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1
I *
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX *
IX *
X
XI
XII
XIII
XIV
XV *
XV *
XVI
Q uem
uem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.
XVII
Q uando
uando da bela vista e doce riso
Tomando estão meus olhos mantimento,
Tão elevado sinto o pensamento,
Que me faz ver na terra o Paraíso.
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXIX
XXX
XXXI
XXXII
XXXIII
*
XXXIV *
XXXIV
Q uando
uando o Sol encoberto vai mostrando
Ao mundo a luz quieta e duvidosa,
Ao longo de ũa praia deleitosa
Vou na minha inimiga imaginando.
XXXV
XXXVI
XXXVII
XXXVIII
XXXIX
XL
XLI
Q uantas
uantas vezes do fuso se esquecia
Daliana, banhando o lindo seio,
Outras tantas de um áspero receio
Salteado Laurénio a cor perdia.
XLII
XLIII
XLIV
XLV
XLVI
XLVII
XLVIII
XLIX
L
d estruída
Que mais queres de mim, pois destruída
Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de render-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.
LI
LII
r esistência
Que pois não posso ter mais resistência
Para tão dura queda, de subida,
Aparar-lhe-ei debaixo o sofrimento.
LIII
pi edade,
Mas se em vós, ondas, mora piedade,
Levai também as lágrimas que choro,
Pois assim me levais a causa delas.
LIV
Q uando
uando vejo que meu destino ordena
Que, por me experimentar, de vós me aparte,
Deixando de meu bem tão grande parte,
Que a mesma culpa fica grave pena,
LV
mal es vistes,
Mas pois por vosso mal seus males
Que o tempo não curou, nem larga ausência,
Qual bem dele esperais, desejos tristes?
LVI
LVII
LVIII
LIX *
LIX *
Q uem
uem jaz no grão sepulcro, que descreve
Tão ilustres sinais no forte escudo?
t udo;
Ninguém, que nisso, enfim, se torna tudo;
Mas foi quem tudo pôde e quem tudo teve.
LX
Q uem
uem pode livre ser, gentil Senhora,
Vendo-vos com juízo sossegado,
Se o Menino, que de olhos é privado,
Nas Meninas dos vossos olhos mora?
LXI *
LXI *
*
LXII *
LXII
*
LXIII *
LXIII
*
LXIV *
LXIV
Q ue
ue vençais no Oriente tantos Reis,
Que de novo nos deis da Índia o Estado,
Que escureçais a fama que hão ganhado
Aqueles que a ganharam de infiéis;
LXV
LXVI
LXVII
m e guiar
Não canse o cego Amor de me
Donde nunca de lá possa tornar-me; 34
Nem deixe o mundo todo de escutar-me,
Enquanto a fraca voz me não deixar.
prado s, e se em vales
E se em montes, se em prados,
Piedade mora alguma, algum amor
Em feras, plantas, aves, pedras, águas;
LXVIII
Dai-
ai-me querer -vos,
me ũa lei, Senhora, de querer-vos,
Porque a guarde sob pena de enojar-vos;
Pois a fé que me obriga a tanto amar-vos
Fará que fique em lei de obedecer-vos.
q ue viva,
Se nem essa me dais, é bem que
Sem saber como vivo, tristemente;
Mas contente estarei com minha sorte.
LXIX
LXX
LXXI
LXXII
Q uando
uando de minhas mágoas a comprida
Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mi foi sonho nesta vida.
Torna a fugir-me;
fugir-me; torno a bradar: − Dina ...
Dina...
E antes que diga mene
mene,, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
LXXIII
LXXIV
LXXV
LXXVI
Q uem
uem fosse acompanhando juntamente
Por esses verdes campos a avezinha,
Que despois de perder um bem que tinha,
Não sabe mais que cousa é ser contente!
Que para
E para respirar
tudo, enfim,lhe
lhefalte
falteo ovento,
mundo!
LXXVII
LXXVIII
EDespojar-me
me cativa Amor; masde
da glória não que possa
rendido
rendido..
(1)
LXXIX
LXXX
Me torno,
Onde por
estive tãocobiça
pertode
deganhar-me,
perder-me.
LXXXI
ÉÉ um
um não querer
andar mais
solitário que abem
entre querer;
gente;
41
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
CXCIII
*
CXCIV *
CXCIV
Linhas de Leitura
Enquanto quis Fortuna
1. Assunto
Assunto:: Enquanto o destino (Fortuna
(Fortuna)) permitiu que alimentasse a esperança de alguma
felicidade, o poeta dedicou-se a escrever os efeitos da mesma, naturalmente em versos
amorosos. Porém, o Amor
Amor,, temendo que seus enganos fossem divulgados, secou-lhe a 43
inspiração. Assim, aqueles a quem o Amor
Amor sujeita
sujeita às suas insconstâncias, mesmo que, em tais
versos, leiam casos tão diferentes (quiçá contraditórios), deverão considerá-los verdades puras,
e não o contrário, sendo que as compreenderão tanto melhor, quanto mais larga for a sua
experiência amorosa.
2. Estrutura interna bipartida:
parte, constituída pelas quadras.
1ª parte,
Esta 1.ª parte está, igualmente, subdividida: na primeira quadra, observamos
o papel coadjuvante do destino (Fortuna
( Fortuna)) e, na segunda, confrontamo-nos
com o carácter oponente do Amor
Amor (nome
(nome também atribuído a Cupido, filho
de Vénus).
Note-se que a transição da primeira para a segunda quadra é feita através do
conector (conjunção) adversativo "porém
"porém",", o que, desde logo, antecipa a
adversidade nela contida.
2ª parte,
aosparte , constituída
caprichos do Amor,pelos tercetos,
adverte paraem que o poeta,
p oeta, de
a autenticidade apostrofando
seus versos,oscujo
que se sujeitam
entendimento será tanto melhor quanto maior a experiência (porventura dolorosa) do
mesmo amor.
3. A estrutura interna bipartida também se faz notar ao nível da progressão das formas verbais:
nas quadras, o tempo dominante é o pretérito perfeito do indicativo, que nos dá conta das
posições assumidas por cada uma das entidades ("quis ("quis"" (Fortuna); "fez
"fez"" (o gosto de um suave
pensamento); "escureceu
"escureceu-me"
-me" (Amor)); nos tercetos, a par do presente do indicativo ("obriga(" obriga";
";
"são
são")
") e do futuro imperfeito do conjuntivo ("lerdes
(" lerdes";
"; "tiverdes
"tiverdes"),
"), sobressaem o imperativo
("
("sabei
sabei")
") e o futuro do indicativo ("tereis
("tereis"),
"), associados à apóstrofe utilizada ("Ó vós").
(" Ó vós").
4. Algumas figuras de estilo: anástrofe
anástrofe (vv.
(vv. 1, 4, 5, 8, 11, 12); hipérbato
hipérbato (vv. 5/6); metonímia
metonímia (v.
(v. 5
(Amor, o Cupido, tomado pelo próprio sentimento do amor); antítese
antítese (estabelecida
(estabelecida entre a
atitude adjuvante da Fortuna
Fortuna,, na primeira quadra, e a de oponente, por parte do Amor
Amor,, na
segunda); apóstrofe (v. 9).
apóstrofe (v.
Manuel Maria
Voltar ao soneto
1. Segundo Manuel de Faria e Sousa, em Rimas Várias de Luís de Camões (1685), este soneto de
Camões é uma imitação do soneto 105 de Petrarca: Pace non trovo, e non ho da far guerra (Paz
guerra (Paz
não encontro e não quadra a guerra (trad. de Esther de Lemos)). Em Luís de Camões − O Lírico ,
Hernâni Cidade testemunha o seguinte: «No soneto de Petrarca, sente-se um comprazimento
maior no esmiuçar do tema. [...] o soneto de Camões ganha certamente em naturalidade de
sentimento e porventura em fluência de expressão.»
2. Estrutura interna bipartida:
1ª parte,
parte, constituída pelas duas quadras e pelo primeiro terceto, em que o poeta,
através de uma sequência de antíteses,
antít eses, desenvolve o tema anunciado logo no
primeiro verso, dando-nos conta de todost odos os sintomas de que se reveste o "estado
incerto" em que se encontra (V. 1), reiterado pelo "desconcerto" confessado no início
da segunda quadra.
2ª parte,
parte, constituída pelo último terceto, em que o poeta, de certa forma, desfaz a
ambivalência de seu estado, já que, se, por um lado, confessa que desconhece a rrazão azão
por que assim anda, por outro, afirma suspeitar que é só porque viu a amada.
Talvez sejanocurioso
"alguém" notar
verso 12, que,por
acaba se osePoeta
dirigirutiliza
a um oTupronome
, emboraindefinido
Tu, na forma do
44
apóstrofe:: "minha Senhora" (v. 14).
plural ("vos"), utilizando mesmo uma apóstrofe
3. Autores há que se inclinam para a inclusão deste soneto na esfera do pl
platonismo.
atonismo. Penso ser
razoável ser-se mais prudente em relação a tal inclinação, já que, tal como acontece noutros
exemplos, Camões se mostra dividido entre o que é requerido pelo espírito e o que é exigido
pelo corpo. Se prevalecesse, de uma forma categórica, o amor platónico, não se justificariam
alguns paradoxos nem o trocadilho que o Poeta faz com o tempo cronológico e psicológico: se
está uma hora sem ver a amada, parece-lhe mil anos (v. 10), e é de tal jeito, que, em mil anos
que vivesse ou esperasse, não acharia uma hora de a ver, de estar com ela. É esta uma razão do
corpo, que não da alma.
4. Algumas figuras de estilo: anástrofe
anástrofe (vv.
(vv. 1/2 (Tanto me acho incerto de meu estado, que em
vivo ardor estou tremendo de frio), 4 (abarco o mundo todo), 5 (tudo quanto sinto é um
desconcerto), 6 (um fogo me sai da alma, um rio, da vista), 10/11 (acho mil anos num'hora, e é
de jeito que não posso achar um'hora em mil anos)); antítese
antítese (vv.
(vv. 2/4; 6/8, 9, 13); apóstrofe
13); apóstrofe (v.
(v.
14); hipérbole
hipérbole (vv.
(vv. 4, 6); metáfora
6); metáfora (vv.
(vv. 2, 5, 9); paralelismo
9); paralelismo e anáfora
anáfora (vv.
(vv. 7/8); quiasmo
quiasmo (vv.
(vv.
10/11).
Manuel Maria
Voltar ao soneto
1. Assunto
Assunto:: O sujeito poético afirma que Amor poderá tentar novos subterfúgios para o matar,
mas não poderá roubar-lhe as esperanças, uma vez que já as não tem.
2. Estrutura interna bipartida:
Na 1ª
Na 1ª parte,
parte, constituída pelas duas quadras, o poeta, depois de ter enunciado o tema
do soneto na primeira, envereda por um processo reiterativo na segunda,
evidenciando os seus argumentos através das antífrases, carregadas
ca rregadas de ironia,
presentes nos versos 5 e 6: não se mantém
man tém de quaisquer esperanças, porque as nã nãoo
tem, tal como não sente qualquer
qua lquer segurança, uma vez que, se a sentisse, seria
perigosa, porque efémera, inconstante. Assim, despojado de qualquer esperança, não
teme contrastes nem mudanças, mesmo que se sinta como náufrago no conturbado
mar de Amor. A desgraça já não pode ser maior, se mais nenhum bem se espera.
Na 2ª
Na 2ª parte,
parte, constituída pelos tercetos, o poeta antecipa uma espécie de contra-
argumentação (embora pareça ilógica e incompreensível) que, desde logo, se antevê,
uma vez que somos confrontados com o articulador adversativo Mas Mas,, seguido de um
enunciado concessivo (conquanto
(conquanto não pode haver desgosto / Onde esperança falta):
falta ): é
que, apesar disso, Amor esconde um mal que mata ( Busque Amor novas artes, novo
engenho, / Pera matar-me (vv.1/2)) e não se vê. Não se vê e, por isso, é "um nã
não o sei
quê": "um não sei quê" que não sabe onde nasce (v. 13), que não sabe como vem (v.
14), e que dói sem saber porquê (v. 14). Tudo isto, provavelmente, por estar
despojado de qualquer esperança, como afirmara anteriormente.
Talvez seja curioso observar já indícios das contradições que vão ser
enumeradas no soneto
soneto Amor ver .
Amor é um fogo que arde sem se ver
3. Convém notar que, na lírica camoniana, e, por vezes, num mesmo poema, nos aparece a
palavra "amor" grafada de duas maneiras: com minúscula ( amor
amor)) e com maiúscula (Amor
(Amor).
).
Sempre que ocorre esta última grafia, estamos perante um outro nome de Cupido, filho de
Vénus, que, deste modo, surge como metonímia do sentimento do amor.
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4. Algumas figuras de estilo: anáfora
anáfora (vv.
(vv. 3/4, 7, 12) anástrofe
12) anástrofe (vv.
(vv. 2, 12/13); imagem
imagem (v.
(v. 8); ironia
8); ironia
(vv. 5/6); metáfora
5/6); metáfora (v.
(v. 8); metonímia
8); metonímia (v.
(v. 1 ( Amor
Amor ))); paradoxo (vv. 11, 13/14).
); paradoxo (vv.
Manuel Maria
Voltar ao soneto
1. Assunto
Assunto:: Passeando por uma praia, à luz do crepúsculo, o poeta recorda a amada, a quem
chama "inimiga" (v. 4).
A hora do crepúsculo é-nos sugerida pela expressão "Luz quieta e duvidosa" (v.2).
(v.2).
"Quieta", talvez por os raios solares não serem tão violentos àquela hora, e "duvidosa"
por ser o momento em que começa a anunciar-se a chegada da noite.
2. Estrutura interna tripartida:
1.ª parte,
parte, constituída pela primeira quadra, na qual o sujeito poético nos dá conta do
assunto do soneto.
2.ª parte,
parte, constituída pela segunda quadra, pelo primeiro terceto e pelo primeiro
verso do segundo terceto. Nesta segunda parte, o sujeito poético, como quem executa
uma sequência de disparos de uma máquina fotográfica, vai-nos mostrando o modo
como recorda a sua amada. De salientar as imagens antitéticas que vai obtendo
(atitude dinâmica (v. 5) / atitude estática (v. 6); alegre
alegre /
/ cuidosa
cuidosa (v.
(v. 7); queda
queda / /
andando (v.
andando (v. 8); (co)movida
(co)movida /
/ segura
segura (tranquila,
(tranquila, serena) (v. 11); entristeceu
entristeceu / riu (v. 12)).
/ riu (v.
Nota: suspeito que os advérbios aqui e
Nota: e ali , que servem, de forma eloquente,
este jogo de antíteses, mais do que deícticos
deícti cos de lugar, possam ser locuções
disjuntivas com carácter temporal (ora
( ora...
... ora
ora),
), tal como acontece no verso 8
(agora... agora).
3.ª parte,
parte, constituída pelos dois últimos versos, em forma de conclusão, dando-nos
conta de que é "nestes cansados pensamentos" que que passa a "vida vã que sempre
dura" .
Nota: o articulador enfim não só serve para nos introduzir a conclusão, como
Nota:
também para nos sugerir uma certa resignação por parte do sujeito poético
em relação à vida que leva longe da pessoa amada.
3. (v. 3)
"Ao longo de ũa praia deleitosa" (v.
Manuel Maria
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1. Segundo Manuel de Faria e Sousa, em Rimas Várias de Luís de Camões (1685), este soneto de
Camões é um «Epitáfio à sepultura do rei D. João III, que faleceu no ano de 1557, tempo em
que o poeta andava na Índia».
Manuel Maria
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(1) – Crê Storck que se trata de D. Fernando de Castro, filho de D. João de Castro, morto em Diu em
1546. Mas é tão obscura a adaptação dos tercetos.
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(1) – Neste soneto, que o Dr. José Maria Rodrigues julga provar a sua tese da paixão do Poeta pela
Infanta D. Maria, há reminiscências petrarquistas nos mesmos traços em que ele viu o desenho da
Infanta.
Lírica , Círculo de Leitores, Lisboa, 1973
Hernâni Cidade, Luís de Camões - Lírica,
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4. «Cá nesta Babilónia, donde mana / Matéria a quanto mal o mundo cria»
Para o Poeta, depois de assistir ao comportamento avaro dos Governadores e Capitães
e à sua desmesurada ambição, são os bens materiais da região e a cobiça que suscitam
que são a origem de todos os males.
5. «Cá, onde o puro Amor não tem valia, / Que a Mãe, que manda mais, tudo profana»
A causa principal dos erros do mundo é não existir, entre os mortais, o verdadeiro e
puro amor. Assim, o amor ao próximo cede o lugar ao egoísmo, à ambição e à lascívia.
A Mãe de Amor é Vénus e simboliza o amor meramente sensual, por isso profano.
6. «Cá, onde o mal se afina, o bem se dana, / E pode mais que a honra a tirania»
A ambição e a cobiça dos Governadores e seus seguidores subvertem os valores, não
se olhando a meios para atingir os fins. Assim, paradoxalmente, o mal sobrepõe-se ao
bem, e a tirania, à honra: a obtenção da riqueza tudo justifica.
7. «Cá, onde a errada e cega Monarquia / Cuida que um nome vão a Deus engana»
O "nome vão" é uma referência aos que pensavam que tudo podiam justificar com a
ostentação de seus títulos.
8. «Cá, neste labirinto, onde a Nobreza, / O Valor e o Saber pedindo vão / Às portas da Cobiça e da
Vileza»
Estes versos sugerem uma alusão ao labirinto de Creta, do qual quem lá entrasse não
saberia como sair. Assim, por mais que a política oficial do reino apontasse para um
espírito de Cruzada e de propagação da Fé Cristã, o que o Poeta pôde constatar foi
que a ambição e a cobiça dos que chegavam à Índia os envolvia de tal modo, que, 49
como que enredados numa teia labiríntica, não mais sabiam como abandonar essa
vida meramente mercantil, ignorando ou desprezando valores como a Nobreza, o
Valor e o Saber.
9. «Cá, neste escuro caos de confusão, / Cumprindo o curso estou da natureza»
Símbolo de todos os vícios, a redundância do v. 12 reitera o desalento em que o Poeta
vê cumprir-se o ciclo da sua vida: envelhecendo, não só se sente perseguido pelo
destino, mas também por todos os que, tendo a obrigação do contrário, não o
recompensam nem pelo mérito das armas, nem pelo mérito da sua poesia.
Obs.: Veja-se,
Obs.: uma crónica sobre o dia de Camões.
Veja-se, a propósito, uma crónica
Manuel Maria
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Salmo 137
1
Junto aos rios de Babilónia nos sentámos a chorar, recordando-nos de Sião.
2
Nos salgueiros das suas margens pendurámos as nossas harpas.
3
Os que nos levaram para ali cativos pediam-nos um cântico; e os nossos opressores, uma canção de
alegria: «Cantai-nos um cântico de Sião.»
Sião.»
4
Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor, estando numa terra estranha?
5
Se me esquecer de ti, Jerusalém, fique ressequida a minha mão direita!
6 Pegue-se-me a língua ao paladar, se eu não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a minha
suprema alegria!
alegria!
7 Lembra-te, Senhor, do que fizeram os filhos de Edom, no dia de Jerusalém, quando gritavam: «Arrasai-
a! Arrasai-a até aos alicerces!»
alicerces!»
8 Cidade da Babilónia devastadora, feliz de quem te retribuir com o mesmo mal que nos fizeste!
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