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MISTER GOLD
1ª Edição
como um solteiro convicto e ter um caso de uma noite com uma estranha
não é novidade. Mas quando ela aparece com um exame de gravidez e um
ultimato, ele fica sem saída e sua única opção é esperar até que a criança
chegue ao mundo para comprovar que a mulher é só mais uma golpista.
ainda, correndo atrás dos sonhos do jeito que pôde, Ari não contava com
sua irmã aparecendo grávida e abandonada em sua porta. E pelo jeito o pai
da criança é um pesadelo, pelo que diz a irmã. Sua única saída é fugir com
o bebê, evitando a todo custo que o tal Philip coloque as mãos em seu
sobrinho.
Philip não sabe se a criança é sua ou não, mas isso não importa,
porque tomaram o que é dele, e ele nunca esquece o que lhe pertence.
sumário
nota da autora
prólogo
001
002
003
004
005
006
007
008
009
0010
0011
0012
0013
0014
0015
0016
0017
0018
0019
0020
0021
0022
0023
0024
0025
0026
0027
0028
0029
0030
epílogo
bônus
agradecimentos
“mantenho minha consciência limpa,
Esse livro começou como uma brincadeira. Eu AMO ler sobre bebês,
pais solteiros, mães solteiras (Cobain James está aí para provar isso), e
acabava escrevendo Mister Gold sempre que os outros livros mais pesados
é uma leitura rápida, fofa, com doses de risada e um final feliz garantido!
também!
Com carinho,
Nana.
“e se eu pecar?
e se eu desmoronar?
então eu serei o monstro?
apenas me avise”
monster, justin bieber ft. shawn mendes
hospital?
— Isso, Philip! Mais forte, mais rápido! Oh. Meu. Deus. Philip
oooooooh!
para isso, não precisava que uma mulher gritasse como se eu precisasse me
Ela não fodia comigo pelo meu bom humor, nem por minha simpatia,
hospital.
em mim.
daquela vez, para que pelo menos um de nós saísse feliz da sala, mas antes
que pudesse, meu telefone tocou.
diferente.
essa merda.
Alívio me inundou.
— Onde?
Inspirei com força, tentando entender por que seu mistério para dar a
notícia sobre a criança me deixava tão aflito. Eu não queria ter nada a ver
com ela, afinal de contas. Com nenhuma das duas.
— O bebê desapareceu.
“minha presença é doce e minha aura é brilhante
diamantes são bons para o meu apetite
acho que simplesmente caiu a ficha numa noite
todos aqueles demônios me ajudaram a enxergar as coisas de forma
diferente
você sabe que soa tão idiota
então, talvez você devesse calar a boca”
shut up, ariana grande
Quem diria que bebês podiam chorar tanto? Droga! E comer também.
chutando no ar. O choro trêmulo era rotineiro e eu estava quase surda por
ouvi-lo todos os dias. O bebê não dormia. Não me deixava dormir. Não
estava feliz com nada.
— Sinto muito ter ficado brava, é só que eu não esperava que você
Ele fez um caminhão com a boca e babou no meu rosto, rindo quando
me afastei.
— Pequeno sacana.
coloquei de volta no bebê conforto. Então lavei minhas mãos na pia e passei
pelo cabelo, lavando o rosto em seguida. Estávamos sobrevivendo com a
água da caixa, então eu a usava para ele, porque era aquecida, mas fazia as
Era uma casa com dois quartos, então o dono do bar vivia em um e eu
ficava com o outro. Ele tinha costumes nojentos, amigos mais nojentos
ainda e vivia... nojentamente. Eu odiava ter que viver naquele lugar com o
bebê, mas que escolha tinha? Não é como se eu tivesse parado num ponto
da vida e decidido ter uma criança, isso só aconteceu.
para as festas mais badaladas, conhecia tanta gente que não cabia na lista de
contatos do celular.
meu salário começava a ser dividido com ela, com coisas que ela precisava,
que ela se sentia sozinha e eu deixava de sair para ficar com ela, eu sabia
que ia mudar muito em breve.
Então, meses atrás, nós acordamos com seus gritos e a levei para o
hospital.
Num piscar de olhos, eu perdi minha irmã para uma hemorragia grave
sabia, não queria nem o ver de longe. Suzy o pintou como o diabo, e eu não
tinha curiosidade de confirmar se procedia ou o cara poderia ser um anjo.
Eu sabia que era podre de rico, então se minha irmã grávida fugiu dele
Sempre fui cuidadosa, e estava provando isso agora mais do que nunca.
Mas eu queria poder comprar o leite mais caro e consequentemente,
de maior qualidade, queria não precisar andar pela cidade inteira até
encontrar lojas com liquidação de quase 90% de descontos para comprar
suas roupinhas, queria um bebê conforto que não tivesse vindo de um bazar
decadente.
pé mais alto que eu, braços fortes daqueles ratos de academia e as pernas
finas, ele não era feio, mas não era nada exuberante. Tinha um rosto
comum, olhos comuns, uma boca comum, mas não havia nada de comum
em sua atitude.
Ele era um idiota folgado e eu tinha certeza de que ele deveria ser
agressivo. Mas eu sempre me afastava rápido o suficiente ou sempre estava
Mas havia momentos que eu lhe dava uma liberdade limitada, tentava
fugir disso, mas ele parecia saber quando eu estava a ponto de quebrar, e
aquele era um desses momentos.
— Nosso garoto está sem leite, você vai realmente deixá-lo passar
fome?
— Não tem nada de “nosso” garoto! Eu já te disse pra nem olhar para
ele.
Apertando meus braços um pouco mais forte com uma mão, ele subiu
melhor.
Ele me deu um sorriso gigante, foi até a geladeira pegar uma cerveja e
Ele pegou seu celular velho e colocou uma música, o que sempre me
preocupava, porque se o bebê acordar e não chorar, eu não saberia até entrar
no quarto novamente.
ficar atenta ao caso de ele levantar e tentar fazer algo. Sua mão agarrou o
próprio membro e ele fitou meu corpo inteiro, eu tirei a camiseta, dançando
de má vontade, meus seios saltaram livres e suas mãos ficaram mais
rápidas.
“amiga” com quem dividia o apartamento disse que não aguentaria viver
com um recém-nascido sob seu teto. Aguentei pagar um hotel nas primeiras
três noites, depois nos mudamos para um motel fuleiro, e quando estava na
A primeira vez que Nick me ajudou, eu achei que era pela bondade de
seu coração, mas quando depois de me levar ao mercado para comprar um
valor de coisas para o bebê, ele apalpou minha bunda, eu soube que de
bondade naquela casa, só o bebê mesmo.
mas tinha algo a ver com as fraldas terem acabado, e o bebê chorando de
fome. Então Nick abriu a porta e balançou uma nota na minha frente.
Eu concordei com qualquer coisa que não envolvesse nós dois nos
tocando.
O que uma mulher desesperada fazia por seu bebê? E ele nem sequer
era meu!
levantou e veio em minha direção em passos rápidos, eu mal pude falar, não
consegui reagir quando Nick agarrou meu cabelo e me forçou a ficar de
invadido.
Barulhos, vozes e ordens sendo dadas me deixaram paralisada de
choque.
não compreendia.
Ouvi gritos atrás de mim, mas meu foco era ele, e apenas quando o
— Me dê a criança.
A voz fria e grossa congelou até minha alma. Eu olhei para a porta,
vendo um homem alto e bem construído vestido num terno cinza. Os
caro ocupava seu pulso. O queixo rígido, e a boca apertada numa linha fina,
as sobrancelhas franzidas.
outro.
cabeça de cima com meu corpo, ele estava com tesão na infeliz que roubou
a minha criança?
— Ele é meu, eu não vou te dar nada. — Sua voz fez meu traidor lá
embaixo pulsar. Ela começou a se explicar antes que eu pudesse dizer
como uma bandida roubou o meu filho do hospital, sumiu com ele e o fez
viver nessa espelunca!
que não tenha sido nas melhores condições, fiz o que pude! Ele é minha
família, você pode chamar a polícia e até o capeta, de perto de mim o meu
foder sua boca, mas me mantive petrificado, esperando que meu rosto
que se tratava da irmã da golpista que tentou levar a melhor sobre mim.
Quer dizer que a infeliz não conseguiu fazer a boa comigo e abandonou
meu filho?
Eu não sabia, mas comecei a reparar nas semelhanças. Ela era mais
curvilínea, mas era magra, não a ponto de ver as costelas, mas todas as
Suzy, que tinha mechas para que ficasse mais claro. Os olhos das duas eram
verdes, exatamente iguais.
É claro que eram irmãs.
— Eu não vou chamar a polícia e você não vai a lugar nenhum. Vou
permitir que coloque uma camisa, então me seguirá para fora e entrará no
carro.
firme.
segurando seu rosto. — Ele é meu! E até que eu diga o contrário, você
também é!
— Vá se foder!
Tirei a criança dela e dei um único passo atrás. Ela começou a falar
novamente, esticando os braços para ele.
— Vista-se.
cima, ela segurou os seios com as mãos. Eram fartos e vazaram por seus
dedos, a pele era macia só de olhar, o mamilo rosado estava duro, delicioso.
— Ela vai aprender que comigo, nem tudo o que se quer, é o que se
recebe.
— E sobre o homem?
dele.
estava ele. Vestia terno, tinha seguranças, cabelo penteado e parecia limpo
— o que era um avanço com relação aos namorados da minha irmã que
cheguei a conhecer. Suzy não me deu detalhes de sua história com aquele
homem, mas falou o suficiente para que eu o temesse como o capeta e o
outra vez.
formas que eu conseguir, e sério, eu daria minha vida para que o bebê
ficasse saudável, seguro e conseguisse o melhor da vida que poderia ter.
Me vesti, peguei tudo o que tínhamos ali e segui para fora. O que me
aguardava depois que eu fosse com ele eu não tinha ideia, mas minha única
saída agora era pagar pra ver.
“pegue minha mão e aguente firme
me diga tudo que você precisa dizer
porque eu sei como é ser alguém que perde o rumo”
hold on, justin bieber
antes de Suzy aparecer com sua enorme barriga na minha porta. Bebê sugou
a mamadeira com mais força, e quando o olhei, os olhinhos brilhantes
para fora. Tinha um carro preto à nossa frente, e outro igual atrás. Eu queria
conseguir pensar num jeito de fugir, algo para me livrar daquele homem,
porque eu sabia que quando entrasse em sua casa, não teria volta, eu só ia
A porta abriu do meu lado e o homem que percebi ser mais próximo
peguei minha bolsa e segurei o bebê bem pertinho, para não dar chance de
ninguém tentar tirá-lo de mim.
O bebê nem ia reparar, mas eu... eu precisava tomar cuidado para não
ficar confortável.
— Você terá seu quarto, tem cinco na cobertura, mas escolherei o seu.
morando ali. Uma sala enorme e aberta, com uma ilha pra cozinha num
voando para dentro, dando um vislumbre de como seria ir até ali e relaxar.
nome!
dedicado que procurou por seu filho? Se vira! Onde é o nosso quarto?
bizarra, eu me peguei pensando em como Suzy era sortuda e burra. Ele era
bonito, rico e parecia querer o filho, por que diabos minha irmã fugiu?
— Fale comigo assim novamente, e vou te mostrar quem é que vai se
para você.
Sem deixar que dissesse mais nada, fui para onde tinha apontado, em
direção aos quartos. Abri o meu primeiro. Era grande, confortável, mas
informal. Como um quarto de visitas. Uma estante, TV, sem quadros ou
flores. Não tinha uma varanda também, e me perguntei se ele fez isso de
completo, meus olhos lacrimejaram. Eu odiava Philip tanto por tudo o que
Suzy havia me contado, quanto pela forma como estava me tratando, mas
ao ver o quarto todo decorado de bebê, meu coração aqueceu e abracei meu
que mesmo que sua idade não o deixasse brincar, apenas olhar para tudo
dava uma ideia de como seria sua vida dali para frente.
Por que ela teria dito tantas coisas horríveis sobre Philip se ele de fato
não fosse um cara tão horroroso? Queria acreditar em minha irmã e disse a
mim mesma que um quarto decorado de bebê não anulava qualquer atitude
ruim que ele tivesse tido com ela.
brigaria com ele para garantir que meu sobrinho permanecesse onde deveria
estar: em família.
***
Lá pelas três da manhã, o bebê acordou pela segunda vez.
costas, afinal, fazia tempo que não dormia numa cama tão confortável.
Odiei Philip um pouco mais por isso. Estava até num sono pesado e
travesseiro.
encontrei o armário cheio de latas, a melhor marca e mais cara, que nunca
pude comprar para o bebê.
— Olha quanto leite você tem agora, meu amor. Estou tão feliz.
reconhecia que eu não estava tão preparada assim para cuidar dele naquela
situação precária.
Suspirei.
— Logo vamos embora, só eu e você. Que tal ficar um pouco com a titia
agora?
“e se parece certo, prometo que não me importo
e se parece certo,
prometa que ficará aqui a noite toda
só deixa eu te amar, te amar”
let me love you, ariana grande ft. lil wayn
Essa foi a primeira coisa que ouvi quando saí do quarto no dia
seguinte. A mulher que eu suspeitava ser a governanta estava andando pela
precisar.
normal.
Para o bebê. Não para mim. Ele estava claramente me mandando uma
mensagem, eu só precisava ser esperta para entender.
roupas.
vontade na casa, ele quer dizer para se acostumar, pois vai passar um tempo
por aqui. — Ela abriu o micro-ondas, tirando uma mamadeira aquecida e a
era a primeira vez que ele comia algo que não fui eu que preparei, mas
agora aquela era a vida dele, mesmo sabendo que seria difícil, agora ele
— Não me admira que Philip tenha saído daqui bufando de raiva pela
manhã.
Ok, então a simpatia não era um ponto forte dos residentes por ali.
— Desculpe, só estou curiosa.
— Entendi.
desconfortável.
Eu não sabia por que ela estava me explicando a rotina deles, mas
— Ok.
— Ele não chega sempre no mesmo horário. Virá mais cedo hoje,
pois disse que tem assuntos a resolver com a senhorita.
— Certo.
Eu tinha algumas desconfianças sobre o que poderiam ser aqueles
assuntos, mas não ia ficar até às três da tarde me remoendo. Saí da cozinha
antes que ela falasse mais, afinal, percebi que estava apenas sendo educada,
só sentar e ficar um pouco com ele, então já que Philip ia me forçar a ficar
ali, eu aproveitaria o tempo limitado que tinha da mordomia.
“baixe sua guarda, gata
você sabe que chegamos longe demais agora
garota, você é minha, posso dizer com certeza
no fim do dia”
safety net, ariana grande ft. ty dolla
estava esperando por mais duas horas e estava fazendo exatamente o que
depois passou para o bebê. O sorriso banguela deve ter mexido com ele,
pois seus ombros tensos caíram um pouco e ele veio em nossa direção.
para casa.
Ele era realmente lindo. Todo lindo. É alto, tem um rosto marcado e
rugas nos olhos, o que me diz que deve sorrir bastante, mesmo que eu ainda
não tenha visto nem uma sombra disso. É forte, mas não muito musculoso e
o cabelo castanho está jogado para trás bem penteado. Porém, o que mais
me chamava atenção nele eram os olhos. Desde a primeira vez, seus olhos
foram a única coisa que prestei realmente atenção.
olhando seu rosto inocente. Queria enfrentar Philip novamente, mas tinha a
Ele não dizia nada e eu também não sabia o que dizer, então fiz a
— É você quem deveria saber disso já que foi você quem fez sexo
com ela.
Ele riu.
— Sua irmã foi uma boceta fácil que ficou me rondando por dias até
eu deixar ela me chupar, depois ela voltou para abrir as pernas e meses
depois, veio com essa história de gravidez.
— Como ela pode sequer olhar para você com essa sua boca suja e
machista? — perguntei, horrorizada com suas palavras.
fez o serviço.
Santo inferno.
sabia meu nome! Vesti uma calça, tênis e uma camiseta simples e dediquei
minha atenção ao pequeno, vestindo com a melhor roupinha que pude
autoridade na rua, ele seria tirado de mim na hora, afinal, como provaria
que era meu?
— Espero que esteja pronta, estou saindo — ele disse ao me ver ali de
suas palavras. Com o cuidado. Não imaginei nem por um segundo que se
preocuparia com nada disso. Com os documentos sim, mas em ir ele mesmo
comprar roupinhas de bebê?
— Eu vou dirigir — Philip disse a ele, que lhe entregou uma chave e
seguiu para o carro atrás do que nós entramos.
a vida com o pai dele agora, carros, roupas novas e ser mimado. Fitei os
grandes olhinhos castanhos e sorri para ele, beijando a pontinha do nariz.
— Só... vá devagar.
Ele me fitou pelo retrovisor sem responder, mas foi bem devagar e eu
que usava sua aparência para conseguir o que queria. Não era uma novidade
já que minha irmã tinha me contado tudo sobre ele, mas vê-lo piscar os
foram certas.
nome.
enquanto eu quase implorava para saber que nome tinha escolhido, mas
com cortes e palavras bruscas, me mandou entrar no carro e voltou a dirigir.
uma vez, pois era muito caro e havia luxos que eu só podia me dar poucas
vezes. Bem antes do bebê, é claro.
— Preciso trocá-lo — falei quando bebê começou a fazer caretas e se
— Certo, vamos.
— Então vamos.
— Olha, por que você não vai olhar a loja de bebês? — insisti, indo
em outra direção.
mais rápido que podia para a farmácia e suspirei aliviada quando vi que não
Olhei para trás vendo apenas uma senhora no caixa ao lado e falei
baixo.
Ela suspirou.
Por que diabos ele me seguiu? Droga! Estava aliviada e ao mesmo tempo
constrangida e irritada.
assadura sendo postas nas sacolas e sabia que ele estava vendo também. A
mulher sorriu para ele, bem diferente de como fez comigo e eu quis rir da
cara dela ao ver que Philip sequer a olhou. Ele pegou as sacolas e deu um
pararíamos, mas ele respirava com força, andando rápido e sem me encarar,
então fiquei quieta e o segui até o carro.
noite e o bebê estava bem irritado. Ele era impaciente e quando não fazia
suas vontades, não tinha quem melhorasse seu humor. Até nisso parecia o
pai pelo que eu podia ver.
ele sozinha.
— O pai dele, que por acaso sou eu, pode comprar a porra da franquia
— Porque se quero continuar na vida dele tenho que provar que posso
ser tão boa como você! Porque você ia me tratar como lixo novamente se
soubesse que ele está tão assado porque só posso comprar produtos mais
baratos!
O fitei assustada, não era possível que logo quando o bebê finalmente
tinha um nome, fizeram essa besteira! Mas ao invés, ele me respondeu com
a maior cara de pau. Sem nenhum arrependimento.
— O quê?
— Nome da mãe. Não tinha necessidade. Eu sou o pai, achei cabível.
minha mente.
— Dramática? Philip... tem noção do que fez? Ela é a mãe dele! Não
é alguém que você encontrou por aí e pagou para ter o seu filho e depois
nome real dela? Bem, ela foi uma prostituta barata que sim, eu paguei
depois de comer e ela está morta. Ninguém além de mim tem direitos sobre
Matthew.
Ele estava na sala sentado no sofá com uma calça de moletom e sem
camisa. Tentei não me prender ao seu físico, mas foi quase impossível.
Assim como tinha pensado quando o vi pela primeira vez, ele era forte,
tinha os braços grandes e definidos em músculos e a barriga trincada com
poucos pelos escuros se escondendo mais baixo na calça.
O choque térmico deve ter sido grande, pois Philip deu um pulo que
me assustou. Seus olhos me atiravam estacas.
— Você nunca mais vai falar da minha irmã como fez. Ela pode não
ter sido a melhor, mas está morta e merece respeito. E Matthew é um nome
bonito, mas se eu vou ficar aqui e vou cuidar dele, então você vai falar
comigo sobre decisões. É isso ou vou entrar na justiça e não interessa para
quem eu tenha que ajoelhar para ganhar a causa, mas eu vou. Entendeu?
evitava ou era realmente tão atarefado com o trabalho. Saía de manhã antes
de eu acordar e voltava quando eu já estava indo deitar, muitas vezes me
ele. Era injusto deixar o bebê dormindo comigo se minha porta ficava
trancada, e claro, eu não queria que seu pai entrasse no meio da madrugada.
Minha privacidade era respeitada, o que foi uma boa surpresa.
fazia, mas mesmo convivendo tão pouco com Philip, via como ele amava o
filho. Nunca ia me esquecer de como Suzy o temia, mas começava a
desconfiar se tudo o que me disse era verdade. A forma como ele cuidava
Mas prometi a mim mesma que quando ele tivesse idade para
entender as coisas, eu lhe contaria sobre sua mãe. Contaria coisas boas,
coisas que me fizeram rir algum dia e depois, ele riria disso também.
“pagamento”. Eu não queria dever nada a ele e muito menos queria ser paga
para cuidar do meu sobrinho, minha única família. Mas ele deixou claro que
Chorei muito até aceitar, relutei, mas não tinha dinheiro e me vi entre
demais.
Eu não era a mãe de Matthew pelo destino, mas no meu coração ele
era meu.
minhas fotos como modelo e assim tinha esperanças que logo os trabalhos
voltariam a aparecer.
E isso aconteceu. Mas era um contrato de viagem para outro estado,
então percebi mais uma vez que Philip venceu. Eu nunca poderia deixar
meu bebê para trás. O que ele disse fazia todo o sentido: enquanto ele
***
— Estarei de volta em poucos dias. Viviane vai vir três vezes por
semana, se precisar dela em qualquer outro, basta ligar.
Ele dizia o mesmo discurso todas as vezes que ia viajar por mais de
dois dias. Era fofo sua preocupação. Às vezes eu provocava perguntando se
havia esquecido que fiquei sozinha com o bebê por seis meses.
Eu ainda não havia me acostumado com tanta beleza, por isso que
sempre que Philip reagia a algo que Matthew fazia, eu saía de perto.
Sempre desnorteada com as direções que meus pensamentos tomavam e
como meu corpo reagia.
— Tchau, Philip.
— Cuide-se, Ariana.
Então ele se foi e eu fiquei ali pela próxima meia hora acalmando
Matthew, mas não podia deixar de sentir que o bebê me acalmava por
— Sim?
— Senhorita Ariana, tem um rapaz na portaria, ele diz que seu nome é
Edward Snowland.
sabia ser algum parente de Philip, mas ele nunca recebia visitas e tampouco
falava sobre seus conhecidos comigo. Na verdade, ele nem falava comigo
fora. Talvez o segurança fosse chegar mais tarde ou tivesse ido almoçar.
Me tornei uma expert em falar sozinha, quer dizer, com o bebê. Ele
era meu maior ouvinte, e eu sabia do fundo do coração que adorava falar
comigo. A gente se entendia como ninguém.
ver como o tal Edward chegaria. Não tinha porque estar nervosa, afinal, era
a família de Philip! Uma pena que se desencontraram. Por certo veio visitar
o dono da casa e ficaria decepcionado.
“então, quando você sair por aquela porta
não volte nunca mais
meu coração já se cansou dessa coisa de dar e tomar
e por mais que eu queira que você fique
você é um amor perigoso”
leave me lonely, ariana grande
— Sou a Ariana. — Não sabia como explicar meu lugar ali sem entrar
numa longa conversa. — Philip acabou de sair pra uma viagem, sinto muito
— Claro.
também.
— Uau, garoto. Você é tão bonito que nem parece ser filho do seu pai.
quanto, mas o tio dele deve ter pensado que ri em concordância, porque deu
de ombros.
a porta estava fechada e ele nunca sairia do prédio com o bebê sem uma
autorização. Coloquei Matthew em seu colo e dei apenas dois passos atrás,
ficando perto.
— Touché — brinquei.
— Está tudo bem. Philip deixou claro que sou uma hóspede
temporária, então ela não precisa ficar puxando meu saco.
— É aí que está... ela não puxa o de ninguém. Na verdade, eu me
lembro de ela ser simpática apenas quando queria casar um de nós com sua
filha.
— Ela tem. Karine fez tudo o que pôde para colocar uma aliança em
mim ou em Philip.
— Eles seriam bem-vindos, mas foi bom que não vieram, já que
vocês. — Desviei do assunto. — Mas vou tentar conversar com ele sobre
convidar seus pais, afinal, se Matthew tem uma família grande é bom que
os conheça.
— Seria ótimo. Mamãe está louca para colocar as mãos nessa criança.
A ideia de que ele viria por mim também me fez sentir mais
envergonhada ainda.
falamos.
— Sabe, Ariana, faz tanto tempo que estive nessa cidade que me
um sorriso.
— Vamos deixar essa ideia de encontro para lá. Tenho certeza que
você vai encontrar opções mais interessantes em sua estadia por aqui.
— Duvido.
de vômito no cabelo e tenha tempo de colocar uma roupa que combine com
os sapatos.
Matthew.
— Vou me lembrar.
era praticamente uma babá, eu ficava aqui desejando que quando saísse, se
despedisse com um beijo demorado também.
“você diz que não vou te perder
mas você não pode prever o futuro
porque certas coisas estão fora de nosso controle”
anyone, justin bieber
cirurgia do hospital.
— Foi por isso também, mas sabemos que você não mobilizaria o
imperdível.
esperavam.
dificuldade. Naquela época nasceu uma amizade como eu nunca tive antes.
mudaria.
passei cada aniversário ao seu lado. Nos tornamos irmãos. Eu fui ao seu
também.
Faitlyn sorriu.
imaginava a resposta.
livre.
como neuro, Lana como cardio, ela irá acompanhar a paciente durante todo
o processo já que o coração é um dos poucos órgãos não afetados. Doutor
Lecroix é cirurgião geral, e como nossa paciente tem apenas quatorze anos,
doutor Chambers prestará uma consultoria e estará perto para monitorá-la.
fazer de tudo para evitar algo além do que o já planejado para esta cirurgia.
Preciso que seja a última vez que Claire entra num centro cirúrgico.
tanta dor, tanto sofrimento ao seu redor. Ela me fez prometer que se essa
cirurgia não fosse como o esperado não tentaríamos de novo, que eu lhe
— Faremos tudo ao nosso alcance para que não precise cumprir sua
promessa. Somos os melhores, certo? Podemos fazer isso.
— Obrigada, Philip.
— Qual o plano?
— Começaremos por aqui...
participação quando seguem suas vidas. Faitlyn tinha razão, eu era egoísta
pra caralho.
Mas hoje, rodando pelo hospital que minha melhor amiga chefiava,
eu me senti estranho como nunca, e após meus pés me levarem direto à
pediatria, percebi o porquê. Não podia mais chamar de casa um lugar onde
Matthew não estivesse. Tomei consciência de que precisava ficar mais
tempo em casa com ele, caso contrário, ele só conheceria rastros do homem
que o fez.
Porém, eu tinha um problema constante lá dentro chamado Ariana.
Como passaria um dia inteiro com aquela mulher se com apenas algumas
horas juntos ela conseguia me deixar louco?
— Como soube?
— Sylvia me ligou.
e tomando decisões que não são dela. Quando ela sair de Londres para
conhecer Matthew, não sairá mais dos Estados Unidos.
— Isso é besteira, você só está falando ladainha que não tem nada a
— Eu tive um filho.
— Meses atrás eu teria acreditado nisso, mas agora... agora não sei.
Só espero que quando estiver pronto venha conversar comigo. Eu estou
parecia ler minha mente e descobrir tudo o que eu queria esconder, não
para ela.
***
MESES ANTES...
— Obstetrícia, doutor.
A notícia era tão estranha para mim, quanto para a minha residente,
prontuário, mas não tinha nome, nem idade ou mais informações — Posso
aju…
Parei de falar assim que levantei a cabeça e a vi. Reconheci seu rosto
imediatamente, mas não lembrava seu nome, não importava o quanto
dinheiro para ir para a casa, porque ela não quis carona para onde quer que
morasse.
Não a vi mais e nem pensei que veria. Parece que as coisas mudaram.
que tentei me firmar a algo sério isso quase me custou minha empatia e
amor a vida.
Não passaria por aquilo outra vez.
— Você não se lembra de mim, mas eu vou dar um motivo para não
me esquecer nunca mais. — Ela tentava fazer com que o sorriso no rosto
ouvido e provado isso diversas vezes, mas ela se manteve firme, ou pelo
— É mesmo?
Franzi o cenho.
— Estou grávida.
Ok.
Pupila dilatada.
Espasmos na mão.
Eu não estava tendo um infarto, mas poderia ter se aquela tivesse sido
— Alto e claro.
— E então?
— Se for meu, farei uma proposta em valor para ficar com ele. Se não
sexo.
— Ser desinibida nas minhas relações sexuais não quer dizer que eu
— Para mim você é, pelo menos até que eu prove o contrário. Até que
essa criança — apontei para sua barriga —, se é que ela existe, venha ao
mundo… você ficará longe de mim. Se tiver pelo menos um pouco de
que passou a se tornar neutra. O silêncio ainda era desconfortável, mas Matt
o preenchia com seus barulhos e chamados — que ainda não conseguíamos
entender completamente.
Não tive coragem de iniciar uma conversa com Philip para saber
era verdade.
coisa envolvendo tumores. Ler metade dos artigos sobre ele na internet
quase pifou minha cabeça, mas também me deu uma nova visão de Philip.
conseguiu, porque eu era idiota até certo ponto, depois disso me lembrava
Quando vi faltavam apenas dois dias para Matt completar um ano. Ele
todos os meses convivendo com ele, fiz o possível para me manter distante
e ele não reclamou, às vezes parecia até esquecer que eu vivia na casa.
Então chegar para lhe pedir algo nunca me pareceu legal, até mesmo
Entregava uma lista do supermercado, dizia que era urgente ou algo do tipo.
um dia raro que estava feliz, deixou escapar um comentário positivo e disse
Mas é claro que parecia, porque de fato, estava. Quem não amaria
o cartão no apartamento.
Philip nunca mencionou, então eu não sabia se ele estava ciente disso,
bebê dormia a gente ficava até altas horas falando bobagem, e às vezes só
contando como foi o dia ou quais os planos da semana. Por isso, comecei a
ficar mais curiosa sobre ele, tentada a ir naquele encontro. Ainda assim,
temia como seria a reação de Philip, mas isso mudou numa noite em que eu
cheguei mais cedo com Matthew. Estava no telefone com uma amiga,
O que surpreendeu tanto a mim, quanto ao bebê, foi abrir a porta e dar
de cara com Philip em uma sessão de amassos com uma loira em seu sofá.
A coisa estava realmente quente. Meu cérebro pifou. Decepção, raiva, mas
nenhum — ele estava desrespeitando o nosso espaço. Nossa casa, nosso lar.
O lugar onde a gente via nosso menino crescer.
porta quando cheguei, então provavelmente ele via a cena atrás de mim
também. Eu decidi que bastava quando Philip bateu na bunda da mulher,
Bati a porta.
Eu fiquei muda, mas Matthew soltou um soluço e riu. Que bom que
alguém viu humor na situação.
— Merda.
Ele abriu e fechou a boca três vezes antes de responder. Ela levantou,
— Philip!
— Minha babá.
— O quê?!
— É o quê?!
Eu sabia que era menos que nada para ele. Só o cocozinho que um
cachorro fazia e ele tinha que ir limpar todas as vezes para não receber uma
multa. Até tinha uma noção — depois do que Edward disse — que eu era
como uma babá, mas ouvi-lo dizendo com todas as letras?
— Isso.
— Exatamente.
— Eu disse para não fazer! Não quero ouvir, quer saber? Vou fingir
capítulo decisivo na trama. Oi? Será que alguém se lembrava que eu estava
ali?
Ela pegou sua bolsa e o casaco no chão. Depois correu atrás do par de
sapatos, um em cada canto da sala.
planejei.
Ok.
Ganhei até as estrias e nem fui eu que fiquei grávida. Vamos comer, a gente
acabou de estragar um encontro.
Eu juro que não queria, mas acabei rindo, e quando coloquei Matthew
***
queríamos parar até ver o fim, pelo menos eu não. A dele foi mais
— Traidor.
para vê-lo, alguns fios voariam e dariam um efeito de filme. Eu sabia que
Quando ouvi seus passos mais perto, virei. Virei a cabeça com força.
Com impacto. Mas antes que pudesse concluir a virada completa, Matthew
eu não sabia.
Mas Matthew riu uma gargalhada gostosa e depois voltou a comer seu
bolinho de carne como se não tivesse acabado de cavar a minha cova com
seu pai.
salafrário.
brilhantemente.
assim como Philip — era uma forma de me mostrar sua posição elevada
acima de mim. Funcionou, agora eu os via como o casal mais perfeito.
isso. Além do mais, Jheni não parecia o tipo de noiva que eu ia querer
afastar dele. Quer dizer, do meu sobrinho. Isso, minha única preocupação: o
bebê. Philip podia casar com quem quisesse, eu não estava me importando
com isso.
Mas...
Ela teve uma baita reação ao ver Matthew pela primeira vez, então
talvez eu devesse averiguar isso de perto pra decidir se está tudo bem ela
Eu engoli em seco.
— É, agora.
ele assentiu de novo. Eu ia fazer mais uma vez, mas balancei a cabeça e me
inclinei para dar um beijo de despedida em Matthew.
amanhã.
Ela ficaria para tomar café da manhã. Inferno, os dois vão passar a
noite fazendo um sexo salafrário. Ao entrar no meu quarto, o odiei mais do
que nunca, odiei até mesmo minha cama confortável. A mais confortável
que já tive na vida.
na sala nesse exato momento, e adivinha só, babá? Você não é a mamãe
feliz!
Sim, eu sei. Jheni é. Droga. Aposto que ela penteia o cabelo todos os
dias.
“sinto meu sangue correndo,
juro que o céu está caindo
como eu sei se essa merda é inventada?
o tempo passa e eu não consigo controlar minha mente
não sei mais o que tentar,
mas você me diz todas as vezes
apenas continue respirando”
breathin, ariana grande
pela cozinha, confirmando que ele em sua cadeirinha com Jheni lhe dando
café.
Ela não estava com cara de nojo e nem fingindo aquele sorriso.
Voltei ao meu quarto só pra pegar a bolsa com a carteira, mas não
sempre viajavam.
Não me importei.
que recebi.
presença. Um simples aceno teria sido o suficiente, mas nem isso recebi.
— Eu vou dar uma saída rápida, aproveitar que estão com o bebê.
— Ah, sim, não se preocupe. Philip e eu vamos olhá-lo durante o dia.
coisa privada — continuei antes que ela com sua simpatia do tamanho de
esfaquearia.
constrangimento.
— Eu vou sair agora — falei sem encarar nenhum dos dois nos olhos
conhecia chorando, então sabia que estava toda deformada, com as lágrimas
desesperadas saindo como se tivesse aberto as comportas de uma reserva e
Se ele viesse flertar ou tentar conseguir meu número eu teria que dar
um fora, o que seria uma pena, pois ele tinha cara de gente boa. Ele sorriu e
me ofereceu o lenço.
— Ei — disse.
Eu parei de soluçar.
— O quê?
Ele ofereceu o guardanapo e apontou com certo nojo para meu braço.
Eu virei a bolsa, olhei meu braço e passei o dedo.
Era cocô.
Chorei mais um pouco.
***
— Acabo de receber uma ligação dos meus pais, eles vão vir nesse
final de semana.
— Nossa! Não me diga? Quer saber, eu não sabia disso. Pensei que
você me chantageia dessa forma e também vou fazer tudo do seu jeito, mas
a partir de agora, a babá aqui vai ter uma vida. Você entende isso?
Aquilo era uma mentira, me fazer escolher entre ficar com Matt ou
trabalhar é uma proibição disfarçada. Ele sabe que sempre vou optar pelo
meu sobrinho.
— Ótimo, muito bem! Então se prepare, papai. Porque essa noite o
turno é seu!
isso como uma ofensa aos vira-latas, pois já tive um. Eram os tipos de
cachorro que mais queriam atenção e mais pareciam precisar dela, o apelo
era irresistível, assim como o homem divinamente bonito e sem nenhuma
— Ariana?
cabeça.
do meu sobrinho enquanto você está ausente. Como você sempre fica em
chame a Jheni.
— Ariana...
— Diga que a babá ficou de folga.
— Droga, mulher!
Ele estava pra fora agora, e eu segurei a porta quando o olhei nos
olhos e coloquei a mão na cintura.
dias.
Para a merda com o outro irmão. Eu não devia nada a ele, estava
— Caramba, Ari!
— O quê?
— É o quê?
Merda.
— Ah, sim! Sim, vamos entrar. — Ele me levou com a mão nas
Eu esperava.
— Reservei uma mesa pra gente, lá dentro o som é bem alto, mas
ou cinema.
mesmo assim, eu decidi ficar lá. Precisava provar não só para Philip, mas
para mim também que era muito capaz de curtir uma noite de doideira.
dizer algo como “Olha, cada pessoa tem um experiência diferente, se você é
inexperiente nessa área da diversão adulta, eu posso te passar o endereço da
— Ariana?
— Claro!
— Tem certeza?
***
Inferno, aquilo não estava indo como eu planejei.
parecia muito mais interessante do que eu, porque eles sabiam conversar
sobre coisas intelectuais que eu nunca tinha ouvido falar na minha vida
maldita, então nós saímos da pista e fomos a um dos camarotes onde a
Fiquei uma hora sentada e se disse uma frase inteira foi pouco. A
mulher — Tina ou Mina — eu sinceramente nem me preocupei em prestar
atenção, me olhava cada vez que eu abria a boca e dava um sorrisinho do
tipo “coitadinha, o que será que ela está falando?”, eu comecei a me sentir
uma retardada. Então falei pra Edward ia pegar uma bebida, na intenção de
que ele me seguiria e a gente poderia dançar, já que viemos em uma balada
para isso, mas ele me olhou e disse:
Não era possível. Philip tinha que estar em casa jogando todos os
tipos de praga para mim. Senti de repente minha orelha formigar, pegando
fogo. Mas não sabia se era isso realmente ou a paranoia do casal vinte me
contagiou.
— Loui?
risada despreocupada que eu tinha planejado para Philip, saiu para Loui. A
verdade era que eu não aguentei pagar o aluguel e sustentar minha irmã
grávida, então nós viemos para cá, onde ela já morava e tinha um
apartamento de um cômodo. Que depois eu descobri não ser dela e ela nem
sabia quem era o dono, só entrou.
— Poxa, as coisas deram uma acalmada depois que você foi embora,
— Tracey disse que uma gata chegou na sua cola e você foi embora
com ela depois. Ela estava... você sabe. — Ele fez um movimento com as
mãos em frente a barriga.
— Então você não tem um chorão por aí nem nada, né? — Ele riu.
na Califa. Vários DJ’s estão vindo pra cá. Vou montar meu set, fazer umas
filmagens.
dia e encontrar ele e toda a galera sendo pega na mentira, porque sim, eu
tenho um chorão.
— Você podia trabalhar pra mim, gata. Divulgar meus lances, fazer
me encaixar em uma realidade que por mais que eu tentasse, não era mais
minha.
— Não é piada.
— Você com uma criança? Você é aquela que fazia strip quando bebia
— Com licença, o que foi que você disse? — Ele não disse o que eu
ouvi.
Hum-hum.
mãos.
nunca me viram com uma criança, então você pode dizer esse tipo de merda
pra mim!
garota não podia beber um suco sem se complicar a culpa não era minha.
Eu amava Matthew e ele nunca nem chegou perto de engasgar, quer dizer,
Lá fora, peguei um táxi e fiz a melhor coisa que podia fazer. Fui para
a casa, esperando que Philip tivesse remédio para dor de cabeça em algum
— Posso saber onde diabos você se meteu às... — ele pausou sua
manhã?
Bem, ainda não eram quatro como planejei, mas quase lá.
— Não é da sua conta — comecei, mas senti que não era o suficiente.
— Ah Philip, você sabe como noitadas são. — Eu senti que ainda podia
Não era pra ele responder daquela forma, mas os planejamentos nem
sempre davam certo. Eu soltei aquela risada que estava guardando e mexi
— Que merda você tomou? — Ele pegou o copo, segurou meu braço
perturbada.
— Eu não estou perturbada! — Bati na mão dele. — Estou sendo
superior!
— Isso não tem nada a ver com ele, eu não dei bebida para o bebê.
vai prestar muita atenção. — Ele aproximou nossos rostos de um jeito que
— Não seja ridículo! Eu não lhe faço escolher entre Matt e sua
morando na minha casa, vive com o meu dinheiro e não vai dar para o meu
irmão.
— Pensa que não sei o que planeja? Está tentando garantir mais um
bebê na família?
Dei-lhe as costas e fui para o quarto. Tentei fechar a porta, mas antes
que pudesse, ele bateu a mão e entrou.
— Então saio eu! — Dito isso, puxei minha mala debaixo da cama e a
abri, tirando as coisas que já tinha antes de irmos morar lá com ele.
— Não, não disse! Não vou deixar até que entre em sua cabeça que se
ele ou um cara legal! Está tão miserável que quer me ver assim também?
Seu irmão não foi tão legal assim à segunda vista, mas ele com
seu rosto. A pele alva foi marcada pelos meus dedos e seus lábios torceram
em desagrado. Mas ele não me machucaria, eu tinha certeza.
— Não me toque!
Ele pegou minha mala e a virou, jogando tudo para fora, então abriu a
porta do quarto e me fitou por cima do ombro.
hora, mas não me importei. O dinheiro era do seu pai incrivelmente rico e
mensagem.
festa hoje.
A festinha em si não era bem uma festa. Comecei a decoração sem
esperar demais, deixei os convites na mão de Philip, afinal, eu não tenho
quem chamar, escolhi o bolo mais gostoso, mesmo que fosse deixar Matt
era de coisas para ele. Roupas, brinquedos, coisinhas que ele precisava. Se
o cartão de crédito de Philip tivesse limite, eu já o teria estourado.
avisar na tarde antes da festa, que seria uma recepção para seus amigos
criança podia ter em apenas um ano de vida. Quase não consegui escolher
só cem.
vesti a nova roupinha. A calça azul clarinha de sarja era uma graça, tinha
dois bolsos na altura do joelho e o casaco branco foi detalhado com azul
a Suzi, aproveitando que ainda podia falar mal dela vez ou outra enquanto
ele não entendia. — Eu acho que não, bebê. Acho que ela sempre duvidou
de nós.
redor, e eu sabia que estava. Ele era perfeito. A vida tem sido tão generosa e
mesmo com nosso começo difícil ele nunca foi carente de amor, algo que eu
casuais do dia a dia, ela vestia uma camisa social branca bem feminina e
uma calça jeans larga na barra, com um sapato de salto baixo. O cabelo liso
e loiro ficava preso com apenas uma presilha, e o restante todo solto. Ela
também fez uma maquiagem básica. Eu nunca tinha reparado em Viviane
muito bem, mas estava diferente. Queria que a personalidade mudasse
— Como preferir, vou dizer aos convidados que ele está quase pronto.
nervosa, mas vamos dar força um ao outro, ok? Você toma um danone e eu
tomo algumas doses do que eles servirem de mais forte. Se eu ficar com
tecido.
O elogio foi inesperado, já que a única vez que chegamos perto disso
foi para dizer que eu cuidava muito bem de Matthew, o que era idiota dele
dizer, pois eu estava fazendo sua obrigação e não recebi nem mesmo um
obrigada. Mesmo amando meu sobrinho mais do que tudo e ele sendo
— Matthew vai gostar de ver isso nas fotos quando ele for grande o
Ele sorriu.
— Sim. — Ajeitei Matthew em meu colo, mas dei dois passos e parei.
Fora a boate, fazia muito tempo que eu não frequentava uma grande
concentração de pessoas, provavelmente já tinha me transformado em um
bicho antissocial. Era algo novo, mesmo já sendo velho é conhecido para
mim.
dos convidados.
Dei risada.
— O quê?
elogio, mas a frase apenas me irritou e lhe dei as costas com uma expressão
Serei uma ótima mãe um dia? Eu sou uma ótima mãe agora. Eu sou a
de babá para a sua noiva, namorada ou peguete, sei lá o que ela era. Me
deixei esquecer que para ele eu sou descartável e substituível. Que me fez
escolher entre trabalhar ou estar com o meu sobrinho.
Philip não era o herói. Ele era o vilão da minha história. Um vilão
pular no meu colo. Dei risada, encantada, assim como todos ao redor. Não
importava o que Philip dizia, nem sua insistente mania de me colocar nos
papéis que não eram meus: cuidadora, babá. Matthew era meu filho.
Não só porque cuidei mais dele em sua gravidez do que sua própria
mãe biológica, mas porque ela confiou a mim e você não confia a coisa
mais preciosa de sua vida a um estranho. Se isso não fosse verdade, ela teria
passado toda a gravidez e o deixado na porta de um orfanato, mas ela correu
para mim. Sabia que eu cuidaria do bebê como se fosse meu e ele se tornou.
lágrimas.
minhas suspeitas e me senti leve. Ela parecia uma avó. Seu cabelo loiro
com mechas brancas, os olhos gentis e o sorriso sincero me acalmaram e
me deixaram confortável. Ela olhou para mim bem de perto e depois para o
bebê. — Eu posso?
Dando um sorriso fechado e com um pouquinho de insegurança, eu o
confirmando que estava tudo bem e ele foi. Atrás da senhora Snowland, um
homem mais velho, mas parecidíssimo com Philip a segurava nos ombros,
fitando o bebê encantado. Ele sorria feito bobo. Os dois estavam assim.
— Eu ouvi histórias sobre sua irmã, mas não posso dizer nada sobre
ela porque não a conheci, porém, posso falar que estou grata a ela por ter
trazido esse milagre ao mundo. E a você, principalmente, por ter cuidado
irmã que não resistiu ao parto. Matthew é tudo o que tenho agora.
— Isso não é verdade, você tem a nós. Essa família. Sei que meu filho
pode ser difícil, mas não desista dele. — Seu marido limpou seu rosto das
— Não vou não. Agora que sei que tenho um neto aqui, meus planos
corrigi.
pai dele, me estendendo a mão. — Sou Rick Snowland. Saiba que qualquer
coisa que precisar, basta dizer. Você tem a nossa eterna gratidão.
até ser apresentada como alguém importante para ele. Eu só queria que as
pessoas soubessem que eu era mais do que a babá. Que era para mim que
ele chorava e pedia colo, que passava os dias e as noites juntos.
— Estou bem aqui. Vou ficar com Ari, temos o que conversar.
— Ah, mas nós temos. Você nos dará licença ou devo falar na sua
frente?
— Ela é a tia do meu filho, não vou deixar que faça dela uma de suas
aventuras e a machuque.
da outra mulher.
Arregalei os olhos, sem saber o que dizer ali. É claro que era muito
— É claro que posso. Philip, o que está fazendo? Isso não tem nada a
ver com você!
— Isso não é uma escolha minha! Não posso ir a outro lugar se quiser
estar na vida do meu sobrinho, de acordo com suas regras idiotas!
e me voltei para Philip. — Estou na sua casa, sim, mas não é direito seu
ditar como vivo minha vida. A única coisa que nos une aqui é Matthew!
Você não é meu pai ou meu irmão mais velho.
que podia escolher, mas estando ali na mesma situação, passei a entendê-la.
— Oh, Ari! Como você está? Espero que esteja melhor das cólicas.
como.
— Muito bem, Jhenifer, obrigado. Por que não leva meu irmão para
beber algo? Ele parece estar com a garganta seca.
Ela riu.
— É para já. Vamos, querido. — Ela o puxou pelo braço, mas parou
por um momento. — Por que não dispensou a babá? Ari, fique à vontade
para sair, tem muita gente aqui para olhar o bebê.
assumiu o lugar. Ainda assim, ele não disse nada que corrigisse as palavras
de sua namorada, só deixou que ela o levasse dali. Senti a mão de Edward
em meu ombro como se me confortasse. Eu queria chorar.
Não.
me que estava ao meu lado. Me senti culpada, mas era difícil me concentrar
nele quando Philip estava de mãos dadas com a médica linda, bem-sucedida
e que provavelmente se casaria com ele em breve. Me fazia pensar em
— Não. Eu sou mais velho que ele, tive que trabalhar ao lado do meu
pai para ver as coisas darem certo se quisesse ser alguma coisa.
Eu não queria, por isso não falei mais nada. Caramba, ele era tão
gentil comigo. Será que conseguia sentir meu desinteresse?
fora de lugar.
— Imagino que não seja fácil ser tratada como a babá do seu
sobrinho. Por que deixa Philip fazer isso?
Maravilha.
você.
— Falar o quê?
— Eu sempre fui mais do tipo que vive o momento. Nunca fiz planos
até Matthew aparecer, mas agora me preocupo com isso.
— Por quê? Admiro uma pessoa que sabe viver a vida com calma e
leveza. Tenho o próximo ano inteiro planejado e férias não estão inclusas. É
estressante.
— Bem, tem um lado bom — dei de ombros —, mas quando penso
que eu mal conseguia alimentá-lo direito antes do seu irmão aparecer, me
— Você não é inútil, está bem longe disso. Matthew tem sorte de tê-la
e nós somos mais sortudos ainda por esse acréscimo na família.
— Eu nem parei pra pensar nisso, Ari, se soubesse que não é seu
estilo teria te levado em outro lugar.
dizendo a mim mesma que não colaboraria com a cena que ele estava
querendo causar. — Sim?
resposta.
— Você não gosta de muitas coisas que eu gosto. — Ele deu mais um
passo à frente. — Não chegue mais perto. Não queremos que sua noiva
pense que está de segredinhos com a funcionária, não é?
— Então, resolva! É isso o que deve fazer, cuidar dos seus assuntos e
da sua vida. Para a sua informação, eu e seu irmão ainda nem chegamos na
fase de pensar em dormir juntos. — Ele franziu o cenho, sem entender
porque eu disse aquilo do nada. Merda. Por que eu falei mesmo? — Não,
quer dizer, nós pensamos. Não... ele deve ter pensado, mas eu não tenho
cabeça para isso limpando cocô o dia todo e fazendo mamadeiras a cada
poucas horas.
na cabeça que procure por problemas, porque você está perturbado. — Ele
segurou meu braço quando me virei para me afastar. — Philip, não faça
uma cena aqui! Seu irmão está me esperando.
— O meu irmão vai dar o fora daqui ou eu vou quebrar a cara dele na
— Se resolva com sua noiva e não me venha cobrar coisas que não
são seu direito cobrar. Eu sou a tia de Matthew, não sou nada sua.
“me diga algo que eu preciso saber
depois tire meu fôlego e nunca deixe ir
se você me deixar invadir seu espaço
eu ficarei com o prazer, junto com a dor
porque se você quiser continuar comigo
você tem que me amar mais”
love me harder, ariana grande ft. the weeknd
performar.
presentes numa mesa perto da porta. Vi que já não cabiam mais presentes,
por isso começavam a se espalhar pelo chão. Pelo menos amanhã teríamos
eram brinquedos.
— Delícia.
Olhei para a mesa antes de encarar a loira de olhos azuis outras vezes.
— São os últimos — falei séria. — Não sei se posso deixar que leve.
Ela deu risada, pensando que eu estava brincando, mas era sério, eu
— Isso, deixe para mim. Vocês, médicos fodões podem contratar esse
bufê caro qualquer dia da semana só por diversão, já eu não posso me dar
esse luxo.
— Eu duvido que vivendo aqui com Philip você não possa comer
essas belezinhas quando quiser.
raves.
— De novo?
noivo é totalmente indiferente a maioria dos seus dramas e você faz dramas
desnecessários demais, as ideias geralmente não se batem.
Ela riu.
Dei de ombros.
— Ele não é mesmo, mas já diziam “As Branquelas”, da fruta que ele
— Você é sapatão?
brilhantes.
— Nós não costumamos usar essa palavra para definir, mas sim... eu
gosto de mulheres. Philip é unicamente meu amigo.
— Estou feliz que você veio, pelo menos não estamos sozinhas aqui.
desenrolar daquela história ali? — Ela apontou para o meio da sala, onde
dava para ver Philip tentando levar Jheni para a cozinha, mas ela batia o pé,
se negando a ir.
A noite tinha tudo para ser torturante, mas acabara de começar a ficar
divertida.
“você é como uma constelação inteira
prometo que ainda vou te amar quando você acordar de manhã
eu só quero ter tempo para você
juro que é o certo para você
como se essa buceta fosse projetada para você
nota 10 de 5 pra você
sei que eu assinaria na linha por você”
nasty, ariana grande
volta para trocar sua fralda e ver se estava com fome de algo além dos
salgados e docinhos na mesa e aproveitei para abraçar e beijar meu bebê.
Parte de mim queria garantir que ele não fosse me esquecer vendo
Sabia que era exagero, mas meu coração estava apertado e aquele
roupa para um pijaminha de galáxia confortável. Fiquei aliviada que ela não
pediu para fazer as tarefas, pois ainda não estava pronta para isso. Sabia que
eles só tinham coisas boas para falar sobre Philip. O que me surpreendeu.
Sabendo que ele era o chefe de cirurgia do hospital, esperava que fosse
assim. Todos falavam dele como uma pessoa rígida no trabalho porque
Tomei meu banho devagar, sabendo que quando saísse, Philip, Jheni e
Ninguém merece.
minha vida. Eu daria um basta. Contaria que estava disposta até mesmo a
entrar na justiça e ter meus direitos quanto ao meu sobrinho se ele não
parasse de achar que ditava as regras em mim; uma mulher adulta e muito
capaz. Eu lhe fiz um favor por meses porque ele foi um cretino com a
minha irmã ou lhe fez se sentir um lixo. Ele devia ser grato e não me tratar
daquele jeito.
A água estava tão quentinha que ao invés do meu banho rápido pensei
Cínico.
— Você me entendeu.
Era verdade.
essas suas palavras, mas não vai conseguir porque eu sou uma nova mulher.
Hoje acordei decidida a dar um rumo diferente na minha vida — ele me
divertir, assim como todos. Não sei se percebeu, mas não eram exatamente
pessoas com quem eu me enturmo. E eu nem fiz nada, só fiquei no canto
com Faitlyn.
— Eu não disse que não era, mas assim como você, Faitlyn não tem
limites. Parece uma criança que não sabe o que pode ou não pode fazer.
— Eu não sou uma criança, você é que é um bombado idiota que acha
que tem que me dizer as regras do papai, mas adivinha só, eu sou uma
adulta! Na verdade, sou tão adulta que... você se surpreenderia caso se
— Sim!
Oi?
— O que... agora?
— Não, mas...
surgir.
— Eu não tenho que provar para você que sou grande e responsável.
que feliz em deixá-la me mostrar que tenho sim que ficar cuidando de você.
nem sei os pretéritos, mas isso ok, porque ninguém sabe, né?
a galinha?
— Estou preparada.
— O que você...
De alguma forma, dizer em voz alta que não fui ao teste, porque sua
mãe me ligou do hospital e eu precisei fugir com ele, fazia parecer que eu
pesado.
Que ideia ridícula de conversar foi essa que tive?
— Claro que sim, quer dizer, talvez. Eu não poderia deixar Matthew.
você, contando que não veja mais Edward — ele fez uma pausa, e limpou a
ninguém.
paciência.
— É a melhor saída.
— Melhor para você! Quer dizer que antes eu podia trabalhar, mas
não veria Matthew, e agora eu posso trabalhar e ver Matthew mas tenho que
virar uma celibatária?
— Exatamente.
— Eu tenho cara de quem tem potencial para ser freira, por acaso?
— Você entendeu.
— Philip, percebe que está mais uma vez me chantageando? Por que
não fala esse tipo de baboseira para a sua noiva? — Me levantei e empurrei
a cadeira. — Você é o maior cretino que já conheci nessa vida e olha que
— Mas é com o cretino que você está vivendo, é do cretino que você
— É claro que não! — rosnei. — Sabe o que você faz? Liga para a
sua noiva, chama ela aqui e tenta colocar essa focinheira nela, babaca! Eu
não vou aceitar mais. Era exatamente disso que eu falava hoje cedo, você
tem um trabalho, tem tudo e todos à sua disposição, mas, ainda assim, quer
me ver infeliz! O que minha irmã te fez de tão ruim para que toda a raiva
— Ariana...
sou sua prisioneira e não sou sua escrava! Você age como se eu fosse o
— Ariana.
— Vai sim, você está noivo. Não adianta querer me enganar. Sei que
vai me chutar daqui sem que eu tenha para onde ir de última hora, devo me
preparar para isso. Começarei a preparar minha vida, minha casinha que
mesmo sem ser uma grande cobertura, será perfeita para receber Matthew
seus lábios estavam no meu. Segurei seu ombro com um primeiro instinto
de empurrá-lo, de afastar seu corpo, porque era a coisa certa a fazer depois
O beijei de volta.
beijo com tudo o que tinha. Mesmo sabendo que deveria lhe dar um tapa,
pegar Matthew e correr daquela casa até que os bombeiros da salvação
tira do chão só com um beijo e depois me faz querer gritar de raiva, não
podia ser bom para mim.
Mas eu o deixei fazer sua mágica até que nos faltou ar e nos
afastamos.
— Eu sei.
— Me beijar... eu sou uma piada pra você? Acha que toda vez que
fizer isso e depois voltar a me tratar como me trata, vai me fazer ceder ao
que quer?
— Não é assim.
nada adiantou. Philip sempre encontrava um caminho para que tudo saísse
do seu jeito.
onze da noite e eu quero dormir, não vou discutir com você de novo.
— E o que quer?
Com ele sem camisa eu com certeza não conseguiria pensar direito,
mas tentaria. E eu estava jurando que seria pelo bem da convivência em
— Isso.
um ao outro nos olhos, ele devia estar pensando muito bem no que falar
de seu pescoço, mas tudo foi para o buraco quando ele desceu os olhos para
meu mini shorts de dormir, depois subiu lentamente, fitando meu top acima
do umbigo.
Para completar minha vergonha, só faltava ele ver que meus mamilos
estavam duros.
— Uhum.
— Eu disse a Jheni ontem que você não era a babá, mas sim a irmã da
ter em casa e meu filho não precisava de você. Ela se dispôs a vir morar
Matthew novamente.
Que belo casal para criar meu sobrinho eles seriam juntos.
— Nossa história foi longa e conturbada, mas ontem foi o ponto final
para mim.
— Eu sou a tia dele, ela deve saber que não há nenhum problema
disso.
— O quê? Como?
Choque me atingiu.
— Philip...
que aconteceria, mas não podia. Demoramos até demais para chegar aqui.
Os olhares, a raiva, tudo, parecia uma grande preliminar.
— Eu continuaria te roubando beijos escondidos pela casa, desejaria
seus tapas e seus gritos, porque eu queria você desde a primeira vez que te
vi. E eu não poderia parar por ali, Ariana, não sou um homem tão bom
assim.
pra mim. Eu queria ser o único a te foder em cada canto dessa casa e queria
que você me olhasse, que me sentisse. Não vou mais evitar isso.
nossas bocas. Faminta para beijá-lo e deixar que fizesse tudo o que quisesse
comigo.
cabelo, tirando o meu juízo até que tocou minha calcinha e eu estava
pingando entre o tecido e seus dedos.
Philip se deitou na cama e me puxou para cima de seu corpo,
aproximando minha boceta de seu rosto. Quando me dei conta do que ele
pretendia fazer, tentei escapar, mas sem sucesso. Ele usou uma de suas
mãos para prender meus braços ao mesmo tempo que, com a outra, colou
meu quadril contra seu rosto.
— Vou chupar essa boceta como ela nunca foi chupada antes.
Era muito.
Demais.
Meu corpo reagia em puro instinto, percebi que estava tão necessitada
Ninguém nunca havia feito algo assim comigo, ninguém nunca havia
e me fez tremer por inteira, se arrastando sob toda a minha pele. Por mais
que eu torcesse mentalmente para que Philip me deixasse pelo menos
respirar um pouco, eu sabia que ele não me daria descanso, não com toda a
Ele conseguiu me deitar na cama sem mal precisar afastar sua boca da
minha boceta e quando eu estava pronta para implorar por descanso ele
começou a subir sua boca por meu corpo, beijando, lambendo e mordendo
minha pele até alcançar meus seios, os abocanhando como se fossem uma
fruta madura e deliciosa.
— Esse é o único jeito que quero te fazer chorar — ele murmurou ao
largar meu seio esquerdo, levando seu polegar para secar minhas lágrimas.
pescoço e eu sentia seu pau coberto por uma camisinha se esfregar contra a
minha boceta sensível.
gritos e exigências de mais forte, mais rápido, mais, mais e mais, Philip me
virou de bruços e se sentou em minhas coxas, deslizando para dentro outra
vez.
Ele estapeava minha bunda com uma mão e a outra usou para enrolar
meu cabelo no punho, me fodendo rápido e forte, assim como eu pedi.
que ecoavam no quarto. Philip me fodia sem dó, sem parar, parecia uma
enchia até o útero e eu jurava que o sentiria dentro de mim pelos próximos
dias.
Me apoiei nos cotovelos, empinando a bunda para que ele fosse ainda
mais fundo e Philip não parou, de repente começou a bater repetidamente
num ponto dentro de mim que me fez gritar sem controle e meu corpo
começou a cair lentamente. Ele passou os dentes pela minha nuca e ombros,
segurando minha cintura com força enquanto se enterrava em mim algumas
merda.
até ontem eu planejava meios para conseguir lutar pela guarda do meu bebê.
Aquele que tinha uma noiva e o homem que abandonou minha irmã. O
homem que eu prometi a Suzy nunca deixar pôr as mãos em Matthew.
Tudo bem que o noivado acabou e minha irmã estava morta, mas eu
Deus sabe que eu sempre tive um fraco por homens decididos e que
parar por um minuto. Pensar que tudo deveria ser feito da melhor forma
para ele. A única prova que estive com ele era o lençol úmido porque eu
— Eu vou me matar.
Assim que estiver com minha vida em ordem eu procuraria alguém
para substituí-lo do posto, era questão de honra. Eu não podia ter esse
já que pra ela eu era a maior pecadora do mundo, mas com a convivência
Parei de andar.
sentimento. Eu não era uma criança como Philip insistia em insinuar. Era
responsável por meus atos e mesmo que me envergonhasse de ter dormido
com ele não ficaria me castigando pelo passado.
Já foi.
Me virei para encará-lo e fiquei sem voz. Tive certeza de que Deus
Tipo, muito.
Para piorar agora eu sabia como ele fodia.
Matthew.
Ele sorriu para mim, acariciando meu rosto. Philip nos observava de
longe com as mãos na cintura.
cabecinha.
— Bem — falei, irritada. — Você foi até o meu quarto sem camisa
com aquele papo de desejo e toda a sua baixaria de médico safado!
— Sexo comigo.
com ele sem pensar duas vezes — e ainda que estivesse cem por cento certo
— isso me irritou.
querer mais.
— Tchau, Philip.
ontem à noite...
desviei o olhar.
reconciliação.
Obviamente eu me sentiria usada se ele voltasse para ela agora, mas
ele não era nada meu, e ontem não me prometeu nada. Éramos dois adultos
solteiros com vontades e desejos que não podiam mais ser ignorados.
olhou com atenção. — Seu pai não podia ser feio? Olha a enrascada que
você me meteu.
quebrando corações por aí. Garanta que só vai pedir alguém em casamento
quando tiver certeza de que ela é a pessoa certa. — Eu o peguei novamente
Ele nem fazia ideia de que cada um de seus sorrisos aliviavam cada
coisas que eu sempre acabava precisando. Assim eram as mães, nós nos
acostumávamos.
— Aonde vai?
— Sim.
inferior com aquela cara de sem-vergonha. Será que sabia que eu tive um
squirt? E que ele foi o primeiro?
— Tchau, Philip.
— Isso é... isso é muito legal. Minha babá costumava me levar nesse
tipo de passeio. Minha mãe foi algumas vezes, mas ela era uma mulher
ocupada. Eu adorava.
Você não precisa, mas tudo bem se quiser vir. É o primeiro passeio real dele
fora de casa.
— Senhor?
Ela me estreitou os olhos, mas Philip não viu, pois voltou a olhar para
mim e o bebê.
questionar? — Ele não lhe deu a chance de dizer mais nada, abrindo a porta
e nos levando para o elevador, mas o olhar que Viviane me deu, me fez
Vai que um carro me atropela, ou caio num buraco de tanta praga que
— O quê?
— Cantar.
disso, sempre consegui acalmar Matthew ao fazê-lo, então virou algo nosso.
Mas venho conhecendo você — ele hesitou —, não fui justo em todas as
coisas que falei no passado.
coisas rodando na cabeça para dizer e perguntar, mas sabia que ainda não
era a hora.
De repente parei.
Será que ele já viu minhas redes sociais? Porque eu olhava o
instagram dele direito. Era fechado e desde que eu o conheci não tinha mais
de doze fotos, também não mudou o número de seguindo e seguidores. Não
mudou a foto de perfil e nem colocou nada na bio. Ele era um completo
mistério até que você o pesquisava no google e descobria tudo sobre sua
zoológico.
Philip riu.
— É vegetariano.
“— Gostou do mousse?”
“— Amei, tem a textura do seu pênis.”
tour guiado.
nenhum.
— Podemos dar nomes a eles, certo? — Paramos em frente a um
espaço com peixinhos de várias cores e tipos perto do vidro. — Aquele ali é
o Nemo.
— Você é uma pessoa horrível, ainda bem que seu filho ainda não
entende.
Ele deu risada, seguindo atrás de mim.
para trás.
levaria a cada ano, para que ele crescesse cultivando amor e respeito pelos
animais.
aquele que gostava de conversar e me tratava como uma pessoa real, não
um incômodo em sua casa. Será que sexo tinha tanto poder assim?
WhatsApp.
mas — fiz uma pausa, ajeitando Matthew —, enfim, você já leu isso
também?
Fui responder, mas ele me impediu com uma gargalhada alta. Pegou
minha mão livre, levando-me para o canto onde não atrapalhássemos a
um idiota.
— Você é um imbecil.
não sei nada sobre energia mística, mas se isso foi uma maneira de me dizer
que quer transar comigo de novo, nós podemos providenciar que meu pênis
volte para dentro de você pelas próximas vinte e quatro horas sim.
andar.
— Babaca.
Ótimo.
“deixei cair meu coração
e enquanto ele caía, você se ergueu para reivindicá-lo
estava escuro, e eu estava acabada
até que você beijou meus lábios e me salvou”
set fire to the rain, adele
— Já passou.
nada mal.
fico. — Eu sabia que já tinha jogado na cara dele várias vezes que cuidei de
Matthew sozinha, mas não era por amargura ou por me arrepender, mas
para magoá-lo e mostrar que eu tinha tanto direito na vida do bebê quanto
ele como pai.
casa em vinte. Ele abriu a porta do carro, ajudando-me com Matthew, mas
delicadeza vindo dele, a gentileza era estranha, mas eu não reclamaria. Nós
sofá.
Engoli em seco.
Assenti e puxei meu braço, andando depressa por trás do sofá e indo
em direção ao quarto.
De jeito nenhum!
tínhamos, mas eu arrumaria algo só para passar o dia fora de casa e fugir
dele.
— Eu vou junto.
— Não! — gritei.
e eu de sair, e é claro que ele podia usar sua chave a qualquer momento.
Inferno, parte de mim torcia para que usasse, mas eu sabia que se
estivesse dormindo as chances de que algo acontecesse seriam menores, aí
sim eu resistiria. Corri para o banho, relaxando por poucos minutos antes de
coxas até a cintura. Ele passou o polegar levemente pela minha pélvis,
fazendo arrepios me subirem dos pés à cabeça.
redor de sua cintura e apertei com força, procurando alguma coisa, qualquer
coisa que me estimulasse onde eu precisava.
— Paciência — sussurrou.
gemi. Philip apertou mais os dedos em meus fios, levando seu pau mais
fundo em minha garganta.
Eu engasguei.
Ele adorou.
Puxei a cabeça para trás, soltando seu pau com um barulho. Ele
cerrou os dentes.
falando. Como era fácil tirar o foco de homens só com uma chupada, Deus
do céu.
como se fosse um pirulito Pop, meu favorito. Meus lábios estavam cheios, a
cabeça batia no interior da minha bochecha, eu engasgava, e cada vez que
fazia uma dessas coisas, eu era agraciada com seus gemidos roucos.
Seu pau latejava em minha boca, ele parecia que ia gozar a qualquer
momento e... me tirou. Fui erguida sob a cômoda novamente, Philip abriu
bombando seu pau em minha boceta sem dó. Caramba, eu nunca fui fodida
assim. Nunquinha.
Se Philip tivesse um dom seria o do sexo. Se tivesse um superpoder,
era a super trepada. Eu estava cheia até o punho, seu corpo grande e forte
emanava de mim.
dedo no outro buraco e eu não tive sequer uma reação, pois ele afundou lá
na cama. Segundos depois seu corpo aninhou o meu e senti seu sopro em
meu ouvido.
Quando saí do quarto — sozinha, pois Philip já devia ter saído para o
entrei. Com uma xícara de café na mão, estava vestido para o trabalho.
mesa. Ela tirou os olhos dele lentamente e me fitou, deixando o sorriso cair,
concorrência de longe. Não que ela fosse para mim, mas pela forma como
me media de cima a baixo, percebi que eu era tudo isso para ela.
analisá-la. Alta, com cabelos cheios até a cintura e um corpo malhado, ela
vestia um vestido chique e sapatos altos. Ah, não. Mais uma das mulheres
de Philip.
Dessa vez era ainda pior do que Jheni, porque ela estava aqui
tomando café depois de eu ter passado a noite transando com ele como uma
coelha.
Philip sorriu.
— Eu não quero nada fácil, Phi. Não vejo graça em coisas fáceis,
Certo, eu senti o tom de ameaça, ela realmente não precisava ser mais
clara.
de amigos na cidade.
faz estranhar ainda mais. A mulher sempre me odiou e agora queria que eu
saísse com sua filha?
mania de perseguição, mas foram meses vivendo com ela e sem nenhum
motivo, Viviane sempre me detestou.
Philip se aproximou de mim e pegou Matthew.
— É o quê?
com isso.
Ele assentiu.
— Seu cartão. — Ele me entregou um cartão de crédito preto, mas me
recusei a pegar. — Tem seu nome por uma razão, Ariana. Já passamos dessa
fase. Pegue.
Philip riu.
Falsa.
***
O motorista de Philip dirigia e tanto eu, quanto ela ficamos em
silêncio. Vesti a roupa mais sofisticada que eu tinha para acompanhá-la,
andar muito rápido, todas as vezes que falei com ela, me respondeu
monossilábica. E por fim, acertei minhas apostas: ela queria Philip e me ver
na casa dele, minou qualquer possibilidade de simpatia entre nós duas. Ela
fôssemos embora.
Estou entre essas duas opções de presente para a minha residente chefe.
onde quer que ele esteja. — E dormir com seu pai gostoso de vez em
quando também, mas isso ela não precisava ouvir. A não ser que eu
difícil explicar, mas para ficar mais fácil pra você... vou operar corações.
— Eu sei o que é.
Graças a Greys Anatomy, House, e por aí vai, mas ela não precisava
saber também.
muitas coisas.
— Nós não — comecei, mas parei —, é, aprendo cada dia mais com
ele. Nós somos um time incrível. Sintonizados e unidos. — Não era verdade
e nem mentira, só um pouquinho das duas coisas.
— Eles não estão mais juntos, mas tenho certeza de que você já sabe
disso.
que ela voltou porque sabia que não havia ninguém no caminho e pensou
que poderia investir nele. Só que nem ela e nem sua mãe se prepararam para
mim. Eu não me via parte de uma competição, mas ela claramente via.
— Já passava da hora.
Nós entramos direto numa loja da Prada e ela começou a olhar tudo
por cima. Tinha cada bolsa incrível que meus olhos brilharam. Eu só tive
uma na vida, e foi graças ao desapego que uma colega da amiga de uma
amiga fez na Califórnia. Foi a última peça de valor que vendi quando
comecei a me desfazer de tudo o que conseguia para comprar as coisas que
Matthew precisava.
Karine olhava tudo com desdém e nariz em pé. Era de se esperar que
por sua mãe ser uma mulher trabalhadora — ainda que desagradável — ela
soubesse dar valor ao fato de poder entrar em uma loja daquelas e comprar
algo, mas ela nem sequer respondeu a consultora que veio falar conosco.
— Obrigada.
Por fim, ela escolheu uma pequena bolsa de seis mil e a comprou à
A próxima loja era uma Tiffany & Co, e ao lado tinha uma Victoria’s
Secret, onde bati o olho em uma lingerie incrível e me arrependi levemente
custo.
Nós andamos ao redor por alguns minutos, até que ela pareceu se
diamante azul.
A vendedora sorriu.
Nós ficamos ali paradas enquanto a moça foi para a frente da loja. Eu
a observei procurar a joia, mas de repente algo pareceu errado. Ela ficou
— Senhora, eu...
Olhei para ela, indignada, mas Karine nem sequer reconheceu o que
— Eu não me importo.
expressão da mulher não era de que estava tudo bem. Em câmera lenta, eu a
vi puxar um colar para fora.
— Ok.
uma porta branca e sinalizou para que eu fosse até lá. — Karine!
Não sabia o que aconteceria agora, mas não seria nada de bom. A
única coisa que eu tinha certeza era... Karine armou para mim.
“mas há um lado seu que eu nunca conheci
todas as coisas que você disse
Nunca foram verdade
e os jogos que você jogava
você sempre ganharia”
set fire to the rain, adele
loja porque ninguém apareceu para dizer que foi um engano? Algum ângulo
tinha que ter pegado aquela pilantra armando para mim!
em cima da mesa.
— Ariana.
— Philip…
doeu. Me senti um lixo mesmo sem ter feito o que fui acusada.
— Eu sei que não vai adiantar nada dizer que não fiz isso, mas peço
— O que…
— Phili…
— Agora não.
ele a dispensou.
Será que estava bravo comigo porque acreditava nela ou bravo com
assim.
disse para levar o maldito cartão, mas esse seu orgulho só nos coloca em
problemas!
— Acha que eu roubei um colar porque não quis pegar seu cartão? É
claro que não quero usá-lo, assim como não queria a droga da joia! —
Precisei tomar um fôlego para segurar as lágrimas que ameaçavam começar
a cair. — Já passei por muito nessa vida e nunca precisei pegar nada de
ninguém, não é agora que vou começar!
é porque tenho dinheiro que vou poder te livrar desse tipo de merda!
— Aquela dupla na sua casa vai fazer de tudo pra agarrar você, como
viu como concorrência. E outra, não é muita coincidência que Karine tenha
perguntado justamente do colar que eu supostamente roubei para a
ponta dos meus dedos, e eu queria poder acariciar sua pele pelas próximas
horas sem parar, mas então fitei os olhos estreitos e me lembrei que pelo
jeito, não havia nenhuma confiança ali. — Philip… eu sei que é a palavra
de alguém que surgiu do nada contra a de alguém que você conhece há
anos, mas passamos os últimos meses juntos. Eu nunca me aproveitei de
você, nunca fiz nada a não ser amar meu sobrinho e aguentar os desaforos
de Viviane. Nunca pedi nada! É tão difícil assim me dar o benefício da
dúvida?
— Eu quero.
— Você quer confiança cega é isso é algo que nunca dei a ninguém.
Coloque-se em meu lugar.
quando deixei de lado todo o medo que minha irmã colocou em mim sobre
você e decidi te conhecer por mim mesma. Confiar que você poderia ser um
bom pai para Matthew.
— E eu não sou?
vivia. Philip mal parou por perto e quando ficava, levava Matthew para seu
tanto, mas talvez tenha sido bom. Não tinha futuro e eu fui errada em
pensar que algumas transas, ainda que fenomenais, mudariam isso. Ele era
um homem que vivia além do que eu conseguia pensar. Estudado, com uma
Como foi que não pensei que Karine e Viviane não me convidaram
por bondade? Como me escapou que tramaria algo vendo que ela
praticamente me avisou que me tiraria do caminho do jeito que fosse.
Aquela foi uma lição de que eu precisava colocar a cabeça no lugar,
nunca.
Minha estadia naquela casa tinha data de validade e todos viam isso,
pouco em mim, observando-me de perto como não tinha feito desde aquele
dia no carro.
— Bom dia.
precisava sair.
— Ariana.
pânico se apossou de mim. Eu queria correr atrás dele e implorar para dizer
qual o assunto ou minha ansiedade me mataria até o anoitecer, mas ele
chegou até mim, entregou-me Matthew e deu um beijo em sua testa antes
de sair sem dizer mais nada.
— É isso, chegou a hora. Ele vai me dizer que tenho que ir embora,
não é isso?
— Você é filho dele, tem que estar sabendo de algo pela conexão de
vocês dois. Ele vai me mandar embora ou só vai me dar um aviso? Tipo…
tenho 10 dias para sair de casa, ou 15? Seu pai não é muito delicado, mas se
a hora de Viviane ir embora fiquei aliviada, mas antes de ir, ela apareceu em
meu quarto.
— Olá, querida. — Meu Deus, como era falsa. Não respondi e nem
me virei para olhá-la. — Eu vou cuidar de Matthew essa noite.
— Eu pensei em levá-lo.
ainda mais brava com Philip, porque era obrigação dele acreditar em mim
independente do que elas dissessem.
— Ele já chegou?
(…)
Deus do céu.
— Ok?
— Estou atrasado.
Ele fez menção de sair, mas parou e me olhou dos pés à cabeça.
— 10 minutos — repetiu.
***
Viviane, ela realmente não dava um tempo. Matthew tentou puxar meu
encostada no sofá.
já o tinha visto nu. Via a beleza do lado de fora, mas também sabia como
— Ariana!
— Eu!
— Vamos.
Droga.
ouro compensavam.
Desviei o olhar.
— Por quê?
— Aviso prévio? Você não é minha funcionária para ter aviso, que
besteira é essa?
— Eu não me canso de você, Ariana. — Ele fez uma curva que fez
nossos braços se encostarem e eu percebi como senti falta de tê-lo tão perto.
— Na verdade, estou muito longe disso. Essa é a sua preocupação? Por isso
está com dor de barriga?
— Não estou com dor de barriga. — Revirei os olhos.
chamou.
insegurança irritante me comia viva. Eu era bonita pra caramba, por que
Philip ficou com uma massa recheada de picanha, com molhos variados.
Quando os pratos chegaram, eu roubei um pouco de cada coisa para
— Muito comum.
do que o meu.
dos dois.
— Impressão sua.
quando algo não está certo. Vamos... me diga. Viemos aqui para conversar.
Encolhi os ombros.
— Não é verdade.
— Claro que é. Nós também discutimos muito e você sabe cada tom
dos meus gritos, mas isso não é conhecer. Muito menos avançar fases. E
mais me conhece na vida. Você mora comigo, sabe tudo o que é preciso
saber, mas eu estou em desvantagem aqui. Não sei nada sobre você.
Estamos na fase de você me contar um pouco da sua vida antes de Matthew
acontecer. Eu quero saber de onde é, sua família além de sua irmã, quais
eram seus sonhos antes de ter um bebê jogado em seu colo.
— Você entendeu a minha pergunta. Sei que ele é a sua vida, mas
mim e coisas profundas como aquelas que eu nem sabia por onde começar.
Não queria assustá-lo, então pensei por um momento em inventar algo feliz
com um final triste, ele não teria ninguém para perguntar e me desmentir
mesmo. Mas eu conseguiria viver sabendo que criei uma fantasia? A vida
me ensinou que a verdade era sempre o melhor caminho, mesmo que
assustasse.
nos deixou com ela um certo dia com alguns poucos dólares e disse que já
voltava. — Lembrar da história já não era algo que me deixava triste, fazia
tanto tempo. — Minha mãe nunca foi um exemplo, ela sempre foi distante,
uma estranha. Meu pai era um bêbado, ele foi embora cedo.
tirando a alegria dela, a matou por dentro. Suzy e eu não fomos capazes de
preencher o vazio. Quando o meu pai desapareceu por três semanas, minha
mãe começou a sair para procurá-lo e nos deixava com a senhora Riley.
Suzy não ficava, mas eu tinha medo demais de fugir.
— Ela era mais velha. Queria sair com os amigos e ir às festas. Isso
durou até que minha mãe se preparou para sair numa manhã, nos arrumou
melhor do que nunca e deixou alguns dólares em minha mochila. Ela levou
nós duas até a casa da senhora Riley e nós esperamos até a noite. Ela havia
prometido fazer um bolo, pois eu tinha feito aniversário alguns dias antes.
— Philip engoliu em seco e seus olhos estreitaram levemente. — Três dias
depois a senhora Riley entrou na casa com um envelope onde tinham
algumas poucas notas de dinheiro e um bilhete.
— Da sua mãe?
Eu assenti.
— Ela havia escrito que encontrou o meu pai e não podia voltar sem
ele, então nos desejava boa sorte, mas ela tinha que ficar com sua alma
gêmea. Anos depois eu entendi que para ela nunca ter voltado, ela deveria
estar vivendo uma situação igual a dele. Dois viciados vivendo de migalhas
nas ruas.
— Sinto muito.
que nunca teria filhos e nem me casaria. Eu sabia que na minha genética
teria alguma coisa estragada e eu ia ferrar a criança. Eu também raramente
amor em poucos anos do que recebemos em casa a vida inteira. Suzy saiu
Voltei pouco depois quando ela adoeceu e não tinha ninguém para cuidar
dela.
— Ela se recuperou?
Mas ela faleceu dormindo, sem dor e sem sofrimento. Ela não tinha filhos e
nem ninguém, então deixou a casa para eu e minha irmã. Acho que
— Por que não ficaram na casa quando Suzanna te procurou? Por que
veio para cá?
— Nós a vendemos e dividimos o dinheiro. Ele durou alguns anos, eu
pouco para que eu conseguisse cortar isso e dar um basta. Tipo, ela era
minha irmã mais velha e eu não tinha obrigação de sustentá-la. Isso fez com
que ela saísse da minha vida por alguns anos, até que voltou. Grávida. O
mão.
— Eu não tenho palavras para dizer o quanto sou grato por você.
— Eu sei — sussurrei.
perguntas que nunca teriam respostas. Por exemplo, se nossos pais tivessem
ficado e nos criado as coisas teriam sido diferentes?
Para pior?
Para melhor?
e agradeço por ela ter ido te procurar, por não ter dado o meu filho ou o
abandonado. Eu não sabia que queria tanto ter um até que tive.
Eu encarei nossas mãos juntas, sabendo que aquele era o momento de
— É verdade.
alguns minutos. Eu sabia que ele começaria a falar em breve, mas fosse o
que fosse que ia dizer, não parecia bom. Não se mexia tanto assim com ele.
Minha casa, dinheiro, o melhor plano de saúde, um carro melhor para que
estive ao seu lado quando ela contou para a família, fiz tudo. A única coisa
que não pude prometer foi o meu coração, um compromisso.
Eu tinha um estranho pressentimento de onde aquela história estava
— Você não precisa terminar — falei, mas eu queria tanto que ele
continuasse!
cirurgião entrou e me disse que aquilo tinha ido longe demais. Que tinha
sido um covarde, mas ele assumiria seu filho.
esperando. Achei que ele diria que ela perdeu o bebê, ou morreu em algum
— Ele não quis assumir, então ela aproveitou que eu tinha sido o mais
próximo das datas com ele e empurrou o bebê para mim. Eu assisti o parto
para a casa ainda com a roupa da cirurgia, entrei no quarto todo preparado,
com meus advogados para incluí-lo em tudo o que era meu. Senti seus
forma mais cruel. Eu saí do hospital quando cheguei lá num dia e vi os dois
passeando com o bebê, apresentando-o a todos.
— Eu não acho que uma coisa compensa a outra. Você se via como
— Eu sei, hoje eu sei. Sua irmã apareceu três meses depois. Eu estava
bebendo demais, estava isolado de Faitlyn, que na maioria das vezes sempre
quarto vazio pronto para receber um filho que nunca tinha sido meu, bebia
até dormir. Hoje sei que fui injusto com ela, assim como fui com você.
— Esqueça isso.
— Não, Ari. Tenho cometido mais injustiças com você do que posso
contar.
Eu já estava chorando, mas quando ele disse aquilo, foi que desabei
lágrimas.
— Não imaginei que tivesse sido assim, eu sinto muito pelo que você
passou.
— Nós dois passamos por muita merda até que chegamos aqui, a esse
— E se eu não a tivesse mandado embora, ela não teria ido até você.
Eu não te conheceria.
culpa em você do que lidar com ela. Fiquei irritado comigo mesmo por ter
deixado você ir, aquela situação podia ter acabado de maneiras muito
como uma criança desde sempre. Não é uma mulher com quem eu
consideraria ter algo, nem mesmo uma noite e nunca lhe dei esperanças do
contrário.
Arregalei os olhos.
— Estamos?
Ele sorriu.
Rindo, eu concordei.
— Ah, eu vou.
“você sabe que eu posso ver através de você
eu posso ler sua mente
quem diria que é possível
fazer amor por telepatia”
telepatía, kali uchis
Quando conheci Philip, pensei que ele fosse um monstro, que minha vida e
de Matthew seria um inferno dali para a frente, mas eu estava tão enganada.
Fora as turbulências do começo, ele só me mostrou o melhor. Ele não
A rotina era sempre a mesma, tinha sido assim pela última semana
desde o nosso jantar. Ele levantava, tomava um banho e ia para o seu quarto
se arrumar, pegava Matthew e olhava se ele precisava ser trocado antes de
de que soubesse, e ele parava tudo para fazer amor comigo antes de sair.
sua profissão, e estava tudo bem para mim, mesmo que eu começasse a
sentir saudade desde a hora em que ele saía de debaixo do edredom comigo.
estava sonhando.
mentir para conseguir uma massagem, mas vou ser justa com você.
— Ah, justiça é algo que eu não faria por você, linda. Você é melhor
te sentir.
Ele pegou a barra da sua camisa que eu vestia e a puxou por cima da
minha cabeça.
***
Eu estava deitada na cama com Matthew tomando sua mamadeira e
Philip suspirou.
— Mas...
— Eu vou com Karine. Combinamos que ela seria minha
meu tom de voz quanto em minha expressão que fechou na hora. — Não
tenho muito o que dizer, não é? Ela trabalha com você.
Viviane. Eu só torço para que ela não apronte mais nenhuma das que fez no
shopping, quem sabe da próxima vez seja algo mais difícil de explicar, não
é? E eu acabe realmente tendo que pagar pelas consequências do que ela
poderá fazer comigo por ciúmes de você, obsessão ou o que quer que ela
sinta.
— Você não tem como me prometer algo assim Philip, eu não confio
nela. Não confio nela perto de mim, nem de Matthew e nem de você.
Fiz um bico.
meu dever avisar que será o dia inteiro falando sobre medicina. Entre uma
cirurgia e outra não há muito o que fazer, honestamente.
— Parece chato.
— Imagine algo que você gosta muito e que poderia passar o resto da
vida fazendo.
— O resto da vida?
— Eu sei.
peguei Matthew e fui para a sala, onde uma Viviane sorridente cantarolava,
mas é claro que não tinha nada a ver comigo ou estar na mesma casa que
cobertura como se fosse dona, não me deixei abalar. Por isso, Philip e eu
estávamos construindo algo que ela não tinha como interferir. Que o que
— Eu atendo.
mas eu ignorei. Fui até a porta assobiando, feliz e entusiasmada com o que
— Não, não, sem café. Só vim buscar a Ari. Como sei que meu filho
está fora hoje, é minha missão distraí-la para não vermos o tempo passar.
— É muito fofo da parte dele ter te pedido isso, Sylvia, mas não
precisa. Eu sei que você deve estar ocupada com outras coisas.
— Philip não me pediu nada, querida! Imagina só. E o que poderia ser
mais importante do que passar o dia com o meu neto e sua tia?
— Tem certeza?
agora que tenho meu neto pertinho com você de brinde, não vou
desperdiçar um minuto. Não sei quando Philip vai convencer meu marido a
voltar para Londres, preciso aproveitar cada chance possível. — Ela bateu
— Mas agora?
— Rápido, rápido!
Ela não me deu escolha, empurrando-me até metade da sala para que
eu fosse ao meu quarto. Eu vesti uma roupa casual e aproveitei para usar
uma blusa que tinha aparecido no meu closet. Presente de Philip, é claro.
Ele sempre adicionava algo novo como se eu não fosse perceber, assim não
reclamaria.
lembrava de mim, se gostaria que eu usasse para ele ver. Era fofo e
romântico, duas coisas que eu ainda não conseguia acreditar que Philip
tinha nas veias. Passei apenas um blush, constatando que uma simples
fosse o suficiente, saber que ele tinha dado uma família completa para o
meu bebê fazia meu coração explodir.
Ela desceu cumprimentando todos que passavam por nós, assim como
eu fazia, e Sylvia percebeu que eu também tinha tal costume quando as
— Senhorita.
Quando nos acomodamos, ele seguiu viagem sem que ela precisasse
semana inteira, mas Philip sempre encontra uma desculpa. Soube que ele
não tem ido ao hospital também, pelo menos não além de rápidas passagens
Ela falava rápido, várias coisas de uma vez e ainda alternava a voz
entre uma de adulta e a de bebê, como se estivesse incluindo Matthew na
— Isso é ótimo, mas eu quero que saiba que não importa o que
aconteça, eu estou do seu lado. Estou no seu time, Ari. Como é que os
podia dizer aquele tipo de coisa a ela. Não éramos íntimas, ainda que ela
gostasse de mim. Ela percebeu minha hesitação e abriu um grande sorriso,
levando a mão à boca.
é boa, eu vejo isso. Eu sinto. Sou muito sensitiva com as pessoas e Rick
vive dizendo que é bobagem, mas acredito demais em energias.
— Eu também acredito!
história de Philip e eu espero que ele te conte um dia, mas passamos por um
período sombrio nos últimos tempos. Pensei que fosse perdê-lo.
alívio, Ari.
— Por quê?
— Porque ele não contou nem para mim. Eu tive que ir ao hospital e
descobrir por boatos o que tinha acontecido. Ele me afastou, afastou seu pai
e também Edward, que era seu melhor amigo. Isso causou uma rachadura
enorme na família e por um tempo eu pensei que não tivesse mais solução.
Até que poucos meses atrás ele ligou brevemente e disse que estava com
saudades. Depois eu soube porque ele ligou e porque estava parecendo mais
leve.
Cortava meu coração saber que não só Philip, mas toda a família
— Eu realmente sinto que tudo isso tenha acontecido. E fico feliz por
você não é tia dele, é mãe. E uma mãe das boas! Obrigada por tudo, pelo
meu neto, pelo meu filho de volta e por você que independente do que
acontecer com Philip, é parte dessa família. Eu sou a principal torcedora
para que dê certo, mas qualquer obstáculo na jornada, saiba que minha casa
está à sua disposição. Jovem linda e brilhante. — Ela apertou minhas mãos
mãe dele. Ele se parecia mais com minha irmã do que comigo, ele nasceu
dela, mas eu sentia aquele garoto em minha alma e meu coração. Ele era
Eu o acolhi.
Eu cuidei dele.
Eu criava.
eletrônicos e também no carrossel, que ele amou as luzes. Deixei até que
fosse no tobogã.
Matthew se divertiu tanto e eu tirei incontáveis fotos para que Philip
visse. Enviei uma para ele na hora, nela, o bebê andava apoiado no
querida, sei que estou ficando velha e preciso me cuidar. Mas também
penso em largar mão e aproveitar o resto da vida que me sobra.
Eu fingi que não ouvi, porque ela estava sonhando muito alto.
também adorou, mas dormiu no finalzinho. Quando dei por mim já eram
dez da noite.
demorar. Por que você não vai comigo até a casa de uma amiga buscar
Olhei para Matthew dormindo em meu colo, mas concordei. Não era
sempre que fazíamos longos passeios, e eu nunca fui do tipo super regrada.
— Ok — concordei.
pelúcia.
— Está tarde não é, querida. — Eu sorri meio sem graça, não queria
atrapalhar a noite das duas. — Eu acho melhor levá-la para a casa.
— É claro.
— Pare com isso, você sabe que amo sua companhia, e agora temos
cumpri-la.
— Eu também acho.
ficava cheio assim há tempos. Se antes nas raves e fazendo fotos quando eu
sonhava em estar estampada em outdoors, já ficava feliz… hoje eu podia
carrinho e a bolsa.
Eu ia deixá-lo com seu pai para tomar um banho e deitar com eles, e
qualquer jeito.
Ele estava deitado na cama com o peito nu, com o lençol cobrindo-o
da cintura para baixo. E ao seu lado, também nua estava Karine.
Eu não tinha outra opção e esperava que o que ela disse sobre estar ao
meu lado fosse verdade.
— Querida, eu estou vendo que não está conseguindo falar, mas desça
o elevador com calma e nos espere no saguão, ok? Não saia do prédio.
Estarei aí em cinco minutos.
— O-ok.
Voltei ao térreo.
Philip e Karine.
ter perdido a hora de uma cirurgia que já tinha sido desmarcada uma vez.
Eu odiava falhar com meus pacientes. Pior do que ter uma cirurgia
dar, mas como dizer a um paciente que faltou por estar de ressaca?
Fiquei apenas na água com gás a noite toda. O que diabos aconteceu
comigo?
ela se tornou tudo o que eu precisava para ficar aliviado, e não apenas no
sentido sexual.
Conversar com ela, rir e apenas vê-la se tornou o melhor remédio para
Ela deu um passo atrás para ir para a cozinha, mas eu segurei seu
pulso. Estava completamente nua e aquilo me irritou ainda mais.
— Eu mal bebi!
— Não era isso que seu estado dizia, querido. — Ela tentou se
aproximar outra vez e tocar meu peito. — Tive ainda mais certeza de que
— Você reluta por causa da minha mãe, mas ela sabe que sou
apaixonada por você desde que nos conhecemos!
— Você não me conhece para ser apaixonada por mim. Não diga
bobagens, inferno.
você mais ama para que passássemos mais tempo juntos, Phil.
— Isso é doentio, Karine. E a única coisa que eu vejo aqui é que algo
aconteceu. Não se esqueça que eu posso testar meu sangue e confirmar que
minha casa e faça um favor a si mesma e suma do meu hospital antes que
eu a faça sair!
— Ela é uma puta aposentada que cuida do seu filho, mas eu posso
cuidar dele muito melhor. Se você quiser abandono a faculdade para ser
mãe em tempo integral. Você quer alguém dependente? Eu posso me tornar,
Phil! — Ela agarrou meu pescoço, tentando me puxar para baixo e eu
— Tire a porra das suas mãos de mim. Saia daqui. Coloque sua
cabeça no lugar e suma. Eu não quero ver você pintada em minha frente.
erguida. Eu saí pouco depois, torcendo para que Ariana não tivesse visto
aquilo.
— Foi um mal-entendido.
Ignorei meu irmão porque nada de bom viria de uma discussão com
ele naquela hora.
— Ah, eu vi. — Edward sorriu sem humor. — Mas por que não tenta
ligar? Talvez ela considere te deixar ver Matthew antes de sumir no mundo.
— Não diga bobagens.
— Eu diria que a cena na sua cama era bem clara. Fui olhar para não
restar dúvidas quando mamãe me ligou e mesmo que eu não seja a mulher
com o coração partido por sua causa, ainda assim, me senti enojado com o
que vi.
— O que você acha que viu não aconteceu e outra, eu não devo
explicações a você. A única pessoa com quem preciso falar sobre isso é
com a Ariana e se ela não está eu não vou ficar aqui perdendo tempo com
você. Onde ela está? — Eu queria gritar, socá-lo, mandá-lo embora e pedir
mim. Sabe que só conseguirá uma chance com ela se eu estiver fora da
jogada.
Edward me observou de perto, balançando a cabeça como se estivesse
— Não seja idiota, Philip. Não estou falando dela! — Eu parei por um
verdade. Eu tinha afastado ele, minha mãe e meu pai. Nós sempre fomos
uma família unida. Nunca fui o tipo de homem sombrio que se escondia
cheio de segredos, mas me tornei ao ganhar um filho e perdê-lo em seguida.
Ter meu sonho realizado e depois tê-lo arrancado de mim. Foi como se
Ariana…
Eu precisava encontrá-la.
ama eu estarei ao seu lado para fazê-la ver que merece uma segunda
chance, mas se realmente ferrou tudo… não posso. Ela é uma garota boa,
Philip.
contra. Sinto muito pelo que você passou, Philip. — Ele se aproximou
passo a passo até que estava em minha frente e segurou meu ombro. Vi em
seu pulso uma corrente fina que eu o presenteei em nossa primeira viagem
pais.
— Somos família.
Meu irmão sempre foi gentil, paciente, o oposto de mim. Sempre fui
diariamente.
Eu suspirei, frustrado.
— Na casa dos nossos pais, mas está cedo, vamos deixar que Ari
Inferno!
Edward sorriu.
Estreitei os olhos.
— Não posso dizer isso. Ela é linda, engraçada pra caralho e muito
dedicada, mas eu soube que ela era sua assim que a vi.
— Ela é perfeita. Eu sabia que um dia ia querer me casar, ter filhos e
Menos…
Me apaixonar.
— Philip, não vou deixar que saia daqui antes disso. Portanto, pense
no que vai dizer a ela e se acalme. Eu vou falar com mamãe e ver se o
— Então será uma bela morte, irmão. Ela parece valer a pena.
— Ela vale — confirmei sem dúvidas e sem precisar pensar na
afirmação.
Fui tirada da cama cedo pela falta de sono. Estava cansada, mas o
medo de dormir e sonhar com Philip e Karine era maior. Não consegui
pregar os olhos por mais de dez minutos, acordava assustada, corria para
procurar Matthew e só então me lembrava que ele dormia no quarto com os
avós.
por que Philip tentou me iludir e enganar se não pretendia ter nada comigo,
não era o suficiente para ele, a culpa não podia recair em mim.
Me apaixonei por aquele homem e agora via que da parte dele tudo não
passou de um engano. Talvez eu tivesse sido uma piada. A tia do bebê fácil
amor.
Eu odiava homens como Philip, e agora o odiava. Entendi porque
Suzy queria que eu ficasse longe dele com o meu sobrinho.
— Você e meu filho estavam juntos, sinto pelo que aconteceu. Philip
— Também sinto — sussurrei. Ele acabou com algo que podia ter
sido bonito.
— Sei que ele virá aqui em breve e vocês vão poder conversar.
Neguei veemente.
— Não quero conversar com ele. Essa é a última coisa que passa em
minha cabeça. Tenho um respeito enorme por você e Rick, mas Philip... eu
não quero o ver nem pintado. Vou dar um jeito em minha vida e encontrar
cobertura, ficará aqui. Você e meu neto e nem adianta tentar discutir
comigo.
amam.
— Mas eu não falo apenas por Matthew. — Chegando mais perto, ela
segurou minha mão. — Falo por você. Não sei onde sua mãe está, querida,
mas todos precisam de alguém. Eu vou garantir que esteja bem e em
— Mas eu...
interminável.
senti mais em casa do que nunca. Era tão diferente de encontrar Viviane
todas as manhãs. Acho que era assim que uma família deveria ser.
Alívio e paz.
— É pra já. — Ele deu um beijo no rosto dela e acenou para mim. —
Bom dia, Ari. Me diga como gosta dos seus ovos.
ele começou a rir. — Ele diz que faz essa combinação melhor que qualquer
um.
naquela manhã pude ver seu cuidado. Talvez o Todo Poderoso tivesse
decidido que eu merecia um pouquinho mais de atenção.
— Você não vai conseguir me segurar aqui por muito mais tempo, me
deixe sair.
— Eu te falei que vamos às dez horas. Não vamos sair de casa antes
Ele suspirou.
Percebi tarde demais que me resolver com meu irmão não foi uma
boa ideia, ele sempre foi intrometido, extremamente grudento e eu só me
lembrei disso agora, com ele ali me perseguindo e me fazendo seguir suas
Eu queria vê-la logo, falar com ela o mais rápido possível e deixar
claro que o que aconteceu na noite anterior não passou de um engano.
— FILHO DA... — ele gritou, mas já era tarde para dar uma resposta,
comigo, na casa dos meus pais, na minha casa tomando café com eles,
que imaginou.
que ele entrasse e me visse, mas já era tarde e além de tudo ele não fez
nenhum movimento para levantar. Parecia até que queria que o filho fosse
até nós. Ricky piscou para mim como se dissesse que eu podia contar com
ele em seu esquema de cupido fraudulento
Se era por Matthew ou por pensar que eu não estaria mais disponível
como sua funcionária vinte e quatro horas por dia com benefícios sexuais,
garganta
facilmente.
ficaria por perto sempre para fazer suas vontades, você ainda insiste em
um mentiroso!
— Eu vi você na cama com ela mesmo quando ela fez o que fez
comigo!
— Você acha que viu alguma coisa, mas não foi bem assim. Eu não
posso entrar na sua cabeça e te mostrar como tudo aconteceu, mas preciso
minha vida que nunca falei para ninguém você vai acreditar que eu não
faria isso, não quando pouco antes eu estava fazendo planos com você.
fácil, me faz querer coisas que eu nunca quis antes, tem um poder sobre
mim que eu nunca deixei que ninguém tivesse e isso não é bom, eu não
gosto de estar vulnerável com você.
— E você acha que eu não fico vulnerável com você? Ariana eu abri
tempo de te mostrar o melhor, não me tire isso, não vá embora sem me dar
outra chance.
implorei por muitas coisas e ele nunca me deu razão. Talvez em um outro
momento quando meu coração estivesse mais calmo eu poderia lhe ouvir,
e não foi por maldade. Eu apenas ainda não me via fazendo dele a minha
prioridade outra vez.
algumas horas com a desculpa de querer passar o tempo com Matthew, mas
trabalho. Parecia um teste de sanidade para mim, vendo que ele era lindo de
todos os jeitos. Tinha dias que chegava atrasado e quase não conseguia
tomar mais do que um rápido café e Sylvia uma vez o questionou sobre.
— Você tem estado atrasado, tem dormido menos para fazer todo o
trajeto daqui até o hospital, filho. Pare com isso ou começará a prejudicar
seu bem-estar.
Eu me senti mal, mas o que podia fazer? Não o obrigava a fazer tal
Quando ele foi embora naquele dia eu e Sylvia não falamos sobre,
afinal, ela estava levando muito a sério a promessa de Team Ari. Ainda que
fosse seu filho do outro lado da moeda, mas eu via o quanto ela queria me
aconselhar a conversar com ele e tentar fazer as coisas se ajeitarem.
horrível. Aqueles esforços eu não podia mais ignorar. Depois de oito dias
morando com seus pais e fazendo de tudo para fingir que não me importava
com ele, eu caí na real de que não podia mais fazer isso. Precisava encará-
lo.
Peguei meu celular assim que Matthew fez a pausa para sua soneca e
algumas coisas das quais precisava. Avisei Sylvia, junto com um rápido
decisões quanto ao meu filho, eu só preciso dizer que nunca vi Philip assim,
lutando tanto por algo ou alguém. Você tem mudado o meu filho, Ari. Ele
sempre foi ótimo, mas o que está fazendo com ele é algo a mais.
— Nós vamos conversar e descobrir uma solução para tudo isso, por
minha nova fase fitness, afinal, eu precisava de algo para manter minha
cabeça ocupada e longe de Philip, então começaria a me dedicar a coisas
para mim.
tentativa, certo?
imaginando que tivesse vindo na hora que viu minha mensagem. Perto da
porta as vozes estavam altas, e além de Sylvia quase gritando, tinha uma
segunda voz — que reconheci imediatamente.
— Você pensa que está, mas eu ainda não disse nem a metade. Se
— Todos aqui sabem que essa mulher quase foi presa? Sylvia,
honestamente. — Karine me apontou o dedo, cheia da razão. — Uma
entender.
levei para procurar um presente, eu quis ser gentil e levá-la para passear...
que me calei, mas não porque mandou e sim pelo choque e pela raiva que
senti. Se ninguém ia me defender, eu precisava fazer por mim mesma.
— Karine, vá embora — disse Philip. Seu tom era cortante, frio e não
isso. Eu roubei seu neto no hospital, fugi de seu filho e sim, um segurança
encontrou uma joia em minha bolsa, mas ela — apontei para Karine —, a
meu caminho.
acho que a moça que cuidou do meu neto mesmo sem meios para isso
roubaria alguém. Conheço você há anos Karine, mas... parece que não te
atrás dos meus sonhos, para lutar por tudo o que eu quisesse!
— Eu disse isso quando pensei que você tinha a cabeça no lugar. Mas
agora vejo que só colocaria Philip em risco. Se o conhecesse, saberia que
ele jamais deixaria uma mentira como essa ser o pé inicial de uma relação.
Por respeito a todos os anos de sua mãe com essa família, vou pedir que se
retire da minha casa.
— Sylvia...
todos, ela colocou a bolsa no ombro e saiu. Talvez agora ela acreditasse que
Sylvia me abraçou.
— Não magoe essa menina outra vez, ela é o tipo de nora que eu
sonhei.
— Obrigado pela dica, mãe. Assumo a partir daqui.
— Isso tudo foi inesperado — falei, sem ter mais o que dizer.
— Philip, eu vi.
aplicado no hospital. Ela me levou para a casa e montou uma cena. Eu tive
anos para dormir com ela, porque faria isso agora?
— Eu não sou um homem que cai em tentação. Caí com você, é claro,
mas eu não te magoaria. Principalmente depois daquele jantar onde te falei
coisas que nunca dividi com ninguém. Depois dos últimos dias vividos
que quando encontrasse a pessoa que me tiraria do eixo, ficaria apenas com
ela. E isso aconteceu, Ari. Você está aqui.
bom começo.
volta. Apenas o encarei pelo que pareceram horas. Philip riu, balançou a
Que também o amava, que cair na tentação foi a melhor coisa que fiz,
que tudo o que eu devia ter feito era resistir a ele, para honrar as vontades
da minha irmã, mas nem isso importava mais. Me apaixonei tão rápido que
parecia surreal. Em uma outra vida talvez eu teria sido uma Karine para um
homem como Philip, mas nessa... eu estava tão apaixonada por ele do jeito
certo.
fôlego. Eu me divertia com ele como nunca, nem nas baladas e festas mais
famosas. Eu não sentia tanto êxtase quanto sentia com Philip.
— Você acha que teria se apaixonado por ela como fez por mim?
— E Jheni?
quando meu irmão te levou para sair eu caí na real. Quis matar Edward de
tanto ciúme. Comecei a imaginar as infinitas possibilidades de você com
ainda mais perto de seu peito, enrolando meus braços em seu peito e
pescoço. — Está pronto para isso? Para nós?
— Eu não entendo nada disso, mas imagino que seja uma referência
positiva.
Ele era todo meu e estava apaixonado por mim, como dizia minha
irmã; uma completa doida varrida.
Eu não esperava tal gesto dele. Nunca tinha nem comentado que a
Eu acreditava que minha irmã podia ver, ouvir e sentir tudo o que
formas simples. Por isso, quando me pegavam falando sozinha, era sempre
com ela. Suzanne poderia me ouvir e saber que ainda que não tivesse sido
perfeita, eu encontrei perdão para ela. Ter me dado Matthew foi a chave
Queria que soubesse que houve perdão pelo abandono e pelas falhas,
— Philip, você não precisa — falei quando ele abriu a porta para
mim.
Era mentira, ele não se importava com Suzy e eu não julgava seus
sentimentos, ele não a conheceu. Ele só queria que eu tivesse alguém para
estar lá.
fomos de mãos dadas andando bem devagar até o corpo enterrado de minha
irmã.
— Você não tem que se explicar para mim. Eu te trouxe aqui para
consertarmos isso juntos. — Philip abriu o casaco e tirou duas folhas de
papel. — Suzanne, não tive a chance de conhecê-la muito bem e não escutei
muitas histórias. Parte disso é por sua irmã achar que te odeio ou que vou
perder a cabeça se ouvir seu nome, mas a verdade é que sou grato a você.
Minhas razões são egoístas. Eu sou egoísta. — Ele me observou cheio de
Ariana não passaria despercebida. Não há nada que eu possa dizer a você.
Eu deveria ter sido um homem melhor.
— Ela está assustada agora, não sei se você pode ver isso. Mas eu
vim aqui para pedir na sua frente que ela faça uma escolha. Se quer
que eu, não importando o que aconteça conosco. Pode soprar uma resposta
no ouvido dela, Suzanne? — Ele piscou e sorriu. — Ari, quer assinar a
adoção de Matthew e ser a mãe dele além da vida e coração?
errado?
Nós não fomos para a casa naquela noite, ao invés disso, Philip me
levou a um restaurante chique — com as roupas de cemitério, o que nos fez
rir como dois criminosos — e me alertou que o lugar era reservado pela
presença de muitos famosos que frequentavam.
Eu achei que ele estava brincando comigo até estar comendo a
sobremesa e ver Bella Hadid entrando com The Weeknd.
— Como é que você sabe tanto sobre essas pessoas? Eu não faço
ideia de quem ela é.
Parei de rir quando ele fez a piadinha idiota que sempre insistia em
contar.
— Por que contaria? Era algo que eu queria ouvir de você sem
com você.
— Ah, mas isso eu também sou. Como por exemplo, sei que se
esperarmos até que eles terminem de comer, podemos pedir uma foto.
mundo do pop Philip podia ser. — Eles não gostam disso. Não são
obrigados a interromper sua privacidade para dar atenção aos fãs.
pra ver.
2 ANOS DEPOIS
Meu bebezinho fazia aniversário hoje. Era louco como a vida corria
quando tudo ia perfeitamente bem e num piscar de olhos, eu estava
médicos por todos os lados e modelos que conheci nos últimos anos de
trabalho. Meu agente, que fazia tudo por mim, também se juntou a nós.
Ele tinha paciência comigo como ninguém. Dizia “Ari, como vai se
tornar a próxima Giselle Bundchen se não faz sacrifícios?” quando eu não
— A vida não é sobre sacrifícios, Alpha, é sobre viver cada parte dela
adoção do bebê, eu achei que era loucura, mas segui em frente. Eu o amava
tanto.
pouco.
Fala sério.
Já estava escrito.
Levei três dias para dar meu “sim”, e eu o gritei com doses de
Matthew e me levou em uma nova casa, duas vezes maior que a cobertura.
Tinha até mesmo um estúdio fotográfico quando eu quisesse trabalhar em
aqui e agora. Nós podemos procurar outra casa se não gostar dessa. Eu
queria dizer que não vou ser sempre perfeito e tenho minhas falhas, mas
pau místico.
do seu jeito, mas deu certo. Nós fazíamos dar certo diariamente.
aquário buscar Dory, porque ela é sua melhor representação e acabei vendo
Betty sozinha no mesmo lugar — eu comecei a rir —, eu confiei nela,
pensei que conseguiria subir e fazer amigos por lá, mas acontece que foi
preciso uma forcinha. Esse pequeno aquário vai forçá-la a se conectar com
Nemo e Dory.
de constatar isso.
fora. Ele me viu pela janela de vidro do chão ao teto do hall. Corri para
encontrá-lo.
— Ota veiz?
— Mamãe vai te parabenizar muitas vezes! Não brigue comigo, vem
cá me dar amor.
— Não, mama.
— Eu trouxe e ele está logo ali com o tio Edward, por que você não
vai pegá-lo? Antes que tia a Faitlyn o roube e se esconde em algum lugar
dentro de casa.
força.
— O Hellboy é legal.
— Não mais do que o Deadpool.
— Isso é o que você diz, mas você já é velho. Eu sou nova e sei o que
digo. Agora com licença, eu tenho convidados para encantar com minha
presença.
cintura.
— Não!
banheiro e eu na cozinha.
começasse a chorar com aquelas pequenas coisinhas fofas que ele dizia.
— Isso é porque você é uma droga cozinhando — ele disse de um
jeito fofo, como se não quisesse me irritar. Eu estapeei seu braço, mas não
podia acusá-lo de ser mentiroso. Eu era horrível na cozinha e desisti depois
ajudar após algumas aulas que não deram certo. — Mas é perfeita em várias
outras coisas.
— Tipo o quê?
— Pescando elogios?
dizer que quer o divórcio vou mandá-la dormir. Amanhã é outro dia.
fica assim…
— Assim como? — o interrompi. — Já viveu com alguma mulher
ninguém antes de mim que ele tivesse chegado a ter tanta intimidade.
Não era egocêntrico da minha parte reconhecer que eu fui seu melhor
Alguns de seus amigos ouviram e deram risada, porque ele não fez
crianças. Claro que iam querer aproveitar a festa. Eu mesma não saía de
uma festa até que não houvesse mais comida.
Possible.
vida. Tudo bem que foi a única que conheci de verdade, mas ele era muito
maluquinho. Seu pai dizia que tal parte da personalidade foi desenvolvida
todinha por influência minha. Eu gostava de pensar nisso, que ele teria as
— Claro que é, linda. Eu sempre te digo isso — ele fez uma pausa —,
quer dizer, tem vezes que você é meio fora da casinha, mas, ainda assim,
— Philip... — alertei.
Ele riu.
— Espera! Então você não acha que foi um caso de sorte eu ter me
dado bem com Matthew? Ele já era uma criança incrível sozinho ou eu
raio não cai duas vezes no mesmo lugar, né? Quais as chances de eu ter
criado uma criança superlegal por sorte e fazer outra tão bacana quanto? Ou
falando?
plano. Quer dizer, talvez fosse, mas se não... é isso. Podemos estar
esperando uma criança porcaria que gosta de Capitão América ou Hulk, ao
— Claro que não, Ari. Eu estou com você pra tudo. Seremos eu, você,
— Então, você concordou, acha que vai ser mesmo uma criança
porcaria?
— Bem, se for, nós podemos interná-lo num hospício até ele ficar
maluquinho como a mãe e o irmão e vamos pegá-los de volta.
pra não querer parecer nós dois — eu continuei, levando a sério as opções.
— Podemos fazer uma simpatia. Você conhece alguma bruxa ou algo
assim?
Philip e Matthew.
— Meu Deus.
— Que uma fada nasce cada vez que um bebê dá risada?
— O que eu quero dizer é que algum bebê perto daqui sorriu, porque
eu tenho uma fadinha ou um vagalume crescendo dentro de mim.
— Isso não é algo que precisa ser dito, Dory. É óbvio para todos.
Me lembrei de algo que Philip disse sobre Betty, que ela podia até
ficar no fundo das águas sozinha por um tempo, mas quando resolvesse
subir e fazer amigos, ela começaria a se conectar, então seria amada como
nunca imaginou antes.
Não podia nem o cobrar porque àquela altura ele já teria usado para
pagar seus traficantes para não morrer, ou comprou mais drogas com outro
— Sim.
— A corrida ficou…
— Ei, que isso! — ela gritou lá de dentro. — Aqui não tem três
não lhe dando tempo de engolir que era eu e fechei a porta, encostando-me
na madeira.
Respirei fundo. Fechei os olhos. A barriga nem tinha começado a
crescer e eu já não aguentava uma corridinha daquelas. Eu estava tão
fodida.
— Ouvi dizer que você estava morando por essa área — falei para a
— Suzanne?
— Anos!
vez.
— Não roubei, foi só uma corrida e nem foi tão caro assim.
— Moço?
— Garota, você viu uma mulher alta e loira com umas roupas velhas?
— Ela me deve!
— Quanto é?
O velho disse o valor e eu ouvi atenta para ver se não passaria a perna
nela, mas ele falou exatamente o que tinha marcado no taxímetro. Os dois
preocupação e insegurança.
— Eu sei que esse não foi o reencontro que você deve ter imaginado,
mas…
— Não?
não fico atrás do passado quando preciso me preocupar com meu presente
diariamente.
— Foi mal — falei sem culpa. Eu entendia seu lado, mas eu fiz o que
tinha que fazer. Também quis correr atrás do meu naquela época, e ela
acabou sendo prejudicada, mas pareceu se virar bem sozinha.
encarei isso como uma segunda chance. O pai dele é muito rico.
— Ah. — Ela riu sem humor. — Estou vendo que a sua segunda
chance vem de um lugar muito profundo, né? O bolso do pai.
Eu apenas a encarei. Será que ela não percebia que se eu tivesse outra
— Suzanne, cai fora. Eu não queria te ver anos atrás e não quero
agora também.
Sabia que não era certo jogar com chantagem emocional, mas sempre
funcionou com ela. Ariana era a boazinha, esperançosa de nós duas. Ela era
Porém, eu não era ruim, sabia que estava levando problemas à sua
porta quando ela não tinha uma situação excelente de vida, mas estava
— Eu precisei de você.
— E aí agora o quê? Vai me dar as costas? — Deixei por um curto
momento que ela visse minha preocupação e o medo do que seria de mim lá
fora se não me deixasse ficar, e quando ela suspirou e abaixou a cabeça,
conhecer de novo.
Ela falava sério e eu não tinha para onde correr. Me sentei na cadeira
à sua frente e pensei em como amenizar as palavras duras que eu tinha pelas
próximas horas.
proteger o meu potinho de ouro na barriga até que meu bilionário fosse me
buscar.
Sentia muito por Ariana, mas nem tudo era sobre família, amor e
Ela estaria livre de mim em breve. Eu levaria meu filho e meu futuro
Eu sorri.
Love uuuuuu
Não esqueça de AVALIAR!!!!!!