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Introdução
Metodologia
Resultados e Discussão
Sobre a idade, 50% das pessoas que responderam estão em idade reprodutiva, entre
24 - 35 anos.
2) Raça ou Cor:
3) Localização
A maior parte das pessoas que responderam são mães de crianças maiores de 3
anos de idade, enquanto a segunda categoria com mais pessoas é a de puérperas,
ou seja, mães de crianças menores de 3 anos de idade
5) Quantos partos já acompanhou:
A diferença dos dados no Distrito Federal pode ser reflexo das políticas públicas
como a Lei 5.534/2015 institui o Estatuto do Parto Humanizado no Distrito Federal.
Esta não era uma pergunta de resposta obrigatória, assim obtivemos um total de 71
respostas, sendo elas:
A narrativa sobre como deseja que seja seu parto, respeitando e indicando as
exceções aceitáveis, nos casos de intercorrência necessária.
É a preparação e as escolhas que a gestante faz para si e para seu bebê, planejando
o nascimento de seu filho (a).
É um documento elaborado pela gestante que servirá como guia para o trabalho de
parto, contendo os desejos da gestante e quais situações e condutas devem
enviadas.
É um documento que a gestante elabora quando está tranquila, sem dores, junto
com seu/sua companheiro/a, doula, parteira. É como um roteiro que diz o que ela
deseja que aconteça, a forma e o mais importante o que ela não permite.
É uma preparação, é onde você gestante coloca suas vontades, expressa todas as
suas decisões quanto ao parto e como pessoa.
Estar informada sobre como o parto será conduzido, podendo ter um
acompanhante que pode ser o companheiro, ter opções como parto hospitalar ou
domiciliar, e ainda ter recursos para alívio da dor e tranquilidade do bebê. Acesso a
uma bola para se movimentar e ajudar na posição, uma banheira ou chuveiro para
ajudar na dilatação.
Eu ainda não sei como funciona pq quando eu ganhei os meus filhos não tinha esse
plano de parto
Eu entendi que é um relato de como quer seu parto quais as coisas que vc quer ou
não quer naquele momento
Nada
Nada
Nada
Nada
Nada
Nada
Nada
Não conheço
Não entendo
Não sei
nenhuma
O documento que relata as preferências da gestante na hora do parto
Planejamento de um parto
Que é quando a gestante planeja a forma que quer parir , como por exemplo sua
posição , o ambiente e o parto em si .
Que é um plano onde a mãe mostra seu protagonismo e decide como quer que seu
parto aconteça independente de ser natural ou cesárea.
Que para o alto controle e para está preparada para qualquer complicação que
possa surgir para poder lidar com elas com mais leveza
Um documento onde você descreve como gostaria que fosse o seu parto.
Um plano pago , que terei que fazer, ter todos esses acompanhamentos.
Nas respostas sobre o que a pessoa entende por Plano de Parto conseguimos
identificar diversas ideias acerca do tema. Podemos ver que muitas pessoas não
entendem “nada” sobre o tema e muitas demonstram interesse em saber ao declarar
que “ainda” não sabe nada.
Entre as ideias sobre o Plano de Parto, muitas pessoas demonstram entender que
se trata de um documento onde a gestante relata quais procedimentos aceita e não
aceita no parto e pós parto, bem como quais procedimentos aceita ou não em
relação ao tratamento com o bebê, como evidenciado nas seguintes respostas:
“Um plano pago , que terei que fazer, ter todos esses
acompanhamentos.”
A mesma tendência que se observa em toda essa seção também é observada aqui.
A região do entorno apresenta menor porcentagem sobre a realização do Plano de
Parto em relação ao Distrito Federal e aos dados gerais.
Acompanhante
Nesta questão foi deixada uma opção “outros”, o que resultou em algumas outras
respostas aos dados. Mesmo assim, com esses outros elementos, a maioria das
respostas indicam a presença do acompanhante no trabalho de parto, parto e
pós-parto imediato. As outras respostas foram as seguintes:
Nesta questão também foi aberto um campo “outros” nas respostas, o que permitiu
outras respostas aos dados. Foram estas:
Falta de roupa cirurgica para o pai entrar na sala de cirurgia. Ele teve que usar
prope na cabeça e o medico pegou uma roupa de equipe medica pro meu esposo
usar
Se sim, qual
Estou estava com a parteira, com a doula e meu marido. A maternidade disse que
eu poderia escolher um. Naquele momento eu não ia excluir nenhum dos três. Foi
até engraçado, eu disse, vamos embora, nasce no carro. A parteira olhou com uma
cara pra mim... O porteiro da maternidade teve certeza que era louca. Só sei que a
Odete, a parteira foi conversar lá dentro e entramos todos. Tive um parto natural de
cocoras após 3 cesareas prévias. Por isso a parteira não permitiu nascer no carro,
poderia precisar de cesarea.
Nao
não deixaram entrar até completar 6 cm de dilatação , mesmo com a bolsa rompida
Não tinha o conhecimento na época do parto do meu filho, porém tem hospitais até
hj que não liberam acompanhantes durante o trabalho de parto.
O hospital não permitiu. Segundo eles, para evitar que o acompanhante passasse
mal e atrapalhasse a equipe médica.
O pessoal do hospital que escolheu quem seria meu acompanhante e não eu, eles
disse que na hora que eu estivesse dando a luz que chamaria ao pai, o quão rápido
foi o passeio que não deu para o pai presenciar o nascimento do próprio. Pelo
menos minha mãe e minha vó estava comigo.
Por ter sido em época de pandemia o hospital não liberou, mesmo sendo cesariana
Pq falaram que o meu esposo não poderia ficar com comigo por causa das outras
mãezinha que tinha lá no quarto comigo e único acompanhante que poderia ficar
comigo tinha que ser mulher.
Que não era permitido acompanhantes, apenas menor de idade teria direito a
acompanhante, e o acompanhante só podia do ser do sexo feminino devido ter
outras mulheres na mesma enfermaria sendo desconfortável para elas a presença
de um homem que não seria seu esposo
“Pq falaram que o meu esposo não poderia ficar com comigo por
causa das outras mãezinha que tinha lá no quarto comigo e único
acompanhante que poderia ficar comigo tinha que ser mulher.”
Ainda, a estrutura do hospital muitas vezes é apontada como justificativa para a não
permissão, como nos relatos:
“Falta de roupa cirurgica para o pai entrar na sala de cirurgia. Ele teve
que usar prope na cabeça e o medico pegou uma roupa de equipe
medica pro meu esposo usar”
Falta de informação
Já comecei acima
Na época, 2003 e 2005, não se falava em plano de parto e nunca fui instruída sobre
o assunto.
Na rede pública não temos muita voz, e feito oq da pra fazer do jeito que eles
querem
Na verdade eu soube através de um encarte dado durante o pré natal, mas uma
conversa a respeito não teve. Por sorte ou plano superior meu filho nasceu em
casa, comigo e meu marido fazendo tudo até a chegada da ambulância. Mas ele
saiu da barriga estando nós três
Na verdade, em hospital público não temos muitas opções, só temos que aceitar o
que eles decidem fazer conosco e pronto. Algumas mães sofrem muito.
Nao
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não .
Não conheço a fundo esse trabalho, porém acho muito importante pra assistência
de uma gestante, são tantos tabus que ficamos o seguras mesmo sendo dois ou
mais filhos.
Não sabia .
não tive
Não tive pois tinha a doula me explicando e auxiliando, além de ter feito também o
curso de Doula no IFB com Matriusca quando estava gestante.
Quando eu fiz, não tinha o conhecimento de muitas coisas, nada se foi falado sobre
o plano de parto e também não foi respeitado os meus desejos
Sim várias
Todos
“Na rede pública não temos muita voz, e feito oq da pra fazer do jeito
que eles querem”
Há também um relato sobre a importância de uma Doula e do curso para que não
existam dúvidas sobre o Plano de Parto:
Nessa pergunta também foi aberta um item para “outros”, o que gerou as demais
respostas:
Nulipara
Sofri por parte de uma camareira, ela estava me transportando, foi aí que ela
perguntou se eu tinha feito o parto cesária o normal, quando falei que foi normal
ela falou para eu decer e ir andando porque eu dava conta de ir devido o parto ter
sido normal
A mais traumática foi quando sofri um aborto ,ninguém da equipe foi pegar meu
feto que estava no chão do banheiro. Eu mesmo parida ,fiz esse procedimento de
pegar e colocar no saco estéril
A pouco tempo acompanhei um parto na qual a gestante queria parto cesária mas
os médicos insistiram para que o parto fosse normal e a neném morreu por demora
Após o parto normal na minha primeira gestação, senti a pressão do bebê saindo e
passei a mão na barriga para confirmar o nascimento e a obstetra grosseiramente
me deu uma bronca dizendo poeu estava passando a mão na barriga r que depois
eu iria passar a mão nela. Fiquei muito constrangida e não tinha razão pra passar a
mão nela e se fosse o caso, acho que um médico não pode ter nojo de gente!
cheguei ao hospital para parir meu primeiro filho, era por volta de 02:15 da manhã e
a bolsa estava rompida , fui internada e levada para o co com 2 cm de dilatação.
não deixaram meu acompanhante entrar fiquei sozinha ,assustada, com medo .
minha acompanhante só pode entrar as 16:00 horas quando cheguei a 6 cm de
dilatação . neste espaço de tempo só veio duas enfermeiras , não deixaram eu
comer nem beber agua , não deixaram eu ir ao banheiro , só pude ir ao banheiro
depois que minha acompanhante chegou. a enfermeira chegou e falou "vou aplicar
um sorinho aqui pra vc idratar " mas era a ocitocina ela ,não pediu permissão e nem
explicou o que era e pra que era .comecei a sentir muitas dores quando estava na
fase de transição fui tomar um banho pois a enfermeira disse que iria alivia a
dor,porem estava ha 13 horas sem me alimentar e beber agua fiquei muito fraca e
com o banho aumentou as contrações , cai sentada no chão do banheiro , veio uma
enfermeira gritando e xingando ajudar minha iacompanhante a me levar para a
cama . quando veio a fase expulsiva tive um desmaio e apos o desmaio fiquei aerea
, com o corpo mole e visão turva , mas mesmo assim tive de fazer força para
empurar o bebe pra fora , durante toda a fase expulsiva a medica mandava eu por
força e usava palavras como " nao adianta chamar a mae ela nao tava lá quando vc
fez", "se vc não por força ele vai ficar sem oxigenio" seu filho tem que nascer agora
porque ele esta em sofrimento " e a pior de todas "se voce não fizer força seu filho
vai morrer e culpa vai ser sua ". Quando ele nasceu a enfermeira saiu correndo com
ele por muito pouco nao tinha arrancado o cordão umbilical pois ainda nao tinha
cortado o cordão. Não pude ver meu filho , eu só chorava , a medica puxou a
placenta e foi fazer a sutura pois rasgou , ela aplicou a anestesia local mais nao
pegou eu sentir mais dor , depois ela saiu e lá eu fiquei sozinha de novo . fragilizada
, com dor e com a imagen do meu filho morto na cabeça , me culpando . meu filho
teve que ser reanimado e oxigenado . só pude ver meu filho depois de 10 horas
depois do parto , fui sozinha sem acompanhamento medico ou de enfermeira , e
nao pude ficar com minha acompanhante pois mandaram ela sair asim que meu
parto acabou. meu filho ficou 7 dias internado na uti neo natal. eu fiquei 4 dias
internada sem acompanhante pois nao deixaram entrar .recebi alta e tive que ir e vir
do hospital todos os dias até meu filho receber alta.
Deixaram minha bebê 20 minutos longe de mim sendo que ela nasceu perfeita; fui
obrigada a manter as pernas nas perneiras e isso me deu câimbra
Durante o parto, a médica não permitiu que eu me inclinasse para a frente na hora
da saída da minha filha. Tive que ficar semideitada, o que foi desconfortável. Depois
que minha filha nasceu, a médica dissr que a placenta estava demorando a sair
(fazia apenas 5 minutos que minha filha tinha saído!). Eu pedi a ela que me desse
minha filha no colo para amamentar, assim, a liberação de ocitocina ajudaria na
liberação. Ela negou e acionou auxiliares para a retirada. Foi nessa hora que um
enfermeiro pressionou a parte superior do meu útero (manobra de kristeller) e outro
médico enfiou a ponta de 4 dedos na minha vagina para saída da placenta. Foi
extremamente doloroso! Eu ainda estava bem zonza. Me sentaram em uma cadeira
e um enfermeira super grosseira me disse "fecha as pernas que aqui tá cheio de
homem".
Depois de todo esse constrangimento, fiz um b.o. e tentei mobilizar uma ação
contra o hospital, mas na época não deu muito resultado. Isso foi meados de 2015.
Era nova então não tinha muita noção do que estava acontecendo, depois que tive
alta que obtive informações sobre a violência que havia sofrido e o risco que eu e
meu filho corremos.
Estávamos a tempos em trabalho de parto e tive que passar pela episiotrmia, foi
horrível senti dor pós parto por mais de 40 dias
Graças a Deus que não sofri nenhum tipo de violência no parto não
História longa para escrever. Se quiser, podemos marcar um momento para contar.
Não foi algo ruim, mas vi o bebê por alguns segundos logo q nasceu, depois ele foi
levado para tomar banho de luz, de acordo com o pediatra para evitar q ele tivesse
ectericia, embora nada indicasse esse diagnóstico. O bebê fico lá por volta de uma
hora,depois levaram ele para o quarto junto comigo
no meu primeiro parto, o médico insinuou que se o meu plano de parto chegasse
nas mãos deles algo aconteceria comigo "ela ia ver só se eu tivesse visto", ele não
viu pq apesar de estar no hospital meu parto foi desassistido, pois ao entregar o
plano de parto na recepção e para a equipe de enfermagem me deixaram a Deus
dará, só chegaram quando minha filha estava com a cabeça para fora...
No meu segundo parto as enfermeiras riam dizendo que a dor só ia piorar, diziam
que eu soube fazer e tenho que saber parir, além de quando me queimei do tempo
em que já estava com dor a enfermeira disse que não era trabalho de parto, fora o
médico que disse que a minha dor era cólica e que se não estava satisfeita com o
atendimento era para procurar outro hospital. Na primeira gestação a médica
afirmou que eu não estava em trabalho de parto pq a minhas contrações estavam
sem ritmo, neste mesmo dia fui internada pq a bolsa rompeu e minha filha já estava
em sofrimento, fui submetida a uma cirurgia de emergência.
O médico disse sorrindo até o ano que vem ,eu ainda estava sentindo dores.
O médico quis fazer a episiotomia sem me consultar, fui obrigada a ficar deitada no
momento do espolcivo, o médico me mandou ganhar meu bebê na ambulância pq
eu não queria ficar deitada, e me insultou de várias formas, a enfermeira quiser dar
uma ajudinha com a manobra de kristeller, tudo isso que eu cheguei ganhando, meu
2 filho, no hospital. No meu primeiro parto sofro episiotomia, litotomia, inúmeros
insultous por parte da equipe e do médico.
Com 40 semanas a bebê ainda não tinha nascido e eu estava muito inchada, a
enfermeira da ubs01 na época falou que podia conseguir uma cesárea com todas
as comodidades e horário marcado se eu comprasse açaí para o chefe do hospital
regional um açaí de quase 80$ e falasse que foi ela que comprou, era só chegar no
hospital com o açaí que ele já iria estar me esperando. Caso precise eu posso citar
nomes.
Sofri diversas violência uma que não sair d aninha cabeça e a que a doutora grita
comigo na hora da espucao falando que eu tava fazendo tudo errado que não era
assim tá errado tudo que vc tá fazendo e outra foi a dela fala que não era pra
chamar ela em nem um momento só quando a cabeça da minha filha estivesse pra
fora essas foram umas das violências
Sofri muito com o corte do períneo, não fui orientada sobre que medicação usar, a
princípio a médica falou que somente lavar com água e sabão era suficiente. Sofri 3
meses com a região inflamada, usando somente medicação caseira, com medo de
tomar algum remédio e secar o leite. Por fim decidi tomar antiinflamatório por conta
própria porque não estava aguentando mais.
Sofri muito no último parto, tive uma queda no penúltimo mês e usei medicação,
minha placenta colou e o bebê não saia, a médica muito grosseira queria tirar a
força, e eu pedi para mudar a posição, ela me deixou sozinha e disse que não iria
me ajudar, graças a Deus tinha uma infermeira que me ajudou, sofri demais, meu
bebê passou da hora de nascer, e a médica só voltou quando tinha terminado o
parto.
Tive meu filho no HRC do DF, foi horrível, fui muito maltratada pela a equipe e passei
por muitos constrangimentos.
Vivenciei de minha filha quando ela foi ganhar o bebê dela, eles fizeram episiotomia
, não sei como procedeu o parto dela, ela ficou num estado, que quase um mês não
conseguia sentar, acho que nem a cesária não tinha deixado ela no estado que
ficou, ela precisou ir numa ginecologista obstetrícia, só aí que ela se recuperou, faz
13 anos do ocorrido e até hoje ela tem trauma nunca mais quis saber de ter outro
filho.
A maior taxa de violência obstétrica sofrida pelas pessoas que responderam foi a
episiotomia. É comprovado que a episiotomia é um procedimento inadequado
devido às inúmeras consequências para a parturiente, sendo melhor que ocorra a
laceração natural. As pessoas que responderam sobre a episiotomia relatam dores e
consequências por muito tempo:
“Sofri muito com o corte do períneo, não fui orientada sobre que
medicação usar, a princípio a médica falou que somente lavar com
água e sabão era suficiente. Sofri 3 meses com a região inflamada,
usando somente medicação caseira, com medo de tomar algum
remédio e secar o leite. Por fim decidi tomar antiinflamatório por
conta própria porque não estava aguentando mais.”
“Vivenciei de minha filha quando ela foi ganhar o bebê dela, eles
fizeram episiotomia , não sei como procedeu o parto dela, ela ficou
num estado, que quase um mês não conseguia sentar, acho que nem
a cesária não tinha deixado ela no estado que ficou, ela precisou ir
numa ginecologista obstetrícia, só aí que ela se recuperou, faz 13
anos do ocorrido e até hoje ela tem trauma nunca mais quis saber de
ter outro filho.”
Neste último relato ainda observamos outras violências obstétricas e, de uma forma
geral, as parturientes são submetidas a mais de uma violência obstétrica, no que
parece ser um esforço de tornar o “nascer” uma experiência traumática, como nesse
relato onde há além do abandono, a negação do acompanhante, insultos, proibição
da alimentação, hidratação e até de usar o banheiro, negação a golden hour,
diferentes formas de violentar física e emocionalmente essa mulher.
“Cheguei ao hospital para parir meu primeiro filho, era por volta
de 02:15 da manhã e a bolsa estava rompida , fui internada e levada
para o co com 2 cm de dilatação. não deixaram meu acompanhante
entrar fiquei sozinha ,assustada, com medo . minha acompanhante só
pode entrar as 16:00 (14 horas depois) horas quando cheguei a 6 cm
de dilatação . neste espaço de tempo só veio duas enfermeiras, não
deixaram eu comer nem beber água , não deixaram eu ir ao banheiro,
só pude ir ao banheiro depois que minha acompanhante chegou. a
enfermeira chegou e falou "vou aplicar um sorinho aqui pra vc hidratar
", mas era a ocitocina mas ela não pediu permissão e nem explicou o
que era e para o que era. Comecei a sentir muitas dores e quando
estava na fase de transição fui tomar um banho pois a enfermeira
disse que iria aliviar a dor, porém estava há 13 horas sem me
alimentar e beber água, fiquei muito fraca e com o banho aumentou
as contrações, cai sentada no chão do banheiro, veio uma enfermeira
gritando e xingando ajudar minha acompanhante a me levar para a
cama. Quando veio a fase expulsiva tive um desmaio e após o
desmaio fiquei aérea , com o corpo mole e visão turva, mas mesmo
assim tive de fazer força para empurrar o bebê pra fora , durante toda
a fase expulsiva a medica mandava eu por força e usava palavras
como "não adianta chamar a mãe ela não tava lá quando vc fez", "se vc
não por força ele vai ficar sem oxigênio", “seu filho tem que nascer
agora porque ele está em sofrimento" e a pior de todas "se você não
fizer força seu filho vai morrer e culpa vai ser sua". Quando ele nasceu
a enfermeira saiu correndo com ele por muito pouco não tinha
arrancado o cordão umbilical pois ainda não tinha cortado o cordão.
Não pude ver meu filho, eu só chorava, a médica puxou a placenta e
foi fazer a sutura pois rasgou, ela aplicou a anestesia local mas não
pegou eu senti mais dor, depois ela saiu e lá eu fiquei sozinha de
novo. Fragilizada, com dor e com a imagem do meu filho morto na
cabeça, me culpando. Meu filho teve que ser reanimado e oxigenado.
Só pude ver meu filho depois de 10 horas depois do parto, fui sozinha
sem acompanhamento médico ou de enfermeira, e não pude ficar
com minha acompanhante pois mandaram ela sair assim que meu
parto acabou. Meu filho ficou 7 dias internado na uti neo natal. eu
fiquei 4 dias internada sem acompanhante pois não deixaram entrar.
Recebi alta e tive que ir e vir do hospital todos os dias até meu filho
receber alta.”
Entre as respostas, chama a atenção esse relato sobre Plano de Parto,
anteriormente tivemos um relato sobre a importância de chegar com o Plano de
Parto no hospital pois já mostra que a parturiente tem conhecimento e então o
tratamento é mais cuidadoso. Entretanto, também existem relatos de injustiça
epistêmica, que é definido por Fricker (Gabriel e Santos, 2019) como “uma injustiça
epistêmica é uma exclusão danosa da participação de uma pessoa, ou de um grupo
de pessoas, na produção, disseminação e manutenção de conhecimento. Exclusões
desse tipo são casos de injustiça, segundo ela, quando elas se originam em uma
falha em atribuir autoridade epistêmica a uma pessoa por conta de um preconceito
de identidade, que faz com que esta pessoa seja vista como menos capaz de
contribuir para uma troca epistêmica.”, onde o médico assume que a parturiente tem
menor capacidade de contribuir para a construção do processo do seu próprio parto,
tornando inclusive essa “tentativa” de contribuir justificativa para a violência
obstétrica.
Sendo o Brasil o segundo país com maior taxa de cesáreas no mundo, não
surpreende os absurdos que encontramos, como um caso de “comprar” uma cesária
com um Açaí:
Entretanto, muitas pessoas não sabem o que são as violências obstétricas, e como
observado nas respostas sobre dúvidas sobre Plano de Parto, muitas aceitam com
conformismo que as coisas são assim mesmo, especialmente no SUS. Isso leva a
uma dificuldade de rastrear as violências obstétricas, o que evidencia a importância
da informação sobre o tema, como traz esse relato:
“Era nova então não tinha muita noção do que estava acontecendo,
depois que tive alta que obtive informações sobre a violência que havia
sofrido e o risco que eu e meu filho corremos.”
24) A importância do preparo do acompanhante:
Acredito que seja elementar um trabalho integral desde antes de engravidar, tanto
com os genitores como como os acompanhantes
Eu tive doula, na época. Mas além de doula, ela era funcionária do hospital. Na
época, percebi que esse vínculo empregatício dela a deixou negligente diante das
violências que eu passei.
Nao
Não
Não
Não
Não
Não tive doula porque contratei uma enfermeira obstetra (para ficar em casa até o
expulsivo com mais segurança)
Não.
Não.
No momento não
Mesmo quando existe o Plano de Parto, existe muito despreparo para a execução
deste pelos profissionais de saúde, como encontramos em outros relatos. Dessa
forma, fica nítido que a saúde e autonomia da parturiente não é prioridade em
relação a manutenção do “monopólio” da credibilidade da equipe, como
encontramos nesse relato:
“Eu tive doula, na época. Mas além de doula, ela era funcionária do
hospital. Na época, percebi que esse vínculo empregatício dela a deixou
negligente diante das violências que eu passei.”