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"A criatura terrena herda tendências, não qualidades.

O homem do futuro compreenderá


que as suas células são companheiras de evolução. "

André Luiz foi o nome adotado na espiritualidade pela entidade que, em sua existência
material, exerceu a medicina no fim do século passado. Para preservar a privacidade de
seus descendentes familiares, ele não revela o nome que foi utilizado durante sua última
reencarnação.

É autor de vinte e oito obras, na psicografia do médium francisco Cândido Xavier,


algumas em conjunto com o médium Waldo Vieira, que abordam tanto o lado evangélico
e religioso da Doutrina Espírita como também o seu aspecto ciêntífico. Aponta, nesta
última área, questões de Genética, antecedendo em vários anos as futuras descobertas e
discussões dentro da medicina convencional.

Emmanuel, autor espiritual de várias obras, também pela psicografia do médium


Francisco Cândido Xavier, prefaciando o livro No Mundo Maior, afirma que "a missão de
André Luiz é a de revelar os tesouros de que somos herdeiros felizes na Eternidade,
riquezas imperecíveis, em cuja posse jamais entraremos sem a indispensável aquisição
de Sabedoria e Amor".

Para Ney da Silva Pinheiro, "André Luiz impõe-se cada vez mais ao conceito de parcela
significativa do mundo moderno, desencadeando verdadeira revolução no pensamento
do século, onde um mundo novo e arrebatador de idéias desafiou a cultura da época. No
contexto da Doutrina Espírita, interpretamos a obra de André Luiz como autêntica
revelação dentro da Revelação, tais as perspectivas que descerra no cenário dos novos
tempos, para quem tem 'olhos de ver e coração de sentir', dilatando panoramas
surpreendentes à ciência, à filosofia e à religião, asfixiadas no reduto estreito de uma
ortodoxia pragmática e impenitente, cristalizadas na vulnerabilidade de um dogmatismo
intransigente e decadente, e obliteradas por um cientificismo mecanicista rígido e
traumatizante, em sua maneira de encarar os fenômenos transcendentais da Vida".

Pinheiro transcreve uma fala de Hernâni Guimarães Andrade, que é um dos mais
brilhantes e conceituados pesquisadores do Brasil e estudioso do Espiritismo científico,
na qual refere-se às obras de André Luiz, da seguinte forma: "Como simpatizante da
linha científica do Espiritismo, considero a maior contribuição deste século, obtida por
via mediúnica, para a solução do problema na natureza do homem, hoje tão focalizada
pela Parapsicologia. Fica aqui consignada, a título de registro e endossada por mim, a
seguinte previsão: As obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier,
serão, futuramente, objeto de estudo sério e efetivo nas maiores universidades do
mundo e consideradas como a mais perfeita informação acerca da natureza do homem e
da sua vida após a morte".

André Luiz não desenvolveu propriamente uma teoria psicológica ou médica. No


entanto, se avaliarmos os ensinamentos ligados tanto a uma área quanto a outra e os
colocarmos em um compreensão mais profunda do ser humano, veremos que, de fato,
existe uma teoria espiritual que transcende os limites da matéria, bem como lhe dá um
significado mais abrangente. Não abordaremos todos os pontos propostos por André
Luiz em todas as suas obras e, tampouco, faremos a sua comparação com a teoria
completa de Leopold Szondi. Falta-nos a capacidade necessária para estudo de tal
envergadura. Estaremos, conforme enunciado, nos atendo à comparaçao dos conceitos
de hereditariedade e destino, levando em consideração a escolha ou livre-arbítrio, a
religiosidade e a fé, que permeiam tanto a "teoria" de André Luiz quanto a Psicologia do
Destino de Leopold Szondi.

Projeto Reencarnatório

Os conceitos que trabalharemos (Hereditariedade, Destino, Iivre Escolha, Religiosidade e


Fé) aparecem na Doutrina Espírita intimamente vinculados a um projeto mais amplo e
universal, chamado de "reencarnatório". Daí, a necessidade de definirmos esse Projeto,
sem o qual difícil seria ter uma visão clara dos conceitos que nos interessam trabalhar
nesta dissertação.

Para os espíritas, a reencarnação ocorre a partir de um projeto do qual o Espírito, que


deseja ou necessita reencarnar, participa de acordo com as suas possibilidades de
lucidez e equilíbrio, do período que antecede à futura reencarnação. As citações, que
relatam os aspectos de projeto ou plano reencarnatório, serão apresentadas na medida
em que for sendo realizada a descrição desse processo.

Segundo o Novo Dicionário Aurélio, "projeto" é uma idéia que se forma para executar ou
realizar algo no futuro; "plano, intento, desígnio". "Projeto" contrapõe-se a "acaso", que
é o "conjunto de pequenas causas independentes entre si, que se prendem a leis
ignoradas ou mal conhecidas, e que determinam um acontecimento qualquer".

O conceito de destino, na Doutrina Espírita, está profundamente vinculado ao de projeto


reencarnatório. André Luiz utiliza esse termo com muita frequência e, todas as vezes que
o faz, o significado implícito é o de projeto. O destino, dessa forma, é o resultado de uma
avaliação pré-reencarnatória das necessidades de aprendizado e correção de uma
entidade, com base na Lei de Causa e Efeito, conforme referência de André Luiz: "O
destino é a soma de nossos próprios atos, com resultados certos. Devemos sempre a
nós mesmos as situações em que se nos enquadra a existência, porquanto recolhemos
da vida exatamente o que lhe damos de nós".

Citamos mais um exemplo da obra de André Luiz, no qual o conceito de destino está
associado ao de projeto: "O Espírito assinala todos os passos da jornada que lhe é
própria, arqui¬vando em si mesmo todos os lances da vida, para formar com eles o
mapa do destino, de acordo com os princípios de causa e efeito que nos governam a
estrada".

A reencarnação como projeto é abordada em várias obras de André Luiz, bem como de
outros autores espíritas. Para os espíritas, somente como projeto, é possível
compreender a reencarnação como a doutrina da pluralidade e da unidade das
existências corpóreas, visando à evolução. A personalidade mantém a sua integridade,
partindo dos estágios mais primitivos em direção a instâncias de maior evolução, até
chegar à perfeição relativa de que somos capazes. Encontramos, ainda, as palavras
plano de serviço, programas, programa de tarefas em textos que nos mostram que o
conceito implicitamente é tratado é o de destino.

Tomaremos como exemplo de projeto reencarnatório, o renascimento do Espírito


Segismundo, descrito por André Luiz em Missionários da Luz, cuja história tentaremos
resumir a fim de que se conheçam os meandros de uma reencarnação. Segundo André
Luiz, em existência anterior, Segismundo desviou Raquel de seus compromissos
conjugais, inclusive assassinando o marido dela, Adelino. Entendendo que não há
evolução com pendências morais, Segismundo, após longo período de reflexão,
esclarecimento e de preparação na Espiritualidade, encontra-se em condições de voltar
à matéria. Adelino e Raquel já estão reencarnados e ligados pelo matrimônio. São pais
de um menino e Segismundo deverá tornar-se o segundo filho de ambos.

André Luiz esclarece que "todo plano traçado na Esfera Superior tem por objetivos
fundamentais o bem e a ascensão, e toda alma que reencarna no círculo da crosta, ainda
aquela que se encontre em condições aparentemente desesperadoras, tem recursos
para melhorar sempre".

Portanto, entendemos que toda reencarnação está destinada ao sucesso, ou seja, a


atingir os seus objetivos, os quais não são necessariamente os mais agradáveis, mas os
necessários ao crescimento espiritual. "Conforme o grau de adiantamento do futuro
reencarnante e de acordo com o serviço que lhe é designado no corpo carnal, é
necessário estabelecer planos adequados aos fins essenciais." Continuando, vamos
percebendo a importância desse planejamento ou projeto na seguinte explicação de
André Luiz: "Os orientadores de Segismundo, porém, nas esferas mais altas, guardam o
programa traçado para o bem do reencarnante". Perguntado sobre a possibilidade de
"destino prefixado" na reencarnação que nos serve como exemplo, temos a resposta:
"Isso implicaria obrigatoriedade de conduta espiritual. Naturalmente, a criatura renasce
com independência relativa e, por vezes, subordinada a certas condições mais ásperas,
em virtude das finalidades educativas, mas semelhante imperativo não suprime, em caso
algum, o impulso livre da alma, no sentido de elevação, estacionamento ou queda em
situações mais baixas. Existe um programa de tarefas edificantes a serem cumpridas por
aquele que reencarna, no qual os dirigentes da alma fixam a cota aproximada de valores
eternos que o reencarnante é suscetível de adquirir na existência transitória. O Espírito,
que torna à esfera de carne, pode melhorar essa cota de valores ultrapassando a
previsão superior pelo esforço próprio intensivo, ou distanciar-se dela, enterrando-se
ainda mais nos débitos para com o próximo, menosprezando as santas oportunidades
que lhe foram conferidas".

A grande maioria das reencarnações processa-se de forma padronizada. No entanto, à


medida que os Espíritos vão evoluindo e assumindo maiores responsabilidades, vão
recebendo mais ajuda na elaboração do projeto. Aqueles que deverão reencarnar em
tarefas especiais, na condição de trabalhadores ou de missionários, são atendidos por
serviços especiais da Espiritualidade. Nessa condição não estão incluídos os Espíritos
de maior elevação, mas aqueles que "com valores de boa vontade, esperança e
sinceridade" vão adquirindo, dessa forma, o direito de participar e influir sobre a própria
reencarnação. Portanto, que já exercem o livre-arbítrio.

Para Emmanuel, outro representante da Doutrina Espírita, e autor espiritual de várias


obras pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, reencarnações missionárias
obedecem a projetos reencarnatórios especiais, nos quais as condições específicas de
trabalhos a serem desenvolvidos na matéria, bem como o corpo físico a ser utilizado,
não estarão totalmente sujeitos à Lei de Causa e Efeito, uma vez que terão já cumprido o
aprendizado relativo à nossa esfera terrestre. As reencarnações mais comuns, a grande
maioria, no entanto, estão sujeitas à Lei de Causa e Efeito e o "berço de agora", o
presente renascimento não só é um reflexo de uma determinada rota de aprendizado,
como é um forte sinalizador do que está projetado para a atual. Portanto, está em um
processo de encadeamento de reencarnações na busca de conquistas evolutivas. Aqui,
o perispírito também será elaborado, visando a passar para o corpo físico as melhores
condições para que a reencarnação atinja seus objetivos.

O conceito de projeto de vida, ou seja, de destino, no entanto, não é limitante. Ao


contrário, é estruturante, uma vez que estará, quase sempre inconscientemente,
colocando o indivíduo diante de suas pendências, ao que tem de resolver e evoluir. As
possibilidades de escolha, realizadas no período pré-reencarnatório, estarão atuando
durante a existência corpórea por meio de tendências e de fatos cotidianos.

Para André Luiz, "qualquer dia é dia de criar destino ou reconstituir destino, de vez que
todos somos consciências responsáveis".

Em que pese a Abrape (Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas), não desenvolver


nenhuma atividade de cunho mediúnico, médiuns a ela vinculados por outras atividades
reportaram a informação de que, no presente momento, é realizado um trabalho de
psicoterapia pré-reencarnatória, no Plano Espiritual, em entidades cujo projeto
reencarnatório está sendo preparado, a fim de que, com maior conhecimento de suas
fragilidades, potencialidades e tarefas previstas, esses renascimentos tenham o êxito
almejado. Portanto, a informação mediúnica é de que existe, no Plano Espiritual,
psicoterapia voltada a essa finalidade.

Personalidade Reencarnante

Como personalidade reencarnante, entende-se o espírito candidato a novo


renascimento, devendo para tanto mostrar em que condições emocionais se encontra,
que experiências realizou e quais os propósitos que justificam o seu desejo ou
necessidade de voltar à matéria.
No nosso exemplo, a entidade reencarnante é Segismundo, como vimos, em seguida a
uma paixão desvairada de Segismundo por Raquel, Adelino fora vítima de assassinato.
Segismundo tornou-se um assassino e Raquel, prostituta. Cada um desencarnou em
época diferente, porém todos mergulhados em mágoas, ódios e desespero. Temos,
então, um assassino redimido interiormente, mas necessitado do reajuste ao lado das
pessoas agredidas pelo seu desequilíbrio. Certamente, o quadro emocional de
Segismundo é de arrependimento e de desejo de reparação.

Levantamento de Necessidades Evolutivas

Com base neste item, imaginamos que sejam avaliadas as características de


personalidade a serem trabalhadas, quais as suas pendências morais, quais os ajustes e
reajustes de relacionamentos e afetos são necessários para o seu crescimento
espiritual.

As necessidades evolutivas e parciais de Segismundo nos parecem ser as de obedecer e


respeitar os limites das escolhas e das relações alheias; junto a Adelino, conquistar a
sua confiança e respeitá-lo; como filho de Raquel, logo, após a reencarnação, colocado
em uma relação incestuosa, estabelecer um relacionamento afetuoso, sem dúvida, mas
cercado de limites, trabalhando o amor num contexto filial. Como filho de Adelino e
Raquel, estaria convivendo com a relação que no passado não soubera respeitar.

Levantamento de Possibilidades

Somos alertados diversas vezes de que nos encontramos no início da nossa evolução e,
portanto, nossas necessidades de aprendizado e correção são muitas. No entanto,
apesar dessas grandes necessidades, é importante que a entidade reencarnante,
juntamente com os Espíritos Orientadores, faça uma seleção de metas evolutivas não
muito diversificadas. Caso contrário, seria necessária uma reencarnação cujo tempo
estaria fora das possibilidades de duração do corpo físico do presente. Outra questão a
ser levada em conta é que não é possível realizarmos um aprendizado muito amplo de
uma só vez. É necessária a conscientização verdadeira dos passos que compõem a
escala evolutiva.

No nosso exemplo, Raquel e Adelino já estão reencarnados. Ambos, em pleno exercício


da maternidade e da paternidade, com o coração abrandado pela vinda do primeiro filho.
Inconscientemente, guardam posições diferentes: Raquel mostra-se disposta a uma
segunda gravidez; Adelino passa a dormir mal e a ter pesadelos nos quais uma pessoa
quer matá-lo. De acordo com a Doutrina Espírita, durante o sono do corpo físico, o
Espírito readquire certas faculdades, entre elas, a de encontrar-se com outras pessoas
encarnadas ou desencarnadas. Os relatos encontrados nos livros espíritas são de que
esse período é muito utilizado no sentido de que os encarnados sejam ajudados na
reflexão da vida em curso.

No entanto, é possível também que, dada a faixa vibratória negativa na qual a pessoa
esteja mergulhada, terá o convívio a ela compatível. No caso de Adelino, o relato em
Missionários da Luz é de que os benfeitores estão tentando uma aproximação entre ele e
Segismundo e, embora este último já tenha modificado as suas disposições interiores, o
que Adelino sente é a chegada do seu antigo algoz. Daí, o seu desespero e o que ele
classifica de pesadelos. Pressentindo o que ocorre, inconscientemente, "o pensamento
envenenado de Adelino destruía a substância da hereditariedade, intoxicando a
cromatina dentro da própria bolsa seminal. Ele poderia atender aos apelos da Natureza,
entregando-se à união sexual, mas não atingiria os objetivos sagrados da Criação,
porque, pelas disposições lamentáveis de sua vida íntima, estava aniquilando as células
criadoras ao nascerem e, quando não as aniquilasse por completo, intoxicava os genes
do caráter", dificultando a ação dos Espíritos envolvidos no processo de reencarnação
de Segismundo.

Interessante notar que a Ciência ainda não detectou o gene do caráter de que nos fala
André Luiz, em 1945, embora para Leopold Szondi, conforme foi apresentado na Parte I
deste trabalho, as bases do caráter encontram-se na hereditariedade.
Para Segismundo, portanto, a sua reencarnação é viável no que tange às suas
possibilidades de reajuste no grupo de pessoas com as quais tem acertos morais, éticos
e afetivos a reequilibrar.

Grupos de Relação

Por grupos de relação, entendemos o grupo de Espíritos já reencarnados ou a


reencarnar, com quais o aprendizado do futuro reencarnante seja necessário. Para
André Luiz,"paternidade e maternidade, raça, pátria, lar e sistema consanguíneo são
conjugados com previdente sabedoria para que não faltem ao reencarnante todas as
possibilidades necessárias ao êxito no empreendimento que se inicia".

Dependendo das metas evolutivas selecionadas, será necessário um determinado


momento socioeconômico e cultural, bem como o grupo de pessoas que constituirão a
futura família, a sua profissão ou trabalho e, também, o seu grupo intelectual e religioso,
possibilitando os ajustes e reajustes morais e afetivos fundamentais à sua evolução.
Como já vimos, o grupo de relação com o qual Segismundo tem pendências já se
encontra reencarnado. Portanto, esse item também nos permite o prosseguimento das
etapas do seu projeto reencarnatório.

Veremos, a seguir, esses grupos principais e seu funcionamento de maneira mais


detalhada.

Sociedade

Para entendermos o significado de um renascimento em um determinado país, em época


específica, recorremos a Kardec. Respondendo sobre o caráter distintivo de cada povo,
afirma que os Espíritos formam famílias pela semelhança de suas tendências e continua
dizendo que um povo é uma grande família em que se reúnem Espíritos com afinidades.
Para ele, os Espíritos simpatizam com as coletividades da mesma forma que simpatizam
com os indivíduos, ou seja, procuram o seu meio.

Família

O Espiritismo entende que família é a reunião de Espíritos com objetivo de crescimento


e evolução, altamente valorizada por todos os autores. Resultaria em um texto muito
extenso colocarmos todas as definições que podem ser encontradas nas mais diversas
obras espíritas, tanto aquelas de autores encarnados quanto aquelas apresentadas,
mediunicamente, pelos espíritos desencarnados. Citamos, a seguir, a fala do Espírito
Áulus, relatada por André Luiz, em Nos Domínios da Mediunidade: "A família
consanguínea é uma reunião de almas em processo de evolução, reajuste,
aperfeiçoamento ou santificação. (...) A paternidade e a maternidade, dignamente vividas
no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o Espírito reencarnado na Terra,
pois, através delas, a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza".

Profissão

A profissão e os títulos acadêmicos são motivo de grande responsabilidade para os


espíritas. Por intermédio de suas áreas de formação, estarão, de fato, exercendo
oportunidades de crescimento por meio do serviço. O indivíduo só está realizado
quando encontra sua forma de expressão na relação que estabelece com os outros:
pessoas, situações ou a própria sociedade.

Para André Luiz, a profissão é um elemento relevante no destino das pessoas. "Todos
os homens em suas atividades, profissões e associações são instrumentos das forças a
que se devotam. Produzem de conformidade com os ideais superiores ou inferiores em
que se inspiram, atraindo os elementos invisíveis que os rodeiam, conforme a natureza
dos sentimentos e idéias de que se nutrem."
Como o aprendizado não é teórico, necessita ser provado nas relações; o exercício da
profissão é oportunidade para aprender e servir. Muitas emoções, conflitos e diversas
características de personalidade se expressam em situações de poder, traduzindo
orgulho, autoritarismo ou, ao contrário, uma liderança amena, propiciando oportunidade
de crescimento para si próprio e para os outros. Também no servir podem-se encontrar
grandes condições de auto-conhecimento e mudança interior, pois servir sem revolta,
sem lamentos também reflete o mérito do dever cumprido.
André Luiz comenta que "o compromisso de trabalho inclui o dever de associar-se a
criatura ao esforço de equipe na obra a realizar".

Dessa maneira, a questão do trabalho surge como oportunidade bendita, trazendo uma
nova reflexão sobre a primeira referência ao trabalho na condição de punição, conforme
consta na Bíblia. Nossas características mais pessoais, que surgem sob forma de
vocação, estão apontando caminhos previamente estabelecidos de correção e serviço.
Ainda André Luiz alerta: "Em tudo aquilo que você faça, na atividade que o Senhor lhe
haja concedido, você está colocando o seu retrato espiritual".

Para Emmanuel, vocação é o acúmulo dos reflexos adquiridos em experiências de


outras vidas e o título profissional é carta de crédito que cada um traz na busca de novas
conquistas a se constituírem em novos reflexos. Quanto à profissão, também esse
representante espiritual da Doutrina Espírita acredita que o Homem cria relações que se
expressam sob a forma de uma imensa escola de trabalho, na qual abnegação,
honestidade, disciplina, responsabilidade e fidelidade são oportunidades a se
transformarem em conquistas ou não, refletindo a maneira com que serão incorporados.
Emmanuel fala de algumas características da profissão: o trabalho-obrigação que
proporciona o sustento, por meio da remuneração, propiciando o prazer de servir; o
trabalho-ação que transforma o ambiente e o trabalho-serviço que transforma o homem.

Hereditariedade Fisiológica

Para André Luiz, a "lei da hereditariedade fisiológica funciona com inalienável domínio
sobre todos os seres em evolução, mas sofre, naturalmente, a influência de todos
aqueles que alcançaram qualidades superiores ao ambiente geral". Quando o espírito
desejoso ou necessitado de nova reencarnação "é merecedor de serviços
intercessórios, as forças mais elevadas podem imprimir certas modificações à matéria,
desde as atividades embriológicas, determinando alterações favoráveis ao trabalho de
redenção".

Em Evolução em Dois Mundos, no capítulo Evolução e Hereditariedade, André Luiz


coloca que "o corpo herda naturalmente do corpo, segundo as disposições da mente
que se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, cabendo, pois, ao Homem
responsável reconhecer que a hereditariedade relativa, mas compulsória, lhe talhará o
corpo físico de que necessita em determinada encarnação, não lhe sendo possível
alterar o 'plano de serviço' que mereceu ou de que foi incumbido, segundo as suas
próprias aquisições e necessidades, mas pode, pela própria conduta feliz ou infeliz,
acentuar ou esbater a coloração dos 'programas que lhe indicam a rota', através dos
bióforos ou unidades de força psicossomática que atuam no citoplasma, projetando
sobre as células e, consequentemente, sobre o corpo, os estados da mente, que estará
enobrecendo ou agravando a própria situação, de acordo com a sua escolha do bem ou
do mal".

Percebemos a importância da hereditariedade no projeto reencarnatório e entendemos


que esta será mais relativa, caso seja manipulada e bem utilizada na condição de veículo
físico, explorada nas suas possibilidades, nas mãos de um Espírito mais evoluído, mais
experiente e consciente do significado da vida na matéria; ou será mais compulsória,
caso esteja à disposição de um Espírito inconsciente, que não encontre nas sinalizações
da vida o objetivo de sua existência. O que fica claro é que para os espíritas, o corpo
físico é veículo de expressão de uma realidade maior, porém obedecendo a um projeto
parcial de aprendizado e evolução, que é o projeto reencarnatório. Significa uma
restrição momentânea na busca da conscientização do todo que é o espírito pleno de
suas possibilidades, meta da evolução. A reencarnação é, portanto, um projeto parcial
de evolução.
"O nascimento e o renascimento no mundo, sob o ponto de vista físico, jazem confiados
as leis biológicas de cuja execução se incumbem Inteligências especializadas; contudo,
em suas practerísticas morais, subordinam-se a certos ascendentes do espirito.

André Luiz diz que "cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais
na recorporificação a que se entrega na esfera física. Os espíritos categoricamente
superiores, quase sempre em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida,
podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida
Maior, o corpo em que continuarão as futuras experiências, interferindo nas essências
cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar".

Como consequência dessas necessidades específicas, o material genético deverá ser


escolhido com extremo cuidado, uma vez que estará expressando características da
personalidade espiritual necessitadas de correção ou aprendizado e evolução.
Certamente, não estamos nos referindo unicamente à doação de genes adequados; a
possibilidade de que isso aconteça visando à aproximação de Espíritos envolvidos em
um mesmo projeto mais amplo é altamente provável. André Luiz comenta que o espírito
é "compelido a renascer na Terra, ou a viver além da morte, com raras exceções, entre
os seus próprios semelhantes, porquanto hereditariedade e afinidade no plano físico e
no plano extrafísico, respectivamente, são leis inelutáveis".

Temos ainda a seguinte orientação de Emmanuel: "É desta maneira que comumente
renascemos na Terra, segundo as nossas dívidas ou conforme as nossas necessidades,
assimilando para esse fim a essência genética daqueles que se nos afinam com o modo
de proceder e de ser. Os problemas da hereditariedade, em razão disso, descendem, de
forma geral, dos reflexos mentais que nos sejam próprios".

Na hereditariedade fisiológica, são passados, por intermédio do corpo físico, ao espírito


reencarnante, os caracteres de personalidade das famílias, pelo núcleo das células que,
segundo André Luiz, também têm uma estrutura mental.

Células e Destino

Prosseguindo no caso de Segismundo, que apresentamos como exemplo do processo


reencarnatório, encontramos em Missionários da Luz várias referências a mapas
cromossômicos que fazem parte do projeto da futura forma física que deverá expressar
as características de personalidade do reencarnante, bem como suas pendências morais
e necessidades de correção por suas tendências. Assim, André Luiz comenta que a
criatura terrena herda tendências e não qualidades. Ele esclarece que as primeiras
cercam o Homem que renasce, desde os primeiros dias de luta, não só em seu corpo
transitório, mas também no ambiente geral a que foi chamado a viver, aprimorando-se;
as segundas resultam do labor individual da alma encarnada, na defesa, educação e
aperfeiçoamento de si mesma.

Emmanuel não é um autor conhecido em Ciências da Religião, sendo, no entanto, muito


conhecido pela comunidade espírita, tanto por suas obras evangélicas que descrevem o
início do Cristianismo, do qual participou na figura do senador romano Públio Lentulus,
conforme descreve em seu romance autobiográfico Há Dois Mil Anos, que transcorre por
volta do ano 31 da era cristã, como também em obras de cunho científico, nas quais
aborda de maneira enfática os aspectos genéticos ligados ao processo reencarnatório.
Essas obras foram psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier.

André Luiz relata que Adelino, após ter sido tranquilizado quanto à mudança interior de
Segismundo, bem como da sua necessidade de perdoar e orientar o ex-assassino,
voltou a ficar sereno, permitindo que as entidades espirituais prosseguissem no seu
trabalho de auxílio reencarnatório que, como estamos vendo, não beneficiaria
unicamente uma pessoa, mas um grupo ligado por emoções desequilibradas
inconscientes, todos necessitando seguir a trilha evolutiva, sem pendências de
nenhuma ordem.

Daí o interesse dos benfeitores envolvidos na reencarnação de Segismundo, no sentido


de terem Adelino em um processo ativo de aceitação inconsciente, pois ele seria doador
de uma parte de si mesmo, não apenas geneticamente falando, mas principalmente do
caráter, o que permitiria a Segismundo manifestar características de sua personalidade,
bem como tendências, a fim de transformá-las em qualidades.

Na sequência das atividades, temos, então, um grupo que André Luiz chama de Espíritos
Construtores que iriam cooperar na formação fetal de Segismundo e que passaram a
examinar os mapas cromossômicos: "Estou examinando a geografia dos genes nas
estrias cromossômicas a fim de certificar-me até que ponto poderemos colaborar em
favor de nosso amigo Segismundo, com recursos magnéticos, para a organização das
propriedades hereditárias".

Desta forma, uma das questões de destino, como projeto oculto que estrurura a
existência do Homem em uma determinada reencarnação, é a hereditariedade. A
genética, portanto, é patrimônio que refletirá a administração que lhe for aplicada. André
Luiz acredita que "o homem do futuro compreenderá que as suas células não
representam apenas segmentos de carne, mas companheiras de evolução, credoras de
seu reconhecimento e auxílio efetivo".

Como vimos, no item anterior, com referência à Evolução e à Hereditariedade, André


Luiz, ao comentar que a hereditariedade relativa mas compulsória talhará o corpo físico
de que o Espírito reencarnante necessita em determinada encarnação, nos mostra que é
difícil a alteração do projeto reencarnatório, o qual, pelo que vimos até agora, é processo
prolongado e extremamente elaborado, mas o reencarnado pode, pela conduta
equilibrada ou não, acentuar ou atenuar o seu roteiro de evolução, atuando mentalmente
sobre os bióforos ou unidades de força psicossomática que atuam no citoplasma.

No capítulo Automatismo Celular, do livro Evolução em Dois Mundos, assevera que a


inteligência influencia o citoplasma "que é no fundo o elemento intersticial de vinculação
as forças fisiopsicossomáticas, obrigando as células ao trabalho de que necessita para
expressar-se". Logo, a mente, seja qual lor o seu estado, de equilíbrio ou desequilíbrio,
consciência ou inconsciência, projeta-se sobre as células e, consequentemente, sobre o
corpo, sinalizando a condição do espírito e "enobrecendo ou agravando a própria
situação, de acordo com A sua escolha do bem ou do mal".

Ao abordar a questão do automatismo celular, afirma que o Espírito atua sobre o


citoplasma, ou seja, no elemento de ligação perispírito-matéria, ali imprimindo as
conquistas do Espírito, adquiridas pelo esforço em busca da evolução, luncionando,
portanto, como um reservatório de memória, criando as bases da repetição e do
automatismo.

Consideramos importante relembrar a Teoria dos Campos Morfogenéticos, de Rupert


Sheldrake, anteriormente mencionada, no seu aspecto de informações e conhecimentos
acumulados e passíveis de serem trocados entre membros da mesma espécie, e,
provavelmente, com maior intensidade, entre membros consanguíneos e sintônicos.
Dessa forma, não só o próprio Espírito, autor das ações registradas e suas
consequências poderia aprender, como esse aprendizado estaria disponível para outras
pessoas, mais especificamente aquelas que estivessem em uma mesma faixa de
sintonia e que pudessem captar o sinal de que falamos no capítulo referente a esse
tema.

André Luiz comenta que o gosto pela arte, o êxtase religioso e os transes mediúnicos
são "acalentados nos circuitos celulares por fermentações sutis, aí nascidas através de
impulsos determinantes da mente, por ela convertidos, nos órgãos, em substâncias
magnetoeletroquímicas arremessadas de um tecido a outro, guardando a faculdade de
interferir bruscamente nas propriedades moleculares ou de catalisar as reações desse
ou daquele tipo, destinadas a garantir a ordem e a segurança, na urdidura das ações
biológicas".

Interessante observar que, além da definição de cromossomos pela terminologia da


medicina convencional, André Luiz acrescenta: "Concentrações fluídico-magnéticas
especiais, a se retratarem, através do tempo, pela reflexão constante, no campo celular,
fazem uma analogia entre os cromossomos e os moldes tipográficos. Como estes são
formados de linhas, para que se lhes expresse o sentido, também eles são constituídos
pelos elementos chamados genes, o que lhes dá, tanto quanto ocorre ao alfabeto
humano, a característica de imortalidade nas células, que se renovam, transmitindo às
sucessoras as suas particulares disposições nas mesmas circunstâncias em que, num
texto tipográfico, as letras e os moldes podem viver, indefinidamente, no material
destrutível e renovável, por intermédio do qual se conservam e se exprimem na memória
das gerações".

Em outra obra de sua autoria, No Mundo Maior, André Luiz aborda a questão das
tendências da seguinte forma: "Em verdade, não há total esquecimento na crosta
terrestre, nem restauração imediata da memória nas províncias da existência que se
seguem, naturais, ao campo da atividade física. Todos os homens conservam tendências
e faculdades que equivalem à efetiva lembrança do passado".

Temos, então, que as tendências do Espírito estarão sinalizadas nas tendências


materiais por meio da hereditariedade. Se por um lado não há consciência plena nos
pontos a serem desenvolvidos em uma determinada existência, os impulsos serão guia
seguro do trabalho a ser realizado em termos de evolução. No Espiritismo, não há a
crença da involução espiritual; portanto, cada um está no seu ponto máximo de
evolução. As tendências, que a princípio não são nem boas nem ruins, servirão de
ferramentas a refletirem a personalidade que as utiliza.

O autor refere-se a "institutos de escultura anatômica, que funcionam no Plano


Espiritual, brunindo formas diversas, de modo a orientar os mapas ou prefigurações do
serviço que aos reencarnantes competirá, mais tarde, atender".

Estudando a obra de André Luiz, entende-se que os princípios espirituais é que dirigem
a hereditariedade. "Se os filhos encontram os pais de que precisam, os pais recebem de
volta os filhos que procuram". Depreende-se, portanto, dos ensinamentos desse
representante da Doutrina Espírita, que a hereditariedade, de fato, é decorrente de
afinidades e necessidades espirituais; as causas espirituais, portanto, antecedem as
consequências materiais, ou seja, a genética. No entanto, o que se herda, de fato, não
são os instintos, mas um potencial, uma natureza da qual eles fazem parte e que será
utilizada, ou não, pelo espírito em interações com o meio ambiente.

Certamente, a Doutrina Espírita não acredita em uma ditadura genética, até porque todas
as nossas tendências, que se expressam pelo caminho da hereditariedade, fazem parte
das nossas escolhas realizadas durante o período que antecede a elaboração do que
chamamos projeto reencarnatório.

Hereditariedade Psíquica

Para a maior parte dos pesquisadores, não é possível falar de herança psíquica. No
entanto, a história de Segismundo e o relato de André Luiz sobre os "genes do caráter",
na obra Missionários da Luz, dão margem para a ampliação do conceito de
hereditariedade. "Caráter" vem do grego charaktér, que é definido como a "qualidade
inerente a uma pessoa, animal ou coisa; conjunto dos traços particulares, o modo de ser
de um indivíduo ou de um grupo; índole, natureza, temperamento; conjunto das
qualidades boas ou más de um indivíduo e que lhe determinam a conduta e a concepção
moral".

Por meio do material genético de Adelino, Segismundo também deveria herdar algo
fundamental que seriam os genes do seu caráter, tão suscetíveis, que o pensamento
envenenado do doador, embora inconsciente, era suficiente para aniquilados, destruí-
los, exterminá-los, invibializando a concepção.

Por outro lado, parece claro que algo precisava ser modificado no íntimo de Adelino, não
só para que funcionasse como doador, mas como doador espontâneo que transmitisse a
Segismundo, mesmo inconscientemente, o seu perdão.

Se ambos haviam sido parecidos em algumas características de personalidade, de


maneira destrutiva, as semelhanças continuariam com Adelino dando parte de si mesmo
e Segismundo precisando receber para sua futura transformação, a própria herança de
si mesmo, deixada em forma de atitudes no passado. Os genes do caráter, portanto,
parecem ser portadores de características de personalidade, de um conjunto dos traços
particulares e do modo de ser de um indivíduo, da sua natureza e da sua índole, que lhe
determinariam a conduta e a concepção moral. Estamos diante de uma herança que vai
além da concepção biológica quando falamos de um modo de ser e de ver a vida.
Estamos falando de uma herança psíquica que se utiliza da herança fisiológica.

Em 1958, a hereditariedade psíquica era quase que integralmente inacessível à pesquisa


científica material. No entanto, Emmanuel, naquela época, já afirmava que as células
germinais reproduzem os clichês da consciência na hora da concepção e na formação
de um novo corpo. Para ele, "o reflexo dominante de nossa individualidade impressiona
a chapa fetal ou o conjunto de princípios germinativos" do corpo que está sendo
formado, "selando-nos a destinação para as tarefas que somos chamados a executar no
mundo, em certa quota de tempo".

Para Emmanuel, a tara familiar é a resultante da conjunção de débitos, situando-nos no


plano genético enfermiço que merecemos. Somos impelidos a padecer o retorno dos
nossos reflexos tóxicos por intermédio de pessoas de nossa parentela, sendo a
hereditariedade psicológica a natural aglutinação dos Espíritos que se afinam nas
mesmas atividades e inclinações. Dessa maneira, a família é o meio de recolhermos,
através da hereditariedade, "os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na
memória do destino".

Inconsciente

Se tomarmos a definição de inconsciente como "parte da vida psíquica que inclui os


desejos instintivos ou reprimidos e cujos processos, embora não atinjam a consciência,
interferem, por seus efeitos, no comportamento do indivíduo", teremos uma idéia,
embora restrita, do seu significado. Em uma definição não acadêmica, podemos
entender inconsciente como memória do que não lembramos. Embora não possamos
compartimentar seções específicas no inconsciente, podemos atribuir-lhe algumas
qualidades. Dele fazem parte o registro filogenético, o registro ontogenético, o
inconsciente coletivo, o inconsciente de raça, o inconsciente familiar, o inconsciente
individual, o animismo, bem como outros que não incluem vivências carregadas de
emoção, mas que simplesmente foram percebidas de alguma maneira e, se foram
percebidas, foram registradas. Podemos acrescentar a capacidade de comunicação e de
troca de informações que o inconsciente realiza sem que as pessoas se apercebam.
Entendemos que cada registro tenha sua própria frequência vibratória e a ressonância
correspondente. Ao conjunto de todas essas frequências, imaginamos Um sinal que
caracterize cada indivíduo, cuja hipótese já apresentamos anteriormente.

Ao reencarnar, logo, ao iniciar um processo de conscientízação, que já sabemos ínfimo


diante do grande todo, o Espírito traz essa grande experiência cósmica como parte de
tua bagagem. Mesmo sem saber ou perceber, ao renascer, de alguma maneira essa
experiência vai influir no seu comportamento, nas suas escolhas e no seu destino. Esse
nos parece ser o grande esforço da evolução: tornar o homem consciente.

André Luiz ensina que durante a intermissão, que é o período de tempo entre uma
reencarnação e outra, o espírito pode frequentar escolas beneméritas, recolhendo as
mais altas noções da vida e, até mesmo, fazendo psicoterapia. Pode melhorar muito. No
entanto, a lembrança de seus erros, mesmo sem a sensação de culpa, estará sinalizando
as necessidades de reajustes. Essas lembranças entranhadas na mente ele chama de
"sementes de destino", diante das quais o Espírito busca novas oportunidades
reencarnatórias, merecendo dos benfeitores espirituais auxílio na elaboração de projetos
reencarnatórios específicos para harmonização dessas questões.

Animismo

Animismo (do latim: anima alma; ismo doutrina) "é o sistema fisiológico que considera a
alma como causa primária de todos os fatos intelectuais e vitais".

Segundo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado — Espiritismo, Metapsíquica,


Parapsicologia, animismo "é o estado em que opera o espírito do próprio médium que,
sob a influência intramediúnica ou extramediúnica, fala e obra por si mesmo, sem
interferência de espírito desencarnado".

Para André Luiz, animismo "é o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a
cooperação consciente ou inconsciente do médium em ação e pode ocorrer sem que
este identifique o conteúdo supostamente mediúnico como lhe sendo próprio, ou por
indução externa, seja de agentes encarnados ou desencarnados, fixando-se-lhe a
memória em momentos do pretérito".

Levando em conta todas as definições, podemos deduzir que animismo é o arquivo de


toda a evolução do Espírito, contendo todas as suas experiências como encarnado ou
desencarnado. Pode expressar-se de diversas formas: simpatias, antipatias, medos,
confiança, diante de determinadas pessoas ou situações. As imagens contidas no
arquivo anímico nem sempre são reconhecidas pela própria pessoa, pois podem não
corresponder à sua aparência e forma de ser atuais. Essa falta de reconhecimento pode
levar o médium mais inexperiente a ter a impressão de que está atuando
mediunicamente. É possível, também, que esses conteúdos aflorem sob a forma de
síndromes, sonhos e sensações, principalmente aquelas de déjà vu e déjà connu.

Temos o conceito de animismo também relacionado ao que Emmanuel nos aponta


quando se refere a clichês da consciência que, funcionando da mesma forma que
sementes, podem ser interpretados como a informação de uma existência sendo
repassada para outra, tendo como foco a mesma Individualidade espiritual, porém
necessitando de um t.uninho material, configurando-se pela genética, conforme vimos
anteriormente, em Hereditariedade Psíquica.

André Luiz ainda se refere ao animismo, como uma imersão no passado, buscando em
existências passadas as imagens utilizadas durante a expressão tida como mediúnica,
relatando situações e emoções, como em um processo de catarse no qual o reencarnado
não consegue reconhecer-se. conforme Hernâni Guimarães Andrade, "o espírito contém
em seu corpo mental, o arquivo completo de toda a sua evolução histórica; esta
evolução, por sua vez, foi realizada por seu próprio esforço. Em outras palavras, o
espírito é causa e eleito de si mesmo (...) armazenando em sua estrutura
tetradimensional a totalidade de suas experiências pregressas e delas se valendo para
evoluir progressivamente".

Assim sendo, consideramos necessário que os espíritas não desqualifiquem esse tipo
de manifestação por não ser mediúnica, mas que estudem cada vez mais para
reconhecer tais formas de expressão, visto que constituem vasto e rico material de
autoconhecimento, que sendo trabalhado adequadamente, poderá servir de fonte de
crescimento pessoal e colaboração a outros.

A hereditariedade psíquica parece ser o caminho pelo qual o animismo se expressa, uma
vez que Ary Lex alerta no sentido de que não se confunda animismo com fraude. O
animismo é autêntico e, quase sempre, independente da vontade do sensitivo.

Obsessão
Segundo Kardec,"obsessão é o domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre
certas pessoas". São entidades consideradas inferiores por ainda serem desprovidas da
condição de reconhecimento da própria responsabilidade diante dos fatos que se lhe
acometem, estabelecendo um processo de perseguição e vingança àqueles a quem
julgam como culpado pelo seu sofrimento. Também há os que, sofrendo, procuram fazer
com que outros sofram, independente de um vínculo com a vítima.

A Doutrina Espírita, por acreditar em reencarnações sucessivas e, levando em conta que


durante a existência terrena o indivíduo pode criar afetos e desafetos, ao desencarnar
(termo utilizado pelos espíritas para designar a morte física), suas relações bem
conduzidas resultarão em laços de amizade; por outro lado, as desavenças e inimizades
também perdurarão, podendo gerar conflitos e perseguições.

A justificativa para que tais situações aconteçam é que essa relação que ficou mal
resolvida gerou uma condição vibratória na qual vítima e agressor mantém um canal de
comunicação, o qual possibilita o encontro entre ambos, tendo por objetivo a resolução
da antiga pendência. Essa frequência de desequilíbrio gera uma faixa de sintonia, em
que outras entidades com padrão semelhante poderão se aproximar. E como diz André
Luiz, em seu livro Libertação "entre emissão e recepção prevalece o imperativo de
sintonia".

A pessoa reencarnada não se lembra do fato que pode ter originado o processo
obsessivo, mas se não houver se transformado interiormente, estará suscetível a
assédios. Caso a pessoa ofendida não tenha ficado presa ao sentimento de raiva e não
tenha desejo de vingança por ter desenvolvido a compreensão de que o perdão é o
melhor remédio para a sua própria libertação, seguirá em frente na construção do seu
crescimento espiritual.

No entanto, a parte agressora, que ofendeu e não se modificou, poderá ser assediada
por entidades desequilibradas e na mesma faixa de sintonia que, se identificando com o
fato ocorrido no passado, poderão projetar no encarnado a sua própria vivência,
frustração além de raiva e persegui-la. A consciência, ao funcionar em uma faixa de
amor ou de ódio, constitui campo informacional com frequência específica.

Para melhor entendermos como essas aproximações acontecem, de acordo com a


Doutrina Espírita, vamos fazer uma correlação com o conceito de ressonância mecânica,
ou simplesmente ressonância, que é o fenômeno físico em que se registra a
transferência de energia de um sistema oscilante para outro, quando a frequência do
primeiro coincide com uma das frequências próprias do segundo. A aplicação mais
comum desse conceito ocorre na área das telecomunicações, em que ondas
eletromagnéticas funcionam como intermediárias na transmissão de dados, ou seja, de
informações entre o transmissor e o receptor, constituindo o que se chama de sinal.

Se a mente desencarnada funcionar em uma determinada frequência e a mente da


pessoa encarnada funcionar nessa mesma frequência, estabelece-se a sintonia,
permitindo a troca de informações entre ambas.

A obsessão é um aspecto muito interessante quando se estuda a Doutrina Espírita e


suas relações com estados emocionais. Comumente, o seu tratamento é realizado em
Centros Espíritas, nos quais, médiuns preparados para essa finalidade e com a presença
de uma pessoa que atua como esclarecedor, permitem a manifestação da entidade
desequilibrada a fim de que expresse as suas emoções e receba o acolhimento e a
orientação de que necessita.

No entanto, a literatura espírita refere-se a locais no Plano Espiritual onde entidades com
maior resistência a receber ajuda e esclarecimento se agrupam e se isolam do contato
com o Bem, quase sempre liderados por uma mente de maior poder de persuasão e
subjugação. Essas regiões, chamadas de Umbral ou Trevas, são habitadas pelas
entidades citadas e por líderes do mal, que por medo do esquecimento momentâneo que
ocorre durante uma reencarnação e da perda do poder que se atribuem, não aceitam a
volta à matéria, que, segundo os espíritas, também teria a finalidade de recompor os
campos atômicos do perispírito, estrutura que abordaremos mais adiante.

Segundo André Luiz, ainda na obra Libertação, "quase todas as almas humanas,
situadas nestas furnas, sugam as energias dos encarnados e lhes vampirizam a vida,
qual se fossem lampreias insaciáveis no oceano do oxigênio terrestre". (Continuando,
afirma que "as bases econômicas de toda essa frente residem, ainda, na esfera dos
homens comuns e, por isto, preservam apaixonadamente o sistema de furto psíquico
dentro do qual se sustentam junto às comunidades da Terra". A Doutrina Espírita
ressalta a importância do equilíbrio mental, de forma a não se colocar em sintonia com
essas forças do mal e também visando não alimentar a manutenção das trevas por meio
do fornecimento desse alimento psíquico, a que se refere André Luiz.

De acordo com informações espirituais passadas à autora por benfeitores, no presente


momento, essas entidades resistem com todas as forças ao progresso anunciado por
Kardec, em que o planeta Terra passaria à condição de mundo de regeneração e no qual
um novo ciclo de evolução se estabeleceria. Essas mentes desequilibradas e
enquistadas no mal não teriam mais condições de permanecer aqui e seriam
encaminhadas a lugares da espiritualidade compatíveis com essa condição evolutiva.

Os benfeitores afirmam, ainda, que outras formas de obsessão são praticadas,


principalmente com crianças, que tendo à disposição videogames, histórias em
quadrinhos e brinquedos violentos, entrariam em sintonia com mentes desequilibradas,
porém inteligentes, que se aproveitariam da falta de valores morais consolidados nessa
fase, criando viciações e dependências e despertando potencialidades que deveriam ser
encaminhadas de forma positiva. Sem a maturidade necessária e sem a presença de pais
atentos e preparados espiritualmente, tornar-se-iam presas fáceis desses obsessores,
produzindo o alimento psíquico de que necessitam nas trevas.

Doenças Mentais e Orgânicas

Quando se fala de problemas mentais, doenças mentais ou distonias mentais, é difícil


encontrarmos quadros clínicos bem delineados, uma vez que os sintomas se mesclam,
tornando o processo de diagnóstico algo complexo.

As obras de André Luiz abordam diversas vezes a questão da saúde mental e orgânica,
associando ambas a aspectos espirituais. Como exemplo, temos a seguinte passagem:
"Com exceção de raríssimos casos, todas as anomalias de ordem mental se derivam dos
desequilíbrios da alma. Se os psiquiatras modernos penetrassem o segredo de
semelhantes fatos, iniciariam a aplicação de nova terapêutica à base de sentimentos
cristãos, antes de qualquer recurso".

Esta é uma das muitas referências que André Luiz faz à necessidade de religiosidade e
fé como forma de conscientização e de mudança de atitude perante a vida. Como se vê
no trecho anterior, a ênfase é no sentido de entendermos que os problemas mentais,
aprofundados de maneira específica, decorrem da forma que o Homem vivência as suas
emoções e sensações. O orgulho, o egoísmo, a avareza, a luxúria, a maledicência e
outros tantos quadros de desarmonia emocional e afetiva, ainda no seu processo de
humanização, refletem a falta de entendimento do significado da sua existência.

Para André Luiz, "faltam, pois, às teorias de Freud e seus continuadores, a noção dos
princípios reencarnacionistas o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios
nervosos, cujo início muito raramente se verifica no campo biológico vulgar, mas quase
que invariavelmente no corpo perispiritual preexistente, portador de sérias perturbações
congênitas, em virtude das deficiências de natureza moral, uiltivadas com desvairado
apego pelo reencarnante nas existências transcorridas".

Ele continua fazendo uma avaliação da teoria psicanalítica de Freud, principalmente em


relação ao complexo de inferioridade, o recalque e a libido, e arremata dizendo que estas
são emersões do subconsciente e não fatores adquiridos no curto espaço de uma
existência material; são características da personalidade por meio das reencarnações
anteriores. Para ele, "as psicoses do sexo, as tendências inatas à delinquência, tão bem
estudadas por Lombroso, os desejos extravagantes, a excentricidade, muita vez
lamentável e perigosa, representam modalidades do patrimônio espiritual dos enfermos,
patrimônio que ressurge, de muito longe, em virtude da ignorância ou do relaxamento
voluntário da personalidade em círculos desarmônicos".

Para que as tendências inatas, a que se refere André Luiz, pudessem se manifestar em
uma determinada reencarnação, seria necessário que os moldes de uma sexualidade em
desequilíbrio caminhassem pela estrutura genético-hereditária de membros
consanguíneos de uma família, levando adiante o leque de possibilidades de destino,
para que as escolhas, em algum momento, surgissem diante do indivíduo. Seria diante
dessas condições que o indivíduo, longe de uma imposição genética, mas fortemente
sinalizado por ela, expressaria seu passado, pedindo reparação a partir de tendências
que em um processo de conscientização deveriam ser transformadas em qualidades.

Em várias obras, essa é a tese que André Luiz levanta e argumenta. Portanto, as
tendências inatas são o ponto de partida para que o indivíduo faça escolhas conscientes
e realize o livre--arbítrio, meta máxima da evolução. Ressalta que Freud foi um grande
missionário da Ciência, mas que, como todos, teve ele as suas limitações e, apesar de
ter feito muito, não chegou a mais profundas indagações na área psíquica.

André Luiz comenta que, nos traumas cerebrais da cólera e do colapso nervoso, da
epilepsia e da esquizofrenia, como em tantas outras condições anômalas da
personalidade, vamos encontrar fermentações no campo das células, em caráter de
energias degeneradas, que correspondem às turvaçóes mentais que as provocam. Faz
uma analogia com esse processo celular, porém de forma positiva, dando como exemplo
a religiosidade nascida na intimidade das células a partir de impulsos determinantes da
mente.

A terapêutica adequada para os diversos distúrbios da personalidade é o conhecimento


superior, gravado na própria alma, traçando novos caminhos à energia criadora do sexo.
Para André Luiz, é fundamental oferecer o remédio do conhecimento das causas
espirituais, da oração e da fé. Essas seriam as condições motivadoras de um processo
de reforma íntima. Uma vez que a doença reflete um estado moral e psíquico a ser
corrigido, é no conhecimento em uma melhor administração das emoções que o homem
encontrará a harmonia espiritual a se refletir na boa saúde.

A grande ênfase de André Luiz, com relação à saúde humana, decorre da convicção
espírita de que o corpo é patrimônio divino. Seu alerta é para que os profissionais
tenham cuidado e responsabilidade na utilização de seus títulos e que o padrão de
tratamento a ser praticado tome por base o modelo de Jesus: socorro ao corpo e fé para
a alma.

Destino ou Objetivo da Reencarnação

Pelo que vimos até o presente, na Doutrina Espírita o conceito de destino está
intimamente associado ao objetivo da reencarnação e é fruto de uma relação de causa e
efeito, ou seja, em função das atitudes do passado, positivas ou negativas, é que serão
selecionados os pontos básicos de aprendizado. O sofrimento surge, muitas vezes,
como forma máxima de sensibilização do espírito reencarnante.

Nas obras de André Luiz que pesquisamos, não surge em momento algum o conceito de
punição, mas de reparação.

Percebe-se o esforço para despertar nos Espíritos encarnados e desencarnados a


consciência a respeito de ações negativas do seu passado. Por vezes, é essa
consciência que leva o Espírito reencarnante a escolher provas, seja na condição de
doenças físicas ou de situações difíceis. Vale lembrar que o objetivo dessas escolhas
não é puramente sofrer, mas entender um processo de maneira vivenciada. O recurso do
sofrimento surge após outras tentativas de sensibilização por parte dos Espíritos
benfeitores em relação ao reencarnante. Alguns renascimentos ocorrem de maneira
compulsória pela dificuldade de a entidade participar do seu processo tanto por
desequilíbrio energético-vibratório, por exemplo, após um suicídio, no qual o corpo
espiritual tornou--se altamente desarmônico, como por estar muito no início da
evolução, por exemplo, alguns povos primitivos, ou mesmo entidades extremamente
resistentes à transformação e ao reconhecimento dos seus erros. "A ninguém devemos
o destino senão a nós próprios."'

"O destino é a soma de nossos próprios atos, com resultados certos. Devemos sempre a
nós mesmos as situações em que se nos enquadra a existência, porquanto recolhemos
da vida exatamente o que lhe damos de nós."

Livre-arbítrio

Dessa maneira, sempre visando ao crescimento espiritual e entendendo que a evolução


só pode ser avaliada em termos morais, o planejamento da reencarnação funcionará
como um destino, no qual o indivíduo já exerceu seu livre-arbítrio a escolha das
situações e das provas que resultarão em uma faixa vibratória, atraindo situações e
pessoas necessárias ao seu reajuste e crescimento.

Segundo Kardec, "o livre-arbítrio existe no estado de Espírito", ou seja, antes da


reencarnação, no período chamado intermissão.

Fica mais fácil entendermos que o conceito de livre-arbítrio pressupõe amplo


conhecimento de causas, efeitos e regras, somente possíveis no estado em que o
Espírito, sem a restrição do cérebro material, atua com a mente em estado expandido,
portanto, com maior número de informações, orientando a escolha das provas ou tarefas
a serem exercidas durante a reencarnação.

Essas escolhas surgirão na existência do Homem, seja como prova, expiação ou missão,
sob forma de tendências. Vai depender de sua vontade ceder ou não a essas tendências.
Esse é o conceito de fatalidade para a Doutrina Espírita: "acontecimentos que se
apresentam ao Homem como consequência de existência feita pelo Espírito".

A qualquer momento podemos fazer alterações em nosso projeto reencarnatório, ou


destino, tanto no sentido de mudar--Ihe a rota positivamente quanto de dar-lhe um
caminho de desequilíbrio. De toda forma, essas mudanças serão a execução ou não do
que já havia sido escolhido na época do livre-arbítrio mais pleno. Assim, "qualquer dia é
dia de criar destino ou reconstituir destino, de vez que somos todos consciências
responsáveis".

Uma analogia interessante: como a planta que está contida no embrião, assim o destino
está guardado na mente a cada nova existência. Na planta, porém, o princípio inteligente
faz uma caminhada lenta, enquanto a alma humana, por ter uma consciência aflorada,
tem condições de influir na genética de acordo com as suas escolhas e disposições
mentais. A mente contém os acontecimentos passados e futuros e a consciência do
Homem, expressando vontade, discernimento, conhecimento, razão, juntamente com a
responsabilidade, pode realizar escolhas, atuando sobre as forças do destino. De acordo
com suas escolhas, poderá acentuar ou abreviar a sua condição espiritual.

Como vemos, a Doutrina Espírita enfatiza a questão da hereditariedade, mas Emmanuel


alerta que não há uma exaltação do determinismo absoluto, uma vez que ninguém pode
suprimir o livre-arbítrio de cada um. Para ele, esse determinismo é relativo e o indivíduo
tem condições de realizar escolhas, buscando caminhos "para as mais altas formas de
emoção e pensamento, na conquista da liberdade suprema".

Para André Luiz, existe uma hereditariedade compulsória, mas relativa, em condições de
sinalizar às mentes mais atentas um roteiro de aprendizado e evolução. Para os
espíritas, a criatura de Deus está constantemente assistida e orientada, devendo, no
entanto, a partir de algum momento, participar ativamente do seu processo de
crescimento espiritual.

Tempo

Por tempo, entendemos o período de permanência na matéria, ou tempo de vida. E'


necessário levar em conta todos os fatores biológicos, sociais, morais, econômicos para
que a questão do tempo seja definida na execução do projeto. A observação das
especificações do corpo físico, embora este seja bastante resistente, também terão um
peso, uma vez que, de fato, alimentação, bebida, dependências químicas, poluição,
irritabilidade etc. terão influência no período de tempo reencarnatório, ou seja, da
existência.

André Luiz descreve modelos ou maquetes de formas orgânicas específicas para cada
Espírito reencarnante e, em Missionários da Luz, nos deparamos com uma entidade
perguntando aos orientadores sobre qual seria a média de tempo conferida à sua futura
forma física.

Encontramos, ainda, referências à questão do tempo de existência material em Sexo e


Destino, quando André Luiz comenta que "há planos prefixados e ocasiões previstas
com relativa exatidão para o deperecimento do veículo físico; no entanto, os
interessados costumam alterá-los, seja melhorando ou piorando a própria situação.
Tempo é comparável a crédito que um estabelecimento bancário empresta ou retira,
segundo as atitudes e diretrizes do devedor".

Corpo Espiritual ou Perispírito

O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É o órgão


sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos
sentido» corpóreos.

O perispírito, corpo espiritual ou psicossoma, representam a maior conquista dos


Espíritos reencarnados na Terra no que concerne às formas. Para os mais esclarecidos
espiritualmente, já iluminados, é a ponte para a vida eterna; para os que iniciam a
evolução, é fator de restrição indispensável e justa, segundo André Luiz.

Para Kardec, "o perispírito, ou corpo fluídico é um dos mais importantes produtos do
fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou
alma".

Descrevendo o perispírito, que ele chama de corpo espiritual, André Luiz assim se
expressa: "É preciso considerar antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico,
porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo
espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação. Do ponto de vista da
constituição e função em que se caracteriza na esfera imediata ao trabalho do Homem,
após a sua morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura
eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos,
de acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja".

O perispírito, enquanto envoltório do Espírito, mantém a mesma identidade essencial,


porém sofre alterações de estimulo com as necessidades específicas de cada
renascimento; portanto, é adaptado às novas exigências. Por ser extremamente plástico,
registra os reflexos de mudanças alimentares, novos hábitos e mesmo alterações
mentais e emocionais.

André Luiz ressalta que "os cromossomos permanecem Imorredouros, através dos
centros genésicos de todos os seres, encarnados e desencarnados, plasmando
alicerces preciosos dos estudos filogenéticos do futuro". No corpo espiritual estão
localizados os vários centros de força, funcionando como Instrumentos de adequação
energética entre duas dimensões vizinhas, sendo responsáveis por órgãos de uma
determinada região do corpo físico. O centro genésico é um desses centros, situado no
perispírito, atuando sobre os órgãos genitais do corpo físico. O citoplasma é o ponto de
encontro entre as forças físicas e espirituais do Espírito encarnado. Ressaltamos a
importância que os Espíritos Superiores atribuem ao citoplasma. Para André Luiz, as
mitocôndrias localizadas no litoplasma são locais onde se acumulam energias
espirituais e, através deles, a mente transmite ao corpo físico, durante o período da
reencarnação, os seus estados felizes ou infelizes. Dessa maneira, a mente poderá
ajudar ou perturbar o equilíbrio biológico-orgânico.

Retornando ao nosso exemplo, para ser ligado à matéria no momento da concepção, o


perispírito de Segismundo precisaria passar por alterações, por um processo de
miniaturização, porém mantendo todos os seus registros de vidas passadas e
sinalizações futuras. Ressaltando que a presença dos benfeitores não seria necessária
no momento da união celular, uma vez que a fecundação do óvulo somente se verifica
algumas horas depois do relacionamento físico, André Luiz esclarece que o momento de
ligação é muito importante e que a modelagem fetal e o desenvolvimento do embrião
obedecem a leis físicas naturais. A modelagem fetal e o desenvolvimento do embrião
são dirigidos pelo perispírito que funciona como um molde.

"O perispírito não é um corpo de vaga neblina, e sim organização viva a que se amoldam
as células materiais."

Podemos entender que os fatores determinantes da futura forma física de Segismundo


serão o resultado de uma "forma preexistente, ou mais propriamente, o 'uniforme
humano'. Os contornos e minúcias anatômicas vão se desenvolver de acordo com os
princípios de equilíbrio e com a lei da hereditariedade. Dependerá dos cromossomos
paternos e maternos; adicione-se, porém, a esse fator primordial, a influência dos
moldes mentais de Raquel, a atuação do próprio interessado, o concurso dos Espíritos
Construtores, o auxílio afetuoso das entidades amigas que visitarão constantemente o
reencarnante, nos meses de formação do novo corpo". Podemos, assim, ter uma idéia
do que significa o processo de elaboração do corpo físico que, para os espíritas,
conforme já dissemos, é tido como templo da alma, dádiva da Superior Autoridade de
Deus, servindo de oportunidade para o reinício da evolução por intermédio das diversas
reencarnações.

A ciência convencional é pouco específica com relação ao regime de imensa


diferenciação de células e funções a partir da fusão dos gametas. Como exemplo, temos
o neurônio (uma célula do cérebro) que é completamente diferente de um hepatócito
(uma das células do fígado), ou seja, a partir das mesmas células que geram a vida
material, há uma diferenciação que a ciência convencional não explica como acontece.

André Luiz sugere que esse processo de diferenciação, como vimos, ainda não
explicado completamente pela ciência, é de fato comandado pelo próprio Espírito que,
por sua mente, interfere nas relações vibratórias de energia entre os átomos, moléculas
etc., determinando as características do corpo que deverá expressar as suas
necessidades evolutivas.

Antes da miniaturização do perispírito, o Espírito grava todos os detalhes de sua futura


forma física e, auxiliado pelos benfeitores, por meio de passes magnéticos e
orientações, passa a exibir a forma de um bebê. Esse trabalho é todo executado com a
observação dos mapas cromossômicos, nos quais "todos os genes poderão ser
localizados com normalidade absoluta". Esse pequeno corpo espiritual é ligado ao
perispírito da mãe.

André Luiz apresenta ainda mais detalhes, afirmando que, após a união física dos
cônjuges, enquanto os gametas masculinos correm para fecundar o óvulo, o processo
de miniaturização do perispírito da entidade reencarnante é intensificado e, pelo auxílio
de um benfeitor especializado, o espermatozoide mais apto é identificado e auxiliado
magneticamente não só para atingir o óvulo, mas até que alcance o núcleo da célula
feminina, em uma operação de quatro minutos, mantendo-se, inclusive, no serviço de
divisão da cromatina. A partir daí, aquele microscópico globo de luz, impregnado de
vida, começa a movimentar-se. Está feita a ligação. A seguir, esclarece que "o
organismo material fornecerá todo o alimento para a organização básica do aparelho
físico, enquanto a forma reduzida de Segismundo, como vigoroso modelo, atuará como
ímã entre limalhas de ferro, dando forma consistente à sua futura manifestação no
cenário da crosta".

André Luiz descreve o processo de fecundação da seguinte forma: "Segundo depreendi,


ele (Alexandre) podia ver as disposições cromossômicas de todos os princípios
masculinos em movimento, depois de haver observado atentamente o futuro óvulo
materno, presidindo ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a organizar-
se. Após acompanhar a marcha dos minúsculos competidores, que constituíam a
substância fecundante, identificou o mais apto, fixando nele o seu potencial magnético,
dando-me a idéia de que o ajudava a desembaraçar-se dos companheiros para que fosse
o primeiro a penetrar a pequenina bolsa maternal".

Para entender o que André Luiz descreve, vamos recorrer a Hernâni Guimarães Andrade,
que é considerado o maior pesquisador do Espiritismo científico, e cuja obra Espírito,
perispírito e alma é reconhecida como um clássico desse segmento doutrinário. Para
ele, nos homens há uma função paranormal que se manifesta de duas formas: uma é a
percepção extrassensorial, comumente designada Extrasensory Perception (ESP), que é
uma função do corpo espiritual ou perispírito por intermédio do qual o Homem
"responde a qualquer estímulo externo sem o uso dos sentidos". A outra função é a
psicocinesia, ou seja, o homem, ao desejar um efeito, provoca a sua ocorrência. A
matéria obedece ao comando da mente.

Segundo informações dos Benfeitores Espirituais, a psicocinesia é um recurso


largamente utilizado pelos espíritos desencarnados. Para Alexandre, não deve ter sido
difícil utilizar-se desses meios para descobrir o espermatozoide mais adequado a
reencarnação de Segismundo e exercer sobre ele o estímulo que o levaria a chegar em
primeiro lugar na fecundação do óvulo de Raquel. De toda forma, pesquisas científicas
recentes mostram que é possível que a mulher, inconscientemente, colabore na escolha
do espermatozoide de que necessita para a fecundação de seu óvulo, abrindo-se para
facilitar a sua entrada. A clarividência e a psicocinesia devem ter sido os recursos
utilizados por Alexandre, no caso de Segismundo.

Podemos encontrar na literatura espírita inúmeras referências ao corpo espiritual,


psicossoma ou perispírito. Na qualidade de modelador e organizador da forma física,
guardando o passado do Espírito, traz também sinais que se constituirão em
predisposições a doenças físicas e mentais.

Como exemplo, temos o caso relatado no livro No Mundo Maior, de um rapaz encarnado,
com diagnóstico de epilepsia, ainda com convulsões durante o sono, fazendo tratamento
espiritual por passes, descrito da seguinte forma: "Perseveram ainda as recordações, os
remanescentes dos dramas vividos no passado, aflorando sob forma de fenômenos
epileptoides, as ações reflexas da alma que emergem de vasto e intrincado túnel de
sombras e que tornam, em definitivo, ao império da luz". As causas apontadas são
excesso de paixões e de autoridade em existência anterior, desequilibrando centros
perispiríticos que trouxeram consequências para a existência em curso.

A importância da Fé

Religião e fé sempre andaram juntas. No entanto, podem ser vivenciadas


separadamente. Uma das tendências modernas, segundo palestra do Dr. Peter Clarke, é
a religiosidade sem culto específico obrigatório. Por vezes, encontramos pessoas
dotadas de fé que a refletem numa posição de serenidade e compartilhamento diante da
vida, sem uma religião, porém imbuídas de religiosidade. É certo que a religiosidade é
algo inato, sem contornos externos, já refletindo um sentimento de adoração próprio do
ser humano desde o início de sua jornada evolutiva.
De certa forma, é isso que André Luiz enfatiza quando diz que "o espiritualismo, nos
tempos modernos, não pode restringir Deus entre as paredes de um templo na Terra,
porque a nossa missão essencial é a converter toda a Terra no templo augusto de Deus.

Para ele, "a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando
ao homem diretrizes à nutrição psíquica .

Para esse representante do Espiritismo, a falta de preparação religiosa é motivo de


grandes e dolorosas perturbações para o ser humano.

Seria necessária uma formação religiosa desde os primeiros anos de vida, no sentido de
conscientizar o indivíduo da sua natureza espiritual, independente da abordagem
religiosa adotada.

Segundo os espíritas, para o Homem, faria grande diferença o conhecimento da Lei de


Causa e Efeito, da reencarnação e da solidariedade social, uma vez que "o trabalho
salvacionista não é exclusividade da religião: constitui ministério comum a todos,
porque virá o dia em que o Homem há de reconhecer a Divina Presença em toda parte. A
realização que nos compete não se filia ao particularismo: é obra genérica para a
coletividade, esforço do servidor honesto e sincero, interessado no bem de todos".

Outro aspecto levantado por André Luiz é que a ciência está se estruturando como uma
grande árvore, se ramificando em teorias e raciocínios, frutos de inteligências
encarnadas. Enquanto isso, a Religião, com inúmeras subdivisões, refletindo as
divergências entre os vários setores religiosos, de certa forma definha, não chega a
cumprir a sua missão. Para a ciência, o mais importante é o valor intelectual, enquanto o
problema religioso encontra maiores obstáculos, porque pressupõe reforma íntima,
persistência e vocação para a renuncia.
Conforme vimos anteriormente, André Luiz enfatiza a importância de uma terapêutica
que tenha por base os ensinamentos cristãos.

Com relação à fé, mais especificamente, esta surge como a solução maior. Diante de um
caso de epilepsia, André Luiz sugere que "o remédio mais eficaz consiste na fé positiva,
na autoconfiança, no trabalho digno, em pensamentos enobrecedores". Quando aborda
esse caso, mostra o caminho de conquista que significa ter fé, ou seja, confiança
absoluta em Deus e aceitação dos acontecimentos, não na condição de punição, mas de
aprendizado constante. Em várias citações, encontramos que a maior conquista é o
Homem descobrir que é filho de um Pai amoroso e presente que lhe criou um mundo de
conforto e progresso. No entanto, caminhar é aprendizado que cada um deve realizar;
mais que isso, não existe caminhada solitária e ser solidário é o maior desafio de
irmandade que o Homem pode encontrar.

Encontramos referências à fé em praticamente todas as obras de André Luiz e sempre


vinculada ao trabalho de ajuda ao próximo. A cada afirmativa sobre a fé, encontramos a
necessidade de obras. E fé, para a Doutrina Espírita, é conquista pessoal que não pode
ser transferida a outra pessoa.
Continuando em seus comentários sobre a fé, André Luiz expressa um sentimento que é
característico dos espíritas, para quem a existência material é uma oportunidade imensa
de autoconhecimento e de evolução. "Por essa razão, ensinamos a necessidade da fé
religiosa entre as criaturas humanas. Pretendemos criar um estado positivo, otimismo e
ânimo sadio na mente de cada companheiro encarnado. Até agora, apenas a fé pode
proporcionar essa realização. As ciências e as filosofias preparam o campo; entretanto,
a fé, que vence a morte, é a semente vital." A Fé não constitui uma afirmativa de lábios
nem uma adesão de ordem estatística.

Um grande alerta de André Luiz é em relação aos "títulos de fé" (ou seja, pessoas que
são tidas como representantes ou exemplos de uma religião), dos quais não podemos
fugir sem sérias consequências que sinalizam deveres de melhoria e não meras
palavras, utilizadas para encobrir os nossos defeitos e as nossas fraquezas. Certamente,
não podemos fugir do compromisso que o título significa. Quando se adota uma
determinada posição, ela passa a representar responsabilidade com relação a uma
tarefa.

No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma


certa tensão favorável. Essa tensão decorre da fé. André Luiz não se refere ao fanatismo
religioso ou à cegueira da ignorância, mas, sim, à certeza, ao respeito e submissão às
Leis Divinas.

Poucas pessoas entendem que a fé é uma bênção, que pode ser aumentada
indefinidamente, e fogem das oportunidades de trabalho que poderiam ser instrumentos
de conservação, de consolidação e de crescimento desse dom.

André Luiz acredita que "a ciência avançará, desvendando segredos do Universo,
resolvendo problemas e suscitando desafios novos à sua capacidade de investigação;
no entanto, a fé sustentará o homem nas realizações e provas que é chamado a
atravessar".

Pelo que podemos entender, a fé surge não só como bálsamo momentâneo diante de
situação de dor, mas como fator de motivação na busca de níveis mais espiritualizados.
Essa motivação não é fruto de uma fé cega, mas daquela que o uso de atributos de
conquista, os quais refletem a própria evolução, ou seja, a fé raciocinada tão apregoada
pelos espíritas.

Oração

Orar pressupõe entrar em contato com uma Mente Superior, em uma relação de
proximidade e de confiança. Até o presente momento, os autores citados enfatizam a
importância dos estados mentais de equilíbrio ou de desequilíbrio. Certamente, como diz
Emmanuel, "orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo,
absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam
os fundamentos da vida. Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio entre
a Terra e o Céu".

Em várias obras, André Luiz comenta a importância da oração e do estado mental do


indivíduo no momento da oração, descrevendo que o corpo espiritual e, principalmente,
o cérebro se iluminam. Com mente "sintonizada" em uma faixa positiva de alta energia, o
Homem poderá revitalizar-se, abrir canais de recepção intuitiva, receber ajuda dos
benfeitores e, como vimos anteriormente, o pensamento, resultado da mente, circula no
corpo espiritual em circuito fechado, permitindo melhores condições físicas e mentais.

"O trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos
encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas súplica.
E' comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo
magnético que conhecemos."
Para a Doutrina Espírita, a oração mais frequente é o Pai--Nosso, sendo também
utilizadas as orações espontâneas. Todas as reuniões espíritas começam e terminam
com um momento de oração, o qual, preferentemente, é espontâneo.

Avaliação da Reencarnação

Ao voltar para o Plano Espiritual, após a morte do corpo físico, o Espírito é levado a
fazer uma avaliação do período em que esteve reencarnado. Dificilmente consegue-se
realizar o projeto reencarnatório de maneira totalmente satisfatória, carregando a
entidade culpas conscientes e inconscientes, que se transformam em imagens mentais
que serão projetadas, se não foram bem elaboradas no período de intermissão, ou seja,
entre uma reencarnação e outra, não só influenciando a futura forma física, como
transformando-se em animismo, ou seja, herança de si mesmo.

Por acreditar em evolução espiritual, o Espiritismo não aceita o conceito de penas


eternas e, sim, de um momento mais traumático e de maior resistência aos pontos da
personalidade que precisam de profundas transformações. Por vezes, o termo "regiões
infernais" é utilizado para descrevei alguma situação. Mas, de fato, os espíritas não
acreditam no inferno. Ao contrário, entendem que os Espíritos, no início da evolução, da
mesma forma que as crianças, cometem muitos erros e enganos, necessitando,
portanto, de novas oportunidades de aprendizado, porém sinalizadas de forma a apontar
caminhos de reparação. Quando surge a referência a "regiões infernais", não se trata do
mesmo conceito apresentado por outras religiões, mas de região de grande sofrimento
onde Espíritos que lá estagiam são constantemente socorridos e incentivados à
reparação de seus atos de grande desequilíbrio cometidos no passado de suas
existências.

No próximo tópico, enfocaremos a pesquisa de Hernâni Guimarães Andrade sobre o


Modelo Organizador Biológico.

Ercilia Zilli

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