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Parentalidade

Realizado por Catarina Formigo | 2022/2023

Conceitos centrais da unidade curricular


Adaptação à parentalidade

Comportamentos que incidem no ajustamento à gravidez e em empreender ações para se preparar para ser pai
ou mãe, interiorizando as expectativas das famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos parentais
adequados ou inadequados.

Parentalidade

Assumir as responsabilidades de ser pai/mãe;

Comportamentos destinados a facilitar a incorporação de um recém-nascido na unidade familiar;

Comportamentos para otimizar o crescimento e o desenvolvimento da criança;

Interiorização das expectativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos do
papel parental adequados ou inadequados.

É mutável (muda) e irreversível.

Transição parental

O conjunto de respostas, ao longo do tempo, moldadas pelas condições pessoais e ambientais, pelas
expectativas e perceções dos indivíduos, pelos significados atribuídos a essas experiências, pelos conhecimentos
e habilidades na gestão das modificações, bem como pelo impacto destas modificações no nível de bem-estar;

A transição parental não tem fim e é dinâmica.

Novas tarefas:

Incorporação de um novo ser na vida do casal;

Alteração entre os papéis do casal - conjugalidade e parentalidade;

Alterações nas atividades da vida diária.

A parentalidade implica uma reestruturação psíquica e afetiva que permita a dois adultos assumir o papel de pais, isto
é, capazes de responder às necessidades da criança sob o ponto de vista físico, afetivo, intelectual e social (Conselho
da Europa, 2006).

Transição: teoria de médio alcance de Afaf Meleis

O nascimento de um filho é um evento crítico e um tempo de mudança na vida de uma família, representando uma
transição no ciclo de vida.
Transição não é uma palavra sinónimo de mudança, mas sim o processo que envolve a adaptação à nova situação,
de forma a incorporar a mudança na vida.
Assistir o indivíduo, família ou a comunidade a lidar com as transições que afetam a sua saúde emerge como um
desafio para os enfermeiros antes, durante e após um evento gerador de mudança.

As transições são resultado e resultam em modificações nas vidas, na perceção sobre o estado de saúde, nas
relações interpessoais e com o ambiente.

Definição de transição: conjunto de respostas, ao longo do tempo, moldadas pelas condições pessoais e
ambientais, pelas expectativas e perceções dos indivíduos, pelos significados atribuídos a essas experiências, pelos

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conhecimentos e habilidades na gestão das modificações, bem como pelo impacto destas modificações no nível de
bem-estar (Meleis e Trangenstein, 1994)

Tipos de transições:

Desenvolvimentais (maternidade, paternidade, pós-parto, etc.);

Situacionais (perda de um familiar, adaptação à instituição de saúde, etc.);

Saúde/doença (recuperação pós-operatória, tornar-se doente crónico, reabilitação, etc.);

Organizacionais (mudanças de ambiente, mudanças na liderança, introdução de novas tecnologias, etc.).

Terapêuticas de enfermagem: permitem aos enfermeiros delinear estratégias de cuidados e selecionar as


intervenções mais apropriadas para que a pessoas alcance um estado de saúde desejável e uma transição
saudável

Família: contexto da transição parental

Principal unidade de socialização e a unidade estrutural básica de uma comunidade.


Organização e estrutura: nuclear; alargada; monoparental; reconstruída; homossexual

Funções da família:

Afeto entre os membros da família;

Segurança e aceitação pessoal;

Satisfação e sentimento de utilidade;

Continuidade das relações duradouras entre os familiares;

Estabilidade e socialização, assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente;

Autoridade e sentimento do que é correto, relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e
obrigações.

A enfermagem na promoção de competências parentais


Competências parentais são o conjunto de conhecimentos, de habilidades e de atitudes que facilitam e otimizam o
desempenho, com mestria, do papel parental, garantindo o potencial máximo de crescimento e de desenvolvimento
da criança.
O enfermeiro auxilia em:

Identificar as alterações nos processos familiares;

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Avaliar e promover o desenvolvimento das competências parentais;

Explicar as necessidades básicas da criança;

Discutir estratégias para a normalização da vida familiar;

Orientar sobre cuidados à criança;

Reforçar o sentido de competência parental;

Elogiar as competências parentais.

Existem Organizações Nacionais que visam dar apoio a mães que não têm possibilidade de criar sozinhas uma
criança. Algumas prestam serviços na etapa pré-natal, outras na pós-natal e algumas combinam estes dois estados.
As Organizações Internacionais são instituições vocacionadas para o apoio aos mais desprotegidos; embora não
haja nenhuma organização cujo alvo seja especificamente a parentalidade, todas elas preveem algum incentivo neste
campo.

Planeamento familiar: prevenção da gravidez


Planeamento familiar enquanto serviço de saúde
O planeamento familiar representa uma componente fundamental na prestação de cuidados em saúde sexual e
reprodutiva.
O direito ao planeamento familiar é garantido a todos pela Constituição da República Portuguesa:

Pela lei nº3/84 (estabelece o direito à Educação Sexual e define as formas de acesso ao PF);

Reforçado pela lei nº120/99 (determina, por exemplo, que os métodos contracetivos sejam fornecidos
gratuitamente nos centros de saúde e hospitais públicos).

Todas as pessoas têm direito, independentemente do estado civil.

Os jovens podem aceder a qualquer consulta de PF, ainda que o façam em Centro de Saúde ou Serviços
Hospitalares que não sejam da área da sua residência (lei nº120/99 de 11 de agosto).
Possibilita às pessoas, individuais ou em casal, alcançar e planear o número de filhos desejados e o espaçamento
entre os nascimentos.
É o meio de proporcionar informação/recursos que permita decidir o número de filhos que querem ter e quando os
querem ter → acesso à informação e aos serviços de saúde.

Cuidados de saúde:

Equipa multiprofissional;

Os alvos prioritários são os adolescentes;

Acesso dos homens, em particular dos mais jovens;

Indivíduos em idade fértil: mulheres até aos 54 anos e homens sem limite de idade;

Isenta de taxa moderadora;

Só podem recusar a disponibilização de um determinado método contracetivo com base em razões de ordem
médica, devidamente fundamentadas;

Contraceção de emergência deve estar disponível em locais de fácil acesso, em todos os centros de
saúde e hospitais com serviços de ginecologia/obstetrícia (Lei nº12/2011 de 29 de março).

Planeamento familiar enquanto foco de atenção do enfermeiro

Processo comportamental de regular o número e espaçamento etário das crianças numa família, tendo em conta os
costumes e a lei, o número de crianças e adultos ideal ou aceitável na família ou a valorização de um sexo em

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relação ao outro.

Dados a valorizar:

Constituição da família;

Intervalo entre o nascimento dos filhos;

Intenção de engravidar;

História de gravidez não planeada;

Uso de contracetivos;

Conhecimento sobre o uso de contracetivos;

Capacidade para usar contracetivos;

Autoeficácia para usar contracetivos;

Significado atribuído ao uso de contracetivos.

Dados relativos ao comportamento:

Constituição da família (dado de contexto):

Família constituída apenas pelo casal;

Família constituída por casal e um filho;

Família constituída por casal e dois ou mais filhos;

Grupo de pessoas que coabita e que consiste em mais do que apenas os pais e os filhos;

Família constituída por figura parental única; mãe, pai ou outro cuidador e presença de uma ou mais
crianças ou outros dependentes.

Intervalo entre o nascimento dos filhos (tempo, anos);

Intenção de engravidar (sim/não);

História de gravidez não planeada (sim/não);

Uso de contracetivos (sim, qual?/não).

Prevenção da gravidez

Determinar, com o cliente, qual o método mais adequado:

História do período menstrual (data da última menstruação - DUM);

Alergias;

História obstétrica;

Estilo de vida;

Doenças;

Experiência anterior com contracetivos.

Diagnóstico Objetivo Intervenções

Potencial para melhorar conhecimento Promover conhecimento sobre o


Ensinar sobre o uso de contracetivos
sobre o uso de contracetivos uso de contracetivos

Potencial para melhorar capacidade Promover capacidade para usar Instruir o uso de contracetivos Treinar o
para usar contracetivos contracetivos uso de contracetivos

Treinar o uso de contracetivos Elogiar


Potencial para melhorar autoeficácia Promover autoeficácia para usar
o desempenho do cliente Analisar com
para usar contracetivos contracetivos
o cliente os resultados alcançados

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Diagnóstico Objetivo Intervenções

Potencia para melhorar significado Promover o significado positivo Assistir cliente a analisar o significado
atribuído ao uso de contracetivos atribuído ao uso de contracetivos dificultador

Potencial para melhorar conhecimento Ensinar método do calendário Ensinar


Promover conhecimento sobre
sobre abstinência periódica e auto- método de auto-observação de
prevenção da gravidez
observação sintomas

Promover conhecimentos/capacidades/autoeficácia para usar contracetivo

Conhecimento sobre uso de contracetivos:

Necessita de ser melhorado para progredir para a mestria, mas não é o momento próprio para intervir;

Necessita de ser melhorado para progredir para a mestria; é o momento próprio para intervir;

Facilitador.

Capacidade para usar contracetivos;

Autoeficácia para usar contracetivos:

Necessita de ser melhorada para progredir para a mestria, mas não é o momento próprio para intervir;

Necessita de ser melhorado para progredir para mestria; é o momento próprio para intervir;

Facilitadora.

Significado atribuído ao uso de contracetivos:

Desvalorização;

Diminuição do prazer sexual;

Desvalorização e diminuição do prazer sexual;

Não dificultador.

Contracetivos

Contracetivo oral combinado

Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações Efeitos colaterais
contracetivos

Exige o empenho da
Regulariza os ciclos mulher para a toma
menstruais Melhora a diária da pílula Não
Não interfere coma tensão pré-menstrual protege contra as Cefaleia (simples
Taxa de falha: 0,1 relação sexual e e a dismenorreia ITS, nomeadamente Hipertensão > ou tipo enxaqueca)
a 1 gravidez em não altera a Contribui para a SIDA e Hepatite B 160/100 mm Hg Amenorreia (menor
100 mulheres por fertilidade, após a prevenção de DIP e Pode afetar a Tabagismo em quantidade e
ano suspensão do gravidez ectópica, quantidade e a idade > a 35 anos duração de fluxo)
método cancro do ovário, qualidade do leite Alteração do peso
doença fibroquística materno quando
da mama usado durante a
amamentação

Modo de uso:

Iniciar no 1º dia do ciclo ou até ao 5º dia da menstruação;

Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora, durante 21 dias. Interromper 7 dias. Recomeçar nova
embalagem.

Se esquecimento da toma de 1 comprimido:

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Se até 12 horas: tomá-lo de imediato, mantendo a toma correspondente a esse dia (não é necessário
contraceção suplementar;

Se mais de 12 horas: deixar o comprimido que foi esquecido, continuar a tomar a pílula, utilizando,
durante os 7 dias seguintes, outro método associado (preservativo ou espermicida).

Contracetivo oral progestativo

Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações Efeitos colaterais
contracetivos

Não parece
Não protege contra
modificar a Neoplasia Cefaleia (simples
as ITS,
Taxa de falha: 0,5 Não altera a quantidade ou a hormonodependente ou tipo enxaqueca)
nomeadamente
a 1,5 gravidezes fertilidade, após a qualidade do leito Epilepsia e outras Amenorreia (menor
SIDA e Hepatite B
em 100 mulheres suspensão do materno, podendo doenças cuja quantidade e
Associa-se com
por ano método ser utilizado durante terapêutica possa duração de fluxo)
irregularidades do
o período da interferir com a pílula Alteração do peso
ciclo menstrual
amamentação

Modo de uso:

Iniciar no 1º dia do ciclo ou até ao 5º dia de menstruação; mas pode ser iniciada em qualquer dia do ciclo
utilizando um método adicional nos primeiros 7 dias seguintes;

Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora, recomeçar nova embalagem sem interrupção;

Se esquecimento da toma de 1 comprimido:

Se até 12 horas: tomá-lo de imediato, mantendo a toma correspondente a esse dia (não é necessário
contraceção suplementar;

Se mais de 12 horas: deixar o comprimido que foi esquecido, continuar a tomar a pílula, utilizando,
durante os 7 dias seguintes, outro método associado (preservativo ou espermicida).

Contraceção hormonal combinada - adesivo

Evra - sistema transdérmico (adesivo) de 20 cm2, contendo norelgestromina e EE;

Libertação diária de 150 picogramas de norelgestromina + 20 de EE, absorção transdérmica para a corrente
sanguínea.

Eficácia Vantagens Contra-indicações Efeitos colaterais

Alterações no padrão
menstrual
Não exige o compromisso diário da mulher, mas deve (oligomenorreia,
Sobreponível à pílula A
ser substituído a cada 7 dias Não altera a fertilidade, Sobreponível à amenorreia, spotting)
eficácia diminui em mulheres
após a suspensão do método Se esquecimento, os pílula combinada Reação alérgica ou
com peso acima de 90kg
níveis hormonais mantêm-se por mais 48 horas irritação no local de
aplicação
Tromboembolismo

Modo de uso:

Iniciar o método até ao 5º dia de menstruação, aplicando nas nádegas, dorso, abdómen ou noutro local
limpo e seco (não deve ser colocado sobre as mamas, em zonas eritematosas da pele ou com escoriações;
não colocar sempre no mesmo local para evitar irritação da pele; se falha na aderência na pele, substituir por
outro);

Retirar e substituir o adesivo a cada 7 dias, durante 3 semanas, seguindo-se uma semana de intervalo sem a
sua aplicação. Durante a semana de utilização, o adesivo nunca deve ser retirado, nem mesmo durante o
banho;

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Não ultrapassar 7 dias para substituir um adesivo por outro.

Contraceção hormonal combinada - anel vaginal

Anel flexível e transparente de acetato de vinil etileno com 54 mm de diâmetro e uma espessura de 4 mm;

Contém 11,7mg de etonogestrel + 2,7mg de etinilestradiol;

Libertação contínua diária de 0,12 mg de etonogestrel + 0,015 mg de EE, absorção através da mucosa vaginal
para a corrente sanguínea, durante 3 semanas.

Eficácia Vantagens Benefícios não-contracetivos Contra-indicações Efeitos colaterais

Alterações no padrão
menstrual
A utilização é prática; não interfere com a (oligomenorreia,
Sobreponível à Não altera a flora Sobreponível à pílula
relação sexual e não necessita de amenorreia, spotting)
pílula vaginal combinada
motivação diária Cefaleias Vaginite ou
corrimento vaginal
inespecífico

Modo de uso:

Iniciar o método até ao 5º dia da menstruação, introduzindo o anel profundamente na vagina; retirar o anel ao
final de 3 semanas; segue-se um intervalo livre de 7 dias ao fim do qual deve ser introduzido um novo anel;

O anel poderá ser usado em simultâneo com preservativo ou lubrificante;

Se a mulher o desejar, o anel pode ser retirado antes da relação sexual. Neste caso, ou se o anel tiver sido
expulso, deve ser alvado com água, fria ou morna, e recolocado; não deve ser retirado por mais de 3 horas.

Contraceção hormonal - injetável

Depo-Provera 150 mg (DMPA) - acetato de dedroxiprogesterona - solução aquosa;

A libertação do progestativo é lenta e o efeito contracetivo prolonga-se por 3 meses.

Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações Efeitos colaterais
contracetivos

É de longa duração, Pode haver atraso


Não tem os efeitos não exigindo Irregularidades do de alguns meses no
secundários dos compromisso diário ciclo menstrual, retorno à fertilidade
estrogénios da mullher Melhora que podem variar Pode causar, em
Taxa de falha: 0 a Neoplasia
Diminui o risco de algumas situações de spotting a certas mulheres,
1,3 gravidezes hormonodependente
DIP, gravidez patológicas como a amenorreia cefaleia, acne,
em 100 mulheres Hipertensão
ectópica, mioma endometriose, a Verifica-se, em quade da cabelo,
por ano Tromboembolismo
uterino e anemia de células média, um diminuição do
carcinoma do falciformes (diminui aumneto de peso desejo sexual e
endométrio as crises) e a de 1 a 2 kg por ano diminuição da
epilepsia densidade óssea

Modo de uso:

Injeção intramuscular profunda, até ao 7º dia do ciclo e repetida de 12 em 12 semanas. Não massajar o local
de injeção (pode acelerar a absorção e diminuir o período de efetividade).

Contraceção hormonal - implante

Bastonete com 4cm de comprimento, que contém 68mg de etonogestrel;

O progestativo é libertado lentamente e o efeito prolonga-se por 3 anos.

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Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações Efeitos colaterais
contracetivos

Melhora a
dismenorreia Não Verificam-se Ligeiro aumento de
Taxa de falha: 0 a tem efeitos sobre os irregularidades do Neoplasia peso Pode ocorrer
A utilização é
0,07 gravidezes fatores de ciclo menstrual, hormonodependente cloasma, cefaleia,
prática e o efeito
em 100 mulheres coagulação, a que podem variar Hipertensão náuseas,
de longa duração
por ano fibrinólise, a pressão entre spotting e Tromboembolismo mastodínia e
arterial ou a função amenorreia variações de humor
hepática

Modo de uso:

A inserção deve ser efetuada até ao 5º dia do ciclo.

Inserção subcutânea e remoção executado por um profissional treinado para o efeito;

Os profissionais não devem recusar ou protelar a remoção do implante quando esta for solicitada, qualquer que
seja o motivo apresentado;

Pode surgri dor ou edema ligeiros no local de inserção do implante.

Contraceção hormonal - dispositivo intrauterino (DIU)

Com cobre: Gine-T, Multiload, Monalisa, Gravidarg;

Com cobre e prata : Nova-T;

Com levonorgestrel: Mirena (5 anos).

Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações Efeitos colaterais

O retorno aos níveis Pode contribuir para o


Taxa de falha: 0,1 a 2
anteriores de fertilidade é aparecimento de anemia Alergia ao cobre DIP Dor pélvica
gravidezes em 100
imediato após a extração nas situações em que as ativa ou episódios Menstruações mais
mulheres por ano (maior
do DIU Requer um único reservas de ferro estão recorrente Anomalias abundantes
nas mulheres com filhos
ato de motivação para um diminuídas (não se verifica da cavidade uterina Corrimento vaginal
e nas menos jovens)
efeito de longa duração com o Mirena)

Modo de uso:

Colocado, preferencialmente, nos 1ºs 12 dias do ciclo, ou em qualquer dia, excluída a possibilidade de
existência de gravidez;

Exige exame uterino, com especial atenção ao tamanho, forma, posição e mobilidade do útero e anexos;

Podem utilizar o DIU as mulheres infetadas com VIH ou SIDA sob terapêutica antiviral, mas não as mulheres
infetadas que não tomem antirvirais ou não estejam clinicamente bem.

Preservativo masculino

Eficácia Vantagens Benefícios não contracetivos Desvantagens

Manifestações alérgias ligadas ao


Taxa de falha: 5 a 10 Fomenta o envolvimento Diminui o risco de contrair ITS
látex ou ao lubrificante (raro) Pode
gravidezes em 100 masculino na contraceção e Pode contribuir para minorar
interferir negativamente com o ato
mulheres por ano na prevenção das ITS situações de ejaculação precoce
sexual

Modo de uso:

Se for necessário o uso de lubrificantes, utilizar lubrificantes aquosos e não lubrificantes oleosos, como
vaselina ou visco-gel;

A utilização simultânea de cremes vaginais contendo Miconazol ou Econazol podem danificar o preservativo.

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Preservativo feminino

Eficácia Vantagens Benefícios não contracetivos Desvantagens

Pode ser colocado em qualquer momento Diminui o risco de contrair ITS e


Taxa de falha: 5 a 15 Mais dispendioso do
antes da penetração do pénis; não é as suas consequências (DIP,
gravidezes em 100 que o preservativo
necessária a retirada imediata do pénis infertilidade e cancro do colo do
mulheres por ano masculino
após a ejaculação útero)

Modo de uso:

O preservativo feminino tem a forma de um tubo, é feito à base de nitrilo (substância semelhante ao látex) e
tem um anel em cada uma das extremidades;

É colocado no interior da vagina, pode ser inserido até 8 horas antes da relação sexual.

Diafragma

Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens Contra-indicações
contracetivos

O uso deve ser associado ao


Não interfere com o ato Cistocelo, rectocelo,
Taxa de falha: 6 a 16 de um espermicida Necessita
sexual, podendo ser Diminui o risco de prolapso uterino Alergia
gravidezes em 100 de um profissional treinado
inserido até 24 horas DIP à borracha ou ao
mulheres por ano para avaliar o tamanho do
antes do mesmo espermicida
diafragma

Espermicida

Eficácia Vantagens Benefícios não contracetivos Desvantagens

Taxa de falha: 18 a 30 Pode aumentar a Oferece alguma proteção contra as ITS Baixa eficácia Pode
gravidezes em 100 lubrificação vaginal e suas consequências (embora muito provocar reações alérgicas
mulheres por ano (cremes e cones) menos que o preservativo) ou irritativas

Modo de uso:

Os espermicidas podem ser apresentados sob a forma de creme, espuma, esponja, cones ou comprimidos
vaginais.

Precisa de ser introduzido profundamente na vagina.

O intervalo entre a aplicação do espermicida e a relação sexual pode ir até 60 minutos; alguns espermicidas
devem ser colocados na vagina pelo menos 10 minutos antes da ejaculação.

Sempre que ocorra nova relação sexual, deverá ser feita uma aplicação adicional de espermicida.

Nas 6 horas seguintes à relação sexual, não efetuar duches vaginais.

Ensinar sobre fertilidade

Implica conhecer as modificações fisiológicas ao longo do ciclo menstrual e cumprir as regras do método
específico.
Requer a cooperação dos dois parceiros.

Métodos de abstinência periódica

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Benefícios não
Eficácia Vantagens Desvantagens
contracetivos

Geralmente são
necessários pelo menos
3 a 6 ciclos para
Ajuda a mulher a conhecer aprender a identificar o
Pode ser usado quer melhor o seu corpo Permite período fértil É
para evitar a gravidez a alguns casais estar de necessária uma
2 a 25 gravidezes em 100 mulheres por ano
quer para promover a acordo com as suas observação cuidada das
gravidez normas culturais e modificações fisiológicas
religiosas do corpo da mulher e o
registo diário dos dados
Pode requerer um longo
período de abstinência

Métodos com base no calendário

O período fértil é calculado com base nas premissas:

A mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte;

O óvulo é viável entre 1 a 3 dias após a ovulação e o espermatozoide pode fecundá-lo 3 a 5 dias após a
ejaculação.

Considerando a duração dos ciclos menstruais anteriores (pelo menos 6), calcula-se o período fértil subtraindo:

11 dias ao número de dias do ciclo mais longo;

18 dias ao número de dias do ciclo mais curto.

Método da temperatura basal (MTB)

Este método identifica o fim do período fértil;


Abstinência de relações sexuais vaginais desde a menstruação até ao 3º dia de temperatura elevada mantida,
indicando que terá sido ultrapassado o período fértil.
Procedimento:

Escolher termómetro - para avaliação de temperatura vaginal, retal ou oral;

Avaliar temperatura sempre à mesma hora e no mesmo local;

Avaliar a temperatura em repouso - após pelo menos 5-6 horas de sono, antes de se levantar;

Interpretação: os registos apresentam habitualmente pequenas oscilações dos valores da temperatura ao longo
do ciclo, no entanto, no dia da ovulação verifica-se um aumento de 0,3 a 0,8ºC (geralmente precedido de uma
ligeira descida) e que se mantém até ao início da menstruação seguinte.

Método do muco cervical


Observação diária do muco e da evolução das suas características que permitirá à mulher identificar os dias férteis;
As características do muco cervical variam ao longo do ciclo, aumentando em volume e elasticidade (filância) no
período peri-ovulatório;
O período fértil inicia-se no 1º dia em que o muco se torna filante e transparente, prolongando-se pelo menos dias
após a filância máxima;
Procedimento: observar diariamente o muco cervical, retirando-o da vagina com dois dedos ou um toalhete de papel;

Interpretação: na fase não fértil o muco tem pouca elasticidade quando distendido entre os dois dedos; no período
de fertilidade máxima a elasticidade pode atingir os 15 a 20 cm.

Método sintotérmico

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Identificação dos dias férteis e inférteis relacionando os métodos da temperatura basal e do muco cervical
(podendo ser associado outros sinais, como a tensão mamária);

O período fértil inicia-se logo que sejam avaliáveis secreções vaginais, terminando no 4º dia após a filância
máxima do muco cervical e depois de ultrapassado o 3º dia de subida da temperatura basal.
Falibilidade de interpretação

Método da temperatura basal - se a mulher tiver alguma doença, como uma constipação ou virose, o padrão
de temperatura corporal altera-se, tornando impossível retomar a linha basal, ou saber se o aumento de
temperatura é devido à ovulação ou à febre;

Método do muco cervical - se existir corrimento devido a infeção cervical ou vaginal pode existir interpretação
incorreta.

Contraceção de emergência

Único método que pode ser utilizado após a relação sexual, para prevenir a gravidez;

Atuar primariamente atrasando ou inibindo a ovulação;

Previne apenas a ocorrência da gravidez resultante de um ato sexual ocorrido nos 5 dias anteriores, não
prevenindo a gravidez que possa resultar de uma relação sexual posterior à toma da CE (mesmo que no dia a
seguir);

Não é efetiva se a mulher já estiver grávida.

Método de Yuzpe: 8 comprimidos de um COC contendo 30 picogramas de etinilestradiol + 150 picogramas de


levonorgestrel (LNG) em duas tmas, com intervalo de 12 horas (4+4). 1ª dose até 5 dias após a relação sexual;

Método com progestativo: 1 comprimido contendo 1500 picogramas de levonorgestrel (postinor, norlevo) em
toma única; até 5 dias após a relação sexual.

Eficácia Efeitos colaterais

Náuseas e vómitos - habitualmente não


ultrapassam 24 horas e são menos frequentes
2 gravidezes em cada 100
com a CE progestativa. Spotting - algumas
mulheres que utilizam o método
mulheres têm pequenas perdas de sangue após
de Yuzpe 1 gravidez em cada 100
a CE. A maioria terá período menstrual na data
mulheres que utilizam a CE com
prevista ou mais cedo. Tensão mamária,
progestativo
cefaleias, tonturas e fadiga - desaparecem em
24 horas.

Contraceção durante a amamentação

O intervalo entre as gravidezes é um fator determinante da morbilidade e mortalidade perinatal, infantil e materna,
havendo evidência de que um intervalo inferior a 2 anos tem impacto negativo na saúde das mães e das crianças.

Se amamentação Se aleitamento misto (materno +


Contracetivo Se não amamenta
(exclusivo) adaptado)

POC/anel vaginal/adesivo 6 meses após o parto 6 semanas após o parto 21 dias após o parto

POC/injetável/implante 6 semanas após o parto 6 semanas após o parto Imediatamente

Desde a 1ª relação sexual Desde a 1ª relação sexual


Preservativos Desde a 1ª relação sexual pós-parto
pós-parto pós-parto

Diafragma 6 semanas após o parto 6 semanas após o parto 6 semanas após o parto

Quando as secreções Quando as secreções


Quando as secreções vaginais
Billings vaginais tiverem retornado vaginais tiverem retornado ao
tiverem retornado ao normal
ao normal normal

Calendário Após 3 ciclos menstruais

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Se amamentação Se aleitamento misto (materno +
Contracetivo Se não amamenta
(exclusivo) adaptado)
regulares

Imediatamente após o
Amenorreria lactacional Não aplicável Não aplicável
parto

Amenorreia lactacional (LAM)

Condições de sucesso:

Amamentar nas duas mamas (cerca de 6-10 vezes por dia);

Amamentar pelo menos uma vez durante a noite (intervalo menor a 6 horas);

Não substituir mamadas por outros alimentos/líquidos.

Promover a gravidez: facilitar o engravidar


Aconselhamento pré-concecional
Atividades de promoção de saúde e os cuidados antecipatórios dirigidos para o período antes da conceção,
reconhecidos que são os ganhos em saúde de uma intervenção sistemática e programada nesta fase do ciclo de
vida dos indivíduos.
Realizado como uma atividade conjunta, coordenada e complementar da equipa médico/enfermeiro, o esforço para
transmitir informação pode incrementar a saúde da mulher e da família e o aconselhamento e rastreio pré-concecional
poderá ser benéfico para o feto em diferentes aspetos.

Preparar-se para engravidar


Tendo em conta os riscos biológicos associados à gravidez, os cuidados pré-concecionais, considerados parte
integrante dos cuidados primários em saúde reprodutiva, têm como principal alvo as mulheres em idade fértil.

Contudo, será necessário contemplar, também, a participação dos homens nas questões de saúde sexual e
reprodutiva, não apenas como interlocutores daquelas, mas enquanto verdadeiros parceiros nestes domínios e, como
tal, sujeitos de igual intervenção.
Tem como objetivos principais:

Evitar gravidezes não planeadas e não desejadas;

Identificar situações que possam comprometer a gravidez;

Ensinar sobre a adoção de comportamentos de saúde que promovam a saúde da mulher e do homem e do
potencial feto;

Orientar para comportamentos que promovam a conceção.

15% dos casais tem algum grau de infertilidade.

Diagnóstico Objetivo Intervenções

Potencial para melhorar Ensinar sobre autocuidado no período pré-concecional


Promover conhecimento sobre
conhecimento sobre a Ensinar método do calendário Ensinar método de auto-
promoção da gravidez
promoção da gravidez observação de sintomas

Potencial para melhorar


Promover consciencialização da Contratualizar com o cliente a experiência indutora da
consciencialização da relação
relação entre o estilo de vida e o consciencialização Analisar com o cliente a relação entre
entre o estilo de vida e o
compromisso da fertilidade os estilos de vida e o compromisso da fertilidade
compromisso da fertilidade

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado durante o período pré-concecional

Parentalidade 12
A adoção de comportamentos de procura de saúde associados à gravidez deve iniciar-se antes do período em que
o desenvolvimento do embrião é crítico (17 a 56 dias após a fecundação).

Muitas mulheres desconhecem que estão grávidas no início do primeiro trimestre, pelo que o embrião fica exposto às
potenciais agressões durante a fase mais vulnerável do seu desenvolvimento - no final da 8ª semana já estão
determinadas muitas das eventuais mal formações.

Ensinar sobre a dieta


Ter atenção à ingestão de peixe (metais pesados, como mercúrio).

Há recomendações de ingerir 4mg/dia de ácido fólico 2 a 3 meses antes de engravidar (reduz o risco do embrião
desenvolver defeitos do tubo neural). Pode ser encontrado nos vegetais verde escuros, ou nos citrinos.
Ensinar sobre padrão de sono e repouso adequado

A falta de sono e repouso tem efeitos negativos a vários níveis: hormonais, memória, humor, digestão, alerta,
concentração, função imunitária e reparação celular.

A leptina é uma proteína secretada pelos adipócitos e que age no sistema nervoso central (SNC) promovendo menor
ingestão alimentar e aumentando o metabolismo energético. Aumenta a produção à noite. Estimula a ovulação.
Em média, uma mulher entre os 30-60 anos dorme 6 horas quando necessitaria de 7 a 9 horas.

Sugestões para melhorar hábitos de sono:

Criar uma rotina para dormir e mantê-la.

Evitar trabalhar ou usar computador 1 hora antes de dormir.

Evitar ingerir bebidas com cafeína a partir da tarde (17h).

Beber um chá morno e calmante antes de dormir.

Não ver televisão no quarto.

Ensinar sobre uso de substâncias: álcool

Diminui a capacidade de engravidar.

Está associado ao aumento do risco de aborto.


A ingestão de mais de 2 copos por dia durante a gravidez está associada a efeitos de longo prazo na criança,
nomeadamente atraso mental, problemas de comportamento, dificuldades na aprendizagem e defeitos faciais e
cardíacos.

Ainda não se conhece a partir de que quantidade tem efeitos tóxicos.

Ensinar sobre uso de substâncias: tabaco


O fumo do tabaco diminui a fertilidade, tanto na mulher como no homem - existe associação entre o consumo de
tabaco e a redução da quantidade e da qualidade dos espermatozóides e dos ovócitos.
Está associada a aborto, sangramento vaginal, a gravidez ectópica.

Devido à diminuição da perfusão placentar, os recém-nascidos são de baixo peso.

Após o nascimento, a criança tem maior probabilidade para ter problemas mentais e comportamentais.
Ensinar sobre uso de substâncias: cafeína

As mulheres que ingerem mais do que 250/300 mg de cafeína diariamente têm mais dificuldade em engravidar, maior
risco de aborto e ligeira diminuição do peso ao nascer.
Nos homens, a cafeína de bebidas como a coca-cola está relacionado com a infertilidade.

Ensinar sobre medidas de segurança

Fatores de risco ambiental (em casa e/ou no trabalho) capazes de interferir no desenvolvimento fetal.
Solventes orgânicos, pesticidas, monómeros de vinil utilizados no fabrico de plásticos, metais pesados como o
mercúrio e o chumbo.

Parentalidade 13
Gravidez que decorre na presença de altas concentrações de metais pesados tem maior risco de abortamento,
malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro.
Aconselhar a afastar-se ou diminuir o contacto com estas substâncias (eliminadas lentamente pelo organismo).

Aconselhar a ingerir antioxidantes, como vitamina C, E, A e zinco (estudos indicam que protegem o organismo contra
os efeitos maléficos dos metais pesados).
Lavar e descascar os alimentos antes de os ingerir (para remover os produtos químicos agrícolas).

Ensinar sobre período fértil

Um em cada dois casais pode estar a tentar a conceção nos dias errados do ciclo da mulher.
Na maioria dos casais saudáveis, a mulher engravida depois de tentar engravidar ao longo de um ano.

Método com base no calendário (Orgino-Knauss);

Métodos baseados na observação de sinais e sintomas;

Método da temperatura basal (MTB);

Método do muco (Billings);

Método sintotérmico (MTB+Billings);

Teste de ovulação (indica os dois melhores dias para engravidar - véspera e o dia da ovulação).

Gravidez e desenvolvimento fetal


Conceitos usados em obstetrícia

Gesta: número de gestações.


Gestante: mulher portadora de feto vivo.

Nuligesta: mulher que nunca esteve grávida.

Primigesta: mulher que está grávida pela primeira vez.


Para (paridade): número de partos.

Primípara: mulher com primeiro parto vaginal.

Multípara: mulher que teve mais do que um parto vaginal.


Termo: gravidez desde o fim das 37 semanas até às 42 semanas.

Pré-termo: gravidez que atingiu as 20/22 semanas, mas não completou as 37 semanas.

Pós-termo: gravidez que ultrapassou as 42 semanas.


Viabilidade: capacidade do feto viver fora do útero materno - desde as 22 a 24 semanas ou peso superior a 500 gr.

Gravidez
Condição de desenvolver e alimentar um feto no corpo.

Corresponde ao período entre a conceção e o trabalho de parto.

O início da gravidez é indicado pela cessação dos períodos menstruais.


Tem a duração de aproximadamente 40 semanas.

Diagnóstico da gravidez

Gonodotrofina coriónica humana (HCG) - marcador biológico mais precoce.


Gonodotrofina coriónica humana (HCG) - marcador biológico mais precoce.

Os testes de gravidez baseiam-se na pesquisa da sua subunidade beta, cuja produção tem início com a nidação,
podendo ser detetada 7 a 10 dias após a conceção.

Parentalidade 14
Atinge o pico entre os 60-70 dias de gestação, após o que começa a diminuir.
Níveis mais elevados do que o normal pode indicar gravidez ectópica, gravidez múltipla…

A evolução mais lenta ou diminuição fora de tempo pode indicar um aborto iminente.

Análises de sangue (laboratório).


Urina.

Método ELISA (enzyme-linkedimmunosorbertassay), que utiliza um anticorpo monoclonal específico (anti-HCG) com
enzimas que se ligam à B-HCG se esta estiver presente na urina.

Sinais e sintomas da gravidez


Sinais de presunção: alterações sentidas pelas mulheres;

Alterações mamárias;

Amenorreia;

Náuseas e vómitos;

Aumento da frequência urinária;

Aumento da fadiga, sonolência.

Sinais de probabilidade: alterações observadas pelo examinador;

Teste de gravidez positivo (soro, urina);

Contrações de Braxton-Hicks.

Sinais de certeza: alterações observadas que indicam a presença do feto;

Visualização do embrião na ecografia;

Presença de batimentos cardíacos fetais (estetoscópio de Doppler/de Pinard);

Movimentos fetais palpáveis.

Efeitos colaterais da gravidez


As hormonas da gravidez e as pressões mecânicas provocadas pelo aumento do útero resultam em adaptações
fisiológicas da gravidez.

Protegem as funções fisiológicas da mulher

Respondem às necessidades metabólicas maternas e fetais

Satisfazem as necessidades de crescimento e de desenvolvimento do feto

Sistema reprodutor e mamas


Mamas

Aumentam progressivamente de volume, proliferam os canais galactóforos e dos alvéolos mamários.

As mamas ficam túrgidas, sensíveis, mais dolorosas e pesadas.


Os mamilos e as auréolas tornam-se mais pigmentados.

Hipertrofia das glândulas sebáceas - tubérculos de Montgomery - que protegem o mamilo, mantendo-o lubrificado e
garantem a acidez da pele em torno deste.
Aumento da irrigação sanguínea - dilatação dos vasos sob a pele, tornando a rede venosa mais visível.

Útero

Aumenta de tamanho: peso, comprimento, largura, espessura e capacidade.


Aumenta a atividade contrátil: Contrações de Braxton-Hicks irregulares, indolores, intermitentes. Favorecem o fluxo
sanguíneo nos espaços intervilositários da placenta - aporte de O2 ao feto.

Parentalidade 15
Vagina e vulva

Aumento da espessura da mucosa.


Relaxamento do tecido conjuntivo.

Hipertrofia do músculo liso.

Aumento do comprimento da abóbada vaginal.


Observa-se o aparecimento de um fluido abundante, esbranquiçado e mucoso resultante da descamação de células
epiteliais vaginais, provocada pela hiperplasia - Leucorreia.
Sistema cardiovascular

Tamanho do coração: aumenta 12%.

Capacidade cardíaca: aumenta 70 a 80 mL.


Volume aumenta 1500 mL (100 mL de plasma e 500 mL de eritrócitos) - começa a aumentar a partir da 6ª semana,
com pico entre a 20ª e a 24ª semana, mantendo-se assim até ao final da gravidez.

Satisfaz as necessidades do sistema vascular do útero aumentado.


Assegura a hidratação adequada dos tecidos da mãe e do feto quando a mulher está em pé ou em decúbito dorsal.

Proporciona uma reserva de líquidos para reposição das perdas sanguíneas durante o parto.

Composição do sangue
Produção acelerada de eritrócitos, aumentando 20 a 30% (a percentagem de aumento é influenciada pelas reservas
de ferro).

Uma vez que o aumento do volume plasmático é superior ao dos eritrócitos, verifica-se uma diminuição dos valores
normais de hemoglobina e do hematócrito - hemodiluição.

A compressão das veias ilíacas e da veia cava inferior pelo útero provoca um aumento da pressão venosa e a
diminuição do retorno venoso nos membros inferiores.

Entre as 14 e as 20 semanas de gestação, o pulso aumenta 10 a 15 pulsações por minuto, mantendo-se assim até
ao final da gravidez.

Pressão sanguínea: diminui na primeira metade da gravidez (5 a 10 mmHg), depois normaliza.

Sistema respiratório
O diâmetro da caixa torácica aumenta 2 cm e o perímetro 6 cm.

Com a evolução da gravidez, a respiração passa de abdominal a torácica.

Aumento da frequência respiratória.


Por efeito do estrogénio, as vias aéreas superiores apresentam um aumento da vascularização - congestão.

O aumento do metabolismo basal provoca o aumento do consumo de O2 e o aumento da temperatura corporal.

Sistema urinário
As alterações morfológicas renais resultam de atividade hormonal, pressão exercida pelo aumento de volume do
útero e do aumento do volume sanguíneo.

Pressão exercida pelo aumento do volume do útero - aumento da frequência urinária.


Aumento do volume sanguíneo.

A função renal melhora em decúbito lateral e piora em decúbito dorsal, devido à compressão que o útero exerce na
bexiga.

Aumento da suscetibilidade à infeção urinária: a diminuição do tónus vesical e a dilatação dos bacinetes e dos
ureteres causam um armazenamento de grande quantidade de urina (estase urinária) que por sua vez promove um
meio para o desenvolvimento de microrganismos, aumentando o pH.

Sistema gastrointestinal

Parentalidade 16
O aumento dos níveis de HCG provocam alterações no metabolismo de hidratos de carbono, levando a náuseas e
vómitos.
O refluxo gastro esofágico é causado pelo aumento do tempo de esvaziamento gástrico e da compressão do útero,
provocando azia.

A obstipação é causada pelo aumento da absorção de água do intestino delgado, aumento da compressão pelo útero
e diminuição dos movimentos peristálticos.

Sistema músculo-esquelético
Alteração no centro de gravidade.

Para manter o equilíbrio, há uma tentativa de compensação da curvatura da região cervico-dorsal - acentua a flexão
anterior da cabeça.
A curvatura lombo-sagrada acentua-se (lordose).

As articulações relaxam por ação da relaxina, aumentando a mobilidade e flexibilidade das articulações sacro-ilíaca,
sacrococcígea e púbica.

Diástase: afastamento dos músculos retos abdominais durante a gravidez; reverte até 8 a 12 semanas pós-parto.

Sistema tegumentar
Hiperpigmentação: melanotropina (segregada pela adeno-hipófise) → Escurecimento do mamilo, aréolas, axilas,
vulva (a partir da 16ª semana).

Cloasma: hiperpigmentação acastanhada da pele que recobre as proeminências malares, nariz e fronte (50-70% das
grávidas);

Linha negra: pigmentação mediana que se estende desde a sínfise púbica até ao fundo do útero.

Estrias gravídicas: refletem separações das fibras de tecido conjuntivo (colagénio) nas camadas inferiores da pele;
pode produzir prurido; tem carácter hereditário e coloração variada (50-90% das grávidas).

Desenvolvimento fetal

Crescimento de um feto no útero da mulher até ao parto.

Feto: das 9/12 semanas até ao final da gravidez.


Embrião: da conceção às 9/12 semanas.

Estruturas básicas para o desenvolvimento fetal adequado:

Membranas amnióticas e líquido amniótico

Placenta

Cordão umbilical

Membranas amnióticas e líquido amniótico

Funções:
Ajuda a manter a temperatura corporal fetal constante.

Fonte de líquido para ingestão oral e como reservatório de excreções.

Amortece os traumatismos.
Permite liberdade de movimentos para o desenvolvimento músculo-esquelético fetal.

O feto urina para o líquido amniótico, o que faz aumentar o seu volume.

O volume de líquido amniótico normal no final da gravidez varia entre 800 a 1200 mL.
Cordão umbilical

2 artérias e 1 veia.

Comprimento entre 30 a 90 cm e 2 cm de diâmetro.

Parentalidade 17
O tecido conjuntivo que envolve os vasos - geleia de Wharton - evita a sua compressão.
As artérias umbilicais transportam o sangue do feto para a placenta.

A veia umbilical transporta o sangue para o feto.

Placenta
Atua como uma glândula endócrina, que produz as hormonas necessárias à manutenção da gravidez.

Desenvolvimento embrionário (1º semestre)


Semana 5: a zona que dará origem ao cérebro e tubo neural começa a desenvolver-se. O coração diferencia-se em
quatro câmaras.
Semana 6: o coração e os principais vasos começam a desenvolver-se. Já é visível na ecografia o batimento
cardíaco. Os braços e pernas começam a formar-se.

Semana 7/8: os braços e as pernas começam a distinguir-se. Identificam-se os olhos e os ouvidos. Os músculos e o
esqueleto desenvolvem-se.

Semana 10: desenvolve-se a cara e o pescoço. A maioria dos órgãos estão formados. O esqueleto está formado. Os
músculos continuam a desenvolver-se. Os dedos das mãos e pés estão completamente formados. Os batimentos
cardíacos já são audíveis com Dopler. Os movimentos respiratórios são visíveis na ecografia.
Semana 12: o feto começa a deglutir, o rim começa a produzir urina e o sangue começa a formar-se na medula
óssea. Já mexe o corpo todo e muda de posição. O sexo da criança pode ser identificado na ecografia.

Desenvolvimento fetal (2º trimestre)

Semana 14/16: a cabeça está ereta e os braços e pernas desenvolvidos. A pele parece transparente. Uma fina
camada de penugem começa a crescer na cabeça. Os movimentos tornam-se mais coordenados.
Semana 16/18: os dedos conseguem agarrar. Já se mexe com vigor apesar da mulher ainda não conseguir sentir
os movimentos. A placenta está completamente formada.
Semana 18/20: os órgãos e estruturas estão formados e o período de crescimento começa. A pele está coberta de
vernix (substância gorda produzida pelas glândulas sebáceas, que protege a pele). Iniciam-se os movimentos
respiratórios, mas o pulmão ainda não permite a sobrevivência extra-uterina. Nesta fase a mãe já sente os
movimentos do feto.

Semana 22/24: O feto consegue ouvir e reage ao som; consegue distinguir o paladar. O feto começa a ganhar peso
pela acumulação da primeira camada de gordura sob a pele. As mudanças no desenvolvimento pulmonar permitem
sobrevivência, com sequelas e em cuidados intensivos.

Desenvolvimento fetal (3º trimestre)

Semana 24/26: o feto reage aos estímulos sonoros internos e externos. Os movimentos tornam-se mais vigorosos.
Os pulmões continuam a desenvolver-se. Já dorme e acorda. Pele mais rosada e coberta de penugem. Nesta altura,
8 em 10 crianças já consegue sobreviver fora do útero materno (com cuidados intensivos).
Semana 26/28: quando tem os olhos abertos já consegue perceber a luz. O padrão de ondas cerebrais são
sobreponíveis ao de um recém-nascido.
Semana 28/30: o pulmão fetal tem capacidade para respirar, apesar de necessitar de medicação para isso. Consegue
abrir e fechar os olhos, sugar, chorar e responder a ruídos. Respiração regular e temperatura corporal são controlados
pelo sistema nervoso central.

Semana 32/34: os olhos estão abertos quando está acordado e fechados quando está a dormir. Os alvéolos já
contêm surfactante suficiente para uma boa probabilidade de sobrevivência.
Semana >34/36: Já consegue virar e levantar a cabeça. Já consegue agarrar com firmeza. Feto de termo (desde as
37 semanas) e preparado para nascer.

Parentalidade 18
Vigilância e autocuidado durante a gravidez
Esquema de vigilância

1ª consulta

Confirmação do diagnóstico da gravidez.

Verificar se já tem o Boletim de Saúde da Grávida e se sabe a sua utilidade.

O Boletim de Saúde da Grávida é o registo individualizado das informações sobre a gravidez: é um pequeno
livro verde, destinado a registar todos os dados relativos à saúde da grávida e do feto.

Verificar/consultar os dados já registados.

Verificar cumprimento do esquema de vacinação.

Atividades de vigilância

Recolha de dados gerais


Dados demográficos: idade, morada…

História atual: peso pré-gravídico, grupo sanguíneo e fator Rh, medicação em uso, alergias, imunização, doenças na
família.
História ocupacional: profissão, escolaridade, riscos para a saúde, situação financeira/profissional, padrão de
atividade física.
História ginecológica: contraceção, interação sexual.

História obstetrícia: abortos (espontâneos ou terapêuticos), partos (termo/pré-termo), lugar onde ocorreu o parto,
tipo de parto, duração do trabalho de parto, complicações do parto/recém-nascido/puerpério, idade dos filhos.
Índice obstétrico.

História do pai da criança: idade, condição de saúde, hábitos, grupo sanguíneo e fator Rh, ocupação, doenças
na família, atitude face à gravidez/filho.

Estilo de vida: medicação, hábitos (tabaco, álcool, cafeína, outros), exposição a riscos ambientais.

Parentalidade 19
Gravidez atual: gravidez desejada/planeada, DUM, DPP.

Exame físico - efeitos colaterais da gravidez a valorizar no exame físico geral


Cabeça e pescoço

Cloasma: preocupações estéticas

Epúlides (hipertrofia gengiva) ou gengivas sangrantes: dificuldade em comer e conservar os alimentos limpos na
boca

Epistaxes

Tórax e dorso

Hiperventilação e dispneia

Acentuação da curvatura lombar: dorsalgias

Mamas

Aumento do tamanho das mamas: hipersensibilidade mamária

Escurecimento das aréolas, secreção de colostro

Abdómen

Aumento do tamanho do útero: útero palpável (acima da sínfise púbica a partir das 12/13 semanas)

Estrias da gravidez/linha negra: preocupações estéticas

Pélvis

Leucorreia

Extremidades

Eritema palmar: mãos com prurido

Varizes ou edema

Pesar a grávida

Na 1ª consulta: avaliação do estado nutricional através da medida inicial de peso/altura (calcular IMC) - medida de
referência para comparar os valores obtidos durante a gravidez.

Faz-se com o mínimo de roupa possível, em pé sobre a balança - colocada a zero.

Avaliar pressão sanguínea - diastólica e sistólica

A hipertensão ocorre em 5-10% das grávidas, sendo considerada a 3ª principal causa de mortalidade materna,
sendo responsável por 16% das mortes durante a gravidez.

Parentalidade 20
Tensão arterial (TA) sistólica superior a 140 mmHg ou uma diastólica superior a 90 mmHg, verificada em pelo
menos duas ocasiões, com pelo menos quatro horas de intervalo e na mesma semana.

Critérios de diagnóstico
TA sistólica maior que 140 mmHg

TA diastólica maior que 90 mmHg

Avaliar edemas

Edema do tornozelo (+): verificar se é posicional, associado ao final do dia, à temperatura corporal/ambiental ou
devido ao tipo de calçado.
Edema generalizado (++): face, tronco e membros; pode manifestar-se ao acordar, podendo ser acompanhado, ou
não, de hipertensão ou aumento súbito de peso → sinal de alerta

Avaliar características da urina (exame químico)

Exame da urina com fita reagente (”Combur”) - Procedimento:

Orientar a grávida para a recolha de urina

Realizar uma limpeza cuidada da região geniturinária, no sentido ânteroposterior.

Recolher amostra de urina (preferencialmente da 1ª urina da manhã).

Utilizar recipiente de urina limpo, selado e descartável.

Recolher jato de urina para o copo, sem tocar na mucosa geniturinária (diminuir a probabilidade de
contaminação da amostra com leucorreia).

Proceder ao teste

O mergulhar a tira na urina e retirá-la de seguida; pousar a tira num local plano.

Esperar de acordo com o tempo recomendado pelas fitas específicas (1 a 2 minutos).

Colocar a tira ao lado do frasco, para comparar as cores dos quadrados do frasco com as da tira.

Avaliar densidade e pH, leucócitos, nitritos, proteínas, glicose, corpos cetónicos, sangue.

Critérios de normalidade

Glicosúria: é considerada normal durante a gravidez (até ++).

Cetonúria: é sempre considerado sinal de alerta.

Proteinúria: é considerado um achado anormal durante a gravidez; vestígios ou + é considerado aceitável.

Leucocitúria: averiguar se ocorreu contaminação da amostra com leucorreia; pode indicar ITU, se associado
a outras alterações de eliminação urinária.

Suplementação durante a gravidez


Ácido fólico

Deve ser iniciada o mais precocemente possível a toma.

As grávidas com filho anterior com defeito de tubo neural ou com história familiar desta situação devem realizar
diariamente uma dose superior. Esta dose está também indicada em mulheres com doenças ou sob terapêutica
associadas a diminuição da biodisponibilidade de ácido fólico.

A suplementação deve ser iniciada pelo menos dois meses antes da data de interrupção do método
contraceptivo e durante as 12 primeiras semanas de gestação, devido à rápida divisão celular no feto, do
aumento da filtração glomerular da grávida e pelo facto do tubo neural fechar no primeiro mês de gestação.

Iodo

Parentalidade 21
Deve ser iniciada o mais precocemente possível a toma de iodeto de potássio, desde que não existam
contraindicações para o fazer.

As mulheres em preconceção, grávidas ou a amamentar devem receber um suplemento diário de iodo sob a
forma de iodeto de potássio, desde o período pré-concecional, durante toda a gravidez e enquanto durar o
aleitamento materno exclusivo. Ingestão adequada de iodo - tanto através da inclusão de alimentos que são
fontes de iodo, como através da suplementação - necessária para completar as necessidades da grávida, para a
maturação do sistema nervoso central do feto e para o seu adequado desenvolvimento.

Nas mulheres com patologia da tiroide está contraindicada esta suplementação.

Ferro

Deve ser iniciada a suplementação com ferro elementar (na ausência de contraindicações para o fazer).

A suplementação e a dose diária a realizar devem ser individualizadas tendo em conta a situação clínica,
nomeadamente se existir hemoconcentração materna ou efeitos secundários significativos.

O objetivo é reduzir os riscos de anemia materna e de baixo peso à nascença

Vacinação

A vacinação durante a gravidez pode estar indicada se:

Houve um risco elevado de infeção

A doença implicar um risco significado para a mãe e/ou para o feto

O risco de reações adversas à vacinação for aceitável.

Vacinas passíveis de serem administradas durante a gravidez: tétano, difteria, hepatite b, gripo sazonal.

Deverá ser considerada a possiblidade de adiar a vacinação para o segundo ou terceiro trimestre.

Promover o autocuidado

Gravidez: direitos e deveres


Grávida: dispensa do trabalho para consultas pré-natais e para a preparação para o parto, pelo tempo e número de
vezes necessários.

Pai durante a gravidez: direito do pai a três dispensas do trabalho para acompanhamento a consultas pré-natais.
Licença inicial

4 meses, com 100% do ordenado, 30 dias facultativos antes do parto e 6 semanas de gozo obrigatório

5 meses com 83% do ordenado, 5 dias imediatos ao parto + 10 dias ao longo do mês e 15 dias de gozo obrigatório e
10 dias facultativos

Licença partilhada
4 meses maternos + 1 mês paterno, equivalente a 5 meses com 100% do ordenado

5 meses maternos + 1 mês paterno, equivalente 6 meses com 80% do ordenado

Licença para amamentação/aleitação


Dispensa diária do trabalho por dois períodos distintos com duração máxima de uma hora cada um (não podendo
ser inferior a 30 minutos), sem perda de remuneração ou de quaisquer regalias, durante todo o tempo que durar a
amamentação.

No caso da aleitação, a mãe ou o pai trabalhadores têm direito, por decisão conjunta, à dispensa do trabalho por dois
períodos distintos com a duração máxima de uma hora cada um, sem perda de remuneração ou de quaisquer
direitos, até a criança perfazer um ano.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: higiene

Parentalidade 22
Ensinar sobre mudanças inerentes à gravidez

Explicar sumariamente o efeito da gravidez no corpo ajuda a grávida a compreender melhor as mudanças que estão a
ocorrer e justifica a necessidade de alteração dos hábitos de higiene.

Explicar o porquê do aumento da suscetibilidade à infeção (diminuição da resposta imune).

Explicar o porquê do aumento da sudorese: as glândulas sudoríparas estão extremamente ativas por influência
hormonal → transpiração.

Explicar o porquê da leucorreia: aumento da produção de muco cervical por aumento da vascularização e
descamação das células cervicais.

Ensinar sobre hábitos de higiene adequados

Evitar roupa interior apertada na zona pélvica (confortável).


Usar roupa interior de algodão - sem comprimir a cintura nem as virilhas para não dificultar a circulação dos
membros inferiores.

Lavagem da zona perineal, em movimentos ântero-posteriores (prevenir contaminação) e produto de higiene


ligeiramente ácido (evitar produtos constituídos por corantes e perfumes). Trocar penso diário de 4/4 horas ou
sempre que necessário.
Instruir higiene dentária adequada, usando um dentífrico rico em flúor (ação tópica - inibe a desmineralização do
esmalte e a atividade bacteriana; não é recomendado suplementação).

Reforçar a necessidade da lavagem das mãos.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: arranjar-se

Informar sobre pintar o cabelo


A limitada evidência existente sugere que é seguro pintar o cabelo durante a gravidez, preferencialmente a partir
do 2º semestre.
Preferir técnicas que não atinjam o couro cabeludo para diminuir a probabilidade de absorção.

Ter atenção aos constituintes químicos, mesmo que diga natural (ex. resorcina, metais pesados como por
exemplo o chumbo ou hidroquinona).
Se pintar o cabelo em casa - usar luvas e escolher um espaço bem ventilado.

Informar sobre produtos de beleza/cosméticos

Aplicar diariamente creme hidratante (emoliente) e adotar uma ingestão hídrica adequada.

Ter muita atenção aos produtos que podem ser absorvidos pela pele. Evitar retinoides (altas doses de vitamina A
→ defeitos teratogénicos). Evitar ácido salicílico (existentes em vários produtos). Os cremes hidratantes não
podem conter ureia acima de 3%. Evitar produtos com soja (têm efeitos estrogénicos → agrava o cloasma).
O uso de protetores solares é seguro.

Informar sobre limpeza da pele

Seguro durante a gravidez. A pele pode estar mais sensível.

Informar sobre manicure/pedicure

Seguro durante a gravidez. Importante decorrer em ambiente com boa ventilação. A exposição crónica a
solventes é prejudicial. Equipamentos esterilizados.

Informar sobre excesso de pelos corporais

A depilação a cera é seguro durante a gravidez. Evitar uso de cremes depilatórios pois podem ser absorvidos pela
pele e desconhece-se o efeito no desenvolvimento fetal. Evitar lesões da pele durante a depilação.

Informar sobre maquilhagem

Seguro durante a gravidez. Evitar produtos com ácido retinóide (vitamina A) ou ácido salicílico.

Parentalidade 23
Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: vestuário

Ensinar sobre tensão e sensibilidade mamária


Explicar o porquê da tensão e sensibilidade mamária: depósito de gordura por ação do estrogénio e
desenvolvimento dos sistemas de ductos, dos lóbulos proliferação e secreção dos alvéolos e tumefação mamária
por ação da progesterona; a hipersensibilidade tende a diminuir após o 1º trimestre mas o volume (peso) mantém-
se ou aumenta.

Ensinar sobre vestuário: soutien

Soutien com alças largas (para que não pressionem os ombros devido ao peso) e ajustado à mama;
preferencialmente de algodão; utilizá-lo também durante a noite.

Ensinar sobre vestuário/calçado


Preferir roupa larga e confortável.

Evitar roupa constritiva - soutiens, cintos apertados, calças elásticas, meias até ao joelho.

Preferir roupa que se adapte às alterações específicas do corpo da grávida, sobretudo em relação às formas das
mamas, abdómen e ancas.

Preferir roupa que permita uma adequada transpiração e liberdade de movimentos.

Preferir calçado confortável e que proporcione boa estabilidade: facilitando uma postura correta e fornecendo boa
base de equilíbrio (tacões 3-5 cm).

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: sono/repouso

Ensinar padrão adequado de sono e repouso


O sono e repouso são necessários para dar resposta às necessidades metabólicas desencadeadas pelo
crescimento dos tecidos maternos e fetais.

Apesar de alguns sintomas de fadiga não poderem ser prevenidos, podem ser minimizados se a grávida
conseguir descansar 8 horas ininterruptas de sono por dia, mais uma sesta.
Pode precisar de gerir as prioridades e diminuir alguns dos compromissos para obter o repouso necessário.

Aconselhar estratégias promotoras do sono

Preferir a posição de decúbito lateral esquerdo.


Diminuir a ingestão de líquidos meia hora antes de ir dormir (diminui a frequência de micções noturnas).
Evitar alimentos e líquidos contendo cafeína (a cafeína é um estimulante do sistema nervoso central); beber
um leite morno e/ou ingerir um lanche ligeiro ao deitar (pode prevenir o acordar precoce com fome).

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: medidas de segurança

Ensinar sobre medidas de segurança automóvel


Aconselhar o uso de cinto de segurança, sempre, e instruir sobre o uso adequado deste.
Em caso de acidente rodoviário, independentemente da gravidade deste, recomendar recorrer ao hospital para
vigilância do bem-estar materno e fetal.
As grávidas que planeiam viagens longas devem programar períodos de atividade e de repouso (parar e
caminhar de 1 em 1 hora).

Ensinar sobre medidas de segurança: produtos químicos


Recomendar o uso de luvas e, se necessário, máscara quando usar produtos químicos de limpeza da casa.

Não lidar com produtos tóxicos (inseticidas, pesticidas, solventes).

Ensinar sobre medidas de segurança: risco de infeção alimentar

Parentalidade 24
Evitar o contacto com todas as áreas que possam estar contaminadas com fezes de gato; limpar diariamente a
caixa de areia e usar luvas; usar água a ferver para desinfetar os objetos dos gatos.

A carne deve ser cuidadosamente cozinhada para destruir possíveis parasitas.


Lavar sempre a louça e os utensílios de cozinha após a refeição.
Lavar todos os alimentos crus (vegetais e fruta).

Evitar produtos lácteos não pasteurizados.


Usar luvas ao fazer jardinagem.
Lavar minuciosamente as mãos e evitar levar aos olhos ou à boca quando se manipula carne crua ou produtos
não lavados.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: padrão alimentar

Ensinar sobre padrão alimentar


É necessário a ingestão de calorias e de nutrientes suficientes para o ótimo crescimento e desenvolvimento fetais
e a manutenção do estado nutricional adequado da mãe.

Incluir na alimentação fruta e vegetais frescos; proteína, como carnes magras, peixes, feijões e lentilhas;
aumentar consumo de fibras, o que pode ser encontrado no pão integral e frutas e vegetais.
Evitar alimentos que possam por o feto em risco:

Queijos moles, como Camembert e Brie; paté (incluindo patés vegetais).


Fígado e produtos derivados → contém doses elevadas de vitamina A - 10.000 a 38.000 mg/100g, e a DDR é de
700 microgramas.

Refeições pré-preparadas, cozinhadas ou não.


Carne curada, como salame, enchido, ou crua; mariscos crus, como ostras; ovos crus ou alimentos que os
contenham (ex. maionese).
Peixe contendo níveis relativamente altos de metilmercúrio, tais como tubarão, peixe-espada, que podem afetar o
sistema nervoso do feto.

Limitar a ingestão de cafeína


Há estudos que apontam uma ingestão diária entre os 100-300 mg como fator de risco para o baixo peso à
nascença.

Beber 2 litros de líquidos (8/10 copos por dia), para assegurar adequada hidratação hídrica e um débito urinário
correspondente.

Ensinar sobre aumento esperado de peso


O aumento de peso esperado depende do peso inicial e do momento da gravidez.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: exercício físico

Atividade física: qualquer movimento corporal voluntário produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em
gasto energético maior do que o gasto em repouso, incluindo diversas atividades, como trabalho, locomoção,
afazeres domésticos, atividades recreativas e exercício.

Exercício físico: é caracterizado como toda a atividade física estruturada, planeada e repetitiva que tem por objetivo
a melhoria da saúde e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física, sendo uma subcategoria da
atividade física. Ambos influenciam a gestação e o desfecho materno-fetal, e são fatores potencialmente
modificáveis.

Benifícios do exercício físico:

Prevenção de diabetes gestacional;

Efeito protetor para a pré-clâmpsia;

Parentalidade 25
Redução na média de ganho de peso;

Redução da incidência de sintomas indesejáveis durante a gravidez, como cãimbras, edema e fadiga.

Atividades físicas em intensidade leve a moderada igualmente não foram associadas a trabalho de parto pré-termo
nem baixo peso do recém-nascido.

Incentivar para fazer exercício durante a gravidez: encorajar a prática de exercício físico moderado: melhora a
circulação, promove o relaxamento, previne a obstipação.
Desaconselhar o exercício muito extenuante: pode diminuir o fluxo de sangue no útero em 70%.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: uso de substâncias

Ensinar sobre efeitos no feto do uso de álcool


Aconselhar a abstinência do álcool, pois ainda não foi estabelecido limite de segurança para o consumo de álcool
durante a gravidez.

Ensinar sobre efeitos no feto do uso de tabaco

O consumo de tabaco ou a exposição a ambientes saturados de fumo de tabaco está associado a restrição do
crescimento intrauterino (diminuição da perfusão placentar) e aumento da mortalidade e morbilidade infantil.

Ensinar sobre efeitos no feto do uso de medicação


Aconselhar a não tomar qualquer medicamento sem consultar o médico, particularmente no 1º trimestre.

Avaliar presença e resposta aos efeitos colaterais da gravidez

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral

Avaliar capacidade para gerir efeito colateral


Averiguar:

Presença do efeito colateral da gravidez referido como desconforto;

Resposta emocional;

Resposta física;

Manifestações/implicações dos efeitos colaterais;

Conhecimento para lidar.

Intervenções:

Ensinar sobre a gravidez

Ensinar sobre prevenção

Ensinar sobre como gerir

Potencial para melhorar o conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: náusea

Averiguar:

Quantidade e qualidade dos alimentos nutritivos


Padrão de ingestão de líquidos
Características das náuseas e vómitos (o que agrava/melhora)

Impacto na perda de peso, desidratação, diminuição da turgescência cutânea, cetonúria


Conhecimento sobre estratégias para gerir o desconforto

Ensinar sobre gerir náusea e vómito


Fazer refeições frequentes e em pouca quantidade

Parentalidade 26
Comer bolachas/biscoitos secos antes de se levantar pela manhã

Ingerir líquidos, em pequenas quantidades, no intervalo das refeições (diminuição da desidratação)


Evitar alimentos gordos e condimentados e ambientes com odores que aumentam a náusea

Potencial para melhorar o conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravida: azia

Averiguar:

Estado nutricional;
Padrão de ingestão de líquidos e alimentos;
Conhecimento de estratégias para gerir/prevenir azia.

Ensinar sobre como gerir azia


Fazer 6 refeições pequenas por dia e comer devagar, mastigando bem os alimentos;

Eliminar da dieta alimentos gordos e condimentados;


Eliminar/reduzir irritantes gástricos;
Evitar sentar-se/inclinar-se/abaixar-se logo após a refeição;

Potencial para melhorar o conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: obstipação

Averiguar:
Padrão de ingestão de líquidos e alimentos (fibras);
Padrão de eliminação;

Padrão de exercício físico e atividade;


Presença de dor abdominal, distensão abdominal;
Conhecimento de estratégias para gerir/prevenir obstipação.

Ensinar sobre como gerir risco de obstipação

Tomar líquidos tépidos pela manhã;


Aumento do exercício físico (caminhadas com duração mínima de 20 minutos)
Aumento da ingestão de fibras e aumento da ingestão de líquidos

Regularização das dejeções - dar tempo para conseguir evacuar


Elevar os pés com um banco/caixa durante a defecação para diminuir o esforço

Potencial para melhorar o conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: dor músculo-
esquelética

Averiguar:
Postura corporal, técnica para levantar objetos e o tipo de calçado
Nível de atividade e período de repouso

Distensão muscular dorsal


Aumento ponderal
Conhecimento de estratégias para gerir/prevenir dorsalgia

Ensinar como gerir dor musculo-esquelética

Evitar esforços excessivos


Repousar frequentemente em decúbito lateral esquerdo

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Usar calçado confortável, boa estabilidade e tacão com 3/4cm

Evitar cargas - andar com os filhos ao colo, usar malas pesadas


Conservar postura correta
Praticar exercício físico

Aplicar calor local, se dorsalgia presente


Massajar zona dorsal

Ensinar sobre posição corporal


Explicar sobre a posição de baixar, de levantar de pegar em pesos e a postura corporal → à medida que a
gravidez evolui predispõe a dores lombares, a alteração do centro de gravidade e maior esforço da
musculatura abdominal porque as articulações pélvicas relaxam e ficam mais flexíveis.

Adaptação à parentalidade: promoção das competências parentais


Adaptação à parentalidade
Os comportamentos que incidem no ajustamento à gravidez;
Empreender ações para se preparar para ser mãe/pai;

Interiorizando as expectativas das famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos parentais adequados ou
inadequados.

Parentalidade
Assumir a responsabilidade do exercício efetivo do papel;
Otimizar o crescimento e desenvolvimento da criança;

Agir de acordo com os comportamentos esperados de alguém que é mãe/pai.

Transição

O nascimento de um filho é, não só, um tempo de mudança na vida de uma família que exige a aprendizagem
inerente aos cuidados à criança, mas, igualmente, um evento crítico caracterizado pela reorganização individual,
conjugal e profissional, pelo que representa uma transição no ciclo de vida.

Fase antecipatória
Tem início durante a gravidez.
Corresponde ao período prévio ao desempenho do papel, isto é, corresponde ao período em que a mãe/pai inicia o
ajustamento psicológico e social ao papel maternal/paternal, através da incorporação das expectativas, bem como
o envolvimento e aprendizagem inerentes ao exercício do papel.
A mãe e o pai constroem as expectativas, ensaiam e fantasiam acerca do papel e referem-se ao feto já como filho.

Comportamentos esperados: preparar-se para as alterações no estilo de vida, criar imagens do filho (filho imaginado),
antecipar as características que gostaria de possuir como mãe/pai e ligação mãe/pai - filho.

Fase formal

Início com o nascimento do filho e com o consequente confronto com a necessidade de desempenho do papel.
Nesta fase, habitualmente, os comportamentos são guiados por fontes formais, nomeadamente os profissionais de
saúde, e em conformidade com as expectativas dos outros.

Parentalidade 28
Fase informal
Vai emergindo à medida que a mãe/pai se torna mais confiante no exercício do papel e assume as decisões por si.
Apesar de ainda seguir as orientações dos outros, vai desenvolvendo formas próprias de exercer o papel de mãe/pai.

Fase pessoal
Período em que mãe/pai cria um estilo próprio no desempenho do papel e assume-o perante os outros.

Nesta fase, assumir o papel parental desencadeia uma sensação de harmonia, de confiança e de competência.
Corresponde à integração da identidade materna.

Ligação mãe/pai - filho


É uma componente afetiva e motivacional do processo de identificação com o papel de mãe/pai.
Constitui uma das tarefas da transição para o papel parental; tem início ainda durante a gravidez e influencia a
satisfação e competência no exercício do papel após o nascimento da criança.
É um processo interativo e recíproco entre parceiros resultando em experiências satisfatórias.
É um laço emocional que motiva o envolvimento nos cuidados ao filho.

É uma ligação especial e próxima entre a mãe/pai e a sua criança que ocorre durante o período sensitivo. É uma
experiência única que liga a mãe/pai ao filho.
O processo de ligação entre a mãe e o seu filho, que começa durante a gravidez, é facilitada pelo contacto pele a
pele, amamentação e alojamento conjunto → benefício potencial a longo prazo para a mãe e a criança.

Construção do filho imaginado e da ligação mãe/pai - filho


As expectativas relacionadas com as características físicas (ex.: imaginam como será o cabelo e o sorriso e
desejam principalmente que seja saudável).
Relativamente às características emocionais (ex.: desejam que seja compreensivo, educado e carinhoso).
Relativamente às expectativas de futuro (ex.: desejam que os filhos sejam felizes, tenham amigos, que estudem, se
formem e arranjem um bom emprego para que a sua situação económica seja melhor que a deles).
Avaliação da ligação mãe/pai - filho

Manifestação materna de rejeição

Aceitação materna, com potencial para melhorar a expressão afetiva

Sem compromisso (atribui características positivas ao filho)

Potencial para melhorar conhecimento sobre competências do feto e do recém-nascido: Ensinar sobre
características de um recém-nascido

Aparência esperada do recém-nascido e achados normais da pele

Cabeça: o formato da cabeça pode ser assimétrico (é influenciado pela posição que o bebé tinha dentro do
útero); pode notar-se a fontanela anterior (espaços que ficam entre o osso frontal e parietais).
As pálpebras poderão estar edemaciadas e com os olhos abertos pode parecer estrábico.
A pele poderá estar coberta de vernix, pode ter uma penugem sobretudo na parte superior das costas (lanugo);
pode existir umas manchas na parte inferior das costas e nádegas, azuladas - mancha mongólica, que pode
permanecer até aos 2 anos de idade.
A cor da pele é habitualmente avermelhada devido ao excesso de glóbulos vermelhos (estes vão diminuir
através de um processo fisiológica e isso pode levar ao aumento da bilirrubina, que quando se acumula na pele
dá uma coloração amarela, que desaparece em cerca de uma semana).

Parentalidade 29
As mãos e os pés estão habitualmente frios e azulados (acrocianose) e podem ter a pele a descamar; os
genitais estão edemaciados; as pernas podem aparecer arqueadas.

Capacidades dos órgãos dos sentidos: visão


Ao nascimento a acuidade visual está entre 20/200 a 20/400, sendo que o padrão comum de acuidade visual no
adulto é de 20/20.
Consegue ver a uma distância de 20 a 25 cm, conseguindo concentrar-se num objeto durante cerca de 10
segundos; tem preferência por imagens bem formadas, pelo que um dos seus mais fortes estímulos é a face
humana.

Aos 10 dias é capaz de reconhecer o rosto da mãe do rosto de outra mulher.


Prefere cores médias (amarelo, verde e rosa) do que brilhantes (laranja, vermelho e azul) e prefere contrastes de
preto e branco; os bebés com um mês conseguem distinguir o vermelho, verde, azul e branco, mas a sua
capacidade de identificar outras cores é limitada.

Capacidades dos órgãos dos sentidos: audição


O recém-nascido possui uma capacidade auditiva semelhante ao adulto.
Reage a sons, como a voz humana, através de alterações faciais ou movimentos corporais.

Tem preferência pela voz feminina.


Ao 2º dia de vida é capaz de reconhecer a voz da mãe.
Ao 14º dia de vida diferencia o rosto do pai e voz de outro homem.

Capacidades dos órgãos dos sentidos: olfato


O sentido do olfato está desenvolvido desde o nascimento.

Durante a gravidez e imediatamente após o parto, as mulheres desenvolvem um perfil químico de moléculas
voláteis específico.
O sentido do olfato facilita alimentar-se «, reconhecendo o odor do leite materno e, mais tarde, o odor da sua
própria mãe.
Aos 6 dias de vida consegue distinguir o cheiro da mama da mãe do de outra mulher.

Capacidades dos órgãos dos sentidos: tato


A capacidade de sentir variações na temperatura, humidade e na textura dos objetos que estão em contacto com
a pele.
O recém-nascido reage ao toque em todas as partes do corpo mas de forma especial na face (em particular os
lábios), mãos e pés e abdómen, pois é nessas áreas que se encontra um maior número de recetores táteis.

O contacto físico estimula a produção de substâncias anti-stress: ocitocina e opióides naturais.


O contacto direto com a pele de outra pessoa acalma e reconforta o bebé, além de promover a manutenção da
temperatura corporal estável. Esse é o motivo do método canguru ser benéfico nos cuidados a bebés prematuros.

O contacto/toque e responsividade às necessidades da criança → baixo nível basal de cortisol.


Crianças de alto-risco desenvolvem normalmente se tiverem muito contacto físico.
Crianças expostas a cuidados emocionalmente não responsivos ou a comportamentos de raiva desenvolvem
sistemas de resposta ao stress inadequados.

Capacidade dos órgãos dos sentidos: paladar

O sistema de paladar está bem desenvolvido; distingue os 4 sabores básicos - doce, amargo, ácido e salgado.

Preparação e conhecimento
Condição facilitadora.

Parentalidade 30
Quanto maior é o nível de conhecimento e habilidades da mãe o do pai, maior é a probabilidade de criarem um
ambiente adequado ao desenvolvimento saudável e de estarem mais sensíveis às necessidades da criança.

Competências parentais
Definição: conjunto de conhecimentos, de capacidades e de atitudes que facilitam e otimizam o desempenho, com
mestria, do papel parental, garantindo o potencial máximo de crescimento e de desenvolvimento da criança.

Modelo de cuidados pré-natais: programa de preparação para a parentalidade

Potencial para melhorar conhecimentos para preparar a casa para receber o recém-nascido

Intervenções:
Ensinar sobre preparação do quarto para o recém nascido
Ensinar sobre dispositivos para o recém-nascido

Ensinar sobre preparação do enxoval


Características do quarto
Características da alcofa/berço/cama

Características do equipamento a adquirir/adaptar para dar banho


Características do equipamento a adquirir: cadeira de transporte
Características do equipamento a adquirir: carrinho de passeio

Segurança, conforto e promoção da saúde


Sistema imunitário: capacidade limitada para dar resposta efetiva a microrganismos, implicando maior
suscetibilidade a infeções.

Termorregulação: capacidade limitada de controlar a sua temperatura corporal; em condições extremas de


temperatura ambiente, esta condição é prejudicada pela incapacidade física de manter a homeostasia, com risco de
hipotermia ou sobreaquecimento.

Desenvolvimento: a visão é o sentido menos desenvolvido (as pupilas ainda não são capazes de dilatar totalmente e
a retina não está totalmente desenvolvida; apresenta algum grau de astigmatismo, tendo baixa capacidade de fixação
de objetos e distinguir cores) mas o recém-nascido tem reações a estímulos luminosos. A estimulação da visão
promove o desenvolvimento do centro visual cerebral.

Características do quarto

Parentalidade 31
Com ventilação e luz natural, com janelas seguras e afastadas da cama do bebé
O chão deve ser antiderrapante e fácil de limpar; os tapetes são dispensáveis, mas caso estejam presentes
precisam de ser fixos ao chão ou na mobília do quarto.
A temperatura ambiente do quarto mantida entre os 18 e os 22ºC.
Manter o quarto limpo.

As vias aéreas das crianças são mais permeáveis aos poluentes atmosféricos e as suas defesas respiratórias contra
esses poluentes ainda não estão completamente desenvolvidas.
Evitar o uso de aerossóis: libertam partículas que ficam suspensas no ar por um período relativamente longo devido à
sua lenta deposição por conta da gravidade.
Se tem alcatifa, aspirar e lavar a vapor de forma regular, de modo a eliminar o pó e os microrganismos acumulados.
Produtos como vinagre e o limão que têm propriedades de limpeza e são 100% naturais devem ser usados.

Iluminação natural: estimula a produção de vitamina D na pele, a visão e o ciclo circadiano.


O ideal é a exposição direta ao sol (sem vidro) antes das 10h ou depois das 16h, 10 minutos por dia, alternando
posição (expor o corpo por partes).

Iluminação artificial: cor neutra ou amarela (instalada no meio do quarto e não em cima do berço).
Luz de presença: avermelhada; num estudo com o objetivo de perceber a influência da luz azul e da vermelha nos
níveis de vigilância noturna, durante duas noites, 14 pessoas foram sujeitas a quatro condições experimentais de
iluminação. Após a experiência, conclui-se que a luz vermelha ajuda a manter os níveis de melatonina enquanto
que a luz azul interfere na sua produção, mas quando utilizada durante o dia aumenta os níveis de concentração.
A luz de qualquer cor afeta a produção de melatonina e prejudica o sono. O estudo comparou 6 horas de exposição à
luz azul e à luz verde com a mesma intensidade entre si e concluiu que a luz azul é capaz de suprimir duas vezes
mais a produção de melatonina do que a luz verde.

Se as paredes forem pintadas: tinta não tóxica e lavável.


Preferência por tintas aquosas (tintas à base de látex ou acrílicas) e tintas ecológicas que são constituídas por
matérias-primas naturais (vegetais, minerais, animais), sem componentes sintéticos e derivados do petróleo.

Se as paredes forem pintadas, optar por cores pastel (proporcionam um ambiente calmo e relaxante) ou por cores
primárias (proporcionam um ambiente estimulante).

É recomendado as paredes e o teto terem cores pastel e as cores primárias nos brinquedos e decorações.
Estudos comprovaram que contrastes como preto e branco enviam sinais mais fortes ao cérebro, o que proporciona
um maior desenvolvimento assim como cores primárias que são mais contrastantes e vibrantes (preferência pelo
amarelo, seguida do vermelho e depois pelo verde e azul).
Num estudo sobre as cores escolhidas no serviço de obstetrícia e a sua influência nos bebés do sexo feminino e
masculino, observou-se que as recém-nascidas colocadas em quartos rosa (derivado do vermelho) têm uma atividade
motora mais longa e são mais curiosas comparativamente com os meninos recém-nascidos. A justificação
apresentada para explicar este achado foi que as bebés viam mais cedo o vermelho do que o azul, logo recebiam
estímulos visuais mais cedo do que os meninos.

Parentalidade 32
Móvel para trocar a fralda: superfície mínima de 80 cm por 60 cm; altura adequada à altura da pessoa; fácil
arrumação e acesso.
Diminuir o tempo que o recém-nascido se encontra exposto ao frio durante a troca da fralda.
Facilitar na limpeza (colchão impermeável).

Manter segurança do recém nascido (bordos no colchão).


Preparar um cantinho para amamentar:

Local calmo, afastado de ruídos, que permita que a mãe se sinta relaxada (facilita a libertação de ocitocina).

Cadeirão/cadeira confortável, com um local de apoio para os pés.

Almofada de amamentação.

Aspetos a considerar na escolha: ser estável, sólido e seguro; estar num local com boa visualização do exterior e
sem exposição a correntes de ar.

Se a escolha for uma alcofa (até aos 3 meses):

Bordos altos e acolchoados e um fundo rígido e plano

Pegas resistentes

Se a escolha dor um berço (4/5 meses) ou cama:

Estável e sólido, com grades que apresentem no mínimo 60cm de altura e 6 cm de distância entre elas e com
fecho de segurança;

Estrado plano, rígido e sem arestas cortantes ou saliências no interior.

O colchão:

Impermeável

Firme e plano, que permita uma distribuição homogénea do peso e uma total liberdade de movimentos (sem
molas de espuma, látex ou viscoelástico com baixa densidade)

Tratamento anti ácaros, hipoalergénico e antifúngico

Bem adaptado ao tamanho da cama

Equipamento para dar banho


Fundo da banheira antiderrapante (caso não tenha pode colocar-se um tapete antiderrapante) - a acumulação de
água e de sabão conjugada com os movimentos necessários para dar o banho potencia risco de escorregar.
A banheira deve ser colocada numa base sólida.

Equipamento para transportar


Uso de sistema de retenção reduz entre 90 a 95% a ocorrência de morte ou ferimentos graves em criança.
Um colisão a 50 km/h, para uma criança que não esteja devidamente protegida, equivale a uma queda do terceiro
andar.
Aprovada pelas normas europeias, devendo possuir a etiqueta E e o código 04

Parentalidade 33
Escolhida tendo em atenção o intervalo de peso ou de altura da criança.

Usar a cadeira segundo as normas de utilização.


Cerca de 43% dos condutores inquiridos usa uma cadeira em segunda mãe, seja esta reutilizada de outro filho,
familiar ou amigo.

Envolvida em acidentes? Uma cadeira que tenha sido envolvida num acidente não deve ser utilizada novamente,
pois o esferovite pode ter-se partido e deixar de conferir a proteção adequada.
Estado de conservação? Verificar se os cintos não estão rasgados e se apertam corretamente.

Etiqueta de homologação? Verificar se cumpre as normas e regulamentos vigentes.


Carrinho de passeio: ser leve e fácil de manusear e com um tamanho adequado aos espaços onde será usado
(mala do carro, elevador…)

Benefícios:

Choram menos: choram uma média de 43% menos que os outros e 54% menos durante a noite.

Mais relaxante: o balanço, a temperatura, o ritmo do coração e do movimento e a proximidade facilitam o sono,
ao imitar condições similares às do útero.

Maior sensação de segurança: andar próximo do corpo de um adulto, além de se sentir mais seguro, o bebé
acompanha o ritmo do adulto que o transporta.

Maior desenvolvimento: ao ficar mais tempo em silêncio e em estado de alerta, observa o mundo sob uma
perspetiva diferente, e não apenas o teto como quando está no berço, ou os joelhos das pessoas como quando
está no carrinho de passeio.

Facilita a integração do bebé nas rotinas da família: liberta as mãos para outras atividades (tarefas
domésticas, cuidar de outro filho…)

Facilita a amamentação e os laços afetivos.

Babywearing: medidas de segurança

Evitar que o bebé fique com a cara encostada ao pano ou ao corpo do adulto;

Evitar que a cabeça fique inclinada sobre o peito, pois poderá dificultar a respiração;

Para evitar o sobreaquecimento, principalmente no verão, vestir o bebé com roupa fresca;

Calçar sapatos práticos, confortáveis e que não escorreguem;

Andar com cuidado, tendo em atenção os obstáculos;

Evitar transportar sacos para não interferir com o equilíbrio;

Evitar movimentos bruscos que podem provocar lesões no pescoço, coluna e cabela do bebé;

Verificar se o equipamento está seguro.

Escolha do marsúpio:

Parentalidade 34
Fácil de colocar, retirar e ajustar o bebé;

Bom apoio do pescoço e das costas do bebé;

As aberturas para as pernas equilibradas de forma a distribuir o peso do bebé;

As tiras devem ser largas e equilibradas de ambos os lados das costas e ombros para distribuir o peso do
bebé.

Medidas de segurança:

As pernas da criança necessitam de ficar em abdução (se as pernas do bebé ficarem coladas para baixo -
penduradas - contribui para a displasia da anca.

Preparação do enxoval
Critérios de escolha de roupa

O vestuário facilmente lavável e confortável, que não limite os movimentos do recém-nascido, é o recomendado.
A roupa fácil de vestir/despir - pescoço largo, não possuir pelos, elásticos apertados, laços, botões ou fitas à volta do
pescoço ou que possam prender os dedos.

Adeuqada ao tamanho do bebé e à temperatura ambiente.


A roupa recomendada é a de tecidos de fibras naturais.
Critérios de escolha de fraldas

Existem dois tipos de fraldas: reutilizáveis e descartáveis.


Adequada à idade/peso do bebé.
Optar pela saúde da pele, conforto, custo (investimento inicial e custo total), manutenção das fraldas e facilidade na
utilização
Existem dois tipos de toalhetes: reutilizáveis ou descartáveis; secos ou húmidos.
Optar por toalhetes sem produtos químicos; se tiverem produtos, poderão ser passados por água para remover a
maior parte desses produtos (usar, de preferência, água morna para os aquecer e ser mais confortável para o bebé.
Critérios de escolha da chupeta
Recomenda-se que a oferta da chupeta seja adiada até à criança estar bem adaptada à mama (evitando confusões
de bicos).

Facilmente lavável; adequado à idade do bebé; ser só de uma peça.


Ser o mais semelhante possível ao mamili da mãe - recomendar apenas adquirir após o nascimento.
Benefícios: sucção - reflexo saudável, que auxilia o bebé a confortar-se, acalmar-se e autocontrolar-se; fator de
proteção em relação à SMSL.
Efeitos prejudiciais: alteração na dentição e aumento da probabilidade de cáries; aumento de probabilidade de otite
média aguda; compromisso na amamentação (diminuição do período); compromisso na linguagem.

Ensinar sobre o que é necessário levar para o hospital

Parentalidade 35
Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para cuidar da higiente do recém-nascido e manter a
pele saudável

Critérios de escolha dos produtos de higiene


O banho necessita de banheira/recipiente, de toalha, muda de roupa, abrindo-a e dispondo-a por ordem de utilização
e fralda.

A temperatura da água do banho deve ser de 37ºC.


Ambiente sem correntes de ar com uma temperatura ambiente de 22-25ºC.
Pele do recém-nascido

Estrato córneo 30% mais fino


Epiderme 30-40% mais pequena
pH > 6 ao nascimento, desce para 5 em 4 dias (adulto - 4,7)

Absorve mais água, mas permite a evaporação mais rápida


Menor quantidade de lípidos (glândulas não funcionantes)
Usar água simples até duas semanas após o nascimento; nesta fase, se usar produtos, usar syndets:

Sabão sem sabão; constituído por agentes tensioativos (permitem diminuir a tensão superficial da água
facilitando, assim, a remoção de partículas de gordura), detém bom poder de detergência, pH ligeiramente ácido,
produzem pouca espuma e não provocam irritação cutânea.

Os produtos de higiente devem ser hipoalergénicos e com um pH ácido (entre 5-6), e:

Sem parabenos

Sem álcool

Sem perfume

Sem glicerina

Sem sódio lauril sulfato (SLS)

Sem sódio laureth sulfato (SLES)

Frequência e duração da higiene


Nos recém-nascidos são suficientes 2 a 3 banhos por semana.
O banho pode ser dado a qualquer altura do dia, exceto após as refeições; a altura esoclhida para o banho depende
também do efeito que este tem sobre o bebé - estimulante ou relaxante.
Em condições normais, o estrato córneo do recém-nascido é mais hidratado do que o do adulto mas a perda de água
é mais elevada do que a do adulto.

Troca de fralda
Material necessário sempre que troca de fralda:

Toalhetes/esponja

Água morna para lavar o bebé

Fralda limpa

Parentalidade 36
Roupa interior

Escolher um “espaço” de modo a ter por perto e organizado todo o material necessário para a troca da fralda.
Higiene perineal: medidas de prevenção do eritema pela fralda

Trocar a fralda sempre que ocorre uma micção/dejeção - lavar e secar a zona envolvente e muda de fralda.
Optar pelas fraldas absorventes, transpiráveis e não oclusivas.
Sempre que possivel, expor a região perineal ao ar.

Critérios de uso sobre os produtos de higiene perineal


A necessidade de aplicar creme barreira à base de óxido de zinco, vitamina A e vitamina D - apenas na presença
de eritema pela fralda.
Sinais de eritema pela fralda:

Pele vermelha (rubor)

Calor (aumento da temperatura local)

Erupção cutânea

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para tratar do coto umbilical


O coto umbilicar poderá cair entre o 4º e o 15º dia após o parto.
Material necessário para a desinfeção do coto umbilical: álcool a 70% e compressas, uma vez por dia.

Instruir desinfeção do coto umbilical


Sinais de infeção do coto umbilical: cheiro fétido; rubor; edema; exsudade purulento.

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para lidar com o choro


Mecanismo do choro
Chorar equivale a comunicação.

Quando ignorado, aumenta a intensidade e duração, e, consequentemente, as hormonas de stress.


O aumento destas causa uma inibição da formação de conexões entre os neurónios.

Stress prolongado
Sob stress prolongado, o sistema torna-se mais sensível, ou seja, é ativado por qualquer pequeno estímulo.
Há uma sobrecarga de cortisol, a hormona do stress, e adrenalina.

Com isso, o corpo fica em estado de alerta, há aumento da frquência cardíaca e da pressão arterial.
Os níveis de açúcar e de proteínas inflamatórias também são elevados na corrente sanguínea.
O hipocampo, relacionado à memória e à aprendizagem, pode diminuir de tamanho. O stress tóxico atrapalha a
capacidade de adquirir novas informações e de diferenciar as situações seguras das perigosas.
O córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas avançadas, também é reduzido.
A amígdala, que atua como reguladora das emoções e dos sentimentos, torna-se mais sensível. Em estudo de
ressonância magnética, esta fica mais ativa para situações de medo e raiva.

Ensinar sobre padrão esperado de choro e tipos de choro

O padrão de choro é influenciado pela idade e pelo temperamento da criança.

Parentalidade 37
Temperamento fácil:

Hábitos regulares

Calmo

Necessita de ser estimulado

Temperamento de “envolvimento lento”:

Menos ativo

Reage lentamente a novas situações

Temperamento difícil:

Hábitos irregulares

Reações intensas

Humor negativo

Características do temperamento:

Intensidade da atividade motora;

Intensidade das respostas;

Ritmo/regularidade das funções tais como alimentação, eliminação e ciclo de sono/vigília;

Resposta a novos objetos/pessoas em termos de aceitação ou afastamento da experiência;

Adaptação do comportamento às mudanças de ambiente;

Limiar/sensibilidade a estímulos;

Disposição da criança quando chora/alegre, agradado/irritado, amigável/hostil;

Grau de distração do que está a fazer;

Alcance da atenção e persistência numa dada atividade.

Ensinar sobre tipos de choro:

O bebé pode ter diferentes tipos de choro para expressar diferentes necessidades.
O choro de dor é caracterizado por um m«lamento curto, agudo e muito alto.
O choro por fome é caracterizado por soluços curtos mas contínuos. O choro é persistente mas não muito alto, tenta
levar a mão à boca.

O choro de fadiga é um choro ligeiro, quase um gemido que vai aumentando de som até se tornar um choro forte.
O choro de desconforto é um choro mais fraco do que o grito de dor, mas com momentos de grande intensidade.

O choro de tédio é identificado quando o bebé choraminga em soluços e para quando interagem com ele.

Parentalidade 38
Ensinar sobre estratégias de consolo
Para diminuir a fadiga do bebé, procurar um ambiente calmo, falar calmamente com o bebé, andar com o bebé ao
colo, embalando-o, brincar come ele.

Para o bebé deixar de chorar por fome (sinal tardio) é só preciso acalmá-lo e alimentá-lo.
Para o bebé deixar de chorar por desconforto, procurar a origem do desconforto como fralda suja, frio, calor e atuar
no sentido de diminuir/eliminar esse desconforto.

Ensinar sobre choro por cólica


Definição: dor que resulta da contração do músculo liso das vísceras e dos órgãos ocos. Caracteriza-se por ciclos
de dor intensa, com aumento gradual da intensidade até um pico e depois melhora lentamente.

Manifestações:

Som: choro intenso, alto (gritado)

Linguagem corporal: estica-se, fica vermelho, vira a cabeça de um lado para o outro, fecha as mãos, cerra os
olhos e as sobrancelhas ficam descaída, encolher as pernas, coxas fletidas sobre o abdómen

Palpação abdominal: distensão abdominal, podendo existir ou não eliminação de gases

Estratégias de consolo: medidas de alívio da dor abdominal


Colocar o bebé a eructar
Promover o relaxamento

Massagem abdominal
Almofada quente sobre o abdómen

Quadro de choro excessivo: diagnóstico diferencial inicial

Parentalidade 39
Período PURPLE

Técnica dos 5 S: ativação do reflexo de calma

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para reconhecer padrão de CeD normais

Ensinar sobre regurgitação e medidas de prevenção


A regurgitação é uma ocorrência comum e normal no recém-nascido.
Está relacionado com a imaturidade dos mecanismos de barreira anti-refluxo do trato gastrointestinal: controlo
imaturo da atividade peristáltica do esófago, do cardia e da atividade nervosa do estômago, pelo que a
regurgitação e/ou vómito pode ocorrer durante ou logo após a mamada, devido ao ar acumulado (quando o bebé
engole muito ar durante a mamada, a probabilidade de regurgitação aumenta, dado que o ar ingerido expande
excessivamente o estômago, fazendo com que o bebé expulse leite quando eructa).

Diferente de refluxo gastroesofágico: presença de vómitos e/ou processos pulmonares e respiratórios frequentes,
falta de ganho de peso, dores abdominais e choros persistentes (fica irritado depois de mamar).

Ensinar sobre as características iniciais da eliminação intestinal


Mecónio: são fezes de cor verde escura, de consistência viscosa e sem cheiro. Eliminadas nas primeiras 48 horas.
Fezes de transição: fezes já moles, podem conter muco e têm uma cor amarelo-esverdeada - os bebés que
evacuam com menor frequência apresentam uma cor mais esverdeada (devido ao tempo de permanência das fezes
nos intestinos). Eliminadas entre o 2º e o 4º dia.

Parentalidade 40
Fezes lácteas: são fezes já de cor amarelada. Se o recém-nascido for alimentado com leite materno, as fezes são
mais moles, podendo, por vezes, ser confundidas com diarreia. Se o recém-nascido for alimentado com leite artificial,
as fezes podem tornar-se mais espessas e serem moldadas. Eliminadas a partir do 4º dia.

Ensinar sobre características iniciais da eliminação urinária


Coloração rósea/avermelhada/alaranjada, que pode ocrrer na primeira semana e deve-se à presença de cristais de
urato

Perda sanguínea “menstrual”: devido à queda dos estrogénios maternos; acontece em 1/4 das recém-nascidas
cerca de 3 a 5 dias após o nascimento. A perda pode ocorrer por 2 a 4 dias.

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para promover e vigiar a saúde


Ensinar sobre diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce tem como objetivo rastrar um conjunto de doenças metabólicas.

Estas doenças não se manifestam logo ao nascimento, mas podem provocar problemas graves mais tarde, por isso,
quanto mais cedo forem detetadas as doenças, melhores são as hipóteses de cura e menores as sequelas.
Deve ser realizado entre o 3º e o 6º dia de vida do recém-nascido. Consiste na recolha de sangue na região do
calcanhar do recém-nascido.

Ensinar sobre vacinas

A primeira vacina que o recém-nascido realiza nos primeiros dias de vida é a vacina VHB (hepatite B).
A vacina contra a hepatite B (VHB) tem como objetivo prevenir a infeção pelo vírus da hepatite B e é administrada
na coxa direita do bebé.
Pode haver algumas reações no local da injeção, como dor, veermelhidão e edema. O bebé também pode ter febre,
que desaparece nas primeiras 24 a 48 horas.
A BCG - só administrada em grupos de risco - é administrada aos recém-nascidos que tenham familiares que possam
ter estado em contacto com a doença ou que tenham a doença e estejam em contacto com o mesmo e, ainda, os que
residirem nas cidades definidas como locais de risco pela DGS.

Potencial para melhorar conhecimento/capacidade para assegurar a segurança da criança

Ensinar sobre medidas de prevenção de queimaduras


Manter o rcém-nascido afastado de líquidos quentes, como panelas de água a ferver, café…
Não cozinhar com o bebé ao colo;

Confirmar sempre a temperatura da água do banho com o cotovelo, termómetro ou na parte interna do pulso; na
preparação da água do banho, primeiro colocar água fria e só depois a quente.
Ter especial atenção às molas ou outros constituintes metálicos, quando aquecer a roupa do bebé, pois pode
sobreaquecer;

Se alimentar com leite adaptado, testar sempre a temperatura do leite na parte interna do pulso antes de o
administrar e não aquecer o leite no microondas.
Ter especial atenção à exposição solar, evitar expor a criança ao sol entre as onze horas e as dezasseis horas; usar
sempre chapéu de sol e proteção solar e preferir sombra especialmente em crianças com menos de um ano de idade.

Ensinar sobre medidas de prevenção de quedas

Nunca deixar a criança sozinha;


Deixar sempre a grade da cama/berço levantada quando deitar o bebé;

Parentalidade 41
Reunir todo o material antes de realizar qualquer procedimento;
Travar sempre o carrinho de passeio quando parado;

Não pendurar nas pegas do carrinho sacos ou objetos pesados;


Apertar os cintos de segurança sempre que sentar a criança na cadeira de transporte ou carrinho de passeio;
Supervisionar quando outras crianças pegam no bebé.

Ensinar sobre medidas de prevenção de asfixia/sufocação/aspiração e proteção contra a SMSL


Não deixar objetos de pequenas dimensões ao alcance das crianças (comprimento superior a 32 m e se for
esférico diâmetro maior do que 45 mm)

Deitar o bebé a dormir em decúbito dorsal;


Deitar o bebé de forma a que os pés fiquem encostados ao fundo do berço e elevar o berço a 30º;
Não utilizar almofada;

Não utilizar almofada;


Retirar peças com atilhos, como gorros e babetes antes de deitar o bebé;
Colocar a roupa do berço/cama ao nível do tronco do bebé, presa sob o colchão;

O sistema de segurar a chupeta precisa de ser retirado (pode enroscar-se no pescoço);


Manter uma temperatura ambiente entre os 18 e os 21º, não sobreaquecendo o bebé;
Afastar a criança de locais com fumo.

Ensinar sobre medidas de segurança para transportar no automóvel


Para transportar o bebé no carro, usar um dispositivo de retenção: o sistema de retrenção para crianças é capaz de
reduzir a ocorrência de morte ou lesão grave nas crianças em 90 a 95%, uma vez que no caso de existir uma colisão
em que o veículo circule a 50km/h, sem o sistema de retenção, equivale, para uma criança, a uma queda do terceiro
andar.

Colocar a cadeira no sentido oposto ao do movimento do carro (até aos 3 anos): uma boa cadeira, bem montada no
automóvel, mas virada no sentido da marcha, causa lesões a nível da cervical muito mais elevadas do que quando
comparadas com uma cadeira montada em sentido contrário ao da marcha, em que as forças geradas pelo impacto
são distribuidas por todo o corpo da criança, diminuindo a gravidade das lesões.

Transportar o bebé no banco traseiro.


Usar os cintos do dispositivo ajustados de modo a que a folga entre o cinto e os ombros da criança não seja superior
a um dedo.

Desativar o airbag do lugar de passageiro da frente, se a criança for aí colocada.


Não transportar o bebé ao colo.
Não é permitido o transporte no automóvel em alcofa.

Usar espelhos para visualizar o bebé sem olhar para trás.


Verificar temperatura no interior do carro antes de colocar o bebé.
Ter atenças às correntes de ar (evitar andar de janelas abertas).

Proteger o bebé da exposição aos raios solares através de estores de janela.


Evitar viagens longas (superiores a 2 horas) ou parar e andar com o bebé ao colo para aliviar áreas de pressão.

Ensinar sobre critérios de escolha de brinquedos


Não largar pelo;

Parentalidade 42
Ser de grandes dimensões (comprimento superior a 32 mm e caso seja esférico, um diâmetro maior que 45 mm);
Não ter pontas cortantes, afiadas;

Não ter cabos ou pequenas peças que se possam soltar;


Ser facilmente laváveis e lavados frequentemente;
Verificar a etiqueta aquando da compra.

Ensinar sobre cuidados com os animais domésticos


Não deixar os animais domésticos sozinhos com a criança;

Preparar o animal para a chegada do novo elemento da família.

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para cirar hábitos para dormir

Ensinar sobre a evolução do padrão de sono: 0 aos 2 meses


10 a 19h a dormir
Ciclos influenciados pelos sinais de fome e saciedade

Sem padrão diurno/noturno


Padrão de sono irregular
Início: sono ativo - com movimentos corporais, oculares, de sucção, caretas, tremores, vocalizações…

>2/3 meses: produção de melatonina → ciclo circadiano

Ensinar sobre evolução do padrão de sono

Os ritmos biológicos relacionados com o ciclo sono-vigília incluem as alterações da temperatura corporal e as
alterações dos níveis hormonais como a melatonina e o cortisol.
A coordenação destes ritmos biológicos e a sua sincronização com os diferentes períodos do dia desenvolve-se
rapidamente durante os primeiros 6 meses de vida, daí a importância de implementar rotinas comportamentais
efetivas que reforcem este desenvolvimento desde a infância precoce.

Parto
Trabalho de parto
Dimensão física: processo corporal
Processos corporais perinatais, desde o início da dilatação do colo do útero até à expulsão da placenta.

O útero contrai e o colo do útero dilata, o que causa dor no trabalho de parto.

Fase latente: 0 aos 4cm, contrações de 10 em 10 minutos, com 20 a 40 segundos de duração.

Fase ativa: 4 a 10 cm, 2 a 5 contrações em 10 minutos, de 30 a 50 segundos de duração.

O feto desce.
A pelve dá estrutura e mobilidade para a saída do bebé.

Do trabalho de parto ao nascimento


Adaptação à vida extrauterina: respiração
Início da respiração - 20 segundos após o nascimento.

Estímulos químicos: oxigénio baixo, dióxido de carbono elevado e pH baixo.

Parentalidade 43
Estímulos térmicos: calafrio do recém-nascido → impulsos sensoriais da pele.

Estímulos sensoriais: luz, som e toque.

Estímulos mecânicos: compressão torácica e retração elástica → alterações nas pressões intra e extrauterinas
dos pulmões

Substituição do líquido por ar, que causa a expansão pulmonar.

Surfactante: secretado pelos pneumócitos tipo II por volta das 24 a 30 semanas de gestação; é um fosfolípido que:

Diminui a tensão superficial dos fluidos pulmonares;

Evita o colapso alveolar ao final da expiração;

Facilita as trocas gasosas porque diminui as pressões de insuflação necessárias para a abertura das vias
respiratórias.

Adaptação à vida extrauterina: circulação


Forâmen oval: comunicação entre as aurículas.

Ducto arterial: comunicação entre a veia pulmonar e a aorta.


Ducto venoso: comunicação entre a veia cava inferior e a veia umbilical (a porção intra-abdominal da veia umbilical
torna-se o ligamento redondo do fígado).

Adaptação à vida extrauterina: termorregulação


O recém-nascido tem capacidade termorreguladora limitada: tendência para a hipotermia (<36,5ºC).

A temperatura corporal diminui cerca de 0,2ºC por minuto (a temperatura pode descer até 33,5ºC em 15 minutos de
exposição aos fatores ambientais).
Fatores concorrentes:

Maior proporção de superfície corporal/peso que crianças e adultos.

Fina camada de tecido subcutâneo → isolamento térmico deficitário.

Instabilidade vasomotora.

Capacidade metabólica limitada.

Mecanismos de perda de calor:

Convecção: perda de calor da superfície corporal para um ambiente mais frio - evitar correntes de ar.

Condução: perda de calor pelo contacto direto com um objeto mais frio - aquecer lençóis e roupa.

Radiação: perda de calor para uma superfície sólida mais fria sem contacto direto - evitar superfícies frias.

Evaporação: os fluidos tornam-se vapor (perda insensível de água), resultado da humidade da pele - secar o
recém-nascido.

Termogénese química:
Perda de calor → recetores da pele e nervos → libertação de norepinefrina → oxidação da gordura marrom →
aumento da produção de calor.
A gordura encontra-se armazenada na região cervical, interescapular, atrás do externo e nas axilas.

Índice de APGAR
Avaliar ao 1º, 5º e 10º minuto de vida

Indicador 2 pontos 1 ponto 0 pontos

Coloração da pele Rosado Rosado com extremidade azuladas Arroxeada ou pálida

Parentalidade 44
Frequência cardíaca >100 bpm <100 bpm Ausente

Irritabilidade reflexa Tosse, espirro Alguma reação/careta Ausente

Atividade muscular Ativo Extremidades flácidas Ausente

Respiração Choro vigoroso Baixa e irregular Ausente

APGAR ao 5º minuto:

7-10: tranquilizador

4-6: moderadamente normal

0-3: baixo

Amamentação precoce
Recomendações da OMS:

Contacto pele a pele cedo e contínuo entre a mãe e o recém-nascido deve ser facilitado e encorajado assim que
possível após o nascimento.

Todas as mães devem iniciar a amamentação assim que possível até uma hora após o nascimento.

As mães devem aprender como iniciar e manter a criança a amamentar e lidar com dificuldades normais do
aleitamento.

Técnica pele a pele


O contacto pele a pele (CPP) é definido como a prática de colocar a criança, despida ou somente com a fralda, em
decúbito ventral em contacto direto com a pele da mãe ou de outro cuidador (peito com peito) e coberta com
lençol aquecido, mas não cobrindo a cabeça.
Esta técnica é recomendada para todas as mães e recém-nascidos, que tiveram cuidados perinatais de rotina e
sem complicações, independentemente do tipo de parto ou alimentação do recém-nascido, imediatamente após o
parto, logo que a mãe esteja estável, acordada e capaz de responder ao recém-nascido e o recém-nascido não
necessite de reanimação.
Benefícios para o recém-nascido:

Diminuição da dor em procedimentos dolorosos;

Prevenção da hipotermia;

Estabilização dos níveis de glicose;

Estabilização cardiorrespiratória.

Benefícios para a mãe:

Diminuição dos níveis de stress pós-parto;

Diminuição dos scores de depressão;

Diminuição da hemorragia pós-parto;

Aumento da disposição para amamentar e sucesso na amamentação.

Requisitos para a implementação da intervenção:

Recém-nascido de termo (mais de 37 semanas de gravidez) e que revele adequada adaptação ao meio
extrauterino;

Desejo e prontidão por parte da mãe.

Posição do recém-nascido: decúbito ventral sobre o peito da mãe com a cabeça lateralizada e acima das mamas,
despido em contacto pele a pele.
Posição da mãe: semi-sentada (reclinada), com o peito despido.

Parentalidade 45
Medidas de segurança, de modo a evitar o colapso pós-natal súbito e inesperado:

O rosto do recém-nascido está bem visível;

A cabeça do recém-nascido está em posição de cheirar;

O nariz e a boca do recém-nascido estão destapados;

A cabeça do recém-nascido está lateralizada;

O pescoço do recém-nascido está ereto e não curvado;

Os ombros e peito do recém-nascido estão virados para a mãe;

As pernas do recém-nascido estão fletidas.

As cotas do recém-nascido estão cobertas pelo lençol;

A mãe e o recém-nascido têm vigilância constante;

Quando a mãe quiser dormir, o recém-nascido deve ser colocado no berço.

Benefícios da amamentação precoce


Redução da mortalidade neonatal (a mortalidade por todas as causas poderia ser reduzida em 16,3% se todas as
crianças iniciassem a amamentação no primeiro dia de vida, em 22,3% se a amamentação ocorresse na primeira
hora);
Promoção da flora intestinal benéfica (maior quantidade de bífido e menos e. coli);
Promoção da lactação ( a sucção precoce aumenta os recetores de prolactina presentes na mama, o que permite a
produção de leito mesmo quando os níveis de prolactina baixam após os primeiros 3 a 4 meses).

Cuidados imediatos de rotina

Pesar
Medir comprimento
Medir perímetro cefálico: passar a fita ao redor da parte mais larga possível:

Parte mais larga da testa acima da sobrancelha;

Acima das orelhas;

Parte mais proeminente da parte de trás da cabeça;

O melhor momento para medir é entre as 24 e 36 horas após o nascimento, quando a moldagem da cabeça já
diminuiu.

Administrar vitamina K - 1mg/M (músculo vasto lateral da coxa): prevenção da doença hemorrágica do recém-
nascido, que pode ocorrer entre o 2º e o 5º dia - a função da vitamina K é catalisar a síntese de protrombina no fígado

Parentalidade 46
necessária para o processo de coagulação; a vitamina K é produzida pela flora intestinal e o leite materno tem baixos
níveis desta, sendo escassa nos primeiros dias de vida).
Aplicar colírio - 1 gota/olho (prevenir a conjuntivite gonocócica; o índice de transmissão de infeção genital por
clamídia e/ou gonococo, de uma mãe infetada para o recém-nascido, é de 30 a 50%.
Identificar (aplicar pulseira)
Vestir o recém-nascido

Observação do recém-nascido
Dados antropométricos (peso, comprimento, pc): comparar com os valores de referência - pequeno para a idade
(<10 percentil); apropriado para a idade (10-90 de percentil); grande para a idade (>90 percentil).

Pele: pálida, cianose, achados na pele (lacerações, nevos)


Tónus muscular/postura: anormalidades (hipotonia, hemiparesis, paralisia de Erb’s)
Cabeça: tamanho (microcefalia, macrocefalia), forma (anormalidades: caput succedaneum, cefalohematoma);
fontanelas (não é plana, anormal).

Caput succedaneum: edema do couro cabeludo, resulta da diminuição do retorno venoso, provocada pela
compressão dos vasos locais durante o processo de parto. O edema estende-se através de linhas se sutura
cranianas e desaparece espontaneamente no espaço de 3 a 4 dias.

Cefalohematoma: acumulação de sangue entre os ossos cranianos e o periósteo (membrana que envolve por
completo os ossos). A hemorragia pode resultar durante o parto, da pressão exercida contra os ossos pélvicos
materno, aplicação de fórceps/ventosa. Desaparece espontaneamente em cerca de 3 a 6 semanas; associada a
icterícia.

Olhos, orelhas: forma, anormalidades.


Boca e palato
Coto umbilical: 1 veia, 2 artérias, espessura da geleia de Whorton.

Genitais: edema, posição do meato urinário, pénis com mais de 2 cm, hidrocelo, testículos, grandes lábios
separados.
Membros superiores e inferiores: forma, anormalidades.

Reflexos (primitivos ou arcaicos)


São reações musculares involuntárias em resposta a um estímulo externo e refletem maturidade do sistema nervoso;
desaparecem quando a maior parte das células está recoberta por mielina.
Reflexo de Moro: com a criança apoiada provoca-se, subitamente, ligeira queda da cabeça (2,5 cm) resultando em
abdução dos membros superiores e abertura das mãos;

Reflexo de sucção e procura (pontos cardeais): estimulando região peri oral com os dedos observa-se
direcionamento da boca/cabeça para o lado estimulado;
Reflexo da preensão palmar: quando se faz pressão com o dedo na palma da mão, os dedos dobram-se e agarram
firmemente o dedo do adulto/objeto.

Reflexo de marcha: quando o bebé é apoiado pelos braços e mantido na vertical, executa um movimento de marcha.
Reflexo da preensão plantar: quando se acaricia a planta do pé, do calcanhar aos dados do pé, estica os dedos e
dobra o pé para dentro.
Reflexo tónico-cervical assimétrico: quando se deita o bebé de barriga para cima, roda a cabeça para o lado,
esticando o braço e a perna desse lado, enquanto encolhe os membros do lado oposto.

Pós-parto, lactação e amamentação, regresso a casa

Parentalidade 47
Assistência pós-parto
Puerpério: período pós-parto, com início após a saída da placenta tendo uma duração de seis a oito semanas, ao
longo do qual as modificações anatómicas e fisiológicas do organismo materno resultantes da gravidez e parto
regridem.

Puerpério imediato: primeiras 24 horas pós-parto;

Puerpério precoce: primeira semana (regressão dos órgãos genitais, lactação “instalada”);

Puerpério tardio: até à 6ª/8ª semana.

Vigilância durante o puerpério imediato

Objetivos da assistência de enfermagem pós-parto (internamento):

Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pós-parto;

Facilitar o autocuidado pós-parto;

Promover a cicatrização dos tecidos afetados;

Preparar o regresso a casa.

O que acontece depois do parto?


Perda de peso: 6,6 - 7,7kg;
Bradicardia transitória (50-70bpm) nas 1ªs 24-48 horas pós-parto;
Lactogénese II - Amamentação;
Diminuição da atividade física e aumento da concentração de protrombina;
Aumento discreto da temperatura corporal (<37,9ºC), acompanhado de arrepios nas primeiras 24h;

Tecido vesical está edemaciado e hipotónico imediatamente após o parto;


Redução do tónus muscular intestinal/dor perineal/hemorroides;
Ferida perineal/abdominal;
Lóquios;
Involução do útero (12 horas pós-parto, o fundo do útero é palpável 1cm acima do umbigo).

Mudanças pós-parto normais

Primeiras 24 Primeiros 3 a 4
Parâmetros 5 dias a 2 semanas Após 2 semanas Após 4 semanas
horas dias

Começa a
FC Diminuído a basal Basal Basal Basal
diminuir

Ligeiramente
Temperatura Em geral, basal Basal Basal Basal
elevada

Sangramento Sangramento Castanho claro a Branco


Secreção Castanho-claro (lóquios
(lóquios (lóquios branco amarelado amarelado a
vaginal serosos)
vermelhos) vermelhos) (lóquios brancos) normal

Volume de
Aumentado Aumentado Diminuído a basal Basal Basal
urina

Firme, não dolorido;


Começa a Continua a localizado a meio Não palpável no Tamanho pré-
Útero
involução involução caminho entre o umbigo abdómen gestação
e a sínfise

Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pré-parto

Hemorragia pós-parto

Parentalidade 48
É a perda sanguínea de >500ml durante ou imediatamente após dequitadura, num parto vaginal, ou >1L numa
cesariana.

Causa atonia uterina.

Fatores protetores durante a gravidez:

Há hipervolemia (aumento de 30% a 45% do volume sanguíneo), que permite à mulher tolerar a perda de sangue
durante o trabalho de parto;

Aumento dos níveis de bibrinogénio e outros fatores de coagulação.

Fatores de risco:

Hiperdistensão uterina (causada por gestação multifetal, polidrâmnio ou feto anormalmente grande);

Trabalho de parto prolongado ou disfuncional;

Grande multiparidade (parto de >5 fetos viáveis);


Anestésicos relaxantes;

Trabalho de parto rápido;

Corioamnionite.

Avaliar quantidade de sangue (no período de 1 hora):

Escassa: menos de 2,5cm;

Ligeira: de 2,5 a 10cm;

Moderada: de 10 a 15cm;

Grave: saturado em 1 hora;

Excessiva: saturado em 15 min.

Tromboflebite
Inflamação de uma ou mais veias causada por um coágulo sanguíneo que geralmente acontece nos membros
inferiores.

Durante a gravidez, o aumento dos níveis de fibrinogénio e de outros fatores de coagulação (fibrinogénese)
constitui um fator protetor contra a hemorragia pós-parto, mas constitui um fator de risco para a formação de
coágulos no pós-parto, demorando 4 a 6 semanas a voltarem aos valores semelhantes aos prévios à gravidez.
Fatores de risco:

Varizes;

História de tromboflebite;

Aumento do tempo de imobilidade.

Sinal de Homans: positivo se a puérpera referir dor na dorsiflexão do pé.

Avaliação da recuperação pós-parto

Avaliar sinais vitais;


Avaliar dor (5º sinal vital);
Avaliar contração do útero pós-parto;
Avaliar lóquios;
Avaliar eliminação urinária;
Avaliar eliminação intestinal;

Avaliar ferida cirúrgica no períneo;

Parentalidade 49
Avaliar estado das mamas;
Avaliar lactação.

Avaliar sinais vitais

Pressão sanguínea
Aumento devido a ansiedade ou dor;
Diminuição da desidratação ou hipovolemia (hemorragia);
>140/90: pré-eclâmpsia;
Hipotensão ortostárica (acompanhada de tonturas e/ou lipotimia).
Referência: valores antecedentes à gravidez;

Após o parto, a diminuição súbita da pressão abdominal resulta na dilatação dos vasos sanguíneos que irrigam as
vísceras; este mecanismo faz com que se verifique uma diminuição de 20mmHg súbito quando a puérpera se
levanta.

Pulso
Bradicardia (<40-50bpm);
Taquicardia: exitação, dor, ansiedade, fadiga, desidratação, hipovolemia, anemia ou infeção.
Perda de sangue periparto pode causar braquicardia;

Se taquicardica, é preciso recolher mais dados: nível de dor, TA, contração do útero, perda de sangue, etc.

Respiração

Normal (12 a 20 rpm).

Temperatura
Aumenta até aos 38ºC nas 1ªs 24 horas.
Deve-se a desidratação ou meucocitose pós-parto.

Dor
Verificar tipo, localização e severidade;
Sinais: incapacidade de relaxar ou dormir, irritabilidade, expressão facial de dor e alteração noutros SV

Avaliar dor (5º sinal vital)


Dores pós-parto: resultam da contração da musculatura uterina pós-parto; mais referido pelas multíparas (menor
tonicidade das fibras musculares) ou em casos de hiperdistensão uterina (gravidez múltipla, hidrâmnios, etc); agrava
durante a amamentação (aumento da ocitocina). São autolimitadas e diminuem após 48 horas.
Dor na ferida perineal ou abdominal:

Ferida perineal: apesar da ferida ser relativamente pequena, os músculos do períneo estão envolvidos em
muitas atividades: andar, sentar-se, inclinar-se, agachar-se, curvar-se, urinaar e defecar.

Ferida abdominal: ferida mais profunda (envolve mais estruturas) e interfere em várias atividades.

Avaliar contração do útero pós-parto


Reunir material: luvas não esterelizadas;
Assegurar que a puérpera urinou (bexiga vazia);

Assistir no posicionamento: a puérpera deve ficar deitada em decúbito dorsal;


Colocar uma mão imediatamente acima da sínfise pública: constitui o ponto de referência para medir a distância.
Colocar a outra mão ao nível do umbigo. Fazer um movimento descendente para tocar a zona do fundo do útero.

Parentalidade 50
Comparar a distância com o esperado.

Avaliar lóquios
Os lóquios constituem a secreção uterina que se exterioriza pela vagina durante as primeiras semanas após o parto.

Período e tipo de lóquios Achados normais Achados anormais

Sanguinolentos; coloração vermelha; Coágulos grandes; penso higiénico


Dias 1 a 3: lóquios rubros
pequenos coágulos; odor suigeneris saturado; cheiro desagradável

Diminuição da quantidade; sero- Quantidade excessiva; cheiro


Dias 4 a 10: lóquios serosos sanguinolentos; coloração rosa ou desagradável; persistência na
castanha coloração avermelhada

Persistência de lóquios serosos ou


Dias 11 a 21: lóquios alba Serosos, cor amarelada ou castanho
retorno de coloração avermelhada;
(poderá durar até à 6ª semana) claro; diminuição da quantidade
cheiro desagradável

Lóquios rubros: secreção vermelho-escuro, que aparece nos 1ºs 2/3 dias após o parto;
Lóquios seroros: secreção rósea a acastanhada, que aparece do 3º ao 10º dia.
Lóquios claros (alba): de incolor a amarelada, que aparece do 10º dia à 3ª semana

Avaliar eliminação urinária


A função renal normaliza 2 a 3 meses depois do parto. A bexiga durante o pós-parto mantém-se com aumento da
capacidade e diminuição do tónus muscular. Para além disso, durante o parto, a bexiga, a uretra e tecidos
adjacentes ao trato urinário ficam edemaciados e fragilizados pela passagem do feto através do canal de parto:
interfere na sensação da necessidade de urinar.
Complicações ad retenção urinária e hiperdistensão da bexiga: hemorragia pós-parto e infeção urinária.

Avaliar a eliminação intestinal


A 1ª dejeção ocorre ao 2/3º dia pós-parto. O padrão normal retoma pelo 8/14º dia.

Diminuição do tónus intestinal e mobilidade gástrica;


Relaxamento da parede abdominal;
Restrição de alimentos e líquidos durante o trabalho de parto - pouca quantidade de fezes e duras;
Ferida perineal/abdominal;
Hemorroides;
Antecipação da dor ao evacuar.

Avaliar a ferida cirúrgica no períneo


Episiotomia → Episiorrafia → Ferida cirúrgica
Inspecionar a ferida no períneo: evolução da cicatrização da ferida/presença de rubor, edema, secreção, dor,
equimose.
Se edema perineal:

Aplicar embalagem fria durante 10-20 minutos, 3 a 4 vezes nas 24 horas, nas primeiras 24 a 72 horas pós-parto.

Amamentação e lactação
Lactação: processo de síntese e secreção do leite materno.
Amamentação: alimentar uma criança oferecendo leite das mamas diretamente.

Parentalidade 51
A OMS recomenda que as mães, a nível global, amamentem exclusivamente os bebés durante os primeiros seis
meses de vida com vista a conseguirem um crescimento, desenvolvimento e saúde ideiais. Por conseguinte, devem
receber alimentação complementar adequada e continuar a amamentar até aos dois anos de idade ou mais.
4,3% de probabilidade de ter cancro da mama por cada 12 meses de amamentação.
7,5% de diminuição de crises de enxaqueca pós-parto em mulheres com amamentação exclusiva.
50% de diminuição da mortalidade infantil.
36% de redução da Síndrome de Morte Súbita do Lactente.
19% de redução dos casos de leucemia.

57% de redução de infeções respiratórias graves.


50% de menos risco de obesidade.

Avaliar a lactação
Lactação: processo de síntese e secreção do leite materno pelas glândulas mamárias da mulher contendo hidratos
de carbono, proteínas, gordura em suspensão, vitaminas e minerais, o leite materno constitui o alimento básico da
criança.

O ciclo da lactação humana é constituído por 3 fases:

Lactogénese I, a partir das 12 semanas de gestação;

Lactogénese II, 30 a 40 horas após o parto;

Galactopoiese, que corresponde ao estabelecimento de leite maduro.

Estímulo da sucção (a sucção no período pós-parto imediato aumenta os recetores de prolactina presentes na
mama) - estimulação das terminações sensitivas do mamilo e da aréola - aumento da capacidade de ação da
prolactina (diminuição da progesterona) - liga-se aos recetores nos lactócitos - produção do leite.
Pega correta e padrão de sucção adequado → Libertação de ocitocina → Libertação de leite → Esvaziamento da
mama → Aumento da produção de leite.

Qualquer interferência neste ciclo interfere no sucesso da amamentação e lactação.

Características da mama após o parto:

Túrgida antes da lactoextração e mole após;

Presença de leite na mama.

Ensinar sobre estimulação da lactação


Esvaziamento adequado do leite: oferecer as 2 mamas até à subida do leite (colostro);
Extrair leite com bomba elétrica;

Amamentar em intervalos de 3/4h (mesmo durante a noite) - garantir a produção de prolactina.


A libertação de leite garante a ação da ocitocina: ambiente tranquilo, sentir-se confortável.

Bomba elétrica de extração de leite


Fase de estimulação: ritmo de extração de 120 ciclos por minuto.

Fase de extração: ritmo de extração mais lento de 45 a 78 ciclos por minuto.


Provado por conseguir mais leite em menos tempo, uma vez que imita o padrão de sucção do bebé.

Ensinar sobre conservação e preparação do leite materno


Local de armazenamento e prazo de validade

Parentalidade 52
Temperatura ambiente (16 a 25ºC): até 4 horas.

Frigorífico (4ºC ou mais frio): até 3 dias.


Congelador com porta separada do frigorífico: até 4 meses.
Congelador (-18ºC ou mais frio): até 6 meses.
Leite descongelado no frigorífico: até 24 horas.
Leite descongelado à temperatura ambiente: até 2 horas.
Preparação do leite materno descongelado:

Descongelado no frigorífico (12 horas) ou manter o frasco ou o saco de leite congelado sob água morna corrente
(máx. 37ºC);
Depois de descongelado, pode ser mantido à temperatura ambiente durante 2 horas, no máximo, ou no frigorífico até
24 horas;
Não descongelar o leite materno à temperatura ambiente nem usar banho-maria ou microondas;
Não aquecer o leite materno congelado num microondas ou em água a ferver;
Não congelar leite materno descongelado.

Avaliar amamentar
Atividades para amamentar
Adota posição confortável;
Oferece a mama quando reconhece sinais de fome;
Termina a mamada quando reconhece sinais de saciedade;

Facilita o mamar;
Utiliza estratégias para estimular a mamada.
Pega
Abocanha mamilo e aréola;
Queixo encostado à mama e nariz desobstruído, lábios virados para fora;
Bochechas cheias e arredondadas;

Deglutição audível.
Estado da mama
Fissura no mamilo;
Dor no mamilo;
Maceração do mamilo;
Bloqueio dos ductos;

Ingurgitamento mamário;
Mastite da lactação;
Sem compromisso.

Ensinar sobre sinais de fome e sinais de saciedade


Sinais de fome

Roda a cabeça e procura abocanhar qualquer objeto que se aproxime da zona peribocal (reflexo de busca);
Apresenta movimentos de sucção ou leva as mãos à boca;
Choro (sinal tardio de fome).

Parentalidade 53
Sinais de saciedade

Larga a mama espontaneamente;


Fica relaxado ou adormece após a refeição;
Mostra-se interessado na socialização.

Ensinar sobre a pega adequada


Aréola visível;

Bebé alinhado, cabeça solta;


Bochecha arredondada;
Lábio inferior voltado para for;
Queixo junto à mama.

Ensinar sobre ingestão nutricional

Padrão de alimentação
6 ou mais micções por dia
1 ou mais dejeções por dia
Ganho de peso
10-14º dia até aos 3 meses
25 gramas por dia (110 a 200 gramas por semana)

Pelo menos 6 refeições diárias


Duração das mamas compatível com o acesso ao leite final
Fatores concorrentes para uma ingestão nutricional suficiente
Padrão de sucção → ocitocina.
Tamanho do estômago do bebé
Oferecer 1 ou 2 mamas → tipo de leite

Sinais de saciedade a cada mamada

Ensinar sobre dispositivos facilitadores do amamentar


Mamilos artificiais: facilita o abocanhar da mama por parte do bebé
Almofada de amamentação: facilita o posicionamento de ambos

Avaliar estado das mamas: mamilo


Tamanho, simetria, forma
Consistência (mama mole)
Pele da mama e mamilo
Forma do mamilo
Presença de lesões (fissura, ingurgitamento mamário)

Ensinar tratamento da fissura


80 a 90% das mulheres que amamentam experienciam fissura e dor no mamilo.
Causas:

Parentalidade 54
Pega incorreta (abocanhar e posicionamento) - correção destes aspetos melhora a situação em 65% dos casos;
Reflexo de descida do leite comprometida;
Mamilos invertidos.
Outros fatores concorrentes:
Bebé fazer da mama uma chupeta de pois de adormecer à mama sem fazer a pega adequada;
Retirar o bebé da mama sem interromper a sucção (vácuo);

Bebés com freio da língua (liga a língua ao palato inferior) -OBS médico;
Usar discos de absorção com plástico;
Usar cremes/loções que não se conhecem as propriedades terapêuticas;
Lavar a mama com sabão (remove a camada protetora natural)
Tratamento:
Assistir a mãe em conseguir uma pega adequada;

Facilitar a cicatrização:
Permitir que o mamilo seque ao ar depois de amamentar (evita que a roupa/disco absorvente se cole à pele);
Aplicar leite materno final no mamilo (tem gordura que facilita a cicatrização);
Usar arejador de mamilo (mantém a roupa afastada e facilita a manutenção do mamilo seco);
Aplicar lanolina ou almofadas de hidrogel.
Aliviar a dor:

Começar a mamada pela mama que dói menos;

Esimular o reflexo de descida do leite antes de colocar o bebé na mama com água quente);

Procurar encontrar a posição (abocanhar) que produza menos dor;

Aplicar embalagem fria depois da mamada nos mamilos já secos;

Usar soutien com suporte adequado - de algodão, sem aros; usar também durante a noite para suporte extra.

Se a dor for muito intensa, parar de oferecer a mama com fissura e extrair o leite por algumas mamadas ou dias; se
usar a bomba, assegurar que o tamanho do funil é adequado e ajustar a pressão de sucção; retirar leite suficiente
para garantir a manutenção da produção de leite e prevenir ingurgitamento mamário; oferecer o leite extraído à
criança através de copo ou colher.

Ensinar tratamento do ingurgitamento mamário


Esvaziar mama (aliviar tensão mamária)
Massagem da mama
Aplicar embalagem quente antes e embalagem fria depois

Extração manual ou mecânica de leite materno

Potencial para melhorar o conhecimento para lidar com a dor por ferida
Ensinar a lidar com a dor
Assistir na identificação de fatores que agravam a dor: movimentação; espirrar; tossir; roupa apertada; realização de
algumas tarefas diárias;

Explicar estratégias para lidar com a dor: posicionamentos; aplicar embalagem fria (1-2º dia) - envolver o saco na
malha tubular ou no pano de algodão e devem aplicar por cima do penso absorvente durante 20 a 30 minutos;
Recomendar o uso de cinta pós-parto: alivia a dor e desconforto associado à mobilidade; explicar como colocar; não é
aconselhável a cinta permanente e por um período longo de tempo, pois poderá contribuir para a redução da

Parentalidade 55
dimensão das fibras msuculares, favorecendo a flacidez;
Referenciar para EESMO

Perda de peso
Imediatamente após o parto: perda de 4,5 a 5,8kg (feto, placenta, LA e perda de sangue)
Até ao final da primeira semana: 2,3 a 3,6kg perda de líquidos pós-parto (diurese); 0,9 a 1,4kg da involução uterina
e perda de lóquios;
Perda de gordura acumulada durante a gravidez: é lenta.
Nos primeiros 3 a 6 meses pós-parto: perda de peso ganho, mas mantendo 1kg a cada gravidez.

Desafios da mulher no regresso a casa


O desconhecido;

Cuidados do bebé,
Amamentar de 3/3h;
Dúvidas;
Gestão de rotinas de tempo;
Cansaço;
Dificuldade em dormir mais do que 4h ininterruptas;

Cuidar de si;
Recuperação hormonal.
Blues puerperal
Atinge 40 a 60% das mulheres.
Tem o seu pico por volta do 5º dia e atenua por volta do 10º dia, podendo durar até ao 1º mês após o parto:

Labilidade emocional

Choro fácil

Irritabilidade, ansiedade

Cansaço

Dificuldade de concentração para reter informação

Insónia

Depressão materna pós-parto


Pode surgir durante o 1º ano após o parto, sendo mais frequente a partir do 2º mês.

Falta de interesse no bebé, sentimentos negativos para com o bebé, sentimentos de inutilidade e culpa.

Choro fácil, irritabilidade, ansiedade.

Perturbações do apetite;

Cansaço;

Falta de interesse em si própria, falta de energia e motivação;

Insónia ou sonolência.

Desafios do homem no regresso a casa


Cuidados do bebé

Parentalidade 56
Dúvidas
Gestão/ajuste de rotinas e tempo;
Suporte da mãe
Cuidar de si
Regressar do trabalho

Depressão paterna
Atinge 2 a 18% dos pais.
Tristeza persistente, perda de interesse, irritabilidade
Alterações de sono (insónia ou hipersónia) e apetite
Capacidade de concentração/decisão diminuida
Perda de energia ou fadiga

Evitamento social, ataques de raiva, embotamento afetivo, exaustão, indecisão, cinismo e autocrítica.
Fatores concorrentes:

Depressão antenatal ou pós-parto prévia da parceira

História pessoal de depressão

Estado da relação com a parceira

Pais deprimidos tendem a exibir mais frequentemente emoções negativas (apatia, medo, ódio, vergonha, culpa,
arrependimento, ressentimento, raiva, hostilidade) e sentimentos de desamparo que podem influenciar a qualidade da
sua interação com os seus filhos.
A promoção de programas para a preparação dos pais para a parentalidade assume particular importância na
prevenção da depressão paterna.

Efeitos da depressão parental no desenvolvimento da criança


Tornar-se família
Transformações na identidade pessoal
Reorganização dos papéis familiares e sociais
Reorganização das relações interpessoais do casal e as suas rotinas diárias
Stress acrescido

Mudança na dinâmica da relação familiar e do estilo de vida

Frustração das expectativas em torno da nova figura do pai envolvido e participativo

Sentimentos de exclusão do vínculo mãe-filho

Falta de referentes (modelos) e de redes de apoio

Aumento dos encargos financeiros

Stress psicológico presente durante o período pré-natal ou psicopatologia prévia

Exibição de um temperamento difícil por parte da criança

Quando os recursos individuais e sociais falham em dar uma resposta adequada aos focos externos e internos
geradores de desiquilíbrio, há uma vulnerabilização da saúde mental dos progenitores.
Em resposta ao afastamento ou comportamento inconsistente por parte da mãe/pai, há um aumento crónico do
nível basal de cortisol, dificultando a autorregulação e crescimento cerebral normal, nomeadamente da maturação
do córtex orbito-frontal que desempenha um papel importante na regulação cognitiva e emocional.

Menos frequentemente postos a dormir em decúbito dorsal

Parentalidade 57
Menos frequentemente amamentados

Deixados a dormir com o biberão (consequências negativas no desenvolvimento da dentição e risco de aspiração)

Brincam e cantam menos com os filhos

Crianças exibem mais problemas de comportamento.

Desafios de se tornar família


Relação conjugal
Relação parental
Comunicação

Tomar decisões em conjunto


Imprevisibilidade do dia a dia
Partilha de tarefas
Suporte emocional
Sexualidade
A qualidade da relação do casal influencia ainda a disponibilidade dos progenitores no envolvimento e cuidado físico
e afetivo dos seus filhos.
Um estudo britânico baseado numa amostra de cerca de 500 famílias evidenciou um aumento do conflito conjugal
superior a 50% entre o período natal e pós-natal.

Reinício da atividade sexual: fatores que podem influenciar a decisão


Critério físico para a tomada de decisão: após cicatrização da ferida perineal e térmico do corrimento vaginal
(lóquios)

Significado atribuído ao apoio da família


Significado dificultador:

Críticas ao comportamento e decisões

Questões que provocam sensação de falta de confiança

Presença que não permite a gestão adequada do repouso

Significado facilitador:

Presença e ajuda são entendidas como facilitadoras

Respeito pelas decisões

Apoio na amamentação

Disponibilidade para auxiliar o casal naquilo que aquele considerar mais importante

Irmão mais velho


Ciúme: não quer dividir o seu tempo e atenção
O ciúme constitui uma reação emocional que se caracteriza por um sentimento de inveja e ressentimento
generalizado para com a pessoa que se considera como rival.
Nascimento de um irmão → A criança sente que deixou de ser o centro das atenções → Começa a acreditar que
já não gostam dele ou que o abandonaram → Sentimentos de culpabilidade e baixa autoestima → Sentimentos
hostis pelo irmão recém-nascido, tem consciência de que não são bons.

Parentalidade 58
Resposta depende da idade da criança.
Até aos 2 anos não há muitas oportunidades para comportamentos regressivos porque ainda está tudo a começar.
Os ciúmes aparecem especialmente por volta dos 3/4 anos.

Preparar a integração de um novo membro da família

Em relação ao preparar a integração do novo elemento na família, tem conhecimento sobre:

Estratégias para gerir o ciúme do irmão: durante a gravidez

Estratégias para gerir o ciúme do irmão: durante o internamento

Estratégias para gerir o ciúme do irmão: quando regressa a casa

Até aos 2 anos

Durante o internamento: choro devido ao ambiente desconhecido, comportamentos apelativos com a mãe

Estratégias possíveis: permitir a visita do filho mais velho ainda que esta não deva ser muito demorada;
concentrar-se exclusivamente no filho mais velho e brincar com ele

No regresso a casa: dificuldade em aceitar o irmão; regressão no desenvolvimento; tentativa de chamar a


atenção da mãe.

Estratégias possíveis: nos primeiros minutos, a mãe poderá concentrar-se exclusivamente no filho mais
velho, mostrando as saudades que sentiu dele; o irmão mais novo poderá trazer um presente quando
chegar a casa; não castigar o primogénito se este apresentar comportamentos de regressão.

3/4 anos

Durante o internamento: recusa à aproximação do irmão; curiosidade; preocupação exclusiva com a mãe.

Estratégias possíveis: explicar ao filho mais velho as semelhanças do seu nascimento com o do irmão;
concentrar-se exclusivamente no filho mais velho e brincar com ele.

No regresso a casa: comportamentos apelativos com a mãe; birras à noite ou às refeições; regressões no
desenvolvimento.

Estratégias possíveis: Não castigar o primogénito caso este adote comportamentos de regressão;
concentrar-se exclusivamente no filho mais velho, mostrando as saudades que sentiu dele.

Idade escolar

Durante o internamento: recusa a aproximação do irmão; decepção quando vê o irmão; preocupado com a
mãe; curiosidade.

Estratégias possíveis: concentrar-se exclusivamente no filho mais velho e brincar com ele; explicar ao
filho mais velho as semelhanças do seu nascimento com o irmão; permitir que o filho mais velho pegue no
irmão (sob supervisão) e participe nos seus cuidados.

No regresso a casa: curiosidade; revolta; vontade de participar nos seus cuidados.

Estratégias possíveis: envolver o filho mais velho nos cuidados ao recém-nascido; esclarecer as dúvidas
ou questões que este tenha, explicando o que se passa com o bebé.

Adolescência

Durante o internamento: vergonha; aceitação.

No regresso a casa: ajuda os pais; mostra desinteresse.

Estratégias possíveis: partilha e assertividade.

O animal de estimação
O conceito de família depende das definições que os seus membros constroem sobre ela ao longo das suas
vidas.

Parentalidade 59
A família é mais do que as relações de parentesco, mas sim as relações de proximidade e integração.
Possíveis respostas dos animais:

Cães e gatos sentem a mudança do comportamento, do cheiro e principalmente dos gestos da mulher que
engravidou.

Também mudam:
Ficam tristes;

Tendem a não obedecer às ordens como antes;


Com o receio de perder a atenção dos seus donos, os animais tendem a fazer de tudo para se mostrar e
marcar presença: urinam e evacuam em horários e locais diferentes do habitual, ladram/miam sem motivo
aparente, horário de descanso mais curto, etc.
Em alguns casos, os cães criam naturalmente um instinto protetor, seguindo a dona por toda a casa.
Benefícios associados ao convívio da criança com animais

Mais afetuosas, críticas e observadoras;

Mais sensíveis com as pessoas e as situações;

Mais autónomas e responsáveis;

Mais autoestima;

Mais sociais, cordiais e justas;

Maior facilidade em lidar com a frustração.

Bebés que crescem em casa com animal de estimação, nomeadamente cão ou gato, têm menor
probabilidade de ficar doente do que as crianças que não convivem com animais de estimação.

Cuidados de saúde infantil e juvenil


Infância
“Na sociedade medieval, a criança, a partir do momento em que passava a agir sem solicitude da sua mãe,
ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes - as crianças eram representadas como adultos
em miniatura, sendo vestidas e expostas aos mesmos costume que os adultos. Elas não tinham um tratamento
diferenciado, num um mundo próprio, não existia neste período o sentimento de infância” (Áries, 1981).
“Na Roma Antiga, observa-se que o nascimento de uma criança não era apenas um facto biológico, mas de
aceitação paterna. Isso porque o pai elevava a criança do chão e o mesmo aceitava criá-la, sendo este um ato de
adoção; era permitido o infanticídio e a chamada exposição da criança, que nada mais era do que dá-la a alguém ou
mesmo criá-la como escrava” (Niehues, Costa, 2012).

“Com a influência cristã, a criança transforma-se num mediador do céu e da terra, e que destes vê, falas de
sabedoria. Foi neste cenário que emergiu o sentimento de infância” (Niehues, Costa, 2012).
A conceção de infância que temos hoje surgiu na modernidade. É um conceito que pretende caracterizar elementos
comuns em crianças diferentes.
Duas conceções ligadas ao significado das expressões da palavra:

Infante: aquele que está impossibilitado de falar, aquele que não tem voz - eram percebidas como adultos
imperfeitos, não como seres em desenvolvimento - essa fase da vida tinha pouco interesse em ser conhecida;

Criança: aquele que está a ser criado, com voz e participação.

A infância é a fase compreendida entre o nascimento e a puberdade, possui modos específicos de sentimentos,
ações e comportamentos que devem ser compreendidos de maneira a respeitar as diferentes culturas de determinado
tempo e espaço, relacionando-se, ainda, com a troca de conhecimentos que se estabelecem entre crianças,
adolescentes e adultos.

Parentalidade 60
Fatores condicionantes da infância:

Contextos históricos, sociais, culturais, económicos, geográficos;

Peculiaridades individuais.

As crianças de hoje não são iguais às dos anos passados, nem serão iguais às mesmas que virão no futuro.
A criança, um sujeito de direito, é reconhecida na sua peculiar condição de ser humano em processo de
desenvolvimento e tem liberdade para comunicar pensamentos, exigir, questionar.

Carta da criança hospitalizada: define de forma clara o conjunto de direitos da criança que, quando garantidos,
asseguram a excelência do acolhimento e estadia da criança no hospital.
Zebedeu “Um príncipe no hospital”: aborda os direitos da criança no hospital numa linguagem adaptada à
compreensão do público infantil - “Direito de receber informação adaptada à sua idade e compreensão”.

Família na sua função parental


Favorece a aquisição da noção de segurança, poder, autoridade, hierarquia.

Promove aprendizagem de capacidades: linguagem pensamento crítico, tomada de decisão (o que pode ou não
fazer), adaptação a diferentes circunstâncias, flexibilização, negociação.

Níveis de prevenção
Prevenção primária: é um conjunto de atividades que visam evitar ou remover a exposição de um indivíduo ou de
uma população a um fator de risco ou agente causal antes que se desenvolva um mecanismo patológico.

Prevenção secundária: detetar problemas de saúde num indivíduo ou população numa fase precoce.
Prevenção terciária: reduzir os custos sociais e económicos dos estados de doença na população, por meio da
reabilitação, reintegração precoce da potencialização da capacidade funcional remanescente dos indivíduos.
Prevenção quaternária: diminuir o risco de adoecimento iatrogénico e o excesso de intervenção diagnóstica e
terapêutica quando desnecessária.

Educação para a saúde

Pretende dotar os indivíduos de ferramentas que lhes permitam uma melhor aprendizagem, ampliando os
conhecimentos e desenvolvendo as habilidades → melhoramento da saúde individual e de grupo.

Promoção da saúde
Conduz ao conceito de saúde da OMS.
Envolve capacitação de indivíduos e comunidades.

Medidas educativas para melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos (alimentação, exercício físico,
comportamentos de risco, etc.).
Ações orientadas para o ambiente (comportamentos de higiene, habitação, saneamento, etc.).
Tem como objetivos:

Ampliar possibilidades de controlar os determinantes de saúde;

Incrementar a saúde e o bem-estar geral;

Promover mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de beneficiar a saúde de camadas mais
amplas da população;

Facilitar o acesso às escolhas mais saudáveis.

Causar uma mudança positiva nos níveis de saúde.

Parentalidade 61
Prevenção da doença
Conjunto de atitudes adotadas por antecipação para evitar determinados acontecimentos ou riscos.

Visa garantir a proteção de doenças específicas e reduzir a incidência e prevalência nas populações.
Causa uma mudança positiva nos níveis de saúde.

Diagnóstico e tratamento precoce


Estratégias populacionais para a deteção precoce:

Rastreios (auditivos, oftalmológicos, doenças metabólicas);

Ações focadas em indivíduos portadores de doença, no sentido de curar ou manter a funcionalidade sadia.

Tem como objetivo prevenir complicações e mortes prematuras.

Reabilitação
O cuidado das crianças e famílias com sequelas de doenças ou acidentes cai sobre recuperar ou manter o
equilíbrio funcional.

Iatrogenia
Deteção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções médicas
inapropriadas.

Pressupõe:

Ações clínicas centradas na criança e na família, pautadas na epidemiologia clínica e na saúde baseada em
evidências:

Melhorar a qualidade da prática em saúde;

Melhorar a racionalidade económica;

As ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas considerando o máximo de
qualidade da atenção com o mínimo de intervenção possível.

Visa construir a autonomia do cliente pediátrico, através do conhecimento e habilidades para a tomada de decisão
consciente e realista.

RN materno-infantil
A área da saúde infantil e juvenil engloba um conjunto de atividades de promoção e prevenção da saúde e do bem-
estar das crianças e jovens dos 0 aos 18 anos.
As Redes de Referenciação Hospitalar (RRH) são sistemas que regulam as relações de complementaridade e de
apoio técnico entre todas as instituições hospitalares, de modo a garantir o acesso de todos aos serviços e unidades
prestadores de cuidados de saúde, sustentado num sistema integrado de informação interinstitucional.

USF
Unidade com autonomia de gestão técnica-assistencial
Melhora o nível de saúde da população inscrita, melhorando a
qualidade e eficiência dos serviços prestados.
UCSP → Sistema Informático Clínico
Partilham com as USF a responsabilidade de prestação de Alerta a notícia do nascimento
cuidados de saúde pessoal e familiar aos utentes inscritos em

Parentalidade 62
cada ACES e que desejem receber cuidados com continuidade de
um médico de família definido e de uma equipa de saúde familiar. → Programa de saúde escolar
UCC
CPCJ - Comissão de Proteção da
Atuam na comunidade. Criança e Jovem
Prestam cuidados de saúde a indivíduos, famílias e grupos com
necessidades especiais de cuidados de saúde, através de
intervenções específicas nos domicílios e na comunidade.
Atuam na prevenção, promoção e proteção da saúde.

Cuidados não traumáticos

Cuidados terapêuticos, através de intervenções que eliminam ou minimizam o desconforto físico e psicológico da
criança/família no sistema de cuidados de saúde.
Têm como objetivos:

Evitar ou minimizar a separação da criança e dos pais;

Estimular um sentido de controlo;

Evitar ou minimizar o sofrimento (físico ou emocional).

Dimensões dos cuidados não traumáticos:

Evitar a hospitalização e reduzir a sua duração;

Informar e preparar a criança, a mãe e o pai/cuidador;

Encorajar a presença e participação dos pais nos cuidados;

Proporcionar a manutenção de hábitos;

Adequar o ambiente às necessidades;

Interagir adequadamente;

Minimizar o stress, desconforto ou dor.

Cuidados de parceria
A criança pode necessitar de ajuda para satisfazer as necessidades de crescimento e de desenvolvimento.
Cuidados familiares podem ser prestados pelos enfermeiros quando a família está ausente ou é incapaz.
Os pais providenciam os cuidados familiares para ajudar a criança a satisfazer as suas necessidades.
Cuidados de enfermagem podem ser prestados pelos pais com apoio e ensino.

O enfermeiro providencia cuidados extra relacionados com as necessidades.

Níveis de interação Papel do enfermeiro Papel dos pais

Cuidados centrados Peritos em todos os aspetos dos cuidados


Consultadoria/aconselhamento
na família aos filhos.

Suporte, consultor e facilitador; Conhecer a criança doente


Parceria com os pais não só no que concerne à família; Assegurar que os pais Prestadores de cuidados primários.
de alimentam, que descansam, etc.

Responsável por assegurar que todos os cuidados são


Participar na prestação de cuidados normais;
Participação parental prestados; Prestar os cuidados que os pais não querem
Prestar cuidados de enfermagem.
realizar; Advogar a família.

Prestar cuidados de enfermagem; Ajudar os pais a


Envolvimento prestarem os cuidados normais; Advogar a família -
Advogar o filho; Suporte emocional do filho.
parental assiste a criança e família nas escolhas informadas e no
agir para o melhor interesse da criança.

Parentalidade 63
Crianças com necessidades especiais

Crianças que apresentam ou se encontram em maior risco de apresentar um problema de saúde crónico, evolutivo, a
nível físico, comportamental ou emocional e que precisa de serviços e cuidados de saúde para além do que
necessitam as outras crianças.
Critérios de elegibilidade para intervenção na infância (0-6 anos):

1º grupo: alterações nas funções ou estruturas do corpo, que limitam o normal desenvolvimento e a participação
nas atividades típicas.

2º grupo: risco grave de atraso de desenvolvimento pela existência de condições biológicas, psicoafetivas ou
ambientais, que implicam uma alta probabilidade de atraso relevante no desenvolvimento da criança.

São elegíveis todas as crianças que pertençam ao grupo 1 ou 2, que tenham 4 ou + fatores.
CNE: Programa Individual de Vigilância - liderado pelo médico assistente ou pelo enfermeiro especialista em saúde
infantil e pediatria ou enfermeiro de família; privilegia-se a articulação com a área de saúde escolar, entre outros.

Plano Nacional de Vacinação


Vacina

É uma preparação de antigénios (partículas estranhas ao organismo) que, administrada a um indivíduo, provoca uma
resposta imunitária protetora específica de um ou mais agentes infeciosos.
Tipologia:
Vacinas vivas atenuadas: o agente patogénico, obtido a partir de um indivíduo infetado, é enfraquecido por meio de
passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Incorpora as vacinas VASPR
(sarampo, papeira, rubéola), BCG e Rotavirus.

Vacinas inativadas/inertes: os microrganismos são mortos por agentes químicos:

Inteiras: o agente bacteriano ou viral é inativado e fica incapaz de se multiplicar, mas mantém todas as suas
componentes e preserva a capacidade de estimular o sistema imunitário (VIP; Hepatite B).

Fracionadas: contêm pequenas frações ou porções de vírus ou bactérias (DTP; vacina antigripal).

Toxóide: contêm uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que mantém as suas propriedades
imunogénicas, estimulando a formação de anticorpos (difteria).

Polissacarídicas: construídas a partir de polissacarídeos da cápsula envolvente do agente infecioso (Hib).

Conjugadas: conjugam um polissacarídeo da cápsula com uma proteína transportadora (MenC).

Intervalos entre administração

Intervalos superiores ao recomendado


A interrupção do esquema vacinal apenas requer completar o esquema estabelecido, independentemente do
tempo decorrido desde a administração da última dose.

Intervalos inferiores ao recomendado


Por razões epidemiológicas, clínicas ou para aproveitar oportunidades de vacinação, pode ser necessário
antecipar a idade recomendada para a primeira dose e/ou encurtar os intervalos entre doses.

Deve respeitar-se sempre a idade mínima de administração da primeira dose e intervalos mínimos aconselhados
entre as doses.

Vias de administração

Parentalidade 64
Nunca a vacina intramuscular deve ser inoculada no músculo nadegueiro/glúteo.

Antes dos 12 meses de idade:

As vacinas devem ser inoculadas na coxa - excepto a BCG - e, a partir dessa idade, na parte superior do braço;

Após a administração da BCG, a região deltóide do braço esquerdo só pode ser inoculada com outra vacina
depois de decorridos 3 meses.

Após os 12 meses de idade:

Se não existir desenvolvimento suficiente da parte superior do braço, pode ser administrada nas coxas;

Nos casos em que haja necessidade de administrar mais do que uma vacina no mesmo membro, as
injeções devem ser distanciadas de 2,5 a 5 cm.

Nos casos em que as vacinas sejam administradas em locais anatómicos diferentes dos aconselhados, é
obrigatório o seu registo local onde cada vacina foi administrada, no Boletim Individual de Saúde, Registo de Vacinas:
Ficha Individual de Vacinação ou Móludo de vacinação do SINUS.

Reações adversas
Reações locais:

Dor;

Edema;

Eritema;

Rubor no local.

Reações sistémicas:

Febre, mal-estar, fadiga;

Irritabilidade, alterações de sono;

Dor muscular, cefaleia, tonturas;

Náuseas e perda de apetite.

Reação anafilática: é uma reação de hipersensibilidade generalizada ou sistémica, grave e potencialmente


ameaçadora da vida que inclui sinais e sintomas, isolados ou combinados, que ocorrem em minutos ou em poucas
horas após a exposição ao agente causal. Caracteriza-se por alterações potencialmente graves ao nível da via aérea
e/ou circulatória, por vezes associadas a alterações cutâneas e mucosas, manifestando-se com uma evolução rápida
atingindo um pico entre 3 a 30 minutos. <1 para cada meio milhão de doses administradas.

Vantagens do eBoletim de Vacinas


Redução das duplas inscrições e suas fichas de vacinação.
Otimização da gestão do calendário de vacinação individual.
Avaliação do PNV em tempo real para cada nível de gestão.

Acesso do utente ao seu BIS via portal da saúde.


Auxiliar no controlo de surtos.
Identificar bolsas suscetíveis (zonas com menor cobertura vacinal).
Identificar pessoas suscetíveis.

Redes de frio

É o sistema formado pelo equipamento, pessoas e procedimentos, o qual contribui para manter as vacinas em
condições adequadas à manutenção da sua eficácia ao longo das diferentes etapas: fabrico, armazenamento,

Parentalidade 65
distribuição e administração.

Vacinas como VHB, DTPa, DTPaHib, DTPaHibVIP, DTPaVIP, Td e MenC são destruídas pela congelação.
Vacinas como BCG, VASPR, MenC e Febre Amarela são destruídas pela exposição à luz intensa.

Programa Nacional de Vacinação


O Programa Nacional de Vacinação (PNV) é um programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas
presentes em Portugal.

Aos profissionais de saúde compete divulgar o programa, motivar as famílias e aproveitar todas as oportunidades
para vacinar as pessoas suscetíveis, nomeadamente através da identificação e aproximação a grupos com menor
suscetibilidade aos serviços de saúde.
A vacinação permitiu a erradicação da varíola, a eliminação no país da poliomielite, da difteria, do tétano neonatal, do
sarampo, da rubéola e da rubéola congénita.
Permitiu também o controlo de outras doenças, como a doença invasiva penumocócica e do cancro do colo do útero e
de outros cancros causados pelo HPV.

Vacina Medicamento

Ação Preventiva Terapêutica

Individual e coletivo O Individual O efeito é


Benefício efeito não é percetível visível (normalmente
(não contrai a doença) ocorre melhoria)

Indivíduos Saudáveis Doentes

Vacinas contra:

Difteria, tétano, tosse convulsa, doença invasiva por Haemophilus influenzae b, poliomielite e hepatite B
(hexavalente DTPaHibVIPVHB)

Difteria, tétano, tosse convulsa, doença invasiva por Haemophilus influenzae b e poliomielite (pentavalente
DTPaHibVIP)

Difteria, tétano, tosse convulsa e poliomielite (tetravalente DTPaVIP)

Doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib)

Doença invasiva por Neisseria meningiditis B (MenB)

Doença invasiva por Neisseria meningitidis C (MenC)

Hepatite B (VHB)

Infeções por vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (HPV9)

Infeções por Streptococcus pneunomiae de 13 serótipos (Pn13)

Infeções por Streptococcus pneunomiae de 23 serótipos (Pn23)

Poliomielite (VIP)

Sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR)

Tétano, difteria e tosse convulsa, doses reduzidas (Tdpa)

Tétano e difteria, doses reduzidas (Td)

Parentalidade 66
Tuberculose (BCG)

Vacina contra o HPV no género masculino

Idade de início da Nº de doses Esquema


Intervalo mínimo
vacinação recomendadas recomendado

2ª dose 5 a 13 meses após a 1ª dose Se administrada 2ª


9-14 anos 2 doses (0 a 6 meses) dose antes de 5 meses após a primeira, deve ser sempre
administrada uma 3ª dose

2ª dose mais de um mês após a 1ª dose 3ª dose 3 meses


>15 anos 3 doses (0, 2 e 6 meses) depois da 2ª dose As 3 doses devem ser administradas
no período de 1 ano

Vacina contra o vírus da hepatite A


A Comissão de Vacinas recomenda a vacinação de crianças e adolescentes:

Candidatos a transplante hepático;

Pessoas com:

Hemofilia;

Viajantes para países com endemicidade intermédia ou alta;

Patologia hepática crónica;

VIH;

Contacto próximo de doente com VHA - profilaxia pós-exposição;

Adolescentes com comportamentos sexuais de risco para transmissão de VHA, em particular no contexto de
surtos.

Prova tuberculínica

Determina a presença de uma infeção latente de tuberculose.


Injeção intradérmica de proteínas purificadas derivadas dos bacilos de tuberculose.
Ocorre uma reação de mediação celular retardada (do tipo hipersensibilidade retardada).
Leitura entre 48 e as 96 horas, palpando cuidadosamente a induração e determinando os seus limites, no seu
diâmetro horizontal.
Administração de 0,1mL de forma estritamente intradérmica.

Forma uma pápula de cerca de 5mm de diâmetro que desaparece ao fim de 10 a 15 minutos.
Assinalar o local de injeção traçando uma circunferência circundante.
Considera-se uma reação positiva:

Induração igual ou superior a 15 mm, em indivíduos saudáveis sem qualquer contacto com tuberculose ativa.

Induração igual ou superior a 10 mm em indivíduos com viagem recente (tiveram um aumento na resposta
tuberculínica) e indivíduos com condições predisponentes à tuberculose - diabetes, insuficiência renal crónica,
malnutrição, etc.

Induração igual ou superior a 5mm, em doentes com HIV.

Evolução normal da lesão vacinal da BCG

Parentalidade 67
Esquema vacinal tardio para crianças acima dos 7 anos e abaixo dos 18 anos

Vacina/doença
1º mês após a 6 meses após a 3 anos após a 15 anos após a 10 aos 17 anos
por ordem de 1ª visita
dose anterior dose anterior dose anterior dose anterior de idade
prioridade

Tétano, difteria,
Tdpa/Td 1 Tdpa/Td 2 Tdpa/Td 3 Td 4 Td 5
tosse convulsa

Sarampo,
parotidite
VASPR 1 VASPR 2
epidémica,
rubéola

Neisseria
MenC
meningitidis C

Hepatite B VHB 1 VHB 2 VHB 3

VPH HPV

Poliomielite VIP 1 VIP 2 VIP 3

Grupos de risco ou circunstâncias especiais de vacinação


Grávidas
Recém-nascidos e lactentes prematuros
Indivíduos com:

Terapêutica (imunossupressora, imunoglobulinas - incluindo sangue total) e aplasia:

Transplantados;

Asplenia;

Alterações da coagulação;

Imunodeficiências;

Profissionais de saúde;

Viajante.

Pessoas com deficiências imunitárias graves não devem ser vacinadas com vacinas vivas.

Parentalidade 68
Grávidas não devem ser vacinadas com vacinas vivas. As vacinas vivas atenuadas representam um risco teórico para
o feto.

Imunidade de grupo
Atingida pela proteção conferida aos vacinados, que acaba por proteger os não vacinados, por redução da circulação
do agente e da transmissão da infeção.

Lactente
O lactente apresenta rápido desenvolvimento cognitivo e social.

O principal foco de atenção são as necessidades de sustento, ou seja, nutrição, sono, segurança, etc.
Tem mudanças físicas e conquistas do desenvolvimento marcantes.
O melhor indicador de boa saúde geral é o crescimento contínuo.
Adquire o sentimento de confiança (na perspetiva de Erikson).
As brincadeiras são essencialmente solitárias e começa a conhecer o ambiente (choro, sorriso, vocalizações).
A criança começa a ver a mãe como uma pessoa distinta de si.

Apresenta dificuldades naturais, como ansiedade de separação, sucção do polegar, erupção dentária, introdução de
novos alimentos, etc.
O objetivo nesta fase da vida centra-se em prevenir problemas e promover a saúde.

Comportamento motor grosso

Aos 8 meses, o lactente senta-se já sem ajuda.

Parentalidade 69
Facilita a aquisição de comportamentos adaptativos.

Comportamento psicossocial
Manifesta-se por comportamentos que influenciam o processo de afeição com o outro (mãe e pai/cuidador):

Chorar, rir e vocalizar;

Orientação visual-motora (olhar para alguém, procurar por alguém com o olhar);

Chorar quando alguém abandona o ambiente;

Aproximar-se de alguém através da locomoção;

Agarrar algo especialmente na presença de estranhos;

Explorar quando está longe de algo ou alguém, apesar de os utilizar como a base segura.

O lactente necessita de alguém que brinque com ele e não o deixe brincar sozinho.
Faz brincadeiras, sendo a sua atividade lúdica principal. Começa por ser inicialmente narcisista, centrada no seu
corpo → Relevância para a escolha de brincadeiras apropriadas (idade e desenvolvimento psicossocial) e para o
desenvolvimento da interação.
Relativamente à linguagem, começa a vocalizar aos 2 meses, aos 6 meses diz monossílabos e aos 10 meses diz
palavras como papa e mama com significado:

Pode parar temporariamente de utilizar sons ou palavras aprendidas recentemente;

Pode não as repetir durante várias semanas sendo substituídos por outras vocalizações;

Posteriormente irá dizer essas palavras especiais novamente e com um significado maior.

Temperamento

Relevância segundo focos de atenção:

Lactentes difíceis
Nutrição: respondem melhor a horários predeterminados das refeições.
Sono: dormem pouco, precisam de abordagens mais estruturadas na hora de dormir.
Global: estruturação dos cuidados diários (rotinas).

Lactentes que se irritam com facilidade


Emoção: ser acalmadas com atos de mimar, massagens.
Segurança: transportadas ao colo utilizando suportes.

Lactentes com altos níveis de energia

Segurança: vigilância frequente; precauções extra na proteção doméstica.


Brincadeira: atividade motora grossa para canalizar a energia.

Parentalidade 70
Lactentes mais lentos
Emoção: demonstram medo necessitando de preparação frequente e gradual em novas situações.

Dados de crescimento
Desenvolvimento físico: as mudanças são maioritariamente proporcionais (peso, comprimento, PC, IMC).
Maturidade do processo corporal:

Processo cardiorrespiratório
Frequência cardíaca (80/150).
Frequência respiratória (30).

Processo do sistema gastrointestinal


Processos digestivos e intestinais.
Processo imunológico (vacinas).

Processo de homeostasia
Termorregulação.

Processos neuromuscular - perceção sensorial - visão


A binocularidade ou fixação das duas imagens (fusão) está estabelecida por volta dos 4 meses.

Relevância:

Indicadores de crescimento da população;

Dados para identificação diagnóstica;

Critérios de resultado de enfermagem;

Indicadores de saúde da população;

Indicadores de resultados das atividades de enfermagem.

Crescimento

Período etário Peso Observações Comprimento Observações

O peso ao nascer duplica por volta dos


4 meses. Nos 1ºs mês de vida a curva Aumenta 2,5cm por
Do nascimento Aumento de 15 a de peso pode expressar o tipo de mês. Aumenta cerca
aos 3 meses 30g por dia aleitamento. A alimentação com de 25 cm no primeiro
fórmula infantil poderá resultar numa ano.
curva defletida até ao 3º-4º mês.

O comprimento ao
Dos 6 aos 12 85 a 140g por O peso ao nascer triplica aos 12 Aumenta 1,25cm por nascer aumenta
meses semana meses. mês aproximadamente 50%
no final do 1º ano.

Escala de Avaliação do Desenvolvimento Mary Sheridan

3 meses 6 meses 9 meses 12 meses

Postura e Em decúbito ventral - apoio Em decúbito ventral - apoia- Senta-se sozinho e fica Passa de decúbito
Motricidade nos antebraços. Em se nas mãos. Em decúbito sentado 10 a 15 dorsal a sentado. Tem
Global decúbito dorsal - postura dorsal - levanta a cabeça, minutos. Põe-se de pé equilíbrio sentado.
simétrica, membros com membros inferiores na com apoio mas não Gatinha. Põe-se de pé
movimentos ritmados. Em vertical com dedos fletidos. consegue baixar-se. e baixa-se com o
tração pelas mãos - cabeça Em tração pelas mãos - faz

Parentalidade 71
3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
ereta e coluna dorsal direita. força para se sentar. apoio de uma ou duas
De pé - flete os joelhos, não Mantém-se sentado sem mãos.
faz apoio. apoio. De pé faz apoio.

Mantém as mãos abertas -


junta-as na linha média e Tem preensão e
Tem preensão palmar. Leva Explora com energia
brinca com elas. Segura manipulação. Leva tudo
os objetos à boca. Transfere os objetos e atira-os
brevemente a roca e move-a à boca. Aponta com o
Visão e objetos. Esquece sistematicamente ao
em direção à face. Segue indicador. Faz pinça.
Motricidade imediatamente o objeto chão. Procura um
uma bola pendente em 1/2 Atira os objetos ao chão
Fina quando este cai. Apresenta objeto escondido. Tem
círculo e horizontal. deliberadamente.
boa convergência interesse visual para
Apresenta convergência Procura o objeto que
(estrabismo anormal). perto e longe.
ocular. Faz pestanejo de caiu ao chão.
defesa.

Tem resposta rápida


aos sons suaves, mas
habitua-se depressa.
Tem atenção rápida
Dá pelo nome e volta-
para os sons perto e
se. Jargão (vocaliza
Segue os sons a 45 cm do longe. Localiza sons
Para e pode voltar os olhos incessantemente em
Audição e ouvido: Vocaliza sons suaves a 90cm abaixo
ao som de uma sineta, roca tom de conversa,
linguagem monossilábicos e dissílabos. ou acima do nível do
ou voz a 15 cm do ouvido. embora
Dá gargalhadas. ouvido. Repete várias
completamente
sílabas ou sons do
impercetível).
adulto.
Compreende ordens
simples como dá,
adeus.

Bebe pelo copo com


ajuda. Segura a colher
Leva uma bolacha à mas não a usa.
Comportamento Sorri. Tem boa resposta
É muito ativo, atento e boca. Mastiga. Colabora no vestir
e Adaptação social à aproximação de
curioso. Distingue os familiares levantando os braços.
social uma face familiar.
dos estranhos. É muito dependente
do adulto. Demonstra
afeto.

Sinais de alarme

1 mês 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses

Não aguenta o
peso nas
Não se senta. Permanece pernas.
Ausência de tentativa Ausência de controlo da
sentado e imóvel sem Permanece
de controlo da cabeça, cabeça. Tem membros
procurar mudar de imóvel, não
na posição sentado. Não fixa, nem segue rígidos e faz passagem
posição. Apresenta procura mudar
Apresenta objetos. Não sorri. Não há direta à posição de pé
assimetrias. Não tem de posição.
hipertonicidade na qualquer controlo da quando se tenta sentar. Não
preensão palmar, não Apresenta
posição de pé. Nunca cabeça. Tem os membros olha nem pega em qualquer
leva objetos à boca. Não assimetrias. Não
segue a face humana. rígidos em repouso. objeto. Apresenta
reage aos sons. Vocaliza pega nos
Não vira os olhos e a Apresenta sobressalto ao assimetrias. Não reage aos
monotonamente ou perde brinquedos ou
cabeça para o som menor ruído. Chora e grita sons. Não vocaliza. Tem
a vocalização. É apático, fá-lo só com
(voz humana). Não se quando se toca. Pobreza desinteresse pelo ambiente.
sem relacionamento com uma mão. Não
mantém em situação de movimentos. Apresenta irritabilidade. Tem
familiares. Engasga-se responde à voz.
de alerta, nem por estrabismo e manifesto
com facilidade. Tem Não brinca nem
breves períodos. constante.
estrabismo. estabelece
contacto. Não
mastiga.

Parentalidade 72
Dificuldades naturais
Angústia de separação e medo de estranhos.
Sucção do polegar e uso da chupeta.

Dentição.
Estabelecer limites.
Angústia de separação é diferente de perturbação de ansiedade por separação.
Ansiedade: sentimentos de medo e apreensão causados pela separação do meio familiar e de pessoas que são
importantes para o cliente como, por exemplo, crianças separadas da mãe ou da figura maternal, acompanhado de
choro, reações de luto, ausência de expressão de emoções, desprendimento, negação da resignação.
Ansiedade de separação: sentimento de uma criança quando começa a perceber que está longe dos pais, mesmo
que seja por pouco tempo. Começam a reconhecer que existem sem os pais. Essa tomada de cosnciência pode
acontecer a partir dos 5 meses, com um pico entre o 10º e o 18º mês de vida (pode ir até aos 2 anos).
Ansiedade pelo desconhecido:

Manifesta-se pelo choro quando uma pessoa não familair se aproxima.

Inicia-se pelos 8/9 meses e diminui até aos 2 anos de idade.

Relaciona-se com o desenvolvimento e a capacidade da criança distinguir pessoas familiares.

Duração e intensidade variam muito entre as crianças.

Nota: a ansiedade pelo desconhecido de intensidade pronunciada ou de duração extensa pode ser um sinal de
ansiedade mais generalizada, devendo-se avaliar a situação familiar, as técnicas de atenção dos pais e o estado
emocional da criança.

Dentição
A erupção do primeiro dente acontece a partir dos 6 meses de idade.

A dentição decídua (20 dentes) desenvolve-se até aos 2 anos e meio.


Sinais de erupção dentária:

Choro;

Inquietação;

Dormir e comer mal;

Gengivas vermelhas e sensíveis;

Mastigar constantemente objetos como brinquedos e grades do berço;

Salivar;

A dentição não causa febre.

Saúde oral
Em saúde oral, uma criança ou jovem é considerada como sendo de alto risco se nela for detetado algum dente com
cárie dentária.
A avaliação do risco individual implica o exame objetivo da boca e dos dentes, que pode ser feito em saúde infantil e
juvenil - pelo médico de família, pelo pediatra, pelo enfermeiro considerando o Programa de Promoção da Saúde
Oral.
Importante:

A escolha de um profissional da área da odontopediatria é importante para promover o sentimento de confiança e


segurança nos pais/cuidadores.

Parentalidade 73
Confiar na abordagem lúdica utilizada e proposta pelo profissional, promotor da aquisição do método de
escovagem e cuidados de saúde oral.

Enquanto a criança é dependente, o auto-cuidado está ao encargo dos pais (frequência da higiene oral, uso da
pasta de dentes).

Critérios de decisão para os produtos de higiene oral:

Dentrífico fluoretado: concentração ideal de flúor de 1000 a 1100 ppm.

Elixir oral: não conter álcool e concentração de flúor de 220 ppm.

Gel de dentição: não são recomendados, sobretudo se contêm bonzocaína que pode causar metemoglobinemia
(causa hipóxia tecidual).

Sucção

É um reflexo natural desde a vida intrauterina.


A primeira atividade muscular coordenada que envolve várias estruturas como os lábios, as bochechas e a língua.
Estimula o crescimento normal dos maxilares e estruturas estomatognáticas.
Relacionada com a alimentação e nutrição.
Desenvolvimento emocional associados à segurança, suporte afetivo e às sensações agradáveis como carinho e
aconchego.

Tipos de sucção:

Nutritiva;

Não nutritiva (propicia a sensação de bem-estar e segurança) - chupeta.

Causam indução de uma posição errada das arcadas até antes mesmo da erupçaõ dentária.

Sistema estomatognático
Identifica um conjunto de estruturas orais que desenvolvem funções comuns, tendo como característica
constante a participação da mandíbula.
Possui características que lhe são próprias, mas depende do funcionamento, ou está intimamente ligado à função de
outros sistemas como o nervoso, o circulatório, o endócrino e postura.
A amamentação incorreta pode causar a má formação do SE.

Quando não é amamentado, existe maior probabilidade de desvios no SE (devido à respiração oral) e má
formação e estimulação da musculatura da região da boca.

Quando ocorre a amamentação, o lactente abre a boca para alcançar e sugar o bico do seio.

Com o biberão, o lactente não se esforça tanto, o que pode gerar uma má formação do SE.

Sucção não nutritiva


Benefícios do uso da chupeta:

Efeito de analgesia (controlo da dor e da ansiedade);

No pré-termo observou-se redução na hospitalização e transição mais rápida do biberão para a deglutição de
alimento e de ingestão de líquidos em copo.

Redução do risco da SMSL (Síndrome de Morte Súbita do Lactente) durante a sucção da chupeta; os músculos
da boca e da faringe promovem a desobstrução das vias aéreas superiores.

Desvantagens do uso da chupeta:

Alterações da má oclusão na arcada dentária;

Parentalidade 74
Hábitos orais prejudiciais potenciam a respiração oral e alterações na mastigação e deglutição;

Gravidade relaciona-se com a frequência , duração e intensidade e fatores genéticos;

Alterações na muscular orofacial com o bruxismo e dificuldades no selamento labial.

Critérios para a escolha da chupeta:

Se ortodônticos, confirmar no rótulo da embalagem;

Peça única;

Ser livres de BPA Bisfenol (substância presente no fabrico de policarbonato, tipo de plástico rígido e
transparente).

Respeitar a indicação etária: o design, tamanho e curvatura do bico.

Estabelecer limites
A disciplina é o segundo presente mais importante que um pai pode dar a uma criança. O amor vem em primeiro lugar
(Brazelton, 2014).
O significado da palavra “disciplinar” envolve a ideia de ensinar, instruir e tem como objetivo principal preparar a
criança para alcançar competências e habilidades relacionadas e habilidades relacionadas à aquisição de
autocontrolo (Moura, 2011).
Estabelecer limites é um modo de ajudar o lactente a modificar o seu comportamento, sem prejudicar a sua auto-
estima.
A compreensão e a firmeza dos pais, no que consta a estabelecer limites inadequados, em conjunto com o aumento
da maturidade e da capacidade de autocontrolo resulta numa gradual substituição das ações impulsivas e inaceitáveis
por comportamentos adequados.

Sono
Os lactentes encontram-se numa fase de adaptação e aprendizagem sobre o mundo.
Dormir bem reflete-se no crescimento e desenvolvimento adequado.

Constitui uma necessidade biológica básica, sendo considerado um estado de proteção para o organismo.
Alterações no padrão de sono da criança refletem de forma direta o seu desenvolvimento.
Fatores condicionadores:

O contexto familiar/creche (processo de organização temporal e estrutura);

Os hábitos de sono (casa e creche);

O tempo de sono de cada lactente/criança (diversidade de necessidades);

O conhecimento sobre o ritmo de cada lactente/criança.

Nutrição

Parentalidade 75
Compete aos profissionais de saúde - médicos, enfermeiros e nutricionistas e do exercício, promover e supervisionar
a oferta de uma alimentação adequada e promover um estilo de vida ativo, visando a promoção da saúde para a vida.

Nutrição no primeiro semestre


Manter o aleitamento exclusivo até aos 6 meses, se possível.
Diversificação alimentar:

Sem adição de sal e açúcar;

Introdução do glúten não antes dos 4 meses e não depois dos 7 meses;

Iniciar puré de legumes (treino do paladar para sabores não doces) ou papa 35 a 50gr de farinha);

Azeite em cru a cada dose de caldo de legumes (5-7,5mL);

Apresentar um novo alimento de cada vez (2 a 3 dias);

Alimentar somente com colher;

Orientar para a seleção e preparação das refeições:

O creme de legumes não deve incluir mais do que 4 legumes;

A sequência da introdução de novos alimentos.

Maturação motora Significado

Indica segurança para a alimentação a colher. É um reflexo de defesa,


Perda do reflexo de extrusão lingual Após o 4º-5º
sendo a sua presença um indicador de insegurança (risco de engasgamento
mês
por descoordenação motora da deglutição).

Controlo axial (capacidade de ficar sentado) 5º-6º Indica segurança para a alimentação com collher e para a oferta de
mês alimentos não líquidos (pastosos e progressivamente menos triturados).

Vedamento labial (influenciado pelo crescimento Indica recusa em aceitar o alimento e capacidade de fechar a boca e engolir
mandibular) 5º-6º mês sem exteriorização do alimento.

Controlo manual e ocular 7º-8º mês Indica capacidade para ir buscar o alimento e levá-lo à boca.

Indica capacidade para moer alimentos progressivamente menos


Movimentos rítmicos da boca (báscula/moagem, de
homogéneos, sendo um movimento percursor da mastigação e
vaivém da mandíbula e da maxila) Após o 7º-8º mês
independente da dentição.

Pinça fina (pegar entre os dedos em objetos Indica capacidade para ir buscar o alimento, denotando autonomia
pequenos) 7º-8º mês progressiva.

Maturação fisiológica e metabólica Características

Aumento progressivo do volume e da motilidade


20 a 30 mL no recém-nascido; 200 mL no lactente com mais de 6 meses.
gástrica

0,01 - 0,1 mEq/kg/h HCI aos 3 meses; 0,24 mEq/kg/h aos 6 meses; O
Aumento da acidez gástrica Após o 4º mês
aumento da acidez facilita a digestão da proteína.

Parentalidade 76
Maturação fisiológica e metabólica Características

Facilita a mastigação, a deglutição e a digestão de alimentos mais


Aumento da produção de saliva Após o 4º-5º mês
espessos.

Gastrina, colecistocinina, motilina, que aumentam a motilidade gástrica, a


Maturação de mensageiros e recetores humorais contração da vesícula biliar e a libertação de enzimas pancreáticas,
resultando numa melhor digestão da proteína e das gorduras.

Aumento da produção de amílase e tripsina pelo pâncreas e de ácidos


Maturação enzimática Após o 6º mês
biliares.

Maturação imunológica Após o 6º mês Aumento progressivo da produção de IgA secretora (IgAs).

Desenvolvimento sensorial Características

O sabor doce é inato. O salgado, amargo são aprendidos e treinados. O


Treino dos sabores Após o 4º mês leite materno é um excelente alimento para este treino, facilitando a
aceitação de aliemntos com outro sabor que não lácteo após o 4º mês.

Quando o controlo neuromotor e a maturidade fisiológica e metabólica


Treino das texturas Após o 6º mês
permitem, com segurança, aumentar progressivamente as texturas.

Nutrição dos 7 aos 9 meses


Aporte de ferro.
Aporte proteico (1º a carne, depois o peixe):

Iniciar com 10gr até 25-30gr;

Carne 4 vezes por semana;

Peixe 3 vezes por semana.

Quando se sentar oferecer:

Os alimentos, com tamanho que possam ser seguros;

A chávena;

Água pelo copo;

Alimentos com estrutura progressivamente menos homogénea;

Farinha de pau, açorda (a partir dos 7/8 meses);

Arroz, massa, com legumes;

Variedade de alimentos, conforme a pirâmide alimentar.

Manter o lactente junto da família durante as refeições:

Permitir auto-alimentação sob supervisão.

Nutrição dos 10 aos 12 meses


3 refeições e lanches saudáveis.

Ovo (gema a partir dos 8/9 meses) de forma progressiva e lenta (meia gema por refeição por semana durante 2 a 3
semanas seguida de 1 gema por refeição por semana durante 2 a 3 semanas).
Durante o primeiro ano devem ser evitados os frutos potencialmente alergénicos ou libertadores de histamina
(morango, amora, kiwi, maracujá).
Introdução de leguminosas aos 8/11 meses.
O espinafre, o nabo, a nabiça, a beterraba e o aipo a partir dos 12 meses por conter nitratos e fitatos.

Alguma reserva durante o 1º ano de vida relativamente ao kiwi, ao morango e ao maracujá, por conterem grãos
libertadores de histamina e poderem mais facilmente estar associados a reações alérgica.

Parentalidade 77
Partilha das refeições em família

Pressupostos:

Continuar com o leite materno ou adaptado;

Posicionar sentado para alimentar;

Permitir que se suje e interaja durante as refeições;

Oferecer variedade de aliemntos, evitando a monotonia;

Interagir durante as refeições;

Dar o tempo necessário para a refeição, sem pressionar.

Vantagens:

Estimula a integração sensorial: contacto a textura, cor e sabor real dos alimentos e tem prazer em comer;

Estimula a motricidade fina, a coordenação mão-visão e a mastigação;

Estimula a harmonia familiar familiar à hora da refeição;

Estimula a autonomia e autoconfiança;

Estimula o desenvolvimento da mastigação, de forma mais adequada.

Baby-led weaning (desmame guiado pelo bebé)

A área de alimentação deve:

Ser facilmente limpa com um pano;

Estar relativamente afastada de paredes, móveis ou toalhas.

A desarrumação deve ficar confinada a uma área.


Para permitir/incentivar a autonomia deve-se recorrer a:

Babete;

Roupa adequada;

Local apropriado.

A criança não deve ser pressionada a alimentar-se sem sujar ou a ter modos à mesa antes que as habilidades
manipulativas sejam adquiridas.

Segurança em função da idade


1 aos 3 meses: asfixia, o afogamento, as quedas, as queimaduras.
4 aos 6 meses: aspiração, asfixia, quedas, queimaduras e lesões corporais.

6 aos 12 meses: aspiração, envenenamento, asfixia, quedas, queimaduras e lesões corporais.

Síndrome da Morte Súbita


A Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL) é a morte súbita e sem explicação de um recém-nascido ou lactente
durante o primeiro ano de vida.
Predisposição individual:

Causas genéticas/constitucionais afetando a maturação de zonas do tronco cerebral responsáveis pelo controlo
das funções vitais;

Causas desencadeantes: infeção, refluxo gastroesofágico, hipertonia vagal, hipertermia;

Parentalidade 78
Causas favorecedoras: posição no berçi em decúbito ventral ou lateral, o tabagismo, condições socio-económico-
culturais deficientes, mau seguimento pré-natal, com número de consultas inferior ao programado, dormir com os
pais.

Plano de cuidados - Intervenções em enfermagem


Melhorar conhecimentos sobre desenvolvimento psicomotor e crescimento do lactente
Ensinar sobre:

Parâmetros de crescimento (peso, comprimento, IMC, percentis, perímetro cefálico);

Parâmetros de desenvolvimento psicomotor (postura e motricidade grossa; audição e linguagem; comportamento


e adaptação social; visão e motricidade fina; perturbações do desenvolvimento psicomotor).

Assistir cliente a analisar o significado dificultador atribuído às dificuldades naturais:

Angústia da separação e medo de estranhos;

Sucção do polegar e uso de chupeta;

Dentição;

Estabelecer limites.

Avaliar evolução do conhecimento.

Melhorar conhecimentos sobre a angústia de separação


Ensinar:

Conceito de angústia de separação;

Objetivo desta dificuldade natural - promover o sentido de independência “existe para além da mãe, pai/cuidador”;

Período de ocorrência, desaparece à medida que os lactentes desenvolvem um senso de memória (até aos 24
meses);

Medidas facilitadoras:

Receber visitas frequenres de amigos íntimos ou parentes próximos;

Constituir um ambiente mais tranquilo;

Permitir a exploração do ambiente ao ritmo do lactente.

Melhorar a capacidade para lidar com a angústia de separação:

Utilizar um objeto de transição;

Criar distrações;

Sair sem responder ao choro da criança;

Demonstrar calma e tranquilidade;

Estabelecer rotinas que acalmem a ansiedade da criança;

Alimentar ou adormecer antes de sair (fome e cansaço são fatores dificultadores).

Melhorar conhecimentos sobre ansiedade pelo desconhecido


Ensinar:

O significado da ansiedade pelo desconhecido, contribui para a interpretação do comportamento da criança.

A terapia necessária, em geral, é confortar evitando reações exageradas de comportamento.

Melhorar a capacidade para lidar com a ansiedade pelo desconhecido

Parentalidade 79
Preparar a chegada da pessoa desconhecida;

Passar um período de tempo com a pessoa desconhecida e os pais/cuidador;

No caso dos pais se ausentarem, a pessoa desconhecida deve cuidar da criança por alguns dias antes de os pais
partirem.

Técnicas semelhantes podem ser usadas em antecipação de hospitalização.

Melhorar conhecimentos sobre erupção dentária


Ensinar:

Período e sequência esperada da erupção dentária;

Sinais relacionados com a erupção dentária;

Cuidados orais (frequência, material, método de escovagem);

Critérios de decisão para a escolha dos produtos para a higiene oral;

Critérios de decisão para a utilização dos produtos para a higiene oral.

Orientar:

Primeira consulta de odontopediatria;

Critérios de escolha do profissional de odontopediatria.

Melhorar a capacidade para lidar com os sinais de erupção dentária:

Oferecer objetos duros para mastigar;

Oferecer objetos frios;

Massajar as gengivas com ou sem gelo.

Melhorar conhecimentos sobre sucção


Ensinar:

Conceito de sucção e sua importância nos desafios naturais;

Tipos de sucção e suas funções;

Vantagens e desvantagens da sucção não nutritiva.

Melhorar a capacidade paraa lidar com a sucção não nutritiva:

Oferecer chupeta com as características adequadas (tamanho, forma, material).

Melhorar conhecimentos sobre saúde oral


Ensinar:

Lavar as gengivas com compressa húmida (enquanto aleitamento materno exclusivo);

Lavar os dentes, a partir da erupção do primeiro dente, 2 vezes por dia e utilizar uma escova de dentes pequena
e macia;

Técnica de escovagem dentária;

Efeitos da alimentação noturna pela acumulação de resíduos alimentares nos dentes;

Critérios de decisão para os pordutos de higiene oral;

Vigilância da saúde oral.

Parentalidade 80
Melhorar conhecimentos sobre estabelecer limites
Ensinar:

Medidas preventivas de proteção e riscos;

Desafios e dificuldades naturais (como reconhecer as capacidades cognitivas e comportamentais);

Choro representa uma necessidade não satisfeita (comportamento centrado nas necessidades básicas de calor,
alimento, segurança e conforto);

Importância da disciplina e afeto.

Melhorar conhecimentos sobre sono


Ensinar:

O sono no processo de D&C;

As necessidades individuais;

Estabelecer rituais para fomentar padrões de sono adequados;

Explicar necessidade do lactente associar o berço ao ato de dormir e não a uma atividade lúdica.

Melhorar a capacidade para lidar com o sono:

Proporcionar horário regular e estável;

Proporcionar rituais (diminuir a luminosidade, a intensidade da atividade lúdica, banho, etc.);

Oferecer estimulação tátil;

Oferecer estimulação auditiva.

Melhorar conhecimentos sobre nutrição


Ensinar:

Técnicas de conservação e aquecimento do leite materno;

Não deve ser descongelado ou reaquecido no micro-ondas;

Tipologia de fórmula infantil de leite em função das características do lactente (o leite integral não pode ser dado
antes do primeiro ano de vida);

Diversificação alimentar: idade (quatro a seis meses de vida) e esquema de introdução alimentar;

Sinais de prontidão alimentar;

Riscos relacionados com alimentação:

Engasgamento, asfixia ou aspiração relacionado com a posição de alimentar com o biberão (não oferecer o
biberão com o lactente deitado).

Melhorar a capacidade para lidar com a diversificação alimentar:

Oferecer uma redução progressiva do volume de lácteos, concretamente de leite;

Oferecer no 2º semestre de vida um total de produtos lácteos (leite, iogurte e queijo) entre 500 a 700 mL/dia (o
leite é responsável pelo aporte de mais de 40% das necessidades proteicas).

Toddler
O toddler é uma etapa da infância compreendida entre os 1 e 3 anos.

Parentalidade 81
Crescimento

Peso
Quadriplica o peso ao nascer;
Por ano ganha 1,8 a 2,7 kg;
Peso médio aos dois anos de 12 kg.

Perímetro cefálico
Aumenta 2,5 cm;

Velocidade diminui até aos 5 anos.

Altura
Por ano 7,5 cm;
Alongamento dos membros inferiores em relação ao tronco.

Perímetro torácico
Ultrapassa o perímetro cefálico (entre 2 a 3 anos);
Ultrapassa o perímetro abdominal (após 2 anos).

Maturação óssea
Fontanela anterior: encerra entre 18 a 24 meses;

Dentição: 4 segundos pré-molares; decídua completa (20 dentes) aos 3 anos; é condicionada pela
hereditariedade.

Audição, cheiro, gosto e tato


Mais desenvolvidos;
Utilizados em simultâneo;
O tato ajuda no amadurecer das relações familiares.

Maturação dos sistemas e processos corporais


Sistema neuro-comportamental: maior regularidade dos ciclos de sono-vigília; maior diminuição do choro e da
agitação não explicada; melhoria da previsibilidade de humor.

Sistema gastrointestinal

Controlo voluntário da eliminação; ocorre entre os 18 e os 24 meses.

Densenvolvimento
Conhecido pelos “terríveis dois”.
Crescimento lento e aperfeiçoamento das funções motoras.
Maturação - processo de aperfeiçoamento da coordenação (SNC + neuromuscular).
Aprende a conhecer o outro.

Descobre o funcionamento dos objetos, usando as experiências de tentativa e erro (aquisição de funções mais
complexas).
Descobre como controlar o outro: acessos de raiva, negativismo e obstinação.
Desenvolve a linguagem.
Desenvolvimento pré-operatório (animismo; pensamento mágico; irreversível).

Comportamentos adaptativos

Motricidade fina

Parentalidade 82
Idade Atividades

Agarra um objeto pequeno, mas não são capazes de o soltar quando


12 meses
querem.

Coloca uma bolinha dentro do gargalo de uma garrafa e lançar objetos e


15 meses
recuperá-los tornam-se atividades quase obsessivas.

18 meses Atira a bola.

24 meses Desenha “garatujas”.

36 meses Desenha círculos.

Motricidade grossa

Idade Atividades

12 meses Desenvolvimento da locomoção.

Refinamento da posição ereta e bípede é evidente pela melhora da


24-36 meses
coordenação e equilíbrio.

Conseguem pular com 2 pés, ficar por 2 segundos só num pé e


30 meses
consegue dar alguns passos em pontas dos pés.

Utiliza as mãos nas atividades relacionadas com alimentação, livros e escrita.

Desenvolvimento e ingestão de alimentos

Características cognitivas Relação com a alimentação

Os processos de pensamento tornam-se


Comer deixa de ser o centro da atenção. Torna-se secundário em
internalizados, ainda pouco sistematizados e
comparação com o desenvolvimento social, cognitivo e da linguagem.
mais intuitivos.

Os alimentos são descritos pelas cores, forma e quantidade. A criança


Aumenta a utilização de símbolos.
tem uma capacidade limitada de classificar os alimentos em grupos.

O raciocínio baseia-se nas aparências e


Os alimentos tendem a ser categorizados em “gosto” e “não gosto”.
casualidades.

A abordagem da criança à classificação é


Os alimentos podem ser identificados como “bons para ti”, mas as
funcional e não sistematizada. A criança vê o
razões pelas quais são saudáveis são mal compreendidas.
mundo de forma egocêntrica.

Visão binocular
Desenvolvida; perceção da profundidade em desenvolvimento.

Aos 3 anos consegue utilizar:

Tesoura;

Picotagem (com dificuldade);

Ainda ponta de pés;

Pedala;

Segura no lápis com o polegar e o indicador.

Desenvolvimento e segurança
Principais acidentes:

Acidentes por veículos motorizados;

Afogamento (natação antes dos 4 anos não confere imunidade de afogamento);

Queimaduras e envenenamento;

Quedas;

Aspiração e asfixia;

Parentalidade 83
Danos corporais (objetos, armas, animais, etc.).

Determinantes-chave de prevenção:

Ambiente adaptado;

Respeito pelos regulamentos e leis sociais;

Educação dos pais e criança.

Fatores:

Falta de maturidade;

Maiores habilidades motoras (andar, abrir e fechar portas, etc.);

Não discerne o certo do errado ou a relação entre causa e efeito;

Curiosidade natural, pensamento ilógico, mágico;

Egocêntrico.

18 meses 2 anos 3 anos

Tem equilíbrio momentâneo num


Postura e
Anda bem. Apanha brinquedos Corre. Sobe e desce com pé. Sobe escadas alternadamente.
Motricidade
do chão. dois pés o mesmo degrau. Desce com os dois pés no mesmo
Global
degrau.

Constrói torra de 9 cubos. Imita e


Constrói torres com 3 cubos. Constrói torres com 6
copia a ponte de 3 cubos - copia o
Faz rabiscos mostrando cubos. Imita rabiscos
Visão e círculo - imita a cruz. Combina
preferência por uma mão. Olha circulares. Gosta de ver
Motricidade Fina duas cores geralmente o
um livro de bonecos e vira livros. Vira uma página de
vermelhoe e o amarelo (confunde
várias páginas de cada vez. cada vez.
o azul e verde).

Comportamento pessoal e social

Brincadeiras
Atividade de eleição;

Utiliza para fantasiar, desenvolver competências motoras, recriar/replicar atividades do quotidiano;


Brincadeira paralela (acompanham a brincadeira de outras crianças);
Atribui maior ênfase às de natureza sensorial do que motora.
Formas preferenciais:

Tátil, imitação, falar;

Com crianças do mesmo género.

Linguagem

Meses Características

12 Crescente nível de compreensão.

Aprendeu cerca de 300 palavras; Tem capacidade para compreender


24 muitas mais palavras; Liga 2 ou 3 palavras; 65% da linguagem pode
ser entendida.

30 Os gestos precedem ou acompanham a ação.

Une as palavras em frases simples; Começa a dominar regras


36
gramaticais; Aprende entre cinco a seis novas palavras por dia.

Mantém o diálogo;

Iniciam novos temas de conversa;

Parentalidade 84
Expressam conceitos imaginativos sobre sentimentos pessoais.
Aos 3 anos ocorre o aumento do vocabulário e das competências gramaticais:

Constrói frases simples;

Narra acontecimentos respondendo às perguntas feitas pelos outros;

Compreende o discurso (compreensão superior ao número de palavras que pronuncia).

Vocabulário aumenta entre os 18/24 meses - atinge o nível máximo aos 4 anos.

Lateralidade
Corpo humano: morfologicamente simétrico; assimetria funcional.
Características: não contraria; relacionadas com a hereditariedade ou a vida intrauterina.

Relação entre desenvolvimento pessoal e género: descrevem-se a si e aos outros em função do género - a
estabilidade do género ocorre entre os 3 e os 4 anos.

Aquisição de autonomia ultrapassa a dúvida e vergonha


Diferenciação de si em relação aos outros.
Tolerância face à separação dos pais;
Capacidade de adiar a gratificação;
Controlo sobre as funções do corpo;
Aquisição de comportamentos sociais aceitáveis;

Meios verbais de comunicação;


Capacidade de interagir com outros de forma menos egocêntrica.

Negativismo (12 a 18 meses)


O persistente “não” a qualquer situação é uma dificuldade.
Não é uma expressao de insubordinação ou de insolência.
O testar dos limites para compreender o mundo, aprender a modificar o seu comportamento e corresponder às
expectativas sociais.

Regressão
Surge por desconforto ou situações stressantes.
É comum entre os 1 e 3 anos.
Capacidade de domínio das tarefas atuais.
Reação da criança: é aceitável e confortável; a perda de conquistas é assustadora e ameaçadora.
Reação dos pais: preocupação com o comportamento regressivo; forçar a criança causa stress adicional.

Rivalidade entre irmãos


Ciúme da criança relativamente a irmãos ou outras crianças da família quando os pais desviam a atenção para
interagir com elas (nascimento, famílias recosntituídas).
Comportamento demonstrativo:

Bate;

Empurra o irmão do colo da mãe;

Retira o biberão;

Verbaliza o desejo que ele desapareça;

Tem comportamentos de regressão.

Parentalidade 85
18 meses 2 anos 3 anos

Diz o primeiro nome. Fala


Diz o nome completo e o
sozinho enquanto brinca. Junta
Usa 6 a 26 palavras reconhecíveis e sexo. Tem vocabulário
duas ou mais palavras,
Audição e compreende muitas mais. Mostra em extenso mas pouco
construindo frases curtas.
linguagem si ou num boneco os olhos, o cabelo, o compreensível por estrahos.
Apresenta linguagem
nariz e os sapatos. Tem defeitos de articulação e
incompreensível, mesmo pelo
imaturidade na linguagem.
familiares. Nomeia objetos.

Bebe um copo sem entornar muito,


levantando-o com ambas as mãos.
Pode despir-se, mas só se
Segura a colher e leva alimentos à Coloca o chapéu e os sapatos.
lhe desabotoarem o
Comportamento e boca. Não gosta que lhe peguem. Usa bem a colher. Bebe por um
vestuário. Vai sozinho à casa
Adaptação Social Exige muita atenção. Indica a copo e coloca-o no lugar sem
de banho. Come com colher
necessidade de ir à casa de banho. entornar.
e com garfo.
Começa a copiar atividades
domésticas.

Sinais de alarme
Foco: Relação com o outro:

Não se interessa por outras crianças;

Não aponta com o indicador;

Não imita o adulto (careta);

Não olha quando o chamam pelo nome;

Não acompanha com o olhar quando apontamos algo.

Se mais de dois items se verificarem, referenciar para avaliação do desenvolvimento.

18 meses 2 anos

Não se põe de pé, não suporta o peso sobre as pernas.


Anda sempre nas pontas dos pés. Apresenta Não anda sozinho. Deita os objetos fora. Não constrói
assimetrias. Não faz pinça. Não responde quando o nada. Não parece compreender o que se lhe diz. Não
chamam. Não vocaliza espontaneamente. Não se pronuncia palavras inteligíveis. Não se interessa pelo
interessa pelo que o rodeia; não estabelece contacto. que está em seu redor. Não estabelece contacto. Não
Deita os objetos fora; leva-os sistematicamente à boca. procura imitar. Tem estrabismo.
Tem estrabismo.

Sono
As necessidades de sono total diminuem.

Os problemas de sono são frequentes:

Alimentação noturna;

Choro noturno e/ou condicionado;

Recusa-se a deitar;

Medo/temores noturnos;

Hospitalizações;

Dor;

Temperatura corporal.

Dificuldades naturais do toddler


Treino de esfíncteres.
Rivalidade entre irmãos.

Parentalidade 86
Acessos de raiva.
Anorexia fisiológica.

Negativismo.

Plano de cuidados - Intervenções de enfermagem


Melhorar conhecimentos sobre desevolvimento psicomotor e crescimento do toddler
Ensinar sobre:
Parâmetros de crescimento (peso, compirmento, IMC, percentis, perímetro cefálico, tensão arterial);

Parâmetros de desenvolvimento psicomotor (postura e motricidade grossa; audição e linguagem;


comportamento e adaptação social; visão e motricidade fina; perturbações do desenvolvimento psicomotor);
Indicadores de desenvolvimento.
Assistir o cliente a analisar o significado dificultador.
Avaliar evolução do conhecimento.

Melhorar conhecimentos sobre indicadores de desenvolvimento


Ensinar sobre desenvolvimento da imagem corporal
Criar uma imagem positiva do corpo.
Evitar rótulos negativos que podem permanecer toda a vida (auto-perceção).
Utilizar designação correta das partes do corpo (eliminação e reprodução).
Respeitar o corpo.

Adequar a linguagem ao desenvolvimento e compreensão do toddler.


Ensinar sobre a relação desenvolvimento pessoal e género
Reconhece as diferenças de género aos 24 meses.
Explora o corpo (toca no corpo e relaciona com prazer).
Sente como ameaçadoras as experiências intrusivas, embora tenha pouca compreensão sobre integridade do
corpo.
Utilizar voabulário correto das partes do corpo (anatomia, eliminação e reprodução).

Conversar sobre as diferenças de papéis sexuais óbvias.


Adequar a linguagem ao desenvolvimento e compreensão do toddler.

Melhorar conhecimento sobre ingestão nutricional entre os 12 e os 24 meses


Integração na dieta familiar.
Oferta alimentar variada:

Promove a familiarização com o máximo de sabores e texturas, contrariando a neofobia alimentar (aversão
a novos alimentos), característica de crianças entre os 2 e os 6 anos de idade;

Promove a satisfação das necessidades dos diferentes nutrientes;

Garante o equilíbrio nutricional.

Oferta dos alimentos considerando o tamanho das porções:

Adequado às necessidades individuais;

Desencoralar a repetição da dose;

Frequentes flutuações no apetite, característico do crescimento em patamares, que deve ser respeitada.

Parentalidade 87
Esquema alimentar considerando o intervalo entre refeições:

Reforçar as rotinas ajustadas para que as crianças em período diurno comam de 3 em 3 horas;

3 refeições principais (pequeno-almoço, almoço e jantar);

2 a 3 merendas, consoante as rotinas.

Alimentação de forma autónoma, hábitos de autonomia e sociais à mesa:

Permitem a autorregulação do apetite, controlando a compulsividade alimentar;

Auxiliar em certas atividades, por exemplo, a partir alimentos como a carne e a retirar espinhas, ossos ou
peles;

Supervisionar a refeição incentivará a criança a comer;

Evitar distrações;

Promover um comportamento adequado à mesa e o uso correto dos talheres;

Iniciar, em simultâneo, a refeição com todos os elementos da família.

Tempo disponível para a refeição:

Tempo aceitável até trinta minutos para uma refeição principal;

Desincentivar o estímulo para as corridas alimentares.

Nota

A ingestão rápida dos alimentos associa-se a consumos de volumes maiores, dado a ausência de tempo
para serem desencadeados os necanismos neuroendócrinos de saciedade.

O consumo e a desregulação dos mecanismos endógenos de controlo da fome/saciedade são dos


principais responsáveis pela obesidade e estão associados à persistência de comportamentos
desregulados em relação à procura e consumo de alimentos para a vida.

Os alimentos novos devem ser introduzidos em pequenas quantidades, incentivando a sua experimentação
e consumo, sem forçar, até à sua habituação.

Na recusa inical de um alimento novo, oferecer com regularidade, sem constrangimento, de uma forma
criativa e em família. A imitação e o jogo são características desenvolvimentais deste período etário que
facilitam a adesão ao novo alimento.

Melhorar conhecimento sobre ingestão nutricional entre os 24 e os 36 meses


Ensinar sobre:

Oferecer apenas alimentos incluídos na roda dos alimentos;

Importância do pequeno-almoço, sem se preocupar com o volume de aliemnto ingerido;

Integrar produtos lácteos (leite, iogurte, queijo, num volume máximo de 400 a 500 mL por dia), hidratos de
carbono complexos (pão de cereais variados) e frutos nas merendas;

Incluir sopa de hortícolas, prato principal e fruta no almoço, variando os alimentos;

Tempo aceitável de 30 minutos para uma refeição;

Priveligiar hortofrutículas (sopa e fruta) ao jantar, deixando que o apetite da criança regule o volume
ingerido do prato principal;

Oferecer apenas água durante o dia e às refeições.

Melhorar a capacidade para lidar com o sono

Ajudar a estabelecer uma rotina e um horário;

Parentalidade 88
Fornecer objetos de transição;

Atitude relaxante no início da rotina;

Tempo adequado para a rotina de deitar;

Necessidade de tempo para a adaptação à ideia de se deitar (acabar as atividades em curso);

Rituais de deitar o mais simples possíveis;

Rotinas transportáveis (desaconselhar o uso de biberão à noite, comportamento de proscratinação);

Ambiente calmo, luz suave.

Melhorar conhecimento sobre saúde oral

Ensinar sobre:

Vigilância da saúde oral: exame da boca a cada seis meses; primeira consulta aquando da erupção
dentária.

Dieta alimentar: conceito de cárie da amamentação ou cárie de leite; eliminação dos alimentos
cariogénicos da dieta; relação entre frequência e quantidade total de ingestão de alimentos.

Higiene oral: informar sobre a eficácia se realizada pelos pais; aconselhar sobre o tipo de escova, pasta
dentífrica e fio dental depois da escovagem.

Melhorar a capacidade para lidar com a segurança ambiental

12 aos 18 meses
Supervisionar a criança ao ar livre.
Educar a criança sobre os perigos de atirar algo e atingir algo.

Prevenir o acesso a tomadas elétricas, fios, equipamentos, aparelhos, ferramentas elétricas.


Guardar armas e objetos semelhantes com fechaduras e chaves.
Educar a criança sobre medidas seguras de interagir com animais de estimação.
Trancar portas e portões para prevenir o avesso da criança a áreas perigosas.
Usar os bicos de fogão mais internos, instalar protetores de botões do fogão e/ou limitar o acesso da
criança à cozinha.

18 aos 24 meses
Instalar a cadeira da criança e usá-la conforme indicações do fabricante.

Armazenar os objetos cortantes, aparelhos e itens de cozinha fora do alcance da criança.


Orientar a criança sobre perigos de rua.
Guardar itens de limpeza, medicamentos e produtos de higiene pessoal fora do alcance da criança.
Assegurar múltiplas barreiras à área da piscina/banheira de água quente.
Protetores de botões de fogão e/ou limitar o acesso da criança à cozinha.

24 aos 36 meses
Instruir a criança sobre perigos de armas, de estranhos e toques bons e maus.

Selecionar brinquedos de acordo com as recomendações do fabricante sobre a faixa etária.


Oferecer supervisão e instruir sobre o uso seguro de brinquedos grandes, saltar e andar.
Guardar fósforos/isqueiros fora do alcance da criança.
Supervisionar sempre a criança que está próxima de piscinas, lagos, banheiras com água quente e quando
brinca em locais públicos.

Parentalidade 89
Oferecer capacete adequado para o uso de bicicleta e instruir a criança a usá-lo sempre.

Evitar o acesso da criança a janelas no andar superior, a varandas e a escadas.


Instruir a criança sobre formas de procurar ajuda de adultos quando estiver com medo ou em perigo.

Melhorar capacidade para lidar com as brincadeiras


Instruir sobre o tipo de brincadeira para desenvolver a atividade motora fina e tátil.
Informar da importância da exploração e das brincadeiras desestruturadas para o desenvolvimento da
liberdade de expressão.

Utilização dos mídia deve ser limitada a 1 ou 2 horas por dia.

Melhorar a capacidade para lidar com o negativismo


Indicar a importância de reduzir as hipóteses de uma resposta negativa.
Evitar fazer perguntas do tipo “queres ir para a cama agora?”.
Dar oportunidade de opção entre duas hipóteses viáveis e realistas, e se a criança continuar a ser negativa, a
escolha deve ser dos pais.

Corresponde à reinvindicação necessária para o autocontrolo e aprendizagem social.


Diminui com a preparação da ida para o infantário.

Melhorar capacidade para lidar com a regressão


Ignorar a regressão.
Elogiar pelos padrões existentes e adequados de comportamento.

Evitar novas áreas de aprendizagem em plena crise ou se está para ocorrer uma.

Melhorar a capacidade para lidar com a rivalidade entre irmãos


Preparar com antecedência e realismo:

Permitir a participação do toddler;

Promover o contacto prévio com recém-nascidos e lactentes;

Dramatização;

Manter as rotinas.

Melhorar a capacidade para lidar com os acessos de raiva e birras


Consistência na ação.

Expectativas de desenvolvimento adequadas.


Disciplina: ensinar ou aplicar um conjunto de regras que orientem o comportamento.
Escolher consequências adequadas ao desenvolvimento:

Chamar à razão tem pouco efeito.

Usar gratificações como reforço positivo, mas não ceder ao pedido original.

Estar presentes proporcionando conforto e segurança.

Melhorar conhecimento sobre controlo de esfíncteres

Parentalidade 90
A dieta equilibrada (fibras alimentares) mantém a consistência das fezes moldadas e desenvolve e regula os
movimentos intestinais.
O aparecimento da regressão apenas significa retrocesso temporário (conforte e segurança).
Respeito pelas necessidades individuais (não existe um tempo exato para inicar e terminar o treino).
Reforço positivo das conquistas.
Critérios de decisão para iniciar o treino:

Reconhecer os sinais de prontidão;

Ter disponibilidade para o treino;

Escolher o momento adequado para o treino (evitar momentos de stress ou mudanças familiares).

Sinais de prontidão:

Imitar o comportamento dos pais.

Desejar agradar.

Desejar ser autónomo: insistir em concluir tarefas sem ajuda e orgulhar-se de novas habilidades.

Andar e estar apta a sentar de modo estável e sem ajuda.

Pegar em objetos pequenos.

Capaz de dizer “não” como sinal de independência.

Entender e responder a instruções e seguir ordens simples.

Saber puxar as roupas para cima e para baixo.

Possuir um vocabulário simples referente ao treino de esfíncteres.

Possuir um vocabulário simples referente ao treino de esfíncteres.

Usar palavras, expressões faciais ou movimentos indicadores de necessidade de urinar ou defecar.

Mostrar interesse em outras pessoas que estiverem a usar a casa de banho.

Ficar com a fralda seca por duas horas ou mais durante o dia.

Dizer que está a “fazer xixi” no momento da micção, geralmente durante o banho.

Dizer que acabou de urinar ou defecar em pequena quantidade na fralda e fica incomodado com a fralda
molhada. Tenta retirar a fralda molhada ou pede para ser trocada - consciência física.

Não quer usar fraldas ou mostra interesse em usar cuecas.

Consegue ficar parado na bacia ou sanita por 3 a 5 minutos.

Permanece a brincar na mesma atividade por mais de 5 minutos.

Ser capaz de apontar o que deseja.

Ter iniciado a comunicação por palavras ou frases simples.

Não apresentar atrasos nos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor segundo escalar validadas
internacionalmente.

Treino do controlo dos esfíncteres:

Usar bacio ou assento redutor da sanita (facilita a transição e dá segurança).

Colocar banco sob os pés (estabilidade da posição).

Deixar observar o despejo do bacio, a descarga do autoclismo (associação a práticas comuns).

Dar tempo que se familiarize com o bacio e o redutor.

Limitar as sessões de 5 a 10 minutos.

Permanecer junto da criança.

Parentalidade 91
Usar roupa de fácil remoção.

Iniciar o uso de cuecas (ao demonstrar controlo regular diurno).

Lembrar frequentemente e ir com a criança várias vezes à casa de banho.

Infância pré-escolar
Características globais
A infância pré-escolar vai desde os 3 aos 6 anos de idade.
É esguio, gracioso, ágil e tem uma postura corporal correta.
O principal desenvolvimento corre na motricidade fina.
É mais exigente na alimentação (escolha alimentar).
Pode permanecer inquieto ou nervoso durante as refeições.

Exibe pensamento mágico (estádio pré-operatório: egocentrismo intelectual; animismo).


A idade dos porquês (pico aos 4 anos).
Apresenta mais medos.
Mudança nas práticas parentais: protetoras para educacionais.
Experiência do jardim de infância.

Crescimento

Peso
3 anos: 14,5 kg.
4 anos: 16,5 kg.
5 anos: 18,5 kg.
Aumento médio de 2 a 3 kg por ano.

IMC
Baixo: percentil abaixo de 3.

Peso normal: percentil 3 a percentil 85.


Excesso de peso: percentil 85.
Pré-obesidade: percentil 85 a percentil 97.
Obesidade: percentil 97.

Altura
3 anos: 95 cm.
4 anos: 103 cm.

5 anos: 110 cm.


6 anos: 116 cm.
Acréscimo anual entre 6,5 cm e 9 cm.

Avaliação do crescimento: consultas aos 3, 4, 5 (exame global) e 6/7 anos (final do 1º ano de escolaridade).

Desenvolvimento

Parentalidade 92
4 anos 5 anos

Fica num pé sem apoio por 3 a 5 Fica num pé por 3 a 5 segundos com os braços
Postura e Motricidade Global segundos. Sobe e desce as escadas dobrados sobre o tórax. Salta alternadamente num
alternadamente. Salta num pé. pé.

Constrói 4 degraus com 10 cubos. Copia o quadrado


Constrói escada de 6 cubos. Copia a
Visão e Motricidade Fina e o triângulo. Conta 5 dedos de uma mão e nomeia 4
cruz. Combina e nomeia 4 cores básicas.
cores.

Sabe o nome completo, a idade e o sexo Sabe o nome completo, idade, morada e
e habitualmente a morada. Linguagem habitualmente a data de nascimento. Vocabulário
Audição e Linguagem
compreensível. Apenas algumas fluente e articulação geralmente correta - pode haver
substituições infantis. confusão em alguns sons.

Pode vestir-se e despir-se só com a


Comportamento e Adaptação exceção de abotoar atrás e dar laços. Veste-se só. Lava as mãos e a cara e limpa-se só.
Social Gosta de brincar com crianças da sua Escolhe os amigos. Compreende as regras do jogo.
idade. Sabe esperar pela sua vez.

Comportamentos adaptativos

Comportamento motor fino


Melhoria da habilidade para manipular objetos de diversos tamanhos.

Consegue desenhar, vestir e calçar.


Estas habilidade proporcionam a prontidão para aprender e a independência para iniciar a escola.

Comportamento motor grosso


Andar, correr e saltar (36 meses): anda nas pontas dos pés; fica num pé só por alguns segundos.
Pegar numa bola com confiança (4 anos).
Saltar: eficientemente num só pé (4 anos); com um pé e outro alternadamente (5 anos); salta à corda.
Patinar e nadar (5 anos).

Comportamento pessoal e social

Aprecia as brincadeiras em grupo (sem regras rígidas).


Possui um amigo imaginário (início aos 3 anos, sendo mais comum aos 4/5 anos).
Está no auge do período de representação simbólica - tem capacidade de evocar o que não é real e fantasia.
Dramatizam constantemente o faz de conta, fazendo parte do seu quotidiano.
Proporcionam oportunidades de aprendizagem, desenvolvimento físico, social e mental.
Promovem o aprimoramento de habilidades motoras e o crescimento físico.

Mais frequentes são a associação, a imitação, a imaginação e as dramáticas (ajuda à diferenciação entre a
fantasia e a realidade).
Ver televisão e vídeos.
Atividades reais (no final deste período).

Linguagem
O período amis crítico ocorre entre os 2 e os 5 anos.

A disfunção no padrão é normal do processo de desenvolvimento da linguagem.


Disfunção da fala causa perda de audição, atraso no desenvolvimento e ausência de estimulação verbal.
A linguagem é o principal modo de comunicação e interação social.
Aprendem a verbalizar sentimentos e desejos.

Parentalidade 93
É mais sociável, disposto a agradar.
Começa a questionar os valores paternais e a comparar com os do grupo.
Sinais de alerta:

Hiperativo, distraído, dificuldade de concentração.

Linguagem incompreensível substituições fonéticas, gaguez.

Estrabismo ou suspeita de défice visual.

Perturbação do comportamento.

Agressividade - dificuldade natural


Comportamento no qual tenta magoar alguém ou destruir objetos.

A agressão difere da raiva (estado emocional temporário).


Hiperagressivo: ataques físicos a outras crianças e adultos, da propriedade alheia, acessos de raiva intensa,
impulsividade intensa, desrespeito e desobediência.
Classificar um comportamento agressivo como “normal” ou problemático depende de:

Quantidade (nº de ocorrências).

Severidade (interferência social/cognitiva).

Distribuição (diferentes manifestações).

Início da manifestação e duração (4 semanas).

O comportamento da criança é moldado por contextos proximais: pais, escola.


Aprende por imitação e exploração.
Estimulação dos sentidos e atividades lúdicas.
Neofobia - afirmação da independência.

Ingestão nutricional
Considerar que:

Os pais são o primeiro modelo social para as crianças e os principais responsáveis pela disponibilização de
alimentos.

A importância do exemplo, fomentando refeições saudáveis e agradáveis em família.

A escola tem um papel fundamental na modelação de comportamentos alimentares saudáveis. É crucial a


articulação de atitudes e escolhas entre a escola e a família.

A educação alimentar deve basear-se em afirmações e exemplos concretos: fotografias, desenhos para colorir,
jogos, modelos tridimensionais de alimentos e atividades que incluam alimentos.
O ambiente de aprendizagem deve permitir a criança usar os sentidos, deixando-a participar ativamente na
aprendizagem.
33,3% das crianças entre os 2 e os 12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas.
A ansiedade dos pais é causada por:

Comportamento rebelde aos 4 anos.

Enfrentar o lado social da refeição aos 5 anos.

Preparação da criança para experimentar novos sabores.

Existe uma variabilidade na quantidade de alimentos consumidos.

Parentalidade 94
Sono
Dormem em média entre 11 a 13 horas, e quando iniciam a escola dormem entre 9 a 11 horas.
Ocorrência de alterações no sono: relaciona-se com a imaginação e podem ser pesadelos ou terrores noturnos.

Terrores Pesadelos
1 a 8 anos; 3 a 6 anos;
Despertar parcial de um sono profundo; Ocorre em sono REM;
1 a 4 horas depois de adormecer; Sonho assustador que acorda a criança;
Depois adormece rapidamente; No final do sonho acorda, chora, chama;
O normal é um episódio por noite; Dificuldade em regressar ao sono;
Grita e debate-se, depois acalma Mais intensos na segunda metade da noite;
Mostra pavor, fúria e confusão que desaparecem; O normal é 1 episódio por noite;
Pouca consciência da presença dos outros; Uma criança mais pequena chora;
A descrição de sonho é nula ou fragmentada. Em todas as idades apresentam pavor persistente;

Criança consciente e acessível (acolhe bem o conforto);


Em crianças mais velhas há descrição de um sonho.

Medos
Incluem o escuro, ficar sozinho.
Gestão dos medos pelos pais, pela dificuldade de distinguir a fantasia da realidade - animismo.
Aos 5 ou 6 anos abandona os medos, se persistir necessita de ajuda profissional.

Medos mais comuns nas crianças

Idade Medos

0 aos 6 meses Perda do contacto físico com a mãe. Ruídos intensos

Pessoas estranhas. Situações estranhas. Separação.


7 aos 12 meses
Altura.

2 aos 3 anos Animais. Pessoas fantasiadas.

Escuro. Tempestades. Monstros, fantasmas. Perda de


3 aos 6 anos
entes queridos. Dormir sozinho.

Danos físicos. Perigos. Preocupação com a escola.


6 aos 10 anos
Doenças.

10 a 12 anos Preocupações com amizades e as relações.

Preocupação com as relações com o sexo oposto.


13+ anos
Independência. Planos de vida, futuro.

Segurança
A necessidade de prevenir:

Queimaduras;

Afogamento;

Envenenamento;

Quedas/projeções/veículos.

A educação deve enfatizar a segurança e evitar os riscos potenciais com proteção adequada (por exemplo, usar
capacete ao andar de bicicleta).

A importância de criar hábitos promotores de comportamentos de segurança a longo prazo.

Parentalidade 95
Sexualidade
Fazem perguntas sobre a proveniência dos bebés.
Brincam e exploram o próprio corpo.
Conscientes sobre as diferenças entre sexos.
Curiosidade sobre a função de eliminação e sexual (4 anos).

Plano de cuidados - Intervenções em enfermagem

Melhorar o conhecimento sobre ingestão nutricional


Ensinar sobre:

Aprendizagem de novos paladares;

Modelo parental importante na aquisição de hábitos.

Oferta de pequenas porções de cada vez respeitando os sinais de fome e saciedade.

Registo e acompanhamento associa-se a comportamentos mais saudáveis, a pressão para comer, em particular
em crianças com seletividade alimentar, pode ter efeitos indesejáveis.

Criatividade e imaginação: empratamento.

Se mostrar sinais de fome antes da refeição, oferecer vegetais como aperitivo (cenoura, aipo, tomate-cereja).

Intervalo entre as refeições.

Refeições em família em ambiente calmo.

Envolvimento das crianças em atividades culinárias.

Supervisionar

Usar utensílios apropriados - segurança

Comprar alimentos saudáveis

Lista de compras para uma receita saudável

Colaboração na preparação de uma refeição

Participar na ida às compras em família, promotora da aprendizagem de escolhas saudáveis.

Desaconselhar a recompensa alimentar por um bom comportamento ou por outra razão.


Evitar a oferta de snacks ou aperitivos densamente energéticos antes ou depois das refeições.
Evitar manter a criança à mesa até ao prato estar limpo.

Melhorar o conhecimento sobre o sono


Ensinar sobre:

Acordar noturno pode ser comum:

Pesadelos (sono superficial, com despertar abrupto que pode ser incitado por um grito de pânico, choro ou
vocalizações incoerentes).

Terrores noturnos (princípio da noite).

Dificuldade em ir dormir.

Atmosfera não competitiva, de brincadeira livre.

Respeitar o medo (ele é real).

Confortar e dar segurança.

Observação da criança durante alguns minutos.

Parentalidade 96
Necessidade de esperar que se acalme e acorde e de regressar ao quarto.

Higiene do sono:

Horário regular de deitar (se necessário alterar, por períodos máximos de 30 minutos).

Ritual de deitar (lavar os dentes, vestir o pijama).

Objeto de transição.

Adormecer na própria cama.

Diminuir atividades lúdicas estimulantes, como a televisão.

Melhorar o conhecimento sobre segurança


Ensinar sobre:

Manter fora do alcance objetos como fósforos, líquidos quentes, eletrodomésticos, medicamentos, produtos de
limpeza.

Temperatura da água.

Colocação de detetores de fumo nas divisórias da casa.

Proteção das fontes de calor (velas, forno, aquecedores, lareira).

Utilização de proteção como boias, braçadeiras, joelheiras, capacete).

Estimulação de prática desportiva: natação.

Seleção dos locais e supervisão.

Mecanismos de ajuda: número de emergência (112).

Ensino de normas de segurança: circulação pedonal, bicicletas.

Melhorar o conhecimento sobre saúde oral


Supervisão e ajuda na escovagem dos dentes duas vezes por dia e usar fio dental depois (pelos pais).
Os cuidados odontológicos: intervalos de 6 a 12 meses (recomendação).
Evitar alimentos cariogénicos de dieta.

Melhorar conhecimento sobre experiência com o infantário


Ensinar sobre:

Avaliação prévia das condições:

Projetos pedadógicos

Estratégias de adaptação: permanecer um pouco no infantário, permanência gradual

Partilha da informação sobre ambiente e rotinas familiares, as atividades favoritas, as preferências


alimentares…

Apresentação da ideia como estimulante e agradável: demosntrar confiança no primeiro dia.

Melhorar conhecimento sobre educação sexual


Ensinar sobre a importância de:

Descobrir o que a criança sabe e pensa.

Responder de forma verdadeira, clara, objetiva e pontual, de acordo com a maturidade e curiosidade expressa.

Aceitar (sem encorajar ou condenar) a curiosidade sexual.

Parentalidade 97
Melhorar conhecimento sobre os medos
Ensinar sobre:

A sequência do desenvolvimento dos medos e o desaparecimento gradual.

Favorecer momentos de conversa sobre o medo com naturalidade e sem exageros.

Não utilização do medo da criança como meio de autoridade.

Escolha de objetos familiares quando muda para um ambiente não familiar - escola, casa de amigo, consulta…

Falar a verdade sobre os medos.

Monitorização dos programas de TV, jogos e vídeos.

Estratégias para lidar e superar os medos:

Envolvimento ativo (compreensão e solução).

Manter a luz acesa de noite.

Dessensibilização.

Lidar com o stress na vida dos filhos:

Sinais: cefaleias, bruxismo, erupções cutâneas, insónias, preocupação excessiva, vergonha, apatia, tristeza,
instabilidade de humor…

Identificar a fonte.

Ponderar a quantidade de ajuda.

Perceber a capacidade de tolerância.

Estruturação das atividades de forma a permitir o descanso.

Preparação para a transição: ingresso na escola.

Melhorar conhecimentos sobre a linguagem


Ensinar sobre:

Falar claramente.

Evitar completar as frases e sobrecarregar com correções.

Estratégias promotoras da linguagem:

Em idade pré-escolar
Inciar as conversas relacionadas a eventos recentes, o que eles estão a fazer, como se estão a sentir…
Inventar histórias em conjunto em que cada um contribui um pouco para a construção da história.
Aumentar gradualmente a complexidade da gramática e do vocalulário que usa para comunicar com a criança.
Fornecer informações ampliadas sobre eventos, coisas que eles veem e como eles se sentem.
Ler, fazer perguntas, usar inflexões dramáticas, deixar adivinhar o que vai acontecer a seguir, apontar para
imagens e descrever, pedir à criança para fazer o mesmo.

Em idade escolar
Manter as conversas em andamento.
Nas reuniões familiares permitir que elas expressem a sua opinião sobre um assunto simples.
Refeições conjuntas incentivam a conversa entre os membros da família.
Manter dispositivos eletrónicos desligados.
Depois de ver um filme ou programa de TV, falar sobre o que aconteceu.

Parentalidade 98
Incentivar a leitura e quando terminar conversar sobre o que sentiram.

Melhorar conhecimentos sobre desenvolvimento


Ensinar sobre estratégias promotoras do desenvolvimento

Idade Atividades promotoras do desenvolvimento

Promover as contruções com lego e com puzzles. Proporcionar oportunidades para a criança fazer o
desenho da figura humana. Inventat brincadeiras que envolvam distinção de cores e ensinar canções e
versos. Pô-la a participar em afazeres, mesmo que sejam simbólicos. Dar oportunidade para a verbalização
das suas vontades, aceitar a sensibilidade da criança, seja avanços ou recuos. Mostrar a sequência das
4 anos
atividades; Promover brincadeiras onde existia movimento físico; Auxiliar a criança na diferenciação entre a
emoção e o agir (consciência moral/solidariedade humana). Proporcionar a oportunidade da criança
transmitir uma mensagem a outra pessoa; Não entrar em grandes pormenores quando questionados sobre
a sexualidade.

Selecionar os programas televisivos/computador, bem como o horário e o período de tempo. Não


ridicularizar os presumíveis medos/pesadelos/fobias, ajudando a resolver o sentimento de impotência.
Continuar a proprorcionar atividades que permitam à criança desenvolver a área motora. Ensinar a recortar
e colar triângulos, quadrados e círculos de vários tamanhos e formar figuras. Pedir para que explique o
5/6 anos
significado de palavras simples e incentivar para que pergunte aquelas que não conhece. Continuar a
proporcionar à criança responsabilidade. Incutir regras, impor limites, ajudar a lidar com os impulsos (roubo,
mentira). Promover a participação em jogos para a promoção da sua personalidade (saber lidar com a
timidez, submissão, validade, liderança, etc).

3 anos
Interesse crescente em alargar as relações pessoais.
Frequência da pré-escola/outras atividades de socialização.
Estabelecimento de limites e disciplina.
Os objetos transitivos.
Mudanças de comportamento aos 3 anos e meio, revelando insegurança, apelam por mais atenção.
Relação entre desenvolvimento e segurança.

4 anos
Comportamento mais reativo/agressivo; resistência à autoridade parental.
Crescente curiosidade sexual.
Educação baseada na definição de limites/disciplina.
Imaginação e amigos imaginários.

Alterações do sono.

5 anos
Período mais tranquilo.
Preparar a criança para a entrada na escola.
Verificar cumprimento do PNV.
Estabelecer regras de segurança na interação com estranhos.
Sugerir aulas de natação.
Supervisão de TV/Internet.

Infância escolar
Características do desenvolvimento global

Parentalidade 99
6 a 11 anos: entrada na escola.

Dentição decídua começa a cair.

Melhoria da capacidade de comunicação.

Maior robustez física e consequente equilíbrio.

Diminuição da acelaração do crescimento:

5 cm por ano;

2 a 3 kg por ano.

Maior maturidade de órgãos e sistemas.

Crescimento físico e marcos do progresso físico


Pré-pubescência

Desenvolvimento das características sexuais secundárias.

Desenvolvimento do auto-conceito e da imagem corporal.

Maturidade dos sistemas e processos corporais

Sistema respiratório.

Sistema renal.

Sistema imunitário.

Sistema musculoesquelético.

Sistema gastrointestinal.

Mudanças proporcionais

Peso

Altura

IMC

Caracteres secundários femininos:

O crescimento dos seios.

O alargamento das ancas e o arredondamento da bacia.

O aparecimento de pelos nas zonas púbicas e axilas.

Aumento da transpiração e da oliosidade da pele.

O crescimento acentuado.

O início da menstruação.

O adelgaçamento da silhueta.

O aparecimento de acne.

Caracteres secundários masculinos:

Aumento do tamanho dos órgãos sexuais.

Aparecimento de pelos nas zonas púbicas, axilas e face.

Crescimento acentuado.

Alargamento dos ombros.

Engrossamento da voz.

Desenvolvimento dos músculos.

Parentalidade 100
Primeira ejaculação.

Aparecimento de acne.

Experiência escolar
A sociedade tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança em diade escolar, não existindo forma de
educar isoladamente da escola, família, saúde, cultura e política.
A escola é um local de socialização, de aquisição de valores e normas.
A entrada na escola: a disciplina por outro adulto.
A importância do grupo de pares e do modelo do professor.
Aprendizagem relaciona-se com a maturidade da criança: física, emocional e cognitiva.

Crianças sem supervisão


Tipologia familiar - com a mãe a trabalhar fora de casa - crianças sem supervisão (famílias monoparentais ou
nucleares).
Comportamentos: solidão e isolamento; sentimentos de insegurança; vulnerabilidade e comportamentos de risco.

Limites e disciplina
Importância para o desenvolvimento harmonioso:

Fortalecer o comportamento adequado.

Minimizar condutas indesejáveis.

Promover a maturidade.

Desenvolver a autonomia e responsabilidade.

Promover o ajustamento ao ambiente escolar.

Envolver em atividades socioculturais.

Suspender atividades, privilégios, compromissos.

Princípios orientadores:

Mesmo na disciplina é importante assegurar o afeto.

Incluir a criança no processo de determinar as medidas disciplinares.

A resolução de problemas é a melhor abordagem para estabelecer limites.

Ser preserverante e consistente: educar é uma tarefa árdua e contínua.

Dar sempre o exemplo pode ser o primeiro caminho para estabelecer os limites, a criança tem tendência para
aprender por imitação.

Tratar o comportamento da criança sem irritação ou raiva:

É necessário que a criança se acalme antes de ser corrigida.

Realizar de modo afetivo, por meio de conversa e redirecionamento, ou seja, ação com amor.

Reconhecer os comportamentos inadequados e resolver sem a presença de outros:

Antes de humilhar ou punir deve levá-la a compreender a ação.

Agir distante dos outros, sem constrangimentos, sendo prova de respeito.

Diferenciar a criança do erro, causando frustração, mas sem condenação.

Associar o toque físico afetivo às palavras de correção:

Parentalidade 101
Lembrar com mais frequência as coisas boas que a criança deve fazer, as formas corretas dela agir, e não o
contrário, dizendo e destacando sempre o que ela não deve fazer.

Evitar manipular ou deixar-se ser manipulado por chantagens emocionais:

O ideal é que o adulto se mantenha imparcial quanto às birras e choros.

Quando a sua palavra for dada, a criança tem que obedecer.

Manter-se firme nas deicões, pois se tentar de alguma forma suprir o que a criança deseja, por sentimento de
culpa, ela irá perceber que de uma forma ou de outra ela terá o que quer.

Evitar o jogo do empurra-empurra:

Cada um que assuma a sua responsabildiade, sendo a melhor solução a parceria de todas as partes, no
trabalho conjunto e contínuo.

Ser coerente nas rotinas, ou seja, preserverante e consistente.

As rotinas e hábitos são maneiras de oferecer a cada criança um ambiente estável e tranquilo para se
construir uma personalidade confiante e consciente.

Comportamento desonesto

Comportamentos anti-sociais: mentir, roubar e enganar

Mentir: manutenção do pensamento fantasioso; escapar a castigos; corresponder a expectativas.

Importância da coerência do comportamento honesto dos adultos.

Roubo: entre os 5 e os 8 anos o sentido de direito de propriedade é limitado.

Stress: conflitos dentro da família, relacionamentos interpessoais, pobreza, doença, ambiente escolar,
competição entre colegas de classe por notas e reconhecimento dos pais/professores e ansiedade pelas provas
ou desempenho.

A violência gratuita e impessoal nos mídia pode gerar insegurança e stress.

Bullying nas escolas: fobia escolar.

Stress e medo
Sinais de stress:

Dores no estômago ou cefaleia;

Problemas de sono;

Enurese noturna; (fazer xixi na cama)

Alteração de hábitos alimentares;

Comportamentos irritadiços ou teimoso;

Relutância em participar;

Regressão a comportamentos anteriores.

Explorar melhor a situação junto da criança e dos pais.

Sinais de alerta:

Agressividade;

Violência e oposição persistentes;

Birras inexplicáveis e desadequadas para a idade;

Ansiedade, preocupações ou medos excessivos;

Parentalidade 102
Dificuldades em adormecer, pesadelos muito frequentes;

Dificuldades na socialização, com isolamento ou relacionamento desadequado com pares ou adultos.

Relação interpessoal
Relacionamento pessoal e cooperação: atividades de grupo; reforço da socialização; perigo de assumir riscos.

Relações familiares: questionam a autoridade.


Jogos e brincadeiras em equipa:

Regras e rituais;

Jogos e brincadeiras em equipa;

Jogos e atividades tranquilas;

Domínio do ego;

Bullying/Cyberbullying.

Ingestão nutricional
Estão a ser depositados recursos para as necessidades de aumento de crescimento durante a adolescência.
Necessidade de uma dieta equilibrada para promover o crescimento.
A qualidade da dieta da criança depende do padrão alimentar da família.
O tempo de sono e repouso são necessidades indivualizadas, em função da idade, do nível de atividade e do estado
de saúde.

O tempo de sono relaciona-se com o desempenho escolar, se insuficiente afeta negativamente a aprendizagem.
Sintomas que predispõem para uma deficiente aprendizagem:

Comportamento mais inquieto e instável;

Sonolência;

Diminuição da capacidade de atenção;

Dificuldades de memória e irritabilidade.

Plano de cuidados - Intervenções de enfermagem


Melhorar o conhecimento sobre o sono
Ensinar sobre:

Tempo de sono e repouso (cerca de 9,5 horas por noite);

Resistência a dormir (pouca dos 6 aos 7 anos, maior dos 8 aos 11 anos e nenhuma a partir dos 12 anos).

Melhorar o conhecimento sobre ingestão nutricional


É importante utilizar as consultas de saúde infantil desde o nascimento para educar as famílias sobre hábitos
alimentares saudáveis e aproveitar todos os contactos com as equipas de cuidados de saúde primários para uma
abordagem oportunista dos comportamentos alimentares.
Estratégias para incentivar a ingestão nutricional adequada:

Fazer refeições a horas certas e contemplar alimentos variados a nível de cores, texturas e paladares.

Incluir as crianças na compra, preparação e confeção das refeições.

Ser seletivo na apresentação dos pratos, tendo em atenção as cores dos alimentos.

Parentalidade 103
Fazer das refeições um momento divertido, de descontração e de convívio da família. Respeitar a saciedade da
criança e não fazer das refeições uma guerra com as crianças.

Habituar a comer sopa no início do almoço e do jantar.

Incluir produtos hortícolas em 1/3 dos pratos.

Não desisitir ao primeiro sinal de rejeição. Ninguém gosta de todas as frutas e hortícolas. Se a criança for
ensinada a provar o mesmo alimento vários vezes, pode acabar por apreciar.

Quando existe recusa a um alimento ou os seus equivalente alimentares, incluir noutras preparações que sejam
mais do gosto.

Não usar alimentos como um prémio ou uma punição.

Melhorar o conhecimento sobre exercício físico e atividade física


Ensinar sobre desportos:

Desportos coletivos e competitivos;

Participação sadia;

Segurança dos equipamentos.

Atividades apropriadas: corrida, saltar à corda, natação, skate, patinagem, dança e ciclismo.
Promove o desenvolvimento e o tónus muscular, o refinamento do equilíbrio e da coordenação, o aumento da força e
da resistência e a estimulação das funções corporais e do processo metabólico.

Melhorar o conhecimento sobre o desenvolvimento


Ensinar sobre desenvolvimento:

Aumento das habilidades motoras finas e artísticas;

Avanços na escrita e no desempenho;

Autonomia no vestir, despir e higiene;

Participação em atividades domésticas.

Melhorar conhecimento sobre educação sexual


Ensinar sobre:

A importância de esclarecer valores, identificar modelos a serem seguidos, e envolver na resolução de problemas
e prática de responsabilidades;

As doenças sexualmente transmissíveis de forma simples e precisa.

Assistir:

Na compreensão dos comportamentos esperados, por exemplo, a curiosidade sexual dos filhos faz parte do
desenvolvimento.

Na acessibilidade da informação, por exemplo, indicar sites com informação fiável.

Nota: a informação recebida junto de pares ou através de pesquisas na internet são obtidas em contexto de
secretismo, e podem ser erradas.

Melhorar o conhecimento sobre a saúde oral


Ensinar sobre:

Os dentes secundários nascem na mesma ordem dos primários;

Parentalidade 104
Seguem a sequência de queda dos dentes decíduos.

Os primeiros dentes a nascer são os molares (6 anos);

O aparecimento do segundo molar permanente (12 anos);

A maioria dos dentes permanentes está presente à nascença.

A técnica de lavar os dentes.

Melhorar o conhecimento sobre segurança


Educação para o uso de equipamentos de proteção → evitar acidentes de carro, escolares e acidentes desportivos.

Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento e crescimento de crianças com 6 anos de idade


Ensinar sobre:

Necesisdades nutricionais: alimentação na escola;

Crises de raiva ocasionais e alterações de humor;

Aumento da suscetibilidade à doença: contacto na escola;

Prevenção de acidentes;

Respeito pela manifestação de autonomia e privacidade;

Respeito pela necessidade de aprovação dos pares: força motivadora.

Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento e crescimento de crianças dos 7 a 10 anos de idade


Ensinar sobre:

Melhoria do sistema imunológico: menor suscetibilidade à doença, mas as alergias podem aumentar ou tornar-se
evidentes;

Prevenção de acidentes: lesões (aumento do crescimento ósseo em relação aos ligamentos);

Aumento do envolvimento com pares e interesses fora de casa;

Independência e estabelecimento de limites e disciplina;

Elogia na autoestima e autoconfiança;

Alterações pré-puberdade, sobretudo nas meninas.

Melhorar o conhecimento sobre o desenvolvimento e crescimento de crianças dos 11 aos 12 anos


Ensinar sobre:

Alterações corporais da puberdade;

Esperar um aumento de crescimento diferente entre meninas e meninos;

Estratégias de comunicação: respostas honestas e adequadas à curiosidade e compreensão;

Proporcionar autonomia e independência, mas permitir comportamentos regressivos, quando necessário;

Necessidades de sono e de repouso;

Prevenção de acidentes.

Adolescente
Aspetos gerais:

Parentalidade 105
Atualmente, no que diz respeito à morbi-mortalidade, a preocupação centra-se nos comportamentos de risco:

Desiquilíbrios alimentares (consumo e sedentarismo);

Consumo nocivo de substâncias;

IST (aumento das infeções por HIV em jovens menores de 25 anos);

Parentalidade precoce;

Comportamentos suicidas.

De acordo com a OMS, considera-se adolescente o indivíduo entre os 10 e os 19 anos.


A crise de desenvolvimento leva à formação do sentido de identidade e o pensamento cognitivo - pensamento
abstrato.
As relações pai/filho mudam de proteção - dependência para a afeição e igualdade.
Independência: tumulto e ambiguidade.
Período de rápida mudança física, cognitiva, social e emocional.
Começa com o aparecimento gradual dos caracteres sexuais secundários e termina com o cessar o crescimento do
corpo.
Puberdade refere-se ao processo de maturação hormonal e crescimento que ocorre quando os órgãos reprodutivos
começam a funcionar e os caracteres sexuais secundários se desenvolvem.

Crescimento
Maturidade dos sistemas e processos corporais:

Sistema respiratório;

Sistema renal;

Sistema imunitário;

Sistema gastrointestinal.

Mudanças proporcionais:

Peso;

Altura (20 a 25%);

IMC.

Maturação sexual:

Desenvolvimento do auto-conceito e da imagem corporal;

Aparecimento das manifestações externas.

Puberdade: conjunto de mudanças no organismo que transformam o corpo infantil num corpo adulto.

Puberdade
Limite etário da puberdade

Idade média de início Limite inferior do normal Limite superior do normal 1º sinal pubertário

Raparigas 10 anos 8 anos 13 anos Botão mamário

Rapazes 12 anos 9 anos 14 anos Aumento do volume testicular

Problemas de saúde associados ao aparelho reprodutor:

Feminino
Dismenorreia;

Parentalidade 106
Amenorreia primária;

Amenorreia secundária;
Vaginite.

Masculino
Fimoses;
Uretrites;
Carcinoma testicular (massa palpável, indolor, rígida na parte anterior ou lateral do testículo.

Ingestão nutricional
Aumento das necessidades nutricionais, calóricas e proteicas pelo que é altamente sensível a restrições calóricas.
A ingestão de cálcio é essencial para a prevenção de osteoporose.
A mudança para a independência e o aumento do número de refeições feitas fora de casa.
É frequente a ingestão insuficiente de verduras, frutas e leite.
Alteração de comportamentos alimentares: anorexia, bulimia, obesidade.

Sono e repouso
dos 13 aos 18 anos deve-se dormir 8 a 10 horas por dia.
São importantes para um esquema de saúde total.
O crescimento físico rápido e a tendência de excesso físico e o aumento geral das atividades contribuem para o
cansaço do adolescente e o aumento da necessidade de repouso;
A crescente utilização de novas tecnologias, das redes sociais no período noturno aumentam os problemas
conduzindo à privação crónica de sono (menos duas horas em relação ao recomendado para a idade).
Fatores condicionantes:

Biológicos: atraso de fase ligado à puberdade, que condiciona a secreção de melatonina na fase clara d dia);

Sociais: crescentes exigências escolares (horários), familiares, solicitações sociais - novos relacionamentos,
festas, convívios;

Tecnológicos: uso excessivo da Internet, computador, telemóvel, …

Padrões irregulares de sono: deitam-se mais tarde, levantam-se cedo, diminuição do tempo de sono noturno e
sonolência diurna; diferença nas horas de sono entre a semana e os fins de semana - mais tardios e com maior
número total de horas de sono ao fim de semana;

Perceção de sono parental.

A qualidade de sono relaciona-se com:

Níveis de sonolência, ansiedade, depressão e stress;

Comportamento - violência e agressividade;

Excesso de peso;

Dores de cabeça frequentes;

Consolidação da memória;

Capacidade de aprendizagem;

Desempenho académico.

Autocuidado

Parentalidade 107
Aumento da atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas apócrinas: higiene pessoal.

Efeitos dos mídia: utilização de produtos.


Glândulas sudoríparas localizadas nos mamilos, nas aréolas e nas regiões genital e anal. Podem adquirir um cheiro
característico, variável com as raças, e que tem efeito sexual, sendo mais numerosas na mulher, onde a secreção é
mais intensa durante a menstruação.
Os cuidados dentários são um aspeto importante dos cuidados preventivos.
Selantes de orifícios e fissuras são técnicas seguras e eficazes para a prevenção de cáries.
O uso de aparelhos ortodônticos corretivos são causa de embaraço e preocupação.

Stress
As múltiplas alterações ocorridas na adolescência podem resultar em grande stress.
Enfrenta pressões dos pares: experiência sexual, uso de drogas, álcool e cigarros, bem como atividades físicas
potencialmente perigosas; bullying; cyberbullying.
A maturação precoce ou a maturação tardia originam stress e podem causar perturbações internas e hesitações na
expressão das preocupações.

Segurança
Considerações:

Maior causa isolada de morte na faixa etária da adolescência;

A propensão para comportamentos de risco (conceito de indestrutibilidade);

Os acidentes mais frequentes envolvem veículos, armas de fogo e traumatismos desportivos.

O suicídio, a violência e os acidentes rodoviários são causa de morte mais comum.


O aumento da convivência com doenças crónicas constitui uma sobrecarga social e do sistema de saúde.
A depressão pode levar ao suicídio ou comportamentos autodestrutivos - representam numerosas fantasias, alívio do
sofrimento, meio de obter “consolo” e simpatia ou como meio de se vingar das pessoas que o magoaram.

Comportamentos adaptativos
Relacionamentos heterossexuais: explorar e entender sentimentos e experiências românticas.
Relações com as pares: fazer parte é da mais profunda importância.
Interesses e atividades: centralizadas nos pares, auxiliam o desenvolvimento de habilidades físicas, sociais,
cognitivas e o ajuste das propriedades e a estrutura do tempo.
Relacionamento com pais: a obtenção de independência frequente envolve tumulto e ambiguidade de sentimentos;
os pais devem proporcionar um estilo de orientação, no qual a autoridade é usada para orientação do adolescente.
Homossexualidade: fornecer ambiente seguro para o atendimento de saúde apropriado.

Sinais de risco

Situações evitáveis que contribuem para o risco em saúde:

Sexo não protegido;

Consumo de tabaco, álcool e drogas;

Obesidade, hipertensão e colesterol elevado;

Violência - estudos apontam para uma percentagem muito significativa de rapazes e raparigas que admitem já ter
sido vítimas ou agressores nas suas relações de namoro.

Parentalidade 108
Sinais de alerta:

Incapacidade para lidar com problemas e atividades quotidianas;

Ansiedade excessiva;

Insónia grave e persistente;

Humor depressivo mantido;

Ideação e tentativas de suicídio;

Sintomatologia obsessiva-compulsiva; variação ponderal acentuada;

Alterações do pensamento e da percepção;

Comportamentos antissociais repetidos;

Isolamento mantido;

Comportamentos agressivos, fugas.

Potencial para melhorar o conhecimento sobre ingestão nutricional

Planear educação e orientação nutricional de acordo com os hábitos alimentares, envolvendo o adolescente.
Responde melhor quando se dá informações diretas, se utiliza métodos de instrução que o envolvem diretamente, se
conversa com… e não sobre… e se escuta o que ele tem a dizer.
Discutir hábitos saudáveis na dieta.
Promover o número de refeições por dia (pequeno-almoço) e a ingestão equilibrada e diversificada de alimentos.
Incentivar a utilização dos serviços nutricionais escolares para o acesso a refeições nutritivas, lanches;

Considerar as necessidades quando se planeia educação e orientação nutricional - maior necessidade de cálcio e
ferro (expansão da massa muscular), e zinco para o tecido esquelético e ósseo.
Envolver o adolescente no processo de alteração da sua dieta.
Relacionar diretamente a aparência física e os benefícios de um estilo de vida saudável.

Potencial para melhorar o conhecimento sobre o consumo de tabaco

Disponibilizar informação.
Discutir efeitos imediatos (FC, TA)
Problemas respiratórios.
Alternativas ao cigarro.
Efeitos a médio e longo prazo.

Potencial para melhorar o conhecimento sobre sono e repouso


Reforçar a manutenção de rotinas de sono - horário.
Informar da importância de evitar bebidas com cafeína, uso de tecnologias…
Informar sobre as vantagens de um sono de qualidade.

Potencial para melhorar o conhecimento sobre saúde oral

Reforçar as indicações do dentista com referência ao uso e aos cuidados com o aparelho.
Enfatizar a necessidade de atenção cuidada na escovagem durante esse tempo.

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Potencial para melhorar o conhecimento sobre higiene oral
Ajudar na avaliação das características relacionadas com os produtos de higiene utilizados.

Potencial para melhorar o conhecimento sobre sexualidade


As informações que acumulam podem ser erradas e/ou incompletas.
Os adolescentes aceitam a clarificação de dúvidas com os enfermeiros.
Os enfermeiros precisam de ter conhecimentos sobre a sexualidade, valores culturais e sociais e conhecer as
próprias crenças e valores pessoais sobre a temática.
As instruções devem referir-se às funções normais do corpo e ser claras e diretas.
Responder à curiosidade e à solicitação de informações para além dos conhecimentos anatómicos e fisiológicos.
Sexo e sexualidade não podem ser ensinados sem discussões de tomada de decisão madura, responsabilidade
sexual e esclarecimento de valores.

Abordar temática interagindo com o adolescente; recurso à dramatização.


Aconselhar os jovens individualmente ou em grupo.
Discutir métodos alternativos de satisfação sexual, como resistir às pressões dos pares e a prática de sexo seguro.
Informar sobre os aspetos biológicos, sociais, saúde, estabelecimento de valores…

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