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Alimentação no 1º ano de vida: 6 meses

O caldo / puré de legumes ou a papa de cereais deve ser o primeiro alimento a ser introduzido.
Tradicionalmente a papa de cereais era o primeiro alimento a ser introduzido – oferece
hidratos de carbono, proteínas de origem vegetal, vitaminas e minerais e têm elevado valor
energético (cerca de 400 kcal/100g).

A papa de cereal pode ser reconstituída com leite materno ou adaptado (são as papas não
lácteas) ou com água (papas lácteas). Se a sua introdução for feita entre os 4 -6 meses a papa
deverá ser sem glúten (proteína que existe no trigo, aveia, cevada e centeio).

A partir daí poderá oferecer-se gradualmente uma papa com glúten, preferencialmente
acompanhada pela manutenção do aleitamento materno (para reduzir o risco de diabetes tipo
1, doença celíaca e outras doenças alérgicas).

Já que o sabor doce é inato leva a que cada vez mais se preconize em primeiro lugar a
introdução de um alimento não doce, como é o caso do caldo / puré de legumes.

Os primeiros caldos / purés de legumes

Este caldo / puré de legumes deve ter inicialmente 4 dos seguintes alimentos: batata, abóbora,
cenoura, alface, courgette, alho francês, brócolos, couve branca e cebola.

Os restantes devem seguir a regra de introdução de novos alimentos no bebé – introduzir


alimentos entre 3 a 5 dias para verificar possíveis reações alérgicas.

Neste caldo / puré deve ser adicionado 2.5 a 5 ml de azeite em cru já que a gordura é de
extrema importância para a estruturação das membranas celulares e maturação do sistema
nervoso central e imunológico.

A consistência deste caldo deve ser, ao longo do tempo, cada vez menos líquido para que o
bebé se vá adaptando a diferentes texturas, fundamentais para o desenvolvimento dentário.

Espinafres, nabiças, nabo, beterraba, aipo, pimento e tomate são para introduzir um pouco
mais tarde (a partir dos 12 meses).

A riqueza nutricional da sopa de legumes


No geral os produtos hortícolas têm baixo valor energético e são excelentes fornecedores de
vitaminas, minerais e fibra, tal como a fruta. Recomenda-se a sua introdução, gradual, tal
como os restantes alimentos, a partir dos 6 meses.

Introdução da fruta

A fruta deve ser da época, madura e oferecida como sobremesa, crua ou cozida, esmagada ou
ralada. Inicialmente começa-se pela maçã, pêra, banana, papaia… Após os 12 meses oferecem-
se outras frutas, consideradas mais alergogénicas (morango, kiwi, amoras, maracujá).

Os frutos devem ser oferecidos individualmente e não sob a forma de puré de vários frutos
(treino do paladar).

Os sumos de fruta naturais devem ser dados só a partir dos três anos já que não incentivam a
mastigação, são pobres em fibra e provocam desadequação do paladar.

Alimentação no 1º ano de vida: 7 meses

Introdução da carne

Ao caldo / puré de legumes, e a partir dos 6-7 meses, deverá adicionar-se uma porção de carne
(cerca de 10 a 15 gr por puré) de coelho, frango e peru, seguido de vitela, cabrito e borrego. A
quantidade deve aumentar gradualmente até cerca de 25 a 30 gr / dia.

Introdução do peixe

A introdução de peixe deve iniciar-se, tal como a carne, a partir do 6-7 meses, em quantidades
que não devem exceder as 15 gr / dia.

Inicia-se a sua oferta com peixes magros (pescada, linguado, peixe-espada, abrótea, cherne,
maruca, pargo) e a partir dos 10 meses podem-se introduzir peixes gordos (salmão, cavala,
atum, congro, …).

A partir dos 7 meses, a carne ou o peixe pode ser oferecido na açorda ou farinha de pau e aos
8-9 meses a arroz e massa branca, cozinhados sempre com legumes.

Alimentação no 1º ano de vida: 9 meses

Iogurte

O iogurte deve ser introduzido aos 9 meses, natural, sem aromas nem com adição de açúcar
ou natas. Pode ser oferecido ao lanche, em alternativa da papa ou leite.
Leguminosas

As leguminosas (feijão, grão, ervilhas e favas) são introduzidas entre os 9-11 meses. São
fornecedoras de proteínas de origem vegetal, hidratos de carbono e fibra. Sugere-se a sua
introdução em sopas e mais tarde no prato principal.

Ovos

O ovo é, tal como a carne e o peixe, uma importante fonte proteica:

Aos 9 meses começa-se a introduzir 1/2 gema / refeição / semana durante 2-3 semanas,
seguida de 1 gema / refeição / semana durante 2 a 3 semanas;

A clara, por ser alergogénica, deve ser dada a partir dos 11-12 meses.

Alimentação no 1º ano de vida: outras recomendações

Logo que é iniciada a introdução diversificada deve ser oferecida água ao bebé, várias vezes ao
dia;

O sal e açúcar são dois aditivos que não devem ser oferecidos ao bebé, pelas desvantagens
que são do conhecimento de todos e porque, quanto mais tarde forem oferecidos, menos
serão “procurados”. Os alimentos já contêm sal (sódio) e açúcar na sua composição. Tudo o
que se adiciona estará em excesso;

A única gordura de confeção permitida é o azeite, pelas vantagens nutricionais que apresenta;

Devem preferir-se sempre produtos naturais da época, por questões económicas mas também
de proximidade ou produtos congelados;

É importante que ao longo do 1º ano de vida o bebé experimente novos sabores, texturas e
temperaturas na sua alimentação. Esta diversidade irá ajudar o bebé a desenvolver o paladar,
além de das capacidades de sucção, mastigação e deglutição.

É importante que, com o passar dos meses, a alimentação não se baseie apenas em purés ou
papas, e que evolua progressivamente para alimentos de consistência mais dura: “o bebé deve
dar aos dentes mesmo antes de os ter”.

O bebé deve fazer 2 a 3 refeições por dia, além do leite materno em livre demanda. Esta é a
fase inicial da introdução da alimentação complementar. As quantidades vão ser pequenas e
precisam ser aumentadas gradualmente.

Se começar a diversificação alimentar com papas e sopas deve aumentar gradualmente a


consistência e textura dos alimentos oferecidos.
Passe a usar o garfo em vez da trituradora para fazer os purés e papas do bebé. Ofereça
alimentos cortados em pedaços pequenos assim que o bebé conseguir fazer o movimento de
pinça (normalmente entre os 8 e 9 meses).

A partir dos 8 ou 9 meses, o bebé já pode comer lanches adicionais entre as refeições, desde
que sejam saudáveis e nutritivos (frutas, vegetais ou finger foods saudáveis).

Dos 9 aos 12 meses:

A partir dos 9 meses, o bebé já deve comer 3 a 4 refeições por dia. Adicionalmente, ainda
podem ser oferecidos 2 a 3 lanches saudáveis e nutritivos entre as refeições.

Nesta fase o bebé já não deve comer comida só papas ou sopas e já pode comer praticamente
tudo o que a família come, desde que com algumas adaptações. Um exemplo é o feijão, que
deve ser muito bem cozido e ligeiramente esmagado com um garfo.

Aqui ficam as dicas para as primeiras sopas.

SEM SAL: até aos 12 meses, não será adicionado sal na sopa do bebé.;

Azeite em cru: tal como faço para a nossa sopa, o azeite é apenas colocado no fim, em cru (5
ml/dia). Apesar de ser uma gordura, o azeite é essencial para a maturação do sistema nervoso
central e imunológico do bebé, assim como para a estruturação das membranas celulares.

Luz verde para legumes: não há legumes proibidos: por isso, só temos de ter o cuidado de
introduzir um legume novo a cada 3 dias (“regra dos 3 dias“) para identificar uma eventual
reação alérgica ou mal-estar do bebé.

Partindo da base da primeira sopa (batata, cenoura, cebola e alho), podemos fazer os mais
variados cremes de legumes substituindo ou adicionando os legumes preferidos (curgete,
batata doce, abóbora, alho, agrião, brócolos, alface, acelgas, alho francês, couve, chuchu,
pastinaca).

A quantidade/peso de legumes a utilizar é, aproximadamente, 1 batata pequena, 1 cenoura


pequena, 1 cebola pequena e 1 dente de alho pequeno.

Carne: a carne branca (perú, frango, coelho e borrego) será apenas introduzida aos 4 meses e
meio numa porção de, aproximadamente, 30 g (o tamanho de 1 almôndega pequena).

A quantidade de sopa que o bebé deve ingerir é, aproximadamente, 1 concha e meia (+-
150ml).

ÁGUA: a água utilizada para a sopa deve ser suficiente para que todos os legumes fiquem
cobertos dado que as vitaminas se misturam na sopa perdendo o valor nutricional se tiver de
ser eliminada parte da água. Contudo, ao longo do tempo, a textura da sopa deve ser alterada
ficando menos rala para o bebé se adaptar a todas as texturas e desenvolver a dentição.
Devemos, também, adicionar textura (bagos de arroz, massinhas, carne/peixe desfiados) para
proporcionar ao bebé uma plenitude de texturas e o desenvolvimento da mastigação em
pleno.

Não é necessário preparar uma sopa “nova” a cada refeição: desde que conservada em taças
de vidro (evitar as caixas de plástico) no frigorífico (48 horas no caso dos bebés) ou no
congelador (até 1 mês), pode ser servida ao bebé mais tarde. Sempre que pretenderem servir
sopa congelada, esta deve ser aquecida em banho-maria.

Não há necessidade de preparar uma sopa para o bebé e outra para os pais: desde que
preparada de acordo com as “regras” da sopa do bebé, podem preparar apenas uma sopa e
adicionar sal na sopa do pai/mãe se assim pretenderem.

Deixo ainda uma nota sobre o talher a utilizar: pode ser utilizada, perfeitamente, uma colher
de sobremesa de adulto. Tal como a P. nos explicou, devem ser evitadas as colheres de silicone
porque o bebé tende a chuchar na colher fazendo alguma confusão com a tetina-chupeta-
colher.

Como tal, e tendo em conta que a sopa e a papa servem, essencialmente, para introduzir e
adaptar o bebé a comer com colher, deve, desde logo, ser utilizada uma colher de prata/inox
para que perceba mais facilmente que se trata de uma nova etapa.

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