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ÉTICA

Vem do termo grego “Ethos” que originalmente tinha o sentido de “morada” mas que
com o passar do tempo passou a significar “caracter”, “modo de ser” que se vai adquirindo
durante a vida.
É o conjunto de pessoas que formam a casa. Tem a ver com o caracter. É a relação
entre mim e o outro (relação interpessoal): eu e o outro formamos uma relação de respeito
mútuo, uma relação que se estabelece olhos nos olhos.
A ética refere-se à filosofia moral, ou seja, ao saber que reflecte sobre a dimensão da
acção humana (tem como objectivo explicar o fenómeno moral).
«A ética é um conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão a olhar. O
caracter é, no seu oposto, o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está a
olhar.
A ética é o conjunto de valores que usamos para decidir as três grandes questões da nossa
vida: querer, dever e poder. Aquilo que se quer, deve ser o que se deve e o que se pode.
A ética define-se através de princípios da sociedade, sendo religiosos ou não, de normas de
acções. Por isso, vai-se construindo ao logo do tempo para que as pessoas cheguem a um
ponto de vida em que não precisem de normas escritas pois essas já estão plantadas em si.
Não existe ninguém sem ética, a ética é relativa e por isso há pessoas com éticas diferentes.
Contudo, também há éticas universais.
Ética é a concepção ética do princípio moral e da prática.» Mário Cortela

A ética é indirectamente normativa porque explica a razão da existência do dever e das


normas e porque não tem incidência directa na vida quotidiana, apenas quer esclarecer
reflexivamente o campo da moral. Responde à pergunta «PORQUÊ?».

A ética não é neutra diante os vários códigos, pois é crítica dos costumes morais.

A ética tem várias funções:


- Esclarecer o que é a moral e quais as suas principais características.
- Fundamentar a moralidade, ou seja, examinar quais as razoes pelas quais o ser humano
procura viver moralmente.

Na ética analisa-se os fundamentos do dever-ser e da responsabilidade, que está


interligada ao valor ético pois ambos correspondem a uma relação que estabelecemos entre
nos e às quais damos importância.
Responsabilidade = é ter resposta e não ficar indiferente com o que nos relacionamos;
é cumprir com as responsabilidades e ter por isso uma finalidade feliz. Contudo há um conflito
entre DEVER VS FELICIDADE (por vezes, fazer aquilo que nos deixa feliz pode implicar deixar o
dever para trás.

Ética mínima = A ética tem limites, os quais temos de saber reconhecer, contudo temos
de aceitar um conjunto mínimo de regras que nos permitem relacionar de forma saudável e
construirmos uma sociedade melhor. Todos precisamos de compreender que há uma noção de
dever.
MORAL
Vem do latim “Mosmores”, que originalmente significava “costume” mas que com o
passar do tempo passou a significar “modo de ser”, “caracter”.
É algo que corresponde à concretização do dever e da responsabilidade. Trata o
domínio da ordem moral e por isso quando impõe uma sanção esta é apenas ao nível social.
A moral é um conjunto de princípios e comandos sobre o comportamento. É um
conjunto de condutas pessoais.
A moral corresponde a diferentes doutrinas morais que se movem sobre as acções
humanas marcadas pelo bem ou mal e sobre o âmbito das decisões.
A moral precisa de ser laica, ou seja, independente das crenças religiosas mas não
oposta a elas. Esta tem de ser assim uma moral típica de sociedades pluralistas e que permita
desse modo a convivência de diferentes concepções morais de caracter geral.
«Moral é a realização da vida boa, da vida feliz. É o ajustamento a normas
especificamente humanas e a aptidão para a solução pacífica dos conflitos tanto em grupos
reduzidos como ao nível nacional ou mundial.
A experiencia da moral em busca da vida boa surgiu na Grécia, permaneceu na ética
cristã e reapareceu no utilitarismo e pragmatismo. Contudo, o modo de entender a felicidade
varia segundo as virtudes do homem» Adela Cortina
«A moral é a prática de uma ética. Há pessoas imorais.
A moralidade depende daquilo que se tem como referencia e da época em que se encontra, ou
seja, tudo depende da moral que praticamos e da ética que temos por detrás disso.» Mário
Cortela

A moral é directamente normativa e vai ser ajudada pela coercividade pois há um


dever a ser cumprido. Responde à pergunta «O QUE DEVEMOS FAZER?».

Ser moral é sinonimo de aplicar o intelecto para descobrir os meios adequados para
alcançar a vida plena, feliz e satisfatória. Por isso, é necessário um uso correcto da
racionalidade para deliberar as estratégias que conduzem ao fim que todos procuram: máximo
de felicidade.
Na moral analisa-se o dever, as regras e as normas e o porque de existirem.
Norma = é o comando, a referência e a formulação de um dever com valor ético que se
aplica aos factos e à realidade.
Normas técnicas têm o objectivo de gerar bens particulares. As prescrições técnicas tornam as
pessoas habilitadas a manusear utensílios para alcançar um fim particular, e por isso
representam o imperativo hipotético («se queres x faz y»).
Normas morais têm o objectivo de gerar o maior bem prático para o ser humano. Orientam os
meios com vista o fim último e supremo. Representam o imperativo categórico pois não
tem/impõe condições.

Moralidade = ajustar a própria intenção e conduta aos preceitos universais da razão. A


maior grandeza do ser humano reside em agir segundo a lei que ele impõe a si mesmo
(IMPERATIVO CATEGÓRICO). A moralidade significa identificar-se com as normas concretas da
comunidade num nível em que a pessoa é capaz de distinguir as normas comunitárias
estabelecidas e os princípios universais da justiça (ou seja, o que os outros dizem para fazer e o
que deve mesmo fazer).

1. «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti»
É necessário haver uma relação de igualde (LIBERTAS – qualidade da balança quando
está livre e equilibrada) entre mim e o outro. É importante ter sempre em conta as debilidades
e as fraquezas do outro – esta tem de ser a regra fundamental da vida.
Há três tipos de relacionamento:
- AGAPÉ = amor ao próximo;
- PHILIA = relação;
- ÉROS = amizade.

2. «Faz aos outros o que queres que te façam a ti»


É necessário salvaguardar a diversidade.
Polarismo = tudo igual e tudo diferente (igualdade e diferença são faces da mesma
moeda).
A cada direito corresponde um dever, pois não há direitos sem deveres. É necessário
haver igualdade, e por isso as normas coercivas vão servir para salvaguardar a igualdade –
PRIMADO DA LEI = Lei geral e abstracta para todos. Para que este primado da lei funcione, é
necessário não só haver um estado democrático para todos, mas também legitimidade de
origem (direito ao voto) e legitimidade do exercício (limitação do poder).

Âmbito da ética
A ética é incompreendida, e isso está a deixá-la sem objectivo.
A ética surgiu nos cursos de ensino médio como uma disciplina em competição com a
religião, como uma espécie de “moral para descrentes” enquanto na realidade não o era.
Com o medo de confessar que nas sociedades pluralistas certos modos de enfrentar a
vida nos parecem mais próprios do homem do que outros, surgiu a ideia de substituir o termo
“moral” por “ética”. Isto consistiu em explicar os mínimos morais que uma sociedade
democrática deve transmitir, porque aprendemos que estes são princípios, valos e atitudes aos
quais não podemos renunciar sem renunciar à humanidade em si.
A ética tem por objectivo o dever das acções boas que se expressa nos juízos morais.

Ética como filosofia moral


A diferença entre moral e ética consiste na mudança ao nível reflexivo, ou seja:
enquanto a reflecção moral é uma reflecção que dirige a acção de modo imediato, a reflecção
ética é explicitamente filosófica.
A ética tem de se relacionar com o facto de que o nosso mundo humano seria
incompreensível se eliminarmos a dimensão moral, e assim sendo tem de se ocupar da moral
em especificidade e não limitar-se a ela; tem de dar razão filosófica à moral, tem de ou
justificar porque é que há e é necessário haver moral ou confessar que não há razão para que a
mesma exista.
A tarefa da ética consiste assim em acolher o mundo moral e dar-lhe a sua razão de
modo a que os homens cresçam a saber acerca de si mesmos e em liberdade, e
consequentemente em ter o poder esclarecedor.

Ética como vocação


A tarefa da ética sustenta-se sobre dois pilares:
- Interesse moral
- Fé na missão da filosofia
Um homem que é ético por vocação precisa de ambos os pilares, pois é aquele que se
preocupa verdadeiramente com o bem dos homens e que confia na reflecção filosófica como
contributo para alcançar esse bem.
Kant: a razão é neutra e coloca-se em cada âmbito do saber, movida por um interesse
objectivo sem o qual confunde as suas metas.
O ético a quem não preocupa o bem dos homens renuncia descobrir a lógica da acção.
O cientificismo e o positivismo vieram demonstrar que o mundo moral não é o mundo
irracional.
Existe uma base moral comum à qual a nossa sociedade actual não está disposta a
abdicar e a qual justifica o dever de respeitar as diferenças: reconhecimento da dignidade do
homem e dos seus direitos.
Quando a razão é moralmente desinteressada, qualquer solução lhe parece
satisfatória, e isto explica o facto de o cepticismo, o relativismo extremo, o emotivismo, o
realismo conformista ou o reducionismo terem sido formulados e defendidos pela sociedade. A
consciência que a época actual tem sobre a moralidade não é unitária, e por isso acabam por
coloca-la nas portas do relativismo.
O cepticismo e o relativismo são ideologias insustentáveis na vida quotidiana, pois
ninguém pode agir crendo que não existem opções preferíveis as outras. Estas são ideologias
tipicamente criadas de costas para a realidade, pois tentam aproximar-se da realidade moral
mas não alcançam o reconhecimento dos direitos humanos.
O emotivísimo destaca o papel da sensibilidade no mundo moral, mas não esclarece
como agir diante aqueles que nos rejeitam.
O reducionismo empenha-se em explicar o dever moral em função do que há, o que
desenvolve um realismo conformista (realismo radicalmente injusto com a realidade).
A moral deve ser limitada ao imperativo hipotético kantiano: se queres x faz y.

Panorama ético contemporâneo


A ética analítica da linguagem tenta esclarecer o significado dos termos morais “bom”,
“justo”, “direito”, etc. dissolvendo os problemas que surgem sobre a falta de clareza da sua
aplicação.
No que diz respeito à ética, a característica do mundo de hoje assenta no facto de as
diversas tendências (como o utilitarismo, objectivismo, corrente marxista-leninista, ética
dialógica e ética da libertação) terem adoptado atitudes semelhantes em pontos importantes.

Sócrates: professa o intelectualismo moral, uma vez que defende que quem conhece o bem
sente-se impulsionado a agir bem e quem age mal é porque é um ignorante.
Aristóteles: a felicidade perfeita para o ser humano reside no exercício da
compreensão dos conhecimentos e do entendimento prático no domínio das paixões para
conseguir uma relação satisfatória com o mundo social.
Epicurismo: moral é a busca da felicidade entendida como prazer e satisfação do
caracter sensível. O sábio é aquele que for capaz de calcular correctamente as actividades que
proporcionem o mais prazer e menos sofrimento (calcular a intensidade e duração dos
prazeres).
Estoicismo: deve existir uma razão comum à lei do universo, ou seja, há uma lei
universal e tudo está submetido a ela. Sábio é aquele que vive segundo esta lei universal pois
tudo o que faça é devido a esta lei e ao seu seguimento.
Agostinho de Tagaste: a moral é necessária porque precisamos de encontrar o
caminho de volta para a Cidade de Deus, onde não cedemos às tentações egoístas.
Tomás de Aquino: a felicidade perfeita está em contemplar a verdade que se identifica
com Deus. Esta verdade divina identifica-se com a lei eterna que rege o universo e que se
expressa na lei natural.
Hume: as acções morais produzem-se em virtude das paixões orientadas para atingir
fins propostos pelo sentimento e não pela razão.
Kant: o ponto de partida da ética é o dever que reconhecemos como criaturas
racionais, ou seja, o bem específico da moral é o cumprimento do dever. Os imperativos
categóricos são aqueles que estão ao serviço das pessoas. Dizem respeito à moral. A missão da
ética é descobrir as características formais para os imperativos categóricos terem de modo a
que neles exista a razão e assim sejam normas morais. Essas características são:
- Universalidade (“Age de tal maneira que o teu agir possa ser lei universal”).
- Seres humanos como fins em si mesmos (“Age de tal maneira que trates a humanidade tanto
em ti como em qualquer outro, sempre como um fim e nunca como um meio”).
- Legislação universal num reino dos fins (Age por máximas de um membro legislador universal
num possível reino dos fins).
Utilitarismo: foca-se na felicidade individual, que se identifica com o prazer: a bondade
de uma acção é medida pela quantidade de prazer que consegue proporcionar. O utilitarismo
não identifica o âmbito moral com este âmbito da “realização moral”, e é este tipo de éticas
que se limita a fundamentar a moral com o facto de que os homens nascem com desejos,
preferências ou necessidades e usa-lo.
Objectivismo: comprova a verdade dos juízos morais confrontando-a com a realidade
humana, mas esta combinação é analisada por um grupo de especialistas. A objectividade de
uma decisão moral consiste na decisão de todos os que se vêm afectados pela mesma. Para
que esta decisão possa ser racional é necessário o diálogo que tem como objectivo conseguir
um consenso entre os envolvidos.
Corrente marxista-leninista: a mudança do homem em grupo para o homem em
individual vai produzir uma mudança ao também ao nível da consciência humana pois isto
significa uma nova necessidade social: conciliar a conduta do individuo com os novos interesses
sociais (moral).
Surge assim uma moral das classes dominantes e uma moral humana comum: moral
comunista (defende ideias de liberdade, igualdade e fraternidade pois os interesses desta
classe coincidem com o da humanidade).
Esta ética é normativa pois tem na sua base a satisfação dos interesses sociais.
Contudo, esta concepção ética encontra-se em dificuldades devido ao facto de ser a classe
trabalhadora que decide os interesses objectivos, o que anula a liberdade de escolha, e
também por implicar a determinação dos interesses por um grupo de pessoas cria um risco de
dogmatismo que condiciona o acesso à verdade moral. Isto fez com que surgissem várias
concepções face à ética marxista-leninista.
Ética dialógica: considera que as necessidades e os interesses devem ser satisfeitos
recuperando o valor do sujeito numa argumentação. Considera que os sujeitos têm de
configurar a objectividade moral. O diálogo deve ser ideal, ou seja, equitativo, onde se haja
uma distribuição justa de oportunidade de argumentar.
Ética de libertação: justifica e apoia moralmente quem luta pelos oprimidos e é
acusado de ser imoral pela moralidade em desenvolvimento noutros países. Um revolucionário
é considerado alguém que está contra a lei e por isso contra a moral.

Objectivo da ética
Concepção da moralidade
A ética trata de esclarecer se está de acordo com a racionalidade humana juntar-se à
obrigação universal expressa nos juízos morais.

Forma da moralidade
O objectivo da ética consiste em esclarecer o fundamento dos juízos morais se
apresentarem como exigências da necessidade e universalidade e por isso, o seu objecto
centra-se na forma de moralidade, em encontrar uma razão suficiente da forma moral.

Ética filosófica
A filosofia apresenta um esforço conceitual de esclarecer quais são os fins
autenticamente racionais para a acção humana, e a ética determina a verdade do dever ser por
meio de conceitos.

Métodos da ética
Métodos inadequados
1) Método descritivo-explicativo: aplicado à moralidade, é próprio das ciências sociais e,
embora o seu objecto material possa ser os conteúdos morais, não possui
instrumentos para justificar forma de moralidade;
2) Método utilizado pela história moral: tem a tarefa de estudar a origem dos conceitos
morais para explicar e compreender os seus sentidos, mas essa origem não justifica
racionalmente a sua verdade;
3) Linguagem da ética não é prescritiva, apenas canónica e normativa;
4) Análise da linguagem: a análise não pode justificar a verdade dos julgamentos morais.

Métodos adequados
São os métodos transcendentais, pois pretendem justificar racionalmente os factos que
parecem exibir a forma da razão. Este método assumiu várias formas, entre elas:
1) Ética dialógica: tem como ponto de partida o facto racional da argumentação. Este
facto assume que:
a. Aqueles que argumentam optam pela verdade, e isso significa que a
argumentação é impossível sem uma opção moral.
b. Essa opção moral só se demonstra coerente se quem opta pela verdade
solicitar uma comunidade ideal de argumentação, na qual há compreensão
total dos interlocutores.
c. Promover a realização da comunidade ideal de argumentação na comunidade
real.
O uso que as éticas dialógicas fazem do método transcendental em vista uma
fundamentação de moralidade, tem como objectivo alcançar o desenvolvimento da dimensão
social que a solução kantiana necessita.
2) Lógica transcendental: é a tentativa de oferecer os conceitos exactos/básicos para
obter o facto da liberdade, que por sua vez se expressa imediatamente na forma dos
juízos morais. A logica transcendental expressa a razão da forma moral por meio de um
juízo material. Estes juízos materiais são juízos éticos e não morais, são o cânone de
conduta para todos os que querem ser fiéis à própria humanidade e são o fundamento
teleológico pois incluem o conceito de fim como categoria fundamental da ética para
concepção da moralidade.

Método sistemático
Oferece a solução para dois problemas da ética:
a. Oferecer o marco para uma universal prática: a argumentação universal
entre sistemas morais é inviável se cada qual permanecer desconectado e
não em busca do marco em que seja possível reconhecer a capacidade de
justificação racional e compará-la à capacidade dos sistemas.
b. Oferecer o critério para a preferência racional entre códigos morais:
mesmo quando o código moral possuir uma racionalidade interna, a
impossibilidade de oferecer melhores razoes para preferir um invés de
outro inviabiliza o progresso moral.

Problema da fundamentação
Fundamentação da moral: investigar o fundamento da moral é um objectivo da ética, e
o qual deve:
a. Determinar o facto de possuir características específicas da moral: para determinar
estas características é necessário recorrer a dados que dominem a moral.
b. Elaborar as categorias necessárias para conceber essas características.
c. Tornar inteligíveis essas características, propondo a razão para que elas existam.
A fundamentação da ética apresenta-se sobre um duplo aspecto: ou se trata de
elucidar se a ética é um saber baseado em fundamentos seguros em comparação com a mera
opinião ou se, pelo contrário, constitui um prolongamento da ontologia, psicologia, sociologia,
etc..
A autonomia da ética vê-se satisfeita se ficar demonstrado que há um âmbito moral,
ou seja, a legitimação da ética como saber autónomo baseia-se em mostrar a necessidade que
existe em haver dimensão moral.
A fundamentação moral contestaria aquele que se interroga-se sobre “é racional que
os homens dirijam a própria conduta por meio de juízos aos quais chamamos morais em
virtude da forma lógica?”.
A ciência, privada de fundamento reflexivo, transforma-se em ideologia. Um saber que
ignora as próprias raízes desconhece-se a si mesmo. O cientificismo bloqueia toda a
fundamentação da moral, mas este bloqueio pode romper-se pois a própria possibilidade da
ciência exige a moral e se a moral é irracional, a ciência também é.
Actualmente, o problema da fundamentação não se refere à questão da origem dos
conhecimentos mas sim às condições transcendentais da validade da argumentação que
podem ser encontradas na logica, no sistema coerêncial, na semântica ou na pragmática.
Assim: Fundamentar a moral afasta-nos do fundamentalismo, pois fundamentar é
argumentar, oferecer razões bem articuladas para estabelecer o porque de se preferir uns
valores e não os outros. Muitas teorias éticas procuram fundamentar o fenómeno da
moralidade, mas esta fundamentação deve assumir a forma racional pois precisa de
argumentar fornecendo as razões para tal.
Contudo nem todas as filosofias abrem espaço para a fundamentação, e por isso retém
nela o que é impossível, desnecessário e ultrapassado.
Fundamentar a moral significa estar atento à totalidade das condições que tornam
possível o fenómeno a ser fundamentado. É esclarecer as condições e marcar as categorias que
tornam o discurso moral coerente. Segundo Hegel, existem três modelos de fundamentação:
- Fundamento Formal: o fenómeno fundado encontra-se no mesmo nível que o fundamento
apresentado, ou seja, os argumentos apresentados para justificar a forma moral estão ao
mesmo nível da existência empírica dos juízos morais (ex. utilitarismo VS hedonismo)
- Fundamento Real: expressa uma escolha arbitrária de algumas das determinações do
fenómeno a ser fundado, que por sua vez constituem o fundamento. Contudo, a
fundamentação não pode usar nenhum do elemento do fenómeno como base.
- Fundamentação que precisa de ter uma base mais consistente que as anteriores: deve dar
conta não só das causas que actuam no âmbito da necessidade mas também das que
pertencem à ordem da liberdade. A autêntica fundamentação da moralidade é aquela que
oferece um conjunto logicamente conectado das determinações que tornam possível a
moralidade (ex. teorias éticas kantianas).

PLURALISMO VS UNIVERSALISMO

Pluralismo
Salvaguarda das diferenças /respeito mutuo.
Universalismo
As normas morais pretendem-se universais, e ser universalmente válidas significa que
diferem entre si quanto ao seu conteúdo moral.
O mundo moral tem uma forma peculiar de obrigar a reflectir sobre si mesmo:
impõe-se uma urgência do agir cotidiano, o que exige deliberar e escolher entre os diversos
critérios da acção mesmo que a preferência seja colocar nos outros essa responsabilidade.

ABSOLUTISMO VS RELATIVISMO
Relativismo
Indiferença. Não há nada para valorizar.
Absolutismo
Valores tal e qual como os vemos. Tomar os nossos valores como incontestáveis e
impô-los aos outros. Isto pode gerar corrupção num meio político, pois o homem é um ser
muito vulnerável.
O respeito é assim um factor necessário pois pressupõe que cada um tenha a sua
perspectiva e que não imponham aos outros.
É necessário conhecer, saber e ter percepção dos limites.
A ética está representada por:
- AQUILES: representa o filho dos deuses e a humanidade – tentação ao absolutismo
- ULISSES: representa a vulnerabilidade, tem de usar a capacidade e vontade que tem – recusa
do absolutismo e relativismo.

DIREITO
O direito é um código de normas destinadas a orientar as acções dos cidadãos que
emana das autoridades políticas e que conta com o apoio coactivo da força física do Estado
para fazer com que sejam cumpridas. É a imposição de normas e sanções.
Sanções = permitem que haja um dissuasor, alguém que corrige, e por isso permite
também a integração social.

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