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Birdie esteve sozinha a maior parte da sua vida.

Antes
mesmo da sua mãe partir para Chicago era ela quem cuidava da
casa. Ela tem seu próprio apartamento pequeno e um trabalho
decente cuidando da contabilidade do seu único amigo, o Sr. Higgins. E
não precisa de mais nada, especialmente não um homem que rouba o
seu telefone e depois seus absorventes, só porque ela não consegue
localizar o cartão de desconto do supermercado.

Depois de seus pais morrerem em um estranho acidente de

carro, Nick transfere sua avó para uma pequena cidade no sul de

Illinois, onde planeja lamentar-se e traçar um plano de vingança. Ele


não tem nenhuma intenção de se apaixonar pela garota do
supermercado. Não queria roubar os mantimentos dela, mas agora
que os tem terá que descobrir uma maneira de devolvê-los, mesmo
que isso signifique usar o número de telefone dela que ele memorizou
dentro do supermercado.
Desde a primeira vez que ele viu Birdie, percebeu que não
poderia viver sem o seu amor e sua lealdade.
Capítulo Um
NICK

— VOCÊ TEM UM CARTÃO DE DESCONTO DO SUPERMERCADO SHOPPEE? — a


funcionária entediada pergunta à garota que está a minha frente.

— Helen, você sabe que eu tenho. Estou aqui toda semana. — A


garota vasculha sua bolsa, puxando uma carteira gigante recheada de
Deus sabe o quê, um chaveiro com três cachorrinhos presos, uma escova
de cabelo e um daqueles prendedores que as meninas supostamente
usam em seus cabelos, mas que eu só vi em seus pulsos, e uma
calculadora. Quem carrega calculadoras?

— Não consigo encontrar.

— Qual é o número?

— Você não sabe?

— Não memorizei seu número, como eu poderia fazer isso? Isso


seria contra a lei — retruca a funcionária.
— Como é contra a lei memorizar números de cartões de desconto
do supermecado onde você trabalha? — ela pergunta, colocando as
coisas de volta na bolsa.

Eu gostaria de saber o que era um cartão de desconto, porque daria


o meu a ela só para que eu pudesse sair desse inferno. Tenho outras três
tarefas na minha lista de atividades normais, para provar à minha avó
que podemos mostrar a porta1 ao velho morcego de uma enfermeira. Eu
sou tudo o que Vovó precisa.

— Eu não faço as regras, menina. Além disso, não é o número do


Shoppee que eu quero. É o seu número de telefone.

A cabeça da garota levanta a cabeça e ela olha fixamente para a


funcionária. — Tudo o que você precisa é do meu número de
telefone? Por que você não disse isso?

— Eu disse. Eu perguntei qual era o seu número do Shoppee, e você


me deu um sermão sobre eu não saber de cor.

Essa conversa não iria a lugar nenhum. Conto as duas sacolas de


compras que a garota comprou e deslizo duas notas de cem dólares pela
esteira transportadora. — Aqui. Eu pago por isso.

1 No sentido de não precisar da pessoa


A garota pega o dinheiro e joga na minha cara. Na verdade, ela
esmaga as duas notas em seu punho minúsculo e me lança o papel. — Eu
não preciso do seu dinheiro. — Ela recita sete dígitos, como se estivesse
prestes a fazer um teste para uma batalha de rap com Eminem, pega o
recibo e sai, deixando suas duas sacolas de compras para trás.

— Eu trato disso — digo antes que a funcionária possa chamar a


atenção da garota. Deixo as duas notas danificadas em cima do balcão,
jogo meus poucos itens em uma sacola e depois corro atrás da
garota. Minhas botas salpicam em algumas poças da chuva recente antes
de eu pegá-la no meio do estacionamento. — Ei, você esqueceu isso —
digo a ela, segurando as compras.

Ela cora. — Eu estava voltando para pegá-las — ela retruca, mas


seu rosto fica vermelho de desgosto.

— Eu sei. Economizei uma viagem para você. — Meu pai disse uma
vez que haviam três regras pelas quais ele viveu sua vida. Primeira:
pense antes de falar; segunda: nunca desista; e terceira: nunca discuta
com as pessoas que você ama. Aparentemente, ele aprendeu da maneira
mais difícil e teve que perseguir mamãe por um ano inteiro antes que ela
concordasse em se casar com ele. — Eu as levarei até o seu carro.

— Não. Você não vai. — Ela se lança junto às sacolas, que eu


balanço fora de seu alcance.
— Isso não é um problema.

— Será se você não me der minhas compras. Apenas dê para mim e


ninguém se machuca. — Ela tem um olhar determinado no rosto e se
abaixa em algum tipo estranho de agachamento.

Eu coçaria minha cabeça em confusão, mas minhas mãos estão


cheias.

— Você está preocupada que eu vá te perseguir assim que eu


souber o número da sua placa de identificação?

Ela faz uma careta. — Não. Eu nem tinha pensado nisso, mas agora
estou. Obrigada por me avisar sobre as suas manias assustadoras.

— Querer ajudar você com suas compras é ser assustador? —


Agora não era hora de dizer a ela que memorizei seu número de
telefone.

— Você está mantendo minhas sacolas reféns. Isso é assustador.

— Quer dizer... eu posso colocá-las no chão. — Começo a abaixá-las,


mas ela grita uma objeção.

— Espere! Está molhado.


Eu me endireito. — Eu não posso ajudar você a levá-las para o
carro, mas você não quer que eu as coloque no chão. Se eu as entregar,
nossas mãos podem se tocar e, pelo jeito você pode achar isso
assustador.

— Eu nunca disse isso. — Ela marcha e arranca as sacolas das


minhas mãos. Há um breve contato elétrico que faz seus olhos
brilharem. Escondo um sorriso, baixando a cabeça e puxando meus
poucos itens para fora da bolsa.

— Estes são meus. — Ela agarra a caixa de absorventes da minha


mão.

Levanto os olhos para o céu e imploro ao meu pai que me


perdoe. — Não, desculpe, mas esses são meus.

— São absorventes. Absorventes — ela repete caso eu não tenha


entendido na primeira vez.

— Eu sei — eu respondo suavemente. Coloco a caixa debaixo do


braço e pego o pacote de Red Bull e o de framboesas. — Vovó gosta de
beber cafeína adoçada pela manhã. Eu tentei convencê-la a não fazer
isso, mas ela afirma que os idosos merecem comer o que quiserem e se
isso significa beber Red Bull com framboesas e groselha, é isso que ela
terá.
— Então por que você está pegando o meu? — Ela faz outra
tentativa, mas desliza na água. — Oh não — ela resmunga – e cai no meu
peito.

— Espero que você não tenha ovos na sua bolsa — eu digo, um


pouco atordoado pelo contato. Ela é briguenta. Seios cheios, quadris
curvilíneos, cintura pequena. Pena que estamos no meio de um
estacionamento e as pessoas desaprovam a nudez pública. Com um
suspiro relutante, eu a afasto e dou um passo para trás – não porque não
a quero, mas porque a quero demais. Só foi preciso uma flecha de seus
olhos mortais para eu apaixonar-me por ela. É o que acontece aos
homens da família Bowman. Não sei o porquê, mas sempre foi assim.

— Eu não — diz ela, pegando suas sacolas. — De qualquer forma,


obrigada pela ajuda. Não me siga.

Eu baixo o meu queixo e viro para o outro lado. Eu não preciso


saber qual seu carro. Eu tenho o número do telefone dela.
Capítulo Dois
BIRDIE

PEGO minhas sacolas do estranho e vou em direção ao meu


prédio. Dou algumas espiadas por cima do meu ombro. Ele fica lá me
olhando ir e pensando que eu me dirigiria até um carro, mas fui
caminhando para o supermercado. Não é longe de casa. Ele ficou parado
lá, então acho que não me seguirá. É estranho que eu queira que o cara
me siga? Balanço o pensamento assustador da minha cabeça, porque
agora estou sendo a estranha.

Eu já tive um longo dia e esse pequeno episódio foi adicionado a


ele. Estava tão exausta no supermercado, e foi parcialmente culpa
dele. Eu o vi na loja cruzando os corredores parecendo um pouco
perdido. Parecia deslocado em seu terno elegante segurando a cesta
amarela brilhante.

Não sei se foi um ato aleatório de bondade ou se o belo estranho


tinha um motivo oculto. Meu chefe, Sr. Higgins, está sempre me
alertando sobre os homens e seus costumes. Ele diz que não existe um
decente por aí e que eu nem deveria me preocupar em namorar porque
nenhum homem será bom o suficiente para mim. Eu sempre rio quando
ele me diz isso. Fico feliz que ele pense que sou tão perfeita que todos os
homens estão abaixo de mim. Sempre concordo, sabendo que nunca
ganharei uma briga com ele. O Sr. Higgins é como um pai para mim neste
momento e eu não quero discutir com ele. É mais fácil concordar.

A verdade é que nunca tive muita sorte no mundo dos namoros. Eu


nunca encontrei alguém que me interessasse tanto ao ponto de me fazer
ter um relacionamento amoroso. Dou mais uma olhada para ver se o
belo estranho ainda está me observando enquanto caminho. Meu
coração palpita de forma engraçada, da mesma forma de quando seus
dedos roçaram os meus. Uma batida de algo me atinge com tanta força
que arranca o ar dos meus pulmões. Viro a cabeça a tempo de me
impedir de chocar contra um poste de luz.

— Oh céus — eu suspiro, esquivando-me a tempo. Eu teria caído de


bunda dessa vez. Não havia nenhum estranho bonito para me impedir de
bater no chão duro e molhado. Meu corpo derreteu no dele. Bater nele
foi como bater em uma parede, mas que cheirava bem. Eu não sabia que
bater em uma parede poderia ser bom, mas foi bom. Bom
demais. Balanço a cabeça, sabendo que o encontro casual foi apenas um
acaso e a maneira que o meu corpo reagiu ao dele quando perdi o
equilíbrio foi apenas um sinal de cansaço e nada mais.
Eu preciso da minha cama e talvez uma daquelas latas de Red Bull
que ele tinha. De qualquer forma, em retrospectiva, é engraçado. Estou
agindo de uma maneira louca. O Sr. Higgins me fez desconfiar de todos
os homens. Além disso, o encontro que tive com aquele cara que
encontrei em um aplicativo de namoro... Paro minha linha de
pensamento. Eu nem vou lá. Aquele homem ainda me assusta. Graças a
Deus ele não sabe onde moro ou tem o número do meu telefone. Ele
continua descobrindo meus endereços de e-mail. Eu os apago, e uma
semana depois de conseguir um novo, ele me rastreia novamente. É
assustador e a grande razão pela qual eu não faço toda a coisa das
mídias sociais.

Dobro a esquina da lavanderia, indo pela porta principal em


direção aos fundos. Está solitário aqui esta noite. Dou uma olhada no
escritório do Sr. Higgins para ver se ele está lá. Ele pode ser
imprevisível. Ele não trancou a porta, mas não o vejo. Coloco sua barra
de chocolate favorita em sua mesa antes de subir para o meu pequeno
apartamento.

Tive sorte quando encontrei o trabalho de ajudar o Sr. Higgins. Ele


não apenas me deu um emprego, mas o apartamento que ficava vazio no
andar acima da lavanderia que também oferecia lavagem a seco. Bem,
oferecia, mas nós terceirizamos. Não havia espaço suficiente aqui para
fazê-lo. Isso faz parte do meu trabalho. Eu recebo as ordens e as preparo
para serem recolhidas todas as noites. Todas as manhãs, os pedidos
retornam e estão prontos para serem recolhidos. É fácil, mas passo
muito tempo de pé. O trabalho mais difícil é manter a contabilidade do
Sr. Higgins. Ele acha que pode fazer isso sozinho. Pelo menos tenta até
amaldiçoar um monte e eu ter que consertar isso para ele. Eu me
pergunto onde ele está agora.

Entro na minha casa colocando as sacolas na mesinha, antes de ir


para o meu sofá cama e cair nele. Meu estômago protesta, querendo que
eu me levante e faça algo para comer. Meus pés estão me dizendo para
não me mexer, mas preciso tirar os sapatos. Meus dedos estão frios e
meus tênis e meias estão encharcados pela chuva. Eu tiro um pedaço de
cabelo do meu rosto.

Deus, aposto que estou uma bagunça. Minha mente pisca para o
homem bonito do supermercado. Quando penso nisso, fui a única a agir
como uma louca. Meu rosto esquenta com um pouco de mortificação. Eu
não deveria me importar; provavelmente nunca mais o verei. E se ele
estivesse apenas tentando fazer algo legal e eu agi como se ele tivesse más
intenções em relação a mim? Uma bola se forma no meu peito com o
pensamento de nunca mais ver o Sr. Bonito. É o melhor. Não é como se
eu realmente tivesse tempo para namorar de qualquer maneira.
Eu me levanto da cama, meus olhos se dirigem ao espelho que
paira sobre a minha cama. É uma das minhas coisas favoritas no meu
lugarzinho, pois tem a forma de um coração. Meu reflexo me mostra que
a chuva transformou meu cabelo encaracolado em uma bola
felpuda. Minhas bochechas ainda estão vermelhas e eu não tenho muita
certeza do porquê, para ser sincera. Provavelmente é uma mistura de
tudo. Eu gemo, caindo de novo na cama. Sim, então nunca o verei
novamente.

Eu me sento. Espera. Ele roubou meus tampões?


Capítulo Três
NICK

— AQUI ESTÃO SEUS REMÉDIOS, novos protetores de contato para sua


máquina de dor, quatro Red Bulls, framboesas, groselha e uma caixa de
lenços de papel. O tipo bom — acrescento antes que ela possa perguntar.

— Cuidar de uma pessoa é mais do que ser capaz de executar


tarefas e reunir coisas em uma lista — interpõe a enfermeira. — Você
tem que ser oportuno, antecipar as necessidades dela, observar sinais
de...

— Não é como se o garoto fosse pegar o seu emprego — Vovó


interrompe. — Está certo. Prometi que se você conseguisse fazer as
coisas da minha lista, deixaria você ser meu principal cuidador. Eu
cumpro com as minhas promessas.

— Mas-mas, ele é jovem demais! — a enfermeira quase grita.

— Não se preocupe. Você ainda receberá um cheque gordo — digo


à mulher irritada enquanto a conduzo em direção à porta. — Mas agora
você só precisa trabalhar algumas horas por dia, em vez de oito delas. É
uma vitória para todos. — Na entrada, me agacho e tiro a bolsa do
chão. Coloco a bolsa nas mãos dela e gentilmente a cutuco. — Vejo você
amanhã as dez — eu digo brilhantemente antes de fechar a porta na cara
dela.

— Não sei por que a enfermeira Pat te desagrada tanto — vovó fala
do sofá.

— Ela é intrometida e não precisamos dela. — Sento-me na beira


da mesa de café e puxo as novas almofadas. — Estamos indo bem por
conta própria.

Vovó bufa com isso. — Mesmo assim, criança, precisarei dela


quando você voltar e lidar com o seu tio. Você sabe que não pode se
esconder aqui para sempre.

Arranco a almofada velha da frente e a jogo para o lado. — Defina


para sempre.

— Nick.

— Vó.

Ela me dá um olhar feroz. Anexo as novas almofadas e coloco a


máquina de pulsos eletromagnéticos em cima da mesa. Estendendo a
mão, pego suas mãos nas minhas. A pele está fina e frágil. Ela está
ficando velha e eu odeio isso. Ela é tudo o que me resta agora.
— Eu preciso descobrir quem na empresa é leal ao papai – foi,
quero dizer — eu me corrijo. Papai se foi agora, e mamãe também, no
acidente de carro que me levou a fugir para esta pequena cidade no sul
de Illinois. Com medo de que meu tio fosse fazer o mesmo com minha
avó, eu a sequestrei de seu apartamento e a trouxe para cá.

— Você precisa voltar. Você deve me deixar aqui com a enfermeira


Pat, contratar um monte de guarda-costas e apenas se instalar naquela
sala de diretoria executiva até que você tire o controle da empresa das
mãos daquele idiota.

— Eu preciso que o conselho de administração vote em mim, Vó —


digo isso gentilmente porque Vovó não tem muita experiência da sala de
reuniões. Ela gosta de dizer que conhece um idiota quando vê um com
base nos trinta anos que passou limpando banheiros, antes da minha
mãe se casar com meu pai.

— Hmph — ela resmunga, cruzando os braços sobre o peito.

Entendo a frustração dela. Tenho dinheiro suficiente para durar um


ano, se eu for cuidadoso, mas se eu deixar passar um ano sem enfrentar
meu tio, perderei. Não tenho dúvidas que ele sabotou os freios do
Maybach do meu pai. Aquele carro tinha apenas três meses de idade,
então não deveria ter falhas. Não é como se o carro fosse produzido em
massa. Apenas alguns milhares deles são feitos todos os anos. Eles
deveriam ser tão seguros quanto uma limusine presidencial, mas meus
pais morreram, saindo de um viaduto. A imprensa disse que poderia ser
um assassinato/suicídio, mas qual seria o motivo? Eles se amavam
desde o momento em que se viram, vinte e quatro anos atrás. Claro,
levou um ano inteiro para convencer minha mãe de que o garoto rico de
North Shore que aparecia à sua porta todas as noites, levando presentes
caros, não estava lá apenas por sexo ou conquista, mas porque ele
realmente a amava, e ele foi tão persistente que ela acabou cedendo a
seus próprios sentimentos. Nove meses depois, nasci. Eu lamento por
eles, mas agora estou com mais raiva do que qualquer coisa. Além disso,
eu preciso ser forte pela vovó, então estou afastando todos esses
sentimentos ruins e focando no que é bom na minha vida. Vovó está
viva. Tenho fundos suficientes para cuidar de nós e estou procurando
maneiras de expulsar meu tio.

Começo meter as coisas na sacola quando vejo uma caixa


desconhecida. — Hã — pego e inspeciono.

— Esses são para o meu nariz? — Vovó pergunta. — Eles parecem


um pouco grandes para mim. Eu gosto dos pequenos que têm a cor rosa.

— Eu sei — Estendo a mão e puxo os que ela gosta. — Comprei


para você — Eles são para o nariz dela que as vezes sangra. Ela os pega
com frequência e não há nada como um tampão para estancar o fluxo, o
que faz sentido, já que é literalmente para isso que eles são feitos –
apenas não pelo nariz.

— Então, o que você está fazendo com isso? — Ela olha a caixa
desconfiada. — Você tem algum problema de saúde que eu desconheço?

— Não, vovó — Eu dou uma gargalhada. — Sou saudável como um


boi. Estes — agito a caixa — são a minha passagem para o amor.

Os olhos dela se estreitam ainda mais. — Você já bebeu alguma


coisa? Não são nem quatro da tarde.

Levanto-me, coloco as almofadas no ombro da vovó e entrego a ela


a máquina de pulsos eletromagnéticos. — Não. Estou completamente
sóbrio. Hoje no supermercado conheci a minha futura mulher e agora
tenho uma desculpa para entrar em contato com ela.

— Ah? — Vovó se anima. — Qual é o nome dela?

— Não sei — digo prestando atenção ao telefone.

— O que você quer dizer com você não sabe? Como você está
entrando em contato com ela nesse telefone se não sabe o nome dela?

— Eu tenho o número do telefone dela.

— Como você tem o número do telefone dela?


— Estava à vista, vovó.

— Eu tenho a sensação que você fez algo errado.

Eu dou uma piscadela para ela. — Ainda não, mas espero que em
breve.
Capítulo Quatro
BIRDIE

Eu tiro um pedaço de cabelo do meu rosto enquanto olho para os


livros. Minha mão está começando a ter cãibra. Realmente tenho que
convencer Higgins a abandonar esse velho estilo de contabilidade. É
muito mais trabalho do que o necessário. Um prendedor de cabelo cai
sobre o livro. Meu lápis deixa de se mover sobre ele.

— Eu ando à procura disso. — Pego meu prendedor, tentando


puxar minha massa selvagem de cachos. Nunca sei o que conseguirei
com o meu cabelo. Às vezes, começa muito bem, mas com o passar do
dia, pode ficar fora de controle, dependendo do clima. Você pode passar
de um frio congelante pela manhã a suar ao meio-dia. O clima do Meio-
Oeste pode ser fatal para nós, garotas de cabelos cacheados. — É o meu
último.

— Você sempre diz isso — Higgins ri quando se senta na cadeira ao


lado da mesa do escritório. — Você deixou isso — Ele desliza meu
celular sobre a mesa para mim.
— Obrigada. — Eu ignoro o meu celular. Sempre esqueço o meu
telefone. Fico longe das mídias sociais e só uso essas coisas para
pesquisar no Google aleatoriamente ou verificar meus e-mails. Fora isso,
não é necessário. Agora meu laptop é outra história. Ele é a minha
salvação para a escola e meu vício em reality shows. Não posso ficar sem
isso. É uma questão de necessidades.

— Como está indo? — ele pergunta, tomando um gole de café.

— Minha mão dói — eu provoco. Quem ainda escreve tanto? Acabo


tendo que conectá-lo ao computador de qualquer maneira, mas se é
assim que ele quer, é assim que eu farei. Volto a trabalhar porque estou
quase terminando. Bem, com a parte manuscrita de qualquer maneira. O
computador do Sr. Higgins é mais antigo e lento que o meu.

— Eu dou.

Minha cabeça se levanta. — Dá o que? — Eu não queria ficar tão


animada rapidamente. Se ele estivesse falando sobre o que eu acho que
ele está. Por favor, diga que sim.

— Você faz a contabilidade há meses e tudo está perfeito. O


pagamento dos impostos foi feito sem problemas e você não está prestes
a se formar no seu programa de contabilidade?
Eu aceno com a cabeça com muita emoção. Eu estou super
perto. Na verdade, estou praticamente pronta. Tudo é feito online e eu
tinha um conjunto de projetos para concluir e entregar até o final do
ano. Já entreguei tudo, mas eles não dão crédito final até a data de
término do semestre. Realmente, neste momento estou apenas
esperando. — Então, trate disso. Eu confio em você.

Fico de pé, me inclinando para dar um abraço no Sr. Higgins. Não


sei o que teria feito sem esse homem durante o último ano. Ele
praticamente me salvou quando eu estava em um ponto baixo sem ter
para onde ir. Minha mãe saiu com o namorado, deixando-me com um
lugar que eu não podia pagar. Eu sabia que ninguém contrataria um
contador sem um diploma ainda. A única pessoa que me deu uma chance
foi o Sr. Higgins e eu serei eternamente grata por sua generosidade.

— Você sabe que está muito animada com isso — ele me provoca.

Eu provavelmente estou.

— Você tem que conseguir alguns amigos da sua idade.

Minha falta de amigos tem muito a ver com o fato de eu não ter
redes sociais e morar em uma cidade pequena. Estava em muitas redes
sociais durante o ensino médio. Foi assim que me inteirei que minha
mãe fazia shows na webcam. Foi assim também que todos os outros na
minha escola descobriram. Fui assediada diariamente. Com os meninos
foi ainda pior. Eles tentavam me encurralar e me pediam para fazer
algumas das coisas que alegavam que minha mãe fazia. Eu não sabia o
que ela fazia em seus shows na webcan e não procurei descobrir. Nunca
disse algo a ela sobre isso. Mas tenho certeza que ela sabia que eu estava
ciente disso, mas qual seria o ponto? Provavelmente foi melhor ela ter
ido embora daqui. Eu faria o mesmo se o Sr. Higgins não tivesse me dado
um emprego. Sorte a minha que ele me deu uma oportunidade.

— Você não gostaria de sair comigo? — Eu caio de volta na minha


cadeira. — Tudo bem, não temos que ir a Robin hoje à noite e comer
hambúrgueres.

— Não tiraremos isso do contexto — Ele levanta as mãos em


derrota.

No entanto ele está certo. Eu deveria ter amigos da minha


idade. Nossa cidade é pequena, mas moramos um pouco perto de uma
cidade grande. Quase todo mundo se conhece, mas não é estranho ver
novas pessoas por aqui. Minha mente pisca para o estranho de
ontem. Aquele que roubou meus tampões. Quem faz isso?

— Talvez eu deva namorar.


Ele balança a cabeça negativamente. — Eu te disse. Os homens só
querem uma coisa — ele me lembra pela milionésima vez.

— Você é um homem — argumento. Não tenho planos de namorar,


mas se ele me cutuca, posso cutucar um pouco de volta.

— Você me vê tentando namorar? Deixo as senhoras em paz. — Ele


cruza os braços sobre o peito. O Sr. Higgins nunca se casou e nunca o vi
flertar com ninguém. Eu acho que ele é um monge.

Meu telefone vibra sobre a mesa, chamando a minha atenção. Eu


espio, sem reconhecer o número. Eu ignoro, supondo que é alguém
tentando me vender algo ou querendo fazer uma pesquisa.

— Ele continua a piscar — O Sr. Higgins acena com a cabeça para o


meu telefone. Eu o pego, e vejo que tenho algumas chamadas perdidas
do mesmo número. Talvez minha mãe esteja tentando entrar em contato
comigo? Ela é conhecida por trocar de número frequentemente.

Eu pondero em ligar de volta para o número. O telefone vibra


novamente. Desta vez é um texto. Abro a mensagem, uma foto dos meus
tampões aparece. Não é apenas a caixa, mas ele segurando-a, sentado ao
lado de uma velha. É a avó que ele estava falando que bebe Red Bull?

— Quem é ela? — O Sr. Higgins pergunta, tirando o telefone da


minha mão, um pouco curioso.
— A avó de um ladrão de tampões — respondo secamente.

— Eu não entendi nem a metade do que você acabou de dizer —


diz Higgins, ainda olhando para a foto.

Sim, bem, eu não entendo como o bandido do tampão conseguiu


meu número de telefone. Agora eu realmente posso chamá-lo de
assustador. Não sei por que isso me faz sorrir, mas faz. Higgins
finalmente me devolve o telefone.

— Você deve convidá-los para comer hambúrgueres conosco — diz


ele.

Envio uma mensagem a ele chamando-o de assustador. — O que?


— Olho para o Sr. Higgins.

— Convide-os para comer hambúrgueres — diz ele novamente. Foi


o que pensei que ele disse. Estou um pouco chocada que ele queira que
eu convide pessoas para comer conosco. Especialmente porque há um
homem envolvido. O mesmo que ele está sempre me alertando.

— Eu não posso agora. Acabei de chamá-lo de assustador. — Eu


mostro meu telefone para ele.

— Você realmente tem passado tempo demasiado comigo.


Balanço a cabeça em concordância quando meu telefone vibra
novamente na minha mão. Meu coração palpita um pouco com a
resposta dele.
Capítulo Cinco
NICK

Você está chamando minha avó de assustadora?

Eu seguro meu telefone e mostro a vovó a resposta dela. — Ela


disse que você é assustadora.

— O que diabos é assustador2? Tenho certeza que ela está falando


de você, criança, não de mim. Não sou eu quem está roubando as
necessidades de uma garota.

— Foi um acidente e agora os devolverei. Veja que bom garoto você


criou. — Dou um tapinha no meu peito antes de ler a resposta no meu
telefone.

Você, você é o assustador. Não a sua avó. Ela é adorável.

— Ela acha que você é adorável.

Vovó enruga o nariz. — Ela provavelmente quer o seu dinheiro.

2 No inglês eles usam uma gíria para assustador: creeptastic


— Ela nem sabe quem eu sou — O que é metade da alegria de estar
aqui nesta pequena cidade. Pela primeira vez, eu não sou Nick Hall da
Hall International, uma das maiores empresas de construção do mundo,
herdeiro de uma fortuna de bilhões de dólares. Sou apenas um idiota
que compra Red Bull, framboesas e lenços para sua avó.

— Ainda... —Vovó pega o telefone. — Ela diz que eu sou adorável,


hein? Acho que ela não pode ser tão ruim.

Vovó acha que qualquer mulher que respira na minha direção quer
ter acesso à minha conta bancária. Eu tive algumas experiências
negativas que me impediram de namorar, mas está tudo bem, por causa
disso agora a encontrei e é isso que importa.

Vovó diz que não posso continuar falando com você, a menos que
você me diga seu nome.

Eu nem acho que ela é sua avó. Você provavelmente a alugou com o
único objetivo de me fazer sentir segura. Não direi o meu nome a um
potencial serial killer3. Você já tem meu número.

Eu pousei o telefone. — Vó, eu pareço um serial killer?

Ela me estuda – na verdade, toma um tempo para passar os olhos


pelo meu rosto, mover a boca de um lado para o outro de maneira

3 Assassino em série.
indecisa e depois apertar os olhos como se visse alguma evidência na
minha bochecha superior esquerda. Eu me decido com rapidez. — Você
terá que responder por mim agora. — Pressiono o botão de discagem e
entrego o telefone à minha avó.

Ela pega, mas não antes de estalar a língua de maneira


dramática. Dou-lhe um sorriso atrevido que ela não pode deixar de
retornar. Então seu rosto fica sério e ela se endireita, estampando uma
expressão severa em seu rosto. — Agora ouça aqui, senhorita, meu neto
não é um serial killer. Ele é encantador, adorável e tem um...

Tiro o telefone da mão dela porque Vovó é uma velha que se irrita
facilmente e não sei o que ela diria, mas não arriscaria. — Aí está. Você
terá que vir à nossa casa e jantar com a gente para compensá-la.
Palavras da minha avó.

— Compensá-la? Do que mesmo você está falando? Nem sequer


disse uma palavra que não fosse 'Olá' — a gracinha grita no meu ouvido.

— Você chamou o neto dela de serial killer e não há insultos muito


piores. Jantamos às cinco. Vovó gosta de assistir A Roda da Fortuna e
isso começa às seis, então não se atrase. Nós teremos... afasto o telefone
do ouvido — como você está se sentindo hoje à noite?
O sorriso da vovó é tão amplo que estou um pouco preocupado. —
Faremos algo simples. Conchas de macarrão recheadas de ricota ao
molho alfredo e pecorino. — Ela se levanta.

— Ah, me envie uma mensagem se for alérgica a algo ou se tiver


qualquer outro problema de saúde, mas teremos queijo e conchas de
macarrão para o jantar. Até logo. — Eu desligo antes que ela possa
recusar. Uma coisa que aprendi na minha curta vida é que você
simplesmente não permite que as pessoas digam não. Se elas não o
disserem, em última análise elas se sentirão obrigadas a fazê-lo.

Jogo o telefone na mesa de café e agarro o braço de vovó, firmando-


a enquanto atravessamos a sala e a cozinha. — Sente-se e me diga o que
fazer.

— Você nunca fez isso antes — ela protesta, tentando se levantar e


se juntar a mim.

Eu aceno minha mão para ela. — Eu nunca comprei mantimentos


antes, também, mas olha como me saí.

— Você roubou os tampões de uma garota — ressalta Vovó.

— Não há nada errado em voltar para casa com muitas coisas. É


apenas um problema quando você esquece as coisas e eu não esqueci
nenhum item. — Abro o armário e tiro uma caixa de grandes conchas de
macarrão. — E, bônus, vovó, eu posso ler — Eu balanço a caixa ao lado
da minha orelha. — Dizem conchas. Eu sei como o queijo se parece.

— E pecorino?

— Eu tenho internet, vovó. Existem receitas na internet.

Ela cruza os braços. — Não como a minha. Você quer que essa
garota goste de você ou que ela pense em você como um serial killer?

— Qual deles a leva para a cama mais rápido?

Vovó pega seu chinelo e joga em mim. — Nicholas Merritt


Hall! Você cuida da sua boca.

Com os ombros trêmulos pela minha risada silenciosa, eu pego o


chinelo e o devolvo. — Sim, senhora — eu digo.

Ela suspira e enfia os dedos dos pés no calçado. — Se eu não fosse


tão velha, eu me levantaria e te golpearia, mas acho que ficarei sentada
aqui te dando ordens. Mas preste atenção! Não podemos fazer essa
garota fugir, já que você acha que ela é a tal.

— Ela é a tal — respondo. — É assim que acontece com os homens


Hall. — Tiro duas panelas do armário e começo a encher uma com água.

— Seu tio é um Hall.


Meus dedos apertam a panela. — Ele não é homem. Ele é um
monstro.

Há um breve silêncio e então Vovó limpa a garganta. — Você está


certo, criança. Desculpe-me por dizer isso.

Eu forço meus dedos a relaxar. — Não é grande coisa. — Fecho a


torneira e dou um beijo na vovó para que ela não se preocupe. —
Estávamos apenas brincando.

— Piadas não devem ir tão longe — responde vovó. Eu passo a mão


sobre o ombro dela. É pequeno e parece frágil. Acho que realmente não
me importo com as piadas, desde que ela esteja comigo para fazê-las.

— Você não fez nada errado. — Aperto seu ombro suavemente. —


Agora me diga como fazer essa receita especial para minha futura
esposa. Dizem que o caminho para o coração de uma mulher é através
do seu estômago.

— Eu não acho que o ditado seja esse, garoto.

—Tenho certeza que sim. Que tipo de queijo a enfermeira Ratchet4


comprou? — Enfio a cabeça na geladeira.

4Enfermeira Mildred Ratched é a principal antagonista do livro de Ken Kesey e no filme de Miloš
Forman "Um Estranho no Ninho".
— É “o caminho para o coração de um homem é através do
estômago”.

— Bem, isso é estúpido porque eu não me casarei com um homem,


né? — Pego os quatro blocos de queijo e saio da geladeira. — Qual
destes?

Vovó voltou a sorrir. — Você é incorrigível, sabe disso, certo? O que


essa garota fará com você?

Enfio a língua na lateral da bochecha e então as primeiras palavras


que surgem na minha cabeça – tudo, espero – permaneçam na minha
mente, eu não preciso de outro chinelo jogado em mim. — Não existe
queijo chamado incorrigível, mas existe um que diz pecorino, mistério
resolvido. — Jogo tudo no balcão, esfrego minhas mãos e digo: —
cozinharemos.
Capítulo Seis
BIRDIE

— ELA PARECE MAL-HUMORADA. EU GOSTO DELA — diz Higgins com um


sorriso.

Olho para o meu telefone. Ele desligou na minha cara?

— É melhor você se mexer se não quiser se atrasar.

— Eu não vou. — Olho para o Sr. Higgins como se ele tivesse


perdido a cabeça. Não acredito que ele disse isso. Por que eu iria lá? Isso
é loucura. Esse cara pode ser um lunático e manter a velha refém,
fazendo-a dizer coisas para me atrair para a casa dele.

— Você sabe que não gosto quando as pessoas se atrasam. Isso me


irrita. — Ele balança a cabeça.

Ah, eu sei que ele não gosta quando as pessoas se atrasam. Ele diz
que nada é mais rude do que pessoas que não respeitam o tempo dos
outros. Que eu posso equilibrar o talão de cheques, mas o tempo é a
coisa mais cara do mundo. Irônico, porque antes de hoje, eu estava
fazendo a contabilidade dele manualmente por muito tempo. Todo
mundo está louco por aqui. Deve estar mudando a estação. Todo mundo
está agindo de forma estranha ou algo assim.

— Você se mexerá ou o quê? — O Sr. Higgins me interrompe dos


meus pensamentos. — Eu a levarei para que eu saiba exatamente onde
você está.

— Eu nem sei onde é. — Meu telefone toca exatamente neste


momento, o endereço aparece na tela.

— Eu sei onde é. Essa é a antiga casa de Alison. — Não tenho ideia


de onde é a casa de Alison. A cidade é pequena, mas não tão
pequena. Embora eu saiba onde fica a rua embora. — Eu me perguntava
quem se mudou para lá.

— Então você não precisa me levar. Você já sabe onde é. — Tiro o


meu telefone da mesa.

— Então você vai lá? — ele pergunta, as sobrancelhas cinzas


erguendo-se na testa.

— Não. Só estou dizendo que se eu desaparecer talvez você deva


dar uma olhada lá.

— Ela disse que ele não é um serial killer — O Sr. Higgins tenta
argumentar comigo. — Ela parecia confiável.
— Primeiro você diz que eu posso mudar nossa contabilidade e
agora você está dizendo que eu deveria ir nesse encontro? — Estendo a
mão, tocando sua testa. — Você está se sentindo bem?

— Não é um encontro. Você está jantando com um homem e sua


adorável avó.

Ela não parecia adorável, ela parecia meio atrevida para mim. Eu
acho que ela se lançaria em mim antes que seu neto me mutilasse.

— Eu nem sei o nome deles! — Meu telefone toca novamente


perguntando se sou alérgica a alguma coisa. Se ele é um assassino em
série, é muito atencioso.

— Eu não acho que alguém que planeja te matar se preocuparia se


você é alérgica a alguma coisa.

Mais uma vez, ele os defende. Que diabos? Eu respondo ao texto. Eu


não sei. Eu deveria ignorá-lo e mudar meu número de telefone, ou
impedi-lo de me ligar.

— Você sabe o quê. Eu irei pra lá — Pego minha bolsa e jogo todas
as minhas coisas lá dentro. Demoro um minuto, porque eu carrego muita
porcaria. Eu não posso evitar. Não consigo jogar coisas fora. Quando
você cresce com muito pouco, fica com o que tem. Você não descarta as
coisas facilmente. Nada é inútil. Por isso me dediquei a
contabilidade. Não queria cometer os mesmos erros que minha mãe
cometeu. Não apenas isso, os números nunca mentem. Eles são o que
são. Não há como mudá-los. — Eu vou lá e serei assassinada e você se
sentirá muito culpado por isso. — Saio do escritório com risos do Sr.
Higgins.

— Você precisará delas — Paro quando ouço o som de suas


chaves. Eu me viro e vejo-as penduradas em seu dedo. O Sr. Higgins tem
o mesmo hábito que eu de não ser capaz de jogar fora as coisas. O
homem tem alguns carros e algumas caminhonetes. Uma das quais ele
me deixa usar quando preciso, fica atrás da loja. A velha caminhonete me
salvou de muitas longas caminhadas. Eu não ligo como ela se parece,
tudo o que importa é que me leva do ponto A ao ponto B.

— Certo — Eu dou meia volta e as arranco dele. — Trarei algumas


sobras. Se eu não for assassinada.

Ele continua rindo.

Saio de seu escritório e desço pela lavanderia. Entro no caminhão e,


antes de saber o que estou fazendo, vou para o endereço que me foi
fornecido na mensagem. O que há de errado comigo? Na verdade, estou
indo para a casa de um estranho. Parece loucura, mas ao mesmo tempo
me sinto relaxada. Eu deveria estar mais preocupada, mas não estou.
— Você quer seus tampões de volta — raciocino em voz alta porque
sou louca como todo mundo por aqui. Chego na casa deles e estaciono a
caminhonete. É então que percebo que não me incomodei em me
arrumar. Eu estava muito preocupada com a probabilidade de me
atrasar e irritar a Vovó. A razão pela qual me importei poderia ser
arquivada na mesma pasta em que se explica o porquê da minha
presença aqui, para começar. Dou uma olhada ao espelho. Meu cabelo é
uma bagunça selvagem de cachos que estão tentando escapar do meu
prendedor de cabelo. Nenhuma maquiagem.

Olho para minha camisa jeans azul de botões e calça de ioga. Estou
usando minhas botas de chuva porque meus tênis ainda estavam
molhados. Eu não posso entrar lá assim. O homem é louco, no entanto,
gostoso.

Minha porta se abre e eu grito, pegando minha bolsa e batendo nele


com força.

— Que diabos você guarda aí? — meu belo estranho pergunta,


puxando a bolsa do meu braço. Eu fico sentada com meu coração
acelerado.

— Você me assustou! — grito com ele.

— Você chegou cedo — ele responde.


Na verdade, eu nem sei que horas são. Estou tão cansada, mas
acabei de terminar o expediente e vim direto para cá. Alguma corda
invisível estava me puxando para chegar aqui. Ele se inclina. Eu congelo
pensando que ele está prestes a me beijar, mas o clique do meu cinto soa
antes que ele me puxe da caminhonete, sua mão segurando a minha.

— Eu não sei o seu nome — murmuro ao lado dele enquanto ele


me leva para sua casa, onde provavelmente serei assassinada. Certo,
provavelmente está cheia de comida, mas ainda assim. Eu preciso pelo
menos saber o nome dele antes que ele me mate ou me alimente.

— Diga-me o seu e eu direi o meu.

— Você está mantendo seu nome como refém ou algo assim? — Eu


olho para ele através dos meus cílios, fazendo-o rir.

Ele para de andar e olha para mim com um sorriso satisfeito.

— Birdie — eu desisto, fazendo seu sorriso se transformar em um


grande sorriso. Deus, o homem é realmente bonito. Um traço de uma
covinha aparece em uma bochecha.

— Se encaixa — Ele começa a me puxar com ele novamente.

O que isso significa? Eu pareço um pássaro? Bem, então ele parece


um serial killer.
— O seu é Ted então? — Eu jogo de volta. Ele não se parece em
nada com Ted Bundy, com seu cabelo loiro curto e olhos verdes
escuros. Além disso, ele tem quase o dobro do tamanho do famoso serial
killer, mas é a única resposta que eu tenho.

Desta vez ele ri a gargalhadas enquanto me leva para sua casa


ainda sem me dizer seu nome.
Capítulo Sete
NICK

Não percebi que estava inseguro se ela viria até o momento em que
senti alívio ao vê-la na entrada da garagem. Deixou-me com os joelhos
fracos. Aperto sua mão na minha e a arrasto para dentro de casa. Eu me
pergunto se ela ficaria brava caso eu a trancasse? Muito furiosa, eu acho.

— Vovó. Olha quem eu encontrei na entrada.

Vovó espia de sua posição no sofá onde está lendo o último livro de
Nora Roberts. — Bonita, mas meio magricela.

— Ela disse que eu parecia com Ted Bundy — digo em falsa


angústia.

Vovó inclina a cabeça e me estuda por um segundo. — Ele era um


homem bonito, mas seu cabelo é muito curto.

— É verdade. Não gosto de cabelos compridos. — Esfrego uma das


mãos sobre meus cabelos cortados. Depois de passar por um certo ponto
no meu pescoço, eles se arrepiam.
— Eu só o chamei de Ted porque ele não me disse seu nome —
Birdie interrompe.

Ela puxa sua mão da minha. Eu a deixo ir porque ela está na minha
casa. Por enquanto, apenas tê-la no mesmo espaço é suficiente.

— Ele não disse, hein? — Os olhos de vovó brilham. Ela está


gostando deste jogo. — Por que você não busca para essa garota um
copo de Red Bull e groselha.

Birdie acena com a mão. — Não. Eu não preciso disso.

— Fortificará o seu corpo — Vovó avisa.

As sobrancelhas de Birdie se juntam porque ela não tem certeza se


quer que o seu corpo fique mais forte. Eu também prefiro que os seios
dela sejam delicados.

— Talvez ela não esteja pronta para a dose completa de cafeína —


digo e vou para a cozinha fazer o coquetel antes do jantar da vovó.

— Ah, tenho toda a resistência que preciso — diz Birdie.

Abro a Red Bull e coloco na coqueteleira de martini. Eu adiciono


groselha e um pouco de refrigerante, mas não muito ou Vovó pegará no
meu pé. Depois de misturar os coquetéis e tirar uma cerveja para mim,
volto para a sala e vejo que danos foram feitos enquanto estava
ausente. Previsivelmente, as duas estão sentadas juntas, rindo de algo na
mão da minha avó.

— É melhor não serem minhas fotos de bebê — eu aviso. — Eu não


quero que Birdie comece a pensar em como nossos bebês serão fofos
quando eu nem tenho um anel no seu dedo ainda.

Birdie revira os olhos verdes e me dá o dedo do meio quando pensa


que minha avó não pode ver. — Estamos assistindo vídeos de gatos no
TikTok.

— Deveríamos pegar um desses — diz vovó, acenando com o


telefone para mim.

— Um telefone? Uma conta no TikTok? Um gato? — Eu entrego as


bebidas.

Birdie olha para ela desconfiada enquanto Vovó toma um gole


saudável.

— Delicioso como sempre — vovó diz. — Meu garoto sabe cozinhar


e tudo. Ele é um verdadeiro prêmio. Além disso, ele tem um grande...

— Vovó — eu a corto.

— Coração — ela termina. — O que você achou que eu diria? — ela


acrescenta com um olhar de nojo.
— Os homens sempre têm a cabeça suja — diz Birdie.

— Eles têm — vovó concorda. — Meu Howard, Deus o abençoe,


estava sempre tentando levantar minhas saias. Não importava onde
estvéssemos, ele tentaria isso. Fomos ao Empire State Building e,
embora houvesse turistas por perto, ele tentava me tocar.

Estou no meio da minha cerveja porque essa é uma conversa


normal para a vovó, mas a expressão chocada no rosto de Birdie me faz
perceber que é melhor eu mudar de assunto. — Quer mais alguma coisa
para beber? — pergunto a Birdie.

Ela nega com a cabeça. — Não. Isso está bom — Ela finalmente
prova a mistura e descobre que não é tão ruim quanto temia. — Por que
você não está bebendo? Eu pensei que isso aumentava a resistência.

— Minha resistência está boa. Você pode verificar por si mesma. —


Eu me dou um tapinha como convite. Seus olhos seguem minha mão, e
então ela se sacode um pouco como se lembrasse de que não deveria
gostar de mim. Eu cubro meu sorriso drenando o resto da minha
garrafa. — Estou feliz que você veio, mesmo que você pensasse que sou
um serial killer.

— Quer dizer, o júri ainda não decidiu isso. Eu só queria os meus


tampões.
— Nah, você poderia ter comprado uma caixa nova. Eles são
baratos.

— Eles são baratos? — ela grita. — São cinco dólares. Isso não é
barato. — Ela começa a olhar em volta da casa pequena. — Você deve
ser rico.

— Rico? — Ainda bem que terminei de beber a minha cerveja. Olho


para a vovó que parece tão confusa quanto eu. Será que nos
entregamos? — Parece que somos ricos?

A sala é comum. Inferno, toda a casa é. As paredes são bege, o


tapete é bege. O lugar veio mobiliado e o sofá tem uma cor
desinteressante de aveia combinado com uma mesa de café de
nogueira. Adicionamos algumas plantas, mas, na maior parte, esse lugar
é o mesmo de quando nos mudamos. Não há fotos de nossa família
porque, bem, esse lugar não é o nosso lar. Meu lar está em Chicago, na
casa em que cresci – uma grande propriedade em North Shore ou a
cobertura com vista para Lake Shore Drive. A casa de Vovó fica num
bonito condomínio à beira de um campo de golfe. Ela não joga golfe, mas
gosta da comunidade. Assim pode passear, comer no clube e fofocar
sobre todas as travessuras que acontecem dentro do condomínio
fechado. Ah, e falar de toda a diversão em que ela e Howard tiveram.

— Este lugar tem o que, três banheiros?


— Sim. E daí?

— Portanto, qualquer lugar com mais de um banheiro é de gente


rica — Ela se inclina e pega a caixa de absorvente rosa. — Falando em
banheiro, onde fica?

Eu aponto meu dedo pelo corredor. Vovó espera até ouvirmos a


porta fechar antes de se inclinar. — Talvez não seja tão inteligente ficar
com uma garota até que você tenha tudo resolvido em casa. E se ela
descobrir você sabe o que?

— Ficará tudo bem. — Mas uma pedra se instala no meu


intestino. E se meu tio nos encontrar? Birdie estaria em perigo? Eu me
levanto. — Eu prepararei o jantar.

— Apenas pense sobre isso — vovó fala atrás de mim.

Não faz sentido pensar nisso. Não pararei de perseguir Birdie. Ela é
a tal. Só preciso descobrir a melhor maneira de me livrar do meu tio,
retomar minha empresa e garantir um futuro para minha família. Fácil
né? Eu fecho meus dedos em um punho, olho para a parede por um
longo minuto e então me forço a relaxar. Será fácil – assim que eu
encontrar as respostas.
Capítulo Oito
BIRDIE

E se ela descobrir você sabe o que? As palavras da vovó saltam na


minha cabeça. A casa deles pode ser grande, mas as paredes são finas
como papel. O que isso significa? Eu continuo passando as palavras dela
na minha cabeça, tentando descobrir o que poderiam estar
escondendo. Dou uma olhada nas mãos dele enquanto prepara a minha
comida. Sem anel, nem marca de um, então ele não é casado. Não vejo
fotos de crianças por perto, então não acho que ele tenha um filho. Isso
me deixará louca.

— Ele fez isso sozinho — Vovó grita, interrompendo os meus


pensamentos sobre o mistério.

Estou aprendendo rapidamente que ela tem um senso de humor


perverso. Ela gosta de brincar com o neto, mas eu sei que mentirá por
ele também. É claro que esses dois são como unha e carne, e leais um ao
outro.

Eu deveria ir. Bem, eu nunca deveria ter vindo aqui para


começar. Não sei por que fiz isso, mas, assim como entrei na
caminhonete e dirigi até aqui, me encontro pegando o garfo e trazendo
uma mordida de conchas de macarrão recheada à minha boca. Soltei um
pequeno gemido. Isso está maravilhoso. Eu não ligo para quem
cozinhou.

— Ele pode limpar também.

Olho para ela. Ela abre um sorriso que me faz sorrir de


volta. Droga. Esta velha senhora com certeza conhece todos os pontos-
chaves para convencer alguém a namorar seu neto.

— Ele tem um nome? — tento de novo. Espera. Talvez haja uma


razão para ele não me dar o nome dele. No começo, pensei que ele
estivesse brincando, mas talvez haja algo mais. E se eles estiverem no
programa de proteção a testemunhas? Talvez estejam fugindo da
lei. Minha mente imediatamente pula para dez cenários diferentes.

— Nick — ele diz enquanto recheia algumas conchas de macarrão


para sua vó. Ele me dá uma piscadela.

— Você quer que eu ponha o prato na sua bandeja de TV? — ele


pergunta a ela. Seu nome sai da língua com facilidade, deixando-me
saber que ele está dizendo a verdade.

— Esta é sua maneira de me dizer para sair? — ela joga de volta


para ele, me fazendo rir ao redor da comida que está na minha boca.
— Nunca — ele diz enquanto pega o prato para ela.

— Mentiroso — ela murmura enquanto se levanta.

Ela me dá uma piscadela que é como a de Nick. Ambos são


adoráveis. Suas palavras voltam para mim novamente enquanto eu
observo Nick colocá-la na sala para assistir seu show. Ele para e a beija
no topo da cabeça. Ela estende a mão e aperta seu braço. Ok, talvez ele
não seja um serial killer, mas está tramando algo. Por que mais ela teria
dito isso? Ele ignorou as palavras dela, mas ela se certificou de dizer de
qualquer maneira. Acho que Vovó é o tipo que nunca recuará. Ela não
parece com alguém que segura sua língua.

Quando eu saí do banheiro, ambos fingiram que estava tudo


bem. Acho que éramos todos um monte de mentirosos porque nem
estou menstruada. Eu usei isso como uma desculpa para fugir por um
minuto e reunir meus pensamentos.

Comprei os tampões porque estavam à venda. Eu acho que fiquei


temporariamente louca. Nem sei por que estou aqui. Dou outra garfada
no meu jantar, porque enquanto estiver aqui, é melhor terminar esta
refeição deliciosa. Nick volta para a mesa depois de arrumar sua avó.
— Você gostou disso? — Ele sorri enquanto se
senta. Provavelmente percebendo que a maioria das minhas conchas
está faltando.

— Você realmente fez isso? — pergunto enquanto dou outra


garfada. A comida é maravilhosa. O homem roubou meus tampões, então
eu deveria pelo menos ter uma refeição com tudo isso. É o que eu
raciocino comigo mesma por estar aqui, pelo menos. Eu deveria sair pela
porta assim que ele me devolveu a mercadoria roubada. Mais ainda
depois de ouvir suas palavras sussurradas.

— Vovó pode ter ajudado — Ele estende o polegar, passando-o


pelo meu queixo. — Sou um aprendiz rápido. Diga-me ou mostre-me
algo uma vez e nunca esquecerei. — Ele coloca o polegar na boca,
sugando o molho que limpou do meu queixo.

— Obrigada — Olho para o meu prato que está quase vazio. Não
me lembro de comer metade dele. Eu devo ter empurrado na minha
boca. Que desperdício. Nick coloca mais um pouco de comida no meu
prato. — Eu não posso comer tudo isso — protesto. Oh, eu posso, eu
simplesmente não deveria.

— Eu fiz para você. — A maneira como ele diz isso doce e inocente
me faz desistir. Faz parecer que machucará seus sentimentos se eu não
comer tudo, o que me leva a dar outra garfada. Danem-se ele e os
truques estranhos da sua avó. Não sei como continuam fazendo o que
querem comigo, mas fazem. Acabarei de comer e depois darei o fora
daqui. Pelo menos esse é o plano. De alguma forma Nick e seus modos
astutos me fazem contar tudo sobre mim. Então vovó me põe sentada ao
seu lado enquanto assiste a Roda da Fortuna. Eu brinco com ela
enquanto Nick lava os pratos. Na verdade, estou me divertindo. Hoje em
dia não tenho muita companhia. A maior parte do meu tempo social é
gasto com o Sr. Higgins, então essa é uma boa mudança de ritmo.

Nick volta com um copo de água e algumas pílulas, entregando-as a


Vovó. Ela não tira os olhos da TV enquanto os pega dele e os engole. Suas
palavras ainda batem dentro da minha cabeça, mas eu empurro os
pensamentos de lado. Veja como ele trata bem a sua avó. É realmente
muito doce. Não acredito que um deles tenha um passado obscuro que
estejam tentando esconder.

Não sei quanto tempo me sento no sofá assistindo TV, mas a


próxima coisa que sei é que meu telefone está tocando. Eu devo ter
cochilado porque, quando meus olhos se abrem, vovó se foi e eu estou
enfiada ao lado de Nick, aconchegada a ele no sofá.

— Eu pego isso — Nick diz, me tirando do lado dele. Ele abre


minha bolsa, cavando.
— Ei — protesto, esfregando os meus olhos sonolentos, sem saber
se o que estou vendo é real. Quem apenas vasculha a bolsa de uma
garota? Isso é pessoal. Acho que passamos para o lado pessoal quando
ele roubou meus tampões.

— Eu pego — Ele puxa meu celular da minha bolsa. — Quem é


Higgins? — Ele olha para o meu telefone que está tocando em sua
mão. Ele aperta o botão de rejeição.

— Ei! — grito desta vez quando eu me levanto. Tento pegar o


telefone da mão dele. Mas ele não me dá. — Você é um verdadeiro
ladrão. Você sabe disso?

— Você roubou meu coração — ele brinca com um encolher de


ombros. Eu digo a mim mesma que ele está brincando. Ignorarei esse
comentário juntamente com o outro sobre os bebês que ele fez antes.

— É o meu chefe — digo a ele, pegando o telefone novamente. —


Ele se preocupará se eu não responder.

— Você deveria trabalhar hoje à noite ou algo assim? — ele


pergunta, ainda não me dando o telefone.

— Não. — Desisto de tentar pegar o telefone quando para de


tocar. — Ele virá aqui. Ele sabe onde estou. — Isso não ajuda com o olhar
que ele tem em seu rosto agora. Ele está com ciúmes? É isso que esse
olhar significa?

— Ele tem a idade da sua avó — Pego o telefone da mão dele


quando começa a tocar novamente. Ele me deixa tê-lo.

— Desculpa. Adormeci assistindo TV — digo antes que ele possa


dizer qualquer coisa.

Nick rouba o telefone da minha mão. Ele realmente pode ser um


ladrão. Ele é rápido com essas mãos.

— Senhor Higgins. Aqui é o Nick — Ele faz uma pausa por um


momento. Acho que está ouvindo o que o outro está dizendo. — Ela é. Eu
não tinha ideia — ele responde.

— O que? — Como eu estou com problemas? Nick é o que mais me


encheu de comida e isso me fez adormecer.

— Você deveria levar comida para ele?

— Porcaria — Eu disse a ele que levaria as sobras. — Espere. É isso


que ele está perguntando?

— Desculpe-me senhor. Eu me certificarei de lhe enviar as


sobras. — Ele desliga o telefone antes que eu fale com ele.
Não acredito que o Sr. Higgins está preocupado apenas com o
jantar. Ele e eu teremos uma boa conversa quando voltar.

— Deixe-me pegá-los para você — Ele enfia um dos meus cachos


soltos atrás da orelha como se ele não estivesse apenas brincando de
manter o meu telefone antes de virar para ir em direção à cozinha. Seu
toque quente permanece na minha pele.

Eu realmente preciso sair daqui.

E LE ME SEGUE ATÉ EM CASA . Eu discuti com ele por uns bons dez minutos,
mas desisti quando ele apontou que não precisava da minha
autorização. Entrei no meu carro e pensei em correr, mas decidi dirigir a
15km/h abaixo do limite de velocidade apenas para irritá-lo. Só eu achei
graça, porque Higgins ficou bravo.

— Por que você está demorando tanto? — O Sr. Higgins berra


através do telefone quando estou a cerca de um quilômetro de distância.

— O tráfego está pesado — respondo rapidamente. A culpa é dele.


Não lembro quando foi a última vez que me senti tão
desequilibrada. Talvez tenha sido quando minha mãe partiu para
Chicago com o namorado. Voltei da escola e ela tinha três malas
prontas. Pelo menos ela esperou e se despediu. Como eu estava a poucos
dias da formatura, não precisava mais dela, ela declarou. Ela me desejou
tudo de bom e depois disse que ligaria. Ela fez... cinco dias depois. Ela
chegou à cidade grande e se estabeleceu. Minha mãe foi vaga sobre como
ganharia dinheiro e eu não perguntei, porque mesmo aos dezoito anos
de idade, eu já tinha aprendido que havia algumas perguntas que você
não fazia se não quisesse saber as respostas.

Ela ainda liga esporadicamente. Aproximadamente a cada mês,


mais frequentemente se ela precisar de dinheiro. Eu nem sei se ela está
com o mesmo cara que ela saiu. Fico feliz de estar sozinha. Tenho o
trabalho que o Sr. Higgins me deu e isso paga todas as minhas
contas. Talvez eu não tenha muito, mas é um trabalho honesto. Às vezes
fico sozinha, mas tenho livros para ler e programas de televisão que
posso assistir ou jogar no meu computador. Nunca fui alguém que
precisasse de muita companhia então é estranho como eu continuo
checando meu espelho retrovisor para garantir que Nick não tenha
desistido de mim.

O Sr. Higgins está parado na calçada com as mãos nos quadris


quando eu paro. Mal tenho tempo de sair do carro antes que ele se
aproxime e aponte o dedo para mim. — Garota, eu estava preocupado
com você. Esta cidade é pequena o suficiente para que eu possa ficar
aqui e mijar do outro lado, mas você demorou meia hora.
— Acho que algo pode estar errado com o veículo dela, senhor —
diz uma voz seca por cima do meu ombro.

O Sr. Higgins me abandona imediatamente.

— Quem diabos é você?

Nick não faz Higgins esperar como ele me fez. Em vez disso, ele
estende a mão imediatamente e diz: — Nick Hall.

Para minha extrema alegria, Higgins olha para a mão de Nick como
se ele fosse um assassino.

— Eu não te conheço — diz Higgins sem rodeios.

Nick retrai suavemente a mão e assente. — Eu me mudei para cá


com minha avó há uma semana.

— Sua avó... — Higgins pensa. — A enfermeira Pat está


trabalhando para você, não está?

É minha imaginação ou Nick endurece com essa pergunta? Não sei


dizer porque o sorriso dele é o mesmo e ele responde facilmente. — Ela
com certeza trabalha, apesar de não precisarmos dela com tanta
frequência como quando chegamos.

— O lugar de Alison foi alugado totalmente mobiliado, eu ouvi.


O sorriso no rosto de Nick diminui com a potência total. Ele está
incomodado com essas perguntas. Eu me inclino contra o carro e o vejo
se contorcer. Ele me colocou em desvantagem na casa dele e depois
insistiu em me seguir até a casa. A reviravolta é um jogo limpo, ou seja o
que for, como diz o ditado.

— Eu não sou muito decorador e minha avó também não. Parecia a


coisa mais inteligente a se fazer. Então você mora aqui com Birdie? —
Nick gesticula em direção ao pequeno complexo de apartamentos ao
lado do Wash-n-Go em que eu moro.

— Sim — ele confirma. Ele é dono de todo o pequeno prédio. — O


que você faz?

— Ajudo minha avó.

— Onde você morou antes? Leonora, a garota que lhe vendeu a


casa de Alison, disse que você não tem família aqui.

O sorriso de Nick quase desaparece. Parece que o Sr. Higgins cavou


enquanto eu estava fora. — De Chicago. Vovó estava cansada da cidade e
queria uma cidade agradável para se aposentar.

— Por que Lakeville? É pequeno, está morrendo e nem tem lago —


responde Higgins.
As perguntas estão chegando ao Nick. Ele esfrega a mão sobre seu
cabelo loiro curto antes de se inclinar e arrancar o recipiente plástico de
conchas de macarrão das minhas mãos e empurrá-lo em direção a
Higgins como uma oferta de paz. — Estes são para você — Ele tenta
mudar a conversa.

— Nick os fez — eu gorjeio, embora não saiba por que estou


ajudando Nick a sair do interrogatório.

Higgins dá uma olhada desconfiada no pote, mas não se move para


aceitá-lo. — Então, você está entre empregos, está morando com o
cheque da Previdência Social da sua avó ou o quê?

É uma pergunta tão rude que eu espero que Nick se ofenda, mas ele
começa a rir, dobrando ao meio como se fosse a coisa mais engraçada
que ele já ouviu. Higgins e eu trocamos olhares confusos. Depois de uivar
pelo que parecem cinco minutos, Nick se endireita e passa a mão na
parte de trás dos olhos.

— Ufa. Eu precisava disso. Estou vivendo do cheque da Previdência


Social de vovó. Para ser honesto, senhor, eu meio que estou, mas não
para sempre. E não se preocupe. Tenho um emprego bom o suficiente
para poder cuidar de Birdie quando me casar com ela.

— Vocês dois se casarão? — Higgins está confuso.


— Oh, ótimo. Lá vai ele de novo. — Pego o recipiente de comida das
mãos dele e agarro o braço de Higgins antes que ele questione Nick. —
Obrigada pelo jantar — eu grito por cima do ombro.

— Quando você discutiu sobre casamento? — Higgins pergunta.

— Nós não fizemos. Nick está apenas fazendo uma


piada. Aparentemente, sua avó e ele acham engraçado.

— Eu sei que disse que queria que você encontrasse um homem


legal, mas não acho que ele seja o cara. Ele está escondendo algo e nada
de bom vem de um homem que tem algo a esconder.

Eu trinco os dentes. Higgins tem alguns bons conselhos, mas já


posso sentir uma parte de mim querendo conhecer esses segredos. Por
trás daqueles olhos verdes, o que Nick está realmente sentindo?
Capítulo Nove
NICK

— EU GOSTO DELA — Vovó anuncia quando chego em casa.

— Sim, eu também. — Dou um beijo em vovó.

— Pois não parece. — Ela puxa a manga da minha camisa quando


me viro para descer o corredor até o meu quarto. — O que está
acontecendo?

— Vovó... — Porra, eu não quero preocupá-la, mas eu preciso


prepará-la para o caso de termos que decolar. Sento-me na mesa e pego
as mãos dela entre as minhas. — Perseguir Birdie pode não ter sido a
melhor decisão da minha vida. O chefe dela estava no complexo de
apartamentos e ele tinha muitas perguntas sobre nós.

O rosto de vovó se aperta com preocupação. — Você acha que ele


sabe alguma coisa?

— Não, e esse é o problema. Ele sabe tudo sobre esta cidade. Ele
chamou a nossa casa de a casa de Alison e perguntou sobre a situação
dos móveis. — As mãos de vovó tremem entre as minhas. Eu aperto mais
meu aperto. — Não se preocupe, ok. Obterei todas as evidências
necessárias para derrubar meu tio.

— Não sei se estou disposta a me mudar.

Sua voz soa desconfiada.

Meu coração se parte um pouco, mas eu não deixo nada disso


transparecer.

— A única mudança que faremos é levá-la de volta a Pleasant


Acres5, onde você poderá jogar bridge com a senhora dos gatos. Agora
vamos, a levarei para a cama.

Vovó me deixa ajudá-la e eu a levo para o quarto dela. Ela é tão


leve. Estou preocupado. Uma vez dentro de seu quarto, ela me
expulsa. Deixo a porta entreaberta para ouvir se ela precisar de mim e
vou até o meu próprio quarto. Eu vou até o meu laptop e começo a
trabalhar. Eu tenho todos os registros contábeis, mas não consegui
descobrir de onde meu tio Jim está tirando o dinheiro. Ou onde ele está
depositando. Sei que papai pensou que colocar seu próprio irmão como
diretor financeiro era a melhor jogada, mas isso só facilitou a tarefa de
roubá-lo. Eu sei que papai deve ter descoberto ou Jim não o
mataria. Então, onde está a resposta? Onde está a pista que meu pai me

5 Condomínio onde a Vovó morava antes.


deixou? Tem que estar aqui nos livros. Tudo o que posso fazer é
continuar procurando.

Percorro planilha após planilha, comparando totais de um


trimestre para outro, fazendo gráficos de crescimento para ver se há
alguma anomalia. Verifico a hora no meu telefone e vejo que três horas
se passaram sem sucesso. Afastando-me da minha mesa, eu caminho
pelo corredor. Uma espiada rápida revela que Vovó está dormindo em
sua cama, as portas estão trancadas e a casa está quieta como uma
tumba. Eu odeio isso. Eu me jogo no sofá e pego meu telefone, rolando-o
até alcançar as mensagens que Birdie me enviou.

Você é assustador.

Material literal de serial killer

Eu rio para mim mesmo. Pelo menos ela tem alguma


autopreservação. Deslizo nas almofadas e leio o restante dos textos. Da
próxima vez que nos encontrarmos precisarei de uma foto. Os textos só
podem me sustentar por um tempo.

— Você realmente trabalha demais — diz Birdie.

Eu me ergo. — Birdie?
A mulher dos meus sonhos vira sua juba selvagem de cabelos e me
prende no lugar com seus brilhantes olhos verdes. — Esse é o meu
nome. Gosta disso? — Ela para a uma polegada dos meus pés. Meus
olhos caem para os dedos dos pés pintados com algum tipo de brilho que
capta a luz. Lentamente, subo ao longo da costura interna de seu jeans
até atingir a junção de suas pernas.

— Olhos aqui em cima — diz ela.

Relutantemente, faço o que pede. Ela estende a mão para segurar


meu queixo. — Você está cansado, não é? Pobrezinho — Ela se aproxima
o suficiente para que eu possa estender a mão e colocá-la no seu quadril.

— Sim, eu preciso que você cuide de mim — Eu aliso minha mão


sobre a curva de sua bunda, mal acreditando que ela está me deixando
fazer isso. O jeans está quente debaixo da minha mão.

Ela desliza a mão no meu cabelo. — O que exatamente você


precisa? Por que você não me explica com grandes detalhes explícitos?

Com a boca seca, eu aceno. — De bom grado. Primeiro: estamos


tirando suas roupas. Segundo: eu estou chupando seus peitos. Terceiro:
eu comerei essa bunda até...

Bang! Eu me sacudo e me levanto com o som alto. — O que diab...—


Eu paro quando percebo o sol entrando pelas janelas da sala. O lado do
meu rosto está úmido. Passei a mão pela mandíbula e percebi que tinha
babado. Faz sentido, no entanto, porque uma fantasia de Birdie é
definitivamente digna de babar, mas isso é tudo – uma fantasia. Levanto-
me e pego o andador que eu derrubei enquanto dormia. Volto para a
minha mesa porque, até encontrar a evidência do desfalque do meu tio,
Birdie continuará sendo uma fantasia.

Contra meu melhor julgamento, me vejo do lado de fora da


lavanderia mais tarde naquele dia. Pela grande janela de vidro, vejo
Birdie sentada atrás de um balcão, a cabeça inclinada sobre alguma
coisa. Seu cabelo encaracolado está preso no topo da cabeça e ela está
mastigando a ponta de um lápis. Nunca chegamos a discutir o que ela faz
da vida. Só imaginei que ela estaria aqui porque disse que Higgins era
seu chefe. Uma pequena pesquisa na internet me trouxe aqui – o mesmo
lugar que eu não deveria estar. O interrogatório de seu chefe ontem me
fez perceber que chegar perto de alguém significa compartilhar
segredos. Quero saber tudo sobre Birdie, mas ela também desejará saber
tudo sobre mim.

E o que posso compartilhar? Não quero mentir para Birdie, mas


não posso dizer a ela que estou fugindo do meu tio que assassinou meus
pais. Se ele me encontrar, Birdie estará em perigo. Eu me importo mais
em me divertir ou me importo com Birdie como pessoa? Pego o frango
frito que Vovó fez, coloco na porta da lavanderia e vou embora.
Capítulo Dez
BIRDIE

PEGO meus livros na mesa da biblioteca, sabendo que está quase na


hora de fechar. Não que isso importe. Estou encarando a mesma página
há vinte minutos sem sequer ler. Eu só vim para a biblioteca porque
queria sair da minha casa. Pensei que uma mudança de espaço me faria
algum bem, mas não, eu trouxe a minha melancolia de casa até a
biblioteca, ela parece me seguir em todas as partes isso sim. Estava de
mau humor nos últimos dias e hoje decidi que precisava acabar com
isso. Pelo menos eu pensei que sim, mas não estava funcionando.

Três dias. Esse é o tempo que passou desde que vi Nick. Um


segundo ele estava exigindo que eu aparecesse e fazendo piadas sobre
ter filhos e no outro ele se foi. Até me atrevi a enviar uma mensagem
patética ontem, agradecendo-lhe pelo jantar. Eu recebi um simples ‘de
nada’ de volta e nada mais.

Não sei o que mudou. Tem a ver com a linha de perguntas do Sr.
Higgins na outra noite. Nick parecia muito desconfortável com a
profundidade do Sr. Higgins. Embora seu sorriso permanecesse em seu
rosto, seu humor mudara. Lembro a mim mesma que sei que ele está
escondendo alguma coisa. Ouvi a própria avó dizer isso. Ainda assim,
não consigo parar de pensar nele. Ou por que ele decidiu sumir
agora. Ele foi o único a me perseguir, por isso não faz sentido.

— Tchau! — Charla, a bibliotecária, gorjeia para mim quando passo


por sua mesa. Eu sorrio para ela, soprando um dos meus cachos para
fora do meu rosto.

— Merda — murmuro, me virando, lembrando que deixei meus


óculos de leitura em cima da mesa. Eu colido com um corpo
gigante. Solto um pequeno grito quando começo a cair, mas ele envolve
um braço em volta de mim para me estabilizar. Olho para os mesmos
olhos verdes que tenho pensado desde que ele me deixou no lado de fora
da minha casa. — Ei — eu digo, olhando para ele. Sua mão se estende e
afasta um cacho solto do meu rosto. Eu quero inclinar meu rosto nele,
mas eu me controlo.

— Hey — ele diz de volta, me dando um meio sorriso que não


encontra seus olhos. Vejo que ele tem meus óculos na mão. Quando ele
percebe o que estou olhando, ele os entrega.

— Obrigada — eu digo, tirando-os dele. Ele também estava na


biblioteca? Eu me pergunto o que ele está fazendo aqui. Talvez tenha
algo a ver com os segredos que ele está escondendo.
— De nada — ele responde, ainda com o braço em volta de
mim. Não sei quanto tempo ficamos lá, mas ele apenas olha para
mim. Meus pensamentos estão por todo o lugar. Ele está aqui porque
estava me seguindo ou talvez tenha me encontrado aleatoriamente e não
sabe o que dizer porque tem tentado afastar-se de mim? Não sei a
resposta e isso me deixará louca. No entanto, seja qual for à resposta,
ainda estou feliz em vê-lo. Eu só queria entender o que estava
acontecendo entre nós. Ele foi tão persistente no começo e agora está
agindo de forma estranha. Eu endireito meus ombros e decido ir
embora. Da mesma maneira que eu fiz naquele dia no supermercado.

— Até a próxima — Eu tento tirar os meus braços, mas ele só me


puxa para mais perto.

— Eu...

Ele apenas diz uma palavra então para. Agora estou começando a
ficar chateada. Não gosto de jogos e, principalmente, de jogos que me
deixam emocionalmente agitada. É exatamente por isso que não
namoro.

— Apenas me deixe ir. — Eu olho para todos os lugares, menos


para o rosto dele. Não consigo encontrar o seu olhar. Eu quero ir. O Sr.
Higgins estava certo. Homens são os piores. Nick realmente não fez nada
comigo, mas ele ainda é o pior. Ele está mexendo com o meu interior e
eu não ligo para isso. Creio que sou mais frágil do que eu pensava. Ele
não me fez nenhuma promessa e não é como se estivéssemos
namorando, então não sei por que estou ficando tão agitada com isso. Eu
o conheço há menos de uma semana, então ele não deveria ter nenhum
efeito sobre mim.

— Eu tentei deixá-la ir — ele rosna, virando-nos e me empurrando


contra o lado da biblioteca.

— O que você est... — Eu sou interrompida quando sua boca desce


sobre a minha. Ele me beija como se estivesse faminto há dias. Nossas
línguas emaranham enquanto nós dois exploramos um ao outro. Eu
gemo em sua boca, fazendo com que ele quebre nosso beijo.

— Nós não podemos fazer isso — diz ele enquanto beija a lateral
do meu pescoço.

— Por quê? — pergunto. Ele não me responde. Em vez disso, ele


me beija novamente. Desta vez, suas mãos cavam no meu cabelo
enquanto ele o puxa para baixo, deixando-o livre. Ele inclina minha
cabeça para trás, sua língua explorando minha boca. Eu choramingo em
sua boca, meus dedos segurando sua camisa enquanto eu me agarro a
ele. Eu me perco por um momento, esquecendo todas as pequenas
perguntas que tenho. Fazemos isso até estarmos ambos sem fôlego e não
haver escolha a não ser se afastar. Ele abaixa a testa na minha enquanto
tentamos recuperar o fôlego. Meus lábios formigam de seus beijos, assim
como outros lugares do meu corpo. Eu quero mais, mas minha mente
está confusa. Ele não deve saber quão poderosa é sua boca. Ele tem a
capacidade de me fazer esquecer tudo.

— Por quê? —repito minha pergunta. Ele disse que não podemos
fazer isso. Foi ele quem me beijou. E é quem estava me seguindo. É muita
coincidência que ele estivesse com os meus óculos na mão quando voltei
para pegá-los. Era apenas uma questão de minutos e a única maneira
dele vê-los lá, seria se ele estivesse me observando, para começar.

— Eu tentei ficar longe — ele responde depois de um minuto,


quando vê que não pararei até conseguir uma resposta.

— Do que você está falando? — Eu tiro a minha mão de seu peito,


soltando sua camisa. Eu lambo meus lábios. Minhas bochechas
esquentam com a forma como continuo me agarrando a ele.

— Eu deveria ir — diz ele, mas se inclina, roçando a boca na minha,


parecendo não querer ir a lugar algum. Começo a inclinar a cabeça para
trás para beijá-lo novamente, mas depois lembro que sua boca tem o
poder de me fazer esquecer o que estou fazendo. Eu me movo, passando
por baixo do braço dele e saindo da parede.
— Acho que devo ir — Eu serei a única a afastá-lo desta vez. Ele é o
único que faz eu me sentir estranha. Aparecendo e me beijando. Gah! Ele
é louco. Não posso lidar com esses sinais mistos. Pelo menos quando eu
pensava que ele era um serial killer sabia onde estava com ele.

Atrás de mim, ouço uma batida e, em seguida, meus pés estão no ar


e estou olhando para o chão. — O que você está fazendo? — Eu bato
meus punhos nas costas dele.

— Também não estou brincando — ele rosna e me dá um tapa na


bunda.

Oh merda, isso é bom. Eu me contorço em seu ombro, ganhando


outra pancada que sinto diretamente no meu centro. Eu aperto minhas
pernas juntas. Por que isto está acontecendo comigo? Eu nem gosto dele.

— Isso é sequestro! Você pode ser preso por isso! — grito.

— Tenho certeza que o Sr. Higgins conhece a polícia, não é? — Nick


responde enquanto empurra as pesadas portas de carvalho da biblioteca
e caminha como se eu não pesasse uma tonelada.

Higgins na verdade odeia o chefe Baxter por causa de alguma briga


antiga que tiveram por um trator. Eu nem sei exatamente do que se
trata, mas Higgins nunca pediria um favor ao Chefe Baxter. Nick não
sabe disso, no entanto. — Você está certo e se você não me colocar no
chão neste instante, colocarei a sua bunda na cadeia.

Juro que ele hesita por meio segundo, pelo menos, antes de
acelerar o passo em uma corrida lenta. Eu pulo em seu ombro, minha
cabeça quase batendo em seu traseiro algumas vezes. Bom Deus, o cara
tem uma bela bunda. Eu me dou um tapa mental. Eu não deveria
apreciar sua bunda. Deveria lutar e depois escapar. Começo a me mexer,
como uma minhoca na ponta do gancho, empurrando suas costas e
chutando minhas pernas. Para minha consternação – quer dizer, para
minha grande alegria, ele me põe no chão.

Eu sopro a franja do meu rosto. — O que foi tudo isso? — Uma voz
interior me diz que agora é a hora de fugir, mas meus pés estão
cimentados no chão.

— Você gostou do seu almoço?

Balanço minha cabeça em confusão. Ele acabou de me perguntar


sobre o almoço? Do que ele está falando? — Almoço?

— Sim, eu deixei frango frito há três dias, sopa de tomate com


manjericão há dois dias e fettuccine Alfredo ontem. Você parecia gostar
disso.
Meu queixo cai. — Eu pensei – Higgins – eu quero dizer... — Paro e
coço a cabeça. — Foi você quem deixou a comida.

Nick olha para mim. — Quantos homens você tem que vêm aqui
trazendo comida para você? Quero nomes, números e localizações.

— Não há nenhum. Eu pensei que era Higgins. — Enfio uma das


mãos na minha bagunça de cabelo. — Você me deixou comida? Eu pensei
que você estivesse me ignorando.

Nick passa as mãos pelo corpo. — Eu tentei, mas não está


funcionando, então entre no carro. — Ele abre a porta.

Balanço a cabeça e me afasto. — De jeito nenhum. Não vou a lugar


nenhum com você.

— Eu pensei que já estabelecemos que não sou um serial killer.

— Sim, talvez, mas você é um estranho. Você não responde as


perguntas sobre seu passado. Você me evita por três dias, mas deixa
comida na minha porta como se eu fosse um gato de rua que você
está pensando em adotar, mas não quer me deixar entrar, então não, eu
não acho que entrarei no carro com você.
— Então será sequestro — ele anuncia e me pega antes que eu
possa pensar em uma razão para dizer não. Antes que eu perceba, estou
no banco do passageiro com o cinto de segurança afivelado.

— Fique aí — ele ordena como o gato de rua que ele pensa que eu
sou.

Minha mão mexe com a fivela, mas ele está no carro e rolando pela
rua antes que eu possa destravar a maldita coisa. Com um suspiro, cruzo
os meus braços e o encaro.

— Eu me mudei para cá de Chicago. Acabei de me formar na


faculdade com meu MBA e tinha planos de trabalhar para a empresa de
meu pai, mas ele morreu em um acidente de carro com minha mãe há
um mês.

Instantaneamente, minha raiva se desvanece. — Oh meu Deus, eu


sinto muito.

— Isso é péssimo. Qual é a sua situação parental?

— Ironicamente, minha mãe se mudou para Chicago há dois anos


com o namorado. Eu provavelmente teria que me mudar também se
Higgins não tivesse me oferecido um emprego.
— O que você faz exatamente para o Higgins? Só tem a lavanderia
dele?

— Eu faço a contabilidade dele.

O carro desvia. Eu grito de surpresa e agarro a barra acima da


minha cabeça.

— Desculpa. Porra. Desculpe — diz Nick e endireita o veículo. Suas


juntas ficam brancas quando ele agarra o volante com força. —
Contabilidade então — diz ele em um tom intencionalmente leve. — O
que isso significa exatamente? Você é formada em contabilidade?

Eu esfrego meu pescoço conscientemente. Esse cara tem um MBA e


eu ainda não terminei minha graduação. Para ser justa, eu estou quase
lá, mas de repente me sinto realmente inadequada. Suavemente, admito:
— Ainda não tenho meu diploma.

— Mas você é boa com números — ele retruca.

Eu dou de ombros. — Eu acho. Ainda não arruinei as contas do Sr.


Higgins. Ele ainda está no negócio.

Nick para em casa e freia, mas não sai imediatamente. Em vez


disso, ele me prende com esse olhar profundo e intenso. — Você sabe
como eu vim para esta cidade?
— Não — Como eu saberia? Além do nome, os únicos detalhes
pessoais que conheço são os que ele acabou de compartilhar comigo.

— Eu peguei o mapa de Illinois, fechei os olhos e apontei. Apontei


pra cá — O lado esquerdo da boca dele se levanta. — Eu nunca acreditei
muito no destino porque meus pais simplesmente morreram, e se é
assim que o destino agirá quem quer fazer parte disso, certo?

Isso faz sentido. Eu concordo.

— Mas agora, quando olho para você, acredito de novo — continua


ele. — Então, seguirei meu instinto aqui e confiar em você. A razão
pela qual fiquei três dias fora foi porque não queria te machucar, mas fiz
assim mesmo.

Fecho a boca e olho para o outro lado, sem querer que ele veja que
estou afetada. Ele estica a mão e aperta minha perna. — Eu sinto
muito. Sou um idiota que passou mais tempo na biblioteca do que
descobrindo como interagir com as mulheres. Não sei o que estou
fazendo, mas quero você. Todas essas coisas sobre bebês e casamento,
quero tê-las com você. Não estou brincando, mas antes que eu possa ter
essas coisas, tenho que colocar meu tio atrás das grades ou ele
machucará você, a minha avó e a mim.
De todas as coisas que pensei que ele poderia me dizer, nunca
pensei na história que ele acabou de me contar. Eu só posso olhar para
ele em choque.

O pequeno meio sorriso desaparece. — Demais? — Ele assente e


diz baixinho, mais para si mesmo do que para mim: — Eu
entendo. Então espere por mim. Consertarei essa merda e voltarei para
você. — Ele coloca a mão na marcha e acelera o carro.

Os alarmes começam a tocar e eu acordo do meu estupor. Esperar


por ele? Esse homem que até a voz me excita, que é mais bonito do que
qualquer pessoa real tem o direito de ser, que me deixou almoços por
três dias seguidos, que tem um sorriso que pode iluminar a noite toda,
realmente, realmente me quer? Eu sou tonta, mas não tão tonta. Eu bato
minha mão sobre a dele.

— Não. Não é demais.


Capítulo Onze
BIRDIE

— É DEMAIS, não é? — Nick passa as mãos pelos cabelos. Estou


sentada no meio da cama dele, enquanto ele caminha de um lado para o
outro no final dela. Eu tenho o laptop dele na minha frente e livros ao
meu redor.

— Não, não é demais — Ele está claramente impressionado com


todas as informações que reuniu. — Isso é bom — Há muitas coisas para
analisar, mas eu amo trilhas de papel e não me importo de
procurar. Quero ajudá-lo a encontrar a arma fumegante que colocará o
tio dele atrás das grades.

— Bom? — Ele para de andar. — Merda. Eu não deveria ter puxado


você para essa bagunça.

Ele continua dizendo isso. Mordo o lábio para tentar não


sorrir. Talvez eu devesse me preocupar com o tio dele e a ameaça que
ele traz, mas não estou. Tudo o que consigo pensar é em ajudar Nick a
esclarecer isso e talvez algumas daquelas palavras loucas e doces que ele
me disse antes. Nick está se mostrando um pouco bom demais para ser
verdade. Ainda assim, aqui estou eu tentando entender os seus livros
contábeis.

— Você não pode enganar os números, Nick. Tudo tem um rastro e


eu o encontrarei — tento tranquilizá-lo. — Você não pode mentir ou
adulterar. Eles são o que são. Se você tentar alterá-los, as coisas ficam
confusas rapidamente e você pode descobrir facilmente. Então, quem
tentou alterar os livros contábeis é um idiota. — As pessoas sempre
pensam que se safarão, mas no final são apanhadas. Quando se trata de
dinheiro, tudo é rastreável. Tenho um olhar atento e pretendo
inspecionar essas informações como se minha vida dependesse
delas. Pelo que Nick diz sobre seu tio, pode ser que realmente dependa.

— Você parece tão sexy na minha cama.

Eu sei que ele está mentindo, porque eu estou uma bagunça


agora. Ainda assim isso não impede que o meu corpo aqueça sob a sua
avaliação.

— Você deveria fazer uma pausa. Você está nisso há horas — Ele
empurra o laptop fechando-o.

Eu só estive nisso por uma hora e mal cheguei à profundidade de


qualquer coisa. Ainda assim, talvez um pequeno intervalo não doa. Nick
sobe na cama, movendo-se para se sentar atrás de mim. Ele passa os
braços em volta de mim e começa a beijar o meu pescoço. Minha cabeça
cai para o lado, permitindo que ele tenha acesso. Solto um pequeno
gemido de prazer enquanto meu corpo relaxa no dele. Viro o rosto,
silenciosamente pedindo um beijo.

Ele me dá. Fico mole, deixando seu calor me cercar. É tão bom estar
em seus braços. Eu me sinto bem novamente. Por três longos dias, me
senti mal. Como se um pedaço de mim estivesse faltando e agora está
voltando ao lugar, me endireitando novamente. Eu gemo em sua boca.

— Ah Merda.

Eu pulo com o som da voz da Vovó. Afasto-me de Nick quase caindo


da cama, mas Nick me salva antes de eu cair.

— Eu tinha certeza de que estava velha demais para me esgueirar


de qualquer forma.

— Vovó, estou tentando fazer de você uma bisavó.

Minha boca se abre. Eu olho para Nick. Não acredito que ele acabou
de dizer isso. Ele está sorrindo.

— Acho ótimo — diz ela antes de se sentar na beira da cama. Seus


olhos vão imediatamente para os papéis espalhados por toda parte.
Eu vejo o olhar de surpresa quando ela lança um olhar
interrogativo para Nick.

— Ela sabe tudo, vovó. Por sorte, Birdie é boa com números e faz a
contabilidade em seu trabalho. Ela se ofereceu para dar uma olhada em
tudo e tentar me ajudar.

Sento-me em silêncio, assistindo à interação deles.

— Eu sabia que algo estava acontecendo na noite em que vim


jantar aqui. Eu ouvi você e Nick conversando enquanto eu estava no
banheiro. Eu não quis escutar, mas as paredes aqui são finas como papel
— digo enquanto minhas bochechas esquentam de vergonha. — Eu
pensei que vocês poderiam estar fugindo da lei ou algo assim.

Isso faz Vovó dar um enorme sorriso. Estendo a mão para agarrá-la
antes que ela escorregue da cama em seu acesso de riso. Ela é tão frágil,
estou preocupada que ela quebre algo.

— Parece que eu poderia correr para qualquer lugar? — Vovó


provoca e todos nós rimos desta vez. Um sentimento quente enche meu
peito com a sensação disso. Sentados, brincando um com o outro. Sinto
que faço parte de algo pela primeira vez em muito tempo. Claro, tenho o
Sr. Higgins, mas ansiava por mais. Eu o aprecio e amo, mas fico sozinha.
— Você é boa para nós — diz vovó enquanto dá um tapinha no meu
braço.

Ouço Nick suspirar atrás de mim. Ele continua preocupado. Não o


culpo. A verdade é que se tudo o que ele está dizendo for verdade, sua
avó está em perigo. Ele já perdeu seus pais.

— Ela está aqui por mim, vovó — diz ele fingindo frustração. Eu
sorrio enquanto eles lutam pela minha atenção.

— Estou aqui por vocês dois. — Beijo Nick na bochecha primeiro e


depois me inclino e, para surpresa de Vovó, dou um beijo em sua
bochecha também.

— Eu não sou bom em compartilhar — Nick murmura atrás de


mim.

— Limpei seu nariz ranhoso e sua bunda por anos. Eu acho que o
mínimo que você poderia fazer é compartilhar. — Ela levanta uma
sobrancelha para ele. A brincadeira deles me deixa à vontade e me faz
sentir em casa, estabelecendo algo dentro de mim.

— Alguma sorte? — Vovó pergunta com esperança em sua


voz. Sinto que ela está tão preocupada com Nick quanto ele está com
ela. Eles realmente se amam. Eu posso ver o vínculo deles. É algo que eu
nunca tive com minha mãe.
— Ainda não, mas só estive nisso por pouco tempo. — Ela dá um
tapinha na minha mão mais uma vez antes de se levantar para sair.

— Ele é um bom menino, Birdie — diz vovó antes de sair do


quarto.

Nick e eu permanecemos em silêncio por alguns minutos. Suas


mãos me alcançam e começam a esfregar meus ombros. Eu relaxo e
aprecio seu toque. Eu o conheço há pouco tempo, mas me sinto
confortável perto dele. Eu acho que ele pode estar certo sobre essas
coisas do destino.

— Voltemos a nossa pesquisa. Eu gostaria de olhar mais um pouco


disso hoje. — Eu nunca quis tanto ajudar alguém da forma que quero
ajudar Nick e sua avó a obter justiça pela morte de seus pais e poder
viver sem medo.

Trabalho nas próximas horas, anotando até as mínimas


diferenças. Meus olhos ficam pesados e estou prestes a encerrar anoite
quando percebo que algo não está batendo.

— Há números de verificação dupla — eu digo. Nick ergue os olhos


da pilha de papéis que imprimi para tê-los escaneados. — Eles fizeram
um ajuste no final do ano para tentar equilibrá-lo. — É realmente uma
descoberta fácil. Se você está procurando. A Receita Federal teria pego
se eles fossem auditados. — Parece que você não tem tudo aqui. Há
mais?

Empurro o laptop para Nick, mostrando a ele o que estou


vendo. Seus olhos examinam os documentos cuidadosamente. — Isso é
tudo o que tenho — diz ele com um olhar preocupado. — O resto
provavelmente está em Chicago no escritório do meu pai. É muito
perigoso voltar.

— Mas se conseguirmos o que precisamos, seu tio irá para a cadeia


e não será mais tão perigoso — informo. Estou mais do que disposta a
enfrentar o tio dele, se isso significa que eles estarão seguros
novamente. Quero que Nick saiba que também estou nisso. Pode ser
uma ligeira loucura, mas não quero lutar contra isso. — Viajaremos?
Capítulo Doze
NICK

A SUÍTE NO TOPO DO WALDORF, na Rush Street, parece estranhamente


doméstica. Há dois pares de chinelos apoiados lado a lado na entrada de
mármore preto. Na outra sala, ouço portas fechadas e gavetas
abertas. Birdie faz pequenas exclamações abafadas a cada descoberta.

Chinelos? Eles te dão chinelos? O que é isso? Um pente? Desde quando


você recebe pentes em um hotel? Gostaria de saber se posso ficar com isso
ou se tenho que pagar para usá-lo? Essa fruta é real? Isso é um chocolate
no meu travesseiro?

Ela coloca um sorriso no meu rosto pela primeira vez em


horas. Quanto mais perto chegávamos da cidade, mais pesadas às
lembranças de meus pais ficavam sobre meus ombros. A visão da roda
da fortuna em Navy Píer me fez segurar o volante com tanta força que
quase puxei o vinil. Sou muito grato por Birdie estar comigo. Seu prazer
por essas pequenas coisas está fornecendo uma boa distração. Se ela não
estivesse aqui, eu provavelmente estaria na porta do meu tio com uma
arma.
— Eu não posso acreditar que isto é um quarto de hotel — Birdie
exclama enquanto se junta a mim na sala de estar. — Desde quando os
quartos de hotel têm dois banheiros e uma lareira na sala de estar? —
Ela bate no manto de pedra. — Por que você precisa de uma lareira em
um quarto de hotel?

Afasto-me da janela e vou até a entrada para apertar o interruptor


da lareira a gás. Há um som de crepitar e um pequeno whoosh quando o
gás é liberado antes que as chamas subam.

— Porque é bonito?

Birdie apenas balança a cabeça. — É surreal. Então, o que eu estou


vendo aqui? — Ela empurra uma das pesadas cortinas de veludo azul
escuro para o lado.

— Rush Street — Ando até ficar de pé atrás dela. As luzes da cidade


estão acesas e há alguns carros subindo e descendo a estrada. As pessoas
estão começando a sair dos bares e subir em táxis. — Este era o hotel
favorito da minha mãe. Eles vinham de North Shore e ficavam aqui.

— É perto de alguma coisa?

O cabelo dela cheira a morangos. Eu mergulho minha cabeça até


meu nariz roçar o topo de sua cabeça. — Sim, do Barney. É um
quarteirão de distância e o lugar favorito da mamãe. Hermès também
está lá. — Eu aponto para a direita. — Ela pegava algo novo lá a cada
visita.

— Eu não tenho ideia do que esses nomes significam, mas eles


parecem extravagantes.

— Depois que tudo acabar, faremos uma pequena farra de compras


então. — Eu passo a mão sobre a curva do ombro dela e depois desço a
parte externa do braço. Ela parece pequena e frágil debaixo dos meus
dedos. Pela milésima vez, eu me pergunto se fiz bem em contar a
verdade a ela ou se deveria deixá-la com a Vovó.

— Birdie, talvez você...

Ela se vira e coloca um dedo nos meus lábios para me calar. — Não
diga isso.

Minha pele queima sob seu toque e mal consigo formular a minha
pergunta.

— O que? — Eu coaxo.

— Não diga que você não me quer.

Eu rio, uma risada seca e sem humor, e pego sua mão,


pressionando-a contra minha bochecha. — Eu nunca quis nada mais, e
esse é o problema — Eu me viro para que meus lábios estejam contra a
palma da mão dela. — Até te conhecer, eu tinha perdido tudo que era
importante, exceto minha avó. Se você se for, qual será o objetivo?

— Você não me perderá. Nós entraremos na casa, pegaremos o


resto dos arquivos, descobriremos a pista do desfalque do seu tio e o
enviaremos para a prisão eterna.

Sua confiança é tão sexy quanto qualquer coisa. — Amo sua


conversa suja — digo a ela.

Ela ri disso. — Se é isso que te excita, acho que não preciso ficar tão
nervosa com a cama aqui.

— Birdie, sua respiração me excita — Coloco as mãos na virilha e


pressiono a mão dela contra a ereção com a qual vivo desde que ela
discutiu com a funcionária do supermercado.

Ela respira fundo. — Esse é realmente o seu pau? É enorme!

Eu quase engasgo. — Sim, pau de verdade.

— Cara, eu não sei — Ela se afasta, balançando a cabeça. — Existe


um pau de iniciante em suas calças? Não sei se estou preparada para
isso.
Eu avanço. Se ela está falando sobre isso, ela quer fazer e isso é
tudo o que eu preciso. — Sim, isso se chama minha língua — Eu balanço
minha mão para ela. — Também meus dedos.

Porque ela está me observando e não para onde está indo, ela
acaba caindo no sofá. Inclino-me a ela prendendo-a nas almofadas. —
Confie em mim, Birdie. Tudo será bom. — Eu não a deixo responder. Ela
só precisa sentir e eu também. Nós dois precisamos limpar um pouco a
nossa mente, onde coisas como dúvidas, vingança e raiva estão
engarrafadas. Em vez disso, devemos nos concentrar no momento – em
como seus lábios macios parecem esmagados contra os meus, ou como
têm gosto de menta e chocolate – picante e doce. Minha língua mergulha
nos recessos úmidos de sua boca, explorando o céu áspero e sensível e
os dentes de porcelana lisos. Sua própria língua esfrega contra a minha,
tímida a princípio e depois mais agressiva, reivindicando-me como a
reivindico.

Eu seguro seus seios, batendo um polegar contra o mamilo duro


que está tentando cutucar várias camadas de tecido. Minha mão desliza
para a barra da blusa dela até a tira de pele acima da cintura da calça
jeans. Ela se move inquieta, as pernas esticadas para que eu possa
afundar ainda mais contra seu sexo. Começo a me mover, acariciando
minha ereção em meus jeans contra sua boceta coberta. Ela ofega contra
a minha boca e me aperta mais perto.
— Isso mesmo, Birdie. Monte-me. Goze para mim. Mostre-me como
você é gostosa. — Levanto a camisa até o sutiã dela ficar exposto. Eu não
me incomodo em abrir a maldita coisa. Em vez disso, puxo o tecido
acetinado para baixo até que o mamilo se solte. Eu o agarro, chupando
com força.

Suas unhas cravam no meu couro cabeludo enquanto eu exploro o


seu mamilo duro. Profundos e longos toques que a fazem se
contorcer. Deslizo minha mão entre nós, puxando o algodão para o
lado. Ela está molhada. Meu pau pula no meu jeans, pressionando com
força o zíper. Eu preciso estar dentro dela o mais rápido
possível. Deslizo meus dedos pelos seus lábios suculentos. Ela estremece
e suspira.

— Isso é bom. Você gosta disso?

Ela assente.

— Você se toca? — Eu quero saber, para fazer isso direito. — O que


faz você se sentir bem?

— Isso... o que você está fazendo. Eu gosto disso.

Essas palavras simples fazem meu coração disparar como se fosse


um maldito pássaro no meu peito. Eu não sabia que podia me sentir
assim. Quando papai me disse para esperar até encontrar a pessoa certa,
achei que era uma piada, apesar de acenar com a cabeça e tentar parecer
sério, mas ele estava certo. Estou pronto para dizer a palavra que
começa com A, mas não sei se ela está preparada para ouvi-la. Preciso
fazer disso a melhor noite que ela já teve. Lentamente, deslizo um dedo
dentro dela.

— Você é muito apertada — murmuro contra sua bochecha.

— Sim — ela diz. A caverna confortável dela aperta meu dedo, tão
quente e tão escorregadia que eu preciso morder minha língua para
evitar gozar. — Eu não sei sobre isso.

Eu deixo minha mão descansar contra a junção de suas pernas. —


Tudo bem, Birdie. Não temos pressa.

Meu pau latejante implora para discordar, mas eu silenciosamente


digo para calar a boca. Isso é sobre ela e como ela está se
sentindo. Exceto que ela abaixa para puxar a cintura da minha calça
jeans.

— E você? — ela diz.

— Eu estou bem.
— Você tem certeza? — A palma da mão desliza para segurar meu
pau duro. Eu quase engulo minha língua. Até esse pequeno toque é o
suficiente para me fazer gozar. Afasto a mão dela.

— Eu estava até você me tocar — eu rosno.

Os olhos dela se arregalam. —Eu machuquei você?

Tranquilizo-a rapidamente. — Não. Eu simplesmente não tenho


quase nenhum controle agora. Estou a ponto de gozar só com um beijo e
você é muito apertada para mim ainda.

— Ah, sinto muito. Eu não sabia que os paus eram tão grandes! —
ela lamenta.

— Você falando sobre o tamanho do meu pau não está ajudando —


digo a ela. — O problema é que acho que preciso te comer. Isso fará a
diferença. — Eu tiro meu dedo do seu núcleo e deslizo pelo seu corpo.

Estou no processo de tirar a calcinha dela quando ouço: —V... você


tem certeza de que quer fazer isso?

Eu olho para o seu lindo rosto. — Por que não eu teria?

Ela chupa o lábio inferior. — Eu não sei. Ouvi dizer que alguns
caras não gostam disso.
— Alguns caras são idiotas.

— Você já fez isso antes?

— O que? Não.

— Então, como você sabe que gostará?

— Porque é você, Birdie. Eu gosto de tudo em você. Gosto de como


seu cabelo encaracolado parece um travesseiro contra a minha mão,
gosto de ter seus lindos olhos verdes em mim e sei que gostarei do seu
gosto. — Puxo sua calcinha para baixo, passo um dedo pelos lábios
encharcados e depois coloco na minha boca. Eu lambo cada gota,
permitindo que o néctar afunde no meu paladar. Birdie me observa
atentamente, seus olhos verdes presos no meu rosto.

— Tem gosto de céu. — Levanto seus quadris e trago sua boceta


para a minha boca. Ela tem gosto de céu ou algum tipo de néctar etéreo
que é servido aos deuses durante uma celebração esquisita. Eu a bebo,
chupando e lambendo até que a sensação da minha boca em sua boceta
quente expulse qualquer pingo de vergonha. Ela se contorce sob o meu
aperto, ofegando meu nome e implorando para ajudá-la, ajudá-la, ajudá-
la.
Eu mergulho meus dedos nela, abrindo as pernas dela. Ela grita
quando atinge o orgasmo. Coloco-a gentilmente na cama e arranco
minhas roupas.

Meu pau está na minha mão e pronto para tomá-la. Eu pego seu
corpo, corado da cabeça aos pés. Seus olhos estão brilhando na sala mal
iluminada. Com o cabelo espalhado sobre o travesseiro e o peito
arrepiante, ela parece uma oferta deliciosa – uma donzela a ser
reivindicada.

Posiciono a cabeça do meu pau na abertura do seu buraco apertado


e inchado. — Vou fodê-la agora mesmo, Birdie. Está pronta?

Um sorriso preguiçoso e sensual se espalha pelo rosto dela. —


Nasci pronta.

Eu rio de sua confiança repentina. Eu amo isso. Eu a amo e não


continuarei escondendo isso mais. — Birdie, eu esperei por você a
minha vida inteira. — Eu separo sua carne com a ponta do meu pau. —
Agora que você é minha, e nunca deixarei você ir. Você sabe disso,
certo? — Empurro dentro do seu aconchego outra polegada. — Se outro
homem olhar para você — eu avanço até um terço do meu pau seendo
sugado por sua boceta — eu o mato, você ouviu?

Ela respira fundo. — Sim, eu ouvi. O mesmo vale para você.


— Juro minha fidelidade a você. Birdie, você é minha — eu grito
enquanto a penetro profundamente. Sua cabeça recua e seu corpo
arqueia, chocado com a minha intrusão. Sua boceta pequena e molhada
espasma em volta do meu pau. Eu sei que é a primeira vez dela, mas meu
corpo não se importa. Eu a fodo como um louco, movendo seu núcleo
suculento repetidamente até que ela esteja tremendo ao meu redor
enquanto seu segundo orgasmo flui por seu corpo, encharcando meu
pau e provocando uma resposta em meu próprio sistema. Meu esperma
atira em longos jatos, enchendo sua boceta até transbordar.

— Eu te amo, Birdie. Eu te amo, porra! — eu grito.

Ela me abraça e exala sua própria declaração. — Eu também te


amo, Nick. Por favor, eu te amo muito.

As palavras não deviam importar tanto. São ações que contam, mas
a proclamação dela me leva ao limite novamente. Eu bato nela e gozo de
novo e de novo até que meu corpo não tenha mais nada. Caio no colchão,
virando para o lado no último segundo, para não esmagar seu corpo
menor com o meu grande. Eu a puxo para meus braços, beijando a
umidade em suas bochechas.

— Eu te amo — digo entre beijos.


— Eu não sabia que seria assim — diz ela. Sua voz está meio
impressionada e meio exausta.

— Eu também — Ponho um cobertor em volta dos ombros dela.

— É assim para todos? — ela imagina.

— Não. Só você e eu. — Eu não me importo se outras pessoas


dizem que sentem o mesmo. Eu sei que eles não sentem. O que Birdie e
eu temos é especial. Ela é a última peça do quebra-cabeça da minha vida
e eu nunca a deixarei ir.
Capítulo Treze
BIRDIE

Eu pulo de cima e para baixo enquanto tento deslizar as calças


pelas minhas pernas. Eu não tinha ideia de que seria tão difícil vestir
calça de couro. Também nunca pensei que tivesse a chance de usá-la. Eu
a comprei porque parecia fodona e custava apenas cinco dólares no
brechó. Pensando que talvez eu a usasse para um concerto ou algo
assim. Mesmo que eu não vá a shows. Sejamos sinceros, eu não podia
deixar passar a barganha de cinco dólares. Foi um achado. Depois da
luta, finalmente consigo. Pego meu suéter preto que cai de um ombro
antes de calçar botas pretas. Eu ouço o chuveiro ligado no banheiro e
realmente gostaria que Nick tivesse me deixado acompanhá-lo. Eu levei
uma hora de molho na banheira para relaxar depois de fazer amor, mas
ele disse que eu precisava de um pouco mais de tempo para me curar.

Coro pensando nos beijos que ele me deu entre minhas coxas. Não
tenho nenhum problema em esperar se ele continuar me dando
isso. Pelo menos por um tempo, mas eu estava desejando a proximidade
que o ato de amor nos trouxe. Estou apenas um pouco dolorida e sei que
meu corpo ficará mais do que bem com outra rodada com Nick.
Vou para o banheiro, abro a porta e corro para me esconder atrás
da parede que o separa da área de estar no quarto. Ele chama meu
nome. Coloco a mão na boca para não rir.

— Birdie. — Ele tenta novamente.

Eu o ouço se mover. Bem quando ele atravessa a porta, pulo na


frente dele.

— BOO! — Eu grito. Ele nem se encolhe. Acho que não sou uma
espiã assustadora. Não importa, sou furtiva e é disso que precisamos se
quisermos obter as informações.

— Porra, inferno. O que você está vestindo? — Olho para minha


calça de couro preto e suéter.

— Eu sou uma espiã ninja. — Obviamente. Como ele não pode


dizer?

— Eu não acho que os ninjas sejam tão sexys. — Ele me pega, me


leva para a pequena cozinha e me coloca no balcão. Este lugar é
realmente como um apartamento chique. Definitivamente, estou
começando a perceber quão rico Nick é. Ele não age como se fosse rico,
mas este lugar grita dinheiro. Embora eu não tenha muita certeza de
como as pessoas ricas agem. Talvez isso seja normal para a maioria das
pessoas e eu estou tão acostumada a sobreviver que perdi o contato.
— Você acha que eu estou sexy? — Inclino minha cabeça para o
lado, fazendo com que meu suéter caia do meu ombro.

— Você sempre parece sexy, mas essas calças são outra coisa.

Eu levanto minha mão, mexendo os dedos. — Cinco dólares no


brechó de Trudy. Você pode conseguir esse tipo de negócio neste
Barney?

Ele ri. — Acho que você não consegue nada no Barney's por cinco
dólares. Nem mesmo uma xícara de café. — Ele se inclina, roçando sua
boca na minha. Deslizo minhas mãos pelas costas dele, aprofundando
esse beijo enquanto deixo escapar um pequeno gemido feliz em sua
boca. Eu nunca me senti tão conectada a alguém antes. Ele se afasta com
um grunhido relutante.

— Você deveria ficar aqui — diz ele. Eu posso ver que ele está
tendo uma batalha interior consigo mesmo.

— De jeito nenhum. Eu já coloquei meu equipamento ninja. — Eu


pulo do balcão, tentando dar um chute ao mesmo tempo. Felizmente,
Nick me pega para não encarar as plantas no chão do quarto de hotel. —
Claramente, a roupa por si só não faz de você um ninja, mas eu passarei
despercebida com a cor preta.

— E se algo acontecer? —
Ele me coloca de pé e coloca as mãos no meu rosto. Então abraça
tão gentilmente, como se eu fosse a coisa mais preciosa e frágil do
mundo. Seus olhos são ternos quando olham nos meus. Eu posso ver a
preocupação no seu olhar. Levanto uma das mãos e deixo meus dedos
correrem por seu rosto agora carrancudo.

— A casa pertence a você, Nick. Isso não é invasão — eu o


lembro. Claro, o tio dele mora lá, mas o pai de Nick era dono de
tudo. Tudo isso foi deixado para Nick e ele tem todo direito de ir para
lá. Ele passou a vida toda lá. Todas as memórias de seus pais estão lá e
eu serei amaldiçoada se deixar alguém tirar isso dele. Passei a nossa
viagem toda lendo sobre qualquer coisa e tudo que poderia
conseguir. Nick já tinha um monte de notas sobre coisas que chamaram
sua atenção como suspeitas e eu adicionei mais coisas a isso. Aquele tio
filho da puta está caindo.

— Você significa mais para mim do que qualquer uma dessas


coisas. Essas são coisas. As coisas são substituíveis. Você não é.

Viro minha cabeça, beijando sua palma. Eu tenho que lutar contra
as lágrimas que querem se libertar. Ninguém nunca pensou em mim
dessa maneira. Minha mãe poderia se importar menos com o que eu
fizasse. Ela estava feliz por não precisar mais lidar comigo e poder
continuar vivendo sua vida.
— Eu ficarei bem. — Levanto-me na ponta dos pés para roçar a
minha boca contra a dele. — Temos que fazer isso pelos seus pais
também. Além disso, Vovó merece ter os cuidados adequados. Ela
deveria poder ficar onde quiser. Seus pais trabalharam duro para
garantir que ela tivesse esse privilégio. Seu tio não se safará com isso.

Nick fecha os olhos. Eu sei que ele ainda está lutando contra
isso. Eu também sei que ele dirá que pode ir sozinho.

— Somos uma equipe. As equipes trabalham juntas. Não há eu na


equipe, Nick — eu o lembro. — Além disso, eu sei o que estou
procurando. Será mais rápido se eu estiver com você. Entramos e saímos
o mais rápido possível — digo, informando que sou a favor da nossa
missão.

Ele solta um longo suspiro. — Vovó arrancará o meu couro se faltar


um fio de cabelo na sua cabeça.

Eu sorrio para ele.

— Além disso, isso não é um traje ninja.

— É sim. — Dou uma volta. Eu estou de preto. Exceto meu


cabelo. Não há nada que eu possa fazer sobre isso, mas prendo-os para
que os cachos fiquem fora do meu caminho. Ele dá um tapa na minha
bunda, me fazendo pular. Eu o olho, mas ele apenas sorri. Boa. Prefiro
esta expressão do que a tristeza em seus olhos. Quebra meu coração
quando vejo os seus olhos tristes. Nick é doce e engraçado. Ele se
importa tanto com as pessoas que ama e eu odeio que alguém tenha
causado essa tristeza a ele. É pior que seja sua própria família que fez
isso com ele. Seu tio, sua carne e sangue, cometeu o ato final de
traição. Espero que possamos encontrar o que precisamos para afastá-lo
para sempre e dar a Nick algum encerramento.

— Tudo bem, Birdie. Começaremos esse show.

Tiro o meu telefone do carregador deixando todo o resto para


trás. — Então, como entraremos neste lugar? — pergunto enquanto
descemos o elevador.

— Eu tenho uma chave. — Ele dá um tapinha no bolso da calça


jeans.

— Nós ficaremos de vigia? Observaremos o local e garantiremos


que ninguém esteja lá?

— Dirigimos primeiro. Meu tio gosta de mulheres, por isso passa a


maioria das noites nos clubes de strip locais. — Ele balança a cabeça
quando saímos do elevador.

— Eu nunca estive em um — admito enquanto fazemos o nosso


caminho para o carro. — Você? — Eu espio para ele.
— Não. Mas gostaria de estar em um. — Paro de andar, minha boca
se abrindo. Um simples não, teria funcionado. Estou prestes a
enlouquecer depois dessa resposta.

— O que? — Ele olha para mim como se eu fosse louca. — Você


acha que eu não gostaria de assistir você se despir? — Ele me agarra, me
jogando por cima do ombro, onde bate na minha bunda. Eu rio enquanto
ele me leva o resto do caminho até o carro por cima do ombro. Nick abre
a porta do passageiro e me coloca dentro, me dando um beijo rápido
antes de afivelar o cinto de segurança e fechar a porta depois caminha
para o lado do motorista, entra e da partida no motor. Ele coloca o carro
em marcha à ré, mas antes de sair, se vira para mim. — Se você quiser
desistir disso a qualquer momento, basta dizer uma palavra.

Eu reviro os olhos para ele. Não sairei do carro. Já chegamos tão


longe. — A única coisa a recuar será esse maldito carro quando você se
mexer nele.

Ele balança a cabeça com a minha piada brega e começa a recuar e


seguir na direção de sua casa.

O sol se pôs, mas é fácil ver que o bairro onde ele mora é para os
ricos e famosos. Cada casa é maior que a outra. Elas estão todas
espalhadas, mas ainda fazem parte de um bairro. Tenho certeza de que
durante o dia as crianças andam de bicicleta pela rua. Eu posso me ver
tendo uma família por aqui. Meu coração dá um empurrão engraçado
com esses pensamentos. É a primeira vez que considerei ter um
filho. Minha mão vai para o meu estômago pensando na probabilidade
disso depois que Nick e eu fizemos amor. Nenhum de nós pensou em
proteção. Foi a coisa mais distante da minha mente. Tudo que eu queria
era estar perto dele.

— Por que seu tio fica aqui? — pergunto. Eu sei que ele é um
homem solteiro que obviamente gosta de fazer coisas ruins.

— Ou para me irritar ou porque ele está tentando passar


despercebido. Não é como se os policiais fizessem ronda por aqui. — O
carro para. — Eu quero que você fique aqui. — Começo a abrir minha
boca, mas ele me interrompe. — Darei uma olhada e volto já. Quero ter
certeza de que ninguém está aqui.

Percebo pelo olhar preocupado dele que não conseguirei fazê-lo


mudar de ideia. — Volte logo.

Ele se inclina e me beija. É macio e doce. Eu sinto a promessa dele


no beijo.

— Eu sempre voltarei para você — Ele me dá outro beijo antes de


sair do carro. Os minutos passam, cada minuto me deixando mais
ansiosa. Quero mandar uma mensagem para ele, mas temo que ele tenha
esquecido de colocar o telefone no silêncioso. Incapaz de evitar, desço
do carro. Darei apenas uma olhada. Dirijo-me para o mesmo caminho
que Nick foi. Mal chego a alguns metros e alguém está gritando comigo.

— Senhorita! Por aqui — Eu me viro para ver um homem de terno


me acenando. Contra meu melhor julgamento, ando em direção a
ele. Tento agir de forma casual, me perguntando se posso me safar
dizendo que saí da casa dos meus pais e moro algumas portas abaixo. —
As meninas vão pela porta dos fundos. — Ele aponta para a parte de trás
da casa. — Você conhece as regras — diz bruscamente.

— Desculpa. Me confundi — eu minto. Eu passo por ele, e seus


olhos vagam por mim enquanto caminho. Ele lambe os lábios, fazendo
minha pele arrepiar, e ando um pouco mais rápido na direção em que ele
apontou, descendo a longa entrada sob um arco e para os fundos da
casa. Eu vejo uma porta. Olho para trás tentando ver Nick em algum
lugar, mas não vejo. Talvez eu possa entrar e sair sem ser notada. Eu
posso agir como se eu fosse uma dessas garotas que entram e saem da
casa aleatoriamente. Respiro fundo, girando a maçaneta e empurrando
para dentro.

Pego meu telefone enquanto fecho delicadamente a porta atrás de


mim e mando uma mensagem para Nick dizendo que estou dentro da
casa para que ele não se preocupe. Conheço um pouco o layout da
casa. Nick tinha descrito para mim quando estávamos deitados na cama
juntos. Vou direto para o escritório, rezando para encontrar o que Nick
precisa. Ele me deu algo que eu não fazia ideia de que estava faltando na
minha vida, esse desejo por uma família, e eu quero retribuir. Talvez eu
não consiga trazer seus pais de volta, mas espero poder ajudá-lo a
conseguir um encerramento. Se eu sou o que ele quer, espero que um dia
eu possa dar a ele sua própria família para amar.
Capítulo Quatorze
NICK

— Merda — O velho traidor está em casa. Não é só isso, ele parece


estar dando uma festa. Alguns homens com a idade do meu tio estão
sentados nas cadeiras de couro da minha mãe, bebendo o uísque escocês
de oitenta anos do meu pai, olhando para uma dúzia de garotas em
vários estágios de nudez. Um flash de raiva quente e vermelha espirra
através de mim e, por um momento, uma névoa de fúria me cega. Se eu
tivesse uma arma, eu... ah, merda! Aquela ali é Birdie?

Balanço a cabeça, pensando que tive uma alucinação induzida pela


raiva, mas não, a sexy ninja de couro preto está sendo conduzida para a
sala de entretenimento. Eu a encaro. Como ela foi acabar nas garras do
meu tio? Como se ela pudesse me sentir, seus olhos viram até a
janela. Ela faz uma careta e murmura alguma coisa.

Leva dois segundos para eu pensar no meu plano de ação. Saio do


lugar onde estou escondido e caminho até a porta da frente. Como Birdie
disse, sou o dono deste lugar e será melhor agir como tal. Abro a porta e
a deixo voar para trás com um estrondo. Um sujeito corpulento, de terno
preto e um fone de ouvido, se afasta da parede. Eu balanço, bato na
mandíbula dele. Ele cai no chão como um baralho de cartas.

Socar um ser humano parece diferente de socar um saco. É muito


mais gratificante, eu percebo, é mais satisfatório ouvir o barulho de um
osso se chocar com o outro do que bater uma luva de boxe contra um
saco cheio de areia. Sacudindo a dor da minha mão, procuro nos bolsos
do homem e encontro uma arma. Como não tenho ideia de como usá-la e
sou mais propenso a atirar em mim mesmo e na Birdie do que no meu
tio, enfio-a debaixo das almofadas de estampa florais que minha mãe
colocava a cada primavera.

Ninguém mais saiu, o que só mostra quão cômodo meu tio


ficou. Minhas botas emitem um som forte enquanto me movo em direção
à sala de entretenimento. A música alta disfarça a minha entrada, no
entanto nem meu tio registra minha chegada. Os olhos de Birdie brilham
quando ela me vê. O que você está fazendo? o rosto dela diz.

Dou-lhe um meio sorriso para que ela saiba que tenho tudo sob
controle. Eu não tenho, claro. Meu plano inicial era entrar e pegar os
arquivos que precisava, mas a presença de Birdie exigia uma abordagem
mais direta. Embora... eu balanço minha cabeça em direção à
saída. Birdie entende imediatamente. Ela pegará os arquivos enquanto
eu distraio meu tio. Limpo minha garganta. Ainda assim, ninguém presta
atenção em mim. Os olhos de todos estão presos nos corpos giratórios
na frente deles. De perto, percebo que esses homens são metade do
conselho. Ponho a mão na boca quando estabeleço a importância disso.
Poderia trazer uma confissão por escrito do tio Jim e eles não o
expulsariam. Não quando ele organiza esse tipo de festa. Checo as
meninas novamente e é aí que percebo. Elas são realmente meninas. Por
baixo da maquiagem endurecida e os olhos vidrados essas meninas são
jovens. Jovens demais para estar fazendo essa merda.

Eu me viro em direção aos controles da parede para pôr um fim


nisso quando noto uma luz vermelha piscando no teto. Claro que meu tio
gravaria isso. Ele gostaria de poder chantagear todos esses homens.

Volto para o corredor e depois vou em direção ao salão e encontro


Birdie.

— Não consigo encontrar o escritório do seu pai. Por que esse lugar
é tão grande? Eu pensei que havia apenas três de vocês!

— Cada um precisava de seu próprio espaço, Birdie. — Tiro o


cabelo do rosto dela. — Olha, meu tio está gravando isso, então esqueça
os arquivos que estão escritório do meu pai. Tudo que eu preciso é da
fita. Há uma sala de servidores ali. — Arrasto Birdie até chegarmos a um
painel.
— Onde exatamente? Isto é uma parede.

— É uma porta — Empurro a trava e o painel inteiro se abre.

— Uau. Este lugar é chique. — Ela se abaixa dentro do quarto


escuro. Eu a sigo e fecho a porta atrás de mim. — O que é tudo isso?

— Projetor de filme. Sistema de áudio. Roteadores da


Internet. Coisas típicas de entretenimento doméstico. Eu configurei isso
para meus pais — explico enquanto toco na tela do computador e insiro
minhas credenciais. — Tive que deixar uma porta dos fundos para mim,
caso meu velho estragasse alguma coisa. Ele estava sempre levando os
seus aparelhos eletrônicos às escondidas, trancando-se. Ele me ligava à
meia-noite e me perguntava como desbloquear o telefone. — Minha
garganta fica apertada com a memória e eu paro no meio do clique. A
mão de Birdie cai no meu ombro.

— Isso é péssimo.

Eu bufei uma risada. — Sim, ele era. — Não estou mais sozinho,
lembro-me. Eu tenho Birdie. Nós passaremos por isso juntos. Demoro
cerca de dez minutos explorando o sistema de rede da casa, mas
encontro os arquivos de segurança da sala de entretenimento. Nem
sequer estão protegidos por senha. Tio Jim acreditava que não tinha
ninguém a quem temer uma vez que eu saí da cidade. — Talvez você
deva olhar para o outro lado — sugiro antes de assistir um dos vídeos.

— Não. Não importa quão repugnante seja, seria melhor se eu o


visse ao invés de você.

— Isso é discutível.

Birdie coloca a mão sobre a minha. — Não. Estou falando


sério. Você é um homem e seria revitimizar essas garotas ter um homem
vendo-as passar por seja lá o que for que seu tio as faça passar. Deixe-me
fazê-lo. Eu só assistirei o suficiente para ter certeza de que isso colocará
seu tio atrás das grades.

Eu ainda hesito, não querendo que Birdie veja essa merda. Ela
move o mouse debaixo da minha mão. — Confie em mim — diz ela
calmamente.

Eu acho que é isso que significa ter um parceiro na vida. Eu aceno e


saio da cadeira. Birdie se senta rapidamente. Ouço um clique e, em
seguida, a música de stripper preenche o ar, muito parecido com o que
está tocando no corredor. A respiração de Birdie acelera e posso dizer
que o que ela está assistindo não é bom. Eu ouço outro clique. — Como
se copia isso?
— Levaremos todo o disco rígido — Vou até o servidor e
desconecto a unidade. Existem vários backups e eu os levo também. —
Coloque isso no carro.

— O que você fará?

— Terminar com essa maldita festa.

Eu garanto que Birdie chegue à porta antes de retornar ao centro


do entretenimento. A festa ainda está em alta com a música
estridente. Todo mundo ainda está lá, mas agora existem drogas sendo
passadas. Tiro algumas fotos com meu telefone antes de parar com a
música e acender todas as luzes. Todo mundo para e, por um momento,
parece uma versão estranha e adulta da brincadeira de estatua6. Eu
balanço minha cabeça em direção as meninas para saírem. Algumas
delas não se movem imediatamente, mas outras que ainda estão
conscientes pegam as incapacitadas pelos ombros e começam a se
arrastar em direção à porta. Uma Birdie bufando aparece atrás de mim.

— Você lida com as meninas e eu cuidarei do meu tio, ok?

— Sim. Ligarei para um monte de táxis.

— E a polícia.

6 Aquela brincadeira de que quando você encosta na pessoa, ela fica “congelada” no lugar.
Os olhos de Birdie se arregalam. — Tem certeza disso?

— Absolutamente. Converse com as meninas e veja quem está


disposta a cooperar. Se não estiverem, não as pressione. Pegue todos os
nomes também, para que eu possa enviar-lhes algum dinheiro. — Eu a
empurro para fora da porta, me viro e encaro meu tio, que se
levantou. Os outros diretores estão presos em suas cadeiras,
provavelmente pensando em quantos problemas terão e quanto custará
para sair dessa bagunça.

— Nick, meu filho! — Tio Jim diz. Ele caminha, puxando as calças
para cima da grande barriga que desenvolveu comendo da comida da
minha mãe. — Bom Deus, homem, por que você fugiu? — Ele me puxa
para um abraço, que eu me esquivo ao chegar em direção ao armário de
bebidas. — Eu fiquei muito preocupado. Enviei detetives para encontrar
você.

— Tenho certeza que você fez. — É por isso que eu me escondi em


uma cidade pequena, quatro horas ao sul daqui. Sirvo-me um copo de
bourbon e aceno para o homem pequeno e quase careca à minha
esquerda. — Prazer em vê-lo, Harry. A garota que você tinha no joelho
parecia ter a mesma idade da sua filha, Amanda. Uma amiga dela?

Harry quase se engasga antes de acenar com a mão. — Não é o que


você pensa, Nick.
— Eu tenho um compromisso — anuncia um homem magro e
desgrenhado que reconheço como Jeff Baldwin. Ele já foi dono de uma
pequena empresa de tecnologia antes de ser adquirida por uma grande
empresa de tecnologia. Agora ele se senta em conselhos e dá dinheiro
para caridade, embora eu duvide que essas organizações o recebam de
volta depois que a notícia desses eventos for divulgada.

— Onde você está ficando hoje em dia, Baldwin? Quando a polícia


chegar, quero poder dar a eles o endereço certo.

Tio Jim solta uma risada forçada. — Filho, do que você está
falando? As drogas? Todo mundo faz isso hoje em dia. Não faz sentido
colocar essas jovens legais em apuros, porque preferem engolir um
comprimido a beber. É o que os jovens fazem.

— Não sou eu que você precisa convencer. — Bebo o resto da


bebida e coloco meu copo de volta no carrinho de bebidas.

Baldwin se vira para mim com os olhos estreitos. — O que você


quer?

Ele é o negociador, eu acho. — Eu só preciso ter sete por cento a


mais de ações para ter controle sobre a empresa, então a primeira
pessoa que quiser me dar uma parte poderá sair. — Um murmúrio
animado percorre os diretores.
— Esta já é a sua empresa — grita o tio Jim. Ele mantém os braços
abertos. — Eu cuido disso para você, assim como meu irmão pediu.

Eu o encaro, esse filho da puta que tirou meu pai da estrada. Talvez
nunca consiga provar isso, mas posso derrubá-lo. Eu posso tirar tudo o
que ele mais gosta – dinheiro, poder, prestígio. Minha vingança começa
agora. — Como eu disse, Baldwin, o primeiro que chegar com uma
variedade de ações sai dessa bagunça. O resto de vocês, eu tenho
gravado. Literalmente.

Os olhos se arregalam. Há alguns suspiros agudos e inusitados que


vazam.

— É sábado! — protesta Harry.

— Os advogados trabalham aos sábados. Eles cobram mais, pelo


que eu não dou a mínima — respondo agradavelmente. Pego o copo de
cristal, despejo um pouco de bourbon nele e começo a andar em direção
à saída. Faço uma pausa quando chego ao meu tio. — Eu sei que você
matou meus pais, seu velho nojento. Não ligo se você não for para a
prisão. Tornarei sua vida tão infeliz que você estará implorando pela
morte. — Não dou tempo para ele responder. Em vez disso, esmago o
copo junto com a bebida contra sua testa e o vejo cair no chão. O sangue
escorre do corte, misturando-se com o licor pegajoso. Largo o copo em
cima do corpo dele. — Este era um pedaço sólido de cristal. Terei que
lembrar de comprar essa marca novamente. — Eu passo pela cabeça
dele quando saio. Há um som de trituração satisfatório quando a bota
encontra a cartilagem. Posso até ter batido meu calcanhar contra uma
órbita ocular enquanto saía.

A porta da frente está aberta e eu posso ver as luzes do carro da


polícia subindo pela estrada. As sirenes estão começando a ficar mais
altas. Atrás de mim há um barulho de pés e sussurros. Três homens
estão na minha frente. Baldwin enfia seu cartão na minha mão. — Eu
tenho oito por cento. Você pode comprar pela metade do preço.

— Um quarto.

— Combinado — Ele passa a mão na testa. — Meu advogado estará


lhe enviando os papéis. Como faço para sair daqui?

Eu aponto na parte de trás. — Eu correria ao longo da costa até o


final da propriedade e depois ligaria para um Uber.

— Oh, bom plano. Bom plano — Ele decola.

Harry é o próximo. — Eu tenho cinco por cento.

Eu me encosto na parede. Um dos carros da polícia chega à porta


da frente. Uma policial feminina sai. — Eu disse, primeiro a chegar,
primeiro a ser atendido — Sorrio para Harry e estendo a mão para
beliscar sua bochecha com força. — Além disso, menti para Baldwin. Ele
não sairá impune.

— Você está querendo um acordo? — Harry chora.

— Estou colocando um pervertido na prisão. Espero que vocês dois


sejam companheiros de cela. — Eu arrasto Harry para frente, puxando
sua bochecha carnuda, até a entrada e a porta. A policial para no meio da
escada. — Quem é este?

— O primeiro de seus criminosos, senhora.


Capítulo Quinze
BIRDIE

Ando nervosamente de um lado para o outro, esperando a polícia


chegar. Eu mandei todo mundo para o lado da casa, não querendo
encontrar nenhum dos homens que poderiam estar tentando sair daqui
antes que a polícia chegasse, o que deve ser a qualquer
momento. Algumas das garotas foram por conta própria. Eu consegui
que elas pelo menos me dessem um número onde pudesse contatá-las,
prometendo que seria eu quem as contataria e não daria a ninguém mais
suas informações sem perguntar primeiro. Elas pareciam hesitantes,
mas assegurei-as de que só entraria em contato se fosse sobre proteção
ou para ajudá-las.

Cada segundo que passava parecia como se fosse uma hora. A


preocupação que enchia meu estômago com o que estava acontecendo lá
dentro me deixava doente. Embora eu tivesse confiança em Nick, ele
estava tecnicamente na presença de um assassino. Seu tio não teve
problemas em matar seus pais e sinto que ele poderia fazer o mesmo
com ele. Não apenas isso, mas não consigo imaginar tudo o que Nick está
sentindo ao voltar para sua casa de infância. O desgosto e a tristeza que
ele deve sentir ao ver seu tio, que se transformou em um ser humano
desprezível. Deixa-me doente pensar nisso. Todo o percurso até aqui ele
me contou sobre sua infância. Era do tipo que toda criança sonhava em
ter. Não pude deixar de pensar enquanto ouvia suas histórias que Nick
seria o mesmo tipo de marido e pai amoroso para sua própria
família. Era só ver como ele estava lutando pela avó agora. Para
restaurar o que seus pais trabalharam tanto. Ele realmente é um homem
honrado.

Olho para cima e vejo uma das jovens tremendo e chorando. Ela
provavelmente está fora do efeito das drogas. Aproximo-me para sentar
ao seu lado. Eu puxo meu suéter por cima da cabeça e o coloco nela,
esperando que minha presença a conforte de alguma forma. Às vezes,
apenas saber que alguém está lá com você pode significar mais do que
qualquer palavra.

Minha mente volta ao vídeo que eu assisti do tio de Nick e o que ele
fez com essas pobres meninas inocentes. Elas são tão jovens. Jovens
demais para experimentar o que tinham em suas mãos. Não sei como
elas entraram nesse caminho, mas sei que Nick fará o que for preciso
para ajudá-las. Tive sorte de não seguir minha mãe. Quem sabe onde eu
acabaria? Muitas vezes é preciso que as pessoas certas entrem na sua
vida no momento perfeito para mudar tudo, e talvez isso seja algo que
Nick e eu possamos fazer por essas garotas, se elas nos deixarem. Não
sei quais são as situações da vida delas, mas ninguém merece o que vi
naquele vídeo.

Quem sabe há quanto tempo o tio de Nick faz isso? Pelo menos
agora ele será detido para sempre. Não acredito nem por um segundo
que ele não estivesse fazendo esse tipo de coisa antes que os pais de
Nick morressem. Agora ele ficou mais arrogante, pensando que era
intocável. É isso que o dinheiro e o poder fazem com algumas
pessoas. Faz eles se sentirem como se estivessem acima da lei. Suponho
que o tio de Nick pensou que ele se livraria de tudo que estivesse no seu
caminho. Ele começou com os pais de Nick e eu realmente acredito que
se Nick e a vovó não fugissem eles seriam os próximos.

Eu ouço as sirenes se aproximando agora e sei que é apenas uma


questão de segundos antes que os policiais cheguem até nós. Um
estrondo alto vem de dentro, me quebrando dos meus
pensamentos. Estou prestes a me levantar e correr para ver o que está
acontecendo, pensando que algo ruim está acontecendo com Nick
quando a mão da jovem se estende para agarrar a minha. Eu luto comigo
mesma sobre o que fazer. Mas eu sei que essa garota provavelmente está
assustada e precisa de mim. Nick pode cuidar de si mesmo e a polícia
estará aqui a qualquer momento. Eu sei que Nick gostaria que eu ficasse
com a garota, e é isso que eu faço. Pego a mão dela e me sento ao lado
dela, sem que nenhuma de nós diga uma palavra. A intenção é confortá-
la, mas ela acaba tendo o mesmo efeito em mim.

— Ficará tudo bem — eu a asseguro. Soltei um suspiro de alívio


quando uma ambulância parou. — Faremos uma avaliação — Eu estou
de pé, ainda segurando a mão da garota. Ela cambaleia em seus pés e eu
não tenho certeza se é porque ela ainda está sob efeito das drogas ou se
tem os pés dormentes. De qualquer maneira, eu a ajudo até a
ambulância.

— Obrigada — Ela aperta minha mão.

— Você não precisa me agradecer — digo a ela. — Vejo você em


breve.

— Realmente? — Os olhos dela se arregalam.

— Eu prometo. — Sorrio para ela quando os médicos começam a


examiná-la. Ouço um deles pedindo mais ambulâncias para algumas das
outras garotas. Eu não tinha ideia de como isso acabaria. Pensei que
estávamos vindo para encontrar arquivos e documentos
perdidos. Graças a Deus viemos. Isso é muito maior do que Nick
recuperando seus negócios e seu tio recebendo o que merece. Essas
meninas precisam de ajuda e há um punhado de homens que precisam
ser derrubados junto com o tio de Nick.
— Birdie! — Eu me viro ao som do meu nome sendo chamado para
ver Nick. Saio correndo até ele. Não posso evitar. Atiro-me em seus
braços, me envolvendo em torno dele.

— Você está bem? — pergunto enquanto enterro meu rosto em seu


pescoço.

— Agora estou. — Seu aperto em mim aumenta.

— Você conseguiu — digo a ele, inclinando-me para olhar seu


rosto. Pelo canto do olho, vejo homens algemados sendo escoltados para
fora de casa. Eu os ignoro; todo meu foco está no Nick agora.

— Nós conseguimos — ele corrige enquanto se inclina para frente,


descansando a testa na minha. — Onde está seu suéter, Birdie? — Ele
relutantemente me coloca de pé, tirando sua própria jaqueta e
colocando-a em mim. Eu esqueci que estava apenas vestindo uma
camiseta pequena. Está congelando, mas minha mente está longe de
pensar nisso.

— Nós conseguimos, mas isso está longe de terminar.

Ele me puxa para trás, me segurando perto. — Sim, mas estamos


chegando lá. Não tenho dúvidas de que contigo ao meu lado, podemos
concretizar todos nossos desejos.
— Vamos. — Nick nos leva em direção ao banheiro do hotel. Um
sentimento sinistro ainda está dentro de mim. — Nós consertaremos
isso. Melhoraremos a vida dessas meninas.

Concordo com a cabeça, sabendo que ele cumprirá sua palavra. Há


algo sobre Nick e eu juntos que me dá a confiança de saber que podemos
fazer qualquer coisa que definirmos. Assim como salvamos o legado da
sua família. Eu preciso me concentrar no positivo. O que descobrimos é
triste, mas podemos ajudar a fazer uma mudança. Seria pior se nunca
tivéssemos feito essa viagem até aqui.

Nick se aproxima, liga o chuveiro antes de voltar para mim. —


Vamos lavar a sujeira desta noite.

Ele puxa minha blusa e depois fica atrás de mim para desabotoar
meu sutiã. Cai de joelhos na minha frente, me ajudando a tirar minhas
botas. Eu descanso minhas mãos em seus ombros largos enquanto ele
tenta tirar a calça de couro nas minhas pernas. Eu rio, quase caindo.

— Cinco dólares você disse? — ele pergunta, lembrando-se do


quanto eu gastei com ela quando a encontrei no brechó.

— Sim. Era uma... — Eu ia dizer “pechincha”, mas ele rasgou a calça


antes que eu pudesse terminar.
— Sem calcinha.

Não tenho certeza se ele está feliz com isso ou não. Você não pode
usar calcinha com calças de couro ou as linhas aparecerão. Não é como
se eu tivesse uma calcinha fio dental. Ele se inclina, beijando minhas
partes íntimas e eu tomo isso como um sinal de que ele gostou.

— Você tem sorte de ser rico porque comprará outra nova para
mim.

Ele sorri enquanto se levanta. Essas coisas fizeram minha bunda


parecer boa.

— Desde que você não saia de casa com ela.

Ele começa a tirar a roupa. Meus olhos vagueam em seu corpo,


dando uma boa olhada nele. O homem é a perfeição e todo meu. Ele me
levanta enquanto eu rio e me leva para o chuveiro. Leva apenas alguns
segundos para nos colocar sob a água morna. Lentamente nos
ensaboamos e lavamos a sujeira que se apegou a nós dos eventos
anteriores. Nick leva um tempo extra quando está lavando meus seios,
alegando que eles estão muito sujos e precisam de mais
atenção. Simplesmente sorrio. Só quero as mãos dele em mim. Ele não
precisava inventar argumentos para isso. Eu nunca o deteria. Eu amo
esse homem e ele me ama.
Depois de me lavar completamente, ele começa a arrastar beijos da
minha clavícula até meus seios, coloca um na mão enquanto chupa o
outro. Eu gemo de prazer. Sua boca está quente no meu mamilo
enrugado.

— Eu pensei que você estava me limpando?

Eu posso senti-lo sorrir ao redor do meu mamilo.

— Eu estava, mas agora estou te deixando suja de novo.

Ele solta meu mamilo e cai de joelhos. Antes que eu saiba o que está
acontecendo, ele levanta minha perna esquerda e sua boca quente está
em mim. Eu arqueio minhas costas para que meus quadris estejam
empurrando nele. Querendo o que sua boca está prometendo.

Eu enfio meus dedos em seus cabelos, deixando-o me levar até o


limite. Só tivemos uma noite juntos, mas é como se Nick conhecesse cada
centímetro do meu corpo, como se tivéssemos feito isso milhares de
vezes. Ele não só me come em um orgasmo, mas em outro antes de me
levantar e me levar para a cama, nenhum de nós se importando que
estejamos molhados.

— Farei amor com você. — Ele desce sobre mim.


— Tudo o que você faz comigo é com amor. — Eu o puxo para um
beijo enquanto ele empurra dentro de mim. Eu gemo o nome dele em
sua boca enquanto ele lentamente faz amor comigo.

— Eu te amo — gemo quando o terceiro orgasmo rola através do


meu corpo. Sinto sua liberação quente dentro de mim.

— Eu também te amo. — Ele rola, me levando com ele. Meus olhos


se fecham quando me aconchego ao lado dele. Minha vida mudará e eu
sei que será para melhor. Uma parte de mim realmente acredita que
quando Nick entrou no carro naquele dia com sua avó, seus pais o
enviaram direto para mim sabendo que pertencíamos um ao outro. Eu
acreditei nisso ainda mais quando ele me contou a história de seus
pais. Eles sabiam que precisávamos um do outro e garantiram que nos
encontraríamos. Eu sorrio em seu peito, pensando em como eu
inicialmente pensei que ele estava me perseguindo naquele primeiro
dia. Ok, talvez ele estivesse um pouco.

Quem sabia que esquecer o meu cartão de desconto seria um dos


melhores erros da minha vida?
Capítulo Dezesseis
NICK

— Cara, suas entregas estão aqui — diz um garoto em um macacão


azul. A costura sobre o peito esquerdo diz que seu nome é Stanley. Ele
não parece um Stanley. Estou irritado por algum motivo, mas forço um
sorriso.

— Sou apenas a ajuda contratada, meu amigo — Eu dou um tapa


nas costas dele e aponto na direção de Birdie. — A mulher de boné rosa
é quem você quer ver.

— Você é o cara do computador? — Birdie chama.

A mandíbula do garoto se abre quando ele a espia e ele gagueja: —


Sim, senhora.

Eu dou uma batida amigável na cabeça dele. — Essa é minha


esposa, então é melhor você ter cuidado como o jeito que olha para ela.

Ele cora e puxa a aba do próprio boné para baixo. — Desculpa. Eu


pegarei o carrinho.
Ele se foi quando Birdie me alcançou. — Eu pensei que ele era o
entregador de computadores? — ela pergunta.

Eu passo um braço em volta dos ombros dela e a puxo para perto


de mim. O cheiro de morango do seu shampoo enche meus pulmões. Um
sentimento cru no meu estômago começa a se agitar. Porra, eu a
quero. Eu sempre tenho, no entanto. — Ele é, foi buscá-los.

— Você o ameaçou? — Ela me olha com desconfiança.

Eu pisco inocentemente. — Quando eu faria isso?

Ela me dá um soco no bíceps. — Ontem você rosnou para o barista.

— Ele estava olhando tanto o seu peito que derramou a espuma de


leite por todo o balcão. — Além disso, ela estava tão malditamente sexy
ontem com seus cabelos encaracolados empilhados no topo de sua
cabeça que fiquei tentado a comprar a cafeteria, pedir a todos que
saíssem, dobrá-la sobre o café derramado e transar com ela até que meu
pau começasse a doer por causa do uso.

— Talvez ele estivesse olhando para você. Você ja pensou nisso?

Contemplo esse pensamento por cerca de meio segundo. —


Não. Era você — Eu me inclino e pressiono um beijo em sua
bochecha. — Não que eu realmente o culpe. Prefiro olhar para você o dia
todo do que fazer corações de espuma de café.

— Você diz as coisas mais doces.

Eu faria coisas doces também, mas estamos no meio do Centro de


Ajuda Jay e Molly Hall, onde abrigamos e alimentamos um monte de
adolescentes e jovens que foram abusadas. Controlo minha luxúria,
antes de jogar Birdie por cima do ombro e deitá-la na primeira
superfície horizontal que encontrar. Ou inferno, eu posso fodê-la de
pé. Duas noites atrás, eu estava com tanta fome por ela que bati no botão
de emergência do elevador da cobertura privada e a comi enquanto as
sirenes tocavam e o pessoal da segurança continuava ligando para nos
dizer que a polícia estava a caminho.

Birdie se escondeu no quarto enquanto expliquei ao pessoal que


havia apenas um defeito que alguém deveria examinar. Eles aceitaram
isso porque, bem, o que eles fariam? Prender-me por usar meu próprio
elevador para foder minha mulher? Não era provável. Agora que o
perigo se foi, é difícil manter minhas mãos longe de Birdie. Hora e lugar,
eu me lembro, e este não é o lugar.

Birdie dirige esse abrigo em vez da lavanderia. Depois que


mandamos meu tio e sua tripulação pervertida para a prisão, me ofereci
para vender a empresa e voltar para sua cidade natal. Para algumas
pessoas, a vida na cidade grande não é boa. Há muitas pessoas e todos se
movem a um ritmo muito rápido. Minha avó é assim. Ela gosta de sua
pequena casa de repouso e não quer se mudar para uma onde tudo o
que ouve quando abre as janelas é o ruído da estrada. Vou, uma vez por
semana, jogar bridge com ela, ouvir as fofocas da velha dos gatos e
segurar a mão da minha avó enquanto ela ouve os pássaros cantando do
lado de fora da janela.

Quanto a Birdie, ela ficou feliz em sair da cidade, onde todos ainda
a chamavam de garota cuja mãe vendia fotos de si mesma na
internet. Aqui, Birdie é anônima. Bem, na verdade não. Ela é a sra. Nick
Merritt Hall, mas o dinheiro é um grande escudo. Ninguém aqui a
conhece pelos delitos de sua mãe. Em vez disso, ela é a jovem filantropa
que cria abrigos em toda a cidade para ajudar meninas e mulheres
problemáticas. Ela até teve um artigo no Chicago Monthly. Eu tive a capa
ampliada e colocada no meu escritório. Ela diz que está horrível, mas eu
adoro isso.

Eu me permito dar um tapinha na bunda dela gentilmente, mas


nada mais.

— Lembre-se disso para mais tarde.

Ela pisca para mim antes de chamar a atenção de Stan, o garoto que
entrega computadores. Enquanto ele mantém os olhos voltados para a
frente, os meus permanecem na bunda bonita de Birdie. Eu coloquei
minha boca nela na noite passada. E a memória está mexendo coisas no
meu jeans que provavelmente não deveriam ser despertadas em um
lugar como este. Pego o telefone e mando uma mensagem para Birdie
que voltarei para o meu escritório.

Ok, ela responde.

Eu guardo meu telefone e minha decepção. Meu escritório fica a


uma curta distância de carro do abrigo. Dexter, meu secretário que
herdei de papai, me cumprimenta com uma lista de tarefas, segurando
meu antebraço. Eu escuto com meia orelha, já que o resto de mim ainda
está no abrigo com Birdie. Ela é o centro da minha vida e quando não
estamos juntos, mesmo durante um dia de trabalho, sinto como se me
faltasse um membro.

Depois que Dexter termina sua ladainha de coisas que tenho que
fazer, me tranco no meu escritório e começo a trabalhar.

— Ainda não arruinei os negócios — falo para foto do meu pai. Ele
sorri de volta para mim e mesmo que ele tenha ido, eu ainda sinto que
ele está me apoiando. Ainda assim, é o legado dele que estou protegendo
para que eu possa passar isso para o meu próprio filho. Dedico-me ao
trabalho e começo a checar as coisas da minha lista. As chamadas são
retornadas, os e-mails são respondidos, os contratos estão assinados, e
as propostas estão revisadas. Antes que eu perceba, o sol parou de
brilhar e as luzes da rua estão acesas. Afasto-me da minha mesa e vou
até as janelas. Os faróis competem com as luzes de freio, criando uma
bela imagem noturna. Hora de eu ir para casa. Volto à minha mesa para
arrumar minha maleta quando a porta do meu escritório se abre. Olho
para cima e vejo Birdie na porta com dois sacos de papel marrom. Um
sorriso surge no meu rosto.

— Vejo que você trouxe o jantar.

Ela balança os sacos. — Hambúrgueres Shake Shack, batatas fritas


cortadas à mão e dois shakes de morango.

— Traz isso — Largo minhas coisas e vou até a área de


estar. Espero até ela pousar os sacos antes de pegá-la e jogá-la no sofá.

Uma risada irrompe de sua boca. — Eu pensei que jantaríamos.

— Eu jantarei. Você terá que esperar — a informo enquanto ataco


o zíper em seu jeans. — Estou morrendo de fome e não comi o dia todo.
— Puxo o jeans apertado das pernas dela e depois tiro a blusa por cima
da cabeça.

Ela balança os cílios para mim e franze os lábios em um beicinho


apertado.
— Os shakes derreterão.

— Não — Eu levanto um da mesa de café e tiro a tampa. — Eu


beberei um deles agora.

Ela grita quando eu derramo o sorvete em seus seios e


estômago. Esses gritos se transformam em gemidos quando começo a
lamber o leite rosa de sua pele. Enquanto minha língua enrola em seu
mamilo e meus dedos mergulham entre suas pernas, a fome que senti
roendo meu estômago o dia todo diminui. Meu passarinho está
finalmente em casa.
Epílogo
BIRDIE

3 ANOS DEPOIS

— Venha aqui. — Nick me puxa para ele, seu braço me envolvendo


em um abraço. — Você precisa se acalmar. — Ele se inclina, acariciando
meu pescoço.

Isso sempre faz o truque. Eu suspiro, me derretendo nele. Estava


muito animada hoje. É o nosso primeiro Natal em nossa nova casa e
temos novidades para compartilhar com o Sr. Higgins e a Vovó. Quero
que tudo seja perfeito, então estou contando os minutos até que eles
cheguem aqui.

Nick terminou de construir nossa nova casa há apenas um


mês. Tudo é novo e fresco, mas o plano para construir uma casa chegou
quando eu disse a Nick que queria que nossa família crescesse. Vovó não
está ficando mais jovem e eu queria que ela visse seus bisnetos. Para eles
serem mantidos em seus braços. Quero que nossos filhos tenham
lembranças não apenas dela, mas também do Sr. Higgins. Juro que Nick
foi trabalhar na construção de uma casa no dia seguinte após nossa
conversa. Eu pensei que ele poderia querer voltar para sua casa de
infância, mas havia muitas lembranças lá. Tanta coisa aconteceu, que
pensamos que começar de novo seria a melhor coisa para todos
nós. Embora tenhamos decidido não morar lá, acabamos transformando-
a em um dos muitos abrigos que construímos ao longo dos anos. Nick
manteve sua promessa às meninas que encontrou quando foi confrontar
seu tio. Ele conseguiu ajuda e deu um passo adiante, criando um local
seguro para as vítimas.

— Acho que a Vovó já está ciente da novidade — eu admito.

Acho que não conheci alguém tão perspicaz quanto a vovó em toda
a minha vida. A mulher não perde nada. Às vezes, ela brinca como se não
soubesse de algo apenas para obter mais informações das pessoas, mas
sempre sabe o que está fazendo. Ela geralmente toma seu tempo até
conseguir que você dê o que ela quer, é sorrateira, mas de uma maneira
bonita e velha. Eu adoro a Vovó e ela se tornou uma das minhas
confidentes mais próximas. Nick diz que nos juntamos contra ele, mas
ele está com o Sr. Higgins, então estamos bem.

— Hmm — é tudo o que Nick diz.

Eu me afasto e olho para ele. — Ela pegou você! — eu meio que


grito, batendo em seu peito.
— Ela não me pegou — ele se defende, mas parece completamente
inseguro de si mesmo. — Talvez ela tenha me pego. — Ele balança a
cabeça. — Eu não sei.

Eu ri porque acho que ele pode ter cometido um deslize quando foi
alguns dias atrás jogar com ela. Tive que perder o nosso encontro
porque não estava me sentindo bem. Ultimamente, costumo me cansar
facilmente, mas o médico me disse que deve passar em breve. Nick
queria ficar em casa comigo, mas eu o fiz ir. Eu sabia que não deveria
deixá-lo sozinho com ela. Ele provavelmente contou sem querer. Eu
sorrio, pensando em quanto eu amo aquela velhinha encrenqueira.

— Ela é sorrateira. Ela foi toda 'Como você nomeará o bebê?'


quando foi a minha vez de jogar. Eu não estava pensando e posso ter
dito 'ainda não escolhemos um nome'.

Eu ri em seu abraço, porque posso ver o sorriso triunfante de vovó


na minha cabeça.

— Eu tentei jogar um' quando tivermos um ', mas acho que ela não
acreditou

Eu continuo rindo.

— Isto é tudo culpa sua. Eu sabia que deveria ter cancelado quando
você não estava se sentindo bem.
Eu continuo sorrindo enquanto levanto minha cabeça e beijo meu
homem.

— Vovó com certeza sentiu-se muito culpada quando ela pensou


que você não iria naquela noite. Ela sabia exatamente o que estava
fazendo. Você estava condenado antes mesmo de ir para lá. Idiota! —
digo antes de rir novamente.

Esses momentos me lembram a sorte que tenho por encontrar


alguém que me ama com tudo o que tem. Não tive a melhor infância, mas
Nick, Vovó e o Sr. Higgins compensaram isso. Eles me ensinaram o que
significa ter uma família.

— Você pagará por esse comentário mais tarde. Mostrarei


exatamente que tipo de idiota que eu posso ser.

Ele sorri antes de beijar minha boca. Tento aprofundar o beijo, mas
sou interrompida pela campainha.

— Eles estão aqui! — Pulo para longe de Nick, meio correndo para
a porta. Sr. Higgins acomponhado pela vovó. Abro a porta da frente.

— Estou grávida! — grito.

— Já estava na hora — diz Higgins. Ele enfia a mão no bolso de trás,


puxando a carteira, pegando vinte e entregando a vovó. — Você não
poderia ter feito isso no último Natal? Foi a data em que apostei. — Ele
balança a cabeça para mim.

— Foi mal! — Eu meio que ri. Ele me agarra, me puxando para um


abraço.

— Parabéns, querida. Você será uma mãe maravilhosa. Inferno,


você já é uma para essas garotas as quais ajuda todos os dias.

— Isso ela é — Vovó me abraça em seguida. — Estou tão feliz por


você. Agradeço a Deus todos os dias que Nick foi ao supermercado
naquele dia. Houve muita tristeza em nossas vidas, mas este é um novo
começo para todos nós.

Eu a abraço um pouco mais forte.

— Obrigado por me conseguir esses vinte também.

Higgins geme atrás de mim como se vinte dólares o fizessem


quebrar.

— Entrem todos. Está muito frio. — Nick mantém a porta aberta


para todos. Ele me abraça e depois Vovó o puxa para baixo, beijando as
duas bochechas. Eles compartilham um momento juntos. Meus olhos
lacrimejam observando os dois. Eu amo quão bom ele é com sua
avó. Meu marido é realmente um homem muito honrado. Apesar de não
ter conhecido seus pais, eu os amo e agradeço todos os dias pelo homem
que eles me deram.

Nick pega os casacos de Vovó e Higgins e os leva para a sala de


jantar, onde temos um pequeno banquete. Todos nós sentamos e
começamos a distribuir os muitos pratos que preparamos. Nossa
conversa é fácil e o riso é abundante. Eu posso sentir a quantidade de
amor que existe nesta mesa. Nick se inclina, colocando a mão na minha
barriga antes de me beijar levemente. Pela primeira vez na minha vida,
sinto como se estivesse exatamente onde deveria estar. Quem sabia que
esquecer o meu cartão de desconto me levaria a encontrar o amor da
minha vida?

— Está tudo bem? — Nick interrompe os meus pensamentos.

— Está perfeito.

— O que vocês dois estão cochichando por aí? — Vovó entra na


conversa, tentando nos dar um tempo difícil.

— Deveríamos contar a eles — digo enquanto Nick sorri para


mim. — De fato, nós apenas mostraremos a eles — Pego a foto do ultra-
som que está queimando um buraco no meu bolso e deslizo em direção a
eles. Vovó pega e eu assisto quando sua boca cai aberta de
surpresa. Higgins estende a mão.
— Devolva-me os vinte. Eu apostei em gêmeos. Todos nós rimos e
eu sei que nos próximos anos, esta casa que construímos só será
preenchida com mais destas risadas.
Moderadoras

Jess E, Kamy B. & Ana R.

Tradução: Bells

Revisão: Carola V

Leitura Final: Maah Sousa

Conferência: Anurb

Formatação : Ana R.

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