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Resumo Filosofia

O problema do critério da moralidade

O problema da fundamentação da moral formula-se do seguinte modo:


Como podemos distinguir uma ação moralmente errada de uma ação moralmente
correta e qual é o critério ético que devemos usar para fundamentar que a ação A é
correta e B é incorreta.

Normalmente são colocadas questões como “como devo viver?”, “como me devo
comportar?” “O que diferencia o bem o e o mal?”

Para responder a essas questões:


Kant apresenta uma teoria deontológica (baseada em critérios estritamente
racionais, em que colocamos os nossos sentimentos de parte e as nossas decisões
tornam-se baseadas apenas na razão, é essa razão que define se as ações são
moralmente corretas ou erradas.).
Stuart Mill apresenta uma teoria utilitarista (baseada em critérios
consequencialistas, em que as consequências causadas pelas nossas ações são o que
definem se uma ação é moralmente correta ou errada)

A teoria deontológica de Kant


Segundo Kant, existem deveres morais absolutos. Devemos realiza-los sempre e
incondicionalmente (sejam quais forem as circunstâncias em que estejamos e sejam
quais forem as consequências)
Estes deveres morais estão relacionados à razão, ou seja, para Kant a moralidade é
um assunto racional, estando assim interligada com a capacidade de pensar, ou seja,
as inclinações, as convenções sociais, a religião e qualquer outro fator exterior a
razão deve ser ignorado, sendo que não têm nenhum papel a desempenhar na
moralidade. Disso, vem o conceito de princípio supremo da moralidade, ou seja, para
Kant o imperativo categórico. O imperativo categórico é uma lei moral que nos surge
como uma ordem que é aplicada incondicionalmente. Sendo os deveres que dele
derivam também incondicionais, ou seja, tratam-se de deveres absolutos.
Kant formula o imperativo categórico de várias maneiras, porém só demos duas
dessas formulações: a formula da lei universal e a fórmula da humanidade.

A fórmula da lei universal-

A fórmula da lei universal funciona da seguinte maneira:


Se nos quisermos questionar sobre a moralidade de uma ação, podemos nos
perguntar a nós próprios que máxima (principio segundo o qual o agente realiza uma
ação) estaremos a seguir se realizarmos essa ação.
O passo seguinte é perguntar se queremos que essa máxima seja seguida por todos
os agentes em todas as situações similares, ou seja, se queremos que essa regra seja
universalizada. Pode ser expressado através da seguinte frase:

“Age de tal forma que a máxima que determinou o teu agir possa ser
universalizada sem envolver contradição”

A formula da humanidade-

Kant afirma que qualquer ser racional que eventualmente exista, é uma pessoa e não
uma coisa, é um ser autónomo, capaz de fazer escolhas. Afirma também esse valor
pode ser expresso pela palavra “dignidade” um ser humano tem dignidade e não um
preço (é único e insubstituível). Nessa medida um ser humano não deve ser visto com
um mero meio ou instrumento ao serviço de outros, por isso, as ações que
instrumentalizam uma pessoa (ou seja, que reduzem uma pessoa a ser um mero
meio) são moralmente erradas.
Podemos também usar a expressão seguinte para nos questionarmos se uma ação
tem valor moral (moralmente correta) ou não:

“Age de tal modo que trates a humanidade na tua pessoa ou em outra


pessoa como um fim e não apenas como um meio”

Tipos de ação e valor moral e a boa vontade-


De acordo com Kant, existem três tipos de ações, estas são:

-Ações contrárias ao dever:


Estas ações são as que não passam no teste do imperativo categórico, isto é não
segue as formulas definidas por Kant (a sua máxima não é universalizável e / ou não
respeitam as pessoas envolvidas como fins)

-Ações em conformidade com o dever:


Estas ações são as que realizamos por serem ações que obedecem ao dever, mas
não têm valor moral, pois não são motivadas pelo cumprimento do dever, mas sim
por fatores exteriores ao dever (estas ações podem ser realizadas com intenções
egoístas ou com inclinações imediatas, isto é, podem ser realizadas em função dos
nossos sentimentos, o que na ética kantiana não é permitido)

-Ações por puro respeito ao dever


Estas ações são as que realizamos porque reconhecemos racionalmente que são
corretas (fazemos o dever pelo dever, a única intenção que temos ao realiza-las é
cumprir o dever)
Kant afirma que uma ação proveniente da boa vontade é aquela que não pode ser
utilizada para o mal e que seja realizada por puro respeito ao dever, esta boa vontade
é o bem supremo (ou o bem último)
Imperativo hipotético-
Esta é uma regra que se impõe condicionalmente quando queremos atingir certos
resultados, ou seja, ao contrário do imperativo categórico em que se define uma
regra de forma incondicional, no imperativo hipotético apenas realizamos uma ação
se estivermos interessados em seguir o meio (condição) imposto para alcançar o seu
fim.
Por exemplo: “Se não queres perder a confiança de alguém, então não lhes deves
mentir”, nesta frase o meio é não mentir, sendo o fim não perder a confiança de
alguém

Autonomia e heteronomia da vontade-

Segundo Kant,
Uma ação diz-se autónoma quando é realizada por puro respeito ao dever,
ou seja, obedece à razão.
Uma ação diz-se heterónoma quando é realizada contrariamente ao dever
ou em conformidade com o dever.

Objeções à teoria de Kant-

Conflito de Deveres- Os deveres em Kant são absolutos, portanto, logicamente


problemas que envolvam vários deveres absolutos que se contradigam não fazem
qualquer sentido, este é o caso da “pergunta do assassino” em que Kant diz que não
mentir é um dever absoluto, porém não contribuir para a morte dos outros também o
é, neste caso há uma contradição
É errado negar a importância moral dos sentimentos- Alguns sentimentos
são centrais na vida das pessoas e têm um caráter moral, pelo que é inadequado
retirá-los da esfera ética.

A teoria utilitarista de Stuart Mill-

Segundo Stuart Mill, as consequências das nossas ações são o que determina se uma
ação é moralmente correta ou moralmente errada.

O princípio da utilidade- As consequências são favoráveis na medida em que


trazem felicidade (ou bem-estar) e são desfavoráveis se trazem infelicidade. Este é,
portanto, o critério ético que permite justificar a afirmação de que uma ação é
correta e outra é incorreta. As ações corretas são as que maximizam a felicidade e
minimizam a infelicidade (para o maior número de pessoas). Neste caso o principio
da utilidade é o princípio supremo da moralidade na teoria utilitarista de Stuart Mill

A imparcialidade- Não se trata apenas da felicidade do agente, mas sim do


maior número de pessoas possível.
Se for impossível ter em conta todas, o agente deve ter em conta a sua felicidade,
mas não lhe deve dar mais importância do que à dos outros. A felicidade de cada um
dos indivíduos deve contar da mesma maneira. Por isso, ao avaliar se uma ação é
moralmente boa ou má, deve calcular-se de modo imparcial a felicidade que é
previsível ela produzir.
O hedonismo- Para Stuart Mill, a felicidade, consiste em ter prazer e não ter dor
ou sofrimento, por isso a sua ética é hedonista. Porém o hedonismo na teoria de
Stuart Mill não é igual ao hedonismo regular, na medida em que o hedonismo regular
tem em conta o prazer sensível (prazer físico, ex: prazer sexual, prazer causado pela
comida, etc..) enquanto que na teoria de Stuart Mill, o prazer espiritual é mais
valorizado (prazeres menos intensos e mais duradouros, ex: atingir objetivos, ler um
bom livro, meditação, etc...)

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