha cara.
Ela está maluca, só pode. Ela não tem ideia do que Arizona
faria comigo se soubesse o que já rolou entre a gente?
— Você realmente tomou LSD hoje — resmungo, finalmente
me afastando dela, saindo do corredor onde eu vim me esconder.
— Deixa de ser ridículo — ela coloca a mão sobre o meu
braço quando me alcança. — Minha ideia é genial.
— Ridículo? Você sempre me odiou e agora quer que eu te
ensine – de forma bem PRÁTICA por sinal – a seduzir o Sean,
quem também tem o maior potencial de virar padre, só para você
saber.
— Olha aqui...
— Libby? — ouvimos Arizona a chamar.
Ela está próxima ao bar, olhando para todo lado. Se ela nos
vir juntos, é capaz de perceber exatamente o que estávamos
fazendo. Até porque, minha barraca ainda está montada e está
visível através das calças sociais.
Liberty olha para a minha virilha e, enfim se dando conta do
perigo da irmã nos descobrir aqui, ela se afasta de mim.
É quando a minha ficha cai. O que foi que eu fiz? Não posso
trair a minha melhor amiga. E, mais ainda, não quero estar com
Liberty apenas porque ela deseja a minha experiência.
Ao mesmo tempo, não sei se conseguirei ficar longe dela,
especialmente agora, que provei seu gosto, que sei como o corpo
dela se encaixa perfeitamente ao meu, que a senti gozando.
Só me resta uma coisa: afastar-me o máximo possível. Evitá-
la sempre que puder. Eu passei os últimos sete anos sem vê-la. Vou
ter que garantir que farei o mesmo nos próximos sete.
— Essa conversa não terminou, Stone — ela diz ao se
afastar.
— Como sempre, discordo de você, Liberty — digo, e
começo a caminhar para o lado oposto. — Não me procure mais.
5
Libby

Sério que o Milo foi embora? E sério que eu consegui ser


rejeitada pelo maior galinha de todos os tempos? Por que DIABOS
logo ele, que é mais galinha que astro de futebol, foi me rejeitar?
Ao menos, Sean também deve ter ido embora,
provavelmente para tirar a roupa coberta de vômito. Ah, merda. Vou
ter que dar um jeito de pedir desculpa a ele. Será que ele pode me
demitir por justa causa?
Em poucos minutos, vejo-me novamente cercada pelas
novas funcionárias da equipe da banda. Quais são os nomes delas
mesmo? Bem, pouco importa. Elas são as Próximas Vítimas dele,
então não farão parte da minha vida muito tempo.
— Nossa, ele com barba fica tão sexy — a Próxima Vítima
Stone 1 diz.
— Ele também fica sexy sem barba — a Próxima Vítima
Stone 2 complementa.
— Acho que ele ficaria ainda mais sexy com a cara enterrada
entre as minhas pernas — a Próxima Vítima 3 continua.
— Ugh — resmungo, sem conseguir disfarçar o nojinho.
— Ah, para de cena — a PVS 1 comenta com descrença. —
Sério que você não deixaria o Milo enterrar a cara nas suas teias de
aranha se ele te desse mole?
— Primeiro: Milo dá mole para qualquer fêmea, até aquelas
que não são da mesma espécie que ele — exceto eu,
aparentemente. — Milo adora ser o centro das atenções femininas.
Em segundo lugar: nem você cobrisse todo o meu corpo de látex,
estaria a salvo das DSTs do Milo — falo mais por raiva dele que de
qualquer coisa, porque sei, pelos comentários da Arizona, que Milo
só pratica sexo seguro.
— Ah, deixa de exagero — ela diz, revirando os olhos.
— Exagero? Do jeito que esse homem passa o rodo em
TODAS as mulheres que ele encontra entre dezoito e quarenta anos
de idade, ele com certeza já até pegou algumas DSTs que nem
foram identificadas ainda pela Organização Mundial da Saúde.
PVS1 e PVS2 fazem cara de nojo, mas Próxima Vítima Stone
3 continua na mesma.
— Mesmo que ele seja assim, é só usar proteção e aproveitar
a noite de prazer e sexo selvagem com Milo Stone!
Já sem paciência para a conversa, decido criar... Hum...
Pequenas suposições. Sempre curti fazer isso com Stone. E
digamos que eu me tornei uma especialista...
É uma forma de retribuir toda a dor que ele me causou por
conta das muitas ausências de Arizona durante a minha vida. E,
agora, a dor de ser rejeitada por um mulherengo que não diz “não” a
NINGUÉM! A ninguém mesmo.
Ele já até pegou algumas mães de conhecidos. Irmãs de
amigos também, mas, aparentemente, ele tem medo de verdade da
Arizona.
— Noite de prazer, eu duvido muito. Eu nem diria que é sexo
selvagem. Fetiche bizarro seria sexo selvagem? — questiono,
fazendo cara de inocente, mas vejo que as três PVS estão
interessadas.
— Descreva o que você considera fetiche bizarro — PVS 1
pergunta.
— Bem, na última turnê dele, ele transou com literalmente
TODAS as mulheres na faixa etária que eu disse a vocês. Exceto as
mulheres da banda. Não foi só ele que enjoou delas. Algumas delas
fugiram dele.
— Como assim? — PVS 2 quer saber.
— Um dos fetiches de que eu ouvi falar envolvia ele pedindo
que uma delas fizesse xixi em cima dele.
— Eca! — a primeira grita.
— Que nojo! — a segunda diz.
— Acho que vou vomitar! — A Potencial Vítima Stone 3
coloca a mão sobre a boca.
— Foi exatamente isso que a pobre coitada disse antes de
passar mal no camarote do Stone e, em seguida, entregar sua
demissão — digo seriamente à PVS 3, tentando não rir, e me dirijo
até o bar para pegar uma água.
Ainda nem dormi, mas acho que a minha ressaca já está
começando. Afff. Imagina como não será amanhã.
— Você é a pior, Libby — Arizona diz atrás de mim.
Como sempre, ela estava escutando a conversa.
— Só estou tentando proteger essas pobres coitadas de uma
decepção amorosa com o babaca do Stone, Ary.
— Disso eu não vou discordar — Arizona concorda comigo.
— Sério, o Milo precisa arranjar logo alguém para aquietar essa
galinhagem dele. Ele pode mudar.
— Mudar? Você se esqueceu da equipe INTEIRA da turnê
com quem ele transou? E três delas ao mesmo tempo?
— Eu sei, mas... — ela diz, tentando defendê-lo, mas claro
que não tem argumento.
— E aquele show que vocês deram em Amsterdã, quando ele
passou a noite numa orgia com ao menos meia dúzia de fãs?
Sim, foi isso mesmo que vocês leram. Eu não estou certa
quando digo que esse cara é um DESGRAÇADO DE MARCA
MAIOR por me rejeitar? Gente, não pedi que ele se casasse
comigo, só que ele me ensinasse uns truques. E, depois de roubar a
minha irmã, era o mínimo que ele poderia fazer.
— Olha, eu sei que o Milo é meio rodado, mas...
— Meio rodado? Meio rodado?! Ary, ele é mais rodado que
ônibus interestadual com mais de trinta anos de circulação.
— Eu sei, mas... — alguém chama a Arizona. — Me espere
aqui. E pare de inventar histórias sobre o Milo!
— Até parece.
Noto, quando ela se afasta, que Arizona deixou o celular dela
sobre a mesa. Ela jamais faz isso, porque morre de medo que
alguém roube suas informações e as do Stone. Ele é paranoico com
privacidade, passa o celular dele para pouquíssimas pessoas.
Num dia normal, Arizona não precisaria se preocupar em
esconder o celular de mim. Exceto hoje. Hoje, eu quero saber todas
as informações possíveis sobre o Milo Stone.
Ele realmente achou que eu desistiria tão facilmente assim?
6
No dia seguinte...

Mensagens trocadas entre Liberty e Milo

Libby: Quando você vai começar a me ensinar a ser uma


Deusa do Sexo para o Sean?

Milo: Sério que o efeito do LSD ainda não passou? Vá fazer


uma lavagem intestinal no hospital mais próximo, Liberty!

Libby: Já disse que não é LSD. Preciso da sua ajuda.

Milo: Como conseguiu meu telefone?

Libby: eu disse a uma das suas muitas conquistas de uma


noite que engravidei de você. Não foi difícil convencer.

Milo: Deveria ter sido, já que eu NUNCA transo sem


camisinha.

Libby: Camisinhas estouram, Sr. Pai de Vários Filhos


Ilegítimos Que Nem Conhece.

Milo: Não tenho filhos. Ainda. Que eu saiba.

Libby: Sei, sei... Quando podemos nos encontrar para iniciar


nossas classes?

Milo: Que tal NUNCA?

Libby: Vamos lá, Stone. São só umas aulas. E você nunca


foi criterioso em relação às suas pegas. Serei só mais uma.

Milo: Sabe que isso não é verdade, Liberty. Além disso, você
mal me suporta. Como vai ter aulas de sexo comigo?
Libby: Considere uma prova do meu ódio por você. Pense
que eu prefiro sentar na sua cara do que te ouvir falar.

Milo: Por mais que seja tentadora essa sua proposta, eu


prefiro manter os meus testículos, que sua irmã certamente cortará
fora se eu me envolver contigo.

Libby: Sei que isso parece meio desesperado...

Milo: É desesperado, louco, beirando o maníaco-psicótico.

Libby: Acha que já não tentei de tudo? Acha que não


preferiria usar vibradores, até porque eles não falam tanto que
fazem meu ouvido sangrar?

Milo: Duvido que um vibrador a faça gozar do jeito que te fiz


ontem.

Libby: Querido, se eu tivesse usado meu Dengão (sim, meu


vibrador tem nome), ou até meus dedos, teria gozado ao menos três
vezes. Sua boca é bem mais ou menos.

Milo: Então não precisa da minha ajuda.

Libby: Infelizmente, preciso de uma perspectiva masculina.


Preciso aprender a ser sexy.

Milo: Não faço milagres, Liberty.

Libby: Número 1: Vá à merda. (Emoji de cocô sorrindo).


Número 2: Então ao menos me ensine como dar prazer a um
homem.

Milo: Por que quer logo a minha ajuda? Você já me disse


algumas vezes que não confiaria em mim nem se o Papa me
abençoasse pessoalmente, Liberty.

Libby: Já disse várias coisas. Inclusive, que eu não foderia


contigo nem com a vagina da minha maior inimiga.
Milo: Esse é precisamente o meu ponto. Agora quer aulas
comigo?

Libby: Não. Eu PRECISO de aulas com você. Há uma


diferença considerável.

Milo: Cuidado. Vai ficar viciada em meu pau. Já sabemos


que ficou viciada em minha boca.

Libby: Não se sinta tão foda, Stone. Só porque passa mais


tempo assistindo pornô do que treinando a sua voz medíocre e
aprendeu uns truques, não significa que é o único pau disponível da
Via Láctea.

Milo: Então vá procurar outro pau disponível.

Libby: Se eu odiasse outro pau tanto quanto odeio o seu, eu


faria exatamente isso.

Milo: Juro que você não está fazendo sentido nenhum.

Libby: então deixa eu explicar bem direitinho. Quando quero


um pau, fico nervosa e faço besteira. Como não quero o seu,
consigo relaxar e mandar bem na cavalgada. Entendeu agora,
caubói? Além disso, pela primeira vez em minha vida, consigo
enxergar um ponto positivo na sua galinhagem: a sua experiência
com mulheres.

Cinco minutos mais tarde...

Libby: Pode me responder?

Quinze minutos mais tarde...

Libby: Pare de me ignorar!

Meia hora mais tarde...


Libby: Para com a palhaçada ou vai se arrepender
amargamente, Stone!

***
Milo

Olho para a última mensagem de Liberty. Olho para todas as


mensagens dela. Se eu já tinha acordado com o pau dolorido de
passar a noite sonhando com ela, então agora é que meus
testículos vão explodir de tesão.
Paro de responder com a última mensagem. Eu não preciso
mais ver isso. Não preciso saber que o fato de Liberty me odiar a faz
ficar à vontade comigo. Não preciso saber que eu lhe dou prazer,
apesar dela dizer isso como se fosse algo ofensivo.
Muito menos preciso saber que ela me cavalgaria muito bem.
Porra, só de pensar nela, em cima de mim, rebolando em volta do
meu pau com a boceta apertada dela...
Preciso de alívio. Preciso arranjar alguém para me fazer
parar de pensar em Liberty e nas mensagens sexuais dela.
Principalmente, preciso de alguém que vá engolir a porra que estou
acumulando nas últimas vinte e quatro horas.
Ouço o celular tocar de novo, e, torcendo para que não seja a
Liberty (ao mesmo tempo que também quero que seja ela), olho a
tela. Vejo o nome: Patrícia. Imediatamente, eu fico animado.
É raro eu ter qualquer contato com mulheres com quem eu
transo durante mais do que um par de semanas. Mas eu venho me
encontrando com Patrícia ocasionalmente há quase um ano. Por
quê? Ela chupa tão forte quanto aspirador de pó na maior potência.
E a mensagem dela indica que é precisamente isso que ela quer
fazer.
“Oi, gato. Estou com saudade de sentir o seu garoto na
minha garganta. Me avisa quando estiver disponível”.
“Que tal agora?”, eu teclo de volta, ignorando as ameaças
vindas de Liberty.
“Estarei aí em quinze minutos”, ela responde, e eu decido
desligar o celular.
Depois de dar uma bela gozada, eu conseguirei ser mais
racional, e vou acabar com essa história de “aulas de sexo” com
Liberty de uma vez por todas.

***
Libby

À medida que o tempo passa sem resposta de Milo, a


frustração vai se apoderando de mim. Eu não estou pedindo que ele
se case comigo, droga! Nem sequer pedi que ele tirasse a minha
virgindade!
Agora, custa alguma coisa a gente se dar uns pegas para ele
me ensinar como (e o quê) eu preciso fazer para que o Sean me
veja como mulher e para lhe dar prazer?
Não sei o porquê da resistência dele. Podemos manter isso
entre nós, sem que a Arizona descubra. Será que ele está achando
que eu posso me apaixonar por ele? Ou que ele pode se apaixonar
por mim?
Pffff. Claro que não. Eu o detesto, e ele é mais mulherengo
que o Casanova, Hugh Hefner, e o clã Kennedy juntos. Não há
qualquer perigo de haver nada entre nós mais do que... Desprezo,
brigas e aulas sexuais.
Não seria perfeito?
Para mim, ele será um caminho para a desvirginação. Para
ele, eu serei mais uma. Qual é o maldito problema dele, então? Será
que ele quer que eu implore? Porque estou tão desesperada que é
capaz de fazê-lo.
Posso até prometer a ele que serei legal com ele. Pelos
próximos.... Hum... É, acho melhor eu não fazer essa promessa.
Quando ele ignora a minha terceira mensagem, e eu noto
que ele está offline há pelo menos meia hora, decido partir para a
agressividade, e vou até a casa dele. Sei que ele mora em uma
cobertura muito chique no Fisherman’s Wharf, um dos bairros mais
concorridos de São Francisco, com um porteiro que é também
segurança.
Mas eu também sei que minha irmã tem autorização para ir
até a cobertura dele. Digo a Arizona que eu preciso deixar alguns
materiais para a campanha da empresa, e ela libera minha entrada
com o porteiro/segurança do prédio.
Mal sabe o Milo que foi um grande erro por parte dele parar
de olhar o celular. Senão, teria visto minha irmã tentando falar com
ele...
O porteiro, que tem acesso a todos os cantos do prédio com
autorização de algumas poucas pessoas, me leva até o
apartamento de Milo.
Ele apenas diz que o “Sr. Stone está acompanhado” antes de
fechar a porta principal da cobertura atrás de mim. Nem preciso
pensar muito no que ele quis dizer com esse comentário, quando
ouço gemidos vindo do segundo andar.
O apartamento do Milo é gigante, mas não é frio e metido a
besta como eu achei que seria. Muito pelo contrário: é convidativo e
confortável. Quase um ambiente familiar.
Ele tem livros espalhados por todo lado, uma arquitetura com
estilo mais antigo, com decoração cheia de madeiras escuras e
quadros elegantes, e uma vista espetacular da cidade, inclusive do
Píer 39, meu lugar favorito em São Francisco.
Subo os degraus, já imaginando o que vou ver, mas
encorajada para não parar agora. Inclusive, eu aposto que
interromper o que quer que ele esteja fazendo vai ser bom. Assim,
ele se convence que tem mesmo que me ajudar, senão vou
infernizar a vida dele.
Eu o encontro no segundo andar, em um amplo espaço com
um deque, jacuzzi e um pequeno bar. Milo está com os olhos
fechados, enquanto uma loira com uma roupa que mal esconde
suas partes íntimas está ajoelhada em frente a ele, com a cara
enterrada em sua virilha.
E, pela cara do Milo, ela é realmente boa no que está
fazendo. Faço uma nota mental para perguntar a ele como fazer
sexo oral, antes de começar a minha excelente peça de teatro.
— Oh, não acredito! — eu grito, meus olhos se enchendo de
lágrimas.
Imediatamente, Milo abre os olhos e pisca várias vezes,
como se não pudesse acreditar que eu não sou fruto de sua
imaginação.
Enquanto isso, a loira desgruda o rosto da virilha dele, e me
encara por cima do ombro.
— Quem é você?
— Liberty — Milo diz baixinho, ainda sem parecer acreditar
que eu estou ali.
O estranho é que ele não parece nada irritado, apenas
surpreso.
— Você a conhece? — a loira pergunta e se levanta,
enquanto o Milo fecha as calças rapidamente.
— Sim, ele me conhece! — sinto as lágrimas caírem pela
minha face, e sei que meu rosto está vermelho. — Como pôde fazer
isso comigo, Milo? Você me prometeu!
— Ela é a irmã mais nova da minha melhor amiga — ele
comenta secamente com a loira da chupada, sem tirar os olhos de
mim.
— E a mãe do filho dele — eu digo.
— Quê? Você tem filho? — A loira pergunta a ele, chocada.
— Não! — ele nega, ainda sem tirar os olhos de mim, mas
começando a ficar claramente nervoso.
— Ainda não. Mas terá dentro de seis meses — coloco a mão
sobre o estômago, e deixo mais uma lágrima cair dos meus olhos.
Sério, os anos de curso de teatro da escola valeram muito a
pena.
— Está grávida dele?
— Estou NOIVA dele! — respondo à loira, enquanto Milo
cruza os braços e me encara com irritação. — Ficamos noivos
ontem!
— Você é noivo?
— Isso é um mal-entendido e...
A loira o interrompe com um tapa na cara. A força é tamanha
que até cria eco no apartamento.
— Nunca mais me ligue! — ela grita e desce as escadas às
pressas, enquanto ele apenas continua me encarando, sua
bochecha já ficando rosada por causa do tapa.
— Então, podemos ter aquela nossa conversa agora? —
digo, sorrindo para ele com falsa inocência.
7
Milo

Quando Patrícia chega ao meu apartamento, mal


conversamos. Na verdade, nem tenho tempo de levá-la até a minha
jacuzzi, no segundo andar. No meio do caminho, ela se joga no
chão, ficando de joelhos em frente a mim, abrindo meu zíper,
afastando a minha cueca, e começa a bater punheta para mim.
Nem tempo tenho de lhe oferecer o champanhe que coloquei
na geladeira para a gente. Ela lambe a cabeça do meu pau e me
encara, um olhar experiente e animado. Sorrio para ela, sabendo
exatamente o que ela quer que eu faça. Agarro seus cabelos loiros
e enterro minha ereção em sua boca.
Ela me abocanha de uma vez, exatamente do jeito que eu
gosto, do jeito que me mais me excita. Viro a cabeça para trás e
fecho os olhos, e a imagem de Liberty surge em minha mente.
Ai, caralho. Não, agora não. Não preciso imaginar como
seriam os lábios deliciosos e macios de Liberty em volta do meu
pau. Porra, chamei Patrícia aqui exatamente para tirá-la da minha
cabeça! Digo, das minhas cabeças!
Apesar de saber que não tenho direito de fazê-lo, não deixo
de imaginar que são os lábios carnudos de Liberty me chupando
como se meu pau fosse um pirulito suculento; finjo que são seus
cabelos castanhos que tenho em minha mão, sonho que são seus
gemidos que escuto.
— Nossa, como você está delicioso, gato — a voz de Patrícia
me arranca dos meus devaneios.
— Obrigado, sua boca também está deliciosa — elogio, sem
conseguir olhar para ela.
Em resposta, Patrícia tira a boca e passa a lamber o meu
pau, descendo até as minhas bolas, e as chupa. Puta que o pariu.
Volta a me engolir, e eu sinto minha cabeça encostando em sua
garganta.
Ela me suga tão forte que, em poucos segundos, estou
chegando ao ápice. E é quando eu ouço a voz mais irritante da
minha vida.
— Oh, não acredito! — Liberty berra.
Não. Claro que eu estou imaginando. É claro que Liberty não
está aqui, é só a minha mente louca criando coisas. Apesar de
achar que é tudo fruto da minha imaginação, Patrícia para de me
chupar e, quando eu finalmente abro os olhos, dou de cara com
olhos castanhos cheios de lágrimas.
E não para por aí. Liberty não só nos interrompe, como dá
um verdadeiro show, alegando que é minha noiva grávida. E eu fico
praticamente imóvel do pescoço para cima, sem saber direito como
reagir, mesmo quando Patrícia esbofeteia a minha cara e vai
embora.
Antes que eu tenha a chance de me aliviar na boca
experiente dela. Maldita Liberty.
— Então, podemos ter aquela nossa conversa agora? —
Liberty questiona com um sorriso irônico quando escutamos Patrícia
batendo a porta do meu apartamento.
Ela nem precisa me explicar a que conversa se refere. É
aquela ideia ridícula dela de lhe dar um “curso de sexo”. Mas nem
fodendo. Ensiná-la sobre sexo já vai ser tortura o suficiente. Mas ela
ainda quer que eu a ensine para seduzir outro cara.
— Sério, Liberty? Grávida? — questiono secamente.
— Eu disse que essa história colava — ela responde com
arrogância.
— Já te disseram que é uma excelente atriz?
— A melhor — seus olhos brilham de animação.
Honestamente? Sei que deveria estar puto, mas eu admiro a força
de vontade de Liberty. Se tem algo que ela nunca permitiu, é que
alguém lhe faça desistir de algo. O que ferra é que esse algo agora
sou eu. — Não percebeu quando eu fingi que gozei ontem?
— Não fingiu — digo com segurança.
Porra, posso ser muitas coisas, mas inexperiente é algo que
definitivamente não sou (até Liberty concorda com isso). E eu pude
sentir ela gozando. Senti o corpo dela inteiro relaxando de prazer.
— Não quero perder mais tempo discutindo contigo — ela se
joga em uma das poltronas que deixo espalhadas pela parte coberta
do deque do segundo andar. — Podemos começar a nossa lição?
— Saia do meu apartamento AGORA! — aponto na direção
das escadas.
— Ah, não antes da minha lição — ela insiste, tirando um
bloco de papel da bolsa.
— Não vai ter aula, lição, porra nenhuma — digo secamente.
— Está me entendendo?
Os grandes olhos se arregalam, e ela fica com os olhos
cheios de lágrimas, e os lábios trêmulos. Mas que porra...
— Acho que... Acho que preciso conversar com a Ary — ela
diz, com a voz fraca.
— Sobre o quê? — questiono, desconfiado da expressão de
tristeza na face dela e, ao mesmo tempo, sentindo uma necessidade
quase irresistível por consolá-la.
— Sobre como o melhor amigo dela de todos os tempos se
aproveitou de mim... — ela diz, e uma lágrima (de crocodilo) desce
por sua bela face.
— Não me aproveitei de você, Liberty — digo entredentes.
— Eu estava tão bêbada... — ela diz, e outra lágrima cai dos
seus olhos, numa performance que deixaria Steven Spielberg
impressionado. — E ele ficou esfregando o pau experiente dele
contra meu corpo virginal...
— Liberty.... — digo em tom de aviso, tentando ignorar como
o pau em questão vibra só de lembrar como foi maravilhoso sentir a
bunda empinada e durinha dela contra ele.
— E o melhor amigo de todos os tempos de Ary sempre
prometeu que NUNCA-JAMAIS-NEM FERRANDO tocaria sua
irmãzinha...
Merda. Essa garota vai ser meu fim.
— Temos um acordo — eu me obrigo a responder, sabendo
que esta foi a decisão mais estúpida que já tomei, mas não consigo
pensar em outra solução. Infelizmente, minha cabeça de cima mal
consegue funcionar, já que a cabeça de baixo só faz lembrá-la da
bunda gostosa de Liberty, e como eu adoraria se ela esfregasse
outras partes dela em mim — Com algumas condições.
— Condições? — ela pergunta, já ficando desconfiada.
— Condição número 1: nunca mais interrompa um boquete
do seu professor — eu informo, e ela sorri de forma vitoriosa.
— Quer que eu te dê um tempinho no banheiro para você
terminar o serviço com seu punho? — ela oferece.
— Só se você me acompanhar — faço a contraoferta só para
irritá-la.
— Deus me livre, não sei onde mais sua boqueteira enfiou a
boca. Ou onde mais você enfiou seu pau. Acho melhor você lavar
isso aí com água oxigenada — ela comenta ironicamente.
— Condição número 2: nada de falar mal das minhas... — eu
me interrompo, sem saber bem como me expressar.
Amigas? Amantes? Parceiras do sexo?
Que merda. Não deveria ter começado com essa condição
em particular. O que quer que eu diga, Liberty vai dar um jeito de
jogar contra mim.
— Nem sabe como chamá-las? — ela questiona com
sarcasmo.
— Amigas — decido, e ela apenas solta uma gargalhada. —
Condição número 3: essa história de curso sobre sexo fica entre
nós. Nunca falaremos disso para a Arizona.
— Prometo — pela primeira vez, ela responde seriamente, e
sei, pela expressão nos seus olhos, que não está brincando.
Isso realmente será nosso segredo. Nem acredito que eu e
Liberty vamos compartilhar qualquer coisa, muito menos um
segredo, mas enfim... A vida pode nos surpreender.
— Tudo bem, então — aperto a mão dela, e selamos o
acordo. — Por onde quer começar?
— Também tenho algumas condições — ela diz, ainda
segurando a minha mão.
— Claro que tem — respondo, me esforçando para não
demonstrar minha impaciência no tom.
— Condição número 1: quero que faça um exame de sangue
com TODAS as DSTs reconhecidas pela OMS — ela exige, soltando
a minha mão para me mostrar o indicador.
— Já disse que sempre uso camisinha, Liberty — repito
duramente, já puto com essa história de DST.
— Não estava usando camisinha enquanto a sua “amiga” —
ela usa os dedos para indicar as aspas — te dava um boquete.
— Você tem uma boca bem suja para quem é virgem —
comento, já sentindo o pau ficando duro de novo com toda essa
conversa, sem conseguir parar de olhar para a boca de Liberty e
imaginá-la exatamente onde a boca de Patrícia estava alguns
minutos atrás.
— Condição número 2: enquanto tivermos nossas aulas, vai
usar camisinha em TODAS as situações, inclusive a que eu
presenciei hoje — ela exige, mas não sinto nenhum problema em
me comprometer com esta condição.
— Tudo bem.
— Condição número 3: enquanto tivermos nossas aulas, sua
boca não vai tocar nenhuma parte de outra mulher.
FODA-SE!
— COMO É QUE É?
— Você me ouviu — ela responde calmamente. — Não há
camisinhas para a boca, portanto...
— Nem fodendo!
Ela quer controlar como eu faço sexo? Posso adorar um
boquete, mas também adoro dar prazer a mulheres, adoro chupar
cada centímetro de seus corpos e...
— Qual é, Stone! Você nem curte beijar mesmo — ela
levanta os ombros.
Em primeiro lugar, eu faço MUITAS coisas com a minha boca
em locais bem distantes dos lábios de outras mulheres.
Em segundo lugar, eu adoro beijar. Especialmente a Liberty.
Porra, como eu amei beijá-la.
— Não é verdade — olho para a boca dela. — Eu gosto de
beijar na boca, sim.
Particularmente a dela.
— Beijou a mulher que estava contigo agora há pouco? —
ela questiona, cruzando os braços.
E é quando eu me dou conta. Não, eu não beijei a Patrícia
hoje. Na verdade, eu não me recordo de já ter beijado a Patrícia.
Talvez algumas vezes, quando começamos o nosso... Acordo.
— Eu... — começo a responder, mas aí eu realmente tenho
dificuldade de me lembrar qual foi a última vez que eu beijei na
boca. Antes da Liberty. E, como quero continuar beijando a boca
dela, e sei que ela não vai me deixar tocá-la a menos que eu
cumpra essa condição em particular, eu acabo cedendo. — Tudo
bem.
— Ótimo — ela sorri, e levanta-se da poltrona. — Podemos
começar então.
8
Libby

Nós acabamos indo até a sala de TV para a nossa primeira


aula. Fico, mais uma vez, impressionada com o ambiente, porque,
apesar dele chamar de sala de TV, parece mais uma biblioteca.
Há uma parede inteira com pesadas prateleiras com a
mesma madeira escura do restante da casa, cheia de livros de todo
o tipo, e o mais interessante é que eles parecem ser bastante
usados.
Na outra parede, há uma TV com mais polegadas do que
consigo identificar, com um sistema de som que parece complexo, e
vários aparelhos que nem consigo identificar. Sou do tipo de pessoa
que prefere livros, e minha televisão ainda é a que eu tinha na casa
dos meus pais, uma senhora respeitável dos anos 1990.
Milo acomoda seu corpo de um metro e noventa no amplo
sofá, e eu decido me acomodar em uma das poltronas ao lado. Tiro
o meu caderno da bolsa, e pego também lápis, caneta, borracha e
alguns marcadores de texto.
Sou uma garota preparada.
Respiro fundo e faço a primeira pergunta que anotei:
— Sobre o que posso falar no primeiro encontro?
Podem rir à vontade, mas essa é uma das minhas maiores
dificuldades. Eu NUNCA sei o que dizer, o que seria inadequado
dizer, ou o que poderia ser considerado legal e interessante. O que
vai divertir o meu date ou o que vai entediá-lo. E, quanto mais
nervosa eu fico, pior fica a minha conversa.
Uma vez, eu fiquei tão ansiosa em um date que comecei a
falar de um documentário sobre o comportamento das lesmas. Por
sinal, era tão chato que eu dormi no meio.
— Essa pergunta é péssima — Milo, como sempre, me
critica.
— Esse é meu curso, essas são as minhas perguntas —
resmungo de volta.
— Você é quem sabe — ele levanta os ombros.
Ah, que ódio. Ele sabe muito bem que eu sou curiosa. Agora,
ele deixou uma pulga no tamanho do Grand Canyon atrás da minha
orelha. Afinal de contas, ele é o experiente aqui. Então, se ele acha
que minha pergunta é irrelevante, eu quero saber o que ele
consideraria uma ótima pergunta.
— Qual seria a primeira pergunta que você faria se você
estivesse em meu lugar?
— Ah, garota esperta — babaca insuportável. Reviro os olhos
teatralmente, e ele solta uma gargalhada. — A melhor pergunta a
fazer seria: como ser a garota que todos desejam, mas que o
almofadinha não pode ter?
Que pergunta idiota. Claro que Sean pode me ter. Eu
inclusive quero que ele me tenha, me possua, me tome como sua. É
o objetivo inteiro deste MALDITO curso! Quero dizer tudo isso, mas,
sabendo que esse curso é importante, respiro fundo e me seguro
para manter a civilidade.
— Como assim, a garota que Sean não pode ter?
— Há várias formas de não poder ter uma garota — ele
responde, inclinando-se para a frente, seu rosto ficando mais
próximo do meu. — Uma delas é quando a garota claramente não
tem esse tipo de interesse em você.
Ele está falando de joguinhos, de se fazer de difícil, de fingir
desinteresse. Eu. Detesto. Joguinhos.
— Não estamos na escola, Stone — comento secamente. —
Não vou ficar fingindo que odeio o Sean.
— Não, isso você fez comigo na escola — ele diz, uma
sobrancelha levantada, e um sorriso arrogante despontando nos
lábios.
Se eu não estivesse tão desesperada para ter esse curso, ia
embora agora. Como eu detesto esse cara.
— Vá por mim, não foi fingimento — meu tom está tão frio
quanto o Ártico.
No inverno.
Ele encolhe os ombros de forma arrogante, fingindo não se
incomodar com a minha resposta. E isso é o mais estranho: eu sei
que ele está fingindo, porque vejo, nos olhos dele, que minha
resposta o incomodou profundamente.
Por que ele ficaria tão incomodado com isso? Ele sempre
soube que eu o desprezo, nunca fiz questão de escondê-lo (muito
pelo contrário). Talvez, seja o ego dele; Milo é o tipo de pessoa que
está acostumado a ser adorado, especialmente pelo sexo oposto.
— De qualquer forma, o que você precisa fazer é garantir que
o seu chefe te veja como uma mulher muito comível, mas você
precisa deixar claro que não o vê da mesma maneira.
Passo as mãos pelos cabelos, tentando me forçar a confiar
na opinião dele, apesar de não gostar nada do que ele está dizendo.
— Isso não vai afastá-lo? — pergunto.
— De forma alguma: vai deixá-lo mais interessado. Vá por
mim: vai conseguir um convite para um primeiro encontro em menos
de um mês.
Ainda duvido muito desse método dele. Mas, depois de anos
sem resultado, talvez valha a pena mudar a estratégia. Só tem um
probleminha...
— E como vou fazer para ficar...
— Ficar mais comível? — ele termina a minha frase para
mim, sorrindo daquele jeito de homem sedutor dele.
Affff.
— Pode não falar como se eu fosse um objeto sexual?
— Vá por mim: neste momento, você quer que ele a veja
como um objeto sexual — ele responde olhando para mim como se
eu fosse o objeto sexual que ele mais deseja no mundo.
Sério, como tantas mulheres podem cair na ladainha desse
cara?
— Não — discordo profundamente do diagnóstico dele —, eu
quero que Sean me deseje, mas de uma forma respeitosa, que ele
me admire como mulher e profissional, que ele...
— Puta que o pariu, é por isso que você ainda é virgem —
ele me interrompe. De forma NADA respeitosa.
— Cala a boca, Stone! Nem todos os homens são pervertidos
sexuais como você.
— Você quer ou não o Sean?
Droga.
— Quero — respondo sinceramente, e, mais uma vez, vejo
um incômodo que não consigo compreender em sua expressão.
— Então deixa eu ser bem claro: ele precisa ficar o dia inteiro
pensando em como o pau dele vai ter prazer com todos os seus
buracos.
Respiro fundo, tentando ignorar o incômodo que sinto quando
o Milo fala assim do Sean. Preciso ouvir essas coisas. Preciso me
acostumar a falar de sexo, se quiser fazer sexo.
— Mas...
— Ele já a respeita, Liberty — Milo argumenta. — Vai ver,
esse é o problema: ele a respeita demais. Ele precisa ver como
Liberty James, a maior nerd da empresa dele, pode ser também
uma devassa gostosa na cama.
— Não sou devassa — digo, sentindo minhas bochechas
queimarem.
— Ah, mas é. É só lembrar como você gritou que nem atriz
pornô enquanto eu a fazia gozar.
Desgraçado. Ele está fazendo isso para me deixar mais
desconfortável do que já estou. Então, posso incomodá-lo de volta
com o maior prazer.
— Você quer dizer, enquanto eu fingia gozar — minto
descaradamente.
Na verdade, foi a facilidade com a qual ele me fez chegar ao
ápice que me convenceu, de uma vez por todas, que eu preciso da
ajuda de Milo.
— Ninguém consegue fingir a cara de puta safada que você
fez, Liberty.
— Você tem problemas — reviro os olhos, e tomo um gole da
água gelada que ele me ofereceu, tentando acalmar a minha
respiração.
— Eu tenho é razão — ele diz com arrogância.
— Não tem nada. O Sean nunca gostaria de uma mulher com
cara de...
— Puta safada? — ele repete a expressão ofensiva, e meu
“eu” feminista encolhe em agonia. Mas o meu “eu” feminista tem que
deixar de ser virgem e se tornar mais liberal sexualmente, então eu
me forço a não responder ao termo que ele usa. — Mas essa cara
ele só vai ver depois de MUITOS encontros, Liberty.
Quê? Mas ele não acabou de dizer...
— Então, que cara devo ter? — questiono, sem saber o que
anotar no meu caderno. — Isso está tão confuso.
— Não é confuso. Você pode continuar com esse seu jeito
nerd de ser...
— Não sou nerd! — eu me defendo, sem acreditar que
considerei o termo “nerd” mais ofensivo que a história da “puta
safada”.
Talvez, a companhia do Milo esteja me transformando em
uma pervertida sexual também.
— Mas também pode apimentar um pouco — ele diz, me
deixando ainda mais perdida. — Sabe, uma mistura de bibliotecária
com modelo da Victoria’s Secret?
Ah, agora que o Milo enlouqueceu de vez.
— Não sei ser assim, Milo!
Se eu soubesse ser modelo da Victoria’s Secret, não
precisaria da maldita ajuda dele!
— Claro que sabe, Liberty! — ele se levanta, e volta a se
sentar em um dos braços da poltrona. — Você estava
EXATAMENTE assim na festa: bem o perfil da bibliotecária sexy e
muito gostosa.
Quando ele diz isso, eu me lembro de como ele me tocou
quando não sabia quem eu era. Como ele dançou comigo. Como
me fez sentir a mulher mais desejada do universo. Eu nem sabia
que era possível ser tão desejada daquele jeito.
— Foi por isso que você... Hum....
— Dancei contigo enquanto pressionava meu pau duro contra
sua bunda? — ele comenta sorrindo. — Chupei seus peitos até
você gozar? Te penetrei com a língua como se estivesse fodendo
sua boceta?
— Quer parar de falar assim? — peço, sem saber se eu
gargalho ou se enfio a minha cabeça entre as grandes almofadas
espalhadas pelo chão.
— Não, Liberty! — ele reclama, e levanta meu queixo para eu
encará-lo. — Se quer ter uma vida sexual, tem que se acostumar
com esse tipo de coisa!
— Sean não é vulgar.
— Então ele deve ser um pau mole — ele diz com desgosto.
— Daqueles bem merdas na cama. Minha principal teoria é a do
buraco no lençol, como eu já te disse.
Novamente, ignoro a tentativa dele de ofender o Sean. Se eu
quiser que esse curso seja um sucesso, terei que aprender a ignorar
as tentativas de Milo de me ofender e me provocar.
— De qualquer forma, para eu ficar daquele jeito
“bibliotecária sexy” da festa eu tive que LITERALMENTE beber até
vomitar — eu o recordo.
— Não é para isso que estamos aqui? Para você praticar?
Vamos até sua casa, para vermos seu armário e escolher as roupas
que você vai vestir comigo nos próximos dias. Algo com decote, ou
que mostre essas pernas longas, ou que marque o formato da sua
bunda gostosa e...
— Não! — grito, e desta vez, sou eu que me levanto. — Não
quero mais me vestir assim. Eu realmente não fiquei confortável na
festa.
Na realidade, só fiquei confortável na festa depois de bêbada,
especificamente enquanto a gente dançava.
— Mas você não estava vulgar nem nada, Liberty — ele
insiste. — Estava sexy e elegante.
Sério? Ele me achou sexy e elegante? Queria acreditar no
Milo, mas, considerando os parâmetros dele (lembram-se da
Patrícia?), não sei se o Milo é a melhor pessoa para decidir se meu
look é sexy, ou elegante.
Ainda assim... O vestido que peguei emprestado da Arizona
me deixou bem desconfortável por outro motivo. Um motivo sobre o
qual terei que discutir com o Milo, se quiser que ele me ajude, por
mais que deteste falar sobre isso.
Nem com Arizona falo sobre isso.
— É que... Eu... Eu tenho vergonha do meu corpo — admito,
sentindo as bochechas queimarem de novo.
— Ah, mas a gente vai resolver isso agora mesmo — Milo
diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo, me observando
dos pés à cabeça como um predador observa a sua presa.
— Como? — questiono, sentindo meu corpo inteiro tremer de
nervosismo.
— Você vai tirar a roupa, Liberty. Na minha frente.
9
Milo

Por um momento, eu nem acredito no que acabei de propor.


Porra, se já estou duro com Liberty totalmente vestida, imagina
como ficarei se ela tirar a roupa? Por outro lado, se eu topei ajudá-
la, então ao menos tenho que fazer meu trabalho direito.
E eu vou ter falhado miseravelmente se terminarmos o curso
sem Liberty entender que ela não tem NADA do que se
envergonhar. Muito pelo contrário.
Como uma mulher com o corpo da Liberty pode ter
vergonha? Conheço mulheres que sofrem (e muito) para terem
corpos que não chegam nem aos pés do dela. Ela não é aquela
mulher estereótipo modelo, felizmente. Liberty tem várias curvas, e
eu quero explorar cada uma delas.
Porém, antes disso, eu tenho que convencê-la a fazer o que
eu disse.
— Nem ferrando! — ela grita, ficando vermelha que nem
tomate.
— Liberty, não adianta de nada nós fazermos isso se você
não confiar em mim — eu lhe digo seriamente, porque é a mais pura
verdade. Cá entre nós, eu nem confio muito em mim mesmo perto
da Liberty, mas eu jamais faria algo para prejudicá-la. — Por que
tem vergonha do seu corpo?
— Além de todas as imposições machistas da sociedade
Ocidental, o meu ÚNICO namorado sério virou padre, lembra-se?
Sei que não deveria falar mal de alguém que se dedica à
religião, mas esse padre com quem ela namorou realmente a
traumatizou.
— Ele ter virado padre tem a ver com as crenças dele, não
contigo — explico o que para mim é óbvio.
Agora, honestamente, se eu tivesse intenção de virar padre,
ia desistir rapidinho pela Liberty. Mas, cada um com suas
prioridades e crenças, não é mesmo? Quem sou eu para questionar
as dele?
— Até parece — ela resmunga, ficando ainda mais
desconfortável.
Levanto-me, e caminho até sua poltrona, ajoelhando-me em
frente a ela, meus olhos ficando na altura dos dela. Como fiz mais
cedo, seguro seu queixo, até os olhos castanhos que me
perseguiram a vida inteira olharem fundo nos meus.
— Você é linda — digo sinceramente, quando ela finalmente
olha para mim. Sem que eu consiga controlar, meu olhar baixa para
as curvas dos seus seios, e eu me lembro como foi delicioso tê-los
em minha boca. — E gostosa. Pra caralho.
— Você diz isso a todas — ela sussurra, mas sua respiração
entrecortada.
— Eu NUNCA fiquei duro tão rápido como contigo naquela
festa, Liberty — admito, sem ter coragem, entretanto, de dizer que
os lábios dela foram os mais doces, os seios dela, os mais
suculentos, o cheiro dela, o mais irresistível.
Ela sempre foi... Ela. Diferente. Única. Aquela que eu nunca
pude ter. Aquela que nunca me quis.
— Mentira — ela acusa, mas noto dúvida no seu olhar.
— É verdade — insisto, tocando a testa dela com a minha. —
Eu nem tinha te tocado. Bastou eu te ver na pista de dança, que eu
fiquei tão duro que até fiquei dolorido.
— Okay, já entendi seu ponto — ela afasta o rosto do meu, e
revira os olhos com impaciência.
Decido provocá-la ainda mais. Mas, pela primeira vez, eu a
provoco com verdades, não mentiras.
— E, quando cheguei em casa, tive que bater três punhetas
no chuveiro antes de conseguir me acalmar o suficiente para dormir.
— Eu. Já. Entendi. O. Seu. Ponto.
Ela fica tão irritada com minha confissão que quero rir. Quero
pegá-la no colo, levá-la até meu quarto, e ser eu a tirar a roupa dela.
Mas sei que não é isso que ela precisa. Ela precisa deixar de ter
vergonha. E isso só vai acontecer se a iniciativa for dela.
Como não consigo parar, e quero que ela entenda o quão
lindamente gostosa ela é, continuo com as minhas confissões:
— Ainda passei a noite inteira sonhando contigo, e acordei
todo sujo de porra na manhã seguinte — admito que já tinha
sonhado com ela algumas (ou milhares) de vezes antes, mas nunca
havia sido tão intenso, tão real. — Eu nunca tinha gozado durante o
sono, Liberty, mas você...
— JÁ ENTENDI O SEU PONTO! — ela grita, e se levanta, e
eu tenho que pular para trás para não cair.
— Que bom — digo, e me acomodo na poltrona onde ela
estava. — Agora tire a roupa.
— Não — ela diz, e instintivamente cruza os braços sobre os
seios.
— Que tal uma peça por uma peça? — sugiro, já me
levantando para me aproximar dela. — Eu tiro uma peça de roupa, e
você faz o mesmo.
Antes que ela possa discutir, tiro a camisa de flanela que
estava usando. Liberty tira uma sandália. Tiro a camisa, e noto, com
orgulho, Liberty apreciando meus braços, meu abdômen, minhas
tatuagens.
Ela leva longos segundos até se dar conta de que está me
babando. Eu é que não vou reclamar. Ela covarde que é, tira apenas
a outra sandália. Solto uma risada e tiro o cinto. Agora ela se ferrou,
porque está sem joias ou relógio, e veste apenas um vestido.
Como adoro quando mulheres usam apenas uma peça de
roupa.
Vejo a insegurança em seus olhos, então me aproximo ainda
mais dela, coloco as minhas mãos sobre as suas, e a ajudo a tirar o
vestido, deixando-a apenas de calcinha e sutiã.
Não é uma lingerie de seda ou renda. É um conjunto simples,
de algodão, mas é a visão mais sexy da minha vida. Há quanto
tempo eu quero ver a Liberty assim, só de calcinha e sutiã? Desde a
adolescência, se eu for sincero.
Por um momento, eu não consigo pensar. Não consigo falar.
Não consigo nem formar pensamentos lógicos. Apenas consigo
admirá-la.
— Porra, você é linda — digo quando ela limpa a garganta.
De repente, os centímetros de distância entre nós são mais
do que eu posso suportar. Eu a puxo pela cintura, colidindo o corpo
dela contra o meu, e enterro meu rosto em seu pescoço, inspirando
profundamente o cheiro de lavanda.
— O que está fazendo?
— Chegou a hora mais prática da aula, Liberty — digo contra
a pele do seu pescoço, e a aproximo ainda mais de mim, e ainda
não é próxima o suficiente.
— Mas... Não íamos tirar todas as peças? — ela questiona
meio sem ar, a pele que eu toco ficando arrepiada, me deixando
ainda mais excitado.
— Calma, gostosa. Você vai ver tudo o que Milo Stone tem a
oferecer em breve — digo de forma arrogante, e ela solta um som
de irritação.
— Ah, seu...
— Você está pronta para gozar de novo, Liberty? — eu a
interrompo, e, antes que ela possa reclamar de novo, a carrego até
a poltrona, onde eu me sento com ela em meu colo, um joelho de
cada lado da minha cintura, e os peitos deliciosos esfregando na
minha cara.
Ela ainda está de calcinha e sutiã, mas posso lhe garantir
que, neste momento, estou no melhor lugar do mundo.
***
Libby

Estou prestes a fazer uma pergunta, mas eu a esqueço no


instante em que Milo abaixa meu sutiã e abocanha um mamilo.
— MILO! — eu berro, e puxo-o pelos cabelos, aproximando o
rosto dele ainda mais do meu seio.
Enquanto ele brinca com meu seio, uma de suas mãos vai
até a minha calcinha, e afasta o elástico, e ele me toca lá. Começa a
massagear meu montinho, e eu solto um gemido que todo mundo
no prédio dele com certeza ouviu.
— Grita meu nome de novo, Liberty — ele sussurra contra
meu seio, e continua massageando meu montinho, me deixando
enxarcada.
— Milo, por favor...
— Por favor, o quê? — ele questiona, e me encara, com a
boca colada no meu seio, os olhos escurecidos por desejo.
— Quero mais — digo, e ele solta um grunhido antes de me
chupar com mais força e enterrar um dedo dentro de mim.
Grito novamente, e começo a rebolar em volta do dedo dele.
Nenhum homem enfiou o dedo em mim. É meio estranho, mas
também é delicioso, porque Milo me toca em lugares que eu jamais
imaginei que poderiam me dar prazer.
De repente, eu também sinto a necessidade de tocá-lo.
Coloco a minha mão entre nós, e começo a massagear a ereção
dele sobre as calças.
— Porra, Liberty! — ele grita, e enfia o dedo com mais força,
mais rápido, enquanto continua chupando meus mamilos, trocando
de seios de forma desesperada, me deixando ainda mais molhada,
ainda mais excitada.
Entro no ritmo dele, massageando sua ereção mais rápido,
com mais força. Nós paramos de falar; apenas gememos, gritamos,
e vamos criando um mundo só nosso, em que há apenas meu toque
e o dele, meu prazer e o dele.
É como se eu conseguisse ler seus pensamentos; como se
eu soubesse exatamente como ele quer ser tocado, quando ele quer
mais rápido, ou mais forte. E ele faz o mesmo, enfiando às vezes
com mais força, às vezes mais devagar, às vezes chupando meus
mamilos, às vezes lambendo meus seios, às vezes me
mordiscando.
Quando eu chego ao ápice é intenso, violento, visceral. E eu
sei que ele chega ao ápice junto comigo, porque ele grita forte
enquanto eu aperto seu dedo dentro de mim, e sinto sua ereção
ficando úmida na minha mão.
Assim que terminam as ondas do ápice, eu passo longos
minutos no colo dele, controlando a respiração e os batimentos
cardíacos. Quando eu finalmente estou bem o suficiente para me
mover, Milo me ajuda a levantar e a me vestir, como se tivéssemos
feito isso montes de vezes.
E ele não apenas me veste; ele me provoca, beijando meu
pescoço, mordiscando a minha orelha, lambendo minha nuca, me
deixando arrepiada dos pés à cabeça, me fazendo sentir desejada.
Depois que eu termino de me vestir, ele vai trocar de roupa, e
volta com sanduíches e suco de laranja. Jamais imaginei que isso
poderia ser possível mas... Eu me divirto com Milo.

Nós comemos os sanduíches enquanto falamos das


peripécias do Xodó. Eu mostro a ele as fotos dos animais que eu
recebi em casa nos últimos meses para fazer lar temporário. Ele me
mostra algumas fotos dos bastidores da gravação do novo disco.
Eu lhe conto dos últimos anos da minha vida; a faculdade, o
trabalho novo, meu trabalho voluntário no abrigo que o Sean ajuda a
patrocinar. Ele me fala dos seus pais, do sítio novo deles na
California, das viagens que fez durante as turnês.
Falo dos lugares que quero conhecer. Ele fala dos lugares
que adorou conhecer.
É tão... Normal. E tão estranho. Mas confortável ao mesmo
tempo. Quando eu me dou conta, já está anoitecendo, e eu me
despeço dele selando nosso acordo.
— Então vamos ter duas aulas por semana até a sua próxima
turnê! — repito o que acordamos. — É isso, então?
— Você não me deu muita escolha, Liberty — ele comenta,
mas sei que não está falando sério por causa do sorriso que
desponta dos seus lábios.
— Não. Não dei mesmo — sorrio de volta, e ele solta uma
risada.
Eu me dirijo até a porta, mas ele me segura pelo braço.
— Só tenho mais uma condição.
Mais uma?
— Qual? — questiono, já ficando desconfiada.
Ele fica sério.
— Não fodo virgens.
Ah, então Milo Stone está de volta. Reviro os olhos com o
comentário presunçoso dele e esclareço:
— Até parece que eu vou querer perder a virgindade com
você, Stone.
— Até parece que eu vou querer tirar a sua virgindade — ele
replica com irritação.
De alguma forma, esta discussão entre nós me faz sentir
normal também. É assim que sempre fomos: a pedra no sapato do
outro.
Baixo os olhos até a virilha dele, e meu sorriso se alarga com
o que vejo.
— Se não quer foder esta virgem aqui, por que então ficou
duro de novo?
A seriedade desaparece do seu rosto, e ele gargalha tanto
que chega a segurar o estômago.
— Olha quem está aprendendo a provocar... — ele comenta,
colocando uma mecha dos meus cabeços atrás da orelha.
— No próximo encontro, vai me ensinar a seduzir direito —
digo, e vou embora me sentindo melhor.
Acho que esse curso vai dar certo. Melhor se preparar, Sean.
Em breve, você será meu.
10
Conversa entre Milo e Libby...

Milo: Bom dia, gostosa. Acordou com os seios doloridos


hoje?

Libby: pode por favor parar de enviar essas mensagens?


Não posso falar disso com você agora. Quase viram!

Milo: Essas mensagens são a melhor parte do meu dia! Digo,


segunda melhor parte, logo depois de fazer você gozar até ficar com
essa boceta virgem dolorida. Imagina quando começarmos a brincar
com as armas de verdade...

Emoji de berinjela e de batom.

Libby: Não era você quem queria ser mais discreto? Manter
isso em segredo?

Milo: sim, mas eu não me identifico nas mensagens.

Libby: Mas o seu telefone está gravado no meu celular como


Merda Stone. Não é difícil saber a quem se refere.

Milo: é só mudar o registro.

Libby: não vai adiantar muito. Minha irmã parece ter um


detector de mentiras para essas coisas, e não sei se conseguirei
mentir sobre o autor dessas mensagens se ela conseguir vir
alguma.

Milo: Foi Ary quem quase viu a mensagem?

Libby: Sim. Ela percebeu a minha cara de CHOQUE quando


li seu linguajar vulgar.
Milo: ela viu?

Libby: Quase. Eu tive que distraí-la.

Milo: Como conseguiu?

Libby: Fingi que tropecei e joguei suco de laranja na cara


dela. Por sinal, vamos nos atrasar para a campanha hoje. Já avisei
ao Sean.

Milo: LOL. Onde ela está agora?

Libby: tomando banho. Depois de passar longos minutos


assoando o nariz que estava entupido com suco de laranja.

Milo: você não presta, Liberty.

Libby: eu também te odeio.

***
Milo

Sorrio ao ver a última mensagem da Liberty e deixo o celular


em cima da ilha da cozinha. Já que Liberty e Arizona vão se atrasar,
decido tomar meu café da manhã com muita calma e paciência.
Na verdade, decido tomar dois copos bem grandes de café,
já que passei boa parte da noite ou pensando em Liberty, ou tenho
sonhos eróticos com ela. Essa história de curso de sexo mal
começou e já ferrou meu sono.
Não que eu esteja reclamando...
O verão mal começou e já está quente para cacete, então
aumento a potência do ar-condicionado central do apartamento e
ligo a televisão, decidindo assistir ao noticiário. Em geral, o noticiário
da manhã é o que tem menos violência, então é o meu favorito.
— E o verão começa com uma ótima notícia para os fãs de
Milo Stone, Robert. Ele acaba de gravar um novo álbum com sua
equipe.
Sorrio ao escutar a primeira notícia do dia. Eu e Arizona
fazemos o que fazemos porque amamos. Mas, saber que já estão
falando do álbum antes de ser lançado é excelente sinal; vai
aumentar as vendas da turnê.
Eu e Arizona geralmente dividimos tudo 50/50, já que
escrevemos todas as músicas juntos. Este ano, decidimos doar
oitenta por cento dos lucros da turnê a algumas das nossas ONGs
favoritas, e os outros vinte por cento vamos dividir igualmente entre
nossos funcionários favoritos.
Eu e Arizona já arrecadamos mais dinheiro com nossas
músicas do que poderíamos gastar. Já tenho meu apartamento,
comprei o sítio dos meus pais, e construí a nova clínica veterinária
deles, onde conseguem atender diversos animais de forma gratuita.
Arizona também já comprou imóveis para ela, a irmã e os
pais, além de já ter ajudado várias outras pessoas da família.
Chegou a hora de contribuirmos mais com a sociedade, com
nossa comunidade e nossa equipe, e é nisso que temos
concentrado nossos esforços nos últimos anos, e é o principal
motivo pelo qual decidimos trabalhar de graça na campanha de
marketing da empresa do Sean.
— Mas não é esse o assunto mais comentado nas nossas
redes sociais sobre Milo Stone, Fiona — o âncora diz à jornalista, e
eu imediatamente fico preocupado.
— Não? Do que mais diabos estariam falando? — eu não
tenho nenhuma namorada há anos, não fui a qualquer festa (a não
ser a do Sean), e sequer viajei nas últimas semanas, desde que
terminamos o novo álbum.
— Há diversos rumores circulando sobre os muitos casos
amorosos envolvendo Milo Stone.
Mas que porra.... Que casos amorosos? Sim, sempre estou
saindo com alguma mulher, mas não arranjei nenhuma “amiga com
benefícios” nova nos últimos meses.
— Rumores sobre suas aventuras amorosas já circulam a
internet e os jornais desde o início da sua carreira, mas novos
testemunhos o envolvem em casos, no mínimo, bizarros.
Ah, merda. Isso não está soando bem.
— Verdade, Robert — a outra âncora, Fiona, diz com
animação, o que nunca é bom sinal quando estão se referindo a
boatos a meu respeito. — Um dos rumores que circulam dizem que,
por conta de seu relacionamento com diversas amantes, que podem
chegar aos milhares, Milo Stone adquiriu doenças sexualmente
transmissíveis que ainda sequer foram identificadas pela
Organização Mundial da Saúde.
QUÊ? Mas eu sempre uso camisinha, porra! Por que nunca
circulou nenhum “boato” falando como sou absolutamente paranoico
com proteção?
— Muito preocupante, Fiona— O tal Robert fica sério de
repente, indicando que essa notícia vai ficar ainda pior. Acho que
comemorei com antecedência. — Nossa equipe entrou em contato
com a OMS e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a
FDA, mas ainda não obtivemos resposta sobre essa nova DST, que
já vou batizada de DST Stone.
— MAS QUE PORRA É ESSA? — grito, enquanto meu
celular começa a apitar.
Claramente, o pessoal da minha equipe já está ciente do que
estão falando a meu respeito. Só espero que essa notícia não
chegue aos meus pais, que estão fazendo um cruzeiro pela Grécia.
Eles não tiram férias há muitos anos.
— Nossos jornalistas também foram informados por fontes
próximas ao Sr. Stone que ele tem um fetiche nada higiênico: ele
gosta que suas parceiras urinem nele.
O que diabos está acontecendo? De onde diabos eles tiraram
essas informações? Que maldita fonte é essa?
Ignorando as mensagens da minha equipe, envio um áudio
ao meu advogado para que ele me ajude com essa questão.
Não sou do tipo de pessoa a favor de silenciar a mídia, mas
tampouco posso ficar de braços cruzados quando eles contam
mentiras escancaradas sem qualquer base.
— Extremamente preocupante, Fiona — seria preocupante
mesmo, se fosse VERDADE! — Temos, ao telefone, o prefeito de
São Francisco, que vai falar um pouco sobre essa questão.
— Fico muito decepcionado que o Sr. Milo Stone esteja
praticando sexo sem proteção ou higiene.
— QUÊ? NUNCA! — grito, e decido mandar uma mensagem
à secretária do prefeito, cuja campanha, por sinal, recebeu meu
apoio.
Políticos realmente não são confiáveis. Ele sequer checou a
informação comigo antes de vir me criticar.
— Pior ainda: ele está destruindo a inocência de nossas
jovens mulheres — desta vez, é o jornalista babaca que entrevista o
prefeito quem faz o comentário. — Onde isso vai parar?
Vai parar na mentira RIDÍCULA desses desgraçados
sanguessugas! Quando eu era mais novo (e ingênuo), eu respeitava
muito a profissão de jornalistas. Mas a fama tem um jeito esquisito
de destruir nossa ingenuidade.
— Têm alguma ação preparada para combater o problema,
prefeito? — o jornalista questiona em frente à prefeitura de São
Francisco, um belo prédio branco em estilo arquitetônico de Belas
Artes.
Eu fui inúmeras vezes a este prédio durante a campanha do
prefeito, para ajudá-lo a conseguir mais eleitores jovens. Se
arrependimento matasse...
— Sim, já temos ação preparada. Nós vamos fazer uma
campanha de sexo seguro e higiênico, além de uma campanha para
que mulheres não façam sexo com Milo Stone até que descubramos
os sintomas da DST Stone.
— Essa DST não existe, PORRA! Não tenho DST nenhuma!
De onde eles tiraram essa história? — digo em voz alta, puxando os
cabelos, sem conseguir acreditar em todas as mentiras que estão
contando.
A mídia sempre teve o costume de “exagerar” nas fofocas a
meu respeito, mas, geralmente, há algum fundo de verdade no que
eles dizem. Mas isso? Estou me sentindo em um filme de ficção
científica.
— Aparentemente a história começou a circular a partir de
uma festa beneficente que aconteceu nos últimos dias, onde uma
amiga íntima do Sr. Stone falou de alguns dos seus fetiches — eles
anunciam.
Só podem estar falando da festa da empresa do Sean. Não
fui a qualquer outra festa nos últimos tempos.
— E nós conseguimos imagens exclusivas da informante.
Quando eles anunciam isso, meus olhos grudam na tela e
meu coração palpita. Mal posso esperar para saber quem foi essa
informante. Ela será processada o quanto antes.
Porém, o rosto que vejo não é o de alguém que eu vá
processar. É de alguém que eu quero esganar. O rosto familiar da
mulher mais gostosa e irritante de todos os tempos. Claro que foi
ela. Sempre é ela.
— Eu vou matá-la, Liberty.
11
Libby

Quase tenho um ataque cardíaco ao ver meu rosto na


televisão. Ah, mas quando eu descobrir quem foi a maldita que me
gravou falando sobre as DSTs do Milo e o fetiche dele do xixi.
E essa pessoa ainda me filmou com o celular! Sério, onde foi
parar o mundo? Agora, nem posso inventar mentiras à vontade,
poxa!
— Libby, esta é você! — minha irmã afirma com olhos
assustados, assistindo ao mesmo vídeo que eu.
Vídeo esse muito mal gravado, por sinal. Além de traidora, a
pessoa que gravou esse vídeo também é amadora. Se fosse eu
filmando, estaria perfeitamente enquadrado. Se for para fazer
merda, que a faça direito!
— Claro que não — tento manter meu tom neutro e tranquilo.
— Essa garota tem peitos muito maiores que os meus, Ary.
Por sinal, até eu tenho que admitir que Milo tinha razão: meus
peitos ficaram DIVINOS no vestido da Arizona.
— Acha que sou idiota e não me lembro da roupa que estava
usando na festa? Roupa esta que EU te emprestei?
— Tudo bem, tudo bem — levanto as mãos em desistência.
— Mas eles estão exagerando um pouco.
Eu não disse tudo isso que eles falaram. Ou disse? Estava
ainda meio bêbeda e meio ressaquenta, lembram? Sem contar que
estava fula da vida com o Milo. Ainda assim, acho que não disse
todas essas coisas e....
— Então não falou que ele tinha fetiche de ser urinado e que
tem uma DST não reconhecida pela Organização Mundial da
Saúde? — ela questiona.
Droga. Eu acho que falei dessas coisas sim.
— Bem... Eu posso ter mencionado alguma DST, porque,
vamos lá, qual é a chance dele não ter alguma com todas as
parceiras sexuais que ele tem?
— Milo pode ser um galinha sem vergonha — Arizona
reconhece —, mas ele SEMPRE usa camisinha, Libby.
— Camisinhas estouram — eu contra-argumento. Do jeito
que esse homem faz sexo, a chance de uma camisinha nunca ter
estourado é ZERO! — Além disso, há várias doenças que são
passadas por sexo oral. Ele SEMPRE usa camisinha em sexo oral?
— Hã... — ela volta a olhar para a tela da TV, sem conseguir
me encarar, porque sabe que estou certa. Ao menos, parcialmente.
— E o fetiche da urina?
— É a mídia — levanto os ombros, porque nem tenho certeza
absoluta se falei disso. Por sinal: seu fui eu mesma quem inventou
essa história, então deveria ser comediante, porque é hilária.
Assim que eu nego ter sido a criadora da história da urina,
aparece um vídeo meu falando EXATAMENTE disso.
— Ah, merda — Arizona e eu xingamos juntas, e nós nos
encaramos.
E começamos a gargalhar.
— Sério, de onde você tira essas histórias? — Arizona diz,
secando uma lágrima.
— É fácil demais inventar essas coisas sobre o Milo,
conhecendo a reputação dele — respondo, segurando meu
estômago, que começou a doer de tanto que eu ri.
— Ele vai te matar, Libby — ela comenta, agora mais séria.
— Vou ter que virar sua guarda-costas pelos próximos meses.
— Que nada! Milo só assiste TV para ver filme pornô — digo,
porque eu DUVIDO que Milo tenha interesse em ver algo que não
envolva peitos siliconados.
Se bem que.... Depois da quantidade de livros que vi na casa
dele, pode ser que eu esteja errada. Ou, o mais provável é que ele
tenha todos aqueles livros só para impressionar suas convidadas
boqueteiras.
— Você também disse isso sobre ele na festa? — Arizona me
pergunta.
Nós voltamos a nos encarar. E voltamos a gargalhar. Pior que
não tenho ideia se falei que ele era viciado em filme pornô na festa.
— Mas, sério, ele vai saber mais cedo ou mais tarde — ela
reforça o aviso. — Nem que a nossa relações públicas conte para
ele.
— E daí? Eles nem usaram o meu nome — comento,
despreocupada.
Milo não assiste a noticiários, e a relação públicas dele
certamente não sabe quem eu sou. Conheci algumas pessoas da
equipe na festa do Sean, mas nem me apresentei como irmã da
Arizona. Eu sempre quis me manter bem longe da fama dela.
Além disso, digamos que a galera da banda se esbaldou com
toda a história de bar aberto. Mesmo aqueles que me conheceram,
devem ter esquecido do meu nome depois de toda a bebedeira e
ressaca.
— Ele com certeza vai te reconhecer nas imagens — Arizona
afirma com convicção. — Milo não parava de olhar para você na
festa.
Ah, droga. Nos últimos dias, eu venho evitando falar da festa,
porque não quero falar da minha dança com o Milo, e muito menos
do que aconteceu depois da dança. E no apartamento dele.
E, como já falei anteriormente, Arizona parece ter um
detector de mentiras da Liberty dentro dela, porque ela SEMPRE
sabe quando não estou dizendo a verdade.
— Que nada, Ary — comento, sem olhar para ela.
— Eu vi vocês dançando, Libby — ela responde, com
descrença no tom.
— Não. Você viu o merda do seu amigo praticamente me
abusando sexualmente — respondo secamente, e ela apenas sorri
para mim.
— Você parecia estar gostando bastante, Libby.
— Porque eu achei que era o Sean! — eu me defendo, e,
mesmo que tenha gostado do que rolou depois da dança entre nós
dois, eu realmente achei que estava me esfregando no Sean, não
no Milo.
— Ah, agora está entendido — ela comenta, e solta uma
gargalhada. — Bem, eu quase o matei na festa.
— Ele nem sabia que era eu! — não sei por que estou
defendendo o Milo, mas assim eu o faço.
— Sim, e esta é a única razão para eu deixá-lo manter os
testículos.
Quê? Sei que Arizona sempre foi protetora comigo, mas (a)
ela é só um ano mais velha que eu e (b) eu agora sou adulta.
Mesmo que eu quisesse transar com o amigo cheio das DSTs dela,
eu teria direito.
— E se eu quisesse praticamente transar com ele na pista de
dança? — cruzo os braços, demonstrando que estou falando muito
sério.
— Isso nunca aconteceria, Libby — ela diz. — Você o
detesta. Além disso, eu e Milo temos um acordo.
— E exatamente o que diz esse acordo? — Milo também
mencionou esse acordo, assim como Arizona, mas com a Ary eu
achei que era só falácia, e com o Milo... Ele não teve tempo de me
explicar porque estava ocupado me fazendo gozar.
— Ele não pode tocar em você. Senão, fim da amizade.
E desde quando minha irmã toma essas decisões no meu
lugar? Por algum motivo que não consigo explicar, esse excesso de
proteção da Arizona me irrita. Nunca me irritou antes, mas agora eu
me sinto como se ela achasse que eu ainda fosse uma criança sem
condições de tomar uma decisão sozinha.
— E se eu quiser que ele me toque?
Arizona começa a gargalhar na minha cara.
— Sinceramente, do jeito que você o despreza, eu nunca me
preocupei muito com isso — ela levanta os ombros.
Ah, bosta. Espero realmente que eu e o Milo consigamos
manter esse nosso curso de sexo em segredo, porque é capaz da
Arizona matá-lo, e depois morrer de ataque cardíaco se souber o
que andamos fazendo.
— Fiona, parece que temos mais uma notícia quente sobre o
Sr. Stone — eu e Arizona encaramos a televisão juntas.
Ah, não. Do que mais podem falar agora? Será que eu
inventei mais fofocas no dia da festa das quais não me recordo?
— Sério, Robert? Há muito tempo uma celebridade não toma
conta da nossa programação como Milo Stone está fazendo.
— Essa notícia vem diretamente de São Francisco, onde
nossa jornalista Mônica vai fazer uma entrevista EXCLUSIVA com
uma das muitas amantes do Sr. Stone.
— Ah, meu Deus. Bem, ao menos desta vez a culpa não é
sua — Arizona tenta me encorajar, e eu começo a relaxar um pouco.
— Se é amante de Milo, certamente não é você.
— Preferia me sentar em formigueiro do que ser informante
da mídia como amante do DST Stone — comento acidamente, e
voltamos a gargalhar.
— Bom dia, Robert e Fiona — uma jornalista um pouco mais
velha que eu e Arizona diz com um sorriso, em um estúdio com vista
para a Golden Gate. — Estou aqui com uma amante do Sr. Stone,
que prefere manter o anonimato, e que sabe de uma informação
ainda não divulgada por nenhuma agência sobre ele.
É quando eles mostram as costas da tal amante, e meus
ombros voltam a ficar tensos. Mesmo sem revelar seu rosto, eu
conheceria aqueles cabelos oxigenados em qualquer lugar.
É a amiga boqueteira do Milo. Aquela que eu interrompi. Para
quem eu contei que estava grávida (e noiva) dele.
— Ah, merda. Eu conheço essa mulher — digo, já ficando
tonta.
— E?
— Você vai ver — tomo um longo gole de leite e abro uma
caixa de biscoito de chocolate. Eu deveria estar de dieta, mas sinto
que, depois desta entrevista, vou precisar de chocolate. E de uma
nova identidade também. — Esta fofoca também é culpa minha no
fim das contas.
— Bem, eu costumo chupar o PIIIIIII do Milo quando ele me
liga — o som de alarme mal disfarça que palavra ela disse à
jornalista. — Ele tem um PIIIIIIIII muito bonito, mas eu jamais
chuparia o PIIIIIIII dele se soubesse!
— Gente, será que eles não deveriam instruir a mulher a falar
menos “pau” para eles não precisarem ficar editando o tempo
inteiro? — Arizona questiona, ficando irritada.
Ah, mas todos esses PIIIIIIIs vão ajudar é a aumentar a
audiência. Além disso, ficaria meio estranho se ela dissesse,
“costumo chupar as partes íntimas do Milo”.
— Se soubesse de que? — Monica pergunta.
E eu sei exatamente o que a boqueteira vai dizer.
— Se eu soubesse que ele tem uma noiva! E que está
grávida dele!
— NÃOOOOOOO! — Arizona olha para mim, os olhos
esbugalhados. — Foi você...
— Sim, eu sou a tal da noiva — coloco dois biscoitos de uma
vez na boca, e falo com a boca cheia mesmo, ignorando totalmente
toda a boa educação que meus pais me deram. — Queria me vingar
dele. Jamais imaginei...
— Eu nem sabia que ele poderia ter filhos! — a boqueteira
diz do nada.
— Isso aí não tem nada a ver comigo! — eu me defendo,
quando Arizona arregala os olhos de novo para mim.
— O que quer dizer? — a tal Monica questiona.
— Bem, sempre que estive com ele, ele sempre PIIIIII na
minha boca. Eu sempre chupei o PIIIIIII dele, ou ele comeu o meu
PIIIIII, e eu achei que ele nunca enfiava o PIIIII na PIIIIIII. Tem
homens que só curtem por trás, sabe?
Meu. Senhor. Sei que não deveríamos fazer isso, mas eu e
Arizona soltamos outra gargalhada.
— Gente, quantos milhões de crianças essa mulher acabou
de traumatizar? — Arizona questiona, secando uma lágrima.
— Ah, entendo — finalmente, Monica encerra a entrevista
bizarra e de gosto, no mínimo, duvidoso. — Bem, vamos voltar ao
estúdio.
Eu sei, eu sei... Passei dos limites. Até eu reconheço isso.
— Vamos torcer para o Milo não descobrir — digo a Arizona,
já planejando como posso fugir dele. Talvez, eu consiga um lugar na
primeira viagem com civis a Marte? — Você poderia ligar para a
relações públicas dele e pedir para ela não contar nada sobre essa
notícia. Ou poderiam inventar uma viagem para ele ao Alasca pelos
próximos seis meses e...
— Já era, Libby — Arizona diz, olhando para o celular. — Ele
sabe.
12
Milo

Eu a vejo assim que entro no estúdio onde eu e Arizona


vamos gravar nossa primeira campanha. De boné, óculos escuros e
moletom com capuz, eu consigo passar pela equipe de filmagens
sem ser notado.
Uso um corredor mal iluminado para chegar até a mesa de
buffet, onde Arizona e ela discutem em voz baixa, ambas com um ar
preocupado. Se elas assistiram ao mesmo noticiário que eu, não é
difícil imaginar por que estão tão nervosas.
— Você o vê em algum lugar? — Liberty pergunta à irmã, as
mãos trêmulas ao pegar o chá, e eu simplesmente sei que estão se
referindo a mim.
Não queria que Liberty tivesse medo de mim em qualquer
circunstância, mas estou tão puto com ela que sua tremedeira e seu
nervosismo não me fazem sentir qualquer compaixão. Afinal de
contas, o desastre do noticiário de hoje (que certamente terá
grandes repercussões) foi tudo graças aos comentários mentirosos
dela.
— Não. Acho que ele não vem — Arizona diz, teclando no
celular.
Sinto o meu celular vibrando no bolso, então imagino que ela
esteja me mandando mensagens.
Parei de responder há mais ou menos meia hora.
— Eu tampouco sairia de casa, se todas essas fofocas
estivessem rolando ao meu respeito — Liberty comenta, tomando
um gole do seu chá.
— E a culpa é de quem, Liberty? — surjo atrás dela, e Liberty
dá um pulo tão alto que quase despeja todo o conteúdo do seu chá
no chão.
Nem mesmo a expressão de choque e a palidez repentina de
Liberty me fazem sentir pena dela. Ela vai ouvir. E muito.
— Ah, merda — ela xinga, arregalando os olhos castanhos
para a irmã, que parece tão chocada quanto ela.
— Construa seu caso, James — eu lhe digo, aproximando-
me dela, aproveitando que ninguém notou a minha presença ainda
— Eu poderia processá-la pelo que fez.
— Como eu poderia imaginar, Milo? Sempre inventei coisas a
seu respeito, e a mídia nunca se importou — sério que ela acha que
isso é uma justificativa aceitável?
Se muito, isso apenas piora a situação dela.
— Libby, você não está ajudando seu caso — Arizona a
avisa.
De repente, eu me dou conta de um detalhe do que ela disse.
— Do que está falando, Liberty? Que outras coisas você
inventou ao meu respeito? — eu questiono, me segurando para não
aumentar o tom de voz, senão outras pessoas no estúdio vão notar
a minha presença e nossa discussão, e eu não quero nenhuma das
duas coisas.
Liberty, parecendo não ter medo da morte, solta um som de
escárnio e diz, com sarcasmo:
— Quer uma lista?
Dou mais um passo na direção dela, até estarmos a
centímetros de distância. Ela precisa levantar a cabeça para
conseguir continuar me encarando, e seus olhos adquirem um ar de
coragem que faz minha virilha despertar de desejo.
Porra, qual é o meu problema? Deveria estar puto com
Liberty, não pensando em como eu queria castigá-la pelo que ela
fez com umas belas palmadas na bunda gostosa dela, enquanto me
enterro dentro dela por trás.
— Sim, quero essa lista para eu poder passar para o meu
advogado — digo secamente, apesar da minha virilha estar
praticamente implorando para eu carregar Liberty no ombro até um
canto escuro.
— Não vai ter advogado algum, Milo — Arizona diz em tom
de aviso.
— Ainda assim, mereço saber o que sua irmã vem
inventando a meu respeito — respondo a Arizona, sem deixar de
encarar sua irmã. Sinto a respiração de Liberty contra meu rosto, e
inclino o meu ainda mais em direção dela, tanto para intimidá-la
quanto (até mais) para sentir seu cheiro de lavanda. — Sou a vítima
nessa história.
— Vítima? VÍTIMA? — ela replica, os olhos repletos de raiva.
Ela coloca o pequeno indicador contra meu peito. — Tudo o que fiz
foi justificado, Milo Stone!
Ela pode ser gostosa, mas ainda é a mesma fedelha pentelha
que conheci.
— Como assim, justificado? Explique-se! — exijo.
Pela primeira vez desde o início da nossa discussão, suas
bochechas ficam rosadas de vergonha.
— Quando estávamos no colégio, eu coloquei camarão podre
embaixo da sua carteira — ela admite, e eu imediatamente me
lembro a que episódio ela se refere.
— Era por isso que sempre estava fedendo!
— Sim! Eu disse a todos que era porque você nunca tomava
banho — ela diz como se a culpa fosse MINHA por ELA ter
colocado camarão podre na minha mesa.
— E o que eu fiz para merecer isso aos doze anos de idade,
Liberty?
— Você e minha irmã brincaram na chuva na semana
anterior, ela ficou gripada e não pôde ir ao parque comigo naquele
final de semana! — ela me acusa, de novo colocando o indicador
sobre meu peito.
— Foi Arizona quem me convenceu a brincar na chuva! —
aponto para a irmã dela, que se encolhe.
— Eu não sabia! — Liberty diz, e olha para baixo, novamente
ficando vermelha. — Aí teve a história do piolho...
— Quê?
— Foi você quem inventou essa? — Arizona pergunta a ela.
— Você sabia disso? — desta vez, sou eu quem pergunto a
Arizona.
Que merda de história de piolho é essa?
— Todo mundo no colégio achava que você tinha piolho, Milo
— Arizona admite, me oferecendo um sorriso amarelo.
— Mas foi porque você marcou um show no aniversário de
algum amigo seu bem no dia do meu aniversário, então Ary mal
terminou o jantar dela! — mais uma vez, Liberty justifica uma merda
que ela fez com algo que eu nem sabia que a havia prejudicado.
— Juro que vou matar a sua irmã — digo a Arizona, ainda
sem tirar os olhos de Liberty.
— Isso porque você ainda nem sabe dos filhos ilegítimos —
Liberty comenta, e morde o lábio inferior.
— Ah, então você fingiu que estava grávida de mim em
OUTRAS situações?
— Deus me livre — ela solta uma risada nervosa. — Mas,
sempre que a Arizona partia em turnês e perdia algum evento meu
ou da família, eu inventava uma historinha diferente que sempre
gerava um buzz nas redes sociais e acabava com você espalhando
filhos ilegítimos ao redor do mundo.
Fecho os olhos, conto até dez, e, quando estou controlado o
suficiente para não assassinar Liberty a sangue frio (ou lhe dar
umas belas palmadas na bunda na frente de todo mundo), pergunto:
— Que historinhas, Liberty?
— Ah, nada demais. Uma orgia com trinta mães das suas fãs
em Londres, uma história bem engraçada em Amsterdã, na qual
você comeu um bolo “especial”, se é que me entende, se perdeu da
banda porque alucinou que estava no País das Maravilhas e acabou
fazendo sexo com uma fã de oitenta anos e...
— Chega. Acho que já entendi a sua linha de pensamento —
viro-me para Arizona. — Acho que deveria internar sua irmã até ela
ficar bem da cabeça. O problema é que isso provavelmente
significaria que ela teria que ficar internada para SEMPRE!
— Ei! — Liberty ainda tem a audácia de me dar um peteleco
na nuca. — Você é o ladrão de irmãs!
— Já disse que nunca forcei sua irmã a ser minha melhor
amiga, Liberty! — digo, já tão puto de novo com ela que apenas
quero lhe dar um gostinho do que ela me fez sentir. — Assim como
você nunca forçou o seu ex a virar padre...
— Milo... — Arizona avisa, sabendo que estou entrando em
um território perigoso.
Noto os olhos de Liberty enchendo de lágrimas, mas estou
vendo vermelho-sangue, tamanha a minha raiva, então ignoro sua
expressão triste e continuo:
— Mas, agora que te conheço melhor, eu entendo o pobre
coitado. Eu também ia preferir o celibato a ter que lidar contigo.
A expressão de Liberty transforma-se, de tristonha e
envergonhada para furiosa, suas pequenas mãos transformando-se
em punhos. Se ela ousar tentar me socar, juro que vou colocá-la em
meu colo, baixar suas calças e lhe dar palmadas no meio do maldito
estúdio, mesmo que Arizona corte meus testículos fora depois.
— Ah, mas seu...
— Oi, gente! — somos interrompidos por uma mulher com
longos cabelos pintados em um tom vermelho vibrante, de saltos
altos, saia curta, e um decote que não deixa muito dos seus grandes
seios escondidos.
— Oi, Jessica — Liberty imediatamente muda o tom de voz,
fingindo que não estávamos prestes a nos atracar. — Pessoal, essa
é a Jessica, irmã do Sean. Jessica...
— Esse é o Milo Stone — a ruiva artificial diz, passando a
língua pela boca. Infelizmente para ela, não sinto qualquer faísca de
desejo. — Eu bem o sei.
— E essa é a minha irmã, Arizona — Liberty diz secamente,
parecendo desconfortável com o comportamento nada discreto de
Jessica, que me observa como se já estivesse me vendo nu.
— Sei... — ela responde, sem ao menos olhar na direção de
Arizona. — Então, Milo, a história da DST Stone é verdade?
— Não — respondo secamente, olhando de forma
ameaçadora para Liberty, que fica vermelha de novo e passa a
encarar os próprios pés.
— Eu imaginei — Jessica solta uma risada falsa. —
Infelizmente, a mídia não tem limites.
— Assim como certas pessoas — digo, ainda encarando
Liberty, que se recusa a tirar os olhos do carpete manchado do
estúdio.
— Como estamos, pessoal? — uma das moças da equipe de
maquiagem pergunta a nós, mas ela fica afastada, como se tivesse
medo da gente.
— Pode chegar perto dele, Lara — Liberty comenta, com o
tom irritado. — Ele não tem DST e, mesmo que tivesse, você não
pegaria pelo ar.
— Mas eles falaram que a DST dele nem é conhecida pela
OMS — Lara arregala os olhos para Liberty, como se eu não
estivesse ali, ouvindo tudo. —, talvez possa ser transmitida de forma
diferente e...
— Posso lhe garantir que a DST Stone não existe, Lara —
comento acidamente.
— Hum — ela não parece acreditar, apenas dá dois passos
para trás, afastando-se ainda mais do nosso pequeno grupo. — Já
está tudo pronto para começarmos.
13
Libby

Enquanto a equipe prepara Milo e Arizona para as gravações,


eu tento me manter o mais afastada possível deles. Ainda assim,
encolho toda vez que olho na direção do Milo, que está me
observando feito uma águia.
Eu sei, eu sei. Até eu reconheço que exagerei com a história
da DST. E do fetiche do xixi. E da gravidez. E do noivado. E todas
as outras histórias.
Mas não é só que Milo roubou a minha irmã: ele sempre fez
de tudo para me irritar. Ele saía com todas as minhas amigas, ele
sempre fazia comentários maldosos a meu respeito (mas, no caso
dele, fazia na minha cara mesmo), ele sempre me fazia sentir
vergonha por ser boa aluna.
Ainda assim, eu não deveria ter me rebaixado ao nível dele.
E foi exatamente isso que eu fiz. Mas, de hoje em diante, vou ser
melhor. Uma pessoa mais sábia. Não vou mais falar mal de Milo
Stone. Muito.
— Nossa, que bom que ele veio — Sean comenta de
repente, bem ao meu lado, e quase derrubo meu chá no susto. —
Depois das reportagens de hoje...
— Ah, eu sei — comento, aliviada que, ao menos ele não
sabe que fui eu a origem das fofocas. Por sorte, as imagens da festa
estavam muito ruins, e só minha irmã e Milo me reconheceram.
Além disso, ninguém sabe que fui eu a garota do noivado-barra-
gravidez — Mas daqui a pouco a mídia passa para novas fofocas de
celebridade.
— Basta a OMS e a FDA reconhecerem que a DST Stone
não existe — ele comenta seriamente.
Céus, não acredito que, por causa da minha história – que eu
contei enquanto estava bêbada e ressaquenta, por sinal – a FDA e a
OMS vão ter que se explicar a respeito de uma doença que
OBVIAMENTE não existe.
Ainda assim, não posso demonstrar vergonha ou
desconforto, porque Sean sabe que eu nunca fui com a cara do
Milo. Como vocês já perceberam, nunca fui boa em disfarçar meu
desprezo por ele.
Por isso, dou uma resposta digna de Liberty:
— Ou podem provar que de fato a DST Stone existe mesmo,
o que, considerando a quantidade de gente com quem esse cara faz
sexo, é quase uma certeza estatística.
Sean apenas gargalha, parecendo estranhamente aliviado
com a minha resposta.
— Você realmente o despreza, não é? — ele questiona, mas
agora seu tom é sério, e ele me observa como se estivéssemos a
sós no estúdio, não rodeados por uma dúzia de pessoas e
observados por um roqueiro insuportável que nos observa com ódio
mortal.
Por que o Sean está tão interessado no que eu penso sobre
o Milo?
— Nunca gostei dele — comento sinceramente.
Não é só porque Milo sabe beijar bem e chupa meus peitos
de forma D-I-V-I-N-A que eu vou passar a gostar dele magicamente.
A reação do Sean à minha resposta é ainda mais estranha:
ele fica vermelho, e parece inseguro, como se quisesse dizer algo,
mas não tivesse coragem. O que está acontecendo aqui?
Queria poder perguntar ao Milo o que esse comportamento
bizarro do Sean poderia significar, mas ele ainda me observa com
tamanha irritação que eu REALMENTE fico com medo dele me
matar caso eu ouse me aproximar dele agora.
— Eu achei... Bem...
— O que? — questiono, quando ele para de falar.
— Quando eu a vi dançando com ele na festa...
Ah, então é isso?
— Argh! — resmungo, lembrando-me do meu choque quando
descobri que não era o Sean dançando comigo. Sim, gostei da
forma que Milo me tocou, mas odiei o fato de ter gostado. — Se
soubesse que era ele, teria cuspido na cara.
Sean volta a gargalhar, e noto seus ombros relaxando. Será
que o Sean sentiu ciúmes de quando dancei com o Milo? Queria
perguntar, mas sei que não devo. Ah, como odeio esses joguinhos!
Sempre fui do tipo direta, o que deve ser um dos muitos motivos
pelos quais nunca tive uma relação bem-sucedida.
— Arizona comentou que vocês eram meio que arqui-
inimigos, mas achei que ela estava exagerando — Sean comenta,
levantando os ombros. — Nunca vi você sequer levantar a voz para
ninguém.
De fato, não sou de brigar. Sou sincera e direta, mas também
diplomática. Tento entregar as verdades da forma mais gentil
possível. Juro que não sou vingativa, apenas com uma pessoa no
mundo.
— Stone é uma exceção. Das merecidas, vá por mim. Esse
aí estraga TODOS os meus planos desde que eu tenho nove anos
de idade.
— Ah, então é dessas inimizades antigas — Sean comenta
com um sorriso de compreensão.
Eu jamais imaginaria que a maior conversa informal que eu
teria com o Sean seria exatamente sobre o Milo. Pelo visto, mesmo
sem querer, Milo está me ajudando muito mais do que eu imaginava
com o Sean. Na verdade, essa é a primeira vez que fico à vontade
com ele falando sobre assuntos que não envolvem trabalho.
— Super... Além disso... — começo a dizer, mas eu me
interrompo ao notar Milo se afastando com a Jessica, ainda me
encarando.
Entretanto, não há mais o ódio mortal em seu olhar, apenas
uma curiosidade intensa. Será que ele quer que eu os siga para
tomar notas do que quer que ele vá fazer com ela?
Dou uma desculpa qualquer para o Sean, pego meu caderno
na bolsa e uma caneta, e os sigo. Sim, eu e Milo ainda estamos
brigados, mas parece que ele não vai deixar de me dar aulas por
conta disso.
E eu é que não vou perder a oportunidade de aprender mais
sobre seus truques.
Eu os vejo em um camarim dos fundos, que havia sido
organizado para acomodar Arizona e Milo. Não consigo vê-los
direito, porque a porta só está levemente aberta, mas vejo o
suficiente para saber que a Jessica está com uma das mãos dentro
das calças do Milo.
— Nossa, Milo... Você é tão grande... — reviro os olhos com
os gemidos forçados e comentário de Jessica, mas continuo
anotando.
— Obrigado, gata — ele diz, mas sua voz é distante, como se
ele nem estivesse notando Jessica fazendo punheta nele.
— Mal posso esperar para te enfiar inteirinho na boca — ela
comenta, e solta uma risada falsa.
Sério que esse é o tipo do Milo? Mulheres com peitos falsos e
com risadas falsas? Se for assim, já ficou claro por que ele não
namora com nenhuma de suas peguetes. Milo pode ser muitas
coisas, mas não é um cara burro. Ele é um cara inteligente, que
gosta de se relacionar com pessoas inteligentes.
É como se ele se envolvesse propositalmente com mulheres
com as quais ele sabe que não tem qualquer futuro.
— Eu também não, gata — ele responde, seu tom agora um
pouquinho menos frio.
Aí a Jessica se ajoelha de frente para ele. Exatamente como
eu imaginava: o Milo não beija na boca. Por que então ele me beija
tanto? Sim, ele já me beijou em outros lugares que não minha boca,
mas ele realmente parece gostar de beijos quando está comigo.
Mas, infelizmente, admito que eu já tive o desprazer de
flagrá-lo com diversas mulheres (inclusive, acho que algumas vezes
foi de propósito), e não me lembro de já tê-lo visto beijando outra
mulher.
Vou ter que questioná-lo sobre isso.
É alguma regra de homens mulherengos? Tipo, bocas são
para paus? Ou é uma regra tipo A Linda Mulher? Não beije para não
se apaixonar? Vai ver, ele só me beijou porque sabia que JAMAIS a
gente se apaixonaria.
— Nossa, que garotão duro... — Jessica diz, já com o rosto
bem próximo à virilha do Milo.
— Coloca camisinha, por favor — Milo diz, entregando um
pacote para ela.
— Hã... Sério?
— Foi uma promessa que fiz a uma pessoa importante — ele
responde, e sinto meu coração bater mais forte.
Sim, Milo tem seus defeitos, mas, aparentemente, ele de fato
cumpre com suas promessas, ainda que esteja puto da vida comigo.
E até eu tenho que admirar essa qualidade nele.
— Sua assessora de imprensa pediu isso? — Jessica
questiona, parecendo irritada com o uso da camisinha. Ela não
deveria ficar aliviada que Milo está insistindo em proteger os dois?
— Por causa das fofocas?
— Melhor não piorar a situação, não é? — Milo replica, já
parecendo impaciente.
Ouço sons de Jessica abrindo a capa do preservativo, e,
depois de alguns segundos, Milo solta um gemido. Olho de novo
pela fresta da porta, e noto a cabeça de Jessica movendo-se para a
frente e para a trás, na virilha do Milo.
Infelizmente, de onde estou, não dá exatamente para ver que
técnicas ela está usando, o que está fazendo com as mãos.
Começo a anotar as várias perguntas que surgem em minha mente,
enquanto ouço gemidos dos dois.
— Nossa, que pau gostoso, Milo — Jessica diz de repente,
me fazendo revirar os olhos de novo.
Sério que homens gostam desse tipo de coisa? Preciso
REALMENTE aprender muita coisa.
— Hum... — ele geme, mas não responde, e noto que seus
olhos continuam fechados.
Na verdade, desde que comecei a ver a cena, ele ainda não
abriu os olhos.
— Está gostando? — Jessica diz de novo.
— Para de falar e me chupa — Milo comenta, soando irritado.
Ah, mas se ele falasse comigo nesse tom enquanto estava
dando prazer a ele, eu provavelmente morderia o amigo dele com
força só para me vingar.
— Ah, que macho alfa! Que mandão! Adoro! — Jessica
comenta com animação, mas a reação de Milo é afastá-la da virilha
dele e fechar as calças.
O que está acontecendo?
— Tenho que ir — ele comenta secamente, afastando-se
dela, e eu me escondo no corredor de acesso ao camarim.
— Quê?
— Preciso ir ao banheiro — ele diz, e, por sorte, caminha na
direção oposta à que estou escondida.
Que bizarro. Por que um cara interromperia um boquete?
Milo não ficou irritado quando eu interrompi o dele? Anoto mais esta
pergunta no meu caderno e decido descobrir exatamente o que
houve.
14
Milo

Honestamente? Tudo em Jessica me irrita. Eu realmente não


senti qualquer atração por ela. Porém, a companhia dela era menos
pior do que ver Sean e Liberty juntos. Pior: vê-los juntos, sabendo o
que Liberty quer fazer com ele.
Não deveria ter esses sentimentos ridículos e adolescentes;
ainda assim, não consigo controlá-los. Estar perto de Liberty é como
ser sugado em sua gravidade, e tenho dificuldade de pensar ou
enxergar qualquer coisa que não tenha relação com ela.
Por isso, para evitar a Liberty, eu aceito seguir Jessica até o
camarim, onde sei que ela pretende me dar um boquete,
considerando que ela passou os últimos cinco minutos olhando para
a minha virilha enquanto passava a língua de forma nada discreta
pelos lábios.
Ao menos, posso conseguir tirar Liberty da cabeça, enquanto
asseguro um muito necessário alívio. Em poucos minutos, Jessica
se ajoelha em minha frente, e eu fecho os olhos, aproveitando seus
lábios em volta do meu pau.
Jessica pode ser irritante, com um jeito falso e desagradável,
mas ela é muito experiente com a boca.
Ela me chupa com força e, apesar de apreciar seu boquete,
simplesmente não consigo deixar de pensar em como seria ter os
lábios de Liberty me chupando desse jeito, seus grandes olhos
castanhos me olhando enquanto ela me dá prazer.
A imagem apenas me deixa mais duro.
— Nossa, que pau gostoso, Milo.
Finjo não ouvir a voz de Jessica, e continuo pensando na
boca carnuda de Liberty em volta do meu pau.
— Hum...
— Está gostando? — Ela questiona, quebrando o feitiço.
— Para de falar e me chupa — digo com grosseria, me
arrependendo no momento que faço isso.
Posso ser mulherengo, posso não ter relacionamentos sérios,
mas eu nunca fui babaca desse jeito ao falar com uma mulher. Só
para vocês terem uma ideia do quanto essa história com Liberty
está mexendo comigo.
Jessica, entretanto, não parece se importar muito com meu
tom nada educado.
— Ah, que macho alfa! Que mandão! Adoro!
Fico tão chocado com a resposta dela que abro os olhos. É o
meu erro. Porque, ao ver olhos azuis e cabelos artificialmente
pintados de vermelho, eu perco totalmente o tesão. Porra, qual é o
maldito problema? Nunca perdi o tesão durante um boquete, muito
menos um tão bom quanto o de Jessica.
Irritado comigo mesmo, com Liberty, com Jessica, e com
basicamente tudo o que tem acontecido nos últimos dias, fecho as
calças e decido fugir do camarim.
— Tenho que ir — digo, já me afastando.
— Quê? — Jessica questiona incrédula, ainda de joelhos.
— Preciso ir ao banheiro — invento, e vou até o banheiro a
passos rápidos, me sentindo um pouquinho melhor ao me afastar
dela.
Lavo o rosto com água gelada, molhando também a nuca,
tentando acalmar minha mente, e meu pau, tentando parar de
pensar em Liberty. Infelizmente, é o rosto dela que vejo no reflexo
do espelho, bem atrás de mim.
— Mas que porra... — será que já estou até tendo
alucinações com ela?
— Por que parou? — ela pergunta, esclarecendo que não
estou tendo alucinações.
Ainda assim... Por que diabos Liberty está no banheiro
masculino?
— Quê?
— O sexo oral — ela fala lentamente. — Por que parou?
Como DIABOS ela sabe disso?
— Primeiro, prefiro usar a expressão boquete, já que não
estamos em uma aula de Educação Sexual — comento secamente,
virando-me para ela, e noto que está com seu caderno e uma
caneta na mão. — Em segundo lugar, como diabos você sabe o que
eu estava fazendo?
— Bem, eu vi a Jessica se atirando em cima de você e...
— Sentiu ciúmes? — questiono, um sorriso de vitória
surgindo em meus lábios.
Até ela começar a rir da minha cara, pelo menos.
— Mas nem se seu pau fosse de ouro, Milo.
Ela não poderia deixar mais claro que seu interesse por mim
é meramente sexual. Que irônico que logo ela me trata da mesma
forma que trato as mulheres.
— Sei...
— Nem se você o cobrisse com o último resquício de Nutella
do mundo.
E olha que Nutella é a comida favorita da Liberty.
— Entendi.
— Nem se o futuro da humanidade dependesse disso — ela
continua, e sei que não está só dizendo essas coisas para me
provocar.
— Eu. Já. Entendi — repito lentamente, e ela finalmente para
de falar. — Se não sentiu ciúmes, então por que diabos me seguiu?
— Como eu estava dizendo, vi a cara de “quero te jogar na
cama e te chamar de meu” da Jessica, e achei que poderia ter uma
aula mais visual — ela responde como se fosse a coisa mais natural
do mundo.
— Isso não foi o combinado, Liberty. Não quero você
checando o que faço com outras mulheres.
— Essa não era uma das suas regras, Stone — ela diz, com
as mãos na cintura.
— Agora é — replico secamente.
— Mas eu anotei várias perguntas! — ela abre o caderno e
me mostra uma página repleta de comentários.
— Perguntas?
— Sim — ela começa a ler a página. — Por exemplo, quando
ela estava te tocando na virilha, notei que você pareceu gostar.
Quanta pressão eu teria que colocar? — ela então olha para mim e,
com a mão livre, aperta meu braço. — Essa pressão é suficiente?
Essa mulher quer me enlouquecer ou o quê? Bem, se for
para fazer isso, que eu ao menos me divirta no processo.
— Só saberei se colocar a mão no meu pau, Liberty — digo,
olhando para a sua boca.
— Estamos no trabalho! — ela me olha com horror.
— Ah, então pode me ver sendo chupado, pode até invadir o
banheiro masculino para perguntar de sexo, mas não pode ter uma
aula mais prática? — exponho a hipocrisia dela.
— Todos nós temos limites, Stone.
— Tudo bem, então — respiro fundo, e apoio o quadril na
bancada do banheiro. — A pressão que você fez no braço parece
ser adequada.
— E quão rápido eu deveria mover a minha mão? — ela volta
a me tocar, e começa a pressionar o meu braço, ao mesmo tempo
em que move a mão para cima e para baixo. Só de imaginar a mão
dela fazendo esses movimentos no meu pau, já fico duro de novo.
— Assim?
— Rápido demais — digo, inclinando minha cabeça para meu
rosto ficar bem próximo ao dela, e sussurro: — Assim, o cara goza
antes de vocês sequer começarem a foder.
Ela entreabre os lábios, e suas bochechas ficam levemente
rosadas. Seus olhos rapidamente vão até a minha boca, antes de
retornarem aos meus. Não sei expressar o quanto eu gosto de ver
que não só eu a ficar alterado com nossas conversas.
Depois do que parece ser uma eternidade, Liberty parece sair
do transe, pisca os olhos rapidamente, e limpa a garganta antes de
perguntar:
— Mas e se eu não quiser fazer sexo? Não seria uma boa?
— Seria tão rápido que nem daria tempo de vocês se
beijarem, Liberty — comento, mais uma vez tentando provocar
alguma reação nela.
Ela afasta um pouco o rosto do meu, seus lábios ficando
trêmulos, e olha de volta para o caderno, claramente precisando se
recompor. Sim, no fim das contas a falta de noção dela está se
tornando um tanto quanto divertida.
— Por sinal — ela continua, seu tom levemente inseguro —,
por que você não beija as mulheres? É uma regra comum entre
galinhas, ou é algo mais Julia Roberts em Uma Linda Mulher?
As perguntas dela me pegam de surpresa.
— Quê?
— Deixa para lá — ela diz, ainda sem olhar para mim, ficando
ainda mais vermelha. — Não tenho muito tempo e muitas dúvidas.
Técnicas de sexo oral...
— Boquete— eu a corrijo.
— Sim, enfim. Técnicas de boquete — ela limpa a garganta
umas cem vezes antes de dizer: — Jessica fez o que de errado?
— Como assim?
— Você começou fazendo sons de que estava gostando, mas
depois interrompeu e saiu — ela comenta.
O que houve de errado? Não era você, Liberty. Foi esse o
maldito problema. Não era você.
Mas claro que nem ferrando vou dizer isso a ela. Agora, é a
minha vez de baixar os olhos e limpar a garganta.
— Eu deveria voltar para a Jessica — digo, caminhando até a
saída, mas Liberty corre até a porta do banheiro, me bloqueando.
— Para que?
Dou alguns passos até estarmos bem próximos e digo contra
os lábios dela:
— Para terminar o que comecei e me aliviar na garganta da
irmã de seu chefe.
Ela revira os olhos, e, de alguma forma, eu me sinto aliviado
por retornarmos à nossa rivalidade habitual.
— Não seria na garganta dela. Seria na camisinha — ela me
recorda, e seus lábios se curvam para cima. — Por sinal, obrigada
por cumprir sua promessa.
— Não descumpro promessas, Liberty.
Ela limpa a garganta de novo, como se o fato de eu não
quebrar nosso acordo fosse surpreendente para ela. Se Liberty não
passasse a maior parte do tempo me desprezando, ela descobriria
que eu sou um ser humano aceitável.
— Então, vai ou não me dizer o que ela fez de errado? Vai ou
não me ensinar técnicas de... — ela fala bem baixinho — Boquete?
Sorrio de volta para ela.
— Posso ensinar vários truques.
— Ótimo — o sorriso dela se alarga, mais uma vez
despertando a minha virilha com as imagens da boca dela em volta
da minha ereção.
— Com uma condição.
— Qual?
Desta vez, deixo meus lábios roçarem nos dela.
— Vou ensinar enquanto você faz um boquete em mim.
— Que? — ela arregala os olhos castanhos.
— Já interrompeu dois boquetes meus, agora é sua vez de
terminar o terceiro.
— Ei! Só interrompi o de ontem!
Não. Interrompeu o de hoje também, ainda que não saiba.
— Milo? — ouço a voz da tal da Lara do outro lado da porta
do banheiro. — Você está aí? Temos que voltar.
— Depois terminamos essa conversa — ela comenta em tom
de aviso.
— Com certeza, James.
15
Libby

Quando chego ao prédio chique do Milo, por um momento,


tenho a impressão de que ele não vai autorizar a minha entrada. O
porteiro-segurança-lutador de MMA do prédio me encara com olhos
desconfiados enquanto fala ao interfone com o Milo.
Depois do que parecem ser horas, ele enfim libera a minha
entrada. Milo está à minha espera quando as portas do elevador se
abrem, sua carranca indicando que ele não está NADA feliz de me
ver.
Depois da nossa conversa da semana passada no banheiro
masculino, eu achei que as coisas estavam mais ou menos
acertadas entre a gente. Mas, aí, Milo virou a hashtag mais
comentada nas redes sociais (e, infelizmente, foi a hashtag
#DSTStone), o que o deixou enfurecido de novo comigo.
Depois dele me enviar algumas mensagens agressivas, eu
decidi lhe dar uns dias para esfriar a cabeça. Pelo visto, os dias não
foram suficientes, porque ele me observa como se estivesse
planejando formas de se livrar do meu corpo depois de me matar
com requintes de crueldade.
— O que está fazendo aqui? — ele pergunta num tom tão
ácido que quase me faz fugir de novo.
Mas eu me forço a ficar, porque o que temos a fazer é
importante demais para eu desistir agora.
— Hã... Tínhamos combinado que o exame de DSTs seria
hoje, lembra? — digo, e abro um sorriso forçado.
— Isso foi antes de aparecer em todas as notícias que eu
tenho uma DST não identificada pelas autoridades — ele comenta,
e me puxa para fora do elevador, destruindo qualquer possibilidade
de fuga agora. Tem ainda as escadas de incêndio, mas o Milo está
muito mais em forma do que eu. — Sabe, aquela que foi apelidada
com meu sobrenome?
— A OMS negou a existência dessa DST Stone — eu o
recordo, tentando apaziguá-lo.
Ontem, o presidente da OMS veio a público fazer um anúncio
oficial sobre o assunto.
— Mas a FDA não! — ele praticamente berra, e eu me
encolho, fingindo não reparar que ele ainda aperta meu antebraço
com força. — Eles até me ligaram ontem, fazendo perguntas bem
íntimas.
Ah, bosta. Ainda assim, preciso convencer o Milo a vir comigo
e fazer os exames.
— Você pode usar o resultado do exame para provar para a
mídia que é tudo boato — tento argumentar, mas minha sugestão
apenas parece deixá-lo ainda mais irritado.
— Podem achar que estou na dúvida, e por isso fui fazer o
exame! — infelizmente, o argumento dele faz sentido. — Além
disso, não quero que a mídia fique sabendo da minha ida ao
laboratório.
— Não se preocupe, vai ser tudo feito com muita discrição —
eu garanto, porque a pessoa envolvida é de minha grande
confiança.
— Você e discrição combinam tanto quanto água e óleo,
Liberty.
— Não fui eu quem organizou tudo — tento não ficar muito
irritada com a acusação dele. Depois de toda a história da DST, eu
bem que mereço a irritação dele. — Foi a Beta, uma das minhas
melhores amigas.
— E como posso confiar nessa Beta? — ele pergunta,
soltando meu braço, agora ao menos parecendo mais curioso que
irritado.
— Porque (a) ela é uma enfermeira que leva muito a sério a
questão da privacidade do paciente e (b) ela é super sua fã e ficou
bem decepcionada comigo quando eu admiti que fui eu quem
espalhou o boato da DST Stone — explico, e a expressão dele
relaxa consideravelmente.
— E do fetiche do mijo — ele complementa secamente.
— Pois é.
— E do filho ilegítimo — ele continua.
— Já entendi, Stone! Vamos, agora?
***
Milo

Ainda estou com mais dúvidas que garantias, mas, depois de


uma semana sem sair de casa por conta dos paparazzi e jornalistas,
é bom ver a luz do dia.
Peço ao meu motorista de confiança que venha me buscar no
carro de um dos membros da equipe, para que não saibam que
estamos saindo, e ele nos deixa na parte dos fundos de um
pequeno prédio espelhado que Liberty identifica como o tal
laboratório onde sua amiga “de grande confiança” trabalha.
Ela me leva até uma porta dos fundos, onde se lê “exclusivo
para funcionários”, e usa um cartão que provavelmente pertence a
esta amiga. Passamos por alguns corredores vazios e eu me sinto
em um filme de espionagem, porque parece que estamos invadindo
o laboratório: até agora, não vimos ninguém.
Assim que chegamos a um amplo saguão, ela comenta:
— Ah, só tenho que te alertar de uma coisa.
— Agora você me alerta? — questiono, porque ela poderia
muito bem ter me alertado do que quer que seja no apartamento.
Será que foi um erro vir com ela?
— É que... — ela olha para o piso de mármore do saguão,
me deixando ainda mais apreensivo. — A Beta é que nem água de
torneira: sem qualquer filtro, você tem que tomar o que vem.
— O que quer dizer “sem filtro”?
— Oi, pessoal! — uma mulher de jaleco branco e sorridente
surge de um dos corredores. Vejo, no cartão que ela mantém preso
ao bolso da frente do jaleco, que se trata da famosa Beta. Antes que
eu possa cumprimentá-la, ela continua falando, fazendo perguntas
sem parar a nós dois. — Prazer, Milo. Então, como estão as aulas
sexuais? Já chupou os peitos dela? Já fez boquete nele? Já a fodeu
com os dedos? Já ficou de quatro e pediu a ele que batesse em sua
bunda? Essa é a minha favorita.
— Isso que eu quero dizer quando falo “sem filtro” — Liberty
sussurra para mim, enquanto eu seguro a gargalhada.
— Entendido — sussurro de volta.
— Ainda estamos no começo do curso — Liberty comenta,
ficando vermelha.
— Mas não demora demais, hein? Minha amiga já ficou
virgem muito tempo — ela diz em tom de reclamação, e eu solto
uma gargalhada, enquanto Liberty apenas a observa boquiaberta.
— Concordo, Beta — digo com um sorriso, e olho em volta,
começando a ficar nervoso pelo fato de não haver ninguém além de
nós. — Hã, por que está tudo vazio?
— A Libby me disse que só traria você aqui se eu garantisse
que isso ficaria em segredo.
— Ah. E como convenceu sua equipe de ir embora? —
questiono, já ficando impressionado.
— Eu fiz uma falsa queixa de suspeita de contaminação pela
peste bubônica — ela diz, e solto outra gargalhada. — Eles só
conseguem fazer os testes para garantirem que não há
contaminação amanhã. Até lá, seus exames estarão prontos.
— Uau. Você realmente leva a privacidade dos seus
pacientes a sério.
— Isso não é nada — ela comenta com um sorriso
conspiratório. — Uma vez, uma paciente grávida me pediu
anonimato para fazer uns exames. O problema é que o marido dela
trabalha aqui.
— E o que você fez? — questiono, gostando mais dessa
amiga da Liberty a cada minuto.
Por sinal, mal posso esperar para descobrir como elas duas
viraram amigas: não poderiam ser mais diferentes.
— Fingi que era eu quem estava grávida. Até deu problema
no meu relacionamento — ao ver minha expressão de espanto, ela
continua. — Meu ex também trabalhava no laboratório. O
desgraçado desapareceu depois de achou que eu estava grávida
dele, acredita?
— Babaca — eu e Liberty comentamos ao mesmo tempo.
— Pelo menos, me livrei do embuste — ela responde, e
levanta os ombros de novo.
— Então, vamos fazer o teste? — Liberty sugere, parecendo
ficar ansiosa.
— Sim. Quer um saco de vômito? Quer ir ao quarto de
criança?
— Por que eu ia querer isso? — questiono, meio perdido.
Não é só um exame de sangue? — A Liberty inventou mais histórias
ao meu respeito?
— Que nada. É a Liberty que morre de medo de agulha. Fiz
as perguntas a ela, não a você — Beta explica, e pisca para mim,
enquanto Liberty fica pálida.
— Isso foi há muitos anos, Roberta! — ela comenta
secamente, mas sua palidez entrega seu desconforto.
— Eu perdi uma das minhas malhas favoritas naquele fatídico
dia em que você vomitou em mim, nas três enfermeiras que
estavam por perto, e em outras duas pacientes.
Solto uma gargalhada. Pelo visto, Liberty tem propensão a
vomitar nas pessoas em volta dela.
— Está falando sério? — pergunto a Beta, querendo ouvir
mais.
— Sim. Ela ainda fez outra paciente vomitar, porque ficou
enjoada depois de ver a Libby agindo que nem a garota do
Exorcista.
Eu gargalho, enquanto Liberty diz, exasperada:
— Isso é coisa do passado!
— Passado? — pergunto a ela, com um ar sarcástico. — Eu
te vi vomitar não tem muito tempo...
— Podemos mudar de assunto, por favor? — Liberty
comenta, e cruza os braços.
— Claro — Beta responde a amiga. Em seguida, vira-se para
mim: — Quando é que você vai chupar a vagina virgem da minha
amiga?
16
Libby

Sinto o sangue se esvair só de pensar no exame de sangue


que o Milo pretende fazer. Sim, morro de medo de sangue. Eu até
fiz terapia para isso, mas, ao contrário do que me foi prometido,
ajudou muito pouco.
— Podemos mudar de assunto, por favor? — peço a eles, já
começando a ficar enjoada.
Talvez, eu aceite as ofertas da Beta, por mais humilhante que
possa ser.
— Claro — eu imediatamente desconfio quando ela desiste
tão facilmente de me sacanear. Mas aí ela se vira para o Milo e
pergunta: — Quando é que você vai chupar a vagina virgem da
minha amiga?
— Cala a boca, Beta — digo entredentes, minhas mãos se
fechando em punhos.
Sério, se eu não estivesse prestes a desmaiar, ela ouviria
muito.
— Pode continuar, Beta — Milo diz com um sorriso sedutor
que apenas me irrita mais.
— Libby, você precisa urgentemente ser chupada — Beta
comenta, como se eu não soubesse disso.
— Tenho que concordar com a sua amiga, Liberty — Milo
complementa.
Sério que esses dois estão falando da minha vagina como se
falássemos do almoço que comi ontem?
— Você, calado! — digo a Milo, em seguida, aponto para
Beta: — Você, tire logo esse maldito sangue!
— Libby, de nada vai adiantar você ser ensinada pelo maior
expert em sexo deste país...
— Obrigado — Milo agradece, seu sorriso ficando ainda mais
amplo.
— Ele já acha que é Deus e que o pênis dele é feito de
Nutella, Beta. Não precisa inflar ainda mais o ego dele — comento
com ela, segurando-me para não revirar os olhos.
— De nada, querido — ela responde a Milo, e diz para mim:
— Então, você vai desperdiçar o talento do maior Rock Star do país
para nada se não deixá-lo te chupar.
— Concordo — Milo diz, e passa a língua pelos dentes.
Sério, acho que estou no mundo paralelo das virgens
humilhadas, só pode!
— Chega, Roberta!
— E vai ter que chupá-la várias vezes para ela conseguir
superar o trauma dela.
NÃO!
— Que trauma? — Milo questiona.
— Trauma nenhum! — praticamente berro.
Beta apenas me encara como se EU fosse a louca sem
noção da história.
— Ele está te dando aulas sobre como relaxar numa pica e
você nem contou?
Entenderam a que eu me referia quando falei que ela não
tinha QUALQUER filtro?
— Mudei de ideia — digo, e puxo Milo na direção da saída.
CHEGA! — Não precisa fazer exame nenhum.
— Mas agora sou eu quem faz questão de ser muito bem
examinado pela Roberta — ele afasta minha mão do braço dele, e
se vira para a minha futura ex-amiga. — Me contou o que, Beta?
— Sobre a chupada traumática que ela recebeu do padre —
Roberta diz, e eu acho que vou ter um ataque cardíaco.
***
Milo

Está aí uma frase que nunca achei que ouviria na vida. Pelo
visto, Roberta não só não tem filtro, como não tem qualquer medo
de ser politicamente incorreta. Tenho tantas questões a fazer que
mal consigo formar uma palavra.
— Ele não é padre! — Liberty tenta se defender. — Digo, ele
não era padre na época em que...
— Te chupou? — Beta cruza os braços, levantando uma
sobrancelha. — Não, entrou para a escola de padres tipo, dois
meses depois.
— Do que ela está falando, Liberty? — questiono, porque
esse é o tipo de informação que eu realmente preciso saber, se for
para esse tal de curso de sexo dar certo.
E eu que achei que o trauma de Liberty em mostrar o corpo já
era ruim o suficiente. Aparentemente, temos muito trabalho pela
frente.
— Nada — Liberty comenta sem qualquer convicção.
— Mentira! Não é nada, não. É muita coisa! — Beta a
desmente.
Acho que preciso marcar uma reunião a sós com a Beta para
saber exatamente o que se passou entre Liberty e o padre.
— Liberty, é importante que eu saiba dessas coisas —
insisto.
— Não precisa saber disso.
— Quer ou não ter um relacionamento com Sean? — Beta
diz, e só o nome do almofadinha já faz minha garganta se fechar e
meu peito queimar.
— Sabe que quero, Beta.
A resposta sincera da Liberty apenas faz com que eu me
sinta ainda pior.
— Como vai namorar um cara se tem medo de ser chupada?
Quê?
— Tem medo de ser chupada?
Tipo: medo?
— Claro que não — ela diz, totalmente insegura.
— Se você não contar, conto eu — Beta ameaça.
— Não ouse, Beta!
— É para o seu bem, amiga — Beta diz, colocando a mão no
ombro da amiga, e começa a me contar rapidamente antes que
Liberty a cale. — Quando o padre a chupou, ele fez cara de nojo
depois de alguns segundos e vomitou em cima dela.
Merda. Realmente, algo assim acontecer já é traumático. Mas
isso ter acontecido com a Liberty com seu primeiro namorado, na
primeira vez que fizeram sexo oral...
Não estranho agora que ela ainda seja virgem e que tenha
vergonha do próprio corpo, apesar de ser uma das mulheres mais
gostosas que já conheci na vida.
— Eu sinto muito, Liberty — digo sinceramente, mas ela
apenas olha para o chão, sua expressão fechada e envergonhada,
como se ela tivesse feito algo de errado. — Nenhuma mulher jamais
deveria passar por isso. Especialmente uma gostosa sexy como
você.
— Exatamente o que eu disse a ela — Beta concorda
comigo, e nos guia até uma pequena sala.
— Não se preocupe, vou resolver o trauma dela, Beta — eu
prometo, mas Liberty continua olhando para o chão.
— Eu sabia que você não ia me decepcionar, Milo! — Beta
responde sorrindo, enquanto pega agulha e material para a recolha
do meu sangue.
Neste momento, Liberty parece finalmente notar seus
arredores.
— O que está fazendo, Roberta? — ela questiona, seus olhos
assustados encarando a agulha.
— O que parece que estou fazendo? Preciso tirar o sangue
dele para fazer os exames! Então, quer cantar uma música
enquanto eu tiro seu sangue?
— Eu... Eu...
— Liberty? — pergunto, começando a ficar verdadeiramente
preocupado com a palidez dela.
— Se você vomitar, vou te fazer limpar desta vez — Beta diz,
com as mãos na cintura.
Em resposta, Liberty sai correndo com a mão na boca, e vai
até o banheiro feminino mais próximo.
Antes que eu possa ir atrás dela, Beta enfia a agulha no meu
braço e começa a tirar sangue. Ao ver minha expressão
preocupada, ela diz:
— Estou terminando. Aí você pode ir.
Assim que ela tira a agulha do meu braço, corro até o
banheiro feminino.
— Liberty? Está tudo bem?
Nenhuma resposta.
— Libby? — Beta chega alguns segundos depois, mas
Liberty continua em silêncio.
Entro no banheiro, e verifico que está tão vazio quando o
restante do prédio. Mas há uma janela nos fundos, e ela está
escancarada. Eu fico perdido com a cena, mas Beta parece logo se
dar conta do que aconteceu.
— Ah, merda — ela xinga. — Ela fugiu.
— Como assim, Liberty fugiu?
E pela maldita janela? Estamos no térreo, mas, ainda assim,
é perigoso.
— Eu disse: a história do padre acabou com a autoestima
dela — Beta me diz, respirando fundo. — Não desista dela, Milo.
— Nem ferrando que vou — digo com convicção.
Ela apenas abre um sorriso para mim.
— Bom garoto.
17
Mensagens entre Libby e Milo...

Milo: Covarde.

Libby: Por que tamanha ofensa?

Milo: Ah, então ela ainda vive. Depois de desaparecer no


banheiro, achei que poderia ter sido abduzida por ETs.

Libby: Eu não sumi. Apenas pulei a janela. Várias


testemunhas viram. Inclusive, viram também a minha calcinha, já
que a saia ficou presa e eu dei o maior show gratuito de strip tease
que esta cidade já viu.

Milo: Será que alguém tirou foto?

Libby: provavelmente. Não vai fazer sucesso como a fofoca


da DST Stone, mas com certeza você encontrará a minha calcinha
de renda branca em algum recanto da Internet.

Milo: Posso procurar essas testemunhas também e


perguntar diretamente a elas. Uma foto (ou vídeo) da sua fuga
certamente valem muito para mim.

Libby: Então pode ir à obra em frente ao laboratório. Não só


os operários fizeram a festa e assobiaram que nem loucos, como
até mesmo cantaram “We are the Champions”. Ou seja, se meu
emprego na empresa do Sean não render, sempre tenho outra
opção.

Milo: Não sei se há empregos para foragidas de banheiros.


De qualquer forma, queria saber por que fugiu.
Libby: Cansei de vocês dois falando de mim como se eu não
estivesse presente. Então decidi deixá-los a sós para falarem de
mim à vontade.

Milo: Sobre o que a Beta falou... Se quiser conversar, estou


aqui. E, se quiser seguir o conselho dela e praticar comigo (o que
acho uma excelente ideia), também estou aqui.

Libby: Já disse que não quero perder a virgindade contigo,


Stone.

Milo: Quem falou em virgindade? Eu estava me referindo a


esfregar a cara na sua boceta até você gozar tanto que vai ficar
dolorida e esquecer totalmente do evento traumático com o padre.

Libby: Emoji de dedo do meio.

Milo: Se quer que eu enfie o meu dedo do meio na sua


boceta virgem além da minha língua, é só pedir. Não precisa
mandar emoji, somos adultos.

Libby: Emoji falando palavrões.

Milo: Ah, então você quer que eu também fale safadezas


enquanto chupo sua boceta e enfio meu dedo lá dentro?

Libby: Deixa de ser babaca, Stone.

Milo: Então você ainda sabe escrever. Olhe, vou enviar a


minha chave para você por courrier, e vou liberar seu nome na
portaria. Quando quiser superar seu trauma e ser chupada por um
ser superior, pode vir à minha casa.

Libby: Emoji revirando os olhos.

Milo: Sim, também garanto que vai revirar os olhos de prazer.


***

Milo
Provocar Liberty está se tornando minha atividade favorita. É
divertido demais trocar provocações com ela, especialmente quando
sou eu quem tem razão na situação.
Certamente, trocar mensagens com Liberty é muito melhor do
que estou prestes a fazer agora que é uma entrevista para
desmentir os muitos boatos a meu respeito. Criados, ironicamente,
por Liberty.
Detesto entrevistas, sinto-me muito mais à vontade no palco,
cantando, mas, como a minha relações públicas adora dizer, falar
com jornalistas faz parte do pacote.
— Por que está rindo, Milo? — minha relações públicas, Lila,
me pergunta, enquanto estou encarando as mensagens.
— Uma troca de mensagens engraçada.
— Por favor, não me diga que tem algo aí que pode ser
usado para criar mais uma fofoca sobre você — Lila, como sempre,
sendo paranoica.
— Não se preocupe — respondo, mesmo sabendo que, se
Lila sonhasse que estou falando com a criadora da DST Stone, ela
provavelmente queimaria meu telefone.
— Claro que eu me preocupo! Você tem visto as notícias, lido
os jornais?
— Sim — respondo secamente.
É a MINHA vida, afinal de contas.
— Já esclarecemos a história da DST Stone, mas ainda
temos outras fofocas para desmentir — Lila me recorda pela
milésima vez.
— Daqui a pouco o pessoal esquece — tento acalmá-la.
Não deveria ser o contrário?
— Você vai sair em turnê em breve! — ela continua, puxando
seus cabelos como faz sempre que está nervosa. — Precisamos
cuidar da sua imagem, Milo.
— Eu sei. Eu entendo — digo, no tom mais calmo possível.
— Ainda não descobrimos quem espalhou essas mentiras a
seu respeito, então lhe peço para ter cuidado com quem fala pelo
celular. Quem sabe, não está falando com a culpada?
Você não tem ideia, Lila.
— Hum — resmungo.
— Queria saber quem é a garota da festa, mas ninguém da
nossa equipe parece reconhecê-la — Lila continua. — Eles acham
que é alguma penetra.
Liberty está realmente irreconhecível. Eu não saberia que era
ela se não tivesse dançado com ela e me esfregado no corpo
delicioso dela. Eu não saberia se a imagem dela naquele vestido
colado não tivesse ficado marcado em minha mente.
Por outro lado, será que ninguém mais da minha equipe a
reconheceu? Tudo bem que Liberty é bem discreta, prefere se
manter distante da banda, mas é estranho. Ou ninguém de fato se
deu conta de que era a Liberty no vídeo, ou Arizona ameaçou todos
da equipe de morte. Ela pode ser assustadora quando quer.
— Arizona pediu que eu parasse de gastar dinheiro tentando
descobrir a identidade da mulher da festa, para focar mais em
reconstruir a sua imagem — Lila diz de repente.
— É por isso que veio sem marcar um horário comigo? —
digo, porque eu me senti em uma armadilha quando Lila apareceu
do nada na minha cobertura.
— Sabe muito bem que está me enrolando há dias, Milo.
Sim, estou.
— Não — minto. — Estou ocupado há dias.
— Com o que, exatamente?
— Autopiedade.
Ela solta uma risada nervosa.
— Pode acabar com o seu momento “pena de si mesmo”,
porque temos compromisso esta tarde — ela diz com um sorriso de
apoio.
— Não estou a fim de sair de casa, Lila — digo, torcendo
para que essa desculpa seja suficiente para postergar mais um
pouco essa história de entrevista.
— Não vai precisar sair — Lila responde com um sorriso que
me assusta. — Eles virão até nós.
Quê? Quem? Como? Quando?
— Eles quem?
— Vamos ter uma entrevista com Monica Lewis.
Nem fodendo! Eu detesto estranhos em minha casa, imagina
jornalistas.
— A mesma Monica que entrevistou a... — juro por tudo que
é mais sagrado que logo neste momento, só consigo pensar no
apelido que Liberty deu a ela: boqueteira.
— Nem se recorda do nome dela, não é mesmo? — Lila solta
uma gargalhada. — Sim, é a Monica da Reportagem do Boquete.
— Já deu apelido para ela?
— Eu, não. As redes sociais — Lila explica, e me mostra a
tela do seu celular, cheio de comentários e hashtags sobre a fatídica
entrevista. — É o assunto mais comentado do mês, Milo.
— Não quero essa mulher me perguntando de boquete —
nem fodendo vou dar essa entrevista, muito menos na minha casa.
— Já combinamos as perguntas, Milo — Lila argumenta. — E
vai dar entrevista exclusiva para ela, sim.
— Nem. Fodendo.
— Ou fará a entrevista com a Monica aqui no seu
apartamento, ou vai para entrevistas todos os dias da próxima
semana.
De onde diabos ela tirou isso? Não é ela quem trabalha para
mim?
— Você foi promovida à minha chefe?
— Não — ela comenta secamente. — Essa ordem veio dos
irmãos Jack. Sabe, aqueles que estão patrocinando sua próxima
turnê?
— Ah, merda — xingo, porque o patrocínio deles não só vai
bancar a turnê, como também várias das campanhas de doações a
ONGs que eu e Arizona planejamos fazer.
Por isso a expressão arrogante de Lila: ela sabe que não
posso dizer “não”.
— Não se preocupe. Temos tempo para te preparar.
18
Libby

Milo: Sim, também garanto que vai revirar os olhos de prazer.

Passo um tempão lendo e relendo aquela mensagem. Queria


dizer que as palavras de Milo não me afetam, mas, depois de
descobrir que ele é de fato capaz de fazer meus olhos revirarem de
prazer, admito que eu fico interessada.
Depois da minha péssima experiência com o meu ex, eu
jamais imaginei que teria sequer interesse em deixar outro homem
fazer sexo oral em mim. Mas, não é exatamente por isso que eu fiz
um acordo com Milo? Para que ele me ajude a superar meus
temores e inseguranças no sexo?
E ele já provou que é muito capaz neste assunto.
— Libby? — a voz de Sean me surpreende de tal forma que
eu acabo derrubando meu celular, e quase caio da cadeira junto
com meu aparelho no processo.
— AHHHHH!
— Está tudo bem? — ele questiona, caminhando
rapidamente na direção da minha mesa para me ajudar, mas eu
pego logo o celular para ele não ver as mensagens, levanto-me de
forma desengonçada da cadeira, e abro um sorriso amarelo. —
Estou te chamando há uns cinco minutos, por isso entrei.
— Está tudo bem — digo, mas sei que meu tom está zero
convincente.
— Você está vermelha — uma linha se forma entre os olhos
gentis do Sean. — E está meio afobada. Estava fazendo exercício?
— Não, eu estava... — olho para o celular, e sinto minhas
bochechas arderem ainda mais ao reler as últimas mensagens.
— Ah, alguém te mandou uma mensagem que te deixou
assim? Deve ter sido uma mensagem interessante — novamente,
eu derrubo o celular por causa do nervosismo.
Desta vez, ele cai em cima da minha mesa, com a tela virada
para cima. Os olhos de Sean vão automaticamente para o celular, e
eu, no desespero, acabo fazendo algo impensável. Eu pulo em cima
da mesa. Em cima do meu chefe.
— NÃOOOOOOOOOOO!
Claro que as cenas seguintes são absolutamente
humilhantes. Eu acabo me desequilibrando (como de costume) e
despenco em cima do Sean, que cai para trás para suportar meu
peso.
Ele é tão cavalheiro. Eu o derrubei feito uma louca, mas ele
me protege na queda. Por sorte, temos carpete no escritório, então
ele não deve ter se machucado. Muito.
— Libby, você está bem?
Eu que deveria perguntar isso a ele, afinal de contas, eu
acabei de me jogar pra cima dele como jogador de futebol
americano em final de Super Bowl.
Olho para os olhos gentis dele, e me dou conta de que estou
deitada em cima dele, nossos corpos totalmente colados, nossos
rostos tão próximos que eu consigo sentir seu cheiro de menta.
Oh, céus.
Minhas mãos começam a suar. Meu peito começa a arder.
Minha cabeça pesa. Eu perco a habilidade de formar pensamentos
coerentes.
— Sim. Não. Não sei — gente, como sou idiota. — Eu sinto
muito, Sean. Espero não ter te dado uma concussão.
— Estou bem. Acho.
Com esforço, eu consigo me desvencilhar dele e me levantar
sem causar maiores estragos. Ele também se levanta, mas seus
olhos parecem um pouco desfocados.
— Quantos dedos tenho aqui? — mostro dos dedos para ele.
— Quatro?
— São dois, vamos ao hospital! — digo, já puxando-o pelo
pulso, mas ele fica parado, e solta uma risada.
— Estava brincando, Libs.
— Ah, claro. Desculpa.
Sean me observa seriamente agora, e eu fico agradecida ao
notar que a tela do celular finalmente apagou.
— Você realmente não está bem.
— Por que diz isso?
— Porque esqueceu também da nossa reunião semanal.
Quê? Como assim? Eu me esqueci da reunião mais
importante do meu trabalho? Reunião esta que eu sou responsável
por organizar e fazer os relatórios?
— Oh, céus! Eu nunca esqueço da nossa reunião semanal!
— Eu sei — um leve sorriso desponta dos seus lábios. — Por
isso vim buscá-la.
— Vamos logo!
Quando eu me movo para a porta do escritório, Sean se põe
à minha frente para dizer alguma coisa, e é claro que eu, pinguim
profissional, acabo me desequilibrando DE NOVO e dou uma
joelhada no Sean.
Mais especificamente, dou uma joelhada entre as pernas do
Sean.
Ele imediatamente se inclina para a frente, soltando um som
de pura dor, segurando suas partes íntimas com ambas as mãos,
ficando com o rosto vermelho e a testa suada.
— Oh, não! Eu sinto muito por isso, não queria chutar os
seus....
— Não tem problema — ele diz, com a voz abafada e o rosto
ainda mais vermelho.
Neste momento, eu acho que as cosias não podem ficar
piores. Mas claro que elas ficam. Jessica aparece na entrada da
minha sala.
— O que houve com o meu irmão? — ela pergunta, enquanto
o Sean está inclinado, ainda gemendo de dor.
Oh, céus! Um ex meu virou padre. Agora, o meu potencial
namorado vai virar eunuco por minha causa? Alguém deveria criar
um app para manter desastres ambulantes que nem eu longe dos
pobres mortais como o Sean!
— Foi um acidente! — tento me defender.
— Como assim, você acidentalmente chutou o pau dele? —
Jessica berra, como sempre nada sutil.
— Poderia falar mais baixo, Jessica? — peço, enquanto tento
pensar em alguma forma de ajudar o Sean.
Certamente, não posso lhe oferecer uma massagem,
considerando o lugar que eu machuquei. Poderia lhe dar gelo, mas
que homem quer gelo logo nesse local?
Sério, por que diabos eu fui chutar logo o Sean? Por que não
poderia ter acidentalmente dado uma joelhada entre as pernas do
Milo, por exemplo?
— Eu estou bem... — ele diz, com um tom que não soa nada
bem.
— O que houve? — a nossa advogada, Lizzie, pergunta da
porta.
Ah, não. Só falta agora juntar uma multidão aqui.
— Libby chutou o pau do meu irmão — Jessica responde. —
Segundo ela, foi acidente, mas eu acho que deveríamos fazer uma
reconstituição do crime.
— Libby, isso é assédio sexual! — Lizzie diz em tom de
acusação.
— Foi acidente! — eu e Sean gritamos ao mesmo tempo, ele
ainda dobrado ao meio de dor.
— Isso é tudo culpa do Milo! — digo sem pensar.
Foi ele quem me distraiu com aquelas malditas mensagens!
Aí noto o olhar dos três na minha direção, sem entenderem nada.
— O que o Milo tem a ver com isso? — Jessica pergunta. —
Ele passou a DST Stone pro meu irmão?
— Jessica, não existe DST Stone — eu a recordo e, notando
o olhar curioso deles, sei que vou ter que oferecer alguma
explicação. — É que ele me distraiu com umas mensagens e...
— As mensagens eram do Milo? — Sean questiona.
Ah, bosta. Agora ele vai querer saber o que o Milo poderia ter
me enviado que me fez esquecer da reunião que eu NUNCA
esqueço.
— Eu... — simplesmente não consigo inventar nada.
Acho que esta é a primeira vez na minha vida que não
consigo inventar alguma coisa sobre o Milo.
— Eu achei que vocês se odiassem — Jessica comenta com
um olhar de dúvida.
— É que... Eu estou passando mal e preciso ir embora —
digo de repente, e pego as minhas coisas.
— Tudo bem. — Sean finalmente parece recuperado. Pelo
menos, os danos não foram irreversíveis. — Mas depois eu queria
conversar contigo.
— Tudo bem? — Jessica pergunta ao irmão num tom
ofendido. — Quando eu pedi hoje para ir embora porque estava
doente, você não deixou!
— Porque era mentira! — Sean diz secamente.
— Ela também está mentindo! — Jessica aponta para mim.
— Está deixando por que ela agarrou seu pau?
— Ela não agarrou! Ela chutou!
Oh, céus.
— Estou indo embora daqui agora — anuncio, e saio antes
que eles digam mais alguma coisa.
19
Libby

Saio do trabalho sabendo que não estou nem um pouco


doente e muito menos com vontade de ir para casa. Preciso
desabafar com alguém. Preciso conversar sobre todos os
sentimentos confusos que vêm se apoderando de mim.
Olho para o horário e sinto ansiedade ao notar que Roberta
ainda deve estar no trabalho. Ela é meio sem noção, me dá
conselhos péssimos, mas é uma amiga leal e excelente ouvinte.
Neste momento, é exatamente disso que preciso.
Mesmo sabendo que ela não está disponível ainda, envio
uma mensagem para ela no restaurante onde paro para almoçar
antes de ir para casa, pedindo que ela me encontre hoje assim que
sair do trabalho.
Eu e Roberta ficamos amigas por pura força do destino.
Estudávamos na mesma faculdade, e ambas precisávamos de uma
colega de quarto, porque, à época, não tínhamos dinheiro suficiente
para pagarmos um apartamento sozinhas.
Claro que Arizona queria me ajudar, mas eu senti a
necessidade de me virar por conta própria em relação à moradia, já
que minha irmã já estava ajudando com o custo da universidade
(que era gigante).
Jamais imaginei que faria amizade com alguém como
Roberta. O que eu tenho de discreta, ela tem de indiscreta; o que
tenho de quieta, ela tem de tagarela; o que tenho de nerd, ela tem
de festeira.
Ainda assim, nós nos tornamos grandes amigas, e o somos
desde então.
Assim que abro a porta de casa, dou de cara com a Beta.
— O que está fazendo aqui? — questiono, sem entender
nada.
Ela não deveria estar no laboratório?
— Eu poderia perguntar o mesmo a você — ela responde
com sarcasmo.
— Eu... Fiquei doente — claro que ela não acredita na minha
mentira.
— Deve ter ficado doente mesmo, para ter fugido do Milo
Stone!
— Fugi de vocês dois — comento secamente, referindo-se ao
episódio do laboratório.
Deveria ter imaginado que ela viria assim que recebeu a
minha mensagem. Estou ignorando a Beta desde nossa ida ao
laboratório.
— O que eu te fiz? — ela questiona, se fazendo de inocente.
— Não deveria ter falado da história do sexo oral com o meu
ex.
— Quero te ajudar, amiga. Você não vai ter uma vida sexual
saudável enquanto não superar os traumas com o padre.
Pior que eu sei que ela tem razão. Detesto isso, mas sei que
ela tem razão. Ainda assim...
— Será que pode parar de chamá-lo assim? Ele não era
padre quando eu... — olho para a pequena mesa lateral onde deixo
minhas contas e correspondências, e noto algo estranho. — Por que
minha correspondência estava aberta?
— Eu estava cansada de te esperar e resolvi abrir — ela
levanta os ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo
invadir a minha privacidade.
— Está de palhaçada?
— Não. E o Gostoso Stone te mandou a chave do apê dele
— ela sorri, me mostrando um envelope chique com o nome do Milo
e um bilhete. — Se eu fosse você, usava esta noite mesmo.
— Eu acho que vou morrer virgem, Beta — jogo-me na
poltrona, sentindo uma necessidade gigante de desabafar meus
temores com ela.
— Vira essa boca pra lá, amiga. Por que diz isso? — ela se
senta no pequeno sofá ao lado.
— Porque sou um desastre com homens! — jogo minha
cabeça entre os joelhos. — Não sabe o mico que paguei com o
Sean.
— Mas é exatamente por isso que tem que praticar com o
Milo — ela sugere, colocando a mão sobre o meu ombro. — Tem
que praticar até não ser mais um desastre.
— Eu não sei...
— Comece hoje — ela insiste. — Comece com sexo oral.
— Você quer o que, que eu abra a porta do apartamento dele
e exija sexo oral?
Como eu disse, a Roberta é ótima ouvinte, mas péssima
conselheira.
— Nossa, seria incrível — ela abre um sorriso gigante.
— Nem morta eu faço isso.
— Nem morta você faz isso sóbria — ela diz, e tira uma
garrafa com um líquido amarelado de uma sacola de papel que ela
deve ter trazido. — Foi por isso que eu trouxe tequila.
Sim, esta é a solução que Roberta indica para a maior parte
dos males. Quer relaxar para um date? Toma uma tequila. Quer ficar
animada para uma festa? Manda tequila para dentro. Quer exigir a
Milo Stone sexo oral? Mais tequila.
— Nem tequila vai resolver isso, amiga — comento,
desanimada.
— É isso que vamos ver — ela diz com um sorriso que
conheço muito bem.
O sorriso de quem não desiste.
***
Algumas horas (e doses de tequilas) mais tarde...

— E eu vou exigirrrr! — grito a plenos pulmões.


— Isso mesmo, amiga! — minha grande amiga (e excelente
conselheira) concorda. — Exija!
— Vou exigir que ele chupe minha boceta!
— Oh, yeahhhhh! — Beta vibra.
— Que ele arranque de mim todo o ranço daquele padre
desgraçado! — berro, sentindo-me corajosa, vitoriosa, fodástica!
— Não chame o pobre coitado assim, amiga — Beta comenta
em tom de sermão. — O pobrezinho já não tem sexo na vida.
— Nem eu, Roberta! — eu me defendo. — Tudo por causa
dele!
— Mas agora vai ter, amiga — ela diz, tão animada quanto
eu. — E com o maior deus sexual dos Estados Unidos!
— Vou mandar uns emojis pra ele — digo, pegando o celular.
— Que tal o emoji da beringela com o emoji com a língua pra fora e
uma flor? Será que ele vai sacar?
— Que emoji que nada! — ela me puxa pelo pulso. — Vamos
lá!
— Lá aonde?
— Na casa do seu Professor Sexual. Ele te deu a chave,
lembra?
Gente, a Beta é uma GÊNIA! Ela dá os melhores conselhos.
Eu imediatamente me lembro do bilhete que o Milo mandou com a
chave.
— Sim, e ele disse que liberou meu nome na portaria.
— Que chiqueeeee! — ela grita, e pegamos nossas coisas.
— Vamos!
Nem sei quem pede o Uber, ou como chegamos lá, mas de
alguma forma, chegamos. Beta começa a elogiar tudo a respeito do
prédio; a localização, o estilo, os restaurantes e comércios em volta.
Eu só espero que o efeito da tequila não passe até chegar à
cobertura do Milo. E sim: nós terminamos de tomar a tequila dentro
do Uber. Ele deve ter nos dado só uma estrela.
— Nossa, isso sim é prédio de rico — ela comenta, quando
chegamos ao saguão. — Até o porteiro é gato. Olha isso, parece até
o Dwayne Johnson.
— Hã... Eu posso escutá-las, senhoritas — ele diz, saindo de
sua grande escrivaninha, que é repleta de telas de computador, que
mostram, imagino eu, imagens das câmeras de segurança. — Como
posso ajudá-las?
— Ela veio ter uma aula de sexo oral com Milo Stone — Beta
anuncia.
— São fãs? Vou ter que pedir que se retirem — o porteiro fica
imediatamente com a expressão séria.
— Deus me livre, não sou fã nada — faço questão de
explicar. — ODEIO ele.
O porteiro me olha como se eu tivesse acabado de anunciar
que fugi de um manicômio.
— Ela odeia com certeza — Beta solta uma gargalhada. —
Sabe a história da DST Stone? Veio dela.
— Então como posso ajudá-las? — ele cruza os braços, e
Beta solta um som animado ao ver seus músculos praticamente
pulando.
— Meu nome é Liberty James — eu me apresento, esticando
minha mão —, o Stone...
— Ah, sim — ele relaxa imediatamente. — Ele liberou sua
entrada, Srta. James.
Ele chama o elevador para a gente, e destranca a porta do
saguão, que dá acesso aos elevadores.
— Além de gato, ainda é cavalheiro — Beta diz ao passar por
ele, apertando seu bíceps no processo.
— Ah. Obrigado — o porteiro parece meio sem graça, mas
não afasta a mão da Beta.
— Que outros truques você tem? — ela continua, sorrindo
para ele, me ignorando por completo. — Consegue tirar sutiã com
uma mão só?
O cara gargalha. Sim, o Dwayne Johnson gargalha.
Felizmente, neste instante, as portas do elevador se abrem. Que
sorte, porque eu definitivamente não quero segurar vela para esses
dois.
— Hã... Vou subindo.
Claro que eles me ignoram. No caminho até a cobertura,
sinto uma tontura, que não sei se é da tequila, do nervosismo, ou
uma mistura de ambos. O elevador finalmente chega ao seu andar.
Meio tropeçando, meio caminhando, vou até a porta dele. Respiro
fundo, abro a porta com a minha chave e grito, com os olhos
fechados:
— MILO STONE, EXIJO QUE CHUPE A MINHA BOCETA!
Silêncio total. Absoluto. Merda. Será que ele não está em
casa? Depois de alguns segundos sem resposta, abro os olhos.
Sim, Milo está em casa. E não é só ele. Tem meia dúzia de pessoas
na cobertura. Inclusive Arizona.
20
Milo

— Então, Milo, como está a preparação para a nova turnê no


ano que vem, depois do lançamento do seu novo disco?
Como eu detesto dar entrevistas. Considero-as sempre
entediantes, repetitivas e, na grande maioria das vezes, supérfluas.
Mas, desta vez, considero que uma entrevista entediante com
a jornalista Monica Lewis é infinitamente melhor do que se ela
perguntasse a respeito dos boatos que vêm circulando ao meu
respeito, os quais, por sinal, foi o programa no qual ela trabalha que
divulgou.
Mexo-me na cadeira, tentando soar simpático, apesar de já
estar cansado, após quase uma hora de perguntas irritantemente
monótonas e sem qualquer criatividade.
— Ainda temos alguns ajustes a fazer, decisões a tomar,
especialmente em relação aos lugares onde ocorrerão os shows,
mas tudo vai bem — forço um sorriso, e Lila faz um joinha para mim,
enquanto Arizona me observa como se esperasse que eu fosse
dormir a qualquer instante.
Ela sempre se diverte nessas entrevistas, especialmente
quando eu fico responsável por falar sozinho, que são as ocasiões
em que eu mais tenho que me obrigar a ficar atento e paciente.
— Você já comentou que suas turnês exigem muitos meses
de preparação, que podem ser mais desgastantes que a própria
turnê em si.
Sinto como se eu já tivesse feito essa mesma entrevista
dezenas de vezes, já que as perguntas pouco variam.
Mais uma vez, vou abrir uma exceção hoje à minha má
vontade com jornalistas, uma vez que Monica parece estar
realmente respeitando a exigência de Lila de não me perguntar
sobre a DST Stone, e a suposta gravidez de uma noiva que
ninguém sabia que existia.
— É verdade. É por isso que não faço turnês com tanta
frequência quanto gostaria. Porém, se fizesse turnês todo ano, não
conseguiria lançar álbuns com a frequência que lanço, não é
mesmo?
— Verdade. E os preparativos estão desgastantes? —
Monica questiona com um interesse que me deixa desconfiado que
ela não esteja se referindo apenas à turnê em si.
— Um pouco. Como de costume — respondo secamente.
— Imagino que não seja exatamente como de costume, se é
que me entende.
— Não, não entendo — digo com um tom gélido, sabendo
exatamente ao que ela se refere.
— Bem, você tem sido o centro das atenções da mídia na
última semana...
— Monica, lembre-se do que combinamos — Lila comenta
em tom de aviso.
— Não estou me referindo a nada específico, mas as notícias
sobre o Milo devem ter influenciado nos seus preparativos para a
nova turnê e o lançamento do novo álbum, não? — ela faz uma cara
de pura inocência que não convence ninguém na sala, nem mesmo
o cameraman dela, que parece bem pouco à vontade com a tensão
repentina do ambiente.
— Primeiro: não são notícias, mas mentiras — não resisto, e
acabo respondendo às provocações dela. — Segundo: não deixo
mentiras influenciarem no meu trabalho.
— Mas nem tudo era mentira...
— Sei que jornalistas adoram o próprio reflexo, mas você tem
visto notícias de outras emissoras e outros jornalistas que não você,
não? — desta vez, é Arizona quem diz, seu tom ainda mais
ameaçador que o de Lila.
Noto a jornalista se encolher um pouquinho, mas ela logo se
recompõe e volta a encarar Arizona com uma falsa tranquilidade na
expressão.
— Claro que eu me mantenho atualizada.
— Então sabe que a DST Stone NÃO existe — Arizona
comenta, praticamente cuspindo fogo. — Assim como o Milo não
tem qualquer fetiche sexual relacionado a urina.
— Mas não fui eu quem noticiou essas coisas — não, foi só o
programa e a emissora de TV onde ela trabalha há mais de uma
década. — Eu tive uma testemunha muito confiável que me falou
sobre uma cena que presenciou. Está me dizendo que ela inventou
isso, Milo?
— Não — respondo calmamente —, estou dizendo que é
uma mentira.
— Não faz sentido. A minha informante testemunhou ou não
uma mulher entrando na sua casa, alegando que estava grávida e
noiva de você?
— Sim, ela testemunhou isso — quando confirmo, ela abre
um sorriso, porém, volta a desinflar que nem um balão depois de
estourado quando termino a minha frase com o tom mais ácido que
limão —, mas se a senhorita tivesse feito um mínimo trabalho
jornalístico, teria descoberto que foi uma conhecida quem fez isso, e
apenas de brincadeira.
Monica fica claramente incrédula.
— Parece uma brincadeira bem séria para alguém que é
apenas uma conhecida.
— Não é só uma conhecida.... É... — simplesmente não
consigo explicar quem é Liberty para mim, especialmente na frente
da sua irmã.
Oficialmente? Eu sequer posso chamá-la de amiga. Ela não é
nada para mim.
Não oficialmente? Ela é tudo, especialmente nas últimas
semanas.
— Namorada? — Monica complementa, parecendo
esperançosa.
Arizona gargalha até chorar.
— Não é namorada do Milo, vá por mim — ela responde em
meu lugar. — Eles se odeiam.
— Ah, você a conhece? — Monica questiona, ficando
imediatamente interessada.
— Sim. Foi uma brincadeira de alguém muito próxima a mim,
mas que detesta o Milo e sempre faz essas pegadinhas com ele.
— Seria a mesma pessoa da festa? — claro que Monica
adivinha.
Ela é jornalista afinal de contas. Como não quero expor a
Liberty (apesar dela merecê-lo), eu apenas mudo de assunto.
— Podemos voltar ao assunto do novo álbum e da turnê, por
favor?
Uma linha se forma entre os olhos de Monica, mas, quando
Lila ameaça interromper a entrevista caso ela não retorne ao
assunto que elas combinaram, a jornalista enxerida pergunta:
— Bem, então, em que cidades...
Neste momento, ela é interrompida pelo estrondoso som da
porta da minha cobertura se escancarando. Do outro lado, para a
minha surpresa, está Liberty, com os olhos fechados, e berra a
plenos pulmões:
— MILO STONE, EXIJO QUE CHUPE A MINHA BOCETA!
Eu fico tão chocado que nem consigo respirar. E parece que
não só eu quem fica paralisado do pescoço para cima: há um
silêncio sepulcral na minha sala de estar.
Depois de alguns segundos, Liberty abre os olhos, e os
arregala ao ver que não estou sozinho.
Eu, por outro lado, não sei se fico excitado ou assustado.
— Ah, merda — xingo.
— Mas que porra.... — Lila também xinga.
— Jason, continue filmando! — Monica ordena ao seu
cameraman.
Arizona, por sua vez, começa a gargalhar. Alto.
— VOCÊ É UM GÊNIO! — ela diz a irmã.
Quê?
— Sou? — Liberty questiona, tão perdida quanto eu.
Quando Arizona levanta-se da sua poltrona, eu protejo a
minha virilha instintivamente. Felizmente, ela não vem na minha
direção para arrancar meus testículos, mas vai até a irmã e lhe dá
um abraço.
— Viu minha mensagem e resolveu pregar uma peça no Milo,
não foi? — Arizona pergunta, e eu sinto o alívio se apoderar de mim.
Arizona acha que foi uma brincadeira. Eu ficaria puto, se não
soubesse que Liberty está falando muito sério. Vi a expressão de
choque dela quando se deu conta de que eu estava acompanhado.
— Hã... Hum — ela oferece um sorriso amarelo à irmã.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? —
Monica exige saber.
— Claro, desde que seu cameraman desligue a câmera e
apague os últimos minutos da conversa — Arizona aponta para ele.
— Faça isso, Jason— Monica o autoriza.
Assim que ele desliga a câmera, Arizona praticamente
arrasta Liberty pela sala e a apresenta à Monica:
— Então, essa aqui é a minha irmã, e arqui-inimiga do Milo.
— Eu não diria que ela é minha arqui-inimiga — sinto a
necessidade de dizer.
— Milo, se você pegasse fogo, Liberty nem cuspiria em você
para te ajudar — Arizona comenta com sarcasmo.
— Ainda assim...
— Se você fosse picado por uma água-viva, ela não mijaria
em cima de você — ela continua.
— Já entendemos, Arizona — respondo secamente,
enquanto noto Liberty ficando mais vermelha a cada segundo.
— Hum... Eu vou indo então — ela anuncia, sem conseguir
levantar os olhos do piso.
— De jeito algum! — Lila se recupera do choque e sugere
com um sorriso simpático. — Fica mais um pouco, e assiste o
restante da entrevista!
— Ah, ótima ideia — Arizona concorda, assim como Monica.
— Eu não...
— Nós insistimos, Liberty — eu digo em tom de aviso.
Nem ferrando que ela vai me deixar sozinho com este grupo
depois do jeito que entrou na minha cobertura. Além disso, pretendo
fazer exatamente o que ela veio exigir assim que esta maldita
entrevista terminar.
21
Libby

Então, cá estou eu. Já retomando à sobriedade e,


infelizmente, começando com a ressaca antes do tempo de novo. E,
quanto mais sóbria eu fico, pior eu me sinto com toda a situação.
Especialmente quando Arizona começa a contar para a
jornalista sobre as histórias que eu inventava a respeito do Milo. O
próprio, enquanto isso, apenas me observa com um misto de
curiosidade e irritação no olhar.
Honestamente, não tenho ideia do que se passa pela mente
dele neste momento, só sei que a tequila me deu uma coragem que
eu definitivamente não tenho mais agora.
— Adorei a história do Milo Piolhento — a tal da Monica
gargalha.
Por sinal, como foi que conseguiram convencer o Milo a
receber esta mulher em casa? Da última vez que falamos dos
boatos sobre ele, Milo chamou os jornalistas do programa que
“lançou” os boatos de sanguessugas sem escrúpulos.
Honestamente? Tendo a concordar com o Milo,
especialmente porque eles não verificaram nenhum dos boatos,
apenas colocaram o meu vídeo sem sequer checar se havia
qualquer autenticidade.
— Eu ainda prefiro o da DST Stone — Lila, a relações
públicas de Milo, admite e todos (até o cameraman) riem.
Em geral, eu acharia esse tipo de conversa muito agradável.
Afinal de contas, falar mal de Milo sempre foi algo que me deu muito
prazer. Porém, além de estar doida para fugir daqui por causa do
espetáculo que eu dei, eu também mudei minha imagem do Milo
nas últimas semanas.
Ainda o acho um mulherengo sem bom gosto para mulher?
Sim.
Ainda o acho um arrogante sem vergonha na cara? Claro.
Ainda o acho um ladrão de irmãs de última categoria? Mas
com certeza.
Mas ele também pode ser um cara decente, cumpridor de
promessas e, quando não está distraído com o próprio reflexo, até
mesmo uma companhia agradável.
Exceto quando ele me olha com a intensidade com a que me
encara neste momento. Quando faz isso, todas as minhas células
apenas gritam que eu preciso fugir.
— Achei que você tinha odiado o que essa piadinha ridícula
fez à minha imagem — Milo comenta secamente com Lila.
— Não, fiquei preocupada com o que poderia fazer à sua
imagem.
— Posso dizer que foi uma pegadinha de uma amiga antiga?
— Monica questiona, olhando para o Milo para aprovação.
— Pode — ele diz, parecendo aliviado que esse boato enfim
será explicado.
— Mas só esclareça que é de uma inimiga de longa data. E
genial. — Arizona comenta, piscando para mim.
— Não somos inimigos... — Milo começa, me observando
para ver minha reação.
O problema é que mal consigo reagir agora, apenas consigo
pensar em como elaborar um plano para fugir daqui o quanto antes.
Particularmente, fugir daqui antes que sejamos deixados a sós. Ou
pior: deixados a sós com a Arizona.
— Está falando sério? — Ary pergunta para ele, em choque.
— Libby é tão maravilhosa quanto uma vilã do James Bond.
Monica ri em concordância.
— A história sobre ela vai ser incrível.
— Pode só manter o anonimato? — Arizona, como sempre,
me protege.
— Claro — Monica se dirige então a mim com um sorriso
conspiratório. — Você vai ter um codinome. Estátua da Liberdade. O
que acha?
— Na verdade, Liberty foi de uma homenagem à estátua,
então é perfeito — respondo, levantando os ombros.
— Se você já foi o assunto das redes sociais com as histórias
que sabíamos, imagina com essas novas histórias — Monica diz,
enquanto faz diversas anotações em seu celular.
— Posso incluir também aquela em que você colocou um
gambá no armário dele e o Milo passou um mês inteiro vestindo
roupas fedorentas — Arizona, sem querer, acaba entregando ainda
mais munição para o Milo, que apenas me encara com mais
intensidade, seus olhos ficando negros.
— Nem acredito que foi isso. Eu lavei aquelas roupas
centenas de vezes, e, no fim, tive que comprar um armário inteirinho
novo, lembra Ary? — todos do grupo (exceto eu e ele, claro)
gargalham.
— Lembro, mas juro que, à época, eu não sabia — Arizona
responde, enquanto eu foco toda a minha concentração no chão de
granito da sala do Milo.
— Trabalhei que nem um louco naquele verão para conseguir
comprar as roupas novas — ele resmunga, me observando como se
eu fosse realmente uma vilã de James Bond.
— A culpa é sua! — eu me defendo. — Quem mandou contar
para as pessoas mais populares do colégio que eu tinha um crush
pelo capitão do time de futebol?
— Verdade, Milo — Ary fica do meu lado. #TimeLibby! — O
colégio já é cruel o suficiente.
Exatamente. Eu já era ultra sacaneada por ser uma nerd, por
ser a melhor aluna da sala, por ser mais magra que vara de pescar,
por ser tão tímida que eu sempre passava mal quando ia fazer
apresentação.
— Estão dizendo que eu mereci? — ele questiona, uma linha
se formando entre suas sobrancelhas.
— Com certeza — todas as mulheres do grupo dizem em
uníssono, e meus olhos vão lentamente deixando o chão.
— Queria eu ter a imaginação da Libby na minha época de
colégio — Monica diz de forma encorajadora.
Jamais imaginei que eu gostaria de algo que sairia da boca
dela.
— Mas... Como você soube que faríamos a entrevista na
cobertura do Milo? — Arizona me pergunta.
Ah, droga. Achei que fugiria do interrogatório.
— Bem... Hum.... Uma grande vilã Bond não pode revelar
todos os seus segredos, não é mesmo? — comento, fazendo-as rir
de novo.
— Ela deve ter visto na minha página do Instagram — Monica
comenta com as demais. — Eu passei a manhã inteira publicando
sobre a minha entrevista com o Milo.
— Ah, droga! Você me pegou — finjo.
— E a chave do apartamento do Milo? — Arizona pergunta
de novo, mas sem qualquer traço de desconfiança, apenas
curiosidade mesmo.
— Bem... Eu... Hã...
— Foi você quem roubou a chave na festa? — Ele entra no
teatro e me pergunta, e, em seguida, diz a Arizona — Eu percebi
que a minha chave tinha sumido na festa do Sean.
Eu mal consigo acreditar que, depois de tudo, ele está me
protegendo. Se bem que... Ele também está se protegendo. Ou, ao
menos, os seus testículos.
— Não roubei nada — eu me defendo, entrando no jogo dele.
— Eu ia devolver.
— Gente, eu realmente, gostei muito de você! — Monica
comenta, e coloca a mão sobre a minha. — Acho que já consegui
material o suficiente para o próximo ano!
— Fico contente — Milo diz com uma ironia muito mal
disfarçada.
— Vamos, Jason? — ela ignora o tom de Milo, e fala com seu
cameraman, que imediatamente começa a guardar as coisas.
— Também já vou — digo, assim que Monica e Jason deixam
o apartamento.
— Por que a pressa, Libby? — Arizona questiona com um
sorriso.
— Exato. Por que a pressa? — Milo também questiona. Sem
qualquer sorriso.
— É que... A Beta tá lá embaixo me esperando e temos um
compromisso — não é exatamente uma mentira.
Só uma meia mentira. Digo, acho mesmo que a Beta ainda
esteja lá embaixo. Só duvido que ela esteja me esperando para um
compromisso que não existe.
— Que compromisso? — Milo pressiona.
— Ela terminou um dos seus muito casos e quer ir a um sex
shop comprar vibradores para afogar as mágoas — respondo no
mesmo tom que ele usou, cruzando os braços. Quando ele não
responde, eu me viro para a saída. — Tchau, gente.
Estou ansiosamente à espera do elevador, quando ouço a
porta do apartamento se abrir de novo, e vejo os olhos intensos de
Milo (juntamente com seus ombros largos, seus braços musculosos
e seu corpo alto) aproximar-se de mim.
— Nem tente fugir de novo, Liberty — ele diz baixinho,
enquanto ouvimos as vozes animadas de Arizona e Lila lá dentro.
— Não sei do que está falando — digo, no momento em que
o elevador chega.
— Se fugir, vai se arrepender — ele diz com aquela
intensidade dele que me deixa arrepiada, e as portas se fecham.
Oh, céus.
Quando o elevador enfim chega no térreo, eu dou de cara
com um saguão completamente deserto.
— Beta? — chamo, mas ninguém responde.
— Dwayne Johnson? — acabei não perguntando o nome do
porteiro-segurança.
Nada.
— Ohhhhhh! — ouço a Beta gritar de um corredor.
Caminho até lá, e vejo a Beta com os olhos fechados e
gemendo que nem atriz pornô, sua saia levantada até a cintura, e o
Dwayne Johnson de joelhos, com a cara enterrada entre as pernas
dela.
Sentindo um misto de inveja e de vergonha, vou embora sem
avisar a ela.
22
Milo

— Acho que foi melhor do que esperávamos — Lila diz,


completamente satisfeita.
Acho que eu nunca a vi tão feliz.
— Bem melhor, graças à minha irmã — Arizona comenta com
arrogância.
— É graças a ela que nos envolvemos nesta confusão,
então... — levanto os ombros, me sentindo completa e
absolutamente frustrado.
Meu timing com Liberty não poderia ser pior. Quando ela
FINALMENTE decide vir até mim e me implora para ser chupada, eu
não estou sozinho. E pior: depois do que aconteceu, eu tenho a
forte impressão de que será ainda mais difícil agora convencê-la a
me deixar chupá-la do jeito que ela merece ser chupada.
MALDIÇÃO DOS INFERNOS!
— Esta confusão a que você se refere vai nos ajudar tanto
com as vendas do novo álbum como da nova turnê, Milo — Lila
comenta.
Pior é que eu sei que ela está certa, mas, neste momento, eu
não poderia me lixar menos para vendas, ou turnê, ou novo disco.
— Enfim...
— Quer fazer alguma coisa? — Arizona propõe. — Ver um
filme?
— Tenho compromisso — minto, já decidido a ir atrás da
Liberty assim que essas duas forem embora daqui.
Sempre gostei da companhia delas, mas, hoje, quero apenas
ir atrás da Liberty para fazermos exatamente o que ela chegou aqui
exigindo.
— Com quem? — Arizona questiona, como sempre uma
intrometida.
— Vou até a casa da sua irmã fazer com ela o que ela exigiu
de mim mais cedo — decido dizer a verdade, sabendo que elas
nunca acreditarão.
— Que nojo! — Arizona faz cara de quem quer vomitar.
— Nem consigo imaginar você e Libby juntos — Lila
comenta.
— Por que não? — pergunto, porque eu me imagino com a
Liberty desde que nos conhecemos.
Sabem, desde o primeiro momento em que ela me odiou.
— Não me venha com ideias ridículas, Milo — Arizona me
observa atentamente. — Sabe muito bem do nosso acordo.
— Sei, sei...
— Qual é o compromisso, Milo? — ela insiste.
— Ele se chama: não é da sua conta.
— Deixa de ser chato e diga logo! — essa garota não sabe
parar?
— Sabem o que a entrevistada da Monica disse que sempre
fazia comigo?
— O que? Quando ela usava a boca para chupar o seu
PIIIIIIIIIII? — Lila imita, e ela e Arizona começam a rir.
— Exato — curvo os lábios no meu sorriso mais arrogante. —
Acabei de arranjar outra para fazer isso, já que sua irmã
interrompeu a última.
Arizona solta um som de escárnio.
— Vou então pedir que ela não interrompa desta vez.
— Não! — digo seriamente, temendo que Arizona ligue para
a irmã e Liberty se dê conta de que estou na verdade indo para o
apartamento dela. Arizona e Lila me observam com desconfiança,
então eu explico: — Senão é capaz dela descobrir para onde estou
indo e realmente dar um jeito de me interromper de novo.
Elas riem.
— Não se preocupe, vamos ficar muito confortáveis aqui na
sua casa— Arizona informa, e eu já fico mais tranquilo de saber que
vou poder ir à casa de Liberty sem me preocupar em ser
interrompido por Ary.
— Acho que vamos experimentar a jacuzzi e tudo — Lila
anuncia.
— Já fiz muitas coisas nela, então não se preocupem se
acharem algum líquido pegajoso branco — comento só para
provocá-las.
— Você é nojento, Milo! — Lila me acusa. — Vamos para a
minha casa, Ary. Lá, ao menos, não há ejaculação de homem com
cabeça de adolescente espalhada pela casa.
— Por isso a Libby inventou a DST Stone! — Arizona diz, no
caminho até a porta.
Liberty... Agora, vou fazê-la pagar por isso e muitas outras.
Vou chupá-la até ela ficar dolorida. O começo do meu dia foi uma
merda. Mas tenho a forte sensação de que o restante dele será
muito prazeroso.
***

Libby

Mal consegui abrir meu kindle e começar a tomar meu chá,


quando o som da campainha da porta de entrada do prédio me tira
da minha poltrona, onde eu pretendia passar as horas seguintes
lendo calmamente.
— Quem é? Se for a Beta, já sei muito bem o que você fez
com o porteiro do prédio do Milo e não quero ouvir detalhes! As
cenas vão aterrorizar meu sono pelos próximos anos! — aviso, já
apostando que é ela.
— Sou eu — a voz intensa de trovão do Milo anuncia, e meus
joelhos perdem as forças.
Ah, não. Ah, droga, eu não estava esperando vê-lo hoje de
novo. Por outro lado, eu deveria ter imaginado que ele viria me
visitar depois do espetáculo na cobertura dele. Por que diabos eu
não fui ler meu kindle no café da minha rua?
— Neste caso, não estou em casa!
— Se não abrir, vou começar a gritar exatamente o que você
gritou uma hora atrás na porta da minha casa— ele ameaça.
— Duvido muito que faça isso! — respondo, mas já ficando
preocupada. — Vão filmar e colocar nas redes sociais!
— Ao menos, tira o foco da história da DST Stone — ele
responde secamente.
— Você está blefando.
— Vou contar até três, Liberty — ele anuncia, e começa: —
Um.
— Para com isso, já disse que não estou em casa para você!
— respondo, minha preocupação virando desespero.
— Precisamos falar — ele responde, e continua: — Dois.
Na dúvida, eu acabo liberando a entrada dele no prédio e
abro a porta.
— O que quer, Milo? — pergunto, sem conseguir olhá-lo nos
olhos.
— Que história é essa da Beta e Mike? — ele questiona, já
entrando no meu pequeno apartamento, seu tamanho e intensidade
apenas deixando-o menor.
— Mike? — questiono, sem saber a quem ele se refere. —
Esse é o nome do Dwayne Johnson?
Ele definitivamente não tem cara de Mike. Tem mais cara de
Rocky, ou MacGyver, ou Mad Max, ou Chuck Norris, ou Rambo.
— Sim, Mike é o nome do porteiro que está de serviço hoje.
— Eu os flagrei em uma posição tão comprometedora
quando você com a sua amiga no outro dia — explico, e ele solta
uma gargalhada.
— Ah, o dia em que você inventou a história da gravidez e do
noivado?
— Exato.
— Tirou alguma foto de nossa querida Beta de joelhos? —
ele pergunta, sentando-se na poltrona de onde ele me arrancou, seu
olhar sem deixar de me observar.
— Não. E não ela era quem estava de joelhos — explico,
levantando as sobrancelhas, e ele solta outra gargalhada.
— Ah. Então Mike sabe realmente cuidar de uma mulher.
— Ao contrário de alguns... — eu o provoco, mas sei que
digo a coisa errada no momento em que as palavras deixam meus
lábios, porque ele imediatamente se levanta e caminha até mim com
a mesma pose de uma pantera prestes a atacar sua presa.
— Mas vou te provar agora mesmo que eu sei cuidar muito
bem do prazer de uma mulher.
— C-como assim, Milo?
— Vim fazer o que você exigiu na minha casa: vim chupar
muito bem essa boceta.
23
Milo

No momento em que deixo claro por que vim até a casa dela,
os olhos castanhos arregalam-se, seus lábios carnudos se partem, e
Liberty começa a dar paços trôpegos para trás à medida em que me
aproximo dela.
Não sei bem para onde ela acha que vai fugir agora: seu
apartamento não é enorme, muito pelo contrário. Não há onde se
esconder.
— Nem pense em chegar perto de mim, Milo — ela diz,
quando suas costas chegam à parede da sala.
— O que foi? — digo, dando mais passos em sua direção,
minhas mãos formigando de desejo para tocá-la. — Perdeu a
coragem?
— Eu estava bêbada — ela se defende.
— Então você fica mais inteligente quando fica bêbada —
replico.
— Vá se foder!
Eu a seguro pela nuca e a puxo na direção do meu corpo, até
senti-la colada a mim dos ombros aos tornozelos.
— Vou é foder essa boceta com a minha boca — roço contra
seus lábios.
— Milo... — os olhos dela escurecem de desejo.
— Aposto que você está encharcada para mim, Liberty.
— Milo... — ela repete, com um tom tão apaixonado que eu
não me seguro mais e a pego no colo, levando-a para a cama dela.
Coloco-a na cama, e tiro seu pesado roupão, notando, já com
o pau duro, que ela usa apenas uma camisola de algodão fina por
baixo dele, permitindo que eu veja o contorno de seu corpo, dos
seus seios, e o caminho do pecado entre suas coxas.
Ah, como eu me deliciarei com esse corpo.
Rasgo sua camisola, e seios firmes e suculentos me
encaram, mamilos rosados transformando-se em minúsculos
pontinhos que eu tomarei em minha boca.
— Deite-se, Liberty — ordeno com um tom suave, e ela o fez
sem questionar.
Suas mãos estão levemente trêmulas e sua respiração está
entrecortada, e vejo, nos olhos dela, um misto de desejo,
antecipação e insegurança, o que apenas me fez desejá-la mais.
Deito-me sobre ela, deixando meu peso afundá-la no
colchão, e Liberty solta um gemido, instintivamente abrindo as coxas
para me receber. Meus lábios repuxam-se em um sorriso, e começo
a traçar beijos pelo seu belo rosto.
Quando a respiração dela fica ainda mais acelerada, assim
como seu coração, e seu corpo relaxa sob o meu, desço a boca
pelo seu queixo, pelo pescoço e, finalmente, abocanho um pequeno
mamilo rosado.
— Ah! — ela arfa, abrindo ainda mais as pernas, recebendo
ainda mais meu quadril.
— Alguém já a mamou assim, Liberty? — eu sei que não, sei
que só eu a toquei desse jeito, a beijei desse jeito, a chupei desse
jeito, mas gosto de ouvi-la gemendo enquanto responde.
— V-você sabe que n-não, Milo.
— Eu já disse que é uma honra ser o seu primeiro?
Ela apenas solta um gemido em resposta.
Retorno minha atenção aos seus seios doces, chupando,
lambendo, puxando-os com os dentes, sentindo o prazer
incomparável de saber que, em poucos minutos, vou enfiar minha
cara entre as pernas dela.
Mal posso esperar.
Ao contrário de muitos homens, eu não só gosto de receber
sexo oral; gosto de fazer também. Adoro o cheiro das mulheres,
adoro ouvi-las gemendo, adoro senti-las gozando na minha língua.
E sei que a experiência com Liberty será ainda mais intensa.
Em poucos minutos, Liberty torna-se apenas uma massa
trêmula embaixo de mim, e desço uma das minhas mãos até sua
boceta. Seu corpo fica tenso por um momento, até eu massagear
seu pequeno montinho, e sua boca volta a soltar sons
incompreensíveis.
— MILO! — ela grita, enquanto goza com força.
— Está pronta para ser chupada aqui, Liberty? — questiono,
usando sua umidade para lambuzar meus dedos, e enfiá-los, pouco
a pouco, dentro dela.
— Oh! — ela grita em resposta, sua boceta apertada
tentando se acostumar com a intrusão.
Subo meus lábios, e beijo seu pescoço, levando-a de volta
para o relaxamento, oferecendo um prazer tão grande que ela fica
inebriada, entregue, relaxada.
Quero que, a partir de hoje, ela nunca mais pense no ex dela.
Meus lábios retornam aos seus por alguns minutos, e eu
aprofundo nosso beijo rapidamente, enquanto exploro seu corpo
curvilíneo com as mãos, sentindo sua pele aquecendo sob meu
toque, sentindo suas costas arquearem, empurrando os mamilos
duros em minha direção, implorando que eu os chupe de novo.
Suas pupilas estão tão dilatadas que eu mal consigo
distinguir o castanho do negro. Tiro meus dedos de dentro dela e
começo a descer meus lábios por ela, beijando seu pescoço,
fazendo-a gritar quando dou leves mordidas em seus pequenos
mamilos, lambendo sua pele arrepiada até alcançar sua boceta.
Separo seus joelhos enquanto a encaro, seus olhos brilhando
com um misto de expectativa e nervosismo, meu coração batendo
enlouquecidamente com o desejo. Enterro minha face nela sem
qualquer pudor, sugando seus lábios entre os meus dentes,
sentindo minha ereção latejar enquanto ela grita meu nome sem
parar.
Começo a chupar seu montinho enquanto volto a penetrar um
dedo dentro dela, mal conseguindo me segurar. Ela é tão apertada,
está tão molhada para mim.
Porra, como ela é deliciosa. Chupo seu montinho sensível, e
Liberty aperta as coxas contra a minha cabeça, gritando coisas
incongruentes, dizendo palavras sem sentido. Enfio o nariz entre
seus lábios e inspiro fundo. Porra, preciso fodê-la com a língua.
Quando eu a penetro, ela levanta os quadris, me oferecendo
mais. Minhas mãos apertam suas nádegas, e, poucos minutos
depois, ela goza com força uma segunda vez.
— Mais, Milo!
Ela quer mais? Pois eu lhe darei mais.
Enfio um segundo dedo dentro dela, enquanto meu polegar
toma o lugar dos meus lábios e massageia seu montinho. Subo a
minha boca até um pequeno mamilo e o chupo, sentindo-a apertar
meus dedos cada vez mais, sentindo seu pequeno corpo ficando
tenso sob o meu.
Observo-a enquanto ela chega ao ápice: para mim, Liberty é
como o sol, ofuscando as demais mulheres. Quando ela finalmente
se recupera, seus olhos abrem, e ela me dirige um sorriso satisfeito
que quase me dá um ataque cardíaco.
— Nossa... Isso foi...
— Maravilhoso? Paradisíaco? Absolutamente orgásmico? —
Eu a ajudo, com meu tom arrogante que sempre a provocou.
— Foi okay — ela provoca de volta, com um sorriso irônico.
— Okay?
— Melhor que o padre, parabéns — ela continua, me
provocando ainda mais.
— Ah, Liberty — digo, beijando-a profundamente, deixando
que ela sinta o gosto de sua boceta nos meus lábios. — Agora vai
ter que pagar.
— Pagar? Como? — seus olhos se arregalam em
expectativa.
— Vamos continuar com a aula de sexo oral — explico, e ela
amplia seu sorriso. — Desta vez, que vai me chupar é você.
A expressão dela muda, ficando repleta de insegurança.
— M-Mas...
— Quer finalmente experimentar a jacuzzi da minha casa?
24
Libby

A experiência foi tão intensa, tão enlouquecedora, que me


deixou num estado quase que de entorpecimento. Quando dei por
mim, já estávamos de volta na cobertura dele, suas mãos em volta
da minha cintura de forma possessiva, seus lábios roçando contra
os meus.
Não sei como aconteceu, mas, em poucas semanas, Milo
conseguiu transformar meus traumas em lindas lembranças, minhas
inseguranças em autoconfiança, meu nervosismo em prazer.
Talvez, Beta estivesse certa: se eu quero melhorar, se quero
deixar para trás minhas péssimas (ainda que poucas) experiências
com homens, devo confiar em Milo, devo lhe contar tudo o que me
incomoda e que me deixa com medo.
Sinto minhas coxas apertarem e meus joelhos virarem
gelatina só de lembrar como foi incrível ter a cara dele enterrada
entre as minhas pernas. Como eu tive os ápices mais intensos da
minha vida.
Agora, estou aqui. Só não sei muito bem o motivo. Nossa
conversa após o sexo oral está sob uma névoa de prazer, então mal
me lembro do que falamos.
— O que estou fazendo aqui? — pergunto contra seus lábios,
nem um pouco inclinada a me afastar dele.
— Veio aproveitar minha jacuzzi — ele diz, traçando beijos
pelo meu rosto, minha mandíbula, meu pescoço.
— Hummmm — solto um som que é um misto de gemido e
concordância.
— Veio para continuarmos a aula — ele continua.
Ah, é mesmo. Agora que ele mencionou isso, lembro-me dele
falando que continuaríamos com nossa aula prática de sexo oral. Só
que, desta vez, eu faria nele.
— Hum — minha resposta é mais curta, porque, mais uma
vez, sinto a onda da insegurança começar a se aproximar.
Nunca fiz sexo oral em um homem antes. E se eu for
péssima?
— Veio para eu te ensinar como se chupa uma pica.
— Já entendi, Stone — digo secamente, tentando esconder
meu medo com meu tom distante.
Claro que eu não o convenço. Ele apenas me observa com
aquele olhar intenso dele, e me oferece um sorriso arrogante.
— Então comece a tirar a roupa, James — ele diz, e começa
a tirar a roupa lentamente, me deixando mais boquiaberta a cada
novo músculo que ele vai revelando.
Nossa, Milo é realmente gato. E gostoso.
— O que está fazendo? — questiono, a garganta ficando
seca.
— Estou liberando meu amigo para você poder colocar sua
boquinha de veludo em volta dele. Na jacuzzi — ele responde, e tira
a última peça de roupa, expondo sua ereção para mim.
Engulo em seco. Ele é enorme. Como eu vou colocar essa
ereção dele na minha boca? A despeito do meu medo, admito que
também sinto desejo. Eu quero prová-lo, assim como ele me provou.
Eu quero lhe dar prazer, como ele me deu.
Mas não tenho ideia de como fazer nada disso. Será que eu
deveria ir até o banheiro para encontrar um tutorial no You Tube?
Porém, duvido que haja um tutorial ensinando “Como chupar o pau
gigante do seu antigo arqui-inimigo que agora está te ensinando a
não ser mais uma virgem”.
— Hã...
— Quer que eu te ajude? — ele questiona com ironia,
obviamente reparando que meus olhos ainda não desgrudaram da
ereção assustadoramente gigante dele.
— Não preciso ficar pelada para isso — eu comento, mas ele
continua se aproximando.
— Claro que precisa — ele sussurra, me segurando pela
cintura. — Quero ver esses peitos suculentos enquanto você me
chupa.
— Vamos parar de falar nisso? — quanto mais ele fala, mais
excitada eu fico.
Só que mais nervosa eu fico também.
— Falar no quê? Boquete? Chupada? Chupeta? Bico de
mamadeira?
Milo sabe exatamente como me provocar, como me deixar
mais à vontade, como me excitar. Assim que ele diz todas as
expressões chulas, começo a gargalhar, em sentindo um pouquinho
menos nervosa.
— Bico de mamadeira? — pergunto, achando a expressão
ridiculamente inapropriada.
— Vamos entrar logo na banheira? — ele pergunta, e me
agarra em um beijo profundo, deixando sua ereção latejar contra o
meu estômago.
Lentamente, enquanto me beija, ele começa a tirar as minhas
roupas. Quando estou tão nua como ele, minha pele sendo
aquecida pela dele, ele me pega no colo e me coloca na jacuzzi.
Ele me posiciona de tal forma que ele fica sentado embaixo
de mim, enquanto eu estou com as pernas abertas, um joelho em
cada lado dos seus quadris.
A água quente deixa a minha pele ainda mais sensível, e Milo
aproveita nossa proximidade para abocanhar um dos meus
mamilos, enquanto introduz um dedo grosso dentro de mim.
— Milo... Por favor... — digo, rebolando contra seu dedo,
inclinando meu torso para que ele tenha ainda mais acesso aos
meus seios.
— Quer gozar de novo antes de me chupar, Liberty? — ele
questiona, e começa a enterrar seu dedo dentro de mim com mais
velocidade, me chupando com mais força.
Baixo minha mão e começo a massagear sua ereção
também, e sinto o prazer percorrer as minhas veias quando ouço o
gemido gutural saindo da boca dele.
Ficamos assim, ele me comendo com os dedos, chupando
meus seios, e eu batendo punheta nele, até que ambos sentimos
que estamos no precipício.
— Milo... — digo, sentindo o ápice se aproximar rapidamente.
— Porra, Liberty — ele afasta os lábios do meu mamilo para
me encarar, seus olhos quase negros — Não quero gozar na sua
mão, mas na sua boquinha.
— Milo? — voz de Arizona soa do andar de baixo.
— Ah, porra — Milo xinga baixinho.
— O que vamos fazer? — sussurro para ele.
— Esconda-se no meu quarto — ele me diz. — Eu me livro
da empata foda da sua irmã.
Nós saímos silenciosamente da jacuzzi, enquanto ouvimos
Arizona entrar no apartamento, e bater a porta da entrada. Depois
de alguns segundos, ela grita de novo, enquanto estamos nos
secamos e vestindo a roupa:
— MILO!
— O que quer, Arizona? — ele grita de volta, no momento
que eu termino de me vestir.
— Você viu meus óculos? — ela questiona, e, pela voz dela,
sei que está no pé das escadas.
Se ela subir agora, vai nos ver. Antes que ela faça isso, Milo
vai até as escadas para responder a ela:
— Voltou à minha casa sem me avisar por causa da merda
dos óculos?
— Achei que você não estaria aqui — ela diz, enquanto ele
desce os degraus. — Você não tinha um encontro com uma
boqueteira profissional?
Foi essa a desculpa que ele deu para ir embora depois da
entrevista?
— Não gosto desse termo, mas, enfim, ela me deu o fora.
— O grande Milo Stone levou um fora? — Arizona questiona
com ironia, e eu os ouço se movendo pela sala onde aconteceu a
entrevista.
Uso as escadas dos fundos do apartamento, que dão acesso
direto à suíte do Milo, e me escondo lá. Como a porta dele está
aberta, ainda consigo ouvir a conversa deles.
— Vai ver ela realmente acha que eu tenho a DST Stone —
ele oferece como desculpa. — Mais uma vez, sua irmã me
interrompeu um boquete.
Arizona gargalha, e eu me sinto irritada. Isso é tão injusto,
considerando que, desta vez, foi a Ary quem nos interrompeu!
— Quer por favor pegar a porra dos seus óculos e ir embora?
— ele pergunta secamente.
— Por que? Você não parece muito ocupado.
— Eu estava — Milo replica com impaciência.
— Fazendo o que? — gente, como a minha irmã é
intrometida.
— Você não quer saber — ele afirma.
Mas ela não quer saber MESMO o que ele estava fazendo
com a irmãzinha dela.
— Quero sim — ela insiste.
— Estava na jacuzzi batendo punheta.
Tenho que me segurar para não gargalhar.
— Sério, qual é o seu maldito problema? — Arizona
questiona, irritada.
— Você perguntou.
— Então termine logo o serviço, porque eu estou sozinha e
quero companhia — ela diz, e eu começo a me desesperar.
Ah, droga. Arizona não planeja sair daqui tão cedo. Neste
instante, noto que Xodó, que dormia pacificamente em sua grande
cama na suíte do Milo, abre os olhos, suas orelhas imediatamente
ficando alertas ao me ver.
Ah, droga. Espero que ele não lata. Corro até ele e começo a
fazer carinho em suas orelhas, do jeito que ele gosta, torcendo para
que a grande bola de pelo volte a dormir. Eu amo o Xodó, mas não
preciso da energia dele neste instante, quando quero ficar bem
escondida da minha irmã.
— Vá atrás de outra pessoa — Milo insiste, soando cada vez
mais impaciente.
— Acha realmente que você foi a minha primeira opção
depois da história do encontro com a boqueteira?
— Então vá para a sua primeira opção. Pago seu Uber e tudo
— ele oferece, como se minha irmã precisasse de dinheiro para
Uber.
— Eu já fui lá. Minha irmã não está em casa.
Ah, droga. Ela foi me ver? Que sorte que só apareceu lá
depois que já tínhamos saído. Arizona também tem as chaves da
minha casa, e só de pensar o que ela poderia ter flagrado, eu fico
até tonta.
— Ah.
— Acho que vou ligar para ela — Arizona diz, e Milo
praticamente berra:
— NÃO!
— Quê?
— Digo, por que você não escolhe um filme para assistirmos
mais tarde? — ele sugere, o que é minha deixa para fugir daqui.
Milo queria tentar se livrar da Arizona, mas ficou claro que ela
não vai embora tão cedo, então Milo criou a oportunidade perfeita
para eu ir embora sem que ela me veja.
A sala de TV fica do lado oposto do corredor à suíte dele,
permitindo que eu fuja sem que Arizona me note.
— Okay. Termine logo seu serviço e não esqueça de lavar as
mãos com álcool — Arizona diz, mas eu escuto seus passos se
aproximando perigosamente da suíte.
— Para onde está indo?
— Para o seu quarto, onde ficam os meus DVDs favoritos da
sua coleção especial.
— NÃO! — ele grita de novo.
Ah, maldição. Já vi que essa fuga será difícil.
Felizmente, eu me tornei expert em fugas.
25
Milo

Merda, merda, merda. Preciso distrair Arizona. Ao menos, até


Liberty se dar conta de que a irmã dela não vai embora e ela terá
que fugir.
Realmente, eu tenho tido muita pouca sorte. Acho que
empatar fodas está no DNA das irmãs James, só pode.
Porra, como vou conseguir me concentrar em qualquer coisa
hoje quando só consigo pensar em como seria perfeito sentir a boca
deliciosa de Liberty em volta do meu pau?
— Qual é o seu problema hoje, Milo? — Arizona pergunta,
desconfiada.
— É que... Na verdade... Eu preciso de uma ajuda sua —
invento, sem ter ideia do que estou fazendo, notando uma sombra
se movendo em minha suíte.
Guio Arizona de volta para a sala, onde ela continua a me
observar como se eu tivesse criado chifres na testa.
— Se está se referindo ao que estava fazendo na jacuzzi, eu
juro que corto seu pau fora com faca cega — ela comenta
secamente, e eu solto uma gargalhada nervosa.
— Que nojo, Arizona, Deus me livre e guarde.
— Ah, bom — ela relaxa um pouco.
— Mas é ajuda com... Uma garota.
Merda. Por que fui dizer logo isso? Claro que, com o meu
histórico, Arizona fica toda desconfiada de novo.
— Desde quando me pede ajuda com garotas? — ela
questiona, colocando as mãos na cintura.
— Desde nunca — admito. — Mas com essa é diferente —
penso imediatamente na irmã dela.
Sim, com Liberty, é tudo diferente.
— Como assim, diferente?
Vejo Liberty sair de fininho da minha suíte. Felizmente,
Arizona está de costas para ela, mas Xodó também se move atrás
dela, então Arizona começa a se virar na direção do som. Eu
simplesmente a abraço, fingindo que preciso de conforto.
— Eu... Acho que gosto dela — digo, por cima do ombro da
Arizona, encarando Liberty, usando esse momento bizarro para
revelar, ao menos em parte, o que realmente sinto por ela.
— Gosta? — Arizona questiona, seu tom incrédulo.
— Sim — solto Arizona quando Liberty consegue se refugiar
atrás de uma fileira de plantas em grandes vasos que tenho nos
fundos da sala. — Mas ela me odeia.
— Você fez o que com ela? — Arizona questiona, cruzando
os braços, e movendo-se tal forma que agora ela tem a vista da
porta de entrada do apartamento.
Merda. Liberty não vai conseguir sair enquanto Arizona não
olhar para o outro lado.
— Por que acha que é a minha culpa? — pergunto de volta,
sentindo-me automaticamente na defensiva.
— Porque é sempre sua culpa.
Vejo a cabeça de Liberty balançar em concordância atrás das
plantas. Ah, mas como eu vou castigá-la.
— Bem, acho que eu avancei rápido demais — continuo,
falando sem pensar direito.
— O que você chama de rápido demais?
Limpo a garganta.
— Eu pedi a ela que me mandasse um nude — Liberty
levanta um pouco a cabeça, seus olhos arregalados me encarando
com choque.
De fato, eu pedi um nude a Liberty, para que ela deixasse de
ter vergonha do próprio corpo. E, claro para o meu próprio prazer.
Tenho olhado para essa nude dela com frequência preocupante.
Só não coloquei a nude dela como tela de fundo do celular
para evitar que outras pessoas a vissem. O rosto dela não aparece
na foto, mas, ainda assim...
— Do nada? — Sinto o julgamento de Arizona em seu tom.
Neste momento, Xodó corre para a sala, até as malditas
plantas onde Liberty está se escondendo. Seguro Arizona pelos
ombros para evitar que ela se vire.
— Sim, tudo por culpa da sua irmã! — digo, mesmo sem
fazer qualquer sentido.
— O que a Libby tem a ver com isso?
— Com todas essas fofocas que ela inventou ao meu
respeito, eu fiquei meio... Inseguro.
— Inseguro? — Arizona se liberta das minhas mãos,
revirando os olhos. — Qual é, Milo? Você já cantou uma música
inteirinha de Natal da Mariah Carey só com uma meia vermelha
escondendo suas partes íntimas.
— Ah, eu estava meio bêbado — eu me defendo, lembrando-
me vagamente da noite em questão.
— Na noite de Natal na casa da minha família! — ela me
acusa, e vejo os ombros de Liberty sacudirem-se.
Eu estou aqui na merda, e ela está rindo às minhas custas?
— Eu sei, eu sei — passo as mãos pelos cabelos, tentando
me concentrar na conversa com Arizona e em como vou fazer para
liberar o caminho para a Liberty. — Não estava muito bem nesse
dia.
— Meu pai ainda toma remédio pra dormir por sua causa! —
Arizona me acusa de novo.
— Eu já pedi desculpas a ele.
— E minha avó ainda mostra as suas fotos com a meia
vermelha a todas as amigas dela.
Solto uma risada arrogante, mesmo sabendo que vou irritar
as duas irmãs.
— A vó Mary realmente gostou da minha performance.
— Exatamente. A performance de alguém que é zero
inseguro — Arizona argumenta.
— Sempre fui seguro antes — concordo com Arizona. Aí,
olho de novo para o local onde Liberty está escondida, e insisto: —
Mas com ela é diferente.
Sempre foi diferente.
Arizona inclina-se um pouco para o lado, virando suas costas
para a porta. Porém, no momento em que Liberty se levanta para
fugir, Xodó pula em cima dela e começa a fazer festa.
— O que o Xodó está fazendo? — Arizona fica desconfiada,
e se vira de uma vez.
Aí, eu faço a única coisa que posso para interrompê-la. Eu
puxo a minha melhor amiga – e irmã da Liberty – pela nuca e a
beijo.
Eu. Beijei. A. Arizona.
Que é quase como beijar a minha irmã gêmea. Sinto o meu
almoço tentando fugir do estômago. Abro os olhos, e vejo que
Liberty está petrificada atrás das plantas, boquiaberta. E Arizona me
empurra com força.
— Mas que porra, Milo! — ela reclama, limpando a boca com
a manga do casaco de moletom. — Você está usando drogas?
— Não! É que... A garota disse que eu beijo mal — invento, e
também limpo minha própria boca com minha camisa. Sério, beijar a
Arizona foi uma das coisas mais estranhas que já fiz na vida. E olha
que já fiz muitas coisas estranhas. Limpo a garganta, e pergunto: —
O que você achou?
— Considerando que foi como ser beijada pelo meu irmão,
você tem sorte de eu não ter vomitado na sua boca, seu idiota! —
ela grita, mas, pelo menos, fica distraída tempo o suficiente para
Liberty conseguir sair de fininho.
Sinto meus ombros relaxarem imediatamente.
— Então, quer ir escolher o filme? — pergunto, como se
nossa conversa bizarra não tivesse acontecido.
Arizona me olha como se eu estivesse maluco. Talvez eu
esteja mesmo. E tudo por culpa da irmã caçula dela.
26
Duas semanas mais tarde...

Troca de mensagens (safadas) entre Libby e Milo...

Libby:
O que aconteceria depois que fomos interrompidos, Stone?
Eu sei o que eu queria que acontecesse...
Você chuparia cada um dos meus mamilos, enquanto me
penetraria com o dedo.
Eu gozaria com força, apertando seus dedos grossos dentro
de mim.
Em seguida, seria a sua vez, porque não sou uma mulher
egoísta.
Eu o sentaria em uma das poltronas confortáveis da sala de
estar, e me ajoelharia entre as suas pernas.
Libertaria sua ereção da calça, e passaria longos segundos
admirando seu tamanho.
Você é grande. E grosso.
Sabendo que eu não conseguiria engoli-lo de cara, começo
pela cabeça. Eu o chupo com gosto, como se você fosse um picolé
de morango (meu favorito), até sentir o seu pré-gozo na minha boca,
até sentir seu pau ficando inchado na minha mão, indicando que
você está bem próximo do clímax.
Aí eu o abocanharia por inteiro. Seu pau é tão grande que
alcançaria a minha garganta, me deixaria sem ar, faria lágrimas
rolarem pelo meu rosto.
Pouco importa. Eu apenas pararia de chupá-lo quando
sentisse o jato quente descendo pela minha garganta.
E depois disso, o que você acha que aconteceria?

Milo:
Apesar de amar sua boca de veludo no meu pau, isso não
seria suficiente. Nem de longe.
Depois de observá-la engolindo minha porra, eu levaria até a
sala de jantar, a inclinaria sobre o tampo da mesa, arrancaria sua
calcinha, e a foderia por trás.
Eu a penetraria completamente, enquanto você implora para
eu fodê-la com mais força, e eu faria exatamente isso.
No fim, nós gozaríamos juntos, e seria a melhor gozada da
minha vida, sentir sua boceta apertadinha esmagando meu pau.

Libby: Fraco, Stone. Bem fraco.

Milo: acha que pode ensinar o mestre, Liberty?

Libby: Ah, mas com certeza.

Milo: Então me ensina.

Libby:
Querendo relaxar depois do nosso encontro intenso, eu iria
até o segundo andar da sua cobertura, e entraria em sua jacuzzi.
Sinto água ao meu redor. É morna, relaxando meus músculos
e aquecendo meu corpo por dentro e por fora. Tudo está escuro,
mas, por algum motivo, sinto-me segura. Estou no paraíso, leve
como uma pluma.
De repente, sinto que alguém está ali comigo. A presença é
quase sufocante, mesmo que não veja ninguém. Sinto braços
contornarem a minha cintura, e estou prestes a gritar, quando sua
voz rouca e profunda sussurra no meu ouvido:
— Sou eu, Libby.
Relaxo meu corpo contra o seu, sentando-me no seu colo,
deixando minha cabeça virar para trás, até se encaixar em seu
ombro. Apesar de estarmos submersos, consigo sentir seu cheiro,
um aroma cítrico e muito masculino.
— Milo... Me toca... — eu peço, eu imploro.
Você ri do meu desespero, uma risada rouca e animalesca,
de predador louco para devorar sua presa.
Suas mãos gigantes deixam a minha cintura e cobrem meus
seios. Minhas costas arqueiam quase que naturalmente, deixando
meus seios mais colados às palmas de suas mãos, enquanto minha
bunda empina, esfregando-se contra sua virilha.
Estou nua. E você também está. Sinto sua ereção pulsando
entre as minhas nádegas, desejando me penetrar, desejando me
tornar sua. Encaixo meus quadris sobre os seus, deixando a minha
abertura bem acima de sua ereção.
— Libby... — sua voz vira um rosnado. — Vou gozar desse
jeito.
Balanço a bunda, atiçando você ainda mais, e você aperta
meus mamilos de leve com os dedos. Gemo alto, assim como você.
— Então entra logo porque eu quero que você goze dentro de
mim — ordeno.
Você me segura pela cintura, e me penetra, pouco a pouco.
Nossa, como você é enorme! Sinto as minhas paredes apertando-se
ao redor da sua ereção, mas eu não peço que pare, porque está
bom demais.
— Liberty, caralho, Liberty... — você está tomado pelo tesão.
Quando você está inteiro dentro de mim, eu mexo um pouco
os quadris. Você solta um gemido que mais parece um rugido, e
começa a me foder de verdade. Continuo mexendo os quadris
enquanto você enfia dentro de mim, e é uma sensação insana de
tão perfeita.
Ouço o som da água, que se espalha e forma pequenas
ondas com nossos movimentos, saindo da jacuzzi, molhando o
chão.
Ouço o som de sua respiração ficando acelerada, e sua
garganta pronunciando palavras que não consigo discernir.
Ouço até os nossos corações, batendo em harmonia.
Uma das suas mãos dá a volta no meu corpo e encontra o
meu clitóris. Você não me dá trégua, continua me possuindo com
vigor, mas, agora, também há sua mão me enlouquecendo, a palma
roçando contra o clitóris sensível enquanto meu corpo se move em
cima do seu pau.
— Milo, não vou aguentar muito tempo!
— Eu também não, Liberty — você grita entre gemidos — eu
também não.
Chegamos ao clímax juntos, e é tão intenso que o sinto das
pontas dos meus pés até meu último fio de cabelo. Aperto sua
ereção dentro de mim com força, e sinto que você despeja litros e
mais litros de sêmen.
Você me dá um beijo casto no pescoço, que, mesmo assim, é
capaz de me deixar toda arrepiada. Sai devagar de mim, e sinto sua
falta no instante em que você me solta.
***

Libby

Aperto o botão “enviar”, e sinto a pressão entre as minhas


pernas. Essa história de mensagens safadas está realmente
mexendo comigo. Mais que isso: estou ficando realmente boa nessa
história.
Como Milo teve que viajar para resolver algumas coisas a
respeito do lançamento de suas novas músicas, ele decidiu que
nossas aulas continuariam, mas em forma de mensagens eróticas.
Se, no começo, eu estava MORRENDO de vergonha, agora,
estou me tornando a verdadeira expert. Estou quase virando
roteirista de filme pornô (e dos bons, com licença, obrigada!).
Achei que seria uma atividade tosca, mas admito que é
divertida. Bem divertida. Na verdade, toda essa experiência com o
Milo tem sido bem divertida. Inclusive a minha recém conquistada
amizade com o Xodó, que ficou hospedado comigo enquanto o Milo
viajava.
Hoje é a primeira vez em duas semanas que nós nos vemos
pessoalmente. Ontem, eu deixei o Xodó na cobertura dele antes que
o Milo retornasse de viagem. Eu não teria como explicar a Arizona,
que viajou com ele, por que eu fiquei de babá do cachorro do meu
“arqui-inimigo”.
Por sinal, acho que nunca mais consigo pensar no Milo como
arqui-inimigo.
Certamente, nunca teremos a mesma relação que Milo e Ary
têm (até porque, a relação deles é ZERO sexual), mas certamente
eu deixei de achar sua companhia insuportável.
Hoje é dia de gravação de mais uma campanha para a
empresa, e eu fiquei de chamar o Milo em seu camarim. Desta vez,
a campanha vai ser dos membros da banda do Milo com seus
animais de estimação. Xodó já o aguarda lá fora, com vários amigos
peludos.
Estranhamente, não estou nervosa, apesar de todas as
safadezas que temos escrito um para o outro nos últimos dias. Milo
realmente conseguiu me ajudar a relaxar quando o assunto é sexo.
Só espero conseguir, em breve, fazer o mesmo com o Sean.
Eu ainda acho que estou agindo que nem pinguim bêbado quando
estou perto dele.
Quando chego ao camarim, noto a porta entreaberta. Vejo
Milo sentado com a cabeça inclinada para frente, focado na tela do
seu celular com um sorriso safado no rosto, e sei que ele está lendo
o texto que acabo de enviar a ele.
Eu me sinto orgulhosa ao ver a cena: se Milo está atento
desse jeito, e com essa expressão, é porque eu mandei muito bem.
Decido provocá-lo. Não somos mais inimigos, mas isso não
significa que eu vou parar de sacaneá-lo, não é mesmo? Afinal de
contas, esta continua sendo uma das minhas atividades favoritas.
— Está pronto para gravar, Stone? — praticamente grito,
fazendo-o largar o celular no chão e pular da cadeira tão alto que
sua cabeça quase toca o teto.
— Que falta de coordenação motora é essa, Milo? —
Arizona, que está sentada ao lado dele, pergunta, segurando a
gargalhada.
— Parece até que estava vendo algo proibido no celular... —
continuo o provocando enquanto ele pega o aparelho no chão,
recebendo um olhar ameaçador dele.
— Ah, deve ter sido uma foto que eu mandei para ele mais
cedo — Jessica diz atrás de mim, para variar se metendo onde não
foi chamada.
— Querida, ele vive recebendo o tipo de foto que você
mandou, vá por mim — Arizona comenta secamente, sem tirar os
olhos do livro que estava lendo.
— Ah, mas a minha ele achou especial, com certeza —
Jessica diz com um tom feminino falso, e quase solto uma risada ao
ver a cara de impaciência do Milo, indicando que ele nem se deu ao
trabalho de abrir a mensagem dela.
— O que foi especial, Jess? — Sean entra no camarim, e
minhas mãos começam a tremer imediatamente, tanto que eu quase
derrubo o cupcake que estava comendo enquanto escrevia meu
texto safado para o Milo.
— Um brinde que dei ao Milo — ela diz ao irmão, que a
encara com desconfiança. Aí, ela volta a encarar o Milo. — Então,
estava atento ao brinde?
— Na verdade, estava lendo um conto que uma amiga
mandou — Milo diz, seus olhos intensos direcionados para mim.
— Amiga? — pergunto com sarcasmo, sem me sentir nem
um pouco desconfortável com a provocação dele. — Você tem
amigas do sexo feminino além da minha irmã?
— Que tipo de conto? — Arizona questiona, pela primeira vez
tirando os olhos do livro.
— Hã... Vamos gravar, então? — Sean felizmente nos
interrompe, porque nem ferrando quero que Arizona saiba do conto.
Ainda que Milo jamais conte a ela quem o escreveu, só de
saber que ela vai lê-lo eu já fico com vergonha. Isso que é o mais
bizarro: só me sinto confortável falando dessas coisas com o Milo.
— Claro, o Xodó está lá fora e... — começo a anunciar,
quando uma bola de pelos invade o camarim e pula em cima de
mim, derrubando-me no chão.
Imediatamente, Sean e Milo vêm me ajudar. Sean segura
Xodó pela coleira, enquanto Milo me ajuda a levantar, e minha irmã
apenas observa tudo com um ar de choque.
— Por que ele está assim com a Libby? — ela pergunta a
Milo. — Ele só se comporta assim contigo!
— Ele está assim porque adora uma cadelinha safada no cio
— Milo sussurra no meu ouvido, e eu não consigo segurar o sorriso
que desponta dos meus lábios.
— O quê? — minha irmã questiona.
— Ele está assim por causa do cupcake da Liberty — Milo
pega o que restou do cupcake no chão. — É o favorito dele.
De fato, isso não é mentira. Enquanto estava hospedado na
minha casa, Xodó conseguiu roubar três cupcakes de cima da mesa
da cozinha. O coitadinho teve dor de barriga e tudo.
— Vamos logo que acho que vai chover. — Sean anuncia,
com um ar preocupado, depois dele e Milo me analisarem e se
darem por satisfeitos de que eu não me machuquei...
— Claro que não vai chover! — Jessica diz, revirando os
olhos, parecendo extremamente irritada por não ser o centro das
atenções masculinas. — Você é tão estressado, Sean...
27
Milo

Cinco minutos depois... Está chovendo. Muito. Não gosto de


admitir isso, mas parece que o trepa-pelo-buraco-do-lençol do Sean
realmente estava certo.
Enquanto Jessica fica esfregando o decote dela na minha
cara, e Arizona lê pacientemente seu livro, ignorando meus pedidos
para que me salve, Sean, Liberty e o restante da equipe desmontam
o cenário para nada ser estragado. Os cachorros da campanha
estão conosco sob uma das tendas.
Quando eles finalmente terminam de desmontar tudo, todos
da equipe já estão encharcados.
Não sinto qualquer vontade de olhar para o decote da
Jessica. Por outro lado, não consigo parar de encarar a Liberty, que
está muito sexy com a roupa encharcada, revelando suas curvas.
Quando está caminhando em minha direção, Liberty vê algo
no gramado, agacha-se e pega. Imediatamente, reconheço o objeto
laranja fosforescente.
Xodó, que estava deitado lambendo suas patas nos fundos
da tenda, imediatamente fica alerta quando vê Liberty pegando seu
precioso objeto.
— Acho que é a bolinha do Xodó — ela diz, olhando na
minha direção, ao mesmo tempo em que eu grito:
— Liberty! Cuidado!
Nesse instante, Xodó dispara na direção de Liberty, seus
olhos brilhando de animação ao ver sua bolinha favorita. Bolinha
essa que se torna perigosa quando não está na boca dele, porque o
Xodó tem a tendência de derrubar quem quer que esteja com a
bolinha nas mãos.
Neste instante, várias coisas acontecem ao mesmo tempo.
Eu corro atrás do Xodó. Arizona larga seu livro e corre atrás de mim.
Liberty corre na direção oposta de Xodó. Sean corre atrás dela.
— Solta a bola, Liberty! — eu aviso, sabendo que o Xodó,
com seus quarenta e sete quilos de fofura, pode sem querer
machucá-la por causa da maldita bolinha.
— Cuidado para não escorregar, Libby! — Sean avisa, ele
próprio tropeçando no lamaçal que se formou.
— Parem de correr na direção do barranco, seus imbecis! —
Arizona grita para todos nós, mas as palavras dela só fazem sentido
quando o solo desaparece sob meus pés, e eu escorrego lama
abaixo no maldito barranco.
Os gritos de Liberty, Arizona e Sean indicam que eles
também foram vítimas do mesmo maldito barranco.
Ao menos, a lama, a terra molhada e a grama não machucam
as minhas costas.
— Socorroooooooo! — Liberty grita enquanto cai.
— Cuidado com a cabeçaaaaa! — Sean nos avisa, como se
fosse adiantar de alguma coisa.
Estou com tanta lama na cara que nem consigo ver onde
vamos parar.
— Libertyyyyyyyy! — eu grito.
— Ah, que merdaaaaaaaaa! — Arizona berra.
— Auauauauauauauaauau! — Xodó late.
E sim, ele está seguro, acima do barranco. Só os humanos
foram idiotas o suficiente para correr ladeira abaixo no meio de um
temporal.
Em poucos segundos, todos caímos no que parece ser uma
piscina olímpica de lama. Eu dou sorte: acabo caindo com a cara
enfiada entre as pernas de Liberty.
— Eu sabia que você tinha sentido a minha falta — brinco
com Liberty, enquanto noto lama saindo da sua boca e seu nariz.
— Seu idiota!
Ela me olha com irritação, e fecha as coxas em volta do meu
pescoço, tentando me afogar no lamaçal. Lutamos assim por alguns
segundos, até ouvirmos alguém gritar lá de cima:
— JÁ CHAMEI UMA AMBULÂNCIA!
— Não precisa, estamos bem! — Arizona informa, tentando
(sem qualquer sucesso) tirar lama nos cabelos.
— Ninguém se machucou — Liberty diz, quando eu me
afasto um pouco dela para ajudá-la a se levantar.
— Quer ajuda, Libby? Tem certeza de que está bem? —
Sean se aproxima da gente. Depois de verificar que ela está bem,
ele se vira para mim: — Milo, você também está bem?
— Estou bem — digo secamente — Posso ajudar a Liberty.
— Alguma parte sua quebrou, Milo? — ouço a voz de
Jessica.
Porra, essa mulher não vai me deixar em paz?
— Não. Eu também não me machuquei, Jessica — Sean
comenta sarcasticamente.
— Nem sua parte entre as pernas quebrou, Milo? — Jessica
insiste.
— Não precisamos de ambulância, Jessica! — Sean ignora a
segunda pergunta nada discreta da irmã. — Só estamos sujos!
— Não se preocupem! A ajuda está a caminho! — Jessica
informa, mais uma vez ignorando o irmão. Pelo visto, eles têm o
costume de ignorar o que o outro fala. — Estou com o Xodó e...
AHHHHH!
— Nós dissemos que não precisamos de ambulância! —
Arizona grita, irritada.
De repente, vemos a cabeça de alguém surgir acima de nós.
— Quem chamou a ambulância? — o paramédico questiona.
— O cachorro me mordeu! — ouvimos Jessica resmungar.
— Não se preocupem! — o paramédico diz para a gente. —
Já falamos com os bombeiros e eles virão resgatar vocês.
— Sério, estamos num episódio bem ruim de CSI, só pode —
Liberty reclama baixinho.
No fim das contas, acabamos sendo levados ao hospital,
porque é menos complicado do que termos que explicar que não
nos machucamos e estamos bem.
Passamos as horas seguintes sendo examinados, apenas
para sabermos o que havíamos anunciado desde o início: tirando
algumas lacerações e hematomas, não tivemos qualquer outro
dano.
Infelizmente, Jessica usa a oportunidade para ficar grudada
em mim, como se fosse minha maldita namorada, enquanto Sean
pergunta, a cada cinco minutos, se Liberty está realmente bem.
— Então, eu acho que mereço uns pontos por ter cuidado do
Xodó — Jessica comenta, quando estamos todos dividindo o
mesmo quarto na emergência, apenas esperando os últimos
resultados, que certamente dirão que não fraturamos nada.
— Você ficou exatamente cinco segundos com ele — Liberty
resmunga, ainda mais sem paciência com Jessica do que eu.
— E foram cinco segundos de muita aventura! — Jessica diz,
e levanta a mão para todos verem. — Ele me mordeu!
Eu me seguro para não revirar os olhos. O Xodó NUNCA
morde ninguém. Se ele a mordeu, foi porque ela fez algo que o fez
se sentir ameaçado.
— Eu bem acho que você deveria chamá-la para jantar para
compensar o machucado, Milo — Arizona, a traíra desgraçada,
sugere, e Liberty ri.
— Se eu fosse você, exigiria um jantar no restaurante mais
caro da cidade — Liberty diz a Jessica, entrando na zoação da irmã
mais velha.
— Se você quiser, pode processá-lo pela mordida — Arizona
comenta, divertindo-se com minha expressão irritada.
— Ninguém vai processar ninguém — Sean anuncia, quando
uma médica termina de fazer o curativo do seu cotovelo, que ficou
ferido na queda.
— Claro que a Jessica não vai processar o Milo — Arizona
concorda com ele. — Porque ele vai levá-la para um jantar em um
restaurante maravilhoso.
— Esta semana está cheia e... — começo a dizer
entredentes, mas aí Arizona me interrompe de novo:
— Não só isso, como também vai levar junto Sean e Libby.
— Quê? — Liberty praticamente pula da maca.
— Hã... Eu adoraria. — Sean comenta, sorrindo para Liberty
como se ela fosse sua sobremesa favorita.
Ah, mas esse desgraçado.
— Adoraria? — eu e Liberty perguntamos juntos.
— Viram, será perfeito! — Arizona levanta-se da maca com
um sorriso e se dirige à saída do quarto.
— E você, Arizona? — pergunto secamente.
— Ah, infelizmente estou ocupada neste dia — Arizona diz e
sai da sala.
Desgraçada: armou toda essa situação, e agora vai fugir
dela.
— Mas nós nem marcamos o dia ainda! — Jessica comenta o
óbvio.
28
Libby

Passo a noite inteira em claro, e ainda não consegui resolver


o meu GRANDE problema da semana: não sei o que vestir para o
meu date com o Sean! Digo, com o Sean, a irmã dele, e meu
(antigo?) arqui-inimigo.
Por conta de uma viagem do Sean, acabamos marcando o
date para segunda-feira, e hoje é domingo e eu estou começando a
enlouquecer de ansiedade.
Decidida a resolver o problema, arrumo as coisas de que vou
precisar, anoto algumas perguntas no meu caderno, e levo tudo no
Uber até a cobertura chique do Milo. Mike, o porteiro-segurança
Dwayne Johnson do prédio do Milo levanta as sobrancelhas ao me
ver, parecendo verdadeiramente surpreso.
Eu também estaria surpreso, se visse uma garota chegando
cheia de malas à casa do maior rock star do país às sete da manhã
de domingo. Fazer o quê? Urgências são urgências.
Ah, e se vocês querem saber, Mike e Beta estão saindo. Na
verdade, eles estão mais se pegando. De qualquer maneira,
parecem perfeitos um para o outro.
Depois de trocarmos algumas palavras, Mike me ajuda com
as malas e aperta o botão da cobertura para mim. Eu e Milo não
temos nos falado muito nos últimos dias porque ambos estamos
cheios de trabalho, mas sei que ele terá consideração pelo meu
desespero.
Afinal de contas, é para isso que estou fazendo curso com
ele, não é mesmo?
Arrasto minhas malas até a porta de carvalho do Milo, e
estranho quando a minha chave não abre a porta dele. Ah, não. Ele
deve ter usado a segunda tranca na porta.
Ary comentou comigo ontem que alguns fãs tentaram invadir
o apartamento do Milo. Isso até deu problema para o outro
segurança-porteiro do prédio, o Diogo. Por isso, Milo deve estar
ainda mais paranoico com segurança.
É uma pena, porque eu já tinha algumas ideias bem
interessantes de como poderia acordá-lo, depois de entrar de fininho
no apartamento.
Toco a campainha.
Nada.
Toco de novo. Desta vez, com mais força. Segundos mais
tarde, ouço a voz profunda do Milo xingando todos os meus
ancestrais.
— Quem é? — ele grita, sem abrir a porta.
Não é que Milo está ficando mais esperto?
— Sou eu! — uso um tom feminino falso.
— Ah, foda-se. São sete da manhã, Liberty! — ele berra,
ficando ainda mais irritado.
— Já está sol lá fora, os pássaros cantam, a magia está
rolando solta e...
— São sete da manhã de domingo, Liberty! — ele me
interrompe aos berros, ainda sem abrir a porta.
Quando ouço os passos dele se afastando da porta, eu me
desespero.
— Preciso de ajuda com o nosso encontro!
— Não temos um encontro! — ele resmunga, mas, ao menos,
volta para perto da porta.
— Não eu e você — reviro os olhos. Bem que Arizona tinha
me dito que o Milo não funciona bem de manhã antes das nove. —
Eu e o Sean, e você e a Jessica. Lembra-se?
— Como eu poderia esquecer da armadilha na qual sua irmã
nos meteu? — ele questiona com um tom irritado.
— Ary pode ter exagerado com a história da Jessica, mas ao
menos eu fiquei satisfeita com o meu date — digo com animação.
— Que bom para você — ele volta a se afastar.
Ah, maldição!
— Não se afaste da porta, Stone! Preciso da sua ajuda.
— Volte em um horário decente — ele replica em um tom
nada amigável. Talvez, eu deveria ter trazido o café favorito dele da
Starbucks. — Que tal umas duas da tarde?
— Você está me evitando? — questiono, me dando conta de
que pode ter sido por isso que o Milo não respondeu as minhas
últimas mensagens sobre o encontro com o Sean.
Eu achei que poderia ser por conta da agenda louca dele
esta semana, mas vai ver, ele já cansou do nosso acordo e está
querendo terminar o curso antes do tempo. Ah, mas isso eu não
posso permitir que ele faça!
— Não estou te evitando, Liberty! — ele responde com um
tom NADA convincente. — Você é quem está evitando que eu volte
para a cama!
— Não vai abrir? — pergunto, sem acreditar que ele vai me
abandonar num momento desses.
— Mas nem fodendo. Preciso de um tempo das irmãs James.
— Vai realmente deixar a mãe dos seus filhos aqui fora? —
pergunto com um tom choroso.
— Essa piada não vai funcionar desta vez, Liberty — ele
replica secamente. — Não tenho vizinhos e hoje estou
desacompanhado.
— Posso ficar gritando na frente do seu prédio — digo com
arrogância, e finjo caminhar na direção dos elevadores. — Aposto
que consigo aparecer no jornal do meio-dia.
De repente, ouço a porta do apartamento se abrir e braços
fortes e musculosos me agarrando por trás. Posso não gostar do
dono desses braços, mas eu definitivamente gosto de ser agarrada
por eles.
— Você é insuportável, sabia? — ele sussurra no meu
ouvido, sua voz profunda me deixando arrepiada.
— Você é a pessoa que mais desprezo no mundo, sabia? —
digo com um sorriso, encarando-o por cima do meu ombro.
— Quer que eu mude de ideia e te jogue para fora do
apartamento? — ele questiona com um tom amargo, mas sei que
está brincando porque seus lábios se curvam para cima.
— Quer que eu comece uma manifestação lá embaixo? —
questiono, me soltando dos braços dele.
— Quer que eu ligue a um hospital psiquiátrico e diga que
você é uma paciente que fugiu do Canadá? — ele ameaça, e eu
imediatamente fico séria.
— Não gostei. Você está aprendendo a jogar esse jogo.
— Não dizem que o verdadeiro discípulo é aquele que supera
o mestre? — ele questiona com arrogância.
— Affff — reviro os olhos, e ele me puxa de volta para a
cobertura. — Peraí um instante!
Pego as minhas malas e as arrasto para dentro da cobertura,
enquanto ele me encara com olhos esbugalhados e boquiaberto.
— Está de mudança por acaso? — ele pergunta, quando
fecho a porta.
— Não, como eu já disse, quero a sua ajuda com o encontro.
— E a mala é para quê? — ele questiona, com uma
expressão desconfiada.
— Fiquei com dúvida do que vestir. Dentre várias outras
coisas — ofereço de explicação, me agachando para abrir a
primeira mala, e começo a tirar algumas roupas dela, que espalho
pelo sofá da sala.
Ele olha alguns dos vestidos que já tirei da mala, e um sorriso
arrogante desponta da sua boca. Ele se joga na grande poltrona que
fica num dos lados do sofá, e me diz:
— Tudo bem, então. Comece a se trocar que a gente vai
conversando.
— Não vamos conseguir conversar enquanto eu estiver me
trocando no banheiro! — resmungo.
Minha ideia era que ele me ajudasse a selecionar algumas
das roupas enquanto eu fazia as perguntas que anotei no caderno.
— Não vai se trocar no banheiro — ele diz lentamente, seus
olhos adquirindo aquele brilho de excitação que deixa minhas mãos
suadas e minhas pernas trêmulas. — Vai se trocar aqui. Na minha
frente.
Mas que insolência!
— Não vou, não!
— Vai sim — ele insiste, inclinando-se para frente. —
Lembra-se que precisa ter menos vergonha do seu corpo
deliciosamente suculento?
Ao dizer isso, ele perpassa os olhos pelo meu corpo, focando
nos meus seios e minhas pernas.
— Affff — reviro os olhos. — Isso não significa que tenho que
ficar toda hora tirando a roupa na sua frente, Stone.
— Quer a minha ajuda ou não?
— Preciso da sua ajuda — eu o corrijo. — Sabe muito bem
disso.
E está usando isso a favor dele.
— Então pode começar a se despir — ele ordena com
arrogância. — Você precisa ficar mais à vontade sem roupa, e eu
preciso acordar.
— Então vá tomar café!
— Não há café melhor no mundo do que ver essas suas tetas
deliciosas de manhã — ele responde, passando a língua pelos
lábios.
— Afff. Você é nojento — digo, mas eu me lembro de como
aquela língua dele lambeu meus mamilos e claro que eu fico
arrepiada e com os mamilos duros.
Nossa, do nada ficou quente nessa cobertura gigante dele.
— E você é insuportável, mas muito gostosa — ele responde,
sem tirar os olhos dos meus peitos.
Só falta meus mamilos estarem tão duros que até estão
visíveis, mesmo com o sutiã e a camiseta.
— Mas... Eu...
— E pode começar pelo vestido vermelho — ele aponta para
um dos vestidos que joguei no sofá, e volta a relaxar na poltrona. —
O vestido “vem me comer que estou sem roupa de baixo”.
— Já vi que essa aula vai ser bem desconfortável —
resmungo, pegando o vestido que ele selecionou.
— É o preço da sedução, Liberty — ele comenta, sorrindo. —
É o preço da sedução.
29
Milo

Meu pau já está latejando de tão duro enquanto Liberty tira


lentamente sua roupa, e coloca o vestido “vem me comer”.
Eu nem me lembro qual foi a última vez que alguém
conseguiu me tirar da cama antes das dez da manhã de domingo,
mas, agora, estou feliz pra caralho por Liberty ter sido uma pentelha
insistente.
Ela fica vermelha enquanto se despe, quase tropeça nos
próprios pés meia dúzia de vezes, solta gargalhadas nervosas
quando vê como eu a observo, e eu vou ficando cada vez mais
duro.
— Então, o que achou do vestido?
— Maravilhoso — digo, agarrando um travesseiro para
conseguir observá-la sem agarrá-la. Não é hora para isso. Ainda
não. — Mas não serve para o primeiro encontro.
— Por que não?
— Eu já expliquei que esse vestido praticamente grita que
você quer ser comida — comento, decidido a NUNCA deixar que o
almofada que fode por buraco de lençol a veja numa roupa dessas.
— E não é esse o propósito?
Disfarço o ódio que sinto da frase dela apertando ainda mais
a almofada em minhas mãos. Não. Esse não é o meu propósito.
Não quero que ela NUNCA fique com o Sean. Mas isso não faz
sentido.
Qual é a merda do meu propósito então?
Torná-la sua, só sua, uma voz escrota diz em minha mente,
mas eu imediatamente a calo. Não. Liberty jamais poderá ser minha.
Tenho que aproveitar este curso ao máximo, porque não terei mais
do que isso.
Enquanto penso essas loucuras, Liberty me encara com
expectativa. Finalmente, eu limpo a garganta e invento:
— O seu propósito é manter o Sean interessado, conseguir
mais encontros com ele, o que não vai rolar se você se fizer de
mulher fácil.
— Não sou mulher fácil — ela diz com um tom ofendido.
— Não, você é impossível — replico, provocando-a.
— Se já sabia que esse vestido não era adequado, então por
que pediu que eu o vestisse primeiro?
— Um: queria ver suas tetas suculentas, e sei que esse tipo
de vestido deve ser usado sem sutiã — digo sinceramente, sabendo
que vai irritá-la.
— Seu porco — ela me acusa.
E fica muito gostosa me acusando, vermelha e toda irritada.
— Dois: queria ver você com esse vestido de safada —
comento, deixando-a ainda mais vermelha. — Você fica linda
vestida como mulher fatal, Liberty.
Eu jamais achei que ela teria um vestido desses no armário.
Se estivéssemos juntos, eu criaria uma lei segundo a qual, na minha
presença, ela só teria duas opções: ou usar esse vestido, ou não
vestir nada.
— Hum — ela resmunga, olhando para o chão.
— Só sei que não pode se vestir assim para Sean.
Ou qualquer outro homem.
— Quer dizer, ainda não posso.
— Humph — desta vez, sou eu quem resmunga e olha para
baixo.
Sei que, mais cedo ou mais tarde, ela vai ficar com o Sean,
afinal é para isso que ela me pediu ajuda. Mas ainda não consigo
engolir esse fato.
— Pode então selecionar agora algum vestido que de fato
seja adequado para o encontro de amanhã? — ela cruza os braços
de forma impaciente.
Verifico a seleção dela, e escolho o vestido que menos me
agrada. Ainda assim, fico duro pensando em como amaria arrancá-
lo dela, despedaçando-o em mil pedaços. Mas, pelo menos, é um
vestido sem qualquer decote, que bate nos joelhos.
O comedor do buraco do lençol certamente não saberá o que
fazer com Liberty num vestido desses.
— O azul — aponto para o vestido selecionado, e ela
imediatamente fica com uma expressão de dúvida.
— Sério? Ele não é comportado demais?
— Quanto mais comportado, melhor — afirmo.
— Pode ao menos se virar para eu me trocar desta vez?
— Mas nem fodendo — digo com um sorriso, meu amigo de
baixo já ficando todo animado de novo.
Desta vez, Liberty se vira de costas para mim. Posso não ver
suas tetas suculentas, a visão de sua bunda empinada e suas
longas pernas é mais do que suficiente.
— Até onde você acha que devo deixar levar no primeiro
encontro? — eu mal presto atenção na pergunta dela, até os olhos
castanhos me encararem por cima do ombro dela.
— Como assim, “deixar levar”?
— Sabe, o que devo fazer com Sean no primeiro encontro?
Nada. Absolutamente nada. Mas sei que não posso dizer isso
a ela.
— Vai conversar com ele. Deixá-lo curioso para saber mais
de você.
— Conversar? — ela termina de fechar o vestido de noviça e
me encara com indignação. — Eu converso com ele todos os dias,
Milo!
— Sobre trabalho — replico. — Agora, vão se conhecer a
nível pessoal.
— Nem posso beijá-lo?
Mas. Nem. Fodendo.
— Quanto mais evitar, mais ele ficará interessado.
— Como sabe?
— Eu tenho um pau — aponto para a minha ereção, que não
está nada disfarçada pela minha calça de moletom, e dou um
sorriso arrogante ao vê-la me encarar boquiaberta. — Parto do
pressuposto que o Sean também tem um. Ainda que seja pequeno e
frouxo.
— Claro que ele tem! — ela o defende. — E não é pequeno e
frouxo!
— Assim você espera — assim como eu espero que ele seja
pequeno e frouxo.
Na verdade, melhor ainda seria se Sean gostasse do mesmo
sexo. Aí, eu não precisaria ter qualquer preocupação.
— E quando devo fazer... Hã... O resto das coisas? — ela fica
vermelha.
— Que coisas? — eu me faço de inocente, querendo ouvi-la
falar putaria.
Acho que vou voltar a lhe dar aulas de mensagens safadas.
Eu adorei os textos que ela me enviou enquanto eu estava viajando
a trabalho.
— Sabe muito bem que coisas, Milo!
— Se nem consegue falar disso, então muito menos está
pronta para fazê-lo — comento sarcasticamente.
— E o que faço para melhorar?
Eu me levanto, e caminho até ela.
— Eu já te expliquei — digo contra seus lábios. — Prática.
— Hum.
— Que tal partirmos para a aula prática agora mesmo?
Sugiro, já a pegando no colo para levá-la para o meu quarto.
— Bem... Já que vamos ter aula...
— O que foi? — olho para ela, e fico ainda mais excitado ao
notar seus olhos brilhando com safadeza.
— Me ensina a chupar? — ela diz, e é quando eu perco meu
controle e a beijo profundamente.
— Puta que o pariu, Liberty.
30
Milo

Eu a coloco deitada na cama, notando que, apesar da sua


coragem, ela está nervosa, ansiosa, tímida. Por isso, apesar de
estar louco de desejo para sentir a boquinha dela em volta do meu
pau, eu me seguro e decido que ela precisa relaxar.
Arranco suas roupas em tempo recorde, e os olhos
castanhos se arregalam ainda mais, uma mistura de desejo e
expectativa.
— O que está fazendo?
— Sei que quer me chupar, Liberty, mas, antes, eu é que vou
chupar essa bocetinha doce.
Antes que ela possa questionar, reclamar, ou pior, desistir, eu
me ajoelho sobre o colchão, separo suas coxas e a abocanho de
uma vez. O grito dela é alto, e sinto suas costas arqueando-se.
O meu celular toca, e ela grita:
— Se parar agora, sou eu quem vai arrancar seus testículos!
— Em seguida, começa a berrar meu nome, e penetro a língua nela,
sentindo-a me apertando. — Mais, Milo! Mais!
Eu a chupo com força, e enfio um dedo dentro da boceta
apertada dela, sentindo seu leite me lambuzar. Em poucos minutos,
suas coxas apertam minha cabeça, sua bocetinha aperta o meu
dedo, e ela passa longos segundos gozando e ficando ainda mais
encharcada.
— Está preparada, Liberty? — Digo quando seus olhos
castanhos finalmente se abrem ligeiramente e me encaram, quase
gozando ao ver como a expressão dela é do mais puro deleite.
— Preparada para o quê? — ela questiona com um brilho
safado nos olhos.
Caralho, eu adoro como Liberty fica mais confortável comigo
a cada dia que passa, como ela fica mais safada, mais confortável
com meu toque. Ela está se libertando completamente, e eu estou
amando cada segundo.
Esta é a verdadeira Liberty James, aquela que foi limitada a
vida inteira por medo e trauma, por ter dado o azar de ter namorado
justamente um cara que abdicou de sexo.
Não há nada para limitá-la agora. Ela sabe que eu jamais vou
julgá-la. Ela sabe que pode fazer o que bem entender. E ela sabe
que eu amo chupá-la, beijá-la e tocá-la, ao contrário do ex dela, que
jogou sua autoestima no lixo, mesmo que sem intenção de fazê-lo.
Liberty está relaxando, está se revelando, talvez até para si
mesma. Consigo ver suas bochechas queimando de vergonha
sempre que diz uma putaria, mas ela não deixa de dizê-las.
E as mensagens... Porra, que mensagens... Comecei a trocar
textos safados com ela achando que jamais daria certo e, no fim das
contas, ela começou a me ensinar a mandar verdadeiras
mensagens sexuais.
— Vou fazê-la gozar mais, Liberty — digo num tom que é
quase ameaçador, e encaro seus seios praticamente salivando.
Percebendo o que estou prestes a fazer, ela solta um gemido
fraco, arqueia novamente as costas, fechando os olhos, já
começando a ter prazer de novo, apesar de eu nem tê-la tocado.
Devagar, bem devagar, para enlouquecê-la, começo a soprar
um mamilo, com muito cuidado para não tocar sua pele, para não
chupar seus pequenos mamilos, apesar de estar salivando por eles.
— Milo, por favor... — ela implora, puxando minha cabeça na
direção dos seus seios, mas eu me recuso a tocá-los.
— Por favor, o quê? — Sopro de novo os mamilos retesados,
e ela solta gritos enlouquecedores.
— Chupa logo, Milo!
Abocanho um seio, sentindo seu mamilo chegar ao céu da
boca, e ela volta a gritar. Quando um seio fica vermelho, passo para
o outro, e volto a chupá-la. As pernas dela se fecham em volta dos
meus ombros, e preciso ser forte para não enfiar a cara de novo na
bocetinha dela.
Separo meu corpo um pouco do dela, apenas para ter espaço
suficiente entre nós para a minha mão poder brincar com a boceta
dela. Liberty já está sensível, percebo pelo grito que ela solta
quando enfio um dedo dentro dela.
Começo a fodê-la com o dedo, ao mesmo tempo em que
chupo seu mamilo. Em poucos segundos, o corpo dela convulsiona
sob mim, em mais um longo orgasmo.
Agora, é a minha vez. E a vez dela de novo, claro.
Enquanto ela se recupera, eu me levanto e tiro a roupa, e a
aguardo na porta do banheiro. Quando ela enfim abre os olhos para
descobrir para onde fui, seus olhos castanhos encarando meu pau,
pergunto:
— Podemos continuar? — Meu tom irônico a irrita. Noto que
suas pupilas estão dilatadas, e sua respiração permanece
acelerada.
— Onde vai me chupar agora? — ela soa como se tivesse
acabado de correr a maratona.
— Desta vez, quem vai me chupar é você, Liberty — digo, e
entro no banheiro.
Há momentos que não dependem de palavras. Na verdade,
palavras podem até atrapalhar. Sem outras palavras, ela me segue
até o banheiro da minha suíte, e eu a guio para dentro do box.
Apesar do meu chuveiro ser grande o suficiente para
acomodar tranquilamente meia dúzia de pessoas, esta é a primeira
vez que trago uma mulher aqui.
Quando entramos no box, ela começa a me beijar
lentamente, explorando cada centímetro do meu corpo, como eu fiz
com o dela. E, porra, é muito sexy. Ela passa a mão entre nós e
aperta meu pau duro.
— Calma, Liberty — sussurro, revirando os olhos de prazer
com o toque dela, ao mesmo tempo em que afasto sua mão.
— Quero apertá-lo mais, Milo.
— Se me apertar de novo com essa mãozinha mágica, vou
gozar nela, e quero guardar para despejar minha porra nessa sua
boquinha de veludo.
Sua boca se curva num sorriso safado. Ai, caralho. Espero
não gozar assim que essa boquinha linda tocar o meu pau. Eu
quero aproveitar cada segundo. E espero que sejam muitos
segundos.
Sem conseguir mais me controlar, eu ligo a água, a seguro
pela bunda e nos posiciono sob o chuveiro. A água quente relaxa
meus músculos enquanto eu a penetro com a língua e com os
dedos. Ela está úmida, deliciosa, mas agora não é hora de fodê-la
com os dedos. Agora é hora do sortudo do meu pau ser fodido pela
boquinha dela.
Parecendo ler meus pensamentos, Liberty quebra o beijo e
me encara com seus grandes olhos castanhos. Sem quebrar o
contato visual, ela se ajoelha e segura meu pau. Começa a lamber a
cabeça, e vou à merda da loucura.
Quero agarrar seus cabelos e fazê-la engoli-lo de uma vez,
porém, o mais importante agora é que essa experiência seja
divertida para ela. Afinal de contas, eu quero repetir isso muitas
vezes.
Meu pau fica lambuzado de pré-gozo. Liberty quebra o
contato visual para encarar a minha ereção. Ela lambe os beiços,
parecendo estar faminta, e abocanha o meu pau, chupando o
líquido.
— Porra, que chupada gostosa.
Ela dá uma risadinha safada.
— Nem comecei ainda, Milo — ela provoca
— Achei que você ia precisar de uma aula antes — provoco
de volta.
— Aula? Já vi uns filmes pornôs também, Milo. Só não tantos
quanto você. Vamos ver se eles valeram a pena — ela comenta em
um tom arrogante que me deixa ainda mais excitado, e começa a
chupar de verdade.
Chupa a cabeça enquanto bate punheta na extensão do meu
pau. Em seguida, começa a lamber a lateral da ereção, e volta para
a cabeça, mordiscando, lambendo, chupando.
Quando acho que vou morrer de ansiedade, ela me engole
inteiro. Ela coloca meu pau todinha na boca perfeita dela, até o talo,
até a cabeça alcançar a sua garganta. É demais para mim.
Seguro seus cabelos castanhos e começo a empurrar e
puxar sua cabeça, enquanto ela chupa com gosto, como se
estivesse chupando um pirulito muito suculento.
Liberty agarra a minha bunda e faz um boquete divino, de
puta experiente. A cada nova chupada, mais sortudo eu me sinto,
porque é uma das melhores sensações do mundo.
Ela sente que estou prestes a gozar (claro que não é difícil
saber, já eu estou gritando que nem um louco avisando que estou
bem perto), e aumenta o ritmo da chupada, até eu jorrar o que
parecem ser litros de sêmen na garganta dela.
— Liberty — digo, depois de alguns minutos, quando consigo
formar sentenças de novo —, isso foi perfeito.
— Obrigada — ela ronrona, depois de engolir a minha porra e
lamber os beiços mais uma vez. — Eu adorei.
31
Libby

O dia finalmente chegou. Por causa de tudo que eu e Milo


fizemos ontem (especialmente depois de tudo que o Milo fez com a
cara enterrada entre as minhas pernas), estou mancando um pouco.
Espero que ninguém repare.
Digo, espero que ninguém além de Milo repare. Ele fez
piadinha do meu andar assim que saí da cama dele esta manhã. Só
de pensar em tudo o que fizemos ao longo do dia de domingo e da
noite... Fico arrepiada da ponta dos dedos dos pés ao último fio de
cabelo.
Quem poderia imaginar que dá para se divertir muito
sexualmente sem fazer sexo de fato? Duvido que haja uma virgem
neste mundo que já tenha chegado ao ápice tantas vezes com um
homem como eu, isso tudo sem perder a virgindade.
Não vejo o Sean desde a semana passada, então fico super
ansiosa quando os olhos gentis dele me observam com aprovação.
Milo, que também já está no restaurante, me encara com irritação;
deve ter notado que eu não usei o vestido que ele selecionou.
Não que minha roupa não seja comportada. Escolhi uma
blusa de seda branca com uma saia rodada azul clara, que bate nos
joelhos. Não é sexy, mas tampouco é sem graça como o vestido
selecionado pelo Milo.
Ele e Sean se levantam para puxar a cadeira para mim, mas
eu mesma me sento sem a ajuda deles antes que iniciem uma
competição de quem mija mais longe. Homens e seus complexos de
macho alfa...
Nossa mesa é retangular, com duas cadeiras de cada lado.
Eu e Milo nos sentamos de um lado, e os irmãos do outro, eu de
frente para Sean, e Milo de frente para Jessica, que só falta lhe
oferecer binóculos para que ele exame seu decote profundo. Milo a
ignora sem sequer disfarçar.
— Está tudo bem contigo, Liberty? — Milo questiona com seu
tom irônico, assim que eu me acomodo na cadeira.
— Do que está falando? — finjo não saber que ele se refere
ao que fizemos ontem durante o dia inteiro e à noite, mas minhas
bochechas queimam mesmo assim.
— Está mancando um pouco — Sean comenta.
— Também notei — Jessica complementa, e Milo sorri como
se tivesse acabado de ganhar o prêmio máximo da loteria.
Sentindo concreto se formar na minha garganta, tomo um
gole de água, mas claro que eu me engasgo.
— Está se sentindo bem? Quer alguma ajuda? — Sean
questiona, sua expressão ficando imediatamente tensa.
— Ela já teve toda a ajuda de que precisava — Milo comenta
ironicamente, e eu chuto a canela dele sob a mesa para calá-lo.
— Estou bem, obrigada — digo ao Sean, ignorando a cara de
dor do Milo. — Eu só... Hum... Me machuquei um pouco fazendo
exercício.
— Deve ter feito bastante exercício para ter ficado até manca
— Milo me olha como se eu fosse a sobremesa favorita dele, e
Sean fica observando nossa interação.
Qual é o maldito problema dele? Se Milo continuar fazendo
essas provocações, o Sean vai perceber que algo está rolando entre
a gente. Tento chutá-lo de novo sob a mesa, mas, desta vez, ele se
esquiva.
— Foi ioga que você fez, não é? — Jessica quebra nosso
contato visual ao perguntar. — Tentei ioga mês passado, e juro que
fiquei com dor até em músculos que eu nem sabia que eu tinha.
Quem disse que ioga é para relaxar é LOUCO!
— Você começou pela aula avançada, Jess — Sean a
recorda. — Eu te disse para começar na turma de iniciantes.
— Se quiser, posso fazer uma massagem depois para
melhorar suas dores — Milo diz alto o suficiente para os irmãos nos
escutarem.
Sério, qual é o problema dele? Será que ele está agindo
assim para me irritar, ou porque é uma forma de demonstrar que
não há qualquer interesse por parte dele na Jessica? Ou, talvez, ele
queira deixar o Sean enciumado.
De uma forma ou de outra, tenho que dar um jeito de
esclarecer para ele que esta tática não está me ajudando em nada,
porque, a cada instante que passa, o Sean nos observa com mais
desconfiança.
— Também quero massagem! — Jessica diz, animada,
olhando para a boca do Milo sem qualquer pudor. — Acho que vou
fazer a ioga avançada de novo e tudo. Quem sabe, não machuco a
virilha?
Neste instante, o garçom chega à nossa mesa, nos
entregando os cardápios, e Sean e Jessica começam a conversar
com ele sobre os pratos indicados pelo chef.
— Acho que acabei de vomitar na boca — digo baixinho,
referindo-me ao comentário de Jessica.
— Ciúmes? — Milo questiona ironicamente.
— Não. Acabei de me tocar que vocês são almas gêmeas —
replico secamente, e Milo solta um gemido de dor, fazendo uma
cara de nojo que quase me faz soltar uma gargalhada.
— Mas nem se ela parecesse a Pamela Anderson na época
de Baywatch.
— Ah, gostava da Pamela Anderson? — pergunto,
disfarçando o sorriso enquanto finjo olhar para o cardápio.
— Quem não gostava da Pamela Anderson? — ele levanta
os ombros, desta vez, falando mais alto.
— Nunca vi nada demais — Sean comenta por cima do
cardápio, e volta a ler, enquanto Milo sussurra no meu ouvido:
— Eu te disse que há algo de errado com esse cara.
— Só porque ele é mais seletivo que você? — eu o defendo.
— E você, Libby? Do que gostava na época da
adolescência? — Sean pergunta depois que nós escolhemos
nossos pratos.
Milo, como sempre um Pentelho com P maiúsculo, responde
em meu lugar:
— Ela amava o Harry Potter.
— Eu também — o sorriso de Sean se alarga juntamente
com o meu.
— Mas ela achava que era tudo verdade.
Ah, mas eu vou MATAR o Milo!
— Quê? — Jessica e Sean perguntam juntos.
— Cala a boca, Stone! — aviso, tentando pisar em seu pé,
sem sucesso.
— É sério. Ela ficava esperando alguma coruja entregar uma
carta de Hogwarts para ela.
Engulo em seco, notando as expressões horrorizadas de
Sean e Jessica, e decido que chegou a hora de me defender, antes
que o Sean fuja:
— Eu era muito nova e...
— Você fez isso até os catorze anos! — Milo me interrompe.
— Sério? — Jessica me encara como se quisesse ligar para
um manicômio.
— Eu acho fofo — Sean tenta suavizar sua expressão, mas
eu SEI que ele também achou estranho, só quer me fazer sentir
melhor.
Por isso gosto tanto dele: ao contrário de Milo, não há sequer
uma célula de Sean que queira me deixar desconfortável, por mais
que eu sempre fique nervosa perto dele, a despeito de suas
tentativas de me fazer ficar à vontade. Ele é sempre gentil e
compreensivo.
— Há definitivamente algo de errado com ele. — Milo
sussurra para mim.
— Bem, eu realmente era fã de Harry Potter — digo,
ignorando o Milo.
— Ah, se era. Só parou de esperar pelas cartas de Hogwarts
depois do incidente.
AGORA JÁ ERA! EU VOU MATÁ-LO COM REQUINTES DE
CRUELDADE!
— Que incidente? — Jessica e Sean questionam juntos de
novo, desta vez, parecendo mais curiosos que preocupados com a
minha sanidade.
— Não ouse, Stone — aviso.
— Uma vez, estávamos no zoológico — ele continua com um
sorriso, me ignorando solenemente, e Jessica e Sean mal respiram
enquanto ele conta a história. — E, quando passamos pelo aviário,
Liberty avistou uma coruja branca, que parecia aquela do Harry
Potter.
— Quem quer escolher o vinho? — pergunto, chamando o
garçom para a nossa mesa.
— Eu aceito vinho — Sean comenta gentilmente, entendendo
a minha tática de mudar o maldito assunto.
— Prefiro ouvir essa história. — Jessica, como sempre, sem
modos e sem noção.
— Ela tinha certeza de que a coruja estaria com a carta dela
— Milo continua — Então, deu um jeito de invadir o aviário.
— NÃO! — Jessica diz, e solta uma gargalhada ao imaginar o
que vem a seguir.
— CHEGA! — repito, mais alto desta vez.
— Vamos escolher o vinho? — Sean oferece, agora ficando
verdadeiramente preocupado com a minha reação.
— Liberty saiu de lá sendo arrastada por seguranças, nunca
mais pôde voltar ao zoológico, e ainda teve que ir à emergência
para tratar das feridas decorrentes das bicadas que levou das aves.
Com isso, Jessica gargalha sonoramente, enquanto Sean me
observa com um olhar de pena. Não quero que o Sean me olhe
assim, como se eu fosse uma garota boba que merece a compaixão
dele!
Enquanto isso, Milo me observa com um sorriso arrogante
vitorioso. Qual. É. O. Maldito. Problema. Dele. Ele deveria estar me
ajudando a conquistar o Sean, não a afugentá-lo!
— Eu vou matá-lo, Stone — ameaço seriamente.
— Vamos levar mais um tempo para escolher o vinho —
Sean comenta com o garçom, ficando vermelho.
— Que história interessante — Jessica diz, e noto seu pé
massageando o Milo entre as pernas.
Gente, que pessoa mais sem noção! Ela sabe muito bem que
eu posso ver, estando ao lado do Milo! Assim que nota meus olhos
na virilha dele, Milo se levanta.
— Com licença, tenho que ir ao toalete — ele diz e sai
apressadamente.
32
Libby

— Do que mais gosta de ler, além de Harry Potter? — Sean


questiona com um sorriso gentil.
Queria muito estar focada em meu encontro com ele, mas,
neste momento, tudo que quero fazer é ir ao banheiro e exigir que o
Milo me explique o que diabos ele está fazendo.
— Hã... Poderia escolher o vinho para a gente? — digo com
um sorriso amarelo, já me levantando. — Também tenho que ir ao
banheiro.
— O que houve com vocês dois? — Jessica está claramente
irritada com o fato do Milo tê-la abandonado depois da massagem
na virilha. — Estão com incontinência urinária?
— Jessica! — Sean diz em tom de aviso.
— É uma pergunta válida, acabamos de chegar — ela
levanta os ombros, fazendo biquinho de criança mimada.
Aproveito a discussão entre os irmãos para me afastar. Entro
sorrateiramente no banheiro masculino, olhando em volta para
verificar se só o Milo está lá dentro, e grito:
— O que diabos está fazendo, Stone?
Ele praticamente bate a cabeça no teto no susto. Bem feito.
Ele está no mictório, e solto uma risada quando vejo que ele quase
se suja inteiro.
— Mas que porra... — ele me olha por cima do ombro. —
Isso aqui é banheiro masculino, Liberty! Saia!
— Responda à minha questão primeiro — fecho a porta atrás
de mim, e me encosto nela, impedindo que ele saia.
— Não está vendo o que estou fazendo? — ele se faz de
inocente.
— Estou me referindo à história do Harry Potter.
— Ah. Achei que seria bom para quebrar o gelo — ele diz,
olhando para a frente, sem conseguir me encarar.
Até parece.
— Mentira — acuso.
Eu sei que ele está aprontando alguma.
— É? Então o que acha que foi?
— Acho que quer se vingar pelas fofocas que inventei a seu
respeito — comento secamente, anunciando uma das dúzias de
teorias que criei nos últimos cinco minutos.
— Nem tudo gira em torno de você, Liberty — ele responde
ainda mais acidamente. — Só queria que esse jantar fosse ao
menos divertido.
Ele fecha as calças, se vira, e vai até a pia sem me olhar nos
olhos.
— O jantar seria divertido se você não estragasse meu
encontro com o Sean com suas histórias ridículas a meu respeito —
digo, afastando-me da porta, caminhando até ele.
— Divertido? Com o Mr. Bean e a irmã Abusadora de
Músicos dele?
— Jessica é Abusadora? — pergunto, fingindo nem ter
notado o apelido que ele criou para o Sean.
Pelo menos, é melhor do que “Comedor pelo Buraco do
Lençol”, que é como geralmente ele se refere ao Sean.
— Ela estava massageando o meu pau com o pé nojento
dela — ele comenta, com o maxilar rígido, e eu reviro os olhos.
— Ah, tadinho — digo com sarcasmo, porque é realmente
ridículo um galinha como ele reclamar desse tipo de coisa. — Ela
roubou a sua inocência? Violou os seus princípios? Fez algo que
não deveria antes do casamento?
Para a minha surpresa, Milo não fica irritado, mas começa a
gargalhar.
— Cala a boca, Liberty.
Eu também rio.
— Até parece que você não gosta de mulheres brincando
com o seu pau — digo em tom acusatório.
— Não gosto daquela garota a menos de cinquenta metros
do meu pau. Você pode achar que não sou seletivo, mas até eu
tenho os meus critérios — ele encosta quadril na pia para ficar de
frente para mim.
— Jessica não é tão ruim assim — ele me olha com
descrença. — Tá bem, ela é sem noção.
— Sem noção? Se não fosse pelo irmão dela, ela não
conseguiria nem emprego de recolhedora de cocô de cachorro.
Solto outra risada, porque, por mais que goste do Sean,
tenho que concordar com o Milo a respeito da irmã dele.
— Poderia ao menos fingir que estamos nos divertindo
enquanto jantamos? — peço, porque realmente quero fazer este
primeiro encontro funcionar. — Poderia ao menos fazer isso por
mim?
— Só se você se sentar de frente para a Abusadora — ele
responde seriamente.
— Mas aí eu ficaria longe do Sean e... — ele me olha com
impaciência. — Tudo bem. Trato feito.
— Miloooo! Está aí dentro? — a voz irritante da Jessica grita
do lado de fora do banheiro.
Imediatamente, eu corro até o último cubículo, nos fundos do
banheiro, onde já uma janela para o caso de precisar de um plano
de fuga.
— Não me deixe sozinho com ela! — Milo pede, mas já estou
trancando a porta do meu cubículo.
— Boa sorte — desejo a ele no instante em que ouço a porta
do banheiro se abrir.
— Isso aqui é banheiro masculino, Jessica — Milo comenta
secamente, e ouço o som dos saltos dela no piso de pedra do
banheiro, se aproximando dele.
— Quem se importa? Você é famoso, pode tudo.
Ouço alguns sons abafados que não consigo compreender, e
o que parece ser um zíper se abrindo, e o Milo pergunta com um
tom irritado:
— Fique de pé, Jessica! O que diabos está fazendo?
— O que acha? Você está muito tenso, vou te dar um
boquete para te relaxar.
Quase gargalho ao compreender a cena: Jessica se ajoelhou,
abriu o jeans do Milo, e agora está querendo “abusar” do pobre
coitado.
— O que diabos estão fazendo? — ouço a voz de uma
terceira pessoa. Pelo tom, parece ser alguém idoso. Ah, não. — Não
deveriam fazer isso aqui!
— Qual é, vovô! — Jessica comenta com um tom
absolutamente desrespeitoso. Sério, às vezes nem acredito que ela
e o Sean foram criados pelos mesmos pais — Esse aqui é o Milo
Stone, e ele pode sim receber um boquete no banheiro!
— Isso é um absurdo! — o senhor grita.
— Claro que não! Agora esse restaurante vai ficar famoso por
ter sido o restaurante do boquete do Milo Stone! E você deveria
agradecer! Isso aqui que estamos fazendo é história!
— Eu sinto muito, senhor! — Milo pede, e ouço o desespero
em sua voz.
— Meu jovem, não quero suas desculpas! Quero decência!
Neste momento, sei que chegou a hora de fugir. Sei que só
vou piorar a situação do Milo se o encontrarem no banheiro com
duas mulheres. Enquanto eles discutem e o idoso chama o gerente
do restaurante, fujo pela janela.
Como vocês já sabem, tenho uma péssima coordenação
motora, então acabo caindo de bunda no chão quando pulo a janela.
Ao menos, caio em cima da grama. Dou a volta na propriedade
enquanto rearranjo a minha saia, que foi pra minha cintura na fuga,
e alcanço a porta do restaurante no instante em que Milo e Jessica
estão sendo despejados pelos seguranças.
Sean corre atrás dos dois, parecendo desesperado. Eu me
posiciono atrás dele, para parecer que acabei de sair do restaurante
também, e Sean, ao me ver, me oferece um olhar de desculpas e
me entrega a minha bolsa.
Até no meio dessa confusão, ele se lembrou de pegar a
minha bolsa. Sério... Ele é muito fofo.
— E nunca mais voltem aqui! — um dos seguranças grita,
enquanto os clientes do restaurante apontam as câmeras dos seus
celulares para Milo e Jessica.
Por sorte, estamos em um bairro que é quase todo
residencial e muito calmo, senão teríamos muito mais testemunhas.
Jessica xinga o segurança de alguns nomes, diz que o
restaurante é pé sujo de qualquer maneira, e pega o celular para ver
mensagens como se nada tivesse acontecido, enquanto nós a
observamos, atônitos.
Depois de alguns segundos, ela solta um grito animado.
— Vejam, já saiu notícia disso nas redes sociais!
— Jessica, você não vai pedir desculpas aos nossos
convidados pelo que fez? — Sean questiona, em choque.
— Claro que não! Vou é ficar famosa — ela diz, sem qualquer
vergonha na cara.
Milo começa a dar voltas pela calçada, puxando os cabelos, e
até eu sinto pena dele. Apesar de ser mulherengo, eu testemunhei
toda a cena e sei que foi ZERO culpa do Milo. Sean já deve ter
percebido a mesma coisa, porque, com uma expressão
envergonhada, ele diz ao Milo:
— Eu sinto muito e...
— Sente muito pelo quê, Sean? — Jessica questiona,
ofendida. — Deveria ter orgulho que eu sou prestativa e estou
disposta a dar prazer ao nosso modelo principal de campanha!
Faltam-me palavras pela vergonha alheia que sinto dela.
— Realmente prefiro manter o profissionalismo — Milo
comenta com Sean secamente.
— Claro, eu entendo e...
— Oh! Aquele velho desgraçado disse a alguém que eu sou
prostituta! — Jessica reclama, e uma pessoa passando na rua nos
observa com preocupação.
— Acho melhor remarcarmos o jantar — Sean comenta
comigo, e nós três nos afastamos um pouco de Jessica para termos
mais privacidade.
Sério que ele quer tentar ter um segundo encontro depois
disso tudo?
— Claro — nem acredito que teremos uma segunda chance.
E a sós! Desta vez, nem ferrando permitirei que Jessica se
meta no nosso encontro.
— Eu vou à casa de verão da minha família este fim de
semana — Sean continua. — Se quiser...
— Eu adoraria ir — Milo se intromete na conversa.
— Ele não te convidou. Ele me convidou — esclareço o
óbvio.
— Ah, não? — ele questiona com ironia. — Achei que seria
uma ótima forma de me pedir desculpas e de falarmos sobre as
próximas campanhas.
Ah, desgraçado. Ele sabe muito bem que o Sean vai se sentir
mal e vai ter que convidá-lo. Por que o Milo está fazendo isso? Por
que está atrapalhando, mais uma vez, meu encontro com o Sean?
Ele está escondendo algo, tenho certeza.
— Ah, claro. Será muito bem-vindo, Milo — Sean diz, meio
sem graça.
Quando ele se afasta para tentar convencer a irmã a ir
embora, eu sussurro para o Milo:
— Eu te odeio, Stone.
— Quem mandou me abandonar no banheiro? — ele
responde com um sorriso arrogante.
33
Libby

Três dias se passaram desde o fatídico jantar, e as notícias


só se intensificaram a respeito do que aconteceu no banheiro.
Agora, a suposição mais disseminada sobre o caso é de que
a Jessica é uma prostituta. Por isso, ela desapareceu do escritório,
alegando uma “licença médica”.
Ao menos, nenhum dos funcionários está mencionando o
assunto no escritório, mas tenho certeza de que só falam disso
quando saem para almoçar.
Ninguém quer se desentender com o Sean, e é perceptível
que ele está super estressado com o envolvimento (e a culpa) da
irmã dele nessa história.
Nós mal trocamos uma palavra nos últimos dias, mas, ao
menos, sei que nosso encontro no final de semana está de pé,
porque ele mandou uma mensagem mais cedo querendo confirmar
a minha presença.
Infelizmente, Milo já confirmou a dele.
Depois de um dia repleto de reuniões, chego em casa
querendo apenas um chá e meu kindle. Preparo meu chá e, quando
estou me organizando para passar algumas horas na minha
poltrona favorita, ouço a campainha do prédio tocar.
— Quem é? — pergunto ao interfone.
— É o Sean — ele informa, e eu começo a tremer de
nervosismo.
Ao menos, estou vestindo jeans e camiseta, então não vou
precisar me trocar às pressas.
Libero a entrada dele, e, ao abrir a porta do meu apartamento
alguns segundos depois, ele me encara com um sorriso, uma sacola
em uma mão, e uma caixa de pizza na outra. No momento que sinto
o cheiro da pizza, meu estômago reclama algo, me recordando de
que não como nada desde a salada no almoço.
— Oi, Libby — o sorriso dele se alarga com o som indiscreto
do meu estômago.
— Está tudo bem, Sean? — não estou chateada por ele estar
aqui, muito pelo contrário, mas estou certa de que tampouco
havíamos combinado algo hoje.
Eu me afasto da porta para que ele possa entrar, e Sean
coloca a pizza e a sacola em cima da minha pequena mesa de
jantar.
— Sim, está tudo bem, é que... — ele começa, mas se
interrompe, como se não soubesse ao certo o que dizer.
— Algo de trabalho?
— Não. E sim — ele fica vermelho.
Solto uma risada nervosa.
— Está bem enigmático hoje, Sean.
— Queria... Pedir desculpas pela minha irmã — ele admite,
olhando fixamente para o carpete do meu apartamento.
— Ah.
— Já havia me desculpado com o Milo, mas o péssimo
comportamento dela afetou você também.
É verdade, mas isso não é culpa dele.
— Tudo bem, Sean. Não precisa se desculpar por ela, sério
mesmo.
—E pensei que... Já que só vamos viajar este final de
semana, eu poderia tentar compensar hoje, com um filme e uma
pizza vegetariana — ele abre a caixa, e meu queixo cai.
Ele se lembra que eu AMO pizza vegetariana? Era sempre o
que eu pedia no início da empresa do Sean, quando havia poucos
funcionários para fazer uma quantidade impossível de trabalho, na
época em que trabalhávamos até altas horas da noite.
Olho com mais atenção a caixa, e noto que ele até mesmo
escolheu a minha pizzaria favorita em São Francisco, a Pizza do
Mario.
Em seguida, ele abre a outra sacola, tirando um DVD de
dentro. Sim, sou das antigas, adoro DVDs, e adoro mais ainda que o
Sean se lembra deste detalhe.
— As Bruxas de Eastwick? Eu AMO este filme!
— Eu também adoro — ele sorri com orgulho de ter escolhido
(muito bem por sinal) o filme que assistiremos hoje) — É um
clássico. Ia trazer Harry Potter, mas achei melhor não arriscar.
— Achou certo — não conseguiria ficar confortável assistindo
qualquer Harry Potter com ele depois da história do zoológico.
— Está ocupada? — ele pergunta, olhando para o kindle na
mesa lateral da poltrona, e para o Xodó, que acabou de acordar e
está balançando o rabo, olhando fixamente para a gente.
— Não, só estava me preparando para ler o kindle.
— Por que o Xodó está aqui? — Sean questiona, fazendo
carinha atrás das orelhas do Xodó.
— Eu amo o Xodó. Foi o jeito do babaca do pai dele me pedir
desculpas por ter contado a vocês a história do zoológico — Milo
pediu a passeadora dele para deixar o Xodó aqui em casa no dia
seguinte ao desastroso jantar.
Milo sabe jogar pesado quando quer garantir que eu vou
perdoá-lo. Ainda não perdoei, mas isso não quer dizer que não
esteja curtindo muito a companhia do Xodó.
Sean brinca um pouco com o Xodó enquanto eu coloco o
DVD no aparelho. Nós colocamos a mesa de jantar mais próxima ao
sofá para podermos comer pizza enquanto assistimos ao filme, e
deixamos a cama do Xodó bem ao nosso lado.
Enquanto assistimos ao filme, noto o olhar de Sean o tempo
todo se voltando para mim. Infelizmente, não consigo entrar no
clima, porque, toda vez que olho de volta para ele, escuto a voz do
Milo dizendo coisas a seu respeito.
— Aquele almofadinha com certeza faz sexo por um buraco
no lençol.
— Cala a boca! — acabo dizendo em voz alta, tentando calar
o rock star mais irritante do planeta.
— Quê? — Sean me olha com choque.
— Ah, estou falando do personagem do Jack Nicholson —
comento, olhando para a tela. — Ele fala demais!
— Concordo — ele ri do meu comentário. — Por sinal,
também adoro conversar com os personagens dos filmes.
— No meu caso, adoro brigar com eles — que bom que
minha desculpa esfarrapada funcionou.
Nossos olhares cruzam de novo, e vejo paixão nos olhos de
Sean. Aí, a voz de Milo me atrapalha outra vez.
— Ele nunca saberá lhe dar prazer como eu dou, Liberty.
Imediatamente, perco a vontade de beijá-lo.
— Oh, céus — viro-me de volta para a tela.
— O que foi?
— Hã... Adoro essa cena — invento, apesar de nem estar
prestando atenção mais no filme, e continuamos assistindo em
silêncio.
— Você está muito concentrada no filme, Libby — Sean
comenta depois de alguns minutos.
— Você sempre está encharcada quando eu te toco, Liberty
— a voz do Milo sussurra em minha mente.
— Hã...
— Se eu soubesse que ficaria tão interessada assim no filme,
traria um que você detesta — Sean comenta, mas nem consigo
prestar atenção no que ele está dizendo.
— Se eu soubesse que você chupava tão bem, teria te
oferecido esse curso de sexo muito antes — a voz do Milo se
sobrepõe à do Sean.
— Quê?
— É que... Eu não vim como seu amigo hoje — Sean, diz.
Ele está dando em cima de mim, ou é impressão minha?
Apesar de parecer que sim, nem consigo ficar interessada, ou
excitada, ou nada. Só consigo ouvir a maldita voz do Milo na minha
cabeça.
— Hã...
— Nem como seu chefe — Sean continua.
— Sei...
— Eu vim porque... Bem...
— Eu te quero, Liberty — Milo sussurra na minha mente.
— Eu gosto de você, Libby — Sean diz, e seu rosto se
aproxima do meu, até seus lábios tocarem os meus.
Eu. Não. Sinto. Nada. Absolutamente nada. É como se eu
estivesse beijando uma parede. E tudo isso é culpa de uma pessoa:
Milo Stone.
— Eu preciso ir — digo, afastando-me do Sean.
— Agora?
— Sim. Agora.
34
Milo

Passo as mãos pelos cabelos quando vejo a chamada para


uma nova reportagem com a minha foto.
— Vamos retornar à nova fofoca de Milo Stone — a âncora
anuncia.
Sério. Eles não têm mais nada a reportar? Sobre as possíveis
guerras que podem surgir na Europa? Sobre crianças passando
fome em tantos lugares do mundo? Sobre fundações que estão
pedindo financiamentos para projetos que podem mudar o mundo?
Pelo visto, a nova “fofoca” a meu respeito é muito mais
importante que todas essas temáticas. O mundo está realmente
virado do avesso.
— Milo está realmente se superando este ano, Fiona.
— É verdade, Robert. Este jornal foi acusado de não ter feito
o dever de casa sobre a história da DST Stone, então, desta vez,
fizemos questão de apurar muito bem os fatos.
Fatos? Que fatos? Eles interpretaram esses fatos ao bel-
prazer deles, isso sim! Ninguém veio me perguntar o que de fato
aconteceu no maldito banheiro! Apenas ouviram a história de um
idoso e supuseram que uma prostituta estava fazendo sexo oral em
mim!
Por outro lado, quem ia acreditar se eu contasse a verdade?
Nem sei se eu acreditaria em mim mesmo. Isso que me irrita mais: a
história foi tão bizarra que a versão contada pelas notícias está
muito mais factível.
— Isso mesmo, Fiona. Nossos repórteres, que são muito
profissionais, encontraram as duas principais testemunhas do
incidente.
Adivinham quem é a primeira testemunha que eles
entrevistam? O pobre idoso que nos flagrou, claro.
— Foi um absurdo! Um absurdo! — o senhor diz,
absolutamente ofendido. —Não é só porque ele é famoso que tem o
direito de se expor assim em público!
— Meu marido tem problema cardíaco! Poderia ter morrido!
Acho que o Sr. Milo Stone e a mulher que ele contratou deveriam
ser acusados de tentativa de homicídio.
— Ah, porra! — bato no tampo de mármore da cozinha, já
considerando se devo ligar para o meu advogado. — Só o que me
faltava.
Essa nova história saiu tanto do controle que até mesmo
Arizona teve que admitir que errou em arranjar esse encontro com a
Jessica.
Se eu não estivesse tão PUTO com a história toda, eu até me
divertiria ao vê-la com lágrimas nos olhos, me pedindo desculpas.
Arizona não é o tipo de pessoa que admite suas falhas.
— Gostaríamos de esclarecer que nossos repórteres top de
linha já apuraram que as fofocas sobre a mulher que estava de
joelhos com a cara na virilha do Sr. Stone no toalete do restaurante
já foi identificada.
Ah, merda. Puta merda. Só falta agora eles dizerem que
Jessica A Abusadora de Rock Stars vai dar entrevista para eles
também.
— Perfeito, Fiona. E ela alega que, ao contrário do que
muitos estão supondo nas redes sociais, ela não é uma profissional
do sexo.
— Não sou PIIIIIIII! — o rosto de Jessica diz, enfurecido.
Porém, a câmera foca mais em seu decote do que em seu rosto.
Perfeito. — Apenas gosto de chupar PIIIIII, especificamente o PIIIIII
do Milo Stone!
Mas que porra....
— Nós também conseguimos apurar que havia uma segunda
mulher no banheiro, Robert.
Quê? Isso é mentira e... Peraí. Será que eles estão falando
da Liberty? Mas isso é impossível! Eu sei que nem Jessica nem o
idoso a viram!
— Sim, Fiona. Ela foi identificada por câmeras de segurança
de uma loja que fica atrás do restaurante, e foi vista fugindo do
banheiro no momento da confusão.
Mas que MERDA! Eles colocam a imagem de Liberty fugindo
– de forma bem desastrada, por sinal – do banheiro. Quando ela
pula a janela, sua saia praticamente sobe até a cintura, expondo
suas longas pernas e a calcinha.
Por sorte, a imagem é de péssima qualidade e de uma
distância razoável, então acho difícil alguém reconhecê-la. Ainda
assim, é bem humilhante. De fato, até eu tenho que admitir que ela
tem a coordenação motora de um panda bebê que ainda não
aprendeu a andar.
Mais uma vez, se não estivesse tão puto, estaria me
divertindo.
— As redes sociais já estão criando diversas teorias sobre a
mulher misteriosa, Robert. Eles estariam fazendo uma orgia no
banheiro? Seria ela uma profissional do sexo? Alguns até dizem que
ela se parece com a fonte original da festa onde foi criado o boato
da DST Stone.
— Porém, queremos reforçar que ainda não podemos
confirmar nenhuma dessas histórias. Se alguém tiver qualquer
informação da mulher misteriosa, favor ligar para....
Desligo a TV, porque sei que ou faço isso, ou vou
enlouquecer. Quero falar com Liberty, prepará-la para a humilhação
que ela certamente sentirá, ainda que ninguém além de amigos
íntimos a identifiquem.
Quando olho para o celular, vejo que já tenho dezenas de
mensagens de várias pessoas da equipe. Desisto de mandar
mensagem para a Liberty e desligo o celular, quando alguém toca a
minha campainha.
— Eu morri e só ressuscito em uma semana — grito, já
imaginando que seja a chata da Arizona vindo pedir desculpas de
novo.
Para a minha surpresa, não é ela.
— Você não é Jesus Cristo, Stone! — ouço a voz irritada de
Liberty, e meu dia fica imediatamente melhor. Um dia de briga com
Liberty é melhor que um dia sem Liberty, então caminho até a porta.
— Abra logo a porra da porta!
Abro a porta, e ela praticamente dispara que nem um foguete
para dentro da cobertura. Xodó entra logo atrás dela, e corre até sua
cama favorita, nos fundos da sala.
— O que houve? — questiono, porque ela está irritada
demais para ser a história do banheiro.
Afinal de contas, mesmo ela sabe que, desta vez, não foi
minha culpa. Além disso, eu deixei o Xodó na casa dela para ver se
ela me perdoa por causa da história da coruja do Harry Portter.
Pelo visto, nem mesmo os olhos de cachorro perdido do
Xodó foram suficientes para ela me desculpar.
— O que houve? — ela questiona, colocando o indicador
contra o meu peito. —O que houve?! Você estragou tudo, isso que
houve!
— Como assim, Liberty?
— Estragou o jantar e o meu final de semana a sós com o
Sean.
Ah, foda-se. Não vou aceitar a culpa pelo buraco do lençol do
Sean.
— Se ele quisesse ficar sozinho contigo de verdade, teria
dado uma desculpa para eu não ir — digo, e noto que a expressão
dela muda de imediato, de ódio mortal para dúvida. — Se ele a
quisesse de verdade, teria lutado por você.
Eu engulo em seco, esperando a reação dela. Quando
Liberty fala de novo, sua voz está insegura, trêmula, apenas um
fiapo.
— Como sabe disso?
Dou alguns passos na direção dela, até estarmos muito
próximos. Ela inclina a cabeça para trás para continuar me
encarando, e eu preciso usar todo o meu autocontrole para não
beijá-la. Ao menos, ainda.
— Porque seria isso que eu faria, Liberty — admito, porque
não aguento mais fingir que não há nada entre nós.
— Como é que é?
— Quando um homem quer uma mulher, ele não deixa nada
– e muito menos outro cara – o impedir de ficar com ela.
— Mas...
— Ele nem insistiu, Liberty — repito, já roçando meus lábios
contra os dela, minha testa colando na dela. — Nem lutou por você.
— A gente ainda nem teve um encontro sério — ela tenta
defender, mas seus olhos estão repletos de dúvida.
— Eu e você nunca tivemos um encontro sério e eu teria
dado uma porrada na cara do Sean se ele tivesse se convidado
para a minha casa de praia como eu fiz com ele.
— Nem todos nós somos selvagens — ela diz, cínica.
Um dos cantos da minha boca se curva para cima. Se ela
está me provocando, é porque já está melhor.
— Não sou selvagem, Liberty. Eu só... — engulo em seco,
sem conseguir terminar a frase.
— Você só o que? — ela pergunta, me observando
intensamente.
— Acho que você merece alguém melhor.
Merda. Sou realmente um covarde. E ainda chamo o Sean de
Buraco do Lençol.
— Quem seria esse alguém, pelo amor? — os olhos
castanhos se enchem de lágrimas, e sinto como se alguém tivesse
acabado de perfurar meu peito com uma espada. — Estou
esperando há mais de vinte anos!
— Seria alguém que só tem olhos para você. Que te admira
por quem você é, acreditando ou não que pode receber uma carta
de Hogwarts a qualquer momento.
— Eu não acredito mais em Harry Potter! — ela diz, mas não
se afasta de mim, e eu olho para ela com descrença. Ela revira os
olhos e admite:— Só um pouquinho.
— Você merece alguém que a valorize como mulher, como
pessoa, como profissional. Alguém que te adore, e adore até
mesmo seus defeitos e o fato de você ser a pessoa mais irritante da
face da Terra.
— Não sou a pessoa mais irritante da Terra! — ela se
defende com tamanha paixão que quase solto uma gargalhada.
— Ah, quando você quer, é sim!
— Eu te odeio, Stone!
— E eu te amo, Liberty.
Pronto. Agora foi. O segredo que eu guardo há muitos anos.
Agora só falta saber se Liberty vai me fazer o homem mais feliz ou
infeliz do mundo.
35
Libby

As palavras de Milo me atingem em cheio. Eu vim aqui cheia


de raiva e de dúvidas, e agora ele me atira mais uma pedra. Só que
essa pedra é do tamanho de uma montanha, e não quero ser
soterrada por ela.
Como Milo pôde fazer isso? Como ele tem coragem de
brincar com os meus sentimentos desse jeito? E pior: como ele é
capaz de mentir tão bem, de me dizer que me ama com tamanha
sinceridade nos olhos?
— Não seja cruel, Milo — sinto lágrimas caírem dos meus
olhos, e ele as seca, suas mãos tão gentis que apenas me fazem
libertar ainda mais lágrimas.
— Não estou sendo cruel — ele me segura pelos ombros, e
começa a secar minhas lágrimas com seus lábios.
— Está sim! — tento me afastar dele, mas Milo apenas me
segura com mais força, trazendo meu corpo para junto do dele.
Estou tão confusa que nem sei como estou me sentindo. — Para
com isso! Pare com essas mentiras!
— Não estou mentindo.
— Você não me suporta — digo, porque é nisso que acredito,
é nisso que sempre acreditei, porque é a verdade.
Não é?
— Não. Eu não suporto como você sempre me desprezou —
ele sussurra contra meus lábios, e eu simplesmente tenho uma
visão de toda a minha vida, de todas as nossas discussões, de
todas as vezes que a amizade dele com a Arizona me machucou.
Como assim ele não me odeia?
— Claro que eu te desprezo! — desprezo mesmo? Ainda? Eu
me corrijo: — Digo, te desprezei! E você sempre fez de tudo para
me irritar ainda mais.
— Não — ele continua negando. — Sempre fiz de tudo para
chamar a sua atenção. Admito que fui desesperado, imaturo, e até
idiota, mas eu não sabia o que mais fazer para você ao menos não
me ignorar.
Só o Milo para fazer isso. Só Milo Stone para me deixar ainda
mais confusa. Só Milo Stone para me fazer não odiá-lo com todas
as minhas forças. Só Milo Stone para me tocar de um jeito que me
marcou para sempre como sua.
— Milo, como eu te odeio — digo, sabendo que é a maior
mentira que já saiu dos meus lábios.
— Eu sei e...
Eu o puxo para um beijo. O beijo. Depois de já ter beijado o
Milo tantas vezes, achei que já teria me acostumado com seus
lábios a esta altura. Mas não foi isso que aconteceu. Muito pelo
contrário.
Este beijo é melhor que os outros, ainda mais intenso, ainda
mais explosivo. Porque, pela primeira vez, eu beijo o Milo admitindo
para mim mesma que eu não o odeio. Posso tê-lo odiado um dia,
mas certamente não o odeio agora.
Neste momento, neste instante, apenas sigo meu instinto,
sentindo que estou beijando O homem. O cara para quem eu nasci.
O cara que nasceu para ser meu.
— Liberty — ele grunhe, os olhos negros como a noite, e sei
que, assim como esse beijo mudou algo dentro de mim, também
mudou algo dentro dele.
Uma decisão foi tomada. Uma decisão que vai me mudar
para sempre. Que vai mudar nossa relação para sempre. E sei que
ele tomou a mesma decisão que eu.
Sem trocarmos mais palavras, Milo me carrega no colo até
seu quarto, deitando-me na cama, sem desgrudar os olhos intensos
dos meus.
Milo senta-se sobre meu quadril e, com mãos tão ágeis que
mal as vejo se movimentando, ele arranca minha camiseta, meus
jeans, meu sutiã. Sinto-me exposta; uma parte de mim quer cobrir
os seios, como sempre faço quando estamos juntos. A outra parte,
no entanto, está amando ver a expressão de pura luxúria nos olhos
de Milo.
Sempre sonhei com o dia que um homem me amasse deste
jeito, que me olhasse desse jeito, não como a amiga simpática, ou a
funcionária de confiança, ou como a garota nerd, mas como a
mulher mais desejada do mundo.
Os olhos dele admiram meus seios pelo que parece uma
eternidade. Aí, ele se deita em cima de mim e abocanha um mamilo.
Assim como nosso beijo, é ainda mais intenso que todas as outras
vezes.
Aperto minhas coxas em volta da cintura dele, tentando puxá-
lo mais para perto, mas ele nuca chega perto o suficiente. É como
se eu precisasse que nossos corpos se unissem ainda mais. Minhas
costas arqueiam na direção de seu rosto, facilitando que ele tome
todo o meu seio na boca.
As mãos dele deslizam pelas laterais do meu corpo e, ao
encontrarem o elástico da calcinha, lhe dão o mesmo tratamento
oferecido ao sutiã. Ele joga a calcinha destruída no chão, e coloca
uma mão entre nós. Seu polegar pressiona meu montinho sensível,
e não consigo segurar um grito que parece vir direto da virilha.
— MILO! — berro, e ouço sua gargalhada contra um mamilo
sensível.
— Não é isso que você quer, Liberty? Ser tocada? Ser
chupada? Ser levada ao ápice?
Sim, sim, eu quero isso e muito mais. A cada toque dele, é
como se estivéssemos mais conectados. Meu corpo parece saber
exatamente como reagir a cada toque, cada chupada, cada beijo.
Se eu estiver oferecendo a ele um décimo do prazer que estou
sentindo, então ele está muito bem, porque eu estou no paraíso.
— Ah, Milo. Eu o quero dentro de mim — digo, e ele
imediatamente afasta o rosto do meu, seus olhos me observando.
— Não foi isso o que combinamos, Liberty — ele sussurra
contra os meus lábios, mas vejo, em sua expressão que é
exatamente o que ele quer também.
— Foda-se o que combinamos, Milo — respondo, segurando
seu rosto. — Eu preciso de você dentro de mim! — repito, porque
sinto um vazio entre as pernas que sei que apenas Milo pode
preencher.
Eu o desejo tanto que meu coração está prestes a explodir.
Milo me encara por alguns segundos e deve compreender a
seriedade do meu pedido, porque ele se ajoelha na cama e começa
a fazer um strip tease.
Já vi Milo pelado várias vezes, mas agora é diferente, porque
o desejo nos olhos dele reflete o desejo que estou sentindo. E, pela
primeira vez na minha vida, sinto verdadeiramente que chegou o
momento de perder a virgindade. Jamais poderia imaginar que essa
pessoa seria o Milo.
Meu corpo inteiro começa a estremecer à medida que ele tira
as camadas de roupa. Estou praticamente babando enquanto
admiro seu abdômen dividido, seus bíceps inchados, a barba por
fazer escurecendo o queixo forte e quadrado, as pernas que
parecem de jogador de futebol.
Aí, ele tira a cueca. E é quando uma onda de incerteza toma
conta de mim. Quando eu me lembro do quanto ele é grande, do
quanto ele é grosso, e do quão virgem eu sou. Ah, céus. Só falta eu
fraquejar agora.
— Acha que aguenta meu pau, Liberty? — ele diz com
sarcasmo, me fazendo soltar uma gargalhada nervosa.
Milo sabe exatamente como me provocar, como me deixar
excitada e irritada ao mesmo tempo.
— Milo... — sussurro, nervosa, excitada, e louca por ele.
Ele se deita em cima de mim, deixando que eu sinta sua
ereção pulsando contra meu estômago.
— Tem certeza de que essa bocetinha virgem vai me
aguentar, Liberty? — ele volta a me provocar, e me beija
profundamente.
Nossa, será que eu vou ter um ataque cardíaco logo numa
hora essas?
Sonhei tanto com este momento; só não imaginei que seria
justamente com o homem que jurei odiar para todo o sempre. Ao
mesmo tempo, parece estranhamente perfeito que seja o Milo.
Agora, o romance dos meus sonhos está virando a realidade.
Para ser sincera, está ainda melhor que meus sonhos, porque eu
jamais imaginei que seria tão intenso. Tive medo de ficar nervosa,
mas, sinceramente, estou tão ansiosa e excitada que nem sinto
medo.
Milo está me observando, esperando por uma resposta. Eu
sei que, se disser não, se ele vir qualquer dúvida em meu
semblante, vai parar imediatamente, e é provável que eu tenha
muita dificuldade de conseguir outra chance com esta. Seguro seu
rosto e encosto a minha testa na dele, olhando fundo em seus olhos
escuros.
— Nunca tive tanta certeza na minha vida, Milo.
Ele me penetra com sua língua, enquanto enfia o dedo dentro
de mim. Em seguida, enfia um segundo, cada vez enfiando mais
fundo, cada vez mais rápido, me deixando mais excitada a cada
nova estocada.
Sinto um incômodo no início, mas meus músculos internos
logo relaxam e se adaptam à intrusão. Sua ereção, entretanto, é
infinitamente maior e mais grossa que seus dois dedos, então sei
que levarei mais tempo para me acostumar.
Ele se afasta de mim de repente e se ajoelha de novo sobre o
colchão. Coloca as minhas pernas para cima, e planta meus pés em
cada um dos seus ombros.
— Essa posição vai ser mais confortável para você, Liberty.
— Nem acredito que essas palavras estão saindo da minha
boca, mas eu confio em você — digo, e sorrio para ele.
Milo começa a massagear meu clitóris, que já está inchado e
sensível, e fecho instintivamente os olhos, jogando a cabeça para
trás e arqueando as costas. Quanto mais eu gemo, com maior
intensidade ele massageia meu montinho.
Sinto sua ereção na minha entrada, dura, úmida,
impossivelmente grossa. Abro os olhos, e é como se eu estivesse
diante de um deus da noite, poderoso e irresistível. Seu polegar
continua fazendo a massagem maravilhosa, enquanto ele usa a
outra mão para afastar meus lábios.
Quando estou sentindo que meu corpo vai partir ao meio,
tamanho é o meu prazer, começo a tremer violentamente e relaxar
de uma vez. Meu clímax é longo e simplesmente perfeito. Milo
aproveita meu corpo úmido e relaxado para me penetrar um pouco.
Como eu esperava, ele é muito grande, e sou muito apertada
para o tamanho dele. Sinto-me esticando por dentro, mas tento
disfarçar o incômodo, porque não quero que ele pare. Claro que
Milo percebe; ele nota cada nuance do meu rosto.
— Mal comecei e você já está assim, Liberty? — a pergunta
sai praticamente como uma carícia, uma brincadeira de amantes, e
solto outra gargalhada nervosa, apertando-o ainda mais dentro de
mim.
Ainda com sua cabeça dentro de mim, ele inclina a cabeça
pra frente e lambe cada mamilo de leve, fazendo-me ficar excitada
de novo, deixando meus músculos relaxarem para conseguirem
acomodá-lo melhor.
— Eu vou me acostumar, Milo — arfo entre gemidos, e ele
solta uma gargalhada sexy contra meu seio.
— Sua bocetinha mal dá conta da cabeça, Liberty — ele está
grunhindo, sua voz tão profunda e poderosa como um trovão. — O
que vai acontecer quando eu fodê-la com tudo?
Levanto os quadris, permitindo que mais dele entre em mim.
Ele fica tão surpreso que agarra meus cabelos, e noto uma camada
de suor surgir em sua testa. Ele está se controlando para não me
penetrar de uma vez, para não me machucar.
Sinto-o entrando um pouco mais, encontrando alguma
resistência. Ainda assim, apesar de sua paixão estar clara em seus
olhos, ele não força a barra, continua me penetrando bem devagar,
esperando até que eu me acostume.
A sensação dele dentro de mim, apesar de um pouco
incômoda, é igualmente maravilhosa. Sinto que ele está no limite,
que a qualquer instante vai enfiar tudo de vez.
Ele segura meu rosto com uma mão, e me beija
profundamente, engolindo meus gemidos, enquanto termina a
penetração.
Sinto o exato momento em que ele rompe meu hímen. E sei
que ele sente também, porque ele para de me beijar por um
segundo, seus olhos queimando a minha alma. Eu o puxo para
outro beijo, e uso toda paixão que guardei a vida inteira, para o cara
certo, para ele.
Depois de alguns segundos, quando meus músculos internos
já se adaptaram à intrusão, Milo volta a se movimentar dentro de
mim, esfregando seu peitoral sobre meus seios, deixando meus
mamilos sensíveis.
Seus lábios se movem até meu pescoço, e chupa a pele
sensível entre seus dentes, enquanto me penetra com mais força,
em um ritmo cada vez mais acelerado, entrando em mim
completamente, saindo até apenas a cabeça estar dentro.
Gozo mais uma vez momentos antes de senti-lo despejar
tudo dentro de mim. Quando enfim paramos de estremecer, ele joga
seu peso sobre meu corpo, e sinto seu coração martelar contra meu
peito.
Minutos se passam antes dele se afastar um pouco de mim,
colocando seu peso sobre os cotovelos.
Ele espera até que eu abra os olhos, e quase tenho um
ataque cardíaco ao ver o olhar de puro desejo que ele me dirige.
Mas há mais nesse olhar. Satisfação... Admiração... E muito carinho.
— Eu realmente te amo, Liberty — ele sussurra contra os
meus lábios.
— E eu não o detesto, Milo — digo de volta, fazendo-o
gargalhar.
Nós dormimos nos braços um do outro, no último lugar do
mundo onde imaginei terminar o meu dia. No melhor lugar do
mundo.
36
Milo

O som da porta da frente se fechando me acorda.


Espreguiço-me lentamente, procurando, na cama, o corpo quente,
macio e gostoso de Liberty, mas sinto apenas os pelos de Xodó.
Abro os olhos, e vejo os olhos negros de Xodó me encarando
atentamente. Assim que vê que acordei, ele fica em pé no colchão,
balança o rabo e começa a lamber a minha cara.
Olho em volta do quarto, e noto que estamos sozinhos. É
quando eu relaciono o barulho da porta com a ausência de Liberty.
Ah, merda. Se ela está achando que vai conseguir fugir depois de
tudo o que aconteceu, está muito enganada.
Desesperadamente, eu visto a calça de moletom e uma
camiseta qualquer e saio com o Xodó, já pensando no discurso que
farei para a Liberty assim que encontrá-la.
Não posso deixar que ela se arrependa da nossa noite. Não
posso permitir que a minha revelação a assuste. Não posso viver
sem ela.
Quando passamos pela portaria, Mike me informa que a
Liberty acabou de sair, e que ela caminhou na direção do Aquatic
Park, um belo parque à beira da água a uns cinco minutos de
distância. É o lugar favorito de Xodó na cidade.
Praticamente corro com meu cachorro até o parque, mas,
mesmo ainda sendo cedo, já há bastante gente. Solto o Xodó da
guia, e o instruo:
— Encontre a Liberty, Xodó — coloco uma camiseta dela
contra seu focinho, e ele imediatamente dispara para dentro do
parque.
Alguns segundos mais tarde...
— AHHHHHHHH! — ouço o grito inconfundível de Liberty, e
corro na direção dos sons dela e dos latidos animados de Xodó.
Sei que cometi um erro de achar que ela havia fugido esta
manhã quando a vejo caída no gramado, com dois cafés e uma
sacola de papelão nas mãos, Xodó correndo em volta dela.
— Oi — digo com um sorriso, e a ajudo a se levantar.
Não tenho ideia como ela conseguiu não derrubar os cafés
no processo.
— Oi? — ela questiona, claramente irritada. — Por que
deixou o Xodó solto assim?
— Eu queria que ele te encontrasse — admito, e prendo
Xodó de novo na guia.
— Qual é a urgência, Milo? — ela me entrega os cafés e se
limpa.
Engulo em seco, mas obrigo-me a responder:
— Eu achei que você tinha fugido. Se arrependido.
Os olhos castanhos voltam a me encarar, em choque.
— Quê? Eu sei que nosso histórico não é lá dos melhores,
mas se eu tivesse me arrependido, você seria o primeiro a saber.
Vejo o emblema no saco de papelão na mão dela, e me dou
conta para onde ela foi: a minha padaria favorita.
— Comprou meu croissant favorito?
— Sim, mas agora acho que você não está merecendo — ela
cruza os braços.
— Não? — pergunto, aproximando-me dela.
— Não — ela responde, mas seus lábios se curvam
ligeiramente para cima.
— Por que saiu tão cedo? — pergunto, colando minha testa
na dela.
— Queria pensar em como vamos contar isso para a Ary —
ela fecha os olhos, uma linha se formando entre suas sobrancelhas.
— Também tenho pensado nisso, Liberty.
— Aí deu um desespero, porque eu não quero que ela corte
seu pau fora com uma serra elétrica. Eu gosto do seu pau, sabe? —
ela roça os lábios contra os meus, me provocando.
— E do dono dele, você também gosta?
— Eu não odeio o dono dele — ela levanta os ombros, e eu
solto uma gargalhada.
— Você fica muito gostosa quando está me provocando.
— E você fica muito sexy quando tira a minha virgindade.
Gargalho de novo, a puxo pela nuca, e a beijo
profundamente. Ela me agarra pela cintura, colando nossos corpos
ainda mais, enquanto Xodó come grama ao nosso lado. Aprofundo
ainda mais o beijo, quando ouço uma voz familiar dizer em um tom
acusatório:
— Mas que PORRA...
Eu e Liberty nos separamos imediatamente, ambos dando
um pulo para trás.
— Ary? — Liberty questiona, com olhos esbugalhados.
— Merda — xingo, com vontade de proteger meus testículos.
Arizona tem um metro e sessenta e dois. Eu tenho um e
oitenta e seis. Ela pesa sessenta quilos. Eu, mais de noventa. Ainda
assim, ela parece gigante perto de mim. Eu me sinto uma formiga
que pode ser esmagada a qualquer instante.
— Por que está chupando a cara da minha irmã, Milo? — ela
enfim pergunta, e sinto concreto se formar na minha garganta.
Liberty se coloca entre nós, e, num tom ácido, responde:
— Porque eu quero que ele chupe a minha cara, Ary.
— Quê? — ela olha para a irmã em choque. Em seguida, me
encara com um olhar acusador. — O que você fez com ela, Milo?
— Ele só fez comigo o que eu queria que ele fizesse —
novamente, é Liberty quem responde em meu lugar, o que me deixa
grato, já que ainda estou me recuperando do choque de ter sido
flagrado pela Arizona. — Em alguns casos, tive até que insistir. Tive
que ameaçá-lo e tudo.
— Milo... Você drogou a minha irmã? — Arizona continua se
dirigindo a mim, sem falar diretamente com Liberty.
— Por que está perguntando a ele sobre as MINHAS
decisões?
— Porque só dopada para você tolerar o Milo! — porra, não
precisa de tanto. E nem acredito que a minha melhor amiga poderia
achar que eu drogaria uma mulher para ficar com ela. — E porque
você merece alguém que te ame de verdade!
— Eu amo a sua irmã — digo seguramente, segurando a
pequena mão trêmula de Liberty na minha.
— Puta que o pariu — Arizona coloca as mãos na cabeça. —
Vocês estão se drogando juntos, não estão?
— Claro que não! — nós respondemos em uníssono.
Arizona nos observa por alguns segundos, em seguida, tira o
celular do bolso.
— O que está fazendo, Ary? — questiono, já ficando
desconfiado da reação dela.
— Estou ligando para um psiquiatra que eu conheço, para ver
que programa de reabilitação que ele sugere para vocês dois.
— Não estamos sob efeito de drogas, Ary! — tiro o celular da
mão dela.
— Está dizendo que ama a minha irmã?
— Sim — repito com ainda mais segurança na voz. — Há
muito tempo.
— E você, Libby?
Minha segurança evapora, e eu olho para Liberty, que me
observa com divertimento no olhar, indicando que, apesar da
seriedade do momento, ela está prestes a me provocar.
— Eu não detesto o seu melhor amigo — aperto sua mão
com força, já que não posso calá-la com um beijo.
— Obrigado — respondo secamente, mas não consigo
segurar o sorriso.
Eu disse que essa mulher era impossível.
— O que foi? Até recentemente, eu achava que o
desprezava. Preciso de um tempo, Milo.
Arizona, enquanto isso, observa nossa interação como se
fôssemos criaturas de outro planeta.
— Gente, isso está realmente acontecendo.
— Sim, está acontecendo — Liberty confirma com o queixo
erguido.
Do nada – DO NADA MESMO – Arizona pula na gente, e nos
abraça.
— Estou tão feliz — ela afirma, seus olhos enchendo-se de
lágrimas.
Agora é a minha vez de pensar: mas que porra...
— Está? — eu e Liberty questionamos juntos.
Definitivamente, não esperávamos essa reação dela.
— Claro, Se vocês estão felizes, eu estou feliz também.
— Que bom, Ary — Liberty responde com um sorriso de
alívio, mas eu continuo desconfiado.
— Mas, se machucar a minha irmã, eu o mato, o corto em
pedaços, e espalho seus pedaços por banheiros do McDonald’s.
Eu sabia.
— Você parece ter tudo planejado em detalhes — comento
secamente.
— Por que McDonald’s? — Liberty questiona.
— Porque o Milo detesta McDonald’s — Arizona responde
com um sorriso conspiratório.
— É um bom plano — Liberty a elogia.
— Obrigado de novo — agradeço com ironia.
— Por sinal... — Arizona diz em tom de ameaça, colocando
as mãos na cintura. — Não ousem esconder nada de mim de novo.
37
Um ano mais tarde...

Libby

Sinto minhas mãos trêmulas ao pegar o celular. Milo está de


volta, e diz que mal pode esperar para me ver.
Se ele está ansioso, imagina eu, que venho guardando esse
segredo gigante dele há quase três semanas? E pior, sem poder
contar para ninguém!
Milo e Ary passaram o último mês em turnê, enquanto eu e
Xodó ficamos em São Francisco.
Atualmente, eu administro a fundação do Milo e da Ary para
animais abandonados. Trabalho muito em parceria com a empresa
do Sean, e fico feliz em dizer que, apesar do nosso histórico
romântico quase catastrófico, nós nos tornamos ótimos amigos.
Então, sobre o meu segredo... Exatamente vinte e um dias
atrás, eu acordei enjoada. Passei a manhã inteira vomitando. Não,
não foi intoxicação alimentar. Não, não foi um vírus. É uma condição
que vai durar pelos próximos nove meses.
O problema é que eu queria contar pessoalmente ao Milo. E
quero que ele seja o primeiro a saber. O que significa que passei as
últimas três semanas em absoluta agonia.
Acabei, claro, tendo que desabafar com alguém. Comecei
contando para o Xodó, para todas as árvores do Aquatic Park, e até
para os animais resgatados da fundação. Depois, fui a três analistas
diferentes para contar a elas também. Finalmente, já fui a meia
dúzia de ginecologistas só para ter 100% de certeza.
Não poderia estar mais feliz. E espero que o Milo fique
também. Isso talvez seja o que esteja me deixando mais nervosa:
eu e o Milo estamos morando juntos praticamente desde o momento
em que Ary descobriu sobre a gente, mas ainda não falamos de
filhos.
Sei que o Milo ama o Xodó como filho, mas filhos humanos
são bem diferentes. Eu não tenho ideia se o Milo quer filhos agora.
Oh, céus, acho que vou ficar enjoada de novo.
Depois de mais uma ida ao banheiro, peço um Uber, e me
dirijo à fundação, onde faremos um evento beneficente para
incentivar a adoção de animais abandonados. O evento também
servirá para arrecadarmos recursos para um hospital veterinário
popular em São Francisco.
Deveria estar focada no evento, mas apenas penso em como
contarei isso para o Milo, enquanto disfarço para que Arizona não
perceba o quão nervosa eu estou. Só consegui segurar o meu
segredo até agora porque Ary estava na turnê com o Milo e a Beta
está de férias na Grécia com o Mike (também conhecido como
Dwayne Johnson).
Assim que entro no saguão da fundação, onde estão sendo
oferecidos aperitivos e bebidas, minha irmã me localiza e, depois de
meio segundo me observando, pergunta:
— Está nervosa?
Eu sabia que ela ia desconfiar. Arizona é pior do que detector
de mentira da polícia.
— Boa noite, Ary. Estou bem — tento disfarçar, sem olhar nos
olhos dela, para disfarçar o nervosismo.
Lila aparece logo atrás dela. Por que diabos elas tinham que
chegar antes do Milo? Queria que ELE fosse a primeira pessoa a
encontrar na festa, para que eu pudesse me livrar logo desse peso
de guardar segredo!
— Concordo com a Ary. Você parece nervosa.
— Estou bem — repito, tentando manter a voz serena.
— Toma um champanhe que passa. — Ary coloca uma taça
na minha mão, e eu apenas a coloco em cima de uma mesa de
apoio, torcendo para que ninguém note que não estou bebendo
álcool.
— Estou. Bem. — repito lentamente.
— Mas esse é o seu champanhe favorito! — Ary me olha
como se eu tivesse acabado de recusar um pote cheio de Nutella.
— Eu não quero e...
— Você está grávida! — Lila diz em tom de acusação.
— Claro que não! A Libby me contaria se ela estivesse... —
Arizona nota a minha expressão e arregala os olhos. — Você está
grávida!
— Shhhh! Não quero que ninguém saiba antes do Milo e...
— Você está grávida? — Monica (sim, a jornalista da história
do boquete) como sempre surge do nada quando há um potencial
boato.
O problema é que, desta vez, a minha gravidez não é só
boato..
— Acho melhor sermos mais discretas e... — sou
interrompida pela Monica.
— Não quer contar a ninguém por quê?
— Eu disse que não queria que ninguém soubesse ainda...
— Não é do Milo?
Sério, vou dar um soco na cara desta jornalista. Por sorte,
minha irmã vem à minha defesa:
— Cala a boca, Monica, ou vou arrebentar a sua cara!
— Shhhhh! Querem parar? — noto que os convidados que já
chegaram observam nossa discussão com interesse, e vários dele
são do mundo jornalístico, como vampiros em busca de um novo
furo de notícia sobre o Milo. — Estão todos olhando!
— Por que está tão preocupada? Monica está certa? Não
está grávida do Milo? — Desta vez, é Lila quem questiona, sem
qualquer tato ou discrição.
Sério, é assim que os boatos mais loucos começam, com
gente sem noção fazendo pergunta idiota.
— Parabéns, Libby! — Sean também surge do nada, e me dá
um abraço, como se estivesse participando da conversa desde o
início. — Ter um filho é sempre uma benção!
— Oh, céus — acho que vou vomitar na cara de todo mundo
desta maldita festa.
— E tenho certeza de que o Milo vai apoiá-la, sendo ou não o
filho dele — Sean coloca a mão em cima do meu ombro, me
dirigindo um sorriso compreensivo.
— Podemos gravar uma entrevista sobre isso? — Monica
questiona sem qualquer vergonha na cara.
— CLARO QUE NÃO! — Ary berra.
Enquanto isso, meu café da manhã está perigosamente perto
da minha garganta.
— Ela pode usar a entrevista para pedir desculpas e...
— ESTOU GRÁVIDA SIM, E É DO MILO, MAS NÃO CONTEI
PARA NINGUÉM PORQUE EU QUERIA QUE ELE SOUBESSE
PRIMEIRO! — berro, sem conseguir mais me segurar.
Todos me observam boquiabertos, em silêncio.
— Eu sinto muito, Libby —Arizona diz, olhando para o chão.
— Não deveríamos nos meter — Lila diz o óbvio, mas agora
já era: já se meteram.
— Ou pedir entrevistas — Jura, Monica?
— Eu também sinto muito e... — Sean começa, aí se
interrompe e olha para algo por cima do meu ombro. — Ah. Oi, Milo.
Ah, bosta. Eu me viro lentamente, e lá está ele. Milo Stone. O
meu antigo arqui-inimigo. O meu primeiro (e único). O pai do bebê
que cresce no meu útero.
O cara para quem eu queria fazer uma surpresa, e que
espero que esteja tão feliz como eu. O pior é que agora a reação
dele, seja boa ou ruim, será pública.
— Ouviu o que eu disse?
— Acho que até na Europa a ouviram, Liberty — ele comenta
com um sorriso irônico.
— Hã... É que...
— Com licença, pessoal — Milo diz, me pegando no colo e
me levando até a saída.
— Aonde estão indo? — Arizona questiona, como sempre
uma intrometida.
— A um lugar onde nenhum de vocês possa nos interromper
— Milo responde secamente, por cima do ombro.
— Talvez possamos fazer uma exclusiva depois — Monica
realmente não perde a oportunidade de arrancar uma entrevista em
qualquer situação.
— Eu te amo demais, Virgem — ele sussurra no meu ouvido.
— Eu não te detesto, Rock Star — eu sussurro de volta para
ele.

FIM
Blake Magnus: Meu milionário proibido
Disponível na Amazon

Sinopse:

Blake Magnus. Só dizer o nome dele me dá arrepios. O cara


com quem sempre sonhei perder a virgindade, mas que só me
considerava uma amiga. O cara que nunca mais falou comigo
depois que comecei a namorar seu maior inimigo.
Agora, ele está de volta. Preciso manter a distância, mas não
sei se consigo.

***

Madison Sullivan. Aquela que escapou. A única mulher por


quem eu me apaixonei, mas que só me via como um amigo. A
mulher que me abandonou pelo maior babaca da Carolina do Norte.
Agora, eu estou de volta. Mais forte. Mais seguro. E decidido
a ter Madison Sullivan. Custe o que custar.
Meu namorado MILIONÁRIO (por acidente)
Disponível na Amazon

Sinopse:

Meu nome é Anabela Vox, mas meus amigos me chamam de


Annie. Acabei de me formar em medicina, e vou começar a fazer
residência em um dos mais conceituados hospitais dos Estados
Unidos, que fica em Los Angeles.
Minha vida parece perfeita, não é mesmo? Porém, toda a
minha dedicação aos estudos, além da ausência de príncipes
encantados (sério, eu deveria processar a Disney por nos fazer
acreditar que eles existem), cheguei a esta altura da vida virgem.
Isso mesmo: VIRGEM!
Agora, minha melhor amiga Kate quer me convencer a
cumprir um acordo que fizemos anos atrás: perder nossa virgindade
no nosso aniversário de vinte e cinco anos. Que é hoje, por sinal.
Isso não tem como acabar bem...
O irmão (bad boy) do meu crush
Disponível na Amazon

Sinopse:

Meu nome é Cassandra Miller e eu estou prestes a fazer algo


que pode ser desastroso. Nas próximas horas, eu vou ter que
convencer o melhor amigo da minha irmã gêmea que eu sou ela.

Por que eu faria isso, se pode dar tudo errado?

Porque essa troca me dará tempo a sós com Evan, o cara


que é meu crush há anos. E sim, o risco vale a pena.

Tudo estaria perfeito, se Evan tivesse aparecido à minha


porta. No entanto, quem apareceu em seu lugar foi o irmão mais
velho dele, Hunter.

Hunter Logan pode ser irmão de Evan, mas ele é seu oposto
em tudo. Tatuador profissional, ele desistiu da faculdade para abrir
seu próprio estúdio e é cheio de atitude. O tipo de cara por quem eu
jamais imaginei que me atraía.

Agora, não só terei que fingir que sou a minha irmã gêmea,
como também terei que fingir que sou namorada do irmão bad boy
do meu crush. E pior: estou gostando disso mais do que deveria.
***
TRECHO DE:
BLAKE MAGNUS: MEU MILIONÁRIO
PROIBIDO
1
Maddy

— Maddy! MADDY! — escuto a minha assistente, Clara,


berrando pelos corredores.
Por sorte, hoje há apenas funcionários da fundação no
escritório. Não cai nada bem para nossos patrocinadores ficarem
ouvindo Clara berrando feito uma louca.
— Presente — digo secamente, ao escutar seus passos
apressados se aproximando de mim por trás, enquanto caminho
calmamente até a minha sala.
— Nem te conto — ela diz, toda esbaforida.
— Tudo bem, então. Não me conte — respondo, segurando a
risada, porque sei que Clara sempre fica irritada quando digo isso.
— Deixa de ser chata! — ela diz, e me dá um beliscão no
braço. Sim, Clara não tem qualquer medo de perder o emprego e
diariamente confunde seu papel de amiga com aquele de minha
assistente. Ainda assim, eu a adoro, e ela é uma das melhores
funcionárias que temos na fundação, então tendo a ignorar seus
momentos de falta de noção. — Adivinha quem acaba de ligar?
— Pela sua emoção, imagino que seja o Papa Francisco —
comento ironicamente.
— Para! — ela diz, e solta uma risadinha.
— A Rainha da Inglaterra? — continuo, fazendo sua risadinha
se tornar uma sonora gargalhada.
— Não! — ela se aproxima de mim para sussurrar: — Dica
um: é um potencial patrocinador.
— Ah, excelente — agora eu me viro para ela.
Não há nada de que gosto mais do que ouvir que temos um
novo patrocinador.
Atualmente, eu sou diretora de uma das maiores fundações
dos Estados Unidos. Nosso foco é dar oportunidade para pessoas
menos afortunadas, que têm potencial para algum esporte, mas não
têm condições financeiras de se dedicarem.
Por isso, nós ajudamos jovens esportistas de várias formas,
dependendo da necessidade de cada um: às vezes, apenas doamos
material de esporte para o time de uma escola sem orçamento;
outras vezes, ajudamos o esportista individualmente, inclusive
apoiando financeiramente sua família, pagando-lhe treinadores,
viagem, e o que ele mais precisar.
Eu AMO meu trabalho. Mesmo. É o trabalho dos sonhos, com
uma equipe incrível e uma chefe que é um anjo. A presidente da
fundação é Astrid Magnus, uma das mulheres mais influentes da
Carolina do Norte, de uma das famílias mais ricas do país.
Se tem alguém mais dedicada que eu à fundação, esse
alguém é ela. Estamos sempre em busca de mais patrocinadores
para podermos ajudar mais crianças e jovens.
— Dica dois: — Clarinha continua, seu sorriso se alargando,
os olhos caramelo brilhando de animação — ele quer ser
patrocinador Platinum.
Meu coração acelera só de ouvir isso! Platinum é nossa
categoria mais alta de patrocínio. Esse tipo de patrocinador ajuda
com, pelo menos, quinhentos mil dólares por ano. Isso significa
ajuda individualizada de quinze a vinte novos esportistas,
dependendo do esporte.
Sim, esportes são extremamente caros para quem quer ser
profissional. Por isso, muitas categorias são bastante elitistas e de
difícil acesso.
— Já estou interessada — digo, já pensando em uma lista de
atletas que estão na nossa lista de espera.
— Dica três: o novo potencial patrocinador é atleta e é da
Carolina do Norte — ela continua com o jogo de adivinhação.
Em geral, perco a paciência com esse jogo, mas estou tão
animada com a notícia, que nem me incomodo. Infelizmente, a dica
dela não me ajudou muito.
— Hum.... Sabe que não sou boa com nome de atleta,
Clarinha.
Mesmo meu noivo sendo um ex-atleta e eu trabalhando em
uma fundação para o esporte.
Sim, eu conheço o nome de TODOS os atletas que
patrocinamos. Conheço também o nome de TODOS os atletas da
nossa lista de espera. Além disso, sou familiarizada com a maior
parte das famílias e melhores amigos, especialmente dos atletas
cujos jogos eu consigo comparecer.
Porém, meu interesse por esporte limita-se ao meu trabalho
na fundação. Ou seja, se não é um atleta da fundação, eu não vou
conhecer.
— Ah, tenta! — ela insiste.
— Bem, ficarei feliz se for qualquer um, exceto Blake Magnus
— levanto os ombros, e continuo a caminhar na direção da minha
sala.
Quem é Blake Magnus, vocês devem estar se perguntando.
Sabem o cara mais popular do colégio? Aquele cara por quem
TODAS as garotas da sua turma são apaixonadas e ficam
paralisadas só de ver? Aquele cara de quem todos os demais caras
querem ser amigo?
Esse é o Blake. Ele era a estrela do futebol americano na
escola. Graças a Blake, o time ganhou, pela primeira vez, o
campeonato estadual e nacional. Assim que terminou o colégio, ele
foi estudar em Yale com bolsa integral, e foi quando ficou famoso no
país inteiro.
Chegou a jogar profissionalmente por um breve tempo, em
um dos times mais adorados do país, mas aí teve uma lesão séria e
se aposentou precocemente.
Quem achava que era o fim de Blake Magnus estava muito
enganado. Pelo contrário: era só o começo. Afinal de contas, Blake
é um Magnus, e os Magnus são conhecidos por sua insistência.
Blake fez uma campanha nacional enorme para deixar o
esporte mais seguro e criou uma linha inteira de produtos com maior
segurança para os jogadores. Claro que a marca foi um sucesso
estrondoso e ele a vendeu para uma das gigantes do esporte por
algumas centenas de milhões de dólares. Sim, eu disse algumas
centenas de milhões de dólares.
E tudo isso antes dos vinte e cinco anos de idade.
Enquanto isso, eu mudei muito pouco. Fiz faculdade de
administração aqui perto mesmo, porque só consegui bolsa parcial e
minha mãe, à época, estava fazendo tratamento para câncer, então
o dinheiro lá em casa estava curto. Pelo menos, a universidade da
Carolina do Norte é ótima, e me garantiu meu emprego dos sonhos.
Só um detalhe: na época de colégio, Blake era meu melhor
amigo. Até eu começar a sair com o Paul, a estrela do beisebol da
escola e o maior inimigo de Blake. Blake simplesmente não aceitou
o namoro e passou a me ignorar.
Na verdade, DESPREZAR COM ÓDIO MORTAL seria a
expressão ideal para definir como ele me tratou depois disso.
Eu passei anos sofrendo por causa disso, mas superei
quando ele deixou a cidade para fazer faculdade. Não o vejo desde
então. E, sinceramente? Espero nunca mais vê-lo, porque ele me
fazia me sentir uma bosta, do jeito que me olhava sempre que eu
estava com o Paul.
Sempre que ele vem visitar os pais, eu faço questão de não ir
até a mansão dos Magnus e não vou aos eventos que ele está. A
mãe dele sabe da nossa “briga”, mas ela não expressa qualquer
opinião, assim como o marido dela, Sten Magnus.
Só de pensar em Blake, toda a minha animação se evapora e
se transforma magicamente em irritação.
— Hã... — Clara limpa a garganta, mas estou tão irritada que
a ignoro.
— Digo, sei que ele é filho da chefe, mas tem uma grande
diferença: ao contrário dos pais, ele é um BABACA que se acha a
última Coca-Cola do deserto.
— Ah, mas você adoraria tomar dessa Coca-Cola, não é? —
ouço uma voz rouca e profunda atrás de mim dizer com um tom de
ironia que é familiar demais para o meu gosto.
Ah, bosta. Viro-me, e dou de cara com meu ex-melhor amigo
e atual arqui-inimigo. Blake Magnus. E sabem o que dá mais raiva?
Ele está ainda mais GATO do que da última vez em que eu o vi.
— Ah, mas que merda dos infernos! — xingo, em seguida,
coloco a mão na boca, sem acreditar que eu deixei Blake me tirar
dos eixos desse jeito.
— Maddy! — Clara grita, com os olhos arregalados, sem
acreditar na minha reação.
Sim, eu geralmente sou uma criatura paciente e da paz, mas
a presença de Blake sempre foi capaz de me revirar do avesso e de
me transformar em um monstrinho. Tipo os Mogwais, que viram
Gremlins se forem alimentados depois da meia-noite.
— Moranguinho, acho que nunca te vi xingar antes — ele diz,
com seu sorriso de canalha molha calcinha.
Sinto minhas bochechas queimarem ao ouvir o apelido. Eu
ODEIO esse apelido, porque se refere a um dos maiores micos que
paguei. Ainda assim, sinto minha calcinha ficando molhada.
Por que, senhor? Por que fez esse homem tão
irresistivelmente perfeito e irritantemente babaca? Blake era um
rapaz LINDO quando eu o conheci, mas ele se tornou um homem
ainda mais sexy, mais seguro de si, mais arrogante, e mais
HOMEM.
Sua pele dourada faz um contraste ainda maior com os olhos
âmbar e os cabelos naturalmente loiros, que ele puxou do pai. Seus
músculos estão ainda maiores que eu me lembrava e, distribuídos
em seu corpo extremamente alto e pelos ombros largos, ele
realmente parece um deus nórdico.
E por que ele foi aparecer logo agora, a poucos meses do
meu casamento com Paul? Os Allen vão ficar furiosos, porque se
tem algo que eles odeiam, é quando um Magnus tira o foco deles, o
que acontece quase o tempo inteiro.
Paul é filho do prefeito da cidade, e é de uma das famílias
mais tradicionais da Carolina do Norte, os Allen. Os Magnus são
noruegueses, e vieram para os Estados Unidos quando eram
recém-casados, fazendo sua fortuna aqui.
Apesar dos três filhos terem nascido aqui, e de serem uma
família respeitada e muito bem-sucedida, os Magnus ainda são
vistos como estrangeiros.
Por isso, sempre rolou um pouco de inveja em relação aos
Magnus porque, além de LINDOS, eles ainda são os mais ricos da
região.
Todos os filhos dos Magnus se deram muito bem, obrigada.
Blake é o mais velho, mas ele tem dois outros irmãos: Thor e Erik.
Nem sei dizer quem é o mais bonito, o mais bem-sucedido, ou o
mais popular. Mas posso dizer uma coisa: de longe, Blake ganha a
medalha de ARROGANTE BABACA QUE ME IRRITA
INFINITAMENTE.
Porém, pelo jeito, ELE é o nosso potencial patrocinador
Platinum. Por isso, e só por isso, não posso mandá-lo tomar no fiofó
dele quando me chama de Moranguinho.
Como eu já disse, é um apelido que odeio. Então... Melhor eu
me explicar logo. Eu tenho uma reação bizarra a morangos. Me dão
dor de barriga. DAQUELAS. E eu descobri isso na casa de quem?
Sim. De Blake Magnus. Na época que ele ainda não me
tratava como se eu fosse uma mistura de Voldermort com Hitler.
Não se enganem com o sorriso maroto, e o jeito levemente
irônico dele. É o jeito de Blake de me provocar, o desgraçado.
— Bom dia, Sr. Magnus — eu recupero meu tom profissional,
e noto os ombros de Clara relaxarem, e o sorriso Canalha de Blake
se alargando.
— Moran-
Eu o interrompo, porque se ele me chamar de Moranguinho
de novo, eu arranco os testículos dele e os transformo em brincos.
— Essa é a srta. Clara Tanner, minha assistente — digo
secamente.
— Prazer, senhorita — ele dá um beijo na mão de Clara, que
só falta ter um derrame.
— Acho que não se lembra do meu nome — digo, meu tom
tão frio quanto o Ártico.
— Claro que lembro, Morang-
— Sou Madison Sullivan — eu o interrompo de novo —, mas
pode me chamar de Srta. Sullivan.
— Ah, ainda é srta. Sullivan? Achei que seria a Sra. Allen a
esta altura.
Eu vou matar esse desgraçado. Claro que ele vai esfregar na
minha cara que eu e o Paul não nos casamos ainda, apesar de
termos noivado assim que terminamos o colegial. Mal sabe ele que
fui eu quem não quis me casar antes de...
Ah, dane-se. Não preciso me explicar por causa desse
babaca.
— Sou. A. Srta. Sullivan — repito lentamente.
— Sei — ele diz com seu costumeiro tom irônico, e olha para
a minha mão esquerda. — O que é essa coisinha no seu dedo?
— Meu anel de noivado — respondo praticamente bufando
de raiva.
— Ah. O diamante é tão microscópico que achei que fosse
daqueles anéis que se ganha em feira, sabe?
Claro que ele vai aproveitar toda chance que tem para me
humilhar e falar mal do meu noivo também, mesmo que nem precise
pronunciar o nome de Paul para tanto. Respiro fundo, ignorando o
olhar curioso e chocado de Clara, e respondo duramente:
— Achei que o que importasse no casamento fosse o amor.
Mas, infelizmente, certas pessoas precisam comprar amor para ter
uma mulher ao seu lado.
Seus olhos inflamam de um jeito que sei que eu o
machuquei. Bem feito. Quem manda julgar meu noivo?
Ele se aproxima de mim, com toda a sua intensidade focada
na minha pessoa, e para a milímetros de distância, me obrigando a
inclinar a cabeça para continuar a olhar em seus olhos.
Blake tem um metro e noventa e cinco de altura e, desde
tempos do colégio, ele usa sua altura e seu físico para intimidar as
pessoas. Mas ele não me intimidava naquela época, e continua não
me intimidando agora.
— Não tenho interesse algum de comprar amor de ninguém
— ele diz, a voz ainda mais grossa e profunda. — E, sobre
mulheres, nunca precisei comprar nenhuma para tê-las na cama. Na
verdade, geralmente eu preciso afastá-las.
— Ah, seu...
— Querido patrocinador novo! — Clara interrompe o que
seria um xingamento bem ofensivo. — Não é, Maddy? Estamos tão
felizes com seu interesse.
— Ah, como estamos felizes — digo, trincando os dentes. —
Tão felizes que eu poderia cortar alguém em pedacinhos, jogar os
pedacinhos na fogueira, depois recolher as cinzas e jogá-las no
esgoto. De tão feliz que estou, sabe?
— Você está mais violenta do que eu me lembro,
Moranguinho.
— Ah, mas vá...
— Vamos ver alguns dos projetos que o senhor ajudará
sendo um Patrocinador Platinum? — Clara, de novo, me salva de
mandar Blake ir à merda.
— Excelente ideia — digo, trincando tanto os dentes que
temo partir minha mandíbula no meio. Foco na apresentação que
sempre faço a novos patrocinadores e tento ignorar os olhos âmbar,
quase amarelos, que me encaram intensamente, torcendo para que
eu perca a paciência. — Nosso plano Platinum permite que você
ajude entre quinze e vinte atletas por ano. Mas depende de que
esporte estamos falando.
— Há tanta diferença assim? — ele pergunta, felizmente
parecendo mais interessado na fundação do que em me irritar.
— Sim. Para o senhor ter uma ideia, nossos atletas de
natação precisam do dobro do valor de patrocínio que atletas de
alguns esportes coletivos, como futebol americano. Mas são
exatamente esses atletas que têm mais dificuldade de conseguir
ajuda.
Finalmente, FINALMENTE, Blake para de fazer piadinha
comigo, e de me chamar de Moranguinho. Quando começamos a
falar da fundação, que é dos pais dele, Blake imediatamente fica
sério, e faz dezenas de perguntas.
No fim, ele assina o contrato de patrocínio Platinum, e pede
também indicações minhas para fundações relacionadas a
educação, porque também quer patrocinar outras instituições da
Carolina do Norte.
Passamos a hora seguinte milagrosamente sem brigar. Na
verdade, nossa conversa é quase... Amigável.
— Obrigado por tudo — ele finalmente diz. — Foi um prazer,
Srta. Tanner.
— O prazer foi nosso — Clara responde.
A esta altura, ela provavelmente já está imaginando como
seriam os filhos deles dois. Tenho que segurar a gargalhada ao ver
a expressão dela de puro deleite quando ele beija sua mão de forma
cavalheiresca.
Começo a revirar os olhos, mas aí Blake solta a mão dela e
segura a minha. Ah, só o que me faltava. Agora ele vai dar uma de
cavalheiro para cima de mim?
— Madison — ele diz, os olhos escurecendo ao me encarar,
e aproxima os lábios da minha mão.
Ele passa muito mais tempo com os lábios colados à minha
mão que de Clara, e posso lhes afirmar que o beijo foi ZERO
cavalheiresco. Por que não foi? Bem, porque ele me lambe entre os
dedos.
Queria dizer que só fiquei com raiva, mas a verdade é...
Aquele toque do Blake me deixou arrepiada dos pés à cabeça.
Graças ao desgraçado, passei o restante do dia sentindo aquele
pequeno pedaço de pele que ele lambeu queimando.
***
2
Blake

Eu sabia que minha reação a ela seria forte. Afinal de contas,


sempre desejei Madison Sullivan mais do que qualquer outra
mulher. Ninguém nunca me conheceu tão bem quanto ela; ninguém
nunca me fez sentir tão vulnerável.
Mas, para Maddy, eu sempre fui só um amigo; que, depois,
se tornou um inimigo. Essa segunda parte foi por culpa minha,
admito. Mas, o que diabos ela esperava? Que continuássemos
sendo unha e carne, como éramos na adolescência, depois que ela
começou a sair com o maior BABACA que já conheci na vida?
Senti muita raiva dela, é verdade. Mas, acima de tudo, senti
raiva de mim mesmo. Por não ter ido atrás do que eu queria desde o
começo. Por não ter revelado a ela o que eu sentia. Por ter reagido
da forma que eu reagi. Por tê-la afastado ao invés de me aproximar
ainda mais dela.
Porém, sempre que eu a via com Paul, minha vontade era de
matar os dois. Eu me senti traído. Mas eu também me senti um
grande idiota, por ter me apaixonado por uma garota que escolheu
um merda como ele ao invés de mim.
Sim, admito que Maddy massacrou o meu ego.
Ainda assim, depois de todos esses anos, é como se não
tivesse se passado um dia. Mais do que isso, agora, eu me sinto
mais atraído por ela agora do que nunca.
Com o passar dos anos, a timidez de Maddy desapareceu,
sendo substituída por uma segurança que é sexy pra cacete. Não só
isso, como ela também está mais madura, e sua maturidade deixou
sua inteligência mais afiada.
Para piorar minha situação, seu corpo de adolescente
ganhou curvas nos lugares certos, e ela está muito, mas muito
gostosa.
Nunca gostei de mulheres que só comem alface e ficam tão
magras que mal têm curvas. Maddy sempre gostou de comer e,
melhor ainda, suas curvas são torneadas por suas corridas
rotineiras. Ela sempre detestou esportes, mas sempre adorou correr
para espairecer.
E quando ela fica toda irritadinha... E quando começa a me
provocar... Eu realmente tenho dificuldade em ficar longe dela. Tive
que sair da fundação antes de tomá-la nos braços e comê-la em
cima da escrivaninha de sua sala.
Passo o restante do dia resolvendo assuntos entediantes,
mas necessários para a minha mudança de volta para Southport.
Ainda não contei aos meus pais – ou a ninguém, na verdade – que
minha volta é definitiva.
Eu planejo voltar de vez. Por quê? Porque, assim que o
casamento de Madison foi marcado, eu decidi que não poderia
deixá-la se casar sem saber o que ela sente por mim. Mas, eu
conheço Maddy; se eu contar de uma vez que eu voltei por ela,
Madison vai fugir.
Não, eu preciso ser paciente. Já o fui durante tantos anos, e
não vai ser agora que vou estragar meus planos por causa da
ansiedade, do desejo por tocá-la, beijá-la, tomá-la para mim.
Por volta das seis da noite, recebo uma mensagem de uma
das minhas pessoas favoritas da cidade: Dona Elvira,
provavelmente uma das maiores cozinheiras do país. Suas tortas
são maravilhosas, e sempre que venho a Southport eu as devoro.
Agora, vou comê-las sempre que quiser. Vou ter que malhar
mais para não engordar, isso é fato.
Hoje é o dia da semana que Dona Elvira faz a minha torta
favorita, de chocolate com amoras. Era a torta favorita de Madison
também, mas não sei se ela ainda come. Ela costumava fazer dieta
de doces a semana inteira só para comer a torta da Dona Elvira.
Geralmente, Dona Elvira se recusa a fazer reservas das suas
famosas tortas, e as pessoas precisam praticamente se estapear
por algumas fatias. Eu, que de idiota não tenho nada, liguei no
horário que Jéssica está atendendo.
Quem é Jéssica? A sobrinha da Dona Elvira, que estudou
comigo no colégio e sempre teve uma queda por mim. Felizmente,
Jéssica nunca consegue me dizer não. Eu sei que pode parecer
golpe baixo, mas é porque vocês nunca comeram a torta da Dona
Elvira.
A mensagem é do celular da doceria de Dona Elvira, mas
tenho certeza de que foi Jéssica quem escreveu, avisando que
minha fatia da torta de amoras com chocolate estava reservada.
Assim que chego à doceria, ouço vozes lá de dentro.
Particularmente, ouço uma voz muito indignada gritando lá dentro. A
voz familiar de uma mulher que vi hoje de manhã, e que fica muito
linda quando está irritada.
— Como assim, a torta está reservada? — Vejo o perfil de
Madison, reclamando com Dona Elvira.
— Eu sinto muito, Maddy — Dona Elvira diz, cabisbaixa,
olhando para o último pedaço da torta de amoras com chocolate.
O MEU pedaço. Pelo visto, ainda é a torta favorita de
Madison também.
— Vocês me disseram que nunca reservam a torta de
chocolate com amoras — Madison coloca as mãos na cintura.
— Eu sei, queria — Dona Elvira diz, suas bochechas ficando
rosadas. — Sinto muito. Foi engano.
— Como assim, reservaram uma torta por engano?
— Bem, eu não estava aqui quando ele ligou, foi Jessica
quem atendeu, e você sabe que ela sempre teve uma quedinha por
ele....
Imediatamente, os ombros de Madison ficam tensos, quando
ela desconfia a quem pertence a última fatia da melhor torta de
Dona Elvira.
— Ele quem, Dona Elvira?
— O Blake — ela responde em um sussurro.
— QUÊ?! — o rosto de Madison fica vermelho que nem
tomate. Vocês não têm ideia o quanto eu estou me divertindo com
essa situação toda. Talvez, eu jogue a torta nas minhas calças e a
desafie a comê-la. — Vocês reservaram MINHA torta para aquele
BABACA?
— Com licença — entro na doceria, com a minha maior cara
de falso inocente —, vim pegar a MINHA torta de chocolate com
amoras — olho para Madison de forma arrogante, sabendo que isso
apenas a irritará ainda mais. — Ah, Moranguinho.
— Blake, quanto tempo, querido! — Dona Elvira me recebe
com um sorriso nervoso, tentando apaziguar o ânimo.
Madison, enquanto isso, me encara com a mandíbula
trincada e com cara de quem que me matar com uma serra elétrica.
— Dona Elvira, eu estou bem aqui e quero saber como é que
a senhora vai resolver a questão da torta que deveria ser minha,
mas a senhora reservou ilegalmente — Madison reclama, sem tirar
os olhos de mim.
Porra, como Madison conseguiu ficar ainda mais
perfeitamente linda ao longo dos anos. Ela deixou os cabelos
ondulados ruivos ficarem ainda mais longos, e agora os mantém
quase na cintura. Os olhos castanho-claros reluzem contra sua pele
alva coberta por sardinhas no nariz e nas bochechas, que agora
estão rosadas por conta de sua irritação.
— Não há nada de ilegal em reservar a torta — respondo no
lugar de Dona Elvira, ainda usando o tom pedante que sempre a
irritou. — Este é um estabelecimento privado, a Dona Elvira pode
fazer as regras que ela quiser.
— Isso não está certo, Dona Elvira! — ela bate com o punho
contra o balcão, fazendo a pobre senhora Elvira quase pular um
metro de susto. — A senhora nunca permitiu que eu reservasse um
pedaço da torta de chocolate com amoras.
Eu me aproximo dela e, mesmo sem querer fazê-lo, acabo
lhe dizendo a coisa que mais vai machucá-la:
— Você não é uma Magnus. Sequer é uma Allen. Nem para
isso o idiota do seu noivo serviu.
Sei que não é uma boa forma de conquistá-la. Mas, só de
pensar que ela poderá se tornar uma Allen me deixa louco. Não
posso deixar isso acontecer. Não VOU deixar isso acontecer.
Dona Elvira arregala os olhos; Madison parece um vulcão
perto de explodir. Aí, ela diz algo que me faz gargalhar às alturas:
— Enfia a MERDA da torta no seu fiofó!
— Oh! — Dona Elvira exclama, chocada.
É um choque mesmo, porque Madison não costuma xingar.
— Fiofó? — pergunto, secando as lágrimas de tanto rir. —
Quer dizer cu?
— Oh! — Dona Elvira coloca a mão sobre o peito.
Provavelmente, ela não vive uma aventura assim desde que
flagrou seu filho mais novo na cozinha da doceria tentando fazer um
bolo de maconha para ele e os amigos vinte anos atrás.
— Ah, vá se foder! — Madison xinga, colocando o dedo
contra o meu peitoral.
— Oh! — Se Madison continuar xingando que nem um pirata,
vai causar um ataque cardíaco à Dona Elvira.
— Nossa, cu e foder? — tiro o dedo dela do meu peitoral e
chego bem perto do seu rosto, até sentir sua respiração contra a
minha face. — Você só pensa em sexo, Moranguinho?
— Cala a boca, seu imbecil — ela responde entredentes.
— Pelo visto, seu noivo não dá conta do recado — eu
continuo a provocá-la.
— Ah, seu...
Ela pega o último pedaço da torta, que estava sobre o balcão,
e o joga na minha cara.
— Oh! — Dona Elvira coloca a mão sobre a boca e Madison,
ao ver o que fez, também fica em choque.
— Ah, não! Seu idiota! — ela me acusa.
Sim, ela desperdiçou a melhor torta do mundo na minha
pobre cara e ainda me acusa de ser idiota?
— Quê?
— Você destruiu o último pedaço da minha torta favorita!
— Você que a jogou na minha cara, Maddy — eu a recordo.
— Agora terei que esperar duas semanas inteiras! — ela
resmunga, e eu sinto a mesma frustração que ela.
Dona Elvira diz que esta é a torta que ela mais demora de
fazer e, exatamente por isso, só a faz duas vezes por mês.
— E como isso pode ser minha culpa? — continuo
reclamando, sentindo o recheio de chocolate com amora cair do
meu rosto para a minha roupa.
— Foi você quem seduziu a Jessica para conseguir uma
reserva ilegal da torta e depois praticamente me obrigou a jogá-la
em sua cara.
— Eu obriguei?
— Claro! Questionou minha honra!
— Sei que tem morado em cidade grande, mas o Sul não
mudou tanto, querido. Questionar a honra de uma dama é algo
extremamente sério — Dona Elvira me diz em tom de sermão, mas,
quando olho para ela, vejo que está sorrindo, e até pisca para mim.
Madison, enquanto isso, pega um garfo e começa a comer os
pedaços de torta. Diretamente do meu rosto.
— O que está fazendo, Maddy? — tento me afastar dela, que
continua atrás de mim.
— Não vou desperdiçar!
— Não se preocupem — Dona Elvira diz. — Vou fazer outra
amanhã.
— Vai? — eu e Madison perguntamos juntos.
O que Dona Elvira está aprontando? Ela NUNCA faz essa
torta mais de duas vezes por mês, muito menos em dois dias
consecutivos.
— Sim, só para vocês dois. Mas terão que dividi-la no meio.
— Terei uma metade inteira da sua torta? — eu mal acredito
no que ela disse.
Madison, enquanto isso, está paralisada, o garfo pousado
sobre a minha bochecha.
— Sim — Dona Elvira responde com um sorriso.
— Ah, que dia feliz! — Madison dá a volta no balcão e abraça
Dona Elvira. — Consegui um novo patrocinador Platinum, destruí a
camisa de marca do babaca do Blake Magnum e ainda consegui
metade da minha torta favorita. Deveria me agradecer, Blake!
— Obrigado por destruir minha camisa de marca— digo
secamente.
— Até amanhã, Dona Elvira — Madison diz com animação.
— Até, querida — ela se despede.
— Que horas pretende vir pegar sua metade? — Madison me
pergunta.
— Não sei — digo, pegando um guardanapo que Dona Elvira
me estende para tentar limpar o rosto. — Por que quer saber?
— Para eu não dar de cara contigo de novo, claro — Madison
explica, revirando os olhos.
Deveria estar ofendido, mas essa troca de ofensas me deixa
mais calmo. Essa é a Madison de que eu sempre gostei; aquela que
não tem medo de me provocar, de me colocar no meu devido lugar.
— Esqueceu que sou seu novo patrocinador Platinum,
Maddy?
— Argh. Não — ela faz cara de nojo. — Mas não estou mais
em hora de trabalho, então não preciso mais fingir que gosto de
você.
— Aquilo foi você fingindo que gosta de mim? — ela não fez
exatamente um comitê de boas-vindas quando cheguei na
fundação.
— Boa noite e até nunca mais! — ela reclama.
— Nós nos vemos no sábado, no evento da fundação — eu a
recordo, e ouço Dona Elvira dando uma risadinha.
— Ah, droga — Madison reclama na saída.
Quando eu viro de volta para o balcão, noto Dona Elvira me
observando atentamente.
— O que foi, Dona Elvira? — pergunto ao ver a expressão
dela.
— Há tanta química entre vocês. Eu nunca entendi por que
vocês ficaram juntos.
Eu também não, Dona Elvira. Mas pretendo mudar isso. Só não
vou contar a ninguém por enquanto.

Você também pode gostar