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E-BOOK EXCLUSIVO

meeting
FESTURIS
04 e 05 de Novembro I 2022
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INTRODUÇÃO:
O 34º Festuris como um todo e o Meeting, mais especificamente,
trouxeram para o debate a Ressignificação do Turismo. Um tema apropriado
para o momento pós-pandemia da Covid-19, e quando o setor turístico está
retomando a sua normalidade. Mas ressignificar não remete apenas a retomar,
reiniciar, recomeçar… Mas remete também a aprender, reaprender, provocar,
refletir, conhecer e, principalmente, fazer melhor do que antes.
E como se faz isso? Ouvindo, se disponibilizando, estando aberto a novas
experiências, novas regras e novas situações. Como ocorreu nas manhãs dos
dias 4 e 5 de novembro, em mais de seis horas de conversas e trocas.
E foi esta a proposta do Meeting Festuris. Oferecer um leque de painéis
envolvendo os mais variados temas, abordados por pessoas dos mais
diversificados segmentos. Cada um deu a sua contribuição para este
crescimento pessoal a que os participantes do evento estavam se propondo.
E em todas as manifestações dos painelistas foi destacado que o turismo,
mais do que nunca, se faz de gente para gente. Não se faz turismo sem
valorizar os colaboradores, sem dar a eles voz e autoridade. E não se pode
mais fazer turismo sem respeito à diversidade, sem olhar para a inclusão e
sem reconhecer a importância do meio ambiente, da cultura e da história.
Foram muitos os exemplos apresentados. A seguir, apresentamos um
resumo dos painéis cujos temas revelam a sintonia do Festuris com a atualidade,
com a antecipação de tendências e com o que há de mais importante no
segmento do turismo: pessoas que empreendem, pessoas que trabalham e
àquelas que consomem o turismo. É uma conexão que move o setor.

Boa leitura!
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SUMÁRIO
André Meyer Coelho 04
Coordenador de MBA e Gerente de Projetos da FGV Projetos, integrante do Núcleo de Turismo da FGV

Carlos Antunes 06
Diretor Brasil/South America at TAP Air Portugal

Clovis Tramontina 08
Diretor do Conselho de Administração da Tramontina

Eduardo Bernardes Neto 10


Vice-Presidente de Vendas e Marketing da GOL

Fábio Mader 12
Diretor Executivo de Sourcing – CVC-Corp

Fabrízio Gueratto 14
Especialista em finanças e investimentos

Gonçalo Rebelo de Almeida 16


Administrador/Board Member Vila Galé Hotéis

Guilherme Paulus 18
Fundador da CVC e da GJP Hotels & Resorts

Lelei Teixeira 20
Jornalista e escritora

Maribel Silva 23
Diretora Comercial e Marketing da Calçados Beira Rio

Martha Medeiros 25
Empresária e Estilista

Raphael Ayub 27
Secretário Estadual de Turismo do Rio Grande do Sul

Ricardo Fantinelli 28
Coordenador do Ágora Tech Park, de Joinville

Rosa Helena Volk 30


Secretária municipal de Turismo de Gramado e presidente da Gramadotur

Tarcísio Gargioni 32
Conselheiro de Administração IBGC
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Economia do turismo - um futuro melhor

André Meyer Coelho - coordenador de MBA e


Gerente de Projetos da FGV Projetos, integrante do Núcleo de Turismo da FGV

O turismo é uma atividade econômica muito importante. Estamos ainda em um processo muito
difícil para todos vocês que, de alguma forma, passaram por esse processo para se transformar.
Em janeiro de 2020 não passava pela cabeça de ninguém que logo ali adiante 90% da atividade do
turismo iria parar. Isso era uma coisa inimaginável e, obviamente, cada um da sua forma começou
a buscar alternativas para o que seria este processo de retomada. No nosso caso, começamos a
buscar dados, números e todas as possibilidades possíveis para um processo de retomada, quase
um exercício de futurismo.
O que seria todo esse processo de retomada? E aqui nós chegamos no ano de 2021, conversan-
do com o SEBRAE. Nos juntamos para pensar uma forma de ouvir as pessoas, mas precisávamos
ouvir os empresários, os gestores, ouvir aqueles que estavam no meio do turismo. Precisávamos
entender o que seria esse processo de retomada e como poderíamos sair deste momento de
pandemia. Obviamente, em 2021 o processo de vacinação já estava em andamento, já fazíamos
um exercício de retomada E aí o SEBRAE comprou essa ideia para que pudéssemos nos juntar e
ouvir as pessoas.

PERFIL DO CONSUMIDOR MUDOU


Foram vários documentos, relatórios nacionais e internacionais para construir as ideias. Olhamos
para o perfil dos consumidores que estava mudando. As pessoas, obviamente, tiraram o turismo
da sua cesta de consumo, mas as pessoas não deixaram de procurar por destinos. Elas só esta-
vam no ambiente online. Nossos clientes migraram significativamente para essas oportunidades
de buscarem o turismo de uma forma mais online. Então fizemos entrevistas com especialistas do
mercado, com analistas, com gestores públicos, com empresários e tentamos traçar uma série de
matrizes qualitativas.
Temos, efetivamente, após a pandemia, uma oportunidade de retomar. Mas a retomada não é o
que vamos fazer. Retomada nos remete ao que éramos em 2019. Mas não precisamos sair como
éramos em 2019, nós precisamos sair melhor do que éramos. Precisamos de um futuro melhor. O
turismo precisa se transformar e vai se transformar. Está se transformando em turismo mais sus-
tentável, com maior segurança sanitária, entre outras situações.
Acho que temos um turismo mais inclusivo com a participação de todos os setores da socieda-
de de vários perfis diferentes de consumo, mais inovador, e com novas ferramentas tecnológicas.
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COMO SAIR MELHOR E MAIS COMPETITIVO?


Sair mais competitivo não é só vender mais, estar na frente. Ser mais competitivo é você reunir
uma série de capacidades que te fazem estar continuamente em um processo de crescimento.
Gramado, por exemplo, é uma cidade muito competitiva, neste caso tem boa infraestrutura de
Centro de Convenções, tem bons profissionais, bons gestores. Então a competitividade é uma
reunião de capacidades que contribuem para o nosso crescimento.
Temos a oportunidade, então, de retomar, mas retomar melhor, fazer um turismo melhor, um futuro
melhor. Mas este futuro envolve novos costumes, novos perfis, novas formas de relacionamento.
Envolve mais sustentabilidade, novas formas de contatos, que envolve economia compartilhada, e
envolve novos tipos de consumo. Como a gente poderia imaginar que seria possível as pessoas ti-
rarem férias e trabalhar ao mesmo tempo? Isso, de alguma forma, já acontecia no passado, mas de
uma forma muito leve. E hoje já se transformou em alguma coisa tão normal: você pode estar em
viagem, estar de férias com a família e, ao mesmo tempo, está trabalhando. Por isso é importante
que os hotéis, por exemplo, preparem seus ambientes para receber estes profissionais.
Tudo isso nos faz pensar que, talvez, esta retomada seja a oportunidade para repensarmos o mo-
delo de negócios. Vermos a forma como nós pensamos o nosso próprio negócio. Neste aspecto,
temos que destacar alguns pontos importantes. Alguns deles são como trabalhar os custos; e a
influência do ambiente externo ao negócio como o cenário econômico, por exemplo; como as
pessoas vão chegar no seu empreendimento (como é a infraestrutura e internet por exemplo);
e acompanhamento de tendências, pois começaram a se multiplicar novos costumes, surgiram
novos consumidores e novas formas de se comunicar com as empresas.
E quando a gente fala de inovação, quando a gente fala de transformação, existem uma série de
processos que estão por trás disso. Pensar o que é sustentabilidade, o processo de saber o que e
como ressignificar o turismo. Realmente, existem uma série de processos que todos os empresá-
rios pequenos, médios e grandes precisam colocar no seu dia a dia para pensar no background da
empresa, na forma de fazer seus negócios, na forma de se colocar na internet.
Existe uma série de novos processos que precisam ser pensados por todos que trabalham na
cadeia do turismo.

COMPETITIVIDADE
É UMA REUNIÃO
DE CAPACIDADES
QUE CONTRIBUEM
PARA O NOSSO
CRESCIMENTO”
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O desenvolvimento de vendas da TAP no Brasil

Carlos Antunes - Diretor Brasil/South America at TAP Air Portugal

A TAP é uma “senhora” de 67 anos, fundada em 1945. Somos uma empresa extremamente vibran-
te, que se reinventa sempre. A TAP se aproximou do Brasil há 56 anos, iniciando pelo voo Lisboa-Rio
de Janeiro. Na época vinha por países da costa da África, depois cruzava o Atlântico. Eram vários dias
de viagem. Hoje temos roteiro três vezes por semana com 9 horas de duração.
A companhia aérea internacional liga Porto Alegre a Europa, três vezes por semana, às terças, quin-
tas e sábados. Nestes dias sai um avião com conexões em toda a Europa com cerca de 250 passa-
geiros. É um canal de comunicação, é uma oportunidade, instrumento para todos nós que trabalha-
mos com turismo internacional, que trabalhamos com negócios e que precisam de conectividade.

VOOS DIRETOS DE 11 CAPITAIS


Atualmente, oferecemos voos diretos de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, Brasília,
Fortaleza, Natal, Maceió, Porto Alegre, Recife e Salvador a Lisboa, mas também entre o Porto e São
Paulo e Rio de Janeiro. No total, a TAP tem 11 ligações (e 13 rotas) diretas entre Portugal e Brasil.
Ao longo da sua existência, a TAP foi pioneira em conexões, inovações e novas rotas. Não sei se
muitos se lembram daqueles bilhetes emitidos a mão, fomos pioneiros na substituição. Em 2005, a
TAP aderiu a Star Airlines, que é uma das redes mundiais de Companhias Aéreas que entrega uma
série de benefícios especialmente aos passageiros e agências de viagem tanto em termos de co-
nectividade, otimização da malha aérea e também em termos de milhas.
Também sempre investimos na renovação da frota, como em 2018. Acabou o evento na pandemia
e já refizemos todas as rotas que tínhamos em 2019. Já conseguimos voltar a entregar a nossa co-
nectividade de antes da pandemia.
Conseguimos isso, com certeza, por uma posição privilegiada e integração entre os dois países.
Portugal está na porta de entrada da Europa. Significa que conseguimos embarcar passageiros no
Brasil e conectá-los com Lisboa. E depois conectamos mais de 50 destinos em vários países da
Europa e África, também. Quando nós estamos conseguindo conexões seguras, isso é muito con-
vidativo para conquistar o público que ainda não conhece Lisboa e deseja ir para Itália, Alemanha,
França, por exemplo. Pode parar em Lisboa por 5 dias, sem nenhum acréscimo no seu dia. Um dos
grandes diferenciais da rede é que conseguimos conectar não só as grandes capitais daqueles paí-
ses mas, também, as chamadas cidades secundárias na Itália, na França e na Alemanha. Essa é uma
das nossas fortalezas, esta capilaridade, esta capacidade de entregar o passageiro no seu destino
final com a bagagem.
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UMA FROTA RENOVADA


Nossa frota foi renovada em 2018, com uma nova geração de aeronaves da Airbus, com mais con-
forto, tecnologia e segurança. Tudo isso é muito importante para reduzir custos que podem se traduzir
em maiores margens para as companhias aéreas e em benefícios nas tarifas para os passageiros.
Implica, ainda, em menores emissões de gases na atmosfera. Um dos maiores investimentos que as
companhias aéreas podem fazer para reduzir as emissões de gases na atmosfera é adquirir aerona-
ves melhores e mais eficientes. São aeronaves que possuem conexões via satélite, um conforto ímpar,
mais espaço entre as poltronas, compartimentos maiores. Temos toda uma tecnologia embarcada,
com telas em todos os assentos e mais de 100 horas de entretenimento.
Em 2016, fomos a primeira companhia europeia a instalar a tecnologia sharklet – dispositivos na ponta
da asa permitem aumentar a eficiência e reduzir as emissões de CO2 – nos nossos aviões e, em 2022, a
primeira a operar um voo em Portugal com combustível SAF (Sustainable Aviation Fuel) a bordo.
Quem viaja com a TAP sabe que vai encontrar a bordo produtos e ingredientes portugueses. Essa é
a nossa missão: oferecer uma experiência verdadeiramente portuguesa a bordo das nossas aerona-
ves. Em nossa Sala Vip, em Lisboa, o passageiro que está conectando através do Aeroporto de Lisboa
tem a oportunidade de descansar, ter acesso à internet e fazer refeições. É um intervalo da sua viagem
importante, talvez um dos mais valiosos é o nosso atendimento. Em todo o Brasil temos uma equipe
preparada para atender os agentes de viagem. Em nossos destinos são mais de 60 pessoas Tap no
Brasil que estão à disposição dos passageiros 24 horas por dia, sete dias por semana. Isso faz parte
do nosso conceito de atendimento.
Consideramos prioritário os agentes de viagem que representam uma parcela considerável é absolu-
tamente importante nas vendas da TAP no Brasil . É o agente de viagem que agrega valor ao nosso pro-
duto. Nós transportamos os passageiros de um ponto ao outro e sabemos vender as passagens. Mas
é o agente de viagem que vai transformar essa passagem em um componente de sonho do seu cliente.
Nossa equipe no Brasil é integrada por pessoas que todos os dias se dedicam, junto com os agentes
de viagem, que fazem com que a Tap continue sendo a companhia aérea preferida dos brasileiros que
viajam para a Europa.

PORTUGAL ESTÁ NA
PORTA DE ENTRADA
DA EUROPA,
CONECTANDO O
BRASIL COM MAIS DE
50 DESTINOS
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Livro “Clóvis Tramontina:


paixão, força e coragem”

Clóvis Tramontina - Diretor do Conselho de Administração da Tramontina

A ideia de escrever o livro surgiu na pandemia, quando estava na praia com a minha família. E
minha filha me provocou: porque não escreve um livro sobre a tua vida? E conversando com a
minha esposa, decidi: vou escrever o meu livro, vou colocar nele minhas ideias.
Lembro aqui que temos vários cases brasileiros de sucesso no mundo, como a Gol, Perdi-
gão, Tramontina, Randon, Marcopolo, Seara e outras. Como a Varig, uma excelente empresa,
que foi um orgulho para os brasileiros e era uma embaixada do Brasil no exterior. No exterior, o
brasileiro que passava por um problema, não ia na Embaixada. Ia na Varig buscar ajuda. Por isso
o tenho orgulho de dizer que temos muitas empresas, marcas brasileiras que estão presentes
no mundo hoje com qualidade. E tu só pode estar no mundo se tem qualidade.

TUDO COMEÇOU COM UM CANIVETE


A vida da Tramontina começou com um canivete, que foi a startup do meu avô. Essa histó-
ria começou quando Valentin Tramontina abriu uma pequena ferraria em Carlos Barbosa (RS),
onde executava reparos para as indústrias da região e ferragens para cavalos. Menos de um
ano depois, este jovem, nascido em Santa Bárbara do Sul, e Elisa De Cecco se casam. Ele saiu
de Santa Bárbara para Carlos Barbosa vislumbrando a chegada do trem nesta cidade. Viu no
trem uma possibilidade de progredir profissionalmente. Minha vó então colocava os canivetes
em uma sacola e levava até Porto Alegre onde vendia. Tenho uma carta manuscrita da minha
avó quando ela escreveu, em 1959, para a Ferragem Caxiense, de Caxias do Sul, perguntan-
do se eles tinham recebido bem a encomenda. Vejam que ela já fazia um pós-venda naquela
época. Eles tiveram três filhos, dois faleceram e meu avô faleceu em 1939. Ficaram minha avó
e meu pai que tinha 14 anos.
Em 1949, Ruy Scomazzon, que tinha se formado em Economia pela PUC do Rio Grande do
Sul, passou a integrar a sociedade com meu pai. Ficaram 70 anos juntos. E desde a criação da
empresa foram mantidos valores importantes: satisfação do cliente; transparência, liderança,
valorização das pessoas, trabalho e devoção. A Tramontina entrega o que ela promete. Por
isso, 94% da população brasileira tem, pelo menos, um produto Tramontina É o reconheci-
mento da nossa marca.
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O ROBÔ NÃO SUBSTITUI, MAS VALORIZA A MÃO-DE-OBRA


A inovação é uma característica da Tramontina. Temos 841 robôs. Quando falo isso, algumas
pessoas perguntam se esses robôs não substituem a mão de obra da empresa. Muito pelo con-
trário, o robô valoriza a mão de obra, dá mais segurança aos trabalhadores. O ser humano é muito
nobre para fazer o trabalho repetitivo e pesado. O robô é uma iniciativa fantástica que tem em
todas as nossas empresas.
E como foi minha trajetória? Tive uma infância e adolescência muito ativa, meu bicho de esti-
mação era um galo que eu levava na bicicleta em todo lugar que eu ia. Tive um circo e até uma
pequena ferraria. Fiz várias coisas, fui um grande vendedor de rifa. Assim mantivemos o time de
futebol, a igreja, o clube.
Por 30 anos fui presidente da empresa. Aliás, sempre quis ser o presidente da Tramontina, sem-
pre fui muito ambicioso. Em 1981 fui para São Paulo com o propósito de vender para a rede
Mappin. Meu pai me disse, nós não temos produtos para vender para o Mappin. Mas tínhamos
uma travessa de inox tamanho 20. Num dia fui à sede do Mappin às 6 horas da manhã. Na vida
tu tem que ter sorte e coragem. Enquanto esperava para ser recebido, passou um diretor que
era italiano e perguntou o que a gente queria. Apresentei a ideia. Com isso chegamos em quem
decidia, uma mulher que pediu um conjunto de travessas em três tamanhos – 18, 20 e 22. E em
embalagem litografada. Mas só tinha o 20 e tivemos que investir nestes outros tamanhos para
atender a empresa. E conseguimos.
A gente tem que aproveitar as oportunidades. Em 2002, durante a Copa do Mundo, num bar em
Farroupilha, assistindo a um jogo da seleção, escrevi num guardanapo que deveríamos produzir
onze peças com preço da China e qualidade Tramontina. Convencemos nossos fornecedores
a baixarem as margens de lucro para sermos competitivos. Conseguimos fazer, foi um sucesso.
Ganhamos no volume. Assim, a Tramontina praticamente triplicou de tamanho com essa ação e
a gente viu que dá para baixar preço e fazer volume.
Para finalizar, digo para vocês: tomem decisões, sejam objetivos Não deixe para depois. E fa-
çam sempre o possível. Nunca me conformei, sou positivo e sempre acho uma saída para os
problemas e as dificuldades.

TOMEM DECISÕES,
SEJAM OBJETIVOS.
NÃO DEIXE PARA
DEPOIS. E FAÇAM
SEMPRE O POSSÍVEL”
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O poder transformador do Turismo


como ferramenta de transformação
de pessoas e da economia

Eduardo Bernardes Neto - Vice-presidente de Vendas e Marketing da GOL

Quero destacar aqui o poder do turismo como ferramenta de transformação das pessoas e da so-
ciedade. Quero compartilhar um pouquinho como a gente, como na GOL, como os nossos 14 mil (que
a gente se auto-denomina “time de águias”), enxergamos e como pode ser a nossa contribuição para
esta transformação.
A GOL nasceu no Brasil com uma ideia completamente inovadora e disruptiva. E ao longo do tempo,
a gente entende que nós conquistamos o nosso espaço no coração dos nossos clientes, trazendo
qualidade de vida, qualidade de trabalho, igualdade que permitiram acesso ao transporte aéreo.

CONSTRUÇÃO DE PARCERIAS
A gente é muito feliz, em especial, pela parceria que a gente conseguiu construir no setor de turismo.
A inovação é um processo que transforma o mundo a partir da transformação cultural das pessoas.
Achamos que a inovação vem da tecnologia e das novas formas de desenvolver as coisas. Na verda-
de, o que nós acreditamos é que a transformação, a inovação, elas acontecem através das pessoas. A
transformação de cada um de nós é o que realmente gera a transformação tecnológica e a transfor-
mação dos negócios. E, para isso, viajar, seja a turismo ou lazer, é fundamental.
A tecnologia nos deu muito acesso e permitiu alcançar lugares antes não imaginados. Realmente
gera mudanças e ajuda a desenvolver uma série de habilidades que são tipicamente humanas e que
são desenvolvidas especialmente quando nós temos a capacidade de conectar as pessoas. Quando
as pessoas se encontram elas se conectam e isso gera uma transformação.

HABILIDADES ESPERADAS DOS PROFISSIONAIS


Um estudo recente do Fórum Econômico Mundial aponta as principais habilidades esperadas para
os profissionais e para as pessoas até o ano de 2025. Dentre essas habilidades destaco a criativida-
de, originalidade e iniciativa. E destaco aqui uma frase de Austin Kleon, que é um autor renomado, já
premiado pelas suas obras: “Viajar faz o mundo parecer novo e quando o mundo parece novo nosso
cérebro trabalha mais intensamente”.
Uma outra habilidade que quero destacar aqui está ligada ao raciocínio, a solução de problemas e
de ações, também levantadas pelo Fórum Econômico Mundial, Estudos recentes mostram que as
pessoas que viajam têm uma capacidade maior de resolver problemas de forma menos convencional.
A gente acredita que isso colabora muito para gerar a transformação necessária para o nosso setor,
para o nosso turismo, para a nossa sociedade e para o mundo.
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Durante a pandemia, quando a gente perguntava o que você vai fazer quando tudo isso acabar, a
resposta era: viajar, viajar, viajar...
A gente acredita que viajar faz parte desta transformação. Por que as viagens transformam as
pessoas. Depois de cada viagem, minimamente você volta descansado. Você volta cheio de no-
vas ideias. As pessoas são capazes de transformar as empresas e as empresas transformam a
economia. O setor de turismo unido, sustentável e criativo tem a capacidade de transformar o
mundo, em especial neste momento, neste novo ciclo do turismo. É assim que a gente vê o turis-
mo na GOL: como uma ferramenta de transformação humana e que têm potencial de transformar
o mundo. A gente sabe que as pessoas são apaixonadas por viajar porque elas reconhecem a im-
portância dessas viagens. O turismo transforma. Então, nós da GOL acreditamos que ele precisa
ser para todos. Se o turismo tem este poder de impacto no mundo, ele precisa ser para todos. E a
GOL nasceu com este propósito. Há 21 anos atrás quando lançamos a companhia, o propósito era
democratizar o transporte aéreo. Para democratizar precisava ser disruptivo.
Em 2001 praticamos a desburocratização, a simplificação dos processos, a facilidade do aces-
so, uma nova forma de pensar. Sem dúvida nenhuma influiu para a transformação do setor de
turismo. E a gente não fez isso sozinho. Desde o primeiro momento, desde a fundação estivemos
juntos com os agentes de viagem, com a hotelaria, com os restaurantes, com os bares, com as
entidades. Tenho muito orgulho de ter participado desse processo e, mais ainda, de ter continua-
do trabalhando num turismo cada vez mais sustentável e cada vez mais transformador. Quando a
gente se conecta e trabalha em conjunto nosso poder de transformação é ainda maior. Do mesmo
jeito que a gente acredita que a conexão das pessoas através de viagens é importante.

A UNIÃO DAS PESSOAS É QUE FAZ ESSA TRANSFORMAÇÃO.


É uma honra poder compartilhar um pouco da nossa visão. A visão de uma companhia que saiu
de seis aeronaves para uma companhia 140 aeronaves, a maior do mercado doméstico brasileiro.
Não fosse pela troca de ideias, não fosse pelas parcerias, com certeza não estaríamos aqui.

O TURISMO
TRANSFORMA.
ENTÃO, NÓS DA GOL
ACREDITAMOS QUE
ELE PRECISA SER
PARA TODOS”
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A transformação através das pessoas


Fábio Mader - Diretor Executivo de Sourcing – CVC-Corp

Venho falar aqui de um tema que, para mim, é um dos mais importantes no mundo, que são as
pessoas. O mundo está em constante mudança. Se a gente parar para pensar no nosso compor-
tamento como pessoas, dos nossos filhos, dos nossos amigos, a gente vai realmente perceber o
quanto nós mudamos no decorrer da nossa vida. Vivemos a revolução industrial, a era da informa-
ção ou era digital e agora inauguramos o período conhecido como era pós-digital, na qual come-
çamos a perceber as transformações que a tecnologia provoca no nosso modo de viver, pensar,
trabalhar e aprender.
O mundo e as empresas têm sido cada vez mais disruptivas no seu modo de trabalhar. Tem se
investido e usado muito a tecnologia. Além disso, passamos por uma pandemia que acelerou ain-
da mais o processo de transformação do comportamento do ser humano. Isso nos traz diversas
reflexões. Ficamos em casa praticamente 14 meses, sem se relacionar profundamente com as
pessoas. A tecnologia digital cresceu de importância neste período.
Cito aqui o caso da minha filha, que tirou um 10 em matemática, disciplina que ela tem dificuldade
de aprender. Ela se orgulhou. E eu vibrei com a vitória dela. Ela falou para as amigas dela, ela pu-
blicou no Instagram, ela se sentiu valorizada. Ela brilhou. O que ficou disso? Faça seu time brilhar.
Como fazer isso? Conheça o seu time, desenhe exatamente aquilo que você sabe que a pessoa
vai fazer. Invista tempo! Demonstre que acredita nela, que você está apostando nela. E faça isso de
forma genuína, porque se não for assim, ela vai perceber. E respeite o tempo dela. No tempo dela,
o resultado virá.

OPORTUNIDADE E PODER GERAM ENGAJAMENTO


Dê oportunidades, empodere as pessoas. Permita que elas tomem decisões. E façam com que
saibam o papel importante que elas têm na empresa. Um simples gesto pode ser tudo no nosso
ambiente, empodere o seu time, acredite que ele é capaz. Muitas vezes, a gente não faz isso e não
permite o seu time brilhar. Faça o seu time brilhar porque, no final, o resultado vai ser a empresa.
Nós temos 1.500 funcionários e não tínhamos diretoria feminina. Mas 60% do nosso time são mu-
lheres. Não tem nenhuma mulher na diretoria ou na gerência? Começamos, então, a fazer um trabalho
forte dentro da empresa para fazer a transformação. Porquê? Porque o nosso cliente tem que olhar
para a empresa e se sentir representado. E como vamos fazer isso? Chamamos o time e começamos
a trabalhar muito forte a diversidade, criamos toda a parte de governança, código de ética, aquela coisa
toda. Para que? Para as pessoas se sentirem à vontade e poder fazer a transformação. Porque quem
faz a transformação são as pessoas.
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Um dia o gerente disse: “Mader, contratei a nossa primeira colaboradora trans”. Falei, que legal. O que
ela vai fazer? Disse que ela vai fazer steward, lavagem de pratos, limpeza de utensílios, estas coisas. Legal,
bacana, é um trabalho nobre como todos os outros. Mas eu quero mais do que isso. Em resumo, a gente
a contratou, ela trabalha no Santos Dumont, recebe nossos clientes. Não é a alegria do Mader, é a alegria
dela. Está fazendo um lindo trabalho, todos a respeitam como tem que ser. Pessoal, ela vai brilhar. Não tem
como. Nós só abrimos a oportunidade. Ou seja, não tem como falar de pessoas sem falar de inclusão, nes-
te momento tão delicado.

DESENVOLVER UM TIME FIEL


Também cabe lembrar que colaboradores engajados tendem a não sair. Há 25 vezes mais decisões
individuais hoje do que na década de 80. As pessoas tendem a tomar decisões. Pessoas diferentes
reagem de modos diferentes. Lembram da minha filha para tirar 10 em matemática? Ela é diferente,
eu preciso dar oportunidade para que ela se desenvolva de uma forma diferente. Se eu tratar ela igual,
exatamente igual, ela vai se frustrar, vai se sentir incapaz e a gente vai trocá-la. Simplesmente a gente
vai trocar e ainda acha que fez certo. Desenvolva o seu time porque ele vai ser fiel a você. Baixo en-
gajamento dos trabalhadores repercute nos resultados: no mundo, sete trilhões de perdas em produ-
tividade por não ter colaboradores engajados nas organizações; colaborador desengajado custa 10
mil dólares por ano; nas empresas com colaboradores engajados são 22 vezes mais lucrativas; 75%
dos trabalhadores disseram querer trabalhar em empresas com contribuição positiva à sociedade;
87% dos colaboradores engajados não pensam em deixar as empresas. Eles têm um propósito. E a
empresa faz parte desse propósito. 71% dos altos executivos consideram o engajamento dos cola-
boradores como chave do sucesso do negócio.
A indústria do turismo é feita de pessoas para pessoas. Precisamos ser líderes, empreendedores,
engajadores e agentes transformadores. Engajamento é a chave para o sucesso mútuo, é o time tra-
balhar com e não para… Isso muda. Eu não trabalho para… Eu trabalho com… Precisamos valorizar
as pessoas e isso é essencial para transformar as nossas empresas. E quem vai transformar nossas
empresas? As pessoas!

NAS EMPRESAS,
TEMOS QUE INVESTIR
NAS PESSOAS,
EMPODERÁ-LAS.
MAS FAZER ISSO DE
FORMA VERDADEIRA”
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Finanças pessoais, investimentos


e empreendedorismo

Fabrizio Gueratto - especialista em investimentos

Há 15 anos tínhamos 500 mil investidores na Bolsa de Valores. Hoje são 5 milhões de investidores.
Ainda é pouco, mas acelerou muito. Mais de 70% dos investidores são pessoas físicas que são in-
centivados por influenciadores financeiros. Olha a mudança de mundo que aconteceu neste setor.
Sou formado em publicidade mas há 15 anos sou gerenciador financeiro, atividade que apostei para
ganhar dinheiro. Mas o ganho não é rápido.
Quando a gente está com vontade de criar um negócio, temos que saber que nem tudo é grana. Tem
que cuidar de pessoas como muitos falaram aqui. Tem que fazer com que o seu time sonhe junto com
você. O sonho é seu, não do seu time. Por isso faça ele acreditar no seu sonho. Para empreender não
podemos contar com herança e, mais do que isso, não podemos contar com os governos, seja de
esquerda ou de direita. O negócio é fazer algo que ninguém nunca fez.
Sou de uma família simples, que morava num prédio. Ao descer para a garagem e ver aqueles carros
do ano, tive um insight. Os carros do ano eram justamente de empreendedores, de pessoas que ti-
nham algum negócio. Vi que precisava seguir a linha desses caras que deram certo. O empreendedor
sempre procura um problema, não importa se as coisas estão bem ou estão indo mal. É assim que a
gente cresce, é assim que a gente gera ambiente de inovação. É no desconforto que a gente cresce.
Muitas vezes a gente só precisa melhorar o que já existe. E isso também é inovação.

FAZER DE FORMA DIFERENTE


Quando eu comecei um canal de educação financeira já tinham alguns canais bons no mercado. Os
temas podem ser semelhantes, mas o formato deve ser diferente. Como eu gostava muito de viajar, pas-
sei a gravar nos lugares onde viajo. E deu certo. O negócio foi fazer algo que ninguém nunca fez. Se nos
últimos três meses eu não mudei, não renovei, não crie um problema… Se você está fazendo a mesma
coisa nos últimos três meses, se você não mudou um processo, não trouxe uma inovação, não procurou
um problema, tome cuidado porque você talvez corra o risco de não existir daqui a dois ou três anos.
O comportamento é treinável. Você se adapta ao seu entorno. Você não é, você está… Quanto mais
pessoas estiverem ao seu lado, muito mais você se provoca, mais você muda o seu comportamento.
Nunca fale, eu sou assim.
O networking é um dos ativos mais importantes que vocês vão ter. Mas você pode dizer: “eu não
tenho networking”. Não tem hoje, mas pode construí-lo. Faça isso sendo interessante, não sendo inte-
resseiro. Primeiro ofereça algo para cada pessoa nem que seja um sorriso.
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PRECISAMOS DAR PASSOS MAIORES QUE AS PERNAS


O empreendedor sempre precisa dar um passo maior que a perna. A gente aprendeu errado. Quan-
do a gente entra na faculdade, a gente dá um passo maior que as pernas. É assim quando entra na
escolinha, quando sai de casa para morar sozinho, quando casa, quando tem filho. A gente dá passos
maiores que as pernas.
Um passo que a gente deu foi lançar o primeiro curso de finanças. A gente apostou, mas não teve lu-
cro. A gente tem que dar os passos maiores que as pernas, mas desde que isso não destrua sua vida,
sua empresa. Mas o que a gente não pode é deixar de dar este passo, senão a gente fica estagnado.
O ativo mais importante da sua empresa é o seu time. Se você perder o time você perdeu a sua empresa.
O sucesso da sua empresa é proporcional ao número de novas pessoas que você consegue conectar.
Uma vez um banqueiro me chamou e perguntou se eu poderia substituir a garota-propaganda da
empresa dele, porque ele entendia que eu tinha perfil, tinha isso, tinha aquilo. Eu disse pra ele: não sou
influenciador, sou empreendedor . Eu tenho um negócio aqui, eu tenho audiência, caminho pra cá. Daí
o banqueiro disse: precisamos conversar diferente. Você pode fazer uma reunião amanhã às 11h30?
Eu disse: posso. Era 11h30 da noite, não da manhã. Se fosse às 3h da manhã, também poderia. Em re-
sumo: conversamos e ele propôs que eu fosse sócio do banco. Disse que precisavam de uma pessoa
com visão empreendedora, que entendesse o jogo das mídias sociais.
Chegamos a tudo isso por tudo o que a gente já falou: tem que ser uma espécie de psicólogo do
time, entendê-lo, ser o comandante do time quando tudo está um caos e você tem que fingir que tudo
está bem. Porque se o capitão desanimar, acabou o exército. Você nunca pode denunciar a fraqueza
para o seu time. O time depende de você emocionalmente e financeiramente. Morro de medo quando
a minha vida está completamente sem risco. Não existe nada mais arriscado do que não correr risco.
As pessoas devem entender, também, que o maior ativo delas é o tempo, ninguém compra tempo.
Quando a gente entende a importância do tempo, a gente começa a tomar decisões mais assertivas
e aprender com isso. Correr riscos faz parte da vida, por isso não vim aqui hoje falar de finanças. Vim
aqui hoje para que o Paulo, a Mariana, o Fernando, a Manoela, o José, daqui a dois anos, estejam nesse
palco não ouvindo a minha história, mas contando a história de vocês para quem está patinando.

NÃO EXISTE NADA


MAIS ARRISCADO
DO QUE NÃO
CORRER RISCO”
16

Uma hotelaria mais sustentável e humana

Gonçalo Rebelo de Almeida - Admin/Board Member Vila Galé Hotéis

O grupo Vila Galé é o segundo maior grupo hoteleiro português. Com mais de três décadas
de existência, conta com 37 unidades hoteleiras. Dessas, 27 estão em Portugal, de norte a sul
do país. E 10 encontram-se no Brasil. Todas se beneficiam de uma localização estratégica e
privilegiada. No total, o grupo soma 8.432 quartos e 19.380 camas, e 3.750 funcionários.
Grande parte do sucesso da Vila Galé deve-se à qualidade dos seus hotéis e ao profissio-
nalismo das suas equipes, unidas pela enorme paixão pela hotelaria e pelo turismo. O grupo,
de capital inteiramente português, ambiciona um crescimento econômico sustentável, social e
ambientalmente responsável, seguindo o lema “Sempre perto de você”.
O grupo Vila Galé foi fundado em 1986. O Hotel Apartamento Vila Galé (hoje Vila Galé Atlân-
tico), na praia da Galé, Algarve, seria o primeiro a ser inaugurado, em 1988. O Grupo descobriu
este destino maravilhoso que é o Brasil em 2001: Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambu-
co, Rio de Janeiro e São Paulo. Quem sabe, num futuro, chegaremos aqui nesta região.

BRASIL, UM DESTINO MUITO ESPECIAL


O Brasil é um grande destino, estamos trabalhando para incentivar cada vez mais o turismo
por aqui. Defendemos um turismo mais sustentável e digital. O turismo no futuro tem exigido
mais infraestrutura, bons restaurantes, bons equipamentos, tecnologia. Mas entendemos que
o futuro passa, cada vez mais, por humanizar esse atendimento.
As máquinas, a tecnologia, a estrutura podem ser repetidas. Mas as pessoas, os recursos hu-
manos não podem ser copiados. Cada pessoa é uma pessoa. São nossas equipes que fazem a
diferença no atendimento. Na nossa visão, a prioridade são as pessoas, são elas que fazem a in-
tersecção entre a estrutura, os equipamentos, a tecnologia com os hóspedes. E cada vez mais
temos que olhar a inclusão das pessoas. E isso cresce de importância não porque é o assun-
to da moda, ou porque todos falam isso. Mas porque as empresas ganham mais, respondem
melhor às necessidades dos clientes quando tem um leque de colaboradores com diferentes
formas de pensar, com diferentes maneiras de ser.
Além de disponibilizar capacidade técnica, as empresas devem olhar para o colaborador, sa-
ber como ele está, quais as suas necessidades pessoais. É preciso incentivar o engajamento
dos colaboradores. Temos que destacar que a capacidade técnica dos nossos colaboradores
no Brasil é bem avançada.
Temos consciência que só é possível prestar um serviço que satisfaça aos clientes se os
nossos colaboradores se sentirem bem no local de trabalho. Também só dessa forma é que
conseguimos atrair e manter os bons recursos humanos.
17

RESPEITO AO MEIO AMBIENTE E À HISTÓRIA


Outro aspecto fundamental na nossa estratégia de desenvolvimento é o respeito ao
meio ambiente. Se não tivermos isso, não vemos futuro do turismo em nosso planeta.
Tanto aqui no Brasil como em Portugal temos nos preocupado com a valorização da
fauna e da flora local. Respeito aos animais, aos vegetais, incluindo um projeto de recicla-
gem de resíduos produzidos pela unidade hoteleira.
Outra atividade que temos desenvolvido é a preservação dos aspectos históricos dos
prédios e do entorno das nossas unidades. Como fizemos, por exemplo, no hotel do Rio
de Janeiro. Ele nasceu como hotel, depois virou colégio e depois voltou a ser hotel. Tem
muita história que foi preservada. E os hóspedes, quando entram no hotel, já tem toda
essa história, toda esta vivência do passado. Então é um hotel que já nasceu mais rico do
que um que é feito novo. Em Portugal temos hotéis que foram antigos com ventosa, que
foram hospitais… Essa história e cultura trazem benefícios também para a comunidade
local, do seu entorno.
Outra preocupação nossa é o desenvolvimento da economia local. Fizemos isso ao
inaugurarmos o hotel em Alagoas, na localidade de Barra de Santo Antônio. A equipe é
formada por moradores da localidade, no hotel são consumidos produtos locais, me-
didas que geraram um impacto muito grande na economia da região. E isso se fez em
outros resorts da rede.
Também temos utilizado em nossos hotéis energias renováveis, que trazem não só
economia, mas também impactam no meio ambiente. Executamos algumas ações,
como tentar eliminar o uso de papel em todos os processos internos. E em 2023 vamos
continuar investindo em tecnologia, na responsabilidade ambiental, para permitir que
nossa atividade seja mais humana e mais sustentável.

SÃO NOSSAS
EQUIPES QUE FAZEM
A DIFERENÇA NO
ATENDIMENTO. NA
NOSSA VISÃO, A
PRIORIDADE SÃO AS
PESSOAS”
18

O Turismo de Luxo no Brasil

Guilherme Paulus - Fundador da CVC e da GJP Hotels & Resorts

Quando vieram as primeiras informações sobre a pandemia, fomos buscar informações so-
bre o assunto e nos preparar. A pandemia provocou mudanças no turismo. Verificamos que as
pessoas ficaram em casa, trabalharam em home-office e todo mundo começou a ter mais cui-
dados com a higienização das mãos e dos ambientes. E as empresas de turismo se prepararam
para aquele momento.
Aos poucos a segurança sanitária começou a se espalhar e as coisas começaram a retornar
ao normal. Com a vacina começou a se ganhar confiança e as coisas começaram a voltar ao
normal. Eu até previ que as viagens voltariam, mas com distâncias mais curtas e que as pes-
soas usariam seu próprio automóvel nos deslocamentos. Percebemos que o turismo regional
se fortaleceria, que os hotéis começariam a caminhar melhor em suas ocupações, bares e res-
taurantes e casas de música voltariam a gerar emprego e renda nesta indústria da paz, sem
chaminés. E dentro deste contexto, um segmento que cresceu muito foi o turismo de luxo no
Brasil. A classe A, que viajava para fora do país, começou a descobrir locais maravilhosos por
aqui. Conquistamos a classe A e a B+.

CASTELO ESTÁ NO SELETO GRUPO DO RELAIS & CHÂTEAUX


Foi o caso do Castelo Saint Andrews, um dos dois hotéis do seleto grupo Relais & Châteaux
existentes no Brasil, e o único de Serra. E fica aqui em Gramado. O Castelo Saint Andrews está
em localização privilegiada, dentro de um condomínio particular no centro de Gramado, com
muita privacidade, exclusividade e vista para o deslumbrante Vale do Quilombo. Possui 3 op-
ções de acomodações sendo 11 suítes Castle, 8 suítes Mountain e 3 suítes no Mountain House,
uma casa exclusiva dentro do complexo Saint Andrews. Ela acomoda até 7 pessoas com mui-
to conforto e os serviços exclusivos de hotelaria do Castelo. Foi o primeiro e único Exclusive
House do Brasil, para um público que deseja desfrutar de serviços diferenciados e totalmen-
te personalizados em ambientes elegantes, intimistas e impecavelmente decorados. Tudo foi
pensado para proporcionar uma estadia inesquecível.
Entre os serviços disponíveis estão mordomo, agendamento para uso de alguns espaços
de forma exclusiva, como a piscina e a academia, adega gourmet, menus personalizados e um
restaurante premiadíssimo. É o único hotel do Brasil que faz 52 jantares/eventos gastronômicos
por ano, aos sábados, com pratos maravilhosos, diferenciados, sempre harmonizados com os
melhores vinhos do mundo, incluindo rótulos nacionais.
19

Todas as sextas temos um evento apresentando uma vinícola nacional que expõe
o seu produto para os hóspedes do Castelo. O chef do Castelo é premiado inter-
nacionalmente. Procuramos oferecer as melhores experiências. A área de eventos
do Saint Andrews é espetacular. Imaginem casamentos, aniversários de casamento,
viver momentos especiais. Já tivemos casamentos de príncipes que vieram casar no
Castelo. Fechamos o hotel só para eles.
O Castelo Saint Andrews desenvolve durante todo o ano, programações especiais
e exclusivas. Temos o Natal encantado, o Réveillon, Vindima em janeiro e o Carnaval
Veneziano, de máscaras. São experiências inesquecíveis para nossos hóspedes.
E tudo isso na Serra Gaúcha, que oferece uma infinidade de opções de entreteni-
mento, com parques, passeios que fazem com que as pessoas não fiquem mais só
três dias por aqui. Tem famílias que ficam dez dias na Serra e não conseguem conhe-
cer tudo o que a região oferece.

O BRASILEIRO NUNCA PAROU DE VIAJAR


Vivemos uma nova etapa no nosso mundo do turismo. E o brasileiro nunca parou
de viajar. Por isso, criamos a GJP Special Travel para atender alguns clientes es-
peciais e a demanda de turismo de luxo. É que existe uma dificuldade…. Primeiro
precisa fazer uma reserva de hotel para depois buscar a aérea, ou fazer a aérea e
depois buscar o hotel. A nossa agência possibilita dar atenção aos nossos hóspe-
des nestas duas questões.
Todos nós que trabalhamos com turismo vendemos sonhos. Quero que vocês gra-
vem três palavrinhas que são muito importantes para o turismo de luxo: luxo é bem
estar das pessoas, luxo é exclusividade e arte da excelência. Na hospedagem de luxo,
temos que oferecer ao cliente mais do que ele tem na casa dele.

TURISMO DE LUXO
É BEM-ESTAR,
EXCLUSIVIDADE
E ARTE DA
EXCELÊNCIA”
20

Acessibilidade e inclusão:
desafios fundamentais do turismo para
acolher a diversidade humana

Lelei Teixeira - jornalista e escritora

Começo falando três palavras: agradecimento, emoção e inclusão. Para mim é


emocionante ocupar espaço no evento do tamanho e da abrangência incrível como
Festuris, para falar de acessibilidade, inclusão e dos desafios do turismo para acolher
a diversidade humana. Se olharmos para todos os lados vamos ver que todos somos
diferentes. O meu enfoque aqui será falar mais sobre acessibilidade física, sem ig-
norar a inclusão. A sociedade, de um modo geral, não é inclusiva. A diversidade está
aqui neste evento de turismo. Passou muita gente com cadeira de rodas e isso me
emociona muito.
O ambiente físico edificado, construído pelo homem para o próprio homem, torna
ainda mais evidente as distintas formas que dificultam a inclusão de certos grupos,
especialmente pessoas com deficiência visual. Já viajei muito pelo Brasil e por di-
versos países, mas digo com convicção: o turismo acessível ainda é um sonho. Para
chegarmos à evolução, é necessário que olhem para as pessoas sem julgamento,
independente de raça, cor, tamanho, peso, opção sexual, deficiência, idade, condi-
ção social, ou seja, temos um longo caminho a percorrer ainda. Caminho que passa
obrigatoriamente pela descontaminação de olhares. O ponto chave é combater o
preconceito que está enraizado desde que o Brasil foi descoberto.
Acessibilidade é cidadania, direito social, independência, é acolher sem julgamento.
E é sustentabilidade, porque todas estas forças têm que estar juntas para a gente
abrir esta estrada e seguir por ela. Quase ninguém vê, por exemplo, a singularidade de
uma pessoa com deficiência, que tem infinitas barreiras físicas e sociais, diariamente.
De um modo geral, esta pessoa é vista como inferior por uma sociedade despre-
parada, que ergue barreiras quando deveria derrubá-las. Uma sociedade capacitista
que não consegue ver talento em uma pessoa diferente. O que fazem estes olhares
a não ser nos depreciar? O que entendem por inclusão e acessibilidade? Quem está
preocupado com estas questões? Hoje sabemos que o Festuris está preocupado
com estas questões. E isso me emociona muito.
21

CRIAR UMA NOVA CONSCIÊNCIA


Derrubar estas barreiras é um dos grandes desafios da sociedade e de cada um de nós. E,
consequentemente, do setor turístico. Criar uma nova consciência que valorize e inclua o ser
humano na sua diversidade, certamente vai ser transformador. Sensibilizar os diversos segmen-
tos sociais no sentido de mostrar que a população é composta por minorias, que têm direito ao
trabalho, ao lazer, a viagens e tem direito ao turismo. Que elas podem ser acolhidas nos espaços
turísticos.
Ao longo dos séculos, o ser humano padrão foi considerado como referência para a constru-
ção dos espaços e para a oferta de oportunidades. E isso acontece ainda hoje. Profissionais da
engenharia e arquitetura que fazem um prédio, casa, um centro de eventos partem desta padro-
nização que repercute em outras atividades, como o turismo. Quem não corresponde ao padrão
não é lembrado e torna-se invisível. Mas como eu não sou invisível, mas parte de um todo, meu
desafio aqui é provocar esta reflexão sobre acessibilidade e inclusão com foco no turismo.
Para quem estão sendo oferecidas opções turísticas? Em que condições? A quem estamos
acolhendo? Quem está olhando para a diversidade humana? Quem está olhando para a diversi-
dade absolutamente visível como a minha, por exemplo? Sou invisível, mas a minha condição não
é! Quem está olhando para uma pessoa com cadeira de rodas? Para uma pessoa cega? Quem
são os acolhidos? E quem são os excluídos? Conscientizar e capacitar os profissionais que tra-
balham em empresas voltadas para o turismo, como hotéis, bares e restaurantes, é o primeiro
passo. Atender a diversidade das pessoas com deficiência é dever, não é favor.
Vou colocar no centro da cena agora, para ser mais explícita, o universo das pessoas com
nanismo, que é a minha condição. Uma condição absolutamente marginalizada, alvo de atitu-
des desumanas, piadas grotescas, risos, deboches, imitações vulgares. Isso é, desde sempre.
As dificuldades que enfrentamos no dia a dia são inúmeras e em determinadas situações qua-
se incontornáveis. Porque somos invisíveis para uma boa camada da população em todos os
níveis. As pessoas não estão acostumadas a conviver com as diferenças. São muitas as situ-
ações. As pessoas, por exemplo, não conseguem olhar para uma pessoa com nanismo como
uma pessoa adulta.

SETOR DE TURISMO PODE AVANÇAR MUITO NA INCLUSÃO


Acho que o setor turístico pode avançar muito nisso. Primeiro no acolhimento das pessoas que
tem alguma diferença. Dar uma atenção pessoal, por exemplo, que não te diminua. Existe uma lei
de acessibilidade em vigor, que dá muitos direitos, mas ninguém conhece. Se apropriem desta
lei. Entendo que é necessário falar, a fala resolve muita coisa. Ela esclarece, conscientiza. A lei de
acessibilidade e inclusão é muito clara. Define assim, a pessoa com deficiência: “aquela que tem
um impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. E que a inte-
ração com uma ou mais barreiras pode obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com os demais”.
22

Mas quem conhece efetivamente esta lei? É uma lei que garante direitos
para mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Bra-
sil, segundo dados do IBGE de 2019. Estamos falando de 25% da popula-
ção brasileira. Isso não é pouco. Todas estas pessoas podem usufruir do
turismo desde que as condições sejam dadas. Porque são pessoas que
trabalham, tiram férias, gostam de viajar, se divertir. Porque não pensar que
podem ter espaço num restaurante, num hotel, numa loja, que favoreçam
que a pessoa chegue e faça a sua escolha?
Temos que pensar também nas cidades. Elas são acessíveis para o tu-
rismo de pessoas com deficiência? Como são as calçadas, as sinaleiras,
os banheiros públicos? É este olhar que a gente precisa alimentar e que o
Festuris está alimentando.
Os espaços turísticos e culturais precisam estar efetivamente preocupa-
dos em fazer as adaptações para que uma pessoa com cadeira de rodas,
um cego, pessoa com nanismo e tantas outras possam usufruir de uma
viagem com tranquilidade, sem serem constrangidas de alguma maneira.
Meu desejo é viver numa sociedade que olhe para as pessoas que como
eu tem uma deficiência e respeite todas as diferenças, porque somos di-
versos e queremos fazer turismo com dignidade. O caminho é longo, mas
eu estou na estrada, sempre estive e esta é uma das lutas da minha vida.
E fazer esta reflexão em um evento como o Festuris é estimulante. E vou
usar um lema das pessoas com deficiência: “nada sobre nós sem nós”.
Nos chamem!

NO MUNDO, O
TURISMO ACESSÍVEL
AINDA É UM
SONHO. ATENDER
A DIVERSIDADE
DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA É
DEVER, NÃO É FAVOR”
23

O Design com propósito de servir com excelência:


Os grandes ensinamentos e inspirações que o
mercado pode trazer para o turismo

Maribel Silva - Diretora Comercial e Marketing da Calçados Beira Rio

A Calçados Beira Rio é uma indústria gaúcha fazendo moda para o Brasil e para o mundo. Temos muitos
produtos de alma e coração sendo feitos. A gente vê no Festuris um passeio pelo movimento da moda.
Somos uma empresa de alma e coração, movida pelo amor ao fazer, feita de pessoas e propósitos.
Assim é Calçados Beira Rio, referência global do segmento de moda, orgulho do Brasil e de seus
mais de 8 mil colaboradores. Com valores humanistas em sua essência, a empresa mantém os pés
no chão e com os olhos no futuro, se comprometendo com o meio ambiente e com as comunidades
onde está inserida, sendo parte importante deste ecossistema vivo que se transforma e se modifica
a partir do bem-estar de todos. Para quem, literalmente, nasceu em meio à natureza, às margens de
um rio, a preocupação com o meio ambiente é uma prioridade vista diariamente, em todos os proces-
sos da empresa. Da escolha das matérias-primas até o descarte correto de resíduos, passando por
uma seleção de fornecedores alinhados com prática sustentável. A responsabilidade com o planeta é
assunto levado a sério em todas as unidades fabris da Calçados Beira Rio, mostrando que através de
ideias, ações e atitudes, moda também é espaço de consciência, de preservação.

EMPRESA SEGUE O CONCEITO DA ECONOMIA CIRCULAR


Um dos movimentos mais importantes começa na indústria onde as sobras dos insumos são reco-
lhidas, transformadas em novos produtos. Depois de passar por um processo inovador, em dia com
as normas e legislações ambientais, e seguindo os conceitos da economia circular, o que seria des-
cartado ganha uma nova vida. O material dá origem a uma infinidade de itens como bases para palmi-
lhas de calçados e modeladores que garantem a qualidade e a beleza dos produtos que chegam aos
consumidores. Nas lojas espalhadas pelo mundo, ele ainda ganha forma de pufes, displays, cabides e
até mesmo expositores. No dia a dia, a cultura socioambiental é uma realidade que faz parte da rotina
de todos e inclui, ainda, a coleta seletiva de lixo, captação da água da chuva e o uso de telhas translú-
cidas que ajudam a economizar energia elétrica e, consequentemente, poupar os recursos naturais.
O compromisso em proteger o meio ambiente tem relação direta com um dos mais importantes pi-
lares de Calçados Beira Rio: a valorização do ser humano. As ações bem sucedidas neste sentido já
extrapolaram as fronteiras do país e foram parar na ONU onde foram apresentadas como exemplo em
nível global. O Programa Conquistando a Perfeição, realizado mensalmente em todos os setores da
companhia, é referência internacional, incentivando o crescimento pessoal e profissional dos colabo-
radores, ao oferecer desenvolvimento contínuo para a construção de um amanhã mais justo, contem-
plando as diferenças e singularidades de cada indivíduo. As pessoas são a força motriz da empresa
sendo o bem estar e a qualidade de vida uma busca constante.
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A empresa é um lugar de gente apaixonada pelo trabalho. Especialista na arte de saber


servir, a Calçados Beira Rio se orgulha de poder espalhar beleza e conforto por mais de 90
países, encantando consumidores em todos os lugares, ruas, vitrines e nas redes sociais.
Em cada produto que sai das esteiras e ganha o mundo, estão valores de uma empresa que
pensa com carinho no amanhã e que trabalha pelo desenvolvimento da sua gente e seu país,
ao mesmo tempo que respeita o meio ambiente e acredita no poder das pessoas. Calçados
Beira Rio é uma empresa gaúcha produzindo valores para o mundo.

SINTONIA COM A CULTURA DO LUGAR ONDE ESTÁ


Queremos lembrar que ao abrirmos unidades nos mais variados locais, procuramos nos
adaptar, respeitar e valorizar a cultura local. Na Bolívia, por exemplo, fizemos um desfile da
Vizzano em que as cholas (mulheres) usavam vestimentos típicos da sua região. É assim
em todos os locais em que nós chegamos com as nossas marcas. Nos adaptamos à cul-
tura local, respeitando a sua identidade. Tudo isso faz com que tenhamos mais fidelidade e
encantamento. A moda é fundamental, imprescindível para o turismo e para os negócios.
Eu tenho certeza que a moda é uma forma de valorização da auto-estima, de bem-estar e
conectividade com as pessoas.
Estamos cada vez mais buscando novos produtos e novas formas de satisfação dos con-
sumidores e das nossas marcas. Nós fabricamos todos os dias mais de 500 mil pares de
sapatos que são destinados a 27 mil clientes e são distribuídos em todo mundo.
Trazer este case de negócio, associando moda com responsabilidade social, é muito im-
portante. É uma moda que também conversa e traz a expectativa das pessoas que viajam e
estão por todo o mundo. São para os nossos consumidores que a gente fabrica e se dedica
a fazer cada dia mais e melhor, cuidando do nosso planeta.

MODA É TURISMO
EM MOVIMENTO.
E FAZEMOS MODA
QUE ZELA PELO
PLANETA”
25

Brasilidade: a alma brasileira como inspiração


para negócios de sucesso

Martha Medeiros - Empresária e Estilista

Empreender, fazer moda, transformar a vida das pessoas e comunidades, oferecer às pessoas expe-
riências únicas, são desafios a que me propus sempre. Foi assim quando criança, com oito anos, fazia
artesanato e roupas de bonecas e vendia em barraca na beira da praia, em Maceió. Fiz feira também
na casa do zelador de um prédio onde a minha família morou. Gostava de ganhar o meu dinheiro e na
segunda-feira ir numa loja do shopping comprar roupas para mim. Aquilo me empoderava, me deixava
orgulhosa. Sempre acreditei em mim. E este é o segredo. A gente tem que acreditar.
Tive inspiração na minha avó que me disse, uma vez, que eu tinha que melhorar muito as roupas das
minhas bonecas. Que eu tinha que fazer uma roupa perfeita. “Isso que você faz é horrível”, me falou.
Me disse para aprender a fazer pé de gola, bolso tipo faca, bainha italiana e que a listra da frente da
camisa tinha que fechar com a listra da parte de trás. E vi que tinha que aprender um monte de coisas.
Os ensinamentos da minha avó eu levo para a minha vida toda.
Quando tinha 17 anos, decidi que queria montar uma marca de luxo. Um dia vim para São Paulo e
procurei a melhor assessoria de imprensa de São Paulo. Cheguei lá fui falar com o rapaz, feliz da vida.
Cheia de sonhos, mostrei minhas roupas. Ele olhou e disse assim: “a senhora gordinha, com esse so-
taque que parece que acabou de chegar nesta sala no lombo de jegue, com essas roupas todas co-
loridas, que tem igual na feira uma do lado da outra, a senhora acha que vai vir para São Paulo, montar
uma marca de luxo? Não venha não, que isso não vai dar certo”. Aquilo foi como se ele dissesse: vem,
vai dar certo. A gente ouve o que quer ouvir. Não quis ouvir o que ele disse.
Aquilo foi um incentivo. Abri minha primeira boutique em São Paulo, em 2009, na região dos Jardins,
e recentemente abri em Los Angeles.

PROJETO OLHAR DO SERTÃO


Mas sempre quis fazer mais, olhar para as pessoas. E através do Instituto Martha Medeiros nasceu o
Projeto Olhar do Sertão, para resgatar a tradição das rendas e rendeiras do Nordeste. A relação com
elas é dividida em duas partes bem distintas: uma mercadológica, através do trabalho remunerado, e
a política de metas, que permite que superem seu ganho financeiro de acordo com a produtividade. A
outra é assistencial, levando auxílio em diversas áreas como educação, saúde e independência finan-
ceira. Hoje aquelas mulheres viram a sua vida ser transformada. Durante a pandemia, elas não pararam
de produzir. Fizemos estoque e elas mantiveram o ganho financeiro fixo, mas sem a produtividade. Não
podia deixá-las sem rendimento.
O segredo para o sucesso do projeto foi eu chegar nas mulheres do sertão e falar assim: “vamos dar
o nosso melhor. Se a peça for bem feita, eu consigo colocar essa renda no mercado de luxo. Eu consigo
agregar valor e consigo mudar a vida de todas. Então vamos fazer isso com todo amor do mundo”.
26

Elas acreditaram, viram que o trabalho delas tinha valor e, assim, melhoraram a vida delas, dos filhos e
da comunidade onde vivem. É um orgulho para elas mostrar o que têm hoje. Não tinham água, por exem-
plo. Hoje elas tem. O projeto Olhar do Sertão é o grande propósito na nossa vida, da nossa empresa
que é transformar a qualidade de vida das mulheres rendeiras do Sertão e das suas famílias através da
valorização do seu trabalho .

AS MELHORES RENDEIRAS E AS MAIS BEM PAGAS


O projeto acredita que cada pessoa que compra um produto Martha Medeiros só será feliz se todas
as pessoas que fizeram parte da cadeia de produção deste produto tiverem uma vida digna, com suas
famílias. Já foi feito alguma coisa mas ainda temos muito por fazer.
Algumas pessoas falam: “Martha, sua roupa de renda é a roupa mais cara que existe”. E eu digo:
aproveite porque ela vai ser cada vez mais cara. Porque isso reflete na vida delas, porque eu tenho as
rendeiras mais bem pagas, as melhores. Então eu só vou vender enquanto eu puder fazer a roda girar.
No dia que eu tiver que baixar o preço, esmagar aquelas mulheres, eu vou arranjar outra atividade.
E isso também vale para a equipe que trabalha na Casa Martha Medeiros, um hotel que construí em
Milagres. Os colaboradores têm autonomia, tem poder e satisfação de trabalhar ali. Permitem que as
coisas funcionem, mesmo eu não estando lá.
Na área de turismo, eu e a Leo, da LTM Turismo, fazemos algumas viagens chamadas Martha Medei-
ros Experience, que leva gente para o mundo inteiro. Quem tem dinheiro já tem tudo. Então como você
vende um passeio para eles? Oferecendo experiências únicas, em lugares únicos. Assim, consegui-
mos levar uma pessoa três vezes para a África. A cada vez, uma experiência diferente.
As pessoas gostam disso, de coisas que o dinheiro não compra. Quando a gente foi para o Marrocos
foi especial para os clientes: um desfile de modas no hotel La Mamounia com o filho do sheik assistin-
do. Agora a gente quer fazer uma festa brasileira em Ibiza.
E aqui faço relato de uma experiência em um hotel, que ocorre com frequência. O hotel é encantador
e a equipe da recepção era preparada, seguia todos os processos. Aí que está o problema: a equipe se
fixou no processo. O primeiro momento de interação (fora do processo) que tivemos foi com o maleteiro
que perguntou de onde éramos, se estávamos cansados, e falou dos seus sonhos. Um dos sonhos dele
era ser gerente de hotel. Foi o momento mais humano da nossa chegada. Gente, servir é nobre.

O PROJETO
OLHAR DO SERTÃO
É O GRANDE
PROPÓSITO NA
NOSSA VIDA, DA
NOSSA EMPRESA”
27

O Turismo no Rio Grande do Sul: investimentos


e seu poder de transformação

Raphael Ayub - Secretário de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul

O turismo, na ponta, é feito pelo setor privado, pelos agentes de viagens, operadores de turismo, compa-
nhias aéreas, setor gastronômico, rede hoteleira e assim por diante. E cabe ao setor público, aqui representado
por mim, criar o ambiente necessário, prover a infraestrutura necessária para que o turismo possa se desen-
volver. E aqui no RS, nós, modéstia à parte, acredito que estamos fazendo a nossa parte, com investimentos,
repassando recursos aos municípios, executando obras de infraestrutura necessárias para bem receber.
Também investimos na parte de inteligência de mercado, criando o Mapa do Comportamento do Turista,
para auxiliar os setores público e privado. Também na parte de integração, estamos trazendo as entidades
dos setores da sociedade civil organizada para dialogar e definir as políticas públicas na área de turismo.

MOMENTO DE QUALIFICAÇÃO
O Meeting Festuris é um momento de qualificação, é um momento que se consegue trocar experiências,
ouvir as pessoas que são referências nas suas áreas. Aqui teremos diversos palestrantes. Neste momento
eu diria que não adianta ter investimentos, não adianta termos inteligência, termos integração, se não tiver-
mos a qualificação, se não tivermos a arte de bem servir, bem receber, bem acolher. E mais que isso, cada um
na sua área deve entrar e pontuar tecnicamente o que é a tendência atualmente no turismo mundial. Diria até
que essa temática do Festuris que é Ressignificando o Turismo, cabe ainda mais neste período de pós-pan-
demia, onde as pessoas estão ressignificando a sua forma de pensar, a sua forma de viver, a sua forma de se
relacionar. Com isso, acredito que todos nós do setor de turismo e de eventos, que foi um dos mais atingidos
pela pandemia, cai muito bem nesta temática principal. Realmente este ressignificar do turismo como mote
principal desta grande feira é importante. Então, sejam todos muito bem-vindos ao Rio Grande do Sul e à Ser-
ra Gaúcha. Que seja um palco de discussão, principalmente de agregar conhecimento, agregar experiência e
que se possa, ainda mais, qualificar e promover o nosso setor.

O TURISMO, NA
PONTA, É FEITO
PELO SETOR
PRIVADO”
28

Turismo da Tecnologia e da Inovação:


as oportunidades que o mercado
ainda não percebeu

Ricardo Fantinelli - coordenador do Ágora Tech Park, de Joinville

Nosso objetivo aqui é provocá-los a fazer negócios. E para conhecerem ecossistemas de inovação onde
as pessoas se juntam para somar esforços, buscarem competitividade, para gerar maior valor.
Temos o exemplo apresentado por Martha Medeiros em que as pessoas se juntam para atuarem de forma
colaborativa, ou seja, elas substituem a concorrência e passam a ter competitividade e colaboração. Come-
çam a trabalhar no que é a base da nova economia: comunicação, participação...

PESSOAS COM ALTA CAPACIDADE CRIATIVA


Nestes ambientes de inovação a gente junta pessoas com alta capacidade criativa, pessoas com grande
capacidade de resolução de problemas complexos, onde a gente encontra pessoas com capital, com muito
poder de investimento.
Estas pessoas estão buscando competitividade. Ou seja, elas estão buscando gerar mais valor para os
seus negócios. Tem autores que dizem que para você ter competitividade, colocar seu negócio em outro
patamar, você precisa de três elementos que são importantes: primeiro ter pessoas, reunir talentos; em se-
gundo, ter tecnologia, não tecnologia de hardware e software, mas novas formas de fazer o que a gente já
faz, fugindo dos paradigmas, gerar mais valor, otimizar recursos com pequenas ações no nosso dia a dia; e o
terceiro, que é o mais importante na minha opinião, ter tolerância. Ela está associada à nossa capacidade de
ser empático, de saber trabalhar juntos, de escutar os problemas de compartilhar, apontar e buscar soluções
para as mais diversas situações.
As ideias não são suficientes. É preciso ter capacidade de execução. E aí, quando a gente fala em turismo,
em aproveitar as oportunidades, a gente tem que considerar duas coisas: as especialidades e as especifi-
cidades. E me lembro de mais uma questão que é a cooperação. Cooperativismo é a força que temos para
transformar desafios em oportunidades.
Existe um movimento que visa a geração de valor territorial no Sul do Brasil. Algumas cidades como Curiti-
ba, Joinville, Florianópolis, Caxias do Sul e Porto Alegre, que têm habitats de inovação formados por startups,
universidades, corporações, empresas e governo, se uniram para acelerar o seu processo de busca por
inovação, para melhorar os seus negócios. Este movimento, inclusive, foi apresentado no Web Summit Lis-
boa, em Portugal. É um movimento que vem construir uma trilha de inovação no Sul, para que a gente atraia
pessoas de todos os países para que venham conhecer os nossos ambientes.
Somente Santa Catarina tem 13 centros de inovação em operação. São 13 ambientes construindo uma
visão coletiva de futuro em inovação e tecnologia. Observam o que aquela cidade, aquela região tem de me-
lhor e tentam se colar. Vêem os potenciais tecnológicos para aquilo se desenvolver mais rápido.
29

SANTA CATARINA POSSUI AMBIENTES PROMISSORES


Joinville é o centro de inovação do Estado. É uma cidade que tem DNA empreendedor.
Para que vocês tenham uma ideia, Joinville é uma cidade rodeada por montanhas mas
tem uma logística interessante. Está a 500 km das principais cidades do Sul do país, tem
proximidade com cinco grandes portos, tem grandes universidades. Somos uma refe-
rência no país, onde a gente testa e aplica soluções de cidades inteligentes. Somos um
dos ambientes mais promissores para startups no Brasil.
O Ágora Tech Park é um parque tecnológico localizado dentro do Perini Business Park,
em Joinville (SC), que é o parque multissetorial da América do Sul, o terceiro da América
Latina (tem mais de 250 CNPJs de 13 países). Mais de dez mil pessoas circulam por dia
no Perini. E o Ágora Tech Park está neste ambiente onde diversas empresas estão tra-
balhando para buscar competitividade.
O Ágora é um parque tecnológico privado que trabalha como se fosse um “Tinder de
negócios”. A gente aproxima pessoas, aproxima empresas num ambiente de troca muito
forte. Ali se consegue trabalhar de forma coletiva. Somos um ecossistema relativamente
novo, com apenas três anos de idade. Temos 32 mil metros quadrados de área constru-
ída, uma movimentação de mais de 600 pessoas/dia, mais de 1.400 postos de trabalho.
São números expressivos que revelam o nosso potencial.
O Ágora Tech Park é o palco do ecossistema de inovação, reunindo conhecimento,
cultura, tecnologia e capital, elementos que funcionam como combustível para promo-
ver as 3 verticais: Indústria 4.0, Cidades inteligentes e Saúde | Ágora Health.
Temos 108 operações divididas em vários segmentos. Destaco dois mais importan-
tes. Um deles é a USP que tem diversos talentos à disposição das empresas que estão
lá. E o segundo são as entidades e associações, como o Sebrae, Associação Brasileira
de Internet Industrial e a Fiesc. Elas dão capilaridade ao nosso negócio. Com elas, agili-
zamos a identificação de parceiros potenciais.

COOPERATIVISMO
É A FORÇA QUE
TEMOS PARA
TRANSFORMAR
DESAFIOS EM
OPORTUNIDADES”
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Grife Gramado - A força da marca que


impulsiona o desenvolvimento

Rosa Helena Pereira Volk - Secretária municipal de Turismo


de Gramado e presidente da Gramadotur

O projeto de Gramado ter uma grife é um sonho antigo, quando participei anteriormente
da administração municipal. Na ocasião se fez uma tentativa de desenvolver este projeto,
mas era bastante complexo. Retomamos agora com a ajuda de muitas pessoas, pois não se
consegue desenvolver um projeto desse tamanho, principalmente no setor público, se não
for colaborativo.
A Grife Gramado é um projeto pioneiro no Brasil, que visa promover a marca do município
como importante valor na experiência do turista. Para promover a cidade e aproximar ainda
mais a comunidade do projeto, foram realizadas oficinas de criação de produtos artesanais e
consultorias de orientação.

LOJA CONCEITO NA PRAÇA CENTRAL DA CIDADE


A loja conceito da Grife será inaugurada na Praça Major Nicoletti, no Centro de Gramado,
e contará com um espaço destinado aos produtos artesanais com identidade cultural e de-
sign, valorizando aspectos relacionados aos ícones de Gramado e também aos princípios de
ecologia através de uma linha especial que vai reaproveitar matérias primas descartadas nos
eventos da cidade. A ideia é dar destino sustentável, por exemplo, aos banners usados nos
estandes. A loja foi concedida a uma empresa através de um processo licitatório.
Os artesãos participantes da grife darão como contrapartida ao projeto, horas de capacitação
técnica para a formação de novas artesãs, ou seja, mulheres em situação de vulnerabilidade so-
cial que serão qualificadas, visando gerar novas oportunidades e empreendedorismo através da
economia criativa.
O nosso desafio era muito grande: construir dentro do poder público algo que não existia no
Brasil. Nenhum município brasileiro que trabalha em turismo tem uma grife profissional. Ou seja,
nós fizemos um licenciamento, contratamos uma empresa que trabalha há 25 anos com isso
Para o desenvolvimento do projeto, a Gramadotur contou com as parcerias da autarquia mu-
nicipal Gramadotur, Sebrae, Sicredi Pioneira, Associação Damas de Caridade, Secretaria de
Cidadania e Assistência Social, Secretaria de Turismo e Gabinete da Primeira Dama. São vários
entes que se uniram para desenvolver o projeto que é bastante colaborativo.
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ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO LOCAL


A proposta é estimular a produção dos souvenirs, produtos inovadores que representam a
marca de Gramado, estimulando a geração de novas oportunidades de negócios para os em-
preendedores locais, principalmente do segmento de economia criativa e da produção asso-
ciada ao turismo.
Acho importante destacar que neste projeto da grife não buscamos ter mais uma receita para
Gramadotur, mas é um posicionamento de marca de Gramado. Nosso visitante, quando vem
para a cidade, ele quer vivenciar coisas interessantes, coisas diferentes. Importante, também,
que esteja presente um produto que ele vai levar daqui. Eu acredito muito nesse produto como
um valor agregado. É claro que o produto industrializado, semi-industrializado que ele leva da-
qui também carrega muito valor. Mas nós queremos investir muito no feito à mão.
Nossa cidade sempre está se reinventando. As pessoas que vêm a Gramado nos dizem que
sempre que voltam encontram alguma novidade. E isso é verdade. São novos hotéis, restauran-
tes, novos parques nascendo. Eles se somam aos eventos que promovemos. Sempre temos
um evento em andamento. A Gramadotur realiza seis eventos por ano. Em junho e julho temos
ações pontuais, pois procuramos atender bem nosso cliente que nos procura na temporada de
inverno. Nestes meses não realizamos eventos de fomento à movimentação.
Sempre estão acontecendo coisas novas e diferentes na cidade. Para isso investimos numa
tiqueteira própria para a venda dos ingressos dos eventos públicos. Cada vez que se fazia um
evento oficial, tínhamos que fazer uma licitação para contratar uma empresa para a comercia-
lização dos ingressos.
A cada evento tínhamos uma empresa diferente. Nosso cliente, então, para efetuar a compra
do ingresso entrava no site do evento e na hora da compra era direcionado para outro ambiente
virtual. Faço este relato para mostrar que isso tem a ver com reforço, com o fomento e posicio-
namento da marca Gramado. Uma característica própria da é valorizar seu nome e sua gente.

A GRIFE GRAMADO
É UM PROJETO
PIONEIRO NO BRASIL,
QUE VISA PROMOVER
A MARCA DO
MUNICÍPIO!”
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Agilidade e estratégia no mundo 4.0

Tarcísio Gargioni - Co-fundador da Gol Linhas Aéreas

Deus me abençoou, me deu uma dádiva de ter participado no grupo que criou a Gol, que constituiu o
primeiro time, há 22 anos. A Gol tem 21 anos, mas começamos a trabalhar um pouco antes. Até hoje ela
segue dentro de uma estratégia: se executa e vai aperfeiçoando com o decorrer do tempo. Isso porque
não dá mais tempo para você fazer um projeto completo, perfeito, porque quando você for executar já
precisa ser atualizado. Nós aplicamos já naquela época o conceito de business ágil, tão moderno hoje.
A Gol foi construída em 26 semanas. Foi o tempo que nós definimos numa reunião de quatro pessoas,
numa garagem de ônibus em São Bernardo do Campo (SP). O Constantino Júnior e mais três pessoas
(eu era uma delas) decidiram que fariam uma companhia aérea no dia 17 de julho de 2000. Não tinha
CNPJ, não tinha avião, não tinha absolutamente nada. E em 15 de janeiro de 2001 nós lançamos a em-
presa com seis aviões, em sete cidades e 52 voos por dia. Foram 26 semanas, um recorde mundial.

EQUILÍBRIO OPERACIONAL EM SEIS MESES


O segundo ato de agilidade ocorreu no sexto mês de operação quando nós já tínhamos o break
even (ponto de equilíbrio) operacional da companhia. Nós fizemos um projeto de 10 aviões em um ano.
Nós executamos em 11 meses. Ou seja, em 11 meses nós já tínhamos oito por cento do mercado, 10
aviões, presença em 15 cidades e já tínhamos transportado dois milhões de pessoas. Em três anos
nós já éramos a melhor empresa do ano, segundo a revista Exame.
Estes fatos relevantes mostram como é importante ser ágil. E deu certo, também, porque o item nú-
mero um era a transformação. E isso se faz com pessoas. E no turismo elas são mais importantes ainda.
Nós imaginávamos que precisávamos de engenhosidade, criatividade e agilidade de gente diferente.
Eu decidi escrever um livro sobre a Gol quando ouvi de um guru do Marketing internacional que, entre
250 exemplos de sucesso mundial, não tinha nenhum brasileiro em seu livro. Eu me revoltei e resolvi
contar esta história de sucesso.
Na construção da Gol tem um espírito de cooperação, ambiente de confiança mútua, coparticipa-
ção, coexecução e cogestão. No início da Gol teve um voo saindo de Porto Alegre que atrasou 15
minutos porque tivemos que tirar uma mala do porão de um passageiro que não compareceu para
embarque. Deu uma confusão danada. Um dos itens importantes, um dos nossos ganhos era o tem-
po de solo de 25 minutos, quando o padrão era 1 hora. Este voo faria várias conexões e escala em
Florianópolis. Para tirar os 15 minutos de atraso no solo em Florianópolis para chegar no horário em
São Paulo, o comandante mandou colocar mais um pouco de combustível para não abastecer em
Florianópolis; o gerente daqui ligou para o gerente de Florianópolis e informou o atraso; o gerente de
Florianópolis preparou duas equipes para tirar as malas, uma para tirar os passageiros que saíram pela
porta da frente e outra para embarcar pela porta de trás.
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A chefe de cabine preparou os passageiros pedindo que agilizassem o desembarque. Essa mobiliza-
ção, este comprometimento resultou num tempo de solo de 9 minutos em Florianópolis, um recorde
mundial. Todo mundo chegou em São Paulo no horário. Olha o grau de comprometimento de uma em-
presa inteira para cumprir o horário por conta de conexões em São Paulo. Isso se chama engajamento.

MENOS TEMPO DE SOLO E MAIS VOOS


Para reduzir nossos custos não dava para reduzir salários, negociar combustíveis. O que fizemos?
Aumentamos o tempo de voo das aeronaves. O padrão eram oito horas, cada uma passou a voar 12
horas por dia. Foi um processo de simplificação: menos tempo no solo, mais tempo no ar. Fizemos um
processo de simplificação do serviço de bordo, retiramos o bilhete impresso e usamos tecnologia. Foi
uma coisa totalmente disruptiva. Com isso, conseguimos 26% de redução de custo que nós transfe-
rimos para a tarifa, simples assim.
Nesta simplificação dos processos, tem algo muito importante: só tem uma maneira de fazer as coi-
sas acontecerem; tem que confiar nas pessoas. Confiando nelas, você as empodera. Tem que delegar
e confiar. Quebramos muitos paradigmas que valem para qualquer empreendimento.
Nós queremos valorizar as pessoas. E fizemos isso quando contratamos dois estilistas para con-
feccionar os trajes feminino e masculino dos nossos colaboradores. Porque nós queríamos colocar
no uniforme dos nossos colaboradores uma grife que eles tivessem orgulho de usar. Isso valoriza as
pessoas. Uma coisa simples que no somatório fez a diferença.
Acho que deixamos um grande legado: popularizamos o transporte aéreo no Brasil, milhões de so-
nhos e viagens foram realizadas e o mundo reconheceu que nós brasileiros éramos capazes. Criamos
valor para a sociedade. Lá em 2000, 0,17% de pessoas viajavam de avião, de acordo com a população
da época. Hoje temos 0,5. Ou seja, pouco mais de 100 milhões de viagens por ano. Com 215 milhões
de habitantes nós temos a capacidade de elevar ainda mais este índice. E quero deixar uma mensa-
gem de otimismo para o mundo do turismo. Podemos ampliar o número de passageiros porque temos
um grande tamanho de oportunidades na nossa mão. O nosso setor vai se transformar mais ainda
através das pessoas, deixando outras pessoas felizes.

DEIXAMOS UM
GRANDE LEGADO:
POPULARIZAMOS O
TRANSPORTE AÉREO
NO BRASIL”
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35

E-BOOK EXCLUSIVO

meeting
FESTURIS

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