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ASPECTOS PSICOAFETIVOS DO

RECÉM-NASCIDO, SEUS PAIS E


SUA FAMÍLIA
Curso de Sensibilização na Atenção Humanizada ao Recém-nascido
– Método Canguru na Atenção Primária
2023
Ficha de créditos

Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do


Adolescente Fernandes Figueira (IFF)
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
2023. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF). Fundação
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Coordenação de Educação Coordenação de Atenção / Área de Atenção ao Recém-
nascido. Coordenação de Ações Nacionais e de Cooperação.

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Centros Nacionais de Referência para o Método Canguru
APRESENTAÇÃO
Olá estudante!

Neste recurso vamos abordar


aspectos psicoafetivos
fundamentais relacionados ao
recém-nascido, seus pais e suas
famílias, desde a chegada do
bebê até a transição para casa,
passando pelo desafio do
nascimento prematuro e da
internação neonatal.

Destacando a relevância do
apoio emocional nesse processo,
evidenciando os recursos para
ajudar os pais e as famílias a
enfrentarem esses desafios com
compreensão e cuidado.

Vamos lá?!

03
Sumário

01 Aspectos psicoafetivos do recém-


nascido, seus pais e sua família

02 A chegada de um bebê
construção dos novos pais
e a

03 Nascimento prematuro
internação neonatal
e a

04 A ida do recém-nascido para casa

Considerações Finais

Referências

04
1. Aspectos psicoafetivos do recém-
nascido, seus pais e sua família

A trajetória de um recém-nascido pré-termo,


seus pais e familiares é marcada por desafios
e possibilidades desde uma gravidez que
requer atenção especializada, durante a
hospitalização e após a alta hospitalar.

Trata‑se de um tempo e uma história


diferentes para todos: para esse filho que
ainda não deveria ter nascido ou que chegou
ao mundo solicitando um olhar especializado
e para esses pais que necessitam de apoio
especial.

Modifica a história desejada e repercute no


processo interacional pais‑bebê que teve início
na gestação, facilitando prováveis riscos para
a formação e o estabelecimento do vínculo
afetivo.

Os cuidados propostos pelo Método Canguru (MC) configuram‑se como


progressivos, pois respeitam o tempo e as aquisições evolutivas destas
crianças e de seus pais.
Tais cuidados ocorrem desde a gestação, que busca minimizar as
possíveis consequências de um parto antecipado, durante a permanência
do bebê na unidade neonatal (1ª e 2ª etapa do MC), e quando da terceira
etapa compartilhada com a Atenção Primária.
Acolher e cuidar das especificidades de cada um destes momentos
possibilita que as experiências emocionais ganhem significado e sejam
elaboradas a partir das competências que a equipe reconhece e promove
na família.

05
2. A chegada de um bebê e a construção dos
novos pais

Quando um bebê se prepara para chegar ao mundo, provoca grandes


mudanças nos papéis e funções dos diferentes membros de sua família e
mesmo de sua comunidade.

A construção destes novos papéis envolve inicialmente um vínculo


conjugal formado por duas subjetividades que constituem uma
identidade compartilhada e, na presença de filhos formam a
parentalidade - dão continuidade à transmissão geracional.

Assim, a parentalidade é o processo de tornar-


se pai e tornar-se mãe e seu conceito contém a
ideia da função parental, de parentesco, a
história da origem do bebê e das gerações que
precedem seu nascimento. Ocorre uma
reestruturação psíquica e afetiva no pai e/ou na
mãe, que possibilita o atender o filho nos níveis
corporal, afetivo e psíquico.

Na transição da conjugalidade para a


parentalidade ocorre no casal várias
negociações sobre seus papéis e funções que
dependerão da qualidade da relação conjugal,
dos padrões das famílias de origem, da rede de
apoio social, das condições socioeconômicas e
culturais que eles vivem.

Na construção dos novos pais, a mulher vivencia vários processos


psicofisiológicos desde as adaptações a novas sensações corporais no
primeiro trimestre, passando pelos movimentos do bebê - um ser
separado e desconhecido em seu interior que a solicita, ao foco no bebê
que pode nascer e nas mudanças que irão ocorrer em sua vida,
preocupações próprias do terceiro trimestre.

06
2. A chegada de um bebê e a construção dos
novos pais

No final da gestação e nas primeiras semanas pós-parto a mulher/mãe


apresenta um funcionamento materno onde se mostra especialmente
capaz de se adaptar às primeiras necessidades de seu filho recém-
nascido, com delicadeza e sensibilidade configurando-se em um estado
psicológico, chamado por Winnicott (2000) de Preocupação Materna
Primária.

O homem/pai, por sua vez, no


caminho da paternidade, em especial
a experiência do primeiro filho,
desperta intensas emoções assim que
ele começa a tomar o lugar que
anteriormente era de seu pai. Tem
início um processo de reavaliação de
suas experiências passadas como
criança, o que pode resultar na
elaboração de padrões de seus
relacionamentos familiares anteriores,
especialmente com a figura paterna.

Surgem sentimentos ambivalentes, muitas dúvidas em relação ao seu


papel, ao RN e ao seu relacionamento com a esposa. Precisa aceitar a
transição de uma relação dual com a mulher (conjugalidade) para uma
relação triádica (parentalidade).

A capacidade de prover as necessidades da família, oferecer apoio à


esposa e dispor de tempo para cuidar do filho é outra de suas
preocupações.

Destacamos o funcionamento paterno que surge imediatamente após o


nascimento do filho, o “Engrossment”, o qual significa absorção,
preocupação, interesse, descreve a poderosa resposta que o pai, com
frequência, sente em relação ao seu recém-nascido (Klaus e Kennel, 2000).

07
2. A chegada de um bebê e a
construção dos novos pais

Na construção da paternalidade Durante uma transição


destaca-se a importância do pré-natal normativa, que ocorre quando
do homem que além de facilitar e o bebê nasce a termo, ele
estimular o acesso do homem às ações permanece por um período
e serviços de saúde, prevê ações que mais prolongado no útero
visam promover a paternidade afetiva materno, os cuidados
com impacto importante no maternos e paternos ocorrem
desenvolvimento físico, emocional e após o nascimento e com a
social dos filhos (BRASIL, 2008). Dentre as presença ativa dos irmãos,
orientações no pré-natal masculino, avós, tios, outros familiares e
destaca-se a preparação do amigos. Este bebê encontra-se
pai/parceiro encorajando-o para a sua capacitado a seduzir seus pais
presença e participação durante o através de suas competências,
trabalho de parto, parto e nascimento e como o olhar que dirige aos
incentivar o cuidado com a sua própria olhos maternos, o formato do
saúde e consecutivamente o cuidado rosto e suas bochechas, são
com a saúde da parceira e do bebê. muito sedutores, e está
A mãe e o pai necessitam que o habilitado a ser amamentado
ambiente reforce seus novos papéis e logo ao nascer, ficando
funções, mas quem melhor executa isto, próximo ao corpo materno.
é o próprio bebê.

E como fica a parentalidade durante uma transição


não-normativa, quando o bebê nasce pré-termo ou
de baixo peso necessitando de uma internação
neonatal?
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3. Nascimento prematuro e a internação
neonatal

A antecipação do nascimento causa alterações importantes e muito


rápidas no planejamento da família, em especial do casal. Existem
também questões do mundo psíquico e afetivo da mulher que está
gestando que ajudam na construção da representação do bebê e de seu
lugar na família e que acabam não sendo experimentadas.

Tal preparação acontece principalmente nos períodos finais da


gestação e se completam no nascimento que chega ao termo.

Ou seja, também a mãe pode ser considerada prematura, pois


não teve tempo de finalizar construções afetivas (de seu mundo
interno) necessárias para se sentir preparada para cuidar do
filho recém-chegado.

A mãe, após o parto, vivencia momentos de medo, vazio,


solidão, frustração por não ter gerado uma criança, que
corresponderia às suas representações.

De forma diferente, mas também significativa, isso acontece com o pai, os


avós, os tios e os irmãos do bebê. Percebe-se, portanto, que a família não
estava preparada para o evento, podendo ocorrer uma desorganização
quanto ao seu cotidiano e mesmo quanto ao momento psíquico familiar.

A ida da mãe para a enfermaria e o RN para a unidade neonatal ocasiona uma


separação física que pode significar o aparecimento de um certo
distanciamento afetivo com riscos para a costura dos laços afetivos.

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3. Nascimento prematuro e a internação neonatal

O RN necessita utilizar todas as suas habilidades para conhecer este novo


ambiente, se adaptar a ele e receber os cuidados que necessita para sua
estabilidade clínica e sobrevivência. Dependendo das exigências clínicas
ou mesmo de sua idade gestacional, pouco poderá interagir com os pais
em seus primeiros dias. Como refere Catherine Mathelin (1999):

“Como sentir-se mãe desse bebê que


não dá sinal, que não mama no seio, que
não olha, que, não sendo em momento
algum tranquilizante, não fabrica mãe?”

Neste contexto, os cuidados propostos pelo Método Canguru assumem


grande importância como proteção para que a relação mãe, pai e filho
encontrem formas que permitam um vínculo afetivo seguro e prazeroso.

Da mesma forma que A separação precoce do corpo da


fisiologicamente temos um RN não mãe, sensações como a secura da
preparado para assumir respiração, pele, a presença da gravidade, os
controle térmico, organização de barulhos, a luz do ambiente que
aspectos sensoriais a partir dos não possuem mais as barreiras do
estímulos que passa a receber, corpo materno, ultrapassam os
psiquicamente não existe ainda uma limiares de regulação de seus
estrutura segura quanto ao que vai diferentes sistemas.
ser solicitado a ele.

É essencial que durante sua internação o RN


tenha experiências que “lembrem” o útero
materno, como experiências de
continuidade e proximidade física e psíquica
entre a mãe e/ou pai.
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3. Nascimento prematuro e a internação neonatal

Os profissionais devem facilitar a aproximação mãe/pai com o filho,


orientando a possibilidade de tocarem, falarem com seu filho e
realizarem o contato pele a pele na posição canguru.

Nem todas as mães, porém, estão prontas para interagir nesses primeiros
encontros com seu filho, pois para algumas esse momento é
extremamente difícil frente as mudanças psicofisiológicas do puerpério e
por estarem ao mesmo tempo lidando com o luto do bebê que foi
idealizado durante a gravidez.

É necessário que se sinta respeitada sem qualquer imposição ou


pré‑julgamento por parte da equipe e que os profissionais compreendam e
acolham o “tempo interno” da mãe/puérpera e suas possíveis reações
emocionais próprias deste período (Custódio et al., 2020).

Como a participação dos pais nos cuidados com o


recém-nascido durante a internação neonatal contribui
para a construção da parentalidade e o reconhecimento
desse filho como um projeto vivo para eles?

Ao longo da internação a participação dos pais nos cuidados com o RN


possibilita uma proximidade familiar para que a construção da
parentalidade e o reconhecimento deste filho, que rompeu com a história
esperada e imaginada pela família, seja alcançado.

Com um bom suporte, oferecido pela


equipe, a mãe e o pai vão se adaptando à
rotina da unidade, desmistificando a
percepção do recém-nascido como
alguém muito fragilizado.

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3. Nascimento prematuro e a internação
neonatal
Nesse caminho, gradualmente, eles ficam mais próximos do filho,
tocando‑o, cuidando até o momento em que possam acolhê‑lo na
posição canguru.

Na medida em que elaboram o luto do bebê idealizado, começam a


investir no bebê real, sentindo-o como deles, reconhecendo seu jeito
de ser, seus gestos e expressões faciais. Isso faz parte da experiência
de pertencimento que mãe/pai e filho experimentam, sendo estes
importantes catalisadores para a formação e/ou fortalecimento dos
laços afetivos entre eles (Candaten, Custódio & Böing, 2020).

É estimulado que os pais conversem e discutam com os médicos,


enfermeiros e os diferentes profissionais sobre suas dúvidas e suas
observações sobre o filho, o que diminui a ideia de que “apenas a
equipe sabe cuidar destes bebês tão pequenos” e garante aos pais o
lugar que de direito lhe pertence, junto ao filho recém-nascido. Permite
que descubram suas capacidades de cuidar do filho, mesmo no
ambiente da unidade neonatal, geralmente marcado pelo profundo
saber da equipe.
Como o Método Canguru facilita para as famílias
a compreensão de seu lugar único e especial na
vida das crianças atendidas por esse método?

Uma das premissas do MC é facilitar para a família a


compreensão de seu lugar único e especial na vida das
crianças. As funções parentais são apoiadas com
sugestões, orientações e a compreensão da parte da
equipe, facilitando aos pais a descoberta dos caminhos
a serem trilhados no que se refere aos cuidados do
bebê e da criança. Isso não significa determinar o que
deve ser feito, mas estimulá-los a reconhecer as
necessidades do filho. Esse cuidado só alcançará seus
objetivos se ele permanecer também após a alta
hospitalar.

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4. A ida do bebê nascido pré-termo ou baixo
peso para casa
A alta do RN para a 3ª etapa do Mc e sua ida para casa
impõe uma separação da equipe do hospital que
oferecia os cuidados desde seu nascimento.
Retornam sentimentos que
acompanharam os pais no início
da internação, como o medo do
desconhecido, dúvidas quanto as
suas habilidades em cuidar do
filho, possíveis intercorrências, já
que a equipe passa os cuidados da
criança essencialmente para a
família. Sabemos, da importância
do apoio a ser dispensados pelas
equipes do hospital e da APS que
passam a compartilhar o cuidado
do bebê a partir deste momento.

Quando os pais estão levando o RN para


casa, quais são as orientações essenciais que
devem ser fornecidas para ajudá-los a
compreender e lidar com esse momento?

Quando a ida para a casa com o RN os pais devem ser


orientados em relação:

Ao momento que eles estão vivendo, especialmente quanto


as novas solicitações novas experiências que passam a
descobrir

Estruturação da rede de apoio privilegiando estas novas


necessidades da família.

Fundamental buscar recursos que estimulem a confiança da mãe e que


a apoiem em seus cuidados com o filho, as tarefas com a casa e com o
restante da família.

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4. A ida do bebê nascido pré-termo ou baixo peso
para casa

Ao chegar em casa o bebê irá conhecer novos cheiros, novos ruídos, novas
pessoas, tudo se modifica. Precisa que suas figuras de referência, seus pais,
o ajude nestas novas descobertas, para que ele possa se sentir confortável
e tranquilo. Manter a posição canguru, conversar com ele sobre este novo
ambiente, estabelecer e manter um aconchego lhe ajudará na formação
de uma base segura, importante para seu desenvolvimento.

Tantas novidades devem ser conhecidas pelo bebê


de forma lenta, gradativa, para que ele possa
descobrir as rotinas de seu dia-a-dia, sentir-se
tranquilo, sentir que pode confiar neste novo
ambiente.

Como as sensações transmitidas pela família à criança


se transformam em percepções que contribuem para o
desenvolvimento cognitivo, incluindo o pensamento e a
linguagem?

As sensações que a criança experimenta através


das informações da família vão ganhando um
significado, tornam-se percepções e estas ajudam
na aquisição e na formação do pensamento, da
linguagem, ajudam o desenvolvimento cognitivo.

Daí ser importante cuidar do excesso de estímulos


como: música alta, exposição a muitas visitas,
muitas novidades ao mesmo tempo, não deixar ir
de colo-em-colo quando as visitas vêm conhecê-
lo, além de não falar alto ou gritar ao redor do bebê. 1
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4. A ida do bebê nascido pré-
termo ou baixo peso para casa

Mesmo indo de alta para casa o bebê


segue vivendo uma transição suave para a
vida extrauterina, iniciada na internação
neonatal, por isso seus pais precisam
compreender as necessidades destes
pequenos a fim de lhes oferecer
experiências que simulem a sua vivência
anterior, especialmente durante seus três
primeiros meses de vida.

Este período de transição e adaptação do


bebê é conhecido como exterogestação
(Harvey, 2014) e devem ser mantidos em
sua ida para casa. Nesta perspectiva,
alguns cuidados devem ser realizados nos
diversos momentos da rotina do bebê a
fim de deixá-lo mais tranquilo e seguro.

Ser embalado de forma lenta podendo a


mãe e/ou pai cantar baixinho, músicas
calmas, é um dos cuidados que
destacamos. Já aprendemos que isto não
deixa a criança mal-acostumada. Se ele
estiver muito cansado e agitado e não
quiser ficar na posição canguru, deve ser
enrolado em um cueiro como num casulo e
ser movimentado lentamente de um lado
para outro, sendo sussurrado bem baixinho
em seu ouvido – SHSHSHHHHHH, conhecido
como “ruído branco”. Manter a posição
canguru usando uma faixa tipo sling e
manter o aleitamento materno, são
também cuidados a serem mantidos nesta
importante transição do bebê.
15
4. A ida do bebê nascido pré-
termo ou baixo peso para casa

Dormir é a principal atividade realizada


pelo bebê, é importante permitir que ele
durma sempre que quiser em um
ambiente tranquilo e mantido com luz
baixa na maior parte do tempo.

Considerando a relação fusional


(simbiose) que o bebê tem com a mãe e a
dependência constante de seus pais, ele
deve dormir sempre na presença destes.
Desta forma recomenda-se que o berço
onde o bebê irá dormir fique no quarto de
seus pais e ao lado da cama do casal.

Outro cuidado que sugere conforto e


contenção é o banho, realizado
inicialmente com o bebê enroladinho num
pano tipo cueiro e numa banheira comum
que simulará o ambiente uterino,
deixando-o muito tranquilo.

Nos meses seguintes é indicada a


realização do banho de ofurô, pois neste
espaço apertadinho, cercado de água na
temperatura adequada o bebê também
experimenta sensações de conforto e
segurança.

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4. A ida do bebê nascido pré-termo ou baixo peso
para casa

O choro do bebê deve ser atendido prontamente, pois ele está


comunicando alguma de suas necessidades. Não deve ser negligenciado
e deve-se desconfiar dos métodos que orientam ‘deixar o bebê chorar’.
Isto pode deixá-lo deprimido, pois naquele momento necessita de
alguém para ajudá-lo e ninguém se dispõe a fazer isto. Na ida para casa
os pais precisarão adaptar suas rotinas diárias frente as demandas do
bebê e não o contrário.

Se há outros filhos na família é importante envolve-los com o bebê com


aproximações amorosas. Deixar os irmãos ajudarem nos cuidados com o
bebê, dentro de suas possibilidades, fortalece os laços de fratria.

A criação e o cuidado com apego vão além dos meses iniciais de vida do
bebê, deve ser uma postura a ser adotada ao longo dos primeiros anos
de vida da criança gerando um apego seguro. O desenvolvimento de um
apego seguro é um fator de proteção psicossocial e melhora os
resultados do desenvolvimento global da criança.

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Considerações finais

Este recurso educacional ressaltou a complexidade das


experiências emocionais relacionadas ao nascimento e ao
cuidado de bebês, especialmente quando se trata de recém-
nascidos prematuros ou de baixo peso ao nascer.

Eles sublinham a importância crucial de fornecer apoio


emocional e recursos para pais e famílias durante essa
jornada transformadora.

Esperamos que este conteúdo tenha sido proveitoso e que


você possa aplicá-lo em seu ambiente de trabalho e
compartilhá-lo com seus colegas.

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Referências
BRASIL. Ministério da saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
homem. Brasília: Ministério da saúde, 2008. Disponivel em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_ho
mem.pdf. Acesso em: 22 de agosto de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do Método Canguru: seguimento


compartilhado entre a Atenção Hospitalar e a Atenção Básica / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 274 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Método Canguru : manual da terceira etapa do Método


Canguru na Atenção Básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde,
2018. 98 p.

CANDATEN, M; CUSTÓDIO, Z. A. O; BOING, E. Promoção do vínculo afetivo entre mãe e


recém-nascido pré-termo. Contextos Clínicos, v. 13, n. 1, jan./abr. 2020.

CUSTÓDIO, Z. A. O. Compreendendo a depressão saudável em mães de recém-


nascidos pré-termo: um desafio para a equipe interprofissional. Rev. Enfermagem
em pauta. 2ª edição. Editora Guanabara Koogan Ltda. Rio de Janeiro. Pág. 9-10, 2020.

KARP, H. O Bebê Mais Feliz do Mundo. Ed. Livros d’Hoje, 2014.

KLAUS, M. H; KENNEL, J. H; KLAUS, P. H. Vínculo: construindo as bases para um apego


seguro e para a independência. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

MATHELIN, C. O Sorriso da Gioconda - Clínica psicanalítica com os bebês


prematuros. 1ª edição. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 1999.

Winnicott, D. W. Da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Imago. 2000

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