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DE FÃS PARA FÃS.
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Janeiro 2024
SAVAGE
EMPIRE
LIVRO UM DA SÉRIE BROKEN CROSS
BRI BLACKWOOD
PLAYLIST
Ele é um selvagem.
Ele vê.
Ele toca.
Ele conquista.
Ele perdoará a dívida do meu pai se puder ter algo em troca: Eu.
Prometi a mim mesma que não iria me viciar, mas nada é garantido
quando você faz um acordo com um selvagem.
Olá!
ANAIS
— Anais?
Ele limpou a garganta. — Você ainda vai voltar para casa esta
noite? Preciso falar com você.
Ele acenou com a cabeça, mas não foi difícil para mim notar
sua hesitação.
— Tenha cuidado, — foi tudo o que ele disse. Sua voz era
áspera, como eu imaginei que soaria alguém com cordas vocais
enroladas em uma lixa.
Não lhe dei uma chance de dizer ou fazer qualquer outra coisa.
Comecei a andar de costas pela rua, tentando ao máximo mantê-lo à
vista, caso ele tentasse fazer alguma coisa. Em vez disso, ele continuou
na direção oposta, nem uma vez se preocupando em se virar para me dar
uma segunda olhada. Alarmes dispararam na minha cabeça e fiquei mais
consciente de que não havia ninguém por perto.
Quando pude ver meu prédio, fiz uma oração silenciosa, grata
por estar quase em casa, e tive certeza de que o homem não tinha me
seguido. Quando cruzei a soleira do meu prédio, dei um suspiro de
alívio. Eu estava segura no meu saguão, onde havia outras pessoas
vagando, e o calor do prédio aquecido me envolveu como se eu tivesse
acabado de tomar um gole de chocolate quente em um dia frio de
inverno.
Se eu conhecia meu pai tão bem quanto pensava, sabia que algo
devia estar errado. Ao longo da minha vida, ele foi esse pilar de força,
nunca alguém que influenciasse muito em nenhuma circunstância. Se
alguém tivesse um problema e quisesse ajuda para resolvê-lo, ele estava
lá para ajudar. Não havia um só momento que eu me lembrasse que o
tivesse visto abalado até hoje. Embora ele tentasse fazer cara de bravo,
isso pouco ajudou a impedir que suas verdadeiras emoções aparecessem
pelas rachaduras.
Eu: Você sabe como me sinto sobre esse tipo de coisa, El.
1 Optamos por traduzir esse nome ao invés de deixar o original como habitualmente. Project Adoption.
motivos pelos quais seus pais apoiavam o Projeto Adoção, então eu
sabia que ela estava louca para ir.
Eu: Posso ter alguma coisa aqui, mas nunca vou recusar a
desculpa de ir às compras. Quinta-feira está bem para você?
***
— Eu posso ajudar.
— Não se preocupe com isso. Vá relaxar com sua mãe
enquanto eu faço isso. — Papai levantou-se primeiro e caminhou até
mamãe e pousou a mão em seu ombro. Ele estendeu a mão e ela colocou
a mão na dele e ambos se levantaram. Levantei-me também e minha mãe
e eu caminhamos juntas para a sala de estar enquanto papai levava a
louça suja para a cozinha.
Estou sendo demitida. Eu não disse nada, mas sabia que ele
devia ter interpretado corretamente o olhar que eu lhe lançava: arranque
o band-aid e me diga do que se trata. Eu estava morrendo de medo.
— O que você quer dizer com não está indo bem? — Isso era
pior do que eu ser demitida.
Essa era a última coisa que eu esperava que meu pai dissesse.
— Alguém mais sabe sobre isso?
Eu não sabia que estava chorando até que uma lágrima pousou
na minha mão descansando no colo. Mamãe pegou um lenço de papel da
mesinha de centro e me entregou. Sequei os olhos e funguei.
ANAIS
Foi quando percebi que tinha ficado tensa mais uma vez. Fiz o
possível para pensar em ideias tranquilas e pacíficas em vez dos
pensamentos que vinham fervilhando em minha mente nas últimas
semanas. A massagem sueca que eu normalmente recebia, e que Ellie
estava me dando agora, ajudou a aliviar a tensão e o estresse que eu
estava sentindo. O amassamento e os movimentos circulares que ela
executava faziam maravilhas nas minhas costas e eu sentia alguns dos
problemas do trabalho desaparecerem.
— Ok, bem, tenho algumas coisas para terminar aqui, mas não
devem demorar. Encontro você na frente.
Jill sorriu. — Não. Tudo está ótimo aqui. Vou trancar as coisas.
Vejo você amanhã.
— Ah ok.
— Estou chocada que você não quis levar um dos caras que
está namorando.
— Aqui tem.
DAMIEN
Olhei feio para meu irmão mais novo, Gage, quando ele entrou
na sala, quinze minutos atrasado.
— Que bom que você pôde vir, — seu irmão gêmeo, Broderick,
falou ao meu lado.
3 Império Cross.
Nós nos levantamos e fomos em direção à saída. Meus irmãos
saíram da sala primeiro e, quando eu estava prestes a ir atrás, papai me
chamou de volta. — Damien?
Papai deu uma segunda olhada. — Você deixou ele ter outra
chance? Está mudando de procedimento?
***
ANAIS
— Tem certeza?
Tudo o que fiz foi acenar com a cabeça. O desejo de lhe contar
minhas preocupações e medos estava lá, mas não era a hora nem o lugar.
— Sabe, fiquei chocada por você usar vermelho, mas estou
amando esse vestido.
— Será?
— Ei, Anais...
Ele não disse nada, mas fez sinal para que eu desse um passo
mais perto. Quando o fiz, ele colocou a mão na parte inferior das minhas
costas e me conduziu até uma fileira de janelas com vista para a cidade
inteira. Seu perfume, uma fragrância amadeirada e picante com um
toque floral, penetrou em meu nariz, me envolveu e me consumiu. No
entanto, ainda havia uma sensação de perigo que eu não conseguia
identificar. Eu sabia que não seria capaz de sentir esse aroma novamente
sem pensar nele. Quando parou de andar, dei um passo para trás, embora
desejasse o calor que seu toque trazia à minha pele nua. Parecia muito
íntimo para alguém que eu mal conhecia.
— Quero falar com você sobre um acordo que tenho com seu
pai.
Meus olhos se estreitam enquanto eu tento descobrir o que ele
quer dizer. — Que tipo de acordo?
— E qual é?
— Oh sério? E qual é?
— Você.
Meu sangue ficou tão frio quanto seus olhos. — Pode repetir
isso?
ANAIS
— Eu ouvi você, mas devo estar presa em outra dimensão porque não
estou compreendendo. O que quer de mim?
Ele deu um passo mais perto e disse: — Você será minha por trinta dias.
Fará o que eu disser. — Ele se inclinou e mais uma vez senti o cheiro de sua
colônia.
— Eu até serei generoso e lhe darei alguns dias para pensar sobre isso.
— Você está dizendo que quer fazer sexo comigo em troca de pagar a
dívida do meu pai? — A pergunta saiu da minha boca e eu não me importei. Não
importava que isso chamasse a atenção sobre nós e pudesse causar uma cena.
Não.
Sem chance.
De jeito nenhum.
Ele não negou minha interpretação de sua proposta. Sempre foi difícil
para mim evitar que meus sentimentos transparecessem no rosto, mas consegui, e
meu rosto permaneceu neutro. Por dentro, eu estava aterrorizada com as palavras
que haviam saído de minha boca, mas também estava enfurecida para deixar que
esse sentimento me invadisse. Meu corpo ficou tenso enquanto eu
subconscientemente tentava controlar o calor que ameaçava tomar conta do meu
rosto. Quem ele achava que eu era?
O que mais me irritou foi o fato de que eu podia ver um sorriso em seus
lábios. Eu estava com vontade de lhe dar um tapa, mas pensei melhor. — Como eu
sei que está dizendo a verdade?
4
Avenida na cidade de Nova York.
Por outro lado, meu estômago parecia estar prestes a se deslocar para o
meu peito, exigindo ser liberado da prisão em que se encontrava. É engraçado, com
base no que ele disse, eu me senti como se estivesse prestes a ser colocada em
uma. Ele tirou da carteira o que parecia ser um cartão de visita de cor creme e mo
entregou.
Travei os joelhos por um segundo para evitar afundar no chão. Não havia
como eu desmaiar se tivesse algum controle sobre meu corpo. Respirei fundo e
marchei de volta para a festa com as costas retas e a cabeça erguida. Eu não sabia
quem poderia ter nos visto e queria mostrar que o que havia acontecido não me
afetou. Ellie lançou um olhar em minha direção quando me sentei no meu lugar,
mas não disse nada. Não que ela precisasse mesmo, porque eu sabia qual seria a
pergunta: Onde você estava?
***
— Bem, isso não foi tão ruim, afinal, — eu disse enquanto Ellie e eu
caminhávamos para fora do Olympus Hotel. Estremeci quando o ar frio atingiu
meu rosto e apertei a gola do casaco em volta do meu pescoço. Depois de ficar
sentada em uma sala quente por algumas horas, meu corpo não estava pronto para
o vento frio e forte.
— Sim, foi fantástico. Até os quinze minutos que você perdeu quando
foi ao banheiro.
— O que está acontecendo? Por que ele estava te encarando? Esta foi
pelo menos a segunda vez que isso aconteceu esta noite, — Ellie sussurrou.
— Bem, ainda bem que moramos juntas, então temos muito tempo para
conversar sobre esse assunto.
— Senhora?
— Ellie!
Ela estava certa e uma vez que meus pés bateram na porta, tirei os saltos
e suspirei. Meus pés no tapete da nossa porta da frente pareciam divinos.
Nosso apartamento não era muito grande, mas era um lar. Era um pouco
pequeno para duas pessoas, mas nós fizemos funcionar. Tinha uma sala de estar,
cozinha, um banheiro que Ellie e eu dividíamos e dois pequenos quartos.
Poderíamos nos dar ao luxo de mudar para um lugar um pouco maior, mas
gostávamos da conveniência de ter o metrô e os ônibus por perto.
Com isso, fui para o meu quarto e troquei o lindo vestido que tinha usado
essa noite. Então, peguei alguns lenços e fui até ao espelho para remover a
maquiagem. Enquanto limpava o rosto, me vi olhando no espelho, ainda abalada
com a exigência de Damien. Embora ele tivesse apresentado o acordo como se eu
tivesse escolha, algo no fundo do meu coração me dizia que não tinha escolha.
Seria dele por trinta dias ou a Monroe Media Agency iria à falência. O pano úmido
e frio pouco ajudou a aliviar a irritação que crescia dentro de mim enquanto eu
tentava encontrar uma saída para a situação em que me encontrava. A audácia que
ele teve para sugerir isso mostrou o quanto ele era um idiota.
— Ah, sim? — Olhei para minha mão e descobri que havia parado de
esfregar o lenço na pele e o amassado no punho sem nem perceber.
— Anais?
— Sim, mas não pela razão que você está pensando, — murmurei.
— Nada.
— Então, o que houve esta noite? Parecia que sempre que você estava à
vista dele, seus olhos estavam grudados em você.
— Algo parecido. Não tenho certeza porque eu não estava presente. Meu
pai esqueceu de marcar na agenda dele, então acabei interrompendo a reunião.
— Hmm, e agora ele não consegue tirar os olhos de você sempre que
você está por perto.
Eu zombei. — Bem, eu não diria isso. Duvido muito que ele esteja
interessado em mim. — Interessado em me humilhar? Sim. Interessado em
namorar comigo? Ha. Não.
— É claro que duvida, mas você sempre duvida. Esse é um dos motivos
de você estar solteira. — Ela se inclinou e pegou algumas pipocas da tigela
enquanto eu revirava os olhos.
— Ah, acho que você só se enterra no trabalho para evitar ter de lidar
com relacionamentos. Isso lhe dá uma desculpa para não fazê-lo.
Ela estava certa, em parte. Eu estava trabalhando mais horas, mas não
era para evitar namorar com outras pessoas. Eu me dedicava ao trabalho para poder
fazer minha parte para garantir o sucesso da empresa. Eu me sentia muito feliz em
ajudar nossos clientes a promover seus negócios. A Monroe Media Agency foi
construída com muito sangue, suor e lágrimas de meu pai, e, quando me formei na
faculdade e entrei para a empresa, também investi meu quinhão de sangue e
lágrimas.
— Exatamente.
Ela não estava errada. — Não tenho certeza do que vou fazer, mas já que
você sabe tudo o que há para saber sobre todos, por que não me conta mais sobre
Damien? — Eu não podia mais evitar. Era hora de saber mais sobre o homem que
passou de empresário muito atraente a meu adversário em menos de uma semana.
Ellie fez uma pausa. — Antes de começar, você pode querer pegar uma
bebida e me seguir até à sala de estar, porque o que estou prestes a contar será
muito divertido para nós. Quem precisa de um filme?
Eu balancei a cabeça e segui Ellie depois que peguei uma taça de Merlot
e a tigela de pipoca. Ela se sentou no sofá e olhou para mim.
— Admito que parte do que sei sobre Damien e sua família é boato, mas
vou começar com os fatos. Damien é o mais velho de três filhos de Martin e Selena
Cross. Seus irmãos se chamam Broderick e Gage e são gêmeos. Acredito que eles
tiveram seu início há gerações e desenvolveram seus negócios e poder desde então.
A família Cross acumulou uma fortuna por meio de seus diferentes
empreendimentos comerciais, até onde eu sei.
— Eu não culpo você. — Ela fez uma pausa e jogou alguns grãos de
pipoca na boca.
— Você está bem? — Ellie bateu nas minhas costas enquanto eu tentava
limpar a garganta.
Ellie olhou para mim mais uma vez antes de continuar: — Digo mais
uma vez que tudo isso são boatos, pois nunca interagi com ele pessoalmente, mas
não seria uma má ideia você se soltar um pouco, sabe? Você não transa há meses,
então o que há de errado em se divertir um pouco com ele? É bem provável que
não dure muito tempo mesmo
— Uh-huh. — Isso fazia sentido. E o prazo de trinta dias que ele colocou
em nosso acordo se encaixa na descrição de playboy que Ellie me deu.
— Foi o que ouvi dizer. Eu nem chamaria isso de namoro se tivesse que
ser honesta. Quando as mulheres que ele está transando ficam viciadas nele, ele
simplesmente termina com elas. E quando ele termina, ele termina. Ele não gosta
de relacionamentos. Se ele se cansa de você, é só isso.
— Espere, como você sabia que eu tinha o cartão dele? E não é incomum
eu ter cartões de visita.
— Anais, você pode tentar explicar isso, mas eu sei o que vi e como isso
se parece.
— Acabamos de nos encontrar uma vez e ele está fazendo negócios com
meu pai e…
Eu sabia que ela estava dizendo cem por cento de verdade sobre isso.
6
ANAIS
Eu sabia que, sem sombra de dúvida, precisava falar com meu pai. Por
que ele decidiu procurar Damien, entre todas as pessoas, ao invés de ir a um banco
e pedir um empréstimo? Droga, será que ele não poderia fazer isso agora e usar o
dinheiro para pagar Damien? Se ele podia, por que ainda não fez isso?
Isso me fez sentar na cama. O que impediu meu pai de tentar obter um
empréstimo de um banco ao invés de ir a esse homem que tinha acabado de
ameaçar levar sua filha para seu próprio prazer? Essas perguntas fizeram com que
uma onda de energia percorresse meu corpo e me motivassem a me concentrar para
me preparar para o trabalho. Não demorou muito para me organizar, porque eu
tinha uma rotina diária bem definida e sabia exatamente quanto tempo poderia
perder antes de entrar no chuveiro.
Quando terminei, entrei no corredor e encontrei a porta de Ellie fechada.
Ela provavelmente acordou cedo hoje e já havia saído para o trabalho. Quando
vesti o casaco, peguei minha bolsa e as chaves e me dirigi à porta. Enquanto
esperava o elevador, vasculhei minha bolsa e encontrei meus fones de ouvido. Eles
me permitiriam ignorar o mundo por um tempo enquanto eu pegava o trem para o
trabalho.
Pai: Sim, daqui a pouco estarei no escritório. Tive uma reunião esta
manhã, provavelmente esqueci de colocar no meu calendário.
Uma pesquisa rápida provou que ele realmente havia esquecido. Para ser
sincera, isso não era nenhuma surpresa, considerando a grande quantidade de
coisas que ele fazia diariamente.
Acenei confirmando.
— Sem problemas. Parece que alguém gostaria que você soubesse que
estava pensando em você .
Eu sabia que as flores tinham de ser dele, a não ser que fosse algum
admirador secreto que estivesse se revelando. Então, coloquei meu telefone sobre a
mesa e encontrei o cartão que acompanhava o arranjo.
Anais,
Damien
O grunhido que saiu de meus lábios me chocou. Sua arrogância era
evidente no pequeno pedaço de papel, como se ele soubesse a resposta que eu
daria. Meus pensamentos foram interrompidos novamente pelo barulho do meu
celular. Aparentemente, eu estava popular hoje. Eu o peguei. Encontrei uma
mensagem de um número que não reconheci, e as palavras fizeram com que uma
pequena quantidade de bile subisse à minha garganta.
Eu: Damien?
— Entre!
Papai abriu a porta e entrou, fechando-a atrás de si. — Ei, querida, quer
conversar? Tenho alguns minutos antes da minha próxima reunião.
— Pai, irei direto ao ponto. Quanto dinheiro você deve a Damien Cross?
Que droga. Eu não tinha percebido que ele não havia me dito que estava
pedindo dinheiro emprestado a alguém. — Eu somei dois mais dois quando você
não me disse que ele era um de nossos novos clientes. — Graças a Deus, tenho a
capacidade de raciocinar rápido.
— Cerca de US$270.000.
— Pai! — Exclamei.
Seu olhar se desviou para a porta, provavelmente, para ter certeza que
ninguém havia me ouvido através da porta fechada. — Eu sei, eu sei.
— Querida, eu sei.
— Provavelmente.
— O que você quer dizer com provavelmente! — Eu parecia
desesperada. Fiz uma pausa e disse: — Quero dizer, eu sei o que significa
provavelmente, mas por que não tem certeza? E o que acontece se você não tiver
certeza?
— Ouvi algumas coisas sobre Damien Cross e não acho que ele seja
alguém com quem deveríamos nos envolver.
— Eu sei, mas não tive escolha. Nenhum banco iria me emprestar essa
quantidade de dinheiro tão rápido. — Seus olhos percorreram a sala antes de
encontrarem os meus. — Ele me fez uma oferta que não pude recusar. Eu fiz isso
para salvar este negócio. Para salvar o que você, eu e todos aqui trabalhamos tão
arduamente para conseguir e também para ter mais tempo para consertar tudo.
Novas empresas estão surgindo e atraindo nossos clientes, e precisávamos de mais
dinheiro para competir.
Eu: Isso parece perigoso, e não vou nem tentar adivinhar o que
aconteceu.
DAMIEN
— Você não parece estar se divertindo muito. Não que você se divirta
muito.
Em vez de ir até ao porão, fiquei por aqui e tomei o uísque que havia
sido colocado na minha frente quando cheguei. Com base em onde a atenção de
Gage estava, talvez ele encontrasse uma mulher para levar para casa esta noite. Ele
se inclinou sobre Broderick e me disse: — Tire o pau da bunda5 e se divirta um
pouco.
Gage estava certo. Eu tinha um pau enfiado na bunda porque não queria
estar aqui e por causa de uma certa morena em quem eu não conseguia parar de
pensar por mais que tentasse. Passei a maior parte de minha vida adulta focado no
trabalho e em encontrar a próxima empresa para conquistar, mas agora as coisas
pareciam estranhas porque eu não conseguia evitar de pensar nela. No entanto,
meu trabalho não tinha sido prejudicado e eu me esforçava para mantê-lo assim.
5
No original “pull the stick out of your ass” seria uma pessoa de mau humor. Quererá dizer para ele
afastar esse mau humor.
em que uma mulher, especialmente uma que eu mal conhecia, tenha ocupado
minha mente por tanto tempo.
— Quem?
— Pode calar a boca? Ou voltar e ver o que Gage está fazendo? — Meu
irmão não precisava saber que transar com ela não estava fora de questão, dado o
acordo que fizemos. Nunca tive que me preocupar se conseguiria encontrar alguém
com quem dividir minha cama. Havia um entendimento mútuo entre mim e as
mulheres com quem eu saia. Às vezes as coisas ficavam complicadas, mas nada
que eu não pudesse lidar. Relacionamento era algo com que eu não queria lidar.
Ponto.
Broderick olhou para trás antes de voltar para mim, com um sorriso
estampado em seu rosto. — Parece que Gage não conseguiu.
Suas palavras me fizeram virar para confirmar. Gage agora estava
sozinho, olhando para o telefone. — Aposto que ele pensou que acabaria levando-a
lá para baixo. — Broderick deu de ombros enquanto eu balançava a cabeça e
terminava a bebida.
— Não, estou bem. — Eu disse, assim que avistei as duas mulheres. Elas
estavam indo em direção ao bar. Andei um pouco pelos arredores, pois não queria
chamar a atenção para mim, nem queria que Anais me visse antes que eu estivesse
pronto.
Percebi que ela estava prestes a perder a paciência, mas assim que seus
olhos pousaram em mim, as palavras desapareceram. Ela demorou alguns
segundos para se recuperar do choque, porém, quando conseguiu, voltou a ser mal-
humorada.
— O que você quer dizer com o que estou fazendo aqui? O que você está
fazendo aqui?
Percebi que minhas palavras tinham sido registradas porque seus olhos
se arregalaram. Ela sabia que eu também não estava brincando sobre fazer isso.
— Eu ainda não disse sim ao seu acordo. Você está achando que eu vou
dizer.
Ela foi forçada a olhar para cima, mesmo com os saltos de sete
centímetros que usava.
— Porque seu pai não tem o dinheiro e não terá até meu prazo final.
Você não quer ver a Monroe Media Agency fechar. Os riscos são muito altos. —
Em mais de um sentido.
6
É uma pessoa, geralmente uma mulher ou garota que se irrita e fala de forma fogosa, ríspida.
Iremos traduzir como Vulcãozinho.
Esse tipo de negócio não era algo que eu normalmente faria porque não
precisava. Dessa vez, eu não queria correr o risco de que ela escapasse por entre
meus dedos. Eu não mentiria e diria que não me senti atraído por ela quando vi sua
foto pela primeira vez. Deixei meu olhar passear por seu corpo antes de voltar aos
seus olhos. Pude ver que eles estavam encarando meus lábios enquanto eu falava.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, inclinei minha cabeça para
beijá-la, dando-lhe uma pequena amostra de como seria ser minha. No início, ela
não reagiu, mas quando começou a corresponder ao beijo, eu me afastei.
— Você quer saber como é ser fodida por mim. — Dei um pequeno
passo para trás e não lutei contra minha vontade de sorrir. — Vista algo assim
amanhã. — Eu me virei e me afastei, deixando seus lindos lábios inchados
entreabertos.
ANAIS
Vir ao clube tinha sido uma péssima ideia. Depois que Ellie me contou
sobre como ela suspeitava que Damien fosse o dono da boate Elevate, eu sabia que
havia uma chance de ele estar aqui esta noite. E estava. Meu celular vibrou. Olhei e
vi uma notificação de texto.
— Você ainda não pediu uma bebida. — Ellie apareceu ao meu lado.
Se essa fosse uma situação normal, eu teria rido. Mas não era, e eu não
me daria ao trabalho de tentar fingir que era.
— Sim, e tem mais coisas que eu preciso te contar. — Era hora de ser
honesta. Eu faria isso quando chegássemos em casa.
Eu a admirava por ter se oferecido para ir para casa comigo, mesmo que
estivéssemos em uma das boates mais exclusivas da cidade de Nova York. Quem
saberia quando ou se teríamos a oportunidade de fazer isso de novo?
— Não, vamos ficar. Também devemos pelo menos tomar uma bebida
enquanto estivermos aqui.
— Talvez?
Não pude deixar de revirar os olhos. Ela sabia muito bem que não
estávamos em nenhuma lista, a menos que ela tivesse feito isso sem me avisar.
Ela olhou para mim e depois olhou de volta para ele. — O que você quer
dizer com onde está sua moeda?
Ele olhou para ela e balançou a cabeça. — Se você nem sabe do que
estou falando, tenho certeza que não está na lista para entrar. Por favor, se afaste.
— Veja bem…
***
— Ellie.
— Ellie.
Sem dúvida, tinha razão, mas ela estava me dando dor de cabeça, junto
com os outros pensamentos que estavam dando voltas na minha mente. — Ellie.
— Não aguento…
— Oh, querida. — Disse Ellie pelo que parecia ser a quinquagésima vez.
— Retiro tudo o que disse sobre você se envolver com Damien. Ele que se foda,
desculpe o trocadilho. Vamos descobrir uma maneira de tirar você dessa situação.
Para mim também não. Pensei em Ellie me dizendo que ele tinha
dinheiro suficiente para me fazer desaparecer com um estalar de dedos. Mas se ele
pudesse fazer isso comigo, poderia fazer com meu pai também.
Fui até à porta da frente, meu coração batendo mais forte a cada passo.
— Por aqui. Meu nome é Rob e vou levá-la para a casa do Sr. Cross esta
noite. — Disse ele ao abrir a porta.
Entrei, sem dizer uma palavra, e ele fechou a porta atrás de mim.
Eu sabia que isso era uma forma de evitar que eu fizesse perguntas já que
ele não tinha me dado a resposta que eu queria. O som suave de jazz tocava ao
fundo enquanto deslizávamos pelas ruas de Nova York. Como eu estava sozinha,
tudo que podia fazer era pensar nos diferentes cenários que poderiam ocorrer esta
noite. Uma ideia me veio à cabeça, e eu peguei meu celular para enviar minha
localização para Ellie, apenas no caso de algo terrível acontecer. Depois de fazer
isso, guardei meu telefone. No mínimo, alguém saberia por onde começar a
procurar meu corpo. Pensar nisso me fez tremer, e tentei me tranquilizar sobre a
possibilidade de algo acontecer comigo.
A carona até à casa de Damien me deu ainda mais tempo para pensar no
acordo. Aceitar este acordo não significava que ele poderia estabelecer todas as
regras. Havia alguns limites rígidos para o que eu estava disposta a fazer e ele iria
ouvir sobre eles hoje à noite, gostasse ou não. Alguns dos itens que eu queria
discutir eu já tinha considerado, mas outros, lembrei apenas durante o trajeto até à
casa de Damien. Eu os digitei em meu celular para passar o tempo em minha
jornada para o que eu chamava de inferno.
— Bem, pelo menos eu não vou fazer minha caminhada para a morte
sozinha. — Murmurei, me certificando de que ele não estava me ouvindo.
Ele não respondeu, o que me confirmou tudo o que que precisava saber.
O que não ajudou muito a diminuir minha ansiedade enquanto estávamos em frente
à porta.
DAMIEN
— E você precisa estar aqui às 10h para participar da reunião com Ben
Nichols. As informações sobre a pauta da reunião estarão em sua mesa e no
convite que consta em seu calendário.
— É tudo.
Desliguei o telefone e fui até à sala de jantar. Observei Lucy, minha chef
de cozinha pessoal, terminar de acender as velas na mesa da sala de jantar e
verifiquei meu Rolex. Anais e Rob deveriam chegar nos próximos cinco minutos.
Eu sabia que Rob era pontual, portanto, se eles se atrasassem, era bem provável
que fosse por causa da teimosia de Anais. Eu estava muito ansioso pela chegada de
Anais, mas era exatamente o oposto do que eu normalmente procurava quando se
tratava de encontrar alguém para foder.
— A torta de maçã deve ficar pronta logo, mas precisará colocá-la para
esfriar no suporte. Eu o coloquei ali. — Lucy apontou na diagonal atrás dela. — O
restante está coberto para que permaneça quente ou pode ser aquecido no outro
forno.
— Boa noite.
Ela fechou a porta da frente e eu fiquei sozinho mais uma vez. Alguns
diriam que uma casa com cinco quartos e seis banheiros era exagerado para um
homem, mas eu não me importava com o que as outras pessoas pensavam a
respeito do que eu deveria fazer com meu dinheiro. Além disso, a única razão pela
qual as pessoas realmente se importavam era porque os jornais escreviam sobre
isso e vendiam. Era um ciclo sem fim.
Uma rápida inspeção em minha casa me disse que tudo estava perfeito.
O serviço de limpeza havia terminado várias horas atrás, então minha casa estava
imaculada. Embora eu mal ficasse aqui, não fazia mal ter alguém para manter a
casa arrumada. Eu havia comprado essa casa há alguns anos, quando decidi que
queria ter um lugar para descansar minha cabeça em NoHo7. Além disso, a casa
tinha uma academia no subsolo. Uma coisa a menos que eu precisava pedir para
construir. Também era comum eu passar aqui para fazer um treino rápido após
7
Bairro de Manhattan
uma teleconferência ou para almoçar antes do próximo evento ou reunião que eu
precisasse participar.
Voltei para a cozinha e olhei para o cartão que Lucy havia colocado no
balcão para mim. Ela havia preparado tudo o que eu havia pedido para o jantar
desta noite. Parte de mim se perguntava se não era demais, quando olhei as velas
acesas. Eu estava tentando impressionar Anais fazendo tudo isso? Eu diria que sim,
mas apenas para pegá-la desprevenida e conseguir o que queria no final. Para que
ela pensasse que esse pequeno acordo não seria nada de mais quando eu colocasse
minhas exigências sobre a mesa. Ela não sabia no que estava se metendo e eu
estava ansioso para ver sua reação. Verifiquei o relógio novamente e ajeitei meu
paletó. Optei pelo terno preto padrão, sem gravata. Passei a mão no cabelo e então
ouvi uma batida na porta.
— Bem na hora. — Eu disse a mim mesmo enquanto dava mais uma
olhada na sala antes de ir para a porta da frente. Então, ela não tinha se rebelado
para vir aqui. Interessante.
— Não era isso que eu tinha em mente quando disse que você deveria
usar algo parecido com o vestido que usou na Elevate. — Uma imagem dela no
vestido dourado cintilante se repetiu em minha mente e fez meu pau mexer. Eu
poderia ter dito oi primeiro, mas qual era a graça disso? Além disso, era a verdade.
Eu esperava que ela fosse rebelde, considerando as conversas que tivemos, mas
não esperava isso.
— Sou muito capaz de abrir uma porta. Mas você não parece ser capaz
de seguir instruções. Isso será corrigido. — Minhas palavras tiveram o efeito
pretendido quando ela desviou o olhar antes de me encarar mais uma vez. Fiz um
gesto para que ela entrasse no saguão e fechei a porta. Ela olhou para trás por um
segundo antes de se dirigir para o corredor.
— Estou chocada que sua casa seja um lugar agradável. Por outro lado,
você tem dinheiro suficiente para comprar qualquer coisa, inclusive mulheres.
Eu sabia que ela estava fazendo o possível para mudar de assunto, mas
esta não seria a última vez que ela ouviria sobre sua capacidade de não seguir
minhas instruções.
O plano dela hoje é me irritar o máximo possível? Boa tentativa. —
Obrigado. O jantar ficará pronto em alguns minutos. Vou pegar seu casaco. Vamos
descer e escolher uma garrafa de vinho. — Ela me entregou seu casaco e eu o
coloquei no armário.
Levantei uma sobrancelha para ela, já que tinha feito minha lição de
casa. — Me siga.
Anais ficou de boca aberta, enquanto seu olhar se movia de uma garrafa
para outra. — Algumas dessas garrafas de vinho custam uma centena de dólares.
— Não.— Mas eu não disse a ela que estava muito perto disso. — Tudo
bem, vamos lá e eu vou abri-la. — Deixei que ela subisse primeiro, então desliguei
as luzes e a segui.
Quando estávamos no andar de cima, passei por ela, dando-lhe a
oportunidade de circular pela área aberta que era minha sala de estar, cozinha e
sala de jantar. Eu me servi de uma dose de uísque no mesmo copo que havia
bebido antes. Enquanto abria a garrafa de vinho, olhei em sua direção e a vi
examinando minha casa.
— Se não estivesse frio lá fora, eu levaria você até ao telhado para que
pudesse ver todos os pontos de Manhattan.
Peguei nossas bebidas e fui até ela. Ela ficou olhando através da janela
que estava próxima do sofá. Quando me aproximei, ela se sentou no sofá e eu lhe
entreguei a taça de vinho. Conversas fúteis durante reuniões de negócios me
irritavam profundamente e isso não era muito diferente. — Então, você decidiu vir,
o que significa que aceitou o nosso acordo.
— Ei…
— Achei que, como não teria nenhum prazer com isso, um vibrador seria
um excelente investimento. Ou talvez eu possa pegar o meu em casa.
ANAIS
Achei que foi um pouco exagerado fazer toda essa comida para alguém
que veio quitar uma dívida. Mas, por outro lado, não era como se Damien tivesse
gasto algum tempo para prepará-la. Eu não sabia como conseguiria colocar mais
comida no estômago depois do que acabamos de comer. Isso, no entanto, não me
impediu de acabar com minha segunda taça de vinho. Eu esperava que ajudasse a
acalmar a ansiedade que eu estava sentindo pelo que aconteceria depois que o
jantar terminasse.
Balancei a cabeça porque meu objetivo era ficar alerta e duas taças me
deixariam assim.
Enquanto eu tomava outro gole de vinho, dei uma olhada na casa que
Damien chamava de lar. Eu a descreveria como um apartamento de solteiro,
embora a parte externa da casa parecesse um sobrado típico de Nova York. A
decoração escura e moderna da Elevate estava presente em sua casa, o que me fez
pensar se Damien ou sua decoradora tiveram algum papel no projeto do clube. Os
pisos de madeira eram impressionantes e era algo que eu gostaria de ter um dia,
quando tivesse minha própria casa.
— Você não terá que se preocupar com isso porque será resolvido. Tudo.
Coloquei o garfo sobre a mesa e cruzei as mãos. Olhei pela janela antes
de voltar minha atenção para Damien. — Não quero que ninguém saiba que isso
está acontecendo.
Fiquei espantada por ter conseguido essa pequena vitória, mas não dei
muita importância a isso. — Também preciso ir trabalhar porque os clientes da
Monroe Media Agency contam comigo para fazer meu trabalho. — Eu poderia
trabalhar em casa com horários flexíveis, mas isso não era algo que eu queria que
ele soubesse. — Ah, e eu não quero dormir na mesma cama que você.
— Anais, você vai se acostumar com a ideia do que eu digo e o que deve
ser feito. Eu não tinha nenhuma pretensão de que você não fosse trabalhar ou não
fizesse seu trabalho, então está tudo bem. E você não dormirá na minha cama
porque eu não durmo com ninguém. Durmo sozinho.
— Mal posso esperar para quebrar você. — Sua voz era baixa e
profunda, fazendo com que as palavras saíssem de forma sinistra.
Ele assentiu. — Você terá seu próprio quarto e banheiro. Ninguém entra
no meu quarto além de mim, a menos que eu permita.
Essa foi a primeira vez que me senti aliviada durante toda a noite. No
mínimo, eu teria meu próprio espaço longe dele. Mas isso levantou questões sobre
o porquê de ele ser tão protetor em relação ao seu quarto.
— Imagino que, como você tem uma chef de cozinha, tenha também um
serviço de limpeza. Eles também não podem entrar lá? — Fiz a pergunta da forma
mais inocente possível, esperando que ele não suspeitasse do fato de eu estar
procurando informações. Eu não tinha planejado entrar no quarto dele, mas o
mistério fez com que um alerta em minha cabeça fosse acionado.
— Eu não fiz isso. — Eu podia sentir que minha postura corporal estava
me denunciando, devido ao seu comentário, mas eu nunca admitiria isso.
— Ah não.
— Ah sim.
Isso tudo era um jogo para ele. — Já que você estava com tanta pressa
para tirar o suéter antes, por que não faz isso agora?
Não me movi imediatamente. Eu não gostava desse homem mais do que
qualquer um que já conheci, mas suas palavras acenderam uma pequena chama em
meu corpo que eu não conseguia controlar. As palavras de Ellie sobre não ficar
viciada nele soaram em meus ouvidos enquanto eu me preparava para tirar o
suéter.
Me virei, tirei meu suéter e o deixei cair no chão com um baque suave.
Fiquei parada. Não é que eu tivesse vergonha do meu corpo. Eu fazia exercícios
regularmente e tinha uma alimentação saudável na maior parte do tempo, e sabia
que isso era visível. Mas sentir o seu olhar fazendo um buraco em minhas costas
me impediu de virar, porque eu teria que enfrentá-lo.
— Anais. — Sua voz era firme com uma pitada de aborrecimento. Foi
isso que me fez virar. — Foi tão difícil assim?
— O que você…
Meus olhos desceram de seus olhos para o seu peito e seu pau. Embora
fosse mais difícil ver por baixo de suas calças, eu podia dizer que ele estava
afetado pela exibição que queria que eu fizesse. Um movimento da sua língua
surgiu por entre seus lábios. Eu podia sentir meu rosto esquentar, embora gostaria
que isso não acontecesse. Este não era meu primeiro encontro, embora nunca
tivesse saído com alguém que fosse tão exigente.
Criei coragem suficiente para olhar em seus olhos e notei que eles
desviaram dos meus movimentos para retornar ao meu rosto, como se estivesse me
analisando. Eu não esperava que ele se levantasse, então, quando ele o fez, dei um
passo para trás e imediatamente me censurei por fazê-lo. Ele deu mais um passo
em minha direção e eu me mantive firme, não me movi nem um centímetro. Nem
tentei respirar porque não queria que ele pensasse que eu me sentia intimidada.
ANAIS
— Olá? — Eu chamei quando entrei pela porta porque não sabia se Ellie
estava em casa ou não.
Ela espiou pelo corredor e foi então que percebi que a água estava
correndo na pia. — Ei! Eu estava lavando a louça enquanto esperava você voltar
para casa. Como foi com Damien? — Seus olhos se arregalaram e antes que eu
pudesse dizer qualquer coisa, ela voltou para a cozinha. A água foi desligada e ela
saiu correndo da cozinha, enxugando as mãos em um pano de prato.
Olhei para ela incrédula. — Gentil? Essa é a última palavra que eu usaria
para descrever Damien. — Minha voz estava abafada por causa da força com que
eu estava pressionando as mãos contra o rosto.
— Pare. — Ela fez uma pausa e notou a minha reação. — Você não está
brincando. Como assim?
— Bem, se você decidir ir morar com ele, eu pelo menos saberei onde
você está.
Eu lentamente virei a cabeça para Ellie, não acreditando no que ela disse.
— Talvez não, mas não é algo que eu gostaria de fazer. Ele só está me levando
para lá porque me quer à sua disposição.
— Isso é verdade, mas talvez haja algumas vantagens que você possa se
beneficiar?
— Eu disse a ele que estava preocupada em ter que pagar o aluguel para
que pudéssemos manter o apartamento enquanto eu estivesse fora. Não sabia se
isso também seria adicionado à minha dívida.
— Ah, sim, isso mesmo. — Eu não podia acreditar que Ellie tivesse
esquecido essa parte, mas dei-lhe um desconto, considerando o que eu tinha
acabado de contar.
— Ele disse que não era um problema, ele pagaria o aluguel. Incluindo
sua parte.
— Eu também não.
Fui até à janela para fechar as persianas e, quando estava prestes a baixar
uma delas, algo chamou minha atenção. Do prédio de apartamentos do outro lado
da rua, parecia haver alguém apontando algo para a nossa janela. Eu podia ver
movimentos leves e, quando vi um flash, confirmei que era uma câmera. Parei de
me mover por um instante antes de agir como se nada tivesse acontecido.
— Você ainda não foi morar com ele. — Ellie pontuou. — Pode ser a
maneira dele de mantê-la sob seu controle até que você vá.
Levantei uma sobrancelha para ela. — Você acha que Damien já teve
que trabalhar para conseguir que uma mulher caísse em seus braços?
— Touché.
— Podemos ir à polícia?
— Não se preocupe comigo. Eu vou ficar bem. Você é que está prestes a
entrar na cova dos leões.
***
Eu: Esse arranjo de mudança não funciona para mim. Não tenho
nenhum problema em me encontrar com você em algum lugar, mas não vou
me mudar para sua casa.
Quase gritei de frustração. O fato do quarto de Ellie não ser muito longe
foi a única coisa que me impediu.
Eu: Não estou pronta e não quero ir.
— Boa sorte com isso. — Eu disse. Como eram 3h da manhã e não era
possível organizar qualquer coisa, enviei um e-mail para meu pai e Vicki, sua vice-
presidente, informando que tiraria o dia de folga. Coloquei o celular de lado e olhei
para o meu quarto. Não estava em condições de me mudar tão cedo. As roupas
estavam por toda parte porque eu estava muito ocupada entre o trabalho e a vida.
Os sapatos não estavam em seus devidos lugares no meu armário. Decidi que
passaria parte do dia amanhã fazendo uma faxina para meu próprio bem-estar, pois
não tinha planos de ir à casa de Damien. Levantei-me e fechei as cortinas. Voltei
para a cama e me virei.
***
Embora eu tenha ido dormir muito tarde, mesmo assim acordei cedo
porque estava acostumada a levantar cedo para trabalhar. Eu estava sonolenta, já
que tinha dormido cerca de quatro horas e meia apenas. Nada poderia ser feito
sobre isso além de beber uma tonelada de café. Uma rápida olhada no meu celular
me disse que eram oito da manhã e eu não tinha notícias de Damien depois da
conversa que tivemos na noite passada. Encolhendo os ombros, me levantei e
comecei meu dia com aquela xícara de café. Assim que alcancei minha meta,
verifiquei e vi que Ellie tinha ido trabalhar. Comecei a separar as roupas que
estavam espalhadas pelo meu quarto. Concluí a tarefa em cerca de trinta minutos,
então o próximo passo foi um banho. Fiquei sob o jato quente, sentindo-o cair
sobre meu corpo, o que ajudou a aliviar um pouco do estresse que estava sentindo.
Assim que me sequei, prendi meu cabelo molhado em uma trança francesa e vesti
uma regata e shorts de corrida. Olhei para o telefone novamente.
8h55.
Cinco minutos antes do horário que eu deveria descer com o que quer
que eu quisesse levar para a casa de Damien. Coloquei o celular no bolso e fui para
a cozinha enquanto pensava em outra tarefa que poderia fazer. Quem diria que
evitar morar com alguém poderia me motivar a limpar meu apartamento? Quando
estava prestes a me abaixar para descarregar a máquina de lavar louça, ouço
alguém batendo na minha porta.
— Mas que droga? É evidente que alguém não está em casa ou está
fingindo não estar. Vá embora. — Murmurei. E se fosse a pessoa que
suspeitávamos ter tirado fotos na noite passada? Espiei pelo olho mágico. O
homem que assombrava meus sonhos e se tornou meu pior pesadelo estava do
outro lado.
— Anais, eu sei que você está aí. — Sua voz explodiu, soando tão alta
quanto alguém que tivesse um megafone na boca.
— Não. Só não sou o tipo de pessoa que pula quando você manda. — Eu
sabia que minha boca ia me colocar em apuros.
Seu toque trouxe outro arrepio ao meu corpo. Eu me odiei por estar
gostando do que ele estava fazendo comigo enquanto seu dedo voltava até minha
bunda. Ele passou a mão nela antes de dar uma palmada.
E então fez isso de novo. Os golpes não eram fortes o suficiente para
doer, mas firmes o suficiente para fazer minha boceta vibrar.
E de novo.
Não respondi.
— Que vergonha. Afinal, estou gostando de você nesta posição.
Outro tapa atingiu minha carne. Não era possível que minha bunda não
estivesse ficando rosada a essa altura.
— Você está encharcada. Acho que gostou bastante disso. E aposto que
você também gostou do show que fez para mim ontem.
Antes que eu pudesse falar algo, sua mão começou a se mover mais
rápido. Um gemido saiu de meus lábios, o primeiro som que fiz em minutos.
Minha respiração saiu ofegante enquanto eu tentava controlar a reação do meu
corpo aos movimentos dele, mas foi inútil. Há meses que eu não tinha um orgasmo
e meu corpo estava preparado e pronto para um agora.
Tudo o que pude fazer foi acenar com a cabeça enquanto enterrei meu
rosto em sua coxa. As sensações eram tão intensas que precisei de todo o meu
controle para não cair de seu colo.
Quando ele parou de mexer os dedos, gritei: — Não! Por favor, não pare.
Ele soltou um grunhido e bateu na minha bunda antes de enfiar os dedos
novamente dentro de mim. Era quase como se ele não tivesse parado e eu estivesse
pronta para voltar ao mesmo ritmo novamente.
E foi então que ele desferiu um último golpe em minha bunda que me
fez voar alto, e foi somente porque meu rosto estava preso em seu colo que dessa
vez meu grito saiu abafado. Eu não esperava sentir as emoções que surgiram como
resultado de ele brincar comigo no sofá da minha sala de estar.
Não havia como nós sairmos intactos desses próximos vinte e nove dias.
12
ANAIS
Mordi a língua enquanto ele caminhava até à porta e a abria. Peguei meu
celular da mesa de centro e o segui. Assim que tranquei a porta, fui com Damien
até ao carro, onde Rob estava esperando pacientemente.
Rob ajudou a carregar minhas coisas e abriu a porta para que eu entrasse.
Entrei rapidamente no carro, abrindo espaço suficiente para Damien entrar atrás de
mim, e levantei uma sobrancelha para ele quando ele não entrou.
***
Não demorou muito para chegarmos a casa de Damien. Rob abriu a porta
para mim e se ofereceu para pegar minhas coisas, o que eu aceitei. Assim que
entramos, Rob se virou e disse: — Aqui está a chave da porta da frente e o cartão
com minhas informações de contato. Vou levar as coisas para o seu quarto.
Rob levou minha bagagem pelo saguão e por um corredor onde foi
possível ter uma ideia da casa de Damien. Pelo que pude perceber, sua casa era
impessoal. Não havia fotos de família ou livros que eu pudesse ver. Quase parecia
que ele só vinha aqui para comer e dormir antes de voltar ao trabalho para
conquistar a próxima empresa.
Seu aviso o seguiu para fora do meu quarto e quando a porta se fechou, o
silêncio se instalou, criando uma sensação inquietante. O quarto em que eu estava
parecia um sonho tornado realidade, com seu piso de madeira, janelas do chão ao
teto e uma cama king-size que me chamava para que eu subisse nela. Parecia um
quarto de hotel, o que era bom. Se meu eu de dez anos pudesse ver esse quarto, eu
sabia que ela o descreveria como um quarto de cores neutras e brilhantes que
lembrava um quarto de princesa sem os enfeites. O quarto foi decorado em branco,
cinza, rosa e outros tons neutros. Tinha algumas pinturas abstratas com essas
mesmas cores penduradas na parede e a cama estava repleta de travesseiros. Adorei
as rosas de marfim que estavam em uma das mesas de apoio. Quem não gostaria de
se hospedar aqui se as circunstâncias fossem diferentes?
Peguei meu celular no bolso de trás, tirei uma foto, e enviei para Ellie.
Depois de debater por um momento sobre a ideia em minha cabeça, esperei para
falar com Damien sobre tudo isso pessoalmente na próxima vez que o visse. Joguei
o celular na cama e continuei a desfazer as malas, porém não demorei muito para
me acomodar, já que não havia trazido muita coisa. Como ficou evidente pelas
roupas no armário, eu não precisava do pouco que trouxe.
Depois que saí do quarto, pensei em descer para a sala ou subir até ao
quarto dele para olhar em volta. A curiosidade me invadiu e me atentei se ouvia
algum som. Caminhei suavemente até às escadas. Não ouvindo ninguém, subi-as e
quando cheguei ao nível superior, meus olhos se aventuraram a olhar para a única
porta que estava fechada. Algo me dizia que aquele era o quarto principal. Me
aproximei da porta e tentei a maçaneta, mas ela não se moveu.
Revirei os olhos. Eu deveria saber que ele havia trancado a porta, já que
estava me forçando a me mudar para cá e sabia que eu estaria sozinha na casa em
algum momento. Parte de mim queria arrombar a fechadura, mas não precisava de
uma acusação de invasão de domicílio além de qualquer punição que ele pudesse
aplicar. Sua punição foi para ‘corrigir’ meu comportamento, mas aconteceu o
oposto. A surra me fez sentir mais viva e excitada, algo que eu não teria imaginado
em um milhão de anos. Foi o orgasmo mais rápido que já tive, o que é maravilhoso
em teoria, mas eu odiava a ideia de que queria fazer isso de novo.
— Ok.
Ele balançou a cabeça, olhou para o relógio e depois para mim. Havia
algo por trás daqueles olhos azuis cristalinos, mas eu sabia que ele não iria me
contar. — O almoço deve ser entregue em uma hora.
— Tudo bem.
Damien estava saindo, mas parou quando chegou à porta. Ele se virou
para me olhar por cima do ombro. — Anais, se você tentar abrir a porta do meu
quarto sem permissão novamente, não vai gostar das consequências.
Com isso, me deixou sem palavras, imaginando como ele sabia que eu
havia me aventurado no último andar.
***
Sonhei acordada sobre como seria viver aqui em tempo integral antes de
balançar a cabeça. Não havia como eu viver com Damien. Agora, se ele se
mudasse e resolvesse me deixar a casa seria outra história. Eu não sabia como não
estava a ponto de cair de pura exaustão a essa altura, porém parecia que estava sob
efeito de pura adrenalina. Então, decidi me exercitar na sua academia.
Quando voltei para o meu quarto, percebi que, embora tivesse usado
meus tênis de corrida, não havia trazido nenhuma roupa de ginástica. Caminhei até
ao armário gigante que estava cheio até à borda com roupas. Procurei e encontrei
algo apropriado para me exercitar, colocando um sutiã esportivo preto e leggings
pretas. As roupas se ajustaram bem, quase como uma segunda pele, e o tecido era
respirável.
8
Gesto comemorativo de bater com a mão quando algo é dito ou feito.
— Eu não estou te incomodando, pois você é minha. Eu te digo o que
fazer, lembra? Ou preciso te relembrar?
— E se eu não o fizer?
ANAIS
— Ah, vá se foder.
— Não. Eu vou te foder. Sabe quanto tempo esperei por esse momento?
Tenho sido muito paciente com sua conversa fiada, mas talvez agora seja hora de
foder com isso.
Até agora.
Até agora.
Quando seus lábios pousaram nos meus, minha mente esqueceu todos os
pensamentos, exceto Damien. Agora, meu principal objetivo era garantir que
Damien Cross, um dos homens mais poderosos da cidade de Nova York, perdesse
o controle.
O beijo ficou mais intenso e ele capturou meus lábios entre os dentes,
puxando meu lábio inferior antes de me consumir mais uma vez. Isso fez com que
minha temperatura subisse e meu pulso disparasse enquanto nós dois tentávamos
chegar o mais perto possível um do outro. Com seu corpo duro contra o meu corpo
mais macio, eu estava ansiosa para arrancar suas roupas. Esse pensamento me
deixou abalada, já que eu não suportava Damien, mas atribuí isso a não fazer sexo
há meses. Alguns segundos depois, ele deslizou sua língua entre meus lábios e
gemeu em resposta, quando nossas línguas declararam guerra uma contra a outra,
nenhum de nós querendo ser o vencedor por medo de que isso pudesse parar. O
calor sufocante que esse beijo provocou em meu corpo foi o suficiente para me
fazer despertar e ainda não tínhamos feito praticamente nada. Ainda.
— Deite-se de costas.
Eu fiz o que ele disse, e ele abriu a parte de cima do meu roupão
expondo meus seios. Ele não perdeu tempo. Imediatamente colocou um mamilo
em sua boca enquanto seus dedos massageavam e brincavam com meu outro
mamilo até que se tornasse rígido. Ele então alternou para o outro seio, e eu agarrei
os lençóis. Uma de suas mãos desceu pelo meu corpo e foi só quando senti seu
dedo na minha boceta que quase caí da cama.
— Eu pensei que você disse que me odiava. Não está parecendo que
você me odeia.
— Eu odeio.
— Seu corpo não. — Ele disse enquanto tirava seus dedos de mim e
tomava seu tempo lambendo cada um deles.
Suas ações quase me fizeram querer gritar e implorar para que ele
colocasse os dedos de volta onde estavam.
— Provocação.
— Não.
— Não consigo…
— Goze.
Não havia palavras que eu pudesse usar para descrever a sensação que
estava percorrendo meu corpo, ou o grito que saiu dos meus lábios quando ele
finalmente me deixou no limite. Eu o senti deixar meu corpo, mas estava exausta
demais para olhar para cima para ver onde ele tinha ido. Isso foi até que eu ouvi o
cinto dele desafivelar. Olhei para ele, e ele já havia despido a camisa. Foi preciso
me esforçar muito para manter meus olhos em seu rosto. Seu corpo magro, porém
musculoso, não era um choque para mim. Eu senti o poder sob sua mão e sua calça
fazia pouco para esconder suas coxas musculosas. Fiquei chocada ao descobrir que
ele havia acabado de tirar o cinto e o jogou ao meu lado na cama. Ele estava
pensando em me bater? Ou me amarrar?
Tirou a calça, e a cueca boxer em seguida, e fiquei hipnotizada mais uma
vez por seu pau. Seu pau me surpreendeu, e meus olhos se arregalaram antes que
eu pudesse controlar minha expressão. Era longo, grosso, duro e eu não podia
negar que fiquei mais molhada ao vê-lo. Ele voltou a andar lentamente, mas ao
invés de se aproximar de mim, foi até uma das mesinhas de cabeceira do quarto e
abriu a gaveta. Tirou os preservativos e os jogou na cama ao lado do cinto. Ele se
juntou a mim na cama e subiu sobre meu corpo. Tirou completamente meu roupão
e se inclinou para a frente para me beijar com força novamente, antes de se afastar.
Eu fiz o que ele pediu sem questionar e quando estava de bunda para
cima, ele já estava alinhando seu pau na minha entrada e mergulhando. O fato de
ele decidir me penetrar completamente de uma só vez me pegou de surpresa, e o
grito que escapou de meus lábios se transformou em um gemido.
Eu podia sentir que estava chegando ao limite novamente, mas não havia
como eu ter um segundo orgasmo. Era demais, e eu não conseguiria fazer isso de
novo. — Não posso.
Minhas palavras foram cortadas depois que soltei outro som não
humano, e não demorou muito para Damien gozar atrás de mim. Ele desacelerou
até quase parar quando se inclinou sobre mim, colocando a cabeça em cima das
minhas costas suadas. Quando ele se levantou saindo de dentro de mim, eu desabei
na cama. Ouvi um farfalhar, mas estava exausta demais para me mover. Fechei os
olhos pelo que pensei ser um minuto.
A voz de Damien me fez abrir os olhos. Sua expressão era sem emoção
quando ele fechou o zíper da calça e disse: — O jantar será às seis e meia. Me
encontre na sala de jantar e não se atrase. Sugiro que tome um banho antes.
Ele se virou e saiu, fechando a porta atrás de si. Quando a porta fechou,
me senti usada e mais solitária do que nunca.
14
DAMIEN
Levantei da cama e vesti uma calça de pijama que havia jogado por
acaso em uma cadeira. Saí do quarto, fechando a porta suavemente atrás de mim e
desci as escadas, pensando que essa era a maneira mais silenciosa de descer para o
nível principal. Fui até ao armário de bebidas e servi um dedo de uísque antes de
me sentar em uma poltrona perto da lareira.
O jantar com ela hoje foi tranquilo porque ela estava mais quieta do que
o normal, mas atribuí isso a sua mudança para cá que deve tê-la deixado mais
cansada do que o normal. Ela ficaria aqui por trinta dias, o que deveria ser tempo
suficiente para que o desejo de transar com ela se dissipasse e, no trigésimo dia,
estaria acabado. No entanto, agora eu estava fazendo de tudo para ter certeza de
que tudo estava perfeito para ela, quando ela veio para o jantar e quando a convidei
para morar comigo. Os demônios que assombravam meus pesadelos devem estar
me afetado muito para que eu considerasse fazer algo assim.
Mas nunca tinha feito esse tipo de acordo com outra mulher. Nem tive
outra mulher se mudando para minha casa por qualquer período de tempo. Fazer as
coisas de forma espontânea não combinava com a minha personalidade e eu admiti
que todo esse acordo com ela foi uma decisão impulsiva. Quando fazia qualquer
coisa na vida, seja no trabalho ou na vida pessoal, pesquisava o máximo possível
antes de formar uma opinião ou tomar uma decisão. Aqui, eu tinha feito o oposto,
porque me sentia atraído por ela de uma forma que não conseguia explicar. Eu
faria o que pudesse para torná-la minha, mesmo que isso significasse fazer esse
acordo ridículo.
O fato de tê-la provado chamou ainda mais a atenção para o fato de que
esse negócio não deveria estar acontecendo e de como meu julgamento estava
obscurecido. Eu sabia que isso não aconteceria novamente, tanto para o bem dela
quanto para o meu. Balancei a cabeça diante da ideia. Esse era o objetivo de ela
estar aqui, ou pelo menos era o que eu tinha dito a mim mesmo.
ANAIS
Vários dias depois, saí do elevador e olhei ao redor para ver se havia
alguém parado perto da porta do meu escritório. Não vendo ninguém, caminhei o
mais rápido que minhas pernas permitiram, entrei em meu escritório e tirei o
casaco. Pendurei na parte de trás da minha porta e estremeci quando me estiquei
para colocá-lo no gancho. Meus olhos se desviaram para minha cadeira e suspirei.
Me dei um pequeno incentivo e me dirigi a ela.
— Você sabe que tento não me meter em seus assuntos pessoais, mas
existe algo acontecendo entre você e Damien Cross?
Foi preciso todo o meu controle para não reagir às suas palavras. — O
quê?
Meu foco se voltou para o homem que me abordou, e para o homem que
eu e Ellie acreditávamos estar nos espionando próximo ao nosso apartamento.
Alguém estava me rastreando. Me afastei de meu pai para esconder meu lábio
trêmulo. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar o medo que me corria
nas veias. Não havia como esses incidentes serem uma grande coincidência.
Damien. Ele sempre parecia estar vários passos à minha frente e nada
parecia acontecer sem a sua aprovação, então ele tinha que saber disso. A raiva
cresceu dentro de mim, mas fiz o possível para mantê-la sob controle na frente de
meu pai. Embora eu fosse adulta e pudesse fazer o que quisesse, e quando quisesse,
a última coisa que eu queria era que ele desconfiasse disso e relacionasse o fato à
nossa dívida.
Os olhos de papai desceram para a foto antes de voltar a olhar para mim.
Minha raiva se transformou em culpa. Eu odiava ter que contar até mesmo a menor
das mentiras, mas acreditei ser necessário nesse caso.
— A família Cross é dona desta cidade. Tudo passa por eles nesta cidade
e, se você quiser fazer certas coisas, eles precisam aprovar primeiro. Eles são
conhecidos por estarem envolvidos em coisas perigosas, embora não haja nenhuma
prova legítima que tenha chegado às autoridades. Pode até ter acontecido, mas eles
provavelmente têm todos em seus bolsos.
Parte de mim se perguntou se isso tinha algo a ver com Damien, mas eu
não queria levantar suspeitas de meu pai sobre o que Damien e eu estávamos
fazendo. Mas isso era algo que eu precisava saber. — Pai, que coisas perigosas a
família Cross faz?
— Eu te amo, e devemos sair para jantar com sua mãe em breve, ok?
Depois que ele saiu e fechou a porta atrás de si, joguei a cabeça em
minhas mãos, me perguntando no que eu havia me metido.
16
DAMIEN
Ela sorriu para mim e se afastou, deduzi que ela se dirigiu à sua mesa,
que ficava do lado de fora do meu escritório. Entrei na sala de conferências e me
sentei perto da porta.
— Terminou?
— Sr. Cross?
— Ela disse que seu nome era Anais Monroe. Disse que você saberia
quem ela é.
Olhei para Melissa depois que guardei meu telefone. — Não, você fez o
certo. Eu cuidarei disso.
— Srta. Monroe. — Ela olhou para mim, e seu olhar me disse que seria
uma reunião divertida. — Por favor, me siga até ao meu escritório.
— Você contou ao meu pai sobre o que estamos fazendo, seja lá o que
for isso?
O que for isso? — Não. Liguei ao seu pai para falar sobre o empréstimo
e se podemos nos encontrar ainda esta semana. Nada foi comentado sobre nós.
Ela bufou. — Eu não posso confiar em você. Você mente para as pessoas
o tempo todo.
Ela não disse nada, e não tive certeza se acreditava ou não no que eu
estava dizendo.
— Olha, achei que você estava aqui apenas para que eu te fodesse na
minha mesa.
Seus olhos dispararam da mesa e de volta para mim. — Isto não é sobre
sexo. Isso é sobre meu pai suspeitar que há algo entre nós, algo que eu não queria
que ele soubesse.
— Pode ter sido alguém que você conhece, que lhe contou.
Tranquei a porta atrás de mim, com um clique que deixou claro o que eu
havia feito. — Não acusei ninguém. Sei que meu pessoal mantém a boca fechada e
jurou lealdade. Pode ser que haja um problema do seu lado que precisa ser
resolvido. Vamos descobrir quem está tentando vazar isso. — Dei um passo em
sua direção, forçando-a a recuar. Fiz isso de novo, até que ela estivesse encostada
em minha mesa. — Isso não é realmente um problema, você poderia ter ligado
para mim. Você já é minha.
E foi quando meus lábios se chocaram com os dela. O beijo ficou intenso
rapidamente, e foi intoxicante. Eu o quebrei para lhe sussurrar: — Coloque suas
mãos na beirada da minha mesa e não se mexa.
Ela fez o que eu disse sem discutir, e gemi de satisfação. Graças a Deus,
porque eu não tenho muito tempo para perder.
Mais uma vez, ela seguiu as instruções e logo estava parada na minha
frente com seu sutiã bege rendado, a camisa caindo dos ombros, a boca
ligeiramente aberta, com a respiração saindo em leves suspiros. Seus olhos verdes
me disseram que ela estava aguardando para ver o que eu faria a seguir.
Minha boca foi até seu seio, lambendo um pequeno rastro no topo dele,
enquanto minha mão massageava o outro, porque ele merecia um pouco de atenção
também. Quando ouvi um gemido escapar de seus lábios, meu pau endureceu
dentro da calça, e já me arrependia de não ter conseguido enfiá-lo em sua boceta
apertada, por causa de um encontro que poderia ter sido discutido por e-mail.
Depois que minha língua fez seu caminho para o início de seu decote,
usei minha outra mão para puxar o bojo do sutiã para baixo e colocar seu mamilo
marrom claro em minha boca. Olhei para cima, observando quando ela jogou a
cabeça para trás, soltando um gemido, sem me importar com quem poderia passar
e ouvi-la. Um minuto depois, passei para o outro seio, prestando tanta atenção nele
quanto ao anterior. Eu adorava ouvir os sons que saíam de sua boca, enquanto ela
enlouquecia por causa do que eu estava fazendo com ela. Quando terminei, deixei
seu mamilo sair da minha boca com um estalo alto e me ajoelhei para me preparar
para o prato principal desta refeição.
Ela assentiu com a cabeça, pois ela já não tinha mais palavras, sua
respiração ficando mais irregular à medida que eu descia.
— Mal posso esperar para colocar minha boca nessa linda boceta. —
Olhei para ela, e a encontrei olhando para mim, enquanto eu empurrava sua saia
para cima, colocando sua calcinha para o lado, para tocar sua boceta com meus
dedos enquanto ela estremecia. — Você já está molhada para mim e eu apenas
comecei.
Puxei duas das cadeiras que estavam na frente da minha mesa, e ela
intuitivamente soube que deveria colocar os calcanhares nelas, e foi então que
mergulhei em seu interior, e ela me indicou que eu tinha feito a coisa certa, no
momento em que ela se inclinou para a frente, mas eu me mantive firme e estendi a
mão para agarrar sua bunda, me certificando de não haver nenhuma maneira de ela
escapar da minha boca.
Parte de mim queria que ela passasse os dedos pelo meu cabelo só para
que eu pudesse puni-la quando chegássemos em casa, mas até agora, ela estava
fazendo o possível para manter os dedos apertados na mesa, honrando o que eu
tinha ordenado a ela antes. Minha língua fez seu caminho para seu clitóris e mesmo
que eu não soubesse que tinha tomado a decisão certa, seu corpo teria me dito que
sim, com base nos palavrões que ela estava murmurando. Seu gosto era doce, algo
que eu podia me ver querendo ter pelo resto dos meus dias, embora soubesse que
não poderia acontecer.
Mais alguns segundos e ela gozou, comigo lambendo cada gota dela,
apreciando o gosto na minha boca. Quando me afastei, ela parecia ter sido
devidamente fodida com seus peitos à mostra, e sua boceta ainda brilhando do
estrago que eu tinha acabado de lhe causar.
— Tenho uma reunião às duas horas e preciso sair. Fique aqui o tempo
que precisar. Vejo você em casa mais tarde. — Parei por um momento. — Não se
apresse também, porque parece que você foi devidamente fodida.
ANAIS
Eu: Eu não posso opinar sobre isso? Chocante. Você poderia ter me
dado mais do que algumas horas de antecedência? Não quero que vaze que
fomos vistos juntos, e que chegue ao meu pai.
Apertei enviar e coloquei meu celular virado para baixo na minha mesa.
Um grunhido frustrado escapou da minha boca depois que verifiquei a hora. Eram
quase quatro horas, o que significava que eu deveria começar a organizar as coisas
em breve, a fim de voltar para a casa e ficar pronta em apenas algumas horas. Meu
telefone vibrou novamente.
Damien: Meu pai deveria participar desse evento, mas não pode e
me pediu que eu o substituísse. Podemos nos divertir.
Bom, pelo menos ele também foi informado de última hora. Isso
diminuiu um pouco a raiva que eu estava sentindo. Percebi que ele não havia dito
nada sobre notícias sobre nós, sendo reveladas à imprensa. Eu estava preocupada
com o vazamento de mais fotos, e meu pai descobrindo que menti por omissão,
mas não forcei mais.
Eu: Você poderia pelo menos me dizer do que se trata esse evento?
Isso pode me ajudar a decidir sobre uma roupa apropriada.
Eu: Ser simpático. Você quer dizer, até assumir o controle de suas
empresas e portfólios?
***
A viagem até à casa de Damien levou mais tempo do que o normal, com
o trânsito congestionado, mas cheguei com tempo suficiente para me arrumar.
Entrei no chuveiro, mas evitei molhar o cabelo para economizar tempo. Quando
saí, vi um vestido preto ombro a ombro, um vestido justo vermelho escuro que
descia um pouco na frente e um vestido justo verde escuro de mangas compridas
com gola canoa pendurados em um pequeno cabideiro no quarto. No chão, perto
do pé da cama, havia escarpins pretos, e fiquei grata por pelo menos serem básicos,
assim não tinha que escolher entre os sapatos também. Eles não estavam lá, antes
de eu entrar no chuveiro, me fazendo imaginar quem os havia deixado ali. Se fosse
Damien, eu ficaria chocada por ele não ter parado no banheiro para me ver,
assumindo que ele não deixaria o estilista entrar no meu quarto. Sabendo que era
dezembro, entrei no armário cheio de roupas caras, imaginando qual seria o motivo
de pedir ao estilista que trouxesse roupas quando eu poderia ter encontrado algo
adequado. Encontrei um lindo casaco longo branco e o coloquei na cama ao lado
do vestido verde escuro que decidi usar esta noite.
Gostou do que viu, embora não tenha dito nada sobre minha aparência.
Meu coração saltou temporariamente para minha boca por causa de seu
formato, mas minha mente finalmente alcançou meus olhos notando que era muito
grande para conter um anel. Quando abri a caixa, encontrei um par de brincos de
diamante e esmeralda com corte retangular. No topo havia um diamante, e
pendurado nele uma esmeralda.
Vesti o casaco branco e peguei a bolsa preta que usaria essa noite.
Quando olhei para ele, ele acenou com a cabeça, virou-se para sair do meu quarto e
esperou no corredor. Verifiquei minha maquiagem mais uma vez e o segui,
fechando a porta ao sair. Esperamos o elevador para nos levar até ao nível principal
e quando chegamos à porta da frente, ele estendeu o braço para eu segurar
enquanto descíamos as escadas da varanda onde Rob já estava nos aguardando
com o carro. Damien esperou que eu entrasse no sedã antes de dar a volta e entrar
pelo outro lado.
— Está me questionando?
Como ele disse, a viagem até ao evento foi curta e eu agarrei o braço de
Damien enquanto atravessávamos a multidão que estava presente. Estávamos
reunidos na enorme sala de estar de alguém que tinha mais dinheiro do que eu
poderia imaginar. Pude ver o que parecia ser parte de uma grande e impressionante
escadaria que descia até ao corredor.
Senti meu corpo ficar tenso, e Damien deve ter sentido isso também,
porque esfregou a mão para cima e para baixo nas minhas costas, proporcionando
uma pequena sensação de conforto em uma sala lotada em um local desconhecido.
— Damien, olá!
9
A apertou de forma muito firme, rígida.
— Você quer tomar uma bebida ou algo assim?
— Nenhum Merlot?
— Will. É bom te ver. — O tom de Damien dizia que era tudo, menos
isso.
Pensei em revirar os olhos com seu comentário muito clichê, mas algo
me dizia que isso não seria uma boa ideia. Quem era ele?
Embora eu não achasse que isso fosse o fim, seu tom de voz, repleto de
firmeza, foi tão reconfortante que me surpreendeu.
18
ANAIS
— Damien, acho que não estou vestida adequadamente para uma noite
na Elevate.
— Mas… — Me inclinei para discutir com ele, porque essa era uma
péssima ideia.
Balancei a cabeça. — Não, isso é ótimo. Não sei se já estive na área VIP
de um bar ou boate antes.
O que queria fazer, era continuar a provocá-lo, e fiz isso tomando minha
bebida ainda mais devagar do que o normal.
Percebi que ele estava ficando impaciente enquanto eu segurava a
bebida, determinada a prolongar isso pelo maior tempo possível. Me levantei e
caminhei até ao mezanino. Tomei um gole de minha bebida e olhei para a
multidão. A atmosfera na boate era eletrizante, e parte de mim desejava estar
participando da festa lá embaixo. A área VIP era isolada do resto da vida noturna,
fazendo com que eu me sentisse simultaneamente envaidecida e invejosa.
Não tinha ouvido ele se aproximando, nem tinha sentido sua presença,
então sua voz me provocou um pequeno estremecimento. — Ainda não terminei
minha bebida.
Eu me virei, e puxei meu cabelo para cima, dando bastante espaço para
ele alcançar o zíper. Ele colocou as mãos em minhas coxas e as empurrou de lado,
tocando brevemente meus seios, antes de mover as mãos em direção às minhas
costas. Abriu lentamente o zíper do vestido e, quando estava mais ou menos na
metade, soltei o cabelo, deixando-o balançar livremente pelas costas. Sua rápida
inspiração me disse que ele gostou daquela imagem. Arrastei as mangas para fora
dos ombros, deixando que o vestido ficasse preso na cintura.
Ele tirou as alças do meu sutiã pelos meus ombros, e os seios saltaram
livres. Eu o ouvi gemer baixinho, tentando conter seu desejo por mim. Parecia que
o que estava acontecendo, aumentava mais a intensidade das emoções para ele, do
que para mim. Isso foi até que seus lábios pousaram em meus seios. Quando sua
boca encontrou meus mamilos, eu gemi, reconhecendo mentalmente que ele havia
virado o jogo. Ele adorou meus seios como se fossem tudo que ele precisava para
sobreviver, e lentamente sua mão desceu pelo meu corpo. Quando ele tocou minha
boceta, eu estava pronta para arrastar seu pau para dentro de mim. Ele se afastou e
olhou para mim, seus olhos se movendo entre o local onde seus dedos estavam e
meu olhar.
Formar palavras não estava em minha agenda, então não emiti um único
som, mesmo lutando contra o gemido que estava se formando em minha garganta.
— Anais. — Sua voz era baixa e cheia de advertência. — Vou tirar
minha mão.
Seus dedos se moviam para dentro e para fora de mim com uma sutileza
que nenhum dos homens com quem eu tinha estado anteriormente possuía. Quando
ele adicionou mais um dedo, não demorou muito para que eu me elevasse acima
das nuvens imaginárias que haviam sido formadas em minha mente. Eu senti meu
orgasmo em seus dedos e, quando ele os retirou, meu orgasmo diminuiu de
intensidade. Achei que me daria um tempo para respirar, mas ele ainda não tinha
terminado.
O fato de não poder vê-lo aguçou meus outros sentidos e quase cedi
quando senti seu pau provocando minha entrada. Eu adorava quando ele passava
seu pau para cima e para baixo em minha fenda, porque eu não sabia quando
entraria em mim. Ele fazia isso várias vezes, e eu me perguntava se ele estava
esperando que eu implorasse. Não estava.
ANAIS
Segui para a parte da frente, e entrei em uma pequena fila que havia se
formado perto das caixas registradoras. Por um momento, fiquei distraída,
imaginando o que faria pelo resto da noite.
Foi quando me dei conta. A voz rouca era semelhante à do homem que
me abordou do lado de fora do meu apartamento antes deste acordo com Damien
começar. Corri para o caixa e joguei minhas coisas no balcão com um sorriso
tenso. Eu esperava que o vendedor na minha frente não tivesse problemas em
registrar minhas compras, porque eu precisava encontrar esse homem.
Eu sabia que não deveria procurá-lo sozinha, porque não sabia que tipo
de perigo isso poderia representar, mas queria dar uma boa olhada nele. Não dava
para acreditar que era apenas uma coincidência ele entrar na mesma farmácia que
eu. Corri para a porta da frente, e o ar frio me atingiu como um tapa na cara.
Depois de olhar várias vezes para cima e para baixo na rua, não consegui encontrá-
lo. A pessoa que tinha me seguido ainda estava lá fora e eu não podia fazer nada a
respeito. Peguei meu celular na bolsa e liguei para a primeira pessoa que me veio à
mente.
— Anais.
Apenas o fato de ele falar meu nome ajudou a me aquecer contra o frio,
causado pelo vento e pelo medo em minha alma. — Você está em casa?
— Acho que estou sendo seguida. Você pode ficar no telefone comigo
até eu chegar em sua casa? — A máscara de confiança que eu normalmente usava
perto de Damien tinha quebrado.
— Você vai chegar primeiro por causa do trânsito. Quando você chegar,
tranque as portas até eu chegar. Vou ficar na linha até você estar segura.
Suspirei. Sobre o que poderíamos conversar? — Me conte uma história
engraçada. — Olhei por cima do ombro, mas não encontrei nada fora do comum.
Ele não perdeu o ritmo. — Uma lembrança que tenho de minha infância
é que eu estava na sala de estar terminando minha lição de casa enquanto minha
mãe me ajudava. Na época, eu não devia ter mais de seis anos. Com três meninos
com menos de sete anos de idade em casa, ela sabia que algo errado deveria estar
acontecendo sempre que as coisas ficavam um pouco quietas demais. Foi quando
ela encontrou meus irmãos gêmeos brincando com sua maquiagem quando eles
tinham mais ou menos dois ou três anos de idade. Me lembro do grito de horror
que ela deu.
Eu bufei. — Tenho certeza de que ela não ficou muito feliz por ter que
limpá-los. — Senti algum alívio tomar conta de mim quando vi a casa de Damien à
distância.
— Não, mas eu não podia mentir e dizer que não estava feliz por eles
estarem em apuros.
***
Ele não respondeu de imediato, e meus olhos se arregalaram até que ele
levantou um dedo. Foi quando percebi que ele estava tentando ouvir qualquer
barulho estranho. Isso tem alguma coisa a ver com o barulho de bipe baixo que eu
ouvi antes?
Eu escutei mais uma vez, e ouvi os bipes soarem mais algumas vezes e
então pararam. Ele pegou o telefone e abriu o que parecia ser um aplicativo, mas
não reconheci o ícone.
— Venha comigo. — Ele disse, e eu corri até ele. Ele envolveu seu braço
em volta da minha cintura, e seu braço nu na parte inferior das minhas costas
proporcionou um pouco do calor do qual eu não sabia se queria.
Ele correu de volta para mim e disse: — Anais. Me ouça. Não é hora de
discutir comigo. Eu quero que você vá até aquele canto do quarto e passe pela
porta. A porta se fechará atrás de você e eu preciso que fique quieta até que eu
possa ir buscá-la.
À medida que o jogo avançava, notei que minhas mãos estavam ficando
úmidas, embora a temperatura da sala estivesse fria. Verifiquei o relógio na parede,
e se estava correto, apenas sete minutos haviam se passado, então continuei
jogando.
Alguns minutos depois, ouvi uma batida que quase me fez pular de
susto. — Que raios foi isso?
Eu não tinha tido um ataque de pânico como esse desde que era
adolescente, momentos antes de ter que apresentar um projeto em grupo de
biologia. Agora definitivamente não era um bom momento para ter um.
Tentei respirar fundo para pelo menos aliviar o aperto no peito, mas não
estava ajudando muito. A náusea que surgiu logo depois estava interferindo na
minha respiração, fazendo com que eu lutasse ainda mais. As lágrimas aumentaram
e correram livremente pelo meu rosto e, embora eu tentasse manter silêncio, sabia
que não estava conseguindo.
ANAIS
Assim que me levantei para fazer a ligação, ouvi o rangido de uma tábua
do assoalho do lado de fora. Meus sentimentos passaram de pavor a tentativa de
me acalmar para pensar racionalmente. Ouvi outro rangido de tábua se curvar sob a
pressão do peso de alguém, o que me fez ficar em alerta. Peguei a arma, apaguei as
luzes e me abaixei, em frente a um balcão.
— Anais?
Meu nome saiu de seus lábios em um sussurro abafado. Mas isso era
tudo que eu precisava para voltar a ficar calma. Em minha mente, estávamos
seguros.
Quando a porta se abriu, me afastei e deixei a arma cair aos meus pés.
Damien correu para dentro.
Eu me movi para dar uma olhada mais de perto e foi quando finalmente
consegui ver suas mãos.
— Não é meu. Você precisa fazer uma mala. — Ele não escondeu o fato
de que estava mudando de assunto.
— Espere, o quê?
Ele balançou sua cabeça. — Não se preocupe com a polícia. Arrume sua
mochila com alguns itens essenciais, e o resto pode esperar até chegarmos lá.
— Chegar onde?
— Está pronta?
— Ok. Vamos.
Kingston assentiu e disse: — Você sabe que sim. Foi bom vê-la de novo,
Anais.
Eu me virei para Damien, que estava ocupado em seu celular e não havia
dito uma palavra desde que saímos da casa.
— Ok, mas… — O olhar que ele me deu poderia derreter o aço. Quando
abri meu e-mail, disse: — Você precisa explicar o que está acontecendo. Estou
cansada de ficar no escuro.
Fiz o que ele pediu e então me virei para ele. — Você encontrou quem
tentou invadir?
— Sim.
Ele deve ter notado que eu somei dois e dois, porque se inclinou e disse:
— Você não precisa mais se preocupar com aquele homem.
***
— Sim.
A enorme casa branca era algo feito de sonhos, e a neve que cobria a
propriedade fazia com que parecesse algo saído de um filme. Quando Rob dirigiu o
carro pela entrada circular, notei alguns carros pretos estacionados lá também. Eu
tinha certeza de que eram mais seguranças.
— O quê? Por que você não me disse que estávamos indo para a casa
dos seus pais?
Damien fechou seu laptop e o colocou em sua bolsa. — Sim, eles sabem
o que aconteceu e contei a eles sobre você. Eles dividem seu tempo entre a cidade
e aqui, mas estão aqui agora.
— Não se preocupe com o que você está vestindo. Vamos entrar lá, falar
com meus pais um minuto, depois tomar banho e trocar de roupa. Todo mundo
entende o que aconteceu.
— Olá, senhor.
Damien sorriu de volta para ele, e esta pode ter sido a primeira vez que o
vi sorrir. Foi estranho ver seus lábios se curvarem em um sorriso. Ele se virou para
mim e disse: — Este é Bernard. Bernard, esta é Anais.
Quando ela se virou para mim, disse: — Você deve ser Anais. Ouvimos
falar muito sobre você.
Dei um sorriso educado porque isso era novidade para mim. Eu mal
tinha ouvido falar deles, e o que eu sabia vinha de Ellie ou de minha pesquisa. —
Obrigada por me receber em sua casa, Sra. Cross.
— Ela poderia preparar algo para o café da manhã? Nós não comemos.
Embora não houvesse nada que me indicasse que algo estava errado, eu
poderia dizer que as palavras de Martin tinham um significado diferente para
Damien. O olhar que eles compartilharam me disse isso.
— Então, você ficará aqui. — Disse ele, e abriu a porta ao lado. O quarto
tinha todas as comodidades padrão que você esperaria em um quarto de hóspedes,
mas era mais brilhante, e o completo oposto das cores escuras que Damien parecia
gostar. A cama king size tinha um edredom bege e uma tonelada de travesseiros, e
havia uma cômoda e janelas que davam para o enorme quintal. Os Cross
definitivamente se orgulhavam de ter tudo o que você poderia desejar. Eu tinha
certeza de que seria uma transição muito difícil voltar a cuidar completamente das
minhas despesas.
— Você tem seu próprio banheiro anexado ao seu quarto.
— Uau. Esta casa é linda. Entendo por que seus pais querem morar aqui.
Desfiz a bagagem pelo que parecia ser a milionésima vez, antes de entrar
no banheiro e ofegar. Este banheiro parecia uma suíte de luxo de um hotel. O
banheiro era grande o suficiente para caber todo o meu quarto dentro dele. Me
livrei das roupas que há muito tempo já haviam passado da validade, liguei o
chuveiro na posição que suspeitava ser mais para quente do que para frio. Eu
estava certa, e, quando a temperatura da água estava onde eu queria, entrei no
chuveiro e quase desmaiei. Lá dentro, a água batia em meu corpo e me senti como
se estivesse sob uma cachoeira quente e vigorosa. A força da água era tão boa que
quase poderia compará-la com as massagens que recebia quando parava no
trabalho de Ellie para uma sessão. Eu não sabia há quanto tempo estava no
chuveiro, quando jurei que vi algo pelo canto do olho e fiquei surpresa ao ver
Damien apoiado no batente da porta. Abri a porta do boxe e perguntei: — O que
você está fazendo aqui?
— Só porque mudamos de local não significa que as circunstâncias
mudaram. Você me pertence e posso fazer o que eu quiser.
— Mesmo isso.
— Quando você é o chefe, pode fazer o que quiser. Neste momento, meu
pau quer entrar nessa sua boca habilidosa e estou feliz em atendê-lo.
21
DAMIEN
— Saia daqui. Não consigo nem tomar banho em paz. — Eu não achei
que ela estava se esforçando tanto para brigar comigo. Talvez isso tenha a ver com
o fato de ela não conseguir tirar os olhos do meu pau por mais de um segundo.
— Farei algo melhor para você. Você vai chupar meu pau e pode sentar
naquele banco de mármore ali para fazer isso. Sem machucar os joelhos, certo?
Como se pudesse ler minha mente, ela me levou mais fundo em sua
boca, e engasgou por um momento antes de relaxar. Ela me levou mais fundo do
que da vez anterior, percebendo que precisava relaxar a boca para acalmar seu
reflexo de vômito, e absorver mais de mim. Funcionou. Ela tomou mais de mim e
eu pude sentir quando meu pau atingiu o fundo de sua garganta. Respirei fundo e
gemi de satisfação.
Ela olhou para mim enquanto pegava meu pau e eu quase me perdi. A
sensação de sua boca em mim fazia meus joelhos dobrarem ligeiramente. Sua
língua deslizava sobre a ponta e alternava entre isso e levar meu membro latejante
em sua boca. Cada vez que ela recomeçava esse ciclo, chupava meu pau com mais
força e eu jogava minha cabeça para trás com os olhos fechados. Ela riu, e isso
levou a mais vibrações direto para o meu pau. Moveu a boca para trás e chupou a
cabeça do meu pau com mais força. Olhei para ela novamente e a imagem era
demais para mim.
— Vire-se.
Ela fez o que eu pedi sem discutir, e eu coloquei minhas mãos em seu
cabelo e comecei a lavá-lo, cobrindo cada centímetro. Um gemido baixo saiu de
seus lábios enquanto eu massageava seu couro cabeludo.
— Você não tem ideia. Ok, vou enxaguar isso e então você pode fazer o
que precisar no chuveiro.
— Estou saindo. — Eu disse, sem dar uma explicação. Eu sabia que era
horário de uma ligação que precisava atender, e essa distração havia demorado
mais do que eu planejava. Olhei para Anais e saí do chuveiro. Sua boca estava
ligeiramente aberta quando ela estreitou o olhar e se afastou de mim. Dei uma
olhada rápida em sua bunda, que era muito apreciada, e peguei uma enorme toalha
felpuda. Me sequei e enrolei a toalha em volta da cintura, antes de pegar minhas
roupas e sair do banheiro.
Não demorei muito para ir do quarto de Anais para o meu quarto de
infância, que havia sido reformado algumas vezes desde que me mudei. Meus pais
mantiveram a cor azul-marinho que eu gostava quando era adolescente, mas
trocaram alguns móveis para transformá-lo em um quarto de hóspedes, se
necessário. Os pôsteres que pendurei na parede se foram, substituídos por algumas
das pinturas que minha mãe gostava e queria exibir em sua casa.
— Obrigado, Don. Falo com você ainda esta semana. — Papai desligou
o telefone com um clique, se levantou, pegou o paletó e vestiu.
ANAIS
Depois do banho, procurei por Damien, mas não o vi. Então desci para
comer sozinha. A mãe dele se juntou a mim por apenas um momento, então
precisou atender a uma ligação, e eu não a vi pelo resto do dia. A noite foi
tranquila, e devo admitir, preferia assim. Passei a noite sozinha, principalmente
descansando e lendo livros no meu celular. Eu pensei que Damien poderia vir para
verificar como eu estava, mas ele não veio. Fiquei parcialmente aliviada e
desapontada, mas não queria procurá-lo. Fui para a cama cedo, e me senti
rejuvenescida na manhã seguinte. Isso foi até que me forcei a enviar uma
mensagem de texto para meu pai.
— Tal pai, tal filho. Estou certa? — Selena sorriu, o que me disse que
ela tinha lido minha mente e estava acostumada com as ausências também. —
Espero que você não se importe que eu pedi a Maddie para preparar alguns pratos
diferentes. Eu não tinha certeza do que gostava e esqueci de perguntar antes de
irmos dormir.
Ela sorriu para mim novamente, e me fez pensar como Damien acabou
sendo exatamente o oposto de sua mãe nesse aspecto. Ela era amigável, enquanto
ele era intimidador. Embora, como sua mãe, Damien fosse atencioso. A maneira
como ele cuidou de mim quando alguém invadiu a casa, quando me encontrou no
quarto do pânico, e a rapidez com que ele assumiu o controle para nos tirar de lá. A
maneira como ele garantiu que eu tivesse um orgasmo durante o sexo antes dele.
Estas foram apenas algumas das coisas que me fizeram vê-lo sob uma luz
diferente, e eu não tinha certeza de como me sentia sobre isso.
— Dormiu bem?
— Sim, eu não esperava isso e, além disso, não temos certeza de quem o
fez. — Pelo menos eu não tinha certeza. Assim que as palavras saíram da minha
boca, Maddie entrou com o café da manhã.
— Você poderia ter me chamado, e eu teria levado até lá. Não teria sido
um problema. — Maddie respondeu.
— Vir aqui não foi uma dificuldade. Confie em mim. — disse Martin
enquanto caminhava até sua esposa e dava um beijo em seus lábios. Embora ele
tenha sussurrado suas próximas palavras, eu ouvi parte delas.
— Como vai? Senti sua falta esta manhã… — Eles continuaram a ter
uma conversa particular e, para qualquer um que estivesse olhando, você poderia
ver quanto amor e paixão havia entre eles. Apenas observando como ele
gentilmente massageava seus ombros enquanto falava com ela, e a maneira como
seus olhos se iluminaram quando ela olhou para ele. Quase me fez desejar poder
encontrar uma pessoa para compartilhar esse tipo de conexão. Olhei de volta para o
meu prato, me sentindo um pouco estranha por ter me intrometido em um
momento tão íntimo entre os dois, antes de enfiar uma garfada de ovos na boca.
— Aham.
Eu quase esqueci que Damien estava lá, entre assistir os Cross mais
velhos, e decidir que a comida era a coisa mais importante neste mundo agora.
— Ela sempre faz um trabalho muito bom. É por isso que peço a Martin
que pague o quanto ela quiser, porque se ela for embora, não sei o que faremos. E
ele sabe que não se casou comigo por minhas habilidades culinárias e posso
queimar uma panela só de ferver a água. Isso aconteceu literalmente na época em
que estávamos namorando.
Felizmente, eu não tinha comido nada quando ela disse isso, porque a
gargalhada que soltei foi tão alta que quase doeu. — Isso foi muito engraçado.
— Vou passar o Natal com meus pais, e talvez sair com alguns amigos
para o Ano Novo.
Eu não disse nada enquanto tomava um gole do meu café. Olhei por
cima do meu prato e encontrei Selena olhando para mim, antes de voltar a comer
sua comida. Eu estava vendo demais, ou ela estava se referindo a mim? Eu tinha a
sensação de que vir aqui poderia dar uma ideia errada aos pais de Damien, então
me perguntei por que ele tinha feito isso.
— Você deveria fazer Damien trazê-la para nossa festa de Ano Novo.
Sei que é em cima da hora, mas garanto que vai ser muito divertida. E mais, talvez
isso torne as coisas mais suportáveis para ele. Ele, Broderick e Gage vêm tentando
se livrar da festa há anos, porque é apenas uma reunião de um bando de executivos
de terno, como Gage me disse carinhosamente um ano.
***
— Estou tão feliz que você está passando algum tempo conosco.
Eu não podia acreditar que Selena estava me contando isso, visto que
não nos conhecíamos há muito tempo.
— Hum?
Eu entendia isso. Como eu poderia esperar que uma mãe falasse de seu
filho pelas costas?
— Aja com cuidado, minha querida. Amo muito meu marido e meus
filhos, mas também sei que eles viram algumas coisas que ninguém deveria ver.
Isso os transformou nos homens que são hoje.
— Muito obrigada, Maddie. — Ela olhou para mim. — Você não quer
saber quantos anos ela levou para não me chamar de ‘Sra. Cross’? Essa era minha
sogra, que sua alma descanse em paz. — Selena caminhou até Maddie e se virou
para mim.
DAMIEN
Deixei a água escorrer pelo meu rosto, não me importando se ela pintou
um padrão abstrato na minha camiseta branca. Eu tinha acabado de voltar da
academia que meus pais instalaram depois que viram a minha, e estava prestes a
tomar banho depois de um treino exaustivo. Uma notificação de mensagem de
texto em meu telefone de Kate, minha publicitária, ainda estava passando pela
minha cabeça.
Assim que parei de vomitar, meu pai se afastou e, quando olhei para
cima, o vi encostado no capô do carro. Eu me aproximei e o encontrei fumando um
de seus charutos de marca registrada.
— Não me sinto com sorte. Acho que nunca mais conseguirei acender o
fogo…
Eu sabia, devido a algumas coisas que tinha ouvido no passado, que era
melhor não fazer perguntas, mas isso era algo que iria me incomodar pelo resto da
minha vida.
Pude ver quando papai olhou para mim e nem mesmo a escuridão
conseguiu esconder o brilho que irradiava de seus olhos. Eu estava esperando que
ele gritasse, o que era raro, mas não gritou.
— Não tive nada a ver com isso. No entanto, fui avisado de que algo iria
acontecer e claramente cheguei bem a tempo. — Ele apagou o charuto e começou a
caminhar em direção à porta do lado do motorista. — Precisamos levar você para
casa.
E essa foi a última vez que falamos sobre o que aconteceu com Charlotte
DePalma.
24
ANAIS
Ellie: Oi?!
— Por que está aí? — O pânico estava claro em sua voz, me deixando
ainda mais preocupada.
Parecia que eu tinha feito essa pergunta pela bilionésima vez, mas ainda
não estava nem perto de descobrir a resposta. Quase todas as pessoas da minha
vida, pareciam estar vários passos à minha frente, enquanto eu ficava tentando
alcançá-los. Eu já havia superado isso.
— Não tenho certeza do que posso dizer, pois muita coisa pode ser
boato. Mas você precisa descobrir quem é Charlotte DePalma, o que aconteceu
com ela, e qual é o envolvimento de Damien em tudo isso.
— Não. Foi algo que aconteceu anos atrás, mas não sei exatamente o
quê. A imprensa fez algumas insinuações, mas ninguém quer ser o primeiro a
contar. Provavelmente medo de retaliação.
***
Agora era o medo. Medo de não saber do que Damien era capaz. Medo
de perder aquilo pelo qual trabalhei tanto. Medo de não entender Damien antes de
ficar viciada nele. Eu disse a mim mesma que não me deixaria ser uma vítima de
qualquer jogo que Damien estivesse jogando. O perigo que parecia crescer como
resultado de estar conectada a Damien era bastante condenável também. Embora as
coisas estivessem um pouco mais tranquilas com o passar do tempo, ainda havia o
fato de que eu sabia que ele estava escondendo coisas de mim. Isso não tinha nada
a ver com estar em um relacionamento. Era por isso que eu precisava desligar
todos os pensamentos racionais e simplesmente passar pelos próximos dias, porque
nosso prazo de trinta dias estava quase acabando.
Nada.
— Eu pensei que tinha dito que não deveria entrar no meu quarto de jeito
nenhum? As regras da cidade ainda se aplicam aqui.
— Apenas saia.
Em vez de fazer o que ele pediu, adentrei ao quarto e parei em frente a
ele, colocando minha mão em seu ombro. — Existe algo que eu possa fazer para
ajudar? — Eu esperava que ele se zangasse comigo porque eu havia mais uma vez
desobedecido às suas ordens, mas o que vi foi algo mais doloroso. Ele tirou as
mãos do rosto. Embora não estivesse chorando, havia muita dor em seus olhos.
Havia algo de especial nesse momento e eu me perguntava se ele compartilhava
esse lado dele com mais alguém.
Algo havia substituído a mágoa e a raiva que eu sentia por ele, algo mais
intenso que eu não conseguia identificar.
— Anais, volte para a cama. — Seu tom não deixou espaço para
questionamentos, mas ainda soava mais fraco do que seus comandos diretos e
habituais.
— Tudo bem, mas fique à vontade para vir até mim caso precise de
alguma coisa. — Eu poderia dizer que nós dois ficamos chocados com as palavras
que saíram da minha boca, porque no início desse arranjo, eu não teria dito isso.
Não havia como voltar atrás, se quisesse, mas, eu não queria, o que me deixou
ainda mais perplexa.
— O que está fazendo aqui? — Eu sussurrei uma vez que ele estava de
pé na minha frente.
Eu estava grata pela escuridão que nos cercava porque ele teria visto meu
queixo cair no chão. Ele subiu na cama e fez como sempre fazia quando estava em
um espaço: assumiu. Mas não tive nenhum problema com isso, porque ele me
envolveu em seus braços. Adormecemos juntos, e eu esperava que o que quer que
o tivesse acordado permanecesse nas profundezas das sombras para que ele
pudesse descansar um pouco.
25
DAMIEN
Anais.
Seu cabelo cheirava ao shampoo que ela usava enquanto estava aqui. As
visões do que havia acontecido na noite passada, e o fato de ela ter me encontrado
em um estado vulnerável não me agradaram muito. Ela pegou o final do que às
vezes acontece quando a memória de Charlotte me assombra durante o sono. Isso
nunca deveria ter acontecido, e sempre tive o cuidado de não deixar ninguém saber
o que acontecia quando fechava os olhos para dormir.
Depois que ela me visitou, me senti compelido a ir até ela. Quando entrei
em seu quarto, não consegui me impedir de rastejar até à cama. Quando estava ao
lado dela, não demorou muito para que eu desmaiasse entre os lençóis macios de
cor creme. Embora eu tenha acordado no meio da noite, foi a melhor noite de
descanso que tive em muito tempo. Rejuvenescido de uma forma que eu não
esperava.
Anais estava deitada de lado, de costas para mim. Mudei meu braço que
estava em volta de sua cintura, e arrastei meu dedo pela pele lisa que havia ficado
exposta durante a noite. Ela se mexeu, e eu não senti um pingo de culpa por isso.
— Quero você. Agora mesmo. — Minha voz saiu mais áspera do que o
normal, algo que mal reconheci.
— Sim.
— Ou você estava tendo um sonho erótico ou aquele beijo foi tão quente
para você quanto foi para mim.
— Eu me declaro inocente.
Engoli uma réplica quando senti como ela estava molhada. Ela me
ajudou a tirar o pijama e a cueca, e eu comecei a brincar com seu clitóris antes de
enfiar um dedo em sua boceta.
— Você sabe o que eu mal posso esperar? Para pegar essa bunda.
Eu disse isso para obter uma reação dela e consegui. Ela jogou a cabeça
para trás e gemeu, e meu pau ficou duro como uma rocha contra seu quadril. Não
sabia se isso era por causa da névoa induzida pelo sexo que estavamos tendo
naquele momento, mas com certeza poderíamos tratar disso mais tarde.
Penetrá-la nessa posição foi uma experiência nova para nós dois,
enquanto minhas mãos se alternavam entre acariciar seus seios e seu clitóris.
Ela estava deslumbrante sob a luz pálida que o sol lançava sobre o
quarto, com o cabelo esparramado no travesseiro atrás do meu braço, uma visão
com a qual eu poderia me acostumar a ver regularmente. Eu esperava arrepiar-me
ao pensar nisso, por causa dos eventos que aconteceram com Charlotte. Eu gostava
de permanecer solteiro e namorar quando queria. E não sabia se trinta dias seriam
suficientes. Ela seria minha, ponto final.
E, com isso, água gelada correu por minhas veias enquanto eu deslocava
meu corpo para sair debaixo dela. — Não. Não quero discutir isso.
— Mas eu pensei…
Não olhei para trás, mesmo quando a ouvi fungar, fechando a barreira
entre nós com um clique suave.
26
ANAIS
Eu tinha feito o que disse que não faria. Fiquei viciada em Damien Cross
e era apenas uma questão de tempo até que ele percebesse, e me chutasse para o
meio-fio. O pensamento dele fazendo isso fez meu estômago revirar. Eu sabia
quem ele era antes de ficar viciada e mesmo assim caí. Não, eu precisava sair do
que quer que isso fosse primeiro. Ele nem confiava em mim o suficiente para me
dizer o que o fazia gritar à noite. Eu poderia tentar sobreviver à última semana,
mas sabia que estaria mentindo para mim mesma e me levando ao ponto da histeria
se ficasse. Eu também não estava nem perto de descobrir quem era Charlotte
DePalma ou sua ligação com Damien. Tudo isso me preocupava e era por isso que
eu precisava ir embora agora.
Uma batida rápida na porta confirmou que ele não estava lá, então desci
as escadas para o escritório, esperando que Damien e seu pai não estivessem lá
dentro.
— Entre. — Era a voz de Damien.
Respirei fundo para me fortalecer, porque não esperava que ele estivesse
lá e estava prestes a enfrentar o próprio diabo.
Abri a porta e ele olhou para mim de seu lugar, em uma das janelas atrás
da enorme mesa de madeira. Estava sozinho. — Isso é urgente? Tenho uma ligação
em cinco minutos com alguns investidores importantes que estão no exterior.
— Você precisa cuidar da sua vida. — Damien disse, ainda tão calmo
como sempre. Isso só me enfureceu ainda mais.
— Você pode se foder. — Qualquer ameaça que ele tivesse por trás de
suas palavras não significava nada para mim neste momento, pois eu estava
liberando a raiva e a frustração que estavam reprimidas dentro de mim, há algum
tempo. — Você mandou matá-la?
— O quê? Ela não queria jogar nenhum dos seus joguinhos, era isso? Foi
por isso que você a matou?
— Eu sei que não estava lá quinze anos atrás, mas o que eu sei é que
você ainda não me contou a verdade, e me prendeu em um acordo que eu não tive
nenhuma escolha.
— Besteira. Você sempre teve uma escolha. Você poderia ter ido embora
a qualquer momento e eu teria deixado. — Damien deu dois passos em minha
direção.
— Isso significa que você ainda vai saldar a dívida do meu pai? Essa é a
única razão pela qual estou aqui. — O gosto da liberdade era quase insuportável.
— Dado o número de dias que você está aqui e vendo que falta apenas
uma semana, se seu pai pagar o resto do dinheiro que seus serviços não
forneceram, a dívida estará quitada.
Eu sabia que ele estava usando essa frase para me irritar. Doeu, mas não
me importei. Rezei para que meu pai tivesse aquele dinheiro e não fosse mais
problema meu.
Damien deu um passo para trás e olhou através da janela de sua cadeira.
— Arrume suas coisas e eu vou me certificar de que Rob a deixe de volta em seu
apartamento.
***
Assim que entrei, senti aquela solidão rastejar novamente. Ellie estava
no trabalho, então não havia ninguém para me receber na porta como havia na
residência dos Cross. Embora eu já estivesse alugando esse apartamento por três
anos, foi como entrar em um novo lar pela primeira vez. Não parecia mais comigo.
Não era o lugar que eu conhecia, embora tudo parecesse igual. Não tinha sido o
apartamento que havia mudado. Tinha sido eu.
27
ANAIS
Eu sorri para minha mãe quando ela agarrou minha mão e apertou. Havia
uma expressão mais leve em seu rosto, uma que eu não via há muito tempo.
Meu pai limpou a garganta. — Há algo que eu queria dizer a vocês duas.
Fiquei feliz por não ter aproveitado a oportunidade para tomar um gole,
porque sabia que engasgaria.
Uau, Damien não tinha nem cobrado de meu pai o que ele e eu tínhamos
combinado que seria pago antes de eu sair da casa de seus pais. Fiquei atônita, mas
extasiada com a notícia, mas me perguntei qual seria a próxima jogada, porque
parecia que Damien nunca desistia de nada sem lutar.
— Essa é uma notícia maravilhosa, pai. Estou tão feliz. Parece que as
bebidas estão por sua conta esta noite.
***
— Sua mãe não pode ir a um evento esta noite. Você poderia ir comigo?
Olhei para o vestido preto evasê de vários anos, mas ainda em boa
forma, que eu estava usando, e olhei de volta para meu pai.
— O que você está vestindo está bom porque não é um evento formal.
Além disso, já faz um tempo desde que você e eu tivemos algum tempo de pai e
filha juntos.
— Ok, não tenho nada para fazer esta noite, então posso ir com você.
***
Ele estava certo. O evento tinha sido bom, e passamos a maior parte do
tempo conversando sobre a Monroe Media Agency com alguns de seus amigos e
clientes em potencial. Além disso, pude passar um tempo com meu pai e tomar
uma taça de vinho. O que mais eu poderia pedir?
Olhei para meu pai e disse: — Não, tudo bem. Você sabe que não sou
uma grande fã de socialização.
— Obrigada, pai.
— Ok, vou ver se há um por perto. Você fica perto do prédio para se
manter aquecida. — Sua sugestão fazia sentido. Ainda estava frio na cidade e ficar
perto do prédio provavelmente seria mais quente. Além disso, esta rua não era bem
iluminada e gostava de estar mais perto de uma fonte de luz, em vez de tentar
encontrar um táxi no escuro.
Apenas alguns segundos depois, tiros soaram e eu caí no chão tão rápido
que perdi todo o fôlego que havia em meus pulmões. O caos me cercou enquanto
as pessoas corriam em direções diferentes, tentando fugir de quem estava
disparando a arma.
Continua...
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