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INATEL – Instituto Nacional de Telecomunicações

HUMANIDADES
CIÊNCIAS SOCIAIS
CIDADANIA

HOO3

Prof. CAIO NELSON VONO DE AZEVEDO


SANTA RITA DO SAPUCAÍ-MG, 2019.
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Conteúdo Programático

HUMANIDADES
1- Filosofia e o conhecimento
2- Ética – Conceituação e as concepções mais importantes
3- Ética Profissional e Regulamentação
4- A pós-modernidade e suas utopias e distopias

CIÊNCIAS SOCIAIS
5- Noções de Direito

CIDADANIA
6- Ética e Cidadania na sociedade tecnológica
7- Política e Cidadania
8- Educação das relações étnico -raciais
9- História e cultura afro-brasileira e indígena
10- Questões da atualidade
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HUMANIDADES
1- FILOSOFIA E O CONHECIMENTO

Filosofia é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e


consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao
conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à
linguagem.
Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem
uma visão pragmática, movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da
realidade. Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia
é intrínseca à condição humana; não é um conhecimento, mas uma atitude
natural do homem em relação ao universo e seu próprio ser.
A filosofia foca questões da existência humana, mas diferentemente da
religião, não é baseada na revelação divina ou na fé, e sim na razão. Desta
forma, a filosofia pode ser definida como a análise racional do significado da
existência humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do
ser.

2- ÉTICA – CONCEITUAÇÃO E AS CONCEPÇÕES MAIS IMPORTANTES

ÉTICA

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos


morais. O termo deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa).
Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta
humana na sociedade. A Ética serve para que haja um equilíbrio e bom
funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste
sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social.
A Ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos
e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.

ÉTICA E MORAL

São temas relacionados, mas são diferentes, porque Moral se


fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais,
hierárquicos ou religiosos e a Ética busca fundamentar o modo de viver pelo
pensamento humano.
A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existe há
muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo
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que Ética vem do grego ethos, que significa modo de ser, e Moral tem sua
origem no latim, que vem de mores, significando costumes. Esta confusão
pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é
um conjunto de normas não escritas que regulam o comportamento do
homem em sociedade e estas normas são adquiridas pela educação, pela
tradição e pelo cotidiano. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a Ética significa um conjunto de valores que orientam o
comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em
que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social, ou seja, Ética é a forma
que o homem deve se comportar no seu meio social. Assim, Ética é uma
espécie de legislação do comportamento moral das pessoas.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência
moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo
realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é,
surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido
com Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as
normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou
hábito, mas principalmente por convicção e inteligência.
A Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente
prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas,
pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um
traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade
de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas
ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias e,
desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou
daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já
estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo
comportamento sofrerá um julgamento. A diferença prática entre Moral e
Ética é que esta é o juiz das morais. Mas a função fundamental é a mesma de
toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.

O comportamento humano sofre a influência dos seguintes fatores:


TEMPERAMENTO – São as tendências psicológicas primitivas, que decorrem
também de nossa constituição biológica, do sistema nervoso, glandular,
circulatório, respiratório etc.
CARÁTER – São as mesmas tendências temperamentais, modificadas pelo
meio, pela educação, pela cultura e pelo esforço pessoal de cada um.
INTELIGÊNCIA – É a capacidade que nos distingue dos seres irracionais e que
nos permite adaptar-nos às circunstâncias novas.

3- ÉTICA PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO

A Ética em ambientes específicos: Além dos princípios gerais que


norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados
grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética
profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética esportiva,
ética jornalística, ética política etc.
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Códigos de Ética: Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios


códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa
científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os
princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de
pesquisas biológicas é denominada bioética.
Antiética: Um indivíduo que não segue a ética da sociedade à qual pertence é
chamado de antiético, assim como o ato praticado.

4- A PÓS-MODERNIDADE E SUAS UTOPIAS E DISTOPIAS

UTOPIA

Lugar ou Estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os


indivíduos. Qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal,
fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas
verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade.
Utopia tem como significado mais comum a ideia de civilização ideal,
imaginária, fantástica, contudo irrealizável. Pode referir-se a uma cidade ou a
um mundo, sendo possível tanto no futuro, quanto no presente, porém em um
paralelo. Pode também ser utilizado para definir um sonho ainda não realizado.
Uma fantasia, uma esperança muito forte. A palavra foi criada a partir
do grego: u (prefixo de negação) e tópos (lugar), portanto, o "não-lugar" ou
"lugar que não existe".
Utopia é um termo inventado pelo inglês Thomas More (Morus, em
Latim), que serviu de título para sua principal obra escrita em Latim por volta
de 1516. Segundo a versão de vários historiadores, Morus se fascinou pelas
narrações extraordinárias do navegador português Rafael Hitlodeu que
navegara com Américo Vespúcio nas suas últimas viagens e ficara no litoral da
América enquanto Vespúcio regressava à Europa. Aí conhecera múltiplas
regiões e visitara uma ilha cuja situação geográfica Rafael não mencionou, que
conhecera com todos os pormenores: a organização política, social, como se
organizavam as famílias, a divisão dos trabalhos, as cidades, a alimentação, a
saúde etc. Nessa ilha imaginária todos viviam felizes, não desejavam mais do
que tinham, pois cada um tinha o que necessitava; praticavam as virtudes da
temperança e da moderação.

DISTOPIA

Em Filosofia, através da mesma raiz etimológica surge o termo distopia


(ou antiutopia) como o oposto de utopia. A distopia é um pensamento
filosófico que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou
por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida
insuportáveis aos indivíduos. Normalmente tem como base a realidade da
sociedade atual idealizada em condições extremas no futuro, consistindo isso
numa sociedade distópica, brutalmente constrangida por um regime
totalitarista.
Alguns traços característicos da sociedade distópica são: poder político
totalitário, mantido por uma minoria; privação extrema e desespero de um povo
que tende a se tornar corruptível.
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Totalitarismo é o regime político no qual a totalidade dos poderes


pertence ao Estado, opondo-se ao regime democrático, no qual todo poder
emana do povo e em seu nome é exercido.

CIÊNCIAS SOCIAIS

5- NOÇÕES DE DIREITO

A Sociedade Humana e suas Instituições

Denominam-se Instituições o entrelaçamento de práticas sociais


convencionais, articuladas em duradouro complexo de relações, costumes,
sentimentos e atrações através do qual se exercem controles sociais e se
satisfazem necessidades e desejos das pessoas conviventes.

Equipamentos > objetos de que se serve (casas, edifícios, palácios etc.)

Instituições

Ritual > estilos, práticas, através dos quais ela realiza suas funções
(solenidades, juramentos, roupagem, condecorações etc.)

Sociedade humana:

a) Família (primeira instituição nomeada)

Mecanismo de reprodução biológica no qual as relações sexuais são


socialmente aprovadas, atendendo também a funções educativas, éticas e
econômicas.
Relações sexuais aprovadas não podem ser confundidas com relações
sexuais toleradas. Homem e mulher não se acasalam; casam-se.
Núcleo familiar (comunidade) > família patriarcal (sociedade).

Quanto ao casamento, tradicionalmente a família pode ser:

1) monogâmica (uma pessoa com outra de outro sexo)

poligênica (H + diversas mulheres)


2) poligâmica (uma pessoa com outras de outro sexo)
poliândrica (M+ diversos .homens)

Como excessão, podemos citar o matriarcado do povo moso, onde não existem pais nem
maridos. Situa-se à beira do lago Lugu, no sudeste da China. A propriedade privada e o nome
de família são passados de mãe para filhos. Não existe casamento e as mulheres têm múltiplos
parceiros. Os filhos se ligam apenas à família da mãe.
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b) Propriedade

A sociedade não anula o indivíduo, mas amolda-o. A sociedade torna os


indivíduos semelhantes, embora eles sejam unitariamente diversos. A
propriedade, pela sua natureza de instituição econômica, relaciona-se
diretamente com o domínio, a exploração, o uso e o gozo dos bens produzidos
pelo trabalho associado dos homens. Todo o sistema social e político
dependem da posição legal da propriedade. Atribuir a propriedade, usufruir a
propriedade constituem problemas em torno dos quais a opção política se
processa.

Posse (detenção do bem)


Propriedade
Domínio (titularidade sobre o bem)

c) Estado

A palavra status (estado, condição) designava no Direito Romano a


situação do indivíduo na sociedade, ou seja, sua personalidade jurídica.
No sentido político, a palavra stato (Estado) apareceu primeiramente na Itália,
no começo do século XVI. O uso da palavra como termo genérico para
designar a estrutura política foi fixado por Maquiavel.
Na Renascença, aparece o espírito político moderno; surge o Estado
como uma criação calculada. O primeiro Estado moderno foi Florença, na Itália
(Toscana). A verdade é que o conceito atual do Estado não pode aplicar-se aos
tempos passados.
Na Idade Média, as funções características do Estado moderno
achavam-se espalhadas pela Igreja, nobreza territorial e as cidades com seus
privilégios. A concessão desses atributos e imunidades a tantos órgãos e
pessoas impedia que um poder unitário preponderante surgisse. Na idade
Média, os meios administrativos, fossem de caráter econômico, militar ou
judicial – produtos naturais, edifícios, dinheiro, armas, cavalos – pertenciam a
pessoas privadas.
A evolução que se realiza é no sentido de converter em propriedade
pública aquela propriedade particular, de modo que o poder de mando,
pertencente até então a titulares individuais, passe a pertencer primeiro ao
príncipe (monarca) absoluto e, finalmente, ao Estado.
A consolidação do Estado moderno ocorre com a decretação de
impostos com caráter geral. Nisto estava a base da formação do patrimônio do
Estado, diferente, pela sua natureza, do patrimônio dos senhores ou das
corporações. Assim, o surgimento do Estado reside, antes de tudo, na
necessidade socialmente experimentada de que exista um órgão de comando
e ação para defender e liderar a ordem pública, isto é, a ordem indispensável à
convivência numa sociedade de seres humanos e de bens produzidos pelo
trabalho associado desses seres.
O Direito sempre caminha atrás da realidade, apreendendo-a para
conformá-la aos padrões éticos, morais e sociais. Inevitavelmente, suporta
modificações na mesma proporção em que os sucessivos quadros econômicos
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se transformam, sempre buscando a adequação da sociedade, sua melhor


convivência, embora cada sistema possa usar métodos diversos.
A principal fonte do Direito é o Estado e cada Estado tem o seu
próprio Direito, alinhado com os sistemas do Direito escrito, codificado (Direito
Romano) ou o Direito do caso (sistema anglo-saxônico ou Common Law).
A ordem jurídica que se ora estuda, recebe informação de interferência
de ordens de outra natureza, pois a condução social deve ser vista
permanentemente como um todo. A ordem jurídica, ou seja, o direito positivo,
identifica-se com o conjunto de normas em vigor num Estado. Sob esse prisma,
a ordem jurídica confunde-se com o sistema jurídico. O sistema é mais amplo
do que o ordenamento jurídico positivo de um Estado, pois, inclui também as
normas consuetudinárias, a jurisprudência, os princípios gerais.
Atualmente, temos a seguinte divisão do Direito positivo brasileiro:

Divisão do Direito Positivo

Público Privado

Interno Internacional Civil Empresarial

Constitucional
Administrativo Público Privado
Penal
Eleitoral
Tributário
etc.

As normas jurídicas são escalonadas dentro de um princípio hierárquico.


Há normas superiores que devem prevalecer sobre normas inferiores. Assim,
as normas constitucionais devem prevalecer sobre as leis ordinárias; estas, por
sua vez, se sobrepõem aos regulamentos. As normas inferiores devem estar
em harmonia com as superiores e no ordenamento jurídico brasileiro se
escalonam da seguinte forma:

Constituição Federal

Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, Decretos legislativos


e Resoluções; Medidas Provisórias

Decretos regulamentares

Portarias, circulares etc.


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Há que se fazer a distinção entre norma e lei: a norma é genérica, de


qualquer origem, sendo a lei específica, somente produzida no âmbito estatal.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art.1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I- a soberania;
II- a cidadania;
III- a dignidade da pessoa humana;
IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V- o pluralismo político.

A Constituição Federal de 1988, em vigor, já várias vezes alterada,


prolixa e detalhada, reflete muitas conquistas sociais, mas ao mesmo tempo
espelha uma democracia apenas burocrática, com sistema eleitoral e
representativo ineficiente, sem que o direito social atue eficazmente. Esta
Constituição representa, no entanto, um divisor de águas no direito privado
brasileiro, pois muitos dos princípios conservadores e obsoletos de nosso
anterior Código Civil foram por ela reformados.
O tratamento jurídico da atividade econômica tem sido, tradicionalmente,
classificado como um ramo do direito privado, para o qual aquilo que não é
expressamente proibido é permitido. O Direito Empresarial hoje, no Brasil,
deve ser pensado e operado de modo a refletir suas duas faces: a preservação
do interesse empresarial, com finalidade lucrativa, e o alcance dos objetivos
constitucionais: o aspecto social, que deve ser seguido, visando o bem de
todos, harmonicamente.
O Código Civil Brasileiro traduz a sintonia entre a realidade econômica e
o instrumento jurídico-positivo que a orienta, concentrando na empresa o foco
do Direito Comercial, hoje Direito Empresarial (o empresário substituindo o
comerciante).
A função social está explicitada já no art.1º, IV da Constituição; o
trabalho e a livre iniciativa são valores postos, entre outros, como fundamentos
da República Federativa do Brasil, igualados os valores de capital
(representado pela livre iniciativa) e do trabalho em um único patamar. Daí a
compreensão de que é fundamental se superar o conceito de luta de classes,
ou seja, as classes não devem – e não precisam – se hostilizar mutuamente
mas, na verdade, unir forças para avançar verdadeiramente, preservando os
interesses de todos, individual e coletivamente.
A Constituição garante a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, ressalvando autorização dos órgãos públicos ao particular apenas
nos casos previstos em lei.
Dependem de autorização governamental:
bancos, sociedades de crédito, financiamento, investimento, seguros,
capitalização, empresas de navegação aérea, marítima, fluvial, lacustre e de
cabotagem, de transporte ferroviário, empresas situadas em faixa de fronteira
etc.
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CIDADANIA
6- ÉTICA E CIDADANIA NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA
7-
Vivemos num mundo onde as maravilhas da tecnologia misturam-se
cada vez mais com os horrores da miséria absoluta. Sondas e naves nos
enviam informações detalhadas dos mais longínquos planetas do sistema
solar, um telescópio em órbita da Terra é capaz de nos mostrar os instantes
seguintes à própria criação do Universo tal como o conhecemos, aviões
cruzam os ares a velocidades inimagináveis, a medicina faz progressos que, a
cada dia, aumentam as expectativas do tempo de vida das pessoas. Ao mesmo
tempo, somos assolados pelo vírus da AIDS, que mata milhões de pessoas e
para o qual não conseguimos encontrar uma vacina; doenças há muito
erradicadas, como a dengue, a febre amarela, a cólera, que vicejam apenas
em condições de miséria, mataram milhares de pessoas nas regiões mais
pobres do planeta, sem que se consiga fazer nada. Isso para não falar da
fome, e das fotos chocantes que os jornais e revistas estampam com a
frequência pedida pelo sensacionalismo. Será que o homem, quanto mais
produz conhecimento e ganha domínio sobre a natureza, mais perde o controle
sobre sua própria vida? Como teríamos chegado a esta situação?

Os três momentos de geração da sociedade tecnológica


Para atender a situação em que vivemos hoje é necessário compreender
o desenvolvimento histórico e cultural que nos trouxe até aqui. Embora as
características da sociedade tecnológica sejam únicas e um tanto quanto
recentes, elas começaram a ser desenhada há muito tempo.
As mais profundas raízes do mundo em que vivemos hoje iremos
encontrar no Renascimento, movimento histórico e cultural que durou do século
XIV ao século XVI e que significou uma grande ruptura com o mundo da Idade
Média. A Idade Média foi o período da História que durou desde a queda de
Roma (476 a.D.) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453).
Durante a Idade Média, o mundo era considerado sagrado ou
encantado, pois foi criado por Deus. Ora se o mundo é sagrado e traz em si o
mistério de Deus, não cabe ao homem interferir no mundo, pesquisando-o para
conhecer tais mistérios. Para as pessoas daquela época bastava saber que o
mundo havia sido criado por Deus e o homem havia sido criado para tomar
conta desta criação divina. Acontece que essa explicação não satisfazia a
curiosidade de muita gente. Para essas pessoas não era o fato de acreditar em
Deus e na sua criação que as iria impedir de tentar compreender o
“funcionamento” das coisas, era perfeitamente possível acreditar e conhecer.
As explicações religiosas começaram então a mudar, o fato de Deus
haver criado o mundo não significava que ele seria uma continuação de Deus.
Os homens do Renascimento começaram a considerar que, embora houvesse
criado o mundo, Deus não o habitava. O mundo deixava então de ser sagrado
e podia ser examinado á vontade, pois já não era expressão do mistério de
Deus. Foi esse momento de “desencantamento do mundo” que permitiu a
criação do método científico moderno, após séculos de animado debate
filosófico. O que os homens do Renascimento mostraram também foi que o
conhecimento das coisas pode ter grande utilidade. É assim que surge a
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tecnologia da aplicação dos conhecimentos na construção de máquinas e


equipamentos. O renascentista mais genial nesse aspecto foi, sem dúvida,
Leonardo da Vinci que, além de pintor e escultor, foi também inventor e, dentre
muitas outras coisas, projetou algo parecido com o que depois viria a ser o
helicóptero, bem como o paraquedas, muitos séculos antes de ser inventado o
avião.
Alguns séculos mais tarde, ocorre aquele que podemos identificar como
o segundo grande momento da constituição da sociedade tecnológica, a
Revolução Industrial, que acontece primeiro na Inglaterra, em fins do século
XVIII, e que depois se alastra por toda a Europa. A Revolução Industrial pode
ser compreendida com a realização das possibilidades tecnológicas abertas
com o Renascimento e com o método científico.
Mas qual seu significado cultural? A revolução Industrial significou a
automatização do trabalho humano, isto é, a força física que o homem
despendia no trabalho foi substituída pela energia da maquina, movida pelo
vapor e, depois, pela eletricidade. Mas a ganância do lucro levou a muito mais
trabalho, a uma produção cada vez maior, o artesanato sendo substituído
pela linha de produção ou de montagem. Esta é a grande diferença entre o
artesanato e a indústria. Imagine o impacto disso sobre as pessoas, que
poderiam passar a ter muito mais tempo livre, pois com as máquinas a
produtividade do trabalho aumentava incrivelmente, mas sabemos que isso não
aconteceu bem assim.
Com a Revolução Industrial, o operário começa a trabalhar junto com a
máquina, a velocidade do trabalho já não é definida pelo homem, mas pela
máquina. O tempo humano, marcado pelos ritmos biológicos, é substituído pelo
“tempo da máquina”, marcando pelos ponteiros do relógio. A pessoa já não
dorme quando sente e acorda quando já não sente sono, mas, sim, numa hora
que lhe permite começar o trabalho no momento definido pela fábrica, não
come quando sente fome, mas no horário determinado como o de almoço, não
para de trabalhar quando já está cansada, mas apenas no final de seu
expediente. Talvez a principal consequência da Revolução Industrial tenha sido
essa mecanização do tempo e todas as decorrências que ela tem para a vida
humana. Mas uma outra, também bastante importante, foi o processo de
urbanização. Antes, a maioria das pessoas vivia no campo, trabalhando na
agricultura. Mas o trabalho nas fábricas as atrai para a cidade, com promessas
de uma vida melhor, na qual se trabalhe menos e se ganhe mais. Esse êxodo
rural causa uma mudança profunda na estrutura da família patriarcal. No
campo, as famílias são grandes e o pai é o centro dela, a maior autoridade.
Nas cidades, as famílias se fragmentam. Também isso terá sérias
consequências para a sociedade tecnológica.
O terceiro e mais recente aspecto da formação da sociedade tecnológica
é o que podemos chamar de automação da sociedade, e acontece a partir da
metade do século XX, com a invenção do computador. O tempo da máquina se
acelera quase ao infinito, pois os computadores processam milhões de
informações num tempo humano encontra-se ainda mais distante, as pessoas
têm de se subordinar cada vez mais aos ritmos impostos pelas máquinas. A
sociedade hoje é marcada pelo fluxo das informações e pela velocidade das
transformações. Nesse sistema científico-tecnológico, o homem perde seu
lugar, transforma-se num número.
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Antes do mundo globalizado, as civilizações eram caracterizadas por aspectos


diferentes:

CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL CIVILIZAÇÃO ORIENTAL


Ideia da ciência Mais inclinada ao misticismo, tende a re-
Ideia de um Deus único legar a plano secundário o trato dos pro-
Ideia de uma política em escala mundial blemas que dizem respeito às condições
À Civilização Ocidental, mais preocupada com materiais.
os aspectos materiais da vida, falta um aspecto
místico que a faça mais confiante em Deus.

A crise dos valores no mundo contemporâneo

Nos tempos modernos, experimentamos uma inversão dos valores


morais que são o fundamento da ética. O desenvolvimento da ciência e da
tecnologia foi tão grande, rápido e intenso que assumiu dimensões
inimagináveis. Diante desse espantoso e vertiginoso desenvolvimento, o
homem foi empalidecendo, perdendo sua posição central.
O trabalho alienado faz com que o homem perca sua capacidade de ser
sujeito das situações. Manipulado no universo do trabalho, manipulado no
mundo do consumo, o homem vai perdendo sua “humanidade”.
Na sociedade moderna, o dinheiro é que ocupa o centro das atenções;
uma pessoa vale pelo dinheiro que possui e os que pode produzir. Você
mesmo já deve se referido a um colega como: ”- É aquele que tem uma moto
preta” ou “aquele do Gol vermelho”, por exemplo. O psicanalista Erich Fromm
caracterizou nossa sociedade como aquela que dá muito mais importância ao
Ter do que ao Ser: é por isso que uma pessoa vale - e até mesmo é
identificada - pelo carro que possui e não por aquilo que ela de fato é: um bom
amigo, uma pessoa simpática etc.
Isso tudo mostra que, nos dias de hoje, as pessoas já não têm o ser
humano como o valor fundamental, mas, sim, o dinheiro, o lucro. A pergunta
básica que se faz ao planejar uma ação é: “O que eu vou ganhar com isso?”.
Podemos compreender, assim, alguns fatos aparentemente incompreensíveis:
acidentes que acontecem em edifícios e matam e ferem dezenas de pessoas
porque houve algum tipo de economia na construção, pessoas que morrem em
hospitais porque a verba repassada pelo governo já não atende à ganância de
seus donos, o investimento de fortunas em projetos mirabolantes, ao passo
que parcela enorme da população passa fome, vive nas ruas sem casa, escola,
sistema de saúde, sem o mínimo necessário para uma sobrevivência com
dignidade.
Os valores que regem nossa sociedade e são levados em conta para as
ações, seja das pessoas que ocupam altos cargos administrativos, seja pela
criança que pede dinheiro na esquina, já não têm o homem como objetivo
central. O que importa é garantir o próprio lucro, venha ele na forma de milhões
de dólares ou de uma moedinha de dez centavos.
Quando nos voltamos para o âmbito da ciência, a realidade não é
diferente. A ciência, como se fosse um ser vivo, rege-se por uma lei interna que
a impede a um crescimento cada vez maior. Com o crescimento da velocidade
da produção de conhecimentos científicos, ela acaba por “atropelar” o ser
humano. Se, no princípio, a ciência desenvolvia-se para buscar respostas para
os problemas de sobrevivência do homem num mundo adverso com o tempo,
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ela passa a se desenvolver por si mesma, porque o próprio conhecimento se


torna um valor a ser perseguido. Em outras palavras, uma coisa é se precisar
dominar determinados conhecimentos para resolver certos problemas (por
exemplo, se precisamos encontrar a cura de uma doença, precisamos dominar
conhecimentos de biologia, fisiologia humana, farmacologia etc.), outra, muito
diferente, é correr atrás de mais conhecimentos simplesmente para ter mais
conhecimento. É urgente que o ser humano seja recolocado no centro da
problemática dos valores. Se formos capazes de fazer isso, a ciência e a
informática podem ser instrumentos poderosos tanto para possibilitar uma ação
efetiva quanto para minimizar os problemas da miséria, material e espiritual,
que nos assola nesta transição para o terceiro milênio e a Filosofia pode nos
guiar por esse caminho tortuoso. O ser humano não pode ser desvinculado das
cogitações de desenvolvimento tecnológico e esse desenvolvimento há de ser
compatível com o estágio social da população no meio da qual se instala, ou
seja, sem causar desemprego.

8- POLÍTICA E CIDADANIA
O poder do Estado é um poder jurídico, sem perder seu caráter político;
portanto, podemos definir poder político como o poder pertencente ao Estado.
A Teoria do Estado, como parte introdutória do Direito Constitucional, é a
ciência que estuda o Estado de forma mais descritiva e abstrata, no tocante
aos seus elementos constitutivos (povo, território e poder político), enquanto
que a Ciência Política estuda o Estado de forma mais abrangente, com base
nos fenômenos políticos empíricos, buscando suas causas, servindo de
suporte para a Teoria do Estado.

Conceituação de Nação, Estado e País

Primeiramente, devemos partir de conceitos dos dois agrupamentos


humanos fundamentais, que são a comunidade e a sociedade.

COMUNIDADE - As relações sociais espontâneas, informais, fruto da vontade


natural dos homens, dão origem à comunidade, como por exemplo o núcleo
familiar, uma torcida espontânea de futebol ou frequentadores assíduos de um
mesmo bar.

SOCIEDADE - Já as relações sociais artificiais, formais, fruto da vontade


reflexiva dos homens e com base na representatividade, com objetivos comuns
a serem perseguidos de forma mais ou menos permanente, dotadas de normas
explícitas, dão origem à sociedade. Como exemplo, podemos citar os clubes
esportivos, bancos e empresas, sindicatos e o Estado, que é a sociedade
política, a maior delas, que subordina todas as demais.

NAÇÃO – O espírito de nacionalidade é fonte e base para a formação de uma


nação. Ele nasce sob a ação de forças naturais de uma parcela do
agrupamento humano que convive, adquirindo hábitos, costumes, crenças e
vocações semelhantes e adota normas e concepções comuns de ser e de
viver, ligando-se ao conceito fundamental de comunidade. Portanto, a nação é
uma comunidade em seu grau máximo.
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ESTADO e PAÍS – Quando a nação, por imperativos de sobrevivência, se


organiza através de um ordenamento jurídico próprio e institucionaliza seus
objetivos, ela se organiza politicamente, transformando-se em Estado.
Portanto, o Estado é a nação ou parte dela organizada politicamente, ligando-
se ao conceito de sociedade. Contudo, quando essa organização política
ainda não permite que a nova organização conviva com as demais
organizações políticas em termos de igualdade, temos aí a ocorrência de país,
que simplisticamente significa um território delimitado, com povo, mas sem
soberania, isto é, sem independência interna e externa. Portanto, a soberania é
o reconhecimento, por parte de outros Estados, de um Estado recém-criado.
Sob esse entendimento, verificamos que todo Estado é um país, mas nem todo
país é um Estado. Podemos citar como Estados: Brasil, Alemanha, Portugal
etc., e apenas como países: Groenlândia (cujo poder político que a governa
pertence à Dinamarca), Guiana Francesa (subordinada ao poder político
francês) etc.
Para completar nosso entendimento sobre o Estado, cumpre aqui
fazermos a diferença entre população e povo, nacionalidade e cidadania.

NACIONALIDADE – É o vínculo jurídico que une um ser humano a


determinado Estado, independentemente de sua participação política.
Esse vínculo pode se dar através dos modos de aquisição da
nacionalidade: o jus soli (direito à nacionalidade em razão do lugar de
nascimento) e o jus sanguinis (direito à nacionalidade em razão da
descendência). Têm nacionalidade as pessoas físicas e também as jurídicas e
certas coisas, como navios, aeronaves e veículos. Identificam a nacionalidade
dos navios, a sua matrícula em um porto; das aeronaves, o seu prefixo, fruto de
convenção internacional e dos veículos, a sua placa. O apátrida é aquele que
não é considerado como nacional por nenhum Estado, na aplicação de suas
leis.

CIDADANIA – Implica a participação no poder político. Cidadãos são os


nacionais que participam do poder político, ativa e passivamente, ou seja,
votando e podendo ser votados, também fiscalizando os atos dos detentores
do poder político. O conjunto de cidadãos constitui o povo. Este é a parte da
população capaz de participar do poder político. Portanto, como expressão de
cidadania plena temos o exemplo do voto. O cidadão, com seu voto, está
exercendo a cidadania, ou seja, o voto deve expressar o discernimento, onde o
cidadão é consciente, possuindo a capacidade de criticar e de participar. O
nacional que não possui o título de eleitor não é considerado cidadão, apenas
nacional, como no caso dos menores e incapazes. Há que se observar a
diferença entre indivíduo (qualquer pessoa) e cidadão (indivíduo que tem uma
nacionalidade e participa do poder político do Estado ao qual está ligado pela
nacionalidade).
Com o passar do tempo, alguns sociólogos viram a necessidade de
reformulação do antigo conceito de cidadania, ampliando-o. Para eles, além do
voto, a cidadania se expressa em cada movimento do cidadão em uma
comunidade com o todo, implicando a obediência às leis e as normas, o que
vem criar certa confusão entre os conceitos de cidadania e o de civilidade,
que é a observância de regras jurídicas e morais vigentes na sociedade civil.
14

POPULAÇÃO – Corresponde ao conjunto de residentes – nacionais e


estrangeiros – no território do Estado. O conjunto formado pelo povo e demais
habitantes constitui a população.

POVO – É a parcela da população que participa do poder político (governo),


podendo votar (participação ativa) e ser votada (participação passiva). O povo
participa do poder político e o governo exerce esse poder, governando a
população, a qual inclui o povo.

Ao cidadão cabe a participação no poder político do Estado, mas é o


governo quem exerce esse poder político. Quanto ao governo, o mesmo pode
ser classificado em Formas, Regimes (democracia e totalitarismo) e Sistemas
(presidencialismo e parlamentarismo). O Totalitarismo é uma variação anômala
da forma republicana, sendo um regime político no qual a totalidade dos
poderes pertence ao Estado, consistindo isso num corpo de doutrina,
denominado de Ideologia, que adota um partido único, opondo-se ao regime
democrático, no qual todo poder emana do povo e em seu nome é exercido.
São três os tipos clássicos de doutrinas totalitárias: Socialismo,
Fascismo e Nacional-Socialismo (Nazismo).

O governo e suas formas mais comuns na atualidade:

Absolutista
Monarquia
Democrática Parlamentarista

Formas de Governo

Democrática Presidencialista
República

Democrática Parlamentarista

O território do Estado e seus elementos: solo, subsolo, espaço aéreo e


mar territorial.

SOLO E SUBSOLO– O solo é constituído pela superfície terrestre do território,


sendo o subsolo definido legalmente pela legislação civil de cada Estado.

ESPAÇO AÉREO – É a porção da atmosfera controlada por um Estado, onde


ali é exercida sua soberania. Seu limite superior é a mais baixa altitude
orbital, ou seja, o ponto mais baixo que permitiria uma órbita estável para um
satélite artificial, o que se traduz numa linha imaginária situada
aproximadamente a cem quilômetros de altura, contados a partir do nível do
mar. A partir dessa linha começa o Espaço Sideral, inapropriável por qualquer
Estado.

MAR TERRITORIAL – Segundo Convenção internacional promovida pela


ONU, da qual o Brasil é signatário, o Mar Territorial é uma faixa de 12 milhas
15

marítimas (22.224m) contadas a partir da linha de base (linha litorânea ou


costeira, na maré baixa), onde o Estado tem soberania plena. Após, uma faixa
de 188 milhas marítimas (348.176m), que constitui a Zona Econômica
Exclusiva, onde o Estado tem soberania relativa, ou seja, permitidos o
sobrevoo e a navegação, mas com a prerrogativa de exploração e explotação
dos recursos da plataforma continental, mas não dos recursos vivos da camada
líquida (cardumes). Caso persista a plataforma continental após o término da
Zona Econômica Exclusiva, esta poderá ter um acréscimo de até 150 milhas
marítimas, sendo que o total de 350 milhas marítimas não poderá ser
ultrapassado. (ver figuras nas páginas finais desta publicação)

9- EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


O sucesso das políticas públicas do Estado brasileiro, institucionais e
pedagógicas, visando reparações, reconhecimento e valorização da identidade,
da cultura e da história dos afrodescendentes e índios brasileiros, depende
necessariamente de condições físicas, materiais, intelectuais e afetivas
favoráveis para o ensino e para a aprendizagem, no sentido da valorização
cultural e apoio de alunos e professores inseridos nesses grupos. Depende
também, de maneira decisiva, da reeducação das relações entre etnias
diferentes, o que aqui estamos designando como relações étnico-raciais.
Cabe esclarecer que o termo raça é utilizado com frequência, nas
relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características
físicas — como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras — influenciam o lugar
social dos sujeitos. É importante explicar que o emprego do termo étnico, na
expressão étnico-racial, é utilizado com um sentido político, servindo para
marcar que essas relações, devidas a diferenças na cor da pele e nos traços
fisionômicos, são também devidas à raiz cultural plantada na ancestralidade
africana, que difere em visão de mundo, valores e princípios das de origens
indígena, europeia e asiática.
Convivem, no Brasil, em intenso intercâmbio, a cultura e o padrão
estético negro-africano e o padrão estético e cultural branco-europeu. Porém, a
intensa mestiçagem entre as etnias que compõem a população brasileira, faz
persistir em nosso país um imaginário étnico-racial que privilegia
principalmente as raízes europeias da sua cultura, pouco valorizando as outras,
que são a indígena, a africana, a asiática.. Dessas três culturas, a africana teve
predominância quanto à influência na cultura herdada de nossos colonizadores,
os portugueses.

10- HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E


INDÍGENA

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira e indígena nos


currículos da educação básica brasileira, através da promulgação das Leis
10.639, de 2003 e 11.645 de 2008 é um momento histórico impar, de crucial
importância para o ensino da diversidade cultural no Brasil. Trata-se de um
momento em que a educação brasileira busca valorizar devidamente a história
e a cultura de seu povo afrodescendente e indígena, buscando assim recuperar
conhecimentos quanto à sua identidade. Esta inclusão nos currículos da
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educação básica amplia o foco dos currículos escolares para a diversidade


cultural, racial, social e econômica brasileira. Mostrar-se-á que este momento é
de relevância não apenas para a população afrodescendente e indígena, mas
também a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto
cidadãos atuantes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica, sendo
capazes de construir um Estado democrático.
A Lei 10.639, de 2003, que trata da obrigatoriedade da inclusão de
História e Cultura afro-brasileira e africana nos currículos da educação básica
como um momento histórico – apresenta alguns aspectos teóricos que
discutem esta inclusão, além de livros que podem ser utilizados na aplicação
da temática nas aulas de História. A Lei 11.645, de 2008, amplia a Lei anterior,
destacando a necessidade de apresentar também a história e a cultura
indígena. A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura afro-brasileira e
indígena nos currículos da educação básica é um momento histórico que
objetiva ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural,
racial, social e econômica brasileira. Nessa perspectiva cabe às escolas incluir,
no contexto dos estudos, atividades que abordem as contribuições histórico-
culturais dos povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das
raízes africanas e europeias.
Os povos africanos mais presentes na população brasileira são os
Bantus (principalmente no sul do Brasil) e os Sudaneses (principalmente na
Bahia). Na lista de povos indígenas do Brasil, constam etnias apresentadas por
diferentes autores, agrupadas em duas nações: Gês ou Tapuias e Tupis-
guaranis. Na antropologia, as listagens e classificações dos indígenas
costumam levar em conta principalmente características linguísticas, embora
outros traços culturais também possam ser usados. Em alguns casos, no
passado, eram usadas também características corporais..

11- QUESTÕES DA ATUALIDADE

A Globalização e a integração das Economias

O conhecimento da geopolítica mundial e da economia internacional, a


compreensão dos conceitos de marketing e o domínio de idiomas difundidos,
inclusive dos exóticos, são condições básicas para êxito no promissor universo
do comércio internacional.
O convívio em uma comunidade internacional juridicamente organizada
e a intensificação das relações políticas e econômicas entre os povos
produziram uma nova realidade de normas e comportamentos, que deu a esse
intercâmbio peculiaridades jamais defrontadas, uma vez que a repercussão dos
problemas internos de cada Estado aumenta no âmbito internacional, na razão
direta do incremento do grande fenômeno deste início de século e milênio: a
globalização.
Numa era de integração das economias, o valor específico do capital
viajante, apátrida, que circula por computadores e satélites em derredor do
planeta, não se dá somente em razão do aceno com o respeito ao direito
estrangeiro e de que os investimentos estejam cercados de todas as garantias;
urge direcionar-se esse capital, que chega como verdadeira transfusão
sanguínea, colocando-o a serviço da produção que, mesmo sob as
peculiaridades do setor privado da economia, atende aos interesses nacionais
17

e aos da sociedade internacional, como ferramenta de trabalho provedora de


recursos às áreas geopolíticas em desenvolvimento, onde haja escassez dos
mesmos. Aí situa-se a polêmica figura da empresa multinacional, normalmente
confundida simplesmente com empresa estrangeira.
Conceituam-se como empresas multinacionais as sociedades anônimas
de capital aberto cujas ações ao portador são negociáveis em bolsas de
valores por todo o mundo, nada impedindo que possam ter sido fundadas ou
terem sede no Brasil. Como as ações são ao portador, nem as próprias
empresas têm condições de saber quem são os seus proprietários. Graças a
essas operações de venda de ações em bolsas, as empresas têm condições
de se capitalizar rapidamente, em vez de procurarem empréstimos bancários,
cujos juros provocariam seu endividamento.
A organização e orientação do Estado na economia não se vulnera nem
se obscurece quando, em negociações internacionais, sejam observados
princípios fundamentais, neles incluídos o da reciprocidade. As partes, sejam
elas Estados ou instituições estrangeiras, públicas ou privadas, podem ajustar
suas realizações aos respectivos ditames legais nacionais, na consecução dos
objetivos econômicos colimados, sendo a adequação dessa normatização uma
obrigação do Estado que recebe tais investimentos.
Contudo, todo processo econômico que envolva investimentos
estrangeiros, além da citada expectativa de garantia, requer um plano estável e
sistemático, ajustado a um ordenamento jurídico específico, pré-determinado,
subsistindo as condições econômicas e legais no desenvolver dos planos e
implementação, como fórmula única de proporcionar os benefícios positivos na
obtenção do êxito.
A fixação da nova orientação econômica mundial, ou seja, em outros
termos, a determinação de novos parâmetros capazes de assegurarem o
estabelecimento de uma estrutura harmônica de todos os interesses
envolvidos, mediante a adoção de um esquema básico em consonância com a
legislação interna de cada país, torna-se imperativo. Dentro de um sistema
internacional concatenado nessas premissas, prevenidas ficam as
controvérsias e litígios nesse tipo de negociação, resultando desestimulados os
conflitos de interesses.
Nas operações realizadas por empresas brasileiras em suas
negociações no exterior, na busca de uma obrigação convencional legítima, é
dever dos negociadores escolher procedimentos adequados, cuidando-se para
que não ocorram abusos de direito ou infração à ordem jurídica, atentando-se
para o fato de que, em alguns países com legislação instável, entre eles o
Brasil, a alteração da legislação pode invalidar ou colocar em risco o pactuado.
Resta observar que as atividades empresariais de Estados ou entidades
públicas ou privadas estrangeiras têm crescido substancialmente, traduzidas
em investimentos em nosso país.
Na condução das negociações e finalização dos entendimentos, podem
ocorrer situações em que mudanças na legislação interna do Brasil, sem uma
análise mais acurada, podem alterar substancialmente o que foi antes
pactuado, colocando em risco a credibilidade do Estado brasileiro no plano
internacional.
Embora receptivo aos investimentos estrangeiros destinados à área
produtiva, sejam eles diretos ou em parceria com sócios nacionais, uma vez
que parceria não implica em perda de soberania, o Brasil, contudo, precisa agir
18

dentro de princípios que devem pautar as relações internacionais, com o


devido acompanhamento assecuratório do integral cumprimento do que foi
pactuado, no plano estatal. Anteriormente, no plano internacional, o Brasil
caracterizava-se pela postura de país subdesenvolvido, revoltando-se contra
“os grandes da economia internacional” e admitindo claramente esse status de
“economicamente pequeno”. Agora, com o desenvolvimento de sua economia,
elevando-se a patamares mais altos, o Brasil já sente o sabor do que é ser uma
potência emergente. Cumpre destacar que a Embraer, em associação com a
indústria chinesa, torna-se a terceira maior indústria aeronáutica do mundo,
depois da Boeing (Estados Unidos) e Aerospatiale (França). Outras
multinacionais brasileiras: Petrobras, Vale, Gerdau, Votorantim etc.
É importante notar que a primeira condição para que um Estado possa
ter suas empresas multinacionais é a de que ali deva haver um robusto
mercado interno, que lhes permita desenvolver uma produção em grande
escala e uma tecnologia de ponta, que pode transferir para o exterior. Também
é importante que o Estado seja grande exportador, o que lhe permite tornar-se
conhecido externamente.
Outro fator importante é poder dispor de matérias-primas no local onde
se localiza a matriz dessas empresas, especialmente quando se trata de
matérias-primas muito procuradas e que, na sede das quais, são produzidas a
um custo menor, comparativamente com outros Estados, como o caso da
siderurgia no Brasil.
GLOBALIZAÇÃO

Aspectos industriais Aspectos financeiros

Empresas Multinacionais
Terceirização pela procura de Terceirização pela procura de Sociedades anônimas de capital aberto,
mão de obra barata (Japão) componentes não fabricados (Brasil) que comercializam ações ordinárias em
Bolsas de Valores (capital apátrida)

Conclusão

Como na economia globalizada pode haver repercussões positivas e


negativas em diversas partes do mundo, isto, trocado em miúdos, significa que
na globalização há mão e contramão, ou seja, do mesmo modo em que as
outras economias interferem na economia brasileira, agora dando sinais de
robustez, o Brasil já começa a participar de outras economias, o que vem, em
contraposição, lhe proporcionar alguns antagonismos, do mesmo modo que
setores de nosso país vinham opondo, no passado, às economias de outros
Estados.
Assim sendo, a globalização em si é um fenômeno econômico saudável,
dependendo do tipo de legislação que cada Estado vier a produzir – e isto cabe
ao legislador pátrio elaborar - integrando-se e ao mesmo tempo resguardando-
se do capital meramente especulativo e predador.
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