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Objetivos da UC:

-> Compreender a importância da família como cuidadora ao longo do ciclo vital; Compreender
a transição para a parentalidade; Analisar a problemática do planeamento familiar; Adquirir
conhecimentos no âmbito da gravidez, parto e puerpério; Desenvolver competências que
permitam a prestação de cuidados gerais à grávida, puérpera e recém-nascido; Problematizar
as intervenções de enfermagem no âmbito da promoção de saúde infantojuvenil; Analisar os
principais problemas de saúde infantojuvenis em contexto comunitário; Analisar o plano
nacional de vacinação; Conhecer recursos legais e institucionais na parentalidade.

Adaptação à parentalidade (Childbearing)- ocorre antes do parto

->Comportamentos que incidem no ajustamento à gravidez e em empreender ações para se


preparar para ser pai ou mãe; interiorizando as expectativas das famílias; amigos e sociedade
quanto aos comportamentos parentais adequados ou inadequados (CIPE® 2019)

Parentalidade (Parenting)

->Assumir as responsabilidades de ser mãe/pai; comportamentos destinados a facilitar a


incorporação de um recém-nascido na unidade familiar; comportamentos para otimizar o
crescimento e desenvolvimento das crianças; interiorização das expectativas dos indivíduos,
famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos de papel parental adequados ou
inadequados (CIPE® 2019)

O nascimento de um filho é um evento crítico e um tempo de mudança na vida de uma família,


representando uma transição no ciclo de vida. (Cardoso, 2014; Meleis et al., 2010, et al.)

TRANSIÇÃO (teoria de médio alcance de Afaf Meleis)

->Do latim transitione, significa ato, efeito ou modo de passar lento e suavemente de um
lugar, estado ou assunto para outro; passagem.
…transição não é mais uma palavra sinónimo de mudança, é, antes, o processo que envolve a
adaptação à nova situação, de forma a incorporar a mudança na vida. (Briges, 2004; Kralik,
Visentin & van Loon, 2006)

Assistir o indivíduo, a família ou a comunidade a lidar com as transições que afetam a sua
saúde emerge como um desafio para os enfermeiros antes, durante e após um evento
gerador de mudança (Meleis et al., 2000; Meleis, 2010).

As transições são resultado e resultam em modificações nas vidas, na perceção sobre o estado
de saúde, nas relações interpessoais e com o ambiente.
Definição: o conjunto de respostas, ao longo do tempo, moldadas pelas condições pessoais e
ambientais, pelas expectativas e perceções dos indivíduos, pelos significados atribuídos a essas
experiências, pelos conhecimentos e habilidades na gestão das modificações, bem como pelo
impacto destas modificações no nível de bem-estar. (Meleis & Trangenstein, 1994; Meleis et
al., 2000)

Transição parental
Família: contexto da transição parental

O termo "família" é derivado do latim famulus, que significa "escravo doméstico".

Família: Principal unidade de socialização e a unidade estrutural básica de uma comunidade.

Organização e estrutura (Lowdermilk et al., 2012) -> nuclear; alargada; monoparental;


reconstruída; homossexual

Funções da família-> afetivas | socialização | reprodutivas económicas | cuidados de saúde

->Gera de afeto entre os membros da família; proporciona segurança e aceitação pessoal;


proporciona satisfação e sentimento de utilidade, através das atividades que satisfazem os
membros da família; assegura continuidade das relações, proporcionando relações duradouras
entre os familiares; proporciona estabilidade e socialização, assegurando a continuidade da
cultura da sociedade correspondente; impõe autoridade e do sentimento do que é “correto”,
relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das
sociedades humanas.

Planeamento familiar: enquanto serviços de saúde

O Planeamento Familiar representa uma componente fundamental na prestação de cuidados


em Saúde Sexual e Reprodutiva.

O direito ao Planeamento Familiar é garantido a todos pela Constituição da República


Portuguesa:
->Pela Lei n.º 3/84 (estabelece o direito à Educação Sexual e define as formas de acesso ao
PF);
->E reforçado pela Lei n.º 120/99 (determina, por exemplo, que os métodos contracetivos
sejam fornecidos gratuitamente nos centros de saúde e hospitais públicos).

Todas as pessoas têm direito, independentemente do estado civil. Os jovens podem aceder a
qualquer consulta de PF, ainda que o façam em Centro de Saúde ou Serviços Hospitalares que
não sejam da área da sua residência (Lei n.º 120/99, de 11 de Agosto).

Possibilita às pessoas, individuais ou em casal, alcançar e planear o número de filhos


desejados e o espaçamento entre os nascimentos.

É o meio de proporcionar informação/recursos que permita decidir o número de filhos que


querem ter e quando os querem ter -> Acesso a informação e serviços de saúde.
Planeamento familiar: quanto foco de atenção do enfermeiro

Definição: Processo comportamental de regular o número e espaçamento etário das crianças


numa família, tendo em conta os costumes e a lei, o número de crianças e adultos ideal ou
aceitável na família ou a valorização de um sexo em relação ao outro. (CIPE® 2019)

Dados a valorizar: Constituição da família; Intervalo entre o nascimento dos filhos; Intenção de
engravidar; História de gravidez não planeada; Uso de contracetivos; Conhecimento sobre uso
de contracetivos; Capacidade para usar contracetivos; Autoeficácia para usar contracetivos;
Significado atribuído ao uso de contracetivos.

Dados relativos ao comportamento (ação):

▪ Constituição da família (dado de contexto)-> Família constituída apenas pelo casal; Família
constituída por casal e um filho; Família constituída por casal e dois ou mais filhos; Grupo de
pessoas que coabita e que consiste em mais do que apenas os pais e os filhos; Família
constituída por figura parental única; mãe, pai ou outro cuidador e presença de uma ou mais
crianças ou outros dependentes.

▪ Intervalo entre o nascimento dos filhos [tempo, anos] (dado de contexto)

▪ Intenção de engravidar [Sim | Não] -> Prevenção da gravidez ou promoção da gravidez

▪ História de gravidez não planeada [Sim | Não]

▪ Uso de contracetivos [Sim, qual…? | Não]

Planeamento familiar: prevenção da gravidez

Determinar, com a/o cliente, qual o método mais adequado


História do período menstrual (Data da Última Menstruação - DUM); Alergias (ex. latex); Estilo
de vida (ex. uso de tabaco); Doenças (ex. hipertensão); Experiência anterior com contracetivos:
“Que método(s) está a usar atualmente?”; “Que métodos usou no passado? – se sim: Como foi
essa experiência (ex. efeitos colaterais, não adesão,…)?”; “Alguma vez recorreu a contraceção
de emergência?”; “Usou contracetivos na última vez que praticou sexo?”; “Discutiu com o
seu/sua companheiro(a) relativamente a preferência por algum método em particular?

Dados relativos às condições facilitadoras (transição):

▪ Conhecimento sobre uso de contracetivos: necessita ser melhorado para progredir para a
mestria, mas não é o momento próprio para intervir; necessita ser melhorado para progredir
para a mestria; é o momento próprio para intervir; facilitador

▪ Capacidade para usar contracetivos

▪ Autoeficácia para usar contracetivos: necessita ser melhorada para progredir para a mestria,
mas não é o momento próprio para intervir; necessita ser melhorada para progredir para a
mestria; é o momento próprio para intervir; facilitadora

▪ Significado atribuído ao uso de contracetivos: desvalorização; diminuição do prazer sexual;


ambos; não dificultador
Potencial para melhorar o conhecimento sobre uso de contracetivo:

->Ensinar sobre o uso de contracetivos: Tipo de contracetivo; Efetividade do método;


Benefícios não relacionados com a contraceção (a consciencialização desses benefícios poderá
contribuir para a escolha do método mais ajustado e para aumentar a motivação para usar o
método correta e consistentemente); Efeitos colaterais; Modo de uso

->Ensinar sobre fertilidade (abstinência periódica): Efetividade do método; modo de


interpretar.
Contracetivo hormonal: ação química (hormonal)

Contracetivo oral combinado (estrogénio+ progesterona)

Modos de uso:

->Iniciar no 1.º dia do ciclo ou até ao 5.º dia da menstruação;

->Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora, durante 21 dias. Interromper 7 dias.


Recomeçar nova embalagem;
->Se esquecimento da toma de 1 comprimido: se < 12h => tomá-lo de imediato, mantendo a
toma correspondente a esse dia (não é necessária contraceção suplementar); se > 12h =>
deixar o comprimido que foi esquecido, continuar a tomar a pílula, utilizando, durante os 7
dias seguintes outro método associado (preservativo ou espermicida).
Contracetivo oral progestativo (progesterona)

Modo de uso:

->Iniciar no 1.º dia do ciclo ou até ao 5.º dia da menstruação, mas pode ser iniciada em
qualquer dia do ciclo utilizando um método adicional nos primeiros 7 dias seguintes;

-> Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora, recomeçar nova embalagem sem
interrupção;

->Se esquecimento (recomendações = anterior)

Contraceção hormonal combinada – adesivo:

Evra – Sistema transdérmico (adesivo) de 20 cm2 , contendo norelgestromina e EE [Libertação


diária de 150μg de norelgestromina + 20μg de EE, absorção transdérmica para a corrente
sanguínea]

Modo de uso:
->Iniciar o método até ao 5.º dia da menstruação, aplicando o adesivo nas nádegas, dorso,
abdómen ou noutro local limpo e seco (não deve ser colocado sobre as mamas, em zonas
eritematosas da pele ou com escoriações; não colocar sempre no mesmo local para evitar
irritação da pele; se falha na aderência na pele, substituir por outro).

->Retirar e substituir o adesivo a cada 7 dias, durante 3 semanas, seguindo-se uma semana de
intervalo sem a sua aplicação. Durante a semana de utilização, o adesivo nunca deve ser
retirado, nem mesmo durante o banho.

->Não ultrapassar 7 dias para substituir um adesivo por outro.

Contraceção hormonal combinada- anel vaginal

Anel flexível e transparente de acetato de vinil etileno com 54mm de diâmetro e uma
espessura de 4mm. Contém 11,7 mg de etonogestrel + 2,7 mg de etinilestradiol.

[Libertação contínua diária de 0,120mg de etonogestrel + 0,015mg de EE, absorção através da


mucosa vaginal para a corrente sanguínea, durante 3 semanas.]
Modo de uso:

• Iniciar o método até ao 5.º dia da menstruação, introduzindo o anel profundamente na


vagina. Retirar o anel ao final de 3 semanas. Segue-se um intervalo livre de 7 dias ao fim do
qual deve ser introduzido um novo anel;

• O anel poderá ser usado em simultâneo com preservativo ou lubrificante.

[Se a mulher o desejar, o anel pode ser retirado antes da relação sexual. Neste caso, ou se o
anel tiver sido expulso, deve ser lavado com água, fria ou morna, e recolocado. Não deve ser
retirado por mais de 3 horas.]

Contraceção hormonal- injetável

Depo-Provera 150 mg (DMPA) - Acetato de dedroxiprogesterona - solução aquosa.

A libertação do progestativo é lenta e o efeito contracetivo prolonga-se por 3 meses.

Modo de uso:

• Injeção intramuscular profunda, até ao 7.º dia do ciclo e repetida de 12 em 12 semanas. Não
massajar o local da injeção (pode acelerar a absorção e diminuir o período de efetividade).

Contraceção hormonal- implante

Bastonete com 4cm de comprimento, que contém 68mg de etonogestrel. O progestativo é


libertado lentamente e o efeito prolonga-se por 3 anos.

Modo de uso:

• A inserção deve ser efetuada até ao 5.º dia do ciclo.

Inserção (subcutânea) e remoção: executado por um profissional treinado para o efeito. [Os
profissionais não devem recusar ou protelar a remoção do implante quando esta for solicitada,
qualquer que seja o motivo apresentado.]

Contraceção hormonal- dispositivo intrauterino (DIU)


Tipos: Com cobre: Gine-T, Multiload, Monalisa, Gravidarg; Com cobre e prata: Nova-T; Com
levonorgestrel: Mirena (5 anos)
Modo de uso:

• Colocado, preferencialmente, nos 1.ºs 12 dias do ciclo, ou em qualquer dia, excluída a


possibilidade da existência de gravidez;

• Exige exame uterino, com especial atenção para o tamanho, forma, posição e mobilidade do
útero e anexos.

Nota: Podem utilizar o DIU as mulheres infetadas com VIH ou SIDA sob terapêutica antiviral,
mas não as mulheres com SIDA que não tomam antivirais ou não estão clinicamente bem.

Contracetivo: ação de barreira

-Impede a progressão dos espermatozoides e torna o muco cervical mais espesso.

Preservativo masculino

Modo de uso:

• Se for necessário o uso de lubrificantes, utilizar lubrificantes aquosos, como o ‘Play gel’ ou
‘KY-gel’; não utilizar lubrificantes oleosos, como a vaselina ou o visco-gel;
• A utilização simultânea de cremes vaginais contendo ‘Miconazol’ ou ‘Econazol’ pode
danificar o preservativo.

Colocação: 1. Abrir a embalagem com cuidado para não danificar o preservativo 2. Colocar o
preservativo com o pénis em ereção e antes de qualquer contacto pénisvagina 3. Aplicar o
preservativo sobre a glande, assegurando-se de que o reservatório não fica insuflado;
empurrar o anel do preservativo, desenrolando-o até a base do pénis 4. Retirar logo após a
ejaculação. Dar um nó na extremidade aberta do preservativo e deitar fora num local
conveniente.

Preservativo feminino

Modo de uso:
• O preservativo feminino tem a forma de um tubo, é feito à base de nitrilo (substância
semelhante ao látex) e tem um anel em cada uma das extremidades;

• É colocado no interior da vagina, pode ser inserido até 8 horas antes da relação sexual.
Colocação: 1. Segurar no preservativo estreitando o anel interior com os dedos indicador e
polegar. 2. Com a outra mão, afastar os pequenos lábios enquanto introduz o preservativo
profundamente na vagina (assegurar-se que o anel exterior permanece fora da vagina,
cobrindo os pequenos lábios).

Diafragma

Modo de uso: https://www.youtube.com/watch?v=mgfkCnIWEEs&feature=youtu.be

Espermicida

Modo de uso:

• Os espermicidas podem ser apresentados sob a forma de creme, espuma, esponja, cones ou
comprimidos vaginais;

• Precisa ser introduzido profundamente na vagina;

• O intervalo entre a aplicação do espermicida e a relação sexual pode ir até 60 minutos;


alguns espermicidas devem ser colocados na vagina pelo menos 10 minutos antes da
ejaculação;

• Sempre que ocorra nova relação sexual, deverá ser feita uma aplicação adicional de
espermicida;

• Nas 6 horas seguintes à relação sexual, não efetuar duches vaginais.

Comparação entre métodos hormonais


Comparação entre métodos de barreira
Planeamento familiar: prevenção da gravidez

Potencial para melhorar conhecimento sobre identificação do período fértil

Ensinar sobre fertilidade

Implica conhecer as modificações fisiológicas ao longo do ciclo menstrual e cumprir as regras


do método específico; Requer a cooperação dos dois parceiros.

Métodos de abstinência periódica

Tipos:

▪ Métodos com base no calendário (Ogino-Knauss); 1

▪ Métodos baseados na observação de sinais e sintomas: Método da temperatura basal (MTB)


Método do muco (Billings) Método sintotérmico (MTB+Billings) 2

1-Calendário

O período fértil é calculado com base nas premissas:

->A mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte;

->O óvulo é viável entre 1 a 3 dias após a ovulação e o espermatozoide pode fecundá-lo 3 a 5
dias após a ejaculação.

Considerando a duração dos ciclos menstruais anteriores (pelo menos 6 ciclos), calcula-se o
período fértil subtraindo:

->11 dias ao número de dias do ciclo mais longo, e 18 dias ao número de dias do ciclo mais
curto.

Ex: Período mais curto últimos 6 meses for 27 dias-> 27-18=9

Período mais longo últimos 6 meses for 31 dias-> 31-11=20

Período fértil: 9º ao 20º dia, inclusive

2- Método da temperatura basal (MTB)

Este método identifica o fim do período fértil-> abstinência de relações sexuais vaginais desde
a menstruação até ao 3.º dia de temperatura “elevada” mantida, indicando que terá sido
ultrapassado o período fértil.
Procedimento:

▪ Escolher termómetro – para avaliação de temperatura vaginal, rectal ou oral;

▪ Avaliar temperatura sempre à mesma hora e no mesmo local;

▪ Avaliar a temperatura em repouso – após pelo menos 5-6 horas de sono, antes de levantar.

[Realizar desde o primeiro dia da menstruação até o dia em que a temperatura se elevar por 3
dias consecutivos]

Interpretação: Os registos apresentam habitualmente


pequenas oscilações dos valores da temperatura ao
longo do ciclo, no entanto, no dia da ovulação
verifica-se um aumento 0,3 a 0,8ºC (geralmente
precedido de uma ligeira descida) e que se mantém
até ao início da menstruação seguinte.

Método do muco cervical (Billings)

É a observação diária do muco e da evolução das suas características que permitirá à mulher
identificar os dias férteis.

As características do muco cervical variam ao longo do ciclo, aumentando em volume e


elasticidade (filância) no período peri-ovulatório.

O período fértil inicia-se no 1.º dia em que o muco se torna filante e transparente,
prolongando-se pelo menos 3 dias após a filância máxima.
Procedimento:

• Observar, diariamente, o muco cervical, retirando-o da vagina com dois dedos ou um


toalhete de papel.

Interpretação: Na fase não fértil o muco tem pouca elasticidade quando distendido entre os
dois dedos. No período de fertilidade máxima a elasticidade pode atingir os 15 a 20 cm.

Método sintotérmico

Identificação dos dias férteis e inférteis relacionando os métodos da temperatura basal e do


muco cervical (podendo ser associado outros sinais, como a tensão mamária).

O período fértil inicia-se logo que sejam avaliáveis secreções vaginais, terminando no 4.º dia
após a filância máxima do muco cervical e depois de ultrapassado o 3.º dia de subida da
temperatura basal.

Fiabilidade de interpretação:

▪ Método da temperatura basal - se a mulher tiver alguma doença, como uma constipação ou
virose, o padrão de temperatura corporal altera-se, tornando impossível retomar a linha basal,
ou saber se o aumento de temperatura é devido à ovulação ou à febre;

▪ Método do muco cervical – se existir corrimento devido a infeção cervical ou vaginal pode
existir interpretação incorreta.

Contraceção de emergência (CE)


• Único método que pode ser utilizado após a relação sexual, para prevenir a gravidez. • Atua
primariamente atrasando ou inibindo a ovulação;
• Previne apenas a ocorrência de gravidez resultante de um ato sexual ocorrido nos 5 dias
anteriores; não previne a gravidez que possa resultar de uma relação sexual posterior à toma
da CE (mesmo que no dia a seguir);

• Não é efetiva se a mulher já estiver grávida.

Método de Yuzpe: 8 comprimidos de um COC contendo 30µg de (Etinilestradiol (EE) + 150 µg


de levonorgestrel (LNG) (Microginon) em duas tomas, com intervalo de 12 horas (4+4). 1.ª
dose até 5 dias após a relação sexual.

Método com progestativo: 1 comprimido contendo 1500µg de levonorgestrel (Postinor,


Norlevo) em toma única. Até 5 dias após a relação sexual.
Nota: Embora a CE possa ser utilizada até 5 dias após uma relação sexual não protegida, a sua
toma deve ser efetuada o mais precocemente possível.

Contraceção durante a amamentação


O intervalo entre as gravidezes é um fator determinante da morbilidade e mortalidade
perinatal, infantil e materna, havendo evidência de que um intervalo inferior a 2 anos tem
impacto negativo na saúde das mães e das crianças.
* POC - contracetivo oral com progestagénio. A utilização de contracetivos hormonais só com
progestativo, nas primeiras 6 semanas pósparto, não afeta a qualidade nem quantidade do
leite, mas é desconhecido o seu efeito sobre o desenvolvimento hepático e cerebral do recém-
nascido, pelo que, sempre que possível, não se recomenda a sua utilização nesse período. **
Lactational Amenorrhoea Method – LAM

Condições de sucesso:

• Amamentar nas duas mamas (cerca de 6-10 vezes por dia);

• Amamentar pelo menos uma vez durante a noite (intervalo);

• Não substituir mamadas por outros alimentos/líquidos.

Promover a gravidez: facilitar o engravidar

Aconselhamento pré-concecional…

‘… atividades de promoção da saúde e os cuidados antecipatórios dirigidos para o período


antes da conceção, reconhecidos que são os ganhos em saúde de uma intervenção sistemática
e programada nesta fase do ciclo de vida dos indivíduos.’ (p.1)

‘Realizado como uma atividade conjunta, coordenada e complementar da equipa


médico/enfermeiro, o esforço para transmitir informação pode incrementar a saúde da mulher
e da família e o aconselhamento e rastreio pré-concecional poderá ser benéfico para o feto em
diferentes aspetos.’ (p.4)

‘Tendo em conta os riscos biológicos associados à gravidez, os cuidados pré-concecionais,


considerados parte integrante dos cuidados primários em saúde reprodutiva, têm como
principal alvo as mulheres em idade fértil.

Contudo, será necessário contemplar, também, a participação dos homens nas questões de
saúde sexual e reprodutiva, não apenas como interlocutores daquelas, mas enquanto
verdadeiros parceiros nestes domínios e, como tal, sujeitos de igual intervenção.’

▪ Evitar gravidezes não planeadas e não desejadas;

▪ Identificar situações que possam comprometer a gravidez;

▪ Ensinar sobre a adoção de comportamentos de saúde que promovam a saúde da mulher e do


homem e do potencial feto;

▪ Orientar para comportamentos que promovam a conceção.

Nota: 15% dos casais têm algum grau infertilidade


Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado durante o período pré-concecional

Ensinar sobre autocuidado no período pré-concecional:

->Dieta: algumas recomendações específicas- ter atenção à ingestão de peixe (metais pesados,
ex. mercúrio), recomendação de ingerir 4 mg/dia de ácido fólico 2 a 3 meses antes de
engravidar (reduz o risco de o embrião desenvolver defeitos do tubo neural, como por ex.
espinha bífida, em 50- 70%). Pode ser encontrado nos alimentos: vegetais verde escuro,
citrinos;
->Padrão de sono e repouso: A falta de sono e repouso tem efeitos negativos a vários níveis:
hormonas, memória, humor, digestão, alerta, concentração, função imunitária e reparação
celular. A falta de sono e repouso leva a que as hormonas (leptina*, estrogénio, progesterona,
FSH, LH e hormonas de stress) comprometam a fertilidade. (*proteína secretada pelos
adipócitos e que age no sistema nervoso central (SNC) promovendo menor ingestão alimentar
e aumentando o metabolismo energético. Aumenta a produção à noite. Estimula a ovulação).
Em média, uma mulher entre os 30-60 anos dorme 6 horas durante a semana quando
necessitaria de 7 a 9 horas. Para melhorar hábitos de sono: criar uma rotina para dormir e
mantê-la, evitar trabalhar ou usar computador 1 hora antes de dormir; evitar ingerir bebidas
com cafeína a partir da tarde (17h); beber um chá morno e calmante antes de dormir; não ver
televisão no quarto.

A adoção de comportamentos de procura de saúde associados à gravidez deve iniciar-se antes


do período em que o desenvolvimento do embrião é crítico (17 a 56 dias após a fecundação).

->Álcool: diminui a capacidade de engravidar; está associada a ↑ do risco de aborto; a


ingestão de mais de 2 copos/dia durante a gravidez está associada a efeitos a longo prazo na
criança, nomeadamente atraso mental, problemas de comportamento, dificuldades na
aprendizagem e defeitos faciais e cardíacos.

->Tabaco: O fumo do tabaco diminui a fertilidade, tanto na mulher como no homem – existe
relação entre o tabaco e a redução da quantidade e da qualidade dos espermatozoides e dos
ovócitos; Está associada a aborto, sangramento vaginal, a gravidez ectópica; Devido à
diminuição da perfusão placentar, os recém-nascidos são de baixo peso; Após o nascimento, a
criança tem maior probabilidade para ter problemas mentais e comportamentais.

->Cafeína: As mulheres que ingerem mais do que 250/300 mg de cafeína diariamente têm
mais dificuldade em engravidar, maior risco de aborto e ligeira diminuição do peso ao nascer;
nos homens, a cafeína de bebidas como a coca cola está relacionado com infertilidade.

->Medidas de segurança: Solventes orgânicos; Pesticidas; Monómeros de vinil utilizados no


fabrico de plásticos; Metais pesados como o mercúrio e o chumbo. A gravidez que decorre na
presença de altas concentrações de metais pesados tem maior risco de abortamento,
malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro. Aconselhar a afastar-
se ou diminuir o contato com estas substâncias (eliminadas lentamente pelo organismo);
Aconselhar a ingerir antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco (estudos indicam que
protegem o organismo contra os efeitos maléficos dos metais pesados); Lavar (e descascar) os
alimentos antes de os ingerir (para remover os produtos químicos agrícolas).

->Período fértil: Taxa de fertilidade: 1,53 crianças/mulher; Taxa de fertilidade: 1,52


crianças/mulher; Métodos com base no calendário (Ogino-Knauss); Métodos baseados na
observação de sinais e sintomas; Método da temperatura basal (MTB); Método do muco
(Billings); Método sintotérmico (MTB+Billings); Teste de ovulação (indica os dois melhores dias
para engravidar – a véspera e o dia da ovulação).

Gravidez e desenvolvimento fetal

Conceitos usados em obstetrícia

->Gesta: número de gestações

 Gestante: mulher portadora de feto vivo;


 Nuligesta: mulher que nunca esteve grávida;
 Primigesta: mulher que está grávida pela primeira vez.

->Para (paridade): número de partos

 Primípara: mulher com primeiro parto vaginal;


 Multípara: mulher que teve mais do que um parto vaginal.

->Termo: gravidez desde o fim das 37 semanas até às 42 semanas

 Pré-termo: gravidez que atingiu as 20/22 semanas, mas não completou as 37 semanas;
 Pós-termo: gravidez que ultrapassou as 42 semanas.

Viabilidade: capacidade do feto viver fora do útero materno – desde as 22 a 24 semanas ou


peso superior a 500 gr.

Gravidez

Processo:

▪Condição de desenvolver e alimentar um feto no corpo;

▪Corresponde ao período entre a conceção e o trabalho de parto;

▪O início da gravidez é indicado pela cessação dos períodos menstruais;

▪Tem a duração de aproximadamente 40 semanas (266/280 dias; 9 meses do calendário; 10


meses lunares, sendo que cada mês lunar tem 28 dias).
Período:

Período pré-natal, organiza-se em 3 trimestres-> 1º 1-9/12; 2º->12/14-27-28; 3º->28-40/42


semanas

Diagnóstico de gravidez

Gonodotrofina coriónica humana (HCG) – marcador biológico mais precoce


Os testes de gravidez baseiam-se na pesquisa da sua subunidade beta (β), cuja produção tem
início com a nidação, podendo ser detetada 7-10 dias após a conceção.

Atinge o pico entre os 60-70 dias de gestação, após o que começa a


diminuir.

• Níveis + elevados do que o normal pode indicar gravidez ectópica,


gravidez múltipla, etc.;

• A evolução + lenta ou diminuição fora de tempo pode indicar um


abortamento iminente.

Sentir-se grávida

Gravidez e desenvolvimento fetal


Hormonas da gravidez e pressões mecânicas provocadas pelo aumento do útero levam->
Adaptações fisiológicas da gravidez, sendo que estas:

▪ Protegem as funções fisiológicas da mulher;

▪ Respondem às necessidades metabólicas – maternas e fetais;

▪ Satisfazem as necessidades de crescimento e de desenvolvimento do feto.

Efeitos colaterais (sistema reprodutor e mamas)

Mamas:

• ↑ progressivamente de volume, proliferam os canais galactóforos e dos alvéolos mamários;

• as mamas ficam túrgidas, sensíveis, mais dolorosas e pesadas;

• os mamilos e as aréolas tornam-se mais pigmentados;


• hipertrofia das glândulas sebáceas – tubérculos de Montgomery – [protegem o mamilo
mantendo-os lubrificados garantem a acidez da pele em torno do mamilo];
• o aumento da irrigação sanguínea => dilatação dos vasos sob a pele, tornando a rede venosa
+ visível.

Útero: forma

• ↑ tamanho: peso, comprimento, largura, espessura e capacidade: 1.º trimestre =>


estrogénios e progesterona; 3.º trimestre => crescimento fetal;

•↑ atividade contráctil: contrações de Braxton Hicks: irregulares, indolores, intermitentes.


Favorecem o fluxo sanguíneo nos espaços intervilositários da placenta => aporte de O2 ao feto

Vagina e vulva:

• Aumento da espessura da mucosa;

• Relaxamento do tecido conjuntivo;

• Hipertrofia do músculo liso;

• Aumento do comprimento da abóboda vaginal.

Observa-se o aparecimento de um fluido abundante, esbranquiçado e mucoso resultante da


descamação de células epiteliais vaginais, provocada pela hiperplasia => Leucorreia
[corrimento vaginal esbranquiçado, com ligeiro odor a mofo]

Sistema cardiovascular:

• Tamanho do coração: ↑ 12% | Capacidade cardíaca: ↑ 70-80 ml;

• Volume ↑ 1500 ml (1000 ml de plasma e 500 ml de eritrócitos) – começa a ↑ entre a partir


da 6.ª semana, com pico entre a 20.ª e a 24.ª semana, mantendo-se assim até ao final da
gravidez, para quê?

Para satisfazer as necessidades do sistema vascular do útero; assegurar a hidratação adequada


dos tecidos da mãe e do feto; e proporcionar uma reserva de líquidos para reposição das
perdas sanguíneas aquando do parto.

Composição do sangue

• Produção acelerada de eritrócitos, aumentando 20 a 30% (a percentagem de aumento é


influenciada pelas reservas de ferro);
• Uma vez que o aumento do volume plasmático é superior ao dos eritrócitos => verifica-se
uma diminuição dos valores normais de hemoglobina* e do hematócrito** => hemodiluição

“Anemia” fisiológica-> valores: hemoglobina menos de 10 g/dl; hematócrito menor que 35%
[Valores normais: 12 a 16 g/dl; valores normais: 37-47%]
• A compressão das veias ilíacas e da veia cava inferior pelo útero provoca um aumento da
pressão venosa e a diminuição retorno venoso nos membros inferiores -> edemas, varizes,
(pernas e vulva) e hemorroides;
• Entre as 14 e as 20 semanas de gestação, o pulso ↑ 10-15 pulsações/ minuto, mantendo-se
assim até ao final da gravidez;
• Pressão sangínea => ↓ na primeira metade da gravidez (5 a 10 mmHg), depois normaliza.
Este valor pode variar: em função da posição da grávida durante a avaliação (mais elevada em
posição sentada); é intermédia em posição dorsal; e mais baixa em posição lateral.

Sistema respiratório:

• O diâmetro transverso da caixa torácica ↑ 2 cm e o perímetro ↑ 6 cm;

• Com a evolução da gravidez, a respiração passa de abdominal a torácica;

• FR ↑

• Por efeito do estrogénio, as vias aéreas superiores apresentam um aumento da


vascularização => congestão -> obstrução nasal, epistaxes, alterações da voz

Sistema urinário:

• pressão exercida pelo ↑ de volume do útero => ↑ frequência urinária;

• ↑ do volume sanguíneo;

↑ suscetibilidade à
infeção urinária

…melhora em decúbito lateral -> ↑ a perfusão renal => ↑ débito urinário e ↓ edemas

…piora com o decúbito dorsal -> o útero comprime a veia cava e a aorta => ↓ débito cardíaco

Sistema gastrointestinal

Estrogénio => ↓ da secreção do ácido gástrico

Progesterona => ↓ do tónus e da motilidade dos músculos lisos


Sistema musculo-esquelético

• Alteração no centro de gravidade para manter o equilíbrio, há uma tentativa de


compensação da curvatura da região cervico-dorsal => acentua a flexão anterior da cabeça e a
curvatura lombo-sagrada acentua-se (lordose)

Podem surgir: dorsalgias, dor e adormecimento das extremidades superiores devido à


inclinação dos ombros e do tórax para a frente

• As articulações relaxam por ação da relaxina-> ↑ mobilidade e flexibilidade das articulações


sacroilíaca, sacrococcígea e púbica

Diástase: afastamento dos músculos retos


abdominais durante a gravidez; reverte até 8-12 sem
pós-parto

Sistema tegumentar

Hiperpigmentação => melanotropina (segregada pela adeno-hipófise) => Escurecimento do


mamilo, aréolas, axilas, vulva (a partir da 16.ª semana);
Cloasma – hiperpigmentação acastanhada da pele que recobre as proeminências malares,
nariz e fronte (50-70% das grávidas);

Linha negra – pigmentação mediana que se estende desde a sínfise púbica até ao fundo do
útero;

Estrias gravídicas – refletem separações das fibras de tecido conjuntivo (colagénio) nas
camadas inferiores da pele; pode produzir prurido; tem carácter hereditário; têm coloração
variada (50-90% das grávidas).

Desenvolvimento fetal- crescimento de um feto no útero da mulher até ao momento do parto

Embrião (da conceção às 9/12 semanas) e Feto (das 9/12 semanas até ao final da gravidez)

Estruturas básicas para o desenvolvimento fetal adequado:

-> Membranas amnióticas e líquido amniótico

Tem como funções: ajuda a manter a temperatura corporal fetal constante; fonte de líquido
para ingestão oral e como reservatório de excreções; amortece os traumatismos; permite
liberdade de movimentos para o desenvolvimento músculo-esquelético fetal.

• O feto urina para o líquido amniótico, o que faz aumentar o seu volume;

• O volume de líquido amniótico (LA) é um indicador ecográfico importante para a avaliação


do bem-estar fetal - no final da gravidez: 800-1200 ml.

-> Cordão umbilical

 2 artérias e 1 veia, comprimento: entre 30-90 cm (média 55 cm) e 2 cm de diâmetro;


 O tecido conjuntivo que envolve os vasos – geleia de Wharton – evita a sua
compressão
 Artérias umbilicais transportam o sangue do feto para a placenta (sangue venoso)
 Veia umbilical transporta o sangue para o feto (sangue arterial)
->Placenta

Atua como uma glândula endócrina, que produz as hormonas necessárias à manutenção da
gravidez. Constituída por cotilédonos (15-20).

A 1ª semana

5ª semana -> A zona que dará origem ao cérebro e tubo neural começa a desenvolver-se. O
coração diferencia-se em quatro camaras.

6ª semana-> O coração e os principais vasos começam a desenvolver-se. Já é visível na


ecografia o batimento cardíaco. Os braços e pernas começam a formar-se. Começam a
diferenciar-se as estruturas que darão origem aos olhos

7ª/8ª semana-> Os braços e as pernas começam a distinguir-se. Identificam-se os olhos e


ouvidos. Os músculos e o esqueleto desenvolvem-se.

10ª semana-> Desenvolve-se a cara e o pescoço. A maioria dos órgãos estão formados. O
esqueleto está formado. Os músculos continuam a desenvolver-se. Os dedos das mãos e pés
estão completamente formados. Os batimentos cardíacos já são audíveis com Doppler. Os
movimentos respiratórios são visíveis na ecografia.

12ª semana-> O feto começa a deglutir, o rim começa a produzir urina e o sangue começa a
formar-se na medula óssea. Já mexe o corpo todo e muda de posição. O sexo da criança pode
ser claramente identificado ecograficamente.

Desenvolvimento fetal: períodos críticos


Desenvolvimento embrionário da 1ª à 10ª semana

Desenvolvimento fetal: 2º semestre

14ª a 16ª-> A cabeça está ereta e os braços e pernas desenvolvidos. A pele parece
transparente. Uma fina camada de penugem começa a crescer na cabeça. Os movimentos
tornam-se mais coordenados.

16ª a 18ª-> Os dedos conseguem agarrar. Já se mexe com vigor apesar da mulher ainda não
conseguir sentir os movimentos. A placenta está completamente formada.
18ª a 20ª-> Os órgãos e estruturas estão formados e o período de crescimento começa. A pele
está coberta de vernix (substância gorda produzida pelas glândulas sebáceas, que protege a
pele). Iniciam-se os movimentos respiratórios, mas o pulmão ainda não permite a
sobrevivência extrauterina. Nesta fase a mãe já sente os movimentos do feto.

22ª a 24ª-> O feto consegue ouvir e reage ao som; consegue distinguir o paladar. O feto
começa a ganhar peso pela acumulação da primeira camada de gordura sob a pele. As
mudanças no desenvolvimento pulmonar permitem a sobrevivência, com sequelas e em
cuidados intensivo.

Desenvolvimento fetal: 3º trimestre

24ª a 26ª-> O feto reage aos estímulos sonoros internos e externos. Os movimentos tornam-se
mais vigorosos. Os pulmões continuam a desenvolver-se. Já dorme e acorda. Pele mais rosada
e coberta de penugem. Nesta altura, 8 em 10 crianças já consegue sobreviver fora do útero
materno (com cuidados intensivos).

26ª a 28ª-> Quando tem os olhos abertos já consegue perceber a luz. O padrão de ondas
cerebrais são sobreponíveis ao de um recém-nascido.

28ª a 30ª-> O pulmão fetal tem capacidade para respirar, apesar de necessitar de medicação
para isso. Consegue abrir e fechar os olhos, sugar, chorar e responder aos ruídos. Respiração
regular e temperatura corporal são controlados pelo sistema nervoso central.

32ª a 34ª-> Os olhos estão abertos quando está acordado e fechados quando está a dormir. Os
alvéolos já contêm surfactante suficiente para uma boa probabilidade de sobrevivência.

Após 34ª/36ª-> Já consegue virar e levantar a cabeça. Já consegue agarrar com firmeza. Feto
de termo (desde as 37 semanas) e preparado para nascer.

Vigilância da gravidez

Objetivos: Identificar precocemente sinais de complicações; identificar precocemente os


fatores de risco; e avaliar o desenvolvimento fetal.

Periodicidade das consultas:

->Realizar a 1ª o mais precocemente possível e até às 12 semanas de gravidez (1º trimestre);

->Realizar as consultas de vigilância pré-natal, após a 1ª consulta:

 A cada 4-6 semanas até às 30 semanas;


 A cada 2-3 semanas entre as 30 e as 36 semanas;
 A cada 1-2 semanas após as 36 semanas até ao parto.

Esquema de vigilância:
1ª consulta:

▪ Confirmação do diagnóstico da gravidez; verificar se já tem o Boletim de Saúde da Grávida e


se sabe a sua utilidade; verificar / consultar os já registados; verificar cumprimento do
esquema de vacinação.

Nota: Boletim de Saúde da Grávida é o registo individualizado das informações sobre a


gravidez: é um ‘pequeno’ livro verde, destinado a registar todos os dados relativos à saúde da
grávida e do feto.

Atividades de vigilância (Nota: Os pontos 2 a 5 carecem de verificação pelo EESMO/médico)

1.Recolha de dados gerais:

• Dados demográficos: idade | morada | …

• História atual: peso pré-gravídico (IMC) | grupo sanguíneo e fator Rh | medicação em uso |
alergias | imunização | doenças | doenças na família

• História ocupacional: profissão | escolaridade | riscos para a saúde | situação


financeira/profissional | padrão de atividade física

• História ginecológica: contraceção | interação sexual (libido, dispareunia,…)

• História obstétrica: abortos (espontâneos/terapêuticos) | partos (termo/pré-termo) | lugar


onde ocorreu o parto | tipo de parto | duração do trabalho de parto | complicações do
parto/recém-nascido/puerpério | idade dos filhos
• Índice obstétrico (partos de termo, partos de pré-termo, abortos e gravidez ectópica, filhos
vivos)
•História do pai da criança: idade | condição de saúde | hábitos | grupo de sangue e fator Rh |
ocupação | doenças na família | atitude face à gravidez/filho

•Estilo de vida: medicação | hábitos – tabaco, álcool, cafeína, outros | exposição a riscos
ambientais

•Gravidez atual: gravidez desejada/planeada | DUM | DPP

2. Determinar idade gestacional (IG)*

3. Determinar data provável do parto (DPP)*

4. Avaliar saúde mental*

5. Exame físico geral* (efeitos colaterais da gravidez a valorizar no exame físico geral)

-> Cabeça e pescoço: Cloasma- Preocupações estéticas; Epúlides (hipertrofia


gengiva)/Gengivas sangrantes- Dificuldade em comer e conservar os alimentos limpos na boca;
Epistaxes;

->Tórax e dorso: Hiperventilação|Dispneia; Acentuação da curvatura lombar → Dorsalgias;

->Mamas: ↑ tamanho das mamas-> Hipersensibilidade mamária; Escurecimento das aréolas;


secreção de colostro;
->Abdómen: ↑ tamanho do útero: útero palpável (acima da sínfise púbica a partir das 12/13
sem.); Estrias da gravidez|linha negra → Preocupações estéticas;

->Pélvis: Leucorreia;

->Extremidades: Eritema palmar-> mãos com prurido; Varizes|edema;


6. Pesar a grávida

 Na 1.ª consulta: avaliação do estado nutricional através da medida inicial de


peso/altura [calcular o Índice de Massa Corporal (IMC)] – medida de referência para
comparar os valores obtidos durante a gravidez
 Registar no BSG (boletim de saúde da grávida);
 Pesar a grávida: com o mínimo de roupa possível, em pé sobre a balança – colocada a
zero.

Nota: Para o 1º trimestre, espera-se aumento do peso total de 0,5 a 2 kg.

7. Avaliar tensão arterial

A hipertensão ocorre em 5-10% das grávidas, sendo considerada a 3.ª principal causa de
mortalidade materna, sendo responsável por 16% das mortes durante a gravidez.

Hipertensão durante a gravidez: TA sistólica superior a 140 mmHg ou uma diastólica superior a
90 mmHg, verificada em pelo menos duas ocasiões, com pelo menos quatro horas de intervalo
e na mesma semana.

Critérios de diagnóstico: TA sistólica ≥ 140mmHg e/ou TA diastólica ≥ 90mmHg

Avaliar pressão sanguínea (sistólica e diastólica) -> Objetivo: detetar precocemente situação de
hipertensão que se constituam em risco materno e perinatal.

8. Avaliar edemas

Objetivo: detetar precocemente a presença, localização e características do edema.

▪ Edema ausente (-);

▪Edema do tornozelo ( + ) [sem hipertensão ou aumento súbito de peso] => Verificar se é


posicional, associado ao final do dia, à temperatura corporal/ambiental ou devido ao tipo de
calçado;

▪Edema generalizado (++): face, tronco e membros; pode manifestar-se ao acordar, podendo
ser acompanhado, ou não, de hipertensão ou aumento súbito de peso => sinal de alerta!

9. Avaliar características da urina (exame químico)

Objetivo: detetar precocemente a presença de proteínas, leucócitos, corpos cetónicos ou


sangue e densidade e pH.

Exame da urina com fita reagente (“Combur”), procedimento:

1º Orientar a grávida para a recolha da urina; 2º Realizar uma limpeza cuidada da região
geniturinária, no sentido ântero-posterior; 3º Recolher amostra de urina (preferencialmente
da 1.ª urina da manhã); 4ºUtilizar recipiente de urina limpo, selado e descartável; 5º Recolher
jato de urina para o copo, sem tocar na mucosa geniturinária (diminuir a probabilidade de
contaminação da amostra com leucorreia)
5º Proceder ao teste: O mergulhar a tira na urina e retirá-la de seguida; pousar a tira num local
plano; esperar de acordo com o tempo recomendado pelas fitas específicas (60-120
segundos); colocar a tira ao lado do frasco, para comparar as cores dos quadrados do frasco
com as da tira e por fim avaliar: densidade e pH [pH da urina: 5,8-7; infeção => >7,5],
leucócitos, nitritos, proteínas, glicose, corpos cetónicos, sangue.
Nota: O exame químico da urina deve ser realizado imediatamente após a colheita de urina - o
tempo de intervalo máximo entre a colheita da amostra de urina e a realização teste é 2 horas;
se não for possível, a amostra deve ser conservada em local fresco (+ 4.°C) e escuro. A amostra
de urina deve estar à temperatura ambiente aquando da realização do teste.

Registo: Negativo (-) | Vestigios (vest) | + | ++ | +++ | ++++

Critérios de normalidade:

 Glicosúria (discutível)-> É considerada normal durante a gravidez (até ++)


 Cetonúria-> É sempre considerado sinal de alerta
 Proteinúria (discutível)-> É considerado um achado anormal durante a gravidez;
Vestígios ou + é considerado aceitável
 Leucocitúria-> Averiguar se ocorreu contaminação da amostra com leucorreia. Pode
indiciar ITU, se associado a outras alterações da eliminação urinária: pH alcalino;
hematúria micro ou macroscópica; presença de nitritos; disúria.

Suplementação durante a gravidez

->Ácido fólico: a suplementação com ácido fólico deve iniciar-se pelo menos dois meses antes
da data de interrupção do método contracetivo (400 μg/dia) e durante as 12 primeiras
semanas de gestação, devido à rápida divisão celular no feto, do aumento da filtração
glomerular da grávida e pelo facto do tubo neural fechar no primeiro mês de gestação.

Nota: As grávidas com filho anterior com defeito do tubo neuronal ou com história familiar
desta situação devem realizar diariamente uma dose superior a 5 mg/dia. Esta dose é também
indicada para mulheres com doenças ou sob terapêutica associadas à diminuição deste ácido.

->Iodo: As mulheres em preconceção, grávidas ou a amamentar devem receber um


suplemento diário de iodo sob a forma de iodeto de potássio – 150 a 200 μg/dia, desde o
período pré-concecional, durante toda a gravidez e enquanto durar o aleitamento materno
exclusivo. Ingestão adequada de iodo - tanto através da inclusão de alimentos que são fontes
de iodo, como através da suplementação - necessária para completar as necessidades da
grávida, para a maturação do sistema nervoso central do feto e para o seu adequado
desenvolvimento. Nas mulheres com patologia da tiroide está contraindicada esta
suplementação.

->Ferro: a suplementação e a dose diária a realizar devem ser individualizadas tendo em conta
a situação clínica (normalmente iniciada com 30-60 mg/dia), sobretudo se existir
hemoconcentração materna ou efeitos secundários significativos. O objetivo é reduzir os riscos
de anemia materna e de baixo peso à nascença.

Vacinação, indicada se:

->Houver um risco elevado de infeção; a doença implicar um risco significativo para a mãe
e/ou para o feto; o risco de reações adversas à vacinação for aceitável.

Vacinas passiveis de serem administradas durante a gravidez: Tétano, Difteria, Hepatite B,


Gripe Sazonal.
Nota: Deverá ser considerada a possibilidade de adiar a vacinação para o segundo ou terceiro
trimestre.

Promover o autocuidado durante a gravidez

Potencial para melhorar o conhecimento/capacidade:

->Sobre a gravidez; desenvolvimento fetal; leis e regulamentos; autocuidado durante a


gravidez; higiene; padrão de sono/repouso; medidas de segurança; padrão alimentar;
exercício; uso de substâncias; interação sexual; executar exercícios pélvicos; autovigilância;
complicações (especificar); exame (especificar); autogestão dos efeitos colaterais da gravidez
(especificar) Transição desenvolvimental

Proteção da maternidade e paternidade-> Licença parental inicial (ver decretos slide 55)

Direitos e deveres
• Grávida: Dispensa do trabalho para consultas pré-natais e para a preparação para o parto,
pelo tempo e número de vezes necessários;

• Pai durante a gravidez: Direito do pai a três dispensas do trabalho para acompanhamento a
consultas pré-natais.

Licença para amamentação/aleitação

•Dispensa diária do trabalho por dois períodos distintos com a duração máxima de uma hora
cada um (não podendo ser inferior a 30 minutos), sem perda de remuneração ou de quaisquer
regalias, durante todo o tempo que durar a amamentação;

• No caso da aleitação, a mãe ou o pai trabalhadores têm direito, por decisão conjunta, à
dispensa do trabalho por dois períodos distintos com a duração máxima de uma hora cada um,
sem perda de remuneração ou de quaisquer direitos, até a criança perfazer um ano

Higiene: Ensinar sobre mudanças inerentes à gravidez

Explicar sumariamente o efeito da gravidez no corpo ajuda a grávida a compreender melhor as


mudanças que estão a ocorrer e justifica a necessidade de alteração dos hábitos de higiene:

• Explicar o porquê do aumento da suscetibilidade à infeção (↓ da resposta imune);

• Explicar o porquê do ↑ sudorese: as glândulas sudoríparas estão extremamente ativas por


influência hormonal => transpiração;

• Explicar o porquê da leucorreia: ↑ da produção de muco cervical por ↑ da vascularização e


descamação das células cervicais.

Ensinar sobre hábitos de higiene adequados:

• Evitar roupa interior apertada na zona pélvica (confortável); Usar roupa interior de algodão -
sem comprimir a cintura nem as virilhas para não dificultar a circulação dos membros
inferiores; Lavagem da zona perineal, em movimentos ântero-posteriores (prevenir
contaminação) e produto de higiene ligeiramente ácido (evitar produtos constituídos por
corantes e perfumes). Trocar penso diário de 4/4h ou sempre que necessário; Instruir higiene
dentária adequada, usando um dentífrico rico em flúor [ação tópica – inibe a desmineralização
do esmalte e a atividade bacteriana; não é recomendada suplementação]; Reforçar a
necessidade de lavagem das mãos.

Arranjar-se:

->Ensinar sobre cuidados à pele: informar sobre limpeza de pele (seguro, a pele pode estar +
sensível)
-> Informar sobre manicure/pedicure (seguro): importante decorrer em ambiente com boa
ventilação; a exposição crónica a solventes é prejudicial (ex. acetona); equipamentos têm de
ser esterilizados;

->Informar sobre excesso de pelos corporais: epilação a cera é seguro durante a gravidez;
evitar uso de cremes epilatórios pois podem ser absorvidos pela pele e desconhece-se o efeito
no desenvolvimento fetal; evitar lesões da pele durante a depilação.

->Informar sobre maquilhagem: seguro, evitar produtos com ácido retinoide (vitamina A) ou
ácido salicílico;
->Informar sobre pintar o cabelo: a limitada evidência existente sugere que é seguro pintar o
cabelo durante a gravidez, preferencialmente a partir do 2.º trimestre; referir técnicas que não
atinjam o couro cabeludo para diminuir a probabilidade de absorção; atenção aos
constituintes químicos, mesmo que diga ‘natural’ (ex. resorcina e metais pesados, exemplo o
chumbo ou hidroquinona); pintar o cabelo em casa usar luvas e escolher um espaço bem
ventilado;

->Informar sobre produtos de beleza/cosméticos: aplicar diariamente creme hidratante


(emoliente) e adotar uma ingestão hídrica adequada; atenção aos produtos que podem ser
absorvidos pela pele; evitar retinoides (altas doses de vitamina A => defeitos teratogénicos);
evitar ácido salicílico (existentes em vários produtos); cremes hidratantes não podem conter
ureia acima de 3%; evitar produtos com soja (têm efeitos estrogénicos => agrava o cloasma);
uso de protetores solares é seguro.

Vestuário

->Ensinar sobre tensão e sensibilidade mamária: depósito de gordura por ação do estrogénio
e desenvolvimento dos sistemas de ductos, dos lóbulos, proliferação e secreção dos alvéolos e
tumefação mamária por ação da progesterona; a hipersensibilidade tende a diminuir após o
1.º trimestre mas o volume (peso) mantém-se ou aumenta;

->Soutien: com alças largas (para não pressionar os ombros devido ao peso) e ajustado à
mama; preferencialmente de algodão; utilizá-lo também durante a noite;

->Ensinar sobre vestuário/calçado: preferir roupa larga e confortável; evitar roupa constritiva
– soutiens, cintos apertados, calças elásticas, meias até ao joelho; preferir roupa que se adapte
às alterações específicas do corpo da grávida, sobretudo em relação às formas das mamas,
abdómen e ancas; preferir roupa que permita uma adequada transpiração e liberdade de
movimentos; preferir calçado confortável e que proporcione boa estabilidade: facilitando uma
postura correta e fornecendo boa base de equilíbrio (tacões – 3 a 5 cm).

Sono e repouso

->Ensinar padrão adequado de sono e repouso: o sono e repouso são necessários para dar
resposta às necessidades metabólicas desencadeadas pelo crescimento dos tecidos maternos
e fetais; apesar de alguns sintomas de fadiga não poderem ser prevenidos, podem ser
minimizados se a grávida conseguir descansar 8 horas ininterruptas de sono por dia, mais uma
sesta; pode precisar gerir as prioridades e diminuir alguns dos compromissos para obter o
repouso necessário;

->Aconselhar estratégias promotoras do sono: preferir a posição de decúbito lateral esquerdo;


diminuir a ingestão de líquidos meia hora antes de ir para a cama (diminui a frequência de
micções noturnas); evitar alimentos e líquidos contendo cafeína (a cafeína é estimulante do
sistema nervoso central); beber leite morno (o L-Tryptophan contido no leite pode ter um
efeito sedativo); e/ou ingerir um lanche ligeiro ao deitar (pode prevenir o acordar precoce com
fome).

Medidas de segurança

->Ensinar medidas de segurança- automóvel: aconselhar o uso o cinto de segurança; instruir


uso adequado do cinto de segurança; caso de acidente rodoviário, independentemente do
grau de gravidade, recomendar o recorrer ao hospital para vigilância do bem-estar materno e
fetal; as grávidas que planeiam viagens longas, devem programar os períodos de atividade e de
repouso (parar e caminhar de 1/1 hora);

Produtos químicos

->Recomendar o uso de usar luvas e, se necessário, máscara quando usar produtos químicos
de limpeza da casa (ex. limpar o pó, chão, etc.); não lidar com produtos tóxicos (inseticidas,
pesticidas, solventes, etc.);

Risco de infeção alimentar (Toxoplasmose | Listeriose | Salmonelose | Brucelose), pode ser


aconselhado:

->Evitar o contacto com todas as áreas que possam estar contaminadas com fezes de gato;
limpar diariamente a caixa de areia dos gatos e usar luvas; usar água a ferver para desinfetar
os objetos dos gatos;

->A carne deve ser cuidadosamente cozinhada para destruir possíveis parasitas;

->Lavar sempre a louça e os utensílios de cozinha após a refeição, todos os alimentos crus
(vegetais e fruta) e lavar minuciosamente as mãos e evitar levar aos olhos ou à boca quando se
manipula carne crua ou produtos não lavados;

->Evitar produtos lácteos não pasteurizados;

->Usar luvas ao fazer jardinagem.

Padrão alimentar
->Ensinar sobre padrão alimentar (alimentação e hidratação adequadas): é necessário a
ingestão de calorias e de nutrientes suficientes para o ótimo crescimento e desenvolvimento
fetais e a manutenção do estado nutricional adequado da mãe. Incluir na alimentação fruta e
vegetais frescos; proteína, como carnes magras, peixes, feijões e lentilhas; aumentar consumo
de fibras, o que pode ser encontrado no pão integral e frutas e vegetais;

-> Evitar alimentos que possam por o feto em risco: queijos moles (camembert e brie); paté
(incluindo patés vegetais); fígado e produtos derivados => contém doses elevadas de vitamina
A – 10 000 a 38 000mg/100g, e a DDR é de 700 microgramas; refeições pré-preparadas,
cozinhadas ou não; carne curada, como salame, enchidos, ou crua; mariscos crus, como ostras;
ovos crus ou alimentos que os contenham (ex. maionese); peixe contendo níveis relativamente
altos de metilmercúrio, tais como tubarão, peixe-espada, que podem afetar o sistema nervoso
do feto.

-> Limitar a ingestão de cafeína (menos de 250/300 mg/dia): pode provocar baixo peso RN;
-> Beber 2 litros de líquidos (8-10 copos/dia), para assegurar adequada hidratação hídrica e
um débito urinário correspondente (pH da água é alcalino e o do sangue é 7,365, se for abaixo
de 6,8 ou acima de 7,8 compromete o funcionamento celular);

Aumento esperado de peso

->O aumento de peso esperado depende do peso inicial e do momento da gravidez (deverá
aumentar entre 11,5 a 16 kg);

Atividade física
->Qualquer movimento corporal voluntário produzido pelos músculos esqueléticos que resulta
em gasto energético maior do que o gasto em repouso, incluindo o trabalho, locomoção,
afazeres domésticos, atividades recreativas e o exercício;

-> Exercício físico: é caracterizado como toda atividade física estruturada, planeada e
repetitiva que tem por objetivo a melhoria da saúde e a manutenção de um ou mais
componentes da aptidão física, sendo uma subcategoria da atividade física;

Nota: Ambos influenciam a gestação|desfechos materno-fetais, e são fatores potencialmente


modificáveis.
->Benefícios (regularmente, pelo menos 30 min/dia): prevenção de diabetes gestacional;
efeito protetor para a pré-eclâmpsia; redução na média de ganho de peso*; redução da
incidência de sintomas indesejáveis durante a gravidez, como caibras, edema e fadiga.

* o aumento de peso excessivo está relacionado a resultados gestacionais desfavoráveis, como


DG, hipertensão, complicações no trabalho de parto e no parto, e macrossomia fetal; a
retenção de peso no pós-parto pode aumentar significativamente o risco de obesidade na
mulher em idade

Nota: Atividades físicas em intensidade leve a moderada igualmente não foram associadas a
trabalho de parto pré-termo nem baixo peso do recém-nascido.

->Incentivar a fazer exercício durante a gravidez: encorajar a prática de exercício moderado


pois melhora a circulação, promove o relaxamento, previne a obstipação; desaconselhar o
exercício muito extenuante porque pode diminuir o fluxo de sangue no útero em 70%

Exercícios adequados durante a gravidez: (30 min./3x por semana)

->Exercícios aeróbicos (objetivo manter a capacidade cardiorrespiratória e o condicionamento


físico, além de contribuir no controlo da DG, da hipertensão gestacional e do ganho de peso
materno; contempla atividades que envolvam grupos musculares como a caminhada, o mais
frequente, bicicleta, natação/hidroginástica, dança, ginástica aeróbica de baixo impacto;

->Treino de resistência/tonicidade muscular (objetivo é manutenção do condicionamento


muscular ou o aumento de força muscular, permitindo melhor adaptação do organismo
materno às alterações posturais, contribuindo para a prevenção de traumas e quedas e para a
prevenção e o tratamento de efeitos músculo-esqueléticos, ex. ioga e pilates).

->Caminhada => condicionamento cardiovascular, melhoria da circulação e fortalecimento da


musculatura das pernas, mas não fazê-lo em jejum, hidratar-se com água: antes e durante a
caminhada, escolher roupas leves e confortáveis, de preferência de algodão e avaliar o estado
das sapatilhas, dedicar os últimos 5 minutos para diminuir a frequência, caminhando de forma
mais lenta;

->Ioga => exige movimentos corporais, envolve a mente em cada movimento, trabalhando a
respiração, o relaxamento e a consciência corporal;
->Atividades na água => a hidroginástica é um exercício completo que envolve alongamento,
trabalho cardiovascular e fortalecimento da musculatura; é adequado para trabalhar o
equilíbrio corporal, já que o peso está concentrado na zona abdominal; o contato com a água
ajuda no relaxamento e tem baixo impacto – o que torna o exercício indicado para a gravidez;

->Preparação para o parto e exercícios em casa, ex: Exercícios de Kegel (fortalecem os


músculos do assoalho pélvico, que ajudam a manter a bexiga e muitos outros órgãos no lugar.
Objetivo: contrair os dois músculos principais que atravessam o pavimento pélvico);.

Uso de substâncias
->Álcool: aconselhar abstinência do álcool, ainda não foi estabelecido limite de segurança para
o consumo de álcool durante a gravidez;
->Tabaco (ou a exposição a ambientes saturados de fumo): associado à restrição do
crescimento intrauterino (diminuição da perfusão placentar) e aumento da mortalidade e
morbilidade infantil;

->Medicação: não tomar qualquer medicamento sem consultar o médico, particularmente no


1.º trimestre.

Avaliar presença e resposta aos efeitos colaterais da gravidez (especificar) Avaliar


conhecimento sobre autogestão do efeito colateral (especificar) Avaliar capacidade para gerir
efeito colateral (especificar)

Averiguar: a presença do efeito colateral da gravidez referido como desconforto; Resposta


emocional; Resposta física; Manifestações/implicações dos efeitos colaterais; Conhecimento
para lidar com…(como tem lidado…)

Intervenções: Ensinar sobre gravidez; Ensinar sobre prevenção (especificar); Ensinar sobre
como gerir (especificar); Referenciar para EESMO

Efeitos colaterais na gravidez: Náuseas e vómitos*; Azia**; Ptialismo; Flatulência; Tonturas e


vertigens; Cefaleias; Poliúria; Dispneia; Obstipação***; Dor músculo-esquelética****
(dorsalgias, lombalgias); Cãibras; Varicosidades; Edema; etc.
* Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral: náusea e/ou vómito; Averiguar a
quantidade e qualidade dos alimentos nutritivos; padrão de ingestão de líquidos;
características náuseas e vómitos (o que agrava/melhora); impacto na: perda de peso |
desidratação | ↓ turgescência cutânea | cetonúria; conhecimento sobre estratégias para gerir
o desconforto

Intervenções: Ensinar sobre como gerir náusea e vómito; Referenciar para EESMO

De acordo com a grávida, pode ser sugerido:

->Fazer refeições frequentes e em pouca quantidade; Comer bolachas/biscoitos secos antes de


se levantar pela manhã; Ingerir líquidos, em pequenas quantidades, no intervalo das refeições
(↓ a desidratação); Evitar alimentos gordos e condimentados e ambientes com odores que ↑
náusea (usar ventilador na cozinha, por exemplo); Chá de gengibre; Acupressão – P6.

** Averiguar: estado nutricional; padrão de ingestão de líquidos e alimentos; conhecimento de


estratégias para gerir/prevenir azia.

Intervenções: Ensinar sobre como gerir azia; Referenciar para EESMO


Pode ser sugerido:

->Fazer 6 refeições pequenas por dia e comer devagar, mastigando bem os alimentos; eliminar
da dieta alimentos gordos e condimentados; eliminar/reduzir irritantes gástricos (ex. cafeína,
tabaco, etc.); evitar sentar-se/inclinar-se/abaixar-se logo após a refeição; usar roupa que não
aperte a zona abdominal.

*** Averiguar: padrão de ingestão de líquidos e alimentos (fibras); padrão de eliminação;;


padrão de exercício físico e atividade; presença de dor abdominal, distensão abdominal;
conhecimento de estratégias para gerir/prevenir obstipação

Intervenções: Ensinar sobre como gerir risco de obstipação; Referenciar para EESMO

Pode ser sugerido:

->Tomar líquidos tépidos pela manhã; • ↑ exercício físico (caminhadas com duração mínima
de 20 minutos); ↑ ingestão de fibras - >28g/dia (cereais inteiros, frutas cruas, vegetais) + ↑
ingestão de líquidos (10-12 copos/dia); regularizar as dejeções – dar tempo para conseguir
evacuar; elevar os pés com um banco/caixa durante a defecação para ↓ o esforço.

**** Averiguar: postura corporal, técnica para levantar objetos e o tipo de calçado; nível de
atividade e período de repouso; distensão muscular dorsal; aumento ponderal; conhecimento
de estratégias para gerir/prevenir dorsalgia.

Intervenções: Ensinar sobre como gerir dor músculo-esquelética; Ensinar sobre posição
corporal; Referenciar para EESMO

Pode ser sugerido:

->Evitar esforços excessivos; Repousar frequentemente em decúbito lateral esquerdo; Usar


calçado confortável, boa estabilidade e tacão com 3/4cm; Evitar cargas – andar com os filhos
ao colo, usar malas pesadas, por exemplo; Conservar postura correta; Praticar exercício físico
(ex. na água); Aplicar calor local, se dorsalgia presente; Massajar zona dorsal.

Ensinar sobre posição corporal: Explicar sobre a posição de baixar, de levantar, de pegar em
pesos e a postura corporal => à medida que a gravidez evolui predispõe a dores lombares, a
alteração do centro de gravidade e maior esforço da musculatura abdominal porque as
articulações pélvicas relaxam e ficam mais flexíveis.

Avaliar conhecimento sobre autovigilância durante a gravidez


Averiguar: conhecimento sobre sinais de alarme – gravidez/desenvolvimento fetal;
conhecimento sobre sinais de trabalho de parto.
Sinais de alerta- Intervenções: Ensinar sobre autovigilância: sinais de alerta; Referenciar para
EESMO (sinais de trabalho de parto | contagem dos movimentos fetais)
Adaptação à parentalidade: promover as competências parentais

Adaptação à parentalidade [Childbearing]- período pré-natal

->Os comportamentos que incidem no ajustamento à gravidez;

->Empreender ações para se preparar para ser mãe/pai;

->Interiorizando as expectativas das famílias, amigos e sociedade quanto aos comportamentos


parentais adequados ou inadequados.

Parentalidade [Parenting]- período pós-natal

->Assumir a responsabilidade do exercício efetivo do papel;

->Otimizar o crescimento e o desenvolvimento da criança;

->Integrar a criança na família;

->Agir de acordo com os comportamentos esperados de alguém que é mãe/pai.

O tornar-se mãe e o tornar-se pai é uma transição-> O nascimento de um filho é, não só, um
tempo de mudança na vida de uma família que exige a aprendizagem inerente aos cuidados à
criança, mas, igualmente, um evento crítico caracterizado pela reorganização individual,
conjugal e profissional, pelo que representa uma transição no ciclo de vida.

A incorporação de um novo papel desenvolve-se em 4 fases:

-Antecipatória (“ensaio”)

 Tem início durante a gravidez;

 Corresponde ao período prévio ao desempenho do papel, isto é, corresponde ao período


em que a mãe/pai inicia o ajustamento psicológico e social ao papel maternal/paternal,
através da incorporação das expectativas, bem como, o envolvimento e a aprendizagem
inerentes ao exercício do papel;

 A mãe e o pai constroem as expectativas, ensaiam e fantasiam acerca do papel e referem-


se ao feto já como “filho”;

 Comportamentos esperados: preparar-se para as alterações no estilo de vida, criar imagens


do filho (filho imaginado), antecipar as características que gostaria de possuir como mãe/pai e
-> Ligação mãe/pai - filho.

-Formal (sobretudo na 1ª semana- figuras de referência, pessoas que considera como


entendidos no assunto)

 Início com o nascimento do filho e com o consequente confronto com a necessidade de


desempenho do papel;

 Nesta fase, habitualmente, os comportamentos são guiados por fontes formais,


nomeadamente os profissionais da saúde, e em conformidade com as expectativas dos outros.

-Informal (este ocorre através da aquisição de confiança)

 Vai emergindo à medida que a mãe/pai se torna mais confiante no exercício do papel e
assume as decisões por si. Apesar de ainda seguir as orientações dos outros, vai
desenvolvendo formas próprias de exercer o papel de mãe/pai.
-Pessoal

 Período em que mãe/pai cria um estilo próprio no desempenho do papel e assume-o


perante os outros;

 Nesta fase, assumir o papel parental desencadeia uma sensação de harmonia, de confiança
e de competência;

 Correspondendo à integração da identidade materna.

Avaliação da adaptação à parentalidade:

Aceitação da gravidez; Lidar com as expectativas e as ambivalências relacionadas com a


gravidez e a maternidade/paternidade; Estabelecer ligação afetiva com o feto; Preparar-se
para assumir o papel maternal/paternal: competências parentais.

Rubin (1977) afirma que ‘binding-in’ (ligação com) a criança é uma componente afetiva e
motivacional do processo de identificação com o papel de mãe/pai: constitui uma das tarefas
da transição para o papel parental; tem início ainda durante a gravidez; e, influencia a
satisfação e competência no exercício do papel após o nascimento da criança.

Ligação mãe/pai-filho

 É um processo interativo e recíproco entre parceiros resultando em experiências


satisfatórias;

É laço emocional que motiva o envolvimento nos cuidados ao filho.

 É uma ligação especial e próxima entre a mãe/pai e a sua criança que ocorre durante o
período sensitivo. É uma experiência única que liga a mãe/pai ao filho;

O processo de ligação entre a mãe e seu filho, que começa durante a gravidez, é facilitada
pelo contacto pele-a-pele, amamentação e alojamento conjunto => benefício potencial a longo
prazo para a mãe e a criança.

Construção do filho imaginado e da ligação mãe/pai filho (feto)

Expectativas em relação ao bebé:

• As expectativas relacionadas com as características físicas (ex. imaginam como será o cabelo
e o sorriso e desejam principalmente que seja saudável);
• Relativamente às características emocionais (ex. desejam que seja compreensivo, educado e
carinhoso);
• Relativamente às expectativas de futuro (ex. desejam que os filhos sejam felizes, tenham
amigos, que estudem, se formem e arranjem um bom emprego para que a sua situação
económica seja melhor que a delas).

Avaliação da ligação mãe/pai-filho

1 - manifestação materna de rejeição;

2 - aceitação materna, com potencial para melhorar a expressão afetiva;

3 - sem compromisso-> Atribui características positivas ao filho; Atribui significado facilitador à


chegada do filho; Segue as recomendações promotoras de saúde; Prepara a casa e enxoval;
Prepara a família para a chegado do novo elemento à família; Faz perguntas/procura
informação sobre o desenvolvimento fetal e/ou recém-nascido; Toca no abdómen/fala com o
feto.

Potencial para melhorar conhecimento sobre competências do feto e do recém-nascido


Intervenções: Ensinar sobre desenvolvimento fetal*; Ensinar sobre características de um
recém-nascido; Referenciar para EESMO

Ensinar sobre características de um recém-nascido

Aparência esperada do recém-nascido e achados normais na pele:

-Cabeça: O formato da cabeça pode ser assimétrico (é influenciado pela posição que o bebé
tinha dentro do útero); pode notar-se a fontanela anterior (espaços que fica entre o ossos
frontal e parietais);

-Pálpebras poderão estar edemaciadas e com os olhos abertos pode parecer estrábico (devido
à imaturidade das pupilas)

-Pele poderá estar coberta de vérnix (quanto mais tarde nascer menos vérnix terá, o que fará
com que a sua pele fique mais seca; quanto mais cedo, mais vérnix). Pode ter uma penugem
(muito fina) sobretudo na parte superior das costas que cai posteriormente (lanugo). Pode
ainda existir umas manchas na parte inferior das costas e nádegas, azuladas designadas de
mancha mongólica, devido à concentração de melanina (tem esse nome porque foi descrita
inicialmente na raça mongol), que pode permanecer até aos 2 anos de idade. Eritema tóxico e
milia.

-Cor da pele é habitualmente avermelhada devido ao excesso de glóbulos rubros (esses


glóbulos rubros vão diminuir através de um processo fisiológico e isso pode levar a um
aumento de bilirrubina, que quando se acumula na pele, dando uma coloração amarela, que
desaparece em cerca de uma semana);

-Mãos e os pés estão habitualmente frios e azulados (acrocianose) e podem ter a pele a
descamar; os genitais estão edemaciados; as pernas podem parecer arqueadas;

Capacidades dos órgãos dos sentidos: visão

-Ao nascimento a acuidade visual está entre 20/200 a 20/400, sendo que o padrão comum de
acuidade visual no adulto é de 20/20.
-Consegue ver a uma distância de 20 a 25 cm, conseguindo concentrar-se num objeto durante
cerca de 10 segundos; tem preferência por imagens bem formadas, pelo que um dos seus mais
fortes estímulos é a face humana- Aos 10 dias é capaz de reconhecer o rosto da mãe do rosto
de outra mulher;

-Prefere cores médias (amarelo, verde e rosa) do que brilhantes (laranja, vermelho e azul) e
prefere contrastes de preto e branco; os bebés com um mês conseguem distinguir o
vermelho, verde, azul e branco, mas a sua capacidade de identificar outras cores é limitada;

-O recém-nascido possui uma capacidade auditiva semelhante ao adulto: reage a sons, como a
voz humana, através de alterações faciais ou movimentos corporais; tem preferência pela voz
feminina; ao 2.º dia de vida => é capaz de reconhecer a voz da mãe, ao 14.º dia => diferencia o
rosto e voz do pai do rosto e voz de outro homem;
-O sentido do olfato está desenvolvido desde o nascimento e facilita o alimentar-se,
reconhecendo o odor do leite materno e, mais tarde, o odor da sua própria mãe. Aos 6 dias de
vida consegue distinguir o cheiro da mama da mãe do de outra mulher.

Nota: Durante a gravidez e imediatamente após o parto, as mulheres desenvolvem um perfil


químico de moléculas voláteis específico: dodecanol octane oxybis; isocurcumenol; o-
hexylcinnamic; aldehyde e isopropyl mystrate (identificadas em amostras colhidas da área do
mamilo, da aréola e da axila).

-Relativamente ao tato: a capacidade de sentir variações na temperatura, humidade e na


textura dos objetos que estão em contacto com a pele; o recém-nascido reage ao toque em
todas as partes do corpo, mas de forma especial na face (em particular os lábios), mãos e pés e
abdómen, pois é nessas áreas que se encontra um maior número de recetores táteis;

- O contacto físico estimula a produção de substâncias anti stresse: ocitocina e opióides


naturais. O contato direto com a pele de outra pessoa acalma e reconforta o bebé, além de
promover a manutenção da temperatura corporal estável. Esse é o motivo do método canguru
é benéfico nos cuidados a bebés prematuros. O contacto/toque e responsividade às
necessidades da criança => baixo nível basal de cortisol (Blair et al., 2006); Crianças de alto-
risco desenvolvem normalmente se tiverem muito contacto físico (Sharp et al., 2012; Sharp et
al., 2014); Crianças expostas a cuidados emocionalmente não responsivos ou a
comportamentos de raiva desenvolvem sistema de respostas ao stresse inadequado (Yoo and
Reeb-Sutherland 2013; Zeiber et al., 2013; Towe-Goodman et al., 2012; Graham et al., 2013);
- O sistema de paladar está bem desenvolvido: distingue os 4 sabores básicos - doce, ácido,
amargo e salgado. A discriminação destes 4 sabores básicos foi demonstrada por Steiner em
1979: recém-nascidos que nunca tinham sido alimentados foram fotografados antes e depois
de ter sido colocada água com diferentes sabores na boca. Ao variar o sabor (normal, doce,
ácido e amargo) observou-se que os recém-nascidos reagem de maneira diferente aos
diferentes sabores (ex: solução doce desencadeia a sucção vigorosa, uma solução amarga
produz uma careta);

Adaptação à parentalidade: promover as competências parentais

Antecipatória: Preparação para a parentalidade


Competências parentais: conjunto de conhecimentos, de capacidades e de atitudes que
facilitam e otimizam o desempenho, com mestria, do papel parental, garantindo o potencial
máximo de crescimento e de desenvolvimento da criança.

Avaliação das competências parentais

Modelo de cuidados pré-natais: Programa de preparação para a parentalidade

Potencial para melhorar conhecimentos para preparar a casa para receber o recém-nascido:
Intervenções-> Ensinar sobre preparação do quarto para o recém-nascido; Ensinar sobre
dispositivos para o recém-nascido; Ensinar sobre preparação do enxoval

• Características do quarto • Características do alcofa/berço/cama • Características do


equipamento a adquirir/adaptar: para dar banho • Características do equipamento a adquirir:
cadeira de transporte • Características do equipamento a adquirir: carrinho de passeio

Segurança + Conforto + Promoção da saúde


Relativamente às características do quarto:

▪ Com ventilação e luz natural, com janelas seguras e afastadas da cama do bebé;

▪ O chão - antiderrapante e fácil de limpar; os tapetes são dispensáveis, mas caso estejam
presentes precisam ser fixos ao chão ou na mobília do quarto;

▪ A temperatura ambiente do quarto mantida entre os 18º/22º C;

▪ Manter o quarto limpo (As vias aéreas das crianças, são mais permeáveis aos poluentes
atmosféricos e as suas defesas respiratórias contra esses poluentes ainda não estão
completamente desenvolvidas);

▪ Evitar o uso de aerossóis - libertam partículas que ficam suspensas no ar por um período
relativamente longo devido à sua lenta deposição por conta da gravidade;

▪ Se alcatifa - aspirada e lavada a vapor de forma regular, de modo a eliminar o pó e os micro-


organismos acumulados (produtos como o vinagre e o limão que têm propriedades de limpeza
e são 100% naturais);

Iluminação natural: estimula a produção de vitamina D na pele, a visão e estimula ciclo


circadiano (o ideal é a exposição direta ao sol* (sem vidro) antes das 10h ou depois das
16/17h, 10 minutos/dia, alternando posição (expor o corpo por partes);

Iluminação artificial: cor neutra ou amarela (instalada no meio do quarto e não em cima do
berço);

Luz de presença: avermelhada/alaranjada (não interfere com o biorritmo)- Num estudo com o
objetivo de perceber a influência da luz azul e da vermelha nos níveis de vigilância noturna,
durante duas noites, 14 pessoas foram sujeitas a quatro condições experimentais de
iluminação. Após a experiência, conclui-se que a luz vermelha ajuda a manter os níveis de
melatonina enquanto que a luz azul interfere na sua produção, mas quando utilizada durante
o dia aumenta dos níveis de concentração. A luz de qualquer cor afeta a produção de
melatonina e prejudica o sono. O estudo comparou 6 horas de exposição à luz azul e à luz
verde com a mesma intensidade entre si e concluiu que a luz azul é capaz de suprimir duas
vezes mais a produção de melatonina do que a luz verde.

▪ Se as paredes forem pintadas - tinta não tóxica e lavável: tintas aquosas (à base de latex ou
acrílicas) e tintas ecológicas (estar isenta de COV'S) são constituídas por matérias-primas
naturais (vegetais, minerais, animais), sem componentes sintéticos e derivados de petróleo;
▪ Se as paredes forem pintadas – cor das paredes? – Devem ser de cores pastel (proporciona
um ambiente calmo e relaxante) e cores primárias (proporciona ambiente estimulante).
Recomendação: as paredes e o teto com cores pastel e as cores primárias nos brinquedos e/ou
decoração (Estudos comprovaram que contrastes como preto e branco enviam sinais mais
fortes ao cérebro, o que proporciona um maior desenvolvimento assim como cores primárias
que são mais contrastantes e vibrantes, preferência pelo amarelo, seguida do vermelho e
depois pelo verde e azul).
Nota: Estudo sobre as cores escolhidas no serviço de obstetrícia e a sua influência nos bebés
do sexo feminino e masculino, observou-se que as recém-nascidas colocadas em quartos cor-
de-rosa (derivado da cor vermelha), tem uma atividade motora mais longa e são mais curiosas
comparativamente com os meninos recém-nascidos.A justificação é que as bebés viam mais
cedo o vermelho do que o azul, logo recebiam estímulo visual mais cedo do que os meninos.

▪ Móvel para trocar a fralda - superfície mínima de 80 cm por 60 cm; altura adequada à altura
da pessoa; fácil arrumação/acesso. Coisas a ter em atenção: diminuir o tempo que o recém-
nascido se encontra exposto ao frio durante a troca da fralda, facilitar na limpeza (colchão
impermeável)e manter segurança do recém-nascido (bordos colchão);
▪ Preparar um ‘cantinho para amamentar’: local calmo, afastado de ruídos, que permita que a
mãe se sinta relaxada (facilita a libertação de ocitocina), cadeirão/cadeira confortável, com um
local de apoio para os pés, almofada de amamentação;

Equipamento para dormir

Aspetos a considerar na escolha: ser estável, sólido e seguro; estar num local com boa
visualização do exterior; e, sem exposição a correntes de ar:

->Se escolha for alcofa (até aos 3 meses): ter bordos altos e acolchoados, um fundo rígido e
plano e pegas resistentes;

->Se escolha for berço (4/5 meses)/cama: estável e sólido, se com grades que apresentem no
mínimo 60cm de altura e 6cm de distância entre elas e com fecho de segurança, ter ainda
estrado plano, rígido e sem arestas cortantes ou saliências no interior.

 Tipos de berços: “next 2 me”;


 O colchão: tem de ser impermeável firme e plano, que permita uma distribuição
homogénea do peso e uma total liberdade de movimentos (sem molas por exemplo de
espuma, látex ou viscoelástico com baixa densidade), tratamento anti ácaros,
hipoalergénico e antifúngico, e bem-adaptado ao tamanho da cama;

Equipamento para dar banho

▪ Fundo da banheira – antiderrapante (caso não tenha pode colocar-se um tapete


antiderrapante) –porque a acumulação de água e de sabão conjugada com os movimentos
necessários para dar o banho potencia risco escorregar, sendo que a banheira deve ser
colocada numa base sólida;
▪ Equipamento próprio para cortar as unhas ao bebé

Equipamento para transportar

Nota: Uso de sistema de retenção reduz entre 90 e 95%, a ocorrência de morte ou ferimentos
graves em crianças.

▪ Aprovada pelas normas europeias, devendo possuir a “etiqueta E” e o código 04 se R44

▪ Escolhida tendo em atenção o intervalo de peso* ou de altura** da criança: *Peso inferior a


13kg (norma R44/04), **40 a 75 cm de altura (norma R129), desde o nascimento até 1 ano

▪ Usar a cadeira segundo as normas de utilização.

Norma R44/04 – tipos e posição das cadeiras


Norma R129

Ainda existe o sistema autofix e o isofix

Cerca de 43% dos condutores inquiridos usa uma cadeira em segunda mão, é preciso ter em
consideração os seguintes aspetos:

• Envolvida em acidentes? Uma cadeira que tenha sido envolvida num acidente não deve ser
utilizada novamente, pois a esferovite pode ter-se partido e deixar de conferir a proteção
adequada; • Estado de conservação? Verificar se os cintos não estão rasgados e se apertam
corretamente; • Etiqueta de homologação? Verificar se cumpre as normas e regulamentos
vigentes.
Carrinho de passeio: Ser leve e fácil de manusear e com um tamanho adequado aos espaços
onde será usado (mala do carro, elevador,…)

Benefícios do babywearing:

Choram menos – choram uma média de 43% menos que os outros e 54% menos durante a
noite; Mais relaxante – o balanço, a temperatura, o ritmo do coração e do movimento e a
proximidade facilitam o sono, ao imitar condições similares à do útero; Maior sensação de
segurança – andar próximo do corpo do adulto, além de se sentir mais seguro, o bebé
acompanha o ritmo do adulto que o transporta; Maior desenvolvimento – ao ficar mais tempo
em silêncio e em estado de alerta, observa o mundo sob uma perspetiva diferente, e não
apenas o teto como quando está no berço, ou os joelhos das pessoas como quando está no
carrinho de passeio; Facilita a integração do bebé nas rotinas da família – liberta as mãos para
outras atividades (tarefas domésticas, cuidar de outro filho, …); Facilita a amamentação e os
laços afetivos

Tipos:

->Sling: Usado até cerca dos dois anos (13kg); Existem dois tipos, o pouch sling e o sling de
argolas;

->Pano porta-bebé: Usado até cerca dos 3/4 anos de idade (18kg); É necessário aprender a
colocá-lo;

->Marsúpio: Usado até cerca dos 4 anos de idade

 Escolha do marsúpio: fácil de colocar, retirar e ajustar o bebé; bom apoio do pescoço e
das costas do bebé; as aberturas para as pernas equilibradas de forma a distribuir o
peso do bebé; as tiras devem ser largas e equilibradas de ambos os lados das costas e
ombros para distribuir o peso do bebé;
 Medidas de segurança: as pernas da criança necessitam ficar em abdução (se as
pernas do bebé ficarem colocadas para baixo (penduradas) contribui para a displasia
da anca.

Babywearing- medidas de segurança:

->Evitar que o bebé fique com a cara encostada ao pano ou ao corpo do adulto; Evitar que a
cabeça fique inclinada sobre o peito, pois poderá dificultar a respiração; Para evitar o
sobreaquecimento, principalmente no verão, vestir o bebé com roupa fresca; Calçar sapatos
práticos, confortáveis e que não escorreguem; Andar com cuidado tendo em atenção
obstáculos; Evitar transportar sacos para não interferir com o equilíbrio; Evitar movimentos
bruscos que podem provocar lesões no pescoço, coluna e cabeça do bebé; Verificar se o
equipamento está seguro.

Ensinar sobre preparação do enxoval

->Critérios de escolha da roupa para o bebé

 O vestuário facilmente lavável e confortável, que não limite os movimentos do recém-


nascido é o recomendado. A roupa fácil de vestir/despir - pescoço largo, não possuir
pelos, elásticos apertados, laços, botões ou fitas à volta do pescoço ou que possam
prender os dedos. Adequada ao tamanho do bebé e à temperatura ambiente; A roupa
recomendada é a de tecidos de fibras naturais (ex. algodão).

->Cuidados gerais no tratamento da roupa do bebé

->Critérios de escolha e de uso de chupeta

 Recomenda-se que a oferta da chupeta seja adiada até a criança estar bem adaptada à
mama (evitando a confusão de bicos);
 Facilmente lavável; adequado à idade do bebé; ser só de uma peça;
 Ser o mais semelhante possível ao mamilo da mãe – recomendar apenas adquirir após
o nascimento;
 Benefícios: Sucção => reflexo saudável, que auxilia o bebé a confortar-se, acalmar-se e
autocontrolar-se; fator de proteção em relação à SMSL;
 Efeitos prejudiciais: Alterações na dentição e ↑ de probabilidade de cáries; ↑ de
probabilidade otite media aguda; compromisso na amamentação (↓ período);
compromisso na linguagem.

->Critérios de escolha das fraldas e toalhetes

 Existem dois tipos de fraldas: reutilizáveis e descartáveis, que têm de ser adequadas à
idade/peso do bebé;
 Critérios de escolha: saúde da pele do bebé, conforto do bebé, custo (investimento
inicial e custo total), manutenção das fraldas, facilidade na utilização;
 Dois tipos de toalhetes: reutilizáveis ou descartáveis; secos ou húmidos;
 Escolher toalhetes sem produtos químicos; se tiverem produtos, poderão ser passados
por água para remover a maior parte desses produtos (usar, de preferência, água
morna para os aquecer e ser mais confortável para o bebé).

->O que é necessário preparar para levar para o hospital

Para o bebé (internamento): 3 a 4 conjuntos interiores; 3 a 4 fatinhos; 3 pares de


meias/carapins; 2 casacos; 2 gorros; 1 manta; 6 fraldas de pano; 15 fraldas; toalhetes de
limpeza; 2 toalhas de banho
Para o bebé (sala de partos): 1 manta; 1 fralda de pano; 1 fatinho; 1 conjunto interior; 1
casaco; 1 gorro; 1 fralda
Para a mãe (internamento): 3 camisas de dormir/pijama; 2 soutiens de amamentação; 1 robe
fresco; 1 par de chinelos; cuecas descartáveis/algodão; pensos higiénicos absorventes; 10
toalhas de higiene íntima; material de higiene pessoal

Para a mãe (sala de partos): 1 camisa de dormir; 1 par de chinelos de quarto; livros e/ou
aparelhos de música

Para o pai (internamento, se permitido pelo hospital): 1 muda de roupa; chinelos de quarto;
material de higiene pessoal

Para o pai (sala de partos): snacks; água; moedas para a máquina da comida e/ou café; livros e
ou música; máquina fotográfica; telemóvel e carregador

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para cuidar da higiene do recém-


nascido e manter pele saudável

Intervenções: •Ensinar mãe/pai sobre higiene •Ensinar mãe/pai cuidados à pele do recém-
nascido •Ensinar mãe/pai sobre higiene oral •Ensinar mãe/pai sobre vestuário •Ensinar
mãe/pai sobre tratamento do coto umbilical •Instruir mãe/pai a dar banho •Instruir mãe/pai a
cuidar da higiene oral •Instruir mãe/pai a tratar do coto umbilical •Instruir mãe/pai a trocar
fralda •Treinar mãe/pai a dar banho •Treinar mãe/pai a tratar coto umbilical

Conhecimento/Capacidades relacionados com: Material necessário e condições prévias para o


banho; Critérios para escolher os produtos de higiene a usar; Frequência e horário do banho;
Lavar os olhos (pálpebras) /ouvidos; Como dar banho; Como e quando cortar as unhas;
Material necessário para a troca da fralda; Critérios de uso sobre os produtos de higiene
perineal; Lavar o períneo (se menino/se menina); Sinais de eritema pela fralda; Fatores de
risco/medidas de prevenção do eritema da fralda.

->O banho necessita da banheira/recipiente, toalha, muda de roupa abrindo-a e dispondo-a


por ordem de utilização e fralda;

->A temperatura da água do banho: 37.ºC;

->Ambiente sem correntes de ar e com uma temperatura ambiente de 22-25.ºC;

->Estudos comparativos entre tub bath and sponge bathing: Hennigson, Hylen, Anderson,
Cole, Bryanton, Loring- mostram que o 1º é mais eficiente do que o 2º a nível de menos perda
de calor, menos choro, melhores temperaturas retais, melhor a nível de attachment e bonding

Critérios de escolha dos produtos de higiene

Só agua vs baby wash-> Gfatter mostra que todos os banhos provocam aumento do pH,
diminuição SCH; Hoeger mostra que banho só com água 2 vezes por semana faz diminuir o pH
e aumentar SCH; Bartels mostra que TEWL e SCH melhor quando os emolientes são usados;
Lavender mostra que entre os dois banhos não há diferença a nível da TEWL, pH e SCH nas 2 e
4 semanas mas que as mães preferiam o banho quando usado o baby wash.

▪ estrato córneo 30% mais fino ▪ epiderme 30-40% mais


pequena ▪ pH >6.0 ao nascimento, desce para <5.0 em 4
dias (adulto – pH=4,7) ▪ absorve mais água, mas permite
a evaporação mais rápida ▪ menor quantidade de lípidos
(glândulas não funcionantes)
▪ Usar água simples até duas semanas após o nascimento; nesta fase, se usar produtos –
syndets.
▪ Os produtos de higiene devem ser hipoalergénicos e com um pH ácido (entre 5 e 6), e: Sem
parabenos; Sem álcool; Sem perfume; Sem glicerina; Sem sódio lauril sulfato (SLS); Sem sódio
laureth sulfato (SLES); Com ácido cítrico

▪O manto ácido é protetor a um ph de 4,7: melhora crescimento flora intestinal e a flora


transitória é inibida.

Syndet - “sabão sem sabão” constituído agentes tensioativos (permitem diminuir a tensão
superficial da água facilitando, assim, a remoção de partículas de gordura), detém bom poder
de detergência, pH ligeiramente ácido, produzem pouca espuma e não provocam irritação
cutânea. Ex: Lipikar da La roche-posay, Eucerin pH 5, Cetaphil barra hidratante, Bioderma
atoderm PP

Frequência e duração

• Nos recém-nascidos são suficientes 2 a 3 banhos por semana;

• O banho pode ser dado a qualquer altura do dia, exceto após as refeições; a altura escolhida
para o banho depende também do efeito que este tem sobre o bebé- estimulante ou
relaxante;
• Duração: A água pode ser também irritante para a pele provocando comichão e secura,
sendo que quando penetra na pele pode também aumentar os espaços entre os corneócitos
do espaço córneo prejudicando a integridade da barreira da pele e permitindo a entrada a
agentes patogénicos e alergénicos.

Nota: Estrato córneo- hidratação e propriedades do transporte da água. Em condições


normais, o estrato córneo do recém-nascido é mais hidratado do que o do adulto mas a perda
de água é mais elevada do que a do adulto.

Instruir sobre como dar banho- Procedimento: Cuidar da higiene do recém-nascido

Troca da fralda:

• O material necessário sempre que troca da fralda: Toalhetes/ Esponja | Água morna para
lavar o bebé | Fralda limpa | Roupa interior

• Escolher um “espaço” de modo a ter por perto e organizado todo o material necessário para
a troca da fralda
Higiene perineal: medidas de prevenção do eritema pela fralda

Trocar a fralda sempre que ocorre uma micção e/ou dejeção - lavar e secar a zona envolvente
e muda a fralda; Optar pelas fraldas absorventes, transpiráveis e não oclusivas; Sempre que
possível, expor a região perineal ao ar;

Sinais de eritema pela fralda: Pele vermelha (rubor); Calor (aumento da temperatura local);
Erupção cutânea

Critérios de uso sobre os produtos de higiene perineal


A necessidade de aplicar creme barreira à base de óxido de zinco, vitamina A e vitamina D –
apenas na presença de eritema pela fralda.

Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para tratar do coto umbilical

Intervenções: Ensinar sobre como tratar do coto umbilical (drycare – manter limpo e seco);
Instruir desinfeção do coto umbilical; Ensinar sobre sinais de infeção do coto umbilical

Conhecimento/Capacidades relacionados com:

-Material necessário para a desinfeção do coto umbilical; Quando é esperado a queda do coto
umbilical; Como e com que frequência desinfetar/ como efetuar limpeza (drycare); Estratégias
para promover a mumificação do coto e cicatrização da pele; Sinais de infeção do coto
umbilical

->O coto umbilical poderá cair entre o 4.º e o 15.º dia após o parto. Recomendação: drycare

Material necessário para a desinfeção do coto:

->Clorexidina a 4% e compressas, uma vez por dia (instruir desinfeção do coto umbilical)

Nota: A onfalite ocorre, ainda que com baixa frequência, em recém nascidos com drycare, e
em nenhum que está no grupo antissético.

Sinais de infeção do coto umbilical: cheiro fétido; rubor; edema; exsudado purulento.

Trabalho de parto
Do preparar-se para o parto ao lidar com o trabalho de parto-> Envolve vários tipos de
naturezas: emocionais, físicas e sociais.

Dimensão física: processo corporal

Processos corporais perinatais, desde o início da dilatação do colo do útero até à expulsão da
placenta (CIPE® 2019)

Dimensão física: contrações uterinas | dilatação do colo do útero | descida da apresentação


fetal
Contração uterina:

Adaptação à vida extrauterina: os maiores desafios como: respiração, circulação e


termorregulação.

Relativamente à respiração:

Os estímulos que dão origem ao início da respiração: Químicos (Oxigénio baixo, dióxido de
carbono elevado e pH baixo); Térmico (Calafrio do RN → impulsos sensoriais da pele);
Sensorial (luz, som e toque); Mecânico (Compressão torácica e retração elástica → alterações
nas pressões intra e extrauterina dos pulmões)

Início: 20 segundos após nascimento-> Substituição do líquido por ar-> expansão pulmonar

(Nos alvéolos que contêm sangue venoso e arterial, dentro dos capilares sanguíneos circulam
as hemácias através das quais se dá a entrada de CO2 e a saída de O2)
Nota: Surfactante-> secretado pelos pneumócitos tipo II por volta da 24 e 30 semanas de
gestação; é um fosfolipídio que: diminui a tensão superficial dos fluidos pulmonares; evita o
colapso alveolar ao final da expiração; facilita as trocas gasosas porque diminui as pressões de
insuflação necessárias para a abertura das vias respiratórias.

Relativamente à circulação:
Relativamente à termorregulação:

O recém-nascido tem capacidade termorreguladora limitada: tendência para a hipotermia


(<36,5)

A temperatura corporal diminui cerca de 0,2ºC/minuto (a temperatura pode descer até 33,5ºC
em 15 minutos de exposição aos fatores ambientais)

Fatores concorrentes: Maior proporção superfície corporal/peso corporal que crianças e


adultos; Fina camada de tecido subcutâneo → isolamento térmico deficitário; Instabilidade
vasomotora; Capacidade metabólica limitada

Mecanismos de perda de calor:


->Convecção: Perda de calor da superfície corporal para um ambiente mais frio (ar)- evitar
correntes de ar
->Condução: Perda de calor pelo contato direto com um objeto mais frio (roupa)- aquecer
lençóis

->Radiação: Perda de calor para uma superfície sólida mais fria sem contato direto (parede de
incubadora) - evitar superfícies frias

->Evaporação: Os fluidos tornam-se vapor (perda insensível de água) resultado da humidade


da pele- secar recém-nascido

Termogénese: química
Perda de calor → recetores da pele e nervos → libertação norepinefrina → oxidação da
gordura marrom → aumento da produção de calor

Avaliação do recém-nascido - Índice de APGAR (Avaliar ao 1.º, 5.º e 10.º minutos de vida)

O somatório da pontuação varia entre 0 e 10

Apgar ao 5.º minuto (nos recém-nascidos de termo):

->7-10 => tranquilizador; 4-6 => moderadamente anormal; 0-3 => baixo
Amamentação precoce

-Muito importante o contacto pele a pele; incentivar a iniciar a amamentação o mais cedo
possível depois do nascimento, logo na 1ª hora; as mães devem receber ajuda prática.

Objetivo: Facilitar a adaptação à vida extrauterina

Técnica pele a pele: O contacto pele-a-pele (CPP) é definido como a prática de colocar a
criança, despida ou somente com a fralda, em decúbito ventral em contacto direto com a pele
da mãe ou de outro cuidador (peito com peito) e coberta com lençol aquecido mas não
cobrindo a cabeça.

Esta técnica é recomendada para todas mães e recém-nascidos, que tiveram cuidados
perinatais de rotina e sem complicações, independentemente do tipo de parto ou
alimentação do recém-nascido, imediatamente após o parto, logo que a mãe esteja estável,
acordada e capaz de responder ao recém-nascido e o recém-nascido não necessitar de
reanimação.

Benefícios para o recém-nascido: Diminuição da dor em procedimentos dolorosos; Prevenção


de hipotermia; Estabilização dos níveis de glicose; Estabilização cardiorrespiratória

Benefícios para a mãe: Diminuição dos níveis de stresse pós-parto; Diminuição dos scores de
depressão; Diminuição da hemorragia pós-parto; Aumento da disposição para amamentar e
sucesso na amamentação

Assistir no contacto pele com pele

Requisitos para implementação da intervenção: Recém-nascido de termo (mais de 37semanas


de gravidez) e que revele adequada adaptação ao meio extrauterino; Desejo e prontidão por
parte da mãe.

Posição do recém-nascido: decúbito ventral sobre o peito da mãe com a cabeça lateralizada e
acima das mamas, despido em contacto pele com pele

Posição da mãe: semi-sentada (reclinada), com o peito despido

Medidas de segurança: O rosto do RN está bem visível; A cabeça do RN está em posição de


“cheirar”; O nariz e a boca do RN estão destapados.; A cabeça do RN está lateralizada; O
pescoço do RN está ereto e não curvado; Os ombros e peito do RN virados para a mãe; As
pernas do RN estão fletidas; As costas do RN estão cobertas pelo lençol; A mãe e o RN tem
vigilância constante; Quando a mãe quer dormir o RN é colocado no berço.
Benefícios da amamentação precoce: ▪ Redução na mortalidade neonatal (a mortalidade por
todas as causas poderia ser reduzida em 16,3% se todas as crianças iniciassem a amamentação
no primeiro dia de vida, e em 22,3% se a amamentação ocorresse na primeira hora); ▪
Promoção da flora intestinal benéfica (maior quantidade de bifidobactérias e menos
Clostridium dificile e Escherichia coli); ▪ Promoção da lactação (a sucção precoce aumenta os
recetores de prolactina presentes na mama o que permite a produção de leite mesmo quando
os níveis de prolactina baixam após os primeiros 3 a 4 meses)
Cuidados imediatos de rotina: Pesar; Medir comprimento; Medir perímetro cefálico (Passar a
fita ao redor da parte mais larga possível: parte mais larga da testa acima da sobrancelha;
acima das orelhas parte mais proeminente da parte de trás da cabeça. O melhor momento
para medir é entre 24 e 36 horas após o nascimento, quando a moldagem da cabeça já
diminuiu); Administrar vitamina K - 1 mg/IM no músculo vasto lateral da coxa (prevenção da
doença hemorrágica do recém-nascido, que pode ocorrer do 2-5.º dia: a função da vit. K é
catalisar a síntese de protrombina no fígado necessária para o processo de coagulação; a vit. K
é produzida pela flora intestinal e o leite materno contém níveis baixos vit. K => escassa nos 1.º
dias); Aplicar colírio – 1 gota/olho (prevenir a conjuntivite gonocócica; o índice de transmissão
da infeção genital por clamídia e/ou gonococo, de uma mãe infetada para o recém-nascido é
de 30 a 50%); Identificar (aplicar pulseira de identificação); Vestir recém-nascido

Nota: Conjuntivite neonatal é definida como uma conjuntivite purulenta do recém-nascido, no


primeiro mês de vida, usualmente contraída durante o seu nascimento, a partir do contato
com secreções genitais maternas contaminadas

Caput succedaneum: Edema do couro cabeludo, resulta da diminuição do retorno venoso,


provocada pela compressão dos vasos locais durante o processo de parto. O edema estende-se
através de linhas de sutura cranianas e desaparece espontaneamente no espaço de 3 a 4 dias.

Cefalohematoma: Acumulação de sangue entre os ossos cranianos e o periósteo (membrana


que envolve por completo os ossos).A hemorragia pode resultar durante o parto: da pressão
exercida contra os ossos pélvicos materno, aplicação de fórceps/ventosa. Desaparece
espontaneamente em cerca de 3 a 6 semanas. Associada a icterícia.

Reflexos (primitivos ou arcaicos): são reações musculares involuntárias em resposta a um


estímulo externo e refletem a maturidade do sistema nervoso; desaparecem quando a maior
parte das células está recoberta pela mielina. Exs:

-Reflexo de Moro: com a criança apoiada provoca-se, subitamente, ligeira queda da cabeça
(2,5cm) resultando em abdução dos membros superiores e abertura das mãos;

-Reflexo de sucção e procura (pontos cardeais): estimulando região peri oral com os dedos
observa-se direcionamento da boca / cabeça para o lado estimulado;
-Reflexo de preensão palmar: Quando se faz pressão com o dedo na palma da mão, os dedos
dobram-se e agarram firmemente o dedo do adulto/objeto;
-Reflexo de preensão plantar ou Babinski: Quando se acaricia a planta do pé, do calcanhar aos
dedos do pé, estica os dedos e dobra o pé para dentro;

-Reflexo da marcha automática, quando os pés estão apoiados numa superfície firme e o bebé
executa um movimento de marcha, apoiado pelos braços e mantido na vertical.

-Reflexo tónico-cervical assimétrico (de esgrimista): Quando se deita o bebé de barriga para
cima, roda a cabeça para o lado, esticando o braço e a perna desse lado, enquanto encolhe os
membros do lado oposto.

Assistência pós-parto

Puerpério-> Período pós-parto, com início após a saída da placenta tendo uma duração de seis
a oito semanas, ao longo do qual as modificações anatómicas e fisiológicas do organismo
materno resultantes da gravidez e parto regridem.

Gravidez-> Trabalho de parto (48h- 72h) -> Puerpério (Consulta de revisão do puerpério na 6.ª
sem.)

Os diferentes tipos de puerpério são:

->Primeiras 24h pós-parto – PUERPÉRIO IMEDIATO;

->1ª semana – PUERPÉRIO PRECOCE (regressão dos órgãos genitais, lactação “instalada”)

->Até à 6/8.ª semana – PUERPÉRIO TARDIO

Objetivos da assistência de enfermagem pós-parto (internamento):


->Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pós-parto; Facilitar o autocuidado pós-
parto; Promover a cicatrização dos tecidos afetados; Preparar o regresso a casa.
Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pós-parto

->Hemorragia pós-parto: é a perda sanguínea de > 500 ml durante ou imediatamente após


dequitadura, em um parto vaginal, ou > 1.000 ml, em uma cesariana. Causa: atonia uterina

Avaliar quantidade de sangue-> Perda de sangue via vaginal numa hora-> parâmetros de
avaliação:

• Escassa: menos de 2,5 cm; • Ligeira: de 2,5 a 10 cm; • Moderada: de 10 a 15 cm; • Grave:
saturado em 1 hora; • Excessiva: saturado em 1 hora

->Tromboflebite: é uma inflamação de uma ou mais veias, causada por um coágulo sanguíneo,
que geralmente acontece nos membros inferiores.

 Durante a gravidez, o ↑ dos níveis de fibrinogénio e de outros fatores de coagulação


(fibrinogénese) constitui um fator protetor contra a hemorragia pós-parto. Mas
constitui um fator de risco para a formação de coágulos no pós-parto, demorando 4 a
6 semanas a voltarem aos valores semelhantes aos prévios à gravidez.
 Fatores de risco: Varizes; História de tromboflebite; ↑ tempo de imobilidade
 Sinal de Homans: Positivo se a puérpera referir dor na dorsiflexão do pé

Avaliação da recuperação pós-parto: Avaliar sinais vitais; Avaliar dor (5.º sinal vital); Avaliar
contração do útero pós-parto; Avaliar lóquios; Avaliar eliminação urinária; Avaliar eliminação
intestinal; Avaliar ferida cirúrgica no períneo; Avaliar estado das mamas; Avaliar lactação
->Avaliar sinais vitais

->Avaliar dor (5º sinal vital)

 Dores pós-parto (afterpains) resulta da contração da musculatura uterina pós-parto;


mais referido pelas multíparas (menor tonicidade das fibras musculares) ou em casos
de hiperdistensão uterina (gravidez múltipla, hidrâmnios, etc.); agrava durante a
amamentação (↑ ocitocina). São autolimitadas e ↓ após 48h.
 Dor por ferida perineal ou abdominal-> Ferida perineal: apesar da ferida ser
relativamente pequena, os músculos do períneo estão envolvidos em muitas
atividades: andar, sentar-se, inclinar-se, agachar-se, curvar-se, urinar ou defecar.
Ferida abdominal: ferida mais profunda (envolve mais estruturas) e interfere em várias
atividades.

->Avaliar contração do útero pós-parto [sob supervisão/colaboração com EESMO]

Reunir material: luvas não esterilizadas; Assegurar que a puérpera urinou (bexiga vazia);
Assistir no posicionamento: a puérpera deve ficar deitada em decúbito dorsal; Colocar uma
mão imediatamente acima da sínfise púbica: a sínfise púbica constitui o ponto de referência
para medir a distância; Colocar a outra mão a nível do umbigo e fazer um movimento
descendente para tocar a zona do fundo do útero (Fig. 1). Comparar a distância com o
esperado.

->Avaliar lóquios

Lóquios: constituem a secreção uterina que se exterioriza pela vagina durante 1ªs semanas
após o parto. quantidade | características (coágulos) e relacionar com o dia de puerpério.
*Pode observar-se, 7 a 14 dias após o parto, perda sanguínea escassa => representa a “queda
da escara”

Tipos de lóquios:

 lóquios rubros: secreção vermelho-escuro, que aparece nos 1ºs 2/3 dias após o parto
(contém células epitelais | hemácias | leucócitos | decídua);
 lóquios serosos: secreção rósea a acastanhada, que aparece do 3 ao 10.º dia [secreção
serosanguinolenta que contém decídua | hemácias | leucócitos | muco cervical e
microorganismos];
 lóquios claros (alba): de incolor a amarelada, que aparece do 10.º dia à 3.ª semana
(contém leucócitos | decídua | células epiteliais | gordura muco cervical | cristais de
colesterol | bactérias);

->Avaliar eliminação urinária

A função renal normaliza 2 a 3 meses após o parto. A bexiga durante o pós-parto mantem-se
com ↑ da capacidade e ↓ do tónus muscular. Para além disso, durante o parto, a bexiga, a
uretra e tecidos adjacentes ao trato urinário ficam edemaciados e fragilizados pela passagem
do feto através do canal de parto => interfere na sensação da necessidade de urinar (↓)

Complicações da retenção urinária e hiperdistensão da bexiga: hemorragia pós-parto e


infeção urinária.

->Avaliar eliminação intestinal

A 1.ª dejeção ocorre ao 2/3.º dia pós-parto. O padrão normal retoma pelo 8-14.º dia

 ↓ do tónus intestinal e motilidade gástrica; Relaxamento da parede abdominal;


Restrição de alimentos e líquidos durante o trabalho de parto=> pouca quantidade de
fezes e duras; Ferida perineal/abdominal; Hemorroides; Antecipação da dor ao
evacuar-> Leva-nos à obstipação

->Avaliar ferida cirúrgica no períneo

Episiotomia -> Episiorrafia -> Ferida cirúrgica

Inspecionar ferida no períneo: evolução da cicatrização da ferida | presença: de rubor, edema,


secreção, dor, equimose

Se edema perineal: Aplicar embalagem fria durante 10-20 minutos, 3 a 4 vezes nas 24h, nas
primeiras 24-72h pós-parto, sendo que esta pode demorar 4 a 6 meses a curar
completamente.

Lactação (processo de síntese e secreção do leite materno) e amamentação (alimentar uma


criança oferecendo leite das mamas diretamente)

Aleitamento pode ser: Materno (leite extraído das mamas) ou Artificial (leite de “lata”)

A OMS recomenda que as mães, a nível global, amamentem exclusivamente os bebés durante
os primeiros seis meses de vida com vista a conseguirem um crescimento, desenvolvimento e
saúde ideais. Por conseguinte, devem receber alimentação complementar adequada e
continuar a amamentar até aos 2 anos de idade ou mais.
Avaliar lactação

Lactação: processo de síntese e secreção do leite materno pelas glândulas mamárias da mulher
contendo hidratos de carbono, proteínas, gordura em suspensão, vitaminas e minerais, o leite
materno constitui o alimento básico da criança (CIPE® 2019).

O ciclo da lactação humana é constituído por três fases:

• lactogénese I (a partir das 12 semanas de gestação); • lactogénese II (30 a 40h após o parto);
galactopoiese (corresponde ao estabelecimento do leite maduro).

Estímulo da sucção (a sucção no período pós-parto imediato aumenta os recetores de


prolactina presentes na mama) → estimulação das terminações sensitivas do mamilo e da
aréola → ↑ da capacidade de ação da PROLACTINA (↓ progesterona) → liga-se aos recetores
nos lactócitos → produção do leite

[↓ progesterona e estrogénios + ↑ da ação da prolactina]

->Colostro (1ª semana); Leite de transição (até 15 dias); Leite maduro (+ 15 dias)
Prolactina e Ocitocina

Avaliar lactação:

Características da mama após o parto: É túrgida antes da lactoextração e mole após; não é mole
antes da lactoextração*; e é túrgida antes e após a lactoextração**

Presença de leite na mama: Sim ou Não***

Nota: Lactação comprometida [Se * ou ** ou ***]


Ensinar sobre estimulação da lactação [Intenção: Estimular produção de leite]

• Esvaziamento adequado do leite: oferecer as 2 mamas até à subida do leite (colostro);

• Extrair leite com bomba elétrica;

• Amamentar em intervalos de 3/4h (mesmo durante a noite) – garantir a produção de prolactina;

• Libertação de leite – garantir a ação da ocitocina: ambiente tranquilo, sentir-se confortável;

• Boa pega

Instruir a massajar a mama / Treinar a massajar a mama

Instruir a extrair leite materno usando dispositivo

->Através da bomba manual de extração do leite

->Através bomba elétrica de extração do leite (tamanhos: 21 mm /24 mm/ 27 mm/30 mm e 36


mm)
Simule o padrão de sucção (bomba elétrica):

Fase de estimulação: ritmo de extração de 120 ciclos/minuto

Fase de extração: ritmo de extração mais lento de 45 a 78 ciclos/minuto.

Ensinar sobre conservação e preparação do leite materno

Preparação do leite materno congelado:

• descongelado no frigorífico (12 horas) ou manter o frasco ou o saco de leite congelado sob água
morna corrente (máx. 37 °C)

• depois de descongelado, pode ser mantido à temperatura ambiente durante 2 horas, no


máximo, ou no frigorífico até 24 horas

Nota: Não descongelar o leite materno à temperatura ambiente nem usar banho-maria ou micro-
ondas. Não aquecer o leite materno congelado num micro-ondas ou em água a ferver. Não
congelar leite materno descongelado.

Potencial para melhorar o conhecimento/capacidade para amamentar

• Benefícios da amamentação • Características do colostro e do leite • Critérios para decidir


quando oferecer 1 ou as 2 mamas • Critérios para decidir o intervalo e duração das mamadas •
Sinais de ingestão nutricional suficiente • Sinais de fome • Sinais de saciedade • Posição da mãe e
do filho • Sinais de pega adequada • Estratégias para manter o bebé acordado durante a mamada
• Sinais de produção e libertação de leite • Medidas que estimulam/comprometem a lactação •
Diferença entre a subida de leite vs ingurgitamento mamário • Fatores de risco de ingurgitamento
mamário • Medidas de prevenção de ingurgitamento mamário • Fatores de risco de fissura do
mamilo • Medidas de prevenção de fissura do mamilo • Influência da alimentação da mãe no leite
(composição e sabor) • Efeitos da ingestão de cafeína na criança [❑ não se aplica] • Efeitos da
ingestão de bebidas alcoólicas na criança [❑ não se aplica] • Efeitos de fumar/fumo do tabaco na
criança [❑ não se aplica]

Avaliar amamentar (e avaliar a evolução)


Assistência pós-parto: amamentação

Ensinar sobre sinais de fome e sinais de saciedade

Sinais de fome:

- Roda a cabeça e procura abocanhar qualquer objeto que se aproxime da zona peribocal (reflexo
de busca)

- Apresenta movimentos de sucção ou leva as mãos à boca

- Choro (sinal tardio de fome)

Sinais de saciedade:

- Larga a mama espontaneamente

- Fica relaxado ou adormece após a refeição

-Mostra-se interessado na socialização

Nota: O intervalo entre mamadas não deve ser superior a 2 horas e meia

Ensinar sobre pega adequada

Ensinar sobre posições do RN


Ensinar sobrem padrão de sucção

Ensinar sobre ingestão nutricional

->Padrão de eliminação: 6 ou + micções/dia; 1 ou + dejeções por dia

->Ganho de peso: 10º ao 14º dia até aos 3 meses; 25 gr/dia (110 a 200 gr/sem.)

->Estado geral

Nota: Pelo menos 6 refeições diárias e duração das mamadas compatível com o acesso ao leite
final

Fatores concorrentes para uma ingestão nutricional suficiente

• 1. Padrão de sucção => ocitocina • 2. Tamanho do estômago do bebé => 8-12 refeições/24h
• 3. Oferecer 1 ou 2 mamas => tipos de leite • 4. Sinais de saciedade => a cada mamada

1. Padrão de sucção Sucção vs ação da ocitocina

2. Tamanho do estômago do bebé N.º de refeições nas 24h: 8-12


3. Tipos de leite (relacionado com oferecer 1 ou 2 mamas): 1 a 3 dias o colostro-> há a subida
do leite->4 a 5 dias é o leite de transição-> e superior a 15 dias é o leite maduro (sendo que
estes dois últimos mudam de características ao longo da mamada)

Ensinar sobre dispositivos facilitadores do amamentar

->Facilita o abocanhar do bebé: ver nome

->Almofadas formato de C para pescoço: facilitam o posicionamento de ambos

Avaliar estado das mamas:

Mamilo: Tamanho, simetria e forma; Consistência (mama mole); Pele da mama e mamilo;
Forma do mamilo; Presença de lesões

Amamentação – complicações:

Avaliar estado das mamas: Estado dos mamilos (íntegros| lesão (ex. fissura) | macerados);
Consistência da mama (relacionar com a lactoextração | sinais de ingurgitamento mamário)
Potencial para melhorar o conhecimento & capacidade para lidar com complicações

Ensinar tratamento da fissura: 80% a 90% das mulheres que amamentam experienciam fissura
e dor no mamilo

Causas: Pega incorreta (abocanhar e posicionamento) (correção destes aspetos melhora a


situação em 65% dos casos); Reflexo de descida do leite comprometida; Mamilos invertidos

Outros fatores concorrentes: Bebé fazer da mama “chupeta” depois de adormecer à mama
sem fazer a pega adequada; Retirar o bebé da mama sem interromper a sucção (vácuo); Bebés
com freio da língua (liga a língua ao palato inferior) – OBS médico; Usar discos de absorção
com plástico; Usar cremes/loções que não se conhecem as propriedades terapêuticas; Lavar a
mama com sabão (remove a camada protetora natural)

Tratamento da fissura:

▪ Assistir mãe em conseguir uma pega adequada

▪ Facilitar a cicatrização: Permitir que o mamilo seque ao ar depois de amamentar (evita que a
roupa/disco absorvente se cole à pele); Aplicar leite materno final no mamilo (tem gordura
que facilita a cicatrização); Usar arejador de mamilo (mantem roupa afastada e facilita a
manutenção do mamilo seco); Aplicar lanolina ou almofadas de hidrogel
Para aliviar a dor:

->Começar a mamada pela mama que doer menos; Estimular o reflexo de descida do leite
antes de colocar o bebé à mama (ex. aquecer almofada de hidrogel em água quente a 50 ºC
(não a ferver) durante 8 minutos, secar com um pano, verificar a temperatura nas costas da
mão; colocar sobre a mama por no máximo 8 minutos); Procurar encontrar a posição
(abocanhar) que produza menos dor; Aplicar embalagem fria depois da mamada nos mamilos
já secos (!); Usar soutien com suporte adequado – de algodão, sem aros; usar também durante
a noite para suporte extra

Se a dor for intensa, parar de oferecer a mama com fissura e extrair o leite: “rest & express”,
por algumas mamadas ou dias; se usar bomba, assegurar que o tamanho do funil é adequado
e ajustar a pressão de sucção; retirar o leite suficiente para garantir a manutenção da
produção de leite e prevenir ingurgitamento mamário; oferecer o leite extraído à criança
através de copo ou colher.

Ensinar tratamento do ingurgitamento mamário

Esvaziar mama (aliviar tensão mamária):

• Massagem da mama- Therapeutic breast massage during lactation (TBML) an average of 30


minutes (range 15–60 minutes) of gentle breast massage toward the axilla alternating with
hand expression. Breast pain, tenderness, and engorgement severity were significantly
reduced following treatment. Periareolar swelling decreased from 93% to 7%

• Aplicar embalagem quente (antes) e embalagem fria (depois)- A number of intervention


trials have used the application of warm/hot packs before a breastfeed and cold packs
following a breastfeed in their control groups. These studies found a reduction in engorgement
symptoms in both the control and intervention groups suggesting that hot and cold packs may
be as effective as other treatments. There are no trials that compared hot and cold packs with
no treatment.

• Extração manual ou mecânica de leite materno

Regresso a casa: De Grávida a Puérpera


Evolução do abdómen-> através da diástase abdominal-> 2 a 3 cm a menos

Perda de peso

->Imediatamente após o parto: perda de 4,5 a 5,8 Kg (feto, placenta, LA e perda de sangue);

->Até ao final da primeira semana: 2,3 a 3,6 Kg perda de líquidos pós-parto (diurese) e 0,9 a 1,4
Kg da involução uterina e perda de lóquios
Perda de gordura acumulada durante a gravidez: é lenta…

Nos primeiros 3 a 6 meses pós-parto: perda de peso ganho, mas mantendo 1 Kg a cada
gravidez (Blackburn, 2007)

Fatores com influência: alimentação, exercício e sono

Nota: Estudos revelam associação entre dormir ≤ 5 horas/noite e reter 5 kg ao 1.º ano pós-
parto

Blues puerperal [40 a 60% das mulheres]: Atinge o seu pico, por volta do 5.º dia e atenua pelo
10.º dia, podendo durar até 1.º mês após o parto e é caracterizado por: Labilidade emocional;
Choro fácil; Irritabilidade, ansiedade; Cansaço; Dificuldade de concentração e p/ reter
informação; Insónia.

Depressão (pós-parto) materna [10% e 15% das mães]: Pode surgir durante todo o 1.º ano
após o parto, sendo mais frequente a partir do 2.º mês: Falta de interesse no bebé,
sentimentos negativos para com o bebé, sentimentos de inutilidade e culpa; Choro fácil,
irritabilidade, ansiedade; Perturbações do apetite; Cansaço; Falta de interesse em si própria,
falta de energia e motivação; Insónia ou sonolência

De homem a pai:

Depressão paterna [2,4-18% dos pais]: Tristeza persistente, perda de interesse, irritabilidade;
Alterações do sono (insónia ou hipersónia) e apetite; Capacidade de concentração/decisão
diminuída; Perda de energia ou fadiga; Evitamento social, ataques de raiva, embotamento
afetivo, exaustão, indecisão, cinismo e autocrítica
Fatores concorrentes para que isto aconteça: depressão antenatal ou pós-parto prévia na
parceira; história pessoal de depressão no pai; estado da relação com a parceira.
Nota: Pais deprimidos tendem a exibir mais frequentemente emoções negativas (apatia,
medo, ódio, vergonha, culpa, arrependimento, ressentimento, raiva, hostilidade) e
sentimentos de desamparo que podem influenciar a qualidade da sua interação com os seus
filhos.

Nota: A promoção de programas para a preparação dos pais para a parentalidade assume
particular importância na prevenção da depressão paterna

Efeitos da depressão materna e/ou paterna no desenvolvimento da criança

O tornar-se família é um evento de vida crítico: há transformações na identidade pessoal;


reorganização dos papéis familiares e sociais; e reorganização relações interpessoais do casal e
suas rotinas diárias

Há também um stress acrescido: mudança na dinâmica da relação familiar e do estilo de vida;


frustração das expectativas em torno da nova figura do pai envolvido e participativo;
sentimentos de exclusão do vínculo mãe-filho; falta de referentes (modelos) e de redes de
apoio; aumento dos encargos financeiros; stresse psicológico presente durante o período pré-
natal ou psicopatologia prévia; exibição de um temperamento difícil por parte da criança

Quando os recursos individuais e sociais falham em dar uma resposta adequada aos focos
externos e internos geradores de desequilíbrio -> vulnerabilização da saúde mental dos
progenitores

Impacto na criança se pai ou mãe deprimidos: Em resposta ao afastamento ou comportamento


inconsistente por parte da mãe/do pai há aumento crónico do nível basal de cortisol,
dificultando a autorregulação e crescimento cerebral normal, nomeadamente da maturação
do córtex orbito-frontal que desempenha um papel importante na regulação cognitiva e
emocional

 Menos frequentemente postos a dormir em decúbito dorsal;


 Menos frequentemente amamentados;
 Deixados a dormir com o biberão com leite (com consequências negativas no
desenvolvimento da dentição e risco de aspiração);
 Brincam e cantam menos para os filhos; Crianças exibem mais problemas de
comportamento (ex. hiperatividade);

A qualidade da relação do casal influencia ainda a disponibilidade dos progenitores no


envolvimento e cuidado físico e afetivo dos seus filhos.
Um estudo britânico baseado numa amostra de cerca de 14 500 famílias evidenciou um
aumento do conflito conjugal superior a 50% entre o período pré-natal e pós-natal.

Reinício da atividade sexual: fatores que podem influenciar a decisão

Critério “físico” para a tomada de decisão: Após cicatrização da ferida perineal e término do
corrimento vaginal (lóquios)

Depois temos ainda: Imagem corporal ▪ Insatisfação na relação conjugal ▪ Diminuição do


desejo sexual ▪ Cansaço ▪ Dispareunia ▪ Dor perineal ▪ Diminuição da lubrificação vaginal ▪
Amamentar ▪ Presença do bebé no quarto

Tornar-se família – o irmão mais velho

Ciúme: não querem dividir seu tempo e atenção [O ciúme constitui uma reação emocional que
se caracteriza por um sentimento de inveja e ressentimento generalizado para com a pessoa
que se considera como rival].
Resposta depende da idade da criança [Até aos 2 anos não há muitas oportunidades para
comportamentos regressivos porque ainda está tudo a começar. Os ciúmes aparecem
especialmente por volta dos 3/4 anos.]
Preparar a integração do novo elemento na família

Em relação ao preparar a integração do novo elemento na família, ❑ Não se aplica ❑ Idade


dos irmãos (anos)

tem conhecimento sobre: • Estratégias para gerir o ciúme do irmão: durante a gravidez •
Estratégias para gerir o ciúme do irmão: durante internamento • Estratégias para gerir o ciúme
do irmão: quando regresso a casa

Até 2 ANOS

3/4 ANOS

Idade escolar
Adolescência

O conceito de família depende das definições que seus membros constroem sobre ela ao
longo de suas vidas (Muller 2010)

A família é mais do que as relações de parentesco, mas sim as relações de proximidade e


integração.

Possíveis respostas dos animais: Cães e gatos sentem a mudança do comportamento, do


cheiro e principalmente dos gestos da mulher que engravidou, sendo que também mudam:
ficam tristes; tendem a não obedecer às ordens como antes; com o receio de perder a atenção
de seus donos, os animais tendem a fazer de tudo para se mostrar e mostrar que estão ali:
urinam e evacuam em horários e locais diferentes do habitual, ladram/miam sem motivo
aparente, horário de descanso mais curto, etc; em alguns casos os cães criam naturalmente
um instinto protetor, seguindo a dona por toda a casa.

Benefícios associados ao convívio da criança com animais: Mais afetuosas, críticas e


observadoras; mais sensíveis com as pessoas e as situações; mais autónomas e responsáveis;
mais autoestima; mais sociais, cordiais e justas; Maior facilidade em lidar com a frustração.
Bebés que crescem em casa com animal de estimação, nomeadamente cão ou gato, têm
menor probabilidade de ficar doente do que crianças que não convivem com animal de
estimação. [Estudo com 397 crianças nascidas entre 2002-2005 na Finlândia]

Preparar o animal antes do bebé nascer- estratégias possíveis (durante a gravidez): Assegurar-
se que é capaz de entender ordens simples como o "senta", "deita", "fica", "vem" e ter a
certeza que entende e respeita a palavra "não“; Se existirem áreas da casa a restringir o acesso
após o nascimento, é necessário começar a faze-lo ainda durante a gravidez; Ambientar à
existência de novos objetos, nova mobília e novos brinquedos que não são dele e nos quais
não poderá tocar; Os objetos/brinquedos poderão ser mostrados nesta fase e observar a
reação do animal (ex.se mostram ansiedade perante os carrinhos de passeio, devido às suas
rodas, passear o cão, com coleira, ao lado do carrinho contribuirá para a habituação);
Reproduzir sons de bebés na casa para que se vá habituando; Propiciar uma zona de conforto
e sossego para o animal; Treinar a não saltar para o colo das pessoas, de forma a evitar que
faça isso, no futuro, com alguém que esteja com o bebé ao colo; Premiar os seus bons
comportamentos com reforço positivo.

Estratégias possíveis para os animais (regresso a casa): • Ao chegar a casa, importa que a mãe
venha com as mãos livres, para estar disposta a receber o cão/gato e dedicar-lhe algum
tempo; • Oferecer uma peça de roupa para cão/gato possa conhecer o cheiro do bebé; • Se o
cão é de porte médio ou grande, mas de raças dóceis (ex. Bulldogue ou Golden Retriever) será
necessário tomar a precaução com os movimentos do animal (por não saber dosar a
brincadeira ao ver o bebé, com os movimentos das patas, rabo ou focinho possa arranhar ou
magoar o bebé); • O cão pode tentar superproteger o bebé, ao perceber que mãe ou pai não
estão por perto, poderão reagir mal para as pessoas que se tentarem aproximar; • Isolar zona
de alimentação/necessidades fisiológicas de áreas onde estará o recém-nascido; •Com os
gatos o cuidado será necessário ter atenção com as unhas e dentes – por terem movimentos
muito rápidos, dificilmente se conseguirá proteger o bebé de uma patada, arranhão ou
mordida; •Premiar os seus bons comportamentos com reforço positivo

Os desafios… Potencial para melhorar a consciencialização da relação entre a chegada de um


recém-nascido e a gestão do tempo e das tarefas

Contexto histórico

Na sociedade medieval, a criança a partir do momento em que passava a agir sema solicitude
de sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes-> as crianças
eram representadas como adultos em miniatura, tendo os mesmos costumes e vestindo-se da
mesma forma que estes-> não existia o sentimento de infância

Na Roma Antiga, o nascimento de uma criança não era apenas um facto biológico, mas sim
uma aceitação paterna, sendo que o ato do pai elevar a criança simbolizava o ato de adoção
(nesta altura eram permitidos o infanticídio e a exposição da criança, que era basicamente dá-
la a alguém ou criá-la como escrava).

Com a influência cristã-> a criança transforma-se num mediador entre o céu e a terra, e que
destes vem falas de sabedoria-> emerge o sentimento de infância.

A conceção de infância que conhecemos hoje, surgiu na modernidade. É um conceito, uma


representação, um ideal que pretende caracterizar elementos comuns em crianças diferentes.

Duas conceções ligadas aos significados das expressões da palavra são:

->Infante: aquele que está impossibilitado de falar, que não tem voz- eram percebidos como
adultos imperfeitos, não como seres humanos em desenvolvimento- essa fase da vida humana
tinha pouco interesse em ser conhecida;

->Criança: aquela que está a ser criada, com voz e participação.

É a fase compreendida entre o nascimento e a puberdade, possui modos específicos de


sentimentos, ações e comportamentos que devem ser compreendidos de forma a se respeitar
as diferentes culturas de determinado tempo e espaço, relacionando-se, ainda, com a troca de
conhecimentos que se estabelecem entre as crianças, adolescentes e adultos.

Fatores condicionadores da infância:

->Contextos históricos, sociais, económicos, culturais e geográficos;

->Peculiaridades individuais.
Sujeito de direito-> é reconhecida na sua peculiar condição de ser humano em processo de
desenvolvimento e tem liberdade para comunicar pensamentos, exigir, questionar.

Família na sua condição parental: favorece a aquisição da noção de segurança, poder,


autoridade, hierarquia; promove a aprendizagem de capacidades tais como a linguagem,
pensamento crítico, tomada de decisão (o que pode ou não fazer), adaptação a diferentes
circunstâncias, flexibilização, negociação.

Declaração Universal dos direitos

1924- Declaração de Genebra dos direitos da criança; 1959- proclamação da declaração dos
direitos da criança; 1989-aprovação da convenção dos direitos da criança pelos estados
membros da ONU; 1990- Ratificação pelo estado português; 1957- Relatório PLATT que aponta
as consequências da hospitalização e separação dos pais.

Segundo a DGS (2012), a criança é entendida como todo o ser humano menor de 18 anos.

Carta da criança hospitalizada


Esta carta foi preparada por várias associações europeias juntamente com o IAC em 1988,
sendo que foi publicada a sua versão em português em 1996.
Nos seus 10 princípios, define de forma clara um conjunto de direitos da criança que, uma vez
garantidos, asseguram a excelência de acolhimento e estadia da criança no hospital.

Em 2012, com o intuito de conseguir dar às crianças uma informação adaptada à sua idade e
compreensão foi laçado um livro “Zebedeu- um príncipe no hospital” pelo IAC.

Cuidados pediátricos
Realidade do século XXI

Avanços: terapêutica medicamentosa, meios auxiliares de diagnóstico, tecnologia da


informação, literacia em saúde, ciências de enfermagem, novas profissões como podologia,
terapia da fala, terapia ocupacional

Alterações: sociais, demográficas, culturais, económicas e financeiras, acessibilidade dos


serviços.

Novas exigências: família como parceira dos cuidados, pais que estão receosos e com medo de
falhar no seu papel parental, culturais, económicas e financeiras, acessibilidade dos serviços.

Novas realidades: morbilidade e mortalidade, esperança de vida à nascença, taxa bruta de


natalidade, características e comportamentos, violência contra as crianças.

Níveis de prevenção

Educação para a saúde

Pretende dotar os indivíduos de ferramentas que lhes


permitam uma aprendizagem mais eficaz: ampliando os
conhecimentos e desenvolvendo habilidades-> Melhorar a
saúde individual e de grupo.

Promoção de saúde:

->Conduz ao conceito de saúde “bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera
ausência de doença…” (OMS);

->Envolve capacitação de indivíduos e comunidades;

->Medidas educativas para melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos


(alimentação, exercício físico, repouso, comportamentos de risco);

->Ações de orientadas para o ambiente (comportamentos de higiene);

-> Ampliar possibilidades de controlar os determinantes de saúde; incrementar a saúde e o


bem-estar gerais; promover mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de
beneficiar a saúde de camadas mais amplas da população; facilitar o acesso às escolhas mais
saudáveis.

Mudança positiva nos níveis de saúde

Prevenção de doença

Conjunto de atitudes dotadas por antecipação para evitar determinados acontecimentos ou


riscos-> Garantir proteção a doenças específicas; reduzir a incidência e prevalência nas
populações.

Mudança positiva nos níveis de saúde

Diagnóstico tratamento precoce e prevenção da incapacidade

Estratégias populacionais para deteção precoce:

->Rastreio: auditivo, oftalmológico, doenças metabólicas;

->Ações focadas em indivíduos portadores da doença- metabólica, cardíaca- no sentido de


curar ou manter a funcionalidade sadia

Prevenir complicações e mortes prematuras

Reabilitação

O cuidado das crianças e das famílias com sequelas de doenças ou acidentes-> Recuperar ou
manter o equilíbrio funcional.

Iatrogenia
Deteção de indivíduos em risco de tratamentos excessivo para protegê-los de novas
intervenções médicas inapropriadas e surgir-lhes alternativas eticamente.

Pressupõe:

->Ações clínicas centradas na criança e na família, e pautadas na epidemiologia clínica e na


saúde baseada em evidências: melhorar a qualidade da prática em saúde; melhorar a
racionalidade médica

->As ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas


considerando o máximo de qualidade de atenção com o mínimo de intervenção possível.

Construir a autonomia do cliente pediátrico, através do conhecimento e habilidades para a


tomada de decisão consciente e realista.
Projeto “nascer cidadão”

->Informa a mãe/pais do horário e localização do gabinete onde poderão efetuar o registo;

->Facilita o contacto entre o profissional do registo civil e a mãe/pais;

->Será o interlocutor do Serviço com a Unidade do Registo Civil a funcionar no hospital;

->É responsável por garantir o envio diário à Unidade do Registo civil, da listagem dos
nascimentos ocorridos no dia anterior com a menção do sexo da criança, nome e morada da
mãe;

->Registo que a partir de 2020 pode ser efetuado online.

Saúde infantil e juvenil: programas

Programas prioritários nacionais: prevenção e controlo do tabagismo; promoção da


alimentação saudável; promoção da atividade física; saúde mental

Programas nacionais: Vacinação (1965); intervenção precoce na infância; saúde escolar; saúde
oral (7, 10 e 13 anos); diagnóstico precoce (1979); rastreio da saúde visual infantil (2016);
prevenção e controlo de infeções e de resistências aos antimicrobianos (1998).

A população infantil (idade inferior a 18 anos) residente em Portugal diminuiu de forma


contínua a partir de 1978 até 2017.

->Os indicadores de mortalidade materna e infantil melhoraram progressivamente nas últimas


décadas, situando-se ao nível dos melhores da europa e do mundo;

->O risco de morrer e a taxa de mortalidade diminuíram no diferentes grupos etários até aos
18 anos;

->As anomalias congénitas, as lesões e envenenamentos e as neoplasias lideram as causas de


morte em crianças e jovens, variando a sua prevalência com o grupo etário;

->A vacinação permitiu a erradicação da varíola, a eliminação no país da poliomielite, da


difteria, do tétano neonatal, do sarampo, da rubéola e da rubéola congénita;

->O controlo de outras doenças, por exemplo, a redução da incidência da doença invasiva
pneumocócica e de cancro no colo do útero e de outros cancros causados pelo vírus do
papiloma humano (HPV).
SIP em números

Até 2004, a idade recomendada para a colheita de sangue era entre o 4º e 7º dia de vida. Após
2004, com o alargamento do rastreio a outras doenças hereditárias do metabolismo, passou a
ser recomendada entre o 3º e o 6º dia.

Em 2016, o período entre o nascimento e a instituição da terapêutica, foi, em média, 9,8 dias.

Rastreio de doenças metabólicas

Rastreio da saúde visual infantil

Em Portugal, estima-se que as alterações da visão afetem cerca de metade da população, e


destes cerca de 20% das crianças sofram de erros refrativos significativos.

Prevenção e deteção precoce: a retinopatia diabética, a ambliopia nas crianças são duas
situações passíveis de prevenção e deteção precoce.

Atividade física

Entre os 6 e os 14 anos, pouco mais de metade, qualquer que seja o grupo etário ou sexo,
cumpre as recomendações de 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa.

Dos 10 aos 14 anos: menores prevalências de brincadeiras, quer à semana, quer ao fim de
semana; decréscimo da prevalência com a idade e particularmente, acentuado nas raparigas.

Obesidade

Verifica-se que dos 5 aos 9 anos há uma maior prevalência do excesso de peso.

Consumos: álcool

Há uma redução do consumo de bebidas alcoólicas em todas as idades (13-18 anos) ao longo
dos anos, apesar de serem valores superiores aos desejados. A prevalência de embriaguez
(cambalear, vomitar, não recordar do que aconteceu) tem vindo a reduzir desde 2011, mais
acentuada dos 13 aos 16.

Consumos: tabaco
Aos 13 anos, 1 em cada 7 adolescentes já experimentou fumar, sendo que aos 18 anos, 3 em
cada 5. Aos 18 anos, 1 em cada 3 adolescentes, começou a fumar entre os 13 e os 15 anos.
Consumos: substâncias ilícitas

1/3 da população jovem com 18 anos já consumiu substâncias ilícitas, sendo que entre os 17-
18 anos, nos últimos anos, tem-se verificado um aumento e entre os 13-16 uma diminuição.

Prevenção e controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos

No período neonatal e idade pediátrica, em 2017, salienta-se que foi observada IACS em 5,3%
das crianças internadas (menos 7% quando comparado em 2012).

Morbilidade: cardiopatias e diabetes mellitus tipo I

Cardiopatias congénitas:
->Constituem as anomalias mais frequentes, sendo detetadas frequentemente associadas a
síndromes polimalformativas;
->São também a principal causa de mortalidade infantil. Ocorrem em 8-10 em cada 1000 nado-
vivos;

->Estima-se que a mortalidade global esteja entre 3-5% a nível nacional;

->São uma das principais causas da interrupção espontânea da gravidez.

Cardiopatia adquirida:

->Em idade pediátrica existe um número cada vez mais significativo, sendo mais prevalente:
doença de Kawasaki; miocardite; miocardiopatia dilatada.

Diabetes mellitus tipo I:

->Natureza autoimune com um desenvolvimento mais frequente nas crianças e jovens;

->A prevalência entre os 0-18 anos: tem-se mantido relativamente estável; é + elevada no sexo
masculino.

Mortalidade

Entre os 5-18 anos: é sensivelmente a mesma que dos 5 aos 14; o maior peso recai nas
neoplasias, que começam a diminuir aos 15 anos; já nas lesões e envenenamentos observa-se
o contrário, isto é, acima dos 15 apresentam metade das mortes deste grupo etário.
Maus tratos

Relativamente ao conceito,

“Qualquer ação ou omissão não acidental, perpetrada pelos pais, cuidadores ou outrem, que
ameace a segurança, dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da vítima” (DGS)

Abuso de menor: “Abuso com características específicas: ato de violar, alterar ou maltratar
uma criança; associado ao abuso no seio da família ou a comportamentos ilegais ou
culturalmente proibidos.” (CIPE, 2011)
Vítima: criança vítima de abuso; vítima de abuso sexual; vítima de negligência; vitima de
violência entre parceiros íntimos.
Nota: para efeitos da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, considera-se a criança
ou jovem a pessoa com menos de 18 anos ou com menos de 21 anos que solicite a
continuação da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos.

Relativamente à tipologia,

->Negligência (abandono/mendicidade)- passiva ou ativa

 “Atitude comprometida: não dar o devido cuidado ou atenção, ignorar” (CIPE)


 A incapacidade de proporcionar à criança ou ao jovem a satisfação das necessidades
básicas de higiene, alimentação, afeto, saúde e educação, indispensáveis paa o
crescimento e desenvolvimento adequados.

->Físicos

 Envolvem o uso da força física contra a criança ou adolescente, por parte dos pais,
responsáveis ou cuidadores, familiares ou pessoas próximas
 Resulta de qualquer ação não acidental, isolada ou repetida, infligida por pais,
cuidadores ou outros com responsabilidade face à criança ou jovem, a qual provoque
(ou possa a vir provocar) dano físico.
 Exs: Síndrome da criança abanada: causada pela agitação violenta a lactentes; crianças
pequenas com risco de dano cerebral (resultado da frustração em gerir o choro).

Abuso sexual:

 “Maus tratos ou ataques sexuais, participação forçada em carícias ou atos sexuais,


associado a comportamentos ilegais ou culturalmente proibidos; as definições legais
podem variar entre e no interior das culturas e países, mas o abuso sexual é
considerado um comportamento ilegal ou culturalmente proibido” (CIPE)
 Corresponde ao envolvimento de uma criança ou adolescente em atividades cuja
finalidade visa a satisfação sexual de um adulto ou outra pessoa mais velha
 Exs: importunar a criança ou jovem; obrigar a tomar conhecimento ou presenciar
conversas, escritos e espetáculos obscenos; utilizá-los em sessões fotográficas e
filmagens; a pática do coito.

Psicológicos/emocionais

 Resulta da privação de um ambiente de segurança e de bem-estar afetivo


indispensável ao crescimento, desenvolvimento e comportamentos equilibrados da
criança/jovem.
Síndroma de Munchausen por procuração

 Atribuição à criança, por parte de um elemento a família ou cuidador, de sinais e


sintomas vários, com o intuito de convencer a equipa clínica da existência de uma
doença, gerando, por vezes, procedimentos de diagnóstico exaustivos, incluindo o
recurso a técnicas invasivas e hospitalizações frequentes (DGS, 2011)
 Sinais: ministrar à criança ou jovem um medicamento/droga para provocar
determinada sintomatologia; adicionar sangue ou contaminantes bacterianos às
amostras de urina da vítima; provocar semi sufocação de forma repetida antes de
acorrer ao serviço de urgência anunciando crises de apneia
 Exs: doença inexplicável, prolongada ou extremamente rara; discrepância entre a
avaliação clínica e a história do progenitor; doença que não corresponde ao
tratamento; sinais e sintomas que ocorrem apenas na presença dos pais; pais muito
interessados em relacionar-se com os membros da equipe de saúde; pais
excessivamente atentos à criança; resolução do problema após separação do agressor.

Relativamente ao modelo de intervenção,

->O 3º nível, é a intervenção judicial, que se pretende residual, que cabe o protagonismo na
proteção de crianças e jovens em perigo;

->O 2º nível, quando não seja possível às entidades abaixo mencionadas efetuar da forma
adequada e suficiente para remover o perigo, toma lugar à ação das Comissões de Proteção
de Crianças e Jovens (CPCJ) e de Saúde;

->O 1º nível, é atribuída legitimidade às entidades com competência na área da infância e da


juventude: saúde, educação, formação profissional, ocupação dos tempos livres, entre outros
Intervir na promoção dos direitos e na proteção das crianças e jovens, sobretudo, as que se
encontram em situações de risco ou perigo.

Fatores promotores do risco- maus tratos, contexto social e cultural

1.Representações sociais do papel da criança/jovem na família e na sociedade:

 Aceitação da violência como forma de disputa interpessoal;


 Exaltação mediática da violência;
 Tolerância social para a educação através da punição física;
 Escassez na efetividade dos mecanismos de punição da violência intra
familiar;
 Persistência dos papéis tradicionais de género: masculinidade associada ao
exercício do poder e a feminilidade à responsabilidade do cuidar.

2.Fenómenos conjunturais específicos, de enquadramento social e os valores culturais da


comunidade em que a criança ou jovem está inserido:

 Contextos sociais problemáticos: carências económicas e habitacionais favorecedoras


de condutas violentas, em particular, no exercício da parentalidade;
 Barreiras ao exercício pleno da cidadania resultantes de pobreza, fenómenos
migratórios, alienação cultural, isolamento e conflitualidade social.
Maus-tratos: aspetos da dinâmica familiar e institucional

Fatores de risco quando ocorrem as seguintes situações:

1.Vinculação insegura, problemas de comunicação e /ou deficit no exercício das


responsabilidades parentais.

2.Existência de elementos da família com vulnerabilidades particulares:

 Situação de dependência, exclusão social;


 Desemprego, precaridade laboral;
 Alcoolismo e outras toxicodependências;
 Doença mental;
 Crianças com deficiência ou doença crónica.

3.Deficit de apoio social, económico e psicológico ou agregados pouco permeáveis à


intervenção, quando desejável:

4.Fragilidade estrutural e disfuncionalidade na dinâmica familiar:

 Relações instáveis, famílias numerosas em contextos desfavoráveis;


 Violência doméstica;
 Gravidez não desejada, fratria de origem diversa;
 Mudança frequente de residência, migração;
 Episódios de crise como detenção, morte, separação e divórcio.

5.Crianças e jovens desprovidos de meio familiar e que, por decisão negociada (CPCJ) ou
decisão judicial, se encontram institucionalizadas.

6.Vivências escolares pautadas por diversas formas de violência: bullying.

Maus-tratos: fatores ligados aos pais ou representante legal (guarda de facto)

Fatores de ordem pessoal:

 Perturbações no processo de vinculação com a criança/jovem;


 Abuso de substâncias: alcoolismo e toxicodependências;
 Perturbação da saúde mental ou física;
 Antecedentes de comportamento desviante;
 Dificuldade em lidar com as frustrações, vulnerabilidade ao stress, baixa auto-estima e
perturbações emocionais e deficit de autocontrolo, personalidade imatura e impulsiva;
 Antecedentes de vivência pessoal de maus tatos;
 Parentalidade em idade muito jovem;
 Gravidezes muito próximas e/ou gravidezes não vigiadas;
 Inexperiência e falta de conhecimentos básicos sobre o processo de desenvolvimento
da criança;
 Padrões de vida que comprometam ou dificultem o exercício da parentalidade.

Guarda de facto-> relação que se estabelece entre a criança ou jovem e a pessoa que com ele
vem assumindo, continuadamente, as funções essenciais próprias de quem tem
responsabilidades parentais.

Guarda ocasional->as situações em que a criança viva com uma pessoa que não detenha o
poder paternal, não seja o seu representante legal, nem desempenhe de forma continuada as
funções de quem tem responsabilidades parentais.

A lei coloca numa posição equiparada à dos pais, ou representantes legais, quem tem a guarda
de facto da criança, reconhecendo-lhe um estatuto idêntico e com uma posição ativa em todo
o processo (por ex. prestar consentimento), situação que não se sucede a quem tem uma
guarda ocasional.

Maus-tratos: fatores individuais da criança e jovem

Fatores de risco intrínsecos à criança/jovem:

 Vulnerabilidades particulares no que respeita à idade e necessidades;


 Traços de personalidade e temperamento que conflituante com as expectativas dos
pais/responsáveis;
 Prematuridade e baixo peso ao nascer- (mais frágeis, menos alerta, mais difíceis de
calar);
 Crianças com necessidades de saúde especiais;
 Sexo da criança ou jovem, em particular, quando não corresponde às expectativas
familiares.

As situações de perigo para a criança ou jovem tipificadas na lei:

 Estar abandonada o viver entregue a si própria;


 Sofrer maus-tratos físicos ou psíquicos ou ser vítima de abusos sexuais;
 Não receber os cuidados ou afeição adequados à sua idade e situação pessoal;
 Ser obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade,
dignidade e situação pessoal ou prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento;
 Estar sujeiCrta, de formas direta ou indireta, a comportamentos que afetem
gravemente a sua segurança ou o seu equilíbrio emocional;
 Assumir comportamentos ou entregar-se a atividades ou consumos que afetem
gravemente a sua saúde, segurança, formação, educação ou desenvolvimento, sem
que os pais, ou representante legal ou quem tenha guarda de facto, se lhe oponham
de modo adequado a remover essa situação.

Maus-tratos: fatores protetores

Criança/jovem:

 Bom nível de desenv. Global;


 Temperamento fácil;
 Vinculação segura à família/adulto de referência;
 Capacidade de resolução de problemas e/ou pedir ajuda quando necessário;
 Sucesso escolar;
 Desejo de autonomia e comportamento exploratório;
 Grupo de pares pré-social.

Familiares/contextos de vida:

 Boas competências parentais;


 Boa rede de suporte familiar e social;
 Família organizada, com regras e controle da criança;
 Boa integração comunitária;
 Capacidade de acesso aos serviços de apoio comunitários: sociais, educação, saúde
entre outros;
 Segurança económica.
Maus-tratos: organograma de atuação

Maus-tratos: intervenção

A osbservação é uma etapa fundamental para o diagnostico de situações de maus tratos.

Observar:

1.A expressão comportamental da criança/jovem;

2.As interações que estabelece com os pais/acompanhantes;

3.Incluir a avaliação dos seguintes parâmetros:

 Crescimento e desenvolvimento da criança/jovem;


 Estado físico: pele cabelo, unhas, roupa;
 Estado emocional;
 Estado emocional dos pais- relação pais/filho;
 Contexto social- frequência e assiduidade escolar, mendicidade, etc.

Medidas preventivas:

 Realizar visitas domiciliarias: casais pela 1ª vez, pais jovens, pais com baixos recursos;
 Fornecer informação sobre o crescimento e desenvolvimento das crianças;
 Desenvolver parcerias com a família;
 Ajudar a encontrar mecanismos de gestão do choro;
 Promover a visita, a permanência dos pais nas unidades de cuidados intensivos;
 Educar as crianças para que estas se protejam: promover jogos e ensinar a dizer que
não.

Crianças com necessidades especiais (CNE)

Crianças que apresentam ou se encontram em maior risco de apresentar um problema de


saúde crónico, evolutivo, a nível físico, comportamental ou emocional, que precisa de serviços
e cuidados de saúde, para além do que necessitam as outras crianças. (Hockenberry, Wilson &
Winkelstein, 2006)

Intervenção precoce (DGS 2013): Sistema nacional de intervenção precoce na infância (SNIPI).

Critérios de elegibilidade SNIPI (0-6 anos):

->1º grupo: alterações nas funções ou estruturas do corpo que limitam o normal
desenvolvimento e participação nas atividades típicas, tendo me conta os referenciais de
desenvolvimento próprios para a respetiva idade e contexto social.

->2º grupo: Risco grave de atraso no desenvolvimento pela existência de condições biológicas,
psicoafectivas ou ambientais, que implicam uma alta probabilidade de atraso relevante no
desenvolvimento da criança.

Nota: São elegíveis para acesso ao SNIPI, todas as crianças do 1º e 2º grupo, que acumulem 4
ou + fatores de risco biológico e/ou ambiental.

CNE- Programa individual de vigilância

A função de “charneira” destes cuidados deve ser liberada, de preferência, pelo médico
assistente ou pelo enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica/ enfermeiro de
família, privilegiando-se a articulação com a área da saúde escolar, entre outras. (DGS, 2013)

CNE- adaptação à parentalidade (Hockenberry, Wilson & Winkelstein, 2006)

Diagnóstico-> Choque e Negação-> Reintegração e Reconhecimento


CNE- fatores de adaptação

 Perceção da doença/problema: Conhecimento prévio do problema; percecção da


doença/problema; efeitos da doença sobre a família.
 Recursos disponíveis e problemas concomitantes;
 Mecanismos de coping: reações a crises anteriores; reações à criança; prátricas de
educação; influência da religião; atitudes.
 Sistemas de apoio: estado de relação conjugal; sistemas de apoio alternativo;
capacidade de comunicação.

CNE- cuidados centrados na família

 Famílias e profissionais trabalham em conjunto;


 Orientar para eventos/ pontos críticos (início escolar…);
 Foco evolutivo;
 Respeito pelas competências, e o sentido dos “peritos” cuidados/criança/jovem;
 Confiança;
 Comunicação aberta e objetiva/ relações terapêuticas;
 Normalizaçao/inclusão (preparação; participação; partilha; controlo; expectativas;
atitude positiva);
 Articulação nas tomadas de decisão;
 Negociação;
 Reconhecer a família como contante na vida da criança;
 Reforçar os pontos fortes da família;
 Apoiar a participação da criança/jovem;
 Valorizar a intenção dos serviços comunitários;
 Promover uma abordagem individual/ desenvolvimental;
 Promover o suporte familiar/amigos;
 Valorizar os sucessos conseguidos.

Tarefas adaptativas dos pais:

 Aceita a doença e gere-a no dia a dia;


 Satisfaz as necessidades desenvolvimentais: criança ou outros elementos da família;
 Adapta-se ao stress e crises “acidentais”;
 Ajuda os membros da família a lidar com os sentimentos;
 Orienta e instrui outras pessoas sobre a condição da criança;
 Estabelece um sistema de apoio

Aspetos Globais

->Cliente pediátrico: evolução

-> Cuidados não traumáticos

->Cuidados de parceria

->Plano Nacional de Vacinação

Conceito-objetivos: cuidados terapêuticos, através de intervenções que eliminam ou


minimizam o desconforto físico e psicológico da criança/família no sistema de cuidados de
saúde (Hockenberry & Wilson, 2014).

 Evitar ou minimizar a separação da criança dos pais;


 Estimular um sentido de controlo;
 Evitar ou minimizar o sofrimento (físico, emocional).
Níveis de autonomia familiar e da interação enfermeiro/família:

->Cuidados centrados na família; Participação parental; Parceria com os pais; Envolvimento


parental.

Programa Nacional de Vacinação desde 1965 até 2015:

1965- poliomielite (último caso em 1968); 1966 (tosse convulsa, difteria, tétano e varíola);
1974- sarampo; 1987-rubéola e a parotidite; 2000- haemophilus influenza b e hepatite B;
2006- meningococo C; 2008-HPV; 2015- Streptococcus pneumoniae (Pn13)

O PNV é um programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas presentes em


Portugal.
Aos profissionais de saúde compete divulgar o programa, motivar as famílias e aproveitar
todas as oportunidades para vacinar as pessoas suscetíveis, nomeadamente através da
identificação e aproximação a grupos com menor acessibilidade aos serviços de saúde.

PNV-imunidade do grupo

Efeito indireto da vacinação: quer por efeito dos vacinados; que por proteção dos não
vacinados, por redução da circulação do agente e da transmissão da infeção.

PNV-importância

Os resultados refletem-se positivamente na Saúde Pública


Este sofreu alterações em 2012/2014/2015/2017

PNV 2019

Esquema vacinal- HPV no género masculino


PNV- extra calendário- vacina contra o vírus da hepatite A (VHA)

A Comissão de vacinas recomenda a vacinação de crianças e adolescentes:

->Candidatos a transplante hepático;

->Pessoas com: Hemofilia; Viajantes para países com endemicidade intermédia ou alta;
patologia hepática crónica; VIH; contacto próximo de doente com VHA-profilaxia pós-
exposição.

->Adolescentes com comportamentos sexuais de risco de transmissão de VHA, em particular


no contexto de surtos.

Vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin)

Prova tuberculínica

Prova de Mantoux

 Injeção intradérmica de proteínas purificadas derivadas dos bacilos de tuberculose;


 Ocorre uma reação de mediação celular retardada (do tipo hipersensibilidade
retardada);
 Leitura entre as 48 e as 96 horas, palpando cuidadosamente a induração e
determinando os seus limites, no seu diâmetro horizontal (DGS, 2014).
 Administração 0,1 ml de forma estritamente intradérmica;
 Forma de pápula de cerca de 5mm de diâmetro que desparece ao fim de 10 a 15 min;
 Assinalar o local de injeção traçando uma circunferência circundante.

Considera-se reação positiva:

 Induração >= a 15 mm, em indivíduos saudáveis sem qualquer contacto de tuberculose


ativa;
 Induração >= a 10 mm em indivíduos em viagem recente (tiveram um aumento na
resposta tuberculínica) e indivíduos com condições predisponentes à tuberculose-
diabetes, insuficiência renal crónica, malnutrição, etc.
 Induração >= a 5 mm, em doentes com HIV.

BCG- evolução normal da lesão vacinal

O tempo dessa evolução é de 6-12 semanas, podendo, raramente, prolongar-se até às 24.

Nota: Não se deve cobrir a úlcera ou colocar qualquer tipo de medicamento.

Esquemas cronológicos de recurso- atraso vacinal

PNV-grupos de risco ou circunstâncias especiais

->Grávidas, recém-nascidos e lactentes prematuros, e indivíduos com: Terapêutica


(imunossupressora, imunoglobulinas incluindo sangue total) e aplasia; transplantados;
asplenia; alterações da coagulação; Imunodeficiências; Profissionais de Saúde e Viajantes.

->Pessoas com deficiências imunitárias graves não devem ser vacinadas com vacinas vivas;

->Grávidas não devem ser vacinadas com vacinas vivas. As vacinas vivas atenuadas
representam um risco teórico para o feto (DGS,2017).

Falsas contraindicações

 Ultrapassada a idade recomendada no esquema vacinal;


 Sem exame médico prévio, em pessoa aparentemente saudável;
 Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior;
 Doença ligeira aguda, com ou sem febre;
 História pessoal ou familiar de alergias (ex: ovos, penicilina, asma, febre dos fenos);
 Terapêutica antibiótico concomitante, com corticosteroides tópicos ou inalados;
imunoterapia;
 Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas;
 Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática, neurológica estabilizada
(paralisia cerebral);
 Síndrome de Down ou outras patologias cromossómicas/genéticas;
 Doença autoimune;
 Prematuridade/Baixo peso ao nascer;
 História de icterícia neonatal;
 Criança em aleitamento materno ou mulher a amamentar;
 Exposição recente a uma doença infeciosa;
 Convalescença de doença aguda;
 História anterior da doença (para a qual vai ser vacinado);
 História familiar de reações adversas graves à mesma vacina ou a outras vacinas;
 História familiar de síndrome de morte súbita do lactente;
 História familiar de convulsões ou epilepsia;
 Cirurgia eletiva recente ou programada; anestesia…

Vacina-conceito-tipologia

->É uma preparação de antigénios (partículas estranhas ao organismo), que administrada a um


indivíduo provoca uma resposta imunitária protetora específica de um ou mais agentes
infeciosos.

TIPOLOGIA

1-Vacinas “vivas” atenuadas:

O agente patogénico, obtido a partir de um indivíduo infetado, é enfraquecido por meio de


passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Exs:
VASPR (sarampo, pepira, rubeóla), BCG (Mycobacterium bovis), Rotavirus.

2-Vacinas inativadas/inertes:

Os microrganismos são mortos por agentes químicos

 Inteiras- o agente bacteriano ou viral é inativado por exemplo por formaldeído, e fica
incapaz de se multiplicar, mas mantém todas as suas componentes e preserva a
capacidade de estimular o sistema imunitário. Ex: VIP; Hepatite A
 Fracionadas- contêm pequenas frações ou porções de vírus ou bactérias. Ex: DTP,
vacina antigripal, vacina contra a cólera
 Toxóide- contém uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que mantém as
suas propriedades imunogénicas, estimulando a formação de anticorpos. Ex: difteria
 Polissacarídicas- construídas a partir de polissacarídeos da cápsula envolvente do
agente infecioso. Ex: Hib
 Conjugadas- conjugam um polissacarídeo da cápsula com uma proteína
transportadora. Ex: MenC
Vacinas: intervalos entre a administração

->Intervalos superiores ao recomendado: A interrupção do esquema vacinal apenas requer


completar o esquema estabelecido, independentemente do tempo decorrido desde a
administração da última dose.

->Intervalos inferiores ao recomendado:

 Por razões epidemiológicas, clínicas ou para aproveitar oportunidades de vacinação,


pode ser necessário antecipar a idade recomendada para a 1ª dose e/ou encurtar os
intervalos entre as doses;
 Deve respeitar-se sempre a idade mínima de administração da 1ª dose e intervalos
mínimo aconselhados entre as doses.

Vacinas: locais de administração para <12 meses

Vacinas: locais de administração para > 12 meses

->Braço esquerdo: BCG1; Pentavalente (DTPaHibVIP); Tetravalente (DTPaVIP); MenB; MenC3;


Td; Tdpa

->Braço direito: Pn13; VASPR2; VHB; Hib; VIP; Pn234; HPV

Nota:

1- A administração de BCG em grupos de risco implica que as vacinas que se efetuem nos 3
meses seguintes sejam administradas no braço direito;
2- Se <12 meses a VASPR é administrada na coxa direita;
3- Se <12 meses a MenC é administrada na coxa esquerda;
4- Aplicável a > 24 meses
Vacinas: regras

->Nunca a vacina intramuscular (IM) deve ser inoculada no músculo nadegueiro/glúeto;

->Antes dos 12 meses de idade:

 As vacinas devem ser inoculadas na coxa-exceto a BCG. E, a partir dessa idade, na


parte superior do braço;
 Após administração da BCG, a região deltóide do braço esquerdo só pode ser
inoculada com outra vacina depois de decorridos 3 meses;

->Após os 12 meses, se não existir desenvolvimento suficiente da parte superior do braço,


pode ser administrada nas coxas;

->Nos casos em que haja necessidade de administrar mais do que uma vacina no mesmo
membro, as injeções devem ser distanciadas de 2,5 a 5 cm;

->Nos cassos em que as vacinas sejam administradas em locais anatómicos diferentes dos
aconselhados, é obrigatório o seu registo local onde cada vacina foi administrada, no Boletim
Individual de Saúde, Registo de Vacinas: Ficha Individual de Vacinação ou Módulo de vacinação
do SINUS.

Vacinas: Reações adversas

É uma reação de hipersensibilidade generalizada ou sistémica, grave e potencialmente


ameaçadora da vida que inclui sinais e sintomas, isolados ou combinados, que ocorrem em
minutos ou em poucas horas após a exposição ao agente casual.

->Caracteriza-se por alterações potencialmente graves a nível da via aérea e/ou circulatória,
por vezes associadas a alterações cutâneas e mucosas, manifestando-se uma evolução rápida
atingindo um pico entre 3 a 30 minutos. (PNV,2017)

->Reação local: dor; edema; eritema; rubor no local

->Reação sistémica: febre, mal-estar, fadiga; irritabilidade, alterações do sono; dor muscular,
cefaleias, tonturas; náuseas e perda de apetite (7-21 dias).

->Reação anafilática: <1 para cada meio milhão de doses administradas

RECORDAR: o risco, a morbilidade e a gravidade de qualquer das doenças preveníveis por


vacina é sempre superior ao risco de ter uma reação adversa à vacina.
Critérios clínicos de diagnóstico de reação anafilática

Início súbito da reação (minutos a algumas horas) com envolvimento

->Pele e/ou mucosas: urticária, eritema ou prurido generalizado; edema dos lábios, da língua
ou da vulva;

->Compromisso respiratório: dispneia; sibilância/broncospasmo; estridor; diminuição do


DEMI/PEF1 (débito expiratório máximo instantâneo); hipoxemia;

->Hipotensão ou sintomas associados de disfunção de órgão terminal: hipotonia (colapso);


síncope; incontinência.

Ocorrência, de forma súbita, após exposição a um alergénio provável para aquele doente
(minutos a algumas horas), de 2 ou + das seguintes situações:

 Pele e/ou mucosas; Compromisso respiratório; Hipotensão ou sintomas associados;


Sintomas gastrointestinais (cólica abdominal e vómitos).

Hipotensão após exposição a um alergénio conhecido para aquele doente (minutos a algumas
horas) - Lactentes e crianças: pressão arterial sistólica reduzida para a idade:

 <1 ano- inferior a 70 mmHg;


 1 a 10 anos- inferior a [70 mmHg + (2x idade)];
 11 a 17 anos- inferior a 90 mmHg ou diminuição da pressão arterial sistólica superior a
30%

Vacinas: Documentação

->Boletim individual de Saúde;

->eBoletim de vacinas

Vantagens:

 Redução das duplas inscrições e as suas fichas de vacinação;


 Otimização da gestão do calendário de vacinação individual;
 Avaliação do PNV em tempo real para cada nível de gestão;
 Acesso ao utente ao seu BIS via portal de saúde;
 Auxiliar no controlo de surtos;
 Identificar bolsas suscetíveis (zonas< cobertura vacinal);
 Identificar pessoas suscetíveis
Vacinas: rede de frio

O sistema formado pelo equipamento, pessoas e procedimentos, o qual contribui para manter
as vacinas em condições adequadas à manutenção da sua eficácia ao longo das diferentes
etapas: fabrico, armazenamento, distribuição e administração. (Tavares, 2010)

Lactente: desenvolvimento dos 0 aos 12 meses

->Rápido desenvolvimento motor, cognitivo e social

->Mudanças físicas e conquistas do desenvolvimento marcantes;

->Melhor indicador de boa saúde geral é o crescimento contínuo;

->Aquisição do sentimento de confiança (perspetiva de Erikson);

->As brincadeiras são essencialmente solitárias;

->Conhecimento do ambiente: choro, riso, vocalizações.

->Focos de atenção (necessidades de sustento): nutrição, sono e segurança;

->Dificuldades naturais: ansiedade de separação; sucção do polegar; erupção dentária;


estabelecimento de limites; introdução de novos alimentos; segurança.

Comportamento motor grosso


Comportamento psicossocial

Manifesta-se por comportamentos que influenciam o processo de afeição com o outro (mãe e
pai/ cuidador):

 Chorar, sorrir, vocalizar;


 Orientação visual-motora (olhar para…; procurar por…; por… com o olhar);
 Chorar quando… abandona o ambiente;
 Aproximar-se da… através da locomoção;
 Agarrar a… especialmente na presença de estranhos;
 Explorar quando está longe da…, apesar de os utilizar como base segura.

Brincadeiras: Atividade lúdica principal; inicialmente narcisista; centrada no seu corpo.

Relevância para a escolha de brincadeiras apropriadas (idade e desenvolvimento psicossocial);


desenvolvimento da interação

Linguagem: 2 meses (vocaliza); 6 meses (diz monossílabos); 10 meses (diz papa e mama com
significado).

Nota: Pode parar temporariamente de utilizar sons ou palavras aprendidas recentemente;


pode não repetir durante várias semanas sendo substituídos por vocalizações; posteriormente
irá dizer essas palavras especiais novamente e com um significado maior.

O lactente necessita alguém que brinque com ele e não o deixe brincar sozinho (Hockenberry,
Wilson & Winkelstein, 2006).

Temperamento

Os lactentes difíceis:

 Nutrição: respondem melhor a horários predeterminados das refeições;


 Sono: dormem pouco, precisam de abordagens mais estruturadas na hora de dormir;
 Global: Estruturação dos cuidados diários (rotinas).

Os lactentes que se “irritam com facilidade”:

 Emoção: ser acalmadas com atos de “mimar”, massagens;


 Segurança: transportadas ao colo utilizando suportes.

Os lactentes com “altos níveis de energia”:

 Segurança: vigilância frequente, precauções extra na proteção doméstica;


 Brincadeira: atividade motora grossa para canalizar a energia.

Os lactentes “mais lentos”:

 Emoção: demonstram medo necessitando de preparação frequente e gradual em


novas situações.

Dados de crescimento

Desenvolvimento físico: mudanças proporcionais- peso, comprimento, PC, IMC

Maturidade do Processo Corporal:

 Processo cardiorrespiratório: frequência cardíaca (80/150m); frequência respiratória


(30 c/m)
 Processo do sistema gastrointestinal: processos digestivos e intestinais (ex: reflexo de
Santmyer *); processo imunológico;
 Processos de sistema de regulação: termorregulação;
 Processos neuromuscular-perceção sensorial-visão: a binocularidade ou fixação de 2
imagens (fusão) está estabelecida por volta dos 4 meses.

*Reflexo de Santmyer (acima de 33 semanas): um leve sopro sobre a face desencadeia uma
salva de 3 deglutições extras.

Relevância: indicadores de crescimento da população; dados para identificação diagnóstica;


critérios de resultado de enfermagem; indicadores de saúde da população; indicadores de
resultado das atividades de enfermagem.

Velocidade de crescimento: altura

Dados de crescimento: valores médios


Escala de Avaliação do Desenvolvimento de Mary Sheridan (DGS, 2013)

Sinais de alarme (DGS, 2013)


D&C: Dificuldades naturais

->Angústia de separação e medo de estranhos; Sucção do polegar e uso de chupeta; Dentição;


Estabelecer limites.

Angústia de separação = Perturbação de ansiedade por separação

Ansiedade: sentimentos de medo e apreensão acusados pela separação do meio familiar e de


pessoas que são importantes para o cliente como, por exemplo, crianças separadas da mãe ou
da figura maternal, acompanhados de choro, lágrimas, reações de luto, ausência de expressão
de emoções, desprendimento, negação de resignação (CIPE, 2013).

Ansiedade de separação:

 Sentimento de uma criança quando começa a perceber que está longe dos pais,
mesmo que seja por pouco tempo. Começam a perceber que existem sem os pais;
 Essa tomada de consciência pode acontecer a partir dos 5 meses, com um pico entre o
10º e o 18º mês de vida (pode ir até aos 2 anos).

Ansiedade pelo desconhecido

Caracterização:

 Manifesta-se pelo choro quando uma pessoa não familiar se aproxima;


 Inicia-se pelos 8/9 meses e diminui até aos 2 anos de idade;
 Relaciona-se com o desenvolvimento e a capacidade da criança de distinguir pessoas
familiares;
 Duração e intensidade variam muito entre crianças.

Ex: preferência por um dos pais, e os avós são, de repente, estranhos.

Nota: A ansiedade pelo desconhecido de intensidade pronunciada ou de duração extensa,


pode ser um sinal de ansiedade mais generalizada, devendo-se avaliar a situação familiar, as
técnicas de atenção dos pais e o estado emocional da criança.

Dentição

A erupção do 1º dente é a partir dos 6 meses de idade.

A dentição decídua (20 dentes) desenvolve-se até aos 2 anos e meio.

Sinais de erupção dentária: choro, inquietação, dormir e comer mal, gengivas vermelhas e
sensíveis, mastigar constantemente objetos como brinquedos e grades do berço, salivar.

Nota: A dentição não causa febre.


Dentição: saúde oral

Em saúde oral, uma criança ou jovem é considerada como sendo de alto risco, se nela for
detetado algum dente com cárie dentária (DGS,2013).
A avaliação do risco individual implica o exame objetivo da boca e dos dentes, que pode ser
feito em saúde infantil e juvenil- pelo médico de família, pelo pediatra, pelo enfermeiro
considerando o Programa Nacional da Promoção da Saúde Oral (DGS).

1ª consulta: Após o nascimento e antes dos primeiros seis meses de vida pois ajuda no
processo de desmistificação da consulta ao odontologista (atribuição de um significado
promotor).

Importante:

 A escolha de um profissional da área da odontopediatria pois promove o sentimento


de confiança e segurança nos pais/cuidadores;
 Confiar na abordagem lúdica (leve e divertido) utilizada e proposta pelo profissional,
promotor da aquisição do método de escovagem e cuidados de saúde oral;
 Enquanto a criança é dependente o autocuidado: higiene oral, os pais/cuidadores são
responsáveis pela supervisão dos cuidados orais (frequência, o uso da pasta de dentes
é de responsabilidade dos responsáveis).

Critérios de decisão para os produtos de higiene oral:

 Dentífrico fluoretado: concentração ideal de flúor de 1000 a 1100 ppm;


 Elixir oral: não conter álcool e concentração de flúor de 220 ppm;
 Géis de dentição: não são recomendados, sobretudo se contêm benzocaína que pode
raramente, causar metemoglobinemia.

Critérios de decisão sobre a utilização dos produtos de higiene oral:

1.Dentífrico fluoretado

 A partir do primeiro dente decíduo;


 Quantidade aconselhada: lactentes e crianças dos 0 a 2 anos (não sabem cuspir)-
equivalente a um grão de arroz; crianças dos 2 aos 6 anos- equivalente a um grão de
ervilha.

2.Elixir oral apenas com prescrição terapêutica, utiliza-se em tratamento ou alto risco de cárie
dentária. Nas crianças utilizar apenas quando tiver a capacidade para não ingerir.

Dentição: sucção

 Um reflexo natural desde a vida intrauterina;


 A 1ª atividade muscular coordenada que envolve várias estruturas como os lábios, as
bochechas e a língua;
 Estimula o crescimento normal dos maxilares e estruturas estomatognáticas;
 Relacionada com a alimentação e nutrição;
 Desenvolvimento emocional associados à segurança, suporte afetivo e às sensações
agradáveis como carinho e aconchego.

Tipos de sucção:

 Nutritiva com finalidade nutritiva;


 Não nutritivos propícia a sensação de bem-estar e segurança (chupeta e digital). Estas
causam indução de uma posição equivocado das arcadas até antes mesmo da erupção
dentária.

Sistema estomatognático

Sistema estomatognático (SE) identifica um conjunto de estruturas orais que desenvolvem


funções comuns, tendo como característica constante a participação da mandíbula. Possui
características que lhe são próprias, mas depende do funcionamento, ou está intimamente
ligado à função de outros sistemas como o nervoso, o circulatório, o endócrino e postura.

A amamentação incorreta pode causar a má formação do SE:

 Quando não é amamentado, existe maior probabilidade de desvios no SE, devido a


respiração oral, e a má formação e estimulação da musculatura da região da boca.
 Quando ocorre a amamentação o latente abre a boca para alcançar e sugar o bico do
seio.
 Com o biberão o lactente não se esforça tanto, o que pode gerar uma má formação do
SE.

Dentição: sucção não nutritiva

Benefícios para o uso da chupeta (sobretudo para lactentes < 6 meses):

 Efeito de analgesia (controle da dor e da ansiedade);


 No pré-termo observou-se redução na hospitalização e transição mais rápida no
biberão para a deglutição de alimento e de ingestão de líquidos em copo;
 Redução do risco da SMSL durante a sucção da chupeta os músculos da boca e da
faringe promovem a desobstrução das vias aéreas superiores.

Desvantagens para o uso de chupeta (duração > 2 anos de idade)

 Alterações da má oclusão na arcada dentária: hábitos orais prejudiciais potenciam a


respiração oral e alterações na mastigação e deglutição; gravidade relaciona-se com a
frequência, duração, intensidade e fatores genéticos;
 Alterações na musculatura orofacial como o bruxismo e dificuldades no selamento
labial.

Critérios para a escolha da chupeta:

 Ser ortodônticos, confirmar no rótulo da embalagem;


 Peça única;
 Ser livres de BPA Bisfenol (substância presente na fabricação do policarbonato, tipo de
plástico rígido e transparente);
 Respeitar a indicação etária: o design, tamanho e curvatura do bico (ex: RN= 0+; 3
meses +, …)

Estabelecer limites

A disciplina é o segundo presente mais importante que um pai pode dar a uma criança. O amor
vem em 1º lugar (Brazelton, 2004, cit OE).

O significado da palavra “disciplinar” envolve a ideia de ensinar, instruir e tem como objetivo
principal preparar a criança para alcançar competências e habilidades relacionadas à aquisição
do autocontrole. (Moura, 2011)

Estabelecer limites é um modo de ajudar o lactente a modificar o seu comportamento, sem


prejudicar a sua autoestima. A compreensão e a firmeza dos pais, no estabelecer limites
inadequados, em conjunto com o aumento da maturidade e da capacidade de autocontrole
resultando numa gradual substituição das ações impulsivas e inaceitáveis por comportamentos
adequados. (Almasan & Álvaro, 2006)

Sono

Os lactentes encontram-se numa fase de adaptação e aprendizagem sobre o mundo.

Dormir bem reflete-se no crescimento e desenvolvimento adequado.

Constitui necessidade biológica básica, sendo considerado estado de proteção para o


organismo.

Alterações no padrão de sono da criança refletem de forma direta o seu desenvolvimento.

Fatores condicionadores:

 O contexto familiar/ creche (processo de organização temporal e estrutura);


 Os hábitos de sono (casa e creche);
 O tempo de sono de cada lactente/ criança (diversidade de necessidades);
 O conhecimento sobre o ritmo de cada lactente/criança.

Nutrição

Compete aos profissionais de saúde- médicos, enfermeiros e nutricionistas e do exercício,


promover e supervisionar a oferta de uma alimentação adequada e promover um estilo de
vida ativo, visando a promoção da saúde para a vida (Rego et al, 2019).
Nutrição: 1º semestre

->Manter aleitamento exclusivo até aos 6M, se possível;

->Diversificação alimentar:

 Sem adição de sal e açúcar;


 Introdução do glúten não antes dos 4 meses e não depois dos 7;
 Iniciar puré de legumes (treino do paladar para sabores não doces) ou papa (25 a 50 g
de farinha);
 Azeite em cru a cada dose de caldo de legumes (5-7,5 ml);
 Apresentar um novo alimento de cada vez (2 a 3 dias);
 Alimentem somente com a colher;
 Orientar para a seleção e preparação das refeições: o creme de legumes não deve
incluir mais de 4 legumes; a sequência da introdução de novos alimentos (Guerra,
2012; Rego et al, 2019)

Sinais de prontidão
Dos 7 aos 9 meses:

->Aporte de ferro;

->Aporte proteico (1ª carne; 2º peixe)

 Iniciar com 10 g até 25-30 g;


 Carne 4x semana;
 Peixe 3x semana

->Quando se sentar oferecer:

 Os alimentos, com tamanho que possam ser seguros;


 A chávena;
 água pelo copo;
 Alimentos com estrutura progressivamente menos homogénea;
 Farinha de pau, açorda (a partir dos 7/8 meses);
 Arroz, massa cozida com legumes;
 Variedade de alimentos, conforme a pirâmide alimentar

->Manter o lactente junto da família durante as refeições: permitir a autoalimentação sob


supervisão.

Nota: Açúcar e sal são alimentos “proibidos” no primeiro ano de vida.

10 a 12 meses

 3 refeições e lanches saudáveis;


 Ovo (gema a partir dos 8/9 M) de forma progressiva e lenta (1/2 gema po refeição por
semana durante 2-3 semanas seguida de 1 gema por refeição por semana 2-3
semanas);
 Durante o 1º ano devem ser evitados os frutos potencialmente alergénicos ou
libertadores de histamina (morango, amora, kiwi, maracujá);
 Introdução de leguminosas 9/11 M;
 O espinafre, o nabo, a nabiça, a beterraba e o aipo a partir dos 12 meses por conter
nitratos e fitatos;
 Alguma reserva durante o 1º ano de vida relativamente ao kiwi, ao morango e ao
maracujá, por conter grânulos libertadores de histamina e poderem mais facilmente
estar associados a reação alérgica. (Comissão de Nutrição da SPP, 2012)

Baby-led Weaning- BLW (Gill Rapley)

Pressupostos:

 Continuar com o leite materno ou adaptado;


 Posicionar sentado para alimentar;
 Permitir que se suje e interaja durante as refeições;
 Oferecer variedade de alimentos, evitando a monotonia;
 Interagir durante as refeições; dar tempo necessário para a refeição, sem pressionar.

Vantagens:

->Estimula:

 A integração sensorial: contacto com a textura, cor e sabor real dos alimentos e tem
prazer em comer;
 A motricidade fina, a coordenação mão-visão e a mastigação;
 A harmonia familiar à hora da refeição;
 A autonomia e autoconfiança;
 O desenvolvimento da mastigação, de forma mais adequada.

A área de alimentação deve ser facilmente limpa com um pano e estar relativamente afastada
das paredes, móveis ou toalhas. Desta forma, a desarrumação fica confinada a uma área.

Para permitir/ incentivar a autonomia: babete, roupas adequadas, local apropriado.

A criança não deve ser pressionada a alimentar-se sem sujar ou ter modos à mesa antes que as
habilidades manipulativas sejam adquiridas.

Segurança (em função da idade)

->1 aos 3 meses (asfixia, afogamento, as quedas, as queimaduras);

->4 aos 6 meses (aspiração, asfixia, as quedas, as queimaduras e a lesões corporais);


->6 aos 12 meses (aspiração, envenenamento, asfixia, as quedas, queimaduras e lesões
corporais)

Síndrome da morte súbita

Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é a morte súbita e sem explicação de um


RN/lactente durante o primeiro ano de vida. (SPP, 2009)

Acidente multifatorial

Predisposição individual:

 Causas genéticas/constitucionais afetando a maturação de zonas do tronco cerebral


responsáveis pelo controlo das funções vitais;
 Causas desencadeantes- infeção, refluxo gastro esofágico, hipertonia vagal,
hipertermia;
 Causas favorecedoras- posição no berço em decúbito ventral ou lateral, o tabagismo;
 Condições socio-económico-culturais deficientes, mau seguimento pré-natal, com nº de
consultas inferior ao programado, dormir com os pais.

Plano de cuidados-objetivos

->Melhorar conhecimentos sobre:

 D&C;
 Vigilância e promoção da saúde;
 Ingestão nutricional;
 Diversificação alimentar;
 Higiene;
 Sono;
 Promoção de segurança;
 Choro

->Melhorar capacidades para

 Alimentar;
 Cuidar da higiene;
 Transportar com segurança;
 Usar estratégias para lidar com o chor/ para promover o D&C/ para promove o sono.

->Promover a reformulação de significados dificultadores relacionados com

 O dar banho;
 Ingestão nutricional;
 Diversificação alimentar;
 Sono;
 Promoção da segurança;
 Choro.

->Promover a autoeficácia

 Para lidar com o choro/ com o sono/ com a diversificação alimentar.

Plano de cuidados- Intervenções em enfermagem

->Melhorar conhecimentos sobre desenvolvimento psicomotor e crescimento do lactente

Ensinar sobre:

 Parâmetros de crescimento (peso, comprimento, IMC, percentis, perímetro cefálico);


 Parâmetros de desenvolvimento psicomotor (postura e motricidade grossa; audição e
linguagem; comportamento e adaptação social; visão e motricidade fina; perturbações
do desenvolvimento psicomotor).

Assistir: Cliente a analisar o significado dificultador atribuído ao D&C

Avaliar: evolução do conhecimento

Plano de cuidados- dificuldades naturais/objetivos

->Melhorar conhecimentos sobre a angústia de separação

Ensinar:

 Conceito de angustia de separação;


 Objetivo desta dificuldade natural- promover o sentido de independência “existe para
além da mãe, pai / cuidador”;
 Período de ocorrência, desaparece à medida que os lactentes desenvolvem um senso
de memória (até aos 24 meses);
 Medidas facilitadoras: receber visitas frequentes de amigos íntimos ou parantes
próximos; construir um ambiente mais tranquilo; permitir a exploração do ambiente
ao ritmo do lactente.

->Melhorar a capacidade para lidar com a angústia de separação

 Utilizar um objeto de transição;


 Criar distrações;
 Sair sem responder ao choro da criança;
 Demonstrar calma e tranquilidade;
 Estabelecer rotinas que acalmem a ansiedade da criança;
 Alimentar ou adormecer antes de sair (fome e cansaço são fatores dificultadores)

->Melhorar conhecimentos sobre a ansiedade pelo desconhecido

Ensinar:

 O significado da ansiedade pelo desconhecido contribui para interpretações do


comportamento da criança;
 A terapia necessária, em geral, é confortar evitando reações exageradas de
comportamento.
->Melhorar a capacidade para lidar com a ansiedade pelo desconhecido

Preparar a chegada da pessoa desconhecida (ex: babysitter, avós, educadora…):

 Passar um período de tempo com a pessoa desconhecida e os pais/cuidador;


 No caso dos pais se ausentarem, a pessoa desconhecida deve cuidar da criança por
alguns dias antes dos pais partirem;
 Técnicas semelhantes podem ser usadas em antecipação à hospitalização.

->Melhorar conhecimentos sobre erupção dentária

Ensinar:

 Período e sequência esperada de erupção dentária;


 Sinais relacionados com a erupção dentária;
 Cuidados orais (frequência, material, método de escovagem);
 Critérios de decisão para a escolha dos produtos de higiene oral;
 Critérios de decisão para a utilização dos produtos de higiene oral.

Orientar:

 1ª consulta de odontopediatria;
 Critérios de escolha do profissional de odontopediatria.

->Melhorar a capacidade para lidar com os sinais de erupção dentária

 Oferecer objetos duros para mastigar (ex: bolachas de dentição);


 Oferecer objetos frios (ex: borracha dura ou anéis de dentição contendo gel);
 Massajar as gengivas com ou sem gelo.

Por indicação médica administrar paracetamol ou ibuprofeno.

->Melhorar conhecimentos sobre sucção

Ensinar:

 Conceito de sucção e a sua importância no D&C;


 Tipos de sucção e as suas funções;
 Vantagens e desvantagens da sucção não nutritiva

->Melhorar a capacidade para lidar com a sucção não nutritiva

Oferecer chupeta com as características adequadas (tamanho, forma, material)


->Melhorar conhecimentos sobre a saúde oral

Ensinar:

 Lavar as gengivas com compressa húmida (enquanto aleitamento materno exclusivo);


 Lavar os dentes a partir da erupção do 1º dente, 2x/dia e utilizar escova de dentes
pequena e macia;
 Técnica de escovagem dentária;
 Efeitos da alimentação noturna pela acumulação de resíduos alimentares nos dentes;
 Critérios de decisão para os produtos de higiene oral;
 Vigilância da saúde oral.

->Melhorar conhecimentos sobre estabelecer limites

Ensinar:

 Medidas preventivas de proteção e riscos;


 D&C e dificuldades naturais (ex: reconhecer as capacidades cognitivas e
comportamentais, comportamento exploratório);
 Choro representa uma necessidade não satisfeita (comportamento centrado nas
necessidades básicas de calor, alimento, segurança e conforto);
 Importância da disciplina e afeto.

->Melhorar conhecimentos sobre sono

Ensinar:

 O sono no processo de D&C;


 As necessidades individuais;
 Estabelecer rituais para fomentar padrões de sono adequados;
 Explicar a necessidade do lactente associar o berço ao ato de dormir e não a uma
atividade lúdica.

->Melhorar a capacidade para lidar com o sono

 Proporcionar horário regular e estável;


 Proporcionar rituais (diminuir a luminosidade, a intensidade da atividade lúdica,
banho…);
 Oferecer estimulação tátil (ex: dodo);
 Oferecer estimulação auditiva (ex: sons brancos, qualquer som constante com a
capacidade de esconder barulhos externos, como ondas do mar, a chuva. Tipo de som
que diminui a capacidade dos estímulos auditivos intensos de ativarem o córtex e
interromperem o descanso)

->Melhorar conhecimentos sobre nutrição

Ensinar:

 Técnicas de conservação e aquecimento do leite materno: não deve ser congelado ou


reaquecido no micro-ondas;
 Tipologia de formula infantil de leite em função das características do lactente (o leite
integral não pode ser dado antes do primeiro ano de vida);
 Diversificação alimentar: idade (4-6 meses) e esquema de introdução alimentar;
 Sinais de prontidão alimentar;
 Riscos relacionados com a alimentação: engasgamento, asfixia ou aspiração
relacionado com a posição de alimentar com o biberão (não oferecer o biberão com o
lactente deitado).
 Relação entre D&C e a alimentação

 Tipo de formula infantil: standard (DGS, 2019)

 Proposta de diversificação alimentar

->Melhorar a capacidade para lidar com a diversificação alimentar

 Oferecer uma redução progressiva do volume de lácteos, concretamente de leite;


 Oferecer no 2º semestre de vida um total de produtos lácteos (leite, iogurte e queijo)
entre 500-700 ml/dia (o leite é responsável pelo aporte de mais de 40% das
necessidades proteicas diárias)

->Melhorar conhecimentos sobre segurança (0 a 3 meses)

Ensinar:

 Cadeira de automóvel conforme as recomendações do fabricante;


 Posição de dormir: decúbito dorsal;
 Berço (sem brinquedos) segundo normas de segurança;
 Evitar ter o lactente ao colo enquanto realiza tarefas domésticas (cozinhar…) ou
hábitos (beber, fumar, comer…);
 Segurar corretamente enquanto alimenta;
 Temperatura do leite, da água do banho;
 Manter animais de estimação a uma distância segura.

Todler

Crescimento

->Peso:

 Quadriplica o peso ao nascer;


 Por ano ganha 1,8 a 2,7 kg;
 Peso médio aos 2 anos é 12 kg

->Altura:

 Por ano 7,5 cm;


 Alongamento dos membros inferiores em relação ao tronco

->Perímetro torácico:

 Ultrapassa o perímetro cefálico (entre 2 a 3 anos);


 Ultrapassa o perímetro abdominal (após os 2 anos)

->Perímetro cefálico:

 Aumento de 2,5 cm;


 Velocidade diminui até aos 5 anos
 Maturação óssea
 Fontanela anterior: encerra entre 18-24 meses

->Dentição:

 4 segundos pré-molares;
 Decídua completa (20 dentes) aos 3 anos
 Fator condicionador: hereditariedade

->Audição, cheiro, gosto e tato:

 + desenvolvidos;
 Utilizados em simultâneo
 Tato= amadurecer a relação familiar

Nota: Avaliação do crescimento aos 12M; 15M; 18M, 24M, 36M

Maturidade dos sistemas e Processos Corporais

Sistema neuro comportamental

 Maior regularidade dos ciclos de sono-vigília;


 Maior diminuição do choro e da agitação não explicada;
 Melhoria da previsibilidade do humor.

Sistema gastroinestinal

 Controlo voluntário da eliminação;


 Ocorre entre os 18 e os 24 meses.

Desenvolvimento

 Conhecido pelos “terríveis dois”;


 Crescimento lento e aperfeiçoamento das funções motoras;
 Maturação- processo de aperfeiçoamento da coordenação (SNC + neuromuscular);
 Aprende a conhecer o outro;
 Descobre o funcionamento dos objetos, usando as experiências de tentativa-erro
(aquisição de funções mais complexas);
 Descobre como controlar o outro= acessos de raiva, negativismo, obstinação;
 Desenvolve a linguagem;
 Desenvolvimento pré-operatório (animismo, pensamento mágico, irreversível)

Comportamentos adaptativos

Relação entre o desenvolvimento e a ingestão de alimentos

Motricidade fina

->Segurança: escadas, tomadas elétricas, produtos tóxicos, transporte, piscinas


->Visão binocular: desenvolvida, perceção da profundidade em desenvolvimento

->Aos 3 anos utiliza: tesoura, picotagem (com dificuldade), anda em pontas de pés, pedala,
segura no lápis (polegar e indicador)

Relação entre o desenvolvimento e a segurança

->Principais acidentes:

 Acidentes por veículos motorizados;


 Afogamento (natação < 4 anos não confere imunidade de afogamento segundo a
American Academy of Pediatric);
 Queimaduras, envenenamento;
 Quedas
 Aspiração e asfixia;
 Danos corporais (objetos, armas, animais…)

->Determinantes-chave de prevenção:

 Ambiente adaptado;
 Respeito pelos regulamentos e leis sociais;
 Educação dos pais e criança

->Fatores:

 A falta de maturidade;
 Maiores habilidades motoras (andar, abrir e fechar portas, puxar objetos, explorar
qualquer orifício, sobe e desce escadas);
 Não discerne o certo do errado ou a relação entre causa-efeito;
 Curiosidade natural, pensamento ilógico, mágico;
 Egocêntrico.

Comportamento Pessoal e Social

Brincadeiras:

 Atividade de eleição;
 Utiliza para fantasiar, desenvolver competências motoras, recriar/replicar atividades
do quotidiano;
 Brincadeira paralela (acompanham a brincadeira de outras crianças);
 Atribui maior ênfase às de natureza sensorial do que motora;
 Formas preferenciais: tátil, imitação, falar com crianças do mesmo género

Linguagem

Processo ativo entre o encéfalo (visão e audição) e o sistema motor (produção de discurso
falado e escrito).

 Mantêm o diálogo;
 Iniciam novos temas de conversa;
 Expressam conceitos imaginativos sobre sentimentos pessoais

Aos 3 anos ocorre o aumento do vocabulário e das competências


gramaticais:

 Constrói frases simples;


 Narra acontecimentos respondendo às perguntas feitas pelos
outros;
 Compreende o discurso (compreensão superior ao nº de palavras
que pronuncia).

Vocabulário aumenta entre os 18/24M e atinge nível máximo aos 4 anos

Lateralidade

Corpo humano: morfologicamente simétrico e tem uma assimetria funcional.

Características: a não contrariar e relacionadas com a hereditariedade ou a vida intrauterina.

Relação entre o desenvolvimento pessoal e o género: descrevem-se a si e aos outros em


função do género: a estabilidade do género ocorre entre os 3 e os 4 anos.

Aquisição da autonomia ultrapassa a dúvida e a vergonha

 Diferenciação de si em relação aos outros;


 Tolerância fase à separação dos pais;
 Capacidade de adiar a gratificação;
 Controlo sobre as funções do corpo;
 Aquisição de comportamentos sociais aceitáveis;
 Meios verbais de comunicação;
 Capacidade de interagir com os outros de forma menos egocêntrica (autosatisfação e
autorreferência- ex: “eu faço”, “eu quero beber”).

Negativismo (12 a 18M)

O persistente “não” a qualquer situação é uma dificuldade. Não é uma expressão de


insubordinação ou de insolência.

O testar dos limites para:

 Compreender o mundo;
 Aprender a modificar o seu comportamento;
 Corresponder às expectativas sociais.

Regressão
Surge por desconforto ou situações stressantes, sendo comum entre os 1 e os 3 anos.
Capacidade de domínio das tarefas atuais.
Reação:

 Criança: é aceitável e confortável; a perda de conquistas é assustadora e ameaçadora.


 Pais: preocupação com o comportamento regressivo; forçar a criança a suportar stress
adicional.

Rivalidade entre irmãos

Ciúme da criança relativamente a irmãos ou outras crianças da família quando os pais desviam
a atenção para interagir com elas (nascimento, famílias reconstituídas).

A chegada de um novo irmão é stressante pois há uma mudança de atenção por parte da mãe,
pai, família e amigos.

Comportamento demonstrativo:

 Bate, empurra-o do colo da mãe;


 Retira o biberão;
 Verbaliza o desejo que ele desapareça;
 Tem comportamentos de regressão.

Acesso de raiva e birras (8-24M)

Atitude dos pais: reivindicar independência resistindo com violência à disciplina.

Sinais de alarme

Foco: Relação com o outro

 Não se interessa por outras crianças;


 Não aponta com o indicador;
 Não imita o adulto (careta);
 Não olha quando o chamam pelo nome;
 Não acompanha com o olhar quando apontamos para algo.

Nota: Se +de 2 itens, referenciar para avaliação do desenvolvimento.


Sono

A necessidade de sono total diminui e problemas de sono são frequentes:

 Alimentação noturna;
 Choro noturno e/ou condicionado;
 Recusa em deitar-se;
 Medo/temores noturnos;
 Hospitalizações, dor;
 Temperatura corporal.

Crescimento-desenvolvimento (ingestão nutricional, sono, segurança, brincar)

Dificuldades naturais: treino de esfíncteres; rivalidade entre irmãos; acessos de raiva; anorexia
fisiológica; negativismo.

Plano de cuidados-objetivos

Intervenções de enfermagem

->Melhorar conhecimentos sobre desenvolvimento psicomotor e crescimento do Toddler

Ensinar sobre:

 Parâmetros de crescimento (peso, comprimento, IMC, percentis, perímetro cefálico,


tensão arterial);
 Parâmetros de desenvolvimento psicomotor (postura e motricidade grossa, audição e
linguagem, comportamento e adaptação social, visão e motricidade fina, perturbações
do desenvolvimento psicomotor);
 Indicadores de desenvolvimento.

Assistir: Cliente a analisar o significado dificultador atribuído ao D&C

Avaliar: Evolução do conhecimento.

Exemplos:

 Maio habilidade no uso do copo (derrames ocasionais);


 Utiliza as mãos para se alimentar (uso eficiente da colher até aos 18 meses);
 Maturação das habilidades de mastigação;
 Relação entre as características cognitivas e a alimentação;
 Maior autonomia (alimentação, vestuário e brincadeira);
 Disciplina no desenvolvimento social e emocional (firme e suave);
 Utilização de reforços positivos;
 Relação entre desenvolvimento e brincadeira.
->Melhorar conhecimento sobre indicadores de desenvolvimento

Ensinar sobre desenvolvimento da imagem corporal, exemplos:

 Criar uma imagem positiva do corpo;


 Evitar rótulos negativos que podem permanecer toda a vida (Auto perceção);
 Utilizar designação correta das partes do corpo (eliminação e reprodução);
 Respeitar o corpo;
 Adequar a linguagem ao desenvolvimento e compreensão do toddler.

Ensinar sobre a relação desenvolvimento pessoal e género:

 Reconhece as diferenças de género aos 24 meses;


 Explora o corpo (toca no corpo e relaciona com prazer);
 Sente como ameaçadoras as experiências intrusivas, embora tenha pouca compreensão
sobre a integridade do corpo;
 Utiliza vocabulário correto das diferentes partes do corpo (anatomia, eliminação e
reprodução);
 Conversar sobre diferenças de papéis sexuais óbvias;
 Adequar a linguagem ao desenvolvimento e compreensão do toddler.

->Melhorar conhecimento sobre ingestão nutricional (12-24M)

->Integração na dieta familiar;

->Oferta alimentar variada:

 Promove a familiarização com o máximo de sabores e texturas, e contrariando a


neofobia alimentar (aversão a novos alimentos) característica das crianças entre os 2 e
os 6 anos;
 Promove a satisfação das necessidades dos diferentes nutrientes;
 Garante o equilíbrio nutricional

->Oferta dos alimentos considerando o tamanho das porções:

 Adequado às necessidades individuais;


 Desencorajar a repetição da dose;
 Frequentes flutuações no apetite, característica do crescimento em patamares, que
deve ser respeitada

->Esquema alimentar considerando o intervalo entre refeições:

 Reforçar as rotinas ajustadas, para que as crianças no período noturno comam de 3/3
horas;
 3 refeições principais;
 2-3 merendas, consoante as rotinas.

->Alimentação de forma autónoma, hábitos de autonomia e sociais à mesa:

 Permitem a autorregulação do apetite, controlando a compulsividade alimentar;


 Auxilia em certas atividades, por exemplo, a partir os alimentos como a carne e a retirar
espinhas, ossos ou peles;
 Supervisionar a refeição incentivará a criança a comer;
 Evitar distrações;
 Promover um comportamento adequado à mesa e o uso correto de talheres;
 Iniciar a refeição com todos os elementos da família;
->Tempo disponível para a refeição:

 Tempo aceitável até 30 min., para uma refeição principal;


 Desincentivar o estímulo/incentivo/prémio para as “corridas alimentares”.

Nota:

 A ingestão rápida de alimentos associa-se a consumo de volumes maiores, dado a


ausência de tempo para serem desencadeados os mecanismos neuroendócrinos da
saciedade.
 O consumo e a desregulação dos mecanismos endógenos de controlo da
fome/saciedade são os principais responsáveis pela obesidade e estão associados à
persistência de comportamentos desregulados em relação à procura e consumo de
alimentos para a vida.
 Os alimentos novos devem ser introduzidos em pequenas quantidades, incentivando a
sua experimentação e consumo, sem forçar, até à habituação.
 Na recusa inicial de um alimento novo oferecer com regularidade, sem
constrangimento, de uma forma criativa e em família. A imitação e o jogo são
características desenvolvimentais deste período etário que facilitam a adesão ao novo
alimento.

->Melhorar conhecimento sobre ingestão nutricional entre os 24-36 meses

Ensinar sobre:

 Oferecer apenas alimentos incluídos na roda dos alimentos;


 Importância do pequeno-almoço, sem se preocupar com o volume do alimento
ingerido;
 Integrar produtos lácteos (leite/iogurte/queijo, num volume máximo de 400-500
ml/dia), hidratos de carbono complexos (pão de cereais variados), e frutos nas
merendas;
 Incluir sopa de hortícolas, prato principal e fruta no almoço, variando os alimentos;
 Privilegiar hortofrutícolas (sopa e fruta) ao jantar, deixando que o apetite da criança
regule o volume ingerido do prato principal;
 Oferecer apenas água durante o dia e às refeições.

->Melhorar capacidade para lidar com o sono

 Ajuda a estabelecer uma rotina e um horário;


 Informar da importância de:
 Fornecer objetos de transição;
 Atitude relaxante no início da rotina;
 Tempo adequado para a rotina de deitar;
 Necessidade de tempo para adaptação à ideia de se deitar (acabar as atividades em
curso);
 Rituais de deitar o mais simples possível;
 Rotinas transportáveis (desaconselhar o uso de biberão à noite, comportamento de
procrastinação);
 Ambiente calmo, luz suave…

->Melhorar conhecimento sobre saúde oral

Ensinar sobre:
-Vigilância da saúde oral:

 Exame da boca a cada 6 meses;


 A 1ª consulta aquando da erupção dos primeiros dentes

-Dieta alimentar:

 Conceito de cárie da amamentação ou cárie de leite;


 Eliminação dos alimentos cariogénicos da dieta (ex: mel e sumos);
 Relação entre frequência e quantidade total de ingestão de alimentos.

-Higiene oral:

Informar sobre a eficácia (maior) se realizada pelos pais. Aconselhar sobre o uso:

 Tipo de escova (pequena, macia, arredondada);


 Pasta dentífrica (risco de fluorose);
 Fio dental depois da escovagem dos dentes (remoção de placa e detritos nos espaços
interdentários).
 Horário: após cada refeição; antes de dormir (depois não deve comer ou beber nada)

->Melhorar a capacidade para lidar com a segurança ambiental

Utilizar dispositivos de segurança:

 Iluminação; Ausência de líquidos e objetos no chão;


 Superfícies antiderrapantes no chuveiro e banheiras;
 Mobiliário adequado (material, local, altura e acesso);
 Manter afastado objetos pequenos, suscetíveis de partirem ou serem aspirados;
 Dispositivos de segurança nas piscinas, janelas, portas, gavetas, tomadas…
 Temperatura da água, alimentos…
 Brinquedos adequados (tamanho, material…)

->Melhorar a capacidade para lidar com a segurança

Dos 12-18M:

 Supervisionar a criança ao ar livre;


 Educar a criança sobre os perigos de atirar algo e atingir algo;
 Prevenir o acesso a tomadas elétricas, fios, equipamentos, aparelhos, ferramentas
elétricas;
 Guardar armas e objetos semelhantes com fechadura e chaves;
 Educar a criança sobre medidas seguras de interagir com animais de estimação;
 Tranca portas e portões para prevenir o acesso da criança a áreas perigosas;
 Usar os bicos de fogão mais internos, instalar protetores de botões do fogão e/ou limitar
o acesso da criança à cozinha.

Dos 18-24M:

 Instalar a cadeira da criança e usá-la conforme as indicações do fabricante;


 Armazenar os objetos cortantes, aparelhos e itens de cozinha fora do alcance da criança;
 Orientar a criança sobre os perigos de rua;
 Guardar itens de limpeza, medicamentos e produtos de higiene pessoal fora do alcance;
 Assegurar múltiplas barreiras à área da piscina/banheira de água quente;
 Protetores de botões do fogão e/ou limitar o acesso da criança à cozinha.
Dos 24-36M:

 Instruir a criança sobe perigos de armas, de estranhos e toques bons ou maus;


 Selecionar brinquedos de acordo com as recomendações do fabricante sobre a faixa
etária;
 Oferecer supervisão e instruir sobre o uso seguro de brinquedos grandes, saltar e andar;
 Guardar fósforos/isqueiros fora do alcance;
 Supervisionar sempre que a criança está próxima de piscinas, lagos, banheiras com água
quente e quando brinca em locais públicos.
 Oferecer capacete adequado para o uso de bicicleta e instruir a criança a usá-lo sempre;
 Evitar o acesso da criança a janelas no andar superior, a varandas e escadas;
 Instruir a criança sobre formas de procurar ajuda de adultos quando estiver com medo
ou em perigo.

->Melhorar a capacidade para lidar com as brincadeiras

 O tipo de brincadeiras para desenvolver a atividade motora fina e tátil (ex: quebra-
cabeças, lápis de cor, giz, quadro negro, digitintas…);
 Informar da importância da exploração e das brincadeiras desestruturadas para o
desenvolvimento da liberdade de expressão;
 Utilização dos mídia: 1-2h /dia (Academy of Pediatrics)

->Melhorar a capacidade para lidar com o negativo

 Importância de reduzir as hipóteses de uma resposta “não”;


 Evitar fazer perguntas do tipo “queres ir para a cama agora?”;
 Dar oportunidade de opção entre 2 hipóteses viáveis e realistas, e se a criança continuar
negativa, a escolha deve ser dos pais;
 Corresponde à reivindicação necessária para autocontrolo e aprendizagem social;
 Diminui com a preparação da ida para o infantário.

->Melhorar a capacidade para lidar com a regressão

 Ignorar a regressão;
 Elogiar pelos padrões existentes e adequados de comportamento;
 Evitar novas áreas de aprendizagem em plena crise ou se está para ocorrer.

->Melhorar a capacidade para lidar com a rivalidade entre irmãos (18-24M)

 Preparar com antecedência e realismo;


 Permitir a participação do toddler;
 Promover o contacto prévio com recém-nascidos/lactentes;
 Manter as rotinas

->Melhorar a capacidade para lidar com os acessos de raiva e birras (18-24M)

 Consistência na ação;
 Expectativas de desenvolvimento adequadas;
 Disciplina: ensinar ou aplicar um conjunto de regras que orientem o comportamento-
suspensões após >18 M; escolher consequências razoáveis adequadas ao
desenvolvimento (chamar à razão tem pouco efeito, ex: se não estiver em causa o bem-
estar físico deve ser ignorado; usar gratificações como reforço positivo, mas não ceder
ao pedido original);
 Estar presentes proporcionando conforto e segurança.
->Melhorar conhecimento sobre o controle de esfíncteres (18-24M)

 A dieta equilibrada, fibras alimentares: mantém a consistência das fezes moldadas e


desenvolve e regula os movimentos intestinais;
 O aparecimento da regressão apenas significa retrocesso temporário (conforto e
segurança);
 Critérios de decisão para iniciar o treino;
 Respeito pelas necessidades individuais (não existe um tempo exato para iniciar e
terminar o treino);
 Reforço positivo das conquistas.

Critérios de decisão para iniciar o treino: Reconhecer os sinais de prontidão; Ter


disponibilidade (tempo) para o treino; escolher o momento adequado para o treino (evitar em
momentos de stress ou mudanças familiares, ex: divórcio, chegada de novos irmãos, férias…)

Sinais de prontidão:

->Melhorar a capacidade para lidar com o controle de esfíncteres (treino)

 Usar WC, bacio ou assento redutor da sanita (facilita a transição e dá segurança);


 Colocar banco sob os pés (estabilizar a posição);
 Deixar observar o despejo do bacio, a descarga do autoclismo (associe a prárticas
comuns);
 Dar tempo a que se familiarize com o bacio, redutor…
 Limitar as sessões de 5 a 10 minutos;
 Permanecer junto da criança;
 Usar roupa de fácil remoção;
 Iniciar o uso de cuecas (ao demonstrar controlo regular diurno);
 Lembrar frequentemente e ir com a criança várias vezes ao WC (a mais pequena
distrai-se com facilidade).
Infância: Pré-escolar

Crescimento e Desenvolvimento

Características globais (3-5/6 A)

 É esguio, gracioso, ágil e postura corporal correta;


 O principal desenvolvimento ocorre na motricidade fina;
 É + exigente na alimentação;
 Ainda pode permanecer inquieto ou nervoso durante as refeições;
 Exibe pensamento mágico (estádio pré-operatório: egocentrismo intelectual;
animismo; pensamento mágico);
 A idade dos “porquê?” (pico aos 4 A);
 Apresenta mais “medos”;
 Mudança nas páticas parentais: protetoras para educacionais;
 Experiência jardim de infância.

Crescimento

->Peso (médio):

 14,5 kg- 3 A;
 16,5 kg- 4 A;
 18,5 kg- 6 A

->Altura (média):

 95 cm- 3 A;
 103 cm-4 A;
 110 cm-5 A;
 116 cm-6 A.

->IMC

 Baixo: P < 3
 Peso normal: P 3 e P 85
 Excesso de peso: P->85
 Pré-obesidade: P->85 e < P 97
 Obesidade: P->97

Avaliação do crescimento: aos 3 A, 4 A, 5 A (exame global de saúde), 6/7 A (final 1º ano de


escolaridade)
Desenvolvimento

Comportamentos adaptativos

Comportamento motor fino

Melhoria da habilidade para manipular objetos de


diversos tamanhos: desenhar, vestir, calçar
Estas habilidades proporcionam a prontidão para
aprender e a independência para iniciar a escola.

Comportamento moto grosso

Andar, correr e saltar (36 M): anda na ponta dos pés; fica num pé só por alguns segundos

Pegar numa bola com confiança (4 A): eficientemente num só pé (4 A); com um pé e outro
alternadamente (5 A)

Patinar e nadar (5 A)

Comportamento pessoal e social: linguagem e brincadeiras

Brincadeiras

Aprecia as brincadeiras em grupo (sem regras rígidas)

 Possui um “amigo imaginário” (início aos 3 anos, sendo mais comum aos 4/5 anos):
está no auge do período de representação simbólica- tem capacidade de evocar o que
não é real e fantasia;
 Dramatizam constantemente e o “faz de conta” faz parte do seu quotidiano;
 Proporcionam oportunidades de aprendizagem, desenvolvimento físico, social e
mental;
 Promovem o aprimoramento de habilidades motoras e o crescimento físico;
 Mais frequentes são: associação; imitação; imaginação; dramáticas (ajuda à
diferenciação entre fantasia e a realidade);
 Ver televisão e vídeos;
 Atividades reais (no final deste período) (Festas, Quelhas, Braga In Barbieri-Figueiredo,
2020; Hockenberry & Wilson, 2014)

Relação entre desenvolvimento cognitivo e brincadeira

Linguagem

 O período mais crítico ocorre entre os 2-5 A;


 A disfunção no padrão é normal do processo de desenvolvimento da linguagem;
 Disfunções da fala: perda de audição; atraso no desenvolvimento; ausência de
estimulação verbal
 É o principal modo de comunicação e interação social;
 Aprendem a verbalizar sentimentos, desejos;
 É + sociável, dispostos a agradar;
 Começa a questionar os valores paternais e a comparar com os do grupo

Aos 2 A: Consegue dizer frases curtas com 2 palavras. Já sabe falar umas 200 palavras.

Aos 3 A: É possível entender tudo o que fala, mas às vezes ele conjuga errado. Conhece cores

Aos 4 A: Inventa histórias. Compreende regras de jogos simples.

Aos 5 A: Forma frases completas, fala corretamente.

Aos 6 A: Aprende a ler e a escrever.


Sinais de alerta (4-5 A)

->Hiperativo, distraído, dificuldade de concentração;

->Linguagem incompreensível, substituições fonéticas, gaguez;

->Estrabismo ou suspeita do défice visual;

->Perturbações do comportamento. (DGS, 2013)

Dificuldades naturais- Agressividade

Comportamento no qual tenta magoar alguém ou destruir objetos. A agressão difere da raiva
(estado emocional temporário)

Sexo; frustração; humilhação, modelagem, reforço


Hiperagressivo: ataques físicos a outras crianças e adultos, destruição da propriedade alheia,
acessos de raiva intensa, desrespeito e desobediência.

Comportamento agressivo “normal” e problemático depende:

 Quantidade (nº de ocorrências);


 Severidade (interferência social/cognitiva);
 Distribuição (diferentes manifestações);
 Início da manifestação e duração (4 semanas).

Ingestão nutricional

 O comportamento da criança é moldado por contextos proximais: pais, escola;


 Aprende por imitação e exploração;
 Estimulação dos sentidos e atividades lúdicas;
 Neofobia--- afirmação da independência.

Ingestão nutricional- orientações gerais

Considerar que:

Os pais são o 1º modelo social para as crianças e os principais responsáveis pela


disponibilização de alimentos:

 A importância do exemplo, fomentando refeições saudáveis e agradáveis em família;


 A escola tem um papel fundamental na modelação de comportamentos alimentares
saudáveis. É crucial a articulação de atitudes e escolhas entre a escola e a família.
Ingestão nutricional- aprendizagem

A educação alimentar, deve basear-se em afirmações e exemplos concretos: fotografias,


desenhos para colorir, jogos, modelos tridimensionais de alimentos e atividades que incluem
alimentos.

O ambiente de aprendizagem deve permitir a criança a usar os sentidos, deixando-a participar


ativamente na aprendizagem (Rego et al., 2019)

33.3% das crianças entre os 2/12 A têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas (APCOI)

Ansiedade dos pais

 O “comportamento rebelde” (4 A);


 Enfrentar o lado social da refeição (5 A);
 Preparado para experimentar novos sabores;
 Existe uma variabilidade na quantidade de alimentos consumidos.

Sono

->Média entre 11-13 h; Início escola: 9 a 11 h

Alterações do sono-> relaciona-se com a imaginação-> tipologia: pesadelos; terrores noturnos

Pesadelos (3-6 A):

 Ocorre no sono REM;


 Sonho assustador, que acorda a criança;
 No final do sonho acorda, chora, chama;
 Dificuldade em regressar ao sono;
 + intensos na 2ª metade da noite;
 Normal: 1 episódio por noite;
 Criança mais pequena: chora;
 Em todas as idades apresentam pavor persistente;
 Criança consciente e acessível (acolhe bem o conforto);
 Descrição do sonho (crianças mais crescidas).

Terrores (1-8 A):

 Despertar parcial de um sono profundo;


 1 a 4 h depois de adormecer;
 Depois adormece rapidamente;
 Normal: 1 episódio por noite;
 Grita e debate-se, depois fica calma;
 Mostra pavor, fúria e confusão, mas que depois desaparece;
 Pouca consciência da presença dos outros;
 Descrição do sonho: nenhuma ou fragmentada.

Medos

->Incluem o escuro, de ficar sozinho;

->Gestão dos medos, pelos pais, pela dificuldade de distinguir a fantasia da realidade-
animismo;

->Aos 5 ou 6 anos abandona os medos, se persistir necessita de ajuda profissional.


Segurança

 A necessidade de prevenir: queimaduras, afogamento, envenenamento,


quedas/projeções/veículos (ex: parques infantis);
 A educação deve enfatizar a segurança, os riscos potenciais, proteção adequada: fazer
cumprir o uso de capacete para andar de bicicleta;
 A importância de criar hábitos promotores de segurança a longo prazo.

Sexualidade

 Fazem perguntas sobre a proveniência dos “bebés”;


 Brincam e exploram o próprio corpo;
 Conscientes sobre as diferenças entre sexos;
 Curiosidade sobre a função eliminação e sexual (4 A).
 As conversas devem ocorrer naturalmente (o que nem sempre é fácil para alguns pais)
como qualquer outra que temos com as crianças;
 Julgamentos e preconceitos, sempre que possível, devem ser deixados de lado para
que a sexualidade não seja vista como tabu;
 Cuidar do corpo é proteção e não apenas garantia de higiene. Para isto, é preciso
ensinar à criança noções de intimidade, público e privado- até onde ela pode ir com o
seu corpo, com o corpo do outro e o outro com o dela;
 É fundamental respeitar a privacidade da criança quando ela sinaliza vergonha ou
outro desconforto diante de assuntos relacionados à sexualidade ou do nu;
 Criança é criança, não devendo ser exposta à sexualidade vivida pelo adulto (no banho
ou no quarto com os pais, na televisão, nas músicas e danças sensuais, dentre outros
ambientes e situações). Estes estímulos geram precocidade e deixam-nas vulneráveis;
 Existe um limite entre o que é espontâneo e natural para cada fase da sexualidade
infantil;
 Merece atenção especial situações como interesse excessivo por questões ligadas à
sexualidade, repetir cenas sexuais de conteúdo adulto, não ter interesse nenhum pela
sexualidade humana, entre outras.

Teoria Psicossexual Freud: Fase fálica; concentração das questões convertidas dos complexos
de Édipo e Electra.

Objetivo/ pré-escolar

Melhorar conhecimentos sobre-> crescimento-desenvolvimento, ingestão nutricional, sono,


promoção da segurança, vigilância e promoção da saúde, estratégias para promover o
desenvolvimento.
Capacidade para cuidar da higiene oral.

Significado atribuído à vacinação.

Dificuldades naturais do desenvolvimento: experiência do infantário; descoberta sexual;


medo; stress; problemas da fala; agressividade.

->Melhorar o conhecimento sobre ingestão nutricional

Ensinar sobre:

 Aprendizagem de novos paladares;


 Modelo parental importante na aquisição de hábitos;
 Oferta de pequenas porções de cada vez respeitando os sinais de fome e saciedade;
 Registo e acompanhamento associa-se a comportamentos mais saudáveis, a pressão
para comer, em particular em crianças com seletividade alimentar, pode ter efeitos
indesejáveis;
 Criatividade e imaginação: empratamento; se sinais de fome antes da refeição
oferecer vegetais como aperitivo (cenoura, aipo, tomate-cereja, salada, etc.);
 Intervalo entre as refeições (1,5- 2 horas se merendas; 2,5- 3 horas se almoço);
 Refeições em família em ambiente calmo.

Ensinar sobre:

Envolvimento das crianças em atividades culinárias:

 Supervisionar;
 Usar utensílios apropriados- segurança;
 Comprar alimentos saudáveis;
 Lista de compras para uma receita saudável;
 Colaboração na preparação da refeição;
 Participar da ida às compras em família, promotora da aprendizagem de escolhas
saudáveis.

O que não se deve fazer:

 Desaconselhar a recompensa alimentar por um bom comportamento ou por outra


razão;
 Evitar a oferta de snacks ou aperitivos densamente energéticos antes ou depois das
refeições;
 Evitar manter a criança à mesa até o “prato estar limpo”

->Melhorar conhecimento sobre sono

Ensinar sobre:

 Acordar noturno pode ser comum: pesadelos (sono superficial, com despertar abrupto
que pode ser iniciado por um grito de pânico, choro ou vocalizações incoerentes);
terrores noturnos (princípio da noite); dificuldade em ir dormir;
 Atmosfera não competitiva, de brincadeira livre;
 Respeitar o medo (ele é real);
 Confortar e dar segurança;
 Observação da criança durante alguns minutos;
 Necessidade de esperar que se acalme e acorde e de regressar ao quarto;
 Higiene do sono: horário regular de deitar (se necessário alterar, por ex. fins de
semana, diferença máxima 30 minutos; ritual de deitar (lavar os dentes, vestir pijama);
objeto de transição; adormecer na própria cama; diminuir atividades lúdicas
estimulantes (TV, telemóvel…)

->Melhorar o conhecimento sobre segurança

Ensinar sobre:

 Manter fora do alcance objetos: fósforos, líquidos quentes, eletrodomésticos,


medicamentos, produtos de limpeza;
 Temperatura da água;
 Colocação de detetores de fumos nas divisórias da casa;
 Proteção das fontes de calor (velas, forno, aquecedores, lareiras)
 Utilização de proteção (boias, braçadeiras, capacete, joalheiras);
 Estimulação de prática desportiva: natação;
 Seleção dos locais e supervisão;
 Mecanismos de ajuda: nº 112;
 Ensino de normas de segurança: circulação pedonal, bicicletas

->Melhorar o conhecimento sobre saúde oral

 Supervisão e ajuda na escovagem dos dentes: 2x/dia; fio dental (pelos pais);
 Os cuidados odontológicos: intervalos de 6 a 12 meses (recomendação);
 Evitar alimentos cariogénicos da dieta

->Melhorar o conhecimento sobre dificuldades naturais

-Experiência do infantário; educação sexual; medo; stress; problemas da fala; agressividade

Experiência com infantário

-Avaliação prévia das condições:

 Projetos pedagógicos;
 Estratégias de adaptação: permanecer um pouco no infantário, permanência gradual;
 Partilha de informação sobre ambiente e rotinas familiares, as atividades favoritas, as
preferências alimentares;

-Apresentação da ideia como estimulante e agradável: demonstrarem confiança no 1º dia

Educação sexual

Ensinar sobre a importância:

 De descobrir o que a criança sabe e pensa;


 De responder de forma verdadeira, clara, objetivas e pontuais, de acordo com a
maturidade e curiosidade expressa;
 De aceitar (sem encorajar ou condenar) a curiosidade sexual.

Medos

Ensinar sobre:

 A sequência do desenvolvimento dos medos e o desaparecimento gradual;


 Favorecer momentos de conversa sobre o medo com naturalidade e sem exageros;
 Não utilização do medo da criança como meio de autoridade;
 Escolha de objetos familiares, quando muda para um ambiente não familiar- escola,
casa de amigo, consulta;
 Falar a verdade sobre os medos;
 Monitorização dos pogramas de TV, jogos, vídeos;
 Estratégias para lidar e superar os medos: envolvimento ativo (compreensão e
solução); manter uma luz acesa de noite; dessensibilização.
 Lidar com o stresse na vida dos seus filhos: sinais são cefaleias, bruxismo, erupções
cutâneas, insónias, preocupação excessiva, vergonha, apatia, tristeza, instabilidade de
humor; identificar a fonte; ponderar a quantidade de ajuda; perceber a capacidade de
tolerância;
 Estruturação das atividades de forma a permitir o descanso;
 Preparação para a transição: ingresso na escola

Linguagem

 Ensinar sobre falar claramente;


 Ensinar sobre evitar completar as frases e sobrecarregar com correções.

Estratégias promotoras da linguagem

 Inicie as conversas relacionadas a eventos recentes: o que eles estão a fazer, como se
estão a sentir;
 Invente histórias em conjunto em que cada um contribui um pouco para a construção
da história;
 Aumente gradualmente a complexidade da gramática e do vocabulário que usa para
comunicar com a criança;
 Forneça informações ampliadas sobre eventos, coisas que eles vêm e como eles se
sentem;
 Leia, faça perguntas, use inflexões dramáticas, deixe-os adivinha o que vai acontecer a
seguir, aponte para imagens e descreva-as, peça à criança para fazer o mesmo.

Em idade escolar:

 Mantenha as conversas em andamento;


 Nas reuniões familiares permita que elas expressem a opinião sobre um assunto
simples;
 Refeições conjuntas incentivam a conversa entre os membros da família;
 Manter dispositivos eletrónicos desligados;
 Depois de ver um filme ou programa de TV, fale sobre o que aconteceu;
 Incentive a leitura e quando terminar converse sobre o que sentiram.

Estratégias promotoras do desenvolvimento


->Melhorar o conhecimento sobre o desenvolvimento infância pré-escolar (3 A)

 Interesse crescente em alargar as relações pessoais;


 Frequência da pré-escola/ outras atividades de socialização;
 Estabelecimento de limites e disciplina;
 Os objetos transitivos;
 Mudanças de comportamentos aos 3 anos e meio, revelando insegurança, apelam por
mais atenção;
 Relação entre o desenvolvimento e a segurança.

-> Melhorar o conhecimento sobre o desenvolvimento infância pré-escolar (4 A)

 Comportamento mais reativo/agressivo; resistência à autoridade parental;


 Crescente curiosidade sexual;
 Educação baseada na definição de limites/disciplina;
 Imaginação e amigos imaginários;
 Alterações do sono.

-> Melhorar o conhecimento sobre o desenvolvimento infância pré-escolar (5 A)

 Período + tranquilo;
 Preparar a criança para a entrada na escola;
 Verificar cumprimento do PNV;
 Estabelecer regras de segurança na interação com estranhos;
 Sugeri aulas de natação;
 Supervisão da TV/ internet

Idade escolar: características do desenvolvimento global

 6-11 anos: entrada na escola;


 Dentição decídua: queda dos primeiros dentes;
 Melhoria da capacidade de comunicação;
 Maior robustez física e consequente equilíbrio;
 Diminuição da aceleração do crescimento: +/- 5cm/ano; 2 a 3 kg/ano;
 Maior maturidade de órgãos e sistemas.
PNSIP: parâmetros a avaliar

Crescimento físico e marcos de progresso físico

Maturidade dos sistemas e processos corporais: sistema respiratório, sistema renal, sistema
imunitário, sistema musculoesquelético, sistema gastrointestinal

Mudanças proporcionais: peso, altura, IMC

Pré-Pubescência- desenvolvimento das características sexuais secundárias; desenvolvimento


do auto-conceito e da imagem corporal.

Carateres secundários femininos

Carateres secundários masculinos


Dificuldades naturais: Experiência Escolar

A sociedade tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança em idade escolar, não


existe forma de educar isoladamente da escola, família, saúde, cultura, política.

 A escola: local de socialização; aquisição de valores e normas;


 A entrada na escola: a “disciplina” por outro adulto;
 A importância do grupo de pares e do modelo do professor;
 Aprendizagem relaciona-se com a maturidade da criança: física, emocional e cognitiva.

Crianças sem supervisão

 Tipologia familiar (com a mãe a trabalha fora de casa, criança sem supervisão): famílias
monoparentais e famílias nucleares;
 Comportamentais: solidão e isolamento; sentimentos de insegura; vulnerabilidade a
comportamentos de risco.

Nota: Conhecer os recursos da comunidade de autoajuda.

Limites e disciplina

Limites- importância para o desenvolvimento harmonioso:

 Fortalecer o comportamento adequado;


 Minimizar condutas indesejáveis;
 Promover a maturidade;
 Desenvolver a autonomia e responsabilidade;
 Promover o ajustamento ao ambiente escolar;
 Envolver em atividades socioculturais;
 Suspender atividades, privilégios, compromissos.
 Mesmo na disciplina é importante assegurar o afeto;
 Incluir a criança no processo de determinar as medidas disciplinares;
 A resolução de problemas é a melhor abordagem para estabelecer limites;
 Ser perseverante e consistente: educar é uma tarefa árdua e contínua;
 Dar sempre o exemplo pode ser o primeiro caminho para estabelecer os limites, a
criança tem tendência para aprender por imitação.

Princípios orientadores da construção de limites

Tratar o comportamento da criança sem irritação ou raiva:

 É necessário que a criança se acalme antes de ser corrigida;


 Realizar de modo afetivo, por meio de conversa e redireccionamento, ou seja, ação
com amor

Reconhecer os comportamentos inadequados e resolver sem a presença dos outros:

 Antes de humilhar, punir deve levá-la a compreender a ação, por ex: consertar o que
partiu, limpar o que sujou, pedir desculpas se ofendeu;
 Agir distante dos outros, sem constrangimentos, sendo prova de respeito;
 Diferenciar a criança do erro, causando frustração, mas sem condenação.

Associar o toque físico afetivo às palavras de correção:

 Lembrar com mais frequência as coisas boas que a criança deve fazer, as formas
corretas dela agir, e não o contrário, dizendo e destacando sempre o que ela não deve
fazer.
Evitar manipular ou deixar-se manipular por chantagens emocionais:

 O ideal é que o adulto se mantenha imparcial quanto às biras e choros;


 Quando a sua palavra for dada, a criança tem que obedecer;
 Manter-se firme nas decisões, pois se nós tentarmos de alguma forma suprir o que a
criança deseja, por sentimento de culpa, ela irá perceber que de uma forma ou de
outra, ele terá o que quer.

Evitar o jogo do empurra-empurra:

 Cada um que assuma a sua responsabilidade (família, escola) sendo a melhor solução a
parceria de ambas, no trabalho conjunto e contínuo.

Ser coerente nas rotinas, ou seja, perseverante e consistente:

 As rotinas e hábitos são maneiras de oferecer a cada criança um ambiente estável e


tranquilo para se contribui uma personalidade confiante e consciente.

Dificuldades naturais- comportamento desonesto

->Comportamentos anti-sociais: mentir roubar e enganar; mentir- manutenção do


pensamento fantasioso, “escapar” a castigos, corresponder a “expectativas”; importância da
coerência do comportamento honesto dos adultos;

->Roubo: entre os 5 e os 8 anos o sentido de direito de propriedade é limitado.

Dificuldades naturais- stresse e medo

->Stresse: conflitos dentro da família, relacionamentos interpessoais, pobreza, doença,


ambiente escolar, competição entre colegas de classe por notas e reconhecimento dos pais/
professores e ansiedade pelas provas ou desempenho:

 A violência “gratuita” e “impessoal” nos mídia- pode gerar insegurança e stress;


 Bullying nas escolas- fobia escolar.

Sinais de stress:

 Dores no estômago ou cefaleias;


 Problemas de sono;
 Enurese noturna;
 Alteração de hábitos alimentares;
 Comportamentos irritadiços ou teimoso;
 Relutância em participar;
 Regressão a comportamentos anteriores.

Explorar melhor a situação junto da criança e pais (DGS,2013)

Sinais de alerta:

 Agressividade;
 Violência e oposição persistentes;
 Birras inexplicáveis e desadequadas para a idade;
 Ansiedade, preocupações, ou medos excessivos;
 Dificuldades em adormecer, pesadelos muito frequentes;
 Dificuldades na socialização, com isolamento ou relacionamento desadequado com
pares ou adultos.
Desenvolvimento: relação interpessoal

Relacionamento Pessoal e Cooperação: atividades de grupo; reforço da socialização; perigo de


assumir riscos

Relações Familiares: questionam a autoridade

Jogos e brincadeiras em equipa: regras e rituais; jogos e brincadeiras em equipa; jogos e


atividades tranquilas; Domínio do ego; Bullying/ Ciberbullying.

Ingestão nutricional

 Estão a ser depositados recursos para as necessidades de aumento de crescimento


durante a adolescência.
 Necessidade de uma dieta equilibrada para promover o crescimento;
 A qualidade da dieta da criança depende do padrão alimentar da família.

Sono

O tempo de sono e de repouso são necessidades individualizadas em função: idade; nível de


atividade; estado de saúde.

O tempo de sono relaciona-se com o desempenho escolar, se insuficiente afeta negativamente


a aprendizagem.

Sintomas predispõem para < da aprendizagem:

 Comportamento mais inquieto e estável;


 Sonolência;
 Diminuição da capacidade de atenção;
 Dificuldades de memória e irritabilidade.

Idade escolar: áreas-chave

 Realçar a importância dos cuidados dentários e da vigilância de saúde regulares;


 Ensinar e modelar a prática de saúde: dieta, repouso, atividade e exercícios;
 Incentivar as atividades físicas apropriadas;
 Promover um ambiente físico e emocional seguro;
 Ensinar e modelar práticas de segurança.

Individuo em idade escolar- conhecimentos

->Crescimento-Desenvolvimento; ingestão nutricional; higiene pessoal; higiene oral; sono;


promoção da segurança; vigilância e promoção da saúde; autonomia; estratégias para
promover o desenvolvimento.

Significado atribuído: vacinação; autonomia; dificuldades naturais do desenvolvimento

->Melhorar o conhecimento sobre sono

Ensinar sobre:

 Tempo de sono e repouso: cerca de 9,5/noite;


 Resistência a dormir: pouca (6-7 A); maior (8,9, 11 A); nenhuma (12 A)
->Melhorar o conhecimento sobre ingestão nutricional

É importante utilizar as consultas de saúde infantil desde o


nascimento para educar as famílias sobre os hábitos alimentares
saudáveis e aproveitar todos os contactos com as equipas de
cuidados de saúde primários para abordagem oportunista dos
comportamentos alimentares. Plano Nacional de Saúde 2011-
2016

Estratégias para incentivar a ingestão nutricional adequada

 Faça refeições a horas certas e contemple alimentos variados a nível de cores, texturas
e paladares;
 Inclua as crianças na compra, preparação e confeção das refeições;
 Convide-as a escolher os hortícolas e frutas para o menu semanal;
 Seja criativo na apresentação dos pratos, use e abuse das cores dos alimentos.
Lembre-se que os olhos também comem e dê nomes apelativos aos pratos (ex: arroz
alegre);
 Faca das refeições um momento divertido, de descontração e de convívio da família.
Respeite a saciedade da criança e não faça das refeições “uma guerra” com as
crianças;
 Habitue a comer sopa no início do almoço e do jantar (importante dar o exemplo);
 Experimente adotar técnicas de “marketing”: em vez de sopa de espinafres, come-se
muito melhor uma “sopa à Popeye”;
 Inclua os produtos hortícolas em 1/3 do prato, cozidos ou crus com formas divertidas
(ex: palitos de cenoura);
 Seja persistente, não desista ao primeiro sinal de rejeição. Lembre-se que ninguém
gosta de todas as frutas e hortícolas. Se a criança for ensinada a provar o mesmo
alimento várias vezes, pode acabar por apreciar;
 Quando existe recusa a um alimento ou os seus equivalentes alimentares, dar noutras
preparações culinárias que sejam do gosto (ex: massa, empadão);
 Não use os alimentos como um prémio ou punição, não deve haver o “come isto e eu
dou-te aquilo”;
 Convide um amigo para almoçar ou jantar. Se estes forem um exemplo positivo,
podem ser um recurso como influência para a ingestão de hortofrutícolas.

->Melhorar conhecimento sobre exercício e atividade física

Ensinar sobre desportos:

 Desportos coletivos e competitivos; participação sadia; segurança dos equipamentos.

->Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento

Ensinar sobre desenvolvimento:

 Aumento das habilidades motoras finas e artísticas;


 Avanços na escrita e no desenho;
 Autonomia no vestir/ despir e higiene;
 Participação em atividades domésticas.
Atividades apropriadas: corrida, saltar à corda, natação, skate, patinagem, dança e ciclismo->
promovem o desenvolvimento e o tónus muscular, o refinamento do equilíbrio e da
coordenação, o aumento da força e da resistência e estimulação das funções corporais e do
processo metabólico.

Prática da atividade física: espaços amplos e equipamento apropriado.

->Melhorar conhecimento sobre educação sexual

Diminuir incertezas, embaraço, sentimentos de isolamento e insegurança

Ensinar sobre:

 A importância de esclarecer valores, identificar modelos a serem seguidos, e envolver


na resolução de problemas e prática de responsabilidades;
 As doenças sexualmente transmissíveis de forma precisa e simples

Assistir:

 Na compreensão dos comportamentos esperados, por exemplo, a curiosidade sexual


dos filhos faz pate do desenvolvimento;
 Na acessibilidade da informação, por exemplo indicar sites com informação fiável.
Nota: a informação recebida junto de pares ou através de pesquisas na internet são
obtidas em contexto de secretismo, e podem ser erradas.

->Melhorar o conhecimento sobre saúde oral

Ensinar sobre:

 Os dentes secundários nascem na mesma ordem dos primários;


 Seguem a sequência de queda dos dentes decíduos: os 1º a nascer são os molares (6
A); o aparecimento do segundo molar permanente (12 A); a maioria dos dentes
permanentes está presente à nascença;
 A técnica de lavar os dentes.

->Melhorar o conhecimento sobre segurança

-Acidentes de viação, escolares, desportivos-> Educação e uso de equipamento de proteção

->Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento e crescimento de crianças com 6 A

Ensinar sobre:

 Necessidades nutricionais: alimentação na escola;


 “Crises de raiva ocasionais” e alterações de humor;
 Aumento da suscetibilidade à doença: contacto na escola;
 Prevenção de acidentes/segurança: pedestre ou passageiro;
 Respeito pela manifestação de autonomia/privacidade;
 Respeito pela necessidade de aprovação dos pares: força motivadora
-> Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento e crescimento de crianças com 7-10 A

Ensinar sobre:

 Melhoria do sistema imunológico: <suscetibilidade à doença, mas as alergias podem


aumentar ou tornarem-se mais evidentes;
 Prevenção de acidentes: lesões ( >crescimento ósseo do que os ligamentos); desporto
de grupo;
 Aumento do envolvimento com os pares e interesse fora de casa;
 Independência e o estabelecimento de limites e a disciplina;
 “Elogio” na autoestima e autoconfiança;
 Alterações pré-puberdade, sobretudo nas meninas.

-> Melhorar o conhecimento sobre desenvolvimento e crescimento de crianças com 11-12 A

Ensinar sobre:

 Alterações corporais na puberdade;


 Esperar um momento de crescimento diferente entre meninas/meninos;
 Estratégias de comunicação: respostas honestas adequadas à curiosidade e
compreensão, por exemplo, educação sexual;
 Proporcionar autonomia/independência, mas permitir comportamentos regressivos,
quando necessário;
 Necessidades de sono e repouso;
 Prevenção de acidentes, por exemplo, equipamentos, ajudar no planeamento de
atividades potencialmente perigosas.

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