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Tradução efetuada pelo

grupo
Aviso: Este não é o seu romance usual. A história de Abby & Jake contém
situações perturbadoras, violência gráfica, sexo, estupro, linguagem for-
te, uso de drogas e todos os tipos de abuso.

Abby tem vivido através do inferno e sobreviveu uma das infâncias mais
brutais imagináveis ... maldade.

Para o mundo exterior, ela é apenas uma solitária com atitude.

Quando sua avó morre em uma explosão trágica, Abby fica com pergun-
tas e nada mais.

Sem casa, dormindo em um ferro-velho, e no funcionamento de um sis-


tema que tem falhado com ela uma vez após outra, ela conhece Jake,
um motociclista tatuado de olhos azuis com segredos que irão rivalizar
com os dela própria.

Duas almas quebradas que não podem ser curadas. Eles não podem ser
salvos.

Abby & Jake devem revelar um ao outro os seus segredos mais bem
guardados e descobrir se eles podem abraçar a escuridão daqueles se-
gredos - e a escuridão dentro de si mesmos.

Se eles podem aceitar um ao outro pelo que realmente são, se eles po-
dem ser capazes de aprender que o amor nem sempre encontra a luz.
PRÓLOGO
Jake
A dor na minha CABEÇA intensificou, pulsando no ritmo da batida lenta do
meu coração. Minha visão embaçada passou de dupla para única, com cada piscar de olhos.
Senti a parte de trás da minha cabeça a partir de onde a dor irradiava, morna, vermelho pe-
gajoso revestindo meus dedos. O frio do azulejo podia ser sentido através da minha camisa
fina.

Eu olhei para cima de onde eu estava estatelado no chão, para os loucos olhos in-
jetados de sangue de um homem que eu tinha conhecido por toda a minha vida, ou pelo me-
nos eu pensei que tinha conhecido. Fiquei instantaneamente sóbrio, o nevoeiro passou e
meu coração disparou. Ele estava pronto para atacar, pronto para matar. Veias grossas abau-
ladas em seu pescoço, eu podia vê-las pulsando com cada respiração tensa que ele to-
mou. Eu olhei para ele, para o machado levantado acima de sua cabeça. Sem hesitar, ele
trouxe-o para dividir o meu crânio ao meio. Pouco antes da lâmina ser capaz de rasgar a mi-
nha testa, eu me libertei de seu forte aperto e rolei para o meu lado, evitando a escuridão
infinita por meros centímetros. Fiquei com as pernas bambas, tentando puxar o ar em meus
pulmões quando me virei para me preparar para o próximo ataque. Fiquei chocado ao ver o
homem que era um monstro apenas momentos antes caído no chão, de bruços na telha me-
xicana. Ele abriu a mão e deixou deslizar seu machado. Seus ombros tremeram. Ele estava
soluçando.

— Pai?— Perguntei. Eu tentei de tudo que podia para tirar a sua dor, e em troca
ele tinha feito o seu melhor para ter certeza que eu sentia as profundezas do mesmo.
— Sai fora daqui!— ele gritou para o chão, entre soluços.

— Pai, deixe-me ajudá-lo— , eu implorei, chutando o machado fora de seu al-


cance.

— Saia desta casa, e nunca mais volte, porra!— Ele levantou-se e ficou em seus
joelhos, lentamente levantou a cabeça para me encarar. Saliva vazou dos lados da bo-
ca. Seus olhos brilhavam com a umidade. O cheiro forte de álcool picou meu nariz quando
ele falou. Eu tinha visto o meu pai de uma maneira ruim antes, mas esta foi uma coisa com-
pletamente diferente.

— Eu não quero ver você nesta casa nunca mais. —

— Pai, deixe-me ajudá-lo— , eu insisti. Eu poderia fazer exatamente isso, levá-lo


para a reabilitação, tirá-lo daquela profunda tristeza, aconselhando-o no que fosse preciso
para fazê-lo parar de sentir como se sua vida tivesse acabado.

Inclinei-me e agarrei-o pelo braço para ajudá-lo.

— Não me toque!— Ele empurrou libertando-se.

— É você ... deveria ter sido você. Você é a razão deles terem ido.—

Suas palavras doeram, mas não foi a primeira vez que eu o ouvi falar sobre
eles. Faziam duas semanas que limpava seu vômito e tentava ficar fora do caminho de sua
fúria bêbada.

— Eu gostaria que tivesse sido você — , disse ele mais suave desta vez.

— Pai, você está bêbado. Você não quer dizer isso.—


— Sim, eu quero. Eu apenas tentei te matar, Jake, e com toda a honestidade, eu
gostaria de tê-lo feito.

Ele olhou-me diretamente nos olhos, e nesse momento, ele pareceu completa-
mente no controle.

— Deveria ter sido você. Você devia estar morto. Não eles. Eu só queria corrigir
isso, trocar você por eles. Fazer da maneira que deveria ter sido. — Sua voz se voltou para
um sussurro.— Você está morto para mim agora, rapaz.

Algo dentro de mim estalou.

Se eu tivesse que escolher um momento em que eu sabia que minha vida seria di-
ferente daqui pra frente, seria essa.

Foi nesse exato momento que eu sabia na minha alma que eu era capaz de matar.

Peguei o machado, era alto e fui direto para ele, derrubando os móveis da sala. Eu levantei o
machado sobre a minha cabeça e agarrei-o com as duas mãos. O olhar de medo e surpresa
nos olhos do meu pai era bem-vindo. Eu saboreava. Eu queria lembrar do medo, memorizar
isso de novo e de novo na minha cabeça. Ele nem sequer tentou se mover para fora do ca-
minho. Eu balancei com força, mas parei a lâmina a menos de uma polegada de distância de
bater em seu peito. O simples olhar de horror em seu rosto não fez nada para me enervar. Eu
o encarei.

— Nunca se esqueça que eu parei neste momento. Porque se eu vir você de novo, eu vou
rasgar a porra do seu coração, meu velho.

Eu lancei o machado e cuspi nele, certificando-me que ele sabia que ele era tão nada para
mim como eu era para ele. Deixei-o tremendo no chão e não olhei para trás, para ele antes
de eu escancarar a porta da frente e sair para a noite.

Acendi um cigarro na varanda da frente antes de caminhar para as sombras da entrada e


montar minha moto. Eu não me preocupei com uma mala.

Não havia nada que eu precisava ou quisesse daquela casa, não mais.
Eu liguei a moto e deixei-a rugir, eu poderia jurar que ouvi meu pai lamentando além do
barulho do meu motor. Mas, já era tarde demais.

Eu já estava no passado, além do ponto de voltar.

Em mais de um sentido.

***
Isso foi há quatro anos.

Seis dias se passaram desde a última vez que parece que levou uma vida, e agora, a minha
moto e eu estávamos voltando para o lugar que eu mais odiava.

Não era nem mesmo o dinheiro que alimentou o meu trabalho mais. Se eu não fosse o único
a fazer o trabalho, ela já teria sido outra pessoa. Talvez eu pensei que, à minha maneira, eu
estava poupando algum pobre coitado de uma vida para a qual eu era mais adequado.

Eu não tinha ilusões de grandeza. Onde outros caras achavam bacana um carro rápido, caro,
eu preferia a liberdade da minha moto. Comprar uma casa significava criar raízes, o que era
a última coisa que eu queria, então eu nunca vivi em qualquer lugar mais do que levaria para
concluir um trabalho.

E eu odiava ficar entediado, por isso, quando eu precisava me acalmar após uma matança
difícil, eu venderia um pouco de erva ou algum trabalho apenas o suficiente para me impe-
dir de ficar ocioso.

Mãos ociosas fazem a obra do diabo Jake, minha mãe costumava dizer.

Mal ela sabia. Minhas mãos nunca estavam ociosas. Se os últimos anos me ensinaram al-
guma coisa, é que o trabalho do diabo é exatamente o que ele deve ser.

Eu não tinha planos de sempre voltar para o lugar que eu chamei de casa alguma vez, nem
mesmo quando Reggie, o mecânico chefe na loja do meu pai e a única pessoa da minha ci-
dade natal que mantive em contato ocasional, ligou para dizer que a próxima tragada do
meu pai dentro da garrafa poderia ser sua última. Meu pai fez sua cama no inferno, e eu te-
nho certeza que foi atado com cinzas, vômito e garrafas vazias de Jameson. Mas quando
Reggie disse que a casa que eu cresci, que minha mãe tinha amado até o dia em que ela
morreu estava em vias de ser perdida para o cobrador de impostos, algo em mim me disse
para ir salvá-la. Não por ele.

Por ela.

O necessário para ajudar a única mulher que já me amou. A única coisa que eu já tinha feito
por ela até então, fora ajudar a enviá-la mais cedo para uma sepultura.

Na minha cidade natal de Coral Pines, uma pequena ilha ao largo da costa sudoeste da Fló-
rida - caminhões com kits de elevador e pneus grandes eram adorados, e seus racks de aro
cromado brilhavam mais brilhante do que a luz do sol de domingo de manhã através de vi-
trais. Se as cidades como Nova York e Chicago são chamados de selvas de concreto, então
Coral Pines poderia facilmente ser chamada de uma prisão de praia, ou um asilo tropical.

Ou o meu favorito: um inferno de peixe rançoso.

Nada além de turistas, caipiras e fantasmas.

Deveria ter sido eu.

De certa forma, eu concordei com ele. Se tivesse sido eu, em vez de Mason, mamãe ainda
estaria viva. Papai não estaria tentando afogar-se em uísque barato, e haveria algumas pes-
soas andando na terra dos vivos

Eu não contribui em nada e levei tudo. Mas para ser justo sobre isso, eu também não espe-
rava nada desse mundo sem Deus que me dilacerou ao meio de todas as formas.

Eu não esperava nada, até a noite em que conheci uma certa ruiva com atitude.

A noite em que conheci Abby Ford, minha vida mudou para sempre.
Abby

Eu sabia que algo estava errado quando eu andava pelo palco no dia da formatura e fui
recebida com apenas as palmas lentas sem entusiasmo da multidão esparsa. Não é como se
eu esperasse uma ovação de pé. Eu não tinho sido exatamente agradável com os meus cole-
gas de classe. Eu poderia ter contado o número de amigos de verdade que eu tinha em uma
das mãos. Ou sem as mãos, na verdade. Era a habitual gritaria convulsiva de Nan que eu
esperava ouvir, mas estava longe de ser encontrada.

Onde ela estava?

Um alarme disparou na minha cabeça quando nossa vice-diretora, senhorita Morgan, inva-
diu o auditório deixando que as portas pesadas de metal se fechassem atrás dela. Seus saltos
estalaram em rápida sucessão pelo chão amarelo brilhante. Com uma curva de seu dedo em
minha direção, ela me removeu do meu assento. Seu olhar estava focado no chão enquanto
ela me levou para o escritório do diretor em silêncio.

Quando entrei no escritório, o xerife Fletcher estava sentado atrás da mesa cheia, em vez da
principal.

Ah Merda.

Eu fiz um inventário mental rápido de qualquer coisa que eu tivesse feito, recentemente, que
justificaria a honra de sua visita. Havia um saco de moeda de dez centavos no bolso de trás
da minha bermuda sob o meu dourado vestido de formatura, mas desde que a política de
plantas daninhas do xerife era, basicamente, se você tem isso, passe-o, eu não estava muito
preocupada. Apesar de tê-lo na propriedade da escola podia resultar em algum resultado de
coloridas políticas ou leis padrões duplos sendo aplicados. Não tinha havido uma única ma-
conha apreendida em Coral Pines o tempo todo que eu vivi aqui. Seria apenas a minha sorte
de ser a primeira jogada atrás das grades por ele. Eu também tinha um infeliz incidente en-
volvendo a cerca do campo de baseball e um carro que eu tinha emprestado, sem o conhe-
cimento do proprietário, mas eu tinha certeza de que não havia nenhuma maneira de o xerife
saber que fui eu quem causou o dano.

— Xerife?— Eu tentei agir casual, mas a minha saudação de uma só palavra soou como
uma pergunta. Mesmo com sua atitude negligente e interpretações soltas da lei, eu não po-
deria testar o homem. Sua família tinha praticamente a propriedade de Coral Pines, então eu
tinha certeza de que o Xerife Fletcher tinha trapaceado no seu treinamento de polícia. O
membro só um pouco decente da família Fletcher era Owen, um cara bom o suficiente, se o
homem gostava de vagabundas novas, era outra coisa.

A camisa do xerife estava aberta em três botões, como se para ter certeza de que ele não
seria confundido com um homem profissional do direito. Uma massa de cabelos, no peito,
preto encaracolados cutucava fora de seu colar e roçava a base de sua garganta. — Sente-se,
senhorita Ford.— Ele fez um gesto com o gordo dedo cabeludo para as cadeiras em frente à
mesa. Morgan estava junto ao seu lado com as mãos cruzadas na frente dela, quase uma
freira. Sua altura, corpo magro e alto, saia lápis desperdiçada a fazia parecer uma girafa ao
lado do atarracado xerife. Suas agitadas franjas irregulares pairavam sobre seus cílios e ro-
çavam sua pele leitosa. Sendo ruiva, e era muito muito pálida, nem mesmo os raios da morte
do sol sul da Flórida poderiam ter mudado isso. De alguma forma, ela conseguiu ser ainda
mais pálida do que eu.

Sentei-me e esperei que o que quer que isso fosse iria terminar em breve.

Tinha sido apenas quatro anos antes, em outro estado em outra escola, no que parecia como
uma outra vida, quando o diretor me ligou na minha sala de aula e no corredor para entregar
a notícia de que meu pai tivera uma overdose. Eu tinha estado em um orfanato por mais de
dois anos, então, e eu não o tinha visto em quatro. Mas os poderes que tinha pensado que
sua morte foi importante o suficiente para me puxar da classe, então eu senti que eu devia
isso a eles de falsificar algumas das tristezas que eu sabia que eles estavam esperando de
mim.

O que eu realmente queria fazer era rir de satisfação, da justiça de tudo isso.

Felicidade não podia sequer começar a descrever como eu me senti quando me informaram
de sua morte.

Nan sempre havia dito que Deus criou o homem à sua imagem. No que diz respeito ao meu
pai, Deus ou era um tanto doente quanto um fodido sarcástico ou um inferno de uma menti-
ra.

Eu mantive esse pensamento para mim mesma quando eu estava em torno de Nan.
Papai tinha estado no trabalho quando o encontraram em uma das barracas de banheiro, sen-
tado no WC com as calças abaixadas até os tornozelos, uma seringa ainda cravada pendura-
da em seu braço.

Fiquei mais surpresa ao ouvir que ele, na verdade, tinha ido trabalhar do que ele tinha mor-
rido. Finalmente quando isso aconteceu, ele estava com a única coisa em sua vida que ele
realmente amou: a sua agulha.

O meu pai era um verdadeiro vencedor.

O xerife não me olha nos olhos. Seu olhar focado em algum lugar sobre a minha cabeça,
prolongando seja qual for a notícia que ele tinha vindo para entregar. Com o tempo, cada
uma de sua respiração soou mais como roncos tensos. Eu estava ficando impaciente. —
Talvez, você pudesse me dizer por que estou aqui— , eu deixei escapar.

— Querida?— A palavra caiu de sua boca como ele nunca tinha usado antes. — Quem é seu
parente mais próximo? — O sangue drenou do meu rosto. Eu não respondi a ele em primei-
ro lugar. Eu não poderia encontrar as palavras. Minha visão girava como se eu estivesse
olhando para ele através de um caleidoscópio.

Parente mais próximo? Pensei. Meu único parente é Nan ...

— Abby!— Senhorita Morgan estalou os dedos na minha cara. Eu ainda não tinha visto ela
ajoelhada na minha frente, mas lá estava ela. Atrás dela, o xerife estava suando em bicas e
nervosamente.

— Abby— , ela repetiu, mais suave agora. — Nan estava em um acidente.— Ela enunciou
cada palavra como se ela estivesse ensinando numa aula de Inglês.

— Como?— , Eu perguntei. — Seu caminhão não corre. Ele estava num ferro-velho e aos
pedaços desde setembro — , eu disse, como se de alguma forma este fato mudasse a verda-
de.

— Não um acidente de carro, querida.— Senhorita Morgan parecia estar com dor física. —
Foi uma ... explosão. —

Ela apertou a minha mão, mas eu vacilei ao seu toque e imediatamente me afastei de seu
aperto. — Que porra é essa?— , Eu sussurrei. Meu coração batia forte em meus ouvi-
dos. Senti o sangue em minhas veias virar ácido. Minha pele estava prestes a queimar os
meus ossos.
— Chega dessa linguagem, mocinha.— Xerife Fletcher teve a audácia de repreender-
me. Ele limpou a garganta. — Eu posso perceber que é uma situação difícil para você, e eu
sinto muito.—

Sim, certo. Com certeza parecia que ele sentia. — Eu tenho que perguntar uma coisa: sua
Nan disse que ela precisava de dinheiro para alguma coisa, por acaso? Você sabe se ela es-
tava tendo qualquer tipo de problema financeiro? —

Eu balancei minha cabeça. Nós não vivíamos como reis, por qualquer meio, mas seu cheque
da segurança social e o dinheiro que ela fazia com a venda de suas bugigangas na feira de
artesanato no domingo era o suficiente para pagar a hipoteca e nos manter alimentadas e
vestidas. — Não— , eu respondi. — Não que eu saiba.—

Xerife Fletcher gemeu. — Temos razões para acreditar que sua Nan estava envolvida em
algumas atividades de natureza questionável. — Ele coçou a sombra de cinco horas. — Ela
estava em uma casa no meio do Preserve quando explodiu. —

Não havia nenhuma maneira disso estar acontecendo.

Eles tinham que estar errado.

O xerife começou a falar novamente quando sta Morgan sentou-se ao meu lado. Ela esten-
deu a mão em outra tentativa de colocar suas mãos sobre a minha. Eu me afastei antes que
ela pudesse.

— Xerife Fletcher pensa que o trailer era um laboratório clandestino.— Suas palavras eram
tão estranhas quanto ela.

— Não, isso tem que ser um erro.— Eu comecei a reclamar como se minhas palavras esti-
vessem sendo lançadas ao redor de um tornado. — Nan não tem nada a ver com dro-
gas. Vou chamá-la agora ... você pode ver por si mesmo —

Não havia nenhuma maneira possível, especialmente por causa dos vícios de merda dos
meus pais, que Nan tivesse se envolvido em algo assim. Ela não quis sequer tomar xarope
para a tosse quando ela teve um resfriado.

Estendi a mão para o telefone sobre a mesa, mas antes que eu pudesse chegar a ele o xerife
colocou sua suada pata de urso no receptor — Infelizmente, não há nenhum erro. Sua avó
morreu esta manhã em uma explosão em um laboratório de metanfetamina conhecida. —
Meu queixo caiu quando eu olhava para ele. Ele não disse nada mais. Em vez disso, ele me
perguntou de novo, — Quem é seu parente mais próximo senhorita Ford? É que não está no
seu arquivo. Eu sei que seus pais não estão na foto, mas existe um tio ou tia que podemos
chamar? —

— Não— , eu disse calmamente. Não havia ninguém.

— Um irmão mais velho, então, ou talvez um primo?—

Eu balancei minha cabeça, me perdendo na lenta tontura da sala em volta de mim.

Por que diabos Nan estaria em um laboratório de metanfetamina?

Não havia nenhuma razão, a não ser ...

Ele me atingiu como uma bigorna por Nan precisar do dinheiro para pagar a faculdade. Ela
falava sobre me enviar para lá o tempo todo. Eu a ignorei toda vez que ela tocou no assun-
to. Meus planos para o futuro nunca chegaram mais longe do que o fim de semana. Eu,
principalmente, apenas sorria e acenava com a cabeça. Grande parte do tempo, eu só muda-
va de assunto. Eu não estava indo para a faculdade. Fim da história.

Aparentemente, Nan tinha pensado de outra forma.

Mas, envolvendo-se em metanfetamina simplesmente não fazia sentido.

— É só eu ... e ela.— Minha voz falhou. Lá dentro, eu estava chorando, gritando, vociferan-
do contra qualquer que fosse o alto poder que pudesse ser tão cruel em me dar um gostinho
de normalidade, em seguida, tirar tudo de mim. Do lado de fora, eu era um robô.

— Quantos anos você tem, senhorita Ford?— , Perguntou o xerife Fletcher. Ele estalou os
dedos impaciente, como se ele não pudesse esperar para acabar com isso e se encaminhar
até o Sally’s, coma tudo que aguentar em peixe frito num sábado.

— Dezessete— , o robô disse.

— Quando você vai completar dezoito anos, querida?— Senhorita Morgan murmurou, ten-
tando me oferecer algum tipo de conforto.

— Não por enquanto.— Em dez meses, na verdade. Eu tinha me formado um ano mais ce-
do. Quando eu disse a Nan que eu queria abandonar a escola, ela tinha me dado a única ou-
tra opção que ela aceitaria.

— Se você quer tanto acabar logo, Abby— , ela me disse: — Só se apresse e se forme mais
cedo.—
Como se fosse tão fácil, como ir no correio à tarde.

Foi um trabalho difícil, mas eu tinha feito isso. Nan me fez sentir como se eu estivesse me
graduando em alguma escola da Ivy League, em vez da escola pública em Coral Pines.

Eu olhei o meu reflexo na janela atrás do xerife. Eu ainda estava usando o meu boné e ves-
tido. Era como se o meu lado feliz estivesse lá, zombando da pobre coitada que estava em
seu lugar, a que tinha acabado de ter seu mundo rasgado sob ela em uma conversa curta.

Xerife Fletcher limpou a garganta mais uma vez. — Senhorita Ford, meu escritório é obri-
gado a tomar ação para ter os menores não-emancipados colocados em serviços de proteção
à criança. No momento em que a papelada estiver arquivada e o caso atribuído a um assis-
tente social, você só teria que estar no sistema por alguns meses antes de se tornar um adulto
legal e não mais exigir a sua entrada.” Ele se mexeu na cadeira, muito obviamente, ajustan-
do suas partes íntimas sob a mesa. Ele continuou. — Esta é uma cidade pequena. Nós não
temos esses tipos de recursos rápido, por isso vai demorar um pouco. Por agora, senhorita
Morgan concordou em olhar você de vez em quando. Se você realmente quiser, podemos
enviar-lhe para o norte para a CPS imediatamente, mas eu tenho um sentimento que não é o
que você quer agora, é? — Era uma afirmação, não uma pergunta. Ele parecia irritado que
ele tinha um trabalho para fazer e estava menos preocupado que eu tivesse acabado de per-
der a única pessoa que deu a mínima para mim.

Ele sorriu e inclinou a cabeça, como se ele estivesse esperando por mim para agradecer-
lhe. Sim, obrigada pelo pequeno detalhe de que Nan estava morta. Muito obrigada, senhor,
pela gentileza de estar oferecendo a opção de não me mandar embora com o correio da tarde
e de volta para o inferno de um foster care. Gostaria de correr antes que eles venham por
mim. Eu nunca iria voltar para a porra do sistema.

Xerife Fletcher levantou-se e me entregou um cartão com o número de telefone do Reve-


rendo Thomas.

— O Reverendo pode ajudar a fazer todos os seus arranjos.— Ele disse sobre o assunto com
naturalidade, como se ele tivesse apenas me dado um cupom para obter uma lavagem de
carro grátis. — Sinto muito pela sua perda, senhorita Ford — , ele chamou por cima do om-
bro enquanto se dirigia para a porta. O eco da sua pesada bota arrastou atrás dele enquanto
ele desapareceu pelo corredor, assobiando enquanto ele se afastava.

Morgan tentou me puxar para um abraço. Eu pulei quando ela me tocou e dei um rápido
passo para trás, batendo meu boné de formatura fora da minha cabeça.
Sem lágrimas, sem soluços. Sem oração a um Deus imaginário que tinha esquecido de mim
há muito tempo.

Eu me apeguei à familiar dormência para me manter de pé.

Eu já tinha passado por essa merda antes. Eu não preciso de nada, a não ser minhas barrei-
ras. Nan estava morta, e era provavelmente minha culpa. Eu sabia disso.

Caso encerrado. Não há necessidade de me debruçar sobre algo que eu não podia mudar.

Certo?

Morgan se abaixou, pegou o meu boné de formatura debaixo da mesa, e tirou a poeira com a
palma da sua mão. Ela teve o cuidado de não fazer contato comigo, quando o colocou de
volta na minha cabeça. Ela não fez nenhuma tentativa em outros inábeis abraços Consolan-
do Adolescentes Perturbados 101. Em vez disso, ela me estudou atentamente, como se esti-
vesse à procura de respostas para as perguntas que ela não se atreveu a perguntar em voz
alta. Eu imaginava que incluía algo como, o que aconteceu com você, menina? Onde você
vai a partir daqui? Eu não precisava de sua pena.

Eu não precisava de nada dela ou qualquer outra pessoa.

Virei-me para sair.

— Abby!— Senhorita Morgan chamou. Ela me parou antes que eu pudesse correr para fora
de seu alcance.

Cuidadosamente, ela estendeu a mão para o pendão pendurando do meu boné de formatura
e mudou-o da direita para a esquerda.
Dias que se seguiram misturados. O dia em noite. Um crepúsculo permanente.
Uma mistura de sonhos e pesadelos.

Eles chamam a figura que leva os nossos entes queridos a partir deste mundo
de anjo da morte, quando na verdade ele é apenas um corrupto garoto de re-
cados que se esconde profundamente dentro de sua capa quando ele vem para
levar almas para o outro lado. Não é uma grande coisa realmente. Ele prova-
velmente não sente, não lamenta.

Ele era mais parecido comigo do que eu percebi.

Eu o invejava. Por levar sem sentimento. Para livrar as pessoas de um mundo


para o próximo sem a surpresa ou choque que parece sempre vir com a morte
inesperada.

Por que chamamos aqueles que perdemos de saudoso? Eles não partirão. A
palavra partir significa "sair". Eles não saíam.

Eles foram sequestrados desta vida por algum esqueleto sem alma vestido
com o casaco de sua mãe, que os arrastou para os seus fins.

Nan deve ter deixado este mundo esperneando e gritando. Eu sei que ela deve
ter me chamado quando ele empurrou sua alma em seu bolso. Ela precisava
de mim para salvá-la, e em vez disso, eu posso ter sido a razão de ela ter
morrido.

Foi assim que os pesadelos aconteceram noite após noite: Nan, se afogando
em um purgatório de água escura, tentando lutar contra seu caminho de volta
para mim e nunca chegando mais perto, não importava o quanto tentasse. Eu
acordava no meio da noite, pálida e pingando suor, arrancando um grito da
minha garganta quando eu gritei para a única pessoa na minha vida que sem-
pre quis me salvar até de mim mesma.
Ficaram na minha cabeça em repetição, numa confusão em câmara lenta. Eu
não comia. Não dormia. Alguns Vizinhos traziam caçarolas de comida. Nem ba-
tiam à porta - provavelmente sabiam que não iria abrir. Finalmente Irma, da
porta ao lado começou a pegar as caçarolas e leva - las para a igreja . Os ali-
mentos, por eu não come-los tornaram-se demasiados para a pequena gela-
deira de cor de abacate. Eu comecei a passar a tranca na porta da frente, o
que era inédito em nossa pequena cidade. Eu não estava necessariamente ten-
tando bloquear as pessoas. Eu estava tentando me manter trancada, o mais
distante que eu podia da civilização, e o mais perto que eu sentia de Nan.

Senti a necessidade de me punir, me cercando em tudo o que era de Nan. Eu


tinha pulverizado seu perfume no ar. Eu usava o velho casaco comprido de pe-
le de raposa, que ela nunca tinha usado e não tinha razão de possuir em um
lugar tão tropical. Eu dormia em sua antiga poltrona de veludo vermelho e eu
bebia seu scotch favorito todas as noites e, às vezes, todas as manhãs, até
que o calor em minha garganta se espalhasse através do meu sangue me aju-
dando a escorregar para o esquecimento que eu procurava.

A casa da Nan - minha casa - era mais do que uma casinha. O lado rosa des-
vanecido precisava de uma nova pintura assim como as zonas cinzentas que
estavam marcadas pelas fortes tempestades de verão.
Com 2 quartos e apenas um banheiro, era pequena nos padrões de qualquer
pessoa. Os pisos de linóleo e armários já pouco brancos não eram mudados
desde que o avô (Pops) construiu a casa para a Nan há mais de 30 anos. O
pequeno caminho de cascalho tornou-se numa estrada de caco partido, e a ca-
sa em si ficava num espaço de 8 hectares. Entre o restaurante Lee's Oriental
de um lado, e o Salão de beleza Irma, do outro. A Nan nunca se importou que
o espaço verde era tão pequeno porque ela tinha as águas do coral do Rio Pi-
nes ao fundo.

Com um copo de uísque na mão, olhei em volta da casa que Nan tanto amava.
Tinha sido apenas três anos antes, quando eu tinha sido tão relutante em
chamá-la de minha casa.

Apenas poucos anos desde que eu tinha aparecido na vida de Nan consumida
pela raiva e com uma língua mais afiada do que uma gaveta cheia de facas.

Palavras dela, não minhas.

Nan tinha me acolhido em sua vida. Ela foi paciente comigo a cada passo ex-
cruciante, a propósito, e ela me amava sem causa, sem exceção.
Quando um assistente social em um terninho três tamanhos maiores me levou
aos 13 anos de idade para conhecer a avó que eu nunca tinha conhecido, eu
estava além de apavorada. Ela era a mãe de meu pai. E se ela fosse igual a
ele? E se ela me fizesse promessas que nunca seriam cumpridas assim como
ele tinha feito? Eu não quis dizer a promessa de brinquedos e festas de aniver-
sário. Significa a promessa de comida, de manter a energia elétrica ligada. A
promessa de que eu estaria segura. Amigos sujos que meu pai tinha riam de
mim cada vez que eu entrava na sala, os mesmos amigos que me pergunta-
ram se eu sabia o que era um pênis, e se eu sabia o que fazer com um. Aos
seis anos, eu disse ao grupo rindo para ir se foder. Eles riram mais ainda, e
meu pai ficou com mais raiva.

Passaram-se dois dias para ele me desamarrar da cadeira da cozinha e jogar


uma fatia de pizza fria no chão aos meus pés.

Meu pai pode ter pensado que sua forma de disciplina tinha me ensinado al-
gum tipo de lição fodida. A única coisa que realmente fez foi tornar-me fria e
insensível. Ele e minha mãe trataram de preparar minha nova droga, cheia de
justiça parental, da mesma maneira que eles revezaram entrando e saindo das
portas que girava para sempre da prisão estadual.

Descobri que Nan não era nada parecida com o meu pai. Ela estava realmente
animada por me ter, mas eu poderia dizer que ela estava tão nervosa quanto
eu estava. Ela foi cautelosa, mas me amava.

Quando Nan tinha saído no meu primeiro dia para nos cumprimentar na va-
randa da frente, ela não correu para cima para me abraçar. Ela não fez para
não me sobrecarregar com o amor já escrito em todo o seu rosto. Ela me mos-
trou o meu quarto, que era totalmente branco, ou melhor ainda, ela me disse
que estava em branco. Com certeza foi. As paredes brancas, edredom e tra-
vesseiros brancos , e uma escrivaninha e cadeira branca. -Eu não sabia o que
você gostava, então eu pensei em deixar você me dizer como você deseja de-
corar o seu quarto e o que você gostaria nele, disse ela.

"Eu posso ter alguma coisa?—Eu perguntei.

"Claro querida, absolutamente tudo."

Nan era sempre cuidadosa, com sua mão estendida antes de tocar a minha
cabeça ou meu ombro ... ou meu braço.
Minha aversão ao contato físico devia estar no meu arquivo. A única coisa que
eu pedi para Nan nesse primeiro dia foi uma tranca na porta do meu quarto.
Não houve perguntas, nem hesitações. Um caseiro estava na casa e tinha ins-
talado minha tranca dentro de uma hora. Ela me fez um colar para a chave e
me disse para colocá-lo em volta do meu pescoço. Eu tinha parado de usar o
bloqueio por algumas semanas depois de ir morar com ela, mas eu nunca tinha
tirado a chave.

Então, Nan me alimentou com seu frango caseiro frito com purê de batatas.
Tivemos pêssego para a sobremesa. Ela só falou comigo para me perguntar se
eu gostei da comida. Eu balancei a cabeça. Na verdade, foi a melhor comida
que eu já tinha comido. Após essa primeira refeição, a terça à noite tornou-se
a noite do frango frito.

Nan não queria respostas de mim. Ela só queria a neta dela de pavio curto, e
língua afiada que por vezes era violenta. Durante toda a minha vida, ninguém
me queria nem no meu melhor dia ou quando eu me comportava.

Nan me queria no meu pior dia, e, às vezes, isso era exatamente o que ela ti-
nha.

Eu tinha vindo de tão longe em meus quatro anos com Nan. Depois de apenas
algumas semanas sem ela, era como se ela nunca estivesse estado na minha
vida em tudo.
Quando a merda persistente na porta não parou de tocar a campainha mais e
mais, eu estava inclinada a chegar até a minha espingarda no armário do cor-
redor, atirar primeiro e perguntar depois.

– Vá embora! Eu gritei para o meu travesseiro, eu levantei o edredom por cima


da minha cabeça. Eu não sabia que horas eram, e eu não me importei. Tudo
que eu sabia é que era cedo, e eu não estava pronta para acabar com a minha
hibernação ainda.

A merda da campainha mudou seu estilo de tocar duas vezes em intervalos de


30 segundos para ser continuamente pressionada como alguém que espera
impacientemente por um elevador. É isso aí, eu pensei. Eu estou indo pegar a
arma .

Saltei da cama, saindo rasgando para a porta da frente, e quase me senti mal
pela a pobre alma do outro lado que estaria enfrentando a minha ira.

Bem no meu ângulo de visão havia uma mulher vestindo um terno azul-
marinho que ocupou a maior parte da porta. Eu precisei olhar para cima para
ver seu rosto. Parecia Dan Aykroyd travestido de mulher. Seu cabelo era fino e
preto com um tom prateado passando por ele, puxado em um apertado coque
na nuca. Ela organizou um arquivo na prancheta em sua mão.
– Abby Ford? Ela perguntou sem olhar para mim, seu foco exclusivamente em
sua prancheta. Sua voz era profunda e vibrou através de seu peito quando ela
falou.

– Hein? Eu perguntei. Limpando o sono dos meus olhos, a minha raiva sendo
substituída por um sentimento de cansaço e de confusão.

O homem-mulher suspirou.

– Você é Abby Ford estou correta? Ela bateu a ponta da caneta em sua pran-
cheta.

– Sim? Saiu mais como uma pergunta.

Ela bufou, e se eu pudesse ter visto seus olhos por todo o caminho lá em cima
no céu, onde sua cabeça estava, eu tenho certeza que eu teria visto que ela
estava rolando os olhos.

– Vamos tentar isso de novo. Você é ou você não é Abby Ford, a menor de
idade que estava sob os cuidados de Georgianne Ford antes de sua morte há
três semanas?

– Estou com quase dezoito anos. Eu soltei.

– Sendo assim você pode ir agora.

Me preparei para fechar a porta, mas ela bloqueou com o seu pé, sem perder
tempo.

– Sim, bem, você não tem dezoito anos ainda e sim dezessete. Isso faz de vo-
cê uma menor. Portanto, você está atualmente sob a guarda do estado da Fló-
rida, e eu vou levar você em custódia preventiva hoje. Você vai ser colocada
em um orfanato até o dia que completar dezoito anos. Ela virou uma página de
seu arquivo.

– O que eu posso ver por aqui, na verdade, não vai acontecer antes de por
mais nove meses aproximadamente.- Eu sabia que orfanato era uma possibili-
dade. Eu só não esperava que o Xerife Fletcher apresentasse a papelada e que
eles iriam aparecer tão malditamente rápido. Eu também esperava que comigo
estando tão perto dos dezoito anos, ninguém iria realmente querer dar a mí-
nima merda.

– Posso entrar senhorita Ford? Perguntou o homem-mulher.

– Não! Eu me coloquei na frente dela para bloquear a porta. Eu tinha certeza


que eu tinha deixado alguns crimes, achando que eu era livre na mesa do café,
e que ela não precisava ver.

– Me Desculpe? Ela perguntou, obviamente, não acostumada a ser contrariada.

– Minha tia não gosta de estranhos em sua casa, e você nem sequer me disse
o seu nome. Eu ouvi uma mentira sair da minha boca antes mesmo que eu re-
gistrasse o que eu estava dizendo.

– Senhorita Thornton. Ela respondeu.

– Meu nome é Senhorita Thornton. Eu queria pegar aquela caneta e esfaqueá-


la no pé que ela manteve ali impedindo a porta de fechar.

Foi a primeira vez que ela desviou os olhos de sua papelada e me olhou direi-
to, de verdade. Eu ainda estava usando o meu pijama, que consistia em uma
camisa de gola alta, manga comprida e shorts. Eu tenho certeza que eu tinha
cabelo de cama e círculos escuros sob os meus olhos. Com todos os pesadelos,
o sono não tinha sido nada fácil. Senhorita Thornton estava provavelmente se
perguntando por que eu estava dormindo há uma hora da tarde de uma se-
gunda-feira.

– Nós não temos nenhum registro dessa tia que você falou, qual é o seu no-
me? Olhei ao redor da sala, nervosa. Meus olhos pousaram na velha colcha
que minha avó mantinha caída sobre o sofá. O remendo berrante no meio re-
presentando Elvis no dia em que se casou com Priscilla. Eles estavam cortando
o bolo de casamento, seu topete bufante era quase mais alto do que o bolo.

– Priscilla. Eu disse quando eu me virei para a senhorita Thornton.

– Priscilla ... Perkins. O duplo som P tornaria mais fácil para eu me lembrar da
mentira.

– Onde está essa tia Priscilla? Ela baixou os óculos escuros grossos na ponta
do seu nariz quando ela olhou para mim.

– Hum ... ela está em seu caminho de volta de Atlanta. Ela tinha que ir buscar
o resto de suas coisas para que ela pudesse se mudar para cá comigo. Eu olhei
por seu ombro, para não ter que fazer contato visual. Seus olhos eram como
detectores de mentiras pequenos. Eu quase podia ver as agulhas pulando com
o meu batimento cardíaco acelerado.

– Ela é irmã da minha mãe. Eu só a conheci recentemente, na verdade.

Eu realmente precisava parar de deixar merda escapar.

– Ok. Sim, e quando é que a irmã de sua mãe retorna? A Senhorita Thornton
estava quase bufando.
Ela também estava suando e não apenas um pouco. As gotas que tinham co-
meçado em sua testa corriam por seu rosto e se reuniam em cima da sua gola
na blusa demasiadamente apertada. Ela chamou a minha atenção para a man-
cha um pouco amarelada ao longo do tecido branco que crescia a cada mo-
mento que ela estava na varanda.

– Amanhã à tarde. Eu disse com tanta confiança quanto eu poderia. Eu fingi


um bocejo para aparentar mais indiferença.

– Mais alguém sabe dessa sua tia? Qualquer um que eu poderia falar? Ela pas-
sou o dedo no seu colarinho e puxou para longe do seu pescoço, que voltou
enrolando para cima. Eu juro que vi saindo vapor. Eu tinha certeza de que ela
tinha um monte de crianças, além de mim, para ir sequestrar. Eu não sei por
que ela estava tão preocupada comigo.

– Claro. Todo mundo sabe quem é a tia Priscilla. Você pode ir perguntar na loja
da esquina ou no motel na estrada. Todos eles sabem sobre ela.

– Ok, senhorita Ford. Disse a senhorita Thornton.

– Aqui está o que vai acontecer: eu sou obrigada a ter certeza de que você não
está vivendo sozinha, então eu preciso ter certeza de que essa "tia Priscilla"...
E ela riscou o ar com os dedos.

–... Existe e é capaz de cuidar de você. Tenho a intenção de falar com as pes-
soas que afirmam conhecê-la, por algum tempo, esta tarde. Se eles realmente
conhecerem a “tia Priscilla” e podem garantir a sua existência, eu vou estar de
volta amanhã à tarde para entrevistá-la sobre o processo de se tornar a sua
guardiã legal. Enquanto isso, aqui está o meu cartão. Ela me entregou um car-
tão branco genérico com o selo do estado da Flórida, no canto.
– Se por acaso ela chegar mais cedo, por favor, diga para ela me ligar.

Eu estendi a mão e peguei o seu cartão quando ela se virou e começou a des-
cer os degraus. Ela se virou para mim de novo.

– E senhorita Ford? Se por qualquer razão "Tia Priscilla” não for capaz de ter
você sob seus cuidados, você vai ter que vir comigo. Pela primeira vez desde
que ela tinha tocado a campainha, havia algo parecido com preocupação na
sua voz, como se talvez ela se preocupasse com seu trabalho realmente, mas
com o tempo tinha se esquecido como continuar fazendo isso. A preocupação
foi embora tão rapidamente como tinha chegado.

– Você tem certeza de que você não quer me poupar tempo e problemas com
este calor e apenas fazer uma mala agora?

Eu balancei minha cabeça.

– Ok, então. Eu estarei de volta, Srta. Ford, ela me assegurou. Ela abriu a por-
ta do carro manobrando atrás do volante sua nada pequena massa corporal
em um Prius prata antes de puxar o pé e ir pela estrada, na direção da loja da
esquina e do motel.

Corri de volta para dentro da casa antes que a poeira resolvesse ser levantada
por seus pneus. Eu abri meu armário e tirei as roupas dos cabides, abrindo ga-
vetas, e empurrando o máximo de coisas enquanto eu conseguia em minha
mochila. Não levaria muito tempo para verificar que ninguém sabia sobre isso
e que Tia Priscilla era ficcional. Eu tinha que dar o fora daqui antes que ela vol-
tasse e me arrastasse para outro lar adotivo.
Assistência a criança sem cuidado. Para mim, isso o que a assistência social
realmente era. Financiando hábitos de drogas e alugueis pagos. Não havia ne-
nhuma maneira no inferno que eu ia voltar.

Minhas experiências no sistema variaram entre compartilhar o quarto com um


garoto que esfolava gatos, que eu estava convencida de que iria me sufocar
em meu sono. Para ouvir Greg, o menino mais velho que dormia na cama de
baixo em nosso quarto com quatro beliches, com raiva se masturbar todas as
noites e amaldiçoar seus pais quando ele gozava.

Em seguida, houve Sophie, a única amiga que eu já tinha feito em um orfana-


to. Ela era pequena e tranquila, com cabelos escuros e grandes olhos casta-
nhos. Sua pele sempre parecia naturalmente bronzeada. Ela parecia uma bo-
neca, pelo que eu ouvi sobre elas, de qualquer maneira. Eu nunca tive real-
mente uma boneca para chamar de minha. Sophie compartilhava o mesmo
olhar vago, sem esperança que eu tinha. Sua história, família e educação não
eram assim tão diferentes da minha. Reconheci uma alma gêmea nela.

Certa manhã, eu tinha a encontrado nua no sofá, com os olhos sem vida e sem
foco. Contusões desfigurando cada centímetro de seu corpo pequeno de doze
anos de idade. Sua pele uma vez verde oliva, era transparente. Eu podia ver
todas as suas veias azuis sob a superfície. Seus pulsos estavam amarrados
atrás das costas com uma longa meia suja, uma agulha estava em um cinzeiro
ao lado dela. O sangue escorria na ponta e se reunia na parte inferior do vidro
claro. Dick e Denise, os nossos pais adotivos, a usaram como seu entreteni-
mento na noite anterior.
Eles a tinham dopado com medicamentos comprados com o dinheiro dado a
eles pelo Estado para seus cuidados antes de usá-la como um brinquedo para
os seus jogos sexuais sádicos.

Eles provavelmente nem sabia que ela estava morta até mais tarde naquele
dia.

Nesse meio tempo, eu estava muito longe. Essa foi a primeira vez que eu fugi
de um lar adotivo. E certamente não foi a última.

Depois de jogar os meus pés nas minhas velhas botas de cowboy desgastadas
e verificar a faca que eu mantinha presa no interior direito de uma delas, eu
fixei as alças da minha mochila em meus ombros e corri para o quarto de vovó
para pegar sua charmosa pulseira para fora de seu criado-mudo. Eu peguei a
minha erva da mesa do café e sai pela parte traseira, através das portas de
vidro deslizantes.

E corri para a praia. Provavelmente seria apenas antes de a senhorita Thornton


desistir de mim e mover a sua atenção para outros degenerados mais dignos.
Até então, eu imaginei que seria melhor se eu ficasse longe da casa por pelo
menos alguns dias. Meu plano era simples: manter a cabeça baixa, e me tor-
nar invisível. Eu tinha alguns dólares, mas eu sabia que não iria durar muito.
Eu tinha planejado vender alguns dos itens menores de vovó, mas que teria
que esperar até que o caminho estivesse livre.

Decidi ir para o Bar do Bubba apenas antes de fechar para ver se eles conside-
rariam me contratar para varrer pisos ou limpar mesas. Eu duvidava que a se-
nhorita Thornton procuraria por mim em um bar em uma noite de segunda-
feira.
Depois de ir ao Bubba meu foco teria que estar em tentar encontrar um lugar
para dormir por algumas noites. O hotel estava fora de questão. Era o pico do
verão, e todos os quartos da cidade estariam ocupados. Certo de estarem re-
servados para um bando de turistas. Uma noite, em qualquer um deles teria
custado mais de dez vezes os vinte dólares no meu bolso. A praia não era se-
gura também. As marés eram imprevisíveis e podem se deslocar quando você
menos espera. Mais de uma vez, um turista tirando uma soneca de cerveja ti-
nha sido puxado para fora no Golfo.

***
Eu sentei na areia quente entre os cobertores de turistas e usei a minha mo-
chila como travesseiro. Eu estava escondida em plena vista. Por um tempo, eu
observava as pessoas fracassando com seus jet skis alugados e tentando se
manter em seu windsurfs, sem cair em suas bundas.

Mães e pais torceram por seus filhos adolescentes, observando como eles fi-
nalmente conseguiram ficar em pé e pegar algum vento, o que os levou a ape-
nas alguns metros antes de perder o controle e acabar de volta na água. As
mães e pais mantinham-se torcendo, mesmo quando as crianças desistiam de
seu novo esporte arrasados, cansados, derrotados e com seus corpos desgas-
tados para à costa. Era apenas windsurf. Por que eles estavam tão orgulhosos?
Por que toda essa torcida? Além de se formar no colegial e ver a expressão no
rosto de Nan na manhã em que eu me vestia com meu boné e um vestido, eu
nunca tive alguém que se orgulhava de mim.

Se eu quisesse aprender alguma coisa, eu me ensinava. Não havia ninguém lá


para torcer para as coisas significativas, muito menos as pequenas.

Eu fiquei na praia até anoitecer, observando a mudança na pele dos turistas de


cor branco pastoso para lagosta vermelha no momento em que o sol se pôs
trocando de lugar com a lua. Eu tomei as estradas vicinais para Bubba e acendi
um baseado maneiro. Faróis apareceram na estrada escura atrás de mim. Mu-
dei-me para o lado para permitir que o veículo passasse para eu não acabar
como um gambá ou apenas tivesse que passar por cima.
Em vez de seguir, super-homem de azul num caminhão diminuiu a velocidade
e parou ao meu lado. Era tão alto que minha cabeça estava alinhada com os
topos dos pneus.

—Sozinha em uma estrada escura?— Eu não podia ver Owen Fletcher cami-
nhando até lá, mas eu reconheci sua voz.

—Você tem que estar querendo ser atacada por coiotes, ou você está ficando
acesa?

Ele abaixou a cabeça para fora da janela do caminhão. Seu boné de beisebol
preto estava para trás, escuros cabelos rebeldes espreitavam para fora debai-
xo do aro, a sua t-shirt branca estava enrolada com um maço de Marlboro
vermelho logo visível através do fino tecido dobrado em um deles.

Owen sempre foi amigável, e ele sempre fez questão de uma conversa comigo
quando nos encontramos no mesmo lugar ao mesmo tempo. Mas, em seguida,
ele fazia isso com todos. Eu suspeitava que era, em parte, por causa de quem
sua família era. Talvez, eles queriam prepará-lo para uma carreira na política.
Quando você tem parentes incorporados em todas as posições de poder em
um município, não é comum simplesmente sair e se tornar o zelador da escola.

Ergui o dedo para o ar para que ele pudesse ver o cigarro que era a parte do
ficar acesa e não querendo ser atacada por coiotes que eu estava fazendo. So-
prei a fumaça que eu estava segurando dentro dos meus pulmões. Ele quei-
mou, mas eu não tossi. Owen riu. —Eu estava esperando que fosse querer um.
—Ele estacionou o caminhão no parque, inclinou-se e abriu a porta do passa-
geiro. —Sobe menina e me passa essa merda.—

Eu não chamaria exatamente Owen de meu amigo, mas eu poderia ter que co-
locá-lo na pequena lista de pessoas que não me fazem encolher de medo ou
raiva quando eles falavam.

Pelo menos não muito. Eu fiz a minha mente para entrar em seu caminhão
quando o centésimo mosquito da noite começou a fazer uma refeição dos
meus braços através das minhas mangas. No ritmo em que eles estavam mor-
dendo, não demoraria muito para que eu não tivesse sangue no lado esquerdo.
Owen estendeu sua mão e ofereceu para me ajudar a subir. Eu balancei a ca-
beça, recusando a sua assistência, e saltei para dentro do caminhão como se
estivesse montando um cavalo. Coloquei um pé no lado inferior do pneu, e eu
balancei meu outro pé por cima dele antes de eu deslocar para o lado e desli-
zar minha bunda para o banco.
—Impressionante—, disse Owen, reconhecendo minha habilidade inútil. Fiquei
mais impressionada com a minha capacidade de mais uma vez evitar o contato
humano. —Mesmo Billy Rae ainda precisa da minha ajuda para chegar até
aqui.

Então, novamente, sua bunda gorda tem um acréscimo de 75 kg sobre ele que
a gravidade não gostaria de desistir tão facilmente.

Passei-lhe o cigarro e ele deu um longo trago, soprando a fumaça para fora de
seu nariz e boca.

Owen colocou o caminhão no caminho e começou a descer a estrada escura. O


zumbido dos enormes pneus no pavimento esboçado ecoou dentro da cabine
do caminhão. O painel vibrava e a luz azul do relógio tornou-se embaçada
quando Owen aumentou a velocidade.

—Tio Cole me contou o que aconteceu com a sua avó. Eu sinto muito —, disse
Owen quando ele passou de volta o cigarro para mim. A mudança repentina na
conversa me pegou desprevenida. Owen pediu desculpas e soou verdadeira,
mas a menção de Nan trouxe de volta uma sensação de vazio na boca do meu
estômago. Eu empurrei e dei de ombros.

—Obrigado—, eu disse antes de mudar de assunto. —O que você está fazendo


aqui, afinal? Você não tem algumas meninas para perseguir?— Owen riu.

—Abby, Abby.— Ele colocou a mão sobre o coração e fingiu estar ferido. —
Você me conhece, as senhoras vêm a mim e não o contrário. A única saia que
eu já persegui era a sua no segundo ano, e eu me lembro de você me dizendo,
e eu estou citando agora ‘Você não é meu tipo Owen e você nunca vai ser! ‘

Ele falou a minha parte em uma voz feminina de alta frequência, mas sua ten-
tativa de me imitar soou mais como a voz de Julia Child do que com a minha.

—Eu disse isso?—, Eu perguntei, embora eu sabia muito bem que eu tinha di-
to. Lembrei-me também de dizer para ele se foder, e tudo o que ele fez foi fi-
car lá e rir como ele nunca tinha rido antes e como se a minha recusa fosse
divertida para ele.

—Oh sim, você fez. Você quebrou o meu pobre coração um pouco naquele dia
Abby.—Ele estendeu o lábio inferior em um beicinho falso.

—Ok. Eu poderia ter dito isso, mas eu com certeza não quis soar assim. —
—Isso é verdade. Sua voz é muito menor e muito, muito mais irritada—. Desta
vez, ele usou uma voz mais perto de Cookie Monster quando ele recitou a mi-
nha rejeição.

—Bem, veja, isso funcionou melhor porque aqui estamos, ainda ... amigos?—
Eu usei o termo —amigos— por falta de uma palavra que descreve uma pessoa
que não me dá nojo, tanto quanto os outros .

—Claro, nós somos amigos, Abby.— Owen mostrou seu grande, brilhante sor-
riso em linha reta de dentes brancos. Eu podia ver como as meninas caiam a
seus pés. As meninas que estavam interessadas em meninos, de qualquer ma-
neira. Eu certamente não era uma delas, não que eu estivesse interessada em
meninas ou nada. Às vezes, eu acho que eu só não fui colocada em conjunto
como toda essa gente foi. Outras vezes eu acho que eu estava junto da mes-
ma forma que eles estavam, só que eles tinham sido deixados inteiros, en-
quanto eu tinha sido rasgada para baixo e remontado junto uma e outra vez.

A maioria das crianças em minha escola eram líder de torcida, futebol, cami-
nhões, pesca, e rodeio.

Acima de tudo, eles estavam em cada coisa.

A única coisa que eu estava foi na autopreservação.

Mas se você fosse uma adolescente normal, você definitivamente teria pensa-
do que Owen era um cara bom e bonito. Seus olhos verdes esmeralda eram
tão brilhantes que pareciam contas coloridas. Sua pele estava bronzeada de
passar a maior parte de seus dias no seu barco de pesca. Jogando redes de
pesca todo o dia era, sem dúvida, a razão para manter seus bíceps e antebra-
ços flexionados e bem desenvolvidos girando o leme.

As estradas estavam tão escuras que até mesmo os faróis não pareciam ilumi-
nar a noite. Owen tinha crescido em Coral Pines e, provavelmente, conhecia
essas estradas como a palma da sua mão. Ele provavelmente era capaz de di-
rigir sem quaisquer luzes acesas em tudo.

Cada um de nós deu mais alguns tragos. Ele apagou o cigarro entre o polegar
e o indicador e, em seguida, colocou o conjunto de volta no bolso da frente de
minha mochila.

—Então, onde você fica?—, Perguntou Owen.


—Bubba. Vou ver sobre um trabalho-. Além disso, Bubba era o único lugar
aberto até tarde, e eu não quero dizer a ele que eu não tenho para onde ir
ainda.

—Você vai dormir lá também?—Ele riu e apontou para a mochila aos meus
pés.

—Eu estava na praia por um tempo ... você sabe toalhas, protetor solar e tal—
eu menti. Owen me olhou com ceticismo, mas aceitou a minha resposta e não
pressionou para mais.

—Você quer eu te leve até lá?—, Perguntou. —Não é muito longe.—

—Claro—. Ainda era cedo, mas eu percebi que eu poderia conseguir algo para
comer antes de encontrar um lugar para passar a noite.

Olhei para Owen, enquanto observava a estrada com o rosto iluminado pelo
painel de instrumentos de luzes azuis. Eu acho que ele podia sentir o meu
olhar.

—O que? —, Perguntou ele com um sorriso.

—Nada-, respondi, ainda incapaz de desviar o meu olhar para longe dele. Ha-
via algo sobre ele que era intrigante, diferente dos outros meninos que eu co-
nhecia. Eu não poderia colocar o dedo sobre isso, mas ele parecia quase fami-
liar para mim.

—Não. Você tem que me dizer por que você está me olhando assim—.

Ele virou-se para o estacionamento escuro de Bubba e estacionou o caminhão.

—Não é nada—, eu disse. Owen fez outra cara, e eu encontrei-me abafando


uma risada.

—Diga-me, Abby!- Ele trancou o veículo a partir do botão de bloqueio automá-


tico em sua porta. —Eu não vou deixa-la sair se não me disser agora o que vo-
cê estava pensando— .

—Tudo bem—, eu disse, dando de ombros. —Abra as portas em primeiro lugar,


e em seguida, eu vou te dizer—. Ele me olhou pensativo por um instante.

—Ok, então.— Ele clicou no botão. —Agora, diga-me.


Antes que as palavras saíssem de sua boca, eu pulei para fora da porta e sai
correndo do caminhão.

Quando eu estava quase na entrada, eu olhei para trás e vi o sorriso brilhante


e aberto de Owen. Ele colocou o caminhão em sentido inverso, balançou a ca-
beça e riu quando saiu para a estrada e dirigiu a distância para a noite.

Talvez eu tinha um amigo depois de tudo.

Pode ser.

Bubba estava sempre cheio, mas durante os meses em que os turistas estavam ocu-
pando todos os quartos de motel e aluguéis de temporada na ilha, era uma loucura to-
tal. Na maior parte aconteceu durante o inverno, quando as pessoas fugindo migraram
para o sul, ou durante algumas semanas no verão, quando as famílias tiravam férias jun-
tos.
Eu não sabia nada sobre isso.
Férias ou famílias.
Peguei um ponto no final do bar e pedi um hambúrguer e batatas fritas. Eu tomei meu
tempo para comer, observando todos os personagens coloridos que vieram para a noite:
moradores e turistas igualmente. Uma mulher mais velha com o cabelo castanho encara-
colado sentou-se no colo de um homem vestindo moletom, seu uso de sombra de olhos
azul foi épico, atingindo todo o caminho até as sobrancelhas. Uma multidão de garotos
de faculdade estavam na mesa de sinuca em uma estação de beer pong (NT: um jogo de
bebidas em que os jogadores tentam jogar ou bater bolas de tênis de mesa em copos de
cerveja, e seus adversários são obrigados a beber o conteúdo dos copos em que a bola
cair). A pequena pista de dança estava cheia de pessoas que pareciam desafiar a gravida-
de dançando como se estivessem bêbados. De qualquer maneira, eles
pareciam que estavam se divertindo. Por apenas um momento, eu me encontrei em
guerra com sentimentos de ciúme. Até que eu vi um casal de jovens da minha idade se
beijando em uma mesa de canto.
O ciúme desapareceu tão rapidamente como veio.
Quando eu terminei de comer, eu pedi outra Coca para estender minha estadia. Eu es-
tava exausta e a certeza de que eu cheirava como se todo o meu corpo tivesse sido mal-
tratado com cerveja, frituras, e ainda rolei em um cinzeiro. Ainda assim, fiquei até a úl-
tima pessoa se arrastar para fora do bar.
"Tudo bem, Abby?", Perguntou Bubba. "Eu estou tão triste de ouvir sobre Georgie,
ela era uma grande mulher. "
Bubba era mais velho, em seu final dos sessenta anos com o cabelo grisalho. Ele e
Nan sempre conversavam quando ela me trazia para o brunch de domingo. Eu uma vez
perguntei se ela já tinha pensado em ir a um encontro com ele, mas ela sempre deu de
ombros, como se a ideia fosse tão ridícula como asas em um cão. Eu sempre suspeitei
que poderia ter tido algo mais entre eles do que apenas conversas de domingo de manhã.
"Oh, sim, eu estou bem", eu menti. "Só não estou cansada ainda. Pensei em sair mais
tarde."
Bubba acenou e tirou as chaves para trancar atrás de mim.
"Sim, noites agitadas como esta me deixam muito ligado. Eu não seria capaz de ir pa-
ra a cama antes do sol nascer."
Ele bocejou novamente.
"Obviamente, esses dias estão no meu passado."
"Hey Bubba, qualquer chance de eu poder incomodá-lo para me arrumar um traba-
lho?"
Eu me encolhi interiormente por ter que pedir.
Eu sabia que não era exatamente qualificada. Para qualquer coisa. Eu poderia facil-
mente ter dito a ele minha história triste sobre estar sozinha e não ter dinheiro na tentati-
va de convencê-lo, mas eu não queria sua piedade. Mais do que isso, eu não podia per-
mitir-me despejar a minha história triste, então eu definitivamente não fiz isso.
Bubba me olhou. "Quantos anos você tem agora, Abby?"
"Quase dezoito anos." Era uma espécie de mentira, e uma espécie de verda-
de. Dependendo de sua definição de 'quase'.
"Você nunca serviu antes?"
Eu balancei minha cabeça.
"Não, mas eu acho que eu seria muito boa nisso. Nan sempre falava sobre como ela
fazia para servir o seu café, e eu sempre escutei como ela cuidava de seus clientes. Eu
posso fazer isso. Eu prometo."
Eu não sabia se isso era uma mentira também. Eu não tinha ideia se eu poderia
ser uma boa garçonete ou não. Agora não era o momento de honestidade.
"Abby, eu não posso arriscar a minha licença de bar, colocando-a atrás do bar. E eu
não posso deixar você ser uma garçonete, porque nós estamos no auge da temporada e
com tantas pessoas, eu não tenho tempo para treinar alguém novo. Mas eu lhe digo que,
você pode voltar a me ver quando você fizer dezoito anos, e então estaremos menos
ocupados, e eu prometo que vou tentar encontrar algo para você ".
"Sim, não há problema", eu disse, tentando manter um tom positivo.
Bubba me levou até a porta da frente.
"Georgie agiu certo com você querida. Ela era uma boa mulher. Venha ver-me se vo-
cê precisar de alguma coisa. O povo de Deus precisa ficar juntos."
Eu não soube dizer se ele estava falando de mim ou apenas Nan quando ele disse 'po-
vo de Deus'. E eu não tinha simplesmente lhe pedido ajuda? Eu balancei a cabeça e sorri.
Eu deixei o bar com sentimento de derrota.
Eu ainda precisava desesperadamente de dinheiro. Uma vez que o caminho estava li-
vre da Srta Thornton, e eu voltar a viver na casa Nan, eu precisarei ser capaz de alimen-
tar-me e espero manter as luzes acesas. Se não puder conseguir um emprego, eu terei que
recorrer ao roubo.
As palavras de Bubba ficaram comigo enquanto eu caminhava pela estrada principal
entre as sombras de alguns postes de luz da nossa cidade. O povo de Deus ficar jun-
tos. Ele realmente começou a fazer sentido para mim quando eu pensei sobre isso. Se o
povo de Deus era unido, e eu estava sozinha, então eu certamente não era uma de suas
pessoas. Por mais que Nan me levasse para a igreja e rezasse por mim, eu nunca tinha
sentido como se eu estivesse sendo cuidada ou sob os cuidados de um poder superior. Eu
sabia que isto era porque eu não era um do povo de Deus.
Eu provavelmente nunca tivesse existido.
Eu andei sem destino em mente, com os novos conhecimentos que, se realmente ha-
via um Deus, ele provavelmente esqueceu de mim desde o início. Não era nem um se-
gundo depois que este pensamento passou pela minha cabeça quando o chão sob meus
pés começou a tremer, e a lâmpada no poste de luz em cima de mim sacudiu um aviso. A
noite ficou escura.
Que porra é essa?
Uma luz redonda, mais brilhante do que qualquer outra que eu já tinha visto em um
carro apareceu diante de mim, rompeu a escuridão e tirou fora as sombras da noite em
torno de mim. Ele acelerou diretamente em minha direção. O estrondo da terra se tornou
mais violenta quanto mais próximo ele veio. A luz pesada zumbiu conforme ela se esfor-
çava o seu caminho de volta à vida. Quando eu comecei a acreditar que era o próprio
Deus tornando sua presença conhecida para mim, para punir-me pelos meus pensamen-
tos blasfemos, a máquina do inferno que carregava a luz fez um estrondo com o cano,
passando como um borrão ofuscante de cromo, preto e loiro. A força de sua velocidade
enviou-me para um matagal de arbustos espinhosos nas proximidades. Ele não era
Deus. Foi apenas uma porra de motocicleta. Uma grande novidade com certeza, mas
ainda, apenas uma porra de motocicleta, indo pelo menos três vezes acima do limite de
velocidade.
Que sorte a minha, eu pensava. Eu me levantei e me espanei e inclinei-me para tirar a
areia e fragmentos de conchas da pele em minhas panturrilhas.
Apenas a minha porra de sorte.

***
O som dos meus próprios espirros me acordou. Eu não fiquei surpresa. Parecia que,
se eu me mudei em tudo, chutei um monte de poeira e o resultado foi vários espirros al-
tos em uma fileira de fazer a terra tremer.
Eu odiava poeira.
Eu odiava alergias.
E eu definitivamente odiava tentar entrar no ferro-velho atrás da Frank Dunn Auto
Body para dormir no caminhão velho de Nan. Ela tinha levado lá na tentativa de fazê-lo
funcionar de novo, mas desde que ela descobriu que levaria mais de dois mil dólares pa-
ra que isso acontecesse, ele tinha ficado em Frank, intocado por quase um ano.
A experiência do passado me ensinou que o bem-estar de criança que necessita de as-
sistência social não fica em evidência por muito tempo. Uma vez que eles gastaram
umas sólida 24 horas olhando para você, sem qualquer sorte, eles te listam como um fu-
gitivo e passam para o próximo caso infeliz. Então eu precisava de apenas uma noite
longe da casa de Nan, talvez duas, para me certificar de que a intromissão da cadela se-
nhorita Thornton estaria muito longe antes de eu ir para casa. Eu chequei a hora no meu
relógio. Eram quase quatro da manhã. Eu percebi que eu poderia entrar em um outro par
de horas de sono tranquilo, então eu enfiei-me em meu capuz e fechei os olhos.
Tentei ignorar a poeira e fingir que eu estava em casa na minha cama. Eu me enrolei
e quase voltei a dormir quando assustei-me com o mesmo som estrondoso que teve ba-
tendo na minha bunda mais cedo. Tomei cuidado para não ser vista. Sentei-me e olhei
por cima do painel de instrumentos.
A luz de movimento do quintal foi ligado, e vi duas figuras andando por aí no meio
da noite. Eles estavam longe demais para vê-los claramente, mas eu ouvi uma risada fe-
minina e o click-clack de saltos, assim um deles era provavelmente uma mulher.
Eu calmamente sentei-me à tábua de chão sob o volante e tentei fazer-me tão peque-
na quanto possível. A última coisa que eu precisava era de uma taxa de invasão de domi-
cílio. Eu acho que tinha uma daquelas já, de qualquer maneira, e eu sabia que Frank
Dunn não ficaria feliz comigo quando ele visse a porcaria que eu fiz ao fazer um buraco
no muro, a fim de invadir o quintal.
Sólidos cinco minutos se passaram antes que o peso do caminhão estava em desloca-
do para o motorista de lado, e o som inconfundível de gemidos encheram a noite silenci-
osa.
Sim, eles estavam definitivamente gemendo, e era perto.
A janela do lado do passageiro se tornou uma parede de couro preto. Ilhoses de metal
bateram no vidro cada vez que a figura agitava.
Os gemidos começaram novamente... baixo.
Eu me encolhi tanto o quanto pude, tentando me fazer invisível. Ainda estava escuro
e meu capuz preto cobria a maior parte de mim, por isso mesmo que quem quer que fos-
se poderia ver através da janela suja, e eles iriam pensar, eu esperava, que era apenas um
monte de porcaria aleatória empilhada no chão.
A mulher começou a fazer ruídos pornográficos exagerados, arfando e gemendo.
Flashes de memórias indesejadas inundou minha mente antes que eu pudesse tentar
empurrá-los fora, as imagens dos desfiles intermináveis de corpos feridos e nus se con-
torcendo contra ninguém e qualquer coisa que pudessem encontrar. Pilhas de homens e
mulheres que desarrumavam os sofás manchados e pisos, manchando o sangue escor-
rendo de feridas recentes de agulhas e abrindo crostas dos mais velhos para uns aos ou-
tros quando eles grunhiam e gemiam como animais. Os inconscientes no meio da multi-
dão eram tratados de forma diferente dos conscientes. Suas bocas escancaradas e os
olhos sem vida olhando para além do teto não foram motivo suficiente para parar . Eles
eram tomados, até que alguém percebesse que eles não tinham pulso. Eu tinha testemu-
nhado mais de um corpo morto a ser descartado do reboque do meu pai como uma caixa
vazia de pizza.
Bile subiu na minha garganta.
A última lembrança que explodiu em minha cabeça era da noite que eu tinha ganhado
as cicatrizes que eu mantinha coberta. A queima tomou conta do meu corpo quando eu
pensei na nitidez da faca, e o enlouquecido olhar nos olhos injetados de sangue de minha
mãe. Meu peito apertou, e eu quis que a memória saísse, mas já era tarde demais. Eu ten-
tei tirar uma respiração profunda para me equilibrar. Em vez disso, eu inalei uma nuvem
de poeira. Eu tentei abafar minha tosse, mas em vez disso acabei por asfixiar-me. A mu-
lher do lado de fora gritou, ao mesmo tempo, e eu preparei-me para ser descoberta.
Mas, a mulher só tossiu e fez um barulho de asfixia própria. Ela limpou a garganta e
cuspiu na calçada. "Você deveria me dizer quando você estava perto imbecil! ", ela gri-
tou. Meu pulso começou a correr. Minhas mãos suavam.
"Oops," Uma voz sem remorso profundo, disse. Ele parecia divertido com ele mes-
mo, na verdade. Eu ouvi o som de um fechamento de zíper. Eu ia ficar doente. Eu perce-
bi isso e quase não podia parar. Prendi a respiração e coloquei minha mão sobre a minha
boca. Eu ouvi o som dos seus passos se afastando, seguido pelo guincho da cerca, uma
vez que se abriu.
Em seguida, ouvi o próximo portão, eu abri a porta do lado do motorista do cami-
nhão, inclinei-me para fora debaixo do volante, e vomitei violentamente no pavimen-
to. Meu corpo estremeceu muito tempo depois que não havia mais nada no meu estôma-
go para expulsar. Limpei a boca com as costas da minha mão.
Foda-se os meus pais, e quem eu sou por causa deles, eu pensei.
"Não se mova, filho da puta", uma voz profunda resmungou, seguido pelo som in-
confundível de um engatilhar de arma. Calafrios na espinha e os cabelos da minha nuca
levantaram-se em atenção.
Meu coração parou. Eu não ousava respirar.
Com a minha cabeça ainda baixa em direção à calçada, eu só conseguia ver botas de
couro preto e jeans escuro. Eu não olhei para cima. Eu não queria que esse cara pensasse
que eu poderia identificá-lo. Aqueles eram os momentos em que merda geralmente ruim
acontecia em cenários como este, eu disse a mim mesma. Ele apertou a arma para a parte
de trás da minha cabeça. Eu podia sentir o metal frio mesmo próxima.
Fechei os olhos e me preparei para o fim.
Por um momento, não havia nada além de silêncio.
Finalmente, ele falou de novo.
"Quem diabos é você? "Sua voz era ameaçadora.
Eu não sabia como responder a ele. Nada do que eu pensava me pareceu a coisa certa
a dizer a um homem louco com uma arma.
"Quem mandou você, filho da puta?" Ele cutucou com força minha cabeça para baixo
com a arma até minha testa quase tocar o pavimento. Eu não acho que ele estava acos-
tumado a ser ignorado.
Talvez, esta foi a maneira que era suposto para terminar. Minha vida sempre foi uma
luta, uma luta.
Talvez, eu deveria encontrar o meu fim em um ferro-velho, sem ninguém para saber
onde eu estava.
Talvez, eu estava apenas lutando contra o inevitável, mesmo tentando permanecer vi-
va.
Eu fiquei em silêncio e deixei o meu destino ao acaso.
"Ok. Você quer jogar dessa maneira?" Ele me puxou para a frente pelo meu capuz e
me jogou de joelhos na calçada. Eu mal perdi a poça do meu próprio vômito. Ele ficou
de pé atrás de mim e arrancou o capuz da minha cabeça, tomando um punhado de cabelo
com ele. O puxão, a sensação do meu couro cabeludo me fez gritar. Ele se acalmou por
um momento antes de chegar a ajoelhar-se diante de mim. A arma ainda estava apontada
para a minha cabeça, mas ele não estava olhando para mim, ele estava olhando para o
chumaço de cabelo vermelho que ele estava segurando em sua outra mão.
Quando ele olhou para cima a partir do cabelo na mão, o queixo caiu. Nossos olhos
se encontraram, e mesmo com pouca luz dos sensores de movimento, seus olhos eram a
sombra mais brilhante de azul que eu já tinha visto.
Algo dentro de mim, algo que eu pensei ter sido inexistente, agitou-se.
Ele não era muito mais velho do que eu, talvez apenas alguns anos. Ele estava vestido
com uma camisa preta apertada e jeans escuros. A jaqueta de couro que ele usava duran-
te suas atividades anteriores contra o caminhão tinha ido embora. Seu cabelo loiro cor de
areia estava em contraste com toda a escuridão, cresceu apenas o tempo suficiente para
manter escondido atrás de suas orelhas. Seu cavanhaque loiro e sobrancelhas correspon-
dente. Tatuagens em preto e cinza, projetos que eu não poderia fazer, começava em cima
de sua mão direita e corriam para cima, cobrindo todo o braço, desaparecendo sob a sua
t-shirt, emergindo novamente fora de seu colarinho, para parar na base do seu pescoço.
Quando falou, a agressão de segundos antes tinha ido embora.
"Você?", Perguntou ele em um sussurro, que logo se transformou em uma mensagem
frustrado.
"Que porra é essa? Eu poderia ter te matado!"
A arma não estava apontada para mim. Ela estava descansando em suas mãos em vez
disso, como se fosse um acessório, não ameaçador, como se estivesse segurando as cha-
ves.
"Eu sei," eu murmurei. Parte de mim esperava que ele teria me matado. Levantei-me
e escovei o cabelo dos meus olhos. O estranho loiro parecia confuso. Ele coçou o cava-
nhaque.
"O que diabos você está fazendo aqui?", Ele perguntou quando colocou a arma na
parte de trás do cós de sua calça jeans.
"Nada. Eu não estou fazendo nada ", eu disse. Cheguei no caminhão, peguei minha
mochila a partir do assento, e comecei a caminhar em direção à cerca. O estranho loiro
manteve o ritmo ao meu lado, de olho no caminhão e, em seguida, na minha mochila.
"Você ... você está vivendo aqui? ", perguntou. Agora, ele só estava me dando nos
nervos. Eu não conheço esse cara. Ele não tinha o direito de perguntar sobre o meu ne-
gócio, com arma ou sem arma.
"Responda-me. O quê você está fazendo aqui? "
Ele agarrou meus ombros e me virou para ele.
Mesmo com a camada de roupa no meio de nós, minha pele começou a queimar ins-
tantaneamente. Eu tirei a mão
" Deixe-me ir!" Eu gritei. Quando ele reconheceu o pânico nos meus olhos, ele fez
exatamente isso.
"Apenas me diga por que está aqui", disse ele, em um tom mais suave, menos exigen-
te. Ele cheirava a couro e vento, e ele ficava esfregando a mão sobre a barba. Eu me per-
guntei se ele sempre fazia isso quando ele estava tentando descobrir alguma coisa.
"Por que você está aqui? ", perguntei, virando a mesa em cima dele. A melhor manei-
ra de não responder a uma questão era fazer uma.
"Este é o quintal do meu pai, e a loja na frente também, e eu estou aqui por um tem-
po. Eu vou ficar no apartamento anexo, então, tecnicamente, eu vivo aqui." Ele colocou
as mãos em seu bolso do modo como qualquer garoto na minha escola faria. Ele não po-
deria ter mais do que vinte e três anos, mas quando seu rosto foi definido em uma ex-
pressão dura, com a testa enrugada e os seus lábios definidos em uma linha reta, ele pa-
recia muito mais velho.
"Merda", eu disse. Eu estava esperando que ele estivesse invadindo assim como
eu. Em vez disso, eu havia sido pega por ninguém menos do que a porra do filho do pro-
prietário.
Eu precisava dar o fora de lá.
Eu pisei para o lado dele, para a esquerda e depois para a direita, e ele finalmente me
deixou passar. Corri para o portão e tentei solta-lo o mais rápido possível, mas era pelo
menos doze metros de altura e extremamente pesado. Esta foi a razão pela qual eu tinha
cortado o buraco na cerca, para começar. Levantei e soltei até que finalmente ela ce-
deu. Então eu me virei e encontrei o estranho que, apenas momentos atrás, apontou uma
arma para a minha cabeça, agora estava me ajudando a abrir o portão.
"Você não achou que era tão forte, não é?" Um sorriso brincava em seus lábios.
"Obrigado", eu murmurei enquanto atravessei o portão e corri para baixo da estrada.
"Ei, espere", ele chamou. Eu congelei. Eu pensei que ele ia me dizer que estava cha-
mando a polícia ou seu pai, ou alguém que iria acabar me mandando de volta para a toca
do diabo de um orfanato.
Em vez disso, ele perguntou: "Qual é seu nome?"
"Qual é o seu?"
Ele hesitou. "Jake", finalmente disse. Ele se inclinou contra o portão com um dos
braços, cruzando as pernas nos tornozelos. Eu mal notei que estava mordendo meu lábio
inferior. Eu parei quando percebi que estava abertamente boquiaberta para ele. Ele seria
um inferno de um cara legal ... para quem pode gostar, irritado, tipo violento e assusta-
dor.
Eu não sei o que me obrigou a dizer-lhe o meu nome. Pelo que eu sabia, ele poderia
usá-lo para o arquivo do relatório da polícia. "Abby", eu disse quando me virei nova-
mente para a frente.
"Ei, Abby?", Ele me chamou. "Da próxima vez chegue pelo o portão. Ou melhor ain-
da, bata na porta." Ele acenou com a cabeça em direção ao prédio principal, e, em segui-
da, apontou para uma pequena lata de lixo escondendo onde eu tinha feito um buraco na
cerca. "Sem mais buracos, ok?"
Puta merda.
Apenas quando eu pensei que eu poderia finalmente ir embora, ele teve de adicionar
mais uma coisa. "Se eu soubesse que você estava se esgueirando para ver o show, com
certeza eu teria me certificado de lhe dar um lugar melhor." Ele levantou as sobrancelhas
sugestivamente e sorriu. Senti a vermelhidão rastejando acima do meu pescoço para as
minhas bochechas. Ele começou a deslizar o portão para ser fechado. Eu me virei e corri
antes dele terminar de fechar, escondendo a evidência de meu embaraço.
Eu nunca tinha ficado tão irritada, revoltada e intrigada com alguém em toda a minha
vida, e eu já tinha conhecido um monte de filhos da puta entortados. Era a parte intriga-
do que tinha me preocupado mais.
As coisas teriam sido muito mais fáceis se ele tivesse apenas me jogado.

A primeira coisa que notei quando cheguei em casa foi o lixo, uma
enorme pilha de detritos empilhados no centro da pequena entrada de casca-
lho. Meu coração bateu no meu estômago quando a realidade me dominou de
que não era o lixo. Eram nossas coisas.

Minha e de Nan.

Nossas roupas, nossos móveis, todas as nossas imagens e memórias


tinham sido quebradas e jogadas em uma enorme pilha. Subi o monte e me
ajoelhei no centro, passando as minhas mãos sobre o cabelo vermelho emara-
nhado da boneca favorita da coleção de Nan que ela chamou de Daphne. Nan
tinha me dado dizeendo que a boneca lembrava a mim. Eu pensei que era
apenas por causa do cabelo vermelho, até que um dia ela me disse o contrário.

— É porque ela é resistente — ela disse — Essa boneca sobreviveu a


dois incêndios em casas, um enterro em frente ao quintal pelo cão rebelde, e
um acidental afogamento num vaso sanitário — ela apoiou-se nos cotovelos no
outro lado do balcão e sussurrou: — Ela foi salva. Todas as Daphne’s precisa-
vam era de um pouco de enfeite e uma boa dose de amor. Toda vez ela ficou
bem, às vezes até melhor do que era antes.

Eu podia ter apenas treze anos, mas eu sabia que ela não estava fa-
lando mais sobre a boneca.

A sua maneira, Nan estava tentando explicar para uma criança de


treze anos que, apesar da vida lhe entregar um grande monte de merda, você
não tem que rolar em torno dela e fazer anjos de merda.

Minha versão de sua lógica.

Desci do monte, ainda segurando Daphne em minhas mãos. Quando


me aproximei da frente da varanda, vi um papel oficial verde brilhante com um
título em negrito na capa. Eu não conseguia entender as palavras, até estar
em cima delas. O papel gritou:

Este local foi desapropriado pelo Xerife Oficial de Caloosa


County sob a autoridade DE ORDEM JUDICIAL no que diz respeito à ex-
clusão 4339 PINEPASS ROAD, Caso # 4320951212102013, First Bank de
Coral Pines vs. Georgianne Margaret Ford. A ENTRADA por qualquer
pessoa sem a expressa autorização do xerife de CALOOSA COUNTY ou
dos proprietários: PRIMEIRO BANCO DE CORAL PINES será removido e
PROCESSADO Pela autoridade competente.

ASSINADO: XERIFE COLE FLETCHER

Notas especiais: As fechaduras foram trocadas.

Eu arranquei o aviso de despejo em frente a porta e sentei nos de-


graus de madeira deterioradas da varanda. Ela rangia e gemia sob cada movi-
mento meu, fazendo-me sentir tão indesejável como o papel que eu segurava.
Virei-o várias vezes, na esperança de ver uma —pegadinha—, ou algum outro
soco talvez até mesmo uma brecha que faria tudo ir embora.

Não havia qualquer um.

Este pequeno pedaço de papel verde apenas determinava tudo, e tu-


do era que eu não tinha nada.

Por que Nan não tinha me falado que ela estava perdendo a sua ca-
sa? Eu poderia ter ajudado. Eu teria abandonado a escola e conseguido um
emprego.

Eu apenas respondi a porra da minha própria pergunta.

Estava Claro porque ela não me contou. Ela queria que eu me for-
masse. Ela dizia o tempo todo, todos os dias, que podia se apertar. Era como
se a mulher tivesse uma mente veloz. — Você quer o diploma de pós-
graduação no ensino médio. O sol está brilhando hoje na sua graduação do en-
sino médio. Eu com certeza não perderei a sua graduação no ensino médio.
Acho que Nan acreditava que enquanto eu tivesse um diploma de en-
sino médio minha vida de alguma forma acabaria bem.

Com a carta de despejo em uma das mãos e com a boneca Daphne


na outra, a obsessão de Nan em me formar no ensino médio foi ridícula, numa
espécie triste e distorcida no caminho.

Nan tinha conseguido o seu desejo. Eu tinha me formado e recebi o


meu diploma do ensino médio.

Eu sei que ela não poderia ter imaginado que eu não teria qualquer
lugar para pendurá-lo.

***

Eu dei a volta e peguei uma lona azul da caixa de ferramentas no


banco e coloquei sobre o monte na calçada em caso de chuva. Quando termi-
nei de cobrir as minhas coisas e da Nan juntos, o xerife Fletcher veio ao longo
da estrada em seu carro de polícia. Ele não se incomodou em sair. Eu teria ju-
rado se alguém tivesse sido assassinado, ele provavelmente teria apenas tira-
do uma foto da cena do crime com seu telefone sem sequer parar o carro a
caminho de Bubba.

O xerife Fletcher baixou a janela.

— Obrigada por sua atenção — eu cuspi nele. Afinal, era a sua assi-
natura enfeitando o final da ordem de despejo.

— Querida, nós não temos nenhum pré-aviso sobre estas coisas. As


ordens são envidas para nós do Estado para realizar a desocupação no mesmo
dia. Eu não sabia até ontem de manhã que está era a casa da sua Nan — ele
fez uma pausa — Não é como se eu pudesse ter obtido o porão de qualquer
maneira. Parece que você fugiu de nós — rude sem remorso. O mesmo que
todos os outros dias.

— Eu suponho por esse comentário, que Dan parou para vê-lo? —


perguntei quando eu terminei de enfiar a lona sob a parte inferior do monte,
no caso de a chuva decidir que quer se infiltrar pelas laterais.

— Quem?

— A senhorita Thornton — eu esclareci.

— Oh, sim. Eu disse-lhe a verdade, que eu não sabia onde estava.


Ela estará de volta em breve, embora, assim você pode querer descobrir qual
o seu plano — o Xerife Fletcher não ofereceu nenhuma assistência, mas ele
também não me transportou de volta para a senhorita Thornton. Por isso, eu
estava grata.

— Eu vou pedir a Owen para ajudá-la a tirar um pouco dessa merda


— ele resmungou, acenando para as tralhas na garagem. Ele pegou seu telefo-
ne celular e murmurou para o receptor antes de clicar.

Ele colocou o cruzador na unidade, mas antes que o carro andasse


três pés, ele parou de novo e inclinou-se para fora da janela.

— Você não tem estado bem não é? — ele perguntou, sem se preo-
cupar em olhar ao redor para ver que podia ouvi-lo.

— Desculpe, que tenho me alimentado e me protegido, coisas que fo-


ram realmente como me arrastar nessas últimas semanas.
Posso ter sido grata, mas tenho certeza como merda que eu não es-
tava compartilhando minha última desgraça com ele.

O xerife revirou os olhos e acenou com a mão em desdém. — Vejo


você depois garota — ele murmurou. Em seguida, ele se foi.

Meia hora mais tarde, eu estava deitada no pequeno pedaço de gra-


ma que dificilmente poderia chamar de uma frente de gramado, minhas pernas
cruzadas nos tornozelos, sonhando com um tempo não muito longe, quando
Nan tinha me levado pela primeira vez. Nós estávamos sentadas na sala de
estar, e ela estava trabalhando em seu tricô.

— Quais são os seus sonhos, Abby? — perguntou Nan. Quando ela


viu quão confusa eu estava, ela esclareceu a questão — O que você quer ser
quando crescer?

Eu nunca tinha sido perguntada antes, então, naturalmente, eu nunca


tinha pensado sobre a resposta. Eu pensava muito em fugir, mas os meus so-
nhos para a minha vida nunca tinham ido além de ficar longe dos meus pais,
então a partir de planejar com cuidado, em seguida, a partir das memórias que
me atormentavam. Eu nunca sonhei com o que eu faria depois.

Ficar longe havia se tornado meu tudo.

Meus sonhos eram ser deixada sozinha.

Quando eu não respondi a Nan, ela disse: — Qualquer resposta é


uma boa resposta, Abby.

Eu disse a ela a primeira coisa que veio à minha mente amarga.


— Papai sempre disse que eu não era boa para nada, então, eu acho
que é o que eu vou fazer: nada — a esperança tinha sido tirada de mim a cada
minuto, de cada hora, de cada dia para toda a minha vida.

Nan tinha tentado dar de volta.

Ela balançou a cabeça.

— Não querida, seu pai era um homem doente. Ele não sabia o que
estava dizendo. Você é uma linda jovem, e você pode fazer o que quiser quan-
do crescer. Você pode ser uma cantora, dançarina, médica, advogada, até
mesmo presidente — Eu pensei que ela estava mentindo para mim. Eu fiquei
com raiva. Por que ela me disse que eu poderia ser qualquer coisa quando nós
duas sabíamos que não era verdade?

Eu estava tão cheia de raiva. Lembro-me de passar o meu braço so-


bre a mesa da cozinha, e enviei o vaso de vidro do centro para o chão em um
movimento rápido. Ele quebrou em torno de minhas pernas, os cacos cortaram
meus pés e dedos.

— Você não tem que mentir para mim! — eu gritei, e eu continuei


gritando até que minha garganta estava ardendo. Nan tentou me envolver em
um abraço, e eu só gritei mais alto. Seu toque queimou minha pele. Mas Nan
não sabia sobre a queimação.

Ela não sabia que ela estava me machucando.

Eu lutava contra Nan, mas eu era muito menor do que ela. Ela me
empurrou para o chão, enquanto sussurrava sua forma de amor tranquilo no
meu ouvido. O quanto ela me amava. O quanto ela acreditava em mim. — Vo-
cê pode fazer qualquer coisa menina. Eu prometo, eu nunca vou mentir para
você. Você é brilhante, bonita e resistente. Você pode fazer qualquer coisa —
ela repetiu as palavras até que meus músculos relaxaram e eu adormeci em
seus braços no chão da cozinha. O fogo não tinha apagado.

Eu tinha acabado de dar para as chamas.

Foi o meu primeiro e único abraço.

Sempre.

Foi a primeira vez que eu já me senti amada, ou até mesmo digna de


amor. Eu estava exultante e um tanto assustada com a intensidade de tu-
do. Eu me perguntava como as pessoas com mais de uma pessoa para amar
andavam o dia todo sem cair sob o peso de suas emoções.

Naquele mesmo dia eu tinha caído no amor com a minha avó.

— Abby? Você está morta? — uma voz perguntou, lançando uma


sombra sobre mim, tirando-me do meu sonho e trazendo-me de volta para o
presente. Eu mantive meus olhos fechados.

— Sim — eu disse — Eu estou morta — eu poderia muito bem estar.

— Bem, você parece muito bonita para uma menina morta.

— Obrigado, Owen — sentei-me, protegendo os olhos com as


mãos. O sol da tarde repicando em torno de Owen, enquadrando-o em um ha-
lo de corpo inteiro.

— O que você está fazendo aí? — perguntou Owen.


— Nada que importe — eu respondi — O que você está fazendo aqui?

Owen olhou para mim com o mesmo sorriso que ele sempre estam-
pou em seu rosto. Eu juro que suas bochechas devem doer no final do dia —
Tio Cole chamou e perguntou se eu poderia vir dar-lhe uma mão com o sua ...
— ele olhou para a lona — porcaria?

— Owen, eu adoraria que você me ajudasse. Há um enorme proble-


ma no entanto, seu tio não pensa muito antes de fazer um pedido — eu estava
começando a gritar. Owen não merecia a minha ira, mas eu não podia parar o
que estava saindo.

— E o problema é?

— Eu não tenho para onde levá-la! — joguei meus braços para cima
em derrota, antes de pendurar minha cabeça entre os joelhos.

Owen se sentou ao meu lado — Bem — disse ele, acendendo um ci-


garro — Eu vejo que você tem duas opções — ele deu uma tragada e virou a
cabeça para o lado para soprar a fumaça para longe de mim.

— E o que poderia ser? — perguntei, falando entre os joelhos.

— Você pode sentar-se por aqui e ter uma festa de primeira classe
com pena de si mesma ou você poderia vir e tomar alguns drinques esta noite
na festa da fogueira comigo e pensar sobre tudo isso — ele fez um gesto para
a lona e as tábuas nas janelas — Amanhã, parece que você tem tudo imper-
meável mesmo, então o que é uma noite? Além disso, você pode ter um pouco
de tempo para esquecer.
— Isso provavelmente não é a melhor ideia Owen — foi uma péssima
ideia, na verdade. Eu não tinha evitado ter uma vida social me divertindo com
eles porque eu pensei que eu não pertencia a isso. Eu os evitei porque
eu sabia que eu não pertencia. Não só na cidade, não só com as crianças do
meu colégio.

Eu não pertenço a lugar algum.

— Bem, o que mais você vai fazer? Olhar fixamente para esta merda
toda a noite, até que magicamente vire algo diferente que não seja um monte
de merda?

Seria tão ruim fingir por uma noite que eu não era a piada universal
contada às minhas custas?

— Tudo bem — eu disse cedendo. Eu poderia pensar sobre tudo isso


mais tarde. Quero dizer, quais eram as minhas outras opções de qualquer ma-
neira?

Será que eu ainda tinha alguma?

— Bem, vamos lá, então! — Owen parecia uma criança na manhã de


Natal quando ele foi para seu caminhão e abriu a porta do passageiro para
mim. Levantei-me e tirei a grama das minhas pernas. Desta vez, Owen não se
ofereceu para me ajudar a levantar. Ele sabia que eu poderia fazê-lo por conta
própria. E ele não estava procurando uma desculpa para me tocar, o que me
fez sentir melhor sobre sair com ele.
Eu usaria a noite fora da mesma maneira que eu estava usando o
scotch de Nan, como uma maneira de esquecer, uma forma para escorregar
em um estado de dormência, mesmo que fosse apenas por um tempo.

Talvez, não fosse tão ruim afinal?

***

A fumaça subia do fogo no centro da clareira, sibilando como cobras


sendo encantadas.

Estalando e estourando cada vez maiores e de maior alcance para o


céu noturno. Um menino baixo usando um chapéu de cowboy branco olhou
apenas para as chamas, alimentando-as com ramos secos. Caminhões de to-
das as marcas e modelos formavam uma roda de carroças, estacionados com
suas portas traseiras viradas para o fogo. Um dos caminhões maiores tinha um
barril e um saco enorme de Solo, copos vermelhos, enquanto outro tinha todas
as suas janelas abaixadas e estava tocando música country de uma das esta-
ções locais. Grupos de meninas ou casais com seus braços ao redor um do ou-
tro ocuparam a maior parte das bagageiras. Um grupo de rapazes se reuniram
perto do barril, falando alto sobre pneus de caminhão e desafiando uns aos ou-
tros para um jogo de —quem pode beber mais—.

Por que diabos eu concordei em vir aqui? Eu pensei. Peguei as man-


gas compridas da minha blusa, puxando-as sobre meus pulsos. Era um hábito
nervoso. Owen deve ter lido a minha mente, porque ele se afastou de seus
amigos perto do barril e se aproximou de onde sentei-me na porta traseira
aberta de seu caminhão.
— Parece que você precisa de uma cerveja — disse ele, oferecendo-
me um copo.

Eu tomei dele e tomei a maior parte em um gole.

Eu ia precisar de muito, muito mais.

— Obrigada — eu disse. Eu dei-lhe o meu melhor sorriso fal-


so. Cuidando para não derramar sua própria cerveja, Owen pulou para cima da
porta traseira em um movimento fluido, tomando um assento ao meu lado.

— Você não tem que ter medo dessas pessoas, você sabe. A maioria
delas foi para a escola com você por um longo tempo.

Ele brinca comigo, empurrando-me pelo ombro, mas esquivei-me do


contato.

Olhei ao redor do fogo para as pessoas que eu conhecia há anos, mas


realmente não sabia nada.

Cada vez que eu fazia contato visual com uma nova pessoa era rece-
bida com escárnio e sussurros.

Eu estendi meu copo vazio para Owen.

— Talvez eu não seja apenas uma pessoa do grupo — eu sugeri. Ou


talvez eu não tenha nada em comum com essas pessoas, além de um código
postal, apesar de considerar que eu tinha acabado de me tornar uma sem-
teto, eu estava sem um código postal, também. Tecnicamente, nós não com-
partilharmos merda nenhuma.

Eu precisava de mais cerveja.


Estar bêbada foi a única maneira de eu não arranhar a pele do meu
rosto por estar tão malditamente desconfortável, cercada por todos eles. Owen
felizmente obrigou-os a manter a cerveja fluindo toda a noite.

Algumas horas mais tarde e muitas cervejas para contar, os casais


começaram o emparelhamento, desaparecendo na floresta. Caminhões que
apenas algumas horas atrás trouxeram crianças prontas para a festa, agora
ficava com os restos desgrenhados dessas mesmas crianças. Os corpos entre-
laçados e caídos nas cabines e camas.

Havia apenas um punhado de festeiros à esquerda. Sentei-me em um


tora balançando ao som da música que está sendo tocada em uma guitarra por
um garoto mais novo chamado Will. Eu tinha passado as duas últimas horas
ouvindo-o tocar ao tentar realizar meus pedidos. Se eu pedisse para ele tocar
Garth Brooks ou Offspring, ele apenas ria e começava a tocar. Eu acho que ele
estava se divertindo tanto quanto eu estava.

Owen se aproximou de mim com frequência, mantendo o meu copo


de cerveja cheio. Mas, ele passou a maior parte de seu tempo conversando
com seus amigos do outro lado do fogo. Nenhum deles se preocupou em dizer
uma palavra para mim, quando mais de uma vez eu peguei Owen me olhando
através das chamas.

Quando senti o espaço na tora ao lado mudar, eu assumi que Owen


tinha voltado e me trouxe a... eu perdi a conta.

— Obrigada — eu disse estendendo a mão para pegar o meu copo dele sem
tirar os olhos de Will. Ele estava no segundo refrão de —Criminal—, de Fiona
Apple. O garoto devia ter tentado ir para um desses shows de talentos na TV.
— Você é bem vinda — a voz não era de Owen. Um tremor de reco-
nhecimento subiu pela minha espinha.

Quando me virei, eu fiquei cara a cara com o belo psicopata de olhos


azuis do ferro-velho.

Se eu apenas pensava nele como um ser bonito?

Sim.

Jake ainda estava vestido de preto da cabeça aos pés, em uma cami-
seta e jeans apertado. Ele não estava usando sua jaqueta de couro. Suas tatu-
agens pareciam brilhar sob a luz da lua. Ao contrário do momento em que o
conheci, ele parecia muito mais relaxado desta vez. Talvez fosse uma ilusão
resultante das sombras fundindo em seu rosto. Não era o fogo, eu percebi.

Ele realmente era lindo.

Ele empurrou o cabelo atrás das orelhas e passou a mão pelo seu ca-
vanhaque.

— Oi Abby — disse ele como se fôssemos velhos amigos.

O que eu deveria dizer para esse cara? Ele tinha me pego dormindo
no ferro-velho de seu pai.

Ele apontou uma arma para a minha cabeça. Eu me senti como em


jatos, não exatamente e sentia a caminho de começar a conversar.

Meu estômago tremeu como se eu estivesse caindo.


Arrumei meus ombros e afastei os pensamentos que eu estava tendo
com sua aparência e as circunstâncias em que nos encontramos.

— Você está sem sua turma hoje à noite? — eu perguntei a ele. Virei
de volta fingindo concentrar minhas atenções nas costas de Will, que estava
apenas começando as primeiras notas de Colt Ford - Riding Throug The
Country.

Então, eu soluçava.

Senti a vermelhidão do meu embaraço subindo pelas minhas boche-


chas. Eu não podia olhar para trás, para ele. Eu podia ouvi-lo rindo, e não
apenas uma risadinha, mas muito forte, um riso muito profundo. Ele deslizou
para mais perto, seus lábios e respiração a pouca distância da minha orelha
quando ele sussurrou: — Eu estou sempre com minha turma, Bee.

Seu tom ficou muito sério. A maneira como ele disse meu nome fez
com que os cabelos no meu pescoço arrepiassem.

Ele acabou de me chamar de Bee?

— Jake! Você fez isso! — uma garota vestindo jeans apertados e um


pedaço de uma regata correu para Jake e se jogou em seu colo.

— Alissa — ele disse com firmeza: — Eu estou falando com a


Abby. Vai esperar com Jessica até que eu termine — ele não estava com raiva,
mas seu tom de voz era firme. Ele deixou claro que estava tendo uma conver-
sa comigo, e a tonta não foi convidada.

Alissa me olhou de cima a baixo com desaprovação nos olhos. Ela


franziu o nariz.
— Por que você está desperdiçando seu tempo com ela Jake? Ela não
é nada além de uma aberração por aqui. Você sabe que ninguém jamais viu
nada aqui, que usa camisas de mangas longas além dos dias de inverno? — ela
olhou para mim, e eu olhei para trás — Sim, ela está escondendo algo lá em-
baixo. Pode ser uma corcunda ou algo assim. Stacey diz que ela esconde ges-
tações e vende os bebês no eBay. Pessoalmente, acho que talvez ela tem algo
lá embaixo. Algo ainda mais medonho.

Ela estava ficando mais perto, tanto em ideia e distância. Alissa se


aproximou pontuando o comentário dela, levantando a barra da minha camisa,
exagerando seus movimentos sob ela.

Puxei-a de volta antes que ela ou qualquer um não pudessem ver


nada. Agarrei-lhe o pulso e apertei até que ela soltou minha camisa, ignorando
a queimação na minha mão quando a empurrei para longe.

Ela suspirou e olhou para mim em choque com os olhos arregalados.

— O que foi Alissa? — eu perguntei a ela.

Ela tentou esquivar-se de meu aperto, mas uma coisa que eu aprendi
na minha vida foi que o ódio e adrenalina tornam as pessoas muito mais fortes
do que pareciam. Ela pode ser mais alta que eu e me ultrapassar por pelo me-
nos vinte quilos, mas em plena ira, eu poderia levá-la para baixo, com apenas
alguns golpes.

Para a sorte dela, eu estava apenas em fogo brando.

— Você disse algo sobre as roupas que eu uso vadia? Porque, hones-
tamente, eu sou muito mais conhecida como a menina que usa camisas que a
vagina mais reconhecida por todo mundo — as pessoas se reuniram em torno
de nós para assistir. Eu não me importava — Você alguma vez parou para pen-
sar que poderia ser prostitutas como você que colocam sua merda desagradá-
vel para fora exibindo esse nojo para o mundo, tanto que eu sinto a necessi-
dade de cobrir-me para que eu não acabe sozinha, com sete filhos, no bar to-
das as noites quando eu estou bem em meus sessenta anos?

Eu dei-lhe um sorriso falso doce.

— Oh, espere, eu esqueci de perguntar: O que sua avó e mãe andam


fazendo esses dias? — Seu olhar se tornou ainda mais mortal. Eu puxei-lhe o
pulso, e quando ela puxou de volta, eu soltei, deixando-a cair no chão de ter-
ra, caindo de bunda. A multidão riu quando ela ficou de pé, olhando mortifica-
da.

— Você é uma porra de uma anormal! Jake! — ela estendeu a mão


para ele — Vamos porra!

Jake não se mexeu. Ele nem sequer olhou para ela. Seu olhar estava
fixo em mim.

— Eu lhe disse que iria encontrá-la quando eu tivesse conversando


com Abby — disse ele calmamente.

Alissa invadiu num acesso de raiva, resmungando baixinho, mas eu


não estava prestando atenção. Eu observei Jake e sua reação ao que aconte-
ceu. Ele manteve-se estranhamente calmo e relaxado durante a minha briga
com Alissa, enquanto eu praticamente podia sentir que a maioria das pessoas
na multidão se enrijeceu instantaneamente. Quando você não quer ser tocado,
você aprende a ler a linguagem corporal. Eu era muito boa em julgar se um
olhar de pena ia se transformar em uma tentativa de abraçar ou se uma con-
versa com raiva ia se transformar em punhos.

— Impressionante — Jake puxou um cigarro do bolso e acendeu —


Você quer? — ele perguntou, depois de dar uma tragada ofereceu para
mim. Tomei algumas tragadas lentas e profundas, antes de passá-lo de vol-
ta. Alissa tinha me deixado sóbria, e eu estava longe de corrigir isso imediata-
mente.

Um movimento no canto do meu olho trouxe minhas atenções para


onde Owen manteve seu caminhão. Seu amigo Andy estava falando com ele
animadamente, fazendo gestos selvagens com as mãos, obviamente dizendo a
Owen uma história de algum tipo, mas Owen não parecia estar prestando
atenção.

Em vez disso, ele estava olhando para a direita sobre os ombros de


Andy em minha direção. Não era para mim que ele estava olhando no momen-
to. Era para Jake. E ele não estava apenas olhando ele. Ele esta-
va olhando para ele.

Owen levantou os ombros, como se me perguntasse se eu estava


bem. Eu imaginei que ele não tinha visto o que tinha acontecido com Alissa. Eu
balancei a cabeça para ele, e ele concentrou sua atenção de volta para Andy.

— Você está com ele? — perguntou Jake.

— Ele me convidou. Você conhece Owen?

— Mais ou menos — ele deu outra tragada no cigarro e liberou len-


tamente a fumaça em pequenos anéis.
— Impressionante.

Ele riu.

— Então Abby, não se transformar em uma prostituta é a verdadeira


razão que você veste camisas no verão? — não era da sua conta, mas ele não
estava perguntando de uma forma que estava tirando sarro de mim. Ele pare-
cia curioso.

— Não é realmente. Eu também estou morrendo de medo de herpes


e gonorréia. Fique muito perto de algumas dessas meninas, e isso apenas salta
fora delas em você — eu brinquei.

Jake deu um sorriso que atingiu todo o caminho até seus olhos.

— Eu vou manter isso em mente.

— Então você está com aquela vadia louca que só tentou me despir
em público? — perguntei. Por que eu estava perguntando? Por que eu me im-
porto?

— Alissa — disse ele — Não. Eu estudei com ela, é tudo.

— Vocês são amigos, então?

— Algo assim — Jake sorriu.

Bingo.

E bruta.
Alissa provavelmente tinha sido a menina de joelhos para ele no fer-
ro-velho. Tentei não pensar nisso: a asfixia, o cuspi. Foi muito foda e repulsi-
vo. Eu tremi.

— Você está no meu lugar — Owen fervia quando ele se aproximou


de nós. Sua testa estava enrugada, as sobrancelhas juntas.

— Esse é um país livre Fletcher — disse Jake, tomando outro golpe de


sua articulação — Encontre seu próprio assento porra.

— Você sabe quem é ele Abby? — Owen me perguntou.

— Não na verdade — eu disse — Nós estamos tendo apenas uma es-


pécie de bate-papo.

— Você não quer conversar com alguém como ele — disse Owen —
Ele pode ser daqui, mas ele não é como nós.

— Isso faz de nós, dois — eu disse em voz baixa, quando tomei o úl-
timo gole da minha cerveja.

— O que foi isso? — perguntou Owen.

— Nada — eu me levantei — Nada — eu balançava. Levei um segun-


do ou dois para encontrar o meu pé. Mais uma vez, eu soluçava.

Oh, ótimo.

Jake levantou-se e virou-se para mim como se estivesse indo para


me ajudar a me equilibrar. Fiz questão de colocar distância entre nós. Owen
estendeu outro copo vermelho.
— Eu acho que ela teve o suficiente, homem — disse Jake. Seus olha-
res se encontraram. Eu jurei que eu podia ver um calor e uma onda de raiva
crescente entre eles.

Owen colocou a copo na minha mão apesar do aviso do Jake.

Os dois homens olharam-se para cada um como lutadores em uma


gaiola preparando-se para uma luta. Eles eram ambos da mesma altura, mas
Jake era loiro e vestido como um membro do Anjos do Inferno, enquanto os
cabelos e olhos verdes escuros de Owen estava em contraste com sua calça
jeans branca americana e camiseta.

Assim, quando eu pensei que um iria golpear o outro, outro soluço


rebelde escapou da minha boca. De repente, senti como se eu ficasse doen-
te. Debrucei-me sobre a tora e quase caí, mas eu me amparei antes que al-
guém tentasse me ajudar.

— Eu vejo que essas bebidas estão trabalhando — disse Owen.

— Não. Não está funcionando.

— Como elas não estam funcionando? — perguntou Owen. Jake não


estava me tocando, mas eu poderia quase sentir a sua presença ao meu lado.

— Ainda me lembro o quanto minha vida é uma merda — foi uma


resposta honesta, mas eu não faria isso sem as nove cervejas ou mais.

—Então, vamos pegar um pouco mais — disse Owen oferecendo,


apontando para seu caminhão. A leveza estava de volta em sua voz. A tensão
de um segundo atrás tinha ido embora.
— Você não acha que você teve o suficiente, Abby? — Jake entrou na
conversa. Alissa apareceu atrás dele e colocou os braços ao redor da cintu-
ra. Ela espiou por seu ombro. Ela olhou com medo, como ela deveria ter fica-
do. Eu tinha metade de uma mente para jogá-la no fogo. Jake desembrulhou
os braços separando-se dela. Ela olhou ofendida, mas ele não parecia se im-
portar. Ele deu um passo em minha direção.

Owen começou a dizer algo, mas eu o interrompi. Eu não precisava


dele para responder perguntas para mim.

— Não. Não o suficiente — eu respondi. Tentei não mentir, mas eu


estava muito certa que eu tinha.

A expressão no rosto de Jake parecia muito com preocupa-


ção. Comigo? Eu culpei o álcool. Não havia como o mesmo ho-
mem estranho que apontou uma arma para mim menos de 24 horas atrás de
forma alguma estar preocupado com o meu bem-estar.

— Você e Alissa podem se divertir, tudo bem? — eu posso ter coloca-


do muita ênfase no nome dela, como se ela tivesse um gosto amargo na minha
boca. Ele fez uma pausa para olhar nos meus olhos que pareceram horas antes
de olhar de mim para Owen. Finalmente, ele deu de ombros e começou a ir
embora. Alissa se arrastou atrás dele como um cachorrinho perdido.

— E Jake? — eu chamei. Ele parou de andar e olhou por cima do om-


bro — Dê a menina um aviso da próxima vez, ok? — eu não fiquei para a rea-
ção dele, mas ri como uma boba todo o caminho de volta para o caminhão de
Owen.
— O que foi aquilo? — perguntou Owen. Fingi que não ouvi. Eu decidi
que eu realmente tinha bebido o suficiente depois de tudo, por isso, em vez
disso eu levei a minha mão no bolso de trás de Owen e pedi para emprestar
seu isqueiro. Assim que a fumaça encheu meus pulmões, eu comecei a me
sentir melhor. Segurei-a lá antes de oferecer Owen um trago. Nós nos senta-
mos na cabine do caminhão por um tempo com as janelas fechadas, tornando-
nos hipnotizados pelas letras da música Tyler Farr no rádio. Quando o cigarro
foi fumado e a multidão diluiu a apenas para algumas pessoas, Owen ligou o
motor, e fomos pela trilha que levava para fora da floresta.

Eu estava bêbada, eu estava alta, e eu tinha certeza que eu não con-


seguia me lembrar o meu próprio nome.

Missão cumprida.

Eu devo ter adormecido no caminhão porque a próxima coisa que


eu sabia, fomos nós indo para a entrada de automóveis na casa de Owen. No
início, eu estava atordoada. Eu tinha feito uma regra que eu nunca caia no so-
no, a menos que eu estivesse sozinha. Foi um pouco depois das três da ma-
nhã. Eu estava me tornando bastante coruja da noite.

— Obrigada por esta noite, Owen. Ela foi ... interessante.


— Como você conheceu Jake? — perguntou Owen, desligando o mo-
tor, a boca numa linha dura, seus olhos acusadores e frios. Ele abriu a janela e
acendeu um cigarro.

— Eu não conheço — era a verdade. Eu não tinha ideia de quem Jake


era realmente.

— Então, como é que ele sabe o seu nome, Abby? — sua voz foi fi-
cando mais alta. Seus olhos estavam vermelho sangue. Uma garrafa aberta de
Jameson encostada no suporte para copos do console central; seu punho esta-
va enrolado no pescoço. Ele tomou um gole e colocou-a de volta para baixo,
limpando a boca com as costas da mão.

— Eu não gosto do seu tom, Owen. Eu não sei porra nenhuma de-
le. Eu o vi andar na cidade e ele quase me jogou para fora da estrada. Isso é
tudo. Alissa deve ter-lhe dito o meu nome ou me chamou na frente dele. — eu
não mencionei dormir em seu ferro-velho. Eu não sei por que eu estava men-
tindo, mas o estado e atitude atual de Owen não permitia a verdade — Será
que isso importa, porra?

—Sim caralho, importa! Eu não quero que você fale com ele!

Eu não precisava de sua merda. Estendi a mão para a maçaneta e


abri a porta. Eu pulei para baixo do caminhão e comecei a caminhar para a
rua.

—Abby! Abby! — Owen gritou. Ele pulou para fora do caminhão tam-
bém, e aproximou de mim em apenas alguns passos. Ele fez um movimento
como se estivesse indo para me abraçar ou me restringir de alguma forma,
mas eu dei um passo para trás, antes que ele pudesse.
— Não me toque Owen. Eu estou falando sério.

Estávamos de pé sob a única luz da rua em um lado da ponte, posici-


onado à direita na frente da casa dos Fletchers, que mostrava o quanto a famí-
lia de Owen tinha em Coral Pines.

— Eu sinto muito Abby. Eu sou um idiota. Eu sei que não deveria ter
dito o que disse. Por favor, por favor, perdoe-me? — Sua voz soou tensa, co-
mo se fosse difícil para ele se desculpar — Acabei de ver a forma como ele olha
para você, e eu não quero outros caras olhando para você dessa forma.

— O que você está falando, Owen? Eu não conheço mesmo o Jake, e


você e eu somos apenas amigos. Isso é tudo — se ao menos isso, pensei —
Então, você não deve se preocupar quem olha para mim, porque eu não sou
esse tipo de merda, não estou com você, nem com ninguém.

— Certo. Certo. Eu entendi. Sinto muito. É só que ... ele não é uma
boa pessoa, e da maneira como ele olhou para você estava me deixando louco.

Como ele estava olhando para mim?

— Você está perdoado, Owen — eu me virei para sair novamente —


Mas, eu tenho que ir.

— Onde você vai Abby?

Eu abri minha boca para dar uma resposta, mas não saiu nada.

— Fique aqui esta noite. Eu tenho minha própria parte da casa com a
minha própria entrada e tudo. Ninguém vai nem saber que você está aqui. Eu
mesmo vou dormir no sofá e dar-lhe a cama. Por favor? — Owen fez os olhos
tristes e estendeu uma parte do lábio inferior.

Eu ri.

O que ele queria comigo de qualquer maneira? Eu não estava do seu


lado das faixas. Eu era uma menina que não poderia mesmo dizer-lhe que lado
dos trilhos da cidade percorrer.

A garagem dos Fletchers era maior do que qualquer casa que eu já


vivi.

Eu realmente não queria dormir no quarto de Owen com ele, apenas


metros de distância de sua família. Mas eu não tinha outro lugar para ir. Jake
tinha me pegado no ferro-velho, então dormir no caminhão velho de Nan já
não era uma opção.

Eu suspirei, derrotada.

— Certo, mas apenas esta noite — eu disse. Ele sorriu como um gato
de Cheshire.

Owen realmente tem a sua própria entrada separada. Seu quarto era
mais como um apartamento completo com sua própria mini cozinha e sala de
estar. Sua casa era enorme, e não era mesmo a única na propriedade. Toda a
sua família vivia em quatro casas separadas, em dez acres. A que ficava seu
apartamento era a casa principal e a maior. Eram três partes com tapume
branco e portadas vermelhas. Era como Little House em Prairie com esterói-
des, mais do que a casa da plantação. Eu estava curiosa para saber como era
a sensação de estar tão perto da família o tempo todo, especialmente desde
que eu não tinha nenhuma.

Eu puxei um par de shorts da minha mochila e uma camiseta de


manga comprida mais leve e fui para o banheiro de Owen. Quando saí ele es-
tava deitado em sua cama, vestindo apenas suas boxers, mudando os canais
na TV com uma garrafa de cerveja em seus lábios.

— Quer uma? — ele levantou a garrafa para mim.

Ignorei sua oferta.

— Eu pensei que eu usaria a cama?

— Eu pensei que nós poderíamos ver um pouco de TV primeiro. Eu


não estou realmente cansado e ainda a vista do sofá é péssima — o sorriso
bobo no rosto me fez hesitar por um segundo antes de ceder.

Não havia nenhum traço da raiva que ele mostrou no caminhão, ape-
nas o bom e velho feliz Owen. O Owen que eu tinha começado a gostar. E eu
realmente precisava de um tempo para simplesmente sentar e assistir um
pouco de TV sem sentido.

— Tudo bem, mas nenhuma gracinha — eu disse com firmeza — e eu


tenho que escolher o programa.

— Sim senhora — Owen me saudou — Palavra de escoteiro.

Eu pulei em sua grande e confortável cama e fugi para debaixo das


cobertas. Assim que eu estava prestes a colocar minha cabeça no travesseiro,
Owen levantou o cotovelo e fez um gesto para a curva de seu braço.
— Conforto é sempre bom enquanto assiste TV — disse ele. Eu olhei
para ele com um levantar de sobrancelha e ele cruzou os olhos com os meus.

— Você realmente é pateta, você sabe disso? — eu disse — Eu vou


tomar um passe no aconchego — estávamos apenas sendo uma espécie de
amigos, afinal de contas, e amigos assistem TV na cama, eu percebi. Eu real-
mente não sabia o que.

A orientação era que quando você era amiga de um menino..., mas


antes que eu pudesse terminar meu pensamento e antes que Owen tivesse a
chance de discutir comigo sobre o que mostrar para assistir eu já tinha ador-
mecido.

***

Eu tenho nove anos e é o meio da noite. Eu estou deitada no meu


colchão no chão do meu antigo quarto. Minha janela parece que está prestes a
quebrar sob o pesado vento batendo e da chuva. Meu travesseiro é esmagado
contra o meu ouvido para que eu não possa ouvir o trovão bater ou ver o re-
lâmpago que ilumina o meu quarto a cada poucos segundos. Deve ser por isso
que eu não ouvi o barulho da porta do meu quarto quando ele entrou.

Estou segurando firmemente ao único brinquedo que eu já tive, meu


esquilo recheado Ziggy. Ziggy é um brinquedo de mastigação de um cão que
mora à esquerda da nossa casa, de um dos meus muitos "tios".

"Você é virgem?", uma voz pergunta em cima de mim, a respiração


quente no meu ouvido. "Se você for, eu vou tentar ir lento no início. Mas, se
você não for, eu não vou mentir: eu não quero ser gentil com você em tudo.
"O colchão mergulhou profundo com o peso de alguém pesado estabelecendo
atrás de mim na pequena cama de solteiro. Sinto seu pelo afiado do peito cu-
tucando meu pescoço e sua enorme e protuberante barriga esmagando-se
contra as minhas costas. Eu aperto meus olhos fechados tão forte quanto eu
posso, esperando que ele saia, se ele achasse que eu estava dormindo.

Eu sei que ele não vai.

Aperto a boneca em um braço. Sinto em torno, debaixo do meu tra-


vesseiro para o caco de espelho que apenas algumas horas atrás foi usada por
minha mãe para cortar o pó branco antes que ela cheirasse através de uma
nota de dólar enrolado.

Este homem, aquele com o peito peludo e barriga saliente, tinha sido
apresentado a mim como "Tio Sal" no início do dia. Ele é o único que tinha tra-
zido a minha mãe o saco de pó branco.

Mamãe não tinha dinheiro. Ela gritava sobre isso o tempo todo, e
meu pai estava na prisão. Eu sou nova, não estúpida.

Eu sou o pagamento.

O homem estende a mão e passa os dedos inchados pelo meu braço


e meu ombro nu até o cotovelo e de volta. Meu estômago apenas embrulha.
Eu resisto ao impulso de vomitar o pouco jantar que eu tinha conseguido en-
contrar. Eu tenho que esperar por mais alguns minutos. Eu tenho que esperar
meu momento.

Ele move a mão na minha cintura e para o meu estômago me puxan-


do para perto para se colocar plano em minhas costas.
A hora é agora.

Eu puxo o espelho debaixo do meu travesseiro, e como ele me em-


purra para baixo plana para o colchão, e enquanto suas atenções estão sobre o
meu corpo nu, eu aponto para o olho esquerdo, duro e rápido, e não paro de
empurrar até minha mão encontrar resistência.

Trovão abafa os gritos dele. Ele tosse e produz uns respingos verme-
lho na parede branca, engasgando com o sangue derramando em sua bo-
ca. Ele agarra o que resta de seu olho enquanto ele cai de joelhos no chão.

Eu saio correndo da sala, ainda segurando meu esquilo, e em segui-


da, pela porta da frente e na tempestade. Por que eu estava sempre com me-
do da tempestade? Aqui fora é apenas o vento e a chuva, a verdadeira tem-
pestade está de dentro de casa, uma casa que eu juro não voltar a ver nunca
mais.

Eu corro até chegar ao campo vago no final da rua. Eu já não me im-


porto que eu estou nua. Eu já não me importo com nada. Eu estou no meio
desse campo e levanto os braços até a tempestade, entregando-me a ela. A
chuva fria lava o sangue do meu corpo, e eu oro para que os ventos que so-
pram possam me levar.

Agora, eu não sou mais uma menina de nove anos, mas a menina de
dezessete para partir desta vida.

O vento responde levando-me em seu abraço, e num instante eu flu-


tuo fora desta vida e fora deste mundo.
"Você é virgem?", Uma voz pergunta. "Porque eu não quero ter que
ser gentil com você."

O medo me assalta a princípio, bate no meu peito com tanta força


que transforma em dor, mas então eu percebo que, embora as palavras são
semelhantes, a voz não é. Este é muito mais jovem, menos resistido, embora
pareça tensa.

O vento diminui rapidamente, de repente, me soltando de seu abra-


ço. Eu começo a cair, lento em primeiro lugar, em seguida, cada vez mais rá-
pido, como se eu caísse de volta para a Terra.

Pouco antes de colidir com o próprio campo onde fui resgatada pela
tempestade, eu vejo um rosto aparecer.

Jake.

O que ele está fazendo aqui? Tão rapidamente quanto o seu rosto
aparece, desaparece.

Uma estranha calma lava sobre mim.

A dor se foi, e eu me sinto... bem.

Bem demais.

***

Eu não acordo imediatamente. Eu deixei o bom sentimento estranho


assumir por um minuto ou dois. Mas, como a sensação de puxar intensificou
no meu estômago, uma queimação familiarizada começou substituí-lo. Como o
calor aumentava, eu estava sendo persuadida mais e mais para fora do meu
sonho... e me vejo em uma de porra de uma situação.

Fiquei surpresa ao ver Owen ou senti-lo, em vez. Ele estava em cima


de mim, apoiando mais o seu peso nos cotovelos, que foram me enjaulando,
repousando sobre o colchão em ambos os lados da minha cabeça. Meus joe-
lhos foram afastados. Os quadris de Owen estavam moendo contra os meus. A
raiva brilhou atrás dos meus olhos. Um inventário mental rápido me disse que
eu ainda estava completamente vestida, minha camisa ainda firmemente no
lugar e, felizmente, Owen ainda tinha sua cueca. Ele correu sua boca para ci-
ma e para baixo do meu pescoço, da minha orelha, minha clavícula, mordendo
e sugando minha pele.

A verdadeira causa das novas sensações que senti no fundo da minha


barriga tinha sido o resultado de Owen esfregando a dureza entre as pernas
contra a parte mais sensível do meu corpo, apenas sob o tecido fino da minha
bermuda.

Owen sussurrou em meu ouvido — Você não tem ideia do quanto eu


quero você Abby. Eu estou indo fazer você se sentir muito bem baby. Vou fa-
zer você gritar meu nome bem alto quando você gozar.

O atrito entre as minhas pernas causou o crescimento da tensão no


meu estômago.

Na batalha entre dor e prazer indesejável, a dor ganharia sempre.

Mesmo durante o sono, meu corpo tinha respondido ao seu toque,


enquanto minha mente... bem, minha mente estava chateada. E a minha pele
estava em chamas.
Eu usei as minhas duas mãos para empurrar com força no peito de
Owen. Ele caiu de lado na cama.

— Que porra é essa, Owen? — Eu gritei. Eu pulei da cama e encontrei


minhas botas. Esmaguei meus pés nelas, em seguida, encontrei minha mochila
e joguei por cima dos meus ombros. Corri para a porta. Owen estava atrás de
mim em um instante. Ele passou os braços em volta da minha cintura, me pu-
xando contra ele. Eu podia sentir sua dureza contra as minhas costas. Minha
pele parecia que estava indo para estourar em bolhas. Eu lutava para me liber-
tar de suas garras, mas ele me segurou mais apertado, cavando seus dedos
em meus ombros. Quando ele se inclinou para pressionar seus lábios em meu
pescoço, eu aproveitei a oportunidade para cotovelar suas costelas.

— Foda-se! — ele gritou, me soltando e agarrando seu lado — Você


queria cadela. Você estava gemendo como uma puta desgraçada! — Owen en-
direitou-se e olhou-me nos olhos. Eu cuidadosamente recuei, em direção à
porta. O olhar de mais cedo estava de volta agora. Suas pupilas estavam pe-
quenas e o branco de seus olhos estavam tingidos de vermelho, como se esti-
vesse se esforçando para se controlar.

Este era o Owen do caminhão, com raiva e com ciúmes. Todos os


vestígios do útil amigo se foi, eu fui estúpida o suficiente para pensar que ele
tinha ido embora. Essa pessoa era uma espécie de monstro.

Não houve pedido de desculpas em seu tom de voz, nenhum remorso


pelo que quase tinha feito.

— Eu estava dormindo! Você pensou que era uma boa ideia tentar
foder uma menina que estava dormindo, bêbada e alta?
—Não! Eu pensei que era uma boa ideia te foder e dar-lhe o que eu
sei que você tanto quer — ele cuspiu entre os dentes e se lançou para mim
quando eu abri a porta, ele pegou-me pelas pernas, e eu caí para a frente, ba-
tendo meu queixo no limiar. Chutei o meu pé fora do seu aperto e consegui
endireitar-me enquanto eu corria para fora da porta. Owen estendeu a mão
para mim, mas eu me virei e bati a porta tão duro quanto eu podia, esmagan-
do sua mão no processo.

As luzes de movimento ligou, iluminando a casa e os jardins ao re-


dor. Corri o mais rápido que minhas pernas me levaria para a segurança da
escuridão.

— Abby, sua vadia! — Owen lamentou à distância.

Abaixei-me em minha bota e peguei a minha faca, em seguida, conti-


nuei correndo pela estrada. Se ele decidisse me perseguir, eu ia estar pronta
para ele.

Eu nunca deveria ter concordado em ficar com ele. Tentei dizer a


mim mesma que ele ofereceu porque ele queria realmente me ajudar e ser
meu amigo. Eu deveria ter escutado meus instintos para ficar longe antes,
quando ele estava soltando fogo porque algum outro sociopata sabia o meu
nome. Era estranho que o meu pensamento fosse mesmo para Jake, porque
algo aconteceu comigo no momento depois que eu fugi da casa de Owen. Eu
me senti mais segura olhando para o cano da pistola de Jake do que olhando
nos olhos de Owen.

É incrível o julgamento pobre que você pode ter quando suas opções
são limitadas a praticamente nulas.
Eu desacelerei para UMA CAMINHADA em algum lugar entre as
duas metades de extensão em milhas entre o composto da família Fletcher e o
resto da cidade. Nuvens tamparam a luz natural da lua e das estrelas. Grilos
piavam, e o coiote uivou ocasionalmente. Na estrada as conchas rangiam sob
minhas botas.

Meu grande plano era voltar para a casa de Nan, cortar a tela na va-
randa de trás, e dormir lá para o resto da noite. A manhã não estava muito
longe. Eu teria que me virar com outro plano até então. Voltar para o orfanato
não era uma opção. Nem que para isso eu tenha de fazer algo que iria me
mandar direto para a prisão, antes de eu lhes permitir me colocar de volta no
sistema.

Eu tinha certeza que era por volta das quatro da manhã, e eu esti-
mava que levaria pelo menos uma hora a mais para chegar até a casa de Nan
se não mais. Isso me deu bastante tempo para me repreender mais e mais so-
bre as decisões ruins que eu tomava uma após a outra.

A brisa ajudou a refrescar a pele, o fogo se apagou com cada passo


que eu dava. Eu odiava que Owen tivesse me tocado. Eu odiava que meu cor-
po respondeu sem meu consentimento.
Eu odiava que eu não tinha sido capaz de chegar à porra da minha
faca.

Por que Owen estaria interessado em mim de qualquer maneira? Eu


usava moletom com capuz, largas camisas com mangas longas. Eu nunca colo-
cava maquiagem. Eu não saia muito para fora, como as outras meninas nesta
cidade.

Até muito recentemente, eu estava alegremente invisível.

Até Owen.

Nem foi me dada uma escolha na matéria, e o que é pior, foi que
meu corpo gostou queria mesmo. —Traidor do caralho—, eu sussurrei. A única
coisa que realmente me incomodou foi que eu tinha vindo em torno de
Owen. Ele era doce e agradável, quando ele queria ser, e ele não era tão ruim
e nem tão pouco para olhar. Se ele tivesse me dado tempo, então talvez ...

Não. Nem mesmo com o tempo.

Eu só não fui construída dessa forma. Nenhuma quantidade de tempo


me faz querer algo que eu detestava tanto.

De qualquer forma, parecia que os meus desejos foram aparente-


mente muito limitados a —ser estuprada —, porque antes disso, eu mal tinha
sentido nem uma gota de desejo ... exceto talvez por um certo loiro com uma
propensão para o couro.

Ótimo.
Eu me perguntei se no Match teria uma caixa para verificar a minha
mente. Eu não sei, não é como se eu tivesse um computador. Merda, talvez se
Owen tivesse realmente ido para ele, eu teria tido o tempo da minha vida. Na
minha cabeça, eu estava gritando para mim mesma. Mais que qualquer coisa,
o incidente só me provou que eu era um biscoito fodido, e que eu precisaria
construir um muro maior de defesa.

Um com canhões e guardas com armas grandes.

Claro, foi o momento em que eu estava pensando sobre armas de to-


das as coisas que o chão sob os meus pés começou a tremer, as conchas sol-
tas atingiram em torno de meus pés. A única luz brilhante iluminando a noite,
temporariamente cegando-me como a motocicleta que estava indo para a mi-
nha direita e foi parando ao meu lado na estrada.

Jake desligou o motor e retirou óculos de lentes claras de seus olhos,


mas eu continuei andando.

—É um pouco tarde para um passeio da vergonha, você não acha?—

—Você não tem ideia—, eu disse. Eu queria ser ofendida por aquilo
que ele insinuou, mas eu não estava cega para o que eu estava parecendo:
uma bagunça desgrenhada de uma adolescente caminhando para casa antes
do amanhecer depois de participar de uma festa. Eu teria pensado a mesma
coisa.
Em um instante, ele estava fora de sua motocicleta e mantendo o
ritmo ao meu lado. Ele puxou um maço de cigarros e acendeu um dando uma
tragada profunda.

—Por que você está fora de casa? Você está fazendo o passeio da
vergonha, ou você tem que estourar um pontapé na bunda de alguém? —Ele
estendeu o maço de cigarros em minha direção. —Não, obrigado. Eu não fumo.
—Ele levantou uma sobrancelha para mim. —Cigarros—, acrescentei. Ele abriu
sua mochila e tirou um cigarro de maconha em vez. Em seguida, acendeu-o e
entregou-a para mim.

O que esse cara quer?

—Por que você está sendo bom para mim?— Eu peguei o cigarro de
maconha dele, tendo cuidado para não tocar em seus dedos. —Se você não se
senti mal sobre uma arma apontada na sua cabeça. Eu teria feito a mesma
coisa se alguém entrasse onde eu morasse. —

—Eu não sou bom.— Jake deu outra tragada no cigarro e me deu um
pequeno sorriso. Era da mesma forma que eu o vi em meu sonho.

—Mas, você está sendo bom para mim—, eu o corrigi. Ele me igno-
rou.

—Você precisa de uma carona?—, Perguntou. Eu parei de andar e dei


outro trago no cigarro de maconha. Jake parou ao meu lado. Eu segurei o fu-
mo tanto tempo quanto possível. —Esse tipo de noite?—

Eu apenas dei de ombros e deixei-me alta para completar alguns dos


cantos afiados de dor que eu tinha experimentado naquela noite.
—É uma das maneiras de ir para a cidade, tendo a chance de não ser
atropelado por um carro ,você provavelmente, será comido por um ou outro
javali, coiotes, ou pelo menos, este pterodátilo chato do caralho dos mosqui-
tos. —

—Bem, você não é um eterno otimista.—

—Você está sempre sendo sarcástica?—, Perguntou.

—Sim, mas normalmente na minha cabeça. Em torno de você, as pa-


lavras apenas parecem vir mais rápido e mais ... —Eu estava tentando pensar
na palavra. —... Sábio—.

Dei outro trago e passei o cigarro de maconha a ele. —Boa palavra—,


disse Jake. Ele pisou fora o cigarro no chão e deu um trago no cigarro de ma-
conha. —Eu acho que eu trago o melhor de você, então.—

—Por que você carrega uma arma?—

—O povo é perigoso lá fora.— Ele olhou para seus pés.

—Como quem?— Eu sabia que era perigoso para mim. A pergunta era
sobre quem era perigoso para ele.

—Que tal guardar as vinte perguntas para outro tempo, e deixe-me


levá-la para sua casa, então eu não serei responsável por sua morte prematu-
ra por um guaxinim raivoso —

—Eu pensei que seria os mosquitos que iriam ser a minha ruína.—

—Isso também.— Sua rigidez lentamente desapareceu com a mudan-


ça na conversa.
—Tudo bem—, eu disse. —Tire-me daqui, por favor.— Eu me abaixei
e cocei minhas coxas onde os mosquitos já tinham feito algum dano.

—Dessa forma, então.— Ele fez um gesto com uma varredura de seu
braço, de volta para onde ele estacionou sua motocicleta.

A lua e as estrelas tinham apenas começado a espreitar por detrás


das nuvens, para finalmente derramar alguma luz muito necessária sobre a
noite muito escura à medida que ele se virou e se dirigiu de volta para sua mo-
tocicleta.

—Você está indo só para me levar para casa certo?—, Pergun-


tei. Após os acontecimentos da noite, senti-me como se eu tivesse que per-
guntar. Não que esse cara iria tentar alguma coisa comigo, de qualquer manei-
ra. Eu era a garota que ele tinha pegado dormindo em seu ferro-velho, depois
de tudo.

Quando chegamos a sua motocicleta, ele pegou o capacete fora do


assento e entregou para mim. —Se você só quer ir para casa, isso vai real-
mente arruinar meus planos para desmembrar você e dar de alimento para as
pessoas da cidade na feira do condado —, brincou.

—Só pensei em esclarecer,— eu murmurei. Jake estendeu a mão para a tira


com o meu capacete, e eu vacilei. —Eu posso fazer isso.—

Seus olhos se arregalaram. —Bee—, disse ele lentamente, —onde diabos você
conseguiu tudo isso?— Ele apontou para a contusão e os arranhões que eu ti-
nha conseguido no meu queixo, que Owen tinha feito para mim quando che-
guei na porta.
—Dodgeball.— Isso não era da maldita conta dele. Eu deveria estar
muito cansada em um certo ponto, porque a coisa mais importante sobre subir
na moto parecia ter sido ignorado em meus pensamentos completamente.

Eu teria que me agarrar a ele.

—Abby,— Jake disse suavemente desta vez. Ele moveu-se na minha


frente e olhou para os meus olhos. —Quem fez isso?—

—Não é nada. Eu estou bem —, eu respondi. Tentei parecer casu-


al. —É mais ou menos o tanto que eu quero dizer a você, e se você não quiser
mais me dar uma carona, está tudo bem. —Eu tomei o capacete da minha ca-
beça e coloquei de volta em seu lugar. —Eu vou me arriscar com os mosqui-
tos.—

Eu comecei a andar.

As coisas estavam ficando muito perto de mim, de qualquer maneira.

—Hey sábia menina—, ele gritou. —Coloque essa sábia bunda na mo-
to, e vamos embora.— Foi meio uma piada e uma espécie de ordem, mas eu
tenho o ponto. Ele não ia me forçar mais, mas que não fez nada para resolver
a minha outra situação.

Eu puxei as mangas para baixo para cobrir meus pulsos e olhei para
Jake onde ele estava sentado na moto.

Ele pareceu sentir a minha hesitação. —Você já esteve em uma moto


antes?—, Perguntou.

Eu balancei minha cabeça.


—Basta chegar atrás de mim, com uma perna de cada vez, tome cui-
dado para que suas pernas não toquem os tubos de metal na parte inferior,
porque eles podem queimar. —Mal sabia ele que eu prefiro a queimadura dos
tubos do que a queimadura de seu toque.

—Onde é que eu coloco meus braços e pernas?—, Perguntei.

—Você terá que envolvê-los em torno de mim—, respondeu ele como


se fosse a coisa mais simples do mundo para fazer. Suponho que para a maio-
ria das pessoas, ela era.

Mas, eu não era a maioria das pessoas, e não era fácil para mim.

—Existe outra maneira?—, Perguntei.

—Para quê?— Eu estava esperando que ele não me fizesse expli-


car. Eu não me importava se ele pensasse que eu era estranha. Já era tar-
de. Eu estava cansada. E se Jake pensava que eu era um poço de trabalho,
pancada da cabeça acelerasse esse processo, eu realmente não daria a míni-
ma.

—Para colocar meus braços e pernas em torno de você—, eu respon-


di. Jake parecia que ele estava contemplando a minha pergunta. Ele não me
perguntou a razão para isso. Ele não tirou sarro de mim por perguntar. Ele só
parecia que estava pensando, e isso era tudo.

—Você pode chegar para trás desta peça de cromo. Ele apontou para
um semicírculo cromo fixada na parte traseira do assento. - Coloque os pés na
parte de trás destes estribos aqui e mantenha os braços atrás de você, e agar-
re-se na parte inferior do assento. Pode não ser confortável, mas vai dar certo.
—Jake desceu da moto. —Se você subir primeiro, vai ser mais fácil.— Eu fiz
como ele instruiu, e notei que quando ele voltou, estava sentado perto do gui-
dão. Havia sólidos centímetros de espaço que nos separavam.

Eu suspirei de alívio.

—Obrigada—, eu disse. Ele pode estar me julgando por dentro, mas


eu estava grata porque ele não disse nada para mim sobre isso. Eu não preciso
de nada para me irritar ainda mais. A noite estava como eu queria que fosse.

Uma coisa boa saiu da noite depois de tudo isso. Eu Descobri que an-
dar de moto era minha nova coisa favorita.

Como, nunca.

A emoção da moto que rugia abaixo de mim foi uma emoção que eu
não estava esperando. O vento rasgou meu capuz como ele não era páreo pa-
ra o seu poder. Fazia tanto tempo desde que eu tinha encontrado gozo em
qualquer coisa que eu fiquei chocada quando ouvi minha própria voz gritando
no ar. Todos os meus sentidos estavam ainda cantarolando quando a moto pa-
rou poucos minutos mais tarde.

—Isso foi incrível!—, Eu gritei, rasgando o capacete da minha cabeça,


esquecendo-me de ter cuidado com a ferida na minha mandíbula. —Ai.— Eu
esfreguei o local com minha mão e coloquei o capacete de volta sobre o assen-
to.

Jake riu da minha falta de jeito, mas ainda estava olhando para o
meu queixo como se o tivesse ofendido de alguma forma. —Você realmente
nunca andou numa motocicleta antes?—
Eu balancei minha cabeça. Foi então que eu percebi que ele nunca
me perguntou onde eu morava, e nós certamente não estávamos na casa de
Nan.

Nós estávamos na praia.

—Ok, eu sei que eu disse que iria levá-la para casa, mas esta é a mi-
nha hora favorita do dia, e eu pensei que talvez você gostaria de dar uma volta
comigo. Você está brava? —Eu estava prestes a dizer-lhe que eu estava can-
sada demais para algo como isso, quando eu percebi que eu realmente não
estava cansada em tudo. A adrenalina do passeio tinha me dado um segundo
fôlego. Eu olhei para a água.

Com certeza, o sol tinha começado a fazer a sua entrada. Eu tinha


visto o sol nascer muitas vezes a partir da janela de Nan, e sempre foi lin-
do. Mas, eu nunca tinha visto da praia.

—Não, eu não estou brava—, disse hesitante. —Podemos caminhar.—


Jake olhou satisfeito consigo mesmo e tirou a jaqueta de couro. Ele descansou-
a sobre o assento e abriu o caminho para a praia.

Caminhamos em silêncio, lado a lado. A luz escura do dia flertou com


o horizonte, espreitando para fora um pouco de cada vez. Quando Jake sen-
tou-se na areia, eu sentei ao lado dele, e nós assistimos o nascer do sol de
uma mancha no horizonte a uma força a ser reconhecida. Era cedo e os raios
da manhã já estavam fortes o suficiente para queimar a pele frágil dos turistas
despreparados.
—Eu gosto disso—, eu disse, sem saber o que eu estava dizendo a
ele, que eu gostava do pôr do sol ou da maneira de estar ali. Eu acho que eu
gostei bastante.

Ele suspirou. —Eu também. Mas nós não somos exatamente os me-
lhores conversadores, não é? —

Ele pegou um punhado de areia e deixou correr por entre os de-


dos. —Eu tenho certeza de tomar um silêncio confortável do que sobre uma
conversa desconfortável durante o dia.

—Isso é um eufemismo—, eu disse. —Eu nunca fui fã de falar de mim


mesma.—

—Idem—, disse Jake. —Então, o que duas pessoas que não querem
falar de si, que obviamente tem alguns segredos em seus armários, falarão? —

—Eu nunca disse que eu tinha segredos.—

—Mas você tem—, disse Jake. —É meio óbvio.—

—Todos não tem? Você não tem? —

—Mais do que a maioria.—

—Idem—, eu o imitava. Ele riu e deitou na areia, olhando para o re-


cém céu azul. Ele cruzou as mãos sobre o peito.

—Talvez um dia você possa me dizer o seu.—

—Não é provável,— eu disse a ele. —Você vai me dizer o seu?—


—Provavelmente não.— Ele sorriu para mim. —Eu ainda quero saber
por que você estava no meu quintal na outra noite, no entanto. —

—Não é grande coisa, eu só precisava de um lugar para dormir.—

—Então, você pegou um caminhão em um ferro-velho?—

—É o caminhão do minha Nan. Ela nunca poderia pagar para obtê-lo


novamente. Então, ele foi apenas deixado lá. —

—Você não tinha outro lugar para ir?—

Pensei em não responder a ele. Seria mais fácil. Mas ele me deu uma
carona, e eu estava cansada de correr de alguém que não me perguntou nada
sobre mim. —Não realmente. A assistente social do orfanato estava atrás de
mim. Eu estava apenas me escondendo até que ela se canse e vá embora —.

—O Foster se importa?—, Perguntou Jake. —Quantos anos você


tem?—

—Dezessete—, eu respondi. Ele parecia um pouco aliviado. —Ela está


provavelmente muito longe agora.—

Eu esperava que ela estivesse, de qualquer maneira. Eu deixei de fo-


ra a parte sobre o despejo e sem-teto. —Eu vivo com minha Nan ... ou, pelo
menos, eu morava com a minha Nan. Ela morreu há três semanas, e desde
que eu ainda não fiz dezoito eles querem me jogar em um orfanato. —Eu lhe
disse tudo isso. Não era nem mesmo remotamente o maior segredo que eu
estava mantendo.
—E você está fugindo deles, porque você não quer ir para um orfana-
to?—

—Eu não vou entrar nessa assistência social. —Foi a melhor resposta
que eu poderia falar. Foi mais do que eu não querendo explicar. Eu não ia, e
foi isso.

—O que acontece se eles te forçarem?—, Perguntou Jake.

—Eu não vou, não importa o que—, eu disse. —Se eles me levarem à
força ...— Eu não queria terminar a minha sentença. Eu sabia o que eu fa-
ria. GOSTARIA de poder machucar alguém e optar por ir para a prisão em Fos-
ter ou me machucar, e simplesmente optar por morrer por que eu não me im-
porto mesmo. Eu não me considero uma suicida. Apenas cansada.

—Você não pode simplesmente ser emancipada ou algo assim?—

Era uma pergunta que eu realmente não tinha que procurar a respos-
ta para ela. —Não. Você tem que ter autorização dos pais, e você tem que
provar que você pode se sustentar. Eu não posso fazer qualquer uma dessas
coisas.

Isso levaria um longo tempo. Eu já teria dezoito anos e já seria uma


adulta antes de isso acontecer, de qualquer maneira.

—Parece que você já olhou para a possibilidade.— Eu não precisa-


va. Eu tinha estado no sistema de assistência social.

Eu não olhei para ele. Eu só sabia disso.

Mudei de assunto.
—Então, você trabalha no ferro-velho?—, Perguntei.

—Sim—, disse Jake. —Eu não estou aqui a muito tempo de qualquer
maneira. Reggie, gerente de papai me chamou e disse que ele precisava de
alguma ajuda para endireitar tudo. Sua secretária saiu, suas ordens de compra
estão todas erradas, e seu sistema de computador antigo caiu e levou todas as
suas informações com ele. É uma bagunça. —

—Por que o seu pai não corrigi isso?—

—Ele está ... doente—, disse Jake. Todos na cidade sabiam que Frank
Dunn era um eremita. Ele raramente saia de sua casa, e quando fazia, era
apenas para comprar bebida.

—Oh. Eu sinto muito. —Eu sabia o que era ter um “pai doente”... ou
pais. Os meus eram os mais doente de todos eles.

O silêncio confortável voltou e nós nos sentamos lado a lado, obser-


vando os pelicanos mergulhar na água para caçar os peixes. Eles me surpre-
enderam como, podiam ver de tão longe no céu. Eles nunca pareciam perder e
sempre emergiam mastigando as suas capturas, barbatanas debatendo entre
os seus bicos.

O sol estava alto no céu de forma mais do que poderia ser chamado
de um nascer do sol, por isso, caminhamos em silêncio de volta para a mo-
to. Eu disse a ele onde a casa de Nan era. Ele disse que não precisava de dire-
ções.

É claro que ele não precisava.

Eu esquecia que ele era daqui.


Eu pensei que uma vez chegando na casa de Nan, ele não reconhece-
ria a lona azul gigante na garagem então ele não faria qualquer pergunta. —
Obrigado pela carona—, eu disse entregando-lhe o capacete.

—O que é tudo isso?—, Ele perguntou, apontando para a mesma coi-


sa que eu esperava que ele iria ignorar.

—Venda de coisas da garagem.— Ele tinha que ir, e ir agora. Eu pre-


cisava para chegar a um plano. Até agora, isto consistia apenas de cócoras em
torno da casa de Nan até novo aviso. Eu tinha esquecido as tábuas nas jane-
las. Merda. Minha situação era mais óbvia do que eu pensei que seria.

Eu andei até os velhos degraus da varanda, à espera de ouvir a moto


de Jake decolar. Em vez disso, eu não ouvi nada, mas o motor em marcha len-
ta. Eu estava de frente para a porta e fingi remexer atrás do meu saco para
minhas chaves. Mesmo se eu tivesse achado, elas não teriam funciona-
do. Tinha um grande cadeado dourado sobre a placa na porta. Eu esperava
que ele não poderia vê-lo a partir da estrada.

—Você se esqueceu de sua chave?—, Ele gritou.

—Sim—, eu menti. —Eu só vou procurar onde eu deixei a outra cha-


ve.— Eu acenei novamente e esperava que, quando eu dobrasse a lateral da
casa e chegasse até a varanda ele tomaria a dica e sairia.

A porta de tela estava trancada. Eu bati na trava com meu pulso e


ela abriu instantaneamente. Eu acho que eu não ia ter que cortar a tela depois
de tudo.
A porta de correr de vidro tinha um outro aviso de despejo gravado
nela, e um outro aviso na porta da frente. Puxei-o para fora e caiu em minhas
mãos. Então eu afundei minha bunda, minha cópia de segurança contra a por-
ta, e eu descansei minha cabeça entre os joelhos.

Eu estava fodida.

Eu não tinha mais para onde ir, e mesmo que eu tivesse eu não tinha
dinheiro para chegar lá. Eu teria que tentar encontrar algumas ferramentas e
quebrar, mas que só iria comprar-me um pouco de tempo. A casa da Nan pro-
vavelmente seria vendida em breve e ocupada por inquilinos sazonais ou cabe-
los azuis de snowbirds em algum momento.

Eu puxei meu capuz na minha cabeça. Poderia estar noventa graus lá


fora, mas eu não dava a mínima. Eu só queria me enrolar e morrer.

Perguntou uma voz —Abby?—.

Eu sabia exatamente quem era sem ter que levantar a cabeça.

Foi o diabo do orfanato vindo me arrastar para o inferno.

Ela estava na hora certa, também. O padrão da minha vida parecia


estar rolando a direita ao longo do cronograma. Algo ruim acontece. Algo pior
acontece mais ainda..

As cartas que eu estava sendo tratada eram todas loucas.

—Dan—, eu respondi.

—Dan?— Ela questionou meu uso de seu apelido, que só eu sabia o


significado. Eu olhei para ela. Ela olhou para mim como se eu tivesse três ca-
beças, e todas as três viu a compaixão em seus olhos. —O que você está fa-
zendo aqui na varanda?—

—Apenas esperando o outro sapato para largar.—

—Eu vim aqui procurando por você, me assustei quando eu vi o ma-


terial na sua garagem e aquele rapaz lá na frente estava segurando isso em
suas mãos. —Ela me deu o aviso amassado que eu tinha arrancado da porta
da frente.

—O rapaz?—, Perguntei, sentando-me e puxando o capuz do meu


rosto.

Ela se agachou ao meu lado, ainda suando em seu pescoço, ainda


segurando a mesma prancheta que ela trouxe no outro dia.

—Seu primo Jake, é claro.— Ela disse cada palavra lentamente como
se estivesse tentando dizer-me mais do que o que ela estava realmente di-
zendo.

—Meu primo? Jake? Meu primo? —Devo ter soado insana. Eu não ti-
nha nenhum primo, como ela teria ficado com a impressão de que Jake era
meu ... oh merda.

—O que você disse a ele?—, Perguntei. De repente eu me importava


com o que ele pensava de mim, embora eu não soubesse por que isso impor-
tava.

—Ele apenas me disse que vocês dois pararam aqui para pegar algu-
mas das coisas de sua avó e que você tinha voltado aqui para se certificar de
que você não esqueceu nada, —A Senhorita Thornton disse.
—Ele disse o quê?—

Ela bufou, como se ela não deveria desperdiçar seu tempo explicando
para mim, quando não havia algo que eu não estava entendendo em tudo isso.

Eu não estava entendendo nada disso.

—Eu perguntei a ele sobre sua tia Priscilla, e eu fiquei muito triste ao
saber que ela teve que sair da cidade tão de repente. —

—Eu também ...— Talvez eu deveria apenas concordar com tudo o


que ela dissesse. No fim das contas, não seria importante de qualquer manei-
ra. Ela estava aqui para me levar embora. Eu estava prestes a dizer a ela para
salvar a papelada, que eu estava indo para fora na primeira chance que eu ti-
vesse. —Escute, você pode me levar se você tiver, mas ele vai ser inútil, por-
que se você fizer eu só vou ... —Ela estava me ignorando. Eu estava começan-
do a ficar desesperada. Eu estava pensando em chegar até a minha faca que
estava na bota, e ficar dez segundos próxima para me tornar uma criminosa.

Mas a senhorita Thornton disse algo que me fez parar, em meio ao


crime.

—Expliquei a seu primo que eu estava aqui para levá-la para um no-
vo lar adotivo ...— Aqui nós iríamos. —... mas ele me disse que não seria ne-
cessário, porque você ia ficar com ele.—

Que porra é essa?

—Eu estou fazendo o que? —


—Eu verifiquei com o Sr. Dunn que ele tem uma residência, um em-
prego, os meios para cuidar de você, e ele tem a qualificação e a idade de
mais de vinte e um anos. É uma pena, se eu soubesse mais cedo que você ti-
nha um primo. Este documento poderia ter sido feito há dias. Eu só tenho que
removê-lo em circunstâncias de emergência, e agora que você tem um parente
aqui para cuidar de você, não há necessidade para isso. —

Residência? pensei. Emprego? Ele estava na cidade temporariamente,


não era?

Jake disse a ela que eu poderia viver com ele?

Ela virou uma página na área de transferência, colocou-a no meu colo


e me entregou uma caneta. —Aqui, assine este —.

—O que é isso?—

—Uma vez que você está sobre a idade de dezessete anos, você é
obrigada a assinar um acordo para a sua arranjada vida. —Eu assinei na linha
onde ela estava tocando seu gordo dedo suado, mas antes de eu entregar de
volta a papelada de sua prancheta, notei que na linha acima onde eu tinha
acabado de assinar tinha outra assinatura recém escrita nela.

Jacob Francis Dunn foi assinado em corajosas letras azuis sobre uma
linha que dizia Assinatura

Guardião Legal de Criança Menor.

Não havia muito nesta vida que me confundisse. Compreendi que,


além de mim mesma, as pessoas eram bastante pretas no branco na maior
parte. Mas esse papel foi definitivamente o maior confusão que eu já tinha en-
contrado.

Eu tinha certeza de que o homem com os belos olhos azuis com tem-
peramento e o grande sexy homem motoqueiro que eu tinha ouvido sendo su-
gado para fora em um ferro-velho pouco mais de meras vinte e quatro horas,
momentos antes de ele colocar uma arma na minha cabeça acabara de me
adotar.

Quando eu voltei ao jardim da frente com a senhorita Thornton,


Jake estava inclinado contra a sua motocicleta, fumando um cigarro. Seus
olhos me seguiram, com o rosto completamente ilegível.

Ele assentiu para a senhorita Thornton quando ela entrou em seu pe-
queno carro prata e ligou o motor.
Então, ele me passou o capacete e desceu da moto para que eu pu-
desse subir primeiro, assim como fizemos anteriormente. Eu estava olhando
para ele de boca aberta para o que pareceu uma eternidade, antes de ele me
dar um olhar como: você vem?

Eu coloquei o capacete na cabeça e montei na moto, agarrando a


barra atrás do assento.

Jake subiu depois de mim e começamos a descer a estrada. Depois


de apenas alguns minutos, entramos no estacionamento em Reparação Auto-
motiva de Dunn. Jake estacionou a moto no final de uma pequena e suja en-
trada no lado do edifício. Quando eu tirei o capacete, eu descobri que a senho-
rita Thornton tinha nos seguido e agora estava estacionando atrás da moto de
Jake.

O que diabos está acontecendo?

Jake não me disse nada enquanto esperava pela srta Thornton sair de
seu carro. Quando ela reuniu-se com a gente, prancheta na mão, Jake levou-
nos para o lado do prédio em uma pequena calçada de concreto e de uma por-
ta de madeira escura, quase escondida entre dois vasos cobertos de pal-
mas. Ele soltou um conjunto de chaves de seu cinto e abriu a porta, dando um
passo para o lado para deixar-nos entrar.

Uma vez lá dentro, percebi que esse deveria ser o apartamento que
Jake me contou quando nós nos encontramos no quintal ontem à noite. Não foi
como comprar em tudo. Era pequeno, limpo e acolhedor. O telhado era de uma
telha bege simples, as paredes de um amarelo cremoso. A direita era uma pe-
quena cozinha com armários brancos simples com pequenos golfinhos de plás-
tico como os puxadores. Os aparelhos eram pequenos e branco, mas pareciam
bastante novo. As bancadas estavam cobertas de pequeno, escuro azulejos
azuis com linhas de reboco branco densamente. Havia uma saliência de um
lado em que duas banquetas de madeira estavam debaixo dela. Atrás dela ha-
via uma pequena área que parecia que foi designada para a mesa da sala de
jantar, mas em vez disso estava uma pequena mesa de ferro e um laptop.

Jake ligava cada interruptor de luz enquanto passava caminhando


com a senhorita Thornton através do apartamento, mas fez pouco para ilumi-
nar o espaço escuro.

Havia uma outra porta através da cozinha, e Jake abriu para Srta.
Thornton. Ela desapareceu dentro e rapidamente voltou para fora, escrevendo
furiosamente em sua prancheta. Eu estava em pé no centro da sala de estar
com a minha mochila ainda sobre os meus ombros. Jake se inclinou contra o
balcão como Srta. Thornton correu uma lista de perguntas. —É seu ou aluga-
do?—

—Não. Meu pai é dono da empresa de reparação automotiva, e eu


uso o apartamento enquanto estou na cidade. —

—Há quanto tempo você está na cidade?—

—Vou ficar até Abby completar dezoito anos, mas eu viajo para o
meu próprio trabalho, assim não haverá vezes quando eu for embora por um
tempo aqui e ali. —Suas respostas eram simples e diretas. Senhorita Thornton
assentiu como se estivesse indo bem.

—Eu espero que você leve isso a sério Sr. Dunn. Senhorita Ford está
sob seus cuidados agora. —
—Eu levo isso muito a sério minha senhora.—

Ela voltou sua atenção para mim. —Sua casa parece ter apenas um
quarto. Onde você pretende deixar srta. Ford dormir? —

—Na minha cama—, respondeu Jake. Ele percebeu como isso soou
quando a senhorita Thornton olhou para ele com desconfiança, e ele rapida-
mente se corrigiu. —Oh, não, não gosto disso. Na sala de estar o sofá puxa
para fora, de modo que é onde eu vou estar. —

Ela assentiu com a cabeça. —Eu assumi que com vocês sen-
do primos, que compartilhar o quarto está fora de questão. —

—Claro minha senhora.— Jake lançou lhe um sorriso brilhante. Ele


realmente poderia ligar o charme quando ele queria.

Senhorita Thornton parecia satisfeita com suas respostas. Ela colocou


sua prancheta debaixo do braço e virou-se para sair, informando-nos de uma
visita de acompanhamento nas próximas semanas. Ela sorriu, abriu a porta, e
desapareceu na luz do dia, deixando-nos sozinhos no escuro apartamento.

Jake parecia muito grande para a pequena cozinha enquanto ele en-
costou-se ao balcão e girou as chaves em suas mãos.

—O que diabos aconteceu?—, Perguntei. —Você disse a senhorita


Thornton que você era meu primo e que eu poderia ficar com você? —

—Sim.— Ele sorriu e mudou-se para o sofá onde ele se sentou e colo-
cou os pés na mesa de café. Suas botas pesadas bateram contra a madeira.

—Por quê?—
Ele empurrou uma mecha de cabelo atrás da orelha, encolheu os om-
bros, me olhou bem nos olhos e disse: —Eu não sei.—

Naquele momento, ele realmente não se importava por que tinha me


ajudado. Tudo o que importava é que ele tinha me salvado da assistência soci-
al, ou, mais provavelmente, ele havia me salvado da prisão.

—Obrigada.— As palavras eram difíceis para eu dizer. Eu não tinha


dito a eles muita coisa na minha vida. —Eu não sei por que você fez isso, mas
eu estou feliz que você fez. —Eu empurrei as duas alças do meu saco no meu
ombro e fui em direção a porta.

—Onde você está indo?—, Perguntou Jake. Levantou-se do sofá e


bloqueou a porta. Ele elevou-se sobre mim, sua presença tão intimidadora co-
mo ele montou na motocicleta.

—Eu estou indo embora.— Eu realmente não quero ter que lembrá-lo
que sua mentira tinha me ajudado, mas ainda me deixou sem-teto. Eu tive
que ir para trás e ver se eu poderia salvar alguns dos materiais de Nan, para
ver se havia alguma coisa valesse a pena vender.

—Por que você está indo embora?—

Eu mexia com as mãos e olhei para o chão. —Eu tenho que ir desco-
brir algumas coisas, eu acho. —

—Como o que?—
—Bem, o que você disse a senhorita Thornton vai tirá-la da minha
bunda por um tempo, mas eu ainda tenho que ver onde eu vou viver. Eu acho
que eu posso vender algumas das coisas de Nan para comprar uma passagem
de ônibus para um lugar mais no interior, onde os hotéis são mais baratos. —
Eu odiava estar dizendo que eu não tinha para onde ir. Ele tornou tudo ainda
mais real. Jake já sabia tudo isso, entre dormir no ferro-velho e vendo o esta-
do das coisas de Nan, mas isso não o torna menos embaraçoso.

—Abby.— Jake estendeu a mão para pegar a minha mão, mas se


conteve. Ele colocou as mãos em seus bolsos da frente da calça jeans em vez
disso. —Eu quero que você fique aqui. Eu quis dizer isso quando eu disse isso
a ela. —

—Por quê? Você nem me conhece. —

—Você precisa de um lugar para ficar, e eu tenho um. Problema re-


solvido, tanto quanto eu estou preocupado. —

—O que você ... quer de mim?— Eu me preparei para algum tipo de


resposta pervertida que me faria chegar para a minha faca novamente.

—O que está passando em sua cabeça?— Ele estendeu a mão e gen-


tilmente puxou o capuz do meu rosto, deixando meu cabelo cair sobre meus
ombros.

Meu rosto vermelho em plena vista.

—Eu não sei mais. Só que um minuto eu estou preparada para ir para
a prisão, e no seguinte, eu estou aqui no seu apartamento com você me di-
zendo que eu posso ficar com você. —Eu apenas balancei a cabeça. —É um
pouco esmagador.—

—Prisão?—, Perguntou Jake. —Eu pensei que eles queriam te levar


para os cuidados do estado?—

—E eu disse que eu não estava indo para lá, não importa o quê.—

Jake olhou para mim com uma compreensão que eu nunca vi em nin-
guém antes.

—Você tem certeza que quer que eu fique?—, Perguntei. —Sabendo


que eu sou o tipo de pessoa que estava pronta para machucar alguém apenas
para me salvar? —

Jake respirou fundo. —Agora, mais do que nunca.— Ele sorriu. —E eu


só ...— Ele hesitou. —Eu gosto da forma que você faz o silêncio suportável. —

Eu soube imediatamente o que ele estava falando. Eu me senti da


mesma forma.

—Tudo bem—, eu disse. —Eu vou ficar. Mas eu vou dormir no so-
fá. Eu não posso deixar você desistir de seu espaço por mim. —

—Não, você está dormindo no meu quarto.— Ele apontou para a por-
ta da cozinha. Ele se inclinou para mim, e meu coração acelerou. Eu me prepa-
rei para seu toque. Em vez disso, ele se inclinou para trás de mim e ligou o in-
terruptor atrás da minha cabeça, para ligar a lâmpada ao lado do sofá. —Eu
vou dormindo lá —.
—Você não pode dormir no sofá enquanto eu fico com a sua ca-
ma. Não é justo. —E não era. Ele já está fazendo muito para uma garota que
ele não conhecia.

—A sofá se transforma em cama Abby, e é realmente onde eu passo


mais noites de qualquer maneira. Estarei indo em algumas viagens ao longo
dos próximos meses, assim você vai ter o lugar só para si mesma por algum
tempo. Poderia muito bem se acostumar com isso sendo o seu quarto, de
qualquer maneira. Além disso, eu não vou te dar uma escolha no assunto. —

—E sobre o aluguel?—, Eu perguntei: —Posso te pagar, não muito,


mas alguma coisa, logo que eu conseguir encontrar um emprego.

—O aluguel é pago em bunda e grama só, baby—, respondeu


Jake. Seus olhos brilhavam quando ele olhou-me de cima a baixo, mordendo o
lábio inferior entre os dentes.

Minha mente me disse para correr, mas meu corpo não se mexia.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele riu. —Eu estou fodendo
com você, Bee. O olhar em sua cara de foda e impagável, apesar de tudo. —

Será que eu estava tão longe que eu não sabia quando era uma brin-
cadeira quando ouvia uma? Eu realmente precisava sair

Mais. Ou talvez não. —Venha. Vamos pegar suas coisas fora do cami-
nho, e podemos ver os detalhes mais tarde. —Jake passou por mim e pela por-
ta da frente.

Eu estava no meio da sala de estar, com vergonha de me mo-


ver. Jake tinha estado brincando comigo, e eu fui apenas uma grande idiota
que só ficava se embaraçando a si própria uma vez e outra. Ele me fez questi-
onar ainda mais por que ele iria me levar. Pela primeira vez em muito tempo,
um pouco algo de que eu não estava familiarizada começou a crescer dentro
de mim.

Se eu não tivesse conhecido melhor, eu teria pensado que era espe-


rança.

Eu queria esse arranjo para trabalhar fora. Eu realmente quis. O que


eu não queria era reconhecer a voz muito baixa na parte de trás da minha
mente me dizendo que eu queria chegar a conhecer Jake melhor. Eu não acho
que poderia valer a pena o risco. Eu já sabia o que aconteceria, teria que tra-
balhar extra duro construindo minhas barreiras em torno dele.

O que eu faria se, por alguma razão, vivendo lá acabasse por não
trabalhar fora?

Bem, eu disse a mim mesmo. Sempre há a prisão.


Nós não voltamos na moto de JAKE. Em vez disso, ele nos levou
de volta para Nan em uma antiga picape laranja. Demorou um pouco menos
de uma hora para classificar e carregar tudo do quintal. Isso mostrava quão
pouco eu tinha.

Jake e eu trabalhamos em um silêncio confortável, eu estava come-


çando a me acostumar com ele ao redor. Eu nem sequer perguntei onde ele
esperava guardar tudo. Eu não teria ficado surpresa se tivéssemos puxado até
uma caçamba de lixo para descarregar.

Jake me surpreendeu, uma vez que estávamos de volta na loja, por


descarregar as minhas coisas em um galpão vazio por trás das baías de mecâ-
nica. Quando terminou, ele trancou o galpão e entregou-me uma chave. —
Todo seu—, disse ele. Eu sombreei meus olhos com as mãos da sobrecarga do
sol brutal.

—E agora?— Eu perguntei a ele, colocando a chave no bolso.

—Agora, você pode me fazer o jantar, massagear meus pés, tornar-


se a minha escrava sexual, e limpar as calhas. —Ele piscou para mim.

—Ah, é mesmo?— Eu gostei de brincar com ele.


—Nah. Mas a recepcionista daqui sumiu, por isso, se você quiser um
emprego, você pode ajudar atendendo os telefones para Reggie. Ele não tem
exatamente muitas habilidades com as pessoas. —

—Eu não sei se as minha habilidades com as pessoas seriam muito


melhor.— Eu não tinha certeza se eu ainda tinha habilidades com as pessoas.

—Ontem Reggie disse a uma mulher que se ela não sabia como cui-
dar de seu carro, em seguida, ela não tinha o direito de possuí-lo —.

—Ok, eu acho que posso fazer melhor do que isso—, eu disse. —Mas
só porque ele está com a franquia tão baixa.—

—A menos que você prefira tentar encontrar trabalho em outro lu-


gar. Isso é legal, também. Há um Hooters a poucos quilômetros de distân-
cia. Você ficaria ótima com o uniforme. —Ele riu. Ele sabia exatamente o que
ele estava fazendo. Ele parecia saber o detalhe que iria ficar sob a minha pele.

—Seu pai não se importa de eu trabalhar aqui?— Eu não queria pisar


no pé de ninguém.

—Não. Ele está trancado em sua casa, não sai muito. Ninguém o viu
em um tempo, e eu não estou prestes a pagar-lhe uma chamada de casa ami-
gável. —

—Isso é péssimo.—

—É melhor se nós não vermos uns aos outros de qualquer manei-


ra. As coisas não terminaram bem quando eu saí pela primeira vez da cida-
de. Não devo tomar muito tempo para resolver a confusão de um negócio que
ele estava ignorando. Então, eu estou indo novamente. —Ele olhou para o céu,
sua mente, obviamente, sobre as coisas que lugares como Coral Pines não po-
deria fornecer.

De volta ao apartamento, Jake fez sanduíches para ambos enquanto


eu me sentei no balcão. Eu não percebi quanto tempo tinha passado desde que
eu tinha comido. Eu podia ouvir meu estômago roncar quando traçava meu
sanduíche de peru e queijo na minha frente em um prato de papel. Ele educa-
damente ignorou, embora fosse alto o suficiente para os vizinhos ouvirem.

—O que você faz?—, Perguntei. —Você é um mecânico quando você


não está aqui?—

—Não exatamente.—

—Como você pode não ser exatamente um mecânico?—

—Eu tenho habilidades mecânicas, mas eu só trabalho como mecâni-


co quando eu estou aqui.— Então, ele perguntou:

—De onde você é?— Ele deu uma grande mordida em seu sanduíche,
para sua boca ficar cheia. Tanto o questão e face recheio eram táticas de eva-
são que eu tinha usado a mim mesma. Talvez, ele tivesse vergonha do seu
trabalho regular. Eu não perguntei.

— Àrea de Atlanta, eu acho—, eu respondi. Eu tinha certeza que era


quase certo, porque os meus pais tinham estado dentro e fora do sistema da
Prisão do Estado da Georgia.

Quando alguém perguntava, eu normalmente dizia Atlanta porque é a


única cidade que eu me lembro na Geórgia de cabeça.
—Você acha? —

—Eu era jovem quando saímos, e nós mudamos muito.—

—E por que você veio para Coral Pines?— Esta foi uma ladeira escor-
regadia que ele estava indo para baixo.

—Para viver com a minha Nan.— A minha capacidade de dar apenas


respostas vagas me impressionou.

—E por que isso?—

—Passo—.

—Passo?—, Perguntou Jake.

—Sim. Sempre que você não quer responder a uma pergunta, você
começa a passar. Eu estou escolhendo passar uma. —

—Quem veio com essas regras?—

—Minha Nan—.

—Então você só vai tomar um passe, porque você e sua Nan inventa-
ram um jogo para deixá-las deslizar sobre ter que dizer nada a ninguém? —Ele
era perspicaz.

—Quase.— Eu tomei uma mordida grande do meu sanduíche. O reco-


nhecimento do que eu estava fazendo dançava nos olhos de Jake. Ele me deu
um sorriso.
Uma vez que eu tinha sufocado meu caminho através de mais um
pedaço de peru do que eu deveria ter empurrado goela abaixo em primeiro lu-
gar, eu fiz algumas perguntas pessoais também. —Então você vai partir da-
qui?—

—Sim.—

—Mas você foi embora?—

—Sim.— Essa palavra era única, filho da puta.

—Por que você saiu?—

—Minha mãe e meu irmão morreram.— Eu pensei que eu tinha ouvi-


do falar que a esposa e o filho de Frank tinham morrido, mas eu não coloquei
dois e dois juntos, que teria sido a mãe e o irmão de Jake. Eu tinha evitado
pedir desculpas por isso. Eu não estava arrependida. Eu não fiz nada. Eu nunca
pratiquei de qualquer maneira.

—Como?—, Eu perguntei curiosa.

- Meu irmão se afogou em um acidente de barco, e logo após a minha mãe não
pôde processar sua morte, então ela optou em se matar—.

—Optou por se matar?—, Perguntei.

—Fez isso com as suas próprias mãos—, disse ele.

—Não, eu sei o que isso significa. Eu realmente também tinha pensa-


do em fazer isso. Eu apenas nunca ouvi falar de alguém que teria feito isso an-
tes, é tudo. —Tomei um gole de Coca-Cola. —Eu posso ver por que você dei-
xou, então.—
—Sim, bem ... isso não é toda a razão.—

—Então, o que é?— Eu nunca senti o desejo de saber mais nada so-
bre ninguém antes, mas Jake me intrigou em um nível que eu estava muito
familiarizada com ele. Se ele tivesse um diário, eu teria assumidamente rou-
bado e lido.

—Passo—, disse ele sorrindo, usando o meu próprio jogo contra mim.

—Você não pode passar—, eu repreendi. —Não é o seu jogo!—

—É agora.— Ele deu a volta no balcão para se sentar na banqueta ao


meu lado. Ele levantou a sanduíche e em uma mordida tinha finalizado a me-
tade, rindo com a boca cheia.

—Você vai engasgar—, eu disse. Jake riu ainda mais e tentou engolir
a comida em sua boca. Seus olhos lacrimejavam pelo tempo que ele pôs tudo
para baixo. Quando ele afastou do prato vazio, seu antebraço escovou o
meu. Eu pulei. Não foi apenas um pulo qualquer. Eu pulei alto o suficiente para
derrubar o banco. Eu estava sentado no banco e cai contra a mesa do compu-
tador.

—Whoa, calma. Você está bem? —

Levei um segundo para fazer um inventário. Eu estava bem. Foi ape-


nas uma roçar de braço.

Nada inadequado. Nenhum dano feito. Nem sequer queimou tanto


assim. Eu balancei a cabeça para ele e tentei recuperar o fôlego. Jake esten-
deu a mão e endireitou meu banquinho. Ele deu um tapinha na almofada, con-
vidando-me a tomar o meu lugar novamente. Relutantemente, eu
fiz. Ingenuamente eu esperava que ele iria ignorar o que tinha acontecido. É
claro que ele não o fez.

—O que foi aquilo?—

—Não é nada—, eu respondi.

—Isso não parece ser nada. Foi porque eu toquei em você? —

—Passo—. Eu não queria passar mais tempo com este assunto, e fa-
zer uma desculpa para meu comportamento significava persistir. O passe pa-
recia ser a minha melhor opção.

—Este pequeno gesto no almoço está realmente funcionando bem.—


Jake riu. Eu na verdade, ri também. —Como sobre isso em vez disso: já que
vamos estar vivendo juntos por um tempo, e nós somos tão parecidos em
guardar assuntos sobre nossas vidas pessoais, o que acha de todos os dias a
gente responder a uma pergunta e revelar uma coisa importante sobre nós
mesmos? Podemos passar tantas perguntas como gostaríamos, mas em algum
momento nós temos que responder. E nenhuma pergunta pode ser feita duas
vezes em um dia. —Jake parecia orgulhoso dessas regras. Eu estava apavora-
da. —Todas as perguntas de acompanhamento são permitidas —.

—Como, posso te perguntar qual é a sua cor favorita?—, Perguntei.

—Podemos pedir esses tipos de coisas pequenas também, mas no fi-


nal do dia você tem que responder algo significativo —.

—Como, o que você faz para viver?— Eu ofereci. Eu levantei minha


sobrancelha para ele.
—Agora, você está entendendo Bee—, disse Jake. —E eu vou passar
e fazer uma como foi que a sua Nan morreu? —

—Explosão de laboratório de metanfetamina.— Parecia rematada toli-


ce dizer isso em voz alta, como se fosse um crime de TV mostrar em vez da
minha vida. Eu não gosto de falar sobre isso, mas era de registro público, e no
cofre dos meus segredos que era relativamente pouco significativo.

—Puta merda! Você está fazendo isso. —

—Olha,— eu disse a ele. —Dada a notícia e tudo. Nan não usava dro-
gas ... bem, não após os seus sessenta anos, de qualquer maneira. E ainda de
alguma forma, ela acabou em um trailer de laboratório de metanfetamina no
meio da Preserve durante a luz do dia, quando ela deveria ter ido para a minha
graduação. —

Jake jogou fora nossos pratos e foi sentar-se no sofá. Em vez de to-
mar o assento ao lado dele, eu só virei para encará-lo do meu lugar no bal-
cão. —Eu sinto muito—, disse ele.

—Ok, vamos começar com uma coisa fora do caminho: não vamos
dizer que sinto muito um ao outro. Eu odeio essa expressão. Por que você sen-
te muito por isso? Você não fez nada. Eu não tive culpa por você ter perdido
sua mãe ou seu irmão. Eu não faço isso. —As palavras saíram um pouco mais
áspero do que eu pretendia.

—Ok—, Jake concordou. —Não mais desculpas. Que tal dizer como
ele é? —

—Agora nós estamos falando.—


—Bee, eu não lamento que sua Nan morreu porque eu não fiz nada
para contribuir para a sua morte prematura, mas ainda é uma merda. —

—Melhor.— Eu ri.

—Como era a sua mãe?—, Perguntou Jake.

Eu parei de rir imediatamente. —Passo e rapidamente faço uma.— Eu


apontei para o braço. —A tatuagem em seu antebraço? As iniciais.

—Ele olhou para o projeto cinza e preto intrincado em seu antebraço esquerdo
que começava em algum lugar dentro de sua camisa de manga curta e corria
para baixo para o topo da sua mão, criando uma SL bloqueio.

—Passo,— ele respondeu. —Quanto tempo você viveu com a sua


avó?—

—Um pouco menos de quatro anos. Quantos anos você tem? —

—Vinte e dois—, respondeu ele.

Jake parecia ter o olhar duro de alguém que passou por muita coisa,
e as pessoas que não o conhecia poderiam tentar adivinhar que ele era alguns
anos mais velho do que vinte e dois. Eu sabia o que a experiência de vida pa-
recia. Vinte e dois teria sido a minha, eu acho.

Jake se inclinou para frente, os cotovelos sobre os joelhos. Parecia


que ele estava imerso em seus pensamentos até que balançou a cabeça e sor-
riu para mim. —Quem é o seu melhor amigo ...?— Eu poderia dizer que ele es-
tava tentando chegar a uma pergunta simples para clarear um pouco da sen-
sação de peso do nossas perguntas anteriores.
—Agora mesmo?—

—Sim, quem é seu melhor amigo agora?— Ele provavelmente pensou


que esta questão seria uma que eu pudesse responder facilmente e possivel-
mente até mesmo reclamar um pouco sobre. A maioria das meninas da minha
idade tinham toneladas de amigos. Ele provavelmente esperava uma resposta
sobre a minha amiga, e seu carro, e seu namorado, e os filmes que tinha visto,
e toda essa merda.

—Passo.— Eu não quero ter que dizer isso, naquele exato momento,
o meu melhor amigo, meu único amigo no mundo inteiro era ele.

***

Jake me levou ao lado da área da garagem anexa e me apresentou a


Reggie, o mecânico. Reggie era alto e fino igual a um esqueleto, com orelhas
enormes e um dente da frente torto.

Felizmente, ele mostrou-me ao redor do prédio. Haviam dois escritó-


rios na frente. Jake estava usando o escritório de seu pai desde que ele não
estava em torno muito, e o outro era o principal escritório, que é onde eu es-
tava indo trabalhar. Era apenas um espaço pequeno o suficiente para dois ar-
mários e uma mesa de madeira com um telefone amarelo. Ela tinha uma gran-
de janela com uma persiana horizontal plástica que pareciam mais nas três
grandes baías de garagem que compunham a Reparação Automotivas Dunn.

Carros e motos de todos os tipos estavam em estágios de reparação


dentro das baias. Alguns estavam com peças no chão da garagem, com para-
fusos, pneus e juntas alinhados ao lado deles, enquanto outros veículos esta-
vam em elevadores com homens de macacão sob eles, chegando em sua me-
cânica.

Reggie me mostrou como atender o telefone e agendar compromis-


sos. Parecia fácil o suficiente. Eu pensei que estava indo para o trabalho lá em
troca de Jake me deixar ficar com ele, mas ele insistiu em me pagar exata-
mente o que a última recepcionista estava recebendo antes ter saído de lá.

Após o passeio, Jake e eu voltamos para o apartamento. Ele abriu al-


gum espaço em seu armário para os meus poucos artigos de vestuário. Foi
muito fácil, uma vez que nenhum de nós tinha muito. Basicamente, ele desli-
zou apenas algumas de suas coisas para o lado e eu coloquei minhas poucas
coisas em cabides de plástico vermelho. Ele me disse que eu poderia usar
qualquer uma das gavetas da cômoda, uma vez que todos elas estavam vazias
de qualquer maneira.

—Por que você está fazendo tudo isso para mim?—, Perguntei. —
Você não me conhece mesmo.— Jake ficou na porta de seu quarto e me viu
dobrar algumas camisetas em uma das gavetas.

—Eu não sei—, respondeu ele. Fiquei surpresa que ele não respondeu
com um “passo”. Eu não sei se apreciei a sua honestidade ou tive medo de que
assim que ele descobrisse o por que, ele apenas mudaria de ideia, e eu ficaria
sem nenhum lugar para ir. Mais uma vez.

Meu plano agora era simples. Gostaria de poupar dinheiro nos próxi-
mos meses, trabalhando na loja, por isso, o tempo de fazer dezoito anos, ou
pelo tempo que Jake saísse da cidade, o que vier primeiro, eu seria capaz de
pagar o meu próprio lugar.
—Eu realmente posso dormir no sofá—, eu disse. —Você não precisa
me dar a sua cama. Qualquer coisa é melhor do que o banco de um caminhão
empoeirado. Eu vou estar perfeitamente à vontade no sofá, eu juro —

—Não—, disse ele sem dizer mais nada. Foi uma das coisas que eu
estava começando a gostar nele. Ele não sentiu a necessidade de explicar tudo
o tempo todo. Ele não apenas falava para preencher o silêncio entre nós com
palavras inúteis.

Jake fez uma corrida na mercearia enquanto eu terminei a descom-


pactação. Eu me ofereci para fazer o jantar para nós como forma de agradeci-
mento, apesar de minhas habilidades serem mais da variedade em aquecer,
mas ele tinha me dito que ele gostava de cozinhar e nunca tinha uma chance
ou um lugar para fazer, enquanto ele estava na estrada.

Sentei-me no balcão e observei-o cortar e picar legumes. Ele final-


mente teve piedade de minha inutilidade e deixou-me descascar batatas, mas
não sem um tutorial completo em primeiro lugar. Ele tinha coxas de frango
marinado em especiarias diferentes e colocados sob o frango. —Você realmen-
te sabe o que você está fazendo, não é? —Fiquei impressionada com suas ha-
bilidades na cozinha. —Quem te ensinou como cozinhar? —

—Minha mãe. Ela foi para a escola de culinária, mas voltou aqui de-
pois que ela se formou. Ela queria abrir o seu próprio restaurante, mas, em
seguida, ela se casou com o meu pai e teve Mason e eu, assim ela manteve
isso fora. —Ele deixou cair algumas cebolas picadas em uma panela. Eles chia-
ram e quando bateu no óleo. —Sua mãe nunca te ensinou a cozinhar?—, Per-
guntou.

—Eu não sou uma boa cozinheira—, eu disse.


—Isso não respondeu à pergunta,— ele respondeu.

—Por que você quer saber sobre a minha mãe?—

—Eu só quero conhecer você —, disse ele. Eu sei que ele estava fa-
lando sério sobre a obtenção de me conhecer, mas minha frustração foi cres-
cendo quando toda vez que eu permitia que uma mulher que estava em meus
pensamentos ficasse por mais de um minuto sem me despedir dela.

—O que você quer que eu diga? Porque eu sinceramente não consigo


pensar em uma única coisa que minha mãe realmente me ensinou. Oh, espe-
re. Ela me ensinou como amarrar aqueles tubos de borracha amarelo muito
bem apertado em torno de seu braço para que ela pudesse encontrar parte de
uma veia que ela não tinha ainda tratado como um jogo de dardos. Isso foi, é
claro, até que ela tinha esgotado todas as veias e elas morreram em seus bra-
ços, como se eu quisesse aprender, ou quando ela cheirava alguma merda na
porra de seu nariz. —

Levantei-me e entrei no banheiro, batendo a porta atrás de mim. Eu


estava brava, mas não com Jake. Eu estava furiosa porque eu tinha me deixa-
do ficar chateada. A mulher que me deu à luz não valia nem mesmo a minha
raiva. Eu tinha um pensamento sobre ela desde o último dia que eu há tinha
visto, embora eu não soubesse se eu poderia realmente evitar ter uma lem-
brança sobre ela.

Depois de vários minutos, houve uma batida na porta. —Bee?—

—Sim?— Eu meio que gostei de seu apelido para mim. Eu nunca ti-
nha tido um antes.
—Me desculpe, eu forcei você. Eu disse que não ia, mas eu estava cu-
rioso, e eu deixei isso sair de mim. Eu não vou fazer isso de novo.— Ele estava
pedindo desculpas para mim quando eu era a pessoa que agiu como uma gi-
gante mal educada.

Eu abri a porta. —Você não deveria pedir desculpas. Estou apenas fa-
zendo asneira e você provavelmente deve estar pensando que você tenha abo-
canhado mais do que você pode mastigar, e eu entendo, eu só vou...—

—Estamos todos um pouco danificados, Bee. Alguns de nós mais do


que outros. —Foi melhor do que ele sabia mais cedo ou mais tarde como dani-
ficado eu realmente era. Ele sorriu e fez um gesto para o balcão onde havia
mais comida do que quaisquer duas pessoas poderiam consumir em uma só
vida. —Além disso, você não pode ir a qualquer lugar. Quem é que vai comer
tudo isso? Eu fiz um pouco demais. —

—Não me diga—, eu concordei. —Você está alimentando um exérci-


to?—

—Eu como muito—, disse ele, acariciando seu estômago. Eu podia ver
as linhas de seu abdômen sob sua t-shirt.

—Sim, você deve derrubar toda a comida. Não precisa olhar muito
para ver que você extrapola.

—Eu sou vaidoso o suficiente para saber que não é verdade, então eu
só vou deixar esse comentário insultuoso passar.—

Sentamos no bar e comemos nossa comida. Jake tinha feito algum ti-
po de batatas cortadas que ele fritou na manteiga com coxas de frango cozi-
da. A pele crocante foi a minha parte favorita. Ele também preparou milho as-
sado e uma salada simples com molho que mesmo havia feito.

Eu seria muita estragada pelo tempo que levaria para fazer dezoito
anos. E muito, muito gorda.

—O que você gostaria de fazer?—, Perguntou. —Como, como um


hobby?—

Eu tinha que pensar se fumar maconha poderia ser considerado um


hobby. —Não muito. Posso tirar fotos, ou pelo menos eu acho que eu posso
tirar fotos. Na escola eles tinham emprestado câmeras para as aulas de foto-
grafia e eu fiz isso muito bem. Até mesmo aprendi a usar o quarto escuro para
revela-las. Eu tinha um talento especial para isso mas, ao final do semestre,
tivemos que dar as câmeras de volta, então eu nunca cheguei a saber se eu
era boa.—

—Meu pai pode ter uma câmera que você pode usar—, ele ofere-
ceu. —Vou ver se ela está em seu escritório ou em algum lugar. —Ele bateu
uma fatia de batata em sua boca com os dedos.

—Sério? Quer dizer, eu não quero pegar sua câmera. —

—Não é nada. Eu sei que ele nunca usou. Eu acho que vi no outro dia
em seu escritório. Eu vou pegá-la para você amanhã. Não é grande coisa. —

Não é grande coisa? Foi um grande negócio. Eu não estava acostu-


mada a pessoas simplesmente entregando as suas coisas caras para eu usar.

Quando terminei, eu tinha consumido mais alimentos do que alguém


do meu tamanho poderia comer, me ofereci para limpar os nossos pratos, já
que eu não tinha contribuído com nada de útil para a deliciosa refeição que eu
tinha acabado de devorar.

Jake não discutiu comigo. Eu tinha acabado de começar a carregar a


máquina de lavar louça quando um telefone tocou.

Ele tirou um pequeno telefone flip preto do bolso, e quando ele olhou
para a tela, seu humor mudou e seu rosto ficou duro. O Jake suave do jantar
tinha ido embora e em seu lugar era uma versão muito mais grave para o fu-
turo de si mesmo. —Eu tenho que ver isso. Volto já. —Ele saiu pela porta dos
fundos, que levava a um pequeno pátio coberto. De onde eu estava na cozi-
nha, eu podia ouvi-lo falando com alguém em voz baixa. Ele não era o único
que estava curioso. Eu fui na ponta dos pés até a porta e apertei minha orelha
contra ela.

—Quando?— Eu o ouvi perguntar em um sussurro alto. —Eu não pos-


so fazê-lo por um par de semanas. Por quê? Porque eu estou no meio de algo
agora e isso significa rastreá-lo do outro lado do caralho da Europa - isso é o
porquê. E como você sabe que vai ter um monte de tempo e dinheiro?— Houve
uma pausa. —Despesas, mais de trezentos ou eu estou fora. Sim, isso é três
vezes cem mil.—

Outra pausa. —Foda-se então. Eu não posso fazer isso para sempre,
e eu preciso de um por fora. Meus preços subiram. —Outra pausa. —Então, ele
pode pedir o que eu preciso de você. —A pausa mais longa,— Eu vou te enviar
mensagem para o endereço descartável pela amanhã. Eu não vou entrar em
contato com você quando ele estiver sendo feito. O mesmo de sempre. —

O telefone se fechou.
Corri de volta para a cozinha e estava colocando uma outro prato na
máquina de lavar quando ele voltou para dentro. —Tudo bem?—, Perguntei.

—Sim. Apenas alguma merda do trabalho.— Ele esfregou a mão so-


bre os olhos e empurrou seu telefone de volta no bolso.

—Que tipo de merda de trabalho?—, Perguntei.

—Passo—, disse ele, nem mesmo se virou para olhar para mim, antes
dele se sentar no sofá e colocar os pés sobre a mesa de café. Ele pegou o con-
trole remoto e ligou a TV, elevando o volume para um nível em que ter qual-
quer tipo de conversa teria sido impossível. Era como se ele estivesse usando
um outro jogo fora o da Abby.

Terminei os pratos, e no momento em que foi feito a limpeza da cozi-


nha, Jake já estava dormindo na poltrona. Eu levei o cobertor da parte de trás
do sofá e joguei sobre ele. Eu localizei o armário de lençóis e encontrei o que
precisava para arrumar o sofá. Eu não tinha ideia de como retirá-lo assim que
eu decidi fazer como estava. Coloquei um lençol em torno das almofadas e uti-
lizei um cobertor e lençol superior para colocar sobre ele. Eu levei um dos dois
travesseiros da cama e deixei lá no sofá para ele, quando ele acordasse da pol-
trona e percebesse o que quanto doloroso seu pescoço estaria. Foi tudo ajeita-
do, apenas esperando para ele deitar.

Eu tinha que me preparar para dormir e estava escovando os dentes


quando os meus pensamentos foram sobre a conversa que ele teve no telefone
logo mais cedo. Por que ele estava sussurrando? O que ele estava esconden-
do? Ele era um detetive particular ou um caçador de recompensas? Um milhão
de cenários passaram pela minha cabeça, mas nenhuma me parecia certa.
A primeira noite em que conheci Jake, apenas alguns dias atrás, ele
tinha segurado uma arma na minha cabeça. A protuberância de sua arma
sempre foi perceptível para mim, agora que eu sabia que ele mantinha escon-
dido na parte de trás da sua calça jeans.

Havia uma razão pra ele não me dizer o que fazia para viver. Ele não
estava envergonhado pelo que ele fazia. Ele estava simplesmente esconden-
do. Depois de ouvir sua conversa, todos os sinais apontavam para a razão do
sigilo, sendo muito mais escuro do que eu originalmente pensava.

No dia seguinte, foi meu primeiro dia de trabalho na loja. Quando eu acordei,
eu encontrei uma nota que Jake tinha deixado para mim, me dizendo que ele
já estava trabalhando e que eu deveria encontrá-lo lá quando eu estivesse
pronta. Tomei banho. Eu puxei meu cabelo para trás em uma trança simples e
coloquei um par de jeans e uma t-shirt com mangas compridas. Eu empurrei
meus pés em minhas botas, mas decidi contra vestir meu agasalho com capuz
em uma tentativa de parecer um pouco profissional. Foi o melhor que pude
fazer com o que eu tinha. Peguei meu agasalho e trouxe comigo de qualquer
maneira, no caso de eu sentir a necessidade de me esconder nele.

Eu fui ao escritório que Reggie tinha me dito que seria meu no dia anterior.
Uma vez que a loja não abria oficialmente em menos de meia hora, eu apro-
veitei a oportunidade para organizar a desordem e tirar o pó dos móveis. Eu
senti como se alguém estivesse olhando para mim enquanto eu trabalhava, e
quando me virei ao redor, com certeza, eu vi Jake através das cortinas, lim-
pando a graxa fora de uma chave com um pano e sorrindo para mim através
da janela. Eu não tirei o meu olhar dele até que o telefone tocou e me tirou da
minha neblina.

—Bom dia. Garagem do Dunn —, eu respondi da maneira que Reggie havia


instruído.

***
O dia inteiro voou tão rápido, eu mal tive tempo para terminar o café e donuts
que Jake trouxe para mim enquanto eu estava no telefone fazendo uma con-
sulta para um ajuste no Chevy da Sra Grabel. Jake me tinha verificado algu-
mas vezes, e cada vez que eu o vi, ele tinha mais graxa no rosto e macacão.
Marquei todos os compromissos, respondi ao telefone, coloquei em ordem to-
dos os bilhetes rabiscados que os caras trouxera para mim, e ao meio-dia, eu
corri em toda a rua para obter o almoço para todos os quatro mecânicos. Eles
estavam agradecidos, mas comemos enquanto trabalhávamos. Eu tive um
sentimento de que eles nessa loucura, podem ter comido um pouco de graxa
com seus sanduíches.

Jake tinha saído com o caminhão depois do almoço e não voltou por um par de
horas. Imaginei que ele tivesse ido obter peças ou levado recados relacionados
à loja. Lembre-me de dizer a ele que eu seria mais do que feliz executando su-
as incumbências para ele não precisar ir.

No final do dia, Reggie veio e praticamente gritou para eu sair. O pedido esta-
va no meio mas poderia esperar até amanhã. Eu tinha certeza de que poderia,
mas eu estava gostando do meu trabalho. Ele me deu um pequeno senso de
propósito e mantive minha mente ocupada. Era como uma outra maneira para
ficar dormente.

Ocupação é igual a entorpecimento.


Eu tenho que me lembrar disso.

Eu não vi Jake em torno da loja, então eu voltei para o apartamento. Eu ouvi o


chuveiro ligado e assumi que ele tinha ido para casa. Minha atenção foi captu-
rada pelo que estava no balcão. Uma câmera de alta tecnologia Canon, com
três lentes longas alinhadas ao seu lado. Próximo ao que parecia ser uma no-
víssima bolsa de câmera .

Não havia nenhuma maneira que esta fosse a velha câmera de seu pai.

Jake saiu do banheiro, enrolado em uma toalha e nada mais. Saindo vapor de-
le. Ele parou quando me viu em pé na cozinha. Seu abdômen esculpido estava
em plena exibição, as tatuagens que eu só tinha visto porções antes estavam
agora em plena vista. Enroscado em torno de seu ombro em belas linhas um
tipo de videira conectadas com pequenas imagens e letras que eu não poderia
entender muito. Segui com os meus olhos até onde elas acabaram em seu
pescoço. A agitação em mim voltou.

—Ei, desculpe. Eu não sabia que você estava em casa ainda —, disse Jake.

Casa.

Eu rasguei meus olhos de seu peito nu focalizando no chão em vez. —Oh, não
se preocupe comigo Eu só estava ... olhando para a câmera.—

—Sim, confira enquanto eu coloco algumas malditas roupas. Não quero que
você pense que esta é uma dessas casas de nudismo.— Ele sorriu. —A menos
que você queira esse tipo de coisa.—

—Eu nem sei o que isso significa—, disse eu. Mas eu tive uma ideia. Algo me
disse que eu realmente não sabia como uma casa de nudismo era.

Ele me deu uma piscadela exagerada e desapareceu no quarto, surgindo ape-


nas alguns segundos depois, em um par tênis de combate, calça de moletom
preta e uma camisa cinza surrada .

—Ele colocou alguma coisa com cor nele!— Cobri minha boca aberta, fingindo
surpresa.

—E cinza é considerado uma cor?—

—Eu acho que ele é.—


—Então eu vou queimá-la amanhã!—, Ele gritou. —Eu não gostaria de estragar
minha apresentação—.

—Não, você não iria querer isso—, eu concordei. Eu olhei para trás no balcão e
apontei para a câmera e o equipamento. —O que é tudo isso?—

—Eu te disse. É a câmera velha do meu pai. Você pode ficar. Ele deixou aqui
há anos e nunca usou.—

—Sério?—Eu perguntei a ele. —É de seu pai essa velha câmera?—

—Sim por quê?—, Ele perguntou, nervoso.

—O que você quer dizer por que?— Eu peguei o saco da câmera e mostrei-lhe
a etiqueta com preço ainda preso debaixo dela.

—Então, o meu pai deixou a etiqueta. Ele faz coisas assim. —Ele pegou uma
garrafa na geladeira e torceu a tampa. —Cerveja?—

—Sim, mas não mude de assunto.— Ele pegou outra cerveja, abriu e me en-
tregou.

—Será que o seu pai também foi para Hermans Electronics as duas desta tarde
e gastou dois mil e quatrocentos dólares em uma novíssima Canon, uma bolsa
de câmera, acessórios e dois telefones pré-pagos?—

—Merda—, disse ele. Ele sabia que havia sido pego, e seu rosto me disse que
não se importava. Ele estava sorrindo de orelha a orelha.

—Sim merda! Você deixou o recibo na caixa—. Eu levantei o pequeno papel


branco para ele e acenei no ar. —Você não tinha que comprar isso para mim,
Jake. É muito. Não posso aceitar —

—Sim, você pode. Eu faço um bom dinheiro. Eu nunca comprei nada além da
minha cara motocicleta. Eu queria dar isso para você, e eu não vou levar de
volta.

Ele poderia muito bem ter dito o céu é azul, que era matéria de fato.

—Sim, você vai!— Eu discuti. Eu nunca tinha possuído algo tão valioso, e eu
nunca planejei. Na minha experiência, as coisas ruins acontecem para as pes-
soas com coisas boas . Além disso, Jake já tinha feito muito por mim, e eu não
tinha como reembolsar ele.

—Não. Aqui está como eu vejo—. Ele apoiou os cotovelos no balcão e pegou
com etiqueta a sua cerveja. —Você pode aceitar a câmera e dizer “obrigada
Jake pela minha nova e bela câmera” ou …— Ele tomou um gole de sua cerve-
ja, diversão passando por seus olhos azuis.

—... Eu vou jogá-la fora da passagem de Matlacha.— Ele tomou outro gole. —
Sua escolha, Bee—.

—Você não faria isso!—, Eu gritei. Algo me disse que ele não blefava, e eu não
estava prestes a pagar pra ver com um equipamento tão caro.

—Oh sim, eu faria. Você não tem ideia do que eu sou capaz—. Eu tinha a sen-
sação de que ele estava falando mais do que a sua vontade de atirar as engre-
nagens da câmera de lugares altos.

—Tudo bem. Mas aqui está como eu vejo—. Eu me inclinei sobre o balcão e
imitei sua postura. —Eu vou usar a nova câmera de fantasia e ... eu vou amá-
la.—

—Agora nós estamos conversados. Caso encerrado—.

—Não, não, não, não tão rápido. Vou usá-la e amá-la, mas eu vou pagar de
volta para você. Cada centavo. Assim que eu puder economizar o suficiente.—

—Porra, não—, disse ele. —Eu só vou queimar o dinheiro.—

—Eu não me importo com o que você faz com ele. Eu ainda estou pagando. —

—Então, eu vou usá-lo para te comprar algo mais.—

—Então, eu vou pagar por isso, também—,— eu disse.

—Você é impossível, você sabia disso?—, Perguntou Jake

—Sim, eu sei disso.— Eu sorri. —Agora, faça-me um pouco de comida. Estou


morrendo de fome.

—Eu acredito que nós temos alguns negócios para tirar do caminho em primei-
ro lugar?—
—Que negócio? —

Ele sorriu de volta. —Segredos primeiro, depois o jantar—.

—Oh sim... segredos.— Eu estava ficando mais ousada em torno dele, e eu


gostei.

—Vai!—

—Por que você não gosta de ser tocada?—

—Passo—, eu respondi.

—Por que você comprou dois celulares descartáveis hoje—

—Passo—, ele respondeu.

—Qual é o seu nome do meio?—

—Marie. Eu já sabia que o seu é Francis. Eu tinha visto isso nos papéis que a
senhorita Thornton tinha me mostrado. Então, eu não me incomodei pergun-
tando.

—Por que você carrega uma arma?—

—Eu já respondi a essa pergunta para você antes. Porque existem algumas
pessoas perigosas lá fora —.

—Sim. Mas você nunca disse se você era um deles ou não.—

—E se eu sou?—, Perguntou. Eu tinha a sensação de que ele estava completa-


mente sério. —Será que importa?—

Será que isso importa?

Eu não tinha certeza. —Vou ter que pensar sobre isso.—

Jake pegou outra cerveja da geladeira. —Agora podemos comer! O que vai ser,
bife ou pasta? —

—Bife—, eu disse. —A resposta a essa pergunta é sempre bife.—


—Boa resposta. Eu amo uma menina com um apetite.— Ele foi preparar o jan-
tar, mas as suas palavras ficaram pesadas e penduradas em minha mente. Eu
amo uma menina com um apetite. Como será que ele me vê? A garota que ele
estava cuidando, ou um amigo que estava ajudando?

Eu poderia ser algo a mais com ele?

É claro que eu não poderia ser alguém a mais. Eu mal era capaz de pensar so-
bre qualquer tipo de relacionamento, muito menos estar em um. Além disso,
Jake era o tipo de cara que as meninas jogavam-se em uma chance de serem
tocadas por ele.

Por que ele iria querer alguém que era capaz de correr apenas com o pensa-
mento disso?

Enquanto Jake cozinhava o mais belo bife com aspargos assados que eu já vi,
eu pensei sobre o jogo de segredos que estávamos jogando.

Por mais que ele fosse concebido para aprendermos coisas um dos outros, era
como se a única coisa que realmente fizesse, fosse expor os segredos que tí-
nhamos toda a intenção de manter.
-Um estrondo me acordou. O pequeno relógio digital azul no criado
mudo deu duas e quatorze, eu endireitei-me com meu coração acelerado.

O que é que foi isso?

Meus olhos estavam tensos enquanto eu tentava ver através da escuri-


dão. A maçaneta da porta lentamente abriu quando alguém apareceu de um
lado da cozinha na porta. Puxei as cobertas até o queixo. Eu queria perguntar
quem estava lá, mas quando eu abri minha boca às palavras ficaram presas na
minha garganta.

Havia algo muito familiar sobre toda a situação. Ele parou no meio do
caminho. A maçaneta começou a balançar violentamente quando quem quer
que fosse lá fora, percebeu que estava trancada. Ele não estava muito feliz
com isso.

-Por favor, seja Jake. Por favor, seja Jake.

Eu congelei. Eu senti como se estivesse assistindo a um filme quando a


porta do quarto se abriu, e peças de madeira voaram das dobradiças. A si-
lhueta escura de um homem apareceu nas sombras.

—Aí está você, seu merdinha!— A voz profunda foi arrastada e cheia de
amargura.
—Você acha que poderia voltar aqui e se esconder de mim não é? Você
acha que eu não saberia onde você estava? — O cheiro de uísque bateu direto
no meu nariz, antes que o homem se lançasse para frente e colocasse sua mão
enorme em meu braço apertando firme o suficiente para cortar a circulação
para os meus dedos. Meu braço todo queimou na sensação de seu toque, como
se ele tivesse me encharcado com gasolina e colocando fogo nele. Eu tentei
me afastar, mas ele era muito forte. Seu aperto poderoso me segurou ainda.
Tentei gritar, mas eu não conseguia recuperar o fôlego.

Estava tão escuro que eu nem sequer vi o punho voando em direção a


meu rosto. A dor estilhaçando ondulou através da minha bochecha direita,
meu osso da mandíbula vibrou com o golpe.

Tão rapidamente como o espancamento começou, ele acabou. O homem


voou como se ele fosse ligado a uma corda que tinha sido puxada para trás.
Ele caiu no closet, batendo nas dobradiças das portas. Elas estalaram pela me-
tade quando ele caiu lá dentro, em um emaranhado de roupas e cabides.

O Luar brilhava através da janela, com destaque para a raiva pura no


rosto de Jake quando ele se deteve sobre o homem no armário. Seus olhos
normalmente azuis eram tão escuros como a noite ao redor. Ele usava apenas
um par de calças pretas, seu peito e pés estavam nus.

Ele se ajoelhou ao lado do homem amassado no armário, colocando a


mão atrás do pescoço e forçando-o a olhar em minha direção. —Olhe para ela,
velho!— Jake ordenou. Eu segurei o cobertor em torno de meu peito, uma mão
segurando a minha bochecha. Ele pulsava no tempo acelerado—

-Será que isso se parece comigo, Frank? Será que ela parece com al-
guém que você pode ficar bêbado e bater, hein seu velho estúpido?
Um olhar de horror atravessou o rosto do velho. Seus ombros caíram
quando ele fechou os olhos e balançou a cabeça. —Eu pensei ...—, ele sussur-
rou. —Eu sinto muito.— Ele deixou cair o rosto nas mãos e começou a chorar.

—Está com pena de bater nela, ou você está apenas triste, que não sou
eu? Porque de qualquer forma, o seu pedido de desculpas não faz a merda dis-
so melhor.

-O que um pedaço de merda como você despenca fora de sua bunda e


vem aqui no meio da noite, porra, que parte disso parecia ser uma boa ideia
para você, seu estúpido? Você poderia ter matado ela! —Jake puxou a pistola
da parte de trás do seus jeans e manteve apontada para a testa do velho. Ele
se inclinou perto e olhou o velho nos olhos.

—Estou aqui porque você tem fodido tudo que minha mãe obteve traba-
lhando durante toda a sua vida.—

Mãe?

—Estou aqui para que a casa que eu amava, a casa que você gasta o seu tem-
po apodrecendo dentro, não acabasse com o cobrador de impostos, e Reggie e
Bo não acabar na porra da linha do desemprego. Porque você, certo como uma
merda não parece ligar pra isso a não ser dar um foda-se para qualquer coisa,
beber uísque e chafurdar na sua própria merda. —Ele levantou a arma.

Minha respiração engatou.

Este homem era o pai de Jake ...

O velho manteve os olhos fechados enquanto Jake continuava com os dentes


cerrados. —Enquanto eu estiver na cidade, você nunca virá aqui novamente, e
se você tentar colocar um dedo na Abby, eu vou explodir a porra de sua cabe-
ça fora.— Enquanto falava as últimas palavras, ele cutucou a arma contra a
têmpora do velho, empurrando a cabeça contra o armário da parede. —Você
tem sorte de eu apenas não terminar com você agora, seu filho da puta.

—Só me mata, então!— O velho chorou. — Porra, só me mata, garoto!—


Seu rosto ficou vermelho, com cordas de saliva ligando os dentes superiores e
inferiores.

Jake puxou o velho pelas costas de sua camisa. —Hoje não, meu velho,-
disse ele. Em seguida empurrou-o tropeçando para o corredor e para fora da
sala. A porta da frente gritou aberta, então se fechou.

Mais uma vez, só havia silêncio.

Algumas pessoas ameaçam umas as outras no calor do momento, ou


como uma reação a um argumento.

Eu vi garotos, com punhos de combate na escola, ameaçando matar uns


aos outros, enquanto eles trocavam golpes no estacionamento depois da aula.
Eu sei o que parece.

Mas havia algo diferente sobre as ameaças de Jake para seu pai, e foi
mais do que apenas a arma obviamente apontada para sua cabeça. Isto não
tinha soado como uma raiva aleatória de alguém pego no calor de um momen-
to, ou os delírios ociosos de alguém que não tinha intenções de dar prossegui-
mento a eles.

As palavras de Jake eram descrições sólidas do que estava por vir, se o


velho não ficasse longe. Elas não eram apenas ameaças.
Elas foram promessas.

Era impossível dormir depois disso. Não só a minha mente estava agitada, mas
meu rosto explodia em dor cada vez que eu me virava de lado. O travesseiro
parecia muito bem ter sido recheado com concreto.

O silêncio foi interrompido quando Jake voltou para o apartamento. A


porta da frente guinchou. Chaves caíram sobre a mesa do café. Eu poderia di-
zer que ele estava tentando ficar calmo, mas até mesmo o grilo fora da janela
parecia que estava tocando sua música em um trombone.

Jake entrou na sala. Assim que ele olhou para mim ele amaldiçoou. —
Merda.— Ele virou-se para trás ao redor, desaparecendo no final do corredor, e
o ouvi mexer na cozinha. Gavetas se fechando, o conteúdo rolando e sacudin-
do enquanto procurava o que ele precisava. Em seguida, ele apareceu nova-
mente segurando um saco plástico cheio de gelo. Ele sentou-se ao meu lado e
chegou para colocar o bloco de gelo na minha bochecha. Eu peguei isso antes
que ele pudesse fazer contato.

—Eu tenho isso,— eu assegurei a ele. —Obrigada.— Eu coloquei a bolsa


de gelo contra o meu rosto, encolhendo-me no aguilhão do frio.

—Abelhinha, eu sinto muito. Eu achava que ele jamais viria aqui, muito
menos no meio da porra da noite. Ninguém o viu em quase um ano. Eu nem
sei como ele sabia que eu estava aqui.

—Ele se inclinou mais perto. —Você está bem?— Sua voz estava ferida e
preocupada.
—Eu estou bem—, eu disse. E eu estava. Eu estava perfeitamente bem,
porque eu estava entorpecida. Pessoas entorpecidas não podem estar outra
coisa senão bem.

—É tudo minha culpa—, ele me disse. —Eu não conseguia dormir, então
eu fui no pátio fumar um cigarro. Eu nem sequer o ouvi entrar.

—Onde ele está agora?—, Perguntei.

—Eu o joguei na cama de seu caminhão e levei-o para casa. Ele estava des-
maiado quando chegamos lá, então eu descarreguei ele no quintal da frente.
Ele teve sorte que eu não o joguei no canal. E caminhei de volta. —

—É por isso que você e seu pai não se dão bem? Ele bebe e bate em você?

—Entre outras coisas.

—Como o que?

Ele respirou fundo. —Na noite em que decidi deixar a cidade, ele tentou
me matar. Disse-me que era eu quem deveria morrer em vez de meu irmão e
que ele estava apenas corrigindo um erro. Ele estava tão bêbado, mas ele quis
dizer o que ele disse. Ele deu um soco em mim com um machado, e quando
ele errou cheguei muito perto de matá-lo com isso sozinho. Então sai, e eu não
vi ele desde então. Até esta noite.— Ele estendeu a mão para tocar meu rosto.
Tinha começado a inchar. Eu estremeci, afastando-me dele. Ele franziu a testa
e retirou a mão. —Bee, como é que eu não posso tocar em você? —

—Porque você não pode.— Era a verdade. Minha verdade.

Ele não podia, porque eu não iria deixá-lo.


—Você está bem?—, Perguntou ele com preocupação em seus olhos. -Eu
estou bem.

—Você não tem que ser assim! Não há nenhuma maneira de você estar
bem agora! —Jake alisou a mão sobre seu cavanhaque. —Alguém entra aqui
no meio da noite e ataca você, e você está bem? Porque eu vou te dizer, eu
não estou bem! —

—Acalme o inferno para baixo! Eu estou bem, realmente. Eu prometo.

—Certo é pior do que bem. Pelo amor de Deus, eu preferiria que você
gritasse e gritasse e chorasse, e me culpasse! —De repente, ele ficou quieto.

-Eu só ... Eu só quero segura-la e consolá-la.— Ele fez um movimento


em direção a mim, mas desta vez eu parei de vacilar.

Enquanto ele não me tocasse, ele não poderia me quebrar.

—Por que você quer essas coisas de mim? Isso não muda nada. Eu estou
bem, porque eu optei por ficar bem. — Eu estava dizendo essas coisas por to-
da a minha vida. Era tudo o que eu sabia.

—Não!— Jake gritou. Ele pulou da cama e começou a andar pela sala

—Não, não está tudo bem com você porque você escolheu estar, você
apenas pensa que está tudo bem porque você escolheu evitar a situação.

-Você não está sendo honesta sobre seus sentimentos, e isso não é bom em
tudo!- Ele estendeu a mão para mim, e eu corri para o outro lado da cama,
como se estivesse empunhando uma faca em vez de oferecer conforto.
Não—, eu gritei. Meu coração estava disparado. Eu não queria sentir a quei-
madura. Eu não queria ser puxada para baixo em um lugar que eu não saberia
se eu pudesse sair dele.

Eu não queria sentir.

—Deixe-me te abraçar, Bee.—

—Não. Foda-se. Me deixe em paz! —

—Por que você não quer que eu te toque?—, Ele perguntou de novo,
desta vez mais alto, sua voz misturada com raiva.

—Por que você quer me tocar? Eu não sou nada. Eu não sou ninguém.

Minha voz estava trêmula. Eu estava à beira das minhas primeiras lágri-
mas de verdade desde que eu era uma criança, e eu fui um inferno dobrada
em não deixá-las cair.

—Por que eu quero tocar em você? Você está brincando comigo agora?
Eu quero ajudá-la. Eu quero te abraçar. Eu quero fazer tudo de bom para você.
Eu quero fazer sexo tocando você, porque você é a pessoa mais linda que eu
já vi, e eu não posso imaginar nunca ser capaz de segurar a sua mão ou te
beijar.— Eu pensei que era tudo, mas, em seguida, ele acrescentou:— E, sim,
eu quero foder você também, como eu nunca quis nada em toda a minha vida.

Por que ele me quer?

Sinceridade jogava atrás de seus olhos, os mesmos olhos que haviam


ocupado tanto ódio por seu pai não mais do que uma hora mais cedo. —Você
nunca mais diga que não é nada de novo porra, porque você é tudo.— Ele dis-
se isso de novo, desta vez em voz baixa:— Você está transando com tudo,
Bee.

Foi tudo que eu sempre quis e não quis ouvir ao mesmo tempo. Nós nem
sequer sabíamos que entre nós poderíamos ter um relacionamento real.

Eu nunca poderia dar-lhe o que ele precisava ou queria, e não havia ne-
nhuma maneira no inferno que ele estava indo para ser capaz de fazer coisas
certas para mim. Ele nem sequer sabe o que ele estaria tentando fazer bem.
Quem diabos ele pensava que era?

—Como?— Eu bati nele. —Como diabos você está indo para fazer tudo
certo para mim? Hein?

Você vai viajar de volta no tempo e fazer os meus pais me tratar como
se eu valesse mais do que o cão do bairro? Você vai dizer-lhes para me levar
para a escola, em vez de me manter em casa para me torturar? Você vai ler
para mim e me ensinar a cozinhar? Você vai fechar a porta do quarto quando
eles estão tendo uma foda no meio da maldita sala de estar? É isso que você
vai fazer, Jake?

Ele permaneceu em silêncio.

—Você acha que um abraço vai me curar? Você não pode me ajudar.
Ninguém pode me ajudar! Eu mesma me ajudo, eu estou bem porque eu quero
ficar bem! Eu não quero ser tocada, porque eu não quero toda a merda que
vem com isso.— A próxima parte foi derramada para fora de mim antes que eu
pudesse reconsiderar. —Isso queima, ok? É isso que você quer ouvir? Queima
em todos os meus ossos, e fisicamente essa me dói porra, ao ser tocada!
Eu afundei da cama para o chão, então eu não tenho que ver sua reação
a minha confissão.

—Você está indo para faze-los me amar, Jake?— Eu puxei meus joelhos
até meu peito. —Você diz que quer me ajudar, mas como você pode quando
você mantém tanta coisa de mim? Você não vai mesmo dizer porque este ne-
gócio é um segredo.

—Você quer saber o que eu faço? Você realmente quer saber? Porque
uma vez que eu lhe diga, eu não posso apenas tomá-lo de volta.— Jake con-
tornou a cama e se agachou no chão na minha frente.

—Caralho, eu estou com medo de olhar para o seu rosto perfeito e você
vai me ver, pela primeira vez, como o monstro que eu sou. Eu não disse a vo-
cê porque eu não posso pensar em você olhando para mim e me julgando. Eu
não quero que você me julgue pelo que eu fiz ... pelo o que eu faço.

Ele chegou a sair em seguida, tentando escovar um fio de cabelo dos


meus olhos. Eu empurrei minha cabeça. — Não me toque!

Eu pulei e corri para a porta, mas a estrutura maciça de Jake me cortou.

Ele me agarrou pelos ombros e me puxou para ele, envolvendo os braços


em volta de mim, fechando seus dedos em torno. Meus braços estavam presos
aos meus lados. Meu rosto inchado foi pressionado contra o seu peito. Tentei
acertar o joelho dele.

Eu chutei e lutei. E até mordi seu peito na esperança de força-lo a me li-


berar. O calor de seu toque fazia com que eu sentisse como se estivesse deita-
do contra a superfície do sol.
—Deixe-me ir—, eu gritava —, ela queima. É do caralho as queimaduras!
—As lágrimas arrepiaram nas bordas dos meus olhos. Eu não podia deixar vir,
porque uma vez que elas chegassem, eu não saberia se eu seria capaz de fa-
ze-las parar.

—Não, isso não acontece. Ele não queima. É só eu e você aqui. Realmen-
te não machuca, eu prometo. Tudo está na sua cabeça, baby. —Ele beijou o
topo da minha cabeça, mas ele poderia muito bem ter acendido a porra de um
fogo no meu couro cabeludo.

— Deixe-me ir porra! —, eu lamentei.

A intensa dor de fogo espalhou-se em meus pés, até que eu não aguen-
tava mais a partir da tortura. Minhas pernas cederam debaixo de mim, mas
Jake me segurou firme contra ele, mantendo-me de cair no chão. Eu continuei
a lutar contra seu aperto com tudo o que me restava.

Os soluços que eu tinha mantido por tanto tempo explodiu de dentro de


mim. Lágrimas quentes correram pelo meu rosto e reuniram-se na linha que
separa meu lábio superior e inferior. Eu provei o sal com cada irregular inges-
tão de ar. Jake ignorou meus gritos e apertou ainda mais em mim.

—Eu mato pessoas Bee—, ele sussurrou. Por um momento, eu me per-


guntei se ele realmente disse isso ou se estava só na minha imaginação.

Eu continuei a lutar com ele até que a luta era só na minha cabeça e meu cor-
po para fora cedeu e ficou mole contra ele. Jake apoiou as suas pernas contra
as gavetas da cômoda. Ele escorregou para o chão, me puxando para o seu
colo enquanto minha cabeça caiu contra seu peito.
—Eu mato pessoas por dinheiro, as pessoas na sua maioria ruins. Mas,
eu trabalho para pessoas ruins também, tipo máfia, grandes corporações. —
Ele ficou quieto em questão de fato. —Para ser honesto, eu não verifico quais
são as atitudes morais dos meus alvos antes de retirá-los. Eles poderiam ser
qualquer um.

Havia muitas emoções que eu não queria sentir, todas elas me agredi-
ram ao mesmo tempo. Eu não sabia qual sentimento era qual. A queima no
meu corpo começou a morrer para baixo para ferver, mas meu choro era tão
forte que eu não conseguia encontrar o poder de controlá-lo. Eu queria saber
muito mais. Eu queria fazer-lhe um milhão de perguntas, mas eu não conse-
guia me acalmar o suficiente para formar as palavras.

—Eu gosto disso—, continuou ele. —Eu sei que soa mal, mas você sabe o
que é pior do que ser um filho da puta doente?— Eu nem sequer tentei res-
ponder. Minha pele e ossos tinham derretido em seu corpo, e eu era apenas
uma carne empilhada no seu colo. —Saber que você é um filho doente de uma
puta.— Ele riu baixinho no meu cabelo, relaxou seu controle sobre mim e co-
meçou a traçar sem pensar círculos nas minhas costas com as pontas dos de-
dos. —Eu sei que o que eu sinto por dentro nem sempre está certo. Mas, certo
ou errado, eu não posso mudar isso. Eu não vou pedir desculpas para eles
também. Recuso-me a fingir ser alguém que não sou. Permito-me a sentir to-
das as coisas que eu sou, as coisas que me fazem, mesmo que elas não sejam
o que as pessoas comuns considerariam certo ou bom. Não tenho aprendido a
alimentar-me dessas emoções em vez de deixá-las me segurar, condenando o
jeito que eu sou.

Algo dentro de mim começou a mudar durante a confissão de Jake. Ele


havia me abraçado por força como Nan tinha, me disputou na submissão emo-
cional e física. Eu sabia que ele não tinha feito isso para me magoar. Ele fez
isso para me acordar, para me fazer sentir, apesar de ter sido contra a minha
vontade.

Raiva, raiva, tristeza, desesperança tantas emoções que eu não tinha


processado por anos, se eu já tive em tudo, veio quebrar juntas de uma vez
dentro de mim, todas ocupando o mesmo espaço interior. Após a confissão de
Jake, parecia que todos aqueles sentimentos começaram a se movimentar,
procurando seus devidos lugares em meu corpo e na minha vida. Eu ainda po-
dia sentir a sua presença, mas eles não estavam tentando mais me puxar para
baixo na superfície. Eu não me sentia mais sufocada.

Jake falou-me em silêncio até que o nosso cansaço começou a assumir,


enquanto eu podia ver suas pálpebras foram ficando pesadas, ele se levantou
e me levou para a cama, me colocando debaixo das cobertas. Só quando eu
pensei que ele estava prestes a sair e ir para o seu local regular no sofá, ele
me surpreendeu deslizando debaixo das cobertas atrás de mim, ainda total-
mente vestido. Ele me arrastou para o peito e passou os braços em volta de
mim.

—Eu não queria dizer-lhe desta forma, Bee. Eu tinha outra maneira em
mente. Eu juro que eu ia tentar fazer da melhor maneira possível. Obviamen-
te, não funcionou dessa forma

Jake suspirou. —Você já sabe muito, mas há muito mais que você preci-
sa saber.— Ele me puxou para mais perto, pressionando os lábios na minha
testa. A queimadura foi, e pela primeira vez na minha vida eu senti o que era
um beijo: suavidade quente contra minha pele .
—Há um lugar que eu quero levá-la amanhã. Eu quero lhe mostrar uma
coisa —, ele sussurrou.

Foi a última coisa que ele me disse antes de render-se e dormir. Pouco
depois, ele apagou, e eu cheguei a minha própria exaustão.

Adormeci aquela noite nos braços de um assassino.

Eu nunca tinha dormido melhor.

Montar na moto de jack sem tocá-lo tinha sido a emoção de uma vida,
em seguida, montar em sua moto com meus braços em torno dele sob sua ja-
queta de couro estava sendo extraordinário.

A luz do dia desapareceu em um crepúsculo nebuloso. A brisa outrora


agradável tornou-se fria quando Jake teceu sua motocicleta pelas estradas
desconhecidas nas costas. Elas eram desiguais e a maior parte do tempo não
pavimentada. Quase não houve um sinal de parada ou luz na rua para guiar a
maneira como nós dirigimos aparentemente ha lugar nenhum.
A última estrada que era para baixo foi mais do que um caminho de uma
estrada, apenas sujeira e mato, mal o suficiente para um carro grande. Ambos
os lados cobertos de palmitos e ervas daninhas. Alguns ramos eram tão longos
eles ficavam como se estivessem chegando a se conectar com a folhagem por
outro lado.

Jake era tranquilo, mas determinado. Eu não tinha ideia de onde está-
vamos indo, mas ele realmente não disse nada. Tudo o que eu sabia era que
ele tinha algo para me mostrar, e se ele estava localizado no final do mundo,
eu ficaria feliz em seguir.

Jake parou a moto e deu um soco para baixo do suporte de apoio com o
pé. —Temos que caminhar a partir daqui —, disse ele. —O solo é muito mole
para a moto.

Nós andamos de mãos dadas em silêncio por cerca de dez minutos, no


caminho que continuou se estreitando até não haver mais espaço para andar-
mos lado a lado. Jake, deixou-me passar por ele e descansou a mão na parte
inferior das minhas costas, me guiando para a frente.

Senti o cheiro das flores de laranjeira antes que eu as visse. Chegamos a


uma pequena clareira cercada pelas árvores cítricas perfumadas dispostas em
um círculo. Flores roxas cobriam o chão abaixo. Raios de sol viajavam através
dos ramos e iluminaram a clareira. O único som era a brisa, o farfalhar das fo-
lhas, o envio de um aroma doce flutuando no ar.

—É lindo aqui.— Eu disse, admirando como as copas das árvores cri-


avam uma pequena copa. Quando me virei para enfrentar Jake, ele não estava
lá comigo. Ele estava do outro lado da clareira, ajoelhado na parte inferior da
árvore maior.
Aproximei-me dele lentamente e coloquei minha mão em seu ombro.
Sem se virar, ele pegou minha mão e apertou. —Por que essas árvores estão
em um círculo? —Parecia um pouco natural para elas para não ser na forma de
um laranjal real.

Quando ele começou a falar, sua voz tornou-se tensa. —Eu acho que um
dos moradores pode ter querido plantar e vender laranjas e, provavelmente,
não têm a terra para plantar as árvores, então ele só vem aqui e faz isso onde
ele pensou que ninguém jamais iria encontrá-las. Eu realmente não posso pen-
sar em qualquer outra razão. Deparei-me com elas, quando eu costumava an-
dar em um quatro rodas para fora daqui com Mason. —Jake se virou para
mim. —Eu queria escolher um lugar bonito para ela.-

—Quem?

Com as mãos nos bolsos, Jake caiu de joelhos e me puxou para a mesma
posição na frente dele. Ele segurou meu rosto com as mãos, tocou sua testa
na minha e respirou fundo. —Eu não sei o que você pensa de mim agora, mas
eu sei que depois do que eu disse a você ontem, você pode até não querer
olhar para mim. Eu não te culpo se você decidir me odiar pelo que eu sou. Eu
só preciso de você para ouvir tudo isso, e se quiser fugir bem rápido e para
bem longe quando você souber de tudo, então isso é algo que eu vou ter que
tratar.

—Eu estou aqui.— Eu coloquei minhas mãos sobre a dele. —Eu estou
aqui.— Eu não sei o que eu estava tentando dizer a ele. Eu não sei se isso sig-
nificava que eu estava lá para ouvir, ou que o que ele ia dizer não me importa-
va. Honestamente, eu não sabia se ele iria dizer ou não.

Ele olhou nos meus olhos, em seguida, começou a sua história.


—Este é o lugar onde eu enterrei meu primeiro corpo.—

Ele me observava atentamente enquanto ele esperava a minha reação ao


que ele tinha acabado de dizer. Eu estava esperando parar o choque se resol-
ver antes de dizer qualquer coisa sobre. Perguntas surgiram em toda parte.

Ele matou alguém aqui, em Coral Pines?

Quem poderia ter sido?

Será que isso ainda importa para mim?

Eu já sabia o que ele fez. Será que os detalhes fazem a diferença? -Você
não tem que me dizer se você não quiser. —O que eu não lhe disse foi que o
meu entendimento do que ele fez me assustou. O que havia de errado comigo
que eu estava tão disposta a aceitar alguém na minha vida que admitiu ter
matado pessoas em uma base regular?

—Sim, eu quero.— Jake sentou-se debaixo da árvore e me puxou para


os seus braços como se eu fosse uma pequena criança. —Você precisa saber
tudo isso, Bee.- Ele apoiou o queixo na minha cabeça. —Eu tinha quinze anos,
e Sabrina tinha dezesseis anos. Nós não estávamos apaixonados. Nós não es-
távamos nem mesmo namorando. Nós apenas brincávamos às vezes. Eu era
uma criança estúpida obcecada com as meninas. Ela não era mesmo a única
garota que eu brincava nesse tempo.

Ele respirou fundo e olhou para o céu. A lua já estava mostrando-se


através das árvores, embora o sol já não estivesse totalmente escondido. Eles
estavam compartilhando o céu.
—Ela ficou grávida, me disse que era meu. Eu acreditei nela, porque eu
fui o seu primeiro, e eu a conhecia a maior parte de minha vida. Ela não era
uma mentirosa. Nós não sabíamos o que fazer. Nós éramos apenas crianças.
Ela disse que queria ficar com ele. Eu dizia a ela que iria arruinar a sua vida,
mas sendo um pau estúpido , eu estava mais preocupado que isso poderia ar-
ruinar minha vida. Sabrina finalmente fez a sua mente e me disse que não ia
se livrar dela. Entrei em pânico. Mesmo que eu soubesse melhor, eu disse a
ela que provavelmente não era meu de qualquer maneira e que eu não queria
ter nada a ver com ela.

—Eu não falei com ela por meses depois disso. Eu a vi na escola, vestin-
do camisas largas para esconder a barriga. Tenho certeza de que ela estava
mantendo-o de seu pai, porque eu sei que ele teria ido bater na minha porta e
teria batido na minha cabeça se ele soubesse. Eu era um idiota com ela, e la-
mento isso todos os dias da minha vida.

Eu podia sentir as lágrimas agrupando no topo da minha cabeça enquan-


to ele chorou silenciosamente no meu cabelo.

—Uma noite, Sabrina bateu na minha janela. Ela estava pirando. O bebê
estava a caminho, e ela não sabia o que fazer. Ela estava com apenas sete
meses. Eu disse a ela que eu estava chamando uma ambulância, e que ela
precisava ir para o hospital. Ela se recusou. Ela não queria que ninguém sou-
besse. Ela me fez prometer que não iria levá-la para lá, não importa o que
acontecesse. Seu rosto estava já tão pálido e tudo o que ela queria era a mi-
nha ajuda. Então, eu a ajudei.

—Nós saímos para o galpão do meu pai, e eu coloquei um cobertor. Era


sua hora, gritando e gemendo. Segurei a mão dela durante todo o tempo. Ten-
tamos de tudo até então, e ainda não havia bebê. Eu lhe disse que estava fei-
to. Eu a estava levando para um hospital. Ela gritou para mim, disse-me que o
mínimo que eu poderia fazer para ajuda-la e ser menos idiota por todos aque-
les meses era escutar o que ela queria.- Jake enxugou seus olhos com a man-
ga.

—Então, eu fiz o que ela pediu e fiquei onde estava.— Ele estremeceu
agora, ambas as suas palavras e seu corpo.

—Quando o bebê finalmente chegou, ela era uma menina. Ela era tão
pequena, e eu podia praticamente ver através de sua pele. Ela estava tão
tranquila ... por isso ainda. Eu sabia que ela provavelmente estava morta mui-
to antes que ela saísse. Acho que foi apenas o corpo de Sabrina finalmente
abandoná-lo.

—Eu passei o bebê em uma toalha suja de graxa e entreguei para ela.
Sabrina estava tão pálida, e havia sangue por toda parte. Entrei em pânico. Eu
disse que ela precisava de ajuda naquela hora, mas quando eu cheguei para
cima, ela me agarrou pela camisa. Ela disse: Jake, quando eu morrer, não dei-
xe que eles me encontrem. Eu não quero que eles saibam.

— Então, seus olhos reviraram em sua cabeça e o corpo do bebê caiu de


seus braços no chão. Eu estava sozinho, tinha quinze anos, e incrivelmente
estúpido. Eu tinha errado de todas as maneiras possíveis. Eu usei ela, ignorei-
a, e quando ela mais precisava de mim, eu deixei que ela sofresse sozinha. O
mínimo que eu podia fazer por ela era honrar seus desejos.

—Você enterrou Sabrina aqui?


Ele assentiu com a cabeça.— E o bebê. Eu pensei que elas iriam gostar
daqui. Eu não queria apenas jogá-las em um pântano, ou deixá-las fora no
Golfo, embora eu considerei fazer as duas coisas.

—É a Sabrina o S em sua tatuagem? —, perguntei.

—Sim, é ela.— Jake me segurou mais apertado e beijou minha cabeça.

—Quem é o L, então? —Eu segui as letras entrelaçadas em seu antebra-


ço com os meus dedos.

—A mãe de Sabrina havia morrido alguns anos antes, de algum tipo de


câncer. Seu nome era Laurelyn. Enquanto ela estava em trabalho de parto,
Sabrina me disse que se o bebê acabasse por ser uma menina, esse seria seu
nome.

—Wow.— Foi tudo o que consegui dizer. O mistério do SL na tatuagem


tinha sido resolvido e a verdade por trás era mais incrivelmente triste do que
eu poderia ter imaginado.

—Eu deveria ter ajuda-a, e me arrependo disso todos os dias que eu não
fiz—, admitiu. Sua voz geralmente forte estava fraca e suave.

—Era o que ela queria Jake—, eu disse. —Você era jovem. Você fez o
que podia.

—Não, eu poderia ter feito mais. Eu poderia ter feito muito mais.

—Eu acho que o que você fez foi corajoso. Qualquer um poderia ter cha-
mado uma ambulância e tê-la levado para o hospital. O que ela pediu de você
não foi o que era esperado. Mas foi o que ela queria. Eu acho que ela teve
muito mais força para que você possa honrar isso. —

—Eu não sei quanto a força. Eu estava com um medo da porra. —

—O que as pessoas acham que aconteceu com ela?—, Perguntei.

—Eles acham que ela fugiu. Todo mundo sabia que o pai dela era um re-
ligioso realmente rigoroso, e de sua contusão constante, eu suspeitava que ele
batia nela em uma base regular, mas eu era muito covarde para então até
mesmo fazer alguma coisa sobre isso. O irmão de Sabrina tinha ido embora
quando ele tinha quinze anos, de modo que seu pai queria que ela assumisse e
fosse procurá-lo ou seguir o seu caminho. Honestamente, eu acho que ele re-
almente parecia muito difícil para ela.

—Eu sei o que se sente.

—Por que você diz isso?—, Perguntou Jake.

—Logo depois que Nan morreu, se eu tivesse simplesmente desaparecido


as pessoas poderiam ter se perguntado o que aconteceu comigo mais por cau-
sa da fofoca. Mas, ninguém teria olhado para mim.

—Se você desaparecer de mim, vou te procurar até os confins da Terra e


te trazer de volta. Eu vou sempre encontrar você, Bee. Sempre. —Ele me se-
gurou mais apertado.

—Eu não vou a lugar nenhum—, eu assegurei a ele. E foi nesse momento
que eu quis dizer isso. Eu não ia a lugar nenhum ... embora Jake iria. Eu tinha
que me lembrar mais uma vez que nosso tempo juntos tinha uma data de vali-
dade. —Eu mataria por você, Bee. Alegremente. —Ele correu os dedos pela
minha bochecha. —Eu preciso que você saiba disso.

—Eu sei.— Não só eu sei, mas por mais estranho que pareça, ele virou
algo dentro de mim. De repente, tive uma necessidade profunda e poderosa
para ser cuidada por alguém que faria tudo por mim, mesmo que isso signifi-
casse tirar uma vida. Poderia ter estado ali o tempo todo, mas apenas agora
que eu tinha alguém que realmente se sentia assim que eu iria me permitir
sentir isso.

Doente, a torcida Abby estava apaixonada pelo doente, torcido e bonito


Jake.

Jake passou os dedos através da grama ao lado dele e bateu no chão.

—O primeiro sangue em minhas mãos foram os delas. De alguma forma


eu sabia que não seria a última. —Ele respirou fundo. —O que me faz lembrar
de outra coisa que eu preciso te dizer.

—Há mais?— Já havia dito tanto. —Se você me dizer mais agora, o que
vamos falar quando for amanhã? —, sorri. Jake riu.

—Mais ou menos. Eu tenho que ir na próxima semana.

Eu sabia que ele estaria indo, depois que eu ouvi ele ao telefone, mas eu
não sabia quando iria acontecer.

—Indo?— A palavra ainda fez meu coração pular. Era muito cedo. Ele
não podia me deixar ainda.
Foi por isso que eu não deveria ter deixado ele romper as minhas barrei-
ras. Foi por isso que eu deveria ter ficado dormente em todos os momentos.
Senti-me colocar as paredes de volta no lugar, tijolo por tijolo.

Estúpida, Abby estúpida.

—Não posso deixar de ir. Eu tenho que ir fazer um trabalho, eu ia desis-


tir, mas eles já enviaram o pagamento e a comunicação já foi cortada, assim
dizendo —não— ha esta altura não é realmente uma opção, a menos que eu
queira essas pessoas olhando para mim.

Aparentemente, eu estava exagerando. Estúpida Abby.

—Quanto tempo você vai ficar fora?

Há algum rastreamento envolvido com este. O cara não está exatamente


sobre o radar. Poderia ser um par de semanas. Talvez um mês. — Um mês?

—Então, o quê?—, Perguntei.

—O que você quer dizer?—

—Quero dizer depois que você voltar. Quanto tempo até você sair de no-
vo? Você me disse que Coral Pines não é permanente para você. Eu não posso
deixar de me perguntar quando você realmente planeja ir de vez.

Eu precisava me preparar para quando chegasse a hora. Eu precisava es-


tar entorpecida para ele. De alguma forma eu sabia que estava brincando co-
migo mesma.

—Não muito tempo—, disse Jake. —Este lugar não tem exatamente o
apelo de longo prazo para mim.
—Onde você vai?—

—Depende.— Ele se inclinou e encostou o rosto no meu. Sua respiração


fez cócegas na minha orelha quando ele falou.

Ele não ia fazer isso fácil para mim. Os pequenos pelos na parte de trás
do meu pescoço ficaram arrepiados. —Por quê?—

—Por onde você quer ir.— Ele beijou meu pescoço, ficando cada vez mais
ousado, mais perto e estreitou seus beijinhos rastejando em direção a minha
boca e da emoção sobre o meu primeiro beijo de verdade cresceu na boca do
meu estômago.

Aguarde.

Onde eu quero ir?

—Eu?—, Perguntei.

Ele assentiu com a cabeça. —Eu estive pensando que este é o meu últi-
mo show ..., por falta de uma palavra melhor. Finalmente por um tempo. Não
é exatamente um trabalho permanente. Depois de um tempo, as pessoas des-
cobrem quem você é e o que você faz, e eles vêm procurar por você. A quanti-
dade de vingança e retaliação começa a somar depois de alguns anos. Então
uma quantidade de pessoas vem se lançar para você.

Uma laranja caiu da árvore próximo a nós. Um pequeno salto, e ganhou


o impulso suficiente para rolar para a direita fora do pequeno laranjal.

—Eu não tenho dinheiro a partir deste trabalho, e o dinheiro que eu vou
ter vai ser o que eu vou guardar. Deve durar um longo período de tempo. Eu
geralmente não fico no mesmo lugar por muito tempo, mas poderíamos ir a
algum lugar e ficar o tempo que você quiser. Você poderia ter aula de fotogra-
fia, ou poderíamos alugar um lugar perto de uma escola e você poderia fazer a
tradicional faculdade se você quisesse. Eu tenho-o coberto. Eu só preciso de
você comigo.

Meu coração estava preso até agora na minha garganta eu não sei se eu
seria capaz de coloca-lo de volta no lugar.

—Eu não preciso de uma resposta agora. Pense nisso enquanto eu esti-
ver fora. Use meu laptop para olhar alguns lugares que você pode querer ir. Eu
não tenho eletrônicos ou telefones comigo quando estou trabalhando de qual-
quer maneira. É assim que as pessoas me ferram. O computador é todo seu.

Jake bocejou e se espreguiçou. Depois de uma conversa tão pesada, o


seu estado de espírito era surpreendentemente descontraído e casual. Ele falou
de nós sairmos da cidade em conjunto como se ele estivesse falando sobre a
chuva à tarde. —Minha única exigência é que temos de ser capazes de andar lá
de motocicleta. Podemos ir para o Canadá e México, também ... eventualmen-
te. Mas vai demorar um pouco para que você obtenha um passaporte. Desde
que você estiver viajando comigo, você vai precisar de um disfarce. Mesmo
que eu esteja tecnicamente aposentado, eu não gostaria de arriscar.

—Você me quer para ir com você? —Minha atenção estava ainda no co-
meço do que ele tinha acabado de dizer. Ele ainda estava afundando, Jake le-
vantou uma sobrancelha para mim.

—Você não é uma boa ouvinte.- Isso não era verdade. Eu tinha ouvido
tudo o que ele disse. Era mais porque eu não era muito boa em acreditar.
—Uma vez que eu tiver dezoito anos, você não será legalmente respon-
sável por mim. Você não será obrigado a me levar com você.— Ele já tinha fei-
to muito. Ele não precisava de mim em seu caminho por mais tempo do que
ele já tinha feito, Jake riu.

—Eu não dou a mínima para o que as minhas obrigações legais são,
Abby. Você acha que eu queria que você ficasse comigo porque eu senti que
era meu dever cívico ou algo assim? Eu queria que você ficasse comigo porque
no segundo que eu a vi sabia o que era necessário, e a segunda passou pela
minha cabeça. Não conseguia pensar em você se hospedar em outro lugar. —
Ele me queria com ele.

Teria sido tão fácil dizer sim, tão fácil de saltar sobre as costas de sua
moto e deixar tudo para trás. Então, o quê? O que aconteceria quando ele per-
cebesse que eu era incapaz de um relacionamento normal, incapaz de algo tão
básico como o sexo? O que aconteceria quando ele ficasse entediado e cansa-
do de minha doença, da minha tristeza e sofrimento?

Tudo que eu sabia, é que eu não queria descobrir.


Na semana seguinte da REVELAÇÃO Jake voou. Nós caímos em uma con-
fortável rotina. Jake fazia o jantar, e eu lavava os pratos. Então, nós assistía-
mos um filme no sofá antes de ir para a cama e adormecer nos braços um do
outro. Ele não tentou mais nada.

Ele estava me dando tempo, mas ele não entendeu que mesmo uma vida
podia não ser suficiente. Eu nunca ia ser normal. Nenhuma quantidade de
tempo poderia me fazer isso. Por fora, nós parecíamos bastante como um ca-
sal de todos os americanos regulares.

O oposto do que realmente era.

Depois de um longo dia de triagem através de ordens de compra e reci-


bos na loja, Jake me trouxe para a praia para que eu pudesse tirar fotos do
pôr do sol. Era a terceira vez que tínhamos ido por esse motivo. Minha câmera
rapidamente se tornou uma extensão do meu braço e minha visão. Levei-a pa-
ra todos os lugares.

Jake e eu andamos de mãos dadas ao longo da costa. Eu estava me


acostumando com a maneira como ele sempre me tocava, e eu estava cheia
de medo sempre que eu pensava sobre o tempo não muito longe, quando eu
já não seria capaz de chegar para ele no meio da noite. Fazia apenas alguns
dias, mas já que eu não sabia como eu iria dormir sozinha de novo.
Nos conhecemos apenas há menos de duas semanas? Parecia que nunca
houve um tempo em que eu não conhecesse Jake.

A brisa da noite arrepiava a minha pele através da minha camisa en-


quanto eu puxei a minha câmera para fora do saco e coloquei-a em volta do
meu pescoço. Fiquei contente, Jake tinha me dado uma câmera que não era
digital. Eu não podia esperar para revelar os negativos numa sala escura real.
Jake tinha me dito que quando ele estivesse de volta de seu trabalho, ele iria
criar uma improvisada sala escura para mim.

Eu praticamente o conheci e ele estava fazendo arranjos para mim em


sua vida e em sua casa. Eu nunca tive isso antes.

Jake estava sentado na areia com o rosto para o céu, os olhos fechados.
Aproveitei a oportunidade para obter algumas fotos espontâneas dele.

—Você já não tem imagens bastante de mim?—, Perguntou ele sem abrir
os olhos. Eu tinha tirado um monte dele esta semana. A minha favorita era
uma dele com um cigarro na boca quando ele puxou até o apartamento em
sua motocicleta. Eu não podia esperar para revelar essa. A visão dele faz todos
os tipos de merda acontecer dentro de mim, o que faz-me incrivelmente feliz e
com medo da minha mente.

—Não—, eu respondi. Eu preciso lembrar como ele era quando ele ir.

Eu precisava de centenas mais.

Talvez milhares.

Empurrei-me entre as pernas dele, e ele abriu os olhos. —Hey baby—,


disse ele, espalhando os braços para mim.
Eu sentei de frente para o pôr do sol de costas para ele, embrulhada em
Jake e do conforto do nosso silêncio. Seu rosto descansou no meu, pois vimos
o último do sol desaparecer no horizonte.

—Oh eu quase esqueci—, disse ele. —Eu fiz isso para você.— Ele enfiou a
mão no bolso da calça jeans e tirou um pingente de metal ornamentada presa
a uma corrente de aço inoxidável simples. —Você fez isso?— O pingente era
uma coleção de fios de prata entrelaçados. Se eu olhasse de perto no meio do
pingente, eu podia ver suas iniciais JFD onde os fios estavam conectados.

—É lindo—, eu disse a ele. E realmente era. Na verdade, ela era a mais


bela peça de joalheria que eu já tinha visto.

—Eu fiz isso para você há um tempo atrás, mas eu estava com medo de
dar a você.

—A quanto tempo atrás?—

O rosto de Jake ficou um pouco avermelhado. —Logo depois que eu a


conheci naquela noite no quintal. Eu não poderia tirar você fora da minha ca-
beça. Eu perguntei ao redor de você um pouco também, e antes que eu perce-
besse, eu estava ali com um soldador na minha mão na loja, fazendo isso.

—Por que você quis fazer isso para mim naquela época? Nós nem sequer
nos falamos naquela noite. —Eu pensei, de volta na noite há apenas duas se-
manas, que envolvia eu ser uma sem-teto e Jake me ameaçando com uma
arma. —Foi mais como uma luta.

—Foi a melhor luta que eu já tive.— Jake abriu o fecho e fez sinal para
eu virar ao redor. Eu levantei o meu cabelo para que ele pudesse colocar a
corrente em volta do meu pescoço e fechar o fecho. Seus dedos roçaram a
parte de trás do meu pescoço. Arrepios surgiram pelas minhas pernas com o
contato, e eu tremi com a sensação.

Eu segurei o meu novo presente entre meus dedos e inspecionei. Eu não


teria acreditado que ele era tão talentoso. Seu trabalho era tão detalhado e
delicado. —Obrigada—, eu disse. —Por tudo. Eu quero dizer isso. Você já fez
muito por mim.— Jake levantou meu queixo para ele e me olhou nos olhos.

Eu continuei: —Você merece muito mais do que eu poderia lhe dar em


troca.— Eu quis dizer isso. Ele merecia mais do que eu, eu não tinha nada para
lhe oferecer. Nada do que ele iria querer de qualquer maneira.

—Por que é que isto soa como uma espécie de adeus?—

—Não é ... ainda não de qualquer maneira.

—Eu não vou sair até amanhã, Bee. Vamos guardá-lo para depois.- Jake
não entendeu que eu não estava falando sobre esta viagem. Eu estava falando
sobre ele saindo para sempre.

Sem mim.

Seus belos olhos azuis brilhavam. Ele olhou para mim com tanta intensi-
dade, como fogo. Eu queria saber o que ele viu em mim que o fez olhar dessa
forma, porque eu não via. Talvez, ele estivesse delirando. Ele virou-me para
encará-lo, inclinou meu queixo para cima e, lentamente, muito lentamente,
fechou os lábios sobre os meus.

Meu primeiro beijo real.


Eu não me afastei. Em vez disso, eu me surpreendi e me inclinei para
ele. Fechei os olhos, a sensação não foi nada que eu esperava. O sentimentos
não terminaram onde nossa carne foi atendida. Foi assim muito mais do que o
boca a boca.

Era como se o nosso beijo tivesse começado uma conversa sem palavras
entre os nossos corpos.

Descobri que o desejo era uma coisa engraçada para mim. Em todos os
meus 17 anos, eu nunca pensei que eu seria capaz de senti-lo. Eu sempre
pensei que era um dos sentimentos que estava morto dentro de mim. Não era
que eu estivesse procurando por ele. Eu não queria ter nada a ver com isso.
Mas estava dentro de mim o tempo todo, eu imaginei. Eu só nunca conheci
ninguém capaz de agitar fortemente o bastante para romper a minha determi-
nação em não senti-lo em tudo. Até Jake.

Ele manteve o beijo suave, mas de curta duração. Eu tinha a sensação


de que estava fora de questão para mim. Eu sabia que ele não queria me em-
purrar, mas quando ele se afastou, eu senti o vazio entre nós. Foi como se
uma cratera tivesse sido deixada no espaço que ele ocupava antes, frio, escu-
ro e vazio. O sangue que corria em minhas veias era semelhante ao sentimen-
to que eu tinha depois que montava sua motocicleta e envolvia meus braços
em torno dele.

Eu queria mais.

Mais o quê? O que eu era capaz de dar-lhe? Eu poderia ir mais longe?

Eu não fazia ideia. Eu só sabia que queria mais dele.


—Jake, o que estamos fazendo?—, Perguntei sem fôlego a partir do me-
nor dos beijos.

—Eu estou sentado em uma praia, segurando uma menina muito boni-
ta—, disse ele. Eu não acho que eu iria me acostumar com ele me chamando
de bonita. Eu tinha que me lembrar que ele só estava me chamando de bonita,
porque ele não tinha visto tudo de mim. —E você?

—Não realmente,— eu insisti. —O que estamos fazendo?—

Ele ainda estava confuso. —Beijar?

- Jake!

Ele sorriu. —Eu gosto do jeito que você diz meu nome.

E eu pensei que era o Presidente dos Estados Unidos da Prevenção.

—Você sabe o que eu quero dizer. Com a gente. O que está acontecendo
com a gente? É importante. Preciso saber agora porque em algum momento
eu não vou ser capaz de lhe dar o que você quer. E então o que?

Ele esfregou seu nariz no meu pescoço. —O que é que você acha que eu
quero?

—Material normal menino-menina—, eu disse jogando minhas mãos no


ar. Eu me senti derrotada antes desta linha de conversa começar.

—É aí que você está errada. Eu não quero normal. Eu quero você.— Ele
sorriu para mim.
—E nós fazemos coisas normais. Nós nos beijamos.— Para provar seu
ponto ele me deu um rápido beijo nos lábios e sorriu.

—O que acontece quando um beijo não é o suficiente?

—Abby, apenas alguns dias atrás você se encolhia a qualquer menção de


alguém te tocar, e olhe para nós agora!

Eu olhava para nós. Eu estava sentada no meio das suas pernas, com o
seu queixo descansando no meu ombro, minhas mãos sobre suas coxas. —Eu
ainda vacilo quando se trata de outras pessoas—, eu disse. Minha aversão a
Jake já não existia, mas eu ainda queria dar um golpe em alguém que viesse
dentro do meu espaço pessoal.

—Mas você não se mexe quando eu te toco mais, e isso é o que conta.

—Eu gosto quando você me toca—, eu sussurrei, as próprias palavras


eram difíceis de dizer. —Mas eu não posso mesmo ... —Eu puxei a barra das
minhas mangas. Eu não sabia como dizer a ele que eu não sabia se seria capaz
de permitir que ele veja sob minhas roupas.

Nua.

Nunca.

—Você não pode sequer o quê?—

—Mostrar-me para você—, eu disse. —Eu não posso me mostrar ... a


mim. —

—Por que você não fala comigo sobre isso? Será que tornaria mais fácil?
—Ele era muito mais compreensivo do que eu pensei que ele seria.— Em vez
de me mostrar o que você acha que é tão ruim, você pode simplesmente me
dizer.

—Eu não posso—, eu disse. Isso estava trancado tão forte na minha
memória, era uma comporta que eu não estava pronta para abrir. Não apenas
para Jake, mas para mim. Eu precisava disso para ficar onde eu tinha guarda-
do nos últimos oito anos.

—Você vai falar quando você estiver pronta—, disse Jake confiante.

—Eu não tenho certeza que vou estar pronta algum dia —, eu disse a
ele. —Há uma possibilidade de que eu só vou ficar quebrada para sempre. Eu
apenas não estou escondendo o meu corpo, Jake. Eu estou empurrando as
memórias para não mostrar-lhe o que o meu passado fez a mim. É a minha
maneira de segurar. —Eu tremi. —Eu não tenho certeza se eu serei capaz de
deixá-lo ir.—

Jake sorriu como se ele tivesse acabado de aceitar um desafio. —Bee, se


você sentir ainda um pouco da atração que sinto quando estou perto de você,
apenas uma pequena quantidade de quão ruim eu quero você ... —Ele beijou o
local atrás da minha orelha e passou a língua no meu pescoço.

Formigamentos percorreram a minha pele, e enviou mensagens para ca-


da parte do meu corpo negligenciado. —Então, tomando nossas roupas em
frente um do outro, é inevitável. É da natureza humana. Somos nós.— Jake
parecia tão seguro de si mesmo, mas o que ele dizia soava quase impossível
para mim.

—Eu acho que nós dois sabemos que não nos encaixamos exatamente ao
molde da natureza humana.—
—Não, nós não cabemos em qualquer molde. Mas quando você está em
causa, é simples.— Ele beijou ao longo minha linha da mandíbula. —Eu quero
você Abby. Sem besteira. Eu quero você do jeito que você é. —Ele moveu os
lábios para o canto da minha boca e os escovou sobre o meu rosto enquanto
ele falava. Fechei os olhos e meus lábios se separaram em antecipação.

—Eu gostaria muito de ver o seu corpo, mas não há pressa. Nós não va-
mos fazer qualquer coisa que você não esteja pronta para fazer.— Ele moveu
suas mãos para o meu corpo através do meu shorts. —Mas, caramba baby, a
espera será brutal.— Ele me beijou novamente.

—E se você não gostar do que vai ver?—

—Eu não sei como explicar isso a você para fazer você entender. Você é
linda baby. Por dentro e por fora. Eu sei disso sem ter que vê-la sem suas rou-
pas. Você é linda. Deus, eu digo tanta merda muda ao seu redor, às vezes.

—Não é por dentro que eu não sou.— Seus olhos estavam sérios.

—Eu não sou estúpido. Eu sei que há algo escuro colocado lá dentro. —

— Andar com um amigo no escuro é melhor do que andar sozinho na luz.


—Eu disse.

—O que é isso?—, Perguntou Jake.

—Hellen Keller. Isso me faz pensar em nós. —

Ele sorriu. —Sim eu gosto. Ele funciona. —Ele me segurou mais aperta-
do. —Você está sob minha pele, Bee . Eu realmente não me importo com
o que está sob sua roupa.— Jake pensou por um momento. —Risque is-
so. Eu ficaria muito chateado se você tivesse um pau.

Comecei a rir.

—Não não tenho um pênis—, eu assegurei a ele. Ele com certeza sabia
como quebrar a tensão de uma grave conversa.

—Então, para esclarecer, você de fato, tem uma vagina?

—Sim, eu tenho.—

—E você não tem um pau?— Ele estava tentando não rir quando ele per-
guntou.

—Sim, este é o caso.—

—Tem certeza? Nem mesmo um pouco de pau? —

—Não. Apenas partes do sexo feminino padrão, tanto quanto eu sei de


qualquer maneira.

—Então baby, eu realmente não vejo qual é o problema aqui.— Ele me


agarrou pela cintura e me abraçou. Me pegou em um movimento rápido, me
levantou acima dos ombros e me girou no ar, me deixou deslizar para baixo
contra seu corpo. Quando nossas bocas estavam alinhadas, ele me manteve
no lugar e me puxou para ele para outro beijo. Com uma mão na parte de trás
da minha cabeça, ele abriu a boca para mim aprofundando-o. Sua língua dan-
çava na minha. Eu gemia em sua boca enquanto ele se afastou e me colocou
em meus pés. —Você vai ser a minha morte— disse ele.
Eu poderia ter me perdido naqueles olhos azuis. Eu tinha certeza que eu
já tinha.

Peguei minha bolsa e voltei para o parque de estacionamento de mãos


dadas, quando um grupo de pessoas se aproximou de nós. Havia cerca de do-
ze deles, alguns familiares. Owen estava entre eles. Ele liderou o grupo, com o
braço em torno de uma pequena menina morena vestindo shorts jeans branco
e um top de biquíni vermelho que não fez nada para cobrir os seios enormes.
Grande Willie Ray estava ao seu lado, arrastando um cooler sobre rodas atra-
vés da areia. Várias meninas inclusive Alissa penduradas na parte de trás da
multidão.

Eu fiquei tensa quando os vi.

Alissa foi a primeira a nos reconhecer ... ou a primeira a reconhecer


Jake, pelo menos.

—Hey baby—, disse ela, olhando para nossas mãos unidas com ceticis-
mo. —Onde você estava?

Ela estendeu a mão para colocar os braços em volta dele, mas ele deu
um passo para trás e puxou-me na frente em seu lugar. Ele passou os braços
em volta da minha cintura. Alissa olhou para ele com sua boca aberta e os
olhos arregalados.

—Em casa, principalmente acabamos nem saindo de casa. Certo, baby?


— Ele me perguntou.

Eu não tive a chance de responder antes que Alissa interrompesse. —Ela


vive com você? —
—Tecnicamente, nós vivemos juntos —, ele esclareceu. Ela parecia que
ia ficar doente.

Owen deixou a morena e caminhou em direção a nós, tropeçando na


areia solta, uma cerveja em sua mão esquerda. Ele tinha uma tipoia suave em
sua mão e pulso direito. Fiquei contente de ver que eu tinha feito algum dano
duradouro. Alissa recuou quando Owen se aproximou.

—Você não se cansa de foder todas as outras prostitutas nesta cidade,


Dunn? Você tem que fazer um movimento na minha segunda prostituta?-
Owen estava à procura de uma luta ou apenas sendo muito, muito estúpido.
Eu estava pensando que era um pouco de ambos.

Jake cerrou os punhos. Ele estava pronto para lutar, mas eu estava lutando as
minhas próprias batalhas toda a minha vida.

—Elenco agradável Owen. Parece que você pode ser a pessoa que preci-
sa de uma prostituta agora, vendo como sua mão direita parece estar fora de
uso por um tempo. Como você se machucou de qualquer maneira? Perguntei.

—Cale a boca sua porra louca. Por que você não tira essa camisa e mos-
tra a todos o que você está escondendo sob suas mangas? Porque eu vou te
dizer, eu tive um vislumbre, e isso não está fodendo muito bem lá embaixo. —
Ele se virou para Jake. —Boa sorte com essa merda, irmão. Espero que você
não se importe de perder o seu pênis duro. Quando ela tirar o moletom com
capuz feio fora, ela é ainda mais feia por baixo.

Meu rosto brilhou quente. Eu não acho que Owen tenha me visto. Quan-
do eu acordei, todas as minhas roupas estavam intactas. Ele obviamente tinha
visto algo assim. Todo o sangue correu do meu rosto. Jake estava apertado
como um arco que está sendo atraído de volta. Seus olhos escureceram e ele
estendeu a mão para a parte de trás de sua calça de brim. Antes que ele pu-
desse fazer um muito grande e muito público erro, eu estendi a mão e segurei
a minha mão sobre a dele e a arma.

—Não vale a pena—, eu sussurrei. Eu estava tentando manter a calma


quando tudo o que eu realmente queria era para pedir para Jake matar Owen.

Jake olhou para mim como se eu fosse louca. —Vale a pena para mim.

Eu balancei minha cabeça. —Muitas pessoas ao redor. Muito impulsivo.— Eu


estava raciocinando com ele em um nível que eu pensei que ele iria entender.
O que eu queria dizer a ele era, é errado pegar sua arma e matar Owen ali
mesmo na praia?

Como você argumenta com alguém que mata as pessoas por toda sua
vida? Tudo o que eu sabia era que estava falando a partir de uma coisa que eu
não quero que ele esteja ligado. Jake lançou o domínio sobre a arma dele e
fechou os olhos por alguns segundos. Ele estava lutando para se controlar.
Quando abriu os olhos, olhou para baixo e sorriu para mim.

Controle intacto.

—Por que você está sorrindo, filho da puta?— Owen zombou dele. -Você
não pode estar muito feliz com a porra de uma aberração. Caso você não te-
nha aproveitado isso ainda, você deveria reconsiderar agora. A merda que ela
tem acontecendo sob ela é um bloqueador de pau, com certeza.

Owen piscou. —De alguma forma, ele não me manteve de começar o


trabalho feito embora.
Jake com os braços me agarrou pela cintura. Ele atravessou o grupo de
amigos de Owen. Assim que nós passamos por Owen, Jake empurrou-me para
o lado e deu um soco em cheio no queixo de Owen. Ele caiu com força. Seus
olhos ainda estavam abertos quando ele caiu de costas na areia. Jake não per-
deu uma batida. Ele não parava de andar, agarrando a minha mão e me rebo-
cando para longe daquelas pessoas.

—Então, é isso?— Alissa correu para nos alcançar, mantendo o ritmo ao


lado. —Você só está com ela agora?— Ela me olhou de cima a abaixo como s
algo cheirasse mal.

—Sim, Alissa. Eu estou com ela agora. —Jake parou em seu caminho e
se virou para ela com um olhar de raiva pura, forte e severo. Alissa parecia
assustada, eu podia vê-la tremer. Sua boca estava aberta como se ela estives-
se tentando falar, mas não conseguiu. —Você deve saber que se eu descobrir
que você está falando merda sobre Abby, eu estou em cima de você, também.

Eu ainda podia ver Alissa no mesmo local que a tinha deixado, olhando
estupidamente para nós com a boca aberta à medida que nos afastamos na
moto de Jake.

***

No segundo em que a porta do apartamento foi fechada, Jake se virou para


mim. Havia fogo em seus olhos. —Você precisa me dizer o que aconteceu com
Owen a noite que te peguei em sua casa. Eu preciso saber porque eu estou
prestes a explodir a porra de sua cabeça fora, e eu não preciso da minha ima-
ginação me fazendo disparar feliz agora.
Eu não disse nada. —Será que esse filho da puta tocou você?

—Você acredita nele? Ele estava apenas tentando mexer com você.

— Será que aquele caralho tocou em você?

—Você não confia em mim?

—Eu tenho problemas de confiança, como posso não acreditar baby. Mas
isso é mais do que o que eu acredito ou não. Assim, para o nosso bem, só me
diz se esse filho da puta te tocou.

—Sim—, eu respondi calmamente. Sentei-me no chão ao lado do sofá e


descansei minha cabeça nos meus joelhos. Jake andava na frente da TV.

—Você quis que ele tocasse em você?—

Será que ele me não conhece até agora?

—Por que você está me perguntando isso? Por que você se importa se
ele me tocou? Deixe-me lembrá-lo que quando eu conheci você, você estava
sendo sugado em um ferro-velho— eu cuspi. —Por Alissa.

—Basta responder a maldita pergunta!—, Ele gritou tão alto que a porta de vi-
dro deslizante balançou. Eu vacilei como se suas palavras houvessem sido pre-
gadas no meu rosto.

—Não—, eu sussurrei. —Eu não queria que ele me tocasse.

—Eu sabia, que porra!—, Ele gritou, puxando a arma da cintura de suas
calças jeans. Ele se dirigiu para a porta da frente.
Eu me joguei na frente dele, bloqueando sua saída. —Você quer saber o que
aconteceu, ou não?

Ele colocou os braços em volta da minha cabeça na porta, e apertou o


peito contra o meu, me enjaulando. —Eu sei de tudo o que eu preciso saber.—

—Você não pode matar Owen,— eu disse com firmeza. —Eles vão pegá-
lo e colocá-lo na cadeia.—

—Nunca fui pego antes.

—Há sempre uma primeira vez.

—Isto é o que eu faço, Bee.

—Matar Owen não é como tudo o que você faz no seu trabalho ....— Eu
não sei mais o que chamamos.

—Não, você está certa. Não é. É mais importante. Porque é sobre você.

Ele ainda não estava entendendo. —Ouça idiota! Eu não quero que você
vá, porque eu não quero perdê-lo!

Era verdade. Eu queria que parasse de se preocupar com o que aconte-


ceu com Owen, mas a verdade era que honestamente com tão pouco tempo
como o que passamos juntos, eu já tinha me acostumado com a vida com Jake
nela. Eu não podia me dar ao luxo de perdê-lo. Não agora.

—Owen aparece morto na mesma noite em que você bateu nele na fren-
te de um monte de gente, e todo mundo vai saber que foi você.
Eu não tinha certeza que ele estava ouvindo, até que ele repetiu minhas
palavras. —Você não quer me perder.

Ele suavizou sua postura em cima de mim, com as mãos descendo para
descansar sobre os meus ombros.

—Não—, eu suspirei. —Eu não quero.

—Bee ...— Ele apertou os olhos juntos e pressionou os dedos sobre a


ponte de seu nariz.

—Será que ele te estuprou?— Sua respiração era curta e superficial.

—Não.—

—Como eu sei que você não está apenas dizendo isso para eu não ir
atrás dele?

—Você viu a sua mão?

—Sim, está em uma tipoia.

—Eu fiz isso. Bati sua mão em sua porta quando eu corri para fora. —eu
parecia orgulhosa de mim mesma.

Eu estava orgulhosa de mim mesma.

— Você fez isso com ele? —Jake parecia impressionado.

—Sim—, eu confirmei. —Owen não me estuprou. Ele somente me alisou


enquanto eu estava dormindo. Eu coloquei um fim rápido para ele, apesar de
tudo.
—Baby, eu odeio que ele tocou em você, que achava que sua bunda pri-
vilegiada era boa o suficiente para começar a impor as mãos sobre você.— Ele
fez uma pausa e esfregou os dedos para o lado do meu rosto. —Eu não quero
que ninguém mais te toque.— Jake cheirava a praia e couro. Sua respiração
estava legal, uma vez que veio em rápidas explosões pesadas. —Eu não sou
bom o suficiente para tocá-la também, mas isso não é suficiente para me fazer
parar.

Minha própria respiração acelerou.

—Só você, Jake.

—Por que você não me disse então naquela noite?

—O que eu deveria lhe dizer? Fiquei envergonhada, eu estava cansada.


Eu não sabia em quem confiar ou o que fazer. —Eu segurei seu olhar.

Jake me puxou da porta e me sentei no sofá. Ele colocou a arma na me-


sa do café, certificando-se de mantê-la apontada para longe de nós. —Eu ape-
nas não a encontrei por acaso naquela noite.

—O que você quer dizer?

—Eu estava procurando por você. Eu só precisava vê-la. Eu não gosto da


sensação que eu tive quando eu vi você com Owen. Eu mal conhecia você, mas
eu tinha essa sensação avassaladora que eu queria ajudar você. Eu queria que
você precisasse de mim.— Ele me virou para encará-lo, nossos peitos pressio-
nados um contra o outro.

—Originalmente, eu estava apenas indo para certificar-me de que você


estava a salvo, mesmo se fosse com Owen. Então, eu vi você andando por es-
se caminho e eu estava tão feliz em vê-la. Quando eu vi a contusão em sua
mandíbula, eu disse a mim mesmo que era de um acidente. Eu queria me con-
centrar em você e não matar a pessoa que te machucou.— Ele suspirou pro-
fundamente. —Estou tão feliz que ele não fez.

—Não, ele não fez, mas eu me sinto meia culpada, de qualquer manei-
ra.—

—Por que você se sente culpada? Ele estava molestando você, como vo-
cê foi no passado, foda-se.

—Porque eu gostei,— eu sussurrei. —Enquanto eu estava sonhando, an-


tes que eu percebi que era ele me tocando.

A mandíbula de Jake se apertou, depois relaxou. Eu poderia dizer que ele


pensou muito sobre o que dizer em seguida.

—Não há problema em gostar de ser tocada.— Ele entrelaçou seus dedos


com os meus.

—Não, para mim é. Quer dizer, eu gostei de como eu me sentia quando


eu acordei, mas principalmente porque no fim do meu sonho, vi seu rosto e ...
—Eu hesitei antes de lhe dizer o resto. —... Eu imaginava que você estava me
fazendo sentir assim. —

Jake parecia confuso. —Você estava imaginando que era eu?

Eu queria colocar tudo para fora para ele. Eu estava cansada de ficar na
ponta dos pés em torno de meus sentimentos físicos por ele. —Jake, você era
a única pessoa que eu já tinha sido fisicamente atraída, a única pessoa que eu
já quis que me tocasse em tudo, e especialmente, a única pessoa com quem
eu sempre quis mais.

Jake ainda não sabia tudo sobre mim. Eu queria dizer a ele tudo e ape-
nas rasgá-lo fora como um curativo, mas querendo e ser capaz de fazer eram
coisas tão distantes. Eu queria que ele me ajudasse a me curar, e que ele se
curasse comigo.

Eu queria ter sua dor, porque ele tinha tomado a minha tão completa-
mente.

Eu o tinha deixado entrar em minha vida, para os meus segredos e mi-


nhas feridas, mas o pensamento de deixá-lo entrar em meu corpo ainda me
deixava em pânico. Eu o queria muito. Eu queria sua boca em mim e suas
mãos em meu corpo, e eu queria sentir como seria ficar pele a pele com ele.

Eu o queria mais do que eu queria respirar.

Não era uma questão de o que eu queria. Era uma questão do que eu
era capaz.

Como se tivesse lido minha mente, Jake agarrou a minha nuca e conec-
tou meus lábios nos dele.

Seus lábios eram suaves, mas o beijo não foi. Ele estava exigindo. Ele
pressionou mais, pediu mais.

Seus lábios eram uma mistura perfeita de duro e macio. Ele se abriu pa-
ra mim, aprofundando o beijo, sua língua encontrou o seu caminho em minha
boca enquanto eu empurrei minhas mãos em seus cabelos.
Eu queria isso com ele. Eu queria que ele me beijasse e tirasse o passa-
do e me enchesse de novo de memórias incríveis. Nossa respiração ficou ofe-
gante, e por apenas um momento, eu pensei que eu pudesse realmente dar-
me a ele em todos os sentidos.

Foi só quando ele chegou em torno de minha cintura e me puxou em seu


colo e minhas pernas foram para cima dele que o meu peito se contraiu. Eu
podia sentir o sangue correndo do meu rosto, minhas mãos começaram a suar.
Minha respiração era ainda irregular, mas eu não conseguia puxar o suficiente
de ar em meus pulmões. Um tipo de tontura começou a tomar meu corpo.

Eu tive que sair de lá. Então eu fiz o que era mais familiar para mim.

Eu corri.

Rapidamente eu tinha desembaraçado minhas pernas ao redor dele e pu-


lei do seu colo, correndo para o quarto e batendo a porta atrás de mim. Eu
mergulhei na cama e enterrei meu rosto no travesseiro, tentando recuperar o
fôlego.

Jake não veio atrás de mim. Em vez disso, eu ouvi a porta da frente ba-
ter.

Ele me deixou.

Por que não posso ser apenas normal?

Jake era capaz de compartilhar comigo sua mais profunda e escura mer-
da, e eu não podia simplesmente esquecer que eu era uma aberração por al-
guns minutos e deixar-nos desfrutar um do outro. Tudo que eu queria era ele,
seu toque, seu beijo tudo. Mas eu não tinha ideia de como contornar as barrei-
ras que eu tinha criado em mim.

Eu estava com tanto medo que, assim como parecia que estávamos re-
cebendo todos juntos, eu tinha ido e rasgado tudo isso.

O ventilador de teto ligado se MOVIA, virando ao redor. Com cada rotação


vacilante, as correntes dançavam e tilintavam. A pálida luz da lua brilhava através da ja-
nela aberta, lançando a sombra de uma palmeira em uma das paredes nuas do quarto de
Jake. Sua folha de guarda chuva parecia dentes longos, balançando em uníssono com o
ventilador.

O ar estava pesado e quente em torno de mim. Minha camisa de manga longa


se agarrou a minha pele molhada como uma toalha de papel. Minha testa estava suada.
Senti-me quase febril. Quente,fria, quente e fria.

Tentando encontrar algum alívio, eu jogo os lençóis e tiro minha calça de pija-
ma, jogando-a no chão. Eu fiquei apenas com a minha camisa de manga longa e calci-
nha. O ar do ventilador bateu frio na minha pele molhada, lambendo o comprimento das
minhas pernas nuas. Meus mamilos já estavam doendo. Agora, eles se tornaram super
doloridos.
Fazia horas que Jake tinha saído.

Essa ia ser uma longa, longa noite.

Tinha ficado tão louca que o empurrei tão cedo? Ele deveria estar me deixando
em apenas algumas horas. Talvez, ele já tivesse deixado sem dizer adeus.

Eu tinha saltado do colo de Jake como se ele me causasse repulsa quando a


verdade era exatamente o oposto. Meu corpo estava mais alerta e vivo com ele, do que
ele já tinha sido.

Eu ainda podia sentir isso também.

Eu estava prestes a coçar minha pele, ela formigava os meus ossos.

Meu medo, meu corpo e minha aversão ao sexo necessário para se reunir e
descobrir minha merda.

Pela primeira vez na minha vida, o meu corpo ansiava pelo toque.

Mas, meu passado não me permitiria diminuir o muro entre nós, e a parede que
me manteve a uma distância segura de todos, incluindo o que me fazia sentir mais segura
que todos.

Tentei dormir, mas eu sabia o que viria com isso, sonhar com o belo rosto de
Jake, suas mãos calejadas, seus lábios macios, a forma como as linhas duras do seu ros-
to suavizavam quando ele ria. Eu sabia mais do que tudo que eu iria sonhar com os seus
olhos. Aquelas piscinas de safira tinha me acordado e me fizeram lembrar de como era
sentir a sensação, apenas algo, qualquer coisa, tudo, Jake tinha quebrado através de to-
da a minha dormência e lembrou-me que eu estava bem, assim como eu era, e que eu
era humana, afinal.

Danificada, mas humana. Assim como ele.


Percebi então, que apesar de conhecê-lo há muito pouco tempo, eu o amava.
Eu amei tudo dele, o bem e o mal, a luz e as trevas.

Prometi a mim mesma que quando e se ele voltasse, eu colocaria todas as mi-
nhas cartas na mesa. Eu lhe mostraria a Abby que eu estava escondendo.

Era possível que ele fosse correr. Ele poderia ficar desgostoso comigo por esse
ponto, mas essa sempre seria eu, com falhas e tudo. Agarrada aos meus segredos, por
mais alguns dias com alguém que eu sei que não merecia de qualquer maneira, de repen-
te me senti esmagadoramente egoísta.

Era hora.

Pronta ou não.

Definitivamente não ... mas o que fazer? Eu estava no amor com o anjo e na
luxúria com o diabo. Se eu fosse honesta comigo mesma, eu tenho que dizer que eu es-
tava no amor com o diabo, também.

A porta do quarto se abriu lentamente. A enorme sombra de Jake cobriu o


sombreado de dentes na parede enquanto ele se movia em direção à cama. Ele estava
usando seu moletom preto e uma camiseta preta. Ele parou e me olhou de cima, da ca-
beça aos pés antes de rastejar para a cama ao meu lado.

Ele me puxou para os seus braços, puxando minhas costas contra seu peito
duro, suavemente beijou atrás da minha cabeça e suspirou no meu cabelo.

Eu suspirei, também. De alívio. —Você voltou.

Ele usou os dedos para fazer círculos ao longo da minha coxa nua. Eu fiquei
tensa, consciente agora que eu estava vestindo apenas uma calcinha, e nós estávamos
em cima das cobertas, eu olhei para garantir que minha camisa estava no lugar, felizmen-
te, estava.

—Eu não deixei você. Eu só dei um passeio para me refrescar. —Sua voz es-
tava cansada e crua. —Eu prometo que vou sempre voltar para você. Sempre.— Ele le-
vantou meu cabelo do meu pescoço e beijou meu ombro nu. —É hora de você comparti-
lhar o seu segredo final comigo, Abby.

—Agora?— Eu não sabia se eu poderia.

—Sim, agora.— Era uma demanda, mas uma suave. —É a única coisa que
resta entre nós. Eu não vou obriga-la a nada, mas suas palavras. O resto é com você.

Palavras.

Elas ficaram pesadas na minha língua por quase nove anos. Elas nunca tinham
ido mais longe do que isso. Era hora. Eu sabia que era. Eu queria ser aliviada agora, e eu
deixei esse sentimento liderar o caminho. Parecia a coisa certa que Jake soubesse tudo
de mim.

Eu estava tão insegura de sua reação, como eu estava de mim mesma.

A escuridão rapidamente me libertando do meu medo.

As palavras me surpreenderam, quando começaram a fluir para fora da minha


boca e sobre as sombras. Fechei os olhos, quando eu disse a ele sobre a última noite que
eu passei na casa da minha mãe antes de eu entrar em um orfanato. Ele ouviu quando
disse a ele, como eu tinha comido a comida do cachorro do vizinho, não embora só quan-
do eu tivesse estado com fome suficiente para pensar sobre o sentimento ruim de roubá-
la do cão. Eu até disse a ele sobre os movimentos das orgias com portas abertas cons-
tantes e sem fim, desfile das tias e tios que iam e vinham com a mesma frequência que
suas faltas e penas de prisão.
Eu descrevi em detalhes como eu tinha usado o caco de espelho para esfa-
quear o homem nos olhos que entrou no meu quarto. —Eu poderia tê-lo matado ... havia
muito sangue.— Meus olhos derramavam lágrimas quentes, mas eu as limpei antes que
elas tivessem a chance de cair.

—Eu perguntei a assistente social que me buscou, se ele estava morto. Eu não
achava que eles diriam a crianças de nove anos se mataram alguém, apesar de tudo.

Jake ficou quieto, enquanto ouvia, mas ele continuou a traçar em torno da mi-
nha coxa com os seus dedos, um rastro de fogo ardia na minha pele em todos os lugares
que ele tocou. Mas, não era como o fogo de algumas semanas.

Este fogo foi construído para querer, e não por medo.

—Isso não é tudo.— Eu me preparei quando eu comecei a dizer-lhe o resto. De


repente, eu tenho nove anos novamente. Estou nua e agachada no campo. Os ventos
morreram, e agora é só a chuva fria esmurrando a minha pele.

Eu sou livre. Eu estou livre da prisão eu nunca cometi qualquer crime para es-
tar lá.

A casa que me segurou prisioneira em breve seria uma memória. Eu vou traba-
lhar o meu caminho através da inanição. Eu nunca vou comer comida de cachorro de no-
vo. Eu vou encontrar uma família que vai me amar.

Eu ainda valho à pena amar.

Uma mão forte pega no meu braço e me levanta do chão. A voz amarga no
meu ouvido: —Agora você está realmente indo para descobrir o que acontece com as
meninas más, sua merdinha.
Com uma mão envolta em meu cabelo, ela está me arrastando pela grama alta,
e pela areia agarrada aos meus pés. —Você acha que pode me desafiar? Você acha que
pode dizer não? Eu possuo você e esse pequeno corpo magro. Se você não quer se dar
até que eu porra, diga-lhe para fazer, então eu vou fazer isso para que ninguém jamais
queira você de novo.

De volta a casa. Algemada no radiador. Cada queimação do cigarro. Cada pon-


tada da faca. Toda vez que ela arrastava lentamente a lâmina enferrujada em todo o meu
corpo, eu pulo para trás contra o radiador fumegante ela está de propósito inserindo alto.

Eu estou acordando.

Estou saindo para fora.

Eu estou acordando.

Estou saindo, eu acordo, e minha mãe já não está em mim. Ela está do outro
lado da sala no sofá, amarrando um tubo em torno de seu braço e o tiro da agulha na veia
por seu cotovelo.

—Abby tem sido uma garota má, Vinnie. Ela grita quando eu a puno.

Minha mãe acena para um homem sentado no chão, olhando de lado para
mim. Ele não está vestindo uma camisa. Ele estava rindo e os dentes da frente estão em
falta, o resto deles uma mistura de amarelo e preto.

—Ela precisa aprender a calar a boca. Pensei se você poderia ajudar?

O homem se levanta e atirou-me sobre as minhas costas, minha mão ainda al-
gemada ao radiador, o sangue escorre pelo meu braço. —Venha aqui, querida—, diz ele.
Ele cheira como a parte inferior da lata de lixo atrás do restaurante chinês, aquele em que
fui para me alimentar.
Ele lentamente desabotoa sua calça jeans, e antes que eu possa saber o que
ele está fazendo, ele empurra seu pênis em minha boca, pressionando as mãos contra as
costas da minha cabeça. Ele segura a faca na minha garganta.

Meus gritos são abafados. Eu engasguei uma vez, duas, três vezes, então, eu
estou jogando para fora, mas ele não vai sair da minha boca. Ele apenas ri. O vômito der-
rama para fora dos lados da minha boca e espirra para baixo de suas pernas.

De repente, eu não me importo com o que acontece comigo. Um sentimento de


não ser feito para este mundo de inutilidades sobre mim.

Eu mordi. Eu mordi com tanta força que meus dentes se encontram no meio. O
homem salta para trás e grita. Sangue e vômito caem em seu colo.

Minha mãe é jogada para fora, o queixo no peito.

O homem atira contra mim, com a faca levantada para afundá-la em meu om-
bro tão profundo, que ele bate no tapete antes de se levantar e correr para fora. Leva al-
guns minutos antes que eu seja capaz de me acalmar com a dor nauseante o suficiente
para mexer a minha mão para fora do punho e remover a lâmina do meu ombro.

Cordas de carne e fibras do tapete grossas se apegam à lâmina enferrujada.

Olho para minha mãe, e por um momento, eu contemplo empurrandar profun-


damente na parte de trás de seu pescoço enquanto ela dorme.

Em vez disso, eu corro. Tão rápido quanto eu posso correr para a noite, na es-
trada, três milhas ao longo da estação. Nua, coberta de sangue e vômito, eu bato na por-
ta, e quando ela abre, eu caio para os braços de um grande homem negro vestindo uma t-
shirt azul e suspensórios vermelhos.

Eu fui para a ajuda.


Eu estava esperando a morte.

Jake precisava saber tudo isso. Ele precisava ver. Chupei tanto ar em meus
pulmões, como eu podia. —Você pode acender a luz, por favor? Perguntei.

Enquanto Jake se inclinou, para trás para fazer o que eu pedi, eu levantei mi-
nha camisa sobre a minha cabeça e atirei-a no chão. Eu não estava usando sutiã, então
ele podia ver claramente tudo de mim. Sentei-me de joelhos na cama, e esperei por ele,
para ver quem eu realmente era, e o que eu realmente parecia.

E não mais me esconder.

Quando ele se virou de volta da lâmpada, seus olhos se arregalaram.

Barras de harmonização abrangiam os topos de ambos meus seios. As verme-


lhidões das lesões nunca realmente se tornaram brancas como eu tive esperança que
fizessem. Marcas de queimaduras, manchas desiguais e esticadas de cigarros, de charu-
tos, de isqueiro e do radiador fumegante onde minha mãe uma vez me algemou corria o
comprimento do meu braço direito e minha parte superior das costas. Em contraste, o
meu braço esquerdo estava praticamente livre de marcação. O pior dano foi uma cicatriz
irregular vermelha que corria embaixo do meu peito esquerdo até o topo da minha coxa
direita, viajando pelo interior das minhas pernas, só uma meia polegada ou assim longe
de fazer um dano real.

Meus ferimentos não tinham sido infligidos para eu não funcionar fisicamente.

Elas tinham sido destinados a deixar cicatriz no meu corpo.

Prendi a respiração.
—Estas são as minhas punições,- eu disse. Uma lágrima quente correu pelo
canto do meu olho. Jake se inclinou para mim e lambeu a linha que deixou no meu rosto.
Ele estava tentando tirar a minha dor, consumi-la.

Sentou-se sobre os joelhos e estendeu a mão para mim. Lentamente, ele pas-
sou a mão, sobre cada uma das cicatrizes em meu braço direito. Ele abaixou a cabeça, e
beijou ao longo das linhas que estragavam os topos de meus seios por cima de cada
mamilo. Eles não eram beijos destinados a excitar.

Eles foram feitos para curar.

—Minha mãe está na prisão. Ela está nessa vida pelo que ela fez para mim e
pelas drogas que encontraram com ela. Ela tinha uma tonelada de reincidências, e então
eles amarraram ela sobre os códigos, para não haver liberdade condicional.— Eu exalei e
fechei meus olhos. E estava feito.

Exaustivamente feito.

Jake segurou meu rosto com as mãos. Ele olhou bem nos meus olhos, quando
finalmente falou.

—Você é tão bonita porra—, ele sussurrou.

Não era o que eu esperava que ele dissesse. Eu esperava que ele não gostas-
se.

—Do jeito que você é, Bee. Essas cicatrizes não a fazem feia. Você não preci-
sa escondê-las de ninguém. Foda-se quem pensa que qualquer coisa em alguém como
você, poderia ser qualquer coisa mais bonita.

-Você deve estar orgulhosa delas, baby.


—Orgulhosa?— Como eu poderia ser motivo de orgulho, a feiura no meu cor-
po, à esquerda da cortesia da feiura nas pessoas?

—Sim, orgulhosa. Eles fazem você poderosa. Cada linha é uma estrada per-
corrida, uma experiência que você teve, se foi bom ou ruim. Cada marca é a prova da dor
no passado, não do presente. Você é uma sobrevivente, você é uma guerreira. Estes são
os escalpos pendurados em seu maldito cinto. Você foi espancada e aqui está você, na
minha frente.— Ele me beijou suavemente nos lábios e minha boca se abriu para ele an-
tes que se afastasse novamente.

—Você é foda, incrível.

-O quê?

—Como você pode não ver o quão linda você é merda? Ele levantou o braço
direito de sua boca e beijos e carícias do meu ombro a sobre as minhas mãos, como se
ele precisasse experimentar com os lábios cada marca, dente, e linha, o remendo mal
curado de pele do meu corpo. Minha importância cambaleou ao trazer à tona, as memó-
rias do que eu tinha empurrado profundamente para dentro, uma vez que na mesma noite
aconteceu.

Jake não hesitou. Ele me puxou para um abraço indomável. —Ela deve morrer
pelo que ela fez —, disse ele.

Eu balancei a cabeça. Ela deveria ter. Eu desejei então que eu a tivesse mata-
do. Eu queria a cada dia.

Jake me segurou mais apertado, mas não estávamos suficientemente perto.


Ele se levantou, apenas o momento para que ele tirasse sua camisa antes de me puxar
para ele de novo, de costas para o seu peito.

Ele inclinou-se para mim, e puxou a ponta da minha orelha na boca.


Ele gentilmente chupou e lambeu, trabalhou sua boca e língua até o ponto sen-
sível logo atrás da minha orelha. Fechei os olhos, saboreando a sensação da sua boca.

—Você sabe como orgulhoso de você eu sou?—, Ele sussurrou.

—Que você foi embora? Que você se defendeu contra aqueles fodidos doen-
tes? Sua língua estava em meu ouvido, seu hálito fresco dançou sobre os cabelos da mi-
nha nuca. —Minha menina forte.— Sua mão se moveu no meu estômago, viajando mais
acima, as pontas dos dedos roçaram a parte de baixo do meu peito. Eu não conseguia
segurar o longo gemido que saiu mesmo se eu tivesse tentado. Jake respondeu com um
gemido do fundo da sua garganta.

—Se eu soubesse onde esses caras moram-— Ele tentou me puxar ainda mais
perto. — O que você esfaqueou no olho —Senti sua dureza contra a minha perna através
do fino tecido de suas calças quando ele pressionou contra mim.

—Eu iria descobrir se você realmente tinha terminado esse negócio foda. —
Sua mão se moveu ainda mais até que ele foi colocando e massageando meu peito na
palma da mão.

—Se você não tivesse e se eu o encontrasse vivo —Ele passou o polegar so-
bre meu mamilo e de volta. Eu me contorcia contra ele, arqueando em seu toque. —-Eu
rasgaria o membro de um olho só, bastardo da porra e daria o membro para você.

Em um movimento rápido, ele tinha rasgado minha calcinha, jogando o pedaço


de tecido para o chão. —Então, eu ia acabar com ele com uma bala na porra do crâ-
nio.Gostaria baby?

—Mmmmmmmm ......— Meu corpo lançou uma onda de umidade entre as mi-
nhas pernas.
—Responda-me, Bee.— Ele amassou meus seios em suas mãos, em seguida,
rolou meus mamilos entre os dedos. —Eu preciso saber se você iria gostar se eu colocá-
lo abaixo da terra para você. —Sem segredos. Sem mentiras.

—Sim—, eu respondi honestamente. Eu arqueei as costas para ele.

Jake gemeu em meu pescoço. Ele puxou o meu ombro e me posiciou sobre
minhas costas.

Ele abaixou-se em cima de mim, segurando meu rosto com as mãos. Nós es-
távamos procurando a direita em cada um.

Alma quebrada com alma quebrada.

O peito nu de Jake pressionado contra o meu, sua dureza e minha suavidade


finalmente juntos.

—Agora que sabemos todos os segredos um do outro ...

— Ele mergulhou os dedos abaixo do meu umbigo, provocando a minha pele,


até que fez o seu caminho no meio das minhas pernas, colocando-se em meu monte. Tu-
do o que eu podia fazer era gemer.

Eu não fui feita com palavras de qualquer maneira.

Toda a minha hesitação tinha ido embora. A voz que sempre me disse para
correr era uma distante memória. Eu tinha perdido a minha capacidade de ter uma con-
versa, em algum momento depois que ele correu o polegar sobre o meu mamilo. A sen-
sação de desconforto no estômago já havia começado.

Jake empurrou a mão mais para baixo, até que seus dedos encontraram minha
umidade e espalhou sobre minha protuberância sensível. Ao mesmo tempo, ele chupou
meu mamilo direito em sua boca, esfregando sua língua mais e mais no pico endurecido,
enquanto seus dedos acariciavam minha carne tenra.

Meu corpo nunca tinha estado tão alerta. Era como se sua boca estivesse bem
no meu núcleo. Cada lambida, cada giro, cada som que ele fez me enviou mais e mais
em direção a um lugar que eu não era familiarizada.

—Você é tão bonita porra—, disse ele novamente. Ele cobriu minha boca com
a dele, acariciando meus lábios com a língua, me pedindo para abrir para ele. Quando eu
fiz, ele provou a minha língua longa e lentamente, antes de quebrar o nosso beijo e der-
ramar suas atenções no mamilo que ele ainda não tinha experimentado.

—Você sabe que eu nunca fiz isso antes—, eu sussurrei. Desde que eu nunca
tinha vindo e falado para ele, me senti estranha por mim.

Eu acho que eu era tecnicamente virgem, apesar de que eu nunca me senti re-
almente como uma. Eu nunca tinha tido relações sexuais, mas eu tinha perdido minha
inocência há muito tempo.

Jake olhou nos meus olhos, enquanto ele pressionou dois dedos dentro de
mim, empurrando-os como medida que a mão iria deixá-los ir. Eu me engasguei com a
nova sensação enquanto ele assistia a minha reação com um sorriso malicioso no rosto.
Ele lentamente e habilmente bombeou seus dedos dentro e fora. Seu polegar circulou
meu clitóris em um ritmo torturante de rápido e lento, duro e mole. Eu empurrei meus
quadris na sensação dele tocar a parte mais sensível do meu corpo. O interior puxando
cresceu mais forte e uma pressão tinha começado a construir, abaixo no meu estômago.

—Eu sei—, Jake sussurrou. Seus belos lábios estavam enrolados em um sorri-
so torto.

—Eu não posso ser boa nisso—, eu disse.


—Porra, isso não é possível—, disse Jake.

—E você ainda quer? Mesmo que eu nunca ... —Eu parei. O orgasmo estava
se construindo mais rápido, e eu tinha esquecido o que eu estava prestes a dizer.

—Foda-se, sim.— Ele circulou meu clitóris mais rápido, aplicando mais pres-
são. Eu rebolava sob ele, me contorcendo em torno de algum tipo de liberação. Ele conti-
nuou a me foder com os dedos.—Você vê, Abby, um homem respeitável provavelmente,
não querer tomar sua virgindade. Alguns homens, o tipo de boas maneiras ou moral, seria
até mesmo desligado com o pensamento de ser o seu primeiro, mas como eu tentei dizer
a você. Ele se inclinou mais perto, e seus lábios roçaram meu pescoço quando ele sus-
surrou em meu ouvido.

—Eu não sou como aqueles homens.— Ele apertou com firmeza no meu clitó-
ris. A pressão que vinha crescendo explodiu em um comunicado quente branco ofuscan-
te, o envio de choque e ondas correu de meus dedos do pé para o meu pescoço, minhas
entranhas pulsavam e apertavam quando eu montei as novas ondas de sensação que
apenas se divertiram.

Eu não sabia quanto tempo tinha passado quando eu pude voltar a abrir os
olhos. —Isso foi ...

—Nada ainda—, Jake terminou para mim. Ele parecia francamente mau, pe-
caminoso, incrível, eu poderia gozar para sempre. —Eu nunca quis estar dentro de al-
guém tanto quanto eu quero estar dentro de você agora, baby. -Eu quero sentir você bem
ao redor do meu pau.

Eu fechei os olhos em antecipação.

Santa porra.
Jake estendeu a mão para o criado-mudo e tirou uma embalagem de alumínio
da gaveta. Eu o observei atentamente quando ele se sentou de joelhos ao meu lado e
abriu o pacote. Ele nunca tirou os olhos de mim enquanto rolava o preservativo sobre o
seu comprimento e espessura. Eu estava em puro temor dele. Eu podia sentir o poder
que irradia fora dele. O luar destacou as sombras de seus bíceps e abdômen duros. Suas
belas tatuagens pretas e cinza brilhavam com o suor.

Ele se posicionou entre as minhas coxas, apertando as mãos por dentro dos
meus joelhos e espalhou minhas pernas. Ao olhar para o poder cru e beleza de sua forma
nua, percebi uma coisa.

—Porra. Isso vai doer, não é?— Eu perguntei ofegante com a necessidade e
um pouco de medo.

Jake me deu seu sorriso mais perverso. Ele passou a mão pelo cabelo e sorriu
para mim. —Só na melhor das formas, baby.

Com a base de seu pênis em sua mão, ele esfregou a ponta sobre o meu clitó-
ris, criando um conjunto novo de pressão dentro de mim. Ele se arrastou até o meu corpo
e me beijou. -Não é uma forma que vai ser gentil com você, disse me beijando. Foi um
beijo que tudo consumiu. Voltei com a paixão que tinha estado fervendo na superfície
desde o dia em que o conheci.

Minhas mãos ligadas na parte de trás de sua cabeça, puxaram-no para mim. A
vibração de seus gemidos em minha boca enviou um pulso elétrico direto para o meu nú-
cleo.

Jake não quebrou nosso beijo quando ele apertou-se em mim. Meu corpo esta-
va esticado para ele, mas não foi suficiente. —Merda, baby. Você é tão apertada. —Ele
gemeu em minha boca, empurrando meus joelhos mais afastados.

—Abra suas pernas para mim baby.Deixe-me entrar.


Quando eu tinha obedecido e espalhado minhas pernas, tanto quanto pude, me
abrindo todo o caminho até ele, ele entrou dentro de mim como se estivesse esperando
para fazê-lo toda a sua vida, levando os últimos vestígios de minha virgindade com ele.
Ele empurrou através da pitada rápida de dor, sem pausa nos seus movimentos, mesmo
quando eu vacilei.

Foi à melhor dor que eu já senti.

Éramos apenas nós. Quebrados e machucados. Fodidos e bagunçados.

E juntos nós fomos tudo o que nunca pensei que poderia ser. Nós não precisá-
vamos ser doces e gentis. Eu não precisava ser mimada. Eu precisava de Jake, e ele deu
a si mesmo para mim, assim como eu me entreguei a ele.—Eu preciso de mais—, disse
ele, com a voz tensa. Eu levantei meus quadris para dar-lhe ainda mais acesso, e em um
instante, ele foi enterrando dentro de mim até o fim.

A plenitude inesperada, e o doce que se estendeu no meu corpo quando ele se


acomodou, Jake era como nada que eu tinha pensado que seria a sensação.

Ele empurrou para dentro de mim, como se ele estivesse tentando subir em
minha alma. Cada vez que ele puxou e empurrou de volta, senti sua urgência crescer. Eu
levantei meus quadris para encontrar cada um de seus impulsos.

O atrito no meu clitóris, juntamente com o pênis de Jake massageando um lu-


gar tão profundo dentro de mim, era esmagador.

Minhas pernas ficaram tensas.

—Relaxa, baby. Basta deixar acontecer —, confessou. —Por favor ...Eu preci-
so sentir você.
Eu relaxei minhas pernas quando Jake alcançou os braços em volta do meu
pescoço e pressionou meus ombros, dirigindo em mim uma e outra vez. Seus traços eram
duros e furiosos. Ele me encheu tão profundamente quanto podia e quando ele não pode-
ria ficar mais profundo do que estava, ele circulou seus quadris como se ele necessitasse
ainda mais de mim.

Tivemos tudo um do outro, e ainda queria mais. Então, eu pedi para ele.

—Mais—, eu implorei a ele. Apertei-o com todos os músculos que eu tinha den-
tro. Eu estava esperando por isso a muito tempo para sentir novamente, eu precisava de
tudo isso.

—Eu adoro quando você pede.— Suas palavras eram como um outro conjunto
de dedos massageando todo os lugares certos.

—Mais—, eu disse novamente. Desta vez, mais alto.

—Sempre.— Jake me deu tudo que tinha, pegando o ritmo e batendo em mim,
o que provocou a chama entre nós com cada curso selvagem até que nós dois estávamos
gritando para a noite. —Vem, baby. Deixe-me sentir você gozar no meu pau —, ele
rosnou.

Minhas pernas dispararam para fora, de debaixo de mim quando eu senti a


pressão começar a me levar para baixo. Jake vê meu olhar como a sensação de gostosu-
ra que voltou, desta vez ainda maior do que antes, rolando em ondas, que nunca pareci-
am terminar, até que as chamas incendiaram em uma forte explosão. Eu pulsava ao redor
de Jake até que ele empurrou profundamente em mim uma última vez. Senti sua bunda
apertar minhas mãos. Ele endureceu ainda mais, se isso fosse possível, e se contorceu
dentro de mim. Em seguida, ele segurou meu olhar e gritou o meu nome quando ele der-
ramou-se em mim.
Antes, daquele exato momento, eu tinha pensado que a visão de Jake em sua
motocicleta foi a coisa mais sexy que eu já vi. Isso já não era verdade.

Daquele dia em diante, nada podia comparar à visão de Jake gozando.

E nada seria.

Eu sentia seu coração batendo junto com o pulsar de seu pênis.

—Eu amo você Bee. Tanto que dói porra.— Foi a última coisa que ele disse an-
tes de fechar seus olhos e ceder a sua exaustão.

Nossos corpos pulsavam e cantarolavam juntos quando nós descemos do alto


do nosso orgasmo. Jake ainda estava dentro de mim, quando eu adormeci.

Me deu medo de continuar a olhar para cima. Eu estava com


medo de que se eu olhasse em seus olhos, eu iria lançar-me à sua mercê e
pedir lhe para ficar aqui comigo e perder a minha merda de mente, inteira-
mente. Olhei a calçada em vez e arrastei os pés nervosamente, colocando um
fio de cabelo atrás da minha orelha.

Jake correu os dedos pela minha bochecha. Inclinei-me para o seu


toque que há apenas duas semanas teria me enviado correndo a toda veloci-
dade.
Já estava escuro, algumas horas do início de noite de acordo com o
despertador quando acordamos. Eu estava do lado de fora em minhas calças
de pijama cor de laranja e uma camiseta branca sem o moletom de capuz.

Eu estava cansada de me esconder, pelo menos na frente de Jake,


como eu me sentia em público permanecia o mesmo.

—Eu gosto deste olhar—, disse Jake, sorrindo para mim.

—Sim, eu estava pensando em amanhã, gostaria de vestir apenas


uma tanga e nada mais.

Jake ergueu as sobrancelhas.

—Porra você pode deixar essa merda para quando eu voltar. Ele pis-
cou para mim e voltou para dentro, para pegar as últimas das suas coisas da
mesa.

Quando ele voltou, a porta de tela velha rangia seu protesto, o mes-
mo que eu sentia. —Você sabe o que eu estava pensando?

—O que é isso?

—Você sabe o quanto você ama minhas tatuagens?— Onde ele estava
indo com isso?

—Sim.

—Por que você não apenas abraça suas cicatrizes e as trabalha em


algumas tatuagens?
—Jake, o que seria do meu corpo. Eu seria um daqueles malucos não
acreditar ou não mostrar.

—Ele riu e balançou a cabeça. —Eu não estou dizendo para você pe-
gar o seu corpo inteiro, sabida. E eu não estou dizendo que você tem alguma
coisa para encobrir, e sim, para apenas ter uma tatuagem completa em seu
braço ...para fazer parte das suas cicatrizes e história, em seus próprios ter-
mos.

—Sério?— Eu nunca sequer tinha pensado em jogar tinta sobre elas.

—Apenas algo para se pensar. Além disso, seria um bocado quente.

—Eu sabia que você tinha uma outra razão.— Eu finjo que dou um
soco em seu braço.

Jake colocou as mãos no ar como se estivesse se rendendo. -


Nenhuma outra razão. Eu só quero a minha menina esteja confortável em sua
própria pele quanto possível. Eu quero que você seja feliz.

—Você sabe o que? Eu acho que estou realmente chegando lá. —Eu
sorri e senti todo o caminho para meus dedos. Foi o mais perto que eu já tinha
estado de ser feliz em toda a minha vida. Eu tinha um trabalho para fazer, mas
eu estava chegando lá devagar, com a ajuda de Jake. Eu vi uma luz no fim do
túnel que eu nunca tinha visto antes.

Fechei os olhos. Eu não queria ficar presa com a imagem mental dele
saindo para trabalhar uma e outra vez no meu cérebro, até que ele voltasse.
Ele se aproximou de mim e inclinou meu queixo para cima.

—Hey,— ele disse. —Abra os olhos.


Relutantemente, eu obedeci. Jake olhou para mim com um sorriso
que atingiu todo o caminho até suas orelhas. Não havia nenhum monstro à es-
preita em seus olhos agora, nenhum sinal do assassino dentro dele. Ele não
tinha a aparência de um homem que estava me deixando para concluir um
contrato para matar.

Mas ele era.

—Eu prefiro que você mantenha os olhos abertos—, brincou.

—Paredes tendem a mover-se em seu caminho quando você não está


prestando atenção.

—Oh, eles estão abertos tudo certo.— Eu não podia deixar de me in-
clinar para beijar o belo homem de olhos azuis que eu amava.

Jake se afastou com um suspiro e continuou a arrumar os alforjes


(bolsa com dois compartimentos) em sua motocicleta. Quando ele terminou,
ele encostou-se na cadeira e até mesmo à luz da única lâmpada zumbindo na
varanda eu podia ver como ele era lindo. Eu amei tudo sobre ele, a forma co-
mo enfiou os polegares nas presilhas da calça jeans que pendiam baixo em
seus quadris, para a maneira como passou a mão sobre o seu curto cavanha-
que quando ele estava pensando em alguma coisa. Não havia uma visão que
eu queria ver mais na Terra do que a que estava na minha frente.

Mas, ele tinha de ir.

Vida ou morte. Matar ou ser morto.

Em todos os sentidos, o ônus dessas palavras estava sobre ele.


Jake passou a mão sobre seu cavanhaque, eu sorri e meu coração
batia como um tambor de aço no meu peito. Ele quase foi abafado pela sensa-
ção de dor e necessidade no meu corpo dolorido, um lembrete de como pas-
samos as últimas horas. Eu me perguntava se era assim para todas. Talvez,
Jake se sentisse assim com cada garota que ele tinha fodido. Talvez para ele, a
nossa foi uma fuga das coisas.

Jake me reuniu em seus braços até que eu estava entre suas pernas.

Ele beijou o topo da minha cabeça e soprou em meu cabelo. —É


sempre assim?—, Perguntei hesitante, minha voz estava rachada num sussur-
ro. Eu tinha que saber.

-O que é sempre assim? —

—Você sabe.— Inclinei a cabeça para trás em direção à casa, espe-


rando que a luz fraca escondesse a vermelhidão que senti subindo no meu
pescoço e no meu rosto.

Entendimento e diversão se misturavam em seu rosto. —Não, Bee—


ele riu. —Não é.

Por uma fração de segundo eu pensei que ele queria dizer que eu ti-
nha sido uma decepção, de que ele tinha tido melhor do que o que tínhamos
compartilhado.

Ele deve ter lido os meus pensamentos, —Bee—, ele começou, — isso
nunca, nunca foi assim para mim. Eu não sou exatamente uma pessoa de pa-
lavras, mas deixe-me colocar desta forma: -Eu acho que a maioria das pessoas
nunca chegaram a ter uma experiência que tenha sido algo surpreendente,
porra. —Seu olhar se aprofundou.—algo tão incrível.

Ele se inclinou para mim. Eu podia sentir o roçar de seu cavanhaque


passar levemente no meu queixo e bochecha, antes que seus lábios cobrissem
os meus. Lentamente, o calor que nunca teve tempo suficiente para morrer,
começou a construir de novo. Sua língua separou suavemente meus lábios.
Quando se encontrou com os meus, a nossa respiração tornou-se trabalhosa e
minhas mãos se mudaram para seu cabelo, Jake puxou seus lábios para longe,
mas ficou perto o suficiente para que eu não tivesse que liberar ele do meu
abraço.

—Se eu não sair agora jovem senhora, eu vou te arrastar de volta


para a minha cama e nunca, jamais, vou sair.

Suas mãos repousavam sobre minha nuca enquanto ele pressionou a


testa na minha. —Isso não parece tão ruim. —

Ele rosnou em frustração. —Vá!—, Ele ordenou apontando para o


apartamento e colocando um último beijo inocente na minha testa. Eu ainda
não tinha me mexido. Eu não podia.

—Abbbbyyyy—, disse ele brincando em tom de aviso. Eu gostei desse


lado dele.

Ele quase me fez esquecer o que ele estava indo fazer.

Não que o seu próprio trabalho me incomodasse. Eu estava preocu-


pada com a sua segurança, e não com o seu trabalho. Pela primeira vez eu
não estava indo questionar os meus sentimentos, o branco e preto do que de-
veria ser.

—Eu vou. Eu vou —, eu disse correndo para longe dele e virando-me


lentamente em direção à porta.

—Hey Bee!— Ele chamou quando eu tinha quase atingido a porta da


frente.

—Sim?—, Eu perguntei e me virei para vê-lo já montado na sua mo-


tocicleta.

Seus óculos estavam no lugar, e ele ajustou a alça em seu capacete.

Porra de homem sexy.

—Eu vou estar de volta o mais rápido possível. Eu prometo. —Seu


rosto era uma mistura de felicidade e medo.

—É melhor mesmo—, eu disse tentando manter um tom leve de pa-


lavras, que se sentaram pesado na minha língua. Eu respirei fundo e convo-
quei o controle que eu nunca soube que tinha. Então, eu me virei e caminhei
de volta através da porta da frente.

Sentei-me no chão com as costas contra a porta, até que ouvi o rugi-
do de sua moto vindo à vida e à pulverização do cascalho debaixo dos pneus
largos quando ele puxou para fora da estrada principal. Sentei-me ali por mui-
to tempo após o som ter desaparecido na distância, Jake junto com ele.

—Eu te amo—, eu sussurrei para ninguém.


Não era só que eu tinha perdido minha virgindade. Era isso, a não ser
com Nan, eu nunca tive e me senti tão necessária, por isso eu o queria, de
qualquer modo e certeza de alguma coisa em toda a minha vida. O que acon-
teceu mesmo com a Abby Ford zangada, com defesas mais fortes do que Fort
Knox? Quem era essa menina que tinha na verdade, conseguido deixar alguém
em sua vida além de sua avó? Pela primeira vez desde que Nan morreu, eu
não me sentia sozinha.

Eu não tenho que ser má com Jake. Eu não tenho que me colocar em
frente e mostrar-lhe o quão duro eu poderia ser. Eu era mais suave em torno
das bordas. Ele me desafiou no melhor dos caminhos. Eu até adorava que ele
era tão teimoso quanto eu.

Eu prefiro lutar com ele, do que ter uma conversa normal com qual-
quer outra pessoa.

Foi pelo menos uma hora depois de ele partir que eu me levantei. Eu
precisava de algo para me distrair, então eu liguei o laptop de Jake digitando
tatuagens e cicatrizes no motor de busca. Fiquei chocada com as imagens que
apareceram.

Milhares de imagens, a maioria de mulheres, com tatuagens de flores


coloridas, tinta sobre cicatrizes de seção ou em locais onde seus membros ti-
nham sido amputados. Passei horas olhando para todos eles. As sobreviventes
de câncer de mama foram as que realmente me chamaram a atenção. Assim
muitos optaram por abraçar suas cicatrizes - alguns com um projeto completo
preenchendo todo o seu peito .Elas não cobriam suas cicatrizes. Elas decora-
ram.

Não era exatamente o que eu queria agora.


Era o que eu precisava.

Se o telefone do apartamento não tivesse tocado, apenas então, eu


já teria puxado para cima as imagens do que eu queria retratado em torno de
minhas cicatrizes. Eu teria ficado o resto da noite contemplando a nova Abby,
alguém que eu estava realmente começando a gostar.

Atravessei o quarto com relutância e peguei o telefone. Eu nem se-


quer tive a chance de dizer Olá.

—Abby. Obrigado Deus que você respondeu, porra —, disse Reggie.

—Escute, eu sei que Jake está fora da cidade, mas o motor de Mor-
gan pifou novamente, e estamos presos em Key no meio da noite maldita. Só
agora tive recepção no celular suficiente para chamá-la, Bo perdeu as chaves,
pela centésima vez, o idiota da porra esperou até este momento para me dei-
xar saber que ele deixou tudo aberto na unidade de armazenamento! Ele é tão
útil quanto um alçapão em uma canoa.

Antes que Reggie pudesse me pedir para ir até a unidade de armaze-


namento para trancar, me ofereci para fazê-lo.

Não era como se eu pudesse ter dormido, mesmo que eu quisesse. A


curta caminhada iria me ajudar a colocar para fora parte da energia que ainda
estava zumbindo através de mim.

—Não é nenhum problema Reggie. Eu vou lá agora e tranco tudo pa-


ra você.

—Você é a minha salva-vidas Abby. O reboque vai demorar uma


eternidade e custa uma fortuna, por isso, não vou estar de volta até de ma-
nhã. Graças a Deus é só domingo. Vejo você no escritório segunda-feira. Obri-
gado mais uma vez.— A linha ficou muda. Peguei as chaves sobressalentes fo-
ra do gancho pelo frigorífico, empurrei no bolso do meu calção antes de eu sair
do apartamento e começar a descer a estrada a pé.

A unidade de armazenamento era apenas uma meia milha até a es-


trada, então eu não me incomodei de vestir uma camisa para cobrir as minhas
cicatrizes.

Eu estava testando a mim mesma.

A lua cheia parecia ainda mais brilhante do que tinha sido na noite
anterior, e pela primeira vez, a espessura úmida do ar não me fez sentir com
se estivesse indo me sufocar. Até o cheiro de peixe morto, um fedor que nor-
malmente ficava entranhado em minhas narinas, não me incomodava tanto
quanto ele costumava fazer.

As luzes da construção da ponte apareceram na distância, o gerador


soando, foi ligado para a decolagem, abafando o som do rio batendo suave-
mente contra o paredão. À distância, eu ouvi as ondas de música e risos das
pessoas que entravam e saíam da porta giratória no Bar do Bubba.

Eu pensei sobre Nan enquanto eu caminhava, em qualquer que seja o


céu pode ou não ter existido por ela. Eu esperava que fosse o que ela de todo
o coração acreditava, e convenceu-me de que alguma forma, ela era a única
que tinha independentemente de suas falhas, e talvez até mesmo por causa
delas. Imaginei se ela ainda estivesse viva se exigiria que trouxesse Jake para
casa para encontrá-la corretamente. Ela provavelmente iria fazê-lo jantar, in-
sistindo que ele tomasse uma segunda dose de sua famosa mostarda verde,
salada de batata e obrigando-o a levar todas as sobras para a casa. Ela parecia
acreditar que ninguém na cidade comia a não ser quando os alimentava. Eu ri
em voz alta em pensar em Jake tentando responder à enxurrada de perguntas
que Nan certamente teria feito a ele. Gostaríamos de deixar de fora a parte
sobre ele ser um assassino contratado.

Eu não acho que seria bom dizer.

Eu podia sentir o gosto do sal no ar em minha língua enquanto eu


atravessava a ponte balançando meus braços e assobiando.

Assobiando?

Quem era essa garota?

Eu sabia de uma coisa: a nova eu era quase feliz ... e estava tudo
bem com ela. Pela primeira vez, eu não ia ficar no meu próprio caminho.

Uma vez que eu estava longe das claras luzes ofuscantes penduradas
nos guindastes de construção, eu relaxei sob o conforto dos milhares de estre-
las que ocupavam o céu, me lembrando de alguém piscando os olhos. A lua
pairava como uma velha amiga que quer saber as notícias do dia.

Eu sabia com certeza que Nan estava lá me assistindo, torcendo por


mim, para ter a vida que eu nunca pensei que eu podia. Eu estava tão perto.
Em menos de um mês, Jake estaria de volta e um novo capítulo começaria ofi-
cialmente para nós dois. Juntos. Eu estava indo com ele. Eu poderia ser normal
com ele. Eu poderia ter uma vida com ele. Assim que ele voltasse, nós come-
çaríamos a planejar onde iríamos primeiro. Eu estava pensando New Orleans,
mas Nova York estava na lista também. Eu nunca tinha ido em qualquer lugar
além de Geórgia e Flórida.
Minha vida finalmente tinha possibilidade.

Fiquei grata pela primeira vez desde que Nan me acolheu. —Obrigado
Nan— eu sussurrei esperando que a minha mensagem chegaria lá de alguma
forma. A primeira lágrima feliz que eu já chorei nos meus quase 18 anos nesta
terra deslizou pela minha bochecha.

—Nan não precisa de agradecimentos de uma puta.— A voz profunda


e lenta, arrastada rosnou de algum lugar na escuridão me assustando.—Onde
está você?—, Perguntei. — Quem é você? —Meu coração bateu para fora um
aviso desigual como Código Morse.

—Ah baby.— Owen saiu das sombras sob o beiral do barraco de isca
para o luar. —Qual é o problema? Você não reconhece mais minha voz? Tsk,
tsk, tsk. Agora feriu meus sentimentos.— Ele tomou um gole de uma garrafa
de vidro quase vazia, limpando o líquido marrom escuro de seu queixo com a
parte traseira de sua mão manchada de graxa.

—O que diabos você quer Owen?— Eu cruzei os braços sobre o peito


e tentei empurrar a pouca voz na parte de trás da minha cabeça me dizendo
que eu deveria assusta-lo fora.

Ele apontou sua garrafa para meus braços expostos. —Veja aqui. Al-
guém decidiu sair e parar de se esconder. E vai ser questão de tempo até você
mostrar os seios.— Eu fiquei em silêncio. Eu não queria ter mais problemas
com ele. Eu só precisava sair de perto.

—O que você acha que a sua Nan diria se soubesse que você está
com um cão de ferro-velho como Jake Dunn? Você realmente acha que ela fi-
caria orgulhosa de você fodendo com ele?— Owen deu mais um passo amea-
çador e lento em direção a mim. —Você mentiu para mim.— Havia uma ponta-
da de dor na sua voz que eu nunca ouvi antes. Sua parte superior da camisa
branca estava manchada de marrom e vermelho, com o que eu só podia supor
que era uma mistura de isca e vísceras. Mesmo a partir de alguns metros de
distância, eu podia sentir o cheiro do licor flutuando fora dele.

—Como diabos eu menti pra você Owen?—, Perguntei tentando não


demonstrar minha inquietação crescente. Eu comecei a andar casualmente, em
direção a porta da unidade de armazenamento ao lado da loja de iscas. Meu
plano era correr e trancá-la atrás de mim o mais rápido possível. Eu podia ou-
vir os passos de Owen sobre o cascalho acelerar enquanto eu tentava ultrapas-
sá-lo.

Ele fechou a distância entre nós.

—Sim-MENTIU! Procurou-o! —, Ele gritou furioso. —Você me disse


que você não estava transando com ninguém, não queria ninguém. A verdade
é que você simplesmente não quer me foder!

Eu nunca tinha o ouvido falar com este ódio e dor por trás de suas
palavras.

Ele esvaziou a garrafa e bateu contra as rochas do paredão ao longo


da estrada. O vidro explodiu como fogos de artifício. Ele soltou uma risada co-
mo uma metralhadora. —Eu pensei que você fosse diferente, mas você não é
diferente de todas as outras vadias nesta porra de cidade, não é?— Um sorriso
cruel perdurou em seus lábios. Suas pálpebras estavam inchadas, finas, veias
vermelhas nadava na parte branca dos seus olhos.
—Owen você não sabe o que está falando. Tire sua bunda de bêbado
daqui.

Tentei empurrá-lo andando rápido em direção à porta da unidade. A


alça estava a poucos passos do meu alcance.

—Agora Abby, por que eu iria voltar para casa, para a minha cama
vazia quando eu tenho você aqui?— Ele correu para mim e me agarrou por
trás da minha parte superior do corpo, me virando para olhá-lo no rosto, meu
tornozelo torceu na irregularidade da estrada, o envio de um choque de dor na
minha perna. Eu recuperei meu equilíbrio e dei um passo para trás, mas Owen
segurou. —Especialmente, desde que você está no jogo agora —, acrescentou.

O veneno em sua voz mais potente do que qualquer cascavel.

—Owen pare! Eu tenho que ir. Isso não é engraçado! —Eu tentei vol-
tar ao redor, mas suas mãos dispararam e me pegaram pelos ombros. A quei-
ma que eu não sentia há mais de uma semana, estava de volta em um instan-
te pois todo o meu braço estava envolto em chamas. Seu aperto era forte, as
unhas escavando em minha carne. O cheiro de peixe podre e uísque fez meu
estômago revirar.

Owen olhou em meus olhos, falando entre dentes cerrados e jogando


saliva em mim quando ele falou. —Então deixe-me ver se entendi direito, você
tem tempo para foder Jake Dunn, que você conhece a pouco tempo, mas você
não tem nenhum tempo para o seu querido amigo Owen?

Um suspiro involuntário saiu para fora da minha boca como a explo-


são de uma pistola de ar. Ele soprou no meu ouvido, seu aperto forte, eu tinha
certeza de que ele estava tirando sangue. Ele me puxou para mais perto, cor-
rendo as costas de seu dedo sujo para o lado do meu rosto, deixando um arre-
pio gelado na minha bochecha. Eu recuei do seu toque.

—Você sabe, eu vi vocês dois hoje à noite.

—Owen pare. Você está me assustando. —Eu me esforcei para me li-


bertar.

—Ah não, você não, senhorita Abby—, ele fervia. —Não desta vez.—

O mergulho que ele tinha enfiado no lábio inferior, pulverizando fora


de sua boca, com ênfase em cada uma de suas palavras, pedaços dele desli-
zando para baixo do lábio para o queixo. Owen esmagou seus frios lábios co-
bertos de sujeira por cima da minha boca. Meu rosto inflamou com a sensação.
Eu consegui deixar um braço livre, e assim que eu consegui, eu inclinei-o de
volta, e bati com o punho em linha reta em sua mandíbula.

A cabeça de Owen estalou para o lado. Ele me deixou cair e esfregou


o rosto que já estava vermelho do golpe. Virei-me e sai correndo, mas não
mais de três passos, ele me pegou novamente, puxando-me para ele com um
braço musculoso duro e esmagou-nos juntos, peito com peito. Eu senti sua
ereção através de seus jeans empurrando contra o meu estômago. Ele poderia
muito bem ter me encharcado com gasolina e me incendiado. Mas, eu não es-
tava prestes a deixar o calor indesejado enfraquecer a minha vontade de lutar
com ele. Tentei chutar ele apontando para a própria área da minha preocupa-
ção.

Ele riu da tentativa. —Foda-se, pare agora Owen!— Eu gritei. —Fique


longe de mim, você é um idiota!
Este não era apenas Owen me provocando. Este era Owen tomando o
que ele queria. Eu era apenas uma saída para a sua raiva. O objeto de sua
vingança.

Eu tive que sair de lá.

—Agora, agora Abby. Você sabe que eu gosto, quando você se esfor-
ça um pouco. Não é justo que a putinha do Jake chega e tenha toda a diver-
são, não é? —Owen arrastou a língua sobre minha orelha, sua quente respira-
ção quase me fazendo desgraçada. Estiquei o pescoço para o lado, afastando-
me tanto quanto eu podia.

Eu gritei até que ele cobriu minha boca com uma mão grande e
imunda e começou a me puxar para trás no escuro. Pressionei meus pés para
baixo na sujeira, tentando segurar-me na terra.

Onde ele estava tentando me levar?

Com a mão ainda sobre a minha boca, ele me içou com o antebraço
sob meus seios, me arrastando sobre as pedras irregulares do paredão. Eu
perdi uma bota, depois a outra. Minha faca estava bem escondida na última.

Ainda assim, eu me recusei a deixar de lutar.

As rochas cortavam cortes dolorosos na sola dos meus pés. Com


meus braços fechados ao meu lado, eu tentei usar os cotovelos para escavar
em suas costelas. Ele não fez nada mais do que irritá-lo. Ele era muito grande,
muito forte. Ele simplesmente se virou e me levantou, me carregando como
uma mala debaixo do braço. Sua outra mão nunca saiu da minha boca.

Meu coração disparou. Cada veia pulsava dentro de mim em pânico.


Jake! Eu preciso de você! Foi o meu pensamento primário. Eu fiz a
única coisa que eu conseguia pensar, eu mordi tão duro quanto eu podia, ca-
vando meus dentes todo o caminho para a carne da mão de Owen. Seu sangue
inundou instantaneamente minha boca, degustação de licor e cobre.

—Filha da puta! ele gritou. Mas, ele nunca afrouxou o aperto, e ele
nunca perdeu uma etapa.

Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto.

—Você acha que vai mudar alguma coisa?— Ele falou com um tom
brincalhão, empilhado em cima de seu riso ameaçador. Eu já sabia que isso
era apenas um jogo para ele, com as regras que eu não tinha qualquer espe-
rança de compreensão.

Eu gritei em sua mão, soprando seu sangue em meu nariz, respiran-


do-o em meus pulmões. Eu tossi e engasguei, mas não parei o ataque de den-
tes na pele. Mordi ao entrar nele, só desta vez ele me soltou. Virei-me, ten-
tando ganhar algum pé, na areia irregular, só para ser agredida com a bola de
demolição de seu punho esmagando em minha bochecha direita. Ele rangia
sob a pressão do golpe, espalhando o sangue de suas mãos por todo o meu
rosto. Era como nada que eu já senti antes, como se minha cabeça explodisse.

Meu corpo inteiro vibrou, quando minhas pernas desmoronaram sob


mim e eu caí para a praia.

—Foda-se Abby. Olhe o que você me fez fazer! —Owen me repreen-


deu como se eu fosse uma criança, que tinha batido por cima do meu prato de
jantar na mesa. —Se você tivesse se comportado, isso não teria que ser assim.
Palavras que eu tinha ouvido antes e tinha a esperança de nunca ou-
vir novamente.

Owen fez uma pausa e soltou um suspiro profundo. —De qualquer


forma baby, vai ser realmente especial.—Eu entrava e saia da consciência após
aquele soco.

Verdade seja dita, eu desejava que ele tivesse me nocauteado.

Owen levou ambos os meus pés em suas mãos e me arrastou para


debaixo de uma palmeira inclinada sobre a água. Eu não poderia abrir meu
olho direito, a visão do meu olho esquerdo havia começado a se confundir. Eu
chutei minhas pernas sem rumo, tão duro quanto eu podia, com a esperança
de bater em alguma coisa ou qualquer coisa de Owen que seria para pará-lo.
Ou meus chutes estavam tão fracos que não tinham nenhum efeito sobre ele,
ou os meus percebidos chutes, eram puramente um produto do meu subcons-
ciente ainda querendo me fazer lutar.

Ele caiu de joelhos pairando sobre mim. Seu suor escorria em minha
testa como tortura da água. O seu odor pungente do corpo, misturado com o
cheiro do sal no ar. Passei o último bocado de luta que eu tinha deixando e
tentando manter meus joelhos juntos, quando ele empurrou meu shorts para
baixo das minhas pernas, empurrando as mãos entre eles e segurando minhas
coxas abertas com os cotovelos. Ele enfiou os dedos por entre as pernas de
minha calcinha, rasgando-as em um furor, gemendo quando seus dedos roça-
ram meu sexo. Ele trouxe minha calcinha até seu nariz e cheirou. Sua mandí-
bula se apertou. A veia grossa no pescoço pulsava. Sua raiva entrou em erup-
ção.

—Eu posso sentir o cheiro dele em você, sua puta!— ele gritou.
Atirou-a cegamente no canal. Ele usou os joelhos para manter mi-
nhas pernas abertas, em seguida, posicionou-se entre elas.

Isso está realmente acontecendo ...

Tentei gritar, mas tudo o que saiu foi um gemido fraco. A onda de
náusea tomou conta de mim. Virei a cabeça para o lado e eu vomitei na areia,
engasgando com os pedaços de frango frito, quando eles vieram para cima. Se
tivesse sido apenas uma hora desde que eu estive com Jake? Seria possível?

Porque agora eu estava no inferno. Com o próprio diabo.

Owen não parece notar o vômito, e se o fizesse, ele não parecia se


importar. Com um movimento, ele puxou para baixo suas calças jeans e liber-
tou-se das suas boxers. Ele forçou uma mão por baixo das minhas costas, me
puxando para mais perto dele, e com a outra mão ele se empurrou dentro de
mim. Eu podia sentir o grão da areia da praia rasgando minhas entranhas, co-
mo cacos de vidro. A queima foi como nada que eu já tinha experimentado a
partir do contato externo. Isso não era como a minha pele estava sendo incen-
diada.

Eu gritei.

Dessa vez eu era a chama. A dor era ofuscante. Tudo o que eu via,
era branco.

Eu não poderia me fazer acreditar que estava acontecendo. Como um


produto dos mais fodidos em algumas desviante criação de Deus, eu estava
sendo confrontada com a única coisa que eu tinha conseguido evitar.
Isso não pode estar acontecendo. Eu me mantive dizendo uma e ou-
tra vez. Isso não pode estar acontecendo.

Só que estava acontecendo. Não havia nada que eu pudesse fazer


para detê-lo.

A dor era pior do que quando minha mãe me bateu, como uma ação
de graças fodendo o peru. Era pior do que ser esfaqueada.

Pior do que ser espancada.

Pior do que qualquer coisa.

Gritei de novo e de novo quando ele entrou em mim. Cada som da


minha boca foi respondido com um golpe de seu punho fechado. —Não grita
cadela, porra —, ele cuspiu empurrando mais duro para me punir. —Eu sei que
você gosta dele.

Ele fechou os olhos e gemeu. Quando ele abriu a boca, eu podia ver
fios de saliva ligando os dentes superiores e inferiores. Tentei gritar de novo,
eu queria alguém para me ouvir, mas desta vez, as palavras não saíam.

-Ouvi dizer que você geme como uma prostituta quando você estava
fodendo Jake esta noite. Eu sei que esta merda liga garotas como você. Então
você geme, puta!— Com uma torção de seus quadris, ele cortou em mim como
uma faca serrilhada. Quanto mais eu tentava resistir, mais contundentes suas
estocadas se tornaram.

Eu já não podia sentir meus membros.


Owen, de repente saiu de mim, raspando minhas entranhas como
uma lixa, me capotando no meu estômago como se eu fosse uma boneca de
pano.

Com uma mão, na parte de trás da minha cabeça, ele empurrou mi-
nha cabeça para enfrentar a areia molhada. —Isso é o que você ganha por
tentar gritar, porra.— Seu próximo impulso enviou ondas de choque dolorosas
através do meu corpo, eu tenho certeza que eu perdi a consciência por um mi-
nuto ou dois.

Eu estava sendo dilacerada por dentro.

Eu não sei quanto mais eu poderia tomar. Meu corpo estava sendo
desligado. Eu não estava ofegante para respirar mais. Apenas pequenos pu-
xões de ar mantinham meu coração pulsando lentamente, profundo dentro do
meu peito.

—Essa porra dói, não é?—, Ele sussurrou entre os dentes. —Aposto
que Jake não fode desse jeito! —Tomando punhados de cabelo, ele arrancou e
puxou para alavancagem, até que ele puxou com força o suficiente para arran-
car pedaços de cabelo e couro cabeludo. Ele fez o mesmo som que um zíper,
teimoso.—Você não vê agora, não é? Uma parte de você agora é minha.— Ele
quase riu quando ele sussurrou essas palavras. Eu podia sentir o cheiro dele
mesmo através da areia. Eu podia sentir o cheiro e gosto do meu próprio san-
gue e vomitei. Eu podia sentir minhas entranhas desmoronando como cada
grão de areia do solo contra eles.

Minha mente vagou para as bobinas de uma notícia que eu vi onde as


pessoas descrevem o rescaldo de um Tornado: Foi uma surpresa ... soou como
um trem da morte ... deixou tudo quebrado e torcido em sua esteira ... quase,
matou ... morrendo de medo ... perdi tudo ... nunca mais seria a mesma ...Eu
não vou sobreviver a isso.

Eu abri minha boca para gritar para o chão. Em vez disso, congratu-
lou-se com areia molhada, nos meus pulmões, engasgos até que o que era se-
co soltou e forçou ainda mais da praia em minha garganta. Eu vou morrer.

Eu nunca ia ver Jake novamente. Apenas quando eu pensei que fi-


nalmente tive algo que eu poderia confiar, algo real, tudo estava sendo tirado
de mim. Pela força. Como eu era estúpida para pensar que eu poderia ser feliz.
Eu estava sendo punida por querer mais do que o que eu tinha sido tratada. Eu
ia morrer aqui. Ergui a cabeça da areia em uma última tentativa de permane-
cer viva.

Owen virou-me de volta e apertou as mãos em meu peito com força


para estabilizar a si mesmo. Eu senti o estalo de minhas costelas e ossos do
ouvido estalar. Ele continuou falando, mas agora, sua voz era apenas um som
abafado na distância.

Menores ruídos de fundo pareciam amplificados. O chilrear dos grilos


nas proximidades. O farfalhar de folhas de palmeiras ao vento. O toque de sal-
to da tainha no canal.

Ajuda, por favor, alguém ... ajuda. Em vez de ajuda, recebi mais uma
única força, mais contundente, mais agonia e cegueira em toda a minha outra
surra no rosto.

E então, eu morri.
A morte não me chamou em seu abraço naquela noite, embora
eu realmente acreditava que ela tinha. Eu preferia ter sido morta do que ter
que ser a porra de uma vítima novamente. Eu preferia ter sido morta, do que
segurar o conhecimento do que aconteceu, de ter o poder de ver essas ima-
gens sempre em meus pensamentos, me senti como se perguntando para
além das paredes que eu tinha construído. Todas as lembranças dos golpes no
meu rosto e corpo viria com eles, a revisitação da intrusão horrível dentro de
mim.

Era demais para nunca pensar que eu poderia ser feliz.

Eu não era o tipo de final feliz depois de tudo. Eu era a garota fodida
que merdas fodidas aconteciam. Por que eu nunca pensei que eu merecia
mais?

Eu não sei quanto tempo eu tinha ficado lá, não sabia se era dia ou
noite. Eu não abri meus olhos por horas. Eu mantive-os fechados e desejei
uma morte rápida. Eu pensei que se eu me concentrasse forte o suficiente, eu
poderia cair no esquecimento. Pessoas como eu só foram feitas para sentir dor
e sofrimento, eu abri meus olhos ou, devo dizer, eu abri meu olho.

E a dor que eu sentia. Eu estava no meu quarto. No quarto de Jake.


O nosso quarto. Isso era tudo o que eu poderia fazer para sair fora antes de
ter excluídos os raios duros da luz do dia. Minha boca estava seca e rachada, e
parecia colada e fechada.

Uma das minhas narinas estava entupida. Eu não conseguia recupe-


rar o fôlego. Eu usei meus dedos roxos e inchados para pegar o sangue seco e
a formação de crostas de meus lábios para que eu pudesse abrir a boca para
ter uma profunda respiração. Parecia vidro quebrando dentro de mim.

Como cheguei aqui?

Será que alguém me salvou?

Não, alguém não tinha me salvado. Alguém me mudou.

Ele me moveu.

A onda de náusea tomou conta de mim. Incapaz de suportar e correr


para o banheiro, eu tentei me arrastar no chão ao lado da cama, no processo
de desobstrução de uma narina cheia de sangue seco, enviando pedaços de
correntes pretas e vermelha fresca, para a bílis do lado do colchão.

Vomitando tudo no chão.

Exausta, devido ao que não poderia ter sido, mais do que alguns mi-
nutos de consciência, eu voltei a desmaiar deitada sobre a bagunça que aca-
bou de criar-se

A próxima vez que eu acordei, já era noite, e eu precisava usar o ba-


nheiro.

Minhas pernas não queriam cooperar. No segundo que eu tentei ficar


em pé, eu comecei a ir para baixo novamente. Tentei me segurar no criado-
mudo, mas meus braços não eram fortes o suficiente. Eu caí de peito no chão.
Uma sensação de formigamento na minha espinha irrompeu em uma sensação
de que rasgava meu pescoço para minha bunda. Não havia maneira de que eu
ia ser capaz de caminhar vinte metros ou mais para o banheiro.

Então, eu me arrastei. Com apenas o apoio dos meus braços, eu me


arrastei lentamente, minha própria carne de um corpo flácido em todo o assoa-
lho de cerâmica, polegada por polegada fria e agonizante. Deixei uma trilha de
terra sangrenta da minha cama para o banheiro. Eu não sei quanto tempo le-
vou. Parecia dias, anos, uma eternidade. Em outra vez de crueldade universal,
uma vez que eu finalmente cheguei lá, descobri que a porta do banheiro esta-
va fechada. Reuni cada centímetro de determinação que eu ainda tinha para
chegar a uma posição instável, levantar meu braço inútil até a maçaneta da
porta. Debrucei-me sobre ele, forçando a porta aberta e caindo para o chão do
banheiro como uma boneca de pano quebrada.

Eu precisava ver o que ele tinha feito, para saber com o que eu esta-
va lidando.

Juntei a minha força e lentamente empurrei-me de joelhos. Em um


acesso de raiva, lancei-me até para os meus pés, agarrando a bancada para
recuperar o meu equilíbrio e me segurar. Eu tive que me inclinar contra o bal-
cão com meu peito quase na pia. Eu usei o meu cotovelo para cutucar a luz
acesa.

O que eu vi no espelho, a menina olhando para mim, não era eu em


tudo.

Meus olhos estavam ambos, tão negro como a noite, com manchas
de roxo e amarelo. Minha pele normalmente pálida estava irreconhecível sob
as manchas vermelhas de sangue. Hematomas azuis e amarelos estendiam-se
todo o caminho pelo meu rosto ao longo da minha mandíbula. Meu cabelo cor
de cobre estava penteado para trás e cobertos de escuros pedaços carmesins.
Corri meus dedos sobre meus lábios, me encolhendo no meu próprio toque. A
parte superior do top que eu usava estava manchada de sujeira e vômito. Eu
estava nua da cintura para baixo. Córregos de sangue vermelho ao longo do
interior das minhas pernas, como veias grossas que se espalharam para os
meus pés. Eu abri minha boca tanto quanto eu podia, a fim de pressionar um
dedo dentro para sentir meus dentes. Tanto quanto eu poderia dizer, eles es-
tavam todos lá.

Eu preciso de Jake.

Quando eu tinha oito anos, o traficante de drogas da minha mãe ba-


teu nela perdendo por uma polegada de sua vida. Ela parecia muito com a mi-
nha aparência agora, exceto que ela estava inconsciente e em uma cama de
hospital por mais de duas semanas. Quando ela foi levada, eu estava tão feliz
de finalmente tê-la em sua casa. Para tê-la só para mim, sóbria pela primeira
vez. Isso tinha que ser ela no fundo do poço. Quase morreu. Tinha de ser mo-
tivo para deixar de fumar e até mesmo mais de uma razão para começar a ser
uma verdadeira mãe para mim. Eu me convenci que ia ser um novo começo
para todos nós.

Sentei-me na frente de sua estação amarela, no banco, entre o meu


pai que estava dirigindo, e minha mãe que estava no banco do passageiro, a
caminho de casa a partir do hospital. Eu estava radiante. Depois de tudo que
passamos, eu tinha razão para acreditar que estávamos indo para ser uma fa-
mília real.
Estávamos a três quadras do caminho do hospital, quando minha
mãe me pediu para segurar o final de uma borracha, enquanto ela subiu bem
alto, ali no banco da frente.

Essa foi a primeira e última vez que eu me permiti ter uma esperança
real para uma família ... até Nan.

Nan ...

Eu soltei um grito que poderia ter acordado os mortos, acendendo o


fogo da dor dentro de cada célula do meu corpo. Eu não me importava. A dor
era o que eu estava acostumada. Mágoa e decepção eram normais fodidas pa-
ra mim. Eu gritei mais alto. Algo em minha garganta parecia ter estourado, e
sangue subiu na garganta e na boca. Eu me afundei no chão do banheiro e me
enrolei em posição fetal. O sangue era muito para engolir, fluía da minha boca
e para o quadrado, criando rios de vermelho na argamassa. Eu não estava jo-
gando-a para cima. Eu estava apenas liberando.

Arrastar-me pelo banheiro não era uma opção. Eu não tinha forças. A
urina veio para fora de mim em ondas de agonia queimando, fazendo-me ver o
que parecia neve na TV atrás das minhas pálpebras.

Minha vida era a minha dor, e havia muito mais para vir.

Foi então que tomei a decisão. A decisão que eu sempre soube que
eu poderia ter de fazer em algum momento da minha vida, mas, de alguma
forma duvidava que eu já tivesse a força para exercer efetivamente para fora.

Owen ia morrer.
Quando Jake voltasse, eu ia dizer a ele o que aconteceu. Cada deta-
lhe sangrento e explícito. Eu estava indo para despertar o monstro dentro dele.

Não era como se eu poderia chamar as autoridades. Em Coral Pines,


a família de Owen era a autoridade. O prefeito, o promotor, o juiz do condado,
o Xerife, os humildes todos eram Fletchers, nascido e criados. Eles não iriam
me ajudar. Jake faria.

Minha respiração acelerou não mais a profunda dor, mas a partir da


satisfação escura da minha decisão. Uma pequena risada maníaca escapou dos
meus lábios, e eu segurava minhas costelas porque parecia que elas estavam
quebrando novamente e novamente com cada som que eu fazia. Eu deixei tu-
do vir.

Jake vai matar Owen.

Entre os lances de agonia insuportável e os ataques de riso insano, o


pensamento era reconfortante. Ele fez a dor quase suportável. Quase.
Eram dez horas da noite, e todas as luzes dentro da escola secundária de Coral
Pines estavam desligadas. Eu não quero ligar qualquer uma delas por medo de
chamar a atenção para mim. O que eu estava fazendo lá não necessitava de
luz de qualquer maneira. O brilho vermelho dos sinais de saída acima de cada
porta e a minha pequena lanterna me permitiram ver apenas o suficiente para
encontrar o meu caminho.

Mesmo na ausência de alunos, a escola ainda cheirava ao mesmo de sempre: a


produtos químicos vindos dos marcadores secos misturado com o ar viciado e
um leve cheiro de odor corporal que flutuava do ginásio. Seriam mais alguns
meses antes que os estudantes retornassem para a escola. Eu me senti como
se fosse ouvir a campainha tocar a qualquer momento, os sons de risadas dos
alunos ecoando pelos corredores ao entrarem em suas salas de aula, batendo
armários e gritando uns com os outros.

Eu fiz meu caminho até um corredor escuro e depois outro. A maioria da mi-
nha dor era agora substituída por um estado constante 'desconfortável' que eu
sentia em cada etapa.

O sistema Locker parecia muito com fileiras de soldados silenciosos que reves-
tem cada seção aberta de parede do chão até o teto. Quando cheguei à sala
escura que o Sr. Johnson tinha construído para sua aula de fotografia, eu usei
a faca da minha bota para virar o trinco frágil.

Quando eu tinha certeza de que o quarto era à prova de luz, eu acendi a luz
segura e fui trabalhar puxando os negativos da minha câmera e enchendo as
bandejas com produtos químicos de processamento. Levou mais tempo do que
eu pensava, mas quando eu terminei, doze fotos em preto-e-branco pendura-
das nos prendedores de roupa na linha de secagem do outro lado da sala, cada
um de um ângulo diferente da mesma pessoa. Eu.
Olhando para elas me fez sentir como se nem um segundo tivesse passado, e
muito menos algumas semanas. Eu estava lá novamente. Fechei os olhos para
lutar contra as memórias intrusas, mas elas não quiseram ceder.

Mais uma vez, eu sentia cada golpe, cada pedaço de força que ele usou quan-
do se empurrou para dentro de mim. Senti um aumento súbito de pânico no
meu peito que irradiava pelo meu corpo para os dedos dos pés.

Eu estava com medo de deixar o apartamento naquelas primeiras semanas,


não só porque Owen estava lá fora em algum lugar, mas porque eu não queria
que ninguém me visse. Eu tinha chamado Reggie e disse-lhe que estava vio-
lentamente doente e não queria deixar o resto dos caras doentes, assim ele
escorregou as notas fiscais e recibos sob a porta do apartamento para eu or-
ganizar em casa até que as manchas negras no meu rosto desaparecessem.

Quando voltei ao trabalho, eu tinha ouvido falar que todos os Fletchers foram
passar o resto do verão em sua casa em Jackson Hole.

Owen teria ido até que Jake voltasse.

Eu podia respirar pela primeira vez em semanas.

O cheiro dos produtos químicos no pequeno espaço, misturado com o calor do


ar neste quarto climatizado, devem ter sido demais para o meu estado frágil.
Peguei num balde de esfregão vazio no canto e esvaziei o conteúdo do meu
estômago até que nada foi deixado, e eu estava arfando seco.

Eu tinha vindo revelar as fotos sabendo de antemão como eu me sentiria. Eu


sabia como a minha reação seria. Eu não queria me lembrar do que aconteceu.
Eu não queria reconhecer que tudo aqui tinha acontecido. Mas, isso não era
por mim. Isto era por ele. Gostaria de ser forte para ele. Eu tinha que mostrar
a ele tudo. Ele precisava saber.

Eu mal tinha forças para segurar a minha câmara quando eu fotografei. Meus
pulsos tremeram sob o seu aparentemente peso enorme. Essa trepidação qua-
se poderia ser vista dentro das fotos ficando tremidas em torno das bordas,
em vez de linhas sólidas.

Eu vi muito mais neles do que eu esperava ver.

No primeiro, eu estava olhando para a frente, como se eu estivesse olhando


para o reflexo de outra pessoa. Eu focalizei a câmera para baixo ao meu lado
para que pudesse capturar todo o meu corpo nu. Cada contusão, cada pedaço
de sangue seco, cada ondulação e arranhão foi capturado pela lente da câmera
e ampliado à luz verdadeira e sombra da imagem em preto e branco. O próxi-
mo foi semelhante. Nesse, meu corpo estava virado como se olhasse para o
meu próprio ombro para as manchas de sangue se espalhando sob a pele que
cobria as minhas costelas. O próximo foi semelhante, apenas um pouco dife-
rente.

E o próximo.

E o próximo.

E o próximo.

Cada um deles foi uma versão mal-assombrada, golpeada de mim, tirada de


um ângulo diferente.

No último deles, eu estava no chão com as pernas espalhadas à minha frente.


Meus joelhos estavam tão abertos quanto poderia. Eu estava fazendo uma ca-
reta de dor da posição, mas a câmera que eu tinha levantado acima da minha
cabeça com as duas mãos havia capturado a minha determinação de tirar a
foto.

Esta foto não foi feita para documentar o que Owen tinha feito. Esta eu tinha
tirado para mim. Feridas frescas misturadas com cicatrizes antigas. Um retrato
da minha vida de dor. A prova de que eu tinha sido espancada, mas eu não
estava quebrada.

Eles não podiam me quebrar, porra.

Minhas fotos me fizeram lembrar de minha pintura favorita por um artista des-
conhecido. Representava uma mulher deitada nua com uma enorme cicatriz
vermelha correndo para baixo no comprimento do seu corpo. Sua boca estava
aberta, como se ela estivesse gritando. Assim como ela, minhas fotos repre-
sentavam a tentativa dos meus abusadores de me tentarem cortar e estripar
os meus segredos. Ela havia sido cortada, mas não abriu.

Assim como eu.

Eu olhei para a linha pendurada com imagens quadradas de meu corpo maltra-
tado, meus olhos enegrecidos e minha boca inchada espalhados em um estre-
mecimento, e percebi: tudo isso foi uma consequência.
Eu era uma consequência.

Estas fotos eram apenas um lado da minha história. Houve uma causa por trás
da consequência. Imaginei o momento certo dia, quando não haveria fotogra-
fias semelhantes dessa causa, do homem que fez essa miséria para mim.

Isso tornou-se a minha esperança.

Eu tomei uma pasta de fotos do cubículo atrás da luz de segurança e coloquei


minhas fotos secas no interior. Passei um tempo extra a limpar o quarto escu-
ro e acabar com os produtos químicos para que não haja qualquer traço da
minha presença deixada para trás.

Enquanto eu andava longe das dependências da escola, uma ideia veio a mim.
Talvez, a mulher na pintura da cicatriz não estava gritando de dor. Talvez, ela
estivesse rindo.

Talvez, ela também estava tramando sua vingança.


Eu estava no topo do Matlacha Pass em um dia sem nuvens. O único lembrete visível do pesadelo a
partir de cinco semanas antes, quando minha vida mudou para sempre nova-
mente era uma pequena cicatriz vermelha, brilhante no meu lábio inferior. Eu
encontrei-me querendo passar mais tempo no sol do que eu tive no passado.
Eu adorava a sensação de uma queimadura solar agora. Foi apenas o suficien-
te desconforto para me lembrar que eu ainda estava viva e matar a dormência
que ameaçava assumir todos os dias desde que Jake foi embora.

Deixei-me sentar no calor escaldante, meus olhos fechados e meu rosto ficou
para cima, para o céu. Eu assisti as cores se movimentar e dançar atrás de
minhas pálpebras, enquanto eu imaginava como seria quando ele voltasse.

Eu tinha passado as últimas semanas planejando minha luva de tatuagem e


fixando cidades no mapa onde eu queria que Jake pudesse me levar. Um dia
antes, eu mesma comprei um vestido de verão. Era verde e sem alças e para-
va no meio da coxa. Eu não tive coragem de usá-lo em público. Além de mi-
nhas cicatrizes, os hematomas na parte interna das minhas coxas ainda não
tinham curado completamente. Usar o vestido tinha se tornado o meu objeti-
vo. Talvez, eu iria usá-lo no dia em que o coral de pinheiros desaparecesse no
espelho retrovisor da moto de Jake.

Vi um menino turista tentar puxar uma garoupa enorme que ele não estava
preparado para ou mesmo qualificado o suficiente para pegar. O garoto era um
adolescente e um muito pequeno. Imaginei que ele não poderia ter mais de
quatorze anos. Depois de mais de vinte minutos de luta com a sua captura, ele
finalmente puxou o peixe apenas o suficiente para quebrar a superfície da
água, expondo a figura completa do que parecia ser uma nova captura de qua-
renta quilos. Ele não tinha tempo para comemorar. No segundo em que a cau-
da da criatura levantou no topo da água, a ponta da vara do menino rompeu, e
sua linha estalou enviando-o para trás em sua bunda para a calçada e a ga-
roupa de volta para casa para o rio com uma refeição grátis de cavala em sua
barriga.
Eu imaginei que eu era aquele garoto. Eu tinha algo tão grande e maravilhoso
ao meu alcance. Eu estava começando a acreditar que minha linha estava a
ponto de arrebentar assim como a dele.

Eu senti falta de Jake.

Faziam semanas desde que ele foi embora. Eu estava começando a perder a fé
que ele iria voltar para mim. Tentei ser forte, acreditar nele, da mesma forma
que ele parecia acreditar em mim. Eu sabia como ele se sentia sobre Owen,
antes mesmo que tivesse feito o que ele tinha para mim. Eu sabia o quão forte
ele reagiria quando soubesse o que tinha acontecido, mas eu não tinha certeza
de como ele se sentiria sobre mim assim que descobrisse. Por mais difícil que
fosse por mim, eu tinha que acreditar que poderíamos passar por isso. Afinal
de contas, ele era aquele que me ensinou a confiar nele com a minha dor. Eu
só esperava que ele iria confiar em mim com a dele.

Eu não sabia como iria encontrar as palavras, então eu decidi que iria falar
através das minhas fotos.

No momento em que as nuvens de tempestade da tarde optaram por bloquear


o sol antes de entregar sua torrente de costume, eu o senti. Mesmo antes de o
ver.

Eu ainda estava no meu banco, mas mudei o meu foco dos turistas para o cli-
ma quando a consciência dele tomou conta de mim. Minha pele se arrepiou
com antecipação, e meu coração acelerou de maneiras que eu não estava
acostumada em tudo. Eu alisei meu cabelo com as mãos enquanto eu cami-
nhava para fora da ponte, na esperança de que, quando voltasse para o apar-
tamento, ele estaria lá, e que o sentimento não era apenas uma intuição equi-
vocada.

Eu só tinha tomado um único passo quando eu o vi. Ele ficou no fundo da pon-
te em toda a sua glória de couro preto.

Jake.

Eu tentei andar e não correr em direção a ele, mas quando cheguei mais perto,
eu não pude negar meu ritmo. Quando eu estava na metade do caminho para
onde ele estava, eu tinha quebrado em uma corrida. Atirei-me em seu braços
e envolvi minhas pernas em volta da sua cintura. Seu cheiro era intoxicante —
couro e suor e testosterona pura. Não pude deixar de passar minhas mãos no
seu cabelo e tomar uma respiração profunda, então eu poderia levá-lo em tu-
do.

Eu o molestei por um tempo antes de perceber como ele estava duro. Ele não
tinha os braços ao meu redor. Seus lábios nunca tocaram meu rosto. Quando
eu finalmente tinha me puxado para trás, me dei conta de como seu olhar era
duro como pedra e severamente focado em seus pés.

Eu não sabia como ele estaria depois de terminar uma morte. Honestamente,
tinha estado através da minha própria merda que não tinha gasto nenhum
tempo pensando sobre isso também. Agora, eu percebi que ele tinha estado
atrás de algo incrivelmente escuro enquanto ele se foi. Talvez, ele só precisava
de algo para facilitar sua volta para a realidade da sua outra vida.

Toquei seu queixo com os dedos e levantei o rosto. Seus belos olhos azuis en-
contraram os meus, mas eles eram frios e distantes. Eu corri meus lábios sua-
vemente sobre os dele, dando-lhe tempo para reagir a minha proximidade.
Mas quando ele ficou duro e ainda mesmo depois de tudo isso, eu sabia que
havia algo mais acontecendo.

—Jake?—

Ele deu um passo para trás e os meus pés se reuniram no chão.

—O que há de errado?—, Perguntei. Agora eu estava confusa. O que poderia


ter acontecido para fazê-lo estar frio comigo quando ele estava tão quente e
carinhoso antes que ele fosse embora?

Ele arrastou os pés e beliscou a ponte de seu nariz antes de falar. Suas pala-
vras foram horripilantes. —Eu só vou perguntar-lhe isto uma vez Abby.— Sua
voz soava trêmula e grave, e seu apelido para mim foi visivelmente não utili-
zado.

Eu balancei a cabeça. Eu responderia o que quer que ele precisava. É claro, eu


o faria. —Ok.—

—Será que você fodeu ou não com Owen Fletcher enquanto estive fora?—

Meu estômago ficou doente, meus braços tão pesados que eu não tinha certe-
za de que o meu corpo iria apoiá-los. Eles penduraram molemente ao meu la-
do enquanto eu tentava formar um pensamento coerente.
—O quê?— Foi tudo o que consegui.

—Eu perguntei se você tem fodido Owen Fletcher.— Ele disse com os dentes
cerrados, com os punhos fechados ao seu lado, com o rosto de aço corando
levemente. Eu podia ver sua mandíbula apertar e seu pulso batendo rapida-
mente dentro de seu templo.

—Eu sei o que você me perguntou.— Eu tentei parecer com raiva, mas isso
não funcionou. Minha própria voz soou estranha para mim. Ouvi uma versão
mais aguda, mais medo dentro de mim mesma. —Eu quero saber por que você
pensaria em me perguntar isso. —

—Porque uma fonte confiável disse que a viu ir para debaixo da porra da ponte
com Owen depois que eu saí, e quando ele foi para encontrar Owen, ele tinha
a porra da sua calcinha em seu bolso e gabava-se de como você finalmente
deu-se a ele. —

Assim que ele disse isso, eu perdi toda a esperança para o que poderia ter si-
do. O olhar acusador em sua face. O olhar frio, duro queimando um buraco
através de mim. A maneira que eu me senti como uma vagabunda, sob seu
olhar, mesmo que eu não tinha feito nada para merecer tal coisa. O que acre-
ditava que Jake e eu tivemos realmente não existiu. Seu olhar me disse isso.
Ele ouviu a porra de um rumor de algum amigo babaca ignorante de Owen -
como os rumores que ouço todos os dias - , e ele assume que é verdade. Ele
acreditava que eu era capaz de traí-lo tão facilmente. Senti minhas paredes
subindo. Eu estava construindo, tijolo por tijolo. A velha Abby estava a ser co-
locada de volta no lugar. Parte de mim estava de coração partido sobre isso,
mas parte de mim não podia deixar de se sentir aliviada. No fundo, não impor-
ta quanta fé eu deixei-me ter em Jake, de alguma forma, eu sabia que esse
momento chegaria eventualmente.

Eu só não acho que ele teria chegado tão cedo.

—Então é isso que você realmente pensa de mim?— Eu disse quase num sus-
surro, afundando até o meio-fio da calçada.

Pelicanos mergulharam atrás de nós para a isca viva nos baldes do pescador.
As crianças riram histericamente quando puxaram os peixes em suas linhas.
Pessoas apitaram passando em scooters e condutores inexperientes passaram
por nós sem lançar um olhar em nossa direção. Era como se nem sequer esti-
véssemos lá, como se nada disso estivesse realmente acontecendo. Tudo à
nossa volta, a vida ainda estava acontecendo. Mas por dentro, era como se
meu coração tivesse parado. Ele ficou imóvel como Jake fez.

—Basta responder a maldita pergunta.— Sua voz estava com raiva, mas havia
algo pleiteando sobre isso também. Ele queria a verdade, mas apenas em seus
termos. Ele queria que eu lhe dissesse que não tinha feito nada e que ele não
tinha nada para se preocupar. Ele queria que eu lhe dissesse, então tudo esta-
ria bem.

Mas, por trás disso, ele duvidou de mim. Duvidava de nós. Ele questionou isso,
embora eu tivesse livremente lhe dado tudo de mim. Cada peça quebrada de
mim era dele. De alguma forma, ele pensou que depois do que nós tivemos
juntos na noite em que ele saiu, que eu poderia correr para a cama mais pró-
xima - a cama de Owen Fletcher - e deitar nela.

Ocorreu-me então por que isso foi tão significativo. Por que eu não podia sim-
plesmente dizer-lhe que não e que nada aconteceu e seguir em frente. Mas, eu
tinha sido questionada por pessoas toda a minha vida.

Ninguém nunca tinha acreditado na minha palavra como a verdade. Não im-
porta o que acontecesse comigo, mesmo as coisas mais impensáveis. Quando
eu não disse a ninguém sobre eles, nunca ninguém tinha desconfiança que o
que eu estava dizendo não era uma mentira.

Eu tinha pensado que Jake era diferente de todos os outros. Eu pensei que o
que tínhamos era a verdadeira confiança. Eu estava errada.

As nuvens lançaram as primeiras gotas de chuva da tarde, macia no início, em


seguida, mais forte, até que se derramava entre nós. Turistas guincharam e
procuravam abrigo. Jake e eu ficamos só, olhando um para o outro, a água
pingando entre nós como se não estivesse acontecendo, tampouco.

—Abby, diga-me!— Ele estava frustrado agora. Sua testa franzida, e seus
olhos pareciam magoados e preocupados, mas sua voz soou como vinagre pu-
ro.

—Eu nunca faria isso com você.—

—Será que não?— Eu não podia acreditar que ele me perguntou isso, depois
de tudo o que eu tinha compartilhado com ele.
A chuva escondeu minhas lágrimas. Eu olhei para as minhas botas para me
recompor.

—Você pode acreditar no que quiser—, eu disse a ele.

—Eu quero acreditar na verdade—, disse Jake.

Mas foi a verdade. Se ele acreditava nisso ou não.

—Não, você não. Você ouviu um rumor, e você acreditou imediatamente que
eu transei com Owen. — Eu balancei a cabeça. —Você duvida de mim. Eu dei-
xei minhas paredes para baixo com você. Mostrei-lhe o quanto você significava
para mim. Eu lhe disse coisas que eu nunca disse a ninguém. —Minha voz fa-
lhou. —Eu mostrei minhas cicatrizes. —

Ele seria a última pessoa a vê-las.

—Não importa, no entanto. Poucos minutos depois de estar de volta na cidade,


você me acusa de estar dormindo com alguém. Você não me conhece como eu
pensei que você conhecia. Você não é quem eu pensei que você era.— Eu não
esperei que ele respondesse. Eu só comecei a andar por ele, em direção ao
apartamento.

—Bee.— Ele agarrou meu cotovelo. Eu olhei para ele para que eu pudesse ver
os seus belos olhos azuis safira pelo que eu imaginava, ia ser a última vez.
Seus lábios estavam apertados e seu aperto no meu braço era ainda mais
apertado.

Sacudi-me e continuei andando.

Fiquei contente com a chuva agora por cobrir as minhas lágrimas para que
Jake não pudesse vê-las. Ele não merecia as minhas lágrimas. Ele não merecia
a minha dor, ou a fé que eu tinha colocado nele.

Ouvi suas botas no cascalho arrastando atrás de mim.

—Bee!—, Ele gritou.

Cada vez que ele disse isso, senti como se estivesse me apunhalando mais
uma vez, deixando-me sangrar e sofrer uma morte lenta e agonizante. Quando
eu não podia aguentar mais, quando eu precisava que a tortura acabasse, eu
parei de andar e me virei para encará-lo. Firmei o meu olhar e o olhei bem no
olho.

Naquele momento, não era vermelho que eu vi. Era azul. Azul radiante, como
a cor de seus olhos. Eu não me lembro do olhar em seu rosto. Eu só me lem-
bro da bela cor azul turvando a minha visão.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele pulou dentro. —Você era a mi-
nha única razão para voltar aqui. —

—Bem, nada o está prendendo aqui agora.—

Virei-me e comecei a correr. Eu não tinha destino em mente. Eu só precisava


ficar longe da mágoa. Mas ela seguiu-me. Eu corri mais rápido.

Não houve som de botas no cascalho atrás de mim, sem cheiro de couro natu-
ral ou homem suado. Sem belos olhos azuis para fazer tudo parar. Era só eu,
sozinha novamente com toda a dor que simplesmente não conseguia me livrar.

Teria doido menos se tivesse atirado com uma arma.


Nossa cidade parece como o Mayberry dos destinos turísticos, mas se você
fosse entrar e ficar um tempo, não levaria muito tempo para aprender que a
sujeira, decadência e escuridão eram a cola que mantém tudo isso junto.

Era hora de eu dar o fora. Cada razão que eu já tive de ficar parada naquela
cidade havia deixado de existir.

Enfiei as poucas coisas que eu possuía em minha mochila. Eu precisava sair de


lá, e era necessário fazê-lo o mais rapidamente possível. Mesmo que não ti-
vesse para onde ir, eu ainda estava com pressa para sair. Não é como se Jake
entraria pela porta a qualquer momento, ao menos eu sabia isso. Eu tinha ou-
vido a sua motocicleta estrondosa sumindo na distância ao longo da ponte uns
minutos antes.

Eu sabia que seria a última vez que o som reconfortante tocaria em meus ou-
vidos.

Eu deixei minhas chaves na prateleira e abri a porta para sair. Eu queria virar,
para dar uma última olhada nos quartos onde havíamos compartilhado tanta
felicidade em tão pouco tempo, mas eu não podia deixar-me trazer isso para a
superfície. O ar no apartamento estava grudado em mim, me sufocando.

Eu tinha que sair.

Peguei meu capuz e enfiei-o na minha bolsa antes de ir para a porta.

Eu estava com tanta pressa para sair que fui de encontro ao peito pastoso do
xerife Fletcher. Ele estava de pé na varanda, o punho erguido no ar, prestes a
bater. Ele não reagiu quando bati nele ou perguntou-me o que estava errado
quando ele viu meu rosto molhado de lágrimas. Nos seus suspeitos olhos cor
de carvão, eu vi um flash de conhecimento, do reconhecimento, e eu sabia que
ele sabia de tudo.

Owen. Jake. Tudo. Ele sabia o que seu monstro de um sobrinho tinha feito.
O xerife me entregou um envelope amarelo espesso e foi embora sem dizer
uma palavra.

Fechei a porta e sentei-me no sofá, perdendo a minha vontade de fugir. Eu


deixei cair minha mochila no chão ao lado dos meus pés e examinei o envelope
em minhas mãos. Era demasiado espesso e pesado para ser uma carta. Meu
nome estava escrito em letra feminina, com um marcador grande e preto do
outro lado da aba superior. Eu abri o selo e despejei o conteúdo na mesa de
café.

O pouco que restava do meu coração quase parou.

Era dinheiro - tinham bandas e pilhas em torno deles rotulando o quanto esta-
va em cada um. Eu nunca tinha visto tanto dinheiro na minha vida inteira. Eu
cutuquei ao redor dentro do envelope. Não havia nenhum cartão de negócios
apenas uma nota. Ela dizia Bethany Annabelle Fletcher, ESQ, Attorney at Law.
A mãe de Owen. E no outro lado, com a mesma caligrafia como o meu nome
no envelope lia-se:

Para aliviar os seus problemas...

Os Fletchers estavam tentando limpar a bagunça de Owen. Isso os torna doen-


tes e torcidos como Owen. Pelo menos sabia a quem ele saiu. O dinheiro, 10
mil dólores em dinheiro, estimava eu , era para ficar quieta, comprar o meu
silêncio. Os Fletchers obviamente não queriam que as pessoas soubessem que
o seu menino de ouro era realmente um estuprador sádico. Apenas o pensa-
mento me fez vomitar.

Fiquei imaginando quantas vezes ele tinha feito isso antes, quantas vezes isso
funcionou para eles no passado.

É certo que essa merda não ia trabalhar comigo.

Bethany Fletcher estava tentando me dar dinheiro para aliviar os meus pro-
blemas. Como se o dinheiro fosse desfazer o dano que Owen tinha feito para
mim, uma e outra vez. Há realmente apenas uma coisa que poderia aliviar os
meus problemas completamente. Desde que Jake foi embora agora, já não era
uma opção.

Mas se Jake estivesse aqui...


Ele não estava porém, e ele nunca mais estaria novamente. Eu nunca iria ex-
perimentar o seu toque tranquilizador. Eu nunca mais verei o seu rosto de pe-
dra virar suave quando ele olhava para mim. Este tipo de dor, que vem de um
coração que eu pensei que tinha fechado com sucesso fora para o mundo exte-
rior anos atrás, era pior do que qualquer dor física que alguém pudesse me
causar. Era pior do que o que eu tinha experimentado na manhã após o ataque
de Owen.

Eu passaria por aquilo que Owen me fez passar mil vezes se Jake fosse a pes-
soa que eu achava que ele era.

Jake iria colocar Owen para a terra se ele soubesse, e eu gostaria que ele o
fizesse. Francamente, eu não me importo se esse pensamento me fez uma
pessoa ruim. Mau, bom. Certo, errado. As linhas estavam tão embaçadas re-
centemente. Eu estava apaixonada por um assassino, e eu queria Owen morto.

Quando pensei nisso como simplesmente como isso, talvez não fosse tão em-
baçada depois de tudo.

O dinheiro sobre a mesa do café zombou de mim, e eu pude sentir toda a raiva
reprimida que tinha que foi distorcida pela tristeza de perder Jake ascendendo
à superfície. Não importa que eles tentaram me pagar, eu não ia dizer nada a
ninguém, exceto Jake, de qualquer maneira. Será que eles acham que eu iria
buscar a justiça a partir de um sistema falido? Que eu ia dizer às pessoas o
que o seu precioso filho fez para mim? Mal sabiam eles que Jake me deixando
tinha acabado de comprar a Owen um alívio da sua quase sentença de morte
garantida. Algo clicou dentro de mim. Eu não estava triste por ter perdido
Jake, ou chateada que Bethany Fletcher pensou que eu era pobre, lixo branco
estúpido que poderia ser comprado.

Eu estava muito enfurecida.

Eu não conseguia me lembrar de uma vez em minha vida quando eu estava


tão irritada. O calor que subia de baixo da minha pele era tão abrasivo que me
sentia como se tivesse sido mergulhada em óleo. Eu queria pular fora da mi-
nha pele e prejudicar alguém, jogar alguma coisa. Para destruir apenas pelo
prazer da destruirão.

O cabelo na parte de trás do meu pescoço se levantou. Minha frequência cardí-


aca passou de normal para acelerada tão rápido que poderia ter uma parada
cardíaca numa questão de segundos.
Foda-se. Esta. Merda.

Esta cadela pensou que poderia comprar o meu silêncio? Bem, ela estava ab-
solutamente errada, porra. Todos os Fletchers estavam. E eu estava prestes a
mostrar-lhes o quanto realmente errados eles estavam.

A discussão que Jake e eu tivemos na cozinha por causa de pagar de volta a


câmera que ele tinha me comprado passou na minha cabeça. —Eu só vou
queimar o dinheiro—, ele disse, quando eu insisti em paga-lo de volta.

Enfiei as notas de volta no envelope antes de pegar as chaves do caminhão de


Jake da parede.

Minha mudança para lugar nenhum teria que esperar mais um pouco. Peguei
uma garrafa vazia de fluido de isqueiro da prateleira sobre o churrasco e uma
caixa de fósforos da gaveta abaixo dele.

Entrei em sua caminhonete e dirigi. Tentei ignorar a parte de mim que estava
pensando em como tanto o caminhão cheirava a ele, como seu velho boné de
beisebol preto ainda estava no painel de instrumentos, e quanto tudo o que eu
queria fazer era enrolar-me no banco de trás e dormir cercada em seu cheiro.

A miséria não me levaria a lugar nenhum, nem a qualquer um.

Tornei-me mais e mais aquecida enquanto eu dirigia. Eu vi vermelho nova-


mente. A raiva envenenou meu sangue, e eu estava bebendo nele. No alto de
meu ódio. Meu coração batia forte em meus ouvidos o mais perto que chegava
ao meu destino. Eu não segui uma única lei de trânsito. O pedal de gás foi es-
premido entre meu pé e o chão do carro o caminho todo.

O que havia em mim que fazia as pessoas pensarem que eu estava à venda?

Minha mãe pensou que eu poderia ser usada como pagamento por seus hábi-
tos de merda. Owen e sua família pareciam pensar que dez mil dólares poderi-
am comprar-lhe uma noite de estupro e tentativa de homicídio às minhas cus-
tas. Owen pode ter visto a Abby tímida no passado, uma cuja pele era sempre
coberta, que manteve para si mesma para autoproteção. Ele não tinha a porra
da ideia de com quem ele estava lidando agora. Eu não ia me enrolar em um
canto. Eu estava farta de sentir pena de mim mesma. Essa merda não foi cul-
pa minha. Não era algo que eu pedi.

Eu não era a porra de uma vítima, e eu me recusei a ser comprada.


Foda-se. Esta. Merda!

Eu virei para a estrada que leva ao complexo dos Fletchers. A viatura do Xerife
já estava estacionada na garagem da casa principal. O Chevy Azul de Owen
estava do lado da casa para a sua entrada privativa.

Um arrepio percorreu minha espinha com o pensamento deles testemunhando,


eu deixando claro que não seria comprada por eles ou qualquer outra pessoa.
Dez mil dólares poderiam ter comprado aos Fletchers um monte de coisas,
mas não poderia me comprar. Eu sabia que uma coisa é certa nesse ponto:
Owen estava determinado a me tratar como a prostituta que ele pensou que
eu era, tomando o que ele pensou que tinha direito e, em seguida, certifican-
do-se de que ele pagou por ele.

Eu não tirei o pé do acelerador quando partia para o quintal da frente. Eu co-


mecei com um giro de 360º, certificando-me de que eu usei todas as partes
dos grossos pneus do caminhão pesado para destruir o premiado quintal de
Bethany Fletcher , rosas, canteiros, muros e gramado bem cuidado. Eu bati um
pouco nos pulverizadores e mini gêiseres de água saíram fora da terra e no
céu, chovendo uma fonte de lama grossa para baixo sobre o para-brisa. Liguei
os limpadores de para-brisa, espalhando a lama sobre as janelas antes de lim-
par o suficiente para ver através do turvo revestimento de lama castanha.

Eu continuei, mesmo após não haverem flores intactas. Cada volta da minha
roda chutou mais lama, aglomerando-a para o carro do xerife e o tapume
branco imaculado da casa. Até o momento que puxei de volta para a estrada,
o jardim da frente parecia um bom buraco de lama caipira à moda antiga.

Eu joguei o caminhão no parque e peguei o envelope, os fósforos e a garrafa


de fluido de isqueiro liquido do assento do passageiro. O envelope estava
quente, como se as suas más intenções estivessem queimando um buraco na
minha mão. Um sorriso apareceu em meus lábios.

Ele estava prestes a ter um monte de merda mais quente.

Meu coração batia a uma velocidade que eu nunca conheci, como se eu tivesse
tomado uma injeção de adrenalina pura. Eu não me importava se eles viessem
para fora e me vissem. Na verdade, eu esperava que por Deus eles viessem,
porra. Eu queria que eles soubessem que sou eu que estava dizendo a eles pa-
ra ir para o inferno.
Peguei um cigarro recém-enrolado do meu bolso de trás e segurei-o na minha
boca.

Peguei uma pedra do que tinha sido o jardim e deixei cair o envelope com as
notas. Eu os molhei com o fluido de isqueiro, jogando a garrafa no chão quan-
do estava vazia. Eu dobrei a aba dos fósforos e acendi o pacote inteiro de uma
vez. Então eu vi o fogo iluminando tudo, e eu incendiei o envelope.

Eu deixei queimar, e quando eu não podia segurá-lo por mais tempo, levantei
o meu braço e lancei o seu dinheiro de sangue através da janela da frente da
casa da família Fletcher.

Foda-se, filhos da puta.

A janela quebrou. Pedaços de vidro penduravam no caixilho da janela de alu-


mínio quebrado. Eu fiquei para trás e vi as cortinas da sala pegarem fogo,
emoldurando a janela em chamas e fumaça preta. Esta casa de imagem perfei-
ta, a casa de todo o poder na cidade, estava agora ardendo em chamas. Cha-
mas que eu causei. Chamas que esses bastardos acabariam por ver novamen-
te se eles acreditavam em qualquer tipo de inferno.

Eu apaguei o meu arrasto de longa data, e então ouvi o primeiro grito estri-
dente. Trouxe-me uma satisfação que dez mil dólares, certamente, não podia.
Eu corri, e eu não olhei para trás. Isso teria sugerido que eu me importava
com o que aconteceu em seguida, e realmente, eu não me importava se o seu
tanque de propano explodisse e todos eles fossem mortos por isso.

Estes eram os pensamentos de alguém que não tinha mais nada a perder.

Xerife Fletcher já estava de pé ao lado da porta do lado do motorista do cami-


nhão de Jake esperando por mim. Ele avançou quando me aproximei. Eu não
vi o seu gancho de direita que veio direto para a minha bochecha. E fez conta-
to com o lado do meu rosto, em seguida, conseguiu agarrar-me pela minha
camisa e enfiar-me contra o capo para que ele pudesse algemar minhas mãos
mais ou menos nas minhas costas.

Ele apagou o cigarro. Eu não vi para onde foi, mas foi uma aposta bastante
segura que ele tinha o embolsado.

Ele usou o seu peso corporal, pressionando-se contra a minha volta para me
subjugar. Ele resmungou. —Você tem algumas bolas, Abby. Eu vou te dar isso.
O que você não entende é que o dinheiro era sua oferta final. De agora em di-
ante, não haverá mais dinheiro. Sem mais chances. Não há mais nada.— Então
ele começou a murmurar para si mesmo. —Se eu tivesse a chance de novo,
entre te levando para casa ou cavando um buraco vamos apenas dizer que eu
teria feito as coisas um pouco de forma diferente. —

Eu sabia que alguém tinha ajudado Owen a mover-me. Mesmo tão pequena
como eu era, o meu peso morto deve ter sido difícil de levantar e manobrar.
Não me surpreende que esse, tenha sido o xerife. Me surpreendeu mais que
ele não havia apenas me deixado morrer. Teria sido menos trabalho da sua
parte.

Não havia nada que o xerife poderia dizer para mim, nem mesmo a confissão
de sua decisão de manter-me viva, em vez de me deixar morrer que poderia
ter matado a minha descarga de adrenalina, o meu alto. Os Fletchers tinham
trazido a minha loucura para si mesmos. Eles não deveriam ter protegido
Owen. Eles não deveriam tê-lo protegido quando era eu que precisava de pro-
teção. Eles certamente não deveriam ter pensado que dez mil dólares teria
comprado o meu silêncio ou em qualquer forma, teria me feito inteira de novo.

Eles não sabiam que estavam lidando com alguém que nunca tinha estado in-
teira, para começar.

O xerife estava certo. Ele deveria ter cavado o buraco e enterrado-me profun-
damente, porra. Nenhum bem poderia vir de quem eu estava me tornando.
Jake uma vez me tinha dito que as pessoas mais perigosas são aqueles que
não têm nada a perder.

Eu já tinha perdido tudo.

***
—Senhorita Ford, o protocolo exige que lhe pergunte se gostaria de ter um ad-
vogado.—

Bethany Fletcher levantou-se e bateu uma unha vermelha longa em cima da


mesa de madeira arranhada. Estávamos sentadas numa pequena sala sem ja-
nelas e paredes nuas, manchadas com só sabe Deus o quê. Minhas mãos esta-
vam algemadas na cadeira atrás de mim.

—Protocolo?—, Perguntei. —É engraçado. Eu vou ter que lembrar o é que um.


—A mulher tinha algum nervo. Ela franziu a testa em sinal de advertência.
Owen tinha o mesmo olhar.

Com seus olhos verdes e cabelos escuros, quase poderiam ser confundidos
comos irmãos, em vez de mãe e filho. Bethany parecia mais nítida, porém,
como uma faca com uma lâmina nova. Ela usava um terninho preto equipado.
Os saltos eram de dez centímetros, couro vermelho.

—Abby, você está sendo acusada com uma classe de crimes : um crime de in-
cêndio, bem como a condução sem licença, destruição de propriedade ao longo
de vinte mil dólares, e posse de maconha. Você tem antecedentes por invasão
de domicílio, furto, posse de maconha, resistência à prisão, conduta desordei-
ra. Você realmente deve levar a sua situação mais a sério, querida, porque vo-
cê está olhando para 10 anos, sem a luz solar em uma boa cela, aconchegante
só para si. —Bethany estava me provocando. A forma como a palavra querida
derreteu de seus lábios, que poderia ter sido confundido com um carinho. Mu-
lheres do sul usavam quando não poderiam chamar-lhe de cadela.

—Então, o que, então? O estupro e tentativa de homicídio são apenas contra-


venções? Porque eu tenho um pressentimento que esse tipo de coisa fica im-
pune por aqui. —Eu olhei diretamente em seus olhos.

Ela abriu os lábios vermelhos brilhantes e riu.

Bethany circulou ao redor da mesa, desabotoando o casaco de seu terno, e se


ajoelhou ao meu lado. —Estou feliz que você decidiu ter o seu pequeno episó-
dio de hoje, porque agora você precisa da minha ajuda, e eu sou a única que
pode fazer todas essas acusações infelizes irem embora. Eu me senti mal por
você, Abby. Eu realmente fiz. É por isso que eu mandei-lhe o dinheiro. Pena
que você fodeu uma coisa boa. Agora, vamos jogar do meu jeito. —Bethany
me deu um sorriso falso.

—Agora, você está me chantageando?—, Perguntei. Bethany levantou-se e


sentou-se à minha frente, apoiando a maleta em cima da mesa.

—Chantagem, não, doçura. Um acordo. —Ela puxou papéis de sua pasta e co-
locou-os na minha frente. —Este é o seu relato do que aconteceu naquela noi-
te: você foi assaltada. Você não sabe quem fez isso. Você não conseguiu uma
boa olhada em seu atacante. O relatório da polícia vai fazer parecer como se
eles procuraram o céu e o inferno para o assaltante, mas acabaram por chegar
de mãos vazias, e o caso será arquivado. —

—Você está fora de sua mente maldita.—


—Agora, doçura, não vá usar o nome do bom Deus em vão. Não é uma coisa
cristã de fazer. Este é um negócio de transação, o seu relato do que aconteceu
em troca de eu largar os seus encargos por incendiar a minha casa. Você é a
pessoa que arruinou isso, Abby. Você poderia ter tomado o seu dinheiro e saí-
do da cidade, mas em vez disso você escolheu para ir todo anjo vingador em
mim. —

—Foda-se.— Eu vou para a cadeia, eu pensava. Depois do que eu passei, a


prisão seria como acampamento de verão.

Traga-o cadela.

—Não importa para mim, querida. Não é como se você pode provar alguma
coisa, não é como se Owen irá ser acusado, com seu pai sendo o juiz municipal
e tudo. É uma decisão simples, na verdade. — Ela se inclinou sobre a mesa e
apoiou o queixo sobre os cotovelos. —Prisão, ou sua assinatura. Você decide —

Ela estava certa, mas eu não me importei. Não se tratava de se certificar que
Owen foi acusado pelo que ele me fez. Isto era sobre não deixar essas pessoas
possuírem-me.

Eu não era um pedaço de terra ou um animal.

Eles poderiam ter seu poder e enfiá-lo em suas bundas.

Bethany teve um sorriso de vitória já estampado no rosto excessivamente com


Botox. Era hora de rasgá-lo, porra.

—Eu não acho que você entende alguma coisa, Sra Fletcher.— Eu imitava sua
postura, inclinando-me e apertando-me o mais próximo a ela que as minhas
mãos algemadas me permitiram. —A última coisa você quer fazer é foder com
alguém que nada tem a perder. Quero que toda a sua família pare e deixe-me
sozinha, e eu quero que Owen fique, pelo menos, a cem metros de distância
de mim. Quero dizer. Se ele me ver de um lado da rua, ele precisa atravessar
para o outro —.

—Isso não é uma negociação. Eu lhe dei as opções para você escolher. Prisão
ou assinatura. Fim de história. —Ela colocou os papéis de volta em sua maleta
e clicou os bloqueios fechados. Ela ficou de pé. —O que vai ser, senhorita
Ford?—

—Foda-se—.
Ela deu de ombros e se virou para ir embora, mas antes que ela pudesse gira-
ra a maçaneta da porta, ela virou-se e olhou para mim. —Desfrute da prisão,
Abby. É sempre bom quando uma filha segue os passos dos pais. —

Cadela.

Eu tive que puxar o único cartão que eu tinha deixado de jogar.

—Hey, Bethany.— Ela me olhou por cima do ombro. —Você sabia que a foto-
grafia é um hobby meu? —

Ela congelou e virou todo o caminho de volta. Seu rosto ficou pálido.

Senti cócegas no nariz e inclinei-me para riscá-lo sobre a mesa. —Eu sou mais
uma fotógrafa que documenta, realmente. Eu gosto de contar uma história
com as minhas fotos, sabe? É incrível o que a câmera pega quando você está
nua no espelho. Mesmo em fotos preto e branco, você pode ver onde o roxo de
cada contusão parece cinzento, onde o sangue seco parece quase preto. Você
quase pode ver o tom amarelo no inchaço de um olho negro...ou dois. —

Ela atravessou a pequena sala em dois passos e se inclinou sobre a mesa,


apoiando os braços sobre ela para apoio. —Tudo o que prova é que alguém te
machucou. Isso não prova quem fez isso —.

—Eu tenho cópias dos retratos e minha declaração sobre o que aconteceu na-
quela noite em três locais diferentes. Se algo acontecer comigo, se Owen fizer
isso para outra pessoa, ou se você não seguir com minhas exigências, existe
um plano para enviá-los a todos os jornais e imprensa dentro de cem milhas.
Eu não vou ser a única apodrecendo na prisão. Owen será. Eu estou supondo
que logo depois disso, eu não vou ser a única vítima de estupro nesta situação
toda, qualquer um. —

Eu estava blefando sobre tudo, menos as fotos.

Ela tentou sufocar o seu engasgo. Ela trocou seu aperto sobre a mesa antes de
tomar sua decisão.

—Owen vai deixá-la sozinha, e as acusações contra você estão descartadas. É


isso que você quer? —

—Sim. E eu não vou assinar porra nenhuma —, acrescentei.


Ela pegou sua maleta e saiu pela porta. Xerife Fletcher encontrou ela no outro
lado. Um sorriso malicioso cruzou os lábios. —Eu vou pensar sobre isso. Nesse
meio tempo, Carl —, disse ela quando colocou a mão no ombro do xerife Flet-
cher, —por favor, leve Abby para a enfermaria. Parece que ela precisa de
atenção médica —.

Era apenas um meio soco na minha bochecha. Ele feriu, mas não doeu. Era
uma picada de mosquito em comparação com o que eu tinha experimentado
nas mãos de Owen. —Não há necessidade. Eu estou bem. —

—Você está?— Bethany piscou por cima do ombro para mim assim que xerife
Fletcher entrou na sala e fechou a porta atrás de si. Ele puxou um cassetete de
seu cinto.

Oh. Porra.

Acordei tão de repente, me senti como se tivesse sido lançada na consciência.


Sentei-me em linha reta, lançando uma espécie de bloco de gelo da minha tes-
ta e outro lado da sala. Minhas costelas protestou. Eu agarrei-as em pedido de
desculpas.
Eu estava em um quarto cor-de-espuma do mar pequeno, eu assumi que fosse
a enfermaria na delegacia de polícia. Coral Pines não têm sequer um hospital
real, e pronto socorro mais próximo era mais de trinta minutos na cidade mais
próxima. Então, quando as pessoas tinham uma ameaça à vida ou lesões por-
que foram espancados pelo xerife por um cassetete, eles vinham aqui, como
um bando de crianças da escola fundamental, no escritório da porra da enfer-
meira.
O papel da mesa de exame plissou sob o meu movimento, quando eu
balançava lentamente meus pés para o chão. Havia uma bola de algodão
pequena como curativo preso ao meu braço na parte interior. Eu me senti do-
lorida e tonta, muito parecido como se eu tivesse acabado com meu traseiro
chutado por um homem gordo balançando um batom plástico pesado.
Eu fiz um inventário físico. Eu comecei em meus dedos do pé, balançando
cada um antes de eu dobrar meus joelhos e levantar os braços. Eu trabalhei
minha maneira para cima, até que eu estava pressionando os dedos contra o
meu rosto para ter certeza de que meu crânio ainda estava intacto. Eu estava
inchada e com dor, e eu posso ter tido uma costela trincada ou duas, mas des-
ta vez eu sabia que eu ia viver.
Droga.
Uma mulher mais velha de rosa entrou na sala, olhando para um arquivo
em papel pardo em sua mãos enquanto ela se movia. Eu a reconheci como
Glinda Mallory, uma das senhoras do grupo da igreja de Nan. Ela piscou-me o
que se passou como um sorriso profissional. Havia pouco de calor nela.
—Como você está se sentindo, senhorita Ford? Você sabe onde está? —Ela
mudou-se para a direita para a segunda questão como se ela não desse a mí-
nima para a resposta à primeira. Ela colocou um par de luvas de látex e tentou
me empurrar de volta para a mesa de exame, mas me esquivei dela. Ela es-
tendeu a mão para o meu rosto com uma das mãos enluvadas, e eu corri para
o outro lado da sala, minha cabeça latejando. —Eu não posso cuidar de você,
se você não me deixar te tocar.—
—Você me examinou enquanto eu estava inconsciente, certo? Você levan-
tou minha camisa para cima, viu o que tinha acontecendo lá embaixo? Parece-
lhe que ser tocada tem funcionado para mim? —
Ela fechou a boca e balançou a cabeça.
—Eu vou ficar bem, realmente. Obrigada por querer ajudar. —
Estranhamente, eu estava tentando confortar a enfermeira que deveria es-
tar me confortando. —Você tem alguma coisa para a dor?—
Eu segurei minha cabeça com as duas mãos em uma tentativa de ganhar
algum equilíbrio. Eu não sabia se ela sabia o que aconteceu aqui, mas eu sus-
peito que, como a enfermeira na estação do Xerife, ela sabia o suficiente para
não perguntar.
Ela tirou as luvas e jogou-as em uma lata de lixo vermelho. —Não é aconse-
lhável tomar analgésicos durante a gravidez, você sabe. —
Ela era apenas cheia de informações que eu não precisava ou me preocupava.
—Eu vou ter a certeza de ter isso em mente quando eu tiver um bebê. Por
agora, eu posso obter algum tipo de droga para tomar? Minhas costelas estão
me matando —.
Ela pegou sua arquivo e sentou em um banquinho de rolamento curto usando
seus pés para rodar-se para mim. —Eu suspeitava que você não sabia, mas é
o procedimento adequado antes de administrar qualquer tipo de entorpecentes
a uma pessoa inconsciente para testá-los para as condições, tais como a gra-
videz.— Ela nem sequer me deu tempo para processar essa informação antes
de acrescentar —, Você sabe quem é o pai? —
—Sinto muito. Por que você está me perguntando isso? —Eu estava tentando
processar a informação, mas entre a distância fria e minha cabeça latejante e
costelas, era difícil entender a mensagem codificada.
—Você pode querer alertar o pai antes de fazer quaisquer decisões precipita-
das—, acrescentou ela, enquanto rabiscava em sua prancheta. —Você sempre
pode vir ver o grupo de senhoras na igreja. Eles são realmente boas em lidar
com casos como o seu. — Casos? Como o meu?
—Pai?—
—Sim. Como no caso do pai do seu filho que está para nascer. Você está grá-
vida, senhorita Ford. —
Meu peito apertou, a dor aumentando a cada respiração quando vinham mais
rasas e rasas. Eu não conseguia segurar o ar em meus pulmões. A sala come-
çou a girar. A enfermeira veio e se foi na minha linha de visão. Segundos an-
tes, eu estava segurando a minha cabeça, a fim de aliviar a dor. Agora, eu es-
tava apenas tentando segurar minha merda junta. Eu tinha que pensar.
Jake e eu estávamos sendo cuidadosos. Nós usamos preservativos.
A única coisa que Owen tinha usado era eu.
Minha vida era mais do que apenas um único desastre. Era muitos desastres,
tudo acontecendo ao mesmo tempo. Era um tsunami após uma furacão após
um sismo acontecendo no meio de um tornado, enquanto um incêndio ardia
em um círculo em volta de mim. Eu entrei pelos destroços de um e à direita
para a próxima.
Eu estava grávida, e Owen era o pai.

***
Dois minutos pode ser muito mais do que a maioria das pessoas imaginam.
Dois minutos foi o suficiente para eu passar de gostar de Jake para amá-lo.
Depois que eu fui libertada da minha própria prisão, enquanto aguardava a de-
cisão de Bethany para enviar-me para a prisão ou não, a dois minutos sentada
em frente da porra de um bastão de plástico era uma tortura.
Eu decidi fazer um teste em casa para ver se a enfermeira tinha perdido a ca-
beça maldita, ou se eu tivesse perdido a minha. Eu peguei-o na loja Sally no
caminho de volta para o apartamento de Jake. Mas eu deixei a quantidade
exata de dinheiro para o teste na prateleira onde eu o encontrei, certa de que
depois eu o enfiei no bolso da frente do meu moletom. Eu não estava
pronta para a cidade de saber algo que eu não estava segura por mim mesma.

Depois de contar os segundos no relógio de parede antigo acima da mesa, eu


respirei fundo. Eu estava provavelmente um pouco mais do que reagir. Eu ti-
nha certeza de que eu estava indo para rir do quão estúpida eu estava sendo
em apenas mais alguns segundos. Eu sabia que o universo era cruel, mas eu
não achava que seria tão ridículo.
Eu não acho que, depois de tudo que eu passei, eu poderia realmente estar
carregando um filho de um estuprador também. Eu tinha apenas dezessete
anos. Orei a Deus ao qual eu não tinha certeza que existia.
Por favor, não ... por favor, não ... por favor não.
Quando o segundo ponteiro atingiu o doze, pela segunda vez, eu levantei o
bastão branco e olhei para a pequena janela.
Eu nunca tinha visto um par mais ameaçador de linhas paralelas.

***
Apenas um pouco mais de tempo e tudo vai ser mais com ...
—Abby Ford?—
Era uma outra enfermeira de rosa chamando meu nome, me medindo, me pe-
dindo para fazer xixi em um copo e entregar, uma vez mais. Só que desta vez,
não foi na delegacia Coral Pines.
Um médico com o cabelo vermelho se apresentou como Doutor Hodges e pron-
tamente me pediu para deitar-me e pôr os pés nos estribos. Ele parecia estar
em seus meados dos cinquenta anos. Ele estava calmo e amigável, mas não ia
ser de realizar o procedimento ainda. Ele explicou que era apenas o exame ini-
cial, antes do grande show.
Minhas palavras, não dele.
Fechei os olhos e respirei fundo quando ele cutucou e cutucou com instrumen-
tos frios e colocar os dedos. Era tão desconfortável. A queimação dentro de
mim construiu para proporções épicas. Meus olhos lacrimejavam e uma lágri-
ma correu pela minha bochecha. Eu tive que me desligar através de algo.
Tentei cantar na minha cabeça para me distrair do que o médico estava fazen-
do.
Quando isso não funcionou, eu pensei sobre Jake.
Eu me perguntei se Jake teria ido comigo se soubesse a verdade. Se ele sou-
besse que eu amei ele e não tinha de bom grado deixado Owen fazer o que ele
fez para mim. Eu não podia me deixar ficar naqueles pensamentos. Eu estava
grávida de outro homem, e eu precisava para não ter mais.
—Senhorita Ford, eu sei que você já falou com o conselheiro então me perdoe
a repetição aqui, mas gostaria de perguntar, o que o traz aqui hoje?— Ele fez
um gesto para eu sentar.
Socorro-me inundado instantaneamente.
—Eu não quero mais estar grávida.— Eu me perguntei se isso não era o motivo
cada adolescente de 17 anos de idade que veio aqui.
—Como você engravidou, Senhorita Ford?— Sua voz era firme e profissional,
mas eu senti outra coisa deixada para trás na sua pergunta.
—Existe mais de uma maneira?— Eu fingi um riso para distraí-lo.
Ele me olhou com ceticismo. —Senhorita Ford, eu vou ser honesto com você.
Vejo cicatrizes de tecido dentro de você que sugere que você passou por uma
traumática lesão recentemente.— Ele deu uma respiração profunda e
jogou suas luvas de borracha para o caixote do lixo. —Francamente, estou
surpreso por uma gravidez ter resultado ou sobrevivido a tal trauma. —
Era uma afirmação, mas ele parecia como se queria que eu confirmasse sua
suspeita.
—Resultou,— eu soltei. Eu imediatamente me arrependi dizendo isso, não era
do negócio dele.
—Você já entrou com um relatório da polícia?—
—Não.— Mas, eu estou enfrentando algumas taxas bastante robusta eu mes-
ma.
O médico não me pressionou sobre por que eu não tinha ido a policia. Ele ape-
nas acenou com a cabeça quando ele colocou um arquivo em papel pardo em
seu joelho e começou a escrever com uma caneta que puxou do bolso do casa-
co de laboratório. Ele balançou a cabeça de lado a lado, como se algo que es-
tava escrito era quase inacreditável para ele. — Forte esse feto que você tem
lá.— Ele olhou para cima de seu arquivo, seu constrangimento estampado em
seu rosto. —Sinto muito. Isso foi totalmente insensível da minha parte. Me
desculpe.—
—Está tudo bem.— Eu queria silenciar suas divagações. Eu odiava que se sen-
tisse culpado. Afinal de contas, ele era direto. Esta coisa em mim tinha como
uma vontade de estar neste mundo, ele tinha encontrado uma maneira de
existir durante o pior das piores condições.
Foi um sobrevivente, assim como eu.
E eu ia matá-lo.

***
Passei os próximos três dias em busca de um novo emprego sem sorte. Bu-
bba ainda não estava contratando meninas com dezessete anos de idade. Sally
não estava contratando. A loja de iscas não estava contratando.
A casa de Jake não era mais minha casa, então eu estava de volta dormindo
no Chevy velho de Nan, o mesmo que Jake tinha me pego em todas essas se-
manas atrás. Eu ia colocar suas chaves no balcão, bloquear a porta e fecha-la
atrás de mim.
Eu não quero viver mais lá de qualquer maneira. Só de estar lá o tempo sufici-
ente para pegar algumas das minha merdas e trancar a porta foi doloroso o
suficiente. Algumas vezes eu podia jurar que eu tinha ouvido a sua moto pu-
xando na unidade. Eu tinha que me lembrar que não era ele.
Ele se foi.
O Chevy não poderia ser minha casa para sempre, mas era tudo que eu tinha
para agora. Eu tinha feito um pouco de dinheiro quando trabalhei na loja de
Jake, mas os hotéis na ilha eram armadilhas para turistas, e uma única noite
de estadia era mais do que a metade do que eu tinha. Tentei alugar um quar-
to, mas tendo dezessete anos e sem emprego não era exatamente um mix
atraente para potenciais locatários.
Deitei na Chevy, joguei e virei.
Não era apenas o calor estagnado do ar da noite que me manteve inquieta.
Era realmente só um dia desde que eu o tinha visto pela última vez, desde que
eu deixei-o ir embora? Onde ele está? O que ele está fazendo?
Jake tinha assumido o pior de mim, e com esse pressuposto, ele revelou que
não tínhamos o que eu pensei que nós tivemos. Ele não me ama do jeito que
eu o amava. Na medida em que ele estava em causa, era tudo ou nada.
Prometi a mim mesma que iria empurrar todos os pensamentos de Jake fora
da minha mente na esperança de empurrá-lo do meu coração.
Sim, certo.
Mesmo que eu não achava que ia acontecer. Com o tempo, eu esperava que
ele se tornaria apenas um memória distante. Agora, porém, a sua memória era
tão forte, se eu permitisse que apenas um momento ocupasse minha mente,
me consumia. Fechei os olhos e ainda podia sentir sua respiração na minha
bochecha, sua pele na minha pele. Eu nunca mais seria capaz de me deixar ser
tão livre como eu fui com ele. Essa menina tinha ido embora.
A Abby sobrevivente havia retornado, limites e paredes firmemente de volta no
lugar.
Escolhendo o conforto de estar dormente sobre a dor do coração partido.
Sobre o que era para ser minha terceira noite de dormir no Chevy, subi no
meio da porta do lado do motorista me sentei no banco para obter algum sono
necessário. Eu passei o dia inteiro andando para cima e para baixo na ilha à
procura de trabalho e foi apenas a deriva fora quando ouvi algo tinir. Não na
minha frente, refletindo a luz da lua, era um chaveiro com duas chaves de ou-
ro pequenas e um chaveiro com o emblema Ford grande prata pendurado nele.
As chaves foram anexados ao volante por um grande gancho de estilo zelador.
O auto reparo na nota pegajosa de Dunn foi anexado ao centro da roda. A nota
sobre o assunto pareceu ser escrita por uma criança:
Abby o apartamento é seu o tempo que você precisar. E pode usar o caminhão
também ele precisa ser usado pelo menos de vez em quando e se pondo no
ponto morto fazendo isso não é bom. Eu não sei o que aconteceu com Jake e
eu não me importo, mas eu sei que ele não quer que você durma na porra do
caminhão como uma vagabunda. Reggie está chateado, você deve estar no
trabalho de manhã. Desculpe pelo que aconteceu na outra noite. Eu estou bê-
bado a maior parte do tempo.
Desculpe novamente.
Frank Dunn
Lágrimas encheram a parte de trás dos meus olhos. Apesar do fato de que
ele tinha me chamado de vagabunda, era de longe a maior nota que eu já ti-
nha recebido. Eu segurei o colar que Jake me deu entre meus dedos, como is-
so havia se tornado meu hábito fazer quando eu estava pensando. Seria a
minha lembrança constante dele.
Não era apenas um sonho. Tinha certamente sentido como um, apesar de tu-
do.
Eu ainda não tinha a certeza de que Frank se lembrou de quem eu era, especi-
almente sob as circunstâncias do nosso primeiro encontro. Mas lá estava eu,
lendo a sua oferta de salvação.
Os homens Dunn podem ter se visto como sendo a mundos de distância de to-
das as maneiras, mas quando se veio realmente para baixo, os dois homens
foram profundamente perturbados pelo passado que prefiro esquecer, e ambos
tinham se colocado na linha para mim quando eu realmente precisava.
Desinteressadamente. Facilmente.
Foi nesses atos de bondade que eu vi as semelhanças neles pela primeira vez.
Eu ri para mim mesma, porque Jake cagaria um tijolo se eu alguma vez lhe
dissesse que ele e o homem que mais odiava eram de algum modo similar.
Sr. Dunn tinha acabado de me oferecer a chance de economizar dinheiro e
ter um lugar para ficar quando o bebê vier.
O bebê ...
Eu não sabia se eu seria uma boa mãe, ou se eu seria mesmo capaz
de ser uma sob as circunstâncias. Mas quando cheguei até lá, eu não pode-
ria deixar matar alguém que nem sabia que ele eram o produto
de um ato odioso, especialmente depois que ele ou ela tinha sido criado, ape-
sar da condição horrível que estava dentro do meu corpo. Este bebê era um
lutador, um sobrevivente como eu.
Nós já somos almas gêmeas.
Foi por causa dele, e não apesar dele, a vida crescendo dentro de mim que eu
era capaz de me mover para a frente, um pouco de cada vez.
Eu teria a chance de ter uma família de verdade, pela primeira vez na minha
vida.
Eu estava indo para tentar o meu melhor para protegê-lo.

Quatro anos mais tarde ...


Era setembro, quando o Sr. Dunn se foi, já fraco com o corpo ceden-
do sob a carga pesada de seus vícios.

Deixei isso para o povo de Coral Pines para que transformassem o que
deveria ter sido um pequeno serviço simples, em um evento que poderia rivali-
zar com o seu festival anual mullet-lance.

Cada intromissão das senhoras da igreja e maridos entediados dentro de


20 milhas, vestidos com esmero para pagar os seus pecados, e “respeitar” a
esse homem que realmente não sabiam, certamente se foi respeitado.

Um grupo de bate-papo de mulheres riam no degrau mais alto da igreja,


antes do serviço ser iniciado. Todos eles agarravam seus lenços como se para
deixar saber que seriam capazes de soltar um pouco de lágrimas a qualquer
momento. Embora muita gente se preocupasse com a minha Nan, mais havi-
am pessoas que tinham chegado ao serviço como uma desculpa para finalmen-
te tirar o pó da sua melhor roupa de luto e competir em um “Quem é Mais tris-
te” do que a concorrência para celebrar sua vida. Sra Garrith, uma mulher com
o cabelo loiro branco e unhas cor de rosa brilhantes, estava se preparando pa-
ra saltar para a briga quando me aproximei.

— E quando ela perdeu a doce Marlena eu certifiquei-me de levar uma


caçarola todos os dias durante um mês. Eu poderia dizer que ele realmente
apreciou o meu gesto de bondade ...disse-me assim mesmo. -Essas caçarolas
foram um salva-vidas para um homem.— Ela ajustava os dedos em suas luvas
rendilhadas pretas curtas.

—Bem, Deus abençoe seu coração Maria—, acrescentou a Sra. Morrison.

Todo mundo sabia que era a gíria do sul para: “Vá se foder” . —Você sa-
bia que Franklin pediu-me para ir com calma com ele no colegial? Praticamente
me implorou, realmente, antes que ele e Marlena se tornaram um detalhe é
claro.

Aquele garoto era doce por mim, digo-lhe. —Ela abanou-se com um dos
programas do funeral entregue pelos meninos do coro.

Tomei um programa de um dos meninos e empurrei e passei a multidão para


dentro da igreja.

O sussurro alto sempre tinha me seguido aonde fui, e hoje não foi dife-
rente.

Sra Morrison poderia muito bem ter ido falar em um microfone.

Depois que ela me viu, os comentários sobre o meu traje inadequado no


funeral começaram. Ela inclinou-se perto do grupo e sussurrou: —Eu acho que
Abigail Ford e Franklin teve uma relação, digamos, especial.

Ela teve a coragem de indicar o ar quando ela disse a palavra especial. —


Acontece que a menina ajudou planejar este serviço inteiro.

Você não acha que é estranho?— Essa declaração foi recebida com suspi-
ros e gemidos exagerados dos clones que a cercava. O grupo acrescentou suas
próprias especulações, alimentando o rumor. Era como ouvir a própria criação
no início, onde tudo começou, com essas cadelas mudas envenenando a água.

Eu não sei como Nan se deu bem com aquelas senhoras.

Nunca me pareceu que ela realmente se encaixava com elas. Nan era al-
guém que iria aparecer para um funeral vestindo seu mais brilhante vestido
colorido floral em vez de um vestido preto de funeral.

Eu não sei como ela fazia isso tudo sem chamar toda a atenção negativa
que eu parecia atrair, ou talvez ela extraia a atenção negativa e eu nunca re-
almente havia notado. Talvez, eu estava envolvida demais na minha própria
auto piedade e besteira de perceber que estas senhoras a machucaram tam-
bém.

Eu pensei muito nela quando eu me vesti naquela manhã. Seu funeral foi
o último que eu assisti, ao longo de quatro anos antes. Foi em sua homena-
gem que eu usava um coral brilhante e um colorido vestido de verão, que cru-
zava na parte de trás, com um casaco de lã branca de mangas compridas so-
bre e sandálias de cunha, em vez do uniforme preto de luto das mexeriqueiras
da máfia.

Não porque eu tinha vergonha ou medo.

Eu apenas pensei que era mais apropriado para a igreja.

Foram aquelas pessoas, aquelas desagradáveis mulheres de duas caras


que pregavam sua moral impossíveis sobre a cidade para quem quisesse ouvir,
que me irritou mais. Essas mulheres não viviam as vidas que pregavam sobre,
mais do que as pessoas que o evitavam. Eles só sabiam como escondê-lo me-
lhor. Quanto mais eu as ouvia falar, mais eu percebia que elas não estavam
falando sobre a vida de Frank. Todas as suas histórias e revelações foram so-
bre suas tentativas de associar-se a ele. Elas queriam pintar-se na imagem de
sua vida por atenção apenas. A verdade é que, mesmo com todos os seus pro-
blemas, Frank Dunn era alguém que se perderia, mesmo que fosse só por
mim.

Os “eu sei tudo” das senhoras da igreja, sobre os seus passos eram ape-
nas cadelas egoísta.

Aquelas eram sempre o pior tipo de cadelas.

Então, eu estava indo para ter um pouco de diversão com as mulheres.

Eu inclinei meus ombros e caminhei de volta para fora da igreja e da direita


para o centro, onde a mesa do café do inferno estava ocorrendo. Antes que
elas pudessem recolher suas bocas do chão ou chiar uma saudação falsa, falei
primeiro, colocando no meu sotaque de Georgia muito mais espesso do que o
habitual.

—Por que, hey todos—, eu comecei. Eu sorri para as duas senhoras que
pareciam ser as líderes da grupo. Minha voz pingava tanta doçura açucarada
de falsidade, que eu provavelmente ia lhes dar dor de dentes.

—Muito obrigada por virem, eu sei que o Sr. Dunn teria apreciado os
seus mais queridos amigos— Fiz um gesto em direção a Sra Garrith. —E sua
querida da escola— e eu gesticulei em direção a Sra Morrison.

—A sua maneira de prestar suas últimas homenagens.—Sra Garrith me


olhou de cima para baixo como eu estivesse usando meia arrastão e pendão
nos mamilos em vez de um vestido simples e suéter. Ela abriu a boca para fa-
lar, mas eu a cortei.

—Honestamente, no final lá, ele não sabia se vocês iriam aparecer. Es-
pecialmente desde que vocês três tem essa história juntos.— Os sorrisos de
ambos os seus rostos derreteu-se em carrancas. Uma das outras senhoras da
multidão questionou esta nova peça encontrada de informações em voz alta. —
História?—

—Ah, claro. Você sabe que essas senhoras e Sr. Dunn tinham algo jun-
tos? —Eu pisquei.—Não, realmente.— Sra. Morrison protestou enquanto alisa-
va a gola do vestido antes olhando para os próprios pés. Ela sabia o que esta-
va por vir. Eu sabia de todos os seus segredos, e agora eles sabem que eu era
a pessoa errada, que iria foder com eles.

—Ah, claro, ele disse que na escola as três de vocês tiveram bastante
conexão —. Seus rostos empalideceram, e Sra Garrith olhou cinza direita.

—Oh não sejam modestas, senhoras. É perfeitamente natural querer ex-


perimentar com essa idade com seus sentimentos alternativos.— Sentimentos
alternativos era uma frase das senhoras da igreja que ficou famosa quando se
falava sobre a imoralidade da homossexualidade.

Frank tinha deixado aquele pedaço de informação escorregar para Reggie


um dia, quando a Sra Garrith viera para uma mudança de óleo. Aconteceu de
eu ouvir.

—Abigail!— Alguém falsificou choque e vergonha, embora sua voz disse


muito claramente que ela estava realmente entretida por este clique de infor-
mação.
Eu mantive o meu sorriso grande. Concentrada naqueles parasitas foi mais di-
vertido do que eu pensava que seria.

Eu estava prestes a acabar com elas, com alguma informação privilegiada so-
bre a Sra Garrith, usando a loja para comprar orquídeas para sua entrada no
festival, acredite ou não, provavelmente seria considerado o maior segredo de
todos eles, quando o reverendo abriu a portas da igreja e nos disse que era
hora de encontrar um lugar.

O serviço de partida estava começando.

Eu fui em primeiro lugar, mas não antes de olhar por cima do ombro, nas
visivelmente abaladas mulheres. Virei-me para entrar, convencida de que Nan
teria me repreendido por castigar na igreja as senhoras em público, mas eu
também sabia que ela estaria segurando o riso.

Sentei-me na primeira fila com a menção «Reservado para Famillia« mas


desde que o Sr. Dunn não tinha qualquer família que ia assistir, eu percebi que
era um espaço que precisava ser preenchido. Houve bastante sussurros dirigi-
dos a minha decisão de estar no lugar em negrito.

O reverendo tentou falar sobre o Sr. Dunn, mas eu poderia dizer que ele
estava lutando para encontrar algo de positivo para dizer sobre um homem
que mal conhecia. Frank raramente saía de sua casa, e quando ele fazia foi só
para trabalhar na loja. Mesmo assim, ele manteve-se a maior parte do tempo
em seu gabinete, mantendo as persianas fechadas e o mundo fora. Não era
como se ele tivesse mesmo necessidade de estar na loja, mas ele fez um pon-
to para entrar quando ele não estava afundando muito baixo.
Eu pagava suas contas, tanto de seus negócios e pessoal, e entre mim e
Reggie, tivemos a oficina de Dunn correndo como um ... bem, como um má-
quina bem engraxada.

O reverendo começou a falar sobre a vida e a morte, e as recompensas


esperando no céu para aqueles que viveram suas vidas pela luz de Deus e do
bom livro. Isso me fez pensar: mesmo se eu acreditasse em Deus ou na reli-
gião ou o poder do —bom livro— eu sabia quem era qualificado?

Não em Coral Pines.

O reverendo pediu um momento de oração silenciosa, inclinando a cabe-


ça e cruzando as mãos em frente a ele, enquanto a multidão seguiu o exem-
plo. Eu fiz também, mas minha mente não estava em oração, era sobre o que
eu ia ter que fazer a seguir.

Limpei minhas mãos suadas nas minhas coxas. Quando o reverendo dis-
se: —Amém— ecoou, ele fez um gesto para mim. Tirei o pedaço de papel en-
rugado do bloco amarelo de meu bolso e tentei desamassar no meu joelho an-
tes de subir os degraus íngremes para o púlpito.

Era uma casa cheia, e todos os olhos estavam em mim. Eles provavel-
mente estavam se perguntando por que diabos eu estava lá em cima. Limpei a
garganta e olhei para o papel na minha frente. Meu parágrafo de abertura era
sobre por que eu era a única lá em cima, explicar a natureza da minha relação
com Frank.

De repente, eu não me senti na necessidade de explicar nada para essas


pessoas. Não se tratava deles. Era a cerca de Frank, um homem que, ao longo
dos últimos anos, me ajudou em mais maneiras do que eu jamais poderia re-
embolsa-lo. Eu tinha escrito as palavras na minha frente e tinha mesmo prati-
cado lê-las em voz alta em casa, mas por alguma razão, eu estava tendo um
problema de lê-las agora.

Em vez disso, eu decidi dizer-lhes sobre o Sr. Dunn que eu conhecia.

Direto do meu coração golpeado e quebrado.

Limpei a garganta novamente e levei um minuto para reunir meus pen-


samentos. Cada pequeno movimento da plateia em silêncio fez com que os ve-
lhos bancos de madeira chiar e gemer. Eu levei uma respiração profunda e
comecei a falar, o guincho do microfone causou alguns ruídos chocados da
congregação. Eu esperei por um momento antes de continuar.

Este tempo, o sistema de som cooperou.

—Eu não vou ficar aqui em cima e dizer que Frank era um santo, porque
não é verdade—, eu comecei.

—Ele era um homem perturbado. Ele se virou para seus vícios para anes-
tesiar a dor quando ele pensou que não tinha mais nada. Houve muitas ocasi-
ões em que, depois de não vê-lo por dias, gostava de ir na sua casa e o encon-
trava desmaiado no chão. Eu o limpava, e colocava para fora os cigarros, es-
vaziava os cinzeiros, e joguava fora as garrafas vazias. Eu não iria gritar com
ele. Eu não iria dizer a ele o quanto ele estava atrapalhando. Em vez disso, eu
disse a ele o quanto sua ajuda significava para mim, e a grande diferença que
ele fez em minha vida. Então, gostava de pedir-lhe para encontrar seu cami-
nho para fora do nevoeiro. E ele iria, às vezes alguns dias, às vezes até algu-
mas semanas.— Fiz uma pausa e sorri.
—Essas foram algumas das muitas semanas. Havia muitas outras vezes,
na verdade, quando ele gritava comigo e me amaldiçoava ao diabo por tentar
ajuda-lo —.Eu ri nervosamente e o público riu comigo. As portas duplas na
parte de trás a igreja estava aberta. Uma mulher loira pequena entrou, e al-
guns dos espectadores se separaram para ela passar. Ela segurava a mão de
uma menina vestida de vermelho com longos cabelos trançados. Todo o meu
nervosismo se dissipou.

—Mas ele tinha um lado bom. Um grande lado realmente. —Eu alisei
meu cabelo atrás das orelhas e agarrei ambos os lados do pódio para me equi-
librar. —Senhor Dunn— Meu coração se contorceu em meu peito.

—Frank foi uma pessoa que fez grandes erros muitos erros, e ele sabia
disso. Ele era também um homem que desmoronou sob o peso de uma tre-
menda dor. —Eu respirei fundo.

—Mas só porque ele tinha experimentado um tremendo amor. Quando você


tiver um amor tão grande como ele teve, é fácil deixar a tristeza e raiva con-
sumi-lo. É mais fácil se afastar aqueles que ainda não o deixaram e dar-se
mais para a dormência. Ele convidou a dor porque o ajudou a lembrar, e ele se
anestesiava com uísque quando tudo se tornou muito.

- Certa vez, ele me disse que ele estava com medo de esquecer o que
Marlena e Mason eram, como se ele já tivesse tentado seguir em frente. Às
vezes, ele falava sobre eles como se estivessem mesmo na sala ao lado. —

Todo mundo sabia do que eu estava falando.—Agora, vocês tiveram suas


próprias experiências com Frank. Algumas boas, outras ruins ... alguns, por
Deus, horríveis.
Mais risos da congregação. A loira caminhou pelo corredor e sentou-se
com a menina no primeiro banco da igreja. Seu sorriso brilhante me pedindo
para continuar. Sorri de volta para ela.

—Eu só posso dizer-lhe sobre o Frank que eu conhecia. Ele era um ho-
mem que colocou um teto sobre minha cabeça quando eu não tive um. Ele era
realmente a única pessoa além de minha avó, que nunca me julgou e nunca
assumiu o pior de mim. Ele nunca me fez me explicar, mesmo quando eu lhe
devia uma explicação. À sua maneira tranquila, ele me aceitou em sua vida
sem perguntas. De certa forma, eu acho que ele estava tentando fazer as pa-
zes.

-Ele me salvou, porque ele não poderia salvar sua esposa e filho da mor-
te, e ele não poderia salvar a sua relação com o seu filho vivo. Frank nunca me
fez perguntas que ele sabia que eu não queria responder.

Eu respirei fundo, meus olhos se encheram de lágrimas com as lembran-


ças que começaram a inundar a minha mente dos últimos quatro anos.

—Mas o seu imenso amor não tinha ido embora. Ele não morreu com sua
esposa e filho. Ele sobreviveu, na maneira como ele se sentia sobre o filho que
ele se afastou, e na forma como ele cuidou de mim ... de nós. —Houve um ba-
rulho na parte de trás da igreja, quando as portas abriram brevemente por
trás de alguns espectadores, mas eu continuei.

—Seu maior arrependimento não foi a perda dos mortos, mas a perda da
vida. Frank amava seu filho Jake, mas empurrou-o, porque ele o lembrava de
sua perda, e ele não sabia como ou onde canalizar toda a dor.
Eu segurei as lágrimas. Essas pessoas precisavam saber sobre Frank,
eles precisavam saber que ele era uma pessoa que deve ser lamentada na
morte, não fazendo um show de aberração. Minha voz era rouca, mas eu pres-
sionei-me.—Eu não estou inventando desculpas para ele, e eu certamente não
estou dizendo que beber até o esquecimento que seria o caminho certo para
que todos possam lidar com qualquer coisa. Mas, é o que aconteceu. É a sua
verdade. Frank morreu cheio de remorso, mas certamente não está sozinho.
Ele era um homem que você pode ter conhecido como o cara da Reparação
Dunn ou Sr. Dunn ou Frank ... ou até mesmo 'Bubba', para aqueles de vocês
que jogaram futebol com ele na escola. —Mais risos. —No fim das contas, po-
rém, você não sabia quem era ele em tudo.

Notei que algumas das senhoras da igreja estavam pressionando seus


lenços para os cantos seus olhos, suas lágrimas pareciam reais. Fiquei conten-
te de ver que eu tinha chegado ao meu ponto de vista.

—Franklin Dunn era um homem problemático que viveu uma vida con-
turbada. Para mim, ele era um amigo, uma figura de pai em seus melhores
momentos, e alguém que eu queria ajudar, quando ele estava no auge de sua
agonia.

Fiz uma pausa para respirar.

—Eu não poderia salvá-lo—, eu disse. Eu estava segurando o choro que


ameaçou sair depois de cada frase. —Mas, eu gosto de pensar como o inferno
que ofereci-lhe algum tipo de conforto nestes últimos anos, porque ele com
certeza me deu o mesmo. —Houve alguns suspiros no meu uso da palavra in-
ferno na igreja. Mas a maioria das pessoas pareciam entender o ponto que eu
estava tentando fazer transversalmente.
Olhei de novo para a menina que estava radiante no banco da frente,
seu cabelo vermelho acobreado balançava sobre os ombros a cada vez, com o
movimento de sua cabeça pequena sardenta. Seu vestido era da mesma cor
coral como o meu. Depois que eu tinha me vestido, ela insistiu que queria o
mesmo

—Na verdade, eu gosto de pensar que nós oferecemos algum conforto.


—Eu olhei diretamente para ela. À menção de nós, ela se arrastou ao longo do
colo da loira saiu no corredor. Ela andou até o púlpito, deu um salto correndo e
se jogou nos meus braços. Dei-lhe um aperto e a coloquei sobre meu quadril.
Eu olhei para ela e perguntei:

— Como nós chamamos Frank, bebê?

—Vovô Fank!—, Exclamou ela. A igreja toda riu da minha animada menina.

—É isso mesmo, menina. Nós o chamávamos de Vovô Frank. Você ama


seu vovô Frank?

—Sim mamãe—, disse ela timidamente, ganhando oohs e suspiros da


multidão. Ela derretia meu coração todos os dias da minha vida. Essas pessoas
tiveram a sorte de ainda obter um vislumbre do que ela era capaz de fazer.

Eu voltei minha atenção para a congregação. —Eu acho que nós deve-
mos lembrar Frank por quem ele era, não pelo que ele não era . Ele era um
grande vovô para a minha menina como ela nunca vai conseguir. Ele era um
amigo para mim quando eu mais precisava, e ele era um pai que adorava sua
família o suficiente para deixar a sua perda destruí-lo. Ele amava seu filho Jake
mais do que qualquer coisa.
Meu coração pulou uma batida quando eu disse o nome dele, mesmo de-
pois de todo esse tempo. —E ele viveu com arrependido cada segundo de cada
dia, e até o dia de sua morte, para quem não sabe mais uma vez o que tinha.
Frank não pode ser compreendido por todos aqui.— Eu olhei para a minha me-
nina e dei um beijo em sua testa.

—Mas a minha filha e eu com certeza vamos sentir falta dele. Será que
não vamos, Georgia?

—Sim!—, Ela gritou e bateu palmas.

Antes que eu pudesse colocar Georgia para baixo e caminhar de volta


para o nosso banco, houve outro tumulto na parte de trás da igreja. Ambas as
portas completamente abertas e a luz ofuscante do meio-dia invadiu o peque-
no espaço da igreja pouco iluminado. Cobri meus olhos com minha mão livre
para bloquear a luz. Minha filha enterrou a cabeça na curva do meu pescoço.

Eu peguei um vislumbre da pessoa que fez a saída dramática. Uma cons-


ciência tomou conta de mim.

Eu só podia ver a sua volta, porque ele já estava na metade da escada da fren-
te. O que eu vi parou a própria respiração no meu peito.

O lugar familiar cabelo loiro e vestido de couro preto foi o suficiente.

As portas se fecharam com um estrondo tão alto. Ele ecoou por toda a
igreja e sacudiu os vitrais.

Mais uma vez, Jake estava saindo.


Até o momento que o serviço tinha terminado, Jake estava mui-
to longe. A triste verdade de tudo foi que, se não tivesse sido por Georgia, eu
teria corrido atrás dele,para fora da igreja. Era um prazer que eu não tinha. Eu
não preciso de outra imagem de seu belo rosto assombrando todos os meus
dias. Eu tive o suficiente para durar uma vida como estava. Mesmo se eu ti-
vesse tido a chance de falar com ele, o que eu diria? Ele me odiava porque eu
deixei ele me odiar. Porque era mais fácil tê-lo me odiando do que lidar em
permitir alguém na minha vida, que eu acreditava que não confiava em mim,
ou o que eu pensei que nós tínhamos tido.

O espaço vazio na minha em minha vida que Jake antes ocupava, se-
ria maior ainda se ele ficasse.

Eu saltei o bolo habitual e café que estavam servindo na sala de reu-


nião após a

funeral. Tess, a babá de Geórgia e minha assistente na garagem ti-


nha que voltar para a loja para processar uma nova remessa de peças, e eu
não estava prestes a expor Geórgia ao tons ímpios para o resto da tarde. Eu
disse a ela que se ela fosse boa na igreja, eu iria levá-la até o novo parque in-
fantil na escola primária.

Isso é exatamente o que fizemos.


Tess tinha sido uma dádiva de Deus desde que ela se mudou para a
cidade de Gainesville. Ela cuidava feliz de Georgia todas as vezes que ela pu-
desse passar um tempo com ela, o que me permitiu mais tempo para trabalhar
em minhas fotos.

Foi bom ter um amigo ao redor novamente. Alguém que eu podia


confiar com a minha filha, de qualquer maneira.

Eu levantei minha menina se contorcendo de seu assento do carro e a


coloquei sobre a grama, as perninhas movendo-se a toda a velocidade antes
mesmo que eu tivesse a chance de colocá-la no chão. —Seja cuidadosa, Geor-
gia! —, Eu gritei atrás dela quando ela fez seu caminho para as oscilações e se
levantou sobre o menor pendurando-se em um. Ela segurou na cadeira e chu-
tou e chutou as pernas, mas o balanço não se mexeu.

Ela não estava indo a lugar nenhum rápido.

O parque estava lotado com crianças e suas famílias. Eu trabalhei o


meu caminho através de um mar de crianças correndo e gritando. Eu me abai-
xei sob uma bola de futebol de rua que passou zunindo pela minha cabe-
ça. Isso me levou duas vezes mais tempo para alcançar os balanços do que
levou Georgia.

Quando cheguei a ela, eu parei morta de cansada.

Bethany Fletcher, a mãe de Owen, estava empurrando Geórgia em


seu balanço. Georgia estava guinchando com alegria. — Mais ... mais! —, ela
gritou.

—Não muito alto—, disse eu, fazendo a minha presença.


Bethany me deu um aceno cortês. —Olá, Abby.— Seu sorriso deslizou
em uma linha reta.

Bethany usava uma paletó bege com uma blusa branca com saia cor-
respondente de comprimento até o joelho. Sua assinatura de lábios vermelhos
brilhantes não eram mais. Agora, eles estavam apenas encoberto, neutro.

Seu coque outrora grave tinha sido substituído por ondas escuras
macias caindo em torno de seu rosto e ombros.

Ela parecia quase humana.

—O que posso fazer por você, Bethany?—, Perguntei. Eu mantive o


meu tom uniforme. Eu não precisava dela usando a raiva ou ansiedade que eu
sentia na presença dela contra mim.

Antes que ela pudesse me responder, Georgia interrompido. —


Mamãe, a senhora simpática me empurrou no balanço! —

—Isso é ótimo, baby!— Essa menina poderia me fazer sorrir através


de um acidente de avião. —Por que você não vai experimentar o novo escorre-
ga, ok? Mamãe logo vai ver você. —

—Tudo bem!— Ela gritou. Bethany a ajudou a sair da cadeira do ba-


lanço, Georgia ainda não poderia saltar fora sozinha. Ela saiu correndo em di-
reção a sua próxima aventura no escorrega vermelho brilhante.

—Podemos conversar?—, Perguntou Bethany. Ela parecia esperanço-


sa , absolutamente nada como a Bethany de antes, a que tinha ordenado a
minha prisão, quatro anos antes. Sua voz era calma. Não havia nenhum ódio
irradiando dela. Eu só a tinha visto de passagem no dia em que ela tirou todas
as principais acusações contra mim. Somente a acusação de porte de maconha
foi mantida. Eu pago trezentos dólares de multa e cumpri seis meses de liber-
dade condicional. Ela poderia facilmente ter retirado todas as acusações, mas
mantendo um era o seu jeito de me deixar saber que ela puxava as cordas em
Coral Pines.

Eu era muito consciente disso.

Suspirei e sentou-me no banco de frente para o trepa-trepa. Se


Bethany queria falar,

Bethany ia falar. Eu dizendo sim ou não nunca tinha feito uma dife-
rença para ela antes.

Ela sentou-se ao meu lado. —Eu tenho vontade de te dizer uma coisa
há anos, e

nunca tive a oportunidade, e realmente não sei como dizer isso. Eu


não queria chegar

porque eu não queria assustá-la e afastá-la.— Ela torceu as mãos no


colo e nervosamente continuou, mudando o foco de seus olhos para onde Ge-
orgia estava brincando. —É só que ... Eu estou cansada.— Ela deu um suspiro
profundo e, finalmente, virou-se para me olhar nos olhos. —Eu estou tão can-
sado, Abby ... de tudo.— Seus olhos verdes brilhantes que costumava atirar
adagas, eram agora mais suaves e aguados.

—Desculpe?—

—Eu tive de limpar a bagunça por toda a minha vida. Varrer as coisas
para debaixo do tapete, justificando comportamento terrível numa base regu-
lar. Não apenas na minha prática, mas na minha vida, na minha própria famí-
lia. Se eu soubesse que você estava grávida, eu teria tentado parar com isso,
também.—

Eu tinha pensado nisso, e foi a razão que eu escondi a minha gravi-


dez durante o tempo que eu possivelmente podia. Ninguém soube, até que a
Geórgia já estivesse aqui.

Eu nem sequer listei o nome do pai de Geórgia na certidão de nasci-


mento.

—Então, eu estou cheia agora. Eu não vou fazer mais isso e não te-
nho por um longo tempo —, ela anunciou como se fosse algo que ela estava
pensando por um tempo. —Eu sei que você nunca poderá perdoar Owen, e eu
não a culpo. Eu não posso perdoá-lo, também. Nossa relação não tem sido a
mesmo desde que isso aconteceu se isso faz as coisas melhor.— Ela olhou para
cima de suas mãos em minhas sobrancelhas levantadas, percebendo o quão
fraco que soou. —É claro que não.—

—O que você realmente veio fazer aqui, Bethany?— Evitar uma a ou-
tra por quatro anos tinha sido completamente pacífico.

—Eu sei que eu não mereço isso. Eu não mereço nada depois da ma-
neira como eu te tratei, e você deve saber que eu estou triste por isso, tam-
bém. Eu nem sequer reconheço a pessoa que eu sou mais, e isso me deixa do-
ente de pensar em todas as coisas que eu fiz, para machucar as pessoas na-
quela época, o que eu fiz para prejudicá-la.— Ela balançou a cabeça como se
estivesse sacudindo as más recordações de seu cérebro.
—Eu quero conhecer a Geórgia—, disse ela. —Estou disposta a traba-
lhar para isso, para ganhar sua confiança. Eu sei que você nunca veio a público
e disse quem seu pai era, mas eu a vi com sua babá no mercado na semana
passada e dei uma boa olhada nela. Ela tem aqueles olhos verdes dos Flet-
cher’s, embora sejam um pouco mais brilhante do que de todos os outros.—
Ela limpou a garganta. —Eu gostaria realmente de uma chance de conhecê-
la.—

Fiquei chocada ao ouvir que ela queria alguma coisa a ver com Geór-
gia, e meu instinto de lutar com ela a por quatro anos atrás borbulhou na su-
perfície.

Bethany parecia cansada embora ... machucada, mesmo. A dureza de


quatro anos atrás tinha ido embora e em seu lugar era uma mulher cujas bor-
das afiadas haviam sido suavizadas e arredondadas com o tempo.

Pouco depois do segredo que eu tinha dado à luz, Owen havia chega-
do ao apartamento exigindo ver sua filha.

Eu bati a porta na cara dele e liguei ao escritório de Frank na loja ao


lado.

Felizmente, eu o peguei em uma dia de sobriedade, e ele estava na-


quele dia. Em questão de segundos, eu ouvi uma briga do lado de fora, e, em
seguida, um carro puxando para fora do lote de cascalho. Frank não veio para
me checar depois, ele esperou até que estava de volta em seu escritório antes
de me chamar no telefone para me informar que o problema tinha sido cuida-
do.
Na manhã seguinte, havia uma nota de Frank na minha mesa sobre
um novo sistema de alarme sendo instalado no apartamento naquela mesma
tarde, e uma .22 carregado no meu teclado.

Owen nunca me incomodou novamente, mas com o meu 22 no pron-


to, eu meio que desejava que ele tivesse.

—Você quer trazer a minha filha em torno de Owen?— Eu perguntei a


Bethany. Tentei conter o pânico na minha voz, mas eu sei que ela ouviu.

—Não, não. Seria apenas eu —, Bethany me assegurou. —Eu não dis-


se a ninguém sobre isso, nem mesmo ao meu marido. Eu não estou pedindo
para levá-la em qualquer lugar, qualquer um. Talvez, poderíamos encontrar-
nos em um parque, assim como este, e eu podia brincar com ela um pouco ...
conhecê-la.— Ela parecia uma mulher que estava desesperada para formar um
relacionamento com alguém, uma que levou tudo o que tinha para mantê-la de
cair aos pedaços.

Bethany soltou um suspiro longo, detido. —Você sabe, eu tentei tê-lo


preso, mas o pai de Owen não queria nada a ver com a ideia. Em vez disso, eu
pedi a Cole para trancá-lo em uma cela por um alguns dias para acalmá-lo,
depois que ele teve um ataque. Isso é o que chamamos de seu comportamen-
to, de qualquer maneira. Eu passei a reconhecer as semelhanças entre o meu
filho e meu marido. Jamie nunca foi um homem gentil.— Os olhos de Bethany
estavam vidrados. —Ele é muito parecido com o meu filho. Acho que ele é
apenas melhor em cobrir seus rastros.— Ela cruzou e descruzou as pernas.

Eu não conseguia entender por que ela estava me dizendo isso.


—Se eu tivesse que apontar um momento em que tudo começou a
dar errado, eu diria que foi quando Mason morreu.”

—Mason? Mason Dunn? —, Perguntei.

O que o irmão de Jake tem a ver com os Fletcher’s?

—Sim. Eles cresceram juntos, praticamente compartilharam um ber-


ço. Marlena era a minha mais velha e querida amiga. Eu acho que quando am-
bos, Mason e Marlena morreram, Owen começou a atacar. Ele culpou todos e
ninguém pela morte de Mason, especialmente seu irmão Jake —.

—Por quê?—, Perguntei. —Foi um acidente.—

—Sim, bem. Jake era suposto estar com Mason naquela manhã, mas
ele ainda era um adolescente e provavelmente não queria estar em um barco
no meio do rio, às cinco horas da manhã de um domingo. Assim na forma típi-
ca de um adolescente, ele não apareceu nas docas. Mason saiu sozi-
nho. Ninguém sabe o que aconteceu para virar o barco. As águas estavam agi-
tadas, mas nada mais do que o habitual. Owen só assumiu que se Jake tivesse
estado lá com ele, então talvez Mason ainda estaria vivo. —

—Ou os poderiam ter morrido—, disse eu. Pelo menos agora, eu sa-
bia por que Owen e Jake tinha odiado um ao outro desde o início. Esse ódio
não tinha começado comigo. Eu tinha acabado de adicionar a ele.

—Eu sei. Mas Owen não podia vê-lo dessa forma. Eu me senti tão im-
potente, ele estava sofrendo muito. Em vez de fazer com que ele trabalhasse
com isso, eu justifiquei seu comportamento. E o permiti. Em vez de fazê-lo
perceber que ele estava errado, eu dei desculpas.— Ela me deu um sorriso
triste. —Eu o ajudei a tornar o que ele é.—

—Será que ele fez mal a alguém desde mim?— Era algo que me per-
guntei quase todos os dias.

Quando ela acenou com a cabeça, eu quase caí do banco. Agarrei o


meu estômago. —A menina Preston. Stacy, acho que era o nome dela. Owen
deu-lhe um olho roxo e agrediu-a um pouco. Nós também achamos que ele
poderia ter afundado o barco de camarão dos Preston’s, mas ele nega, e eles
não têm prova.— Ela limpou as mãos na saia. —Nada comparado com o que
ele fez com você, apesar de tudo.—

Não. Não era.

Ela limpou a garganta. —Eu sei que isso não significa nada para você
Abby, mas eu acho que você está fazendo um ótimo trabalho como uma mãe,
um trabalho muito melhor do que eu já fiz.— Os olhos de Bethany tinham co-
meçado a revirar. Era o inferno congelando, ou era Bethany Fletcher, anteri-
ormente o braço direito de Satanás, na verdade, a ponto de chorar? E na mi-
nha frente, nada menos. —Owen é o pai, Abby? Quer dizer, eu sei que você
estava vivendo com Jake por um tempo ... —

Era hora de contar a alguém sobre isso.

Eu nunca teria sonhado em um milhão de anos que seria Bethany


Fletcher. Mas, ela

passou a ser o única que estava perguntando.


—Primeiro quando descobri que estava grávida, eu tinha certeza
que era de Owen, mas, em seguida, ela nasceu com olhos azuis brilhantes, e
eu pensei por um segundo que havia uma chance ...— Eu balancei a cabeça e
ri. —Eu era tão jovem. Eu não sabia que a maioria dos bebês que nascem com
olhos azuis mudam de cor ao longo do tempo. Um dia eu estava olhando para
a minha bebê de seis meses de idade, e seus olhos eram verdes como esme-
raldas e entrei em pânico. Foi quando eu desisti de esperar que ela fosse de
Jake.— Foi difícil de admitir em voz alta.

—Oh Abby—, disse Bethany. —Isso deve ter sido difícil para você.—

Eu balancei a cabeça. —Ainda é.—

—Será que você, pelo menos, pensa em me deixar a conhecer a mi-


nha neta, sobre me dar uma chance?—

—Eu não posso prometer-lhe um sim ou um não, mas eu posso te


prometer que eu vou pensar sobre isso—, eu disse.

Bethany podia estar pronta para deixar ir a pessoa que ela era, mas
eu não poderia esquecer tão facilmente.

Essa pessoa me causou muita dor para agora ser lhe dado um passe
livre para formar um relacionamento com a minha filha.

—Isso é tudo que estou pedindo.— Ela levantou do banco para sa-
ir. —Obrigada.— Foi dito em voz tão baixa que eu mal podia ouvi-la sobre os
pais chamando seus filhos a partir dos bancos ao nosso lado.

—Obrigada—, ela repetiu e foi embora.


Será que eu apenas concordei em pensar em deixar a mulher mais
má que eu já conheci ter uma relacionamento com a minha filha, simplesmen-
te porque ela já não parecia o diabo e vomitou algumas palavras sinceras?

Aparentemente, eu tinha.

Suspirei e olhei para Geórgia, que estava mostrando a um menino de


cabelos castanhos como posicionar os pés na frente dele antes de deslizar para
baixo no novo escorrega brilhante. —Hey Bethany?—

—Sim?— Ela virou-se, o rosto ficou vermelho.

—Você sabe o que Owen fez para mim. Você sabe o quanto ele me
machucou. Mas o que eu não tenho ideia é como você sabe.—

Seu rosto empalideceu. —Abby ...— Ela começou, com a voz trêmula
e insegura. —O que Owen fez foi terrível.— Ele não era o único. —Ele foi há
mais de duas cidades e chamou Cole. Cole me chamou. Eu sinto muito.— Ela
balançou a cabeça. —Eu ajudei Cole a leva-la para casa naquela noite.—

Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

E então ela se foi.


TENTEI NÃO PENSAR EM BETHANY e no seu pedido daquela noite, ou na
revelação de que ela poderia estar encobrindo o comportamento doente de
Owen como eu pensava inicialmente.

Mas, disse-lhe que eu iria pensar sobre deixá-la ficar e conhecer Georgia,
e quis dizer-lhe isso. Eu não o faria de imediato. Pois tinha outras questões na
minha mente.

Questões sobre alguém alto, loiro e usando couro, para ser mais especí-
fica.

Minha situação habitacional também havia mudado e isso importava


mais do que qualquer outra coisa. Após a casa de Nan ter sido entregue, ela
ficou vazia durante anos quando a economia continuou a ir para baixo. Even-
tualmente, o banco a vendeu para algum grande investidor que a transformou
em uma empresa de gestão imobiliária para encontrar um locatário.

Quando passei na janela do escritório Matlacha Realty e vi o tapume (ve-


dação provisória) cor de rosa e branca as persianas familiares e a imagem gra-
vada em sua janela, corri para dentro para assinar o contrato no mesmo mo-
mento. Depois de alguns telefonemas para o proprietário, eles aceitaram o
meu cheque e me entregaram as chaves.
Eu não tive sequer a chance de dizer a Frank sobre a casa antes dele
morrer, eu sabia embora, que ele ficaria feliz por nós.

Georgia e eu tínhamos nos mudado há poucos dias oficialmente, haviam


ainda caixas empilhadas em um canto da sala e eu não tinha tido a chance de
desfazer as malas ainda. Na verdade, haviam caixas em cada quarto que eu
não tinha aberto.

Eu dei um banho em Geórgia antes dela dormir e fui para a cama no


mesmo quarto onde Nan tinha tão generosamente me dado a chave na primei-
ra noite que eu fiquei com ela. Eu me senti segura lá, e o meu coração poderia
finalmente sentir-se calmo e tranquilo.

Agora, a foto emoldurada em cima da cama da minha menina, fez meu


coração pular uma batida e meu estômago dar nós. Eu gostaria que ela não
tivesse me pedido para pendurá-lo para ela.

Poucos meses antes, eu estava sentada no sofá no apartamento olhando


através de algumas fotos antigas em minha caixa de sucata, quando Geórgia
virou a partir do desenho animado que ela estava assistindo e perguntou se ela
tinha um pai. Eu não tinha ideia de como responder a isso. Dizer-lhe sobre
Owen estava fora de questão. Eu estava tentando descobrir um caminho na
verdade para dizer que ela não tinha um pai, quando ela tirou uma foto da
parte inferior da caixa que eu estava separando.

-Mamãe, é este o meu pai? Ela perguntou, segurando a minha foto favo-
rita de Jake. Que estava em sua motocicleta, com um cigarro pendurado em
sua boca, ele havia acabado de estacionar no local e empurrou seus óculos de
sol para cima da cabeça. Ele não estava muito sorridente, pois não havia felici-
dade lá. Capturei exatamente quem ele era. Meu coração acelerou apenas
olhando para ele. Eu tinha quase esquecido o efeito que sua aparência tinha
em mim.

Quase, mas não completamente.

Minha infância foi construída sobre mentiras e desconfiança. Decidi, en-


tão, que eu não ia continuar esse ciclo com a minha filha.

-Não menina, ele não é- eu respondi. —Queria que ele fosse embora.—
Meus olhos lacrimejavam.

-Não chore mamãe. Podemos fingir que ele é. Ok?

-Fingir?—, Perguntei, Georgia tinha uma enorme imaginação.

-Sim. Nós apenas fingimos que ele é o meu pai.

Eu não podia dizer não a seus olhos verdes líquidos. -Só fingir então tudo
bem, bebê? Ele é não seu pai. Não é realmente.

Ela olhou para a fotografia e depois de volta para mim, sorrindo como se
tivesse acabado de saquear um caminhão de sorvete de creme.

Ela também perdeu todo o interesse em saber algo mais sobre quem era
seu pai, ela estava satisfeita com a sua nova imagem e com a promessa de um
jogo que poderíamos jogar juntas.

-Sim, mamãe. Basta fingir. Então, ela correu para o seu quarto com a fo-
to na mão. Ela não a deixou até que eu mudei os lençóis da sua cama, alguns
dias depois, percebi que ela tinha mantido debaixo do travesseiro.
No dia em que nos mudamos para a casa de Nan ela pediu uma moldura
para a foto dela e anunciou que queria que ficasse sobre sua cama.

Eu não queria fazer isso. Ela estava levando a brincadeira de fingir um


pouco longe demais para o meu gosto. Mas, a imagem subiu e, cada noite, en-
quanto eu colocava Georgia para dormir fiquei cara a cara com o que quase
tinha sido.

Antes de começar a abrir as caixas na cozinha, eu mudei para um top e


um shorts, precisando de um pouco de conforto, então eu joguei meu velho
capuz preto em cima de tudo isso.

Fiquei imaginando o que Nan teria dito se ela pudesse ter visto todas as
completas mudanças na sua pequena casa. Fiquei triste ao ver que os apare-
lhos cor de abacate antigo e armários brancos tinham saído, mas eu não esta-
va prestes a reclamar sobre o aço inox e madeira de cerejeira que tinha toma-
do seu lugar.

Os pisos de linóleo e rasgado também tinham sido substituído por um pi-


so escuro de madeira em vários tons. A casa de Nan, mesmo em seu estado
novo e melhorado, com o seu paisagismo, revisão e nova camada de tinta,
ainda parecia com a casa de Nan ... apenas juntou-se com um anúncio de Is-
land Home Magazine.

Saí da casa pela parte de trás, pelas portas de vidro deslizantes. O inves-
tidor tinha arrancado a velha área e construiu uma nova área de cozinha ao ar
livre, completa com uma pavimentação de tijolo de convés, grande arte em
estatuas, mini-geladeira, pia e bancadas de granito. Mas a vista era tão espe-
tacular como sempre, com os manguezais que flutuam sobre as águas azuis
escuras do Coral River Pines. Parecia ser a única coisa que restava completa-
mente inalterada.

Abri a grade e procurei pela chave que eu tinha guardado no interior do


exaustor, eu a usei para abrir a fechadura da gaveta abaixo da grade que ser-
via para abrigar ferramentas de cozinha.

Eu não tinha tais ferramentas.

Peguei a caixa de lata velha de lápis que eu escondi no dia em que nos
mudamos. A caixa tinha sido rabiscada e gravada mais vezes do que eu pode-
ria lembrar. Ela continha um pequeno tubo de vidro amarelo, um isqueiro, e
um saco de moedas. Eu tentei ser uma daquelas mulheres que tinham uma
taça de vinho no final do dia.

Eu nunca tinha desenvolvido o gosto por ele.

Eu tinha comprado um par de cadeiras reclináveis de plástico em uma


venda de garagem para usar no pátio, essas cadeiras, além de uma cama de
solteiro e colchão para a Geórgia e um colchão e box springs para o meu quar-
to, eram todos os móveis que tínhamos.

Eu tinha planejado comprar-me uma cama de verdade, juntamente com


um sofá, mesa para a sala de estar, e estava olhando para trocar no mercado
de pulgas no fim de semana. Meus planos para mais móveis haviam sido des-
carrilado quando Frank morreu.

Eu o tinha chamado por todo aquele dia, para contar a ele sobre ter alu-
gado a casa de Nan, e para lhe dizer que eu iria com seus mantimentos um
pouco mais tarde do que o normal. Depois de duas horas sem chamada de vol-
ta, eu tive um mal estar e uma sensação que algo estava errado.

Eu fui até a casa dele e bati na porta da frente. Quando ele não respon-
deu, eu tentei o porta ... que já estava desbloqueada. Assim que eu entrei na
casa, eu sabia que ele estava morto. Ele parecia irradiar um frio por todo o es-
paço.

O cheiro só reforçou isso.

Eu encontrei o corpo de Frank no andar de cima no banheiro de hóspe-


des. Ele estava sentado, totalmente vestido, em uma banheira rosa de azule-
jos sem água, segurando um quadro de imagem em uma mão e uma garrafa
vazia de Wild Turkey na outra. Seus olhos estavam fechados e se eu não tives-
se essa sensação de morte toda em volta de mim, eu teria apenas pensado
que ele estava dormindo.

Desci para usar o telefone e liguei para o posto do xerife. Esperei no an-
dar de cima, sentada no tapete do banheiro no chão ao lado de Frank. Ele ti-
nha estado sozinho por um tempo tão longo.

Eu não queria que ele ficasse sozinho.

Parecia errado que viessem buscá-lo com a garrafa em sua mão então eu
trabalhei para tirar de seu aperto e coloquei-a sobre o balcão. Por alguns mi-
nutos, eu fiquei perturbada com o que devia fazer com a moldura descansando
em seu peito, agarrei em sua outra mão. Eu finalmente decidi não tirar a chan-
ce dele e deixá-lo ir junto quando eles o levarem prometendo-lhe então, que
eu iria garantir que o quadro seria enterrado com ele.
Eu levantei o cotovelo ligeiramente e mexi no quadro livremente. Sentei-
me no tapete felpudo e derrubei o quadro olhando-o, era um daqueles quadros
de divisão que tinha três fotos. A Primeira era de Jake, que parecia ser certa-
mente após o colegial. Ele parecia um pouco mais jovem do que eu me lem-
brava e seu cabelo era cortado rente à cabeça. Com um sorriso despreocupado
no rosto, ele estava com uma vara de pesca em uma mão, e na outra ele le-
vantava o fim de sua linha de pesca com um enorme peixe pendurado no gan-
cho.

Eu tinha tocado a imagem que sorriu para mim, eu amei ver que ele ti-
nha sido feliz uma vez com sua família. Sua vida não tinha sempre girado em
torno da ruindade e parecia ter sido muito boa naquela casa uma vez também.

A imagem do meio era de Marlena e Mason, que eu tinha visto a mesma


imagem em cima da mesa no escritório de Frank.

A última imagem me pegou de surpresa.

Era eu.

Eu estava sentada no sofá de couro desgastado do apartamento, segu-


rando uma muito recém nascida Georgia. Eu estava sorrindo, mas você pode
ver o verdadeiro medo em meus olhos. Frank tinha tomado a imagem com mi-
nha câmera no dia que eu trouxe Georgia para casa do hospital. Eu tinha reve-
lado e pendurado na geladeira do apartamento. Eu não tinha ideia de que
Frank tinha uma cópia. Ele me disse tudo o que eu precisava saber sobre como
nós tínhamos sido importante para ele.

Eu espero que ele tenha morrido sabendo como ele era importante para
nós também.
Frank teve todas as três imagens enfiadas em seu paletó, quando ele foi
sepultado, juntamente com uma imagem de Georgia, ele queria isso, tenho
certeza disso.

Liguei o rádio pequeno que ficava no pátio na minha estação favorita do


país, mantendo baixo o volume, pois eu não queria acordar Georgia. Desabei
em uma das minhas novas/velhas cadeiras e embalando uma tigela. Sentei-
me, acendi, e inalei a fumaça, saboreando o calor familiar nos meus pulmões.
Segurei-a dentro, enquanto eu podia antes de expirara-lo através do meu nariz
e boca.

Eu gostei da minha altura, e deixei minha mente à deriva para a única


pessoa que eu tentei tão duro não pensar. Eu segui o projeto do pingente de
metal em volta do meu pescoço. Eu nunca tinha sido capaz de conseguir tirar a
maldita coisa.

Eu não pude deixar de pensar sobre o quão grande pai Jake teria sido
para Geórgia. Se ele tivesse ficado naquele dia, eu duvido que eu decidisse
mantê-la depois de tudo. O pensamento fez com que meu coração se apertas-
se no meu peito. Eu definitivamente não ia deixar-me ir lá. Geórgia foi à me-
lhor coisa que já aconteceu comigo, e eu me recuso a pensar em um mundo
sem ela.

Eu fui levada fora da minha altura e do meu conforto pelo som de passos
pesados na grama ao lado da casa. A pequena luz do pátio apenas iluminava o
espaço imediato que eu ocupava, mas lançava sombras sobre todo o resto.

-Quem está aí? Assim que as palavras saíram da minha boca, eu sabia a
resposta e fiquei imóvel como pedra, a poucos passos do pátio. Eu ouvi o som
familiar de seu Isqueiro Zippo e vi o brilho vermelho do fim de seu cigarro. Eu
estava congelada na minha cadeira. Eu Abri a boca para falar e não saiu nada.

-Hey, ele disse. Sua voz familiar veio sobre mim como um conforto que
eu não tinha conhecido uma vez que ele saiu.

Respirei profundamente e reuni o poder do cérebro o suficiente para fa-


lar. -Hey, eu respondi, tentando o meu melhor para manter o meu nível de
voz. -Você não tem que se aproximar de mim no escuro, você sabe que posso
te machucar. Reuni toda falsa confiança que pude, mas por dentro eu estava
tremendo como um misturador de tinta.

Jake saiu das sombras escuras para a luz. A imagem acima da parede de
Geórgia era nada comparada com a coisa real.

Ele ainda estava todo vestido de preto, mas os músculos abaixo de sua
camiseta apertada eram maiores do que eu me lembrava. Eles puxavam contra
o fino material. -Ah, é?, Perguntou -Como você vai me machucar?—

Ele se encolheu quando percebeu o que tinha dito. Eu fingi não perceber. -Com
isso. Eu disse quando eu puxei a minha pistola 22 do meu saco de praia.

-Uau. Você está sendo má agora? Ele olhou divertido. -Deixe-me ver es-
sa coisa. Eu entreguei para ele, e ele inspecionou cuidadosamente, virando-a
em sua mão. -Bonita. Você sabe que você não deve entregar sua pistola para
alguém só porque te pedem, certo? Você pode ser aquele que se machuca.

-Ah, é? Perguntei, usando suas palavras. -Como você vai me machucar?

Ele riu.
Seu cabelo estava maior do que tinha sido quando ele saiu. Seu rosto era
mais duro e parecia mais velho do que quatro anos a mais deveria ter feito.
Mas seus olhos eram tão incrivelmente azuis como sempre. Eu precisei espre-
mer as pernas juntas para livrar-me do arrepio que estava acontecendo em
cima de mim.

-Pode ser que lhe entregando a minha arma seja parte de todo o meu
plano de defesa. Acabei de dar a pessoa e pedir-lhe para segurá-la para mim,
para distraí-lo enquanto eu fujo.

Pela primeira vez em mais de quatro anos, o sorriso que eu estava vendo
nos meus sonhos estava agora bem na minha frente.

Eu quase cai.

Eu tinha dezessete anos de novo.

-Eu provavelmente viria com um plano B se eu fosse você, disse ele,


empurrando seu cabelo atrás de sua orelha.

Eu gostei do cabelo mais longo. Estava quente ... e eu estava ficando


quente. Muito quente. Tirei meu capuz e o joguei na cadeira ao meu lado. A
brisa da noite beijou minha pele, e eu suspirei de alívio.

-Assim é melhor, eu murmurei.

-Bee! Exclamou Jake. Seus olhos se arregalaram.

Meu coração acelerou quando o ouvi dizer o meu apelido novamente.

-O quê? Perguntei, esperando que eu não tivesse deixado cair o meu ca-
chimbo.
-Seu braço. Puta merda, você fez isso. Ele estendeu a mão para mim e
para a direita antes assim que estava prestes a me tocar puxou de volta. -Ele
está completamente incrível, disse ele em voz baixa.

Minhas tatuagens. Ele ficou de boca aberta com minhas tatuagens.

Após Georgia nascer, eu tinha decidido obter o manga que Jake e eu tí-
nhamos falado. Começou no meu ombro e descia meu braço direito, terminan-
do no meu pulso.

Eu passei horas intermináveis na cadeira do tatuador, começando com


uma recriação de fotos das minhas favoritas do sol que fiz no meu ombro, se-
guido pelo anjo da morte andando de moto pelo meu bíceps. Debaixo da pintu-
ra uma cicatriz, eu amei tanto a citação no meu antebraço de Hellen Keller que
eu tinha usado para descrever como eu me sentia sobre Jake. Seu roteiro de-
senrolou e parou bem perto do meu pulso.

Cada linha e marca oferecida pelas minhas cicatrizes tinha sido usada
como parte do desenho.

Quando as pessoas olhavam para mim, eles estavam olhando para as marcas
que eu escolhi para mim, não as marcas que outros haviam forçado em cima
de mim. Tinha sido libertador.

Desejei que Jake tivesse estado lá para ver o que eu tinha feito.

-Por que você não tocou a campainha? Eu perguntei quando ele me en-
tregou a minha arma. Eu verifiquei para certificar-me da trava de segurança,
antes de colocá-la de volta no bolso da minha bolsa.
Ele ainda estava de boca aberta em minha tatuagem. -Você é ... porra. Ele es-
fregou a mão sobre sua boca e cavanhaque, olhando em direção à casa e fi-
cando sério. -Oh, eu não quero acordar ...

-Georgia, eu terminei para ele.

-Georgia, ele repetiu . -Como a sua Nan. Eu balancei a cabeça, feliz, por
ter lembrado o nome da Nan.

Ele continuava lindo, ele não parecia bravo ou com raiva quando ele dis-
se isso. Ele só parecia cansado.

-Sim, com certeza é, eu disse com orgulho. Ele ficou pensativo de não
tocar a campainha e acordá-la, fiquei surpresa, se sua motocicleta já não ti-
vesse feito isso, embora eu não tinha ouvido o som dela, também.

-Será que você veio de moto até aqui?

-Não, disse ele. – A Moto está no apartamento. Eu vim andando.

-Você andou tudo isso?

Jake deu de ombros e deu uma longa tragada no cigarro passando de um


pé para o outro, soprando a fumaça pelo nariz.

-Sente-se. Eu dei um tapinha na cadeira vazia ao meu lado. -Você quer


bater? Entreguei-lhe o tubo quando ele se sentou. Ele hesitou no início, procu-
rando por alguma coisa no meu rosto. Eu não tinha dúvida de que ele estava
perguntando como civilizada eu poderia ser. O homem tinha acabado de per-
der seu pai, depois de tudo. Foi o menos que poderia ser um para o outro.
Jake se deixou cair na cadeira, acendeu a bacia, e tomou um acerto. Es-
tendi a mão para o mini frigorífico e tirei duas Coronas, entregando-lhe
uma.

E só assim, ele estava de volta.

O silêncio.

Eu não posso dizer que foi tão confortável como sempre tinha sido. Mas
era tão perto do confortável quanto poderia estar sob as circunstâncias. Seu
rosto suavizou depois de alguns minutos, e eu sabia que ele podia senti-lo
também.

-Eu sinto muito sobre o seu pai, eu disse, pegando o tubo dele e acen-
dendo-o para atingir o próximo. Minhas mãos tremiam. Eu estava quase tão
nervosa quanto à primeira vez que estávamos sozinhos. Eu precisava ficar
bem alta para estar tão perto dele.

Jake balançou a cabeça. -Parece que eu deveria estar dizendo isso a vo-
cê sobre ele, suas palavras me fecharam Eu não acho que eu estaria encon-
trando sempre.

Eu acho que ele tinha ouvido o meu elogio.

-Sim, bem ... ele me ajudou quando ninguém mais fez, e eu sinceramen-
te não sei onde eu estaria agora sem ele.– Ouvindo-me eu esperava que ele
não fosse tomar isso como um insulto. Eu certamente não tinha a intenção que
fosse assim

-Há quanto tempo você está aqui? Ele fez um gesto para a casa.
-Apenas alguns dias.

-E antes disso, você estava ...? Suas perguntas foram cautelosas, como
se estivesse tentando descobrir algo fora.

-O apartamento na loja. Seu pai me deixou ficar lá quando ele descobriu


que eu tinha voltado a dormir no caminhão. As palavras saíram e eu imedia-
tamente me arrependi delas, Jake inclinou-se e colocou o rosto nos joelhos, e
colocou as mãos na parte de trás de sua cabeça.

-Por que diabos você estava no caminhão de novo? Perguntou ele.


Quando ele levantou o rosto e olhou enfurecido.

-Eu não tinha mais para onde ir, eu disse com firmeza. Mas, Jake parecia
torturado de uma maneira que eu não me lembrava dele em todos esses anos
atrás.

-Quando eu ...Ele parou, como se ele estivesse pensando nessas coisas


pela primeira vez, como se dissesse agora. Seu tom de voz suavizou. -Quando
eu sai, eu não queria dizer que você tinha que deixar o apartamento. Você po-
deria ter ficado lá para sempre, por toda a porra, eu não me importava.

-Sim, bem, foram apenas alguns dias. E ninguém chupou mais ninguém
sobre o capô desta vez.

Isso quebrou a tensão um pouco, e nós dois rimos. -Então, seu pai me
deixou um bilhete, no caminhão. Ele me chamou de vagabunda, e me deixou
um enorme conjunto de chaves do zelador para o apartamento e para seu ca-
minhão.
Jake parecia confortado por isso. Ele relaxou e deixou cair à cabeça para
trás contra a cadeira. -Eu vi seus cartões postais.

Para os últimos dois anos, eu estive vendendo minhas fotografias de paisagem


como postais para presente nas lojas ao redor da cidade. Eles estavam ven-
dendo bem, e recentemente, um dos meus melhores cartões vendidos foi es-
colhido para um calendário do estado. Ele não ia me deixar rica. Mas com isso,
além do meu trabalho na loja, eu poderia cuidar do meu bebê e para mim isso
era tudo o que importava.

-Onde você os viu?

-Reggie. Ele se virou para mim. -Ele me mandou um soquete que eu pre-
cisava para consertar minha moto, quando eu abri a caixa havia os seus car-
tões lá. Ele colocou dez ou doze deles. Eu nem sequer precisava ver a assina-
tura no canto para saber que eram sua.

-Oh.

-Eles estão super bonitos, Bee.

Eu não sabia o que pensar sobre isso. -Obrigada. Eu quase podia sentir
meu coração batendo de volta a vida com cada palavra que ele falou. Logo, eu
estaria de volta para onde eu estava há quatro anos, derretendo em suas
mãos. Eu não podia ouvi-lo ser bom pra mim. Eu queria que ele gritasse comi-
go, fosse cruel comigo.

Gritar comigo, se fosse preciso. Teria sido muito mais fácil deixá-lo ir
mais uma vez se eu o odiasse e se ele me odiasse. Em vez disso, suas amáveis
palavras causaram tanto conflito dentro de mim.
Eu estava tão distraída com Jake que eu não ouvi a porta de vidro desli-
zada aberta. Quando o olhar de Jake se alargou focado passando na minha ca-
deira, eu sabia que alguém estava atrás de mim. Eu me virei para ver a Geór-
gia em pé no pátio, esfregando os olhos com os punhos. Sua camisa da noite
estava escondida em sua calcinha, e sua boneca favorita Raggedy Ann estava
sendo estrangulada na dobra do braço.

-Georgia baby, o que você está fazendo aqui?

Ela se aproximou e se arrastou para o meu colo, quase me derrubando


como ela fazia. Fiquei contente, eu já tinha colocado o tubo de volta em seu
esconderijo. Posso não ter sido June Cleaver, mas eu fazia o meu melhor para
manter as aparências.

-Eu não conseguia dormir. Ela se moveu ao redor no meu colo até que
ela estava de costas para mim. Ela nem percebeu o nosso convidado até que
ela parou de se contorcer. -Mamãe?— Ela puxou a minha camisa e apontou
para Jake.

-Georgia, este é um velho amigo da Mamãe. Este é Jake. Para minha


surpresa, Jake estendeu a mão e ela imediatamente a tomou.

-Prazer em conhecê-la, Georgia. Ele a olhou com cautela. Nenhum dos


dois tiraram suas mãos para longe um do outro. Ambos estavam sorrindo co-
mo se eles estivessem dividindo um segredo que eu não tinha conhecimento,
sobre fingir que tinha feito com a foto dele, eu estava nervosa sobre o que
aconteceria em seguida.

Ela saiu do meu colo e se arrastou para a direita em Jake, como se ela
tivesse feito isso uma centena de vezes antes. Ele não pareceu se importar.
Ele a estudou como se fosse um quebra-cabeça, que estava tentando descobrir
quando ela subiu em cima dele.

Georgia foi confortavelmente se aconchegando no peito de Jake com sua


cabeça aninhada na curva do seu braço antes que eu pudesse impedi-la.

— Garota, por que você não deixa o nosso convidado relaxar em sua ca-
deira por si mesmo, eu vou levá-la de volta para a cama, eu disse com cuida-
do. - Você precisa voltar a dormir.

-Mas, mamãe, disse ela, enquanto seus olhos se iluminaram. -Eu não posso ir
dormir agora. Papai está aqui!

No momento a minha vida parou.


Eu coloquei GEÓRGIA DE VOLTA EM SUA CAMA e cantei para ela dor-
mir. Lullabies? não poderia ser para meu filho. A canção da noite, por seu pe-
dido, tinha sido —Bennie and the Jets—, de Elton John.

Isso era definitivamente culpa de Frank. Ele tinha dado a ela um iPod pa-
ra o Natal do ano passado, pré-carregado com suas músicas preferidas de sua
coleção de discos.

Eu fiz o meu melhor, mas eu não era Elton.

Onde quer que Frank estava agora, eu sabia que ele estava rindo de
mim.

Foda-se Frank.

Jake estava encostado no balcão quando voltei para ele. Ele tinha as
pernas cruzadas nos tornozelos, os braços cruzados na frente dele e um enor-
me sorriso de comedor de merda no rosto.

-O quê? Perguntei.

-Agradável a música, ele brincou.


Eu senti a vermelhidão rastejar até minhas bochechas. -Isso é culpa de
Frank. Ele e sua coleção goddamned recorde, eu ri. -Eu tentei jogar apenas
sua música durante a noite, mas ela insiste que eu tenho que cantar para ela.

-Menina esperta.

-Menina estragada. Olhei para minha sala de estar vazia, de repente en-
vergonhada por minha falta de moveis. -Eu lhe ofereceria um banco, mas não
há nenhum.

-Sim, eu notei, disse ele, olhando ao redor do espaço vazio.

-As cadeiras do pátio são muito bonitas, só tem isso por agora, será os
meus móveis no momento, eu disse. Jake assentiu.

Notei que, quando ele interagia comigo, seu olhar nunca mudou a partir da
porta do quarto da Geórgia.

-Quantos anos ela tem?

-Três, eu respondi. Passei por ele através das portas de vidro deslizan-
tes. Ele me seguiu de volta para o pátio, e voltamos para nossas cadeiras.

-Três, hein? Jake me olhou com ceticismo e tomou um gole de sua cer-
veja, seus cotovelos descansando nos joelhos. -E você está cuidando dela sem
o pai?

Eu nem sequer hesitei. -Ela não tem um. Era a verdade. Por mais que eu
odiava dizer. -Nunca haverá um pai na vida da minha menina.

-Posso não ter sido um bom aluno na escola, Jake disse. -Mas eu me
lembro da educação sexual muito bem, e eu me lembro que um homem e uma
mulher são obrigados a fazer um desses.— Ele apontou para o casal com sua
cerveja.

-Fazer uma criança não torna alguém um pai, eu disse a ele. Eu desejei
que minha cerveja fosse scotch.

Esta não era uma conversa que cerveja poderia segurar.

Ele mudou de posição para alcançar a mão no bolso para recuperar seu
isqueiro, acendeu um cigarro e acenou com a cabeça. -Não é que é uma porra
de verdade? Ele soprou a fumaça e arranhou a ponte de seu nariz. –Você sabe,
eu nem sabia que você tinha uma filha até que eu a vi correr até você durante
a seu elogio hoje de dia, ele balançou a cabeça. -Foi o choque para a porra da
minha vida. Ele passou a mão sobre o seu cavanhaque novamente. O gesto
era tão familiar. Ele me trouxe um pouco de conforto de estar em sua presen-
ça depois de todos esses anos. Fez-me lembrar do Jake por quem eu cai no
amor.

-Eu gostaria de tê-la conhecido, Bee. Quer dizer, ela parece um pouco com a
minha mãe quando ela tinha a idade dela. Além do cabelo vermelho, essa par-
te é tudo de você. Foda incrível realmente.

Jake continuou falando, mas eu parei de ouvir, entre o que a Geórgia ti-
nha dito sobre o papai estar em casa e meus comentários sobre os pais, sendo
mais do que uma pessoa que faz as crianças, Jake de alguma forma pensou
que a Geórgia era dele. -Oh uau. Não, Jake. Eu não tentei ser uma merda so-
bre ele.

-Não, Jake o quê?


-Não, Jake, ela não é sua.

Ele ficou parado por um momento, deixando-se afundar um pouco, então


ele levantou-se, como se estivesse se preparando para a guerra. Tudo sobre
seus ombros quadrados disse que estava pronto para uma luta. Ele rugiu uma
torrente de palavrões no ar e lançou sua cerveja dentro do rio. Em seguida, ele
se virou, e com um golpe de seu braço virou a mesa de metal entre nós, envi-
ando-a rolando sobre a grama.

-Me explique como ela não é minha, Abby.

-Ela só não é, ok? Levantei-me e comecei a me afastar, mas em poucos


passos largos ele tinha fechado a distância entre nós. A casa me impediu de ir
mais longe. Virei e encontrei-o elevando-se sobre mim. Ele levantou os braços
e apertou as mãos contra a parede em cada lado da minha cabeça, sua forma
maciça de me enjaular. Ele apertou o peito para mim e eu fiquei surpresa
quando ele se inclinou para mim e escondeu o rosto no meu cabelo quando ele
respirou fundo.

Ele se levantou me inspirando, até que se lembrou da sua raiva. -Porra,


Bee!

Seu olhar encontrou o meu. Seu cheiro inebriante encheu minhas nari-
nas.

Eu estava ligada por ele. Não havia como negar que eu nunca tinha sido
atraída por ninguém, apenas Jake. Anos, décadas, mesmo séculos poderia
passar, e ele ainda seria para mim o que é. Gostaria de levá-lo com raiva ou
triste, e não foi definitivamente algo loucamente quente em ter Jake irritado
no momento.
-Me explique como sua filha, que parece com a minha mãe, que tem três
anos de merda, não é minha filha?—

-Por que você se importa? Eu bati nele. Tentei mover para fora da gaiola
dele, mas ele pressionou seus quadris em mim para me manter em cativeiro.

Eu mantive minha expressão dura, mas o contato enviou corridas de ca-


lor na minha espinha.

Meu rosto corou.

-Basta responder a pergunta caralho, ele rosnou no meu ouvido. Sua boca era
apenas um sopro de distância. Parte de mim queria correr minhas mãos pelo
seu cabelo e parte de mim queria lhe dar uma joelhada na virilha, apenas para
mostrar a ele quem eu era agora, o quão forte eu me tornei enquanto ele es-
tava sumido.

Falei lentamente, e mantive minha voz firme. -Você tem olhos azuis cer-
to? Ele balançou a cabeça.

-E eu tenho olhos azuis certo? Confusão começou a substituir a raiva


persistente escrito nas linhas da testa. -Você viu Georgia, Jake? Você viu a cor
de seus olhos?

-Verdes, ele sussurrou. Seus ombros caíram de sua posição dominante e


ele recuou longe de mim. Ele afundou em uma cadeira e seu rosto caiu em su-
as mãos. -E nós usamos proteção, então isso seria uma porra, por que ela não
é minha, ele parecia derrotado.

Eu percebi o quão doloroso foi para ele agora. Eu olhei para cima. -Duas
pessoas com olhos azuis só fazem crianças de olhos azuis, eu disse baixinho.
Lembrei-me de como, até poucos meses após seu nascimento, eu ainda tinha
esperança de que Geórgia poderia ter sido de Jake. Quando eu olhei em linha e
encontrei uma cartela de cores genética ocular que dizia o contrário, a espe-
rança morreu.

Foi uma merda de dia horrível.

Encostei-me na casa e continuei. -Ela encontrou uma foto sua quando eu


disse a ela que ela não tinha um pai, ela perguntou se podia fingir que era vo-
cê. Ela adora muito essa maldita imagem. Torci minhas mãos nervosamente
enquanto eu falava. -Eu pensei que nunca iria vê-lo novamente, assim eu a
deixaria fingir. Ela tem o quadro pendurado acima de sua cama.

-Ela diz, boa noite papai para você todas as noites e beija a imagem an-
tes dela ir dormir. Quebra meu coração a cada porra de vez. Limpei as lágri-
mas que eu não sabia que tinha saltado de meus olhos. -Eu sinto muito, eu
nunca pensei... Eu deslizei para o lado da casa até minha bunda atingir o con-
creto. Puxei meus joelhos até meu peito.

Quando ele levantou o rosto de suas mãos e olhou para mim, a raiva es-
tava de volta na íntegra e com vigor. -Então, por que não tem um vagabundo
que tenha sido um pai para ela? Por que vocês não estão juntos cuidando de-
la?

-Onde diabos está o bonito garoto filho da puta? A veia grossa latejava
em sua pescoço. Seus olhos estavam escuros e largos, e brilhava com cada
palavra de raiva.

-Jake! Você vai acordá-la.


-Foda-se essa merda. Ele se levantou e começou a caminhar de volta pa-
ra a escuridão de onde ele tinha aparecido muito antes.

-Espere! Eu falei depois dele. Levantei-me mas não o segui. Ele parou,
mas não se virou ao redor. -Você não respondeu minha pergunta. Por que vo-
cê se importa em saber quem é o pai dela? Você foi aquele que não acreditou
em mim, ou em nós. Você foi o único que me deixou. Então, por que isso im-
porta mesmo para você agora?

Eu tinha certeza que eu já sabia. Eu só precisava ouvi-lo dizer isso.

-Porque- Ele desligou-se e começou a andar novamente. Apenas quando


eu pensei que iria permanecer um mistério para sempre, ele parou de novo, e
se virou para mim. -Porque eu queria que fosse minha, Bee.

Com isso, ele desapareceu por trás da casa.

Caí. Minha bunda caiu no chão. Eu deixei minha cabeça cair de volta para
o tapume da casa. -Eu queria também, eu sussurrei para ninguém. Uma lágri-
ma caiu, e depois outra, até que eu não podia controlar o fluxo. -Eu queria,
também.

Tudo ficou tranquilo por algum tempo antes de eu levantar-me e sair do


pátio e voltar para a casa.

Eu verifiquei Georgia e encontrei-a ainda dormindo, seu peito subindo e


descendo de maneira uniforme, sua boneca ainda sufocada ao seu lado. Nosso
argumento não tinha acordado ela.

Se tivesse sido esse argumento uma luta?


Foi a melhor luta que eu já tive. Palavras de Jake de anos atrás jogou no
meu cérebro.

Tendo a certeza de que todas as portas estavam trancadas e fui de quar-


to em quarto para desligar as luzes. Este tinha sido o dia mais longo da minha
vida.

Tudo o que eu queria fazer era tentar dormir um pouco, embora eu duvi-
dasse que era mesmo uma possibilidade. Minha mente ainda estava cambale-
ando sobre o que ele tinha dito. Ele estava esperando que fosse o pai de Geor-
gia. O pensamento fez meu estômago revirar e meu coração vibrar tudo ao
mesmo tempo.

Várias vezes durante a noite, eu Contemplei dizer a Jake apenas como


aconteceu de Qwen ser o pai de Georgia. Mas então, eu me perguntei que ele
sabendo da verdade não mudaria nada, eu não tinha ideia, e ele simplesmente
não estava e eu não tinha que pensar mais. Eu tinha uma filha de outro ho-
mem, Jake não tinha confiado em mim ou me amava o suficiente para ignorar
as fofocas há quatro anos, e de acordo com os acontecimentos da noite, aquilo
não havia mudado.

Peguei a chave sob o armário de cozinha para desligar as luzes quando


os meus olhos pousou em um recorte de jornal preso ao topo da geladeira. Ele
não tinha estado lá no início do dia. A carta de ímãs que Georgia gostava de
brincar foram usados fixar na frente da geladeira. Alguém tinha escrito a pala-
vra amor com eles. Eu nem sequer precisava ler o artigo. O título foi o sufici-
ente para eu saber quem deixou, e por quê:

UM HOMEM ENCONTRADO
E desmembrado no pântano.

Lembrei-me de suas palavras a partir da primeira e única noite que ti-


vemos relações sexuais, quando eu tinha dito a ele sobre o homem que eu ti-
nha esfaqueado no olho com um caco de vidro na casa de minha mãe: preciso
saber se você gostaria que eu colocasse debaixo da terra para você.

Eu tinha-lhe dito sim, em seguida.

Eu li o resto do artigo e agarrei-o no meu peito. Depois do choque inicial


de tudo isso, um tipo de calor se espalhou por todo o meu corpo, e eu sabia,
sem dúvida.

Eu teria dito sim tudo de novo.


Eu não tinha visto ou ouvido falar de Jake desde a noite que nós conver-
samos, e algumas semanas já se passaram, mas eu sabia que ele ainda estava
na cidade. Eu tinha visto sua moto estacionada no apartamento, ocasional-
mente.

Ele nunca chegou a trabalhar na loja. Eu me perguntava por que ele ain-
da estava lá, Frank estava morto e enterrado. Reggie e eu estávamos manten-
do a loja funcionando perfeitamente, mas em última análise, estávamos à es-
pera de Jake para decidir quais eram seus planos para a reparação de automó-
veis de Dunn.

Eu deixei Georgia com Tess em uma manhã bem cedo, enquanto ainda
estava escuro, para que eu pudesse fotografar o nascer do sol na praia. O
amanhecer era um dos meus melhores vendedores, e à taxa de Georgia tinha
vindo a crescer e eu teria que vender uma tonelada de cartões postais apenas
para manter seus vestidos.

Era uma manhã muito clara, nenhuma nuvem no céu. As ondas estavam
pequenas, gaivotas voavam sobre a minha cabeça, em seu caminho para os
restaurantes para roubar bagels (um pão) e ovos dos turistas que tinham jan-
tado fora. As condições eram perfeitas. Tirei algumas fotos deitada no meu es-
tômago na areia, do horizonte e tendo uma dúzia assim ou mais.
Estas sempre acabaram sendo minhas favoritas, e não doia porque eram
também os turistas que iriam desembolsar três dólares para as ter.

Quando estava convencida de que eu tinha conseguido o que eu queria,


eu guardei minha câmera de volta na bolsa, sacudi a areia da minha saia longa
que se espalhara no interior da minha blusa. Uma sombra caiu sobre mim e
uma estranha sensação de mal-estar ficou sobre os cabelos no meu braço. Um
pânico quente gelado percorreu pelas minhas veias.

Eu olhei para cima a tempo de ver Owen em pé em cima de mim, olhan-


do para o meu top. Seus olhos pareciam claros e seu cabelo estava escondido
em um boné de beisebol para trás, ele estava com uma desgastada camiseta e
calção amarelo. Se eu não tivesse o conhecido melhor, eu teria pensado que
ele era apenas um menino bonito do local.

Mas eu sabia melhor.

E eu sabia o pior também.

Eu não disse nada para ele, eu só comecei a me afastar. Eu vi as gaivo-


tas nos ovos no restaurante a distância. Suas mesas laterais da praia já esta-
vam cheias de clientes, mas estava longe demais para eles me ouvirem se eu
gritasse então eu peguei o meu ritmo.

Owen me seguiu pela areia. -Eu só quero falar com você Abby, disse ele.

-Você não pode ficar perto de mim!, Eu gritei sem olhar para trás. Ele es-
tava nos meus calcanhares.

-Eu só quero falar sobre a nossa filha.


Eu ouvi aquelas palavras saírem de sua boca, e de repente eu não dava
a mínima para o que ele fez comigo.

Parei e me virei em meus calcanhares, apertando a minha mão no seu


peito enquanto ele corria para perto de mim, peguei -o de surpresa, e ele qua-
se caiu para trás.

-Que porra é essa que você disse para mim? Com a adrenalina correndo
em minhas veias, eu não estava mais assustada. Ele deveria ter ficado com
medo de mim, no entanto.

-Eu quero saber sobre nossa...-

-Minha filha, Owen - minha filha. Você não tem nenhum direito, nenhu-
ma reclamação de nada. Você é um monstro que ela não vai precisar saber
nunca. Esqueça que ela existe porra. Owen agarrou meu pulso e me puxou pa-
ra ele. A onda de náusea tomou conta de mim, soltando o interior do meu saco
de praia e deixando a minha mão livre.

-Eu não ia ser duro com você, cuspiu , mas você parece trazer sempre o
pior em mim. Eu quero saber dela, Abby. Ela é meu sangue e minha carne,
droga, eu esperei por muito tempo!

-Você pode esperar no inferno filho da puta. Eu puxei meu pulso de suas
garras, e assim como ele estava chegando a mim novamente o cano da minha
22 encostou na sua testa.

-Você tem que estar brincando comigo, ele disse, endireitando-se a altu-
ra máxima. Ele levantou ambas as mãos como se eu estivesse roubando-lhe
em vez de proteger a mim mesma.
-Eu não estou para brincadeira porra. Eu mantive a arma apontada para
sua cabeça. Eu não quero ter que atirar duas vezes.

-Tudo que eu quero é chegar a conhecê-la, disse Owen.

-E tudo que eu quero é ver partes de sua cabeça espalhadas por toda a
praia.

-Você realmente vai atirar em mim? Owen teve a coragem de olhar sur-
preso, e até mesmo com um pouco de medo. Ele me fez visualizar a forma
como a sua cabeça ficaria quando ele explodisse à queima-roupa, eu pudesse
rir em voz alta.

Ele estava olhando engraçado.

-Se você chegar perto de mim ou minha filha, eu juro por Deus que vou
colocar você para fora, e você nunca sequer irá me ver chegando, considere
este um bom aviso. Você não vai buscá-la novamente.

-Abby, ele suplicou. Seu gemido me fez querer matá-lo ainda mais. Eu
não tinha nenhuma simpatia por ele. Na verdade, não havia um único lugar no
meu coração que fazia eu me sentir com nenhum pouco de remorso por Owen
Fletcher. -Por Favor.

Em um movimento rápido, Owen agarrou o cano da minha arma. Eu pu-


xei o gatilho, disparando na areia. A arma caiu da minha mão e Owen colocou
a mão sobre a minha boca. -Você não pode manter ela longe de mim, ele sus-
surrou em meu ouvido. -Além disso, eu sei que você nunca ia conseguir atirar
em mim.
-Mas eu vou. O armamento de um martelo trouxe a minha atenção para
onde Jake estava, mesmo na luz mais brilhante do dia seus olhos normalmente
safira estavam tão escuro como a noite. Sua camiseta preta e calça jeans pa-
recia o inferno contra o céu da areia branca. Owen me libertou de imediato, e
eu instintivamente corri para Jake. Ele pegou minha mão e me puxou para
trás. Protegido por um muro de Jake.

Eu gostei da ideia e o sentimento disso.

-Você de novo, disse Owen. Ele parecia chateado, mas também com
muito, muito medo.

-Eu novamente, disse Jake.

-Eu tinha ouvido falar que você estava de volta.

Jake virou-se para mim, a arma ainda visando Owen. -Você quem sabe,
baby. Ele estava me perguntando se Owen deveria morrer, ali mesmo. Como
tentada eu estava a dizer sim, não havia muita coisa em risco.

Eu tinha a minha filha para pensar.

-Não, hoje não. Foi a minha resposta honesta. Eu tinha sonhado que
Jake ia acabar com Owen. Eu saboreava a visão de Owen trêmulo enquanto ele
olhava para o cano da arma.

Owen manteve as mãos no ar. -Vocês dois estão doentes, disse ele, co-
mo se ele pudesse ler minha mente.

Jake riu alto. -Demorou tanto tempo para descobrir isso? Você é o fodido
mais burro do que eu pensava. Jake enfiou a arma na parte de trás de sua cal-
ça jeans e colocou o braço em minha volta -Se eu vê-lo perto dela novamente,
você estara fodidamente morto - a minha escolha, não dela. Simples assim.

Nós viramos para a estrada e começamos a andar. Jake se virou para


Owen novamente. -E se você ainda pensar sobre ficar perto de Georgia, eu
não vou apenas te matar. Eu vou cortá-lo em pedaços e espalhar suas peças.

Saímos e deixamos Owen tremendo na areia. Talvez eu tenha acabado


de ter um confronto com o meu maior pesadelo, mas tudo o que eu poderia
me concentrar era na sensação do braço de Jake em torno de mim e seus lá-
bios em meu cabelo quando ele beijou minha cabeça me tranquilizando.

Quando chegamos à sua moto, ele me entregou o capacete como se ti-


véssemos feito a mesma coisa muitas vezes todos os dias, durante os últimos
quatro anos. Eu subi por trás dele abraçando-o com força quando nós acele-
ramos abaixo da estrada. Era bom poder toca-lo. Tinha sido assim por muito
tempo. As vibrações da moto tinham um jeito de me fazer lembrar que eu ain-
da estava viva. Através do bom e do mau e entre todos as linhas muito borra-
das no meio, Jake sempre me fez sentir desse jeito.

Eu sabia que nunca seria capaz de nos acertar, e esse conhecimento não
me impediu de finalmente admitir que eu ainda estava loucamente apaixonada
por ele, e com um assassino atrás de mim.
Em vez de dirigir-se para casa, Jake me levou de volta para a clareira
entre as árvores de laranja onde ele revelou o seu último segredo para mim, o
lugar onde ele havia enterrado o corpo de sua amiga de infância e sua filha re-
cém nascida.

Nós não nos falamos quando ele estacionou a moto ou quando ele me le-
vou pelo caminho estreito para a clareira. Quando chegamos ao local sob a
mesma árvore onde ele fez suas mais escuras confissões para mim anos atrás,
ele me puxou para baixo para o seu colo e enterrou o rosto no meu pescoço.

Seu coração batia tão depressa. Sua respiração era curta e veio em jor-
ros. Depois do que pareceu como uma eternidade em silêncio, ele finalmente
falou.

-Bee, o que aconteceu entre você e Owen, e por que diabos você estava
tentando matar ele na praia? —

Essa pergunta realizou muito mais do que palavras.

-Passo, eu disse usando as mesmas regras do jogo que estávamos habi-


tuados a jogar. Eu tinha uma filha para proteger agora, Jake descobrir sobre
Owen ter me estuprado só iria piorar as coisas. -Por que você ainda está aqui?
perguntei-lhe.
-O quê? Perguntou Jake. Confusão estragou o seu belo rosto.

Eu pensei que a questão era bastante óbvia. -Por que você está aqui co-
migo? Por que você me ajudou na praia? Por que você ainda está falando co-
migo? Eu iria me odiar se eu fosse você.

Ele olhou para mim do jeito que ele costumava: passando os olhos e com
a alma quebrada.

Ele tirou alguns cabelos dispersos do meu rosto e segurou meu rosto na
palma da mão.

-Passo, disse ele.

-Bem, eu ri. -Parece que estamos de volta à estaca zero.

-Nós podemos apenas, jogar novamente depois, disse Jake. -Quatro


anos adiciona um monte de novos segredos, não acha? Isso foi um eufemismo.

-Vamos começar pelo pequeno. Ele pegou o pingente no meu pescoço e


passou os dedos sobre o metal ornamentado que tinham suas iniciais escondi-
das dentro do projeto.

-Por que você ainda usa isso?

Essa foi uma que eu não pude responder facilmente. -Eu tentei tirá-lo.
Várias vezes. Eu fiquei um dia inteiro sem, uma vez, mas quando cheguei em
casa fui direto para o armário e coloquei-o de volta e depois eu nem sequer
parei para pensar sobre isso. Não tirei-o desde então, Jake levantou-o e aper-
tou os lábios na minha pele por baixo. Minha respiração engatou com a sensa-
ção de seus lábios quentes, macios no meu peito. -É a minha vez. Ele balançou
a cabeça e puxou seus lábios de mim, criando uma sensação de vazio.

-Por que você estava na praia hoje? —

-Eu estava procurando por você. Foi uma declaração simples, e ele não
explicou mais. Ele só estava olhando para mim, e ele parecia satisfeito com
essa resposta. -Está vendo? Nós já estamos progredindo. Ele cutucou meu
ombro e sorriu para mim. Eu descansei minha cabeça em seu ombro.

Ele havia destruído o que eu acreditava, então foi a melhor coisa que já
me aconteceu, em apenas algumas palavras curtas, há quatro anos.

Ele devia me odiar ainda pelo o que ele acreditava ser a minha traição.

Eu simplesmente não podia trazê-lo em minha vida, mesmo que ele qui-
sesse ser uma parte dela. Eu não quero mais ser ferida. E eu não queria ma-
chucá-lo, tínhamos quase nos curado outro vez, e a dor de ser quase curado é
pior do que a dor de ser quebrado, para começar.

E Georgia precisava de uma mãe que não fosse uma bagunça emocional.

Ela também não precisa de alguém em sua vida que acabaria por se res-
sentir do seu próprio ser. Essa menina merecia o mundo, e eu totalmente des-
tinava-me a dar a ela. -O que estamos fazendo Jake?

Ele beijou minha clavícula e soltou um suspiro longo em minha pele.

-Passo.
***

Dormi na manhã seguinte. Mesmo após o confronto com Owen, o meu


tempo com Jake tinha tirado um pouco da espessura que havia sido deixado
em torno, desde que ele me deixou, apenas sua presença parecia tornar as
coisas mais claras. Era engraçado pensar que alguém tão emocionalmente pe-
sado em meu coração poderia realmente fazer as coisas mais claras.

Georgia devia ter dormido bem também, porque já era sete e meia, e ela
não tinha vindo no meu quarto para pedir suas habituais panquecas de sábado
de manhã. Quando eu fui para acordá-la com a cabeça sonolenta, ela não es-
tava em sua cama. Eu comecei a entrar em pânico, mas quando cheguei à co-
zinha havia uma jarra de café fresco no balcão e uma nota sobre o pote escrito
na escrita de adultos em giz de cera: - Fomos para fora. Com um rosto sorri-
dente desenhado sob ele.

Tess tinha a chave da casa. Talvez ela tenha vindo antes de seu turno.

Eu tinha chamado Bethany a noite para deixá-la saber, que se ela queria
uma chance de conhecer Georgia, era melhor manter Owen sendo vigiado. Ele
não tinha me incomodado em anos, e eu esperava que ela me ajudasse a
mantê-lo assim.

Eu deixei de fora a parte sobre colocar uma arma na sua cabeça.

Ela me disse que ela iria lidar com isso. Isso é tudo o que eu precisava
saber.

Eu derramei meu café e quase me engasguei com o primeiro gole, quan-


do eu vi o que estava acontecendo fora da minha janela. Jake estava sentado
no paredão com a minha filha, rindo e ajudando colocar sua isca em seu gan-
cho em uma pequena vara de pesca rosa. Ele ainda estava usando sua camise-
ta preta, mas estava vestido com um short preto que parava bem abaixo dos
joelhos.

Havia uma tatuagem que eu nunca tinha visto antes que espreitava para
fora da parte inferior do seu bíceps. Ele estava longe demais para que eu a
visse. Seu cabelo loiro estava preso em um pequeno coque na nuca. Ele estava
mesmo usando sandálias de dedo da cor preta em vez das chuteiras habituais.

Eu ia precisar de muito mais café.

Jake me viu pela primeira vez. Em seguida, Geórgia seguiu seu olhar. -
Mamãe, mamãe! Ela colocou a vara cor de rosa no chão e correu para mim.
Jake se levantou e caminhou atrás dela.

-Pa..quero dizer Jake, me fez panquecas e me mostrou como pegar ca-


ranguejo azul fora do paredão. Ele está nos levando para pescar hoje! Ela sal-
tou no ar e bateu. Se eu não tivesse conhecido melhor, eu teria jurado que es-
tava tomando cafeína.

Jake se aproximou de nós com cautela. -Georgia, o que foi que eu disse
em tem que pedir primeiro?, Ele falou para ela.

Ela olhou para seus pés. -Mamãe tem que dizer sim.

-É isso mesmo, mamãe tem que dizer que sim. Ele piscou para mim, em
seguida, baixou o olhar para onde o meu top agarrou-se a meus seios. Eu não
estava usando sutiã. Ele olhou novamente para as tatuagens para baixo no
meu braço, e seu olhar se transformou em um sorriso. -Então mamãe? Per-
guntou. -O que vai ser? Você que ir pescar?

Eu sabia o que ele estava fazendo. Eu não podia dizer não para Geórgia,
especialmente quando ele já tinha começado a dar esperanças. -Eu não sei,
brinquei olhando para Geórgia quando ela olhou para mim, uma esperança bri-
lhando em seus olhos. -Acho que podemos ir. Ela pulou e gritou.

-Mas primeiro, eu preciso saber uma coisa. Ela prendeu a respiração.

-Há algumas panquecas para mim?

-Mamãe, fizemos-lhe alguma!, Exclamou ela. Ela pegou minha mão e me


arrastou para dentro da casa. Como eu estive dormindo durante o barulho de-
les fazendo panquecas em uma cozinha que compartilhava a parede do meu
quarto?

Depois que ela me mostrou onde estavam as que fizeram para mim, cor-
reu de volta para fora com Jake. Eu não sabia se eu estava pronta para passar
o tempo com ele e minha filha juntos, e eu não sei que tipo de jogo que ele
estava jogando. Mas, eu teria odiado ver o olhar de decepção no rosto da mi-
nha menina, então eu fui junto com ele.

E as panquecas estavam tão boas.

No momento que eu tinha acabado de comer e colocado um maiô debai-


xo dos meus shorts e regata, Geórgia e Jake estavam esperando por mim em
um barco azul amarrado ao paredão. -Depressa, Mamãe! Jake vai levar-nos
para pegar grandes peixes.
Eu tinha bebido duas xícaras de café até então e estava completamente
acordada. Vi agora que a minha filha foi decorada com artes de pesca rosa.

Ela estava usando essa viseira rosa que dizia —Garota pescadora. Sua camisa
parecia uma versão em miniatura das camisas de colarinho desgastado de
guias de pesca. E como eu não tinha trançado seu cabelo na noite anterior,
estava agora em um coque na base do seu pescoço, no mesmo estilo que o
cabelo de Jake.

Dei-lhe um olhar mal e ele apenas deu de ombros. -Eu fui pegar algumas
coisas e eles tinham essa merda bonita para as meninas. Ele rapidamente per-
cebeu seu erro. -Quero dizer coisas.

-Mamãe diz merda o tempo todo, disse Georgia.

-Obrigada querida. Meus três anos tinham acabado de ser jogar sob o
ônibus, e Jake não podia ter olhado mais divertido por ele. -Eu gosto do seu
coque, eu disse a ela quando Jake me ofereceu sua mão e me ajudou a entrar
no barco.

-Papai fez isso pra mim.

Meu estômago caiu.

Jake se aproximou dela e sussurrou em seu ouvido. Ela sorriu ainda mais
brilhante e corrigindo si mesma. -Quero dizer, Jake fez isso pra mim.

-Oh não é? Eu ri. -Eu acho que você não perdeu a sua vocação como um
cabeleireiro, Jake.
-Oh, eu tenho muitos, muitos talentos, Bee. Ele piscou para mim, e eu
corei como uma menina de 12 anos idade.

O resto do dia foi jogado como uma cena de um filme. Jake nos levou a
alguns furos de pesca que ele colocou como iscas nos gancho da Geórgia e, em
seguida, apenas fingiu que nós só tínhamos isca no nosso, portanto ela pegou
todos os peixes, ela pegou três snappers, duas trutas, uma cavala espanhola,
e um muito impressionante peixe vermelho.

Jake trouxe sanduíches para o almoço e foi um professor muito atencio-


so.

Ele ensinou-lhe como manter a ponta da haste até a bobina e o peixe e


ficou atrás dela, com os braços em torno dela quando tinha uma mordida de
modo que o peixe de combate não iria arrastar seu pequeno corpo na água, a
emoção dela em cada captura era claramente visível.

Depois que Jake soltava cada peixe, ele perguntava a ela como seu no-
me deveria ser, antes de jogá-lo de volta.

Até o final do dia, ela tinha pego pelo menos três Eltons.

Quando finalmente conseguimos voltar para a casa, o sol já estava se


pondo e Georgia estava dormindo no meu colo, seu aperto ainda em torno de
sua vara rosa. Ela tinha perdido sua cesta da tarde, mas valeu a pena. Ela es-
taria falando sobre o dia de hoje por um longo tempo.

Ela nem sequer acordou quando eu a limpei, colocando-a em seu pijama


e de volta para a cama.
No momento em que eu voltei para fora, Jake estava apoiado em uma cadeira
no pátio com um cigarro em sua boca e uma cerveja na mão. -Hey, eu disse
tomando um assento.

-Hey, disse ele de volta. Ele olhou conteúdo, relaxado ainda.

-Como você entrou hoje de manhã?, Eu perguntei a ele. Isso havia me


incomodando durante todo o dia.

-Se eu te disser, você guarda como um segredo, disse ele.

-Ok, tudo bem. É um segredo, eu concordei.

-Toquei a campainha, Georgia respondeu e me deixou entrar. Você ainda


estava dormindo, então fizemos o café da manhã. Ele riu. Era muito mais sim-
ples do que eu pensava.

Jake estendeu a mão para mim, e eu a peguei instintivamente. Então,


ele me puxou da minha cadeira para seu colo, ele passou os braços em volta
de mim. Minha cabeça caiu sobre seu peito. –Podemos falar todos os nossos
segredos agora, Bee? Ele alisou meu cabelo. -Vamos começar a por tudo para
fora, tudo de uma só vez. Sem nem sequer pensar nas respostas. Vamos ape-
nas dizer-lhes.

-Eu não sei se essa é a melhor ideia. Na verdade, era uma horrível mer-
da de ideia.

-Você vai ser a primeira, ele ofereceu. -Pergunte o que quiser e eu vou
responder.

-Ok, isso me intrigou. Então, eu iniciei.


-Por que você está aqui?

-Passo, até que você responda às suas perguntas.

-Isto não está começando bem.

-Basta perguntar, ele empurrou.

-O que você tem feito desde que você se foi?

- O Mesmo que eu fiz antes, só que eu tive alguns contratos maiores, mais coi-
sas para fazer. Considero-me aposentado oficialmente agora, apesar de tudo.

-Qual é a sua nova tatuagem?

Ele se mexeu e tirou a camisa para o lado revelando um desenho intrincado no


interior de seu bíceps. -Não é realmente nova, disse ele. O projeto é o mesmo
que o meu colar, exceto que não houve iniciais no design.

-É lindo. Eu segui o desenho com os dedos. -Será que isso significa al-
guma coisa?

-Passo.

-Nós não vamos chegar muito longe dessa maneira. Eu ri.

-Não, acho que não, admitiu. -Pergunte-me mais uma. Prometo que vou
responder a esta.

Então eu perguntei-lhe a pergunta que estava na minha mente todos os


dias desde que ele me deixou.

-Alguma vez você pensou em mim enquanto você estava fora?


Jake tomou uma profunda tragada no cigarro. -Cada segundo e cada
maldito dia, Bee. Ele soprou a fumaça para a noite.

Jake levantou meu queixo com os dedos e apertou os lábios macios nos meus,
todo o meu ser foi feito para reagir a ele, e o fogo que queimava era o mais
doce. Seus lábios estavam quentes e reconfortantes.

Lábios em que eu poderia me perder.

Eu não poderia fazer isso novamente.

Eu me afastei.

-O que há de errado? Perguntou.

-Eu não posso fazer isso.

-Por que não?

-Porque eu tenho que pensar em Geórgia. Me levantei.

-Eu não sei o que você quer Jake, eu não sei por que você está aqui, e
não quero que você comece a conhecer Geórgia e fazê-la amar você e depois ir
embora, porque eu sei o que é sentir isso e eu prefiro poupá-la dessa tortura.

-Eu não quero sair Bee, disse ele em voz baixa.

-Talvez não agora. Mas você pode querer eventualmente e eu não quero
colocá-la através isso.

Jake se levantou e agarrou meu pulso. -Eu não quero colocar qualquer
uma de vocês em uma situação ruim.
Eu estava cansada de rodeios. Eu estava cansada dos segredos.

-”Mas o que acontece, quando você se cansar de olhar para aqueles lin-
dos olhos verdes? eu perguntei a ele. - O que acontecerá quando você come-
çar a ressentir-se dela, porque você gostaria que eles fossem azuis em vez
disso?

-Abby, eu te amo porra. O que você não entende sobre isso?

A palavra amor me pegou com a boca aberta, e eu não poderia fechar.

-Você me ama?

-Sim, eu te amo porra. Eu nunca deixei de te amar. Mas não é só você. É


ela também eu te amo tanto. O segundo que eu a vi correr até você na igreja,
eu sabia que ela era minha filha.

-Mas ela não é sua filha.

Jake resmungou. -Você não está me entendendo aqui. Eu sei que eu não
contribui para ela fisicamente. Ele andou em torno da plataforma. -Está tudo
bem comigo.

-Você poderá mudar sua mente, embora.

-Na noite em que eu vim aqui, e ela me chamou de papai foi a melhor
noite da minha vida, não importa como ela terminou. Quando ela se arrastou
até no meu colo, quando ela não queria deixar de soltar a minha mão ... foi
amor à primeira vista.

De repente, eu entendi a noite em que ela se arrastou para o seu colo, a


razão pela qual eles não podiam deixar de ir ao outro. Foi amor à primeira vis-
ta. Foi por isso que ele tinha ficado tão bravo quando eu disse que ele não era
o pai dela.

-Então, você realmente acha que pode simplesmente esquecer tudo o


que aconteceu entre nós e iniciar do zero? perguntei.

-Não, eu não quero começar de novo, do zero. Eu quero começar a partir


de agora.

-Como você pode querer isso depois do que aconteceu no dia em que vo-
cê partiu, depois do que você disse para mim?

-Você está perguntando como posso esquecer que você foi fodida por
aquele filho da puta?—

Eu me encolhi. Mas eu ainda não podia dizer-lhe a verdade. -Sim.

-Eu não me importo. Jake segurou meu rosto e olhou bem nos meus
olhos. -Eu não me importo, eu deveria ter ficado. Nós deveríamos ter falado
sobre isso. Deixei-te pelo trabalho após a maior noite da minha vida, sem data
de retorno. Não era justo, e nem foram minhas acusações. Você recusando-se
a falar sobre o que aconteceu, e então você com ele na praia ... isso me fez
perceber que poderia haver mais nessa história.

-Mas eu não tenho que saber tudo agora. Sei que vai fazer mal ao meu
estômago por pensar sobre ele tocar em você. Sim. Mas a verdadeira questão
é: podemos avançar a partir daqui? Essa resposta é sim, muito. Para mim, de
qualquer maneira. Durante quatro anos, tudo o que eu pensava era voltar para
você, mas meu orgulho estúpido me impediu de fazer isso, eu precisava da
desculpa do meu pai morrer antes mesmo de tentar. Eu era um covarde de
merda. E você estava aqui o tempo todo, cuidando de Geórgia em seu próprio
país. Sendo tão valente.

-Doeu muito quando você saiu, Jake. Se há uma chance de que você vai
fazer isso de novo, bem ... eu não posso ter o meu bebê ferido assim também.
Eu não vou fazer isso com ela. As lágrimas começaram a cair novamente, eu ia
ficar sem elas em breve.

-Ela não vai sofrer, Bee. Ela vai ser nossa. Vamos ser uma família. Eu
prometo que não vou ressenti-la. E nem vai ser possível. Eu a amo muito.

- Mas você poderia se ressentir. —

Ele me olhou com ceticismo. -Bee, é difícil explicar o que eu sinto. Eu me


sinto conectado com você e Geórgia de uma forma que qualquer dessa merda
não importa mais. Eu estava machucado. É melhor você acreditar. Eu ainda
tenho um dedo no gatilho em torno desse filho da puta. Sim, e que provavel-
mente nunca vai embora. Mas, eu sei que posso ser bom aqui, com você e ela,
e que podemos encontrar a felicidade ... pelo menos, tanto quanto como so-
mos capazes de ser.

Eu Poderia realmente acreditar nele desta vez?

-Eu estava sozinha, Jake. Eu estava grávida. Eu não tinha ninguém, e


seu pai me resgatou de viver na porra da sarjeta porque você me deixou. O
que é que pode mantê-lo de fazer isso de novo?

Ele parecia irritado e magoado quando ele se aproximou de mim. Ele in-
clinou meu queixo para encontrar seu olhar. Ele me bicou nos lábios e arran-
cou sua camisa. No lado esquerdo do peito, logo abaixo da sua clavícula,
havia outra nova tatuagem. Ele simplesmente lia Bee, as letras envolvida em
videiras. Ele apertou minha mão contra a outra tatuagem com o mesmo design
que o meu colar. -E o que porra você acha que isso significa?

-Eu não sei, eu respondi com sinceridade.

Ele balançou a cabeça. -Fica para você. Ele pressionou a testa na minha.

Medo e amor e arrependimento correu através de mim, tudo ao mesmo


tempo.

Eu estou tão assustada. Eu o amava tanto que eu não conseguia respi-


rar. Eu não sabia aonde íamos a partir daí. -E se tudo for embora?

-Você não tirou meu cordão em quatro anos. Não só tenho tatuado seu
nome no meu corpo, mas eu matei por você de bom grado, e eu gostaria de
fazê-lo novamente, mesmo que você me dissesse com certeza de que você
nunca queria me ver novamente. Sua mãe cadela está na minha lista também,
eu tenho conexões em Georgia Penn, poderia tê-la sangrando até a próxima
semana, se é isso que você quiser. Ele tomou uma respiração profunda. -Mas,
você sabe o que fez tudo tão claro para mim?

-No segundo em que eu vi Geórgia, ele enxugou os olhos. - Eu sabia que


eu iria matar por ela, também. Eu não importo quem faz a porra. Ela é minha
maldita filha! Ele estava gritando agora. -Eu pensei que sabia como o amor à
primeira vista era, porque eu me apaixonei por você no momento em que eu vi
seu rosto na noite em que nos conhecemos. Mas a maneira que eu senti quan-
do você segurou Geórgia em seus braços e ela falou sobre seu avô Frank era
... era muito mais do que isso. Foi tudo.
-A força que eu tinha construído ao longo dos últimos quatro anos, caiu
fora.-

-Eu ainda estou com medo.

Ele me segurou contra o peito. -Eu também, ele admitiu. -Mas, eu pro-
meto trabalhar duro todos os malditos dias para garantir que os nossos medos
não se tornem realidade.- Ele beijou o topo da minha cabeça. Eu levei uma
respiração profunda e sacudi todas as dúvidas que tinha me afogado em qua-
tro anos. -Aquela menina partiu meu coração quando ela me chamou de papai.
E eu não a teria de nenhuma outra maneira.

Meu peito inchou. Eu acreditei nele quando ele disse que adorava a mim
e minha filha, porque eu sabia o que o amor parecia. Eu não sei se eu deveria
permitir-me a esperança de que Geórgia poderia realmente ter um pai depois
de tudo. Eu não estava convencida de que o amor seria suficiente.

Eu me perguntava como duas pessoas tão abatidas pela realidade escura


de suas vidas poderiam alimentar outra alma vivente e não acabar com isso
completamente. Como poderia quebrado mais quebrado ser igual a um todo?
A triagem através no que eu pensei que fosse a última das caixas não foi a minha
ideia de um bom tempo, mas tinha que ser feito. Eu poderia ter batido em Jake quando
ele tão cuidadosamente me lembrou que ainda havia algumas caixas no apartamento. Ele
deveria saber que eu estava prestes a jogar o restante delas no canal, porque ele se ofe-
receu para ir buscá-las em meu lugar.

Estávamos levando as coisas devagar, mas eu estaria mentindo se dissesse que


Geórgia não era outra coisa do que completamente apaixonada por ele. Nós tínhamos
estado funcionando como uma pequena família durante uma semana.

Era o que eu tinha sonhado desde que Georgia nasceu, embora eu nunca realmen-
te pensei que eu poderia tê-lo. Eu ainda a devia Jake à verdade sobre Owen. Era algo
que eu nunca queria reviver, mesmo durante os meus dias mais escuros. Era certamente
a última coisa que eu queria fazer durante os meus dias felizes.

A porta da frente se abriu e a porta de tela se fechou. -Isso foi rápido. Basta trazê-
los aqui e empilhá-la no canto. Eu vou resolver tudo isso amanhã. Já fiz tanta coisa hoje,
meus olhos estão começando a embaçar. Dobrei a caixa de papelão agora vazia que eu
tinha trabalhado. Quando eu recebi tanta coisa? Jake não tinha entrado na sala de estar,
no entanto, e ele não me respondeu. -Jake? Eu olhei para fora. Ele não respondeu. -
Baby?

Em vez de sua linda voz bem-vinda, uma muito mais ameaçadora me chamou de
volta. -Você nunca me chamou baby antes. Eu gosto do jeito que isso soa. Owen apare-
ceu na sala, com uma espingarda na mão que ele tinha apontada para o meu peito. Eu fiz
um movimento. -Nem fodendo faça um movimento.—

Minha mente estava correndo.

Meu primeiro pensamento foi para Geórgia, dormindo em seu quarto. Por favor,
não acorde ...por favor.

Eu tinha que me concentrar em como levá-lo para fora de casa e longe da minha fi-
lha que dormia.

-Owen Ok. Vamos apenas ir para fora, e podemos falar sobre o que quiser, eu dis-
se, eu estava disposta a ir onde quisesse, desde que isso significava tê-lo longe do meu
bebê.

-Não tão rápido Senhorita Abby. Ele olhou ao redor da sala. -Tem sido um tempo
desde que eu estive aqui. De fato, a última vez que estive aqui eu estava tendo uma ado-
rável conversa sobre você com Nan.

Quando ele tinha estado nesta casa com Nan?

-Que porra você fez com ela?

-Nada. Acabei por falar com ela. Seu rosto estava incomodado, como se ele não
conseguia entender por que eu estava preocupada. -Eu vim para vê-la naquele dia, mas
você não estava aqui. Sua Nan foi simpática por me fazer um chá. Ela foi tão boa para
mim. Ela só falava e falava. E em algum lugar no meio, ela deixou escapar que a casa
estava em execução. Ela sabia que não teria qualquer lugar para vocês duas viverem,
mas não queria que você soubesse, e com a graduação chegando tão cedo, então ela o
manteve de você. Ela não ia ser capaz de cuidar de você, eu não podia deixar isso acon-
tecer. Ele sorriu, como se achasse que eu ficaria feliz em ouvir tudo isso.
-Eu a assisti todos os dias após a sua Nan morrer, olhando por você, protegendo-a.
Eu até deixei-a permanecer nesse ferro-velho para que você pudesse ter um gostinho de
como era a sensação de dormir entre o lixo antes de eu vir em seu socorro. E me matou
fazer isso, mas eu liguei para os serviços sociais. Eu precisava que você visse como as
coisas seriam desesperadoras para você sem minha ajuda.

Owen deu um passo em minha direção, sua preocupação torcida transformando


em raiva. -Então, a porra do Jake Dunn voou para a cidade e jogou como herói. E o que
você fez, Abby? Você pulou correndo para seu apartamento e em sua cama, porra.

Owen encostou o cano da arma no meu peito me forçando a voltar atrás com cada
soco até que eu estava pressionada contra a parede.

-Deveria ter sido eu, não ele ... Não poderia ter fodido no depósito do ferro velho de
Jake. Tivemos uma noite ... uma noite incrível na praia juntos. Eu quase vomitei quando
ele disse isso. Meu estômago torceu. -Eu fiz o que eu deveria desde então, o que você
disse à minha mãe que queria. Eu fiquei afastado, não, eu tenho me mantido longe de
você todos esses anos contra a minha vontade.

-O que aconteceu depois? A porra desse cão de lixo de ferro-velho branco sopra
de volta para a cidade de novo, volta para a sua vida depois de anos de não dar a mínima
para você. Agora, ele vai levar a minha filha, porra? Porra, eu não penso assim Abby.

Minha cabeça girava. -Por que Owen? O que foi que eu fiz para você me odiar tan-
to.

Muito?

-Odeio você? Owen riu. Ele pareceu surpreso e confuso, escuro, encantado. -Eu
não odeio você Abby. Você não entendeu ainda? Porra eu te amo! Eu senti o rosnado de
sua voz vibrar pelo cano da espingarda empurrada no meu peito. -Eu te amo porra. Eu.
Não ele.
Ele estava tão doente, tão perturbado.

Por favor, fique dormindo Georgia. Por favor, só fique dormindo baby, enviei meu
apelo silencioso para baixo, no quarto onde ela dormia.

Owen respirou, ganhou alguma compostura. Sua voz igualada. -Depois de todos os
problemas que eu passei para chegar em você, você me deve porra.

-O problema foi que você nunca foi para mim Owen. Falei baixinho, mais na espe-
rança de manter Georgia de sair de seu quarto do que qualquer coisa. -O que você nunca
fez por mim e o que era realmente para mim?

-Tudo. Eu fiz tudo. Ele se inclinou mais perto e eu vi em mais detalhes a olheiras
pretas como a barba por fazer. Ele não estava apenas bêbado neste momento. Um resí-
duo de pó branco agarrou-se a parte de baixo de seu nariz. Owen cheirou, e sua narina
direita escorria sangue. Ele limpou-o na palma de sua mão, espalhando-o sobre sua bo-
checha. Ele não vacilou quando ele viu as estrias vermelhas de sangue. Suas pupilas es-
tavam dilatadas, e sua cabeça inquieta sacudia-se e virava com cada palavra. -Eu fiz tu-
do, começando com sua Nan.

-Nan ...

-Laboratórios de metanfetamina explodem o tempo todo, você sabe. E nem sequer


foi tão difícil de obter a sua Nan para dizer sim e fazer uma viagem de última hora para o
reboque na floresta. Tudo o que eu tinha que fazer era dizer-lhe que as pessoas que vivi-
am lá eram pobres e famintos e em necessidade desesperada de sua ajuda, ela se dirigiu
direto sobre uma cesta cheia de merda. Eu a assisti ir. Ela estava tão determinada, como
se realmente estava em seu caminho para um resgate. Ele riu. -Ela estava agindo pateti-
camente. Ela estava tão malditamente crédula.

Meu coração gelou por ouvi-lo falar tão friamente sobre ela.
-Não era mesmo difícil fazer o trailer maldito explodir. Essas cozinhas com metan-
fetamina geralmente acabam por fazer por conta própria de qualquer maneira. Eles são
como bombas-relógio. A parte difícil foi fazer o detonador cooperar, em fazê-lo explodir
assim quando ela bateu na porta. Ele mudou a posição de seu peso de um pé para o ou-
tro. -Quando aquela filha da puta subiu, você não poderia dizer quais partes do corpo
eram a partir de peças do reboque.

-Você matou a minha avó porque ... porque você queria que eu fosse viver com vo-
cê, porra?

Cuspi.

-Você faz parecer tão simples. Não, eu não só queria que você vivesse comigo. Eu
queria ser um herói. Eu queria que você visse o quanto eu te amei, assim você me amaria
de volta.

Era demais para processar, especialmente com Geórgia dormindo apenas metros
de distância de um louco como Owen com uma espingarda carregada. Firmei o meu olhar
e me anestesiei. Georgia era a minha única prioridade. Eu tinha que passar por isso por
ela.

-Ninguém nunca quis isso comigo antes, ser o meu herói. Eu esperava que eu fos-
se levá-lo para fora, sem levantar suspeita. -Eu vou com você agora. Vamos. Não é tarde
demais. Eu podia ouvir minha voz trêmula enquanto eu falava.

-Paciência baby, ele murmurou. -Temos que esperar Jake voltar primeiro. Esse ca-
chorro tem um bilhete de ida para o inferno, e seu voo sai hoje. Owen lambeu os lábios.

-Eu quero ver o seu rosto quando eu tirar o seu coração para fora do peito.

A porta da frente se abriu e a porta de tela bateu fechado. Owen colocou um braço
em volta do meu pescoço e uma mão suja na minha boca. A sensação de queimação que
costumava me oprimir voltou com força total, e a dor nublou minha visão. Owen me arras-
tou a poucos passos lateralmente para a sala de estar, de pé com as costas contra a pa-
rede. Percebi então que eu realmente não ligava para o que acontecesse comigo. Eu ti-
nha que proteger a minha família. Eu não era importante em comparação com as pessoas
que eu amava, as pessoas que me amavam. Eu morreria por eles.

Meu objetivo tinha sido cumprido, eu tinha a minha Georgia. Ela era a única contri-
buição positiva que eu tinha feito para o mundo cheio de ódio que eu ocupava.

Minha única esperança era que ela não teria que sofrer na vida do jeito que eu ti-
nha.

Owen fez uma curva de rolamento fora da parede para enfrentar a sala de estar, e
eu tive a minha oportunidade.

Eu rompi com seu abraço e pulei em suas costas. Tentei envolver meus braços em
volta do pescoço, mas eu não era páreo para o seu tamanho e força. Ele facilmente me
tirou de suas costas. Ele caiu no piso de madeira dura e pousou no meu cóccix. Eu vi a
bagunça e senti uma dor aguda correr por cima da minha espinha.

Owen não tirava os olhos de cima de mim quando ele atirou cegamente na sala de
estar. A explosão da arma sacudiu as paredes. Parecia mais uma explosão de um disparo
de espingarda. Cobri os ouvidos para bloquear o toque estridente que me ultrapassou. Eu
não conseguia ouvir nada.

-Jake! Eu gritei.

Quando abri os olhos, vi Owen olhando para a sala de estar. Ele deixou a espin-
garda cair para o seu lado. Ela escorregou de suas mãos no chão. Seus olhos estavam
arregalados, suas mãos tremendo.
-Jake! Eu chorei de novo. Eu usei tudo o que eu tinha de adrenalina do meu pas-
sado com Owen, para correr para a sala de estar. Ele não tentou me parar. -Jake?

Eu ainda não conseguia ouvir. Eu não sabia se ele tinha respondido.

E então eu vi.

De todas as coisas que eu tinha passado na minha vida, a fome, os espancamen-


tos, abuso depois de abuso, perdendo todos os que já tinham significado para mim, de
uma forma ou de outra, nenhuma destas coisas poderiam ter me preparado para a visão
devastadora da minha filha Georgia amassada no chão contra a porta da frente, com sua
camiseta amarela virando um profundo vermelho molhado.

Corri para ela e deslizei seu corpo flácido em meus braços, apoiando-a em meus
joelhos, eu limpei o cabelo do seu rosto. -Geórgia! Eu gritei tentando acordá-la. Seus
olhos estavam fechados. Havia muito sangue. Eu senti seu pescoço por um instante, mas
não conseguia sentir nada além da minha própria pulsação.

-Mamãe, disse ela. Era fraco. Ela estava viva, mas por pouco tempo. Socorro. Ela
precisava de ajuda. Eu não podia perde-la.

Eu não podia deixar minha Georgia morrer.

A porta da frente se abriu novamente, e desta vez Jake entrou na sala de estar,
com um envelope amarelo em suas mãos. –Bee onde diabos você está? Precisamos ter
uma fodida conversa agora!

Ele mal terminou a frase, quando seus olhou caiu para onde eu segurava Geórgia
sobre o chão. Ele largou o envelope, espalhando fotos preto e branco por toda parte. Em
um passo, ele estava ajoelhado ao lado de nós, puxando Georgia em seus braços.
-Owen, eu disse olhando para o lugar onde Owen tinha estado apenas alguns se-
gundo antes, a espingarda no chão era a única prova que ele já tinha estado aqui.

Abri a porta e nós corremos de casa. Antes de chegarmos até o caminhão, Bethany
arrancou para o quintal em um Mercedes branco brilhante SUV e pulou para fora do lado
do motorista, correndo em nossa direção. Ela tinha o início de um olho preto, e sangue
escorria pelo canto de seu lábio. Sua boca se abriu quando viu Georgia nos braços de
Jake. -Eu ... eu vim para avisar você ... Eu tentei impedi-lo ...

-Abra a maldita porta! Jake gritou.

Bethany abriu o lado do passageiro, e eu pulei em seu carro. Jake colocou Georgia
sobre meu colo com cuidado, com tanto cuidado. Ele pulou atrás do volante quando
Bethany foi de volta ao assento.

Em vez de usar as estradas principais, Jake foi através de um campo de morango


e do Dairy Queen estacionamento antes de se virar para a estrada de terra que levava a
parte de trás do hospital.

-Jake, eu não acho que ela está respirando! Eu gritei. Eu não podia sentir o ar que
vindo através de seu nariz, e eu não podia ver seu peito subindo.

Eu desejei que o hospital estivesse mais próximo.

Jake acelerou o carro de Bethany, porque acelerar seu caminhão velho poderia
nunca ter chegado perto dele. Ele estendeu a mão e agarrou a mão de Georgia. -Estamos
quase lá baby, segura Gee.

Ela não estava respondendo mais.

-Querido Deus ... o que foi que ele fez? Bethany gritou do banco de trás.
Jake conseguiu transformar o passeio de 30 minutos para o hospital em um pouco
mais de dez minutos.

E mesmo assim, ainda foram os 10 minutos mais longos da minha vida.

O SUV parou rápido no estacionamento em frente ao hospital quando Jake pulou


para fora e correu ao redor para o meu lado abrindo minha porta, removendo Georgia do
meu colo. -Papai está com você, menina.

-Papai te pegou. Você vai ficar bem Gee.

Corremos através das portas de correr, para uma sala de espera vazia e uma ainda
mais vazia área de recepção. Jake saiu no meio de uma porta marcada Hospital Staff On-
ly e eu segui rapidamente.

Corremos até que vimos um grupo de enfermeiras sentadas ao redor de uma má-
quina de venda automática. -Precisamos de ajuda! Ele rugiu. -Arranje uma porra de um
médico agora!

As enfermeiras ganharam vida quando colocaram os olhos em minha filha sem vi-
da. Uma levou a maca enquanto outra chamava um médico. Ele chegou segundos depois
e nos ajudou a deitá-la na maca. -Ela foi baleada. Aquele desgraçado atirou nela, eu disse
a eles. De alguma forma, eu não acho que poderia ser tão óbvio para eles como foi para
mim.

Eles colocaram uma máscara sobre seu rosto com uma bomba de bola azul ligado
a ela. Em seguida, foram para a execução, os enfermeiros correram pelo corredor aper-
tando a bomba enquanto o médico gritou mais instruções.

Eles desapareceram por trás de um conjunto de portas duplas.


Quando tentamos segui-los também, outra enfermeira nos parou. -Deixe-os ajudá-
la, disse ela parando-nos com a mão. – Caralho saia da minha frente! Jake gritou. A en-
fermeira segurou sua posição mesmo sob a intimidação de Jake.

-Eles não podem ajudá-la com você pairando sobre ela senhor, disse ela calma-
mente. -Por favor, sente-se na sala de espera. Daqui alguns minutos saberei algo e virei
dizer-lhes. Eu prometo.

Era uma luta que eu não poderia vencer. Eu precisava estar lá. Eu precisava dizer
a ela que estava tudo indo bem. E se não fosse? E se a última coisa que a minha bebê
visse fosse o médico e as enfermeiras trabalhando sobre ela? E se a sua última sensação
na vida fosse o medo?

Nós cedemos mas apenas porque não tivemos outras opções. A enfermeira levou-
nos a uma pequena sala com um assento rosa desgastado, com bordas desgastadas e
uma mesa de café de vime branco desbotada. Em vez de revistas, haviam bíblias espa-
lhadas sobre a mesa em três diferentes versões. Um telefone bege estava pendurado na
parede com um cabo longo emaranhado oscilando abaixo, e um seletor giratório que não
tinha números.

Bethany encontrou-nos na sala de espera e começou a discar no seu telefone: -Eu


vou chamar Cole. Ele precisa encontrar Owen e prendê-lo antes que ele faça qualquer
outra coisa.

Jake varreu as bíblias para o chão e balançou a mesa. -Ele precisa fazer mais do
que a porra de prendê-lo. Ele precisa colocar o filho da puta na cadeia! Bethany se enco-
lheu assentindo e correndo em direção à entrada, enquanto ela berrava ordens em seu
telefone.
Sentei-me no sofá e segurei minha cabeça em minhas mãos. Eu não podia perder
o meu bebê. Ela era minha razão de viver. Eu a amava mais do que eu pensei que era
possível para qualquer pessoa amar, e não apenas eu mesma.

-O que aconteceu? Perguntou Jake, andando pela sala.

-A culpa é minha, eu disse. -Eu deveria tê-la protegido.

-Não é sua culpa que ele está louco.

-Se eu tivesse dito a verdade, então você saberia ...

-Que verdade?

-A verdade sobre Geórgia, eu disse. -A verdade sobre Owen.

-As imagens, disse ele.

Então, lembrei-me das fotos em preto e branco que ele tinha deixado cair mais ce-
do. Elas foram às fotos que eu tinha tirado depois que Owen me estuprou. As fotos que
eu tinha tirado para Jake, para alimentar seu ódio por Owen.

Foi apropriado para Jake ser a pessoa que as encontrou. Eu deveria ter sido cora-
josa o suficiente para mostrar a ele todos esses anos atrás. Nós não estaríamos à espera
de notícias se a minha filha estava viva ou morta, se eu pudesse apenas ter sugado mi-
nha besteira de auto piedade, porra e ter lhe contado tudo.

-Sim. Não havia mais como negar. Não há mais razões para mantê-lo para mim
mesmo.

-Quando?

-Na noite em que você me deixou.


Jake prendeu a respiração.

-Eu fui para travar o armazem da unidade para Reggie. Eu queria caminhar. Owen
apareceu perto da casa de barcos. Ele me arrastou para a praia debaixo da ponte.

-Por que você não me contou?

-Eu tentei. Eu queria. Eu estava indo contar. Mas quando você voltou você estava
com uma raiva tão fodida de mim. Ninguém tinha confiado em mim em toda a minha vida
Jake, ninguém nunca tinha me levado a sério, nunca acreditaram em mim. Ninguém além
de Nan.

-Eu não confiava em você não é? Jake me puxou para fora do sofá e em seus bra-
ços, ele soluçou no meu cabelo e falou entre goles de respiração.

-Eu era um idiota, Willie Ray veio falar comigo quando eu estava enchendo a moto
na estação. Comprei-lhe flores. Ele perguntou para quem eram. Eu estava praticamente
vertiginoso para vê-la novamente. Nunca me senti assim na minha vida inteira. Eu disse a
ele que eram para você. Não havia nenhum ponto em negar. A maioria deles já sabiam
sobre nós de qualquer maneira. Eu queria que todos soubessem que você era minha.
Jake apertou-me mais. -Foi quando ele me disse que viu Owen saindo debaixo da ponte
com o seu zíper para baixo, seu cabelo uma bagunça. Willie Rae perguntou o que ele es-
tava fazendo. Owen disse que ele estava lá com você.

-Ele estava, mas não da maneira que você pensava. Eu tentei ser forte quando eu
disse a ele. -Eu lutei. Eu juro que lutei. Ele era tão forte, e eu estava quase inconsciente....

-Eu sei que você lutou com ele Bee. Eu sei que você fez. E eu não estava aqui pa-
ra você. É tudo a porra da minha culpa.

-Não. Se você não tivesse ido embora, eu não a teria mantido. Eu teria sabido que
ela era de Owen, e eu gostaria de ter me livrado dela por causa de você. Eu estava tão
perto de fazê-lo de qualquer maneira, mas desde que eu não tinha nada e ela foi uma so-
brevivente, eu a mantive. Eu precisava dela porque eu não tinha você. Era uma razão
egoísta de merda, mas ela era o bem que saiu de você me deixando.

- Tanto quanto me machucou, eu não a teria de nenhuma outra maneira. Eu deve-


ria ter dito tudo a você depois do funeral de Frank, no primeiro dia em que você voltou.

Meus pensamentos estavam de volta em Geórgia, perguntando onde tinham leva-


do e quanto tempo levaria para que alguém deixasse-nos saber como ela estava. -Eu
simplesmente não posso acreditar que isso está acontecendo, eu não posso acreditar que
eu deixei isso acontecer.

-Não podemos nos culpar agora. Nós temos que ser forte pra ela, para a nossa
menina.

Jake colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e beijou minha testa.

Nós dois pulamos quando a mesma enfermeira de mais cedo entrou na sala de es-
pera, ela não tinha nenhuma notícia para nós. Ela só precisava de minha permissão para
dar a Georgia uma transfusão de sangue e perguntar qual eram nossas preferências reli-
giosas.

-Preferências religiosas? Por quê? , Perguntei.

-Apenas no caso senhora, respondeu a enfermeira educadamente. Eu me afundei


no chão, enquanto Jake falou com a enfermeira. A conversa foi um borrão silencioso.

Bethany estava de volta. Ela estava ocupando um assento no canto. Eu podia ver o
horror em seu rosto sobre o que seu filho fez. Misturou-se com o medo genuíno sobre a
condição de Geórgia. Ela estava preocupada, assim como nós. Levantou-se no momento
que ouviu o som de sapatos chiando no linóleo.
Não foi até que o sol se levantou acima das janelas da sala de espera que o médi-
co finalmente entrou e se dirigiu a nós. Nós todos ficamos em atenção.

Ele olhou para nós enquanto ele falava.

-Ela está acordada agora, mas não será por muito tempo. Seu pequeno corpo pas-
sou por muito, e ela vai precisar de muito descanso.

-Mas como é que ela está? Eu exigi.

-Não foi um golpe direto, tiros dispersos apenas, milagrosamente, nenhum deles
atingiu qualquer grande artéria ou órgãos vitais. Houve alguns fragmentos que quase foi
para a sua coluna, mas nós tiramos.

-Ela perdeu muito sangue durante tudo isso, por isso, demos-lhe uma transfusão.
Não podia acreditar que estávamos discutindo a minha menina em termos como estes. -
Salvo qualquer imprevisto das circunstâncias, e mesmo que isso vá demorar um pouco de
tempo, parece que ela vai fazer uma completa recuperação.

Jake me pegou quando meus joelhos cederam e quase cai no chão. -Vamos man-
tê-la por algumas noites na UTI em observação, apenas para certificarmos que tudo per-
maneça como deveria. A recuperação seria total. Georgia ia ficar bem. Ela viveria.

-Eu posso vê-la? Perguntei ansiosamente.

-Sim, mas apenas por alguns minutos. E apenas uma pessoa, por favor. Além dis-
so, eu não quero ela chateada porque você está chateada, por isso mantenha a calma na
frente dela. Precisamos dela relaxada e confortável.

-Ela está um pouco fora por causa dos analgésicos, mas você pode entrar.

Eu sai passando pelo médico e deixou-o explicando algo a Jake. Eu percebi que eu
pedi o quarto na UTI que ela estava, então eu encontrei uma enfermeira que eu reconheci
de mais cedo, e ela apontou o caminho. Quando entrei no quarto, havia uma cortina bran-
ca puxada ao redor da cama, à esquerda um gotejamento IV e uma dúzia de máquinas de
aviso piscando.

Eu puxei a cortina para trás, lá na cama, olhando tão pequena e frágil, era a minha
menina. Ela tinha olheiras azuis pálidas em torno de seus olhos, mas ela estava viva e ela
ia ficar bem eu tinha que ficar me lembrando disso ou iria quebrar bem na frente dela.

Eu coloquei minha mão sobre a dela e senti o lugar onde o IV estava conectado a
sua mão.

Seus olhos se abriram. -Oi mamãe. Sua voz era fraca e rouca, mas foi o melhor
som que eu já ouvi.

-Oi menina. Eu senti as lágrimas chegando, mas eu as segurei de volta para não
mostrar nada, mas apenas calma e confiança.

-O que aconteceu?

-Você teve um pequeno acidente bebê, mas está tudo bem agora. Você irá para
casa muito em breve.

-É o papai está aqui?—

De repente, percebi o quanto essa palavra significava, e exatamente a quem ela se


referia. Havia apenas um homem que se encaixava nessa descrição. -Sim garota, ele está
aqui. Você poderá vê-lo depois que você descansar um pouco.

-Quer ouvir um segredo, Mamãe? Ela me perguntou, seus olhos agora fechados.

-Claro baby. Eu estava ao lado dela na cama, cuidando para não esmagar nenhum
dos fios ou tubos.
-Diga-me um segredo. Segurei-a para o meu lado, sem move-la. Eu precisava que
ela me sentisse, para que ela não estivesse sozinha quando ela adormecesse.

-Jake me permite chamá-lo de papai quando você não está por perto. Mesmo com
os olhos fechados, ela estava sorrindo.

-Oh, é?

-Sim. Ele diz que eu posso chamá-lo de papai na sua frente somente quando você
disser que está tudo bem. Eu me inclinei e beijei a minha doce menina em sua bochecha.
-Está tudo bem mamãe? Ele veio em uma respiração superficial.

Ela estava dormindo antes que eu pudesse responder. Eu alisei lhe o cabelo e sussurrei-
lhe: -Você vai dormir um pouco agora. Eu estava finalmente vindo a aceitar que havia al-
gumas coisas na vida que eram apenas para ser.

Nem todos elas são boas.

Mas Jake sendo o pai de Geórgia era para ser.

Duas almas unidas por causa do amor, mas que amam sozinhas.

Meus pais não me escolheram. Eles acabaram comigo depois que minha mãe ficou
grávida.

Eles nunca quiseram ter filhos. Lembrou-me todos os dias que eu era um fardo em
suas vidas de drogados. Eu nunca senti nada nem perto de amor.

Então, Nan veio e me mostrou que alguém poderia realmente se preocupar comigo
e me amar por quem eu era. Ela cuidou de mim porque eu era a sua carne e sangue, mas
ela adorou-me porque queria, não porque ela tinha que fazer.
Em seguida, houve Jake e Georgia. Eles haviam escolhido um ao outro. Não tinha
sido tudo por muito tempo, mas eles já sabiam que queriam ser uma família, e indepen-
dentemente do que minha intuição inicialmente era, eles sabiam que era para acontecer.

Uma família pela escolha, não do acaso. A escolha de amar e ser amado em troca.
A escolha para cuidar e desfrutar um do outro, para não colocar-se com um e fazer sofrer
o outro.

Era o melhor tipo de família. Uma família em nossos próprios termos.

Eu sussurrei para minha bebezinha todo o meu mundo, a peça central da família
que todos nós tínhamos escolhido para ser parte -Você pode chamá-lo de papai.

***

Bethany era a única na sala de espera quando eu voltei para fora. Ela estava bebe-
ricando um pequeno copo de uma caixa de suco de laranja.

-Onde está Jake? Perguntei.

-A enfermeira com atitude voltou e pediu doações de sangue. Ela mostrou-me um


pequeno Band-Aid grudado no interior de seu braço. -Ele está lá agora. Como ela está?

-Ela está cansada. Eles deram a ela um monte de remédios, mas ela vai ficar bem.
Senti-me bem em dizê-lo, e depois de vê-la, eu realmente acreditava nisso. Minhas per-
nas de repente sentiu-se muito pesadas e fracas, eu me sentei ao lado de Bethany.

-Eu sinto muito, Abby.

Eu vi as lágrimas enchendo seus olhos e o tremor de seus lábios. -Pare Bethany.


Eu fiz um movimento para colocar a minha mão sobre a dela. Ela queimou, mas eu igno-
rei. Eu precisava confortá-la, isso era muito mais importante do que a minha própria dor.
-Você deu à luz a ele. Você não colocou a arma em sua mão e você não disse a
ele para puxar o gatilho. Assim como você não o fez me estuprar.

Foi tão estranho dizer isso assim tão sem rodeios com a mulher que ajudou a levar-
me de volta para o apartamento de Jake após o ocorrido. Ela provavelmente foi a maior
vítima de seu filho como eu tinha sido.

-Você fez um monte de erros, mas é tudo o que temos. Eu não culpo você por nada
disso. Então, pare de ficar desculpando-se.

Jake nos interrompeu quando ele voltou para a sala de espera escoltado por uma
enfermeira usando uniformes roxos. Seu rosto estava pálido. Ele estava segurando uma
caixa de suco em uma mão e um biscoito no outro. Ele se sentou no sofá e drenou o suco
em um longo gole. -Bem, isso me deixou sugado, disse ele. Eu quase ri.

O homem que dançou com o diabo, ficou tonto ao doar sangue.

A enfermeira fez sinal para mim. -Você é a próxima querida. Que tipo de sangue
você tem para mim? Sua pequena garota tem um raro sangue O que sempre precisamos,
então era por isso que estávamos procurando hoje.

- Mas eu tirarei o que for que suas veias me derem. Deus sabe que precisamos de
muito.

Eu não era tonta em achar que depois do que eles me avisaram que eu poderia ser
semelhante ao tipo sanguíneo de Jake, que acabou sendo, mas eu sentei na minha cadei-
ra reclinável e bebi meu suco como a enfermeira havia instruído. A enfermeira veio até
mim com um cartão com quatro gotas de sangue sobre ele. —Você não tem sangue O
querida ... você é apenas sangue A — Ela agitou os braços quando ela falou e virou uma
longa trança negra por cima do ombro. -Mas seu alto, loiro e sexy pai tem a “coisa boa”
por isso aproveitaremos a oportunidade.—
-Oh, ele não é seu pai biológico.

-Oh? Bem, já que a sua garota possui sangue O e você não, o pai do bebê biológi-
co tem que tê-lo.

-”Então, quando você falar com ele você terá ‘líquido de ouro’ para drenar”. A Se-
nhorita Karla amava demais seu trabalho.

-Esse seu pai biológico tem olhos azuis como ele?

-Não, ele tem olhos verdes como a minha filha, disse eu. -Não é possível que dois
pais de olhos azuis tenham um filho de olhos verdes. Parecia tão ensaiado ... provavel-
mente porque era uma conversa que tive na minha cabeça umas mil vezes.

-Ah, claro que pode. Minha amiga Marni e seu marido Brian, tem olhos verde-
esmeralda, e ambos os pais tem olhos azuis como as águas do Caribe.

-Então a sua amiga Marni precisa contar ao marido para ele poder verificar a cor
dos olhos do carteiro, porque seus pais estão mentindo para ele, eu falei. Eu acho que a
Srta Karla detectou que a nossa conversa era muito mais grave do que as brincadeiras
que ela inicialmente pensou que era.

-Eu não estou falando essa merda para o bem. Freeman , ela gritou, sem se virar.
O técnico em um jaleco que tinha sido previamente sentado em um canto, estava absor-
vido em uma história em quadrinhos, girou em sua cadeira.

-Freeman estudou genética em alguma faculdade do norte.

-O que foi? Ele perguntou empurrando para cima da ponte de seu nariz, seus gros-
sos óculos de armação preta.

-Podem duas pessoas de olhos azuis fazer um bebê de olhos verdes?


Isso é estúpido. Eu tenho que ir. Eu estava para sair mas a resposta de Freeman
me parou no caminho.

-Sim, é muito raro, mas acontece. Já vi vários casos. Ele se virou para a sua histó-
ria em quadrinhos.

-Mmmhmm ... isso é o que eu pensava, disse Karla declarando vitória sobre minha
estupidez.

Agradeci e, educadamente recusei a oferta para ajudar-me para a sala de espera.

-Senhorita? Karla me chamou.

Ela simplesmente não podia deixá-lo cair. -Sim?

Seu volume de cair, e de repente ela foi discreta. -Eu sei que não é da minha con-
ta, mas se você não tem certeza sobre quem é pai do bebê, podemos fazer um teste.
Basta trazer aquele encantador homem de volta aqui, e eu vou fazer isso,certo? Ela pis-
cou, e eu sabia que ela estava tentando ajudar.

Em seguida, ela pegou um panfleto de uma dúzia de diferentes papéis coloridos


que se aglomeram na parede. -Este é sobre os tipos de sangue. O seu é fácil de desco-
brir. Sua menina tem O e você tem A, de modo que o papai tem que ter O. É simples as-
sim.

Agradeci-lhe e tomei o panfleto, fazendo lentamente o meu caminho de volta para a


sala de espera quando eu olhei para ele. Eu queria voltar para ver Georgia assim que ela
acordasse mas a enfermeira Karla com suas palavras havia me assombrado.

Havia realmente uma chance de que Jake fosse o pai de Geórgia?

Mais importante ainda, isso era realmente algo que importava mais?
Eu deslizei para baixo ao lado de Jake. Ele estava com a cabeça para trás sobre a
almofada, mas ele colocou o braço em volta mim e me puxou para perto. -Você fez me-
lhor do que eu fiz, Bee. Ele me entregou uma xícara de café da mesa. Era exatamente o
que eu precisava.

Eu tinha uma pergunta na minha cabeça, apenas uma pequena pergunta, e eu po-
deria colocar tudo isso para trás.

-Bethany?, Perguntei.

-Sim, querida? Ela largou a revista e tirou os óculos de leitura.

Então eu fiz a pergunta que eu quase não queria saber a resposta. Não só era uma
pequena chance ... realmente valeria a pena quebrar o meu coração tudo de novo?

-Você sabe o tipo de sangue de Owen? Eu olhei para Jake quando ele ficou tenso
ao meu lado, embora Bethany não parecia notar, pensou por um segundo.

Por favor, seja outra coisa senão O, por favor, não O.

-Ele é A ou AB. Eu sempre faço confusão. Por quê?

-Ele não é O?

-Não que eu saiba. Não há sangue do tipo O na família na verdade, disse ela. -Por
que você está perguntando isso Abby? Ela voltou sua atenção para o corredor de onde eu
tinha acabado de chegar.

-O que aconteceu lá?

Jake estava tão ansioso para ouvir a minha resposta como ela estava.
-Porque Bethany, Eu sorri e tomei as mãos de Jake na minha. - Owen não é o pai
da Geórgia depois de tudo. Uma vez que eu disse isso, ele sorriu também, com uma ge-
nuína felicidade no rosto.

Eu apenas sorri para trás e olhei para aquelas belas piscina marejadas de safira
azul.

Os olhos do pai da minha filha.

GEORGIA dormia tranquilamente em seu quarto depois de uma estadia


de seis dias no hospital. Tínhamos a trazido para casa apenas algumas horas
antes. Durante o dia, eu observava os olhos de Jake escurecer como o sol de-
saparecendo no horizonte, e eu sabia que ele estava se preparando para o que
ele precisava fazer.

Eu não tinha intenção de pará-lo.

Sentei-me no paredão, minhas pernas balançando sobre a borda, olhan-


do para a escuridão. O sol tinha se posto horas atrás. Mantos de estrelas ilu-
minavam o céu. Jake sentou ao meu lado com o braço em volta da minha cin-
tura me segurando perto. Eu poderia viver com a força de seus braços.

-Ela está bem, ele sussurrou. Eu tinha a sensação de que ele estava se
assegurando, tanto ele quanto a mim.

-Todos nós vamos ficar bem, eu disse. Pela primeira vez em toda a mi-
nha vida eu acreditei. Eu precisava me mover, no entanto. Recebi uma carta
no correio da empresa de gestão imobiliária. Ele disse algo sobre o investidor
decidir usar a casa para si, eu tenho trinta dias para sair. Eu nem sabia que
podia fazer isso. Acho que eu deveria ter lido o contrato de arrendamento com
mais cuidado. -Você quer sair? —

-Depende, disse ele sorrindo para mim.

-Oh, eu pensei que fosse um tipo de pergunta sem pedido, mas eu vou
entender. Porque depende?

-Bem, se você vai querer ou não me matar. Ele me entregou um envelo-


pe branco com um cheque administrativo dentro de nove mil e seiscentos dóla-
res. -É todo o dinheiro do aluguel que você tem pago.

Algo clicou em minha mente. -Você é o proprietário. Você comprou a ca-


sa de Nan. Não era uma pergunta. -Quando você fez isso?

-Eu sabia que o banco teria que vendê-la em algum momento, então eu
ficava de olho nele. Eu fiz o meu lance antes até de deixar a cidade. Imaginei
que você gostaria de mantê-la, não importa onde acabássemos indo.

-Levou quase um ano e aquele dinheiro foda, para aceitarem a minha


oferta, e quase o mesmo tempo para fechar a maldita coisa. Quando finalmen-
te chegou a minha vez, eu tinha tudo arrumado para você. Então, eu percebi
que você, provavelmente, não teria aceitado isso de mim como um presente
depois do que eu tinha feito.

Ele estava certo. -Não. Eu certamente não teria.

-Eu nem sabia sobre Geórgia, então, ou eu teria colocado alguma merda
legal para a garota aqui também.

Ele me deu um beijo no nariz e continuou. -Eu tive certeza que eu tinha
a aprovação pessoal dos novos inquilinos. Eu tinha apenas dois folhetos que
eles postaram na janela do escritório, e a outra eu ia ter Reggie para dar a vo-
cê pessoalmente. Você foi tão rápida para assinar o contrato que eu nunca tive
que ir com o Plano B.

Mesmo quando ele se foi, ele estava me protegendo, cuidando de mim.

-Você era tudo que eu pensava, Bee, todo esse tempo que tinha ido em-
bora, todos esses quatro anos.

-Quando eu finalmente tive a coragem de chamar Reggie alguns anos


atrás para perguntar a ele sobre você, eu estava morrendo de medo que ele
me dissesse que você tinha feito as malas e deixado a cidade, ou morando
com alguém... ou se casado.

Isso partiu meu coração um pouco. -Você pensou que eu estava com
Owen.

-Passou pela minha cabeça. Fez mal ao meu estômago porra, eu sempre
considerei isso uma possibilidade. Ele correu os dedos debaixo do meu queixo
e puxou meu rosto para ele pressionando a testa contra a minha. Eu adorava
quando ele fazia isso. -Mas quando Reggie me disse que você não estava, que
ainda vivia no apartamento e trabalhava na loja, me fez crer que foi porque
você ainda precisava de mim. Mas você não precisava. Você tinha tudo resol-
vido antes de eu tentar intervir e ajudar. Reggie nunca me contou sobre a Ge-
órgia porém, provavelmente porque ele não sabia como eu reagiria. O bastar-
do. Devo-lhe um soco no queixo do caralho por isso. Ele riu.

Eu não sabia o que dizer sobre tudo isso.

Jake continuou. -Cheguei à conclusão de que se eu não pudesse estar


com você mesmo, eu poderia pelo menos tentar dar-lhe tudo o que pudesse
para te fazer feliz, mesmo que fosse á distancia, mesmo se eu não pudesse ser
parte dela. Eu apenas lamento que levou tanto tempo para fazê-lo. Ele roçou
os lábios sobre o meu. -Acontece que você estava bem sem mim depois de tu-
do.

-Eu não estava bem Jake, eu assegurei a ele. -Eu não estava em tudo.

-Isso é o que eu estava com medo que você dissesse, o estar bem de
Abby não é o mesmo que todos os outros tudo bem, disse Jake. -Olhe para o
seu braço, olhe para a minha menina corajosa e sua tinta de guerreira do cara-
lho. Ele correu os dedos para baixo da obra de arte que cobre o meu braço di-
reito.

-Eu sei que esta é uma das suas imagens, e este obviamente, é a minha.
Ele bateu o anjo da morte na imagem da motocicleta. E este é nosso trato,
mas o que é isso? Ele perguntou seus dedos passando na versão preto e cinza
de —The Scar—.
-É a minha pintura favorita. O real é colorido, mas eu tinha que fazê-lo
em preto e branco em vez disso. É uma mulher com uma cicatriz no meio de
todo o seu corpo.

-Mas ele não tatuou uma cicatriz?

-Ele não precisava. Eu tive uma artista que usou um dos mais verme-
lhos, mais irregular de minhas cicatrizes como a linha vermelha do corpo dela.

Uau—, disse Jake. -É lindo e fodidamente incrível, assim como você.


Seus olhos estavam escurecendo, mas não empurrando o cristal azul inteira-
mente.

Tanto o diabo e o anjo nele estavam comigo naquela noite. -Eu não sei
como eu sobrevivi sem você, Bee.

Eu não tinha pensado nisso a partir de seu lado. Pelo menos eu tinha
Georgia. Jake não tinha ninguém. Eu podia ver como os últimos quatro anos
foram tão difíceis para ele.

-Eu desliguei os meus sentimentos, eu andei para longe de você na pon-


te, eu disse a ele.

-Mas quando a Geórgia nasceu, era como se ela apenas quebrasse tudo
isso. Foi difícil de fazer, mas eu tive meu bebê, e quando você tem um bebê
gritando com três meses de idade com cólica que não vai dormir durante a noi-
te, é difícil de ser pego em sua própria besteira. As coisas que me aconteceram
no passado só começaram a não importar com ela ao redor. Elas ainda doíam,
e eu não queria evita-las. Elas simplesmente não eram as coisas mais impor-
tantes na minha vida. Ela me salvou.
-Você que me salvou, disse Jake. -Por mais que eu não possa ser salvo.
Seu tom ficou sério. -Eu preciso que você faça alguma coisa para mim, baby .

-Qualquer coisa. Se ele me pedisse, eu faria. Era tão simples.

-Eu preciso de você para me dizer por que você tirou as fotos, as de você
depois ...—

-Tirei-as para você, eu admiti. -Eu queria que você visse o que ele fez
para mim. Eu queria que você ficasse louco, porque eu queria você. -Eu parei
um pouco antes de dizê-lo.

-Diga Bee, insistiu. -Eu preciso ouvi-lo.

-Eu queria que você o matasse. As palavras não doeram e eu não estava
envergonhada. Era na verdade libertador dizer em voz alta que eu queria que
Owen morresse. -Há algo mais também, além do que ele fez para mim e Geor-
gia .

Seus olhos estavam totalmente escuros agora. -O que é isso?

-Ele matou Nan, eu preciso ver as imagens agora, e preciso de você para
mostrar-lhes a mim.

-Por quê?

-Porque baby, eu vou deixar aqui esta noite, e eu estou indo para ras-
treá-lo onde quer que ele esteja eu vou levá-lo para fora deste mundo. Vou
enterrar os pedaços dele onde ninguém nunca vai encontrá-los.

Eu não tinha olhado para as fotos desde que eu as revelei naquela noite
no ensino médio na câmara escura. Eu não sabia se eu podia ver aquela parte
da minha vida novamente. -Que diferença vai fazer se você ver essas fotos?
Você sabe o que aconteceu.

-Eu preciso ver exatamente o que ele fez com você, porque quanto mais
eu souber, mais detalhada sua descrição de sua dor ... mais satisfatório será
para mim quando eu matá-lo, mais eu vou apreciá-lo.

-Você quer se divertir? Eu soube imediatamente que eu estava julgando.


Quem era eu para julgar alguém? Era uma curiosidade dentro de mim, sobre o
que ele sentia quando ele fazia algo assim. Jake tinha muitas coisas em guerra
dentro dele. Eu queria saber o máximo que pudesse sobre o que o fazia vibrar.

-Sim, eu quero descer sobre ele, tanto quanto possível. Eu sei que soa
fodido. mas é para avançar, para desfrutar o que temos com a nossa família e
pelo resto de nossas vidas juntos, eu preciso fechar este capítulo primeiro. Mas
eu posso matá-lo, Bee. Eu preciso que você entenda ... Ele apertou os punhos
em bolas. -Eu preciso senti-lo morrer sob minhas mãos. Preciso senti-lo tão
mal.

Ele apertou seus lábios em meu pescoço, e uma onda de calor voou certo
para o meu núcleo.

Em seguida, ele sussurrou em meu ouvido: -Quando tudo isso acabar, o


que teremos estará completo.

-Nós três sob o mesmo teto, para sempre, como deveria ser, sem vestí-
gio do filho da puta que tentou arruinar tudo para nós. Suas belas promessas
misturadas com seu hálito quente no meu ouvido me fez choramingar. -Para
não mencionar, nós temos um monte de tempo para compensar e eu estou
pensando em gastar um monte de tempo com a minha cabeça entre suas co-
xas. Ele colocou a mão sobre a minha calça de brim, entre as minhas pernas e
apertou. Eu pulei com a sensação.

Eu nunca mais tinha chegado a sentir o gosto do seu doce sexo, e eu


acho que quatro malditos anos é tempo suficiente para esperar.

Eu gemi.

-Que tal começar agora? Perguntei apertando meu peito ao seu. Ele ba-
lançou a cabeça e suspirou, colocando as mãos nos meus ombros e se distan-
ciando de mim.

-No segundo que eu voltar Bee ... no mesmo segundo. Eu prometo. Jake
se inclinou e beijou suavemente os meus lábios antes de aprofundar o beijo e
abrir a boca para a minha. Sua língua dançava nos meus lábios, em seguida,
dentro da minha boca e sobre a minha língua. Tinha sido assim por muito
tempo. Eu não sabia se eu ia ser capaz de esperar muito mais tempo sem es-
tourar

Ele afastou-se novamente, como se estivesse lendo minha mente. Ele fe-
chou os olhos. -Eu amo você Bee.

-Eu também te amo Jake, eu disse tanta coisa. Eu nunca quis dizer isso
tanto como disse agora.

Passamos a próxima hora lá dentro, sentados no chão da sala. Jake sen-


tou-se em silêncio enquanto eu disse-lhe os detalhes da noite que Owen me
estuprou. Eu não deixei nenhum detalhe de fora, assim como ele solicitou. Eu
usei as imagens para explicar cada lesão como aconteceu. Enquanto eu falava,
seu humor escurecia em uma versão muito mais sinistra de si mesmo. Os
olhos safiras de Jake parecia compartilhar seu corpo com um monstro. Eu po-
dia senti-lo se movendo de lado, como a besta dentro dele tornou-se fora de
controle.

Até o momento que eu tinha acabado de contar a ele, eu estava tremen-


do como se tivesse acabado de acontecer ontem e lembrei-me da sensação de
quando eu acordei com uma dor sem fim, desejando que eu estivesse morta.
Mas de alguma forma, eu tinha conseguido passar por isso, e meu pequeno
milagre, Georgia tinha sobrevivido também.

Jake colocou as mãos nos meus ombros e me puxou para ele. Ele me
beijou com tanta raiva crua e paixão que eu não sabia se eu ia ser capaz de
sobreviver aos esmagadores sentimentos que se construíram dentro de mim.

Jake podia ter um monstro que vivia dentro dele. Mas nada sobre qual-
quer um de nós tinha sido sempre apenas uma maneira. Nada era preto ou
branco, claro ou escuro.

Coral Pines era um lugar que parecia como o céu do lado de fora e me
senti como o inferno no interior. Owen, o menino de ouro da nossa cidade,
acabou por ser o maior monstro de todos eles.

E Jake, que tinha se acostumado a viver nas sombras escuras de sua tor-
turada alma, acabou por ser uma das luzes mais brilhantes da minha vida.

Eu tinha vivido a minha vida, tanto no escuro quanto na luz. Tendo a mi-
nha nova família significava que eu tinha que andar em linha borrada entre os
dois. Eu nunca ia ser uma pessoa normal com regulares pensamentos e senti-
mentos.
Eu nunca tinha conhecido do que significava —normal—, de qualquer
maneira.

Talvez o que definia Jake e eu além de outras pessoas, era a nossa acei-
tação dos nossos sentimentos e emoções-escuras, bem como a luz. Tudo que
eu sabia é que não havia escuridão no mundo que poderia comparar com o
amor que tínhamos para a nossa filha.

Jake cair no amor por Geórgia foi a prova que até mesmo os corações
mais negros eram capazes de amar. Ele era a luz e as trevas, tudo ao mesmo
tempo.

Jake o anjo, que me confortou no hospital.

Jake o assassino, que se levantou para sair, colocando a arma na parte


de trás de sua calça jeans e verificando o clipe adicional em sua bota.

-Diga-me mais uma vez que você está bem com isso, que você não vai
olhar para mim de forma diferente depois.

Seu tom de voz demonstrava preocupação.

-Eu sabia que a morte de Owen seria proveniente da mesma noite que
ele me estuprou, e eu queria que fosse você quem o matasse. Eu não hesitei
em dizer a ele. -Eu continuo a fazer. Eu levantei a última da imagens para ele.

Era a foto que eu tinha tomado por último, ajoelhando-me em frente ao


espelho com minhas pernas espalhadas abertas para a câmera. A lente pegou
os hematomas e sangue seco endurecido em cada canto do meu corpo, sobre
cada centímetro da minha pele já marcada.
As narinas de Jake inflamaram e seus olhos perderam a luz. O assassino
nele estava sendo alimentado. Virei sobre a imagem. Na minha letra era uma
nota que eu tinha escrito anos atrás.

“Mande-o para o inferno, Jake”.

Jake tirou a foto de mim e leu e releu a nota na parte de trás antes de
dobrá-la e coloca-la em sua jaqueta de couro. Ele me levantou do chão e me
deu um último beijo furioso antes de me colocar para baixo e indo para a porta
da frente em rápidos e determinados passos. -Obrigado, ele sussurrou.

-Certifique-se de que você vai voltar para nós, eu o lembrei. Eu esperava


que não precisasse.

-Deixar você foi o pior erro da minha vida, Bee. Eu não vou fazer isso de
novo. Em seguida, ele tinha ido desaparecendo na escuridão da noite.

O rugido de sua moto anunciou sua saída, mas em questão de minutos


ele ficou em silêncio novamente, apenas o ecos permaneceram.

-Faz ele sofrer baby, eu sussurrei para ninguém.

Uma vez eu perguntei se duas almas quebradas poderia curar um ao ou-


tro.

Eu esperava que a resposta fosse sim.

Podemos não ter sido perfeitos, ou mesmo aceitável para os padrões de


qualquer outra pessoa. Mas juntos éramos perfeitos.

Juntos, nós éramos apenas nós.


Quebrados e machucados. Fodidos e assustados.

Eu tinha aceitado Jake ser todas essas coisas, ainda por muito tempo, eu
não podia aceita-las dentro de mim. Eu finalmente percebi que é possível amar
dentro de um espaço que às vezes detém nada além de vazio ... ou nada além
de escuridão.

Afinal de contas, todos nós temos a escuridão dentro de nós.

Alguns de nós mais do que outros.


Jake
DUAS NOITES se passaram antes que eu fosse capaz de voltar
pra casa para encontrar Geórgia e Bee, a minha família. Minhas roupas e mi-
nha pele estavam encharcadas de sangue, lama, sujeira, e outros remanescen-
tes dos lugares escuros onde eu tinha ido. Bee se jogou em meus braços sem
hesitação no segundo em que ela me viu, apesar de minha condição desgre-
nhada.

Eu puxei Bee para o seu quarto naquela noite, e ela não me deixou
nem tomar banho antes exigindo que eu descrevesse para ela em detalhes o
que eu tinha feito com Owen. Então, nós tivemos o nosso longo momento que
estava em atraso, coberto de sangue, luxúria, uma fodida festa que durou toda
a noite. Para uma mulher que uma vez teve medo do meu toque, agora ela
devorava cada momento carnal de felicidade que estava entre nós.

Fazer amor não foi a nossa coisa. Nós já tínhamos amor. Fizemos isso
todos os dias. Foi em cada olhar, cada toque, cada palavra e entendimento.

Nosso sexo? Isso foi a respeito de possuir um ao outro. Finalmente


ser capaz de sentir depois de anos empurrando essa merda de lado, a fim de
viver e sobreviver foi uma sensação incrível porra. Eu queria viver dentro de
Bee, e eu quase acredito que eu faço. Essa menina tinha ficado sob a minha
pele e dentro da minha alma negra desde a primeira noite em que coloquei os
olhos nela.
Eu andaria por aí usando ela no meu pau se eu pudesse.

Eu nunca pensei que eu estaria chamando de casa o lugar que tinha


armazenado os meus fantasmas. A casa onde eu nasci, a casa de meus pais
agora era a minha casa de novo. A nossa casa. A verdade é que eu poderia
chamar de uma casa da árvore escavada enquanto a Bee e Georgia estivessem
lá comigo.

Minha esposa, minha filha, a minha vida.

As razões para a minha existência.

Sim, nos casamos. Não fizemos uma grande festa. Foi apenas algo
que sentimos que precisávamos fazer. Para não mencionar que eu realmente
queria. Minhas meninas sempre foram destinadas a compartilhar meu sobre-
nome. Tornou-se mais importante para mim do que eu pensava que se-
ria. Nosso casamento foi apenas com nós três, uma testemunha e um ju-
iz. Tivemos a cerimônia no bosque da laranja clearing durante o por do sol,
onde mais de meus segredos foram colocados para descansar.

Foi perfeito, o nosso tipo de perfeito.

Me tornei uma pessoa melhor por causa delas. O monstro em mim ti-
nha sido domado, dobrado e afastado por enquanto. Ele ainda estava lá no
fundo, em uma espécie de semipermanente hibernação. Foi um conforto saber
que eu poderia chamá-lo algum dia se eu precisasse. Porque se um dia eu sen-
tir que a minha família esteja sendo ameaçada ou prejudicada de novo, vai ser
do caralho quando eu precisar chamar.
Verdade do que era, eu precisava delas mais do que elas precisavam
de mim. Eu nunca me iludi em acreditar que eu era mesmo muito bom o sufi-
ciente para qualquer uma delas. Em vez disso, eu fiz uma promessa para mim
mesmo que eu iria dar-lhes a vida que mereciam, e ser o homem que elas pre-
cisavam de mim para ser, mesmo que isso levasse mais trabalho da minha
parte do que eu imaginava necessário.

Eu já não negociava vidas por dinheiro. Eu deixei isso para trás de


mim e me foquei em ajudar Reggie em executar a loja. Tivemos nós mesmos
que contratar outra recepcionista no lugar de Bee, para ela se concentrar em
suas fotografias.

Eu não matei desde a noite que me foi dada a permissão por minha
mulher, para acabar com o homem que matou a sua avó, a estuprou, e atirou
em minha filha.

Se fosse possível, eu teria matado aquele filho da puta três vezes.

Um sentimento forte vem sobre mim misturado com pura raiva aque-
cida quando penso naquele foda doente colocando as mãos sobre Abby na
mesma noite em que ela me deixou entrar em seu coração e em sua cama. Eu
não paro de pensar na minha pobre e frágil Georgia no hospital entre à vida e
a morte. O mesmo acontece quando eu penso em uma velha indefesa e ino-
fensiva, caminhando para a sua própria morte ao pensar que ela estava fazen-
do nada mais do que ajudar as pessoas, eu sinto uma raiva às vezes que acho
difícil de domar.

Abby e eu paramos inteiramente de falar de Owen depois disso. O


povo de Coral Pines assumiu que ele estava bêbado uma noite, caiu no pare-
dão e se afogou, como tantos outros alcoólicos da cidade antes dele. Tenho
certeza de que eles achavam que seu corpo havia sido comido por um jacaré
ou javali nos manguezais em algum lugar.

Sem dúvida, algumas pessoas da cidade tiveram suas suspeitas sobre


mim. Tenho certeza de que eles achavam que eu poderia ser responsável de
alguma forma. Afinal, Owen sempre me odiou, e tínhamos publicamente briga-
do em várias ocasiões. Eles sabiam que o pouco que cuidavam uns dos ou-
tros. Mas, o fato triste foi que muitas pessoas não deram a mínima para onde
Owen poderia ter ido.

Eu tinha a sua própria mãe do meu lado.

Bethany sabia que matei Owen. Como? Eu disse a ela. Eu não era co-
varde. Eu disse a ela enquanto ainda estávamos no hospital o que eu ia fazer
no segundo que eu soubesse que a minha menina estivesse bem. Ela sabia
que não podia me parar e ela disse que não estava indo para tentar. Ela sabia
o que eu fiz. Assim como Owen era como um cão raivoso e tinha que ser mor-
to.

O que eu não esperava era que ela me pedisse para matá-lo tam-
bém. Ela praticamente me implorou.

Foi triste realmente.

Ela me disse que não poderia viver com o que ela tinha feito para a
nossa família, e ela não sabia se poderia sobreviver à morte do seu único fi-
lho. Ela ainda o amava, não importa como ele fosse.

A história da minha vida.


Bethany tinha chamado a si mesma uma "bola de demolição huma-
na". Apropriado talvez, mas não punível com morte. Honestamente, eu tinha
considerado. Mas eu não era fã de matar mulheres, e Geórgia e Abby pareciam
realmente gostar da cadela.

Então, eu fiz-lhe uma coisa.

Em vez de matá-la, eu prometi a ela que mesmo eu sendo o pai bio-


lógico de Georgia e não Owen, ela ainda poderia ser parte de nossas vidas e de
nossa família se era isso que ela queria.

Ela só precisava se curar.

Sabíamos uma coisa ou duas sobre a cura em nossa casa.

Não foi fácil nas primeiras semanas após Owen "desapare-


cer". Bethany veio ver Georgia, mas não conseguia me olhar nos olhos. Com o
tempo, ela foi aceitando a nossa nova e incomum família dinâmica e passou a
nós visitar regularmente em nossa casa.

Como consolação por ter matado o seu filho e me recusado a mata-la


também eu me ofereci para tirar a vida do seu marido enquanto ela menciona-
va a papelada de divórcio. Abby que estava em seu lugar me chutou debaixo
da mesa de jantar.

Bethany optou pelo divórcio.

Eu matei o filho dela, e ela vem a cada domingo para o jantar de fa-
mília.

A minha filha chama ela de avó.


O mundo é um lugar torcido, com certeza.

Pode até parecer que eu era um homem mudado do lado de fora,


mas eu não podia ajudar, mas eu sorri quando eu pensei na noite em que
afundei o corpo de Owen em sua profunda cova escura na parte inferior do
pântano. Um riso às vezes escapa involuntariamente dos meus lábios quando
eu olho para cima onde mantenho a minha coleção de faca em exibição, pen-
durada em um dos pequenos ganchos que Bee comprou para mim no merca-
do.

A faca no centro, aquela com a alça vermelha e borda serrilhada, foi


a que eu usei para cortar a garganta de Owen.

Eu não tenho certeza se eu considerava como meu prêmio de posse


ou uma piada interna.

Talvez fosse ambos.

Cortar a garganta de alguém poderia soar como a maneira de matar


um bicho, e eu teria que concorda com isso ... se isso fosse feito por trás como
a maioria dos bichanos iria fazê-lo.

É por isso que eu olhei no olho daquele filho da puta quando eu disse
para ele que iria morrer.

É por isso que eu o empurrei contra a parede da casa de barco e co-


bri a sua boca com minha mão esquerda e usei meu antebraço para segurá-lo
enquanto eu ainda esculpida lentamente a garganta dele com a faca que esta-
va na minha mão direita.
Eu olhei para a direita nas profundezas da alma existente onde eu vi
o medo desse desgraçado quando ignorei seus apelos patéticos borbulhados
enquanto eu observava a vida fluir para fora dele com o sangue que derramou
de seu pescoço, levando o para as profundezas do inferno, para onde ele per-
tencia.

Alguém poderia muito bem ter embrulhado ele naquele dia e dado
para mim na manhã de Natal.

Matar por vingança é o melhor tipo de matança.

Mas matar para vingar a sua família, com a permissão de sua mu-
lher?

Isso é limítrofe erótico.

Agora, eu sou apenas um homem simples de família, recebendo


amor. Eu sei que não mereço dormir como um bebê depois de um quinto de
Jack Daniels.

Eu não sou estúpido. Eu não tenho nenhuma dúvida de que quando


eu encontrar o meu fim, eu vou descer ao inferno que está me salvando um
lugar em seu abraço tortuoso desde o dia em que nasci.

Eu também sei que quando eu chegar lá, vou gastar meu tempo ten-
tando encontrar e matar Owen

Uma e outra vez.


Fim

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