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Sinopse
Nunca fomos feitos para ficarmos juntos.

Ele é um barman com tendências evasivas.

Estou procurando... o oposto. Comprometimento. Tempo.

Mas bebidas e uma aposta levaram a algo que não deveria ter acontecido:
um relacionamento falso. Pior, um primeiro encontro, um primeiro beijo... e
então mais.

Ele é viciante e eu não consigo aceitar a realidade.

Que é tudo mentira e estou me enganando pensando que ele poderia


querer mais. Que eu poderia mudá-lo.

Ele é meu enquanto eu continuar fingindo que isso é apenas para me


divertir.

Como se eu não quisesse mais...

Como quando ele sussurra meu nome, eu finjo que isso não faz meu
coração disparar.

Como quando ele me abraça à noite, finjo que não quero deitar em sua
cama todas as noites.

É apenas uma aposta; apenas uma mentira... até que não seja.
PRÓLOGO

— Charlie...

Grace com uma voz suave me chama do outro lado do quarto do hotel
quando fecho a porta. Eu puxo o nó da minha gravata, afrouxando-a antes de
jogá-la no chão. Através da luz fraca que a noite fornece, eu mal posso ver
enquanto ela agita as pernas sob o edredom branco do hotel.

Ainda é irreal para mim que ela me queira tanto e, além disso, todos
pensam que ela é minha. Cada um dos convidados do casamento da minha
irmã pensa que Grace pertence a mim. Então, novamente, toda a maldita
cidade está convencida de que ela é a próxima a se casar.

Eles estão certos sobre uma coisa. Ela vai gritar meu nome esta noite.
Mas o resto é tudo mentira.

— Não me faça esperar mais... — ela implora.

O pescoço esguio de Grace arqueia enquanto ela agarra o edredom em


suas mãos e geme suas palavras com um pequeno beicinho em seus lábios
exuberantes.

Eu a deixei tão excitada, meu amorzinho, mas não foi difícil de fazer. Eu
sabia que ela me queria. Ela não quer me manter; ela só me quer esta noite.
Hoje à noite, ela é toda minha. Não sou o tipo de cara bom o suficiente para
ela. Mesmo que minha garganta fique apertada com o pensamento, e meus
passos parem no caminho para ela, eu me culpo. Ela é muito tentadora para
resistir e tudo isso é minha culpa.

Grace não é o tipo de garota que acaba com um homem como eu. Ela tem
sua vida planejada. Ela quer a coisa toda em menos de um ano.

Ela quer uma família perfeita e uma cerca branca, mas essa não é uma
vida para a qual estou pronto e nem posso oferecer. Não agora. Talvez nunca.

Posso ver Grace usando um vestido branco. Um vestido de noiva. Aposto


que ela usaria um daqueles vestidos bufantes com uma cauda que preenche o
corredor. Não é difícil imaginar como o vestido se moveria em torno de suas
pernas longas e bem torneadas.

O pensamento dela caminhando pelo corredor para outra pessoa, um


homem diferente de mim, me irrita. A raiva sobe, aquecendo meu sangue só
de pensar nisso e aquele aperto na minha garganta volta com força total. Mas
não há nenhuma maneira no inferno de ser o homem para quem ela está
caminhando. Ambos sabemos disso. Tenho Grace para esta noite, e isso é tudo
que importa. É o que eu queria do nosso acordo.

Fizemos um acordo de embriaguez quando nossa natureza flertadora saiu


do controle. Ela prometeu vir ao casamento e fingir ser minha namorada, para
manter minha família longe das minhas costas.

Eu deslizo a minha camisa, e começo a desfazer meu cinto assim que ela
vira de lado e olha para mim através de seus longos cílios, seus olhos brilhando
de desejo.
— Eu quero você, Charlie. — Ela sussurra as palavras com as quais tenho
sonhado desde que ela entrou na minha vida.

Foda-se. Eu não aguento meu nome soando como luxúria em seus lábios.
Como se o gosto do meu nome fosse tudo que ela precisasse para gozar.

Ou talvez eu esteja apenas imaginando. Talvez tudo isso esteja na minha


cabeça, porque eu quero pensar que ficar com ela de alguma forma significa
mais para ela agora.

Não era para ser nada sério.

Era apenas um encontro. Apenas uma liberação. Tudo isso era apenas
diversão.

E eu sei que depois desta noite, ela terá partido.

A cama geme quando subo em cima dela e me inclino para beijar a pele
macia do lado sensível de seu pescoço, não posso deixar de pensar que ela
parece tão certa. Tão perfeita em meus braços.

Eu puxo o edredom, revelando a lingerie rendada que ela está usando, e


vejo um lindo rubor rosa subir por seu peito e em suas bochechas.

— O que é isso? — Eu pergunto a ela com uma sobrancelha levantada.


Meu pau já duro estremece com a necessidade de tirar essa lingerie dela e a
jogar no chão. Eu quero o que está por baixo.

Ela morde o lábio inferior e tenta jogar de volta uma daquelas respostas
espertas que ela sempre tem para mim, mas meus lábios estão nos dela antes
que ela diga uma única palavra. Beliscando, chupando e se divertindo com o
que está por vir.
Seus dedos cravam em meu cabelo e ela aprofunda o beijo, envolvendo as
pernas em volta dos meus quadris. Minhas mãos percorrem a curva de sua
cintura e voltam enquanto ela geme em minha boca.

Isso é perigoso. Estou fodidamente viciado. Eu juro, não era para


acontecer assim.

Enquanto eu olho para seu lindo rosto, seus lábios entreabertos e seus
lindos olhos azuis meio fechados, eu sei que este não é apenas um bom
momento. Não para mim.

Não sou o tipo de homem que ela deseja. Ambos sabemos disso. Eu não
tenho o que é preciso para mantê-la.

Mas, droga... eu quero.


Voltando para o início desta história...

— Não é a pior notícia, mas eu sei que não é o que você queria ouvir.
Honestamente, Grace, há uma série de opções — diz a Dra. Abrahams, mas
tudo o que posso ouvir é a última opção que ela me dá. A melhor opção segundo
ela: congelar meus óvulos. Ela sorri para mim, colocando uma mecha de cabelo
grisalho atrás da orelha. Meu próprio sorriso vacila e odeio não poder esconder
melhor a decepção.

Olhando para a parede além dela, noto que ela está coberta com o que
devem ser centenas de fotos de recém-nascidos que a Dra. Abrahams ajudou
outras mulheres a conceber. Seus pequenos sorrisos, reverências e lindos
dedinhos e dedinhos do pé me encaram de volta. As fotos são emolduradas com
papel rosa e azul e dão à sala uma atmosfera de esperança. Eu deveria ser
mais grata; a médica acabou de me dizer que meus óvulos ainda são viáveis,
afinal. Mas ela me deu notícias que nenhuma mulher da minha idade não
deveria receber. “Pré-menopausa” não é uma palavra que eu já pensei que
ouviria. Muito menos tão cedo.

Meus pais sempre diziam, carreira primeiro. — Descubra sua vida e


certifique-se de que está estável antes de se estabelecer. Você tem bastante tempo
para casamento e bebês. — Suponho que meu pai também não achou que eu
estaria na pré-menopausa.
Mal mantendo o sorriso no rosto, eu aceno com a cabeça para tudo o que
a Dra. Abrahams disse, embora eu não tenha ideia do que saiu de sua boca.

Nem tudo está perdido ainda, mas se eu não agir logo, minhas chances de
ter um filho acabarão. Mesmo agora, sem Fertilização In Vitro, as chances são
mínimas. Aparentemente, meus hormônios simplesmente desistiram.

Eu tenho apenas trinta anos. Então... eu tenho que conhecer alguém e


fazer com que ele me peça em casamento. Isso é um ano e meio, com otimismo.
Esperançosamente, é alguém que deseja ter filhos, com ampla e cara ajuda
médica, muito provavelmente. Minha mente volta ao meu seguro de saúde e
me pergunto o que está coberto e o que não está.

Dizem que quem espera pelo menos três anos antes de se casar fica mais
tempo casado, então é mais três anos que eu teria que esperar. Depois, há a
concepção e gestação... e o nascimento, é claro. Meus dedos correm em círculos,
girando enquanto penso em como isso é possível. Mas tem que ser possível,
porque sempre quis um filho. O pensamento de um recém-nascido embrulhado
com um nariz pequeno e um doce bocejo toma conta por um momento e minha
garganta fica seca enquanto meus olhos ardem. Eu não posso não ter um filho.
Quase digo as palavras em voz alta, mas de alguma forma as mantenho
caladas. Engolindo-as e me lembrando de que congelar meus óvulos vai
funcionar. A médica disse isso.

O pequeno plano em minha cabeça significa que levará mais de cinco anos
e milhares de dólares antes que qualquer bebê possa se tornar realidade,
supondo que tudo corra perfeitamente. Se a fertilização In vitro funcionar na
primeira tentativa. Meu olhar vai para a parede de bebês, que parece zombar
de mim.
— Grace, — Dra. Abrahams diz suavemente, estendendo a mão sobre sua
mesa para tocar a minha. O toque repentino é sacudido, me trazendo de volta
ao presente. Meu muito solteiro, muito sem bebê presente. — Você me ouviu?
Tenho alguns panfletos aqui para as clínicas de preservação de fertilidade que
recomendo.

Ela apresenta uma série de catálogos coloridas, esperando que eu os


pegue e sorri.

— OK? — Minha resposta sai como uma pergunta, ao invés de qualquer


tipo de declaração. Isso não é o que eu esperava do meu checkup. Dizer que
estou chocada é um eufemismo. —Obrigada, — acrescento rapidamente e
espero que ela não tenha considerado minha resposta inicial rude. Limpando
minha garganta, eu sorrio amplamente. — Eu agradeço, — eu digo a ela e de
alguma forma minha voz é uniforme e ecoa uma felicidade que está ausente
de como eu realmente me sinto.

— Temos sua consulta de acompanhamento agendada, — diz a médica


distraidamente, clicando nas teclas do computador e olhando para a tela, —
então está tudo pronto. — Ela finalmente olha para mim com um sorriso.

Eu não posso devolver enquanto aceno com a cabeça. Um


acompanhamento em alguns dias para ver o quão ruim está. Quão ruim. Não
se estiver tudo bem. Mas quão ruim. Ela não usou esse termo exato, mas é o
que ela quis dizer. Assim que o exame de sangue for feito, ela pode me dizer o
quão ruim está.

Simplesmente maravilhoso. Mal posso esperar, minha voz interior está


inexpressiva e novamente mantenho minha boca fechada.

— Se você tiver mais perguntas, não hesite em ligar.


Consigo sorrir, assentindo e quando ela se levanta, eu também, segurando
minha bolsa com as duas mãos úmidas.

Uma enfermeira em um uniforme rosa choque me leva para a área de


recepção. — Tenha um bom dia, Srta. Campbell, — ela me diz, piscando antes
de se virar para chamar sua próxima paciente entre as mulheres sentadas lá.
— Sra. Gray? Shellie Gray?

— Aqui! — Uma mulher que parece ter quarenta e poucos anos com rugas
gentis ao redor dos olhos castanhos profundos se levanta.

Eu saio do caminho da mulher, e então a enfermeira fecha a porta atrás


de ambas. Eu respiro fundo, dando uma sacudida mental e saio para o
estacionamento. As fotos de todos aqueles bebês brincando na frente dos meus
olhos.

Minha mente está um turbilhão de pensamentos, a maioria deles


deprimentes. Mais e mais deprimente a cada passo que dou. Subo em meu
sedan branco e coloco o cinto de segurança. Com o clique da ignição, o carro
ganha vida e eu desligo o rádio instantaneamente, deixando apenas o zumbido
do carro me acompanhar antes de sair do estacionamento. O tráfego do centro
de Atlanta é tão pesado quanto meus pensamentos.

Enquanto estou sentada no trânsito na I-85, olho para o horizonte de


Atlanta. O sol já está se pondo contra os prédios de tijolos. O laranja queimado
e o amarelo contra o azul são pacíficos. Eu suspiro. A cidade era tão divertida
quando eu estava na faculdade e um ótimo lugar para estar quando eu era
recém-formada e procurava meu primeiro emprego sério. Chega de lojas e
estágios. Chega de boates com minhas amigas e madrugadas que acabam em
ressacas horríveis.
Agora tenho uma carreira estável e de longo prazo como designer gráfico
em Buckhead e, cada vez com mais frequência, me vejo dirigindo para os
subúrbios. Meu apartamento apertado em Candler Park seria deixado para
trás pelo estilo de vida fácil e descontraído que encontrei em Vinings, fora do
perímetro da cidade, se eu pudesse pagar a mudança e o tempo para realmente
mudar. A ideia de se mudar é apenas mais um estress com o qual lidar. Tenho
certeza de que a médica acabou de me dar muito para me estressar.

Com meus dedos tocando ao longo do volante de couro, o tráfego


finalmente se move em um ritmo razoável.

Pensando bem, há séculos que eu não entro no meu apartamento mais do


que para uma noite de sono ou um banho de chuveiro. Não estive em lugar
nenhum da cidade, realmente. A vida noturna não me chama mais. É tudo
trabalho, trabalho, trabalho. Eu basicamente moro no trabalho, e é isso.

Bem, isso e eu vou ao bar. Todo mundo merece uma bebida depois de um
longo dia.

No momento, tudo que eu quero é me perder em um cosmo ou martini


para terminar este dia. E eu sei exatamente onde eu quero ter essa bebida, no
hole-in-the-wall1 bar que minha colega Ann me mostrou um par de meses
atrás. O bar do Mac tem uma jukebox, muitos lugares para sentar e, ao
contrário dos outros bares de Vinings, serve bebidas alcoólicas, além de
cerveja.

Só de pensar nisso, sinto sede. Bem, isso e o barman, Charlie.

Charlie.

1
Seria o que chamamos de boteco.
O tráfego finalmente se libera completamente, e eu sou rápida para
acionar a seta para a próxima saída e dirigir em direção ao bar. Talvez Charlie
esteja lá. Ele geralmente está, e quando eu tomo um ou dois drinques, ele é
meu confidente. Esse pensamento coloca um sorriso no meu rosto. É bom ter
alguém com quem conversar e, por mais que Ann seja uma boa amiga para
fofocar, isso é essencialmente tudo o que ela faz. Fofoca.

Salto do carro no estacionamento da Mac's Tavern e olho meu reflexo na


lateral do carro. Olhos azuis brilhantes delineados com kohl, longas ondas de
cabelo cor de cobre e um lindo nariz arrebitado me cumprimentam. Se eu fosse
meticulosa, diria que meus olhos estão um pouco grandes demais, que meus
lábios são muito largos.

Mas estou tentando fugir desse tipo de pensamento. Eu puxo minha saia
amarela claro para baixo e abro um botão no meu colarinho. Não há ninguém
para impressionar dentro do Mac, então é hora de ficar confortável.

Depois de afofar o cabelo uma vez, tranco o carro e entro. O lugar é um


prédio antigo de tijolos, simples e curto. Entrar é como uma lufada de ar fresco,
quando você anseia por uma pausa de tudo. Há um antigo bar de madeira ao
longo de um lado da sala, muitos bancos, cadeiras e mesas para preencher o
espaço, com exceção de uma pequena área de dança que permanece claro. É
mal iluminado, mas para mim está ótimo porque ajuda na atmosfera de pub.

O som de bolas batendo juntas na mesa de sinuca ao fundo e a conversa


das pessoas me seguem até o bar. Eu prefiro isso a uma mesa. Você nunca sabe
quem vai encontrar no bar ou que histórias vai ouvir. Isso é principalmente
sobre o que Charlie e eu conversamos. Os frequentadores regulares, seu drama
e qualquer outra coisa nova nesta parte da cidade.

É bom relaxar assim.


Enquanto caminho para o bar, percebo que estou sorrindo. Há algo neste
lugar que faz isso comigo. Há cerca de uma dúzia de pessoas espalhadas por
todo o bar, a maioria desfrutando de bebidas depois do trabalho.

Vou até o balção do bar e me sento bem no final. É meu assento. Olho para
baixo no bar, mas encontro a área atrás dela vazia. Eu me pergunto onde o
barman está. Há um cara especial que poderia fazer o dia de hoje completo...
se ele estiver trabalhando, claro.

Em seguida, uma porta dos fundos se abre, revelando-o. Charlie, o dono


deste bar.

Ele é alto e tem ombros largos, com cabelo castanho claro cortado rente
ao couro cabeludo. Ele está vestindo uma camisa xadrez azul e jeans, mas isso
não me impede de olhar para seus músculos ondulados enquanto ele move
uma pilha de caixas de aparência pesada para trás do bar. Junto com um
queixo feito para as mulheres desmaiarem e sobrancelhas gêmeas que
levantam e abaixam com cada emoção, ele tem um nariz que é apenas
demasiado perfeito. Ele se encaixa muito bem com seu físico.

Eu mordo meu lábio e coro. Eu sei que Charlie não é para mim, realmente
eu sei. Eu literalmente acabei de descobrir que meu tempo está se esgotando
para formar uma conexão real com alguém. É só que... bem, Charlie é gostoso.

O tipo de gostoso que pode manter uma garota acordada à noite,


imaginando o que está debaixo daqueles jeans. Querendo saber se ele é tão
empilhado quanto você espera que ele seja...

Se as outras garotas que estão por perto e olhando para ele com saudade
é alguma coisa a se considerar, Charlie está embalado em ser quente. Então,
novamente, nenhuma daquelas garotas conseguiu acertá-lo.
E nenhuma delas estava andando por aí, pensando em nomes de bebês
em seu tempo livre. Sim, eu preciso manter minhas mãos para mim mesma.
Meus olhos, entretanto...

Um suspiro agradável me deixa enquanto Charlie se vira e coloca as


caixas no chão, me dando uma boa foto de sua bunda. É perfeita, bonita e
redonda. Eu juro, eu nunca tinha percebido coisas assim antes de conhecer
Charlie.

Eu mordo meu lábio enquanto me inclino apenas um fio de cabelo me


perguntando se ele faz muitos agachamentos na academia, ou se sua bunda
cheia é natural. Ok, talvez isso seja um pouco demais. Sentada no banquinho,
eu me livro dos meus hormônios hiperativos e me lembro de que ele é apenas
um cara que faz parte deste espaço seguro que criei para mim mesma para
relaxar.

Ele se vira no momento em que estou assentindo para mim mesma e me


pega ainda olhando para seu traseiro. — Ei estranha.

Merda. Eu coro profundamente, porque esqueci a coisa mais


impressionante sobre Charlie: seus olhos. Eles são uma espécie de cor verde
musgo, algo saído diretamente da National Geographic.

— Ei, — eu digo, a única palavra de alguma forma saindo como duas


sílabas, e eu paro o contato visual. Percebo que minha paixão por Charlie é
tudo o que será, uma paixão. Eu preciso parar de ser tão esquisita.

Eu faço contato visual novamente.

— Onde você esteve? Já se passou uma semana desde que vi seu rosto por
aqui, — ele brinca.
— Oh. Apenas trabalho, — eu digo com um encolher de ombros. — Você
sabe, o de sempre.

— Sim? — Ele diz, pegando uma pequena toalha de mão gasta e limpando
as mãos dele. — É isso aí, hein?

— É isso aí.

Sua voz cai quando ele se inclina contra o balção. — Nada de interessante
para relatar?

De alguma forma, ele consegue fazer aquele som sujo. Deus me ajude. Há
um encanto em sua sobrancelha levantada e na maneira como ele me olha com
expectativa. A agitação em meu peito precisa parar.

— Não. — Eu empurro meu cabelo para trás dos meus ombros, sentindo-
me um pouco mais quente do que deveria.

— Que pena. Eu estava ansioso para você me contar algumas histórias.


— Ele olha para o bar e acena para alguém que conhece. — Posso pegar algo
para você beber?

— Umm... algo gelado com vodka, mas com gosto de fruta.

— Endendido. — Com um tapinha no bar dele, eu sorri amplamente. Essa


é uma das razões pelas quais adoro estar aqui.

Ele desce o bar para atender meu pedido, e quase resmungo ao vê-lo ir
embora.

Sim, posso dizer que estou segurando uma pequena queda por ele. Eu sei
que ele não é o que eu quero, ele é gostoso, mas completamente alérgico a
compromissos. É por isso que nunca o abordei assim. Ele sabe que estou à
espreita, como ele diz, por um marido e alguém com quem me estabelecer longe
da cidade. Como ele me disse antes, ele não tem intenção de se estabelecer.
Ainda assim, não há lei contra olhar certo?

Meu queixo se encaixa perfeitamente na palma da minha mão e suspiro


para mim mesma enquanto fico olhando para ele.
Bem, meu dia ficou muito melhor. Grace é uma das minhas clientes
habituais e favorita. Ajuda que ela é quente como o inferno. Eu sorrio
enquanto encho a coqueteleira com uma dose de vodka e depois um pouco mais
e coloco a garrafa de volta no gelo atrás do balcão. Seu sorriso é um pouco
fraco, mas um ou dois drinques e sua doce risada feminina sairá fácil.

— Charlie, — Mickey me chama. Ele é outro cliente regular e tio de um


dos meus funcionários.

Eu aceno para ele, pegando um copo alto e jogando a alça do Guinness de


volta para pegar outra para Mickey. Ele vai ficar aqui a noite toda, olhando
para os jogos da faculdade na televisão acima de mim.

Há muitos clientes regulares, alguns deles são como família. Grace não é
assim. Não sei como descrevê-la para ser honesto. Só sei que gosto quando ela
está aqui.

Eu deslizo a cerveja para ele, deslizando-a por cima do bar. Estou meio
tentado a perguntar a ele onde diabos está seu sobrinho, já que ele nunca
apareceu para trabalhar, mas não é como se ele soubesse. O bar fica fora da
cidade e localizado em uma pequena cidade. Trazer o negócio para Mickey não
vai ajudar em nada. Ele é um policial aposentado, e sua esposa faleceu de
câncer não há muito tempo atrás. Não vou incomodá-lo porque seu sobrinho
não tem ideia do que é ética de trabalho.
— Obrigado, senhor, — Mickey me diz, pegando sua cerveja. Ele nem
mesmo desvia o olhar do jogo na televisão. Cerveja, futebol e um lugar lotado
o mantêm são e o ajudam a lidar com tudo.

— Charlie! — Maggie grita atrás de mim. Ela abre as portas de trás e


entra enquanto veste o avental. Graças a Deus ela está aqui.

— A cozinha está pronta? — Ela pergunta. Ela coloca os braços em volta


das costas, enquanto amarra o avental.

— Sim, deve estar pronta para você, — digo a ela, pegando o copo curto
gelado para Grace. Tento reprimir minha agitação.

James está realmente querendo ser demitido. Eu estou absolutamente


farto de ele ficar bêbado depois de fechar e não aparecer no dia seguinte. Ele
é jovem e estúpido. Eu sei como é esse estilo de vida, já que eu costumava ser
igual a ele, mas estou cansado de aturar suas merdas.

Não o contratei para fazer o trabalho de dois homens quando um não


aparece.

Estou exausto pra caralho, e a noite está apenas começando. Mas é isso
que esse negócio exige. Trabalho duro e dedicação. Não é o que eu pensei que
seria quando abri um bar na periferia da cidade. Sei que parte do motivo pelo
qual fiz isso foi para fugir.

Parte disso era para abafar a memória do passado com a bebida.

Isso foi anos atrás, quando eu era burro e estúpido. De alguma forma eu
tive sorte, e este maldito bar é a única coisa boa que tenho a meu favor agora.
Não posso deixar um idiota como James estragar as coisas.
— Obrigado por vir, Mags.

Eu me viro para olhar por cima do ombro, mas Maggie já se foi. Ela é
durona e não precisa receber elogios, mas eu deveria dar a ela um aumento ou
um bônus. É difícil encontrar boa ajuda em uma cidade pequena onde as
pessoas acham que podem se safar com essa merda.

— Citrus e pêssego esta noite? — Eu pergunto a Grace.

Eu coloco o copo na frente dela e limpo minha mão na minha calça jeans
desbotada. Seus dedos delgados roçam os meus quando ela pega o copo com as
duas mãos.

— Parece delicioso para mim, — diz ela com um toque de rubor nas
bochechas. — Eu preciso disso. — Eu inclino minha cabeça para ela, esperando
que ela elabore.

— As coisas estão bem? — Ela pergunta enquanto suas sobrancelhas


franzem, e ela olha além de mim para as portas duplas de vaivém pelas quais
Mags passou. — Não que eu esteja tentando mudar de assunto ou algo assim...
você apenas parece que tem algo errado.

Eu dou de ombros e inclino meu quadril contra o balcão enquanto pego


um pano para limpar as coisas. Solto um suspiro profundo e tento encolher os
ombros, mas Grace me olha incisivamente, tomando um gole e sorrindo antes
de pousar o copo. Não sei por que, mas também me faz sorrir.

— É muito bom, — ela me diz, balançando levemente. Ela faz isso,


balançando-se suavemente quando decide ficar confortável.

— Um novo contratado não apareceu, é tudo, — eu respondo Grace sem


pensar.
Estou relaxado enquanto faço uma varredura rápida, certificando-me de
que o copo de ninguém esteja vazio e cuidei de todos que chegaram até agora.
Rick estará aqui em breve para ajudar e com Mags na parte de trás devemos
estar bem esta noite, mas as últimas duas horas foram um inferno fazendo
tudo sozinho. O pano molhado em minha mão desliza facilmente pelo bar,
encharcando de cerveja derramada. Eu mesmo lacrei e selei o balcão de
carvalho. Este bar é meu bebê. E James não respeita isso, ou seu trabalho.

— Uh oh, — ela responde brincando e eu dou a ela um olhar de repreensão


que me concede uma risada dela. — Eu também ficaria chateada, — diz ela
finalmente.

Ela sorri em seu copo quando eu resmungo uma resposta e preparo outra
cerveja para um cliente na parte de trás.

Meu olhar se eleva para Grace enquanto ela cantarola; seu hálito quente
cria uma névoa antes que ela tome um gole. Ela geme suave e doce, amando o
sabor. Eu sei que é um movimento inocente da parte dela, mas eu serei
amaldiçoado se isso não deixar meu pau duro como pedra.

Grace tem algo sobre ela que a torna fácil de conversar. Talvez seja porque
ela não é daqui, então eu sei que nada do que eu disser vai ser usado contra
mim mais tarde. As pessoas nesta cidade falam, e isso me deixa maluco.

Demoro um pouco para entregar a cerveja e pergunto aos outros clientes


se eles estão bem ou se precisam de alguma coisa.

— Você vai demiti-lo? — Ela pergunta quando eu finalmente volto para


Grace.
Seus dedos deslizam para cima e para baixo, criando uma linha no
orvalho do copo. Eu não acho que ela está fazendo isso intencionalmente, mas
aquele movimento simples e inócuo está fazendo meu pau já duro se contorcer
de necessidade. Já tive muitas noites para tentar levá-la para casa, mas essas
noites mantiveram conversas sobre o que ela procura em um homem e como
ela finalmente quer se estabelecer.

AKA2 exatamente a razão pela qual eu não quero levá-la para casa. Isso
me mataria se ficássemos e ela se arrependesse disso. Somos amigos em
formação. Nada mais.

Minha cabeça balança com sua pergunta; Não confio em mim mesmo para
falar. Eu não demitiria James. Sua tia foi uma das minhas professoras
durante todo o ensino médio. Seus pais moram a menos de cinco casas de meus
pais. O merdinha também sabe disso.

— Bem, talvez você devesse fazê-lo lavar os pratos quando ele entrar,
então, — ela responde com um encolher de ombros que a faz blusa abotoada
deslizando ligeiramente aberta. — Ou mandar ele reorganizar todas as caixas
na parte de trás?

Não posso evitar que meus olhos se fixem em seu decote, mesmo enquanto
rio de sua sugestão. É um top modesto, provavelmente perfeito para o trabalho
que ela tem. Mas agora, está me dando um vislumbre provocador e quero ver
mais.

— Eu estou, — digo a ela quando vejo Mickey acenando para mim. —


Assim que ele chegar aqui, sem atender, todos os pratos e trabalho pesado. —
Estou meio brincando, meio sério. A grelha na parte de trás precisa ser

2
Abreviação para ALSO KNOW AS, uma expressão em inglês que significa “também conhecido como”, é usado para
dar um significado ou nome mais conhecido a uma palavra ou pessoa.
esfregada, junto com todo o equipamento, e essa é a recompensa de James.
Isso e eu tenho que reduzir seu horário até ter certeza de que ele realmente
aparecerá durante o horário de pico. Ela ri com aquele som doce e suave que
sei que é genuíno. Eu bato no balcão com um sorriso enquanto ando até a outra
extremidade para Mickey.

— Você pode me dar algumas asas? — Ele diz enquanto dá um tapinha


no estômago. Sua camisa estica enquanto ele se estica para trás. Os botões de
sua camisa se abrem e estão aparecendo um pouco demais, mas apenas
quando ele se estica para trás.

— Molho ranch para acompanhar?

Ele acena com a cabeça, — Isso é suficiente.

— Claro, Mickey. — Abro as portas duplas com apenas um toque e chamo


Mags. — Uma ordem de asas, quente.

Eu olho para trás para ter certeza de que Mickey quer o de sempre. Este
bar virou rotina para ele, assim como para grande parte da cidade.

Ele acena com a cabeça, e eu nem hesito em andar de volta para Grace.
Tornou-se um hábito natural meu quando ela está aqui.

A maioria dos caras aqui quer ir embora. Eles querem um lugar para
assistir aos jogos, para beber, para conversar com os amigos com quem vieram.
Grace vem sozinha na maior parte do tempo. Ela se senta sozinha, e eu sou a
única pessoa com quem ela fala, a menos que alguém se aproxime dela. Eu
gosto assim. É como se ela viesse aqui só por minha causa.

Interiormente eu zombo de mim mesmo e me lembro de várias noites em


que ela parecia fazer amizade com um estranho por uma ou duas horas.
Ela quer companhia, conversar, rir, esquecer todos os seus problemas. Eu
quero isso também.

Mas isso é tudo que vai ser. Ela me contou mais de uma vez sobre os
encontros em que esteve e os caras com quem está se encontrando. E nenhum
deles é um cara do interior com uma reputação como a minha.

Acho que ela sabe o suficiente sobre toda a merda que passei. A maldita
cidade inteira sabe... embora ela não seja de Vinings, então acho que ela não
sabe de toda a história. Além disso, ela já perguntou sobre minha vida amorosa
antes. Não dei muito a ela, mas disse a ela a mesma coisa que digo a todas as
mulheres. Não estou interessado em me estabelecer. Agora não.
Possivelmente nunca. Tenho certeza de que disse isso a ela na primeira noite.

De qualquer maneira, ela está pronta para a coisa toda de estabelecer.


Ela não teve problemas em me dizer isso e deixar claro que não gostava de
aventuras de uma noite. Embora, não tenho certeza se ela me disse isso mais
para se lembrar ou para me fazer manter distância. Se fosse o último, ela
falhou miseravelmente. Isso só me fez querer mais. Não estou interessado em
toda essa merda que ela quer. Quase não tenho tempo para mim, muito menos
para uma família. Mas eu adoro flertar com ela. Talvez seja porque eu sei que
não posso tê-la. É o desafio.

— Então, como está o seu dia? — Eu pergunto. — Esperançosamente


melhor do que o meu.

Pego o banquinho atrás de mim e o puxo para mais perto dela para me
sentar. É hora do jantar agora, então o rush da noite só virá mais tarde. Vou
precisar de minha energia então.
— Eh. — Grace fez uma careta fofa e enrugada e tomou outro gole com os
olhos bem fechados.

— Tão ruim assim, hein? — Eu pergunto a ela com um sorriso. Eu amo o


quão animada ela é, como ela mostra suas emoções em sua manga.

Ela realmente é um amor.

— Sim, foi difícil, — ela admite, desviando o olhar.

Ela coloca o copo de volta no balcão e deixa as pontas dos dedos deslizarem
pela beirada e meu sorriso cai.

Inclinando-me para trás no banquinho, estico-me e passo a mão no cabelo.


— Desculpe, seu dia foi uma merda. Você precisa que eu vá falar com seu
chefe?

Minha piada a faz sorrir pelo menos, mas ela balança a cabeça
suavemente com os olhos fechados.

— Eu não acho que isso ajudaria, — ela diz suavemente e então focaliza
aquele olhar azul bebê em mim. Ela tem o tipo de olhos em que um homem
pode se perder. Eles são de um azul claro com pequenas manchas douradas
que me atraem. Ela brinca: — Pelo menos, eu não estou lavando pratos.

Essa é minha garota.

Sua voz está um pouco embargada no final, o que é incomum para ela. Ela
é rápida em levar a bebida aos lábios, acho que tenta esconder. Ela está vindo
aqui há um tempo. Estou me acostumando a esperar que ela entre e converse
comigo, mas o olhar em seu rosto agora está fazendo meu peito doer por ela.
— Você pode me dizer se quiser. — Minha oferta fica sem resposta por um
momento e eu examino a sala casualmente, não colocando qualquer pressão
sobre ela. Felizmente, ela começa a falar antes que eu encontre seus olhos
azuis bebês novamente.

— Eu fui ao médico hoje. — Ela bate no balção enquanto fala, olhando


para onde seus dedos tocam ao longo dela. — Meus óvulos decidiram boicotar,
então não posso ter filhos. — Ela inspira trêmula e depois revira os olhos,
jogando-o para fora e balançando a cabeça. — Bem, não da maneira tradicional
de qualquer maneira. E eles serão caros pra caralho se eu os tiver.

— Você está bem? — Eu pergunto a ela. Observo a vulnerabilidade crua


enquanto é substituída por uma máscara de leveza.

— Sim, estou bem. É simplesmente inesperado. — Ela finalmente me olha


nos olhos e acrescenta: — Vou começar uma conta para cada um agora, para
que possam cobrir esses tratamentos de fertilidade. Eles podem me pagar
depois de se formarem. — Ela ri de sua piada e eu solto um sopro de uma
risada apenas para fazê-la se sentir mais à vontade. Porra, dói ver a dor em
seus olhos.

— Sinto muito, — digo a ela com sinceridade. Nunca pensei em crianças.


Com o bar, não tenho tempo, mesmo que os quisesse.

— Não sinta. Acabei de receber a notícia, então estou muito frustada, mas
vou descobrir.

— Eu posso imaginar. — Não, não posso. Mas acho que o que estou
dizendo é reconfortante.
Mais alguns caras e um casal entram e me tiram dela, mas fico de olho
em seu copo. Estou esperando esvaziar, então tenho um motivo para voltar
para ela. A cerveja flui facilmente conforme os pedidos continuam chegando.
UGA está jogando, e a maior parte do bar está torcendo por vitórias, o que
significa que Mickey compra uma rodada de doses para os caras do fundo.

O tempo todo Grace gira ligeiramente em seu banquinho e


ocasionalmente verifica seu telefone. Na maior parte do tempo, ela apenas
encara diretamente à sua frente para nada em particular, um olhar vazio em
seus olhos e seus lábios ligeiramente inclinados para baixo. Fica cada vez mais
movimentado, mas tudo que eu quero é que ela me chame para falar com ela
ou termine o último gole de sua bebida.

Eu verifico com ela algumas vezes, mas ela me dispensa com um pequeno
sorriso. Cada vez ela é tão acolhedora e tentadora quanto da última vez. Mas
o trabalho chama, me roubando dela e deixando-a sozinha no bar. Cada vez
que olho para cima, vejo uma tristeza por trás daqueles grandes olhos azuis
de corça que não gosto de ver.

O tempo passa rápido e, antes que eu perceba, ela está pegando a bolsa e
deixando o dinheiro no balcão. No segundo em que a vejo colocar o dinheiro,
paro de despejar o chope em minhas mãos e a chamo por cima do zumbido de
vozes altas.

— Você precisa de uma carona?

Ela sorri de volta para mim e balança a cabeça negativamente, mas a


felicidade em seu rosto faz valer a pena.
Eu deslizo a cerveja até o final do bar, esquecendo qual dos dois homens
sentados lá pediu, e caminho até ela para dar uma olhada. Pego o dinheiro e
me viro para ir ao caixa, mas ela me diz para ficar com o troco. Ela sempre faz.

— Obrigado, querida, — digo a ela e vejo como ela gira em seu assento.

— Aposto que você chama todas as garotas de queridas, — ela me diz de


brincadeira, mas suas palavras são um chute no meu estômago.

— Só você, — digo a ela, tentando manter minha voz animada e não


deixar transparecer.

— Sim, ok, — Grace diz enquanto tenta sair do banquinho. Ela parece um
pouco desequilibrada, então eu caminho até ela e estou muito feliz por ter feito
isso. Ela escorrega do banco e quase tropeça. Eu a pego em meus braços e a
seguro enquanto ela luta para deslizar seu pequeno pé de volta em seu sapato.
Suas mãos estão firmes em meus antebraços até que ela recupere o equilíbrio.

— Não estou tonta, são esses saltos. — Aquele lindo rubor sobe por seu
peito e em suas bochechas enquanto ela balança a cabeça. Ela tenta brincar,
se afastando do meu abraço. Sua bunda exuberante bate no banquinho atrás
dela, e suas mãos agarram-se a ele para não derrubá-lo. Eu não posso evitar a
risada áspera de vibrar no meu peito.

— Tem certeza que não precisa de uma carona? — Eu pergunto a Grace.


Eu sei que ela só bebeu uma bebida. Eu sei que ela não gosta. Isso não muda
o fato de que eu quero dar uma carona a ela.

— Não, estou bem, — diz ela. Há um pequeno sorriso em seu rosto, posso
dizer que ela está tentando lutar.
— Não sei se acredito em você. — Eu digo a ela apenas para foder com
ela. Eu amo entrar na pele dela. — Eu não me importaria de levar você em
casa.

Dou uma piscadela para ela enquanto me afasto. Deixando-a lá, firme em
seus pés, eu ando ao redor do balcão para começar a descarregar as caixas que
o porra do James deveria cuidar. Eu olho por cima do ombro quando ela não
responde e a pego olhando para minha bunda... de novo. Ela leva um segundo
antes de perceber meus olhos sobre ela.

Seus olhos se arregalam ligeiramente, aqueles lindos azuis bebê


parecendo que ela sabe que foi pega. Um tom violento de vermelho inunda
suas bochechas enquanto ela balança a cabeça, puxando o cabelo para o lado
e começa a andar para trás.

— Tenho certeza de que você não faria isso, — diz ela, brincando. Mas é
exatamente esse pensamento que a mantém longe de mim. Uma mulher como
ela, alguém firme, com a vida toda planejada... Ela não sai com homens como
eu.

— Tenha uma boa noite, querida, — digo a ela uma última vez.

Ela acena timidamente enquanto me deixa com nada mais do que um


“você também”.

Sim, cometi alguns erros no passado. Eu tenho uma reputação e tenho a


certeza de que não procuro as mesmas coisas que ela.

Mas eu não me importaria em bater botas com minha queridinha.


São 3 da tarde e tenho mil coisas para fazer no trabalho em apenas duas
horas. Isso não vai acontecer. Esse é o resultado final. Eu me afasto da minha
mesa com a minha cadeira de rodinhas e suspiro ao olhar ao redor do meu
cubículo. Está repleto de canecas de café com frases motivacionais, como, “Eu
bebo café e faço merda”, blocos de notas que têm a ver com listas e canetas.
Existem canetas por toda parte. Em xícaras de café, em cima de listas de
afazeres e na gaveta de cima. Por quê? Porque todo mundo pega minhas
canetas. Assim como minhas canecas, elas têm coisas fofas nelas. Meu
conjunto mais recente: mantenha suas mãos longe das minhas canetas. Eu
comprei um pacote de seis, já estou com quatro... eu acho... a menos que um
esteja enfiado na minha bolsa ou gaveta.

Estou no departamento de design de publicidade aqui na L. J. Scott & Co,


que supostamente atende à minha necessidade de criar. A pilha de anúncios,
impressos em papel fotográfico grosso, à minha direita pode atestar isso.

Fui para a Rhode Island School of Design para marketing, com


especialização em design gráfico, sem perceber o quanto as duas disciplinas
desafiariam minha criatividade. Eu adoro isso. Eventualmente, eu me
estabeleci neste trabalho de design gráfico, escolhendo-o entre as outras duas
ofertas porque gosto do trabalho feito aqui. É simples assim. Dia após dia,
recebo uma tarefa diferente e um mercado diferente para explorar.
Todas as caixas de seleção da minha lista, exceto uma, foram marcadas,
ticada, ticada, ticada. Só falta o último: encontre um marido e faça aqueles
bebês.

— Ei! Bebidas depois do trabalho? — uma voz alegre grita atrás de mim.
A caneta na minha mão pousa na minha mesa quando volto à realidade. O
gato na minha tela lambendo os beiços é quase tão surpreendente. Nada diz,
“seu gato quer esta ração” como um gato de boca aberta pronto para devorá-
la.

Giro minha cadeira e encontro Diane, encostada na parede entre nossos


cubículos. Ela inclina a cabeça loira de um jeito tipo vem cá. Ela exala apelo
sexual e muitas vezes desabotoa a blusa um pouco baixo para a orientação do
cliente, o que levou a mais do que alguns rumores no bebedouro, por assim
dizer. Também é assim que ela consegue vários de seus trabalhos.

Diane começou na empresa ao mesmo tempo que eu, e realmente não me


deu muita escolha se eu seria sua amiga.

Era mais porque ela presumiu que eu queria ir buscar bebidas depois do
trabalho naquele primeiro dia, e eu aceitei, por que não iria? Logo descobri o
porquê. Ela realmente não conhece limites e fronteiras, nem com homens, nem
com álcool e nem com questões pessoais. Ela é totalmente intrusiva e se
encolhe quando bêbada, mas eu prefiro isso a Diane sóbria. Embora em
qualquer estado, ela ria um pouco alto demais e agora eu simplesmente não
estou com humor. Ainda estou processando tudo desde a consulta da minha
médica. Infelizmente, tenho o péssimo hábito de sempre dizer sim. Ela não é
mesquinha, ela não é uma pessoa má. Ela é apenas... MUITO para aceitar. E
como Ann está de licença por três meses, admito que estou um pouco solitária.
— Claro, — eu respondo, tentando não olhar para a minha mesa, para a
luz vermelha piscando no telefone que significa que tenho mensagens. — Isso
soa bem. — Eu fecho meus olhos assim que as palavras saem da minha boca.
Nem pensei em dizer não.

— Mac's? — Ela pergunta, como se a gente fosse para outro lugar. Eu não
sou a única que deseja Charlie. Diane flerta bastante com ele, contando os dias
até que ele esteja em sua cama.

— Claro, — eu digo, dando um pequeno suspiro de alívio. Pelo menos é


Mac's.

— Ok! Vejo você às cinco e meia, então. — Seus olhos viajam pelo meu
corpo. — Espero que você tenha trazido uma muda de roupa. Estou planejando
que nós duas fiquemos muito gatas esta noite, — seu sorriso esmaece quando
ela revira os olhos e acrescenta baixinho, — não vamos a um funeral maldito.

Limites, Diane. Minha voz interior está ríspida com uma resposta, mas
eu apenas sorrio. Vou usar o que eu quiser. O constrangimento de Diane por
mim terá apenas que lidar com isso.

Com isso, ela dá um passo para trás e desaparece atrás da parede de seu
cubículo.

Eu solto um suspiro. Não seria a primeira vez que Diane chamaria a


atenção de um cara de quem eu gostava e dormia com ele. Diane é um pouco
competitiva... em tudo. No trabalho é assim também; ela gosta de ter os
maiores e melhores clientes sob sua alçada em vendas, muitas vezes
prometendo coisas extraordinárias aos clientes e, em seguida, jogando toda a
pilha de trabalho no colo de outra pessoa. Ela fez isso comigo quando comecei...
aprendi rápido a dizer a ela que minha carga de trabalho estava cheia.
Voltando para a minha mesa, envio outra oração para que mais mulheres
sejam contratadas aqui ou até mesmo homens, desde que sejam realmente
sociais e, em seguida, olho para o meu telefone celular, que está virado para
baixo na minha mesa para me manter de se distrair. Mas agora, preciso de
distração. No segundo em que clico, vejo uma mensagem de Jason no Tinder.
Abro o aplicativo e faço uma careta enquanto leio a mensagem.

Ei, você está linda. Você está livre hoje à noite?

Um arrepio corre pela minha espinha quando leio e vejo as fotos do cara.
Ah, sim... definitivamente há um motivo pelo qual gostei de seu perfil. Ele é
loiro e bonito nas fotos, e seu perfil mostra que está procurando um
compromisso sério.

Hesito por apenas um momento, depois digito uma mensagem de volta.

Obrigada! E estou livre, na verdade. O que você estava pensando?

Checo duas vezes para ter certeza de que não há sinais óbvios de que não
namoro há praticamente uma eternidade, eu envio.

Sentando-me um pouco mais ereta na cadeira, penso: talvez esta noite


não seja um desastre, afinal. De volta ao trabalho. Hora de ser o máximo de
uma super mulher que eu puder nas ultimas horas.

Tenho que retornar uma dúzia de ligações. Apenas um deles chega até
mim. A crítica é algo que posso suportar. Eu não me importo. Mas quando um
cliente me trata como um lixo, isso me atinge. Eu gostaria que não, mas me
atinge. Às vezes, esse trabalho é estressante e são 100% os clientes que me
levam por um caminho, ajustando um design de um milhão de maneiras, e
depois querendo destruí-lo. Eles fazem isso de novo e de novo, enquanto os
prazos vão passando e eles parecem não ter nenhuma noção do que realmente
querem. Eu interajo constantemente com clientes que quer mais quatro
maquetes do que os três que forneci inicialmente, de acordo com o contrato
com L. J. Scott & Co., farei uma dúzia para eles, se precisarem. Se isso for
necessário para acender uma faísca, farei isso o dia todo. Mas não me deixe
fazer uma dúzia, escolha um para ajustar um milhão de vezes, depois outro,
depois outro e desperdice semanas de trabalho sem decidir porra nenhuma e
querendo começar do zero.

Batendo minhas unhas na mesa, respiro fundo como o cilcista Anthony 3


não vou pegar cada um desses designs ajustados e usá-los todos. Eu sei que
somos caros e ele comentou esse número muitas vezes, mas o pacote que ele
escolheu não é para um número ilimitado de anúncios e é isso que acho que
ele quer.

Claro, Diane prometeu a lua a este cliente, ela o teve antes de nosso chefe
o transferir para mim, mas pela metade do custo das horas criativas faturadas
até agora, que agora são supostamente inúteis.

— Ei! Você quer um café! — A voz de Tracey ecoa no pequeno cubículo.


Soltando um suspiro que não sabia que estava segurando, giro ao redor e
agradeço a ela. É impossível ficar brava ou triste ou qualquer outra coisa senão
grata perto de Tracey, a assistente pessoal do escritório. Apenas o som dela
empurrando o carrinho é o suficiente para levantar meu ânimo.

— Qualquer coisa boa? — Eu pergunto, olhando para sua pele creme e


elegante rabo de cavalo alto. Estou estranhamente com ciúme do bom humor
consistente de Tracey, sua juventude e seu traje leve e alegre. Estou até com
ciúme do jeito que ela usa aquele vestido rosa claro, provavelmente porque ela

3
Ciclista é especialista em subida de montanha.
é obviamente magra por natureza. Ela poderia ser modelo e eu já disse isso a
ela um milhão de vezes.

— Psshh, — ela diz, sorrindo enquanto me entrega uma xícara. — A


mesma coisa de sempre. Um tiro no escuro. Café, expresso, dois cremes e um
adoçante.

— Muito obrigada, — digo, olhando para a minúscula nuvem de vapor que


escapa da minha xícara. — Eu preciso seriamente disso agora.

— Peguei você, — ela diz, piscando. — Você precisa de mais alguma coisa?
— Um novo cliente? Um não do inferno? Talvez alguns ovários novos? Eu acho.
Mas eu fico quieta e balanço minha cabeça. Vou dar a esse cara mais uma
semana e se ele ainda está me puxando, eu tenho que ir para os superiores.
Odeio fazer isso, mas conheço meus limites. Existem doadores e recebedores
neste mundo, os doadores têm que ter limites, porque os recebedores não têm
limites. Minha mente pisca com a imagem de Diane e eu fecho isso com um
gole de café quente.

— Tudo bem. Bem, eu tenho toneladas de café da tarde para entregar, —


ela diz, puxando seu carrinho para fora do meu cubículo. — Te vejo amanhã.

— Tenha uma boa noite — eu respondo, voltando-me para a minha mesa


depois de saudá-la com minha xícara.

O cheiro do café e do expresso faz meus lábios erguerem-se. Segurando-o


com as duas mãos, tomo um gole e suspiro de satisfação.

Claro, meu trabalho pode ser uma merda quando um cliente decide ser
chato o dia todo, mas há um suprimento infinito de café. Isso deve valer
alguma coisa, certo?
Faltando apenas uma hora para o fim do dia de trabalho, passo o mouse
para o Adobe Photoshop, clicando nos seis anúncios em que estou trabalhando
para outros clientes, aqueles que me deram orientações que posso realmente
usar e outros que acho que não estão me usando.

Outra mensagem de Jason faz meu telefone vibrar e eu realmente sinto


uma pitada de excitação. Os cantos dos meus lábios levantam enquanto eu
leio:

Você já foi ao The Brick Store Pub em Decatur? Eles têm ótimas
bebidas e a comida é boa também.

Eu mordo meu lábio com uma excitação nervosa, embora seja rápido para
se dissipar quando penso em trocar uma noite no Mac's com Charlie por esse
novo cara. Mas o novo cara está procurando compromisso. Ele não é o seguro
“Charlie nunca vai me querer assim” e Decatur não está muito longe de onde
eu trabalho. Eu poderia chegar lá em menos de uma hora, supondo que
parasse em casa primeiro para me trocar. Talvez Diane esteja certa, afinal.

Eu digito de volta: Eu não fui, mas isso parece um plano para mim.
Pode ser por volta das sete, no entanto. Tudo bem?

Antes que eu possa desligar meu telefone, ele responde.

Ótimo! Digamos... sete e meia?

Meus lábios se curvam para cima.

Impressionante. Vejo você lá.


Há um nervosismo que é metade excitação, metade mal-estar que
permanece comigo pelo resto do dia de trabalho. E por que continuo pensando
em Charlie?

Jason é solteiro. Ele é sensual. E ele quer compromisso.

Não olho para cima de novo até Diane enfiar a cabeça por cima do meu
cubículo, pouco antes das cinco e vinte.

— Hora de ir! Estava pensando que você deveria deixar seu carro aqui e
eu dirigirei. Acho que tenho algo para você vestir, se servir... — me encolho
diante de Diane, percebendo que nunca contei a ela. Merda. Eu me sinto uma
idiota.

— Na verdade, tive uma mudança de planos. — Eu prolongo a frase para


suavizar o golpe, em seguida, sorrio esperançosa, — Eu vou a um encontro
esta noite. — Meu sorriso é largo, esperando que ela fique feliz por mim.
Afinal, ela está sempre falando sobre como eu preciso me conectar e transar.

Feliz não é exatamente sua resposta. Ela parece um pouco chocada no


início, e eu me sinto péssima. Com o sorriso desaparecendo em meu rosto, peço
desculpas. — Eu deveria ter lhe contado quando recebi a mensagem, mas
estava presa com aquele cliente idiota.

Sempre mantenho meus planos com ela e com todo mundo, garotas antes
de paus e tudo mais, mas um a um com Diane é difícil de aceitar. Com Ann é
muito mais fácil. E eu realmente preciso encontrar alguém sério... e/ou
congelar meus óvulos. Estou com pouco tempo e, de repente, encontrar um
marido está no topo da minha lista de afazeres.
— Tudo bem, — ela exclama. — No entanto, espero o anúncio da
Kleinpeters na minha mesa amanhã.

Eu recuaria com seu comportamento afiado, mas estou acostumada. Ela


também não é minha chefe, ela é apenas outra designer no trabalho. — Já
feito. Eu coloquei você no e-mail.

— Você enviou um anúncio ao cliente sem minha aprovação? — Ela


pergunta, sua fúria evidente.

Eu cerro meus dentes ligeiramente, querendo muito lembrá-la de que ela


não é minha chefe de merda. — Correto. Eu não tenho que obter sua
aprovação. Eu só estava fazendo isso para ser educada.

Seu olhar se estreita. — Eu não sei sobre isso.

— Bem, eu sei, — eu respondo alegremente, decidindo que não preciso


dessa merda. — Se você tiver um problema com isso, acho que RH é um bom
lugar para começar.

Ela está praticamente atirando lasers com os olhos agora; é quase cômico.
Diane tem um longo histórico de queixas contra ela no RH, principalmente por
violação do código de vestimenta. O RH é o último lugar onde ela iria para
obter ajuda.

— Tenha um ótimo encontro, — ela diz com os dentes cerrados e uma


expressão que lembra a de chupar um limão.

— Te vejo amanhã! — Eu grito, sentindo-me justificada, mas ainda


inquieta. Ela pode realmente ser uma vadia. Não sei por que a tolero tanto.
Bem, além do fato de que não tenho escolha, já que não posso demiti-la.
Diane desaparece e eu relaxo um pouco, mas isso não dura muito. Tenho
uma lista de tarefas que continua crescendo e, mais importante, um encontro.
Esticando os braços sobre a cabeça, estalo as costas, sentindo a exaustão
de trabalhar a noite toda até as 5 da manhã. Droga, o alongamento é bom. Eu
não consegui dormir mais do que quatro horas com todo o trabalho que
precisava ser feito antes de abrir esta tarde para Mags. Eu preciso contratar
alguém novo. Alguém com experiência que já sabe o que fazer porque com
certeza não tenho tempo para treinar alguém. Agulha, para encontrar no
palheiro.

— Passe o molho, — diz Pops. Ele está à minha esquerda, esperando que
eu preste atenção quando mal consigo manter os olhos abertos.

Depois de reprimir um bocejo, estendo o braço sobre a mesa para pegar o


galo de cerâmica branca que contém o molho. Tenho quase certeza de que é
para leite ou creme, mas antes que eu possa pegá-lo, minha irmã Cheryl bate
na minha mão.

— Eu não terminei com isso, — ela me diz. Eu levanto minhas duas mãos
em sinal de rendição.

— Então despeje no seu maldito prato, — diz Pops, olhando para o molho.
Ele tem um prato cheio de peru picado, purê de batata e milho, com um garfo
na mão direita. Ele está agindo como se fosse morrer de fome neste minuto se
ele não colocasse aquele molho, mais do que provavelmente, em cada
centímetro de seu jantar.
— Linguagem! — Ma atira para ele e eu rio. Ela passa o molho para ele e
faz minha irmã engasgar. Isso é o que ela ganha por levar uma eternidade
comendo as batatas, eu acho.

Somos apenas nós seis esta noite. Ali está à minha esquerda como de
costume, mamãe está na minha frente e Pops está sentado na cabeceira da
mesa à minha direita. O noivo de Ali, Michael, se senta ao lado dela, enquanto
Cheryl se senta em frente a ela.

— Eu preciso do molho, mãe, — Cheryl diz com um beicinho.

É difícil imaginar que Cheryl é uma mulher adulta com um filho, pelo
jeito que ela choramingou.

Cortando meu peru e dando uma mordida, não espero pelo molho que se
tornou uma mercadoria. Estou morrendo de fome e não percebi até sentir o
cheiro do jantar. Merda, nem me lembro da última vez que comi. Hoje fomos
atingidos com ambos os pedidos e clientes. Os negócios vão bem, mas estou
muito cansado. Cheryl abafa um bocejo e olha por cima do ombro para a
cadeira de balanço segurando seu bebê adormecido. Rocker ou swing, não sei.
Aparentemente, há uma diferença e Evie não vai dormir em uma das
engenhocas. Pelo que meu cunhado disse, o bebê não dorme nada.

— Eu preciso comer rápido, — Cheryl diz baixinho; talvez estivéssemos


compartilhando o mesmo pensamento. Ela esfrega o sono dos olhos com uma
das mãos, enquanto com a outra pega a colher com milho.

Ma coloca os cotovelos na mesa, cruzando as mãos em sinal de graça.

— Oh, — Ali fala. — Posso dizer graça?


Eu coloco meu garfo na mesa, embora faça um tilintar no prato, chamando
a atenção de toda a minha família enquanto tento fingir que não estou
mastigando.

Jantar em família. Todos os domingos. Sem exceção.

Exceto pelo fato de hoje ser terça-feira. Cheryl precisava sair de casa com
Evie e Ma decidiu este jantar era obrigatório.

Cheryl não gosta de ficar sozinha o dia todo, todos os dias, e não posso
culpá-la. Ela é uma criatura social e ficar sozinha em casa com um recém-
nascido o dia todo deve ser difícil. Especialmente com a parte sem dormir.
Mamãe disse que hoje é jantar em família, então é isso.

— Espere pela graça, — minha mãe me repreende baixinho, dando a


Cheryl um passe que meus olhos arregalados e olhar rápido apontam.

— Posso fazer isso? — Ali repete, com ainda mais desespero desta vez.

Eu nunca espero pela graça. Ma balança a cabeça para mim e acena com
a cabeça em resposta a Ali.

A empolgação da minha irmã mais nova faz meus lábios se curvarem em


um sorriso malicioso. Ela pega o guardanapo da mesa e o alisa no colo sobre o
vestido azul claro, o tempo todo esperando que todos curvem a cabeça.

— Contanto que não tenha nada a ver com o casamento, — Michael diz
baixinho ao lado dela. Meu sorriso se alarga quando a boca de Alison se abre
em descrença.
Pops ri à minha direita, e não posso deixar de fazer o mesmo. Tanto Ma
quanto Ali estão obcecadas com esse casamento; é tudo sobre o que as
mulheres desta família falam ultimamente.

— Silêncio. — Ma acena para Michael se afastar e inclina a cabeça. Todos


nós seguimos o exemplo, a sala se acalmando enquanto esperamos.

— Abençoe-nos, Senhor. Obrigada por esse presente, que estamos prestes


a receber... inclusive meu casamento, — diz Ali. Ela levanta a cabeça para
espiar Michael. Ele dá uma risadinha e balança a cabeça enquanto descansa
a testa nas mãos. Ela faz uma pausa, esperando que ele faça ou diga alguma
coisa, mas ele fica quieto. — Que você fique conosco durante nossa jornada e
nos abençoe ao longo do caminho. Amém.

No segundo que ela termina, os garfos são levantados e a conversa


continua. Michael e Pops estão falando sobre o jogo da noite passada. Estou
meio ouvindo, meio tentando comer o mais rápido que posso para poder voltar
para casa.

— Não acredito que Joseph teve que trabalhar, — diz Ma… de novo.

Ela tocou no assunto cerca de meia dúzia de vezes desde que cheguei aqui.
Ma tem um desejo e é que todos estejam em casa no domingo. Joseph é
mecânico e possui sua própria oficina. Normalmente não é um problema, mas
ele tem trabalhado mais desde que a pequena Evelyn apareceu.

— Precisamos do dinheiro extra, — Cheryl diz suavemente. Há olheiras e


posso dizer que ela está tão cansada quanto eu, talvez até mais. Pops faz sinal
para que eu passe o molho para ela, mas Michael se inclina sobre a mesa e o
agarra antes que eu possa. Ele é rápido com isso e então entrega para Cheryl.
Aquele galo de cerâmica branca ilumina seu ânimo enquanto Cheryl se
senta mais reta na cadeira e derrama tudo sobre o peru e o purê de batata. Ela
está praticamente sufocando o prato inteiro com o molho.

Pouco antes de pousá-lo, a pequena Srta. Evie começa a chorar pela


primeira vez desde que chegou. A cabeça de Cheryl gira e seu rosto cai.

— Não, não, não, — ela diz baixinho. Ela se aproxima e acalma Evie
suavemente enquanto balança o berço. Ela está exausta pra caralho.

— Ela ainda não está dormindo bem? — Ali pergunta enquanto estica o
pescoço para ver o bebê.

Cheryl pressiona os lábios em uma linha fina e balança a cabeça. A


expressão dela caí completamente.

— Vou pegá-la, — falo sem pensar e tiro minha cadeira um pouco, as


pernas raspando no chão de madeira e estendo as mãos. Cheryl não perde um
segundo para virar a mesa com a garotinha de dois meses toda embrulhada
em seus braços.

— Obrigada, — ela diz rapidamente, pronta para comer o jantar como se


fosse uma corrida.

Tenho uma queda pela Evie. Ela é o primeiro bebê que já segurei e, para
ser honesto, não sabia se estava fazendo certo. Seus olhos estão fechados e
suas mãos estão fechadas em pequenos punhos enquanto Cheryl a coloca em
meu peito. Ela é tão pequena, uma coisinha tão pequena que quase não tem
peso para ela. Ela sabe como gritar, isso é certo.

Eu a calo e dou um tapinha em seu traseiro ritmicamente enquanto


Cheryl está de volta ao seu lugar e nem sequer se move antes de pegar o garfo.
Meu corpo inteiro se move ligeiramente enquanto eu salto a pequena
Evie, tentando fazê-la se acalmar. O choro dela não é alto como um momento
atrás e não me afeta nem um pouco, mas sei que acalmará Cheryl novamente
se Evie estiver feliz. Demora apenas um momento antes de Evie colocar a
cabeça no meu peito e soltar um longo bocejo. Eu observo seu rosto enquanto
ela adormece e lentamente paro de quicar.

— Oh, isso é tão fofo, — grita Ali antes de enfiar a boca cheia de batatas.

— Ah, é. Meu filho mais velho. — Mamãe parece tão orgulhosa, mas evito
completamente seu olhar. Eu sei o que está por vir, e só quando ela diz as
palavras que me arrependo de ter abraçado Evie.

— Você precisa de um, eu acho, — Ma diz com naturalidade. Ela pega o


molho e coloca uma pequena quantidade sobre o peru. Acredito que o galo fez
seu caminho para todos, menos para mim.

Tenho que reajustar Evie ligeiramente para que possa segurá-la contra
meu peito apenas com meu braço esquerdo.

Ignoro mamãe e digo: — É porque sou um aquecedor. Assim ela dorme.

Com a mão direita livre, corto o peru com o garfo e dou outra mordida.

— Você precisa de um, — diz Cheryl. Eu praticamente engasgo com o


peru. Eu fico olhando para ela na mesa, sentindo como se ela apenas me
apunhalou pelas costas.

— Os bebês são tão maravilhosos, — ela diz suavemente. Eu nem sei como
responder que ela está obviamente perturbada por falta de sono.
— Eu precisaria de uma esposa para isso. E estou bem com o estado atual
quando se trata disso. — Eu agarro meu copo na mesa e tomo um gole rápido,
sentindo meu corpo ficar tenso antes de colocar o copo na mesa.

Eu mantenho meus olhos no meu prato, ignorando todos os outros. Já


tivemos essa conversa tantas vezes. Repetidamente, por cinco longos anos.
Ambas as minhas irmãs são mais jovens, ambas seguindo em frente com suas
vidas da maneira que deveriam de acordo com esta pequena cidade.

Meus planos foram fodidos. Literalmente. E mamãe nunca deixa de me


lembrar que preciso voltar aos trilhos.

— Você sabe que vi a mãe de Susanne outro dia...

Corto minha mãe, sentindo a frustração de só querer comer uma maldita


refeição nesta casa sem falar daquela mulher.

— Prefiro não falar sobre isso ou sobre ela. — Eu a olho diretamente nos
olhos quando digo isso, e sei que Ma imediatamente se arrepende de tê-la
citado. Eu coloco meu garfo para baixo e começo a balançar Evie novamente
enquanto sua barriga ronca.

Não é que ela queira que voltemos. Eu sei disso. É que minha mãe quer
que eu seja feliz de novo, como fui com Susanne. Ou a maneira como ela pensa
que eu estava com ela.

Ma não tem ideia.

Esta cidade tem boa memória. Susanne e eu deveríamos ser exatamente


como Cheryl e Joseph. Namorados do colégio, juntos durante a faculdade,
casados aos 25 e um bebê pouco depois.
Aos trinta anos, sem planos de casamento, estou falhando nessas
expectativas.

Mas é o que acontece quando sua noiva e seu melhor amigo decidem que
deveriam ter um fim de semana com bebedeira na praia.

Todos sabem o que eles fizeram, mas ninguém fala sobre isso. Nem minha
família, nem a maior parte da cidade. É por isso que me mudei para a periferia
e comprei o maldito bar. Cinco anos depois, e a dor por ela ter me traindo quase
não existe. Estou entorpecido. Mas eu não sou idiota. Ambos podem ir para o
inferno.

Nem todas as mulheres traem. Eu sei disso, e estou superado. Não estou
com vontade de ter meu coração arrancado de novo. Não, porra, obrigado. Já
se passaram cinco anos desde que peguei aquele anel de volta e mostrei a porta
a Susanne... e chutei a bunda de Adam.

Por um segundo, apenas uma fração de segundo, vejo Grace em minha


mente. Eu a imagino distraidamente checando seu telefone com aquele olhar
triste no rosto. Ela nunca iria trapacear. Ela sabe o que ela quer. Suzanne não
tinha certeza. Isso é o que ela me disse. Eu era tudo o que ela sempre teve e
ela precisava ter certeza.

Eu fecho meus olhos enquanto calo Evie, forçando essa conversa fora da
minha cabeça, meus lábios perto de sua cabeça e minha mão direita
acariciando suas costas. Eu sei que Grace deve estar sofrendo por não poder
ter filhos. Ela falou sobre isso mais de uma vez para mim. Não gosto de ver
essa tristeza por trás daqueles lindos olhos de corça dela. Ela não me parece
uma mulher que trairia. Uma mulher como ela não está interessada em um
homem como eu. Ela quer um compromisso e um homem com estabilidade, e
de jeito nenhum vou conquistá-la sem prometer isso em troca.
Eu cometi muitos erros, fui queimado muitas vezes. O bar vai muito bem
em algumas semanas, não tão bem na próxima. Ela não me quer. Ela faria
bebês lindos, no entanto.

Evie começa a chorar um pouco mais forte no segundo que meu salto para.
Merda. Cheryl salta de seu assento com os braços abertos, pronta para tomá-
la. Eu não luto com ela e passo Evie de volta para ela.

Não estou pronto para um relacionamento, muito menos para ser pai.
Percebi que meu hábito nervoso é bater o pé, principalmente porque eu
continuo pegando-me fazendo entre goles de vinho branco enquanto estou
santada no do The Brick Store Pub, esperando meu par chegar. Ao meu redor,
há pessoas em movimento; garçons carregando bandejas de cerveja e comida
para as mesas, clientes indo para o banheiro ou escada acima para a cervejaria
belga com os chefs espiando na parte de trás para verificar a multidão.

Com calças elegantes de marinheiro vermelho escuro uma blusa creme,


eu realmente tentei ficar bonita. Eu debati em manter o terceiro botão aberto
para adicionar um pouco de sexy, mas optei por mantê-la modesta. Depois de
mais um gole de Zinfandel, chupo os dentes, hábito que reaparece quando me
sinto em desvantagem. Eu não namoro há quanto tempo?

Pelo menos eu cheguei na hora certa.

São sete e quarenta e oito, exatamente dezoito minutos depois que Jason
e eu combinamos de nos encontrar. Estou oficialmente nervosa agora e fico
checando meu telefone para ver se ele enviou mensagens. Tenho certeza que é
apenas trânsito. Bato os dedos contra o topo arqueado da barra, em forma de
ferradura e me impeço de bater o pé novamente. Os sapatos de salto alto
vermelhos são bonitos demais para atrapalhar um encontro que nunca
aconteceu. Penso em pedir uma segunda taça depois de terminar o vinho... ou
talvez uma bebida que estou olhando já que estou aqui há cerca de vinte e sete
minutos. Não que eu esteja contando.
Bem quando estou prestes a acenar para o barman, minha mão se
levantando, Jason aparece. Eu dou uma segunda olhada enquanto ele sorri
para mim. Seus olhos estão no mesmo nível dos meus, e eu tenho um metro e
sessenta. De jeito nenhum ele tem um metro e oitenta de altura, como diz seu
perfil de namoro.

Ele também é barrigudo e um pouco careca. Suas fotos deviam ser MUITO
antigas, como provavelmente foram tiradas na faculdade.

Ele ainda é fofo. Eu me lembro e forço qualquer sugestão de meus


pensamentos do meu rosto. Essas fotos, porém, não me prepararam.

Respirações profundas. Estamos fazendo isso!

Eu engulo e estendo minha mão para ele enquanto ele se aproxima, me


lembrando que aparência não é tudo. Mesmo que minhas fotos sejam recentes.

— Oi. Eu sou Grace, — eu digo, conseguindo sorrir, embora minha boca


esteja seca. Oh meu Deus, meu coração está acelerado com os nervos à flor da
pele.

— Ei, — ele diz, ignorando minha oferta de um aperto de mão. Em vez


disso, ele me aperta contra seu corpo, me abraçando com força. Oh, ele é um
abraçador. Minha voz interior parece tão chocada quanto eu. A risada nervosa
que me deixa provavelmente denuncia isso. Quando ele se afasta, com as mãos
ainda nos meus ombros, estou um pouco sem fôlego. — Eu sou Jason, — ele
diz com um sorriso, dando tapinhas em meus ombros antes de finalmente me
soltar.

Ele está vestindo shorts cáqui e uma camisa de botão azul, com óculos de
sol extravagantes espreitando do bolso. Ele joga as chaves do carro no bar,
certificando-se de que a insígnia do Porsche esteja visível. Do olhar em seu
rosto para o ar ao seu redor, esse cara é arrogante. Estou tão chocada que
minha boca está um pouco aberta, mas honestamente não posso evitar.

Os alarmes estão tocando na minha cabeça, me dizendo para sair, agora.


Ele não é nada como a pessoa que eu estive conversando.

— Que tal uma bebida? — Jason sugere. Eu poderia usar cerca de uma
dúzia agora para me acalmar, mas minhas pernas parecem gelatina.

Eu imagino Charlie, meu banquinho, um copo frio de algo que ele


preparou para mim.

Oh, meu Deus, eu pisco para longe minha loucura. Ansiar por Charlie é
literalmente insano.

— Hum, ok, — eu digo, pegando o menu para que eu possa pedir o especial
que eu queria e fingir que não estou presa a alguém tão indisponível.

— Não, não, — diz ele, brincando. — Vou escolher algo que você vai
adorar. Sou uma espécie de aficionado por cerveja artesanal. — Ele pega o
menu, sentando-se no bar antes de se virar para mim com um sorriso
encantador e dizer: — E eu sou muito bom em adivinhar o que as pessoas
gostam.

— Oh. Tudo bem.

Tento me livrar da primeira impressão desagradável que tenho, afinal,


Charlie me faz bebidas surpresa o tempo todo. E lá vou eu de novo... o que há
de errado comigo?
A bebida que eu estava planejando era algo chamado Burial Shasow
Clock, mas talvez ele saiba disso. Ou talvez ele me apresente algo que eu não
sabia que gostava. Esse pensamento me acalma e me vejo sorrindo. Dou outra
olhada em Jason, mas me vejo comparando sua mandíbula lisa com a barba
por fazer de Charlie e de repente eu preciso daquela bebida agora mesmo.

Eu deixo escapar um pouco da tensão em meu corpo e me sento ao lado


dele. Ficar positiva é meu principal objetivo. Jason não é bem como eu pensei
que ele seria, mas tenho certeza de que o mesmo é verdade para ele.

Ele folheia o menu e chama o barman, pedindo duas stouts4. O barman


pergunta se vai ser dinheiro ou cartão, e Jason olha para mim.

— O que vai ser? — Ele pergunta.

— Oh! Uhh... Visa, por favor. — Minhas bochechas esquentam de


vergonha.

Eu me viro e pego minha carteira da bolsa, tentando pegar meu cartão de


crédito para abrir uma conta. Já paguei pelo primeiro copo e fico olhando para
o copo vazio, desejando que estivesse cheio novamente. O sorriso tenso
permanece no meu rosto enquanto eu o entrego ao mesmo barman de antes. É
apenas quando o homem olha de soslaio para Jason que percebo que ele não
está pegando o cartão. Jason bate as mãos na parte superior do balcão e olha
além do barman para as telas de televisão atrás dele.

O barman me lança um olhar duvidoso, depois vai passar o cartão. Sacudo


o desconforto. Tudo bem. Vou buscar as bebidas e aposto que ele vai jantar.

4
As Stouts são cervejas de alta fermentação (tipo ALE), produzida com bastante malte torrado (ou cevada tostada), o
que lhe confere alto/médio corpo e sabor tostado, além de uma cor muito escura, que é a característica mais marcante
desse estilo.
Talvez seja assim que funciona normalmente? Ou talvez... talvez ele esteja
pensando em outra coisa, não sei.

Movendo-me desconfortavelmente no banquinho, tento me livrar dele.


Estou um pouco mais do que chateada por Jason presumir que eu poderia
pagar por sua cerveja enquanto vejo o barman serví-la, mas não tenho certeza
de como dizer isso. Eu olho para ele, mordendo meu lábio, e ele sorri.

— Gosto de deixar a mulher pagar a primeira conta, — diz ele. — Não que
eu não possa pagar uma bebida. É só, você sabe, descobrir se elas são
interesseiras, sabe?

Interesseiras? Uma bebida. Nada de jantar com esse cara, a menos que as
coisas mudem tremendamente. Fazendo a mim mesmo essa promessa, olho
entre o segundo olhar que o barman está dando ao meu par.

Jason me encara com expectativa, como se realmente quisesse uma


resposta ao seu comentário. Meus lábios se curvam em uma carranca parcial
quando eu digo, — Nós poderíamos ter dividido a conta.

— Sim, mas eu quero uma mulher que ganhe, você sabe o que quero dizer?
Uma mulher que sabe ser agressiva sobre o que quer.

Estou um pouco perplexa com isso e sei que isso transparece no meu rosto.
Felizmente, o barman aparece naquele momento, colocando duas cervejas
escuras na nossa frente.

Isso tem que ser nervosismo do novo encontro. Eu não poderia estar tão
errada sobre esse cara.

— Oh, — eu digo, olhando para a cor chocolate escuro da cerveja. Isso me


lembra um pouco de leite com chocolate por algum motivo. Eu normalmente
não bebo cerveja, mas quando eu bebo, sou o tipo de garota de cerveja pálida.
Sentindo meu nível de estresse subir mais e mais, eu franzo os lábios um pouco
e me pergunto o que estou fazendo aqui.

— O que está errado? — Jason pergunta, chamando minha atenção para


ele.

Há tantas coisas erradas, mas mantenho a resposta educada, —


Normalmente não gosto muito de cerveja escura, mas estou ansiosa para
tentar, — Um pequeno sorriso desliza no meu rosto quando ele sorri com a
minha declaração.

— Você vai, — ele balança a cabeça, pegando seu copo de cerveja para um
brinde. — O que devemos brindar?

— Que tal novas experiências?

— Não, não, — ele me corrige. — A nós.

Ele bate seu copo contra o meu e derrama um pouquinho da cerveja na


minha mão na parte superior do balcão. Posso praticamente ouvi-lo
bebericando ainda depois de tomar um gole da cerveja, ignorando a cerveja
derramada e simplesmente rindo dela. Dois pequenos guardanapos quadrados
são suficientes para limpar de qualquer maneira. O gosto amargo na minha
boca fica na minha língua. Sim, não, eu não gosto de cerveja escura.

Sento-me facilmente no banquinho enquanto tomo outro gole da cerveja.


É realmente como leite com chocolate... se o leite com chocolate for rançoso e
amargo.

Eu tomo mais um gole, pensando que talvez eu só precise fechar meus


olhos e deixar passar pela minha língua...
Não. Eu sento minha cerveja e a empurro, relegando-a para o outro lado
do bar.

— Não é do seu agrado? — Jason pergunta.

— Nem tanto, — digo, pegando o menu. — Você pode ficar com ela se
quiser?

Jason pega o menu novamente antes que eu possa pegar. — Deixe-me


escolher novamente.

Atropelada não é algo que estou acostumada a sentir, mas é exatamente


como me sinto agora e não posso evitar a carranca que sei se revela em minha
expressão.

Eu fico olhando para este homem e não sei o que fazer. Não estou
acostumada a ser uma megera em encontros, não que realmente tenha estado
em muitos, mas é exatamente como me sinto. Então, novamente, eu nunca fui
tratada assim. Meus lábios se abrem para dizer isso, mas ele já está acenando
para o barman e pedindo outra cerveja.

— Eu gosto de cervejas de trigo belgas, se isso ajuda, — eu digo para o


barman, assim que Jason termina de falar. Eu nem mesmo ouvi o que ele
disse.

— Basta trazer o que eu pedi, — Jason diz incisivamente.

O barman sente a tensão entre mim e Jason, então ele simplesmente


recua e serve outra cerveja. Na minha conta, presumo.

— Então, formalidades para o primeiro encontro, — diz Jason, como se


nada disso tivesse acontecido.
Eu estive em tantos encontros de merda na faculdade. Eles realmente não
importavam, já que eu não estava realmente procurando por um Sr. Certo
para sempre. Apenas um Sr. agora. Observo Jason enquanto ele fala e percebo
que este é provavelmente o pior começo para qualquer interação com qualquer
pessoa que já tive. Incluindo alguns dos meus piores clientes. Provavelmente.

— Vamos ver... estou em finanças mas não vou nem começar a explicar.
Não é nada que você possa entender. Sou de Atlanta, mas fui para a faculdade
e depois voltei. — Jason não olha para mim enquanto recita o que é
provavelmente uma introdução ensaiada, gesticulando com as mãos enquanto
bebe a cerveja. — Eu fui para Westminster, é claro. Seguido por Columbia e
Yale, para a escola de negócios. Voltei para ajudar meu pai a administrar sua
empresa. Eu estive em todos os lugares. Você escolhe, eu estive lá. Eu passo
meus fins de semana no meu barco. E você? — Ele finalmente olha para mim.
Eu respiro, meus dedos emaranhados no meu colo. Em toda parte? Ele esteve
em toda parte? A irritação se apodera de mim.

— Bem... eu também sou de Atlanta. Eu fui para a Decatur High School

— Uma escola pública? — Ele interrompe.

Eu espero um momento para responder a ele, o calor do meu corpo


aumentando. — Sim. Eu também fui para a Universidade de Brenau

— Você foi para onde? — Ele pergunta, seu nariz enrugando.

— Brenau? É uma faculdade para mulheres.

— Oh, uma escola para meninas, — diz ele, batendo a mão na parte
superior do bar e inclinando-se um pouco em seu banquinho. Eu sorrio
levemente.
— Na verdade, é uma faculdade particular. — Foi para onde eu fui antes
da Rhode Island School of Design. Ambas são instituições muito boas, e estou
orgulhosa de ter sido aceita por elas.

Ele realmente revira os olhos enquanto toma outro gole da cerveja, aquela
pela qual eu paguei, e diz: — Sim, ok.

Eu preciso seriamente sair daqui.

Ele leva um momento para saborear sua cerveja. Eu fico de pé, colocando
minha bolsa no ombro. A raiva está apenas fervendo sob a superfície. Nunca
fui tratada tão mal na minha vida.

— Onde você vai? — Ele pergunta, surpreso.

— Vou embora, — digo.

— Espere! Você não pode simplesmente sair assim, no meio do nosso


encontro! — Ele tem a coragem de levantar a voz alto o suficiente para chamar
a atenção dos homens ao nosso redor.

Eu aceno meu braço freneticamente para o barman, não porque ele não
veja, mas mais do que provavelmente por causa dos nervos correndo através
de mim. — Eu gostaria de encerrar.

Uma noite com Diane teria sido realmente melhor do que isso.

O barman deve ver minha frustração de onde ele está servindo bebidas
no bar, porque ele diz: — Está certo, é por conta da casa.

— Obrigada! — Digo para ele e desejo que saia menos instável. Ele é
literalmente meu herói agora por não me fazer esperar mais um segundo com
o idiota que já virou as costas para mim para perguntar a uma mulher alguns
lugares abaixo se ela quer uma bebida que ele acabou de pagar.

Eu nem me preocupo em corrigi-lo; ele não está ganhando mais um


segundo de mim.

Apressando-me para entrar no meu carro, saio do estacionamento,


sentindo-me completamente doente com o que acabou de acontecer. Isso
aconteceu mesmo? Isso foi real, não foi?

Descrença me consome enquanto eu solto um suspiro e meu carro atinge


a interestadual. Estou quase no piloto automático, dirigindo no trânsito
noturno, enquanto minha mente está em outro lugar, tentando esquecer que
primeiro encontro miserável foi aquele. Eu me acomodo em meu assento e
tento me acalmar enquanto vejo a hora no painel.

Não quero ir para casa e ficar sozinha depois dessa besteira. Eu sei que
há apenas um lugar onde eu quero estar agora, e apenas o sorriso de um cara
que eu quero ver...
Encontrei a mulher perfeita para você.

Ela vai ao casamento.

Inclinando-me para a frente no bar com a cabeça na minha mãos, eu gemo


quando leio os textos da minha mãe. Eu gostaria que ela simplesmente
deixasse isso pra lá. Não tenho tempo ou energia. Não estou pronto para nada
sério. Ela já me mandou duas mensagens desde que saí da casa dos meus pais
para voltar ao trabalho.

— Bem. — A banqueta do outro lado do bar range enquanto ela continua.


— Parece que você está tendo um dia ainda pior do que o meu.

A voz suave de Grace faz um sorriso brincar em meus lábios. Eu levanto


minha cabeça lentamente, ainda descansando meus antebraços no balção, e
olho para cima para ver os lindos olhos azuis que eu sabia que estariam lá
olhando para mim.

— Você não tem ideia, — digo a ela enquanto empurro a barra do balção
e paro no meio da resposta à minha mãe.

Grace vira o ombro para mim, o cheiro de seu perfume flutuando em


minha direção. Seu cabelo comprido cai no seu ombro e expõe mais da pele nua
de seu pescoço esguio. Tudo o que posso ouvir é o farfalhar em sua bolsa
enquanto ela procura seu cartão. Este lugar está lotado, mas vê-la depois do
jantar que tive esta noite... é como se ninguém mais estivesse aqui.
Uma pequena risada vem do fundo da minha garganta. Grace tem alguns
hábitos, e um deles é que ela sempre coloca a conta no cartão quando está
pedindo comida.

— O especial? — Eu pergunto a ela. Eu ando para trás em direção às


portas duplas que levam aos fundos.

Ela olha para mim, ainda curvada sobre sua bolsa e sorri largamente. —
Claro.

Tiras de frango e batatas fritas. É o nosso especial às terças-feiras e Grace


sempre recebe o especial. Eu grito para trás, empurrando as portas abertas,
então pego o cartão dela para fazer o pedido.

— O que você vai beber, querida? — Eu pergunto, olhando para ela do


outro lado do bar. Eu tenho que levantar minha voz e vejo alguns dos homens
olhando para mim e notando-a.

Eles são clientes regulares e voltam a comer e beber rapidamente, mas


ainda sinto um aumento sutil de emoção. Não sei qual é a emoção, mas a ignoro
quando ela responde que vai tomar uma cerveja.

— Já a tem. — Vou para as cervejas engarrafadas. Ela gosta da variedade


mais leve com um pouco de cítrico. Uma noite, ela passou por quase todas as
cervejas pálidas em uma missão para encontrar sua favorita. A tampa abre e
eu jogo no lixo antes de entregar a ela a garrafa gelada.

— Você quer um copo? — Eu ofereço, embora tenha certeza de que ela não
quer.

Balançando a cabeça, ela responde “Não” e pega a cerveja. Seus dedos


roçam minha mão e um choque me percorre. Uma corrente aquecida acende
uma chama no meu sangue. Não há razão para isso. Foi apenas o mais básico
dos toques, mas puta merda as faíscas estavam lá.

Um rubor violento aquece seu rosto e me pergunto se ela também sentiu.


Eu espero um segundo enquanto ela limpa a garganta e desvia o olhar, mais
tímida do que o normal, apesar de estar vestida com esmero em alguma roupa
sexy que nunca vi antes, uma calça vermelha escura e uma blusa creme clara.

— Charlie! —Quase desabo ao ouvir meu nome, trazendo-me de volta ao


presente. Frankie chama meu nome do bar. Ele está bem no final, mas não
precisa gritar tão alto.

— Sim? — Tenho que me afastar de Grace para caminhar em direção a


ele, o que provavelmente é bom, considerando como ela desviou o olhar quando
nossos dedos se tocaram. Minha pele fica mais quente a cada segundo que
passa. Eu quero me virar e posso sentir seus olhos lindos em mim, desejando
que eu olhe para ela.

— Mais um? — Ele me pergunta, em vez de me dizer.

Eu me inclino contra o bar e encolho os ombros. — O que você quiser.

Ele balança a cabeça enquanto empurra sua garrafa de cerveja vazia em


minha direção. Levo menos de um minuto para pegar outra bebida para ele.

As portas traseiras rangem atrás de mim, significando Maggie saindo por


trás, deixando a porta dupla abrir e fechar descuidadamente enquanto ela
equilibra o pedido de Grace em suas mãos.

Eu sou rápido para pegar o prato com as duas mãos para ajudar Maggie.
— Eu tenho isso, — eu digo a ela, mesmo quando o olhar cético atinge
seus olhos e sobrancelha inclinada. Maggie limpa as mãos no avental e acena
com a cabeça, o olhar não a deixando, mesmo quando ela me deixa para voltar
para a cozinha.

O cheiro de batata frita, frango e bacon me acorda de cara. Ainda estou


cheio do jantar, mas com certeza vou roubar algumas batatas fritas de Grace.

Um sorriso cruza meus lábios quando coloco o prato na frente dela,


lembrando-me da primeira vez que ela pediu o especial de terça-feira. Ela
praticamente me ameaçou se eu não comesse algumas batatas fritas com ela.

Foi a segunda noite em que ela entrou aqui. Lembro-me da primeira


porque ela veio com uma amiga. Ela é quase o oposto de Grace. Lembro-me de
ter pensado que não fazia sentido que as duas fossem amigas. Havia uma
terceira com elas, mas ela saiu mais cedo. Deixando a loira barulhenta e uma
Grace envergonhada.

Na noite seguinte, Grace voltou sozinha e tenho que admitir que estava
curioso sobre ela. Ela deve ter me ouvido dizer a alguém que eu ainda não
tinha jantado.

Isso acontece muito quando você gerencia muito. O tempo simplesmente


passa.

Ela me chamou e disse que era comida demais para ela. Recusei
educadamente, mas ela não aceitou. Essa coisinha doce me disse que eu
precisava comer, e ela denunciaria meu gerente se eu não o fizesse. Acho que
nunca sorri tanto antes.

Ela realmente é um amor.


— Então você está tendo um dia ruim? — Eu pergunto a ela. Eu puxo
minha banqueta para perto dela, grato por sentar e pensar em algo diferente
do trabalho e da mensagem da minha mãe. Se ela não estiver aqui por volta
das seis horas, talvez seis e trinta, presumo que ela não venha. Às vezes, ela
me surpreende com uma chegada tardia, como esta noite. Ela está aqui um
pouco mais cedo do que a hora do movimento, felizmente, James realmente
veio esta noite. Tenho tempo e agora um homem livre para esta noite. Não
havia nenhuma maneira de colocá-lo no cronograma sem ter voltado para o
caso de ele não aparecer. Eu disse a ele que há um sistema de três golpes
agora, ele já tem um a menos. Ou ele se molda ou vai embora.

Grace revira os olhos antes de pegar uma tira de frango. Quando ela
começa a falar, percebo que esqueci o sal. Essa mulher gosta de seu sal.

— Então, saí em um encontro esta noite. — Ela solta um suspiro pesado


quando eu a deixo por três segundos para pegar o sal e a pimenta, embora ela
não vá usá-los, e eu sinto minha mandíbula apertar um pouco mais com a
palavra, “encontro”.

A banqueta do bar se inclina sobre duas pernas quando eu alcanço e pego


a garrafa de ketchup nesta metade do balcão e coloco na frente dela.

— Obrigada, — diz ela educadamente. Ela sempre cobre suas porções de


frango com sal. Sem ketchup, são para as batatas fritas. Sem molho de
churrasco. Só um pouco de sal.

— Oh sim, um encontro? E quem é este Príncipe Encantado? — Estou


surpreso com o ciúme que sinto quando olho para trás, para seus lindos olhos,
enquanto ela ergue uma sobrancelha como se dissesse, “você não tem razão
para ter ciúmes”.
— Foi horrível, — diz ela comicamente e um sorriso genuíno enfeita seus
lábios enquanto ela solta uma risada feminina. Uma onda de alívio passa por
mim. Segurando na beirada da banqueta do bar e espalhando minhas pernas
um pouco mais, eu a ouço me contar sobre esse cara, Jason.

Eu roubo uma batata frita e depois outra. Cada vez, isso só a faz sorrir
mais. Depois de algumas batatas fritas, lembro-me de como estou cheio do
jantar Eu sei que não estou com muita fome, mas estou acostumado a roubar
um pouco de seu prato quando ela pede comida. Acho que ambos temos alguns
hábitos agora.

— E depois? — Eu pergunto a ela querendo saber mais sobre esse


encontro horrível.

Eu me pergunto como foi a partir de sua perspectiva. Se ele realmente a


viu como ela é. O pensamento faz meu coração dar um pulo, mas eu mal
percebo quando sua mão toca distraidamente na minha novamente e ela se
inclina. As faíscas ainda estão lá, mas eu sou melhor em esconder que
aconteceu desta vez.

— Não posso nem te dizer, — ela afirma e fica animada enquanto fala. —
Era apenas algo sobre ele. Ele era tão... tão... arrogante e convencido. Ele foi
rude. — Ela franze os lábios por um minuto. — E ele estava definitivamente
ficando careca.

Soltando uma risada, eu observo o bar com um sorriso. O chão está


coberto, os clientes estão sendo servidos e Frankie vai precisar de outro em
cerca de cinco minutos.

Meu telefone toca e eu o verifico distraidamente, esquecendo que estava


no meio de uma conversa com mamãe antes de Grace entrar.
Eu sei que você recebeu a mensagem, Charlie. Estou apenas
tentando ajudar.

Excluindo o que eu ia enviar antes, mando uma mensagem para minha


mãe de volta: eu sei Ma. Te amo e aperto o botão lateral do meu telefone,
empurrando a barra do balcão para pegar uma água. Eu realmente gostaria
de uma cerveja, mas há muito tempo aprendi a não deixar isso acontecer no
trabalho. Eu tenho que dar o exemplo. Se você está trabalhando, não está
bebendo.

— O que está errado? — Grace pergunta. Pego uma garrafa de água na


geladeira embutida.

Eu não respondo imediatamente. Em vez disso, giro a tampa e tome um


gole e depois outro. Eu realmente deveria pegar uma Coca; eu preciso de
cafeína. Dando a ela um encolher de ombros, coloco a garrafa embaixo do
balcão e faço meu caminho de volta para o banquinho na frente de Grace. Meus
olhos viajam para o relógio na parede lateral. Vai ficar muito ocupado em
breve.

— Não é nada. Só minha mãe me checando, — eu digo.

A expressão de Grace não revela muito, mas ela mantém olhando para
mim. Ela ergue uma sobrancelha, pressionando-me por mais informações.

Uma risada fácil ressoa pelo meu peito enquanto pego a garrafa e tomo
outro gole. — Minha irmã vai se casar e minha mãe acha que ela vai me
arrumar no casamento.

Grace deve se divertir muito com isso, a julgar pelo enorme sorriso em seu
rosto. Nunca percebi como o sorriso dela é perfeito. Droga, aqueles olhos de
corça brilham também. Eles estão brilhando com felicidade enquanto ela bate
palmas uma vez e sorri.

— Você acha que é engraçado que ela esteja tentando me conectar com
alguém? — Eu provoco ela. — Melhor do que OK Cupid ou o que quer que você
esteja usando.

Suas sobrancelhas levantam e ela franze os lábios antes de pegar outra


batata frita e mordê-la. Ela abana a metade da batata frita para mim antes
de admitir: — Você provavelmente está certo.

Fico quieto por um momento e meu telefone toca novamente.

Nós dois olhamos para ele no balcão, mas não viro para ver o que mamãe
disse. Provavelmente é apenas “Eu também te amo”.

— Você provavelmente deveria responder a ela, — Grace diz com um


sorriso malicioso.

Eu roubo duas batatas fritas e as coloco na boca, olhando para ela o tempo
todo.

Ela me olha boquiaberta. Ela olha para o telefone como se fosse atender,
mas não o faz. Eu gosto desse lado mais agressivo e competitivo dela.

Ela não empurra, porém, em vez disso, ela toma um gole de sua cerveja.

Pego meu telefone, cedendo e não perco o sorriso no rosto de Grace


enquanto ela toma outro gole de sua cerveja. Na verdade, há duas mensagens
esperando por mim:

Eu também te amo. Mas, falando sério... Ela é muito legal e está


disponível!
Você deveria conhecer a garota de quem mamãe está falando.

Essa segunda é de Ali. Jogo o telefone no balcão e solto um suspiro de


frustração. Eu sei que elas estão apenas brincando e estão apenas tentando
ajudar, mas não estou interessado. Uma luz se acende na minha cabeça, e
finalmente pego o telefone e digito uma resposta.

Já estou saindo com alguém. Então, eu não preciso de um


encontro.

Nem trinta segundos depois de colocar o telefone pra baixo, ele toca
repetidamente.

O que?

Quem?

Quando você ia me contar sobre isso?

Ela vai ao casamento?

— Oh meu Deus. — Os olhos de Grace se arregalam, embora ela não


consiga conter o sorriso largo em seu rosto. — O que você disse a ela?

Sentando-se ereta em seu banquinho, ela se inclina para olhar enquanto


outras mensagens de texto chegam.

Observo sua reação enquanto ela as percorre delicadamente, apenas


usando o dedo indicador e deixando o telefone no balção. Fico surpreso quando
o sorriso desaparece de seu rosto e ela lentamente se senta novamente em seu
banquinho.

Por que você não me contou?


Eu não acredito em você...

Traga a garota para o casamento, ou então!

— Então você tem namorada? — Ela me pergunta baixinho. Não tenho


certeza se estou imaginando a dor ali, ou se é genuíno.

Pego o telefone e leio as mensagens novamente enquanto atendo. — Não,


sem namorada.

— Então você mentiu? — A felicidade volta quando ela morde o lábio


inferior, seus olhos em mim.

Eu deixei escapar uma pequena risada. — Sim. Mas agora estou ferrado.

— Basta dizer que ela não pode ir. — Grace dá de ombros, pegando uma
batata frita e mastiga no final. Ela não tem ideia de como minha família será
inflexível em conhecer essa nova namorada. Não consigo pensar no que estava
fazendo. Talvez eu esteja apenas sem dormir.

Depois de pegar uma cerveja para Frank e perguntar a alguns clientes se


eles precisam de alguma coisa, volto para Grace com a verdade inevitável: —
Eles vão querer uma prova.

— O que? — Ela diz como se eles fossem loucos.

— Você não cresceu em uma cidade pequena, não é? — Eu pergunto a ela.


Ela não tem ideia de como é. Quando todos sabem tudo, e a notícia se espalha
mais rápido do que um incêndio na floresta durante uma seca.

Ela balança a cabeça, terminando a batata frita e pegando um dos últimos


pedaços fritos restantes da delícia.
— Eu cresci em Ellijay. Minha família é intrometida, mas toda a cidade
também. Todo mundo conhece os negócios de todo mundo. — Eu paro,
considerando. — Eu não deveria ter dito a eles que estou saindo com alguém.

Grace chupa a ponta de seus dois dedos rapidamente, provavelmente para


aquele último pedaço de sal, e meus olhos são atraídos para sua boca. Ela não
quis ser sexual enquanto lambia o sal para limpar, mas eu seria amaldiçoado
se isso não me excitasse.

— Tire uma foto nossa, — ela oferece, levantando os ombros com


indiferença. — Vou fingir que sou sua namorada para a foto e aí está a sua
prova.

Ela pisca para mim e pega sua cerveja, embora aquele lindo rubor volte
com força total.

Parece um desafio e estou feliz por aceitá-lo. Pego o telefone e chego mais
perto dela. Sorrindo, tiro algumas fotos.

Quando me sento novamente em meu assento, dou uma olhada nelas; isso
está certo. Ela está bebendo sua cerveja, embora ainda sorria. Ela parece doce,
feliz até. Acho que mamãe gostaria dela.

— Isso vai tirá-los da suas costas, — diz Grace. Há aquele mesmo desafio
escondido em sua voz, mas o efeito é esmaecido quando ela desvia o olhar e
morde o lábio inferior. Minha querida tímida.

Quando clico em enviar, Grace termina a sua cerveja. Não hesito em


conseguir outra para ela. Eu sei que ela quer.
Desta vez, quando nossos dedos se tocam, não solto a garrafa. Ela puxa
um pouco mais forte, então percebe que estou brincando com ela. O sorriso
ilumina seu rosto e as mensagens iluminam meu telefone no bar.

Grace agarra antes que eu possa, largando a cerveja.

Sua boca forma um lindo “O” enquanto ela olha boquiaberta para a tela.
Eu só posso imaginar seus lábios em volta do meu pau assim. Eu
vergonhosamente ajusto meu pau endurecido na minha calça jeans enquanto
ela aponta para o telefone, completamente inconsciente. Droga, eu quero essa
garota. Como eu não a quis tanto antes desta noite?

— Elas realmente querem que eu vá ao casamento, — ela brinca e sua


risada doce é música para meus ouvidos.

— Faltam duas semanas, — eu digo e então tomo um gole de sua cerveja.


Eu não deveria, mas é apenas um gole. E é dela. — Você realmente quer
interpretar minha namorada por duas semanas e ir ao casamento comigo?

Eu faço a pergunta de brincadeira, mas há uma dica séria escondida nela.


Um desafio.

— O que eu ganho? — Ela pergunta.

— O que você quer? — Meu pau se contorce em minhas calças com o


pensamento dela respondendo com aquele desejo que vejo em seus olhos.

— Deixe-me pensar sobre o que eu quero, — ela responde em uma voz


suave.

Ela pega a penúltima batata frita e observa enquanto eu lentamente


alcanço a última.
— O que é que você ganha de novo? Você está disposto a fazer algo por
apenas um encontro? — Ela pergunta, forçando meus olhos a alcançar os dela.

— Não. É mais do que apenas um encontro. É minha família fora das


minhas costas.

Eu aceno para o telefone e mordo a batata frita enquanto espero por sua
resposta. Diga-me o que você quer, querida. Eu vou dar para você.

— Ok, então... você tem um acordo.

— Qual é a minha parte no negócio? — Eu pergunto a ela com um sorriso


no rosto.

Ela morde o lábio inferior e eu sei que o que ela quer está bem ali, na
ponta da língua, mas ela não quer dizer. Eu sei o que ela quer. Ela quer ir para
baixo, ficar toda enrolada nos lençóis com o homem que pensa que sou. Tudo
o que ela precisa fazer é pedir. Inferno, ela pode me ter todas as noites durante
essas duas semanas e mais um pouco.

— Vou descobrir alguma coisa, — diz ela, remexendo-se na banqueta.

Estou brincando com fogo, sabendo muito bem que essa garota quer se
acalmar. Ela não quer acabar comigo, disso eu sei. Mas eu vou jogar junto.

Isso tudo é para se divertir. Eu só preciso me lembrar disso. É apenas um


acordo entre bêbados; provavelmente nem vai acontecer.
Eu quero que você me engravide.

Eu podia sentir as palavras na ponta da minha língua quando eu estava


fazendo um acordo com Charlie, até embora eu saiba que não é realista e soa
absolutamente insano.

1. Não é uma troca equilibrada.

2. Um bebê não é uma decisão a ser tomada em um bar com uma espécie
de amigo.

3. Eu oficialmente perdi minha cabeça.

Vou descobrir como vou lidar com meus... problemas. Mas, por enquanto,
estou focando no positivo. Eu tenho um encontro... mais ou menos. É só fingir,
mas... sim, vou tratar isso como um encontro, porque caramba, eu quero um
bom encontro e uma atualização sobre exatamente como namorar.

Enquanto dirijo para o Mac’s, não posso evitar o sorriso que ilumina meu
rosto. É bobagem, eu sei. A própria ideia de Charlie ter um encontro comigo é
risível. Entendi.

Mas ainda deixo minha imaginação correr solta enquanto dirijo de volta
para a cidade.

Fantasias sobre Charlie me pegando para o casamento passam pela


minha cabeça e eu simplesmente rio disso. Eu usaria um lindo vestido azul
claro, rendado mas não escandaloso, e salto azul escuro. Um grito inebriado
me deixa quando me imagino abrindo a porta da frente do meu apartamento,
e ele leva um momento para olhar para mim. Realmente olha para mim e bebe-
me.

Parado lá em seu smoking de casamento, eu presumo... já que ele


provavelmente é um padrinho do casamento, ele parece fodidamente elegante.
Na fantasia, mordo meu lábio e olho para baixo, tentando não mostrar a ele
todas as emoções logo abaixo da superfície.

Ele assobia, longo e baixo. Meus olhos movem para cima, pegando os dele.

— Droga, você é o tipo de garota com quem eu gostaria de namorar, — diz


ele. — Na verdade, acho que você ficaria ainda melhor se estivesse carregando
meu filho...

Eu não posso deixar de rir alto no meu carro enquanto paro no meu
estacionamento. Meu devaneio se dispersa, desaparece como fumaça. Que
ridículo!

Ok, então o verdadeiro Charlie definitivamente não diria isso e não é


assim que as coisas vão acontecer, mas eu prefiro pensar nisso do que no meu
quase esquecido encontro de hoje à noite. Minhas bochechas doem de tanto
sorrir quando desligo o carro e balanço a minha cabeça. Eu preciso colocar
minha cabeça no lugar, porque ir ao casamento da irmã de Charlie nem é um
encontro real. Provavelmente nem estou no radar dele, pelo amor de Deus. É
apenas flerte sem sentido. Pelo que sei, ele não vai realmente levar a cabo este
plano.
Sim, definitivamente não vai acontecer e está tudo bem. É divertido
sonhar acordada. Contanto que meu coraçãozinho bobo se mantenha sob
controle. Charlie é um amigo e nada mais.

Suspirando ao sair do carro, tranco a ideia ao mesmo tempo que tranco o


carro e subo os dois lances de escada até meu apartamento. Só no décimo
degrau sinto o peso das bebidas que tomei. Não estou muito embriagada, mas
estou mais cansada do que imaginava. Normalmente não fico fora tanto
tempo, mas esta noite, eu não queria ir embora.

Está tranquilo esta noite, a cidade embalada para dormir por um longo
dia de correria constante.

A brisa está boa esta noite também. As chaves tilintam enquanto as jogo
na tigela da mesa da frente ao lado da minha bolsa.

Iluminando meu minúsculo estúdio com um toque no botão, eu observo


tudo com novos olhos, como Charlie veria pela primeira vez. Uma vez, achei
romântico o fato de que minha cama dá para uma escada de incêndio. Eu
gostava do jeito que minha cozinha é apenas um pequeno bar, com frigobar e
fogão.

Eu costumava ficar encantada com o banheiro minúsculo, pintado em um


tom suave de roxo com azulejos brancos retrô. Quando encontrei este lugar,
fiquei feliz por ter algo na cidade grande que pudesse chamar de meu.

O colchão geme quando me sento na cama branca com babados e tiro os


sapatos. Eu os chuto para a parede onde tenho meu “armário”, ou seja, uma
prateleira suspensa entupida e pronta para tombar. Esfrego os olhos para
tirar o sono e, em seguida, dou uma boa olhada no espaço que passei tanto
tempo fazendo-o meu.
Eu sei que tenho que mudar logo. Moro aqui há quase quatro anos e foi
ótimo na faculdade e nos dois anos seguintes. Mas agora eu tenho um trabalho
de verdade e estou bem, então...

Eu preciso pensar seriamente em me mudar.

O peso do dia me atinge enquanto me dispo e rastejo para a cama, me


perguntando para onde devo ir. Escalando sob o edredom, a resposta é óbvia
para mim e a vizinhança em torno do Mac pisca em minha mente. Há muitas
casas lindas para alugar em Vinings.

Meu rosto fica vermelho quando eu percebo que estou fantasiando sobre
morar perto de Charlie, mas não é como se eu não tivesse pensado em morar
lá antes de colocar os olhos no homem. Eu me acomodo de lado, olhando pela
janela para a saída de incêndio.

Eu imagino morar perto o suficiente de Charlie para que ele pare tarde
da noite, seus ombros largos e sorriso silencioso preenchendo minha porta. Eu
gemo alto, virando-me de costas.

Charlie, Charlie, Charlie... Eu tenho uma mente focada hoje.

O casamento da irmã dele não é um encontro! Eu preciso lembrar isso,


para enfiar na minha cabeça dura.

Ele apenas me pediu para pacificar sua família e não marcar um encontro
às cegas. Enquanto olho para o teto, honestamente não posso acreditar que ele
me perguntou, ou que eu disse sim. Mas depois que ele mandou uma foto nossa
juntos para a mãe dele, foi meio difícil dizer não. Definitivamente, culpo o
álcool e o sorriso com que Charlie me deu.
A combinação dessas duas coisas é suficiente para fazer qualquer garota
baixar a guarda.

Eu sou frequentadora do Mac por tempo suficiente para que, se ele


estivesse a fim de mim, ele já teria me convidado para sair antes. E não seria
um negócio estúpido manter sua família longe das costas dele.

As preocupações e ansiedade associadas à fertilização In Vitro e saber que


deveria congelar meus óvulos voltam e me atingem como uma tonelada de
tijolos... ou talvez como entrar direto em um banho frio. Nem considerei que
precisarei de um lugar maior para morar se ficar grávida. Uma casa nova com
cômodos separados, que pudesse acomodar um berçário, ao contrário do meu
estúdio.

Estou tão pronta para ser mãe no fundo do meu coração, mas não pronta
em um nível prático. Há tantas coisas que precisam mudar antes que eu possa
ter um filho.

Um ruído estrangulado de frustração sobe pela minha garganta e eu pulo


para pegar meu celular na bolsa. Como esqueci de carregá-lo? Voltando para a
cama, abro o aplicativo de namoro Tinder, o longo fio do carregador indo até o
meio da cama é perfeito.

Eu franzo meus lábios enquanto passo por vários caras. Eu deslizo para
a esquerda para passar, para a direita para potencial. Eu deslizo para a
esquerda várias vezes, parando em um cara gostoso. Cabelo escuro, bronzeado,
parece alto pelas fotos...

Mas vejo que ele está visitando Atlanta neste fim de semana, é do Texas.
Eu deslizo para a esquerda com pesar, recusando-o. Há meia dúzia do mesmo
tipo de homem, um cara gostoso apenas procurando uma garota para mostrar
a cidade para ele no fim de semana.

Não para mim, infelizmente. Eu deslizo por mais alguns minutos, então
o Tinder me avisa que estou sem encontros. Eu me rendo e finjo que não fiz
isso apenas para me convencer de que não estou presa a Charlie e qualquer
potencial lá. Caramba, eu nem tenho o número do telefone dele.

Talvez seja loucura pensar que posso conseguir um bebê e o homem dos
meus sonhos da mesma pessoa. Talvez eu pegue um gostoso mais tarde, depois
de ter um bebê sozinha.

Eu me imagino com um bebê sorridente em meus braços, nós dois além


da felicidade. Eu realmente não preciso de um cara para me dar isso, preciso?
Talvez congelar meus óvulos esperando pelo homem não seja o caminho a
percorrer.

Obviamente, conseguir um doador de um banco de esperma é caro e


clínico. Eu nunca considerei isso uma opção, mas quanto mais eu penso sobre
isso...

Meus olhos voltam para o meu telefone. Eu poderia conseguir um doador


sozinha, à moda antiga. Ficar com um cara super gostoso e super inteligente
sem proteção. Um cara como Charlie.

Mordendo meu lábio, eu sei que isso é tãããão errado.

1. Eu teria que dizer a ele.

2. Definitivamente não seria seu namorado de mentira porque... sim, de


jeito nenhum. De jeito nenhum isso funcionaria.
Um pequeno pedaço de mim se pergunta, se eu apenas perguntasse a ele,
e ele diria que sim?

Ele é mais quente do que fogo, inteligente e dirige seu próprio negócio.
Além disso, Charlie não faria tantas perguntas sobre um bebê, certo? Talvez
ele faça isso em troca de eu ajudá-lo? É uma loucura. Tenho certeza que ele
pensaria que eu era uma porra de uma lunática.

Tenho certeza de que há um formulário de consentimento ou... coisa legal.

Oh meu Deus, estou literalmente perdendo o controle. Puxando minhas


cobertas em volta de mim, eu bufo: “eu oficialmente fui para o fundo do poço”,
para ninguém. Validando ainda mais o fato de que perdi a cabeça.
— Você nunca dorme? — A voz de Maggie ressoa na sala dos fundos.
Olhando por cima do ombro para vê-la e sua camiseta amarela brilhante
ostentando uma cervejaria na frente, coloquei a caixa de cervejas artesanais
da mesma marca no chão do estoque. É uma empresa local que um amigo de
Mags começou há alguns anos. Muito bom também. As garrafas chacoalham
ligeiramente quando me levanto, esticando minhas costas.

— Bom dia, — digo a ela, sufocando meu bocejo. Meu turno de ontem à
noite terminou por volta das três da manhã, mas os caminhões de comida
estarão aqui logo. Fazer o inventário era mais importante do que dormir,
aparentemente.

Maggie coloca sua bolsa no banco comprido do lado de fora da porta do


meu escritório. A cozinha e a despensa encontram-se numa zona e o meu
escritório fica nos fundos. Não é a melhor configuração, mas funciona.

Há tantas coisas que eu mudaria se pudesse. Um dia. Aos poucos, vou


fazendo tudo. Um suspiro de gratidão me deixa enquanto eu estalo meu
pescoço e passo por ela para pegar meu café. Não acredito que já são oito. Eu
preciso ir para casa, ir para minha cama e realmente dormir. Mas primeiro,
café. Preto com muito açúcar.

O pensamento de dormir e enterrar minha cabeça em um travesseiro


força outro bocejo a rastejar sobre mim, e eu cubro minha boca, olhando para
a porta dos fundos que leva ao estacionamento e, portanto, meu carro antes de
trazer a caneca de café aos meus lábios. Está morno agora, um pouco frio até.
Eu bebo mesmo assim. Estou acostumado a tomar cafeína, mas posso obtê-lo
neste momento.

— Bom dia para você também, — Maggie diz com um tom que combina
com o olhar preocupado em seu rosto. Eu ignoro isso. Maggie está sempre
preocupada com alguma coisa. Se não sou eu, é outra pessoa.

— Você está bem para preparar a comida quando os caminhões chegarem?


— Eu pergunto enquanto atravesso a cozinha até a pia. — James deve estar
aqui para o trabalho pesado e vou esperar ele entrar antes de deixar tudo para
você. — Ela já fez isso antes e eu confio nela mais do que em qualquer pessoa
para fazer isso direito.

Eu enxáguo a caneca antes de colocá-la na máquina de lavar louça e,


quando ela não responde, sei que ela está esperando que eu desligue a torneira
e enfrente-a. Que é exatamente o que eu faço. Encostar na pia me deixa muito
mais cansado.

— Eu estou. E você não precisava fazer isso, — diz ela, gesticulando para
fora.

Eu encolho os ombros. Jogando o pano de prato para baixo, eu me desloco


da pia. Eu tenho uma série de problemas, eu sei disso porque minha irmã e
Mags são muito boas em apontá-los. Uma delas é que não gosto de repassar
responsabilidade. É muito importante. Este bar é o que eu tenho. É tudo o que
tenho.

— Você tem problemas de controle, — Maggie me diz. Ok, então eu tenho


os problemas do bar e de controle. Estou bem com esses dois. Ela verifica uma
das caixas mais perto dela, espiando e acenando com a cabeça antes de cruzar
os braços sobre o peito.

— O que mais vou fazer além de manter meu bebê em forma? — Eu


pergunto. Estou tentando ser alegre, mas a pergunta faz meu estômago
afundar.

Não tenho ninguém esperando por mim em casa e nada para fazer além
de cuidar do bar. Isso nunca costumava me afetar, mas o pensamento está me
fazendo duvidar de tudo enquanto fecho a caixa que ela acabou de abrir.

Esse sentimento dentro de mim me lembra a Grace de todas as pessoas.


A dor em meu peito que surge do nada. Já se passaram dois dias desde que
tivemos nosso momento e tiramos aquela foto e tudo. Ontem à noite ela entrou
por um momento, mas não ficou muito tempo. Nós estávamos cheios também.
Eu mal tive a chance de falar com ela.

— Você precisa de um hobby, Charlie... uma namorada. — Ela acrescenta


a última parte baixinho, mas eu ouvi e a sutil escavação em seu tom. Dando a
ela um olhar de lado, eu a observo enquanto ela tira os aventais dos ganchos
e os embrulha em seus braços. Lavanderia.

A irritação se instala no fundo do meu peito. Não preciso de outra mulher


me dizendo para sossegar. Deus me livre de arrumar uma namorada e ela é
apenas mais uma mulher para apontar todos os meus erros. Eu fico olhando
para as caixas empilhadas por um segundo e então percebo que preciso da
prancheta. Foi uma longa noite, mas é melhor eu cuidar disso antes de fazer o
próximo pedido.

Tenho que dar a volta em Maggie para chegar aonde estou indo na lateral
da sala dos fundos, mais longe da área de jantar.
— Você sabe, — Maggie grita para mim. Pego a prancheta e a caneta de
onde os deixei na minha mesa. — Eu realmente acho que você deveria
contratar um gerente.

Seus braços ainda estão cheios de aventais quando saio do meu escritório.
Ela pisca uma vez e espera por uma resposta.

Levo um momento para que suas palavras afundem. Não tenho tempo de
merda para encontrar alguém para me ajudar, muito menos treiná-los e
mostrar como tudo isso funciona.

— Eu acho que não, Maggie, — eu respondo facilmente.

— Eu poderia encontrar um. Eu poderia fazer as entrevistas e o


treinamento, — ela oferece enquanto eu olho a lista de verificação, tentando
me concentrar. Eu li a mesma linha três vezes enquanto sua oferta paira no
ar.

Nenhuma resposta vem de mim, não agora, quando preciso fazer isso
direito. Mais três itens para o caminhão de cerveja local e eu esfrego meus
olhos e coloco a prancheta para baixo. É uma entrega normal, mas algumas
marcas simplesmente não estão vendendo. Não estou mais encomendando.
Eles são sazonais e poucos clientes parecem estar atrás delas.

Mags se aproxima de mim, cruzando os braços e esperando que eu olhe


para cima antes de dizer: — Você não pode fazer isso sozinho.

— Tem funcionado até agora. — As palavras escapam, mas minha alegria


despreocupada está ausente. Exaustão pesando tudo. Eu sei que ela está certa
e ao longo prazo isso ajudaria. É só que isso vai me atrasar agora mesmo para
pegar alguém e gastar tempo treinando-o, movendo-me mais devagar do que
se eu fizesse tudo sozinho. Mags provavelmente contrataria um amigo ou
parente. Ela tem um grande coração e eu amo isso nela. Mas contratar amigos
e familiares nem sempre funciona. Isso causa ainda mais problemas. James
vem à mente com esse pensamento.

— Você sabe que não pode continuar assim. — Uma preocupação genuína
envolve sua voz.

Minha boca se abre para responder com algum tipo de piada, algo para
colocá-la à vontade, mas Maggie vai embora antes que eu diga uma palavra.
Praticamente atacando. Eu a observo enquanto ela segue para a frente, as
portas duplas balançando e rangendo. Venho fazendo isso há anos e funcionou
muito bem. É isso que eu quero que ela receba. Mas um pedaço de mim sabe
que ela está certa. Todas as longas horas estão me afetando. Suponho que isso
aconteça conforme você envelhece.

As portas prendem minha atenção enquanto lentamente param de girar.


Esfregando o sono dos meus olhos com o indicador, o polegar e a mão no rosto,
penso novamente em como ela está certa. Pouco antes de jogar a caneta sobre
a mesa, vejo a notificação no meu telefone. Alguém me enviou uma mensagem.

Minhas sobrancelhas franzem quando olho para o número. Eu não sei, e


não está programado no meu telefone.

O que devo vestir no casamento?

Um sorriso curva meus lábios. Grace. Está certo. Agora eu lembro.

Ontem à noite, antes de minha namorada ir embora, coloquei meu


número no telefone dela. Eu não tinha certeza se ela usaria ou não, mas eu
disse a ela para usar.
Eu sopro uma pequena risada do texto, lembrando da noite anterior. Ela
estava doce depois de mais algumas bebidas, inclinando-se um pouco mais em
mim do que o normal. Perguntando se eu estava apenas brincando com ela.

Se fosse há alguns anos, posso ter pensado nela como o tipo pegajoso.

Com a intenção de pegar minhas chaves do meu escritório para dar o fora
daqui, eu me inclino contra minha mesa e então decido apenas cair na cadeira
enquanto olho para a mensagem dela novamente.

Duas noites atrás, eu não tive nenhum problema com ela se agarrando a
mim enquanto os caras da sinuca estavam olhando para ela. Ela nem percebeu
eles, e eu com certeza não iria apontá-los para ela. Para ser honesto comigo
mesmo, eu preferia passar a noite passada com ela da mesma forma que a
noite anterior, em vez de trabalhar.

Estou cansado demais para pensar, mas respondo com os primeiros


pensamentos em minha mente.

É um pequeno casamento. Nada muito chique ou formal é bom.

Já se passou quase uma hora desde que ela me enviou uma mensagem.
Deixo o telefone, pensando que ela não vai me responder por um tempo, mas
o telefone toca rápido.

Ok, então não é um vestido de baile, entendi.

Vou colocar algo simples...

Mas elegante.

O que você estará vestindo?


A risada vem fácil, vibrando em meu peito. Eu me inclino para trás e fico
confortável na cadeira. Estou tão cansado que poderia deitar minha cabeça
bem aqui nesta madeira ou pilha de papel e tirar uma soneca.

Eu respondo: Estou no casamento, então tenho um terno. O noivo é


o único de smoking.

Sua resposta me faz rir ainda mais.

E você me disse que eu poderia usar jeans!

Com um largo sorriso nos lábios, eu respondo: Use o que quiser,


querida. Eu fico olhando para a minha mensagem por um segundo, brincando
com um pequeno rasgo na minha calça jeans antes de acrescentar, estarei de
cinza com uma gravata azul escura.

Posso praticamente ouvir a voz dela quando ela responde: Ok, agora
tenho algo com que trabalhar.

Eu sorrio com sua mensagem, debatendo sobre o que dizer de volta.

Provavelmente nada, penso enquanto outro bocejo assume. Eu estou


muito cansado para continuar neste ponto. Eu me estico e pego minhas chaves,
quase embolsando meu telefone antes que ele apite novamente.

E você tem certeza que quer me levar?

Eu sabia. Eu sabia que ela iria adivinhar ou pensar que eu estava apenas
brincando com ela.

Está desistindo do nosso acordo?


Espero que ela possa sentir meu sorriso ao lê-lo. Eu acrescento: Nós
concordamos. Isso é tão bom quanto um documento com firma
reconhecida quando um aperto de mão acontece no meu bar.

Eu nem noto Maggie entrar até que eu ouço sua voz.

— Agora, o que quer que faça você sorrir assim, — diz ela com as mãos
nos quadris, — é nisso que você deve gastar seu tempo.

Eu levanto minha cabeça para olhar para ela, mas no segundo que eu faço,
meu telefone toca.

Vou escolher algo para combinar.


— Ooh, vamos entrar aqui! — Diane diz, puxando meu braço e apontando
para uma loja. — Aposto que eles têm exatamente o que precisamos. — Ann
está de volta e ela decidiu que as três amigas, como ela se refere a nós, devem
ir às compras. Ela não gostou da tensão entre Diane e eu.

— Ok, — eu digo facilmente, permitindo que ela me puxe para dentro.


Esfrego a parte interna do cotovelo, onde acabei de ser cutucada e espetada.
Tive que fazer o trabalho de laboratório rapidamente antes de vir para cá.
Espero o melhor, mas estou preparada para o pior. Pelo menos fazer compras
pode tirar minha mente desta bagunça. Mesmo que seja com Diane. Já que
Ann teve que ir pegar seu filho.

Sério, Ann está me matando.

Diane entrou no trabalho toda animada, como se a briga que tivemos na


terça nunca tivesse acontecido. Tenho certeza de que é obra de Ann e tudo
mais, mas se Diane não gosta de mim, ela não precisa sair comigo pelo bem de
Ann.

Além da minha pequena hesitação, eu estava feliz em deixar para lá e


seguir em frente, porque eu tinha muito em que pensar. Ou seja, comprar
roupas e informar Ann sobre os detalhes.
Agora que ela se foi, vou tirar o melhor proveito disso. E honestamente,
Diane tem sido a versão de si mesma com a qual eu realmente me dou bem.
Então... nada além de boas vibrações e positividade.

Então, depois de ouvir Diane falar sobre todas as suas travessuras de


namoro, eu admiti para ela que tinha concordado em ir a um casamento com
Charlie como um favor.

Diane realmente deu um gritinho, o que me fez sorrir, e então falou


emocionada sobre como ela estava indo para o casamento também.
Aparentemente, algum primo distante de Charlie ou outro parente era seu
novo namorado.

Essa conversa nos trouxe até aqui, ao que a placa orgulhosamente


anuncia ser Dynamite Dolls. Uma rápida olhada nas vitrines mostra que a
loja atende a designs de pin-ups dos anos 50, com dois manequins vestidos com
esmero em vestidos xadrez plissados que dão um toque de classe. Acho que é
o ajuste deles que faz isso. O beliscão na cintura e as linhas que abraçam as
curvas.

Meus saltos simples e pretos batem no chão brilhante por dentro; a loja é
obviamente muito bonita, diz a palavra “caro”, com vestidos da moda em
prateleiras de ambos os lados conforme entramos. À nossa frente está um
balcão que envolve todo o espaço, com duas vendedoras totalmente enfeitadas
atrás dele. Uma delas está usando um par de brincos pelos quais eu morro.
Abelhas douradas balançam logo abaixo da orelha.

Uma loira extremamente pequena e uma ruiva alta e corpulenta atrás do


balcão se viraram quando entramos, a que estava com os brincos, obviamente
parando no meio da conversa.
— Bem-vinda! — As duas dizem em uníssono com sorrisos perfeitos.

A loira corre para a área de vendas, radiante. Parece que somos as únicas
clientes da loja, o que está bom para mim. Nunca ouvi falar desse lugar, mas
a vibração é muito meu estilo.

Eu não compro muito nesta parte da cidade. Geralmente está um pouco


fora da minha faixa de preço. Dado que este vestido é para um casamento,
obviamente, preciso arranjar algo bonito. Algo para fazer Charlie desmaiar. É
um mimo para mim também. Porque não?

— Eu sou Tessa. Vocês estão procurando por algo em particular? — a loira


pergunta. A prateleira de vestidos feitos de crepe preto chama minha atenção
assim que Tessa nos questiona.

— Na verdade, nós duas vamos a um casamento, — Diane responde e eu


fico em silêncio, olhando em volta. — Então, precisamos de algo elegante...

Meus dedos se arrastam ao longo do belo tecido; é luxuoso. Assim que


chego à etiqueta de preço e viro, não posso evitar que meus olhos se arregalem,
mas pelo menos o suspiro é silencioso. Caralho. Seiscentos dólares por um
vestido? Que diabo de lugar Diane me trouxe?

Piscando rapidamente e tentando não mostrar que estou surtando, sei


muito bem que não posso pagar este lugar, nem um pouco.

Claro, Diane não tem ideia de que estou estressada com dinheiro. Bem,
quero dizer, estou ansiosa para ficar estressada com dinheiro.

Hoje, no trabalho, pesquisei no Google quanto custa encontrar um doador


de esperma e como é o processo. Então quase tive um ataque de pânico, porque
só o esperma pode custar centenas de dólares. Lembrei-me do que meu médico
disse sobre os tratamentos de fertilização In Vitro... o custo deles pode chegar
a milhares de dólares.

Levei três minutos inteiros de respiração profunda para me acalmar com


isso. Eu não tinha ideia de que seguir a rota do doador poderia ser tão caro.
Eu não estava preparada para isso, mas acho que vou ter que enfrentar. E
quanto mais eu esperar, mais e mais provável será que a Fertilização In Vitro
seja o único caminho que resta.

Eu franzo a testa enquanto vagueio para a prateleira à minha frente. Toco


um vestido vermelho brilhante, quase escandaloso com seu decote decotado e
bainha ousada com fenda lateral. Eu gostaria.

— Ooooh, — Diane exclama atrás de mim. — É perfeito!

— Oh... eu não sei. Não é certo para mim, eu acho, — eu digo


distraidamente.

Diane me lança um olhar. — É para mim. — Ela pega o vestido ao lado


do que tenho na mão, um tamanho diferente, e o passa para Tessa, que sorri
para nós.

— Oh, — eu digo, balançando minha cabeça para mim mesma. — Certo.


— Com certeza não é para mim por esse preço. Vestido ou bebê? É tudo o que
fico pensando. Isso e onde fica a prateleira de promoção.

Respiro fundo e aliso o suéter que estou vestindo. O algodão preto simples
parece áspero em comparação com o vermelho. Apenas vibrações positivas, eu
me lembro. Apenas pensamentos felizes... algo aqui precisa estar à venda.
Ou… aposto que este lugar aceita cartões de crédito.

— Vou arrumar um vestiário para você, — ouço Tessa dizer a Diane.


— Uh huh, — Diane diz, sua atenção em outro lugar. — Veja isso.

Resistindo à minha vontade de rir da tontura de Diane, vou para outra


prateleira. Mordendo meu lábio inferior, eu olho disfarçadamente e procuro
por uma seção de liquidação, mas não há uma. Respirando fundo, tento me
soltar um pouco.

Um lampejo de azul atrai minha atenção, um tom um pouco mais claro


que a cor do oceano. Folheio os vestidos até encontrar. É parte de uma linda
peça de seda, clássico e elegante.

Meus dedos agraciam o tecido do vestido e eu sorrio com a forma como ele
desliza entre minhas pontas. Acho que essa tonalidade ficaria perfeita. Vou
combinar com Charlie, mas não parecerá que estou tentando muito me
encaixar na festa de casamento, já que tudo é azul escuro, de acordo com
Charlie. É perfeito, eu acho.

— Você quer experimentar? — Tessa diz, me assustando.

— Sim, por favor, — eu digo, forçando um pequeno sorriso no meu coração.


Eu nem olhei para a etiqueta de preço.

Eu realmente deveria dar uma olhada antes de experimentá-lo. Às vezes


eu me apaixono um pouco facilmente. Mas Tessa já está indo para os
provadores. Eu sigo atrás dela, para o fundo da loja. Minhas sobrancelhas
levantam quando vejo que as salas de encaixe são do mesmo tamanho do resto
da loja, com boa iluminação e um lindo pufe com tufos no centro da sala e um
bar no canto. Uau... este lugar é chique. Alguém pensou muito no layout da
loja.
— Por aqui, — Tessa diz, gesticulando para a cabine e pendura meu
vestido no gancho moldado de cobre.

— Grace, você está aqui? — Diane diz, sua voz reverberando as paredes
da cabine.

— Estou bem aqui, — respondo de volta como uma música cantada,


colocando minha bolsa na minha própria cabine e trancando a porta,
mantendo-me otimista.

— Oh, bom. Ok, estou experimentando as coisas. Você vai me dizer se isso
me fizer parecer gorda, certo?

— Claro, — eu grito, grata por sermos as únicas aqui.

Eu sei muito bem que Diane só quer elogiar sua bunda magra, ela nunca
fica gorda em nada e eu digo isso a ela. Ela apenas ri em resposta.

Eu tiro meu suéter e tiro meu jeans skinny. Abrindo o zíper das costas do
vestido, eu olho para a etiqueta, mas me recuso a realmente olhar para ela
antes de deslizar o vestido por cima da minha calcinha e sutiã. Eu fecho o
zíper, estendendo a mão para trás e balançando um pouco para levantá-lo
completamente.

Meus olhos percorrem todo o comprimento do espelho na cabine. Mesmo


descalça, não há dúvida de que esse vestido parece incrível. Eu me aproximo,
admirando a construção do decote. O vestido é de manga curta e cai no meio
da coxa. Parece…

Droga. Tenho medo de realmente olhar a etiqueta de preço, porque tenho


que comprar esse vestido. É lisonjeiro em todas as maneiras certas. Charlie
nunca me viu em algo assim. Eu só posso imaginar o que ele pensaria.
Eu me viro para o lado, colocando minha mão na minha barriga. Meu
estômago plano. Eu imagino como seria carregar um bebê e vejo meus ombros
caírem.

Sacuda isso, Eu me advirto. Sacuda os pensamentos negativos!

É engraçado, sempre pensei que seria mãe, com três ou quatro filhos se
divertindo comigo em todos os momentos. No passado, sempre que imaginava
meu eu futuro, sempre via crianças comigo.

Fiz tudo o que deveria fazer. Concentrei-me na escola e, depois de me


formar, consegui um bom emprego. Mas em algum lugar ao longo do caminho,
perdi a etapa em que magicamente encontro um parceiro para compartilhar
tudo isso e que comemora comigo quando eu descubro que estou grávida.

Agora, ao me olhar no espelho, e apesar de todas as minhas realizações,


tudo que posso ver é o que me falta. Não consigo me olhar e sorrir, porque sei
que há uma chance muito boa de acabar sem filhos. E se eu finalmente
encontrar o homem certo, não posso dar filhos a ele. Ai meu Deus, esses
hormônios vieram do nada.

Tento me convencer a sair do precipício maluco em que me coloquei, mas


é impossível. Eu me viro no momento em que Diane bate na minha porta antes
de tentar abri-la.

— O que você está fazendo? Venha ver. Eu não sei sobre este... — Diane
diz atrás da porta. — Acho que vou simplesmente passar.

Enquanto isso, estou tentando ignorar a picada de lágrimas no fundo dos


meus olhos, tentando não pensar em como os sapatos de bebê são fofos, como
nunca terei motivo para montar o berço antigo que minha mãe me deu.
Estou surtando silenciosamente, e totalmente envergonhada disso. Só
quando Diane bate na porta do vestiário novamente é que consigo me
recompor.

— Venha ver isto, — ela me implora. — Eu acho que este é o vestido.

Limpo meus olhos e saio.

— Esse vestido é lindo, — ela responde imediatamente olhando para ele


enquanto eu saio. Respiro fundo. Eu amo este vestido e seria perfeito. — Você
acha que eles têm o meu tamanho?

Eu franzo a testa. — Para o casamento?

— Sim, eu adorei esse vestido.

— Acho que vou levar, — respondo em um tom que significa, ei, este é
meu.

— Oh. Você tem certeza? — Ela questiona.

Dando outra olhada no espelho à nossa frente, este muito maior do que o
da sala de encaixe, eu aceno. — Sim.

— Ugh. OK. Bem, o que você acha da minha roupa?

Ela gira em um círculo. Ela está usando um vestido de duas peças que
mostra a sua cintura, feita de sarja.

— Lindo, — eu respondo honestamente. — Nem todos conseguem usar


isso?
Ela solta um suspiro. — É certo para um casamento? — Ela questiona e
eu honestamente não penso assim, mas eu apenas balanço minha cabeça
levemente. Não tenho certeza se usaria algo que deixa mostrando a barriga,
mas eu acho que é um casamento descontraído e eu realmente nunca mostro
minha barriga.

— Esta loja não tem nada fofo mesmo. — A resposta de Diane me choca
enquanto ela sai. Ela desaparece de volta em sua cabine de troca, e eu também.

— Ei, você está pronta? Acho que quero parar na praça de alimentação
antes de irmos, comprar um iogurte gelado sem açúcar e sem gordura. — A
voz de Diane está tão cheia de felicidade.

— Uh, só um segundo, — eu grito. Abro o zíper do vestido. — Eu estarei


lá.

— OK. Vou olhar as joias.

Eu coloco o vestido de volta no cabide, ouvindo seus passos desaparecerem


conforme ela sai da área de prova, então respiro fundo. Fico olhando para o
vestido por um longo momento, sabendo que não encontrarei nada tão perfeito
em nenhum outro lugar.

E eu vou combinar com Charlie. Vou ficar bem ao lado dele neste vestido,
como se eu pertencesse a ele. Vou parecer que poderia ser sua namorada de
verdade, em vez de uma namorada de mentira.

Eu coloco de volta meu jeans e suéter, então confiro o vestido mais uma
vez. Só preciso mais uma olhada no vestido antes de pegá-lo e ir para o caixa.
Afinal, eles ofereceram aplicações de cartão de crédito. Então o vestido é
meu junto com um cartão de crédito novo e brilhante que nunca vou usar
novamente.
Meus olhos se desviam para a entrada do bar como fizeram a noite toda.
Estou esperando por ela. Eu estou ansioso por aquele sorriso tímido para me
cumprimentar e vê-la percorrer aquelas curvas doces através das portas.
Estou pronto para Grace agir como se ela não fosse afetada por mim, enquanto
o tempo todo aquele rubor sobe às suas bochechas.

Verificando o relógio novamente e limpando minha garganta, a leve


coceira na minha garganta que está me incomodando não faz nada além de me
irritar.

Eu estive esperando a noite toda. Ela geralmente estaria aqui agora. Não
estou acostumado com esses nervos nem com a espera de ninguém. Não assim.

O leve zumbido das televisões atrás de mim e a conversa no bar me fazem


companhia enquanto eu examino a papelada, sentado em uma mesa. James
está de volta ao serviço de barman. Ocasionalmente, eu espio por cima do
ombro, verificando como ele está e apoiando meus pés na cadeira em frente a
mim, tentando relaxar. Agir como se estivesse em qualquer outra noite.

James tem um sorriso encantador enquanto fala com alguns dos clientes.
Seu tio está aqui, Frank, em seu lugar habitual. Tenho certeza que James não
vai agir como um merdinha com ele aqui. Esta é sua última chance depois de
chegar tarde ontem e forçar Mags a lidar com todas as caixas sozinha. Ele está
na porra do gelo fino.
Minha cadeira raspa o chão enquanto eu me movo na cadeira, tentando
ficar confortável no canto direito de trás. Tenho uma vista perfeita da entrada
da frente. Estou bem ao lado do final do bar. É o mais próximo que eu poderia
estar do assento usual de Grace.

Balançando a cabeça, me pergunto o que diabos está acontecendo comigo.


Todo esse trabalho por causa de uma mulher. Uma mulher que eu nem beijei.
Não toquei. Uma mulher que não é minha namorada... ainda.

Os papéis farfalham em minhas mãos enquanto eu examino todas as


contas novamente. Estamos tendo um lucro muito bom, e o retorno sobre os
investimentos está constantemente aumentando em relação ao ano passado.
Quase sinto que posso respirar, como se pudesse fazer uma pausa, mas sei que
só vai demorar um soluço para que alguma coisa estrague tudo.

Sentando-me mais ereto na cadeira e movendo as solas dos meus sapatos


da cadeira para o chão, tento fazer com que essa sensação estranha me deixe.
Eu preciso de uma cerveja. Eu preciso relaxar.

Eu preciso que minha querida traga sua bunda aqui.

Meu olhar vai para o meu telefone, virado para baixo na mesa. Meu pé
bate implacavelmente no chão. Realmente não é típico dela chegar tão tarde.
São quase oito horas.

Como se olhar para o meu telefone fizesse ela ligar, eu passo um longo
momento fazendo exatamente isso, debatendo se mandar uma mensagem para
ela. Ela não me enviou mensagens desde a outra manhã.

Eu solto um suspiro. Não é como se nada disso fosse real de qualquer


maneira. É apenas flerte.
De volta ao trabalho, e deixando de lado toda essa tensão, eu me inclino
para trás em minha cadeira e pego minha caneta para registrar as contas em
meu livro de registros. Por enquanto, tudo bem. Tudo parece estar certo e
dentro do orçamento enquanto escrevo os valores.

— Charlie, esses lugares estão ocupados?

Minha mão para no meio do movimento quando ouço a voz da minha mãe.

— Ele os guardou para nós, — ouço Ali dizer. A tensão aumenta nas
minhas costas. O que diabos elas estão fazendo aqui?

Meu bloco de notas abaixa sobre a mesa com um baque surdo quando dou
a ambas um sorriso tenso. Não sei o que há com a minha família vindo ao meu
bar. Parte do motivo pelo qual construí este bar foi para tirá-los da cabeça.
Para tirar toda a maldita cidade da minha cabeça.

Mas nunca posso dizer não para mamãe. Ou para Ali. E a porra da cidade
me seguiu até aqui de qualquer maneira. Não é como se minha conta bancária
reclamasse.

— Puxem uma cadeira, — digo a mamãe. Eu me inclino e a deixo me beijar


na bochecha, embora meu olhar vá para a entrada. De repente, fico grato por
Grace não estar aqui.

Posso sentir sua mancha de batom na minha bochecha e espero que ela
olhe para o bar antes de limpá-lo.

— A que devo este prazer? — Eu as questiono, não escondendo a surpresa


e a cautela. Meus olhos piscam para a entrada novamente, e desta vez é um
tipo diferente de ansiedade correndo por mim. Elas viram a foto dela. Se ela
passar por aquela porta, estou ferrado.
— Nós só queríamos ver você, — minha mãe diz em uma voz doce, mas eu
não compro seu charme sulista por um segundo. Colocando a bolsa na frente
dela, as palmas das mãos no tecido floral brilhante, ela acrescenta. — Uma
mãe não pode simplesmente querer ver o filho?

— Você acabou de me ver, mãe.

Minha mãe bate na minha mão de brincadeira: — Você sabe o que quero
dizer.

— Você arrumou seu terno? — Minha irmã me pergunta, com um


verdadeiro senso de urgência em sua voz. Talvez seja apenas para o
casamento. Elas não estão tentando se infiltrar em qualquer coisa que Grace
e eu estamos fazendo. É só o casamento, me convenço e gostaria de relaxar
mas... não, não arrumei meu terno.

Eu aceno com a cabeça uma vez, mas não posso olhar nos olhos dela
quando minha boca se abre. Puta que pariu. Eu coço a nuca, olhando para a
porta novamente e soltando um suspiro.

— Charles Theodore, — minha mãe me repreende, — você precisa obter


seu smoking! — Ela me dá um tapa no braço, mais uma vez, mas desta vez
com o cardápio alto na mesa. Seus lábios estão pressionados em uma linha
fina, mas felizmente não tenho que responder.

— É um terno, — Ali diz enquanto arranca o cardápio das mãos de


mamãe. — Eu não quero smokings. — Ela diz a última linha como se já tivesse
dito um milhão de vezes para nossa mãe antes e eu sei que ela disse.

— Eu não entendo você, garota, — Ma balança a cabeça, mas há uma


brincadeira em seu tom.
— Posso pegar algo para vocês beberem? — Ouço James por cima do
ombro e me viro para observá-lo. Ele não deveria ter saído do bar, mas um
rápido olhar mostra que são apenas os clientes regulares. E não é como se
Maggie fosse vir aqui. Todo mundo conhece mamãe e Ali... e o resto da minha
família.

— Não, não, obrigada, — mamãe diz e empurra para fora da mesa, —


vamos jantar tarde no Iron Grill. — Uma sensação imediata de alívio toma
conta de mim quando percebo que elas estão indo embora. — Eu só queria
parar e dizer oi para o meu filho.

Não consigo evitar o rubor que sobe pelas minhas bochechas. Terei
sessenta anos e ela ainda vai me chamar de seu filho, eu sei disso. Ma e Ali se
levantam primeiro, Ali lamentando como ela está morrendo de fome com todo
esse estresse e que eu preciso pegar meu terno. Imediatamente.

Graças ao bom Deus elas estão indo embora; levantando-me para dar a
ambas um rápido abraço de despedida, finalmente me sinto aliviado. E é então
que vejo Grace entrar com o canto do meu olho.

Porra.

Meu coração martela no meu peito e bate ainda mais rápido quando Ali
segue minha linha de visão e grita.

— De jeito nenhum! Grace! — Um largo sorriso acompanha Ali enquanto


ela praticamente corre para cumprimentar Grace de olhos arregalados e
surpresa a poucos metros da entrada. Todos os alarmes vermelhos tocam na
minha cabeça. Ali a dá um abraço antes que Grace soubesse o que a atingiu.

Com mamãe a reboque, repreendo Ali: — Deixar a mulher respirar Ali?


— Então, — minha irmã deixa Grace ir quando eu paro ao lado delas, me
sentindo preso em uma armadilha. Foi um golpe. Eu sei disso e fico olhando
para as duas, minha mãe e minha irmã, deixando-as saber disso, mas
nenhuma olha para mim, toda a atenção delas estão voltada para a minha
pobre namorada. Merda.

— Oi, Grace, — a voz da mamãe é mais baixa do que o normal quando ela
olha para Grace. Seus olhos percorrem a blusa cor de rosa que Grace está
usando, e um sorriso finalmente aparece no rosto da mamãe.

Certo. Não há um único motivo para mamãe não gostar de Grace. Ela é
inteligente e doce da cabeça aos pés. E procurando realmente se estabelecer.

Mamãe gostaria disso, mesmo que eu não gostasse.

— Oi, — Grace olha entre as duas, visivelmente engolindo enquanto ela


move a bolsa em suas mãos para frente e para trás e então me encara com um
olhar suplicante.

— Apenas vá em frente, querida, — eu sussurro em seu ouvido enquanto


dou um pequeno beijo em sua bochecha, seguido por um abraço. Tudo para
mostrar para minha família. Apenas vá junto com isso. Por favor. Esse
pequeno selinho. Isso faz algo para mim. Algo que ilumina cada terminação
nervosa em mim.

— Ali, — eu digo, olhando para minha irmã e, em seguida, Ma, — Ma,


esta é Grace.

— É um prazer conhecê-la. — Ma e Ali falam quase ao mesmo tempo antes


que Grace possa dizer uma palavra. O nervosismo está saindo em ondas dela.
— O mesmo para vocês, — Grace diz em um tom gentil enquanto sorri
timidamente e morde o lábio. — Vocês duas estão lindas.

— Então, como comecei a dizer, — Ali diz rapidamente, — Eu sei que


temos que ir, — ela olha para mamãe, dando-lhe um olhar que diz: “nós a
vimos, ela é real, agora vamos lá e não a assustemos”, e então de volta para
Grace, — mas eu estava pensando... — Sua voz fica um pouco mais alta
enquanto ela balança para frente e para trás e parece que ela está prendendo
a respiração por um minuto.

Ali está nervosa? O que diabos ela tem na manga?

— Você gostaria de ser minha dama de honra? — Ali diz rapidamente, e


juro que todo o sangue drena do meu rosto. Minha irmã perdeu a cabeça. Os
lábios carnudos de Grace caem ligeiramente de surpresa e antes que ela possa
dar uma resposta, as palavras saem correndo da boca da minha irmã, — É um
casamento pequeno e íntimo. Baixo comprometimento. Realmente não é um
grande negócio em termos de configuração ou algo assim. — Suas mãos
balançam animadamente no ar enquanto ela continua: — Você não precisa
nem mesmo ter um vestido. As meninas estão usando suas próprias roupas.
Eu realmente adoraria se você participasse. Você significa algo para meu
irmão e isso significa muito para mim.

A expressão de Grace permanece completamente a mesma, com a exceção


de suas sobrancelhas levantadas. Eu riria se não estivesse mortificada.

— Faltam menos de duas semanas... — Tento interromper e dar uma


desculpa a Grace.
— Bobagem, — diz Ali com um olhar magoado. — Não há nada nisso. —
Ela balança a cabeça e dá a Grace aqueles olhos de cachorrinho que deixaram
escapar impune de assassinato enquanto crescia.

— Eu não tenho tempo para realmente... — Grace engole em seco e tenta


dizer não, educadamente. Não sei por que isso fez com que uma pontada de
dor se instalasse em meu peito. Claro que ela deveria dizer não. Aquela foto
que enviamos era mentira.

— Isso significaria muito para mim, — Ali repete e estende a mão e agarra
a mão de Grace, que Grace segura. — Eu sei que isso parece do nada, mas é
que Charlie não teve ninguém sério em sua vida por tanto tempo e eu
realmente quero te dar as boas-vindas à família. Os números também são
desiguais. Michael tem um padrinho extra.

Eu fecho meus olhos, completamente envergonhado e mortificado.

Fico quieto por um momento, mas quando abro lentamente os olhos, vejo
Grace balançando a cabeça lentamente. — Estou honrada e adoraria.

— Yay! — Ali grita de empolgação novamente, pulando para cima e para


baixo enquanto se pendura no ombro de Grace. Merda, me sinto um idiota por
arrastar Grace para isso. — Tenho um compromisso com o vestido na semana
que vem, se você quiser vir, tem que se encontrar com todas as minhas amigas;
elas estão morrendo de vontade de conhecê-la. Vai funcionar perfeitamente.
Isso era para ser. Eu só sei que era.

Antes que eu possa dizer à minha irmã o quão ridícula ela é, ela está
arrastando mamãe para fora do bar e por mais que eu queira dizer a elas como
isso é loucura, eu prefiro que elas saiam daqui o mais rápido possível. Grace
fica parada, segurando a bolsa como se fosse salvar sua vida.
— É um prazer conhecer vocês duas, — Grace se despede delas colocando
uma mecha de cabelo solto de seu coque atrás da orelha.

— Foi um prazer conhecê-la também, Grace, — Ma responde.

— Vejo você em breve, Grace! Charlie, dê meu número a ela. — E com


essa última exigência, gritada por cima do ombro, elas se foram e eu fico
sozinho com Grace.

Sua boca fica aberta por um momento em completo choque.

— Você está bem? — Eu pergunto a ela com cautela.

— Eu só... eu realmente concordei em ser a dama de honra da sua irmã?


— Piscando rapidamente, Grace olha entre mim e as portas agora fechadas do
bar.

Um sorriso surge no meu rosto quando vejo Grace olhar ao redor como se
tivesse sido enganada.

— Você fez, — digo a ela facilmente.

— Puta merda, — diz ela com um sorriso. — Eu preciso de uma bebida...


você está pagando desta vez.

Uma risada me deixa, áspera e baixa e eu a sigo até o bar.

— É isso aí, querida.

Dado o quanto minha família pode ser, minha namorada se portou muito
bem, mas não sei como vamos sair dessa...
Já é tarde, definitivamente depois das cinco horas. Droga. Olhando para
os cubículos do escritório, encontro-os vazios. Deslizo meus fones de ouvido e
cliquo em pausar a lista de reprodução que ouço quando realmente preciso me
concentrar.

Tive a sensação de que estava ficando tarde, mas não tão tarde. Olhando
rapidamente para o relógio na tela do computador, confirmo que são quase seis
horas. Sim, já passou da hora de parar para a maioria dos meus colegas de
trabalho e agora estou aqui sozinha. Separando-me fisicamente do trabalho e
soltando um longo suspiro, eu me afasto da mesa.

Passei o dia trabalhando em vários novos anúncios para uma empresa de


alimentos saudáveis que queria o pacote completo. De outdoors a anúncios do
Google e canais de mídia social. Eu não vou mentir; Acho que eles vão adorar
todos eles. Sua marca e mensagem são sólidas. Ainda assim, é sempre uma
boa ideia dormir sobre ele e olhar para ele com novos olhos no dia seguinte. Já
são seis, de qualquer maneira; posso enviar por email os arquivos para
aprovação amanhã.

Quando me levanto, tenho que estalar o pescoço e as costas, estou tão


dolorida. E então tento engolir o resto do meu café, mas não o encontro. Oh,
como eu gostaria que Tracey estivesse aqui agora com uma xícara quente para
me impedir de cair. Provavelmente, preciso de um pouco de água para
equilibrar a quantidade de cafeína que coloquei no corpo hoje.
Vou para a pequena cozinha à direita dos elevadores, onde eles mantêm
um bebedouro e tropeço em Diane, que está conversando com Elaine e Karan,
duas colegas de trabalho de alguns andares acima.

— Oh! Ei, — eu digo, jogando meu copo de café na lata de lixo ao lado
delas. — Não sabia que ainda havia alguém aqui.

— Eu vi você na sua mesa, mas você estava com os fones de ouvido, — diz
Karan, uma linda garota de ascendência do Oriente Médio. Ela tem um pouco
de britânico em seu sotaque, embora esteja desaparecendo lentamente. —
Achei que seria melhor não incomodar você.

— Sim, — eu admito timidamente. — Obrigada; Eu agradeço. Eu bati três


pacotes hoje e estou acabada.

— Elaine estava nos contando sobre seu flerte no bar, — diz Diane. —
Certo, Elaine?

Elaine é a nova garota em nossa empresa. Ela tem cabelo escuro e pele de
porcelana, que fica vermelha com a declaração de Diane.

— Bem, eu não diria para flertar, — ela gagueja. — Eu estava apenas


dizendo, um cara de quem eu gosto há um tempo falou comigo por um longo
tempo na noite passada.

— Oooh, — eu deixo a palavra se arrastar, passando por elas e pegando


um copo de papel, — Isso parece uma vitória da noite. Como isso acabou? Você
conseguiu o número dele?

Antes que Elaine pudesse fazer qualquer coisa além de balançar a cabeça,
Diane brincou: — Ouvi dizer que nossa Grace foi convidada por aquele barman
gostoso, Charlie.
Eu congelo com o copo vazio na minha mão. Todo mundo que conhece
Diane foi apresentado ao Mac e, por associação, a Charlie. Lanço um olhar
para Diane enquanto encho o copo de água, mas ela o ignora. Gosto de manter
algumas coisas privadas, mas nada é privado com Diane.

— Ele te convidou para sair? — Elaine diz. — Você tem que nos contar
tudo sobre isso! — Ela está muito animada, mas isso só me deixa tonta. Ele
me beijou na bochecha. Eu quase deixei escapar, em vez disso, me sinto corar
e tomo um gole da água fria em vez de falar.

— Sim, porque Charlie é um sonho, — Karan diz, praticamente babando.

Eu rio tentando me livrar disso, — Não é grande coisa. — Realmente não


é. — Estou apenas fazendo um favor a ele.

— Derrame! — Diane diz. — Todas nós queremos saber como você


conseguiu prendê-lo.

Meu olhar se estreita com a maneira como Diane acabou de fazer essa
declaração. Como uma garota como eu pode apanhar um homem como ele? A
insegurança invade cada centímetro de mim lentamente. Eu não fiz. Eu não
pude. É assim que é. Eu serei amaldiçoada se isso não dói admitir. Eu não vou;
Em vez disso, tomo outro gole, fingindo que a verdade não é como entrar em
um banho de gelo frio.

— Não diga isso, — Karan diz a Diane antes de se virar para me encarar.
— Nossa. Ela não quis dizer isso, Grace.

— Certo, — eu rio e bebo minha água de novo, ela quase já acabou. Com
um encolher de ombros descuidado de Diane e uma resposta de “Estou apenas
curiosa” a dor se transforma em raiva. Estou chateada com Diane, mas não há
razão para começar uma briga por algo tão pequeno. Muito ciumenta? Minha
voz interior rosna. Eu deixo a tensão sair dos meus ombros enquanto agarro o
copo com as duas mãos e me inclino contra o balcão.

— Eu ainda gostaria de ouvir, — diz Elaine, corando. — Quero dizer,


Charlie é gostoso de grau A.

— Então diga-nos, — Diane comanda.

— Ele me convidou para o casamento da irmã dele, — eu digo. — Não é


realmente um encontro.

As meninas uivam de agradecimento, o que me faz sorrir. Um pedaço de


felicidade voltando.

— Ele convidou você para um casamento porque está tentando dizer como
se sente! — Elaine diz, animada. O rubor de Elaine é contagioso, chegando até
meu rosto. Ela é tão doce e é constantemente lendo aqueles romances com
homens gostosos nas capas durante sua pausa para o almoço. Ela é uma
romântica de coração, mas gosto da maneira como ela pensa.

— Não, ele a convidou porque sabe que os casamentos são uma atmosfera
amorosa e ele quer entrar em suas calças. — Karan corrige com um sorriso
crescente.

— Ohh, psshh, — eu digo. — Ele precisava tirar sua família da suas


costas, então ele disse que estava trazendo alguém. E então ele me convidou.
Estou te dizendo, decididamente não é amoroso e se ele quisesse entrar nas
minhas calças, ele não teria que passar por tudo isso.

— Então, você não se importaria se outro convidado o colocasse em ação?


— Diane pergunta incisivamente.
— Eu... não é como... — eu digo. Meu corpo endurece. O que diabos deu
em Diane? Juro que alguns dias me pergunto por que ela ainda fala comigo.

— Claro que ela se importaria! — Karan protesta por mim. — Você viu
Charlie? Porque ele tem bíceps incríveis e uma bunda que não para. Dê à
garota uma chance de conseguir um pouco, Diane!

— Só estou perguntando, — diz Diane, levantando as mãos. — Falando


dessa bunda, estou planejando ir hoje à noite para Mac para vê-la em ação.
Vocês vão?

— Definitivamente, — diz Karan.

— Certo! — Elaine acrescenta.

— Umm... — eu digo, sem saber. — Sabe, não estou sentindo isso esta
noite, pessoal. — A ideia de Diane em qualquer lugar perto de Charlie traz de
volta aquele pico de raiva. Eu não preciso ver isso, não com o quão cansada
estou e todos esses sentimentos que borbulham toda vez que ouço seu nome.

— Você tem certeza? Seu homem estará lá, — Karan diz com um brilho
nos olhos.

— Ela disse que não está sentindo isso, — interrompe Diane. — Então,
vamos deixá-la voltar ao trabalho.

— Se você tem certeza... — Karan diz.

— Totalmente, — eu digo. — Divirtam-se vocês. — Eu não acho que posso


lidar com estar perto de Charlie agora. É definitivamente uma relação
desigual em termos de quanto gostamos um do outro, e já posso me ver me
machucando. Nenhum de nós mencionou sua mãe e irmã depois que elas foram
embora. É como se estivéssemos fingindo que nada aconteceu e somos apenas
nosso flerte normal. Mas houve aquele beijo.
Oito horas passa.

Nove horas chegou e se foi.

Meu turno acabou. Eu disse a todos que estava saindo cedo, mas aqui
estou, ainda esperando. Eu esperava levar Grace para jantar fora. Em algum
lugar diferente daqui para compensar minha irmã e suas travessuras.

Mas ela não apareceu. Ela não veio ontem à noite também, embora
algumas de suas colegas de trabalho tenham vindo. Eu tenho uma sensação
de mal estar no estômago me dizendo que algo está errado.

Eu finalmente desisto e pego meu telefone no bolso para mandar uma


mensagem para ela.

— Você está bem? — Maggie me pergunta enquanto o jeans esfrega contra


meus dedos enquanto eu puxo o telefone do bolso de trás.

— Sim, ótimo, — eu respondo enquanto ela coloca uma ordem de asas na


frente de Mickey. O som do prato batendo na mesa me obriga a olhar para ela.
Ela sorri enquanto leva o prato para mais perto dele e se dirige a mim.

— Você não parece bem. Vai para casa.


Eu fico olhando para ela, mas ela não recua. — Estou indo, apenas me
certificando de que uma amiga não esteja a caminho.

— Uma amiga? — Os olhos de Maggie se iluminam. — Sua pequena


Grace?

Não gosto de como ela diz isso com aquele tom de provocação. Como se ela
soubesse de algo que eu não sei.

— Sim, o nome dela é Grace. — Eu mantenho seu olhar, mas Maggie não
é afetada nem um pouco.

— Vá em frente e mande uma mensagem para ela então, — ela diz, depois
sai um pouco mais devagar e um pouco mais feliz do que chegou. Por hábito,
dou uma olhada em volta e noto Mickey olhando para mim com um sorriso.
Ocorre-me que provavelmente a palavra sobre nós dois está se espalhando.
Merda.

Eu mudo meu peso e olho para o telefone. Isso não era para ser nada. Ela
é apenas uma garota doce para flertar. Não queremos as mesmas coisas. Essa
última declaração ressoa e me faz sentir como um idiota. O que diabos estou
fazendo? Quase coloco o telefone de volta no bolso. Se Grace quisesse me ver,
ela estaria aqui.

Quase. Eu quase não mandei mensagem para ela. Mas foda-se, eu quero
vê-la.

Tirei a primeira noite de folga que tive em muito tempo para vê-la. Talvez
eu não tenha mandado uma mensagem para ela, já que presumi que ela viria
como costuma fazer, mas tenho a coragem de perguntar a ela. Porra, agora.

Meu corpo aquece enquanto digito a mensagem.


Saudades de você, querida. Estou saindo do trabalho e me
perguntando onde você está.

Lamento enviá-la assim que aparece na tela. Não é como se ela fosse
obrigada a estar aqui. Solto um suspiro pesado, odiando que tudo isso
parecesse tão sufocante. Já se passaram cinco anos desde que eu... nem sei o
que estou fazendo. Convidando-a para um encontro, eu acho. Um verdadeiro,
não apenas para ser meu par falso para um casamento.

Desculpe Charlie, fui para casa esta noite.

Uma carranca inclina meus lábios para baixo, e aquela sensação de mal
estar volta para mim. Eu limpo minha garganta e digito de volta sem pensar.

Eu estava esperando ver você. Agora eu não tenho um encontro


para jantar. :(

Mais uma vez, lamento imediatamente a minha decisão. Uma cara triste?
Sério? Jogando minha cabeça para trás, agarro meu telefone como se quisesse
estrangulá-lo. O que há com essa mulher?

Um jantar? Ou um jantar falso?

Achei que a comida seria real…

Sou brincalhão em minha mensagem de volta, tentando manter a


conversa leve.

Você me faz sorrir.

Eu posso vê-la fazendo exatamente isso. Sorrindo ao ler a mensagem.


Bom, você deveria estar sorrindo. Você é muito doce para não
sorrir.

É fácil flertar com Grace. Sempre foi assim. Meu peito está leve enquanto
espero por sua resposta.

Eu sinto muito. Não esta noite.

Outro encontro?

Eu questiono. Não acho que ela faria isso. Ela me contaria. Mas eu
pergunto a ela sem pensar. Eu preciso parar com isso.

Não. Apenas muito trabalho para pôr em dia e estou exausta.

Penso em perguntar a ela se ela está saindo com alguém e em tornar


oficial essa coisa entre nós. Mas então me lembro de todas as histórias que ela
me contou sobre seus encontros e a procura de um homem com quem se
estabelecer. Pegajoso. Não estou pronto para tudo isso. Eu poderia pelo menos
convidá-la para jantar. Só para agradecer por aturar minha irmã. Talvez dê
outro beijo sorrateiro.

Outra noite?

Eu pergunto a ela.

Ela leva um minuto para responder e, o tempo todo, fico cada vez mais
ansioso. Talvez eu devesse entender a dica, mas não quero. Eu pelo menos
quero alimentá-la.

Certo. Gostaria disso.


Estou sorrindo e pensando em ir para casa quando a próxima mensagem
dela me pega desprevinido.

O que estamos fazendo, Charlie?

O que você quer dizer?

Eu mando uma mensagem de volta quase que instantaneamente.

Porra, mesmo antes de ela responder eu sei o que está por vir. Pegando a
cadeira mais próxima e ignorando o olhar de Mag, eu tomo um assento e olho
para o telefone, desejando que ela responda. Eu me inclino para frente, meus
cotovelos nos joelhos e espero, relendo sua pergunta. O que estamos fazendo?

Eu sabia que minha irmã a pegou. Por que diabos ela tem que vir aqui e
bagunçar o que eu estava fazendo com Grace? Tudo foi fácil, apenas seguir o
fluxo e ir devagar. Certificando-me de que não vou machucá-la.

Nós estamos apenas nos divertindo.

Eu mando uma mensagem de volta antes que ela possa responder, meu
coração batendo forte no meu peito. Eu me inclino para trás em meu assento,
as pernas rangendo enquanto deslizam pelo chão e corro minha mão pelo meu
cabelo.

Eu sinto que estou um pouco além da minha cabeça.

Eu fico olhando para a resposta dela por um momento. Essa sensação de


mal estar estava certa. Eu sabia. Ela não está mais feliz apenas brincando. Eu
não a culpo. Ela sabe o que quer, e eu brincar com ela só está causando
problemas para ela.

O que você quer dizer?


Eu pergunto a ela, enquanto meu estômago afunda. Esfrego os olhos, me
sentindo exausto e me odiando. O que eu realmente esperava dela? Eu solto
um suspiro e balanço a minha cabeça enquanto meu telefone toca e sua
resposta vem.

Não tenho certeza do que significa apenas se divertir com alguém.


Parece que vou acabar me machucando e não tenho certeza se isso é
uma coisa inteligente da minha parte. Eu sinto muito.

Eu me sinto uma merda, olhando fixamente para o telefone em minha


mão. Passando a mão pela cabeça de frustração, levanto os olhos e vejo James
no bar, olhando para mim enquanto enche um copo de gelo. Eu quase estalo
para ele, me sentindo estressado e irritado, mas ele interrompe meu olhar e
desvia o olhar assim que me vê olhando de volta.

Eu engulo e mando uma mensagem de volta para Grace. Eu sabia que


isso era uma má ideia. Estamos procurando coisas diferentes na vida.

Você ainda pode ir ao casamento ou devo dizer à minha irmã que


terminamos?

Merda, dói escrever. Eu ignoro tudo, embora sabendo que é o melhor.


Melhor terminar isso antes que ela se machuque. Porque isso é tudo que vou
fazer de qualquer maneira.

Ela responde rapidamente: ainda vou com você. E só para você saber,
eu realmente gosto de você.

Eu sei que deveria dizer algo para colocá-la à vontade. Eu deveria dizer a
ela algo para fazê-la se sentir segura e confortável. Mas não quero mentir para
ela e, pior, não quero enganá-la. Não estou pronto para me casar e ter filhos
ou qualquer coisa assim. E é isso que ela está procurando. Especialmente
sabendo que ela pode não ser capaz. Eu não preciso de uma mulher louca por
bebês tentando me trancar... mas isso não me impede de desejá-la. Pelo menos
enquanto eu puder tê-la.

Assim que o casamento acabar, ela provavelmente vai parar de vir aqui.

Boa noite, Charlie.

Eu engulo em seco enquanto olho para a tela.

Eu digito algumas respostas, mas excluo todas. Eu não vou enganá-la. Eu


não vou fazer isso com ela; ela merece melhor. Finalmente, escolho algo
simples.

TE VEJO MAIS TARDE, querida.


No segundo em que finalmente tiro meus fones de ouvido no trabalho,
Diane chama meu nome. Meu olhar vai para o relógio antes de virar para ver
que ela está pronta para o dia, sua jaqueta já vestida e a bolsa pendurada no
ombro.

— Ei, — ela diz, entrando em meu cubículo e encostada na mesa. — Não


quero estragar a sua produtividade nem nada, mas são quase sete horas.
Nossa reunião foi longa.

Ela não precisa, mas aponta para os vendedores que posso ver saindo da
sala de conferências. Esfregando sob meus olhos eu lentamente me levanto,
me alongando. Não sei a última vez que me levantei. Eu me enterrei no
trabalho o dia todo. Outro dia produtivo.

— Você não está interrompendo, — eu respondo a ela. — Eu apenas


cheguei a um ponto de parada, criativamente. No momento ideal.

— Bem, nós estamos indo para o Local5. Você deveria vir, supondo que
não esteja muito ocupado com Charlie, — ela diz, provocando.

5
Se refere ao nome de algum bar.
No final do corredor, vejo o bando de mulheres reunidas perto do cubículo
de Diane e olho para minha mesa. Se eu começar outro projeto, estarei aqui
até a meia-noite, pelo menos, e tenho certeza que não vou fazer isso.

— Ok, — eu digo com um encolher de ombros e um sorriso. — Por que


não?

— Legal, — seu tom enérgico é contagiante. — Nos vemos lá. É noite de


karaokê!

Ela atira armas de dedo em mim, e não posso deixar de sorrir. — Vejo
você lá.

O trânsito está pesado e acabo com menos tempo do que planejava para
renovar a maquiagem e tirar as minhas leggings, deixando-me com um vestido
cor de pêssego bem curto.

Correndo para chegar lá antes que seja tarde demais e todos os outros
tenham vários drinques à minha frente, solto o cabelo no caminho para o
Local. Quando entro no estacionamento, pareço bem, pelo menos respeitável.
A porta do carro se fecha com um clique alto e vejo Diane instantaneamente,
que está esperando do lado de fora do bar.

Olhando para o pátio do bar, fico imediatamente insegura. Há seis mesas


do lado de fora, cada uma com jovens de vinte e poucos anos prontos para a
festa. Eles fazem barulho e alguns estão fumando. Eu esfrego meu antebraço
enquanto caminho em direção a Diane, sentindo que esta não é exatamente a
minha vibe.
— Aí está você! — Seu braço envolve meu ombro, puxando-me para perto
e quase tropeço, mas tenho que rir. — Eu preciso da minha amiga para beber.
Claire está nos levando para casa.

Termina abruptamente quando o barulho do bar me atinge no segundo


em que a porta é aberta e quase tropeço de novo ao ser puxada por Diane. Lá
dentro é uma loucura, muitas cabines lotadas de gente. Tenho que me apoiar
imediatamente contra a parede para evitar uma garçonete com uma bandeja
de bebidas. Diane me agarra e me puxa para trás, onde alguns de nossos
colegas de trabalho conseguiram garantir uma mesa. Graças a Deus temos
uma mesa.

— Olha quem está aqui! — Ela anuncia.

Uma alegria empolgante sobe, mas presumo que tenha mais a ver com o
álcool do que com a minha chegada. Eu reconheço todas as garotas da mesa,
mas a única de quem sou amiga é Ann, e ela está do outro lado da mesa. Eu
preciso mudar de lugar. O mais rápido possível. Ann diz alguma coisa, até
gritando, mas não tenho ideia o que ela disse. Eu mal consigo ouvir a conversa
acontecendo à minha direita.

Devo dizer a Diane que não pretendo ficar aqui por muito tempo. Eu só
quero aliviar a tensão antes de eu ir para casa. A conversa com Charlie na
noite passada ainda me faz sentir uma idiota. Não quero ficar além do ponto
de ser capaz de dirigir sozinha para casa.

— Escute, Diane, — tento chamar sua atenção. Sou interrompida pela


chegada de duas jarras de cerveja e uma pilha de copos plásticos. Outra alegria
sobe da nossa mesa.
— Shhh, — diz Diane, tomando para si a tarefa de me servir um copo de
plástico cheio de cerveja espumosa. — Aqui, beba.

— Na verdade... — Eu tento de novo, mas Diane está preocupada.


Recorrer a meu único aliado aqui é inútil, Ann está perdida. Isso só me faz
sorrir, feliz por ela ter a chance de sair e ter uma noite de garotas.

— Shots! Nós somos quantos? Sete? — Diane grita distraidamente,


virando-se e procurando pela garota que acabou de nos trazer as jarras. —
Onde está a garçonete?

Eu me recosto na cadeira e tomo um gole de cerveja. Não seja uma


estraga-prazeres, eu me repreendo. Acho que ainda estou desanimada com a
conversa de ontem à noite. Meu telefone vibra.

Eu verifico e vejo que tenho uma mensagem de Ann.

É bom ver você, garota. Eu não pensei que você viria.

Meu olhar levanta para o dela e eu a vejo com seu telefone na mão e o
sorriso em seu rosto enquanto ela olha para mim.

Que bom ver você estranha! Eu tenho muito para te contar.

Conte-me tudo! Mas faça isso amanhã para que eu realmente me


lembre.

A bufada de uma risada me deixa com sua resposta e em vez de responder,


eu levanto meu copo para ela em vivas e bebemos juntas.

— Ei! — Diane diz, estalando os dedos na frente do meu rosto. Eu torço


meu nariz para ela, e ela sorri. — Pare de lamentar e beba já!
Logo, não um, mas dois shots são colocados na minha frente.

Todo mundo joga os shots de volta, um e depois o outro. Eu faço o mesmo,


desejando que o álcool afogue todas as reflexões que estou fazendo. Para minha
surpresa, o gosto é realmente bom, como um doce com sabor de uva.

— Mmm, — eu murmuro apreciativamente. Eu bebo minha cerveja e


tento me encaixar.

Uma noite fora e um pouco de álcool definitivamente não faz mal, embora
eu me pegue pensando em Charlie. Não sei o primeiro erro que cometi.
Fazendo essa aposta. Ou perguntando o que éramos.

Meu telefone vibra novamente e vejo que é de Ann. Quando eu levanto


meu olhar para o dela, vejo a preocupação.

Mais cerveja.

Ela me escreveu.

Eu levanto meu copo novamente e finjo que não sou louca. Que eu não
sinto que acabei de terminar.

***

Uma hora depois, nós nos lançamos coletivamente para fora da porta da
frente e para dentro do carro de Claire. Eu bebi demais. Eu também sabia,
mas cada bebida fazia a ansiedade em meu peito ficar cada vez mais leve. E
eu tenho que falar com Ann e contar tudo a ela. Pelo menos acho que sim. Não
tenho certeza se ela ouviu tudo, apesar de todo o barulho.

Há seis mulheres embaladas no pequeno Nissan Altima de Claire, mas


não vamos longe. O Mac está logo virando a esquina daqui, e eles têm um DJ
tocando esta noite.

Na verdade, existem três razões, por que estou indo e é isso que penso no
passeio de carro até lá. Embora tenho certeza de rir quando as outras meninas
riem, agarrando-se à minha garrafa de água que Ann pegou para mim.

1. Estou muito bêbada para dirigir.

2. Eu não queria ficar no Local sozinha

3. Quero provar que estou bem; estou bem. Foi bobagem e nada aconteceu
de qualquer maneira. Está tudo bem, então estou indo.

Chegamos ao Mac inteiras, graças a Claire ser a motorista designada.


Está escuro lá dentro, com alguns holofotes lançando seu brilho sobre os corpos
que ocupam a pista de dança. Não está tão lotado quanto o Local, mas há mais
pessoas aqui do que o normal.

— Uau, — eu digo enquanto abro a multidão em direção ao bar. Mas,


novamente, eu venho durante a semana principalmente.

Charlie está trabalhando na outra extremidade do bar, servindo bebidas


para o que parece ser o valor de uma irmandade inteira de meninas. Sigo
Diane até a outra extremidade do bar, onde um cara mais jovem está
preparando bebidas. É James, eu me pergunto? Não me lembro e meu cérebro
está confuso.
Tento pensar qual é o nome dele a cada passo, mas me escapa. Percebo
que devo estar bêbada, então tento me controlar enquanto estou no bar,
embora meus olhos continuem correndo para Charlie, esperando que ele me
veja. Não há álcool suficiente para fazer o feixe de nervos no meu estômago
acabar com isso.

Demoro alguns minutos para conseguir uma bebida. Quando finalmente


estou na frente da fila do bar, vejo o olhar de Charlie. Ele olha para mim
primeiro, depois para minhas amigas do trabalho, e meio que balança a
cabeça. Ele está sorrindo, no entanto. Eu mordo meu lábio, sentindo o sorriso
esticar em meu rosto enquanto eu balanço em meus calcanhares.

Mas antes mesmo que eu possa dizer oi, sua atenção é desviada de volta
para as alunas, e ele diz algo que a faz todas rirem. Tenho certeza de que uma
delas tenta puxar Charlie para um beijo. Ele se esquiva do beijo no último
minuto, mas estou farta de assistir.

Isto é apenas diversão.

Toda aquela conversa interna me deixa em um segundo.

Eu me afasto, pegando minha bebida, minhas bochechas aquecendo e


minha garganta parecendo apertada. Se Charlie pode flertar com toda mulher
que olha para ele, não há nada que diga que eu não posso me divertir com
quem eu quiser. Como se fosse isso que eu quisesse fazer agora. Eu danço meu
caminho até Diane, tentando não deixar minha mágoa aparecer. Bem, minha
tentativa de dança. É mais como se eu balançasse meu caminho até ela.

Não é como se você tivesse algo com Charlie, eu me lembro.


Eu coloco minhas mãos no ar e danço, tomando cuidado para não
derramar minha bebida. Vou ficar com cerveja esta noite. Diane e as meninas
participam, e tento apenas relaxar e me divertir. Eu me recuso a olhar para
Charlie, em vez disso, fixo meu olhar na parede traseira, onde as TVs exibem
alguns videoclipes.

Não demorou muito para que o grupo de meninas na pista de dança atraír
mais homens e para Ann decidir que seu tempo acabou. Ela sai correndo, seu
marido esperando por ela no estacionamento.

Com ela fora, e Charlie... ocupando, minha mente vai exatamente onde
eu não quero.

Está lotado, é barulhento e me sinto uma merda. Numa sala com todas
essas pessoas, tenho que forçar o sorriso no rosto e só quero ir para casa.

Isso foi um erro e no segundo que eu sei disso, eu saio furtivamente e pego
um táxi para casa. Não olhando para trás para dizer adeus às meninas ou a
Charlie. Amanhã darei uma desculpa, mas tenho que sair de lá. Não sei qual
foi meu primeiro erro, mas vir aqui esta noite com certeza foi um erro.
Meu despertador toca, mas já estou acordado. Eu bato minha mão para
baixo e o bipe incessante para. Eu não conseguia dormir porra nenhuma. A
noite toda, eu só pensava que sou um idiota por tentar ficar com Grace sem
comprometer-se com ela. O que é ainda pior é sentir que ela acabou comigo.

Ela não disse uma palavra e foi embora assim que chegou. Ela certamente
terminou comigo.

Eu não quero terminar com ela.

Afundando de volta na cama, eu fico olhando para a abertura fina entre


as cortinas escuras e vejo o fluxo de luz entrando no quarto. Minha única
esperança é que ela disse que iria ao casamento. Não sei por que estou
segurando ela com tanta força quanto estou. Nós nem nos beijamos. Ela não
está nem um pouco ligada a mim.

A cama geme enquanto eu lentamente escorrego para a borda e estico


meus braços acima da minha cabeça. Solto um suspiro cansado enquanto meus
pés descalços batem no chão de madeira. Eles estão frios e tenho quase certeza
de que a fornalha apagou ontem à noite. Todos os pelos dos meus braços se
arrepiam enquanto arrepios sobem pelas minhas costas até a base do meu
pescoço.

Droga, eu nem tinha percebido. Eu pego meu telefone da mesa de


cabeceira no meu caminho para fora do quarto. Eu tenho que ligar ou mandar
uma mensagem para ela. Alguma coisa; não posso deixá-la pensar que sou
apenas um idiota.

É exatamente assim que ela olhou para mim na noite passada. Meu
coração bate forte no peito enquanto desço as escadas, sem me preocupar em
agarrar-me ao corrimão de ferro. Eu não saio beijando mulheres aleatórias.
Talvez eu tenha feito uma vez, mas isso foi há muito tempo.

Esta casa é antiga, construída nos anos 30 e a necessita de mais um TLC 6.


Comprei pouco antes de comprar a bar do Mac. Contorno as escadas no saguão
e observo o progresso que fiz. O piso de ardósia na entrada está congelando
nos meus pés descalços. A fornalha definitivamente apagou.

Consegui fazer mais trabalhos na casa antes de começar a passar todo o


meu tempo no bar. O primeiro andar está totalmente remodelado, com
praticamente tudo novo e pintura fresca. Tons de cinza e azuis escuros são o
tema em todo o plano de piso aberto, incluindo o granito preto e a bancada de
aço na cozinha. Gastei todo o dinheiro que tinha para transformar este lugar
no moderno apartamento de solteiro que eu queria que fosse.

Mas agora, quando olho para ele, é apenas frio. Vazio. Desprovido de vida.
As linhas são muito retas e os móveis parecem praticamente novos. Porque
mal foi tocado.

A porta do porão se abre com um rangido e eu acendo a luz, uma única


lâmpada na parte inferior da escada instável. Eu nunca consegui fazer o andar
de baixo como eu queria que fosse. Um bar semi-construído na parte de atrás.
O drywall7 foi colocado e aparafusado no lugar, mas ainda não acabei.

6
Abreviação de Tender, Love e Care, traduzindo seria Terno, Amor e Cuidado.
7
Placa de gesso pré-fabricada, encapada com papelão ou fibra de vidro, que pode ser fixada em estruturas de aço
galvanizado para construção de casa ou prédio.
Eu nem quero terminar mais; acho que só queria acreditar que estava
amando a vida de solteiro.

A verdade me atinge com força, como uma bala no peito, mas continuo me
movendo, indo em direção à fornalha para mexer na caixa elétrica. Eu conheço
os cabos certos que precisam ser mexidos e apertados para voltar a funcionar.
Eu deveria chamar Joseph para vir aqui e consertar essa merda.

Enquanto estou mexendo nos fios da caixa, penso em como estava


chateado quando comprei esta casa.

Foi a primeira da minha lista. O corretor de imóveis me mostrou e eu


comprei ali mesmo. Todo o dinheiro que eu havia economizado para o
casamento se tornou um sinal.

A fornalha acende com um ruído alto.

Fechando a porta de metal fina da caixa, eu olho para ela enquanto o fogo
queima alto e o som do ar correndo pela casa entra em ação.

Eu não me importava com nada além de ficar o mais longe que pudesse
sem estar tão longe a ponto de perder minha família.

Agora estou aqui, tantos anos depois, em uma casa fria, sozinho.

E afastar a queridinha fofa que me fez feliz pela primeira vez em Deus
sabe quanto tempo. Porquê? Porque eu não pude dar a ela uma resposta para
“o que estamos fazendo?” que ela aceitaria.

Eu chuto a porta do porão, me sentindo cada vez mais chateado comigo


mesmo, e sigo para a ilha para me sentar e ligar para ela, mas antes mesmo
da minha bunda sentar, o telefone toca na minha mão.
E é ela.

Minha respiração para por um momento, o único pensamento é que ela


está me dizendo que não vai ao casamento. Vou descobrir de uma forma ou de
outra, mas ela está vindo. Vou compensá-la... mas ela vai àquele maldito
casamento e, finalmente, vou provar o gosto do meu amor.

Aperto o botão e atendo a chamada.

— Ei, querida, — digo facilmente, como se não estivesse tenso e esperando


que ela tente desistir disso. Como se eu não estivesse tentando descobrir
exatamente o que preciso dizer. Eu não vou deixá-la ir. Eu fodi muito nos
últimos anos, mas deixá-la se afastar de mim antes que eu tivesse a chance de
fazer um movimento sobre ela não vai ser meu próximo erro. — Senti falta de
falar com você na noite passada.

— Charlie, — sua voz suave flui através do telefone, e o tom me pega


desprevenido. É uma desculpa. Eu a ouço respirar no telefone. — Olha, antes
de você dizer qualquer coisa, eu só quero dizer, eu sinto muito. Eu não deveria
ter te falado...

Oh, porra, não. Não vou aceitar isso parado.

— Querida, você pode parar por aí. — Eu posso praticamente ouvir sua
ingestão aguda e vê-la chupando os dentes. Já a vi fazer isso antes, quando
está preocupada com alguma coisa. A imagem na minha cabeça dela fazendo
isso me faz sorrir e eu relaxo contra a ilha, o granito frio em meus antebraços.
— Você não está desistindo do nosso acordo. Você ainda nem me disse o que
quer e eu posso te dizer. — Hesito, lembrando-me do que ela mandou uma
mensagem e me sentindo como se fosse um ponto de virada e, mais importante,
como se estivesse arriscando machucá-la. Eu prefiro arriscar isso, do que
arriscar deixá-la ir. Me chame de idiota, mas não posso deixá-la ir embora de
novo como fez na noite passada. — Eu realmente gosto de você também.

Ela está quieta. Muito quieta. Eu nem sei se ela ainda está lá. Dobrando-
me, digo a ela: — Aí eu admiti. Agora você me tem pelas bolas, Grace.

Sua pequena risada enche o telefone. Posso imaginá-la corando.

— Bem... vejo você em breve então? — Ela diz, como se fosse uma
pergunta.

— Pode apostar, — digo a ela.

— Tudo bem então, tchau Charlie. — Percebo enquanto ela diz as


palavras que não gosto que ela me diga tchau.

— Tchau, querida. — Eu também não gosto de dizer adeus a ela. O


telefone está mudo e eu largo o telefone no balcão.

Eu balanço minha cabeça. Isto é ruim. É muito ruim. Eu já gosto muito


dela. Eu já quero ficar com ela.

Olhando para minha cozinha, tento me lembrar da última vez que a usei.
Não posso ficar com ela porque temos planos de vida diferentes. O maior
problema, porém, é que eu realmente não tenho um plano. Não um que me
deixe feliz.

Eu mando uma mensagem para Grace por capricho: Você gosta de bolo
de funil8?

8
Alimento doce regional popular na América do Norte, encontrando principalmente em canavais e parques de
diversões
Eu me visto para ir ao Piedmont Park Festival com um vestido de algodão
cru de tiras coloridas. É o meu favorito. Eu me viro na frente do espelho no
meu quarto, minha mente no próximo evento e um sorriso no rosto.

É um festival ao ar livre. Eu mordo meu lábio enquanto tento decidir por


um casaco, já que vai estar frio lá fora a esta hora da manhã. Um sorriso curva
meus lábios enquanto eu escolho uma jaqueta jeans clara, combinando com
botas de couro marrom claro.

Eu me olho no espelho e minha expressão muda. Uma ruiva pálida olha


para mim, seus olhos azuis ansiosos.

Eu realmente pareço assim?

Preciso de apoio emocional hoje, de alguém em quem me apoiar. Pego meu


telefone, procuro nos contatos e encontro Ann.

Ela é lógica, enquanto eu sou... emocional. Embora às vezes seja vice-


versa.

Sem muito tempo a perder, coloco no viva-voz assim que chego ao carro.

— Ok, derrame logo. — As primeiras palavras que saem de sua boca me


fazem rir alto.
— Derramar o quê? — Eu descanso meu cotovelo na porta do carro e coloco
minha cabeça em minha mão enquanto dirijo pela interestadual, ouvindo o
GPS.

— Você não ligaria se não fosse sobre Charlie.

— Você se lembra do que eu te disse?

— Como eu poderia esquecer?

Respire fundo. — Bem, ele decidiu que eu não tenho permissão para
desistir do nosso acordo e que ele queria me levar para um encontro, —
praticamente grito.

A reação de Ann é tudo que eu precisava. Deste: oh meu Deus, oh meu


Deus. Para perguntar o que estou vestindo e se eu coloquei uma calcinha
bonita... só para garantir.

A única vez que meu sorriso desaparece é quando me lembro que não
contei a Ann sobre a fertilização In Vitro e os problemas do bebê. Na verdade,
Charlie é o único para quem eu disse isso.

Ann me deseja toda a boa sorte do mundo, dizendo que me ama e que se
sente tão bem com isso antes de eu desligar.

Quando eu estaciono, tenho que me lembrar que estou em um encontro


com meu namorado falso.

Um homem que não é certo para mim, e eu sei disso. Raios, eu duvido que
eu seja a pessoa certa para ele também.

Um homem que não quer as mesmas coisas que eu quero. Isso nós dois
sabemos.
É estúpido da minha parte. Estou perdendo tempo.

Mas não posso deixar de pensar que ele é um homem que daria um bebê
fofo...

***

O frio no ar é mais refrescante do que frio quando eu saio para procurar


por Charlie. Embora esteja distraída, ocupada folheando um e-mail no meu
telefone. O consultório do meu médico me enviou por e-mail informações sobre
a fertilização In Vitro e como encontrar um doador. Meus olhos se arregalam
enquanto olho para tudo isso. Há uma tonelada de grandes números, dez mil
dólares, quarenta mil doadores únicos.

É demais para mim tentar aceitar agora, especialmente se eu deveria


estar neste encontro. Guardando meu telefone, espero na entrada do parque,
ao lado da grande placa branca esperando por Charlie.

Quando vejo Charlie, tudo em mim se contrai, do jeito bom. De sua


camiseta branca simples bem justa em seus ombros largos, seus bíceps
protuberantes e jeans desgastados... ele é meu tipo de homem. Tento não olhar
para ele enquanto lhe entrego um café gelado, mas seus profundos olhos
verdes estão sobre mim.

— Obrigado, — ele diz, os olhos percorrendo minha figura. — Você está...


bonita. — O calor sobe pelas minhas bochechas, todo o caminho até a minha
têmpora.
— Sim, bem, — não posso deixar de sorrir, corando enquanto faço o elogio.
Eu juro, quando Charlie está por perto, minhas bochechas ficam com um tom
permanente de vermelho tomate, ainda mais aparente por causa da minha
pele clara. — Você também não parece tão mal.

— Está pronta? — Ele diz, apontando para o parque.

— Eu estou, — eu respondo. Eu tenho que segurar meu café com as duas


mãos para não alcançar a dele com uma das minhas.

Bebendo meu café gelado, ignoro a sensação de que algo está diferente
entre nós enquanto caminhamos por um dos caminhos, sob uma faixa que
declara este o Festival no Parque do Piedmont em uma faixa azul brilhante.
Cada lado do caminho é pontilhado com barracas individuais cheias de comida
e jogos ou vitrines maiores de bugigangas artesanais e arte para comprar, que
ocupam várias tendas medindo quatro por quatro cada.

Bebo meu café gelado, mas não consigo deixar de sorrir enquanto Charlie
me conta uma história sobre sua irmã mais nova, Ali, e como ela teve um
ataque de um ano por causa da queda de seu bolo de funil.

— Quero dizer... ela estava apenas, o que você disse? Seis? E eu teria um
ataque hoje se deixasse cair um bolo de funil cheio.

A conversa é fácil. As risadas são genuínas. É diferente. Os pequenos


toques, os olhares rápidos. Isso faz meu coração ingênuo pensar que há algo
aqui.

— Tudo bem, sua vez. E sua família?

— Bem, é só minha mãe agora. Meu pai morreu em um acidente de carro


quando eu era pequena. — Falo com facilidade, mas fico olhando para a grama
enquanto subimos uma pequena colina. Eu gostaria de ter uma grande família
amorosa como a dele.

— Eu sinto muito. — Posso sentir seus olhos em mim, mas não olho para
trás.

— Já faz muito tempo. Mas obrigada. — Está quieto por muito tempo.
Quero dizer a ele que converso com minha mãe com frequência, mas ela está
ocupada e viaja muito. No entanto, está tudo entupido no fundo da minha
garganta, então tento engoli-lo com o resto do meu café.

— E seus pais? — Eu o questiono: — O que eles fazem. Sua mãe parece


muito doce.

Seu sorriso é assimétrico e é quando nossas mãos se tocam por um


momento. Arrancando meu olhar para que ele não veja meu rubor ficar ainda
mais quente, eu espero que ele responda. — Papai é piloto. Ma é dona de casa.
E você conheceu uma de minhas irmãs.

— Sim. — Posso sentir minhas sobrancelhas se erguendo, lembrando de


Ali. — Eu ainda tenho que mandar uma mensagem para ela, — eu admito
para ele. Ele apenas ri e diz que vai me dar o número dela. Eu movo o copo de
café frio para a minha outra mão, limpando a água na minha jaqueta antes de
tomar outro gole.

— O que Ali faz?

— Ela é enfermeira. Acabou de se formar há dois anos.

Eu me viro para olhar para ele enquanto caminhamos até o topo da colina
e paro lá: — E sua outra irmã?
— Cheryl é uma dona de casa, como minha mãe. Ela tem um ótimo
diploma em inglês e provavelmente voltará a lecionar em algum momento. Ela
adora crianças.

— Crianças, — eu repito a palavra, sentindo uma baixa tensão passar por


mim.

— Eles têm um bebê agora, então ela está se adaptando a ficar em casa e
tudo mais.

A menção de um bebê faz meu coração pular. Meus lábios se abrem para
perguntar a ele mais sobre sua irmã, mas meus olhos avistam exatamente o
que eu quero agora.

Na deixa, meu estômago ronca de fome, — Quer um? — Eu questiono

— Picles no palito ou batatas fritas? — Ele questiona, sorrindo de orelha


a orelha.

Dando de ombros, eu respondo: — Um ou ambos. — Comida frita e picles


grandes no palito são exatamente o que penso quando penso em festival. Isso
e bolo de funil, é claro.

— Bem, o que você está comprando? — Ele me pergunta e eu respondo:


— Os donuts. Eles são o paraíso da fritura com açúcar de confeiteiro. — Meu
estômago ronca novamente quando o cheiro fica mais forte e a fila em que
estamos fica mais curta.

Charlie leva seu tempo, olhando o menu escrito no quadro à direita do


estande. — É como um bolo de funil, mas em forma de bola. — Eu sussurro
me aproximando dele, como se fosse algum grande segredo que estou
confessando.
— Acho que vou levar um e quero o chantilly também.

Eu peço com facilidade e pego minha bolsa, pronta para pagar desde que
eu ofereci. Charlie me venceu.

— Ei, — protesto observando-o entregar o dinheiro. — É por minha conta,


— meu tom é ferido.

— Bobagem, — ele responde, pegando o troco e, em seguida, nossos dois


barquinhos de papel com donuts polvilhados. — É o meu encontro, — ele
balança a cabeça e me passa as delícias fritas que eu estava desejando.

— Bem, obrigada.

É óbvio, pela forma como seus lábios se separam, que ele ia dizer alguma
coisa, mas um pouco de creme escorrega do topo de um donut quente e atinge
seu pulso.

Devo estar louca, porque Charlie está lambendo aquele monte de


chantilly e aumenta a temperatura ao meu redor para cerca de mil. Um
segundo se passa enquanto saímos da fila.

Meu corpo aquece, acendendo-se de desejo enquanto eu mordo meu lábio


e vejo seu olhar cair para meus lábios. De repente, percebo que quero que ele
me beije. Não, preciso que ele me beije.

Eu me inclino apenas uma fração, ficando na ponta dos pés para beijá-lo
e fecho meus olhos, seus lábios moldando-se contra os meus. O toque é elétrico,
enchendo todo o meu corpo com uma energia inquieta. O beijo é lento, sem
pressionar por mais nada, mas isso só o torna ainda mais doce.
Quando nos afastamos, todo o meu corpo está coberto de arrepios, minha
respiração difícil.

O que realmente deixa meu coração disparado, porém, é o fato de que a


mesma expressão está em seu rosto. Nossos olhos se encontram, e é tão intenso
que quase eu desmaio.

Eu desvio o olhar e rio, e a tensão se quebra.

— É assim que você diz obrigado por donuts o tempo todo? — Ele pergunta
suavemente. — Eu poderia adicionar estes ao menu.

Outra risada me deixa com sua piada. — Talvez, — eu digo com um


encolher de ombros.

O silêncio se estende, mas é fácil. Tudo de repente parece fácil e como


deveria ser assim.

Tento não pensar nos detalhes porque, agora, está perfeito.


Eu levo Grace de volta para os nossos carros, não posso deixar de pensar
que eu não me lembro a última vez que tirei um dia de folga

Há uma razão para eu trabalhar pra caramba.

Eu vou atrás do que eu quero, e o que eu quero agora, mais do que querer
que o bar fique estável, é ela.

Eu me inclino perto de sua orelha, deixando meu hálito quente fazer


cócegas em seu pescoço e enviando arrepios em cada centímetro de seu corpo
enquanto pergunto: — Você se divertiu esta noite? — O sol está se pondo, os
grilos apareceram e tudo neste momento é a imagem perfeita.

— Você sabe que sim. — Seus ombros tremem com uma risada suave e
ela me afasta um pouco, um pouco de espaço se interpondo entre nós enquanto
caminhamos pela grama do parque. Eu sou rápido para fechar a lacuna,
agarrando a mão dela e dando um aperto antes de puxá-la de volta para mim.

— Isso conta como um primeiro encontro? — Minha voz atravessa a noite


escura.

— Um encontro? Tudo que você perguntou foi se eu queria bolo de funil,


— ela responde com um largo sorriso enquanto olha para frente.

— Bem, quem não gosta de bolo de funil? — Eu respondo sem pensar.


Grace tira a mão da minha, cobrindo o rosto com uma risada antes de
balançar a cabeça. Eu amo esse som. Ela praticamente pula alguns passos
para voltar para mim, aquele lindo sorriso ainda gravado em seu rosto. Meu
peito está quente e cheio.

Mas eu sei que isso é temporário, a menos que eu faça e diga as coisas
certas. Comprometendo-me com coisas na vida para as quais não estou pronto.
Parece um encontro, mas uma garota como ela precisa mais do que um
cachorro-quente, refrigerante e donuts fritos.

A noite ainda é uma criança.

As nuvens parecem escurecer um pouco mais à medida que o barulho das


pessoas deixando o festival para trás diminui. Somos algumas das últimas
pessoas a sair.

Grace limpa a garganta de maneira educada quando passamos pela


última tenda. O céu escurecendo e os relâmpagos estão bem longe, iluminando
o horizonte antes de nos deixar na escuridão com um estrondo. É
reconfortante, porém, e cada vez que acontece, Grace se aproxima um pouco
mais de mim. Seu pequeno corpo praticamente moldado ao meu quando
saímos do festival e nos dirigimos para o estacionamento.

Eu amo o calor de seu corpo, os sons femininos de seus suspiros cada vez
que o relâmpago estala no céu. Não é preciso nenhum esforço para envolver
meu braço em volta de sua cintura e puxá-la para mais perto.

É um verdadeiro encontro, ela admitindo ou não.

Não perco a forma ela se anima e evita deliberadamente olhar para mim
no segundo que minha pele toca a dela.
— Você se divertiu? — Ela me pergunta timidamente. Eu gosto desse lado
da Grace. No bar, ela se solta às vezes, mas na maioria das vezes está apenas
brincando para esconder a verdadeira ela.

Ela tem um dia de merda, é apenas uma piada.

Ela está em uma briga, ela ri disso.

Mas essa insegurança está sempre logo abaixo da superfície. Aqui ao ar


livre, sem as luzes fracas do bar e o álcool, não vou deixá-la escapar escondendo
nada. Eu quero saber a verdadeira ela. E não estou me segurando nem um
pouco.

É diferente e gosto disso. Eu quero mais disso. Eu quero mais dela.

— Sim, — sorrio para ela enquanto caminhamos pelo caminho e


finalmente chegamos à calçada estreita que nos leva em direção aos carros.

O estacionamento fica bem na frente e há relativa privacidade de uma


fileira de árvores que margeia a calçada. É tarde e escuro. O som de um carro
ligando leva meus olhos a olhar para frente e ver os passageiros saindo. Fora
isso, estamos deixando o mundo para trás enquanto voltamos para casa.

Minha mandíbula aperta e aperto sua cintura quando percebo que


dirigimos separadamente. Droga. Meus dedos apertam um pouco sobre ela. Eu
não quero que isso acabe. Eu não quero sair daqui e nunca ter esse lado dela
de volta.

Eu só preciso de outro encontro. O casamento.


A ansiedade apertando meu coração desaparece quando eu percebo que
ainda a tenho. Ainda tenho a chance de dar a ela o que ela precisa para ficar
comigo.

Eu posso segurá-la um pouco mais, ver mais desse lado dela. Ela está
procurando o homem certo, mas posso mantê-la ocupada até que ele apareça.

Crack!

— Oh! — Grace salta ligeiramente enquanto caminhamos pela calçada e


ela quase cai. Uma risada áspera faz cócegas no fundo da minha garganta
enquanto a seguro mais perto. Ela é ainda mais tentadora em meus braços.

Ela não sai logo do meu abraço, seus suaves olhos azuis olhando nos meus.
Sua respiração fica mais rápida e faz seus seios subirem a cada ingestão curta.
Eu posso sentir a faísca entre nós, a atração que se acende e me empurrando
para mais perto dela, querendo sentir mais dela, tudo dela. Só quando os
passos de outros participantes saindo do festival ficam mais altos, conforme
as pessoas se aproximam, que ela se afasta.

Ela enfia o cabelo atrás da orelha, quebrando meu olhar aquecido e


afastando-se como se o que acabou de acontecer não a estivesse afetando.

Eu posso ouvir o comentário espertinho, a piada saindo de sua boca antes


mesmo que ela diga. Mas eu a viro em minhas mãos, segurando seus quadris
e puxando-a para o meu peito duro e bato meus lábios contra os dela.
Silenciando o que quer que fosse sair entre aqueles lábios doces.

Eu a quero e ela vai saber muito bem disso.

No início, seus lábios estão duros, pegos de surpresa, mas ela molda-os
aos meus e abre aquela costura doce, abrindo sua boca quente para mim. Ela
geme enquanto aprofundo o beijo, suas pequenas mãos agarrando minha
camisa.

Eu não quero sair com apenas uma pequena amostra dela. A maneira
como o carro dela está estacionado perto do meu nos dá um pouco de
privacidade. Eu quero que ela saiba o que posso dar a ela.

Ela pode querer casamento e filhos, e eu tenho certeza que não estou
pronto para isso... Mas posso deixá-la viciada em outra coisa.

Mais do que um beijo inocente.

Minhas mãos seguram seus quadris e ouço sua bunda bater contra o meu
carro enquanto eu coloco minha mão em suas costas e a puxo contra mim. Meu
pau fica duro em um instante.

Eu não sei o que aconteceu. Em um minuto ela é totalmente à favor, me


beijando de volta com a mesma paixão.

No próximo, ela interrompe o beijo muito cedo, o momento se foi quando


ela sai do meu alcance e me deixando ansioso por ela. Há um frio entre nós.

— Somos apenas amigos, certo? — A voz de Grace é suave, cheia de força


fingida, a vulnerabilidade brilhando. — Isso é apenas diversão? — Seus olhos
disparam para os meus quando ela começa a andar para seu carro, seus saltos
clicando no pavimento enquanto ela tenta recuperar o fôlego e esquecer o que
acabou de acontecer. Eu acelero meu ritmo para alcançá-la e segurá-la em
meus braços, procurando em seu rosto o motivo pelo qual ela simplesmente
saiu.

Levo um momento para registrar o que ela perguntou.


Eu sei o que ela quer ouvir. Ela quer que eu diga que quero mais. Mas as
palavras não saem.

A última vez que dei a alguém mais, ela arrancou meu coração. Tudo o
que posso ver na minha frente é o quão idiota eu era naquela época.

Grace quer mais, mas não posso dar a ela.

Eu me afasto dela, forçando um sorriso nos lábios e ignorando sua


pergunta enquanto digo: — Eu me diverti muito esta noite. — Puta que pariu,
o que há de errado comigo?

Seus olhos brilham com algo, e a vergonha de saber que ela quer mais,
mas deliberadamente não dando para ela pressiona contra meu peito. Ela se
vira para sair sem dizer mais nada.

O relâmpago seco se transforma em chuva enquanto vejo Grace ir embora.


As gotas são leves no início, quentes. Eu não faço absolutamente nada para
impedi-las de descer enquanto destranco meu carro. Ela encharca o algodão
fino da minha camisa, grudando na minha pele enquanto entro e fecho a porta.

Ela quer ser mais do que amiga.

Ela quer um compromisso, mas já está falando sobre filhos.

Estou louco pra caralho por querê-la. Mas não consigo evitar. Não vou
parar até estar bem dentro dela, fazendo-a gritar meu nome. Ela vai deixar
pra lá então. Não importa se há um título para nós ou não. Vou fazê-la feliz.
Eu posso fazer isso.
Sentada no trânsito, esfregando minhas têmporas, deixo escapar um
suspiro agitado. O tráfego está quase parado. Eu poderia sair do meu carro,
tomar uma xícara de café e voltar para descobrir que o trânsito não mudou.

Tem sido um longo dia. Uma longa semana, na verdade. Eu rio um pouco
para mim mesma porque é apenas quarta-feira.

Minha nossa. Eu realmente preciso relaxar.

No fim de semana passado... Charlie. Meu aperto no volante aumenta


quando solto um suspiro estrangulado. O que eu estava pensando? Estou
brincando com fogo. Ele quer se divertir e isso é tudo que serei para ele. Quão
mais claro ele poderia deixar isso para mim? Está claro como o dia.

Mas um bom momento está começando a parecer muito atraente para


mim.

A imagem da Mac's Tavern vem à minha mente, sem ser convidada.


Charlie, atrás do bar. Ele está limpando o balcão. Ele olha para mim e sorri
quando me reconhece. E então ele começa a tirar a camisa dele…

Um sorriso se estende lentamente pelo meu rosto e eu realmente rio


ridiculamente. A fantasia é doce e inocente. Muito mais doce do que meu dia
foi, de qualquer maneira. A fantasia também não é realista... assim como meus
outros pensamentos sobre nosso relacionamento.
Eu mastigo meu lábio. Eu não estava planejando ir ao Mac hoje, mas...
ver Charlie seria bom. Eu me sinto bem quando estou com ele. No entanto,
não há rótulo ou compromisso, e isso me faz sentir uma idiota. Depois do nosso
encontro, eu não poderia me importar menos com a aparência. Eu só quero ser
feliz.

Enquanto estou presa no trânsito, consigo tirar meu traje de escritório,


uma saia lápis cinza e uma blusa de seda branca. Eu puxo um vestido azul
claro, de tiras e na altura dos joelhos, do banco de trás.

Tento não fazer contato visual com as pessoas nos carros próximos
enquanto saio furtivamente de uma roupa e entro em outra. Eles estão
ganhando um show gratuito, mas nada mais de mim. Não é como se meu sutiã
mostrasse mais do que a parte de cima de um biquíni, de qualquer maneira.
Meu joelho bate contra o volante e solto um assobio agudo. Ai!

Eu tenho que deslizar o vestido para baixo na minha bunda e quase piso
no acelerador, mas eu consigo.

Eu sorrio para mim mesma no espelho retrovisor e pego minha bolsa para
passar um pouco de batom. Um vermelho profundo, não é a minha cor normal,
mas fica bem com o vestido e realça o azul dos meus olhos.

Não que eu esteja me arrumando, ou algo assim... digo a mim mesma e,


em seguida, sorrio como o Gato de Cheshire. É tão errado fazer isso com
Charlie? Meus ovários podem dizer “sim, sim é” quando estou no médico, mas
eles não têm nenhuma objeção quando Charlie está me beijando. Eu sei disso.

O estacionamento está quase vazio quando finalmente chego ao Mac's.


Tão vazio que acho que pode estar fechado, mas não me impede de dar uma
olhada lá dentro. Quando abro as portas, também está vazio por dentro, o
zumbido suave da TV é o único som. Eu me viro e verifico se havia uma placa
na porta. Talvez eu tenha esquecido que eles não estão abertos de alguma
forma.

Mas não. Não há placa. Apenas um grande bar vazio.

Eu ando pelo chão, me dirigindo para o corredor dos fundos em que


Charlie está sempre desaparecendo. Eu mastigo a parte interna da minha
bochecha nervosamente, sabendo que provavelmente não deveria voltar lá.
Meu coração está batendo mais rápido com a perspectiva de ficar sozinha com
ele em seu bar. Definitivamente, está marcado como “Somente funcionários”
por um motivo.

Mas o bar está vazio. Não há ninguém para me ver fazer isso, então
realmente não conta. Lembro-me de como ele me beijou na outra noite, e isso
é tudo que preciso para colocar meus pés em movimento.

Passando pelo refrigerador e pelo almoxarifado, eu coloco minha cabeça


dentro de cada um para ter certeza de que eles estão vazios. Eu continuo
voltando pelo corredor, ficando cada vez mais nervosa.

Finalmente, eu o vejo. Parando abruptamente, observo Charlie em um


pequeno escritório, inclinado sobre uma mesa cheia de papéis. Por um
segundo, sou muito tímida para anunciar minha presença, então apenas fico
olhando. Ele não é nada além de problemas. Mas eu sabia disso. Eu já sabia
desde o começo.

Charlie está vestindo jeans escuro que provavelmente se molda


perfeitamente à sua bunda, e uma camiseta escura que se ajusta
confortavelmente sobre seus peitorais e abdômen rígidos. Ele está trabalhando
duro, uma caneta na boca. Eu lambo meus lábios nervosamente,
estranhamente com ciúme da caneta.

Os nervos começam a crescer quando ele não me nota, e eu não agüento.


Eu limpo minha garganta. — Aham.

Charlie ergue os olhos, surpreso. — Ei, — ele diz, deixando cair a caneta.
Ela pousa em sua mão, mas ele é rápido em soltá-la.

Um sorriso gentil, junto com um calor que flui por mim, surge em meu
rosto. — Ei. O bar está vazio. — Eu me inclino contra o batente da porta, sem
desviar o olhar dele. — Eu não tinha certeza se deveria vir aqui ou não.

Eu não perco como seus olhos viajam pelo meu corpo antes que ele
responda. — Sim. Há algum festival gratuito acontecendo no centro. — Ele
encolhe os ombros. — Todo mundo foi embora um pouco atrás. Eu não queria
trancar... só para garantir.

— Ah. Bem, pelo menos você tem uma cliente, — eu digo, me sentindo
cada vez mais ingênua. Ele está ocupado. Ele está trabalhando. E eu vim sem
avisar. Mas ele não me disse para sair.

Minha respiração engata quando Charlie se levanta, alto e com sua


masculinidade em plena exibição. Tento não olhar para ele, para a maneira
como ele se move em minha direção.

— Bem, se eu só tenho uma, pelo menos você é uma cliente bonita, — ele
brinca, abrindo um sorriso.

Eu não posso deixar de ficar deslumbrada com ele. Ele é tão bonito, com
seus profundos olhos verdes. É assim que ele me pegou. Eu sei que é. Estou
impressionada com o ar ao seu redor, a facilidade de tudo sobre ele e a maneira
charmosa como ele olha para mim, a cadência áspera quando ele fala. Ele é a
combinação perfeita do que eu quero se pudesse escolher tudo em uma lista de
verificação. Eu poderia me perder nessas piscinas gêmeas, nadar
profundamente abaixo da superfície delas. Eu já estou perdida. Eu sei que isso
é ruim, mas não consigo evitar.

Abro a boca, mas não sai nada inteligível. — Eu... uh...

Charlie se aproxima. Tão perto de mim, posso ver o desejo em seus olhos.
Quase me derrete onde estou.

— Eu estava pensando... — ele diz, colocando uma mecha acobreada do


meu cabelo atrás da minha orelha. — Sobre a outra noite, no festival.

Seu peito está quase tocando o meu agora. Eu posso sentir um


formigamento de antecipação começar ali, endurecendo meus picos.

— Oh? — Eu sussurro sem fôlego.

Sua grande mão acaricia meus ombros, dedos quentes massageando meus
músculos. Minhas pálpebras se fecham quando ele me toca. É tudo que posso
fazer para não gemer.

— Mmmhm. Acho que você precisa relaxar, — diz ele. — Você está tão
tensa o tempo todo.

— E você tem uma ideia de como eu deveria relaxar? — Eu digo, abrindo


meus olhos. Já sei qual é a ideia dele. Eu tinha a força para ir embora no
parque... mas como uma mariposa para uma chama, voltei imediatamente.

Um sorriso malicioso ilumina suas feições. Isso faz meus dedos do pé


quererem enrolar.
— Eu tenho. Eu acho que você só precisa transar.

Eu respiro fundo, olhando para ele. Seus olhos estão procurando os meus,
procurando uma resposta.

— Talvez eu precise, — eu mal respiro sabendo que sou eu quem está


desabando entre nós dois.

No segundo em que a afirmação sai da minha boca; seus lábios estão nos
meus. Ele segura meu cabelo com uma das mãos e coloca a outra na parte
inferior das minhas costas, puxando-me para o seu peito e tirando o que queria
do beijo.

Eu me pressiono contra ele, moldando-nos ombro a quadril, sentindo o


leve começo de prazer correndo pelo meu sangue quente. Eu o queria há dias.
Ele me dá um pouco do que eu quero com movimentos firmes de sua língua
contra a minha.

Porém, não é o suficiente. Nunca pode ser o suficiente com Charlie.

— Mais, — eu exijo, minha voz áspera. Eu sei o que estou fazendo e não
há um pedaço de mim que não saiba o que é isso. Eu quero ele. Claro e simples.
Independentemente do que acontecer amanhã.

Em um movimento rápido, Charlie me pega, fechando e trancando a porta


de seu escritório em um piscar de olhos, suas mãos envolvendo minhas coxas
e me fazendo gritar de surpresa. Ele derruba um copo de lápis na pressa de
me colocar na mesa. Ouço papéis caindo no chão, mas estou muito envolvida
nele para olhar.

Estou sem fôlego, nervosa, mas mais do que tudo... Estou querendo. Pele
com pele, mais de seus lábios nos meus, mais dele, me levando.
Ele se ajusta entre minhas pernas, puxando para baixo as alças do meu
vestido. Estou ocupada tentando tirar a camiseta dele. Ele finalmente rosna e
dá um passo para trás, tirando a camiseta pela cabeça.

Correndo minhas mãos sobre seus músculos quentes, sobre o seu ombros
e nas costas, eu sabia que ele seria assim. Ele puxa a metade superior do meu
vestido para baixo e quase rasga meu sutiã de renda branca; ele está tão
ansioso. Eu acho que nós dois estamos querendo.

Em apenas um minuto, estou nua da cintura para cima, completamente


nua para ele. Minha respiração fica irregular. Isso é tão errado, mas eu não
me importo mais.

— Foda-se, — diz ele, colocando as mãos em meus seios. — Você é tão


linda, Grace. — Há um sentimento de admiração em sua voz que eu gostaria
de poder me concentrar, mas seus dedos hábeis jogam minha cabeça para trás
em um instante.

Quando ele belisca meus mamilos, choques afiados de prazer e dor


disparam direto para o meu clitóris e eu ofego, empurrando-me mais fundo em
suas mãos enquanto minhas costas arqueiam.

— Sim, — eu gemo. Faz quanto tempo? Muito tempo. Demasiado longo.

Eu só olho para ele quando ele se abaixa para tomar meu mamilo em sua
boca. Eu agarro sua cabeça e gemo, incapaz de processar a sensação de sua
língua na minha carne de outra forma.

Subindo minha saia, ele revela a tanga de renda branca que estou usando.
Ele se ajoelha e beija meu joelho enquanto puxa minha calcinha para baixo,
jogando-a de lado.
Tento fechar os joelhos, mas ele me ataca.

— Abra suas pernas para mim, — ele comanda, olhando para mim.

A fome em seus olhos é inegável. Eu lentamente separo minhas coxas,


segurando seu olhar. Há algo tão erótico nisso, algo tabu. Isso envia arrepios
por cada centímetro do meu corpo.

Charlie puxa minha bunda para a borda da mesa e eu fico um pouco tensa.
Nervos espetando ao longo da minha pele. Usando uma mão na minha barriga,
Charlie me reclina suavemente, sussurrando para “relaxar”. Ele trilha beijos
na parte interna das minhas coxas, aumentando o calor em todo o meu corpo.
Me queimando e forçando meus quadris a ondular. Sua mão espalmada me
avisa para ficar parada.

Ele me provoca antes que seus beijos alcancem minha boceta, arrastando-
se para baixo na costura. Eu me movo no lugar enquanto ele usa dois dedos
para separar meus lábios. Eu nunca estive assim com um homem. Tão perto e
íntimo. Com meus olhos abertos, olho para o teto, mal vendo uma coisa e
sentindo cada coisa. Quando ele para, eu olho para ele, meus lábios se separam
e meu peito subindo com respirações pesadas.

Ele olha para mim, como um tigre olhando para sua presa. Há uma
expressão de auto-satisfação em seu rosto.

— Você está tão molhada para mim, — diz ele. — Isso é sexy pra caralho.

Eu coro e quase cubro meu rosto, mas minhas mãos se fecham em punhos.
No próximo batimento cardíaco, Charlie me beija bem no meu clitóris. É
eletrizante, a sensação de seus lábios como um relâmpago quente percorrendo
todo o meu corpo.
Ele passa a língua sobre meu clitóris mais algumas vezes, cada
movimento fazendo meu corpo faiscar com a necessidade, então ele gira sua
língua sobre ele. Finalmente, ele sela a boca sobre meu clitóris e eu grito,
minhas mãos voando para seus ombros.

— Charlie! Porra!

Ele geme, as vibrações forçando meus dedos dos pés a se curvarem, e ele
faz isso de novo e de novo. Eu fecho meus olhos. Eu agarro seus ombros, seu
cabelo. É uma sensação tão boa, eu nunca quero que ele pare.

Mas antes que a onda pesada de minha liberação desabasse, ele para.
Meu olhar se volta para ele, precisando de mais e não sabendo por que ele
parou. Charlie se afasta de mim, limpando a boca. Eu abro meus olhos e olho
para ele, olhos selvagens. Ele ri enquanto se levanta novamente.

— Relaxe, querida, — ele diz. — Eu não terminei com você ainda.

Eu o puxo para mim, beijando-o avidamente. Enquanto eu tomo meus


beijos, ele desabotoa a calça jeans, empurrando-a para baixo parte do caminho.
Eu suspiro e recuo; ele libertou seu pau, e é enorme. Longo e grosso, e
descansando contra mim.

Eu olho nos olhos dele, maravilhada. Ele sorri.

— Você pensou que eu não poderia apoiar minha provocação? — Ele diz.

Eu mordo meu lábio e alcanço seu pau. Não consigo fechar meus dedos
em torno de sua circunferência, pois seu pau é grande. Eu sei duas coisas neste
segundo.

1. Vou sentir isso amanhã.


2. Tenho que contar a Ann. Beijar e não contar não é uma regra quando
você está com alguém que tem... algo que vale a pena contar.

Eu o acaricio, sentindo o calor e o aço de seu pênis sob meus dedos.

Principalmente, estou me perguntando como diabos ele vai se encaixar.


Eu ouço o ranger, então percebo que ele está desembrulhando uma camisinha.
Ele me beija, me distraindo enquanto a coloca.

Eu lambo meus lábios e quase o lembro. As chances de eu engravidar são


mínimas. Minha garganta começa a fechar com as emoções subindo em mim.
Toda essa merda que está me deixando tão louca está atrapalhando minha
felicidade mais uma vez.

Eu não vou deixar. Não preciso contar a ele e não vou estragar isso.

Ele pega seu pau em seu punho, e a visão dele se tocando me deixa mais
quente do que nunca. Enquanto ele se posiciona confortavelmente entre
minhas coxas, meu coração bate mais rápido. Eu separo minhas pernas
enquanto seu pau empurra contra minha entrada. Ele me estica lentamente e
minha cabeça se move de um lado para o outro com a dor aguda.

Eu tremo, um calafrio percorre minha espinha. Charlie traz sua mão livre
para segurar meu seio, a almofada áspera de seu polegar roçando meu mamilo
endurecido, enquanto ele começa a empurrar para dentro. Eu gemo enquanto
ele me enche, me estica, possui cada centímetro da minha boceta.

— Charlie, — seu nome é um sussurro estrangulado de mim. Meus olhos


se fecham e minha cabeça cai para trás com a doce picada dele empurrando-
se firmemente em mim.

— Diga meu nome de novo, querida, — ouço Charlie dizer em voz baixa.
Antes que eu possa fazer o que ele diz, ele se retira lentamente, deixando
uma necessidade profunda na boca do meu estômago, em seguida, empurra
para dentro de mim, com força. Meu gemido ininteligível fala por mim
enquanto ele faz isso de novo. Eu agarro a borda da mesa quando um suor frio
irrompe sobre minha pele e meu corpo implora para ele se mover.

— Maldição, — ele geme de prazer. — Você é tão fodidamente apertada,


Grace.

Porra, é tão bom. Seu olhar em mim deveria ser desconfortável, mas não
é. É a coisa mais quente que já senti. Seu ritmo é constante, suas estocadas
profundas. Cada batida forte de seus quadris faz meu corpo sacudir e eu luto
para não cair na borda. Repetidamente, meu corpo fica cada vez mais quente
enquanto eu subo mais e mais alto.

Mesmo assim, sinto que ele está se segurando, esperando que eu termine.
Eu não quero que ele se controle. Não quero que ele se ocupe pensando em
mim. Eu o quero perturbado, fora de sua mente de luxúria.

Eu prendo minhas pernas em volta dele e cavo meus calcanhares em sua


bunda, gemendo na curva de seu pescoço enquanto ele atinge a parte de trás
das minhas paredes, uma mistura pecaminosa de dor e prazer. Com um
gemido áspero de desejo, ele agarra meus quadris e martela em mim, meus
gritos de prazer ficando presos no fundo da minha garganta. Eu mal posso
respirar, a onda intensa de excitação subindo mais e mais. Eu nem percebo
que não estou respirando até eu soltar a expiração. Parece que algo quente
está florescendo dentro de mim, algo assustador, mas eu quero isso, porra.

— Sim, — eu o encorajo. — Faça assim, Charlie.

Ele me beija com força, exigindo mais de mim.


Ele se solta, me fodendo com abandono enlouquecido. Mais papéis voam
da mesa, esquecida, mas eles estão na minha periferia enquanto minha cabeça
se debate. Meu corpo está em chamas e, em seguida, muito frio e precisando
de mais do seu toque.

Eu balanço meus quadris contra seus impulsos brutais, ansiando por


mais.

Eu posso me sentir apertar em torno de Charlie, e acho que ele também


pode sentir. Ele puxa meu joelho para cima, aumentando a pressão, me
deixando mais quente. Oh. Meu. Deus. Estou bem no limite, desesperada para
superar...

Assim como eu acho que não posso, é demais, Charlie faz um som baixo,
retumbando em seu peito. De repente, estou em queda livre. Eu juro que vejo
estrelas, milhares de estrelas de todas as cores. Eu me agarro a ele enquanto
encontro minha liberação, enterrando minha cabeça em seu pescoço. Ele me
cavalga através do meu orgasmo, rasgando-me e apenas tornando o choque
muito mais doce. Minhas unhas cavam em sua pele enquanto seu hálito
quente viaja pelo meu corpo.

Ele empurra uma vez finalmente, proferindo uma maldição ao gozar. Eu


o seguro, e me agarro a ele enquanto suas pernas tremem por um segundo.
Ele fica imóvel, então passa a mão nas minhas costas. Estamos ambos sem
fôlego.

Meu coração bate quando levanto minha cabeça para olhar para ele.

Realmente não há palavras que descrevam o quão incrível isso foi, então
tento colocar isso em um beijo. É curto; ele o quebra para respirar, mas sua
grande mão segura minha nuca e então me beija. Profundo e doce. É tudo o
que quero e preciso.

Depois de outro momento, ele se retira suavemente.

Eu me pergunto se o sexo é sempre assim para ele. Selvagem, áspero e


exigente. Ambas as pessoas encontram prazer juntas.

Eu nunca tive isso antes, nunca.

Ele me beija novamente, segurando minha bochecha. Em seguida, ele


descarta o preservativo e puxa as calças para cima. Eu puxo meu vestido,
balançando a mesa e deslizando de volta em minha calcinha.

Eu só quero ser feliz. Eu quero ter tudo.

Charlie sorri para mim enquanto abotoa sua calça jeans.

Nunca me conformei com nada na minha vida. Mas eu poderia acertar


com Charlie.

Mesmo que não seja o mesmo para ele. Mesmo que seja apenas um bom
momento. Tento me convencer disso, mas se fosse verdade, não teria essa
sensação de mal estar agora que acabou.
— Eu preciso do alicate de ponta, — a voz de Joseph me traz de volta ao
momento. Limpo minha garganta, sentindo-me como a porra de um pervertido
por me perder na memória das curvas doces de Grace enquanto estou a apenas
um pé de meu cunhado.

A caixa de ferramentas enferrujada em cima da bancada de madeira se


abre com um pouco de protesto, e pego o alicate para ele.

— Sim, aqui está. — Recuando, deixei que ele concluísse o trabalho na


fornalha. Tive sorte que Cheryl se casou com um mecânico. — Obrigado por
vir e fazer isso por mim, — agradeço a ele pelo menos pela segunda vez hoje
enquanto pego o pacote de seis que trouxemos para baixo e então sento no
banco. Abro uma lata e o estalo e o disparo preenchem o silêncio. — Eu sei que
você não tem muito tempo...

— Merda, — ele me corta, e sua resposta tem minha bunda para fora do
assento pensando que ele cortou a mão ou algo assim. A expressão em seu
rosto me diz que ele está bem; ele joga o alicate no banco e enxuga as mãos na
calça jeans. — Estou feliz por sair de casa por um minuto.

Ele dá uma olhada na caixa antes de fechar a tela de metal e ligar o


interruptor novamente. A fornalha ruge para a vida quando ele afunda no
assento ao meu lado. — Você já a ouviu falar de cólica? — Ele pergunta
enquanto se estica e pega a cerveja que eu ofereço a ele.
— Cólica? — Não tenho a menor ideia do que ele está falando.

— Significa que seu bebê chora... muito.

Uma careta aparece no meu rosto e se eu tivesse que apostar, ela combina
com a dele. Eu me concentro na minha cerveja e ele na dele.

Joseph e eu nós demos bem quando ele e Cheryl começaram a namorar.


Eu nunca gostei de seus namorados anteriores, mas ele a trata bem. Ele se
encaixa bem nela. Um bom marido e um bom pai. Mesmo que ele esteja
trabalhando pra caramba enquanto Cheryl está na maternidade.

— Lamento ouvir isso, — digo a ele, a cerveja bem ali em meus lábios.
Não sei mais o que dizer. Não sei merda nenhuma sobre bebês.

Ele solta um suspiro pesado, — Está tudo bem. — Seus olhos estão
distantes quando eu olho para ele. Ele tem alguns dias de barba por fazer e só
agora estou percebendo as bolsas escuras sob seus olhos. Ele solta uma
pequena risada e toma outro gole de sua cerveja.

Uma risada me deixa com seu próximo comentário: — Minha mãe disse
que era carma pelo jeito eu era quando bebê.

Com um longo suspiro, ele acrescenta: — Ela é uma filhinha do papai, no


entanto. — Um brilho atinge seus olhos e eu finalmente acalmo um pouco.

— Sim, é o que Cheryl diz.

Enxugando a testa com as costas da mão, ele se senta ao meu lado. — Às


duas da manhã, todas as manhãs, ela está acordada e com fome. Ela não me
quer então. — Ele faz uma careta com os olhos arregalados e isso me faz rir
enquanto ele toma outro gole. — Mas em qualquer outro momento, ela é minha
garotinha.

O orgulho em sua voz me faz sorrir. — Estou muito feliz por vocês dois.

Com um aceno de cabeça e um sorriso ainda no rosto, ele admite: —


Sempre pensei que você teria um primeiro.

Eu resmungo uma resposta: — Eu preciso de uma mulher para fazer isso


acontecer.

— Você tinha uma quando eu te conheci. — Meu corpo fica um pouco


tenso. Sei que mamãe está sempre trazendo isso à tona para todos. Ela está
sempre me pressionando para sossegar, mas não preciso ouvir isso do meu
cunhado. Eu só aguentei da mamãe, porque ela é minha mãe.

— Só estou dizendo, — Joseph dá um gole fundo. — Você seria um bom


pai, se quisesse.

Essa é minha deixa para ficar de pé e me esticar; eu faço isso sem olhar
nos olhos de Joseph. — Sim, bem. Talvez um dia.

Dou alguns passos para subir, mas me viro quando não ouço Joseph me
seguindo. A visão dele não é nada além de casual, embora ele esteja olhando
para mim como se estivesse esperando por algo.

— Ouvi dizer que você tem uma mulher.

Eu corro minha mão sobre meu rosto com frustração. Por que todos tem
que complicar tudo e entrar no meu negócio? Não preciso de ninguém na
minha cabeça ou tentando empurrar as coisas de um jeito ou de outro comigo
e Grace.
— Ela é legal, — digo a ele.

— Ela estará no casamento? — Joseph tem um sorriso arrogante no rosto


e isso quebra a tensão. Solto uma risada quando ele se levanta, tomando outro
gole. — Deve ser sério se ela estará no casamento.

Balançando a cabeça, eu fico olhando para a parede do fundo, para o bar


inacabado. — Vou precisar de outra cerveja em breve, — murmuro para o meu
cunhado. Isso o faz rir, profundo e baixo, e ele relaxa sua postura, inclinando-
se para a frente em sua cadeira.

Afinal, o andar de baixo seria um bom lugar para relaxar com ele.

Preciso descer aqui e terminar esta sala.

— Ela é muito doce. Uma designer gráfica. — Acrescento a última parte


distraidamente.

— Você a conheceu no bar? — Eu olho para trás para meu cunhado para
ver seu rosto torcido e sua testa franzida.

Enfio as mãos nos bolsos e respondo: — Nós nos demos bem. Foi apenas
amigável no início. — Eu me lembro de quando eu coloquei os olhos nela pela
primeira vez.

— É assim que se faz, — comenta Joseph com um aceno de cabeça e depois


chupa os dentes. — Amigos primeiro.

— Sim... então eu comecei a sentir falta dela. — Eu me surpreendo com a


omissão.

— Sim, eu aposto. — Estou grato por seu comentário simples e não me


aprofundando no que acabei de dizer.
Quando comprei o bar, Joseph foi o único que apoiou minha decisão. Todo
mundo me disse para não puxar o gatilho, dizendo que era muito arriscado.
Que não era uma carreira de verdade. Mas Joseph estava bem ali. Ele me deu
a caneta para assinar os papéis. Ele é um homem lógico, mas naquele seu peito
cabeludo tem um coração de ouro.

— Portanto, duas pessoas estáveis, dois bons empregos. — A voz de


Joseph carrega um pouco.

— Acabamos de começar a nos ver. — Mesmo que minha voz esteja mais
dura do que deveria, ele não foi afetado.

Ele joga as mãos para cima comicamente. — Só estou dizendo que você
parece feliz ultimamente.

Eu não entendo de onde ele está vindo. Eu não o pressionei sobre


casamento e bebês. Código de irmãos e tudo. — Estou bem.

— Sim. Há o bom e o feliz. Você está feliz.

Meus lábios se abrem para dizer algo de volta, mas não sei o que ele quer
de mim. Só não quero que as pessoas dêem muita importância a isso e esperem
algo. É muito divertido. Porra, vamos ser felizes.

— Uma esposa ficaria bem em você.

— Você perdeu a cabeça, — as palavras saem da minha boca.

— Você ainda tem aquele anel? — Ele me pergunta. O anel de Susanne.


Um anel de noivado no qual gastei todas as minhas economias. Pensando nisso
agora, meio quilate e por mais simples que seja, não há muito o que fazer.
Exatamente como o relacionamento que tive com a mulher que o usava.
— Não, — a mentira sai fácil. Ele bufa, como se soubesse que estou
mentindo enquanto joga sua lata de cerveja vazia no lixo, em seguida, quase
pega outra. Mas ele se detém. Em vez disso, ele me diz: — Tenho que ir para
casa .

Terminando a última parte da minha, jogo minha lata de cerveja no lixo


e deixo o resto onde está. — Eu preciso ir também.

A escada de madeira range quando subimos os degraus frágeis. Quando


ele abre a porta de cima, desligo o interruptor da luz e a luz da tarde desce a
escada.

Quase hora de trabalhar. Sempre trabalhando.

Aquele dia com Grace me fez perceber o quanto tenho sacrificado. E o que
eu poderia estar fazendo se não estivesse no maldito bar o tempo todo.

Ainda não é uma opção, mas finalmente deixei Maggie procurar um


gerente. A memória de seu largo sorriso e como ela empurrou meu peito em
vitória me faz soltar uma risada curta que chama a atenção do meu cunhado.

— Avise-me se parar de novo, — Joseph me diz enquanto se dirige para a


porta da frente, sem diminuir o passo.

— Vou avisar. — Com meus braços cruzados, estou no foyer com ele
enquanto ele calça as botas. — Você vem no domingo? — Ele perdeu os dois
últimos jantares de família. Eu sei que ele não precisa de ninguém
importunando ele, estou apenas curioso. Eu não uso isso contra ele.

— Sim, eu devo ser capaz. Acho que estamos entrando no fluxo das coisas.
— Eu posso ver a sugestão de alívio em sua expressão.
— Tudo bem então, — eu comento enquanto ele estende a mão para um
abraço rápido.

— Vejo você no domingo, — diz ele, virando-se para sair.

— Vejo você no domingo, — repito, enfiando as mãos nos bolsos do jeans


e observando-o ir embora. Minha voz está baixa e não tenho certeza se ele está
me ouvindo ou não. Mas está tudo bem.

Joseph fecha a porta atrás de si, e eu subo as escadas para pegar minha
carteira e as chaves para que eu possa ir também. Enquanto coloco a carteira
no bolso de trás, meus olhos estão na cômoda.

Nem penso em ir até lá e puxar a gaveta de cima onde está o anel.


Simplesmente acontece.

O pequeno diamante cintila. Parece novo, como se a minha ex nunca


tivesse usado. O pensamento me deixa mais feliz do que deveria. Eu gostaria
de nunca ter dado a ela. Eu me senti obrigado. Enquanto eu fico olhando para
o anel, as memórias voltam.

Eu fui o primeiro dela, e seu namorado do ensino médio. Não que houvesse
algo doce nela. Tivemos alguns bons momentos, mas me senti acorrentado a
ela. Afinal, todos sabiam o que havíamos feito.

Eles esperavam que ficássemos juntos. Eles esperavam que todas as


caixinhas fossem verificadas e que fizéssemos o que deveríamos fazer. O fato
de ela me trair foi uma das melhores coisas que poderia ter acontecido. Isso
me deu uma saída. Um grande peso é retirado dos meus ombros quando eu
percebo como essa afirmação é verdadeira.
E como seria triste pra caralho, que eu tivesse me casado com ela, mesmo
sabendo que nunca a amei de verdade. Talvez naquela época eu achasse que a
vida deveria ser assim. Mas aqui e agora, não. Eu não a amo; não como se eu
soubesse amar agora. Ela com certeza não me amava.

Quando o pensamento me atinge, meu telefone apita no bolso de trás.

Meu primeiro pensamento é que é Grace. Fico surpreso com o quão


decepcionado fico quando vejo que é Cheryl.

Joseph já foi embora?

Minha pobre irmã. Sozinha com a pequena Srta. Evie. Eu posso apenas
imaginá-la embalando sua filhinha enquanto envia esta mensagem e ouve sua
filhinha chorar. É tudo uma fase, mas eu já sei que ela vai sentir falta quando
Evie superar. Talvez não o choro, mas o desejo de ser abraçado. Inferno,
Joseph pode sentir ainda mais.

Acabou de sair. Eu digito a mensagem e adiciono, Te amo, assim como


ela envia de volta sua resposta.

Obrigada. Amo você também.

O traço de um sorriso surge em meus lábios, mas então vejo a hora.


Merda. Eu tenho que acelerar a minha bunda. O anel salta para frente e para
trás enquanto eu rolo meus dedos sobre a faixa fina, fazendo meu caminho
para fora.

Não há nenhuma maneira no inferno de eu não me casar. Minha mãe iria


me matar. Só o pensamento torna meus passos descendo as escadas mais
leves. Eu não estou ficando mais jovem. E já era hora de eu ter alguém na
minha vida. Alguém como Grace. Eu não sei se ela é a única. Meu coração pula
com a ideia dela em um vestido branco.

Eu a quero, disso eu sei. Mas não preciso saber mais do que isso. Ela é
minha por enquanto, e nós dois estamos nos divertindo. É isso que importa.
Não há necessidade de colocar um rótulo nisso.

Eu pego minha jaqueta do cabide e calço minhas botas. Ela deveria estar
no bar esta noite, mas ela tem uma coisa com minha irmã primeiro. Uma
risada profunda vibra no meu peito. Tenho certeza que ela terá muito a dizer
sobre isso.

Antes de entrar no carro, coloco o anel no bolso, sabendo que a igreja logo
adiante tem uma caixa de doações. Vou jogar o anel lá antes de começar a
trabalhar. Eu preciso que isso vá embora da minha vida. De jeito nenhum eu
daria este anel para minha esposa. Tudo o que este anel representa é o meu
passado. Foi para a Suzanne.

Eu nunca a quis de volta. Esse anel era apenas um lembrete com o que eu
iria acabar.

Eu nunca vou me conformar. Enquanto esse pensamento passa pela


minha mente, eu percebo que deveria ter jogado essa maldita coisa fora há
muito tempo.
Olhando para o meu telefone de novo, eu leio o texto da irmã de Charlie,
Ali. Foi enviado a todas as mulheres da festa nupcial.

Vamos nos encontrar às 13h na Monique's Bridal! Haverá


champanhe. :)

Respirando fundo, olho pela janela do carro e admiro a vista, ou seja, a


Monique’s Bridal Shop. Não demorou muito para eu ver um bando de garotas
virando a esquina e localizar Alianna no meio delas.

Uma mistura de emoções está passando por mim, mas eu as empurro para
baixo e saio do carro, atravessando a rua em direção a elas com minhas chaves
tilintando em minhas mãos.

Ali me vê quase instantaneamente e mantém o sorriso estampado no


rosto. — Oh, é Grace! — Ela grita: — Estou tão feliz que você veio!

Ela me abraça, e isso só alivia a ansiedade de conhecer novas pessoas e


estar em sua festa de noiva, o que ainda me faz sentir que sou louca por
concordar em fazer isso. Ela tem que ser a mais louca, certo? É horrível estar
pensando nisso enquanto me afasto e aceno para as outras mulheres que são
obviamente suas amigas e muito mais próximas dela do que provavelmente
jamais serei.
— Oi pessoal, — a saudação me deixa e eu engulo em seco, tentando me
livrar de cada nervo e apenas aproveitar essa viagem, conheçer Ali e me
divertir.

Já me sinto culpada por estar nessa viagem de compras, visto que não
estou realmente namorando Charlie. Não há necessidade de tornar isso
estranho em cima disso sendo meu... bem, eu estranho. Mas elas não sabem
disso.

— Eu não posso te dizer o quão feliz estou por você ter feito isso!

— Sem problemas! — Eu digo, tentando fazer minha voz soar otimista.

— Deixe-me fazer as apresentações antes de entrarmos, — Ali anuncia


com um toque animado e um rápido bater de palmas. — Estas são Lindsay,
Sam e Ellie.

Ela aponta para três mulheres. Duas delas são pequenas e louras como a
própria Ali, e estão vestidas como patricinhas como as modelos da J. Crew.
Ellie parece ser a única estranha, alta e magra, cabelo escuro e usando um
vestido rosa choque artístico. Cheryl não veio, mas ela é a última dama de
honra. Ela mandou uma mensagem no grupo que não tinha dormido com Evie
acordada a noite toda.

Ao todo, elas parecem muito legais e são afetuosas comigo. Então, é um


bom começo!

— Oi, — eu digo. — É um prazer conhecê-las.

— Senhoras, esta é Grace. Ela está namorando Charlie.


Eu noto os olhares de surpresa total em todos os três rostos, seguido por
um olhar no rosto de Lindsay como se ela tivesse cheirado algo podre. Presumo
que esse olhar não seja dirigido a mim, mas ainda assim o vi.

Acho que Diane não é a única a ter tesão por Charlie.

Faça um “descanse em paz” desse bom começo. Pelo menos durou um


segundo.

Sam e Ellie dizem olá, mas Lindsay apenas me dá um sorriso tenso.


Felizmente, Ali está muito envolvida em começar a comprar o vestido para
notar. Meu coração dispara e os nervos crescem ainda mais enquanto ela
conduz todas para a loja.

— Vamos! Vamos entrar! — Ali lidera o bando, do qual agora faço parte.

A vitrine exibe um manequim vestida com o que suponho ser da alta


costura de vestido de noiva. O vestido é de cetim branco, bem ajustado e virado
para o lado para mostrar o decote nas costas.

Isso me faz pensar que tipo de vestido Ali está procurando, exatamente.
Não sei absolutamente nada sobre ela ou sobre o casamento.

Assim que entramos, faço uma pausa, esperando alguém nos dizer para
onde ir, mas Ali sabe exatamente para onde ir e não espera por ninguém. Há
um único pódio ao longo da parede de trás, vazio no momento, e uma parede
curva que bloqueia o resto da loja de vista. Toda a decoração é colorida em tons
de branco, creme e rosa pastel.

— Olá, olá, — uma mulher aparece de uma porta lateral na hora. Ela fala
com clareza, mas com sotaque parisiense. — Vocês estão aqui por Alianna? —
Seu comportamento elegante, cabelos grisalhos e estrutura fina combinam
com a loja. Esta mulher parece ser dona do lugar.

— Sim! Essa sou eu, — Ali levanta a mão enquanto praticamente treme
de excitação. Ela é incrivelmente adorável. Aquece meu coração ver sua
felicidade em uma exibição tão óbvia.

— Bien. Sou Monique, a proprietária. Deixe-me arranjar para vocês,


senhoras. — Há um grande pufe redondo rosa para se sentar, duas cadeiras
estofadas e um trono. Como um trono de verdade. Acho que vai ser para a
noiva.

À nossa esquerda, há um espelho triplo do chão ao teto com um pedestal


baixo no meio. Ali olha nervosamente para o pedestal.

— Você se senta aqui, — diz Monique para Ali, apontando para o trono.
— E o resto de vocês, sentem-se onde quiser.

Ali olha para nós, seu sorriso perfeito nunca diminuindo, então vai se
sentar no trono dourado. Depois de um minuto sendo deixada por conta
própria enquanto Monique corre para a sala dos fundos de onde ela foi para
pegar um formulário de cliente, Ali sorri ainda mais, não sei como isso é
possível. Lindsay e Sam pegam as duas cadeiras, deixando Ellie e eu sentadas
na poltrona.

— Tudo bem, — Monique anuncia ao entrar novamente com uma


prancheta e uma caneta. Seu inglês é perfeito, embora seu sotaque seja pesado
e, honestamente, acrescente ao romantismo. — O que estamos procurando,
Srta. Alianna?
Ali fica um lindo tom de rosa. — Ok, eu já tenho o vestido de recepção. —
Sua confiança aumenta à medida que ela fala. — Meu casamento é em uma
semana, e eu preciso de um segundo vestido para a cerimônia. Eu não ia fazer
dois vestidos, mas minha mãe quer algo mais tradicional, embora seja um
casamento menor e mais casual. — Quase rio da resposta de Ali. Charlie me
contou como sua mãe tem sido muito teimosa com o vestido de Ali. Acho que
ela finalmente cedeu uma semana inteira antes do prazo. Ela está chegando
perto.

— OK. Diga-me como é este vestido ideal.

— Umm, eu trouxe algumas fotos... — Ali responde, vasculhando sua


bolsa o tempo todo. Todo o lugar está tão quieto quanto um rato enquanto
esperamos. — Aqui. Fiz um álbum com os vestidos que gosto das revistas de
noivas… e os que minha mãe gostou também.

— Ah! — Monique acena com a cabeça, estendendo a mão. — Vamos ver.

Ela pega a pilha de fotos de Ali e as examina. Ela fica em silêncio por um
longo tempo, medindo totalmente cada imagem. Eu gostaria que não fosse tão
silencioso, isso me faz mexer em um pedaço de fiapo inexistente enquanto
minhas inseguranças aumentam. Eu não quero estragar isso para Ali. Não
quero que ela olhe para trás neste dia e deseje não ter estado lá.

— Você acha que poderá nos ajudar? — Sam pergunta, irritada. — Ela
esperou até o último minuto, — acrescenta ela, dando a Ali, um sorriso que só
faz Ali retribuir o sorriso.

— Claro, — Monique responde, muito seriamente. — Tenho vestidos em


mãos que precisarão ser alterados, mas prometo a você, amor — ela desvia sua
atenção das fotos para Ali, — você vai se apaixonar por um deles e sua mãe
também. — O feixe de um sorriso de Ali retorna e o brilho de seus olhos força
um largo sorriso em mim também.

— Oh, — Sam responde, com um aplauso não muito diferente da que Ali
deu antes das apresentações do lado de fora. — Bem, tudo bem!

— Vem vem. Vamos começar, — diz Monique com um sorriso. — A sala


de prova é bem aqui. Marcus chegará com um pouco de champanhe em breve.
— Eu não sei quem é Marcus, mas eu poderia usar aquele champanhe. Então,
no momento, ele se torna meu herói.

Ali sorri, seguindo Monique até uma área atrás de uma pesada cortina de
brocado rosa e nos deixando sozinhas. No segundo, que Ali se foi, pego Lindsay
olhando para mim, então ela revira os olhos e se inclina para sussurrar para
Sam. Minha temperatura corporal cai quando eu olho para Ellie, que me dá
um sorriso simpático.

— Não sei muito sobre como comprar vestidos de noiva, — digo,


procurando algo para quebrar o gelo.

— Oh, eu também não. Minha irmã veio aqui pelo vestido de noiva, no
entanto, — Ellie fala comigo facilmente. Ela passa a mão no cabelo escuro, que
está preso em um coque bagunçado. — É legal. Monique é uma coisa.

— Sim, este lugar é lindo, — eu concordo.

Uma porta se abre do outro lado da sala e um homem mais velho entra
com uma bandeja de taças e uma garrafa de champanhe. Oh, graças a Deus.
Ele não fala muito além de necessidades educadas. Ele simplesmente derrama
o champanhe nas taças e os distribui.
— Obrigada, — digo a ele, aceitando o champanhe com gratidão. É doce,
e as bolhas fazem cócegas na minha língua.

— Mmmm, — Ellie diz. — Graças a Deus pelo álcool.

— Sim, eu estava ansiosa por isso, — digo com um encolher de ombros


para fazer minhas palavras parecerem casuais. — Então, como você conhece
Ali?

— Ali foi minha colega de quarto durante nossos primeiros anos de


faculdade, — diz Ellie.

— Ahh. Eu estava me perguntando como vocês se conheciam.

Ellie sorri e bebe seu champanhe. Antes que eu seja forçada a pensar em
outra coisa para dizer, Ali faz sua primeira aparição.

Ela está deslumbrante, vestindo um vestido de seda com tiras nas costas,
uma frente simples e agarrada aos quadris. Ó meu Deus. Ela é um espetáculo
para ver.

— Oooh, champanhe! — Ela diz, correndo para pegar o copo de onde


Marcus deixou a bandeja.

Seu gole de champanhe vem primeiro e então ela se dirige ao espelho, o


vestido deslizando perfeitamente. Sem nem mesmo ficar em pé no pedestal,
ela ajeita o vestido.

— Mmmm, não, — ela diz. — Monique está trazendo mais opções. Eu


simplesmente não consigo ver uma reunião no altar com isso... as alças me
lembram como... bondage.
Eu rio, uma risada feminina suave. — Se você diz. Eu acho que você está
linda.

— É lindo, — Lindsay diz. — Bondage ou não.

Ali vai até a poltrona, empoleirando-se ao meu lado.

— Eu sei tudo sobre essas vadias, — ela diz, se aproximando de mim. —


Mas nada sobre você, Grace. Fale-me sobre você.

— O que você quer saber? — A pequena tensão que saiu com a piada de
Ali volta com força total.

— Eu não sei. Onde você cresceu?

— Aqui. Sou um bebê de Atlanta.

— E sua família? Grande, pequena? — Ela faz outra pergunta fácil.

— Família pequena. Somos apenas eu e minha irmã mais nova, além da


minha mãe.

— Você foi a faculdade? — Ellie pergunta.

— Eu fiz. Eu fui para a Universidade de Brenau por um ano, depois


terminei minha graduação na Rhode Island School of Design. Eu sou uma
designer gráfico agora.

— Você foi para a RISD? — Lindsay pergunta do outro lado da sala, sem
acreditar.

— Sim? — Eu respondo, incerta. — Estudei aquarela e pintura a óleo


junto com design gráfico.
— Eu estudei no Savannah College of Art and Design, — diz ela. — Sou
designer de interiores.

— Oh! Isso é muito legal, — eu digo. Mundo pequeno.

— Ela também é a ex-namorada de Charlie, — Sam anuncia, cruzando os


braços e levantando uma sobrancelha perfeitamente desenhada a lápis.

Ali ri de uma maneira que impede o comentário de Sam. — Não, ela


queria ser namorada de Charlie. Há uma grande diferença.

Eu mordo meu lábio, eu realmente não estou nessa animosidade de ex-


namorada, namorada atual. Ali não parece entender. O que é bom, já que hoje
é o dia dela. Marcus foi meu herói antes, desta vez é Monique. Ela enfia a
cabeça para chamar Ali de volta. — Alianna, minha querida. Tenho mais três
vestidos para você experimentar.

— Eu voltarei, — diz Ali, piscando para mim. — Tente não entrar em


nenhuma briga de gatos. — O último comentário é dirigido a Lindsay. Talvez
Ali tenha percebido.

Sem Ali aqui, o ar é um pouco diferente. Embora Ellie pergunte a Sam


sobre alguma promoção que ela gostaria de obter. Sam ainda não recebeu uma
resposta, mas digo a ela que espero que ela receba. É apenas conversa fiada,
educada e razoavelmente fácil. Eu não faço contato visual com a suposta ex de
Charlie, no entanto.

Demora muito para que Ali volte para nós com um vestido novo, e eu
deliberadamente não olho para cima. Vou apenas tomar meu champanhe,
sorrir e ooh e ahh quando for preciso. Ou pelo menos vou tentar.
Os quadris de Ali balançam enquanto ela caminha até o espelho. Este é
bonito, mas não tão formal quanto o outro. É renda creme escuro sem mangas
com um recorte nas costas. O rosto de Ali cai quando ela vê seu reflexo no
espelho.

Ali vai até o pedestal, virando de um lado para o outro. Ela nos encara
novamente. — O que você acha?

— Bonito, — Sam fala.

— Sim, lindo, — Ellie diz, balançando a cabeça enquanto seus olhos


viajam para cima e para baixo do vestido.

— Mas não é bonito o suficiente, — Lindsay admite. Ali balança a cabeça,


sutilmente, mas ainda olha para mim em busca de minha opinião.

— Eu acho que concordo, — eu digo. — Mas é bonito, — acrescento com


uma voz enérgica, apenas no caso de ela gostar e eu estar errada sobre as
pistas faciais.

— Sim, — Ali concorda, os ombros caindo. — Tudo certo. Anime-me com


mais alguns detalhes sobre você. Conte-nos como você conheceu Charlie.

— Oh sim! — Ellie diz. — Como você conheceu aquele pedaço de doce de


homem? — Sua pergunta força um sorriso no meu rosto. Quando as outras
garotas olham para ela de forma engraçada, ela encolhe os ombros. — O que?
Eu não posso achar que o irmão de Ali é gostoso?

A sala se enche de risinhos.


— Ok, — eu digo, voltando minha atenção para Ali. — Charlie e eu nos
conhecemos porque minha amiga Diane me contou sobre seu bar. Ela me levou
lá para beber, e uma coisa levou à outra...

Deixo em aberto, esperando que a imaginação delas seja melhor do que a


minha.

— Quando você vai oficialmente ser namorada dele? — Lindsay pergunta


incisivamente.

Sua pergunta é como um balde de água gelada no rosto e tenho certeza de


que minha expressão reflete isso. Eu sou rápida para consertar, sorrindo para
ela e encolhendo os ombros. Antes que eu possa gerenciar uma resposta, Ali
intervém.

— Charlie disse que é. Então ela é.

— Ele disse? — a amiga dela questiona e mesmo que essa conversa não
fosse sobre mim, meu queixo cairia no chão. Por que ela arruinaria o grande
dia de sua amiga?

— Jesus, Lindsay, — Ali diz, se levantando. — Você realmente não é


divertida quando se trata de Charlie, sabia disso?

— Desculpe, — Lindsay murmura e, para seu crédito, ela parece


arrependida.

Com um olhar de desaprovação e um bufo, Ali desaparece no vestiário


novamente antes que eu tenha que responder. Eu deveria tentar diplomacia
com Lindsay. Afinal, sou eu que estou falando merda. Eu sei que Charlie não
quer que eu realmente seja sua namorada. Se eu não estivesse no caminho,
Lindsay poderia estar pressionando Charlie. Ela poderia estar ganhando seu
coração, pelo que sei.

A ideia da loirinha bonita com o grande e lindo Charlie me deixa


nauseada, mas eu engulo, e lavo o gosto ruim da minha boca com outro gole
de champanhe. Vou ser boazinha com Lindsay.

— Eu acabei de começar a namorar Charlie, — digo a ela afastando a


tensão. — É quase uma coisa.

— Sim? — elia diz, parecendo surpresa.

— Sim, totalmente. Tipo, não conversamos sobre exclusividade ou bebês


ou casamento. Acabamos de começar a nos ver. — Eu mordo minha língua
assim que digo isso. Charlie provavelmente não vai gostar de eu ter dado
licença a Lindsay para matar no que diz respeito a ele. Mas é verdade. Qual é
o ditado? A verdade dói.

É outro gole de champanhe.

— Uau. Bem... ok, — ela diz, um pouco de sua tristeza aumentando.


Embora agora ela esteja sorrindo, meu coração dói e eu gostaria de não ter dito
isso. Mas não posso voltar atrás agora.

Eu deveria ter dito, eu realmente gosto dele e ele realmente gosta de mim.
E deixar por isso mesmo.

Quando Ali chega novamente, ela faz uma entrada. O jeito qqu ela está
no terceiro vestido me tira o fôlego. O vestido é branco puro, com alças
delicadas de renda, bojo rendados e saia rodada. Ela se vira e a parte de trás
tem uma fileira de pequenos botões brancos.
Há um suspiro coletivo na sala. Ela sobe no pedestal, endireita a saia e se
olha no espelho.

— Gente, — ela leva um minuto a balançar e então diz: — Acho que


encontrei meu vestido.

— Yay! — Ellie e eu batemos palmas em uníssono.

— Definitivamente é esse, — Lindsay afirma, sua expressão finalmente


lembrando felicidade pela amiga.

— Não brinca, — Sam diz, ficando com os olhos enevoados. — Você é uma
noiva linda.

— E olhe! — Ali diz, puxando a saia para revelar um par de botas cowboy.
— Todos nós vamos usar isso sob nossos vestidos. — Eu não posso deixar de
sorrir. — Fofo, você não acha? — Ela pergunta.

— Definitivamente, — Sam acena em concordância.

— Você e Charlie podem bater botas. Literalmente, — Ali diz


diabolicamente.

Eu coro. — Sim talvez.

Eu rio, e as outras garotas sorriem. Marcus aparece para encher nossas


taças de champanhe e eu distraidamente esvazio minha taça antes que ele
chegue na minha, me perguntando o que Charlie diria sobre isso.
— Então, a amiga da sua irmã Lindsay tem tesão por você, — Grace
abaixa a voz para me dizer algo que eu já sei, encostando-se no balcão e
tomando um pequeno gole de cerveja. Está tarde. Muito tarde para ela sair,
mas estou feliz que ela ainda esteja aqui. O bar está quase vazio e o horário
de fechamento está em alguns minutos. Maggie e os outros já partiram. O
zumbido da televisão e de outra pessoa são as únicas coisas que nos
acompanham. Mal posso esperar para ficar sozinho com ela. Mickey precisa
entender a dica e dar o fora daqui, mas ele sempre fica até eu fechar. Eu
entendo porque ele não quer ir embora, então eu não vou expulsá-lo. Ele
simplesmente não quer ir para casa, onde ficará sozinho e sentirá falta da
esposa.

— Oh, ela tem? — Eu provoco Grace com um sorriso assimétrico. — Eu


realmente não me importo; eu tenho tesão por você. — Quase falo só por você,
mas sou cuidadoso com minhas palavras. Eu quero Grace, mas não quero
enganá-la. Ela deixou claro o que ela quer. Eu respeito isso, mas estou um
pouco viciado em sua contorção sob mim para deixá-la ir ainda. Além do que o
casamento é daqui a alguns dias. Ela é toda minha até então.

Ela mantém meu olhar enquanto inclina sua cerveja de volta. O azul bebê
procurando algo mais de mim.
— Vamos, querida, diga-me que você tem tesão por mim. — Enquanto eu
flerto com ela, Mickey se levanta de sua cadeira e grita: — Tudo bem, vou
embora. — Ele pega o controle remoto como se estivesse na casa de um amigo,
desliga a TV, e a joga na mesa onde ela pertence enquanto ele sai.

— Dirija com cuidado, — eu grito para ele, deixando meu lugar no bar
para segui-lo e ele se vira, me parando com um gesto. Ele olha para Grace
atrás de mim e me dá uma olhada.

— Vocês dois tenham uma boa noite.

Um sorriso curva meus lábios enquanto o sigo até a porta e abro para ele.

No segundo que eu tranco a porta, me viro para ver um calor no olhar de


Grace. Meu pau já está endurecendo vendo a maneira como ela se mexe
timidamente na banqueta. Eu amo o rubor nela. É só para mim.

— A última vez que eu tive você foi na sala dos fundos, — eu abaixo minha
voz enquanto caminho até ela. — Desta vez, quero você no topo do bar. — Seus
olhos se arregalam e sua respiração engata, seu peito subindo e descendo com
suas entradas pesadas.

— Bem aqui? — Ela pergunta, espalhando as mãos no bar atrás dela sem
quebrar nosso olhar. A maneira como ela se inclina para trás faz seus seios
empurrarem para frente. Ela está fazendo isso de propósito e eu amo isso.

— Bem aí. Então, todos os dias que vier aqui, posso me lembrar de como
suas costas se curvaram enquanto eu te fodia no meu bar, — eu respiro as
palavras na curva de seu pescoço.

Eu deixo meus dedos percorrerem seus lados, observando enquanto


arrepios se formam em seus braços. Ela é tão receptiva. Deixo um beijo de boca
aberta logo atrás da orelha, naquela parte sensível do pescoço e ela lamenta
baixinho em resposta, quase um gemido.

Meus dedos cavam em sua cintura e espero ela abrir os olhos. Quando ela
o faz, seus olhos azuis brilham de luxúria. — Traga sua bunda aqui e fique
nua para mim.

Não há um segundo que ela hesite. Ela se move no segundo que eu dou o
comando. Ela vira sua bunda exuberante para mim, rastejando para cima do
bar. A iluminação é fraca no bar e, tão longe, ninguém poderá ver o que
estamos fazendo das janelas da frente.

Mas eu saberei. Vou me lembrar de como a tive, muito depois que ela se
for.

Estou ansioso para tirar minha camisa e voltar à minha visão de Grace
deslizando as mangas de sua camisa pelos ombros e tirando suas roupas o
mais rápido que pode. Ela também está ansiosa, talvez mais.

Meus jeans caem em uma poça no chão e eu empurro minha boxer para
baixo e saio dela, parando na frente dela nu e duro como uma rocha.

Uma respiração trêmula a deixa enquanto ela tira a roupa em cima do


balção, sentada em sua bunda nua com os joelhos dobrados e os pés no balção.
Sua respiração fica profunda quando ela encontra meus olhos e lambe os
lábios.

Estamos ambos nus um para o outro, no mesmo local em que nos


conhecemos. Eu soube então que a queria, mas nunca pensei que isso fosse
acontecer.
Um sorriso se espalha pelo meu rosto ao perceber que isso realmente está
acontecendo, afinal.

— Deite-se, querida. — Subo no bar, usando o banquinho como degrau e


abro suas pernas. Um leve empurrão na parte interna das coxas é tudo que
preciso para ter acesso a sua boceta brilhante. Porra. Ela está tão molhada.
Eu não posso deixar de pegar sua bunda com as duas mãos e inclinar seus
quadris para que eu possa facilmente dar uma lambida lânguida. Um doce
som misericordioso é emitido de seus lábios e isso me alimenta.

Minhas unhas cegas cravam em sua carne enquanto ela se contorce no


balcão. Eu sorrio em seu calor, saboreando sua doçura e me sentindo em
conflito se devo tirá-la desta forma, ou apenas fode-la forte e áspero como eu
quero.

Eu a solto com minha mão direita, para enfiar dois dedos em sua boceta
apertada e sentir como ela está pronta. Sei que sou um pouco maior do que ela
costumava ter e não quero machucá-la.

Mas também não quero esperar.

Seu doce gemido acompanha suas costas arqueando enquanto curvo meus
dedos e acaricio seu ponto G. Meu pau se contrai e um gemido estrangulado
vibra no meu peito. Leva cada grama de esforço que tenho para manter meus
olhos nela e não deixar minha cabeça cair para trás quando sinto o quão
apertada ela é. Apenas o pensamento de sua boceta apertada em volta do meu
pau é quase o suficiente para me deixar fora de si.

Ela já está perto, eu sei que ela está. Vamos Grace. Me dê isto.
— Você gosta disso? — Eu a questiono em uma respiração áspera,
beijando sua coxa depois. Eu nunca paro de acariciar sua parede frontal,
pressionando um pouco mais forte enquanto ela se estica para mim. Sua
boceta aperta com mais força e sua excitação embebe minha mão enquanto a
empurro cada vez mais alto.

Sua cabeça balança enquanto ela respira a palavra. — Sim, — ela geme e
é quase inaudível.

Eu pressiono meu polegar em seu clitóris, impiedosamente esfregando


círculos e sua bunda pula em resposta, suas coxas tremendo. Enquanto ela
geme meu nome, eu a seguro e não consigo me mover, meu corpo paralisado
de assistir o prazer tomar conta de seu corpo. Ela é linda assim. Ela luta para
ficar parada enquanto eu sigo o ritmo dos meus movimentos, precisando
desesperadamente que ela goze.

— Sim! — Ela grita, agarrando a barra com as duas mãos enquanto seu
corpo treme e suas pernas tentam se fechar em volta de mim. Foda-se, sim.
Sua boceta tem espasmos em volta dos meus dedos e eu não espero seu
orgasmo terminar. Eu preciso dela agora mesmo.

Escalando entre suas pernas, eu espalho a gota de pré-semen sobre a


cabeça do meu pau e acaricio. Merda! Eu esqueci a camisinha.

Sua única perna envolve minha cintura, o calcanhar de seu pé cavando


em minha bunda. — Charlie, por favor, — ela me implora.

— Preservativo, — mal consigo dizer a palavra, mas não tento me afastar.


— Merda, eu preciso de um preservativo. — Não sei se tenho outro.
— Sem preservativo, — ela balança a cabeça, seu calcanhar empurrando
mais forte na minha bunda e isso é tudo que eu preciso. — Você não precisa se
não quiser. Não é como... — Sua voz some e ela não tem que explicar. Não é
como se eu pudesse esquecer o que ela me disse semanas atrás.

Antes que a tristeza possa rastejar mais profundamente em seu olhar


aquecido, eu alinho meu pau entre suas dobras quentes e escorregadias e
empurro suavemente no início. Apenas o suficiente para que eu possa me
inclinar para frente e apoiar meus braços em cada lado de sua cabeça. Seu
corpo é tão pequeno sob o meu.

Facilitando suavemente, eu inclino meus quadris e balanço dentro dela,


lentamente a esticando. Estou hipnotizado pelo rosto dela o tempo todo. Seus
lábios se abrem e sua sobrancelha aperta. Eu sou rápido para me abaixar e
colocar uma pressão suave em seu clitóris com círculos lentos. Seus olhos
reviram em sua cabeça, e seus gemidos suaves enchem a sala. Isso a faz
relaxar e eu deslizo mais fundo e mais facilmente, embora ainda haja alguma
resistência.

Eu mal posso respirar com o quão apertada ela está. Ela é boa pra caralho.

Quando sua expressão se transforma um pouco mais em dor do que eu


quero, eu espero um minuto, beijando seu pescoço e esfregando sua
protuberância latejante antes de empurrar meu caminho de volta.

Meus lábios viajam para cima e para baixo em seu pescoço, deixando
beijos ao longo do caminho.

Assim que estou enterrado bem dentro dela, eu me afasto para olhá-la nos
olhos.
E, naquele momento, algo muda para mim. Algo muda entre nós. Não sei
o que é, uma faísca, um puxão. Algo cru e puro. Algo que é assustador como o
inferno que eu não quero enfrentar.

Eu me afasto rapidamente e bato nela, gemendo e caindo para frente


enquanto um suor frio surge ao longo de cada centímetro da minha pele.

Eu espero, empurrando meu peito contra o dela para mantê-la presa


enquanto sua boceta tem espasmos em volta do meu pau. Seu corpo fica tenso
e eu dou a ela um momento... e então faço novamente.

Ela grita, — sim! — e não espero desta vez. Ela está quente, molhada e
pronta para eu foder sua bocetinha linda do jeito que ela merece ser fodida.
Eu angulo meus quadris para que cada vez que eu empurre até o cabo, minha
virilha batendo contra seu clitóris.

— Charlie, — ela geme, suas mãos voando para meus ombros e suas
unhas cravando em minha pele enquanto eu empuro meus quadris, levando-a
com força e duro. E cru.

Porra, ela é tão boa. Eu enterro minha cabeça na curva de seu pescoço,
sentindo meu hálito quente contra sua pele aquecida. Eu não paro, não
desacelero.

Estou tão perto, entretanto. Minhas bolas se contraem e minha espinha


formiga. Prendo minha respiração, precisando que ela venha comigo. Um suor
escorre pela minha pele enquanto eu bombeio meus quadris mais rápido.

Eu preciso que ela goze comigo. E quando estou prestes a perder o


controle, ela se inflama sob mim. Um grito de prazer sai de seus lábios e suas
unhas arranham minhas costas.
Eu empurro meus quadris em movimentos superficiais até gozar, ainda
bem dentro dela. Minha liberação me lava em ondas. E eu finalmente respiro,
sentindo seu doce perfume enquanto meu pau pulsa e eu me esvazio dentro
dela.

Eu finalmente levanto minha cabeça para olhar para ela. E essa faísca,
essa atração é ainda mais forte.

Sua cabeça pende para o lado enquanto nós dois recuperamos o fôlego.

Engolindo em seco, eu gentilmente puxo para fora dela. Meu coração


dispara e não para.

Algo aconteceu. Alguma coisa mudou.

Mas eu ignoro enquanto desço e pego as toalhas de papel sob o bar. Ela
não me olha nos olhos enquanto eu limpo entre suas pernas.

Só quero saber se ela também sentiu.


Tudo é uma loucura, mas da maneira silenciosa e abastada que só os
casamentos podem ser. É o dia do casamento, e estou bem no meio disso.

A suíte de quartos reservados para a noiva se arrumar está lotada com


sua festa nupcial e maquiadora e cerimonialista. É uma produção, para dizer
o mínimo, e estou fazendo minha parte sentada no meu lugar, completa com
um crachá e recebendo minha maquiagem e cabelo finalizados por duas
esteticistas. Uma mulher passa um pouco de blush em minhas bochechas. A
outra coloca um último grampo em meu cabelo, recuando para me olhar
enquanto considera seu trabalho.

Como é verão, o sol ainda está alto e forte, brilhando através das grandes
janelas abertas, embora sejam quase 18h. Eu sou a última das meninas a ser
maquiada e as outras estão tirando fotos.

— Acho que terminei com você, — anuncia a cabeleireira atrás de mim.

Eu me contorço em meu assento. As duas mulheres não me deixaram


olhar enquanto estavam fazendo meu cabelo e maquiagem. Elas queriam me
surpreender, mas prometeram que eu adoraria. Não estou acostumada a ser
mimada assim. Mas é bom. Além de todos os nervos e mulheres e homens
apressados entrando e saindo para atualizar a noiva, tem sido incrível.

— Tudo bem, — diz a cabeleireira. — Terminei.


— Eu também, — diz a maquiadora, colocando os pincéis de lado e se
afastando. — Você pode ir olhar agora.

Estou uma pilha de nervos enquanto caminho para o banheiro. Quando


eu olho no espelho; uma versão mais orvalhada e muito mais polida de mim
mesma olha para mim. Meu cabelo está trançado e preso. Minha maquiagem
é um pouco mais extravagante do que costumo usar. Meus cílios... meu Deus!
Eu os amo muito mais assim. Eu me pergunto o que Charlie vai pensar.

Passo os dedos pelo comprimento do vestido, que é de seda azul oceano


com recortes laterais triangulares que comprei antes de saber que faria parte
da festa. Eu giro um pouco me sentindo tonta e sorrio com a forma como o
vestido longo se move.

— Grace! — Ellie chama e me tira da minha pequena fantasia. Hoje não


é meu dia. É de Ali. — Aqui! — Eu grito, mas ela já está na porta.

— Você está tão bonita, — ela comenta com um sorriso que se alarga. Eu
concordo e digo que ela está linda também.

— Amei o seu vestido, — acrescento e com o meu comentário ela faz um


meio redemoinho com a saia.

— É tão engraçado como cada um de nossos vestidos é diferente, mas eles


se combinam. Essas fotos vão ficar IN-CRÍ-VEIS. — Ela enfatiza.

Eu só posso acenar com a cabeça, não confiando em mim para falar. O


sono me escapou ontem à noite, sabendo que depois de hoje, Charlie e eu
provavelmente terminaremos. É apenas para diversão. Isso é tudo que sempre
foi. As fotos são apenas um lembrete de que menti para sua irmã e mãe.
Me sinto uma fraude participando desse momento. Por mais que eu me
sinta mal por Ali, por ter um futuro estranho em suas fotos, me sinto mais
enjoada sabendo que, quando esta noite terminar, a bricadeira acabou. Acho
que Charlie iria deixar isso continuar um pouco. Mas não posso continuar
fazendo isso, fingir que está tudo bem. Apenas não está divertido para mim.
Não mais. Estou me apaixonando por ele... muito. E eu só vou acabar
machucada.

— As damas de honra estão todas reunidas lá embaixo para um brinde


antes do casamento.

— Oh! OK. Deixe-me pegar minhas botas e já desço. Não espere por mim.
Eu não quero segurar nada. — Onde diabos eu deixei essas botas? A suíte está
cheia de bolsas, bolsas de maquiagem e todo tipo de parafernália de
casamento.

Elli me dá um rápido “seja rápida” saindo do quarto com as outras


garotas. Agradeço a maquiadora e a cabeleireira e, em seguida, procuro
minhas botas, que são nosso presente de casamento de Ali.

Eu verifico a sapateira no armário. Elas são o único par restante. Tenho


o cuidado de me sentar na cama para não bagunçar meu vestido para poder
calçar as botas. O couro é fresco; as botas ainda novas.

Quem poderia imaginar que o brilho em minhas botas duraria mais do


que meu relacionamento com Charlie? Sem dormir e todas essas pessoas ao
meu redor para quem menti, minhas inseguranças estão em alta velocidade.

Qualquer pessoa com olhos poderia ter previsto isso, digo a mim mesma.
Minha garganta está apertada quando eu me levanto e desço as escadas.
Saindo do elevador, pego meu vestido para evitar que se arraste enquanto
procuro pelas meninas, fazendo meu caminho para o saguão do hotel. Passo
pelo salão de baile, onde acontecerá a recepção. É lindo. Principalmente branco
e creme com estampas de hortênsias azuis e vidros azuis. Totalmente digno de
revista. Depois de verificar alguns quartos vazios, encontro as meninas
bebendo de um cantil de prata no que parece ser um armário de casacos.

— Ei! — Sam diz, os olhos brilhando. — Estávamos apenas nos


aquecendo.

— Eu vejo isso, — eu digo, sorrindo. — É a minha vez?

Lindsay me entrega o cantil e eu tomo um gole. Eu estremeço; é bourbon.

— Uau. Forte, — eu suspiro. Oh meu Deus, eu não estava preparada para


isso.

Eu passo o cantil para Ali. Ela olha para ele, considerando, então balança
a cabeça. — Nada mais para mim. — Ela passa o cantil e balança as mãos. —
A adrenalina está a todo vapor e mal posso sentir os dois últimos tiros, mas
sei que vão me atingir.

— Você acha que os caras estão bebendo? — Ellie pergunta.

— Os padrinhos definitivamente estão. Eu vi Chris enfiar uma garrafa


inteira de whiskey em sua suíte mais cedo, — Sam confirma com um aceno de
cabeça e depois outro gole curto.

— Eu juro, é melhor Michael não estar caindo bêbado, — Ali se preocupa,


alisando as mãos sobre o vestido.
— Charlie não o deixaria beber muito, — eu a consolo sem pensar. Como
se eu soubesse se Charlie impediria ou não o seu futuro cunhado de beber no
casamento. Eu nunca conheci Michael.

Estou principalmente amenizando os medos de Ali; não tenho ideia do que


Charlie fará ou não.

— Senhoras? — A cerimonialista do casamento pergunta, colocando a


cabeça para dentro. — Os convidados estão todos sentados no terraço. Eles
estão prontos para todas vocês se alinharem agora.

— Oh Deus, — Ali diz, segurando a mão de Lindsay. — Oh Deus.

Lindsay passa o frasco para Sam, em seguida, dá a Ali uma mini conversa,
ficando de joelhos na frente de Ali.

— Você está pronta, — diz ela em voz baixa. — Tudo o que você precisa
fazer é andar pelo corredor e Michael estará lá esperando. Vocês se amam e
isso é tudo que importa. É isso aí.

Ali acena com a cabeça para Lindsay, e posso sentir a emoção rolar dela.
Sua ansiedade e nervosismo são contagiosos quando olho em seus olhos. — Eu
realmente vou me casar, — ela sussurra e as meninas acenam. Não sei porque
estou com os olhos marejados. Depois de um momento, ela sussurra: — Tudo
bem. Vamos.
Está muito quente para vestir este terno. Os casamentos noturnos de
verão são uma coisa aqui. Mas ainda está quente demais para ternos. Ansioso
para que a cerimônia termine, puxo um pouco a gola, afrouxando a gravata o
suficiente para respirar. Este terno vai ser jogado fora no segundo que eu
puder tirá-lo. Michael está à minha esquerda, e ele parece ainda pior do que
eu sinto. Ele fecha e abre as mãos, sacudindo-as e mudando os pés.

Mamãe está na primeira fila e já está chorando. Ela olha para cada um
de nós e depois volta para o corredor como ela fez nos últimos três minutos.
Passam alguns minutos das seis e meia. É hora de começar.

Quase todo mundo está de olho no noivo ou no cartão que está usando
para se abanar. Mas Michael nem parece notar. Seus olhos estão focados
apenas nas portas duplas do local, esperando minha irmã entrar em seu
vestido.

Eu me inclino e falo com ele pelo canto da boca, as mãos ainda


entrelaçadas na minha frente enquanto esperamos. — Ela está sempre
atrasada; não é você.

Ele finalmente arranca os olhos das portas enquanto Chris, um de seus


bons amigos e outro padrinho de casamento, ri atrás de mim.
— Não, com certeza é você, — diz Chris, sem nem tentar ficar quieto. Um
sorriso levanta meus lábios enquanto Michael limpa as mãos em suas calças.

Ele já voltou a olhar para as portas, nenhuma palavra em resposta. Pobre


rapaz. Minha irmã realmente o deixou nevorso.

— Ela ama você. — Não sei por que as palavras escapam. Ele sabe isso.
Todo mundo sabe. Ele e Ali foram feitos para ficarem juntos.

Com um leve sorriso assimétrico, ele relaxa um pouco e olha para mim, a
preocupação e os nervos ainda lá enquanto ele acena com a cabeça. — Eu
também a amo. — A multidão se agita ao som de um violão tocando uma
música suave enquanto as portas finalmente se abrem.

Aqui vamos nós; endireito minhas costas e vejo a primeira dama de honra
entrar.

Minha querida. Ela é de tirar o fôlego. O vestido fino balança enquanto


ela caminha pelo corredor de pétalas azuis claras e brancas. Meu coração bate
forte e então parece parar antes de disparar loucamente, recusando-se a ficar
onde deveria estar.

Seus passos são medidos e suas mãos envolvem o buquê de rosas brancas,
hortênsias azuis e baby’s breath9. Eu fico olhando para ela, meu coração
batendo mais devagar enquanto ela se aproxima e todo o resto fica borrado ao
seu redor. Ela não está caminhando para mim, e ela não é a noiva, mas apenas
a visão dela faz meu coração se comportar mal.

9
Conhecido como “Mosquitinho”
Ela enfia uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto dá uma olhada
rápida nos convidados. Seus nervos não podem se esconder com a cabeça
ligeiramente abaixada, e parece tão bom nela.

Ela é doce assim. Muito doce.

Eu não consigo parar de olhar para ela, desejando que ela olhe para mim.

— Você está babando, — diz Chris, me cutucando no ombro e eu me viro


para olhar para ele, minha mão instintivamente indo para minha boca.

Os caras riem, incluindo Michael. Idiota. Eu me viro para ela assim que
ela finalmente chega até nós e pego seu olhar.

Ela me dá um sorriso doce e suave, completo com um rubor mais profundo


em suas bochechas, e rapidamente desvia o olhar. Meu peito se enche de calor,
mas então ela se foi, ficando do outro lado de Michael e fora da minha vista.

As outras damas de honra entram e, em seguida, a música muda quando


minha irmã aparece nas portas duplas, fazendo com a multidão se levante e a
música mude.

Aproveito o momento enquanto todos estão olhando para a noiva para


espiar por trás de Michael para Grace.

A máscara que ela estava usando está abaixada e em seu lugar está um
visual que eu não esperava ver. Preocupação, ansiedade. Seus olhos,
entretanto, aqueles lindos olhos de corça estão arregalados com outra coisa.

Ela deve sentir meus olhos nela, porque ela vira a cabeça para mim e a
máscara sobe imediatamente. Seus olhos ainda estão vidrados. Ela não pode
esconder isso.
— Você está bem? — Eu murmuro a pergunta para ela.

Ela acena de volta e me dá um sorriso tenso. Não tenho tempo para


perguntar mais nada. O casamento está a todo vapor com a delicada versão da
marcha nupcial do violão.

Eu fico em linha reta e olho para frente, observando enquanto meu pai
entrega Ali e Michael dá um passo à frente. Com as duas mãos ainda cruzadas
na minha frente, eu tenho outra visão de Grace e a doce fachada está de volta,
mas não posso esquecer o que vi.

Uma lágrima escorre por sua bochecha e ela a enxuga rapidamente,


fingindo que é o casamento e lágrimas emocionais de alegria.

Mas eu sei melhor. Ela pode dizer que está bem. Ela está fingindo.

Mas eu conheço Grace.

E ela não está bem. Tudo o que posso pensar é: o que diabos eu fiz e como
posso consertar isso? Porra, agora.
O bar é o melhor lugar para se estar em recepções de casamento, e não
tenho intenção de deixá-lo se eu posso evitar. É na parte de trás do salão de
baile e as luzes foram apagadas. A música mudou de música de festa otimista
para lenta sexy.

Eu olho para o meu copo apenas para encontrá-lo vazio. Mais uma vez.

Tudo bem, talvez eu esteja um pouco tonta. Quem fez o ponche não estava
brincando.

Foi um dia agitado conhecendo pessoas a torto e a direito e tendo que fazer
o papel de namorada de Charlie. Não houve um momento em que nós dois
estivemos sozinhos, mas na última hora, estou aqui, evitando qualquer
contato e tentando me convencer de que não sou uma pessoa má. Eu não
queria machucar ninguém, então não é errado, certo? Não é ruim da minha
parte estar neste casamento quando sei que estou fora de cena, provavelmente
daqui a algumas horas. Enxugando uma lágrima debaixo dos meus olhos antes
que alguém possa perceber, eu fungo e puxo minha merda junto. É quando eu
olho para cima e vejo Charlie vindo na minha direção. Não apenas do meu
jeito; ele está indo direto para mim.

Eu levo um momento para mergulhar em seu grande corpo, a forma como


seus músculos se contraem sob sua camisa branca enquanto ele se move e
respiro fundo, me acalmando. Quando ele se aproxima, eu aprecio a linha
limpa de sua mandíbula, o verde intenso de seus olhos.

— Dance comigo, — ele não mede as palavras, dando-me um sorriso


encantador.

Eu dou a ele um meio sorriso de volta. — Você sabe que tenho dois pés
esquerdos, certo? — A última coisa que quero fazer agora é dançar.

— Apenas venha comigo. — Meu coração aperta quando ele estende a


mão, e não posso evitar deslizar minha mão na dele. Como eu poderia dizer
não a ele?

Ele aperta minha mão, me arrastando para a pista de dança. Eu me odeio


por isso, mas um sentimento de intensa conclusão me percorre quando sua
mão envolve a minha. Um arrepio desce pela minha espinha quando ele me
vira e me leva em seus braços; minha respiração engata quando o salto das
minhas botas bate na pista de dança. Meu coração está batendo mais rápido
agora.

Começamos a nos mover para um ritmo lento e sensual. Ele me


surpreende, porque tem pés leves. Meus braços ao redor do seu pescoço estão
quentes e me pergunto se ele percebe. Ou se foi só eu.

— Eu não sabia que você sabia dançar, — digo.

— Há muita coisa que você não sabe sobre mim.

Ele olha para mim e eu luto para não me afogar no verde musgo de seus
olhos.

— Sim? — Eu digo, para me distrair.


— Mmmhm, — ele murmura.

Eu me inclino um pouco para ele e odeio fazer isso, mas é uma memória
que consigo manter. O calor de seu corpo, seu peito duro e cheiro masculino.
Eu absorvo tudo, fechando meus olhos e deixando escapar um pequeno
suspiro.

— Charlie? — Eu sussurro contra seu peito.

— Sim? — Eu sinto o estrondo de sua resposta contra minha bochecha.

— Por que você ainda está solteiro? — Eu pergunto, nossos corpos ainda
balançando com a música suave. — Eu vi o tipo de garota que se pendura em
você. Não faz sentido você não ter escolhido uma delas até agora.

Ele fica em silêncio por um longo tempo, o suficiente para me fazer abrir
os olhos. Eu fico olhando para ele, esperando não parecer tão extasiada quanto
me sinto.

Esse sentimento tolo, é o motivo pelo qual o tenho evitado a noite toda.
Sinto que preciso segurá-lo, mas sei que não posso.

— Você vai responder? — Eu pergunto.

Ele sorri, mas é forçado. — Sim. Eu só... é complicado, sabe?

— Portanto, simplifique. Simples o suficiente para eu entender, de


qualquer maneira. Eu tomei alguns copos daquele ponche. — Tento tornar a
conversa mais leve, mas sua expressão não muda.

— Bem... eu tenho uma ex. Uma garota chamada Susanne.


— Oh? — Meu coração bate forte no meu peito. Não quero pensar nele
com outra pessoa.

— Ela era minha namorada do colégio. Quando eu tinha vinte anos, dei a
ela tudo o que tinha. Eu a pedi em casamento com o maior diamante que
consegui, que não era muito grande. Afinal, eu tinha vinte anos.

— Espere, você era casado? — Eu digo, recuando.

— Não. Noivo, — ele diz, me puxando de volta para seus braços. — E não
estavamos noivo por muito tempo. Cerca de um mês depois, eu a peguei com
outra pessoa.

— Você não fez isso! — Eu congelo onde estamos parados, meus olhos
arregalados enquanto o choque me percorre. Quem diabos iria traí-lo? Ela deve
ter perdido a cabeça.

— Eu fiz. — Ele acena com a cabeça e me leva para a pista de dança,


desejando que eu continue dançando com ele e eu cedo. Eu não vou negar a
ele. Meu pobre Charlie. Uma garota burra partiu seu coração e eu a odeio por
isso.

— Sinto muito, — digo, apertando-o suavemente e tentando me acomodar


em seus braços novamente. Posso sentir e ouvir vagamente todos ao nosso
redor, mas meus pensamentos estão apenas nele.

— Bem, funcionou. No ano seguinte, consegui um emprego em um bar.


Economizei todo o meu dinheiro, trabalhei muito. Comprei o Mac no segundo
em que tentaram vendê-lo.

— E a sua noiva?
— Não a vi desde então. Ela se mudou da cidade pouco depois.

Eu coloquei minha cabeça contra seu peito por um minuto, pensando em


como ele deve ter se sentido. Não admira que ele não queira compromisso.
Minha voz falha e eu tenho que limpar minha garganta para dizer a ele: —
Sabe, nem todas as mulheres são assim. Nem toda mulher vai partir seu
coração.

Ele dá de ombros, sua camisa se movendo suavemente contra meu nariz


enquanto eu fico presa em seu peito. — Certo.

— Claro que não é realmente o tipo de resposta... — Eu paro meu


comentário. Não sei como fazer isso melhor, mas quero.

Ele olha para mim, talvez sentindo minha seriedade. Seus olhos descem
até meus lábios, mostrando o que está em sua mente.

Eu fecho meus olhos e ofereço minha boca. Charlie me beija, com ternura
no início, mas depois com mais paixão, fazendo meu coração disparar.

Eu paro o beijo à medida que fico mais consciente de que estamos cercados
por outras pessoas. — Charlie…

— Não precisamos falar sobre meu passado, querida, — ele sussurra,


segurando meu queixo com a mão.

Ele me beija novamente. Posso sentir as pessoas olhando para nós. A


família de Charlie está tendo um show e tanto. Ainda assim, quando ele me
toca, me sinto viva e vibrante. Eu me sinto amada e isso não é justo. Não é
justo porque agora, mais do que nunca, acho que Charlie nunca entregará seu
coração. Não para mim. Mas ele tem o meu e isso dói para nós.
Eu gemo baixinho quando Charlie se afasta para beijar meu pescoço.
Relâmpagos disparam pelo meu corpo com o toque de seu lábios contra minha
pele.

Então ele se inclina para sussurrar em meu ouvido. — Venha comigo…


— Ele pega minha mão e me leva para fora da pista de dança.
Sutileza não combina comigo, mas tento ser o mais sutil possível
enquanto ando por entre a família e amigos no salão de baile, arrastando
Grace atrás de mim. Ela está segurando minha mão com as dela, apenas
tentando acompanhar.

Sorrio para minha tia sentada a uma mesa perto da pista de dança e dou
um pequeno aceno, fingindo não vê-la fazer um gesto para que eu fale com ela.

Grace precisa de mim agora, e não vou parar até que ela melhore.

Especificamente, até eu a faça gozar e certificar de que ela sabe que ela é
minha e eu sou dela.

A música e os sons altos do salão de baile desaparecem enquanto conduzo


Grace pelas portas duplas e pelo corredor. Aqui, ela se puxa para mais perto
de mim e eu desacelero meus passos para envolver meu braço em volta de sua
cintura, procurando um lugar para ir para um pouco de privacidade.

— Onde estamos indo? — Grace pergunta, suas curvas pressionando


contra o meu corpo enquanto ela olha para mim com aqueles lindos olhos de
corça cheios de perguntas.

Eu avisto o closet no final do corredor e à direita, e um sorriso perverso


curva meus lábios para cima.
Abaixando minha cabeça em seu ouvido, eu sussurro, — Eu preciso cuidar
de você.

Eu não espero ela responder. Ela quase tropeça, embora solte uma
pequena risada quando o faz, enquanto a puxo, abrindo a meia porta e me
afastando do balcão e indo para os fundos, onde há fileiras e mais fileiras de
casacos.

— Que diabos? — Ela diz, mas sua voz é brincalhona. O sorriso em seu
rosto é genuíno e eu adoro isso. Esse é o sorriso que deveria ter estado com ela
o dia todo. Com um pé após o outro, eu a caminho de costas entre as duas
fileiras de casacos e todo o caminho até o fundo. A luz está obstruída pelos
lençóis suspensos, então está fraca, mas ainda posso ver o rubor em suas
bochechas.

— Charlie, você é louco se pensa... — Eu a interrompi, pressionando meus


lábios contra os dela e colocando a mão em sua nuca. Ela não protesta, mas
abre os lábios e me deixa entrar.

Aprofundando o beijo, minha língua acaricia a dela enquanto nossas


respirações quentes se misturam. E quando eu interrompo o beijo, ela está sem
fôlego, a luta dela se foi.

— Louco se o quê? — Eu pergunto a ela, desafiando-a a me dar aquele


lábio.

Ela afunda contra a parede, respirando pesadamente, os lábios ainda


separados. — Pensar que vou deixar você... — ela diz e lambe os lábios.

— Deixe-me o quê? — Eu me inclino mais perto dela, descansando minha


testa na dela e olhando em seus olhos.
Seus olhos brilham e ela não responde.

Eu me agacho, agarrando a bainha de seu vestido, e então lentamente me


levanto, puxando-o para cima. Ela sustenta meu olhar enquanto o coloco em
torno de seus quadris.

— Você está molhada agora? — Murmuro a pergunta. Ela morde o lábio


e seus olhos vão para trás de mim. Se minha mão não estivesse a centímetros
dela, aposto que ela mentiria para mim.

Minhas pontas dos dedos tocam suavemente as costuras de sua calcinha.


Eu não sinto o calor dela o suficiente, então eu a empurro de lado, segurando
aqueles olhos azuis nos meus e gentilmente empurrando meus dedos em sua
entrada quente.

Ela está encharcada.

Ela visivelmente engole, sua cabeça caindo para trás contra a parede,
enquanto eu escovo meus dedos até seu clitóris, movendo a umidade lá.

— Você acha que seria uma loucura? — Eu pergunto a ela.

Ela lambe os lábios, sua respiração acelerando e então balança a cabeça


negativamente.

Eu estreito meus olhos e me inclino para frente, — Diga-me o que você


quer, querida.

Mesmo sem muita luz, vejo seu rubor e então ela desvia o olhar. Eu espero
por ela. Deixando ela escolher isso. Deixando ela me escolher.

Meus dedos descem até sua entrada e sobem até o clitóris, um arrepio
percorre seu corpo.
— Por favor, — ela geme no ar, suas costas se curvando enquanto ela
tenta esmagar sua boceta em minha mão. Eu sorrio para ela.

— Por favor, o que?

— Por favor... — ela hesita em responder enquanto seus olhos se movem


para trás de mim novamente. Eu olho por cima do ombro, mas não há ninguém
lá.

— Não vou deixar ninguém ver, — digo a ela com firmeza. Se é disso que
ela está com medo, ficaremos bem. Estamos longe o suficiente para ninguém
nos pegar e se eles voltarem, estarei bloqueando sua visão.

Seus olhos azuis se fixam nos meus. — Por favor, toque-me.

Meu pau se transforma em pedra com ela me dizendo isso. Posso sentir
meu zíper contra meu pau e estou desesperado para reajustá-lo, mas não
consigo tirar minha mão de sua boceta.

— Qualquer coisa por você, — digo a ela em um tom sincero e uniforme.


Como não é forçado, não sei.

— Mmm, — ela geme baixinho, fechando os olhos enquanto empurro


meus dedos profundamente dentro dela. Eu os empurro para dentro e para
fora, amando seu calor e a maneira como ela balança os quadris avidamente,
querendo mais. Eu me viro para olhar por cima do ombro mais uma vez,
apenas para ter certeza de que estamos sozinhos.

Quando eu olho para ela, seus olhos estão em mim, sua cabeça
descansando preguiçosamente contra a parede. Seu corpo balança enquanto
eu bombeio mais rápido, roçando seu feixe de nervos sensível a cada vez,
fazendo sua respiração ficar mais rápida enquanto ela perde a compostura.
— Eu acho que seria inacreditável para nós terminarmos logo após o
casamento, — eu sussurro em seu ouvido, pegando-a desprevenida. Eu não
sou um idiota de merda. Isso tem que ser o que está acontecendo em sua mente
preocupada. Preciso convencê-la a ficar... só mais um pouco. Não sei se algum
dia vou conseguir me saciar dela, mas não vou deixá-la ir embora no segundo
em que tiver uma chance.

Ela geme, seus olhos semicerrados. Eu sei que ela pode me ouvir.

Eu aperto a palma da minha mão contra seu clitóris. — Você deveria ficar
comigo um pouco mais. — Sua respiração vem freneticamente enquanto eu
acelero o ritmo. Ela está perto, tão perto. Eu não estou deixando ela gozar até
que ela concorde.

Seu pescoço pende para o lado, sua bochecha pressionada contra a parede
fria enquanto eu deslizo meus dedos em sua boceta quente e acaricio aquele
feixe de nervos. Seus olhos se abrem e ela cobre a boca com a mão.

— Diga-me que você passará pelo bar e manterá as aparências. — Não sei
como digo as palavras enquanto trabalho sua boceta.

Sua cabeça vira para trás e bate contra a parede. — Sim, — ela grita o
mais baixinho que pode, dado seu estado atual, e quase acho que está indo
gozar, mas ela ainda não está lá. Eu pauso meus movimentos e ela vira a
cabeça para olhar para mim,suas mãos se movendo para o meu pulso com um
olhar desesperado em seu rosto.

— Sim, o que? — Eu pergunto a ela.

Ela engole em seco e responde em um sussurro: — Vou ficar com você...


Eu a corto com um beijo exigente antes de dizer qualquer outra coisa e
bombear meus dedos em sua boceta. Minha palma vai contra seu clitóris,
ainda sobre a calcinha que está empurrada para o lado. Eu sou implacável e
rude enquanto ela se agarra a mim. Ela parece paralisada quando sua boca
abre e fecha e ela tenta desesperadamente não gritar.

No momento em que ela goza, seu corpo fica imóvel, tenso enquanto sua
boceta aperta e sua respiração engata. Eu beijo seu pescoço, ainda acariciando
meus dedos contra sua parede frontal para fazer seu prazer durar. É só quando
seu corpo finalmente afunda contra a parede que eu puxo meus dedos para
fora dela.

Eu deixo seu vestido cair em torno de suas coxas trêmulas, mas ainda não
terminei com ela. Eu não pretendia transar com ela ainda, mas a visão dela se
desfazendo com o meu toque está me deixando louco.

Eu preciso dela tanto quanto ela precisa de mim.

— Eu vou te foder e você vai ficar quieta. — Eu olho em seus olhos,


desejando que ela concorde. Seus olhos se voltam para a entrada atrás de nós
enquanto ela lambe os lábios e abre as pernas como se fossem uma tesoura.
Eu sei que isso a excita tanto quanto a mim. Ela segura meu olhar e acena
com a cabeça, seus lábios se transformando em um sorriso diabólico.

— Uma rapidinha? — Ela pergunta e isso me faz rir, baixo e áspero.

— Se é assim que você quer chamá-lo, — digo a ela, pegando meu bolso
de trás por instinto.

Só então percebo que não tenho camisinha.


Por um segundo, uma fração de segundo, a ideia de engravidá-la vem à
mente. Fingir que é um acidente. Ela diz que ela não pode engravidar, mas
foda-se, posso pelo menos tentar o meu melhor.

O pensamento dela inchada com meu bebê e amarrada a mim só faz meu
pau ficar mais duro. Eu não quebro o contato visual enquanto abro o zíper da
minha calça e a empurro para baixo para cair em torno dos meus tornozelos.

— Vire-se, — eu dou a ela o comando e ela não se opõe, ainda perdida no


prazer que eu dei a ela. Levanto seu vestido, deixando meus dedos percorrerem
sua pele macia e, em seguida, puxo sua calcinha para baixo. E eu percebo como
ela está úmida por ela ter gozado.

Eu levo um momento para olhar para sua bunda apertada e segurar sua
boceta. Ela está tão quente e molhada. Tão pronta para mim. Ela está sempre
pronta para mim.

Apoiando a mão na parede ao lado dela, eu empurro meu pau entre suas
dobras, sentindo suas paredes apertadas envolvendo meu pau e me puxando.
Foda-se. Ela parece o paraíso. Quando deixo minha testa cair na sua nuca,
gemendo de como ela se sente bem, sua mão se espalha em cima da minha e
então me agarra. Eu tenho que abrir meus olhos e me afastar para beijá-la.
Mas estou impressionado com a expressão em seu rosto. É um olhar de êxtase
absoluto.

Eu me movo lentamente, mais fundo, enchendo-a centímetro a


centímetro. E quanto mais fundo eu vou, mais seus lábios se abrem até que
façam um “O” perfeito quando estou enterrado bem fundo dentro dela.

É assim que ela sempre deve ser. Perdida no prazer.


Eu não perco tempo. Já passamos muito tempo para nossa ausência
passar despercebida. Eu me afasto um pouco, apenas alguns centímetros e, em
seguida, fodo sua boceta tão forte e áspera que ela grita.

Eu sou rápido em silenciá-la, virando sua cabeça para mim e


pressionando meus lábios nos dela. Eu me afasto, mas deixo meu rosto perto
do dela, nosso hálito quente combinando e aquecendo com a intensidade que
sinto entre nós.

Ela geme meu nome enquanto sua cabeça balança.

Eu bato meu pau nela, todo o caminho até o punho, sentindo sua bunda
exuberante balançar enquanto eu bombeio meus quadris uma e outra vez.
Minha respiração entra freneticamente enquanto a sinto apertar em torno do
meu comprimento. Sim! Goze para mim novamente. Eu preciso sentir ela
gozar e observá-la enquanto ela é consumida pelo prazer.

Inclinando-me mais perto dela, eu sussurro em seu ouvido, — Dê para


mim — e empurro nela novamente. Seu corpo sacode contra a parede enquanto
seu rosto se contrai e sua boca se abre com um pequeno suspiro. — Goze para
mim, — eu respiro contra seu pescoço esguio, seu corpo estremecendo com um
calafrio e então eu me enterro profundamente dentro dela.

Seus olhos se abrem enquanto sua boceta se agita e suas unhas cavam em
minha mão. Ela solta um grito silencioso, sua cabeça caindo para trás contra
meu ombro enquanto seu orgasmo a atravessa.

É tudo que eu precisava. Eu corro para minha própria liberação,


bombeando meus quadris e cavalgando em seu prazer. Um gemido áspero
baixo na minha garganta me deixa enquanto eu bato em sua boceta apertada
mais e mais até que uma onda de prazer balança através de mim, enrolando
meus dedos dos pés e me deixando sem fôlego. Meu pau pulsa enquanto eu me
enfio o mais fundo que posso dentro dela, quase levantando-a do chão.

Ela choraminga, e eu abro os olhos enquanto jorros grossos de esperma a


enchem, mas há apenas prazer em seu rosto.

Eu quero mantê-la, então vou dar a ela o que ela quer. Eu tenho o quarto
de hotel esta noite com ela e farei tudo que puder. Algo para amarrá-la a mim.
Ela nunca me disse o que ela queria com este negócio de bêbada. Mas posso
dar a ela algo que sei que ela está procurando.

Um bebê.
Estou quieta na área do trabalho enquanto me sento sozinha, minha
cabeça nas nuvens. Estou descascando uma tangerina, mas não estou
prestando muita atenção nisso.

Minha mente está em Charlie. Mais especificamente, no negócio que


fizemos. Eu cumpri minha parte, bancando a namorada bonita de Charlie. E
Charlie...

Bem, vamos apenas dizer que sua parte no trato foi cumprida quando ele
me deu orgasmos três vezes seguidas. Um rubor atinge minhas bochechas só
de pensar nisso. Esse homem faz coisas comigo. Eu estou completamente
apaixonada por ele. Mesmo sabendo que não deveria, não consigo me
arrepender.

Um pedaço da tangerina chega à minha boca enquanto olho


distraidamente para um pôster na parede.

Então eu acho que, como nós dois cumprimos nossa parte no trato, acabou,
embora ele tenha me pedido para ficar um pouco mais para as aparências. Não
quero mais jogar, e isso é tudo para ele. É divertido e é um bom momento. Eu
concordo com tudo isso. Mas se isso é tudo, preciso resgatar o que sobrou do
meu coração.
Aparecer no bar, esperar que ele desista é apenas uma tortura. Ele está
apenas me enrolando. Eu me sento e suspiro. Eu não quero que isso acabe. Eu
quero qualquer coisa menos isso, realmente. Eu quero um compromisso. Eu
quero mais com ele.

E isso é minha culpa.

Encará-lo e pedir mais só vai me deixar sozinha e com o coração partido


ainda mais cedo. Então, minhas escolhas são:

1. Rasgue aquele band-aid, pedindo mais e fazendo com que ele termine
como eu sei que ele fará.

2. Eu posso brincar um pouco, mas isso só me deixa mais patética e só vai


doer muito mais.

Quando me levanto, revirando os olhos, jogo a casca da tangerina no lixo


e empurro cada porção uma por uma.

Sarah, minha chefe imediata, enfia a cabeça na sala de descanso. Ela é


ruiva como eu e tem ossos grandes, mas sempre se veste como se estivesse em
uma passarela italiana. Em suma, ela é linda. Hoje ela está usando um vestido
preto com gola canoa que parece custar um milhão de dólares, pelo jeito que
embeleza seu corpo.

— Ei, Grace. — Ela está alegre como sempre ao entrar na sala.

— Ei, — eu a cumprimento com um sorriso forçado. Eu não deveria me


sentir mal pelo meu intervalo da tarde, todo mundo os toma. Mesmo assim,
sinto necessidade de me defender. — Estou voltando para o trabalho.
— Você tem um minuto? Jack e eu gostaríamos de falar com você no
escritório dele.

Eu fico olhando para ela. Jack Holt é um dos sócios de nossa empresa. Eu
literalmente só falei com ele no natal, quando ele estava entregando cheques
de bônus do natal. Meu batimento cardíaco acelera de ansiedade com a ideia
de ter uma reunião com ele.

Eu esforço meu cérebro para descobrir sobre o que ele poderia querer falar
comigo. Um novo projeto? Mas não, ele geralmente não está envolvido nesse
nível.

Isso está parecendo muito, muito ruim. Eu engulo o nó na garganta,


procurando uma pista no rosto de Sarah, mas não há nada lá.

— Uhh... claro. — Meu sorriso forçado desaparece, mas faço o possível


para mantê-lo no lugar.

— Não é nada ruim. Pare de parecer que estou levando você para ver o
ceifador, — brinca Sarah e eu rio de volta, mas apenas porque é obrigatório.
— Vamos.

Ser demitida conta como ruim? Eu me pergunto, tentando me acalmar. O


resto da minha tangerina é jogada no lixo e eu sigo Sarah pela sala principal,
onde todos trabalham. Ao contrário de mim, a maioria dos funcionários não
abaixa a cabeça enquanto trabalha, então alguns olhos me seguem pela sala.
Vislumbro Diane tentando fazer contato visual comigo, mas evito. Não falo
com ela desde o casamento... ao qual ela não compareceu.
Sarah me leva a um escritório de canto, onde faz uma pausa para bater
na porta. Eu esqueço, limpando minhas mãos na minha camisa e tentando
manter a calma. Sarah não mentiria para mim.

— Entre, — Jack chama pela porta e nós entramos, minhas pernas


parecendo gelatina. Sarah fecha a porta atrás de mim, aumentando minha
paranóia de que estou prestes a ser demitida.

— Grace, oi, — diz Jack, levantando-se de trás de sua grande mesa de


café expresso que está entulhada de papelada. Ele está na casa dos cinquenta,
bem vestido e bronzeado como um maluco de longos dias em seu iate. —Por
favor, sente-se, — ele aponta para uma das duas cadeiras na frente de sua
mesa.

Eu olho para Sarah e escolho uma cadeira. Sarah se senta na outra,


cruzando as pernas e sorrindo. Jack se acomoda atrás de sua mesa, parecendo
sério.

Meu coração bate descontroladamente. Eu nunca fui demitida antes.


Minhas mãos estão úmidas e tento pensar em algo para dizer, mas não confio
na minha voz.

— Então, Grace, pedi a Sarah que recomendasse alguém para


administrar a mesa de projeto, manter os designers atentos e certificar-se de
que o que eles produzem está de acordo com a marca dos clientes. Ela
recomendou você.

Piscando várias vezes, todas um pouco rápido demais, encaro meu chefe
por um segundo, processando suas palavras, depois olho para Sarah. — Ela
recomendou?
— Aparentemente, você... vamos ver aqui, — ele diz, pegando um pedaço
de papel na mesa dele. Ele começa a ler. — Citação: Ela trabalha dez vezes
mais do que qualquer outra pessoa. Se todos fossem tão dedicados à satisfação
do cliente e à produção de ótimas obras de arte, teríamos muito mais sucesso.
Você parece ter um olho para a marca, não apenas para o design. — O papel
cai flutuando quando ele acrescenta: — Há uma diferença crítica e nem todo
mundo a tem.

— Eu... eu não sei o que dizer, — eu digo, minha garganta parecendo seca,
mas de um jeito bom. Consigo responder a Jack, embora minha garganta
pareça apertada. — Obrigada por notar.

— Não me agradeça. Obrigado Sarah, — Jack diz. — Agora a promoção


vem com um grande aumento no pagamento, mas dez pessoas trabalhando
diretamente abaixo de você. Você estará supervisionando campanhas e
criticando. Você também tem a palavra final e pode modificar e moldar os
projetos da maneira que achar melhor. Você pode lidar com isso?

— Eu... sim, — eu digo, balançando a cabeça vigorosamente. —


Absolutamente eu posso. — Oh meu Deus. Eu nem considerei uma promoção.
Um bônus sim, um aumento no pagamento, diabos sim, eu aceito isso qualquer
dia.

— Tudo bem! Bem, Sarah providenciará para que o contrato esteja em


sua mesa na segunda-feira para assinar. Obrigado pelo seu trabalho árduo, —
Jack diz, se levantando e me oferecendo um aperto de mão.

Com a reunião aparentemente encerrada, eu me levanto e aperto sua


mão, tentando não deixá-lo ver que estou tremendo. É um tremor de excitação.
Sarah sorri para mim na saída. Não sei nem como estou andando, estou tão
atordoada. Assim que a porta se fecha atrás de nós, solto um suspiro.
— Não posso agradecer o suficiente, — confesso a Sarah.

Ela ri. — Eu disse que não era nada ruim!

Eu estendo a mão e quase agarro sua mão ou a abraço, mas em vez disso,
aperto a minha na minha frente, me sentindo muito grata e oprimida.
Permaneça profissional, eu me lembro. — Muito obrigada, Sarah. Sério.

— Bem, eu só queria que você percebesse que vejo como você trabalha
duro. Vejo todas as noites em que você fica mais tarde e todas as porcarias que
aguenta dos clientes.

— Você não vai se arrepender disso. Eu prometo, — eu digo. A tontura


assume quando o choque passa.

— Tenho certeza que não vou, — ela afirma com naturalidade, piscando.

Nós nos separamos, Sarah volta ao escritório e eu de volta ao meu


cubículo. Ainda sorrindo tanto que dói, volto para o meu lugar.
Imediatamente, a cabeça de Diane salta sobre as paredes do cubículo. Puta
merda. Solto uma pequena risada, curta e cheia de alívio.

— Você me assustou pra caralho, — brinco.

— Sobre o que era tudo isso? — Ela pergunta. — Parecia sério.

— Eu... eu realmente ganhei uma promoção, — eu admito para ela, meu


sorriso nunca minguando. — É estranho dizer isso em voz alta. — Oh meu
Deus, eu tenho uma promoção. É a minha primeira. Eu ainda não estou
acreditando.

— O que? — Ela pergunta, endireitando-se. — Promoção para quê?


— Eles precisam de alguém para gerenciar a mesa do projeto, —
respondo, virando-me na cadeira para encará-la por completo e finalmente
respirando normalmente.

— De jeito nenhum! Achei que Melanie fosse cuidar da mesa do projeto.

Ela parece e soa... irritada. Leva um segundo para perceber isso. Ela não
está nada feliz por mim. O vinco profundo no centro de sua testa e a carranca
em seu rosto denunciam isso. Ela nem consegue fingir que está feliz por mim?
Eu engulo, sentindo o efeito morrer e respondo: — Bem, aparentemente não.
Eles simplesmente ofereceram para mim.

— Parabéns! Sério, isso é incrível. — Embora suas palavras sejam


gentis... e apressadas, sua expressão e tom ainda estão errados.

— Obrigada. — Eu sorrio e tento encolher os ombros.

— Devíamos ir comemorar mais tarde! Sair, pegar algumas bebidas. —


Seu lado divertido volta e, por um segundo, acho que imaginei sua reação
original.

Eu devo ter. Ela pode ser desagradável às vezes, mas eu penso sobre isso,
então decido que diabos.

— Certo. Talvez pudéssemos ir àquele bar com a incrível comida


mexicana? — Eu ofereço.

— Sarita's? Sim, garota. E então podemos ir para o Mac.

Eu fico em silêncio, mas aceno. Charlie disse que quer que eu vá para
manter as aparências, mas não sei se consigo fazer isso. Eu não quero me
machucar. Eu não quero mais jogar.
— O que? — Diane pergunta. — Você não quer ir ao Mac?

— Eu estava pensando em outro lugar seria bom variar, — eu respondo a


ela, mas até mesmo para mim soa como uma mentira. Meu coração dói só de
pensar nisso.

— É por causa de Charlie? Oh meu Deus, vocês dois terminaram?

— Jesus, Diane! — Eu digo, abaixando minha voz e olhando ao redor. —


Nem tudo é sobre Charlie.

— Você fez! Você se separou totalmente, — Diane diz, uma pitada de


alegria evidente em seus olhos.

— Para sua informação, não havia nada para separar. Estávamos nos
divertindo. Deixe isso pra lá, Diane. — Eu gostaria de poder estender a mão e
pegar minhas palavras de volta. Dói dizer isso em voz alta.

— Estavam? — Ela questiona e eu já tive demais.

— Eu disse para deixar em paz. — Meu tom reflete minha raiva.

— Oh, — ela diz. É difícil ler o que ela realmente está pensando. — Bem,
certo. Vamos ao bar com comida mexicana, então.

— Tudo bem, — eu digo, no limite. Prefiro ficar com raiva do que qualquer
outra coisa. Então eu me apego a essa emoção, embora ache que só estou com
raiva de mim mesma. — Tenho muito trabalho que preciso terminar primeiro.

— Acho que é por isso que você conseguiu a promoção, — diz ela, com um
sorriso tenso. — Estarei de volta às seis para incomodá-la, no entanto.
Ela desaparece atrás de seu lado da parede. Fico tentando decidir se devo
me sentir mal por brigar com ela.

Coloco meus fones de ouvido e afundo no trabalho, recusando-me a pensar


mais sobre qualquer uma dessas bagunças da vida amorosa. Bem, eu tento.
Mas isso não funciona. Só consigo pensar em Charlie e em como Diane está
certa. Terminamos. Rompemos, rótulos ou o que quer que seja. Acabou.
Estou a cerca de dois segundos de enviar uma mensagem de texto para
Grace quando ela entra pela porta da frente do bar. Já era hora do caralho.

Não a vejo desde ontem de manhã, na manhã seguinte ao casamento.

Ela ainda está com as roupas de trabalho, mas seu cabelo está solto e
balançando sobre os ombros quando ela entra.

Um grito feminino ecoa pelo bar atrás dela, e Grace se vira para olhar por
cima do ombro.

— Estamos finalmente aqui! — Diane está com ela e minha expressão cai.
Não entendo como as duas são amigas. Eu fico atrás do bar e sigo para a
extrema esquerda, onde Grace geralmente se senta e onde está a máquina de
lavar louça. Meus olhos piscam e eu observo as duas enquanto começo a
trabalhar. Diane tropeça um pouco e fala um pouco alto demais. Alguns
clientes se viram para vê-las entrar, mas depois voltam ao que estavam
fazendo antes.

— Eu amo este lugar, — diz Diane, arrastando Grace pela mão. Grace
permite, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e aparentemente não
querendo vir até mim. Não gosto disso e não entendo nem um pouco.

Diane se senta rapidamente na banqueta do outro lado. O banco de Grace.


Não presto atenção nela, esperando que Grace olhe para mim. Quando ela
finalmente o faz, posso ver a mesma preocupação que estava em seu rosto no
casamento antes de desviar o olhar novamente. Essa sensação doentia de
ansiedade toma conta de mim. O que diabos eu preciso fazer para deixá-la
feliz?

Torne-a oficial.

Pego um copo e limpo com um pano seco enquanto Grace se senta.

— Ei, — eu falo, esperando seu olhar encontrar o meu.

— Ei, — sua voz é suave. Ela precisa desesperadamente de mais. Ela


precisa de um título: namorada. Sério. Meu corpo esquenta com o pensamento,
mas se for necessário, eu vou dar a ela. Vou tornar isso real e deixar o mundo
saber. Desde o casamento, todos eles estão me pressionando de qualquer
maneira.

Abro a boca para dizer algo que a deixe à vontade, mas Diane fala,
inclinando-se para frente e batendo na barra.

— Estamos ficando bêbadas esta noite, — ela diz, já muito mais bêbada
do que Grace. Eu levanto uma sobrancelha para ela.

— É assim mesmo? — Meus olhos voltam para Grace quando ela coloca
sua bolsa no bar.

— Podemos tomar duas bebidas especiais, por favor? — Diane pergunta,


chamando minha atenção novamente.
— É isso que você quer, querida? — Eu pergunto a Grace. Eu mantenho
aqueles olhos de corça quando ela finalmente olha para mim. — O que você
quiser, é seu. — Acho que nunca disse palavras mais verdadeiras.

— Sim, — diz ela distraidamente. Eu a vejo engolir enquanto ela olha


para sua bolsa. É estranho e não gosto disso. Não sei o que aconteceu entre
ontem e hoje. Seja o que for, preciso consertar.

— Obrigada! — Diane praticamente grita, quicando na cadeira. Demoro


um momento para perceber que ela está falando sobre as cervejas. Certo.

Eu coço a parte de trás da minha cabeça enquanto vou para o refrigerador


e pego suas bebidas. Eu poderia beber uma agora também, porra.

Com duas cervejas em uma mão, as garrafas de vidro tilintando uma na


outra, eu rapidamente tiro a tampa.

— Charlie! — um cliente me chama. Eu aceno de volta, dando a eles um


sorriso tenso, mas então caminho até James e escovo meu ombro contra o dele.

— Cuide deles, — eu instruo, e ele segue meus olhos até o cliente.

— É isso aí, — ele diz, já se movendo.

Eu sei que tenho uma reputação com esses clientes. Todos eles realmente.
Mas agora, preciso de um tempo com Grace. Algo não está certo e não estou
esperando a hora de fechar para colocar aquele sorriso em seu rosto.

Passo a cerveja para Diane e coloco a de Grace na frente dela, mas não a
deixo pegar. Quando ela tenta agarrá-la, eu a afasto, fazendo-a inclinar a
cabeça e sorrir suavemente.
Eu a deixo pegar a garrafa na segunda vez que ela a pega, principalmente
porque ela traz um pouco de felicidade para aqueles olhos dela. — Como está
o trabalho? — Eu pergunto a ela, e ela finalmente ilumina um pouco.

— Eu consegui uma promoção, — ela me responde com um pouco de


tontura que faz os nervos se acalmarem.

— Isso é fantástico, — digo a ela enquanto jogo as tampas da cerveja na


lata de lixo. — Parabéns, querida.

Ela toma um gole de cerveja, ainda parecendo um pouco nervosa.

— Você está bem... — Eu começo a perguntar a ela, mas Diane interfere.

— É muito louco também. Tínhamos certeza de que uma de nossas outras


colegas de trabalho aceitaria esse emprego. — Diane balança a cabeça, um
olhar de perplexidade em seu rosto antes de tomar um gole.

Meu olhar se move para Grace, que está observando Diane com uma
pequena carranca.

— Eu tenho que ir ao banheiro bem rápido, — Grace não me olha nos


olhos enquanto ela desliza para fora do banquinho. O ar entre nós é denso e
faz meu estômago revirar de inquietação. Não sei o que há de errado com ela,
mas vou descobrir esta noite assim que todos forem embora. Seja o que for,
vou fazer melhor para ela. Uma sensação de mal estar no meu estômago está
me dizendo que sou eu. Nós. Mas eu ignoro isso. Nós vamos ficar bem.

Pego um dos copos da prateleira e limpo antes de colocá-lo na seção de


limpeza e passar para o próximo copo enquanto Diane troca de assento, indo
para o banco em que Grace estava.
Meus olhos voam para ela e dou um sorriso tenso. Penso em perguntar a
ela se está tudo bem com Grace, mas mantenho minha boca fechada, apenas
ouvindo os sons do bar movimentado.

— Então o que você vai fazer esta noite? — Diane pergunta, enrolando o
cabelo em volta do dedo. Ela me dá um sorriso sedutor, e não tenho certeza de
onde está vindo. Ela sabe que estou com Grace. Minhas sobrancelhas franzem
enquanto penso no que dizer a ela.

Grace. Minhas intenções são em transar com Grace hoje à noite. A noite
toda, se eu tiver algo a dizer sobre o assunto.

— Só estou indo para casa, — eu respondo com firmeza. Decido ficar


neutro e presumo que seja porque Diane está bêbada que ela está agindo
assim.

— Você precisa de companhia? — Ela pergunta.

— Eu tenho Grace para isso, — eu mordo a resposta, embora eu tente


manter minha voz calma e faço um movimento para sair, não gostando de
estar nesta posição, mas ela agarra minha mão.

— Não mais, — ela diz e sua resposta faz meu coração bater forte. Eu me
viro para olhar para ela, sem dizer uma maldita coisa ou mudar minha
expressão.

— Quero dizer, ela me disse que era tudo falso e ela nunca gostou de você
assim... era apenas para se divertir, — diz Diane em voz baixa, a mão no
gargalo da garrafa, inclinando-a sobre topo do balção. Ela sussurra,
inclinando-se mais perto. — Entendi. Você conseguiu o que precisava dela, e
ela foi para baixo por um minuto. — Ela se afasta para tomar um gole de sua
cerveja.

Meu coração parece que uma faca passou por ele, girando lentamente e,
em seguida, sendo puxado para fora. Ela nunca gostou de mim. É tudo o que
fico pensando.

De jeito nenhum. Claro que ela estava a fim de mim. Ela não mentiria
para mim. Ela iria? Eu me movo lentamente, pegando um pano debaixo do
balcão e limpando a madeira laqueada sem pensar.

— Então, eu estava pensando, se você está procurando algo hoje à noite

— Estou bem, — minhas palavras são duras e talvez difíceis. Eu não me


importo. Diane diz outra coisa, mas não consigo ouvir nada além do som do
sangue correndo em meus ouvidos enquanto me afasto, direto para o fundo do
bar.

Meu coração está martelando, meu sangue está fervendo. Sinto-me tenso
e pronto para quebrar.

Foi falso. Assim como meu último relacionamento.

Eu sou um idiota.
Eu escorrego para a banqueta do bar ao lado de Diane, decidindo ser
mulher. Eu quero Charlie, e pelo menos posso colocar meu coração em risco.
Diane olha para mim enquanto eu me endireito, dando-me um meio sorriso.

— Ei, — eu digo. Devo agradecê-la por me convencer a vir, embora tenha


certeza de que ela realmente só quer ficar bêbada. A bebida aqui é muito mais
barata do que em qualquer outro lugar.

— Olá você mesmo. — Ela bebe um líquido âmbar de um copo de gelo.


Acho que ela já terminou a cerveja.

Colocando minha bolsa no balcão, procuro por Charlie, mas o bar está
vazio.

— Onde Charlie foi? — Eu pergunto a Diane. Ainda posso sentir a tensão


estranha entre nós. Eu só preciso cuspir.

Ela encolhe os ombros. — Ele está por aí. Mas acho que o outro barman
está aqui agora.

Outro barman? Eu me pergunto.

As portas duplas dos fundos se abrem e chamam minha atenção. Maggie


aparece carregando um grande balde cheio de gelo. Ela despeja no poço atrás
do balcão e depois esconde o balde. Oh, a outra garota. Eu entendo o que Diane
está dizendo agora.

— Você quer algo para beber? — Maggie pergunta. —Charlie está


terminando alguma coisa, mas volta.

Eu olho para baixo para onde minha cerveja estava quando saí e depois
para as duas garrafas vazias na frente de Diane. — Uma taça de zinfandel
branco, por favor.

Ela serve o vinho e coloca a taça na minha frente, e o tempo todo fica
quieta. Meus olhos continuam piscando de volta para as portas. Sinto que
preciso dizer essas palavras agora e contar a ele, mas não posso me forçar a
interrompê-lo.

— Quer ir para outro lugar? — Diane pergunta.

Já? Nós literalmente acabamos de chegar aqui. Eu a considero antes de


responder. Ela está bêbada ou bem encaminhada. Posso dizer por sua fala
quase arrastada, suas roupas amarrotadas.

— Não, — eu digo, firmando minha decisão de falar com Charlie. — Vou


ficar aqui por mais um tempo. — Tenho o cuidado de dizer a ela: — Mas se
você quiser ir, tudo bem.

— Tanto faz, — diz Diane. Eu sabia que ela aceitaria ofensivamente, mas
não é isso que quero dizer. Ela simplesmente bebeu demais.

— Você quer que eu chame um táxi para você? — Eu ofereço.

— Vou pegar um Uber, — ela revira os olhos e agarra a bolsa antes de


empurrar do banco.
— Você precisa de ajuda? — Eu pergunto a ela, mas ela faz uma careta e
se afasta de mim.

— Ei, Diane. — Deus, me sinto horrível. Eu me viro na cadeira, mas ela


grita: “Estou bem” e continua se movendo.

Eu tento me livrar da sensação de que eu deveria ir ajudar Diane. Eu


realmente não quero. Ela é uma mulher adulta... e uma espécie de vadia. O
último pensamento me faz relaxar um pouco enquanto bebo meu vinho.

Minha ansiedade volta toda vez que olho as portas duplas. Eu mantenho
minha bunda plantada bem onde estou e espero por ele.

É agora ou nunca. Acho que vou com a opção 1, afinal.

O tempo se move lentamente à medida que passa. Maggie entra e sai e


também o outro barman, esqueci o nome dele. Os clientes começam a diminuir
e a sensação de mal estar cresce no meu estômago. Eu verifico meu telefone
aqui e ali. Charlie sabe que estou aqui. A sensação de que ele está me
ignorando está ficando mais forte. Eu sacudo a tensão e bebo meu vinho. Está
praticamente na temperatura ambiente agora, mas não me importo. Eu tomei
muitos copos antes de vir aqui de qualquer maneira.

O bar fica cada vez mais silencioso e o tempo continua até que meu
telefone me diz que é hora de fechar. Somos apenas eu e Maggie, embora ela
esteja lá atrás com Charlie agora. Olho ao redor do bar vazio e sinto vontade
de voltar lá, mas não volto. Ele sabe que estou aqui.

Depois de um tempo, Charlie e Maggie voltaram para a frente. Charlie


me vê, e uma pequena carranca cruza seu rosto.
— Ei, eu cuido disso, — ele diz a Maggie. Embora ele esteja falando com
ela, seus olhos nunca deixam os meus. A maneira como ele diz isso faz meu
estômago revirar.

Maggie me lança um olhar questionador. — Claro, chefe.

Alguns segundos depois, a porta dos fundos bate quando ela sai.

Charlie e eu estamos sozinhos.

— Eu deveria estar fechando... — ele diz, andando ao redor do bar. Ele se


senta na banqueta ao lado da minha.

— Eu sei. Eu só... eu queria ver você. Talvez eu possa te ajudar a fechar?

Ele olha para mim por um longo segundo, então estende a mão. — Venha
aqui, — diz ele, puxando-me para mais perto dele. Eu sinto o ar mudar entre
nós, e sua expressão mostra algo que eu nunca vi antes.

— Você está bem? — Eu pergunto a ele, de repente sentindo que ele está
terminando comigo. O que é ridículo, porque não há nada para terminar.
Garota estúpida. Eu sabia que isso poderia acontecer. Eu só não quero que isso
aconteça agora. Eu retiro tudo. Não vou pressioná-lo por nada. Só não me deixe
Charlie.

— Você gosta de estar comigo? — Ele me pergunta, e eu rapidamente


aceno com a cabeça.

— Eu realmente quero, e... — minha voz está tensa enquanto me preparo


para o pior.
Antes que eu possa terminar, ele me beija ferozmente, enfiando as mãos
em meus longos cabelos. Suas mãos estão por toda parte, descendo para tocar
meus seios, deslizando ao redor para tocar minha bunda.

Ele interrompe o beijo, respirando pesadamente. Oh! Graças a deus.

Um sorriso cheio de alívio é pressionado contra seus lábios enquanto eu o


beijo novamente e novamente, sentindo como se cada vez me aproximasse de
dizer a ele o que eu preciso. Eu tiro sua camisa sobre sua cabeça, jogando-o de
lado. Ele me permite. Seus olhos estão nublados por outra coisa e essa tensão
ainda está presente entre nós. Eu não paro. Eu desfaço seu cinto, beijando seu
corpo enquanto vou, tentando mostrar a ele o quanto eu amo estar com ele.

Ele inala bruscamente, puxando-me para não cair sobre ele.

Eu não vou deixar ele me parar, então eu empurro contra ele com o meu
corpo, e viro para que fique de frente para o bar.

Finalmente, ele cede, me ajudando e seu pau fica orgulhoso. Deslizando


minha mão em torno dele, eu o acaricio, querendo que ele saiba que eu posso
dar prazer também. Assim como ele me deu naquele armário de casacos.

— Grace, — ele avisa, olhando para mim com um olhar que não é uma
boa ideia, mas eu não paro.

Quando corro minha língua da base de seu pênis até a ponta, ele faz um
som de desejo reprimido. Eu o tomo em minha boca, centímetro a centímetro,
mas não é o suficiente.

Ele rosna e empurra minha cabeça um pouco, sempre precisando ser o


único no controle.
Usando minha língua contra a parte inferior sensível de seu pênis, faço
tudo que posso para dar a ele o mesmo tipo de prazer que ele me deu.
Alternando entre fazer isso e levá-lo profundamente, leva apenas alguns
minutos antes que ele me afaste.

No meu protesto, ele apenas balança a cabeça. — Há tempo para isso mais
tarde. Eu prometo.

Então ele me coloca de pé, mudando nossas posições novamente. Ele faz
um trabalho rápido no meu vestido, puxando-o pela minha cabeça. Não estou
usando sutiã com este vestido, então meus seios nus estão expostos. Eu mordo
meu lábio enquanto ele usa as palmas; o calor se espalha pelo meu corpo.

— Tão linda, — ele se maravilha. Ele se abaixa e leva um mamilo à boca.


Ele chupa, fazendo minhas costas arquearem. Quando ele o libera em favor do
outro, chamo seu nome.

— Por favor, Charlie, — eu gemo.

— Por favor, o que? — Ele pergunta em voz baixa com uma pitada de
desespero. Como se ele precisasse que eu lhe contasse. Como se seu mundo
dependesse disso.

— Por favor... — Fique comigo. Esteja comigo para mais do que apenas
isso. Meu coração está desesperado para que eu diga as palavras, mas nada
sai.

O toque de seus dedos contra meu núcleo é como um fio elétrico. Ele se
inclina para beijar meu seio novamente, seus dedos persuadindo, abrindo-me
para sua visão.
Eu gemo enquanto ele beija seu caminho até minha boceta. Ele se ajoelha,
descobrindo-me com uma série de lambidas lentas que me enviam às alturas.
Ele se mexe, pressionando uma mão no topo do meu sexo, enquanto a outra
explora.

Charlie encontra meu clitóris com a língua, fazendo círculos preguiçosos


ao redor dele, me deixando selvagem. Um dedo mergulha dentro do meu
núcleo.

— Sim, — eu sussurro, incentivando-o.

Aquele mesmo dedo que mergulhou no meu centro se retrai e depois


desliza para trás.

Ele está...?

Ele escolhe aquele momento para se concentrar no meu clitóris, enquanto


desliza o dedo ao redor do buraco apertado. Estou louca com a necessidade de
gozar, e quando ele se concentra no meu clitóris novamente e pressiona o dedo
contra a minha entrada traseira...

Seu dedo desliza com pouca resistência. Eu sinto meu rosto esquentar
quando percebo que não odeio isso... na verdade, é... bom. Quente e cheio, mas
é tão bom. Oh meu Deus. É preciso tudo para não me mover contra seus
movimentos.

Ele diminui o ritmo, me dando um segundo para me acostumar com a


sensação de seu dedo na minha bunda, moendo no ritmo. Tenho vergonha de
saber o quanto gosto. Eu gemo toda vez que ele move o dedo.

É tão tabu, tão errado...


Ele suga meu clitóris, embora eu não consiga esquecer onde está seu dedo.
Ele pega o ritmo, sua língua se move mais rápido, massageando e me levando
mais alto. Ele lentamente traz um segundo dedo para se juntar ao primeiro.

Eu explodo, voando alto em uma onda de sensação que não vai parar.
Chamo seu nome quando encontro uma liberação repentina, uma bênção ou
uma maldição, não sei.

Antes mesmo de eu terminar, Charlie se levanta e me vira. Meus seios


nus tocam o balcão e abro minhas pernas para ele. Ele passa a mão pelas
minhas costas nuas e aperta uma das minhas nádegas.

— Você realmente me quer? — Ele me pergunta.

— Sim, — eu gemo. — Você vai... — Eu quero perguntar a ele se ele vai


tentar se colocar...

— Não esta noite, querida. Eu não quero te machucar. — Antes que eu


possa responder, as palavras são arrancadas de mim.

Ele entra em mim com um golpe brutal, fazendo nós dois gritarmos. Ele
me enche completamente, me possui totalmente, rouba meu próprio fôlego.

Ele faz isso de novo e de novo. Mais e mais, ele bate em mim com toda a
sua força. Meu corpo sabe que estou vindo. Estou tremendo como uma folha.

Cada terminação nervosa clama por satisfação. Eu me movo com ele,


empurro com ele até que eu não posso mais. Até eu ver a beira do precipício,
olhando de baixo para cima.

Ele não para de me foder, levando-me ainda mais alto. Prolongando o


prazer.
Ele endurece e agarra meus quadris com força, machucando minha carne
ao encontrar sua própria liberação.

Quando ele termina, ficamos de pé, ambos recuperando o fôlego e voltando


à terra por um longo momento, lutando para respirar. Eu viro minha cabeça
para trás, e ele acaricia meu pescoço, mas ele não me olha nos olhos. Ele
finalmente se afasta do meu corpo e eu estremeço, já com dores entre as
pernas.

— Espere aqui, — diz ele, puxando as calças.

Eu me viro, pegando meu vestido do chão. Ele retorna quando estou


colocando o vestido. Ele tem um pano limpo e úmido.

— Aqui, — diz ele, estendendo a mão para limpar a viscosidade entre


minhas pernas. Eu me equilibro segurando em seu ombro enquanto sinto o
pano quente me limpar.

— Obrigada, — eu digo sem jeito. A tensão ainda está lá. É sufocante.


Assim que ele termina, eu termino de me vestir, puxar minha calcinha e
observo Charlie. Mas ele nunca olha para mim o tempo todo.

Estou tentando ser o que ele quer, mas posso senti-lo já se esvaindo.

Ele joga o pano de lado e me pega pela cintura. Finalmente, seus olhos
verdes olham para mim e meu coração dá um salto. Sua boca levanta, meio
sorriso em seu rosto. Ele me beija, lento e terno.

Quando eu me afasto, seu sorriso vacila e ele me solta. — Eu ainda tenho


que fechar. Vai demorar um pouco. Uma hora, pelo menos. — Ele coça a nuca,
desviando o olhar.
— Oh, — eu respondo, mas muitas perguntas permanecem no fundo da
minha garganta. — Eu acho que eu vou. Eu tenho que trabalhar pela manhã.

— Certo, — diz ele com uma carranca. — Certo, claro. Eu vou apenas
acompanhá-la até a porta então.

— Não há necessidade, — eu o asseguro. — Acho que posso fazer trinta


metros sozinha.

Parece que ele vai discutir comigo, mas depois engole de volta. — Certo.
Te vejo mais tarde, então? — Ele pergunta.

— Sim. Claro, — eu respondo enquanto deslizo sobre os calcanhares, só


então me lembrando que nunca disse a ele nada que queria dizer. Dói muito
para não ser uma separação.

— OK. Me mande uma mensagem quando chegar em casa, me diga que


você chegou lá em segurança.

Dou a ele um meio sorriso que não quero dizer, sentindo a divisão entre
nós. O que diabos está errado comigo?

Abro a boca para dizer a ele, mas não posso. Ele tem que trabalhar e eu
preciso ir para casa. Se eu disser alguma coisa agora, sei que vou chorar. Eu
vou ser aquela garota pegajosa que ele não queria. Em vez disso, saio e choro
sozinha no carro a caminho de casa.
A pequena Evie está de pé no colo de Joseph, olhando para mim com os
olhos arregalados enquanto enfio as ervilhas na boca.

Eu não sinto gosto de nada. Já se passaram cinco dias. Cinco dias de


merda desde aquela noite no bar.

Eu deveria ter terminado naquela noite no bar ou pelo menos dito a ela
que eu sabia o que ela disse a Diane. Eu deveria ter dito a ela não, mas eu só
queria senti-la uma última vez. Cinco dias e ela não disse uma palavra para
mim. Não veio. Ela nunca quis um relacionamento comigo.

Eu sou tão patético, preso em uma mulher que não me quer. Que nunca
me quis. Lembro-me de como ela tentou sair dessa. Eu deveria ter deixado ela.

Eu sou tão estúpido.

Meu garfo tilinta no prato de cerâmica enquanto abaixo minha cabeça,


me sentindo um merda.

— Quanto tempo dura a viagem deles? — Cheryl pergunta à mamãe. É


só Cheryl, Joseph, Ma e Pops enquanto Ali e Michael estão em lua de mel. Sem
Ali aqui, está mais silencioso do que o normal. Ou talvez eu apenas penso que
é.
— Uma semana inteira, — mamãe responde, tomando um gole de sua
Pepsi Diet e se mexendo na cadeira.

— Oh, uau, — diz Cheryl, beijando distraidamente o topo da cabeça de


Evie, embora a menina ainda me olhe de volta. — Isso que é um longa lua de
mel.

— Nós podemos ir em outra, — Joseph fala, em seguida, coloca outro


pedaço na boca.

Cheryl zomba, recostando-se na cadeira e bocejando antes de dizer: —


Tipo quando as crianças estiverem na faculdade?

Joseph começa a responder, mas Ma interrompe: — Crianças? — Seus


olhos piscam para o estômago de Cheryl.

— Oh, não se precipite, mãe. — Cheryl estende um braço sobre a cabeça,


outro bocejo assumindo enquanto ela o faz.

— Apenas checando, — Ma diz com um sorriso. Pops ri no final da mesa.


Ele ficou quieto a noite toda, mas continua olhando para mim. Ele acha que
não percebo, mas percebo. Eles estão todos olhando para mim, e estou apenas
esperando as perguntas começarem.

Como se estivesse lendo minha mente, mamãe perguntou: — Quando você


vai trazer Grace para jantar, Charlie? — Ela pega um pãozinho da cesta o
tempo todo olhando para mim, esperando minha resposta.

Eu me inclino para trás em minha cadeira, respirando fundo.

Se eu ligar para ela, acho que ela atenderá. Se eu pedir para ela vir, acho
que ela virá.
Ela está ocupada com a promoção e eu também tenho trabalho. Eu quero
ceder e me perder em seu toque, mas está se tornando outra coisa para mim.
Eu nunca deveria ter pedido a ela para vir depois do casamento.

Tenho vergonha de dizer o quanto dói terminar com ela. Eu não quero,
mas não posso esquecer o que Diane me disse e isso simplesmente faz sentido.
Não sou o homem com quem ela quer o feliz para sempre. Nós dois sabíamos
disso desde o início.

Não quero acreditar em Diane, mas ela sabia que era falso. Ela disse essa
palavra, falso. Isso deve ter vindo de Grace. Não havia outra maneira de Diane
saber que era algum negócio estúpido de bêbado e que estávamos fingindo.

— Ela está muito ocupada, — eu digo antes de tomar um gole da minha


água. — Ela foi promovida.

— Oh, isso é maravilhoso, — responde mamãe, mas seu tom é plano e


mantenho minha cabeça baixa para evitar olhar para ela.

— Para onde vocês dois fugiram durante a recepção? — Joseph me


pergunta, e quando eu olho para cima vejo seu sorriso arrogante enquanto ele
pega um pedaço de seu frango e coloca na boca.

— Em nenhum lugar, — eu respondo enquanto Cheryl empurra os


cotovelos ao seu lado. Ela olha para ele, e a pequena Evie finalmente desvia o
olhar de mim e olha para sua mãe. Ela tem apenas alguns meses de idade,
mas está mantendo a cabeça erguida e olhando maravilhada para o mundo ao
seu redor.
Eu não estou me conformando. E não em uma mulher que não me quer.
Pela primeira vez desde que aconteceu, lamento ter pensado em engravidar
Grace. Meu coração aperta no meu peito e tomo outro gole da minha água.

Não sei o que deu em mim com ela, mas sei que precisa acabar.

Cometi um erro, e não pela primeira vez. Mas tenho certeza de que não
vou deixar a história se repetir.

— Filho, me ajude com alguma coisa. — O pedido de Ma é estranho,


especialmente vindo no meio do jantar. Assim como ela me chamar de “filho”
está me deixando mal.

— Claro, — eu respondo a ela, colocando meu guardanapo de lado e a


seguindo até a cozinha. Ela continua caminhando, para a porta dos fundos e
para o pátio.

— Em que você precisa de ajuda aqui?

Minha mãe é um pouco mais baixa do que eu e, quando se senta na


almofada floral de tufos, fica ainda mais baixa. Aproveitando a deixa, sento na
cadeira em frente a ela. — Eu preciso que você me diga o que está errado.

— Nada está errado, — eu faço o meu melhor para acalmá-la e quaisquer


pistas que ela tenha de que estou fora.

— Isso não é verdade. Mickey me disse que Grace não apareceu. Maggie
disse que acha que vocês dois brigaram.

Que inferno sempre amoroso. Meus olhos devem expressar meu


pensamento por mim. — Não me olhe assim, — minha mãe me repreende. —
Eles estão preocupados com você, — ela enfatiza e a voz da minha mãe treme.
— Ela não quer ficar comigo, — eu explico, indo direto ao ponto e olhar
para minha mãe e dizer essas palavras faz a verdade doer ainda mais.

— Besteira, — minha mãe morde, seus olhos ficando vidrados. — Eu vi a


maneira como ela olha para você e a maneira como você olha para ela, — as
mãos de minha mãe se entrelaçam em seu colo, quase como se ela estivesse
orando. — Você me conta o que aconteceu e eu direi como consertar.

— Eu não preciso de você nos juntando de volta. Vou sossegar e encontrar


uma garota legal um dia. — Minha garganta fica apertada e não consigo
concluir meus pensamentos. Principalmente sobre como minha mãe não tem
que se preocupar como ela está.

— Eu não te amo o suficiente para saber como é? — Ela me pergunta,


uma lágrima escapando e eu me inclino para frente, pegando a mão de minha
mãe. Ela o afasta de mim e enxuga os olhos. — Você a ama e ela ama você e
isso não está bem. Sei que Suzanne machucou você, mas você merece amor e
não sei por que não luta por isso.

— Ela não me quer, — enfatizo o mais gentilmente que posso com minha
mãe emocional.

— Filho, se você acha que eu não percebi que vocês eram apenas amigos
antes, deve pensar que sou uma idiota. Naquele primeiro dia em que a conheci,
eu sabia que vocês dois mentiram.

— Mãe, eu...

— Calma, garoto, — ela me corta. — Eu deixei pra lá porque eu poderia


dizer que ela queria você. Ela estava de olho em você como eu fiz com seu pai.
Se você estava cego para isso, eu posso perdoar. Mas não posso te perdoar
pensando que ela não te ama. Não quando todos ao seu redor sabem que ela
ama.

Ela não entende e isso me mata. Eu odeio me sentir assim. Eu odeio ver
minha mãe assim ainda mais.

— Você ama ela?

Hesito apenas um segundo antes de responder, — sim.

— Você disse a ela?

Engolindo o nó na garganta, respondo a minha mãe. — Não.

— Apenas me prometa isso. Você vai dizer a ela como se sente. Como você
realmente se sente. — Ela balança a cabeça lentamente, como se concordasse
com o que quer que esteja pensando.

O que é, não sei.

— Prometa-me, Charlie.

— Eu prometo, vou dizer a ela. — Quando respondo para minha mãe, não
penso muito nisso. Mas quanto mais penso nisso, mais sei que não tenho nada
a perder. Ela já se foi, isso só pode trazê-la de volta para mim.
Você está grávida, a voz do médico ecoa na minha cabeça. Parabéns,
Grace.

Eu agarro o volante enquanto dirijo para casa, desejando não chorar. É


uma mistura de felicidade, admiração e profunda tristeza. Charlie me deu um
bebê.

Quatro dias depois do suposto dia em que eu deveria ter meu período,
também conhecido como ontem, fiz xixi em um bastão e chorei. Eu disse a Ann,
cuja resposta imediata foi: você tem que contar a ele. Quase contei para minha
mãe, mas é tão cedo. Fui então ao médico que, surpreendentemente, só me
mandou fazer xixi em um bastão.

Vá com calma e seja feliz. Essas foram as únicas palavras de conselho do


bom médico.

Eu tenho que contar a ele. Ann está certa. Mas como? Já faz uma semana.
Ele enviou uma mensagem ontem que precisávamos conversar. Todo mundo
sabe o que essas palavras significam e então... fiz o teste.

Como posso olhar um homem nos olhos e dizer que estou grávida quando
as palavras que saem de sua boca são que ele não quer mais me ver?
Viro à direita na minha rua, viro a esquina e fico surpresa ao encontrar
Charlie. O destino é cruel. Eu não poderia ter tido mais um dia antes de
enfrentar isso?

Apenas um dia procurando berços e procurando casas de três quartos.


Fazendo planos e listas de verificação e pesquisando nomes de bebês e seus
significados.

Respire fundo. Ele está sentado nos degraus do meu prédio. Respire fundo
e ele me vê quando eu estaciono na minha vaga de estacionamento designada.

Não há uma conversa estimulante no mundo que vai me preparar, então


tudo que eu faço é pegar minha bolsa e dar o fora para enfrentá-lo.

Eu imagino o que vou deixar escapar:

Gostei muito de você e até me apaixonei por você e você me magoou.

Sinto sua falta e se eu te machuquei, sinto muito.

… Também. Estou grávida e juro que não estava mentindo quando disse
que não achava que seria possível.

Merda... merda, merda, merda. Não posso dizer isso a ele. E se ele
realmente achar que sou uma mentirosa? E se ele achar que eu o usei? Oh
meu Deus, eu simplesmente não aguento isso.

— Você não respondeu minhas ligações ou mensagens de texto, — Charlie


explica quando estou a quase dois metros dele. Ele já está de pé, bem no meio
do caminho.
Eu fico olhando para ele por um longo momento, em sua expressão
abatida e sua postura arrependida. Ele geralmente ocupa todo o espaço ao seu
redor, mas agora ele é brando.

Varrendo minha mão para fora, o que faz minha bolsa cair do meu ombro,
eu aponto em direção à porta. — Você quer entrar? — Meu coração está
frenético, embora externamente eu esteja tentando não demonstrar. Parece
que é um pouco tarde demais. Muitos dias se passaram. Muitas verdades não
foram compartilhadas. É aqui que tudo implode.

— Eu... eu tenho algo que eu queria dizer a você, — eu admito para ele e
leva todo o ar dos meus pulmões para fazer isso.

Charlie entra sem tirar os olhos de mim, e fecho a porta atrás de nós dois.
O clique parece mais alto do que o normal. Eu coloco minhas chaves na tigela
e penduro minha bolsa, em seguida, vou até onde Charlie está sentado na beira
do sofá.

Eu olho para ele por um segundo, então sento na cama, minha bunda
empurrando meus travesseiros.

— Fale comigo, — ele diz.

— Sobre o que? — O nervosismo pica na minha nuca. Ele já sabe?

— Apenas... me diga o que está acontecendo na sua cabeça. Eu quero


saber.

Thump. — Tem certeza? — Eu pergunto como uma garota tola e ingênua.

— Sério. Mesmo que seja tudo ruim sobre mim, eu quero saber. Eu quero
que você tire isso.
Seus olhos me imploram e sei que preciso contar a ele. Não posso esconder
isso dele, não com ele aqui, perguntando o que estou pensando. Preciso ser
forte e contar a ele o que aconteceu. Eu olho para o edredom, engolindo em
seco e puxando os fios.

— Eu sinto que você terminou comigo mesmo que não estivéssemos


juntos, — as palavras escapam antes que eu possa entendê-las.

— Estávamos juntos e não quero terminar.

— Eu pensei... eu quis dizer... — eu começo a dizer, mas ele me corta.

— Você significa mais para mim do que eu disse a você. Você faz. Você
significa muito para mim.

— Por que você... — Eu não consigo nem identificar o que ele fez ou o que
aconteceu que me fez sentir assim. — Talvez eu só tenha entrado na minha
cabeça ou...

— Não. Sinto muito, Grace. — Ele segura meu olhar, e eu sinto isso. Eu
sinto sua sinceridade. — Eu te empurrei e sinto muito. Eu também significava
algo para você, certo? Você me queria? — Ele questiona como se não soubesse
a resposta.

— Claro que sim. Eu ainda quero. Acho que nunca poderia deixar de
querer você. — A surpresa me pega em suas garras, observando o alívio rolar
por seus ombros.

Fico quieta por um longo tempo, o som do meu coração batendo cada vez
mais rápido enchendo meus ouvidos. Diga à ele. Conte a ele sobre a gravidez.

— Você disse a Diane que era falso...


— Diane? — o nome dela sai como uma maldição da minha boca enquanto
minha bunda salta da cama. — O que diabos ela te disse?

— Isso não...

— Diabos, que não importa! — Eu poderia matá-la agora. Que direito ela
tinha de ficar entre Charlie e eu?

Charlie não tem paciência para minha reação. — Ouça-me Grace. Apenas
me escute.

Com suas palavras suplicantes, eu cuidadosamente me sento, a cama


rangendo no silêncio e faço uma nota mental para nunca mais falar com Diane
novamente, a menos que tenha a ver com trabalho. Ela não é minha amiga. É
preciso haver uma fronteira entre ela e eu e sou eu que tenho que defini-la.
Gesticulando para que Charlie continue, espero o que ele tem a dizer antes de
contar toda a verdade.

— Realmente não importa porque eu não deveria ter escutado ela. Eu


deveria ter perguntado a você. Eu pensei que tinha acabado. E eu sinto muito.
Mas eu quero você e me preocupo com você... — Suas palavras são genuínas e
sinceras.

— Espere. Espere. — Eu o paro e tento me lembrar de cada pensamento


que tive na noite passada. Como ele não tem que ficar comigo porque estou
grávida. Como ele pode estar ou não na vida do bebê.

— Eu quero te contar uma coisa primeiro... eu... — Eu tenho que respirar


fundo e olhar para o teto para dizer a ele. — Estou grávida, — digo. Mesmo
pensando que chorei todas as lágrimas antes, meus olhos se encheram de
lágrimas.
Charlie pisca algumas vezes. — O que?

— Eu juro que não pensei que pudesse... — Eu não consigo respirar


enquanto Charlie se levanta, sua testa franzida e ele vem ao redor do sofá,
mais perto da minha cama. Meu coração bate forte.

— Quando você descobriu? — Ele questiona e nas milhões de maneiras


que eu imaginei dizer a ele que nunca foi uma pergunta, ele pergunta. —
Ontem. Eu prometo que não sabia o que aconteceria quando eu disse sem
camisinha... eu juro, — eu praticamente gaguejo quando Charlie se aproxima,
seu olhar intenso e o ar ao redor dele parecendo dobrar todo o resto, borrando-
o.

— Acabei de vir do médico e obviamente é cedo e... — Não sei o que dizer
quando ele me olha assim. Com aquele olhar penetrante.

— Você me ama? — Ele me questiona, agora a apenas alguns centímetros


de distância. O calor de seu corpo envolve em torno de mim. Meus dedos
cravam no edredom para me acalmar enquanto viro o pescoço para olhar para
ele. Ele se eleva sobre mim e meu coração bate forte em meus ouvidos.

— Claro que eu amo. — Lágrimas picam meus olhos. Quase acrescento,


está tudo bem se você não me ama de volta. Estou tão perto, tão desesperada
para estar bem com o que ele quiser porque ele me faz muito feliz e ele é a
única peça no quebra-cabeça da vida que está faltando para mim. Vou levá-lo
de qualquer maneira que puder. Por favor, não me deixe. Eu quero implorar a
ele. Estou descaradamente apaixonada por ele e ele é tudo que eu quero.

— Bom. Deite-se, querida, — Charlie sussurra, segurando meu queixo e


me beijando apenas uma vez, suave e doce. Uma agitação em meu peito me
diz que está tudo bem. Com minhas duas mãos em volta das dele, eu levanto
meus lábios, roubando outro beijo.

Antes que eu possa fazer o que ele deseja, ele abaixa os lábios no meu
ouvido e confessa: — Quero fazer amor com você.

Há tantas perguntas, tantas decisões a tomar, mas agora é tudo o que


quero. Eu quero que ele faça amor comigo. Não quero nada mais do que ele me
ame.
Não é a luz do sol que me acorda. Não é o meu despertador, ou a sensação
incômoda na boca do estômago. É o conhecimento instantâneo de que ela está
nos meus braços.

Talvez eu estivesse sonhando com ela, não sei. Mas em um segundo, eu


sabia que era real, ela estava aqui e eu tinha que acordar. Eu tinha que estar
acordado para levá-la e ter certeza de que ainda a tinha.

Eu a perdi uma vez e nunca vou perdê-la novamente.

Nunca.

Ela se move ligeiramente, seu corpo macio ficando um pouco rígido. Posso
sentir o calor dela, mas há espaço entre nós.

Muito espaço.

Especialmente sabendo... ela me ama. Meu coração se aperta quando eu


envolvo meu braço em torno dela e a puxo para perto de mim. Aninhando sua
bunda bem onde pertence, contra mim. Eu me inclino para frente, dando um
beijo em seu pescoço esguio e esperando que ela se vire para me encarar.

Os lençóis farfalham quando ela se mexe um pouco e depois rola


totalmente em meus braços, então ficamos cara a cara. Aqueles lindos lábios
dela se erguem um pouco, mas é um sorriso triste.
— Charlie, — ela começa, seus olhos caindo no travesseiro enquanto ela
tira o cabelo bagunçado do rosto.

— Tudo o que você quiser ouvir, eu direi. — Minha voz é plana e dura,
não deixando espaço para negociação. Seus olhos se fixam nos meus com um
lampejo de algo, algo que se foi antes que eu pudesse reconhecê-lo.

— O que? — Seus olhos procuram os meus enquanto ela respira


lentamente.

Tento firmar minha própria respiração, querendo nada mais do que tomá-
la aqui e agora, mas seus olhos estão me segurando no lugar. Eles veem
através de mim, desejando que eu lhe dê mais.

— Eu quero você, — eu respiro minha resposta. Eu nunca quis tanto


alguém ou algo. Nada mais do que eu a quero aqui, agora.

— Para quê? — há uma vulnerabilidade em seus olhos quando ela engole


em seco e acrescenta: — Por quê? Não porque você se sinta obrigado...

— Pare. Não, não é por isso. Nunca pense nisso, — eu respondo


rapidamente, não querendo que ela tenha essa ideia em sua cabeça.

— Você não entende, — sua voz vacila e ela balança a cabeça


ligeiramente, o vento afastando o cabelo de seu rosto. — Você quer isso, apenas
o que temos agora. — Ela diz as palavras como se fosse uma coisa ruim.

— Claro que eu entendo.

— Eu quero você de qualquer maneira, eu posso ter você. Assim, com um


bebê, sem nenhum bebê. Estou tão disposta a... Não sei como explicar, mas...
Não... Não quero forçá-lo a algo ou estar com alguém... que...
Eu seguro sua cabeça com as costas da minha mão, esperando que ela
olhe para mim. — Grace. Não posso te dizer o que vou querer daqui a um ano.
Merda, nem sei o que vou querer daqui a um mês, mas vou querer você na
minha vida. Eu quero você.

— Eu quero você, mas eu quero uma família também. Eu só queria que


não tivesse acontecido assim e da última vez que te vi... — Sua voz tem a
mesma atitude objetiva que a minha e ela me olha nos olhos.

Meu coração bate forte no meu peito e eu engulo em seco, ainda segurando
seu olhar.

Eu lambo meus lábios, sentindo meu pulso acelerar enquanto coloco


minha mão em suas costas e a puxo para perto de mim. — Eu fui um tolo e
sinto muito. Mas estou aqui agora; eu não vou embora e não quero que você se
afaste de mim.

— Eu não quero ir embora. — Grace dá uma risada triste, balançando a


cabeça. — Mas você me conhece. E eu conheço você, — ela engole, sua voz
falhando. — E se não for o que você quer... então podemos resolver outra coisa
e eu sobreviverei. — Lágrimas se formam em seus olhos e eu a calo, esfregando
suas costas e beijando sua testa.

Ela não para, ela deixa tudo sair. — Eu te amo e se continuar do jeito que
está... Eu sei que vou deixar ser o que você quiser. Vou deixar o tempo passar.
Eu vou deixar você nunca se comprometer comigo. Estarei sacrificando algo
que talvez nunca seja capaz de ter e me arrependerei. E Charlie, eu quero esse
bebê. Sinto muito, mas também quero uma família, — ela limpa o nariz com
as costas da mão e, em seguida, sob os olhos com os dedos, o tempo todo
balançando a cabeça. — Eu te amo, mas eu quero uma família. Eu quero uma
família amorosa. Eu não quero prender você ou...
Eu a puxo um pouco para trás pelos ombros para que ela possa olhar para
mim enquanto digo: — Eu quero uma esposa, eu quero um bebê. Quero encher
minha casa com fotos dos meus filhos e a bagunça de todos aqueles
brinquedinhos.

Ela ainda está enxugando as lágrimas quando eu acrescento: — Venha


morar comigo. Vamos tentar de verdade. — Não é brincadeira ou um jogo, ou
fingimento ou um negócio estúpido de bêbado. Quero colocar tudo de mim
nisso, por ela e por nosso futuro.

— Não por qualquer outro motivo a não ser para ver se podemos fazer isso
funcionar? — Ela me pergunta. Bem naquele momento, eu sei como o resto da
minha vida vai ser. Ela vai estar bem ao meu lado, se eu puder fazer isso. Eu
sei com tudo em mim que vamos fazer isso funcionar. Porque ela quer isso e
eu também. É fácil entre nós. Sempre foi. Eu era a razão de estarmos
separados. Se eu der isso a ela, acabou. Eu estou acabado. Ela vai me ter
enrolado em seu dedo e engravidá-la novamente em outro momento. Eu
procuro seus olhos e tudo o que vejo é amor.

É o que eu sinto por ela também.

— Eu já sei que funcionamos Grace. Você é minha querida. — Eu


respondo com a única verdade que conheço. — Eu quero estar com você e essa
é a única resposta que existe. Eu te amo, Grace.
Desembrulho uma pilha de pratos, eu passo da sala de estar para o
conceito aberto da cozinha. O tema desta sala deve ser cinza, pois os
eletrodomésticos, as bancadas e até os armários são cinza e lisos. Eu coloco os
pratos e abro todos os armários, procurando o lugar onde os pratos pertencem.

Eu os encontro no último armário que abro, longe do fogão e da geladeira


de Charlie. Pegando meus pratos, eu suspiro enquanto os coloco no armário.
Esta é a terceira área da casa de Charlie que eu achei desorganizada enquanto
movia minhas coisas. Felizmente, ele está bem comigo movendo tudo ao redor.
Tipo, realmente bom com isso. Ele não disse isso apenas para me apaziguar,
que é o que eu temia. A maior parte da casa estava vazia, com todas as minhas
coisas aqui agora, está... bem, ainda está um pouco vazia. Faremos desta casa
um lar. Charlie me diz isso todas as noites.

Com um calor agradável percorrendo meu corpo, fecho a porta do armário


suavemente e conto os dias novamente. Já faz quase um mês. Estou exausta,
o que é aparentemente normal no primeiro trimestre, mas, mais do que isso,
ainda estou pasma de que esta realmente seja minha vida.

Eu tenho o Príncipe Encantado que ansiava. Minha mão desliza para


minha barriga. Juntos, teremos uma família.

Mais cedo ou mais tarde, vou desmontar e reorganizar a cozinha, o


banheiro e a lavanderia. Eu faria isso agora, mas não quero assustar Charlie...
embora Ann diga que quando eu começar a fazer o ninho, não terei muita
escolha.

De volta à sala de estar, pego a caixa agora vazia que antes continha os
pratos. Dividindo-o eu dobro para que seja mais fácil levá-la para a reciclagem
mais tarde.

Meu telefone vibra no bolso de trás do meu shorts e eu o puxo para


verificar a mensagem. É uma mensagem de Charlie, dizendo que ele estará
em casa logo... e que é melhor eu não levantar nada pesado. A última parte me
faz rir. Posso estar cansada, mas não é como se de repente eu ficasse frágil e
não conseguisse levantar alguns pratos.

Meu telefone vibra na minha mão. Eu verifico novamente e, em seguida,


sorrio. É uma foto de Eric, o novo gerente de bar de Charlie, de pé sobre as
mãos em cima do bar. Eric deveria administrar o bar no lugar de Charlie, mas
Charlie está tendo dificuldade em deixá-lo gerenciar.

Eu acho que é seguro deixar o Mac nas mãos desse cara... certo?
Ele manda mensagens.

Eu tenho certeza. Você não o teria contratado de outra forma. Eu


respondo.

OK. A caminho de casa.

Verifico a hora e percebo que é meia-noite, muito depois da minha hora


de dormir. Eu me envolvi em desfazer as malas, mas ainda estarei indo para
o trabalho pela manhã.

Em minha nova posição. No meu novo escritório. Ah, e um escritório livre


de Diane. Ela foi despedida. Quando Sarah me informou, nem me incomodei
em perguntar por quê. Eu apenas disse a ela que dividiria suas atribuições de
acordo. Boa viagem. Ann concorda. Quando contei a Ann o que aconteceu no
Mac's naquela noite, ela se virou contra Diane.

Eu entro no quarto de Charlie, sacudindo a negatividade, nosso quarto,


acho que devo chamá-lo. Apenas boas vibrações daqui em diante. Para Charlie
e para mim. Sento-me na beira da cama e sinto um bocejo vir sobre mim, eu
olho para a minha camiseta suja e shorts de algodão. Vai levar apenas um
momento para mudar isso e colocar uma camisa de botão de Charlie para
recebê-lo quando ele voltar para casa. Leva apenas um momento e estou feliz
por ter feito. O algodão tem o mesmo cheiro dele.

Foi um mês e tanto. Mudei todas as minhas coisas para a McMansão de


dois andares de Charlie. Fica na área rural, e eu absolutamente amo isso.
Charlie e alguns de seus amigos ajudaram a mover todas as coisas grandes
então demorou apenas um dia.

Estou surpresa que não houvesse sobrancelhas levantadas e alarmes


vermelhos de sua família e amigos. E a julgar pelos comentários de suas irmãs
e mãe, quando finalmente lhes contarmos que estamos grávidos, naquela
marca segura de doze semanas, acho que eles vão ficar muito felizes. Amo
minha mãe, mas uma grande família é diferente. Eu não sabia quanto amor
poderia ser amplificado.

O som metálico do sistema de segurança me alerta que alguém abriu a


porta da frente. Eu me aninho sob as cobertas, esperando por ele. Ele vai
tomar banho antes de se juntar a mim e provavelmente vou cair no sono. Mas
ele sempre me beija primeiro.
Quando ele vira a esquina, não consigo controlar o sorriso que surge no
meu rosto. Ele está tão bonito, em sua velha camiseta do Mac e jeans de
cintura baixa com um vislumbre daquele sexy “V” aparecendo.

Ele é todo meu. Meu barman do sul sexy para bater botas.

— Parece que você mexeu em um bom número de caixas na sala de estar,


— diz ele, apontando com o polegar por cima do ombro ao entrar no quarto.

— Eu fiz um amassado decente, — eu suspiro.

Ele se aproxima da cama, me olhando. Ele desce e me beija. O leve cheiro


de cerveja o segue.

— Parece que você vai adormecer, — ele comenta e só faz que eu saiba
que ele faria. Planta um beijo bem nos meus lábios.

— Eu não sei, — eu só respondo quando ele interrompe o beijo. — Talvez?


— Logo depois que a palavra é dita, eu bocejo involuntariamente.

— Acho que isso responde à minha pergunta, — diz ele com uma risada
áspera, piscando para mim e se dirigindo ao banheiro principal.

— Não, espere, — eu digo, puxando seu braço. — Me conte algo. Não quero
dormir sem falar um pouco.

Ele me olha por um longo momento, depois balança a cabeça.

— O que? — Eu pergunto.

— Eu ia esperar até que você estivesse mais acordada, mas...


Ele enfia a mão no bolso de trás e tira um Ring Pop 10. Franzindo o rosto
com curiosidade, eu vejo quando ele sai da cama, e ajoelha no chão.

— O que você está fazendo? — Eu pergunto com um sorriso estúpido no


rosto. Um Ring Pop?

— Pedindo que você se case comigo, se você não se importa.

Minha boca se abre e meu coração bate forte e rápido. Eu fico olhando
para ele, e ele olha para mim, a sugestão de um sorriso em seu rosto. Mas
também nervosismo. Puta merda. Não, ele não está. Arrepios explodem em
meu corpo.

— Você está brincando, — acuso.

— Eu não estou. Estou apenas esperando por um sinal de que você deseja
ouvir as palavras.

— Eu... eu... — Tento responder com meus pulmões se recusando a


funcionar.

Minha garganta se fecha e as lágrimas ameaçam. Eu estou oficialmente


sem palavras. Eu consigo acenar com a cabeça.

— Sim? Você quer ouvi-las?

Eu aceno novamente.

— Eu te amo, Grace Campbell. Eu não quero perder você nunca mais. Eu


quero construir uma vida com você. Quero que tenhamos uma família, juntos.

10
Marca de pirulito com sabor de frutas, vem em forma de anel.
Sim. Essas são exatamente as palavras que quero ouvir. Aquela batida
no meu peito fica mais forte e eu o vejo puxar uma pequena caixa de veludo
preto do bolso de trás, o oposto em que o Ring Pop estava.

Meus olhos ardem de lágrimas e me sento mais reta.

Ele faz uma pausa. Eu pressiono meus dedos contra os lábios. Eu não
posso acreditar que isso está realmente acontecendo.

— Está no bolso de trás há quase uma semana, Grace. Eu queria que fosse
perfeito. Eu quero que tudo seja perfeito para você. Para nós.

— Charlie, — tudo que posso dizer é o nome dele.

— Grace, você quer se casar comigo? — Charlie pergunta, olhando para


mim com aqueles olhos verdes comoventes.

Eu me lanço da cama, atacando-o. Meus beijos caem mais em seu rosto do


que em sua boca, mas Charlie não parece se importar.

Quando os beijos diminuem, ele desliza o diamante no meu dedo, o anel


cintilando e brilhando intensamente. É um grande diamante, não sei quantos
quilates, mas fica perfeito no meu dedo.

Charlie ri. — Você aprova?

— Eu amo isso, — eu respondo, enxugando as lágrimas do meu rosto.

— Então me diga o que eu quero ouvir.

— O beijo e o agarramento não eram evidências suficientes? — Eu


provoco.
— Não para mim, — ele diz, seus olhos brilham e o sorriso em seu rosto
se alarga. — Não quando é algo tão importante.

Eu me inclino e o beijo com ternura. — Sim, Charlie. Eu quero casar com


você.

— Bom. Porque eu quero fazer isso com você para sempre. Eu quero tudo.

— Para sempre? — Eu questiono.

— Para sempre — Ele repete.

— Eu te amo, Grace.

— Eu também te amo, Charlie.


EPÍLOGO

O som das teclas batendo ecoa pela casa. Grace está ocupada no trabalho
novamente. Eu rolo na cama de lado e fico olhando para os números vermelhos
digitais, quatro e trinta e três da manhã.

A cama geme enquanto eu desloco meu peso e rastejo para fora da cama.
Minha querida está adquirindo esse hábito ultimamente. Isto começou antes
do casamento, quando ela sabia que estaria tomando intervalo.

E agora ela está nisso de volta.

Desde que foi promovida e passou a comandar sua própria equipe, ela
trabalha sem parar. Bem, principalmente. Mas, assim como eu, temos tempo
um para o outro.

Minha aliança de casamento tilinta na maçaneta quando eu abro a porta


do quarto e sigo os cliques suaves de seu laptop no escritório.

Eu me inclino contra o batente da porta, descansando minha cabeça lá e


olhando para ela por um momento.
Ela fez da minha casa um lar. Sair do trabalho agora é agradável, sabendo
que estou voltando para casa com seu lindo sorriso.

A luz fraca de seu computador a banha com um brilho. Meus lábios se


abrem em um sorriso. Não, esse brilho é de outra coisa.

Enquanto meus olhos viajam para sua barriga inchada, as batidas em seu
laptop param.

Seus lindos olhos azuis me encaram enquanto ela pergunta: — Eu te


acordei? — Uma ruga se forma no meio de sua testa enquanto ela franze a
testa e se levanta para vir até mim. Sua barriga quase empurra a mesa, mas
ela se vira a tempo. Ela só agora está se acostumando com o peso do nosso
filho.

Grávida de seis meses, pouco mais de um mês após o casamento, quase


um ano desde que a vi pela primeira vez, e não poderia amá-la mais.

Nosso filho é saudável e os médicos não esperam complicações. É


engraçado como ela estava tão nervosa e ansiosa, mas no momento em que ela
engravidou, ela relaxou e eu me tornei quem estava preocupado com tudo.

Eu abro meus braços enquanto ela caminha lentamente para mim, a falta
de sono parecendo atingi-la quando ela me alcança.

Seu corpo macio se molda ao meu enquanto eu a seguro e beijo seu cabelo.
O cheiro do shampoo dela faz cócegas no meu nariz enquanto eu sorrio. — Eu
acho que senti sua falta, — minhas palavras refletem meu estado de sono. —
Não consigo dormir quando você não está na cama.

Ela levanta a cabeça para olhar para mim, — Eu só queria terminar isso
antes do bebê nascer.
Meu sorriso só aumenta com a resposta dela. — Temos mais três meses,
querida.

Ela faz beicinho em resposta, e isso só me faz querer beijá-la ainda mais.

Seus lábios se abrem para dar uma desculpa, mas não a deixo dizer uma
palavra. Eu aperto meus lábios nos dela, espetando meus dedos através de seu
cabelo e aprofundando-o quando ela derrete em mim.

Um ano desde que pus os olhos nela, e não sei como vivi sem ela.

Quando eu me afasto dela, as mãos de Grace viajam em direção a sua


barriga e eu sei por quê; posso sentir nosso filho chutando-a. Ela me olha
maravilhada, como se fosse a primeira vez que o sentia.

Uma risada me escapa enquanto empurro seu cabelo para fora de seu
rosto e planto um beijo casto em seus lábios.

Ela agarra minha mão e a coloca em sua barriga e nosso bebê chuta minha
mão naquele momento. É forte o suficiente para que eu tivesse me afastado se
a mão de Grace ainda não estivesse em cima da minha.

— É por isso que você não consegue dormir? — Eu pergunto de


brincadeira, minhas mãos viajando sobre sua barriga inchada.

— Não, o spray de lavanda para travesseiro funciona muito bem para me


apagar. — Meus olhos alcançam os dela novamente, e neles não vejo nada
além de felicidade. Cheryl passou sem parar, dando a ela todo tipo de coisa.

Grace disse uma vez, no jantar de domingo, que não estava dormindo bem.
No dia seguinte, minhas irmãs e minha mãe estavam aqui com todos os tipos
de travesseiros e sprays de aromaterapia. Minha mãe sabia. Ela sabe tudo.
Nunca amei minha família mais do que agora. E eu sei que Grace os ama
também.

Juntos, estamos completos; não tenho dúvidas de que era assim que
deveria ter acontecido o tempo todo.

Eu levanto seu queixo, segurando seu olhar por um momento antes de


beijá-la pela última vez e sussurrar: — Eu te amo. — Posso sentir seu sorriso
em meus lábios antes de sussurrar de volta: — E eu te amo.

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