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Disponibilização: Eva Pride

Tradução: Rezinha Pride

Revisão Inicial: Iara

Revisão Final: Thay Pride

Leitura Final: Faby Pride

Formatação: Eva Pride

Janeiro/2020
JENNA cresceu no sistema de adoção.
Forçada a ser fechada, cautelosa e forte.
Ela só podia contar consigo mesma.

Até ENZO.

Ele é muito mais velho e responsável por cuidar dela.


O que deveria ser um trabalho para ele, transforma-se em muito mais.
Telefonemas noturnos.
Toques persistentes.
Um incêndio proibido que queima mais forte a cada dia.
Tudo sobre ele exala força.

Sua vontade de protegê-la é mais do que ela jamais sonhou pedir.


Infelizmente, até mesmo os heróis têm suas limitações.
Mas ela não precisa de um herói.
Ela só precisa dele.
Dedicatória
Tia P,

Às vezes as pessoas que gritam mais alto são as que têm os maiores
corações.

Sinto sua falta.


“Apenas deixe o bem acontecer.”
CAPÍTULO UM
JENNA
Passado - Quinze anos atrás

“Eles não ficarão com você.”

Olho por cima do livro para encontrar o olhar entediado do


meu novo irmão adotivo, Ryder. Ele fará treze anos no dia 30. É
arrogante para uma criança no mesmo barco que eu. Sem mãe.
Órfão. Sem esperança.

“Quem disse que eu quero ficar?”

Ele franze a testa como se agora percebesse que nunca


morderei a isca. O garoto detestável e seu irmão mais novo, Rex,
parecem pensar que sou uma ameaça à felicidade deles. A verdade
é que quero ficar fora do radar. Não estou aqui para tentar tirar o
lugar deles como favoritos. Esta não é minha primeira vez. Mesma
história, casa diferente. De novo e de novo. Eu só quero ficar
sozinha.

“Eles querem nos adotar, mas toda vez que começam a falar
sobre isso, alguém aparece com outra criança.” Ele cruza os braços
sobre o peito e franze a testa para mim, como se fosse minha culpa.

Fecho meu livro e me levanto da cama ruim. Estou aqui há


seis semanas e ainda tenho que tentar pensar nisso como um lar.
Eles nunca estão em casa para mim. É apenas um novo lugar para
dormir e comer. Estou simplesmente contando os dias até
completar dezoito anos e poder fazer minhas regras.

“Saia do meu quarto”, ordeno.

“Não é o seu quarto”, ele diz friamente, elevando os ombros.


O garoto pode ser tão alto quanto eu, mas enfrentei crianças
maiores, mais malvadas e mais cruéis.

“Saia. Do. Meu. Quarto.”

Ele me empurra. “Faça-me sair.”

Fecho as mãos, pronta para bater no garoto, quando


ouvimos uma agitação no andar de baixo. Adultos falando alto. Um
bebê chorando. Ryder corre e eu estou bem atrás dele. Quando
chegamos ao final da escada, ele xinga em voz baixa.

Katrina, minha assistente social, conversa com minha mãe


adotiva, Amanda, e seu marido, Blake, enquanto segura uma
criança gritando em seus braços. Tanto Amanda quanto Blake
estão rígidos e assentindo enquanto Katrina fala mais alto que o
bebê chorando para lhes dar informações. Não ouço tudo, mas
pego algumas coisas.

Ela só ficará aqui por algumas semanas.

Será adotada rapidamente.

Eles serão enviados do céu para levá-la no último minuto.

Os gritos se tornam demais e volto correndo para o andar de


cima. Nós não devemos fechar a porta, mas fecho de qualquer
maneira. Aconchego-me na cama e odeio o jeito que o meu coração
bate no peito. Quem abandona um bebezinho?

Amargura me invade por dentro.

Minha mãe, ela o fez.

Fui dada para adoção imediatamente. Entrei e saí de lares


adotivos desde então. Quando era mais jovem, sonhei que minha
mãe só tinha me perdido e que voltaria um dia. Mantive essa
esperança por anos. Foi o que me fez agir quando as pessoas
tentavam me ajudar. Estava com medo de que eles estivessem
tentando me levar antes que minha mãe pudesse me encontrar. Às
vezes eu me convencia de que seria meu pai quem me salvaria —
que ele estava sempre procurando sua garotinha perdida. Por volta
dos treze anos, percebi que fui permanentemente abandonada.
Meus pais não me queriam. Fim da história. E todos os dias desde
então, tenho me convencido de que eu também não os quero.

A porta abre e Blake franze a testa para mim. “O que falamos


sobre a porta?”

Dou de ombros. Blake e Amanda são jovens — cerca trinta e


poucos anos — e de alguma forma parecem pensar que Deus os
chamou para criar orfãos. Arrastam-me para a igreja todos os
domingos e quartas-feiras e são bastante hipócritas, se me
perguntar. Na igreja, eles se enfeitam e sorriem humildemente
quando as pessoas lhes dizem como são maravilhosos por criar
orfãos. Mas em casa... em casa eles suspiram, choram, gritam,
batem as portas. Estou aqui há seis semanas e as duas crianças
que estiveram aqui antes de mim foram embora. Então eles me
pegaram. Agora, eles têm uma alma penada chorando.

Ele resmunga, mas começa a montar um equipamento em


um lado do quarto em frente ao armário. Leva-me alguns segundos
para perceber que é um berço portátil. Ughhhh, não. Não quero
aquela coisa gritando no meu quarto. Ainda posso ouvi-la
chorando no andar de baixo.

“Katrina disse que ela só ficará por alguns dias”, ele explica
para mim, mas com exasperação em seu tom.

“Legal.”

Sua cabeça vira para mim e ele franze a testa. Blake sempre
tem o mesmo olhar desapontado e cansado. Amanda apenas chora.

Pego meu livro novamente e tento me concentrar, mas tudo


que posso ouvir é o bebê chorando. Pergunto-me se a alimentaram.
Ela. Bebês precisam comer e este parece faminto.

“Cólica”, ele ri, como se isso fizesse sentido para mim. “Eles
nos mandaram um bebê com cólicas.”
“Legal”, digo novamente por que não sei por que ele está me
dizendo isso.

Ele prende o polegar em duas das peças de metal do berço e


solta uma série de palavrões em voz baixa.

Eu ouvi isso...

A risada que me escapa é inadequada, e ganho um olhar


desagradável de Blake. Assim que termina com o berço, ele sai do
quarto. Minutos depois, os gritos ficam mais altos à medida que
Amanda a traz para o meu santuário silencioso. A bebê está
agitada, com o rosto vermelho e chorando.

“Jenna, você pode ficar de olho em Cora até resolvermos tudo


com Katrina?” Amanda pergunta, e exaustão já domina cada
palavra dela.

Se ela está cansada com quinze minutos, como vai aguentar


alguns dias?

“Obrigada”, ela diz enquanto coloca a criança no berço e tira


uma bolsa com fraldas do ombro.

O choro não diminui quando ela sai. Não deixo de observar


o fato de que ela fecha a porta — e quebra sua própria regra —
atrás de si. Da minha cama, olho através do quarto para a bebê
histérica. Seus gritos são enlouquecedores, então mal posso culpar
Blake e Amanda por já estarem perdendo a cabeça. De mau humor,
me levanto e ando até ela. Nunca segurei um bebê antes, então luto
por um momento enquanto a puxo para os meus braços.

Então sinto o cheiro nela.

Cocô.

Eca.

“Eles te deixaram com uma fralda suja. Não é de admirar que


esteja chateada”, falo baixinho para ela. “Eu posso ajudar, bebê
chorona.”
Seu choro ainda está fora de controle. Consigo cantarolar
enquanto me concentro em colocá-la na minha cama e trocá-la.
Dentro da bolsa acho alguns lenços, fraldas e roupinhas. Leva
muito tempo para tirar todo o cocô do seu traseiro vermelho e tenho
certeza que tenho um pouco de cocô em mim, mas finalmente a
limpo. Colocar a fralda limpa é difícil, mas acabo descobrindo como
fazer. Seu choro diminuiu um pouco, mas quando começo a tirar
sua roupa, ele recomeça.

“Estou te tirando dessas roupas nojentas e colocarei um


pijama”, eu explico como se ela pudesse entender. “Você estará
quentinha então, chorona.”

Vestir Cora é como vestir uma das velhas bonecas que eu


costumava brincar, exceto os gritos e chutes. Eventualmente,
consigo colocá-la em um pijama bonitinho com patinhos amarelos.

A porta abre e Amanda entrega uma mamadeira quente para


mim. “Tente dar-lhe isso.” Então, ela sai novamente, certificando-
se de fechar a porta.

Ira irracional surge dentro de mim. Era assim comigo


quando eu era bebê? Onde está a mãe de Cora? Como pode não
querer sua bebê? Lágrimas ardem em meus olhos, mas as afasto
quando gentilmente a pego de novo. Sento-me na cama com as
costas contra a parede e seguro a mamadeira.

“É isso que você quer?”

Cora abre a boca, procurando, e inclino a mamadeira para


ela. O choro é silenciado enquanto ela avidamente engole o leite
quente. Seus cílios estão molhados de lágrimas, mas agora ela me
encara com grandes olhos azuis cheios de alma. Por um segundo,
fico presa em seu olhar.

Ela é tão bonita.

Um anjinho sem asas.


“Sinto muito que esteja presa comigo”, digo suavemente.
“Não sou boa em coisas de bebê e, infelizmente, não acho que
Amanda e Blake sejam também.” Acaricio seu cabelo loiro sedoso.
Sim, definitivamente um anjo. “Mas eu tentarei. Enquanto estiver
aqui nos próximos dias, vou me certificar de que esses dois não se
esqueçam de te alimentar e trocar. Soa como um acordo?”

Cutuco seu punho agitado e ela agarra meu dedo. Seus olhos
azuis nunca deixam os meus enquanto ela mama. Agora que está
limpa e não mais chorando, eu meio que gosto dela. Ela é a única
que não me olha como se eu fosse uma intrusa nessa casa. Este
bebezinho me olha como se eu a tivesse salvo. Meu coração derrete.

“Nós poderíamos ficar juntas”, proponho, sorrindo para a


bebê fofa.

Ela solta a mamadeira, fazendo leite escorrer por sua


bochecha, e me dá um sorriso desdentado, antes de voltar a
mamar.

Nós poderíamos ficar juntas.

Até que uma boa família adote a linda menina.

Todos precisam de alguém, mesmo que seja apenas por


alguns dias.

Naquele momento, enquanto a vejo mamar, faço uma


promessa silenciosa para nós duas. Cuidarei dela até a levarem
embora. Como uma irmãzinha. Nunca tive uma irmã. Eu nunca
tive ninguém.

“Você pode me chamar de Sissy”, digo a ela com um sorriso,


e beijo sua testa.

Ela solta um pequeno suspiro e percebo que a mamadeira


está vazia. Suas pálpebras pesam e ela adormece em meus braços.

Meu coração falha no peito quando percebo que não quero


deixá-la ir.
CAPÍTULO DOIS
JENNA
Presente

Meus olhos quase se fecham e tento me concentrar na aula


do treinador Long sobre o Teorema Raiz Racional, mas está cada
vez mais difícil. Ontem à noite, Cora ficou acordada chorando a
noite toda. Ela está propensa a infecções de ouvido e quando fica
como estava na noite passada, sei que está doente. Se dependesse
de mim, eu a levaria direto ao médico. Mas não é comigo. Tenho
que convencer minha mãe adotiva, Juanita, que ela precisa ir.

Distraidamente, esfrego o hematoma no meu bíceps. Juanita


é idosa e usa uma bengala. E não acho que a bengala é realmente
para andar. Fui atingida por sua bengala estúpida mais vezes do
que gostaria de admitir, mas fico feliz em entrar na frente daquela
bengala todo tempo para impedi-la de bater em Cora ou nos
garotos. Malachi e Xavier apanham muito com a bengala. Cora é
pequena o suficiente para se esconder atrás de um de nós, graças
a Deus.

Meus olhos ardem por falta de sono, e eu bocejo. Posso me


sentir caindo, pensando em como ela estava quente esta manhã.

“... Fatores do coeficiente líder...” Treinador Long continua.

Depois da escola, preciso me apressar. O consultório do


pediatra fecha às 16h. Preciso de tempo para ir de ônibus para
casa, acender o fogo para Juanita e levar Cora para uma consulta.
Ela precisa de antibióticos.

Outro bocejo muito grande faz meus olhos lacrimejarem.


Conheci Cora quando ela tinha apenas cinco meses. É como
se o sistema de adoção nos unisse, porque depois disso saltamos
de casa em casa juntas. Cora e eu ficamos com Amanda e Blake
por alguns meses até que eles informaram a todos que adotariam
Ryder e Rex antes de deixarem de ser pais adotivos para sempre.
Deus estava levando-os a adotar, eles disseram. Seguiriam outro
caminho, eles explicaram. Cora e eu não devíamos estar nesse
caminho, então Katrina nos levou para outro lugar. Outra casa,
outro dia.

Tento não ter pensamentos amargos em relação a Katrina.


Não é culpa dela nos mudar para outro Estado. No entanto, ela é
apenas mais um adulto que nos abandonou. Cora e eu fomos
designadas para um novo assistente social.

Lorenzo Tauber.

Fechando os olhos, não posso deixar de pensar nele. O Sr.


Tauber é sexy. Não há como ignorar isso. Quando ele se apresentou
como meu novo assistente social, eu ri na cara dele. O cara parecia
mais adequado para uma fodida passarela, não para cuidar de
crianças indesejadas. Ele tem sido nosso assistente social há vários
meses, e eu fiquei envergonhada por ele fazer parte da transição da
nossa última casa para a de Juanita. Ainda lembro da maneira
triste como ele me olhou. Como se, pela primeira vez na minha
vida, alguém pudesse se importar o suficiente para fazer algo
permanentemente útil em minha vida.

Mas então ele foi embora. Deixando Cora e eu com apenas


algumas palavras de encorajamento. Como se suas palavras
pudessem consertar tudo.

“Aguente aí.”

Deixo escapar um riso irônico que me ganha um olhar de


advertência do treinador Long. Vários alunos riem da minha
explosão.
Tauber estava errado embora. Suas palavras não fizeram
nada. Ele nos deixou com Juanita e sua estúpida bengala.

Minha cabeça lateja levemente e esfrego as têmporas,


fechando os olhos. Um dia, daqui a dois meses, completarei dezoito
anos e sairemos dali. Eu adotarei Cora e nos mudaremos para um
lugar feliz. Ela pode ter todos os biscoitos que quiser e nunca lhe
direi não. Passaremos nossos dias balançando, perseguindo grilos
e cantando músicas.

“Detenção, senhorita Pruitt. Depois da escola.”

Pisco os olhos e encaro o homem me olhando. “O-o quê?”

“Você parece achar que rir na minha aula e depois dormir é


aceitável. Não na minha aula”, ele resmunga, antes de voltar para
a frente da sala de aula.

Lágrimas surgem e eu me sento abruptamente. Não posso


ficar depois da escola. Tenho que voltar para Juanita e convencê-
la a levar Cora ao médico. É uma péssima hora.

Se perdermos a consulta com o médico hoje, a temperatura


de Cora continuará aumentando. Ela vai chorar de dor sem parar.
Tudo pode ser evitado se esses adultos acordarem. Uma lágrima
corre pela minha bochecha e rapidamente a seco. Uma garota
chamada Winter franze a testa para mim. Ela geralmente é a
criadora de problemas na aula do treinador. Posso falar às vezes,
mas nunca comprometo meu tempo com Cora.

“Você está bem?” Ela sussurra para mim.

Aceno e mordo o lábio para não chorar quando a campainha


toca e todo mundo levanta. Winter me entrega um pedaço de papel
com seu número de telefone. Não tenho coragem de dizer a ela que
não tenho celular nem acesso a um. Em vez disso, eu o dobro e
coloco no meu moletom preto.

O treinador Long me ignora enquanto se aproxima de sua


mesa. Assim que a sala esvazia, fico de pé e corro para ele.
“T-Treinador”, começo, minha voz rouca de emoção. “Por
favor, não me dê detenção. Eu...”

“O ato de chorar não funciona comigo”, ele diz com um tom


frio, não fazendo contato visual enquanto folheia alguns papéis.

“Por favor”, insisto, “você não pode fazer isso.”

Seu olhar encontra o meu. “Esta é minha sala de aula,


senhorita Pruitt. Se você dorme e ri, ganha detenção. Eu te disse
isso desde o primeiro dia. Não é segredo.”

Derrotada, dou um passo para trás, odiando o jeito que meu


queixo treme descontroladamente. Minhas mãos tremem quando
pânico surge dentro de mim. Ela precisa ir ao médico depois da
escola. Talvez eu possa ligar para Juanita e convencê-la pelo
telefone. Estou desesperada quando coloco minhas coisas
desajeitadamente na bolsa. O tremor em minhas mãos não para,
nem os soluços sufocados que me deixam. Quando levanto e pego
minha mochila, o treinador está me observando com as
sobrancelhas franzidas.

“O que está acontecendo?” Ele exige.

“Eu tenho que levá-la ao médico”, admito com um soluço.


“Minha mãe adotiva é impossível de lidar e Cora tem uma infecção
no ouvido. Ela precisa de antibióticos.”

Seu olhar suaviza. “Sua irmã?”

Meu tudo.

“Sim.”

Ele franze os lábios e olha para longe. Posso dizer que sua
cabeça está processando. “Você ficou acordada a noite toda com
ela.”

Pisco para ele, surpresa. “Sim, como sabia?”

Diversão brilha em seus olhos. “Sorte, eu acho.” Então, ele


suspira de frustração. “Ninguém sai da detenção.”
Minha cabeça se curva. “Eu sei.”

“Mas não sou um monstro, como todo mundo pensa. Cuide


da sua irmã, durma um pouco e preste atenção na aula”, ele
resmunga. “Você é uma sênior. Precisa de boas notas se quer ter
uma vida melhor.”

Pressiono meus lábios e rezo para que minhas bochechas


não estejam vermelhas. Às vezes odeio que todos os professores
saibam minha situação. Que sou órfã. Sozinha, não amada e com
uma vida injusta.

“Obrigada”, murmuro. “Farei meu melhor.”

“Saia daqui”, ele diz enquanto outros alunos começam a chegar


para a próxima aula.


Posso ouvi-la chorar quando saio do ônibus. A dor profunda
em meus ossos parece aumentar para um nível agonizante.

Estou chegando, chorona.

Empurrando outros alunos que estão saindo do ônibus,


corro para a casa de Juanita. Ela precisa desesperadamente de
reparo, mas Juanita nunca faz isso. Ela nunca faz nada, exceto
fumar e assistir programas idiotas o dia todo. Quando chegamos
em casa, somos o entretenimento noturno e exercício, pois ela nos
acerta com a bengala. A pobre Cora tem que aturá-la o dia todo
enquanto estamos na escola.

No momento em que entro pela porta, jogo a mochila no chão


e sigo os gritos. Na sala de estar, a televisão está ligada.

“Ela tem uma infecção no ouvido”, grito sobre o barulho.


“Ligue para o pediatra.”

Juanita me ignora para acender outro cigarro.


“Juanita!” Grito. “Ligue para o Dr. Powell.”

“Garota, você precisa tomar cuidado com seu tom”, ela


resmunga, seus olhos não se afastam da tela.

Invado a sala e desligo a televisão. “Ligue para ele agora, ou


eu ligo para o Sr. Tauber.”

Juanita pega sua bengala e eu dou um passo para trás,


embora esteja bem fora de alcance. “Ela é apenas uma pirralha
mimada. Você a estraga, garota.”

Cruzo meus braços e a encaro. Os gritos de Cora são minha


ruína, mas não saio até que Juanita faz a ligação. Finalmente, ela
cede e liga agendando uma consulta de emergência. Assim que a
ouço confirmar que estaremos lá em meia hora, eu corro para a
minha bebê.

Passando pela porta do nosso quarto, encontro-a no chão.


Seu cabelo loiro está suado e bagunçado. O nariz está escorrendo
e a ranho alcança seus lábios e queixo. Ela está com o rosto
vermelho e retorcido. Meu pobre, pobre bebê.

“Cora”, ofego e corro para ela. Puxo-a em meus braços e beijo


sua cabeça suada. Seu corpo inteiro treme enquanto ela se agarra
a mim. “Shhhh”, digo enquanto a acaricio também. “Vamos ver o
médico e resolver tudo.”

Não há como acalmá-la quando ela fica assim. Meu palpite é


que ela tem uma infecção nos dois ouvidos. Sua pele está quente e
ela claramente sente muita dor. Cora é suscetível a infecções
crônicas de ouvido. Gostaria que eles fossem em frente e
colocassem tubos de ventilação em seus ouvidos, como o Dr. Powell
mencionou para nossa última família adotiva.

Enquanto seguro Cora, arrumo sua pequena mochila rosa


com algumas de suas coisas favoritas. O zíper não funciona e é
então que eu gostaria de ter dinheiro para mantê-la. Eu compraria
uma mochila nova e maior para guardar mais itens de conforto.
Quando estamos prontas, carrego-a para baixo e saio pela
porta da frente. Juanita a contragosto me segue, sua bengala bate
no chão enquanto ela caminha. Com cada batida no chão, Cora
salta.

“Tudo bem”, sussurro em seu cabelo. “Ela não vai nos bater
fora de casa.”

Coloco Cora em seu assento e sento-me ao lado dela. Juanita


dirige como a velha vovó que é, passando por sinais de trânsito,
quase batendo nos outros carros e está pelo menos dez quilômetros
abaixo do limite estabelecido. Quando finalmente chegamos ao
consultório do médico, eu solto Cora e corro para dentro.

“Oi, Jenna”, a recepcionista chamada Lori diz. Gosto de Lori.


Ela é uma mulher amigável com cabelo roxo e piercing no nariz.
Eu amo que ela exiba fotos de seus filhos ao lado de sua mesa.
Todos os seis parecem felizes. Eu gostaria que ela tivesse espaço
para mais dois.

“Ei, Lori. Cora precisa de antibióticos.”

“Claro que sim, querida. Dr. Powell vai arrumar tudo.”


Quando Juanita passa pela porta, o sorriso de Lori some e seu
olhar é frio.

Deixo Juanita pagar enquanto entro e me sento com Cora no


colo. Ela não está mais gritando e apenas choraminga. Quando
está chateada, ela torce meu cabelo nos dedos e o esfrega em seu
rosto. E quando ela está chorando, eu acabo com ranho no meu
cabelo. Mas enquanto ela se acalmar, não me importo. Eu lavarei
depois.

Eventualmente, somos chamadas e, felizmente, Juanita opta


por ficar na sala de espera. Solto um suspiro de alívio enquanto
esperamos pelo Dr. Powell.

A enfermeira Lou entra e sorri gentilmente para nós. Lou é


velha como Juanita, mas maravilhosa. Seus bolsos estão sempre
cheios de adesivos e doces.
Cora se senta e sorri para Lou. “Termômetro?”

Lou tira um termômetro rosa do bolso e o desembrulha. Cora


felizmente coloca o termômetro na boca. Ela ainda está quente e
com dor, mas está melhor. Cora pode ter apenas dois anos, mas
sabe que este é um lugar seguro onde eles sempre a curam. Lou
resmunga sobre verificar sua temperatura — 39º — e sua pressão
arterial. Ela digita no computador e depois nos deixa para esperar
o Dr. Powell.

O homem de cabelos brancos eventualmente aparece e


franze a testa. Ele nos faz as perguntas normais a princípio, sobre
sua saúde e, depois, sobre nossa situação em casa. Dou as
respostas genéricas, esperando que ele se apresse e lhe prescreva
o remédio para que ela se sinta melhor.

“Sua mãe adotiva já te bateu?” Dr. Powell pergunta, sua


atenção indo e voltando entre nós.

Eu congelo e Cora assente.

“Bengala dói Sissy”, Cora sussurra.

Dr. Powell me olha com tristeza. “Vou ligar para Lou. Sou
obrigado a examinar vocês e ligar para o assistente social.”

Eu tensiono para não chorar e dou um aceno de cabeça.


“Tanto faz.”

Depois de vinte minutos embaraçosos com Lou e o Dr. Powell


documentando nossas contusões, principalmente as minhas, nós
nos recompomos e esperamos pelo Sr. Tauber.

Só quero que Cora receba seus antibióticos.

O resto pode esperar.


CAPÍTULO TRÊS
ENZO

Estou prestes a terminar o dia quando recebo a ligação do


Dr. Powell. Duas das minhas crianças, Jenna Pruitt e Cora Wells,
foram levadas para vê-lo. Sua mãe adotiva tem abusado delas e,
depois de um questionamento cuidadoso, também de dois dos
outros meninos da casa. Então, em vez de encontrar minha mãe e
meu pai no restaurante Red Lobster para um jantar, estou a
caminho para ver o Xerife McMahon e o Dr. Powell.

Quando chego ao consultório do médico, vejo com um pouco


de alegria quando um oficial ajuda uma algemada Juanita Aikens
a entrar na viatura. Para toda boa família adotiva, há muitas más.
Tento pra caralho antes de realocar essas crianças encontrar um
lugar seguro, mas algumas escapam do radar até que seja tarde
demais. Nada mais faz você se sentir um fracasso do que ter que
resgatar crianças de uma casa onde as colocou.

Entro e sou guiado para o local onde as garotas esperam.


Cora dorme nos braços de Jenna. Jenna, com círculos escuros sob
os olhos, olha para o teto, como se ela mesma estivesse a segundos
de desmaiar. Meu coração dói ao ver as duas. Quando me deram
seus casos, senti pena. Elas não são irmãs de verdade, mas Katrina
deixou anotações, antes de se mudar, para tratá-las como se
fossem, porque é mais fácil.

Dr. Powell aperta minha mão e depois discutimos as


observações do abuso físico. Jenna e Cora admitiram que Juanita
as ataca e aos garotos Bryant. Tenho quatro crianças para mudar
esta noite. Esfregando meu rosto com frustração, busco no meu
cérebro por respostas que não tenho no momento. Meu estômago
ronca e o ignoro.
Faço algumas ligações e fico feliz em ver que as enfermeiras
pediram pizza. Jenna come um pouco, mas Cora continua a
dormir. Provavelmente é melhor para a criança doente. Roubo um
pedaço de pizza enquanto faço algumas ligações. Há uma família
que pode receber os quatro. Don e Barb Friedman. Eles não têm
nenhuma marca negativa, e apenas um garoto sob sua
responsabilidade. Então, faço os arranjos.

“Hora de ir”, digo a Jenna. “Temos que pegar os meninos e


suas coisas. Os Friedman podem ficar com vocês até que possamos
encontrar algo melhor.”

Os olhos verdes de Jenna brilham de raiva. “Nunca há nada


melhor. Na verdade, só piora.”

Culpa queima um buraco no meu intestino. “Aguente.”

“Odeio quando você diz isso”, ela resmunga, passando por


mim.

Estou franzindo a testa atrás dela quando o Dr. Powell me


dá um tapinha no ombro, entregando-me uma sacola de remédios.

“Certifique-se de que a nova casa é de não-fumantes. Cigarro


não é bom para as alergias de Cora”, ele diz.

“Farei meu melhor.” Não é mentira. Eu sempre faço meu


melhor. Nunca é bom o suficiente. Posso dizer aos pais adotivos
para não fumarem em casa até que eu esteja com o rosto azul, e
eles fumarão no momento em que meu carro deixar a garagem.

Sigo as garotas até o carro, dando um aceno ao Xerife


McMahon na saída. Quando nos sentamos, as garotas na parte de
trás e eu na frente, eu as conduzo para a casa de Juanita.

“Precisamos parar na farmácia para pegar a medicação”,


Jenna instrui, seus olhos me fuzilando no espelho retrovisor,
desafiando-me a dizer não.

“O Dr. Powell deve ter enviado alguém para buscá-los. Eu os


tenho aqui.”
Toda a raiva some de Jenna e ela relaxa de alívio. Ela se
inclina e beija Cora na cabeça. Eu as assisto toda vez que paro em
um semáforo. Pobres garotas.

Finalmente chegamos à casa de Juanita e levo-as para


dentro. Outro assistente chamado Seth está sentado no sofá,
fazendo algumas perguntas aos meninos Bryant. Aceno para ele e
sigo Jenna até a cozinha. Abro o saco de remédios e pego o
antibiótico.

Cora desperta nos braços de Jenna e começa a choramingar.


“Eca, eca, eca.”

“Você tem que tomá-lo, Cora”, digo suavemente.

Cora grita, sacudindo a cabeça. “Nããão!”

“Eiiiii”, Jenna diz em um tom calmo que tranquiliza Cora.


“Tome o remédio e seus ouvidos vão parar de doer. Faça isso pela
Sissy.”

A criança não parece satisfeita e depois que coloco o fedido


remédio rosa na tampinha, Jenna o pega e oferece a Cora. Ela
chora um pouco, mas com alguma gentil persuasão, Jenna a faz
beber. No momento em que ela toma, Jenna relaxa.

Passamos a meia hora seguinte arrumando as crianças.


Entre Seth e eu, não demora muito para reunir seus escassos
pertences. Mais culpa atinge meu coração. Memórias dolorosas que
gosto de manter longe.

Eu, assim como essas crianças pobres, era uma criança


deixada para apodrecer no sistema de adoção.

Mas ao contrário de mim, eles não tiveram anjos para salvá-


los.

Mamãe e papai me adotaram quando eu tinha apenas nove


anos. Fui de quase morrer de fome, severamente espancado por
outras crianças, e tão malditamente solitário, para feliz. Mamãe e
papai e o filho deles, Elijah, foram meu felizes para sempre. Eles
foram meus heróis. Ainda são.


Enquanto Seth instala os meninos na casa dos Friedmans,
eu ajudo Jenna a montar o berço portátil. Cora está roncando
agora, e não tem mais a temperatura alta. Jenna parece pronta
para adormecer onde está. Movo a criança adormecida da cama de
solteiro para o berço, felizmente, sem acordá-la.

“Ligue-me se as coisas ficarem ruins aqui”, digo a Jenna,


entregando-lhe um dos meus cartões.

Ela o enfia no moletom. “Certo, vou fazer isso, porque se eles


forem abusivos, poderei usar os telefones deles para falar sobre
eles.”

Seu lábio inferior treme e lágrimas inundam seus cílios, mas


não caem. Essa garota corajosa mal consegue se controlar. Em um
movimento que nos choca, eu a puxo para mim e a abraço. Ela está
rígida, mas solta um soluço abafado. Seus dedos agarram minha
camisa nas laterais enquanto ela chora contra meu peito. Nós não
devemos nos aproximar dessas crianças. Pelo menos, é assim que
somos treinados. Mas lembro-me de ser um jovem garoto e precisar
desesperadamente de um abraço de alguém — qualquer um.
Agora, Jenna precisa de um abraço. Ela desmorona diante dos
meus olhos, e isso me enlouquece.

Aguente firme.

Minha frase.

Está na ponta da língua.

Que frase besta. Se alguém tivesse me dito isso quando era


menino, eu teria o chutado nas bolas. Não há como aguentar. Uma
frase melhor seria: “Não há como aguentar.” A vida vai tentar te
derrubar — ficar em cima de você, esmagá-lo no chão. É escuro e
frio, e você vai se sentir sufocado. Você estará sozinho. Tão
fodidamente sozinho. Não se afogue.

Corro meus dedos pelo cabelo de Jenna. Eles estão


emaranhados nas pontas, onde estão presos por alguma coisa.
Ranho, provavelmente. Cora gosta de esfregar o rosto no cabelo de
Jenna quando precisa de conforto.

“Encontre uma maneira de me chamar a atenção. Na escola,


se for preciso. Quero saber se há um problema no primeiro sinal
dele. Descobrir que Juanita tem batido em vocês por meses é
inaceitável”, repreendo. “Não posso ajudá-la se você não me
contar.”

Ela tensiona e se afasta. “Entendi.”

“Durma um pouco”, ordeno, apontando para a cama.

Jenna tira os sapatos e cai no colchão sem outra palavra.


Dentro de segundos ela está dormindo tão pesadamente quanto
sua irmã adotiva. Por um longo tempo eu fico em pé, olhando-as
enquanto dormem. Por que a vida é tão cruel para crianças tristes
e inocentes?

Elas precisam de um herói.


“Eles não nos deixam comer”, Jenna sussurra. “Eles
mantêm a comida trancada.”

Eles estão no Friedmans há dias, e já estou recebendo


ligações sobre como são terríveis. Porra.

“Vocês passam de fome?” Pergunto, piscando para acordar


enquanto rolo para verificar as horas. 03h da manhã. Que diabos?

“Eles tentam”, ela sussurra. “Eu me esgueirei para o quarto


deles e peguei a chave de Don.”
“Eles te machucaram?”

Ela fica em silêncio por um tempo. “Além de passar fome,


fisicamente não.”

“Sinto muito, Jenna, mas isso não é terrível o suficiente para


eu fazer qualquer coisa.” A fria e dura verdade. Às 03h da manhã,
aparentemente, sou um idiota.

“Eu te odeio. Eu odeio todos vocês.”

Ela desliga e culpa me devora.


Don Friedman é o único lar que faço uma visita não oficial
no dia seguinte. Eles estão fora da escola para férias de inverno
agora, mas não há sons de uma casa normal. Nenhum desenho
animado. Nenhuma criança correndo pela casa. Ninguém na
cozinha fazendo um lanche, ou qualquer sinal de que as crianças
estão lá. Apenas silêncio.

“Onde estão as crianças?” Pergunto em um tom suave,


apesar da fúria crescendo dentro de mim.

“Brincando em seus quartos.”

“Vou falar com elas.” Passo por ele até a escada. Ele me
segue. Não gosto desse idiota. Alto e corpulento, como se jogasse
futebol em seu auge, agora está gordo, mas não perdeu o ego.

Primeiro eu vejo os meninos. Malachi está deitado na cama,


lendo. Xavier está brincando com dinossauros de plástico no chão.
Outro garoto chamado Joseph observa Xavier brincar.
Definitivamente não é uma situação terrível. Fecho a porta e, em
seguida, atravesso o corredor até o quarto das meninas. Quando
giro a maçaneta, ela está trancada.

“O que te disse sobre trancar esta porta?” Don questiona


atrás de mim.
Silêncio.

“Jenna, sou eu”, digo através da porta.

Passos podem ser ouvidos e, em seguida, a tranca soa. Ela


abre a porta e vejo um olho verde feroz pela abertura. Alívio brilha
naqueles olhos quando ela se afasta, concedendo-nos entrada.

Viro para dizer a Don que ele não é necessário quando o pego
encarando Jenna de uma forma que faz meus pelos arrepiarem.
Com fome. Como se quisesse ter um gostinho. Quando percebe
minha carranca, ele sorri e sai do quarto, fechando a porta. Olho a
aparência de Jenna. Ela não está usando muito — um short de
algodão que revela suas pernas pálidas e um suéter de mangas
compridas que deixa pouco para a imaginação enquanto cai em um
ombro, revelando sua pele nua.

“Você não pode se vestir assim perto dele”, digo a ela,


irritado.

“Assim como?” Seus olhos verdes estão arregalados e


inocentes.

Porra.

Esfrego a mão pelo rosto. “Homens mais velhos como ele não
precisam te ver pouco vestida. Há muitos canalhas no mundo.”

“Canalhas”, Cora repete do chão onde rabisca em um livro


de colorir.

Um fantasma de sorriso surge nos lábios de Jenna. Adoraria


vê-la sorrir com felicidade.

“Apenas use mais roupas perto dele”, resmungo,


afugentando seu sorriso, enquanto jogo seu moletom.

Ela o veste e faz uma careta para mim. “Não é como eu


tivesse toneladas de opções para vestir.” A amargura em seu tom
me apunhala.
Suspiro e sento-me no final da cama dela. Cora se afasta de
mim, olhando-me com cautela. Ela parece muito melhor, o que me
deixa grato.

“Como vão as coisas? Eles estão te dando comida?”

“Somente o suficiente e nem um pouco a mais.” Ela se senta


ao meu lado, de pernas cruzadas na cama. “Certamente não é
terrível.”

Viro-me para observá-la. De perto, vejo algumas sardas em


seu nariz e bochechas. Principalmente, posso ver o fogo em seus
olhos. Ela é definitivamente bonita demais — uma garota de quase
dezoito anos — andando de um lado para o outro sem sutiã perto
de homens pervertidos.

Como você?

Quase sorrio com esse pensamento. Não sou um doente que


abusa de crianças.

“Eu estava cansado quando disse aquilo, mas certamente


não quis que soasse assim”, asseguro a ela. “Só quis dizer que não
é tão fácil eu te tirar daqui e te mover. Tem que haver alguma
aparência de negligência ou abuso. Muita burocracia para
ultrapassar. Nem estou aqui oficialmente.”

Jenna cerra os dentes, dando uma olhada em Cora. “Então


eles podem nos deixar passar fome, só não nos tocar. Entendi.”

Pensamentos de Don ‘tocá-la’ fervem meu sangue. “Se ele


pensar em te tocar, então vai se arrepender”, resmungo. “A
qualquer um de vocês.”

As bochechas de Jenna ficam rosa e ela fica com os lábios


entreabertos. Sim, linda demais. Fodidamente muito bonita para
estar nesta casa com Don e seus olhares persistentes.

“Eu sinto muito”, ela diz antes de se lançar para mim.


O abraço que lhe dei tão livre e estupidamente no outro dia
foi claramente permissão para ela fazer isso novamente. Estou
atordoado quando ela me abraça de uma maneira que parece
familiar e calorosa. Estou ainda mais atordoado que a abraço de
volta.

“Há nada para se desculpar.” Minhas palavras são firmes e


não dão espaço para discussão.

“Eu, uh, eu...” Sua voz some.

“Sim?”

O silêncio se prolonga. Como se ela quisesse me dizer mais,


mas se impedisse. Isso me irrita. Não gosto do ambiente daqui, mas
não posso revelar minhas opiniões. Preciso de mais.

“Não importa”, ela murmura com sua voz cansada e


derrotada.

“Ligue para mim se precisar”, lembro-a antes de me afastar


e ficar de pé. Agacho e bagunço o cabelo de Cora. “Tchau, garota.”

Cora resmunga e corre até Jenna, que a puxa para seu colo
e me dá um pequeno aceno.

Eu saio com o coração pesado. Tudo em mim grita para me


virar e salvá-las. Salvá-las de que, embora? Meus instintos não são
suficientes. Preciso de mais. Quando estou no carro, pego meu
laptop e faço uma pesquisa sobre Don e Barb. Nada de concreto,
mas não me sinto bem. Ligo para meu amigo advogado, Nick.

“Alô?”

Resmungo as palavras. “Algo não está certo.” Mais como


tudo. Tudo sobre a situação deles é errada. Não gosto disso nem
um pouco.

“Os garotos?”
“Não apenas os meninos. Cora e Jenna também. Eu fiz
algumas pesquisas, e esse casal é amigo de Juanita Aikens.”
Pessoas ruins tendem a se juntar.

Ele fica em silêncio por um momento, e então posso ouvir a


tensão em sua voz quando ele diz: “O que faremos?”

“Eu estava esperando que você soubesse”, digo a ele.

Não posso tirá-los. Não com base na alegação de uma


adolescente de que não os alimentam e pela maneira assustadora
como ele olhou Jenna. Não é o suficiente. Mas ainda não gosto
disso, o jeito que ele a olhou. Chame de intuição.

“Deixe-me falar com August e ver o que podemos fazer”, ele


responde com um suspiro forte.

Espero que o que for, seja suficiente.

Estou cansado de deixar essas crianças tristes.


CAPÍTULO QUATRO
JENNA

Assim que o Sr. Tauber sai, eu tranco a porta novamente.


Não vou deixar ao acaso. Peguei Don aqui no meio da noite,
olhando-me, e uma vez, ele entrou no banheiro enquanto eu
tomava banho para ‘guardar as toalhas’.

Eu deveria ter dito ao Sr. Tauber.

Lorenzo.

Mas o que ele poderia ter feito? Ele já disse, a menos que
seja algo grande, não há nada que ele possa fazer. Derrotada,
afundo na cama, desejando poder dormir até o meu aniversário.
Então Cora e eu poderemos dar o fora daqui.

“Livro”, Cora choraminga, empurrando um livro de imagens


na minha cara.

Sorrio para ela e nos acomodamos na minha cama. Ela se


aconchega contra mim, brincando com meu cabelo.

“Este livro se chama Minha mamãe”, digo, afastando a raiva


da voz. A última coisa que ela precisa aprender é sobre mamães.
As mamães são fracas e deixam seus filhos quando as coisas ficam
difíceis. Nossas mamães nos deixaram.

“Minha mamãe é legal. Minha mamãe gosta de arroz”, leio


com voz alegre. “Minha mamãe canta uma canção sobre o sol.
Minha mamãe é muito divertida.”

Cora me olha e dá seu adorável sorriso cheio de dentes.

“Minha mamãe me alimenta com almoço. Minha mamãe


gosta de mastigar... biscoitos.”
Cora ri. “Biscoitos!”

“Minha mamãe lava meu rosto. Minha mãe limpa todo o


lugar.”

Ela se aconchega contra mim. “Minha mamãe é Jenna.”

Congelo com suas palavras. “Eu sou Sissy.”

“Mamãe”, ela argumenta, seu nariz bonito franze.

“Uhhh, você quer pegar um livro diferente?” Pergunto.

Ela sacode a cabeça. “Livro mamãe, mamãe!”

“Cora”, digo com firmeza. “Eu sou Sissy.”

“Mamãe! Mamãe!” Ela geme e começa a fazer birra. O livro


cai no chão enquanto ela chuta e se contorce. “Mamãe! Mamãe!”

“Shhh, chorona, shhh. Você vai fazer o velho Don entrar


aqui”, repreendo, abraçando-a.

“Mamãe”, ela soluça. “Minha mamãe.”

Solto um suspiro pesado, afastando as lágrimas. “No nosso


quarto, você pode me chamar de mamãe. Isto é melhor?”

Ela balança a cabeça, outro sorriso doce estampa seu rosto


choroso.

“Outras pessoas podem não gostar se você me chamar de


mamãe, então é nosso segredo, ok?”

Sua cabecinha balança novamente e beijo seu cabelo sedoso.


Um dia irei legalmente fazer essa garota minha. Então, ninguém
nunca será capaz de nos separar. Ela pode me chamar de mamãe
o quanto quiser quando chegar a hora.

“Quer ir brincar com Malachi, Xavier e Joseph?”

Ela dá uma longa olhada em seu livro no chão antes de


concordar em brincar com os meninos.
Venha, dezoito anos... pare de demorar para chegar aqui.


Deixo Cora na sala com os meninos para conseguir fazer o
dever de casa. A aula de Pré-cálculo do treinador Long está me
matando, mas preciso passar nesta matéria com um A se tenho
alguma esperança de entrar na faculdade que escolhi. Estou
imersa em pensamentos quando Don entra no meu quarto.

“O que disse a ele?” Ele pergunta.

Arqueio uma sobrancelha para ele. “Que você é um tarado”,


o insulto, amando a maneira como os olhos dele brilham com fúria.
“Que me observa no chuveiro.” Sorrio cruelmente para ele.
“Pervertido doente.”

É uma mentira, mas quero que ele saiba que não sou a
garota fraca que aceitará seus avanços. Muitas garotas e garotos
no sistema foram abusados por adultos e crianças mais velhas.
Serei amaldiçoada se esse cara acha que pode fazer o mesmo
comigo.

“Mentirosa”, ele resmunga. “Você é uma mentirosa. Se isso


fosse verdade, ele não teria deixado você aqui sem uma palavra.”
Seus olhos estreitam. “Mas ele parecia inquieto, o que significa que
disse algo para ele. Não gosto disso. Não terei uma garota maluca
tentando foder meu mundo porque quer foder seu assistente
social.”

“Foda-se”, respondo, tomando cuidado para manter minha


voz baixa para que as crianças não ouçam.

Rápido como um relâmpago, ele se lança em mim. A parte de


trás da sua mão atinge o lado do meu rosto, derrubando-me na
cama. Encaro-o e seguro a palma da minha mão contra a dor agora
latejante na minha bochecha.
“Você me bateu”, acuso, meus olhos lacrimejantes e meu
lábio tremendo.

Seu olhar cai para minhas pernas nuas e ele lambe os lábios.
“Você caiu.”

“Deixe-me em paz.” Minhas palavras são firmes e ferozes,


mas a frase perde a força pelo tremor em minha voz.

“Não invente histórias que não são verdadeiras para o Sr.


Herói. Entendeu?”

Quando não digo nada, ele acena com a cabeça em direção


à porta. “Cora”, ele chama, com os olhos ainda nos meus.
Ameaçando.

“Eu entendi”, grito. “Não direi nada porque nada aconteceu.”

Ele sorri para mim, uma boca cheia de dentes amarelos. Não
posso evitar estremecer. “Boa menina.”

Cora entra no quarto e passa por ele, direto para meus


braços. Meu coração acelera no peito. Senti sua ameaça não dita.
Se eu mexer com ele, ele vai mexer comigo através dela. Morrerei
antes de deixar isso acontecer.


Acordo de uma soneca com Cora ao som de Don e Barb
gritando no andar de baixo. Eles estão nos chamando. Talvez
tenhamos que sair. Com um pouco de excitação, coloco jeans e
sapatos antes de pegar uma Cora sonolenta e descer as escadas.
Os garotos estão esperando lá, amontoados. Sou grata que Malachi
está aqui para cuidar dos outros dois. Ele é muito mais novo que
eu, mas tem uma boa cabeça. É incrível a rapidez com que se tem
que amadurecer quando é responsável por crianças menores.

“Nana”, Cora choraminga, sua mão torcendo


descontroladamente no meu cabelo.
“Verei se posso te dar uma banana mais tarde”, prometo.
Vou tentar, mesmo que tenha que ir até a loja e roubar uma.

“Filhos”, Barb grita, fazendo Cora pular.

Eu a abraço forte e a acaricio. Ela está tomando antibióticos


faz alguns dias, mas ainda não está cem por cento.

“Seu assistente está a caminho para uma visita. Quero todos


em seu melhor comportamento”, Don explica, seus olhos
perfurando um buraco em mim. “Nós não precisamos de vocês
dizendo-lhes alguma mentira.”

Todos concordam, inclusive eu.

Ele abre a boca para falar de novo quando alguém bate. Barb
abre a porta para Lorenzo e Seth. Ambos têm expressões sombrias.

“Podem ir para seus quartos agora”, Barb diz calmamente.

“Cora gostaria de uma banana”, digo, prendendo-a com um


olhar desafiador.

“Nana”, Cora concorda suavemente.

“Também estou com fome”, Joseph lamenta.

Lorenzo assente e aponta para a cozinha. “Podemos começar


pela cozinha.”

Barb me dá um olhar severo, mas a ignoro para caminhar ao


lado de Lorenzo.

“Você está bem?” Ele sussurra ao longo do caminho.

Minha garganta está fechada de emoção. Tudo o que posso


fazer é encolher os ombros e desviar o olhar de seus olhos
castanhos. Sento-me com Cora no colo à mesa da cozinha e
observo com satisfação presunçosa quando Barb e Don explicam
por que há fechaduras na porta da geladeira e da despensa.
Enquanto Cora alegremente come uma banana, noto que as
sobrancelhas de Lorenzo se aprofundam a cada minuto que passa
e ele faz muitos rabiscos em sua prancheta.

Isso pode não ser terrível, mas ele nota que não está certo.
Espero que quem quer que sejam seus superiores concordem
comigo e nos tirem daqui.


Eles estão aqui por horas. Acabo colocando Cora na cama e
me sento perto da janela para tentar focar no livro. Eventualmente,
Lorenzo vem me entrevistar. Posso ouvir Seth falando com os
garotos do outro lado do corredor.

“Você pode fechar a porta?” Imploro. A última coisa que


quero é que alguém ouça.

Ele balança a cabeça e se senta na minha cama. Seus cachos


cor de chocolate são uma bagunça em sua cabeça, como se ele
tivesse passado a mão por ele muitas vezes. Isso me faz querer
arrumá-los. Meus dedos se contraem para fazer exatamente isso.
Em vez disso, fecho as mãos e espero que ele fale.

“O que aconteceu entre esta manhã e agora?” Ele pergunta,


sua voz suave e preocupada.

Pisco contra as lágrimas. “Nada terrível.”

Ele revira os olhos e, por um momento, isso faz com que


pareça muito jovem. “Não seja assim, Jenna. Estou tentando
ajudar.” Ele solta um suspiro e coloca a prancheta no criado-mudo.
“Fale comigo.”

“Sr. Tauber”, começo, esfregando distraidamente minha


bochecha dolorida.

“Enzo.”

Nossos olhos se encontram e calor surge em seu olhar.


“Enzo”, corrijo-me, amando o jeito que seu nome encurtado
sai da minha língua. “Eu odeio estar aqui.”

“Você odeia todos os lugares.”

Uma lágrima corre por minha bochecha. “Só não quero que
nada aconteça com Cora.” A lembrança de como Don a olhou mais
cedo envia um calafrio de medo por minha espinha. Eu tremo e
sufoco um soluço.

“Ei”, Enzo diz. “Ei. Venha aqui.”

Caio em seu abraço, desesperada para não me sentir tão


sozinha neste mundo. Não sou de deixar as pessoas entrarem.
Cora é a única pessoa que realmente amei, mas é legal que Enzo
esteja tentando ajudar. E não da mesma maneira que Katrina fez.
Com Enzo, ele se importa mais do que deveria. Gosto disso sobre
ele. Preciso de alguém que se importe comigo. Mais do que uma
obrigação, mas porque eles querem.

“Fale comigo”, ele pede com sua voz suave. Ele não me deixa
ir, mas me abraça forte, como se eu pudesse me afastar a qualquer
momento.

As palavras caem dos meus lábios. Todas as coisas que


queria dizer a ele sobre Don. Como ele é um idiota que espreita.
Então conto como ele me bateu.

Assim que falo, ele se afasta para olhar meu rosto. Seus
olhos cor de avelã percorrem minha pele, raiva brilhando neles.
Quando ele gentilmente aperta minha mandíbula para virar a
cabeça para o lado, minha pele aquece e borboletas dançam no
meu estômago. Sei que ele está me inspecionando pela lesão, mas
parece tão íntimo. Congratulo-me com seu doce toque.

“Aqui?” Sua voz é rouca e tensa enquanto ele corre o polegar


ao longo da pele machucada.

“Sim.”
“Não há machucado, mas está vermelho.” Ele fecha os olhos
por um momento e sua mandíbula aperta. “Sinto muito, Jenna.”

Mais lágrimas escorrem pelo meu rosto. Sou mais uma vez
puxada para seu abraço. Ele cheira bem e é tão forte. Alguém como
ele poderia afastar todos esses pervertidos. O pensamento é
alarmante, mas não indesejado. Não quero colocar esperança em
outra pessoa para me salvar, mas pela primeira vez, não tenho
escolha. Estou assim. Esperança borbulha em todo lugar.

Depois de um tempo, ele solta um suspiro pesado. “Tenho


que sair.”

Abatida, afasto-me e apressadamente seco as lágrimas. Não


quebro frequentemente, mas ultimamente, é tudo que tenho feito.
A liberdade está tão próxima que posso sentir o gosto, o que torna
todo o resto muito mais frustrante. “Eu sei.”

“Estou trabalhando nisso. Eu prometo. Apenas...” Ele franze


a testa e olha para o outro lado. “Apenas não se afogue até que eu
possa te dar uma boia.”

“Não mais ‘aguente firme’?” Pergunto, um sorriso puxa meus


lábios.

Ele sorri. “Não tenho certeza se posso confiar em você para


não aguentar Donnie Boy se eu atirar uma corda em vez disso.”

“Obrigada, Enzo.”

Ele se inclina para frente e gentilmente toca minha bochecha


dolorida. “Eu não quero nada mais do que ter certeza de que você
está segura e protegida.” Nossos olhos se encontram, e então ele
afasta a mão antes de sair sem outra palavra.

Olho a porta fechada muito depois que ele se foi, rezando


para que ele seja fiel à sua palavra.
CAPÍTULO CINCO
ENZO
Véspera de Natal

Hoje tomei uma decisão. Uma antiética. Comprei um celular


para ela. Preciso de uma maneira de me certificar de que ela está
bem. Deixar as crianças na noite passada, especialmente a sempre
forte, mas severamente quebrada Jenna, foi à coisa mais difícil que
já tive que fazer. Estou muito envolvido.

Enquanto dirijo até os Friedmans para encontrar meu amigo


Nick e outro advogado, Dane, ligo para minha mãe. Ela responde
ao primeiro toque.

“Ei, baby boy”, ela me cumprimenta, e depois grita com meu


pai, dizendo que ele está cortando o presunto errado.

Sorrio porque meus pais brigam o tempo todo. O tempo todo.


Mas é quase como se fosse um jogo para eles — algo que gostam
— porque amor sempre brilha em seus olhos. Lembro-me de ter
nove anos e estar na parte de trás de sua caminhonete, hesitante
enquanto eles discutiam sobre onde me levariam no primeiro
jantar. Mamãe queria bife. Papai argumentou que as crianças
gostam mais do Showbiz Pizza por causa dos jogos. Meu novo
irmão Elijah ficou do lado do papai. Eu fiquei sentado tenso pra
caralho, esperando-o atacar minha nova mãe. Em vez disso, ela riu
ao concordar e depois disse a todos que lhe devíamos um jantar
chique. Demorou algum tempo para eu me acostumar, mas a
brincadeira lúdica é somente isso. Uma brincadeira. Discussões
tolas sobre nada. Aprendi a não levar a vida tão a sério e comecei
a relaxar.

“Ei mãe.”
“Quando você vem aqui?”

Solto um suspiro. “Estou em uma visita não oficial a uma


casa. Passarei aí mais tarde quando terminar. Diga a Eli para não
comer todo o maldito presunto antes de eu chegar.”

Ela gargalha. “Sabe que eu não posso prometer uma coisa


dessas. Aquele garoto come como seu pai.”

Conversamos sobre planos para amanhã, o clima e outras


coisas sem importância, mas isso me acalma. Mamãe sempre me
acalma quando estou chateado. Posso não ter o sangue dela, mas
ela tem essa intuição de mãe.

“Vai me dizer o que está acontecendo, Enzo?”

Solto mais um forte suspiro. “Você já se sentiu


desamparada? Como se quisesse fazer mais, mas você não
pudesse?”

Os sons do meu irmão e pai desaparecem quando mamãe vai


para um lugar quieto. Toda a diversão some. “Às vezes sim, filho.”

“Eu só queria...” Gemo e corro os dedos pelo meu cabelo que


ainda está molhado de flocos de neve de quando entrei no carro.
“Eu só queria poder consertar a situação delas. As crianças só
querem ser felizes.”

“Uma criança em particular?” Ela pergunta, mais uma vez,


sempre sabendo exatamente o que está passando na minha
cabeça.

“Ela quebra meu coração”, admito.

“Sei o que quer dizer”, ela murmura. “Tudo o que pode fazer
é dar o seu melhor. O que você é capaz. Você não é um super-herói.
Ninguém é. Você ajuda as crianças — a garota — da melhor forma
que puder. Será o suficiente? Provavelmente não. Mas o fato de
você tentar é o bastante.”
Ficamos em silêncio por um momento e depois faço a
pergunta que sempre me atormentou. “Por que você me escolheu?
Havia duas crianças que precisavam desesperadamente de ajuda.
Você escolheu apenas eu, mãe.”

E quanto a Logan?

Logan está na penitenciária estadual há vinte anos, e não


posso deixar de pensar que, se ela tivesse escolhido nós dois, talvez
ele tivesse tomado um caminho diferente. Um que não envolvesse
violência.

“Oh, querido”, diz ela com tristeza. “Seu pai e eu


conversamos muito sobre vocês. Poderíamos ter lidado com outra
criança, mas algo não estava certo. Eu podia sentir. Dar-lhe uma
casa e família simplesmente não o consertaria. Seu pai e eu não
estávamos prontos para lidar com uma criança como Logan. Nós
dois sabíamos. Por mais triste que fosse separar vocês, foi a única
coisa que pudemos fazer.”

Minha mandíbula aperta quando penso em Logan. Ele era


meu irmão adotivo quando criança. Como Jenna e Cora, nós
andávamos juntos como se estivéssemos ligados pelo sangue.
Logan sempre foi perturbado. Seus olhos eram sempre frios.
Sempre. As únicas vezes que mostraram calor foram para mim. Ele
entrou em muitas brigas com crianças e adultos. Quando nós dois
tínhamos nove anos, pouco antes de eu ser adotado, ele já fumava
maconha e roubava bebidas alcoólicas, quando eu mal sabia o que
era aquilo.

“Sim”, é tudo que posso responder. “Acabo de chegar ao


Friedmans. Eu te vejo mais tarde.”

“Amo você, Enzo. Sempre.”

“Também te amo mãe.”

Estaciono na garagem e espero no carro por Dane e Nick


chegarem. O telefone no bolso parece uma bênção e uma maldição.
Estou quebrando as regras por dar um celular as minhas crianças.
Um celular que está vinculado a mim porque está no meu plano. É
só um problema. Mas quando entrei na loja e o comprei, não estava
pensando no meu trabalho. Estava pensando em Jenna. Prometi a
ela uma boia. Esta é a maneira dela não se afogar.

Um par de faróis brilha atrás de mim. Saio do carro,


estremecendo contra o frio e a neve, e ando para apertar as mãos
de Nick e Dane.

“Você deve ser o Nick. Prazer em finalmente conhecê-lo”, digo


ao meu amigo vestido de Papai Noel e com quem conversei apenas
pelo telefone.

“Nick”, Dane diz. “Conheça Lorenzo Tauber. Enzo, este é o


St. Nick.”

Todos rimos, mas depois ficamos sérios quando nossos


olhares param na casa com as crianças tristes e solitárias lá
dentro.

“Eles estão nos esperando?” Nick pergunta, movendo-se


como se estivesse nervoso.

“Eles esperam uma visita do Papai Noel e alguns presentes.


A mãe adotiva não gostou de uma visita do assistente social dois
dias nesta semana, mas a convenci de que isso é algo que fazemos
com frequência e não faz parte do estudo da casa”, digo a ele.
Tecnicamente há mais de dois dias, mas Nick e Dane não precisam
saber todas as minhas visitas ‘não oficiais’. “Precisamos ir com
cuidado.” Aperto o ombro de Nick e franzo a testa. “É fácil ficar com
raiva quando vemos as injustiças feitas a essas crianças. Mas para
protegê-las e ajudá-las, temos que permanecer frios. Estou
confiando em você ao trazê-lo comigo.”

Ele acena para mim e então ambos vão para ao porta malas
pegar os presentes. Agarro o telefone no meu bolso, nervosismo me
comendo vivo. Como se todos soubessem que estou levando um
telefone para Jenna. Minha mão treme um pouco quando aperto a
campainha.
Não vou dá-lo.

Decisão tomada.

Meu trabalho estará seguro e não farei algo que pareça


inadequado, como tentar me comunicar com uma adolescente.
Tenho certeza de que os policiais pensariam que sou tão
assustador quanto Don. Obrigado, porra, ele não estará aqui hoje
à noite, de acordo com Barb quando liguei mais cedo para
confirmar a visita.

Barb atende a porta e olha os caras atrás de mim com


desconfiança quando eles se aproximam.

“Sra. Friedman, obrigada por nos permitir vir”, digo


friamente. Essa bruxa tranca a comida e deixa o marido observar
garotinhas enquanto tomam banho. Odeio ter que ser legal com
ela, mas conheço as regras. Até que o juiz repasse os relatórios e
tome uma decisão, elas estão presas aqui, e serei amaldiçoado se
tornar mais difícil para essas crianças sendo um idiota com sua
cuidadora.

“Não é como se eu tivesse escolha”, ela resmunga.

Nós a seguimos para dentro. A casa está gelada esta noite, o


que faz meu sangue ferver. Isso me faz pensar em mamãe, que
provavelmente está gritando com Elijah ou papai para atiçar o fogo
porque não está quente o suficiente. Se mamãe estivesse aqui, ela
ensinaria a esses idiotas como serem pais do jeito certo.

Nick está franzindo a testa enquanto observa o ambiente. O


velho cheiro de fumaça. O ar frio. A falta de decorações de Natal.
Ele e Dane trocam um olhar pesado. É surpreendente para eles,
mas muito familiar para mim.

“Crianças! Desçam agora!” Barb grita escada acima.

Cerro o queixo e caminho até o canto mais distante da sala


de estar. Isto não é sobre eu estar aqui em uma visita oficial. É
assim que as crianças podem ter um pequeno momento de um feliz
Natal. Gostaria que pudéssemos fazer mais, mas isso é todo o
possível por agora.

Nick está sentado na poltrona reclinável, todo vestido de


Papai Noel, e não posso deixar de observar o pobre rapaz com um
sorriso tranquilizador e uma piscada. Gosto que ele se importe. É
sempre bom ter um advogado como amigo quando se está lidando
com crianças e precisando de juízes para fazer a merda acontecer.

Eu a sinto antes de vê-la e viro a cabeça para as escadas.


Jenna, usando uma expressão feroz e desconfiada, segura Cora
firmemente enquanto desce as escadas.

“Jenna”, a saúdo com minha voz rouca de emoção. O desejo


de pegar as duas garotas e levá-las para casa é impressionante.
“Olá, Cora.” Cora se esconde de mim como sempre, enterrando o
rosto no cabelo de Jenna, e não posso deixar de me sentir
desanimado.

“Meninos!” Fala Barb. “Desçam agora! Nós temos


companhia!”

Jenna e Cora recuam e eu caminho em direção a elas. Para


fazer o que? Resgatá-las? Não posso fazer nada. Não legalmente de
qualquer maneira. Tudo o que posso fazer é garantir que eles vejam
o Papai Noel e recebam seus presentes. E então, esperamos que o
juiz as mova para fora desta casa onde acham que é certo trancar
a comida e olhar Jenna nua.

Jenna e Cora estão perto o suficiente, quase posso atraí-las


para um abraço. Nick, felizmente, assume o controle da situação e
desempenha bem o papel de Papai Noel. Enquanto todos estão
distraídos, observando Joseph falar com o Papai Noel e receber
seus presentes, aproveito para conversar com Jenna.

“Como está aguentando?” Pergunto baixinho.

Ela encolhe os ombros e beija a cabeça de Cora. “Estamos


bem.”
“Permanecendo na superfície?”

Um pequeno sorriso puxa seus lábios. “Mal, mas sim.”

“Jenna, leve Cora até lá”, Barb ordena, tirando-nos da


conversa particular.

Jenna a olha, mas caminha até Nick. Ela é jovem, mas o


sistema a envelheceu. Forçou-a a crescer muito tempo atrás. Como
ela segura Cora protegendo-a, lembra-me de uma mamãe urso.
Garras e dentes à mostra, prontos para arrancar a garganta de
qualquer um que tente ferir seu filhote. Meu peito dói por elas. Isso
me lembra muito de Logan. Ele era minha família, como Cora é a
dela. Às vezes a vida leva nossas famílias inventadas também.

A vida é uma merda.

Cora começa a chorar quando percebe que Jenna está


prestes a colocá-la no colo de Nick. Não a culpo. Todo adulto que
ela teve por perto foi cruel, negligente ou incapaz de fazer qualquer
coisa para ajudá-la. Todos a decepcionamos.

“Quer se sentar com ela?” Nick pergunta.

Não posso ver o rosto de Jenna, mas ela está tensa. Ela,
como Cora, não teve uma melhor sorte com adultos e aqui, um
homem adulto quer que ela sente em seu colo.

“Sou um pouco grande demais”, Jenna murmura.

“Eu sou forte.” Nick pisca para ela e com gentileza em seu
sorriso.

Com Cora em seus braços, Jenna se senta em seu joelho.


Cora, agora segura com Jenna, curiosamente estende a mão para
tocar o nariz de Nick.

“Papai Noel?” Cora sussurra.

“Feliz Natal, Cora. Você tem sido uma boa menina este ano.
Eu te trouxe alguns presentes”, ele garante a ela.
“Sissy também?” Cora pergunta.

Meu coração se abre. Essas duas se amam. Um vínculo


forjado a partir das circunstâncias, mas o amor não é menor do
que se se tivessem o mesmo sangue correndo em suas veias.

“Sissy também”, Nick diz. “As melhores garotas da minha


lista.”

Dane entrega a Nick seus presentes. Primeiro Cora e depois


Jenna. Cora gosta de todos os seus, mas se fixa no coala de pelúcia.
Acho que Jenna vai chorar quando abrir seu Kindle. Elas
finalmente agradecem ao Papai Noel e caminham para mim.
Malachi acaba no colo do Papai Noel, enquanto eu me concentro
em Jenna.

Os olhos mais tristes, mas ela ainda parece tão forte. Apesar
de tudo. Ela precisa de uma tábua de salvação. Prometi que lhe
daria uma. É Natal afinal de contas. Não considero minha decisão
por muito tempo. Simplesmente pego o celular do bolso e
discretamente entrego a ela. Seus olhos se arregalam por um
momento enquanto ela registra o que estou dando, e então
rapidamente o coloca dentro de seu bolso antes que alguém
perceba.

Eu faço isso.

Dou a ela um jeito de entrar em contato comigo, mesmo que


eu possa ser demitido por esse movimento.

A culpa deveria me dominar, mas tudo que sinto é alívio.

Ela não vai se afogar.

Joguei uma boia salva-vidas para ela. Eu vou salvá-la.


Salvarei as duas.

“O que é isso?” Pergunto a Cora quando aponto para o


bichinho. “Isso é um coala falante?”
Ela sorri timidamente para mim enquanto me oferece seu
bicho de pelúcia. Eu aceito e finjo ser o animal, fazendo-o falar com
ela sobre o que quer para o Natal.

“Uma bicicleta nova, um trampolim e uma casa na árvore”,


digo com uma voz estridente, balançando-o para ela.

Cora ri e o som prende meu coração. Tão doce e amável. Ela


nunca se soltou comigo, e sinto que cruzei uma barreira enorme
com ela. Quando olho Jenna, ela está me encarando com um olhar
estranho. Pisco para ela e suas bochechas ficam rosa.

“Estou com fome”, Joseph choraminga.

Barb olha-o com raiva. “Não tem lanches após o jantar.”

Posso tê-los obrigado a tirar as fechaduras, mas não significa


que posso fazê-los tirar as regras estúpidas. Essas crianças pobres
devem comer presunto, biscoitos e doces. É véspera de Natal, pelo
amor de Deus. Não tem que implorar por um lanche.

Os olhos de Nick brilham com fúria e ele abre a boca, como


se estivesse prestes a dizer algo, mas paro-o com uma sacudida de
cabeça. Nós vamos tirá-los daqui. Talvez não hoje nem amanhã,
mas vamos levá-los quando o juiz tiver tempo de ler meus
relatórios. Se não estivéssemos no meio dos feriados, seria muito
mais rápido.

“É hora de o Papai Noel ir”, Barb diz com um tom frio. “Ele
tem outras crianças para ver.” Ela se aproxima e arranca Xavier do
colo de Nick.

“Obrigado por nos permitir vir”, grito para Barb. Meu olhar
voa para Jenna mais uma vez quando nos dirigimos para a porta.

Ligue-me mais tarde, quando puder, e vamos conversar.

Minha mensagem não dita deve alcançar seus ouvidos


porque Jenna assente. Seus olhos brilham de alívio e sinto que fiz
algo certo, não importa o quão antiético seja.
CAPÍTULO SEIS
JENNA

Meia-noite depois que todo mundo adormeceu é quando


tenho coragem de ligar para Enzo. Faz muito tempo que coloquei
Cora na cama e ela ronca suavemente do outro lado do quarto. Meu
coração bate irregularmente no peito enquanto clico no seu nome
— o único nome — da lista de contatos. Enzo responde no primeiro
toque, como se estivesse esperando pela ligação.

“Jenna”, ele sussurra.

Sua voz, pesada de cansaço, parece mais profunda e áspera.


Posso senti-la arranhando dentro de mim e fazendo uma casa. Está
longe de ser uma sensação indesejável. Na verdade, minha pele
aquece pelo modo como ele diz meu nome.

“Enzo.”

Ele fica em silêncio por um momento. Isso me faz pensar se


ele está apreciando o som da minha voz também. Ele a está
guardando em suas memórias para mais tarde? Imagens de Enzo
e eu, juntos e não separados, inundam minha mente. Fantasias
bobas de mim e minha nova paixão.

“Como você está?” Ele pergunta, sua voz voltando a soar


educada e profissional.

Estou um pouco irritada por estar aqui fantasiando sobre ele


e ele falar comigo como uma obrigação. “Tudo bem”, digo, soando
como uma adolescente malcriada. Estremeço porque quero que ele
pense em mim como mais.
“Como você está realmente?” Sua risada me aquece.
Também me aquece que ele me conheça melhor ao invés de aceitar
uma resposta indiferente ao seu questionamento.

“Cansada...”

“Bem, é meia-noite.”

“Não”, interrompo. “Estou cansada de tudo.”

“O que isso significa?” Ele questiona em pânico.

Meu estômago se agita. “Não vou me machucar”, asseguro a


ele. “Estou cansada de confiar nas pessoas. Quero confiar em mim
mesma.”

“Não há problema em precisar das pessoas.”

Como ele?

Por que sinto ultimamente que preciso dele? Preciso que ele
me mantenha a salvo de pessoas como Juanita e Don. Preciso dele
para me garantir que tudo ficará bem, e que não vou me afogar.
Preciso dele para me ajudar a dar o fora daqui.

“Eu preciso de pessoas”, admito. “Cora e...” Você.

“Você está segura? Sua porta está trancada?”

Olho no escuro para a porta. Está fechada, mas a maçaneta


da porta sumiu. Don a removeu depois que Enzo saiu hoje cedo.

“Estou segura.” Mas o que ele pode fazer sobre isso? “O que
você fará no Natal?” Pergunto, desesperada para mudar de
assunto.

“Irei para minha mãe”, ele diz, com um sorriso na voz.

“Deve ser legal.” Não digo amargamente, apenas com


sinceridade. Um dia, Cora terá Natais maravilhosos. Vou me
certificar disso. Completarei dezoito anos em fevereiro e então
mudarei nossas vidas para melhor. Está tão perto.
“Jenna”, ele murmura. “Sei como se sente e eu sinto muito.”

“Você sabe? Porque nem eu sei como me sinto na metade do


tempo”, respondo.

“Eu era como você até...” Ele para e suspira. “Mamãe e papai
me adotarem.”

Ele é um filho adotivo também?

“Você ficou feliz?” Suspiro, lágrimas enchem meus olhos


enquanto tento imaginar esse dia. Uma boa nova mamãe e papai
indo buscá-lo e dando-lhe uma vida linda como nos filmes.

“Fiquei sim. Mas isso veio com um grande custo”, ele diz com
tristeza. “Logan. Eles não conseguiam ficar com nós dois. E já
tinham Elijah.”

“Eu sinto muito”, sussurro. Se alguém separasse Cora de


mim, eu perderia a cabeça. De jeito nenhum. Ela é minha bebê. De
mais ninguém. Minha.

“Estou aqui se precisar conversar, é tudo que estou dizendo.”

As tábuas do assoalho rangem pelo corredor e congelo. “Eu


tenho que ir”, deixo escapar antes de desligar. Escondo o telefone
debaixo do travesseiro e finjo dormir.

Creeck.

Abro um olho, esperando ver um dos garotos, mas minha


pele fica fria ao ver Don. Ele para no meio do quarto, vestindo
apenas sua cueca boxer.

Vá embora. Vá embora. Vá embora.

Em vez de caminhar em minha direção, ele vai até onde Cora


dorme. Pânico domina meu coração. Enquanto ele caminha para
ela, solto um gemido sonolento, na esperança de assustá-lo. Ele
congela e vira para mim.
Apertando meus olhos, tento desesperadamente acalmar os
nervos. Quando sinto uma mão quente na minha bochecha, respiro
fundo. Ele move a mão por baixo do cobertor e apalpa meu peito
sobre minha camisa de dormir. Estou atordoada, tento me manter
imóvel, até que ele desliza a mão ainda mais para baixo. Ele chega
até minha barriga antes de eu me descontrolar. Agarro seu braço
e giro meu corpo, chutando para afastá-lo.

“Foda-se!” Ele resmunga.

Meu pé encontra com suas preciosas joias de família e ele


uiva em agonia, caindo no chão, agarrando seu pau e bolas
machucados. Cora começa a chorar por ter acordado. Escorrego da
cama e pego meu bebê enquanto Don choraminga do chão.

“Saia do meu quarto, seu pervertido”, grito para ele.

“Puta do caralho”, ele murmura enquanto se levanta com


suas pernas bambas, ainda segurando o pau.

Cora enterra o rosto na lateral do meu pescoço e torce meu


cabelo. Eu a seguro, lutando contra as lágrimas. O telefone vibra
debaixo do meu travesseiro várias vezes. Quando ela volta a
dormir, eu o pego.

Enzo: Você está bem?

Enzo: Jenna, deixe-me saber que você está bem.

Enzo: Se você não responder, vou ligar para a polícia.

Choro lágrimas silenciosas enquanto leio seus textos.


Finalmente, respondo de volta.
Eu: Estou segura agora, mas não posso ficar aqui por mais
tempo. Tire-me daqui.

Sua resposta é imediata.

Enzo: Preciso ir agora?


Viro a câmera para mim e Cora, e tiro uma selfie, que a faz
pular pelo flash brilhante. Na foto, ela se agarra a mim e estou com
o rosto vermelho de lágrimas. A maioria das garotas da minha
idade ficaria preocupada se o cara de quem gosta as visse assim.

Só quero que ele me veja.

Depois que envio a foto, digito uma resposta.


Eu: Amanhã é Natal. Aproveite o seu. Posso lutar com esse
bastardo por enquanto.

Antes que ele possa responder, guardo o telefone e


adormeço, rezando para que eu realmente consiga.


Enzo: Feliz Natal!

Gemo enquanto olho a luz da manhã que espreita na janela.


É um dia nublado porque está nevando. Neve brilhante e
desagradável.

Eu: Ah, falso.

Ele me envia um monte de emojis de doces e rostos de Papai


Noel, e eu reviro os olhos. Muito cedo para esse absurdo alegre.

Eu: Vá embora.

Meu telefone que está no modo silencioso pisca com uma


chamada recebida.

“O quê?” Resmungo.

Ele ri. “Você é rabugenta pela manhã.”

“Alerta de spoiler: sou rabugenta à tarde e à noite também.”

“Telefone?” Cora pergunta, seus olhos sonolentos me


questionando.
“Sim, telefone. Shhh, nosso segredo.” Sorrio para ela e beijo
sua testa. “Quer falar com Enzo?”

“Urso coala”, ela diz, sorrindo.

“Seu coala está bem aqui”, digo a ela, entregando-lhe o


brinquedo de pelúcia.

“Eu tenho uma ideia melhor”, Enzo ri. “Coloque-me no


FaceTime.”

Demoro um minuto para descobrir como fazer, e então


estamos olhando seu rosto bonito. Odeio que provavelmente pareço
um show de horror agora, mas vale a pena vê-lo em seu suéter
vermelho festivo.

“Este”, ele nos diz enquanto puxa um gato preto em seu colo,
“é Halo.”

“Halo? Nome estranho”, deixo escapar quando Cora grita,


“Gatinho!”

Ele inclina o gato para que possamos ver o círculo branco no


alto da cabeça. “Para um gatinho angelical, ele é um pequeno
demônio.” Ele sorri enquanto coça atrás das orelhas do gato. “Não
é verdade, Halo? Um pequeno demônio com garras malvadas?”

Halo, imperturbável com sua provocação, inclina a cabeça


para o lado e olha para nós antes de deixar escapar um ‘miado’
nada impressionado.

Cora pega o telefone e tenta beijá-lo, efetivamente derretendo


meu coração no processo.

“Meu bebê ama animais”, digo a Enzo. “Certo, chorona?”

Cora beija a tela e ri. “Cora, Gatinho e Mamãe e Zo.”

Minhas bochechas esquentam com suas palavras. O sorriso


de Enzo some e suas sobrancelhas franzem em confusão.
“Que horas tem que estar nas festividades?” Digo, com
cuidado para não dizer quaisquer palavras-chave como ‘mãe’ em
torno de Cora.

“Breve. Quais os planos aí?”

Não há planos no inferno. Guardo isso para mim porque


Cora gosta de repetir as coisas ruins que digo.

“Apenas apreciarão o tempo, hein, Cora?”

Cora se aconchega ao meu lado. “Vou sair com Zo.”

Os olhos de Enzo brilham de dor quando ele percebe o que


Cora quer. “Ei, menina coala”, ele diz. “Eu vou te buscar em breve.
Talvez amanhã.”

Ambas as minhas sobrancelhas se levantam em choque.


“Amanhã?”

Ele sorri. “Se tudo for a nosso favor, pode ser a partir de
amanhã. Não importa o que, vou tirar vocês daí. Amanhã, se
conseguirmos um bom juiz.”

A porta abre, e eu suspiro aliviada ao ver que é Malachi,


seguido pelos outros garotos.

“Os monstros estão nos chamando para o café da manhã”,


Malachi resmunga.

“Sim, os monstros”, Xavier repete com sua voz de sapo.

Joseph inclina a cabeça para o lado. “Papai Noel te trouxe


um telefone?”

“Eu tenho que ir”, digo a Enzo. “Mantenha-me informada.”

Ele franze a testa, mas concorda. Desligo sem dizer tchau.

“Foi o Sr. Tauber. Ele vai tentar nos tirar daqui amanhã”,
digo a eles, incapaz de esconder a excitação.
Os garotos correm para frente, e nós cinco nos abraçamos
de uma maneira desorganizada que ainda parece animadora na
manhã de Natal.

“Eles não podem saber sobre o telefone, ok?” Digo,


acariciando cada um na cabeça. “É nosso segredo. Não podem dizer
aos monstros. Se os monstros souberem, vão tirá-lo.”

Todas as crianças, incluindo Cora, acenam solenemente.


Nós todos fomos forçados a crescer cedo. Eles entendem o que
quero dizer.

“O último lá embaixo é um ovo podre!”


CAPÍTULO SETE
ENZO

“Patty e Junior Grayson são boas pessoas”, asseguro a


Jenna quando dirigimos.

Suas sobrancelhas estão franzidas e ela puxa um fio do


casaco. “Certo. Se eles fossem tão bons, teriam deixado os garotos
virem também.”

Solto um suspiro frustrado. Os Graysons só têm espaço para


mais dois. Seth pegou os três garotos e os colocou em outro lar
igualmente bom. Quando o juiz Rowe decidiu a nosso favor esta
manhã, fiquei exultante em tirar os cinco do casal Friedman,
mesmo que isso significasse separá-los. Enquanto Cora e Jenna
não forem divididas, considero um sucesso.

“Estou fazendo o melhor que posso, Jenna.”

Ela olha por cima do ombro e sopra um beijo para Cora antes
de se virar para mim. “Eu sei”, ela admite, sua voz baixa e
vulnerável. “Só tenho que sempre manter minha guarda.”

Compreendo.

Esperança para crianças como ela, Cora e os meninos, são


inúteis.

Com certeza foi inútil quando eu era criança.

“Vocês jantaram?”

Ela bufa. “O que você acha? Aquele idiota do Don faria uma
refeição de despedida. Certo. Você é um sonhador, Enzo.” Apesar
das palavras cínicas, ela está sorrindo.
Eu deveria levá-las direto para os Graysons, mas elas
precisam comer. Dirijo para a próxima saída antes de ir a um
restaurante que serve quase tudo. Quando estaciono, Jenna me dá
um sorriso agradecido que faz meu coração se expandir. A garota
poderia sorrir mais frequentemente.

“Comer! Comer!” Cora grita alegremente do banco de trás.

Sorrio enquanto saio do carro e tiro Cora de seu assento.


Surpreendentemente, ela se estica para mim. Sem perder a
oportunidade, eu a pego e seguro. Bonita pra caramba, essa garota.

“Você está com fome, chorona?”

Ela sorri para mim. “E mamãe também.”

Franzo a testa e olho para Jenna em confusão. Seu rosto


está vermelho brilhante.

“Sissy”, ela corrige Cora. “Eu aposto que você quer um


sanduíche de queijo grelhado, hein?”

“Então vamos pegar um sanduíche para a garota”, eu digo


para as duas, e sorrio.

Jenna estende as mãos para Cora, mas Cora descansa a


cabeça no meu ombro.

“Tudo bem”, asseguro a Jenna. “Eu ficarei com ela.”

Os olhos verdes de Jenna se estreitam e seus lábios franzem.


Quando está no modo mamãe ursa, ela não parece uma garota de
quase dezoito anos. Ela parece uma mulher crescida que viu coisas
ruins na vida e fará qualquer coisa para proteger sua filha.

Dou tapinhas no topo da cabeça de Jenna. “Eu cuido dela.


Confie em mim.”

Cora me imita e dá um tapinha na cabeça de Jenna também,


ganhando um sorriso da nossa garota rabugenta.

“Vamos lá”, Jenna diz com um suspiro. “Estou com fome.”


Entramos no restaurante com temática dos anos 50 e Cora
grita ao ver o trem que percorre uma trilha suspensa no teto. Uma
música do Elvis toca no jukebox e somos recebidos por uma
simpática garçonete de cabelo branco chamada Earlene.

Ela pega alguns cardápios e nos guia até uma redonda mesa
reservada no canto. É grande demais para nós três, mas não
reclamamos. Cora se instala entre Jenna e eu. Earlene nota quão
adorável ela é, e lhe dá alguns lápis de cera e um papel para colorir
antes de correr e pegar água para nós.

“Este é um lugar divertido, hein, Cora?” Jenna diz, alisando


o cabelo loiro bagunçado de Cora.

“Trem, mamãe”, Cora fala de volta. Ela para de colorir para


apontar o trem que passa.

“Mamãe?” Levanto uma sobrancelha para Jenna.

“Ela fica confusa às vezes”, Jenna responde, não fazendo


contato visual.

Deixo isso passar por agora. Vou falar com ela sobre isso
mais tarde, quando não tivermos pequenos ouvidos por perto. Ela
a corrigiu na primeira vez que ouvi, mas não agora. Na verdade,
tudo o que ela faz incentiva o comportamento de Cora em relação
à Jenna.

Earlene retorna para anotar nosso pedido. Jenna não pede


muito para ela e Cora, então adiciono coisas para elas
experimentarem, assim como ao meu próprio pedido, incluindo
milkshakes. Ambas as garotas ficam todas sorridentes quando
Earlene traz milkshakes cheios de chantilly e cereja.

“Em fevereiro completarei dezoito anos e poderemos ter dias


como esse o tempo todo. Hein, Cora? “Jenna diz para a criança,
seus olhos verdes brilham de excitação.

Cora assente alegremente e fala sobre seu coala. Ainda estou


impressionado com as palavras de Jenna.
“Você terá que obter permissão especial para visitá-la”,
lembro a Jenna.

“Visitá-la?” Suas narinas se abrem. “Eu não vou visitá-la,


vou adotá-la.”

O milkshake pesa no meu estômago. “Jenna, você sabe que


não funciona assim.”

Olhos verdes me penetraram, ferozes e desafiadores.


“Funciona como? Uma criança precisa ser adotada. Um adulto
quer adotá-la. Eles se amam. O que mais vocês querem?”

Comprovante de residência. Histórico de trabalho. Renda


estável. Eles certamente não permitem que adultos recém-
formados adotem bebês. Simplesmente não funciona assim.

Earlene interrompe nosso momento tenso deixando alguns


palitinhos de muçarela e picles fritos. Jenna franze a testa
enquanto come.

“Eu só estou dizendo...” Começo, mas sou cortado.

“Bem, não diga”, ela diz amargamente.

Passamos a próxima meia hora comendo em silêncio. Cora


tagarela alegremente e colore, mas Jenna se recusa a fazer contato
visual comigo.

“Ir banheiro”, Cora pede a Jenna.

Elas saem e solto um suspiro frustrado. Se amor fosse


suficiente, muitas crianças teriam lugares melhores para viver.
Mas o amor não paga contas. Jenna tem esse objetivo impossível
de adotar Cora e, claro, eu tenho que ser o cara mal e estourar sua
bolha.

No momento em que elas retornam, já paguei a conta e estou


esperando na porta com seus casacos. Jenna mais uma vez se
afasta. Pelo menos Cora parece estar mais e mais feliz. O caminho
para os Graysons não está longe e quando chegamos, as duas
meninas perderam a animação. As sobrancelhas de Jenna estão
franzidas com preocupação, e Cora está timidamente escondida no
cabelo de Jenna. Esfrego meu rosto com a palma da mão e guio-as
até a porta da frente. Uma menina, provavelmente com uns treze
anos, atende a porta.

“A menos que esteja vendendo biscoitos das Escoteiras, nós


não queremos nada”, a menina diz em saudação.

Solto uma risada. “Estou aqui para ver o Sr. e a Sra.


Grayson.”

A garota me olha e então solta um bufo. “Senhorita Patty,


você tem mais filhos!”

“Bem, deixe-os entrar, Delia”, Patty grita. “Eles pegarão um


resfriado com você interrogando-os assim!”

Jenna me lança um olhar de pânico.

Dou um sorriso tranquilizador. Se minha mãe me ensinou


uma coisa, é que algumas pessoas são gritonas, mas isso não as
faz serem más. Algumas das pessoas mais barulhentas são tão
boas quanto o ouro.

“Vamos lá”, Delia diz, acenando-nos para entrar. “Você veio


a tempo de assistir Faye queimar os cupcakes. Ela queima tudo.”

“Cupcake?” Cora pergunta, se animando.

Seguimos Delia até a sala de estar onde Patty Grayson está


sentada em uma poltrona reclinável. Moana aparece na televisão e
uma menina de cinco anos está sentada no chão, brincando com
bonecas. Outra garota, talvez com sete ou mais, cria arcos na juba
selvagem que é o cabelo vermelho-alaranjado de Patty.

“Olha o que o gato arrastou!” Patty diz com um bufo. “Vamos


ao zoológico. Há sempre espaço para mais alguns macaquinhos.”

Jenna endurece ao meu lado. Gentilmente acaricio-a nas


costas para deixá-la saber que está tudo bem.
“Sra. Grayson, esta é Jenna, e a pequena aqui é Cora. Eles
ficarão aqui”, digo em saudação. “Meninas, esta é a Sra. Grayson.”

Uma adolescente sai da cozinha, agitando freneticamente as


mãos no ar. “Eles queimaram, senhorita Patty! Eu os observei.
Dizia para tirá-los entre onze e treze minutos. São apenas dez e
eles queimaram!”

Delia gargalha. “Eu te disse”, ela diz para mim e Jenna.

“Quando Junior chegar do trabalho em casa, conte a ele tudo


sobre isso. Você sabe que tenho tentado fazer com que aquele
garoto ceda e me compre um novo forno. Ele nunca me escuta, mas
não pode dizer não.” Patty pega seu copo de chá gelado e toma um
gole. “Há outra caixa da mistura de bolo na despensa. Apenas tente
novamente e observe, Faye. Vou pegar um pouco mais no mercado
da próxima vez.”

Faye resmunga, mas acena com a cabeça quando volta para


a cozinha, aparentemente sem se incomodar com nossa chegada.

“Jenna”, Patty diz, “a queimadora de cupcake é Faye. Ela tem


dezesseis anos. É um amor de verdade. Essa atrevida aí é Delia.
Não sei de onde ela puxou essa boca.” Ela e Delia gargalham, como
se fosse uma piada interna. Então, Patty aponta para a pequena.
“Noelle tem cinco anos e adora bonecas. Aposto que você se
divertirá com ela, Cora.”

“Bonecas”, Cora diz suavemente e aponta. Ela se sacode e


Jenna a coloca de pé. Então, cuidadosamente, ela caminha até a
garotinha.

“E a cabelereira aqui é Lola. Lola tem quase oito anos. Uma


garota talentosa para fazer essa bagunça parecer legal”, Patty diz,
acenando para seu cabelo.

Não posso deixar de rir. Ela parece ridícula com laços no


cabelo, mas Lola parece feliz em brincar com ela. “Muito talentosa,
de fato.”
“Delia, querida, por que não mostra a senhorita Jenna onde
ela vai ficar”, Patty sugere.

Delia acena para Jenna segui-la. Jenna olha Cora, mas ela
já está brincando com Noelle.

“Ela ficará bem”, Patty garante, sua é voz suave pela primeira
vez.

Jenna solta um suspiro, mas acena com a cabeça. Ando com


ela pelas escadas atrás de Delia. Delia nos dá um rápido passeio
pelo espaço e mostra um quarto no final do corredor.

“Este é seu e de Faye. Os mais velhos sempre ganham o


melhor quarto”, Delia resmunga, mas não parece zangada. “Aquele
é onde as pequeninas ficam.”

“Qual deles é o seu?” Pergunto a Delia.

“Bem, era com Faye, mas então a senhorita Patty me pediu


para ficar com Noelle e Lola porque disse que Jenna gostaria de
estar perto de Cora.”

Solto um suspiro aliviado. Quando Patty e eu conversamos


mais cedo, depois que o juiz Rowe tomou sua decisão, contei como
elas são próximas e que duvidava seriamente que Jenna deixasse
Cora fora de sua vista.

“Isso é legal da sua parte, Delia”, digo a ela. “Certo, Jenna?”

Jenna relutantemente acena.

“Se precisar de mim, estarei no meu novo quarto, tentando


tirar o cheiro de bolinhos queimados do meu nariz”, Delia nos
informa, antes de sair do quarto.

Jenna olha ao redor da área e deixa cair a bolsa no chão.


“Elas têm um monte de coisas.”

Engulo um sorriso. Todas as outras casas tinham quartos


sem vida. Este quarto parece bastante vivo, desde as colchas
coloridas até as luzes brancas de Natal penduradas nas paredes.
Cartazes cobrem as paredes — uma boyband asiática e Thor. Fotos
de Polaroid, centenas delas, foram grampeadas na parede em uma
colagem gigante.

“Elas parecem felizes”, digo suavemente.

Espero outro comentário amargo, mas quando nossos olhos


se encontram, os dela estão vidrados com lágrimas. Quando o lábio
inferior treme, não posso deixar de ir até lá, e envolvê-la em um
abraço reconfortante.

“Tudo bem”, asseguro-a. “Tudo ficará bem.”

“Estou tão cansada”, ela murmura contra meu peito.

Acaricio os dedos pelos cabelos dela. “Eu sei. Acho que você
pode descansar agora. Este lugar é seguro.”

Seu corpo relaxa contra o meu. “Mas e o marido dela?”

Ansiedade inunda suas palavras. Ela inclina a cabeça para


procurar em meu rosto a segurança que precisa. Seus olhos verdes
molhados de lágrimas parecem granadas brilhantes.

“Você me envia uma mensagem depois, ou liga. Deixe-me


saber sobre como este lugar lhe parece. Lembre-se, estou aqui para
te proteger.”

“Sinto muito sobre mais cedo”, ela deixa escapar. “Estou


muito confusa ultimamente. Minhas emoções estão muito
bagunçadas.”

“É compreensível.”

Ela se aproxima e gentilmente acaricia minha bochecha. Seu


toque parece me eletrificar, e estou atordoado pela súbita sacudida
de consciência que desliza por mim. A tristeza se dissolveu e suas
feições são curiosas. Estou congelado em seu olhar, nervoso pela
mudança do nosso abraço. O momento foi de confortar para outra
coisa.

“Jenna...” começo, minha voz é grossa e rouca.


Ela morde o lábio inferior rechonchudo e franze a testa.
“Você cheira bem.”

Não posso deixar de sorrir. “Obrigado. Você cheira bem


também”, afirmo o óbvio.

Sou recompensado com um revirar de olhos antes que ela


descanse a bochecha no meu peito novamente. Confortá-la parece
uma segunda natureza. Inalo o cheiro do cabelo dela.

“Cheira a picles fritos”, informo.

Ela ri, o som ecoando no meu coração. “Chato.”

“Não é nojento”, murmuro antes de beijar o topo da sua


cabeça.

Seus braços me apertam. Gostaria de poder segurá-la para


sempre. Jenna precisa de alguém para abraçá-la e lembrá-la que
ela é uma ótima garota com uma vida brilhante pela frente. Sua
infância pode ter sido uma merda, mas ela está prestes a passar
para um estágio melhor em sua vida.

“Se houver um jeito, você vai me ajudar a encontrá-lo?” Ela


pergunta suavemente. Sua cabeça se inclina novamente.

Fico preso em seu olhar intenso por um momento antes de


admirar o quão bonitas são suas feições. Simples, mas
classicamente linda. Lábios perfeitos e carnudos. O desejo de beijar
aqueles lábios faz eu me afastar. Balanço levemente a cabeça para
afugentar pensamentos que não têm lugar ao seu redor.

“Eu vou procurar por algo”, prometo. “Mas você terá que
fazer um pouco de trabalho também, Jenna. Um emprego de meio
período seria um ótimo começo. Posso te ajudar nisso. Apenas me
avise quando estiver pronta.”

“Obrigada”, ela murmura antes de dar um passo em minha


direção e depois ficar na ponta dos pés. Ela me dá um beijo na
bochecha que deixa minha alma em chamas. “Obrigada por me
ajudar.”
“Eu sempre vou te ajudar”, prometo.

Ela me recompensa com um sorriso de tirar o fôlego.


CAPÍTULO OITO
JENNA
Três semanas depois…

Acordo com o cheiro de algo queimando. Esfregando o sono


dos meus olhos, vejo que Faye sumiu, o que significa que ela está
cozinhando. A culinária de Faye é sempre desastrosa. Ainda não
consigo deixar de sorrir. Patty e Junior são legais. Genuinamente
legais. Fiquei preocupada quando Junior apareceu na primeira
noite. Esperei que ele me olhasse. Mas Junior é um cara grande e
acima do peso, com nada além de olhos para sua esposa. Patty
manda nele, e Junior apenas faz o que ela pede. Já comprou o
forno novo que ela queria.

Posso ouvir Patty lá embaixo gritando, mas não me faz mais


hesitar. Ela grita com todo mundo e nunca fica brava. Nunca. Eu
a provoquei algumas vezes para testá-la e ela simplesmente muda
de assunto. Como se eu não tivesse deixado escapar a palavra
‘puta’ ou me recusasse a encher a máquina. Depois de algumas
vezes, a culpa me dominou. Agora tento não causar problemas.

A cama de Cora está vazia e posso ouvi-la e Noelle brigando


por uma boneca no quarto ao lado. Lola está sendo a pacificadora
enquanto Delia canta muito alto no chuveiro no corredor. Não é
nada mal aqui. Não me importo em ficar com Patty e Junior
Grayson até completar dezoito anos em pouco mais de um mês.

Meu telefone vibra e o puxo de debaixo do travesseiro.


Enzo: Pensei em te levar para a Casa das mulheres hoje.
Mostrar aonde vai ficar e deixar que conheça as garotas lá. Você
está livre?
Eu gemo enquanto respondo.
Eu: Há muitas coisas mais excitantes para fazer do que isso...
Como contar os cabelos na minha cabeça ou ouvir Lola tocar
clarinete.

Ele envia uma resposta antes que eu tenha a chance de me


sentar.
Enzo: Você precisa fazer isso. Além do mais, pensei em
convencê-la com batatas fritas e queijo. Sei que a chave do seu
coração é comida.

Faço uma selfie matinal com a língua para fora e envio.


Enzo: Arrume esse cabelo, Oscar, e estarei lá em algumas
horas.

Um sorriso puxa meus lábios. Ele me chamou de Oscar.


Como o Oscar da Vila Sésamo. Não me incomoda porque sei que
posso ser mal-humorada às vezes.
Eu: Tudo bem, você venceu.

Enzo: eu sempre venço.


“Podemos pular a visita e ir direto ao restaurante
mexicano?” Pergunto, meu nervosismo está me dominando.

“Não.”

Reviro os olhos, fazendo-o rir. Sua risada envia uma vibração


de excitação por mim. Enquanto ele dirige, observo-o furtivamente.
Hoje ele está tão bonito como sempre em seu casaco preto e cabelo
castanho escuro bagunçado. Seus cachos estão ficando rebeldes
quanto maior o cabelo fica, e ele ostenta uma barba curta. Meus
dedos formigam para tocá-lo novamente.

Já faz quase um mês desde que o vi pela última vez. Falamo-


nos por telefone e enviamos mensagem, mas essa é a primeira vez
que o vejo desde nosso abraço. Aquele abraço foi carregado. O jeito
que ele me olhou foi intenso, e desde então fui alimentada por
aquele momento.

“Você tem namorada?” Pergunto a ele.

“Não.”

“Por que não?”

Ele bufa. “Não tenho muito tempo para namorar.”

“Por causa do trabalho?”

“Ele me mantém ocupado.”

Franzo a testa enquanto analiso suas palavras. Passo a


maior parte do meu tempo pensando sobre cada palavra que ele
me envia e lembrando do momento em que ele me abraçou como
se eu fosse dele, mas depois ele diz ou faz algo para me lembrar
que sou somente um dever.

A amargura inunda meu estômago e pisco de volta contra as


lágrimas.

“Ei”, sua voz é profunda e grave. “O que está errado?”

Dando de ombros, evito seu olhar olhando para minhas


mãos. “Nada.”

“Mentirosa, mas a tentativa foi boa. Diga-me.” Ele estende a


mão e acaricia a minha. Seu calor queima minha pele.

“Sou apenas um trabalho para você”, sussurro, odiando


quão fraca eu pareço.

Ele fica quieto e encontro seus olhos. Confusão e algo mais


parece guerrear dentro de seu olhar. “Jenna...”

Enrosco meus dedos com os dele. “Sim, Enzo?”


Seu olhar cai para nossas mãos unidas. “Você é mais do que
apenas um trabalho para mim.” Ele aperta minha mão, mas não a
solta.

Meu coração acelera feliz enquanto dirigimos em direção ao


abrigo Casa das mulheres. Ele não solta minha mão. Gosto do quão
forte ele é, até mesmo em algo tão simples como dar as mãos.

Nosso momento é eventualmente roubado quando entramos


no estacionamento. Sou forçada a sair e encarar nossa tarefa.

“Isso tudo é um desperdício”, digo baixinho enquanto ele me


leva para dentro. “Estou pensando em conseguir um emprego e ter
minha própria casa. Cora não pode viver aqui.”

Ele franze a testa e seus lábios se pressionam em uma linha


firme. Não tenho resposta quando ele entra em um escritório lá
dentro. Na próxima hora, sou guiada pelo abrigo. Falta privacidade
e algumas mulheres parecem... Grosseiras. Não quero estar com
elas. Não gosto da lista de regras que a moça chamada Kim cita. É
como uma prisão. Como se ser órfã já não fosse minha prisão. É
como ir da cadeia do condado para a penitenciária.

“O que acha?” Enzo pergunta, quando voltamos para o carro.

“Eu não acho nada.” Nada de bom, pelo menos.

“É um bom começo”, ele me garante. “Um bom degrau antes


de sair e correr para o mundo real.”

“Eu acho”, digo.

Ele fica quieto pelo resto da viagem. Nós acabamos em um


restaurante mexicano. Cheira tão bem que meu estômago ronca.
Eles nos levam para uma mesa no canto que mal é iluminado por
uma lâmpada suja.

“Bom lugar para onde me trouxe”, brinco, incapaz de afastar


o sorriso do rosto. Pode parecer um buraco ruim, mas cheira
celestialmente bem.
“Melhor salsa em toda a terra.” Ele sorri por cima de seu
cardápio. Nesta iluminação e com o olhar travesso em seu rosto,
quase posso imaginar que ele é meu namorado e estamos em um
encontro. Quando minhas bochechas esquentam, agradeço a Deus
pela horrível iluminação.

Momentos depois, eles trazem as batatas fritas e salsa,


ganhando minha admiração. Deixo escapar sons embaraçosos de
prazer enquanto inalo o cheiro da minha comida.

“Quais são seus planos para depois da formatura?


Faculdade?” Ele pergunta.

“Percebi que eu preciso conseguir um emprego em tempo


integral para cuidar de Cora. Não tenho certeza de como poderei
fazer faculdade e trabalhar”, admito.

Seus traços se tornam sérios. “Jenna...”

“Eu sei, Enzo. Você não aprova minhas metas. Meu


conselheiro de orientação está feliz em concordar com você. Vocês
dois podem ter uma festa discutindo como sou uma garota
estúpida.” Pensamentos sobre a senhorita Bowden com seu lindo
cabelo loiro e corpo perfeito me fazem gemer.

“Você não é estupida”, ele resmunga.

“Só tenho ambições estúpidas.”

Suas narinas se abrem e raiva cintilam em seus olhos. “Elas


não são estúpidas, apenas irreais.”

“Eu tenho que tentar”, digo a ele com minha voz embargada
de emoção. “Eu tenho que tentar mantê-la porque ela é minha. Não
importa o que a estúpida lei diz, ou minha idade ou o fato de não
sermos ligadas pelo sangue, ela é minha. Vou lutar por ela. Farei o
que precisa ser feito. Eu a amo.” Pensamentos de deixá-la em
pouco mais de um mês faz lágrimas escorrerem pelos meus olhos
e bochechas.
“Ei”, ele diz quando desocupa seu lado da mesa para ficar ao
meu lado. Sou puxada para seu abraço caloroso. Ele me segura
enquanto libero um pouco da ansiedade reprimida dentro de mim
em um grito rápido.

“Ela vale qualquer estresse e obstáculo. Posso não ser sua


mãe de verdade, mas sou mais mãe do que qualquer um já foi para
ela”, digo ferozmente. Levantando a cabeça, encontro seu olhar
intenso. “Eu gostaria de ter valido a pena para minha mãe.”

“Você vale a pena”, ele praticamente rosna. “Nunca pense de


outra forma.”

Seu perfume masculino é reconfortante e devido à sua


proximidade, não posso deixar de me inclinar. Ele não se afasta.
Seus olhos castanhos ardem nos meus enquanto ele observa cada
movimento. Timidamente toco sua bochecha desalinhada, então
pressiono meus lábios nos dele por conta própria.

“Suave.” Ele parece atordoado e não se afasta. Mas então sua


mão forte desliza no meu cabelo. Nossos lábios se abrem. No
momento em que sua língua desliza contra a minha, deixo escapar
um gemido baixo de apreciação. Ele tem gosto de molho e Enzo,
uma combinação perfeita e viciante. Seu beijo vai rapidamente de
doce para dominador. Deixo-o tomar o controle do beijo que iniciei.
Ele me beija como se tivesse o poder de afastar meus demônios e
tristeza. Eu o beijo de volta, como se pudesse mantê-lo. Finalmente
ele se afasta. Intensidade brilha em seus olhos enquanto ele passa
o polegar pela minha bochecha ainda molhada.

“Não deveríamos ter feito isso”, ele sussurra, então seus


lábios encontram meus cabelos.

“Mas fizemos, e foi bom.”

Um sorriso puxa seus lábios, mas ele se afasta quase com


relutância. Meu coração está acelerado no peito. Felicidade parece
zumbir através de todas as minhas terminações nervosas.
“Não podemos fazer isso novamente”, ele diz em um tom
áspero. “Não importa quão bom foi.”

Antes que eu possa exigir saber por que não, o garçom traz
nossa refeição. Enzo fica ao meu lado na mesa, o que considero
uma pequena vitória.


Ele se segura durante o jantar e odeio como ele pareceu se
distanciar de mim. Quando chegamos ao carro no estacionamento
escuro, eu o confronto.

“Você não pode se esconder disso”, resmungo. “Desta coisa


que está se formando.”

Ele franze a testa quando abre a porta do carro. “Nada está


se formando.”

Ficando na frente dele, bloqueio-o de entrar no carro.


“Estamos nos aproximando. Você não pode mentir para mim e
dizer que não sente. Se não sentisse, não teria me beijado lá. Você
não desejaria fazer isso novamente.”

Suas sobrancelhas se aprofundam quando a raiva cintila em


seus olhos. “Nem sempre conseguimos o que queremos, querida.
Você, de todas as pessoas, sabe disso.”

“Mas nós poderíamos”, digo a ele, tocando sua mandíbula


com os dedos.

“Você é uma criança, Jenna. Está louca.”

Meu rosto aquece com suas palavras. “Não sou uma


criança.”

“Você é legalmente, então isso faz de você uma criança.” Sua


voz sai com um sorriso de escárnio.
Fúria borbulha dentro de mim. Acerto sua bochecha com um
tapa suave, fazendo-nos estremecer com o choque.

“Eu cresci muito tempo atrás. Sou a mãe dessa garota. Você
e eu sabemos disso”, digo a ele com fogo em minhas palavras. “Não
se atreva a me insultar novamente, Lorenzo Tauber. Se não está
atraído por mim, então diga. Se o beijo foi uma droga, então diga.
Mas não me diga que sou uma criança.”

Sua mandíbula aperta quando ele me olha. Então ele


caminha em minha direção, as palmas das suas mãos seguram
minhas bochechas. “Estou atraído por você. O beijo foi tudo. Eu
sinto muito.”

Solto um suspiro de prazer quando seus lábios se chocam


com os meus. Seu corpo, quente e forte, pressiona o meu contra a
lateral do carro enquanto ele me beija. Solto um gemido quando
percebo o quão duro ele está em seu jeans. Nosso beijo fica mais
aquecido, nossas mãos mais urgentes. Minhas mãos deslizam sob
sua camisa e toco os músculos duros na parte inferior das suas
costas. Isso o faz gemer enquanto suas mãos seguram minha
bunda. Sou levantada e minhas pernas envolvem sua cintura. No
momento em que ele roça contra minha buceta, eu gemo contra
sua boca. Minha cabeça cai para trás com o prazer e, então dou
fim ao nosso beijo.

“Jenna... foda-se”, ele xinga. Seus lábios não deixam minha


pele, no entanto. Ele dá beijos ao longo do meu queixo até a orelha.
Quando ele morde o lóbulo, eu suspiro. “Isso realmente não pode
acontecer.” Ele lambe meu pescoço e, em seguida, morde a pele lá.
“Talvez em um mês ou dois, mas não agora.”

“Mas nós dois queremos.”

Sua boca está volta à minha, beijando-me de uma maneira


reconfortante. “Claro que sim, nós queremos, mas preciso te levar
de volta para casa. Você ainda é minha... não posso fazer isso
enquanto sou responsável por você.” Ele recua e descansa sua
testa na minha.
Gemo quando ele me solta e me ajuda a ficar de pé. “Estava
tendo a melhor noite da minha vida até você arruinar isso, sabe.”

Ele sorri para mim, infantil e brincalhão. “Melhor noite da


minha vida também, querida. Temos muito mais pela frente. Pode
ser paciente por mim?”

Ele não me decepcionou ainda.

O que é outro mês de espera?

Esperei a vida inteira por algo bom e, finalmente, está ao


meu alcance.
CAPÍTULO NOVE
ENZO
Um mês depois…

“Ela está doente novamente”, Jenna me diz, sua voz tensa de


preocupação.

Olho o relógio. É tarde, quase 01h da madrugada. “Os


ouvidos?”

“Sim”, ela diz chorando. “Ela está quente e não consigo


acordá-la.”

“Isso não soa bem. Vá e acorde Patty, querida.”

“Tudo bem, eu vou. Enzo?”

“Sim?”

“Estou com medo.” Sua voz vacila e meu peito dói por ela.

“Eu sei. Vá buscar Patty e me mantenha informado.”

Assim que desligo, coloco algumas roupas e escovo os


dentes. Isso vai além dos meus deveres como assistente social, mas
não me importo. Jenna precisa do meu apoio. Ela precisará muito
mais quando tiver que deixar Cora e sair sozinha.

Esse pensamento é algo que me perturba.

Quando falamos ao telefone, ela tem certeza de que pode


fazer funcionar. Sou realista e tenho conhecimento. Infelizmente,
não tenho coragem de dizer como ela está errada.

Jenna: Estamos indo para o hospital.


Coloco sapatos, pego meu casaco e saio pela porta em cinco
minutos. Está frio pra caralho nesta noite de fevereiro, mas pelo
menos o tráfego é inexistente. Chego ao hospital dez minutos
depois, quando Patty e as meninas chegam. Saindo do carro eu
ando até elas, meus nervos estão frágeis de preocupação.

“Sr. Tauber”, Patty diz, franzindo a testa. “Não esperava te


ver aqui.”

“Eu liguei para ele”, Jenna diz a ela quando solta Cora de
seu assento. “Não tinha certeza se você tinha todas as informações
médicas dela.”

Patty acena com a cabeça, ainda aparentemente confusa


sobre porque estou aqui.

“Aqui”, digo para Jenna. “Deixe-me pegá-la.”

Ela sai do caminho e eu puxo Cora para os meus braços. A


pobre garota está mole e quente pra caralho. Aliso seu cabelo e
beijo sua cabeça. Com meu braço livre, abraço Jenna.

“Ficará tudo bem”, asseguro-a. “Eles vão ajudá-la.”

Jenna me dá um sorriso e balança a cabeça antes de se


afastar. Enquanto Patty começa a procurar ajuda para Cora, sento-
me com Jenna na sala de espera. Ela apoia a cabeça no meu
ombro. Com as duas garotas comigo, algo parece certo e completo
no meu mundo. Uma dor que parece sempre presente parece
desaparecer.

“Como está aguentando?” Pergunto a Jenna.

Sua mão desliza na minha e dou um aperto.

“Melhor agora.”

Cora se agita e chora, o que faz Jenna quase quebrar os


ossos na minha mão em um aperto mortal.

“Shhh”, digo para as duas. “Está tudo bem.”


Cora volta a dormir e Jenna relaxa.

“O que achou das postagens de emprego que lhe enviei?”


Pergunto, com a esperança de distrair Jenna de seu estresse.

“O trabalho de atendente no escritório de advocacia soa meio


chato”, ela diz com um suspiro. “Mas o trabalho de recepcionista
parece bom. Eles também têm bons horários, o que seria bom para
Cora.”

Mordo minha língua, então não digo nada sobre o


comentário de Cora. “Meu amigo Drew é o dono da clínica de
fisioterapia. Sei que é apenas um trabalho de recepcionista, mas
ele aceita muitos estagiários. Você mencionou que estava
interessada em cursar medicina um dia. Pode ser um bom lugar
para começar, especialmente quando for para a faculdade. Posso
falar com ele.”

“Ok.”

Um suspiro aliviado passa pelos meus lábios. “Ok. Amanhã,


preencha o formulário e vou mandar uma mensagem para ele saber
que você irá vê-lo.”

“Obrigada, Enzo. Farei o que for preciso por ela.”

Aperto Cora enquanto tento evitar um estremecimento.


Jenna acha que pode conseguir um emprego e depois adotar Cora.
Deus, se fosse tão simples.

Eventualmente, Patty se junta a nós e esperamos muito até


que nos chamam. A enfermeira afere seus sinais vitais, faz alguns
exames e depois corre para buscar o médico. Momentos depois, um
rapaz de cabelos escuros, com quarenta e poucos anos, passa pela
cortina do nosso quarto.

“Parece que temos uma menina doente aqui”, o médico diz


em saudação. “Sou o Dr. Venable.” Seus olhos verdes são intensos
e familiares, mas não posso dizer que o conheço.
“Acho que são seus ouvidos”, Jenna diz. “Ela tem frequentes
infecções nos ouvidos.”

O Dr. Venable ouve as palavras e vira a cabeça em sua


direção, como se apenas a notasse pela primeira vez. “Gayla?”

Jenna franze a testa. “Jenna.”

Endureço e me sento na cadeira, trocando um olhar com


Patty. Nenhum de nós parece gostar do jeito que ele olha para
Jenna. “Existe algum problema?”

O Dr. Venable olha para Jenna por mais um tempo e depois


me dá uma leve sacudida de cabeça antes de voltar para Cora. Ele
passa algum tempo ouvindo seus pulmões, olhando seus ouvidos
e garganta, e checando-a. A sala fica estranhamente quieta. Este
médico de emergência não tem tato algum.

“Dupla infecção no ouvido. Vou checar seu teste de


estreptococos que a enfermeira Becky fez. Ela está desidratada,
então quero colocá-la para receber fluidos. Nós vamos levá-la para
baixar a febre também. Aguente firme”, ele diz, antes de sair do
quarto.

Patty abre a bolsa e começa a buscar algo. “Sou só eu ou o


Dr. Arrepiante estava sendo esquisito?”

Solto uma risada. “Ele foi definitivamente estranho.”

A enfermeira Becky volta e é necessário nós quatro para


segurar uma Cora gritando para ela pegar a agulha intravenosa.
Jenna termina rastejando na cama e segurando-a até que Cora se
acalma. Elas dormem nos braços uma da outra. Logo, Patty
adormece em sua cadeira, roncando tão alto que estou tentado a
chutar a cadeira para acordá-la. Estou cansado, mas não consigo
parar de olhá-las.

Jenna e Cora.

Um par reunido pelo destino.


Duas meninas que logo serão separadas.

O aniversário de Jenna será em uma semana. Quando ela


completar dezoito anos, o mundo dela será derrubado de cabeça
para baixo.

“Você é o esposo?” Dr. Venable pergunta em voz baixa


quando olha para as duas.

Meu coração salta possessivamente no peito. Afasto esses


pensamentos e balanço a cabeça. “Sou o assistente social delas.
Por quê?”

Não gosto do interesse dele em Jenna. Isso me enerva.

“Ela parece com alguém que eu conhecia”, ele murmura.

“Você não a conhece”, digo. “Ela tem dezessete anos. É orfã.”

Seus olhos verdes travam nos meus. É então que começo a


perceber onde está a familiaridade. Eles me lembram de...

“Dezessete, hein?” Ele aperta os olhos e o nariz. “Ela sabe


quem é seu pai?”

Tensiono e estreito os olhos Ele é alto e está em forma. Um


jovem médico com um belo rosto. Quando seus olhos ficam
tempestuosos e torturados, meu estômago aperta porque já vi essa
expressão antes em outra pessoa. Porra. “Não, ela não sabe.”

Ele passa os dedos pelos cabelos. “Isso vai soar muito


estranho, mas...” Ele suspira. “Ouvi a voz dela. Soou exatamente
como uma mulher que conheci quando estava na faculdade de
medicina. A faculdade foi estressante e ela ajudou a tirar minha
mente das coisas. E então, quando a vi...”

Olho Jenna enquanto ela dorme. Tão linda e serena.

“Ela é a imagem cuspida de Gayla”, ele diz rispidamente.


“Não sei qual é o protocolo, mas gostaria de ver se ela é...” Ele para,
como se não conseguisse terminar.
Viro a atenção para ele. Esta é a última coisa que ela precisa
agora. Falsa esperança ou um novo papai. De qualquer forma, vai
foder com seu estado de espírito já frágil. “Dê-me seu número e
vamos nos falar mais tarde.”

“Ou podemos ver isso agora”, diz uma voz da cama.

Jenna está me observando com seus olhos verdes brilhantes.

“Você acha que pode ser meu pai?” Ela pergunta ao Dr.
Venable.

Ele entra na sala e acena com a cabeça. “Gayla e eu éramos


descuidados naquela época. O estresse foi esmagador. Em certo
momento eu me perguntei se talvez ela estivesse grávida. Mas
então ela desapareceu. Deixou-me sem um adeus. Nunca vi ouvi
falar dela novamente. Até a procurei ao longo dos anos, até que...”
Ele para e olha para seus pés.

“Até o que?” Jenna pergunta suavemente.

“Fiquei sabendo que ela morreu. Tirou a própria vida.”

“Existem procedimentos e protocolos que temos que seguir”,


cansado, informo a eles.

“Faça o teste”, Jenna diz a ele. “Tire sangue ou o que


precisar.”

Ele sai do quarto sem outra palavra.

“Jenna”, eu murmuro. “Para algo assim, vou ter que arquivar


a papelada.”

“Terei dezoito anos até o final da semana. Eu farei o teste,


Enzo. É a minha vida sobre a qual estamos falando.” Ela passa os
dedos pelos cabelos de Cora. “A temperatura dela baixou.”

Eu me levanto e caminho até a maca. Pegando a mão de


Jenna, aperto-a firme. “As pessoas são parecidas. Não tenha
esperanças.” Sobre isso. Sobre Cora. Esperança é perigosa para
uma pessoa no sistema. Esperança na maioria das vezes de
derruba.

“Eu prefiro descartar e seguir em frente com minha vida”, ela


diz. “Mas se ele é meu pai...” Lágrimas transbordam em seus olhos
e ela engole. “Eu gostaria de conhecer minha família, se houver
uma chance. Você, de todas as pessoas, deveria entender isso.”

Mamãe, papai e Eli são minha família, mas se houvesse uma


chance de conhecer minha mãe e meu pai de verdade, eu aceitaria
em um piscar de olhos. Todo mundo quer saber de onde vêm. Se
tem outros irmãos ou problemas de saúde que podem ser
genéticos. Conhecer dá a você um poder que não lhe é concedido
quando é órfão.

“Se é isso que quer, não vou te parar.” Solto um suspiro


derrotado. “Simplesmente não sei nada sobre isso.”

Ela sorri de maneira conspiratória. “Você nunca esteve


aqui.”

O Dr. Venable volta com uma enfermeira. A enfermeira está


curiosa agora, depois do que quer que o Dr. Venable tenha dito,
porque ela continua olhando Jenna.

“Daniel”, Dr. Venable diz, oferecendo sua mão para Jenna.


“Meu nome é Daniel. Obrigado por querer fazer isso.”

A enfermeira pisca para Jenna e depois começa a esfregar o


interior da sua bochecha primeiro. Depois que pega o cotonete
rotulado e faz o mesmo com Daniel.

“Normalmente, pode levar algumas semanas”, Daniel


explica. “Mas enviarei para um laboratório particular. Vai custar
um pouco mais para acelerar, mas podem nos dar os resultados
em alguns dias.” Assim que a enfermeira sai, ele volta ao modo
médico. “Até onde esse momento, a pequenina não tem mais
infecções. Eu recomendaria colocar tubos de ventilação em seus
ouvidos depois os antibióticos fizessem efeito. Conheço um ótimo
otorrinolaringologista.”
Patty ronca tão alto que acorda. Ela se senta, os olhos
confusos correm ao redor enquanto ela tenta arrumar seu cabelo
vermelho-alaranjado bagunçado. “O que perdi?”

“Cora precisa de tubos de ventilação, como tenho dito a


todos, mas ela ficará bem”, Jenna diz, e há alívio em seus olhos.

“Vou pedir a uma enfermeira que ligue para o especialista


em otorrinolaringologia para fazer o agendamento”, Daniel diz.
Então, para mim. “E aqui está meu cartão. Caso precise de mim.”

Puxo um dos meus da minha carteira. Ele precisará me


avisar quando obtiver os resultados do teste. “Manteremos
contato.”
CAPÍTULO DEZ
JENNA
Três dias depois...

Tento concentrar-me na aula do treinador Long, mas Winter


continua a fazer caretas para mim. Cada vez, é preciso esforço para
não rir. Gosto de Winter. Ela é diferente de todas as garotas da
escola. Parece mais velha e madura. Geralmente. Agora, ela está
agindo como se tivesse doze anos, mas aparentemente é
exatamente o que preciso. Meu telefone zumbe com uma
mensagem dela.
Winter: Por que essa CARA feia?

Sorrio e olho o treinador para ter certeza que ele não me dará
detenção por não prestar atenção.

Eu: Ha. Você é tão infantil. Só estou estressada.

Winter: Duh. Você tem olheiras e está nervosa. O que houve?

Desaprovo o comentário das olheiras, mas sei que é verdade.


Não tenho dormido muito ultimamente.
Eu: Você não quer saber.

Winter: Eu quero... caso contrário não perguntaria. Não seja


tão difícil. Conte.

Eu: É complicado.

Ela geme, fazendo o treinador girar ao redor e olhar toda a


classe. Todo mundo fica um pouco mais ereto até que ele se vira.
Winter: Você é tão mal-humorada e cheia de segredos. Para
sua sorte, tenho a paciência de um santo. Agora me diga o que
está errado antes que eu nos mande para a detenção, onde posso
passar uma hora arrancando isso de você.

Abro os lábios e discretamente mostro a língua para ela.


Eu: Oh, vamos ver. Em alguns dias, farei dezoito anos. Eles
me mandarão morar com um bando de mulheres que não conheço.
Vou ter que deixar minha garotinha. Vou começar um novo emprego
em breve para poder tentar ter um histórico de trabalho para poder
adotá-la. E o médico dela pode ser meu pai, estou aguardando o
teste de paternidade. Também quero foder meu assistente social.
Aposto que deseja não ter perguntado.

Quando olho para cima, os olhos dela estão arregalados


enquanto ela digita a resposta.
Winter: Não, imbecil, você é a pessoa mais interessante que
já conheci. Você tem uma filha? E OMG, quer foder seu assistente
social?!?!

Eu: Não é filha de sangue, mas é minha. E ele é tão gostoso.

Winter: Quer ir tomar café depois da escola? Você pode me


contar tudo sobre sua garota e o gostoso. Será um prazer.

Meu peito aperta. Winter está tentando ser minha amiga.


Não tenho muitos deles. As únicas pessoas de quem sou
remotamente próxima, além de Enzo e Cora, são Patty e Faye. Ter
uma amiga parece um luxo que não posso ter.

Eu: Eu deveria ir para casa ficar com Cora.

Winter: Tenho certeza que Cora ficará bem por meia hora.
Quer verificar primeiro e me avisar?


Winter entra na cafeteria, virando a cabeça de todos no
processo. Ela é linda. Curvilínea, brilhante e sexy. A garota tem
seios gigantes. Enquanto isso, sinto-me magra e chata em
comparação. Quando ela me vê, seus lábios vermelhos se levantam
em um sorriso. Não posso deixar de sorrir de volta.

Ela pede nossos cafés e depois vem até mim.

“Uau”, ela diz enquanto se acomoda na cadeira em frente a


mim, passando-me uma das xícaras. “Você deveria sorrir um pouco
mais frequentemente. Eu não sabia que podia.”

Mostro a língua para ela. “Pirralha.”

“Diz a garota por quem me apaixonei”, ela brinca. “Cora está


bem?”

“Sim, Patty disse que ela está bem. Eles estão fazendo
bolinhos para o jantar.” Eu sorrio abertamente. Faz-me feliz ela
estar se divertindo, e que Patty seja uma boa pessoa para nós,
garotas, mas também estou levemente com ciúmes.

“Você não parece feliz com isso”, ela diz, estudando-me.

“Eu não sei...” Paro e suspiro. “É estranho. Por toda a vida,


tem sido comigo que ela contou e precisou. Fui a única pessoa
confiável em sua vida. Agora, com Patty e as meninas, ela tem
opções.” Lágrimas queimam em meus olhos.

“Ei”, Winter diz, agarrando minha mão. “Você ainda é a


favorita dela.”

Uma lágrima escorre e rapidamente a seco. “Ela me chama


de mamãe. Eu quero tanto ser a mãe dela, Winter.”

Suas sobrancelhas franzem. “Parece que, para ela, você já é


sua mãe. As pessoas podem ter mais de uma pessoa em sua vida.
Eles podem ter amigos.” Ela aperta minha mão. “Tenho tendência
de assustar todos os meus amigos porque, aparentemente, às vezes
sou uma cadela fria, mas você é um pouco fria também. Rainhas
do gelo precisam de amigos também.”

Solto uma risada, apesar das lágrimas agora rolando pelas


minhas bochechas. “Como as pessoas nos aturam?” Minha mente
está em Enzo. Ele está sempre tão sintonizado com minhas
emoções. Parece sempre dizer a coisa certa no momento certo.
Nossos telefonemas tarde da noite são algo em que me tornei
viciada. Cada noite, ele me deixa desabafar sobre minhas
frustrações.

“Nós valemos a pena, é por isso”, ela diz, sorrindo. “Agora,


fale sobre o assistente social. Como ele é?”

Pego o telefone e encontro uma selfie que ele me enviou. Um


simples sorriso. “O nome dele é Enzo.”

“Mais velho”, ela observa, e então solta um rosnando como


um leão. “Eu aprovo. Ele é sensual.”

Rindo, enfio meu telefone no bolso de moletom. “Nós nos


beijamos.”

“Você beijou seu assistente social?” Ela sussurra. “Pensei


que esse era um conto de amor não correspondido, mas o garoto
também te quer. Isso só fica melhor e melhor.”

“As coisas ficaram quentes e pesadas, tipo, há um mês atrás,


mas depois ele pôs um fim. Ele quer esperar até eu completar
dezoito anos, o que concordo. Pelo menos ele não me excluiu
completamente. Nós conversamos todas as noites no telefone.”
Solto um suspiro feliz. Enzo é a única constante na minha vida em
que posso confiar. É também a única coisa egoísta que faço por
mim mesma. Todo o resto é por Cora. Meus momentos roubados
com Enzo são um presente.

“Posso ver que ele se preocupa com o trabalho e, sabe...


outras coisas mundanas, como ser preso.” Ela ri. “Pelo menos ele
tem um cérebro dentro daquela cabeça linda. Então, você faz
dezoito anos e tem um homem sexy te esperando. Não vejo por que
isso te faria chorar.”

“Essa é a parte boa”, admito. “Só não sei o que fazer sobre
Cora. Quero adotá-la, Winter. Ela é minha.”
Suas sobrancelhas se unem. “Mas não é tão simples assim,
é?”

Balançando a cabeça, pego minha xícara de café que está


começando a esfriar. “Enzo diz que eles não me deixarão tê-la. Mas
estou começando um trabalho na próxima semana em uma clínica
de fisioterapia. Terei um apartamento assim que puder e sair da
Casa das mulheres. Farei o que for preciso para manter Cora.”

“Meu namorado é advogado. Se quiser, vou perguntar se ele


pode te ajudar”, ela oferece com um sorriso.

“Sério?” Grito, ganhando alguns olhares assustados por


perto. “Eu ficaria muito agradecida.”

“Sem problemas. Agora, me fale sobre esse seu pai”, ela


insiste. “Você é como um Casos de Família ambulante.”

“Ha”, sou inexpressiva. “O médico que encontramos no


pronto-socorro outro dia me olhava de um jeito estranho, como se
me reconhecesse. Então, ele disse que pareço com uma mulher que
ele namorou. A próxima coisa que soube é que estávamos fazendo
um teste de paternidade.”

“E se ele for um louco?” Suas sobrancelhas estão franzidas


em preocupação. “Parece um pouco estranho ver uma garota e
depois exigir um teste de paternidade. O mais estranho é que você
concordou. O que o assistente social gostoso pensa sobre isso
tudo?”

Eu me endireito e franzo a testa. “Ele deixou. Não


oficialmente.”

“Parece esquisito. Ele está preocupado em te foder porque é


menor de idade, mas apenas te deixa fazer um teste de
paternidade? Ainda não sou advogada, mas tudo sobre isso parece
estranho.”

“Não é suspeito”, defendo-o, minhas bochechas ardem. “Se


tivesse visto o jeito que Daniel me olhou...”
Sua sobrancelha se arqueia como se ela estivesse esperando
por uma explicação. “E?”

“Ele parecia tão certo. Como se me conhecesse.”

“Ouça”, ela diz suavemente. “Não tenha esperanças. Pode ser


apenas um idiota precisando de uma desculpa para te olhar.
Provavelmente foi para casa e bateu uma punheta com seu rosto
inocente e rabugento na cabeça.”

“Nojenta”, resmungo, lutando contra um sorriso. “Se ele for


meu pai, não sei o que farei.”

“Só tome cuidado”, ela diz. “Prometa-me.”

“Terei cuidado.”

“E prometa-me outra coisa.”

“Vou tentar.”

“Deixe Enzo foder você no seu aniversário. Por uma noite,


não se preocupe com o Doutor Papai ou com a pequena Cora ou
seu trabalho ou seu futuro. Vá e faça algo por você.”

“Sabe”, digo com um sorriso, “você tem um coração quente


para uma rainha de gelo.”

O sorriso dela é perverso. “Sim, bem, não conte a ninguém o


meu segredo.”

“Seu segredo está seguro comigo.”

“O seu está seguro comigo também.”


“Olá?”

“Ei.”
Enzo faz um som de gemido masculino que envia ondas de
excitação correndo pelo meu corpo.

“Eu te acordei?” Murmuro.

“Não”, ele mente, então boceja e não posso deixar de sorrir.


“Você está no armário?”

“Sim. Cheira aos pés de Faye.

Ele ri, profundo e grave. “Talvez deva voltar para a cama.”

“Eu não consigo dormir.”

“Cora está bem?”

“Sim”, digo, minha voz embargada de emoção. “Sinto que o


tempo está acabando.”

O silêncio se estende diante de nós e então ele fala. “Sua vida


está prestes a começar, querida. Você finalmente terá controle
sobre ela.”

Mas não vou. Ainda estarei buscando coisas que eu não


deveria ter.

“Não quero deixá-la”, eu admito, lágrimas ameaçam cair. “Eu


não posso, Enzo.”

“Ei”, ele diz. “Vamos descobrir algo. Apenas me dê tempo.


Ela está segura com Patty nesse intervalo. Você sabe disso.”

Eu sei, mas não facilita nada. Cora não entenderá quando


eu for forçada a sair daqui a alguns dias.

“Sexta-feira irei até Patty depois da escola para buscá-la.


Você pode fazer as malas e se despedir de Cora por enquanto.
Pensei que talvez pudesse fazer algo especial para você no seu
aniversário”, ele resmunga. “Você não precisa sair até a tarde de
sábado.”

Apesar de toda a incerteza e estresse, suas palavras fazem


algo parecido como borboletas vibrarem através de mim. “Você está
me convidando para um encontro, Enzo?” Sorrio no armário
escuro.

“Isso e muito mais. Vou pegar o que conseguir.”


CAPÍTULO ONZE
ENZO

Olho a mensagem em estado de choque.


Daniel: Ela é minha.

Ele anexou uma foto dos resultados e depois que a estudei


com cuidado, ficou claro como o dia. Daniel Venable é uma
combinação perfeita de DNA para Jenna.
Eu: Deixe-me falar com ela primeiro. Vou avisá-la.

Sua resposta é imediata.


Daniel: Posso ter o número dela? Gostaria de conhecer minha
filha.

Eu: Se ela quiser falar com você, ela te ligará. Jenna teve
uma vida difícil e está passando por um momento difícil agora.
Pressioná-la por um relacionamento não é uma boa ideia.

Daniel: Isso é por causa de dinheiro? Posso dar-lhe o dinheiro


se precisar.

Eu: Paciência. Apenas dê a ela um pouco disso por


enquanto.

Daniel: Posso fazer isso. Por agora.

Com um suspiro, saio do carro e vou em direção à porta da


frente de Patty e Junior. Delia atende antes que eu tenha a chance
de bater.

“Boa sorte”, é tudo o que ela diz antes de sair correndo.

Há uma comoção no andar de cima e corro para o segundo


andar. Quando chego ao quarto de Jenna e Cora, meu coração
afunda. Jenna está sentada na cama, agarrando-se a Cora e
soluçando. Não apenas algumas lágrimas, mas um choro histérico.
Cora está chorando também, enquanto elas seguram uma a outra.
Faye se senta na cama próxima com lágrimas nos olhos enquanto
Patty a abraça.

Oh garota.

“Elas estão se despedindo”, Patty diz, com a voz tremendo de


emoção. “Vamos, Faye. Vamos dar-lhes um momento.”

Elas saem da sala, deixando-me com as duas garotas


chorando. Sento-me ao lado de Jenna e puxo as duas em um
abraço. Jenna parece desmontar em meus braços. Ela se derrete
contra mim.

“Eu-eu não posso deixá-la”, ela ofega.

“Você precisa.”

Cora começa a chorar mais e gritar, “Não!” mais e mais.

Afasto-me e corro os dedos pelos cabelos de Jenna, puxando


gentilmente para que ela me olhe. “Ouça, querida. Você tem que
ser forte, ok? Você tem que ser forte por ela. Você não está dizendo
adeus para sempre. Apenas tchau por agora. Você chora, ela chora.
Compreende?”

Ela aperta os olhos e seu rosto se contorce em uma


expressão de coração partido. Lágrimas escorrem por suas
bochechas, mas ela balança a cabeça. Seu lábio inferior treme
violentamente. “Posso fazer isso.”

“Você pode, e vai”, concordo, alisando seu cabelo.

Acaricio o cabelo de Cora e beijo o topo da sua cabeça. “Cora,


Jenna vai se sair comigo, ok? Você pode ficar e ajudar a senhorita
Patty a cozinhar de novo. Você gosta de ajudar a senhorita Patty,
certo?”

Cora assente e olha para mim. “Bolinho.”


“Eu aposto que Faye vai querer ajuda para fazer cupcakes”,
concordo. “Você pode ser uma menina grande e dizer a Jenna que
a verá mais tarde?”

Cora se move para se sentar no meu colo e, em seguida, ela


acaricia o cabelo de Jenna como eu fiz. “Fazer bolinho, mamãe?”

Jenna assente, mais lágrimas correm por suas bochechas.


“Faça cupcakes e eu voltarei para ver você em breve. Ok?”

“Certo”, Cora concorda. “Beijo tchau.”

“É melhor você me dar alguns beijos, chorona”, Jenna diz,


fazendo cócegas em Cora e fazendo-a gritar. Então ela começa a
beijá-la em todo o rosto enquanto Cora gargalha. “Eu te amo,
Cora.”

“Te amo mamãe.”

“Vá brincar com Noelle”, Jenna sussurra. “Verei você em


breve.”

Cora desliza do meu colo e sai do quarto. Não perco tempo


puxando Jenna para mim e abraçando-a.

“Você está bem”, asseguro-a. “Estou tão orgulhoso.”

Ela chora por mais meia hora, agarrada ao meu peito e


encharcando minha camisa com suas lágrimas.


Planejei levá-la para jantar e um filme. Talvez até mesmo
fazer compras. Mas ela está tão quebrada e cansada que opto por
levá-la para minha casa. Patty nos deu pedaços de bolo de
aniversário que podemos comer mais tarde. Quando entro na
minha garagem, Jenna me dá um sorriso de alívio.

“Não estou com vontade de sair”, ela diz com tristeza.


“Não agora, mas um dia você vai. Eu posso esperar. Mas o
que não posso esperar é continuar com meu estômago roncando.
O que você diz, aniversariante? Você quer frango frito ou
espaguete? Essas são minhas duas especialidades e
reconhecidamente duas das únicas coisas que sei cozinhar.”

Ela ri. “Hmm, com todas essas opções é difícil decidir.


Surpreenda-me.”

Inclinando-me para frente, pressiono um beijo em seus


lábios macios. “Vai ser o melhor jantar de aniversário de todos os
tempos, eu prometo.”

Nós saímos do carro e mostro minha casa para ela. Seu


humor melancólico entorpece quando a levo para abraçar Halo.
Halo, feliz por alguém além de mim para lhe dar carinho, ronrona
e se aconchega contra ela.

“Sei que mencionou que não tem muitas coisas para vestir.
Pode bisbilhotar nas minhas gavetas. Pegue o que quiser. Fique
confortável. Quero que relaxe, Jenna”, murmuro, acariciando o
cabelo atrás da sua orelha. “Você está tão tensa. É seu aniversário.
Você deve isto a si mesma.”

“Eu vou tentar”, ela promete.

Deixo-a para começar a preparar o jantar. O espaguete é a


melhor coisa que sei cozinhar, por isso preparo água fervente e vou
dourando a carne. Eventualmente, ela entra na cozinha vestindo
minha calça de moletom e um eu moletom com capuz. Quando está
ao meu lado, sorrio porque ela cheira a mim também.

“Minhas roupas ficam bem em você”, digo a ela.

Ela ri. “Falou como um verdadeiro homem.”

Apoio a colher e me viro para ela. Seus olhos estão vermelhos


e inchados de tanto chorar, mas ela ainda é linda. “Você está ótima,
Jenna.”
Seu sorriso desaparece e seu nariz fica rosa enquanto ela
luta contra mais lágrimas. “Tentando não me afogar aqui.”

“Não vou deixar você se afogar”, juro, enquanto me inclino


para beijá-la.

“Promete?”

“Prometo.”

Beijo-a novamente, mas desta vez, ela separa os lábios para


me convidar para mais. Deslizando minha mão ao lado de seu
pescoço, corro o dedo ao longo de sua mandíbula de um jeito gentil.
Seus dedos seguram a frente do meu suéter e ela me puxa para
mais perto. Nossas línguas estão buscando desesperadamente
uma à outra. Tenho que me forçar para longe de sua boca doce
antes de decidir pular o jantar e comer a sobremesa.

“Provocador”, ela murmura com sua voz rouca de


necessidade.

“Acredite em mim, eu não quero parar.” Pisco para ela e


continuo cozinhando. Ela se ocupa na cozinha, procurando pratos
e xícaras. Logo, nos sentamos para uma refeição caseira. Seu
humor melhora visivelmente enquanto ela tagarela sobre uma nova
amiga chamado Winter.

“Ela quer ser advogada. Pode acreditar?” Ela pergunta


enquanto gira macarrão ao redor do garfo. “Quero dizer, eu a vi
discutir com a treinador Long e ela é muito boa nisso. Mas uma
advogada? Soa meio chato.”

Eu sorrio. “Você parece meu amigo, Nick. Está nervosa sobre


começar no Drew na próxima semana?”

Ela engole e depois encolhe os ombros. “Ele pareceu legal no


telefone. Descreveu tudo o que eu farei e não será muito difícil.
Estou ansiosa por isso. Pena que será só meio período até que a
escola termine.”

“É um bom começo. E a faculdade?”


Seu nariz se contrai quando ela faz uma careta. “Eu me
inscrevi em alguns lugares, mas não quero ir longe. Você sabe...
apenas no caso.”

Apenas no caso dela não adotar Cora.

“Um dia de cada vez”, digo a ela. “Isso é tudo que pode fazer.”

“Até então”, ela diz com um suspiro, “não posso me afogar.”


Enquanto o filme passa, eu a olho. Ela adormeceu dez
minutos depois que o filme e está apagada desde então. É bom tê-
la em paz no meu sofá. Enquanto ela dorme onde nenhuma
preocupação pode atormentá-la, estou livre para olhá-la em
privacidade. Nossos momentos até agora foram poucos e distantes
entre si. Agora que a idade dela não está no caminho, estou ansioso
para ver onde isso vai dar. Não saio com frequência porque minha
agenda está uma bagunça. Então encontrar uma garota legal,
jantar e assistir a um filme é difícil. Com Jenna, tudo parece
confortável e fácil.

Seus olhos se abrem e ela me pega olhando-a. Um sorriso


brinca em seus lábios. “Ei, estranho.”

Sorrio. “Ei. Você pode querer limpar essa baba.”

Ela ofega e limpa baba inexistente. “Idiota.”

“Quer vir um pouco mais perto e deixar-me ver se limpou


tudo?”

“Eu não babei”, ela argumenta, mas vem até o final do sofá.
Suas pernas montam minhas coxas e ela descansa as palmas das
mãos nos meus ombros. “O que vê?”

Uma garota linda e quebrada, tão digna de amor e carinho


que faz meu coração doer.
Passo os dedos pelos cabelos dela, mas não solto quando
chego ao fim. O que quero dizer a ela fica preso na minha língua.
Agarrando as pontas do seu cabelo, puxo-a até que sua garganta
está exposta a mim. Pressiono os lábios em sua pele e, em seguida,
corro a língua ao longo do seu pescoço.

“Vejo que perdeu um pouco aqui. Não se preocupe, eu cuido


disso.” Sorrio contra seu pescoço e ela estremece.

“Acho que há um pouco aqui”, ela murmura, correndo o dedo


ao longo do pescoço até a orelha.

Pressiono beijos até o lóbulo da orelha dela. Quando a mordo


lá, ela geme. Seus quadris se movem, fazendo com que ela roce
contra mim. Meu pau está acordado e atento. A vontade de agarrar
seus quadris e puxá-la para meu pau é esmagadora, mas me
contenho. É bom deixá-la definir o ritmo. Por agora.

“Enzo”, ela suspira, seus dedos se emaranham no meu


cabelo.

“Sim, querida?”

“Preciso de mais.”

Sorrio contra sua pele. Por mais que eu adoraria transar com
ela aqui neste sofá, posso esperar até que ela esteja
emocionalmente pronta. Mas isso não significa que não podemos
fazer outras coisas.

Agarrando a parte inferior do capuz, levanto-o lentamente.


Ela se afasta para me olhar. Seus olhos verdes semicerrados
brilham com luxúria. Quando ela morde o lábio inferior, não
consigo manter o ritmo lento. Quero vê-la. Tudo dela. Puxo o
moletom e jogo-o ao meu lado. Meus olhos percorrem sua frente.
Seus seios cheios balançam no sutiã simples a cada respiração que
ela dá.

“É o único que tenho”, ela diz com tristeza, com vergonha na


voz.
Levanto a cabeça e franzo a testa para ela. “Estava
admirando o quão sexys seus seios são, não criticando seu sutiã.”
Levanto-me e puxo as taças para baixo para expor os mamilos
rosados para mim. Eles estão eretos e implorando para serem
chupados. “Sabe que nunca precisa sentir vergonha comigo.”

Ela balança a cabeça e inclino-me para frente para inalá-la.


Jenna sempre cheira doce, como biscoitos ou algo assim. Minha
boca enche d’água para provar o gosto dela. Pressiono um beijo
suave na delicada pele entre seus seios. Inocente e gentil. Mas
então chupo a curva de seu seio, lambendo da pele quente até o
mamilo. Quando minha boca molhada se agarra ao mamilo
saliente, ela grita. Chupo com força suficiente para fazê-la tremer
no meu colo. Então, provoco dor até que ela esteja se contorcendo
e ofegante por mais. Continuamente, provoco seus mamilos,
alternando entre um e outro.

“Enzo”, ela murmura, seus quadris roçando ao longo do meu


pau duro através de nossas roupas.

“Se continuar assim, eu gozarei na minha calça”, resmungo


em aviso. “Sente-se de joelhos.”

Ela tira o sutiã e o joga para longe antes de seguir minhas


palavras. Minha calça de moletom que ela está usando foi enrolada
várias vezes para caber na pequena cintura. Puxo a frente para
baixo, junto com a calcinha, e abro suas pernas para que possa
olhar sua buceta. Seu pelo é escuro e aparado. Quero enterrar o
nariz contra ela e memorizar seu cheiro.

“Isso”, murmuro enquanto a beijo suavemente no osso


púbico, “é meu.”

Ela ofega quando minhas palavras quentes fazem cócegas


em sua pele. Um gemido baixo ressoa dela no momento em que
coloco minha língua para fora e sinto seu gosto. Sua buceta é
macia e intocada. Em nossos muitos telefonemas, ela confessou
sua virgindade. Como se fosse algo para se envergonhar. Gozei
mais vezes do que consigo contar com a ideia de tirar a virgindade
dela. Algo doce e delicado, e toda minha para ser tomada. Quero
possuir sua buceta com meu pau e minha língua.

“Seja uma boa menina e deixe-me ver o que está escondido


aí”, instruo, correndo o polegar ao longo de sua buceta. “Mostre-
me, querida.”

Sua pele clara cora com minhas palavras, mas depois ela se
abaixa para se tocar. Meu pau salta na calça ao vê-la afastar os
lábios da sua buceta para mim. Seu clitóris, rosa escuro e perfeito
parece acenar para minha língua.

“Linda”, elogio quando movo minha língua e toco o pequeno


monte de nervos.

“Oh”, ela diz, surpresa, soltando-se para agarrar meu cabelo.

Sorrio contra sua buceta e lambo-a novamente, desta vez


mais firme. Aperto a língua contra seu clitóris e crio círculos fortes
contra ela. Sua respiração fica presa e o aperto no meu cabelo é
quase doloroso. Mas não ouso parar de beijar sua buceta perfeita.
Massageio ansiosamente com minha língua, bebendo seu doce
sabor.

“Ajude-me a tirar isso”, instruo contra sua buceta, enquanto


puxo suas calças de moletom.

Ela levanta um joelho e deslizo o tecido para baixo e para


fora de sua perna. Nós fazemos o mesmo com a outra. Tudo o que
fica entre mim e minha garota é uma calcinha cor de rosa.

“Amanhã, vou levá-la para comprar roupas novas”, aviso


quando rasgo o tecido.

“Você acabou de rasgar minha calcinha!”

“Shh”, murmuro. “Cuido disso depois.”

Aperto seus quadris e me viro no sofá, então estou de costas.


Ela olha para mim com confusão nos olhos. Seu cabelo escuro está
bagunçado e seus peitos parecem divinos. Vou aproveitar cada
segundo devorando essa garota.

“Quero você aqui”, digo a ela, batendo nos meus lábios.


“Segure-se no braço do sofá e deixe-me fazer o resto.”

Ela se move até mim e, em seguida, posiciona sua buceta no


meu rosto. Aperto seus quadris enquanto começo a chupar e
lamber sua buceta. Excitação praticamente escorre dela.
Certamente posso provar isso. Doce, como o açúcar. Minhas mãos
deslizam para sua bunda e aperto suas nádegas, separando-as.

“Enzo”, ela choraminga. “Isso é demais. Parece como...” Seu


corpo treme e então ela arqueia contra minha boca.

Chupo e belisco seu clitóris, sabendo que ela está perto.


Meus dedos sondam sua entrada. Ela é escorregadia e seu corpo
está carente. Empurro um dedo dentro dela, lentamente, mas não
paro até que esteja o mais longe possível. Ela geme com a intrusão.

“Foda-se, querida”, murmuro. “Sua buceta é tão apertada.


Vou te machucar.” A matemática simples me diz que meu pau é
grosso e longo demais para ela. Ainda assim, quero tentar.
Incitando outro dedo dentro em sua buceta, consigo ver quão
apertada ela realmente é. Seu canal aperta meus dedos, fazendo-
me pensar se estou machucando-a. Empurro mais fundo enquanto
chupo seu clitóris.

Ela ofega de dor o que dá lugar a um gemido. Eu a fodo


suavemente com dois dedos, enquanto mordo e chupo sua pele
macia. Um tremor ondula por ela e meu nome é gritado por seus
lábios. Sua buceta aperta meus dedos de forma implacável
enquanto ela goza. Chupo seu clitóris, forte e longo suficiente para
dar a ela outro orgasmo que a faça tremer violentamente. Quando
decido dar-lhe um alívio, deslizo os dedos lentamente para fora
dela. Uma mancha de sangue está misturada com sua excitação e
culpa me domina.

“Eu te machuquei?” Pergunto, minha voz está rouca e crua.


“Doeu, mas também me senti bem”, ela suspira. “Isso é
sangue?”

Sento e ela se acomoda na minha cintura, as pernas abertas


enquanto me monta. Seu cheiro é viciante e quase enlouquecedor.
Ir devagar com ela será difícil quando todos meus instintos animais
estão implorando para virá-la no chão e foder até que ela não possa
andar.

“Você não é mais tão inocente”, provoco-a, enquanto lambo


a evidência em meus dedos.

Ela morde o lábio inferior, os olhos brilhando de fascínio.


Quando acabo de sugar seu sabor doce e agora metálico, deslizo a
mão em seus cabelos sedosos e a puxo para um beijo. Seu gemido
suave me diz que ela gosta de sentir seu gosto em mim. O jeito que
ela roça no meu pau é um indicador de que ela está pronta para o
que vem a seguir.

Mas ela não está.

Ela teve um dia difícil e só precisava do alívio que dei a ela.


Um dia em breve, darei mais. Apenas não hoje.

“Vamos”, resmungo. “Vamos nos preparar para dormir. Você


está cansada.”

“Dormir?” Seu nariz contrai de uma forma que indica que ela
não concorda. “Não estou cansada, Enzo.”

Ignorando suas palavras, levanto-a nos braços. Seus pés


deslizam para o chão. Com ela nua e em meus braços, mal consigo
pensar. Meu corpo implora para fodê-la agora.

“E você?” Ela murmura, sua pequena mão se espalhando na


minha parte inferior do estômago sobre a camisa.

Um gemido ressoa de mim quando ela desliza a mão para


dentro da minha calça. Ela agarra meu pau e passa o polegar sobre
a pré-ejaculação na ponta. Fico impotente com sua sedução
inocente. Não discuto quando ela empurra minhas calça e boxer
pelas coxas.

“Desse jeito?” Ela pergunta enquanto puxa meu pau.

Gemo de prazer. “Exatamente desse jeito.”

Ela toca meu pau até nos surpreender quando eu gozo sem
avisar. Meu gozo respinga contra sua barriga. Antes que possa me
parar, corro os dedos através dele e passo-os em seus seios. Ela
assiste meu trabalho de olhos arregalados.

“Quero te levar para a cama e podemos conversar. Um dia,


em breve, podemos fazer mais, mas quero que descanse hoje à
noite”, explico, sabendo que ela vai querer raciocinar sobre porque
não posso transar com ela em seu décimo oitavo aniversário. “Além
disso, preciso ter certeza de que você está bem comigo. Não sou
exatamente um cavalheiro na cama, querida. Deixo hematomas
com a boca. Gosto de algo forte.”

Ela franze a testa com minhas palavras. “Você quer me


machucar?”

“Não de um jeito que você não vai gostar”, asseguro. “Eu


quero foder com você contra as janelas e forçá-la de joelhos para
me chupar. Quero puxar seu cabelo quando estou te fodendo por
trás. E sua bunda... quero fodê-la e fazer você gritar.” Meu pau
pulsa de volta à vida com uma imagem da bunda de Jenna pronta
para mim. “É por isso que devemos esperar. Não quero que se
distraia com suas emoções e faça algo que não concorda. Podemos
começar devagar e com gentileza.”

“Quero fazer essas coisas”, ela diz bravamente, levantando o


queixo. Mas seus olhos piscam como se não tivesse certeza.

“Então chegaremos lá. Vamos. Hora de dormir, querida.”


CAPÍTULO DOZE
JENNA

Acordo assustada e confusa na escuridão. Estou suando e


meu cabelo gruda no meu rosto e pescoço. Um homem está
enrolado ao meu redor como se eu fosse um ursinho de pelúcia do
tamanho de um humano. Meu coração batendo desordenadamente
desacelera enquanto passo meus dedos pelos cabelos dele.
Memórias da noite passada derivam por minha mente.

Ele me fez gozar. Duas vezes.

É embaraçoso estar tão exposta a outra pessoa, mas todos


os pensamentos vergonhosos voaram pela janela quando ele me
lambeu, chupou e provou.

E seu pau.

Oh. Meu. Deus.

Gostaria de poder falar com Winter sobre isso. Estou com


medo, francamente. Ele é grande. Realmente grande. Não tenho
nada para comparar, mas minha mão pareceu tão pequena ao seu
redor. O pensamento dele empurrando onde teve seus dedos horas
atrás é aterrorizante. Vai doer? Será que vamos transar antes que
ele me mande embora para o abrigo Casa de mulheres?

Sinto um calafrio.

Depois que acordarmos amanhã, terei que me preparar para


ir ao abrigo. É infantil implorar a Enzo que me deixe ficar com ele,
mesmo que seja o que realmente quero. Mal nos tornamos íntimos.
Não quero assustá-lo agarrando-me a ele.
Solto um suspiro. Lágrimas ardem em meus olhos enquanto
ouço o ronco firme e suave. Cora está ausente, e parece que meu
coração está sendo esmagado debaixo de uma bota. Sinto falta
dela. Sentirei falta dela a cada segundo de todos os dias até
encontrar uma maneira de recuperá-la.

“O que está errado?” A voz rouca de Enzo me faz tremer de


surpresa.

“Nada”, minto.

“Você está chorando no escuro, querida.” Ele faz uma pausa.


“Sou eu? O que disse ontem à noite? Sabe que nunca te
pressionarei em nada. Se quer gentil, é assim que serei.”

Balanço a cabeça e as lágrimas escorrem por meu rosto.


“Não tenho medo disso. Estou apenas quente.”

As molas rangem quando ele se senta. Sua camisa que estou


usando me engole e está encharcada de suor. Dou um suspiro de
alívio quando ele a tira do meu corpo e a descarta. Agora que estou
completamente nua, um arrepio delicioso percorre minha espinha.

“Melhor?”

“Muito.” Um soluço para na minha garganta e a cama treme


enquanto tento contê-lo.

“Shh”, ele diz, puxando-me contra seu peito nu. “Eu estou
com você.”

“Sinto falta dela”, finalmente admito, cedendo à emoção


ameaçando me afogar. “Muito.”

Ele acaricia meu cabelo, desemaranhando-o ao longo do


caminho. “Eu sei que sente. Mas ela está bem. Você sabe disso.”

“Ela pertence a mim.”

“Não duvido disso nem por um segundo.”

“E se demorar muito?” Ofego. “E se ela se esquecer de mim?”


“Ela não vai te esquecer. Ninguém jamais poderia te
esquecer.”

Fico em silêncio enquanto minhas lágrimas secam e me


refresco. Tentativamente, estico-me e acaricio com meus dedos o
seu peito. “Eu quero que você...” Gaguejo, sentindo-me estúpida
com as palavras. “Quero que faça amor comigo como faria com
qualquer outra mulher que estivesse vendo. Não quero que se
segure se é algo que gosta. Você disse que não me machucaria e
acredito nisso.” Inclino a cabeça, buscando sua boca. “Quero que
me distraia, Enzo.”

Os lábios dele encontram os meus no escuro e ele me beija


desesperadamente. Como se eu fosse o ar pelo qual ele está
ofegante. Gemo quando ele me rola de costas e beija uma trilha ao
longo da minha mandíbula até meu pescoço. Ele chupa a pele forte
o suficiente para marcar. Não estou pensando quando minha pele
arde e a forma como a língua dele afasta a dor. Se este é o tipo de
aspereza que ele quer usar comigo, ficarei feliz em ser sua vítima.
Quando ele alterna entre beijar e morder, sua mão desce para entre
minhas pernas, onde já estou ficando molhada para ele. Estou
hipnotizada com a facilidade com que ele toca meu corpo. Como
ele sabe exatamente onde esfregar e tocar para me fazer sentir
prazer. Ele me traz tão perto do limite e gozo tão forte que vejo
estrelas no escuro.

Ele não faz um movimento, então o encorajo. É fácil ser


corajosa no escuro.

“Eu preciso disso”, sussurro. “Quero que me dê.”

“A qualquer momento que for demais, fale comigo querida.”

“Eu prometo.”

A boca dele encontra a minha outra vez e ele me beija


profundamente. Um tremor de mal-estar me atravessa quando ele
empurra minhas pernas e se instala entre minhas coxas. Seu
pesado pau repousa contra minha buceta, mas ele não faz nada
além de me beijar.

Ele está se controlando.

Determinação queima dentro de mim. Não quero que ele se


segure comigo. Quero que ele perca o controle. Quero que ele faça
amor comigo, como se nunca tivesse tido outra mulher antes.
Quero ser melhor que elas. Afundando as unhas em seus ombros
e meus pés em sua bunda, peço-lhe para fazer o que quiser.

“Eu quero você, Enzo. Leve-me com você.”

Ele geme — feral e viril — antes de deslizar o pau para trás


e para frente ao longo da minha buceta. O movimento provoca e
me faz implorar por mais dele. A ponta dele rompe minha abertura
e já arde. Lentamente, dolorosamente, ele mergulha dentro e fora,
avançando cada vez mais profundo.

“Jesus, Jenna”, ele geme. “Você é tão gostosa.”

Derreto com o elogio. “Você é gostoso também.”

Ele se afasta um pouco e, em seguida, entra totalmente com


um impulso forte. Nossas bocas se chocam quando ele sufoca meu
gemido em um beijo faminto. A dor entre minhas pernas é ignorada
quando me concentro na maneira como ele me consome de dentro
para fora. Ele está dentro de mim. Fazendo amor comigo. Parece
que estamos ligados agora, ligados de uma forma que nunca estive
com ninguém. Como se ele tivesse encontrado uma maneira de
unir nossas almas.

“Enzo”, exclamo. “Oh Deus.”

Seus quadris empurram com força contra mim. O jeito


reverente que ele segura minha bochecha transforma-se em algo
mais escuro quando sua mão desliza para minha garganta. Ele
aplica pressão e minha buceta lateja em resposta. Estou presa em
seu domínio possessivo enquanto ele me fode mais e mais. Gosto
do jeito que ele me segura, como se eu fosse tentar fugir.
Não vou a lugar nenhum.

Minha respiração é difícil enquanto ele aumenta o aperto.


Em vez de me sentir em pânico com o suprimento de ar limitado,
sinto-me mais viva do que nunca. Eletricidade parece zumbir
através das minhas terminações nervosas, percorrendo todas as
zonas erógenas. Pulsos de prazer vibram em minha buceta. Ele
move os quadris de tal forma que esfrega contra meu clitóris em
todos os impulsos. Os movimentos fazem minhas pernas tremerem
de necessidade. Meus dedos arranham sua pele, desesperados
para dar esse salto com ele. Estou desesperada por mais — mais
do que, eu não sei. Deslizo a mão sobre a dele. Permissão. Ele
entende minhas palavras não ditas e aperta mais. Seus lábios
pairam sobre os meus quase em um beijo enquanto ele me leva ao
limite da sanidade. O quarto parece girar enquanto perco o
controle, chegando ao clímax.

“Porra”, ele grita. Seu aperto afrouxa quando ele empurra


para fora de repente. Respingos de calor caem contra minha buceta
que arde da surra que acaba de levar. Quando termina, ele se
inclina para frente para acender a lâmpada de cabeceira. Ele se
senta de costas e me olha.

Meu primeiro instinto é fechar as pernas, envergonhada com


o que ele pode ver. Mas seus olhos castanhos escurecem quando
ele me abre abruptamente.

“Isso”, ele murmura, enquanto esfrega seu esperma com a


palma da mão contra minha buceta, “é lindo.”

Sorrio para ele, sentindo-me jovem e estúpida, mas também


feliz. Ver esse homem lindo e crescido admirando meu corpo como
se fosse algo maravilhoso pode realmente ajudar o ego de uma
garota. “Você é lindo também.”

E ele é. Tem um duro abdômen esculpido. Ombros largos.


Pelos escuros entre os músculos peitorais que seguem até o pau
que brilha com nosso prazer. Seu cabelo castanho-escuro está
bagunçado de uma maneira que nunca vi.
Ele me dá um sorriso arrogante e brincalhão antes de voltar
sua atenção para minha buceta. “Dói?”

Nego com a cabeça. “Arde, mas no geral, sinto-me muito


bem. Estava com medo de que não fosse caber.”

“Eu também”, ele admite, franzindo as sobrancelhas. “Eu te


machuquei em qualquer outro lugar?” Seu olhar se dirige para meu
pescoço.

“Não”, murmuro, minhas bochechas aquecem. “Realmente


gostei dessa parte. Gostei de sentir você se soltar e perder o
controle.”

Ele sorri. “Eu nem me reconheço. Tenho zero controle com


você. Levou cada grama de autocontrole que tive para sair. Você
está tomando a pílula?”

“Não”, digo, envergonhada. “Sinto muito.”

Sua mão bate na minha buceta dolorida e grito. “Você não


deve se lamentar de algo assim, querida. Sinto muito por gozar sem
perguntar. Estou limpo, se está preocupada.”

“Sei que nunca colocaria minha saúde em perigo”, o


asseguro.

Ele corre os dedos ao longo do interior da minha coxa. Para


cima e para baixo. De um jeito que me faz querer fazer amor de
novo. “Posso te levar para ver seu médico. Comprar as pílulas.
Enquanto isso, devemos usar preservativos.”

“Ok.”

Suas sobrancelhas se juntam. “Falando de médicos...”

“O que?”

“Vem. Vamos tomar banho e conversar.”

Ele sai da cama e olho sua bunda musculosa enquanto ele


entra no banheiro. Meu corpo dói, mas é um tipo bom de dor. Mal
posso esperar para fazer tudo de novo com ele. Deslizando para
fora da cama, não posso deixar de sorrir. Seu esperma está
secando na minha pele e parece estranho. Mas é bom. Como um
animal marcaria sua companheira com seu cheiro. Eu me sinto
marcada. Possuída e protegida. Quando chego ao banheiro, ele já
ligou o chuveiro e vapor domina o cômodo. Eu o sigo para o
chuveiro e olho para ele em questão.

“Do que vamos falar?” Pergunto, franzindo os lábios.

Ele franze a testa e coloca as mãos grandes nos meus


quadris. “Dr. Venable me enviou uma mensagem hoje.”

Os resultados de paternidade.

Meu coração ameaça pular do peito.

“E?” Ofego.

“O que quer?”

Engulo, tentando imaginar como seria ter um pai. Se ele não


é meu pai, vou me sentir desapontada, porque estarei novamente
sozinha neste mundo, sem família. Se ele é... não posso deixar
minhas esperanças crescerem até ter certeza.

“Eu quero saber de qualquer maneira”, digo com firmeza.

“Daniel Venable é seu pai.”

Pisco em choque. Então, uma onda de emoção me envolve.


Lágrimas surgem e caem pelas minhas bochechas enquanto me
permito entender suas palavras. Eu tenho um pai.

“Ele quer te conhecer, mas se não tiver certeza...”

“Quero conhecê-lo também”, deixo escapar.

Seu sorriso é gentil e reconfortante. Como o sorriso do


assistente social de quem tanto gosto. Apesar de estar nu com
meus seios esmagados contra seu peito, seu sorriso me deixa
segura, como todas as outras vezes.
“Ele pediu seu número, então darei a ele.”

“Obrigada”, suspiro.

Ele me puxa para perto e beija o topo da minha cabeça. Ele


começa a lavar meu corpo enquanto fico ali, imóvel, meus
pensamentos sem fim. Enzo está lavando meu cabelo quando
pareço sair do nevoeiro. Seus toques não mais parecem inocentes
enquanto ele permanece com os dedos na minha garganta. Virando
para encará-lo, eu me lanço nele. Nossas bocas se chocam no
instante seguinte. Ele agarra minha bunda e me levanta antes de
me empurrar contra a parede fria.

“Enzo”, imploro.

“O preservativo”, ele geme. Seu pau lateja forte entre nós.

“Tire novamente.”

Ele não precisa ouvir duas vezes. Em um segundo, ele está


esfregando seu comprimento contra mim e no próximo, ele entra
em mim com tanta força que grito. Enzo, meu sempre cavalheiro,
transforma-se em uma fera que tem fome de me foder. Inclino a
cabeça, então minha garganta está inclinada para ele. Seus dentes
encontram a pele e ele me morde.

“Oh, Deus!” Grito.

Ele me fode com tanta força que minha cabeça acerta o


azulejo, deixando-me tonta. Assistir Enzo perder o controle quando
ele se perde dentro do meu corpo é a coisa mais satisfatória do
mundo. Isso me faz sentir forte — como se eu tivesse algum poder
mágico. Depois de me sentir fraca por toda a vida, é uma lufada de
ar fresco. Seus dedos se emaranham no meu cabelo, seu aperto é
firme nas raízes. A picada dos meus folículos sendo puxados do
couro cabeludo enquanto ele força minha cabeça para olhá-lo é
emocionante. Ele morde meu lábio inferior e não posso deixar de
apertar seu pau. Deste ângulo, ele entra profundamente, em
lugares que eu não fazia ideia.
Eu amo isso.

Eu o amo.

O pensamento é aterrorizante.

Nunca estive com ninguém do jeito que estou em Enzo. A


ideia de deixá-lo em breve é quase incapacitante. Quero ficar em
seus braços seguros e protetores para sempre.

“Querida, estou prestes a gozar”, ele geme. “Toque seu


clitóris bonito e goze comigo.”

Seduzida por suas palavras, eu obedeço. Nossos olhos se


encontram quando ele me fode enquanto toco meu clitóris sensível.
Não demora muito para que meu corpo fique tenso de antecipação.
Seu nome está em meus lábios enquanto mergulho no
esquecimento.

“Jenna”, ele geme, seu pau lateja. Calor arde meu interior, e
então ele sai e goza entre nós.

“Estamos brincando com fogo”, ele murmura com voz rouca.


“Fiquei a segundos de gozar em você.”

Não digo que talvez ele tenha gozado um pouco dentro de


mim. Ele parece tão certo de que não o fez. Não sei dizer quem ele
está tentando convencer. Eu com certeza não estou convencida.

“E se você gozou?” Pergunto, mordendo meu lábio inferior.

Seus traços escurecem. “Então você poderia engravidar.”

Nenhum de nós diz mais sobre o assunto. Não tenho certeza


de como ele se sente sobre isso, mas meu coração vibra um pouco.
Um irmãozinho para Cora brincar? Não posso dizer que a ideia é
algo que odeio. De fato, com Enzo, quero tudo eventualmente. Só
espero que ele também queira.
CAPÍTULO TREZE
ENZO

Dou uma olhada em Jenna enquanto dirigimos para o abrigo


Casa das mulheres. Porra, me mata trazê-la aqui em primeiro
lugar, mas o que devo dizer? Sei que começamos a foder e mal a
conheço, mas você quer morar comigo? Eu me encolho,
imaginando dizer as palavras. Se dependesse de mim, diria a ela
para esquecer o abrigo e apenas trazê-la para morar comigo.
Enquanto fazíamos compras juntos no shopping hoje cedo e depois
almoçamos, nos sentimos como um casal de verdade. Melhor do
que qualquer outro relacionamento que tive no passado. Com
Jenna, parece tão natural. Como se nos pertencêssemos.

E eu me sinto um idiota por me apaixonar tão rapidamente.

Desde quando eu fodo uma garota e decido que ela já é


minha?

Sem mencionar como ela deve se sentir. Sou o seu primeiro.


Mas e se ela não quiser que eu seja o seu último?

Se ser um assistente social me ensinou alguma coisa, é que


adolescentes são insossas e emotivas. Especialmente meninas que
viveram suas vidas inteiras no sistema. Eu as vi mentir em um dia
e ser boa como ouro no dia seguinte. Jenna pode acordar daqui a
duas semanas e desejar não estar amarrada a um homem tão velho
quanto seu pai. Ela pode conhecer um fisioterapeuta na clínica do
Drew e decidir que ficar com um cara mais próximo da sua idade
é divertido.

Então seguro minha língua.

As palavras estão na minha boca, implorando para serem


ditas.
Fique comigo em vez disso.

Jenna ergue o queixo e olha o para-brisa enquanto


dirigimos. Ela é corajosa e forte. Serei amaldiçoado se tirar seu
primeiro gosto de liberdade porque quero mantê-la.

“Você está nervosa?” Pergunto, minha voz está rouca.

“Um pouco.”

Fique comigo em vez disso.

“Estou a um telefonema de distância”, digo


lamentavelmente. Porra.

Ela me dá um pequeno sorriso. Não alcança seus olhos.


“Assim como o meu pai.”

Franzo a testa, sem saber como responder. “Jenna...” Fique


comigo em vez disso.

“Meu pai quer que eu fique com ele em vez de ir para o


abrigo”, ela murmura. “Mas...”

“Você quer liberdade.”

Ela franze os lábios. “Eu não o conheço e...”

“E o que?”

Pergunte. Eu direi sim.

“Só não quero ficar com ele”, ela finalmente diz com um
suspiro.

Nós dois estamos quietos quando entramos no


estacionamento do abrigo. Começo a abrir a porta, mas ela aperta
meu pulso.

“Posso fazer isso sozinha. Vou te mandar uma mensagem


depois.”
Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela parece
determinada.

“Venha aqui”, murmuro, abraçando-a sobre o console


central. “Eu venho te buscar amanhã. Nós vamos almoçar ou algo
assim. Estou sempre aqui. Apenas um telefonema de distância, se
precisar.” Beijo o topo de sua cabeça. “Isso não é um adeus,
querida. Isso é você abrindo um pouco as suas asas. Eu ainda
estarei aqui para você.”

Seguro suas bochechas enquanto me afasto para olhá-la.


Meus lábios pressionam os dela em um beijo suave. “Ainda te quero
com todas as fibras do meu ser. Mais tempo juntos. Mais do que
fizemos ontem à noite e esta manhã. Ok?”

Ela engole a emoção e acena com a cabeça. “Ok.”

“Não se afogue”, digo, enquanto ela se afasta e sai do carro.


Sou recompensado com um pequeno sorriso que parece ser mais
uma atuação.

“Eu não vou.”

Enquanto ela se afasta, não posso deixar de pensar que


estou afundando.

Sou o único que vai se afogar sem ela.

O que significa que preciso descobrir uma maneira de


conseguir Cora e trazer minhas garotas para casa, onde pertencem.
Jenna não é uma adolescente desajeitada. Ela é responsável,
amadureceu além da sua idade e é tão merecedora de pessoas
constantes em sua vida e que se importam com ela. Jenna
realmente pertence a mim, e não vou permitir que minha
insegurança viole isso.

Com a determinação aumentando, vejo-a entrar no prédio e


depois saio do estacionamento com uma missão. Encontrarei um
jeito.

Entro no bar e encontro August em uma mesa nos fundos.
Sua cabeça está curvada enquanto ele tem um pequeno sorriso no
rosto. August e eu somos conhecidos, pois já nos encontramos em
vários casos. Não foi até recentemente que saímos para uma
cerveja aqui e ali como amigos reais. Eu com certeza preciso de um
amigo agora para me ajudar a resolver essa merda.

“Tauber”, ele diz em saudação antes de empurrar o telefone


no bolso e encontrar meu olhar.

“Miller”, resmungo. “Por que está sorrindo? Não sabia que


sua boca conhecia esse movimento.”

Ele me dá um sorriso de um milhão de dólares e seus olhos


escurecem com maldade. “Minha boca conhece muitos
movimentos. Apenas pergunte a minha garota.”

“Garota, hein?”

Vergonha em August é novo. Suas bochechas ficam rosadas


por um momento antes de encolher os ombros. “Estou com alguém
muito mais jovem. Tem algum problema?”

“Quanto mais jovem?” Sondo.

“Ela tem dezoito anos”, diz ele em tom defensivo.

Solto um suspiro aliviado. Talvez ele entenda o que estou


passando. “Eu tenho um problema e preciso de ajuda.”

“Você disse isso antes.”

Uma garçonete se aproxima e August pede aperitivos.

“Vá em frente”, ele diz.

Esfrego a parte de trás do meu pescoço e solto um suspiro


rápido. “Uma das minhas crianças...” acidez preenche o meu
estômago. Provavelmente vai parecer esquisito pra caralho quando
ele souber que estou dormindo com ela. “Umas das minhas
crianças, Jenna, quer adotar outra criança minha, Cora.”

Seus olhos se estreitam. “Eu me lembro delas. Nick e Dane


foram com você vê-las no Natal. Os garotos também.”

“Jenna acabou de completar dezoito anos, e ela pensa...”


Paro porque parece impossível aos meus próprios ouvidos, então
sei como soará para ele.

“Ela acha que magicamente será capaz de assinar nas linhas


pontilhadas e pegar a menininha, não é?”

“Eu disse a ela que não é tão simples. Há muitos fatores


envolvidos.” Conheço um pouco do processo de adoção, mas
geralmente estou do lado oposto. Nesse caso, o lado de Cora.
Embora não seja minha decisão, meus estudos em casa e outras
avaliações ajudam na decisão do juiz.

“A lei afirma que o candidato deve ter vinte e um anos”, ele


diz, fazendo-me murchar. “Mas às vezes isso pode ser anulado em
casos extraordinários.”

“Então, ela ainda pode tentar?”

“Ela pode. A idade não necessariamente a exclui.


Principalmente ela precisa ter uma residência permanente
estabelecida. O abrigo das mulheres não funcionará.” Ele franze a
testa. “Ela tem um emprego?”

A garçonete entrega nossa cerveja e sai. Sento-me e tomo um


gole antes de concordar. “Sim. Em uma clínica de fisioterapia como
recepcionista. Ela começa segunda-feira depois da escola. É meio
período.”

Ele toma um longo gole de sua cerveja e suas sobrancelhas


franzem enquanto pensa. Finalmente, ele me libera do suspense
do que está passando em sua cabeça. “Cada situação é diferente,
mas tudo se resume à aprovação da agência e do juiz na audiência
de finalização. Embora as regras determinem que a adoção não é
discriminatória em termos de idade, nível de renda e estado civil,
em última instância, a agência decidirá o que fazer ou não. Seria
do seu interesse ajudá-la a alinhar tudo, então teríamos o melhor
argumento para aprovar a adoção.”

“Nós?” Digo, sorrindo.

Ele bufa. “Não fique tão surpreso. Posso ser caridoso às


vezes.”

“Obrigado, cara.” Tomo outro gole de cerveja e encontro seu


olhar. “Então, dê-me o resumo. Se puder dar a Jenna um plano
que ela possa seguir, acho que ajudará.”

“Seis meses. Nenhuma agência vai aprová-la sem seis meses


de estabilidade, pelo menos. Eles serão solidários com seu
relacionamento já existente e por Jenna ter vivido dentro do
sistema todos estes anos. O assistente de Cora”, ele diz, apontando
para mim, “realizará um estudo em casa, talvez periodicamente,
para mostrar a prova de um lar estável. Seria ótimo ter alguns
depoimentos de pessoas bem-confiáveis na comunidade, se
possível. O mais recente pai adotivo de Jenna, amigos, colegas de
trabalho, etc. Eles podem até mesmo exigir um teste de drogas se
forem duros com ela. Então diga para ela manter-se fora de
problemas, ter um lar estável, e não ser demitida. Em seguida, ela
pode se candidatar. Fazê-lo agora será um desperdício de tempo de
todos. Ele será chutada antes mesmo de ter uma chance.”

Entristeço-me porque ela não vai gostar dessa resposta.


“Aprecio isso. Farei o que for preciso para ajudá-la.”

Ele se inclina para frente e suas sobrancelhas se juntam.


“Lembre-se do seu lugar no caso dela. Você é o assistente social de
Cora. Seu dever é cuidar do melhor interesse de Cora. Posso ver
isso nos seus olhos apaixonados. Você está fodendo a garota ou
colocando seu coração nisso. Você é um cara muito bobo, então
pode fazer o que quiser, mas saiba que, se isso for exposto, pode
ser uma ameaça, não apenas para seu trabalho, mas para
qualquer chance que ela tenha de conseguir Cora. Estou apenas
sendo direto com você.”

“Então, morar comigo está fora de questão.”

Ele solta uma risada. “Absolutamente fora de questão, cara.”


Ele bate no lado de sua cabeça. “Use seu cérebro, não seu pau.
Ajude-a a conseguir um apartamento ou outro lugar. Não a leve
para sua casa. Só vai complicar tudo.”

Tanto quanto quero ser seu herói e salvar o dia, tenho que
ser esperto sobre isso. A contragosto, pego meu telefone e envio
uma mensagem para a pessoa que pode ajudar.

Eu: Você está livre amanhã?

Sua resposta afirmativa é imediata.


Deito-me na cama no escuro, pensando em Jenna. Mais
cedo, liguei para verificar como ela estava se adaptando ao abrigo
de mulheres e quis discutir o que August me disse. Consegui
explicar seu plano de ação e o cronograma de seis meses antes que
ela me dissesse que tinha que ir. Sua voz estava trêmula e sei que
ela estava à beira das lágrimas. Gostaria que ela estivesse na
minha cama agora, para que eu pudesse garantir que tudo ficaria
bem. Tem que ficar bem. Não aceitarei de outro forma.

Meu telefone toca, finalmente, e atendo a ligação com um


resmungo, “Alô.”

“Ei”, Jenna diz, sua voz não possui emoção.

“Como estão as coisas?”

Ela solta um suspiro suave. “Estou sentada no armário. Os


armários aqui também fedem.”

Eu sorrio. “Talvez no seu aniversário, eu deveria ter


comprado purificadores de ar.”
“Ha”, ela se entristece. “Acho que prefiro a nova calcinha e
sutiã.”

Meu pau sacode com a lembrança dela as experimentando


no vestiário hoje cedo. Seu corpo é magro, mas seus peitos são
grandes e sedutores. Gostei muito de vê-los saltar em seus sutiãs
novos e mais bonitos.

“Sinto sua falta”, digo a ela, minha voz fica rouca enquanto
tento afastar os pensamentos dela quase nua.

“Também sinto sua falta.” Uma pausa. “Enzo, eu estou


arrasada.” Ela silenciosamente chora do outro lado, e odeio não
poder segurá-la.

“Eu sei, Baby. Shhh”, digo. “Tudo vai dar certo. Você só tem
que confiar em mim. Vai levar um tempo, o que é uma droga, mas
Cora vale a pena.”

Ela sufoca seus soluços e suspira as palavras. “E-está m-me


q-quebrando n-não vê-la.”

“Que horas você sai do trabalho na segunda-feira?”

“Eles fecham às 19h e Drew disse que todo mundo


geralmente sai de lá às 19h30.”

“Vou ligar para Patty e ver se podemos ir por volta das


19h45. Você pode ver Cora antes de ir para a cama.”

Ela funga. “Obrigada. Eu adoraria isso.”

“Agora, sobre amanhã.”

“Eu quero vê-lo. Estou pronta.”

“Você está pronta para aceitar este estranho em sua vida?”

“Entre nós”, ela murmura, “isso me assusta. Mas ele parecia


legal e é médico. Não pode ser tão ruim assim. Além disso, você vai
me pegar se ficar ruim, certo?
“Absolutamente”, asseguro-a. “Pedi ao xerife uma verificação
de antecedentes sobre ele também. O cara é decente.”

“Seis meses”, ela suspira. “Posso fazer isso.”

“Se alguém pode, é você, querida.”

“Enzo...”

“Mmm?”

“Obrigada por tudo. Sei que é difícil para você. Estou


colocando seu trabalho em risco apenas por estar com você.”

“Você vale a pena, Jenna”, digo, um pouco feroz demais. “E


pretendo provar exatamente isso. Confie em mim e passaremos por
isso juntos. Quero que você e Cora sejam felizes.”

Ela fica quieta por um momento.

“Não acho que eu não duraria aqui de qualquer maneira”,


ela murmura. “Algumas das mulheres são muito legais. Mas
outras…” Ela se cala. “Algumas parecem não gostar de mim. Uma
garota me disse para parar de olhar para ela. Eu nem estava
olhando. E quando não respondi, ela me empurrou contra uma
parede e me disse para prestar atenção na porra da minha atitude.”

Eu me encolho ao ouvir mais uma pessoa machucando


minha doce Jenna.

“Eu sinto muito”, suspiro, a culpa ameaça me sufocar.

“Não se desculpe”, ela sussurra. “foi você na minha cabeça


que me impediu de empurrar aquela garota. Não se afogue. Então,
levantei o queixo e fiquei bem longe dela. Posso sentir que estou
afundando, mas sou uma boa nadadora quando se trata da vida.”

Sorrio. “Aí está minha garota.”

“Pode vir me buscar de manhã?”

“Assim que a acordar. Tomaremos café da manhã e depois


veremos Daniel. Aguente firme, querida.”
“Farei o meu melhor.”

Desligamos depois de um adeus e olho o teto escuro. Halo


pula na cama, sentindo meu incômodo, e ronrona enquanto se
aconchega ao meu lado.

“Vai funcionar”, digo ao meu gato.

Ele mia da maneira entediada que aperfeiçoou. Claro que


vai.
CAPÍTULO QUATORZE
JENNA

“Caramba”, sussurro quando entramos na entrada da casa


do meu pai.

Enzo aperta minha mão. “Ele é médico, lembra?”

“Um muito rico”, digo com surpresa. “Por que ele tem uma
casa tão grande se é só ele?”

“Talvez ele esperasse que um dia pudesse preenchê-la”, ele


diz melancolicamente.

Meu coração vibra um pouco, sabendo que a casa de Enzo é


grande demais para ele também. Tem alguns quartos extras, e eu
me pergunto se ele espera preencher seu lugar um dia também.

“Estou nervosa com isso”, admito quando saímos. “E se ele


se mostrar um grande idiota?”

Enzo me para e embala meu rosto com as palmas das mãos.


Seus intensos olhos castanhos me encaram. Ele planta um beijo
doce no canto da minha boca. “Você me diz se ele até te olhar
estranho. Eu vou te tirar de lá tão rápido que sua cabeça vai girar.”

Viro a cabeça ligeiramente para encontrar seus lábios para


que ele possa me beijar mais profundamente. Sua língua desliza
ao longo da minha, enviando um arrepio pela minha espinha. “E
para onde vai me levar?”

Ele puxa meu lábio inferior com os dentes antes de me dar


um sorriso de lobo. “Para onde eu absolutamente não deveria.”

Meu coração falha no peito. “E onde seria isso?”


“Minha casa.”

O pensamento é atraente. Seria muito mais fácil deixar Enzo


cuidar de mim. Mas ele me avisou o que August disse. Que se o
juiz descobrisse que estou morando com meu antigo assistente
social, poderia realmente acabar com qualquer chance que tenho
de pegar Cora. Tudo se tornaria uma grande confusão, e é
exatamente o que tento evitar. Claro que a vida não seria tão
simples. Mas Cora vale a pena se arrastar pela sujeira para tê-la.
Meu peito dói quando penso no meu anjinho. Sinto falta do sorriso,
do rosto adorável e do cheiro dela. Lágrimas nadam em meus olhos.

“Você ficará bem”, Enzo me garante. “Está fazendo isso por


Cora.” Eu amo quando ele parece alcançar dentro do meu cérebro
e encontrar meus pensamentos.

“Por Cora”, repito quando avançamos para a porta da frente.

Antes de chegarmos à porta, ela se abre e Daniel nos


cumprimenta. Não posso deixar de notar as semelhanças entre
nós. Isso é surreal. Passei toda a vida sem ninguém e, de repente,
tenho um pai que quer estar na minha vida. Não sei como me sentir
em relação a tudo isso.

“Jenna”, ele diz, com um sorriso nervoso no rosto. “Estou tão


feliz que decidiu vir para cá em vez de ficar no abrigo. O que
precisar, é só pedir. Eu quero compensar todo o tempo que
perdemos juntos.”

Meu coração derrete com suas palavras. As lágrimas que


transbordaram na primavera anterior voltam. Então, muitas vezes,
eu tento ser dura e forte, mas ultimamente, sinto que as paredes
estão desmoronando ao meu redor. Estou exposta a essas pessoas
e tenho que confiar que elas não ferirão o que encontrarem.

Ando até ele e dou-lhe um abraço desajeitado. No início, ele


está rígido, mas depois me abraça forte, como se temesse que eu
desaparecesse ou mudasse de ideia. Ele é meu sangue. Minha
família. E tê-lo me abraçando com tal força faz algo rolar dentro de
mim. Algo congelado se divide no meio e sangra calor. Eu sufoco
um soluço de alívio. Vim aqui por outras razões — por Cora — mas
agora, sinto que estou fazendo isso por mim. Eu preciso disso.

“Oh, querida”, ele diz suavemente. “Sinto muito por tudo que
teve que suportar. Mas eu juro que, se permitir, serei o melhor pai
que uma garota pode ter.”

Fungando, aceno com a cabeça, grata que ele quer esse


relacionamento tanto quanto eu. Não sinto nenhuma vibração
assustadora dele. Não, sinto a esperança irradiando dele em ondas.
Uma esperança que combina com a minha.

“Vamos para dentro”, ele diz, com um sorriso em sua voz.


“Tenho lasanha no forno e está quase pronta.”

“Você sabe cozinhar?” Pergunto, surpresa quando me afasto.

Ele ri. “E limpar, e até mesmo tricotar se puder acreditar.”

Enzo bufa e solto uma risada.

“Tricotar?” Minha sobrancelha se levanta para ele, incapaz


de continuar sem uma explicação.

Seu sorriso é caloroso. “Minha mãe me ensinou. Disse que


os homens precisam saber como fazer tudo. Para encontrar uma
boa esposa um dia.” Ele sorri. “Embora ela ainda use a da esposa
contra mim, ela está na lua que sou capaz de dar-lhe uma neta.”

Suas palavras afundam e olho-o boquiaberta. “Eu tenho


uma avó?”

“Você tem, e ela está morrendo de vontade de conhecê-la. Eu


disse a ela para te deixar ter algum tempo para se acomodar antes
que ela invadisse tudo e te estragasse.” Ele sorri com o
pensamento. “Minha mãe é exagerada.”

“Ela parece atrevida. Já gosto dela”, digo com um sorriso.

“Atrevida é um eufemismo.”

“Deixe-me mostrar-lhe seu quarto”, papai diz, quando
terminamos de comer.

Nós o seguimos pela bela casa. As paredes são cinza-claro e


os pisos de madeira cinza escuro. Sua mobília é moderna e rústica,
mas tudo parece confortável e convidativo. Gosto do seu estilo de
decoração, com certeza. Estou ansiosa para ver meu quarto.

“Este aqui é um pequeno escritório”, ele diz, apontando para


dentro da sala. “Pensei que você poderia fazer seu dever de casa
aqui, se quiser. Eu já arrumei um laptop. É meu, mas podemos
comprar um para você depois.”

Entro no pequeno espaço e me maravilho com o quão fofo é.


Há uma mesa de madeira com uma lâmpada moderna e estantes
embutidas ao longo de uma parede, cheias de livros. Ando até eles
e percebo que são livros de medicina. Fico curiosa para abrir um,
mas vou ter que investigar mais tarde sozinha. O outro lado da sala
tem uma pequena área de bar. Mas em vez de bebidas alcoólicas,
há cestas com lanches. Tem uma pequena pia e um pequeno
refrigerador embutido embaixo do armário.

“E este aqui é o quarto de Cora”, ele diz, nos levando para


fora do escritório. “Se ela alguma vez conseguir visitar. Podemos
comprar alguns brinquedos e coisas para ela guardar aqui. Quero
que ela se sinta bem-vinda também.”

Minha garganta queima de emoção e tenho que piscar as


lágrimas. Enzo coloca uma mão reconfortante no meu ombro.

“Esse é um gesto legal”, Enzo diz para meu pai.

Papai nos leva do quarto de Cora para um banheiro. É


branco do chão ao teto, com uma banheira gigante no centro.
Então, ele nos guia através de outra porta que leva a um quarto
maior. “Este é o seu quarto.”
A cama é grande — uma cama king size, se tivesse que
adivinhar. Tem janelas gigantes abertas que têm vista para o
espaço verde atrás da casa de papai. Mas o que me faz sorrir
alegremente são as portas francesas que levam a um pequeno pátio
dos fundos.

“Uau”, digo em descrença. “Isso é tão legal. Obrigada.”

Papai acena para mim com um sorriso tímido no rosto. “Só


quero que isso pareça como sua casa, porque agora é.”

“É lindo”, murmuro. “Obrigada por me receber e querer um


relacionamento comigo. É um pouco demais para lidar no
momento, mas estou feliz. Quero que saiba disso.”

Ele concorda. “Estou feliz também, querida.”

Ando até as portas francesas e abro-as. É quase como ter


meu próprio pequeno apartamento.

“Vou te deixar desfazer as malas”, meu pai diz. “Estarei na


cozinha, lavando os pratos. Pode voltar lá quando terminar e
podemos ver o que precisa. Roupas, sapatos, o que quiser.”

Dou-lhe um sorriso aguado e então ele sai, fechando a porta


atrás de si. Assim que estamos sozinhos, Enzo me puxa para seus
braços.

“Como está lidando?” ele pergunta, sua respiração quente


fazendo cócegas no topo da minha cabeça.

“Surpreendentemente bem”, admito. “Estou animada.


Nervosa, mas animada. É bom demais para ser verdade?”

Ele se afasta um pouco e sorri para mim. “Depois da vida


que você viveu, é difícil não ser cínico. Confie em mim, eu entendo.
Mas às vezes as pessoas são realmente boas. Como Daniel. Ele é
um cara legal que acaba de descobrir que tem uma filha. Acho que
ele quer esse relacionamento tanto quanto você, e ele está tentando
fazer o certo agora.” Ele beija minha testa. “Apenas deixe o bem
acontecer, Jenna.”
Relaxo em seu abraço. Estou tão acostumada a tentar
controlar cada parte da minha vida que posso. E isso não é muito
bom. Então, sentar aqui e apenas permitir que coisas boas
aconteçam comigo, sem ter que estar no controle, é uma nova
experiência. Terei que me acostumar com isso, com certeza.


“Ei”, uma voz diz atrás de mim, tirando-me do meu pânico
interno.

Eu me viro para encontrar Sophia Rowe assistindo meu


colapso com uma sobrancelha arqueada. Hoje é meu primeiro dia
e Drew, o proprietário desta clínica de fisioterapia, deu instruções
mínimas antes de me deixar sozinha. Estou lutando desde então,
mas ele tem estado muito ocupado com os pacientes para me
ajudar.

“Oi”, resmungo. “Alguma chance de você saber por que a tela


está congelada?”

Ela manca até mim e bate nas teclas algumas vezes sem
sucesso. “Não.”

Uma risadinha passa pelos meus lábios enquanto ela se


senta em uma cadeira ao meu lado. “Uh, obrigada por nada. Drew
vai ficar bravo por eu ter quebrado o computador dele.”

“Vou distraí-lo de sua raiva”, ela jura, balançando as


sobrancelhas sugestivamente para mim. “Eu tenho meus
métodos.”

Sophia é jovem, talvez quase a minha idade, mas tenho


certeza que ela e Drew têm uma coisa acontecendo. Ninguém veio
e me disse com certeza, sendo a novata aqui e tudo, mas observei
seus olhos a rastrearem, como se ele quisesse prendê-la e mordê-
la.

“Vocês dois estão namorando?” Pergunto.


Ela bufa com minhas palavras. “Ehhh, algo assim.” Uma das
outras fisioterapeutas olha em nossa direção e depois tenta fugir,
mas Sophia a interrompe gritando seu nome. “Johnna! Venha aqui
por um segundo.”

Johnna estremece e nos lança um olhar cauteloso.

“Ela me odeia”, Sophia resmunga baixinho. “Todo mundo


odeia.”

“Exceto Drew”, indico. “Parece que ele quer te comer.”

Os lábios de Sophia se curvam em um sorriso malicioso. “Oh,


ele quer totalmente me comer. Às vezes eu deixo.” Ela pisca para
mim antes de resmungar para Johnna novamente. “Hoje, Johnna,
o sistema está travado.”

Johnna solta um suspiro e franze os lábios antes de se


aproximar de nós. Sophia parece gostar do nervosismo da mulher
mais velha ao seu redor. Isso me lembra de Winter. Winter gosta
de manter sua atitude durona sobre todos ao seu redor. Sophia e
Winter gostariam uma da outra.

“Depois de marcar o compromisso, você precisa clicar no


botão ‘salvar rascunho’ e não no botão ‘continuar’. Por alguma
razão, essa é a única maneira de salvar o compromisso e não
travar”, Johnna explica. “Quando fica assim, tem que reiniciar o
computador e inserir tudo de novo.”

Ela me ajuda a reiniciá-lo e depois que insiro as informações


mais uma vez, ele me permite seguir em frente depois que apertei
o botão direito.

“Obrigada”, Sophia diz. “Agora é melhor você ir ou vai ouvir


uma conversa sobre sexo. Estávamos falando sobre comer buce...”

“Não! Não preciso ouvir sobre isso.” Johnna empalidece.


“Você pode, uh, manter isso para si mesma.”

“Tem certeza de que não quer ouvir sobre a língua de Drew?”


“Querido Deus, não”, Johnna geme, recuando.

“Obrigada por me ajudar”, digo a Johnna, e tento sufocar


minha risada.

Assim que a mulher se vai, Sophia ri. “Ela é tão tensa. Gosto
de fazê-la se encolher. Uma vez ela nos pegou. Os dedos de Drew
não estavam sendo tão inocentes, se sabe o que quero dizer.”

“Ela entrou enquanto ele estava te tocando?” Ofego. “Oh meu


Deus. Isso é tão embaraçoso. O que vocês dois fizeram?”

Sophia encolhe os ombros. “Drew disse a ela que sairia em


um minuto, e então ele começou a me dar um orgasmo que nunca
esquecerei.” Seu sorriso é maligno. “Johnna finge que não viu
nada, apesar de eu gostar de importuná-la sobre isso agora.”

“Você totalmente ama aterrorizar as pessoas, hein?”

“Totalmente”, ela diz alegremente. “Oh, Deus. Você já olhou


para ele? Por que ele tem que ser tão estúpido? Estou brava com
ele. Mas olhe. Como diabos posso estar com raiva quando sua
bunda fica tão bem em uma calça cáqui?”

Sigo seu olhar quando Drew está inclinado sobre uma


máquina, mostrando a uma mulher como usá-la.

“Ele tem uma bunda bonita”, digo com uma risadinha.

“Droga, ele tem.” Então ela aponta para as portas de vidro.


“E esse cara também.”

Eu a encontro checando outra bela bunda em uma calça


comprida. A bunda de Enzo. Ele está ao telefone do lado de fora da
porta e sua bunda parece muito bonita hoje.

Eu a empurro com o ombro. “Esse é o meu... namorado.”


Quero dizer, eu acho que ele é. Nós fizemos sexo e somos
completamente loucos um pelo outro. Mesmo sem rotular nosso
relacionamento antes, isso é o que ele sente por mim.

“De jeito nenhum”, ela sussurra. “Ele é velho!”


“Como o seu namorado?”

“Sim, você tem um ponto aí.” Ela ofega com falso


aborrecimento. “Por que os mais velhos são tão sexys? Eles
também são mandões. Só assim você já sabe. Acho que eles entram
no modo papai.”

“Como ele te atura e essa sua boca?” Eu provoco. Gosto de


Sophia, embora todo mundo pareça evitá-la como a peste.

Inclinando-se, ela sussurra: “Porque esta minha boca é


muito boa em chupar um pau.”

“Sophia!” Eu grito.

Drew se vira e sorri. Ele não parece bravo, no entanto. Talvez


esteja um pouco feliz por ela estar fazendo alguém rir e não
chateando ninguém pela primeira vez esta tarde.

“Nós estávamos falando sobre quantos anos você tem”, ela


grita para ele.

A moça da máquina sorri.

Imperturbável, tudo o que ele faz é pronunciar a palavra


‘depois’ para ela antes de voltar à sua tarefa de ajudar a mulher.

“Você está com problemas”, aviso, sorrindo.

“Quando não com problemas?” Ela responde. “Agora me fale


sobre o Papai Mafioso ali fora. Ele está com a máfia italiana? Ele
está totalmente passando uma sensação de O Grande Chefão.”

“Ele é assistente social”, digo.

“De dia”, ela diz. “E à noite?”

“Apenas Enzo.”

“Amante italiano.”

Eu sorrio. “Ele definitivamente é bom nisso. Apesar de


termos passado apenas uma noite juntos.”
Ele deve sentir nossos olhos nele porque se volta para nos
olhar através das janelas. Seu sorriso é imediato ao me ver.

“Carambaaaa”, ela fala. “Você o ferrou, J. Ele é totalmente


grande, certo? Quero dizer, a maneira como as calças dele estão
abraçando seu pa...”

Suas palavras ficam presas na garganta quando alguém


cobre sua boca com a mão. Drew. Uma vez que sua boca está
selada, ele cobre os olhos também. Enquanto ela se contorce, ele
se dirige a mim.

“Como foi seu primeiro dia?” Ele pergunta, não preocupado


que ela esteja batendo nos braços dele e o atacando.

Eu sufoco uma risada. “Foi divertido. Aprendi muito.


Obrigada por me deixar trabalhar aqui. Significa muito.” Aponto
para Sophia. “As pessoas aqui são ótimas também.”

Seu sorriso desaparece quando ele me dá um sorriso


genuíno, cheio de gratidão. “Essa pirralha gosta de causar
problemas e não faz amigos com facilidade. Ter você aqui a
manterá fora do meu pé.” Ele a solta e depois bagunça o cabelo
dela. “Vá limpar os banheiros ou algo assim”, ele diz a ela. “Faça-
se útil por aqui.”

Ela mostra a língua para ele. “Encontre-me no banheiro, e


mostrarei o quão útil posso ser.”

Seus traços escurecem. “Hora de você ir para casa, Soph.”

“Com prazer”, ela ronrona e se levanta. Ela manca para ele e


dá um tapinha no peito dele. “Vejo você em breve.” Ela vira para
mim e diz: “Enviarei uma mensagem depois. Vou precisar de dicas
sobre o homem da máfia.”

Drew resmunga as palavras. “Vá embora.”

Com um pequeno aceno, ela se afasta de nós.

“Ela está bem?” Pergunto, indicando o mancar de Sophie.


“Ela é uma grande chorona”, ele geme. “Ela definitivamente
não está bem.” Ele diz isso carinhosamente, no entanto. “Vá em
frente e saia daqui. Eu vejo que seu mafioso está esperando.”

Minhas bochechas esquentam com as palavras e murmuro


um adeus. Quando saio, Enzo está franzindo a testa.

“Tudo bem aí?” Ele pergunta. Sua mandíbula aperta e seu


olhar permanece lá dentro.

“Sim”, digo a ele, acariciando seu peito. “Meu chefe está


apaixonado por uma garota muito atrevida. Eles são engraçados
de assistir.”

Ele relaxa e vira sua atenção para mim. Seus dedos correm
pelo meu cabelo e ele dá um beijo nos meus lábios. “Você está
pronta para ver Cora?”

“Absolutamente.”
CAPÍTULO QUINZE
ENZO
Duas semanas depois...

“La la”, Jenna diz por cima do ombro. “Não posso ouvi-la.”

Sua amiga Sophia manca atrás dela como uma mulher


velha, um sorriso maligno cobre seu rosto. “Porra. Em toda parte.
É tudo que estou dizendo.”

Arregalo meus olhos para Jenna. “Hummm, o quê?”

“Não pergunte”, ela diz com um bufo.

“Ligo mais tarde para lhe dar todos as partes suculentas, J”,
Sophia grita.

Jenna sorri e vira antes de entrar no meu carro. Estou


abrindo a porta para entrar quando Sophia exibe sua maldade para
mim. “Não se preocupe, ouvirei tudo sobre suas partes suculentas
também.” Com essas palavras, ela gargalha e volta para dentro da
clínica de terapia.

Entro ao lado de Jenna e dou a ela um olhar interrogativo


que só a faz rir.

“Ugh, ignore-a. Sabe como ela é. Podemos pegar raspadinhas


para as meninas?” Ela aperta o cinto de segurança e começa a
mexer no telefone.

Não posso deixar de sorrir. As duas últimas semanas fizeram


bem para Jenna. Ela não é mais a garota triste que já foi. Daniel
lhe deu uma casa e sua atenção adoradora. Ela tem um trabalho
que ama e fez alguns amigos. E ela me tem. Quando podemos,
vamos para minha casa fazer amor e sair. A única coisa que falta
para completar sua vida é Cora.

Felizmente Patty nos deixa visitar quando queremos. Então,


todos os dias depois que Jenna sai do trabalho, vamos ver Cora e
as outras garotas. No primeiro dia em que saímos, Cora chorou.
Mas agora que ela sabe que voltaremos, e é mais fácil para ela se
despedir de Jenna todos os dias.

Dirijo buscando um local para pegar as raspadinhas.


Quando chegamos a Patty, as garotas estão animadas por terem
sido lembradas.

Jenna se senta no sofá e Cora rasteja para seu colo. Como


todos os outros dias que viemos, elas conversam sobre o que quer
que seja, enquanto Patty e eu conversamos sobre o bem-estar de
Cora.

“Ela a ama”, Patty diz, antes de tomar sua raspadinha.


“Jenna pode ter apenas dezoito anos, mas ama a Cora mais do que
qualquer pai poderia.”

Olho para Jenna. Cora está estendendo sua bebida para


Jenna provar. Jenna finge que é muito azedo, fazendo Cora sorrir,
mas ela continua fazendo-a provar. Elas são adoráveis.

“Ela são. Espero que um dia possam ficar juntas


novamente”, digo suavemente.

Patty acena com a cabeça. “Eu também, Sr. Tauber. Às vezes


a lei não entende o amor. Tem regras para o amor.” Ela dá um
tapinha no meu joelho e me dá um sorriso conhecedor. “Mas o
amor é sem lei. O amor não tem conhecimento das normas sociais.
O amor não dá a mínima.”

Eu sorrio. “Não”, concordo. “O amor apenas faz o que quer.”

Passamos algumas horas com Cora e as garotas até a hora


de dormir. Cora está com os olhos marejados quando saímos, mas
ela não cede. Jenna está lidando com sua despedida muito melhor
do que no começo. Ainda assim, enquanto levo-a para casa, ela
está triste.

“Você está bem?”

Ela acena com a cabeça. “Tão bem quanto posso estar.”

Eu ia levá-la para jantar e assistir filme, como às vezes


fazemos depois de deixar Cora, mas hoje parece que ela pode
precisar de um ombro para chorar. Dirigimos e pegamos
hambúrgueres antes de ir para a casa dela. No carro, nos sentamos
e comemos em silêncio.

“Você pode entrar?” Ela pergunta. Suas sobrancelhas estão


franzidas juntas. “Vai ficar a noite comigo?”

Olho em direção a casa. Daniel é um cara legal, mas não sei


como ele se sente sobre eu passar a noite. Não quero fazer nada
para comprometer o relacionamento dela com o pai.

Ela ri. “Relaxe. Ele não virá atrás de você com uma
espingarda. Eu recebi uma mensagem antes. Ele foi chamado e não
estará em casa até amanhã.” Seu sorriso é sexy. “Somos só nós.”

“Então vou ficar”, digo a ela, dando um sorriso. “Agora que


sei que não tomarei um tiro nas bolas.”

Saímos do carro e eu a sigo para os fundos da casa. Ela gosta


de ir pela porta do quintal para seu quarto. Acho que isso faz com
que ela se sinta mais em casa. Assim que entramos, ela aperta o
código de alarme e joga a bolsa no chão. Ela fecha a porta e nos
tranca, enquanto meu olhar percorre seu quarto. Está mudado
desde que chegamos. Ela o decorou com tons marrons e cinzas que
são mais seu estilo do que a aparência masculina que tinha antes.
Fotos dela e Cora inundam o espaço e suas roupas estão
espalhadas pelo chão. O que mais me deixa curioso é a pilha de
livros na mesa de cabeceira.

“Está lendo os livros do seu pai?” Pergunto, enquanto pego


um dos livros de medicina.
Suas bochechas ficam rosadas. “Estava apenas vendo se me
interessava o suficiente para ir à faculdade.”

Orgulho enche meu peito. “Faculdade de medicina? Como


Daniel?”

“Talvez seja coisa de família.” Ela encolhe os ombros. “Drew


tem me deixado segui-lo enquanto atende pacientes quando
estamos atrasados. Ele diz que presto mais atenção que Soph.”

Abro o livro. “Acho que você seria ótima nisso. Você é ótima
com todas as doenças de Cora.”

“Vamos ver”, ela diz em um tom evasivo. “Farei o que for


melhor para Cora. Mesmo que isso signifique trabalhar na clínica
em tempo integral ao invés de ir para a faculdade. Sabe que ela é
minha prioridade.”

Suas palavras, embora doces e genuínas, incomodam-me.


Agarro seus quadris e a puxo para perto. “Você pode ter seus
sonhos e uma família. Você sabe disso, certo?”

Meu pau se agita, latejando em antecipação.

“Jenna”, murmuro com minha voz rouca de necessidade.

“Shhh”, ela sussurra, quando começa a desabotoar minha


camisa. “Tudo o que quero ouvir são sons de prazer vindos de
você.”

Gemo com suas palavras atrevidas. “O que deu em você?”

“Você que não me deu... ainda.”

Jenna empurra minha camisa pelos braços até jogá-la no


chão. Em seguida, ela me livra da minha camiseta. Meu pau está
lutando contra a calça. Seus dedos habilmente desafivelam meu
cinto e em segundos, ela empurra a calça e cueca para baixo. Como
se estivesse ansioso para vê-la, meu pau salta para fora, já vazando
pré-gozo na ponta.
Sua língua se lança e ela lambe o lábio inferior. “Alguém está
terrivelmente pronto agora”, ela ronrona.

Ela tira o suéter e depois solta o sutiã. Seus peitos cheios


são volumosos para meu gosto visual enquanto ela se ajoelha
diante de mim. Seus olhos verdes se levantam para me olhar.
Confiança exala dela, e agradeço a Deus que ela fez amizade com
Sophia e Winter. Essas duas garotas são experts em puxá-la para
fora de sua concha. A autoconfiança é uma qualidade sexy em
Jenna.

Sua mão envolve meu pau, e ela me provoca gentilmente


acariciando. Estou prestes a dizer a ela para parar de foder comigo
quando a língua dela desliza pela ponta. Meus dedos agarram seu
cabelo, apertando com força, e solto um gemido baixo.

“Maldita seja, Jenna.”

Ela sorri, sua língua circulando a ponta, antes de deslizar


sobre meu comprimento. Algumas vezes ela me chupou, mas não
é nada que eu tenha pedido ativamente. Mas agora que ela está
certa de suas habilidades e fazendo um ótimo trabalho, posso estar
inclinado a sugerir isso em um futuro próximo.

Meus olhos se fecham quando ela engasga ligeiramente. Sou


muito grande para ela me levar completamente na boca, mas a
linda garota tenta. Porra, como ela tenta. Saliva escorre pelo meu
pau até as bolas e meus nervos estão em chamas com luxúria.
Enquanto ela chupa e provoca meu pau, sua mão desliza pelo
comprimento, espalhando sua saliva. Ela esfrega minhas bolas,
enviando prazer ao meu corpo. Meus joelhos continuam tremendo
enquanto quase perco o controle. Consigo murmurar as palavras
em advertência.

“Eu vou gozar, querida.”

Ela se afasta de mim e murmura: “Deixe-me sentir seu


gosto.”
Suas palavras são minha ruína, mas são seus olhos verdes
perversos que me deixam excitado. Ela abre os lábios carnudos e
inchados e estende a língua, como se estivesse esperando por uma
degustação. Então, ela me faz gozar com a mão molhada. Quando
gemo, um sinal do meu orgasmo iminente, ela aponta meu pau
para sua boca aberta. Gemo de prazer e meu gozo dispara. Ele
reveste sua língua, grosso e branco. Sua boca trava na ponta mais
uma vez, e ela engole cada gota até que me drena todo.

Com meu aperto em seu cabelo, eu a puxo em pé e beijo sua


boca sexy que ainda tem meu gosto. Antes que ela possa responder
ao beijo, eu a giro para longe. Minhas mãos trabalham rapidamente
abrindo a calça e empurro-a pelas coxas. Assim que sua calcinha
é empurrada para baixo também, eu a curvo sobre a cama,
mostrando sua bunda redonda perfeita para mim.

“Uma menina jogando grandes jogos com meninos grandes,


hmmm?” Pergunto com minha voz rouca.

Ela se contorce e balança a bunda para mim. “Sou uma


menina grande. Você é quem precisa me acompanhar.”

Meu pau se agita com suas palavras. Bato na bunda dela,


amando quando ela imediatamente fica rosa. “Você é a pessoa que
se debruçou sobre a cama e à minha mercê, querida.” Corro meu
dedo entre suas coxas e tenho o prazer de encontrar sua buceta
encharcada. Empurro dentro dela o dedo, não posso deixar de
perceber o quão sortudo sou de ter essa linda mulher para chamar
a minha.

“Vai me foder ou apenas me provocar?” Ela insulta.

Lentamente empurro meu dedo dentro e fora dela. “Provocar


é mais divertido.”

Quando deslizo dedo dentro dela, deixo outro dedo


esfregando seu clitóris cada vez que movo a mão. Seu corpo treme
e balança. De novo e de novo, eu a levo perto do limite do êxtase
até ela estar choramingando e implorando para gozar.
“Implore pelo meu pau”, digo a ela, batendo em sua bunda
com minha mão livre.

Ela aperta meu dedo e grita: “Por favor! Eu preciso disso!”

Tiro meus dedos, rindo enquanto ela resmunga, e consigo


encontrar um preservativo na carteira. Tentamos jogar pelo seguro,
mas às vezes simplesmente não acontece como deveria. Rasgo a
embalagem com os dentes e envolvo meu pau ainda molhado.
Então, coloco a ponta em sua abertura, antes de entrar
completamente. Ela grita, seus punhos puxam a colcha, e sua
buceta me prende ao ponto de me deixar tonto de prazer.

“Gosta quando te fodo com força”, sussurro. “Não é?” Para


provar minhas palavras, abro suas nádegas para olhá-la e
empurrar dentro dela. Sua bunda pressiona contra mim, ansiosa
para eu levá-la até onde posso ir. Molho meu polegar com a língua
e depois pressiono contra sua bunda. Ela grita em choque e depois
choraminga quando eu a sondo lá.

“Ahh!”

“Boa menina”, resmungo. “Vou te preparar para levar meu


pau aqui um dia.”

Ela estremece e sua buceta fica mais lisa com excitação.


Fodo sua bunda com o polegar enquanto fodo sua buceta com meu
pau, e dou um tapa na sua nádega com a outra mão. Cada vez que
bato em sua pele, sua bunda e sua buceta apertam ao meu redor.
Isso me deixa louco, fazendo-me afundar mais forte, mais rápido,
mais feroz.

“Toque seu clitóris, Jenna. Faça-se gozar, como eu te


ensinei”, ordeno, minha mão segurando sua bunda com força.

Jenna libera a colcha para se tocar. Cada vez que chega


perto, sua buceta aperta ao meu redor. Quando ela começa a gozar,
deslizo meu polegar para fora dela e aperto seus seios, puxando-a
para o meu peito. Eu a fodo com força, segurando-a apenas com
meu pau dentro dela e minhas mãos em seus peitos. O grito
estrangulado que ela solta enquanto seu orgasmo explode alimenta
o meu. Gemo e mordo seu ombro enquanto gozo.

“Droga, mulher”, resmungo, agora pressionando beijos doces


em seu ombro. “Droga.”

Ela ri. “Você me enlouquece.”

Deslizando-a do meu pau, eu a coloco de pé. Quando vou


tirar o preservativo, ele não está lá.

“Foda-se”, resmungo. “O preservativo sumiu.”

“Sumiu?” Ela pergunta, franzindo a testa para mim.

“Deite-se e deixe-me procurá-lo.”

Ela gira ao redor, seus olhos verdes estão arregalados. “Está


dentro de mim?”

Beijo sua boca entreaberta. “Apenas deite e abra as pernas.


Eu vou encontrar. Confie em mim.”

Suas sobrancelhas se unem, mas ela obedece. Ela é gostosa


pra caralho, deitada em sua cama com as pernas abertas. Jenna
me faz sentir jovem novamente. Como se eu pudesse transar com
ela dez vezes por dia e nunca me cansar. Movo meus olhos de sua
barriga para sua buceta que está vermelha do meu impulso. O
preservativo desapareceu. Coloco dois dedos nela em busca do
preservativo. Ela se contorce um pouco, mas me deixa procurá-lo.
Consigo localizá-lo e aperto-o entre os dedos antes de retirá-lo. Sua
buceta goteja com gozo quando puxo o preservativo para fora.

“Está seco por dentro”, indico, balançando-o para ela. Eu o


jogo na cama ao lado dela e, em seguida, corro meus dedos pela
sua buceta. “Então significa que tudo isso foi para dentro sem
barreira.”

“Não é a primeira vez que você goza dentro de mim”, ela diz
suavemente.
Pego suas mãos e a puxo para ficar em pé comigo. “Eu não
estou tentando engravidá-la, mas é uma possibilidade real com
quantas vezes fizemos sexo. E você ainda não toma a pílula.”

“Está com raiva de mim?” Seu nariz fica rosa com sua
pergunta vulnerável.

Com um sorriso que não consigo segurar, beijo sua linda


boca. “Não, mas você tem que entender uma coisa. Eu fui para a
faculdade. Tenho minha carreira. Estou pronto para me
estabelecer. Você, por outro lado, tem muito pela frente.” Descanso
a testa contra a dela. “Não vou a lugar nenhum, mas é com você
que me preocupo. Não quero tirar suas decisões ao forçar uma
mudança de vida.”

As palmas das mãos dela seguram minhas bochechas.


“Entendo as consequências e repercussões. Ainda estou aqui. Você
tem que lembrar que não sou como a maioria das garotas da minha
idade. Temos desejos e sonhos muito semelhantes.”

Um sorriso perverso toca meus lábios. “Bom, porque eu só


tinha um preservativo inútil e se ficar a noite, planejo fazer amor
com você mais um monte de vezes.”
CAPÍTULO DEZESSEIS
JENNA
Dois meses e meio depois...

“Ele comprou um carro?” Winter questiona na outra linha.


“Sério?”

“É estranho?” Pergunto, mordendo o lábio inferior. “Ele disse


que era um presente de formatura.”

Ela ri. “Quero dizer, ele é seu pai e tudo, mas você mal o
conhece. Ele parecia estranho em dar isso para você?”

“Não”, digo a ela. “Ele parecia tão feliz.”

“Bem, isso é doce, então”, ela diz, e resmunga algo para


alguém. Então dá um grito. “Merda! Eu tenho que ir! Falando em
papais velhos...” Sua risada é a última coisa que ouço antes de
sermos desconectadas.

Nós descobrimos que o advogado que tem me ajudado com


Enzo é o namorado dela. Fale sobre um mundo pequeno. Ela não
fala muito sobre o relacionamento deles, no entanto. Tudo o que
sei é que ela mora com ele e ele costumava ser o melhor amigo do
seu pai. Há todo tipo de drama envolvido em sua vida, então tento
dar a ela um espaço seguro de tudo isso. Acabamos falando sobre
meu drama.

Enzo é o bom tipo de drama. Ele está amando em público e


dominando no quarto. Nós brigamos por coisas bobas, mas são
coisas que nunca duram.

O drama que é estressante para mim gira em torno de Cora.


Esperar por este período de seis meses é ridículo. Ela sempre me
pede para voltar para casa ou irá me dar ‘tchau-tchau’. Felizmente,
entre meu pai agendando sua cirurgia e Patty seguindo com isso,
Cora agora tem os tubos de ventilação que ela precisava
desesperadamente. Perguntei a Patty depois que Cora se
recuperou, se podíamos trazê-la para o papai para lhe mostrar o
quarto, mas ela não achou uma boa ideia. Eu chorei até dormir
naquela noite.

Sou uma graduada do ensino médio e fui aceita em uma


faculdade local com uma bolsa de estudos integral. Eu tenho um
carro, agora tenho a faculdade e um emprego em tempo integral.
Tudo é quase perfeito. É por isso que no outro dia, vou até a
agência e entro com a papelada para pegar minha menina.

Três meses parece mais do que tempo suficiente. Só a quero


em casa comigo. Meus olhos lacrimejam só de pensar em Cora. Eu
a vejo quase todos os dias, mas não é suficiente. Tenho tantas
saudades dela.

Papai bate na minha porta aberta e fica no limiar. Hoje, ele


está em pleno modo médico. Tudo o que está faltando é seu jaleco
branco. Mas ele está com o olhar intenso e super focado que
reserva para o trabalho.

“Bom dia”, ele diz. “Ou devo dizer tarde?”

Eu sorrio e atiro um travesseiro nele. “É domingo.


Certamente uma menina pode dormir mais.”

“Bem, você perdeu o café da manhã, dorminhoca. Deixei no


fogão para você. Estou de saída.”

A menção de comida faz meu estômago revirar. Eu franzo o


lábio e fecho os olhos.

“Tudo bem?” Papai resmunga, e de repente está na cama ao


meu lado, verificando minha temperatura como se eu tivesse oito
anos em vez de dezoito. Ele é um pai muito devotado, estou
aprendendo isso.
“Sim, sinto-me péssima esta manhã.”

Ele me dá um sorriso simpático. “Está nervosa”?

“Maios ou menos, tipo, faz três dias desde que dei entrada
no pedido. Não ouvi uma palavra de volta.”

“Essas coisas levam tempo. Tenho certeza que está tudo


bem.”

“Obrigada, pai.”

Ele olha para o relógio. “Enzo vem hoje?”

“Mais tarde. Ele teve que ir para a mãe dele para ajudá-los a
aparar algumas árvores. Vou dizer-lhe que disse olá. Quando
estará em casa?”

“Não até amanhã à tarde. Se precisar de mim, envie uma


mensagem de texto. Estou apenas ao virar da esquina.”

Eu sorrio. “Não vou incomodá-lo no trabalho.”

“Mas sabe que pode, certo? Não importa o quê?”

Meu coração aperta. É bom ter família. Esse sentimento


nunca vai embora. “Eu sei.”

Ele me dá um tapinha na cabeça. “Bom. Tenho que ir,


garota. Até amanhã.”

Quando ele caminha em direção à porta, sou superada pela


emoção. Desço da cama e o abraço por trás. “Eu te amo.”

Sua voz é rouca quando ele responde. “Também te amo,


Jenna.”


Eu acordo com o toque do telefone. Meu primeiro
pensamento é que é Enzo, mas depois lembro que ele está
ajudando sua mãe e simplesmente foi para casa descansar,
sabendo que tinha que acordar cedo para o trabalho. O número
não é um que reconheço. É pouco depois das 08h e gemo quando
percebo que dormi mesmo depois do alarme. Eu deveria estar no
trabalho já. Porcaria.

“Alô?” Respondo distraidamente enquanto saio da cama.

“Senhorita Pruitt?”

“É ela.”

“Olá, sou Candace da agência de Famílias Primeira Adoção.”

Minha frequência cardíaca acelera. “Olá”, digo com minha


voz alegre, apesar do fato de que quero vomitar de nervosismo.

“Só queria que soubesse que recebemos o seu pedido, e...”


Ela se interrompe. “Sinto muito, mas, neste momento, ele foi
negado.”

O tempo congela enquanto processo suas palavras. “O-o


que?”

“Foi negado com base na duração do emprego e duração da


residência.”

“Mas estou aqui há três meses”, argumento, minhas


palavras estridentes.

“Eu sinto muito.”

“Não”, digo. “Eu preciso de mais respostas.”

“Escute, querida, serei sincera com você. Mesmo que a idade


não deva ser um fator, porque a lei é negociável nesse caso, mas
isso está dependendo de certos fatores, e é uma negação silenciosa
aqui. Qualquer um com menos de vinte e um anos é difícil. Se
esperar até lá, talvez...”

“Não esperarei até que minha filha faça cinco anos para
recuperá-la!” Eu grito, lágrimas caindo por minhas bochechas.

“Com todo o respeito, ela não é sua filha, senhorita Pruitt.”


Engasgo com um soluço. “V-você pode tentar novamente? Eu
posso conseguir que pessoas m-me a-atestem. Meu chefe. Meu pai.
Por favor.”

Ela solta um suspiro pesado. “Acho que sua melhor aposta


seria esperar pelo menos mais nove meses antes de se inscrever
novamente. Espere um ano e sinto que ficará bem.”

Não me lembro de desligar. Apenas chorar. Chorar e chorar.


E então me sentir mal. Depois de vomitar muito, volto ao telefone
para descobrir que perdi ligações da clínica de fisioterapia,
algumas mensagens de texto de Sophia e algumas de Enzo...

Sophia: Você está atrasada.

Sophia: Sério, cadê você?

Sophia: Está tudo bem?

Enzo: Bom dia, querida.

Enzo: Mamãe me mandou para casa com um pouco de torta.


Eu trarei depois.

Enzo: Ligue-me... Não é como se você não pode responder.

Respondo a Sophia e digo a ela que estou doente. Estou


prestes a responder a Enzo, mas ele me liga dessa vez.

“Ei”, me cumprimenta.

Tudo o que posso fazer é soluçar em resposta.

“Jenna”, ele resmunga. “O que está errado?”

Meu peito parece ter um buraco. “Estou apenas tendo um


dia ruim.” Não posso contar a ele. Não até eu me acalmar. Ele ficará
zangado por eu ter dado entrada nos papéis quando ele
especificamente me disse para esperar.

“Assim que eu fizer uma visita domiciliar, irei até você. Você
está no trabalho?” Ele questiona.
“Estou em casa”, eu suspiro. “Estou bem. Apenas me ligue
depois.”

Ele fica em silêncio por um instante e depois deixa escapar


suas palavras. “Eu te amo. Tudo ficará bem.”

Choro mais com suas palavras. Palavras que ele nunca falou
até agora. Isso só me faz sentir mais emocional. “Eu também te
amo.”

Desligo o telefone para correr para o banheiro novamente.


Sentada no chão de ladrilho frio, sinto pena de mim mesma
enquanto me seco. Eu mando uma mensagem para meu pai.
Eu: Pai, estou doente. E meu coração está quebrado. Eles
negaram meu pedido.

Ele não responde e eu vomito novamente.


Minha mão treme quando olho o teste de gravidez. Comprei
um no outro dia quando me senti mal. Eu não menstruei, mas
estive estressada sobre tudo, então atribui a isso. E, francamente,
estava com medo de fazer o teste. Mas agora que não consigo
manter nada no estômago, decidi tirar a dúvida.

Não há como negar isso.

Grávida.

Em vez de me sentir exultante, sinto-me ainda mais


chateada. Como talvez este seja o prego no caixão de jamais ter
Cora. Não é justo. Ela é minha em todos os sentidos da palavra.
Ninguém mais a quer além de mim. Então, por que eles não me
deixam tê-la?

Eu preciso vê-la.
Se a ver, então posso ter forças para continuar. Só preciso
beijar seu rosto doce. Só preciso que ela me encoraje e me lembre
que posso fazer isso.

Escovo os dentes e corro pela porta antes de perceber. Talvez


Patty me deixe levá-la ao parque ou almoçar. Tenho o assento do
carro pronto para o dia em que ela for minha. Patty é legal e vai
entender que preciso passar um tempo com ela.

Dirijo até Patty e mal posso conter minha excitação quando


bato na porta da frente. Delia finalmente atende a porta.

“Ei”, ela me cumprimenta. “Cora está lá em cima.”

Ela volta para a cozinha, onde posso ouvir Patty e Faye


conversando sobre comida. Subo os degraus, procurando por Cora.
Assim que me vê, ela começa a chorar, o que me faz chorar. Corro
até ela e a puxo para os meus braços.

“Meu bebê”, soluço, beijando seu rosto doce. “Senti sua


falta.”

Nós duas choramos e ela abraça meu pescoço com tanta


força que mal posso respirar.

Como a estúpida agência se atreve a me afastar da outra


metade do meu coração? Minha pequena chorona precisa de mim.
Seu coração está partido, e o meu também. Estar separadas está
nos matando. Eles estão tão preocupados com suas leis estúpidas,
mas e o bem-estar da criança? E quanto a sua saúde psicológica?
Isso não pode ser saudável, deixá-la abandonada com estranhos.

“Vou tchau-tchau com mamãe”, Cora choraminga,


acariciando sua cabeça contra meu pescoço.

Minha mente corre com esse pensamento. E antes que possa


pensar racionalmente, estou pegando seu coala da cama e
colocando-o em seus braços. Beijo a cabeça dela e depois caminho
silenciosamente pelo corredor. Desço as escadas. Fora da porta da
frente.
Com cada passo, o peso no meu ombro se eleva.

Com cada passo, sinto-me livre.

Chegamos ao meu carro e abro a porta, olhando para trás.


Ninguém se importa com ela. Ninguém a ama como eu. Eu a sento
no banco e aperto-a antes de lhe entregar o urso. Então, subo no
banco da frente. Eu espero. Espero que eles me digam que não.
Espero que percebam que ela é mais do que apenas uma criança.
Ela é minha filha. Ela merece amor e pertence a mim. Nós
merecemos estar juntas.

Meu coração está acelerado no peito enquanto a ansiedade


ameaça me deixar doente novamente. Ignoro tudo isso enquanto
me concentro em voltar para casa. O caminho é um borrão. A
caminhada até a casa do papai é um borrão. Entrar pela porta dos
fundos é um borrão. O nevoeiro não parece desaparecer até que
coloco Cora em seu quarto. Comprei seus brinquedos com meus
pagamentos. Brinquedos, roupas, bichos de pelúcia. Eu enchi o
quarto dela por três meses, esperando neste momento.

“Este é seu quarto, baby”, digo-lhe em lágrimas. Aponto pelo


banheiro. “Esse é o quarto da mamãe. Nós estaremos perto agora.”

Ela balbucia e sorri para mim enquanto encontra o piano


rosa no canto. O barulho me dá dor de cabeça, mas vale a pena.
Tenho-a aqui comigo. Ela brinca um pouco, mas depois reclama
porque precisa de um cochilo. Nós rastejamos em sua cama e eu a
coloco ao meu lado, onde posso inalar sua cabeça e sussurrar
histórias bobas para ela. Sua respiração se equilibra e me vejo
exausta com os acontecimentos do dia.

Isto é mau.

Eu fiz algo muito ruim.

Mas com ela aqui comigo, não parece tão ruim.

Adormeço e tenho pesadelos deles levando-a. Nos meus


sonhos, eu a agarro e luto até a morte.
Ela é minha.
CAPÍTULO DEZESSETE
ENZO

Meu telefone continua zumbindo no bolso, mas não posso


atender até sair de casa para o qual estou fazendo um relatório.
Assim que me sento no carro, atendo preocupado que Jenna esteja
pior do que estava esta manhã. Tudo nela estava estranho.

“Alô?”

“Oh, graças a Deus, Sr. Tauber!”

“Patty? Está tudo bem com Cora?”

Ela suspira pesadamente no telefone. “Ela se foi.”

“Foi?” Exijo, minha voz subindo. “Você ligou para a polícia?


Ela foi embora? Ela poderia se machucar!” Jenna vai pirar. Eu
estou surtando.

“Não”, Patty diz tristemente. “Não chamei a polícia. Ainda.


Está...”

“Está o quê?” Pergunto duramente.

“Delia disse que Jenna passou aqui e, de repente, Cora se


foi. Eu acho que ela a levou.”

Meu coração deixa de bater no peito. Ela não faria. Jenna


não estragaria tudo porque sente falta de Cora. Algo está errado e
preciso chegar ao fundo disso.

“Aguente firme. Eu farei algumas ligações. Ligo para você em


seguida”, grito para ela.

Levo minha bunda para a casa de Daniel e ligo para Jenna.


Ela não atende. Porra. Antes de ligar para o xerife McMahon,
preciso ter certeza de que Jenna não a levou. Se ela fez, preciso
fazer o controle de danos. Quando estaciono na entrada da casa
deles, vejo que o carro dela está parado na frente. Corro do carro
até a porta dos fundos. Usando a chave que ela fez para mim, eu
entro. A cama dela está vazia, mas não paro por aí. Entro no
banheiro ao lado do quarto de Cora. A visão me interrompe no
caminho.

As duas garotas.

Dormindo.

Cora está enrolada no abraço sonolento, mas protetor de


Jenna.

Porra. Porra. Porra.

Corro meus dedos pelo cabelo e estalo o pescoço antes de ir


para o seu quarto. Ligo para Patty. Ela responde no primeiro toque.

“Ela está com Jenna”, suspiro. “Deixe-me consertar isso. Por


favor.”

“Eu estava com medo”, Patty soluça. “Pensei que algo tivesse
acontecido com aquele bebê.”

“Eu sei”, suspiro. “Deixe-me descobrir o que está


acontecendo. Trarei Cora para casa em breve. Eu prometo.”

Ela solta um suspiro forte. “Sinto muito, Sr. Tauber. Eu


queria que as coisas fossem mais fáceis para elas.”

“Eu também.”

Nós desligamos e volto para o quarto de Cora. Dou um


tapinha no pé de Jenna até ela se mexer e acordar. Quando seus
olhos encontram os meus, eles estão cheios de alívio. Então,
quando sua situação se esclarece, ela se senta em pânico.

“O que está fazendo aqui?” Ela pergunta, sua voz estridente


desperta Cora.
“Querida”, digo suavemente. “Você sabe por que estou aqui.”
Aperto a ponta do meu nariz. “Por quê? Por que fez isso? Você
estragou tudo.”

Ela engasga com um soluço, seu lábio inferior treme


descontroladamente. “Eu entrei com os papéis na semana
passada.” Lágrimas enormes rolam por suas bochechas. “Eles
negaram.”

Sento-me ao lado dela e puxo-a contra o meu peito. “Oh,


Jenna. Por quê? Por que você não esperou? Por que foi contra mim
ao fazer isso? Eu sou uma das poucas pessoas que podem ajudá-
la.”

Ela encolhe os ombros, um soluço alto lhe escapa. Cora


choraminga e eu a puxo entre nós para beijá-la.

“Tudo bem, anjo”, digo a Cora. “Você tem se divertido com


Jenna?”

Cora assente e aponta para o banheiro. “Quarto da mamãe.”


Então ela franze a testa para mim. “Meu quarto.”

“Logo, baby”, murmuro. “Mas Patty está preocupada com


você. Você tem que voltar para lá até que a mamãe tenha tudo
pronto.”

“Não”, Cora grita. “Ficar com a mamãe!”

Porra.

Jenna, derrotada, chora forte. Eu gostaria de poder


magicamente melhorar tudo. Mas é um aglomerado de emoções e
leis. Não importa o que eu faça, será errado por suas próprias
razões.

“Tenho que levá-la de volta, Jenna”, digo com firmeza. “Agora


mesmo. Patty está preocupada.”

Jenna se afasta, sacudindo a cabeça. “Não. Por favor, deixe-


a ficar a noite.”
Franzo a testa. “Eu disse que a levaria de volta. Você sabe
que meu trabalho exige que eu cuide de Cora. Você já arriscou mais
do que sua chance de adoção. Você está comprometendo minha
carreira.”

Como se minhas palavras a ferissem, ela se afasta de mim e


se levanta. Cora corre até ela e se agarra a Jenna. Eu me levanto e
estendo as mãos para ela.

“Você pode vê-la novamente em breve”, digo a Jenna. “Por


favor, não me faça um vilão nisso. Estou tentando ajudá-la antes
que fique fora de controle. Patty estava prestes a chamar a polícia.”

“Por favor, não a leve”, ela implora. “Por favor, Enzo. Eu não
aguento isso. Não de você.”

“Sou eu ou o xerife McMahon.” Meu coração dói com a


tristeza em seus olhos, mas estou fazendo isso por ela. Este não é
um mundo de fantasia. Se não levarmos Cora de volta, Patty ligará
para a polícia e eles removerão Cora à força, prenderão Jenna e eu
serei demitido. Sei que Jenna ama Cora com todo seu ser, mas sei
que ela não quer estragar a vida de todos com um único erro.

A porta se abre atrás de mim e Daniel se aproxima.

“Jenna!” Ele fala. “Eu fiquei preocupado com...” Ele se afasta


e solta um suspiro. “Essa deve ser Cora.”

Aperto o ombro dele. Ele ainda está vestindo o jaleco. “Nós


temos que levar Cora antes que a polícia seja chamada.” Digo a ele
com um olhar pesado, que diz: “Sua filha acaba de sequestrar essa
garota e uma tempestade de problemas está se formando.”
Felizmente, a compreensão nasce em seus olhos.

“Veja o que tenho”, Daniel diz a Cora, colocando a mão no


bolso. “Um pirulito.” Ele entrega a Cora o pirulito rosa e ela sorri
timidamente para ele.

“Doutor”, ela diz para Jenna, apontando para ele.

“Sim, doutor”, Jenna sussurra.


“Jenna”, murmuro. “Está na hora.”

Daniel franze a testa, mas caminha até a filha. Ele esfrega os


ombros dela. “Diga adeus, querida.”

Jenna soluça e balança a cabeça. Ela puxa Cora para si,


chorando. Elas se beijam e abraçam. Nós damos a elas alguns
minutos até eu perceber que ficaremos aqui o dia todo se eu não
fizer uma jogada. É hora. Alcanço Cora e tenho que tirá-la do
aperto de Jenna enquanto Daniel a segura. Ambas as garotas
gritam. Tantas lágrimas. Meu coração se arrebenta por ter que
fazer isso com elas.

Carrego o bebê para fora da casa.

Para o carro.

Aperto-a apesar de ela gritar e se contorcer.

E eu a levo de volta para Patty, deixando meu coração no


chão aos pés de Jenna.


Sento-me no carro do lado de fora da casa de Daniel depois
de ter levado Cora para Patty. Cora não voltou ao normal quando
chegou ao lar adotivo. Todas as meninas estavam chorando sobre
como ela estava chateada e tentando consolá-la. Faye finalmente
ganhou seu coração com um bolinho. Saí antes de fazer algo
estúpido, como levá-la de volta comigo. Agora, estou tentando ter
coragem de ir ver Jenna.

Ela me odeia.

Eu senti isso derramando dela quando arranquei aquela


garotinha de seus braços.

Mas evitamos uma crise. Patty disse que seus lábios estão
fechados, mas que absolutamente não pode acontecer novamente.
Eu prometi a ela que não irá. Eu com certeza espero que não.
Daniel: Como consertamos isso?

Olho a mensagem dele e dou de ombros. Eu não sei. Eu não


sei, porra. Esfregando a mão no rosto, decido entrar e conversar
com ele primeiro. Eu o encontro lá dentro, de pé encostado na ilha
da cozinha, tomando uma cerveja. Assim que me vê, ele vai até a
geladeira e me pega outra. Ele tira a tampa e a entrega para mim.

“Como consertamos isso?” Ele murmura, ecoando sua


última mensagem.

“Eu não sei.”

“Enquanto você estava fora, conversei com ela. Eles negaram


seu pedido. Tem que haver outro jeito, Enzo. Como podemos ter
essa menina de volta na vida da minha menina? Temo que não
ficar permanentemente perto de Cora fará minha filha trilhar um
caminho ruim.” Ele franze a testa e encara a garrafa. “Sua mãe
estava fora de controle. Era uma das coisas que eu admirava nela,
mas também uma das coisas que detestava. Drogas, álcool,
dinheiro. Ela era impulsiva em tudo. Até esta noite, eu tinha
certeza que Jenna tinha mais de mim nela. Mas vendo seu colapso
sobre Cora e o olhar em seus olhos que ela achou correto quebrar
uma lei tão grande me fez perceber que ela tem mais mãe nela do
que jamais percebi.”

Eu tomo um longo gole da cerveja. “Acho que nós poderíamos


levar isso ao tribunal. Eu teria sugerido antes dela recorrer ao
sequestro, se ela tivesse falado comigo sobre isso”, resmungo
amargamente. “Agora tudo é muito frágil. Eu gosto de Patty, mas
não sei se podemos confiar nela para não falar.”

Daniel anda pelo chão em frente à geladeira. “É difícil se


tornar um pai adotivo?”

“Ela é tão jovem. Eles não vão deixá-la...”

“Não ela. Eu.”


Esperança explode dentro do meu peito, mas eu a apago. “É
um compromisso sério...”

Ele aponta para o outro lado da casa. “É minha filhinha lá.


Seu coração está se partindo em dois agora. Se houver uma chance
de consertá-lo, é melhor você acreditar que eu vou.”

“Há vários passos. Não é um processo rápido. Formulários e


verificação de antecedentes”, eu o aviso. “Questionários para
garantir que está fazendo isso pelo motivo certo.”

Ele endireita as costas e acena para mim. “Vamos começar.


Farei o que for preciso. Se eu puder criar Cora, ela pode morar
aqui. Com Jenna.”

“Eu só odeio ter esperanças, cara.”

“Jenna é uma garota durona. Se pudermos lutar por isso,


vamos lutar. Se isso significa que precisamos nos sujar e encontrar
uma solução alternativa para o sistema, encontraremos uma. Pela
minha filha. Você a ama, certo?”

Não escondemos exatamente nosso relacionamento, e Daniel


não tentou mantê-la longe de mim, mas ainda me surpreende que
ele saiba o quanto ela significa para mim pela simples observação.

Dou-lhe um aceno de cabeça feroz. “Pra caralho.”

Ele sorri satisfeito. “Bom. Faça isso acontecer, Enzo. Faça o


que for preciso.”

Já estou montando o quebra-cabeça na minha mente.


Passando o tempo e documentos que precisam ser apresentados.
Os relatórios.

“A melhor amiga do namorado de Winter é advogada. O pai


de sua outra melhor amiga é juiz”, ele me diz, com um largo sorriso
no rosto. “O namorado dela é assistente social e o pai dela é um
pilar da comunidade. Traremos Cora para nós, de uma forma ou
de outra.”
Termino o resto da minha cerveja e a coloco ponho sobre a
mesa antes de estender a mão. Nós apertamos as mãos como se
fosse um negócio multimilionário em vez do destino de duas
garotas muito especiais.

Nós vamos trazê-la para casa.

Tenho certeza disso.


Entro no quarto de Jenna na ponta dos pés depois que ajudei
Daniel a preencher a papelada. Nós enviamos para os canais
apropriados, e até liguei para August para atualizá-lo. Enquanto
me encolhi, esperando-o gritar sobre o desastre do sequestro, ele
não o fez. Simplesmente fez um plano de ação. O plano é agilizar
os tramites para fazer de Daniel um pai adotivo. Então,
continuaremos apresentando o pedido de adoção de Jenna até que
eles não possam mais negá-lo. Mesmo que tenhamos que esperar
até ela completar vinte e um anos. Pelo menos elas estarão juntas,
o que é a parte mais importante.

Eu tiro a boxer e subo na cama. Ela pode estar furiosa


comigo por levar Cora para casa, mas Jenna ainda me ama apesar
disso. E agora, ela precisa dos meus braços amorosos ao seu redor.
Jenna é feroz e forte, mas às vezes até ela precisa se abrir e deixar
alguém segurá-la.

“Ei baby”, murmuro enquanto a abraço.

Ela tensiona, mas não se afasta. Logo, a cama treme


enquanto ela silenciosamente chora. Beijo o cabelo dela e sussurro
palavras de conforte.

Não se afogue. Não se afogue. Não se afogue.

Deixe-me te salvar.
Eventualmente, seus soluços param e ela se vira para mim,
enterrando o rosto contra o meu peito.

“Eu sinto muito”, ela murmura.

Beijo o topo de sua cabeça. “Eu também sinto muito. Eu não


queria ter que levá-la. Você sabe disso, Jenna.”

Ela acena com a cabeça. “Eu sei. Estou apenas uma


emocionalmente confusa. Foi um dia infernal.”

“Fale comigo”, encorajo-a. “Estou aqui.”

Seu corpo se afasta do meu, e então somos banhados pela


luz da lâmpada de cabeceira. O cabelo castanho que geralmente é
liso está uma bagunça em sua cabeça. Olhos vidrados e vermelhos
me encaram e seu lábio inferior treme. Minha doce menina está
quebrando.

“Enzo”, ela diz baixinho, pegando minha mão na dela. “Eu te


amo.”

Ver as palavras saírem de seus lábios é melhor do que as


ouvir mais cedo no telefone. “Eu também te amo querida. Eu te
amo por um longo tempo.”

Seus lábios se abrem em um sorriso, mas depois desaparece.


“Estou grávida.”

Olho para ela por um momento, deixando suas palavras


fazerem sentido. O mal-estar. As muitas vezes que fodemos sem
preservativo. O comportamento irracional e emocional. Tudo está
começando a se juntar.

“Como se sente sobre isso?” Pergunto suavemente, não


querendo influenciar sua decisão.

“Feliz. Confusa. Animada. Assustada.” Ela pisca e mais


lágrimas rolam. “Principalmente preocupada.”

Eu me sento e puxo-a para mim para conseguir beijar seu


lábio inferior trêmulo. “Eu cuidarei de você. De vocês dois. Você
sabe disso. Espero que não esteja preocupada. Isso nunca deveria
ter passado pela sua cabeça.”

Encaro seus olhos. “Você vai ficar comigo? Mesmo depois


que cometi um crime grave hoje, tratei você super mal e ameacei
seu trabalho?”

Eu deito-a de costas e me deito ao lado. A ponta do meu dedo


acaricia sua barriga e eu acaricio seu umbigo sobre a blusa antes
de colocar minha palma lá. “Eu sempre ficarei com você”, digo a
ela, prendendo-a com um olhar feroz. “Assim que te trouxe para
casa comigo, eu sabia que ficaria com você. Eu estava preocupado
que você acordaria um dia e perceberia que não explorou o
suficiente do mundo. Queria deixar você tomar suas próprias
decisões depois de ter passado tanto tempo com outras pessoas
fazendo isso por você.”

Ela apoia a mão na minha. “Eu não preciso ver o mundo.


Meu mundo está bem aqui.” Seus lábios franzem. “Bem, quase
tudo.”

Eu me inclino e beijo sua bochecha. “Nós vamos pegá-la. Até


que possamos legalmente torná-la nossa, temos opções. Pode ser
incomum e não como você planejou originalmente, mas vamos
conseguir.”

“Nós?”

“Assim que você permitir, vou arrastar sua bunda linda até
o tribunal e torná-la legalmente minha. Então seremos
oficialmente ‘nós’.”

Seu sorriso é de tirar o fôlego. “Eu te deixaria me levar


agora.”

“Isso é um sim? Nem mostrei o anel ainda”, provoco-a.

“Não preciso de um anel”, ela diz, seus olhos amorosos estõ


cheios de lágrimas. “Só você.”
Inclinando-me para frente, mordo seu lábio inferior. “Bem,
muito ruim. Amanhã, vou te arrastar pela casa para pegar o anel
e...”

“Espere”, ela diz, com os olhos arregalados. “Você já o tem?”

“Eu te disse, eu sei há meses. Só esperei você chegar lá


comigo.”

Seus dedos correm por meu cabelo de forma afetuosa. “Eu


sempre estive lá com você. Ainda estou.”

“Então, amanhã”, digo a ela com um sorriso. “Vamos ter que


convidar minha mãe ou nunca pararei de ouvir sobre isso.”

“Oh não”, ela murmura.

“Mamãe gosta de você”, eu a lembro. E ela gosta. Eu a levei


para a casa dos meus pais algumas vezes para o jantar, e a mamãe
sempre me dá piscadas não tão discretas.

“Mas em um casamento no tribunal?”

Eu a beijo e acaricio sua barriga ainda lisa. “Estou dando a


ela uma filha e um neto de uma só vez. Mamãe vai ficar feliz,
querida.”

A tensão interminável que sempre parece ter Jenna em suas


garras diminui. “Isso parece bom demais para ser verdade.”

Beijo seu pescoço e sorrio contra sua pele. “Apenas deixe o


bem acontecer.”
CAPÍTULO DEZOITO
JENNA

“Você deve ver a cara do papai agora mesmo”, Sophia diz ao


entrar na sala de reuniões. “Todas aquelas pessoas espremidas em
seu escritório.”

“Todas aquelas pessoas?” Eu suspiro. “Que tipo de pessoas?”

Sophia bufa. “Seu povo.”

“Eu tenho um povo?”

Winter entra no quarto. “Cara, o irmão de Enzo está beeem


sexy.”

Eu sorrio. “Ele está?” O vi antes na casa dos pais do Enzo no


jantar. Ele é bonito, mas Enzo é muito mais gostoso, na minha
opinião.”

“Seus amigos são bonitos”, Sophia concorda. “Especialmente


aquele irmão dele.” Então ela me cutuca com o cotovelo. “Mas o
seu papai? Droga, garota.”

Todos rimos disso.

“Drew ficaria tão infeliz se ouvisse você falando sobre meu


pai”, digo a ela com um sorriso.

“Os gatos do escritório de August estão aqui também. Dane


e Nick”, Winter diz, batendo seus cílios para mim, com um sorriso
malicioso em seu rosto. “Agora é um filme pornô caseiro que eu
não me importaria de dar uma olhada.”
Enzo me disse que eles poderiam passar por aqui. Eu me
lembro deles do natal. Nick era o fofo Papai Noel e Dane seu bonito
ajudante. Ambos são amigos de Enzo.

“As pessoas mais gostosas em sua festa de casamento, no


entanto”, Soph diz com um sorriso bonito. “somos nós.” Ela puxa
o telefone da bolsa. “Vamos. Vamos comemorar esse momento.”

Nós três nos apertamos enquanto Sophia tira uma selfie. Em


uma delas, tentamos nosso melhor e depois na seguinte, fazemos
caras de boba. Meu coração incha porque é verdade. Eu tenho um
povo. Isso me deixa ridiculamente feliz.

“Como pareço?” Murmuro, meus nervos à flor da pele.

Winter e Sophia estão lado a lado, gastando muito tempo me


examinando. Começo a me sentir constrangida até que ambas
riem.

“Linda, claro”, Winter diz. “Branco é definitivamente sua cor.


Tire isso da rainha do gelo. É a sua cor.”

Já faz dois dias que Enzo disse que se casaria comigo.


Pensamos em ir ao tribunal no dia seguinte e nos casar. Sua mãe
fez birra e meu pai ficou louco para ter sua mãe aqui a tempo.
Então, esperamos até que minha nova avó aparecesse e a mãe de
Enzo me levou para comprar um vestido. É simples, mas veio de
uma loja de casamentos. Eu até tenho um véu. Muito para um
casamento tão simples. Tudo parece mais do que eu mereço.

Quando as lágrimas começam a surgir, ameaçando estragar


meu rímel, ambas minhas melhores amigas se aproximam para me
abraçar. Eu as deixo me segurarem e nós choramos juntas.
Lágrimas de felicidade.

“Suas emoções na gravidez são contagiosas”, Winter


reclama, com a voz cheia de lágrimas.

“Sim, que diabos, J?” Sophia resmunga. “Somos um bando


de choronas agora por sua causa.”
Solto um suspiro e aperto minhas bochechas. “Obrigada por
estarem aqui.”

Soph encolhe os ombros. “É melhor do ter que estar no


trabalho.”

Uma batida na porta interrompe nossas risadinhas. Winter


abre e meu pai está do outro lado. Ela se vira e fala, “Tão sexy”,
para mim antes de sair do quarto. Soph sorri e também sai.
Quando estamos sozinhos, papai sorri para mim.

“Olha como você está linda”, ele elogia, antes de me puxar


para um abraço. “Quando te vi pela primeira vez e tive a impressão
de que podia ser minha filha, fiquei ansioso por um dia caminhar
pelo corredor ao seu lado. Não achei que isso aconteceria, e
certamente não tão rápido.”

Nós dois rimos.

Ele se afasta para me olhar. “Estou tão feliz por nos


encontrarmos.”

“Eu também, papai.”

“Vamos fazer isso, querida.” Ele me oferece seu braço e eu o


seguro. Meu coração incha. Papai é um bom homem. Tenho uma
visão em primeira mão de como ele é bom. Pela maneira como ele
me trata e através de suas ações. Quando descobri que ele tentaria
se tornar um pai adotivo para que pudesse manter Cora para mim,
eu fiquei mais que emocionada. Forjou um elo inquebrável entre
ele e eu. Senti o poder esmagador de que um pai faria qualquer
coisa por seu filho — algo que nunca pensei que sentiria. Mesmo
que eles não o aprovem ou não funcione, o fato dele ter tentado
significa tudo.

Nós caminhamos pelo corredor. As pessoas que trabalham


no tribunal passam por nós a caminho de audiências ou de seus
escritórios, ou indo almoçar, pelo que sei. Eles giram ao redor, sem
saber que estou prestes a viver o melhor dia da minha vida. Papai
me leva ao escritório do juiz Rowe. A porta está aberta e Sophia
está certa. Está abarrotado com o meu povo. Até os que eram de
Enzo logo serão meus também.

Winter fica ao lado do meu advogado e do namorado dela,


August. Eles são um casal fofo. Ao lado deles, Sophia e Drew estão
brigando silenciosamente, ambos com sorrisos maliciosos nos
rostos. A mãe de Enzo está preocupada com a gravata de Enzo,
enquanto seu irmão Eli e seu pai sorriem nas proximidades. A mãe
do papai está em uma discussão acalorada com o juiz Rowe, e toda
vez que a mão dela balança enquanto ela gesticula, ele se encolhe
quando ela quase derruba uma foto da família dele. Dane e Nick
estão próximos, compartilhando sorrisos. Essas pessoas são meu
povo.

Enzo se vira e, assim que me vê, seus olhos castanhos se


iluminam com amor e orgulho. Isso me faz ficar um pouco mais
ereta. Sorrir um pouco mais. Ele é um homem maravilhoso. Meu
homem. Ele me dá uma piscada e sorri antes de dizer: “Você está
linda.”

Coro sob o elogio e dou um beijo no rosto do meu pai.


“Obrigada por me acompanhar pelo corredor. É muito melhor do
que qualquer corredor de igreja.”

Papai beija minha testa. “Eu andaria em qualquer lugar com


você, Jenna.”

Ele me libera e Enzo toma seu lugar. Palavras são trocadas.


Votos. Promessas. Anéis. Até um beijo. Mas tudo que vejo é ele.
Tudo isso é um show para os outros. Ele já está ligado ao meu
coração. Agora é apenas oficial.


“Eu amo isso aqui”, digo a Enzo, da minha espreguiçadeira.

“Mmmmhhmm.”
Abro um sorriso e olho para ele. Seu livro está descansando
em seu rosto enquanto ele rouba uma soneca da tarde. Inclino meu
olhar para baixo em seu peito esculpido e lambo os lábios ao ver
sua trilha escura e feliz enquanto ela desaparece abaixo do calção
de banho. Um suspiro feliz me escapa. Nós estamos em nossa lua
de mel em Destin, Flórida por quase uma semana. Meu pai pagou
a viagem como seu presente de casamento. Ele também não
poupou despesas. A casa à beira-mar é o lugar mais chique em que
já fiquei.

Meu estômago ronca e meu marido cochilando, puxa seu


livro para longe para olhar para mim com uma sobrancelha
erguida. Mesmo com sono, ele é gostoso. Saio da minha
espreguiçadeira e caminho até a dele. Um sorriso curva seus lábios
cheios quando monto sua cintura.

“Você está com fome”, ele diz, com as palmas das mãos em
meus quadris.

“Estou sempre com fome”, respondo.

Ele sorri. “Não pela manhã. Não posso nem mencionar o café
da manhã.”

“Mas é hora do almoço agora. Você pode me alimentar.”

Seu pau endurece embaixo de mim. “Eu adoraria te


alimentar, esposa.” Seus olhos castanhos escurecem com luxúria.
“Depois que eu fizer um lanche para você.”

Roço sua ereção, amando o jeito que sua mandíbula aperta.


“Você poderia me alimentar agora, esposo.”

Ele balança a cabeça, então eu o provoco. Gosto de ganhar.


Sentando-me de joelhos, puxo um lado da minha alça de biquíni
no quadril. Ela solta. Quando faço o mesmo do outro lado, caio no
colo dele. Seu olhar faminto desliza pela minha barriga até minha
buceta. Pego as alças e tiro-as.
“Jenna”, ele avisa, sua voz é baixa e gutural. “Os vizinhos
podem ver.”

Desamarro o topo de seu calção e puxo-o para baixo até que


seu pau duro como pedra possa ser puxado para fora. Nossos olhos
estão trancados em uma batalha acalorada enquanto me posiciono
sobre a ponta e afundo lentamente em seu longo comprimento. Ele
solta um gemido de prazer, seus dedos apertam meus quadris.

“Você é uma garota má.”

Eu balanço meus quadris. “Você gosta quando sou má.”

Seus movimentos são rápidos e eu grito quando ele me pega


em seus braços. Ele nos leva para dentro pela porta do pátio, longe
dos olhos dos vizinhos. Não vamos longe antes que ele me empurre
contra a parede. Eu choramingo quando ele morde minha
garganta. Ele puxa o meu biquini para exibir meu seio dolorido.

“Enzo”, grito quando ele me morde de novo.

Suas mãos estão em cima de mim, gananciosas e


desesperadas. Isso me faz sentir querida e adorada. Eu me
contorço ao seu toque. Ele me fode contra a parede até sua
respiração ficar acelerada. Sabendo que está perto, ele leva sua
mão entre nós e massageia meu clitóris até que eu esteja lá com
ele. Juntos nós caímos em êxtase, nossos gemidos altos e
irrestritos. Ele beija meu pescoço e me tira do seu pau, antes de
me colocar de volta no chão.

Quando o telefone toca, ele puxa o calção antes de


responder, e eu entro no banheiro. Eu me limpo e estou voltando
quando ele me passa o telefone.

“É o seu pai”, ele diz suavemente.

Franzo a testa e pego-o. “Papai? Você está bem?”

“Ei querida”, papai responde, sua voz é quente e familiar e


segura. Essa gravidez me deixa ainda mais ansiosa. Eu me vejo
preocupada com todos desde que descobri que estou grávida. “Você
está sentada?”

A cama é a mais próxima de mim, então eu me sento. “Estou.


Você está me enlouquecendo. O que está acontecendo?”

Ele ri. “Bem, parece que assim que eu fizer meu treinamento
de recursos familiares de vinte e sete horas, estarei pronto para
pegá-la.”

“Não”, eu sussurro.

“Sim”, ele diz com orgulho. “Toda a papelada foi entregue e


aprovada. Sua avó falou com Max e...”

“Quem?”

“Juiz Rowe. De qualquer forma, ela conversou com ele e ele


acelerou tudo. Minha inscrição foi aprovada, dependendo do
treinamento. Mas Max ligou para dizer que eu poderia tê-la até o
final do mês.”

Começo a chorar.

Enzo se senta ao meu lado e me abraça.

“Ei”, papai diz. “É hora de ficar feliz. Estamos trazendo-a


para casa.”

Estou emocionada demais para dizer qualquer coisa além de,


“Obrigada.”

“Apenas deixe o bem acontecer, Jenna.”


Quatro semanas mais tarde...
Aliso sua nova colcha e depois caminho no chão ao lado da
cama de Cora. Enzo foi buscá-la e trazê-la para casa. Enquanto ele
está normal, estou um desastre nervoso.

“Eu deveria estar nervoso”, papai diz de sua porta. “Estou


prestes a ser vovô de uma criança de dois anos.”

“Você está fazendo um ótimo trabalho como pai. Você tem


jeito. Mas não se preocupe, eu cuidarei de tudo”, digo a ele com um
sorriso trêmulo. Paro por um momento para olhá-lo.
Recentemente, ele foi chamado para o trabalho e acho que isso está
custando caro. Ele tem círculos escuros sob os olhos e
ultimamente, seus sorrisos são forçados. “Tudo certo?”

A linha entre suas sobrancelhas se aprofunda enquanto ele


franze a testa. “Sim. Estou apenas preocupado com um dos meus
pacientes.”

“É ruim?” Com ele sendo um médico da emergência, às vezes


ele vê alguns pacientes em péssimas condições.

“Não foi um acidente nem nada. Ela é uma paciente


recorrente da emergência.” Ele suspira e esfrega a nuca. “Está
apenas se deteriorando, é tudo.”

Ando até ele e dou-lhe um abraço. “Eu sinto muito.”

Ele simplesmente acaricia meu cabelo e descansa o queixo


no topo da minha cabeça. Ficamos presos em um abraço até eu
ouvir a porta se abrir. Posso ouvir Cora balbuciando para Enzo
quando entram. Sua voz doce e adorável faz meu coração apertar
no peito. Alguns segundos depois, ele entra no quarto dela com
meu bebê no quadril.

“Mamãe!” Ela grita, esticando-se para mim.

Corro até ela e a puxo para os meus braços. Segurando-a


com força, pressiono beijos em todo seu rosto, fazendo-a rir.
Quando a beijei o suficiente e ela começa a se contorcer, eu a coloco
de pé. Ela imediatamente vai até a casa de bonecas que papai
comprou e começa a brincar. Com lágrimas alegres rolando por
minhas bochechas, fico olhando enquanto ela brinca.

Desde que tomamos a decisão de ficar com papai até


conseguirmos aprovação para adotar Cora, trouxemos Halo para
cá também. Halo ama a casa grande e explora tudo. Ele gosta
especialmente de ajudar o papai na cozinha quando faz o jantar.

“Miau”, Halo diz suavemente, colocando a cabeça dentro do


quarto dela.

“Gatinho!” Cora grita e abre um grande sorriso no rosto. Ela


se levanta e corre para Halo. O gato bravo esfrega a cabeça contra
a perna dela. E quando ela pega sua bunda pesada, ele apenas
olha para Enzo e mia como se dissesse: ‘Salve-me’, mas sua cauda
balança para trás e para frente contente, indicando que ele está
contente por ter uma companheira.

“Agora aquele gato tem alguém para incomodar além de


mim”, papai diz com um gemido falso.

“Você ama o meu bebê”, Enzo diz, rindo.

Papai pisca para mim. “Sim, eu acho que sim.”

“Patty disse que não ela não tirou um cochilo hoje”, Enzo
sussurra, quando Cora começa a gritar com Halo por ser um
gatinho mau. Ele a pega e ela esfrega os olhos.

“Vou deixar vocês colocarem ela para dormir”, meu pai diz.
“Estarei no corredor se precisarem de mim.”

Depois que ele sai, Enzo vai ao nosso quarto. Cora já está
tendo problemas para manter os olhos abertos. Ela se agarra à
camisa de Enzo, efetivamente derretendo meu coração. Subimos
em nossa cama e colocamos nossa doce Cora entre nós. Ela rola
para mim e torce meu cabelo em seus dedos, como nos velhos
tempos. Sorrio para ela e beijo sua testa. Nós três ficamos juntos
até que sua respiração suave é ouvida. Bocejo e olho para Enzo.
Ele me observa com um olhar amoroso.
“Você é uma boa mãe para Cora”, ele sussurra, colocando o
cabelo loiro atrás da orelha. “E será uma boa mãe para o próximo
bebê também.”

Esfrego minha barriga levemente inchada e sorrio. “Obrigada


por me manter flutuando todo esse tempo. Se não fosse por você,
eu teria me afogado.”

“Não minha esposa brava, feroz e forte.” Ele se inclina sobre


Cora e beija meus lábios. “Você é muito difícil de afogar. Sem
mencionar que tem sua família e amigos ao redor. Você está
segura, Jenna. Segura e amada, e não vai a lugar nenhum. Nós
não vamos a lugar nenhum.”

Engulo minhas emoções. “Não sei o que fazer comigo agora.”

Sua risada suave aquece minha alma. “Apenas deixe o bem


acontecer, querida.”

Fechando os olhos, solto um suspiro pesado, expelindo o fim


do meu stress. Adormeço com meu bebê na barriga, minha Cora
em meus braços e meu marido em meu coração.

Apenas deixe o bem acontecer.

Isso é algo com que certamente posso me acostumar.


EPÍLOGO
ENZO
Um ano depois…

Dou um tapinha nas costas de Lila e beijo seu cabelo


castanho fofo. Ela suspira, mas não acorda. Enquanto seguro
nossa filhinha, vejo Cora e Jenna pela janela. Essas garotas — cada
uma delas — roubou pedaços do meu coração. Quando conheci
Jenna e Cora, nunca poderia ter imaginado que acabaríamos onde
estamos agora. Uma família.

Cora é oficialmente nossa.

Depois de um ano de trabalho fora da agência, finalmente


recebemos nosso mais esperado desejo. Fazer da pequena Cora
uma Tauber. Agora que ela é nossa, damos a Daniel seu espaço de
volta. Ele passou por seu próprio inferno pessoal no ano passado.
Vai lhe fazer bem nos tirar de perto.

Entro no quarto de Lila e a deito. Antes de sair, olho para ela


por um longo momento. Ela tem meu nariz e olhos, mas tem os
lábios carnudos de sua mãe. Adorável pra caramba e a queridinha
do papai. Como se compartilhasse meus pensamentos, ela sorri em
seu sono.

Saindo do quarto, volto para a sala de estar. Jenna está


caminhando com Cora. Na mão de Cora, ela tem uma flor.

“É uma linda flor que você tem aí”, digo enquanto me ajoelho
para olhá-la.

“Flor para o papai.” Ela sorri para mim, parecendo fofa


demais para explicar com palavras. Quando ela ouviu Jenna se
referir a mim como ‘papai’ quando conversava com Lila pouco
depois de ela nascer, Cora decidiu que eu também era pai dela. Ela
não entende realmente toda a coisa de adoção, mas ela sabe que
sua casa é com Jenna e eu, onde quer que seja.

Beijo sua testa. “É linda. Vamos colocar em um pouco de


água.”

Entramos na cozinha e encho um copo de plástico para ela.


Ela felizmente joga a flor no copo. Jenna começa a cortar uma
banana e coloca a tigela na mesa para ela. Cora se senta em sua
cadeira, feliz por comer sua banana.

“Você está bem?” Pergunto, puxando Jenna para mim em


um raro momento de silêncio roubado.

“Sim, apenas cansada. Tenho prova na segunda e preciso


estudar.”

Beijo o topo da sua cabeça. “Você precisa ir ao seu pai para


estudar?” Podemos estar em minha casa permanentemente, mas
sei que ela sente falta do antigo quarto dela.

“Eu poderia ir até lá por algumas horas, se você tem certeza


que pode lidar com esta multidão”, ela diz, e faz uma cara boba
para Cora.

Cora a imita rindo, e, em seguida, empurra mais banana


amassada na boca.

“Se elas ficarem muito fora de controle, vou ligar para minha
mãe vir salvar o dia”, digo a ela com uma risada. Minha mãe é uma
mãe muito boa, mas é uma avó fantástica. Cora adora o chão em
que ela pisa. No ano passado, quando Jenna e eu tivemos que
trabalhar, e Daniel foi chamado para o hospital, foi minha mãe que
se apresentou como babá para Cora. Elas desenvolveram um
vínculo que só é fortalecido com o tempo.

“Sua mãe a estraga muito”, Jenna diz, mas não de mau


humor. Ela sabe que Cora merece ser mimada. A garota, como
Jenna, passou por alguma porcaria. É bom para ela ser mimada
pela avó, como qualquer criança normal.

Cora esfrega o rosto, espalhando a banana, e Jenna entra


em ação. Ela a limpa e depois a traz para mim para me deixar beijá-
la antes que ela a deite para um cochilo. Afortunadamente, Cora
ainda cochila facilmente. Alguns minutos depois, Jenna retorna
com um sorriso malicioso no rosto.

“Temos tempo para tirar um cochilo enquanto as crianças


dormem?” Ela pergunta em tom tímido, antes de sair da cozinha.

Ando atrás dela e entro no nosso quarto. Quando ela tira a


camisa e a calça, meu pau acorda. Jogando minhas roupas ao
longo do caminho, eu a sigo na cama. Com duas pequeninas por
perto, aprendemos a ser rápidos. Eu levo minha esposa ao clímax
com uma velocidade de especialista e, em seguida, pego um
preservativo na mesa de cabeceira. Quando coloco nos meus
dentes para rasgar a embalagem, ela gentilmente o tira de mim.
Seus olhos verdes brilham de amor e felicidade.

Arqueando uma sobrancelha para ela, digo com uma


expressão silenciosa: “Poderíamos engravidar.”

Seu sorriso é incrivelmente belo enquanto ela balança a


cabeça. “Talvez nós iremos.”

Nossas bocas se encontram em um beijo ardente e entro nela


com força. Nós nos perdemos um no outro até que ambos
explodimos com prazer, e a encho com meu gozo. O brilho nos
olhos dela me diz que ela espera que tenhamos sucesso.

“Acho que faremos isso de novo”, murmuro, antes de puxar


seu lábio inferior entre meus dentes.

Ela passa os dedos pelo meu cabelo e sorri. “Espero que


façamos isso de novo e de novo e de novo.”

“Cinco filhos?” Desafio com uma risada.

“Quero quantos você me der.”


Meu pau endurece com as palavras, ansioso para foder com
ela pelo menos mais uma vez hoje antes que as crianças acordem.
“Bem, então, Sra. Tauber, é melhor começarmos.” Beijo sua boca
com força antes de me afastar para olhar seu rosto lindo e feliz.
“Vamos fazer alguns bebês, querida.”

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