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Dezembro 2023
Snow White
Eve Dangerfield
A Snow White Novel
Livro Um
Eve Dangerfield
Há muito tempo fui prometida a um homem poderoso.
Conheço meu dever. Mas no dia do meu casamento, fui roubada por
quatro homens. Homens que detestam o meu noivo. Eles vão me usar
para cumprir sua vingança.
Fui criada para ser uma boa esposa da sociedade. Agora estou
enfrentando uma batalha de inteligência e desejo de tirar o fôlego.
Minha única esperança é deixar de lado a minha inocência. Ou aprender
a usá-la como arma.
Sangue é sangue.
Adriano Rossi
Uma garota que mal tem idade para ser chamada de mulher está sentada
em um banco sessenta metros abaixo de mim. Ela está rindo, uma caixa fofa de
cupcakes nos joelhos. Eu ajusto a lente da minha mira e seu rosto entra em foco.
Olhos verdes, pele pálida e uma boca larga e macia com lábios vermelhos como
sangue 'uma cor que eu já vi mais do que a maioria.' Ela pega um cupcake e o
segura longe de si mesma, como se tivesse medo de prová-lo. Conhecendo sua
madrasta, ela provavelmente está.
Parker diz alguma coisa e ela ri, seu longo cabelo preto de ébano
refletindo a luz. As pessoas olham enquanto passam, com a boca aberta. A garota
sempre foi bonita, mas desde que ela fez dezoito anos, ninguém consegue tirar os
olhos dela. Movo minha mira meia polegada para a esquerda e encontro Parker.
Barbeado com um toque de gordurinha ao redor das bochechas e queixo. Ele
parece ter menos de trinta e oito anos. E soft1. O tipo de cara que você avaliaria se
quisesse pular em alguém em uma estação de trem.
A garota para de rir e leva o cupcake rosa aos lábios. Sua pequena língua
acaricia o glacê e Parker quase enlouquece em seu jeans.
Ela não está provocando ele. Ela é apenas ingênua pra caralho. Uma
garotinha com olhos de corça. Nunca esteve em um encontro. Nunca dormiu com
um amigo. Sua mãe a veste com camisas que vovós puritanas não usariam nem
mortas. Sempre que alguém fala com ela, aqueles grandes olhos verdes ficam
vidrados. Bobby diz que ela está fingindo ser ingênua, Doc e eu acha que ela é o
verdadeiro negócio. Se ela tivesse um sobrenome diferente, ela teria sido reprovada
1 Refere-se a estética soft boy, homens que usam alguns acessórios, roupas, cabelo e maquiagem
associados à feminilidade.
2 É uma companhia fabricante de armas de fogo fundada em 1949 em Southport, Connecticut. Produz
primariamente fuzis, caçadeiras, pistolas semi-automáticas e revólveres, para além de uma vasta gama de
acessórios.
no ensino médio. Mas quando você sabe que vai se casar antes de poder comprar
cerveja, por que se preocupar em aprender?
Parker se move para limpar o glacê rosa do nariz e a garota olha para
seus guarda-costas. Eles chamam a atenção e as mãos de Parker caem para os
lados. Ele está sorrindo, mas é falso. Irritado. Ele não gosta que lhe digam o que
fazer, mas regras são regras, e ninguém toca em January Whitehall. Ele tem sorte
de se sentar ao lado dela. Quando a garota se formou na Trinity Grammar, ela
recebeu seu diploma nos bastidores. Ela dança na New York Ballet Academy
desde os nove anos, mas ninguém nunca a viu se apresentar. Um garoto uma vez
tentou filmá-la andando a cavalo em Kensington Stables e Murphy o acertou com
tanta força que ele teve uma concussão.
Mas esse não é o plano. O que quer que Morelli decida fazer com a
garota, ela realmente não importa. Parker importa. Fazê-lo se arrepender do dia em
que seu pai se enfiou na prostituta de sua mãe é importante.
Eu pensei isso uma centena de vezes desde que acordei, mas ainda não
parece real. Talvez nunca será. Talvez eu flutue da catedral para a recepção da
minha nova vida de casada sem ter que fazer nada.
Anita está tentando parecer feliz, mas a pele entre suas sobrancelhas está
apertada. Ela faz a maquiagem da minha madrasta há anos. Tenho certeza que é
estranho que a primeira vez que ela está fazendo a minha, é para o meu casamento.
Eu gostaria de poder falar abertamente. Se eu pudesse, diria a Anita que o que está
acontecendo não é tão estranho, que casamentos arranjados ainda são comuns em
outros lugares. Mas não tenho permissão para falar abertamente. Meu casamento é
um negócio de família e Anita não é da família.
Minha irmã, Margot, sacode sua taça vazia para mim. — JJ, tome um
pouco de champanhe…
Ela está bebendo desde que chegamos na suíte para arrumar o cabelo.
Isso foi há cinco horas. Pego a taça dela e coloco na minha mesa lateral. — Talvez
você devesse tomar uma Coca-Cola?
— Sim, e você vai se casar. Você pode tomar a porra de uma taça de
champanhe.
Ela mostra a língua para mim, mas não diz mais nada. Margot é mais
corajosa do que eu — e embriagada, — mas também conhece os negócios da
família.
Eu sorrio. Tenho certeza de que Anita está apenas sendo legal, mas a
ideia de eu ser modelo é mais louca do que eu ir à lua. Fico impressionada quando
duas pessoas falam comigo ao mesmo tempo. Não consigo me imaginar descendo
uma passarela com centenas de câmeras piscando na minha cara.
Kurt, meu guarda-costas, solta uma risada que faz todos na sala pularem.
— …Eu disse: 'Vá se foder, Hardaker!'
— Um pouco. Mas aposto que o Sr… quero dizer, Zachery também está
nervoso.
Olho por cima do ombro. Mencionar a mãe sempre me faz sentir que ela
vai aparecer e gritar com alguém. Provavelmente comigo. Mas o quarto está tão
amigável e livre de mães como sempre. — Zia Teresa é minha amiga, — digo a
Margot. — E ela é sua também. Você se lembra de como ela ajudou quando você
vomitou na sala de chintz da mamãe?
Margot estala os dedos para sua maquiadora, Helen. — Oi? Sim, você
pode me trazer mais champanhe?
Helen franze os lábios, mas ela abaixa seu curvex e sai. Eu estremeço.
Não é típico de Margot ser rude, mas ela está com medo, e não tenho ideia de
como ajudá-la. Se Zia estivesse aqui, ela saberia como acalmar Margot. Ela sabe
fazer tudo. Eu queria que ela fosse ao casamento, mas minha mãe recusou. — O
que as pessoas pensariam, tendo um servo em uma celebração formal?
Eu fecho meus olhos e Anita me atinge com tanta névoa molhada, estou
surpresa por não estar pingando. Imagino ser selada em um casulo, uma barreira de
plástico transparente para que, quando o Sr. Parker me beijar no altar, ele não
esteja realmente me beijando. Mas quando abro os olhos, não estou em um casulo.
Eu sou apenas eu, mas brilhante.
Ao meu lado, Margot bebe sua taça de champanhe fresca, seu rosto
brilhando com o mesmo spray fixador. Ela parece feroz e linda. Estendo a mão e
toco seu braço. — Você está linda, M. Estou tão feliz por você estar aqui.
Eu volto meu olhar para o meu espelho. — Margot, quando Zia Teresa
tinha quatorze anos, seu pai a tirou da escola e a mandou trabalhar para nossa avó.
Ele ficou com três quartos do salário dela até que ela se casou e então o marido
dela pegou todo o seu salário.
— Então?
Ela me conduz para trás de uma pequena cortina onde eu tiro meu
roupão de cetim. Sr. Parker escolheu minha lingerie de casamento e dois dias atrás,
fui levada a um salão onde todos os pêlos abaixo do meu pescoço foram depilados.
Ainda estou me acostumando com a nudez, mas faz com que a lingerie, um
espartilho branco curto e calcinha minúscula, pareçam mais bonitos. Eu tento
imaginar o Sr. Parker me vendo seminua assim e meu estômago revira.
Meu vestido de noiva é legal contra a minha pele. Já fiz muitos ajustes,
mas hoje é diferente. Mais pesado. Fabrizia sobe o zíper, mas seu progresso para
no meio das minhas costas.
Fabrizia estala a língua — Não é o seu peso, garota boba. Você cresceu
desde a última prova.
— Cresceu?
Ela faz o som 'pffeew' novamente. — Eu não deveria estar pedindo sua
opinião, deveria? Nada sobre este casamento é para você.
Eu paro e fico ali acenando para Zia Teresa como uma idiota. Ela parece
menor do que o normal e meio retraída. Apenas seus olhos castanhos são os
mesmos, brilhantes como os de um pardal. Ela me olha de cima a baixo com o
mesmo olhar avaliador que costumava me dar antes da escola. — Você está
magnífica, Bella, mas o que é…?
Eu levanto a mão para o meu peito mal coberto. — Não foi ideia minha,
Zia! O Sr. Parker escolheu o vestido.
— Claro que eu vim. Nada poderia me afastar. — Zia olha para Fabrizia
e me pergunto se ela está prestes a criticá-la por exibir meu decote, mas seus olhos
se encontram em alguma compreensão mútua.
— Eu sei.
Ela vira a cabeça e tosse. Uma tosse longa e úmida que eu podia
reconhecer em meu sono. — Zia, por favor, pare de fumar.
Eu tento sorrir, mas meu rosto não se move. — Gostaria que você
pudesse vir ao casamento.
Eu tento novamente, mas faz os cantos dos meus olhos arderem. Zia
Teresa tem o coração de um soldado e hoje, mais do que todos os dias, não quero
decepcioná-la, mas a ideia do que acontecerá quando eu for a esposa do Sr. Parker
é aterrorizante. — Zia…
Zia olha para mim e para meu horror, seus olhos castanhos brilham.
5 Tipo de caldo.
Zia Teresa odeia fraqueza. Ela acha a arte pretensiosa, a música
sentimental e zomba das comédias românticas. Passamos milhares de horas juntas
e nunca a vi chorar. — Zia…
— Mas…
— Sim, Zia.
— Claro, Zia.
— Eu vou.
Olhamos uma para a outra e quero dizer que a amo, que ela é minha mãe
e que me ensinou tudo o que sei. Mas nós duas já sabemos disso e um presente
melhor para Zia seria permanecer forte. Eu levanto meu queixo. — Vejo você em
breve.
— É claro. — Zia enfia a mão no bolso de seu pesado casaco marrom e
tira uma moeda de ouro. — Isto é para você.
— Sì. Um São Cristóvão. Proteção para sempre que você viajar de casa.
Dei um a todas as minhas meninas quando foram a Foggia pela primeira vez.
Deveria estar em uma corrente, mas… — Zia dá de ombros.
Zia balança a cabeça. — Não se culpe pelo que os outros fazem. Apenas
se concentre em sua própria sobrevivência.
— Ok.
Eu me viro para abraçar Zia Teresa, mas ela já está saindo pela porta, a
mão tateando na bolsa atrás do cigarro mentolado. Eu a observo sair, o peso
tomando conta de mim.
Alguém que faz dezoito anos no final do outono, penso e mordo o lábio
inferior. Estou prestes a me casar com o Sr. Parker. Sr. Parker com suas camisas de
seda e pés de galinha. Dentro da catedral, quatrocentos convidados estão esperando
que eu diga 'sim.' Margot se move em minha direção, virando seu buquê para que
pétalas brancas salpiquem seus pés. — Ainda dá tempo de correr, JJ.
Eu quero dizer 'eu sinto que alguém está me observando', mas isso é
estúpido. As pessoas estão me observando. Ao nosso redor, os nova-iorquinos
estão apontando para mim, a noiva no dia do casamento, como se eu pertencesse a
todos eles.
Eu sei que Margot fala sério, que ela até tentaria me ajudar, mas não
importa. Levaria cinco minutos para Kurt e Theodore me encontrarem, e depois?
Eu toco meu corpete, sentindo o São Cristóvão. — Margot, mal posso esperar para
me casar.
Ela revira os olhos e eu cutuco sua bochecha do jeito que Zia Teresa
fazia sempre que eu a questionava. Margot me dá um tapa, mas ela está sorrindo.
— Seus mamilos estão aparecendo através do seu vestido.
— É melhor você torcer para que o Billionaire Boy não tenha queixas ou
a mamãe vai te matar.
— Shh!
A música muda para uma música lenta e melodiosa. Eu não ouvi isso
antes, mas parece familiar. Inevitável. Como se no fundo da minha mente, sempre
estivesse tocando. A música que eu vou andar pelo corredor em direção ao Sr.
Parker.
Passo pelo senador Billingham, pela princesa Clara da Suécia, pelo velho
amigo de meu pai, Joshua Price, o terceiro, e pelo tio Benedict, o patriarca da
família Whitehall. Ele me dá um pequeno sorriso e o alívio me inunda. Aconteça o
que acontecer, estou deixando minha família orgulhosa.
Seu olhar vai do meu peito para o Sr. Parker e eu sei o que ela está
tentando dizer. Olhe para o seu marido. Faça o seu dever.
Sr. Parker aparece, lambendo seus lábios, e meu calcanhar esquerdo gira
debaixo de mim. Eu tropeço para o lado e suspiros ecoam pela catedral.
Eu luto enquanto sou arrastada por uma pequena porta na parte de trás da
catedral, chutando suas canelas e jogando minha cabeça, tentando bater em seu
nariz.
A dor explode na minha cabeça quando sou puxada para cima. Padre
Monastero sorri para mim, sua mão apertada no meu cabelo. — Oi.
— Pela… parede?
— Apenas um cara.
— Não se preocupe com isso. Não estou preocupado com isso. — Seu
olhar percorre meu corpo, o sorriso de um tubarão curvando sua boca. — Bonito
vestido.
— Eu sei que você não escolheu, imbecil. É o que ele queria. Uma
virgem imaculada deslizando em direção a ele com os seios de fora.
Meu couro cabeludo está pegando fogo. Eu tento arrancar seus dedos do
meu cabelo, mas eles são como tiras de ferro. — Com licença?
Eu não digo nada, mas ele deve ler a resposta em meus olhos porque seu
punho aperta meu cabelo. — Bem-vinda ao mundo real.
Ele traça um dedo ao longo da minha clavícula, e minha pele parece que
está derretendo. Desde que fiquei noiva do Sr. Parker, nenhum homem me tocou.
Até meus irmãos pararam de beijar minhas bochechas. Era como se eu tivesse uma
barreira ao meu redor. Como se os homens não pudessem me tocar, mesmo que
quisessem. Mas o dedo desse falso padre está descendo pelo meu decote.
— Isso é bom?
— N-Não.
Ele sorri, e sua beleza brilha para mim como uma faca. — Você acha que
eu sou sexy, hein?
— Ei. — Ele bate forte na minha bochecha. — Não tenha vergonha. Vai
ser mais divertido se você gostar.
A porta que leva de volta à catedral se abre. É o Sr. Parker. Seu cabelo
está em pé, seu rosto rosa brilhante.
Sr. Parker não está ouvindo. Ele está olhando para o padre. — Pare de
tocá-la!
A mão livre do padre desliza pelas minhas costas até o meu traseiro. —
Desculpe, Zach. Não posso.
— Não me reconhece, não é? Não te culpo, faz muito tempo. Aqui está
um pequeno lembrete. Alessia Valente.
Ele me vira para encará-lo e sua boca bate na minha. Ele me beija
profundamente, o cheiro forte dele me envolvendo como uma rosa espinhosa. Seus
lábios assumem uma qualidade suave e persuasiva e minha própria parte em estado
de choque. No segundo em que o fazem, sua língua está na minha boca. Eu tento
me afastar, mas sua mão ainda está apertada no meu cabelo, me prendendo. O calor
percorre meu corpo e tudo o que posso pensar é que este é meu primeiro beijo. Não
o Sr. Parker na frente do altar. Um não-padre maluco na sala dos fundos de uma
catedral.
Meu coração bate contra minhas costelas. — Por favor, deixe-o ir?
Há outra explosão. Um livro grosso salta no meu pé, mas eu mal o sinto.
A mão do padre está deslizando pelo meu estômago, subindo para cobrir meu seio
esquerdo.
— Você acha que sabe o que vai acontecer, Zach, — o falso padre diz no
meu ouvido. — Você está errado. Você não tem imaginação. As coisas que nós
quatro sonhamos em fazer com sua pequena virgem… você vai estourar seus
miolos só para acabar com isso.
Eu grito, mas minha garganta está muito seca para barulho. Os olhos do
Sr. Parker ainda estão abertos, mas ele não está olhando para nada. Ele é como um
peixe em um mercado.
— Que porra você está fazendo? — Padre Monastero estala.
Eu pulo, mas ele não está falando comigo. O homem de balaclava está
abrindo sua braguilha.
Quero que Zia Teresa jogue um pano de prato para esses homens
nojentos. Quero que Margot xingue eles. Eu até pegava minha madrasta, com o
rosto tenso, gritando comigo tanto quanto qualquer outra pessoa. Eu quero
Theodore e Kurt. A polícia, o exército e o FBI. Eu quero que isso pare.
O homem de balaclava olha do Sr. Parker para mim. Seus olhos são
verdes elétricos, tão brilhantes que parecem falsos. E o jeito que ele olha para mim.
Ele me odeia. Não… isso é muito pessoal. Ele não me dá nada. Ele poderia me
matar, esmagar minha garganta debaixo de seu pé e seria como golpear um inseto.
Meus joelhos se dobram.
— Merda, — o padre rosna, me puxando para cima. — Ela vai desmaiar.
Você terminou?
Ele olha para mim e rapidamente desvia o olhar, mas não antes de eu ver
que seus olhos são castanhos escuros. Um choque passa por mim. Eu o conheço?
— Maldito show de merda, — diz ele com uma voz com sotaque. — Dê-
me uma mão com ele.
Basher bate na traseira da van três vezes. Nós nos empurramos para
frente e eu agarro o chão, tentando não escorregar em Kurt. Eu não posso dizer se
ele está vivo.
O homem bonito sorri para mim. — Você não achou que ele era um
padre de verdade, achou?
Do outro lado da sala, seu guarda-costas inútil ainda está desmaiado. Ele
não recebeu uma injeção para dormir; Adriano acabou de chutá-lo na cabeça. Eu
teria cortado sua garganta e o empurrado para fora da van, mas Morelli o quer vivo
por enquanto.
— Mmmmff. — A pirralha se vira, seus dedos se contraindo como
garras de gatinho. Seus olhos se abrem. Eles são verdes. Não verde psicopata como
Adriano. Verde pálido com um anel escuro. Do tipo que faz você pensar em
colinas irlandesas e jardins secretos. Eu me empurro para fora do corrimão. — Boa
noite, Tits.6
January se senta, seu vestido de noiva espalhado ao redor dela como uma
poça branca. Seus olhos percorrem o saguão de entrada, demorando-se nas pinturas
a óleo e no fogo crepitando no canto. — Onde estou?
6 Tetas.
Com um suspiro, puxo minha faca borboleta do bolso e tiro a lâmina. —
O que foi isso?
Ela se cala.
— O que você vai fazer comigo? — Sua voz é clara, mas há uma
pequena oscilação nas bordas. Ela está a um minuto das lágrimas, no máximo. —
Você pode, por favor, me dizer onde estou?
— Pare de falar.
— Tesorina, eu não sei por que você acha que eu carrego uma faca, mas
continue falando e eu vou sangrar você por todo o tapete.
Eu abaixo minha faca. Eu poderia dizer a ela que toda a sua família está
morta, mas olhando para sua pele cinzenta, a notícia pode matá-la, e então eu
estaria na merda. — Ninguém morreu, Tits.
— Mas… as explosões?
— Oh.
Espero que ela comece a chorar, mas ela apenas pisca rapidamente. —
Então, você é realmente um médico?
— Eu não sou uma puta. — Seus olhos se arregalam e ela leva a mão à
boca.
— Você fala italiano, — repito mais para mim mesmo. — Capisci cosa
ti sto dicendo, vero?
— Minha Zia.
— Sua Zia?
— Ela não é realmente minha tia. Ela é minha governanta. Minha babá.
Ela viveu comigo toda a minha vida. Eu a chamo de Zia Teresa.
Havia uma velha na casa, mas nenhum de nós pensou duas vezes nela.
— Cabelo tingido? Fuma cigarros?
— O quê? — Eu pergunto.
— Não, ele gostaria de ver esses peitos perfeitos. Mas então ele duraria
apenas trinta segundos.
Eu quase posso vê-la pensando 'não deixe que ele te aborreça.' Eu rio.
Eu poderia despedaçá-la e vê-la se recompor novamente a noite toda. — Você está
com sorte, Tits. Todos nós quatro somos mais bonitos do que Parker e todos
sabemos como fazer isso durar horas.
Seus lábios vermelho-rubi tremem. Lembro-me de pressionar minha
boca contra eles na catedral. Eu estava principalmente focado em Parker, mas foi
um beijo doce. Açucarado. Ela não queria gostar disso, mas não podia evitar.
Aposto que ela é o tipo de garota que encharca a calcinha enquanto você dar uns
amassos. — Quando eu enfiei minha língua na sua garganta na catedral, esse foi
seu primeiro beijo?
Sua boca se contorce e eu sei que ela quer me dizer que sou nojento.
Meu pau engrossa no meu jeans. Eu levanto a faca, examinando a ponta
novamente. — Tesorina, se você não me contar sobre seu primeiro beijo, eu te dou
outro. E desta vez eu vou morder.
Eu fico de pé. — Pergunta rápida. Você acha que a primeira vez que a vi
foi quando você se encontrou com o arcebispo para aconselhamento matrimonial?
— Doc?
Basher olha incisivamente para meus pés descalços. — Você sabe que
não tem dezessete anos, certo?
Basher revira os olhos. — Pelo menos você não está com a roupa de
padre.
Ele não sabe que a January está acordada, caso contrário ele estaria
olhando para ela como sempre. Eu sorrio para ele. — O que você acha da garota de
perto? Bem magricela, hein?
— Bobby?
A lona cai no chão. Dando meia-volta, é difícil ver quem parece mais
horrorizado, ele ou ela.
— Você está… acordada, — Basher diz com uma voz estrangulada.
January parece que vai desmaiar. Certamente, ela não pode estar longe
disso. Quantos tapetes alguém pode tirar debaixo deles em um dia?
Basher me empurra, mas ele não pode negar. Foi ideia dele.
Precisávamos de alguém na escola dela, e ele tinha mestrado em ciência da
computação, então comprou algumas calças e se registrou no Conselho de
Educação de Nova York. Nós rimos disso na época. Então ele realmente começou
a ensinar equações quadráticas à Srta. Priss8 e tudo ficou muito menos engraçado.
Dou uma cotovelada em seu lado. — Ei Basher, lembra o que ela disse
sobre você no confessionário?
8 Princesa.
estúpida, afinal. — Você deveria ter ouvido ela falar sobre você, Bash. 'Ele é tão
legal, eu ando pela biblioteca perguntando a ele sobre eixos9 e essas merdas só para
ver se ele fala comigo.'
O rosto de Basher está escarlate e ele está olhando para qualquer lugar,
menos para January.
— Anos, — eu digo. — Como você acha que eu sei como é a sua Zia
Teresa?
Ele não responde. Adriano nunca foi de falar. Na escola, ele era a
escolha de todos como 'mais provável de raspar a cabeça, escalar uma torre de
celular e começar a atirar em estranhos.'
Eu rio. — January confessou sobre você também, Adri. Ela se sentiu mal
por sua cara fodida. Ela estava com muito medo de dizer olá. Provavelmente são as
tatuagens.
Eu rio. Essa é a coisa sobre Adriano. Não importa quem você seja, ele é
assustador pra caralho, o que significa que você sempre pode contar com ele para
animar as coisas. Seria algo para vê-lo fodê-la. Isso basta para mim às vezes,
assistindo feio e bonito serem esmagados juntos. E Deus, como January preciosa
choraria sendo fodida por Adriano Rossi.
— Eu demorei?
Eu suspiro. Diga o que quiser sobre Morelli, o idiota sabe fazer uma
entrada. Ele olha para nós do alto da escada em sua camisa branca apertada e terno
de três peças carvão. Seu olhar encontra January. — Srta. Whitehall, você está
acordada.
Seu lábio se contrai. Aposto que alguma polidez inata está tentando fazê-
la dizer 'obrigada por me sequestrar no meu casamento.'
— Olá, Adriano.
January enfia uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Boa noite, Bobby.
Uma corrente está passando entre January e Basher. Ela ainda está
gritando com ele para resgatá-la. Faz sentido. Ela passou a maior parte do tempo
com ele e agora que estamos todos juntos, ela confia mais nele. Já está na hora de
alguém dar uma cagada nisso.
Ele diz isso como se fosse uma linha descartável, mas a corrente oculta a
atinge. — Não. De jeito nenhum, eu só…
Ele caminha em direção a ela, estudando seu rosto, seu corpo. Ele é
exigente, Morelli. Seu gosto por boceta é mais caro que seu gosto por roupas. E ao
contrário de nós três, esta é a primeira vez que ele vê January de perto. A menos
que você conte ela deslizando pela van inconsciente.
Ele pega o queixo dela e vira o rosto dela para um lado e para o outro. —
Por que você tem guarda-costas, Bella?
— Existe uma razão pela qual você não está fazendo o que lhe é dito?
Ela solta um gemido suave. O som me aquece como uísque. Por anos eu
administrei clubes de strip e palácios de bocetas, lidei com milhares de mulheres
lindas, mas nenhuma teve a inocência palpável desta.
Eu quero arruiná-la.
Ela balança a cabeça, fazendo com que seus longos cabelos se espalhem
contra o tapete.
— Bom. — Ele empurra suas pernas mais largas com a ponta de seu
sapato. — Abra.
January fecha os olhos com força, mas ela obedece, abrindo as coxas.
— Isso… — Morelli diz, acariciando seu sapato contra ela. — É por isso
que você tinha guarda-costas.
Ela aperta os olhos com mais força, suas bochechas ficam vermelhas. Do
outro lado da sala, Adriano resmunga. Eu sei exatamente como ele se sente. Seria
uma coisa se ela estivesse com medo, mas ela está com medo e excitada. Todos
nós podemos ver.
Basher solta uma risada chocada e Morelli sorri. — Não gosta de você,
gosta, Doc?
— Ah, seu querido papai. Sem querer ser insensível, mas seu pai morreu
quando você tinha oito anos. Sua madrasta planejou seu noivado com Zachery
Parker contra a vontade dele.
Eu bufo. Sua madrasta é uma cadela fria. Se ela quisesse fumar, teria
vendido a boceta de January por meio maço de cigarros. Garotas como January
nunca podem ver isso, no entanto. Elas acreditam em famílias felizes e amor
eterno, não importa quantas evidências existam em contrário.
Os olhos de January estão vidrados. Parece que ela está prestes a gozar
no sapato dele.
Ela balança a cabeça como se pudesse desejar que tudo isso acabasse.
Imagino sua boceta inchada, formigando. Excitação misturada com pânico e medo.
Do outro lado da sala, ouço Bobby engolir em seco.
Seu olhar se move de Morelli, para Basher, para Adri, para mim. Eu
daria muito dinheiro para saber o que ela está pensando e exatamente o quão
formigante esses pensamentos a estão deixando.
Adri dá uma risada baixa. Morelli sorri. — Você não tem direitos aqui.
Você não é uma convidada, você é nossa prisioneira. Se você fizer o que lhe
mandam e agir como uma mulher deve fazer, nenhum mal lhe acontecerá. Se você
não se comportar, Srta. Whitehall, então sim, vamos matá-la.
Morelli se ajoelha ao lado dela, segurando sua bochecha com uma mão
gentil. Ela olha para cima e a esperança brilha em seus olhos. O homem bonito está
sendo legal com ela. Morelli passa o polegar sobre o lábio superior. — Minha
garotinha assustada…
Morelli olha para o rosto hipnotizado dela e então lhe dá um tapa. O som
estala ao redor da sala como um fogo de artifício.
— Você não vai nos manipular, — diz ele calmamente. — Você não vai
nos controlar com lágrimas. Você vai fazer o que é dito, ou você vai sofrer.
Entendido?
Ele gosta dela. Maldito inferno. Eu quero Weepy Big Tits11 para mim. Já
tenho Basher farejando, não preciso de Morelli entrando na disputa também.
11 Peitões chorões.
— Doc, cuide dela, — diz Morelli, afastando-se.
Eu coloco a mão sobre sua boca e a sensação de seus lábios contra minha
palma envia outro zumbido através de mim.
— Eu. Bem-vindo à Velvet House. Você não vai ficar muito tempo.
Cooper tenta ficar de pé, mas Adri coloca uma bota em suas costas.
— Nós fizemos.
— Olha, você pode ficar com ela. Você pode fazer o que quiser, apenas
me deixe ir.
January cai em meus braços. Pobre Tesorina. Traída pelo homem que a
protegeu metade de sua vida. Mesmo eu não vi isso chegando. Eu a puxo de pé. —
Está tudo bem, querida. Ele vai pagar por dizer isso.
— Legal, — eu digo.
Ell franze a testa. — Bella, este homem foi designado para protegê-la e
não apenas falhou miseravelmente, ele apenas traiu você. Ele não merece viver.
— Porque eu não vou ficar acordado a noite toda, vendo você esfolar
esse idiota. Eu preciso de uma porra de sono.
— Estraga prazeres.
Adriano sacode a cabeça junto à January. Morelli olha dela para Basher,
que é lento demais para tirar a expressão de horror do rosto.
Toda a cor sai do rosto de Basher. Ele olha para January. — Ela pode ir
para o outro quarto?
— Não. — Morelli enfia a mão na cintura e lhe entrega seu Walther
PPS. — Agora.
— Mas…
Suas narinas se dilatam. — Pense na sua mãe. Suas irmãs. Isso é tudo.
Dez anos de planejamento. Não falhe conosco.
Ela luta contra mim enquanto Bobby se aproxima de Cooper, sua bunda
esfregando contra meu jeans. Eu pressiono nela, e ela me morde. Forte.
Eu pressiono minha mão de volta sobre sua boca. — Você acha que nós
nos importamos em ser maus, Tesorina? Você acha que nós nos importamos?
Morelli tira um lenço do paletó. — Você não sabe do que está falando,
Srta. Whitehall. Você foi protegida a vida inteira. Disse o que é certo e errado. Sua
moral é como sua boceta. Completamente não testado. Você nunca teve que fazer
uma escolha. Doc, tire sua mão.
January cai em meus braços. Tenho certeza que ela está desmaiada.
Ell está de pé. — Bom. Srta. Whitehall, como você está se sentindo?
Ela não responde. Seu olhar cai no corpo de Cooper e a cor desaparece
de seu rosto. Doc abandona o tripé e salta para ela. — Você vai vomitar? Porque
suas únicas opções são seu vestido ou seu ex-guarda-costas.
Ell levanta seu copo, bebendo do lugar que seus lábios mancharam. O
rosto da garota fica tão vermelho quanto seu batom. Típica. A necessidade de Eli
Morelli de saber que pode seduzir qualquer mulher em seu caminho é patológica.
Mas não importa. Ela também não pertence a ele. Eu limpo minha garganta.
Seus olhos são tão claros que você pode lê-los como um livro — todo
medo, culpa e esperança. Era assim quando ela dançava também, você podia sentir
seus sentimentos. Sua alegria, sua tristeza.
Basher dá um passo à frente para pegar o copo. Seu rosto está em branco
e eu estou feliz. Se ele tivesse a aparência de antes, eu o forçaria a fazer as honras
novamente. Mas talvez ele gostasse disso. Ele geralmente o faz, mesmo que não
admita.
Ell sorri para a garota. — Você se lembra do que eu te disse antes de seu
guarda-costas ser morto?
— Então você sabe que não deve me recusar. Tire seu vestido.
Ela olha para cima, todos os lábios trêmulos e olhos lacrimejantes. — Sr.
Morelli… não posso.
Sorrindo, Doc puxa seu revólver da parte de trás de sua calça jeans. —
Fique na frente da câmera e tire a roupa.
— January Joy Whitehall, vou estourar seus miolos e Bobby será o único
a chorar por você.
Ela olha para Basher, seu rosto como uma caveira na luz bruxuleante do
fogo. Seu olhar cai sobre mim. Aqueles olhos como grandes mundos verdes
perguntando se é verdade se ela poderia morrer esta noite. Pelo menos ela está
perguntando para a pessoa certa.
Ela empalidece, mas não fica de pé. Há uma espinha dorsal nessa
menina. Nós não vimos isso chegando. Talvez eu devesse. Eu a vi dançar mil
vezes, repetição, força e controle.
Ell volta para sua cadeira perto do fogo. — Bata nela.
— Nunca.
Ele a esbofeteia novamente, mas desta vez e desta vez, ela o encara. —
Você é louco.
Doc sacode a mão. — Tire seus peitos e pare de desperdiçar meu tempo.
— Não!
— Como?
— Não. Saia.
Eu deixo cair a pulseira no colo da garota. Ela o pega com seus dedos
longos e elegantes e o fogo em seus olhos desaparece. — Margot? Você também a
também?
Eu balanço minha cabeça. — Só a pulseira. Sua irmã está viva, mas não
precisa estar. Sua escolha.
Ela alcança atrás de si mesma para seu zíper. O som dele descendo é
como uma língua ao longo do meu pau. Seus dedos se atrapalham e ela olha para o
teto. — Está preso.
Ell sorri. — Ah, Bella, é tão encantador quando você é educada. Vire-se.
Bobby faz um som de gato esmagado e tosse com o punho fechado para
disfarçar.
— Está gravando.
— Eu preciso falar.
— Tudo bem. Então deve ser quem Parker quer ver menos. O gárgula.
Vou até a mesa perto do fogo e pego a arma. Basher praticamente avança
para mim. — Não aquela.
Eu levanto a arma, pronta para quebrá-la sobre sua cabeça, mas ele acena
com as mãos. — Eu não quero te parar. Tem sangue nele.
Ela pressiona seus lábios cheios juntos. Eles são tão fofos que é como se
fossem desenhados por um homem que passou anos aperfeiçoando a arte. Eu
estendo a mão para beliscar suas narinas, mas antes que eu faça, ela obedece. Eu
olho para a extensão de sua boca e meu pau endurece contra minha perna. Não é
uma aceleração lenta, vou de desapegado a duro como se estivesse afundado em
uma mulher e me imagino fodendo a cara da garota enquanto os outros assistem.
Descendo por sua garganta virgem.
— Bom, — Eli diz atrás de mim, sua voz grossa como mel.
— Nnnghh!
Doc ri. — Azar, grandão.
Eu o ignoro e olho direto nos olhos da garota. — Você quer perder sua
virgindade com uma pistola?
— Nnnngggghh.
Eu me inclino para seu ouvido. — Você vai pegar o cano primeiro. Mas
continue mexendo e eu vou tentar o cabo.
— Sim, nada mal, — diz Doc. — Não se preocupe, Tesorina. Você não
pode realmente dar partida em uma arma.
A garota faz um som distorcido. Olho para Basher. Ele parece um pouco
doente, mas não consegue tirar os olhos dela. Seja o que for que ele esteja
sentindo, ele vai reclamar disso mais tarde.
Eli solta os fios de cabelo. — Nós não vamos fodê-la, não a princípio.
Mas vamos mantê-lo informado do nosso progresso. Pequenas atualizações,
enquanto a ajudamos a se tornar uma mulher.
Um inseto gelado rasteja pelo meu pescoço. Eu não queria dizer isso,
mas certamente ninguém me ouviu. Eli ainda está conversando com Parker; a
menina ainda está chupando e engasgando.
Eu puxo a arma da boca da garota e seus lábios estalam juntos. Ela olha
para mim e por um segundo, é com algo diferente de terror. Meu intestino cai.
Pryntsesa. Talvez ela tenha me ouvido. Então ela desliza para o chão, chorando em
grandes soluços. — Eu quero ir para casa! Eu quero ir para casa!
— Ela está muito longe, — diz Doc. — Ela não vai parar de
choramingar agora.
Minha Glock ainda está na minha mão. Uma bala entre os olhos, mais
rápida que o céu. A garota nunca conseguiu dançar para uma plateia. A idade
adulta é apenas mais um palco em que ela nunca se apresentará.
Eu quero matá-lo, mas forço minha mão a abrir. Não adianta lutar contra
Doc. Ele come a raiva e bebe a frustração. Eu me viro e vou para a escada.
Não era nosso plano original sequestrá-la. Nós íamos colocar uma bala
na cabeça dela e tentar colocar o máximo de seu cérebro em Parker quanto
possível. Mas depois de anos de vigilância, matá-la começou a parecer um
desperdício. Como quebrar uma caixa de vidro para pegar uma sobremesa cinco
estrelas. Você pode impedir o verdadeiro dono de apreciá-lo, mas você estraga
tudo do mesmo jeito. Queríamos a sobremesa 'mesmo que fosse apenas para prová-
la antes de jogá-la no chão.'
Vou humilhá-la com seus próprios desejos. Vê-la moer-se no meu pau,
chorando enquanto ela goza em cima de mim.
Eu olho para Doc. A mesa ao redor dele é uma bagunça. Papel solto,
pedaços de arame, tabletes, bisturis descartados e livros didáticos. As tábuas de
carvalho polidas estão cobertas de sujeira, e as mesas laterais estão cobertas de
centímetros de poeira. Esta casa tem mais de duzentos anos e em menos de cinco,
meus irmãos a transformaram em um banheiro de parada de caminhões. As casas
de meu Nonno estavam sempre imaculadas, nem uma impressão digital no espelho
ou um grão de poeira na lareira. Se ele visse este lugar… — Este lugar é uma
bagunça do caralho.
Doc enfia outro bolinho na boca. — Por que você está reclamando com a
gente sobre isso? Contrate uma faxineira.
— Bem, se você for muito paranóico, não podemos ter uma casa limpa,
podemos?
Doc aponta seus pauzinhos para mim. — Você quer dizer aos garotos
para pararem de nos fazer dinheiro e vigiar as pessoas que tentam nos matar para
que possam esfregar o tapete, ser meu maldito hóspede. Pessoalmente, vou viver
com a bagunça.
— Algumas vezes.
Bobby vem para o meu lado da mesa. — Posso ter uma palavra?
— É claro.
— Não. Ele está com Harvey e Sal. Ele estará no Atlântico pela manhã.
É só que… — Ele olha para um ponto além do meu ombro. — Adriano não
deveria ter me feito matá-lo na frente dela.
Minha mão aperta ao redor do meu copo. Durante meses Doc me avisou
que Bobby estava apaixonado por January, mas eu o considerei um babaca
barulhento. Esta é uma complicação que eu não preciso, especialmente agora que
eu quero a garota.
Até a maneira como ele diz o nome dela é um aviso. Suave e protetor. —
Vamos discutir isso mais tarde. Neste momento, estamos comemorando.
Bobby parece querer dizer mais alguma coisa, mas eu me viro e volto
para a sala de jantar. Doc bate seu copo de grappa vazio na mesa. — Recarregue.
Sirvo-lhe mais licor e encho meu próprio copo. Bobby se senta à minha
direita, puxando ramen de cogumelos para si. Ele esconde suas refeições
vegetarianas no último pedido, como se não pudéssemos notar sua diminuição do
apetite por carne. Nós, que o conhecemos melhor do que ninguém.
Eu sorrio. — Salut.
— Ele está fazendo nosso trabalho por nós, — diz Doc alegremente.
Não digo nada. A raiva cega de Parker durará pouco tempo. Ele vai se
recompor e vir atrás de nós.
— Isso não é…
— Ainda não, mas assim que esse negócio de Parker terminar, ficarei
noivo.
Doc ri. — Com a filha daquele cara do relógio? Você disse que ela
cheirava a aspargos.
— O que você acha que nosso futuro reserva? Minha esposa e filhos
jantando conosco todas as noites? Nós quatro morando em uma casa de
fraternidade para sempre?
Doc balança para trás em sua cadeira. — Então, onde estará January
enquanto você estiver comprando uma esposa?
— Minha amante não será seu brinquedo enquanto eu estiver fora. Vou
mandá-la para outro lugar.
Doc abaixa sua cadeira, seus olhos nos meus. — Estou pensando a longo
prazo. Segurança hermética no clube. Parker teria mais sorte em raptá-la do The
Hague. E se alguém a ameaçar lá, eles estão pedindo problemas com Danil
Yamlihanov. Metade das coalas16 estão chupando os meninos dele.
— E você terá acesso a ela quando quiser. Se ela está em seus clubes, ela
é tão boa quanto a sua.
— Foda-se, idiota.
— Bobby, o que você acha que devemos fazer com ela? — Eu digo,
cortando qualquer resposta fútil que Doc estava prestes a responder. — Você
conhece a garota. O que você acha que vai funcionar?
— Sim?
Ele faz uma careta. — Ria o quanto quiser. O que vai irritar Parker mais
do que saber que sua noiva se casou com outro?
Doc continua rindo, mas posso ver de onde Bobby está vindo. Seria
humilhante enviar a Parker fotos de sua noiva com o filho de outro homem. Se eu
fizesse de January minha amante, não a engravidaria. Por mais doce que fosse ver
meu filho inchando aquele corpo perfeito, não preciso de filhos ilegítimos
drenando minha conta bancária e comprometendo minha linhagem.
Doc parece estar pensando na mesma linha. — Você pode se casar com
ela, Basher. Mas no segundo que você virar as costas, eu estarei subindo as escadas
para foder com os testes de paternidade.
Bobby bufa. — Você acha que eu vou morar aqui quando nos casarmos?
— O que você vai fazer? Arrastá-la de volta para Ohio? Fazer com que
ela o ajude com os porcos?
Olho para Adriano. Ele está comendo uma segunda tigela de ramen. Um
estranho pensaria que ele estava nos ignorando. — Adri, dê sua opinião.
— Não seja assim. Você ajudou a trazê-la aqui. O que você quer fazer?
Há uma batida.
Adriano enxuga o rosto com as costas da mão. — Ela será uma esposa
terrível, uma stripper inútil e uma prisioneira pior.
— Você pretende dizer a January o que cada um de nós quer para ela? —
Bobby pergunta.
— Sim.
Seus olhos verdes parecem venenosos e, por um segundo, acho que ele
vai me dizer para me foder, mas então ele inclina a cabeça. — Beleza.
Quando acordei no tapete vermelho macio de uma linda casa, pensei que
tinha sido resgatada. Vendo o sorriso horrível de Doc, minhas esperanças
morreram pela segunda vez.
Domenico Valente.
Mas eu não sou uma puta. Eu nunca tinha beijado ninguém até ele.
Lembro-me da maneira como ele pressionou seus lábios nos meus e o calor passou
por mim como chamas no óleo.
— Eu não gostei, — digo à cela. — Ele tinha uma faca. Ele me deu um
tapa.
Ninguém responde.
Roberto Bassilotta.
No meu último ano, precisei de ajuda com álgebra. Sempre fui péssima
em matemática, mas mamãe não me deixava largar. Meu professor disse que
Bobby era o melhor tutor na área dos três estados, então mamãe organizou uma
sessão experimental. Quinn estava com tanta inveja.
Doc deve ter adorado ouvir minhas fantasias patéticas e contar a Bobby
tudo o que eu disse.
Por quê você se importa? uma voz afiada na minha cabeça exige. Ele
matou Kurt.
Mas é difícil manter esse conhecimento no meu cérebro. Não parece real.
Não era real como Bobby descendo as escadas era real. Ele estava vestindo uma
camisa que eu tinha visto um milhão de vezes na Trinity Grammar e tudo que eu
conseguia pensar era 'Oh meu Deus, Bobby vai me salvar!'
Adriano Rossi.
Ridiculamente alto e ainda mais tatuado que Doc. Seu cabelo castanho
claro é tão grosso que parece quase oleoso. Longo no topo e raspado nas laterais.
Ele tem uma barba curta e rala e um nariz orgulhoso todo torcido por ter sido
quebrado. Um dente de ouro brilha quando ele fala. E aqueles olhos, aqueles olhos
verdes holográficos. Eu deveria tê-lo reconhecido na catedral. Ele estava sempre
esperando na recepção do meu estúdio de balé, olhando tão atentamente que pela
primeira vez fiquei feliz por Kurt e Theodore estarem comigo. E quando eu
começava minhas aulas, ele me observava dançar pelas janelas da nossa sala de
aula.
Elliot Morelli.
Uma febre se espalha pelo meu corpo. Recuso-me a tocar o lugar onde
ele me violou, mas sei que se o fizesse, estaria encharcada. O que há de errado
comigo?
— Bella.
— Não, Bella.
Eu pisco. Meu quarto está frio. Forma estranha. A verdade entra como
luz sob uma porta. Não é meu quarto. Não é minha casa. Eu fui sequestrada e um
homem está inclinado sobre mim, seu sorriso como algo saído de uma música.
— Sr. Morelli?
Eu mordo meu lábio inferior. Por que ele está sendo tão educado? Ontem
à noite ele me bateu e agiu como se me odiasse. Ele está tentando descobrir mais
informações para ferir o Sr. Parker? — Fiz dezoito anos no mês passado.
Eli pega minha mão esquerda e examina meu anel de noivado. Seu toque
envia arrepios pelo meu braço. Sua pele é macia, mas posso sentir a força em seus
dedos. Ele poderia me machucar se quisesse. Ele fez.
Ele puxa o anel do meu dedo e o segura contra a luz do abajur. — Este
diamante, Bella. É muito… — Ele gesticula para mim, exigindo uma resposta.
— Grande? — Eu sugiro.
— Vulgar.
— Oh. — A pedra tem quatro quilates, então não foi barata, mas parece
um micro-ondas de cristal. Eli enfia o anel no bolso do peito. Meu estômago cai,
mas eu sei que não devo pedir de volta. O que ele vai fazer com isso? A resposta
óbvia é 'vender', mas ele não parece alguém que precise de dinheiro.
Eli sorri. Seus dentes são perfeitos. — Domenico me disse que você fala
italiano.
— Eu… sim.
— Maravilhoso. Não é todo dia que você conhece uma garota americana
que fala italiano. Sei mai stata na Itália? — Você já esteve na Itália?
Pego a maçã o mais rápido que posso sem arrebatar. Eu já sinto meus
dentes afundando na pele entre meus dentes, o suco doce esmagando minha língua.
Mas quando a maçã toca meus lábios, paro. E se estiver envenenada? Eu a abaixo
para o meu colo.
Minha boca fica seca. É estúpido recusar algo deste homem, mesmo que
seja veneno. Eu dou a ele meu melhor sorriso bobo. — Comer na frente das
pessoas me deixa nervosa.
— Ah. — Um pequeno sorriso curva sua linda boca. Ele pega meu
queixo em sua mão e meu estômago se revira. — Você gostaria de um presente,
Bella?
— E a maçã?
— Isso foi um mimo. Isso... — Ele enfia a mão no outro bolso e tira um
colar. — … é um presente.
— Oh.
— Eu sinto muito.
Um olhar passa por suas belas feições. Então ele pisca e é como se nada
tivesse acontecido. — Assim que te vi, pensei neste colar. Seus lábios vermelhos e
pele pálida. Nada realçaria mais a beleza dessas pedras.
Ele sorri, mas seus olhos são todos profissionais. — Você vai usá-lo para
mim?
— Eu digo o que é certo. — Sua mão livre acaricia meu pulso. — Vou
mandar fazer um vestido para você. Veludo preto com fenda na lateral. Você estará
nua debaixo dela, meus rubis em sua garganta, e todo homem que a vir me desejará
morto.
17 O cristal, geralmente, possui tons avermelhados fortes e é muito conhecido por seus poderes de agir
em relacionamentos amorosos, em atos de proteção e por suas inúmeras propriedades que ajudam na saúde
física e mental de quem a utiliza.
Ele parece satisfeito com a ideia.
O peso de suas perguntas rola pela minha mente. Acho que posso querê-
lo, mas não quero isso. E por que estamos falando sobre o futuro quando estou
trancada em seu porão? — Eu pensei que estava aqui para punir o Sr. Parker.
Ele sorri como se eu estivesse perdendo algo óbvio. — Você não precisa
saber o motivo de estar aqui, Bella. Você não precisa saber de nada.
Eu quero que isso seja verdade quase tanto quanto eu quero colocar seu
colar e ser o que ele quer que eu seja. Mas isso é tão patético. Eu olho em seus
olhos. — Pode ser. Mas eu quero saber.
— Por quê? Você é uma virgem doce e eu vim oferecer rubis. Não é o
suficiente?
— Sr. Parker…
Ele me olha como se eu fosse uma criança querendo saber para onde vai
o sol à noite. Ele suspira. — Ele errou por nós quatro há muito tempo. Isso satisfaz
sua curiosidade?
Ele soa tão enojado, lágrimas pinicando nos cantos dos meus olhos. —
Desculpe, Sr. Morelli.
— Ah, Bella, não chore. — Eli joga um braço em volta dos meus
ombros. Eu desisto e desabo em seu peito.
— Vai ser feito, — ele murmura em meu cabelo. — Vou manter você.
Por um segundo, ele me encara e depois ri. Uma risada rica e genuína
que eu não tinha ouvido antes.
— Srta. Whitehall, não tome isso como um descaso em sua beleza, mas
nós dois não combinamos.
Eu sinto meu rosto queimar. Se ele não está atraído por mim, por que
estava me beijando? — O que você quer dizer?
Eli pega seu colar dos meus cobertores. Deve ter deslizado para lá
enquanto estávamos nos beijando.
— Oh. — Olho para o teto escuro. Não é todo dia que dizem que você
não é importante o suficiente para se casar. Especialmente depois de tudo com o
Sr. Parker.
Minha mente vai para bolsas de grife e férias tropicais. — Você quer
dizer como uma sugar baby?
Isso arranca outra gargalhada surpresa de Eli. — Como uma garota cujo
uso da internet foi monitorado por seu ex-noivo sabe o que é uma sugar baby?
— Você teria seu próprio apartamento. Seu próprio carro, seu próprio
dinheiro. Nos veríamos com frequência. Ir a jantares e festas e feriados. Todo
mundo saberia que você era minha.
Zia Tereza. Seu rosto enrugado aparece em minha mente tão claramente
como se eu estivesse olhando para ela. Zia não gostava de homens italianos. —
Arrogante, — ela dizia sempre que algum garoto de cabelos escuros passava
zunindo em um carro esportivo. — Os meninos da mamãe, cada um e isso não os
torna doces. Faz com que cheguem em casa às quatro da manhã fedendo a álcool e
perfume de outra mulher e mentindo por entre os dentes. Você estaria melhor
casada com uma pia de cozinha.
Sempre achei que ela estava sendo boba, mas nenhuma de suas filhas se
casou com italianos. O que Zia Teresa diria sobre Eli Morelli?
— Olhe para este pavão arrogante, andando por aí como se ele fosse o
rei do mundo. Ele é um criminoso! Você tem de pensar um pouco, January. Por
que esse mascalzone18 está seguindo você oferecendo rubis? O que você tem que
ele quer?
Olho para Eli. — Por que você me daria um colar que é tão importante
para sua família?
Ele vira a cabeça para o lado, como se tentasse ver de onde veio a
pergunta. — Porque você vai ficar linda nele.
— Acho que talvez você não esteja me dando. Acho que talvez seja um
empréstimo.
— Meu corpo.
18 Canalha.
Ele enfia o colar de volta no bolso com movimentos lentos e deliberados.
— Isso é sobre Doc? Você preferiria que algum coglione19 tatuado fosse o
primeiro homem a levá-la para a cama?
É uma coisa tão estúpida de dizer que espero que ele ria de novo, mas ele
apenas balança a cabeça e se aproxima de mim na cama. — Como eles chamam
um homem que paga uma sugar baby?
Eu pisco. — Um sugar d…
Antes que eu possa dizer a palavra, ele me puxa sobre suas coxas. Eu
luto, mas ele prende minhas mãos na parte inferior das minhas costas. Ele puxa
minha calcinha para baixo, expondo meu traseiro. — Estou esperando, Srta.
Whitehall. Um sugar o quê?
19 Idiota.
Ele me bate novamente. Eu me imagino jogada em seu colo com minha
calcinha de casamento puxada para baixo e piscinas de calor entre minhas pernas.
Olho por cima do ombro para ele e uma parte louca de mim deseja que ele seja
meu marido. Que eu tinha andado pelo corredor ontem e encontrado Elliot Morelli
no final dele. Meu peito fica apertado. — Por favor?
Por um segundo, acho que ele não vai, então estou rolando para fora do
colo dele, caindo no chão. Eli ajusta suas algemas enquanto eu rastejo para uma
posição sentada.
— Você será minha, — diz ele, calmamente. — Mas você não está
pronta. Você precisa de tempo para entender seu lugar neste mundo.
O sorriso de Eli desaparece. — Eu vou foder sua boceta virgem até que
você esteja derretendo na minha cama, Srta. Whitehall. Lembre-se disso.
Seus dedos beliscam meu mamilo e então ele me libera, saindo pela
porta da minha cela e desaparecendo na escuridão.
January Whitehall
Eu como a maçã de Eli alguns segundos depois que ele saiu. Estou com
muita fome para me importar se está envenenada. Eu gostaria de poder dizer que
estava deliciosa, mas não senti gosto de nada. Meu cérebro estava totalmente
ocupado com sua oferta: 'Você será minha.'
Sua proposta não é tão diferente do acordo que minha mãe fez com o Sr.
Parker. Na verdade, este é mais pessoal. Sr. Parker não queria meu corpo do jeito
que Eli quer. Ele só queria uma noiva de Whitehall para progredir na sociedade de
Nova York.
Eu não deveria saber por que o Sr. Parker me queria. Mamãe nunca
disse. Mas quando eu tinha treze anos, perguntei a Zia Teresa por que o Sr. Parker
podia sentar-se ao meu lado quando vinha jantar.
— Mas nenhum outro garoto pode sentar perto de mim. Se eles tentarem,
Kurt saca sua arma.
Zia evitou meu olhar. — Você faz muitas perguntas, Bella. Um hábito
que você deveria tentar quebrar.
Aceitei a decisão dela da mesma forma que aceitei tudo o que aconteceu
comigo, mas ela sabia que se não me contasse a verdade, ninguém diria. Dois dias
depois, ela me puxou para o meu banheiro e ligou o chuveiro e a banheira ao
mesmo tempo.
— Shh! — Ela me puxou para perto, sua voz quase inaudível sobre a
água batendo. — Você quer saber por que o Sr. Parker se senta ao seu lado?
Eu balancei a cabeça.
— Sr. Parker é um bilionário. Não sei o que ele faz, sua madrasta diz que
são computadores ou algo assim. De qualquer forma, ele conheceu seu pai em uma
festa que organizamos para o prefeito de Nova York. O Sr. Parker e seu pai se
tornaram amigos. Ele estava tendo problemas para fazer conexões. Seu pai disse
que ele era 'dinheiro novo' e ele teria que esperar para ganhar o tipo de reputação
que queria.
— Muito. Um mês depois, ele voltou para casa e voltou para se casar
com sua família.
— Ele queria se casar com sua irmã. Margot tinha quinze anos, haveria
menos tempo para esperar - não, não faça barulho, Bella.
Zia pressionou a mão sobre minha boca suplicante, suprimindo meu
gemido de horror. Seus olhos estavam fixos nos meus. — Fique quieta e deixe-me
terminar. Seu pai não recusou o Sr. Parker. Mas também não o encorajou. Mas
então ele morreu, Deus descanse sua alma. — Zia fez um rápido sinal da cruz.
— Ele voltou, Bella. Ele esperou um ano, depois voltou a negociar com
sua madrasta. Ela ofereceu a mão de Margot em casamento, mas o Sr. Parker disse
que ela não tinha a atitude certa para uma esposa. Ele sabia que Margot acabara de
ser suspensa da escola. Quase deixei cair a bandeja de batatas assadas que estava
carregando quando ele sugeriu você. Eu esperava que sua madrasta lhe dissesse
para di andare a fanculo,20 mas ela me ordenou que a levasse para a sala de jantar.
Você provavelmente não se lembra. Você era muito jovem.
Os Whitehalls são vistos como ultra, mega ricos, mas somos uma família
grande e nossa fortuna está espalhada entre dezenas.
20 Ir à merda.
— Rico em ativos, — meu tio Titus disse uma vez em uma festa de
Natal. — Mas pobre em dinheiro. Isso é metade de Whitehall escória hoje em dia.
Eu não culpo a mãe. Ela estava sozinha com três casas e quatro filhos
para cuidar. Ela tinha a responsabilidade de cuidar de nossa família e eu também.
Pelo menos o Sr. Parker queria que eu fizesse parte de sua família. Tudo o que Eli
Morelli ofereceu foi um colar de rubis emprestado e alguns passeios agradáveis.
Meu peito aperta. — Não, — digo a mim mesma. — Você prefere ser a
esposa dele do que ficar presa aqui.
— E aí, Tesorina?
Meu coração afunda quando Doc emerge das sombras. Ele ainda está
descalço e com jeans pretos rasgados, mas sua camiseta mudou. É outra sem
mangas que mostra suas costelas tatuadas. Ele deve estar muito orgulhoso dos
lados de seu corpo. Eu enrolo o cobertor mais apertado em volta de mim. — Olá,
Sr. Valente.
Eu o vejo balançar-se para frente e para trás. Ele é tão maníaco, como se
a qualquer momento ele desse um salto mortal ou andasse no teto. Eu me movo
para a direita contra a parede. — Você nunca respondeu minha pergunta. Você é
realmente um médico?
— Um ginecologista.
Ele me encara por um momento, então joga a cabeça para trás e ri. O
som salta pelo porão, e é como se uma centena de Elvis loiros estivessem rindo de
mim.
Meu rosto queima. Esta não é uma situação nova para mim. O que quer
que seja um ginecologista, tenho certeza que é sujo. Espero que Doc pare de rir.
Eventualmente, ele balança a cabeça e suspira. — Ah… Você vale cada centavo
que custa mantê-la aqui, Tesorina.
Lembro-me dos rubis de Eli. De alguma forma, acho que Doc não me
trouxe joias. Ele enfia a mão no bolso de trás e tira um pacote laranja de Reece's
Pieces. — Você quer?
Reece's não são meus favoritos, mas minha boca enche de água só de
pensar em manteiga de amendoim e chocolate. — Sim por favor.
Eu não sei se isso é verdade, mas assim como com a maçã, estou com
muita fome para me importar. Abro o pacote e coloco o chocolate na boca. Eu
mastigo e engulo antes de lamber cada traço dos meus dentes e bochechas,
evitando o olhar de Doc.
Ele volta a se puxar para frente e para trás nas barras como se estivesse
fazendo flexões verticais. Eu tento não olhar para seus braços.
— Ok.
— Por quê?
— Não pode passar uma dinastia pela linha materna. Não quando você
tem um filho. O primo de Morelli, Giovanni, é um babaca, mas ele é sangue, então
o que você vai fazer?
Então, mesmo que ele seja da realeza italiana por parte de mãe, Eli
Morelli é apenas o filho de um terceiro filho. Talvez seja por isso que ele chamou
seu negócio de Velvet House, ele está se apoiando no nome mais chique de sua
mãe.
Sinto Doc me observando como se pudesse provar meus pensamentos.
— Não é tão pateta quanto você parece, hein?
— Você acertou. Você não tem notas para dispensar óleos essenciais,
mas mesmo assim entrou para Belas Artes na Colombia.
Olho para o meu colo. Eu nunca deveria ter entrado na Colombia, mas
mamãe e o Sr. Parker queriam que eu fosse para a faculdade. Disseram que isso
faria de mim uma esposa mais realizada.
— E você acha que isso a torna melhor? Empurrando alguém que queria
estar lá?
Doc e eu nos encaramos, e meio que espero que ele vá embora. Ele pula
das barras e há um barulho de chaves. — Entrando, Tits.
Não digo nada. Se este é o seu tom, é horrível. Pelo menos Eli trouxe
rubis.
— O quê? Você quer que Morelli te abra com seu pau dourado em vez
disso?
Eli me perguntou a mesma coisa sobre Doc. Talvez eles tenham algum
tipo de problema um com o outro? Isso pode ser útil, embora eu não veja como.
Os olhos de Doc se estreitam. — Você quer que o bom baby Bobby seja
o primeiro?
Meu cérebro derrete um pouco. Ele não pode estar falando a verdade. Os
caras não gostam quando você dorme com outro, até eu sei disso.
Quero agarrar Doc pelos lindos cabelos loiros e gritar na cara dele. Mas
se eu tocá-lo, ele estará livre para me tocar, e então eu realmente posso perder
minha virgindade neste porão. Penso em Zia Teresa. Ela me salvou de Eli. Como
ela lidaria com Doc? A resposta é óbvia. Mas eu não tenho uma espátula para bater
nele.
Ele bufa. — Você não respondeu minha pergunta, January. Você quer
ser fodida por um assassino tatuado?
Ele sorri. — Isso é muito bom, Tesorina. Viva e você pode desenvolver
uma personalidade, afinal. Mas chega de foder. Você quer morrer?
— Como é?
Ele cai na ponta da cama, fazendo o colchão fino balançar. Uma mecha
de seu cabelo grosso cai em seus olhos. Não é justo que alguém tão louco seja tão
bonito. Eli é lindo, mas também é elegante e pode fingir ser legal. Tudo sobre Doc
diz que ele te mataria por deixar cair uma xícara de café.
Todo o ar sai dos meus pulmões. Evitei pensar no que poderia acontecer
comigo porque achava que significava morrer. Mas Doc está certo. Mesmo que eu
possa sair do porão, por que eles me deixariam ir para casa e arriscariam contar a
todos que me sequestraram?
Doc lê minha mente. — Eu não sei se devo foder você ou não. O mais
inteligente seria mantê-la pura. Deixar você trabalhar no pole e depois leiloá-la.
Dessa forma, pagaríamos pelo seu sequestro quatro vezes.
Eu tento puxar minha mão dele, mas Doc me segura rápido.
Sem aviso, ele me beija. Duro. Meu cérebro fica embaçado enquanto
nossas bocas se movem juntas com muita familiaridade. A vibração na minha
boceta torna-se um latejar.
— Você é nojento.
Sua mão desliza pelos meus ombros, fazendo minha pele brilhar. — Eu
acho que o pêndulo está pronto para balançar para o outro lado, não é?
Abro a boca e ele me corta com outro beijo. Este é mais profundo, sua
língua habilmente rápida sobre a minha enquanto ele empurra o cobertor para
baixo, expondo meus seios. Ele os apalpa, esfregando grosseiramente. — Foda-se,
você tem grandes peitos.
— Não…
Doc agarra meus braços, me levantando em seu colo. — Você não quer
ser minha?
Doc franze a testa. — Eu não sou do tipo ciumento. Você pode foder
quem quiser. Experimentar. Contanto que você esteja trazendo dinheiro, eu não
dou a mínima.
Eu estremeço. Ele realmente quer dizer isso? Eu tento me imaginar
dormindo com pessoas de seus clubes. Os homens que me pagam. Meu estômago
cai aos meus pés. — Eu não quero isso.
— Não, eu…
— Me poupe. Eu não sou Morelli. — Ele nos vira para a cama, seu
corpo arqueando sobre o meu como uma gaiola tatuada. Eu aperto meus olhos e
tento ignorar o brilho entre minhas pernas.
Deve ser fácil. Apenas quatro pequenas palavras. Mas eu nunca fui uma
boa mentirosa e por mais que eu odeie esse homem, as palavras não saem.
As mãos de Doc retornam aos meus seios, e ele abaixa a boca para o meu
outro mamilo, puxando-o e fazendo todo o meu corpo estremecer.
— Doc!
Sua língua circula meu pico sensível. — Diga meu nome verdadeiro.
Ele gruda seus quadris nos meus e eu posso sentir seu comprimento duro
por trás de seu jeans. — Está tudo bem, Tesorina, vou fazer com que seja gentil. Já
faz muito tempo desde que eu peguei a cereja de alguém, mas eu posso fazer isso
de novo.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, seu braço tatuado está entre
minhas pernas, dedos roçando minhas coxas. Suas mãos são treinadas, mais
seguras do que certas. Prendo a respiração quando ele sente minha umidade e sorri
de orelha a orelha. — Você está encharcada, Tesorina.
— Sim, diga a porra do meu nome. — Ele passa o polegar sobre meus
lábios encerados, e um gemido me escapa.
Doc solta uma risada baixa. — Você quer se mexer, baby? Você quer
gozar?
Ele faz parecer revoltante, barato e feio. Do jeito que eu vou ser se eu
deixá-lo fazer isso. Eu empurro seu peito. — Eu não quero isso.
Doc mostra os dentes e tenho certeza que ele vai me dar um tapa. Então a
pressão na parte inferior do meu corpo desaparece. Ele está ao meu lado, pairando
sobre a cama. — Você é patética.
Eu puxo o cobertor para cima, cobrindo-me. — Eu quero ir para casa.
— Casa para quê? Estar presa e controlada? Ter sua mãe descontando
cheques em sua boceta?
— Cale-se!
Ele dá um passo para trás. Eu me movo com ele, pressionando meu dedo
em seu peito. — Talvez minha mãe tenha me vendido. Talvez eu sempre fosse
propriedade de alguém, mas pelo menos o Sr. Parker era respeitoso! Pelo menos
Eli tentou fazer com que estar com ele soasse bem! Você vem aqui com Reece's
Pieces, me dizendo que não se importa com quem eu durmo e que eu sou iditota e
você espera que eu queira estar com você?
Doc pega meu dedo e me puxa como um peixe. — Eu poderia fazer você
querer isso. Eu poderia deixá-la tão desesperada que você me foderia no altar da
catedral na frente de toda a sua família.
Sinto uma pergunta genuína e, embora não tenha ideia de como ele
poderia tirar minha escolha, a última coisa que quero é menos escolha. Eu balanço
minha cabeça.
— Não.
Ele enfia a chave na fechadura e a abre. — Máfia russa. Você vai levar
por trás. Foder duas dúzias de vezes por dia. Entrarão tantos paus de estranhos que
você não vai andar um quarteirão sem ver alguém que te violou.
Ele se move pela porta da cela e bate as barras entre nós. Meu coração
encolhe no meu peito. Apesar de tudo, não quero ficar sozinha novamente. Eu
coloquei meus braços através da gaiola. — Doc?
Ele não olha para trás. Ainda há uma carta que posso jogar. Talvez o
único que me resta. — Quem é Alessia Valente?
Ele para, seu corpo inteiro fica tenso. Imediatamente eu sei que cometi
um erro. — Desculpe, eu não…
Eu tento não gritar. — Você disse isso ao Sr. Parker na catedral. E seu
sobrenome é Valente, então pensei que Alessia poderia ser sua mãe ou sua irmã?
Doc não se move. — Você não tem ideia. Nenhuma. Porque você é uma
cadela estúpida sem sentido. Não é mesmo?
Eu aceno freneticamente.
Seus olhos são pontos ocos de luz. Faróis no escuro. Você poderia
desaparecer neles sem deixar vestígios. Ele está dizendo a verdade. Ele poderia me
cortar. Ele poderia me matar sem pensar duas vezes.
Por um momento nós nos encaramos e é uma loucura, mas eu quero rir.
Tenho certeza que Doc também.
Seu rosto trabalha furiosamente, mas ele se vira, indo embora sem outra
palavra.
Eu não me movo.
— Você tem quinze minutos, — ele finalmente diz, soltando seu aperto e
puxando o saco da minha cabeça.
Ao lado das toalhas há uma pequena pilha de roupas. Uma camiseta rosa,
shorts de algodão branco, meias brancas e calcinha rosa. Uma garotinha, mas
muito melhor do que eu esperava 'tenho certeza que Doc iria me querer com uma
coleira de cachorro e uma tanga de couro ou algo assim.'
— Não.
— Sim.
— Sim. Senta.
Ele olha para mim com seus olhos cinzentos de pedra. — Gretzky.
— Não.
Com um suspiro, coloco o saco na minha cabeça. O Sr. Gretzky me leva
de volta pela casa até que eu ouço o agora familiar ranger da porta do porão. Meu
peito se esvazia. Será melhor estar limpa e alimentada na minha cela, mas é tão
solitário no escuro. Talvez esse seja o plano de Eli e Doc? Para derreter meu senso
de perspectiva e me forçar a escolher uma de suas propostas por puro tédio.
A porta do porão bate. O Sr. Gretzky deve ter saído. O que significa que
Bobby e eu estamos sozinhos.
Sem saber o que mais fazer, sento-me, enfiando os pés debaixo de mim.
Estou super consciente do meu cabelo úmido e rosto limpo, meus mamilos roçando
minha camiseta. Cruzo os braços sobre o peito. — Hum, então por que você está
aqui?
Bobby passa a mão pelo cabelo curto. — Você se sente melhor depois do
banho?
— Sim, totalmente.
— Isso é bom.
Ele não está mais agindo frio e confiante. Ele é mais como era quando
estava me ensinando, legal, mas desajeitado. Eu tento não sorrir. Bobby não é
insanamente lindo como Eli, nem perigosamente lindo como Doc. Ele é mais
prático. Mais americano. O tipo de cara que manda rosas no Dia dos Namorados e
sua família gosta 'se sua família fosse normal.'
— Eu vi que você tem aquele São Cristovão. Achei que você poderia
querer colocá-lo em uma corrente.
Ele faz um som estrangulado, mas seus braços se fecham ao meu redor.
Seu suéter é de cashmere e eu esfrego meu rosto contra ele, inalando seu cheiro
doce de fumaça de madeira. Bobby é tão forte, ele é tão…
Abro o punho e olho para o pequeno círculo dourado. Uma parte de mim
quer dar a ele, mas uma parte muito maior de mim deseja que ele não tivesse
matado Kurt. Por mais adorável que fosse usar o medalhão no pescoço, não posso
ter o precioso São Cristóvão de Zia Teresa preso a algo tão comprometido.
Ele estende a mão para a minha. Faíscas formigam no meu braço e por
mais que eu queira me afastar, não o faço.
Meu coração bate contra meu peito. — Mas eu não sei fazer nada. Eu
não sei quanto é sete vezes nove.
— Isso não importa. Esperei minha vida inteira para encontrar alguém
como você.
Minha cabeça está latejando. Eu quero muito perguntar o que ele quer
dizer se ele está dizendo o que eu acho que está, mas esta não é a biblioteca Trinity
Grammar. E em um canto da minha mente, Kurt está implorando por sua vida
enquanto Bobby caminha em direção a ele, segurando a arma de Eli.
Eu olho para o meu short limpo e apertado. — Você fez isso para que eu
pudesse subir e tomar banho e comer?
— Eu… sim.
— Como é que você não me levou você mesmo? Você conseguiu que o
Sr. Gretzky fizesse isso?
— Claro que não, — eu digo. Mas eu sei que ele está. Ele queria que eu
estivesse limpa e confortável, mas ele não queria ensacar minha cabeça e me guiar
pela Velvet House como um boneco de teste de colisão. Ele ainda quer que eu o
veja como um cara doce e gentil. Meu professor de matemática. Minha paixão do
ensino médio. O pensamento é mais doloroso do que as ameaças de Eli, a arma de
Adriano na minha boca, a faca de Doc contra meu pescoço.
O canto de sua boca se levanta. — Sim, acho que está certa, mas
podemos melhorar as coisas.
Eu desvio o olhar. Parte de mim quer dizer a ele que qualquer coisa é
melhor do que ficar trancada em um porão, mas não quero desperdiçar a gentileza
de Bobby deixando-o bravo. — Obrigada por me deixar tomar banho e me dar
comida.
Eu sei o que ele realmente quer dizer. Você ainda pode gostar de mim.
Eu ainda estou segura. Mas uma coisa pode não ser verdade e a outra
definitivamente não é.
— Eu sei.
É tão estranho ouvi-lo dizer o nome do Sr. Parker. Eu pensei que meu
professor de matemática e o homem com quem eu deveria me casar eram partes
separadas da minha vida. Acontece que eles se juntaram muito antes de eu
aparecer.
— Não, você não deveria. Mas aceite minha palavra. Parker não é quem
você pensa que é. Ele é perigoso.
Bobby fica de pé, com o rosto tenso. — Ele estava esperando seu tempo
até que você se casasse com ele. Como você pode não ver isso?
22 A raça de cachorro mestiça vem de uma mistura do Cavalier King Charles Spaniels com o Poodle.
— Sr. Parker teve muito tempo para ser mau comigo, mas ele nunca me
tocou.
— Não, mas eu queria fazer o certo pela minha família. E eu não queria
ficar trancada em uma cela.
Ele limpa a garganta, tão vermelho que quase posso sentir o calor saindo
dele. — Podemos nos casar. Para sua proteção.
Entendo. Ele não quer dizer 'me proteger' do Sr. Parker. Ele quer dizer
'me proteger' de seus amigos. De tirar a roupa e me tornar uma sugar baby e o que
Adriano Rossi quiser fazer comigo. Eu mordo minha unha do dedão.
— January?
Bobby cai de volta em seu joelho. Divulgar a notícia parece ter aliviado
um pouco de sua pressão interna. — Eu sei que isso é muito para aceitar, mas não
seria um casamento como você teve com Parker. Eu não quero controlar você.
Uma vez que você esteja sob minha proteção, você pode fazer o que quiser.
Exceto ir para casa. E não consigo imaginar Doc, o homem que acabou
de colocar uma faca na minha garganta, me deixando ir pulando para o pôr do sol
com Bobby. — Os outros… hum, vão ficar bem com nós nos casando?
— Eles não vão gostar. Mas se for o que você escolher, eu vou colocar
meu pé no chão e eles terão que respeitar.
— Não! Eu só quero que você saiba que o mundo está aberto para você.
Que se você se casar comigo, eu vou trabalhar duro para tornar sua vida linda. Eu
compro uma casa para nós onde você quiser, e você pode ir para a faculdade ou
começar seu próprio negócio ou dançar ou ter aulas de canto ou apenas… ser
minha esposa.
Bobby parece desapontado. — Isso é porque você quer estar com Eli?
Ele se levanta, sua mandíbula trabalhando. Ele quer ser gentil e suave,
mas posso sentir sua raiva queimando sob a superfície. — Você não pode voltar. E
você não quer. Você não quer ser a esposa de Parker.
— Como você sabe? Você nem vai me dizer o que ele fez para te deixar
com raiva.
Não é como com Doc ou Eli. Não é como nada que eu já senti. É
dourado e delicado como uma manhã de primavera. Um primeiro beijo. Um
verdadeiro primeiro beijo. O começo de algo precioso.
Nós nos separamos, sorrindo como idiotas. Bobby pressiona sua testa na
minha. — Eu não posso te dizer quanto tempo eu queria fazer isso.
— Eu sei.
— Foi ouvir você cantar Rex Orange County. Aquela música 'Loving is
Easy'. Você estava sorrindo e batendo os pés e eu apenas... — Ele pressiona a mão
no coração. — Derreti.
— Eu sei. Eu sei que é muita pressão, mas podemos fazer isso funcionar.
— Seu rosto é sério e juvenil. Abro a boca para perguntar quantos anos ele tem
exatamente e então o pensamento estala, como se estivesse sempre lá. — Bobby?
Você me ouviu cantar Rex Orange County na escola?
Ele não diz nada, mas um rubor rasteja por seu pescoço novamente.
Deslizo para fora do colo de Bobby e ando para o lado da cela, o mais longe que
posso. — Você estava me espionando, não estava? Em casa ou nas minhas aulas de
canto ou em algum lugar.
— Não.
January Whitehall,
Não sei se o Sr. Parker é um homem mau como os quatro homens nesta
casa são homens maus. Mas ele não é quem eu pensava que era. O casamento que
eu imaginava ter com ele, amigável e respeitoso, se não romântico, era uma
fantasia. Ele me fez fazer balé. Ele controlava meu peso através da mãe. Quem
sabe o que mais ele queria fazer?
Sou exatamente o que Doc me disse que eu era quando acordei nesta
casa. Uma garota estúpida que não pode ver o que está na frente de seu rosto.
A visita de Bobby drena a minha vida. Volto para a cama e cochilo até o
Sr. Gretzky aparecer novamente, batendo na porta da minha cela. — Você quer se
lavar e comer?
Não quero ir a lugar nenhum, mas sei que me sentirei melhor depois de
comer alguma coisa. — Claro.
Ele me joga o saco de pano e eu cubro meu rosto e permito que o Sr.
Gretzky me leve de volta para o banheiro. Eu tomo outro banho e tento não pensar
no olhar no rosto de Bobby quando eu disse a ele que não posso ser sua esposa.
Há uma roupa nova ao lado do chuveiro, um vestido vermelho e
sapatilhas de couro pretas. Sapatos que são apenas sapatos. O que eles acham que
eu faria com tênis? Bater na cabeça do Sr. Gretzky e tentar escapar? E de onde vêm
essas roupas? Eli fez um transporte de roupas quando cheguei aqui ou algo assim?
Estou com medo de que ela não responda, que sua voz me abandonou
como todo o resto, mas depois vem.
Levante-se, Bella.
Eu sorrio. Eu sei exatamente o que fazer. Estou espantada por não ter
pensado nisso antes.
Eventualmente, minha voz falha, mas está tudo bem. Já sei o que fazer a
seguir. Tiro minhas sapatilhas e pratico balé. Não há espaço suficiente para dançar,
mas usando as barras da cela como corrimão, eu me movo de posição em posição,
cantarolando Lago dos Cisnes. Logo minha pele está brilhando e minha mente está
felizmente vazia. Quando pensamentos ruins surgem, eu os empurro de volta,
concentrando-me novamente nas posições. O Sr. Parker pode ter me forçado a isso,
e eu posso ter o corpo errado e ser estúpida, mas o balé me fez forte. Vou dançar
todos os dias que estiver aqui.
23É o apontar do pé para uma posição aberta com o peito do pé totalmente arqueado, sem transferência
de peso.
Uma emoção percorre minha espinha. Eu sei quem é. A única pessoa que
eu quero ver ainda menos do que quero ser mantida em cativeiro. Botas batem nas
escadas de metal e a porta do porão se derrete na escuridão. Sua voz sai das
sombras. — Continue.
— Sua dança?
— Você tem razão. A coisa mais interessante que você poderia fazer por
mim é morrer.
A morte está tão perto que eu posso sentir o gosto, metal frio com uma
ponta de alívio 'o gosto de sua arma na minha boca.' Fecho os olhos e me despeço
de Zia Teresa e Margot, de Lachlan e Penelope e…
— Ajoelhe-se.
— Fique de joelhos.
A arma volta pela minha clavícula, o metal aquecido pelo calor do meu
corpo. Minha mandíbula está doendo por estar aberta e minha língua parece peluda
de medo. Eu não quero dar a ele um boquete, mas eu gostaria que qualquer outra
coisa estivesse acontecendo.
Ele pressiona o cano com força contra minha têmpora. — Eu disse para
você fechar a boca?
Estou petrificada, mas ainda sei que foi um truque sujo. Minha
respiração fica presa e embora eu queira implorar, eu sei que não vai funcionar.
Nada irá. Eu deixei meu queixo cair.
Uma fração de segundo de pânico antes que ele deslize sua arma na
minha boca. Eu tento me afastar, mas sua grande mão bate na parte de trás da
minha cabeça, me segurando no lugar.
— Eu disse 'chupe.'
Não é como da última vez. Da última vez eu estava em uma cadeira com
Adriano acima de mim. Ele estava empurrando a arma na minha boca enquanto eu
tentava manter meus dentes fora do caminho. Foi violento. Forçado. Quase
encenado. Isso é diferente. Estou de joelhos e Adriano está bombeando a arma
lentamente, entrando e saindo da minha boca. Parece mais fazer isso do que chupar
uma arma. Meus olhos travam em suas calças de lona. A frente é grossa e
distorcida. Ele tem uma… mas ele está me fazendo chupar a arma dele. Doc estava
certo. Ele é uma grande aberração. Eu gaguejo uma risada contra o cano. A mão de
Adriano aperta meu cabelo. — Algo engraçado?
Ele sorri, seus lábios torcendo para revelar seu dente de ouro. — Use sua
língua na parte de baixo.
Como ele sabe? Ele não pode sentir isso. Ou talvez ele possa. Talvez ele
seja algum tipo de ciborgue.
Ele move a mão livre da minha cabeça e esfrega a palma da mão em seu
zíper. Imagino-o duro e grosso como uma píton e um carrapicho indesejável passa
por mim como estática.
Ele agarra meu queixo através das barras. — Eu quero que você vá
embora, putinha.
— É isso. — Ele passa a mão pelo meu cabelo suado. — Você já sabia
que eu quero te matar?
Sim. Eu sabia disso quando ele empurrou a arma de Eli pela primeira vez
na minha garganta. O ódio em seus olhos dizia que ele estava morrendo de vontade
de atirar em mim e empilhar meu corpo em cima do de Kurt.
— Todas aquelas vezes que você pensou que eu estava vendo você
dançar, eu estava desejando poder estrangulá-la até a morte.
Eu gaguejo. O cuspe escorre dos meus lábios, desce pelo meu queixo.
Eu aperto meus lábios ao redor do cano e tento engolir o cuspe, mas mais
gotas saem e eu o sinto chegar ao meu peito.
Minha mandíbula dói, mas eu chupo mais rápido, querendo ser boa. Para
agradá-lo. Ocorre-me que se ele realmente estivesse se forçando em minha boca,
eu agiria da mesma maneira. Um raio de calor doentio passa por mim. Eu gostaria
que fosse o pau dele? Eu quero que ele me queira mesmo enquanto ele faz isso?
A luz aparece na frente dos meus olhos, mas ainda assim, continuo
chupando.
— Entendido?
— Erg eniigoo.
Eu hesito.
Minotauro.
Ele quer dizer que vai atirar em mim? O medo confunde minha mente,
mas minha boca continua se movendo, sugando e engolindo.
— Basta.
Ele mal disse a palavra antes de eu ser empurrada para trás e desabar no
chão.
— Você quer saber por que você ainda está viva? Porque meus irmãos
querem sua boceta. Mas assim que eles terminarem com você, eu vou acabar com
sua vida e não vou me incomodar em te foder primeiro.
Concordo com a cabeça, mas posso ver que a frente de sua calça ainda
está inchada. Ele não me acha feia. Ou se ele acha, ele ainda gostava de fazer isso
comigo.
— Você acha que eu quero sua boceta inútil? — Ele diz isso tão
baixinho que pode estar falando sozinho.
— Não, — eu sussurro.
Ele vira as costas para mim. — Aproveite os últimos dias de sua vida,
Pryntsesa.
Fico deitada no escuro, ouvindo a água pingar do teto. Conto três mil
novecentas e trinta e três gotas.
Dinheiro.
Liberdade.
Casamento.
Morte.
Estas são as quatro escolhas que meu futuro reserva. Os únicos caminhos
que posso esperar trilhar.
Elliot Morelli
Achei que January iria quebrar como uma onda na praia. Ela deveria ser
uma agradável inconveniência. Uma maneira de atormentar Parker antes de
acabarmos com ele em retribuição justa pelo que ele fez conosco dezessete anos
atrás. Mas todos os dias que eu seguro a garota no meu porão, ela se torna um
espinho maior no meu lado.
Ela deveria estar implorando para sair da cela por qualquer meio
necessário, mas ela está comendo e dormindo bem e seu humor está estável.
Enquanto isso, meus irmãos, os homens que eu preciso focado e em forma de luta,
estão destruindo uns aos outros. Dia e noite eles discutem sobre o que fazer com
January Whitehall. Por duas vezes, Adriano separou fisicamente Bobby e Doc.
Três vezes Bobby afastou Adriano do porão, com certeza 'como eu' que ele estava
planejando matar a garota. E em quatro ocasiões diferentes, Adriano arrastou Doc
para longe dos monitores de segurança onde ele desmaiou bêbado, observando-a.
A última vez que ele tinha um cigarro aceso entre os dedos. O maldito idiota
poderia ter queimado a Velvet House até chão.
Eu nunca deveria ter dado a ela uma escolha. Fazer isso a deixou fora
dos limites, enquanto esperávamos sua decisão 'uma decisão que ela nunca tomará.'
Nós sequestramos January para enviar a Parker imagens dela sendo passada entre
nós quatro como uma prostituta de despedida de solteiro. Agora nenhum de nós
sabe como proceder. Não quando o que desejamos está em completo conflito.
Quem tem o direito de conseguir o que quer? Nós quatro nunca competimos por
nada mais sério do que pôquer, muito menos por uma garota. Mas agora estamos.
E temo do que cada um de nós é capaz.
— Mesmo que ela decida se casar com você, — Doc está dizendo a
Bobby. — Vou estragar tudo.
Bobby coloca as mãos sobre a mesa. — Se ela escolher se casar comigo,
você tem que recuar. É o que todos concordamos.
Doc aponta a arma para ele. — Se você acabar com essa boceta antes
que eu prove, você vai ter uma faca enfiada na orelha.
Eu limpo minha garganta. — É bom ver que isso ainda está acontecendo.
Meu olhar cai no monitor. January está sentada em sua cama com um
vestido branco, o cabelo solto em volta dos ombros. Ela emagreceu desde que
chegou, mas isso só aguçou sua beleza. Sua boca se abre em um 'O' vermelho e
percebo que ela está cantando. Eu a observo cantarolando com os olhos fechados e
me parece que ela está tirando força de nós como uma flor absorvendo o sol.
Adriano salta sobre a mesa e Doc se afasta rindo. — O quê? Você vai me
matar como sua pequena Pryntsesa?
Adriano se levanta, empurrando a cadeira para trás. Doc terá sorte de sair
inteiro desta. E os dois são os amigos mais antigos de nós quatro, vizinhos de
quando tinham seis ou sete anos.
Eu sei o que tenho que fazer. Na verdade, uma parte de mim sabe desde
que saí do porão com meu colar ainda no bolso.
Para crédito de Doc, ele não responde. Dou um passo para trás para
poder ver todos os meus três irmãos. — Espero que vocês estejam felizes, — digo
a eles, olhando de rosto em rosto amuado. — Agora, ninguém pode tê-la.
— Estou mandando ela embora. E sabe por quê? Porque vocês, bastardos
egoístas, não sabem fazer concessões.
Doc aponta sua faca para mim. — Eu não sei como fazer concessões?
— Guarde isso, seu idiota loiro. Não me esqueci de você quase nos
queimando vivos.
Doc balança a cabeça, mas posso dizer que ele está tentando não sorrir.
Enquanto eles se sentam, vou até o bar e abro uma garrafa de Bowmore.
Quando termino de servir as bebidas, a briga já está esquecida e eles já estão
discutindo sobre um segurança casado que engravidou uma das strippers de Doc.
Doc o encontrou ameaçando a garota no banheiro feminino.
— Eu dei a ela cinco mil, disse a ela para voltar para Dallas, mas não
acabou. O idiota vai pegá-la novamente. Ele sabe onde os pais dela moram.
— O próprio.
— Ele estragou uma entrega no ano passado. Parece que o idiota é mais
valioso morto do que vivo.
— Sim, mas ele está com a equipe de Enzo. Não precisamos do drama.
Bobby pega seu telefone e verifica alguma coisa. — Ele tem alguns dias
de folga na próxima semana. Marco poderia levá-lo para Atlantic City. Overdose
acidental.
Doc toma metade de seu uísque. — Então, você vai deixar seu primo ter
ela depois de todo o nosso trabalho duro?
— Ela não vai se prostituir. Ela é uma garota bonita de uma família rica
e fala italiano. Ela pode se casar com um de seus caporegimes.25
A boca de Doc se abre, mas Bobby fala primeiro. — Você vai forçar
January a se casar com outra pessoa?
— Não. Gio vai. Mas isso não é da sua conta. Você ofereceu sua mão a
ela e ela não aceitou.
— Pare. Roberto, somos uma família. Você vai queimar isso por uma
garota que você mal conhece?
— Eu entendo melhor do que você. Você está apaixonado por ela e quer
que ela seja sua esposa. Ela não quer ser sua esposa. Então você quer mantê-la por
perto até que ela mude de ideia. Eu digo que ela vai para a Itália antes que ela foda
completamente sua cabeça.
Sua mão aperta o copo. — Ela é nossa responsabilidade. Você não pode
simplesmente se livrar dela porque ela não está fazendo o que você queria.
— Eu quero dizer algo para Bobby, — ele esclarece, virando-se para ele.
— Eu te amo.
A expressão de Bobby não muda, mas seus ombros caem. — Ela está
com medo. Ela só precisa de tempo.
— Eu devo.
Doc balança a cabeça. — Você quer se casar por amor, Bash. Você
nunca vai ser feliz com uma esposa que você sequestrou. Então deixe essa garota
ir. Ela não é a única.
Bobby olha para mim, seu amigo mais antigo. Eu levanto meu uísque. —
Ele está certo pela primeira vez. Ela não é a garota com quem você se casa.
— Mas o risco…
Eu franzo o cenho. Ele sabe que eu odeio ser chamado de Elliot. Olho
para Bobby, esperando repulsa, mas o canto de sua boca se ergueu. Eu quase posso
ver as rodas em sua mente girando. Se eu não puder me casar com ela, pelo menos
será alguma coisa.
À sua frente, Adriano sacode o copo, fazendo o cristal soar. — Quem vai
primeiro?
Ele me pegou. Eu não faço ideia. E preciso de uma rápida antes que
comecem mais brigas mesquinhas.
— Ah, mas ela não vai decidir por conta própria. Nós estaríamos dando a
ela uma pequena ajuda.
Orchard.
Eu poderia mandá-lo lá para cima. Dizer a ele para ir rezar um terço sem
nós, se isso o fizer se sentir melhor. Mas eu conheço Bobby. Quando adolescente,
Doc fez Adriano transar dando maconha de graça às meninas. Consegui fazer sexo
com Bobby convidando nossas colegas de classe para o apartamento do meu pai
em Manhattan. As garotas de pernas longas e cabelos escuros que Bobby mal
conseguia falar na frente. Elas apareciam todas tímidas, dizendo que só queriam
assistir a um filme e algumas horas depois estariam sendo fodidas dos dois lados e
gritando por mais. Bobby sempre ia à igreja depois, mas nunca me dizia para parar.
Ele tem medo de seu lado sombrio. Medo do que ele gosta. Mas eu sei como
empurrá-lo para a felicidade.
Bobby solta uma respiração longa e lenta, e posso dizer que sua
resistência está diminuindo.
— Aí porra, — Doc sorri para nós. — Dez mil diz que ela me implora
para quebrá-la.
— January tinha uma queda por mim antes de tudo isso começar. Você
dá Orchard a ela e acha que ela não virá atrás de mim?
Doc aponta sua bebida para Adriano. — Você será fodido pela mudança
climática antes de ter fodido January Whitehall. Ela tem medo de você.
— Ele acha que vai ajudar, — diz Bobby astutamente. — Você não?
— O que você disse. Dez mil. A menos que você ache que não vai
ganhar?
Todo mundo acena com a cabeça e o alívio pulsa através de mim como
novocaína. Teremos uma noite de devassidão que a Srta. Whitehall apreciará tanto
quanto nós, e depois a mandaremos para uma aventura italiana. Ela vai se casar
com um homem rico e bem relacionado e será tudo o que lhe foi prometido por sua
madrasta com o benefício adicional de não ter que foder Zachery Parker.
Eu devo estar vendo eles. Talvez eles estejam me levando lá para cima
para descobrir quem eu escolhi? A menos que eu esteja sem tempo e eles vão me
matar e é por isso que o Sr. Gretzky não colocou o saco na minha cabeça. A ideia
deveria me assustar, mas além de um azedume na boca, estou um pouco animada.
Depois de dias na mesmice, pelo menos isso é algo novo.
Uma expressão de dor cruza seu rosto. — O tempo que você precisar.
Eles ainda vão me fazer escolher entre eles? Quem devo escolher? Tive
dias para pensar nas ofertas deles e ainda não sei. Eli vai se cansar de mim em um
mês, e obviamente não vou escolher Adriano me matando. A escolha mais
inteligente seria casar com Bobby, mas ele matou Kurt. Se ele fizesse coisas piores
uma vez que eu fosse sua esposa, eu só teria que me culpar. Escolher Doc e
trabalhar em seus clubes de strip parece ser a maneira mais fácil de encontrar ou
comprar um telefone e ligar para minha família. Mas também parece ser a maneira
mais rápida de passar o tempo com Doc que é o mais malvado e carrega uma faca e
cuspiu na minha cara…
Minhas mãos tremem sob a água quente. Não quero perder minha
virgindade. Sem isso, o campo de força contra os homens que me trouxeram aqui
terá desaparecido. Não valerá a pena me proteger. E Adriano me disse que uma vez
que seus irmãos dormissem comigo, ele me mataria.
Na verdade, ele disse que uma vez que eles estivessem entediados
comigo, ele me mataria. Talvez eu possa entretê-los? Mas como devo entreter três
homens perigosos, um dos quais é dono de clubes de strip? Eu não sei nada sobre
sexo. E uma vez que a novidade de ser meu primeiro passar…
Então não posso perder minha virgindade. Vou ter que fazer o que for
preciso para permanecer intocada.
Eu franzo a testa. Por dizer que eu poderia levar todo o tempo que
precisasse, o Sr. Gretzky parece impaciente. Desligo o chuveiro e enrolo uma
toalha grande em volta de mim. Há mais coisas no armário do banheiro do que o
normal, um pequeno frasco de perfume de baunilha, uma fileira de batons Dior e
uma paleta de sombras Yves Saint Laurent.
Eu me sinto mal por ele. Seja qual for o seu trabalho normal, ele
realmente odeia lidar comigo. Aprendi muito sobre isso com Theodore e Kurt.
Não sou muito boa em maquiagem. Eu não tinha permissão para usar na
escola, e isso era feito para mim quando nossa família ia a eventos. Eu também não
tenho ideia de para quem estou me vestindo e tenho certeza que todos gostariam de
algo diferente. Bobby definitivamente gosta do visual de 'garota da porta ao
lado.'26 Doc iria querer lábios brilhantes e curvas. Eli parece ser um cara que
apreciaria glamour 'lábios vermelhos e cílios postiços.' Adriano…
— Srta. Whitehall?
26 Mulher jovem , bonita, simples, confiável, bom caráter. São essas características que a tornam especial.
Eu tento por pequenas e sutis pinceladas de base e sombra pêssego como
eu fiz no meu casamento. No último minuto, adiciono lábios brilhantes e muito
rímel. Não sei se parece bom ou se uma garotinha invadiu a bolsa de maquiagem
da mãe, mas dá para perceber que tentei.
Eu ando até a lingerie. Eu tenho evitado olhar para ela até agora. Eu
coloco tudo de costas para o espelho. Leva séculos para prender as tiras
penduradas no cinta liga rosa às minhas meias. Assim que coloco uma, sai outra.
Ele mal olha para mim. — Estava na hora. — Ele agarra meu cotovelo e
me leva para outro conjunto de escadas de madeira.
— Sala de estar.
Meu pulso salta. Serei tocada ou morta? Permitido escolher meu futuro
ou dada a alguém por razões que não entendo? Ou estou errada em tudo? Estou
prestes a ser usada e enviada de volta para o porão?
Passamos por um conjunto escuro de portas duplas para uma sala onde a
única luz vem de uma lareira crepitante. Salpica laranja sobre sofás de couro. Vejo
as costas de quatro homens. Um loiro, um preto brilhante, um castanho juvenil, um
com os lados raspados. Minha boca seca. Eles estão todos aqui.
Minha cabeça parece feita de concreto, mas encontro seu olhar. Ele e
Adriano estão sentados em poltronas com asas27, Doc e Bobby estão em lados
opostos de um sofá. O ar parece engrossar ao meu redor e meu peito arfa como se
eu estivesse correndo.
Eli está vestindo um terno azul escuro e sua camisa branca imaculada
está aberta em sua garganta. Ele parece uma capa de revista. Por que ele tem que
ser um assassino?
Ele levanta seu copo para mim. — Temos novidades para você, Bella.
Seu tempo na Velvet House está quase no fim.
Ele sorri com indulgência. — Não. Mas você já esteve naquele porão
tempo suficiente. Estamos enviando você para Nápoles.
— Sim. Meu primo Gio mora lá. Ele pode encontrar um emprego para
você e um novo lar seguro. Você gostaria disso, Bella?
27 Poltrona ou cadeira de clube com “asas” presas à parte de trás da cadeira, normalmente, mas nem
sempre, estendendo-se até o apoio de braço.
Olho para Bobby. Minhas entranhas se contorcem. Ele está vestindo uma
camiseta preta e eu posso ver uma grande tatuagem em seu bíceps direito. Ele
parece diferente esta noite. Mais velho, eu acho. Não sabia que ele tinha tatuagens.
Deus, por que ele tem que ser um assassino?
Elliot sorri. — Você tem sentido falta de Bobby? Você estava esperando
que ele viesse visitá-la novamente?
Eu deixo cair meu olhar para minhas mãos. Eu pensei que ele iria me
visitar novamente. Achei que todos iriam, mas, tirando o Sr. Gretzky, estou
sozinha há dias.
Doc se mexe no sofá. — Ela está decepcionada, Morelli. Ela não quer ir
embora.
Eu olho para ele. Seu cabelo loiro está caindo em seus lindos olhos azuis
como de costume. Lembro-me de seu corpo tatuado arqueado sobre mim, sua boca
puxando meu mamilo e uma onda rola pelo meu corpo. Seus lábios se curvam e
tenho certeza que sei o que ele está pensando. Deveria ter me escolhido, Tesorina.
Talvez eu devesse. Stripping não pode ser mais assustador do que ir para
a Itália sozinha para viver com os primos da máfia de Eli. Por que Doc tem que ser
um assassino? E um psicopata? E um idiota?
Meu coração bate tão forte que tenho certeza que está prestes a quebrar
minhas costelas. — Que… que tipo de presente?
Eli acena com a mão para ele. — Obrigado, Gretzky, isso é tudo.
Ele sai e então estamos sozinhos. Os quatro e eu. O único som é o silvo e
o crepitar do fogo. Olho para Bobby em busca de segurança, mas seu rosto está
firme. Meu estômago aperta. Sexo ou morte. Não posso estar aqui de calcinha para
mais nada. Mas com certeza, eles não vão me fazer… na frente dos outros. Isso
seria nojento. Seria errado.
Os olhos de Elliot são pretos líquidos à luz do fogo. Ele está tentando
parecer relaxado, mas seus músculos estão tensos, como um grande felino prestes a
atacar. — É algo que vai fazer você se sentir muito animada com a ideia de nos
conhecer melhor.
O calor lambe meu pescoço e minhas mãos. Tenho quase certeza de que
o fogo está se espalhando irritantemente por todo meu corpo. Olho para Doc e seu
sorriso é duro como diamante. — O que você diz, Tesorina? Quer ficar chapada?
— Não diga esse nome na nossa frente, — Eli diz levemente. — Não se
você quiser ir para a Itália.
— Eu sinto muito.
28 Ecstasy.
— Sim, ela é doce. — Bobby fala lentamente, e eu me pergunto se ele
está bêbado. Ele parece bêbado.
— O que você acha, Bobby? — Eli diz em sua voz lenta e melódica. —
Devemos dar a ela a Orchard?
Posso sentir o cheiro de algo vindo do peixinho sem tampa. Algo doce e
estranhamente familiar.
Eu suspiro. — Sério…
Todos os quatro pares de olhos se voltam para mim. À luz do fogo, eles
parecem deuses decidindo meu destino. Eu provavelmente deveria fazer alguma
coisa, convencê-los a não fazer o que eles estão planejando, mas há um brilho
dourado no meu estômago e está se espalhando pelas minhas veias como mel. Eu
29 Fabricante de balas mastigáveis. O pacote contém os sabores maçã verde, cereja, uva, framboesa azul e
melancia.
me sinto bem. Eu me sinto muito, muito bem. E embora seja impossível, tenho
quase certeza de que já me senti assim antes.
Elliot Morelli
Ela é adorável. Quando a Orchard a atingir totalmente, ela não será capaz
de manter as mãos longe de sua vagina virgem. Ou ela vai subir no meu rosto e me
implorar para deslizar minha língua dentro dela. Estou me sentindo generoso o
suficiente para que provavelmente o farei.
— Cala a porra da boca, — Doc murmura, sua voz áspera como se ele já
estivesse dentro dela.
Essa garota o superou. Esse homem que nunca coloca o pau na mesma
stripper duas vezes, passou a última semana ignorando suas responsabilidades para
ficar bêbado na frente dos monitores de segurança e assistir January cantar. Só
prova que fiz a escolha certa ao mandá-la para Nápoles. Aconteça o que acontecer,
não vou alimentar arrependimentos.
A sala ainda está pesada com o cheiro de maçãs verdes açucaradas. Doc
não sabe o que faz Orchard cheirar assim. Esse é o problema com os savants 30, eles
não podem fazer o trabalho. Não que qualquer outra pessoa também possa.
Dezessete anos e Deus sabe quanto dinheiro investi em pesquisa e não estamos
mais perto de respostas.
30 Distúrbio psíquico que faz com que algumas pessoas tenham habilidades extraordinárias em áreas
específicas, em particular concretas e peculiares, conhecidas também como “ilhas de genialidade” e “
prodígios” mas, ao mesmo tempo, mostrem limitações associadas a um déficit cognitivo/intelectual.
— Domenico… — O jeito que ela ronrona seu nome faz meu pau doer.
— O que é Orchard?
Doc dá uma risada cacarejante. — Aqui você está pensando que eu era
algum tipo de farmacêutico. Eu traficava drogas, Tesorina.
Sua boca se abre e Adriano bufa. Ela lhe dá um único olhar antes de
voltar seu olhar para Doc. — Oh…
— Não.
— Seu sangue está afinando. Seu coração está acelerado e sua boceta
está pulsando como uma luz estroboscópica. Você está pensando em quão vazia
você está. Sobre como seria bom ter algo grosso empurrando dentro de você. Em
breve você não será capaz de parar de pensar nisso. Você vai se sentir tão vazia
que vai gritar.
— Sim, Bella?
Eu sorrio. — Trinta mil para quem foder você primeiro. Agora, venha
aqui e faça isso comigo.
O olhar de January está em Bobby. — Você não está…?
— Você acha que eu não estaria? — Bobby pergunta com uma voz dura.
— Ou você está esperando?
Bobby o ignora e reabastece seu uísque. Ele está bebendo sem parar
desde o jantar e pelo jeito que ele está olhando para ela, ainda massageando
distraidamente seus seios, ele vai fodê-la nove vezes antes de se satisfazer.
Doc sorri. — De que outra forma vamos saber com quem você quer
foder primeiro?
— É uma coisa boa, — digo a ela. — Uma vez que eu tenha deflorado
você, você ainda estará com fome. Então meus irmãos vão intervir e ajudar.
— Eu não vou fazer você fazer nada, Bella. Você será insaciável. Quatro
homens podem não ser suficientes.
Meu pau está duro como um espinho. Quanto tempo mais vai demorar
até que eu possa levá-la?
Doc coloca sua bebida no tapete. — Seus mamilos doem, Tesorina?
Você quer que eu os chupe de novo?
Doc sorri, o sorriso duro e intenso que partiu o coração de uma centena
de colegiais. — Venha aqui, baby. Eu vou fazer tudo melhorar.
Ela não está negando que vai acontecer. Ela já deve sentir isso. Já sei que
é tarde demais. Quando eu esfreguei meu sapato contra sua boceta, ela queria ser
fodida ali mesmo. Mas ela foi criada como uma boa menina e é difícil para ela
admitir que quer sexo, mesmo para si mesma. Agora sua primeira vez será com
quatro homens, e ela vai adorar cada segundo, mesmo que se odeie depois. Mas
então se ela queria estar com um homem, ela deveria ter me escolhido.
Ele tem um ponto. Por que sobrecarregar sua mente bonita e super
estimulada? Eu sorrio para January. — Concentre-se em como você se sente.
Abrace isso.
Doc rola a cabeça para trás ao longo do sofá. — Porra, isso está levando
uma eternidade.
Limpo a garganta para ter certeza de que não pareço uma idiota ofegante.
— Ela é mais forte do que eu imaginava.
— Nós deveríamos ter apostado em quanto tempo ela vai demorar para
quebrar.
Doc pega sua vodka e termina. — Oito. Ela não tem mais nada no
tanque. E você, Basher?
— Seis.
Eu rio. Doc sendo mole com uma garota é uma coisa. Mas Adriano? —
Isso quase soa como um elogio. Você está mudando de ideia sobre a garota?
— Você não vai ganhar. Nenhum de vocês. — Sua voz é mais forte pela
segunda vez.
Doc ri. — Tesorina, você não está ouvindo? Você não vai resistir.
Ninguém pode. Você vai ser usada como uma prostituta imunda.
— Sério. Você pode subir as escadas e dormir em uma bela ala sozinha.
— Eli… — Adriano avisa.
Eu aceno com a mão para ele. Sua derrota será ainda mais humilhante
dessa maneira. Ficando fodida sabendo que ela vai ter que voltar para sua cela uma
garota com tesão e quebrada. — Você concorda, Srta. Whitehall?
— Cinco, — eu digo.
— Talvez a dose…
Eu não digo nada, mas não tenho ideia do que fazer. Doc está certo, isso
não deveria estar acontecendo. Testamos Orchard dezenas de vezes,
principalmente em garotas dos clubes do Doc. Com o consentimento delas, as
trancamos em uma sala de observação. Quando a droga atinge, eles batem no
espelho de duas faces, implorando a quem está olhando para fodê-las. Todas elas
se masturbam, algumas delas corcoveiam nos cantos da mesa, elas estão tão
desesperados por estimulação. Como ela ainda não está em cima de nós? Ou pelo
menos se tocando? Mas enquanto observamos, seus movimentos ficam mais sutis.
Mais silencioso. Ela está respirando ritmicamente, seu cabelo grosso cobrindo seus
seios. Ela parece sobrenatural, ajoelhada pacificamente em sua lingerie como uma
pequena deusa.
— Pelo amor de Deus, isso não faz nenhum sentido. — Doc insulta.
Doc sopra uma respiração difícil. — Se ela demorar muito mais, estou
me masturbando.
— Fodida fascista.
Espero que ela o ignore, mas seus olhos se arregalam quando ela observa
seu peito nu.
— Sim, você vê isso? — Doc passa a mão pelo abdômen tatuado. —
Todo seu. Venha pegar isto.
— Sim, você gosta disso, Tits? Você quer ser fodida em uma confusão
de gritos?
— Não. — Doc agarra seu pau através de seu jeans. — Vamos lá, você
sabe que você quer.
Seu rosto fica escarlate. Isso vai funcionar? Devo tirar a roupa?
Doc abre o botão de cima de seu jeans e Bobby recua. — Não chegue
perto de mim!
— Sim, como se vocês, canalhas, ainda não tivessem visto. — Doc abre
o zíper e trabalha na palma da mão. — Gostou, Tesorina?
O olhar de January está fixo, hipnotizado. Ela já viu um pau duro antes?
Ela está imaginando como se sente?
Quando ela olha para Bobby, seus olhos verdes suavizam e eu sinto uma
onda de ciúmes. Ela nunca me olhou assim. Nunca chegou perto. Toda a frieza de
Bobby desapareceu. Suas bochechas estão vermelhas quando ele passa a mão pela
boca. — JJ, se você vier aqui, eu vou… eu vou…
O rosto de January fica ainda mais vermelho, mas ela não quebra o
contato visual com Bobby.
— Eu sonhei com você por tanto tempo, JJ. Eu fantasiei sobre o seu
gosto. Isso é tudo que eu quero, te lamber até você gozar.
— Ignore-o, JJ. Ele dirá qualquer coisa que precisar para vencer.
— Apenas pare de falar, por favor? — January parece que ela está
prestes a desmaiar.
Doc ri enquanto ele enfia seu pau de volta em seu jeans. — Quebrando o
italiano, não é? Todos nós podemos fazer isso.
Eu o ignoro. Os olhos verdes de January já estão me seguindo como se
eu estivesse fazendo um truque de mágica.
— Quando você me viu pela primeira vez, você mal conseguia olhar
para mim, Bella. — Eu viro minha manga direita. — Isso foi apropriado. Você é
uma garota tímida e respeitosa e estava noiva de outro homem.
Sua garganta se contrai. Eu vou apertar uma mão ao redor dela enquanto
eu a faço montar em mim. Eu alcanço minha manga esquerda. — Mas não é
inapropriado que você me queira agora. Eu posso beijar você. Te tocar. Olhar bem
nos olhos enquanto deslizo meu pau em sua linda boceta.
Ela empurra para frente e Bobby geme. — Como isso está acontecendo?
January se encolhe.
Doc solta uma risada bêbada selvagem. — Foda-me, fale sobre dark
horse.31
31 Azarão; uma pessoa que não se espera que tenha sucesso ou que vença inesperadamente uma
competição.
gosto de ver coisas bonitas se quebrarem, mas não sei se vou conseguir deixar
minha amargura de lado e curtir o show.
— Se não fosse por nós, ele já teria matado você, — Bobby diz tão
baixinho que sua voz é quase inaudível sobre a música. — Ele quis você morta no
momento em que a viu. Não o deixe vencer.
Adriano vira seus olhos verdes loucos para mim. — O veado morto.
— A mãe de Bambi morre, seu idiota, — Doc murmura, mas seu olhar
ainda está travado em January. — Como você está fazendo isso, Tits?
Ela sorri para ele. — Talvez sua droga não seja muito boa?
— Idiota, — murmuro, embora esteja aliviado por ele não ter dado um
soco em Bobby ou jogado uma das pinturas no fogo.
Bobby olha para ela e eu o vejo perceber que nunca conseguirá tocá-la.
— Tem certeza?
Ele sai da sala o mais rápido que pode sem correr. Provavelmente para
foder seu punho em algum lugar.
Ela ainda parece nervosa, mas ela faz o que é mandado, enrolando-se em
uma bola no couro. Eu posso sentir o cheiro do céu quente de sua boceta. Eu quero
tirar sua calcinha encharcada, enfiá-la em sua boca, em seguida, enfiar meu pau
dentro dela.
Em vez disso, vou para o bar. Se alguma coisa pede um martini, é esta
noite. Despejo gin na coqueteleira. — Doc é muito orgulhoso para perguntar,
Bella, então eu vou. Como você resistiu a Orchard?
— Sr. Morelli…?
Suas bochechas queimam vermelhas. — Essa não foi a primeira vez que
me senti assim.
— Isso é impossível.
— É verdade. Quando eu tinha quinze anos, eu estava em um baile e
fiquei… doente do mesmo jeito.
Larguei a coqueteleira. Sua expressão é firme, seus olhos claros. Ela não
está mentindo. Meu estômago dá um nó. — Parker. Parker estava lá?
— Eu… sim.
Doc tira o cigarro da boca e o enfia atrás da orelha. — Ele vai ficar
chateado.
Adriano mora na ala sul. Ninguém está autorizado a chegar perto de seu
andar. Nem mesmo as faxineiras. Doc e eu vamos para lá em silêncio e tento não
pensar em January. Sua boca beijável, seu cabelo brilhante. O jeito que ela olhou
para mim quando eu falei sobre ir atrás dela. Ela ainda me quer 'para salvá-la e
tocá-la.' Esta noite foi um show de merda, mas pelo menos provou isso.
Chegamos à porta de Adriano. — O que você acha que ele tem aí? —
Doc pergunta.
— Foda-se, coroinha.
— A menina?
— Sim.
Há uma pausa.
— Deus, ela é linda, — eu digo, porque estou bêbado, e não posso deixar
de dizer isso.
Ell olha para mim. — Eu não trouxe você aqui para vê-la dormir.
— Não entre em pânico, — Eli diz. — Diga a eles o que você me disse.
— Apenas continue.
— Então, você ficou com tesão, — retruca Doc. — Isso não é a mesma
coisa que ter O.
— Deixe-a falar. — Eli coloca a palma da mão nas cobertas, onde deve
estar a coxa de January. — Termine, Bella.
— Porque você não está ouvindo, — Eli diz irritado. — January, quem
lhe deu uma bebida naquela noite?
— Sr. Parker.
— Doce, mas, hum, engraçado. Achei que talvez ele tivesse pegado um
coquetel normal por engano.
— Você fez?
— Não, minha mãe nos encontrou e ficou muito brava. Ela e o Sr. Parker
foram para outro lugar, e então ela voltou e me disse que estávamos indo para casa.
— Vá se foder seu…
Eu tenciono meu braço, pronto para socar Doc por rir, mas pela primeira
vez ele parece tão horrorizado quanto eu.
Faz muito tempo que não o vejo assim. Profissional. Tire as tatuagens e
o cigarro e ele pode ser um médico fazendo rondas no hospital.
Doc olha pela janela escura salpicada de chuva. — Sua mãe conversou
com você sobre o que aconteceu?
— Não.
— Hum, bem?
Ela está mentindo. Sua voz está tremendo, e seus olhos estão brilhando
com lágrimas. Mais uma vez, olho para Doc, pronto para repreendê-lo se ele
zombar dela, mas seu rosto está tenso de preocupação. Lembro-me dele olhando
para trás quando tudo começou. Antes de Alessia, antes da Orchard, ele costumava
ter emoções humanas normais. Mas em algum lugar ao longo do caminho, a
máscara de riso se tornou seu rosto.
— Não, Bella, seja uma boa menina e durma. Dentro de uma hora, vou
pedir a Gretzky que traga um pouco de comida.
Algo em seus olhos faz meu pau endurecer. Penso na Orchard ainda
nadando em seu sangue, minha oferta de fazê-la gozar sem tirar sua virgindade. —
Eu… o que você…
— Puxa-saco, — Doc diz, assim que eu saio pela porta. Eu olho para ele,
mas o que devo dizer? Que eu não sou completamente estúpido por January
Whitehall? Que eu não quero ser o que ela precisa?
Ell tranca a porta atrás de mim, me dando uma olhada enquanto coloca
as chaves no bolso. — Nem pense nisso.
Espero que ele nos leve para a sala de jantar, mas ele se dirige para a
varanda mais próxima.
— Eu quero um cigarro, — diz Eli. — Você tem seu maço, Domenico?
— Não me chame assim, — Doc murmura, mas ele puxa seu maço de
Marlboro desgastado de seu jeans.
Eu nunca fumo a menos que esteja tão bêbado, não me lembro de ter
feito isso. Eu balanço minha cabeça, o vento gelado chicoteando meu rosto. Deve
estar abaixo de zero, mas Doc está descalço e de camiseta. Ainda assim, eu sei que
não deveria sugerir que ele colocasse sapatos. Doc é o irmão mais velho mal-
humorado que eu nunca pedi.
— Como?
Adriano acende o cigarro, criando uma chuva de faíscas. — Pode ter sido
o álcool.
— Um coquetel que ela mal bebeu? — Doc balança a cabeça. — A
Orchard não é estável. O máximo que guardei uma dose foi de seis meses e quando
dei a Mel 'não, Meg' ela disse que se sentiu mal depois. Ela não vomitou, mas foi a
primeira vez que alguém disse isso. Se Parker está fazendo seu próprio
equipamento, então vomitar é uma novidade. Se ele guardou o que roubou, oxidou.
Meu dinheiro está nisso.
— Ele queria que ela fosse embora? — Eli pergunta. — Ele estava
tentando matá-la?
— Então o que…?
— Por que ele jogaria tudo fora assim? — Eli pergunta. — Pagando a
mãe de January por anos, nem mesmo deixando-se segurar na mão dela. Por que
ele desistiria de tudo isso apenas para a dose em uma festa de gala onde há todas as
chances de ele ser pego?
Nós sabemos. Melhor que qualquer um. Mas aprendi há muito tempo
que revisitar essas memórias é pedir aos pesadelos que assumam residência
permanente na minha cabeça.
— Não. Ela pode ficar na ala leste. Na verdade, ela pode andar pela casa
por tudo que me importa. Não é como se ela fosse um perigo para ninguém.
Adriano se afasta.
33 Que droga.
— Tudo bem por mim, — diz Doc. — Eu preciso perguntar a ela sobre a
O. Talvez fazer alguns testes
— Você não vai fazer isso, — Eli interrompe. — Parker ainda precisa
lidar com isso. Temos um trabalho a fazer e tempo limitado.
Eli esfrega a testa. — Eu preciso ligar para Peirce. Ele não mencionou
que Parker tem acesso a uma droga que funciona em mulheres, mas ele não sabia
que essa é a informação que nos interessa. Durma um pouco. Amanhã vamos
trabalhar.
Faz anos desde que o ouvi dizer o nome dela. Eu aperto mais forte. —
Você não é um homem mau.
Um sorriso curva a boca de Doc e ele levanta uma mão congelada para a
minha. — Obrigado.
Doc ri. — É por isso que todas as mulheres amam você, Bobby. Você é
tão sincero.
— Ela está confusa e com tesão. Ela quer que você a conforte.
Doc engasga com o cigarro. — Porra, Basher. Você não quer muito,
quer?
Eu hesito. Nós quatro somos próximos, mas sempre houve divisões. Doc
e Adriano de um lado, eu e Elliot do outro. Devo minha lealdade a Eli. Mas ele ia
mandá-la embora e não ia pedir minha opinião sobre isso.
Ela está deitada de costas. Olhar para ela me faz desejar ter escrito
música. Seus olhos verdes se abrem e ela olha de Doc para mim. — Oi…?
— Oh. — Ela coloca uma mão hesitante no braço de Doc. — Você está
congelando.
O queixo de January afunda em seu peito, mas ela sorri. — Pode ser.
Meu coração está indo como um trem de carga. Doc está certo. Ela está
com medo e com tesão e ansiando por conforto. Isso pode realmente acontecer.
Por um milhão de razões eu quero dizer a ele para parar – Eli, a Orchard,
seus pés sujos.
Ela está nervosa, mas você pode dizer que ela está feliz por ele estar lá.
Uma sensação de aperto prende atrás do meu umbigo e puxa com força. Esta não é
a primeira vez, eu, Doc e uma garota. Mas é sempre alguma dançarina em um de
seus clubes. Alguém que sabe o placar e não quer nada além de sexo. Essa é
January e January é tudo.
Doc tira o cabelo dos olhos dela. Ele faz parecer natural. Como se ele
tivesse feito isso um milhão de vezes. — Você ganhou, Tesorina. Você me venceu.
Ela treme tanto que faz seus cachos tremerem. — O que você quer dizer?
Doc se inclina para mais perto do nariz dela. — Você quer ter sua boceta
lambida?
Os olhos de January se arregalam e vejo o mesmo medo e saudade que
está queimando dentro de mim. — Não sei…
O cobertor caiu em seus ombros. Ela ainda está em sua lingerie rosa.
Lentamente, com facilidade, Doc move um braço ao redor dela. — Basher só quer
fazer o que ele disse antes, Tesorina. Ele quer lamber sua boceta virgem até que
você goze. Você não quer deixá-lo?
— Por que não? — Ele move a palma da mão em seus seios em um lento
ritmo circular. — Você não quer que seu primeiro orgasmo seja especial?
— Não sei. — Ela fecha os olhos, sua respiração difícil. — Mas você
não vai querer que eu... faça algo de volta?
— E você vai.
— Shhh, — a voz de Doc é baixa. — Isso não conta, baby. Somos só nós
três na sua pequena cama, brincando juntos. Ninguém precisa saber. Apenas deixe
Basher fazer você se sentir bem.
Ela diz algo que não consigo ouvir, mas seu cheiro fica mais forte. Eu
deslizo minhas mãos até suas panturrilhas. Sua pele é macia e suave, músculos
longos se contraem sob meus dedos.
— Ele está exatamente onde quer estar, — diz Doc. — Por que você não
se deita e me deixa…
Deslizo minhas mãos para o topo das coxas de January, passando meus
polegares sobre a tanga rosa transparente que Eli escolheu para ela. Ela está
encharcada, molhada como a chuva lá fora. Minha boca se enche de saliva. Tudo
que eu quero fazer é fazê-la gozar com a minha língua. Com um único dedo, eu
movo a calcinha encharcada para um lado e minha visão turva. Ela é pequena e
rosa e suave e perfeita.
E então suas mãos estão segurando minha cabeça. — Bobby, você não
precisa…
Faço uma pausa, a língua já estendida. Morrerei se tiver que parar, mas
morreria por January de qualquer maneira.
— Eu posso dizer não, — ela repete, sua voz grossa com luxúria. Eu
pairo, língua tremendo, rezando para Doc saber o que está fazendo.
Isso é tudo que preciso. Eu me inclino para frente e dou uma longa e
lenta lambida. Ela engasga e suas coxas se fecham ao redor da minha cabeça, me
prendendo. Meio convencido de que isso é um sonho, eu volto ao trabalho,
lambendo sua boceta do jeito que eu gostaria de beijar seus lábios perfeitos.
— Sua garotinha gananciosa, — Doc murmura. — Você gosta da língua
de Bobby agradável e macia em sua boceta enquanto eu brinco com seus peitos?
January bate forte contra o meu rosto. Os ruídos que ela faz são como
arame farpado passando pelo meu cérebro. Eu pressiono meu pau dolorido contra o
colchão e desejo que seja sua boceta.
A maneira como ela diz o nome dele… Dói. Dói e sinto-me bem e
fodido. Emaranhado do jeito que sempre é quando sou convencido a trepar com
uma garota com Doc ou Eli, apenas um milhão de vezes pior. Um milhão de vezes
melhor.
Não consigo falar, não consigo nem sorrir. Eu ainda posso sentir suas
pernas em volta de mim, cheirá-la em todos os lugares.
— Huh?
Esse beijo me preocupa. Eu sei que amo January e Eli a quer, e Adriano
a odeia. Mas há quinze minutos não faço ideia do que meu amigo psicótico,
fumante inveterado e inventor de drogas sente por ela.
January Whitehall
Eu me abaixo e passo meus dedos por seu cabelo e ele se torna longo e
loiro. Doc sorri. — Você vai gozar na minha cara, Tits?
— Ah, relaxa, pequena Bella. — Eli está sentado em uma cadeira ao meu
lado. Ele se inclina para frente, passando a mão pelos meus seios. — Domenico
está apenas elogiando você. Você tem seios perfeitos.
Ele abaixa a cabeça e sua língua desliza através de mim. Ele é bom nisso.
Bom demais. Eu vou gozar, mas morrer também. Eu preciso gritar…
— Senhorita?
— Não!
— Srta. Whitehall?
O homem idoso sorri. — Eu sou Harvey. Estou aqui para lhe trazer
roupas limpas e levá-la até a sala de jantar para o café da manhã.
Faz tanto tempo desde que alguém falou comigo de uma maneira
normal, estou um pouco surpresa. — Café da manhã?
— É claro. Embora seja quase hora do almoço. — Ele coloca o pacote na
minha cama com um sorriso cheio de dentes. — O banheiro está à sua esquerda, se
você ainda não o viu. Vou esperar lá fora.
Na noite em que nos conhecemos, Eli me disse que minha moral não era
testada. Eu quero dizer que sou uma boa pessoa e sei o que é certo e errado, mas eu
sei? Eu estava animada por ser colocada na frente deles de calcinha e aliviada por
ter uma razão para me sentir atraída por eles. Eu sei que Bobby matou Kurt e Eli
ordenou e Doc teria feito isso alegremente, mas eu ainda deixei eles me tocarem na
noite passada. E eu queria que eles me tocassem mais. Todos eles, mesmo 'meu
estômago se contrai enquanto penso' Adriano.
Ela olha para mim, sua expressão suave. — Eu acho que você deveria
sair do chuveiro, Bella.
Há uma leve batida na porta. — Você está pronta para ir, senhorita?
Harvey me leva da minha ala por outro corredor com carpete vermelho.
A casa é ainda mais bonita à luz do dia, mas está suja. Há poeira em todas as
superfícies e teias de aranha nos lindos vitrais. Além deles, posso ver a borda de
uma densa floresta verde. Parece que estamos a quilômetros de distância de
qualquer lugar.
— Albany.
— Sr. Morelli me disse que você está livre para explorar a casa— diz
Harvey. — Há uma biblioteca e uma academia. Ou você pode visitar a galeria da
família no terceiro andar ou assistir a um filme no cinema. Ou eu ficaria feliz em
levá-la para um passeio pelos jardins?
— É claro.
Eu tenho que morder minha língua para não gritar. É gigantesca, ainda
maior que o refeitório da escola, e está imunda. Cada superfície está coberta de
gordura ou copos e pratos sujos, e cheira a vegetais velhos que foram deixados ao
sol. Se Zia Teresa visse este lugar, ela desmaiaria.
Ele me conduz por outra porta para uma bela sala de jantar que também é
imunda. A mesa enorme está cheia de caixas e papel e recipientes para viagem e
mais pratos sujos. Há tanto lixo que a maioria das cadeiras de veludo também
foram empilhadas.
Harvey aponta para onde um pequeno espaço foi aberto para mim. Uma
caixa de flocos de milho espera pacientemente ao lado de uma garrafa de leite e
uma única tigela e colher. — Aqui está, senhorita.
— Apenas Harvey.
Espero que ele fique cauteloso, mas ele continua sorrindo para mim. —
Há uma equipe rotativa de trinta e cinco de nós moramos no local. Gretzky e eu
você já conhece, mas também há Dolmio, Jackie Schnee e meu filho, Sal.
— Nós fazemos. Tem sido ótimo para Sal desde seu divórcio. — Harvey
olha para a porta e me dá um grande sorriso. — Você gostaria de conhecê-lo e os
outros?
O cara mais novo, Dolmio, sorri para mim. — Você tem dezoito anos.
— De jeito nenhum.
— Ótimo, sou alérgico a poeira. — Ele passa a mão pelo nariz
escorrendo. — Ok, bem, há um interfone em cada cômodo. Pressione o meio se
precisar de nós.
— Claro.
Ele está a meio caminho da porta quando se vira. — Se algum dos chefes
perguntar por que você está limpando, certifique-se de dizer a eles que foi ideia
sua.
Antes que eu possa perguntar o que ele quer dizer, ele desaparece.
A cozinha é nojenta, mas também está vazia. Não há nada nas prateleiras
ou nas geladeiras industriais, exceto vinho, condimentos e um pacote de seis
refrigerantes de laranja.
Ainda bem que não tenho que jogar nada fora, empilho todos os pratos
da cozinha e da sala de jantar ao lado da pia e encho com água quente e sabão.
Enquanto esfrego, passo pelas minhas escalas, para cima e para baixo e para trás
novamente. Eu gosto de limpeza. Sempre tentei ajudar Zia Teresa em casa, mas ela
não queria parecer preguiçosa na frente da mamãe. E se eu levasse uma caixa vazia
para a lixeira, mamãe iria me repreender.
Eu limpo o cabelo dos meus olhos com meu bíceps. — Se não for muito
incômodo, você poderia, por favor, ir a uma mercearia para mim?
Sorrio para Harvey. — Sr. Morelli adoraria que eu cozinhasse para você.
Ele me disse para me tornar útil.
Ontem à noite Eli me disse para 'ser uma boa menina.' Certamente
cozinhar e limpar é ser uma boa menina? Cruzo os dedos atrás das costas, só por
precaução. — Ele disse. E eu posso fazer comida suficiente para todos. Você e o
Sr. Gretzky e o Sr. Schnee e Dolmio e Sal…
Harvey me dá um sorriso triste. — Faz semanas desde que eu tive uma
refeição caseira…
A comida para curar toda a tristeza. A única coisa que eu sinto vontade
de comer sempre que estou para baixo. — Uma velha receita de família.
Toda a minha vida eu estive lá, como um bastão de doces em uma árvore
de Natal. Zia Teresa fazia minhas tarefas. Meus professores e Bobby inventaram
desculpas para meu dever de casa. Eu era boa em canto e balé, mas não ajudei
ninguém com isso, assim como não ajudaria ninguém se estudasse Belas Artes na
Colombia. Ninguém sequer precisava de mim para casar com o Sr. Parker. Mamãe
precisava de dinheiro e o sr. Parker precisava de uma esposa com um sobrenome
importante, mas ninguém precisava de January Whitehall.
No entanto, esta cozinha costumava estar suja e agora está limpa por
minha causa. Pela primeira vez na minha vida, fiz algo útil. Mamãe ficaria furiosa
ao me ver agindo como uma serva, mas o que há de tão ruim em limpar? Todo
mundo gosta quando as coisas estão limpas. Olho em volta para as superfícies
cintilantes. Talvez eu pudesse perguntar a Eli se eu poderia ser sua empregada
doméstica?
Eu não deveria saber cozinhar. Mamãe não gostava do meu interesse por
comida mais do que gostava que eu cantasse, mas sempre que ela saía, eu ficava
com Zia Teresa na cozinha. Zia podia fazer qualquer cozinha sob o sol, mas
quando éramos só nós duas, só cozinhávamos italiano. As refeições com as quais
ela cresceu e amou. Zia me mostrou como cortar espaguete e fettuccini, enrolar
nhoque, dobrar raviólis cheios de salsa e ricota fresca. Fizemos alfredo e carbonara
e canelone, embora a maioria dos pratos não tivesse nomes reais.
— Ei, Tits.
Sua camiseta é azul bebê hoje. A cor deixa seus olhos um milhão de
vezes mais bonitos. Eu limpo minhas mãos no meu vestido. O dia todo tentei não
estragar tudo, mas já estou coberta de sujeira e meu cabelo está uma bagunça.
Doc cruza os braços tatuados sobre o peito. — Existe uma razão para
você estar bancando a dona de casa?
Não sei quem é, mas posso dizer que Doc está tirando sarro de mim. Que
mesmo depois de ontem à noite, ele ainda me odeia. — Eu não posso deixar de ser
uma Whitehall mais do que você pode deixar de ser de onde você é. E eu não estou
tentando puxar o saco de vocês, eu só gosto de limpeza.
Eu sei que ele quer dizer um avental de babados e salto alto. Roupas de
stripper. — Não, obrigada. — Pego minha faca de legumes e volto para minhas
cenouras. — Como foi seu dia?
— Por quê?
Eu inclino minha cabeça, deixando meu cabelo suado balançar entre nós.
Foi um beijo perfeito, mas isso não torna mais fácil descascar vegetais. Doc
provavelmente já beijou mil garotas. Ele não se importa comigo.
Doc balança suas longas pernas contra o balcão. — Você vai ficar e
cozinhar quando a esposa de Morelli se mudar?
Eu deixo cair meu olhar para as batatas, furiosa comigo mesma por falar.
— Não se preocupe. Ele ainda não é casado. Mas ele precisa de bebês
italianos de sangue puro para herdar suas taças de vinho do século XVIII ou
qualquer outra merda. Ele terá uma esposa no verão.
— O que você está fazendo? — Doc pergunta. — Harvey disse que era
uma 'velha receita de família', mas a julgar pelo que está acontecendo aqui, isso é
besteira. A menos que você esteja fazendo salada de maionese.
Eu não posso deixar de sorrir. — Eu nunca disse que era minha receita
de família.
Ele se lembrou do nome dela. Uma pequena emoção boba passa por
mim. — É na verdade. Brodo é o favorito de Zia. E meu.
Antes que eu possa pensar no que dizer sobre isso, Bobby entra. — O
que está acontecendo? Por que eu posso sentir o cheiro...
Ele me vê e olha duas vezes. Doc ri. — Aqui está um menino cuja mãe
fez macarrão, Tesorina. Basher é quase tão ruim quanto Morelli. Não vão a
restaurantes italianos porque não tem gosto suficiente de casa.
— A qualquer momento.
Ele faz uma careta, e por um momento eu tenho certeza que ele vai
acender só para me irritar. Mas então o cigarro e o isqueiro desaparecem. — Se eu
me comportar, posso te beijar de novo?
Doc revira os olhos e me lembro de Zia Teresa com tanta força que
quase desabei em lágrimas. Talvez seja o destino. Não importa onde eu vá, algum
italiano mal-humorado se recusará a parar de fumar perto de mim. Pego a tábua de
cortar e deslizo os legumes picados na panela.
Olho por cima do ombro e Doc ri. — Preocupada se Basher vai ficar
com ciúmes? Não. Ele gosta de compartilhar. Lembra da noite passada?
Doc desliza para fora do banco e tira a tábua das minhas mãos. — Um
beijo, Tesorina. Isso é tudo.
— Doc…
Meus olhos se movem para Bobby. Ele está olhando para nós dois com
uma expressão estranha no rosto.
Doc se abaixa e acaricia meu pescoço. — Não seja tímida, baby. Basher
sabe o quanto você gosta de beijar. Ele podia sentir o gosto.
Eu engulo, minha boca seca como torrada. Doc cheira a cigarro e licor,
colônia e suor. Eu sei que deveria me afastar, mas eu fecho meus olhos em vez
disso.
— Não, — eu sussurro.
Eli está na porta de terno escuro e gravata vermelha. Como sempre, sua
beleza angular bate como um tijolo. Coloco meu cabelo atrás da orelha. Eu me
senti desarrumada na frente de Doc e Bobby. Eu me sinto nojenta na frente de Eli.
— Então é aqui que você esteve o dia todo, Domenico? Fazendo a Srta.
Whitehall limpar a cozinha?
Eli o ignora. Ele caminha até o fogão onde o brodo está começando a
cheirar como o céu. Ele se vira para mim. — Você pode cozinhar?
— Eu, sim?
— Tudo bem. — A expressão de Eli é suave. Talvez meu jantar seja tão
inautêntico que ele vá jogar a panela inteira na pia.
Sua boca se curva para cima. — Quero dizer todos nós. Há coisas que
nós cinco precisamos discutir.
Meu estômago se revira. Cinco significa Adriano. Não sei a opinião dele
sobre comida italiana, mas não quero ofendê-lo. — Talvez você possa comer sem
mim? Ou posso servi-lo e comer na cozinha?
Doc ri. — Viu? Disse que ela quer ser nossa empregada.
Eli levanta uma sobrancelha. — Isso é verdade, Bella? Você quer nos
servir?
É o meu momento de dizer sim. Para dar o primeiro passo para se tornar
um ninguém útil e invisível. Mas quando olho nos olhos âmbar de Eli, penso nos
rubis que ele me ofereceu uma vez. Os que eu veria no pescoço de sua esposa
italiana.
— Entendo.
Nós, como em todos eles. Isso significa que Eli sabe sobre mim, Doc e
Bobby? Ele não parecia chateado por encontrar Doc prestes a me beijar. Eles já
poderiam ter dito a ele o que tínhamos feito? Isso parece impossível, mas eles
planejavam dormir comigo na frente um do outro na noite passada. Eles apostaram
em quem iria primeiro. A pele na parte de trás do meu pescoço aperta. Isso é uma
coisa que os homens fazem? Compartilhar uma mulher entre eles? Imagino
perguntando a Zia Teresa e tudo que vejo é ela tirando o chinelo e me batendo com
ele. Eu poderia perguntar a Margot ou Penelope, talvez, se elas estivessem aqui, e
todas nós estávamos bebendo.
— Eita!
— Socorro, — eu suspiro.
Ele se inclina, sua barba áspera contra minha bochecha. — Ouvi dizer
que você chegou muito perto de ser fodida na noite passada, garotinha.
Ele solta minha garganta e eu caio no tapete empoeirado. Ele passa por
cima de mim e continua andando.
— Sr. Morelli disse que você não tem permissão para me machucar—
sussurro.
Eu vejo como ele desaparece em uma esquina, cada fibra do meu corpo
zumbindo com medo.
Elliot Morelli
É uma pergunta que me fiz muitas vezes hoje, pois ignorei as ligações de
Gio confirmando o lugar de January em sua casa. Mas eu não vou dizer isso a
Adriano. — Nós a levamos pelos motivos certos.
— O quê?
— Eu disse 'esqueça.'
Confio em Adriano com minha vida, mas é difícil saber onde ele está em
qualquer coisa que não esteja partindo alguém ao meio. Ele não é totalmente
italiano. Um criminoso sem vínculos com o crime organizado. Ele tem poucas
necessidades e nunca gostou de mulheres. Nunca, que eu saiba, teve uma
namorada. Mas sua aversão à January é sem precedentes. É irritante.
Ele não diz nada ao sair da sala, mas eu sei que ele estará lá. Seja como
for, a lealdade de Adriano é absoluta.
Doc e Bobby entram. Doc está vestindo uma camisa. Uma preta que eu
nunca tinha visto antes. Eu gesticulo para ele. — O que é tudo isso?
Doc não pode encontrar meus olhos. Não tenho certeza se é a camisa ou
porque sei o que ele fez com January na noite passada. Ele esperava que Bobby
não me contasse, mas Bobby é meu amigo mais antigo. Ele me conta tudo.
36 Mal-educado.
O que Doc pode não perceber é que não estou bravo por ele ter tocado
em January. Estou chateado com ele por roubar minhas chaves e me minar, mas
seu pequeno pseudo trio me dá esperança.
Ela os deixou tocá-la, o que mostra com um pouco de persuasão que ela
está disposta a ser tocada. E se Adriano estava tentando me avisar que Doc e
Bobby estão apaixonados por ela, isso não é novidade. Eu também. Seja como for
esta noite, ainda vou dizer a Gio que ela é virgem.
Ela emerge em uma toalha, gotas de água ainda grudadas em sua pele.
Ela parece tão bonita quanto um pôr do sol sobre o Mediterrâneo. Eu quero reclinar
com um copo do melhor uísque do mundo e apenas observá-la.
Eu mantenho meu rosto severo. Ela não tem ideia de quão atraente ela é,
mas é melhor assim. Melhor ela não formar maus hábitos. Eu estendo a maior
sacola para ela. — Para você usar no jantar.
Quando ela surge alguns minutos depois, tenho que cerrar a mandíbula
para não sorrir. Ela é requintada. O vestido é sem costas com uma fenda profunda
na lateral, e faz sua pele pálida brilhar como o luar. Você pode ver as linhas de seu
abdômen, as protuberâncias de seus seios e a sombra entre as pernas.
— É assim que uma mulher com a sua silhueta deve se vestir. Agora os
sapatos.
January volta para a cama, e eu passo para ela a segunda maior sacola.
Ela pega a caixa listrada em preto e branco e seus olhos se arregalam. —
Aquazzura?
— Não. Eu não tinha permissão para usar salto alto porque... — Ela fica
vermelha brilhante, e eu entendo. Ela é alta para uma mulher. De salto alto, ela se
sobressairia a Parker.
Eu observo enquanto ela desliza os sapatos nos dedos dos pés. Eu não
costumo ligar para pés, mas os dela são lindos, pequenos e brancos com pequenas
unhas cor de rosa.
Eu gosto do jeito que ela fala, rouca e doce, do jeito que uma mulher
deve ser. — Resta uma coisa, — digo a ela.
Meu bom humor desaparece. Apesar de toda a sua beleza e gratidão, ela
está agindo como uma criança. Enfio o colar no bolso. — Tudo bem. Coloque sua
maquiagem e desça.
Ela está desapontada. — Sr. Morelli…?
— Sim.
Bobby acena com a cabeça e até Doc sorri. — Você nunca terá
permissão para sair agora, Tits.
Doc sorri. — A única vez que fui ao Met foi para vender maconha.
Gretzky volta com o prato de carne e é tão bom quanto qualquer coisa
que minha nonna já serviu. Tenho que lutar para não elogiar January. Tal como
acontece com a sua beleza, a minha apreciação pela sua cozinha tem de ser
temperada ou vai arruiná-la.
Percebo que sua taça de vinho está quase vazia. Para alguém que não
queria nada, ela está passando por isso rápido. Há um brilho em seus olhos e seus
movimentos são mais lânguidos. Eu encho a taça dela.
Bobby aponta para sua tigela vazia. — Isto estava perfeito, JJ.
Eu não posso deixar de rir. — Tem certeza que você não é italiana,
Bella?
January fica rosa, mas eu sei que ela gosta da pergunta. — Acho que
estou acostumada com minha Zia Teresa me dando feedback.
Eu a estudo sobre minha taça de vinho. É uma coisa rara, uma mulher
que pode receber críticas sem levar para o lado pessoal. Penso em minha promessa
de mandá-la para Gio. Deixar outros porcos possuírem essa joia de menina.
— Eu sei que você não fez, — digo a ela. — Eu fiz Harvey pegar alguns
cannoli.
January mal tem tempo para reagir. Há uma batida forte na porta e
Schnee entra na sala. — Desculpa por interromper. Temos um problema.
— Uma equipe apareceu no armazém do rio norte. Parece que eles estão
tentando incendiar o lugar.
Ele aponta para mim, e eu aceno pelas costas de January. Sou um monte
de coisas, mas não sou cruel. Eu não vou fodê-la sem Doc assistindo.
— Muito, — eu concordo.
Eu não vou com eles. Eu quero, mas é uma má aparência para um chefe
ajudar com o que provavelmente acabará sendo um incidente menor. Mas enquanto
eu os vejo partir, meu peito aperta. Nunca é fácil enviar pessoas que você ama para
o perigo.
Sua mão levanta para a garganta — Sr. Parker está queimando seu
armazém?
— Não. Homens que trabalham para ele estão tentando incendiar nosso
armazém. Eles não terão sucesso.
— Esta é a nossa vida, Bella. Não é tudo o que fazemos, mas é uma parte
disso. E considerando o que fizemos com Parker, esperávamos isso mais cedo e
pior.
Ela olha para seu jantar meio comido. — Eu não posso acreditar que
tudo isso é real.
— Muito bem. E você sabe onde ele conseguiu o dinheiro para sua
empresa?
Ela pisca duas vezes, e seu olhar volta para o meu. — Como você sabe
de tudo isso?
— Não leve para o lado pessoal. Adriano odeia qualquer coisa que o faça
sentir e isso inclui desejo.
Eu me mexo contra ela para que ela possa sentir meu pau duro. Ela puxa
uma respiração afiada, mas ela não se afasta.
Eu corro a mão por sua coxa, brincando com a fenda em sua saia. — Nós
lhe demos a Orchard porque achamos que seria divertido deixá-la em um frenesi.
Mas você é cheia de surpresas, não é?
— Assim como você. — Ela bate no meu peito. — Você é mais legal do
que finge ser.
— Eu penso que sim. — Ela engole. — Os outros vão ficar bem? Doc e
Bobby e… e Adriano?
— Você está preocupada com eles? Você mudou de ideia sobre nós?
Eu gosto que ela estava nervosa. — O que mais você sabe cozinhar?
Eu beijo seu pescoço, para que ela não me veja sorrir. — Que garotinha
deliciosa você está se tornando.
— O-obrigada.
Se ela está ciente disso ou não, ela está abrindo as pernas, praticamente
me desafiando a mergulhar a mão entre suas dobras.
— Sério?
— Você está confundindo essa afirmação com uma feliz, Bella. Meus
pais eram miseráveis.
— O que aconteceu?
Assim que ouço aquela nota selvagem e desesperada em sua voz, deixo
cair minhas mãos. Eu não sou nenhum adolescente excitado. Se January for minha,
ela precisa aprender que esses jogos continuarão como eu achar melhor. Que ela
não pode me controlar com seu corpo mais do que ela poderia me controlar com
lágrimas.
Ela fica boquiaberta para mim. — Mas os Morelli são uma das famílias
mais ricas de Nova York!
— Por quê?
— Só aconteceu. Meu pai amava minha mãe, mas não conseguia fazê-la
feliz. Eles se separaram pouco depois que meu irmão nasceu.
Ela não sorri. — Você acha que o casamento de seus pais teria sido
melhor se seu pai tivesse uma amante?
— Eu queria, mas vendo o quão feliz você fez meus irmãos esta noite,
estou considerando outras opções.
Eu mordo de volta um sorriso. Pelo que ela já fez com Doc e Bobby, não
há nada que ela gostaria mais do que ser nossa putinha. Mas ela ainda não está
pronta para saber isso sobre si mesma. Vou ter que mostrar a ela. Eu beijo o lado
de seu pescoço. — Bem, o que você quer fazer consigo mesma, Srta. Whitehall?
— Não, estou dizendo que seu coração pertence à sua casa. E sempre
será. — Eu pressiono minha mão entre suas pernas. — Você gostaria que eu
comprasse uma máquina de macarrão? Encher os armários e deixar você cozinhar
o jantar para nós todas as noites?
Meus dedos roçam as pétalas molhadas entre suas pernas, e ela se
contorce contra mim.
— Ser amante é um amor mais puro do que ser esposa. É tudo carinho.
Todo prazer. É precioso.
— E os outros?
— Você ouviu?
— Você não é uma garota estúpida, tenho certeza que você entende.
— Mas como isso funcionaria? Segundas à noite estou com Doc, terças
estou com Bobby?
— Você não pode querer dizer isso! — ela suspira. Seja do choque ou do
meu toque, não tenho certeza.
— Não, mas não acho que a maioria dos homens seja como você.
Eu pulso meu dedo dentro dela, com cuidado para não penetrar muito
profundamente.
— Quanto mais tempo você está aqui, mais eu acho que pode ser prático
mantê-la. Uma pequena mulher para nós brincarmos.
Sua cabeça inclina para trás no meu ombro, seus olhos verdes vidrados.
— Não sei…
— Então não saiba. Deixe-me saber para você. Estou lhe dizendo que
não há nada que você gostaria mais do que morar na minha casa e cozinhar e
cantar e ser fodida por quatro homens.
Ela torce contra mim, ofegante. — Eu não quero ser uma amante. Quero
ser especial para alguém.
— Você não ouviu uma palavra do que eu disse? Você seria especial
para nós quatro.
— Não. Você está mentindo. Você está apenas com medo de amar
alguém do jeito que seu pai amou sua mãe.
— Eu sei que sim. Agora você vai provar isso. Abra meu ziper e leve-me
para fora.
— Mas…
Ela acena.
Ela agarra o ritmo, e eu gemo. — Essa é uma boa menina. Mais fundo.
Concentra-se.
Gretzky entra, sua expressão em branco. — Doc precisa falar com você.
Eu olho para January, ainda trabalhando para frente e para trás, lágrimas
se acumulando no chão abaixo dela. — Isso é urgente?
— Muito.
— Sim, senhor.
Estou correndo por uma casa em chamas, pegando quadros e vasos para
mamãe. Eu sou a única que pode fazer isso. Mamãe disse que o fogo não pode me
tocar. Mas talvez ela estivesse mentindo porque as chamas estão se aglomerando,
lambendo meus calcanhares e transformando meu cabelo em palha. Corro mais
rápido, empilhando as coisas umas sobre as outras, tentando não deixar cair nada...
— Tesorina?
Uma mão fria sacode meu ombro e eu suspiro. Sinto cheiro de uísque e
cigarros. — Domenico?
Uma risada baixa. — Sim, querida. Basher está aqui também. E Morelli.
Uma mão mais quente cobre meu queixo, quebrando meu beijo com
Doc. Bobby. Ele me beija, rápido e áspero. Sinto Doc deslizar sob as cobertas,
colocando seu joelho frio entre minhas pernas. Ainda estou usando meu vestido
branco e os rubis de Eli estão pesados em volta da minha garganta. Tentei tirá-los,
mas o fecho é impossível de desfazer sozinho.
Eu suspiro. — O quê?
Com uma carranca, Bobby se inclina para trás e vejo um curativo onde
sua camiseta encontra sua clavícula.
— Oh meu Deus!
Eli ri. — Você vai ter que fazer Bobby se sentir melhor, Bella. Dê-lhe
outro beijo.
Ele diz isso levemente, mas é uma ordem. Eu pressiono meus lábios nos
de Bobby e o calor surge entre minhas pernas.
Doc lambe uma linha em meu decote. — E eu, Tesorina? Eu também fui
corajoso.
Minhas entranhas derretem, e beijo Doc ainda mais fundo. Ele sorri
contra meus lábios, colhendo os benefícios do elogio de Bobby. Minhas bochechas
queimam. Eu deveria parar com isso. Ou pelo menos não gemendo e pressionando
contra os dois enquanto faíscas iluminam meu corpo.
— Você está tão bonita entre eles, Srta. Whitehall. Eu vou ver você ser
fodida e então eu vou ter a minha vez.
— Eu queria sua virgindade, — diz Eli. — Mas meus irmãos foram tão
corajosos esta noite, eles merecem essa honra. Bobby será o primeiro homem a
terminar em sua boca. Domenico ganhou o direito de tomar sua boceta.
— Ainda tem seu cuzinho apertado, Bella. Isso será meu. Mas vou
deixar os meninos terem seu prazer primeiro.
— Srta. Whitehall, nós discutimos o que era e o que não era possível no
jantar, — Eli diz friamente.
Bobby faz um barulhinho perturbado. Ele pode discordar, mas ele ainda
não pode me salvar.
Ele me ignora, movendo-se para frente para se sentar no meu peito. Ele
agarra meu cabelo, empurrando minha cabeça para cima. — Abra bem, — diz ele
ao redor da faca.
Eu separo meus lábios e ele dirige em mim. Ele é mais grosso que Eli
com um gosto cru que me faz pensar em bife sangrento. É mais difícil dar um
boquete deitada de costas, mas eu sugo e chupo e balanço para frente e para trás do
jeito que Eli me mostrou. Se eu fizer um bom trabalho, talvez possa proteger
minha virgindade.
Doc abre a boca e a faca cai em sua mão. Ele o segura na minha
garganta. — Morelli? Posso estragar esse vestido?
— Vá em frente.
Doc tira uma perna de mim e traz sua faca entre meus seios. — Segure
firme.
Eu congelo enquanto ele corta. A seda quase não faz barulho ao se partir.
Ele cai do meu corpo como folhas de outono e meus mamilos enrugam. Doc sorri,
agarrando meu peito. — Foda-se, estes são enormes. Qual o seu tamanho?
— 44, — eu choramingo.
— 44? — Doc dá um assobio baixo. — Você não poderia dizer sob todas
essas roupas de freira.
Apesar da conversa casual 'ou talvez por causa disso' há uma selvageria
no ar. Uma sensação de que tudo pode acontecer. Eu tento me sentar, mas Doc
pressiona a faca no meu pescoço. No segundo seguinte ele está de volta em cima
de mim, agarrando meu cabelo e forçando-se em minha boca.
Algo suave e quente desliza entre minhas pernas e eu grito. Eu sei o que
é, Bobby arrastando seu pau duro pela minha boceta.
Doc faz uma pausa. — Morelli, matei três homens e mantive Basher
vivo. Ela é minha.
— Eu sei, — Bobby ofega. — Mas até você liberar a boca dela, eu vou
continuar fazendo isso.
Meu coração bate tão dolorosamente que estou quase doente. Vai
acontecer. Eu realmente vou perder minha virgindade com um psicopata violento.
Doc se ajoelha entre minhas pernas, seu pau na mão. — Agora, como
devo fazer isso? Por trás? Fazer você me montar e dar um show para os meninos?
Eu fico congelada, nua, exceto pelo colar de Eli, sabendo que o momento
que eu temia está aqui.
— Domenico…
Ele abre um sorriso para os outros. — Você está assistindo, Bash? Dez
dólares dizem que ela goza assim que eu estiver dentro dela.
Ele move a cabeça de seu pau pelas minhas dobras como Bobby fez e
seus olhos encontram os meus. Tem uma pergunta aí. Você quer isso também?
Sim, eu acho. Sim, eu quero saber como é o sexo. Sim, eu quero saber
como é com esse homem. Mas há mais do que 'sim.' Lá está o Sr. Parker pagando
milhões para nunca me tocar. Eli me avisando que onde quer que eu vá pertencerei
a um homem poderoso. Adriano me dizendo que vou morrer assim que os outros
terminarem comigo.
Ouço a mágoa por trás de sua raiva, mas também ouço Adriano me
dizendo que vai acabar com minha vida. Se houver alguma maneira de escapar de
dormir com Doc 'com qualquer um deles' eu preciso aguentar. Não digo nada.
Eu sinto o abismo entre esse apelido doce e como Doc realmente se sente
sobre mim, e dói. Mas eu ganhei. Minha virgindade foi poupada. Eu inclino minha
cabeça para frente e puxo a cabeça de seu pau em minha boca o máximo que
posso.
Doc solta um gemido gutural. — Você vai ficar aqui na Velvet House
conosco. Sem chance de sair agora. Você tem os rubis de Morelli em volta do
pescoço e meu pau entre seus seios, e não pode mentir por nada. Não vamos
mandar você para a Itália para que o primo de Eli descubra que lhe demos
mercadorias danificadas. Olhe para mim.
Ele sorri, o mesmo sorriso frio que ele ofereceu enquanto eu subia o
corredor um milhão de anos atrás.
— Ninguém quer uma esposa que atende quatro criminosos. Então você
vai ficar aqui, cozinhando e limpando para nós. E vamos deixar você ser virgem,
porque quem se importa? Tem muita boceta por aí.
Doc vem, o jato espesso em meus seios. Ele esfrega a palma da mão
nele, limpando o esperma em cima de mim. Seu sorriso é duro como pregos. — E
se Zia Teresa pudesse ver você agora, hein?
É tão cruel que o ar sai dos meus pulmões. Eu pressiono a mão em meus
lábios e espero que alguém o faça se desculpar.
Doc cai de joelhos ao lado da cama. Ele aperta meus quadris e me puxa
para a borda antes de se estabelecer entre minhas pernas. — Não se mexa ou você
vai gozar nos lençóis de Morelli como a puta suja que você é.
Então ele me lambe. A mesma língua que disse palavras tão feias e
indelicadas volta tão docemente que meu corpo convulsiona. Eu quero odiá-lo,
gritar em protesto, mas meu corpo está apertado com desejo, o orgasmo apenas um
fôlego. Eu enrolo os dedos dos pés e me preparo para o final quando algo duro me
pressiona. Eu me sento, meus músculos do estômago apertando. — O que é isso?
Ele abaixa a boca para mim, chupando e lambendo como um animal até
que eu gozo. Meu orgasmo detona como uma bomba, e eu grito até meus pulmões
cederem.
Não é Eli que me limpa. É Bobby. Seus dedos estão firmes enquanto ele
me enxuga com um pano úmido e depois um seco até não restar nenhum vestígio
de Doc. Eu seguro as lágrimas quando ele faz isso. É como se eu tivesse sido
despedaçada na sujeira. Pedaços de mim se espalharam por uma enorme extensão
de terra. Eu quero que Bobby me conforte, me pegue e me abrace, mas seu toque é
obediente, e ele não vai me olhar nos olhos.
— Vou lhe oferecer outra chance de consertar as coisas. Você vai deixar
Bobby tirar sua virgindade?
— Tudo bem, — diz Eli. — Você vai pagar de uma forma diferente.
Bobby, mostre à Srta. Whitehall o que você gosta.
Bobby sobe na cama e me puxa de quatro. Ele parece maior nu, cabelo
escuro cobrindo seu peito musculoso. Ele empurra com força nas minhas costas até
que minha bunda esteja no ar. — Fique quieta, JJ.
Abro a boca para perguntar o que ele vai fazer e ele me bate.
— Ai! — Olho para trás para ter certeza de que é Bobby – meu doce
professor de matemática – fazendo isso.
A boca de Bobby se afina. — Eu vou bater em você até que você não
consiga se sentar. Não me teste. Eu vou fazer isso.
Eli ri, mas a expressão dura de Bobby não muda. — Foda-se ser legal.
Onde isso me levou?
— Eu gosto de você.
— Mas você respeita Doc. Você respeita Eli. Você não me respeita.
Sua mão desce com força, e eu arqueio minhas costas na picada. O calor
vermelho se espalha através de mim, seguido por uma verdade vergonhosa. Isso
não parece ruim. Não do jeito que deveria. Bobby agarra a parte de trás do meu
pescoço. — Vire, January. Veja.
— Bobby…
Minha bunda latejante diz que isso não é verdade, mas eu sei o que ele
quer dizer. Ele não vai tirar minha virgindade. E ele não. Ele entalha seu pau entre
minhas pernas, empurrando minhas coxas apertadas ao redor de si, do jeito que
Doc fez com meus seios.
Ele pulsa para frente, roçando meu clitóris dolorido e a sensação é tão
forte que eu suspiro. — Bobby!
Ele dá um gemido gutural. — Você não sabe o quão bom isso parece,
January. Sua bunda saltando contra mim. Sua boceta encharcando meu pau.
Bobby xinga, mas ele faz o que ele manda e enquanto sua carne inchada
se arrasta em mim, meu corpo treme. Não posso gozar de novo. Não depois que
Doc acabou de me fazer. Eu não sou uma prostituta. Eu não gosto disso.
Mas a pressão entre minhas pernas aumenta e o colar de Eli bate na
minha pele e eu estou fazendo o que Bobby disse que eu estava, encharcando seu
pau com minha boceta carente e desobediente. Eu posso sentir Eli assistindo, posso
imaginar Doc descendo em cima de mim, empurrando em mim com o cabo de sua
faca. Minha bunda está queimando e no fundo da minha mente, vejo Adriano
Rossi, sua arma apontada para minha testa…
Minha visão fica turva e todo o meu corpo enrijece. Em algum lugar eu
posso me ouvir gritando, mas por dentro tudo está parado. Bobby faz túneis através
da minha carne encharcada, forçando estimulação em mim até que eu sinto que
vou desmaiar.
Eu murmuro que está tudo bem, então percebo que ele não está falando
comigo.
— Minha vez, Bella. — A voz de Eli é tão suave quanto o veludo que
compõe seu nome. — Você vai ser uma garota esperta e abrir as pernas?
Ele já sabe a resposta, posso ouvir em sua voz. Ele está me desafiando a
negá-lo na cara dele.
— Bella. — O charuto paira sobre mim. — Você está ficando sem tempo
e opções. Você sabe disso?
Eli move as mãos para o apoio de braço. — Que bagunça fizemos com
você.
— Você gostou do que meus homens fizeram com você esta noite?
— Tudo bem, — diz ele secamente. — Não responda. A razão pela qual
pergunto é porque, como Bobby, tenho algo que gosto na cama. Quer saber o que
é?
Eli se move para frente, o movimento forçando seu pau mais fundo
dentro de mim. Eu quase vomito, reajustando minha mandíbula e tento engolir. Os
dedos de sua mão livre se fecham ao redor da minha garganta. — Eu gosto de
enforcar. Sabendo que estou segurando a vida de uma mulher em minhas mãos
enquanto faço o sangue correr para sua cabeça.
Eu engasgo.
— Boa menina, — ele murmura. — Olho para seu lindo pescoço branco,
vestido com meus rubis, e penso como seria fácil acabar com você, Srta. Whitehall.
Quão conveniente.
Depois de um longo momento, Eli inclina meu queixo para olhar para
ele, seu peito arfando. — Você já teve o suficiente, ou devo mandar chamar
Adriano?
Meu coração para. Ele não me deixou negociar minha virgindade. Ele
iria dormir comigo apenas para me humilhar e depois acabar com minha vida. —
Não, por favor, — eu digo, de língua grossa.
— Tudo bem. Talvez na próxima vez. — Ele estende a mão para mim.
— Venha, Bella. Você precisa dormir.
Eu rastejo para fora do banheiro, esperando que Eli esteja sentado onde
ele estava, mas ele está de pé ao lado da cama enquanto Bobby coloca lençóis
limpos.
Eu olho para Eli. Ele se move em minha direção e coloca uma mecha de
cabelo atrás da minha orelha. — Eu preciso ir, mas você vai dormir aqui esta noite.
— Aquela francesa.
Eu sei que música ele quer dizer. 'La vie en Rose.' — Tem certeza que
Eli ou alguém não vai ficar bravo se eu fizer barulho?
Seus dedos tecem através dos meus. — Eu tenho certeza. Por favor,
cante para mim.
Fecho os olhos e canto o mais baixinho que posso, minha voz falhando
nas notas mais baixas. E enquanto eu sussurro as palavras para 'La vie en Rose',
Bobby solta um suspiro suave, como se algo dentro dele tivesse liberado. E quando
termino, deitamos juntos, de mãos dadas.
***
É Bobby. Posso sentir suas pernas ao meu lado, peludas e quentes, como
um grande e amigável ursinho de pelúcia.
Eles não têm tempo para mentir. A resposta está escrita no rosto de cada
um.
Eli começa a dizer alguma coisa, mas um buraco está se abrindo dentro
de mim, um buraco onde Zia Teresa está, fumando e me dizendo o que fazer. Eu
grito e o som vem de dentro e continua e continua.
Bobby pressiona as mãos nos ouvidos. Doc sai da sala. Em um passo Eli
está ao meu lado. Ele agarra minha bochecha e me dá um tapa no rosto. Mas
continuo gritando. Eu grito até minha cabeça inchar e meus olhos ficarem
borrados. Vou gritar até morrer.
Fora da neblina vem Doc. Com uma agulha. Ele enfia no meu braço e a
escuridão cai.
January Whitehall
Passo sete dias sozinha, trancada na ala leste. Todas as manhãs, Harvey
ou o Sr. Gretzky me traziam comida que eu não comia. Eu implorei a eles que me
dissessem algo 'qualquer coisa' sobre minha Zia, sobre o que os outros estavam
fazendo. Eles nunca fizeram. Uma vez o Sr. Gretzky perguntou se ele poderia ter o
colar de rubis de Eli de volta. — Se ele quiser, ele mesmo pode conseguir, — eu
disse a ele.
Coloco meu vestido mais leve, tiro as meias e faço uma trança no cabelo,
prendendo o São Cristóvão de Zia nas dobras mais apertadas. O vento está uivando
lá fora, dobrando as grandes árvores quase ao meio.
Ele destranca a porta, e ela se abre, escondendo meu corpo. Meu coração
bate tão forte contra meu peito que tenho medo de que ele ouça. Ele dá um passo à
frente e coloca a bandeja do café da manhã na minha cômoda. — Srta. Whitehall?
Sr. Gretzky bate na madeira com tanta força que empurra a porta para a
frente como uma onda. — Destranque! Deixe-me sair!
— Sim.
— Onde está?
Eu levanto meus braços para cobrir meu rosto, mas me forço a continuar
falando. — Se você me matar, não encontrará o cofre.
Um momento de silêncio e estou de pé.
— Não senhor.
— Bom.
Adriano me arrasta pelo corredor e pela porta por onde entrou. Pontos
pretos surgem na frente dos meus olhos e vejo diferentes futuros esticados como
estradas invisíveis. Vida. Morte. Nápoles. Zia Tereza. Sr. Parker. Eu gostaria de ter
sido corajosa o suficiente para fugir no meu casamento. Para parar tudo isso antes
que acontecesse. Adriano me conduz até a escada de madeira e por corredores
amplos. Sua mão está tão fria quanto a arma que ele colocou na minha boca. Eu
gostaria de poder me livrar disso, mas eu sou mais esperta. Ele pode estar me
levando para a morte, mas é uma chance que tenho que correr para me aproximar
de Zia Teresa.
Adriano faz alguma coisa com a arma para que pareça mais pronta para
entregar a morte. Meu sangue se transforma em gelo. — Você não pode me matar.
Se você me matar, você não vai descobrir o que eu sei.
Seus olhos percorrem meu rosto, me lendo como um romance que ele
odeia.
Eu luto contra outra risada louca. — Tenho certeza de que estou prestes a
morrer. E se estiver, não quero faze isso sóbria.
Ele cruza o espaço entre nós em um passo largo e pressiona sua arma na
minha cabeça. Um pequeno círculo frio. Ele cheira a terra e pedra. Uma antiga
floresta escondida atrás das montanhas. — Você quer que eu faça isso?
— Isso faz três deles. — Ele pressiona a arma com mais força na minha
testa, mas não sinto nenhum medo. O álcool está passando por mim como rastros
de luz, me emprestando fogo. — Sr. Rossi, só quero saber o que aconteceu com
minha Zia. Você nunca amou tanto alguém que enlouqueceria se fosse ferido?
— Não.
Sua boca se contrai, abre quase contra sua vontade. — Ela foi atacada
saindo da casa da sua madrasta. Braços quebrados, rosto fraturado.
— Foi um trabalho armado. Parker nos lembrando do que ele pode fazer.
Eu não sabia que seu poder sobre a arma tinha afrouxado até que ele a
pressionou com mais força contra o meu crânio. — O cofre. Agora.
Adriano sorri.
Eu teria dito o que eu achasse que ele queria ouvir, mas o insulto sai
doce como caramelo. Eu quero fazer isso de novo. — Ele é um criminoso
pervertido e nojento.
Seu olhar cai da minha boca para a frente do meu vestido. É renda
marfim. Quem está me vestindo ainda prefere o branco. Eu empurro meus ombros
para trás. — Por favor?
— Eu…
Minha cabeça está correndo como se estivesse viajando por uma rodovia.
Ele estava lá no meu estúdio me vendo dançar. Ele estava lá quando me deram
Orchard, competindo para ser meu primeiro.
Eu puxo as alças do meu vestido para baixo e ele cai no chão. Estou nua,
exceto pela minha calcinha de algodão. Achei que não tinha nada a perder, mas
tenho. Minha virgindade.
O silêncio é tão alto que dói. Eu seguro meus seios, correndo minhas
palmas sobre meus mamilos. O calor passa por mim e eu solto um pequeno 'oh'
surpreso.
Eu arrasto meus dedos sobre meu abdômen esperando que ele não possa
ver o tremor em minhas mãos. — Há coisas mais importantes do que a pureza.
Ele fecha os olhos, e percebo que Adriano Rossi é quase bonito, com seu
cabelo grosso e boca carnuda. Até suas cicatrizes prateadas são meio bonitas.
Então seus olhos se abrem e tudo o que posso ver é seu olhar frio e vazio.
— Eles vão te perdoar. O que vocês quatro têm é maior do que eu.
— Desculpe, eu só…
Ele me empurra para o colchão e tira seu coldre de ombro e sua camisa.
Seu peito está coberto de cicatrizes, hematomas e tatuagens. Ele abre o botão de
sua calça jeans, puxando o zíper para baixo. Ele não está usando cueca e seu pau se
projeta através do V. Não parece do jeito que era na catedral. É grosso e duro e
vermelho na ponta, as tatuagens esticadas ao redor de sua pele. Ele se inclina para
frente e passa a palma da mão na minha barriga. Meu corpo se contrai. Eu sinto
que vou fazer xixi, mas ainda há outra sensação por trás disso, uma sensação
quente, aconchegante e viva.
— Sim, — eu sussurro.
Ele se acomoda em cima de mim e tenho certeza que ele vai afundar seus
dentes em mim. Então seus lábios encontram os meus e sua grande língua acaricia
minha boca. Estou tão surpresa que meus olhos reviram. Não só ele está me
beijando, mas eu gosto disso. É tão fácil quanto beijar Bobby ou Doc. Suas mãos
prendem as minhas acima da minha cabeça e ele me beija tão profundamente que
sinto que estou me afogando. De perto, seu cheiro é almiscarado como o canto
esquecido de uma biblioteca. Estou sozinha há dias e minha fome de toque ruge
como uma fera. Eu envolvo minhas pernas ao redor dele.
— Mas você foi usada por Doc e Basher. E Doc enfiou a faca em você.
38 João bobo.
Deito-me como uma tábua enquanto Adriano estende a mão para o lado e
puxa um pedaço de cordão preto. Ele me amarra na cabeceira da cama, como se eu
fosse um cervo morto que ele está amarrando no carro.
Eu choramingo, sem saber o que dizer. Meus pulsos já estão doendo com
a força com que ele me amarrou. Ele esfrega um polegar áspero e tatuado pelos
meus lábios e minha boceta vibra. Eu espero que ele se force dentro de mim, mas
em vez disso sua cabeça desgrenhada abaixa e sua língua lava meu clitóris. É mais
suave do que qualquer parte dele deveria ser. Ele é uma merda e o mundo inteiro se
inclina novamente, desta vez de uma forma que não tem nada a ver com álcool. —
Oh meu Deus!
Ele retorna sua boca para mim, e enquanto sua língua rola pela minha
boceta dolorida, eu mordo o interior das minhas bochechas para não gritar.
Adriano é o terceiro homem a fazer isso comigo. Todos eles foram tão diferentes.
Bobby foi preciso. Doc era preguiçoso e experiente, mas Adriano me lambe como
um urso no rio. Como se fosse um ato primordial. Eu ia fingir que gostei do que ele
fez comigo, mas não tenho que fingir que gosto disso.
Ele geme enquanto lambe, lento e constante. Ele também gosta. Sua
barba faz cócegas em minhas coxas e eu arqueio contra ele, meus dedos dos pés se
curvando. — Adriano…
Eu estremeço.
Ele cai sobre os cotovelos, o cabelo em seu peito roçando meus mamilos.
— Que Pena. Eu sei como seguir as pessoas sem que elas vejam. Eu fiz isso com
você por anos.
Ele acaricia seu pau através das minhas dobras e eu gemo. Sua boca me
deixou tão no limite que mal consigo pensar, e por mais assustadora que a corda
seja, fico feliz por ela estar lá. Significa que estou sendo forçada a isso. Para se
sentir assim.
Imagino Adriano lá fora, olhando pelas janelas escuras e parado nas ruas
lotadas onde construo minha nova casa. Um sentimento que eu não esperava toma
conta de mim. Cordialidade.
Ele estremece, grandes ombros tremendo, então ele estende a mão e solta
a corda que segura minhas mãos. Eu os deixei cair na cabeceira da cama, pulsando
com sangue.
Eu deveria estar apavorada, mas há uma nota em sua voz que se fosse
cantada me faria chorar. Eu escovo uma mão sobre suas costas sentindo os sulcos
suaves do tecido cicatricial. — Adriano, não tenho mais medo. Estou me
entregando a você.
Ele joga a cabeça para trás, evitando meus olhos. Seu punho ainda está
bombeando seu pau tatuado e posso ver uma gota perolada crescendo na cabeça.
— Eu não quero o que você tem para dar, — diz ele.
— Mas…
— Eu assisti você dançar e você era minha. Parker quer seu sobrenome.
Sua madrasta quer dinheiro. Os outros querem seu corpo, mas eu vi você. Eu assisti
você dançar. E desde então todas as noites sonhei com você.
A mão livre de Adriano traça meus lábios. Então ele fecha os olhos,
desconforto e constrangimento guerreando em seu rosto.
Meu coração dói, porque ele viu. Ele me viu dançar quando ninguém
mais faria. Muito alta e muito peituda para ser uma bailarina, ele não se importava.
Sua respiração está irregular agora, seu punho ainda trabalhando em seu
pau e tão assustada quanto eu estou com ele me levando, estou mais assustada com
o que vai acontecer se ele não o fizer.
Ele fecha os olhos, as luzes verdes se apagando. Somos apenas nós dois
sozinhos na cama dele. As últimas pessoas do mundo. A mão em seu pau diminui e
ele se posiciona entre minhas pernas. Meu corpo dói, meu clitóris está corado, e eu
sei que vou gozar enquanto ele me fode. Eu gozarei gritando e tremendo e
implorando por mais, e meu marido, quem quer que ele seja, não será o primeiro
homem a me fazer sentir essas coisas. Adriano Rossi será. Eu fecho meus olhos,
esperando o momento em que minha boceta se estica para deixar esse assassino
brutal dentro de mim. — Por favor, seja meu primeiro, — eu sussurro, enquanto
uma pequena lágrima cai do meu olho.
— Adriano?
Ele olha para mim, sua expressão tão odiosa quanto na noite em que
cheguei em Velvet House. — Estamos saindo.
Adriano Rossi
January se senta ereta no banco do carro ao meu lado. Eu disse a ela para
colocar maquiagem, o suficiente para que qualquer um que a conhecesse não a
reconhecesse imediatamente. Ela tem feito um bom trabalho. Sombra dourada
pesada, bochechas rosadas, lábios vermelhos brilhantes. As roupas ajudam. Um
pequeno vestido fino e o colar de rubi e saltos altíssimos que Eli comprou para ela.
Ela parece uma pequena socialite arrogante.
Ela olha para frente, seus olhos verdes vagos. Eu quero quebrar a cabeça
dela e ler seus pensamentos. Ela está pensando sobre o que fizemos? Ou essa
expressão calma e vazia é para o futuro dela?
Depois que eu terminei com ela, ela pegou uma das minhas camisetas e
limpou meu esperma de seu estômago como se ela tivesse feito isso a vida toda. —
Posso ir ver minha Zia agora?
Ela olhou para mim, suas costas retas e sua boca firme. — Eu sei.
January já tem uma nova identidade. Eli fez isso quando ainda estava se
iludindo de que mandaria a garota para Nápoles. Isabela Branco. Tenho o
passaporte dela, carteira de motorista e um cartão AMX com dez mil. Quando
chegarmos às partidas internacionais, vou empurrá-la em um avião com os três e
vê-la voar para a liberdade. Morelli vai ficar lívido, e Doc e Bobby vão lutar, mas,
eventualmente, eles vão entender por que eu fiz isso.
Ela parecia tão séria no estúdio de balé, tão solene e pequena. Mas aqui
ela está tirando sarro das minhas roupas. E de volta ao meu quarto, ela agiu como
se eu foder sua boca com uma arma, era um feitiche meu. Deve ser culpa de Doc.
Ele sempre foi uma má influência.
— Para visitar minha tia June. Ela quebrou a perna ao cair de uma
bicicleta.
— E quem é você?
Espero que ela fique vermelha, mas ela apenas sorri friamente. — Você é
meu pai, Anthony Mills.
O exterior pode ser chique, mas o interior do St. John's cheira como
todos os hospitais, como desinfetante e carne no microondas. As cabeças se voltam
enquanto nos dirigimos para a recepção, homens e mulheres olhando para January.
Inevitável. Eu poderia tê-la feito usar jeans e esfregar o rosto, mas a garota é bonita
demais. Nada menos que um saco de batatas teria ajudado e isso teria sido ainda
mais perceptível.
— Sim pai.
Talvez ela foda um homem assim que ela pousar onde quer que ela vá.
Livrar-se do que todo mundo quer. Talvez ela até se apaixone pelo cara. Um cara
legal e normal que promete protegê-la e dar a ela o mundinho seguro que ela
deseja.
Eu agarro seu queixo. — Sua Zia parece ruim. Ela pode não estar
consciente. Você grita ou faz qualquer barulho, eu entro lá e enfio minha mão na
sua boca.
Ela me olha bem nos olhos. — Eu prometo que vou ficar quieta.
Ela abre a porta 612 e entra. Dou-lhe alguns minutos antes de enfiar a
cabeça para dentro. O quarto está escuro, com cortinas grossas fechadas sobre as
janelas. Há cartões e flores em todos os lugares. January está sentada ao lado da
cama, o rosto enterrado nos lençóis de Teresa Calderoli. A velha parece mal. Seu
rosto é uma confusão de roxo e ambos os braços estão engessados. Quem quer que
tenha trabalhado nela foi além do dever. Ela está inconsciente ou o material em seu
IV está ajudando-a a dormir. Eles provavelmente são mais generosos com
remédios em um lugar como este.
Eu empurro meu telefone longe e tomo meu café. Está muito quente,
mas eu esvazio o copo na boca de qualquer maneira. Eu esperava que a Zia de
January estivesse acordada. Queria ver se o relacionamento era mútuo ou se a
garota havia projetado uma mãe em outra parte desinteressada. Olhando para o
meu copo vazio, me pego esperando que seja real. Esse alguém amava January
como Magdalena Rossi me amava. Estupidamente. Contra todo o seu melhor
julgamento.
— Derrube ele!
Vejo January em seu minúsculo vestido rosa, sentada ao lado de sua Zia
Teresa. Lembro-me da sensação dela debaixo de mim. Eu deveria tê-la fodido. Por
que eu não transei com ela?
— Olá, Rossi.
É engraçado como Parker mudou pouco em vinte anos. Seu rosto está
sem rugas, seus olhos azuis redondos ainda procurando mais dinheiro, mais boceta,
mais poder, mais pílulas. Um vazio girando ao redor do nada. Eu tusso, borrifando
mais sangue para cima e para trás no meu próprio rosto.
Ele está apostando na leve confiança de Morelli, mas sua voz está
trêmula.
Parker não é forte, mas uma bota nas costelas ainda é uma bota nas
costelas. Sinto outro estalo surdo e minha respiração se torce como uma torneira
enferrujada.
Eu rio mesmo que isso faça meu interior gritar. — Você está fodido,
idiota. Você me mata, há mais três vindo.
Parker pega uma Beretta de algum lugar e a coloca sobre meu rosto. —
Hora de morrer, hein?
Eu não falo. Homens melhores do que Parker apontaram uma arma para
minha cabeça. Eu não os insultaria implorando por minha vida. A morte sempre foi
uma possibilidade, e esta é a minha merda. Eu mereço. Tudo o que posso esperar é
que os outros encontrem January. Que Morelli se case com ela e deixe Doc e
Bobby transar com ela quando quiserem. E eles terão jantares como o que tivemos.
Olho para o cano da arma. — Mate January e os outros vão fazer você
pagar.
***
Sirenes.
— Sr. Mills?
Uma garota atrás de mim grita e o médico diz outra coisa. Eu os ignoro e
cambaleio para frente. A porta de Zia Teresa está aberta, os cartões, flores e doces
exatamente onde estavam. A velha ainda está na cama e, por um segundo, acho que
está tudo bem. Então eu vejo seus olhos castanhos vazios.
Ela está morta e January se foi.
January Whitehall
Estes são os fatos. Eles não podem ser discutidos ou chorados. Eles não
podem ser alterados.
Sr. Parker têm olhares vidrados em seu rosto. Parece que meu ex-noivo
tem falado muito sobre isso desde o meu sequestro.
Fixo um sorriso compreensivo em meu rosto. — Sinto muito, Sr. Parker.
— Não sorria para mim, putinha. Sabe, a tua mãe pensa que te roubei.
Por que diabos eu faria isso? — Ele me olha com expectativa.
— Claro, você não tem, sua cadela estúpida. — Sua expressão é alegre.
Tenho certeza que ele está morrendo de vontade de falar comigo assim.
Provavelmente foi difícil para ele me comprar flores e me levar para passear
quando esse é o relacionamento que ele realmente queria ter.
O Sr. Parker dá uma risada alta e trêmula. — Então, você fodeu Adiano?
— Eu… quem?
Ele olha para mim como se eu fosse um pedaço de terra inútil. — Adiano
Rossi.
Meu lábio está partido. Eu toco a pequena parte da minha pele, sinto o
sangue escorrer como água oleosa. Fiquei impressionada com os outros, mas isso
parece completamente diferente. Quando eles fizeram isso, meu pulso acelerou e o
ressentimento e o calor lutaram por espaço dentro de mim. Olhando nos olhos do
Sr. Parker, tudo o que sinto é uma decepção chata e silenciosa.
Eu lambo meu lábio superior. Odeio o gosto de sangue, mas não tenho
Kleenex e acho que ninguém vai me dar. — Juro pela minha Zia Teresa, ainda sou
virgem. Nenhum deles dormiu comigo. Ninguém fez isso.
Tenho certeza que o hímen não funciona assim. Que se cobrisse o buraco
você não poderia menstruar. Mas não vou dizer isso ao Sr. Parker.
Ele parece levemente irritado, como se tivesse perdido uma carteira. Ele
agarra meu pulso, esmagando-o em sua mão carnuda e muito quente. — Por que
eles não continuaram filmando você? Por que eles não se forçaram em você?
Lembro-me daquele jantar na Velvet House. Nós cinco sentados ao redor
da mesa de jantar polida comendo, bebendo e rindo. Eu deveria ter dito sim para
ficar lá. Se tivesse, estaria segura e Zia Teresa ainda estaria viva.
Eu toco um dedo no meu ombro, onde meu São Cristóvão está escondido
sob a alça do meu vestido. Zia Teresa está comigo agora. Eu a carrego no meu
coração. E uma vez ela me disse para não me culpar pelo que as outras pessoas
fazem, mas para me concentrar na minha própria sobrevivência.