Você está na página 1de 22

INTRODUÇÃO

ALIMENTAR
RESPEITOSA
NUTRICIONISTA FRANCIELE LOSS
INTRODUÇÃO ALIMENTAR
RESPEITOSA
Neste e-book há um breve resumo dos assuntos
abordados no curso de introdução alimentar dos seis aos vinte e
quatro meses.

Foi escrito por uma nutricionista que, por ser mãe,


entende das angústias e preocupações dessa fase. Por que sim,
tudo é uma fase! E como toda a fase... Vai passar!
POR QUE EU ESCOLHI BLW?
Para responder a esta pergunta, primeiro precisamos

desfazer o mito de que "BLW é dar comida em pedaços", porque

é muito mais que isso. BLW é sobre respeitar o bebê, é sobre

acreditar que um bebê que mamou até agora em livre demanda,

também tem a capacidade de dizer quando quer comer sólidos. É

muito mais do que dar autonomia: é dar oportunidades!

Oportunidade de tocar, cheirar, esmagar, comer (ou não), jogar

no chão ou ignorar. Oportunidade de sentar e comer a refeição

da família, de participar, de dizer quando e o que prefere comer.

Eu escolhi o BLW porque acredito que proporciona mais

oportunidades de aprendizado para o bebê, oportunidade de

reconhecer a comida na sua forma e cor natural, sem mistura, de

pegar e sentir que algumas são mais geladas, molhadas, e outras

mais quentinhas ou crocantes. Oportunidade de sentar à mesa

com os alimentos iguais ao da família, sem distinção, mas

principalmente porque ele escolhe o que quer e quanto quer

comer.

”O que leva um bebê a colocar a comida na boca é a curiosidade e a imitação - não a

fome. Os primeiros meses de introdução alimentar são aprendizado!” (Gill repley).


01
DOS SEIS AOS
DOZE MESES
Como se forma o hábito alimentar?
A formação do paladar vai muito além do período de
introdução alimentar. Começa na gestação, se fortalece na
amamentação e se estabelece com a oferta de alimentos.
Ainda na gestação, o bebê passa a conhecer os cheiros e
gostos do que a mãe come, pois o líquido amniótico muda de
odor e sabor conforme a alimentação materna
Na amamentação, o leite também muda de gosto ao
longo do dia, permitindo ao bebe amamentado no peito uma
infinidade de sabores, antes mesmo dos 6 meses!
Na IA, a preferência alimentar é resultado de dois
fatores: a oferta que os pais fazem e o resgate da memória
gustativa da gestação/amamentação.
Em geral, a preferência alimentar já está estabelecida aos
dois anos. Mesmo assim, o consumo desregulado de alimentos
altamente processados depois dessa idade pode causar
dependência, pois a combinação de gordura, açúcar e outros
aditivos gera um vício difícil de se romper. É preciso moderação
sempre!

5
Como diferenciar GAG de Engasgo

GAG:

É a forma que o corpo se defende do verdadeiro


engasgo. É um mecanismo de proteção, é positivo, é algo bom!
Se assemelha a ânsia de vômito e acontece quando o bebê não
consegue lidar com aquele pedaço: talvez por ser muito grande,
muito pequeno ou muito duro. Ele expele ou engole depois do
GAG. Todos nós temos esse reflexo, mas no adulto ele é mais
posterior – fica próximo da garganta. Nos bebês o reflexo de
GAG é mais anterior, fica no meio da língua. Se resolve sozinho,
não precisa de intervenção.

Engasgo:

O bebê tem dificuldade para respirar, pois o alimento


está trancando a passagem de ar. O bebê fica vermelho ou roxo,
imóvel e PRECISA DE AJUDA. Veja na próxima página a manobra
de Heimlich.

6
7
Cuidado Extra
Existem alimentos que precisam de cuidado extra:

- todos os com formato arredondado (uvas duras, tomate

cereja, ovo de codorna...) precisam ser cortados na

longitudinal;

- frutas muito duras (como maçã) devem ser cozidas;

- folhosos devem ser bem picados ou misturados em

outras preparações!

8
Exemplo de preparação com espinafre aos 6 meses

9
Sinais de prontidão
Para um bebê estar apto para receber alimentos, existem
sinais que ele mesmo vai demonstrando e que indicam sua
maturidade. Em média (isso quer dizer que tem bebês que estão
prontos antes, e alguns depois) é aos 6 meses que todos os sinais
estão presentes.

SINAIS DE PRONTIDÃO:
1) Saber sentar com o mínimo de apoio
2) Mostrar interesse pelos alimentos dos adultos
3) Saber levar brinquedos e objetos à boca
4) Sinal de protrusão da língua diminuído
5) Controle total da cervical (cabeça bem firme)

Um dos motivos de se optar por esperar é que o


intestino e todo o trato gastrointestinal precisa estar pronto, e
isso não tem como ser avaliado sem testar.
Para garantir, fazemos o seguinte: esperamos os 6 meses
(período em que normalmente o sistema digestivo está apto) +
os sinais de prontidão.
Prematuros com menos de 36 semanas, usa-se a idade
corrigida.

10
Ovo e outros alergênicos
Há alguns anos se acreditava que era melhor esperar até

1 ano para se oferecer alimentos possivelmente alergênicos como

OVO, PEIXE, BANANA, MORANGO, GLÚTEN...

Porém hoje em dia sabemos que quanto antes estes

alimentos aparecerem na dieta, menor o risco de alergia!

Ou seja... não é que oferecer antes não faz mal, mas

DEVE-SE oferecer antes para diminuir o risco de futuras alergias!

Precisa oferecer por três dias seguidos? NÃO! Se seu

bebê não tem histórico de alergia na família, você pode dar ovo

inteiro (clara + gema) desde os seis meses, e dar outros

alimentos juntos.

11
Vitamina C sem suplemento:
A prova de que a vitamina C é facilmente atingida e a

suplementação desnecessária! A recomendação de vitamina para

bebês e crianças está em:

½ fatia de mamão.

½ laranja

1 folha de couve.

1 acerola .

4 morangos;

½ kiwi;

¼ goiaba

Esses são só alguns dos muitos alimentos que contém

vitamina C. Viram como é fácil atingir a recomendado diária? A

suplementação em excesso é prejudicial para a saúde!

A vitamina C precisa ser consumida diariamente, pois

não é uma vitamina de reserva! Mas é super fácil, não?

12
Chás

Assim como a água, os chás só devem ser oferecidos


depois dos seis meses.

1) O leite materno tem fator de proteção contra doenças e


infecções (incluindo pneumonia, intoxicação alimentar e diarreia).
Essa proteção, entretanto, diminui significativamente quando
outro líquido é ingerido (inclui água, suco e chás).
2) O estômago do RN é muito pequeno. Ocupar o espaço
dele com água ou chá diminui a oferta de calorias e nutrientes
necessários para o crescimento adequado do bebê.

A partir dos seis meses, os chás podem fazer parte da


alimentação do bebê, desde que em quantidades pequenas e
nunca adoçados. Sugiro que o chá seja ofertado em colher ou
mesmo em uma pequena xícara, evitando o uso de mamadeira!

Quais ervas são seguras? Camomila, erva-doce, hortelã e


cidreira. Não ofereça chás com efeito diurético ou com cafeína, e
isso inclui erva mate e chás pretos.

13
Ferro

Os bebês nascem com a quantidade de ferro necessária

para os primeiros meses, e essa reserva tende a terminar aos 6 meses.

O leite materno não tem a quantidade de ferro suficiente


após os 6 meses! Após isso, é preciso ou suplementar ou introduzir
alimentos fontes de ferro!

Alimento-fontes: carnes, ovos, leguminosas (feijão, lentilha,


vegetais escuros (brócolis, espinafre...).

É por isso que a recomendação oficial do Ministério da


Saúde é para desde os 6 meses introduzir fruta + refeição principal
(almoço ou jantar), pois as principais fontes de ferro estão nesses
alimentos!

Quer potencializar a absorção de um ferro de fonte vegetal?


Deixe os grãos das leguminosas de molho na noite anterior (e
descarte essa água antes do cozimento) e dê um pedaço de laranja
de sobremesa.

Quer evitar que seu filho tenha deficiência de ferro ou


anemia? NÃO ofereça leites e derivados próximo das refeições
principais.

Leite materno tá liberado, ele não atrapalha na absorção!

14
O que precisa ter no prato do bebê?
As quantidades são escolhidas pela criança, mas é
preciso ter:
Carboidrato: são os cereais ou tubérculos. Por exemplo:
arroz, batata, aipim, massa, farinha, inhame, polenta...
Leguminosas. Por exemplo: feijão, lentilha, ervilha, grão
de bico...
Legumes e verduras: de preferência um de cada. Por
exemplo: alface, brócolis, couve-flor, espinafre, couve, abóbora,
cenoura, beterraba, abobrinha...
Carne ou ovo: São a fonte de proteína animal. Pode ser
qualquer tipo de carne (porco, peixe, frango...) ou substituir por
um ovo. Essa parte pode ser suprida quando os pais optam por
uma alimentação vegetariana ou vegana, mas é recomendado
consultar um nutricionista para garantir o aporte de todas
vitaminas.
Opcional: uma fruta de sobremesa
O importante é variar! Cada alimento (mesmo do
mesmo grupo) tem diferentes vitaminas e nutrientes
Não se culpe se não for possível por todos os itens em todas
refeições. Isso é a vida real! O importante é sempre tentar.

15
Meu filho não come...
Entre 9 meses e 1 ano e meio alguns bebês parecem ter

o apetite diminuído. Isso está relacionado à diminuição da

velocidade de crescimento. Então, com menos energia sendo

gasta para crescer, a criança sente menos fome. O corpo sabe do

que precisa!

Momentos de inapetência comuns: nascimento dos

dentes, bebê dodói e saltos de desenvolvimento. Nessas fases

eles costumam querer mais o peito (e tudo bem!)

Bebês com muita fome ou sono também não gostam de

comer. Escolha um ambiente tranquilo, leve seu filho à mesa

junto da família, desligue a TV.

16
02 DOS DOZE AOS
VINTE E QUATRO
MESES
O que entra depois dos 12 meses?
1. Sucos naturais

2. Água de coco

3. Derivados do leite de vaca

4. Oleaginosas e amendoim

5. Sal

18
O que precisa esperar os dois anos?
1. Açúcar

2. Chocolate

3. Embutidos

4. Frutos do mar

5. Kefir

6. Mel

7. Café

19
Como adoçar as preparações

Em geral, crianças que não conhecem açúcar não sentem

falta do sabor doce nas comidas. Comem tranquilamente

iogurtes sem sabor, pão sem açúcar e leite sem achocolatado.

Quando for necessário adoçar, utilize as frutas! Banana madura é

uma excelente aliada, bem como as frutas secas (tâmaras, ameixa

seca, uva passa e damasco).

20
Seu filho comeu bem hoje?
O que é comer BEM?
Pra mim, a refeição foi um sucesso quando eu dou a ele
a oportunidade de tocar no alimento, escolher se quer comer,
esmagar, colocar no cabelo, atrás da orelha, ou no chão. Fico feliz
porque assim ele conhece texturas, testa habilidades motoras e
sensoriais.
Pensando assim, toda refeição se torna um sucesso
mesmo que o bebê "não coma nada".
Além disso, é importante não utilizar de recursos como
prêmio/recompensa é castigo/punição. Os mais comuns: "se
comer tudo, pode ir ao parquinho", "se não comer tudo, vai ficar
sem desenho“.
Essa prática prejudica o desenvolvimento da sensação de
saciedade é fome, pois a criança passa a comer o que o adulto
espera dela, e não o que ela precisava.
Para quem está começando agora, fique tranquilo: o
leite é o principal alimento para seu bebê.
Para quem já passou do 1 ano, fique tranquilo: se você
estiver oferecendo comida, ele não está "passando fome".

21
“Não é o bebê que precisa aumentar as quantidades; Somos
nós que precisamos reduzir as expectativas!” (Franciele Loss)

22

Você também pode gostar