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E-BOOK EXCLUSIVO
meeting
FESTURIS
04 e 05 de Novembro I 2022
2
INTRODUÇÃO:
O 34º Festuris como um todo e o Meeting, mais especificamente,
trouxeram para o debate a Ressignificação do Turismo. Um tema apropriado
para o momento pós-pandemia da Covid-19, e quando o setor turístico está
retomando a sua normalidade. Mas ressignificar não remete apenas a retomar,
reiniciar, recomeçar… Mas remete também a aprender, reaprender, provocar,
refletir, conhecer e, principalmente, fazer melhor do que antes.
E como se faz isso? Ouvindo, se disponibilizando, estando aberto a novas
experiências, novas regras e novas situações. Como ocorreu nas manhãs dos
dias 4 e 5 de novembro, em mais de seis horas de conversas e trocas.
E foi esta a proposta do Meeting Festuris. Oferecer um leque de painéis
envolvendo os mais variados temas, abordados por pessoas dos mais
diversificados segmentos. Cada um deu a sua contribuição para este
crescimento pessoal a que os participantes do evento estavam se propondo.
E em todas as manifestações dos painelistas foi destacado que o turismo,
mais do que nunca, se faz de gente para gente. Não se faz turismo sem
valorizar os colaboradores, sem dar a eles voz e autoridade. E não se pode
mais fazer turismo sem respeito à diversidade, sem olhar para a inclusão e
sem reconhecer a importância do meio ambiente, da cultura e da história.
Foram muitos os exemplos apresentados. A seguir, apresentamos um
resumo dos painéis cujos temas revelam a sintonia do Festuris com a atualidade,
com a antecipação de tendências e com o que há de mais importante no
segmento do turismo: pessoas que empreendem, pessoas que trabalham e
àquelas que consomem o turismo. É uma conexão que move o setor.
Boa leitura!
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SUMÁRIO
André Meyer Coelho 04
Coordenador de MBA e Gerente de Projetos da FGV Projetos, integrante do Núcleo de Turismo da FGV
Carlos Antunes 06
Diretor Brasil/South America at TAP Air Portugal
Clovis Tramontina 08
Diretor do Conselho de Administração da Tramontina
Fábio Mader 12
Diretor Executivo de Sourcing – CVC-Corp
Fabrízio Gueratto 14
Especialista em finanças e investimentos
Guilherme Paulus 18
Fundador da CVC e da GJP Hotels & Resorts
Lelei Teixeira 20
Jornalista e escritora
Maribel Silva 23
Diretora Comercial e Marketing da Calçados Beira Rio
Martha Medeiros 25
Empresária e Estilista
Raphael Ayub 27
Secretário Estadual de Turismo do Rio Grande do Sul
Ricardo Fantinelli 28
Coordenador do Ágora Tech Park, de Joinville
Tarcísio Gargioni 32
Conselheiro de Administração IBGC
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O turismo é uma atividade econômica muito importante. Estamos ainda em um processo muito
difícil para todos vocês que, de alguma forma, passaram por esse processo para se transformar.
Em janeiro de 2020 não passava pela cabeça de ninguém que logo ali adiante 90% da atividade do
turismo iria parar. Isso era uma coisa inimaginável e, obviamente, cada um da sua forma começou
a buscar alternativas para o que seria este processo de retomada. No nosso caso, começamos a
buscar dados, números e todas as possibilidades possíveis para um processo de retomada, quase
um exercício de futurismo.
O que seria todo esse processo de retomada? E aqui nós chegamos no ano de 2021, conversan-
do com o SEBRAE. Nos juntamos para pensar uma forma de ouvir as pessoas, mas precisávamos
ouvir os empresários, os gestores, ouvir aqueles que estavam no meio do turismo. Precisávamos
entender o que seria esse processo de retomada e como poderíamos sair deste momento de
pandemia. Obviamente, em 2021 o processo de vacinação já estava em andamento, já fazíamos
um exercício de retomada E aí o SEBRAE comprou essa ideia para que pudéssemos nos juntar e
ouvir as pessoas.
COMPETITIVIDADE
É UMA REUNIÃO
DE CAPACIDADES
QUE CONTRIBUEM
PARA O NOSSO
CRESCIMENTO”
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A TAP é uma “senhora” de 67 anos, fundada em 1945. Somos uma empresa extremamente vibran-
te, que se reinventa sempre. A TAP se aproximou do Brasil há 56 anos, iniciando pelo voo Lisboa-Rio
de Janeiro. Na época vinha por países da costa da África, depois cruzava o Atlântico. Eram vários dias
de viagem. Hoje temos roteiro três vezes por semana com 9 horas de duração.
A companhia aérea internacional liga Porto Alegre a Europa, três vezes por semana, às terças, quin-
tas e sábados. Nestes dias sai um avião com conexões em toda a Europa com cerca de 250 passa-
geiros. É um canal de comunicação, é uma oportunidade, instrumento para todos nós que trabalha-
mos com turismo internacional, que trabalhamos com negócios e que precisam de conectividade.
PORTUGAL ESTÁ NA
PORTA DE ENTRADA
DA EUROPA,
CONECTANDO O
BRASIL COM MAIS DE
50 DESTINOS
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A ideia de escrever o livro surgiu na pandemia, quando estava na praia com a minha família. E
minha filha me provocou: porque não escreve um livro sobre a tua vida? E conversando com a
minha esposa, decidi: vou escrever o meu livro, vou colocar nele minhas ideias.
Lembro aqui que temos vários cases brasileiros de sucesso no mundo, como a Gol, Perdi-
gão, Tramontina, Randon, Marcopolo, Seara e outras. Como a Varig, uma excelente empresa,
que foi um orgulho para os brasileiros e era uma embaixada do Brasil no exterior. No exterior, o
brasileiro que passava por um problema, não ia na Embaixada. Ia na Varig buscar ajuda. Por isso
o tenho orgulho de dizer que temos muitas empresas, marcas brasileiras que estão presentes
no mundo hoje com qualidade. E tu só pode estar no mundo se tem qualidade.
TOMEM DECISÕES,
SEJAM OBJETIVOS.
NÃO DEIXE PARA
DEPOIS. E FAÇAM
SEMPRE O POSSÍVEL”
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Quero destacar aqui o poder do turismo como ferramenta de transformação das pessoas e da so-
ciedade. Quero compartilhar um pouquinho como a gente, como na GOL, como os nossos 14 mil (que
a gente se auto-denomina “time de águias”), enxergamos e como pode ser a nossa contribuição para
esta transformação.
A GOL nasceu no Brasil com uma ideia completamente inovadora e disruptiva. E ao longo do tempo,
a gente entende que nós conquistamos o nosso espaço no coração dos nossos clientes, trazendo
qualidade de vida, qualidade de trabalho, igualdade que permitiram acesso ao transporte aéreo.
CONSTRUÇÃO DE PARCERIAS
A gente é muito feliz, em especial, pela parceria que a gente conseguiu construir no setor de turismo.
A inovação é um processo que transforma o mundo a partir da transformação cultural das pessoas.
Achamos que a inovação vem da tecnologia e das novas formas de desenvolver as coisas. Na verda-
de, o que nós acreditamos é que a transformação, a inovação, elas acontecem através das pessoas. A
transformação de cada um de nós é o que realmente gera a transformação tecnológica e a transfor-
mação dos negócios. E, para isso, viajar, seja a turismo ou lazer, é fundamental.
A tecnologia nos deu muito acesso e permitiu alcançar lugares antes não imaginados. Realmente
gera mudanças e ajuda a desenvolver uma série de habilidades que são tipicamente humanas e que
são desenvolvidas especialmente quando nós temos a capacidade de conectar as pessoas. Quando
as pessoas se encontram elas se conectam e isso gera uma transformação.
Durante a pandemia, quando a gente perguntava o que você vai fazer quando tudo isso acabar, a
resposta era: viajar, viajar, viajar...
A gente acredita que viajar faz parte desta transformação. Por que as viagens transformam as
pessoas. Depois de cada viagem, minimamente você volta descansado. Você volta cheio de no-
vas ideias. As pessoas são capazes de transformar as empresas e as empresas transformam a
economia. O setor de turismo unido, sustentável e criativo tem a capacidade de transformar o
mundo, em especial neste momento, neste novo ciclo do turismo. É assim que a gente vê o turis-
mo na GOL: como uma ferramenta de transformação humana e que têm potencial de transformar
o mundo. A gente sabe que as pessoas são apaixonadas por viajar porque elas reconhecem a im-
portância dessas viagens. O turismo transforma. Então, nós da GOL acreditamos que ele precisa
ser para todos. Se o turismo tem este poder de impacto no mundo, ele precisa ser para todos. E a
GOL nasceu com este propósito. Há 21 anos atrás quando lançamos a companhia, o propósito era
democratizar o transporte aéreo. Para democratizar precisava ser disruptivo.
Em 2001 praticamos a desburocratização, a simplificação dos processos, a facilidade do aces-
so, uma nova forma de pensar. Sem dúvida nenhuma influiu para a transformação do setor de
turismo. E a gente não fez isso sozinho. Desde o primeiro momento, desde a fundação estivemos
juntos com os agentes de viagem, com a hotelaria, com os restaurantes, com os bares, com as
entidades. Tenho muito orgulho de ter participado desse processo e, mais ainda, de ter continua-
do trabalhando num turismo cada vez mais sustentável e cada vez mais transformador. Quando a
gente se conecta e trabalha em conjunto nosso poder de transformação é ainda maior. Do mesmo
jeito que a gente acredita que a conexão das pessoas através de viagens é importante.
O TURISMO
TRANSFORMA.
ENTÃO, NÓS DA GOL
ACREDITAMOS QUE
ELE PRECISA SER
PARA TODOS”
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Venho falar aqui de um tema que, para mim, é um dos mais importantes no mundo, que são as
pessoas. O mundo está em constante mudança. Se a gente parar para pensar no nosso compor-
tamento como pessoas, dos nossos filhos, dos nossos amigos, a gente vai realmente perceber o
quanto nós mudamos no decorrer da nossa vida. Vivemos a revolução industrial, a era da informa-
ção ou era digital e agora inauguramos o período conhecido como era pós-digital, na qual come-
çamos a perceber as transformações que a tecnologia provoca no nosso modo de viver, pensar,
trabalhar e aprender.
O mundo e as empresas têm sido cada vez mais disruptivas no seu modo de trabalhar. Tem se
investido e usado muito a tecnologia. Além disso, passamos por uma pandemia que acelerou ain-
da mais o processo de transformação do comportamento do ser humano. Isso nos traz diversas
reflexões. Ficamos em casa praticamente 14 meses, sem se relacionar profundamente com as
pessoas. A tecnologia digital cresceu de importância neste período.
Cito aqui o caso da minha filha, que tirou um 10 em matemática, disciplina que ela tem dificuldade
de aprender. Ela se orgulhou. E eu vibrei com a vitória dela. Ela falou para as amigas dela, ela pu-
blicou no Instagram, ela se sentiu valorizada. Ela brilhou. O que ficou disso? Faça seu time brilhar.
Como fazer isso? Conheça o seu time, desenhe exatamente aquilo que você sabe que a pessoa
vai fazer. Invista tempo! Demonstre que acredita nela, que você está apostando nela. E faça isso de
forma genuína, porque se não for assim, ela vai perceber. E respeite o tempo dela. No tempo dela,
o resultado virá.
Um dia o gerente disse: “Mader, contratei a nossa primeira colaboradora trans”. Falei, que legal. O que
ela vai fazer? Disse que ela vai fazer steward, lavagem de pratos, limpeza de utensílios, estas coisas. Legal,
bacana, é um trabalho nobre como todos os outros. Mas eu quero mais do que isso. Em resumo, a gente
a contratou, ela trabalha no Santos Dumont, recebe nossos clientes. Não é a alegria do Mader, é a alegria
dela. Está fazendo um lindo trabalho, todos a respeitam como tem que ser. Pessoal, ela vai brilhar. Não tem
como. Nós só abrimos a oportunidade. Ou seja, não tem como falar de pessoas sem falar de inclusão, nes-
te momento tão delicado.
NAS EMPRESAS,
TEMOS QUE INVESTIR
NAS PESSOAS,
EMPODERÁ-LAS.
MAS FAZER ISSO DE
FORMA VERDADEIRA”
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Há 15 anos tínhamos 500 mil investidores na Bolsa de Valores. Hoje são 5 milhões de investidores.
Ainda é pouco, mas acelerou muito. Mais de 70% dos investidores são pessoas físicas que são in-
centivados por influenciadores financeiros. Olha a mudança de mundo que aconteceu neste setor.
Sou formado em publicidade mas há 15 anos sou gerenciador financeiro, atividade que apostei para
ganhar dinheiro. Mas o ganho não é rápido.
Quando a gente está com vontade de criar um negócio, temos que saber que nem tudo é grana. Tem
que cuidar de pessoas como muitos falaram aqui. Tem que fazer com que o seu time sonhe junto com
você. O sonho é seu, não do seu time. Por isso faça ele acreditar no seu sonho. Para empreender não
podemos contar com herança e, mais do que isso, não podemos contar com os governos, seja de
esquerda ou de direita. O negócio é fazer algo que ninguém nunca fez.
Sou de uma família simples, que morava num prédio. Ao descer para a garagem e ver aqueles carros
do ano, tive um insight. Os carros do ano eram justamente de empreendedores, de pessoas que ti-
nham algum negócio. Vi que precisava seguir a linha desses caras que deram certo. O empreendedor
sempre procura um problema, não importa se as coisas estão bem ou estão indo mal. É assim que a
gente cresce, é assim que a gente gera ambiente de inovação. É no desconforto que a gente cresce.
Muitas vezes a gente só precisa melhorar o que já existe. E isso também é inovação.
O grupo Vila Galé é o segundo maior grupo hoteleiro português. Com mais de três décadas
de existência, conta com 37 unidades hoteleiras. Dessas, 27 estão em Portugal, de norte a sul
do país. E 10 encontram-se no Brasil. Todas se beneficiam de uma localização estratégica e
privilegiada. No total, o grupo soma 8.432 quartos e 19.380 camas, e 3.750 funcionários.
Grande parte do sucesso da Vila Galé deve-se à qualidade dos seus hotéis e ao profissio-
nalismo das suas equipes, unidas pela enorme paixão pela hotelaria e pelo turismo. O grupo,
de capital inteiramente português, ambiciona um crescimento econômico sustentável, social e
ambientalmente responsável, seguindo o lema “Sempre perto de você”.
O grupo Vila Galé foi fundado em 1986. O Hotel Apartamento Vila Galé (hoje Vila Galé Atlân-
tico), na praia da Galé, Algarve, seria o primeiro a ser inaugurado, em 1988. O Grupo descobriu
este destino maravilhoso que é o Brasil em 2001: Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambu-
co, Rio de Janeiro e São Paulo. Quem sabe, num futuro, chegaremos aqui nesta região.
SÃO NOSSAS
EQUIPES QUE FAZEM
A DIFERENÇA NO
ATENDIMENTO. NA
NOSSA VISÃO, A
PRIORIDADE SÃO AS
PESSOAS”
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Quando vieram as primeiras informações sobre a pandemia, fomos buscar informações so-
bre o assunto e nos preparar. A pandemia provocou mudanças no turismo. Verificamos que as
pessoas ficaram em casa, trabalharam em home-office e todo mundo começou a ter mais cui-
dados com a higienização das mãos e dos ambientes. E as empresas de turismo se prepararam
para aquele momento.
Aos poucos a segurança sanitária começou a se espalhar e as coisas começaram a retornar
ao normal. Com a vacina começou a se ganhar confiança e as coisas começaram a voltar ao
normal. Eu até previ que as viagens voltariam, mas com distâncias mais curtas e que as pes-
soas usariam seu próprio automóvel nos deslocamentos. Percebemos que o turismo regional
se fortaleceria, que os hotéis começariam a caminhar melhor em suas ocupações, bares e res-
taurantes e casas de música voltariam a gerar emprego e renda nesta indústria da paz, sem
chaminés. E dentro deste contexto, um segmento que cresceu muito foi o turismo de luxo no
Brasil. A classe A, que viajava para fora do país, começou a descobrir locais maravilhosos por
aqui. Conquistamos a classe A e a B+.
Todas as sextas temos um evento apresentando uma vinícola nacional que expõe
o seu produto para os hóspedes do Castelo. O chef do Castelo é premiado inter-
nacionalmente. Procuramos oferecer as melhores experiências. A área de eventos
do Saint Andrews é espetacular. Imaginem casamentos, aniversários de casamento,
viver momentos especiais. Já tivemos casamentos de príncipes que vieram casar no
Castelo. Fechamos o hotel só para eles.
O Castelo Saint Andrews desenvolve durante todo o ano, programações especiais
e exclusivas. Temos o Natal encantado, o Réveillon, Vindima em janeiro e o Carnaval
Veneziano, de máscaras. São experiências inesquecíveis para nossos hóspedes.
E tudo isso na Serra Gaúcha, que oferece uma infinidade de opções de entreteni-
mento, com parques, passeios que fazem com que as pessoas não fiquem mais só
três dias por aqui. Tem famílias que ficam dez dias na Serra e não conseguem conhe-
cer tudo o que a região oferece.
TURISMO DE LUXO
É BEM-ESTAR,
EXCLUSIVIDADE
E ARTE DA
EXCELÊNCIA”
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Acessibilidade e inclusão:
desafios fundamentais do turismo para
acolher a diversidade humana
Mas quem conhece efetivamente esta lei? É uma lei que garante direitos
para mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Bra-
sil, segundo dados do IBGE de 2019. Estamos falando de 25% da popula-
ção brasileira. Isso não é pouco. Todas estas pessoas podem usufruir do
turismo desde que as condições sejam dadas. Porque são pessoas que
trabalham, tiram férias, gostam de viajar, se divertir. Porque não pensar que
podem ter espaço num restaurante, num hotel, numa loja, que favoreçam
que a pessoa chegue e faça a sua escolha?
Temos que pensar também nas cidades. Elas são acessíveis para o tu-
rismo de pessoas com deficiência? Como são as calçadas, as sinaleiras,
os banheiros públicos? É este olhar que a gente precisa alimentar e que o
Festuris está alimentando.
Os espaços turísticos e culturais precisam estar efetivamente preocupa-
dos em fazer as adaptações para que uma pessoa com cadeira de rodas,
um cego, pessoa com nanismo e tantas outras possam usufruir de uma
viagem com tranquilidade, sem serem constrangidas de alguma maneira.
Meu desejo é viver numa sociedade que olhe para as pessoas que como
eu tem uma deficiência e respeite todas as diferenças, porque somos di-
versos e queremos fazer turismo com dignidade. O caminho é longo, mas
eu estou na estrada, sempre estive e esta é uma das lutas da minha vida.
E fazer esta reflexão em um evento como o Festuris é estimulante. E vou
usar um lema das pessoas com deficiência: “nada sobre nós sem nós”.
Nos chamem!
NO MUNDO, O
TURISMO ACESSÍVEL
AINDA É UM
SONHO. ATENDER
A DIVERSIDADE
DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA É
DEVER, NÃO É FAVOR”
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A Calçados Beira Rio é uma indústria gaúcha fazendo moda para o Brasil e para o mundo. Temos muitos
produtos de alma e coração sendo feitos. A gente vê no Festuris um passeio pelo movimento da moda.
Somos uma empresa de alma e coração, movida pelo amor ao fazer, feita de pessoas e propósitos.
Assim é Calçados Beira Rio, referência global do segmento de moda, orgulho do Brasil e de seus
mais de 8 mil colaboradores. Com valores humanistas em sua essência, a empresa mantém os pés
no chão e com os olhos no futuro, se comprometendo com o meio ambiente e com as comunidades
onde está inserida, sendo parte importante deste ecossistema vivo que se transforma e se modifica
a partir do bem-estar de todos. Para quem, literalmente, nasceu em meio à natureza, às margens de
um rio, a preocupação com o meio ambiente é uma prioridade vista diariamente, em todos os proces-
sos da empresa. Da escolha das matérias-primas até o descarte correto de resíduos, passando por
uma seleção de fornecedores alinhados com prática sustentável. A responsabilidade com o planeta é
assunto levado a sério em todas as unidades fabris da Calçados Beira Rio, mostrando que através de
ideias, ações e atitudes, moda também é espaço de consciência, de preservação.
MODA É TURISMO
EM MOVIMENTO.
E FAZEMOS MODA
QUE ZELA PELO
PLANETA”
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Empreender, fazer moda, transformar a vida das pessoas e comunidades, oferecer às pessoas expe-
riências únicas, são desafios a que me propus sempre. Foi assim quando criança, com oito anos, fazia
artesanato e roupas de bonecas e vendia em barraca na beira da praia, em Maceió. Fiz feira também
na casa do zelador de um prédio onde a minha família morou. Gostava de ganhar o meu dinheiro e na
segunda-feira ir numa loja do shopping comprar roupas para mim. Aquilo me empoderava, me deixava
orgulhosa. Sempre acreditei em mim. E este é o segredo. A gente tem que acreditar.
Tive inspiração na minha avó que me disse, uma vez, que eu tinha que melhorar muito as roupas das
minhas bonecas. Que eu tinha que fazer uma roupa perfeita. “Isso que você faz é horrível”, me falou.
Me disse para aprender a fazer pé de gola, bolso tipo faca, bainha italiana e que a listra da frente da
camisa tinha que fechar com a listra da parte de trás. E vi que tinha que aprender um monte de coisas.
Os ensinamentos da minha avó eu levo para a minha vida toda.
Quando tinha 17 anos, decidi que queria montar uma marca de luxo. Um dia vim para São Paulo e
procurei a melhor assessoria de imprensa de São Paulo. Cheguei lá fui falar com o rapaz, feliz da vida.
Cheia de sonhos, mostrei minhas roupas. Ele olhou e disse assim: “a senhora gordinha, com esse so-
taque que parece que acabou de chegar nesta sala no lombo de jegue, com essas roupas todas co-
loridas, que tem igual na feira uma do lado da outra, a senhora acha que vai vir para São Paulo, montar
uma marca de luxo? Não venha não, que isso não vai dar certo”. Aquilo foi como se ele dissesse: vem,
vai dar certo. A gente ouve o que quer ouvir. Não quis ouvir o que ele disse.
Aquilo foi um incentivo. Abri minha primeira boutique em São Paulo, em 2009, na região dos Jardins,
e recentemente abri em Los Angeles.
Elas acreditaram, viram que o trabalho delas tinha valor e, assim, melhoraram a vida delas, dos filhos e
da comunidade onde vivem. É um orgulho para elas mostrar o que têm hoje. Não tinham água, por exem-
plo. Hoje elas tem. O projeto Olhar do Sertão é o grande propósito na nossa vida, da nossa empresa
que é transformar a qualidade de vida das mulheres rendeiras do Sertão e das suas famílias através da
valorização do seu trabalho .
O PROJETO
OLHAR DO SERTÃO
É O GRANDE
PROPÓSITO NA
NOSSA VIDA, DA
NOSSA EMPRESA”
27
O turismo, na ponta, é feito pelo setor privado, pelos agentes de viagens, operadores de turismo, compa-
nhias aéreas, setor gastronômico, rede hoteleira e assim por diante. E cabe ao setor público, aqui representado
por mim, criar o ambiente necessário, prover a infraestrutura necessária para que o turismo possa se desen-
volver. E aqui no RS, nós, modéstia à parte, acredito que estamos fazendo a nossa parte, com investimentos,
repassando recursos aos municípios, executando obras de infraestrutura necessárias para bem receber.
Também investimos na parte de inteligência de mercado, criando o Mapa do Comportamento do Turista,
para auxiliar os setores público e privado. Também na parte de integração, estamos trazendo as entidades
dos setores da sociedade civil organizada para dialogar e definir as políticas públicas na área de turismo.
MOMENTO DE QUALIFICAÇÃO
O Meeting Festuris é um momento de qualificação, é um momento que se consegue trocar experiências,
ouvir as pessoas que são referências nas suas áreas. Aqui teremos diversos palestrantes. Neste momento
eu diria que não adianta ter investimentos, não adianta termos inteligência, termos integração, se não tiver-
mos a qualificação, se não tivermos a arte de bem servir, bem receber, bem acolher. E mais que isso, cada um
na sua área deve entrar e pontuar tecnicamente o que é a tendência atualmente no turismo mundial. Diria até
que essa temática do Festuris que é Ressignificando o Turismo, cabe ainda mais neste período de pós-pan-
demia, onde as pessoas estão ressignificando a sua forma de pensar, a sua forma de viver, a sua forma de se
relacionar. Com isso, acredito que todos nós do setor de turismo e de eventos, que foi um dos mais atingidos
pela pandemia, cai muito bem nesta temática principal. Realmente este ressignificar do turismo como mote
principal desta grande feira é importante. Então, sejam todos muito bem-vindos ao Rio Grande do Sul e à Ser-
ra Gaúcha. Que seja um palco de discussão, principalmente de agregar conhecimento, agregar experiência e
que se possa, ainda mais, qualificar e promover o nosso setor.
O TURISMO, NA
PONTA, É FEITO
PELO SETOR
PRIVADO”
28
Nosso objetivo aqui é provocá-los a fazer negócios. E para conhecerem ecossistemas de inovação onde
as pessoas se juntam para somar esforços, buscarem competitividade, para gerar maior valor.
Temos o exemplo apresentado por Martha Medeiros em que as pessoas se juntam para atuarem de forma
colaborativa, ou seja, elas substituem a concorrência e passam a ter competitividade e colaboração. Come-
çam a trabalhar no que é a base da nova economia: comunicação, participação...
COOPERATIVISMO
É A FORÇA QUE
TEMOS PARA
TRANSFORMAR
DESAFIOS EM
OPORTUNIDADES”
30
O projeto de Gramado ter uma grife é um sonho antigo, quando participei anteriormente
da administração municipal. Na ocasião se fez uma tentativa de desenvolver este projeto,
mas era bastante complexo. Retomamos agora com a ajuda de muitas pessoas, pois não se
consegue desenvolver um projeto desse tamanho, principalmente no setor público, se não
for colaborativo.
A Grife Gramado é um projeto pioneiro no Brasil, que visa promover a marca do município
como importante valor na experiência do turista. Para promover a cidade e aproximar ainda
mais a comunidade do projeto, foram realizadas oficinas de criação de produtos artesanais e
consultorias de orientação.
A GRIFE GRAMADO
É UM PROJETO
PIONEIRO NO BRASIL,
QUE VISA PROMOVER
A MARCA DO
MUNICÍPIO!”
32
Deus me abençoou, me deu uma dádiva de ter participado no grupo que criou a Gol, que constituiu o
primeiro time, há 22 anos. A Gol tem 21 anos, mas começamos a trabalhar um pouco antes. Até hoje ela
segue dentro de uma estratégia: se executa e vai aperfeiçoando com o decorrer do tempo. Isso porque
não dá mais tempo para você fazer um projeto completo, perfeito, porque quando você for executar já
precisa ser atualizado. Nós aplicamos já naquela época o conceito de business ágil, tão moderno hoje.
A Gol foi construída em 26 semanas. Foi o tempo que nós definimos numa reunião de quatro pessoas,
numa garagem de ônibus em São Bernardo do Campo (SP). O Constantino Júnior e mais três pessoas
(eu era uma delas) decidiram que fariam uma companhia aérea no dia 17 de julho de 2000. Não tinha
CNPJ, não tinha avião, não tinha absolutamente nada. E em 15 de janeiro de 2001 nós lançamos a em-
presa com seis aviões, em sete cidades e 52 voos por dia. Foram 26 semanas, um recorde mundial.
A chefe de cabine preparou os passageiros pedindo que agilizassem o desembarque. Essa mobiliza-
ção, este comprometimento resultou num tempo de solo de 9 minutos em Florianópolis, um recorde
mundial. Todo mundo chegou em São Paulo no horário. Olha o grau de comprometimento de uma em-
presa inteira para cumprir o horário por conta de conexões em São Paulo. Isso se chama engajamento.
DEIXAMOS UM
GRANDE LEGADO:
POPULARIZAMOS O
TRANSPORTE AÉREO
NO BRASIL”
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