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º 96 • Abr>Jun 2013
Orgulhosamente Bancário
A Gestão Multigeracional
A Economia da Indústria Bancária
Risco Legal-Reputacional
Revista do
Sumário
Rui Semedo
Presidente do Banco Popular A Gestão Multigeracional
4 18
Portugal em Discurso Directo José Manuel Dias
Análise Económica
Risco Legal-Reputacional e A Economia Global e os Mercados
Planificação Fiscal Financeiros em 2013
8 22
Nuno Sampayo Ribeiro Carlos Almeida Andrade
BOREOUT
– Quando o Trabalho Aborrece
Orgulhosamente Bancário Maria João Lima
25
Paula Diogo
12
Carlos Bruno Pereira
Secção
INOVAÇÃO E SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO
A Economia da Indústria Bancária –
Determinantes Setoriais
15
José Monteiro Barata
Citando... 7
Divulgando... 11
Diga-nos como É... 14
Ainda Sobre Banca 28
Quiz 29
Global Banker para Quadros da CGD 30
Actividades Internacionais do IFB 31
Formação em Alternância na Banca 32
Instituto Superior de Gestão Bancária 34
Luís Vilhena Manuel Miguel António Bruno V. Mariana João Torres Reinaldo Ana Marta
da Cunha Ferreira Athayde Ramalho Cota Pires Pereira Figueira Terras Carvalho
Marques
A Formação
Como disse anteriormente, há, essencialmente, dois ti-
pos de formação: a comportamental e a técnica. Quanto
à formação técnica, saber os basics da profissão, saber o
que é um crédito documentário ou uma livrança, conside-
ro que nós, nos bancos, não devemos perder tempo com
ela. É uma tarefa que assenta muito bem ao Instituto
de Formação Bancária. Quanto à formação comporta-
mental, é um dos meus desafios para 2013.
Esse desafio consiste em ensinar as pessoas a falar com
os outros e a moverem-se de forma adequada no palco
ma e mais substância, mas sem ter beneficiado de muitas em que hoje vivemos. Um aspecto que me deixa inquieto
visíveis melhorias. Pena é que as melhorias não tenham é podermos, por comportamentos desadequados, estar a
ido a par com aumentos da nossa produtividade e da nos- não contribuir para restaurar a credibilidade, a boa reputa-
sa competitividade como país. Afinal só pode, de facto, ção, que o nosso sector deve ter. Não há nenhuma lei que
distribuir-se aquilo que se produz. São as formas de or- obrigue a que as coisas, no domínio do comportamento,
ganização da sociedade, o esforço colectivo e a agilidade sejam feitas de uma única maneira. Mas há determinado
institucional que explicam o progresso. O exemplo ale- simbolismo e determinados padrões de comportamento
mão não deve ser esquecido. Muito daquilo que a senhora que são muito importantes na relação entre as pessoas, e
Merkel hoje está a viver e a fazer acontecer na Alemanha, o rigor desses comportamentos é hoje muito importante.
onde a economia continua bastante robusta, é o resultado Estamos nos serviços financeiros e serviço significa pes-
de reformas sérias feitas antes da chegada da tempestade. soas alinhadas, preparadas e com um forte sentido do de-
ver. A atitude que demonstramos é decisiva.
Back to Basics O esforço de formação que hoje se exige no nosso
Hoje, na banca, estamos a assistir a um certo regresso sector não pode alhear-se dos principais desafios que en-
ao passado. Voltamos à tal banca, de antes da “euforia”, frentamos. Perante os ataques, muitos deles sem sentido,
onde eu entrei. Está a haver um back to basics. A activida- sofridos pelos bancos, compete-nos fazer tudo para re-
de comercial mais nobre, mais complexa e mais relevante cuperar a reputação de um sector vital para a economia,
de um banco é a captação de depósitos, porque tem a ver onde a confiança é o principal pilar. Os comportamentos
com o pilar fundamental da banca, que é a confiança. Nós, alinhados com o momento são cruciais e é transversal a
na banca, no geral, ultimamente, estávamos muito desabi- sua necessidade.
tuados a “andar atrás” dos depósitos. Portanto, os tempos
são muito duros, mas acho que aquilo que nos vai distin- O Estilo de Liderança Português
guir a todos nós, individualmente, é o sermos capazes de Acho que há uma fragilidade imensa no estilo de lide-
lidar com essa dureza, ou não venceremos num quadro rança português e na capacidade de liderar. Por isso, no
tão agressivo como este. Popular, também vamos fazer um esforço de formação
D
obrados quatro anos sobre a declaração do G20 contra a “dupla não tributação” ou de reforçar o comba-
relativa ao fim da era do segredo bancário, afir- te ao “planeamento fiscal abusivo”. Paulatinamente, nos
ma-se, à escala global, uma mudança estrutural mercados, observa-se a afirmação de uma nova geração
no padrão de cooperação internacional em matéria fiscal, de legislação anti-evasão fiscal, de que é exemplo a
cuja irreversibilidade e impacto na vida comercial do setor FATCA – Foreign Account Tax Compliance Act, assim
bancário, em especial no corporate investment ou private como o aumento dos inquéritos judiciais de natureza
wealth management, se confirma emblematicamente nas tributária e de alterações nos modelos de negócio e de
palavras recentes do Ministro das Finanças do Luxembur- propostas de valor. Devido a tudo isto, surgem, também
go, de acordo com as quais “le systéme financier mondial em Portugal, novos fatores de risco, dos quais se desta-
était (sic.) aujourd’hui rentré dans l’ére de la transparen- cam os ligados à eventual desaprovação social da prática
ce” e que “le secret bancaire c’est du passé”. Para isto, de eficiência financeira ou fiscal em causa, o que, como em
muito contribuíram as iniciativas da OCDE, sob coordena- ocasiões anteriores se destacou, poderá até verificar-se
ção do G20, e da UE, sendo de assinalar que, além das ini- em relação a operações sem risco legal, muito por causa
ciativas existentes, foram entretanto lançadas outras, que do ambiente de austeridade e consolidação orçamental,
se examinam adiante, com ênfase na luta contra a evasão cuja pressão se exprime na exigência social “everyone
fiscal internacional, no sentido de estabelecer um padrão must pay their fair share”.
C
aro Leitor, provavelmen-
te faz, ou fez, parte de um
sector de atividade que
nos últimos 40 anos demonstrou (e
continua a demonstrar) uma capaci-
dade muito acima da média para se
adaptar, reinventar, resistir, inovar, ir
mais além, quando o nosso país mais
precisa. Resiliência, integridade, rigor,
transparência, solidariedade fazem
parte daquilo que somos e represen-
tamos. Somos orgulhosamente ban-
cários!
Dizem que estamos em Ճգնաժամ/
/böhran/kriis/רבשמ/kreppu, que é co-
mo quem diz: crise.
A mudança deixou de ser a única
variável constante, para ser parte de
nós. Os desafios são avassaladores. O
mundo passou a ser uma real aldeia,
ainda que somente visual. A minha
prima está a trabalhar no Japão e sei
Carlos Bruno Pereira* mais hoje sobre ela, do que quando
morávamos a 10 minutos um do ou-
tro.Tudo é fast e cultiva-se a falta de
tempo. Se não tenho tempo, logo sou
ocupado. Se sou ocupado, logo sou
"Não há melhor momento importante. E se sou importante, é
porque devo ter sucesso.
E o que é para si o sucesso? Como
como o atual para efetuarmos definir o sucesso? Como medi-lo? Se
o tenho posso perdê-lo? Sucesso é
a diferença positiva, hereditário ou pode-se trabalhar para
o atingir?
fraturando ideias inibidoras de "Sucesso" para mim tem neces-
sariamente um significado diferente
meritocracia, rigor, exigência e do que tem para si, mas existe um
denominador comum: O sucesso é
humanidade,..." importante para ambos, e consoante
o grau de importância dado (também
necessariamente diferente) maior
tenderá a ser a nossa motivação, o
nosso empenho, dedicação, procura,
sacrifício, curiosidade, insatisfação,
exigência; falta acrescentar o factor
como É...
zam aos resultados pretendidos. tos internos, consultoras, equipas de
A área da Formação deve defi- projeto. No meio das reuniões há que
nir modelos que permitam avaliar o dar seguimento aos e-mails e telefo-
ganho de conhecimento dos colabo- nemas diários. Acompanhar a equipa
Conheça, neste espaço, pessoas que radores pós-formação, acompanhar e fazer pontos de situação sobre to-
partilham connosco as suas vivências periodicamente a implementação dos os temas que são desenvolvidos
e experiências de trabalho. dos conhecimentos e comportamen- na Formação é ponto de honra. As-
tos na atividade e monitorizar resul- sistir a ações de formação relaciona-
tados; só assim é possível corrigir das com novos projetos, de forma a
trajetórias. Cabe ainda à Formação avaliar necessidades de ajustes, é fun-
promover e comunicar a partilha de damental. Por fim, há que guardar al-
boas práticas e difundir e desenvol- gum tempo para refletir no que pode
ver competências que interajam com ser feito de novo, normalmente ao
a formação, tais como comunicação, fim de semana!
responsabilização e incremento de
sinergias. A formação deve ser vista Que característica mais aprecia
pelos colaboradores como um inves- nas pessoas com quem trabalha?
timento que a empresa está a rea- Inteligência, responsabilidade, ca-
lizar no desenvolvimento das suas pacidade de trabalho e iniciativa, e, aci-
competências, e, por isso, há que ter ma de tudo, saber que posso confiar.
consciência de que, como em qual-
quer investimento, tem de haver um Se lhe dessem a oportunidade de
retorno. dar um único conselho a alguém
que irá assumir a função de res-
Carla Romão* Quais foram as mudanças mais ponsável de formação, o que diria?
significativas que ocorreram na Independentemente da área que
formação na banca nos últimos vai assumir, o meu conselho vai para
anos? E na sua organização, quais o conhecimento da equipa com quem
Qual considera ser o principal são os desafios mais importantes se vai trabalhar, avaliando e desenvol-
“mandato” do responsável de num futuro próximo? vendo as suas competências de acor-
formação? Sem dúvida que a formação a dis- do com o que se pretende incremen-
O “mandato” de um responsável tância assumiu um papel preponde- tar. Com competência, atitude e com
de formação depende da delegação rante nos últimos anos, sobretudo a equipa certa, o sucesso é garantido.
e dos poderes que lhe são dados por quando se pretende disponibilizar aos
cada uma das organizações e depen- colaboradores conhecimentos rela- Qual o lema da sua vida? Como o
derão certamente da estratégia de cionados com operativa ou proces- aplica à sua actividade profissional?
cada uma delas. Por isto, mais do que sos, decorrentes do desenvolvimento O lema é “agir de acordo com as
falar do que considero ser o principal e implementação de projetos que vi- minhas convicções e ponderadamen-
“mandato” do responsável da forma- sam a melhoria da produtividade. te”. Dificilmente consigo separar o
ção, poderei, sim, partilhar a minha No BES, os desafios mais im- “eu” pessoal do “eu” profissional,
preocupação enquanto responsável portantes passam por desenvolver pelo que nem consigo imaginar tra-
pela formação do BES: desenvolver planos de formação cada vez mais balhar de acordo com princípios que
as competências dos colaboradores, adequados ao negócio, à estratégia não sejam estes. Como é que tal se
torná-los mais autónomos e respon- definida e aos resultados esperados, aplica à atividade profissional? Tento
sáveis, para que sejam capazes de não esquecendo os ativos mais va- dizer sempre o que considero que
implementar com motivação e de liosos que temos, que são os nossos deve ser dito, avaliando o como e o
forma eficaz os objetivos definidos colaboradores. É fundamental aliar o quando, desde que verifique que as-
anualmente no plano estratégico da resultado esperado à motivação dos sim beneficio a organização.
organização. É fundamental conhecer colaboradores; só assim conseguire- *Directora do DRH – Formação do BES.
o negócio, o job description de cada mos atingir com sucesso aquilo a que
função, bem como os principais cons- nos propomos. Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo
ortográfico.
A Economia da
Indústria Bancária
Determinantes Setoriais
José Monteiro Barata
Coordenador da Secção
S
egundo a conceção do modelo SCP (Structure-Con- Figura 1 – O Modelo Estrutura-Comportamentos-Resultados
duct-Performance), o funcionamento de um setor de (Structure-Conduct-Performance)
atividade depende da estrutura económica do pró-
prio setor, do comportamento das empresas que nele Condições Básicas
Ambiente Económico,
existem e de um conjunto de influências externas, das Tecnologia, Sindicalização, Procura...
quais se realçam o ambiente económico de enquadramen-
to e a intervenção do Estado, através de políticas públicas.
Estrutura
Todas estas condicionantes influenciam e determinam os Número de Compradores e
Políticas Públicas
resultados obtidos pelas empresas (Figura 1). Vendedores, Barreiras à Entrada,
Regulação, Política da
Concorrência, Política
Diferenciação, Integração Vertical, etc.
Com base na conceção apresentada sinteticamente na Macroeconómica...
figura 1, respeitante à centralidade atribuída às especifici-
dades setoriais, tentar-se-á ilustrar, muito brevemente e Comportamentos /Estratégias
sequencialmente, duas questões de natureza económica Preços, Publicidade, Contratos,
Fusões e Aquisições, Investimento,...
no setor bancário:
1) A problemática da sobrecapacidade setorial;
2) A medida da rendibilidade/performance.
Resultados
(Rendibilidade)
concorrentes – demasiados concorrentes – irá proceder mercado (estrutura) são variáveis explicativas importan-
a investimentos que, frequentemente, incrementam de tal tes da rendibilidade das empresas (McGahan and Porter,
modo a capacidade do setor que o resultado final é a so- 1997).
brecapacidade produtiva. Com base no modelo SCP, é possível considerar, gene-
Embora não existam indicadores de fácil definição e ricamente, a rendibilidade como função de variáveis de na-
largamente aceites para a medida da sobrecapacidade tureza estratégica e de natureza estrutural. Vários estudos
produtiva, o certo é que, para as administrações dos ban- empíricos têm seguido esta orientação geral.
cos, a pressão sobre os preços, manifestada relativamente Um estudo sobre a banca portuguesa – em progres-
cedo, é um sintoma claro de sobrecapacidade, traduzida, so – considera a rendibilidade bancária (Return on Assets
geralmente, pela expressão overbanking. Até que esta per- – ROA) como função de um conjunto de determinantes
sista, os lucros serão afetados negativamente. Os efeitos internas à empresa bancária, constantes nas suas demons-
da automação e do desenvolvimento tecnológico sobre a trações financeiras (dimensão/activos, alavancagem do ca-
capacidade sintetizam-se na seguinte sequência de fenó- pital, empréstimos, provisões, depósitos, cost-to-income,
menos: Automatização Aumento dos custos fixos etc.).
Maior volume de produção (aproveitamento de eco- Além destas variáveis, a rendibilidade é também consi-
nomias de escala) Sobrecapacidade Redução de derada dependente de um conjunto de variáveis respeitan-
lucros. tes à estrutura do setor bancário, por exemplo, níveis de
Apenas quando for restabelecido o equilíbrio entre a concentração (índice Hirshman-Herfindahl), bem como da
capacidade produtiva e a procura de mercado (através envolvente macroeconómica da banca.
de consolidação setorial, falências, alteração qualitativa e Na estimação econométrica do modelo, utilizar-se-á a
quantitativa da procura, etc.) é que o efeito negativo da técnica Panel Data que combina dados cross-section (ban-
sobrecapacidade de produção de serviços na rendibilidade cos) e time-series (anos) (Wooldridge, 2002). O período
terminará. Assim, uma importante diretriz para a gestão em estudo abarcará, sensivelmente, a primeira década do
bancária é a avaliação da capacidade produtiva do setor. presente século.
"...o funcionamento de
um setor de atividade CURSOS PRESENCIAIS
depende da estrutura
económica do próprio 2013
setor, do comportamento ÁreadeCrédito
ÁREAS/CURSOS
ABR
MAI
JUN
de enquadramento e a OperaçõesDocumentáriasnoComércioInternacional
ÁreadeDireito
02e03(P)
Multigeracional
religião, origem social, opção ideológica, etc.
Situação 2
Gerente (49 anos): O que lhe aconteceu ontem? Situação 3
Não veio e não disse nada? Estou aborrecido Gerente (55 anos): Amanhã venha ter comigo
Situação 1 consigo. Isto é uma falta de consideração para para eu lhe explicar como se faz um crédito
Empregado operacional comigo e para com a equipa. documentário.
(34 anos): Ontem não pude vir trabalhar porqque
a minha filha mais pequena estava com muita febre
f Empregado operacional (27 anos): Mas eu Empregado operacional (29 anos):
e fiquei com ela em casa. mandei-lhe um sms logo às 8 horas. Mas não há na intranet um módulo que eu possa
ver logo à noite em casa?
Coordenador de Unidade (55 anos): Ficou ua Gerente: Mas o que deveria ter feito era telefonar-me
tomar conta da miúda? E a sua mulher? Vocêê é para a agência. Os sms não são para isto. Gerente: Qual módulo?! Alguém aprende a ver
casado, não é? bonecos? Aqui ao pé de mim é que se aprende. E
além disso não percebo como é que prefere
trabalhar à noite em casa!
Situação 4
Empregado técnico (33 anos): Gostavaa de saber por Situação 5
que razão me avaliou negativamente no cumprimento
c Coordenador de unidade de apoio central (49 anos): Você não parece
dos objectivos, quando cumpri rigorosamen nte tudo o que ter ficado muito satisfeito com a promoção! Olhe que vai ganhar mais!
me foi estabelecido e a que dei a minha co
oncordância.
Empregado operacional (31 anos): Sim, fiquei satisfeito,
Coordenador de Unidade Técnica (5 51 anos): mas preferia que tivessem autorizado a minha proposta de horário
Não se preocupe com isso. Tenho de fazzer alguma diferenciado. Poder entrar 1 hora mais tarde, era suficiente para levar a
José Manuel Dias* engenharia com este processo de avaliaçõees para evitar minha filha ao colégio e ir ainda ao ginásio antes de começar a trabalhar.
que resultem grandes diferenças entre vocêês. Somos uma E isso, faria toda a diferença na minha vida.
equipa e não se ganha nada em diferenciar os elementos.
Isso geraria mau ambiente. Coordenador: Mas as regras são assim. E, aliás, tem de ter cuidado com a
sua hora de entrada. No mês passado, tive de justificar dois atrasos seus.
"... as diferenças geracionais
(...) traduzem também um
E
enorme potencial se houver stas cinco situações são reais e retiradas da exxperiência enquanto gestor de recursos No contexto de trabalho essas coisas podem ser, p.e.: as normas, as hierarquias; o dress
humanos numa instituição financeira portuguesa. Não será difícil imaginar que a par- code; a avaliação; a autonomia; os objectivos; o feedback; a forma de comunicar; etc.
a capacidade de transformar tir do momento em que ocorreram, o relaccionamento entre aqueles personagens
deteriorou-se e o que se designa como clima social foi fortemente afectado1.
Na banca, como na generalidade das empresas dos outros sectores, coexistem quatro
gerações diferentes a trabalhar, distribuídas por posições operacionais, de coordenação, de
essas diferenças em sinergias, O que aconteceu realmente? O que os empregados propunham ou fizeram era assim tão
reprovável que justificasse as reacções das hierarquuias? O que as hierarquias comentaram
direcção e até de administração. O volume de cada uma tem estes valores aproximados2:
era assim tão significativo que levasse a que os emp pregados reagissem mal e o clima social
aproveitando-se o que cada fosse afectado? Será que uns e outros perceberam o que aconteceu? Tive oportunidade de Geração dos Veteranos – 0,..% (sem expressão no total)
mediar vários casos deste tipo e garanto-vos que nem n uns nem outros tinham realmente Geração do Baby Boomers – 36% (a geração que detém as posições de poder)
uma tem de melhor..." consciência do que estava em causa, ou compreend diam a “reacção desajustada” do outro. Geração X – 54% (a geração em ascenção às posições de poder)
E, não a compreendendo, claro que não a aceitavam m.
Geração Y – 10% ( a geração em integração/socialização)
O que, muitas vezes, está por detrás destes desencontros é um confronto entre valores
geracionais, isto é, formas diferentes de ver, interpreetar e sentir as coisas que nos rodeiam.
18 inforBANCA 96 Copyright © 2013 by IFB/APB, Lisbon Abr > Jun | 2013 Abr > Jun | 2013 Copyright © 2013 by IFB/APB, Lisbon inforBANCA 96 19
A partir dos autores que têm estudado este tema3, podemos isolar as seguin-
tes características gerais, em cada uma destas gerações, admitindo que os limi-
tes para cada uma, no caso de Portugal, possam ser estes, aproximadamente4:
O sociólogo José Machado Pais, um dos que mais tem estudado este fenó-
meno em Portugal, num trabalho muito interessante sobre a realidade por-
"Na banca, como tuguesa, intitulado Gerações e Valores na Sociedade Portuguesa Contemporânea
na generalidade (1999), conclui, na sequência de um inquérito nacional à população portuguesa,
que, embora haja descontinuidades intergeracionais, estas não são produtoras
das empresas dos de rupturas (como noutros contextos, p.e., os EUA), uma vez que, pelo me-
nos no grupo entre os 35 e os 54, há abertura dos mais velhos para uma certa
outros sectores, “socialização promovida pelos mais novos”. Usando conceitos de Margaret Mead,
em vez de uma cultura “configurativa”, essa, sim, geradora de rupturas, preva-
coexistem quatro lece uma cultura ”pré-figurativa”, em que os agentes socializados são também
socializadores das gerações mais velhas. É conhecido o exemplo da utilização
gerações diferentes das tecnologias, em que “filhos” ensinam e estimulam “pais”, ou algumas mo-
das de vestuário e estilos de música, em que elementos mais novos iniciam e
a trabalhar, servem de referência a elementos mais velhos.
distribuídas Porém, esta visão que se aplicará à vida social em geral e, em particular, ao
contexto familiar, não é o que se verifica no contexto laboral, nomeadamente
por posições em realidades estruturadas hierarquicamente, como é o caso da maior parte
das nossas empresas. Aqui, prevalecem as assimetrias de poder e autoridade
operacionais, de nas relações intergeracionais de que fala Jansen (1977).
Ainda assim, sabe-se que cada geração é marcada pelos valores transmitidos
coordenação, de na família, mas também pelo que é vivido no contexto em que decorre a sua
adolescência: factos políticos, económicos, sociais e culturais. Gerações que vi-
direcção e até de veram períodos de guerra ou de paz, de ditadura ou de democracia, de prospe-
ridade económica ou de escassez, de estabilidade e reprodução de valores ou
administração." de contestação e rupturas sociais, são necessariamente diferentes. Gerações
1. Esta situação tem efeitos muito nocivos e mais imediatos quando se trata de equipas pequenas de trabalho.
2. Baseámo-nos nos dados da APB sobre bancos com mais de 1 000 empregados na actividade doméstica, em Dez. 2011 (Millenium; CGD; BPI; BES; Santander
Totta; Montepio; BANIF; Barclays; B. Popular).
3. Por exemplo: nos EU, Hammil, G., Richmon, T., Davis et al., Kehrli & Sopp, Salopek, Nelson; em Espanha, Simón, C. ; no Brasil, Oliveira, S.; em Portugal, Pais,
J.M.; Casanova, J.L., Ferreira, P.A.
4. Nos EU os limites estão genericamente aceites, balizados por: II GM; Guerra do Vietnam; explosão da internet. Em Portugal não há estudos sociológicos que
fixem estes limites, admitindo Simon, C. que sejam mais tardios do que nos EU, aliás, como para os restantes países do sul da Europa que, na decorrência de
atraso nos processos de democratização tiveram fortes restrições políticas, económicas e culturais.
5. Para o aprofundamento das diferenças sugerimos ver resultados: do Kelly Global Work Force Index; do European Social Survey; dos estudos de Cristine Simón
ou o Livro Branco sobre a Juventude Europeia, CE, 2001, focado na Geração Y e na ruptura previsível que irá provocar nos contextos laborais empresariais,
nomeadamente nos mais tradicionais.
6. Definição proposta por Dias, J.M. (2012), in Gestão de Recursos Humanos de A a Z.
A Economia Global e os
Mercados Financeiros em 2013
Incerteza Política, Crescimento
Baixo e Ampla Liquidez
A
conjuntura global mantém-se marcada por alguns diversas economias, levando, por exemplo, à continuação
sinais moderadamente positivos (e.g., recuperação de políticas orçamentais restritivas, com impactos negati-
do crescimento na China, recuperação do setor da vos de curto prazo; (iv) uma conjuntura política incerta,
habitação e do mercado de trabalho nos Estados Unidos), dependente dos receios de erosão política e social asso-
que deverão sustentar uma melhoria do cenário económi- ciada à austeridade (particularmente na zona euro); e (v)
co global em 2013, quando comparado com 2012. É certo o peso elevado da dívida pública e privada nas principais
que alguns fatores negativos deverão continuar a restringir economias desenvolvidas, algo que, historicamente, de-
a atividade económica ao longo do ano e, em particular, mora anos a ajustar e tende a ser uma restrição importan-
no primeiro semestre. Entre estes, contam-se: (i) a per- te ao crescimento. Em função destes fatores, as principais
sistência de problemas orçamentais nos Estados Unidos, economias deverão ainda registar taxas de crescimento do
com a necessidade de elevar o teto da dívida, PIB relativamente baixas ou moderadas em 2013; na zona
aprovar um Orçamento e euro, espera-se mesmo um registo anual ligeiramente ne-
conter os futuros défices, gativo (em torno de – 0,5%), sobretudo em função de
através da redução da uma contração da atividade nos primeiros meses do ano.
despesa pública e/ou de Mantêm-se, por outro lado, perspetivas relativamente
aumentos de impostos; mais favoráveis para as economias de África, América Lati-
(ii) a incerteza associa- na e Ásia, muito menos condicionadas pelo peso da dívida
da à crise da dívida da e pela necessidade de “desalavancagem”. Neste contexto
zona euro e, sobretu- de crescimento relativamente moderado, a inflação de-
do, ao desempenho das verá manter-se contida nos Estados Unidos e na Europa,
economias da “perife- podendo ainda ser visíveis algumas pressões deflacionistas
ria”, ainda sujeitas a uma em algumas economias da zona euro. Riscos inflacionis-
recessão em 2013; (iii) a tas deverão estar mais presentes em algumas economias
“desalavancagem” emergentes, como o Brasil.
(i.e., a redução Tendo em conta esta expectativa de crescimento mo-
do endivida- derado e inflação baixa, o outlook deverá continuar marca-
mento como do, nas principais economias desenvolvidas, por políticas
suporte da ati- fortemente expansionistas por parte dos bancos centrais,
vidade econó- que continuam a injetar – ou a prometer injetar – liqui-
mica) dos se- dez de uma forma significativa nos mercados (é o caso
tores público das políticas de quantitative easing do Fed, do Banco do
e privado em Japão ou do Banco de Inglaterra, bem como das Long
A
síndrome de boreout é caracterizada por três sintomas principais: a falta
de desafios no trabalho, o desinteresse e o aborrecimento extremos no Philippe Rothlin e Peter Werder
trabalho. descreveram em 2007, pela
Estes sintomas são desenvolvidos ao longo de um período prolongado e têm primeira vez, a síndrome de
importantes consequências, não só para as organizações, mas principalmente boreout no seu livro “Diagnosis
para a vida profissional e pessoal de quem é afectado, devendo ser encarados Boreout – How a lack of challenge
como uma doença laboral emergente. at work can make you ill”.
O trabalho demasiado fácil e/ou rotineiro que impede que o colaborador
realize o seu potencial e utilize as suas competências para o desenvolvimento
r
Elevados
falha
tência de poucas tarefas para realizar ou que, aliando a
T
BURNOU
quantidade à qualidade, o trabalho seja escasso e pouco
o de
ga
o
çã
estimulante! O desinteresse e o aborrecimento extremos
car
pa
Med
bre
no trabalho são, muitas vezes, erroneamente vistos como
cu
o
çã
eo
So
o
intencionais e considerados “preguiça”. Com o passar dos çã
ta
Pr
a
ci
Requisitos
up
Ex
meses, a existência de “tempos mortos” começa a ser c
r eo
naturalmente aceite pelo colaborador e é aí que surge o sp
XO
e
boreout. D
U dio afio
Té
FL
des
de
F alta
Os colaboradores atingidos por sintomas de boreout
adoptam estratégias comportamentais para evitar novas stão
Exau
tarefas, fingindo-se sobrecarregados de trabalho. Podem
T
estender desmesuradamente o prazo em que executam BOREOU
Baixos
determinado projecto ou podem concluir rapidamente Baixas Competências/Preferências Elevadas
determinadas tarefas para terem tempo livre para, por
exemplo, se distraírem na internet ou nas redes sociais. É
comum usarem muita da sua energia a elaborarem esque- Adaptado de: Mihalyi Csikszentmihalyi & Norbert Bischof
(H. Arne Maus, ©1995-2012 Identity Compass International)
mas para que a sua pouca produtividade não seja desco-
berta, agravando os sintomas.
Quem sofre de boreout transporta para a sua vida privada o mesmo tipo de sintomas.
Irritabilidade
Como traz a sensação de insatisfação do
Cansaço trabalho para casa, é facilmente irritável.
Sente-se cansado, apático e esgotado. Sente-se mal-humorado e reage à mais
Sente-se preguiçoso e, por falta de pequena coisa, fazendo os outros sofrerem
energia, cede à preguiça. com o seu comportamento rancoroso.
A pessoa afectada só quer paz e
adormece em frente à televisão.
À Procura de Significado: Uma Mesmo que não se reveja nestes sintomas, depois do trabalho ou ao fim de
Solução semana será o momento ideal para se dedicar a passatempos motivantes. Estes
Para todos nós, o conteúdo do ajudam a dissipar eventuais frustrações reprimidas durante o dia de trabalho.
nosso trabalho é importante. Gos-
tamos de testar as nossas compe- E que medidas preventivas podem ser tomadas a nível organizacional?
tências, assumir desafios, ter um
projecto estimulante, encontrar sig- • Favorecer a participação dos colaboradores e
nificado e reconhecimento no nosso promover as relações interpessoais positivas;
contributo para o desenvolvimento • Reestruturar as tarefas atribuídas aos
organizacional, sentir que o que faze- colaboradores;
mos é valorizado. As boas práticas de • Flexibilizar horários;
recursos humanos são fundamentais • Facilitar o acesso à informação e à formação,
para evitar o boreout, e daí o crescen- assim como aos recursos necessários ao
te interesse no “salário emocional”1, desempenho profissional;
que é, no fundo, todo o conjunto de • Incentivar a criação de grupos de trabalho com
ajudas que se proporcionam ao cola- definição clara do papel de cada colaborador;
borador e que lhe podem trazer mais • Promover a autonomia e a descentralização
equilíbrio e felicidade, reforçando, ao das decisões.
mesmo tempo, o seu compromisso
para com a organização. Este é o caminho.
Global Banker
Strategic Bank Management
Europa
Empreendedorismo – Da “Ideia” à “Acção”
A União Europeia tem vindo a focando a necessidade de incorporar para a implementação de um projec-
promover o empreendedorismo, a inovação, criatividade e empreen- to internacional visando a educação
considerando-o um factor-chave da dedorismo nos sistemas de educação para o empreendedorismo.
competitividade e um motor de de- europeus.
senvolvimento económico. Assim, Em Portugal, foi aprovado o Pro-
reconhece-se que se trata de uma grama Estratégico para o Em- Ser empreendedor é::
competência que deve ser adquirida preendedorismo e a Inovação t5SBOTGPSNBSiJEFJBTwFN
nas escolas, tal como qualquer outra (Resolução do Conselho de Ministros iBDÎÍPw
disciplina de base dos programas cur- n.º 54/2011), visando alargar as com-
t4FSDSJBUJWP
riculares. petências da população (incluindo a
A Recomendação de 2006 do população jovem) e a dinamização t4FSJOPWBEPS
Parlamento Europeu e do Conselho da inovação, de forma a promover a t"DSFEJUBSFNTJQSØQSJP
sobre as competências-chave para competitividade das empresas portu-
t5FSJOJDJBUJWB
a Aprendizagem ao Longo da Vida guesas e a estimular o empreendedo-
inclui o empreendedorismo na lis- rismo. t1PTTVJSBVUPDPOöBOÎB
ta de oito competências destacadas Dada a relevância do tema, o Ins- t-JEFSBSFUSBCBMIBSFNFRVJQB
RVJQB
como essenciais. Também a Co- tituto de Formação Bancária, para
t(FSJSQSPKFDUPT
missão Europeia reforça esta ideia, além de iniciativas que desenvolve indi-
através da Estratégia “Europa 2020”, vidualmente, integrou uma candidatura
ão em
Formaç na Banca
ncia
Alternâ Momento de
Abertas
entrega dos D
d a t u r a s iplomas e Prém
ios.
Candi ctivo 2013/14
Ano Le
t
o s it e w ww.ifb.p
N
PORTO
Julho
até 15 de
Inscrições Abertas
1ª Fase: 2ª Fase:
até 17 de Maio até 28 de Junho
Prova Escrita: 22 de Maio Prova Escrita: 2 de Julho
Entrevistas: 23 a 28 de Maio Entrevistas: 3 a 8 de Julho
Duração: 12 horas
Horário: 9h – 12h e 13h – 16h
Local: Lisboa – IFB – Av. 5 de Outubro, nº 164
Porto – IFB – R. Fernandes Tomás, nº 352, 4º
Informações:
ISGB – Av. Barbosa du Bocage, 87, 1050-030 Lisboa | Tel.: 217 916 210 | Fax: 217 955 234 www.isgb.pt
IFB – Rua Fernandes Tomás, 352 – 4º, 4000-209 Porto | Tel.: 225 194 120 | Fax: 225 102 205 e-mail: isgb@isgb.pt
Pós-Graduações
Gestão Bancária
Licenciaturas reconhecidas oficialmente.
Gestão e Sistemas
de Informação
Obs. – As Pós-Graduações não conferem grau académico pelo que “não têm
reconhecimento oficial”.Conferem, contudo, créditos ECTS a todas as disciplinas.
LISBOA PORTO (Apoio) Informações
Av. Barbosa du Bocage, 87, 1050-030 Lisboa Rua Fernandes Tomás, 352 – 4º, 4000-209 Porto Margarida Sarmento Guedes
Tel.: 217 916 210 Fax: 217 955 234 Tel.: 225 194 120 Fax: 225 102 205 Av. 5 de Outubro, 164, 1069-198 Lisboa
e-mail: isgb@isgb.pt Tel.: 217 916 258 | Fax: 217 972 917 | e-mail: m.guedes@isgb.pt
Candidaturas Abertas