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Faculdade de Ciências da Saúde

Departamento de Enfermagem

Cuidado da mulher, da Criança e do Adolescente

QUESTÕES EM GRUPO

DOCENTE RESPONSÁVEl:

DANIELLA SOARES

DISCENTES:

GABRIELE PEREIRA DE SENA 170034518

MIKAELY BEZERRA DO VALE 170019527

MIRELLA DOS SANTOS JACINTO 180070690

BRASÍLIA

20 DE OUTUBRO DE 2020
1.Quais são os aspectos do ambiente físico destinado ao
Alojamento Conjunto que devem ser pensados a fim de acomodar a mãe
e o bebê?

Espaço Físico destinado a acomodação da mãe e do bebê no período de hospitalização


após o parto. A Portaria Nº 2.068, de 21 De Outubro de 2016 institui diretrizes para a
organização da atenção integral e humanizada à mulher e ao recém-nascido no
Alojamento Conjunto.

I - os quartos devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e ao


recém-nascido com capacidade para um ou dois leitos, com banheiro anexo;

II - as enfermarias devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e ao


recém-nascido com capacidade para três a seis leitos, com banheiro anexo, conforme
normativas vigentes da ANVISA;

III - para cada leito materno, deve ser disponibilizado um berço para o recém-nascido e
uma poltrona para acompanhante. O berço o recém-nascido deve ficar ao lado do leito
da mãe e deve ser respeitada a distância mínima de um metro entre leitos ocupados; e

IV - os quartos devem ter tamanho adequado para acomodar mulher e recém-nascido,


de acordo com as normas vigentes da ANVISA.

Parágrafo único. Medidas que assegurem a privacidade da mulher devem ser adotadas,
assim como a observação do conforto luminoso para as puérperas os recém-nascidos e
acompanhantes, quando instalados em quartos ou enfermarias com mais de um leito.
Além das regulamentações previstas na portaria, sempre que possível, o serviço deve
buscar fornecer uma ambientação acolhedora e aconchegante, com paredes pintadas de
cores agradáveis, uma boa iluminação, detalhes que podem fazer a diferença.

2.Diferencie o Vínculo enquanto aspecto Afetivo e Comportamental.

Vínculo no aspecto afetivo se dá através do par mãe-bebê, se comunicando


pela relação recíproca que foi desenvolvida desde a concepção, passando pelo seu
desenvolvimento em útero, até o instante do nascimento. Depende de fatores
individuais, ambientais, culturais e históricos. Inicialmente, estabelece-se da mãe em
direção ao bebê, posteriormente, do bebê em direção à mãe. Envolve afetos e
sentimentos que são eliciados pela presença e/ou lembrança do objeto de afeto.
Fator essencial para o crescimento e desenvolvimento da criança, podendo modelar
suas relações interpessoais, afetivas e amorosas no futuro e um fator essencial para
a experiência da maternidade, podendo ser preditivo de estabilidade emocional e/ou
transtorno afetivo.

Vínculo no aspecto comportamental envolve uma relação entre estímulos e


respostas, mediadas por experiências passadas, fatores genéticos e ambientais, e
repertórios individuais de aprendizado, estabelece um conjunto de comportamentos
que são mantidos pelas consequências, tanto para a mãe quanto para o bebê. Para
o desenvolvimento desse vínculo, é essencial, por parte da mãe, de uma rotina de
cuidados adequados às necessidades físicas e emocionais do bebê; é essencial
para o aprendizado do bebê de como tornar-se objeto de atenção e amor, e para a
satisfação das suas necessidades, por parte da mãe, sendo essencial também para
o desenvolvimento de relações de apego saudáveis.

3.Como você poderia avaliar o Vínculo do ponto de vista Afetivo?

O vínculo do ponto de vista afetivo da criança para com os pais seria inato,
mas dependente de um conjunto de sinais para que essa relação se construa e
desenvolva, como a existência de um convívio, contato e/ou apego. Essa relação
afetiva está fortemente vinculada a Teoria do apego, que segundo estudiosos como
M. Cortina & M. Marrone (2003 Apud Dalben, 2005) viria a ser uma teoria que
abarca as relações e interações sociais e psicológicas desse indivíduo. A teoria do
apego vem justamente favorecer a compreensão e extensão da relevância do afeto
dentro do ciclo do ser humano. Conexão essa que estará ligado às futuras
construções e relações que esse indivíduo irá ou não desenvolver dentro da sua
rede pessoal, favorecerá a predominância de alguns traços em sua personalidade e
mesmo como agirá em situações de estresse, pressão ou eventos inesperados.

Quanto maior essa proximidade entre criança e pais, essa relação afetiva
seria mais sólida, justamente pelo decorrer do desenvolvimento das capacidades
cognitivas e emocionais da criança ligada aos constantes cuidados, proximidade e
atenção dos seus cuidadores, segundo J. Bowlby (DALBEN, J et. al, 2005). Essas
deduções seriam facilmente vistas em prática ao se avaliar uma família onde essa
criança foi adotada ou mesmo é criada por outros membros da família que não
sejam seus genitores. Esse afeto pode ser construído de maneira sólida entre essa
criança e seu cuidador, independente do laço sanguíneo. Não significando que essa
criança não venha a ter traços e sinais na vida adulta, que correspondam a seu
abandono ou sofrimento na infância, mas que para além desses fatores, ela pode
construir relações sólidas com seus cuidadores (que se tornaram pais) muito além
do fator inato e genético.

Assim, apesar do vínculo afetivo poder ser analisado separadamente do


vínculo em sua perspectiva comportamental, é inegável a conexão entre ambas as
dimensões. Onde, para ser construída uma relação de afeto é essencial que haja
ações e sinais, ou seja, comportamentos desses cuidadores em prol dessa criança.

4.Como você poderia avaliar o Vínculo do ponto de vista Comportamental?

J. Bowlby (1989 apud Dalton, 2005), também traz o apego como um


comportamento biologicamente programado, sendo esse apego instintivo,
fortemente ligado a necessidade de proteção e segurança dessa criança. Cassidy
afirmava que as crianças desenvolvem o comportamento dos seus cuidadores
independente ao fato se eles englobaram suas necessidades ou não, abrindo-se o
caminho para uma propensão a reprodução na vida adulta, dos fatores que
vivenciou na infância sejam eles bons ou ruins. Ciclo esse que se torna
extremamente perigoso, se esse indivíduo vivenciou uma infância de abandono
afetivo e possui chances significativas de reproduzir.

Esse vínculo comportamental se mostra como uma dimensão que não pode
ser ignorada pelos profissionais da saúde, principalmente se tratando de um
momento gestacional, onde uma nova vida está sendo construída nessa família e
pode ser objeto dos traumas vividos pelos adultos ao seu redor. É essencial que o
pré-natal, momento em que se realiza o acompanhamento materno e se consegue
uma maior captação paterna, tenha ações, sejam nos momentos de consulta, rodas
ou reuniões, voltadas a esses genitores ou cuidadores.

Desde bebê, esse comportamento pode ser manifestado de diversos


maneiras, modos e intensidade. Seja com choro, sorrisos ou variadas verbalizações,
sendo segundo Ainsworth (1989), o padrão dessas ações o melhor medidor da
dimensão ou qualidade desse apego entre cuidador e criança. Comportamentos
esses, que favorecem a construção de um modelo interno dessa criança, de modo
representacional de como foi cuidada.

5.Quais são as possibilidades de realização de Educação em


Saúde para Puérperas, pela Enfermagem?

As possibilidades de Educação em Saúde para puérperas são muitas e a


equipe de Enfermagem tem um dever fundamental. O alojamento conjunto é o
momento ideal para que todas as ações de educação em saúde sejam realizadas
pelos profissionais.

Para auxílio do cuidado da mãe para com o bebê, deve-se educá-la quanto
aos cuidados com o recém-nascido e sobre o aleitamento materno.

Sobre o aleitamento materno, o Guia para Profissionais de Saúde “Atenção à


Saúde do Recém-Nascido traz que as mães devem ser informadas quanto a:
Importância do aleitamento materno; Desvantagens da introdução precoce de
qualquer outro alimento, sólido ou líquido (incluindo água e chás); Recomendação
quanto à duração da amamentação (dois anos ou mais, sendo exclusiva nos
primeiros seis meses); Importância do aleitamento materno sob livre demanda.;
Flexibilidade quanto ao tempo de permanência na mama em cada mamada.;
Prevenção de problemas relacionados à amamentação, tais como: ingurgitamento
mamário, traumas/fissuras mamilares, mastite, entre outros; Manutenção de hábitos
saudáveis da mãe, tais como: alimentação e ingestão líquida adequadas e restrição
ao uso de fumo, drogas, bebidas alcoólicas e medicamentos não prescritos, entre
outros; Ordenha do leite e Uso de mamadeiras e chupetas.

Com relação à técnica de amamentação, o guia também traz que: “Sabe-se


que uma boa técnica de amamentação é importante para o seu sucesso, uma vez
que previne trauma nos mamilos e favorece a retirada efetiva do leite pela criança.
Por isso é fundamental que os profissionais de saúde observem as mamadas e
auxiliem as mães e os bebês a praticarem a amamentação com técnica adequada”.
(BRASIL, 2014)

Tratando-se da educação em saúde com relação aos cuidados do recém


nascido, as possibilidades de orientações devem explorar os inúmeros tipos de
comportamentos que um RN pode ter e que são considerados normais. Neste
sentido, o guia traz que: a compreensão da mãe e das pessoas que vão conviver
com o bebê acerca de alguns comportamentos habituais da criança pequena é
fundamental para a tranquilidade de todos os membros da família. Má interpretação
de comportamentos normais do RN pode ter consequências negativas para sua
saúde física e mental.O comportamento dos RNs é muito variável e depende de
vários fatores, como idade gestacional, personalidade e sensibilidade do bebê,
experiências intrauterinas e do parto, além de diversos fatores ambientais, incluindo
o estado emocional das pessoas que cuidam do bebê. É importante enfatizar para a
mãe que cada bebê é único, respondendo de maneiras diferentes às diversas
experiências. Comparações com filhos anteriores ou com outras crianças devem ser
evitadas, podendo inclusive interferir na interação entre a mãe e o bebê. O nível de
demanda dos RNs é muito variável e pode estar relacionado com o grau de
dificuldade na passagem da vida intrauterina para a extrauterina.Faz parte do
comportamento normal dos RNs mamar com frequência, sem horários
preestabelecidos. Muitas mães, em especial as primíparas, costumam interpretar
esse comportamento como sinal de fome do bebê, leite fraco ou insuficiente,
culminando, muitas vezes, com o desmame. As mães com frequência atribuem o
choro do bebê à fome ou às cólicas. Elas devem ser esclarecidas de que existem
muitas razões para o choro do bebê, incluindo adaptação à vida extrauterina e
tensão no ambiente. Na maioria das vezes os bebês acalmam-se quando são
aconchegados ou colocados no peito, o que reforça sua necessidade de se sentirem
seguros e protegidos. As mães que ficam tensas, frustradas e ansiosas com o choro
dos bebês tendem a transmitir esses sentimentos a eles, causando mais choro,
podendo instalar-se um ciclo vicioso. (BRASIL, 2014)

Além disso, as mães também devem ser orientadas quanto a posição que a
criança deve dormir, a necessidade de interação com o bebê e também sobre o
acompanhamento da criança, com relação às consultas e demais exames a serem
realizados, tais como o teste do pezinho.

Para todas essas orientações, o guia traz que os profissionais envolvidos


devem dispor de uma comunicação efetiva, sendo a técnica do aconselhamento
indicada e para isso, Brasil (2014) diz que: “aconselhar não significa dizer o que o
outro deve fazer; significa, por meio de diálogo, ajudá-lo, de forma empática, a tomar
decisões, após ouvi-lo, entendê-lo e discutir os prós e contras das opções.

6.Fale um pouco do que você entendeu da Teoria do Apego e de


como ela pode ser útil na Assistência de Enfermagem ao binômio
mãe-bebê.

A teoria do apego pode ser entendida sobre como a proximidade da mãe ou


cuidadora primária, interfere a longo prazo na vida deste indivíduo e nas suas
relações. A elaboração desta teoria, se reforça nos mais diversos estudos que
analisam as relações com o outro, tendo como base o apego a esta criança, durante
a infância. Roecke et. al (2012) trouxe que: a Teoria do apego de Bowlby busca
explicar como ocorrem os vínculos afetivos entre o bebê e o provedor de conforto e
segurança relacionando quais as implicações desta relação para a vida adulta. Ao
estudar os efeitos do cuidado inadequado prestado às crianças na primeira infância,
identificou-se o desconforto intenso das crianças pequenas, que se encontram
separadas daqueles que conhecem e amam. Propôs-se que, assim como em outras
espécies animais, os bebês humanos teriam certos comportamentos que eliciariam
atenção e cuidados e manteriam a proximidade da pessoa cuidadora.

Para a assistência de enfermagem, esse pressuposto casa muito bem com


algo já proposto pelo Guia de Atenção ao Recém Nascido, onde ele traz que: “a
interação entre a mãe e seu bebê nos primeiros dias é muito importante para uma
futura relação sadia. A mãe e os futuros cuidadores da criança devem ser orientados
a responder prontamente às necessidades do bebê, não temendo que isso vá
deixá-lo “manhoso” ou excessivamente dependente mais tarde. Carinho, proteção e
pronto atendimento das necessidades do bebê só tendem a aumentar sua
confiança, favorecendo sua independência em tempo apropriado”. Dalbem e
Dell'Aglio (2005), trazem reflexões de outros autores, que ressaltam bem a
importância dessa “prontidão”: “B. Golse (1998) ressalta que o comportamento de
apego é instintivo, evolui ao longo do ciclo da vida, e não é herdado; o que se herda
é o seu potencial ou o tipo de código genético que permite à espécie desenvolver
melhores resultados adaptativos, caracterizando sua evolução e preservação.
Evidências de que as crianças também se apegam a figuras abusivas sugerem que
o sistema do comportamento de apego não é conduzido apenas por simples
associações de prazer. Ou seja, as crianças desenvolvem o comportamento quando
seus cuidadores respondem às suas necessidades fisiológicas, mas também
quando não o fazem”. (CASSIDY, 1999)

Sperling e Berman (1994) reforçam ainda que as alegações de que, “existe a


prevalência da idéia de que os padrões de apego desenvolvidos na infância, por
meio dos modelos internos de funcionamento, tendem a se manter e a ser
reforçados nas interações com outros, pois os indivíduos são propensos a se colocar
em situações que reforçam os seus modelos precoces de funcionamento interno”.

Para tanto, pode-se entender que o proposto pelo guia vai além de uma boa
relação futura com a mãe. A assistência de Enfermagem, ao se levar em conta o
reforço da interação mãe-bebê e sendo parte ativa para que a mãe entenda sua
importância, interfere no modo futuro na vida desta criança, sendo de extrema
importância, portanto, que a equipe adote, compartilhe e ponha em prática com essa
mãe, os pressupostos da Teoria do apego e de sua importância para o RN. Este
“apego” mãe-bebê, pode ser levado em conta não apenas no alojamento conjunto,
como também nos primeiros momentos após o parto, deixando que a mãe tenha o
seu momento com o RN, evitando exames clínicos que possam ser realizados em
outro momento, quando possível e que podem interferir neste primeiro contato tão
importante da mãe com seu RN.

Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas.Atenção à saúde do recém-nascido : guia para os profissionais
de saúde – Cuidados Gerais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2014.

DALBEM, J. X.; DELL’AGLIO, D. D. Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento


dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 57, n. 1, p.
12-24, 2005.
FONSECA, Luciana Mara Monti; SCOCHI, Carmen Gracinda Silvan; MELLO, Débora
Falleiros de. Educação em saúde de puérperas em alojamento conjunto neonatal: aquisição
de conhecimento mediado pelo uso de um jogo educativo. Rev. Latino-Am. Enfermagem​,
Ribeirão Preto , v. 10, n. 2, p. 166-171, abr. 2002 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692002000200007&lng=pt
&nrm=iso>. acessos em 19 out. 2020.

ROECKER, Simone et al. Binômio mãe-filho sustentado na Teoria do apego: significados e


percepções sobre centro de educação infantil. ​Revista Enfermagem UERJ​, [S.l.], v. 20, n.
1, p. 27-32, set. 2012. ISSN 0104-3552. Disponível em:
<​https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/3971/2754​>.
Acesso em: 19 out. 2020.

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