Você está na página 1de 565

AVISO

A presente tradução foi efetuada por um grupo de fãs da autora, de modo a


proporcionar aos restantes fãs o acesso à obra, incentivando à posterior
aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação
no Brasil, traduzindo-os de fã para fã, e disponibilizando-os aos leitores fãs
da autora, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para os leitores fãs adquirirem as
obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam ser
lidos, a não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de
muitos autores desconhecidos no Brasil.
A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras,
este grupo de fãs poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário,
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos,
daqueles que forem lançados por editoras brasileiras.
Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o
download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se
de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de
tradução dos grupos, sem que exista uma prévia autorização expressa dos
mesmos.
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso
incorreto e ilícito do mesmo, eximindo este grupo de fãs de qualquer
parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por
aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente
obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art.
184 do código penal e lei 9.610/1998.
PROIBIDA A VENDA.
É PARA USO GRATUITO.
DE FÃS PARA FÃS.
Tradução, Revisão e Design

Oleander

Lyssa

Dany

Despina

Sabrina

Dezembro 2022
FIERCE

Série Rosewood High


Livro 4

Tracy Lorraine
Série Rosewood High
Sinopse
Todo mundo pensa que me conhece... mas estão errados.

Sem medo por fora - uma mentira.


Sou uma fraude, escondida atrás de uma máscara de perfeição. Minha
realidade muito diferente.
A capitã.
A líder.
A Abelha Rainha.
Nada disso é real - tudo apenas uma ilusão.
Percepção é tudo e eu a uso para conseguir o que quero, quando quero,
recusando-me a deixar alguém ficar no meu caminho.

Até que ele me mostra que não é o homem que eu esperava. Ele não é
apenas o quieto... o inocente.
Mas aquele que finalmente arranca a máscara e olha abaixo da superfície. O
único que me vê, me pega, me desafia.
Ele já mudou minha vida de uma forma que eu nunca esperei. Meu segredo
pode nos construir ou destruir, mas de uma coisa tenho certeza... vou
protegê-lo ferozmente.

Esse é o meu verdadeiro eu.


Chelsea Fierce1.

A garota por trás da máscara com tudo a perder.

Você está pronto para conhecer a verdadeira Abelha Rainha e o garoto que
vira seu mundo de cabeça para baixo?

1
Feroz.
Andy e Amelia
xoxo
Capítulo 1
CHELSEA

Olho pela janela para o prédio onde passei as últimas oito semanas da
minha vida e por mais que eu odeie o lugar, não posso deixar de desejar
estar de volta. É seguro lá. As pessoas me entendem. Eles não me olham
como se eu não pertencesse, como se eu fosse um pedaço de merda no
sapato deles depois de todos os erros que cometi.

Minhas mãos tremem no meu colo enquanto as paredes de tijolos cinzas


desaparecem à distância enquanto meu motorista se dirige para minha casa.

Casa. É uma palavra engraçada. É para ser um lugar onde você se sente
seguro, amado, protegido. Você está destinado a sentir que pertence.

Nunca senti nenhuma dessas coisas. Mesmo antes de ter idade suficiente
para saber que as coisas ao meu redor não estavam certas, eu sabia. Mesmo
agora estando em um lugar onde esses sentimentos deveriam vir facilmente,
eles não vêm. Meu passado está muito enraizado. O medo muito real depois
de todos esses anos.

Eu solto um suspiro enquanto a expectativa corre através de mim pelo


que encontrarei esperando por mim. Meus pais me visitaram semanalmente
depois de me mandarem “fazer uma pausa”, como eles dizem. Eles fizeram
parecer que estavam me fazendo um favor, mas depois do drama que causei
a eles, tenho certeza que o fôlego era mais para eles do que para mim.
Derek e Honey são os pais perfeitos no papel. Acho que é por isso que
eles se inscreveram para adotar crianças quebradas todos esses anos atrás. É
uma pena que essa adolescente quebrada não se encaixe em sua vida
perfeita.

Fiz tudo o que pude para me tornar uma pessoa com quem as pessoas
gostariam de passar o tempo, de quem querem ser amigos. Mas eu ainda
assim acabei como uma pária. Ok, admito, a maior parte disso é minha
culpa. Passei as últimas oito semanas refletindo sobre todos os meus erros,
sobre minhas fraquezas. Os conselheiros parecem pensar que eu virei a
esquina e sou forte o suficiente para mostrar meu rosto em um lugar onde
todos me odeiam. Eu, por outro lado, não tenho tanta certeza.

Eu penso em como foi meu último ano na Rosewood High até


agora. Perdi o cara que eu queria desde que me lembro para uma
supermodelo. Eu droguei a dita supermodelo na minha tentativa de ele me
notar mais uma vez como ele fez naquela noite no verão. Quando isso não
funcionou, passei para seu melhor amigo na esperança de deixá-lo com
ciúmes. Errado. Tudo o que resultou foi meus pais me mandando embora
para descansar.

Todo mundo me odeia e estou prestes a voltar para aquela escola como
se nada tivesse acontecido. Tem desastre escrito por toda parte. Mas o que
mais devo fazer?

Eu me recuso a me acovardar. Eu sou mais forte do que isso. Eu sou a


porra da Chelsea Fierce.
***

Meus pais deviam estar na janela esperando minha chegada. Eles


queriam vir me buscar, mas eu recusei, sabendo que precisaria desse tempo
para tentar me ajustar.

Os sorrisos em seus rostos são largos, mas eu não sou estúpida, eles
estão tão preocupados com isso quanto eu, se não mais.

Eles fizeram tudo por mim. Na verdade, eu não poderia pedir pais
melhores, mas suas visões tradicionais sobre as coisas tornam minha quebra
de regras ainda pior aos olhos deles. Chegar em casa bêbada é um grande
pecado, além das outras coisas com as quais os forcei a lidar.

Sugando uma enorme quantidade de ar, empurro a porta e saio.

— Chelsea, é tão bom ter você em casa, — mamãe canta, correndo em


minha direção com os braços abertos.

Ela me envolve em seu abraço e, pela primeira vez desde que vi aquele
prédio desaparecer, um nó sobe pela minha garganta e lágrimas queimam
meus olhos.

Eu estava segura lá. Ninguém queria me machucar. Ninguém queria fazer


de mim uma pária por meus erros como tenho certeza que esta cidade
inteira quer.

Não sou ingênua o suficiente para pensar que o que aconteceu naquela
última noite ficou dentro das paredes da casa dos Savage. Tenho certeza de
que todos sabem o quão decepcionante eu sou, o quanto eu estou
arruinada.

— Tudo ficará bem, — ela sussurra no meu ouvido, soando um pouco


emocionada. Ela me entrega ao meu pai, que me dá um abraço muito mais
breve de um braço só. Ele não é realmente o tipo sensível como mamãe,
então até mesmo esse gesto é muito para ele.

—Temos uma surpresa para você lá dentro.

Eu tenho um pensamento fugaz de que eles podem ter alguns amigos


que vieram me encontrar, mas eu o afasto instantaneamente. Perdi minha
equipe no momento em que deixei cair aquela pílula na bebida de Amalie, e
na de Mason. Foi estúpido. Eu estava desesperada. Eu só queria que alguém
me quisesse.

Eu balanço minha cabeça. Minhas desculpas significam merda


nenhuma. Meu comportamento foi imperdoável, e é por isso que ninguém
da minha equipe estará aqui. Elas vão virar as costas para mim tão rápido
quanto eu corri da casa de Ethan naquela noite.

Eu poderia ter passado toda a minha vida em Rosewood High tentando


ser a capitã do time de torcida, precisando do título, do prêmio para me
fazer sentir que pertenço, mas não sou estúpida o suficiente para pensar que
o resto das garotas não estavam fazendo algo similar.

Sim, nós tínhamos as costas umas das outras. Fizemos o papel de sermos
melhores amigas. Mas a realidade era que éramos todas tão falsas quanto os
outros. Nenhuma delas sentirá minha falta. Eu não preciso olhar nada além
do meu celular para saber que é o caso. A única pessoa que se incomoda em
entrar em contato é Ethan. A culpa me enche por ignorar suas tentativas de
verificar se eu estava bem, mas eu não estava no estado de espírito certo
para falar com alguém de Rosewood. Eu ainda não estou, mas parece que
tenho pouca escolha sobre isso agora.

Sigo meus pais pelos degraus até à varanda e entro em casa. Ambos
parecem animados com o que quer que esteja dentro para mim. Eu, no
entanto, não sinto nada disso. Medo é o que enche minha barriga.

O andar de baixo parece vazio - eu estava certa sobre a equipe - então


espero que eles se voltem para as escadas. Mas quando não fazemos isso,
fico completamente confusa.

Papai sai pela porta dos fundos aberta, e mamãe e eu o seguimos. Olho
em volta, mas tudo está como me lembro. Isso é até papai abrir a porta da
casa da piscina, é então que vejo que as coisas mudaram.

Então eles decoraram a casa da piscina. Eu realmente deveria ficar


animada com isso?

— Hum... eu não entendo. — Meus níveis de irritação estão começando


a subir. Tudo que eu quero fazer é cair na minha cama e esquecer que estou
de volta. Eu realmente não preciso dar minha opinião sobre o tom de creme
que mamãe escolheu para as paredes.

— É para você, — papai diz, apontando para o espaço além.

— Você decorou para mim. Por quê?

Mamãe pega minha mão e me leva para o novo sofá no centro da sala de
estar.
Com ambas as minhas mãos nas dela, ela solta um suspiro.

— Este é um novo começo, Chelsea. Para todos nós. Sabemos que fomos
duros com você, tínhamos expectativas irreais. Nós amamos você, mas
também sabemos que temos sido um pouco arrogantes em nossa
necessidade de protegê-la. Não notamos que você é uma jovem agora que
vai embarcar em sua vida sem pais muito em breve. E por mais que odiemos
que nosso tempo juntos esteja chegando ao fim, sabemos que precisamos
aceitar isso. Você não é mais nosso insetinho, mas uma bela jovem que tem
o mundo a seus pés.

— Então isso é para você. Movemos todas as suas coisas do seu


quarto. Você tem sua própria chave da porta da frente. — Papai a tira do
bolso e a entrega. — Há comida e bebidas na geladeira junto com tudo o que
você pode precisar.

— Eu... hum... eu não entendo. — Eu não posso negar que isso parece
incrível, mas eu estava esperando chegar em casa e me encontrar trancada
no meu quarto e só ter permissão para frequentar a escola para as aulas no
futuro próximo.

— Isto é para você. Queremos que você possa ter seu espaço para fazer
o que quiser. Você tem dezoito anos agora, Chelsea, — ele diz, me
lembrando que eu fui forçada a comemorar meu maior aniversário naquele
lugar. — Achamos que assumir o controle de sua vida a ajudará. Nós...

— Nós só estaremos na casa, e ainda é sua casa, não vamos te expulsar


nem nada, — mamãe acrescenta, claramente não tão a bordo com esse
plano quanto papai.
— É claro. Você é nossa filha. Nós te amamos, mas chegamos à conclusão
enquanto você estava fora que estamos te sufocando. Então nós fizemos
isso.

Olho em volta, agora vendo alguns dos meus enfeites e molduras que
não notei quando entrei.

Um sorriso genuíno rasteja em meu rosto. É um sentimento estranho, já


que todos os que eu dei por tanto tempo quanto me lembro foram falsos.

Tudo menos naquela noite, uma pequena voz gorjeia, mas eu a


derrubo. Não penso naquela noite. Nada de bom pode vir do que aconteceu
naquela noite.

— Vocês estão falando sério?

— Nós estamos. Sabemos que as coisas estão tensas, mas esperamos


que, ao dar a você espaço, você possa continuar com tudo em que está
trabalhando sem que estejamos respirando em seu pescoço.

Pela segunda vez em menos de quinze minutos, lágrimas queimam meus


olhos. Não estou acostumada com essas emoções avassaladoras. Eu prefiro
ser a garota dura como as garras que todo mundo tem medo, não a fraca
emocional em que me transformei.

— O...obrigada, — eu sufoco.

— Vamos deixar você se instalar. Nós dois estamos em casa o dia todo se
você precisar de alguma coisa. Eu te darei um grito quando o almoço estiver
pronto.
Os dois se levantam para sair, mas mamãe se vira antes de chegar à
porta e me puxa para outro abraço.

— Estamos tão orgulhosos de você, querida.

— Obrigada, mãe.

— Você vai ao jogo hoje à noite?

Eu solto um suspiro. Hoje é o último jogo do campeonato estadual. Além


das finais da torcida, é o dia pelo qual eu ansiava mais do que qualquer
outro. Eu sabia que nossos meninos poderiam fazer isso – ou algo assim que
Jake poderia fazê-lo - nunca houve qualquer dúvida em minha mente, e eu
adoraria vê-los levantar aquele troféu.

— Não tenho certeza.

— Seu uniforme está lavado e passado no armário. É hora de recomeçar


sua vida novamente.

Eu aceno contra ela, e ela me libera para explorar minha nova casa.

Eu giro no local, um sorriso rastejando em meu rosto e excitação


borbulhando na minha barriga. Basicamente, tenho meu próprio
apartamento; isso não poderia ser mais perfeito. Bem, na verdade isso não é
verdade, muitas coisas poderiam ser muito melhores agora, mas pelo menos
eu tenho um pouco de privacidade enquanto eu tento descobrir minha
merda.

Olho em volta antes de caminhar em direção ao quarto. O pintaram de


um roxo profundo, minha cor favorita. Eu corro minha mão sobre o edredom
e empurro o confortável e luxuosso colchão de espuma de memória. Acho
que vou gostar disso.

Enfiando a cabeça no banheiro, descubro que o tema roxo continua e


que tenho uma suíte novinha em folha e o que parece ser um chuveiro com
cascata.

Talvez voltar para casa não seja tão ruim.


Capítulo 2
SHANE

Eu sento no banco do vestiário antes do nosso jogo final. Os outros caras


estão andando de um lado para o outro, parecendo nervosos, mas tudo o
que ouço são as palavras do meu pai de mais cedo.

“Este é o momento com que sonhamos, filho. Esta é a nossa noite. Vá lá e


deixe-me orgulhoso. Mostre a esses olheiros.”

Tudo é sobre ele. Sobre seu sucesso e como ele pode ficar bem. É
exaustivo pra caralho.

Olho para todos os outros.

Eu quero isso tanto quanto eles, é claro que eu quero. Mas a pressão
para ser o melhor, para continuar com o nome Dunn, para ir para uma
faculdade da Ivy League e depois conquistar a NFL é demais. Mesmo se fosse
isso que eu queria, seria demais.

Eu quero ir para a faculdade, com certeza. Eu nem me importaria de


jogar futebol americano universitário, mas não é o meu futuro. Não importa
o quanto papai tente ignorá-lo, não sou tão natural quanto ele e meus
irmãos.

— Tudo bem, senhoras. Venham aqui, — o treinador chama, e todos vêm


correndo. Alguns olham para o chão enquanto a pressão da noite é demais
para eles, outros parecem animados e prontos para uma luta. — É isso,
rapazes. É para isso que vocês trabalharam toda a sua vida. Vocês vão se
lembrar para sempre desta noite. Agora, teremos certeza de que é pelas
razões certas, não é?

Os que não estão perdidos em suas próprias cabeças respondem, mas


isso não é suficiente para o treinador. — Eu não ouvi vocês, porra,
senhoras. Vamos fazer isso, porra?

— Sim, treinador.

— Vamos, podemos fazer melhor que isso. Nós somos os fodidos


Rosewood Bears, — Jake grita, voltando à vida e estimulando seu time da
maneira que ele sabe melhor. Eu encaro meu capitão, aquele que nos levou
a este ponto, e como sempre minhas opiniões sobre ele duelam. Ele é um
idiota, ninguém negaria isso, e além de sempre pegar o que eu quero, tenho
certeza de que há um cara decente em algum lugar. Amalie parece pensar
assim, e ela é incrível, então… — Agora, faremos isso?

O barulho de todos ao meu redor é alucinante. A emoção é palpável, os


nervos estão à solta, mas acima de tudo isso é a crença de que podemos
fazer isso.

Eu posso fazer isso.

Eu posso fazer isso por mim. Não para o meu pai.

Não pelo nome Dunn ou para provar que sou tão bom quanto eles.

Eu posso fazer isso por mim. Afinal, alguma coisa tem que ir do meu
jeito, porra, pelo menos uma vez.
— Vamos fazer isso, — alguém grita enquanto nos movemos em direção
às portas que nos levam para o campo para o nosso jogo final juntos.

Alguns de nós jogamos juntos desde a liga infantil, faz muito tempo e
merecemos esse sucesso.

O bater de pés reverbera através de mim antes que os aplausos da


multidão tomem conta. Os caras continuam em frente, mas não posso deixar
de desacelerar para aproveitar o momento. O estádio está cheio até à borda,
a maioria vestindo o vermelho dos Bears, mas há uma massa significativa de
azul ao meu lado.

Todo mundo está de pé gritando e gritando por sua equipe.

É realmente muito sério fazer parte de algo tão grande.

— Dunn, que porra é essa, cara? — Zayn esbarra no meu ombro quando
ele passa por mim, me forçando a continuar em direção ao amontoado que
está se formando na nossa metade do campo.

Estou quase lá quando nossas líderes de torcida chamam minha


atenção. Meu estômago dá um nó como sempre que as vejo. Mas ao
contrário de antes, agora é por um motivo diferente. A pessoa que eu
procuro não está mais lá. Sua equipe a deixou para trás, na maioria dos dias
é como se ela nunca tivesse existido.

Algo desconfortável puxa minhas entranhas, mas a raiva começa a


queimar através de mim. Eu não tenho ideia se é pelo jeito que elas
permitiram que ela desaparecesse como se ela não fosse nada, ou por como
ela machucou aqueles com quem eu me importo, mas está lá, no entanto.
Estou prestes a ir para onde os caras estão esperando por mim quando
as líderes de torcida se separam e um flash familiar de cabelo escuro chama
minha atenção.

Minha respiração vacila, e eu paro no meu caminho enquanto espero


que ela se vire para me ver.

Mas ela não o faz.

— Todo mundo, — Jake grita, me arrastando do meu torpor.

Corro para me juntar à minha equipe e me espremo com


eles. Normalmente quando estamos assim antes de um jogo, somos as
únicas pessoas que existem, o mundo lá fora para, a torcida desaparece e
focamos no jogo, nos nossos companheiros, na nossa vitória. Mas isso está
longe de como estou me sentindo agora. Minha cabeça está girando com
perguntas e meu sangue está fervendo de raiva. Todo mundo pensa que eu
sou o quieto, o calmo, e principalmente isso é verdade. Mas há algo nela que
me faz esquecer tudo isso e enlouquecer.

— Campeões em três. Um. Dois. Três.

Eu luto para puxar minha cabeça para fora da minha bunda e me


concentrar no que eu deveria estar fazendo.

— CAMPEÕES.

Nós nos separamos, tomamos nossas posições, ouvimos o som do apito


iniciando o jogo, mas é tudo um borrão.

Sempre que posso, estou olhando para as líderes de torcida,


desesperado para saber se ela está olhando para mim, embora eu saiba que
ela não está. Eu sentiria se ela estivesse. O que é óbvio toda vez que olho é o
fato de que ela não está mais na frente e no centro de seu próprio time, mas
mais à margem. Eu vejo o jeito que as outras garotas olham para ela. Parece
que elas não estão impressionadas com o reaparecimento de sua capitã,
assim como o resto da escola quando descobrirem que ela está de volta, eu
imagino.

Algumas semanas podem ter se passado, mas não foi tempo suficiente
para alguém esquecer o que ela fez. Não tenho certeza se qualquer
quantidade de tempo será suficiente para alguns.

Eu luto para entrar no jogo por todos os sessenta minutos, felizmente


meu corpo faz o que deveria estar fazendo enquanto minha mente está de
volta ao meu quarto todas aquelas semanas atrás. Disse a mim mesmo que
precisava esquecer. Que foi um momento de loucura que nós dois nos
arrependeríamos, mas não posso. Não importa o que eu faça, não consigo
esquecer.

A vitória é eufórica, especialmente depois que parecia que íamos ficar


em segundo em um ponto. A culpa já estava começando a crescer que teria
sido minha culpa por não estar totalmente focado, mas como posso estar
com ela ali mesmo?

Ganhar um jogo sempre é incrível. Mas nada pode me preparar para o


momento em que soar o apito final nos anunciando os campeões
estaduais. É completamente alucinante.

Cada um de nós se vira e corre para Jake, precisando comemorar como


um, como um time. Eu posso ter passado muito do meu tempo tentando me
separar de alguns desses caras, mas agora. Nós somos um. E nós acabamos
de esmagá-los.

Estamos todos sorrindo e rindo como idiotas enquanto eventualmente


tropeçamos de volta ao vestiário. Estamos suados, cobertos de lama, mas
ninguém dá a mínima. Tudo o que todo mundo quer fazer é comemorar. Eu
não os culpo, se as coisas fossem diferentes, eu gostaria de comemorar em
grande estilo também. Mas a euforia da vitória de lado, a última coisa que
quero fazer é ir para casa para ver meu pai absorver a glória como se ele
tivesse acabado de vencer nosso jogo final sozinho.

E daí, ele é ex-NFL e pode ter sido o primeiro a me ensinar a pegar e


jogar uma bola. Ele não estava em campo esta noite. Eu estava. Ele não
deveria estar absorvendo a glória, absorvendo a atenção. Eu deveria. Quero
dizer, principalmente é a última coisa que eu quero, toda a atenção em mim,
mas ainda assim. Se eu quisesse, deveria ser minha.

Entramos nos chuveiros, a excitação pelo que o resto da noite pode


trazer vibra ao nosso redor, como as garotas vão nos adorar como heróis no
segundo em que saímos desta sala é tudo sobre o que os caras podem
falar. E embora possa ser uma perspectiva emocionante. Eu sei que terei que
lidar com ela. Ou pior, ela vai me ignorar como se eu não existisse. Não me
interpretem mal, é bastante normal ser invisível. Na maioria dos dias eu
prosperei com isso. Mas ela me ignorou muitas vezes e cometeu muitos
erros.

Todos os outros podem estar com raiva, mas é com o quieto que ela
precisa se preocupar.
A multidão explode mais uma vez quando os caras abrem as portas
duplas que nos levam para fora do estádio. Eles imediatamente são
engolidos pela multidão, que sem surpresa a torcida está na frente e no
centro.

Jake e Mason são imediatamente atacados por suas garotas antes que
Ethan separe a multidão e vá direto para a dele. Ciúme agita em minha
barriga. Não é só porque eu fui atrás de Amalie primeiro, apesar de seus
modos idiotas, até eu posso ver que eles estão bem juntos. Eu estava apenas
tentando me convencer de que eu poderia querer outra pessoa. Algo mais...
normal. Mas acho que não era para ser.

Estou prestes a abrir caminho para encontrar meus pais que, sem dúvida,
estarão em algum lugar perto, meu pai provavelmente dando autógrafos
como se ele tivesse acabado de fazer a jogada final para ganhar o
jogo. Reviro os olhos e cerro os dentes. Nada nunca muda. Eu gostaria de
pensar que quando eu sair daqui em alguns meses serei capaz de viver
minha própria vida, mas isso não é provável que aconteça com meu pai já
tendo faculdades preparadas para mim. Ele e o futebol parecem controlar
cada parte da minha vida. Só porque meus irmãos têm isso fluindo em suas
veias como ele faz e felizmente seguiram seu conselho para começar em
Maddison no ano passado, isso não significa que eu queira o mesmo.

Dou um passo à frente, pronto para afastar as mãos de qualquer líder de


torcida que pensa que tem uma chance comigo esta noite, mas antes de
chegar à multidão, dedos quentes envolvem meu pulso.
Eu sei quem é imediatamente. Não preciso me virar, os arrepios que
percorrem meu braço são provas suficientes.

Ela puxa e eu estupidamente sigo. Eu deveria ignorá-la e seguir em frente


como se ela não fosse nada para mim. Só que ela não é. Não importa o
quanto ela possa merecer. Ela é alguma coisa. Sempre foi.

Ela me puxa para as sombras, longe dos olhos curiosos da multidão


reunida esperando por seus heróis.

— Parabéns, campeão. — Sua voz flui sobre mim como a porra de seda e
faz meus dentes apertarem. Ela não deveria ter esse efeito em mim.

Eu mantenho meus olhos no chão, com medo do que acontecerá quando


eu olhar para seus grandes olhos de chocolate.

—Shane?

Eu dou um passo mais perto. Se ela acha que é porque eu senti falta dela
e quero estar perto, então ela está errada. Isso não passa de um aviso. Ela
mexeu com a minha cabeça tempo suficiente. Está na hora dessa merda
entre nós acabar.

Respiro fundo e me preparo para olhar para ela.

Levantando minha cabeça, minha garganta se fecha um pouco quando


observo sua expressão. Foi-se a garota confiante que pensava que dirigia a
escola, e em seu lugar está a garota que eu sempre soube que estava
escondida.

Para onde ela foi e o que exatamente aconteceu com ela nas últimas
semanas? Eu empurro minha preocupação de lado. Ela não merece.
— Que porra você está fazendo aqui, Chelsea?
Capítulo 3
CHELSEA

Eu sabia que voltar sem avisar não seria fácil, mas nunca imaginei a cara
do meu time quando cheguei para o aquecimento antes do jogo.

Shelly ficou na frente e no centro liderando as tropas. Eu sabia que ela


iria assumir, como minha capitã assistente ela estava sempre com fome de
poder. Ela provavelmente estava latindo ordens antes mesmo de eu estar
fora da cidade.

Cada par de olhos me olhava de cima a baixo, seus lábios se curvando em


desgosto por eu ousar aparecer vestido com meu uniforme e esperando me
juntar a elas.

Esta era minha equipe. Então o que eu deixei? Eu nunca desisti, eu nunca
entreguei oficialmente as coisas para Shelly, eu só tive uma... pausa.

Elas me permitiram torcer pelo jogo, embora nenhuma delas me


quisesse lá. Isso ficou claro o suficiente apenas pelos olhares, mas elas
claramente colocaram muito trabalho em re-coreografar minhas rotinas para
que eu não existisse. Foi embaraçoso, eu só podia esperar que as pessoas
estivessem muito animadas com o jogo para me notar parecendo um
cachorrinho perdido enquanto todas na equipe pareciam ser especialistas.

Eu estava sem prática, eu sabia disso, mas foi ainda mais horrível do que
eu esperava.
Os olhos da equipe perfuraram em mim quando cada um notou minha
aparição repentina. Alguns correram os olhos pelo meu corpo de um jeito
que fez minha pele arrepiar de nojo. Eu sei porque eles fazem isso. A culpa é
minha. Eu sei como agi. O que eu fiz todos eles pensarem de mim.

Foi estúpido. Eu sou estúpida.

Uma vez que a multidão começou a se dispersar e o elenco encerra sua


rotina.

Shelly se vira para mim, o que era meu grupo leal de garotas atrás dela
como um exército. — Você pode ir agora. Ninguém quer você aqui. — Ela me
olha de cima a baixo como ela faria com um dos nerds que costumávamos
brincar juntas e um caroço do tamanho da bola que os caras estavam
jogando sobe pela minha garganta.

— Mas...

— Não. Você perdeu qualquer direito a esta torcida quando começou a


drogar nossos jogadores, — Shelly cospe, com as mãos nos quadris. — Você
não é nada aqui. Você. Não. É. Bem. Vinda. Aqui.

Ela acena com a cabeça para a equipe e elas imediatamente seguem sua
liderança. Todos passam por mim. Ninguém me dá uma segunda olhada
enquanto se dirigem para onde a equipe emergirá. Algumas chegam a bater
seus ombros nos meus apenas para realmente deixa claro seu ponto.

— Foda-se, — eu vocifero uma vez que elas estão fora do alcance da


voz. Lágrimas queimam a parte de trás dos meus olhos, mas eu me recuso a
chorar. Eu sou mais forte do que isso.
Elas não vão me quebrar.

Elas podem pensar que me destronaram, mas elas precisam perceber


que minha coroa não está indo a lugar nenhum, atualmente só está um
pouco torta.

Inspirando profundamente, eu ajeito meu uniforme. Costumava me


servir como uma segunda pele, mas agora... mal posso esperar para sair dele
e vestir algo mais confortável. Isso é algo que eu nunca pensei que diria.

Sigo o caminho que a torcida seguiu alguns minutos atrás. Eu poderia ter
medo de vê-las, mas a reação delas era previsível. Há outra pessoa cuja
opinião sobre eu estar de volta é um pouco mais incerta.

Eu sei que ele me viu. Eu senti seus olhos perfurando em mim quando ele
deveria estar se concentrando no jogo. Foi uma das razões pelas quais eu
quase não vim. Eu não queria tirar o foco de ninguém de ganhar isso, mas
igualmente, eu queria fazer parte disso. Eu trabalhei incansavelmente por
anos para este time e apoiando nossa equipe, eu queria experimentar isso
também. Egoísta? Sim, provavelmente depois de tudo que fiz, mas ainda
estou no último ano desta escola. Eu também quero essas lembranças.

A multidão já é enorme perto das portas de onde a equipe vai emergir,


então demoro um pouco para abrir caminho. Eu também chamo a atenção
com sucesso de alguns alunos que pelo jeito não estavam assistindo o time
durante o jogo. Os olhos se arregalam e os queixos caem com a minha
aparência, mas eu os ignoro. Todo mundo me conhece como uma prostituta
descarada, então essa é a máscara que eu colocarei e darei a eles o que eles
esperam.
Fico na beira da multidão, onde posso ver os caras emergirem e, com
sorte, chamar a atenção de quem eu quero. Meu estômago vibra com os
nervos enquanto espero. A excitação ao meu redor só aumenta à medida
que os minutos passam. Mas nada poderia ter me preparado para a erupção
do barulho quando a porta se abre pela primeira vez.

Alguns dos caras emergem e a multidão enlouquece, engolindo-os na


massa de corpos. O nível de ruído só aumenta quando o capitão aparece
com seus meninos ao seu lado. O sorriso largo no rosto de Jake faz algo
torcer no meu estômago. Mas não é mais ciúme enquanto ele procura
Amalie na multidão. Por muitos, muitos anos, pensei que Jake era para
mim. Quero dizer, o capitão do time de futebol e a capitã do time de torcida
são feitos para ser, certo? Não, aparentemente não. Isso não me impediu de
passar a melhor parte dos últimos anos seguindo-o como um cachorrinho
perdido enquanto tentava fazer qualquer coisa para chamar sua
atenção. Funcionou... uma vez. Eu dei a ele minha virgindade uma noite
quando ele tinha bebido demais. Acho que ele nem percebeu que era o meu
primeiro... ou que era eu que ele estava fodendo, para ser honesta.

Um suspiro passa pelos meus lábios enquanto penso naquela noite. Foi
apenas algumas semanas antes de Amalie chegar e ela o varreu direto de
debaixo dos meus pés. Não que ele tenha me mostrado que havia algo entre
nós, além daquela noite.

Eu estava esmagada. Havia apenas dois caras até àquele ponto que eu
realmente queria e, embora o primeiro pense em mim como uma irmãzinha,
o segundo usou meu corpo e ainda não me queria.
Eu sou realmente tão detestável?

Zayn aparece, rapidamente seguido por quem eu quero.

Meu estômago dá cambalhotas quando vejo seu cabelo loiro


desgrenhado que ainda está molhado de seu banho e sua camisa limpa dos
Bears que se agarra ao seu peito esculpido.

Minha mente me leva de volta à única vez em que me aproximei daquele


peito. Lembro-me vividamente de como eram minhas mãos quando as
pressionei contra seus peitorais para obter alguma alavanca.

O calor enche minhas veias enquanto revivo aquela noite fatídica.

Ele dá dois passos do prédio e meu estômago cai pensando que ele vai
sair andando direto e não me ver. Tomando o assunto em minhas próprias
mãos, eu estendo a mão e agarro seu pulso. Ele para por um instante e eu
entro em pânico por ele estar prestes a se afastar antes mesmo de me
reconhecer.

Ele mantém os olhos no chão por mais tempo. Começo a pensar que ele
vai se recusar a olhar para mim quando levantar a cabeça.

Eu suspiro quando seus olhos verdes se conectam com os meus. Mas eles
não são como eu me lembro. Eles não são macios e gentis. Eles são duros e
zangados, com razão. Meu coração dói quando olho para eles. O garoto que
eu estava desejando se foi?

Minha pele se arrepia com a consciência enquanto nossos olhos se


prendem. Mas quanto mais tempo dura, mais escuro ele fica e os arrepios de
excitação que senti pela primeira vez dão lugar a um tipo
diferente. Temo. Medo de que ele vá quebrar nossa conexão e se afastar de
mim, assim como eu fiz naquela noite. Acho que é o que eu mereço. Não. É o
que eu mereço.

Ele dá um passo em minha direção, e minha esperança aumenta. Ele


pode estar com raiva, mas pelo menos ele vai me reconhecer. Quando ele
desviou o olhar na primeira vez que nossos olhos se conectaram quando ele
estava jogando, doeu. Muito mesmo. Ele é a única pessoa que eu preciso do
meu lado agora. Eu só preciso descobrir como farei isso acontecer, porque
agora, ele parece que mal está se contendo para me mandar de volta de
onde eu vim.

No segundo em que ele está diante de mim, ele envolve a mão em volta
do meu pulso e me puxa de volta para as sombras, longe de olhares
indiscretos. Ah, ótimo, ele tem vergonha de falar comigo. Bom começo.

Reviro os olhos para mim mesma e permito que ele me arraste para
onde ele me quer. — Que porra você está fazendo aqui, Chelsea?

— Esperando por você. — Minha voz é tão doce que machuca meus
próprios ouvidos e me faz estremecer.

— Você realmente achou que essa era a melhor ideia? Ninguém quer
você aqui.

Meu coração cai com a verdade em suas palavras. — Nem você?

Ele olha para mim, sua mandíbula estalando enquanto seus dentes
rangem antes de soltar um suspiro. — Chels.
— Não, — eu estalo. — Não me venha com Chels. Diga-me como é. Diga-
me como você realmente se sente.

— Você não deveria ter aparecido esta noite. Se perdêssemos, teria sido
sua culpa.

— Mas vocês não perderam, não é, campeão? — Dou um passo à frente


e corro minhas mãos em seu peito, desesperada para saber se essa conexão
ainda existe entre nós.

Antes que eu tenha a chance de sentir, minhas mãos são arrancadas.

— Aqui não. Não essa noite.

Seus olhos seguram os meus, seu aviso alto e claro.

Abro a boca para dizer mais, mas ele se afasta antes que qualquer
palavra passe pelos meus lábios.

Seus olhos caem pelo comprimento do meu corpo, um pouco de calor


rasteja neles e afasta a raiva.

Ele se lembra tão bem quanto eu.

— Vá e encontre um membro mais disposto do time. Todos eles querem


comemorar esta noite, e tenho certeza de que ficariam mais do que felizes
em colocar você de joelhos.

Meu queixo cai. Não estou chocada com a sugestão, é o fato dessas
palavras saírem de sua boca que me surpreende.

Ele sempre foi o cara gentil, eu sempre pensei que era


pressionado. Talvez eu não saiba tudo o que há para saber sobre o membro
mais quieto da equipe.
Eu não posso dizer mais porque quando eu volto para mim, ele se foi.

Engolido pela torcida que está muito feliz em comemorar com seus
campeões.

Eu fico onde estou, assistindo a excitação que eu deveria estar no centro


com o coração pesado.

Em pouco tempo, todos começam a se dispersar. As celebrações desta


noite estão acontecendo na casa dos Dunn. Nós não tivemos uma festa
adequada lá – que eu saiba – desde os dezoito anos de Shane, mas
conhecendo seu pai, não estou surpresa que ele queira se encarregar desta
noite.

Mamãe é amiga de Maddie, a mãe de Shane, desde antes de eu chegar


na cidade. Tudo o que acontece sob esse teto é relacionado ao futebol ou de
alguma forma um lembrete do sucesso de Brett e do futuro que ele deseja
para todos os seus meninos. Mamãe sempre brinca sobre como teria sido se
eles tivessem três garotas que não estivessem nem um pouco interessadas
no jogo. Realmente não dá para pensar.

Espero até que a área esteja limpa antes de sair das sombras. Depois de
como Shane estava comigo, eu realmente não quero a ira de mais ninguém.

Eu esperava que ele fosse legal, talvez tivesse algum entendimento


estranho de que eu precisava fazer isso, que eu precisava de um tempo e
que eu tinha que estar aqui para isso.

Eu sei que é loucura pedir isso a ele. Ele não tem ideia de nada, bem
além do básico.
A amizade de mamãe com Maddie e Kelly, a mãe de Ethan, significa que
elas sabem algumas coisas sobre minha vida, algumas das trevas das quais
meus pais me resgataram.

Só porque eu senti que tínhamos algum tipo de conexão naquela noite,


que quando ele olha para mim, ele pode ver mais fundo do que os outros,
isso não significa que ele sabe alguma das merdas que me seguem e por que
eu faço as coisas eu faço.

Ele me vê da mesma forma que os outros. Eu sou descartável para


ele. Apenas uma puta de torcida para usar e abusar quando for a hora certa.

Achei que ele fosse diferente.

Com um suspiro, eu saio para encontrar alguns estudantes e suas


famílias vagando por seus carros, mas ninguém me dá uma segunda olhada.

Eu olho para mim mesma. Nunca me senti tão deslocada ou


desconfortável, mas igualmente, nunca fui de fazer coisas para me dar uma
vida fácil.

Entro no meu carro e ligo o motor. O estrondo corre através de mim e


não posso deixar de me sentir um pouco melhor. Não dirijo desde que saí
deste lugar e, de repente, ter essa liberdade mais uma vez me enche de
emoção.

Eu poderia dirigir e simplesmente continuar. Eu poderia deixar Rosewood


para trás para sempre. Alguém além dos meus pais realmente sentiria minha
falta? Eu duvido muito.

Eu poderia construir minha própria vida e embarcar em um novo futuro.


Eu descanso minha cabeça para trás e solto um longo suspiro.

Realmente não importa se eu ficar aqui ou se eu sair da cidade. A vida


ficará irreconhecível para mim, ao que parece, e não consigo ver isso ficando
mais fácil tão cedo.

Eu deveria dirigir para casa, fazer um chocolate quente e mergulhar na


minha cama na esperança de nunca mais ter que emergir. Mas quando saio
do estacionamento do estádio, não vou para casa. Eu me viro da mesma
forma que quase todos os outros e na direção da casa dos Dunn.

Qual é o sentido de se esconder, eu posso arrancar o Band-Aid em uma


noite, certo?

Visto que provavelmente sou uma das últimas a chegar, não posso
estacionar perto da casa dele. A residência Dunn não é estranha para uma
festa. Inferno, foi onde eu aprendi que eu poderia beber a maioria dos caras
debaixo da mesa e que se eu os tocasse do jeito certo, então eles se
tornariam como massa em minhas mãos.

Jesus, pareço exatamente como a mulher que me deu à luz.

Um calafrio percorre minha espinha com o pensamento. Acho que é


verdade o que dizem, a maçã nunca cai longe da árvore.

Eu disse a mim mesma que nunca seria como ela. Nunca me reduza às
coisas que ela fez. Eu era muito jovem para saber o que ela realmente estava
fazendo na época, mas eu senti isso. E à medida que envelheci, tornou-se
cada vez mais clara a razão pela qual ela costumava levar todos os caras
aleatórios de volta para o quarto dela e ficar chapada quando eles
finalmente saíam.

Meu estômago se revira quando penso naquele trailer. Ainda me lembro


do cheiro como se fosse ontem.

Eu suspiro quando minhas memórias ficam demais. Estou com meus pais
há mais de dez anos, mas essa vida ainda é tão vívida quanto no dia em que
me mudei para cá.

Parando meu carro a cerca de um milhão de milhas da casa dos Dunn,


abro a porta e saio. Eu puxo meu uniforme na tentativa de me sentir como
costumava fazer, mas é inútil. Temo que não pertenço mais a ele e não
tenho ideia do que isso significa para mim. Ser a capitã era quem eu era. Sem
isso, sou apenas uma garota perdida que parece não ter controle sobre sua
vida, apesar de ser ela quem fez todas as coisas para fazê-la explodir em
primeiro lugar.

Luca e Leon, irmãos de Shane, deram algumas festas enormes ao longo


dos anos. Mas acho que eles nunca ganharam o campeonato estadual
quando ambos jogaram pelos Bears, porque nunca vi nada dessa escala
antes.

Eu me pergunto quanto o Sr. Dunn pagou aos vizinhos para ignorar isso
esta noite?

Carros lotam sua rua normalmente tranquila, há pessoas em todos os


lugares, alguns se deslocando para participar da festa, outros apenas
observando a comoção e provavelmente se perguntando o que diabos está
acontecendo.
Ao virar a curva final, tenho que contornar os carros para chegar perto da
casa.

— Jesus, — murmuro quando encontro uma van da imprensa e um


monte de repórteres amontoados no jardim da frente. Mas não estou
surpresa ao encontrar Brett na frente e no centro das atenções. Ele vive pela
a fama.

À medida que me aproximo, encontro os gêmeos com sorrisos largos e


orgulhosos em seus rostos e seus braços jogados em torno de um muito
relutante Shane.

Esta é a sua ideia de inferno, não preciso ver a expressão de dor em seu
rosto para saber disso. Ele fez tudo o que podia para ficar fora dos holofotes
ao longo dos anos. Isso é coisa do pai e dos irmãos, não é dele.

Brett continua conversando, apesar do fato de que as perguntas


provavelmente são sobre o jogo desta noite.

Eu fico ao lado, escondida nos arbustos enquanto Brett continua a ser o


centro das atenções até que quatro outras pessoas se juntam a eles. A
imprensa imediatamente se afasta do pai faminto de fama de Shane em
direção a Jake e Mason, que ambos têm suas meninas presas firmemente ao
seu lado.

Aquela pontada de ciúmes que senti mais cedo me atinge. Eu quero que
alguém me abrace com tanta força.

Só uma vez. Isso é pedir muito?


Jake e Mason respondem a perguntas, mas não parecem totalmente à
vontade com isso.

Eles precisam de Ethan. Ele gostaria desse tipo de atenção da mídia.

É estranho não ver os três juntos.

Arrependimento me enche por não responder às mensagens que ele me


enviou nas últimas semanas. Eu sei que Kelly foi embora e foi egoísta da
minha parte não perguntar como ele estava lidando com tudo. Preciso
lembrar que enquanto minha vida está desmoronando, a dos outros
também.

Em algum momento, Shane consegue escapar porque quando eu me


arrasto dos meus pensamentos, ele não está em lugar nenhum.

Tomando isso como minha sugestão para também entrar, dou a volta na
árvore e ando pelos fundos da casa.

Há pessoas em todos os lugares. A maioria dos quais não reconheço


como estudantes de Rosewood.

Enquanto faço meu caminho para a cozinha, recebo mais do que alguns
olhares de reprovação. Eu mantenho minha cabeça erguida e sorrio de volta.

Sim, eu cometi erros. Muitos deles. Mas me recuso a me encolher diante


dessas pessoas que de repente parecem pensar que são melhores do que eu.

Eu encontro um refrigerante na cozinha e tomo enquanto olho ao redor


da sala. Todos conversam e riem como se não tivessem nenhuma
preocupação no mundo.
— Espero que você tenha colocado algumas de suas próprias pílulas
nisso, — Shelly late, vindo para ficar na minha frente.

Ela tem Victoria e Krissy atrás dela. Todos as três têm as mãos nos
quadris e olhares ferozes em seus rostos.

— É engraçado, — Krissy fala, quebrando a tensão crepitante entre todos


nós. — Achei que tínhamos deixado claro que você não era bem-vinda aqui.

Eu empurro do balcão e entro no espaço de Shelly.

— Oh sim. E você provavelmente deve se lembrar de quem lhe deu seu


lugar na equipe, — eu falo para Krissy. Ela não era nada antes da sua
audição. Eu fiz dela o que ela é hoje. Fui eu que permiti que ela participasse
desse tipo de festa e saísse com o time de futebol.

— Krissy merece seu lugar no time. Muito mais do que você faz agora, —
Shelly late, falando por Krissy, que fica furiosa atrás dela.

— Senhoras, senhoras, senhoras. Guarde as garras, hein? — Zayn diz,


deslizando ao meu lado e envolvendo o braço em volta do meu ombro e me
fazendo estremecer. Eu sei que é minha culpa que os caras pensem que são
donos do meu corpo, que eles têm o direito de me tocar, mas eles realmente
não têm. Não mais. — Tenho certeza de que o Chelsea tem um motivo para
estar aqui que não envolve drogar todos nós.

— Foda-se, — eu digo, empurrando seu braço de mim e me afastando


deles.

— Aqui está, Chelsea. Eu fiz uma bebida para você. É um coquetel


especial, especialmente para você. — Um sorriso perverso puxa os lábios de
Zayn enquanto ele estende uma xícara para mim. — Vá, beba. Veja como
você gosta.

Ficamos parados, presos em nosso olhar. Ele me desafiando a aceitar e


eu implorando para ele não me obrigar.

— Não, — eu grito, não tirando meus olhos dos dele.

— O que há de errado, Chelsea? Você é boa demais para beber seu


próprio veneno? — Ele levanta uma sobrancelha.

— Eu não estou bebendo isso. — Meu estômago se revira com o


pensamento.

— Prove para nós que você sente muito, que você pertence aqui. Vamos
lá, a Chelsea que eu conhecia nunca recusou uma bebida. Começaremos a
pensar que há algo errado com você.

Meu coração bate forte e minhas mãos tremem. Não posso deixar esses
idiotas verem por baixo da minha máscara. Odeio fazer isso, mas sei que não
há outra saída.

Eu encaro Zayn um pouco mais, realmente o estudo. Ele não é um cara


mau. Ele não sai do seu caminho para machucar as pessoas, especialmente
as meninas. Eu realmente duvido que ele tenha colocado algo naquela
bebida.

Acho que estou prestes a descobrir.

— Tudo bem, — eu respondo, tomando a bebida e engolindo de uma


vez.
Os olhos das garotas se arregalam enquanto Zayn continua me
encarando.

A doçura explode na minha língua no segundo em que o líquido atinge e


eu imediatamente sei que é apenas suco de fruta. Ainda está para ser visto
se há alguma droga nele embora.

Eu me sinto fraca por fazer isso. Eu não deveria me curvar a eles. Eu


preciso ficar forte. Concentra me no que eu quero e porque estou aqui.

Eu olho de volta para Zayn e mantenho seu olhar sombrio. Ele


geralmente é o curinga, mas agora seus olhos têm uma perversidade que eu
não tenho certeza se já vi. Ele levaria as coisas tão longe? Acabei de entregar
o jogo em suas mãos?

Meu estômago revira e me preocupo que estou prestes a vomitar em


meus próprios pés. Não querendo mostrar qualquer tipo de fraqueza. Eu dou
um passo à frente.

— O que você está tentando provar, Hunter? —Eu atrevo, estalando meu
quadril para fora.

Seus lábios superiores se curvam de uma maneira que eu não estou


acostumada quando estou tão perto dele antes que ele me dispense com
uma inclinação do queixo.

Olhando para o lado, encontro Shelly e Krissy me encarando com adagas.

Precisando fugir de seus olhares ardentes e cheios de ódio, giro nos


calcanhares e corro.
Eu empurro as pessoas de lado enquanto seus sussurros altos demais,
todos direcionados a mim, enchem meus ouvidos.

— Por que diabos ela está aqui?

— Ela não sabe que não a queremos aqui?

— Karma vai chutar a bunda dela no próximo ano.

— Ela parece uma puta.

— Ela engordou.

— Por que achamos que ela era tão bonita?

Todos eles giram em torno da minha cabeça enquanto eu luto para


encontrar uma fuga. Eu não deveria ter vindo aqui.

Eu deveria ter dirigido para casa, ou melhor, apenas continuado.

Finalmente, saio da sala lotada e saio para o corredor, alcançando a


maçaneta da primeira porta, entro e dou um suspiro de alívio.
Capítulo 4
SHANE

Tudo nesta festa é exatamente como eu temia. É para comemorarmos


uma temporada de sucesso e conquistarmos o campeonato, mas,
previsivelmente, papai está fazendo isso por ele.

“As habilidades e o sucesso de Shane dependem de mim. Eu me


certifiquei de que ele tivesse uma bola nas mãos desde o dia em que
nasceu. Eu o fiz praticar. Eu o encorajei a se juntar ao time. Eu, eu, eu, eu, eu,
eu...”

Estou farto disso.

Tudo é sobre ele. Sobre sua carreira na NFL, sobre seu sucesso como pai,
sobre sua riqueza.

A fúria borbulha em minhas veias enquanto eu empurro todas as


pessoas, a maioria das quais eu nunca vi antes na minha vida, para encontrar
algum espaço, um pouco de paz.

Se eu soubesse que ele teria a porra da imprensa aqui esperando por


nós, então eu nunca teria voltado. Mas eu precisava ficar longe
dela. Daqueles grandes olhos escuros que fazem coisas nas minhas
entranhas. A maneira como eles praticamente imploraram para eu dar a ela
uma chance, para ouvi-la.
Eu posso ser o único que fará isso. Ela pode nunca ter querido admitir
isso, mas ela está na minha vida há mais tempo do que qualquer um
imagina, graças às nossas mães. Mas ela precisa perceber que eu não sou
fácil como ela pensa que sou.

Embora Chelsea possa ter passado toda a nossa vida escolar me


evitando, fingindo que não sou nada para ela, ela passou horas sob esse
mesmo teto, principalmente saindo com meus irmãos, mas também comigo
de vez em quando. Conheço as coisas que ela mantém escondidas do mundo
exterior. Eu até tive um vislumbre da garota real escondida sob a casca dura
de vez em quando. E são esses pequenos vislumbres que me fazem voltar
atrás, porque ela me chama de uma maneira que não posso ignorar.

Eu caio na cadeira atrás da mesa do meu pai e olho ao redor da sala.

Sua carreira é exibida com orgulho em todas as paredes, bem como nas
prateleiras. Há camisas, pôsteres, troféus, tudo para lembrá-lo do sucesso
que ele é toda vez que olha para cima. Mas isso não é tudo. A jornada de
seus garotos de ouro até ao topo também é exibida com orgulho. Fotografias
de Luca e Leon em suas primeiras camisas, uma bola entre eles que é maior
que os bebês quase recém-nascidos. Imagens deles jogando na liga infantil,
orgulhosamente segurando seus primeiros troféus, e uma série de outras
fotos semelhantes até eles agora jogando pelo Maddison Panthers.

O que é gritantemente óbvio enquanto estou sentado aqui, ignorando a


festa que está bombando do outro lado da porta, é a única evidência de que
eu existo.
Deixo escapar um longo suspiro, descanso minha cabeça para trás e
fecho meus olhos na tentativa de bloquear tudo. Mas tudo isso me
fode. Minha realidade ainda está batendo ao meu redor. Eu deveria estar me
divertindo, me divertindo com o sucesso do nosso time. Mas não, estou me
escondendo como uma porra de uma boceta.

O som da porta se abrindo arrasta minha cabeça para baixo de olhar para
o teto e quando olho para cima, a pessoa que está encostada nela é a última
que eu esperava ver.

A raiva que já estava começando a me dominar atinge todas as alturas ao


vê-la.

— Que porra você está fazendo? — Eu vocifero, empurrando a cadeira


com tanta força que ela bate contra a parede atrás de mim.

Seus olhos arregalados e assustados encontram os meus. Se eu não


estivesse tão perdido em minha frustração sobre esta noite, então eu
poderia ver seu choque, mas eu não vejo, tudo o que vejo é vermelho.

Perseguindo em direção a ela, meus punhos se curvam ao meu lado. —


Eu lhe fiz uma pergunta.

Ela engole, a pele de seu pescoço longo e fino ondulando.

— Eu precisava respirar.

Eu não paro até estar bem na frente dela.

— Você não era bem-vinda em primeiro lugar.

Seus olhos chocolate já escuros escurecem ainda mais com minhas


palavras. — Tenho certeza de que esta é uma casa aberta esta noite.
— Sim, para qualquer um, menos você, — eu estalo.

— Mas...

— Não há mas aqui, Chelsea. Você fodeu tudo. Fodeu pra caralho.

— Sim, e peço desculpas, tudo bem?

Uma risada amarga cai dos meus lábios. — Não. Não está tudo
bem. Primeiro você drogou Amalie, e depois não ficou feliz em causar todo
aquele drama, você teve que ir atrás de Mason. Que porra você estava
pensando?

Seus olhos se estreitam. Eu sei que estou chegando até ela e que a
melhor coisa para nós dois seria mandá-la embora, mas agora que
começamos, não consigo parar, e parece que ela também está no mesmo
humor.

— Ah, esqueci sua obsessão pela supermodelo.

— Eu não sou obcecado por ela. Ela é apenas uma pessoa decente,
diferente de outra pessoa que eu conheço.

— Pfff. — Ela revira os olhos para mim e eu perco a cabeça.

Estendendo a mão, pego seu queixo entre meus dedos e aperto.

— Você não pode voltar aqui depois de desaparecer do nada e esperar se


encaixar de volta, — eu fervo.

— Ninguém se importa que eu saí. — Ela tenta desviar o olhar, mas eu a


seguro no lugar e encontro seus olhos mais uma vez.
— É isso que você realmente pensa? — Eu pergunto, meus olhos
perfurando os dela.

— Bem, ninguém queria que eu voltasse tão claramente ninguém sentiu


minha falta.

Algo torce no meu peito, mas me recuso a dizer a ela que passei as
últimas semanas tentando descobrir onde diabos ela estava. Eu estava ciente
de que Ethan sabia, mas ele não estava dando essa informação por
nada. Nem minha mãe.

—Ah, eu não sei. Tenho certeza que alguns dos caras sentiram sua
falta. Havia uma puta a menos para chupar seus paus com você fora.

— Foda-se, Shane. Você está apenas com ciúmes.

— Sério? — Eu rio. — Você acha que eu estou com ciúmes desses


idiotas?

Lágrimas começam a se acumular em seus olhos, e isso alimenta algo


dentro de mim. Algo sombrio que eu realmente não quero reconhecer, mas
sou impotente para continuar.

— Aquela noite só aconteceu porque eu queria ver qual era o grande


negócio.

Ela suspira.

Eu me inclino para que meus lábios roçam a concha de sua orelha. Ela
estremece, mas está prestes a aprender que não haverá nada de prazeroso
nisso. — Tudo o que ouço é quão bem você chupa, quão apertada sua
boceta é. Achei que seria uma pena ser o único da equipe a não
experimentar isso.

— Não, — ela chora.

— O quê? Você acha que eu realmente queria você naquela noite? —


Uma risada amarga ressoa na minha garganta. — Você me ofereceu isso em
um prato. Você realmente achou que eu recusaria?

— Shane, — ela avisa. — Não faça isso.

— Não faça o quê? Tratá-la como a vagabunda barata que você é? Você
não é nada, Chelsea. Ninguém quer você aqui. Agora caia fora.

Um soluço ressoa em sua garganta, mas ela de alguma forma consegue


evitar que as lágrimas que enchem seus olhos caiam.

Ela me encara por um instante antes de puxar o rosto do meu aperto e


abrir a porta.

No último minuto, ela se vira.

— Você está mentindo, Shane. Eu sei que você está mentindo. — É então
que suas lágrimas caem, mas ela corre antes que eu tenha a chance de fazer
qualquer coisa.

— Porra, — eu grito na sala, mas o som é engolido pela música alta vindo
da porta escancarada.

Uma grande parte de mim grita para persegui-la. Para puxá-la em meus
braços e dizer a ela que ela está certa. Que eu estava mentindo. Mas não
posso. Não essa noite. Talvez nunca.
Chelsea não me quer. Ela deixou isso bem claro em muitas ocasiões.
Inferno, na maioria das vezes ela nem quer ser associada a mim.

Eu sei tão bem quanto ela que aquela noite entre nós não significou
nada. Nós dois estávamos bebendo. Noah e Tasha tinham desaparecido no
andar de cima, e eu estava completamente lívido por ele estar trepando com
Camila. Chelsea estava lá. Uma distração de ir e reorganizar o rosto de um
dos meus melhores amigos por desrespeitar uma das minhas amigas mais
próximas e a garota que eu achava que ele estava apaixonado.

Precisando fazer algo além de se esconder no escritório do meu pai. Eu


atravesso a porta aberta e vou em busca de um pouco de álcool. Qualquer
coisa para me impedir de perseguir Chelsea e fazer o que eu realmente
quero fazer.
Capítulo 5
CHELSEA

Consegui me controlar até que eu estava em segurança dentro do meu


carro. Todo mundo dentro daquela casa pode não me querer lá, mas eu
estarei fodida se eu mostrar a qualquer um deles que eles estão chegando
até mim.

Solto um suspiro trêmulo e olho para a frente com os olhos embaçados.

Eu realmente não sabia o que esperar de Shane. Ele sempre foi o quieto,
aquele que senta e assiste todo o drama se desenrolar ao seu redor. Eu
pensei que ele provavelmente ficaria com raiva, afinal, ele foi o acusado de
drogar Amalie visto que Jake os encontrou juntos naquela noite. Tinha
funcionado perfeitamente para mim, porque todos acreditavam em Jake e
ninguém se preocupou em procurar outro suspeito. Eu não deveria ter feito
isso. Eu sabia disso na época e realmente sei agora. Mas eu estava
desesperada. Não é uma desculpa, estou ciente disso. Passei muito tempo
com conselheiros enquanto estava fora lidando com a culpa e aceito
plenamente que estava errada e que não tenho desculpas para meu
comportamento terrível. Só tenho que me desculpar e torcer para que pelo
menos alguém me perdoe, ou não sei como será meu futuro aqui em
Rosewood.

Eu me inscrevi para faculdades fora do estado. Eu nunca tive a intenção


de ficar por perto depois de me formar. Mas tudo mudou agora.
Minhas prioridades mudaram. O mais fácil seria ficar. Eu tenho minha
nova casa de piscina e o apoio dos meus pais aqui. Mas se eu esbarro em
alguém que me odeia toda vez que viro uma esquina, então não tenho
certeza se elas são suficientes para realmente me manter aqui.

Uma vez que minhas lágrimas estão enxutas o suficiente para que eu
possa voltar para casa em segurança, eu faço meu caminho de volta.

Não é tão tarde, mas ainda assim a casa está às escuras quando paro na
garagem.

Dou a volta pelos fundos e entro na minha nova casinha.

Dou um suspiro de alívio no segundo em que me tranquei por


dentro. Ninguém pode me machucar aqui.

Ninguém pode olhar para mim como se me odiasse.

E o mais importante, enquanto estou sozinha, ninguém pode descobrir


meu segredo.

***

Eu não durmo muito. Passo a maior parte da noite me revirando,


tentando me acostumar com minha nova cama. É muito macia, muito
confortável e nada parecido com a que passei as últimas oito semanas
dormindo. Isso era como deitar em uma porra de uma pedra comparado a
isso.
O sol acabou de nascer quando desisto e vou em busca de algo para
beber.

Eu faço uma xícara de café e coloco um Pop-Tart na torradeira que meus


pais deixaram para mim. Faço tudo com um sorriso no rosto porque, apesar
de tudo o que está acontecendo fora do meu pequeno santuário, estou
muito feliz com esse pouco de independência que meus pais me
concederam.

Eu preciso desse espaço para respirar para chegar a um acordo com


tudo.

Minha vida virou de cabeça para baixo, por minha própria ação, é
claro. Mas isso é apenas o começo das mudanças que estão no horizonte.

Arrastando em um par de calças de ioga e um moletom grande demais,


abro minhas cortinas e saio para uma caminhada matinal ao longo da
praia. Senti falta do mar enquanto estive fora. Eu normalmente corria, mas
não tenho certeza se tenho isso em mim esta manhã.

Encontrando minha playlist favorita, coloco meu celular no bolso e


coloco meus fones de ouvido para bloquear o mundo ao meu redor e saio.

Sendo tão cedo em uma manhã de sábado, tenho pouca preocupação


em encontrar alguém da escola que possa ser tentado a me afogar no
oceano.

Sinto que respiro pela primeira vez em semanas quando desço na


areia. Eu tiro meus tênis e puxo minhas calças de ioga um pouco para cima
para que elas não fiquem molhadas, e então eu ando até aonde as ondas
estão quebrando na praia.

A água morna envolve meus pés e suspiro de alívio.

Eu me sinto em casa aqui e posso esquecer todas as besteiras e ser


apenas eu. Eu posso fingir por um tempinho que está tudo bem. Que ainda
tenho amigos e uma vida aqui e que não sou a maior fodida que Rosewood
High já viu.

Eu não acompanho o tempo ou a distância que andei, apenas continuo


enquanto o sol começa a subir cada vez mais alto. É final do ano, mas com o
sol forte, logo acabo tirando meu moletom e amarrando-o na cintura
enquanto continuo andando.

Estou perdida em minha própria cabeça, olhando para os meus pés


enquanto eles chapinham na água rasa, então não vejo ninguém se
aproximando até que seja tarde demais.

— Vou começar a presumir que você está me perseguindo. — Sua voz


familiar envia um arrepio pelo meu corpo já aquecido, mas isso não é nada
comparado à quando eu olho para cima e o encontro sem camisa e apenas
com um short de cintura baixa. Sua pele dourada brilha ao sol e seu cabelo
está pingando de suor. Tenho quase certeza de que nunca o vi tão bonito.

— Ah sim, eu dormi do lado de fora de sua casa ontem à noite e te segui


até aqui. Culpada, — eu digo sarcasticamente, segurando minhas mãos em
derrota.

Ele silenciosamente olha para mim e eu odeio que eu não posso ler ele.
Ele me chocou ontem à noite com aquelas palavras cruéis que sussurrou
em meu ouvido. Era tão diferente dele. Mas, novamente, eu nunca
realmente fiz um esforço para conhecê-lo melhor.

Ele tem todo o direito de me odiar. Para dizer as coisas que ele disse. Elas
eram verdadeiras. Eu não comecei as coisas com ele naquela noite porque
eu o queria. Eu estava sozinha. Entediada. Com inveja de Tasha encontrar
essa conexão com alguém que eu estava tão desesperada. Mesmo que fosse
com um nerd como Noah.

O relacionamento deles apenas mostrou que não precisamos nos


apaixonar por um jogador de futebol para encontrar o amor. Talvez eu
tivesse errada todo esse tempo.

Lembro-me de olhar para ele do outro lado do sofá depois que Tasha e
Noah saíram cambaleando da sala para encontrar um pouco de privacidade,
e me perguntei se talvez devesse tentar algo um pouco diferente.

Uma coisa é certa, ele me surpreendeu naquela noite.

Não foi nada como a noite em que perdi minha virgindade com
Jake. Estávamos bebendo, mas não estávamos bêbados, e não parecia que a
única coisa que ele queria era a liberação. Havia mais em seu toque, mais
nas palavras que ele sussurrou para mim. Ele me fez pensar que eu estava
concentrando todos os meus esforços nos caras errados esse tempo todo.

Mas há uma boa chance de que, assim como tudo na minha vida, eu
esteja errada sobre isso também.
— Você... — Ele para e olha para a água. Sua mão sobe e ele envolve os
dedos em volta do pescoço e puxa.

— Você... — Eu encorajo, não querendo que essa troca estranha termine


ainda.

— Puta merda, — ele murmura para si mesmo. — Você está bem? Você
sabe, depois de ontem. — E lá está ele, o cara doce que eu me lembro
daquela noite.

— Vou sobreviver. Você me conhece, descarada, coração endurecido. —


Eu reviro os olhos. Eu não sou ingênua ao que o resto da escola pensa de
mim. Eles pensam que eu sou uma vadia sem coração que só se preocupa
com ela mesma. A realidade está longe disso.

— Chels, você não precisa fazer isso.

— Fazer o quê? — Eu dou de ombros, olhando para os meus pés.

— Fingir que está tudo bem quando na verdade não está.

— Sim, bem. Qual é a alternativa? Todos me odeiam. Ninguém me quer


aqui. E não consigo ver isso mudando tão cedo.

— Você pode culpar alguém?

— Eu nunca disse que eles estavam errados.

— Nem eu.

— Aí.

— O que você quer que eu diga, Chelsea? Tudo sobre o que você fez
estava errado.
— Eu sei.

— E você me deixou levar a culpa por isso. Porque eu já não era um pária
o suficiente com a equipe, você permitiu que eles pensassem que eu era
capaz disso.

— Sinto muito, — eu sussurro, mas está muito baixo para ele ouvir.

— O que é que foi isso? — ele pergunta, estendendo a mão para que eu
não tenha escolha a não ser olhar para ele. No segundo em que seus dedos
se conectam com meu queixo, formigas explodem.

Eu não tenho ideia se ele sente isso também. Só posso esperar que isso
não seja uma coisa unilateral. Mesmo que ele nunca me perdoe, eu gostaria
de pensar que talvez esse tipo de conexão realmente exista.

— Desculpe, ok? Me desculpe, eu fiz isso. Eu estava em um lugar


ruim. Eu não deveria ter deixado você levar a culpa, isso não foi justo.

Ele se aproxima e minha frequência cardíaca aumenta.

Seus olhos deixam os meus por um breve segundo e quando eles voltam,
eles estão mais frios, mais irritados.

— Prove.

— O...o quê?

—Provar. Isto.

— Como?

— Não sei. Use sua imaginação. Mas eu sei de fato que você tem
algumas habilidades que podem fazer os caras fazerem o que você
quiser. Talvez tente isso. — Não há emoção em sua voz. A mudança nele
confunde o inferno fora de mim.

— V...você quer que eu fique de joelhos? — Eu gaguejo, não acreditando


muito no que ele está sugerindo. Eu esperaria isso de alguns dos outros
membros da equipe, mas não de Shane.

Ele arqueia uma sobrancelha com impaciência.

— Aqui? Agora?

— Por que não? É o que você merece.

Meu queixo cai enquanto nos envolvemos em uma batalha silenciosa de


vontades. Onde está o cara doce de alguns momentos atrás?

É outro segundo quando eu ouço. A voz estrondosa que só pode ser de


outro membro da equipe.

— Chelsea, que porra de surpresa ver você aqui. — O braço de Zayn


envolve meu ombro e ele me puxa para seu corpo.

Os olhos de Shane se estreitam para ele, mas ele não diz nada.

— Estou surpreso que você quis mostrar seu rosto esta manhã depois do
jeito que você deixou a festa na noite passada. Todo mundo realmente odeia
você, garota.

É só quando me viro para olhar em seus olhos que me lembro da bebida


que ele me forçou a tomar na noite passada. Eu acho que é seguro assumir
que não havia nada nela.

— Eu sei, — murmuro. — Shane estava apenas sugerindo uma maneira


de eu compensar a equipe.
— Ah sim, o que é isso então?

Rasgando meus olhos dos de Shane, eu me viro para Zayn. Ele está
claramente fora em sua corrida matinal também, mas ele ainda está
vestindo uma camisa.

Meus olhos seguram os dele por um segundo antes de eu fazer um show


de percorrê-los pelo seu corpo. — Você me conhece, Zayn. Eu tenho certas
habilidades que podem compensar as coisas. — Eu uso palavras parecidas
para o que Shane acabou de me dizer para provar um ponto antes de lamber
meus lábios sedutoramente.

Dou um passo em direção a ele e corro meus dedos pelo seu peito antes
de colocá-los sob sua camisa para encontrar seu abdômen. Ele fica tenso
quando eu coloco minha palma contra ele, pronta para deslizá-la sob o cós
de seu short.

Seus olhos se arregalam, mas não sinto falta do calor que os


preenche. Zayn nunca foi de dizer não a uma boa oferta.

Assim que estou prestes a empurrar minha mão para baixo e em sua
boxer, um grunhido baixo vem ao meu lado. Dedos cravam no meu braço e
eu sou puxada para longe de Zayn e em um peito duro e arfante.

— Eu o alcançarei, — diz ele por cima do meu ombro.

Zayn imediatamente acena com a cabeça e corre pela praia.

— Não toque nele, porra. — Sua grande mão pousa no meu estômago e
minha respiração fica presa na minha garganta.

— Você está com ciúmes, Shane?


Ele vocifera novamente quando algo faz cócegas ao redor da concha da
minha orelha. O nariz dele? Lábios? Não tenho certeza, mas foda-se se meus
joelhos não querem ceder.

— Não. Só não quero que mais ninguém te coloque de joelhos antes que
eu termine com você.

Ele pode estar me ameaçando, mas suas palavras enviam uma onda de
calor entre minhas pernas. — Isso está certo? Se a primeira vez foi tão boa
que você precisa repetir, tudo que você precisa fazer é dizer as palavras.

— Não. Não é tão fácil, Chelsea. Isso não é sobre prazer. É sobre
vingança.

— V...vingança? — Eu gaguejo, totalmente jogada para um loop.

— Estou feliz que você esteja confusa porque eu também estou. Minha
cabeça está uma bagunça e é tudo por sua causa.

Algo estala entre nós enquanto sua mão serpenteia pelo meu
corpo. Meus mamilos endurecem quando roçam meu seio esquerdo, mas ele
não para como eu preciso, em vez disso, sua mão envolve meu pescoço.

— Oh Deus, — eu gemo. Eu não quero que isso saia alto, mas foda-se, ele
está me excitando agora com seu domínio. Eu não tinha ideia de que ele
tinha isso nele, mas estou com esse lado de Shane Dunn.

— Você pode querer trancar sua porta porque eu vou atacar quando
você menos esperar. As coisas estão nos meus termos agora. Não nos seus.

Eu estremeço em seu aperto, mas em vez de me dar mais, ele me libera


com um empurrão. Se eu tivesse meu juízo sobre mim, então eu seria capaz
de me segurar, mas ele apenas me tornou inútil e eu caio na areia macia a
seus pés.

— Você parece em casa de joelhos.


Capítulo 6
SHANE

Eu me afasto de Chelsea antes que eu faça outra coisa que me


arrependa. Não tenho certeza do que é sobre ela, mas ela traz um lado
diferente de mim. Um que eu não tenho certeza se gosto. Embora, se a
forma como seu corpo estremeceu contra o meu aperto me dissesse alguma
coisa, tenho certeza que ela gostou.

Meus pulmões queimam quando eu alcanço Zayn.

— Ei, cara, — eu ofego quando ele para ao meu lado.

— Que porra foi isso?

— O que, Chelsea? Uma porra se sei. Tentando se desculpar ou alguma


merda, — minto.

Suas sobrancelhas se juntam. — E o que exatamente você tem contra ela


pegar um punhado de mercadorias? — Ele empurra seus quadris para a
frente de uma forma que eu nunca preciso ver qualquer outro cara fazer.

— Estamos na praia. Há crianças por perto.

— Certo. Há algo que você precisa me dizer?

— Uh... não, acho que não.

Desde que comecei a sair mais com a equipe na minha patética tentativa
de descobrir para onde ela tinha ido, Zayn e eu começamos uma amizade
improvável. Somos opostos polares em todos os sentidos, além do nosso
amor pelo jogo, mas meio que nos encaixamos de uma maneira que nunca
fiz com nenhum dos meus companheiros de equipe. Eu não estou
reclamando porque não é como se eu tivesse Noah ou Wyatt para treinar
comigo. É bom ter companhia.

— Ok. Apenas tome cuidado, se você estiver jogando com o Chelsea, é


mais do que provável que você perca.

— Eu posso lidar com Chelsea.

— Mano, tenho certeza de que não há um homem nesta terra que possa
lidar com Chelsea Fierce.

Eu rio de seu comentário em uma tentativa idiota de encobrir como isso


realmente me faz sentir.

Treinamos juntos na praia por pouco mais de uma hora antes de eu ir


para casa tomar banho.

A casa estava um desastre quando saí esta manhã, mas enquanto


caminhava pela rua, a empresa de limpeza que meu pai contrata estava
chegando, então não tenho dúvidas de que será como uma casa dos sonhos
novamente quando eu chegar lá.

— Foi uma ótima noite ontem à noite, hein filho? — Papai diz quando ele
entra na cozinha enquanto eu pego uma garrafa de água da geladeira.

—Sim. Excelente.

Claramente passa por ele que depois que eu desapareci da imprensa, eu


só saí do esconderijo quando eu precisava de mais álcool, algo que eu me
arrependi seriamente quando acordei esta manhã sabendo que estava
encontrando Zayn.

Ele queria cancelar já que era na manhã seguinte à nossa grande noite,
mas eu me recusei a ouvir. Só porque a temporada acabou, não significa que
estou desistindo. Posso não querer a carreira no futebol que meu pai
planejou para mim, mas ainda quero jogar. Além disso, não é como se o
treinador nos deixasse só porque somos campeões estaduais. Ele vai querer
nos mandar para a faculdade em ótimas condições. Meus músculos doem só
de pensar nisso.

Deixando-o para trás, levo minha garrafa para o meu quarto. Eu não
tenho paciência para suas besteiras egocêntricas esta manhã.

Fechando a porta atrás de mim, puxo minha camisa fora do cós do meu
short e a jogo em direção ao cesto de roupa suja. Dou um passo à frente,
meus olhos pousam na cama no centro do quarto.

De repente é aquela noite de novo...

Eu estava com tanta raiva por ter acabado de ver meu melhor amigo
desaparecer para o andar de cima com uma garota que não era sua
namorada. Eu estava desconfiado há um tempo, pois ele simplesmente não
era ele mesmo, mas até àquele momento, eu não tinha provas para acusá-lo
de nada.

No segundo em que ela apareceu na minha casa com Chelsea a tiracolo


enquanto Noah e eu estávamos analisando um jogo antigo da NFL, eu sabia
exatamente o que estava acontecendo.
Eu as deixei entrar porque, bem, eu não sou um idiota, e assim que Tasha
estava na sala ela subiu no colo de Noah e começou a beijá-lo. Havia tanta
familiaridade entre os dois que essa não era uma ligação aleatória e
única. Eles já estavam fazendo isso há algum tempo.

Meus punhos se curvaram quando ele a puxou para fora da sala, me


dizendo que eles iriam usar um dos nossos muitos quartos. Em um aspecto,
eu estava grato. Isso significava que eu não tinha mais que os assistir, mas
por outro, eu estava arrasado por Camila.

Não era a primeira vez que ele era acusado. Mason o levou para o chão
na própria festa de aniversário de Noah, mas Camila pensou que seu melhor
amigo de infância estava sendo arrogante. Acontece que Mason estava
certo.

Eu não tinha ideia que, enquanto eu ainda estava sentado lá com a


cabeça girando, Chelsea estava enviando mensagens anônimas para Camila
para ter certeza de que ela os encontraria.

Se eu soubesse que essa foi a razão pela qual Camila apareceu


aleatoriamente não muito tempo depois, a noite poderia ter sido muito
diferente.

Imagens do nosso tempo juntos passam pela minha mente como se


tivesse acontecido dias atrás, não semanas. Eu esfrego meu queixo barbudo,
não faz nem semanas, faz meses desde aquela noite. Eu assisti Camila e
Mason se reunirem, Ethan encontrar Rae, e eu ainda estou aqui abrigando
alguns sentimentos estranhos por uma garota que eu deveria odiar por toda
a merda que ela causou. No entanto, não consigo tirá-la da porra da minha
cabeça.

Digo a mim mesmo que é só porque estou com raiva dela. Ela armou pra
mim como quem drogou Amalie, ela foi violentamente atrás de Camila, uma
das minhas amigas mais antigas. No entanto, tudo o que posso pensar é
naquela noite.

Talvez fosse só porque se passou um longo tempo. Talvez eu tenha me


apegado a ela ainda mais do que o normal porque ela foi minha primeira,
não que eu tenha qualquer intenção de dizer isso a ela.

Chelsea está na minha vida há anos, ela seguiu Luca como um


cachorrinho perdido a maior parte do tempo esperando que ele jogasse um
osso para ela, mas enquanto ela estava claramente atrás dele, eu estava no
fundo desejando que ela me desse uma chance. Eu teria dado qualquer coisa
naquela época para ela olhar para mim como ela fez com ele.

Naquela noite ela fez exatamente isso e eu estava impotente, caindo em


seus encantos.

Eu não deveria ter feito isso, eu sabia disso. Permitir-me ir lá não me fez
melhor do que os caras do time com quem passo meus dias reclamando e
tentando não ser como. Isso me fez gostar do meu pai. Eu tremo só de
pensar.

Mas o jeito que ela me tocou, o jeito que ela me beijou. Significava
algo. Não foi apenas uma noite sem sentido, uma maneira de passar o
tempo. Disso eu tinha certeza, até que ela se foi de qualquer maneira.
— Puta merda. — Eu bato minha cabeça contra a porta sólida, desejando
que eu pudesse esquecer tudo sobre ela e aquela noite. Ela não merece meu
tempo ou minha atenção. Mas ela me chama como ninguém nunca fez. Ela
sempre fez pra caralho.

Ela é como uma droga de merda que eu sei que não deveria querer, mas
eu sou impotente para resistir mesmo sabendo que isso me deixará mais
desesperado depois de outro gosto.

Eu empurro a porta e deixo cair meu short e boxer enquanto vou para o
meu banheiro para lavar o suor e a areia desta manhã do meu corpo.

Meu pau semiduro me provoca. As memórias daquela noite ameaçando


fazê-lo ir a todo vapor em sua necessidade de mais uma rodada. Meu pau
não se importa que devemos odiá-la. Que ela não merece outra chance. Ele
só a quer a ela. O mesmo que o órgão batendo no meu peito, mas consigo
ignorar isso um pouco mais fácil.

Fico debaixo do spray quente e permito que ele acalme meus músculos
tensos, mas pouco ajuda. Minha cabeça e meu coração parecem estar em
uma batalha constante sobre como devo lidar com o Chelsea. Passei
semanas tentando descobrir onde ela estava, querendo saber se ela estava
bem depois de tudo o que aconteceu. Mas um olhar para ela e a raiva que eu
deveria ter sentido quando ela desapareceu me atingiu como uma
caminhonete.

Tentando empurrá-la para fora da minha cabeça, me visto e volto para a


cozinha para comer alguma coisa.
Mamãe se senta no balcão com sua roupa de ioga e toma uma xícara de
café.

— Bom dia.

— Bom dia, bebê. Como você está se sentindo esta manhã?

— Ótimo, por quê?

— A noite passada foi... intensa, — ela diz com uma careta.

— Você pode dizer isso de novo. Você sabia que ele tinha a imprensa
vindo?

— Você conhece seu pai. Ele está em uma pista própria. Ele coloca uma
ideia na cabeça e faz acontecer. — Mamãe parece tão exausta quanto eu
com as palhaçadas de papai.

Eu grunhi um barulho ininteligível.

— Ele só quer o melhor para você.

— E o que eu quero?

A tristeza toma conta dela. Ela está bem ciente de que eu não quero ser
forçado a entrar na NFL, mas ela é tão bem sucedida em convencer meu pai
quanto eu.

— Ele acha que você tem o que é preciso.

— Talvez eu tenha. Isso não significa que eu precise querer isso.

— Eu sei. Quer um café da manhã?

— Sim, por favor.


Sento-me enquanto ela se levanta e abre a geladeira. — Queijo
grelhado?

— Soa bem.

— Então eu estava na ioga com Honey esta manhã, — ela diz,


mencionando a mãe de Chelsea.

— Ah, sim, — eu murmuro.

— Você sabia que Chelsea está de volta? Honey disse que eles a
mudaram para a casa da piscina para lhe dar um pouco de espaço para ela
respirar.

— Sim, ela estava aqui ontem à noite, — eu digo, ignorando seu


comentário sobre seus novos arranjos de vida, mas guardando a informação
para mais tarde.

— Ela estava? Eu não a vi.

— Ela não ficou muito tempo. Ela não é exatamente a pessoa favorita de
todos agora.

— Compreensível. Honey disse que está em um lugar melhor e pronta


para voltar a realidade.

— Acho que não será tão fácil.

Mamãe suspira. — Eu disse a ela que pediria para você ficar de olho nela
na escola na próxima semana.

— Mãe, — eu reclamo. — Chelsea não vai querer que eu seja seu guarda-
costas.
— Eu não estou pedindo para você se prender ao quadril dela. Apenas
fique de olho.

— E se eu não quiser? E se eu achar que ela merece tudo o que está


vindo para ela?

— Shane, não seja assim.

— Ela drogou Amalie e Mason, mãe. Ela machucou Camila. — Eu não


entro mais sobre o que aconteceu com Camila, ela realmente não precisa
saber os detalhes do que Noah estava fazendo.

— Ela cometeu um erro ou dois. Ninguém é perfeito, filho. Às vezes, as


pessoas só precisam de um pouco de perdão para ser capaz de superar e
começar de novo.

— E se eu não conseguir perdoá-la?

— Então eu acho que isso depende de você. Eu só esperava que você


pudesse ser um pouco mais maduro sobre isto.

— Não a perdoar depois que ela machucou pessoas com quem me


importo não me torna imaturo.

— Ok, talvez essa fosse a palavra errada. Apenas... apenas dê um tempo


a ela. Ela nem sempre teve uma vida fácil, e acho que ela merece uma
segunda chance.

Mamãe coloca meu café da manhã na minha frente antes de se virar e


sair da cozinha.

— Ela teve cerca de um milhão depois de todo o drama que ela causou
ao longo dos anos, — murmuro para mim mesmo.
Eu coloco meu prato na lava-louças antes de sair de casa para passar o
dia no Wyatt em seu Xbox. Parece muito mais atraente do que passar o dia
em casa com papai falando sobre qual time da faculdade me dará a melhor
chance na NFL ou mamãe tentando me convencer a dar ao Chelsea o
benefício da dúvida.

Felizmente, como sempre, Wyatt mantém a conversa longe de qualquer


coisa relacionada ao futebol ou à noite passada. Por mais que eu queira
continuar comemorando nossa vitória épica, também estou aliviado por ter
uma folga de tudo isso.

Em algum momento no início da noite, Noah aparece para se juntar a


nós. Infelizmente, ele tem outras opiniões sobre dissecar ontem à noite.

— Eu não posso acreditar que Chelsea se atreveu a mostrar seu


rosto. Tash disse que o time estava menos do que satisfeito em vê-la. Ela
disse que Shelly foi cruel.

Lembro-me das lágrimas que encheram seus olhos quando lhe contei
algumas de minhas próprias verdades na noite passada e a culpa me
atinge. Eu sabia que ela não teve o melhor retorno. A frustração das garotas
com seu repentino reaparecimento era palpável, mas eu realmente não
pensei muito em como elas poderiam ter falado com ela.

— O que ela esperava? — Wyatt pergunta, chocando o inferno fora de


mim. Ele geralmente evita ter opiniões sobre a torcida ou o time de futebol.

— Ser recebido de volta em seus braços amorosos e ser reintegrado


como capitã, eu acho.
Nós saímos por mais um tempo, mas agora que eles mencionaram o
nome dela, eu não consigo tirar seu rosto chocado desta manhã quando eu
acidentalmente a empurrei para a areia fora da minha mente.

Ela parecia um ratinho assustado que eu estava prestes a esmagar com o


pé.

— Eu preciso sair. Obrigado pela pizza, — eu digo para Wyatt, acenando


para as caixas espalhadas na mesa de centro de sua toca que pedimos mais
cedo.

— Sem problemas. Vejo você amanhã.

Pego meu moletom na parte de trás do sofá de Wyatt e saio de sua casa.

Se eu cortasse o beco atrás da casa de Wyatt, levaria apenas dez minutos


para caminhar para casa. Mas em vez de viro à direita, viro à esquerda na
rua. Eu sei porque, mesmo que eu não queira aceitar. Este caminho me leva
direto para a casa que eu não deveria estar chegando perto. Só que não é a
casa que me interessa. É a casa da piscina.
Capítulo 7
CHELSEA

Passei a tarde e à noite com meus pais. Minha intenção era me trancar e
fingir que tudo o que aconteceu ontem foi apenas um sonho... mais como
um pesadelo.

Ambos tentam explorar meu tempo fora, mas além do genérico 'foi bom
e exatamente o que eu precisava' que eles querem ouvir, não entro em mais
detalhes.

Aquele lugar é bastante deprimente, a última coisa que quero fazer é


falar sobre isso.

Eu gostaria de pensar que é o mais perto que chegarei da prisão, mas


como eu já fiz algumas coisas seriamente questionáveis nos últimos meses,
eu não estou tão confiante.

É regimentado com suas rotinas. Eu entendo porque, os adolescentes lá


dentro estão fodendo a cada passo possível e precisam de alguns limites
sérios, mas foda-se, é um trabalho árduo.

Acordar às sete e meia, tarefas, escola, sessões de terapia, mais tarefas,


cama. Todos os malditos dias.

A garota com quem eu estava dividindo o quarto era a melhor parte


daquele lugar. As histórias que ela me contou sobre seu passado fizeram o
meu parecer brincadeira de criança, mas ela me entendeu como ninguém
que eu já conheci antes. Não tenho certeza de como tive a sorte de ficar com
ela, mas estou muito agradecida. Ela tornou minhas poucas semanas
suportáveis.

Essas rotinas logo se tornaram uma segunda natureza e,


inacreditavelmente, sinto falta delas, mesmo depois de ficar em casa por
apenas vinte e quatro horas. De repente, ser livre para estragar minha vida
de novo é uma pressão que eu realmente não preciso.

Não faço ideia de como sairei desse tipo de vida e voltar para a escola em
apenas algumas horas.

Minha cabeça gira com a possibilidade de tentar reentrar na minha vida


mais uma vez. Se a noite passada foi algo para se passar, então não será uma
viagem tranquila.

Com a barriga cheia de comida da mamãe, deito no sofá assistindo a


episódios antigos das Kardashians, elas me fazem sentir um pouco melhor
sobre minha vida enquanto absorvo todo o drama delas.

Em algum momento, encontro meus olhos se fechando e, apesar do fato


de minha cama estar a apenas alguns metros de distância, cedo à minha
exaustão e me permito o sono de que preciso.

Não tenho ideia de quanto tempo estou apagada, mas quando acordo,
não consigo afastar a sensação de que estou sendo observada.

É louco. As únicas pessoas que sabem que estou aqui são mamãe e papai
e eu gostaria de pensar que eles não estão aqui me vendo dormir. Eu sei que
eles são protetores, mas merda, isso seria apenas assustador.
Abrindo os olhos, espero encontrar o lugar vazio e me preparar para me
sentir ridícula, mas não é isso que acontece.

Um grito sai dos meus lábios quando encontro uma figura sentada na
minha mesa de café no escuro.

Sentando-me tão rápido que minha cabeça gira, meus olhos se


concentram e sou capaz de distinguir as feições do meu visitante noturno,
apesar do moletom escuro atrás do qual ele está se escondendo.

— Que diabos está fazendo? Tentando me assustar até à morte?

Ele dá de ombros. —Temos negócios inacabados.

Apoiando os cotovelos nos joelhos, ele se inclina ligeiramente para a


frente. Seus olhos esmeralda captam a pequena quantidade de luz que está
fluindo da lua lá fora e eu suspiro com a escuridão dentro deles.

Eu não tenho ideia se ele está com raiva ou excitado agora. E é apenas
mais um daqueles momentos em que eu gostaria de ter prestado mais
atenção a ele no passado. Eu deveria ser capaz de lê-lo melhor do que isso
agora.

— N...nós temos? — Eu gaguejo, empurrando o cobertor das minhas


pernas e sentando para a frente.

Se ele acha que eu vou desistir, então ele tem outra coisa vindo. Eu não
sou uma garota fraca que ele pode colocar no lugar dela. Achei que ele
saberia melhor do que isso.

Talvez ele saiba.


Saindo do sofá, viro as costas para ele e ando até à cozinha para tomar
uma bebida.

Um grunhido baixo ressoa atrás de mim. Isso me confunde por um


segundo, até que a bainha curta da minha camisa Bears chama minha
atenção.

— Você gosta da minha camisa, Shane? — Eu pergunto, sabendo


exatamente para o que ele está olhando agora. Um sorriso torce meus lábios
que ele se importa o suficiente para ser incapaz de manter seus sentimentos
sobre isso trancados.

— Tire isso, — ele exige.

Curvando-me um pouco, puxo uma garrafa da geladeira e torço a tampa,


fingindo beber um pouco.

— Por quê? Você quer seu número nas minhas costas? — Eu pergunto
inocentemente enquanto coloco a garrafa no balcão.

Quando me viro, o encontro parado no meio do caminho entre onde


estou e a mesa de café onde o deixei.

— Você não merece meu número. Você nem merece estar vestindo essa
camisa depois da merda que você fez.

Eu dou de ombros mais uma vez. Não posso discutir com suas
palavras. Eu sei o que fiz e não vou me esconder dos erros que cometi.

— Então, por causa do meu julgamento questionável, você acha que eu


deveria esquecer o time que eu torci por anos como se eu não me
importasse?
Seus olhos queimam meu corpo, mas demoram um pouco mais do que o
necessário em minhas pernas nuas. A bainha da camisa beija o topo das
minhas coxas, então não há muito da minha pele que não esteja à mostra
abaixo da minha cintura agora. Eu poderia ter escolhido uma camisa
diferente se soubesse que teria companhia.

Embora, quando seus olhos escuros e famintos voltam aos meus, eu me


pergunto se realmente teve um efeito bastante desejável.

— O que você fará, Shane? Arrancá-la do meu corpo?

Um lado de seu lábio se curva em um sorriso sinistro quando ele dá um


passo em minha direção.

— Eu não farei você fazer nada, Chelsea. Nós dois sabemos que você se
mete em problemas suficientes sem nenhum incentivo.

— As coisas estão diferentes agora, — argumento, pensando nas horas


de sessões de aconselhamento que tive nas últimas semanas.

—Isso está certo? Então você não está disposta a fazer nada para
recuperar seu lugar na escola?

Ele inclina a cabeça para o lado, normalmente eu descreveria como fofo,


mas com o olhar intenso em seu rosto que eu não tenho certeza se já vi
antes, está longe de ser fofo. Se alguma coisa, é... quente.

Porra.

O calor corre pelo meu corpo enquanto as memórias de como suas mãos
se sentem no meu corpo batem em mim.
— N...não, — eu gaguejo, tentando lembrar o que ele acabou de me
dizer enquanto dá mais um passo à frente. Seu cheiro enche meu nariz e não
faz nada para reprimir meu desejo.

Eu sempre quis os bad boys, os idiotas. É uma fraqueza da qual nunca


consegui me livrar. Eu sempre dispensei Shane porque ele era um cara
legal. Mas esse Shane diante de mim agora é tudo menos um cara legal. Ele
me avisou na praia mais cedo que estava atrás de vingança. Eu mexi algo
dentro dele que eu nunca deveria ter estado perto o suficiente em primeiro
lugar?

Eu deveria me arrepender daquela noite.

Eu estava desesperada. Sozinha. Perdida. Mas ele me deu algo que eu


nunca tinha experimentado antes e foda-se se eu não quis descobrir se foi
uma coisa única ou se realmente existe.

— Não? — ele pergunta.

— Não. Se eu conseguir meu lugar de volta, meu time de volta, é porque


eu mereço, porque eu conquistei.

— Pfft. Pouca chance de isso acontecer.

— Que assim seja.

— Você tem sorte, você sabe.

— Como é isso?

— Porque você poderia estar lidando com muito pior do que eu agora.

Um arrepio percorre minha espinha enquanto imagens do meu passado


passam pelos meus olhos. Já lidei com coisas piores.
— Você não me assusta, Shane.

— Eu não esperava. Agora, — ele diz, fechando o último pedaço de


espaço entre nós.

Minha respiração aumenta com sua proximidade e quando seus olhos


caem para meu peito arfante, eu sei que ele não sente falta.

— Tire. Isso.

— Foda-se. — Eu rio, embora o olhar sério em seus olhos me faça pensar


que isso é tudo menos uma piada.

— Estive lá, fiz isso, Chelsea. Ou seu tempo comigo apenas se confundiu
com todo o tempo que você passou com o resto da equipe com as pernas
abertas?

— Não, — eu argumento, meus dedos segurando a bainha da minha


camisa com força.

Sua sobrancelha se curva. — Diga-me, que número eu era? Quantos


membros da equipe vieram antes de mim?

Balanço a cabeça, recusando-me a responder a essa pergunta.

— Ou aquela noite foi só sobre você ter a casa cheia? Eu fui o


último? Mais uma corrida para que você pudesse marcar um home run.

— Não, — eu choro. Ele está tão longe da verdade, mas não quero
confessar todos os meus segredos.

Afastando-me de seu olhar raivoso, olho para a casa, mas tudo que vejo
é nosso reflexo nas portas de vidro.
— Estou esperando, Chelsea. Estou esperando há muito tempo.

— Você queria uma repetição, você deveria ter apenas dito.

— Não, não era isso que eu estava esperando. — Algo pisca em seus
olhos e eu me pergunto quão verdadeira essa afirmação é realmente. — Eu
estive esperando para ouvir o que você tem a dizer em sua defesa. Para
ouvir suas desculpas. Para entender por que você andava alegremente por aí
enquanto permitia que as pessoas pensassem que eu era capaz das coisas
que você fazia.

— Eu disse que eu sin...

— Eu não quero suas malditas desculpas. Suas palavras não significam


nada. Como você sabe, as ações falam muito, muito mais alto.

Eu engulo nervosamente, mas o calor ainda enche minhas veias.

Seus olhos percorrem meu corpo mais uma vez. — Vamos, Chels. Não é
como se eu não tivesse visto antes. Inferno, toda a nossa classe viu seu corpo
nu mais vezes do que podemos contar. Você não costumava ser tímida em
mostrar a alguém o que você tem.

Farta de sua provocação, e sabendo que ele está certo, eu puxo minha
camisa sobre minha cabeça e jogo nele.

— Melhor? Você conseguiu o que queria agora? Remover minha


armadura e esperar que isso me deixe fraca? Bem, deixe-me dizer uma coisa,
Shane. — Eu empurro a parede com minha cabeça erguida. Ele está certo,
afinal, eu passei muito tempo nua em festas e tentando fazer os caras
gostarem de mim. Eu não deveria me importar que estou aqui em apenas
um pequeno par de calcinhas. Mas diferente de quando eu tinha metade da
classe olhando para mim, parada aqui diante de Shane agora, eu me sinto
nua e não é só por causa da minha falta de roupas.

Meus seios pressionam contra seu peito e ele engasga. — Você pode
pensar que está no comando aqui. Você pode cuspir suas palavras vis, me
dizer que puta eu sou, fazer suposições sobre as coisas que fiz, mas nós dois
sabemos que agora, sou eu quem detém todo o poder.

Eu deixo cair minha mão em sua virilha e assim como eu suspeitava, ele
está duro pra caralho.
Capítulo 8
SHANE

— Foda-se, — eu gemo quando ela envolve seus dedos ao redor do meu


comprimento.

Provavelmente não era segredo o que seu corpo nu estava fazendo


comigo, estou vestindo moletons pelo amor de Deus. Tudo o que ela tinha
que fazer era olhar para baixo para ver a marca do meu pau contra o tecido.

— As mesas viraram agora, hein, Shane?

Meu cérebro falha quando ela pressiona o comprimento de seu corpo


contra mim, sua mão presa entre nós enquanto ela continua me segurando.

De repente, minha missão de vingança parece tão longe da minha mente


com o cheiro de seu perfume floral enchendo meu nariz e o calor de sua pele
contra meu corpo.

— Eu te avisei, eu não sou o tipo de garota que vai jogar seus jogos,
Dunn. Eu estabeleço as regras por aqui.

Ela me acaricia sobre o tecido e minha cabeça gira.

— Naquela noite, você não teve chance. Consegui exatamente o que


precisava. Você era como massa em minhas mãos, muito parecido com
agora.

Encontrando alguma força em algum lugar, eu levanto minha mão e


consigo envolver meus dedos ao redor de seu pulso, parando seu
movimento antes de eu gozar em minhas calças como uma porra de uma
criança.

Digo a mim mesmo que não é ela, que é apenas o toque que não tive
desde que ela esteve no meu quarto naquela noite. No segundo em que ela
me deixou com nada além de lembranças, eu ansiava por mais, mas sabia
que não ia conseguir. Ela jogou comigo, eu sabia disso. Assim como ela está
tentando agora. Ela não me queria. Ela só queria alguém, uma distração
enquanto sua amiga estava ocupada em outro lugar.

— O que você está fazendo, Chelsea? — Minha voz é áspera e profunda,


e dá o que eu realmente quero.

Porra.

Eu nem deveria estar aqui agora, muito menos considerando permitir


que ela fizesse isso. Eu provavelmente mereço tudo o que ela pode me dar
depois do que ela fez. Eu disse a ela que estava vindo atrás de vingança, mas
eu realmente não esperava isso. Eu não achei que ela viraria o jogo como
está fazendo.

Como fui ingênuo.

Eu queria dizer a ela como era estar do outro lado de sua traição. Ter
toda a escola olhando para mim como se eu fosse a porra do diabo enquanto
ela dominava a escola como sempre fez.

— Tentando fazer você se sentir bem. Não é óbvio? Estou tentando


compensar tudo, assim como você sugeriu na praia esta manhã.
Eu aperto meus olhos fechados em uma tentativa de manter meu foco,
mas é realmente muito difícil com os dedos dela me segurando com tanta
força.

— Eu não teria... — Minhas palavras são cortadas por sua risada amarga.

— Oh sério? Então você teria dito não se eu tivesse enfiado minha mão
dentro do seu short como fiz com o de Zayn?

O pensamento dela tocá-lo faz com que o ciúme me corroa. É ridículo,


ela só estava fazendo isso para prova um ponto, mas ainda assim, eu odiava
a ideia de que ele pudesse ter realmente feito isso.

— Não.

— Por que não? Eu mereço. Eu mereço ser a prostituta de joelhos na


frente de todos que estavam naquela praia.

Meus dentes rangem enquanto tento manter a verdade escondida. —


Chelsea, — eu aviso.

— Vamos, Shane. Você tinha muito a dizer antes. O gato comeu sua
língua de repente?

Ela me solta e eu respiro de alívio, mas dura apenas um breve segundo,


porque antes que eu tenha a chance de endireitar a cabeça, ela enrolou os
dedos nas laterais do meu moletom e puxou com força.

Meu comprimento está em sua mão em um segundo e ela acaricia


lentamente, seus enormes olhos chocolate olhando para mim.
— É isso que você queria quando veio aqui esta noite, Shane? Você
queria uma emoção rápida para poder dizer que me fodeu quando eu estava
para baixo?

Abro a boca para responder, mas nenhuma palavra inteligível sai. Minha
cabeça grita para eu me mover, mas estou preso entre o balcão e os lábios
entreabertos de Chelsea. Meus músculos estão completamente congelados
no local.

— O quanto você quer minha boca, Shane? Quão desesperado você está
para sentir meus lábios envolverem seu pau? Para que eu chupe você até
que esteja seco?

— Poorra.

— Bem, parece que esta noite realmente não é sua noite de sorte.

— Huh? Que? Chels...

Ela se afasta de mim e se levanta, com um sorriso triunfante no rosto.

— Shane, afaste a porra do seu pau e saia da minha casa da piscina. Você
não é bem-vindo aqui.

Meu queixo cai.

— O quê? — Ela ri. — Você pensou que poderia entrar aqui, me ameaçar
e que eu cairia de joelhos e compensaria meus erros? Foda-se, Shane. Posso
ter arrependimentos, mas eles não me tornam fraca. Especialmente no que
diz respeito a você.
Eu engulo em seco enquanto puxo meu moletom de volta. Com os
braços cruzados sobre os seios de uma forma que só os faz parecer mais
atraentes, ela dá um passo em minha direção.

— Se você quer jogar, Shane. — Seus olhos caem pelo comprimento do


meu corpo, formigamentos surgem em seu rastro. — Então jogaremos. Mas
posso garantir que você vai perder.

Por que eu tenho a ideia de que ela está certa? Eu vim aqui hoje à noite
para discutir com ela, mas sou eu quem sai depois de ser mastigado um
novo.

— Eu não estou jogando seus jogos. Eu queria que você entendesse o


que seus erros fizeram comigo. — Meus olhos percorrem seu corpo como
ela acabou de fazer comigo. — Mas vejo que foi inútil. Você não se importa
com ninguém além de você mesma. Adeus, Chelsea. — Eu empurro o balcão
e caminho pela casa da piscina em direção à porta pela qual entrei não muito
tempo atrás.

— Ei, Shane? — sua voz suave me chama. Eu não deveria voltar. Eu


deveria continuar andando de cabeça erguida e não dar a ela a
satisfação. Claro, isso é o que eu deveria fazer. Assim como na noite em que
me tornei a mais nova vítima de Chelsea; faço o contrário do que seria
sensato.

Olho para trás por cima do ombro para encontrá-la segurando os braços
ao lado do corpo. Exceto por sua pequena calcinha, seu corpo está nu para
mim.

— Dê uma boa olhada. É a última vez que você vai ver.


Eu mantenho meus olhos nos dela. Eu já me apaixonei por muitos de
seus jogos esta noite.

— Livre-se da camisa de Jake Thorn, Chelsea. O número dele não


pertence a você, — eu exijo antes de abrir a porta e sair para a noite além.

— Foda-se, Shane, — ela grita para mim, e apesar do fato de que eu


ainda estou duro pra caralho com seu toque e a visão de seu corpo, um
sorriso triunfante puxa um lado dos meus lábios.

Eu posso ter feito o jogo dela lá atrás, mas há uma coisa que eu tenho
certeza. Se eu fizesse o movimento certo esta noite, poderia ter recuperado
o poder.

Ela me queria tanto quanto eu a queria. E é apenas uma questão de


tempo até que aconteça novamente.

Meu pau lateja e minha boca enche de água.

Ela pode pensar que é feroz, mas provarei que ela tem mais fraquezas do
que apenas sua necessidade de poder.
Capítulo 9
CHELSEA

Um soluço irrompe no segundo em que ele fecha a porta atrás


dele. Lágrimas queimam meus olhos e eu sou incapaz de impedi-las de cair
enquanto eu envolvo meus braços em volta da minha cintura na tentativa de
me segurar.

Não era isso que eu queria para nós quando voltei. Eu sei que é o que eu
mereço.

Provavelmente menos do que eu mereço. Mas o fato de ele estar falando


comigo, mesmo aparecendo aqui, me mostra que há uma chance de eu
redescobrir o cara doce que eu sei que está escondido dentro daquela noite.

Pensamentos de como ele me tocou, as coisas que ele sussurrou no meu


ouvido fazem outro soluço ressoar.

Eu preciso desse Shane. Eu preciso do garoto que vai me puxar em seus


braços e me fazer sentir segura. Não o substituto cruel que apareceu aqui
esta noite em busca de vingança.

Com minha cabeça girando, dou um passo em direção ao meu quarto,


me abaixando para pegar minha camisa descartada enquanto vou. É a que
eu sempre usei com o número de Jake nas costas. Por que eu usaria
qualquer outra quando ele era o que eu queria? Mas Shane está certo. É
errado da minha parte usá-lo agora. Mesmo em privado. Jake não é meu, ele
nunca foi e nunca será.

Ele me rejeitou, assim como tantos outros na minha vida antes dele. Eu
acho que é algo que eu deveria estar acostumada agora.

Eu a deixo cair no cesto de roupa suja quando passo com um suspiro. É


hora de seguir em frente com minha vida e começar a me concentrar no
futuro, em vez de tudo que estraguei no passado.

Abrindo uma gaveta, encontro uma regata e um short de dormir e me


enrolo no centro da minha cama em uma bola enquanto minhas lágrimas
molham meu travesseiro.

Eu não deveria ter voltado aqui. Faz apenas vinte e quatro horas do meu
recomeço e já estou fodendo tudo.

O cara que eu quero mais do que tudo que me puxe em seus braços e me
diga que tudo ficará bem acabou de bater à porta na minha cara e foi
embora sem olhar para trás. Ninguém do time me quer, e o resto da escola
me olhou como se eu fosse um pedaço de lixo.

Eu mereço, eu sei disso, sei mesmo. Mas eu não podia deixar de esperar
que não fosse tão ruim assim. Foi delirante.

Estou delirando.

Eu solto um suspiro trêmulo enquanto crio um plano. Apenas termine a


escola e comece de novo em outro lugar, em qualquer outro lugar. A ideia de
deixar meus pais no momento em que mais precisarei deles me apavora,
mas sei que eles ficarão melhor sem mim. Pode ter sido a escolha deles me
permitir entrar em sua casa todos esses anos atrás, e depois me manter
quando acharam que viram algo resgatável dentro de mim ou alguma
besteira, mas eles não precisam do drama que trago para suas vidas. Aposto
que eles se divertiram muito nas últimas semanas sem eu estar aqui. Eles
poderiam ir para a cama à noite sem se perguntar se eles iriam receber uma
ligação bêbada os acordando, ou pior, luzes azuis e brancas piscando na
porta novamente enquanto o amigo policial de papai arrastava minha bunda
para casa.

Jesus. Eu estava uma bagunça.

***

Quando eu acordo na manhã seguinte, meus olhos estão doloridos de


tanto chorar e meu peito ainda dói quando me lembro de ver Shane ir
embora. Mas sabendo que preciso fazer alguma coisa, qualquer coisa para
tentar me sentir normal novamente, encontro meu celular e arrisco mandar
uma mensagem para alguém que sempre me pegou no passado.

Chelsea: Oi! Você ainda está na cidade?

Luca: Sim, voltando para MKU mais tarde. Café da manhã?

Um sorriso se contorce em meus lábios que ele sabe exatamente o que


eu preciso.
Chelsea: Adoraria. Me pega em uma hora?

Lucas: Eu estarei lá, bj.

Eu mordo meu lábio quando um pouco do velho eu se aproxima. Luca


sempre foi o irmão Dunn que me apoiou. Eu não posso mentir, eu gravitava
para ele no começo porque ele era muito gostoso. Ele era o irmão mais
velho que todas as garotas gostavam, mas nunca teriam uma chance. Por
mais que eu não quisesse aceitar, eu também não tinha chance, mas ao
contrário dos meus amigos, eu consegui passar um tempo com ele e na
minha cabecinha ingênua, tentar convencê-lo de que eu era a pessoa certa
para ele. A realidade era que eu era uma garota pré-adolescente que ele via
como uma espécie de irmã.

Ele sempre foi tão doce e sempre ignorou meus avanços, apesar das
minhas melhores tentativas ao longo dos anos. Eu nunca desisti, mas quando
meus seios cresceram e eu encontrei meu lugar como líder de torcida do
time do colégio, descobri que poderia chamar a atenção de quase todos os
outros garotos da nossa classe, então mudei minha atenção.

Luca sempre esteve lá, porém, agindo como o irmão que eu nunca tive e
ajudando a me guiar na direção certa na maioria das vezes.

Tomo um banho rápido, seco meu cabelo e aplico minha maquiagem


como sempre faço.

Faço isso sem pensar na minha realidade enquanto me concentro em


tarefas tão mundanas.
Não é até que eu abro meu armário e olho para todas as minhas roupas
que permito que a realidade penetre.

Meus uniformes de torcida estão pendurados orgulhosamente em uma


extremidade ao lado de prateleiras de sutiãs esportivos e calças de
ioga. Foram apenas algumas semanas, mas mesmo assim, me sinto
diferente. Ainda quero as mesmas coisas, quero meu time, meu futuro,
quero encontrar o amor, mas tudo isso de repente parece um pouco menos
importante nos dias de hoje.

Estendendo a mão, eu puxo meu par de calças favorito e puxo o tecido


rosa quente pelas minhas pernas antes de pegar o sutiã esportivo
combinando e arrastar uma regata grande por cima. Vou comer panquecas
com Luca e depois vou para a praia correr, queimar o excesso de açúcar.

Havia uma academia no centro, mas não estava nem de longe tão
equipada quanto eu precisava para tentar ficar em forma. Posso não voltar
ao meu time tão cedo, mas não perderei os anos de trabalho duro que
dediquei.

Eu me dou uma última olhada no espelho antes de me dirigir para a


porta. Eu pareço a mesmo por fora. Meus grandes olhos ainda guardam as
memórias sombrias do meu passado que guardarei para sempre, só que
agora, há um segredo extra para guardar para mim, pelo menos por
enquanto.

Estou fechando a porta da casa da piscina quando o bipe de sua buzina


soa. Mamãe e papai estão sentados à mesa de jantar quando passo pela
cozinha.
— Bom dia, Chelsea. Você dormiu bem?

Penso no meu visitante noturno, mas rapidamente o empurro de lado. —


Maravilhosamente, — minto facilmente.

— Você tem planos para hoje? Eu estava pensando que poderíamos ir ao


shopping e começar nossas compras de Natal. — O olhar esperançoso em
seus olhos quase me mata. Ela está tão desesperada para que sejamos uma
família normal.

— Claro, — eu admito, incapaz de desapontá-la mais uma vez. — Vou


tomar café com Luca, depois volto direto.

— Ok. Divirta-se, querida.

Depois de pegar um morango do prato dela, vou até à frente da casa


quando Luca buzina novamente.

Descendo os degraus da casa, quase me sinto como eu mesma quando o


encontro sorrindo para mim pela janela do motorista de sua caminhonete.

— Boa aparência, linda. — Ele faz um show de me verificar enquanto eu


corro pela frente e abro a porta. Tenho certeza de que alguns anos atrás eu
teria morrido um milhão de mortes se ele me olhasse assim, mas não é assim
que as coisas estão entre nós agora. Ele está arrasando no MKU e eu estou
aqui tirando o pino da granada da minha vida.

— Ei. Isso é um pouco de garota no seu rosto? — Eu brinco, estendendo


a mão para limpar uma marca invisível de sua bochecha.

— Fico feliz em ver que eles não tiraram sua bunda esperta.
— Não há nada para se preocupar no que diz respeito à minha bunda,
Dunn.

Ele ri para mim antes de colocar o carro em marcha a ré e sair da


garagem dos meus pais.

— E se você quer saber, não havia nenhuma garota na noite


passada. Acabei saindo com Leon, Shane e papai assistindo jogos antigos da
NFL.

A menção de Shane é como um taco de beisebol no estômago.

— Você está bem? — ele pergunta, olhando para cima quando ele
estaciona em um cruzamento. — Toda a cor foi drenada do seu rosto.

— Sim, sim. Estou bem.

— Você está suspensa, Chels? É por isso que você precisava desse café
da manhã?

— Algo assim, — murmuro.

—E daí? Você vai para a praia com seu time e comemora o retorno à sua
tribo?

Eu olho para cima esperando descobrir que ele está brincando, mas eu
dou uma olhada quando o vejo parecendo mortalmente sério.

— O quê? — ele pergunta quando o silêncio entre nós fica um pouco


demais.

— Eu não tenho um time, Luc. A única celebração que minha tribo fará é
que eles se livraram de mim.
— Que porra é essa? — ele pergunta.

—Ah, vamos lá, você ouviu os rumores. Você sabe por que eu saí. Não
me diga que você realmente esperava que eu pudesse voltar e reentrar na
minha antiga vida como se nada tivesse acontecido. — Eu levo a abertura e
fechamento de sua boca como a confirmação que ele esperava. — Não
somos como caras, não brigamos e superamos. Eu terminei no que diz
respeito a equipe, inferno à escola, também.

— Você cometeu um erro, Chels. Vai passar.

— Eu droguei a nova garota, deixei seu irmão levar a culpa e depois fui
atrás de um de nossos jogadores. Não há volta disso, Luc. Eu deveria estar
feliz por não ter antecedentes criminais para acompanhá-lo.

Ele solta um longo suspiro enquanto nos dirigimos para o outro lado da
cidade e nosso restaurante habitual para as melhores panquecas de
Rosewood.

— Você fodeu tudo. Todos nós fazemos isso. Elas vão te perdoar. Elas
precisam, essa torcida não é nada sem você.

— Elas parecem estar lidando bem. — Penso nas minhas rotinas


massacradas na sexta à noite. Quer dizer, não foi o tipo de performance que
vai levá-los a qualquer lugar nas regionais, mas igualmente, não foi terrível.

— Você tem isso, Chels. Eu tenho fé em você.

— Estou feliz que alguém o faça. Quer vir à escola comigo amanhã para
segurar minha mão? — Eu pergunto com uma risada.
Luca para o carro no estacionamento atrás da lanchonete e se vira para
mim. Seus olhos estão cheios de simpatia que eu realmente não quero
ver. Sentada, olho para a parede de tijolos à frente, em vez de seus
familiares olhos verdes.

— Chelsea, você não precisa de ninguém para segurar sua mão. Você
nunca precisou. Fierce não é apenas seu sobrenome, garota. Isso corre em
suas malditas veias. Você precisa se levantar e voltar para aquela escola
como se fosse a dona dela. Mas você realmente não precisa que eu lhe diga
isso, não é?

Pela primeira vez desde que me lembro realmente, acho que preciso
ouvir.

Desde que apareci em Rosewood depois de ser arrastada de minha


antiga vida, fiz questão de mostrar a todos um certo lado meu. E agora,
preciso encontrar aquela garota de quem Luca está falando mais uma
vez. Não adianta ser essa garota quebrada que foi derrotada por seu passado
e seus erros. Isso não me levará a lugar nenhum.

Eu tenho que manter minha cabeça erguida. Mesmo que seja mais fácil
falar do que fazer. — Vamos, vamos comer nosso peso em panquecas.

Eu sigo para o restaurante e nos sentamos em nossa cabine do


costume. A garçonete vem imediatamente, mas ela não precisa perguntar
nossos pedidos, estivemos aqui muitas vezes.

Eu pensei que quando Luca fosse para a faculdade seria o fim de nossas
manhãs, mas aparentemente, ele gostou tanto quanto eu porque pelo
menos uma vez por mês eu acordo no fim de semana para encontrar uma
mensagem dele.

— O de sempre para vocês dois?

— Por favor, — Luca responde por nós.

— N...não na verdade, eu poderia pegar um suco de laranja em vez


disso?

— Claro, querida.

— Obrigada.

— O que, sem café preto esta manhã para acompanhar seu coração
negro? — ele pergunta levemente, repetindo a piada que eu fiz em muitas
ocasiões.

— Não. Então, como estão as coisas? Eu senti falta disso.

Luca sorri antes de relembrar suas histórias da faculdade enquanto estive


fora e me distrair com sucesso da minha própria vida. É a fuga exata que eu
preciso.

***

Com os estômagos cheios de panquecas e calda, voltamos para o nosso


lado de Rosewood e voltamos para a vida real.

— Você está voltando para MKU esta tarde?


— Sim. Apenas umas duas semanas e estarei de volta para as férias, —
diz ele, sentindo claramente onde estão meus pensamentos. Preciso de um
aliado em Rosewood agora, não em Maddison.

O pensamento da alegria que terei que passar o resto do dia fingindo


com minha mãe não me enche de felicidade, mas acho que é melhor do que
a alternativa de ficar sozinha e infeliz. Eu também posso ter alguma
companhia.

— Obrigada por esta manhã. Eu realmente precisava disso, — eu digo,


me inclinando para dar-lhe um abraço.

— Você tem isso, Chels. Você sabe onde estou se precisar de mim.

— Eu realmente aprecio isso, Luc. Mas você tem uma vida para viver,
você não precisa de mim bloqueando seu pau.

Ele me olha de cima a baixo, arqueando a sobrancelha. — Você acha que


poderia me impedir de conseguir um pouco. Isso eu gostaria de ver.

— E com isso... — Eu pulo de sua caminhonete e aceno para ele quando


ele desaparece da minha vista.

Com um suspiro, entro para encontrar mamãe e descobrir quais planos


ela tem para nós pelo resto do dia.
Capítulo 10
SHANE

A última coisa que quero fazer quando volto do meu tempo excruciante
com o Chelsea é ser forçado a ficar sentado dissecando jogos antigos da NFL
como se isso realmente me ajudasse na minha progressão futura. Luca e
Leon não dão a mínima, eles ficam felizes assistindo jogos por horas com
papai e apontam os erros de todos.

Felizmente, o efeito óbvio que Chelsea teve no meu corpo desapareceu


há muito tempo quando eu caio no sofá, mas isso não significa que meus
músculos ainda não estão tensos ou que minhas bolas não estão azuis pra
caralho.

Aquela noite com Chelsea pode ser a única experiência real que eu
tenho, mas porra, eu sei o suficiente para saber exatamente o que eu preciso
agora.

Eu me mexo no meu assento enquanto as imagens daquela noite


ameaçam reacender meu desejo anterior.

— Você está bem aí? — Leon pergunta, diversão enrolando em seus


lábios. — Você está gostando disso um pouco demais, mano? — Ele acena
para minha virilha e para a TV.

Minha falta de ação feminina é algo que meus dois irmãos gostam de me
irritar. Só porque eu não sou como eles com uma garota diferente pulando
no meu pau todas as noites, isso não significa que eu não esteja
interessado. Ambos me sentaram antes para me dizer que está tudo bem se
eu sou gay e que isso não deveria parar minha carreira no futebol, como se
devesse mesmo precisar ser dito. É 2020, porra. Não deveria importar quem
eu escolhi amar. Eles simplesmente não entendem que eu não fico tão
animado em testar todas as bocetas disponíveis enquanto tenho a chance.

— Foda-se. Eu vou para a cama.

— Oooh alguém está sensível.

Eu faço um gesto por cima do ombro a Leon enquanto saio. Luca olha,
mas ele apenas revira os olhos para nós dois.

Deito na cama olhando para o teto executando os eventos desde que ela
mostrou seu rosto na noite passada em minha mente. Joguei tudo errado?

Penso em seus olhos escuros implorando para eu ouvi-la nas sombras


depois do jogo, penso nas lágrimas que os encheram enquanto estávamos
no escritório do papai. Fui muito duro? Ou, não o suficiente?

Eu me lembro do que ela fez, como ela podia machucar tão facilmente as
pessoas que eu...ela... me preocupo.

Uma coisa é certa. Eu não deveria ter ido lá esta noite. Eu não deveria ter
chegado perto da casa deles. Eu não deveria ter pisado dentro da casa da
piscina dela, e eu certamente não deveria ter feito ela tirar aquela porra de
camisa.

A visão dela de pé diante de mim, confiante como qualquer coisa, está


queimando em minhas pálpebras. Ela é tão perfeita e eu me lembro muito
bem como aquele corpo se alinhou com o meu, como nos movemos juntos,
como sua pele era macia.

Gemendo para mim mesmo, enfio minha mão sob os lençóis e envolvo
meus dedos ao redor do meu comprimento. Não tem nada no toque suave
de Chelsea, mas é tudo o que tenho.

Descansando, eu fecho meus olhos e me coloco de volta naquela casa da


piscina. Eu esqueço tudo, as palavras vis que lançamos um para o outro, sua
reputação, o fato de que eu deveria odiá-la, e eu apenas me concentro em
quão bem eu sei que ela pode me fazer sentir.

Rápido demais, meu pau sacode na minha mão e eu sufoco o gemido que
quer explodir. Sabendo da minha sorte, Leon vai passar pela porta
exatamente ao mesmo tempo e pensar que estou me masturbando com um
pôster de futebol na minha parede ou algo assim.

Incapaz de dormir e não querendo ficar no escuro com pensamentos de


uma garota que não deveria ocupar minha cabeça, ligo meu Xbox e passo
quase a noite inteira jogando online com Wyatt, que está mais do que feliz
em desistir de uma noite de sono pelos jogos.

Eu não tenho ideia de que horas eu eventualmente acabo


dormindo. Tudo o que sei é que quando acordo o sol está alto e as vozes do
meu pai e dos meus irmãos ressoam lá de baixo.

Gemendo, eu me viro e pego meu celular na mesa de cabeceira.

Não encontrando nenhuma mensagem, abro o Instagram e começo a


rolar, qualquer coisa para não ter que rastejar para fora da cama ainda. Eu
logo me arrependo quando encontro uma foto de ninguém menos que
Chelsea com a porra do meu irmão a tomar o café da manhã esta manhã.

A raiva se agita nas minhas entranhas enquanto eu aperto meu telefone


com mais força. Como ele ousa leva-la para sair como se tudo estivesse
normal.

Ouvindo passos subindo as escadas, eu tiro as cobertas e caminho para a


porta.

Abrindo-a, espero para ver qual deles está prestes a aparecer na esquina.

Algo explode dentro de mim quando é quem eu quero.

— Que porra você acha que está jogando? — Grito para Luca quando ele
se aproxima.

— Que porra é essa? — ele pergunta em choque enquanto eu estou no


meio do corredor, efetivamente impedindo-o de chegar ao seu quarto. —
Saia do caminho, Shane.

— Não. Que porra você estava fazendo com ela esta manhã?

— Oooh, — ele entoa quando se dá conta. — Fomos tomar café da


manhã. E daí?

— E daí? Você não sabe o que ela fez? — Eu recuso.

— Sim. Ela fodeu tudo. Ela se foi por semanas. Ela está pagando por
isso. Ela não precisa de merda nenhuma de mim também.

Eu olho para ele, minha boca aberta.

— Você está falando sério?


— Sim. Ela fodeu tudo, Shane. Todos nós fazemos. Dê a ela uma porra de
uma pausa.

Eu o olho de cima a baixo, meu lábio se curvando em desgosto.

— Você transou com ela, não foi?

— O quê? Não. claro que eu não transei com ela. Ela é como a porra da
minha irmãzinha. O que o inferno está errado... oh.

— O quê? — Eu pergunto.

— O ciúme não fica bem em você, irmãozinho.

Meus dentes rangem. — Eu não sou ciumento.

— Não. É por isso que você está perseguindo o Instagram dela? Descobrir
onde ela esteve? É por isso que você continuou me ligando enquanto ela
estava fora, não foi? Eu pensei que você estava preocupado com ela, mas
não, você só queria transar com ela.

— Não. Não. Ela já esteve com metade da equipe, eu não quero isso. —
Ele levanta a sobrancelha e tudo o que isso faz é me irritar ainda mais.

— Saia do meu caminho. Eu preciso voltar para a faculdade. E você, você


precisa resolver sua merda.

— Eu não a quero porra, — eu argumento depois que ele me empurra de


lado e passa.

— Eu não disse nada sobre desejá-la. Eu disse para resolver sua merda,
mas estou feliz que você acabou de admitir que ela é o problema. Ela é
solitária, Shane. Vá vê-la. Seja legal com ela. Você pode até conseguir o que
você quer. — Eu o vejo parar quando ele chega à sua porta e voltar.
— Mas não a machuque, porra. Ela já passou o suficiente.

— Não machuque... inferno. Que linha ela te deu esta manhã?

— A verdade, Shane. Ela precisa de alguns amigos agora, que tal você
tentar ser um.

— Nunca, porra. — Caminhando para o meu quarto, eu bato a porta


atrás de mim, esperando que possa deixar suas palavras no corredor.

Como ele pode dizer isso? Seja a porra do amigo dela. Eu nunca fui amigo
dela. Ela seguiu Luca por anos como um cachorrinho, ela nunca teve a
intenção de ser minha amiga.

Eu era apenas um meio para um fim. Um brinquedo para ela se divertir


quando estava entediada. Ela mesma disse ontem à noite.

Eu não sou nada para ela.

Eu nem deveria me importar.

Abro meu celular novamente, pronto para deixar de segui-la. Meu dedo
paira sobre o botão enquanto seus grandes olhos chocolate olham para mim.

— Filho da puta, — eu grito, jogando meu celular na cama e indo em


direção ao chuveiro.

Eu não preciso dessa merda.

Depois de tirar o cheiro persistente de seu perfume da noite passada,


que continuou a me provocar mesmo enquanto eu dormia, vou para a
academia para resolver algumas das minhas frustrações.
Eu poderia ficar em casa e usar a academia de última geração do papai,
mas no segundo em que ele me descobre lá, ele geralmente insiste em
'ajudar' e seu tipo de ajuda geralmente significa me empurrar até que eu não
consiga mais sentir minhas pernas. Eu posso precisar da queimadura agora,
mas também preciso poder andar na escola amanhã.

Eu envio uma mensagem para Zayn enquanto entro no carro, e ele


concorda em me encontrar lá. Entramos na academia por pouco mais de
uma hora antes de nos encontrarmos na sauna.

—Você vem para a minha casa hoje à noite? Mamãe está fora?

— Uh... eu acho.

— O resto dos caras estão vindo, as meninas também.

O fato de ele se referir ao time, menos Chelsea, faz meu peito apertar de
uma forma que não deveria. Eu não deveria me sentir mal por ela perder
essas coisas depois que ela foi quem fodeu tudo, mas não posso evitar. É a
equipe dela, seu último ano. Shelly pode perceber que ela assumiu tudo o
que ela gosta, mas todos nós sabemos que Chelsea as fez o que elas são. A
treinadora delas com certeza não fez isso.

— Claro, cara, — eu digo, empurrando os pensamentos de Chelsea para


a parte de trás da minha cabeça. Se ela pode sair para o café da manhã com
meu irmão como se tudo estivesse normal, então eu posso ter uma noite
com a equipe e sua equipe de cadelas.

***
— Ei, pega, — Rich grita assim que eu entro na toca de Zayn mais tarde
naquela noite quando uma garrafa de cerveja vem voando na minha cabeça.

— Puta merda. Um pequeno aviso teria sido bom.

— Você não recebe nenhum aviso na NFL, meu amigo, — diz Rich, me
fazendo querer me virar e andar de volta novamente. Eu já tive que suportar
uma das conversas estimulantes de papai antes de conseguir sair de casa
esta noite, eu realmente não preciso disso deles também.

Torcendo a tampa, eu a jogo nele e ela ricocheteia em sua têmpora.

— Alguém precisa transar, — ele murmura. Meu corpo inteiro congela e


de repente minha cabeça está de volta na casa da piscina de Chelsea na
noite passada.

Sacudindo-a da minha cabeça, eu caio em um dos pufes de Zayn e coloco


a garrafa em meus lábios.

— Está tudo bem, mano. As garotas estarão aqui em breve e todas elas
querem foder um campeão.

— Cala a boca, cara, — Zayn diz, tentando vir em meu socorro.

No que diz respeito a eles, eu não passei da segunda base com nenhuma
das vadias de torcida que se jogam em nós em todas as oportunidades
disponíveis.

Eu costumava ficar feliz em assistir tudo do lado de fora enquanto saía


com meus outros amigos, mas então ela aconteceu, e eu me encontrei no
meio deste mundo.
Eu só queria descobrir onde ela estava, eu precisava saber se ela estava
bem, o tempo todo desejando que eu não me importasse tanto.

Essa é a coisa com Chelsea Fierce, ela fode com a minha cabeça até eu
não saber qual é o caminho.

Um tumulto é levantado na porta atrás de mim, e quando olho para


cima, encontro o resto do time e a torcida se amontoando na sala.

— Para os malditos campeões estaduais, — alguém grita antes de uma


rodada de gritos e aplausos soarem.

Porra, isso foi apenas sexta à noite? Já parece uma vida atrás.

Todo mundo pega uma bebida, alguém aumenta a música e a festa


realmente começa.

Estou mais do que feliz vendo todos se divertirem do meu lugar, mas
Victoria tem outras ideias e me puxa para me juntar a todos os outros.

— Não há nada de errado em se divertir, Dunn.

— Eu estou, — argumento, embora não tenha certeza se meu rosto


combina com minhas palavras.

— Dance comigo, — ela exige, pressionando seu corpo contra o meu. Ela
se move no ritmo da música e eu esqueço tudo e me movo com ela.

A próxima coisa que eu sei é que estou rolando no sofá de Zayn e caindo
de cara no chão de madeira dele. Não tenho ideia de quanto bebi ontem à
noite, mas tudo está muito nebuloso.

Ai minha maldita cabeça.


Eu o descanso no meu antebraço e tenho certeza de que volto a dormir.

— Levantem-se e brilhem, senhoras, — alguém anuncia muito alto antes


que as persianas sejam abertas e o sol entre. — As cadelas estão esperando.

Olhando para o dono do barulho, encontro Zayn parado com um sorriso


de merda no rosto enquanto ele olha entre Rich e eu, ambos gemendo de
frustração. Por que diabos ele parece tão bom esta manhã?

— Porra. Fora, — Rich resmunga, claramente compartilhando meus


pensamentos.

— Não pode ser, meninas. A escola está chamando.

Porra, é segunda-feira.

— E você sabe que Rosewood High precisa que seus campeões, Bears,
mostrem seus rostos esta manhã.

— Isso é tudo culpa sua, Hunter, — murmuro, me empurrando para que


eu esteja sentado contra a borda do sofá.

— Eu? Eu não te prendi e joguei a vodca goela abaixo, Dunn.

— Não, eu tenho certeza que era Victoria logo antes de você atirar no
corpo dela...

— Chega, — Grito. Os eventos da noite passada são confusos na melhor


das hipóteses, eu realmente não preciso refresca as más decisões que tomei.
Capítulo 11
CHELSEA

Eu mal olhei para o meu celular enquanto estive fora e certamente não
abri nenhum aplicativo de mídia social. Eu só podia imaginar o exagero e as
mentiras que estavam voando por aí sobre o que aconteceu e para onde eu
tinha ido. As únicas mensagens que abri foram de Ethan, mas mesmo assim,
na maioria das vezes não respondi. Era bom saber que alguém além dos
meus pais realmente sentia minha falta.

Depois de uma noite de sono irregular cheia de pesadelos sobre o que o


dia seguinte pode me reservar, sento na cama e pego meu celular do criado-
mudo.

Seis da manhã, normalmente acordo cedo assim, porque pedi à equipe


que começasse o dia com uma sessão de treino matinal. Isso está longe da
minha realidade hoje. Eu adoraria vestir meu sutiã esportivo e calças de ioga
e queimar um pouco do meu excesso de gordura até que minhas pernas
pareçam gelatina e todos nós nos ajudemos a voltar para os vestiários para
nos recompor.

Solto um longo suspiro, me perguntando se algum dia terei a chance de


voltar a essa vida. A torcida é tudo para mim. Sempre foi meu plano garantir
uma bolsa de estudos para que meus pais não precisassem bancar meu
futuro, o diabo sabe que eles já fizeram mais por mim do que eu
mereço. Mas agora, sem equipe e meu futuro no ar, não tenho ideia de qual
é o meu plano.

Desbloqueando meu celular, abro o Instagram hesitante. Sou atingido


por mais notificações do que posso lidar e, não querendo ver o que as
pessoas estão dizendo sobre mim, concentro minha atenção no meu
feed. Está tudo bem, apenas as imagens usuais do ensino médio até que uma
me faça parar. Meu estômago se revira com a visão de Victoria com as mãos
sobre Shane.

Meus lábios franzem enquanto percorro as muitas variações da mesma


fotografia. Minhas mãos tremem. Eu quero gritar com ela para tirar as mãos
dele, ele é meu. Mas eu sei que ele não é. Tudo o que tivemos foi uma noite
intensa. Não posso fazer nenhuma reclamação.

Incapaz de continuar olhando para a familiaridade de seu toque, bato


meu celular de bruços na cama.

Eu estive fora semanas. Eu seria estúpida em supor que ele não seguiu
em frente. Que outra membro da torcida não colocou suas garras nele. Ele
sempre agiu como se não estivesse interessado no que tínhamos a oferecer,
mas ele não estava exatamente me rejeitando naquela noite. Talvez eu fosse
a única a lhe dar o empurrão e a confiança que ele precisava para se
transformar em um deles.

Lágrimas queimam meus olhos, mas eu me recuso a chorar por qualquer


que seja essa paixão estranha que eu tenho por Shane Dunn. Tivemos uma
noite, uma que eu tenho certeza que ele provavelmente se arrepende depois
de tudo o que aconteceu depois.
Eu preciso esquecer tudo isso. Esqueça o passado. Preciso me concentrar
no futuro e tentar encontrar algum tipo de vida enquanto descubro o que
vem a seguir. Uma vez eu pensei que era fácil. Vá para a escola, torça, ganhe
regionais, ganhe uma bolsa de estudos e dê o fora de Rosewood. Ainda
quero ir embora, ficar longe daqueles que vão continuar a sussurrar coisas
sobre mim, mas desaparecer de repente por conta própria em algum lugar
do país é menos atraente.

Com um suspiro, saio da cama e começo a me preparar para meu grande


retorno a Rosewood High.

O pavor rola no meu estômago enquanto penso no que o dia pode


reservar. Eu acho, eu já falei com a equipe, elas vão estar me
esperando. Porra, isso poderia ser pior.

Tento me concentrar em outras coisas, mas é impossível. No momento


em que ando pela cozinha da casa principal onde mamãe está tomando seu
café da manhã, estou com medo de vomitar a qualquer momento. No
segundo em que abro a porta, sua amada música festiva soa e abafo um
gemido.

— Ah, é tão bom ter você de volta. Este lugar não é o mesmo sem você,
— ela diz, sorrindo suavemente para mim.

— Deve ser como se eu não estivesse aqui, já que estou na casa da


piscina, — murmuro, invadindo sua geladeira em vez da minha.

— De jeito nenhum. Eu sinto sua presença mesmo se você estiver lá fora.


— Um silêncio cai entre nós enquanto eu pego uma maçã da tigela no centro
da ilha. — Obrigada por ontem. Eu sei que não era exatamente sua ideia de
diversão, mas... — Ela para, me deixando pensando em nossa tarde no
shopping. Mamãe adora os feriados, quase a um nível obsessivo. Cada
cômodo da casa fica decorado dentro de uma polegada de sua vida, e papai
e eu somos forçados a suportar horas de música de Natal por toda a
casa. Normalmente ela teria feito tudo isso neste fim de semana, e eu não
posso deixar de me sentir aliviada por não ter voltado para casa para o caos
de mamãe mandando papai em sua busca para fazer tudo perfeito.

— Foi ótimo, mãe. — É mentira, e ela sabe disso. Ela tinha uma lista
enorme de presentes para comprar e eu não tinha ninguém. Bem, isso não é
verdade, eu tinha os dois, mas não podia comprá-los exatamente com a
mamãe lá.

O olhar de simpatia em seu rosto quando eu disse a ela que não tinha
ninguém para comprar era um que eu me lembro muito bem dos meus anos
anteriores, quando as pessoas descobriram o desastre que minha vida era. É
um visual que praticamente desapareceu da minha vida quando fui adotada.

A equipe e eu sempre fizemos o amigo secreto. Eu não tenho ideia se


elas vão fazer isso de novo este ano ou não, mas eu sei que não serei
convidada a participar.

Com um suspiro, me despeço de mamãe e saio de casa com pesar.

Meu estômago está em nós. Eu deveria comer a maçã que peguei, eu sei
disso, mas sinto que tudo que farei é vomitar de volta se tenta comê-la.

Enquanto estou sentada no estacionamento atrás do volante do meu


carro com meus colegas vagando e indo para os prédios para começar seus
dias, não consigo forçar meus músculos a se moverem.
Este lugar tem sido meu playground por anos. Eu governei esta escola
junto com meu time e a equipe. Eu não deveria agora ter medo de pisar
dentro.

É tudo culpa minha. Eu sei que é. Se eu não tivesse tomado decisões tão
estúpidas e fodidas, nada disso teria acontecido. Eu ainda teria minha
posição, meu futuro, meus amigos. Alguns alunos eventualmente me notam
sentado aqui, e sou forçada a me mover antes de mudar de ideia e voltar
para casa novamente para me esconder na minha casa da piscina. Essa não é
a garota que eu sou. Eu não me escondo. Fico orgulhosa com a cabeça
erguida e os ombros para trás. É hora de redescobrir a velha Chelsea, aquela
que deixei de lado no meu tempo longe. É hora de tomar de volta o controle
da minha vida.

Abrindo a porta, saio e coloco minha bolsa por cima do ombro. Eu me


concentro no prédio à frente e ignoro os olhares ardentes de todos ao meu
redor.

As vozes começam como sussurros, mas quando me aproximo do prédio


principal para encontrar meu armário, as fofocas ao meu redor ficam altas o
suficiente para que eu não tenha escolha a não ser ouvi-las.

— Você ouviu que a torcida se recusou a aceita-la de volta?

— Você acredita que ela teve a audácia de aparecer no jogo na sexta à


noite. Como ela os apoiasse, pfft. Ela provavelmente só queria drogá-los
novamente.

— Ela realmente acha que é bem-vinda aqui?


— Ela precisa ter cuidado. Ouvi dizer que a equipe está atirando nela.

Um arrepio percorre minha espinha. Ninguém em Rosewood, além dos


meus pais, conhece o meu verdadeiro eu. Então a ameaça da equipe vir atrás
de mim não me assusta muito, mas de todos, elas me conhecem
melhor. Elas saberiam como me machucar. Inferno, elas já machucaram. Elas
sabem que a única coisa que eu quero é torcer, e elas já tiraram isso de
mim. Então, o que resta?

Este deveria ter sido o meu ano, mas desde o início tem sido tudo menos
isso. Primeiro Amalie roubou Jake, não que ele fosse realmente meu, então
meu tornozelo me impediu de torcer e agora isso.

A maioria provavelmente me dirá que é carma e que eu mereço, eles


provavelmente estariam certos, mas isso não para de doer como uma
cadela. Passei toda a minha vida trabalhando para este ponto, para os
regionais e meu futuro, e vê-lo cair dói como o inferno.

Os sussurros e fofocas só pioram e eu entro no prédio. Minha única graça


salvadora é que não vi nenhum membro da equipe. Elas estarão do lado de
fora em nosso local de sempre tentando pegar um jogador. Eu reviro os
olhos para o tipo de comportamento que eu estava na frente e no centro
não muito tempo atrás. É incrível a rapidez com que as coisas podem mudar.

Os olhares dos alunos queimam em minhas costas enquanto eu faço meu


caminho em direção ao meu armário. No passado, sempre adorei que fica
perto dos vestiários femininos, facilitou minha vida, mas à medida que me
aproximo de possivelmente esbarrar no time, começo a desejar que ficasse
do outro lado da escola.
Estou apenas separando meus livros quando uma sombra cai sobre
mim. Engolindo meus nervos, arrisco um olhar por cima do ombro.

— Chelsea, — Senhorita Kelly, nossa treinadora de torcida, diz com um


suspiro. — Acho que precisamos ir e conversar, não é?

O medo se agita no meu estômago de que ela tentará uma sessão de


terapia comigo. Se ela acha que vai descobrir mais do que os conselheiros
descobriram no centro, então ela precisa pensar novamente. Não tenho
certeza se há um conselheiro na terra que possa resolver a bagunça que
minha cabeça e minha vida estão agora.

Agarrando os dois livros que preciso, fecho meu armário e sigo Kelly em
direção ao seu escritório dentro do vestiário feminino.

Tenho sérios sentimentos contraditórios no que diz respeito à nossa


treinadora de torcida. Ela tem uma grande reputação de sua própria carreira
de torcida e dos times que treinou no passado. Mas não posso deixar de
sentir que ela perdeu o entusiasmo. Isso ou foi direcionado para o Sr. Knight,
um dos outros funcionários da academia. Ele é casado e tem dois filhos, mas
estamos todos convencidos de que eles estão tendo um caso. Ela passa mais
de nossas sessões de treinamento no escritório com ele ou apenas
visivelmente ausente. É como acabei sendo mais do que apenas a capitã do
time, um papel que estou mais do que feliz em assumir. Eu tenho
coreografado rotinas desde que me lembro. Mesmo antes de morar aqui,
dançar era minha fuga. Eu levava meu rádio para os campos atrás de onde
morávamos e perdia horas inventando rotinas, ensinando a mim mesma os
movimentos. Eu costumava assistir a torcida na minha escola, quando eu
estava lá, com admiração. Eu queria tanto ser elas, mas na maioria dos dias
era tudo que eu podia fazer para chegar à aula e muito menos qualquer
outra coisa que tomasse meu tempo. Mas eu queria isso, pra caramba.

Quando me mudei para cá, a torcida foi a primeira coisa que olhei. Eu
estava desesperada para, pelo menos, fazer algo com minha nova vida,
inferno sabe que eu precisava de algo para me impedir de me afogar
enquanto meu mundo mais uma vez virava de cabeça para baixo. Eu poderia
ter me encontrado com novos pais incríveis que tinham dinheiro suficiente
para me dar tudo o que eu precisava, mas isso estava longe de resolver meus
problemas. Eu tive mais desses filhos da puta no dia em que nasci do que
Derek e Honey provavelmente tiveram todas as suas vidas.

Afastando os pensamentos do meu passado da minha mente, eu caio na


cadeira em frente à mesa de Kelly.

— É tão bom ter você de volta, Chelsea. Não tem sido o mesmo sem
você.

— Sério? Pareceu-me na noite de sexta-feira que ninguém havia notado


que eu não estava lá.

— Você sempre foi minha melhor torcedora, Chels. Claro que sentimos
sua falta.

Eu arqueio uma sobrancelha para ela. Eu nem me lembro de vê-la na


sexta à noite. Ela claramente não tem ideia do que aconteceu.

— Tanto faz. Quero meu time de volta.


— Hum... eu entendo isso, Chelsea. Eu sei o quanto essa equipe significa
para você.

— Você? Como? Você nunca está aqui. Não haveria sequer uma equipe
se não fosse por mim, muito menos uma que vai para os regionais em alguns
meses, — eu fervo.

— Tenho certeza que você de todas as pessoas pode entender que a vida
pode ser... complicada.

— Sim, eu com certeza sei disso. Olhe, — eu digo, levantando da cadeira


e andando para a frente e para trás na frente de sua mesa. — Eu sei que fodi
tudo. Estou disposta a assumir a responsabilidade por minhas ações e
pedirei desculpas a qualquer um, como você quiser. Mas eu preciso da
minha equipe.

Kelly olha para mim, seus olhos se estreitando.

Ela não pode saber que estou escondendo coisas, pode? Ela
provavelmente me conhece tão bem quanto meus pais depois de todos
esses anos trabalhando lado a lado, mas ela não pode saber.

— Eu sei que você gostaria, Chelsea. Mas não acho que será tão
fácil. Você se foi há semanas e as garotas...

— Eu não dou a mínima. Elas estavam uma bagunça na noite de sexta-


feira. Elas destruíram minhas rotinas, estavam fora do tempo,
descoordenadas.

— Eles trabalharam duro para compensar por você não estar lá.

— Bem, estou aqui agora.


— Olha, Chelsea...

— Não, — eu interrompo. — Não me venha com olha, Chelsea. Esta é a


minha equipe, Kelly. A porra da minha equipe. — Eu odeio que minha voz
falhe e meu lábio inferior comece a tremer.

— Sinto muito, Chelsea. Eu preciso me concentrar em você, e agora, você


precisa voltar para a aula e ter certeza de que vai se formar.

— Jesus, eu não tirei férias prolongadas. Eu ia para a escola todos os


dias. Eu não fiquei para trás. Eu vou me formar.

— Prove. Enquanto isso, falarei com a equipe, com Shelly, e ver como
elas se sentem.

— Isso é besteira, — eu cuspo, sabendo muito bem que Shelly não vai
me aceitar de volta. Ela quer a fama e a atenção de ser capitã e ser capaz de
controlar minha vida. Assim como você costumava fazer, uma pequena voz
na minha cabeça diz, mas eu a empurro para baixo. Não adianta focar no
passado. Preciso lutar pelo meu futuro.

— Vá para a aula, aumente as notas. Ainda temos alguns meses antes


das regionais. Estaremos prontas não importa o que aconteça.

— Você não pode ir a regionais sem mim. Eu sou esta equipe. Elas nunca
teriam tido uma chance sem mim.

— Chelsea, eu odeio dizer isso, mas talvez você devesse ter se


concentrado nisso durante os últimos meses em vez de... — Ela acena com a
mão não querendo terminar a frase.
— Sim, bem, merda acontece, Kelly. Achei que você de todas as pessoas
entenderia isso. A propósito, como está a esposa do Sr. Knight?

Kelly fica vermelha de raiva. — Vá para a aula, Chelsea, antes que você
cause ainda mais danos à sua carreira na torcida.

— Tanto faz. — Eu abro a porta com tanta força que ela bate de volta
contra a parede.

Cada conjunto de olhos que agora preenchem o vestiário agora se volta


para mim e quem deveria estar na frente e no centro, Shelly.

— Ah, você está tendo um pouco de birra porque você não conseguiu o
que queria. Que pena, né meninas? A toda poderosa Chelsea Fierce caiu de
seu trono, perdendo sua coroa no caminho. Lembre-se de não machucar sua
bunda quando bater no chão.

— Foda-se, Shelly. Este é o meu time e você sabe disso. Você não tem o
que é preciso para chegar perto de regionais. Você é desorganizada, sem
dedicação, passa mais tempo de costas com as pernas abertas do que
treinando. — Quando termino, estamos praticamente nariz com nariz.

— Pfft, essa é boa. Você é a única que esteve com quase todo o time de
futebol.

— Isso está certo? — Eu percebo. Eu sei como fiz isso parecer ao longo
dos anos, mas a opinião de todos sobre mim está longe da verdade.

— Quem sobrou? Apenas Shane provavelmente, e eu sei com certeza


que ele não tocaria em você com uma vara comprida.
— Realmente? Eu apostaria dinheiro em ter uma chance melhor do que
você.

Um sorriso maligno se forma em seus lábios. — Claro, você apenas droga


aqueles que não estão dispostos.

Meu braço se moveu antes mesmo de eu registrar, e minha palma pica


contra sua bochecha.

— Sua vadia, — ela grita enquanto o time a cerca. — Você terminou aqui,
Chelsea. Saia.

— Estou indo embora. Mas estarei esperando.

— Esperando pelo quê? — Pergunta Vitória.

— Para todos vocês estarem me implorando para voltar. Eu sei que todas
vocês querem vencer e sabem tão bem quanto eu que precisam de mim.

— Ninguém precisa de você, Chelsea. Você não passa de uma cadela


furiosa.

— Apenas espere, — repito enquanto saio do vestiário.

Eu mantenho minha cabeça erguida e meus olhos fixos nos de Shelly,


mas por dentro estou desmoronando mais rápido do que posso controlar.

O corredor está vazio quando saio aos tropeções, graças a Deus, porque
estou prestes a quebrar.

Ninguém precisa de você, Chelsea.

As palavras de Shelly se repetem na minha cabeça e se misturam com as


do meu passado que tranquei em uma caixinha.
Meu peito arfa enquanto luto para não perder o controle. Chego ao
banheiro sem que ninguém me veja. Estou prestes a entrar quando uma
figura do outro lado do corredor chama minha atenção, mas quem quer que
seja desaparece na esquina antes que eu tenha a chance de ver quem é.

De pé na frente dos espelhos, luto contra minha necessidade de


chorar. Eu me recuso a permitir que elas me quebrem, especialmente
apenas alguns minutos no meu primeiro dia de volta.

Eu sou melhor que isso. Eu sou mais forte do que isso.

Eu me recuso a ser derrotada por Shelly e seu bando de cadelas que


deveriam me proteger, não a ela.

Depois de arrumar minha maquiagem, saio para o corredor deserto e


vou para a primeira aula do dia.

Parece que se eu tivesse alguma ideia de passar despercebida hoje,


então tudo virou uma merda quando eu bato na porta da minha aula de
física e entro.

Cada par de olhos me perfura, incluindo o do professor.

— Oh... hum... bem-vinda de volta, — ele gagueja. — Por favor, tome seu
lugar. Nós apenas começamos.

Eu aceno, tentando parecer totalmente imperturbável com a atenção de


todos. Afinal, atenção é o que eu ansiava todos esses anos, deveria vir
naturalmente. Mas enquanto eu atravesso a sala em direção a uma mesa
vazia, tudo que eu quero é que o chão me engula.
Eu mantenho meus olhos na única pessoa que eu sei que estou segura ao
lado. Ethan.

Nosso professor continua com o que ele está falando enquanto eu caio
na minha cadeira e solto um suspiro.

Perdi a atenção de alguns, posso sentir, mas a maioria ainda está me


encarando como se eu fosse uma criatura alienígena que eles nunca viram
antes.

— Vai melhorar, — Ethan diz, virando as costas para a maior parte da


aula. — É bom ver você de volta, Chels.

— Gostaria de poder dizer que foi bom estar de volta. — Eu solto um


suspiro enquanto puxo meu livro da minha bolsa. — Obrigada, Ethan. Pelas
mensagens. Por pensar em mim.

Um sorriso triste puxa meus lábios quando ele estende a mão e aperta
minha mão.

— A vida pode ser dura. Às vezes, todos nós precisamos de um amigo. —


Um nó se forma na minha garganta com sua gentileza. Ele poderia
facilmente ser o líder da campanha de ódio do Chelsea, visto que foi um de
seus melhores amigos que estupidamente fui atrás, mas felizmente, Ethan vê
um pouco mais profundo do que minhas decisões de merda.

— Eu acho que você pode ser o único que me resta, — murmuro, mais
para mim do que para ele, mas ele ainda ouve.

— Apenas dê tempo a todos. Eles estão chateados, com razão. Mas esta
é a sua casa, Chels. Você vai encontrar o seu lugar novamente.
— Mas e se eu não fizer isso?

— Então você encontrará uma nova base. Será um novo recomeço. Tudo
ficará bem.

Eu aceno, desejando que eu pudesse sentir apenas um pingo de sua


positividade.

Eu olho para ele, seus olhos gentis brilham de uma maneira que eu
nunca vi antes e ele parece mais feliz do que eu acho que já experimentei.

— Nós procuramos por você na festa na sexta à noite.

— Eu não fiquei muito tempo, foi... intenso.

— Um dia de cada vez. As coisas vão ficar bem, você verá.

— Senhor Savage, Senhorita Fierce, tenho certeza de que você tem


muito o que colocar em dia, mas se puder, por favor, guarde para o almoço.

— Desculpe, — nós dois murmuramos, virando para nos concentrar no


que quer que deveríamos estar fazendo.

Sento-me na minha cadeira, ciente de que ainda tenho muitos pares de


olhos em mim e tentando bloqueá-los para focar. Kelly pode estar certa
sobre uma coisa esta manhã. Eu realmente preciso me formar. E com o
passar dos próximos meses, só ficará mais difícil, tenho certeza.
Capítulo 12
SHANE

Eu a vi correr para o banheiro feminino, todos os músculos do meu corpo


doíam para que eu a seguisse. Ela estava chateada, isso era óbvio. Eu assisti
a equipe correr de volta para os vestiários não muito tempo depois que ela
foi arrastada para lá pela Srta. Kelly. Nunca haveria um bom resultado para
ela.

Estou prestes a dar um passo para onde ela desapareceu quando Zayn
aparece na esquina.

Dando um passo para trás, eu ando em seu caminho.

— E aí cara. Como está a ressaca?

— Perfeitamente ótima, — eu reclamo. — Não há melhor maneira de


começar uma segunda-feira na escola.

— Então, ouvi dizer que Chelsea mostrou seu rosto.

Concentro-me no corredor à frente, mas ele mantém os olhos


firmemente no lado do meu rosto. Eu sei que ele está desconfiado desde
sábado de manhã. Ele pode não ter dito nada ontem à noite, mas eu vi o
olhar em seu rosto quando eu estava dançando com Victoria.

— Bem, eu acho que ela não poderia se esconder para sempre.

— Então você não a viu?


— Oh não. Fui para casa tomar um banho e agora aqui estou.

— Certo.

— Certo o quê? — digo asperamente, já farto dessa conversa e de sua


suspeita. Não preciso de ninguém investigando minha história com o
Chelsea. Quanto menos pessoas souberem sobre aquela noite e minha
cabeça fodida, melhor.

— Oh nada. Estou apenas observando você, só isso. — Ele gesticula entre


seus olhos e os meus.

Eu levanto uma sobrancelha para ele.

— Não aja totalmente inocente. Eu vi aquela coisa entre vocês dois na


praia. Você está escondendo alguma merda.

—Tanto faz. Estamos atrasados. — Eu me afasto dele e vou para minha


primeira aula do dia, o som de sua risada filtra até mim. Eu não preciso dele
olhando muito de perto, eu realmente não preciso.

Grato por ela não estar na minha classe, eu procuro meu lugar e caio na
esperança de que eu possa ser ignorado enquanto me afogo na minha
ressaca e nas memórias das minhas más decisões. Infelizmente, todas essas
más decisões incluem uma pessoa que mexe com algo dentro de mim que
ela não deveria.

Sussurros e fofocas se espalham pela sala e ouço seu nome mencionado


mais de uma vez provando que não importa o quanto eu tente, não posso
escapar dela. Talvez eu devesse tê-la seguido mais cedo e ter acabado com
isso.
Ela acha que ganhou me mandando embora assim no sábado à noite. Eu
deveria deixar para lá, mas há essa voz irritante dentro de mim que exige
que eu não a deixe ter a última palavra.

Por algum milagre, passo a manhã inteira sem vê-la. Eu a esperava em


matemática, mas havia rumores de que ela estava com o orientador. Tudo
bem por mim, visto que Zayn estava sentado ao meu lado apenas esperando
para descobrir algo. Ele é como um maldito cachorro com um osso, e temo
que ele não vá parar até que eu lhe dê algo.

— Você acredita que ela acabou de entrar como se nada tivesse


acontecido? — Camila pergunta a Amalie quando eu caio ao lado delas com
meu almoço.

— Jesus, você também não, — eu reclamo. — Ela é tudo o que todos


falaram a manhã toda

— Bem, é uma grande notícia. O que está dando uma reviravolta na sua
calcinha? — Camila pergunta, me estudando.

— Nada. Estou farto de ouvir tudo. Claro que ela apareceu, esta é a
escola dela.

— Nós sabemos isso. Ela simplesmente não disse nada sobre nada. Você
pensaria que ela poderia ao menos se desculpar.

— Tenho certeza que ela vai. Não consigo imaginar voltar depois de tudo
foi fácil. Dê um tempo a ela.

— Uau, — Camila diz, levantando as mãos em choque. — Você está


realmente defendendo ela depois do que ela fez com você?
— Não, só estou dizendo que deve ser difícil. Estou entediado de ouvir
isso, imagine como ela se sente.

— Eu realmente não dou a mínima para como ela se sente, Shane. Ela
machucou três das pessoas mais importantes da minha vida não muito
tempo atrás. Eu não poderia me importar menos se ela nunca mais voltasse.

— Um pouco duro? — Amalie pergunta, fazendo Camila dar de ombros.

— Não diga que você concorda com ele.

— Eu fui a pária da escola. Não é algo que eu desejaria a ninguém.

— Até mesmo seu pior inimigo?

— Ela não é exatamente minha pior inimiga. Ela está apenas... perdida,
eu acho.

Concordo com a cabeça porque tenho a sensação de que Amalie acabou


de acertar o prego na cabeça perfeitamente.

— Bem, eu acho que vocês dois são loucos e deveriam estar liderando
o Movimento Odiamos Chelsea que está varrendo a escola. — Camila logo se
distrai quando Mason aparece atrás dela e dá um beijo em sua têmpora. —
Oi, baby. Você vai me apoiar aqui… — ela continua explicando seu ponto de
vista e quando Mason fica do lado do meu lado e de Amalie, o rosto de
Camila começa a ficar rosa com frustração.

— Apenas dê um tempo a ela. Ela fodeu tudo.

— Fodeu tudo. Ela drogou você.

— Sim, eu sei. Mas ninguém morreu, estamos todos bem. Pare de se


envolver e apenas foque em sua própria vida.
— Ah, por favor. Nós não precisamos ver tanta língua, — Amalie reclama
quando Mason puxa Camila para seu colo e coloca seus lábios nos
dela. Camila mostra dedo por cima do ombro de Mason.

— Você é muito melhor com Jake?

— Meh. De qualquer forma, não parece que você pode falar algo.
Importa-se de explicar isso? — Amalie pergunta, pegando seu celular e
abrindo o Instagram em uma imagem de Victoria me escalando como uma
árvore.

— Se eu soubesse que haveria evidências fotográficas, talvez tivesse


lutado um pouco mais.

Amalie olha de seu celular para mim e de volta, seu rosto cheio de
diversão. — Você fez algum tipo de luta?

Eu penso nas minhas memórias confusas da noite anterior. — Eu não


faço ideia. Havia muita vodca.

— Shane, Shane, Shane. Achei que você fosse melhor do que eles.

Eu dou de ombros. — Rapazes serão sempre rapazes.

— Isso não é verdade. Só achei que você tinha um gosto melhor do que
uma puta de torcida.

— Eu também, — eu admito. — Infelizmente, não havia muita escolha.

Uma erupção de barulho na entrada do refeitório interrompe nossa


conversa e quando olhamos para nós encontramos ninguém menos que o
namorado de Amalie recebendo os parabéns pela nossa vitória na sexta à
noite. Ethan está ao lado dele com toda a torcida atrás deles.
— Ah, olhe, o entretenimento chegou, — Amalie murmura.

Eu vejo como Jake olha ao redor, assim que ele a encontra, seus olhos se
iluminam e ele marcha até ela. No momento em que ele está a uma distância
tocante, ele a puxa do banco e direto em seus braços.

Um sorriso se forma em meus lábios enquanto os observo. Eu sempre


pensei que Jake era um idiota, quer dizer, ele é um idiota, mas quando ele
está com Amalie, ele é um cara totalmente diferente. Um cara que estou
começando a descobrir que realmente gosto. Embora eu nunca vá dizer isso
a ele.

A excitação vibra através dos alunos quando eles se lembram da noite de


sexta-feira. O nível de ruído torna-se ensurdecedor enquanto comemoramos
a vitória pela qual esperamos toda a nossa vida.

Todos estão rindo e se divertindo quando de repente a sala se


aquieta. As pessoas se voltam para a entrada e, quando sigo, descubro o
motivo da pausa na empolgação.

Chelsea está parada na porta larga. Ela está linda, como sempre. Seu
longo cabelo escuro está puxado sobre um ombro, seus olhos escuros estão
arregalados enquanto ela observa a vista diante dela e seus lábios vermelhos
cheios estão separados. Mas a confiança que ela geralmente usa está
desaparecendo mais rápido do que posso calcular quando a torcida se volta
contra ela.

Algumas pessoas gritam que ela não é bem-vinda, que ela deveria voltar
a se esconder. — Jesus, as pessoas são cruéis, — murmura Mason enquanto
se levanta do banco.
Eu faço o mesmo, minha necessidade de proteger um dos nossos
superando minha necessidade de vê-la conseguir alguma justiça.

Um segundo antes de ela ser cercada pela torcida, nossos olhos se


encontram. O medo enche o dela e me atinge bem no peito.

Acho que não respiro enquanto ela é engolida pelas garotas que
costumavam apoiá-la em cada movimento.

— Puta merda, — Mason late antes que ele e Jake decolem para a
multidão. Eles rapidamente forçam seu caminho para o amontoado, mas
minhas pernas se recusam a se mover.

Isso é até que um grito soa, um que eu reconheço muito bem. Então meu
corpo se move sem nenhuma instrução do meu cérebro. Minha necessidade
de ir até ela, de ajudá-la, é demais para ignorar.

No momento em que atravesso a multidão agora muito maior, parece


que o show acabou porque Shelly está de pé na frente e no centro com um
sorriso de merda no rosto. Suas seguidoras leais estão atrás dela e a
apoiando por todo o caminho.

Olhando para o corredor além, encontro a garota que elas acabaram de


mandar embora correndo o mais rápido que suas pernas podem levá-la.

Estou empurrando o resto da multidão antes mesmo de saber o que


estou fazendo, e corro atrás dela.

— Chelsea? — Ela não para, seus movimentos não vacilam enquanto ela
foge do que quer que tenha acontecido com Shelly. — Chelsea, pare, por
favor.
Ela entra para o banheiro feminino e bate à porta atrás dela.

— Chelsea? — Eu pergunto, colocando minha cabeça para dentro.

— Vá embora. — Sua voz está quebrada e áspera e isso me


puxa. Ignorando seu aviso, eu entro na sala.

— Chels?

— Eu disse vá embora, Shane. Eu não posso fazer isso. Não posso...

Colocando minha mão em seu ombro, eu a giro e suspiro.

Há marcas de arranhões vermelhos brilhantes em suas bochechas, mas


surpreendentemente isso não é a coisa mais chocante porque o que tem
meus olhos arregalados são suas lágrimas.

— Porra, Chels. — Antes que eu saiba o que estou fazendo, eu a tenho


em meus braços. Seu pequeno corpo treme enquanto eu a seguro com
força.

— Não, não, — ela luta, tentando me empurrar para longe dela. —


Shane, não.

Eu seguro firme, sabendo que ela precisa disso agora, mas quando ela
estende a mão e torce meu mamilo, não tenho escolha a não ser soltá-la.

— Aí, — eu reclamo, esfregando a picada.

— Você deveria ter me soltado, — ela estala.

— Você deveria ter me deixado te abraçar.

— Por quê? — ela pergunta, enxugando as bochechas molhadas. —


Então você poderia dizer que você me ajudou quando eu falhei. Para que
você pudesse voltar para seus amiguinhos e dizer a eles quão fraca eu
sou? Então você pode dizer a eles que eles estão ganhando, que estão
arruinando minha vida? — O fogo ao qual estou tão acostumado começa a
queimar em seus olhos.

— Não, eu vim para ter certeza de que você estava bem.

— Jesus, você é realmente patético. Você está tão desesperado por outra
rodada?

Eu fecho o espaço entre nós para que ela não tenha escolha a não ser
recuar até bater na parede.

Nossos corpos estão a apenas uma polegada de distância e seu calor


queima em mim.

— Você pode ter me deixado no limite na outra noite, mas não, essa não
era minha intenção. — Eu olho para baixo em seus olhos chocolate cheios de
lágrimas.

Ela engole nervosamente antes de morder o lábio inferior. Meus olhos


voam entre eles e seus olhos rapidamente escurecendo.

— Vá então. Pegue o que quiser. Você também pode me chutar quando


eu estiver caída.

Por mais que eu queira tomá-la em meus braços e cuidar dela, não
vou. Assim não.

Levantando minha mão, eu gentilmente toco meu dedo nos arranhões


em sua bochecha. Ela se assusta e engasga com o meu contato.
— Elas não têm o direito de colocar a mão em você, — eu sussurro,
ignorando seu comentário anterior.

Ela encolhe um ombro. — Eu mereço por todas as pessoas que


machuquei.

— Muitos provavelmente concordariam.

— Você não?

— Não sei o que penso quando se trata de você.

Sua respiração trava na minha honestidade.

— Uma coisa eu sei, porém, eu não aceito apenas. Não aceito coisas que
não me são oferecidas, e certamente não aceito dos outros quando estão na
lama.

Eu dou um passo para trás e puxo uma lufada de ar agora que não estou
cercado pelo cheiro dela.

— Você quer algo de mim, não é assim que você consegue.

Ela abre a boca para responder, mas eu terminei. Eu vim aqui com boas
intenções e não ficarei aqui enquanto ela libera mais ódio e frustração em
minha frustração.

Dando as costas para ela, estou quase fora da porta quando sua voz me
para.

— Shane? — Descansando minha mão no batente da porta, eu paro e


abaixo minha cabeça, esperando o que ela tem a dizer. — Eu... sinto muito.
— Se a sala não estivesse tão silenciosa, eu pensaria que ouvi mal.
— Eu sei, — eu digo antes de desaparecer de sua vista e permitir que a
porta se feche atrás de mim.
Capítulo 13
CHELSEA

Um soluço ressoa no segundo em que a porta bate atrás dele.

Eu não deveria ter dito aquelas coisas. Eu soube no momento em que


olhei em seus olhos que ele não me seguiu para uma luta, mas eu surtei.

Eu não queria que ele me visse quebrada, me visse chorar, mas ele
estava de pé diante de mim enquanto eu desmoronava.

Shelly não deveria ter esse poder sobre mim, mas ela me emboscou,
estimulada pelas garotas que costumavam ficar atrás de cada movimento
meu.

Quando ela levantou a mão para se vingar do tapa que eu dei mais cedo,
tudo que eu podia fazer era ficar lá e aguentar.

Eu esperava o tapa, eu não antecipei suas unhas enquanto arranhavam


minha bochecha. — Foda-se, — eu resmungo, virando-me para olhar no
espelho para inspecionar o dano.

Eu corro meu dedo sobre o sulco mais profundo e assobio quando ele
arde.

O movimento sobre meu ombro faz meu coração pular na minha


garganta. Meu primeiro pensamento é que ele voltou sem eu ouvir, mas logo
percebo que não é ele.
— O quê? — Grito para a garota baixinha de cabelos escuros que
claramente estava escondida em um dos cubículos o tempo todo.

— Nada, — diz ela, caminhando em direção às pias para lavar as mãos. —


De nada, a propósito.

Eu dou a ela um duplo olhar. — Hum... pelo que, exatamente?

— Por lhe dar algum tipo de privacidade. Devo dizer, porém, que fiquei
desapontada por ele não te beijar. Isso teria sido quente.

— Porra, muito assustador. Você estava assistindo?

— Não, apenas ouvindo.

Nós nos encaramos, exceto pelo nosso cabelo escuro, somos opostas em
todos os sentidos. Eu posso não estar usando meu uniforme formal de
torcida, mas essa é a personalidade que eu tento passar, enquanto tudo
sobre essa garota é sombrio. O tipo exato que eu normalmente
evitaria. Então, por que me sinto atraída por ela, não tenho a menor ideia.

— Todos eles entenderam muito errado, não é?

— Eles? Quem? O quê?

Ela termina de lavar as mãos antes de ficar na minha frente.

— Eu ouvi tanto sobre você, é bom finalmente conhecer a mulher por


trás de todas as histórias. — Eu estreito meus olhos para ela. Quem diabos é
essa garota? — Rae, — ela diz como se pudesse ler minha mente. — A
namorada de Ethan. Ele me contou tudo sobre você.

Uma risada ressoa na minha garganta. — Você é a garota de


Ethan? Sério?
Ela sorri, gesticulando para si mesma. — Eu sei. Chocante certo? Eu nem
possuo um uniforme de torcida.

— Talvez não, — eu penso. — Mas acho que já estou entendendo por


que ele não teve chance.

— Oh sim?

— Ethan sempre amou um desafio, e por que eu acho que você é o


melhor?

Ela estala o quadril e descansa a mão nele. — Porque eu sou.

— Acho que já gosto de você.

— Isso é bom porque a maioria das pessoas está apenas com medo ou
com inveja.

— Você pegou Ethan Savage. Garota, esse grupo lá fora será tão
ciumento.

— Eu adoro isso. Ver a frustração em seus olhos diariamente é o que me


faz acordar de manhã. Bem, isso e o colega de Ethan...

— Ok, — eu digo com uma risada, interrompendo mais palavras. —


Ethan e eu podemos ser próximos, mas sempre houve uma linha entre nós.

— Mais do que você tem com o resto da equipe, eu ouvi.

— Puta merda. Você não se segura, não é?

— Qual é o ponto? O que você vê é o que você recebe. Goste disso ou


foda-se.

Eu balanço minha cabeça para ela em total espanto.


— Você quer de sair daqui. Eu realmente não estou sentindo isso, além
disso, eu tenho educação física mais tarde e eu realmente não tenho
paciência para isso.

— Você quer faltar?

— Sim. Você realmente não quer estar aqui depois disso, não é? — ela
pergunta, acenando para minha bochecha.

— Não, eu realmente não quero.

— Perfeito, vamos lá então. Vamos para a praia, tenho certeza que seu
bronzeado precisa de um pouco de trabalho depois de semanas trancada.

Eu a sigo para fora do banheiro e pela primeira vez hoje, sou capaz de
ignorar os olhares e palavras duras que são murmuradas enquanto
passamos.

— Você sabe que eu não estava na prisão, certo?

— Algum centro cheio de adolescentes fodidos e conselheiros que


querem conhecer seus pensamentos e sentimentos mais profundos? Soa
como prisão para mim.

Eu realmente não posso discutir porque ela meio que tem um ponto.

— Você tem um carro, certo? Eu vim com Ethan?

— Um sim. Bem ali. — Aponto para o meu BMW conversível branco.

— Uau, claro.

— O quê? — Eu pergunto.
— Só me perguntando se você poderia ser mais estereotipada. Você
deve ter parecido algo saído dos filmes saindo disso em seu uniforme de
torcida.

— Eu acho que você não vai descobrir, já que elas me expulsaram.

— Tenho certeza que você vai superar isso.

Entramos e em segundos estamos saindo do estacionamento e longe de


Rosewood High.

— Então, quanto Ethan te disse exatamente?

— Adotada, vadia de torcida... desculpe, vadia capitã de torcida, garota


do time, a vida da festa, bebedeira, eu mencionei vadia? — Ela marca cada
item em seus dedos.

— Oh meu Deus, — eu murmuro.

— O quê? Perdi algo?

— Não, não, acho que você acertou em cheio.

— Se isso faz você se sentir melhor, eu estou tão ferrada. Você está em
boa companhia.

Eu realmente nunca tive o que eu classificaria como uma amiga


próxima. Passei todo o meu tempo com a equipe, mas nunca me conectei
com nenhuma delas, não da maneira que eu esperava. Acho que eu não era
a única que se sentia assim, visto que todos elas me deram as costas na
primeira oportunidade possível.
Olho para Rae, alguém com quem eu nunca teria considerado passar um
tempo e muito parecida com Shane, eu começo a me perguntar se eu tinha
feito tudo errado.

Agarrei-me a equipe, pensando que eram elas que me fariam feliz. Eu me


apeguei ao time de futebol pensando que estava destinada a estar com os
melhores do grupo, mas eu estava me esforçando demais?

A torcida sempre será minha vida. Mas talvez eu possa ter isso e não os
relacionamentos tóxicos que vêm com isso.

É um pensamento sério.

— Tudo bem? — ela pergunta depois de alguns segundos.

— Sim. Você é… Eu nem tenho certeza do que você é. Mas eu precisava


disso, então... obrigada, eu acho.

— De nada. Devemos? — ela pergunta, gesticulando para a praia lá fora.

— Sim. — Eu pego um moletom na parte de trás do meu carro antes de


segui-la em direção à costa.

Caminhamos em silêncio até encontrarmos um ponto entre as dunas


onde nos escondemos do mundo e sentamos.

Eu enrolo meu moletom em volta do meu corpo enquanto Rae estica


alegremente suas pernas com meia calça ao sol.

— Como você não está com frio?

— Como você está? Isso é como o verão em alguns dos lugares em que
morei.
— Onde você morou?

— Mais recentemente, Washington. Antes disso, em todos os lugares.

— Então, qual é a sua história. E nem tente me dizer que você não tem
uma.

— Ah, eu tenho uma. Assim como eu acredito que você tem. Vou apenas
passar o básico. Mãe desesperada, quase padrastos demais para contar,
alguns dos quais eram mais questionáveis do que outros. Nos
mudamos. Muito. Ela acabou fodendo o pai de Ethan e aqui estamos nós.

— Uau, tudo bem então. — Ela levanta as sobrancelhas para mim,


esperando que eu retribua o favor. — Então... mãe prostituta viciada, alguns
homens muito desonestos, no sistema aos sete anos, me mudei para cá aos
oito anos e estou com meus novos pais desde então.

— Bem, não somos um par perfeito? — Ela ri.

— Deve ser chato ter a vida perfeita. Imagine não lidar com toda essa
bagagem diariamente.

— Eu literalmente não tenho ideia de como isso deve ser.

Perdemos a tarde conversando sobre besteiras e nos afastando de


nossos passados. Eu sei que compartilhei mais do que com quase qualquer
pessoa em Rosewood desde o dia em que cheguei, e tenho a sensação de
que Rae poderia ter feito o mesmo.

Ouvi-la falar sobre seu passado, ainda que brevemente, me fez pensar se
essa era a conexão entre nós, por que me senti instantaneamente à vontade
com ela ao contrário da maioria dos outros. Eu acho... acho que ela pode me
pegar de uma forma que ninguém mais consegue. Ela passou por um
inferno, ela sabe o que é tentar reconstruir uma vida depois desse tipo de
pesadelo.

— Nós provavelmente deveríamos voltar. Ethan vai se perguntar onde


estou se não estiver esperando por ele depois do treino.

Nós nos levantamos e limpamos a areia de nossos corpos antes de voltar


para o meu carro.

— Eu nunca pensei que veria o dia em que Ethan Savage se contentasse


com uma mulher, você sabe.

— Pelo que ouvi, você não é a única a pensar isso.

— Ele era uma puta. Desculpe. — Eu estremeço.

— Não há necessidade. Estou totalmente ciente desse lado de


Ethan. Todos nós temos passados, Chelsea. Sabemos disso mais do que a
maioria. Eu me recuso a julgar alguém com base no que aconteceu antes.

— E é por isso que vamos nos dar bem. Todos os outros não podem ver
além dos meus erros.

— Eu entendo o porquê, você machuca as pessoas com quem eles se


importam. Mas um dia eles vão estragar tudo e vão precisar de um
amigo. Você só precisa esperar que o karma faça sua mágica e eles recebam
de volta o que deram a você.

Suas palavras se repetem na minha cabeça enquanto voltamos para o


carro, prontos para voltar para a escola.
— Então, me fale sobre Shane, — Rae pergunta, sentando e esperando
que eu dê ré com o carro para fora da vaga. — Chelsea? — ela pede quando
eu não faço nada.

— Merda, desculpe. — Não digo mais nada até estarmos na estrada. —


Shane é... Shane, — eu digo com um suspiro.

— Há história lá, no entanto, certo? A tensão naquele banheiro, merda,


você poderia ter cortado com uma faca.

— Sim, não. Não sei. Havia algo. Eu não sei, — eu repito. — Minha
cabeça estava tão fodida naquela época. Inferno, ainda é agora,
possivelmente pior na verdade. Não faço ideia do que está acontecendo.

— Pareceu-me que ele se importava.

— Nós somos tóxicos. Nós nunca daremos certo.

Eu dou de ombros e felizmente ela deixa pra lá.

Estamos prestes a sair quando voltarmos ao estacionamento da escola


quando encontro minha voz novamente.

— Rae, por favor, não... por favor, não diga nada sobre Shane e eu. Acho
que é melhor se tudo ficar no passado.

— O que você quiser. Não direi a ninguém, não que você realmente
tenha me contado alguma coisa.

— Nada a dizer.

— Justo. Vejo você amanhã então, sim?

— Certo. Obrigada por hoje. Eu realmente precisava.


— A qualquer momento. Nós, fodidas, também precisamos ser normais
às vezes. — Eu rio enquanto ela desce do carro.

Ela se vira quando está no meio do estacionamento.

— Chelsea?

— Sim.

— Não deixe o passado definir você. Só você tem o poder de mudar o


seu futuro.

Concordo com a cabeça e observo enquanto ela desaparece em direção


ao vestiário masculino para encontrar Ethan.

Eu deveria apenas dirigir para casa e passar a noite escondida na minha


casa da piscina, mas uma parte de mim que é um glutão por punição me faz
abrir a porta do carro e caminhar em direção ao ginásio onde a equipe estará
praticando.

Eu abro a porta e silenciosamente desço.

O som delas contando enquanto trabalham na rotina é doloroso de


ouvir. Eu deveria estar fazendo isso. Eu deveria estar as liderando.

Fico um pouco atrás das portas abertas e me mantenho escondida nas


sombras enquanto as observo. Kelly não está à vista, como sempre, e Shelly
que está na frente dando suas ordens. Embora ela perca todas as coisas
importantes que precisam ser apanhadas, como Victoria não travar os
joelhos na elevação em que está trabalhando.
— Tudo dentro. Vamos acertar de cima. Harley, — ela late, referindo-se a
uma de nossas líderes de torcida JV2. — Você será nossa flyer3.

Puta de merda. Você não pode me substituir por uma JV.

Harley engole nervosamente e olha para as meninas. — M...mas eu


pensei que Tasha estava fazendo isso.

— Sim, bem, Tasha continua fodendo tudo. — Tasha bufa sua frustração,
mas esta é uma decisão que eu não posso deixar de concordar com
Shelly. Tasha não é uma flyer.

— Basta se posicionar. Você é o melhor que temos e você sabe disso.

Algumas das garotas do time do colégio torcem o nariz para a decisão,


mas eu entendo de onde Shelly está querendo chegar.

Fico olhando para elas com um nó na garganta e meus punhos cerrados


com tanta força que minhas unhas cravam nas palmas das minhas mãos.

Minha necessidade de caminhar até lá e colocá-las em ordem está me


consumindo, mas nada de bom virá disso.

Assistir Harley fazer o que eu deveria estar fazendo, e fazê-lo bem, é a


gota d'água. Com lágrimas mais uma vez enchendo meus olhos, eu me viro e
corro.

Infelizmente, mal dou a volta na esquina antes de colidir com uma


parede muito dura e quente.

— Porra. Eu sinto muito.

2
Junior Vasirty é como se fosse a equipe reserva ou a equipe de base das líderes de torcida.
3
Flyer -é pessoa que está no ar durante uma acrobacia. O Flyer deve permanecer firme durante toda a
acrobacia e controlar seu próprio peso comprimindo tudo, desde suas coxas até os ombros
— Chels? — Mãos grandes envolvem meus braços, mas não tenho
intenção de desmoronar na frente de mais ninguém hoje.

— Não. Apenas não. — Eu giro para fora do aperto de Ethan e corro para
o meu carro para que eu possa desmoronar em particular.

Passo correndo por alguns outros membros da equipe, alguns dos quais
se oferecem para me animar. Meu estômago revira com o pensamento. No
segundo em que estou no meu carro, coloco-o em movimento e acelero para
casa, para a segurança da minha casa da piscina.

No segundo em que estou dentro, tiro minha camisa e jeans skinny e


visto uma calça de ioga e um sutiã esportivo. Enfio meus fones de ouvido e
aperto o play na minha playlist de treino habitual e saio.

Não permito que pensamentos entrem na minha cabeça sobre como tem
sido hoje. Eu apenas corro. Concentro-me no puxar dos meus músculos, no
movimento dos meus membros, na música nos meus ouvidos. Eu mantenho
tudo engarrafado até chegar ao parque que costumo correr antes de voltar.

Vendo as escolas, está cheio de crianças felizes e rindo e é a última coisa


que eu preciso ver depois da minha curta conversa sobre meu passado com
Rae mais cedo.

Eu caio em um banco e vejo como um casal de crianças pequenas se


perseguem enquanto sua mãe assiste com um sorriso no rosto.

Eu nunca tive isso crescendo. Eu nunca tive esse tipo de liberdade de ser
apenas uma criança. Esquecer o estresse da vida jovem e jogar como se
minha vida dependesse disso. A sobrevivência era meu único foco quando
criança.

Envolvo meus braços ao meu redor e luto para manter as lágrimas que
ameaçam meus olhos.

Eu sempre fui destinada a ser uma fodida? Está ligado aos meus genes da
minha mãe biológica, assim como o veneno de suas drogas?

Não querendo chamar a atenção para mim, eu arrasto meu corpo já


dolorido do banco e me forço a correr de volta para casa. Não fiz nem de
perto o exercício de que preciso e já estou sofrendo as consequências.

Tomo um banho assim que volto e pretendo ir até à casa para descobrir
o que mamãe preparou para o jantar, só quando saio do chuveiro, vozes
filtram da sala de estar.

O medo enche minhas veias.

Quem diabos apareceria de bom grado e esperaria por mim?

Eu rapidamente visto algumas roupas e relutantemente coloco minha


cabeça para fora do quarto. — Aqui está ela, — Ethan anuncia, fazendo Rae
olhar na minha direção.

— Ei, — ela diz como se pertencesse à minha casa da piscina.

— Ei... hum... o que você está...?

— Nós achamos que você teve um dia difícil, então pedimos pizza. Pensei
em vir e entretê-la.

— Você não tem sorte? — Rae acrescenta com uma piscadela.


— Você está aqui apenas para estar comigo?

As sobrancelhas de Ethan se juntam em confusão. — Ah... sim. Tudo


bem?

Um sorriso se curva em meus lábios e apenas por um momento, todo o


peso que eu estava carregando sai dos meus ombros.

— Sim, é realmente ótimo. Obrigada.

— Trouxemos cerveja também.

Eu o encaro antes de balançar a cabeça. — Não, não em uma noite de


escola.

— O que diabos eles fizeram com você naquele lugar? — Ethan


brinca. Eu rio junto com ele porque entendo como isso é diferente para
mim. Mas tudo é diferente agora. Estou diferente agora.

Depois de pegar um refrigerante, eu caio no outro sofá assim que a


comida chega, e pela primeira vez no que parece uma eternidade, eu tenho
uma noite normal saindo com os amigos.
Capítulo 14
SHANE

— Você não vai correr atrás dela dessa vez? — Zayn pergunta, seus
braços descansando no meu ombro enquanto Chelsea passa por nós e sai do
prédio.

Fico tenso com a pergunta, e não tenho dúvidas de que ele sente isso.

— Shelly arranhou seu rosto, alguém precisava ter certeza de que ela
estava bem?

— Mas será que elas se importaram? Chelsea é mais do que capaz de


cuidar de si mesma.

— Eu concordo, mas esse não é o ponto, ela não deveria.

— Você vem para Aces? — Rich chama na nossa frente.

— Claro, — Zayn grita. — Você está vindo, certo?

— Sim. Não gostaria de estar em outro lugar. — Enquanto digo isso, a


imagem da casa da piscina de Chelsea surge na minha cabeça.

Eu sei que ela faltou esta tarde. Ela deveria estar em ambas as minhas
aulas. Eu estaria mentindo se dissesse que não estava nervoso enquanto
esperava que ela passasse pela porta, só que ela nunca o fez.
Fiquei desapontado, queria ver se ela estava bem depois do que
aconteceu no banheiro e sua briga com Shelly, mas principalmente eu estava
preocupado.

Ela devia estar com medo de voltar aqui. Nenhuma quantidade de tempo
iria apagar o que aconteceu antes de ela partir. Ninguém esqueceu, mesmo
que alguns como Amalie e Mason estejam felizes em deixar as coisas de lado
e seguir em frente com suas vidas, pessoas como Shelly certamente não
estão.

Torcer para Chelsea é como futebol para Jake e os outros caras. É a vida
deles. É o propósito deles. É por isso que eles saem da cama todas as
manhãs. Mas tire isso e o que resta, além da casca quebrada de uma pessoa
cheia de arrependimentos.

— Puta merda, — eu murmuro, esfregando minha mão sobre minha


mandíbula áspera. Eu preciso tirá-la da porra da minha cabeça.

— O que está errado? — Zayn pergunta, caindo no meu banco do


passageiro.

— Nada, — eu resmungo.

Depois de esperar alguns segundos para ver se mais alguém vai se juntar
a nós, começo a sair do espaço.

— Nada, sim, com certeza. É por isso que você está agindo como um filho
da puta mal-humorado. Esta manhã eu assumi que era a ressaca, ou o fato
de você se permitir chegar perto de uma puta de torcida, mas só
piorou. Então, o que é, Shane?
— Eu não quero falar sobre isso, — murmuro baixinho.

— Bem, isso realmente é uma merda para você, porque eu acho que
você vai ter que fazer isso.

Eu solto um suspiro. Mesmo que eu quisesse falar sobre isso, não tenho
ideia de por onde começar. Felizmente - ou infelizmente, não tenho tanta
certeza - Zayn parece saber exatamente por onde começar seu
interrogatório.

— Algo aconteceu com Chelsea, não foi?

Meu aperto no volante aumenta, deixando meus dedos brancos. Não


contei a ninguém sobre aquela noite. Até onde eu sei, só nós dois sabemos
disso.

— Sim, — eu admito.

— Então qual é a porra do grande negócio? Você é apenas mais um


entalhe nela... espere... — Ele levanta a mão no espaço entre
nós. Felizmente, preciso me concentrar na estrada, para não precisar vê-lo
conectando os pontos. — Você... você gosta dela, não é?

— Não. Não. Não, eu a odeio pelo que ela fez, — eu argumento, mas
mesmo para meus ouvidos, é fraco na melhor das hipóteses.

— Então, o que estamos falando aqui. Ela apenas chupou você, ou você
foi mais longe?

— Isso importa? — Eu pergunto, não querendo entrar em


detalhes. Principalmente porque não tenho ideia se ele já esteve lá e tem
experiência em primeira mão. O pensamento tem um calor correndo em
minhas veias que todos os caras com quem passo o tempo a viram como eu
a vi.

— Claro que importa. Quando e quantas vezes? — Eu olho para


encontrar um sorriso de merda no rosto de Zayn.

— O quê? — ele pergunta.

— Você está agindo como se não tivesse transado ontem à noite.

— Quem disse que eu o fiz?

— Uh... a garota gritando seu nome no quarto ao lado a maior parte da


noite.

— A garota? — ele pergunta, diversão enchendo sua voz.

— Não era uma, Dunn.

— Puta merda, — eu murmuro.

— Por que ter uma quando você pode ter duas? Laurie e Ruby
juntas. Uau, cara. Estou lhe dizendo que você não viveu até ter tido uma
sug...

— Ok, — eu digo, cortando tudo o que ele estava prestes a descrever. —


Ruby é uma júnior, cara. Sem falar amiga da sua irmã. Você não acha que
deveria dispensar um pouco as mais novas?

— O quê? Não tive chance.

— Tanto faz. Você é um cachorro.

— Pelo menos eu não estou preso em uma boceta.

— Eu não estou... porra.


— Mano, o fato de você estar tentando negar é muito divertido. Então,
qual é o verdadeiro problema aqui? Você a odeia, mas quer transar com ela
de novo? Eu não vejo o problema, não há nada de errado com uma boa e
velha foda de ódio. Elas são o tipo mais quente se você me perguntar.

— Diz o especialista, — murmuro, revirando os olhos.

— Duas em uma noite, mano. Duas em uma noite, — ele repete


enquanto descemos do carro.

— Zayn, — eu digo, minha voz de repente assumindo um tom sério. —


Por favor, não...

— Seu segredo está seguro, cara. Você nem precisa perguntar. Mas faça
um favor a nós dois, sim?

— O quê?

— Vá e foda com ela. Foda esse humor idiota do seu sistema.

Eu não posso deixar de rir enquanto fazemos nosso caminho em direção


aos Aces. É isso ou eu giro nos calcanhares e vou atrás exatamente o que ele
acabou de sugerir. A tentação de fazer exatamente isso é quase alta demais
para ser ignorada.

A equipe apareceu pouco depois de nós e preencheu os espaços finais


nas cabines habituais da equipe. Assim como desde que ela desapareceu,
sua ausência é sempre perceptível quando todos nós saímos, e da mesma
forma, ninguém, exceto eu, parece se importar ou mesmo notar.

Embora não devesse, meu coração dói por ela que ela foi tão facilmente
esquecida pelas pessoas que deveriam ser suas amigas.
Noah, Wyatt, Camila e agora Zayn sentiriam minha falta um pouco se eu
levantasse de repente e fosse embora? Eu gostaria de pensar que tive um
pouco mais de impacto em suas vidas e que eles notariam meu
desaparecimento repentino. Isso me faz pensar como é realmente a vida de
Chelsea se aqueles que deveriam ser seus amigos simplesmente não se
importam.

Hambúrgueres e shakes são entregues em nossa mesa através do amigo


de Rae, Cody. Eu como e tento me juntar aos outros, mas minha cabeça não
está nisso. Estou muito ocupado imaginando o que ela está fazendo e se ela
está sentada em casa sozinha enquanto todos os seus supostos amigos estão
se divertindo como se ela nem existisse.

Quando meu celular toca, é a desculpa perfeita para pedir desculpas e ir


para casa, embora no segundo em que puxo e encontro o nome do meu pai
olhando para mim, começo a me perguntar se deveria estar tão aliviado ou
não.

— Eu preciso ir, — eu digo, virando-me para Zayn.

— Você está bem voltando ou quer uma carona?

— Estou bem. Você vai e pega o que precisa. — Ele pisca para mim.

— O quê? Não. Meu pai, — eu digo, acenando meu celular ainda tocando
para ele.

— Certo. Certo. Estou bem. Vejo você amanhã.

Eu aceno para ele e para o resto da equipe que está amontoada ao redor
de nossa mesa antes de sair.
Decidindo não ligar de volta para ele, coloquei meu carro em movimento
e parti na curta distância para casa.

Eu não me incomodo ligando para ele, ou mesmo procurando por ele. Eu


sei exatamente onde ele estará. Ele só me liga para uma coisa e isso significa
que ele estará em seu escritório falando de 'negócios', também conhecido
como meu temido futuro.

— Aí está você. Eu estava ligando para você.

— Eu sei e aqui estou, — murmuro, caindo em um dos sofás de couro


gigantes no centro da sala.

— Certo, bem… passei a tarde em uma ligação com o treinador dos


Steelers. Ele está muito interessado. Enviei a ele algumas imagens extras de
você em ação. Ele vai dar uma olhada, mas acha que você pode ser uma
ótima opção para o time deles. Você sabe quantos jogadores deixaram seu
time no ano passado e foram direto para a NFL? — Papai pergunta, suas
sobrancelhas levantadas em excitação.

— Eu não tenho ideia, mas tenho certeza que você está prestes a me
dizer.

— O que está errado? Esta equipe é uma das minhas principais escolhas
para você. Pode levar você todo o caminho.

— Todo o caminho para onde? Ao seu sonho. Não estou interessado, pai.
— De pé, ando em direção à porta, já farto com a conversa dele.

— Shane, volte aqui.

— Não, terminamos.
Com meus dentes rangendo em frustração, eu passo pela porta,
batendo-a atrás de mim e caminhando direto para a porta da frente.

Raiva gira em minhas entranhas enquanto eu invado o meu carro. Estou


tão farto de ter essa mesma conversa. Por que ele não pode simplesmente
me ouvir?

Eu não quero a porra da NFL. Eu não sou bom o suficiente e não tenho
vontade. Eu amo futebol, eu amo. Mas não é o meu futuro. Embora eu não
tenha ideia do que seja.

Eu não sou meu pai. Eu não sou meus irmãos. A NFL é o sonho deles e eu
vou apoiá-los até ao fim, mas não é meu e eu só queria que ele me ouvisse.

Dirijo pela cidade enquanto o sol se põe sem ter para onde ir. Eu poderia
ir ao Wyatt e me perder em um jogo, ou tenho certeza que Zayn me
receberia, a mãe dele nunca está lá para importar com o que ele faz. Mas
nenhum desses lugares tem qualquer tipo de apelo no momento. Não quero
sair com amigos. Eu só quero... esquecer. Eu quero alguns momentos de
silêncio onde tudo na minha cabeça simplesmente para.

Eu me pego entrando na garagem de Chelsea.

Eu não deveria estar aqui. Eu deveria ir para casa e me trancar no meu


quarto longe do papai e de suas ideias irreais, mas não consigo tirá-la da
porra da minha cabeça.

Ela é quem faz tudo ir embora. E eu preciso disso. Eu preciso disso mais
do que qualquer coisa agora.
O sol já se pôs quase totalmente quando eu deslizo pela lateral de sua
casa, seus pais estão na sala assistindo à TV, mas felizmente não me notam.

Quando me aproximo da casa da piscina, o movimento dentro me faz


pular levemente nos arbustos.

Fico nas sombras, observando Ethan e Rae emergirem. Chelsea sorri para
eles. É um sorriso verdadeiro e genuíno que ela não dá com muita
frequência, e meus próprios lábios se contorcem levemente com a visão. Isso
é até eles desaparecerem ao redor da borda da piscina e em direção à
entrada de automóveis, felizmente do lado oposto que eu vim. No segundo
que eles estão fora de vista, seu rosto cai. A tristeza a invade enquanto ela
fecha a porta atrás deles e volta para a casa da piscina. Seus ombros estão
abaixados e sua cabeça abaixada enquanto ela cai no sofá.

Saindo das sombras, faço meu caminho, mantendo meus olhos em sua
forma derrotada.

Eu paro na porta e apenas a observo enquanto ela leva os dedos ao rosto


para enxugar uma lágrima.

Meus punhos cerram com a minha necessidade de entrar e puxá-la para


mim. Eu poderia querer vê-la sofrer depois do que ela fez, mas vê-la
desmoronar está me rasgando.

Como se ela soubesse que estou aqui, seus olhos se erguem.

Seus lábios se abrem em choque e eu só posso imaginar um grito de


choque deixando-os enquanto nossos olhos se prendem.
Ela se levanta, não faz nenhum movimento para me convidar, mas
também não me manda embora.

Quando outra lágrima cai, ela não a enxuga desta vez, e é minha
ruína. Abrindo a porta, caminho para dentro e a tomo em meus braços.

— Shane, o que diabos você está fazendo? — ela pergunta, seus olhos
arregalados enquanto eu envolvo um braço em volta de sua cintura e a puxo
para o meu corpo. Levantando minha outra mão, eu enxugo o rastro
molhado que sua lágrima deixou para trás com meu polegar.

— O que eu deveria ter feito antes.

Inclinando-me para a frente, pressiono meus lábios nos dela. Eu quero


dar a ela uma chance de se afastar, para me dizer para onde ir, mas no
segundo em que nos conectamos eu perco toda a contenção.

Andando com ela para trás, ela esbarra no balcão. Suas mãos deslizam
pelas minhas costas antes de deslizar para dentro da minha camisa.

Colocando minhas mãos em suas coxas, faço um trabalho rápido de


levantá-la para o balcão, suas pernas se separam instantaneamente,
permitindo que eu fique entre elas.

— Shane, — ela geme quando eu começo a beijar sua mandíbula e


pescoço. — Tire, — ela exige, puxando o tecido ao redor do meu corpo.

Soltando-a por um instante, eu o arrasto sobre minha cabeça e o deixo


cair no chão ao nosso lado.

Seus olhos pousam no meu peito antes que ela os erga para encontrar os
meus. Eles estão escuros, famintos, e isso só me estimula. Minha
necessidade de me perder nela é demais para negá-la. Estando aqui agora
com suas mãos em mim e suas pernas travadas em volta da minha cintura,
nada mais existe. Não há besteira fora dessas quatro paredes. Somos apenas
duas pessoas que precisam escapar de tudo o que está acontecendo em suas
vidas que está totalmente fora de seu controle.

— Eu não deveria estar fazendo isso, — eu sussurro, tomando suas


bochechas em minhas mãos. Não sei por que digo isso, alguma necessidade
fodida de ter certeza de que ela sabe que não há nada mais aqui do que o
que estou prestes a dar a ela.

— Então você está pensando em parar? — Ela inclina a cabeça para o


lado e morde o lábio inferior.

— Foda-se não.

Eu a tenho em meus braços em um piscar de olhos e a carrego para os


fundos da casa da piscina, onde espero que seja o quarto dela.

Enquanto ando, seus lábios percorrem meu pescoço, apenas


aumentando minha necessidade por ela. No segundo em que encontro sua
cama, eu a coloco nela e rastejo sobre seu corpo.

— Shane, o que esta...

— Não, — eu digo, colocando meu dedo contra seus lábios, cortando


mais palavras que ela possa querer me dizer. — Não fale ou eu vou
embora. Sem besteira, eu só... eu só preciso... — Ela levanta as sobrancelhas,
esperando que eu termine. Eu engulo meu orgulho porque preciso muito
disso agora para fazer qualquer coisa além de dizer a verdade. — De você,
está bem? Eu apenas preciso de você.

Seus saltos cavam na parte inferior das minhas costas e eu caio em cima
dela, pressionando seu corpo minúsculo no colchão.

— Dê-me tudo, — ela geme quando eu libero seus lábios mais uma vez.

Recolhendo o tecido de sua regata, eu a empurro em sua barriga, meus


lábios beijando a pele lisa enquanto eu faço.

Uma vez que eu o coloco sobre seus seios, ela assume e o arranca de seu
corpo. Seu peito arfa enquanto sua respiração passa por seus lábios
entreabertos.

Ela precisa disso tanto quanto eu. Eu não tenho ideia do que eu teria
feito se ela tivesse me rejeitado como ela fez na outra noite. Inferno, ela
ainda poderia fazer isso.

Esse pensamento me estimula.

No segundo em que ela arqueia as costas para mim, eu deslizo minha


mão atrás dela para desabotoar seu sutiã.

Ela geme alto quando eu puxo o tecido de seu corpo. Seus mamilos estão
empinados e prontos para mim.

Porra, essa garota tem minha cabeça toda fodida.

Eu a odeio.

Eu a quero.

Eu não deveria tê-la.


Eu não posso me ajudar.

— Shane, — ela geme. — Por favor.

Olho para ela enquanto ela olha para mim.

Eu deveria ir embora e não olhar para trás. Não há como isso ser algo
menos que um desastre esperando para acontecer. Mas eu temo depois de
apenas um gosto todas aquelas semanas atrás que eu já estou muito fundo.

A tensão crepita entre nós quando nenhum de nós se move e apenas o


som de nossa respiração pesada e difícil pode ser ouvida.

— Shane? Eu pensei que você veio aqui com um plano em mente, — ela
provoca. — Ou você não é homem suficiente... foda-se, — ela chora quando
eu mergulho para a frente e chupo um de seus mamilos rosados em minha
boca.

Seus dedos mergulham no meu cabelo para me segurar no lugar e ela


geme de prazer debaixo de mim. Eu mudo para o outro lado enquanto meus
dedos percorrem seus lados para puxar suas calças.

Meus lábios a abandonam enquanto ela levanta os quadris, permitindo-


me arrastar o tecido pelas pernas.

Ela chuta as calças de seus pés para que eu não tenha que me afastar
para livrá-la da roupa.

Sentando-me, eu olho para ela desnudada diante de mim.

Ela é tão linda. Seu corpo esguio é perfeição impecável e mostra


claramente todas as horas que ela dedica ao esporte.

Eu não consigo foda-se.


Deslizando minhas mãos por suas coxas, seus quadris se contorcem com
a necessidade de mais.

— O que você precisa?

— Você, — ela geme. — S...sua boca.

Eu engulo nervosamente. Ela não tem ideia – eu não acho – que nosso
tempo juntos antes foi a primeira vez para mim. Ao contrário da maioria do
resto da equipe, não passo todas as noites da semana com uma garota
diferente. Eu não estava esperando por ninguém em particular. Eu só sabia
que não queria que fosse qualquer uma. Eu nunca em um milhão de anos
teria pensado que Chelsea seria a única a receber minha virgindade, mas
agora que aconteceu, não consigo imaginar de outra maneira.

— O que está errado? Você me deixará alta e seca? — Eu a encaro,


minha cabeça girando com a minha necessidade. — Eu mereço. Você deve se
levantar e sair agora e não olhar para trás. Todos os outros fariam.

— Chega, —grito, garantindo que seus lábios se fechem


imediatamente. — Eu disse para não falar.

Abaixando para o meu estômago, eu envolvo minhas mãos ao redor de


suas coxas e me concentro em seu núcleo.

Ela está tão pronta para isso, e a visão tem desejo correndo por
mim. Meu pau está incrivelmente duro e desesperado por seu toque, mas
por algum motivo fodido, quero dar isso a ela primeiro. Eu quero ajudá-la a
deixar tudo para trás, assim como estou desejando para mim.
Fechando o espaço entre nós, eu achato minha língua e a pressiono
contra ela. Eu serei o primeiro a admitir que eu realmente não sei o que
estou fazendo, mas enquanto ela geme, seus dedos mais uma vez encontram
seu caminho no meu cabelo e puxam dolorosamente com força. Não que eu
vá reclamar. Com o gosto dela na minha língua e seu cheiro doce me
cercando, estou tão perdido que mal sei meu próprio nome. É exatamente o
que eu precisava. O que eu sabia que ela poderia me dar.

— Shane, porra, — ela geme, arqueando as costas em sua necessidade


de mais.

Soltando um de seus quadris, encontro sua entrada e deslizo um dedo


dentro dela.

— Sim, sim. Porra, sim, — ela canta, me estimulando. Eu lambo mais


rápido antes de roçá-la com meus dentes e adicionar outro dedo esticando-
a. — Oh Deus. Oh Deus.

Seus músculos me apertam e eu mantenho meu ritmo, desesperado para


senti-la desmoronar contra mim.

Eu me lembro muito bem como ela estava apertada quando ela gozou ao
meu redor da última vez, os pequenos ruídos que ela fez quando desceu do
seu orgasmo. Foi completamente alucinante e eu preciso experimentar isso
de novo mais do que preciso da minha próxima respiração.

— Shane. Shane. Shaaannnne, — ela grita enquanto seu corpo treme


debaixo de mim. Suas coxas apertam em torno de minhas orelhas enquanto
ela cai.
De pé da cama, coloco minhas mãos no cós da minha calça e abro o
botão. Meus olhos permanecem em Chelsea enquanto ela deita relaxada na
cama, tentando recuperar o fôlego.

— Shane, eu... — Apoiando-se em seus cotovelos, suas palavras são


cortadas enquanto ela me observa empurrar minhas calças e boxers pelas
minhas coxas e me segurar na mão. — Porra.

— O quê? — Eu pergunto, chutando o tecido dos meus tornozelos e


dando um passo em direção a ela. — Você pensou que era tudo o que eu vim
fazer?

Ela balança a cabeça, seus olhos ainda presos em mim. — N...não. Eu só


pensei... — Ela para quando coloco um joelho na beirada de sua cama e
depois o outro.

— Chega de pensar... — eu incito, lembrando-a de que ela estava no


meio de dizer algo.

— Achei que você ia sair.

— Ainda não. Eu preciso pegar o que vim pegar em primeiro lugar.

Algo pisca em seus olhos, o fogo ao qual estou tão acostumado enquanto
ela me rasga de novo, mas as palavras não seguem. Ela sabe muito bem que
ela só estará negando a si mesma se ela se voltar contra mim agora.

Por mais fodido que isso possa ser. Por mais que possamos nos
odiar. Isso agora está acontecendo porque nós dois precisamos muito
disso. Precisamos demais um do outro.

Esse pensamento é assustador pra caralho.


Eu não deveria precisar de ninguém, muito menos de Chelsea.

Forçando o pensamento da minha cabeça, eu rastejo entre suas pernas e


encontro sua entrada.

— Preservativo? — Eu pergunto, percebendo que eu não tenho


um. Porra.

— Está tudo bem, é seguro.

— Mas…

— Eu não estive com ninguém, Shane. Não desde…

Meus olhos se erguem para encontrar os dela. Tudo o que vejo é


honestidade olhando para mim.

— Ao contrário da crença popular, na verdade não sou uma prostituta.

— Não, isso não foi... — Ela arqueia uma sobrancelha. — Só fiquei


surpreso.

— Sem conversa, lembra? — ela zomba, envolvendo as pernas em volta


dos meus quadris e me puxando para mais perto.

— Eu não esqueci.

Ela grita quando eu empurro meus quadris para a frente, preenchendo-a


em um movimento rápido.

Porra. Meus olhos se apertam enquanto eu me dou um segundo. Ela é


tão quente, tão apertada, tão incrível.

Inclinando-me sobre ela, envolvo minha mão em sua nuca e a inclino


para que eu possa capturar seus lábios. Eu empurro novamente enquanto
minha língua mergulha em sua boca e minha mão vem até seu seio, meus
dedos beliscando seu mamilo.

— Oh Deus, Shane, — ela murmura contra meus lábios enquanto eu toco


seu corpo.

Eu estava nervoso pra caralho naquela primeira vez. Eu não tinha ideia
do que estava fazendo e ela era, bem... Chelsea, especialista em todas as
coisas. Mas no segundo em que coloquei minhas mãos nela, tudo se
encaixou. Era como se meu corpo soubesse o que fazer e os nervos
sumissem enquanto ela gemia e se contorcia contra o meu toque.

Nossas línguas duelam enquanto nossos corpos encontram um ritmo que


me faz correr em direção à minha libertação muito antes de estar pronto
para isso acabar.

As unhas de Chelsea arranham minhas costas enquanto suas paredes


escorregadias ondulam ao meu redor, me dizendo que ela está prestes a cair
no abismo comigo.

— Chelsea, — eu gemo. É meio com admiração e meio apenas para me


lembrar que é ela, que isso está acontecendo de novo.

Passando minha mão por seu corpo, encontro seu clitóris e o círculo.

Ela grita, suas unhas cravando em minha pele, mas a pontada de dor só
aumenta o prazer que está correndo em minhas veias.

— Porra. Porra, — eu gemo contra seus lábios, desesperado por ar, mas
me recusando a me afastar dela.

— Shane, — ela chora. — Oh Deus, Shane.


Seu corpo inteiro trava quando seu prazer bate nela. Suas costas
arqueiam e ela joga a cabeça para trás. Sinto falta de seus lábios
imediatamente, mas no segundo em que abro os olhos e olho para ela, logo
é esquecido.

Com os olhos bem fechados, seus lábios inchados se abrem de prazer


enquanto ela chega ao clímax. Sua boceta me aperta de forma
impossivelmente apertada e eu não posso deixar de cair na borda com ela.

Caindo ao lado dela, nós dois ficamos relaxados e tentamos recuperar o


fôlego.

O silêncio em torno de nós torna-se pesado, mas não é com a tensão que
estava enchendo a sala há pouco tempo, está rapidamente se tornando cada
vez mais estranho, pois nenhum de nós diz nada.

Chelsea é a primeira a quebrá-lo, mas eu nunca poderia ter adivinhado as


palavras que saem de seus lábios.

— Bem, isso foi inesperado, mas agradável. — Uma risada borbulha na


minha garganta. — Mas você pode sair agora.

Sentando-me, eu olho para ela. Seu cabelo está em todo lugar, suas
bochechas rosadas com o esforço e seus lábios vermelhos dos meus
beijos. Ela não faz nenhuma tentativa de esconder o fato de que está nua e
se suas palavras não fossem tão definitivas, eu provavelmente teria um
trabalho mantendo meus olhos em seu rosto, mas do jeito que está, estou
chocado demais para realmente notar.

— Eu posso sair agora. Uau.


— O quê? Você esperava passar a noite abraçados? Você conseguiu o
que veio buscar. Você pode ir agora.

Ela rola de lado, virando as costas para mim.

— O quê? Eu não... Chels?

— Apenas vá, Shane. Nós dois sabemos que você não quer realmente
passar tempo comigo. Você só queria aquela porra de vingança que você
falou no sábado à noite. Bem, você acertou em cheio, foda-se.

— Você realmente não acredita nisso, acredita? — Eu coloco minha mão


em sua cintura e seu corpo trava ao meu toque.

— Vá.

Sabendo que não tenho chance de chegar até ela. Eu relutantemente


empurro de sua cama e arrasto minhas roupas.

Ela não se move um centímetro enquanto me preparo para sair.

Com um suspiro, ando até à porta, me abaixando para pegar minha


camisa enquanto faço isso. Incapaz de me conter, olho por cima do
ombro. Ela está olhando para a parede, mas eu sei que ela está ciente da
minha atenção porque seu corpo fica tenso enquanto meus olhos percorrem
o comprimento dela.

— Aqui, — eu digo, jogando minha camisa para ela. — Isso não acabou.

Ela abre a boca para responder, mas não diz nada. Assumindo que ela
terminou, eu me viro para sair. Estou no meio do caminho de sua sala de
estar quando seu soluço soa.
Meus punhos cerram, minhas unhas cravando em minhas palmas, mas
eu não me viro. Posso não a conhecer muito bem, mas sei que não era para
eu ouvir isso.

No segundo que entro no carro, me arrependo.


Capítulo 15
CHELSEA

Eu não deveria deixá-lo ir. Eu soube disso no momento em que ele saiu
do quarto. Eu deveria tê-lo chamado de volta, permitido que ele passasse
mais tempo me distraindo.

Enquanto ele estava aqui, eu esqueci tudo o que aconteceu hoje. Por
aqueles poucos momentos, eu me senti como eu mais uma vez. Como se eu
pertencesse a algum lugar, como se alguém me quisesse.

Eu não sou estúpida o suficiente para acreditar que é a verdade. Ele


poderia ter dito que não era sobre vingança, mas tenho certeza que ele teria
dito qualquer coisa naqueles poucos segundos antes de conseguir o que veio
atrás para ter certeza de que eu concordava.

Quando acordo, meus olhos estão doloridos de chorar mais uma vez e
meus músculos doem pelo pouco tempo que passamos juntos, mas isso não
é a coisa mais perceptível.

É o cheiro dele.

Está em todos os lugares e por um breve momento, acredito que sonhei


que ele partiu, me permito acreditar que ele ainda está aqui comigo.

Mas no segundo em que abro os olhos, tudo desaba. A cama ao meu


lado está vazia, assim como o resto da minha casa da piscina.
Ele saiu. Ele saiu depois de conseguir o que queria. Ele é como o resto
dos caras do time, só que deixou mais marca. Ele é o único – além de Jake –
de quem eu sempre quis mais, precisei mais. Só que ele não tem
ideia. Porque, assim como o resto do time, ele me vê como uma idiota
fácil. Eu permiti que ele me tivesse e agora ele acha que é seu direito dado
por Deus. Ele provavelmente está gostando que todo mundo me
odeia. Significa que ele não tem concorrência. Agora eu realmente sou um
jogo fácil.

Meu peito dói enquanto aqueles breves momentos da noite passada


passam pela minha mente. Não quero pensar nisso, mas não consigo parar. É
como se meu cérebro só quisesse me torturar.

Eu penso na suavidade de seu toque, no jeito que ele tocou meu corpo
como se ele tivesse um maldito mapa. A maneira como ele se movia, a
suavidade de seus lábios. Nenhuma dessas ações gritava vingança e ódio,
mas não poderia ter sido outra coisa ou ele ainda estaria aqui.

Ele não estaria?

Se ele se importasse, ele não iria simplesmente embora. Se fosse algo


mais do que uma liberação rápida, uma maneira de provar para mim que ele
tem o poder, ele não teria saído.

Você disse a ele, uma vozinha diz, e eu me lembro das palavras exatas
que saíram dos meus lábios quando eu o dispensei como se ele não fosse
nada.

Eu cubro minha boca com minha mão, querendo parar o soluço de


irromper.
O que diabos eu estava pensando?

Sentando-me, descubro o motivo de seu cheiro levemente avassalador e


alucinante. Estou vestindo a camisa dele.

Eu deveria ter tomado banho depois que ele saiu, mas eu não tinha isso
em mim. Em vez disso, puxei sua camisa sobre minha cabeça e me enrolei na
cama, desejando que meu corpo dormisse para me afastar da memória de
seu toque. Somente quando me reivindicou, foi preenchido com memórias
vívidas dele.

Isso é uma bagunça do caralho.

Ao sair da cama, comecei a me preparar para outro show de merda de


um dia em Rosewood High, onde tenho certeza que serei repreendida por
Shelly e a equipe e ignorada por Shane como se eu não fosse nada mais do
que um pedaço de lixo que ele jogou fora.

Com um suspiro, puxo sua camisa sobre minha cabeça, mas antes de
deixá-la cair na lavanderia, não posso deixar de levar o tecido até o nariz e
cheira-la.

Eu quero me agarrar aos sentimentos que correm ao redor do meu corpo


enquanto estou cercada por ele.

A segurança, o contentamento, o pertencimento. Mas qual é o


ponto? São todas mentiras.

***
Estou sentada na aula de inglês mais tarde naquela manhã, meus muitos
arrependimentos girando na minha cabeça. Parece que estou adicionando
mais à minha coleção já interminável.

Será que algum dia tomarei a decisão certa?

Fui a primeira a entrar, para grande surpresa da nossa professora. Eu não


tenho certeza se alguma vez cheguei cedo para a aula na minha vida, mas
agora com certeza é melhor não arriscar me bater com Shelly ou qualquer
outra pessoa na escola que quer que eu vá embora, o que infelizmente são
quase todos.

Ela começa a falar comigo sobre o que eu perdi enquanto estive fora,
depois de expressar sua alegria desanimada por me ter de volta. Eu meio
que escuto. Eu sei que deveria estar mais interessada no que ela está me
dizendo, mas agora, enquanto espero o resto da classe aparecer e voltar
seus olhares de ódio para mim, eu realmente não consigo encontrar isso em
mim.

Alguns alunos começam a entrar, a maioria dos quais eu realmente não


conheço, embora todos olhem na minha direção, mesmo que por um
segundo muito breve.

Eu mantenho minha cabeça baixa, mas isso não significa que eu não sinta
seus olhares ou ouça seus sussurros constantes.

A classe deve estar quase cheia quando a atmosfera muda. Não quero
olhar, já sei a causa, mas não tenho forças senão levantar a cabeça.
No segundo que eu faço, meus olhos travam com os verdes dele. Seu
rosto está em branco e eu não tenho ideia do que ele está pensando ou
sentindo. Eu odeio isso.

Ele se arrepende da noite passada? A falta de expressão ou cuidado


parece sugerir isso.

Meu estômago dá um nó. Não importa quão ingênua, eu ainda esperava


que as coisas pudessem ser diferentes esta manhã.

Arrastando meus olhos dos de Shane, eu me concentro nos caras atrás


dele. Zayn está de pé com seu sorriso habitual brincando em seus lábios
enquanto ele olha entre nós dois. Ótimo, parece que outra pessoa conhece
nosso segredo. Quanto tempo até ao resto da escola descobrir? Shane será
linchado por falar comigo, quanto mais me tocar.

Mas não é a diversão de Zayn que realmente chama minha atenção


porque são os olhos furiosos de seu capitão que está logo atrás do ombro de
Shane.

Eu suspiro com a escuridão dos olhos azuis que eu costumava pensar que
conhecia melhor do que os meus.

Seu olhar me prende à minha cadeira e um arrepio de medo percorre


minha espinha.

Jake Thorn pode ser um idiota, mas ele nunca me machucaria de


propósito, disso eu tenho certeza. Mas machuquei a única pessoa que
significa mais para ele do que qualquer outra coisa, e sei que terei que
aceitar quaisquer consequências que ele tenha para mim.
Eu sei que não fará muita diferença, mas meus lábios se separam de
qualquer maneira.

— Sinto muito, — eu murmuro para ele.

Seus lábios franzem de raiva enquanto seu olhar se mantém, mas é


apenas alguns segundos depois quando nossa professora fala para eles por
bloquearem a entrada e os três são forçados a se mover.

Ele segura meu olhar até que ele não tem escolha a não ser olhar para
sua mesa.

Meu estômago revira e me preocupo que acabarei correndo para o


banheiro a qualquer minuto. Felizmente, o resto da turma chega, a
professora começa e eu sou capaz de respirar com a náusea.

Arrependimentos são coisas horríveis. Eu odeio ter machucado pessoas


que eram minhas amigas. Eu odeio o jeito que eles olham para mim agora
com decepção e raiva em suas feições. Mas além de pedir desculpas, não
tenho ideia de como consertar tudo o que fiz. Eu sei que foi errado. Eu sei
que foi um grande erro. Eu estava apenas... estou... perdida. Estou tão
desesperada por essas conexões que vejo que todos têm ao meu redor. As
amizades, os relacionamentos. Eu nunca os tive. Nunca.

Deveria ter sido uma coisa natural com minha mãe, mas ela estava muito
preocupada em conseguir seu próximo golpe do que está comigo. Honey e
Derek são ótimos, eu os amo do meu jeito, mas eles não são meus pais
verdadeiros. Eu não sinto esse vínculo natural com eles. Nosso
relacionamento levou anos para evoluir para o que é agora, e às vezes não
foi fácil, mas juntos encontramos nosso caminho. Eles me provaram que as
pessoas nem sempre te decepcionam. Eles poderiam facilmente ter desistido
de mim ao longo dos anos. Inferno, eu dei a eles motivos suficientes para
isso, mas eles me apoiaram em cada um dos meus erros e decisões ruins.

Soltei um suspiro, desejando ter todas as respostas e que um dia não me


sentiria tão sozinha. Todo mundo anda pelos corredores aqui como se
pertencesse, como se tivesse encontrado seu lugar, mas mesmo antes de
tudo isso, eu nunca me senti em casa. É por isso que forcei os
relacionamentos que formei. As meninas da equipe precisavam ser minhas
amigas se quisessem manter seu lugar, o time de futebol me aceitou porque
eu tinha algo a oferecer. Nenhum deles me queria por mim. Tenho certeza
de que ninguém nunca me quis por mim.

Um sorriso se forma em meus lábios enquanto penso no tempo que


passei com Rae ontem. Apesar de tudo o que ela ouviu sobre mim na minha
ausência, ela realmente parecia querer passar um tempo comigo ontem,
realmente parecia que ela queria conhecer o meu verdadeiro eu, não a
boneca Barbie que eu dou a todos os outros. Ela viu as rachaduras, os
amassados e as partes quebradas de mim que mantenho trancadas dentro,
assim como fiz com ela.

Seríamos as amigas mais improváveis, ela com seu visual gótico e eu


ansiando pelo meu uniforme de torcida, mas acho que a conexão que eu
sempre desejei é mais profunda do que nossas preferências e nosso
estilo. Sua força vem de nossos medos, nossos pesadelos, as coisas que
mantemos escondidas do mundo exterior.
Enquanto nossa professora continua, começo a me perguntar quão
confiável ela é. Ela poderia ser aquela em quem eu confio? Foda-se, eu
preciso contar a alguém meu segredo.

A última coisa que eu esperava ontem à noite era que Ethan e Rae
aparecessem para me fazer companhia porque estavam preocupados
comigo. Ok, isso é mentira, a última coisa que eu esperava era o que
aconteceu depois disso, mas eu não preciso pensar nele agora. Já é ruim o
suficiente que seu olhar esteja queimando na parte de trás da minha cabeça.

As palavras de Ethan ressoaram em mim. Ele não costuma ser tão sábio,
mas acho que Rae deve estar exercendo uma boa influência sobre ele.

— Você é a porra do Chelsea Fierce. Quando você já se sentou e permitiu


que a merda acontecesse ao seu redor? Você quer sua antiga vida de
volta? Vá lá e pegue, porra.

Ele tinha um ponto. O único problema é que não tenho certeza se sou
mais a mesma pessoa.

Meu tempo longe certamente me deu a oportunidade de refletir. Deu-


me muito mais do que isso, e mudou minha vida de maneiras que não tenho
certeza se os conselheiros poderiam sequer imaginar.

Quero minha antiga vida de volta. Bem… quero minha equipe de


volta. Todo o resto. As amizades falsas, o domínio por trás para manter
minha posição no topo da escola e as besteiras que vieram com isso, nem
tanto.

Eu só quero minha equipe. Meu futuro. O resto está tão no ar agora.


Ainda estou perdida em meus pensamentos quando a campainha
toca. Faço um trabalho rápido de arrumar tudo e tentar sair da sala o mais
rápido possível. Eu posso estar ansiosa para fazer as pazes por todos os meus
erros, mas eu não quero discutir isso com Jake no meio de uma sala de aula
com uma plateia.

— Saia do meu caminho, — uma voz familiar fala atrás de mim enquanto
dou um passo atrás da minha mesa. Meu ombro é atingido e quando olho
para cima, encontro uma das minhas líderes de torcida anteriormente leais
me empurrando para fora do caminho para que ela possa passar.

Eu quero dizer alguma coisa, mas eu mordo minha língua. Fazer uma
cena não vai ajudar ninguém agora.

Eu finalmente consigo sair da sala antes que Shane e Jake se levantem de


suas mesas, claramente nenhum deles tem qualquer desejo de falar
comigo. Agora, isso é bom para mim. Eu só quero passar o dia sem mais
arranhões ou hematomas.

Minha próxima aula é apenas uma repetição da anterior. Olhares


constantes e fofocas. Na verdade, estou começando a me acostumar com
isso de uma maneira estranha. A velha eu teria adorado toda a atenção, é
uma pena que a nova eu só queira se esconder no armário até que todos
estejam entediados comigo.

Estou cercada por alunos e indo em direção ao refeitório para o almoço


quando a conversa ao meu redor de repente cai. No segundo que eu olho
para cima, eu sei por quê. Shelly e suas cadelas estão andando na minha
direção, e cada par de olhos está me perfurando.
Soltando um suspiro frustrado, dou um passo para descer as escadas
para escapar delas.

Estou com fome e realmente não tenho paciência para suas besteiras
agora.

— Você deveria ficar fora do meu caminho, — Shelly diz, parando na


minha frente e colocando as mãos nos quadris.

O corredor ao nosso redor fica quase mortalmente silencioso enquanto


eles esperam por uma repetição da luta de ontem. Eu não tinha intenção de
participar disso, eu realmente não quero estar aqui agora.

— Eu não estou no seu caminho. Só vou almoçar.

— Você não é bem-vinda.

— Eu não sou bem-vinda no refeitório? Foda-se, Shelly, ninguém te fez


Deus. — Ela dá um passo à frente, uma carranca no rosto. — Cuidado, essas
linhas vão definir e você vai precisar implorar ao papai por mais Botox. — Ela
engasga, assim como o resto da equipe, embora eu não tenha ideia do
porquê, não é nenhum segredo que a aparência de Shelly não é totalmente
natural.

— Sua vadia, — ela grita, levantando a mão, bem como ela fez ontem, e
eu me movo para evitá-la. Eu esqueço que estou no topo da escada. Isso é
até que eu coloco meu pé no chão e não há chão para ele pousar.

— Porra — eu grito um momento antes de começar a cair.

Meu braço libera os livros que eu estava segurando no peito como um


escudo de Shelly, mas não consigo encontrar nada que me detenha.
A última coisa que ouço é um suspiro coletivo quando minhas costas
batem na parede antes de eu cair escada abaixo.

Lembro-me vagamente de bater nas pernas das pessoas, mas eu pegava


tanta velocidade que nenhuma das mãos que me alcançavam me parava
com sucesso.
Capítulo 16
CHELSEA

A dor na minha cabeça é a primeira coisa que sinto quando volto a mim
mesma.

Eu mexo os dedos dos pés e depois os dedos e dou um suspiro de


alívio. Pelo menos ainda funcionam.

— Chelsea? — uma voz feminina suave diz ao meu lado, mas não consigo
registrar a quem pertence também.

Uma mão quente desliza na minha e aperta.

— Está tudo bem. Você está no hospital.

— Devemos chamar um médico?

Eu conheço essa voz. O sotaque inglês é uma oferta inoperante.

— Amalie? — Minha voz é um sussurro áspero, mas o choque é claro.

Arrastando meus olhos abertos, eu tenho que piscar algumas vezes para
deixar minha visão clara, mas quando eles o fazem, lá está ela sentada ao
lado da minha cama.

— O que você está…

— Fazendo aqui? Eu tenho me feito a mesma pergunta para ser honesta.

— Eu sin... — Eu engulo e lambo meus lábios. — Eu sinto muito.


Ela acena com a cabeça, mas eu tenho certeza que não é para aceitar
minhas desculpas mais apenas para provar que ela ouviu.

— Aqui, tome uma bebida. — Eu me viro para o som da outra voz e


encontro Rae. Um sorriso puxa meus lábios apesar da dor cegante na minha
cabeça.

— O...obrigada, — digo uma vez que bebo um gole da água. — O...o que
aconteceu?

— Shelly empurrou você escada abaixo.

Eu permito que suas palavras passem pela minha cabeça por um segundo
ou dois enquanto tento arrastar minha memória nebulosa do que aconteceu
hoje.

— N...não, ela fez... porra, — eu grito.

— O quê? O que está errado? — Rae está fora de sua cadeira, seus olhos
arregalados enquanto ela me olha.

— Porra, porra, porra, — eu entoo, tentando me empurrar para uma


posição sentada. — O que há errado comigo? O que os médicos disseram? —
Eu pergunto com pressa.

— Nada demais, só que você teve um grande golpe na cabeça. Por que,
alguma coisa dói?

— Não... hum... eu estou... porra. — Eu deixo cair minha cabeça em


minhas mãos enquanto as duas se aproximam, intrigadas com o meu surto,
eu imagino. — Estou grávida, — murmuro em minhas mãos.

— O quê? — Amalie grita em total descrença.


— Eu preciso do médico. Eu preciso saber. Porra. — Eu pressiono minha
mão no meu estômago, rezando para que Shelly não tenha arruinado a única
coisa boa da minha vida. A única coisa boa a sair de tudo isso.

— Ok, sim. Eu vou encontrá-lo. — Rae puxa a cortina para trás e sai
correndo do quarto.

A atenção de Amalie permanece em mim. — Você não está brincando...


está?

Eu balanço minha cabeça. — Não, eu não estou. Se eu... foda-se. Não


posso. Porra. — Minha voz falha e meu queixo treme com o pensamento de
perder isso, assim como tudo na minha vida.

Para minha total descrença, Amalie envolve o braço em volta do meu


ombro e me abraça a ela.

— Tenho certeza que ficará tudo bem.

Eu quero concordar, mas tudo o que sinto agora é medo. Eu ainda não
tive a chance de aceitar totalmente a minha realidade e ela já pode ter
acabado. Não. Não, não pode ser. Eu preciso disso. Eu preciso que tudo fique
bem.

No momento em que Rae reaparece com uma médica de aparência


gentil atrás dela, eu tenho lágrimas escorrendo pelo meu rosto mais rápido
do que posso controlar.

— Boa tarde, Chelsea. Eu sou a Dra. Francis. Sua amiga aqui me disse que
você acha que pode estar grávida.

— Eu não acho. Eu estou.


— Ok, fizemos exames de sangue, mas ainda não voltaram do
laboratório. De quanto tempo você acha que está?

— Cerca de onze semanas.

Eu posso não estar olhando para Rae ou Amalie, mas não sinto falta de
seus queixos caindo em choque.

— Ok. Você fez um ultrassom?

Eu balanço minha cabeça. Visitei um médico no centro que deu o


pontapé inicial, mas não tenho uma consulta nem nada, embora saiba que
devo ter em breve.

— Ok. — Ela pega minha mão e aperta em apoio. — Você tem alguma
dor abdominal, alguma razão para acreditar que algo pode não estar certo?

Concentro-me no meu corpo por um momento, mas além da minha


cabeça e algumas dores, nada parece errado.

— N...não, acho que não.

— Certo, deixe-me ir e fazer uma ligação ou duas e verei o que posso


fazer para trazer uma máquina de ultrassom.

Com um sorriso suave e um olhar para o meu público chocado, ela


desaparece de volta pela cortina.

— Você está grávida?

Rae pergunta como se precisasse me ouvir dizer isso de novo só para


acreditar.
— Sim, mas ninguém sabe. Eu nem contei aos meus pais. Vocês são as
únicas.

— Meu Deus, Chelsea. Você realmente sabe como trazer o drama, não
é?

— Não era para acontecer.

— Pelo amor de Deus, por favor, me diga que não é de Jake. — Não
tenho certeza se ela está perguntando isso como uma piada ou não, mas
quando olho para Amalie, vejo um lampejo de medo em seus olhos.

— Claro que não. Aquele garoto não olhou para mim duas vezes desde
que você apareceu.

— B...bom. Isso é bom. — Ela se abaixa de volta para a cadeira, imersa


em pensamentos.

— Então de quem é? — Rae pergunta.

Eu balanço minha cabeça. — Agora não é realmente a hora. Além disso,


tenho a sensação de que ele não vai querer nada com isso.

— Você não disse a ele?

— Ainda não.

Eu pretendia contar aos meus pais quando voltasse do centro. Mas eles
estavam tão felizes por me ter em casa e esperançosamente em um lugar
mais positivo que eu não tive coragem de confessar.

Eu sei que eles vão se decepcionar comigo. Eu vejo o jeito que eles olham
para mim quando eu saio para festejar. Eles não são estúpidos, eles sabem
as coisas que todos nós fazemos, e eu sempre prometi a mamãe que eu seria
sensata. Eu tinha um futuro, uma carreira na torcida para pensar. Ter esse
tipo de acidente certamente não fazia parte do meu plano.

— E...eu sei que não tenho o direito de pedir nada de vocês, — digo
diretamente para Amalie. — Mas eu realmente apreciaria se você guardasse
isso para si mesma.

Ela solta um suspiro. Seus olhos deixando os meus por uma batida. —
Você tem razão. Eu não te devo nada. Eu deveria voltar direto para
Rosewood e gritar pelo sistema de alto-falante. — Cada músculo do meu
corpo trava com o pensamento. — Mas eu não vou. Esse não é o tipo de
pessoa que eu sou.

— Ok, — a médica diz, reaparecendo com uma máquina e outra mulher


que infelizmente reconheço atrás dela. — Vamos ver o que está
acontecendo então, certo? Esta é...

— Nós já nos conhecemos, — a outra senhora diz, e eu quase consigo


sufocar um gemido. — Prazer em ver você, Chelsea.

— Você também, — eu digo com firmeza, olhando para a versão mais


velha da pessoa que me colocou neste lugar. Shelly pode não ter realmente
me empurrado, mas ela foi o catalisador para todo esse desastre.

De todas as pessoas, a mulher que aparece para fazer meu primeiro


ultrassom tem que ser a mãe de Shelly. Eu não tenho nenhuma chance de
manter esse segredo agora.

A médica puxa o lençol de mim e descubro que ainda estou com a saia e
o top que coloquei esta manhã.
— Se você pudesse levantar a blusa e abaixar um pouco o cós. Vou
providenciar tudo isso.

— Você gostaria de um pouco de privacidade? — Dra. Francis pergunta,


acenando para Rae e Amalie.

— N...não. Elas podem ficar se quiserem.

Sorrindo, Rae se aproxima do meu lado e pega minha mão na


dela. Amalie continua parada um tanto desajeitada na ponta da cama.

— Vou espremer um pouco de gel na sua barriga e daremos uma olhada.

O gel é mais quente do que eu esperava, e em apenas alguns segundos


uma varinha de plástico está sendo pressionada contra minha pele.

A mãe de Shelly inclina a cabeça para um lado e para o outro enquanto


olha para a tela que não consigo ver enquanto digita alguns botões.

Meu coração bate no meu peito e minhas mãos começam a suar, sem
saber para que lado isso vai.

— Certo, Chelsea. — Ela vira a tela para mim e uma imagem em preto e
branco difusa pisca na tela. — Tudo parece bem. Você consegue ver isso aí?
— Ela aponta para uma pequena bolha no meio da tela. — Esse é o seu
bebê.

Um soluço irrompe da minha garganta. — Ele está bem?

— Sim, tudo parece bem. Todas as medições estão alinhadas com sua
previsão de onze semanas. Parabéns, eu acho.

— Meu Deus. — Lágrimas se acumulam em meus olhos enquanto eu


olho para o meu bebê. Meu bebê.
É surreal.

Eu sabia que esse dia estava chegando. Eu sabia que iria vê-lo, mas é
absolutamente alucinante.

— Eu não posso acreditar que você está carregando uma pessoa, — Rae
murmura, igualmente hipnotizada pela tela.

— Confie em mim. Eu sei.

— Você gostaria de uma impressão?

— Sim, por favor.

Infelizmente, a mãe de Shelly remove a varinha da minha barriga e a


imagem do meu bebê desaparece da tela. Eu sinto falta quase
imediatamente. É a sensação mais estranha que me deixa à beira de um
colapso.

A médica me entrega um lenço de papel para limpar minha barriga e em


pouco tempo estou recebendo uma tira de papel com uma série de imagens
do meu bebê.

— Estamos todos bem aqui? — A mãe de Shelly pergunta antes de tirar a


máquina e nos deixar com ela. Eu não a vejo ir, estou muito fascinada pelas
imagens diante de mim para sequer pensar em avisá-la para não dizer nada.

— Seus pais estão na sala de espera. Eles estão ficando um pouco


frenéticos, — diz a Dra. Francis com uma careta.

— Nós vamos deixar você falar com seus pais, — Rae diz. — Uh... tudo
bem.
O medo enche minhas veias com o pensamento de admitir tudo isso para
eles. Eles vão ficar tão desapontados comigo.

Pouco antes de Amalie e Rae puxarem a cortina para sair, eu chamo. —


Amalie?

Ela olha por cima do ombro para mim, mas ela não diz nada.

— Eu realmente sinto muito.

Ela acena com a cabeça, seus olhos suavizando quando ela aceita antes
que ambos continuem através da cortina.

Estou sozinha, sozinha com meus próprios pensamentos por três


minutos. O tempo todo eu tenho as imagens de ultrassom seguras
firmemente na minha mão.

Está tudo bem. Ela não arruinou a única parte positiva da minha vida.

— Chelsea, graças a Deus você está bem. O diretor Hartmann disse que
você foi empurrada escada abaixo, que diabos... — Mamãe vem correndo e
me puxa com cuidado para um abraço.

— Estou bem. E ela realmente não me empurrou. Achei que ela ia. —
Faço um gesto para o meu rosto que ela ainda não percebeu, visto que me
escondi na casa da piscina desde o segundo em que cheguei da escola ontem
à noite.

— Meu Deus, Chelsea. Shelly fez isso?

— Eu mereci. Achei que ela ia fazer isso de novo, dei um passo para trás
e, bem... aqui estou. — Eu dou de ombros, jogando-o para baixo. Sim, minha
cabeça lateja, mas estou bem. Estamos bem.
— Você pode querer se sentar, no entanto. Tenho algo que preciso dizer
a vocês dois. — Mamãe se afasta e me olha desconfiada.

— Eu estou bem, eu prometo. É só que... — Eu paro até que ambos


estejam nas cadeiras ao lado da minha cama. — Estou grávida.

Se eu não estivesse tão aterrorizada com a reação deles, os olhos


arregalados de desenho animado e o queixo caído poderiam ser divertidos,
mas como é a visão só aperta o nó de pavor que pesa no meu estômago.

— V...você está grávida. Tipo... estar grávida de um bebê? — Mamãe


pergunta em total descrença.

— Sim. Eu sinto muito. Eu deveria ter contado antes, mas eu estava com
medo.

— Você vai ter um bebê agora?

— O quê? Não, não. Ainda não. Aqui. — Eu relutantemente libero minhas


fotos de ultrassom e permito que ela as veja.

— Oh meu Deus, — ela engasga, seus próprios olhos ficando um pouco


molhados.

— Quanto tempo?

— Onze semanas.

Ambos estão em silêncio enquanto olham para as imagens, e eu me


sento nervosamente para que a raiva venha assim que o choque passar.

— Há quanto tempo você sabe?

— Um bom tempo.
— E você manteve isso em segredo todo esse tempo? Mesmo no centro?

— Bem, eu vi um médico, mas sim.

— Oh, Chelsea, — mamãe diz, levantando-se e me puxando para um


abraço. Ela soluça no meu ombro e, embora eu odeie tê-la feito chorar,
estou feliz que nenhum dos dois esteja gritando comigo. — Você deveria ter
nos contado.

Olho entre os dois, sem perceber que papai ainda não disse nada sobre
isso. — Eu estava... estou... apavorada.

— Ah, querida. Você não precisa ter medo de nós. Você sabe que vamos
apoiá-la, não importa o quê. — Mamãe passa a mão suavemente pelo meu
cabelo e um nó se forma na minha garganta.

— Eu realmente quero esse bebê, mãe. Eu quero... — Eu solto um


suspiro, tentando não desmoronar. — Eu quero algo meu, você sabe. Eu não
planejei. Eu estava muito focada no meu futuro para sequer considerá-
lo. Mas agora aconteceu... eu não gostaria que fosse de outra maneira.

— Eu sei, querida. Eu sei. — Mamãe me abraça mais forte enquanto


chora.

Ela teve um bebê quando não era muito mais velha do que eu sou
agora. Lembro-me do dia em que ela me contou sobre isso, a alegria ao falar
sobre descobrir que estava grávida estava clara em seus olhos todos esses
anos depois. Apesar da opinião de seus pais sobre as coisas, ela estava
animada com o que seu futuro reservava, mas, infelizmente, não era para ser
e o bebê nasceu com um distúrbio genético e morreu antes dos seis meses
de idade. Ela nunca mais conseguiu engravidar.

Eu sei que é algo que a despedaça até hoje. Ela e papai sempre estiveram
desesperados para ter seus próprios filhos. Mas, felizmente, eles decidiram
retribuir e começaram a apadrinhar crianças cerca de dez anos antes de
terem a sorte de me encontrar na porta da frente.

Até hoje, não tenho ideia do que havia em mim que os fez decidir passar
por todas as coisas legais e me adotar ao contrário de todos os outros que
eles cuidaram, mas não posso discutir porque eles me deram tudo o que eu
estava perdendo nos meus anos anteriores.

Quando papai fala, sua voz é tão alta em comparação com o som suave
dos soluços de mamãe que me assusta.

— Quem... hum... quem é o pai.

— Derek, — mamãe repreende. — Isso não é a coisa mais importante


agora. Quando ela estiver pronta, tenho certeza que ela vai nos contar, —
mamãe diz, apertando minha mão e felizmente me dando uma saída dessa
conversa. — Está tudo bem com o bebê, sim?

— Parece que sim.

Ela pega minha mão e se senta na cama ao meu lado.

— Eu sei que provavelmente deveria estar brava, você ainda está no


ensino médio, mas acho que isso pode ser a melhor coisa que já aconteceu
com você.
Papai olha para ela como se ela tivesse crescido uma cabeça extra,
enquanto tudo o que faço é sorrir porque não posso deixar de concordar.

— Eu sei que as coisas são assustadoras e desconhecidas agora. Mas eu


sei que você será uma mãe fantástica. Eu gostaria que você tivesse nos
contado antes, só para que pudéssemos tê-la apoiado. Mas eu preciso que
você saiba o quanto estou orgulhosa de você.

Ela sorri para mim e eu olho de seus olhos gentis para os do meu pai. Ele
não parece tão empolgado com essa reviravolta, mas ambos me conhecem
bem o suficiente para saber que quando eu coloco minha mente em algo
que nada vai me parar.

— E a faculdade? Torcida? A bolsa de estudos pela qual você estava tão


desesperada? — ele pergunta, sempre a voz da razão.

— Oh Derek, dê um tempo a ela.

— Eu só estou curioso.

— Eu descobrirei tudo. Tudo acontece por uma razão, certo, pai? — Eu


levanto uma sobrancelha e espero que ele concorde.

— Eu acho, — ele murmura, mas todos nós sabemos que ele acredita nas
palavras. Ele mesmo as disse muitas vezes ao longo dos anos.
Capítulo 17
SHANE

— Que porra está acontecendo? — Eu pergunto a Zayn enquanto nos


dirigimos ao refeitório para o almoço. As crianças ao nosso redor estão
zumbindo com alguma coisa. Conversas animadas e fofocas ficam cada vez
mais altas.

— Ela a empurrou para baixo. Foi brutal.

— Ela caiu de cima a baixo como uma boneca de pano.

— Ninguém sabe se ela está viva.

Que merda é essa?

Posso não ter a menor ideia, mas isso não impede que um fio de pavor
desça pela minha espinha.

Depois da luta pública de ontem, minha imaginação está correndo no


limite agora. — Eu não tenho ideia, mas soa dramático seja o que for, —
Zayn murmura.

Estamos quase no refeitório quando a multidão na nossa frente se separa


e o diretor Hartmann aparece junto com três outros professores, todos
caminhando junto com Shelly, Krissy e Aria, no corredor.

Algo desconfortável fica pesado no meu estômago quando começo a


perceber. Realmente há apenas uma pessoa de quem aqueles alunos
poderiam estar falando.
— Chelsea, — murmuro para mim mesmo antes de correr para o
refeitório para encontrar algumas respostas.

Eu tenho que lutar contra a multidão que parece ter aparecido do nada
para assistir Shelly, mas em segundos eu acabo e corro em direção a alguém
que vai saber.

— Cami, o que aconteceu?

— Isso, — diz ela, olhando por cima do ombro. — Só Deus sabe. Algum
drama de vadias líderes de torcida, provavelmente. Não tenho tempo para
essas besteiras.

Eu franzo meus lábios. Eu quero gritar com ela que essa besteira que ela
está falando pode muito bem significar algo para mim, mas eu não posso.

Em vez disso, forço: — Sim, você provavelmente está certa.

— Shane. — Girando nos calcanhares, encontro Zayn conversando com


Ruby e Harley. Ruby fica vermelha só de olhar para ele, enquanto Harley
parece entediada por ter que ficar perto de seu irmão. — Vá em frente, —
Zayn encoraja assim que eu me junto a eles.

Harley revira os olhos em frustração antes de se virar para mim. — Shelly


empurrou Chelsea escada abaixo.

— O quê? Ela está bem? — Eu pergunto com pressa, provavelmente


parecendo que me importo demais, mas eu realmente não dou a mínima
agora.

— Eu não faço ideia. Ela foi levada para o hospital.


Estou fora do prédio da escola antes mesmo de perceber que
andei. Minha necessidade de chegar até ela consome tudo, mas assim que
ligo o motor, congelo.

Há uma boa chance de ela não me querer lá. Ela me mostrou uma e
outra vez que ela não se importa, que ela não me quer, e eu continuo
correndo de volta como um cachorrinho triste.

Meu aperto no volante fica mais forte até meus dedos ficarem
brancos. Eu preciso ir lá. Eu preciso saber que ela está bem.

— Puta merda, — grito, batendo a palma da mão no volante e


descansando minha cabeça para trás.

Minha cabeça gira enquanto grita para eu sair do carro e continuar com o
meu dia como se nada tivesse acontecido.

É o que ela gostaria.

Mas e o que eu quero? O que eu preciso?

— Foda-se.

Ligo o carro e saio em alta velocidade do estacionamento da escola. Só


que, quando chego na curva para o hospital, não chego.

Minha cabeça está muito fodida depois da noite passada e de tudo o que
aconteceu nas últimas semanas.

Eu só preciso que tudo isso pare.

Dou um suspiro de alívio quando encontro nossa garagem vazia. A última


coisa que preciso agora é outro sermão do meu pai.
Felizmente, consegui me esgueirar de volta para casa ontem à noite sem
que ele me visse. Eu não precisava de uma repetição da nossa conversa
anterior. Nada que ele possa me dizer pode mudar minha mente. Eu não me
importo com a fama, o sucesso, o dinheiro. O futebol profissional e a NFL
não me farão feliz. A pressão que ele coloca em mim para o futebol do
ensino médio é ruim o suficiente. Eu vejo como ele é com meus irmãos. Ele é
implacável em sua necessidade de que eles sejam os melhores. É exaustivo.

Eu atravesso a casa, sem parar enquanto desço as escadas para o porão e


para a academia do meu pai. Eu odeio estar lá, mas as necessidades e tudo
isso.

Puxando meu moletom e camisa, eu os deixo cair no banco antes de


parar na frente do que eu realmente preciso.

O saco de boxe.

Eu corro meus dedos sobre o couro preto liso antes de puxar meu outro
braço para trás e enfiar meus punhos nele repetidamente.

Eu não me incomodei em embrulhá-los, então depois de apenas alguns


golpes, eles se abriram.

Eu soco repetidamente, tirando tudo do saco. Imagino meu pai e todas


as suas exigências de merda, Chelsea e o jeito que ela repetidamente
continua me rejeitando. Eu nunca bati em uma mulher, mas o rosto de Shelly
aparece na minha cabeça enquanto eu jogo outro. Como ela se atreve a
colocar as mãos em Chelsea. Quem diabos ela pensa que é? Ela já tirou sua
liderança e gosta de esfregar isso na cara. Isso não é suficiente?
Meu cabelo gruda na minha testa, meu peito arfa com o esforço
enquanto luto contra a dor dos meus músculos exaustos para continuar. Mas
não importa quantas vezes meus punhos se conectem com o couro, não é
suficiente.

A porta se abre atrás de mim e rompe minha névoa de raiva. Eu dou mais
um soco no saco antes de me virar para encontrar o inevitável. Meu pai
furioso porque não estou na escola onde deveria estar. Mas para minha
surpresa, quando me viro, encontro Luca olhando para mim.

— O que você está fazendo aqui?

— Deixei um livro no meu quarto. Mais importante, por que você está
aqui? Você não deveria estar na aula?

— Foda-se, — eu grunhi, virando as costas para ele e dando ao saco de


pancadas minha atenção mais uma vez.

— Você precisa de um parceiro para tirar isso?

No momento em que olho por cima do ombro, ele largou as malas e


puxou a camisa sobre a cabeça.

Ele fica alguns metros na minha frente e levanta os punhos, pronto para
lutar.

— Eu não estou lutando com você, — murmuro, dando um passo para


trás. Podemos ter brigado muitas vezes ao longo dos anos, mas não vou
descontar isso nele.
— Sim, você está, — ele provoca, se aproximando e me cutucando no
ombro. — Então, o que há de errado? Pai andando na sua bunda sobre a NFL
de novo?

— Quando ele não está?

Eu me movo ao redor dele para conseguir algum espaço, mas ele não
está tendo e segue, continuando a me provocar.

— Então, se não é papai, só pode ser outra coisa.

— Ah, sim, qual é o...? — Eu pergunto, melhor o braço dele quando ele
começa a me bater mais forte.

— Uma garota.

— Luca, você me deixará em paz?

— Não posso fazer isso, irmão. Você precisa tirar isso e eu estou
oferecendo a você. Além disso, eu poderia fazer um bom treino e vendo que
seus punhos já estão arrebentados, tenho uma boa chance de ganhar.

Não ressalto que ele sempre ganha. Ele é maior e mais forte do que
eu. Ambos são e é por isso que eles são melhores no jogo.

Limpando meu rosto com minha camisa descartada, eu me viro para ele.

— É ela, não é?

— Quem? — eu latido.

— Chelsea, — ele praticamente canta o nome dela com prazer e isso


desperta minha raiva mais uma vez. — Não pense que eu não vejo,
irmãozinho. Você anseia por ela há anos.
— O que isso importa? Ela só teve olhos para coisas maiores. Você... —
Reviro os olhos. — Jake maldito Thorn. — Eu me arrependo da minha
admissão no segundo em que seus lábios se contorcem em realização. — Ah,
vá se foder de volta para a faculdade.

— E daí? Você acha que não é bom o suficiente para ela, é isso? — O
punho de Luca acerta minha bochecha, mas não é um soco, é mais um
tapinha para me excitar e me fazer revidar. — É o que papai diz, certo? Você
precisa se esforçar, jogar mais, trabalhar mais se quiser. Ele quer isso para
você, mas ele realmente não acha que você pode fazer isso.

A fúria corre em minhas veias. Eu sei que ele só está dizendo isso para
me irritar, mas foda-se se não estiver funcionando.

— E quanto a Chelsea, ela quer um vencedor, Shane. Alguém de quem


ela possa se orgulhar. Alguém que ela possa exibir para fazê-la se sentir
melhor consigo mesma. Não é você, é?

— Filho da puta. — Eu me atiro para ele, mas não antes de ver o sorriso
em seu rosto.

Meu punho se conecta com sua mandíbula e sua cabeça se move para o
lado antes que ele volte para mim.

— Assim está melhor, irmãozinho. Deixe sair. Mostre-me como você


realmente se sente. — Ele me empurra para trás, mas eu não deixo isso me
desencorajar.
Punhos voam, corpos se conectam e, ao contrário de quando eu bati no
saco, eu realmente tenho algum alívio do estresse que está puxando meus
músculos.

— Porra, porra, — eu digo, tropeçando para trás dele depois de alguns


minutos. Estou pingando de suor e meu corpo está doendo.

Tenho quase certeza de que ele não me acertou com tudo o que é capaz,
mas ainda assim dói.

Eu caio no banco um segundo antes de uma garrafa de água ser jogada


no meu rosto. — Beba.

— Quem é você, meu maldito pai?

— Não, obrigado porra.

Ele cai ao meu lado, igualmente sem fôlego enquanto descansa os


cotovelos nos joelhos e suga algumas respirações profundas.

— Você ficou melhor, mais rápido. Eu te darei isso.

— Foda-se.

Ele ri. — Não, guarde para Chels.

— Isso não é...

— Pare com essa besteira, Shane. Você é bom o suficiente para ela e
sabe disso. Você a quer? Pegue ela. Você quer a NFL? Faça isso, você é bom
o suficiente. Você quer ser a porra de um bailarino? Vá em frente. O que eu
disse antes era besteira e você sabe disso. Não dê ouvidos a esse idiota, nada
que você faça será bom o suficiente para ele, é apenas algo que você precisa
aceitar. Mas você não precisa ser bom o suficiente para ele. Você só precisa
ser bom o suficiente para você.

Eu me sento e deixo suas palavras afundarem.

— Chelsea é uma boa garota, Shane. Mas não é nenhum segredo que ela
foi ferrada por seu passado. Ela é... complexa. E assim como você, ela não se
sente boa o suficiente. Você consegue ver por baixo da máscara que ela usa,
você conhece a garota vulnerável que está por baixo. Aquele que quase
ninguém vê. Ela não é tão forte como ela faz parecer, mas ela não vai aceitar
isso. Ela vai lutar até ao amargo fim, até conseguir o que quer. Certo ou
errado. Você a quer. Você vai ter que lutar também, mano. Porque ela não
vai derrubar essas paredes facilmente.

— Porra, Luc. Como Mr. Fuck’ e Chuck' 4 ficou tão sábio quando se trata
de mulheres?

— Eu não sou sábio. Eu só a conheço. E você está errado. Ela nunca me


quis. Ela só queria que eu a desejasse. Ela está perdida, Shane. A questão é,
você é forte o suficiente para ajudar a se encontrar?

Eu solto um suspiro, nem mesmo sabendo por onde começar com toda
essa informação que ele acabou de descarregar em mim.

— Eu preciso sair daqui. Papai vai me dar uma surra se me encontrar


aqui. Você também. Eu sugiro que você se lave e desapareça. Talvez vá
visitar aquela garota que deixou você todo amarrado.

— A nova capitã de torcida a empurrou escada abaixo hoje.

4
Em tradução livre: Foda-as e Deixe-as
— Ela fez o quê!? — ele explode, raiva rolando através dele em um
instante. — Ela está bem?

Eu dou de ombros. — Eu não faço ideia. Ela foi levada para o hospital.

— E você está aqui brigando comigo porque...

— Porque eu não tenho ideia do que fazer. Ela continua me mandando


embora. Ela não me quer.

— E você vai permitir isso? Ela precisa que você esteja lá. — Ele pega
suas coisas e olha por cima do ombro para mim antes de desaparecer. — Me
ligue se precisar de alguma coisa, sim?

— Obrigado, cara. Desculpe pelo seu olho, — digo, acenando para onde
está começando a inchar.

— Não, as meninas vão adorar. Elas ficam molhadas para um bad boy.

— Puta merda. Vai. Por favor, apenas vá.

Ainda estou balançando a cabeça quando a porta bate atrás dele. Ele
pode ser um idiota do caralho, mas ele meio que tem um ponto.

Coletando qualquer evidência de que eu estava aqui, eu vou para o meu


quarto para tomar um banho.

Eu mal posso entrar no hospital com meus dedos no estado em que


estão agora.

Ligando o chuveiro, evito me olhar no espelho. Luca pode não ter me


atacado com força total, mas isso não significa que eu não possa me sentir
machucado por seus golpes.
Minhas mãos doem como uma cadela quando a água quente as
atinge. Cerrando os dentes, olho para baixo enquanto a água lava o sangue.

Esfregando-os no meu rosto, eu me lavo rapidamente antes de me


preparar para ir descobrir o que aconteceu com Chelsea.

A viagem para o hospital é rápida e, quando estaciono, não posso deixar


de me arrepender de não ter vindo aqui primeiro. Embora eu ache que
precisei desse tempo com Luca mais do que estou disposto a admitir.

Com um suspiro, abro a porta e sigo em direção ao pronto-socorro. Eu


não tenho ideia se é onde ela estará ou se ela ainda está aqui, mas parece
ser o melhor lugar para começar.

Mal passei pelas portas quando vejo duas pessoas que não esperava
vindo em minha direção.

— Ei, o que vocês estão fazendo aqui? — Eu pergunto a Amalie e Rae


quando elas param na minha frente.

— Viemos com o Chelsea. Você ouviu o que aconteceu?

— Sim, Shelly a empurrou escada abaixo ou algo assim.

— Ela disse que Shelly não a empurrou, mas o que quer que tenha
acontecido, Chelsea acabou inconsciente.

— E...ela está bem?

As duas compartilham um olhar e causando reviravoltas no meu


estômago.

— Sim, apenas uma pancada na cabeça. Ela estará de volta ao seu estado
habitual em alguns dias, tenho certeza, — Amalie diz revirando os olhos.
— Estou surpreso que você ajudou, — eu digo.

— O que eu deveria fazer? Dar ela aos lobos para que eles pudessem ter
outra chance? Shelly está indo um pouco longe agora, mesmo que ela não a
tenha empurrado.

— Nós devemos ir. Ethan e Jake vão estar esperando. — Pensamentos


sobre a escola e falta o treino com os caras deveriam me preocupar, mas
agora que eu sei que ela está aqui, minha necessidade de vê-la só
aumentou. — Por que você está aqui, afinal? Você não deveria estar com o
time?

— Ah, sim, eu... uh... eu tenho uma consulta, — minto, mal.

— Na sala de emergência?

— Não, tenho uma consulta.

Ambas me olham com curiosidade, mas quando dou um passo à frente,


ambas se afastam e me deixam passar.

— Vejo vocês amanhã, — eu digo, acenando para elas e desaparecendo


no prédio, grato que elas não podem me ver caminhar direto para a
recepção.

— Hum... oi, — eu digo quando a mulher finalmente levanta os olhos de


seu computador. — Estou procurando por Chelsea Fierce.

— E você é?

— Eu sou... hum... namorado dela? — Eu me encolho quando digo a


palavra, e não posso evitar que soe como uma pergunta.
— Seus pais estão com ela. Você é mais do que bem-vindo para passar,
desde que seja apenas você. Ou você pode esperar. — Ela aponta com a
caneta para as cadeiras atrás de mim e eu olho por cima do ombro.

— Vou esperar, obrigado. Não gostaria de sobrecarregá-la se ela não


estiver se sentindo bem. — Além disso, a última coisa que eu preciso é que
Honey e Derek me encurralem.

Encontro um lugar no canto, mas onde posso ficar de olho na saída.

Puxando meu celular do bolso, abro minhas notificações do


Snapchat. Meus olhos quase saltam quando encontro imagens e vídeos de
Chelsea enquanto ela caía das escadas e ficava imóvel no fundo da escada.

O que diabos há de errado com as pessoas?

Acabo esperando tanto que começo a me perguntar se perdi de seus pais


saindo, mas apenas alguns minutos depois os vejo saindo pelas portas do
pronto-socorro. Derek puxa sua esposa chorando para seu lado enquanto
eles se movem em direção à entrada.

Meu coração está pesado quando me levanto e faço meu caminho


através das portas.

Não tenho ideia do que encontrarei do outro lado, e meu pulso começa a
acelerar quando me aproximo de onde sei que ela está.
Capítulo 18
CHELSEA

Quando os analgésicos que me deram começam a fazer efeito, meus pais


se despedem para que eu possa descansar. A médica reapareceu enquanto
minha mãe estava sentada segurando minha mão e explicou que, embora
tudo parecesse perfeitamente bem, eles queriam me manter durante a noite
apenas para ficar de olho em mim.

Eu odiava a ideia de uma noite no hospital, mas eu mal podia


argumentar. Eu tinha acabado de cair um lance de escadas.

Meus braços doem onde devo ter batido neles, meu quadril arde quando
me mexo na cama, mas é minha cabeça que ainda está latejando e se eu
olhar ao redor do quarto muito rápido, ela começa a girar. Talvez uma noite
aqui onde eu saiba que serei cuidada caso algo dê errado não seja tão ruim.

Eu coloco minha mão na minha barriga, sentindo como se um peso


enorme tivesse sido levantado agora que as pessoas sabem sobre o meu
pequeno segredo.

Eu nem tinha sequer dado conta que minha menstruação estava


atrasada enquanto eu estava no centro. Não foi até que eu estava lá há três
semanas e percebi que eu não tinha uma há séculos que comecei a entrar
em pânico. Acontece que eu estava certa porque quando fiz o teste, quase
imediatamente deu positivo.
Entrei em pânico por cerca de dois minutos enquanto estava sentada no
assento fechado do vaso sanitário, mas ao pensar nisso, logo percebi que
poderia não ser uma coisa tão ruim. Sim, eu era jovem, só tinha
comemorado meu aniversário de dezoito anos na semana anterior, mas
sabia que poderia fazê-lo. Eu poderia ser mãe. Eu posso não ser capaz de
cuidar de mim mesma na melhor das hipóteses, mas mesmo naqueles
poucos momentos, eu sabia que amava a pequena pessoa crescendo dentro
de mim mais do que tudo.

Eu vivi um inferno quando criança. Eu poderia ser uma mãe melhor do


que aquela a quem eu fui forçada. Eu poderia dar a uma criança um começo
de vida melhor do que aquela cadela me deu. Inferno, eu já fiz um trabalho
melhor, visto que nenhuma droga ou álcool passou pelos meus lábios desde
que descobri. Tenho certeza de que isso é mais do que ela poderia ter feito
durante quando estava grávida de mim.

Não tenho ideia de quanto tempo se passou antes de eu voltar


novamente. O som de pessoas circulando do lado de fora da cortina enche
meus ouvidos. É tão barulhento às vezes que me pergunto como consegui
dormir, ou a dor que ainda está latejando na minha cabeça.

Sabendo que foi a dor que me acordou, alcanço a campainha para ver se
consigo mais Tylenol com o médico. Quando não a encontro imediatamente
descansando em meu travesseiro onde a deixei, abro meus olhos para
procurá-la.
— Puta merda, — eu suspiro, não esperando encontrar alguém olhando
para mim. — Você está se transformando em um perseguidor, — eu estalo,
meu coração disparado de medo.

Seus olhos queimam nos meus. Há uma intensidade dentro deles que me
faz entrar em pânico.

Porra. Ele sabe?

Meu coração dispara tão rápido que minha cabeça começa a girar.

Rapidamente localizo o botão de chamada e pressiono meu dedo nele.

Meu estômago revira como se eu estivesse prestes a vomitar e minha


boca enche de água.

— Você está bem? Posso pegar alguma coisa para você? — Ele se senta
para a frente na cadeira e pega minha mão.

Meu corpo inteiro trava. Eu não posso fazer isso. Não agora e
certamente não aqui.

— Não, e você não deveria estar aqui.

— O...o quê? — ele pergunta, seus olhos se arregalando em choque.

— Shane. — Eu respiro fundo e me concentro na cortina na minha


frente. Se eu olhar para ele, vou quebrar e não posso permitir que isso
aconteça. — O que eu preciso é que você vá embora.

— Isso é besteira e você sabe disso, — diz ele, chegando mais perto, mas
eu mantenho a calma apesar do cheiro dele enchendo meu nariz e me
implorando para virar para seus olhos verdes que eu sei que serão escuros
como quando ele está com fome ou bem… com fome.
Eu solto um suspiro trêmulo e rezo para que ele não perceba.

— Obrigada por vir me checar. Como você pode ver, estou bem, mas
preciso que você vá embora.

Seu corpo inteiro fica tenso antes que ele se aproxime ainda mais. O
calor de sua respiração atinge minha bochecha e meu corpo traidor
estremece com sua proximidade.

— Esta é a última vez que você vai me mandar embora, Chelsea. — Sua
voz é baixa e raivosa, e tem uma bola de emoção subindo pela minha
garganta. — Você me faz sair agora e eu não voltarei. Nunca. Eu tentei ser
legal, chegar até você quando os outros a dispensaram, mas você me
recusou todas as vezes. Bem, é isso. — Ele estende os braços. — Você me diz
para ir agora e terminamos.

Cada parte de mim quer quebrar e dizer a ele para ficar, para ser honesto
sobre tudo e ser corajoso. Mas não posso. Tenho medo de que ele não me
queira. Não vai nos querer. E não posso permitir que isso aconteça. Fui
rejeitada várias vezes durante toda a minha vida. Isso precisa parar agora,
então vou mandá-lo embora antes que ele tenha a chance.

Eu poderia ter querido vê-lo quando voltei, mas ele me provou que
qualquer coisa entre nós não seria uma boa ideia. Eu tenho que focar em
mim agora, não em todos os outros. Tenho algo mais precioso para cuidar.

Meus punhos cerram, minhas unhas cravando em minhas palmas


enquanto tento reunir forças para dizer a palavra que preciso.

— V...vá.
Uma risada sem graça cai dele quando ele dá um grande passo para trás
da cama.

— Sabe, eu pensei que você fosse diferente do que todos eles diziam. Eu
pensei que era tudo um ato. Achei que por baixo de tudo você fosse
diferente. Que você não queria machucar as pessoas, que toda essa merda
era apenas você sendo extremamente equivocada, mas parece que eu sou o
idiota porque eles estão certos, não estão? Você realmente é apenas uma
vadia que não se importa com ninguém além de si mesma. — Com essas
palavras, meus olhos procuram os dele. Eu me arrependo instantaneamente
porque o verde é mais escuro do que eu já vi e eles estão cheios de lágrimas
não derramadas.

Porra.

— Seja o que for. Está feito. Adeus, Chelsea.

Sem olhar duas vezes na minha direção, ele desaparece pela cortina. Eu
engulo o soluço que sai da minha garganta porque eu preciso saber que ele
se foi antes de eu desmoronar.

Enrolando em mim mesma. Eu envolvo meus braços em volta da minha


barriga e choro. — Sinto muito, sinto muito, — sussurro para o meu bebê. —
É o melhor, eu prometo.

***
Não é até à tarde seguinte que eu finalmente tenho alta e posso deixar o
hospital. Está tudo bem e finalmente eles conseguiram diminuir um pouco a
dor na minha cabeça.

Mamãe insiste em me segurar até ao carro, como se eu fosse cair no


chão a qualquer momento. Ela tentou me fazer sentar em uma cadeira de
rodas. Eu não estava tendo nada disso. Está tudo bem, só estou um pouco
dolorida com uma pancada na cabeça, não há necessidade de mimos.

— Nós temos seu quarto todo pronto para você, — diz ela uma vez que
estou acomodado na parte de trás do carro e ela está na frente ao lado de
papai.

— Estou bem para voltar para a casa da piscina.

— Absurdo. Precisamos ficar de olho em você por alguns dias, pelo


menos.

Eu pego os olhos de papai no espelho e eles enrugam nas bordas. Eu sei


que é a maneira dele de me implorar apenas para concordar para tornar
nossas vidas mais fáceis.

Eu concordo, mas principalmente porque estou muito exausta para fazer


qualquer coisa além disso.

Passei o que parecia a noite passada chorando depois de mandar Shane


embora e com o barulho constante do pronto-socorro do lado de fora da
cortina, mal consegui dormir. Eu preferiria me esconder na minha casa da
piscina, mas para ser honesta, qualquer cama confortável em um quarto
silencioso seria difícil de recusar agora.
A volta para casa é tensa. Eu sei que é porque ambos estão preocupados
comigo e com quais são meus planos agora que a faculdade está claramente
fora de questão, mas ambos parecem estar evitando tocar no assunto, o que
realmente é bom para mim, porque não tenho respostas.

No segundo em que chegamos em casa, sou escoltada até meu antigo


quarto e mandada para a cama. Eu faço porque estou exausta, mas eu
realmente não preciso de mamãe se preocupando comigo como se eu
estivesse prestes a quebrar a qualquer momento.

— Mãe, eu estou realmente bem. Você não precisa fazer nada disso.

— Eu sei. Eu só quero ter certeza de que você está confortável.

— Eu só bati a cabeça.

— Chelsea, — ela suspira. — Alguém te empurrou escada abaixo.

— Ela não me empurrou e assim que eu voltar para a escola, direi isso a
Hartmann. Eu não sou exatamente inocente aqui. Eu trouxe toda essa
porcaria para mim. Eu só tenho que passar por isso. Todo mundo ficará
entediado comigo eventualmente e passara para outra pessoa.

— Você realmente acredita nisso?

Eu dou de ombros. Se eu não acredito, então que esperança eu tenho?

— Você não é estúpida, Chelsea. Tudo isso pode acabar, mas e daí? Você
vai aparecer na escola um dia incapaz de esconder seu segredo e você será a
fofoca quente de novo.

— O que você está sugerindo aqui, mãe?


— Eu... eu não sei. Eu simplesmente odeio que você esteja passando por
tudo isso.

— Está bem. É carma.

Ela abre a boca para discutir mais uma vez. Ela pode estar totalmente
ciente dos meus delitos, mas isso não a impede de tentar me defender. É
admirável, mas prefiro que ela chame os bois pelos nomes. Eu estava
errada. Eu machuquei pessoas com quem eu deveria me importar, e estou
apenas aprendendo minha lição. Eles estão lutando de volta, e com
razão. Pode estar fora de lugar porque as pessoas que deveriam me odiar,
Amalie, Mason, S...Shane – não consigo nem pensar no nome dele sem me
emocionar – parecem estar bem. São aqueles que estão lutando por sua
honra, como Shelly, que parecem ter o maior problema.

— Alguma chance de conseguirmos pizza para o jantar? — Eu pergunto,


tentando mudar de assunto.

— É claro. Qualquer coisa que você quiser. — Ela se senta na beirada da


minha cama. — Como você tem passado, sabe, com a gravidez? Algum enjoo
matinal ou desejos ou algo assim? Existe alguma coisa que você
precisa? Vitaminas pré-natais?

Sorrio com o entusiasmo dela. Por que eu estava com medo de dizer a
ela, eu não sei. Eu deveria saber que ela não seria nada além de apoio.

— Eu me senti um pouco enjoada, mas nada demais. Tenho estado um


pouco sem fome para ser honesta, embora eu acorde à noite morrendo de
fome alguns dias. Tenho todas as vitaminas de que preciso. Obrigada. — Eu
pego a mão dela e aperto nas minhas. — Obrigada por estar bem com isso.
— Ah, Chelsea. Às vezes as coisas na vida estão fora do nosso
controle. Nós apenas temos que confiar que alguém lá em cima tem nosso
melhor interesse no coração. — Ela olha pela janela. Ao longo dos anos,
mamãe lutou com sua fé. Ela realmente quer acreditar que há algo lá fora,
mas então ela se lembrará de todos os tempos difíceis e isso a fará
questionar tudo. Ela foi criada em um lar religioso e eu sei que ela se sente
culpada por questionar as crenças de seus pais e a forma como ela foi
criada. Só espero que ela encontre as respostas que deseja um dia.

— É uma loucura, — eu digo, deixando cair minha mão na minha


barriga. — Mas parece certo. Eu sei que tudo sobre isso está longe de ser
perfeito, mas parece... certo, — repito, incapaz de explicar melhor. Uma vez
que o choque passou, algo dentro de mim se acalmou. Eu tenho algo que é
meu. Algo que vai depender de mim e olhar para mim como se eu fosse a
pessoa mais importante do mundo. Algo para me dar um propósito, uma
razão de ser. Já me enche de mais alegria do que qualquer coisa nos meus
dezoito anos anteriores.

— Eu entendo. Estar grávida é um presente maravilhoso e uma coisa


linda. Estou tão feliz que você compartilhou comigo. Qualquer coisa que
você precisar, tudo que você precisa fazer é pedir. Vou deixar você dormir
um pouco. — Ela dá um beijo na minha bochecha e sai do quarto, fechando a
porta atrás dela.

Saindo da cama, encontro minha bolsa que papai deixou cair na cadeira
quando chegamos aqui e desenterro minhas fotos do ultrassom. Eu deitei na
cama apenas olhando para elas por um longo tempo antes do sono
eventualmente me reivindicar.

Tudo na minha vida pode estar fodido agora, mas eu tenho o meu
pequeno. Tudo ficará bem.

Quando acordo de novo, é com uma batida suave na porta.

— Querida, você está acordada? Você tem visita. — Mamãe enfia a


cabeça pela porta enquanto eu me sento na cabeceira da cama.

Meu primeiro pensamento é que é Shane e a esperança cresce no meu


peito que ele ignorou minhas palavras mais uma vez e vai lutar por mim. Mas
no segundo em que ela fica de lado e eu vejo um par de pernas com arrastão
atrás dela, eu sei que foi uma ilusão. Depois do que eu disse, não tenho
motivos para pensar que ele voltará a falar comigo. Embora, eu acho que ele
vai ter porque em algum momento nós teremos que ter uma conversa séria.

— Ei, como você está se sentindo? — Rae pergunta, entrando no quarto


com uma caixa de donuts na mão.

— Melhor ainda por ver isso.

— Fico feliz em poder ajudar.

— Nós íamos pedir pizza para o jantar. Você gostaria de ficar, Rae? —
Mamãe pergunta. Rae olha para mim e eu aceno para as duas.

— Isso seria ótimo, obrigada, Sra. Fi...

— É Honey, — mamãe diz com um sorriso.

Rae entra no quarto, mas espera até que mamãe feche a porta atrás dela
antes de cair na ponta da minha cama e colocar a caixa entre nós.
— Então... — ela começa. — Você está grávida.

— Posso pelo menos colocar um pouco de açúcar em mim antes de você


começar com as coisas difíceis? — Ela ri, puxando a tampa e me dando a
primeira escolha.

Eu luto contra um gemido de prazer quando a doçura explode na minha


língua. É um milhão de vezes melhor do que a porcaria que me deram no
hospital.

— Você pode começa de novo, — murmuro com a boca cheia.

— Você pode mudar de ideia em um minuto, eu quero todos os


detalhes. Conte-me tudo. Como isso aconteceu?

Não me escapa que só nos encontramos na segunda-feira e, no entanto,


essa parece a conversa mais natural que já tive com outra garota, apesar do
fato de eu realmente não querer falar sobre isso.

— Bem, eu passei a noite com esse cara. Agora, eu não sei o que você faz
com Ethan, mas ele enfiou o pa...— Uma das almofadas que estava na cama
me bate suavemente no ombro.

— Não foi isso que eu quis dizer. Eu não preciso de todos os esses
detalhes. — Nós duas ficamos em silêncio por um instante antes de
simultaneamente cairmos na gargalhada.

Lágrimas enchem meus olhos e alegria enche meu coração. Não me


lembro da última vez que ri assim, e é tão incrivelmente bom.

Uma vez que as risadas diminuem, um silêncio cai ao nosso redor e Rae
solta um suspiro. — Eu posso estar muito errada aqui, mas... — Eu olho para
ela, minha respiração travando enquanto espero por tudo o que ela acha
que descobriu. — É do Shane, não é?

Eu suspiro em choque. Eu mal conheço essa garota, não passamos mais


do que algumas horas juntos, como ela descobriu isso?

— Hum... como... um... o que te faz dizer isso? — Eu pergunto, tentando


e falhando em soar como se ela não tivesse apenas desequilibrado meu
mundo.

— Houve apenas algo que ele disse enquanto você estava fora que
mexeu comigo. Então eu vi a reação dele a você na sexta à noite. Ele deveria
estar focado no jogo, mas em todas as oportunidades, seus olhos
procuravam você. — Meu coração começa a acelerar. Certamente, ela deve
ter imaginado coisas. — Então nós o vimos no hospital. Ele inventou uma
desculpa de merda sobre ter uma consulta. Acho que Amalie pode ter caído
nessa, mas eu vi através da mentira dele. Ele foi ver você, não foi?

Eu engulo nervosamente enquanto tento encontrar alguma palavra para


responder a ela.

— S...sim. — Eu seguro seus olhos enquanto ela absorve essa simples


palavra. As minhas se enchem de lágrimas enquanto as dela se iluminam
com a realização. — Você não precisa parecer tão satisfeita consigo mesma.

— Quando eu era criança, costumava imaginar como seria ser um


detetive.
— Bem, parabéns, Sherlock. Você parece ter todo esse caso resolvido, —
murmuro, pegando outro donut só para me dar algo para fazer em vez de
ficar pensando na admissão que acabei de fazer.

— Porra, é realmente do Shane? Achei que a ideia era um pouco


absurda, mas... foda-se.

Eu dou de ombros, o que há para dizer.

— Ele é... — Ela para, tentando encontrar as palavras certas. — Ele é


diferente do resto dos caras. Ele parece mais... sensato, atencioso, gentil.

Um nó se forma na minha garganta e lágrimas ardem na parte de trás


dos meus olhos, desesperadas para serem liberadas.

— E...ele é. Ele é um cara muito legal, na verdade. Só... não conte a


ninguém que eu te disse isso. — Eu rio, mas está longe da alegria que saiu
dos meus lábios não muito tempo atrás.

— Mas você ainda não contou a ele?

Eu balanço minha cabeça. — Não posso. E se ele não nos quiser?


Capítulo 19
SHANE

— Aqui beba isso, — Zayn diz, empurrando uma garrafa na minha mão.

— Ethan não tem nada mais forte?

Estou de mau humor. Tem sido assim desde que ela me mandou embora
do hospital como uma porra de uma peça de reposição na noite de terça-
feira.

Quando voltei para casa, meu pai de alguma forma descobriu que eu
tinha faltado a escola e me deu um sermão de novo, alegando que eu não
tinha ideia das coisas boas que eu tinha e que eu deveria apreciar tudo o que
ele me deu. Como de costume, não houve menção a ninguém além dele. Eu
não tenho ideia de como mamãe aguenta essa besteira. Qualquer um que
ouvisse pensaria que ele era um maldito pai solteiro que tinha que fazer
tudo sozinho. A verdade é que ele esteve ausente durante a maior parte da
minha infância enquanto percorria o país em busca de fama e
fortuna. Mamãe foi quem me criou, ele apenas forneceu o dinheiro na
tentativa de compensar sua ausência.

Idiota.

— Vodca? — Zayn pergunta.

— Sim. — Estendendo a mão, eu pego de sua mão em vez da cerveja.


Não estou com vontade está na festa, mas Zayn insistiu que eu mostrasse
meu rosto e pelo menos tentasse me divertir enquanto afogava minhas
mágoas com a grande quantidade de álcool que o Sr. Savage sempre fornece
para as festas de Ethan.

— Anime-se, — diz ele, caindo ao meu lado. — Então ela te deu um


fora? Há muitas outras bocetas aqui esta noite para distraí-lo.

— Quem disse que ela me deu um fora?

— Uh... você viu seu rosto? — Estou assumindo que ele não quis dizer as
contusões que Luca deixou para trás.

— Foda-se, — eu resmungo, torcendo a tampa da garrafa e levando-a


aos meus lábios.

A vodca queima quando eu engulo uma dose, mas eu a acolho. É melhor


do que a dor no meu peito que está consumindo todos os meus
pensamentos desde que me afastei dela.

Parte de mim acha que eu deveria ter lutado, deveria ter me mantido
firme e feito ela me ouvir pela primeira vez, mas outra parte de mim acha
que provavelmente é o melhor. Se ela não está interessada agora, então por
que eu deveria me incomodar?

Zayn começa a conversar com Justin que está sentado ao lado dele e
ambos me ignoram enquanto a casa de Ethan se enche de mais e mais
jovens prontas para receber o fim de semana em grande estilo.

A música é ligada na outra sala e o resto da equipe desce nos


sofás. Como de costume nos dias de hoje, Jake, Mason e Ethan estão
ausentes, provavelmente ocupados demais com suas garotas para se
incomodar conosco. Entendo. Preferia sair com minha garota, se eu tivesse
uma, do que com esses idiotas se tivesse a chance.

De repente Zayn para de falar no meio da frase e se levanta, ignorando


totalmente o que ele e Justin estavam discutindo.

— Ruby, querida. Você está parecendo bem esta noite. — Seus olhos
caem pelo corpo dela e eu rolo os meus para ele antes de olhar por cima do
meu ombro.

Ela está usando o menor vestido vermelho que eu acho que já vi. Não é
de admirar que os olhos de Zayn pareçam saltar.

Ele caminha em direção a ela, mas para abruptamente quando duas


outras garotas entram na sala.

— Harley, que porra você está vestindo? — ele pergunta, virando-se para
sua irmã que está vestida de forma semelhante a Ruby.

— Então está tudo bem para você foder minha amiga, mas eu não posso
mostrar nenhuma pele?

— Não é a mesma coisa, Ruby é…

Os olhos de Ruby, Harley e Poppy se erguem enquanto esperam para


descobrir como Zayn vai sair desse buraco. Ele olha entre as três.

— Ela não é minha irmã.

— Nem Poppy, mas eu duvido que você olharia para ela como você olhou
para Ruby.
— Eca, não, por que eu olharia para ela assim? — Ele enrola o lábio em
desgosto enquanto se vira para a prima de Jake.

— Você é um porco. Vamos, tomaremos uma bebida.

— Mas... —Ruby reclama enquanto Harley desliza seu braço pelo dela e a
arrasta para longe de seu irmão.

— Sem desculpas. Você não quer tocá-lo com uma longa vara. Ele
provavelmente está doente pelo número de vadias que ele tocou. — Ruby
fica vermelha. Parece que ela não confessou sobre seu tempo com Zayn no
último fim de semana.

As três desaparecem, mas Ruby não perde a atenção de Zayn até que ela
tenha virado a esquina.

— Harley fodida, — ele murmura, caindo no sofá. — As coisas ficam mais


fáceis quando mamãe se recusa a deixá-la participar.

— Ela só precisa de alguém para distraí-la, — Justin sugere. — Posso


oferecer meus serviços. — Ele mexe as sobrancelhas e os ombros de Zayn
visivelmente tensos.

— Nem pense em tocá-la, idiota. Alguém se aproxima da minha irmã e eu


corto suas bolas e o faço comer, entendeu? — ele diz.

Alguns membros da equipe concordam com a cabeça, mas a maioria


apenas revira os olhos para ele. Eu não sei por que ele está se incomodando,
ele sabe muito bem que a maioria desses idiotas não faz o que eles
mandam. Sempre. Se um deles mirar em Harley, então eles vão tê-la, não
tenho dúvidas.
A conversa se volta para as inscrições para a faculdade e eu quase vou
embora quando alguém me pergunta se tomei uma decisão sobre em qual
time quero jogar quando nosso capitão desaparecido e os membros do time
se juntam a nós com suas garotas.

— Ah, já era hora do capitão mostrar a cara, — Zayn grita, ganhando o


dedo de Jake.

— Que porra ela está fazendo aqui? — Justin late e quando olho para a
porta, encontro Chelsea de pé com Rae.

Boa pergunta. Que porra ela está fazendo aqui?

Ela não está vestida como estou acostumado. Em vez das roupas que ela
costumava escolher para esse tipo de festa, ela está vestindo uma saia de
comprimento decente e uma camisa que cobre quase tudo o que ela
costumava exibir para chamar a atenção.

Ela parece bem. Muito bem pra caralho e tem um desejo que eu não
deveria sentir enchendo minhas veias.

Ela paira na porta enquanto Rae tenta convencê-la a se juntar a nós.

— Vamos, Chels. O que está errado? Esqueceu como nos tornar


compatíveis? — alguém chama. Meus dentes rangem quando penso em
todos eles tendo conhecimento detalhado de seu corpo.

Seus olhos travam com quem disse isso por um instante. Antes que ela os
role e olhe ao redor da sala. Ela visivelmente se encolhe no segundo em que
me encontra. Seus lábios se abrem e ela dá um passo para trás. Rae estende
a mão para ela, mas assim que ela olha para mim, ela parece entender.
Excelente. Se alguém souber, sem dúvida todos saberão em breve. Serei
apenas mais um idiota que se apaixonou pelo charme e beleza de Chelsea.

Ela sussurra algo para Rae antes de sair da sala. Juro que não respiro até
que ela saia da minha vista.

— Ok, vocês dois precisam resolver o que aconteceu, — Zayn sussurra


para mim quando todos estão distraídos.

— Não. Nós acabamos

— Sério? — ele pergunta, arqueando uma sobrancelha.

— Sim. Ela expressou seus verdadeiros sentimentos. Hora de seguir em


frente. — Sento-me para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e olho
ao redor para as garotas espalhadas pela sala, a maioria das quais está na
torcida e totalmente fora de questão. Já fui queimado uma vez por uma
delas, não chegarei perto de outra.

Há uma que está visivelmente ausente. Shelly não foi vista desde que foi
levada ao escritório do diretor na terça-feira. Acontece que ela já estava na
lista de merda de Hartmann e ele a suspendeu. Com ela se foi e Chelsea em
casa se recuperando, tem sido alguns dias tranquilos para Rosewood High, o
que é incomum para dizer o mínimo.

— Certo, precisamos definir o desafio de hoje à noite, — Zayn


anuncia. Jake, Mason e Ethan se desculpam, não precisando de nenhum tipo
de desafio para garantir que transem esta noite, deixando o resto de nós
esperando para ouvir o que ele tem a dizer. — Nosso pequeno jogo de
etiqueta é divertido e tudo mais, mas que tal aumentarmos a aposta?
— Vá em frente, — diz Justin, inclinando-se para a frente, intriga
enchendo seus olhos. Alguns dos outros caras seguem o movimento. Eu, no
entanto, fico exatamente onde estou sabendo que não vou me envolver,
assim como todas as outras vezes que eles fizeram essa merda.

Não tenho intenção de ficar com uma garota apenas para me gabar. Não
é bem o meu estilo.

— Foda-se as etiquetas, faremos disso um desafio.

— Ohhhhh, — alguém diz enquanto mais e mais caras ouvem o plano de


Zayn. — Nós nomeamos as meninas, você deve obter algum tipo de
evidência de que você tem sucesso ou...

— Ou? — Rico pergunta.

— Ou... o baile de inverno está chegando. — Zayn esfrega o queixo


pensando. — Tenho certeza de que nenhum de vocês quer a humilhação
pública que pode vir com o fracasso.

Balançando a cabeça, me entretenho com minha garrafa de vodca


enquanto Zayn começa a distribuir nomes.

— Shane, — ele diz asperamente, virando-se para mim. Seus olhos


brilhando de prazer.

— Ah, não, porra nenhuma, cara.

— Ah, eu não sei. Eu acho que você pode gostar deste desafio em
particular, — ele sussurra para que apenas eu possa ouvir. Eu arqueio uma
sobrancelha para ele, me perguntando se ele está indo onde eu acho que ele
está com isso.
Tomo outra dose de vodca. A força do álcool não queima mais minha
garganta, mas está tendo o efeito exato que eu precisava no resto do meu
corpo.

— Vá em frente então, — eu provoco, me inclinando para a frente como


os outros fizeram. Eu não olho para os caras, mas sinto seus olhos em
mim. Eles estão acostumados a me ver fugindo desses desafios, então eu
entendo por que eles ficariam surpresos.

Zayn sorri, e a excitação explode na minha barriga. — Chelsea.

Alguns dos caras suspiram e alguns riem. — Ah, foda-se, Shane não fará
isso, — Rich diz.

— Bem, não faz sentido ele ser o único membro da equipe com quem ela
não esteve. — Meus lábios franzem de raiva e eu luto para impedir que
minha reação apareça no meu rosto.

— Tudo bem, — eu digo, para sua surpresa. — O quê? — Eu pergunto


quando alguns deles me questionam. — Um desafio é um desafio, certo?

Eu tomo outra dose e sento, ideias se formando na minha cabeça mais


rápido do que deveriam enquanto Zayn recita mais alguns nomes.

— Feliz? — ele diz, virando-se para mim assim que todos têm seu alvo
para a noite.

— Ainda a ser determinado, — eu digo, levantando do sofá e indo


embora.

— Não se esqueça da prova. — Eu dou de ombros e vou para a cozinha


em busca de Chelsea.
Demoro mais do que gostaria para encontrá-la, mas no segundo em que
entro na toca de Ethan, sei que ela está lá. Eu a sinto.

Olhando para a minha direita, eu a encontro enrolada no canto oposto


do sofá onde Rae e Ethan estão. Jake e Amalie estão em outro, junto com
Mason e Camila, que estão se beijando em um pufe.

— Todo mundo fora, —digo, com sucesso ganhando a atenção de


todos. Eu levanto a garrafa novamente enquanto todos os olhos se voltam
para mim.

Ethan solta uma risada como se fosse a coisa mais ridícula que ele já
ouviu. — O que foi isso, Dunn?

— Eu disse, — repito com um rolar de meus olhos. — Todos. Fora. —


Dando um passo à frente, eu travo meus olhos nos de Chelsea. Ela engole
nervosamente enquanto se senta imóvel no sofá. — Exceto você. Chelsea e
eu precisamos conversar um pouco. Não temos, Chels.

— Oh meu Deus, — Amalie suspira atrás de mim. Eu sei que isso é um


pouco fora do meu personagem. Mas a garota desperta a loucura em mim,
mais o álcool que está correndo em minhas veias.

— Acho que não, — Ethan diz, parando na minha frente e bloqueando


minha visão dela.

Ficamos peito a peito, nariz a nariz. Ethan não é o tipo de cara que eu
enfrentaria de bom grado. Meus irmãos podem ter me ensinado a lutar
muito bem, mas não tenho motivos para acreditar que ele não me esmagaria
como uma mosca se quisesse.
— E...está tudo bem, Ethan. — Sua voz suave enche a sala antes de sua
mão esbelta envolver seu braço.

Eu quero arrancá-lo. Ela não deveria tocá-lo com tanta


familiaridade. Ciúme em brasa queima através de mim que todo cara que
conheço teve um gostinho do que eu quero.

Olhando para a minha esquerda, encontro Jake olhando entre nós


dois. Não há amor perdido entre ele e Chelsea nos dias de hoje, mas ele era
o que ela ansiava por todo esse tempo e foi ele quem a conquistou
primeiro. Ele sempre consegue o que quer.

Depois de uma batida, Ethan se levanta e permite que Rae o puxe para
fora da sala, embora não seja antes que ela sussurre um aviso em meu
ouvido.

— Machuque ela e eu vou machucar você.

Se tivesse vindo de qualquer outra garota de um metro e meio, eu


poderia não piscar, mas Rae é meio assustadora. Eu aceno para ela, embora
eu não tire meus olhos dos de Chelsea.

Todos eles saem da sala, e logo a porta se fecha atrás deles, deixando
nós dois sozinhos com a tensão crepitando entre nós.

O silêncio é pesado enquanto nossa conexão se mantém. Meu coração


dispara enquanto tento pensar nas palavras que preciso dizer a ela, mas
estando tão perto e bêbado, tudo o que consigo pensar é em beijá-la.

— O quê? — ela diz depois de alguns segundos longos e silenciosos. — O


que você quer?
Eu dou um passo mais perto, correndo meus olhos pelo seu corpo. —
Acho que você sabe o que eu quero.

— E acho que você conhece minha opinião sobre isso.

Eu levanto a garrafa aos meus lábios antes de oferecê-la a ela. Ela o


afasta, recusando meu gesto.

— Quanto você teve?

— O suficiente, — eu digo, colocando na mesa de café e dando outro


passo em direção a ela.

— Então, eu vi. Estou quase impressionada que você teve a coragem de


chutar Ethan para fora da toca dele.

— Quase impressionada. Uau. Eu me pergunto o que eu teria que fazer


para realmente impressionar você, — eu provoco, indo em direção a ela até
que ela tenha que começar a recuar.

— Vai embora. Eu não sei quantas vezes eu preciso... — Suas palavras


são cortadas com um suspiro quando suas costas se conectam com a
parede. — Shane? — Sua voz é apenas um gemido, eu poderia estar
preocupado se não fosse pelo fato de seus olhos caírem em meus lábios.

— Cuidado, Chelsea, isso quase soou carente, — eu aviso.

O calor de seu corpo queima contra minha pele, mas eu não a


toco. Ainda não. — Não, eu...eu não quero você. Você precisa...

— Isso está certo? Então seu coração não está acelerado agora? — Eu
pergunto, sabendo muito bem que está batendo como o meu. Eu posso dizer
pelo movimento rápido de seu peito. Sua respiração fica presa em minhas
palavras enquanto eu olho para seus seios. — E seus mamilos... — Eu
estendo um dedo e muito gentilmente provoco em torno de um. — Eles não
estão duros e desesperados pelo meu toque?

— Foda-se, Shane, — ela cospe, mas ela só está com raiva porque ela
sabe que eu estou certo.

Meus olhos encontram os dela mais uma vez. Excitação me enche com
fogo que vejo brilhando no dela. Tem sido diminuído mais do que não
recentemente, e eu odeio isso. Pode haver coisas que Chelsea fez que são
menos do que desejáveis, mas sua paixão, seu desejo. Porra, isso me deixa
de joelhos.

— Essa era a ideia, baby, — eu digo, minha bochecha roçando contra ela
para que eu possa sussurrar em seu ouvido. Ela estremece e eu não posso
deixar de sorrir.

Ela se vira para mim, e eu me afasto para encontrar seus olhos, intrigado
demais para descobrir se ela está prestes a dizer não.

— Por que eu, Shane?

Uma risada cai dos meus lábios. Eu gostaria de ter a resposta para essa
pergunta. Eu poderia estar indo atrás de qualquer garota agora, mas ela é a
única que eu quero, a única em que posso pensar mesmo quando imploro
para que minha mente pare.

— Eu não faço ideia.

— Você tem uma coisa sobre ser o segundo melhor, não é?

— O....o quê? — Eu gaguejo.


— Você é sempre o irmão mais novo, aquele que nunca é bom o
suficiente, sempre assistindo seu irmão mais velho conseguir o que quer
enquanto fica à margem.

Raiva gira em minhas entranhas, enchendo minhas veias com uma fúria
incandescente. Esta é a coisa sobre o Chelsea. Ela me conhece melhor do
que ninguém porque ela está na minha vida há tanto tempo, não que ela vá
admitir isso. Estamos mais perto do que qualquer um imagina. — Isso não é
verdade, — eu argumento, e ela levanta uma sobrancelha para mim.

— Não? E comigo? Você está mais uma vez pegando os restos, de Jake
não menos. O cara que você teve que seguir por tanto tempo quanto você
consegue se lembrar.

— Chega, — eu grito, meus dedos agarrando sua mandíbula, meus olhos


olhando para ela.

— Por quê? Não consegue lidar com a verdade? — Nosso olhar prende,
raiva, desejo, paixão crepitando entre nós. — O gato comeu sua língua,
Shane? Eu pensei que você estava aqui para me despedaçar de novo.

— Não. Você está errada.

— Oh?

— Eu vim aqui para provar que você está errada.

— Sobre o quê?

— Sobre o que você quer.


— O que... — Eu suponho que ela vai perguntar do que estou falando,
mas ela não tem a chance porque eu aproveito ao máximo seus lábios
entreabertos e pressiono os meus neles.

Ela se cala para começar e nós ficamos com apenas nossos lábios
conectados, mas então é como se alguém acionasse seu interruptor e suas
mãos se enroscassem no meu cabelo e eu me inclino para a frente,
pressionando seu corpo contra a parede.

Minha língua varre em sua boca e a dela se junta avidamente. Minhas


mãos correm por seus lados e deslizam no tecido de sua camisa. Eu roço sua
pele macia até encontrar o volume de seus seios. Sua cabeça cai para trás,
batendo contra a parede enquanto eu aperto, e eu entro em pânico. Um
momento de realidade através da minha névoa bêbada e raivosa.

— S...sua cabeça. Você está bem? — O arranhão cicatrizado marca o


único lembrete visível do que ela passou esta semana.

Seus dedos apertam meu cabelo e ela move minha cabeça, então não
tenho escolha a não ser olhar para ela.

— Não faça isso.

— Não faça o quê?

— Finja que você se importa. Que isso é algo mais do que é.

Eu quero discutir, dizer a ela que isso é muito mais do que ela está
disposta a aceitar, mas as palavras morrem na minha língua quando eu
lembro exatamente por que eu a procurei em primeiro lugar.

O desafio. O desafio.
Machuque-a como ela repetidamente faz com você e prove que ela quer
mais do que ela admite.

Com um aceno para mim mesmo, eu puxo meu celular do meu bolso. Ela
bufa de impaciência, mas eu não paro. Não vou filmar, não faria isso com
ela. Mas não havia regras. Puxando o microfone, eu aperto o play e o coloco
na cômoda ao nosso lado.

— Ok, tudo bem, — eu digo, voltando minha atenção para ela. Seus
olhos estão escuros de desejo, seus lábios já inchados do meu beijo. Meu
pau estica contra o tecido da minha calça, desesperado para estar dentro
dela mais uma vez. Minhas mãos caem para suas coxas e depois de empurrar
sua saia até à cintura, eu a levanto.

— Oh Deus, — ela grita enquanto meus dedos cavam na pele de suas


coxas.

— Você não quer que eu me importe? Você quer bruto. Eu lhe darei o
que você precisar, baby.

— Oh foda-se, Shane, — ela grita, enquanto eu a levanto mais alto e


pressiono meus lábios em seu pescoço.

Suas coxas apertam ao meu redor enquanto eu corro minha língua por
sua pele doce. Ela estremece, seus dedos mais uma vez mergulhando no
meu cabelo.

Eu mordo, chupo e beijo forte o suficiente para que não haja


esquecimento de que eu estava aqui assim que acabar.
Ela pode querer continuar fingindo que não há nada aqui, que ela não
me quer, mas nós dois sabemos que é mentira.

Quando estamos juntos assim. É como se nada mais existisse. Somos só


nós e é explosivo pra caralho.

Levantando o tecido de sua camisa até à barriga, ela me ajuda, puxando-


a e deixando-a cair no chão enquanto eu deixo cair meus lábios na curva de
seu seio.

Sorrio de prazer quando encontro o fecho frontal e faço um trabalho


rápido de desfazê-lo para que seus seios se espalhem.

— Shane, Shane, por favor, — ela canta acima de mim enquanto eu beijo
e lambo todos os lugares, menos onde ela precisa de mim.

— Você não quer isso, lembra? — Eu a lembro.

— Foda-se, Shane, — ela geme, tentando me direcionar com meu


cabelo.

— Tudo em seu tempo. Quero ouvir você admitir primeiro.

— Admitir o quê?

— Que você me quer. Esse. Que você cometeu um erro toda vez que me
mandou embora.

Eu lambo a parte de baixo de seu seio e permito que meu nariz roce seu
bico. Ela engasga quando a sensação a percorre. Mas a cadela teimosa ainda
resiste.

— Não. Eu só quero isso.


— Você só me quer para sexo?

— Sim. Agora por favor. Dê-me o que eu preciso.

— Por que não um dos outros? Tenho certeza que eles estariam
dispostos a isso.

— Não, — ela chora enquanto meus dentes afundam na suavidade de


seu peito.

Eu olho para ela enquanto eu chupo e lambo a mordida. Seus olhos são
negros, suas bochechas vermelhas de desejo.

— Não, eu não quero…

— Continue. Você não quer...?

— Eu não quero nenhum deles, ok?

— Então, diga. Diga essas três palavrinhas e eu lhe darei o que você
precisa.

Minha língua roça a ponta de seu mamilo e seus olhos fecham com
prazer. — Foda-se, — ela grita. — Eu quero você, ok. Porra, eu quero
você. Argh, — ela grita quando meus lábios envolvem sua ponta e eu a
chupo profundamente em minha boca.

Seus saltos cavam em minha bunda, suas unhas arranham meu couro
cabeludo enquanto suas costas se arqueiam contra a parede, dando tudo de
si para mim.

Seu peito arfa e meu nome sai de seus lábios com seus gritos de prazer
enquanto eu mudo para o outro lado.
Apenas quando eu acho que pode estar levando-a muito perto da borda,
eu a deixo cair de volta no chão.

— Que porra você está fazendo? — ela pergunta quando eu dou um


passo para trás.

Esfregando minha mandíbula, eu corro meus olhos pelo comprimento


dela. Seu pescoço e peito estão cobertos pelas minhas marcas de mordida e
sucção, meu pau chora enquanto eu observo a visão. Sua saia está enrolada
em volta da cintura, expondo a sua minúscula calcinha preta.

Balançando a cabeça, eu empurro meu cabelo para longe do meu rosto,


puxando minha camisa sobre minha cabeça e caio de joelhos diante dela.

Chupando o lábio inferior em sua boca, ela me observa com calor


enchendo seus olhos.

Estendendo a mão, envolvo meus dedos nas laterais de sua calcinha e


puxo até que ela se afaste de seu corpo.

— Shane, que porra. — Seus olhos se arregalam em choque quando eu


enrolo a renda e enfio no fundo do meu bolso.

— Para mais tarde, quando você inevitavelmente me mandar embora. —


Estou apenas meio brincando. Eu não tenho intenção de dormir com ela
debaixo do meu travesseiro ou qualquer coisa do caralho, mas eu não sou
contra uma pequena lembrança desta noite, junto com a gravação, é claro.

Batendo contra o interior de sua coxa, ela amplia sua postura para mim,
dando-me espaço suficiente para me inclinar para a frente e encontrar seu
clitóris com a minha língua.
Seu gosto explode na minha boca, fazendo minha cabeça girar com a
minha necessidade de afundar dentro dela. Eu poderia fazer isso agora, o
inferno sabe que ela está pronta, mas eu não estou bem com isso acabar
muito rápido. Eu já sei que nunca será tempo suficiente.

Seus dedos voltam ao meu cabelo enquanto eu levanto sua perna por
cima do meu ombro para me dar mais acesso.

Estou um pouco mais confiante desta vez, ajudado pela minha


experiência recente, mas mais ainda pela vodca. Assim como naquela
primeira noite, minhas inibições estão muito mais baixas do que o normal.

Abrindo seus lábios, eu chupo seu clitóris enquanto ela canta acima de
mim. Meus dedos encontram sua entrada encharcada e eu gemo de prazer
enquanto os deslizo em seu canal escorregadio.

— Oh Deus, — ela geme enquanto as vibrações do meu gemido baixo


ressoam através dela e ela só fica mais molhada.

Eu coloco nela e meus dedos aumentam a velocidade dentro dela. A


perna em que ela está de pé começa a tremer quando sua boceta começa a
apertar meus dedos.

Por mais que eu queira que ela goze assim, não permitirei. Não há como
eu arriscar dar a ela o que ela precisa apenas para ela sair sem olhar para
trás mais uma vez.

Assim que eu sinto que ela está à beira de cair sobre a borda, eu me
afasto e limpo minha boca com as costas da minha mão.
— Que porra você está fazendo? — ela vocifera quando percebe que eu
parei e arrasta a cabeça de onde estava encostada na parede.

— Mudei de ideia, — eu digo com um encolher de ombros.

— Você o quê!?

Caindo no sofá, estico minhas pernas na minha frente. A protuberância


do meu pau duro é óbvia sob o tecido da minha calça.

— Se é bom o suficiente para você, então é bom o suficiente para mim,


baby.

— Eu nunca te deixei assim.

— Tão bom quanto toda vez que você me manda embora.

— Não. Não, isso não é nada como...

— Diga de novo, — eu exijo.

— Diga o que... oh. — Ela coloca as mãos nos quadris. Ela ainda está
totalmente em exibição para eu desfrutar, apesar do pedaço de pele ao
redor de sua cintura que está coberto por sua saia.

— Diga. Isto. Diga-me que você me quer. — Seus lábios franzem e seus
dentes rangem. — Diga-me que você sente isso. Essa coisa entre nós quando
estamos juntos.

— É apenas sexo, Shane.

— É isso? Então foi assim com todos eles, foi?

Algo passa por seu rosto, mas ela cobre antes que eu tenha a chance de
tentar entender.
Ela abre a boca para responder, mas nenhuma palavra sai. Eu já sabia
que estava certo, mas essa é toda a confirmação de que preciso para saber
que essa coisa não é unilateral. Ela sente isso também.

— Tire.
Capítulo 20
CHELSEA

— Tire.

Dificilmente é a demanda do século, já que estou basicamente nua aqui


de qualquer maneira.

Faço um trabalho rápido de desabotoar o botão em volta da minha


cintura e deslizar o tecido pelas minhas pernas.

Shane observa cada movimento meu, seus olhos quase pretos de desejo.

Eu olho para ele descansando no sofá como se ele não se importasse


com o mundo, mas eu sei que isso está longe de ser verdade. Os hematomas
escuros ao redor de seu olho e mandíbula, e seu lábio cortado são apenas o
começo.

Eu realmente pensei depois de mandá-lo para longe do hospital que seria


o nosso fim. Eu sei que Shane é mais legal do que a maioria dos caras, que
ele já me deu muitas chances de admitir que eu o quero, mas eu realmente
não acho que ele voltaria para mais uma vez.

Ele está bêbado, diz uma vozinha na minha cabeça, e como se pudesse
ler minha mente, ele se inclina para pegar a garrafa que abandonou há
pouco tempo.

Ele engole alguns goles como se fosse água, só eu sei pela leve
indiferença em sua voz e a confiança em seu toque que não é.
Eu realmente quero um pouco. Mas não posso. Não que ele me ofereça
algum.

— E agora? Eu disse o que você queria ouvir. — Embora, nós dois


sabemos que não. Eu poderia ter dito que o queria naquele momento, mas
há muito não dito entre nós. Eu deveria ter dito a verdade a ele alguns
momentos atrás, quando ele perguntou sobre isso ser como eu com os
outros.

Ele não tem ideia de que, na verdade, não existem outros. Assim como
todo mundo em Rosewood High, ele me marcou como uma espécie de
prostituta que vai com qualquer um que demonstre qualquer tipo de
interesse, só que não é bem a verdade.

— Mostre-me. Mostre-me o que todos os outros elogiam. Acho que


esqueci da última vez, talvez você não seja tão boa assim.

Ele coloca a garrafa no chão depois de abrir sua braguilha


tentadoramente.

Eu deveria me afastar do que ele está insinuando, mas eu sei que só


tenho que me culpar. Pode não ser tão ruim quanto ele pensa, mas não
posso mentir, já toquei em muitos de seus companheiros de equipe no
passado. Aqueles que eu não fiz estão felizes o suficiente para se gabar junto
com os outros. Eu deveria tê-los esclarecido na primeira vez que alguém
alegou ter me colocado de joelhos, mas não consegui. Fodido, eu sei, mas
eles estavam falando de mim como se eu fosse alguma coisa, como se eles se
importassem e tivessem um motivo para me manter por perto. Como eu
disse, foda-se. Mas é o que é.
Espero que ele abaixe as calças, mas ele nunca o faz. Ele apenas mantém
seus olhos em mim, me desafiando a dar a ele o que ele precisa.

— Eu deveria sair agora, — eu digo, embora meu corpo me traia e me dê


um passo mais perto dele.

— Vá então. Estou me acostumando a ver suas costas.

Eu odeio esse lado dele. Com raiva do mundo, ele está tentado me
machucar como eu o fiz. Mas por mais que eu odeie e deseje o cara doce
que eu sei que ele realmente é, eu não posso deixar de ficar ligada. Algo
dentro de mim não consegue resistir a essa sugestão de bad boy que
suspeito que só eu tive o prazer de testemunhar.

Eu penso nele rasgando minha calcinha do meu corpo não muito tempo
atrás e uma onda de desejo passa por mim. Quem sabia que ele tinha isso
nele?

— Eu nunca recuo de um desafio, Shane. Você quer jogar, então


escolheu o oponente errado se quer vencer.

Ele engole enquanto toma meu corpo enquanto eu fecho o espaço entre
nós.

Uma vez que estou bem na frente dele, coloco minhas mãos nas costas
do sofá em ambos os lados de sua cabeça.

Ele olha para mim, seus olhos escuros e seu peito arfando. — O que você
está esperando? Você me deve.

Eu realmente não posso discutir com isso. Eu devo a ele muito mais do
que um boquete depois de todas as besteiras que causei a ele.
— Oh sim. O que exatamente eu devo a você?

— Tudo. Agora... — Ele enfia os polegares no cós da cueca e empurra.

— Pare, — eu exijo, fazendo seus olhos se arregalarem em


choque. Afastando-me dele, eu caio de joelhos.

A visão de mim diante dele faz a veia em seu pescoço pulsar. — Permita-
me, afinal, devo a você.

Seus lábios se abrem para responder, mas nenhuma palavra sai


enquanto eu envolvo meus próprios dedos ao redor do tecido e puxo.

Ele levanta os quadris para ajudar e eu puxo suas calças e boxers sobre
sua bunda e para baixo em suas coxas. Seu pau já duro descansa contra seu
estômago e eu não posso deixar de morder meu lábio inferior com o
pensamento de tomá-lo na minha boca novamente. Ele não estava errado
com o que disse antes, faz tanto tempo que quase me esqueci.

Uma vez que ele está livre de suas calças, eu descarto o tecido no chão e
empurro suas pernas mais largas para que eu possa me acomodar entre elas.

Eu deixo cair meus lábios ao lado de seu joelho e lentamente beijo sua
coxa. Seus dedos deslizam em meu cabelo enquanto sua impaciência começa
a tomar conta dele, mas eu me recuso a ser apressada.

Inclinando-se para a frente, ele pega a garrafa de vodca que deixou no


chão e a leva aos lábios.

— Quer um pouco? — ele oferece desta vez.

Eu balanço minha cabeça.


— Sua perda. — Ele drena a garrafa antes de jogá-la para o outro lado do
sofá e descansar.

Ele olha para mim, sua impaciência óbvia em seus olhos enquanto eu
continuo provocando-o. — Chels, — ele geme enquanto eu coço minhas
unhas em seu abdômen. — Eu preciso...

— Eu sei o que você precisa, Shane.

Suas mãos apertam meu cabelo, deixando-me pouca escolha a não ser
olhar para ele. Seus olhos ainda estão escuros de desejo, mas há mais lá
agora. Sua suavidade habitual voltou.

— Não, eu realmente não acho que você saiba.

Um nó se forma na minha garganta e lágrimas queimam a parte de trás


dos meus olhos enquanto nossa conexão se mantém. Malditos hormônios da
gravidez. Eu quero desesperadamente acreditar que pode haver algo entre
nós, mas seria perigoso até mesmo permitir um pouco de esperança. Ele não
me quer. Ele não pode, não depois de tudo. Há uma razão pela qual ninguém
sabe sobre esta situação em que continuamos nos encontrando. Eu sou seu
pequeno segredo sujo. Um que ele está feliz em desfrutar a portas fechadas,
mas provavelmente tem vergonha de admitir para o mundo exterior. Eu não
sou o tipo de garota que caras como Shane merecem. Ele deveria ter uma
garota legal em seu braço. Não alguém com uma reputação manchada que
todos odeiam.

Precisando quebrar qualquer conexão estranha que tenha se


desenvolvido, faço a única coisa que sei que vai distraí-lo. Eu me inclino para
a frente e lambo o comprimento dele. Seu pau pulsa sob meu toque suave,
seus quadris levantam enquanto ele procura mais e seus dedos apertam até
que seu aperto é quase doloroso demais para suportar.

— Porra, Chelsea.

Estimulada por suas palavras e reação ao meu simples toque, eu envolvo


meus dedos ao redor dele e lambo a cabeça de seu pau.

Ele geme, o barulho na parte de trás de sua garganta despertando meu


próprio prazer perdido de antes.

Abrindo meus lábios, eu o chupo tão profundamente quanto ele vai,


amando o grunhido que ressoa em sua garganta.

Olhando para ele, encontro sua cabeça descansando no sofá, seu cabelo
loiro está uma bagunça depois de ter minhas mãos nele há pouco tempo,
seus olhos estão fechados, suas bochechas coradas e seus lábios
entreabertos.

Eu corro meus olhos pelo seu corpo, pegando seu peito e passando pelo
seu abdômen. Porra, eu quero correr minha língua sobre cada recuo. Eu
quero ser capaz de tomar meu tempo, aproveitar essa coisa entre nós, não
apenas ter momentos roubados cheios de raiva e ódio enquanto lutamos um
contra o outro e o que realmente sentimos.

— Porra, porra, — ele canta quando eu levanto minha mão e seguro suas
bolas.

Seu comprimento incha entre meus lábios e eu sei que ele está quase no
fim. Eu o chupo mais uma vez antes de soltá-lo com um pop e me levanta. —
Que porra é essa? — Sua cabeça levanta, seus olhos arregalados em choque.
Ele deve perceber minha intenção no segundo em que vir o sorriso nos
meus lábios.

Olho por olho, querido. Você me deixa pendurada, então você pode
esperar o mesmo tratamento em troca.

— Você define as regras, baby, — eu digo em uma voz doentiamente


doce que eu costumo reservar para os jogos idiotas que ele está jogando. —
Não é minha culpa se você não consegue lidar com as consequências.

Eu dou um passo para trás, mas ele é mais rápido do que eu


acredito. Seus dedos encontram os meus e sou puxada para ele com tanta
força que não tenho escolha a não ser cair em seu colo.

— Indo para algum lugar? — ele pergunta, seus olhos brilhando com
diversão.

— Sim, indo embora.

— Não dessa vez. Eu não terminei com você. E pela primeira vez... estou
dando as cartas. — Eu o encaro, apreciando seu lado mais dominante.

Em segundos, ele me moveu para que eu estivesse sentada em seu colo e


suas grandes mãos envolveram minha cintura, me segurando no lugar.

— Vá em frente, acho que nós dois esperamos o suficiente.

Abaixando a mão, eu o agarro. Suas pálpebras baixam com a sensação e


eu me delicio com o fato de que mesmo agora, eu detenho todo o poder. É
como eu preciso que seja. Eu preciso ser aquela que pode dar as ordens na
tentativa de me proteger.
No momento em que nos alinhei, eu afundo e observo os músculos do
pescoço de Shane se retesarem de prazer. Sua mandíbula estala quando eu
caio mais baixo e seus dedos cavam em minha pele.

— Foda-se, — ele resmunga uma vez que estou totalmente sentada.

Seus olhos seguram os meus e eu levanto lentamente e caio de volta.

— Porra, Chelsea, — ele geme, de repente soando muito mais sóbrio.

— O quê? — Eu pergunto, confusa com a mudança nele.

— Não deveria ser assim. — Sua voz é baixa e quase um sussurro, e eu


levanto mais uma vez.

— Assim como?

— Assim bom pra caralho. Assim tão viciante.

Eu fico em silêncio, mas temo que meus sentimentos sobre o que ele
acabou de dizer estejam escritos por todo o meu rosto.

Ele tem razão. Não deveria ser assim.

Era para ser uma noite de distração. Não era para se transformar em
precisar um do outro assim. Não era para se transformar nessa coisa tóxica
que não posso deixar de desejar tanto quanto odeio.

Incapaz de olhar para a honestidade em seus olhos, eu deixo cair minha


cabeça na curva de seu pescoço e empurro todos os pensamentos de lado
enquanto o monto.

Suas mãos me ajudam a me mover, mas não demora muito até que sua
necessidade de liberação tenha seus quadris subindo em mim.
Meus dedos se enrolam no encosto do sofá e minhas unhas cravam
enquanto corro em direção ao meu próprio orgasmo.

— Porra, Chelsea, porra.

Sentando-me em linha reta, eu jogo minha cabeça para trás e choro seu
nome enquanto meu corpo cai sobre a borda.

Apenas alguns segundos depois, ele me puxa para baixo contra seu
corpo, e com o rosto enfiado no meu pescoço, ele para enquanto geme sua
liberação, seu pau se contorcendo profundamente dentro de mim e
acendendo algumas das minhas próprias réplicas.

Suas respirações aumentadas fazem cócegas na minha pele aquecida


quando ele desce de seu orgasmo.

Sabendo que preciso me mexer, que nosso tempo juntos acabou, eu me


afasto dele, mas seus braços travam ao meu redor, me segurando no lugar.

— Shane? — Eu questiono, precisando que ele me liberte antes que eu


comece a me permitir acreditar que poderia haver mais aqui.

— Só preciso de um minuto. Isso foi... — Ele para.

— Sim, — eu concordo. O que mais há para dizer? Foi muito


incrível. Quase o suficiente para me fazer acreditar que poderia haver algo
entre nós.

— Chelsea? — ele pergunta, uma emoção estranha enchendo sua voz


que eu não consigo identificar.

— Sim? — Eu sussurro, gostando de estar em seus braços um pouco


demais.
Seus dedos enroscam no meu cabelo e me seguram no lugar enquanto
ele move seus lábios para o meu ouvido.

— Isso foi um desafio, — ele sussurra.

Por um segundo, as palavras não são registradas. Mas no momento em


que o fazem, todo o meu corpo fica tenso em seu aperto.

Permitindo que eu me mova, seus braços caem ao meu redor e eu me


sento.

Ele tem um sorriso presunçoso pra caralho no rosto enquanto seus olhos
saltam entre os meus.

Algo quente explode dentro de mim enquanto eu olho de volta. — Você


é um idiota do caralho. Você não é melhor do que nenhum deles, sabia
disso?

— Se não pode vencê-los, junte-se a eles, — diz ele com um encolher de


ombros.

— Idiota de merda. — Eu saio dele, odiando que ele está escorrendo de


dentro de mim, é tão bom que é quase uma distração da realidade.

— Você se sente melhor agora que me superou? Você ganhou,


Shane. Você ganhou, porra.

Eu agarro minhas roupas enquanto ele permanece imóvel no sofá. Eu


não olho para ele, eu não ouso olhar para ver aquele sorriso de novo porque
eu sei o quanto isso vai me irritar.

Eu nem tenho energia para dizer nada enquanto eu saio pela porta. Eu a
bato o mais forte que posso atrás de mim enquanto corro da casa.
Eu não queria estar aqui em primeiro lugar, mas sabendo que eu estava
quase como nova, Rae insistiu que eu tentasse voltar ao mundo e mamãe
não podia fazer muito, mas concordar. Ela não poderia me manter trancado
naquele quarto para sempre.

Eu mantenho minha cabeça baixa enquanto eu passo pelos alunos todos


curtindo sua noite de sexta-feira. Vendo que agora sou a pária social, quase
ninguém olha na minha direção enquanto vou até à porta da frente.

Felizmente, Rae está longe de ser vista ou eu sei que nunca conseguiria
sair. Felizmente, eu faço porque no momento em que eu cavo dentro da
minha bolsa para as chaves do meu carro, as lágrimas estão escorrendo pelo
meu rosto.

— Seu filho da puta, — eu grito, batendo minhas mãos no volante em


uma tentativa de tirar um pouco da minha raiva.

Fui eu que o avisei para não jogar, que ele seria o único a perder. Quão
errada eu estava?

Ele deveria ser o legal. O doce. No entanto, ele apenas me venceu no


meu próprio jogo. Embora eu não tenha certeza de que era o meu jogo para
começar.

Não é até que estou a meio caminho de casa que percebo que o carro
atrás de mim está me seguindo desde que saí da casa de Ethan.

Meu coração dispara sabendo que ele me seguiu e está dirigindo


bêbado. Não tenho ideia se estou mais brava com a ideia de ter que vê-lo
mais uma vez ou que ele se colocou em perigo. Estou tentada a dizer que é o
último, mas deixo de lado, não querendo lidar com o que realmente sinto
por ele.

Está escuro, então não consigo distinguir o carro além dos faróis
brilhantes, mas ele faz cada curva que faço, até ao ponto de sinalizar uma
curva na rua em que moro.

Meus dedos apertam o volante e meu coração bate no meu peito. Estou
tentada a me trancar no carro com medo de sair e ter que lidar com ele
novamente. Mas depois de soltar um suspiro, encontro algumas bolas,
desligo a ignição e abro a porta.

O carro ainda está lá, parado na calçada, mas agora posso vê-lo, percebo
que é uma caminhonete e não uma que reconheço.

Dou um passo em direção a ele para ver quem é o motorista, mas antes
que eu tenha a chance de ver o interior, ele acelera.

Esquisito.

Dizendo a mim mesma que é apenas alguém da escola tentando me


assustar, provavelmente Shelly. Balanço a cabeça e vou até à casa. Estou
desesperada para ir à minha casa da piscina, mas todas as minhas coisas
estão no meu antigo quarto. Isso tudo vai mudar amanhã. Não importa o
que meus pais pensem, estou perfeitamente bem e voltarei para meu
pequeno refúgio para ficar longe do mundo.

Felizmente, a casa está em silêncio, então, depois de pegar uma garrafa


de água, vou para o meu quarto.
Vou até à janela para fechar as cortinas, mas um conjunto de luzes do
lado de fora mais uma vez chama minha atenção. O medo escorre através de
mim, mas eu o empurro de lado. Muitas pessoas me odeiam agora, poderia
facilmente ser qualquer um deles enquanto me observavam fugir da casa de
Ethan.
Capítulo 21
SHANE

No segundo que as palavras estão fora da minha boca, eu me arrependo.

É a razão pela qual eu fiquei sentado a vê-la se vestir sem dizer uma
palavra. Ela deveria sair depois de saber o que eu tinha feito.

Eu não sou melhor do que ela. Jogando jogos para ganhar pontos.

Eu queria provar que ela me queria. Acho que consegui isso. Ela me disse
o quanto. Então, por que isso não me dá nenhuma sensação de
realização? Porque você a machucou, idiota, uma vozinha diz na minha
cabeça.

— Foda-se, — grito para a sala silenciosa. O baixo da música batendo nas


paredes me diz que a festa ainda está forte lá fora. Felizmente, todos
conhecem a regra de que, se a porta da toca de Ethan estiver fechada,
ninguém entrará.

Empurrando-me para fora do sofá, balanço um pouco enquanto me


levanto, provando o quanto eu já bebi. Infelizmente, não é o suficiente para
me ajudar a esquecer aquele olhar em seus olhos quando a realização a
atingiu.

Eu sou um idiota. Sim, ela fez alguns movimentos idiotas no passado,


mas ela não merecia isso.
Ela está errada. Eu não sou um deles. Eles andam por aí pegando o que
acham que merecem, como meu pai. Eu não sou como eles.

Eu visto minhas roupas com a intenção de sair daqui. Uma grande parte
de mim quer encontrá-la e dizer a ela que foi um erro, dizer a ela como
realmente me sinto, mas sei que ela não aceitaria, seria inútil e
provavelmente nos levaria a fazer outra coisa da qual nos arrependeremos.

— Shane, meu homem. Onde você esteve, mano?

— Ocupado, — eu resmungo para Zayn enquanto ele e Justin envolvem


seus braços em volta dos meus ombros.

— Oh, ficando ocupado com Chelsea? — Seus olhos se iluminam


enquanto todo o meu corpo fica tenso. — Você sabe que precisamos de
provas, certo? Sua palavra sozinha não valerá esta noite.

— Não que isso fosse acontecer. Não tem como você ter uma chance
com Chelsea, — Justin insulta.

Eles me conduzem em direção à cozinha, onde alguns membros da


equipe ainda estão vagando com bebidas na mão.

Eu pego uma cerveja do balcão enquanto passamos antes de cair no


mesmo sofá em que eu estava antes de toda essa merda começar.

— Então... — Justin pede, fazendo com que todos se virem para olhar
para mim. — Shane acha que completou seu desafio.

— Eu não disse isso, — argumento.

— Você não precisava, cara. Então vamos lá, veremos as provas. Dê a


esses idiotas algo para mirar.
A calcinha dela queima no meu bolso e a gravação no meu celular me
provoca. Mas também não me movo para agarrar.

— Eu não tenho nenhuma.

— Nenhuma prova significa que não aconteceu, e se não aconteceu,


então você perde.

Ficando cada vez mais frustrada com esses idiotas, eu me empurro do


sofá.

— Eu não dou a mínima. Faça o seu pior, — eu digo, levantando minhas


mãos dos meus lados. — Algumas coisas são mais importantes do que seus
jogos de merda. Que tal você parar de jogar por um momento e encontrar
algo mais significativo em suas malditas vidas?

Eu não fico por perto para ouvir a resposta deles, saio da sala e vou em
direção à porta da frente.

Infelizmente, não vou tão longe antes de ser preso. — Shane, o que
aconteceu com Chelsea? Não consigo encontrá-la.

Os olhos preocupados de Rae encaram os meus. — Eu não faço ideia.

Seus olhos se estreitam em frustração. — O que você fez?

Eu quero atirar de volta para ela que Chelsea merece o que quer que
aconteça, mas acho que nós dois saberíamos que seria uma mentira.

— Algo que eu lamento, — eu admito baixinho.

— Jesus. Vocês dois são um maldito pesadelo.


— E você precisa manter o nariz de fora. Você não tem ideia do que
aconteceu entre nós, você só ouviu o lado dela da história, suponho.

— Tenho certeza de que entendo bastante bem. Eu sei que ela estragou
tudo, mas as pessoas cometem erros, Shane. Muito parecido com esta noite.
— Ela levanta uma sobrancelha conhecedora. — Então, que tal você deixar
tudo isso de lado e fazer a coisa certa?

— Eu não tenho ideia do que é isso, — eu admito.

— Bem, é melhor você descobrir isso antes que seja tarde demais.

Ela gira nos calcanhares e marcha para longe de mim, com o celular na
mão, suponho que ligando para Chelsea.

Eu me viro novamente, pego uma garrafa de qualquer coisa que eu possa


encontrar no balcão da cozinha antes de finalmente sair de casa.

A casa de Ethan é quase na praia, então em apenas alguns minutos, eu e


meu novo amigo Jack nos encontramos na areia e vendo as ondas
quebrando na praia.

As estrelas brilham acima no céu escuro e me pergunto como seria estar


aqui com Chelsea ao meu lado. Toda a besteira banida e ser apenas nós.

Poderia haver um nós, ou somos tóxicos para sequer considerar?

Eu não arrasto minha bunda da praia até ao sol começar a nascer. Não
quero ir para casa, sei que só vai acabar em uma discussão inevitável com
meu pai.
Com um suspiro, eu ando naquela direção. O que eu realmente quero
fazer é ir para o Chelsea. Mas mesmo em meu estado de embriaguez, eu sei
que é uma péssima ideia.

A casa está às escuras e dou um suspiro de alívio. Não seria incomum que
papai ficasse trabalhando a noite toda. O inferno sabe que ele já nos pegou
aos três nos esgueirando antes.

Eu chego às escadas antes de perceber que alguém está acordado. A luz


vem do porão e passos vêm em minha direção.

— Que horas você acha que é? — Papai grita. Ele está vestindo apenas
um par de shorts com uma toalha pendurada no pescoço.

— Muito cedo para você estar malhando. Porra seja normal pelo menos
uma vez na vida e durma.

Seus olhos se arregalam em choque. — Você andou bebendo. — É uma


afirmação, não uma pergunta, então não me incomodo em responder. — O
que diabos está errado com você? Fugindo da escola, ficando bêbado,
ficando fora a noite toda. Este não é você, Shane, e esse tipo de
comportamento não vai ajudar você a entrar...

— Não diga isso porra, — latido, sabendo exatamente o que está prestes
a sair de seus lábios.

— Nenhum treinador vai querer um fodido, Shane.

— Então, e Luca e Leon? Você deu a eles esse tipo de merda toda vez que
eles davam uma festa e ficavam tão bêbados que todos destruíam a casa? —
Eu já sei a resposta, ele limpou o lugar e ignorou o que aconteceu. — E
quando eles costumavam chegar tarde todo fim de semana? Você os acusou
de foder tudo? Não, claro que você não fez porque eles não podem fazer
nada errado. Seus malditos garotos de ouro que se apegam a cada palavra
sua. É patético pra caralho.

— Isso é o suficiente, — ele grita. — Eu não vou aceitar esse tipo de


comportamento de você.

— O que, de repente, agir assim é inaceitável? Inacreditável. Você é uma


piada do caralho, sabia disso?

— Shane, já chega, — a voz suave da mamãe chama do andar de baixo.

Papai e eu ficamos em nosso olhar silencioso por mais alguns segundos


antes de eu dispensá-lo com um levantar do meu queixo e subir as escadas.

— O que aconteceu? — Mamãe pergunta quando passo por ela no topo


da escada. É óbvio que a acordamos.

— Nada. Volte para a cama.

— Shane, o que...

— Eu disse que não é nada.

Desta vez ela me solta e assim que estou no meu quarto eu caio de cara
na cama e desmaio.

***
Quando acordo na manhã seguinte, o sol já nasceu há muito tempo e é
tão tarde que recebo uma tonelada de chamadas perdidas de Zayn me
dizendo que perdi nosso treino matinal. É provavelmente o melhor, ele teria
passado o tempo todo me interrogando sobre o que aconteceu na noite
passada. Ele é o único dos caras que acreditará em mim sem as provas que
aparentemente exigem.

Eu poderia ter mostrado aquela gravação ontem à noite, mas não sei por
que me incomodei, nunca permitiria que ninguém a ouvisse. Essa coisa entre
mim e Chelsea é apenas isso, entre nós. É o nosso pequeno segredo fodido,
confuso e tóxico.

Minha cabeça lateja enquanto arrasto meu corpo para o banheiro para
me refrescar na esperança de me sentir um pouco mais humano novamente.

Estou mais do que feliz em passar o dia escondido no meu quarto, sair
significa que provavelmente terei que ver alguém e lidar com os
arrependimentos e memórias da noite anterior.

Eu penso sobre a discussão com papai, isso é uma coisa que eu não me
arrependo. Já era hora de alguém enfrentar ele, eu só nunca pensei que
seria eu. Lembro-me do meu tempo com Chelsea e a dor que está no meu
peito desde que ela saiu só fica mais persistente.

Eu balanço minha cabeça. Depois da nossa primeira vez juntos, eu disse a


mim mesmo que seria capaz de simplesmente esquecê-la, e o fiz até certo
ponto. Recostei-me e a observei ser como sempre na escola depois, quando
tudo que eu queria era que ela olhasse na minha direção e me desse uma
dica de que ela se lembrava do nosso tempo juntos, que isso significava
tanto para ela quanto para mim.

Então a verdade veio à tona, e eu queria olhar para ela mais uma vez por
um motivo muito diferente. Eu queria dizer a ela o que eu realmente
pensava dela. Eu queria acusá-la de armar, de me usar como bode expiatório
e não dar à mínima.

Mas ela desapareceu, e tudo mudou mais uma vez. Sim, eu ainda queria
quebrá-la, mas a preocupação logo tomou conta. Era estúpido, eu sabia
disso. Eu não deveria ter me preocupado depois de tudo, mas de alguma
forma ela se moveu sob a minha pele e não importa o quanto eu tentasse,
eu não conseguia tirá-la.

Minha necessidade de café e comida eventualmente me faz sair da


segurança do meu quarto. Felizmente, quando desço para a cozinha, é
apenas mamãe que está sentada com uma xícara de café e seu tablet.

— Boa tarde, — diz ela com um sorriso. — Como você está se sentindo?

— Melhor do que deveria, — murmuro, pensando na mistura de vodca e


uísque de ontem à noite.

— Seu pai está fora da cidade por alguns dias.

— Ótimo, — eu sussurro, puxando um saco de batatas fritas do armário e


jogando um par na minha boca.

— Eu sei que ele te incomoda, mas é só porque ele se importa.

— Ah, sim, é por isso. — Eu reviro os olhos para ela.


— Querido, — ela começa com um suspiro, mas eu levanto minha mão
para detê-la.

— Podemos não fala? Estou de ressaca demais para falar sobre ele.

— Certo. — Ela fica em silêncio enquanto me observa na cozinha,


fazendo um sanduíche e meu tão necessário café.

Depois de alguns minutos, eu caio ao lado dela. — O que está errado? —


ela pergunta.

— Além do que não estamos falando, eu presumo?

— Sim. O que está te comendo? Eu não tenho nenhum problema com


você sair e festejar com seus amigos, mas nas últimas semanas, você não
tem sido você mesmo. Eu sei que ele está lhe dando um tempo difícil, mas é
mais do que isso, não é?

Eu olho para o meu sanduíche enquanto penso em como responder a sua


pergunta. De repente estou sentindo muito menos fome.

— É uma menina, — murmuro baixinho. Eu realmente não quero ter essa


conversa com ela, mas eu sei que é melhor apenas falar com ela ou ela será
como um cachorro com um osso até eu confessar.

— Pensei que fosse. Alguém que eu conheça.

— Sim, mas eu não estou dizendo a você quem, então não se preocupe
em perguntar.

Ela ri. — Está bem então. Então, qual é o problema?

— É só que... está fodido. Eu não deveria gostar dela. Não vai dá certo. É
um desastre esperando para acontecer…
— Mas você não pode se afastar, — mamãe termina para mim.

Eu não posso deixar de rir. — Oh, eu me afastei bastante. Mas não me


impede de voltar. — Penso em todas as vezes que ela me mandou embora, e
disse a mim mesmo que era isso. Não mais. Mas toda vez, eu voltei para
mais. Eu sou como um maldito viciado precisando da minha próxima dose.

— O amor é uma coisa engraçada.

— Calma aí, ninguém mencionou a palavra com A, — brinco.

— Não, mas o coração quer o que quer, independentemente do que


nossas cabeças pensam.

— Útil, obrigado.

— Ela vale a pena?

Abro a boca para responder, mas logo percebo que não tenho
resposta. A maioria das pessoas diria que absolutamente não. Chelsea Fierce
é uma força a ser reconhecida e quem ela toca acaba queimado. Eu sei, eu
experimentei isso. Mas isso não me impede de querer pular de volta para o
fogo.

Eu penso no lado macio e quebrado dela que eu tive vislumbres ao longo


dos anos. Essa Chelsea vale a pena. Aquela que permite que suas paredes
caiam e mostra quem ela realmente é sob a máscara e a armadura que ela
usa diariamente.

— Sim, eu acho que ela vale, — eu respondo.

— Então você tem que lutar pelo que quer.

— E se isso só terminar em desastre?


— Às vezes é um risco que temos que correr. Você a quer, então sempre
há uma chance de não funcionar e você acabar se machucando. Faz parte do
território, infelizmente. Você só precisa confiar em si mesmo, e se você acha
que ela vale a pena, então você deve tentar.

— Obrigado, mãe.

— Sem problemas, — diz ela, levantando-se e enxaguando sua caneca. —


Apenas me prometa uma coisa.

— Certo.

— Use proteção.

Eu aceno, realmente não querendo entrar nesse tipo de conversa com


ela. Além disso, mal posso dizer a ela que estive. Nas duas últimas vezes que
estive com o Chelsea, não usamos proteção. Eu confiei nela quando ela disse
que estava segurar. Eu balanço minha cabeça para mim mesmo.

Eu ainda posso não saber o que fazer com ela, mas eu sei de uma
coisa. Precisamos traçar uma linha sob o que quer que seja essa coisa. Se
isso é para acabar com isso ou apenas para desistir dos jogos de merda que
estamos jogando, não tenho certeza. Mas eu preciso ser o homem maior
aqui. Eu preciso ir e pedir desculpas por ontem à noite e nós precisamos
sentar e conversar, algo que nós não fizemos... nunca.

Borboletas flutuam na minha barriga enquanto eu saio pela porta da


frente. Estou mais nervoso andando até lá para conversar do que para
qualquer outra coisa que fizemos. É uma loucura.
Estaciono ao lado dela e do carro de sua mãe e desligo o motor. Minha
mão treme quando eu alcanço o botão, e eu me castigo por ser tão maricas.

É apenas a Chelsea. Uma garota com quem passei incontáveis horas ao


longo dos anos. Ok, então ela passou a maior parte delas me evitando até
recentemente, quando tudo o que tentamos fazer é machucar um ao outro,
mas ela ainda é a mesma garota.

Ela não é. Ela está diferente e você sabe disso.

Porra. Eu esfrego minha mão pelo meu rosto e saio do carro. Não há
como recuar agora. Há uma chance de ela já ter visto que eu estou aqui,
então eu preciso ser homem e fazer o que vim fazer.

Andando pela casa, o som de uma música suave e relaxante filtra o ar, e
quando chego nos fundos, encontro Chelsea e Honey dobradas ao meio em
colchonetes de ioga ao lado da piscina.

Chelsea está vestindo um par de calças rosa e um pequeno top


combinando, mas eu mal noto com o jeito que sua bunda está erguida no ar
como está.

Agora isso não era o que eu estava esperando.

Sua mãe suavemente diz algo e as duas se movem simultaneamente para


a próxima posição.

Eu não tenho ideia de quanto tempo eu fico ali olhando para ela, é meio
hipnótico, mas muito em breve, um par de olhos escuros trava nos
meus. Não há choque em seu rosto, me fazendo pensar se ela sabia que eu
estava aqui o tempo todo.
Honey percebe que Chelsea está distraída e segue seu olhar.

— Ah, Shane. Que bela surpresa. Quer se juntar a nós? — ela pergunta
com um olhar esperançoso em seu rosto.

— Um…

— Acho que terminamos aqui de qualquer maneira, certo, mãe? —


Chelsea diz, me ajudando.

Honey verifica seu relógio. — Sim, você está certa. Eu preciso me


mexer. Tenho uma reunião em uma hora. Eu provavelmente não estarei de
volta até tarde e seu pai está viajando a negócios durante a noite. Sirvam-se
de qualquer coisa, peçam comida para vocês, se quiserem, — ela oferece,
olhando entre nós dois como se ela estivesse tentando descobrir isso. Nós
dois podemos ter passado muito tempo juntos no passado, mas não tenho
certeza se isso já aconteceu antes.

— Obrigada, mãe, — diz Chelsea. — Tenha um ótimo dia.

Depois de olhar entre nós por mais um segundo, Honey sorri e se dirige
para a casa.

— O que você está fazendo aqui? — Chelsea pergunta, seu


comportamento mudando no segundo que sua mãe está fora do alcance da
voz.

— Nós precisamos conversar.

— Conversar? — ela pergunta, seus olhos se arregalando. — Nós não


falamos, Shane. Além disso, não tenho nada a dizer a você.

— Isso é uma pena, porque eu tenho muito a dizer a você.


Seus lábios franzem e ela range os dentes em frustração enquanto ela
olha para mim.

— E parece que você não tem nada melhor planejado já que você está
prestes a ficar sozinha em casa, então vamos? — Faço um gesto em direção
às espreguiçadeiras que ficam ao redor da piscina.

Ela bufa quando eu me aproximo e caio em uma. Eu estico minhas


pernas e coloco minhas mãos atrás da minha cabeça, fazendo um show de
ficando confortável.

Pode ser final do ano, mas o sol aquece minha pele enquanto me sento
aqui.

— Jesus Cristo, — ela murmura, girando nos calcanhares e se afastando


de mim.

Sento-me para a frente, pronto para persegui-la, mas decido contra


isso. Ela marcha pela porta de sua casa da piscina, mas em segundos ela
retorna com um moletom com zíper sobre os ombros. Aparentemente, sou o
único que acha que parece verão.

Eu corro meus olhos pelo seu corpo enquanto ela faz seu caminho de
volta para mim.

— O quê? — ela corta.

— N...nada. — Eu engulo quão desapontado eu estou por ela ter se


coberto, eu não acho que ela gostaria de ouvir isso agora de qualquer
maneira.
— Espero que você tenha a ressaca do inferno, — ela murmura,
sentando ao meu lado e cruzando os braços sobre o peito.

— Não é tão ruim quanto eu mereço.

Ela olha para mim, mas rapidamente desvia o olhar quando me encontra
olhando para ela.

— Isso é uma vergonha.

— Desculpe, Chels.

— Sério? Isso é tudo que você tem?

— Ah... sim. Eu estava chateado com você por me mandar embora


continuamente. Eu queria te machucar de volta. Foi estúpido. Mas quando
Zayn me desafiou, não consegui pensar em mais nada além de fazer você
admitir que isso é... alguma coisa.

— Fodido Zayn, — Chelsea murmura para si mesma.

— Ele sabe sobre... nós...

— Não existe nós, Shane.

— Sim, não, sim... eu sei. Quero dizer, ele sabe que dormimos juntos, e
ele sabia que eu estava chateado. Ele pensou que estava nos fazendo um
favor.

— Excelente. Então, toda a equipe já sabe, — ela bufa.

— Ele não contou a ninguém.

— Pfft. Não importa. Todo mundo já pensa que provavelmente fizemos


de qualquer maneira.
— O que isso deveria significar? — Eu pergunto.

— Nada. — Ela se senta e olha para a frente. — Algo mais?

Fico em silêncio por um momento enquanto considero o que quero dizer


a ela. Quando não respondo, ela volta os olhos para mim. Minha boca enche
de água enquanto observo sua beleza impecável. — Eu... uh... eu gosto de
você. — Incapaz de segurar seus olhos, eu olho para os meus pés.

Ela engasga enquanto se move para se sentar na beirada da


espreguiçadeira como eu, nossos joelhos estão separados por apenas uma
respiração.

Estendendo a mão, ela gentilmente toca os dedos no meu queixo e eu


não tenho escolha a não ser olhar para ela. Eu não pretendia dizer essas
palavras, a admissão meio que caiu, e agora estou me sentindo um idiota.

Nossos olhos se conectam, o chocolate dela no meu verde, e algo estala


entre nós. Ela balança a cabeça, um pequeno sorriso brincando em seus
lábios.

— O que você fez na noite passada. Eu merecia. Eu merecia isso e muito


mais por tudo que fiz a você e aos outros.

— Talvez sim, mas eu não deveria ter feito isso. Eu me odeio por querer
te machucar. Não é quem eu sou, Chels.

— Eu sei, você é o doce. — Um lado de seu lábio se contrai.

— Ah, sim, muito legal.

— Se você não fosse, você não estaria aqui agora.


Empurrando para ficar de pé, não tenho escolha a não ser olhar para
cima uma vez que ela está de pé.

— Mamãe fez smoothies. Você quer um?

— Um… Claro.

Antes que eu tenha tempo de piscar, ela está indo para a cozinha. Eu
solto um longo suspiro, me castigando por ser tão idiota. Eu sei que eu disse
que queria conversar, mas eu não queria parecer um completo maricas.

— Foda-se, — falo no silêncio do quintal, deixando cair minha cabeça em


minhas mãos.

— Tudo certo? — Sua voz suave flui através de mim e minha espinha
endurece. Porra, de jeito nenhum eu sairei daqui hoje sem convencê-la de
que eu sou um completo idiota.

— Sim, está tudo bem. — Eu me viro para olhar para ela, ela está
segurando dois copos elegantes com canudos saindo do topo com a frente
de seu capuz bem aberta. Só esse pedaço de pele me dá água na boca. Eu já
sei que ela será mais doce do que o que está naqueles copos.

— Ah... aqui. — O calor atinge suas bochechas, e eu relaxo por um


momento. Ela está tão insegura sobre isso quanto eu?

Eu a observo enquanto ela se move para seu assento e se abaixa. Eu não


tenho ideia se ela está ciente da minha atenção ou não, mas em nenhum
momento ela olha na minha direção. Em vez disso, ela pega o canudo entre
os lábios e chupa.
Meu pau incha quando me lembra quão quente e suave esses lábios se
sentem ao redor do meu pau. Porra. Eu vim aqui para pedir desculpas por
não sentar aqui com uma ereção furiosa.

— Você não estava tão bêbado então? — Chelsea pergunta de repente,


me assustando da minha pequena viagem pela memória.

— Uh... O...o quê?

— Eu posso ler você, Shane. Eu sei exatamente onde estão seus


pensamentos.

— Você pode me culpar, você dá um bom...

— Estou indo agora, — a voz de Honey corta o que eu estava prestes a


dizer e meu rosto cora enquanto Chelsea solta uma risada.

Honey aparece na porta da cozinha e olha entre nós dois.

— Tenha um bom dia, vocês dois. — Ela sorri para Chelsea e depois para
mim antes de se virar e desaparecer.

O silêncio se estende entre nós dois até que o som de um motor


acelerando atinge nossos ouvidos e um carro sai da garagem.

— Então... nós temos a casa inteira para nós, — diz Chelsea, colocando
seu copo agora vazio na mesa lateral e olhando para mim. — O que devemos
fazer?
Capítulo 22
CHELSEA

Meu coração troveja no meu peito enquanto os olhos honestos de Shane


me encaram. Eu não esperava que ele se desculpasse, muito menos
admitisse que ele sente algo por mim.

Eu deveria voltar à minha medida de proteção usual e mandá-lo embora


por medo de ele chegar muito perto e descobrir a verdade, mas o
pensamento de passar tempo com ele como duas pessoas normais que não
estão brigando constantemente é muito tentador.

Eu não mereço suas desculpas, especialmente quando sou eu quem está


mentindo para ele agora. Devo confessar, contar a ele tudo o que estou
escondendo. Mas as palavras ficam presas na minha língua.

Se eu soltar essa bomba, tudo vai mudar de novo, e isso agora, parece...
certo. E eu anseio por um dia normal mais do que qualquer coisa.

Devo perdoá-lo tão facilmente por aquela façanha que ele fez
ontem? Talvez não. Mas depois de todas as vezes que o machuquei, não
posso dizer que ele estava errado por fazer isso. Eu merecia.

Empurrando da minha espreguiçadeira, estou ao lado de Shane. Ele


ainda está segurando seu smoothie completo em suas mãos e olhando para
mim com desejo em seus olhos.
Eu sei que ele estava assistindo enquanto eu bebia minha própria bebida
e eu sei exatamente o que ele estava pensando. Eu não preciso ver a forma
de seu pênis sob as calças para confirmar. E também não posso negar que
isso me excitou também.

Eu não tenho ideia do que é sobre Shane. Já tive caras nessa posição
várias vezes, mas nunca quis escalá-los como faço com ele agora. Cada parte
do meu corpo anseia por ele, anseia por seu toque, seu beijo, sua carícia.

Porra.

— Eu só vim aqui para conversar, Chels. — Ele engole, os tendões em seu


pescoço se esticam e seu pomo de Adão balança.

— E nós conversamos. Você me disse que sente muito, eu disse que


merecia e você admitiu que gosta de mim. O que mais há para discutir? — A
pergunta tem um gosto amargo na minha língua. Há muito mais que
precisamos discutir, mas não posso fazê-lo agora. Eu preciso disso. Eu
preciso dele.

— Hum... T...tudo. Mal arranhamos a superfície. Chels? — ele pergunta


enquanto eu monto em sua espreguiçadeira e me abaixo em seu colo.

Seus olhos escurecem quando eu me acomodo e coloco minhas mãos em


seus ombros.

— Temos muito tempo. Você ouviu mamãe, ela... — Eu coloco um beijo


em sua mandíbula. — Se. — Beijo. — Foi. — Beijo. — O dia. — Beijo. —
Todo. — Meu beijo final é no canto de sua boca e parece ser o fim de sua
contenção porque sua mão desliza pelas minhas costas e seus dedos
enroscam no meu cabelo enquanto sua língua varre minha boca.

Eu gemo acima dele porque estar perto, ter suas mãos em mim é tão
bom.

Seu beijo é viciante, consumindo tudo, e quando eu me entrego a ele


completamente, eu não quero parar nunca.

Minhas mãos percorrem seu peito, desesperadas para encontrar sua pele
nua. Depois de alguns segundos, deslizo minhas mãos sob a bainha de sua
camisa e roço meus dedos em seu abdômen. Seu corpo inteiro vacila com o
meu contato.

— Porra, Chelsea. O que você está fazendo comigo? — ele geme contra
meus lábios, enviando uma onda de luxúria em minhas veias.

Suas mãos agarram minha bunda, me puxando para baixo com mais
força sobre ele. Seu comprimento pressiona contra mim e a tentação de
pegar o que nós dois claramente precisamos é quase insuportável.

Torturando nós dois, eu relutantemente me levanto e me afasto dele.

Enquanto meu coração acelera, eu corro meus olhos pelo comprimento


dele. Seu cabelo está uma bagunça desgrenhada, seus olhos estão
incrivelmente escuros, seus lábios inchados e seu peito arfa enquanto ele
tenta recuperar o fôlego. Ele parece incrível e me faz pensar como consegui
mandá-lo embora tantas vezes.

— Ches? — ele pergunta, o pânico começa a se instalar que eu estou


prestes a terminar com isso mais uma vez. Felizmente para ele, ele não
poderia estar mais errado. Eu não poderia mandá-lo embora agora mesmo
que eu quisesse.

— Eu estava imaginando, — digo, escorregando o moletom nos meus


braços até cair no chão aos meus pés. Ele senta pra frente, ansioso para
ouvir o que tenho a dizer.

Eu levanto minhas mãos para o meu sutiã e o puxo pela minha cabeça o
mais suavemente possível. Os olhos de Shane caem e ele engole enquanto
olha para meus seios inchados.

— Se você queria... — Enfio meus polegares no cós da minha calça e


calcinha de ioga e empurro-os pelas minhas coxas. — Nadar.

Antes que ele tenha a chance de responder, eu me viro e mergulho na


água morna atrás de mim.

Não tenho ideia de como ele tira as roupas tão rapidamente, mas ainda
estou debaixo d'água quando o sinto se juntar a mim.

Assim que eu quebro a superfície, seus braços deslizam em volta da


minha cintura e ele me puxa contra seu corpo duro e nu.

Abrindo meus olhos, encontro seus verdes olhando para mim. — Ei, —
eu digo, os nervos me atacando de algum lugar.

Um largo sorriso se espalha em seu rosto. — Ei.

Eu envolvo meus braços ao redor de seus ombros e minhas pernas ao


redor de sua cintura. Seu pau já duro provocando minha entrada e
despertando o desejo que estava correndo por mim não muito tempo atrás.

Ele me leva para trás até que minhas costas batem na parede da piscina.
Quando ele abaixa a cabeça, eu abaixo minhas pálpebras, me
preparando para retomar nosso beijo anterior, mas seus lábios não
encontram os meus, em vez disso, eles roçam minha orelha.

— Achei que tínhamos acabado com os jogos. — Um arrepio me percorre


enquanto sua respiração faz cócegas na minha pele sensível.

— Jogos mentais, sim, — eu respiro. — Jogos de sexo, estou dentro.

Ele vocifera em resposta e sua boca trava no meu pescoço. Minha cabeça
cai para trás, dando a ele todo o acesso que ele precisa. Mas ele não
continua o suficiente antes de falar novamente.

— Se estamos fazendo isso... — Só de pensar que isso é uma coisa, meu


estômago dá uma cambalhota. — Eu preciso que você me prometa uma
coisa.

— E o que é isso? — Eu pergunto, brincando com o cabelo na nuca.

— Eu sou o único membro da equipe que pode tocar em você, olhar para
você, ter você. Você me quer. Você desiste de todos eles. — Dificilmente é a
demanda do século. Eu os usei ao longo dos anos, assim como eles me
usaram. Jake foi o único com quem eu pensei que queria mais. Não jogar
com eles não é exatamente uma dificuldade, especialmente se eu puder ter
Shane.

Agarrando seu cabelo, eu puxo sua cabeça da curva do meu pescoço para
que eu possa olhar em seus olhos. Para que ele possa ver a honestidade em
minhas palavras.

— Eu não os quero. Eu nunca os quis.


Seus olhos saltam entre os meus enquanto ele pensa em minhas
palavras. — Então o que você quer? — Sua voz falha um pouco enquanto
seus nervos se aproximam.

— Você.

— Porra.

Seus lábios encontram os meus mais uma vez enquanto ele me prende
com mais força contra a parede. Seu beijo é contundente, mas eu não
consigo ter o suficiente. Nossos dentes se chocam enquanto nossas línguas
duelam, tentando desesperadamente ter o suficiente um do outro, mas
ambos sabendo que nunca conseguiremos.

Ele me levanta mais alto antes de alinhar seu pau com a minha
entrada. — Ok? — ele murmura contra meus lábios antes de empurrar para
dentro.

— Sim, Shane. Sempre.

Eu amo que ele é doce o suficiente para perguntar. Que ele não leva
apenas como muitos dos outros. Mas ele precisa saber que ele já me
possui. Ele pode pegar exatamente o que ele gosta e eu vou encontrá-lo
lance por lance.

— Pooorra, — ele ranger enquanto me abre.

— Oh Deus.

A água nos envolve enquanto nos movemos juntos. Suas mãos agarram
minha bunda quase dolorosamente enquanto ele empurra para dentro de
mim, pegando o que ele precisa e me dando exatamente o que eu estou
desejando.

Procurando meus lábios, sua língua mergulha na minha boca, imitando o


que está acontecendo abaixo da água enquanto meu corpo começa a correr
em direção ao fim. Eu não quero que isso acabe. Essa conexão, eu quero
senti-la para sempre.

— Você se sente tão bem, baby.

— Sim, — eu gemo quando ele escova os lábios no meu pescoço.

— Tão apertada, tão quente, tão perfeita.

Uma de suas mãos deixa minha bunda em favor de vagar pelo meu
corpo. Ele aperta cada seio, beliscando cada mamilo e enviando ondas de
prazer correndo por mim. Então ele passa as pontas dos dedos pelo meu
estômago para encontrar meu clitóris.

— Oh merda, — eu gemo, meus olhos se fechando enquanto o prazer


explode dentro de mim.

— Olhe para mim, Chelsea. Não se esconda. Não corra.

Faço o que me mandam, e meus olhos se abrem. É a primeira vez que


aceito que ele está tão vulnerável quanto eu agora. Ele colocou na linha
como ele se sente, o que ele quer, e assim como eu, ele está apavorado que
eu o rejeite. Porra, o que eu tenho feito desde que voltei. Continuamente
indo embora, ou mandando-o embora como se eu não me importasse.
Admitir que eu o quero, que o que temos aqui significa algo para mim me
aterroriza. E se eu lhe contar a verdade e ele se afastar de mim? De nós? O
pensamento sozinho tem um nó se formando na minha garganta.

As pessoas sempre me abandonam. Deixam-me. Por que eu deveria


acreditar que ele seria diferente? As únicas pessoas que ficaram foram
Honey e Derek e mesmo todos esses anos depois, não tenho ideia de por
que eles me escolheram.

— Jesus, porra, Chelsea. — A voz baixa e rouca de Shane me tira do meu


tumulto interior e me traz de volta ao aqui e agora. Ele me encara, seus
olhos me dizendo mais do que seus lábios e eu só posso esperar que os meus
estejam fazendo o mesmo. Que ele pode ler tudo que eu tenho medo de
colocar em palavras.

— Goze, Chelsea. — Quando ele diz isso, ele aperta meu clitóris e
empurra mais alto.

— Oh merda, — eu choro nem dois segundos depois, seguindo sua


ordem.

Eu apenas registro seu sorriso de conquista antes que eu não tenha


escolha a não ser fechar meus olhos e enfrentar as ondas de prazer.

Shane empurra mais três vezes antes de seu aperto em meus quadris se
tornar quase doloroso enquanto seu corpo inteiro para. Um gemido de
prazer sobe por sua garganta enquanto seu pau se contorce violentamente
dentro de mim.
Seus braços me envolvem e ele me abraça forte, nossos peitos
esmagados juntos enquanto lutamos para ganhar o controle de nossos
corações acelerados.

Depois de longos minutos de silêncio com meu ouvido pressionado


contra seu peito ouvindo seu coração trovejar, ele me solta um pouco.

Relutantemente, eu afasto meu rosto e olho para ele.

A realidade desaba que isso acabou agora. Todas as outras vezes que
estivemos juntos, as coisas deram muito errado a partir deste momento.

Mordendo o interior da minha bochecha, arrisco um olhar para ele. Seus


olhos são suaves, cheios de algo que não estou acostumada a ver nos caras
com quem passei um tempo no passado.

Estendendo a mão, ele tira uma mecha de cabelo molhada da minha


bochecha e a coloca atrás da minha orelha.

— Pare de esperar que algo dê errado, — ele murmura.

— Mas... sempre acontece.

— Hoje não. Hoje, só aproveitamos. — Ele se inclina para a frente e roça


seus lábios contra os meus. — Sem jogos, sem besteira. Só a gente.

Um sorriso se curva em meus lábios. — Sim? — Eu pergunto,


esperançoso de que possamos pelo menos tentar fazer isso.

— Sim. Se você me quiser. — Aquele pouco de vulnerabilidade que eu vi


antes rasteja de volta em seus olhos.

Segurando sua bochecha na minha mão, eu suspiro quando ele se inclina


para o meu toque.
— Eu quero.

— Perfeito, — diz ele antes de colocar as mãos na minha cintura e me


assustar quando ele me levanta e me joga na piscina. Eu grito antes de
afundar, mas não posso deixar de rir quando volto para cima.

Já faz muito tempo desde que eu larguei tudo e me diverti um pouco.

Com meu passado e más decisões me pesando, é fácil esquecer que


tenho apenas dezoito anos e que posso ter isso.

Nós brincamos na piscina por mais tempo. Nossas mãos mal deixam o
corpo um do outro enquanto nos divertimos e rimos como se não
tivéssemos preocupações no mundo. É incrível e apesar de não irmos mais
longe do que algumas apalpadelas e um ou dois beijos avulsos, estou
desesperada para que ele me puxe para ele mais uma vez para que ele possa
me consumir.

Mas ele nunca faz. Eu sei que não é porque ele não quer. Ele está duro
quase desde que saiu de mim mais cedo, mas ele não fez nenhum
movimento para me levar de novo.

— Nós provavelmente deveríamos sair, — eu digo quando nosso


respingo para. Eu mantenho minhas mãos acima da água e inspeciono meus
dedos enrugados.

— Sim, você provavelmente está certa. Estou com fome, — ele diz, me
apertando no canto.

— O...ok, podemos tomar banho e pedir comida.


— Comida? Hmmm... — ele murmura na curva do meu pescoço. — Eu
não estava falando de comida.

Calor inunda meu corpo enquanto sua frente pressiona contra mim, seu
pau me cutucando no estômago.

— Então definitivamente precisamos sair para que você possa obter o


que precisa.

Suas mãos deslizam pelos lados do meu corpo antes de enfiar debaixo
dos meus braços e me levantar da água como se eu não pesasse mais do que
uma pena.

A água escorre pelo meu corpo nu enquanto seus olhos seguem seu
movimento. O ar frio e seu olhar fazem meus mamilos endurecerem.

— Ah, sim, definitivamente estou morrendo de fome.

Sentindo-me descarada sob sua atenção, separo meus joelhos. Seus


olhos imediatamente caem para o meu núcleo e ele lambe o lábio
inferior. Meus músculos apertam quando me lembro exatamente como se
sente com sua língua contra mim.

Ele se inclina para a frente. Meus dedos mergulham em seu cabelo,


parando seu movimento.

— Shane?

— Deite-se, — ele exige, puxando minhas pernas para que minha bunda
deslize em direção à borda da piscina.
Olho em volta para as casas que nos cercam. Nenhum deles tem vista
direta para o nosso quintal, mas isso não significa que eles não possam ver o
que está acontecendo agora.

— Chels? — Ele segue minha linha de visão. — Você acha que eles vão
sair para assistir ao show?

Meus olhos se arregalam com suas palavras. Achei que conhecia o tipo
de cara que Shane era. Parece que eu estava muito errada. Ele pode não ser
um cachorro como a maioria de seus companheiros de equipe, mas foda-
se. Sua confiança é quente.

— Shane? — Repito, minha cabeça girando com luxúria, incapaz de


pensar direito.

Eu quero que ele me coma aqui para que todos vejam como ele me
possui? Foda-se, sim.

Fazendo o que eu disse, eu descanso em meus cotovelos. Colocando


meus calcanhares na beira da piscina, observo suas pupilas dilatarem
enquanto ele me encara.

— Eu pensei que você disse sem jogos, — brinco. — Isso definitivamente


parece que você está brincando comigo agora.

Minhas palavras eventualmente cortam seu torpor e seus olhos voltam


para os meus. — Eu não me importo com esse tipo de jogo.

Sem perder mais um segundo, ele mergulha em mim

Eu caio de volta, minhas costas arqueando contra os azulejos duros


abaixo de mim, minhas omoplatas doendo de dor enquanto eu me contorço,
mas eu não podia dar a mínima. Shane lambe, chupa e me deixa louca pra
caralho com seus dedos provocando minha entrada.

Qualquer pensamento de vizinhos intrometidos evapora da minha mente


enquanto me concentro no que ele está fazendo com meu corpo.

— Shane, Shane, Shane, — eu choro de prazer enquanto ele me empurra


para o limite. Meus dedos encontram seu cabelo e eu o seguro no lugar até
que eu tenha passado os segundos finais do meu orgasmo. — Puta merda, —
eu ofego quando finalmente solto meu abraço e ele se afasta de mim.

Eu ainda estou sobre os azulejos uma bagunça saciada quando ele pula
da piscina e fica em cima de mim. A água pinga de seu corpo, espirrando
sobre o meu agora quase seco.

— Vamos, — diz ele, estendendo a mão para mim. — Acho que já demos
a seus vizinhos um deleite suficiente para o dia. Vou deixar para foder você
sobre a mesa em outra hora.

Apesar do fato de que ele acabou de me fazer gozar, minhas coxas


apertam quando a imagem dele empurrando em mim por trás enche minha
mente.

Afastando os pensamentos antes de dizer a ele que é exatamente o que


acontecerá a seguir, levanto minha mão e permito que ele me puxe para os
meus pés.

— Banho? — Eu pergunto, de pé tão perto que meus seios roçam contra


seu peito.

— Soa perfeito. Você parece realmente suja.


Eu inclino minha cabeça para o lado e olho para ele através dos meus
cílios.

— O quê? — ele pergunta.

— Para onde foi o cara doce e tímido?

Ele ri. — Você simplesmente não estava procurando nos lugares certos,
baby.

— Assim parece, — murmuro enquanto ele me puxa atrás dele em


direção à minha casa da piscina.

— Só porque eu nem sempre ajo como eles, — diz ele, e presumo que
ele se refira a seus companheiros de equipe. — Isso não significa que eu não
queira as mesmas coisas.

— Eu de joelhos?

Os músculos de seus ombros ficam tensos enquanto ele continua me


arrastando pela sala e depois pelo quarto. Ele não para até estarmos no
chuveiro, e então ele me gira e me apoia contra a parede. Ele pega meu
queixo entre os dedos e abaixa o rosto para que seu nariz quase roce o
meu. Seus olhos estão duros, muito parecidos com os da noite passada e
nada como o cara descontraído e divertido com quem passei as últimas
horas.

— Não. Nunca me compare com eles assim. Eu não quero você para um
passeio barato. E eu realmente preferiria não ter o lembrete constante de
que eles tinham.

— Shane, isso não é...


— Você é minha, mas todos eles te pegaram primeiro. Isso me faz querer
matar cada um deles.

Eu pego seus punhos cerrados em minhas mãos e os levanto aos meus


lábios.

Eu seguro seus olhos, esperando que ele possa ler a verdade neles. — A
maioria deles está mentindo, Shane, — eu sussurro.

Sua mandíbula estala e seus olhos permanecem raivosos e duros.

— Shane, — eu repito, sabendo que ele não ouviu uma palavra do que
eu disse. Eu envolvo minha mão ao redor de seu pescoço e escovo meu
polegar ao longo da linha de sua mandíbula. — Eu não toquei na maioria
deles. Eles estão se gabando para parecerem grandes homens. Eu prometo a
você, não é nem de longe tão ruim quanto parece.

Ele pisca algumas vezes, mas não relaxa, e eu me preocupo por um


segundo que meu comentário estúpido tenha arruinado isso e que ele esteja
prestes a perceber seu erro e ir embora.

Eu poderia tê-lo forçado a fazer isso no passado, mas agora eu me


permiti acreditar que poderia haver algo entre nós, me mataria vê-lo virar as
costas para mim, para isso.

— Espero que você esteja certa. — Eu não tenho a chance de responder


porque quando ele diz isso, ele estende a mão e liga o chuveiro. Nós dois
somos atingidos por água gelada por alguns segundos antes de começar a
aquecer.
Abro a boca para dizer mais, embora não tenha certeza do que
exatamente, mas não tenho a chance porque no segundo em que meus
lábios se abrem, sua língua varre para dentro.
Capítulo 23
SHANE

Só de pensar no que ela poderia ter feito com os caras com quem sou
forçado a conviver, a raiva corre em minhas veias.

Ela pode me dizer que é besteira da parte deles tudo o que ela
gosta. Inferno, eu acredito nela. Eu sei o quanto eles são fanfarrões e
babacas, eu experimento isso diariamente. Mas ainda assim, não faz muito
para tirar as imagens que não preciso da minha cabeça.

Eu quero que ela seja minha e só minha. Eu odeio que outros tenham
experimentado isso. Ela.

— Pare de pensar demais, — ela avisa, suas mãos cobertas de sabão


esfregando meu abdômen e chegando perigosamente perto de onde eu
realmente preciso delas. — Pare de se preocupar com o que já foi feito. Não
podemos mudar o passado, Shane. Eu sei disso melhor do que ninguém.

Ela olha para mim, seus olhos escuros abertos e honestos de uma forma
que não tenho certeza se já vi antes.

— Por que você fez isso, Chels? Por que machucar todo mundo?

— Foi estúpido, — diz ela, abaixando a cabeça, muito envergonhada de


suas ações para segurar meus olhos.

— Explique-me. Por favor. Ajude-me a entender.

Ela solta um suspiro enquanto considera suas palavras.


— Você conhece meu passado, Shane. Foi ruim. Eu era um incômodo,
essa pessoa indesejada e não amada que só atrapalhava. Eu não tinha
utilidade, bem, não até que eu crescesse um pouco, não que isso impedisse
alguns dos caras de olhar maliciosamente... — Um arrepio percorre sua
espinha enquanto ela se lembra.

Envolvendo meus braços ao redor dela, eu a puxo para perto na


esperança de que isso a ajude a sentir o oposto daquelas coisas que ela
acabou de descrever.

— Eu sempre quis ser desejada, — ela diz tão baixinho que eu quase
acho que imaginei. — Eu sei que tive Honey e Derek, mas eles não me
escolheram, não realmente. Eles não tiveram escolha a não ser me acolher
quando eu apareci na porta deles. Observo todos há anos, encontrando seu
melhor amigo. Aquela pessoa com quem eles podem conversar sem nem
mesmo dizer palavras. Eu vi aqueles ao meu redor se apaixonarem. E eu
sempre me senti sozinha.

—Eu estava com ciúmes. Não vou mentir, pensei que Jake era para
mim. Duas almas quebradas que poderiam consertar uma à outra ou alguma
besteira. Então Amalie apareceu e destruiu tudo em que eu acreditava. Ele a
queria, você a queria.

— Então Mason e Camila resolveram suas coisas, e um por um eu estava


assistindo todos encontrarem o que eu queria tanto.

— Eu desabafei. Eu estava com ciúmes e me afogando na felicidade dos


outros. Eu não tenho nenhuma desculpa real porque foi uma coisa estúpida
de se fazer. Foi equivocado, imaturo, desnecessário, egoísta, a lista continua.
— Eu nunca vou me perdoar por isso. Até hoje não tenho certeza do que
estava tentando alcançar além de impedir que todos fossem tão felizes e
seguissem em frente com suas vidas enquanto eu parecia estar para sempre
presa na miséria. Eu estava tão completamente solitária, Shane. Tão farta de
tudo. De fingir, de tentar ser a pessoa que todos deveriam gostar. Tudo isso
foi uma merda.

Nós dois ficamos em silêncio por um instante antes que ela falasse
novamente.

— Eu nunca quis te machucar ou fazer parecer que foi você. Mas uma
vez que todos assumiram, eu não poderia gritar exatamente dos telhados
que tinha sido eu. Bem, acho que poderia, mas... — ela suspira. — Eu sinto
muito. Porra, desculpe. De alguma forma, pretendo compensar os outros
também. Não sei como; só espero descobrir alguma coisa.

— Tenho certeza que você só precisa dizer as palavras, Chels.

Tomando sua bochecha na minha mão, movo sua cabeça para que ela
não tenha escolha a não ser olhar para mim. Seus olhos estão cheios de
lágrimas, mas não tenho ideia se alguma caiu com a água caindo sobre nós
dois.

— Sinto muito, — ela sussurra, sua voz embargada. — Há tantas coisas


que eu faria diferente se pudesse voltar.

— Você não pode. Você tem que aceitá-lo como era e seguir em
frente. Nós todos temos.

Ela acena tristemente.


O silêncio cai entre nós mais uma vez enquanto suas palavras de
momentos atrás correm na minha cabeça.

— E quanto a equipe? — Eu pergunto.

— Elas? — Sua testa se enruga em confusão.

— Achei que fossem suas amigas.

— Como os caras do time são seus amigos?

— Mas...

— Minha equipe é minha equipe, — diz ela, me cortando. — Decidi há


muito tempo que a torcida seria minha vida. Eu amo isso. Eu vivo
isso. Tornar-me capitã nunca foi uma questão para mim. Está no meu
sangue.

— Essas garotas não ficam comigo porque gostam de mim, porque


somos amigas, elas fazem isso porque precisam. Eu sou a líder delas, a razão
pela qual elas estão naquela equipe a razão pela qual elas têm a posição na
escola que ocupam.

— Elas não são minhas amigas, — ela repete. — Basta ver a rapidez com
que elas viraram as costas para mim quando eu estraguei tudo. Amigos de
verdade não fazem isso. Eles devem estar lá, não importa o quanto você
estrague tudo, mesmo que estejam com raiva. C..como você, — ela sussurra.

— As únicas pessoas com quem eu já tive algum tipo de amizade real são
Luca e Ethan. Ambos veem por baixo do ato, eles me veem, não apenas a
vadia que todo mundo recebe.

— Então você e Ethan, vocês nunca...


Seus lábios se curvam em desgosto antes de ela rir. — Nunca. Ele é meio
que meu irmão. Lucas também.

— E eu? — Eu pergunto, correndo meu polegar ao longo de seu lábio


inferior e me aproximando.

— Não é como meu irmão, — diz ela com um sorriso.

— Obrigado por isso, — murmuro com uma risada.

A tensão crepita entre nós, mas nenhuma palavra é dita enquanto


continuamos a olhar um para o outro.

Os lábios de Chelsea se abrem, mas ela não diz nada por um longo
tempo.

— E...eu acho que você pode ter sido o que eu estava procurando o
tempo todo. — Seus olhos se arregalam assim que ela percebe que disse isso
em voz alta.

— Isso é verdade? — Eu me aproximo dela, empurrando-a contra a


parede de azulejos frios.

— Eu não tenho certeza, você pode precisar me mostrar novamente.

***

Não tenho ideia de que horas são quando saímos do banheiro, mas sei
que estou com fome, e por comida de verdade desta vez.
— Onde você está indo? — Chelsea pergunta em estado de choque
quando eu ando em direção à porta de sua casa da piscina nu.

— Bem, eu não ia andar para casa assim se é com isso que você está
preocupada.

— Bom. Você não é o único que pode reivindicar a propriedade, você


sabe. — Os olhos dela correm pelo meu corpo, apostando sua reivindicação.

— Todo seu, baby.

Eu demoro apenas alguns segundos enquanto pego minhas roupas


abandonadas, mas quando volto, o que encontro é quase tão bom quanto
ela ainda estar nua.

Ela está de pé em sua geladeira vestindo a camisa que deixei para trás na
noite em que ela me mandou embora.

— Espero que não haja nada por baixo disso.

— Você vai ter que descobrir por si mesmo, — diz ela, virando-se para
mim com dois refrigerantes na mão. — O que você quer comer?

— Tanto faz. Eu sou fácil.

— Você com certeza é. — Ela pisca.

— Ser corrompido pela capitã das vadias da torcida. Devo dizer que tem
seus benefícios. — Um breve lampejo de mágoa pisca em seus olhos e me
sinto horrível por brincar sobre isso. Eu me aproximo dela e pego sua mão na
minha. — Ei, eu não quis dizer...

—Tudo bem. Chinês? — ela pergunta, pegando seu celular e abrindo


para mudar de assunto.
— Certo. Soa perfeito.

Passamos alguns minutos debatendo pratos antes que ela faça o pedido
e caímos em seu sofá.

Ela liga a TV e abre a Netflix. — Alguma preferência?

— Não, o que você quiser.

Seus programas recomendados abrem e eu não posso deixar de rir. — O


quê?

— Você é uma garota tão típica. — Eu observo a série de torcida que ela
está na metade e todos os filmes de garotas e romance que preenchem a
tela.

— Sim, e?

— Eu meio que esperava que fosse cheio de thrillers psicológicos e


documentários de assassinato.

— Puta merda, Shane. Não sou um psicopata total. Eu tenho um... lado
mais suave.

—Eu sei, eu sei. Eu estou apenas brincando. E eu gosto de ficar sob sua
casca dura.

— Oh, sim?

Eu envolvo meu braço em volta de seu ombro uma vez que ela escolheu
alguma série para assistir que eu nunca ouvi falar e se aconchega ao meu
lado.

É muito confortável pra caralho.


— Eu acredito em você, você sabe, — eu digo depois de alguns
momentos de silêncio enquanto a música tema do programa toca. — Se você
diz que não é o que parece então, eu acredito em você. Esses caras podem
ser uns verdadeiros idiotas.

— Eles podem. O que me leva à minha pergunta urgente, — ela diz,


olhando para mim. — Por que de repente você está saindo com eles? Você
costumava ficar o mais longe possível da equipe, mas desde que voltei, você
parece estar sempre com eles.

— Hmm... não foi por escolha, imaginei que poderia encontrar as


informações que precisava de um deles.

— Informação? O que você poderia precisar deles?

— Eu pensei que eles poderiam saber onde você estava.

Seu queixo cai. — V...você estava procurando por mim?

— Você simplesmente desapareceu. Eu ainda estava desesperado por


uma repetição daquela noite e então tudo explodiu e você se foi. Eu não
sabia o que pensar. Eu queria gritar com você pelo que você fez, eu queria te
machucar por me permitir levar a culpa, mas principalmente, eu só queria
você. Eu queria saber que você estava bem, que você estava segura.

— Mamãe se recusou a me dizer onde você tinha ido, apesar do fato de


eu saber que ela sabia. Eu não tinha ideia se você fugiria ou o quê.

— Fui enviada, — ela admite. — Eu já tinha fodido muitas vezes e


quando cheguei em casa naquela noite e confessei aos meus pais, eles
pegaram o telefone e me reservaram um lugar no centro. Eles ameaçaram
uma e outra vez, mas eu não acho que eles fariam isso. Fazia anos desde que
eu estive lá, eu estava mais do que feliz por nunca mais voltar. Mas olhando
para trás agora, acho que foi a melhor coisa que eles poderiam ter feito. Eu
precisava desse tempo. Eu precisava de espaço para descobrir quem eu era e
o que eu realmente queria.

— O que você fez lá? Como é?

— É basicamente uma casa de grupo, mas eles têm professores e


conselheiros no local para trabalhar com todas as crianças. É um dos
melhores lugares para acabar quando você não tem casa, com certeza.

— Eu fazia trabalhos escolares todas as manhãs, sessões de terapia e


exercícios à tarde. Era regimentado e estruturado, tudo o que eu precisava
para resolver minha cabeça.

— Você falou com alguém de casa? — Eu pergunto, pensando em quão


solitário isso soa. — Meus pais ligavam regularmente e Ethan mandava
mensagens algumas vezes. Eu precisava do espaço.

Eu a puxo mais apertado em meu corpo. — Fico feliz por ter


ajudado. Mas estou ainda mais feliz por você estar de volta.

— Isso me deu perspectiva. Me ajudou a descobrir o que eu quero.

— E o que você quer?

Ela solta um suspiro e fica em silêncio por tanto tempo que não tenho
certeza se ela vai me responder. — Quero focar no meu futuro. Eu quero
forjar relacionamentos significativos e se isso significa que eu me distancio
da equipe e do time, que assim seja. Cansei de me fazer infeliz tentando ser
o que os outros esperam de mim.

— Mas e a faculdade? Se você desistir da equipe, então... — Eu paro, ela


não precisa que eu explique isso para ela.

— O que será, será.

Seu celular vibra na mesa de café, nos dizendo que o jantar chegou. Ela
pula e se dirige para a porta.

— Você não pode ir assim, — eu digo, pulando atrás dela.

— Então você pode atender a porta. Vamos.

Passamos pela casa dela. Ela fica de lado um pouco enquanto eu abro a
porta para pegar nossa comida.

Estou prestes a fechá-la atrás do cara quando seus dedos envolvem a


madeira e ela olha para fora.

— O que está errado? — Eu pergunto, olhando na mesma direção que


ela.

— Você reconhece aquela caminhonete? — ela pergunta, apontando


para uma caminhonete preta parado no final de sua garagem.

— Não, por quê?

Ela acena para mim e fecha a porta quando tento ver quem está no
banco do motorista.

— Tenho certeza que não é nada. Eu apenas a vi algumas


vezes. Provavelmente esperando por um vizinho ou algo assim.
Levando a comida de volta para a casa da piscina, colocamos todos os
recipientes na mesa de centro e sentamos no chão para comer.

Temos a noite mais incrivelmente relaxada, comendo, conversando e


assistindo programas femininos. Nós dois nos afastamos das conversas
difíceis que tivemos anteriormente. Chelsea tinha razão quando falou sobre
deixar o passado onde estava. Era hora de recomeços para nós dois.

O sol mal se pôs quando olho para baixo para encontrar Chelsea
dormindo. Tão suavemente quanto posso, eu saio de debaixo dela e a coloco
em meus braços. Eu a carrego até o quarto e retiro o lençol antes de deixá-la
cair e rastejar atrás dela.

Ela suspira e aconchega sua bunda de volta na minha virilha enquanto ela
se acomoda.

Fiquei lá por muito tempo com ela em meus braços, pensando em todas
as coisas que ela me disse hoje e tentando imaginar como era realmente sua
vida anterior. Eventualmente, eu me pego divagando com ela e juro por
Deus, eu tenho a melhor noite de sono da minha vida.
Capítulo 24
CHELSEA

No segundo que acordo, um sorriso surge em meus lábios.

Suspirando de contentamento, eu aperto a cintura de Shane e me


aconchego mais perto.

— Bom dia, — ele sussurra antes de pressionar os lábios contra o topo da


minha cabeça. Incapaz de resistir a olhar para ele, eu inclino minha cabeça
para cima. Seu cabelo está em todo o lugar e ele tem um vinco de
travesseiro em sua bochecha. Tenho certeza que ele nunca pareceu mais
bonito.

— Ei.

— Por que você parece tão surpresa ao me ver? — ele pergunta, seus
olhos saltando entre os meus.

— Pensei que você pudesse ter mudado de ideia e escapado no meio da


noite, — eu admito.

— Tá brincando, né? Por que eu iria embora quando eu poderia estar


enrolado em torno de você?

— Muitas razões, — eu digo, desviando o olhar de seus olhos suaves.

— Chels, — ele avisa.


— Desculpe, isso... isso demorará um pouco para me
acostumar. Ninguém geralmente quer ficar tanto tempo.

— Isso é porque você não permitiu que eles a conhecessem.

Eu penso em suas palavras. Elas são verdadeiras. Pelos últimos... bem,


desde sempre, fiz esse ato. Fingi ser exatamente o que eu achava que todos
queriam de mim, e mantive todos à distância.

— O que você quer fazer hoje? — Eu pergunto, querendo desviar a


conversa de mim.

— Eu poderia fazer exercícios esta manhã.

— Por quê? Você não fez exercício suficiente ontem? — Eu pergunto


com uma piscadela. Seus olhos escurecem diante de mim e meu núcleo
aperta com a necessidade.

Estendendo a mão, ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha


orelha.

— Eu poderia ir para outro dia desse tipo de exercício. — Um sorriso se


curva em seus lábios. — Depois de um treino de verdade. Só porque a
temporada acabou, não significa que posso sair de forma.

Empurrando as cobertas para baixo para expor seu abdômen, eu arrasto


meu dedo sobre eles e sorrio quando seu corpo se encolhe sob meu toque.

— Parece bastante impressionante para mim.

— Oh sim? Não tenho certeza de como eles vão me ajudar no futebol


universitário de alguma forma.

— Se o treinador fosse uma mulher, talvez.


— E você ficaria bem com isso, não é? Eu exibindo as mercadorias para
conseguir meu lugar.

— Hmm... pensando bem.

— Exatamente.

— Posso ir malhar com você?

— Você acha que consegue acompanhar? — ele pergunta, provocando.

— Torcer é um esporte, você sabe. Eu coloco muitas horas para ficar em


forma.

— Tantas horas quanto nós?

Apoiando-me no cotovelo, olho para ele.

— Acho que estamos prestes a descobrir.

Não sei por que o estou provocando. Tenho certeza de que ele poderia
me ultrapassar em qualquer dia da semana, mas não sou de desistir de um
desafio.

— Parece que vamos.

Ele desliza debaixo de mim e se senta na beirada da cama.

— Ei, — eu reclamo, rolando sobre o meu estômago.

De pé, ele se vira e arranca as cobertas de mim.

— Você não vai ganhar por preguiça... porra, acho que mudei de ideia.

Eu olho para mim mesma. Sua camisa está amarrada em volta da minha
cintura, expondo minha bunda nua.
— Oh sim? Por que isso? — Eu pergunto inocentemente, rolando de
costas e separando meus joelhos um pouco.

Shane limpa a garganta enquanto olha para mim, seu pau tentando se
libertar de sua cueca boxer.

— Você está vestindo apenas o meu número. Porra. Você sabe quantas
vezes eu fantasiei sobre isso?

— Não. Mas acho que você deveria me contar tudo sobre isso. —
Levantando minha mão, eu arrasto a ponta do meu dedo pela minha
coxa. — Eu estava assim? — Ele observa meu movimento, seus lábios
entreabertos e seu peito já arfando.

— Porra, Chels.

— Eu estava totalmente nua por baixo? — Abro mais minhas pernas e


enfio meu dedo sob a bainha da camisa para que ele possa ver por
baixo. Meus mamilos endurecem e o calor inunda meu núcleo, minhas
próprias palavras e seu olhar o suficiente para me excitar.

Deslizando uma mão pelo meu estômago, faço um show beliscando


meus próprios mamilos e gemendo de prazer. É exagerado, mas não posso
negar que eles não são muito mais sensíveis já que... não. Eu tranco isso. A
culpa me atinge com força total que estou mantendo esse pequeno ou
enorme segredo dele. Ele merece saber, mas passando esse tempo juntos,
conhecendo um ao outro, não quero que isso acabe e sei que é o que
acontecerá quando eu admitir a verdade.
Eu só preciso disso agora. Eu preciso dele e sou muito egoísta agora para
desistir dele. — Sim. — Sua voz é baixa e rouca, é exatamente o que eu
preciso para ajudar a empurrar aqueles pensamentos a distância e
concentrar-me no agora.

— E eu me toquei assim? — Correndo minha mão de volta pelo meu


estômago, eu descaradamente me separo e corro meus dedos sobre meu
clitóris.

Eu arqueio minhas costas e gemo, mantendo meus olhos nele, fascinada


pela forma como o músculo em seu pescoço pulsa.

— Hmm...

— Você gozou enquanto pensava nisso?

— Que porra você acha? — ele late antes de mergulhar para a frente e
arrancar minha mão de mim e substituí-la por esta língua.

— Oh foda-se, Shane, — eu choro, minhas costas arqueando de verdade


desta vez enquanto o prazer corre através de mim.

***

Antes mesmo de saírmos da casa da piscina para embarcar em nossa


sessão de treino matinal, já sinto que corri alguns quilômetros. Meus joelhos
estão um pouco fracos e meus músculos puxam de nossa atividade anterior.

— Vamos deixar meu carro em casa e correr pela praia? — Shane


pergunta enquanto ele sai da minha garagem. O carro da mamãe já se foi,
mas isso não é uma surpresa. Ela e Maddie provavelmente se encontraram
para uma sessão de ioga matinal. Tenho certeza que elas estão ocupadas
fofocando sobre o fato de Shane ter aparecido para me ver ontem à tarde de
surpresa.

— Sim, parece perfeito, — eu digo, olhando em volta para aquela


caminhonete, mas felizmente não está em lugar algum.

— Você está bem? — ele pergunta, obviamente percebendo que eu não


estou realmente com ele.

— Sim, sim, estou bem.

— Se você está preocupada que não será capaz de acompanhar, tudo o


que precisa fazer é dizer, posso pegar leve com você.

— Cale-se. Vou correr em círculos ao seu redor, Dunn.

— Certeza?

— Apenas espere e veja.

Sua entrada está tão vazia quanto a minha, confirmando minha suspeita
de que nossas mães estão juntas.

— Vou me trocar e então podemos sair pelos fundos.

— Certo.

Eu o sigo por sua casa, mas apenas uma vez antes eu o segui em direção
ao seu quarto. Aquela noite. A noite em que tudo isso começou e selou
nosso destino. Minha mão vem para descansar na minha barriga.
Era apenas para ser um pouco divertido. Eu estava entediada, solitária e
chateada por Tasha ter me deixado sozinha para ficar com
alguém. Atormentar Camila tinha sido a coisa errada a se fazer, assim como
dormir com Shane, alguns poderiam dizer. Mas dificilmente posso me
arrepender agora. Tenho certeza de que essa decisão pode ser a melhor da
minha vida. Não importa o que aconteça quando eu contar a ele sobre o que
criamos naquela noite. Eu não posso me arrepender. Excitação e antecipação
rodopiam no meu estômago enquanto penso no que os próximos meses nos
reservam.

— Não pensei que seria convidada a voltar aqui, — eu digo enquanto me


sento no final de sua cama.

— Eu nunca pensei que você estaria aqui em primeiro lugar.

— Eu posso entender isso.

— Você abalou meu mundo naquela noite, você sabe disso? — ele
pergunta enquanto puxa algumas roupas de uma gaveta e vai se trocar.

— Oh sim? Você também não foi tão ruim.

— Uau, obrigado pelo relatório brilhante.

— Estou brincando. Você foi incrível. Fiquei chocada. Eu apostaria em


você ser virgem, — digo com uma risada, mas logo paro quando ele para e
olha por cima do ombro para mim.

— Eu era, — ele admite, fazendo meu queixo cair.

— Foda-se que você era. Você sabia exatamente o que estava fazendo,
— eu digo como se eu fosse uma especialista naquela noite. Eu só tinha
estado com Jake antes dele, e isso era esquecível na melhor das
hipóteses. Eu tinha tantas esperanças para minha primeira vez e quando tive
a chance de ser com Jake, pensei que todos os meus sonhos estavam se
tornando realidade. Bem, uma confusão bêbada e dolorosa não era
exatamente do que minhas fantasias eram feitas.

Eu observo enquanto ele puxa uma camisa limpa sobre a cabeça. — Eu


não estou mentindo, Chels. Você foi minha primeira.

— Bem, merda. — E que primeira vez foi.

— Bem, seu ego masculino ficará satisfeito em saber que eu não fazia
ideia.

— Não foi exatamente difícil.

— Eu acho que você vai descobrir que era, — eu digo com uma piscadela.

Ele ri. — Que porra eu farei com você? — Ele caminha até à cama e pega
minha mão.

Eu me levanto assim que ele puxa e nossos peitos roçam.

— Então eu rivalizei com os caras do seu passado? — ele sussurra no


meu ouvido.

— Shane, — eu digo com um suspiro. — Eu te disse, não era assim. Eu


não sou assim.

— Você não tentará me dizer que você era virgem também, não é?

— Hum... não. Mas tenho menos experiência do que você pensa.


Ele se afasta e olha nos meus olhos. Ele me estuda por um momento e
espero que ele me peça para explicar, mas ele não o faz. Em vez disso, ele
deixa cair seus lábios nos meus para um breve beijo antes de me puxar para
fora do quarto.

Nós fazemos nosso caminho até ao final de seu quintal e saímos para um
beco que eventualmente nos leva à praia.

Aquecemos na areia seca antes de decolar.

O sol brilha sobre nós e brilha no mar calmo ao nosso lado. A praia está
quase vazia e ainda está um pouco fria apesar do sol forte da manhã.

Inspiro o ar fresco do mar e sorrio. Eu realmente precisava disso.

Quando descobri que estava grávida, pesquisei muito sobre o que eu


podia e o que não podia fazer. Eu estava com medo de perder a fuga que
consegui quando estava malhando e que teria que desistir de todas as
minhas comidas favoritas. Eu não tinha ideia real do que gerar uma criança
implicava, mas fiquei aliviada ao ler que eu poderia continuar normalmente,
pelo menos por enquanto.

Meu coração bate enquanto meus músculos queimam.

Shane corre bem ao meu lado, a cada poucos segundos ele olha para ter
certeza que eu ainda estou acompanhando.

Ele realmente me subestima. O que ele acha que eu fiz quando não
estava gritando ordens para a torcida ou festejando?

Eu não tenho ideia de quanto tempo corremos, mas eventualmente


Shane desacelera até parar.
— Isso é tudo que você tem, Dunn? — Eu pergunto quando ele se curva
na cintura e coloca as mãos nos joelhos.

Ele olha para mim, um sorriso surge em seu rosto enquanto ele balança a
cabeça.

— O quê?

— Você realmente é cheia de surpresas, não é?

— Eu te disse. Torcer é hardcore, e eu malho… duro.

— Assim eu vejo.

Endireitando-se, ele dá um passo em minha direção. Seus dedos


envolvem meu rabo de cavalo e puxam, então não tenho escolha a não ser
olhar para ele.

Ele olha para mim, seus olhos verdes brilhando com algo que eu não
consigo ler.

— Eu realmente gosto de você, — ele admite.

Ele parece nervoso quando eu não respondo imediatamente.

— Isso é bom. — Ele levanta uma sobrancelha. — Porque eu realmente


gosto de você também.

Ele sela seus lábios sobre os meus e beija minha vida no meio da praia. —
Arrume a porra de quarto, — uma voz familiar chama.

— Puta merda, — Shane murmura contra meus lábios antes de


pressionar sua testa contra a minha. — Desculpe.
— Eu posso lidar com esses caras, — eu digo, virando para ver quem são
nossos visitantes. — Bom dia, Zayn, Ethan. — Eu não posso deixar de rir do
olhar chocado no rosto de Ethan. Pontos para Rae porque ela claramente
não compartilhou meu segredo com seu garoto como eu esperava que ela
fizesse.

— Deveria saber que você estava comprometido quando saiu ontem de


manhã, — Zayn diz com uma risada. — Pensei que você tinha fodido tudo na
sexta à noite, cara.

— Vai demorar mais do que um desafio estúpido para chegar até mim,
Zayn. Você já deve saber disso.

Ethan permanece mudo enquanto olha entre nós dois como se não
pudesse acreditar no que está vendo.

— Desculpe, mas eu entrei na porra da twilight zone ou algo assim. Vocês


dois? — ele pergunta, apontando entre nós. — Você e você?

Shane ri enquanto me puxa para o seu lado e envolve possessivamente


um braço em volta da minha cintura. Eu adoro isso.

— Sim, — Shane concorda. — Nós dois.

— Puta merda. Eu pensei que a coisa mais chocante que aconteceu este
ano foi eu entregando minhas bolas para Rae. Claramente, eu estava
errado. Shane Dunn e Chelsea Fierce. Foda-me, — ele murmura para si
mesmo, fazendo todos nós rirmos.

— Estou feliz que você não foi muito duro com ele. Ele era um fodido
miserável sem você, — Zayn diz, me deixando muito feliz.
— Ah, é isso mesmo? — Eu pergunto, olhando para Shane.

— E você precisa calar a boca, — ele late de volta, mas o sorriso em seu
rosto neutraliza suas palavras duras. Ele realmente não dava a mínima para
as provocações de Zayn.

— Então, quando exatamente isso aconteceu?

— Uh... — eu começo, não muito certa de como responder a isso.

— Ela cravou suas garras antes de ir embora e me deixou querendo mais.

— E aqui estávamos todos pensando que você a odiava.

— Sim, eu meio que fiz, mas ela pode ser bastante convincente.

Estendendo a mão, torço seu mamilo, rindo quando ele grita como uma
putinha.

Quando olho para os caras, Ethan está balançando a cabeça como se


estivesse descobrindo algo. — Acho que isso faz sentido.

— O quê?

— Aquele filho da puta começou a ser nosso amigo depois que você foi
embora. Cavando para obter informações sobre você. Acho que eu deveria
ter visto através dele.

— Você estava distraído se bem me lembro, — Shane aponta.

— Verdade isso. Você sabe que o resto da escola vai ter um dia de campo
com isso, certo?
Uma bola de pavor se forma no meu estômago só de pensar. Mas não é
por mim, é por Shane. Ele é o único que vai estar no final da besteira. Todos
me odeiam. Eles não vão entender por que ele não o faz.

— Vai ficar tudo bem, — ele diz com uma confiança que eu realmente
não sinto.

— Bem, nós temos suas costas.

— Obrigado, Ethan. Eu realmente gostei disso.

— Diga-me, Rae sabia sobre isso?

— Um...

— Ela está com tantos problemas. — Um sorriso perverso se curva em


seus lábios enquanto as ideias se formam em sua cabeça.

— Bem, isso foi divertido e tudo mais, mas precisamos continuar, — diz
Shane, me soltando e dando um passo à frente.

— Nós? — Eu pergunto. Ele olha por cima do ombro para mim e pisca.

— Ah, sim, nós precisamos. Vejo vocês dois amanhã?

— Já estou ansioso por isso, — Zayn diz com um sorriso.

— Zayn, nós agradeceríamos se...

— Ele não vai dizer nada até que você esteja pronta, não é, Hunter? —
Shane termina para mim.

— Os meus lábios estão selados.

Nós nos despedimos antes de descer a praia de volta para a casa de


Shane.
Nós dois estamos em silêncio enquanto corremos, mas não posso deixar
de me perguntar se a cabeça de Shane está cheia de pensamentos sobre
como lidaremos com isso amanhã na escola.

Não tem como guardar segredo, já fomos descobertos uma vez, é só


questão de tempo até que aconteça de novo. Mas eu odeio pensar que tipo
de reação ele vai ter com isso.

Devo admitir que no momento em que sua casa é visível à distância,


estou mais do que pronta para parar. Minhas pernas queimam e meus
músculos doem, mas me recuso a deixá-lo saber que estou começando a
lutar.

— Você já está pronta para admitir a derrota? — ele pergunta, ficando à


minha frente e virando-se para me encarar apenas para se exibir.

— Nunca.

Ele deve ser capaz de ver que estou mentindo, mas ele não diz nada, em
vez disso, ele diminui a marcha e volta ao meu lado. Ele pega minha mão e
entrelaça nossos dedos enquanto fazemos nosso caminho da praia.

— Acho que encontrei meu novo parceiro de treino favorito.

— Oh sim?

— Você é muito melhor de se olhar do que Zayn.

— Estou feliz que você pense assim, — eu digo com uma risada.

Sua casa ainda está em silêncio enquanto fazemos nosso caminho de


volta para seu quarto. — Eu preciso tomar banho e depois pegar comida.
— Que tal você arrumar algumas coisas, nós pegamos comida e depois
tomamos banho na minha casa.

— Você quer dizer juntos?

— Tenho certeza de que isso pode ser arranjado.

— Podemos comer hambúrgueres?

— Se você quiser, — eu digo com uma risada.

— Ok, feito.

Eu caio de volta em sua cama enquanto ele pega uma bolsa e começa a
empurrar as coisas para dentro. — Gostaria de embalar coisas suficientes
para a noite?

Ele para e olha na minha direção.

— Eu gosto de você na minha cama, — diz ele, correndo os olhos pelo


meu comprimento.

— Eu prefiro você na minha. Não há ninguém que possa ouvir enquanto


eu corrompo você.

— Eu não deveria ter admitido isso antes, deveria?

Fico em silêncio por um momento enquanto penso. — Eu te dei todas as


suas estreias? — Suas bochechas esquentam, é absolutamente adorável,
embora eu não diga isso a ele.

— Sim, — ele admite, não que ele precisasse, estava escrito em todo o
seu rosto.

— Mmm... eu gosto que só eu toquei em você.


— Eu odeio que outros tenham tocado em você. — Ele desvia o olhar e
volta para o que estava empacotando.

— Dificilmente, — eu admito.

Ele para imediatamente e encontra meus olhos. Ele quer perguntar, quer
saber a verdade, mas tem medo da minha resposta.

— Havia apenas Jake, e depois você.

Sua boca se abre e depois se fecha enquanto ele aceita o que acabei de
dizer. — Mas…

— É tudo besteira. Sim, eu fiz mais com eles do que deveria, — eu digo
com uma careta. — Mas eles não me tocaram.

— Nenhum deles? — ele pergunta, suas sobrancelhas se juntando.

— Apenas um.

— Jake. — Ele revira os olhos.

Saindo da cama, paro na frente dele e pego suas duas mãos nas minhas.

— Sim, mas deixe-me dizer-lhe uma coisa. — Eu fico na ponta dos pés e
beijo seus lábios. — Você foi muito melhor.

Ele não pode lutar contra o sorriso que puxa os cantos de seus lábios, e
eu estou tão feliz porque isso me derruba.

— Oh, sim?

— Sim. Você pode não querer dizer isso a ele, no entanto.

Ele dá uma risada e me puxa em seus braços. — Eu sei, isso é tudo o que
importa.
— Ele estava muito bêbado. Provavelmente não foi sua melhor
performance.

Levantando os dedos, ele pressiona dois contra meus lábios. — Fico feliz
em saber que sou melhor, mas não preciso de detalhes.

— Ok, — eu digo com uma risada, soltando a outra mão para que ele
possa terminar de fazer as malas.
Capítulo 25
SHANE

Não posso mentir, saber que Jake Thorn não abalou o mundo dela me faz
sentir melhor com a vida do que há muito tempo. Também ajuda que
metade, ou mais, dos caras com quem passo tempo não tenham provado o
que é meu, como eu pensei um dia.

— Por que você está sorrindo para mim? — Chelsea pergunta do outro
lado de sua mesa de café.

Paramos para comer hambúrgueres depois de sair da minha casa e os


comemos na frente do meu carro. Não é exatamente o tipo de primeiro
encontro que ela merece, mas foi perfeito para nós. Um dia em breve eu a
levarei para sair e tratarei ela bem, mas não quando nós dois estivermos
cobertos de suor e areia da nossa corrida.

— Só pensando no que você disse antes, — eu admito com um sorriso.

— O que... oh, eu não te disse para acariciar seu ego, — ela murmura,
revirando os olhos.

— Talvez não, mas eu gosto.

— Porra, eu criei um monstro. — Ela joga sua caneta em mim, mas eu


facilmente a pego antes que ela se conecte com o meu rosto.
Nós dois continuamos com nosso dever de casa, mas eu não consigo tirar
o sorriso do meu rosto, ou me abstenho de olhar para ela enquanto ela
digita em seu laptop a cada poucos segundos.

— Você nunca vai terminar isso, — diz ela, sem olhar para cima da
tela. — Eu posso sentir você me observando.

— Não posso evitar.

Com um suspiro, ela fecha a tampa e olha para mim. Eu juro que apenas
a visão dela tira a porra do meu fôlego. Ela é tão bonita.

A cor atinge suas bochechas e ela sorri de uma forma que poucos
vêem. É inseguro e tímido e eu adoro isso. Amo que eu posso ver sob a
máscara, o ato, a besteira. Sim, ela está fodida, mas ela sabe disso. Ela se
abriu e eu estou agradecido pra caralho por ela, porque o que eu encontrei
dentro é exatamente o que eu sempre esperei que estivesse lá. Uma menina
muito doce, engraçada e calorosa.

— Então, o que você ganhou na outra noite?

A pergunta dela me confunde. — Huh?

— O desafio que você ganhou quando me fodeu, que você ganhou ou vai
ganhar com isso?

— Uh um... nada.

— Que tipo de merda de desafio era se não houvesse benefícios ou


consequências?

— Houve consequências, algo sobre o baile de inverno, mas não tirei


nada disso.
— Por quê? Você me pegou. — Suas sobrancelhas se juntam em
confusão.

— Tinha que haver provas, ou não aconteceu, — eu digo com uma


careta. Ela está ciente de como os caras agem, tenho certeza que ela já
esteve no meio de seus jogos e marcas antes, mas admitir que ela foi usada
nisso não me deixa muito confortável e apenas aponta quão errado é o jogo
estúpido deles e por que nunca me envolvi antes.

— Você não conseguiu nenhuma?

Eu engulo nervosamente. Eu odeio ter cedido às suas malditas exigências


naquela noite. Eu culpo o álcool. — Sim, eu gravei.

— Então mostre a eles e saia de qualquer besteira que eles querem que
você faça. — Ela nem parece chocada, o que me surpreende.

— Não era um vídeo, apenas uma gravação de som. — Ela acena. — E


nenhum filho da puta está ouvindo isso.

— Mas... — Ela começa a discutir.

— Você é minha, Chelsea. Ninguém vai te ouvir assim. Eu aceito o que


eles jogarem em mim, não me importo.

Levantado, ela caminha até mim e cai no meu colo. Ela está
mais uma vez vestindo minha camisa, mas felizmente ela está vestindo um
short por baixo, tornando quase possível olhar para ela sem perder a cabeça.

Ela pega minhas bochechas em suas mãos e olha nos meus olhos.

— Eu não mereço você.


Ela deixa cair seus lábios nos meus e eu sou impotente, além de beijá-la
de volta.

Logo ela está de pé mais uma vez e caminhando para sua cozinha.

— Bebida?

— Refrigerante seria ótimo, — murmuro, me reorganizando em minhas


calças.

Infelizmente, depois de me entregar uma lata, ela volta ao seu lugar no


computador e o abre novamente.

— Você está atrasada depois de estar fora? — Eu pergunto quando ela


começa a clicar.

— Na verdade. Todos os meus professores mandavam trabalho, eu


passava a maioria das noites fazendo isso. Ao contrário da crença popular,
eu não sou realmente uma idiota, — ela diz alegremente, mas eu ouço a
raiva subjacente nessa declaração.

— Eu já disse que achava que você era?

— Não, mas eu sei o que as pessoas pensam de mim.

— Ainda bem que eu não sou essas pessoas, não é?

— Realmente.

Nós dois voltamos ao que estávamos fazendo, bem, ela volta. Eu


principalmente olho para o papel na minha frente enquanto meus
pensamentos correm a um milhão de milhas por minuto.
— O que mudou? — Eu pergunto, meus pensamentos saindo dos meus
lábios sem permissão. Ela termina o que está fazendo antes de olhar para
mim.

— O que mudou com o quê?

— Depois daquela primeira noite, você foi embora como se eu tivesse


incendiado sua bunda e você me ignorou a partir de então. Eu apenas assumi
que eu era uma merda e que você estava desapontada.

— Tenho quase certeza de que me lembro de você me fazendo gritar seu


nome naquela noite.

— Chelsea, — eu suspiro. — Você é a rainha do jogo. Eu não tinha ideia


naquela época se era um ou não. Vendo que você nunca olhou duas vezes
para mim antes, eu só podia supor que era.

— Honestamente, — ela sussurra. — Muita coisa mudou. — Ela olha


para as mãos que estão torcendo em seu colo. — Tomei algumas decisões
estúpidas, e uma delas foi sair naquela noite. Ir embora me fez perceber
muitas coisas, e uma das maiores foi que eu queria você. É por isso que eu
vim até você primeiro. Por que eu te procurei depois do jogo. Eu precisava
me desculpar. Eu... eu precisava de você.

Ela olha para mim, seus olhos escuros cheios de honestidade e


arrependimentos.

— Shane, eu...

O que quer que ela esteja prestes a dizer é interrompido quando a porta
atrás de mim se abre.
— Ei, eu estava pensando... oh, olá, Shane. Eu não esperava ver você de
novo.

— Estamos apenas fazendo lição de casa, — diz Chelsea com pressa.

Quando olho por cima do ombro para dizer olá, Honey está olhando
entre nós com uma expressão estranha no rosto.

— Mãe, podemos conversar... lá fora.

— Claro, querida. — Chelsea se levanta e leva sua mãe para fora.

Eu observo as duas interagirem, mas não consigo ler nada do que elas
estão dizendo uma para o outra, embora quando Honey aponta para mim
deixa claro de quem elas estão falando.

A conversa esquenta um pouco antes de Honey voltar para casa. Chelsea


olha para o céu, respirando fundo antes de pegar a maçaneta e abri-la.

— Tudo certo? — Eu pergunto assim que ela está dentro.

— Sim, está... — Ela dá uma olhada para mim e explode em lágrimas.

— Merda.

Eu me levanto do chão e a tenho em meus braços em segundos.

— Shhh, está tudo bem, — eu sussurro em seu cabelo.

— Desculpe, estou apenas sendo estúpida. Ela se ofereceu para nos fazer
o jantar. Espero que esteja com fome.

Passamos o resto da tarde trabalhando antes de irmos para a casa


principal jantar com Honey.
É tudo muito normal. Apesar do olhar que continuo recebendo da mãe
de Chelsea. Eu quase espero que ela comece o discurso 'quais são suas
intenções com minha filha', mas isso nunca acontece.

Seus olhos são suaves enquanto ela olha entre nós dois, mas posso ver
perguntas nadando neles. Assim como tenho certeza de que todos farão
amanhã quando entrarmos juntos na escola.

Só esse pensamento tem meu estômago em nós.

Eu nunca estive exatamente no centro das atenções como Chelsea. Eu


posso estar no time, mas passei tanto tempo escondido nas sombras quanto
possível, para grande aborrecimento do meu pai. Ele queria que eu fosse
como ele e meus irmãos e fosse atrás do primeiro lugar. Pena que ele não
podia ver que seu filho mais novo era muito tímido e feliz ser escondendo.

Mas graças à garota ao meu lado, passei algumas semanas como o tema
das fofocas de todos, pois eles me culparam por drogar Amalie todas aquelas
semanas atrás.

Entrar naquele lugar com a verdadeira culpada no meu braço vai causar
um rebuliço, com certeza.

O pensamento sobre as coisas que as pessoas podem dizer, me


acusar, enchem minha mente, mas um olhar para a garota ao meu lado e eu
sei que vale a pena.

Nosso relacionamento pode não ser o que todos esperavam, pode ter
vindo do nada além de jogos e mentiras, mas há algo tão certo nisso. Não
espero que mais ninguém entenda. Eles não precisam. Tudo o que importa é
que estamos na mesma página, e quando ela encontra meus olhos, os dela
brilham com prazer e eu sei que estamos.

Estamos indo em frente e as coisas só podem melhorar... certo?


Capítulo 26
CHELSEA

— Você tem certeza? — Eu pergunto a Shane que está sentado no banco


do motorista de seu carro ao meu lado.

Meu estômago revira e tenho medo de vomitar no chão.

Solto o que espero que seja uma respiração calmante, mas pouco faz
para acalmar os nervos que correm ao meu redor.

Eu não estou preocupada comigo. Eles podem jogar o que quiserem em


mim e eu deixarei isso me envolver como se não doesse. Estou preocupada
com Shane. Ele não merece o que inevitavelmente vão dizer sobre ele por
minha causa.

— Sim, Chels. Tenho certeza. Eu me recuso a esconder isso por causa


desses idiotas. — Estendendo a mão, ele entrelaça nossos dedos e me puxa
para ele.

Seus lábios roçam contra os meus, e eu imediatamente relaxo.

— Que tal voltarmos para a casa da piscina durante o dia? — Eu


pergunto contrariando-o.

Sair juntos ontem foi tão incrível. Não tenho certeza se alguma vez me
senti tão relaxada em minha própria casa. Ele estar lá comigo era tão natural.

Tudo estava ótimo até que mamãe apareceu e tirou conclusões


precipitadas sobre a aparição repentina de Shane. Ok, então são conclusões
corretas e ela não ficou impressionada quando admiti que ainda não lhe
disse a verdade.

Para ser justa, eu estava tentando criar coragem quando ela nos
interrompeu. Digo a mim mesma que, se ela não tivesse escolhido aquele
exato momento para atacar, eu teria confessado tudo. Embora, uma grande
parte de mim saiba que só estou mentindo para mim mesma.

Estou vivendo em negação agora porque sei que uma vez que a verdade
seja revelada, tudo vai mudar novamente.

Este normal que encontramos será quebrado, e estou com medo de


perdê-lo agora que o encontrei.

Alguém batendo na janela me assusta e nos faz pular de susto.

Quando me viro para a janela, encontro uma Rae sorridente olhando


para mim com um Ethan divertido atrás dela.

— Porra, isso era necessário? — Eu pergunto, empurrando a porta


aberta.

— Bom dia para você também.

Eu resmungo para ela enquanto desço do carro e pego minha bolsa.

— Você está pronta para isso? — ela pergunta enquanto Shane anda e
pega minha mão.

— Não, — eu declaro.

— Vai ficar tudo bem. Tenho certeza que você já lidou com coisas piores
no passado, — Rae diz conscientemente.
— Eu? Sim, é com ele que estou preocupada.

— Ele é um menino grande e pode tomar suas próprias decisões, —


Shane murmura.

—Certo? — Rae olha para ele, balançando as sobrancelhas em deleite.

— Sério? — Ethan resmunga. — Você não acha que é ruim o suficiente


que você tenha ocultado informações sobre aqueles dois de mim, agora você
está o verificando?

Rae estremece. — Estou em apuros. — Ela pisca antes que Ethan a


levante por cima do ombro e se afaste de nós.

— Ela é muito boa para ele, — eu digo para Shane enquanto a vemos
lutar e gritar contra seu aperto.

— É incrível o que a mulher certa pode fazer, você não acha?

— Você acha que eu sou a pessoa certa?

Formigamento irrompe dentro de mim quando ele deixa cair os lábios


para sussurrar no meu ouvido. — Sim, de todas as maneiras erradas.

À medida que nos aproximamos do prédio da escola, minha pele começa


a formigar. Não preciso olhar para cima para saber que estamos chamando a
atenção.

— Huh, parece que a mais nova fofoca acabou de chegar, — Shane


murmura, claramente mais corajoso do que eu e olhando ao redor para
nosso crescente público.
Sugando um pouco de confiança, eu levanto minha cabeça. Cada par de
olhos nas redondezas está voltado para nós. — Puta merda. Isso será um
inferno.

— Só se deixarmos. Vamos.

Para meu horror, Shane me guia para onde o time e a torcida ficam. Eles
estão muito ocupados em suas próprias conversas para nos notar a
princípio. Mas assim que Rich olha para cima, ele dá uma cotovelada em
Justin e em segundos todos eles estão olhando em nossa direção.

— Bem, isso não é o que eu esperava ver em uma segunda-feira de


manhã, — Rich anuncia, garantindo que qualquer um que não tenha notado
vire em nossa direção.

Comentários sussurrados filtram ao nosso redor. Meu coração martela


no meu peito enquanto espero o primeiro ataque vir.

Shane deve ficar entediado esperando por qualquer tipo de reação, ou


isso ou ele realmente quer acertar o ponto porque ele puxa meu braço até
que eu não tenha escolha a não ser entrar em seus braços. Ele enfia os
dedos no meu cabelo e abaixa a boca.

Pouco antes de eles roçarem os meus, ele diz: — Poderíamos muito bem
dar a eles algo para olhar.

Seus lábios pressionam contra os meus e eu esqueço que estamos aqui


no meio da escola com quase todo mundo nos observando. Sua língua
desliza em minha boca e se emaranha com a minha enquanto ele me puxa
mais apertado contra ele.
— Bem, foda-me. Eu não achei que Shane tinha isso nele, — Justin grita
quando ele finalmente me libera.

Shane ri, mas não olha para eles. — Posso te levar para a aula?

— Eu adoraria.

Deixando nossos espectadores e os comentários que eles fazem alto o


suficiente para ouvirmos, viramos as costas e nos afastamos.

Enquanto estou com ele, eles não podem me machucar.

— Eu gostaria de estar em suas aulas esta manhã, — Shane diz, parando


do lado de fora da minha primeira aula do dia.

— Eu ficarei bem. — Estendendo a mão, coloco sua bochecha na palma


da mão, amando que ele esteja preocupado comigo.

— Vejo você no almoço, sim?

— Você pode contar com isso.

Eu aceno enquanto ele captura meus lábios em um beijo doce antes de


me virar e caminhar pelo corredor.

Meu coração derrete ao vê-lo se mover. Eu não tinha ideia de que podia
ter sentimentos tão fortemente por outra pessoa, além dessa que estou
gerando. Esse pensamento faz minha culpa me atingir com força total
novamente.

Direi a ele em breve, digo a mim mesma enquanto entro na sala de aula
vazia com um sorriso bobo no rosto.
***

À medida que cada aula passa, ignoro os comentários que esperava, as


fofocas que ouço acontecendo ao meu redor. Significa pouco para mim,
minha reputação em Rosewood High foi arruinada todas aquelas semanas
atrás, eu só não quero trazer Shane comigo.

Pela primeira vez desde que voltei, me vejo almoçando no


refeitório. Mas não estou na mesa a que estou habituada com o time e a
torcida, estou numa mesa que nunca pensei que estaria. Eu olho para Shane
e depois para seus amigos que nos cercam. Camila e Mason estão em frente
com Amalie ao lado dela e Ethan e Rae ao meu lado.

Camila não esconde o fato de que ela não está feliz com isso, e eu não
posso culpá-la. Saber que ela está apenas cuidando de Shane me faz gostar
muito mais dela. Amalie, no entanto, não piscou uma pálpebra sobre minha
aparência.

Ela deveria ser a pessoa que está com mais raiva de mim, bem como
Mason, mas parece que eles aceitaram o que era, um erro, e seguiram em
frente. Eu não poderia estar mais grata, mas isso não significa que eu não
falarei com os dois quando tiver a chance de me desculpar.

Todos eles conversam ao meu redor como se minha presença ao lado de


Shane fosse normal. Enquanto o resto da escola parecia chocado, se não um
pouco horrorizado com essa reviravolta, esses caras parecem se divertir. Isso
me faz pensar se Rae tinha avisado a eles.
Ela me disse que ela e Amalie tinham visto Shane no hospital na semana
passada e foi assim que ela descobriu, talvez Amalie tivesse pensamentos
semelhantes.

Enquanto o time de futebol nos ignora, sinto a atenção da torcida


durante todo o almoço.

Não falei com nenhuma delas desde meu último encontro com Shelly e,
francamente, não tenho nenhuma intenção de mudar isso.

Posso não estar feliz em deixar minha equipe para trás, mas se é assim
que será, que seja. Tenho coisas mais importantes com que me preocupar
agora.

Eu deslizo minha mão na de Shane e aperto.

Abaixando seus lábios no meu ouvido, sua respiração me faz


estremecer. — Você está bem? Você quer sair daqui?

— Não, eu estou bem. Seus amigos são legais.

— Você só precisa dar uma chance às pessoas, Chels.

Eu quero que o chão me engula enquanto como eu agi no passado passa


pela minha mente. Eu tenho sido uma vadia.

— Eu só estou indo ao banheiro, — eu digo enquanto me levanto,


precisando fugir e ter um momento.

Eu vou para os banheiros que ele me perseguiu na semana passada, mas


quando olho para trás por cima do ombro, descubro que ele não está
fazendo o mesmo hoje, seus olhos estão firmemente fixos em mim, no
entanto, preocupação entrelaçada neles.
Eu empurro para dentro e inspiro uma respiração profunda e calmante,
desejando que as lágrimas que enchem meus olhos diminuam. Eu realmente
não preciso desmoronar e dar a ninguém mais motivos para fofocar sobre
mim.

Recebo alguns olhares de reprovação das garotas lá dentro, mas graças à


minha reputação anterior, nenhuma delas realmente diz nada na minha
cara. Eu acho que é um benefício de ser conhecida como a cadela rainha.

— Ei, você está bem? — uma voz familiar pergunta enquanto perco
tempo lavando as mãos.

— Sim, eu só precisava de um fôlego.

— Você não contou a ele, não é?

Virando-me, encontro os olhos escuros de Rae e imediatamente desvio o


olhar.

— Ainda não. Eu estou assustada.

Ela caminha até ao espelho e limpa a maquiagem escura sob os olhos.

— Eu entendo. Mas você não acha que ficará pior quanto mais tempo
você mantiver isso dentro. Hoje deve ter sido enorme para ele. O que ele fez
por você exige algumas bolas sérias. Você deve a verdade a ele.

Meu estômago torce e eu levanto minha mão para ela na esperança de


que ela pare. — Eu sei. Mas e se ele me odiar?

— Ele vai te odiar mais por mentir para ele.

— Touché.
— Eu não posso imaginar quão assustador deve ser. Mas você precisa
dele. Vocês dois, — ela diz, olhando para o meu estômago.

Eu solto um suspiro.

— Eu sei. Eu sei. As coisas têm sido tão... incríveis. Não quero arruinar
isso.

— Quem disse que vai estragar? Sim, será um choque, mas as coisas
podem ficar bem. — Eu gosto do pensamento positivo dela, mas sou um
pouco mais realista sobre a coisa toda.

***

Quando chega o final do dia, estou quase pronta para ir para casa e tirar
uma soneca enquanto Shane está treinando.

Estou de pé no meu armário, pegando os livros que preciso para esta


noite quando uma sombra cai sobre mim.

Um arrepio percorre minha espinha enquanto eu bato meu armário e


viro para quem quer que seja corajoso o suficiente para se aproximar de
mim. Eu poderia ter sido o assunto quente na escola hoje, mas pelo menos
todos mantiveram distância.

Meus olhos se arregalam quando encontro Victoria, Tasha e Aria de pé


diante de mim.

— Vocês não deveriam estar no treino? — Eu pergunto, me afastando


dos armários e me movendo para a saída.
— É sobre isso que precisamos conversar com você.

Faço uma pausa de costas para elas. — Por quê? — Eu pergunto por cima
do ombro.

— Hum... as coisas não estão indo tão bem.

Eu me viro e olho para as três. Elas parecem nervosas e isso desperta


meu interesse.

— E esse é o meu problema por que...? Fui expulsa, lembra?

— Sim, mas... nós precisamos de você.

Algo que só posso descrever como esperança floresce dentro de mim. —


Você precisa de mim? Para quê exatamente.

— Ugh, pare com a besteira, — diz Aria, dando um passo à frente. —


Shelly era uma capitã de merda. Ela não pode organizar merda
nenhuma. Kelly, bem sabe onde Kelly está, ela não apareceu para treinar
desde quarta-feira e tudo está desmoronando.

Abro a boca para responder, mas nenhuma palavra sai.

— Por favor, — acrescenta Victoria. — Volte. Sabemos que as coisas


estão... estranhas, mas foi Shelly quem não quis você. Todas sabemos que
precisamos de você se quisermos ter uma chance nas regionais. Por favor,
Chels.

— Uau, tudo bem, — murmuro surpresa.

— Então o que você diz?


O pensamento de segui-las e fazer o que mais amo me enche de alegria,
mas então minha realidade bate em mim. Eu mal posso subir em uma
pirâmide e ser jogado de um lado para o outro como eu costumava fazer.

— Eu não posso torcer, — eu admito. — Depois do acidente na semana


passada, não é uma boa ideia para mim... — Eu paro antes de dizer muito e
ser pega mentindo.

— Mas você pode capitanear, você pode nos liderar, certo? Uma das
garotas do JV pode tomar o seu lugar. Harley é muito boa.

— Hum... — Um sorriso se contorce em meus lábios. — Eu adoraria. —


Eu tento conter minha excitação, mas ela atravessa meu rosto enquanto elas
gritam de alegria e correm para mim.

— Shelly ficará muito chateada quando ela voltar para a escola, — eu


digo enquanto ando na direção oposta de onde eu esperava estar indo.

— Shelly pode se foder, — Victoria murmura. — Ela não tem o que é


preciso para ser capitã. A cabeça dela ficou tão grande que estou surpresa
que ela possa caber na porra da academia.

Eu permito que as três vão na minha frente enquanto pego meu celular
para enviar uma mensagem a Shane para dizer a ele que não estou indo
direto para casa. Ele me deu suas chaves para que eu pudesse dirigir seu
carro, me dizendo que ele pegaria uma carona com um dos caras, mas
parece que vamos viajar juntos, afinal.

As garotas estão todas reunidas no centro dos tatames quando entro.

— Ela disse sim, — Victoria grita enquanto todas se voltam para mim.
Prazer ilumina seus rostos enquanto eu ando em direção a elas e a peça
final do meu quebra-cabeça se encaixa no lugar. Essa academia é minha
casa. Eu pertenço aqui, e não é até esse momento que eu realmente aceito o
quanto eu senti falta disso. Eu posso não ser capaz de torcer como antes,
mas isso não é um problema. Estou com a minha equipe.

Largando minha bolsa e livros ao lado da academia, tomo meu lugar na


frente das garotas.

— Vocês estão prontas para ganhar as regionais? — Eu grito, um largo


sorriso no meu rosto enquanto todas começam a pular para cima e para
baixo e aplaudir.
Capítulo 27
SHANE

Chelsea: Estou no ginásio com a equipe. Encontre-me quando terminar


xx

Encaro minha mensagem com os olhos arregalados e o medo enchendo


minhas veias. Eu sei que Shelly ainda está suspensa, mas nada de bom pode
vir de ela estar com aquelas garotas. Elas a empurraram escada abaixo pelo
amor de Deus. Ela pode me dizer tudo o que ela quiser que Shelly não a
tocou, mas se não fosse por ela, então Chelsea nunca teria acabado no
hospital como ela fez.

Eu me visto o mais rápido que posso depois de tomar banho de lama e


suor da sessão. Nosso treino habitual pode acabar com a temporada, mas o
treinador não está deixando nosso condicionamento. Estou feliz, estou
precisando. Embora menos agora, tenho o Chelsea para me manter ativo.

— Você tem a porra de um compromisso ou algo assim? — Zaun


pergunta enquanto me vê saltitando tentando me vestir na velocidade da
luz.

— Algo assim.

— Eu odeio dizer isso, mas vocês dois são seriamente fofos juntos.

— Ah, Zayn. Você está com ciúmes?


— De boceta regular? Inferno, sim, — ele afirma enquanto eu reviro os
olhos.

— Você pode conhecer alguém que vai aturar sua marca de babaca um
dia.

— Alguém? Não, eu quero pelo menos duas fixas. Ninguém poderia me


acompanhar.

— Você é um maldito cachorro. É por isso que você tem zero garotas
normais. Elas estão preocupadas se pegaram alguma coisa.

— Você fica mal-humorado quando precisa transar.

— Eu não preciso... — Eu paro, e ele ri. —Tanto faz. Estou fora


daqui. Não vem para o Aces?

— Vou ver se Chelsea quer.

Quando saio, ele faz barulhos de chicote atrás de mim. Tudo que eu faço
é sorrir. Eu adoro isso.

Correndo em direção ao ginásio, rezo para que eu não esteja prestes a


entrar em algum tipo de cena de tortura de torcida. Mas, para minha
surpresa, o que encontro é exatamente o oposto. Obrigado, porra.

A música ressoa ao redor do ginásio e Chelsea está na frente e no centro


contando e gritando ordens para as garotas que estão dando cambalhotas,
dando pirueta e voando pelo ar.

Ela tem o maior sorriso no rosto e não posso deixar de compartilhar sua
alegria. Eu não tenho ideia do que aconteceu para trazê-la aqui novamente,
o único lugar que ela queria estar mais do que tudo, mas ela parece estar em
casa.

— Trave seus braços, Aria. Se Ruby cair, a culpa é sua, — ela grita
enquanto a JV balança no topo da pirâmide parecendo aterrorizada. — É
isso. Bem melhor.

Eu fico e assisto a todas elas por longos minutos antes que uma das
garotas me veja e faça com que Chelsea também olhe na minha direção.

— Ei, — diz ela, pulando para mim e jogando os braços em volta dos
meus ombros. Seus olhos brilham de prazer.

— Eu não estava esperando encontrar isso, — eu digo no topo de seu


cabelo.

— Eu sei. Não é incrível? Deixe-me terminar com essa galera e podemos


sair daqui.

Eu a libero do meu aperto e a vejo liderar sua equipe em um


resfriamento antes de mandá-las para os vestiários.

Orgulho escorre do meu peito enquanto eu a vejo assumir de volta o


papel que sempre deveria ser dela.

— Ok, daremos o fora daqui, — diz ela, andando até mim e pegando sua
bolsa do chão.

— Você não quer... — Eu gesticulo para os vestiários onde as outras


desapareceram.

— Tenho certeza que elas podem tomar banho sem mim. — Ela ri,
estendendo a mão e escovando uma mecha do meu cabelo do meu
rosto. Não foi exatamente isso que eu quis dizer, mas não reclamarei que ela
não me deixará esperando por ela.

— Os caras queriam saber se você queria ir para o Aces.

— Eles me querem lá? — ela pergunta, e eu odeio que ela ainda tenha
que questionar isso.

— Bem, eles me convidaram, eu disse a eles que viemos como um


pacote.

Ela sorri para mim. — Você não tem que fazer isso, você sabe. Você não
deveria ser punido pelos meus erros.

— Eu não estou. Só não quero ir sem você. Você pertence lá mais do que
eu. — Ela olha de volta para o ginásio agora vazio e silencioso e solta um
suspiro.

— O que aconteceu aqui exatamente?

— Eu te direi no caminho. Eu realmente poderia ter um hambúrguer e


milkshake.

O time parece um pouco hesitante enquanto caminhamos em


direção à nossa mesa habitual, que é todo mundo, menos Ethan, que
imediatamente garante que há espaço suficiente para nos juntarmos.

Chelsea recebe alguns olhares que não me impressionam, mas no geral,


o time está em seu melhor comportamento, o que é incomum. Eles estão
muito ocupados planejando o baile de inverno e a festa que se segue.

Não é até que nos juntamos ao time e eles se envolvem com a Chelsea
como se tudo estivesse normal que eu começo a relaxar.
Puxando-a mais apertado ao meu lado, beijo o topo de sua cabeça e ela
olha para mim e sorri. Meu peito dói e três pequenas palavras que eu sei que
ela não está pronta para ouvir quase saem dos meus lábios.

Meu celular vibrando no meu bolso felizmente interrompe mais


pensamentos malucos.

Mãe: Papai está de volta e quer você aqui para o jantar.

Eu gemo e Chelsea percebe.

— Tudo certo? — ela pergunta, olhando para mim com aqueles olhos
enormes dela. Eu mostro a ela meu celular.

— Quer que eu vá também?

Meus lábios se curvam em sua oferta, mas o pensamento de tê-la lá para


ouvir papai e eu discutir sobre o meu futuro não é exatamente a minha ideia
de diversão.

— Eu realmente aprecio isso, mas acho que provavelmente é melhor se


eu fizer isso sozinho.

— Ok, — diz ela aconchegando-se ao meu lado.

— Você quer uma carona para casa ou vai sair com a equipe?

Ela olha para eles. — Acho que ficarei um pouco. Mas me ligue mais
tarde, sim?

— Tente me impedir.
Inclinando a cabeça para trás, eu varro minha língua em sua boca, sem
dar a mínima para o nosso público.

Assobios e gritos soam ao nosso redor, mas eu mal ouço nenhum


deles. Como sempre, estou muito perdido nela.

A última coisa que quero fazer é deixá-la aqui, especialmente para passar
um tempo com meu pai, mas não tenho muita escolha. Se eu não for agora,
só vai piorar.

Com um beijo final, eu a deixo para trás. Ela tem um sorriso enorme no
rosto, então não duvido que ela esteja exatamente onde quer estar. Ethan
pisca para mim enquanto olho por cima do ombro me dizendo que ele ficará
de olho nela. Eu nunca pensei que ficaria feliz em confiar nele para qualquer
coisa, mas é estranho como as coisas mudam.

O pavor me enche enquanto faço a curta viagem de volta para


casa. Quanto mais me aproximo, mais desejo aceitar a oferta de Chelsea
para vir comigo. Ela teria tornado isso um pouco mais suportável.

Tanto mamãe quanto papai já estão na sala de jantar quando chego lá,
esperando por mim.

— Que horas você achar que são? — Papai pergunta no segundo em que
entro na sala.

— Recebi a mensagem da mamãe vinte minutos atrás. Vim o mais rápido


que pude.

Papai resmunga enquanto mamãe murmura que está tudo bem


enquanto ela sai correndo da sala, acho que para pegar o jantar.
— Você parece uma merda.

— Uau, obrigado, pai. É bom ver você também.

— Você precisa cuidar melhor de si mesmo se você está...

—Não, — eu aviso.

— Oh, você não acreditaria em quem eu encontrei ontem.

Reviro os olhos, mas mantenho minha atenção no prato vazio.

— Eu fiz um discurso na Penn. Você sabe quem será o novo treinador


deles na próxima temporada?

— Eu não tenho ideia, mas estou assumindo que você está prestes a me
dizer, — murmuro.

Felizmente, antes que ele possa iniciar sua história, mamãe reaparece
com braçadas de comida.

Pulando da mesa, eu a ajudo a colocar tudo no centro.

— Kit Anderson, — papai continua como se mamãe não estivesse agindo


como uma criada e enchendo seu prato com comida. — Você pode acreditar
nisso?

Eu dou de ombros, servindo-me de um pouco de frango. Não estou com


fome depois do hambúrguer que comi no Aces, mas sei que é melhor não
sentar aqui e recusar comida.

— Ele me deu uma ótima visão sobre quem está cotado para o topo no
próximo ano. Reavaliei nossas opções e acho... — Ele faz uma pausa
enquanto enfia a mão no bolso e tira uma lista.
— Precisamos fazer isso agora? — Mamãe pergunta baixinho.

— É importante, Maddie. A escolha de Shane agora determinará sua


futura carreira. Eu tenho que tomar a decisão certa.

E essa afirmação bem ali diz tudo.

— Eu sei que você só quer o melhor para ele, mas você não acha que
deveria ser uma decisão de Shane, não sua?

Papai lhe lança um olhar fervoroso e ela empalidece levemente. Papai é


uma força a ser reconhecida, acho que ela aprendeu anos atrás que tentar
convencê-lo em uma direção diferente é inútil.

— Ele não tem todas as informações. Eu tenho.

— Ele também está sentado aqui, — murmuro. — Você pode me dar


todas as informações que quiser, mas sou eu quem está preenchendo as
inscrições, e vou me candidatar onde achar melhor. — Empurrando minha
cadeira atrás de mim, eu me levanto. — Me desculpe mamãe. Tenho certeza
de que isso é delicioso, mas não estou sentado aqui e aturando as besteiras
dele.

— Shane, volte aqui neste segundo, — ele grita atrás de mim enquanto
eu saio da sala de jantar e subo as escadas.

Eu ando de um lado para o outro no meu quarto enquanto o som dos


meus pais discutindo no andar de baixo filtra até mim.

Mal posso esperar para sair daqui e começar minha própria vida.

Sentando-me à minha mesa, abro minha gaveta de baixo e envolvo meus


dedos em torno das inscrições da faculdade em que estou
trabalhando. Algumas são as mesmas que papai quer que eu me candidate,
mas ele não é o motivo.

Eu folheio os folhetos pela milionésima vez, esperando que algo salte


para mim e me diga qual é a única. Nada faz.

Parte de mim quer ficar o mais longe possível daqui, o mais longe
possível dele. Mas a outra parte quer ficar. Eu poderia me inscrever em
Maddison ou Florida U e estar perto de mamãe.

Com um suspiro, eu descanso na minha cadeira. Eu me pergunto onde


Chelsea está planejando ir. Podemos ter passado um bom tempo juntos nos
últimos dias, mas falar sobre nosso futuro ainda não veio à tona.

Até pensar nisso é loucura. Faz apenas alguns dias e aqui estou eu
permitindo que pensamentos sobre o futuro dela influenciem o meu.

Incapaz de resistir, pego meu celular de lado e envio uma mensagem


para ela. É uma loucura, mas eu sinto falta dela.

Se eu achava que tinha alguma obsessão estranha antes quando ela mal
falava comigo ou olhava na minha direção, então eu sei que tenho agora. Ela
me deu um gostinho, me mostrou o que ela esconde sob a máscara que ela
usa, e foda-se, eu nunca quero deixá-la ir.
Capítulo 28
CHELSEA

Eu odiava ver o olhar desanimado em seu rosto quando ele saiu do Aces,
mas eu sabia que ele estava certo. Ele precisava lidar com sua família
sozinho. Não é minha função aparecer e bancar a pacificadora entre ele e
seu pai.

Meus lábios se curvam em desgosto enquanto penso em como seu pai o


trata e o que ele espera dele. Shane não fala muito sobre isso, ele não
precisa. Eu vi com meus próprios olhos ao longo dos anos, ouvi suas
expectativas loucas e irreais. A evasão de Shane quando se trata de falar
sobre o futuro e para qual faculdade ele quer ir é compreensível.

Seu pai quer que ele seja a próxima grande estrela da NFL, mas qualquer
um que conheça Shane um pouco pode dizer que não é quem ele é. Inferno,
eu sabia disso mesmo antes de qualquer coisa acontecer entre nós.

Afastando os pensamentos de Shane da minha mente por enquanto,


concentro-me na minha equipe enquanto elas se sentam e fofocam ao meu
redor.

A última coisa que eu esperava era terminar o dia de volta no meu


amado papel de capitã, eu pensei que o navio havia navegado há muito
tempo, mas acabou que eu só tinha que ser paciente.
— Shelly está de volta amanhã, — diz Aria. — Ela não ficará feliz com
isso.

Um arrepio de pavor percorre minha espinha com o pensamento. Eu não


posso imaginar que ela estava muito animada por ser suspensa quando ela
nem me tocou na semana passada, mas parecia que ela já estava na lista de
merda de Hartmann e que era a desculpa exata que ele precisava para dar
um tempo a ela.

Eu realmente não posso reclamar. Tem sido bom sem ela. Não posso
deixar de me perguntar se meu retorno fácil ao time será de curta
duração. Ela voltará atrás de mim, com certeza.

Nossa tarde no Aces é como nos velhos tempos, só que agora, sinto que
posso realmente pertencer. A torcida me quer, enquanto antes eu tinha
certeza de que elas só me aguentavam porque precisavam, e agora sei que
tenho alguém que ficará ao meu lado, não importa o que amanhã e Shelly
traga.

Os nervos vibram na minha barriga e me lembram que essas não são as


únicas diferenças. Em algumas semanas, sei que não conseguirei mais
esconder esse segredo. Eu tive sorte até agora em manter isso para mim,
mas eu sei que estou com tempo emprestado, especialmente com Shane.

Eu preciso dizer a ele antes que alguém me vença.

— Ei, Chels. Você quer uma carona para casa? — Ethan pergunta, me
tirando dos meus pensamentos.
Olhando para cima, eu o encontro de pé com o braço em volta de
Rae. Ele não está olhando para ela ainda ele tem esse sorriso brincando em
seus lábios que eu não acho que existia até que ela apareceu em sua vida.

— Sim, isso seria ótimo, — eu digo.

Depois de me despedir da equipe, sigo Ethan e Rae do restaurante.

Estou muito ocupada conversando com eles para prestar muita atenção
no estacionamento e pulo na traseira da caminhonete de Ethan sem pensar
muito.

Isso até que saímos e eu avisto aquela caminhonete novamente, parada


na saída.

— Ei, — eu digo, colocando minha cabeça entre os dois bancos da


frente. — Você tem alguma ideia de quem dirige aquela caminhonete?

Eu sei que é um tiro no escuro, mas acho que vale a pena perguntar
porque não tenho a menor ideia. Eu quebrei meu cérebro para encontrar a
resposta, mas além de uma possibilidade que eu nem quero considerar, não
tenho ideia de quem possa ser. Eles parecem bastante interessados em mim,
veja bem.

Ethan olha em seu espelho enquanto paramos na frente deles e balança


a cabeça.

— Eu não faço ideia. Por quê?

— Nenhuma razão, — minto, olhando por cima do ombro para ver se


consigo dar uma olhada no motorista. Infelizmente, o reflexo do para-brisa
significa que não consigo ver nada além do sol se pondo no céu.
Sentada, cruzo os braços e solto um suspiro.

É apenas uma coincidência que eu continue vendo isso, digo a mim


mesma. Mas isso não resolve o desconforto que está se revirando no meu
estômago.

Tento não ficar olhar para trás, sabendo que vou enlouquecer, mas
fico. A caminhonete nos segue até o final da minha rua antes de continuar
em frente quando Ethan sinaliza para virar. Ele não parece incomodado
depois que eu apontei isso antes. Mas por que deveria? Ele não está ciente
de que está me seguindo como um maldito perseguidor psicopata nos
últimos dias.

Eu respiro um pouco mais fácil sabendo que ele se foi enquanto eu aceno
adeus para Ethan e Rae e entro na casa.

O som da música de Natal enche meus ouvidos e, ao contrário dos


últimos anos, em vez de gemer, eu sorrio.

— Ei, querida, — mamãe diz quando eu enfio minha cabeça na sala de


estar. — Eu estava esperando que você voltasse logo. Quer me ajudar? — ela
pergunta, gesticulando para a árvore nua.

Ela está decorando a casa lentamente desde que voltei do centro, mas
estou surpresa por ela ter demorado tanto para enfeita a árvore.

Eu pretendia tomar um banho e começar minha lição de casa, mas pela


primeira vez, sair com mamãe e entrar no espírito festivo parece mais
atraente.
— Claro, — eu digo, deixando cair minha bolsa no sofá e indo me juntar a
ela.

— Você teve um bom dia? — ela pergunta enquanto enrolamos as luzes


de fadas em torno dos galhos.

— Sim, realmente. — Eu conto para ela sobre a torcida.

— Você sabe que provavelmente não deveria estar torcendo agora, não
sabe?

Eu a encaro por um instante, claramente minha expressão dizendo


exatamente o que minhas palavras não estão. — Me desculpe, me
desculpe. Não posso deixar de me preocupar.

— Eu sei o que estou fazendo, mãe, — eu digo, alcançando a caixa de


enfeites e puxando um enfeite.

— É por isso que você ainda não contou a Shane, porque você sabe o que
está fazendo? — Ela para o que está fazendo e me encara.

Não havia como esconder o envolvimento de Shane nessa coisa toda


quando ele apareceu no fim de semana e nunca mais saiu.

— As coisas são complicadas.

— Você continua dizendo.

Solto um suspiro e me sento na beirada do sofá. — O tempo que


passamos juntos antes de eu ir embora... foi... eu pensei que era um erro. Eu
estava sozinha, ele estava lá. Eu não preciso soletrar isso para você, — eu
digo com um rolar dos meus olhos.
— Mas então me encontrei naquele lugar novamente e comecei a me
permitir refletir e considerar o que realmente queria, e as coisas começaram
a mudar para mim. O tempo que passei com ele, embora curto, foi
diferente. Ele era diferente.

— Então eu descobri... — Eu gesticulo para mim mesma. — E eu sabia


que precisava fazer algo sobre isso. Eu nem por um segundo pensei que ele
me daria um novo começo de vida quando eu voltasse. Eu o arrastei para
baixo junto com os outros que machuquei. Ele tinha todo o direito de jogar
minhas tentativas de compensar isso de volta na minha cara. Bem, na
verdade ele fez no começo, mas... — Eu paro, realmente não precisando
entrar em tudo isso.

— Por algum milagre, ele me perdoou e me mostrou o verdadeiro ele e


como a vida poderia ser se eu deixasse alguém entrar.

— Ele é... — Faço uma pausa, pensando em nosso tempo juntos e


tentando encontrar uma palavra para descrevê-lo. — Ele tem sido
incrível. Tudo que eu nunca soube que precisava, mas sempre quis. Eu não
sei, — eu digo com um aceno de cabeça. — Tudo parece certo.

Mamãe olha para mim com olhos suaves e cheios de lágrimas. —


Chelsea, — ela diz, caindo ao meu lado e pegando minhas mãos nas dela. —
Não me entenda mal, estou feliz que você tenha encontrado isso nele. Ele é
um garoto muito bom e eu não acho que eu poderia ter escolhido alguém
melhor para você se eu tentasse. Mas, — ela diz, e eu gemo. — Você precisa
dizer a ele. Quanto mais isso continuar e ele não souber a verdade, mais vai
machucá-lo. Se ele é o tipo de cara que você pensa que é, então ele vai
querer saber.

— E se ele não for esse cara? — Eu pergunto, com medo até mesmo de
dizer as palavras em voz alta.

— Se ele não for, então você não precisa dele em sua vida. Você é jovem
forte e feroz5, Chelsea. Você não precisa de um homem. Você é mais do que
capaz de fazer as coisas sozinha.

— Eu... eu sei disso. Acredite ou não, não tenho medo de fazer isso
sozinha se for preciso. Eu só... eu não quero. Eu sei como é vir de um lar
desfeito, não quero isso. — Eu puxo minha mão da dela e a coloco na minha
barriga.

— Você precisa confiar que ele fará a coisa certa. E se não é isso que
você quer, então você precisa fazer o melhor possível. Você será uma mãe
incrível, Chelsea. Só não perca tempo e arrisque Shane não sendo o tipo de
pai que ele poderia ser porque ele está muito bravo para ver o que é
importante.

— Você tem razão. — Eu concordo. — Só não sei como devo dizer a ele.

— Você vai descobrir. Eu tenho fé em você.

Passamos a próxima hora terminando a árvore antes que mamãe se


ofereça para fazer chocolates quentes para nós duas. Eu a deixo para que eu
possa tomar banho e me trocar.

5
Faz referência ao sobrenome Fierce que significa feroz.
No segundo em que entro na casa da piscina, posso sentir o cheiro
dele. Decepção me inunda por ele não estar aqui e eu puxo meu celular da
minha bolsa. Encontro uma mensagem dele de dez minutos atrás.

Shane: Sinto sua falta. O que você está fazendo?

Chelsea: Colocando os enfeites com a mamãe. Correu tudo bem?

Mostra que ele leu a mensagem, mas não responde. O pavor pesa no
meu estômago que ele ainda está no meio de lidar com o que quer que seu
pai esteja jogando nele.

Com um suspiro, eu caio na beirada da minha cama e coloco meu celular


na minha mesa de cabeceira, esperando que eu tenha notícias dele
novamente em breve.

Abrindo a gaveta de cima, levanto os cadernos e pedaços de papel para


encontrar o que escondi embaixo.

Eu puxo minhas fotos de ultrassom e olho para minha pequena pessoa. A


excitação corre através de mim e pressiono a palma da mão no estômago,
esperando que eles saibam o quanto eu já amo isso.

Eu corro meu dedo sobre a pequena imagem em preto e branco,


imaginando como o bebê pode ser. Se vai ter cabelos e olhos escuros como
eu, ou claros como Shane. Se será uma pequena líder de torcida ou um
jogador de futebol.
Eu sei que tenho tantas coisas para me preocupar ou ficar apreensiva,
mas a animação é minha emoção predominante sempre que penso no que o
futuro reserva para mim.

Colocando minhas fotos do ultrassom na mesinha de cabeceira, eu


empurro para fora da cama em favor de me despir e entrar no chuveiro.

Pretendo vestir uma calça de moletom e um moletom com capuz e


passar a noite relaxando com mamãe e algum filme de Natal que ela com
certeza encontrará na TV.

Estou apenas enxaguando o condicionador do meu cabelo quando ouço


um estrondo.

Meu coração pula na garganta quando penso na caminhonete com as


janelas escuras e faróis brilhantes.

— Foda-se, — murmuro, fazendo um trabalho rápido de terminar e


enrolar uma toalha em volta do meu corpo, sentindo-me grata por ninguém
ter entrado aqui com uma faca ou qualquer coisa louca.

Com meu coração quase batendo fora do meu peito, eu coloco minha
cabeça para fora do banheiro.

Mas não há ninguém lá.

— Olá, — eu grito enquanto vou na ponta dos pés para a sala de


estar. Mas quando chego lá, encontro-a tão vazia quanto o quarto.

Olho em volta, procurando algo fora do lugar que possa ter causado o
acidente, mas não encontro nada.
Presumindo que era apenas mamãe vindo buscar alguma coisa, eu ando
de volta para o quarto. Algo no chão ao lado da minha cama chama minha
atenção. No segundo em que dou um passo em direção a isso, sei
exatamente o que é. Minhas fotos do ultrassom.

Eu olho em volta novamente, embora eu já saiba que não há ninguém


aqui, mas o medo patina através de mim, no entanto.

Quem acabou de entrar aqui e viu isso?

Pegando meu celular, rezo para que haja uma resposta de Shane me
informando que ele ainda está em casa.

Por favor, por favor, por favor, imploro silenciosamente enquanto toco
na tela. Nada.

— Porra.

Largando a toalha no chão, faço um trabalho rápido de puxar algumas


roupas, embora com a violência com que minhas mãos estão tremendo, não
tenho muito sucesso.

No segundo em que estou vestida, pego meu celular e as chaves do carro


e corro da casa da piscina. — Me desculpe mamãe. Eu preciso estar em um
lugar, — eu chamo enquanto corro pela casa principal.

— Está tudo bem? — ela pergunta de volta de sua posição na cozinha.

— Espero que sim.

Ela grita algo de volta, mas eu já estou do lado de fora, longe demais para
entender as palavras.
Eu não me incomodo em procurar meu perseguidor, em vez disso, abro a
porta e caio no banco do motorista.

Eu voo para fora da garagem e em segundos, estou indo para a casa dos
Dunn. Se foi ele, há uma boa chance de que ele não tenha ido direto para
casa. Porra.

Minhas mãos tremem contra o volante e meu estômago revira quando


penso nele descobrindo assim.

Ele vai me odiar.

Minha boca saliva como se eu estivesse prestes a vomitar e por um


momento eu acho que terei que encostar para que eu possa fazer
exatamente isso. Mas depois de respirar fundo algumas vezes, passa e sou
capaz de continuar.

No segundo que eu viro na rua dele, estou esticando meu pescoço para
ver se o carro dele está estacionado na garagem.

Por favor, esteja aqui. Por favor, esteja aqui.

— Oh meu Deus, — eu choro quando chego mais perto e vejo a traseira


de seu carro estacionado na garagem.

Parando meu carro na rua, descanso minha cabeça para trás e fecho
meus olhos por um segundo.

Talvez não houvesse ninguém lá. Talvez fosse apenas minha imaginação
e eu não coloquei as fotos na mesa de cabeceira como eu pensava.

Eu quase me viro e vou para casa, me sentindo estúpida por


exagerar. Mas e se eu estiver errada? E se meu primeiro instinto estivesse
certo e ele estivesse lá agora me odiando porque ele sabe meu – nosso –
segredo.

— Merda, merda, merda.

Soltando minha respiração em uma longa expiração, eu empurro a porta


e saio.

Caminhando até à porta da frente, eu bato e espero. Mas nada acontece


apesar do fato de eu poder ouvir vozes — vozes elevadas — lá dentro. Ouvir
um argumento com força total não ajuda a acalmar meus nervos.

Agarrando a maçaneta da porta, empurro para baixo para ver se me


permite entrar. Surpreendentemente, isso acontece.

Silenciosamente, entro na casa e espio pela porta da cozinha de onde


vem a gritaria.

Lá dentro, encontro Maddie e Brett gritando um para o outro, os braços


se debatendo em frustração. Movendo-me antes de ser pega, eu me viro
para as escadas e silenciosamente subo.

Passo pelas portas fechadas da sala até chegar ao que quero.

Ok, aqui vai.

Eu a abro e entro, mas o quarto está vazio.

Minha frequência cardíaca aumenta mais uma vez enquanto eu


hesitantemente dou um passo para dentro e olho ao redor.

Eu relaxo no segundo em que o som da água corrente atinge meus


ouvidos e me viro para o banheiro de Shane.
O vapor sai da sala ao lado e um sorriso puxa meus lábios, sabendo que
vou encontrá-lo nu atrás daquela porta. As coisas estão definitivamente
saindo melhor do que eu esperava.

Colocando meu celular e chaves na cômoda, e vou até o banheiro.

O calor me atinge no segundo em que entro no banheiro. Está claro que


ele está aqui há algum tempo. Tudo está embaçado e mal posso vê-lo atrás
da porta de vidro.

Ele está de pé com o rosto virado para a água, totalmente imóvel.

Eu aproveito meus poucos minutos para passar meus olhos pelo seu
corpo esculpido. Ele não é tão volumoso quanto alguns dos outros caras do
time, mas ele não é menos definido.

Minha boca enche de água quando penso em me despir e me juntar a


ele. Sobre passar minhas mãos sobre sua pele lisa e tensa.

Eu arrasto meus olhos de volta, apreciando minha visão. Como se ele


soubesse que estou aqui, quando chego ao seu queixo, sua cabeça cai e
nossos olhos se conectam.

Quando seus olhos se arregalam em choque, algo estala entre nós.

Seus lábios se abrem em surpresa antes que um sorriso puxe em um


canto.

Estendendo a mão, ele desliga a água e sai de trás do box. Seus olhos
caem dos meus para observar meu corpo e minha temperatura sobe.

— Foda-se, — é tudo o que ele diz antes de fechar o espaço entre nós e
encontrar meus lábios.
Suas mãos agarram minha bunda enquanto ele me levanta e me coloca
no balcão. Meus joelhos se separam e ele fica entre eles, me encharcando
com seu corpo molhado.

Seu beijo é contundente quando ele desliza os dedos no meu cabelo


ainda molhado para que ele possa inclinar meu rosto para o ângulo
certo. Sua língua varre em minha boca, emaranhada com a minha enquanto
ele me reivindica.

Minhas mãos correm por suas costas, minhas unhas arranhando


levemente até encontrar sua bunda e apertar. Ele nos pressiona juntos, seu
pau duro provocando no meu núcleo.

Calor me inunda com o pensamento dele me levando aqui assim.

— Shane, — eu gemo quando ele arranca seus lábios dos meus para
beijar meu pescoço.

Seus dentes roçam enquanto ele beija e suga a pele sensível em sua
boca.

Sua mão encontra seu caminho sob minha camisa e ele geme quando me
encontra nua por baixo. Seu toque quente é um lembrete do pânico que
senti quando me vesti e saí da casa da piscina.

Mas tudo isso flutua para longe quando ele aperta meu mamilo com
tanta força que eu juro que me deixa à beira da liberação.

— Shane, eu preciso de você.

— Porra, Chels.
Agarrando a barra da minha camisa, ele a rasga sobre a minha cabeça,
jogando-a ao acaso atrás dele em algum lugar. Ele continua beijando até à
curva dos meus seios enquanto empurra minha saia já alta pelas minhas
coxas para que fique em volta da minha cintura.

Ele faz um trabalho rápido de rasgar as laterais da minha calcinha para


que ela caia do meu corpo antes de me puxar para a beirada do balcão.

Ele está em um frenesi de necessidade, mas logo antes de empurrar


dentro de mim, ele descansa sua testa contra a minha e olha nos meus
olhos.

Minha respiração fica presa com as emoções olhando para mim. Não
consigo decifrar a maioria delas, mas uma coisa eu sei. Ele precisa disso
agora.

— Foda-me, — eu exijo e ele avança.

Um grito truncado sai dos meus lábios enquanto ele me preenche em um


movimento rápido.

Felizmente, ele para pôr um momento para permitir que eu me ajuste


antes de sair, me empurrar um pouco mais para a frente e empurrar de
volta.

— Oh Deus.

Eu me inclino para trás em minhas palmas e observo onde nos


conectamos.

Tão. Quente. Porra.

— Chelsea, — ele geme, me forçando a olhar para ele.


Suas pálpebras estão pesadas, ele está desesperado para fechá-las, para
permitir que o prazer o leve para longe do que quer que esteja fazendo com
que as linhas de expressão vincassem sua testa.

— Estou aqui. Pegue o que você precisa.

Seus dedos cavam em meus quadris com um aperto doloroso enquanto


ele puxa para fora.

— Como você sabia? — Sua voz é tão baixa que eu quase não consigo
entender as palavras.

— Sabe o quê?

— Que eu precisava de você. Pooorra.

Ele me bate tão fundo que eu perco toda a linha de pensamento


enquanto ele bate em mim mais e mais, me preparando para uma queda
incrível.

— Shane. Porra. Porra. — Minha cabeça cai para trás enquanto ele
continua.

A única coisa que pode ser ouvida é a nossa respiração pesada e nossa
pele se conectando. O cheiro de seu gel de banho dá lugar ao cheiro de sexo
enquanto o calor do quarto deixa nossa pele escorregadia de suor.

— Lábios. Chelsea. Preciso de seus lábios.

Arrastando minha cabeça para cima, eu o encontro olhando para


mim. Seus olhos quase negros com sua necessidade.

Sentando-me, eu envolvo minha mão em sua nuca e coloco meus lábios


nos dele.
O novo ângulo é alucinante e em apenas alguns segundos estou correndo
em direção à minha libertação.

Nosso beijo é confuso enquanto tentamos obter o máximo possível um


do outro, mas logo nossa necessidade de ar quando nós dois caímos na
borda interrompe nossos movimentos.

— Oh, poooorra, — ele rala enquanto seu pau se contorce violentamente


dentro de mim.

Abaixando minha cabeça em seu ombro, eu luto para recuperar o fôlego,


mas ele não desiste.

Com os dedos mais uma vez no meu cabelo, ele puxa minha cabeça para
trás e encontra meus lábios.

Ele me beija como se fosse a última chance que ele tem. É molhado, sujo
e cheio de emoção. É como se ele estivesse tentando me dizer exatamente
como se sente, quão desesperado ele está sem dizer as palavras reais. Eu
aceito tudo isso porque o sentimento é definitivamente mútuo. Eu posso ter
dito a mamãe mais cedo que eu sei o que estou fazendo. Mas a verdade é
que eu não faço a menor ideia. Estou à beira de algo tão transformador que
não consigo nem começar a compreender como será meu futuro. Mas estar
com Shane assim. Tudo isso flutua e eu sei que ele precisa disso tanto
quanto eu preciso agora.

Levantando-me em seus braços, eu envolvo minhas pernas em volta de


sua cintura, e ele me carrega para seu quarto antes de me abaixar na cama.
Ele se levanta e olha para mim. Seu peito arfa enquanto gotículas
continuam a cair de seu cabelo e escorrem por seus músculos definidos. Seu
pau está duro mais uma vez e se contorce sob meu olhar.

— Como você sabia? — ele pergunta, repetindo sua pergunta


anterior. — Como você sabia que eu precisava de você?

Eu mordo meu lábio inferior, sem saber como responder a essa


pergunta.

— V...você veio para a casa da piscina hoje à noite? — Suas sobrancelhas


se juntam com a minha mudança repentina de assunto.

— O quê? Não, eu estava aqui. Desejando estar com você. — Eu não


posso lutar contra o sorriso que se espalha em meus lábios.

— Está tudo bem? — ele pergunta, sentindo claramente que algo está
errado comigo.

— S...sim. — Eu deveria ser clara. Eu deveria contar tudo a ele agora.

Abro a boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas ao mesmo
tempo, ele cai em cima de mim e se aproveita dos meus lábios entreabertos.

— Eu queria ir até você. Mas você estava com sua mãe. Porra, Chels.

— O que aconteceu com seu pai?

— Bobagem normal. Eu não sou bom o suficiente. Nunca vai


conseguir. Preciso decidir em qual time quero jogar. Ele simplesmente não
vai ouvir.
— Shane, — eu digo, colocando minha palma em sua bochecha áspera.
— Você é bom o suficiente. Você é mais do que bom o suficiente. Você é
incrível. — Um sorriso se contorce em seus lábios.

Ele balança a cabeça como se não pudesse acreditar no que estou


dizendo. — Porra, eu não consigo ter o suficiente de você.

Ele rapidamente puxa minha saia pelas minhas pernas e a deixa cair no
chão, então nós dois estamos nus antes que ele me role em cima dele.

— Sua vez, — diz ele com uma piscadela, pegando seu comprimento na
mão e segurando-o, então tudo que eu tenho que fazer é afundar.

— Caramba, eu não sou sua escrava sexual.

— A posição está disponível se você quiser... — Suas palavras param


quando eu me agacho sobre ele. — Porra. Será que algum dia me
acostumarei com esse sentimento?

— Espero que não.

Eu desço até que eu tenha tomado cada centímetro dele.

Ele olha para mim com tanta adoração, tanto, ouso dizer... amor, que
traz lágrimas aos meus olhos.

— Chels, — ele diz, pegando minhas mãos e me puxando para a frente.

Seus olhos procuram os meus. Não tenho dúvidas de que ele pode ver
minhas lágrimas ameaçadoras, mas como sempre quando estou perto dele,
não quero esconder como me sinto. Minha máscara é bem e
verdadeiramente quebrada quando somos apenas nós dois. Ele me vê. A
verdadeira eu. E mesmo assim ele ainda está aqui.
— Eu sei, — eu sussurro. — Eu sei.

— Você me mata, você sabe disso.

— O sentimento é mútuo.

Soltando meus lábios nos dele, eu cortei qualquer que fosse sua
resposta. Temo que ele esteja prestes a admitir algo de que vai se
arrepender quando finalmente tiver coragem o suficiente para lhe dizer a
verdade.

Farei isso depois disso, digo a mim mesma, mais uma vez adiando.

Eu me movo contra ele, mantendo o ritmo lento desta vez. Tentando


mostrar a ele exatamente como me sinto sobre ele com meu corpo em vez
de minhas palavras. Eu preciso que ele saiba o quanto isso é real, o quanto
isso significa para mim. Palavras não são nada. Elas são jogadas ao redor o
tempo todo. Mentiras são muito fáceis. Mas isso. Esse sentimento de nós
juntos. Não há mentira aí. É impossível.

Nossas línguas deslizam uma contra a outra enquanto eu continuo a


moer contra ele. Suas mãos encontram meus quadris, tentando me fazer ir
mais rápido, mas eu resisto. Eu estou no comando desta vez e eu estabeleço
o ritmo.

Arrastando meus lábios dos dele, eu beijo em sua mandíbula, sugando o


lóbulo de sua orelha em minha boca antes de cair em seu pescoço.

— Tão bom, — eu gemo em seu ouvido. — Seu pau é tão bom dentro de
mim.

Um grunhido baixo vem do fundo de sua garganta.


— Você sente isso? — Seus dedos agarram a minha nuca. — Toda vez
que eu olho para você. Toco em você. Penso em você.

— Foda-se, Shane, — eu ofego, suas palavras me empurrando para mais


perto da liberação.

— Você é tudo para mim, Chels. Isto é para mim. Aconteça o que
acontecer daqui pra frente, faculdade, nosso futuro. Somos nós dois,
querida. Prometa-me.

Suas palavras fazem meu coração inchar a ponto de me preocupar que


ele possa explodir. — Somos nós. Sempre.

O primeiro aperto da minha liberação me atinge e eu apenas começo a


cair quando há uma comoção na porta.

— Shane, eu preciso... porra. — Os olhos de Brett ficam impossivelmente


arregalados quando pousam em nós antes que ele levante as mãos para o
cabelo e gire. — Que porra é essa, garoto? Esta é nossa casa. Nossa maldita
casa. Tire ela daqui, — ele grita tão alto que eu não posso deixar de
estremecer quando eu pulo de Shane.

— Cai fora, pai.

— Que diabos... oh, — Maddie diz, correndo para ver o que está
acontecendo.

Seus olhos pousam em mim e, embora eu registre o choque que estava


em Brett, ela não parece tão assassina ao me encontrar aqui.
— Cai fora, — Brett grita para mim, arriscando se virar. Felizmente, agora
estou embrulhada em um dos lençóis de Shane. Ele, no entanto, ainda está
nu com apenas um travesseiro cobrindo seu pau.

— Pai, pare. Não fale com ela desse jeito.

— Você é uma piada do caralho. Uma piada do caralho. — Ele marcha em


direção a Shane com o dedo apontando para ele.

A vergonha percorre as feições de Shane.

— Não, — eu choro, tentando correr, mas Maddie pega meu braço e me


impede de ficar entre os dois.

— Apenas vá, Chels. — A voz de Shane é vazia, fria, e faz um soluço


irromper da minha garganta.

— Não, eu não deixarei você com ele assim.

— Está tudo bem. Vejo você amanhã.

— Não. Shane.

Leva alguns segundos, mas eventualmente ele arranca os olhos de seu


pai e vira-os para mim.

— Por favor, — ele sussurra, seus olhos me implorando para não tornar
isso mais difícil do que já é.

As lágrimas que estavam enchendo meus olhos transbordam.

—O...ok.

— Aqui. — Ele joga uma camisa para mim que está na cadeira ao lado
dele e depois de um segundo, eu sigo Maddie para fora do quarto.
Ela fecha a porta atrás de nós.

— O que você está fazendo? Você precisa pará-los, pará-lo, — eu


imploro.

— Eu vou. Não se preocupe com ele. Vou dizer a ele para ligar para você.

Não me preocupando que ela esteja diante de mim, eu deixo cair o lençol
e puxo a camisa de Shane sobre minha cabeça. Seu cheiro me relaxa
instantaneamente, bem, isso é até que haja um estrondo alto vindo de seu
quarto.

— Vá, — ela diz. — Tudo ficará bem.

Eu quero gritar com ela. Como ficará tudo bem? Ela viu o olhar nos olhos
de Brett assim como eu. Eu quero correr lá e arrastar Shane comigo. Mas
não posso. Eu sou impotente para fazer qualquer coisa, exceto o que me
dizem.

Com um aceno de cabeça, eu me viro e vou para as escadas.

— Chelsea. — Meu nome não passa de um sussurro.

Virando-me, olho por cima do ombro para sua expressão triste.

— Estou feliz que é você, — é tudo o que ela diz antes de voltar para a
sala segundos antes de gritos explodirem e algo mais quebrar.

Desço as escadas correndo, lágrimas escorrendo pelo meu rosto


enquanto fujo da casa deles. Não quero partir sem ele, quero ficar ao lado
dele e travar suas batalhas com ele, mas sei que não posso. Isso é uma coisa
de família e eu preciso me afastar e deixá-lo lidar com isso à sua maneira.
Não percebo que deixei meus sapatos no chão do banheiro até pisar na
calçada e as pedras cravarem na minha pele.

— Filho da puta, — eu digo enquanto corro em direção ao meu carro.

Ligo o motor e acelero para longe de sua casa. Se eu ficar aqui fora, sei
que a tentação de voltar para dentro será forte demais para ser ignorada.

Estou quase de volta à minha casa antes de notar as luzes atrás de mim.

O fogo queima em minhas entranhas enquanto meu aperto no volante


aperta. Agora realmente não é hora para esse idiota.

Ao contrário de antes, quando eu viro na minha rua, ele me segue.

Batendo o pé no freio, trago meu carro para uma parada abrupta antes
de pular e correr em direção à caminhonete que me segue.

Para minha surpresa, ele desacelera até parar na frente da minha casa,
apesar do fato de eu estar me aproximando.

A janela do passageiro abaixa quando me aproximo.

— Qual é o seu problema? Por que diabos você continua me seguindo,


idiota? — Eu grito. Perdi o controle das minhas emoções na hora em que fui
mandada embora do quarto de Shane.

O carro está na escuridão quando me aproximo, mas meus olhos logo se


ajustam.

— O que você quer de mim... — Minha palavra final desaparece quando


olho para um par de olhos familiares. — Não, — eu choro, medo como eu
não sentia há anos enchendo minhas veias. — Não. Não. — Eu tropeço para
trás, tropeçando nos meus próprios pés enquanto corro para a casa.
Desta vez não sinto as pedras cortando minha pele enquanto fujo para os
fundos da casa e corro em direção à segurança da minha casa da piscina.

Eu me atrapalho com a fechadura e depois do que parece ser um longo


tempo, eu entro pela porta. Minha respiração vem em ofegos ásperos
enquanto tento arrastar o ar que preciso.

Batendo a porta atrás de mim, corro para o quarto e depois para o


banheiro, a porta se fechando atrás de mim com um estrondo.

Aqueles olhos azuis são uma imagem permanente na minha cabeça.

— Não. Não. Não, — eu canto enquanto ligo o chuveiro e caio no chão


sob o spray.

A água encharca a camisa de Shane, mas eu mal noto. Eu só preciso do


silêncio que vem com a água.

É o único lugar onde eu costumava me sentir segura. Segura deles.

Um arrepio percorre minha espinha.

Achei que tinha deixado todos para trás. Eu pensei que os homens do
meu passado estavam apenas no meu pesadelo ocasional agora. Eu não
tinha ideia de que alguém estaria me perseguindo.

Não faço ideia de quem esses olhos pertencem. Eu nunca tive tempo
para aprender qualquer um dos seus nomes. Eles eram apenas um canalha
atrás do outro que apareceu para minha mãe prostituta. Alguns mal olhavam
na minha direção, alguns pareciam muito duros. Alguns... meu sangue gela e
eu luto para manter as memórias baixas.
Nada de bom pode vir de recordar aquela época da minha vida. Uma
época em que ninguém se importava com o que acontecia comigo. Quando
eles me forçaram, pensando que poderiam pegar coisas que não eram deles.

Porra. Eu quero Shane.

Puxando meus joelhos até meu peito, eu envolvo meus braços em volta
deles e coloco minha cabeça em meus braços enquanto tento afastar as
imagens que me assombram há anos. Foi apenas nos últimos meses que eu
principalmente tirei-as da minha vida.
Capítulo 29
SHANE

— Você está tentando intencionalmente foder tudo? — Papai grita, mas


eu já estou cansado de suas besteiras.

Enquanto mamãe volta para o quarto, com esperança de ajudar a


acalmá-lo, encontro uma cueca boxer e puxo-a pelas minhas pernas.

Meus músculos estão tensos com raiva, e imóvel quando tudo que eu
quero fazer é socá-lo, é fisicamente doloroso.

O olhar no rosto de Chelsea quando eu a mandei embora me


assombra. Eu não queria machucá-la. Eu só precisava dela longe disso, dele.

Arrastando em um par de moletom, eu puxo uma camisa limpa da minha


gaveta e pego uma bolsa.

— Você está mesmo me ouvindo?

Eu não dou a ele nem um reconhecimento, e isso só adiciona


combustível ao seu fogo já furioso.

— Brett, já chega, — mamãe tenta me acalmar enquanto eu começo a


enfiar as roupas na bolsa, me preparando para sair.

Infelizmente, suas palavras têm pouco efeito sobre ele.

— Então é isso? Você vai jogar fora uma chance de tudo por um par de
peitos e uma bela bunda?
Eu me viro para ele, fogo queimando pelo meu corpo para retaliar. Seria
tão fácil atacar. Mas isso me faria tão ruim quanto ele. E eu não sou nada
como ele.

— Isso envolveria eu ter algo para jogar fora. Eu não quero isso. Nada
disso. Quantas vezes eu preciso dizer isso antes de registrar em sua cabeça
densa? Não estou jogando nada fora por ela. Ela é o meu futuro.

Seu queixo cai. — Isso é besteira. Você tem dezoito anos, não sabe o que
quer.

— E você sabe? Como você poderia saber o que eu quero?

— Porque eu sei melhor, — ele grita.

Eu não acho que ele espera que eu ria, mas é exatamente o que eu
faço. Seus punhos se curvam em seus lados enquanto sua frustração é
demais para aguentar.

— Vá em frente, velho, me bata. Veja se isso ajuda a colocar algum


sentido em mim, — eu provoco, dando um passo em direção a ele para que
eu esteja bem em seu rosto.

— Shane, pare, — mamãe implora. Ela sabe tão bem quanto eu que
papai tem um temperamento que pode explodir a qualquer momento.

— Por quê? Acho que é hora de vê-lo por quem ele realmente é. Vamos,
mostre-me o quanto sou uma decepção.

Seus dentes rangem enquanto eu me preparo para a dor que eu sei que
está vindo. Só que isso nunca acontece.

Depois de longos segundos, ele dá um passo para trás.


— Porra de boceta, — eu murmuro, virando e pegando a bolsa que eu
tinha arrumado ao acaso.

— Onde diabos você está indo? — ele pergunta para mim.

— Em algum lugar onde alguém me queira. O verdadeiro eu. Não o que


eles estão me forçando a ser.

Com isso, passo pela mamãe, que soluça quando saio e corro pela casa.

No momento em que estou no meu carro, me permito respirar e ter um


momento para pensar sobre o que aconteceu.

— Filho da puta, — eu grito, batendo minhas mãos no volante.

Uma grande parte de mim gostaria que ele tivesse me batido, só para
que eu pudesse retaliar. O inferno sabe que eu quis um milhão de vezes ao
longo dos anos.

Uma vez que minhas mãos pararam de tremer o suficiente para ligar o
carro, eu saio do caminho com meu peito arfando e um pensamento em
minha mente.

Eu preciso dela. Eu preciso da Chelsea.

Digo a mim mesmo que é para ter certeza de que ela está bem. Mas eu
sei que egoisticamente, é mais por mim do que por ela.

Ela me dá uma calma que não sinto com tanta frequência, especialmente
não em casa. Eu preciso disso. Preciso de algum tipo de sinal de que essa
merda vai acabar. Preciso ter alguma esperança de poder fazer minha
própria escolha e não ser a marionete do meu pai para fazer o que ele deseja
pelo resto da minha vida.
A viagem para a casa dela leva apenas alguns minutos e antes que eu
perceba, estou abrindo a porta do meu carro e correndo ao redor da casa
com minha bolsa na mão.

Eu não tenho ideia se ela me quer aqui, mas de jeito nenhum eu ficarei
naquela casa e permitir que ele me quebre em dois. Já aguentei por tempo
suficiente.

Eu tenho dezoito anos. Eu posso fazer o que eu quiser, porra.

A casa da piscina está às escuras e eu me preocupo que talvez ela não


esteja aqui. Mas para onde ela teria ido? Ela saiu vestindo nada além da
minha camisa.

Quando chego à porta, encontro-a entreaberta e meu coração já está


acelerado, acelerando mais uma vez.

— Chelsea? — Eu chamo, abrindo-a e entrando.

Eu faço meu caminho para o quarto, deixando minha bolsa na cama


quando passo.

Uma lasca de luz do banheiro e o som de água correndo indicam onde


ela está e um pouco de excitação começa a afastar a raiva que ainda está
correndo solta.

Envolvendo meus dedos ao redor da maçaneta da porta, eu empurro,


esperando que ela se abra e seja recebida por uma Chelsea nua e
molhada. Só que, quando empurro, a porta não se move.

Eu tento de novo, pensando que está preso e um grito de medo


horripilante vem do banheiro.
— Chelsea? — Eu pergunto, preocupação serpenteando em minhas
veias. — Sou só eu. Você está bem?

Sons de movimento vêm de dentro antes que a fechadura estale e ela


abre a porta.

Ela está encharcada, o cabelo grudado no rosto, a maquiagem


escorrendo pelo rosto, mas posso ver pela vermelhidão de seus olhos que
não é do chuveiro.

Eu caio mais baixo e vejo que ela ainda está na minha camisa e que está
encharcada. Empurrando a porta, eu a pego em meus braços.

Ela está gelada e treme contra o meu aperto. — Que diabos, Chels?

Segurando-a com força, acompanho-nos até ao chuveiro. Como


esperado, quando coloco minha mão debaixo d'água, está muito fria. O que
diabos aconteceu? Isso não pode ser por causa do meu pai, com certeza.

Desligando o chuveiro, eu a levo para fora do quarto, pegando uma


toalha ao sair.

Ela se agarra a mim como se eu pudesse desaparecer a qualquer


momento. Seu corpo esbelto tremendo contra o meu, sua blusa molhada,
encharcando a minha.

— Eu só colocarei você na cama.

Felizmente, ela me solta e desce quando eu a encorajo a fazê-lo.

Eu faço um trabalho rápido de descascar o tecido molhado de seu corpo


e deixá-lo cair no chão. Eu a seco, espremendo a água de seu cabelo antes de
encontrar minha camisa descartada emaranhada nos lençóis e puxá-la sobre
sua cabeça.

— Entre, — eu digo, acenando para a cama e ela se esforça para fazê-lo,


cobrindo-se rapidamente.

Eu tiro minhas roupas e subo com ela, puxando seu corpo frio para o
meu e me envolvendo em torno dela como um cobertor.

Ela treme em meu aperto, enquanto luta contra as lágrimas que sei que
estão ameaçando. — Está tudo bem, — eu digo, segurando-a para mim o
mais forte que posso.

Ela balança a cabeça, sua respiração irregular enquanto ela tenta se


controlar.

Ela fica em silêncio por muito tempo e embora me mate não perguntar,
não saber o que há de errado com ela, eu sei que ela precisa disso.

Inferno, eu preciso disso.

Abaixando meu nariz em seu cabelo, eu a respiro. Lembrando-me de por


que eu vim aqui. Por que estar aqui com ela significa tanto para mim.

Eu penso na conexão entre nós antes de sermos interrompidos e esta


noite ir para o inferno. Meu coração incha quando me lembro do olhar em
seus olhos enquanto ela olhava para mim. Lembro-me do calor que corria
em minhas veias quando ela me disse que sentia isso também. Quero dizer,
eu sabia, eu sinto isso em seu toque, vejo em seus olhos, mas ouvi-la admitir
que eu não sou o único louco aqui foi completamente incrível.
Estou tão perdido em meus pensamentos que quando ela finalmente
quebra o silêncio, demoro um segundo para registrar suas palavras.

— Aquela caminhonete… aquela que está me seguindo…

Cada músculo do meu corpo fica tenso enquanto espero para ouvir o que
está por vir. Ele a parou? Ele a machucou?

— Ele é um homem do meu passado. — Suas palavras são tão baixas,


abafadas contra meu peito, que mal a ouço. — Uma das... v...visitas da
minha mãe biológica.

Meu corpo treme com suas palavras. Lembro-me muito bem das coisas
que ela me contou sobre seu passado. Ela não entrou em detalhes,
compreensivelmente, e eu fiquei feliz em dar a ela o tempo que ela
precisava para me dizer, se ela quisesse.

— E...Eu... — Ela solta um suspiro. — Eu não me lembro qual ele é


exatamente. Todos meio que se confundiram em um. Mas eu me lembro de
seus olhos. Eles são tão brilhantes, eu sempre pensei que eles eram falsos.
— Ela se afasta um pouco de mim e olha para mim.

Seus olhos grandes e escuros estão avermelhados de tanto chorar e a


visão é como um taco de beisebol no meu peito.

— Ele... — Eu paro, incapaz de dizer as palavras para formar a pergunta


que preciso fazer.

— E...eu não sei. Como eu disse, todos eles se confundem em um. Alguns
deles estavam mais interessados do que outros. Alguns deles foram até
legais comigo, mas eu era tão jovem e estúpida. Não consigo distinguir qual
era qual das minhas memórias. O bem desaparece e apenas a escuridão fica
comigo.

— Puta merda, Chels. — Eu a puxo de volta em meus braços e a abraço


forte.

— Como ele me encontrou? — ela sussurra.

— Eu não sei, querida. Mas nada acontecerá com você. Eu prometo. —


Ela solta um suspiro trêmulo antes de olhar para mim novamente.

—Como foi com seu pai?

— Isso não importa agora.

— Sim. Isso não é apenas sobre mim e meu passado, Shane. Eu quero
estar aqui para você também.

— Eu sei e você está. Isso, — eu digo, apertando-a com força. — É tudo


que eu preciso agora.

— Tudo que você precisa? — Ela levanta uma sobrancelha e seu brilho
habitual começa a voltar.

— Você está em meus braços. O que mais eu poderia precisar?

Ela sorri, mas não encontra seus olhos como normalmente faria. Eu
odeio que algo de tanto tempo atrás, uma vida inteira atrás, possa causar-
lhe tanta dor. Eu faria qualquer coisa para tirar isso, mas enquanto estou
deitado aqui, segurando-a em mim o mais forte que posso, sei que não há
mais nada que eu possa fazer.

O silêncio cai ao nosso redor e, eventualmente, sua respiração se


equilibra e eu sei que ela adormeceu.
Eu sorrio para mim mesmo, sabendo que ela se sente segura o suficiente
para fazê-lo, e eu sei naquele momento que tomei a decisão certa esta
noite. Vir aqui e deixar aquela boceta para trás era a coisa certa a fazer. Não
tenho certeza se já disse palavras mais verdadeiras na minha vida do que
quando disse a ele que Chelsea era meu futuro, e amanhã pretendo contar a
ela.

É hora de pararmos de pensar no passado, nos pesadelos e nos erros e


começarmos a olhar para o nosso futuro juntos, porque é exatamente assim
que deve ser.

***

— Não. Não me toque. Não.

Os gritos cheios de medo de Chelsea me acordam segundos antes de seu


cotovelo se conectar com minha órbita ocular.

Ignorando a dor, eu me apoio no cotovelo e olho para ela. Há um vinco


profundo entre suas sobrancelhas enquanto ela se debate, lutando contra
seus demônios noturnos.

— Chelsea, está tudo bem, — eu digo, pegando seu rosto em minhas


mãos. — Sou só eu. Você está segura.

Seus olhos se abrem, encontrando os meus imediatamente. Leva um


segundo, mas o medo que os preenche começa a diminuir.
— Shane, — ela diz com um suspiro antes de seus olhos se fecharem
novamente e ela voltar a dormir.

Isso é repetido várias vezes à medida que os minutos passam.

Parece que toda vez que começo a adormecer, ela está gritando de
terror.

Pela quarta ou quinta vez, decido que é hora de acordá-la para arrastá-la
de seus pesadelos.

— Chelsea, Chelsea, — repito até que seus olhos se abrem mais uma
vez. — Ei, — eu digo suavemente, inclinando-me para roçar meus lábios
contra os dela.

— Shane? — ela pergunta, parecendo confusa.

— Shhh... foi um pesadelo. Está tudo bem. Estou bem aqui, — eu acalmo,
meus lábios roçando os dela.

Deslizando minha mão sob a bainha da minha camisa que ela ainda está
vestindo, ela visivelmente relaxa contra mim.

— Faça isso ir embora, Shane. Por favor. — Seu apelo me estripa, me


mata, porra.

— Qualquer coisa. — Varrendo minha língua em sua boca, movo minha


mão até suas costelas até encontrar seu seio. Seu mamilo já está duro para
mim e eu o belisco, fazendo-a suspirar em nosso beijo.

Eu a provoco com minhas mãos e lábios até que ela esteja gemendo, se
contorcendo e implorando por mais.
Quando não consigo mais me conter, me acomodo entre suas coxas e
deslizo para dentro dela.

Nós dois gememos enquanto eu me movo tão lenta e gentilmente dentro


dela. — Melhor? — Eu gemo contra a pele macia de seu pescoço.

— Sim. Mais, Shane, me dê mais.

Levantando suas mãos, eu pego seus dois pulsos em um dos meus e olho
para ela.

Uma lágrima escorre de um de seus olhos e me destrói. Estendendo a


mão, eu a limpo com o polegar.

— Shane, eu... — Ela hesita e eu balanço minha cabeça levemente. Ela


não precisa falar agora. — Acho que me apaixonei por você.

Minha respiração fica presa e eu juro que meu coração para no meu
peito. O mundo ao nosso redor deixa de existir enquanto olho para seus
olhos escuros e assombrados.

— Chelsea, eu...

— Não, — diz ela depois de deslizar uma mão do meu aperto e colocar os
dedos contra meus lábios. — Não. Não só porque eu fiz.

Meus olhos imploram a ela, mas eu sei que ela está certa. Ela não está
pronta para ouvir as palavras, especialmente depois dela admitir isso.

— Puta merda, Chelsea.

Soltando meus lábios nos dela eu a beijo tão profundamente quanto


posso, tentando colocar tudo o que sinto em minhas ações.
Assim que encontramos nossa libertação, voltamos a dormir nos braços
um do outro. Felizmente, a próxima vez que acordo, o sol está brilhando na
sala de estar e o olhar de Chelsea está queimando em mim.

Abrindo um olho, olho para o outro lado da cama.

— Bom dia, — eu resmungo quando a encontro olhando para mim como


eu estava esperando.

— Eu pensei que era tudo um sonho, — diz ela suavemente.

Eu balanço minha cabeça. — Infelizmente, não.

Ela solta um longo suspiro. — O que você fará com o seu pai?

— Nenhuma ideia. Honestamente, eu não me importo.

— Mas a faculdade.

Eu dou de ombros. — Prefiro não ir a ter minha vida ditada por ele.

— E você? — Eu pergunto, pensando em meus pensamentos loucos para


o futuro ontem.

— Não sei. Eu me inscrevi em vários lugares, tenho uma chance de uma


bolsa de estudos em várias delas. Mas... — ela suspira, parecendo nervosa
de repente. — Depois da escola, podemos... conversar? — Meus olhos
saltam entre os dela, tentando ler o que ela não está me dizendo.

— Chels? — Eu a puxo para mim, esperando que ela diga algo para
esmagar o nó de pavor que acabou de se formar na minha barriga.

— Está tudo bem, eu não vou terminar isto ou algo assim. Só acho que
precisamos conversar sobre o futuro.
— Você quer dizer onde vamos para a faculdade.

— Sim, — diz ela, desviando o olhar dos meus olhos. — Coisas assim.

Suas palavras não me fazem sentir melhor e quase sugiro que deixemos a
escola e apenas falemos agora. Mas sabendo que isso não vai ajudar em
nada com o meu pai, eu arrasto meu corpo exausto até que eu estou
sentado contra a cabeceira da cama e a puxo para o meu colo.

— Tudo o que você precisa, querida.


Capítulo 30
CHELSEA

O medo persistente do meu pesadelo recorrente se agarra a mim


enquanto Shane e eu nos preparamos para a escola. Os nervos vibrando na
minha barriga sobre a conversa que precisamos ter mais tarde ajudam a me
distrair, mas a repulsa que me lembro muito bem de seu toque se recusa a
me deixar.

— Tudo ficará bem, — Shane diz enquanto andamos de mãos dadas em


volta da minha casa para encontrar seu carro.

Cada músculo do meu corpo está tenso enquanto espero para ver
se a caminhonete dele vai estar lá.

Algum movimento na janela da sala me diz que mamãe está ciente de


que Shane está aqui mais uma vez e ele é a razão pela qual eu corri como fiz
ontem à noite.

Felizmente, quando chegamos à frente da casa, não há sinal dele. Eu


respiro aliviada e caio no banco do passageiro de Shane.

Ele tem razão. Tudo ficará bem.

Quando chegamos ao estacionamento da escola, quase acredito em mim


mesma. Shane vai aceitar o que eu tenho a dizer a ele e nós podemos
continuar como temos estado com nosso pequeno segredo compartilhado
por enquanto e o cara vai simplesmente desaparecer tão rápido quanto ele
apareceu agora que ele me viu.

É uma ilusão, eu sei, mas é tudo o que tenho agora.

— Parece que ainda somos a fofoca, baby, — Shane murmura enquanto


caminhamos em direção ao prédio principal para ir para nossos armários.

Minha pele se arrepia enquanto todos os olhos queimam em nós. É a


mesma coisa que ontem de manhã, mas se alguma coisa, todo mundo está
ainda mais intrigado.

Eu realmente pensei que algo mais teria acontecido agora para tirar o
calor de nós. Alguém faz algo estúpido a cada hora aqui em Rosewood
High. Nenhuma delas é fofoca quente por tanto tempo.

Os alunos sussurram coisas uns para os outros enquanto passamos, mas


não entendo o que estão dizendo.

— O que diabos está acontecendo? — eu murmuro. Sentindo que não


preciso de uma resposta, Shane continua andando silenciosamente ao meu
lado.

Entramos pelas portas abertas e dou minha primeira olhada no que todo
mundo está falando e meu mundo desaba debaixo de mim.

Presos em todos os armários e em todas as superfícies disponíveis estão


pôsteres com uma imagem que eu reconheceria a um quilômetro e meio de
distância.

As palavras começam a se confundir diante de mim quando a realidade


bate.
Quem é o pai do bebê Fierce?

O mundo gira ao meu redor e quando Shane solta minha mão, sinto que
serei engolida inteira.

Não. Não. Não. Isso não está acontecendo.

É como se eu estivesse em um sonho e vendo tudo isso acontecer


enquanto todos os olhos queimam em mim e as crianças riem e fofocam.

— Diga-me que isso é uma piada. — A voz de Shane rompe a neblina, é


áspera e profunda e eu sei que se eu me virar e olhar para ele, a expressão
em seu rosto me devastaria.

Não era assim que deveria acontecer.

— Hum... — Eu olho para a imagem do nosso bebê que me cerca. Meu


pequeno segredo no mundo para todos olharem. Isso deveria ser meu,
nosso, não deles.

Minha respiração começa a aumentar enquanto tento entender tudo isso


e o que devo dizer a ele com todos nós observando.

— Chelsea, — ele avisa, sua voz me dizendo que ele está prestes a perder
a cabeça, mas quando eu abro minha boca para responder nada sai, em vez
disso meus joelhos se dobram e eu começo a cair.

— Eu tenho você, — uma voz familiar e amigável diz em meu ouvido


enquanto grandes mãos agarram meus braços. — Vamos lá. Dunn, você
também. — Sou empurrada para a frente antes de pararmos por um
segundo. — Livre-se de tudo isso. — As pessoas começam a se mover atrás
de mim enquanto o papel começa a rasgar e ficar amassado.
— Espere, — eu grito, dando um passo à frente para puxar um dos
pôsteres da parede. Eu olho para o meu bebê.

Sinto muito, estraguei tudo.

Eu aperto meus olhos fechados, rezando para que eu possa manter as


lágrimas sob controle, pelo menos por enquanto.

Ethan me direciona para uma sala de aula vazia, mas pouco antes de
passarmos pela porta, alguém sai da multidão com um sorriso triunfante em
seu rosto falso.

— Você, — eu vocifero, olhando para os olhos malignos de uma garota


em quem uma vez confiei.

Shelly sorri de volta para mim docemente como se ela não tivesse ideia
do que eu poderia estar acusando-a.

— Você precisa cuidar da porra das suas costas.

Seu sorriso não vacila, e só serve para me irritar ainda mais.

Tudo o que ela faz é rir antes de voltar para a multidão e desaparecer.

A raiva corre através de mim e eu luto para me afastar do aperto de


Ethan e correr atrás dela, mas ele se recusa a me liberar e, em vez disso, me
direciona para a sala de aula.

Eu não tenho ideia se somos apenas nós dois ou se Shane seguiu as


ordens, mas enquanto eu fico lá olhando para a foto do ultrassom, estou
com muito medo de me virar e descobrir.

A porta se abre e depois se fecha atrás de mim e a tensão cresce.


Perdendo a luta com minhas lágrimas, elas transbordam enquanto
continuo olhando para o ultrassom. Eu fiz todo tipo de coisas não
mencionáveis ao longo dos anos, mas isso me faz sentir totalmente
violada. Este é meu bebê. Meu. Ninguém deve ter o poder de espalhá-lo por
toda a escola. Esta imagem é minha para olhar, minha para escolher quem
eu mostro.

Um soluço irrompe e eu levanto minha mão para cobrir minha boca na


esperança de manter mais para baixo. Isso é o que ela queria. Eu
quebrada. Eu me recuso a permitir que ela veja isso acontecer.

— Chelsea? — Sua voz é fraca, áspera e cheia de emoção.

— Oh Deus, — eu sussurro, olhando para o teto na esperança de


encontrar as palavras certas.

— É verdade? Você está... isso é... porra.

Virando-me para olhar para ele, suspiro com o olhar torturado em seu
rosto. Seus olhos estão arregalados, olhando diretamente para mim
enquanto ele puxa seu cabelo.

Nossos olhos se encontram e seus ombros ficam ainda mais tensos. Ele
não precisa das minhas palavras. Ele me conhece o suficiente agora para ler
em meus olhos.

— Eu sinto muito.

Suas mãos caem enquanto seu corpo fica rígido. Seus lábios pressionam
em uma linha fina e seus olhos endurecem. Se a situação não fosse o que
era, eu diria que estava quente, mas essa é a última coisa em minha mente
agora.

Ele dá um passo à frente e eu tenho que lutar para não recuar. Eu sei que
ele não vai me machucar, mas minha necessidade de escapar apenas no caso
de quase levar a melhor sobre mim.

— De quem é?

Meu queixo cai. De todas as coisas que eu esperava que ele dissesse, não
era isso. — O...o quê?

— Eu disse... De.Quem. É. ? — Seus olhos caem dos meus, puro desgosto


escorrendo deles enquanto ele olha para o meu estômago.

— É seu, Shane.

Uma risada amarga cai de seus lábios. — Você realmente espera que eu
acredite nisso?

— Uh... si...

— Você não passa de uma puta, Chelsea. Pode ser de qualquer um do


time, e você sabe disso. Inferno, você provavelmente já passou pela porra do
clube de xadrez e da banda pelo que eu sei.

— O quê? Não, — eu choro. — É seu. Só pode ser seu.

— Besteira. Todo mundo sabe o que você faz. Todos os caras da equipe
se gabam do que você os deixa fazer. Você é uma maldita mentirosa.

Suas palavras frias me rasgam em dois. Ele tem todo o direito de estar
com raiva, eu sei disso. Mas a pessoa diante de mim não é meu Shane. Ele é
frio, cruel, mau.
Eu fiz isso. Transformei meu doce e suave cara nesse monstro. Tudo
porque eu estava muito fraca, com muito medo de lhe dizer a verdade.

— O...o que eu disse era verdade. Houve apenas você e Jake.

— Então é dele então.

— Não, isso foi há muito tempo. Foi naquela noite, Shane. Naquela
primeira noite.

— Nós usamos proteção, — ele retruca, como se isso fosse uma coisa
certa. Estou aumentando as evidências agora para provar o contrário.

— Isso acontece, — eu digo com um encolher de ombros.

— Você é completamente inacreditável, você sabe disso? Não posso


acreditar que me apaixonei por suas mentiras e besteiras. Eu não posso
acreditar... — Ele para, as suas mãos retornando ao seu cabelo enquanto ele
gira para longe de mim.

Quando seus olhos voltam para os meus, o verde brilhante com o qual
estou acostumada se foi, eles estão escuros e vazios.

— Você me prometeu que os jogos terminaram. Mas você esteve


brincando comigo esse tempo todo.

Ele estende a mão e joga o conteúdo da mesa do professor no chão antes


de ir em direção à porta.

— Shane, — eu choro. — Por favor. Eu preciso de você.

Ele olha por cima do ombro e, por um breve segundo, acho que o
peguei. Então seus olhos caem dos meus mais uma vez antes que ele diga. —
Você deveria ter pensado nisso antes de mentir para mim todo esse tempo.
— E então ele se foi.

Eu tropeço para trás, perco o equilíbrio e caio no chão em uma


pilha. Quando abro os olhos, encontro duas pessoas preocupadas olhando
para mim.

— Eu sinto muito, — eu choramingo.

— Vamos tirar você daqui.

Ethan e Rae pegam cada um dos meus braços e juntos me levantam do


chão.

Ainda há hordas de estudantes enchendo o corredor, todos esperando


para testemunhar as consequências disso, sem dúvida.

— Tudo bem idiotas, o show acabou, — Ethan grita assim que ele emerge
e a maioria dos alunos se dispersam.

Olhando em volta, percebo que quase todos os pôsteres desapareceram


e, no segundo em que saímos do prédio, descubro o porquê. Jake, Amalie,
Mason e Camila estão nos bancos com as mãos cheias deles.

Os quatro correm quando nos avistam.

Eu estremeço, esperando a reação deles, mas tudo o que eles fazem é


me dar pequenos sorrisos simpáticos.

Para ser justa, nada que eles pudessem dizer agora poderia me fazer me
odiar mais do que já odiava.

— Pensamos que talvez você quisesse se desfazer disso, — Amalie diz


suavemente, entregando sua pilha de pôsteres.
— O...obrigada. — Eu olho dela para Camila. — Vocês vão procurá-lo
encontrá-lo, por favor. Certifique-se de que ele está bem. Não era para
acontecer assim.

Ambas acenam com a cabeça.

— Vamos, vamos leva-la para casa.

Ethan e Rae gentilmente me empurram na direção do estacionamento,


mas antes que estejamos fora do alcance dos outros, eu paro e me viro.

Como esperado, encontro seus olhos em mim.

— Eu... — eu hesito, não querendo realmente que seja assim que digo as
palavras, mas me sentindo compelida a expressar o quanto ele significa para
mim. — Eu realmente amo ele. Por favor, por favor, diga isso a ele.

Eu soluço quando me viro e aceito o abraço que Ethan me dá enquanto


caminhamos. Rae desliza sua mão na minha.

O apoio deles agora significa tudo para mim. Mas eles não são quem eu
quero. Uma vaga de estacionamento duas vagas abaixo da de Ethan me
provoca.

Ele já saiu.

O vazio que eu já estava sentindo quando ele entrou por aquela porta
ameaça me engolir.

Eu pressiono minha mão no meu peito enquanto a dor irradia dele. —


Eu... eu preciso encontrá-lo. Eu preciso explicar.

Ethan e Rae trocam um olhar.


— Nós estamos levando você para casa, Chels. Acho que você precisa dar
a ele algum espaço.

— Mas eu preciso explicar.

— Nós sabemos que sim, mas agora, você precisa deixá-lo esfriar e você
precisa respirar.

Eu aceno, sabendo que eles estão certos, mas odiando isso ao mesmo
tempo. A viagem de volta para casa passa por mim em um borrão.

Tudo o que posso ver é o rosto devastado e furioso de Shane.

Eu preciso consertar isso. Só que não faço ideia de como.


Capítulo 31
SHANE

Não vejo os alunos que estão esperando ansiosamente que algo


aconteça enquanto eu saio daquela sala de aula.

Coisas são gritadas. Acusações são feitas, mas eu não ouço uma única. O
sangue corre pelos tão rápido meus ouvidos que apenas um zumbido os
preenche.

Com o canto do olho, vejo Jake, Amalie, Mason e Cami furiosamente


rasgando os pôsteres dos armários e paredes.

Amalie me vê por cima do ombro e corre para mim.

— Shane, você está bem? — Olhando de seus olhos preocupados para os


pôsteres em sua mão, estendo a mão e pego um. O resto cai no chão, mas
eu não paro para ajudá-la a pegá-los. Só consigo pensar em sair
daqui. Afastando-se das fofocas, dos olhares indiscretos, dos olhares
conhecedores.

Eu não dou a mínima quando entrei com ela no meu braço ontem. Era o
que eu queria. Eles poderiam me dizer o que quisessem, me dar todas as
suas opiniões de merda. No que me dizia respeito, ela era tudo o que eu
queria.

Mas agora... acabei de ter exatamente o que todos esperavam esfregado


na minha cara.
Como isso pode ser verdade? Como ela pôde esconder algo tão grande
de mim?

Puxando minhas chaves do meu bolso, eu entro no meu carro e ligo o


motor no segundo que entro. Eu preciso sair daqui agora.

Não posso lidar com todos eles, e certamente não posso lidar com ela
agora.

Minha cabeça gira enquanto dirijo e não tenho ideia se corro algum
semáforo ou quase mato alguém nos cruzamentos pelos quais passo. Eu não
tenho a menor ideia de como, mas de alguma forma eu consigo chegar ao
estacionamento à beira-mar do Aces inteiro.

O pedaço de papel no meu colo estremece e chama minha


atenção. Qualquer chance que eu tinha disso ser uma piada muito ruim me
encara de volta.

Agarrando-o mais uma vez, coloco a porta no ombro e saio.

Estou na areia em segundos e saio correndo até encontrar uma duna


isolada ao longe.

Só então paro, caio na areia e seguro o pôster na minha frente.

As palavras no topo me provocam e faço um trabalho rápido de arrancá-


lo e enfiá-lo na areia macia ao meu lado.

Eu não preciso de um lembrete da dúvida sobre isso. Eu não preciso de


um lembrete da pessoa que quase todo mundo pensa que Chelsea é.

Ou ela é?

— Porrra! — eu grito no silêncio ao redor. Estou tão confuso.


Isso é um jogo? Ela esteve brincando comigo esse tempo todo? Meu
coração se contrai quando penso nessa possibilidade. Tudo parecia tão real,
tão cru. Quando ela me disse ontem à noite que me amava... foda-se.

Meus dedos apertam o papel e ele enruga no meu aperto.

Com meu coração batendo forte e minha cabeça em conflito, olho para a
imagem no papel.

Minha respiração fica presa quando me concentro na pequena pessoa


em preto e branco no meio.

— Puta merda.

Uma bola tão grande entope minha garganta e meus olhos


queimam. Isso é meu? Porra, nós fizemos isso?

Minhas mãos tremem enquanto meus olhos permanecem fixos na


pequena pessoa diante de mim. Tudo é tão claro, eu posso distinguir todas
as partes importantes.

Então eu localizo a data impressa no canto.

Terça-feira passada.

Lembro-me da minha visita ao hospital para ter certeza de que ela estava
bem. Ela sabia então?

Ela sempre soube?

Foi por isso que ela me mandou embora?

Meus dentes rangem enquanto todas essas perguntas enchem minha


cabeça.
Apenas uma pessoa pode responder a todas elas. Mas agora, a última
coisa que quero fazer é olhar para ela.

Estou completamente apavorado. Embora eu não tenha certeza do


porquê.

Ela me dizendo que isso é real. Que é meu e que nossas vidas estão
prestes a mudar para sempre. Ou que não é, e é de outra pessoa.

Esse pensamento é como uma faca direto no meu coração.

Eu quero acreditar nela. Que ela só esteve comigo, que só pode ser
meu. Mas durante anos as evidências apontaram para ela ser muito menos
inocente. Devo acreditar nela, ou na fofoca do vestiário?

Caindo na areia, uso o papel para bloquear o sol enquanto continuo a


olhar para ele.

Se é meu, se isso está realmente acontecendo, o que isso significa para o


meu futuro? Um futuro que já estava no ar e cercado de discussões e
desentendimentos. O que acontecerá agora?

Eu fico lá por horas repassando tudo na minha cabeça de novo e de novo


desesperadamente tentando encontrar respostas que continuam a me
iludir. Apenas uma pessoa tem as respostas, e ainda tenho que decidir se
posso confiar em qualquer coisa que saia de sua boca.

Eventualmente, nuvens se acumulam e tudo escurece, bem como meu


humor.

Sabendo que preciso me mexer antes de ficar encharcado, dobro o papel


com cuidado e o coloco no bolso antes de ficar de pé.
Cada passo é um trabalho árduo enquanto faço meu caminho de volta
pela praia.

Meu estômago ronca quando o cheiro de Aces o atinge me dizendo que


já passou muito do almoço.

O que aconteceu com a Chelsea? Ela ainda está na escola absorvendo a


atenção de tudo isso? Algo me diz que ela não está.

Uma grande parte de mim quer encontrá-la, ver se ela está bem, ouvi-
la. Mas depois me lembro de tudo e mudo de ideia. Ela pode apenas me
encher com mais mentiras. Como eu vou saber?

— Você não deveria estar na escola? — Bill repreende quando entro na


lanchonete e sento em um dos bancos do bar.

— Sim. — Eu nem me incomodo em tentar esconder a verdade.

— Tudo bem?

— Oh sim. Perfeito. É por isso que estou aqui no meio do dia, —


murmuro.

Seus olhos se arregalam com a minha atitude. Ele está acostumado a


tirar merda do resto dos caras, mas não de mim.

— Você quer falar sobre isso?

— Na verdade. Apenas uma garota.

— Não é sempre? — Ele ri. — O que você fez? — Eu olho para ele e ele
deve ler a verdade em meus olhos. — Ah, o que ela fez?

— Me fez confiar nela.


— Aí. — Ele deve saber de quem estamos falando. Ele estava aqui ontem
à noite enquanto ela estava sentada ao meu lado com meu braço em volta
dela. — Talvez as coisas não sejam o que parecem.

— Sim talvez. Alguma chance de levar? — Eu pergunto, já farto de falar


sobre isso.

— Claro, você quer o de sempre?

— Por favor.

Felizmente, Bill sai para fazer meu pedido antes que um grupo do que
parece ser universitário atravesse as portas e o leve para longe de mim.

Assim que minha comida está pronta, eu saio de lá.

Eu como no carro enquanto a chuva cai ao meu redor.

Observo os pequenos rios de água escorrendo pelo para-brisa e não


posso deixar de comparar sua descida ao nada com a minha vida.

Estou me afogando agora. Já era ruim o suficiente com apenas a besteira


com meu pai, mas agora isso.

Porra. Não sei qual é o caminho.

Eu provavelmente deveria dirigir para casa, mas o pensamento de


esbarrar naquele idiota me afasta imediatamente. Eu disse a ele que
terminei ontem à noite, que escolhi o Chelsea. Agora olhe para mim.

Ligando o carro, sigo para uma casa que espero ser bem-vindo e que me
dê a fuga de que preciso.
A entrada está vazia, mas mesmo assim deixo meu carro e dou a volta
pelos fundos.

Como sempre, encontro uma chave escondida debaixo de um vaso de


plantas no quintal e uso-a para entrar.

Sabendo onde o álcool está escondido neste lugar, eu pego uma garrafa
de Jack e caminho em direção à toca.

Os caras estão treinando, então eu provavelmente tenho um pouco mais


de tempo com meus próprios pensamentos fodidos antes de ser atingido por
uma enxurrada de perguntas. Só posso esperar que quando ele chegar em
casa esteja sozinho. Não posso estar lidando com uma reunião de equipe
esta tarde, com certeza.

Quando tenho companhia, metade da garrafa se foi e estou meio


desmaiado no sofá com a música batendo ao meu redor.

— Jesus Cristo, Shane, — Zayn diz, entrando, abaixando a música e


arrancando a garrafa das minhas mãos.

— O quê? — eu xingo. — Eu não poderia ficar lá.

— Eu não estava sugerindo que você pudesse. Eu também não estava


pensando que invadir minha casa também era a melhor ideia. Se mamãe
chegasse primeiro...

— Ela chegou?

— Bem, não, mas...

— Mas nada. Devolva-me isso.

— Que porra você está fazendo?


— Ficando bêbado e esquecendo meus problemas. O que parece que
estou fazendo, idiota?

Zayn cai na mesa de café na minha frente, a garrafa pendurada


tentadoramente em suas mãos.

— E o que vai adiantar?

Eu solto um suspiro. — Está me fazendo sentir melhor.

— Você acha que deveria estar resolvendo essa merda?

— Falar com ela? Não, obrigado. — Uma risada sem graça cai dos meus
lábios. — Ela é uma puta mentirosa.

A sobrancelha de Zayn sobe. — Você realmente acredita nisso?

— Eu não sei em que acreditar, porra. — Empurrando de seu sofá, eu


tropeço nas janelas do chão ao teto que mostram seu quintal. — Passei anos
ouvindo vocês falarem sobre estar com ela. Então ela me diz que ela
realmente não esteve com nenhum de vocês e que é tudo mentira e
besteira. — Eu fico em silêncio por um momento. — Você transou com ela?

— Não, — ele afirma, embora eu possa ver um pouco de culpa em seus


olhos.

— Ela chupou você embora eu esteja assumindo.

Ele hesita por um segundo, e aquela pequena pausa é toda a resposta


que eu preciso. — Filho da puta, — eu grito, batendo as palmas das mãos no
vidro diante de mim.

— Foi há muito tempo, Shane. E não significava nada. Nós dois


estávamos bêbados, uma coisa levou a outra.
— Você tocou nela?

— O...o quê?

— Você. Tocou. Nela?

— Oh não. Eu b...beijei ela, — ele admite com uma careta. — Mas foi só
isso. Porra, eu juro para você.

Embora eu esteja completamente mortificado, ele acabou de admitir ter


seu pau e sua língua em sua boca, devo dizer que estou aliviado por não ter
ido mais longe.

— Shane, — ele suspira. — Até onde eu sei, nenhum dos caras realmente
dormiu com ela.

— Mentira, é tudo de que eles se gabam.

— Sim, exatamente. Gabar-se. Justin é o mais barulhento, mas eu sei que


isso é mentira.

Eu giro para olhar para ele tão rápido que a sala se move ao meu
redor. — Foda-se, — eu resmungo, agarrando minha cabeça na esperança de
parar de girar.

— Por que isso importa? Mesmo que ela tenha dormido com toda a
equipe, o que não aconteceu, — acrescenta ele rapidamente. — Tudo isso é
passado. Eu vi o jeito que ela olha para você, cara. Ela nunca olhou para
nenhum outro filho da puta assim. Bem... além de Jake, mas isso é uma
notícia velha. Ele está tão apaixonado por Amalie que nunca mais verá suas
bolas novamente.
Caindo de volta no sofá, descanso os cotovelos nos joelhos e abaixo a
cabeça.

— Ela está grávida, Zayn, — eu admito em voz alta pela primeira vez. —
Ela está gerando um bebê. A porra de um bebê.

— Eu ouvi.

— Isso é tão fodido.

Eu olho para ele. Seu sorriso descontraído de sempre se foi há muito


tempo enquanto ele olha para mim parecendo mortalmente sério. É um
olhar enervante nele.

— Então o que você fará sobre isso?

Alcançando o controle remoto, eu aumento o volume novamente e


alcanço a garrafa que ele colocou ao lado dele. Ele nem sequer tenta me
parar desta vez.

Eu levanto a garrafa aos meus lábios e caio no sofá.

— Vou me foder.

— Justo. Acontece que eu tenho exatamente a coisa que você precisa.

De pé, Zayn enfia a mão no bolso e tira um cigarro rapidamente seguido


por um isqueiro.

Levando-o aos lábios, ele acende e dá um trago.

Conheço as regras desta casa e sei que ele está quebrando a maior delas
ao fazer isso, mas estou tão aliviado por ter seu apoio agora e tão
desesperado pela fuga que não digo uma palavra.
Ele passa por cima e eu não perco tempo em dá um trago.

Eu só fiz isso algumas vezes. Não é algo que eu queira fazer um hábito,
mas tempos desesperados exigem medidas desesperadas.

— Tudo bem, acalme-se. Você deveria estar compartilhando, — ele diz,


pegando de volta antes de cair ao meu lado.

Eu lhe passo a garrafa e ele toma uma dose depois de dar outra tragada.

— Para se preocupar com nossos problemas amanhã.

— Com que porra você está se preocupando?

— De quem é a boceta que estou reivindicando na sexta à noite.

— Oh, só você, — murmuro, tentando empurrar as imagens do baile de


inverno formal de sexta-feira à noite da minha cabeça.

Bailes na escola não são minha praia, mas eu pretendia perguntar a


Chelsea. Eu acho que agora não vai dar.

Uma música rola para a próxima enquanto nos sentamos aqui passando
o álcool e a maconha para a frente e para trás. Isso até que uma voz
estridente corta o baixo.

— Mamãe vai te matar, idiota.

Olhando para a porta eu encontro Harley, a irmã mais nova de Zayn de


pé com a mão nos quadris e perfurando Zayn com um olhar mortal.

— Ah, olhe, a certinha e suas amigas chegaram.

Olhando para trás de Harley, encontro Ruby e Poppy, prima de Jake,


vagando atrás dela.
— Sem maconha em casa, quantas vezes? — Ela caminha e faz um show
tentando tirar isso dele, mas ele não está interessado, ele está de olho em
outra pessoa.

Ele se esquiva de Harley e ela cai no sofá ao meu lado, vocifera de


frustração enquanto ele caminha em direção à porta.

— Ei, baby, — ele murmura para Ruby que descaradamente arqueia as


costas para empurrar os seios em sua direção. Ele envolve a mão em volta da
cintura nua dela e a prende na parede, abaixando a cabeça, mas não o
suficiente para beijá-la. Ela olha para ele como se ele tivesse pendurado a
lua. É doentio.

Poppy observa com o lábio superior curvado em desgosto.

— Cuidado, Ruby. Esse vira-lata provavelmente tem pulgas, ou coisa pior.

Zayn olha para ela e manda um beijo em sua direção. Ela estremece
antes de virar as costas para os dois.

— Tire a porra das mãos dela, — Harley estala, puxando fisicamente sua
amiga das garras de Zayn. — Pare com essa merda ou eu contarei para a
mamãe.

— Ohhh, estou com tanto medo, — Zayn provoca.

Harley revira os olhos. — Nós faremos a lição de casa no quintal. —


Harley e Poppy vão embora, mas Ruby fica para trás por alguns minutos.

— Você é mais que bem-vinda para se juntar à nossa festa, baby.

— Ruby, — Harley chama.


Ela morde o lábio inferior e deixa seus olhos vagarem pelo corpo de
Zayn. — Talvez da próxima vez, garotão.

Zayn geme como se estivesse com dor física enquanto ela desaparece de
vista.

— Droga, essa garota é uma puta provocadora, — ele reclama enquanto


cai de volta no sofá e pega a garrafa.

— Eu pensei que você... — eu paro, lembranças vagas daquela noite no


último fim de semana enchendo minha mente.

— Um cara nunca beija e conta, mano. Mas Ruby e eu temos negócios


inacabados.

As três caminham em frente à parede de vidro, os quadris de Ruby


balançando sedutoramente puramente para benefício de Zayn. Quando ela
olha por cima do ombro, ela sorri e pisca, mas quando eu olho de volta para
Zayn, eu juro que seus olhos estão em outro lugar por um segundo.

— Poppy estava certa, você é uma porra de cachorro — murmuro,


recuperando a garrafa e drenando o que sobrou.
Capítulo 32
CHELSEA

— Obrigada, — eu sussurro enquanto Ethan estaciona na minha garagem


ao lado do carro da mamãe.

Mal olhei para cima durante toda a jornada até aqui, nem mesmo o
medo de ser seguida pelo meu passado foi forte o suficiente para arrastar
meus olhos para cima.

— Você quer que a gente entre ou…— Rae pergunta.

— Não, está tudo bem. Você volta para a escola. Eu não preciso arrastar
ninguém mais neste desastre.

— Se você precisar de nós, — diz ela, virando-se para olhar para mim. —
Estamos a apenas um telefonema de distância.

— Obrigada. Eu realmente aprecio isso.

Parte de mim quer dar a volta na lateral da casa e se esconder no meu


pequeno santuário, mas é a outra parte de mim que vence, a parte que
precisa desesperadamente de um abraço da mamãe.

Batendo a porta da frente atrás de mim, corro para onde espero que ela
esteja.

Estou certo, porque quando viro a esquina para a cozinha, ela se levanta
de seu banco.
— Chelsea?

Um soluço sai da minha garganta enquanto corro para ela.

Ela me pega em seus braços exatamente como eu preciso e ela me


abraça tão forte. Quase tão firmemente quanto Shane fez na noite passada
quando ele me encontrou meio surtando com o fantasma do meu
passado. Esse pensamento faz meus gritos ficarem mais altos e minhas
lágrimas fluindo mais rápido.

— O que diabos aconteceu? — ela pergunta uma vez que eu me acalmei


um pouco. — Está tudo bem com o...

— E...ele descobriu, mãe. Shelly contou a toda a escola e o emboscou


totalmente. Deus, é uma bagunça. Você deveria ter visto ele porra, — digo
quando me afasto e encontro Maddie sentada no banco em frente à onde
mamãe estava quando entrei correndo.

— Hum... — Mamãe diz, olhando entre nós duas.

Meu coração incha com o conhecimento de que ela manteve meu


segredo de sua melhor amiga, sua amiga que por acaso é a outra avó deste
bebê.

— O que aconteceu com Shane? — Maddie pergunta com pressa, de pé


conosco e adivinhando corretamente de quem estamos falando.

— Você pode querer se sentar, — mamãe sugere, estendendo a mão e


pegando minha mão para me apoiar.

Eu realmente quero que ela diga as palavras, mas eu sei que isso precisa
vir de mim.
Alguém precisa ouvir do jeito que deve ser dito.

— Eu estou... — Minha voz treme, entregando meu estado frágil. Os


olhos de Maddie perfuraram os meus, medo e apreensão se
entrelaçando. — Estou g...grávida.

— O quê? — ela pergunta em um suspiro.

— Sinto muito, sinto muito. — Minhas lágrimas reaparecem e eu


furiosamente enxugo minhas bochechas, ficando farto de minhas emoções
transbordantes.

— Estou assumindo que você está me dizendo isso porque é do Shane.

— Oh meu Deus, isso é uma bagunça.

— Sente-se, pegarei uma bebida para você, — mamãe diz, me


empurrando em direção a um banquinho vazio.

Os olhos de Maddie não me deixam enquanto me movo e depois de


respirar fundo, me viro para ela.

— Sim, é do Shane. Ele não sabia. Aconteceu antes de eu ir embora, eu


descobri enquanto estava lá. Então voltei e nos reconectamos de uma
maneira que eu nunca poderia imaginar. Eu deveria ter dito a ele
imediatamente, mas eu estava com tanto medo de perdê-lo. Eu quis dizer a
ele tantas vezes, mas as coisas entre nós foram tão incríveis que eu
simplesmente não poderia estragar isso.

— O que Shelly fez? — ela pergunta hesitante.

— E...eu acho que ela entrou na casa da piscina ontem à noite e tirou
uma foto do meu ultrassom. Ela colocou isso por toda a escola.
Não querendo esconder nada, eu puxo o pôster da minha bolsa e deslizo
para que ambas possam olhar para ele.

— Que cadela, — murmura Maddie.

— Só pode ser do Shane; eu juro para você. O que ela está


insinuando. Não é verdade. — Ambos acenam para mim.

— Onde ele está?

Eu solto um suspiro, puxando o pôster para trás e olhando para o meu


bebê mais uma vez. — Não sei. Ele saiu correndo. O carro dele tinha sumido
do estacionamento quando cheguei lá.

Maddie desce do banco para pegar sua bolsa e pega seu celular. — Eu só
vou... — Ela para. Não precisamos de uma explicação, pois ela toca na tela e
depois a coloca no ouvido.

— Eu sinto muito, querida. Eu sei que não era assim que você queria que
fosse. — Ela me abraça de novo e felizmente se abstém de dizer qualquer
tipo de eu lhe disse.

Eu deveria ter contado a ele naquela primeira noite quando o encontrei


no escritório de Brett na festa depois. Eu deveria ter sido corajosa e ter
exposto todas as minhas verdades ali mesmo. Mas, em vez disso, fui
arrebatada por ele e comecei a acreditar que poderíamos ter algo.

— Nada, — Maddie diz, largando seu celular e balançando a cabeça


tristemente. — Eu provavelmente deveria ir caso ele vá para casa. As coisas
já estão tensas o suficiente com ele e Brett, esta é a última coisa que
qualquer um deles precisa.
— Eu acho que é provavelmente o melhor, — mamãe concorda.

Ambas compartilham um olhar, tendo uma conversa silenciosa que


apenas amigos ao longo da vida podem antes de Maddie se virar para sair.

— Maddie, — eu chamo antes que ela desapareça. — Eu sinto


muito. Isso realmente foi um acidente.

— Chelsea, — ela suspira. — Algumas coisas na vida nunca são


planejadas, mas nem sempre significa que eles vão ser um desastre. Você vai
passar por isso, todos nós vamos. Apenas tenha fé. — Com um sorriso final,
ela se afasta.

Fé.

Eu me pergunto se foi isso que a manteve com Brett todo esse tempo.

— Você se importa se eu for para a casa da piscina para que eu possa


ficar sozinha um pouco?

— Claro, querida. Você faz o que precisar. Estarei aqui se precisar de


mim.

— Obrigada, mãe. Obrigada por tudo.

— De nada.

Seus olhos não me deixam até que eu entre na casa da piscina e me viro
para o quarto.

Eu nem me incomodo em tirar meus sapatos, eu apenas me enrolo no


centro da minha cama e permito que mais lágrimas venham.
A próxima coisa que eu sei, mamãe está balançando suavemente meu
ombro para me acordar.

Quando abro meus olhos doloridos, descubro que ela trouxe uma
bandeja de jantar para mim.

— Você precisa comer, querida. — E só para provar que ela está certa,
meu estômago ronca na hora.

— Obrigada. — Eu me puxo para sentar contra a cabeceira e ela coloca a


bandeja no meu colo.

Eu olho para a minha comida favorita, o macarrão com queijo caseiro da


mamãe, e meu estômago ronca mais uma vez.

— Você se importa? — ela pergunta, apontando para o outro lado da


cama.

— Claro que não. — Quando ela se acomoda, eu alcanço o garfo. —


Maddie o encontrou?

— Ela mandou uma mensagem cerca de uma hora atrás e ainda não.

— Jesus. Isso é tudo minha culpa.

Mamãe não diz nada. Ela não precisa. Nós duas sabemos que minha
afirmação é verdadeira.

Tudo isso é minha culpa.

Se eu estivesse tomando anticoncepcional, isso nunca teria


acontecido. Se eu fosse corajosa o suficiente para confessar tudo, isso não
teria acontecido.
Eu sou uma bagunça do caralho, e tudo o que fiz foi provar a ele mais
uma vez como não sou confiável.

Ele seria estúpido em olhar duas vezes para mim, para qualquer um de
nós novamente depois disso. Eu solto um suspiro frustrado.

— Ele ficará bem. Shane tem uma cabeça sensata em seus ombros. Ele
provavelmente está demorando um pouco para entender tudo. Não se
esqueça, você teve semanas para se acostumar com essa grande mudança
em sua vida, isso acabou de cair sobre ele. Isso deve ser um choque.

Eu aceno porque não há realmente mais nada a fazer.

O que eu realmente quero fazer é sair e começar a procurá-lo. Mas de


que adiantaria isso? Ele claramente não quer me ver ou falar sobre isso
porque ele estaria aqui se o fizesse.

— Você vai para a escola amanhã? — Mamãe pergunta, me arrastando


dos meus planos de dirigir para as casas de todos que conheço na esperança
de encontrá-lo.

— Eu não tenho ideia agora.

— Eu confio em você para fazer a coisa certa para você. Se você precisar
de alguns dias, tire-os. Apenas, por favor, tente não ficar para trás. Eu sei
que as coisas estão no ar agora, mas não se formar não vai ajudar.

— Não se preocupe, tenho toda a intenção de me formar e ainda ir para


a faculdade, mesmo que seja com alguns anos de atrasado.

— Um passo de cada vez.


Assim que termino de comer, mamãe beija minha bochecha e pega a
bandeja, deixando-me com minha própria miséria. Depois de usar o
banheiro, eu tiro minhas roupas e puxo a camisa de Shane sobre minha
cabeça antes de voltar para a cama e quase imediatamente cair no sono
novamente.

***

Acordo antes do despertador na manhã seguinte, mas quando começa a


tocar alto, não faço nenhum movimento para sair da cama. A ideia de entrar
na escola onde todos conhecem meu segredo me enche de pavor.

Eu provavelmente deveria ir no caso de Shane ir, mas algo me diz que ele
vai evitar aquele lugar assim como eu.

Esfregando meus olhos doloridos, aliso o cabelo bagunçado com os


dedos.

Preciso ver alguém, preciso falar com alguém. Alguém que me entenda.

Quando acordei no meio da noite para fazer xixi, encontrei forças para
tirar o celular da bolsa.

Eu tinha tantas mensagens, nenhuma das quais eu abri além de algumas


de Rae me checando. Ninguém mais se importava quando eu não estava no
meio do próximo grande drama para chegar ao Rosewood High para que eles
pudessem se foder.
Como esperado, eu não recebi nada de Shane. Quase desliguei sem
estender a mão, mas no final, decidi que pelo menos precisava tentar.

Encontrei o nome dele e digitei um milhão de mensagens diferentes para


enviar a ele, mas, no final, apaguei todas e fiz algo simples.

Chelsea: Me desculpe. Por favor, deixe-me explicar bj.

Eu queria dizer a ele novamente que o amava, tentar explicar o quanto


ele e esse bebê significam para mim, mas não há como expressar isso em
uma mensagem, então terei que esperar até vê-lo novamente.

Quando o acendo, encontro muito mais mensagens, mas a única que me


interessa permanece sem ser lida, como aconteceu depois que a enviei
ontem à noite.

Com um suspiro, encontro a próxima melhor pessoa.

Chelsea: Você tem aulas o dia todo? Eu preciso de você.

Os pequenos tiques azuis aparecem quase imediatamente e a bolha de


digitação aparece.

Lucas: Café da manhã? Estarei lá em algumas horas.

Chelsea: Obrigado bj.


Ele me manda um gif de abraços. Eu não tenho ideia se ele sabe, se ele
falou com Shane ou com sua mãe, mas se é minha simples mensagem ou a
grande notícia, ele sabe que eu preciso dele e ele está largando tudo para
mim.

Eu quero me sentir culpada. É a última semana do semestre. Ele


realmente deveria estar na aula, mas em vez disso ele está vindo para me
resgatar de mim mesma. Eu acho que ele está acostumado com isso neste
momento.

Com duas horas a perder, tomo um banho e faço meu cabelo e


maquiagem. Por fora, isso me faz parecer quase normal, mas por dentro
ainda estou uma bagunça quebrada e temo que estarei até ter a chance de
estar em seus braços novamente.

De pé na frente do espelho apenas de calcinha, olho para minha


barriga. Juro que está maior hoje.

Passo as mãos sobre a pele lisa e tento imaginar como será daqui a
alguns meses, quando não houver mais como escondê-la.

Eu me viro para o lado e não posso deixar de sorrir para a pequena


protuberância que nunca esteve lá.

Quando descobri, pensei que odiaria meu corpo mudando. Passei anos
trabalhando nisso, para ser forte o suficiente para fazer tudo que a torcida
exigia de mim, mas parada aqui agora, não me importo muito. Tudo que eu
quero é que a pequena pessoa que estou crescendo seja feliz e saudável. Há
muitas mulheres por aí que têm um bebê e voltam para seu esporte, esse é o
meu objetivo. Meu sonho na torcida está longe de estar morto, apenas
adiado um pouco enquanto faço algo mais importante.

Olhando para a hora, entro em ação sabendo que ele estará aqui em
breve. Eu visto um par de calças de ioga e um moletom grande antes de
deslizar meus pés em meus tênis.

Uma batida na porta da minha casa da piscina faz meu coração pular na
minha garganta. Presumi que ele esperaria na garagem. Pensar em ser Shane
ali parado faz meu pulso acelerar enquanto eu praticamente corro para a
porta.

Meu rosto cai no segundo em que encontro Luca. — Ei, — eu digo, minha
alegria habitual se foi há muito tempo.

— Já que você estava me esperando, você não parece muito satisfeita


por eu estar aqui.

— N...não é isso. Estou muito feliz em ver você, eu só pensei...

— Poderia ser Shane, — ele termina para mim.

— Você sabe?

Ele balança a cabeça. — Eu sei que algo está acontecendo. Mamãe ligou
para saber se eu tinha visto ou ouvido falar dele, mas não tenho ideia do que
está realmente acontecendo. Eu estou esperando que você vá me dizer.

Agarrando minha bolsa, olho para seu rosto gentil e para aqueles olhos
que são tão parecidos com os que eu preciso tão desesperadamente.

— Vamos? Eu explico no caminho.


Aceno para mamãe que está nos observando da porta da cozinha. Luca
acena para ela, então eu só posso supor que eles já se falaram.

— Sua carruagem espera, — diz ele, abrindo a porta do passageiro para


mim.

— Obrigada.

Depois de correr para o lado do motorista, ele faz um rápido trabalho de


ligar o motor e dar ré.

— Vá então. Bata-me com o drama.

— Estou grávida.

— Meerda, garota.

— É do Shane.

— Jesus, não é de admirar que ele tenha desaparecido. Acho que


deixaria o país se a garota com quem eu estava transando saísse com isso.

— Bom, Luc. Muito legal. — Cruzando os braços sobre o peito, olho pela
janela. Eu meio que esperava que ele fosse um pouco mais solidário.

— Merda, me desculpe. Eu não quis dizer... quero dizer, é apenas o meu


pior pesadelo. Mas... foda-se. Eu sinto muito. Ignore-me. Então, como isso
aconteceu? — Eu me viro para olhar para ele. — Não, merda. Eu não quis
dizer como, eu quis dizer... de quanto tempo você está?

Eu rio para ele e é tão bom depois das horas de estresse que tive. —
Doze semanas.

— Uau, realmente grávida.


— Não tenho certeza se alguém com nove meses concordaria com isso,
mas sim, não é novo.

— Então você já sabe há algum tempo.

— Sim. Eu deveria ter dito a ele, mas… era tão grande que eu nem sabia
por onde começar.

— Eu entendo isso, mas sim, você deveria ter dito a ele. Então, estou
assumindo pelo ato de desaparecimento que ele descobriu.

— Uma líder colou meu ultrassom por toda a escola.

— O quê? — ele cospe. — Por que ela faria isso?

— Ela me odeia, — murmuro, revirando os olhos. — Ele surtou, com


razão, e deixou a escola.

— Merda. Não é de admirar que mamãe esteja perdendo a cabeça.

— Uh-hum.

— Jesus, papai vai ter um dia de campo com isso.

Conto a Luca sobre o pai deles nos encontrar juntos na outra noite e
perdeu a cabeça, a careta em seu rosto enquanto eu explico ter medo
pesando no meu estômago pelo que acontecerá quando ele descobrir isso.

Luca nos leva para o nosso restaurante habitual e nós deslizamos em


nosso estande antes de pedirmos a mesma comida, a única diferença é o
meu chocolate quente.

— É por isso que você não tomou café da última vez, — diz Luca, me
entendendo.
— Culpada, — eu digo com uma risada.

— Não leve a mal, só estou perguntando porque me importo, mas... —


Prendo a respiração enquanto espero pelo que está por vir. — Você está
tendo o bebê?

— Sim, — eu digo sem qualquer hesitação. — Eu soube no segundo em


que descobri que não havia outra opção.

— Ok. — Ele sorri suavemente para mim. — Acho que você será uma
ótima mãe.

— Eu certamente espero que sim.

O silêncio se instala entre nós, mas não é desconfortável.

— Você acha que ele vai aparecer? Você acha que ele vai querer isso
comigo? — Eu pergunto, esperando como o inferno que eu consiga a
resposta que eu quero.

— Honestamente, não tenho ideia do que ele fará ou quer.

Meu coração afunda, era a resposta que eu esperava, mas também a que
eu não queria. A campainha acima da porta da lanchonete toca fazendo Luca
olhar para cima, mas eu não me incomodo, as chances de ser o cara que eu
quero são quase nulas e eu garanto que se fosse Shane, Luca teria dito algo
instantaneamente.

— Você pode enviar uma mensagem para ele, ver se ele está bem?

— Vou tentar, mas enviei um ontem à noite depois que mamãe ligou e
não foi lido. — Nosso café da manhã é trazido e eu principalmente o cutuco
em volta do meu prato. — Você realmente deveria estar comendo isso, você
sabe.

— Eu sei. Estou apenas preocupada.

— Tudo vai dar certo. Basta dar-lhe algum tempo. Ele voltará.

Eu suspiro, esperando que ele esteja certo. Mas enquanto o celular dele
está sobre a mesa, em silêncio, não consigo deixar de pensar no pior. Que as
coisas estão acabadas entre nós.
Capítulo 33
SHANE

As tentativas de Zayn de me levar para a escola esta manhã são inúteis,


não havia como eu mostrar meu rosto. Não até que eu soubesse a verdade,
e isso significava falar com Chelsea, e não posso ver isso acontecendo tão
cedo.

O álcool fez seu trabalho ontem à noite e quando acabamos a primeira


garrafa tudo começou a ficar um pouco nebuloso. Era exatamente o que eu
precisava.

Dito isto, porém, quando acordei esta manhã, estava com uma ressaca
furiosa e cair na real.

Além de uma ida ao banheiro, permaneço no sofá de Zayn. Ele e Harley


foram para a escola há mais de uma hora e sua mãe está viajando a
negócios, então eu tenho a casa tranquila para mim mesmo para chafurdar
na minha miséria.

Bem, isso é até à campainha começar a tocar.

— Ugh, vá embora, — eu chamo, não que eles pudessem me ouvir dos


fundos da casa.

Ele toca algumas vezes antes de parar e eu respiro de alívio que quem
quer que seja foi embora. Isso logo é arruinado quando ele inicia
novamente.
— Caralho.

Presumindo que seja uma entrega ou algo importante, visto minhas


calças e vou para a frente da casa.

Não me incomodo em olhar para fora, apenas seguro a maçaneta e


torço.

— O quê? — grito para grande surpresa do visitante. — Mamãe?

— Ei, — ela diz, quase timidamente, balançando nos calcanhares


segurando uma bandeja de café para viagem.

— Como você me encontrou...— É uma pergunta estúpida, todo mundo


nesta cidade fala, especialmente as mães, e eu ouvi Zayn dizendo a sua
ontem à noite que eu estava aqui, então eu deveria ter esperado isso
realmente. Eu me sinto um idiota por nem mesmo considerar que seria ela.

— Posso... — Ela gesticula para dentro da casa. Parece estranho convidá-


la para a casa de outra pessoa, mas eu fico de lado e permito que ela entre.

Ela me segue até à cozinha, onde me sento na ilha, não posso levá-la de
volta para a toca, provavelmente ainda cheira vagamente a maconha da
noite passada. Estou surpreso que ela não possa sentir o cheiro em mim,
para ser honesto, já que eu não me incomodei em tomar banho ou qualquer
coisa ainda.

Ela se senta à minha frente, seus olhos nunca deixando meu rosto. A
preocupação está escrita por toda parte dela. Não preciso ouvir uma palavra
para saber que ela sabe.

— Como você está? — ela pergunta baixinho.


— Eu não tenho ideia, — eu respondo honestamente, desviando minha
atenção para o balcão na minha frente.

— Aqui, eu trouxe o seu favorito.

Pego o copo quando ela o entrega, mas não digo nada. Não tenho nem
ideia por onde começar.

— Eu a vi ontem. — Isso chama minha atenção. Meu coração bate contra


minhas costelas enquanto espero que ela diga mais.

Eu posso ter me perdido em meu próprio desespero ontem, mas em


nenhum momento eu a esqueci e como ela pode estar lidando com tudo
isso. Me irritou que depois de tudo, todos os jogos e mentiras que eu ainda
poderia estar preocupado com ela, mas acho que é hora de eu aceitar que é
assim que essa coisa entre nós funciona. Ela trabalhou tão profundamente
dentro de mim que temo que nunca vou me livrar dela.

— Como ela está? — Eu me odeio por perguntar, mas eu sei que se eu


não fizer isso, isso só vai me comer.

— Mortificada. Envergonhada. Nervosa. Odiando a si mesma.

— Bom.

— Shane, — mamãe avisa.

— O quê? Você tem ideia de como foi ontem? Eu pensei que nós
estávamos... — Eu solto um suspiro. — Achei que era sério. Que ela se sentia
como eu. — Eu me sinto uma boceta admitindo isso, mas preciso contar a
alguém.

— As coisas nem sempre são tão preto no branco, baby.


— Você a está defendendo?

— Não. Só estou dizendo que ela provavelmente teve seus motivos. As


pessoas cometem erros o tempo todo, Shane. Você só tem de...

— Como papai? — Eu pergunto, girando isso de volta para ela.

— Hum... sim, ele especialmente. Só estou dizendo que se esconder aqui


não vai ajudar em nada. Vocês dois estão sofrendo e a única maneira de
obter todos os fatos é conversando. — Eu corro minha mão pelo meu rosto e
esfrego minha mandíbula. Eu realmente não preciso dessa pequena
conversa estimulante em cima da ressaca batendo nas minhas têmporas.

— Como você está se sentindo, sobre... sobre o bebê?

Meu peito se comprime quando ela diz essa palavra.

Bebê.

É a percepção de que não preciso de que tudo isso é muito real e não o
pesadelo que espero ter conjurado em meu sono quando acordei.

Eu balanço minha cabeça, lutando para compreender o que tudo isso


realmente significa para mim. Para nós. — Ela está realmente grávida? — Eu
pergunto, sempre esperançoso de que ontem foi uma piada muito ruim.

Mamãe enfia a mão na bolsa e tira o pôster que deu início a tudo isso. Eu
olho para a imagem que é quase tão familiar quanto a palma da minha mão
depois de todo o tempo que passei olhando para ela ontem.

Minha respiração fica presa quando eu olho para ele mais uma
vez. Minha cópia está dobrada no bolso para quando sentir a necessidade de
me lembrar de que tudo isso é real.
— Ela está. Doze semanas.

— Puta merda.

— E é... m...meu?

— Ela me garantiu que não havia outra opção.

Eu solto um suspiro trêmulo.

Sair do controle e acusá-la de mentir foi tão fácil. Mas mesmo enquanto
eu gritava essas coisas para ela, eu me lembrei de como ela foi sincera
quando ela me contou a verdade sobre os outros caras, sobre como ela só
esteve com Jake.

Minhas mãos tremem quando finalmente permito que a verdade se


estabeleça dentro de mim. Eu serei um maldito pai. Um maldito pai de
dezoito anos.

Isso certamente não fazia parte do plano. Papai vai perder a cabeça.

— Ele sabe?

Mamãe balança a cabeça. — Eu não contei a ninguém. Mas isso será uma
fofoca quente, chegará a ele mais cedo do que você pensa.

Eu vejo o mesmo medo e receio piscarem em seus olhos como eu sinto.

— Shane, não importa o que... — Ela estende a mão, pega minha mão e
aperta. — Estou aqui para te apoiar. Farei o que você precisar.

Lágrimas queimam meus olhos enquanto eu a encaro.

— Eu não tenho certeza se estou pronto para isso, — eu admito, a


emoção entupindo minha garganta.
— Oh meu filho. — Ela se levanta de seu banquinho e vem para ficar na
minha frente, envolvendo os braços ao meu redor. — Vou te contar um
segredo. Ninguém nunca está pronto para um bebê. Mesmo aqueles casais
que parecem ter tudo junto. Eles estão igualmente assustados. É uma grande
incógnita e mesmo depois de ter um, ou dois, o próximo é sempre
diferente. É a coisa mais desafiadora, mas igualmente a mais incrível e
recompensadora que você fará em sua vida.

— Mas a escola, a faculdade…

— Nós descobriremos isso, — diz ela, puxando para trás e segurando


meu rosto em sua palma.

— Eu não posso acreditar que você não está com raiva, — murmuro,
puxando meu copo mais perto antes de levantá-lo aos meus lábios.

— Qual é o ponto? A ação foi feita, literalmente. — Eu gemo quando


meu rosto aquece. Eu realmente não preciso de mamãe pensando sobre o
que eu tenho feito com Chelsea, embora ela esteja exibindo a evidência de
nossas interações, ou estará muito em breve. — Além disso, acho que seu
pai pode lidar com isso sozinho.

O medo pesa no meu estômago.

— Vou falar com ele, ok. Suavizar o golpe, se puder. Mas ele não ficará
feliz.

— Mãe, — eu suspiro. — Eu realmente o odeio. Eu não quero nada que


ele queira para mim e eu estou exausto ouvindo tudo.

— Eu sei, meu bem.


— Como você aguenta isso?

Ela encolhe os ombros, um olhar triste passando por seu rosto.

— Você está feliz?

— Isso não é para ser sobre mim.

— Se você não está feliz, você precisa fazer algo sobre isso. — Ela engole
nervosamente e eu me pergunto quão perto eu acabei de chegar. — Não se
preocupe conosco, todos nós temos idade suficiente para lidar com o que
você precisa fazer.

Ela olha para mim, lágrimas enchendo seus olhos. — Quando você ficou
tão sábio?

— Na época em que soube que ia ser pai, talvez. Foda-se, — eu digo. —


Como isso está acontecendo?

Ela aperta minha mão novamente. — Venha para casa, por favor. Seu pai
está fora da cidade até sábado, talvez até domingo. Será seguro. Você pode
pelo menos estar em nosso próprio espaço enquanto tenta entender tudo
isso.

O pensamento de passar mais uma noite no sofá de Zayn não me enche


de alegria. — Ok. Mas no segundo que ele voltar. Eu saio novamente. Eu não
preciso da merda dele agora. — Ou nunca, mas eu não adiciono essa parte.

— Isso é justo. Vá e pegue suas coisas.

Não tenho nada, mas volto para a sala só para ter certeza de que não
deixei nada antes de segui-la para fora de casa e dirijo de volta para casa.
— Está com fome? — ela pergunta quando passamos pela porta da
frente.

— Sim.

— Panquecas?

— Isso seria incrível. Eu preciso tomar um banho muito rápido, no


entanto.

— Por favor, você cheira a uísque velho.

— Obrigado, — eu digo com uma risada.

Eu tomo um banho rápido antes de voltar para a cozinha, o cheiro das


panquecas doces e do bacon salgado ataca meu nariz e faz meu estômago
roncar. Quando eu comi pela última vez?

— Então o que você fará agora? Você não pode se esconder para
sempre.

Eu dou de ombros.

— Shane, é apenas quarta-feira. Você realmente...

Eu a encaro com um olhar que faz suas palavras vacilarem. Se algum dia
eu mereci alguns dias de folga, agora é a hora.

— OK tudo bem. Mas você pode fazer algo por mim?

— O que é isso?

— Você pode falar com ela?

— Vou considerar isso, se você prometer fazer algo por mim.

— Continue.
— Pense no seu futuro também.

Ela suspira. — Fechado. Acho que é hora de nós dois crescermos um


pouco.

— Tudo vai dar certo, — eu digo, minha voz cheia de confiança que eu
realmente não sinto.

Ela sorri fracamente para mim antes de servir nosso café da manhã e nós
caímos em um silêncio confortável, ambos muito perdidos em pensamentos
sobre nosso futuro e o que eles podem nos reservar.

Eventualmente, eu a deixo e fujo para a paz do meu quarto. Eu sei que


ela está certa. Preciso ver Chelsea. Certamente não podemos deixar as coisas
como fizemos naquela sala de aula. Estamos conectados agora, gostemos ou
não.

Mamãe me dá o espaço que preciso por algumas horas antes de enfiar a


cabeça pela porta, perguntando se ela pode entrar. Eu aceno para ela e
quando ela abre a porta, descubro que ela está carregando uma caneca
fresca de café e tem um saco de batatas fritas na mão.

— Pensei que você pudesse precisar de alguma coisa.

— Obrigado, — eu digo, sentando-me de onde eu estava deitado na


minha cama olhando para o teto.

— Eu estava pensando, não é o baile de inverno na sexta-feira?

— Sim e…

— Nenhuma razão, — diz ela com um encolher de ombros inocente


antes de sair da sala.
Capítulo 34
CHELSEA

Eu não presto atenção aos outros clientes ao nosso redor até eu me


levantar e me virar para sair. É então que eu travo os olhos com um par
muito familiar que eu nunca mais quero ver.

Meu sangue gela, assim como quando olhei para dentro do carro dele e
encontrei aqueles azuis gélidos olhando para mim.

Ele empurra para ficar de pé quando eu começo a correr.

— Espere, por favor, — ele chama, mas não há nenhuma maneira de eu


ficar por perto para ouvir qualquer coisa que aquele idiota tem a dizer, não
importa quão educadamente ele me pergunte.

Não percebo que Luca não está atrás de mim até que estou fora do
restaurante e arrisco olhar para trás.

A única pessoa que está lá é ele. Ele está parado na porta com as
sobrancelhas juntas.

— O...o que você quer de mim? — Eu gaguejo, tentando como o inferno


não mostrar a ele que estou com medo e falhando miseravelmente.

— Por favor, Rose. Eu só quero falar contigo.

— Eu não sou Rose. Você pegou a pessoa errada, — eu digo, virando as


costas para ele, esperando que Luca apareça a qualquer momento e me leve
embora antes que isso fique fora de controle.
— É você, eu sei que é.

— Está tudo bem? — Luca pergunta, finalmente saindo de trás do


homem. — Esse idiota está lhe incomodando?

— N...não, está tudo bem. Podemos ir, por favor?

— É claro. — Luca olha entre mim e o cara, confusão estampada em seu


rosto.

No segundo em que seu carro apita para sinalizar que está destrancado,
eu entro e tranco mais uma vez atrás de mim.

Meu peito arfa enquanto minha respiração passa pelos meus lábios em
pânico.

— Que porra foi essa? Quem era ele? Porra, você está bem? — ele
pergunta quando percebe que estou à beira de um ataque de pânico.

Concordo com a cabeça, concentrando-me na minha respiração até que


as coisas comecem a voltar ao normal. Seus olhos preocupados nunca me
deixam embora.

— Eu preciso ir e bater nele por algum motivo?

Eu não posso evitar a risada que sai dos meus lábios. É provavelmente o
mínimo do que aquele cara merece.

Ele ainda está olhando para nós de seu lugar na porta do restaurante, eu
não preciso olhar para saber que ele está lá. Eu posso sentir seu olhar
pinicando minha pele.

— Está tudo bem. Não é nada.


— Eu imploro por discordar. Você está tudo menos bem.

— É apenas um fantasma do meu passado. Um que espero nunca mais


ver.

— Seu passado? Você quer dizer antes de Rosewood?

— Sim. Você pode me levar para casa, por favor?

— É claro.

Ele liga o motor, e com os olhos do cara observando cada movimento


nosso, ele sai de seu espaço e vai para a estrada.

Eu seguro seus olhos, não quero, mas estaria mentindo se dissesse que
sua insistência em me ver, em falar comigo, não me intrigou.

Agora meu medo diminuiu sabendo que estou segura no carro ao lado de
Luca, vejo algo mais em seus olhos. Mas antes que eu tenha a chance de
descobrir o que é, viramos a esquina e ele não está mais à vista.

— Tem certeza que está bem?

— Sim. — Minhas mãos tremem no meu colo e meu coração ainda está
galopando no meu peito, mas estou bem.

O que eu preciso é estar na casa da piscina com o mundo exterior


trancado em segurança do outro lado da porta.

Voltamos para minha casa em silêncio. Eu posso sentir as milhões e uma


perguntas que Luca tem para mim, mas felizmente, ele consegue mantê-las
dentro.
— O que você fará pelo resto do dia? — ele me pergunta quando ele
parou o carro na garagem.

— Trabalho de casa. E você?

— Eu provavelmente deveria tentar assistir a pelo menos uma das


minhas aulas hoje.

— Luca, — eu digo com um suspiro. — Eu disse para vir se você não


tivesse aula.

Estendendo a mão, ele pega minha mão na dele. — Você precisava de


mim, Chels. Shane precisa de mim. Não há nenhum outro lugar que eu
preferiria estar.

A emoção queima no fundo dos meus olhos e eu luto para piscar as


lágrimas. — Ah, não, não. Não chore, você sabe que eu não posso lidar com
isso.

Eu rio para ele enquanto puxo seu braço para que eu possa dar-lhe um
abraço desajeitado no carro.

— Vejo você em breve, sim? — Eu aceno enquanto abro a porta. — E se


você precisar de mim, é só me ligar. A qualquer momento.

— Obrigado, Luc. Eu realmente gostei disso.

— Você cuida bem da minha sobrinha ou sobrinho. — Ele acena para


minha barriga e borboletas voam.

— Eu vou. Obrigada. — Ele me saúda antes de sair da garagem.

O pânico me atinge quando ele vai embora e eu percebo que deveria ter
dito a ele para não contar a Shane que ele me viu. Não quero que ele o
encontre e tente lutar minhas batalhas por mim. Não que eu pense por um
segundo que ele iria me ouvir. Com um sorriso, corro para a porta da frente
e entro.

***

Acabo passando a tarde com mamãe embrulhando presentes. Não é


exatamente o que eu teria escolhido para passar o resto do dia fazendo, mas
não posso negar que a tarefa mundana me relaxa um pouco.

— Você está pensando em voltar para a escola esta semana? — ela


pergunta enquanto adiciona outro presente à pilha perfeitamente
embrulhada ao lado dela.

— Não faço ideia do que estou fazendo. Eu costumava prosperar com a


atenção, mas agora, eu só quero me esconder.

— Compreensível. Eu estava pensando que se você estiver de folga


amanhã, podemos ir ao shopping. Você vai precisar de roupas novas em
breve e pode ser bom tirá-la de casa.

Sento-me e penso na oferta dela por alguns segundos. — Isso soa muito
bom, eu adoraria.

— É um encontro então. Apenas certifique-se de entrar em contato com


seus professores e obter o trabalho que está faltando, mocinha.

— Eu irei, eu prometo.
Já é tarde quando consigo fazer o que tanto desejava mais cedo e me
trancar na minha casa da piscina. Mamãe e eu fizemos pizzas caseiras para
quando papai chegasse do trabalho e sentamos e comemos como uma
família de verdade. Foi agradável. Exatamente o que eu precisava.

Depois de prometer encontrar mamãe de manhã para o nosso dia, vou


para o meu santuário e solto um suspiro.

O estresse dos últimos dois dias puxa meus músculos tensos, tudo que
eu quero fazer é me enrolar em uma bola mais uma vez e adormecer.

Deixei meu celular na minha bolsa no silencioso e disse a mim mesma


uma e outra vez ao longo do dia para não checar, mas uma vez que estou
sozinha, minha restrição se rompe e eu o puxo para fora e o ligo.

Eu mantenho meus olhos fechados por um instante, rezando para que


ele tenha me estendido a mão, mas não há nada. Bem, não dele. Há de
muito outros.

Eu respondo a Luca para agradecê-lo novamente por largar tudo para


mim esta manhã, e também envio um pedido de desculpas para Rae por
ignorá-la o dia todo quando ela está apenas preocupada comigo. Ela
responde imediatamente dizendo que entende e que sente muito por não
ter vindo me ver hoje, mas eles foram forçados a fazer coisas de família
depois da escola. Eu entendo, está tudo bem. Não espero que todos parem
suas vidas porque a minha está desmoronando.

Eu ignoro todos os outros, eles estão apenas caçando fofocas.


Depois de vestir a camisa de Shane mais uma vez, eu subo na cama
desejando que ele apareça e me puxe em seus braços.

Isso nunca acontece, e quando acordo na manhã seguinte, ainda estou


sozinha.

***

Fazer compras com a mamãe é melhor do que eu esperava. Pego


algumas roupas de maternidade que precisarei antes que ela me arraste
para uma loja de bebês para começar a olhar as coisas.

Admito que não sei nada sobre cuidar de um bebê, mas acho que ainda
tenho um pouco de tempo para resolver isso e ouço as pessoas dizerem o
tempo todo que é algo que geralmente vem de forma natural, quando
chegar a hora, então espero que seja o caso.

Ela não está feliz com isso, mas eu a impeço de comprar qualquer
coisa. Além de roupas de maternidade, eu me recuso a comprar qualquer
coisa até depois do meu próximo ultrassom. Eu acho que gostaria de
descobrir o sexo, e eu realmente não tenho ideia do que Shane pensa sobre
isso, então até que tomemos essa decisão, espero que juntos, eu me
abstenha de qualquer coisa fofa que mamãe acenou em meu nariz em sua
tentativa de me influenciar.
Eu preciso pensar nele. Eu já passei tanto dessa gravidez sem ele fazer
parte dela. Eu quero pelo menos dar a ele a chance de estar lá para tudo o
que ainda está por vir, se ele quiser, é claro.

Ainda estou guardando tudo no armário quando batem na porta da casa


da piscina no final da tarde.

Com o coração na garganta, mais uma vez corro para a sala de estar na
esperança de que seja ele, mas assim como ontem de manhã, minhas
esperanças são frustradas quando encontro Rae olhando para mim.

— Ei, — eu digo, abrindo a porta para ela.

Eu nunca costumava trancá-lo, mas desde que o vi comecei a ser um


pouco mais cautelosa. Ele claramente quer algo de mim e uma visita tarde
da noite como ele costumava dar à minha mãe biológica certamente não
está nos planos.

Eu tremo só de pensar.

— Você está bem? Toda a cor sumiu do seu rosto.

— Sim, sim, estou bem. Especialmente agora que eu vi isso, — eu digo,


meus olhos se arregalando com a visão da caixa de donuts que ela tem na
mão.

— Você parecia gostar deles da última vez.

— São donuts, quem não gosta deles? — Pego a caixa, coloco na mesa de
centro e imediatamente puxo a tampa para fazer minha seleção.

— Ele estava na escola hoje? — Eu murmuro com a boca cheia de


bondade açucarada na esperança de que ela não consiga entender as
palavras. Mas quando seus lábios se curvam em um sorriso, eu sei que ela
não perdeu.

— Não.

— E todo mundo ainda estava falando sobre a puta que eu sou?

— Bastante.

— Uau, não adoce isso.

— Eu posso se você quiser, eu só pensei que você preferiria ouvir a


verdade.

Eu gemo. — Eu quero, mas também não quero lidar com tudo isso.

— Não há nada para lidar com eles. Eles são um bando de fofoqueiros.
Quem se importa com o que eles pensam?

— Eu sei. Eu sei disso. Às vezes é difícil.

— Eu ouvi alguém apostando se era do Shane ou não, — ela admite


calmamente.

— Eles estão fazendo o quê!?

— Os garotos são idiotas. Apenas deixe-os continuar com isso. Então eu


estou supondo que você não tenha ouvido falar dele então?

Eu balanço minha cabeça. — Enviei mensagens, mas elas nem foram


lidas. Eu vi a mãe e o irmão dele.

— O que eles tinham a dizer?

— Pra ser paciente.

— Útil.
— Paciência não é realmente minha especialidade.

— Mas eles estão certos. Deve ter sido um choque e tanto descobrir
assim. — A culpa torce meu estômago por eu ter permitido que isso
acontecesse. — Ele vai aparecer. Ele é um cara legal e vai querer fazer o
certo por você.

— Ele tem todos os motivos para não fazer isso.

— Chels, aquele garoto te ama. Ele voltará.

— Você acha?

— Eu sei.

Eu estreito meus olhos para ela. — O que você não está me dizendo?

— Nada, — diz ela, levantando as mãos em rendição. — Eu não sei de


nada.

Ela me deixa depois de receber uma mensagem de Ethan dizendo que ele
terminou com a equipe.

Percorro os canais de TV, mas não encontro nada que chame minha
atenção, pego um livro que peguei esta tarde com mamãe sobre o que
esperar do parto e de ter um recém-nascido e levo-o para a cama junto com
um chocolate quente. Não é o tipo de livro que eu pensei que leria por
alguns anos ainda, mas aqui vamos nós.

***
Quando acordo na manhã seguinte, é com o livro me cutucando no braço
e ainda aberto em uma página que me lembro vagamente de ter lido.

Eu desliguei meu alarme ontem à noite sabendo que não havia nenhuma
maneira de eu ir para a escola de novo hoje, então quando eu olho para o
meu celular, estou surpresa ao ver quão tarde é.

Volto no próximo semestre. Isso lhes dará bastante tempo para superar
o drama, e espero que alguém tenha feito algo que tire o foco de mim.

Ainda não recebi uma resposta de Shane, mas mando outra mesmo
assim. Eu preciso que ele saiba o quanto eu sinto falta dele.

Eu me levanto, tomo banho, arrumo meu cabelo, geralmente perco


tempo porque não é como se eu tivesse muito o que fazer hoje. Eu deveria
sair e correr, mas o pensamento de ver alguém quando estou sozinha não
me agrada.

Eventualmente, eu pego meu laptop e fico imerso em algum trabalho.

Mamãe entra e sai com comida e bebida ao longo do dia para me checar,
mas fora isso, fico trancada em meu próprio mundinho, mantendo tudo e
todos à distância.

Isso é até pouco depois das seis horas.

Mamãe me disse que o jantar seria às sete, então, uma vez que eu
terminei a tarefa em que estava trabalhando, vou ao banheiro para me
refrescar e me preparar para encontrá-los.

Estou prestes a calçar meus sapatos quando alguém bate na porta.


Sabendo que só me decepcionei quando minha imaginação fugiu comigo
nos últimos dias, nem me incomodo em esperar que seja ele, porque sei que
não é.

Estou olhando para o meu celular, rezando por uma resposta enquanto
entro na sala de estar e não olho para a porta até estar bem na frente dela.

E quando o faço, não posso deixar de ofegar em choque.


Capítulo 35
CHELSEA

Do outro lado da porta de vidro está Shane.

Ele parece exatamente como eu me lembro, seu cabelo loiro


desgrenhado no estilo bagunçado de sempre, seus olhos esmeralda olhando
para mim como se ele visse todo o caminho em minha alma e seus lábios
carnudos que fazem meu estômago apertar de desejo. Mas é aí que as
semelhanças terminam, porque ele está vestindo uma camisa branca e um
par de calça social preta justa, e em suas mãos está uma caixa gigante.

Minha mão treme enquanto me atrapalho com a fechadura para permitir


que ele entre.

— Ei, — eu digo rapidamente assim que há uma abertura na porta. —


Você parece... ótimo.

— Obrigado. Posso entrar?

— Oh merda, sim, — eu digo pulando para fora do caminho e segurando


a porta aberta para ele.

Eu fico de pé, balançando desajeitadamente no local enquanto mexo


com meus dedos, sem saber o que fazer.

Porra, eu senti falta dele.

Eu observo silenciosamente enquanto ele coloca a caixa na mesa de


centro e se vira para mim.
Seus olhos percorrem o comprimento do meu corpo, não tenho ideia do
porquê, estou apenas vestindo um moletom enorme e um par de calças de
ioga, não é nem um pouco sexy.

— Shane. — Apenas ser capaz de dizer o nome dele me dá arrepios. —


Porra. Eu sinto muito. Eu não tinha ideia... eu deveria ter lhe contado...
merda... eu nem mesmo...

— Pare, — ele exige, estendendo a mão e pegando minha mão na dele,


me puxando para seu corpo.

Seu calor queima, mas de uma maneira tão boa. Meus joelhos ameaçam
ceder quando seu cheiro enche meu nariz.

— Oh Deus, — eu choramingo enquanto ele olha para mim. — Eu senti


tanto sua falta.

— Chels, você vai ao baile de inverno comigo?

Meu queixo cai quando suas palavras são registradas. — V...você quer ir
ao baile? — Um lado do meu lábio se contrai com o início de um sorriso.

— Se você ainda me quiser.

Uma risada borbulha na minha garganta, mas não porque há algo


engraçado sobre esta situação, mas porque é tão inacreditável.

— Você está falando sério?

— Mortalmente.

— Hum... — Olho em volta, minha cabeça girando com esta pequena


visita inesperada. — Não tenho nada para vestir. — Penso nos vestidos que
usei em bailes anteriores e mesmo não mostrando, sei que não são
adequados.

— Eu cuidei disso para você. — Ele fica de lado e me permite ver a caixa
que eu tinha esquecido que ele carregava.

— O que é que você fez?

Sem dizer uma palavra, ele caminha até à caixa e tira a tampa. Dentro há
uma abundância de papel de seda.

— Vamos continuar então. Agora vamos ver até que ponto eu a conheço
bem.

Eu me aproximo da caixa e espio dentro, mas o conteúdo está


totalmente escondido. — Você escolheu tudo sozinho?

— Claro que sim. Vá em frente, o suspense está me matando.

Puxando o lenço de papel, encontro um tecido vermelho tipo carro de


bombeiros olhando para mim.

Formigamento irrompe no meu estômago quando eu alcanço e puxo o


vestido.

— Oh meu Deus, Shane. É impressionante.

É de corpo inteiro com um V profundo e uma abertura na perna. Tem


muito mais tecido do que os vestidos que estou acostumada a usar, mas é
muito sexy.

— Sim? — Eu olho para seus olhos hesitantes.


Eu relaxo pela primeira vez em dias, e um soluço irrompe da minha
garganta do nada. O alívio de vê-lo depois de não saber o que ele estava
pensando, o que estava fazendo, ou mesmo onde estava nos últimos dias, de
repente é demais para aguentar.

— Merda, — ele murmura, me pegando em seus braços e me puxando


com força em seu peito.

Eu o respiro e isso só me faz chorar mais. Tê-lo aqui, ser capaz de


envolver meus braços ao redor dele. É tudo.

— Shh, está tudo bem.

— Eu sinto muito. Me desculpe.

— Ei, — diz ele, enfiando o polegar sob meu queixo e levantando meu
rosto para que eu possa olhar para ele. — Faremos isso mais tarde. Agora,
quero levar minha garota para o baile. Então seque esses olhos, coloque
aquele vestido sexy e aproveitaremos nossa noite juntos.

Eu engulo minhas emoções e aceno para ele, um largo sorriso no meu


rosto.

— Parece incrível.

Ele me solta, pega o vestido que eu deixei na caixa e com a mão na


minha, me puxa para o meu quarto.

Ele se acomoda no meio da minha cama. Ele está com uma aparência de
tirar o fôlego e tudo que eu quero fazer é rastejar para ele.

— Você tem trinta minutos. Você também precisa fazer uma mala para a
noite.
— Shane Dunn, o que você está me escondendo?

— O quê? — ele pergunta inocentemente. — Você acha que é a única


que pode ter segredos?

— Acho que não, — eu digo levemente, ignorando a bola de pavor que


ameaça encher meu estômago com a menção do meu segredo.

Ele disse que quer conversar mais tarde. Nós podemos fazer isso. —
Vamos, o tempo está passando.

— Está bem, está bem.

Com seus olhos queimando em mim, eu puxo o zíper do moletom que


estou vestindo, revelando o sutiã que estou usando por baixo. Depois de
tirar minhas calças pelas minhas pernas, eu me viro para ele e ele geme.

— Eu provavelmente deveria ir e esperar lá fora, não deveria?

Com seu olhar travado em meus seios cobertos, chego atrás de mim e
deixo cair o tecido. — Esta foi uma ideia muito ruim.

— Tarde demais agora. Se ao menos você chegasse mais cedo e me


desse mais de trinta minutos para ficar pronta. Imagine como poderíamos
ter usado o tempo.

Eu empurro minha calcinha dos meus quadris e sorrio quando seus


dentes afundam em seu lábio inferior.

— Agora que eu sei, eu posso ver.

Minhas sobrancelhas franzem por um momento antes de eu perceber


que ele está olhando para minha barriga.
Eu me viro para o lado, me olhando no espelho, e passo a mão na
barriga.

— Você acha?

— Sim.

A expectativa crepita entre nós. O olhar possessivo em seus olhos tem


calor inundando meu núcleo.

Afastando meus olhos dos dele no espelho, me forço a me concentrar no


que deveria estar fazendo.

Abrindo uma gaveta, encontro uma calcinha adequada para aquele


vestido e a coloco antes de me sentar na minha penteadeira e fazer um
trabalho rápido no meu cabelo e maquiagem.

— Você poderia fazer isso com mais roupas, sabe, — Shane resmunga
atrás de mim.

— E qual seria a graça disso?

— Se você está tentando mostrar o que estou perdendo, confie em mim


quando digo que não é realmente necessário.

— Foram alguns dias difíceis, não é?

— Você não acreditaria.

Eu sei que não deveria estar dando corda para ele agora, mas não posso
evitar. Estou tão feliz que ele está aqui e estar novamente brincando comigo
mais uma vez que é demais para ignorar.
Eu sei que temos um monte de coisas pesadas para falar, mas ele veio
oferecer um pouco de diversão primeiro e eu vou agarrar isso com as duas
mãos.

O fato de ele estar aqui significa tudo para mim, muito menos o resto.

— Que tal você me ajudar a me vestir?

Eu me aproximo da cama e estendo meu vestido para ele.

Ele faz um trabalho rápido de deslizar para a borda do colchão e segurá-


lo para que eu possa entrar nele.

Eu me viro para que meus seios não fiquem bem na cara dele, sentindo
que isso pode ser uma provocação demais.

Ele puxa o tecido pelas minhas pernas antes de eu sentir o toque suave
de seus lábios nas minhas costas.

— Shane? — Eu gemo quando eles começam a subir pela minha espinha


enquanto o tecido envolve meu corpo.

Deslizando meus braços nos buracos, ele os puxa para cima até que as
alças estejam descansando sobre meus ombros.

Estremeço quando a ponta de seu nariz corre ao longo da linha do meu


ombro até que seus lábios roçam a coluna do meu pescoço.

— Oh Deus. — Meus mamilos endurecem contra o tecido que agora


estão escondidos atrás, e tudo o que posso pensar é em retirá-lo novamente.

Pressionando o comprimento de seu corpo contra as minhas costas, a


protuberância óbvia de seu pau pressiona contra minha bunda e sua mão
desliza para o meu estômago, descansando suavemente sobre a
protuberância muito leve que ele apontou anteriormente.

— Você é minha, Chelsea. Você está pronta para ir e mostrar ao mundo?

— Sim, — eu choramingo, também triunfante de felicidade por ter sua


mão possessivamente no meu estômago.

Entrelaçando seus dedos com os meus, ele me gira para longe dele para
que eu possa enfrentá-lo.

— Uau. — Seus olhos correm ao redor do meu corpo, sem saber para
onde olhar primeiro. — Eu sabia que seria perfeito, mas... foda-se.

Enquanto eu encontro alguns sapatos adequados no meu armário, ele


pega a pequena bolsa que eu arrumei enquanto me arrumava e saímos da
casa da piscina.

Claramente, ele não era o único nessa pequena surpresa porque eu


encontrei mamãe, papai e Maddie em nosso quintal prontos para tirar fotos.

— Caramba, não é a noite da formatura nem nada, — eu digo com uma


risada quando mamãe e Maddie ficam um pouco engasgadas com a nossa
visão.

O pensamento a formatura de repente me aterroriza. Quão grande eu


estarei até lá? Ainda estarei grávida ou terei tido o bebê?

Um arrepio de medo percorre minha espinha. Shane aperta minha mão e


me pergunto se ele está tendo pensamentos semelhantes.

Nossas vidas estão prestes a mudar tão rapidamente, e embora eu esteja


animada e certa de que é o que eu quero, ainda é assustador. Tudo o que
planejamos para o resto de nossas vidas foi potencialmente virado de cabeça
para baixo.

Sorrimos para algumas fotos antes de nossas mães com lágrimas nos
olhos se despedirem, nos desejando uma noite divertida. Estou assumindo
que elas estão cientes de que Shane acabou de me dizer para fazer uma
mala e que passaremos a noite juntos. Embora, eu acho que eles não têm
muito com o que se preocupar agora, o pior já aconteceu.

No segundo em que nos acomodamos em seu carro, Shane estende a


mão e pega a minha.

— Você está pronta para isso?

Penso em quase toda a nossa turma no ginásio se divertindo. A última


coisa que eles provavelmente esperam é que nós dois apareçamos de mãos
dadas.

Lembro-me de quando entramos juntos na escola na segunda-feira e ele


me beijou abertamente na frente de todos. Inferno, como foi isso há apenas
quatro dias atrás? Parece uma vida inteira.

Poderia muito bem dar-lhes algo para olhar. Suas palavras me atingem e
eu não posso deixar de sorrir.

— Sim. Eu acho que estou.

Ele olha para mim com um sorriso brincando em seus lábios.

— Você sempre quis a atenção, parece que está fazendo um bom


trabalho em conseguir isso, hein?

— Sim, uma vez decidi que não queria mais. Vai entender.
— Eles logo vão superar isso.

— O quê? Quando eu tiver uma barriga do tamanho de uma bola de


basquete? Sim, isso deve realmente tirar o foco de mim.

— Uma bola de basquete, um pouco pequena, você não acha. Mais como
uma daquelas bolas de exercícios.

Eu suspiro com horror simulado e dou um tapa em seu ombro.

— Continue e você não será capaz de fazer mais nenhum filho.

— Você quer mais?

— Quem sabe. Não é como se eu tivesse planejado esse.

— Bom saber, — ele murmura.

— Shane, — eu digo, estendendo a mão para descansar minha mão em


sua coxa. — Eu não... eu não...

— Eu sei, Chels. Não foi por isso que eu disse isso.

— Eu fodi tudo isso de um jeito tão ruim.

— Agora não. Vamos apenas aproveitar a noite.

Eu amo a ideia dele. É tão doce e atencioso depois da maneira como


deixamos as coisas no outro dia.

Embora eu não possa deixar de sentir o enorme elefante no canto da sala


– ou carro.

Por mais que eu queira me perder nele, na conexão entre nós e como é
elétrico quando nós tocamos, eu sei que estamos apenas mascarando nossos
problemas. Assim como tenho feito desde que voltei.
É hora de eu arrancar aquele Band-Aid e expressar todas as minhas
verdades, meus medos e o que eu quero para o futuro.
Capítulo 36
SHANE

Eu pensei que eu estava louco fazendo isso. Achei que ninguém


entenderia, mas no segundo em que contei meus planos à mamãe, ela
estava totalmente de acordo. Seus olhos ficaram todos suaves e eu pensei
que ela ia explodir em lágrimas em mim.

Ela imediatamente me mandou de volta para o meu quarto para me


vestir para que pudéssemos sair para fazer compras. Ela não me levou ao
Rosewood Mall, mas ao seu favorito algumas cidades adiante. Ela poderia
estar lá para me ajudar, mas eu sabia que era o vestido no segundo em que
o vi. Eu não me incomodei em olhar para nenhum outro. Depois de arriscar
no tamanho, saí daquela loja com o primeiro sorriso genuíno em meu rosto
em dias. Nada parece estar bem sem ela. Eu não estou bem sem ela.

Dito isto, caminhar até à casa da piscina com a esperança de que ela
concordasse com esse plano foi uma das coisas mais estressantes que já fiz
na minha vida.

Ela poderia facilmente ter dito não. Eu disse a mim mesmo uma e outra
vez que ela provavelmente iria apenas para que eu pudesse estar
preparado. Mas eu soube no momento em que olhei em seus olhos que ela
precisava de mim ali tanto quanto eu precisava estar.

O alívio que me inundou foi total. Eu queria desesperadamente puxá-la


para mim e fazê-la minha mais uma vez, mas eu sabia que tinha que esperar.
Há muitas coisas que precisam ser ditas entre nós. E sim, talvez
devêssemos conversar antes de passar a noite juntos no baile, mas foda-
se. Eu só quero uma noite normal com minha garota. Isso é pedir
muito? Quero deixar tudo de lado, apenas por algumas horas, para que
possamos desfrutar da companhia um do outro antes de permitirmos a
realidade de volta e aceitar que tudo está prestes a mudar para nós.

O estacionamento da escola está quase cheio quando chegamos. Eu sei


que estamos atrasados, é como eu planejei.

Eu sempre fui o único a me esconder nas sombras, a ignorar a atenção


que ser parte da equipe me trouxe, mas não está noite. Esta noite eu ia
manter minha cabeça erguida e mostrar ao mundo o que eu queria.

Depois de dizer a ela para ficar parada, eu corro pela frente do carro e
abro a porta para ela.

Alcançando-a, eu aperto meus dedos ao redor dos dela e a puxo para


fora do carro. Eu não dou um passo para trás, então, quando ela fica em pé,
seus seios roçam meu peito e com seus saltos em seus lábios estão na
posição perfeita.

Isso seria tão fácil. Cada músculo do meu corpo grita para eu fechar esse
pequeno espaço.

Seus olhos escuros encaram os meus, me implorando para fazer o


movimento porque ela sabe que não pode.

Eu tenho que ser o único a fazer o movimento esta noite. Estou dando os
tiros.
— Pronta para mostrar esse vestido?

Eu sinto o estremecimento que percorre seu corpo com a minha


pergunta.

— Você não está com medo, está?

— Eu... — Ela hesita, e eu odeio o olhar apreensivo em seus olhos.

Inclinando-me, meus lábios roçam sua orelha, desta vez seu


estremecimento é por um motivo totalmente diferente enquanto minha
respiração corre por sua pele. — Você é a porra do Chelsea Fierce,
baby. Entre lá com os ombros para trás e mostre a eles que você nunca vai
se esconder deles.

Ela engasga com minhas palavras, mas depois de uma batida, ela
acena. — Só se você estiver ao meu lado.

— Eu não gostaria de estar em outro lugar.

— Ok. Vamos então, faremos isso.

Ela desliza a mão na minha e depois de bater à porta atrás dela, partimos
em direção ao ginásio onde Rosewood High hospeda todos os seus eventos.

A música ressoa muito antes de chegarmos lá. Alguns estudantes vagam


do lado de fora, provavelmente tentando localizar o álcool que foi escondido
durante a semana na esperança de conseguir um pouco.

Alguns deles olham em nossa direção, mas ninguém diz nada.

Quando nos aproximamos da porta, a mão de Chelsea começa a apertar


a minha com mais força.
Não posso deixar de sorrir para mim mesmo. Apenas alguns meses atrás,
eu me perguntei se ela realmente era uma rainha do gelo. Nada nunca a
afetou. Tudo o que alguém disse ou fez simplesmente a inundou como água
nas costas de um pato. Mas eu vejo agora. Eu vejo seu lado vulnerável, seus
medos, seus nervos, e eu adoro isso porque sei muito bem que sou o único
que pode.

Ela inspira profundamente antes de nós dois abrirmos as portas duplas e


entrarmos.

Vamos direto para onde está toda a ação. Como se eles estivessem
esperando por nós, a música se abaixa quando entramos e quase todos na
sala se voltam para nós.

— Foda-se, — ela guincha ao meu lado. Mas apenas um segundo depois,


ela eleva ombros e segue minha liderança em direção ao centro da sala.

Todos os olhos nos seguem enquanto puxo Chelsea na minha


frente. Como se fosse uma deixa, a música muda e eu a puxo para o meu
corpo.

— Poderíamos muito bem dar a eles algo para olhar, — eu digo


enquanto ela olha para mim com total admiração.

Um sorriso tímido aparece em seus lábios enquanto ela balança a


cabeça. — Você é incrível. Você sabe disso?

Eu dou de ombros. — Você desperta isso em mim.

Incapaz de resistir a ela por mais tempo, eu abaixo minha


cabeça. Começa como um suave roçar de lábios sabendo que toda a nossa
turma, inferno, toda a escola, está assistindo. Mas eu sou incapaz de deixar
por isso mesmo quando ela pressiona o comprimento de seu corpo mais
apertado contra o meu.

Com minhas mãos na pele nua de suas costas, eu separo meus lábios e
lambo em sua boca.

Ela ansiosamente aceita meu beijo como se fôssemos apenas nós dois
dentro de sua casa da piscina.

Só posso supor que todo mundo fica entediado conosco porque quando
finalmente nos separamos, um pouco sem fôlego e tontos algumas músicas
depois, a maioria voltou para suas próprias conversas e danças.

Chelsea ri, e isso faz meu coração apertar. — Eu não posso acreditar que
você acabou de fazer isso.

— Era hora de algumas novas fofocas em torno deste lugar, você não
acha?

— Ainda se concentra em nós, no entanto.

— Talvez, mas pelo menos é diferente.

— Bem, bem, bem, — uma voz profunda familiar diz fazendo o seu
caminho. — Não pensei que você tinha isso em você, Dunn.

Olhando para cima, encontro o rosto divertido de Ethan com Rae


dobrada ao seu lado. — Você não precisa se preocupar com Shane. Ele tem
muito nele.

— Huh, eu pensei que era você, — Ethan fala, olhando para Chelsea e
fazendo Rae bufar de tanto rir.
— Eu não esperava ver você aqui esta noite. Eu realmente não tinha você
como uma garota do tipo baile da escola, — Chelsea diz para Rae.

— Agora, o que lhe deu essa impressão?

Eu observo sua maquiagem escura, vestido de skatista preto, meia


arrastão e botas de combate. — Eu não tenho ideia, — diz ela, tendo
pensamentos semelhantes.

— Foram Sindy e Barbie, — ela diz com um revirar de olhos.

— Quem? — Minhas sobrancelhas apertam por não ter ideia de quem


ela está falando.

— Elas. — Ela acena com o queixo por cima do meu ombro e quando
olho para cima, encontro Amalie e Camila andando em nossa direção com
meus companheiros de equipe relutantes seguindo atrás.

— Então esta é uma noite meio que tortura seu namorado, não é?

— Você pensaria assim olhando para seus rostos, certo?

— Dunn, Chelsea, — Jake diz quando chega até nós.

— Ei. Hum... — Chelsea diz, ficando tensa ao meu lado. — Podemos


conversar um minuto?

Jake olha entre nós dois. É como se ele estivesse pedindo minha
permissão, uma parte de mim quer rir. Como diabos chegamos a isso?

— Eu só tenho algumas coisas que preciso dizer a ele, — sussurra


Chelsea no meu ouvido.
— Eu confio em você, — eu sussurro de volta. — Mas, por favor,
certifique-se de dizer a ele que eu sou o melhor que você já teve.

— Shane, — ela grita, batendo no meu peito de brincadeira.

Ela dá um beijo rápido na minha bochecha antes de levar Jake para um


canto mais calmo. — O que é isso? — Amalie me pergunta, observando
minha garota levar seu cara para longe.

— Eu não tenho ideia, mas duvido que ela esteja prestes a pular nele.

Nós dois assistimos enquanto Chelsea diz o que quer que ela precise
dizer a ele. Jake balança a cabeça, um sorriso suave brincando em seus
lábios.

Ela está se desculpando, isso é óbvio, e eu não poderia estar mais


orgulhoso dela agora.

— Então vocês dois, ou três, realmente estão indo para isso então? —
Amalie pergunta, virando-se para lhe dar um pouco de privacidade.

— Sim, acho que estamos.

— Eu diria que acho que você precisa checar sua cabeça, mas não sou
cega. Vocês dois são perfeitos um para o outro. Mesmo que eu nunca em um
milhão de anos tivesse colocado vocês juntos quando cheguei.

— Não pode ajudar por quem você se apaixona.

— Você não precisa me dizer isso. Eu poderia ter ido atrás do cara legal,
mas em vez disso acabei com... — Ela grita quando Jake envolve as mãos em
sua cintura e a puxa de volta para ele. — Isso, — diz ela com uma risada.

— Por que tenho a sensação de que você está falando de mim?


— Porque nós estamos, — Amalie diz. — Eu só estava dizendo como
você é um idiota.

— Sim, bem, é uma coisa boa que você ama isso.

Evitando meu olhar enquanto ele empurra a língua em sua boca, eu olho
para Chelsea quando ela desliza o braço em volta da minha cintura e se
aconchega ao meu lado.

— Tudo certo?

— Sim. Eu só precisava dizer...

— Eu entendo, — eu digo, deixando meus lábios em sua têmpora.

— Eu preciso falar com Mase também, mas ele está ocupado agora.

Eu olho para encontrá-lo se mexendo com Camila ao ritmo da música. —


Vamos nos juntar a eles?

— Eu prefiro fazer isso em particular com menos roupas, — murmura


Chelsea, fazendo meu pau se contorcer de excitação.

— Temos muito tempo para isso.

Apesar de tudo e das incógnitas pairando entre nós, temos a noite mais
incrível e normal.

Dançamos, bebemos, conversamos e rimos com os amigos. Em algum


momento, Zayn e alguns outros da equipe se juntaram a nós, mas depois do
anúncio de marcação de Zayn para a noite, eles passaram o tempo tentando
ganhar suas garotas escolhidas enquanto nós oito assistimos com prazer
enquanto a maioria deles foi recusado outra vez.
Zayn eventualmente ficou entediado tentando capturar a nerd para a
qual ele foi desafiado e acabou dançando com Ruby, enquanto sua irmã e
Poppy olhavam para suas travessuras com desgosto em seus rostos.

— Vamos sair daqui, — Chelsea eventualmente sussurra em meu ouvido


quando todos ao nosso redor estão perdidos em suas próprias conversas.

— Hmmm… isso soa como uma ideia perfeita. Pronta para ver o que mais
planejei?

— Tão pronta.

Dizemos adeus aos que nos rodeiam antes de deixar o baile para
trás. Não é até que nós dois estamos de volta no meu carro que eu acho que
respiro.

— Isso foi meio louco, — diz Chelsea, seus pensamentos espelhando os


meus. — Sim, foi. Mas precisava acontecer.

— Por que você diz isso?

— Todo mundo sabe agora.

— Sabe o quê? — ela pergunta, nervos entrelaçados em sua voz.

— Que você é tudo para mim. — Estendendo a mão, eu pego sua mão e
levanto seus dedos aos meus lábios. — Certo, vamos.

Com a mão dela descansando na minha coxa, eu saio do espaço e vou em


direção ao nosso destino de fim de semana. Eu ia reservar um hotel para
nós, mas mamãe pediu alguns favores e ela conseguiu encontrar o lugar
perfeito para termos a privacidade que precisamos para resolver tudo de
uma vez por todas.
— Estou com fome, — Chelsea reclama quando estou dirigindo por cerca
de uma hora. — O que você quer?

— Er... hambúrguer e milkshake.

Eu rio para ela. — No próximo restaurante que passarmos, vamos parar.

— Não estamos quase lá? Estamos dirigindo há séculos.

— Dificilmente.

— Talvez eu esteja apenas impaciente.

Eu olho para ela; seus olhos geralmente escuros são quase pretos. Ela
chupa o lábio inferior em sua boca, sabendo que estou assistindo, e isso faz
meu pau inchar. Baixando meus olhos para seu peito, encontro seus seios
inchados que estão tentadoramente expostos pelo vestido.

— Olhos na estrada, Shane, — ela diz com uma risada, apontando para a
frente.

Faço o que me mandam, mas só porque não quero matar todos nós
antes de contar a ela o que venho planejando há dias.

— Ali, — Chelsea grita, apontando para um prédio iluminado à frente,


provando quão faminta ela realmente está.

Eu sinalizo para sair da estrada e desacelero até parar no estacionamento


do restaurante.

Chelsea está abrindo a porta e saindo antes mesmo de eu ter a chance


de desligar o motor.
— Acho que estamos um pouco vestidos demais, — ela murmura para
mim enquanto entramos no restaurante aborrecido. Olho em volta para os
outros dois clientes em jeans velhos e rasgados e camisas manchadas de
óleo e não posso deixar de concordar.

Seus olhos, junto com os da única garçonete, nos seguem até uma cabine
na janela. Espero que Chelsea pegue o menu no segundo em que estivermos
sentados, mas ela não o faz. Em vez disso, ela apenas espera até que a
garçonete chegue.

— Ei, o que posso fazer por vocês dois?

— Um cheeseburger, por favor. O maior que você tiver. E um milkshake


de morango, — Chelsea diz sem respirar.

— Tudo bem, e você, querido?

— Vou querer o mesmo. Obrigada.

Ela sai correndo enquanto eu rio silenciosamente de Chelsea. — O quê?

— É uma coisa boa que ela não ficou por perto, você poderia tê-la
comido.

— Não é engraçado. De vez em quando eu fico tão faminta, é como se eu


nunca tivesse comido nada e de repente eu precisasse consumir tudo à vista.

— Conte-me sobre isso. Conte-me tudo, — eu exijo.

Ela abre a boca e depois a fecha novamente. — Não sei por onde
começar, — ela admite.

— Quando você descobriu?


Pegando um dos pacotes de sal do suporte, ela brinca com ele enquanto
pensa no passado. — Cerca de três semanas depois que eu saí.

— Eu não queria estar lá para começar e todo o meu foco era voltar. Mas
depois de um tempo, me acomodei e percebi que, na verdade, meus pais
estavam certos em me enviar.

— Acordei uma manhã e a percepção de que não menstruava há muito


tempo me atingiu do nada.

— Eu não sou o tipo de garota que rastreia esse tipo de coisa, mas eu
não precisava tentar descobrir. Eu sabia. Não consigo explicar como me senti
diferente, apenas me senti. Foi estranho. Fiz um teste, e lá estava. Esse
resultado positivo olhou para mim.

— Você contou a alguém?

— Além do médico. — Ela balança a cabeça. — Não.

— Meu Deus, Chels.

Ela encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. — Eu soube


naquele momento que eu o manteria. Nem me lembro de ter entrado tanto
em pânico. Apenas parecia certo. Ainda parece. Sim, eu estava nervosa como
o inferno por ter que contar às pessoas, você. Mas eu sabia que queria. —
Sua mão cai sob a mesa, sua palma pressionando contra sua barriga.

É uma visão que eu não esperava ver, não por muitos anos ainda, mas a
excitação começa a borbulhar dentro de mim.

Podemos ser jovens. As pessoas podem pensar que somos loucos, mas
eu já sei que quero isso com ela.
Vai ser fácil? Não. Não tenho a ilusão de que será fácil em qualquer
sentido da palavra, mas isso não é suficiente para me assustar. Nada que
vale a pena é fácil. E se eu tivesse que embarcar nesse desafio com alguém,
não consigo imaginar que fosse com ninguém além de Chelsea.

— Eu deveria ter dito a você. Eu queria te contar, mas naquela primeira


noite você estava tão...

—Horrível?

— Sim, algo assim. Mas eu merecia. O que eu fiz, foi... imperdoável. Você
tinha todo o direito de me tratar assim, pior se eu for honesta.

— Mas então, quando as coisas mudaram entre nós, ficou mais


difícil. Você estava rapidamente se tornando tudo o que eu sempre quis, e
eu sabia que admitir a verdade poderia arruinar tudo o que estávamos
construindo.

— Eu estava assustada. Não, com medo de que você me odiaria, que


você me deixaria, e então eu voltaria à estaca zero mais uma vez sem
ninguém.

Alcançando o outro lado da mesa, eu pego sua mão na minha. — Você


deveria ter me contado. Ouvir isso de você teria sido muito melhor do que o
que aconteceu.

Ela engole nervosamente. — Eu sei. Eu ia te contar naquela noite, lembra


que eu disse que precisávamos conversar? Eu sabia que tinha que fazer
isso. Eu simplesmente nunca tive a chance.

— Quem foi?
— Shelly.

— O quê? Por que ela faria isso? Não foi suficiente te expulsar da torcida
e te empurrar escada abaixo?

Ela encolhe os ombros. — Elas me deixaram voltar sem a permissão


dela. Todas nós sabíamos que ela ficaria chateada.

— Como ela descobriu?

— A mulher que fez meu ultrassom no hospital era a mãe dela. Só posso
supor que veio dela.

— Puta merda. — Eu penso nela no hospital e um pensamento me


atinge. — É por isso que você me expulsou do hospital. Você pensou que eu
ia descobrir.

A culpa toma conta de suas feições. — As coisas eram... complicadas


entre nós naquela época.

— Só porque você os fez assim. Se você não continuasse me


mandando...

— Eu estava com medo, Shane, — ela interrompe. — Eu estava


confusa. Passei todo o tempo que estive fora pensando em você, naquela
noite, em todas as razões pelas quais você tinha para me odiar, mas rezando
para que por algum milagre não o fizesse. Então voltei, e parecia que você
me odiava. Mas então houve esses pequenos momentos em que você não
fez e... — Ela suspira. — Eu não sabia qual era o caminho. Tudo era
diferente. Minha vida mudou totalmente de maneiras que ninguém sabia e,
embora eu tivesse muito mais clareza sobre o que queria desde que fui
embora, estava me afogando.

— Eu nunca te odiei, Chels. Eu tentei, acredite em mim, eu tentei. Fiquei


tão zangado que você me deixou levar com as culpas por tudo o que
aconteceu. Que você permitiu o que aconteceu entre nós, instigou mesmo,
quando você sabia a verdade. Mas ainda assim, eu não poderia te odiar.

Olho para a mesa por um instante.

— Eu queria você por muito tempo. — Ela engasga e eu olho para ela por
baixo dos meus cílios. — Eu assisti você por anos olhar para qualquer um,
menos para mim. Mas de repente você me viu, me quis. Eu nem mesmo... —
Eu balanço minha cabeça sem saber como vocalizar o que estou tentando
dizer a ela, mas a garçonete escolhe aquele exato momento para trazer
nossos pratos.

— Obrigado, — nós dois dizemos enquanto ela paira ao redor


perguntando se precisamos de mais alguma coisa.

Assim que ela sai, olho para Chelsea, que já começou a comer suas
batatas fritas, e sorrio.

— O quê? — ela pergunta, timidamente.

— Você é muito mais do que eu jamais imaginei.

— Estarei mesmo depois de comer tudo isso. É do tamanho da minha


cabeça, — ela diz, acenando para o hambúrguer.

— Não foi isso que eu quis dizer e você sabe disso. Para alguém que
sempre quis estar na frente e no centro, você não é muito boa com elogios.
— Eu não os recebia com muita frequência, — ela admite.

— Bem, é melhor você se acostumar com isso.

Chelsea acaba com seu jantar, não tenho ideia de onde ela o coloca,
especialmente porque luto para limpar meu próprio prato, mas ela afirma se
sentir melhor por isso enquanto se senta e coloca a mão na barriga.

— Devemos ir? Não temos que ir muito longe.

Nós dois deslizamos para fora da cabine e estou quase na porta quando
percebo que ela não está atrás de mim.

— Chel... —Minha palavra é cortada quando eu a encontro olhando para


as sobremesas em exibição.

— Quer um donut? — ela pergunta como se não tivéssemos apenas


comido nosso peso corporal em comida.

— Não, eu realmente não quero, — eu digo com uma risada.

— Eu te darei um apenas no caso de você mudar de ideia.

Eu ainda estou rindo para ela enquanto ela pega a caixa que a garçonete
passa e nós voltamos para o carro.

Apenas vinte minutos depois, estamos parando em um estacionamento


de um prédio de apartamentos com vista para a baía. A lua brilha no mar
escuro. Eu só posso imaginar quão impressionante pode ser à luz do dia.

— Nós ficaremos aqui?


— Nós ficaremos. Venha. — Eu salto animadamente e pego nossas duas
malas do porta-malas antes de me juntar a ela ao lado do carro enquanto ela
olha para o mar além.

Silenciosamente, entramos no prédio.

— Uau, isso é chique, — diz ela, observando o ambiente luxuoso.

A entrada é impressionante com sua enorme obra de arte e mesa de


carvalho sólida para a segurança sentar atrás.

Depois de dar ao cara meu nome como mamãe instruiu. Ele me dá um


cartão antes de gesticular em direção aos elevadores e nós fazemos o nosso
caminho.

Eu bato o cartão no painel e no segundo em que as portas se fecham


atrás de nós começamos a nos mover.

Chelsea está em silêncio, mas sua excitação é palpável enquanto o


elevador continua subindo. Quando saímos, nossos pés afundam no tapete
mais macio que eu já estive. Há apenas um conjunto de portas neste enorme
hall de entrada.

— Acho que isso somos nós então.

Batendo o cartão na caixa ao lado da parede, as portas clicam e eu as


abro. — Oh uau, — Chelsea suspira, vindo para ficar ao meu lado enquanto
observamos a vista da baía inteira através da parede de janelas do chão ao
teto. — Isso é incrível.

Largando nossas malas, eu a puxo em direção às portas.

A lua brilha e as estrelas brilham no céu negro acima.


Puxando-a na minha frente, eu envolvo meus braços ao redor de sua
cintura e descanso meu queixo em seu ombro.

Tudo pode estar no ar agora, mas com ela em meus braços, tudo
também parece certo.
Capítulo 37
CHELSEA

Meu coração dispara enquanto estou nos braços de Shane, olhando para
a visão noturna tranquila diante de nós.

Eu pensei que estaria na minha casa da piscina sozinha esta noite


enquanto todos desfrutavam do baile de inverno. Eu nunca poderia imaginar
nada disso.

Ele, o vestido, este incrível apartamento de cobertura. Tudo isso foi


muito além de qualquer coisa que eu poderia ter desejado.

Girando em seus braços, eu olho para ele.

Ele olha para mim, seus olhos verdes escuros e cheios de emoção.

— Chelsea, eu...

Segurando sua bochecha na minha mão, eu balanço minha cabeça. — Eu


realmente sinto muito, Shane. Mas o que eu disse na outra noite é
verdade. Eu te amo, e quero isso com você, se você me quiser... nos quiser.

Abaixando sua testa na minha, ele continua a olhar nos meus olhos.

— Eu não aceitaria de outra maneira.

Em um minuto estou de pé olhando para ele e no próximo minhas pernas


estão em volta de sua cintura e minhas costas estão pressionadas contra a
janela atrás de mim.
— Merda, isso é frio, — eu suspiro quando o vidro frio morde minha pele
exposta.

Ele se aproveita dos meus lábios entreabertos e mergulha a língua por


eles e profundamente na minha boca.

Eu caio em seu domínio enquanto me entrego a ele, mas seu domínio


sobre mim não vacila.

Ele me beija como se estivesse fazendo as pazes pelos últimos


dias. Enquanto sua língua acaricia a minha, lágrimas queimam meus
olhos. Eu posso sentir tudo o que ele está tentando me dizer, e é totalmente
avassalador.

Eu não mereço esse cara. Tenho plena consciência disso e pretendo


tentar provar a ele todos os dias que sou digna dele.

O fogo que está queimando em minha barriga a noite toda começa a


rugir a ponto de apenas estar presa aqui beijando-o não é suficiente.

— Shane, — murmuro contra seus lábios.

— Eu sei, baby.

Ele puxa seus lábios dos meus, mas só chega ao meu queixo enquanto
ele abaixa meus pés no chão mais uma vez.

O comprimento de seu corpo me pressiona contra o vidro, e sinto cada


centímetro dele. Ele precisa disso tanto quanto eu.

— Quarto, agora, — eu gemo quando sua mão vem para apertar meu
peito. Sem perder o ritmo, ele pega minha mão e me puxa do vidro.
Presumo que ele não tenha estado aqui antes, mas isso não o impede de
nos levar direto para o gigantesco quarto principal, novamente com vista
para a baía.

— Isso é lindo, — eu digo, absorvendo todos os tons creme e dourado ao


redor da sala.

— Você é linda.

Quando me viro, encontro os olhos de Shane em mim. Algo me diz que


ele mal notou o quarto.

Um sorriso puxa meus lábios quando o calor atinge minhas bochechas.

— Este vestido é quente pra caralho, — diz ele, dando um passo em


minha direção. Ele levanta o dedo e corre ao longo do V profundo, me
provocando enquanto faz cócegas sobre o inchaço dos meus seios. — Mas
acho que pode ficar ainda melhor no chão.

— Acho melhor você descobrir.

Enfiando os dedos sob as alças dos ombros, ele os empurra até que toda
a parte superior do vestido caia do meu corpo.

Ele morde o lábio inferior enquanto olha para os meus seios, meus
mamilos duros e implorando por atenção.

Estendendo a mão, eu pego o botão de cima de sua camisa entre meus


dedos e faço um trabalho rápido de abri-los até que eu seja capaz de
empurrar o tecido de seus ombros.

Ela cai no chão antes que ele se aproxime de mim mais uma vez. A pele
quente de seu peito quase queimando contra meus seios sensíveis. Seus
dedos se enroscam no meu cabelo enquanto ele bate nossos lábios mais
uma vez.

Minhas unhas arranham suas costas antes de encontrar o caminho para


seu abdômen e descer.

Ele está duro como pedra sob as calças. Eu o esfrego e ele geme na
minha boca.

— Porra, Chels. — Seus lábios percorrem meu pescoço enquanto eu abro


sua braguilha e empurro minha mão dentro de suas calças e boxers.

Ele geme, afundando seus dentes em minha pele macia enquanto eu


envolvo meus dedos ao redor de seu comprimento.

Beijando seu peito, eu corro minha língua ao longo dos recuos de seu
abdômen, antes de empurrar suas calças e boxers para baixo de suas
coxas. Seu pau salta livre, provocativamente perto enquanto me sento na
beirada da cama.

Estendendo a mão, eu envolvo meus dedos ao redor dele mais uma vez e
olho para ele através dos meus cílios.

Suas pálpebras estão pesadas, cobrindo parcialmente seus olhos


esmeralda escuros, seus lábios entreabertos enquanto sua respiração
acelerada passa.

Eu o acaricio lentamente e seu maxilar tique enquanto seus dentes


rangem.

— Bom? — Eu pergunto. Não preciso, seu corpo está me dando todas as


respostas, mas preciso ouvir sua voz.
— Tão bom. — É áspero, sexy, carente. Eu adoro isso.

Inclinando-me para a frente, lambo o pré-sêmen que vazou da


ponta. Seu corpo inteiro vacila com meu contato suave, seus dedos
enlaçando meu cabelo como se ele fosse assumir o controle, mas ele nunca
o faz.

Abrindo meus lábios mais uma vez, eu o tomo em minha boca.

— Jesus, foda-se.

Eu vejo como sua cabeça cai para trás, sugando-o mais fundo até que ele
atinge a parte de trás da minha garganta.

Eu sei que ele odeia que eu tenha um pouco de reputação por isso, mas
eu estou esperando que eu possa fazê-lo esquecer tudo agora que ele é o
único colhendo os frutos.

Puxando para trás, eu lambo ao redor da cabeça antes de sugá-lo


novamente. Sua cabeça cai e nossos olhos se conectam enquanto continuo
trabalhando nele.

Em pouco tempo, ele fica ainda mais duro na minha boca e eu o trabalho
mais rápido sabendo que ele está se aproximando de sua liberação.

— Chels, — ele avisa, seus dedos apertando meu cabelo como se ele
estivesse prestes a me puxar de volta.

Mas tenho outras ideias porque não desisto nem por um segundo.

Levantando minha mão, eu seguro suas bolas e aperto suavemente.

Ele geme um momento antes de se contorcer na minha boca e seu


esperma salgado atinge minha língua.
Eu o chupo até que ele termine, então sento e limpo minha boca com as
costas da minha mão, um sorriso presunçoso no meu rosto.

Descansando em meus cotovelos, eu o observo. Seu peito arfa com seu


esforço, seu cabelo cai sobre seu rosto e um sorriso satisfeito brinca em seus
lábios.

Depois de um segundo, ele chuta os sapatos antes de permitir que o


tecido ao redor de seus quadris caia no chão.

Voltando para a cama quando ele dá um passo em minha direção, ele


sobe na cama, montando minhas pernas.

Suas mãos pousam na minha cintura e deslizam para cima até que ele
está espalmando meus seios. Minhas costas arqueiam, oferecendo-lhe mais
de mim. Ele belisca meus mamilos antes de cair para encontrar meus lábios.

No segundo em que nos conectamos novamente, eu me perco nele. Eu


esqueço tudo o que nos levou a este ponto em nossas vidas, e eu apenas
aceito tudo o que ele está oferecendo.

Seus lábios trilham pelo meu pescoço, deixando arrepios em seu rastro
antes que ele lamba ao longo da linha da minha clavícula e desça para os
meus mamilos.

— Shane, — eu gemo, minhas duas mãos mergulhando em seu cabelo


para segurá-lo no lugar. Ele chupa e lambe, enviando fogo direto para baixo
entre minhas coxas.

— Oh Deus, Shane, por favor.


Seus dedos envolvem a cintura do meu vestido que ainda está no lugar
antes que ele comece a puxar. Eu levanto meus quadris para ajudá-lo e em
pouco tempo, ele cai no chão, me deixando apenas com minha calcinha de
renda vermelha.

Ele os encara por um instante, antes que seus olhos escuros se


aproximem dos meus, um sorriso malicioso brincando em seus lábios antes
de ele estender a mão e arrancá-la do meu corpo.

Eu suspiro, desejo por ele puxando todos os meus músculos apertados.

Afastando meus joelhos, ele se acomoda entre eles e esfrega seu pau na
minha umidade.

— Eu não posso esperar mais para estar dentro de você, — ele admite.

— Então não espere. — E ele não espera. Antes mesmo de eu terminar


de falar, ele avança, me enchendo ao máximo em um movimento suave.

— Porra. Estou completamente viciado nesse sentimento.

— Que bom, hein? — Eu pergunto com um sorriso.

— Sim, mas não me refiro apenas ao seu corpo. Quero dizer isso, — ele
diz, gesticulando entre nós dois. — Não é apenas sexo, é? Isso... isso é maior
do que isso.

Um nó se forma na minha garganta, porque eu sei exatamente o que ele


quer dizer. Nenhum de nós tem muita experiência com isso, mas mesmo
com a minha falta, sei que isso é maior do que qualquer coisa no meu
passado.

Eu concordo. — Eu sei. Eu sinto.


— Porra, Chelsea. — Ele para de se mover e apenas me encara, sua mão
deslizando pelo meu corpo até que ele agarra minha nuca. — Eu te amo
muito.

Eu suspiro ao ouvir as palavras e lágrimas enchem meus olhos. Meu peito


incha a ponto de eu jurar que meu coração vai parar ali mesmo.

— Merda, eu não queria fazer você chorar, — diz ele, estendendo a mão
para enxugar minhas lágrimas enquanto elas escorregam dos meus olhos.

— E..está tudo bem. São lágrimas de felicidade. Eu também te amo.

— Jesus. Acho que nunca me acostumarei a ouvir você dizer isso.

— Espero que você nunca faça isso.

Incapaz de ficar parado por mais tempo, ele lentamente sai de mim antes
de deslizar de volta.

— Shane, — eu gemo, minhas costas arqueando enquanto ele atinge


todos os nervos dentro de mim, empurrando-me em direção a outro
orgasmo que eu sei que nunca vou me acostumar.

Sentando-se, ele envolve minhas pernas ao redor de seus quadris e


ganha velocidade. Em apenas alguns segundos o suor está brilhando na
minha pele enquanto ele empurra em mim com força, me levando cada vez
mais alto.

— Goze, Chels. Eu preciso sentir você.

Ele deixa cair o polegar no meu clitóris, e eu explodo em torno


dele. Meus olhos se fecham quando minhas costas se arqueiam e eu grito
seu nome.
Segundos depois, seu próprio grunhido enche a sala antes que ele se
empurre dentro de mim e me dê tudo o que tem.

Nós dois ainda, os únicos sons que podem ser ouvidos são o da nossa
respiração pesada.

Ainda dentro de mim, ele olha para mim. Algo estala entre nós, apesar
do que acabou de acontecer. As réplicas do meu orgasmo recente disparam,
me levando a outro.

Hesitante, ele move suas mãos para a frente de onde elas estavam
descansando em meus joelhos. Estou confusa com o movimento por um
momento, ele só estava com as mãos em todos os lugares, por que de
repente ele está inseguro. Mas então sua grande palma pousa na minha
barriga.

Eu provavelmente pareço mais grávida do que antes, graças ao


hambúrguer gigante de não muito tempo atrás.

Ele continua a olhar, seu polegar esfregando para a frente e para trás
sobre a pele tensa.

— Nosso bebê está crescendo aí dentro. — A admiração em sua voz faz


com que as emoções me atinjam com força total mais uma vez.

— Eu sei, — eu sussurro. Também me impressiona toda vez que penso


nisso.

— Quando é a data do parto?

— Sete de julho.

Ele balança a cabeça enquanto tenta processar tudo.


Colocar minha mão na dele o distrai um pouco e seus olhos encontram
os meus.

— Deita comigo?

Eu movo minha perna para o lado, e ele sai de mim e cai na cama, de
frente para mim.

Seus olhos procuram meu rosto como se ele não pudesse acreditar que
eu realmente estou aqui.

— Tem certeza que quer isso?

Suas sobrancelhas se juntam.

— Vai mudar tudo. Toda a sua vida. Eu entenderia se você não...

— Pare. Pare de falar agora, — ele diz, colocando dois dedos contra
meus lábios. — Nós fizemos isso juntos. Então, continuaremos a fazer isso
juntos.

— Mas seu futuro, faculdade, sua carreira.

— E o seu também. Não se trata apenas de eu ter que fazer mudanças.

— Eu sei, mas eu escolhi isso. Eu não precisei... — Eu paro, incapaz de


dizer as palavras. — Você não escolheu isso, você foi emboscado com isso.

— Não importa. Não importa como eu descobrisse, meus sentimentos


sobre isso teriam sido os mesmos.

Um sorriso puxa meus lábios.

— Claramente alguém lá em cima acha que isso é para ser, então acho
que é justo darmos uma boa chance.
— Eu acho que posso estragar tudo tanto quanto eu... — Eu paro, é para
ser uma piada, mas eu posso dizer pelo olhar do rosto de Shane que ele não
está se divertindo nem um pouco com isso.

— Você não está ferrada, Chels. Você está apenas lidando com as
consequências de tudo isso.

Suas palavras me lembram de ontem de manhã.

— O quê? O que se passa?

— Fui tomar café com Luca ontem de manhã.

Ele fica tenso com a minha palavra. — Eu sei, ele me ligou. Deu-me um
novo sermão por não estar presente para você.

— Ele não o fez. — Claro que sim. — Eu disse a ele para não o fazer. Eu
precisava de alguém para conversar, não alguém para chegar até você por
dentro.

— Ele se importa com você, baby. Ele estava apenas tentando ajudar.

— Eu sei. De qualquer forma, chegamos ao mesmo restaurante de


sempre e ele estava lá.

— Ele? Quem é... oh. Merda. O que aconteceu?

— Ele me disse que só queria conversar, mas eu corri. Mas eu vi algo


diferente nele, não consigo descobrir, mas algo está me dizendo que ele
pode não ser o homem que eu me lembro dele. Minhas memórias daquela
época são tão fodidas. Eu não sei mais o que é pesadelo e o que é real.

— Talvez você devesse falar com ele, — diz ele com uma careta, fazendo
meu coração acelerar.
Eu sei que ele está certo. É a única maneira de descobrir a verdade,
descobrir por que ele me procurou de repente.

— Há mais alguma coisa que você precisa me dizer? Algum outro segredo
que você teve medo de admitir?

Eu penso por um minuto, chupando meu lábio inferior em minha boca.

— Eu odeio manteiga de amendoim, — eu digo séria.

— Eu já sei disso.

— Sério? Eu tento não contar às pessoas porque elas acham que deve
haver algo errado comigo.

— Chels, você passou incontáveis horas na minha casa. Passei mais


tempo do que gostaria de admitir observando você. Conheço essas coisinhas
estúpidas, já as vi.

Abro a boca para responder, mas descubro que não tenho palavras.

— Hum... que tal... eu quero que você me foda de novo.

Ele ri. — Eu não acho que isso seja um segredo, baby.

Rolando de costas, ele me puxa com ele, então não tenho escolha a não
ser montar em sua cintura. Suas mãos mais uma vez vêm para a minha
barriga antes de deslizar para os meus quadris, prontas para me ajudar a me
mover.

— Vá em frente, balance meu mundo.

— Tenho certeza de que já fiz isso. — Eu sorrio.

— Eu posso garantir, porra, baby. Mas é hora de fazer isso de novo.


Capítulo 38
SHANE

Quando acordo, o outro lado da cama está vazio e frio. Sento-me em


pânico por ela ter saído no meio da noite. Eu me sinto estúpido por isso no
segundo em que a vejo enrolada no sofá na frente das janelas olhando para
o mar batendo na praia vestindo minha camisa da noite passada.

Ela parece tão tranquila com a cabeça inclinada para o lado, perdida em
pensamentos e a mão apoiada na barriga. Aposto que ela nem percebe que
está fazendo isso, mas isso me enche de alegria. Está claro quão ferozmente
ela já ama aquele bebê e mal posso esperar para vê-la com ele ou ela em
seus braços.

Algo possessivo passa por mim e meus dentes rangem. Pensamentos


sobre o homem que a está seguindo fazem meus punhos se enrolarem nos
lençóis. Agora, mais do que nunca, preciso ter certeza de que ela está
segura, e não sei como fazer isso com um cara aleatório claramente
perseguindo-a.

Soltando uma respiração calmante, eu saio da cama e vou até ela. — Ei,
baby, — eu digo, dando um beijo no topo de sua cabeça.

Ela se assusta quando eu a toco, mostrando quão perdida em sua própria


cabeça ela realmente estava.

— Bom dia. Desculpe, eu acordei você?


— Sentada aqui em silêncio? — Eu pergunto com uma risada. — Não, eu
só senti sua falta.

Ela se vira para olhar para mim, correndo os olhos pelo meu corpo nu. —
Hmm... eu também senti sua falta, mas estava com fome.

Olho para a mesa de café e suspiro. — Você comeu meu donut?

— Bem, você realmente não queria em primeiro lugar, então... — Ela


encolhe os ombros. — Você sabe que a cozinha está cheia de comida para
nós, certo?

— Sim, mas eu não tinha certeza se tinha permissão para comer ou


não. Eu só peguei uma garrafa de água.

— É tudo nosso. Você gostaria de um café da manhã de verdade?

Seus olhos caem para os meus. — Isso tudo depende do que você está
oferecendo.

— Eu ia me oferecer para fazer panquecas, mas agora que você coloca


assim.

Deve ser mais de uma hora depois quando finalmente chegamos à


cozinha. Ambos recém-banhados, Chelsea ainda usa minha camisa, suas
longas pernas nuas se esticando tentadoramente para fora e poucos botões
abotoados, dando-me a provocação perfeita sobre o que está por baixo.

Ela se empoleira em um banquinho da cozinha enquanto eu pego tudo


para fazer nosso café da manhã.

— Eu não tinha você como um chef.


— Não tenho certeza se me descreveria assim, mas posso fazer algumas
coisas. Panquecas sendo uma.

— Acho que é bom que um de nós saiba cozinhar, já que estamos


começando uma família e precisaremos nos virar sozinhos.

Meu estômago revira, mas não tenho certeza se é com medo do que está
por vir ou excitação.

— Você quer que vivamos juntos e façamos isso certo? — Eu pergunto.

— Por que você parece tão surpreso? Não quero você com seus pais
enquanto estou com os meus. Eu não quero que você seja um pai de meio
período como se não fôssemos um casal só porque somos jovens.

— Ok, mas como diabos vamos pagar tudo isso. Ainda estamos na
escola. Eu sei que meu pai é rico, mas duvido muito que ele vá dar algum
dinheiro quando descobrir sobre isso.

— Bom, seu pai é um babaca. — Eu me viro para Chelsea bem a tempo


de ver seus lábios se fecharem e seus olhos se arregalarem de horror. —
Porra, isso não era para ser em voz alta. Eu sinto muito.

— Não sinta. Ele é um bosta. Eu o odeio pra caralho.

— Ele enlouquecerá quando souber disso, não é?

— Não consigo imaginá-lo fazendo outra coisa. Eu só tenho que respirar


do jeito errado e ele sai. Não sei o que fiz para ele me odiar tanto.

Volto-me para a panela que coloquei no fogão para que ela não tenha
um lugar na primeira fila para a emoção que tenho certeza que enche meu
rosto ao pensar na minha família disfuncional. Mamãe e meus irmãos são
incríveis, não poderia pedir melhor, mas ele envenena tudo.

— Ei, — ela diz, deslizando suas mãos delicadas em volta da minha


cintura, seus seios pressionando contra minhas costas. Seu toque me faz
estremecer e eu relaxo nela.

— Você não fez nada de errado. — Seus lábios roçam meu ombro
enquanto ela diz as palavras e minha pele se arrepia. — Ele é o único com o
problema. E se ele não nos apoiar, ele será o único a perder. Ele não verá seu
neto crescer. Isso será com ele, não com você.

— Acho que minha mãe quer deixá-lo.

— E você está surpreso?

— Não, de jeito nenhum. Não sei como ela o aguentou por tanto
tempo. Eu só me preocupo com o que ela fará.

— Ela ficará bem.

Eu me viro em seus braços e seguro seu rosto em minhas mãos. — Eu sei


que ela vai. Felizmente, eles não são minha maior preocupação agora.

— Oh? — ela pergunta enquanto eu passo a ponta do meu nariz contra


ela.

— Não, isso seria vocês dois. Meus pais são capazes de resolver suas
próprias vidas. Precisamos descobrir como começar a nossa.

— Vamos descobrir isso

— Eu conseguirei um emprego, — eu anuncio. É algo em que tenho


pensado desde que descobri sobre o bebê, e sei que preciso dar um passo à
frente. Não podemos esperar esmolas de nossos pais para ajudar a financiar
isso. Temos idade suficiente para que isso aconteça, então precisamos
crescer o suficiente para aceitar a responsabilidade.

— Eu também, — Chelsea concorda.

— Você não precisa. Você só precisa se concentrar neste pequeno, — eu


digo, deixando cair minha mão em sua barriga.

— Somos uma equipe agora. Eu também quero fazer a minha


parte. Além disso, haverá momentos quando o bebê estiver aqui que não
poderei fazer muito, e quero que estejamos preparados.

Depois de dar um beijo casto em seus lábios, eu a empurro de volta na


direção do banco em que ela estava anteriormente para que eu possa
continuar com o café da manhã.

— O que você fará sobre a faculdade? — Eu pergunto enquanto despejo


um pouco de massa na panela agora escaldante.

— Estou pensando em tirar um ano de folga. Acostumar a ser mãe e


depois vejo se eu poderia começar meio período depois disso. E você?

— Não sei. Talvez precisemos que eu consiga um emprego.

— Não, Shane. Eu me recuso a permitir que você faça isso.

— Farei o que for preciso para garantir que você e nosso bebê sejam
cuidados.

— Você não tem ideia do quanto isso significa para mim, mas ainda
assim, eu me recuso a deixar você sacrificar seu futuro.

— Eu nem sei o que quero do meu futuro, além de você.


— Esqueça seu pai e tudo o que ele quer para você, o que você pode se
ver fazendo?

— Quero me envolver com futebol, mas não quero jogar


profissionalmente. Eu quero ficar em segundo plano. Treinador talvez, algo
assim.

— Você tem um pouco de tempo, as inscrições não devem ser feitas por
algumas semanas ainda. Pense no que você quer, e eu vou apoiá-lo por todo
o caminho.

Eu olho por cima do ombro para ela e sorrio. — Eu te amo.

— Eu também te amo, mas por favor, não queime minhas panquecas.

***

Quando chega a manhã de domingo, não estou nem perto de pronto


para deixar nossa pequena cobertura do céu, mas sei que a vida real está
esperando. O Natal pode estar a apenas alguns dias de distância, mas com o
número de coisas com as quais precisamos lidar, meu pai sendo o mais
urgente, parece um milhão de anos de distância.

— Eu não quero ir, — Chelsea choraminga enquanto eu seguro nossas


duas malas em uma mão e ergo a outra para puxá-la do sofá onde ela está
curtindo os últimos segundos da vista.

— Eu sei, mas são os feriados.

Um sorriso se contorce em seus lábios. — Nós passaremos juntos, certo?


— Muito certo. Não posso imaginar que serei bem-vindo no jantar de
Natal da família Dunn. Você acha que seus pais vão ficar bem comigo
batendo no portão?

— Ele pode surpreendê-lo, Shane.

— Sim, e ele pode não o fazer, — eu digo com tristeza.

Eu sei que ele está em casa, recebi mensagens da mamãe. O que eu


ainda não sei é se ele sabe, embora a menos que ele tenha voltado para casa
e se trancado em casa, eu não posso imaginar que ele não saiba. Essa fofoca
não está contida em Rosewood High, está em toda a cidade agora que todos
tiveram tempo de sobra para ir para casa e contar aos pais.

O filho do infame Brett Dunn engravidou sua namorada adolescente,


aposto que todos estão adorando.

Com um suspiro triste e uma última olhada em nossa fuga de fim de


semana, Chelsea e eu fazemos nosso caminho até ao meu carro.

A volta para casa é muito mais sombria do que a vinda, a tensão no carro
é palpável e eu odeio que não tenhamos ideia do que estamos prestes a
enfrenta.

Minha intenção é levar Chelsea para casa, ter certeza que ela está feliz
antes de ir e encarar a realidade. Eu sei que ela vai querer vir comigo, mas
assim como da última vez, eu preciso fazer isso sozinho. Ela tem o suficiente
para se preocupar agora, ela não precisa do meu relacionamento quebrado
com meu pai pesando sobre ela mais do que provavelmente já está.
Todos esses planos são destruídos quando eu paro na garagem de
Chelsea para encontrar uma caminhonete estacionada nela que a deixa
tensa de medo.

— P...por que isso está aqui? — ela pergunta, seus olhos arregalados
fixos na caminhonete preto que eu reconheço imediatamente.

— Devo ir embora? — Eu ofereço, não sendo capaz de ler o que ela quer
que eu faça.

— N...não. Acho que é hora de chegar ao fundo disso. Descobri o que o


idiota quer. Se ele é descarado o suficiente para aparecer na minha casa
assim, então eu preciso descobrir qual é o problema dele.

— OK, vamos lá.

Estou na porta dela antes mesmo que ela coloque o pé.

— Eu estarei bem ao seu lado, baby.

Ela acena com a cabeça, mas nenhuma palavra passa por seus lábios
enquanto de mãos dadas fazemos nosso caminho para a porta da frente.

— Chelsea, é você? — sua mãe chamar da sala e o aperto de Chelsea se


torna quase doloroso.

— Ficará tudo bem. Estou aqui, seus pais estão aqui. Eles não são
estúpidos o suficiente para colocar você em risco.

— Eu sei, eu sei, — diz ela, soltando um suspiro lento.

No segundo em que viramos a esquina, meus olhos se fixam no homem


que eu não vi antes, eu só vi sua sombra atrás do pára-brisa de sua
caminhonete.
Ele se levanta assim que vê Chelsea e eu tenho um segundo para estudá-
lo. Eu nunca o vi antes, disso tenho certeza, mas não posso deixar de pensar
que há algo familiar nele.

Chelsea engasga apesar de saber que ele estava aqui, e tropeça um


pouco para trás.

Estendendo a mão, eu envolvo meu braço ao redor de sua cintura e a


puxo para o meu lado.

— Está bem. Eu tenho você, — eu sussurro para ela enquanto seus olhos
permanecem fixos no homem.

— Chelsea, este é Greg...

Ela fica tensa em meus braços antes de cortar sua mãe.

— Que diabos você está fazendo na minha casa? Não é o suficiente que
você tenha me perseguido em todos os lugares que estive na semana
passada, agora você tem que forçar sua entrada em minha casa, minha
família?

Ele engole nervosamente, seus lábios se separando para dizer algo, mas
nenhuma palavra sai. Eu não tenho ideia de quem ele é ou o que ele quer,
mas é descaradamente óbvio que ele está fora de sua personagem agora.

— Eu sinto muito. Eu não queria te assustar. Eu só... eu não sabia como


fazer isso.

— Fazer o quê? — Chelsea cospe. — Pensou que eu era crescida agora,


então estaria tudo bem em pegar o que você quisesse? — Ela vai para a
frente, encontrando coragem em algum lugar, e estende os braços ao lado
do corpo. — Você está doente. Todos vocês. A melhor coisa que poderia ter
acontecido comigo foi ser levada daquele lugar. De canalhas como você.

— O quê? Não, não... eu não estava... eu não...

Ele procura apoio em Honey e Derek.

— Chelsea, querida. Greg não é um deles. Ele é seu pai.

— O quê? — Chelsea late, seu corpo rígido enquanto ela olha para os
três, descrença escrita por todo o rosto.

Eu olho para o homem que ela tem estado com tanto medo nos últimos
dias e de repente me dei conta de por que ele parecia familiar, embora seus
olhos sejam azuis e os de Chelsea escuros, eles são quase idênticos.

Puta merda.

Chelsea balança a cabeça.

— Não. Eu lembro de você. Você costumava levá-la para o quarto dela


como todos os outros. Você é apenas um deles que costumava financiar seu
vício em drogas.

— Não, eu estava tentando ajudar.

— Ajudar? Se o que você está dizendo é verdade. Você me deixou


lá. Você me deixou com todos aqueles homens nojentos que costumavam...
— Ela para quando o sangue escorre do rosto de Greg. — Ajudar-me seria
levar-me embora, alimentar-me, vestir-me, cuidar de mim. Mas você não fez
nada disso.

— Fiz o que pude na época.


— Bem, claramente não foi bom o suficiente. Você tem alguma ideia de
como foi para mim? Aquele lugar era o inferno na terra. E você me deixou lá.

A culpa cobre seu rosto. Ele estende a mão e esfrega a mandíbula


enquanto tenta encontrar as palavras para responder.

— Eu levei comida, roupas para você toda vez que fui. Dei-lhe dinheiro,
mas sem dúvida ela gastou tudo com drogas. Fiz o que pude.

— Mentira, — Chelsea diz

— Se eu pudesse te levar embora, te dar uma vida melhor, eu teria. Mas


não consegui.

— Por quê? O que é tão importante que você não pode ajudar uma
criança vulnerável?

— Se eu pudesse voltar, teria feito as coisas de forma tão diferente, —


ele admite.

— Mas você não pode, então me diga, por quê? Por que você não pode
ser o homem que eu precisava?

— Sua mãe foi minha aluna. Admitir que você era minha, teria exposto
nosso caso e eu não poderia arriscar minha carreira. Era a única coisa que eu
tinha.

Balançando a cabeça, Chelsea esfrega as mãos no rosto.

— Seu emprego? Seu maldito trabalho. Você me deixou lá, sabendo


exatamente o que ela estava fazendo, do que os homens eram capazes por
causa do seu maldito trabalho, — ela grita, seu corpo visivelmente tremendo
de raiva. — Aqueles homens, eles... — Ela estremece quando as memórias a
atingem. — Você precisa sair. Você precisa sair e nunca mais voltar. Não
estou interessado em ninguém que possa fazer isso comigo ou com qualquer
outra criança. Não fazer nada te torna tão ruim quanto eles. Não, quer saber,
isso te deixa pior. Você me deixou ativamente lá. Me deixou lá para ser
negligenciada e abusada. Você é um maldito monstro, assim como eles.

— Não, Rose, por favor.

Rose?

— Isso não é quem eu sou. Aquela garota, aquela que você abandonou,
já se foi. Não sou mais aquela criança fraca e vulnerável que você
esqueceu. Meu nome é Chelsea, Chelsea Fierce e não esquecerei tudo isso,
tudo o que você fez ou deixou de fazer, só porque agora decidiu tentar
reparar todos os seus erros.

— Eu não preciso de um pai. Eu tenho os pais mais incríveis agora que


me deram tudo o que você falhou. Você está muito atrasado. Eu não preciso
de você.

A tensão na sala é pesada enquanto eles continuam a olhar um para o


outro. O peso das palavras de Chelsea pressionando todos nós.

— Você tem razão. Sobre tudo isso, você está certa. Eu só precisava... —
ele suspira. — Eu precisava ver você. Saber que, apesar de todos os meus
erros, você sobreviveu.

— Sim, eu sobrevivi. Estou fodida além da crença, mas sobrevivi.


Tanto sua mãe quanto seu pai suspiram com as palavras dela, ambos
obviamente querendo discutir, mas sabiamente eles mantêm suas bocas
fechadas.

— Por favor, R...Chelsea. Eu preciso... — Ela lhe lança um olhar mordaz e


ele recua. — Ok, eu vou. Vou deixar isso aqui, para o caso de você querer
entrar em contato, mesmo que seja para gritar comigo. Eu realmente
gostaria de conhecê-la, se você alguma vez considerar em me dar um minuto
do seu tempo. — Ele deixa cair um cartão de visita sobre a mesa. A sala está
tão silenciosa que o som dele batendo no vidro é como um tiro pela casa.

Ele se vira para Honey e Derek. — Obrigado por me permitir fazer isso,
me recebendo em sua casa. Eu sei que é mais do que eu mereço.

Com um último olhar para a filha, ele sai da sala e logo depois da
casa. No segundo que a porta da frente bate. Chelsea quebra.

Nós três corremos para ela, felizmente eu chego a ela antes de seus pais
e a pego em meus braços enquanto ela chora.

Eu nos movo para o sofá e me sento com ela no meu colo.

Olhando para os pais dela, encontro em seus rostos uma expressão de


culpa semelhante à de Greg a pouco tempo.

Eles acham que fizeram a coisa errada. E embora eu entenda, não posso
deixar de pensar que isso precisava acontecer.

Ele está pesando na mente de Chelsea desde que ela viu sua
caminhonete pela primeira vez, ela precisava saber a verdade, não importa
quão doloroso pudesse ser.
Longos minutos agonizantes se passam enquanto todos esperamos que
Chelsea se acalme.

Enquanto eu esfrego minha mão para cima e para baixo em suas costas,
sua mãe faz um café para todos nós.

Eventualmente, ela puxa a cabeça da curva do meu pescoço e enxuga as


lágrimas do rosto.

— Sinto muito, — diz ela fracamente.

— Ah, querida. Você não tem nada para se desculpar, — Honey acalma.

— Eu deveria ter lhes contado sobre ele me seguindo.

— Ele nos contou antes de você voltar.

— Ele é mesmo meu pai?

Ambos acenam com a cabeça. — Sim. Parece que ele está procurando
por você há um tempo. Eu sei que é fácil dizer, mas eu realmente acho que
ele quer tentar fazer as pazes.

Chelsea solta um suspiro trêmulo.

— Você não tem ideia de como era, — ela diz baixinho. — As coisas que
eu disse a todos vocês são apenas a ponta do iceberg.

— Nós sabemos, querida. E não diremos o que fazeri. Se você decidir


nunca mais vê-lo, nós respeitaremos sua decisão, ele também. Ele só tinha
que tentar.
Ela balança a cabeça, me segurando um pouco mais apertado enquanto
ela fica em silêncio mais uma vez. — Eu odeio que ele possa me levar de
volta para lá como se fosse ontem.

Ninguém fala. Nenhum de nós pode tirar nada disso, torná-lo melhor.

Embora eu realmente desejasse poder.

Após longos minutos excruciantes, Honey tenta aliviar o clima com uma
mudança de assunto.

— Vocês dois tiveram um bom fim de semana?

— Sim, foi incrível, — diz Chelsea.

— Estou feliz que vocês tenham resolvido as coisas.

— Nós resolvemos. É isso agora, certo? — ela pergunta, seus grandes


olhos olhando para mim.

— É isso.

— Bem, bem-vindo à família então, eu acho, — Derek diz, levantando sua


caneca em nossa direção.

— Nós vamos deixá-los com isso.

Derek e Honey pegam seu café e fecham a porta atrás deles.

Chelsea se aconchega de volta em mim e me respira. O movimento, o


conhecimento de que ela se sente segura em meus braços assim faz meu
peito doer.

— Eu te amo, Chelsea, — eu sussurro no topo de sua cabeça.

— Eu também te amo.
Capítulo 39
CHELSEA

Eu só posso supor que de alguma forma Shane conseguiu me levar para a


casa da piscina porque quando eu acordo um pouco mais tarde, é
exatamente onde estou.

Felizmente, no segundo em que abro os olhos, encontro-o sentado ao


meu lado jogando em seu telefone.

Estendendo a mão, coloco minha mão em sua coxa e aperto.

— Ei, como você está se sentindo?

— Estou bem, — digo, embora as memórias do que aconteceu quando


voltamos aqui não estejam longe, nem as imagens do meu passado que
tento manter trancadas em uma caixinha na minha cabeça.

— Você não precisa se fazer de corajosa para mim, baby.

— Eu sei. Eu só… não sei mais o que fazer agora. Falar sobre tudo isso faz
com que tudo volte… mesmo depois de todo esse tempo, é tão cru.

Ele desliza para baixo até estar deitado de lado, de frente para mim.

— Você sabe que pode me dizer qualquer coisa e eu não pensarei


diferente de você, certo?

Eu aceno, o tamanho do nó na minha garganta torna impossível dizer


qualquer palavra.
Ele estende a mão, envolvendo sua mão em volta do meu pescoço e
apertando possessivamente. Eu amo tanto, um sorriso começa a se
contorcer em meus lábios.

— Então, você se chamava Rose? — Ouvir o nome faz minha espinha


endurecer. Eu sempre odiei. Acho que nunca fiquei tão feliz quanto no dia
em que meus pais me disseram que eu poderia mudar isso.

Para mim, Rose sinalizou alguém que era fraca, indefesa, e isso não era
quem eu era quando Honey e Derek me acolheram. Eu era mais forte, mais
corajosa, eu poderia cuidar de mim até certo ponto. Eu era feroz. Ou pelo
menos eu queria ser. Descobrir que esse era o sobrenome deles foi a
primeira vez que percebi que estava onde eu pertencia.

Não levei tanto tempo para decidir sobre um novo nome. No segundo
que o Chelsea me acertou, eu sabia que estava certo. Chelsea Fierce era o
nome perfeito para a nova eu. A garota que não aceitava nenhuma merda,
não ligava pra porra nenhuma e conseguiu tudo o que queria.

Foi ótimo até eu perceber que essas coisas não me faziam realmente
feliz. Eu me isolei de todos, coloquei muros mesmo com aqueles que
deveriam ser meus amigos. Eu vejo isso agora, e prometo nunca me permitir
voltar para aquela velha vida. Eu tenho Shane agora, e espero ter uma amiga
de verdade em Rae. As coisas definitivamente estão melhorando.

— Sim. Foi assim que a mulher que me pariu decidiu que eu deveria ser
chamada. Ela provavelmente não poderia soletrar mais nada. — É para ser
uma piada, mas a expressão no rosto de Shane me diz que ele acha tudo
menos engraçado.
— É bonito, mas não consigo me imaginar a chamando assim. Você é
definitivamente uma Chelsea.

— Concordo. Embora eu não o tenha mudado completamente. Agora


sou Chelsea Rose. Achei que meu passado sempre seria uma parte de mim,
então é melhor abraçá-lo até certo ponto.

— Embora seja horrível, ouvir apenas algumas das coisas que você
experimentou me faz sentir sanguinário, fez de você quem você é. E eu, por
exemplo, acho você incrível.

— Sim?

— Sim.

Nós nos encaramos por um longo tempo. Nenhuma palavra é dita, elas
não são necessárias.

Essa conexão que eu desejava está bem ali, e é tudo que eu preciso.

— Está com fome?

— Isso é uma pergunta séria? — Eu pergunto com uma risada.

— Sua mãe desceu para perguntar se queríamos nos juntar a eles para
jantar. Você estava dormindo, então eu recusei. Achei que podíamos pedir
pizza ou algo assim. O quê? — ele pergunta quando eu fico em silêncio.

— Eu meio que gostaria de sair. Estivemos dentro de casa o fim de


semana inteiro.

— Ok. O que você quer fazer?


Trinta minutos depois, nós dois estamos trocados e saindo da casa da
piscina.

Embarcamos na longa caminhada da casa dos meus pais até à beira-


mar. O sol está se pondo, lançando um tom alaranjado impressionante por
toda a baía enquanto a lua aparece para a noite.

Paramos em uma lanchonete e pedimos fatias de pizza para viagem. Nós


nos afastamos do final da praia do Aces, sabendo que as chances de esbarrar
em alguém da escola seriam altas. Eu não quero evitá-los realmente, mas
igualmente, quero manter Shane para mim enquanto posso. Eu não estou
pronta para que o nosso fim de semana acabe.

— Como você está se sentindo? — Shane pergunta assim que nós dois
terminamos de comer.

Estamos sentados no paredão, nossas pernas balançando com a areia


abaixo, observando as ondas baterem.

— Honestamente, não faço ideia. Eu sempre presumi que meu pai era
apenas um cara aleatório que doou seu esperma. Eu não achava que tinha
um pai, como tal, muito menos um que estivesse presente nos meus
primeiros anos.

— Você quis dizer o que você disse sobre não querer nada com ele?

Eu quis? Eu penso no que eu disse a ele e estremeço. Minhas palavras


podem ter sido verdadeiras, ele não deveria ter me deixado lá, mas agora
algum tempo se passou, e eu me sinto menos emboscada com a coisa toda,
sei que a situação provavelmente não era tão simples. As coisas raramente
são.

Meu pai biológico me pegando nos braços e me levando para longe do


inferno era uma fantasia que tive muitas vezes quando criança. Imaginei-o
como um homem de negócios rico que me queria desesperadamente, mas
por algum motivo não conseguia me alcançar. Foi uma das histórias que
formulei na minha cabeça para fugir da minha realidade. Infelizmente, esse,
nem nenhum dos outros, jamais se materializou e quando fui levada, foi pelo
estado e fui jogada em um lar de crianças, não na cobertura de um homem
rico.

Eu suspiro. — Não sei.

Estendendo a mão, ele pega minha mão e leva meus dedos aos lábios.

— Bem, o que você decidir. Estou aqui por você.

Um soluço irrompe da minha garganta sem aviso.

— Chels?

— Estou bem. Você realmente não sabe o quanto isso significa para mim.

Eu enxugo a lágrima que cai antes que ele perceba e respiro fundo.

Eu não mereço isso. Eu não o mereço. Mas foda-se, farei tudo que puder
a partir de agora para mantê-lo.

***
— Eu posso ir com você, isso pode suavizar o golpe, — eu ofereço
enquanto Shane coloca seus tênis na manhã seguinte, pronto para ir para
casa e enfrentar a realidade com seu pai.

— Não, está tudo bem. Só fique aqui esperando quando eu voltar. Há


uma boa chance de eu precisar de você. — Seus olhos escurecem quando ele
diz as palavras e minhas entranhas apertam com desejo.

Por mais que eu odeie quando ele discute com seu pai, não posso negar
que isso o excita da maneira perfeita e eu amo ajudar a tirar sua mente disso
depois.

— Como você me quer? — Digo com o que espero ser uma voz
sedutora.

— Hmm... na minha camisa sem nada por baixo.

— Feito. Envie-me uma mensagem quando você estiver saindo.

De pé, ele se aproxima de mim. — Eu mudei de ideia. Acho que ficarei e


pegar isso agora mesmo.

— Por mais que eu queira concordar. Você precisa fazer isso. A última
coisa que você quer é que ele fique pendurado sobre sua cabeça durante as
férias.

— Eu sei, — ele murmura, roçando seus lábios contra os meus.

Por mais que eu odeie fazer isso, eu empurro minhas palmas contra seu
peito para parar sua tentativa de adiar.

— Vá, Shane. Estarei aqui quando você voltar.

— Uh, tudo bem.


Caindo no sofá, eu observo enquanto ele empurra a porta, mas em vez
de andar direto por ela e desaparecer pela casa, ele para por um instante.

— O quê? — Eu pergunto quando a cor desaparece de seu rosto.

— Você pode ouvir gritos?

Sentada, eu escuto.

— Foda-se, — Shane lamenta antes de correr para a casa. Eu salto do


sofá, quente em seus calcanhares enquanto ele corre pelas portas abertas da
cozinha e para o corredor.

A gritaria cessa quando ele para abruptamente quando seus olhos


pousam nas pessoas diante de nós.

— Brett, não, — Maddie grita, puxando seu braço enquanto ele se


aproxima de Shane.

— Eu te disse que você ia foder tudo, — ele grita para Shane.

Eu quero fazer alguma coisa, dizer alguma coisa, mas estou congelada no
local enquanto olho para a fúria rolando dele em ondas.

— Como você espera ter sucesso agora? Ninguém vai querer você com
uma criança ligada a você. Você é uma desgraça, garoto. Maldita desgraça.

— Eu não dou a mínima, pai. Eu não quero a NFL. Eu não quero o seu
sonho.

— Não? Eu não sou bom o suficiente para você? Todo o trabalho braçal
que fiz para dar a você uma chance nos melhores times universitários do país
não está à altura do seu padrão?
— Eu não quero isso. Eu nunca quis, mas você se recusa a me ouvir.

— Não? Então me diga agora, o que você quer?

Há um momento de silêncio absoluto, a calmaria antes da tempestade,


porque todos nós sabemos que isso vai piorar antes de melhorar.

— Eu quero o Chelsea. Eu quero Chelsea e nosso bebê.

Brett solta uma risada, mas não chega nem perto de se divertir. É
ameaçador, e faz um arrepio percorrer minha espinha.

— Você está completamente delirante. Você acha que é capaz de cuidar


de um bebê? E com ela? — A desaprovação escorre de suas feições quando
ele se vira para olhar para mim. — Ela não passa de uma vagabunda barata.

— Brett, — papai diz, seus punhos enrolados em raiva. Ele dá um passo à


frente, mas mamãe coloca a mão em seu braço e o impede.

O peito de Shane incha com raiva quando ele se aproxima de seu pai,
seus punhos cerrados, pronto para lutar.

— Deixa pra lá, por favor, — eu imploro, estendendo a mão para tocar
seu braço, mas ele não reconhece meu toque, ele está muito perdido em sua
raiva.

— Retire isso.

Seu pai ri novamente. — Você é um idiota, garoto. Você está jogando


tudo fora. Você a escolhe e está desistindo de tudo o que posso lhe
oferecer. Tudo.

— Quantas vezes? Eu não quero isso, porra.


Os olhos de Brett ficam pretos, frios, enquanto seus lábios pressionam
em uma linha fina e a veia em seu pescoço pulsa ameaçadoramente.

— Seu pequeno ingrato…

— Nãooo, — eu choro quando o braço de Brett de repente voa em


direção a Shane.

— Brett, não, — Maddie grita correndo para a frente.

Papai entra em ação, mas estamos todos muito atrasados.

O punho de Brett se conecta com a bochecha de Shane. O estalo é tão


alto que faz meu estômago revirar.

Shane tropeça para trás, seu ombro batendo na parede antes de cair
para trás.

— Shane, — eu grito. Há uma comoção atrás de mim quando eu caio de


joelhos ao lado dele. — Shane? Shane?

— Seu animal, — Maddie diz antes de se juntar a mim do outro lado.

— Querido, acorde. Shane. Porra. — Seus olhos estão arregalados e


cheios de medo enquanto ela o encara.

Levantando-se de um salto, ela caminha até Brett, que agora está sendo
contido por meu pai enquanto ele tenta empurrá-lo para a porta da
frente. Seu lábio se abriu e o sangue escorreu pelo queixo de onde meu pai
deve ter retaliado em nome de Shane.

— Se você o machucou, porra, eu vou te matar. — Ela o cutuca no peito


enquanto a saliva voa de sua boca. — Eu vou te matar, porra.
— Eu gostaria de ver você tentar.

— Quem é você? O que aconteceu com o homem com quem me casei,


hein? Quando ele se transformou em um idiota tão vil?

Brett não diz nada, apenas encara a esposa como se ela tivesse
enlouquecido. Raiva e frustração queimam no meu estômago por ela.

— Nos terminamos. Espere ouvir do meu advogado. Não posso passar


mais um dia fingindo que te amo. — Ela se vira, de costas para ele, incapaz
de sequer olhar para seu rosto. — Tire ele daqui antes que eu chame a
polícia.

Depois de brigar um pouco, papai finalmente tira Brett da porta da frente


e a bate atrás dele.

Maldito inferno.

Lembrando que Shane está deitado ao meu lado, eu tiro meus olhos de
Maddie e desço para ele. A visão mais incrível me cumprimenta. Seus lindos
olhos verdes.

— Shane, oh meu deus, — eu lamento, caindo para ele e envolvendo


meus braços em volta de seus ombros.

— Estou bem. Eu estou bem, — ele diz no meu cabelo enquanto seus
braços vêm ao meu redor como se eu fosse a pessoa que precisasse agora.

Quem estou enganando? Eu porra. Isso foi aterrorizante.

Depois de alguns segundos, eu o solto, e ele se empurra para ficar


sentado contra a parede.
— Bem, isso correu bem, — ele brinca, olhando para os rostos
preocupados e traumatizados olhando para ele.

Maddie começa a chorar antes de mamãe levá-la para a cozinha. Papai


caminha em nossa direção e estende a mão para Shane para puxá-lo, que
por sua vez faz o mesmo comigo visto que ainda estou no chão.

— Eu pegarei um pouco de gelo para você, — eu digo, olhando para o


rosto inchado de Shane.

— Eu preciso de uma bebida, — papai anuncia, balançando sua mão e


caminhando na mesma direção que mamãe e Maddie acabaram de sair.

Seguimos para encontrar mamãe servindo um copo de uísque para


Maddie antes de papai pegar dela e levar a garrafa aos lábios.

— Eu posso? — Shane pergunta uma vez que papai baixou a garrafa, e


ele relutantemente a passa, claramente decidindo que não há problema em
quebrar sua regra de não dar álcool para menores depois do que acabou de
acontecer.

Shane engole uma dose antes de devolver a garrafa.

Dez minutos depois, todos nos encontramos sentados ao redor da mesa


de jantar. Shane com uma bolsa de gelo pressionada contra o rosto e os
adultos tomando suas bebidas. Ninguém parece ter notado que é apenas um
pouco depois do meio-dia. Embora, para ser justa, se eu não estivesse
grávida, acho que gostaria de uma bebida agora.
— Vou arrumar o quarto de hóspedes para você hoje à noite, — mamãe
oferece a Maddie. — Você é mais do que bem-vinda para ficar o tempo que
quiser.

— O...obrigada. Eu deveria ir até à casa pegar algumas coisas antes que


ele queime tudo.

— Eu não acho que ele... —O olhar de Maddie corta as palavras de


mamãe.

— E quanto... — Maddie lança um olhar para Shane e eu e eu engulo


nervosamente.

Mamãe ri, o som disso é tão bom depois do estresse e da tensão da


última hora. — Eu acho que ele já se mudou, não é?

Todos eles se voltam para nós.

— Vocês dois provaram para nós que agora são adultos que podem
tomar suas próprias decisões. Então, o que vocês dois querem fazer?

— Honey estava certa, — Shane diz antes que eu tenha uma chance. —
Tenho certeza de que já me mudei. — Um largo sorriso se espalha pelo meu
rosto. — Claro, isso se estiver tudo bem para vocês dois. — Ele olha para
mamãe e papai, que sorriem para ele.

— Vocês serão pais em alguns meses. Não tenho certeza se estamos em


posição de detê-los.

— Vou conseguir um emprego, meio período, obviamente, então temos


nosso próprio dinheiro. Ainda não tenho certeza do que farei com a
faculdade, mas vou...
— Nós dois iremos. Nós faremos isso funcionar. Tudo o que pedimos é o
seu apoio. Se pudermos ficar na casa da piscina por enquanto, seria ótimo,
mas teremos nosso próprio lugar assim que pudermos. Queremos fazer isso
da maneira certa, para nós e para este pequeno.

Os olhos de mamãe e Maddie se enchem de lágrimas mais uma vez.

— Estaremos aqui para vocês, não importa o que aconteça, — mamãe


diz.

— Vocês dois serão pais incríveis, — Maddie acrescenta.

— Só o tempo dirá, — eu digo com uma risada.


Capítulo 40
CHELSEA

— Chegaremos tarde, — Shane diz, caindo na beirada da cama,


parecendo quente em sua camisa e calça social. Seu cabelo está arrumado e
apenas esperando que suas mãos passem por ele para bagunçar, ou eu
posso em um minuto, porque eu tenho uma coisa com seu cabelo
bagunçado e fodido.

Isso só mostra que a minha vida levou uma volta de 180 graus porque
seus longos cabelos desgrenhados costumavam ser uma das coisas pelas
quais eu costumava zombar dele. Pode ser mais curto agora do que
costumava ser, mas não é menos confuso. Agora eu só passo meu tempo
correndo meus dedos por ele e usando-o para segurá-lo contra mim em vez
de dizer a ele para cortar.

— Estou quase pronta, — eu digo, mas estou muito focada em seu


reflexo no meu espelho para terminar minha maquiagem. — Tem certeza
que eles querem que eu vá?

— É claro. Amalie e Jake convidaram nós dois. Eles sabem que nós somos
como um pacote agora.

— Oh Deus, nós somos um deles agora, não somos?

— O que você quer dizer?


— Você sabe como Amalie, Jake, Camila e Mason são irritantemente
doces? Também o somos agora.

— Eu espero que sim, — diz ele com um sorriso de comedor de merda no


rosto. — Sempre tive inveja deles.

— Ah, eu esqueci que você queria Amalie primeiro.

— Achei que sim, estava apenas tentando me distrair de querer o que


não podia ter.

— Quem era? — Eu pergunto inocentemente, batendo meus cílios para


ele.

— Ah, apenas essa líder de torcida insanamente gostosa. Mas ela não
estava interessada.

Faço um trabalho rápido de aplicar meu batom, do tipo que não sai
imediatamente ao primeiro toque de um beijo, coisa boa, já que pretendo
fazer exatamente isso no segundo em que chegar até ele.

Levantando do banco, eu caminho até ele. Ele me observa, fogo


queimando em seus olhos quando me aproximo.

— Esse vestido, — diz ele, mordendo o lábio inferior. Estou usando um


vestido justo cor de vinho que mostra cada uma das minhas curvas, incluindo
minha barriguinha de bebê muito pequena. Qualquer um que não soubesse
que eu estava grávida não veria, mas eu posso e estou tão pronta para
abraçá-lo.

Eu paro na frente dele e alcanço sua camisa. Eu envolvo meus dedos no


algodão macio e o puxo da cama até que ele esteja de pé diante de mim.
— Estou feliz que você goste, um de seus presentes está escondido
embaixo dele. Se você tiver sorte, pode desembrulhar mais tarde.

Ele geme como se estivesse com dor física. — Talvez devêssemos


cancelar de ir para a festa.

— Não, você disse que fomos convidados. — Ficando na ponta dos pés,
eu passo meus lábios contra os dele enquanto deslizo minha mão pelo meu
corpo para encontrar seu pau já duro. — Calma garoto, você ainda tem
algumas horas.

— Você está me matando. Calce os sapatos e vamos antes que eu


realmente mude de ideia.

Lamentavelmente, dou um passo para trás dele e me viro para pegar


meus sapatos.

— Vamos então, vamos, — eu anuncio quando estou pronta.

Olho ao redor da sala, que agora está cheia de seus pertences, assim
como os meus. Eu amei este lugar antes, mas desde que ele se mudou
oficialmente e fez o espaço nosso, eu o amo muito mais.

No dia seguinte ao confronto com Brett, meu pai escoltou Shane e


Maddie até à casa deles. Acabou não sendo necessário porque ele não
estava lá, desde então descobrimos que ele está em Nova York, mas havia
muitas evidências de que ele esteve lá porque o lugar estava em
pedaços. Eles não ficaram tempo suficiente para fazer algo a respeito. Eles
apenas pegaram o que queriam e foram embora sem olhar para trás.
Maddie não decidiu o que fará a seguir, se voltará a morar lá ou não. Ela
disse que passará o feriado e então tentará tomar algumas decisões para seu
futuro.

Felizmente, nossa casa é grande o suficiente, então agora não só Shane


está aqui comigo, sua mãe está em um quarto de hóspedes e nós temos Luca
e Leon também para que todos possamos comemorar o feriado como uma
grande família. Pode não ser perfeito para alguns deles, mas para mim, é
tudo e pela primeira vez e possivelmente para sempre, estou realmente
animada.

Tenho os presentes de Shane todos embrulhados e prontos para


amanhã, e mal posso esperar para ver se ele gosta deles. Além disso, há o
pequeno conjunto sexy que eu tenho sob este vestido como um deleite
extra, é claro.

A viagem até à nova casa de Amalie e Jake leva um pouco mais de trinta
minutos. Visto que ambos estão planejando ir para Maddison assim que
Amalie se formar no ano que vem, eles queriam estar do lado certo da
cidade.

Eu balanço minha cabeça com quão louco isso tudo é. Eles compraram
uma casa, teremos um bebê. Merda, alguém ficará noivo em seguida. É
insano, visto que todos nós temos dezoito anos ou mais, mas como eu disse
muitas vezes antes, parece certo. Eu acho que o que eles dizem é verdade,
quando você sabe, você sabe.
— Este lugar é fofo, embora não seja uma casa comum para dois jovens
de dezoito anos, — digo enquanto paramos na rua para onde o GPS nos
trouxe.

É um duplex moderno e elegante, cinza e branco, com janelas enormes e


um jardim bonito.

Minha mente foge enquanto imagino Shane e eu em um lugar como este


com uma criança correndo por aí. Borboletas explodem com o pensamento.

— É impressionante, com certeza.

— Aposto que Jake não sabe o que fazer depois daquele trailer de
merda.

Shane se vira para mim, suas sobrancelhas juntas. — Jake morava em um


trailer? Achei que ele morava com a tia e o tio.

— Sim, até que o baniram para os fundos de sua propriedade em um


maldito trailer velho que você não desejaria ao seu pior inimigo.

— Como eu não sabia disso?

— É um segredo bem guardado. Ele costumava querer que todos


pensassem que ele tinha tudo, mas a realidade era que ser capitão era tudo
o que ele tinha. Até Amalie, é claro.

— Uau, eu nunca teria imaginado.

— Exatamente como ele pretendia.

O movimento dentro chama minha atenção e eu assisto por um segundo


enquanto Mason e Jake conversam e riem um com o outro.
Felicidade enche meu coração que eles encontraram a sua para sempre
com suas garotas.

— Você está planejando sair? — Shane pergunta, abrindo minha porta


para mim. Eu nem tinha percebido que ele tinha saído do carro.

— Sim, desculpe-me.

Eu não posso evitar os nervos que me assaltam enquanto estamos na


porta da frente. A maioria das pessoas lá dentro tem todo o direito de me
odiar, mas aqui estou eu convidada para a festa de inauguração da casa na
véspera de Natal como se eu fosse uma delas.

— Tudo bem, — diz Jake eloquentemente quando ele abre a porta. Ele
parece tão lindo como sempre, mas ao contrário de todos os anos no
passado, não me diz nada.

— Bom lugar, — eu digo, entrando quando ele se move para o lado e


Shane gesticula para que eu o faça.

— Vai levar algum tempo para me acostumar, com certeza.

— Ei, — Amalie diz, correndo pelo corredor para nos cumprimentar,


parecendo totalmente assediada.

— Oi. Está tudo bem?

— Sim, apenas tentando preparar a comida. Desculpe. — Ela corre de


volta na mesma direção em que veio.

— Ignore-a, ela só queria que tudo fosse perfeito. Eu continuo dizendo a


ela para relaxar, mas ela não quer.
Eu sufoco uma risada. Aposto que ele dizendo a ela que realmente não
está ajudando.

— Eu verei se ela quer alguma ajuda.

— Antes você do que eu.

Deixando Shane com Jake, vou na direção que Amalie desapareceu,


assumindo que é para a cozinha.

Quando chego lá, encontro-a esvoaçando pelos balcões cheios de comida


e bebida.

— Posso ajudar em alguma coisa? — Ela se assusta e se vira para mim


com os olhos arregalados. — Desculpe, eu não queria assustá-la.

— Desculpe, sou eu. Eu estou apenas... gah. Eu sei que estou colocando
muita pressão em mim mesma. É só... — Ela desvia o olhar de mim. —
Desculpe, você não se importa com tudo isso.

— Claro que eu me importo. O que está errado?

— É apenas o meu primeiro Natal sem eles, — ela diz, lágrimas enchendo
seus olhos antes que ela as evite.

Claro, eu deveria ter pensado nisso antes. O primeiro Natal sem seus pais
deve ser tão difícil.

Estendendo a mão, eu pego sua mão na minha. — Tudo bem ficar


triste. Ninguém espera que você fique bem durante esse período.

— Eu sei, só preciso me manter ocupada para não passar o tempo todo


pensando no que estaria fazendo com eles se ainda estivessem aqui. — Seu
queixo treme, sua voz falha no final de suas palavras.
Eu não tenho ideia se ela quer um de mim, mas sem pensar muito nisso,
eu a puxo em meus braços para um abraço.

É apenas breve, mas quando ela se afasta, ela tem um pequeno sorriso
nos lábios.

— Obrigada. Eu precisava disso.

— Coloque-me para trabalhar, o que posso fazer para ajudar?

— Você pode me fazer uma bebida, uma forte?

— Certo. Alguma preferência?

— Surpreenda-me.

Caminhando até ao balcão com as garrafas, encontro de tudo, de


cervejas a destilados e misturadores. Puxando meu telefone da minha bolsa,
procuro receitas de coquetéis e preparo uma para ela.

— O que é isso? — ela pergunta quando eu passo.

— Um orgasmo gritante. Achei que poderia ajudar agora.

Ela me encara por um instante antes de cair na gargalhada.

— Merda, eu precisava disso, — diz ela, tomando um gole enquanto dois


outros se juntam a nós.

— Fomos mandados buscar mais cerveja, — diz Mason, abrindo a


geladeira como se fosse sua casa.

— Ugh, por que ele não poderia fazer isso sozinho? — Amalie resmunga
antes de colocar o copo na mesa e sair da sala. Eu estremeço, sentindo um
pouco de pena de Jake. Amalie está em uma situação ruim agora, e ele está
prestes a sentir a força disso. Tenho certeza que ele é mais do que capaz.

— Ah, parece que ele está na casinha de cachorro.

— Deixe-a em paz, — Camila diz, se aproximando de Mason. — O


quê? Estou apenas dizendo.

— Posso ter uma palavrinha com vocês dois? — Eu pergunto, dando um


passo à frente.

As duas cabeças giram na minha direção e me encaram como se não


soubessem que eu estava na sala.

— Claro, — diz Mason suavemente enquanto sua garota coloca as mãos


nos quadris e levanta as sobrancelhas.

Não estou surpresa, eu sabia qual dos dois provavelmente me faria


trabalhar para isso. Com razão, acho que depois de mandá-la atrás de seu
namorado traidor. Embora pudesse ter sido uma jogada de merda, pelo
menos ela descobriu a verdade antes que continuasse.

— Eu só queria dizer que sinto muito, eu realmente sinto. Como eu me


comportei antes era imperdoável...

— Ainda assim, você está pedindo por isso, — Camila retruca.

— Não, não, não estou. Eu entenderia se você nunca tivesse feito isso. Eu
só quero que você saiba o quanto eu me arrependo de tudo isso. Minha
cabeça estava uma bagunça e eu estava tomando decisões estúpidas.

— Como dormir com Shane?


Eu não posso deixar de rir. — Não, essa foi provavelmente a única coisa
sensata que fiz naquela época.

Camila abre a boca para dizer mais, mas deve mudar de ideia porque
logo a fecha novamente.

Mason, no entanto, apenas me dá um sorriso suave. — Você está bem,


garota. — Aproximando-se de mim, ele me dá um breve abraço. Camila dá a
ele olhares de morte o tempo todo, me fazendo pensar por que ele achou
que era uma boa ideia.

— Recue, Cami ursa. Acabou. — Ele ri.

Camila dá um passo à frente, mas não é nada parecido com o jeito


amigável que seu namorado fez. Ela franze a testa e aponta para mim. — Se
você o machucar. Se daqui a algumas semanas tudo isso se tornar um dos
seus jogos doentios, eu juro que vou... matarei você.

— OK, baby. É o bastante. — Mason envolve a mão ao redor dos braços


de Camila e a puxa de volta para seu peito e envolve seus braços ao redor
dela.

— O que Camila está tentando dizer é que estamos felizes por você estar
de volta e esperamos que as coisas funcionem para você daqui em diante.

— Não, eu não estava... —Camila protesta até que Mason a gira e cortar
suas palavras com os lábios.

Enquanto eles estão distraídos, eu pego um punhado de cervejas que


eles pediram e vou me juntar aos outros.
Amalie ainda está ocupada arrumando a comida que preparou na mesa
de jantar enquanto Jake olha para ela com preocupação nos olhos.

— Aqui está ela, — Ethan anuncia, me distraindo da óbvia tensão na sala


enquanto coloco as garrafas no chão. — Como está a próxima estrela de
Rosewood? — ele fala lentamente, claramente já bebeu muitas cervejas
enquanto coloca a mão na minha barriga.

Percebo Shane tenso enquanto observa Ethan me tocar, mas um rápido


aceno de cabeça e ele logo relaxa. Ethan é tudo menos uma ameaça.

— Mantenha suas mãos para si mesmo, Savage, — Rae late, batendo em


seu antebraço para fazê-lo me soltar. — Desculpe, por favor, ignore-o.

— Está tudo bem, eu estou acostumada com ele agora.

— Sim, Chelsea tem sido minha amiga por anos, ela sabe o que fazer.

— Oh sim? — Rae fica em sua altura total, com cerca de 1,60 m, e o


encara. — À espreita esta noite, não é?

— Uh huh, estou de olho nessa coisinha mal-humorada.

— Jesus, — eu murmuro, deslizando ao redor deles e me juntando a


Shane no sofá.

— Tudo certo? — ele pergunta enquanto eu passo para ele uma das
cervejas que eu guardei.

— Sim, apenas um dia normal em Rosewood, — eu digo com uma risada.

— O que há com Amalie?

— É seu primeiro Natal desde que seus pais morreram. Ela está lutando.
— Ah, claro.

— Brit, venha e sente-se. Nenhum desses filhos da puta se importa como


você organizou os rolinhos de salsicha, baby.

Amalie lança a Jake um olhar mordaz de onde ela ainda está movendo as
coisas, mas ela deve ver algo nele porque depois de um segundo ela se
afasta e sai da sala.

Jake se senta para a frente como se estivesse prestes a segui-la, mas não
é necessário porque em apenas alguns segundos ela volta com a bebida que
eu fiz para ela.

— O que você tem aí? — Jake pergunta, fazendo Amalie sorrir enquanto
ela se senta ao lado dele.

— É um orgasmo gritante. Chelsea fez isso para mim. — Ela sorri.

— Cuidado se ela fez isso, — Camila fala, ganhando a atenção de toda a


sala. O álcool com certeza dá a ela uma língua solta.

— Isso é o suficiente, — diz Mason quando a tensão estranha começa a


se dissipar.

— Não, está tudo bem. Eu mereço, — eu admito enquanto o aperto de


Shane em mim aumenta.

Amalie encolhe os ombros. — Eu confio nela, — diz ela, levando o copo


aos lábios e tomando um grande gole.

Algo dentro de mim incha. O arrependimento pelo que fiz ainda está lá,
acho que sempre estará, mas a felicidade que sinto agora começa a
empurrá-lo um pouco.
As bebidas fluem, bem para todos, exceto eu, e felizmente todos
começam a relaxar à noite. Todo mundo fica cada vez mais bêbado e, pela
primeira vez, eu vejo como eles começam a tropeçar em seu caminho para o
banheiro e desajeitadamente erram suas bocas enquanto tentam tomar
outra bebida. Eu nunca percebi quão estúpidos todos nós parecemos
quando o álcool toma conta.

Eu me divirto mais do que deveria apenas assistindo a todos eles, e ao


contrário do que eu esperava, eu realmente não sinto falta de não fazer
parte disso. Há algo muito sério em ser o sensato.

— Eu realmente te amo pra caralho, — Shane gagueja enquanto ele me


puxa para seu colo e empurra minha saia pelas minhas coxas para que eu
possa montar nele.

— O que você está fazendo? — Meu argumento é fraco na melhor das


hipóteses, posso não estar sob a influência agora, mas qualquer toque dele
tem um efeito semelhante. Ele me faz perder a cabeça com a necessidade.

— Beije-me, — ele exige.

Eu olho em seus olhos cheios de desejo e sou impotente, incapaz de


negar qualquer coisa que ele pergunte. Inclinando-me para a frente,
pressiono meus lábios nos dele. Sua língua imediatamente sai e empurra
meus lábios.

Eu não tenho ideia do que os outros estão fazendo ao nosso redor, não
que eu me importe. Meu foco inteiro está em Shane enquanto eu
descaradamente moo meus quadris para baixo em seu pau crescente.
— Arrumem um quarto. — A voz retumbante de Ethan eventualmente
corta minha luxúria e eu me afasto, meu peito arfando e meu corpo tenso
para continuar.

— Nem pense em seguir o conselho dele e fazer sexo em nossa nova


casa, — Jake diz, ganhando um olhar de Amalie. Eu não tenho certeza se ela
está apenas irritada em geral com tudo a ver com esta época do ano por
causa das memórias que está trazendo para ela ou se ela está apenas
chateada com ele, mas há uma tensão definitiva entre os dois. E as palavras
que saem dos lábios bêbados de Shane com certeza não ajudam.

— Ah, sim, você está preocupado que alguém faça um trabalho


melhor? Você sabe que eu sou o melhor que ela já teve, certo? — Suas
palavras finais são abafadas quando coloco minha palma sobre sua boca.

— Shane! — Eu sussurro, mortificada que ele acabou de dizer isso em


voz alta para todos ouvirem.

Ethan, Mason e Rae caem na gargalhada, mas Amalie e Jake se divertem


muito menos.

Eu me viro para olhar para o casal enquanto o rosto de Amalie fica


vermelho como beterraba antes que ela se levante do sofá e saia da sala.

— Mano, acho melhor você ir e provar seu valor. Dê a ela um verdadeiro


daqueles orgasmos gritantes, — Ethan diz, um sorriso firmemente no lugar
enquanto ele fala.

— Eu sinto muito, — eu digo para Jake enquanto ele olha para a porta,
dividido sobre o que fazer.
Com um suspiro, ele se levanta do sofá e a segue, mas ele para na porta
e olha para mim.

— Eu estava muito, muito bêbado. Estou surpreso por ter ficado


acordado tempo suficiente para terminar aquela noite.

A vergonha queima em minhas entranhas e colore minhas


bochechas. Ótimo, a noite que eu sonhei por anos realmente foi um grande
erro bêbado para ele.

— Bem, eu sei com certeza que um de nós não terminou, — murmuro,


minha necessidade de ter a última palavra tirando o melhor de mim.

— Oh queima, mano. Queime, — Ethan late enquanto os outros riem ao


nosso redor.

— Puta merda, — Jake murmura antes de sair da sala para ir encontrar


sua garota.

— Nós provavelmente deveríamos sair agora.

— Por quê? As coisas ficaram interessantes, — Ethan diz, sua voz ainda
cheia de diversão. — Quero ouvir mais sobre o deus do sexo Jake Thorn não
cumprir seus deveres.

As mãos de Shane agarram minha bunda me lembrando que eu ainda


estou montada nele como uma vadia. — Sim, definitivamente é hora de
irmos.

Saindo de seu colo, faço um trabalho rápido de puxar meu vestido para
baixo. Não é como se eles não tivessem visto minha bunda antes, mas eu sou
uma pessoa diferente agora e a única que eu quero olhando para mim está
meio adormecida no sofá.

— Shane, — eu grito, assustando-o acordando. — Vamos lá.

Ele murmura algo incoerente enquanto se arruma nas calças. Por mais
feliz que eu esteja por ele conseguir manter isso enquanto está embriagado,
agora realmente não é hora de exibi-lo.

Alcançando sua mão, eu o puxo do sofá.

Ele tropeça um pouco antes de se equilibrar e passar o braço em volta do


meu ombro.

— Eu te amo Chelsea Fierce, — ele diz.

— Eu também te amo. Agora vamos antes que eu não possa mover você.

— Você quer ajuda? — Tanto Ethan quanto Mason se levantam, mas eu


balanço minha cabeça.

— Eu o tenho. Você continua se divertindo.

— Porque ouvir esses dois fazendo será muito divertido, — Rae reclama
com um revirar de olhos.

— Tenha um ótimo Natal, — eu digo, ignorando seu comentário. — Nós


nos vemos na véspera de Ano Novo no Zayn?

— Certamente. Tenha um bom dia.

Com mais algumas despedidas, finalmente consigo tirar Shane de casa e


entrar no carro.
— Se você desmaiar antes de chegarmos em casa, você vai ter que
dormir no carro, — eu o advirto. Estou mentindo, claro. Eu não conseguiria
dormir sabendo que ele estava lá sozinho, mas espero que minhas palavras
sejam suficientes para mantê-lo comigo.

Shane me mantém entretida durante todo o caminho para casa,


murmurando principalmente coisas incoerentes, mas de vez em quando ele
vai dizendo o quanto ele me ama, ou o quanto ele quer me foder e explicar
em detalhes vívidos as coisas que ele quer fazer comigo. Não posso negar
que, quando paro na garagem dos meus pais, sou uma bola de necessidade.

Infelizmente, a essa altura, ele também adormeceu e está roncando


levemente ao meu lado.

— Shane. Shane, — eu digo, balançando seu ombro para acordá-lo. —


Vamos, ou eu terei que ir buscar seus irmãos para tirar você.

Mesmo assim ele ronca.

— Pelo amor de Deus, Shane.

Tentando uma tática diferente para deixá-lo alerta, eu tiro o cinto de


segurança e deslizo minha mão por sua coxa, esfregando seu pau através de
suas calças. Em apenas alguns segundos, ele começa a endurecer sob meu
toque.

— Acorda, baby. Você tem promessas para cumprir, — eu sussurro em


seu ouvido. Ele geme, empurrando seus quadris para cima para obter mais.

— Chelsea. — Sua voz é arrastada, áspera e profunda.

— Acorde e vá para a casa da piscina e você pode ter o que quiser.


De repente, seus olhos se abrem.

— Foda-se, — ele diz, seu peito arfando e seus olhos quase pretos de
desejo.

— Ei.

— Ei. — Um sorriso se curva em seus lábios enquanto ele olha para mim
e a luxúria se enrola em minhas entranhas.

— Vamos entrar?

— Sim.

Ele um tanto desajeitadamente consegue sair do carro antes de eu


envolver meu braço em volta de sua cintura em uma tentativa de estabilizá-
lo.

Nós balançamos nosso caminho pelos fundos da casa. Ele tropeça e


balança, mas felizmente permanece de pé. Isso me faz pensar em todas as
vezes que meus pais me pegaram em um estado semelhante e tiveram que
lidar comigo para me levar para a cama. Isso está me fazendo perceber que
eu provavelmente deveria dar a eles um presente de Natal melhor.

Finalmente, chegamos à casa da piscina. Shane se inclina contra a


parede, suas pálpebras ficam pesadas mais uma vez.

No segundo em que entramos, ele se dirige para o quarto antes de cair


de cara na cama e quase imediatamente começa a roncar.

Eu não posso deixar de rir dele, e eu caio de joelhos e tiro seus


sapatos. Não exatamente o que eu pensei que estaria fazendo de joelhos
esta noite, mas ei. Ele merece isso. Depois de tudo que seu pai e eu o
fizemos passar nas últimas semanas, ele precisava se perder por uma noite.

Eu consigo derrubá-lo e tirar suas calças, mas depois de desabotoar sua


camisa, eu desisto de tentar tirá-la dele. Ele está totalmente fora e não ajuda
em nada.

Chutando meus sapatos, eu tiro meu vestido do meu corpo e olho para a
calcinha de renda preta que eu comprei especialmente para esta noite. Não
querendo desperdiçá-la, encontro meu celular na bolsa e abro a câmera. Eu
tiro algumas fotos antes de enviá-las para Shane com um comentário
sarcástico sobre o que ele perdeu. Tenho certeza que ele vai gostar disso
quando olhar para o celular amanhã.

Depois de encontrar sua camisa, eu a coloco sobre minha cabeça e faço


uso do banheiro antes de rastejar para a cama ao lado dele.

Ele pode estar fora, mas no segundo em que eu pressiono minhas costas
contra ele, seu braço envolve minha cintura e eu sou puxada para trás, de
modo que estamos conectados de todas as maneiras possíveis.

— Eu te amo, Chels.

— Eu também te amo, Shane. Feliz Natal.


Capítulo 41
SHANE

Eu não tenho ideia de que horas são quando acordo, mas o sol está
fluindo da sala de estar e minha cabeça lateja.

Levo um segundo para me lembrar da noite anterior.

Porra Ethan insistindo que todos nós tomássemos doses.

Eu quero me enroscar em Chelsea e dormir o resto do dia, mas minha


necessidade de ir ao banheiro e analgésicos é muito urgente.

Sentado na cama, descubro que estou apenas vestindo minha boxer e


camisa aberta da noite anterior. Olho para Chelsea e sorrio. Ela tentou cuidar
de mim ontem à noite.

Minha necessidade urgente de ir ao banheiro me impede de vê-la


dormindo pacificamente por mais tempo e eu me levanto da cama, tirando
minha camisa enquanto vou.

Faço minhas coisas antes de escovar os dentes na esperança de que isso


me faça sentir um pouco mais humano antes de sair em busca de algum
Advil.

Bebo uma garrafa de água com os comprimidos antes de voltar a dormir,


mas quando entro no quarto, uma ideia muito diferente surge na minha
cabeça.
Chelsea se moveu desde que eu saí e ela agora está deitada de bruços, os
lençóis empurrados para o lado com minha camisa em volta da cintura. Sua
bunda redonda está à mostra com o pedaço de renda que ela está usando.

Meu pau incha enquanto minha boca enche de água.

Tempo para seu primeiro presente do dia, eu acho,

Começando em seu tornozelo, beijo sua perna até chegar à curva de sua
bunda. Apalpando um lado, mordo o outro.

— O que... oh, — ela chora, rapidamente relaxando debaixo de mim. —


Como você quiser. — Ela descansa a cabeça em seu braço e olha para mim
enquanto eu continuo.

Deslizando meu dedo sob a renda, ela abre um pouco as pernas para me
dar um melhor acesso e eu deslizo através de sua umidade.

— Hmm... você estava sonhando com isso?

— Sempre, — diz ela em um suspiro enquanto eu deslizo um dedo


dentro dela. Seus músculos se apertam, avidamente tentando me sugar mais
fundo. — Você me prometeu todas essas coisas sujas ontem à noite e então
você foi e desmaiou.

— É melhor eu fazer as pazes com você então.

Ela geme quando eu puxo meu dedo dela e, em vez disso, envolvo
minhas mãos ao redor de seus quadris. Eu a levanto até que ela esteja de
quatro e enrolo meus dedos ao redor de sua calcinha.
Eu os puxo para baixo até que caiam em seus joelhos, mas não faço
nenhum movimento para removê-los ainda, estou muito desesperado por
ela.

Inclinando-me para a frente, eu lambo sua costura.

Ela grita e eu espeto minha língua dentro dela.

— Oh Deus, — ela choraminga enquanto concentro minha atenção em


seu clitóris. Ela empurra de volta para mim, precisando de mais. Deslizando
dois dedos dentro dela, eu chupo, lambo e mordo até que ela está gritando
meu nome, suas pernas tremendo quando ela atinge seu clímax.

— Porra, Shane. — Seus braços cedem e ela cai no travesseiro, sua bunda
ainda tentadoramente no ar.

Rastejando para a frente, eu empurro a cintura da minha cueca boxer


para baixo apenas o suficiente para liberar meu pau. Eu corro a cabeça
através de sua umidade antes de empurrar lentamente dentro dela.

Ela geme enquanto eu a estico até que ela esteja cheia.

Deslizando minha mão por sua espinha, deslizo meus dedos em seu
cabelo e puxo suavemente. Suas costas arqueiam, permitindo-me deslizar
um pouco mais fundo.

— Tão bom, — eu gemo, lentamente puxando para fora antes de deslizar


de volta para dentro.

— Mais, Shane. Mais.

Pegando o ritmo, eu dou a ela exatamente o que ela deseja até que os
únicos sons que enchem a casa da piscina são os de nossa respiração pesada
e nossa pele se conectando enquanto nós dois perseguimos nossos
orgasmos.

No segundo em que sua boceta aperta com o início de sua liberação, eu


caio de cabeça na minha.

— Porra, isso foi um belo despertar, — diz Chelsea entre respirações


ofegantes enquanto eu caio ao lado dela, tentando recuperar o fôlego.

— Feliz Natal, querida.

Um largo sorriso se espalha em seu rosto quando lhe ocorre que dia é
hoje. — Feliz Natal.

Virando-se, ela abre a gaveta de sua mesa de cabeceira antes de colocar


dois presentes lindamente embrulhados na minha frente.

— Eu estava usando seu primeiro presente, mas você parece ter


removido a metade inferior. — Ela levanta minha camisa para me mostrar o
sutiã combinando com o conjunto que ela estava usando.

— Você só vai ter que usá-lo para mim outra vez.

— Tenho certeza de que isso pode ser arranjado. Vá em frente, — ela


pede, empurrando os presentes para mais perto.

Agarrando o maior primeiro, faço um trabalho rápido de rasgar o papel


para encontrar uma caixa preta indescritível. Estreitando meus olhos para
ela, eu levanto a tampa para encontrar um relógio de prata deslumbrante
olhando para mim.

— Chels, — eu digo, sabendo que é mais do que ela provavelmente pode


pagar agora. — Olhe para trás.
Puxando o relógio de sua almofada, eu o viro.

Shane. Meu primeiro e único x

A emoção entope minha garganta enquanto olho para suas palavras.

— Muito obrigado, — eu consigo dizer ao redor do caroço depois de


alguns segundos.

— De nada.

Removendo o meu antigo, deixo-o cair na mesa de cabeceira e coloco o


novo no meu pulso.

— Está perfeito.

— E este.

Imaginando o que mais ela fez por mim, eu abro, mas logo percebo que
este é ainda mais sentimental porque é uma moldura com 'eu amo meu pai'
gravado na madeira escura e, no centro, nossa foto de ultrassom.

Estendendo a mão, eu corro a ponta do meu dedo sobre o nosso bebê.

— Ainda me surpreende, — eu sussurro.

— A mim também. Não tenho certeza se acreditarei até que ele ou ela
esteja em meus braços. — Eu aceno, entendendo totalmente de onde ela
está vindo.

Descansando no meu travesseiro, eu saio da cama para que eu possa


pegar o presente dela. — Isto é para você, — eu digo, rastejando de volta na
cama para sentar ao lado dela.
Ela sorri para mim antes de pegar o pequeno presente. Meu estômago
está em nós, não é nada grande, mas eu realmente quero que ela
goste. Demorei bastante para encontrá-lo.

Eu mordo o interior da minha bochecha enquanto ela rasga o papel e


abre a tampa da caixa de joias.

— Ah, é lindo, — ela se emociona enquanto olha para o colar e eu solto


um grande suspiro de alívio.

— Sim?

— Sim.

— Eu posso? — Eu estendo minha mão e ela coloca a caixa nela.

Eu tenho o colar fora em segundos e eu seguro as três faixas


entrelaçadas e as viro.

— Olhe mais de perto. — Eu estendo para ela e ela engasga no momento


em que vê nossos nomes gravados nele. — E podemos adicionar o terceiro
assim que decidirmos um nome.

— Oh meu Deus, — ela soluça, sua mão vem para cobrir a boca enquanto
as lágrimas enchem seus olhos. Ela rapidamente se afasta da cabeceira e
mantém o cabelo fora do caminho para que eu possa colocá-lo em volta do
pescoço. Voltando-se para mim, ela segura o pingente entre seus dedos.

— Muito obrigado. Eu amo isso.

— Eu te amo, — eu digo, me inclinando para a frente e capturando seus


lábios.
***

— Não tenho certeza se você já se preparou tão rápido, — eu digo


quando Chelsea se levanta de sua penteadeira em tempo recorde.

— Estou animada, — diz ela com um sorriso radiante. — Acho que este é
o primeiro Natal em, bem, que eu ansiava.

Como eu, ela está vestindo um suéter de Natal novidade que nossas
mães insistiram, o dela tem ‘assando meu pudim’ costurado na frente,
enquanto o meu é um design padrão de Papai Noel.

— Você está linda.

— Sinto que deveria enfiar um travesseiro no meu suéter para que faça
sentido. Minha barriguinha realmente não faz justiça.

— Você vai se arrepender de ter dito isso em alguns meses. — Eu rio,


puxando-a em meus braços e colocando uma mecha de seu cabelo atrás da
orelha. — Você está pronta para a loucura?

— Mais que preparada. Este é o primeiro de muitos Natais


incríveis. Apenas pense, nessa época no próximo ano, estaremos cercados de
brinquedos e esperamos um bebê animado.

— Não tenho certeza se ele ou ela ficará tão animado aos seis meses de
idade.

— Bem, podemos estar animados o suficiente pelo bebê também.

— Isso soa como um plano, baby. Devemos?


— Sim, — ela grita com prazer antes de pegarmos as duas sacolas de
presentes que temos para nossas famílias e seguirmos para a casa principal.

Honey e mamãe estão ocupada na cozinha fazendo waffles, já há uma


pilha alta o suficiente para alimentar uma multidão.

Derek, Luca e Leon estão sentados à mesa esperando ansiosamente pela


entrega da comida.

— Finalmente, — Luca late quando nos vê. — Não temos permissão para
comer até que vocês dois mostrem seus rostos. Mamãe queria ir buscar
você, achamos que provavelmente não era uma boa ideia.

A mão de Chelsea aperta a minha e quando olho por cima, suas


bochechas estão um pouco vermelhas.

— Estávamos trocando presentes antes de subir.

— Claro que você estava, — diz Luca com uma piscadela. —


Presentes. Parece que você deu a ela seu presente há alguns meses.

— Isso é o suficiente vocês dois. Eu quero ter um pouco de apetite para


os waffles, — Derek reclama.

Tomamos nossos lugares e nem dois segundos depois, Honey e mamãe


trazem o café da manhã.

Luca e Leon mergulham como se não comessem há um mês, enquanto o


resto de nós os observa fascinados.

— O quê? — Leon murmura com a boca cheia. — Estou com fome.

Rindo deles, pego um waffle para Chelsea antes de colocar outro no meu
prato.
— Como foi a festa ontem à noite? — Mamãe pergunta, me lembrando
da ressaca que está ainda batendo bem nas minhas têmporas.

— Não tenho certeza se Shane se lembra muito disso. — Chelsea ri.

— Exagerou em tudo, não foi, filho? — Derek pergunta.

— Algo parecido.

Felizmente a conversa toma um rumo diferente e sou capaz de deixar de


lado o fato de que não me lembro como voltei para a casa da piscina ontem
à noite, muito menos como a noite na casa de Amalie e Jake pode ter
terminado.

Dou de ombros para mim mesmo enquanto olho ao redor da mesa para
aqueles que amo. As coisas podem estar loucas agora. Chelsea e eu
podemos não ter ideia do que os próximos meses e anos nos reservam, mas
neste momento cercado por todas essas pessoas incríveis que eu sei que nos
apoiarão não importa o que aconteça, eu não poderia estar mais feliz.

Nós temos o melhor Natal que eu acho que eu já tive. Rimos, brincamos,
comemos comidas incríveis, graças às nossas mães, e gostamos da
companhia um do outro. É exatamente o tipo de Natal com o qual eu já
sonhei e só posso esperar que aqueles em nosso futuro sejam tão
emocionantes.

O sol já se pôs quando me encontro sozinho com Chelsea na cozinha de


seus pais enquanto ela faz um lanche. Como ela ainda está com fome depois
de tudo que consumimos hoje, não faço ideia.
— Ei, — eu digo, envolvendo meus braços ao redor de sua cintura e
segurando-a com força.

— Ei.

— Você teve um bom dia? — Eu pergunto.

— Sim. O melhor. Obrigada.

— O que você está me agradecendo?

Ela gira em meus braços e olha nos meus olhos.

— Por tudo. Por apenas ser você e fazer todos os meus sonhos se
tornarem realidade.

Abro a boca para responder, mas não tenho palavras. Em vez disso,
coloco tudo o que sinto por ela no meu beijo.

— Eu te amo, Chelsea Fierce, — eu sussurro contra seus lábios, minha


palma pressionando ternamente contra seu estômago inchado.

— Eu também te amo.
Capítulo 42
CHELSEA

— Eu não tenho certeza de como me sinto em dizer adeus a este ano, —


eu admito enquanto caminhamos pela porta da frente de Zayn.

Todos os nossos pais, menos Brett, que ainda está em Nova York, estão
na festa anual de Ano Novo de Rosewood que a mãe de Camila organiza
todos os anos e hoje à noite é a vez de Zayn dar a nossa festa.

Uma grande parte de mim está pronta para ver as costas de muitas
coisas que aconteceram este ano, mas outra parte de mim quer apreciá-
las. Sim, eu fodi tudo. Sim, eu fiz coisas que me arrependerei pelo resto da
minha vida, mas igualmente, eu tenho as duas melhores coisas da minha
vida.

Eu olho para Shane enquanto ele nos leva para a parte de trás da casa e a
toca de Zayn. Não posso deixar de sorrir ao pensar em todas as coisas que
ele me ensinou. Como ele me mostrou que é possível ter exatamente o que
eu sempre quis. Alguém no meu canto. Alguém que lutaria por mim não
importa o quê e me amasse tanto que é quase insondável.

— Eu sei que você está olhando.

— Como você deveria. Você está quente esta noite.

— Eu não sou nada comparado a você. Pelo menos todos os caras em


Rosewood e além sabem que você está conquistada agora, — ele diz, e
quando eu sigo seu olhar, encontro quase todo mundo olhando em nossa
direção.

Parece que, apesar de todos estarem em casa no feriado, eles não


esqueceram as fofocas mais quentes de Rosewood High por algum tempo.

— Ignore-os. Eles estão apenas com ciúmes que eu peguei você e eles
não.

— Eu não tenho certeza se alguém tinha algum interesse em mim antes


de você, baby.

Eu dou de ombros, nada disso importa. Isso está tudo no passado. Temos
muito em que focar como o nosso futuro, e é aí que pretendo colocar toda a
minha energia.

Uma aclamação explode quando entramos na toca de Zayn, e quando


olho para cima, encontro quase todo o time e a maioria da equipe.

Não vejo nenhum deles desde que fugi da escola no dia em que Shelly
expôs meu segredo.

Victoria, Tash, Aria e algumas das garotas JV imediatamente nos veem e


vêm me parabenizar antes de ter grande prazer em explicar que Shelly está
fora da torcida para sempre depois daquela última façanha. Hartmann está
no seu caso, mais um movimento errado e ela está fora de Rosewood para
sempre.

Parte de mim está feliz, ela é claramente uma cadela conivente com uma
bússola moral seriamente desonesta, mas outra parte de mim sabe que
poderia facilmente ter sido eu. Se meus pais não tivessem intervindo quando
o fizeram e forçado uma verificação da realidade em mim, quem sabe até
aonde as coisas poderiam ter ido.

Eu gostaria de pensar que, depois de descobrir que estava grávida, isso


teria me controlado, mas, honestamente, não tenho ideia do que poderia ter
acontecido se eu não tivesse passado aquelas semanas no centro.

Quando eu olho para encontrar Shane, ele foi engolido pela equipe em
uma série de abraços e tapas nas costas.

Meu coração incha que agora podemos comemorar nossas notícias com
nossas equipes.

— Você ainda vai nos liderar no próximo ano, certo? — Aria pergunta
assim que a empolgação acabou.

— Se vocês ainda me quiserem.

— Claro que sim. Você é o nosso caminho para o sucesso regional,


garota.

Um largo sorriso se espalha pelo meu rosto que meu time tem esse tipo
de fé em mim.

Depois de alguns minutos, Shane me encontra mais uma vez e me


entrega uma bebida enquanto toma um gole de sua garrafa de cerveja.

Ele jurou ter mais calma esta noite depois de seu excesso de véspera de
Natal. Ele ficou mortificado quando contei a ele o que aconteceu naquela
noite, embora secretamente eu ache que ele adora que ele não apenas
tenha uma opinião sobre Jake, mas que Jake também saiba disso.
Olhando ao redor da sala, encontro os seis sentados em um dos sofás de
Zayn. Respiro aliviada quando vejo um sorriso genuíno iluminar o rosto de
Amalie mais uma vez. Esperançosamente, agora que o Natal acabou, ela foi
capaz de virar a página e olhar para o próximo ano.

Todos nós temos muito o que esperar. Formatura, faculdade, mudança,


bebês – bem, isso é apenas Shane e eu até aonde sabemos.

— Certo, meninos! Reúnam-se, — Zayn grita ao redor da sala, totalmente


inconsciente das travessuras que estão acontecendo em outros lugares em
sua casa. Parece que ele pensa que a única festa é nesta sala enquanto o
resto da nossa turma festeja do lado de fora. — É hora de definir o último
desafio do ano.

Shane geme ao meu lado enquanto o nível de excitação dispara ao redor


do time. Ele me leva até aos sofás para me juntar aos outros que não estão
mais interessados nos jogos dos Bears.

— Vocês são todos porcos, você sabe disso, certo? — Amalie pergunta,
observando a ação junto com o resto de nós enquanto Zayn começa a
distribuir nomes.

— O quê? — Mason diz como se fosse discutir. — Se você vai acusar


alguém, deve ser o cara em cujo colo você está sentada no momento. Ele
começou tudo isso.

— Por que não estou surpresa? — ela diz com um revirar de olhos.

— Você me arrumou com alguns sujeitos desprezíveis muitas vezes, eu


sei disso de fato, — eu digo com uma risada. Shane não reage ao meu
comentário como costumava fazer. Parece que ele chegou a um acordo com
o meu passado e acredita em mim quando digo que não é tão obscuro
quanto todo mundo pensa. — Algumas das cantadas que esses caras usam
são terríveis. Não é à toa que eles ainda estão solteiros.

— Olhe para a expressão no rosto de Justin, — diz Ethan, apontando. —


Eu me pergunto quem ele acabou de receber. — Ele ri.

Observamos seu deleite e horror enquanto todos os nomes continuam a


ser distribuídos até que todos os olhos se voltem para o líder. Ao mesmo
tempo, a porta se abre e Harley, Ruby e Poppy passam pela porta. Desde que
Harley e Ruby se tornaram membros JV da torcida, elas passaram cada vez
mais tempo com a equipe e parece que hoje à noite Poppy está sendo
arrastada, apesar do fato de que ela claramente parece querer estar em
qualquer outro lugar do mundo, agora.

Rich e Justin observam as três entrarem antes de trocarem um olhar.

— Oh, porra, — Shane diz, claramente pensando o mesmo que eu. —


Isto não vai correr bem.

Olhando para Amalie e Jake, acho que eles ficaram entediados com a
ação e estão ocupados se divertindo. Isso só pode ser uma coisa boa porque
eu não acho que ele vai gostar do que está prestes a acontecer.

Sorrisos largos se espalham pelos rostos de Justin e Rich antes de ambos


apontarem para Poppy.
Zayn segue seus dedos antes que toda a cor desapareça de seu rosto. Ele
balança a cabeça, mas eu sei tão bem quanto ele que sua recusa é inútil. As
regras do jogo afirmam que você não recebe uma segunda escolha.

Zayn grita alguma coisa para os dois, as únicas palavras que eu entendo
são uma série de xingamentos antes que ele saia da sala, para a diversão de
todos que estavam assistindo a troca.

— Bem, esta noite pode ter ficado mais interessante, — afirma Ethan,
tendo acabado de assistir a mesma coisa que fizemos. Ele olha para Jake,
que ainda está alheio ao que acabou de acontecer. Ele enlouquecerá quando
descobrir que seu time está usando o único membro da família que ele
realmente gosta como peão em seus jogos.

Todos os caras se dispersam, provavelmente indo em busca de suas


conquistas para a noite. Podemos não estar envolvidos em tudo isso, mas
todos sabemos que eles têm até ao sol raiar para marcar sua garota.

Jake eventualmente permite que Amalie tome ar, mas ninguém o


informa sobre o que ele perdeu. Em vez disso, interrompemos uma série de
conversas diferentes sobre o próximo ano enquanto todos bebem e eu tomo
meu suco de frutas.

Antes que eu perceba, a contagem regressiva final já começou e estamos


acelerando para deixar esse ano dramático para trás.

— Vamos sair daqui, — Shane sussurra no meu ouvido antes de sair do


sofá e me puxar com ele.
Eu o sigo, minha mão firmemente agarrada à dele, enquanto ele sai para
o quintal de Zayn.

Há uma grande multidão por aqui sabendo que em breve poderemos


curtir os fogos de artifício que vão iluminar o céu.

Ignorando todos ao nosso redor, Shane me puxa para seu corpo, suas
mãos descansando em meus quadris enquanto ele olha nos meus olhos.

— Mal posso esperar para descobrir o que o futuro reserva para nós, —
ele sussurra, sua voz rouca de emoção. Eu sei que ele está preocupado com
sua mãe, ela está convencida de que, no momento em que as férias
acabarem, ela vai pedir o divórcio de Brett e seguir em frente com sua
vida. Sem seu pai respirando em seu pescoço, ele teve espaço para
realmente pensar sobre o que ele quer. Ele tem inscrições preenchidas na
casa da piscina prontas para serem enviadas para começar a faculdade em
setembro. Ele ainda insiste que vai estudar meio período para poder
trabalhar para nos sustentar. Por mais que eu odeie que ele tenha que
colocar seu futuro em espera para nós, eu aprendi que nada que eu diga vai
mudar sua mente. Ele quer fazer o certo por nós, e eu realmente não posso
discutir com isso.

— Eu sei, eu também. Em breve poderemos dizer que conheceremos


nosso bebê este ano.

Seus lábios roçam os meus enquanto as pessoas ao nosso redor


começam a contar até à meia-noite.

Nosso beijo se aprofunda à medida que a alegria aumenta ao nosso


redor. Eu esqueço onde estou, que estamos cercados por toda a nossa classe
e apenas me entrego a ele, mostrando a ele que sou dele e que quero isso
por muitos e muitos anos.

Shane arranca seus lábios dos meus assim que o primeiro dos fogos de
artifício estala acima de nós. Ele me virar em seus braços, descansa as mãos
na minha barriga enquanto seu queixo pousa no meu ombro. Olhamos para
cima enquanto a cor explode no céu noturno escuro, sinalizando o início de
um novo ano.

É hora de começar de novo, deixar nosso passado e nossos erros para


trás e olhar para o nosso futuro juntos e nossa nova família.

Antes que os fogos de artifício terminem, eu abaixo meus olhos e olho


para todos os meus colegas ao nosso redor. Eu os vejo de forma diferente
agora. Não preciso mais ser o centro das atenções deles, não preciso mais
ser Chelsea Fierce, cadela rainha, líder de torcida e a garota que ninguém
gostava. Agora sou Chelsea Fierce, namorada, amiga e futura mãe. Sorrio
para mim mesma, a felicidade me inundando mais uma vez.

Meus olhos pousam em duas pessoas na multidão e eu suspiro.

— O que se passa? — Shane pergunta, percebendo minha reação.

— Lá na porta.

Eu mantenho meus olhos no casal improvável para ver se Zayn vai ganhar
seu desafio hoje à noite. Ele tem Poppy presa contra a parede com seus
antebraços prendendo-a.

Ele abaixa a cabeça, mas antes que possamos ver se seus lábios
encontram os dela, a multidão se move e nossa visão é bloqueada.
— Parece que este ano será tão dramático quanto o último.

— Tudo bem, desde que não nos envolva.

Shane me vira de volta. — Que tal mantermos nosso drama dentro da


casa da piscina?

— Soa perfeito. Quer ir para lá agora?

— Você toda para mim para comemorar o ano novo? Inferno, sim,
vamos.

Ele pega minha mão e me leva para fora da casa de Zayn para que
possamos trazer o ano novo como pretendemos passar o resto de nossas
vidas, juntos.
Epílogo
SHANE
Seis meses depois…

— Chelsea, você está bem? — Eu falo direto para o quarto depois que o
som de algo pesado batendo no chão ecoa pela casa da piscina. — Chelsea?
— Eu grito novamente, pânico começando a filtrar através de mim.

A data do parto foi há quatro dias e cada barulho estranho que ela faz
me deixa no limite.

Estou muito animado para finalmente conhecer nosso pequeno pessoa,


mas igualmente, estou mais apavorado do que estive em toda a minha vida.

Olho em volta para todas as coisas de bebê que cobrem todas as


superfícies disponíveis de nossa pequena casa enquanto saio do sofá para
ter certeza que ela está bem.

— Chels... —Minhas palavras são cortadas no segundo em que abro a


porta do quarto. — Que diabos você está fazendo? — Eu pergunto, embora
eu não possa negar que a visão diante de mim é incrível.

— Por favor, Shane. Estou morrendo aqui. Eu preciso desse bebê fora de
mim, — ela diz, olhando por cima do ombro, seus olhos cansados
implorando para que eu faça o que ela me pediu na semana passada.
Eu sei que eu deveria apenas fazê-lo. Mas nosso bebê está tão baixo
agora, pronto para sair, que me assusta um pouco só de pensar em me
empurrar dentro dela.

No entanto, a visão dela de quatro totalmente nua para tomar faz meu
pau inchar com a minha necessidade por ela.

Acho que ela acha que eu recusei porque não a acho atraente como ela é
agora. Ela não poderia estar mais longe da verdade. Ela está ainda mais
bonita e sexy para mim agora carregando nosso bebê. Não há dúvida de que
eu a quero, é apenas minha cabeça fodida que continua me impedindo.

— Vamos. Todos os artigos dizem que o sexo é a melhor maneira de


provocar o trabalho de parto. Algo sobre um produto químico no esperma
ou algo assim, não sei. Só sei que pode ajudar. Por favor. O chá de
framboesa, o abacaxi, nenhum deles funcionou. Vamos tentar, por favor.

Incapaz de deixá-la implorando por mais tempo, eu coloco minha mão no


meu cós e abro minha braguilha.

— Simmm, — ela sussurra enquanto me observa empurrar minhas calças


e cueca boxer pelas minhas pernas e chutá-las.

Meu pau duro balança na minha frente e eu o pego na mão enquanto me


aproximo dela. Provocando sua boceta com meus dedos, eu a encontro
molhada e pronta para mim.

— Oh Deus, — ela geme, me estimulando ainda mais do que eu já


estava. Agora que decidi fazer isso, estou quase desesperado para deslizar
para dentro dela.
Eu a trabalho por mais alguns segundos, mas quando ela começa a
empurrar mais alto sua bunda no ar, eu sei que ela precisa de mais.

Varrendo a cabeça do meu pau através de seus sucos, eu lentamente


empurro dentro dela.

Meus dentes cerram quando a sensação familiar, mas sempre alucinante,


me consome até que ela esteja tão cheia de mim quanto ela pode ficar.

— Puta merda, Chelsea. Tão bom, tão bom pra caralho.

— Sim, sim, — ela chora enquanto eu puxo lentamente antes de


empurrar de volta.

Minha intenção é ir devagar, ser gentil. Mas no segundo em que seu


calor me engole, eu perco todo o controle.

Muito em breve, sua boceta está me apertando com força, seu corpo
inteiro tremendo quando ela começa a cair sobre a borda.

— Oh Deus, oh Deus, — ela canta, seus dedos torcendo nos lençóis


enquanto o prazer a inunda.

— Foda-se, — eu gemo quando o aperto de suas paredes me empurra


para o limite. Eu fico dentro dela muito tempo depois de gozar, apenas
tentando recuperar o fôlego e dar a ela o que ela queria, algo para fazer as
coisas andarem.

Eventualmente, ela desajeitadamente cai de lado, sua barriga redonda


dificultando os movimentos para ela.

— Porra. Eu precisava disso, — ela diz com um sorriso. — Se não


funcionar, faremos de novo depois que eu tirar uma soneca.
Virando o tecido de sua saia sobre sua bunda, ela descansa a mão em sua
barriga saliente e esfrega carinhosamente.

— Você o acordou, — diz ela com uma risada.

Dificilmente estou surpreso. Ele provavelmente está com dor de cabeça.

Dizemos ele, mas na verdade, não temos ideia de qual seja o sexo. Ela
queria descobrir, mas eu gostei da ideia de ser uma surpresa. Fiquei feliz em
dar a ela o que ela queria e disse ao ultrassonografista, não à mãe de Shelly ,
que queríamos saber. Mas nosso bebê é claramente filho de Chelsea porque
a coisinha teimosa manteve as pernas fechadas e estava em um ângulo tão
estranho que o ultrassonografista não estava confiante o suficiente para
dizer de qualquer maneira.

Achei que a Chelsea ficaria chateada, ela foi inflexível em querer saber,
mas descobrimos o que era realmente importante, que tudo estava
progredindo bem e que não havia preocupações, então ela ficou feliz. Desde
então, ela me disse que está feliz por não termos descoberto, porque isso
torna o que está por vir muito mais emocionante.

Depois de colocar minha boxer de volta, eu rastejo para a cama atrás


dela. Eu pressiono minha frente em suas costas e descanso minha mão sobre
a dela em sua barriga.

— Ele está chutando como um louco.

Ela desliza a mão e me permite sentir o pé, ou joelho, empurrando


contra sua pele. É o sentimento mais estranho de todos os tempos, mas
tanto quanto me assusta saber que é uma pessoa real lá, faz meu coração
doer. Eu não tinha ideia de que era possível amar alguém que você nunca
conheceu, mas aparentemente é porque eu amo nossa pequena pessoa algo
feroz.

Depois de longos minutos em silêncio, a respiração de Chelsea se


equilibra e ela relaxa no sono.

Ainda é início da noite e depois de deitar esta manhã, não estou nem
perto de dormir, mas não me mexo, estou muito contente com ela e nosso
bebê em meus braços.

Apesar de não pensar que eu ia cochilar, a próxima coisa que eu sei é que
sou empurrado para acordar quando Chelsea se esforça para levantar.

— Ow foda-se, — ela geme. Supondo que ela está com dor nas costas ou
no quadril mais uma vez, não penso muito nisso quando abro os olhos e faço
o que puder para ajudá-la, mas então ela diz meu nome e sua voz é como se
eu nunca tivesse ouvido isso antes.

Isso me faz sentar mais rápido do que eu sabia ser possível antes de olhar
para seus olhos arregalados e aterrorizados.

— Chels?

— Eu... uh... acho que está na hora.

— Ah, porra. Porra. Foda-se, — eu canto, tentando como o inferno


lembrar o que devemos fazer agora.

Eu me mexo, então estou sentado entre suas pernas e coloco minhas


mãos ao lado dela em sua barriga.

— Você teve uma contração?


— Eu acho que sim. Quer dizer, eu não tenho ideia de como elas devem
se sentir, mas foi como uma dor menstrual com esteróides

— Ok. Então, precisamos esperar pela próxima e ver quanto tempo há


entre elas.

— Sim, tudo bem. Nós podemos fazer isso.

Ela descansa a cabeça contra a parede enquanto mantém sua respiração


lenta.

— Shane? — ela pergunta.

— Sim, baby?

— Estou realmente com medo.

— Está bem. Eu estou bem aqui. Não sairei do seu lado. — Ela acena com
a cabeça, mas não tenho ideia de quanto conforto minhas palavras lhe dão.

O silêncio se estende entre nós por longos e excruciantes minutos. Estou


apenas começando a pensar que talvez tenha sido um alarme falso quando o
corpo inteiro de Chelsea fica tenso. Ela levanta a cabeça da parede, o medo
em seus olhos mais forte do que nunca.

— Outra?

Ela leva alguns segundos para responder, mas, eventualmente, ela acena
com a cabeça.

— Você pode ligar para casa, avisá-los que isso está acontecendo.

— Sim, estou nisso.


— Tire as malas do armário, eu verifiquei tudo ontem, então tudo deve
estar pronto. — Há um tremor em sua voz que eu não gosto, mas eu sei que
além de estar ao lado dela e segurar sua mão agora, não há nada que eu
possa fazer.

***

As próximas quatro horas da minha vida são como um turbilhão. Apesar


de ser dito que um primeiro trabalho de parto pode demorar muito, as
contrações de Chelsea se aproximam cada vez mais rápido do que
esperávamos.

Em apenas duas horas, elas estavam separadas por quatro minutos e,


com a ajuda de Honey do outro lado dela, seguimos para o hospital.

Chelsea já havia manifestado seu desejo de ter um parto na água e,


felizmente, quando chegamos à maternidade, há um quarto e uma piscina
livres para nós.

Uma vez que a parteira fez todas as verificações iniciais, seguro a mão de
Chelsea enquanto ela entra na piscina.

Ela suspira de alívio no segundo em que a água morna a envolve e eu me


sento ao lado dela, com sua mão na minha durante o resto do trabalho de
parto.
Vê-la com uma dor agonizante é possivelmente a pior experiência da
minha vida. Naquelas duas horas, eu daria qualquer coisa para tirar a dor
dela, para experimentá-la por ela.

Mas então, pouco mais de duas horas depois de chegarmos, a coisa mais
incrível acontece.

Chelsea dá à luz nossa filha absolutamente perfeita.

Eu assisto a cada momento e estou chorando muito antes da parteira


levantar seu pequeno corpo da água e colocá-la no peito de Chelsea para seu
primeiro contato com sua filhinha.

— Oh meu Deus, — ela soluça enquanto olha para uma cabeça cheia de
cabelos escuros. — Oh meu Deus, eu fiz isso.

— Você fez, baby, e ela é perfeita.

— Ela é ela? — Chelsea pergunta, parecendo chocada, como se ela


tivesse perdido o anúncio da parteira apenas alguns momentos atrás.

— Sim. Temos uma menininha. Você tem uma pequena líder de torcida.

— Oh meu Deus, — ela repete, desmoronando enquanto segura nossa


bebê em seu peito.

Depois de alguns minutos, a parteira gentilmente levanta nossa filhinha


de Chelsea e a coloca em um berço ao nosso lado para que eles possam
examiná-la.

— Pai, você gostaria de ficar com ela enquanto cuidamos da mamãe?

Eu olho entre as duas, totalmente dividido para saber qual delas mais
precisa de mim agora.
— Estou bem. Vá e fique com ela, ela pode estar com medo. — Esse é o
único incentivo que eu preciso. Depois de dar um beijo nos lábios de Chelsea
e dizer a ela quão incrível ela é, eu ando até a nossa bebê.

Eu corro meus olhos sobre cada centímetro dela. Do cabelo escuro e dos
olhos igualmente escuros, assim como os da mãe, todo o corpinho.

A parteira a pesa, mede, antes de colocar uma fraldinha e tirar a roupa


que escolhemos como a primeira que ela usaria de lado.

Ela faz um trabalho rápido de colocá-la nela e colocar um chapéu na


cabeça, ela faz um trabalho muito melhor do que tenho certeza que farei
quando me permitirem fazê-lo.

— Você está pronto para o seu primeiro contato, papai? — Meu coração
se contrai quando ela me chama assim.

Eu sou um pai.

Eu sabia que estava chegando. Tive seis meses para me acostumar com a
ideia, mas porra, me sinto totalmente despreparado naquele momento em
que a parteira passa minha filha para mim.

Caminhando de volta lentamente, eu nos abaixo no pequeno sofá atrás


de mim.

— Ei, menina. Como você está?

Seus olhos arregalados me encaram. Tão inocente, tão


vulnerável. Lágrimas se formam em meus olhos enquanto eu a encaro.
— Eu sou seu pai, — eu murmuro baixinho, sem saber se estou me
lembrando que ela é minha ou me certificando de que ela saiba quem eu
sou.

Um soluço me faz arrastar os olhos da minha garotinha e quando olho


para cima, encontro Chelsea nos observando com lágrimas escorrendo pelo
rosto e um largo sorriso no rosto.

— Eu não posso acreditar quão perfeita ela é.

— Eu posso, ela é metade de você, — sussurra Chelsea.

A parteira interrompe nosso momento, instruindo Chelsea a se deitar


para que ela possa examiná-la. — Não vamos demorar, querida, e então esse
lindo bebê é todo seu.

Como tudo está como deveria com Chelsea e nossa garotinha, elas
recebem alta seis horas depois.

Eu mandei uma mensagem para todos para que eles soubessem que ela
estava aqui e que tanto a mãe quanto o bebê estavam indo muito bem, mas
como pedimos, todos ficaram longe. Queríamos que este momento fosse
apenas sobre nós. Podemos ser jovens, mas estamos fazendo isso juntos,
como uma família. Este momento é sobre nós e é um que nunca poderemos
repetir.

Meu carro está do lado de fora exatamente onde Honey o estacionou


quando chegamos. Eu coloco o assento do carro na base e verifico três vezes
se está seguro antes de virar para ajudar Chelsea a entrar no carro.
— Eu não posso, — diz ela, fazendo uma pausa antes de cair no banco do
passageiro.

— Por quê? O que está errado? — Eu pergunto em pânico.

— N...nada. Eu simplesmente não posso estar tão longe dela.

Com um sorriso, observo enquanto ela dá a volta na traseira do carro e


abre a porta. Ela sobe para dentro e imediatamente desliza para ficar ao lado
de nossa filha.

Fechando a porta atrás dela, eu entro e olho para Chelsea no espelho


retrovisor.

— Pronta para ir para casa, mamãe?

— Eu estou se você estiver, papai.

— Cristo, isso é estranho.

— Tenho certeza que vamos nos acostumar com isso.

— Não tenho certeza se temos escolha.

Não tenho certeza se já dirigi mais como meu avô em minha vida, e
atravesso a cidade em direção à nossa casa.

Depois das férias, Luca e Leon voltaram para a faculdade e depois de


mais algumas semanas, mamãe voltou para nossa casa.

Como ela disse que faria, ela entrou em contato com um advogado no
segundo em que reabriram e pediu o divórcio de meu pai. Para nossa
surpresa, ele assinou no segundo em que recebeu os papéis e concordou em
deixá-la ficar com a casa. Ela estava indecisa se quer ficar lá ou não, mas
agora, ela a transformou em sua casa.

Ela convidou Chelsea e eu para nos juntarmos a ela, mas nós dois
estamos mais do que felizes em nossa casa da piscina até que possamos nos
dar ao luxo de conseguir um lugar nosso. Isso pode demorar alguns anos,
quando nos encontrarmos como pais, estudantes universitários e
funcionários de meio período enquanto tentamos construir uma vida para
nós mesmos, mas tenho toda a confiança de que tudo dará certo no final.

A casa permanece em silêncio enquanto fazemos nosso caminho pelos


fundos com nossa recém-chegada. Pode ser apenas o amanhecer, mas eu sei
que Honey está em uma janela em algum lugar nos observando. Ela deve
estar tão desesperada para descer e conhecer sua neta, mas para seu
aborrecimento, tenho certeza, ela está se segurando.

Chelsea caminha na frente para abrir a porta enquanto eu carrego as


malas e a cadeirinha com nossa preciosa carga.

Colocando-a na mesa de café, nós dois nos sentamos na beirada do sofá,


apenas olhando para ela.

— Eu não posso acreditar que nós a fizemos.

— Ela é linda.

O tempo se estende enquanto nós dois olhamos para nosso bebê


dormindo pacificamente.

— Você ainda está feliz com o nome que escolhemos? — Eu pergunto.

— Você está?
— Sim, parece certo.

— Concordo.

Eu envolvo meu braço em volta dos ombros de Chelsea e a puxo para


mim, pressionando meus lábios contra seu cabelo.

— Você foi incrível, Chels.

— Estou feliz que você pense assim. Eu sabia que ia doer. Mas foda-se,
ninguém pode prepará-lo para isso.

Eu a seguro mais forte.

— Ela valeu a pena, no entanto. E eu faria tudo de novo.

Eu me viro para encará-la. — Uma coisa de cada vez, sim?

— Oh, eu não quis dizer tão cedo, eu só estava dizendo. Mesmo apenas
algumas horas depois, isso não me desencorajou.

— Você é algo, você sabe disso?

Ela dá de ombros, de repente se sentando para a frente quando um par


de olhos escuros se abrem.

— Ei, Nadine, — Chelsea murmura, estendendo a mão e hesitantemente


soltando-a. Em questão de segundos, ela à tem em seus braços e a embala
como uma profissional.

De pé com ela, eu escovo meu dedo sobre a bochecha de Nadine. —


Realmente combina com ela.

— Bem-vinda ao mundo, Nadine Dunn, — Chelsea diz, sua voz falhando


em comoção.
Nós não falamos sobre casamento, nosso foco tem sido nosso bebê, mas
Chelsea estava convencida de que ela teria meu sobrenome para que um dia
todos nós tivéssemos o mesmo.

Podemos ter um milhão e uma coisas acontecendo em nossas vidas


agora, e eu sei que a coisa certa a fazer é esperar, mas foda-se se eu não
quiser me ajoelhar e exigir que ela se torne minha agora.

— Você acha que ela está com fome? — Chelsea pergunta, me tirando
dos meus pensamentos loucos.

— Só há uma maneira de descobrir.

Chelsea teve algumas aulas de alimentação no hospital e ela é rápida em


fazer exatamente o que lhe foi dito.

— Eu vou guardar tudo isso enquanto você faz isso.

Coloco tudo em sua nova casa enquanto Chelsea amamenta. Quando


volto, Nadine já está dormindo novamente nos braços de Chelsea e Chelsea
não parece muito atrás.

— Devemos dormir um pouco enquanto ela está dormindo.

Chelsea acena com a cabeça, aparentemente exausta demais para


falar. — Você pode mandar uma mensagem para todo mundo? Diga a eles
que estamos em casa e avise que enviaremos uma mensagem novamente
assim que descansarmos um pouco para que eles possam vir conhecê-
la. Mande uma mensagem para Greg também, ele vai querer saber.

Chelsea não mencionou seu pai biológico novamente até quase o final de
janeiro, quando ela decidiu que estava curiosa o suficiente para entrar em
contato com ele por mensagem de texto. Desde então, eles só se
encontraram duas vezes. Eles estão levando as coisas devagar, mas ela
decidiu que gostaria de conhecê-lo, ele agora, não aquele de sua infância. Eu
não poderia estar mais orgulhoso dela, lutando contra seus demônios e
abraçando um novo membro da família.

— É claro.

Eu pego Nadine dos braços de Chelsea para que ela possa se levantar
mais f. Mesmo depois de algumas horas, parece natural segurá-la em meus
braços.

Eu sigo Chelsea até ao nosso quarto e coloco Nadine em seu berço ao


lado da cama de Chelsea enquanto Chelsea cai sobre ela.

— Acho que nunca estive tão exausta.

— Durma um pouco. Eu me juntarei a você em alguns minutos.

Mando algumas mensagens enquanto Chelsea está deitada assistindo


Nadine dormir ao lado dela, mas quando eu volto, ela está dormindo.

Estou cansado, embora nem de longe tão cansado quanto Chelsea deve
estar depois de passar por tudo isso, mas não posso deixar de puxar uma
cadeira e sentar e assistir as duas dormirem.

Uma noite imprudente que eu nunca em um milhão de anos pensei que


aconteceria mudou minha vida para sempre.

Isso me trouxe a pessoa mais importante da minha vida e, por sua vez,
ela me deu outra.
Eu balanço minha cabeça enquanto tento processar tudo o que estou
sentindo vendo meu mundo inteiro diante de mim.

Eventualmente, meus olhos ficam pesados demais para ficar mais tempo
sentado. De pé, eu me inclino sobre o berço e dou um beijo suave na testa
de Nadine antes de caminhar ao redor da cama e rastejar atrás de Chelsea
mais uma vez.

Envolvo meu braço em volta da cintura dela como eu fiz todas aquelas
horas atrás, mas desta vez não há nenhum bebê chutando em sua barriga
porque nosso pequeno pacote está dormindo profundamente ao nosso lado.

— Eu te amo muito. Você me maravilhou hoje.

— Obrigada, — ela murmura em seu sono. — Você me salvou. Vocês dois


o fizeram.

Com a emoção obstruindo minha garganta, eu a seguro mais forte contra


mim e fecho meus olhos, pronto para começar nossas vidas como pais
quando acordarmos.

Fim
Próximos Livros

Você também pode gostar