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Parentalidade

Aula 1

CONCEITOS
Adaptação à parentalidade (Childbearing): comportamentos que incidem no ajustamento à gravidez e
em empreender ações para se preparar para ser pai ou mãe; interiorizando as expectativas das famílias; amigos e
sociedade quanto aos comportamentos parentais adequados ou inadequados. (CIPE® 2019)

Parentalidade (Parenting): assumir as responsabilidades de ser mãe/pai; comportamentos destinados a


facilitar a incorporação de um recém-nascido na unidade familiar; comportamentos para otimizar o crescimento e
desenvolvimento das crianças; interiorização das expectativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade quanto
aos comportamentos de papel parental adequados ou inadequados. (CIPE® 2019)

O nascimento de um filho é um evento crítico e um tempo de mudança na vida de uma família, representando uma
transição no ciclo de vida. (Cardoso, 2014; Meleis et al., 2010; Canaval et al., 2007; Emmanuel, 2005; Kaiser & Hays,
2004; Nystrom & Ohrling, 2004)

-Transição quer dizer que a pessoa


mudou

-É uma mudança em relação ao sentido


de si antes

-A pessoa durante a transição


transforma-se

-É reformular-se e nunca mais voltar a


ser o que era
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TRANSIÇÃO (teoria de médio alcance de Afaf Meleis)
 do latim transitione, significa ato, efeito ou modo de passar lento e suavemente de um lugar, estado ou
assunto para outro; passagem.
 …transição não é mais uma palavra sinónimo de mudança, é, antes, o processo que envolve a adaptação
à nova situação, de forma a incorporar a mudança na vida.
 Assistir o indivíduo, a família ou a comunidade a lidar com as transições que afetam a sua saúde emerge
como um desafio para os enfermeiros antes, durante e após um evento gerador de mudança
 As transições são resultado e resultam em modificações nas vidas, na perceção sobre o estado de saúde,
nas relações interpessoais e com o ambiente.

Definição de Transição: o conjunto de respostas, ao longo do tempo, moldadas pelas condições pessoais e
ambientais, pelas expectativas e perceções dos indivíduos, pelos significados atribuídos a essas experiências, pelos
conhecimentos e habilidades na gestão das modificações, bem como pelo impacto destas modificações no nível de
bem-estar.

Transição Parental

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Família: CONTEXTO DA TRANSIÇÃO PARIENTAL

O termo "família" é derivado do latim famulus, que significa "escravo doméstico".

Família:
- Principal unidade de socialização e a unidade estrutural básica de uma comunidade.

- Organização e estrutura nuclear; alargada; monoparental; reconstruída; homossexual

- Funções da família: afetivas, socialização, reprodutivas económicas, cuidados de saúde.

FAMÍLIA: CONTEXTO DA TRANSIÇÃO PARENTAL

• gera de afeto entre os membros da família;

• proporciona segurança e aceitação pessoal;

• proporciona satisfação e sentimento de utilidade, através das atividades que satisfazem os membros da família;

• assegura continuidade das relações, proporcionando relações duradouras entre os familiares;

• proporciona estabilidade e socialização, assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente;

• impõe autoridade e do sentimento do que é “correto”, relacionado com a aprendizagem das regras e normas,
direitos e obrigações características das sociedades humanas.

SEBENTA

PARENTALIDADE
“A parentalidade é porventura a tarefa mais desafiante da vida
adulta” (CRUZ, 2005)

- Assumir as responsabilidades de ser mãe e/ou pai;


- Comportamentos destinados a facilitar a incorporação de um
recém-nascido na unidade familiar;
- Comportamentos para otimizar o crescimento e o
desenvolvimento das crianças;
- Interiorização das expectativas dos indivíduos, famílias, amigos
e sociedade quanto aos comportamentos de papel parental
adequados ou inadequados.
- É mutável (muda) e irreversível.

Parentalidade (CIPE®,2017)

- Assumir a responsabilidade do exercício do papel;


- Integrar a criança na família;
- Agir de acordo com os comportamentos esperados de alguém que é mãe/pai;
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- Otimizar o crescimento e o desenvolvimento da criança.

O nascimento de um filho é um evento crítico e um tempo de mudança na vida de uma família, representando uma transição no
ciclo de vida.

Definição: o conjunto de respostas, ao longo do tempo, moldadas pelas condições pessoais e ambientais, pelas expectativas e
perceções dos indivíduos, pelos significados atribuídos a essas experiências, pelos conhecimentos e habilidades na gestão das
modificações, bem como pelo impacto destas modificações no nível de bem-estar.

TIPOS:
→ Desenvolvimento (maternidade, paternidade, pós-parto...);

→ Situacionais (perda de um familiar, adaptação à instituição de saúde...);

→ Saúde/doença (recuperação pós-operatória, tornar-se doente crónico, reabilitação, …);

→ Organizacionais (mudanças de ambiente, mudança na liderança, introdução de novas tecnologias,

“Não nascemos pais, tornamo-nos pais” (Moro, 2002)

NOVAS TAREFAS (BROTHERSON, 2007)

 Incorporação de um novo ser na vida do casal;


 Alteração entre os papéis do casal –conjugalidade e parentalidade;
 Alterações nas atividades de vida diária;
 Novas funções “ser pais”.

A parentalidade implica uma reestruturação psíquica e afetiva que permita a dois adultos assumir o papel de pais, isto é,
capazes de responder às necessidades da criança sob o ponto de vista físico, afetivo, intelectual e social. (Conselho da
Europa, 2006)

“Não só nasceu um novo bebé, como também uma nova FAMÍLIA” (Kitzinger, 1980)

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TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE

CONCEITO DE FAMÍLIA

-Dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio emocional físico e económico.
-Família é quem eles dizem que são.

Grupo: unidade social ou todo coletivo composto por pessoas ligadas através de consanguinidade, afinidade, relações
emocionais ou legais: sendo a unidade, ou o todo, considerado como um sistema que é maior do que a soma das
partes. (CIPE, 2015)

O DL 118/ 2014, de 5 de agosto: enfermeiro de família como sendo “o profissional de enfermagem que, integrado na
equipa multiprofissional de saúde, assume a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais a
famílias, em todas as fases da vida e em todos os contextos da comunicação.

TIPOS DE FAMÍLIA

 Nuclear;

 Alargada;

 Monoparental;

 Reconstituída ou mista;

 Poligâmica: casamentos plurais;

 Homossexual;

 Comunitária.

 Nuclear é a dominante
 Quando ocorre um divorcio +e monoparental
 Família alargada é quando vive mais que 2 gerações
 Reconstituída ou mista (criança adotada) (é também nuclear assim como a homossexual)

A ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PARENTAIS

 Identificar as alterações nos processos familiares


 Avaliar e promover o desenvolvimento das competências parentais

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 Explicar as necessidades básicas da criança
 Discutir estratégias para a normalização da vida familiar
 Orientar sobre cuidados à criança
 Reforçar o sentido de competência parental

 Elogiar as competências parentais

Competências parentais → conjunto de conhecimentos, de habilidades e de atitudes que facilitam e otimizam o desempenho, com
mestria, do papel parental, garantindo o potencial máximo de crescimento e de desenvolvimento da criança.

Os conhecimentos e as habilidades parentais podem ser entendidos como a compreensão do desenvolvimento da criança e a
familiaridade com as tarefas parentais, relacionadas com as decisões em torno dos cuidados, com a capacidade de avaliar e de
interpretar os comportamentos da criança, com o desempenho das tarefas parentais e com a interação com a criança.

ORGANIZAÇÕES NACIONAIS
 Visam dar apoio a mães que não têm possibilidades de sozinhas criar uma criança.

 Algumas prestam os seus serviços na etapa pré-natal, outras na pós-natal e algumas combinam
estes dois estados.
Organizações internacionais → São instituições vocacionadas para o apoio aos mais desprotegidos. Embora não haja nenhuma
organização cujo alvo seja especificamente a parentalidade, todas elas preveem algum incentivo neste campo.

Planeamento familiar: prevenção e promoção da


gravidez
Aula 1.1 Planeamento familiar pode ser um serviço ou um foco de atenção

PLANEAMENTO FAMILIAR: enquanto serviço de saúde


O Planeamento Familiar representa uma componente fundamental na prestação de cuidados em
Saúde Sexual e Reprodutiva.

O direito ao Planeamento Familiar é garantido a todos pela Constituição da República Portuguesa:

- pela Lei n.º 3/84 (estabelece o direito à Educação Sexual e define as formas de acesso ao PF);

- e reforçado pela Lei n.º 120/99 (determina, por exemplo, que os métodos contracetivos sejam
fornecidos gratuitamente nos centros de saúde e hospitais públicos).

Todas as pessoas têm direito, independentemente doestado civil.

Os jovens podem aceder a qualquer consulta de planeamento familiar, ainda que o façam em Centro de
Saúde ou Serviços Hospitalares que não sejam da área da sua residência (Lei n.º 120/99, de 11 de agosto).

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O planeamento familiar possibilita às pessoas, individuais ou em casal, alcançar
e planear o número de filhos desejados e o espaçamento entre os nascimentos. É o
meio de proporcionar informação/recursos às pessoas que lhes permita decidir o
número de filhos que querem ter e quando os querem ter.

acesso a informação e aos serviços de saúde

x OBJETIVOS (DGS, 2008)

 Promover comportamentos saudáveis face à sexualidade;


 Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva – quer nas mulheres, quer nos homens;
 Reduzir a incidência das infeções sexualmente transmissíveis (ITS) e as suas consequências, nomeadamente a
infertilidade;

 Permitir que o casal decida quando quer ter filhos, o número de filhos que quer ter e o espaçamento entre eles;
 Preparar e promover uma maternidade e paternidade responsável;
 Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna, perinatal e infantil;
 Melhorar a saúde sexual e reprodutiva de cada indivíduo, e, como consequência, o bem-estar do casal/família

X Cuidados de saúde:
 Equipa multiprofissional;

 Alvos prioritários: adolescentes;

 Acesso dos homens, em particular dos mais jovens;

 Indivíduos em idade fértil: mulheres até aos 54 anos e homens, sem limite de idade;

 Isenta de taxa moderadora;

 Só podem recusar a disponibilização de um determinado método contracetivo com base em razões de


ordem médica, devidamente fundamentadas;

 Contraceção de emergência deve estar disponível em locais de fácil acesso, em todos os centros de saúde e
hospitais com serviços de ginecologia/obstetrícia (lei n.º 12/2001 de 29 de março).

PLANEAMENTO FAMILIAR: enquanto foco de atenção do enfermeiro


 Prevenção da gravidez;
 Promoção da gravidez.

Avaliar o plano da vida reprodutiva


 Tem filhos?
 Tem intenção de ter mais filhos?
 Se sim, quando é que está a planear engravidar?

DEFINIÇÃO (CIPE®2019)
Processo comportamental de regular o número e espaçamento etário das crianças numa
família, tendo em conta os costumes e a lei, o número de crianças e adultos ideal ou aceitável

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na família ou a valorização de um sexo em relação ao outro.

Dados Relativos ao comportamento(ação):


 Constituição da família (dado contexto)
- Família constituída apenas pelo casal
- Família constituída por casal e um filho
-Família constituída por casal e dois ou mais filhos
-Grupo de pessoas que coabita e que consiste em mais do que apenas os pais e os filhos
- Família constituída por figura parental única; mãe, pai ou outro cuidador e presença de uma ou
mais crianças ou outros dependentes.
 Intervalo entre o nascimento dos filhos (tempo, anos) (dado de contexto)
 Intenção de engravidar (sim/não)

- Prevenção da gravidez
- Promoção da gravidez
 História de gravidez não planeada(sim/não)
 Uso de contracetivos

Mais dados a valorizar:

 Conhecimento sobre uso de contracetivos


 Capacidade para usar contracetivos
 Autoeficácia para usar contracetivos
 Significado atribuído ao uso de contracetivos

Planeamento familiar: prevenção da gravidez


Determinar, com a/o cliente, qual o método mais adequado

Deve-se ter em conta:

 História do período menstrual (Data da Última Menstruação - DUM)


 Alergias (ex. latex)
 Estilo de vida (ex. uso de tabaco)
 Doenças (ex. hipertensão)
 Experiência anterior com contracetivos: “Que método(s) está a usar atualmente?”; “Que métodos usou no
passado? – se sim: Como foi essa experiência (ex. efeitos colaterais, não adesão,)?”; “Alguma vez recorreu a
contraceção de emergência?”; “Usou contracetivos na última vez que praticou sexo?”; “Discutiu com o
seu/sua companheiro(a) relativamente a preferência por algum método em particular?”

Dados relativos às condições facilitadoras (transição):

 Conhecimento sobre uso de contracetivos


- Necessita ser melhorado para progredir para a mestria, mas não é o momento próprio para intervir
- Necessita ser melhorado para progredir para a mestria; é o momento próprio para intervir
- Facilitador
 Capacidade para usar contracetivos
 Autoeficácia para usar contracetivos
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- Necessita ser melhorada para progredir para a mestria, mas não é o momento próprio para intervir
- Necessita ser melhorada para progredir para a mestria; é o momento próprio para intervir
- Facilitadora
 Significado atribuído ao uso de contracetivos
- Desvalorização
- Diminuição do prazer sexual
- desvalorização e diminuição do prazer sexual
- Não dificultador

PLANEAMENTO FAMILIAR: prevenção da gravidez


 Potencial para melhorar conhecimento sobre uso de contracetivo
 Ensinar sobre uso de contracetivos
-Tipo de contracetivo
- Efetividade do método
- Benefícios não relacionados com a contraceção (a consciencialização desses benefícios poderá
contribuir para a escolha do método mais ajustado e para aumentar a motivação para usar o método
correta e consistentemente)
- Efeitos colaterais
- Modo de uso
 Ensinar sobre fertilidade [abstinência periódica]
- Efetividade do método
- Modo de interpretar

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Contracetivo hormonal: ação química (hormonal)

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Contracetivo oral combinado (estrogénio + gravidez ectópica- gravidez que se
progesterona) desenvolve fora do útero

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Contracetivo oral progestativo(progesterona)

Contraceção hormonal combinada- ADESIVO


Evra – Sistema transdérmico (adesivo) de 20 cm2, contendo norelgestromina e EE

[Libertação diária de 150μg de norelgestromina + 20μg de EE, absorção transdérmica para a corrente sanguínea]

Contraceção hormonal combinada – ANEL VAGINAL

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Anel flexível e transparente de acetato de vinil etileno com 54mm de diâmetro e uma espessura de 4mm.

Contém 11,7 mg de etonogestrel + 2,7 mg de etinilestradiol.

[Libertação contínua diária de 0,120mg de etonogestrel + 0,015mg de EE, absorção através da mucosa vaginal para a
corrente sanguínea, durante 3 semanas.]

Contraceção hormonal – INJETÁVEL


Depo-Provera 150 mg (DMPA) - Acetato de dedroxiprogesterona - solução aquosa.

A libertação do progestativo é lenta e o efeito contracetivo prolonga-se por 3 meses.

Bastonete com 4cm de comprimento, que contém 68mg de etonogestrel.

O progestativo é libertado lentamente e o efeito prolonga-se por 3 anos.

Contraceção hormonal- IMPLANTE

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Inserção* (subcutânea) e remoção**: executado por um profissional treinado para o efeito.

[Os profissionais não devem recusar ou protelar a remoção do implante quando esta for solicitada, qualquer que seja
o motivo apresentado.]

Pode surgir dor ou edema ligeiros no local da inserção do implante.

Contraceção hormonal – dispositivo intrauterino (DIU)


• Com cobre: Gine-T, Multiload, Monalisa, Gravidarg

• Com cobre e prata: Nova-T

• Com levonorgestrel: Mirena (5 anos)

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Contracetivo: ação de barreira
Impede a progressão dos espermatozóides e Torna o muco cervical mais espesso

 Preservativo masculino

Como usar:

1. Abrir a embalagem com cuidado para não danificar o preservativo

2. Colocar o preservativo com o pénis em ereção e antes de qualquer contacto pénis vagina

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3. Aplicar o preservativo sobre a glande, assegurando-se de que o reservatório não fica insuflado; empurrar o anel do
preservativo, desenrolando-o até a base do pénis

4. Retirar logo após a ejaculação. Dar um nó na extremidade aberta do preservativo e deitar fora num local
conveniente.

 Preservativo feminino

Como usar:

1. Segurar no preservativo estreitando o anel interior com os dedos indicador e polegar.

2. Com a outra mão, afastar os pequenos lábios enquanto introduz o preservativo profundamente na vagina
(assegurar-se que o anel exterior permanece fora da vagina, cobrindo os pequenos lábios).

 Diafragma

 Espermicida

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Comparação entre métodos de barreira

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Comparação entre métodos hormonais

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Métodos de abstinência periódica
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Métodos com base no calendário:
O período fértil é calculado com base nas premissas:

• a mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte;

• o óvulo é viável entre 1 e 3 dias após a ovulação e o espermatozoide pode fecundá-lo 3


a 5 dias após a ejaculação.

Considerando a duração dos ciclos menstruais anteriores (pelo menos 6 ciclos), calcula-se
o período fértil subtraindo:

• 11 dias ao número de dias do ciclo mais longo, e

• 18 dias ao número de dias do ciclo mais curto.

Método da temperatura basal (MTB)


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Este método identifica o fim do período fértil e consiste na abstinência de relações sexuais vaginais desde a
menstruação até ao 3.º dia de temperatura “elevada” mantida, indicando que terá sido ultrapassado o período fértil.

Procedimento:
 Escolher termómetro – para avaliação de temperatura vaginal, rectal ou oral ▪ Avaliar temperatura
sempre à mesma hora e no mesmo local.
 Avaliar a temperatura em repouso – após pelo menos 5-6 horas de sono, antes de levantar.

(Realizar desde o primeiro dia da menstruação até o dia em que a temperatura se elevar por 3 dias consecutivos)

Interpretação:
Os registos apresentam habitualmente pequenas oscilações dos valores da temperatura ao longo do ciclo, no
entanto, no dia da ovulação verifica-se um aumento 0,3 a 0,8ºC (geralmente precedido de uma ligeira descida) e que
se mantém até ao início da menstruação seguinte.

Método do muco cervical (Billings)


É a observação diária do muco e da evolução das suas
características que permitirá à mulher identificar os dias férteis.

As características do muco cervical variam ao longo do ciclo,


aumentando em volume e elasticidade (filância) no período peri-
ovulatório.

O período fértil inicia-se no 1.º dia em que o muco se torna


filante e transparente, prolongando-se pelo menos 3 dias após a filância
máxima.

Procedimento: Observar, diariamente, o muco cervical, retirando-o da


vagina com dois dedos ou um toalhete de papel.

Interpretação: Na fase não fértil o muco tem pouca elasticidade


quando distendido entre os dois dedos. No período de fertilidade máxima a elasticidade pode atingir os 15 a 20 cm.

Método sintotérmico

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Identificação dos dias férteis e inférteis relacionando os métodos da temperatura basal e do muco cervical (podendo
ser associado outros sinais, como a tensão mamária)

O período fértil inicia-se logo que sejam avaliáveis secreções vaginais, terminando no 4.º dia após a filância máxima
do muco cervical e depois de ultrapassado o 3.º dia de subida da temperatura basal.

Fiabilidade da interpretação:
-Método da temperatura basal - se a mulher tiver alguma doença, como uma constipação ou virose, o padrão
de temperatura corporal altera-se, tornando impossível retomar a linha basal, ou saber se o aumento de
temperatura é devido à ovulação ou à febre. Falibilidade da interpretação

-Método do muco cervical – se existir corrimento devido a infeção cervical ou vaginal pode existir
interpretação incorreta.

Contraceção de emergência (CE)


• Único método que pode ser utilizado após a relação sexual, para prevenir a gravidez.

• Atua primariamente atrasando ou inibindo a ovulação.

• Previne apenas a ocorrência de gravidez resultante de um ato sexual ocorrido nos 5 dias anteriores; não previne a
gravidez que possa resultar de uma relação sexual posterior à toma da CE (mesmo que no dia a seguir).

• Não é efetiva se a mulher já estiver grávida.

Embora a CE possa ser utilizada até 5 dias após uma relação sexual não protegida, a sua toma deve ser efetuada o
mais precocemente possível.

 Método de Yuzpe

8 comprimidos de um COC contendo 30µg de (Etinilestradiol (EE) + 150 µg de levonorgestrel (LNG) (Microginon) em
duas tomas, com intervalo de 12 horas (4+4). 1.ª dose até 5 dias após a relação sexual.

 Método com progestativo

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1 comprimido contendo 1500µg de levonorgestrel (Postinor, Norlevo) em toma única. Até 5 dias após a relação
sexual.

Eficácia: 2 gravidezes em cada 100 mulheres que utilizam o método de Yuzpe 1 gravidez em cada 100 mulheres que
utilizam a CE com progestativo [O risco de gravidez é 4-8 vezes superior quando não se utiliza a CE]

Efeitos colaterais
• Náuseas e Vómitos - habitualmente não ultrapassam 24 horas e são menos frequentes com a CE progestativa.

• Spotting - algumas mulheres têm pequenas perdas de sangue após a CE. A maioria terá período menstrual na data
prevista ou mais cedo.

• Tensão mamária, cefaleias, tonturas e fadiga - desaparecem em 24 horas.

Contraceção durante a amamentação


O intervalo entre as gravidezes é um fator determinante da morbilidade e mortalidade perinatal, infantil e materna,
havendo evidência de que um intervalo inferior a 2 anos tem impacto negativo na saúde das mães e das crianças.

 Lactational Amenorrhoea Method


Condições de sucesso:

• Amamentar nas duas mamas (cerca de 6-10 vezes por dia); e,

• Amamentar pelo menos uma vez durante a noite (intervalo <6horas); e,

• Não substituir mamadas por outros alimentos/líquidos.

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PROMOVER A GRAVIDEZ:
facilitar o engravidar: Aconselhamento pré-concecional…
‘… atividades de promoção da saúde e os cuidados antecipatórios dirigidos para o período antes da conceção,
reconhecidos que são os ganhos em saúde de uma intervenção sistemática e programada nesta fase do ciclo de vida
dos indivíduos.’

‘Realizado como uma atividade conjunta, coordenada e complementar da equipa médico/enfermeiro, o esforço para
transmitir informação pode incrementar a saúde da mulher e da família e o aconselhamento e rastreio pré-
concecional poderá ser benéfico para o feto em diferentes aspetos.’

preparar-se para engravidar:


Aconselhamento pré-concecional…

‘Tendo em conta os riscos biológicos associados à gravidez, os cuidados pré-concecionais, considerados parte
integrante dos cuidados primários em saúde reprodutiva, têm como principal alvo as mulheres em idade fértil.

Contudo, será necessário contemplar, também, a participação dos homens nas questões de saúde sexual e
reprodutiva, não apenas como interlocutores daquelas, mas enquanto verdadeiros parceiros nestes domínios e,
como tal, sujeitos de igual intervenção.’

▪ Evitar gravidezes não planeadas e não desejadas;

▪ Identificar situações que possam comprometer a gravidez;

▪ Ensinar sobre a adoção de comportamentos de saúde que promovam a saúde da mulher e do homem e do
potencial feto;

▪ Orientar para comportamentos que promovam a conceção.

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15% dos casais tem algum grau de infertilidade

Promoção da gravidez
Infertilidade:
A infertilidade é a incapacidade de conseguir uma gravidez depois de um ano de relações sexuais sem contraceção,
por um casal em que a mulher tem menos de 35 anos, ou mais de 6 meses quando a mulher é mais velha.

Esterilidade:
É a incapacidade de se reproduzir, mesmo que tenha relações sexuais desprotegidas por anos.

Preparar-se para engravidar


Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado durante o período pré-concecional.
 Ensinar sobre autocuidado no período pré-concecional

• sobre dieta

• sobre padrão de sono e repouso

• sobre uso de substâncias: álcool | tabaco | cafeína

• sobre medidas de segurança

A adoção de comportamentos de procura de saúde associados à gravidez deve iniciar-se antes do período em
que o desenvolvimento do embrião é crítico (17 a 56 dias após a fecundação).

Muitas mulheres desconhecem que estão grávidas no início do primeiro trimestre, pelo que o embrião fica
exposto às potenciais agressões durante a fase mais vulnerável do seu desenvolvimento – no final da 8.ª semana já
estão determinadas muitas das eventuais malformações.

 Ensinar sobre dieta:

As mulheres que querem engravidar devem de evitar peixes de águas profundas, para evitar os
metais pesados, pois são tóxicos para o desenvolvimento fetal e neurológico.

 Recomendações especificas:

• Ter atenção à ingestão de peixe (metais pesados, ex. mercúrio).


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• Há recomendação de ingerir 4 mg/dia de ácido fólico 2 a 3 meses antes de engravidar
(reduz o risco de o embrião desenvolver defeitos do tubo neural, como por ex. espinha bífida, em 50-
70%). Pode ser encontrado nos alimentos: vegetais verde-escuro, citrinos.

 Ensinar sobre padrão de sono e repouso adequado


A falta de sono e repouso tem efeitos negativos a vários níveis: hormonas, memória, humor, digestão,
alerta, concentração, função imunitária e reparação celular.

 Ensinar sobre padrão de sono e repouso adequado

A leptina (do grego leptos = magro) é uma


proteína secretada pelos adipócitos e que age
no sistema nervoso central (SNC) promovendo
menor ingestão alimentar e aumentando o
metabolismo energético. Aumenta a produção
à noite. Estimula a ovulação.

 Ensinar sobre padrão de sono e repouso adequado

Em média, uma mulher entre os 30-60 anos dorme 6 horas durante a semana quando necessitaria de 7 a 9 horas.

Sugestões para melhorar hábitos de sono:

• Criar uma rotina para dormir e mantê-la;

• Evitar trabalhar ou usar computador 1 hora antes de dormir;

• Evitar ingerir bebidas com cafeína a partir da tarde (17h);

• Beber um chá morno e calmante antes de dormir;

• Não ver televisão no quarto.

 Ensinar sobre uso de substâncias: álcool

▪ diminui a capacidade de engravidar;

▪ está associada a ↑ do risco de aborto;

▪ a ingestão de mais de 2 copos/dia durante a gravidez está associada a efeitos a longo prazo na criança,
nomeadamente atraso mental, problemas de comportamento, dificuldades na aprendizagem e defeitos faciais e
cardíacos. (ACOG, 2010)

Ainda não se conhece a partir de que quantidade tem efeitos tóxicos...

 Ensinar sobre uso de substâncias: tabaco

▪ O fumo do tabaco diminui a fertilidade, tanto na mulher como no homem – existe associação entre o consumo de
tabaco e a redução da quantidade e da qualidade dos espermatozoides e dos ovócitos;

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▪ Está associada a aborto, sangramento vaginal, a gravidez ectópica;

▪ Devido à diminuição da perfusão placentar, os recém-nascidos são de baixo peso;

• Ensinar sobre uso de substâncias: tabaco ▪ Após o nascimento, a criança tem maior probabilidade para ter
problemas mentais e comportamentais

 Ensinar sobre uso de substâncias: cafeína

As mulheres que ingerem mais do que 250/300 mg de cafeína diariamente têm mais dificuldade em engravidar,
maior risco de aborto e ligeira diminuição do peso ao nascer (Gaskin et al. 2016, Wesselink et al. 2016).

Nos homens, a cafeína de bebidas como a cola está relacionado com infertilidade (Ricci et al. 2017).

 Ensinar sobre medidas de segurança

[fatores de risco ambientais (em casa e/ou no local do trabalho) capazes de interferir no desenvolvimento fetal]

• Solventes orgânicos;

• Pesticidas;

• Monómeros de vinil utilizados no fabrico de plásticos;

• Metais pesados como o mercúrio e o chumbo. Na gravidez que decorre na presença de altas concentrações de
metais pesados tem maior risco de abortamento, malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento
prematuro.

[A exposição ao chumbo, por exemplo, aumenta o risco de: aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer, atrasos
do desenvolvimento, do comportamento e da aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso, e
malformações congénitas (pode estar presente na água pela corrosão dos tubos que a transporta/contaminação, em
pilhas, tintas, etc.]

▪ Aconselhar a afastar-se ou diminuir o contato com estas substâncias (eliminadas lentamente pelo organismo)

▪ Aconselhar a ingerir antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco (estudos indicam que protegem o organismo
contra os efeitos maléficos dos metais pesados)

▪ Lavar (e descascar) os alimentos antes de os ingerir (para remover os produtos químicos agrícolas

 Ensinar sobre fertilidade: período fértil

Um em cada dois casais pode estar a tentar a conceção nos dias errados do ciclo da mulher. (Estudo GfK Roper, 2005)

Na maioria dos casais saudáveis, a mulher engravida depois de tentar engravidar ao longo de um ano. (National
Institute for Clinical Excellence, 2005)

Taxa de fertilidade: 1,53 crianças/mulher (2019)

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Aula 2

GRAVIDEZ & DESENVOLVIMENTO FETAL

Conceitos usados em obstetrícia


Gesta: número de gestações.

Gestante: mulher portadora de feto vivo;

Nuligesta: mulher que nunca esteve grávida;

Primigesta: mulher que está grávida pela primeira vez.

Para (paridade): número de partos. (partos vaginais)

Primípara: mulher com primeiro parto vaginal;

Multípara: mulher que teve mais do que um parto vaginal.

Termo: gravidez desde o fim das 37 semanas até às 42 semanas. (duração da gravidez)

Pré-termo: gravidez que atingiu as 20/22 semanas, mas não completou as 37 semanas; (antes do tempo)

Pós-termo: gravidez que ultrapassou as 42 semanas.

Viabilidade: capacidade do feto viver fora do útero materno – desde as 22 a 24 semanas ou peso superior a 500 gr.
(refere-se ao feto e é a capacidade do feto viver/sobreviver fora do útero da mãe)

Combur: exame químico á urina que vê se a pessoa tem uma infeção urinária.

Abortamento: gravidez interrompida espontaneamente ou artificialmente até às 20/22 semanas

Parto: tudo o que é considerado depois das 22/24 semanas

28
 Gravidez(processo)

▪Condição de desenvolver e alimentar um feto no corpo.

▪Corresponde ao período entre a conceção e o trabalho de parto.

▪O início da gravidez é indicado pela cessação dos períodos menstruais.

▪Tem a duração de aproximadamente 40 semanas (1)

(1) Tem duração de 266/280 dias (40 semanas) | 9 meses do Gravidez ▪Condição de desenvolver e alimentar um
feto no corpo. ▪Corresponde ao período entre a conceção e o trabalho de parto. ▪O início da gravidez é
indicado pela cessação dos períodos menstruais. ▪Tem a duração de aproximadamente 40 semanas (1).
(CIPE® 2017) calendário | 10 meses lunares (cada mês lunar=28 dias)
 Periodo pré-natal(período)

Intervalo de tempo que vai desde a fecundação até ao parto

 Período pós-parto

Período que vai depois do parto até um ano

A gravidez organiza-se em 3 trimestres…

o embrião passa a feto por volta das 10


semanas, onde o coração começa a bater, perde
a cauda e começa a ter um aspeto mais
humano e começa -se a diferenciar (começa a
ter o que vai dar origem aos pés, pernas,
braços)

O período embrionário é o mais difícil.

Gravidez: diagnóstico da gravidez


Gonadotrofina coriónica humana (HCG) – marcador biológico mais
precocebeta hcg- é a mensageira da gravidez para o restante corpo e
células

Os testes de gravidez baseiam-se na pesquisa da sua subunidade beta (β),


cuja produção tem início com a nidação, podendo ser detetada 7-10 dias
após a conceção.

Atinge o pico entre os 60-70 dias de gestação, após o que começa a


diminuir.

• Níveis + elevados do que o normal pode indicar gravidez ectópica,


gravidez múltipla, etc.;

• A evolução + lenta ou diminuição fora de tempo pode indicar um


abortamento iminente.

Durante a gravidez, a mulher cria um órgão extra: a placenta.

29
As mulheres durante toda a gravidez aceita um corpo estranho dentro de si, recebe-o, alimenta-o e o seu próprio
corpo protege a espécie e garante a sobrevivência da espécie.

Progesterona e Estrogénio: são responsáveis pela manutenção da gravidez e fazem com que o corpo da mulher tenha
o perfil hormonal para o crescimento e desenvolvimento do feto e para o corpo da mulher alterar-se para receber a
criança.

Gravidez: Sentir-se
grávida

Gravidez e
Desenvolvimento fetal:

Gravidez: Efeitos Colaterais


sonolência, sensibilidade mamária e vontade de ir á casa de banho- principais sintomas

 Sistema Reprodutor e mamas

Mamas:

• ↑ progressivamente de volume, proliferam os canais galactóforos e dos alvéolos mamários

• as mamas ficam túrgidas, sensíveis, mais dolorosas e pesadas;

• os mamilos e as aréolas tornam-se mais pigmentados;

• hipertrofia das glândulas sebáceas – tubérculos de Montgomery – [protegem o mamilo mantendo-os


lubrificados garantem a acidez da pele em torno do mamilo];

• o aumento da irrigação sanguínea => dilatação dos vasos sob a pele, tornando a rede venosa + visível.

As sensibilidades das mamas e o seu volume aumentam e é dos primeiros sintomas da gravidez; a pigmentação
também aumenta (principalmente da aureola e mamilo); aumenta a vascularização e irrigação.
30
Útero:

--forma

• ↑ tamanho: peso, comprimento, largura, espessura e capacidade

1.º trimestre => estrogénios e progesterona; 3.º trimestre => crescimento fetal

↑ atividade contráctil: contrações de Braxton Hicks: irregulares, indolores, intermitentes, que Favorecem o fluxo
sanguíneo nos espaços intervilositários da placenta => aporte de O2 ao feto

cólicas: contração do útero que ajudam para a preparação do parto

Vagina e vulva

• Aumento da espessura da mucosa; • Relaxamento do tecido conjuntivo;

• Hipertrofia do músculo liso; • Aumento do comprimento da abóboda vaginal.

Observa-se o aparecimento de um fluido abundante, esbranquiçado e mucoso resultante da descamação de


células epiteliais vaginais, provocada pela hiperplasia => Leucorreia [corrimento vaginal esbranquiçado, com
ligeiro odor a mofo]

aumento da vascularização da vagina; o tampão mucoso é formado pelo corrimento da leucorreia; e que protege
o feto das bactérias ETC exteriores; Quando tampão/rolhão mucoso sai quer dizer que o parto está perto.

 Sistema cardiovascular

• Tamanho do coração: ↑ 12% | Capacidade cardíaca: ↑ 70-80 ml

• Volume ↑ 1500 ml (1000 ml de plasma e 500 ml de eritrócitos) – começa a ↑ entre a partir da 6.ª semana, com
pico entre a 20.ª e a 24.ª semana, mantendo-se assim até ao final da gravidez.

• satisfazer as necessidades do sistema vascular do útero;

• assegurar a hidratação adequada dos tecidos da mãe e do feto;

• proporcionar uma reserva de líquidos para reposição das perdas sanguíneas aquando do parto.

Composição do sangue

• Produção acelerada de eritrócitos, aumentando 20 a 30% (a percentagem de aumento é influenciada pelas reservas
de ferro).

• Uma vez que o aumento do volume plasmático é superior ao dos eritrócitos => verifica-se uma diminuição dos
valores normais de hemoglobina* e do hematócrito** => hemodiluição

Anemia fisiológica

Se:

- Os valores de hemoglobina <10g/dl

e/ou
Edemas – as pernas ficam inchadas
-Do hematócrito <35%
Varizes (pernas e vulva) 31
É ANEMIA
Hemorroides (varizes no ânus)
Valores normais: 12 a 16 g/dl; valores normais: 37-47%
• A compressão das veias ilíacas e da veia cava inferior pelo útero provoca um aumento da pressão venosa e a
diminuição retorno venoso nos membros inferiores.

• Entre as 14 e as 20 semanas de gestação, o pulso ↑ 10-15 pulsações/ minuto, mantendo-se assim até ao final da
gravidez.

• Pressão sanguínea => ↓ na primeira metade da gravidez (5 a 10 mmHg), depois normaliza.

O valor varia em função da posição da grávida durante a avaliação:

- é mais elevada em posição sentada;

- é intermédia em posição dorsal;

- é mais baixa em posição lateral

Pré-eclampsia:

A pré-eclampsia é uma complicação da gravidez, habitualmente na segunda metade da gestação, isto é, a partir das
20 semanas, ou pouco tempo após o parto - embora seja pouco comum, há situações em que a pré-eclampsia
aparece pela primeira vez nas quatro semanas seguintes ao nascimento do bebé (neste caso, é denominada pré-
eclampsia pós-parto).

A pré-eclampsia consiste num quadro clínico em que se verifica níveis de pressão arterial elevados (hipertensão)
associados à presença de proteínas na urina.

A pré-eclampsia pode ter vários graus de gravidade e afetar vários órgãos do corpo, incluindo o fígado, os rins e o
cérebro. Estima-se que entre 6 a 10% de todas as gravidezes sofram com esta patologia, que é considerada a
principal causa de mortalidade pré-natal.

Para prevenir complicações para a mãe e para o bebé, é importante que as grávidas a quem foi diagnosticada pré-
eclampsia sejam vigiadas e tratadas.

Sintomas: Dor de cabeça forte; Problemas de visão, como visão desfocada, pontos escuros na visão, perda
temporária de visão, sensibilidade à luz e flashes de luz; Vómitos ou náuseas; Dor imediatamente abaixo das costelas,
habitualmente do lado direito; Inchaço súbito do rosto, mãos, tornozelos ou pés; Falta de ar; Aumento repentino do
peso.

Sistema respiratório
• O diâmetro transverso da caixa torácica ↑ 2 cm e o perímetro ↑ 6 cm;

• Com a evolução da gravidez, a respiração passa de abdominal a torácica.

• FR ↑

• Por efeito do estrogénio, as vias aéreas superiores apresentam um aumento da vascularização => congestão, que
consiste na obstrução nasal, epistaxes (sangramento do nariz), alteração da voz.

A respiração passa a ser mais torácica, mais difícil, e a necessidade de obter oxigénio é maior, porque tem mais locais
para chegar.

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Sistema urinário
• pressão exercida pelo ↑ de volume do útero => ↑ frequência urinária

• ↑ do volume sanguíneo

↑ suscetibilidade à infeção urinária,


por causa do aumento da
quantidade de urina residual

… melhora em decúbito lateral: ↑ a perfusão renal => ↑ débito urinário e ↓ edemas

…piora com o decúbito dorsal: o útero comprime a veia cava e a aorta => ↓ débito cardíaco

Sistema gastrointestinal
Estrogénio => ↓ da secreção do ácido gástrico

Progesterona => ↓ do tónus e da motilidade dos músculos lisos

Sistema musculo- esquelético


• Alteração no centro de gravidade para manter o equilíbrio, há uma tentativa de compensação da curvatura da
região cervico-dorsal => acentua a flexão anterior da cabeça

A curvatura lombo-sagrada acentua-se (lordose), resultando em dorsalgias (dor nas costas) e dor e adormecimento
das extremidades superiores devido à inclinação dos ombros e do tórax para a frente.

• As articulações relaxam por ação da relaxina Sistema músculo-esquelético, que levam ao ↑ mobilidade e
flexibilidade das articulações sacroilíaca, sacrococcígea e púbica

Diástase: afastamento dos músculos retos abdominais durante a gravidez; reverte até 8-12 sem pós-parto.

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Sistema tegumentar
Hiper pigmentação => melanotropina (segregada pela adeno-hipófise) => Escurecimento do mamilo, aréolas, axilas,
vulva (a partir da 16.ª semana).

Cloasma – Hiper pigmentação acastanhada da pele que recobre as proeminências malares, nariz e fronte (50-70%
das grávidas);

Linha negra – pigmentação mediana que se estende desde a sínfise púbica até ao fundo do útero;

Estrias gravídicas – refletem separações das fibras de tecido conjuntivo (colagénio) nas camadas inferiores da pele;
pode produzir prurido; tem carácter hereditário; têm coloração variada (50-90% das grávidas)

Desenvolvimento fetal
Crescimento de um feto no útero da mulher até ao momento do parto.

Feto: das 9/12 semanas até ao final da gravidez

Embrião: da conceção às 9/12 semanas

Estruturas básicas para o desenvolvimento fetal adequado:


Membranas amnióticas e líquido amniótico

Funções:

•Ajuda a manter a temperatura corporal fetal constante;

•Fonte de líquido para ingestão oral e como reservatório de excreções;

•Amortece os traumatismos;

•Permite liberdade de movimentos para o desenvolvimento músculo-esquelético fetal.

O feto urina para o líquido amniótico, o que faz aumentar o seu volume.

O volume de líquido amniótico (LA) é um indicador ecográfico importante para a avaliação do bem-estar fetal - no
final da gravidez: 800-1200 ml.

Cordão umbilical: 2 artérias e 1 veia o tecido conjuntivo que envolve os vasos – geleia de Wharton – evita a sua
compressão

▪comprimento: entre 30-90 cm (média 55 cm) e 2 cm de diâmetro;

O tecido conjuntivo que envolve os vasos – geleia de Wharton – evita a sua compressão.

Transportam o sangue do feto para a placenta (Sangue venoso)

Transporta o sangue para o feto (Sangue arterial)

Placenta

34
Atua como uma glândula endócrina, que produz as hormonas necessárias à manutenção da gravidez.

Desenvolvimento fetal: a primeira semana

Semana 5: A zona que dará origem ao cérebro e tubo neural começa a desenvolver-se. O coração diferencia-se em
quatro camaras.

Semana 6: O coração e os principais vasos começam a desenvolver-se. Já é visível na ecografia o batimento cardíaco.
Os braços e pernas começam a formar-se. Começam a diferenciar-se as estruturas que darão origem aos olhos

Semana 7/8: Os braços e as pernas começam a distinguir-se. Identificam-se os olhos e ouvidos. Os músculos e o
esqueleto desenvolvem-se.

Semana 10: Desenvolve-se a cara e o pescoço. A maioria dos órgãos estão formados. O esqueleto está formado. Os
músculos continuam a desenvolver-se. Os dedos das mãos e pés estão completamente formados. Os batimentos
cardíacos já são audíveis com Doppler. Os movimentos respiratórios são visíveis na ecografia.

Semana 12: O feto começa a deglutir, o rim começa a produzir urina e o sangue começa a formar-se na medula
óssea. Já mexe o corpo todo e muda de posição. O sexo da criança pode ser claramente identificado
ecograficamente.

35
36
37
Semana 14/16: A cabeça está ereta e os braços e pernas desenvolvidos. A pele parece transparente. Uma fina
camada de penugem começa a crescer na cabeça. Os movimentos tornam-se mais coordenados.

Semana 16/18: Os dedos conseguem agarrar. Já se mexe com vigor apesar da mulher ainda não conseguir sentir os
movimentos. A placenta está completamente formada.

Semana 18/20: Os órgãos e estruturas estão formados e o período de crescimento começa. A pele está coberta de
vernix (substância gorda produzida pelas glândulas sebáceas, que protege a pele). Iniciam-se os movimentos
respiratórios, mas o pulmão ainda não permite a sobrevivência extrauterina. Nesta fase a mãe já sente os
movimentos do feto.

Semana 22/24: O feto consegue ouvir e reage ao som; consegue distinguir o paladar. O feto começa a ganhar peso
pela acumulação da primeira camada de gordura sob a pele. As mudanças no desenvolvimento pulmonar permitem a
sobrevivência, com sequelas e em cuidados intensivos.

Semana 24/26: O feto reage aos estímulos sonoros internos e externos. Os movimentos tornam-se mais vigorosos.
Os pulmões continuam a desenvolver-se. Já dorme e acorda. Pele mais rosada e coberta de penugem. Nesta altura, 8
em 10 crianças já consegue sobreviver fora do útero materno (com cuidados intensivos).

Semana 26/28: Quando tem os olhos abertos já consegue perceber a luz. Os padrões de ondas cerebrais são
sobreponíveis ao de um recém-nascido.

Semana 28/30: O pulmão fetal tem capacidade para respirar, apesar de necessitar de medicação para isso. Consegue
abrir e fechar os olhos, sugar, chorar e responder aos ruídos. Respiração regular e temperatura corporal são
controlados pelo sistema nervoso central.

Semana 32/34: Os olhos estão abertos quando está acordado e fechados quando está a dormir. Os alvéolos já
contêm surfactante suficiente para uma boa probabilidade de sobrevivência.

Semana >34/36: Já consegue virar e levantar a cabeça. Já consegue agarrar com firmeza. Feto de termo (desde as 37
semanas) e preparado para nascer

Aula 3

GRAVIDEZ

Gravidez: Vigilância da gravidez


Objetivos:

▪ Identificar precocemente sinais de complicações;

▪ Identificar precocemente os fatores de risco;

▪ Avaliar o desenvolvimento fetal.

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Rastreio. identificação nas pessoas a probabilidade de ter uma doença

devemos de ter em atenção a hemoglobina

Esquema de vigilância:

1ª Consulta

▪ Confirmação do diagnóstico da gravidez;

▪ Verificar se já tem o Boletim de Saúde da Grávida e se sabe a sua utilidade;

▪ Verificar / consultar os já registados;

▪ Verificar cumprimento do esquema de vacinação

Boletim de Saúde da Grávida é o registo individualizado das informações sobre a gravidez: é um ‘pequeno’ livro
verde, destinado a registar todos os dados relativos à saúde da grávida e do feto

Atividades de vigilância: [* Atividades que carecem de verificação pelo EESMO/médico]

1. Recolha de dados gerais

• Dados demográficos: idade | morada | …

• História atual: peso pré-gravídico (IMC) | grupo sanguíneo e fator RH | medicação em uso | alergias | imunização |
doenças | doenças na família

• História ocupacional: profissão | escolaridade | riscos para a saúde | situação financeira/profissional | padrão de
atividade física
39
• História ginecológica: contraceção | interação sexual (libido, dispareunia,)

• História obstétrica: abortos (espontâneos/terapêuticos) | partos (termo/pré-termo) | lugar onde ocorreu o parto |
tipo de parto | duração do trabalho de parto | complicações do parto/recém-nascido/puerpério | idade dos filhos

• Índice obstétrico

•História do pai da criança: idade | condição de saúde | hábitos | grupo de sangue e fator RH | ocupação | doenças
na família | atitude face à gravidez/filho

•Estilo de vida: medicação | hábitos – tabaco, álcool, cafeína, outros | exposição a riscos ambientais

•Gravidez atual: gravidez desejada/planeada | DUM | DPP

2. Determinar idade gestacional (IG)*

3. Determinar data provável do parto (DPP)*

4. Avaliar saúde mental*

5. Exame físico geral*

efeitos colaterais da gravidez a valorizar no exame físico geral

6. Pesar a grávida

▪Na 1.ª consulta: avaliação do estado nutricional através da medida inicial de peso/altura [calcular o Índice de Massa
Corporal (IMC)] – medida de referência para comparar os valores obtidos durante a gravidez; As medidas
antropométricas proporcionam informação a curto e a longo prazo sobre o estado nutricional da mulher. A altura e o
peso devem ser determinados na primeira consulta pré-natal.

Pesar a grávida: com o mínimo de roupa possível, em pé sobre a balança – colocada a zero.

▪Registar no BSG.

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7. Avaliar tensão arterial

A hipertensão ocorre em 5-10% das grávidas, sendo considerada a 3.ª principal causa de mortalidade materna, sendo
responsável por 16% das mortes durante a gravidez.

Hipertensão durante a gravidez  Tensão arterial (TA) sistólica superior a 140 mmHg ou uma diastólica superior a 90
mmHg, verificada em pelo menos duas ocasiões, com pelo menos quatro horas de intervalo e na mesma semana.

- Critérios de diagnóstico: TA sistólica ≥ 140mmHg e/ou TA diastólica ≥ 90mmHg


(são indicadores que nos fazem suspeitar de hipertensão cronica até as 20 semanas e depois das 20 semanas pré-eclâmpsia)

- Objetivo: detetar precocemente situação de hipertensão que se constituam em risco materno e perinatal.

8. Avaliar edema

- Objetivo: detetar precocemente a presença, localização e características do edema.

▪ Edema ausente (-)

▪Edema do tornozelo (+) [sem hipertensão ou aumento súbito de peso] => Verificar se é posicional,
associado ao final do dia, à temperatura corporal/ambiental ou devido ao tipo de calçado.

▪Edema generalizado (++): face, tronco e membros; pode manifestar-se ao acordar, podendo ser
acompanhado, ou não, de hipertensão ou aumento súbito de peso => sinal de alerta!

9. Avaliar características da urina

- Objetivo: detetar precocemente a presença de proteínas, leucócitos, corpos cetónicos ou sangue e densidade e pH.

Exame da urina com fita reagente (“Combur”)

Procedimento:

▪ Orientar a grávida para a recolha da urina

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• Realizar uma limpeza cuidada da região geniturinária, no sentido ântero-posterior;

• Recolher amostra de urina (preferencialmente da 1.ª urina da manhã);

• Utilizar recipiente de urina limpo, selado e descartável;

• Recolher jato de urina para o copo, sem tocar na mucosa geniturinária (diminuir a probabilidade de
contaminação da amostra com leucorreia).

Proceder ao teste

• O mergulhar a tira na urina e retirá-la de seguida; pousar a tira num local plano.

• esperar de acordo com o tempo recomendado pelas fitas específicas (60-120 segundos) • colocar a
tira ao lado do frasco, para comparar as cores dos quadrados do frasco com as da tira.

• avaliar: densidade e pH [pH da urina: 5,8-7; infeção => >7,5]; leucócitos (a sua ausência é bom por
ser sinal de ausência de infeções, nitritos, proteínas, • glicose, corpos cetónicos, sangue(presença de
albumina não é normal).

O exame químico da urina deve ser realizado imediatamente após a colheita de urina - o tempo de intervalo máximo
entre a colheita da amostra de urina e a realização teste é 2 horas; se não for possível, a amostra deve ser
conservada em local fresco (+ 4. °C) e escuro. A amostra de urina deve estar à temperatura ambiente aquando da
realização do teste.

Registo: Negativo (-) | Vestígios (vest) | + | ++ | +++ | ++++

Critérios de normalidade:

- Glicosúria (Discutível): É considerada normal durante a gravidez (até ++).

- Cetonúria: É sempre considerado sinal de alerta.

- Proteinúria: É considerado um achado anormal durante a gravidez; Vestígios ou + é considerado aceitável.

- Leucocitúria: Averiguar se ocorreu contaminação da amostra com leucorreia; Pode indiciar ITU, se associado
a outras alterações da eliminação urinária: pH alcalino; hematúria micro ou macroscópica; presença de nitritos;
disúria.

(é realizado em todas as consultas durante a gravidez e avalia o pH que deve de ser ácido)

Suplementação Durante a Gravidez:

 Acido Fólico
- Deve ser iniciada o mais precocemente possível a toma de 400µg/dia

- As grávidas com filho anterior com defeito do tubo neural ou com mais história familiar desta situação devem
realizar diariamente uma dose superior(5mg/dia). Esta dose está também indicada em mulheres com doenças ou sob
terapias associadas a diminuição biodisponibilidade de acido fólico

- A suplementação com ácido fólico deve iniciar-se pelo menos dois meses antes da data de interrupção do método
contracetivo (400 μg/dia) e durante as 12 primeiras semanas de gestação, devido à rápida divisão celular no feto, do
aumento da filtração glomerular da grávida e pelo facto do tubo neural fechar no primeiro mês de gestação.

 Iodo
- deve ser iniciada o mais precocemente possível a toma de iodeto de potássio-150μg/dia, desde que não existam
contraindicações para o fazerem.
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- As mulheres em preconceção, grávidas ou a amamentar devem receber um suplemento diário de iodo sob a forma
de iodeto de potássio – 150 a 200 μg/dia, desde o período pré concecional, durante toda a gravidez e enquanto
durar o aleitamento materno exclusivo. Ingestão adequada de iodo - tanto através da inclusão de alimentos que são
fontes de iodo, como através da suplementação - necessária para completar as necessidades da grávida, para a
maturação do sistema nervoso central do feto e para o seu adequado desenvolvimento.

- Nas mulheres com patologia da tiroide está contraindicada esta suplementação.

 Ferro
- Deve ser iniciada a suplementação com 30-60mg/dia de ferro suplementar, na ausência de contraindicações

- A suplementação e a dose diária a realizar devem ser individualizadas tendo em conta a situação clínica,
nomeadamente se existir hemoconcentração materna ou efeitos secundários significativos.

- O objetivo é reduzir os riscos de anemia materna e de baixo peso à nascença.

 Vacinação
- A vacinação durante a gravidez pode estar indicada se:

• houver um risco elevado de infeção

• a doença implicar um risco significativo para a mãe e/ou para o feto

• o risco de reações adversas à vacinação for aceitável

- Vacinas passiveis de serem administradas durante a gravidez: Tétano, Diferia, Hepatite B e Gripe sazonal

- Deverá ser considerada a possibilidade de adiar a vacinação para o segundo ou terceiro trimestre.

GRAVIDEZ: Promover o autocuidado durante a gravidez


Potencial para melhorar o conhecimento/capacidade…
• sobre gravidez • sobre desenvolvimento fetal • sobre leis e regulamentos • sobre autocuidado durante a gravidez •
higiene • padrão de sono/repouso • medidas de segurança • padrão alimentar • exercício • uso de substâncias •
sobre interação sexual • para executar exercícios pélvicos • sobre autovigilância • sobre complicações (especificar) •
sobre exame (especificar) • sobre autogestão dos efeitos colaterais da gravidez (especificar)

Promover o Autocuidado
Gravidez: direitos e deveres
• Grávida: Dispensa do trabalho para
consultas pré-natais e para a preparação
para o parto, pelo tempo e número de
vezes necessários.

• Pai durante a gravidez: Direito do pai a


três dispensas do trabalho para
acompanhamento a consultas pré-natais.

43
LICENÇA PARA AMAMENTAÇÃO/ALEITAÇÃO
•Dispensa diária do trabalho por dois períodos distintos com a duração máxima de uma hora cada um (não podendo
ser inferior a 30 minutos), sem perda de remuneração ou de quaisquer regalias, durante todo o tempo que durar a
amamentação.

• No caso da aleitação, a mãe ou o pai trabalhadores têm direito, por decisão conjunta, à dispensa do trabalho por
dois períodos distintos com a duração máxima de uma hora cada um, sem perda de remuneração ou de quaisquer
direitos, até a criança perfazer um ano

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Higiene


Ensinar sobre mudanças inerentes à gravidez Explicar sumariamente o efeito da gravidez no corpo ajuda a grávida
a compreender melhor as mudanças que estão a ocorrer e justifica a necessidade de alteração dos hábitos de higiene
• Explicar o porquê do aumento da suscetibilidade à infeção (↓ da resposta imune).

• Explicar o porquê do ↑ sudorese: as glândulas sudoríparas estão extremamente ativas por influência
hormonal => transpiração.

44
• Explicar o porquê da leucorreia: ↑ da produção de muco cervical por ↑ da vascularização e descamação
das células cervicais.

Ensinar sobre hábitos de higiene adequados

• Evitar roupa interior apertada na zona pélvica (confortável). (preferencialmente algodão)

• Usar roupa interior de algodão - sem comprimir a cintura nem as virilhas para não dificultar a circulação
dos membros inferiores.

• Lavagem da zona perineal, em movimentos ântero-posteriores (prevenir contaminação) e produto de


higiene ligeiramente ácido (evitar produtos constituídos por corantes e perfumes). Trocar penso diário de 4/4h ou
sempre que necessário. (pH da pele é 5.5)

• Instruir higiene dentária adequada, usando um dentífrico rico em flúor [ação tópica – inibe a
desmineralização do esmalte e a atividade bacteriana; não é recomendada suplementação].

• Reforçar a necessidade de lavagem das mãos.

(Leucorreia e sudorese aumentam na gravidez, proporcionando mais infeções urinárias e bocais)

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Arranjar-se


 Ensinar sobre cuidados à pele

-Informar sobre pintar o cabelo

A limitada evidência existente sugere que é seguro pintar o cabelo durante a gravidez, preferencialmente a partir do
2.º trimestre.

Preferir técnicas que não atinjam o couro cabeludo para diminuir a probabilidade de absorção.

Ter atenção aos constituintes químicos, mesmo que diga ‘natural’ (ex. resorcina, metais pesados como por exemplo o
chumbo ou hidroquinona).

Se pintar o cabelo em casa – usar luvas e escolher um espaço bem ventilado.

-Informar sobre produtos de beleza/cosméticos

Aplicar diariamente creme hidratante (emoliente) e adotar uma ingestão hídrica adequada.

Ter muita atenção aos produtos que podem ser absorvidos pela pele. Evitar retinoides (altas doses de vitamina A =>
defeitos teratogénicos). Evitar ácido salicílico (existentes em vários produtos). Os cremes hidratantes não podem
conter ureia acima de 3%. Evitar produtos com soja (têm efeitos estrogénicos => agrava o cloasma).

O uso de protetores solares é seguro.

 Informar sobre limpeza de pele Seguro durante a gravidez: A pele pode estar mais sensível. Informar sobre
[manicure]/[pedicure] Seguro durante a gravidez. Importante decorrer em ambiente com boa ventilação. A
exposição crónica a solventes é prejudicial (ex. acetona). Equipamentos esterilizados.
 Informar sobre excesso de pelos corporais: A depilação a cera é segura durante a gravidez. Evitar uso de
cremes epilatórios pois podem ser absorvidos pela pele e desconhece-se o efeito no desenvolvimento fetal.
Evitar lesões da pele durante a depilação.
 Informar sobre maquilhagem: Seguro durante a gravidez. Evitar produtos com: ácido retinoide (vitamina A)
ou ácido salicílico por terem propriedades coagulantes

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Vestuário

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 Ensinar sobre tensão e sensibilidade mamária

- Explicar o porquê da tensão e sensibilidade mamária: depósito de gordura por ação do estrogénio e
desenvolvimento dos sistemas de ductos, dos lóbulos, proliferação e secreção dos alvéolos e tumefação mamária por
ação da progesterona; a hipersensibilidade tende a diminuir após o 1.º trimestre, mas o volume (peso) mantém-se
ou aumenta.

 Ensinar sobre vestuário/calçado

Preferir roupa larga e confortável.

Evitar roupa constritiva – soutiens, cintos apertados, calças elásticas, meias até ao joelho. Preferir roupa que se
adapte às alterações específicas do corpo da grávida, sobretudo em relação às formas das mamas, abdómen e
ancas. Preferir roupa que permita uma adequada transpiração e liberdade de movimentos.

Preferir calçado confortável e que proporcione boa estabilidade: facilitando uma postura correta e fornecendo
boa base de equilíbrio (tacões – 3 a 5 cm).

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Sono/repouso

 Ensinar padrão adequado de sono e repouso

O sono e repouso são necessários para dar resposta às necessidades metabólicas desencadeadas pelo crescimento
dos tecidos maternos e fetais; apesar de alguns sintomas de fadiga não poderem ser prevenidos, podem ser
minimizados se a grávida conseguir descansar 8 horas ininterruptas de sono por dia, mais uma sesta; pode precisar
gerir as prioridades e diminuir alguns dos compromissos para obter o repouso necessário.

 Aconselhar estratégias promotoras do sono

Preferir a posição de decúbito lateral esquerdo.

Diminuir a ingestão de líquidos meia hora antes de ir para a cama (diminui a frequência de micções noturnas).

Evitar alimentos e líquidos contendo cafeína (a cafeína é um estimulante do sistema nervoso central); beber um leite
morno (o L-Tryptophan contido no leite pode ter um efeito sedativo); e/ou ingerir um lanche ligeiro ao deitar (pode
prevenir o acordar precoce com fome).

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Medidas de segurança


 Ensinar medidas de segurança: automóvel

Aconselhar o uso o cinto de segurança. Sempre. Instruir uso adequado do cinto de segurança.

Em caso de acidente rodoviário, independentemente do grau de gravidade, recomendar o recorrer ao hospital


para vigilância do bem-estar materno e fetal.

As grávidas que planeiam viagens longas, devem programar os períodos de atividade e de repouso (parar e
caminhar de 1/1 hora).

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: produtos químicos


Ensinar sobre medidas de segurança: produtos químicos

46
• Recomendar o uso de usar luvas e, se necessário, máscara quando usar produtos químicos de limpeza da casa (ex.
limpar o pó, chão, etc.)

• Não lidar com produtos tóxicos (inseticidas, pesticidas, solventes, etc.)

Ensinar sobre medidas de segurança: risco de infeção alimentar [Toxoplasmose | Listeriose | Salmonelose |
Brucelose]

De acordo com a situação da grávida, pode ser aconselhado:

• Evitar o contacto com todas as áreas que possam estar contaminadas com fezes de gato; limpar diariamente a caixa
de areia dos gatos e usar luvas; usar água a ferver para desinfetar os objetos dos gatos.

• A carne deve ser cuidadosamente cozinhada para destruir possíveis parasitas. • Lavar sempre a louça e os utensílios
de cozinha após a refeição.

• Lavar todos os alimentos crus (vegetais e fruta).

• Evitar produtos lácteos não pasteurizados.

• Usar luvas ao fazer jardinagem.

• Lavar minuciosamente as mãos e evitar levar aos olhos ou à boca quando se manipula carne crua ou produtos não
lavado

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: Alimentação


Ensinar sobre padrão alimentar (alimentação e hidratação adequadas);

É necessário a ingestão de calorias e de nutrientes suficientes para o ótimo crescimento e desenvolvimento fetais e a
manutenção do estado nutricional adequado da mãe.

Incluir na alimentação fruta e vegetais frescos; proteína, como carnes magras, peixes, feijões e lentilhas; aumentar
consumo de fibras, o que pode ser encontrado no pão integral e frutas e vegetais

Evitar alimentos que possam por o feto em risco:

• queijos moles, como Camembert e Brie; paté (incluindo patés vegetais);

• fígado e produtos derivados => contém doses elevadas de vitamina A – 10 000 a 38 000mg/100g, e a DDR é de 700
microgramas;

• refeições pré-preparadas, cozinhadas ou não;

• carne curada, como salame, enchidos ou crua; mariscos crus, como ostras; ovos crus ou alimentos que os
contenham (ex. maionese);

• peixe contendo níveis relativamente altos de metilmercúrio, tais como tubarão, peixe-espada, que podem afetar o
sistema nervoso do feto.

Limitar a ingestão de cafeína e beber 2 litros de líquidos (8-10 copos/dia), para assegurar adequada hidratação
hídrica e um débito urinário correspondente. pH da água: alcalino

[pH sangue: 7,365; se 7,8 => compromisso no funcionamento celular]

Ensinar sobre aumento esperado de peso

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O aumento de peso esperado depende do peso inicial e do momento da gravidez.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: exercício físico


Atividade física: qualquer movimento corporal voluntário produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em
gasto energético maior do que o gasto em repouso, incluindo diversas atividades, como trabalho, locomoção,
afazeres domésticos, atividades recreativas e o exercício

Exercício físico: é caracterizado como toda atividade física estruturada, planeada e repetitiva que tem por objetivo a
melhoria da saúde e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física, sendo uma subcategoria da
atividade física.

Ambos influenciam a gestação | desfechos materno-fetais, e são fatores potencialmente modificáveis.

Benefícios do exercício físico:

• prevenção de diabetes gestacional (ACOG Committee Obstetric Practice, 2002)

• efeito protetor para a pré-eclâmpsia (Meher & Duley, 2006 - Cochrane Database Syst Rev.)

• redução na média de ganho de peso* (Streuling et al. 2011)

• redução da incidência de sintomas indesejáveis durante a gravidez, como caibras, edema e fadiga (Wolfe &
Davies, 2003)

Atividades físicas em intensidade leve a moderada igualmente não foram associadas a trabalho de parto pré-termo
nem baixo peso do recém-nascido

• o aumento de peso excessivo está relacionado a resultados gestacionais desfavoráveis, como DG, hipertensão,
complicações no trabalho de parto e no parto, e macrossomia fetal •a retenção de peso no pós-parto pode aumentar
significativamente o risco de obesidade na mulher em idade

Incentivar para fazer exercício durante a gravidez: Encorajar a prática de exercício moderado: melhora a circulação,
promove o relaxamento, previne a obstipação; Desaconselhar o exercício muito extenuante: pode diminuir o fluxo de
sangue no útero em 70%.

Ensinar sobre exercício adequados durante a gravidez

- Exercícios aeróbicos: O objetivo é manter a capacidade cardiorrespiratória e o condicionamento físico, além de


contribuir no controlo da DG, da hipertensão gestacional e do ganho de peso materno; contempla atividades que
envolvam grandes grupos musculares: •caminhada [é o exercício mais frequente e o mais escolhido entre as

48
gestantes] •bicicleta •natação/hidroginástica •dança •ginástica aeróbica de baixo impacto (Nascimento et al. 2012;
Zavorsky & Longo, 2011)

-Treino de resistência/tonicidade muscular: O objetivo é a manutenção do condicionamento muscular ou o aumento


de força muscular global, permitindo melhor adaptação do organismo materno às alterações posturais, contribuindo
para a prevenção de traumas e quedas e para a prevenção e o tratamento de efeitos músculo-esqueléticos (ex. ioga,
pilatos).

Ensinar sobre exercício adequado durante a gravidez

Praticar exercício regularmente – 30 min./3x por semana; Durante o exercício, beber sempre que necessário.
Exercícios recomendados:

• caminhada => condicionamento cardiovascular, melhoria da circulação e fortalecimento da musculatura das pernas
Recomendações associadas:

• não fazer caminhadas em jejum;

• hidratar-se com água: antes e durante a caminhada;

• escolher roupas leves e confortáveis, de preferência de algodão e avaliar o estado das sapatilhas;

• dedicar os últimos 5 minutos para diminuir a frequência, caminhando de forma mais lenta.

• ioga => exige movimentos corporais, envolve a mente em cada movimento, trabalhando a respiração, o
relaxamento e a consciência corporal

•atividades na água => a hidroginástica é um exercício completo que envolve alongamento, trabalho cardiovascular e
fortalecimento da musculatura; é adequado para trabalhar o equilíbrio corporal, já que o peso está concentrado na
zona abdominal; O contato com a água ajuda no relaxamento e tem baixo impacto – o que torna o exercício indicado
para a gravidez.

•preparação para o parto

•exercícios em casa: exercícios de alongamento:

Exercícios de Kegel: Fortalecem os músculos do assoalho pélvico, que ajudam a manter a bexiga e muitos outros
órgãos no lugar. Objetivo: contrair os dois músculos principais que atravessam o pavimento pélvico

Rotina: Ciclos de 12 seg., nos quais contrai durante 6 seg. e depois relaxa durante 6 seg. Repetir 25 vezes em 5
minutos, pelo menos 3 vezes por dia. [atingindo o total de 300 contrações por dia

Potencial para melhorar conhecimento sobre autocuidado: uso de substâncias


 Ensinar sobre efeitos no feto do uso de substância: álcool

Aconselhar a abstinência do álcool, pois ainda não foi estabelecido limite de segurança para o consumo de álcool
durante a gravidez. (Alcohol use and pregnancy consensus clinical guidelines, 2010)

 Ensinar sobre efeitos no feto do uso de substância: tabaco

O consumo de tabaco ou a exposição a ambientes saturados de fumo de tabaco está associado a restrição do
crescimento intrauterino (diminuição da perfusão placentar) e aumento da mortalidade e morbilidade infantil.

 Ensinar sobre efeitos no feto do uso de substância: medicação


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Aconselhar a não tomar qualquer medicamento sem consultar o médico, particularmente no 1.º trimestre.

Avaliar presença e resposta aos efeitos colaterais da gravidez (especificar)

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral (especificar)

Avaliar capacidade para gerir efeito colateral (especificar)

Averiguar: •Presença do efeito colateral da gravidez referido como desconforto; •Resposta emocional; •Resposta
física; •Manifestações/implicações dos efeitos colaterais; •Conhecimento para lidar com… (como tem lidado…)

Intervenções: Ensinar sobre gravidez, Ensinar sobre prevenção (especificar), Ensinar sobre como gerir (especificar),
Referenciar para EESMM

EFEITOS COLATERAIS DA GRAVIDEZ

▪ Náuseas e vómitos; ▪ Azia; ▪ Ptialismo; ▪ Flatulência; ▪ Tonturas e vertigens; ▪ Cefaleias; ▪ Poliúria; ▪ Dispneia; ▪ Dor
músculo-esquelética (dorsalgias, lombalgias); ▪ Cãibras; ▪ Varicosidades; ▪ Edema;

Potencial para melhorar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: Náusea
-Náusea e/ou vómito - presente

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral: náusea e/ou vómito

Averiguar: •quantidade e qualidade dos alimentos nutritivos •padrão de ingestão de líquidos •características
náuseas e vómitos (o que agrava/melhora) •impacto na: perda de peso | desidratação | ↓ turgescência cutânea |
cetonúria •conhecimento sobre estratégias para gerir o desconforto

Intervenções: Ensinar sobre como gerir náusea e vómito Referenciar para EESMO

De acordo com a situação da grávida, pode ser sugerido:

•Fazer refeições frequentes e em pouca quantidade;

•Comer bolachas/biscoitos secos antes de se levantar pela manhã;

• Ingerir líquidos, em pequenas quantidades, no intervalo das refeições (↓ a desidratação);

•Evitar alimentos gordos e condimentados e ambientes com odores que ↑ náusea (usar ventilador na
cozinha, por exemplo);

•Chá de gengibre;

•Acupressão – P6. (pulso)

Potencial para melhorar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: Azia
Azia - presente

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral: azia

Averiguar: • estado nutricional; • padrão de ingestão de líquidos e alimentos; • conhecimento de estratégias para
gerir/prevenir azia.

Intervenções: Ensinar sobre como gerir azia* Referenciar para EESMO

De acordo com a situação da grávida, pode ser sugerido:

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• Fazer 6 refeições pequenas por dia e comer devagar, mastigando bem os alimentos; • Eliminar da dieta alimentos
gordos e condimentados; • Eliminar/reduzir irritantes gástricos (ex. cafeína, tabaco, etc.); • Evitar sentar-se/inclinar-
se/abaixar-se logo após a refeição; • Usar roupa que não aperte a zona abdominal.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: Obstipação
Obstipação – presente/risco de

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral: obstipação

Averiguar •padrão de ingestão de líquidos e alimentos (fibras) •padrão de eliminação; •padrão de exercício físico e
atividade; •presença de dor abdominal, distensão abdominal; •conhecimento de estratégias para gerir/prevenir
obstipação.

Intervenções: Ensinar sobre como gerir risco de obstipação* Referenciar para EESMO

De acordo com a situação da grávida, pode ser sugerido:

• Tomar líquidos tépidos pela manhã;

• ↑ exercício físico (caminhadas com duração mínima de 20 minutos);

• ↑ ingestão de fibras - >28g/dia (cereais inteiros, frutas cruas, vegetais) + ↑ ingestão de líquidos (10-12 copos/dia)

• Regularizar as dejeções – dar tempo para conseguir evacuar;

• Elevar os pés com um banco/caixa durante a defecação para ↓ o esforço.

Potencial para melhorar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral da gravidez: dor músculo-
esquelética
Dor músculo-esquelética – presente

Avaliar conhecimento sobre autogestão do efeito colateral: dor músculo-esquelética

Averiguar •postura corporal, técnica para levantar objetos e o tipo de calçado; •nível de atividade e período de
repouso; •distensão muscular dorsal; •aumento ponderal; •conhecimento de estratégias para gerir/prevenir
dorsalgia.

Intervenções:

-Ensinar sobre como gerir dor músculo-esquelética

De acordo com a situação da grávida, pode ser sugerido:

•Evitar esforços excessivos;

•Repousar frequentemente em decúbito lateral esquerdo;

•Usar calçado confortável, boa estabilidade e tacão com 3/4cm;

•Evitar cargas – andar com os filhos ao colo, usar malas pesadas, por exemplo;

•Conservar postura correta;

•Praticar exercício físico (ex. na água);

•Aplicar calor local, se dorsalgia presente;

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•Massajar zona dorsal;

-Ensinar sobre posição corporal: Explicar sobre a posição de baixar, de levantar, de pegar em pesos e a
postura corporal => à medida que a gravidez evolui predispõe a dores lombares, a alteração do centro de gravidade e
maior esforço da musculatura abdominal porque as articulações pélvicas relaxam e ficam mais flexíveis

-Referenciar para EESMO

Avaliar conhecimento sobre autovigilância durante a gravidez

Averiguar: • conhecimento sobre sinais de alarme – gravidez/desenvolvimento fetal; • conhecimento sobre sinais de
trabalho de parto;

Potencial para melhorar conhecimento sobre autovigilância: sinais de alerta


Intervenções: Ensinar sobre autovigilância: sinais de alerta; Referenciar para EESMO (sinais de trabalho de parto |
contagem dos movimentos fetais

Aula 3.2

Adaptação á parentalidade

ADAPTAÇÃO À PARENTALIDADE: promover as competências parentais

52
53
A incorporação de um novo papel desenvolve-se em 4 fases:
1) Antecipatória
- Fase inicial durante a gravidez; um ensaio do papel de mãe de pai; os comportamentos e interesses modificam-se.

 Tem início durante a gravidez.

 Corresponde ao período prévio ao desempenho do papel, isto é, corresponde ao período em que a mãe/pai inicia
o ajustamento psicológico e social ao papel maternal/paternal, através da incorporação das expectativas, bem como,
o envolvimento e a aprendizagem inerentes ao exercício do papel.

 A mãe e o pai constroem as expectativas, ensaiam e fantasiam acerca do papel e referem-se ao feto já como
“filho”.

 Comportamentos esperados: preparar-se para as alterações no estilo de vida, criar imagens do filho (filho
imaginado), antecipar as características que gostaria de possuir como mãe/pai e => Ligação mãe/pai – filho

2) Formal
Quando nasce o bebé, o pai e a mãe estão perante um desconhecido e apesar de já terem ensaiado ficam
formalmente guiados, atentos aquilo que as figuras de referência dizem, médicos e família, é preciso ter muita
atenção, por exemplo no puerpério. Ficam quase sem sentido crítico.

 Início com o nascimento do filho e com o consequente confronto com a necessidade de desempenho do papel.

 Nesta fase, habitualmente, os comportamentos são guiados por fontes formais, nomeadamente os profissionais
da saúde, e em conformidade com as expectativas dos outros.

3) Informal

Vão ganhando mais confiança própria, quando é a primeira vez pode demorar mais, depende de cada mulher e do
bebé. Nesta fase eles e elas conseguem ir tomando decisões, conseguindo conjugá-las com as indicações dos outros,
Começam a integrar esta forma de ser mãe e pai no seu próprio jeito.
54
 Vai emergindo à medida que a mãe/pai se torna mais confiante no exercício do papel e assume as decisões por si.
Apesar de ainda seguir as orientações dos outros, vai desenvolvendo formas próprias de exercer o papel de mãe/pai.

4) Pessoal
Quando se sentem bem na sua própria pele, identidade integradora fluida. Por exemplo quando as enfermeiras estão
a manusear no bebé e ele começa a chorar a mãe diz que pega no bebé para o acalmar, porque já se sente bem
naquele papel. Os homens e as mulheres demoram diferentes tempos a atingir esta fase normalmente entre os 4
meses a 1 ano.

 Período em que mãe/pai cria um estilo próprio no desempenho do papel e assume-o perante os outros.

 Nesta fase, assumir o papel parental desencadeia uma sensação de harmonia, de confiança e de competência.

 Correspondendo à integração da identidade materna.

Avaliação da adaptação à parentalidade


1) Aceitação da gravidez;

mesmo que a gravidez tenha sido acidental, o que importa é que seja desejada

2) Lidar com as expectativas e as ambivalências relacionadas com a gravidez e a maternidade/paternidade;

Ambivalência- querer estar grávida e feliz por estar e triste por saber o que pode perder com o nascimento do bebé,
por exemplo menos tempo para si, menos privacidade, mudança de rotinas, sono, choro. Expectativas irrealistas -
principalmente quando é a primeira vez

3) Estabelecer ligação afetiva com o feto;

Desenvolve sentimentos de amor por alguém que não conhece, mas sente, um processo estranho

4) Preparar-se para assumir o papel maternal/paternal: competências parentais.

Rubin (1977) afirma que ‘binding-in’ (ligação com) a criança é uma componente afetiva e motivacional do processo
de identificação com o papel de mãe/pai: constitui uma das tarefas da transição para o papel parental; tem início
ainda durante a gravidez; e, influencia a satisfação e competência no exercício do papel após o nascimento da
criança.

55
Ligação mãe/pai-filho
 É um processo interativo e recíproco entre parceiros resultando em experiências satisfatórias.

 É laço emocional que motiva o envolvimento nos cuidados ao filho. (Mercer & Ferketich, 1990; Goulet et al., 1998;
Mercer, 1995; Rubin, 1984)

 É uma ligação especial e próxima entre a mãe/pai e a sua criança que ocorre durante o período sensitivo. É uma
experiência única que liga a mãe/pai ao filho.

 O processo de ligação entre a mãe e seu filho, que começa durante a gravidez, é facilitada pelo contacto pele-a-
pele, amamentação e alojamento conjunto => benefício potencial a longo prazo para a mãe e a criança.

 Construção do filho imaginado e da ligação mão/pai filho (feto


o Expectativas em relação ao bebé:

• As expectativas relacionadas com as características físicas (ex. imaginam como será o cabelo e o
sorriso e desejam principalmente que seja saudável).

• Relativamente às características Dados: se fala com o bebé, se lhe dá tempo, se prepara as


emocionais (ex. desejam que seja compreensivo, coisas, o pai envolver-se mostrando que está interessado,
educado e carinhoso). atribui características positivas.
• Relativamente às expectativas de futuro
(ex. desejam que os filhos sejam felizes, tenham
amigos, que estudem, se formem e arranjem um Ensinar sobre desenvolvimento fetal:
bom emprego para que a sua situação económica
durante a gravidez
seja melhor que a delas)
- Os movimentos:

- Nas 7-8 semanas, ele mexe-se bastante, mas a mulher


 Avaliação da Ligação mãe/pai-filho
não sente porque ele não tem força nos músculos e ossos
1 - manifestação materna de rejeição para se fazer sentir; o movimento tem um significado
especial, são significados de vida e de interação
2 - aceitação materna, com potencial para melhorar a
expressão afetiva - Audição: a partir das 24 semanas é capaz de ouvir os
ruídos externos e reagir. os pais podem por músicas de
3 - sem compromisso modo a estimulá-lo, se usarem a mesma música quando
• Atribui características positivas ao filho ele nasce ele relaxa. Música clássica ou Mozart.

• Atribui significado facilitador à chegada do filho Também as histórias que os pais contam ele reconhece o
ritmo quando nasce estimulando os centros de
• Segue as recomendações promotoras de saúde linguagem e emoção, sendo capazes de falar mais cedo e
• Prepara a casa e enxoval melhor

• Prepara a família para a chegado do novo as mulheres e homens podem não ter noção das
elemento à família características do bebe ao nascer e nas consultas é
importante explicar aos pais o que pode acontecer, por
• Faz perguntas/procura informação sobre o exemplo nascerem com a cabeça torta, isto volta ao
desenvolvimento fetal e/ou recém-nascido normal
• Toca no abdómen/fala com o feto
Potencial para melhorar conhecimento sobre competências do feto e do recém-nascido

 Intervenções:

Ensinar sobre desenvolvimento fetal 56

Ensinar sobre características de um recém-nascido


 Ensinar sobre características de um recém-nascido

- Aparência esperada do recém-nascido e achados normais na pele

A pele poderá estar coberta de vernix, pode ter uma penugem sobretudo na parte superior das costas (lanugo); pode
existir umas manchas na parte inferior das costas e nádegas, azuladas- mancha mongólica (tem esse nome porque
foi descrita inicialmente na raça mongol), que pode permanecer até aos 2 anos de idade;

 Vérnix: substância gordurosa que protege a pele do bebe da maceração, pois ele está em
constante contacto com o líquido amniótico. Há medida que o desenvolvimento avança vai
perdendo. O prematuro tem mais e os que nascem mais tarde tem a pele mais seca. pois já o
perderam.

um cuidado a ter é quando eles nascem não retirar, apenas limpar um pouco para a mãe poder
beijar

 Lanugo: pelo fino que protege o bebé do líquido amniótico


 Mancha mongólica: mancha onde há concentração de melanina, é normal e desaparece até
um ano.
 Eritema tóxico: pintinhas vermelhas que aparecem porque sim, em alguns é muito intenso.
não está associado a nada e não se faz nada, normalmente passa após sete dias.
 Milia: são pontinhos de gordura, não se faz nada, é normal, não se deve espremer

A cor da pele é habitualmente avermelhada devido ao excesso de glóbulos rubros (esses glóbulos rubros vão
diminuir através de um processo fisiológico e isso pode levar a um aumento de bilirrubina, que quando se acumula
na pele, dando uma coloração amarela, que desaparece em cerca de uma semana icterícia

As mãos e os pés estão habitualmente frios e azulados (acrocianose) e podem ter a pele a descamar; os arqueadas;

- Cabeça: O formato da cabeça pode ser assimétrico (é influenciado pela posição que o bebé tinha dentro do útero);
pode notar-se a fontanela anterior (espaços que fica entre o ossos frontal e parietais); as pálpebras poderão estar
edemaciadas e com os olhos abertos pode parecer estrábico

- Capacidades dos órgãos dos sentidos: visão

Ao nascimento a acuidade visual está entre 20/200 a 20/400, sendo que o padrão comum de acuidade visual no
adulto é de 20/20.

Consegue ver a uma distância de 20 a 25 cm, conseguindo concentrar-se num objeto durante cerca de 10 segundos;
tem preferência por imagens bem formadas, pelo que um dos seus mais fortes estímulos é a face humana.

Prefere cores médias (amarelo, verde e rosa) do que brilhantes (laranja, vermelho e azul) e prefere contrastes de
preto e branco; os bebés com um mês conseguem distinguir o vermelho, verde, azul e branco, mas a sua capacidade
de identificar outras cores é limitada.

Aos 10 dias é capaz de reconhecer o rosto da mãe do rosto de outra mulher

57
- Capacidades dos órgãos dos sentidos: audição

O recém-nascido possui uma capacidade auditiva semelhante ao adulto.

▪ Reage a sons, como a voz humana, através de alterações faciais ou movimentos corporais;

▪ Tem preferência pela voz feminina;

▪ Ao 2.º dia de vida => é capaz de reconhecer a voz da mãe,

▪ Ao 14.º dia => diferencia o rosto e voz do pai do rosto e voz de outro homem.

- Capacidades dos órgãos dos sentidos: olfato

O sentido do olfato está desenvolvido desde o nascimento!

Durante a gravidez e imediatamente após o parto, as mulheres desenvolvem um perfil químico de moléculas voláteis
específico: dodecanol octane oxybis; isocurcumenol; o-hexylcinnamic; aldehyde e isopropyl mystrate (identificadas
em amostras colhidas da área do mamilo, da aréola e da axila). (Marin, 2014)

O sentido do olfato facilita o alimentar-se, reconhecendo o odor do leite materno e, mais tarde, o odor da sua
própria mãe.

Aos 6 dias de vida consegue distinguir o cheiro da mama da mãe do de outra mulher.

-Capacidades dos órgãos dos sentidos: tato

A capacidade de sentir variações na temperatura, humidade e na textura dos objetos que estão em contacto com a
pele; o recém-nascido reage ao toque em todas as partes do corpo, mas de forma especial na face (em particular os
lábios), mãos e pés e abdómen, pois é nessas áreas que se encontra uma maior número de recetores táteis.

O contato direto com a pele de outra pessoa acalma e reconforta o bebé, além de promover a manutenção da
temperatura corporal estável. Esse é o motivo do método canguru é benéfico nos cuidados a bebés prematuros.

• O contacto/toque e responsividade às necessidades da criança => baixo nível basal de cortisol (Blair et al.,
2006);

• Crianças de alto-risco desenvolvem normalmente se tiverem muito contacto físico (Sharp et al., 2012; Sharp
et al., 2014);

• Crianças expostas a cuidados emocionalmente não responsivos ou a comportamentos de raiva


desenvolvem sistema de respostas ao stresse inadequado (Yoo and Reeb-Sutherland 2013; Zeiber et al., 2013; Towe-
Goodman et al., 2012; Graham et al., 2013)

O contacto físico estimula a produção de substâncias anti stresse: ocitocina e opióides naturais

- Capacidades dos órgãos dos sentidos: paladar

O sistema de paladar está bem desenvolvido: distingue os 4 sabores básicos - doce, ácido, amargo e salgado.

A discriminação dos recém-nascidos perante os quatro sabores básicos foi demonstrada por Steiner em 1979 (cit in
Bee, 2003): recém-nascidos que nunca tinham sido alimentados foram fotografados antes e depois de ter sido
colocada água com diferentes sabores na boca. Ao variar o sabor (normal, doce, ácido e amargo) observou-se que os
recém-nascidos reagem de maneira diferente aos diferentes sabores. Por exemplo, uma solução doce desencadeia a
sucção vigorosa, uma solução amarga produz uma careta.

58
NA 4 FASE: PREPARAÇÃO PARA A PARENTALILADE

competências parentais (definição)  conjunto de conhecimentos, de capacidades e de atitudes que facilitam e


otimizam o desempenho, com mestria, papel parental, garantindo o potencial máximo do crescimento e de
desenvolvimento da criança.

59
60
 Potencial para melhorar conhecimentos para preparar a casa para receber o recém-nascido

Intervenções:

•Ensinar sobre preparação do quarto para o recém-nascido

•Ensinar sobre dispositivos para o recém-nascido

•Ensinar sobre preparação do enxoval

•Ensinar sobre preparação do quarto para o recém-nascido


- Características do quarto

- Características do alcofa/berço/cama

- Características do equipamento a adquirir/adaptar: para dar banho

- Características do equipamento a adquirir: cadeira de transporte

- Características do equipamento a adquirir: carrinho de passeio

Características do quarto:

▪ Com ventilação e luz natural, com janelas seguras e afastadas da cama do bebé

▪ O chão - antiderrapante e fácil de limpar; os tapetes são dispensáveis, mas caso estejam presentes precisam ser
fixos ao chão ou na mobília do quarto

▪ A temperatura ambiente do quarto mantida entre os 18º/22º C

▪ Manter o quarto limpo

61
As vias aéreas das crianças, são mais permeáveis aos poluentes atmosféricos e as suas defesas respiratórias contra
esses poluentes ainda não estão completamente desenvolvidas.

• Evitar o uso de aerossóis - libertam partículas que ficam suspensas no ar por um período relativamente longo
devido à sua lenta deposição por conta da gravidade.

•Se alcatifa - aspirada e lavada a vapor de forma regular, de modo a eliminar o pó e os micro-organismos
acumulados.

• Produtos como o vinagre e o limão que têm propriedades de limpeza e são 100% naturais

Iluminação natural: estimula a produção de vitamina D na pele, a visão e estimula ciclo circadiano; o ideal é a
exposição direta ao sol* (sem vidro) antes das 10h ou depois das 16/17h, 10 minutos/dia, alternando posição (expor
o corpo por partes).

Iluminação artificial: cor neutra ou amarela (instalada no meio do quarto e não em cima do berço)

Luz de presença: avermelhada

Num estudo com o objetivo de perceber a influência da luz azul e da vermelha nos níveis de vigilância noturna,
durante duas noites, 14 pessoas foram sujeitas a quatro condições experimentais de iluminação. Após a experiência,
conclui-se que a luz vermelha ajuda a manter os níveis de melatonina enquanto a luz azul interfere na sua produção,
mas quando utilizada durante o dia aumenta dos níveis de concentração.

A luz de qualquer cor afeta a produção de melatonina e prejudica o sono. O estudo comparou 6 horas de
exposição à luz azul e à luz verde com a mesma intensidade entre si e concluiu que a luz azul é capaz de suprimir
duas vezes mais a produção de melatonina do que a luz verde. (Harvard Medical School 2012)

- Se as paredes forem pintadas - tinta não tóxica e lavável

• tintas aquosas (tintas à base de latex ou acrílicas)

• tintas ecológicas são constituídas por matérias-primas naturais (vegetais, minerais, animais), sem
componentes sintéticos e derivados de petróleo [estar isenta de COV'S: apresenta uma base aquosa, devendo
também estar livre de material à base de metais pesados (chumbo, alumínio), fungicidas, sintéticos, solventes
aromáticos e não são derivados de petróleo, de modo a permitir que a parede respire, evitando, assim, o
aparecimento de fungos.]

▪ Se as paredes forem pintadas – cor das paredes? A escolha da cor do quarto do bebé não deve ser
subestimada por ter a capacidade de inspirar, acalmar e estimular.

cores pastel – proporciona um ambiente calmo e relaxante

cores primárias – proporciona um ambiente estimulante

62
Recomendação: as paredes e o teto com cores pastel e as cores primárias nos brinquedos e/ou decoração.

Estudos comprovaram que contrastes como preto e branco enviam sinais mais fortes ao cérebro, o que proporciona
um maior desenvolvimento assim como cores primárias que são mais contrastantes e vibrantes (preferência pelo
amarelo, seguida do vermelho e depois pelo verde e azul).

Estudo sobre as cores escolhidas no serviço de obstetrícia e a sua influência nos bebés do sexo feminino e masculino,
observou-se que as recém-nascidas colocadas em quartos cor-de-rosa (derivado da cor vermelha), tem uma
atividade motora mais longa e são mais curiosas comparativamente com os meninos recém-nascidos. A justificação
apresentada para explicar este achado foi que as bebés viam mais cedo o vermelho do que o azul, logo recebiam
estímulo visual mais cedo do que os meninos.

▪ Móvel para trocar a fralda - superfície mínima de 80 cm por 60 cm; altura adequada à altura da pessoa; fácil
arrumação/acesso

- Diminuir o tempo que o recém-nascido se encontra exposto ao frio durante a troca da fralda

- Facilitar na limpeza (colchão impermeável)

- Manter segurança do recém-nascido (bordos colchão)

• Preparar um ‘cantinho para amamentar’

- Local calmo, afastado de ruídos, que permita que a mãe se sinta relaxada (facilita a libertação de
ocitocina).

- Cadeirão/cadeira confortável, com um local de apoio para os pés

- Almofada de amamentação

EQUIPAMENTOS PARA DORMIR

Aspetos a considerar na escolha: ser estável, sólido e seguro; estar num local com boa visualização do exterior; e,
sem exposição a correntes de ar.

Se escolha for alcofa (até aos 3 meses):

▪ bordos altos e acolchoados e um fundo rígido e plano

▪ pegas resistentes

Se escolha for berço (4/5 meses) /cama:

▪ estável e sólido, se com grades que apresentem no mínimo 60cm de altura e 6cm de distância entre elas
e com fecho de segurança;

▪ estrado plano, rígido e sem arestas cortantes ou saliências no interior;

Tipos de berços: “next 2 me” (os que são berços que são para encostar na cama, quase como se fosse uma extenção
da cama dos pais).

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O colchão:

• impermeável firme e plano, que permita uma distribuição homogénea do peso e uma total liberdade de
movimentos (sem molas por exemplo de espuma, látex ou viscoelástico com baixa densidade)

• tratamento anti ácaros, hipoalergénico e antifúngico

• bem-adaptado ao tamanho da cama

EQUIPAMENTOS PARA DAR BANHO

▪ Fundo da banheira – antiderrapante (caso não tenha pode colocar-se um tapete antiderrapante) – a acumulação de
água e de sabão conjugada com os movimentos necessários para dar o banho potencia risco escorregar

▪ A banheira deve ser colocada numa base sólida

64
▪ Equipamento próprio para cortar as unhas ao bebé

EQUIPAMENTO PARA TRANSPORTAR

Uso de sistema de retenção reduz entre 90 e 95%, a ocorrência de morte ou ferimentos graves em crianças.

Uma colisão a 50 Km/h, para uma criança que não esteja Recém-nascido:
devidamente protegida, equivale a uma queda de um terceiro
andar. • *Peso inferior a 13kg (norma R44/04)

▪ Aprovada pelas normas europeias, devendo possuir a “etiqueta E” • **40 a 75 cm de altura (norma R129)
e o código 04 se R44
• Desde o nascimento até 1 ano
▪ Escolhida tendo em atenção o intervalo de peso* ou de altura**
da criança

▪ Usar a cadeira segundo as normas de utilização

65
Cerca de 43% dos condutores inquiridos usa uma cadeira em segunda mão, seja esta reutilizada de outro filho,
familiar ou amigo (ACP 2014)

• Envolvida em acidentes? Uma cadeira que tenha sido envolvida em um acidente não deve ser utilizada novamente,
pois o esferovite pode ter-se partido e deixar de conferir a proteção adequada

• Estado de conservação? Verificar se os cintos não estão rasgados e se apertam corretamente

• Etiqueta de homologação? Verificar se cumpre as normas e regulamentos vigentes

66
Babywearing
Benefícios:

 Choram menos – choram uma média de 43% menos que os outros e 54% menos durante a noite.
 Mais relaxante – o balanço, a temperatura, o ritmo do coração e do movimento e a proximidade
facilitam o sono, ao imitar condições similares à do útero.
 Maior sensação de segurança – andar próximo do corpo do adulto, além de se sentir mais seguro, o
bebé acompanha o ritmo do adulto que o transporta.
 Maior desenvolvimento – ao ficar mais tempo em silêncio e em estado de alerta, observa o mundo
sob uma perspetiva diferente, e não apenas o teto como quando está no berço, ou os joelhos das
pessoas como quando está no carrinho de passeio.
 Facilita a integração do bebé nas rotinas da família – liberta as mãos para outras atividades (tarefas
domésticas, cuidar de outro filho, …)
 Facilita a amamentação e os laços afetivos

Tipos de babywearing.

- Sling: Usado até cerca dos dois anos (13kg); Existem dois tipos, o pouch sling e o sling de argolas

- Pano porta-bebé: Usado até cerca dos 3/4 anos de idade (18kg); É necessário aprender a colocá-lo

- arsúpio: Usado até cerca dos 4 anos de idade

Medidas de segurança:

• Evitar que o bebé fique com a cara encostada ao pano ou ao corpo do adulto;

• Evitar que a cabeça fique inclinada sobre o peito, pois poderá dificultar a respiração;

67
• Para evitar o sobreaquecimento, principalmente no verão, vestir o bebé com roupa fresca;

•Calçar sapatos práticos, confortáveis e que não escorreguem;

•Andar com cuidado tendo em atenção obstáculos;

• Evitar transportar sacos para não interferir com o equilíbrio;

• Evitar movimentos bruscos que podem provocar lesões no pescoço, coluna e cabeça do bebé;

•Verificar se o equipamento está seguro.

Marsúpio

Escolha do marsúpio:

• fácil de colocar, retirar e ajustar o bebé;

• bom apoio do pescoço e das costas do bebé;

• as aberturas para as pernas equilibradas de forma a distribuir o peso


do bebé;

• as tiras devem ser largas e equilibradas de ambos os lados das costas e


ombros para distribuir o peso do bebé

Medidas de segurança: As pernas da criança necessitam ficar em abdução (se as


pernas do bebé ficarem colocadas para baixo (penduradas) contribui para a
displasia da anca

 Potencial para melhorar conhecimentos para preparar a casa para receber o recém-nascido

Intervenções:

•Ensinar sobre preparação do quarto para o recém-nascido

•Ensinar sobre dispositivos para o recém-nascido

•Ensinar sobre preparação do enxoval


• Critérios de escolha da roupa para o bebé

• Cuidados gerais no tratamento da roupa do bebé

• Critérios de escolha e de uso de chupeta

• Critérios de escolha das fraldas e toalhetes

• O que é necessário preparar para levar para o hospital

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DA ROUPA


- O vestuário facilmente lavável e confortável, que não limite os movimentos do recém-nascido é o recomendado.

- A roupa fácil de vestir/despir - pescoço largo, não possuir pelos elásticos apertados, laços, botões ou fitas à volta do
pescoço ou que possam prender os dedos.

- Adequada ao tamanho do bebé e à temperatura ambiente;


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- A roupa recomendada é a de tecidos de fibras naturais (ex. algodão).

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DAS FRALDAS


▪ Existem dois tipos de fraldas: reutilizáveis e descartáveis

▪ Adequada à idade/peso do bebé

Critérios de escolha das fraldas:

- Saúde da pele do bebé

- Conforto do bebé

- Custo (investimento inicial e custo total)

- Manutenção das fraldas

- Facilidade na utilização

▪ Existem dois tipos de toalhetes: reutilizáveis ou descartáveis; secos ou húmidos

Escolher toalhetes sem produtos químicos; se tiverem produtos, poderão ser passados por água para
remover a maior parte desses produtos (usar, de preferência, água morna para os aquecer e ser mais
confortável para o bebé). (Cardoso, 2011; 2014)

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DA CHUPETA

Recomenda-se que a oferta da chupeta seja adiada até a criança estar bem-adaptada à mama (evitando a confusão
de bicos);

▪ Facilmente lavável; adequado à idade do bebé; ser só de uma peça;

▪ Ser o mais semelhante possível ao mamilo da mãe – recomendar apenas adquirir após o nascimento.

▪ Benefícios: Sucção => reflexo saudável, que auxilia o bebé a confortar-se, acalmar-se e autocontrolar-se; fator de
proteção em relação à SMSL (Síndrome da morte súbita do lactente)

▪ Efeitos prejudiciais: Alterações na dentição e ↑ de probabilidade de cáries; ↑ de probabilidade otite media aguda;
compromisso na amamentação (↓ período); compromisso na linguagem

 Ensinar sobre o
que é necessário
preparar para
levar para o
hospital

69
Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para cuidar da higiene do recém-
nascido e manter pele saudável Intervenções:
•Ensinar mãe/pai sobre higiene

•Ensinar mãe/pai cuidados à pele do recém-nascido

•Ensinar mãe/pai sobre higiene oral

•Ensinar mãe/pai sobre vestuário

•Ensinar mãe/pai sobre tratamento do coto umbilical

•Instruir mãe/pai a dar banho

•Instruir mãe/pai a cuidar da higiene oral

•Instruir mãe/pai a tratar do coto umbilical

•Instruir mãe/pai a trocar fralda

•Treinar mãe/pai a dar banho

•Treinar mãe/pai a tratar coto umbilical

Conhecimento/Capacidades relacionados com:

• Material necessário e condições prévias para o banho

• Critérios para escolher os produtos de higiene a usar

• Frequência e horário do banho

• Lavar os olhos (pálpebras) / ouvidos

• Como dar banho

• Como e quando cortar as unhas

• Material necessário para a troca da fralda

• Critérios de uso sobre os produtos de higiene perineal

• Lavar o períneo (se menino/se menina)

• Sinais de eritema pela fralda

• Fatores de risco/medidas de prevenção do eritema da fralda

- O banho necessita da banheira/ recipiente, de toalha, muda de roupa abrindo-a e dispondo-a por ordem de
utilização e fralda;

- A temperatura da água do banho: 37.ºC.

- Ambiente sem correntes de ar e com uma temperatura ambiente de 22-25.ºC.

70
Critérios para a escolha de produtos de higiene:

A pele do RN em relação á de um adulto:

▪ estrato córneo 30% mais fino

▪ epiderme 30-40% mais pequena

▪ pH >6.0 ao nascimento, desce para <5.a em 4 dias

▪ absorve mais água, mas permite a evaporação mais rápida

▪ menor quantidade de lípidos (glândulas não funcionantes)

- Usar água simples até duas semanas após o nascimento; nesta fase, se usar produtos – syndets.

- Os produtos de higiene devem ser hipoalergénicos e com um pH ácido (entre 5 e 6), e:

Sem parabenos, Sem álcool, Sem perfume, Sem glicerina, Sem sódio lauril sulfato (SLS), Sem sódio laureth
sulfato (SLES) e Com ácido cítrico.

Syndet - “sabão sem sabão” constituído agentes tensioativos (permitem diminuir a tensão superficial da água
facilitando, assim, a remoção de partículas de gordura), detém bom poder de detergência, pH ligeiramente ácido,
produzem pouca espuma e não provocam irritação cutânea.

Sódio laureth sulfato (SLES): São irritantes e podem danificar as proteínas da pele

Sódio laurel sulfato (SLS): Danifica a barreira lipídica e é um potente irritante da pele

Parabenos: Associados a processos cancerígenos

Álcool: Provocam a secura da pele

Glicerina: Efeito humectante potente; facilita a penetrabilidade dos restantes químicos, potenciando a secura e a
irritação da pele

Perfumes: Podem causar dermatite e rush cutâneo

Frequência e duração do banho:

• Nos recém-nascidos são suficientes 2 a 3 banhos por semana; O banho pode ser dado a qualquer altura do dia,
exceto após as refeições; a altura escolhida para o banho depende • também do efeito que este tem sobre o bebé,
estimulante ou relaxante; Duração:5 a 10 min.

Estrato córneo: hidratação e propriedades do transporte da água

Em condições normais, o estrato córneo do recém-nascido é mais hidratado do que o do adulto, mas a perda de água
é mais elevada do que a do adulto.

Troca da fralda

• O material necessário sempre que troca da fralda: Toalhetes/ Esponja | Água morna para lavar o bebé | Fralda
limpa | Roupa interior

• Escolher um “espaço” de modo a ter por perto e organizado todo o material necessário para a troca da fralda;
71
 Higiene perineal: medidas de prevenção do eritema pela fralda

▪Trocar a fralda sempre que ocorre uma micção e/ou dejeção - lavar e secar a zona envolvente e muda a fralda; Optar
pelas fraldas absorventes, transpiráveis e não oclusivas; Sempre que possível, expor a região perineal ao ar;

Critérios de uso sobre os produtos de higiene perineal: A necessidade de aplicar creme barreira à base de
óxido de zinco, vitamina A e vitamina D – apenas na presença de eritema pela fralda.

Sinais de eritema pela fralda: Pele vermelha (rubor), Calor (aumento da temperatura local), Erupção cutânea

 Potencial para melhorar conhecimentos/capacidades para tratar do coto umbilical


Intervenções:

- Ensinar sobre como tratar do coto umbilical (drycare – manter limpo e seco)

- Instruir desinfeção do coto umbilical

- Ensinar sobre sinais de infeção do coto umbilical

Conhecimento/Capacidades relacionados com:

• Material necessário para a desinfeção do coto umbilical

• Quando é esperado a queda do coto umbilical

• Como e com que frequência desinfetar/ como efetuar limpeza (drycare)

• Estratégias para promover a mumificação do coto e cicatrização da pele

• Sinais de infeção do coto umbilical

O coto umbilical poderá cair entre o 4.º e o 15.º dia após o parto.

RECOMENDAÇÃO: drycare

▪ Material necessário para a desinfeção do coto umbilical: Antisseptico(clorexidinaa4%) e compressas, uma vez por
dia.

▪ Instruir desinfeção do coto umbilical

▪ Sinais de infeção do coto umbilical: cheiro fétido; rubor; edema; exsudado purulento.

72
Aula 4

 Dimensão física: processo corporal


Processos corporais perinatais, desde o início da dilatação do colo do útero até à expulsão da placenta.

Contrações uterinas+dilatação do colo do útero+descida da apresentação fetal

1ºPeriodo: Dilatação
Fase latente: 0 aos 4 cm, 2 contrações em 10 minutos, com 20 a 40 segundos de duração.

Fase ativa: 4-5 a 10 cm, 2 a 5 contrações em 10 minutos, de 30 a 50 segundos de duração.

2ºPeriodo: expulsão (nascimento)


3ºPeriodo: dequitadura
quando a placenta sai do útero fica uma ferida que está a sangrar (hemorragia que pode levar á morte da mãe pós
parto)

4ºPeriodo: 2h pós-parto (Período de Greenberg)


existe contração do útero pós-parto que diminuem a perda de sangue pós-parto: laqueações vivas de pinar

DO TRABALHO DE PARTO AO NASCIMENTO


Na adaptação à vida extrauterina, os maiores desafios são a respiração, circulação e termorregulação.

73
Adaptação à vida extrauterina: respiração
O feto não respira, ele consegue o oxigénio através do sangue da mãe. Depois do nascimento, o bebé vai ter de
respirar- enchendo o peito de ar nas 3 primeiras respirações fazendo o bebé chorar.

Estímulos:

-Químicos: Oxigénio baixo, dióxido de carbono elevado e pH baixo

-Térmico: Calafrio do RN → impulsos sensoriais da pele Sensorial: Luz, som e toque

-Mecânico: Compressão torácica e retração elástica → alterações nas pressões intra e extrauterina dos
pulmões

Surfactante: Secretado pelos pneumócitos tipo II por volta da 24 e 30 semanas de gestação; é um fosfolipídio que:
diminui a tensão superficial dos fluidos pulmonares; evita o colapso alveolar ao final da expiração; facilita as trocas
gasosas porque diminui as pressões de insuflação necessárias para a abertura das vias respiratórias.

É um fosfolipídeos, produzido pela transformação de cortisona oriundo da mãe a partir das 32 semanas.

Adaptação à vida extrauterina: termorregulação


O recém-nascido tem capacidade termorreguladora limitada: tendência para a hipotermia (<36,5ºC)

A temperatura corporal diminui cerca de 0,2ºC/minuto (a temperatura pode descer até 33,5ºC em 15 minutos de
exposição ao fatores ambientais).

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Fatores concorrentes: Maior proporção superfície corporal/peso, corporal que crianças e adultos, Fina camada de
tecido subcutâneo → isolamento térmico deficitário, Instabilidade vasomotora, Capacidade metabólica limitada

Termogénese Química

Perda de calor → recetores da pele e nervos → libertação norepinefrina → oxidação da gordura marrom → aumento
da produção de calor

O RN só produz calor através de processos químicos como oxidação ou gordura etc., porque ele ainda não tem a
capacidade de tremer para produzir calor

Adaptação à vida extrauterina: Avaliação do recém-nascido - Índice de APGAR


Avaliar ao 1.º, 5.º e 10.º minutos de vida

Apgar ao 5.º minuto (nos recém-nascidos de termo): • • • 7-10 => tranquilizador 4-6 => moderadamente anormal 0-3
=> baixo

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O somatório da pontuação varia entre 0 e 10

Do Nascimento à amamentação precoce


Objetivo: Facilitar a adaptação à vida extrauterina

Técnica pele a pele: O contacto pele-a-pele (CPP) é


definido como a prática de colocar a criança, despida ou
somente com a fralda, em decúbito ventral em contacto direto
com a pele da mãe ou de outro cuidador (peito com peito) e
coberta com lençol aquecido, mas não cobrindo a cabeça.

Esta técnica é recomendada para todas mães e recém-nascidos,


que tiveram cuidados perinatais de rotina e sem complicações,
independentemente do tipo de parto ou alimentação do recém-
nascido, imediatamente após o parto, logo que a mãe esteja
estável, acordada e capaz de responder ao recém-nascido e o
recém-nascido não necessitar de reanimação.

Assistir no contato pele a pele


REQUISITOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO:

• Recém-nascido de termo (mais de 37semanas de gravidez) e que revele adequada adaptação ao meio extrauterino
• Desejo e prontidão por parte da mãe

POSIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO: decúbito ventral sobre o peito da mãe com a cabeça lateralizada e acima das mamas,
despido em contacto pele com pele

POSIÇÃO DA MÃE: semi-sentada (reclinada), com o peito despido

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Colapso pós-natal súbito e inesperado Associado a
contacto pele a pele em recém-nascido sem vigilância ou
quando há obstrução acidental da via aérea

AMAMENTAÇÃO PRECOCE
Assistir na amamentação: benefícios da amamentação precoce

▪ Redução na mortalidade neonatal (a mortalidade por todas as causas poderia ser reduzida em 16,3% se
todas as crianças iniciassem a amamentação no primeiro dia de vida, e em 22,3% se a amamentação ocorresse na
primeira hora)

▪ Promoção da flora intestinal benéfica (maior quantidade de bifidobactérias e menos Clostridium dificile e
Escherichia coli)

▪ Promoção da lactação (a sucção precoce aumenta os recetores de prolactina presentes na mama o que
permite a produção de leite mesmo quando os níveis de prolactina baixam após os primeiros 3 a 4 meses)

77
CUIDADOS IMEDIATOS DE ROTINA Passar a fita ao redor da parte mais larga possível:
-Pesar • parte mais larga da testa acima da sobrancelha
-Medir comprimento • acima das orelhas
-Medir perímetro cefálico • parte mais proeminente da parte de trás da cabeça

O melhor momento para medir é entre 24 e 36 horas após o


nascimento, quando a moldagem da cabeça já diminuiu

▪ Administrar vitamina K - 1 mg/IM (Músculo vasto lateral da coxa) (prevenção da doença hemorrágica do recém-
nascido, que pode ocorrer do 2-5.º dia: a função da vit. K é catalisar a síntese de protrombina no fígado necessária
para o processo de coagulação; a vit. K é produzida pela flora intestinal e o leite materno contém níveis baixos vit. K
=> escassa nos 1.º dias). Esta vitamina é produzida por umas bacterias que existem no intestino, e que diminuem
probabilidade de uma hemorragia num RN até que ele seja capaz de produzir a sua.

▪ Aplicar colírio – 1 gota/olho (prevenir a conjuntivite gonocócica; o índice de transmissão da infeção genital por
clamídia e/ou gonococo, de uma mãe infetada para o recém-nascido é de 30 a 50%)

▪ Identificar (aplicar pulseira de identificação)

▪ Vestir recém-nascido

Conjuntivite neonatal é definida como uma conjuntivite purulenta do recém-nascido, no primeiro mês de vida,
usualmente contraída durante o seu nascimento, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas

Observação do RN

Caput succedaneum: Edema do couro cabeludo, resulta da diminuição do retorno venoso, provocada pela
compressão dos vasos locais durante o processo de parto. O edema estende-se através de linhas de sutura cranianas
e desaparece espontaneamente no espaço de 3 a 4 dias.

Cefalohematoma: Acumulação de sangue entre os ossos cranianos e o periósteo (membrana que envolve por
completo os ossos). A hemorragia pode resultar durante o parto: da pressão exercida contra os ossos pélvicos
materno, aplicação de fórceps/ventosa. Desaparece espontaneamente em cerca de 3 a 6 semanas. Associada a
icterícia.

78
Reflexos (primitivos ou arcaicos) são reações musculares involuntárias em resposta a um estímulo externo e
refletem a maturidade do sistema nervoso; desaparecem quando a maior parte das células está recoberta pela
mielina.

- Reflexo de Moro: com a criança apoiada provoca-se, subitamente, ligeira queda da cabeça (2,5cm)
resultando em abdução dos membros superiores e abertura das mãos;

- Reflexo de sucção e procura (pontos cardeais): estimulando região peri oral com os dedos observa-se
direcionamento da boca / cabeça para o lado estimulado;

- Reflexo de preensão palmar: Quando se faz pressão com o dedo na palma da mão, os dedos dobram-se e
agarram firmemente o dedo do adulto/o

-Reflexo da marcha automática: quando os pés estão apoiados numa superfície firme; Quando o bebé é
apoiado pelos braços e mantido na vertical, executa um movimento de marcha.

-Reflexo de preensão plantar ou Babinski: Quando se acaricia a planta do pé, do calcanhar aos dedos do
pé, estica os dedos e dobra o pé para dentro.

-Reflexo tónico-cervical assimétrico (de esgrimista) Quando se deita o bebé de barriga para cima, roda a
cabeça para o lado, esticando o braço e a perna desse lado, enquanto encolhe os membros do lado oposto.

AULA 5

Regresso a casa
 ASSISTÊNCIA NO PÓS PARTO
Puerpério: Período pós-parto, com início após a saída da placenta tendo uma duração de seis a oito semanas, ao
longo do qual as modificações anatómicas e fisiológicas do organismo materno resultantes da gravidez e parto
regridem

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Puerpério imediato-primeiras 24horas

Puerpério precoce- primeira semana (regressão dos órgãos genitais, lactação “instalada”)

Puerpério tardio- até à 6/8ª semana

 Assistência pós-parto: vigilância durante o período imediato


Objetivos da assistência de enfermagem pós-parto: (internamento)

▪ Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pós-parto;

▪ Facilitar o autocuidado pós-parto;

▪ Promover a cicatrização dos tecidos afetados;

▪ Preparar o regresso a casa.

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Prevenir e/ou detetar precocemente complicações pós-parto
 Hemorragia pós-parto

é a perda sanguínea de > 500 ml durante ou imediatamente após dequitadura, em um parto vaginal, ou > 1.000 ml,
em uma cesariana. Causa: atonia uterina

Fatores protetores:

Durante a gravidez:

- há hipervolemia (↑ 30% to 45% do volume sanguíneo) que permite à mulher tolerar a perda de
sangue durante o trabalho de parto e pós-parto

- ↑ níveis de fibrinogénio e outros fatores de coagulação

Fatores de risco:

- Hiperdistensão uterina (causada por gestação multifetal, polidrâmnios ou feto anormalmente


grande)

- Trabalho de parto prolongado ou disfuncional

- Grande multiparidade (parto de ≥ 5 fetos viáveis)

- Anestésicos relaxantes

- Trabalho de parto rápido

- Corioamnionite

Avaliar quantidade de sangue:

Perda de sangue via vaginal numa hora:

Excessiva: saturado em 15 min.

Parâmetros de avaliação:

• Escassa: menos de 2,5 cm

• Ligeira: de 2,5 a 10 cm

• Moderada: de 10 a 15 cm

• Grave: saturado em 1 hora

 Tromboflebite

…é uma inflamação de uma ou mais veias causada por um coágulo sanguíneo, que geralmente acontece nos
membros inferiores.

Durante a gravidez, o ↑ dos níveis de fibrinogénio e de outros fatores de coagulação (fibrinogénese) constitui um
fator protetor contra a hemorragia pós-parto. Mas constitui um fator de risco para a formação de coágulos no pós-
parto, demorando 4 a 6 semanas a voltarem aos valores semelhantes aos prévios à gravidez.

Sinal de Homans: Positivo se a puérpera referir dor na dorsiflexão do pé

Fatores de risco: Varizes, História de tromboflebite, ↑ tempo de imobilidade

81
Avaliação da puérpera pós-parto:
- Avaliar sinais vitais

-Avaliar dor (5.º sinal vital)


Dores pós-parto (afterpains): resulta da contração da musculatura uterina pós-parto; mais referido pelas multíparas
(menor tonicidade das fibras musculares) ou em casos de hiperdistensão uterina (gravidez múltipla, hidrâmnios,
etc.); agrava durante a amamentação (↑ ocitocina). São autolimitadas e ↓ após 48h.

Dor por ferida perineal ou abdominal

-Ferida perineal: apesar da ferida ser relativamente pequena, os músculos do períneo estão envolvidos em muitas
atividades: andar, sentar-se, inclinar-se, agachar-se, curvar-se, urinar ou defecar.

-Ferida abdominal: ferida mais profunda (envolve mais estruturas) e interfere em várias atividades.

-Avaliar contração do útero pós-parto


ATIVIDADES QUE CONCRETIZAM A INTERVENÇÃO

• Reunir material: luvas não esterilizadas

• Assegurar que a puérpera urinou (bexiga vazia)

• Assistir no posicionamento: a puérpera deve ficar deitada em decúbito dorsal

•Colocar uma mão imediatamente acima da sínfise púbica: a sínfise púbica constitui o ponto de referência para
medir a distância. Colocar a outra mão a nível do umbigo. Fazer um movimento descendente para tocar a zona do
fundo do útero (Fig. 1).

• Comparar a distância com o esperado

involui + /- 1 cm/dia

-Avaliar lóquios
Lóquios: constituem a secreção uterina que se exterioriza pela vagina durante 1. as semanas após o parto.

quantidade | características (coágulos) e relacionar com o dia de puerpério.

82
-Avaliar eliminação urinária
A função renal normaliza 2 a 3 meses após o parto. A bexiga durante o pósparto mantem-se com ↑ da capacidade e
↓ do tónus muscular. Para além disso, durante o parto, a bexiga, a uretra e tecidos adjacentes ao trato urinário ficam
edemaciados e fragilizados pela passagem do feto através do canal de parto => interfere na sensação da necessidade
de urinar (↓).

Complicações da retenção urinária e hiperdistensão da bexiga: hemorragia pós-parto e infeção urinária.

-Avaliar eliminação intestinal


A 1.ª dejeção ocorre ao 2/3.º dia pós-parto. O padrão normal retoma pelo 8-14.º dia.

• ↓ do tónus intestinal e motilidade gástrica

• Relaxamento da parede abdominal

• Restrição de alimentos e líquidos durante o trabalho de parto => pouca quantidade de fezes e duras

• Ferida perineal/abdominal

• Hemorroides

• Antecipação da dor ao evacua

Diagnóstico possível: obstipação

-Avaliar ferida cirúrgica no períneo


Episiotomia -> Episiorrafia -> Ferida cirúrgica

Inspecionar ferida no períneo: evolução da cicatrização da ferida | presença: de rubor, edema, secreção, dor,
equimose

83
Se edema perineal: Aplicar embalagem fria durante 10-20 minutos, 3 a 4 vezes nas 24h, nas primeiras 24-72h pós-
parto

A ferida perineal poderá demorar 4 a 6 meses a curar completamente.

-Avaliar estado das mamas


-Avaliar lactação

LACTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO
Lactação: processo de síntese e secreção do leite materno

Amamentação: alimentar uma criança oferecendo leite das mamas diretamente

Aleitamento: DIFERENTE DE AMAMENTAR - Materno – leite extraído das mamas OU- Artificial – leite de “lata”

ASSISTÊNCIA PÓS PARTO: AMAENTAÇÃO E LACTAÇÃO


A OMS recomenda que as mães, a nível global, amamentem exclusivamente os bebés durante os primeiros seis
meses de vida com vista a conseguirem um crescimento, desenvolvimento e saúde ideais. Por conseguinte, devem
receber alimentação complementar adequada e continuar a amamentar até aos dois anos de idade ou mais.

4,3%probabilidade de ter cancro da mama por cada 12 meses de amamentação

7,5%de diminuição de crises de enxaqueca pós-parto em mulheres com amamentação exclusiva

50% diminuição da mortalidade infantil

36% de redução da SMSL

19% menos casos de leucemia

57% menos de infeções respiratórias graves

50% menos risco de obesidade

AVALIAR LACTAÇÃO

Lactação: processo de síntese e secreção do leite materno pelas glândulas mamárias da mulher contendo hidratos de
carbono, proteínas, gordura em suspensão, vitaminas e minerais, o leite materno constitui o alimento básico da
criança (CIPE® 2019).

O ciclo da lactação humana é constituído por três fases: • lactogénese I (a partir das 12 semanas de gestação), •
lactogénese II (30 a 40h após o parto) e a galactopoiese (corresponde ao estabelecimento do leite maduro).

84
Estímulo da sucção (a sucção no período pós-parto imediato aumenta os recetores de prolactina presentes na mama)
→ estimulação das terminações sensitivas do mamilo e da aréola → ↑ da capacidade de ação da PROLACTINA (↓
progesterona) → liga-se aos recetores nos lactócitos → produção do leite

Prolactina e oxitocina

85
Avaliar lactação

Características da mama após o parto

-Túrgida antes da lactoextração e mole após

- Mole antes da lactoextração -lactação comprometida

- Túrgida antes e após a lactoextração -lactação comprometida

Presença de leite na mama

- sim

- não-lactação comprometida

86
Ensinar sobre estimulação da lactação [Intenção: Estimular produção de leite]

Instruir a massajar a mama / Treinar a massajar a mama


Simule o padrão de sucção:
Instruir a extrair leite materno usando dispositivo
Fase de estimulação: ritmo de extração de
Treinar a extrair leite materno usando dispositivo (pode ser 120 ciclos/minuto.
com bomba elétrica de extração de leite ou bomba manual de
Fase de extração: ritmo de extração mais
extração de leite)
lento de 45 a 78 ciclos/minuto.

Ensinar sobre conservação e preparação do leite materno

87
Potencial para melhorar o conhecimento/capacidade para amamentar
• Benefícios da amamentação

• Características do colostro e do leite

• Critérios para decidir quando oferecer 1 ou as 2 mamas

• Critérios para decidir o intervalo e duração das mamadas

• Sinais de ingestão nutricional suficiente

• Sinais de fome

• Sinais de saciedade

• Posição da mãe e do filho

• Sinais de pega adequada

• Estratégias para manter o bebé acordado durante a mamada

• Sinais de produção e libertação de leite

• Medidas que estimulam/comprometem a lactação

• Diferença entre a subida de leite VS ingurgitamento mamário

• Fatores de risco de ingurgitamento mamário

• Medidas de prevenção de ingurgitamento mamário

• Fatores de risco de fissura do mamilo

• Medidas de prevenção de fissura do mamilo

• Influência da alimentação da mãe no leite (composição e sabor)

• Efeitos da ingestão de cafeína na criança [❑ não se aplica]

• Efeitos da ingestão de bebidas alcoólicas na criança [❑ não se aplica]

• Efeitos de fumar/fumo do tabaco na criança [❑ não se aplica]

Avaliar amamentar (e avaliar a evolução)

88
Ensinar sobre sinais de fome e sinais de saciedade
Sinais de fome: Roda a cabeça e procura abocanhar qualquer objeto que se aproxime da zona peribocal (reflexo de
busca); Apresenta movimentos de sucção ou leva as mãos à boca, Choro (sinal tardio de fome)

Sinais de saciedade: Larga a mama espontaneamente, Fica relaxado ou adormece após a refeição, Mostra-se
interessado na socialização, Intervalo entre mamadas >2,5h

Pega adequada: Aréola visível; bebé alinhado, cabeça solta; bochecha arredondada; lábio inferior voltado para fora;
queixo junto à mama

Ensinar sobre posições do recém-nascido


-clássica

Cavaleiro

Posição de jogador de futebol americano

Ensinar sobre padrão de sucção


Sucção não nutritiva (padrão de sucção rápido, sem pausas)

Libertação de ocitocina

Sucção nutritiva (padrão de sucção mais lento e com pausas para deglutir

89
Ensinar sobre ingestão nutricional
Padrão de eliminação: 6ou+ micções por dia 1 ou + dejeções por dia

Ganho de peso: 10.º-14.º dia até aos 3 meses: 25 gr/dia (110 a 200 gr/semana)

Pelo menos 6 refeições diárias

Duração das mamadas compatível com o acesso ao leite final

Fatores concorrentes para uma ingestão nutricional suficiente

• 1. Padrão de sucção => ocitocina

Sucção vs. ação da ocitocina

• 2. Tamanho do estômago do bebé => 8-12 refeições/24h

N.º de refeições nas 24h: 8-12

• 3. Oferecer 1 ou 2 mamas => tipos de leite

Libertação da gordura ocorre durante a mamada II

• 4. Sinais de saciedade => a cada mamada

Ensinar sobre dispositivos facilitadores do amamentar


Almofada de amamentação e bico de silicone

Avaliar estado das mamas: mamilo


Tamanho, simetria e forma Consistência (mama mole); Pele da mama e mamilo; Forma do mamilo: Presença de
lesões

90
Avaliar estado das mamas
Estado dos mamilos (íntegros| lesão (ex. fissura) | macerados)

Consistência da mama (relacionar com a lactoextração | sinais de ingurgitamento mamário)

Fatores concorrentes para lactação & amamentação comprometidas: Fissura ou ingurgitamento mamário

Ingurgitamento mamário (mamas quentes, ruborizadas, edemaciadas, cheias)

Processo inflamatório: retenção de leite na mama distensão alveolar distensão dos ductosobstrução do fluxo
do leiteagrava a distensão alveolar e obstruçãoedema e inflamação leite torna-se mais viscoso

Fissura no mamilo (direito | esquerdo) Potencial para melhorar o conhecimento & capacidade para lidar com
complicações: fissura intervenção. Ensinar tratamento da fissura

Ingurgitamento mamário Potencial para melhorar conhecimento e capacidade para lidar com complicações:
ingurgitamento mamário Intervenções: Ensinar sobre tratamento do ingurgitamento mamário Instruir/Treinar
extração de leite materno

Potencial para melhorar o conhecimento & capacidade para lidar com complicações
Ensinar tratamento da fissura

80% a 90% das mulheres que amamentam experienciam fissura e dor no mamilo.

Causas:

• Pega incorreta (abocanhar e posicionamento) (correção destes aspetos melhora a situação em 65% dos
casos)

• Reflexo de descida do leite comprometida

• Mamilos invertidos

-Outros fatores concorrentes: Bebé fazer da mama “chupeta” depois de adormecer à mama sem fazer a pega
adequada; retirar o bebé da mama sem interromper a sucção (vácuo); Bebés com freio da língua (liga a língua ao
palato inferior) – OBS médico; Usar discos de absorção com plástico; Usar cremes/loções que não se conhecem as
propriedades terapêuticas; Lavar a mama com sabão (remove a camada protetora natural)

▪ Assistir mãe em conseguir uma pega adequada

91
▪ Facilitar a cicatrização:

• Permitir que o mamilo seque ao ar depois de amamentar (evita que a roupa/disco absorvente se cole à pele)

• Aplicar leite materno final no mamilo (tem gordura que facilita a cicatrização)

•Usar arejador de mamilo (mantem roupa afastada e facilita a manutenção do mamilo seco)

• Aplicar lanolina ou almofadas de hidrogel…

Aliviar a dor

Ensinar tratamento da fissura


▪ Aliviar a dor:

• Começar a mamada pela mama que doer menos

• Estimular o reflexo de descida do leite antes de colocar o bebé à mama (ex. aquecer almofada de hidrogel
em água quente a 50 ºC (não a ferver) durante 8 minutos; secar com um pano, verificar a temperatura nas costas da
mão; colocar sobre a mama por no máximo 8 minutos)

• Procurar encontrar a posição (abocanhar) que produza menos dor

• Aplicar embalagem fria depois da mamada nos mamilos já secos (!)

• Usar soutien com suporte adequado – de algodão, sem aros; usar também durante a noite para suporte
extra

Se a dor for intensa, parar de oferecer a mama com fissura e extrair o leite: “rest & express”, por algumas
mamadas ou dias; se usar bomba, assegurar que o tamanho do funil é adequado e ajustar a pressão de sucção;
retirar o leite suficiente para garantir a manutenção da produção de leite e prevenir ingurgitamento mamário;
oferecer o leite extraído à criança através de copo ou colher.

Ensinar tratamento do ingurgitamento mamário:

Esvaziar mama (aliviar tensão mamária)

• Massagem da mama

• Aplicar embalagem quente (antes) e embalagem fria (depois)

• Extração manual ou mecânica de leite materno

92
Regresso a casa: De grávida a puérpera
Potencial para melhorar o conhecimento sobre a autovigilância pós-parto
Intervenções: Ensinar sobre evolução dos lóquios; Ensinar sobre sinais de alerta [quantidade, cor e cheiro

Potencial para melhorar o conhecimento para promover cicatrização da ferida cirúrgica no períneo
Intervenções:

-Ensinar sobre autocuidado: higiene íntima

-Após urinar ou defecar

-Lavagem das mãos (antes e depois)

-Realizada com água corrente morna e sabão simples líquido, com um pH idêntico ao da pele e da flora
vaginal (5,5)

-Lavagem no sentido ântero-posterior

-Secar com uma toalha de algodão macia, por pressão e não por fricção (não utilizar o mesmo lado da toalha
duas vezes)

-Trocar o penso sempre que sujo/húmido (não usar tampão

Potencial para melhorar o conhecimento para lidar com a dor por ferida
Intervenções:

-Ensinar sobre como lidar com a dor

• Assistir na identificação de fatores que agravam a dor: movimentação | espirrar/tossir | roupa apertada |
realização de algumas tarefas diárias | …

• Explicar estratégias para lidar com a dor: posicionamentos | aplicar embalagem fria (1-2.º dia) – envolver o saco na
malha tubular ou no pano de algodão e devem aplicar por cima do penso absorvente durante 20 a 30 minutos

• Recomendar o uso de cinta pós-parto (alivia a dor e desconforto associado à mobilidade); explicar como colocar.
Não é aconselhável utilizar a cinta permanentemente e por um período longo, pois o seu uso poderá contribuir para
a redução da dimensão das fibras musculares, favorecendo a flacidez

Potencial para melhorar o conhecimento para lidar com a dor por ferida
Intervenções:

Ensinar sobre evolução da dor

Ensinar sobre como lidar com a dor

• Assistir na identificação de fatores que agravam a dor: movimentação | espirrar/tossir | roupa


apertada | realização de algumas tarefas diárias | …

• Explicar estratégias para lidar com a dor: posicionamentos | aplicar embalagem fria (1-2.º dia) –
envolver o saco na malha tubular ou no pano de algodão e devem aplicar por cima do penso absorvente
durante 20 a 30 minutos

93
• Recomendar o uso de cinta pós-parto (alivia a dor e desconforto associado à mobilidade); explicar
como colocar. Não é aconselhável utilizar a cinta permanentemente e por um período longo, pois o seu uso
poderá contribuir para a redução da dimensão das fibras musculares, favorecendo a flacidez.

Diástase abdominal: 2/3cm é normal, mais do que isso não

Perda de peso:

Imediatamente após o parto: perda de 4,5 a 5,8 Kg (feto, placenta, LA e perda de sangue)

Até ao final da primeira semana: 2,3 a 3,6 Kg perda de líquidos pós-parto (diurese) 0,9 a 1,4 Kg da involução uterina e
perda de lóquios

Perda de gordura acumulada durante a gravidez: é lenta…

Nos primeiros 3 a 6 meses pós-parto: perda de peso ganho, mas mantendo 1 Kg a cada gravidez

DE MULHER A MÃE

Blues puerperal [40 a 60% das mulheres] Atinge o seu pico, por volta do 5.º dia e atenua pelo 10.º dia, podendo
durar até 1.º mês após o parto.

É onde ocorre: Labilidade emocional, Choro fácil Irritabilidade, ansiedade, Cansaço, Dificuldade de concentração e p/
reter informação, Insónia.

Depressão (pós-parto) materna [10% e 15% das mães]

Pode surgir durante todo o 1.º ano após o parto, sendo mais frequente a partir do 2.º mês.

Demonstrado pela/o:

-Falta de interesse no bebé, sentimentos negativos para com o bebé, sentimentos de inutilidade e culpa

-Choro fácil, irritabilidade, ansiedade

-Perturbações do apetite

94
-Cansaço. Insónia ou sonolência

-Falta de interesse em si própria, falta de energia e motivação

DE HOMEM A PAI

Depressão (pós-parto) paterna

Sintomas:

- Tristeza persistente, perda de interesse,


irritabilidade –

- Alterações do sono (insónia ou hipersónia) e apetite

- Capacidade de concentração/decisão diminuída

- Perda de energia ou fadiga

- Evitamento social, ataques de raiva, embotamento


afetivo, exaustão, indecisão, cinismo e autocrítica

Fatores concorrentes:

• depressão antenatal ou pós-parto prévia na parceira;

•história pessoal de depressão no pai;

•estado da relação com a parceira.

Pais deprimidos tendem a exibir mais frequentemente emoções negativas (apatia, medo, ódio, vergonha, culpa,
arrependimento, ressentimento, raiva, hostilidade) e sentimentos de desamparo que podem influenciar a qualidade
da sua interação com os seus filhos.

A promoção de programas para a preparação dos pais para a parentalidade assume particular importância na
prevenção da depressão paterna.

Efeitos da depressão materna e/ou paterna no desenvolvimento da criança

95
Impacto na criança, se mãe e/ou pai deprimidos

Em resposta ao afastamento ou comportamento inconsistente por parte da mãe/do pai há aumento crónico do nível
basal de cortisol, dificultando a autorregulação e crescimento cerebral normal, nomeadamente da maturação do
córtex orbito-frontal que desempenha um papel importante na regulação cognitiva e emocional.

▪ Menos frequentemente postos a dormir em decúbito dorsal;

▪ Menos frequentemente amamentados;

▪ Deixados a dormir com o biberão com leite (com consequências negativas no desenvolvimento da dentição e risco
de aspiração);

▪ Brincam e cantam menos para os filhos;

▪ Crianças exibem mais problemas de comportamento (ex. hiperatividade);

Tornar-se família
A qualidade da relação do casal influencia ainda a disponibilidade dos progenitores no envolvimento e cuidado físico
e afetivo dos seus filhos.

Um estudo britânico baseado numa amostra de cerca de 14 500 famílias evidenciou um aumento do conflito conjugal
superior a 50% entre o período pré-natal e pós-natal.

Reinício da atividade sexual: fatores que podem influenciar a decisão

Critério “físico” para a tomada de decisão: Após cicatrização da ferida perineal e término do corrimento vaginal
(lóquios)

-Imagem corporal ▪ Insatisfação na relação conjugal ▪ Diminuição do desejo sexual ▪ Cansaço

-Dispareunia; dor perineal; diminuição da lubrificação vaginal

- Amamentar e presença do bebé no quarto

Significado atribuído ao apoio da família

Significado dificultador:

-Críticas ao comportamento e decisões

-Questões que provocam sensação de falta de confiança

- Presença que não permite a gestão adequada do repouso

Significado facilitador:

-Presença e ajuda são entendidas como facilitadoras

- Respeito pelas decisões

- Apoio á amamentação

-Disponibilidade para auxiliar o casal naquilo que é importante

96
Tornar-se o irmão velho
Ciúme: não querem dividir seu tempo e atenção [O ciúme constitui uma reação emocional que se caracteriza por um
sentimento de inveja e ressentimento generalizado para com a pessoa que se considera como rival].

Nascimento de um irmãoA criança sente que deixou de ser o centro das atençõesComeça a acreditar que já não
gostam dele ou que o abandonaramSentimentos de culpabilidade e baixa autoestimaSentimentos hostis pelo
irmão recém-nascido, tem consciência de que não são bons

Resposta depende da idade da criança [Até aos 2 anos não há muitas oportunidades para comportamentos
regressivos porque ainda está tudo a começar. Os ciúmes aparecem especialmente por volta dos 3/4 anos.]

Preparar a integração do novo elemento na família

Em relação ao preparar a integração do novo elemento na família: ❑ Não se aplica ❑ Idade dos irmãos (anos): …

tem conhecimento sobre: • Estratégias para gerir o ciúme do irmão: durante a gravidez • Estratégias para
gerir o ciúme do irmão: durante internamento • Estratégias para gerir o ciúme do irmão: quando regresso a casa

Até aos 2 anos

97
3 ou 4 anos

Idade escolar

Adolescência:

O animal de estimação:

O conceito de família depende das definições que seus membros constroem sobre ela ao longo de suas vidas.

A família é mais do que as relações de parentesco, mas sim as relações de proximidade e integração.

Possíveis respostas dos animais:

-Cães e gatos sentem a mudança do comportamento, do cheiro e principalmente dos gestos da mulher que
engravidou.

Também mudam: ficam triste; tendem a não obedecer às ordens como antes; com o receio de perder a atenção de
seus donos, os animais tendem a fazer de tudo para se mostrar e mostrar que estão ali: urinam e evacuam em
horários e locais diferentes do habitual, ladram/miam sem motivo aparente, horário de descanso mais curto, ETC; em
alguns casos os cães criam naturalmente um instinto protetor, seguindo a dona por toda a casa.

98
Benefícios associados ao convívio da criança com animais

• Mais afetuosas, críticas e observadoras

• Mais sensíveis com as pessoas e as situações

• Mais autónomas e responsáveis

• Mais autoestima

• Mais sociais, cordiais e justas

• Maior facilidade em lidar com a frustração

Bebés que crescem em casa com animal de estimação, nomeadamente cão ou gato, têm menor probabilidade de
ficar doente do que crianças que não convivem com animal de estimação.

ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS: durante a gravidez

• Assegurar-se que é capaz de entender ordens simples como o "senta", "deita", "fica", "vem" e ter a certeza que
entende e respeita a palavra "não “;

•Se existirem áreas da casa a restringir o acesso após o nascimento, é necessário começar a fazê-lo ainda durante a
gravidez;

•Ambientar à existência de novos objetos, nova mobília e novos brinquedos que não são dele e nos quais não poderá
tocar;

•Os objetos/brinquedos poderão ser mostrados nesta fase e observar a reação do animal (ex.se mostram ansiedade
perante os carrinhos de passeio, devido às suas rodas, passear o cão, com coleira, ao lado do carrinho contribuirá
para a habituação);

•Reproduzir sons de bebés na casa para que se vá habituando; •Propiciar uma zona de conforto e sossego para o
animal;

•Treinar a não saltar para o colo das pessoas, de forma a evitar que faça isso, no futuro, com alguém que esteja com
o bebé ao colo;

•Premiar os seus bons comportamentos com reforço positivo

ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS: no regresso a casa

• Ao chegar a casa, importa que a mãe venha com as mãos livres, para estar disposta a receber o cão/gato e dedicar-
lhe algum tempo;

• Oferecer uma peça de roupa para cão/gato possa conhecer o cheiro do bebé;

• Se o cão é de porte médio ou grande, mas de raças dóceis (ex. Bulldogue ou Golden Retriever) será necessário
tomar a precaução com os movimentos do animal (por não saber dosar a brincadeira ao ver o bebé, com os
movimentos das patas, rabo ou focinho possa arranhar ou magoar o bebé);

• O cão pode tentar superproteger o bebé, ao perceber que mãe ou pai não estão por perto, poderão reagir mal para
as pessoas que se tentarem aproximar;

• Isolar zona de alimentação/necessidades fisiológicas de áreas onde estará o recém-nascido;

•Com os gatos o cuidado será necessário ter atenção com as unhas e dentes – por terem movimentos muito rápidos,
dificilmente se conseguirá proteger o bebé de uma patada, arranhão ou mordida;

•Premiar os seus bons comportamentos com reforço positivo.


99
Aula 6

Saúde infantil e pediátrica


Aspetos globais:

- Cliente pediátrico: evolução

- Cuidados não traumáticos

- Cuidados de parceria

- Plano nacional de vacinação

Contextos/Conceito
Criança:
“Na sociedade medieval a criança a partir do momento em que passava a agir sem solicitude de sua mãe, ingressava
na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes” - as crianças eram representadas como adultos em
miniaturas, sendo vestidas e expostas aos mesmos costumes dos adultos. Elas são tinham um tratamento
diferenciado, nem um mundo próprio, não existia neste período, o chamado sentimento de infância.

Roma antiga: observa-se que o nascimento de uma criança “não era apenas um facto biológico”, mas de aceitação
paterna. Isso porque quando o pai elevava a criança do chão o mesmo estava aceitando criá-la, sendo este um ato de
adoção.

Influência cristã: a criança transforma-se num mediador do céu e da terra, e que destes vêm falas de sabedoria. Foi
neste cenário, que emerge o sentimento de infância.

A conceção de infância que possuímos hoje, surgiu na modernidade. É um conceito, uma representação, um ideal
que pretende caracterizar elementos comuns em crianças diferentes

Duas conceções ligadas aos significados das expressões da palavra

* INFANTE - aquele que está impossibilitado de falar, aquele que não tem voz - eram percebidas como
adultos imperfeitos, não como seres humanos em desenvolvimento - Essa fase da vida humana tinha pouco interesse
de ser conhecida

+ CRIANÇA - aquele que está sendo criado, com voz e participação.

Fase compreendida entre o nascimento e a puberdade, possui modos específicos de sentimentos, ações e
comportamentos que devem ser compreendidos de maneira a se respeitar as diferentes culturas de determinado
tempo e espaço, relacionando-se, ainda, com a troca de conhecimentos que se estabelecem entre crianças,
adolescentes e adultos.

Fatores condicionadores da infância: contextos históricos, sociais, culturais, económicos, geográficos, acrescentando
as peculiaridades individuais.

As crianças hoje não são iguais às crianças dos anos passados, nem serão as mesmas que virão no futuro.

100
sujeito de direito: é reconhecida na sua peculiar condição de ser humano em processo de desenvolvimento e tem
liberdade para comunicar pensamentos, exigir, questionar.

Família na sua função parental

- Favorece a aquisição da noção de segurança, poder, autoridade, hierarquia;

-promove aprendizagem de capacidades: linguagem, pensamento critico, tomada de decisão (o que pode ou não
fazer), adaptação a diferentes circunstâncias, flexibilização, negociação.

Carta da criança hospitalizada:


A Carta da Criança Hospitalizada foi preparada por várias associações europeias em 1988, e o Sector da Humanização
dos Serviços de Atendimento à Criança do Instituto de Apoio à Criança (IAC) publica, desde 1996, a sua versão em
português.

A Carta da Criança Hospitalizada, nos seus dez princípios, define de forma clara um conjunto de direitos da Criança
que, uma vez garantidos, asseguram a excelência do acolhimento e estadia da criança no hospital.

Em 2012, procurando cumprir um dos direitos consignados na própria Carta da Criança Hospitalizada - direito a
receber uma informação adaptada à sua idade e compreensão - o IAC lançou o livro “Zebedeu - Um Príncipe no
Hospital”, que aborda os direitos da criança no hospital, numa linguagem adaptada à compreensão do público
infantil.

A partir do modelo biomédico em que a soma das partes dava o todos resultou na crença em que todos os aspetos
dos fenómenos complexos podem ser compreendidos se reduzidos às suas partes constituintes:

- Indissociáveis da prática médica

- Práticas delegadas

- Orientados para a doença

101
Acentua a relação da pessoa com o seu contexto: o todo que é o
ser humano é considerado na relação com o seu meio
envolvente ou, melhor dizendo, com os vários meios que, à
semelhança da pedra lançada à água, se desdobram e criam
envolventes múltiplas.

Cuidados Pediátricos

102
Níveis de prevenção:

103
Educação para a saúde:

Promoção da saúde:
- Conduz ao conceito de saúde "bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de doença...”. (OMS)

- Envolve capacitação de indivíduos e comunidades

- medidas educativas para melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos (alimentação, exercício físico,
repouso, comportamentos de risco: tabaco, drogas ...

- ações de orientadas para o ambiente (comportamentos higiene - habitação, saneamento.

- Ampliar possibilidades de controlar os determinantes de saúde

- Incrementar a saúde e o bem-estar gerais

- Promover mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de beneficiar a saúde de camadas mais amplas
da população;

- Facilitar o acesso às escolhas mais saudáveis. Tudo isto leva a mudanças positivas nos níveis de saúde

Prevenção da doença
Conjunto de atitudes adotadas por antecipação para evitar determinados acontecimentos ou riscos

- garantir proteção a doenças especificas

- Reduzir a incidência e prevalência nas populações

Ou seja, levam a mudanças positivas nos níveis de saúde

Diagnostico tratamento precoce e prevenção da incapacidade

Estratégias populacionais para deteção precoce:

- rastreio: auditivo, oftalmológico, doenças metabólicas

- Ações focadas em indivíduos portadores de doença- Prevenir complicações e mortes


metabólica, cardíaca- no sentido de curar ou manter a prematuras
funcionalidade sadia.

104
Reabilitação

O cuidado cas crianças e famílias com sequelas de doenças ou acidentes. Que levam a recuperar ou manter o
equilíbrio funcional

Iatrogenia

Deteção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções médicas
inapropriadas e sugira-lhes alternativas eticamente.

Pressupõe:

- ações clínicas centradas na criança e na família, e pautadas na epidemiologia clínica e na saúde baseada e
evidências

- melhorar a qualidade de prática em saúde

- melhorar a racionalidade económica

- as ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas considerando o máximo
de qualidade da atenção com o mínimo de intervenção possível.

- Construir a autonomia do cliente pediátrico, através do conhecimento e habilidades para a tomada de


decisão consciente e realista.

105
Projeto Nasce Cidadão
- Informa a mãe/pais do horário e localização do gabinete onde poderão efetuar o

- Registo

- Facilita o contacto entre o profissional do registo civil e a mãe (os pais)

- Será o interlocutor do Serviço com a Unidade do Registo Civil a funcionar no hospital

- É responsável por garantir o envio diário à Unidade do Registo Civil, da listagem dos nascimentos ocorridos no dia
anterior com menção do sexo da criança, nome e morada da mãe.

- Registo que a partir de 2020 pode ser efetuado online

- Todos os balcões Nascer Cidadão encontram-se temporariamente suspensos em virtude das medidas de
contingência para prevenção e contenção da infeção por COVID-19. Para registar o nascimento do bebé utilize o site
designado para isso.

Saúde Infantil e Juvenil: Programas

PROGRAMAS PRIORITÁRIOS NACIONAIS:

* Prevenção e controlo do Tabagismo

* promoção da alimentação Saudável

* promoção da atividade física

* saúde mental

(DGS,2020)

PROGRAMAS NACIONAIS:
106
- Vacinação (1965)

- Intervenção precoce na infância

- Saúde escolar

- Saúde oral (aos 7, 10 e 13 anos, entre 2009-2016)

- Diagnóstico Precoce (1979)

- Rastreio da Saúde Visual Infantil (2016).

- Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos (1998)

(DGS, 2020)

A população infantil (idade inferior a 18 anos9 residente em Portugal diminuiu de forma continua a partir de 1978 até
2017.

“Os indicadores de mortalidade materna e infantil melhoraram progressivamente nas últimas décadas, situando-se
ao nível dos melhores da Europa e do Mundo.

- O risco de morrer e a taxa de mortalidade apresentam redução nos diferentes grupos etários, até aos 18 anos.

- As anomalias congénitas, as lesões e envenenamentos e as neoplasias lideram as causas de morte em crianças e


jovens, variando a sua prevalência com o grupo etário.

- A vacinação permitiu a erradicação da varíola, a eliminação no País da poliomielite, da difteria, do tétano


neonatal, do sarampo, da rubéola e da rubéola congénita

- O controlo de outras doenças, por exemplo, a redução da incidência de doença invasiva pneumocócica e de
cancro do colo do útero e de outros cancros causados por Vírus do Papiloma Humano (HPV).

SIP em números:

Até 2004- a idade recomendada para a colheita de sangue era entre o 4º e o 7º dia de vida

Após 2004- com o alargamento do rastreio a outras doenças hereditárias do metabolismo, passou a ser recomendada
a colheita entre o 3º e o 6º dia de vida.

Em 2016, o período entre o nascimento e a instituição da terapêutica foi, em média, de 9,8 dias.

Rastreio doenças metabólicas + rastreio da saúde oral

Rastreio da saúde visual infantil

Em Portugal, estima-se que as alterações da visão afetem:

-cerca de metade de população

-cerca de 20% das crianças sofram de erros refrativos significativos.

Prevenção e deteção precoce:

- a retinopatia diabética

- a ambliopia nas crianças são duas situações passiveis de prevenção e deteção precoce

Atividade física

107
- prevalência entre os 6 e os 14 anos que cumprem as recomendações de 60 minutos de atividade física
moderada a vigorosa=57,5%

- é superior a 50% qualquer que seja o sexo ou grupo etário analisados.

- 10aos 14 anos: menores prevalência de brincadeiras, quer à semana, quer ao fim de semana. Decréscimo
significativo da prevalência cm a idade e particularmente, acentuado nas raparigas.

Obesidade

- verifica-se 5 aos 9 anos de maior prevalência no excesso de peso

Intervenção:

Consumo de álcool

- 20,1% dos adolescentes com 13 anos tinha consumido bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses.

- Redução do consumo de bebidas alcoólicas em todas as idades (13-18 anos) ao longo dos anos, mas são valores
muito acima do desejado (Figura 46).

- Nos 30 dias anteriores à data do inquérito, as bebidas alcoólicas mais consumidas foram as destiladas (mais velhos)
e as cervejas (mais novos)

- A prevalência de embriaguez (cambalear, dificuldade em falar, vomitar e/ou não recordar o que aconteceu) tem
vindo a reduzir desde 2011, mais acentuada nos dos 13 aos 16 anos

Consumo de tabaco

Aos 13 anos, 1 em cada 7 adolescentes já experimentou fumar

Aos 18 anos, 3 em cada 5 adolescentes já experimentou fumar

Aos 18, 1 em cada 3 adolescentes começou a fumar entre os 13 e os 15 anos

Consumo de substâncias ilícitas

- um terço da população jovem com 18 anos, já consumiu substâncias ilícitas,


108
- 2,7% dos jovens com 13 anos, em 2015, consumiram substâncias ilícitas

- entre os 17-18 anos verifica-se um aumento ao longo dos últimos anos.

- entre os 13-16 anos verifica-se uma diminuição

Morbilidade

Morbilidade: cardiopatias e diabetes melitus tipo 1

Cardiopatias congénitas:

- Constituem as anomalias mais frequentes, sendo detetadas frequentemente associadas a síndromas


polimalformativas.

- São também a principal causa de mortalidade infantil. Ocorrem em cada 8 a 10 crianças /1,000 nados-
vivos, ou seja, têm uma

incidência de 0,8 a 1% nas crianças que nascem vivas

- Estima-se que a mortalidade global esteja entre os 3% e os 5% a nível nacional

- São uma das principais causas de interrupção espontânea da gravidez.

cardiopatia adquirida

-Em idade pediátrica existe um número cada vez mais significativo, sendo mais prevalente:

-Doença de Kawasaki,

-Miocardite

-Miocardiopatia dilatada.

Diabetes mellitus tipo 1

- natureza autoimune;

109
- desenvolvimento mais frequente nas crianças e jovens

- A prevalência entre os 0-18 anos

- tem-se mantido relativamente estável

- é mais elevada no sexo masculino

Mortalidade

Entre os 5- 18 anos

- É sensivelmente a mesma (4 anos) que dos 5 aos 14 anos (10 anos);

- O maior peso da mortalidade recai nas Neoplasias e nas Lesões e Envenenamentos:

-Acima dos 15 anos, as Neoplasias são menos expressivo acima dos 15 anos, sendo a mortalidade por
Neoplasias, no total das causas de morte = 22%

- Idades inferiores representavam 32%

- Nas mortes por Lesões e Envenenamentos acontece o inverso, acima dos 15 anos representam
aproximadamente metade de todas as mortes desse grupo etário

Em 2017

- 0-17 anos morreram 406 crianças e jovens, 217 das quais (53%) com menos de um ano de vida (INE, 2017).

Entre 2011 e 2015

- 15,5% dos internamentos e 87,2% dos óbitos (1.539 óbitos) estiveram associados a doenças crónicas
complexas (DCC) (Observatório Português de Cuidados Paliativos)

Em 2015

- a prevalência de base hospitalar de crianças com DCC foi de 45:10.000 (7.669) - valor pode estar
subestimado por não incluir crianças que não tenham sido internadas em hospitais do SNS

Maus-tratos- conceito

Maus-tratos  "qualquer ação ou omissão não acidental, perpetrada pelos pais, cuidadores ou outrem, que ameace
a segurança, dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da vítima (DGS, 2011:7)

ABUSO DE MENOR  «Abuso com características específicas: ato de violar, atacar ou maltratar uma criança;
associado a abuso no seio da família ou a comportamentos ilegais ou culturalmente proibidos.» (CIPE, 2011)

Vítimas:

Criança vítima de abuso

Vítima de abuso sexual

Vítima de negligência

110
Vítima de violência entre parceiros íntimos

(Browser, ICNP, 2019)

Nota: Para efeitos da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, considera-se criança ou jovem a pessoa com
menos de 18 anos ou com menos de 21 anos que solicite a continuação da intervenção iniciada antes de atingir os 18
anos.

Tipos de maus-tratos:

- NEGLIGÊNCIA (abandono / mendicidade)

- Físicos

- ABUSO SEXUAL

- PSICOLÓGICO/EMOCIONAIS

- SÍNDROMA de Munchausen por Procuração.

(DGS,2011)

NEGLIGÊNCIA (passiva e ativa)

- «Atitude comprometida: Não dar o devido cuidado ou atenção, ignorar.» (CIPE, 2010:63)

- a incapacidade de proporcionar à criança ou ao jovem a satisfação de necessidades básicas de higiene,


alimentação, afeto, educação e saúde, indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento adequados

Físicos

-Envolvem o uso da força física contra a criança ou adolescente, por parte dos pais, responsáveis ou
cuidadores, familiares ou pessoas próximas (Pires & Miyazaki, 2005)

- Resulta de qualquer ação não acidental, isolada ou repetida, infligida por país, cuidadores ou outros com
responsabilidade face à criança ou jovem, a qual provoque (ou possa vir a provocar) dano físico. (DGS,2011)

Exemplos:

- Síndrome da criança abanada: causada pela agitação violenta de lactentes

- Crianças pequenas, com risco de dano cerebral (resultado da frustração em gerir o choro)

ABUSO SEXUAL

- «maus-tratos ou ataques sexuais, participação forçada em carícias ou atos sexuais, associado a


comportamentos ilegais ou culturalmente proibidos; as definições legais podem variar entre e no interior das
culturas e países, mas o abuso sexual é considerado um comportamento ilegal ou culturalmente proibido.» (CIPE,
2011)

- Corresponde ao envolvimento de uma criança ou adolescente em atividades cuja finalidade visa a


satisfação sexual de um adulto ou outra pessoa mais velha.

Exemplos:

- importunar a criança ou jovem;

111
- obrigar a tomar conhecimento ou presenciar conversas, escritos e espetáculos obscenos;

- utilizá-los em sessões fotográficas e filmagens;

- a prática de coito

PSICOLÓGICOS/ EMOCIONAIS

- resulta da privação de um ambiente de segurança e de bem-estar afetivo indispensável o crescimento,


desenvolvimento e comportamento equilibrados da criança/jovem.

SÍNDROMA DE MUNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO

- Atribuição à criança, por parte de um elemento da família ou cuidador, de sinais e sintomas vários, com o intuito de
convencer a equipa clínica da existência de uma doença, gerando, por vezes, procedimentos de diagnóstico
exaustivos, incluindo o recurso a técnicas invasivas e hospitalizações frequentes (DGS,2011)

SINAIS:

- ministrar à criança/jovem uma droga/medicamento para provocar determinada sintomatologia;

- adicionar sangue ou contaminantes bacterianos às amostras de urina da vítima;

- provocar semi sufocação de forma repetida antes de acorrer ao serviço de urgência anunciando crises de
apneia.

Exemplos:

- Doença inexplicável, prolongada ou extremamente rara

- Discrepância entre a avaliação clínica e a história do progenitor

- Doença que não responde ao tratamento

- Sinais e sintomas que ocorrem apenas na presença dos pais

- Pais muito interessados em relacionar-se com os membros da equipe de saúde

- Pais excessivamente atentos à criança

- Resolução do problema após separação do agressor

Maus-tratos – modelo de intervenção


- terceiro nível, é à intervenção judicial, que se pretende residual, que cabe o protagonismo na
proteção de crianças e jovens em perigo.
- segundo nível, quando não seja possível às entidades abaixo mencionadas atuar de forma
adequada e suficiente para remover o perigo, toma lugar a ação das Comissões de Proteção de Crianças e
Jovens (CPCJ) e da Saúde.

112
- primeiro nível, é atribuída legitimidade às entidades com competência na área da infância e
juventude: saúde, educação, formação profissional, ocupação dos tempos livres, entre outros. O que
levaria a intervir na promoção dos direitos e na proteção das crianças e dos jovens, sobretudo, as que se
encontrem em situação de risco ou perigo.
Maus-tratos- Fatores promotores de risco
1. Representações sociais do papel da criança/jovem na família e na sociedade:

- Aceitação da violência como forma de disputa interpessoal;

- Exaltação mediática da violência;

- Tolerância social para a educação através da punição física;

- Escassez na efetividade dos mecanismos de punição da violência intrafamiliar;

- Persistência dos papéis tradicionais de género: masculinidade associada ao exercício do poder e a


feminilidade à responsabilidade do cuidar.

2. Fenómenos conjunturais específicos, de enquadramento social e os valores culturais da comunidade em que a


criança ou jovem está inserido:

- Contextos sociais problemáticos: carências económicas e habitacionais favorecedoras de — condutas


violentas, em particular, no exercício da parentalidade;

- Barreiras ao exercício pleno da cidadania resultantes, de pobreza, fenómenos migratórios, alienação


cultural, isolamento e conflitualidade social.

Maus-tratos: aspetos da dinâmica familiar e institucional

Fatores de risco quando ocorrem as seguintes situações:

1. Vinculação insegura, problemas de comunicação e/ou deficit no exercício das responsabilidades parentais;

2. Existência de elementos da família com vulnerabilidades particulares

- situação de dependência, exclusão social;

- desemprego, precariedade laboral,

- alcoolismo e outras toxicodependências,

- doença mental,

- crianças com deficiência ou doença crónica, etc.

3. Deficit de apoio social, económico e psicológico ou agregados pouco permeáveis à intervenção, quando desejável;

4. Fragilidade estrutural e disfuncionalidade na dinâmica familiar:

- relações instáveis, famílias numerosas em contextos desfavoráveis,

- violência doméstica,

- gravidez não desejada, fratria de origem diversa,

113
- mudança frequente de residência, migração,

- episódios de crise como morte, detenção, separação ou divórcio;

5. Crianças e jovens desprovidas de meio familiar e que, por decisão negociada (CPCJ) ou decisão judicial, se
encontram institucionalizadas;

6. Vivências escolares pautadas por diversas formas de violência: bullying

Maus-tratos: fatores ligados aos pais ou representante legal (guarda de afeto)

Fatores de ordem pessoal

1. Perturbações no processo de vinculação com a criança/jovem;

2. Abuso de substâncias: alcoolismo e toxicodependências;

3. Perturbação da saúde mental ou física;

4. Antecedentes de comportamento desviante;

5. Dificuldade em lidar com as frustrações, vulnerabilidade ao stresse, baixa autoestima e perturbações emocionais e
deficit de autocontrolo, personalidade imatura e impulsiva;

6. Antecedentes de vivência pessoal de maus-tratos;

7. Parentalidade em idade muito jovem;

8. Gravidezes muito próximas e/ou gravidezes não vigiadas;

9. Inexperiência e falta de conhecimentos básicos sobre o processo de desenvolvimento da criança;

10. Padrões de vida que dificultem ou comprometam o exercício da parentalidade.

Guarda de facto

- relação que se estabelece entre a criança ou o jovem e a pessoa que com ele vem assumindo,
continuadamente, as funções essenciais próprias de quem tem responsabilidades parentais,

Guarda ocasional

- as situações em que a criança viva com uma pessoa que não detenha o poder paternal, não seja o seu
representante legal, nem desempenhe de forma continuada as funções de quem tem responsabilidades parentais.

A lei coloca numa posição equiparada à dos pais, ou representantes legais, quem tem a guarda de facto da criança,
reconhecendo-lhe um estatuto idêntico e com uma posição ativa em todo o processo (por exemplo, prestar
consentimento), situação que não sucede a quem tem uma guarda ocasional.

Maus-tratos: Fatores individuais da criança e jovem

Fatores de risco intrínsecos à criança/jovem:

1. Vulnerabilidades particulares no que respeita à idade e necessidades;

2. Traços de personalidade e temperamento que conflituante com as expectativas dos pais/ responsáveis;

3. Prematuridade e baixo peso ao nascer - (mais frágeis, menos alerta, mais difíceis de calar;

114
4. Crianças com necessidades de saúde especiais;

5. Sexo da criança ou jovem, em particular, quando não corresponde às expectativas familiares.

As situações de perigo para a criança ou jovem encontram-se tipificadas na Lei 147/99, nº 2 do art.º. 3.º

a) Estar abandonada ou viver entregue a si própria;

b) Sofrer maus-tratos físicos ou psíquicos ou ser vítima de abusos sexuais;

c) Não receber os cuidados ou a afeição adequada à sua idade e situação pessoal;

d) Ser obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade e situação pessoal ou
prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento;

e) Estar sujeita, de forma direta ou indireta, a comportamentos que afetem gravemente a sua segurança ou o seu
equilíbrio emocional;

f) Assumir comportamentos ou entregar-se a atividades ou consumos que afetem gravemente a sua saúde,
segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o representante legal

Lei n.º 142/2015, de 08/09: Lei de Proteção de crianças e jovens em perigo

Maus-tratos: fatores Protetores:

criança/jovem:

-Bom nível de desenvolvimento global

- Temperamento fácil

- Vinculação segura à família/adulto de referência

- Capacidade de resolução de problemas e/ou pedir ajuda quando necessário

- Sucesso escolar

- Desejo de autonomia e comportamento exploratório

- Grupo de pares pró-social

Familiares/contextos de vida:

- Boas competências parentais

- Boa rede de suporte familiar e social

- Família organizada, com regras e controle da criança

- Boa integração comunitária

- Capacidade de acesso aos serviços de apoio comunitários: sociais, educação, saúde, entre outros;

- Segurança económica

Maus-tratos: Intervenção

115
A observação é uma etapa fundamental para o diagnóstico e situações de maus-tratos.

OBSERVAR

- A expressão comportamental da criança/jovem

- As interações que estabelece com os pais/acompanhantes.

- Incluir a avaliação dos seguintes parâmetros:

- Crescimento e desenvolvimento da criança/jovem;

- Estado físico - pele, cabelo, unhas, roupa, et

- Estado emocional;

- Estado emocional dos pais - relação pais/filho;

- Contexto social - frequência e assiduidade escolar, mendicidade, etc.

MEDIDAS PREVENTIVAS (DGS;2011)

- Realizar visitas domiciliárias:

- Casais pela 1º vez,

- Pais jovens;

- Pais com baixos recursos

- Fornecer informação sobre o crescimento e desenvolvimento das crianças

- Desenvolver parcerias com a família

- Ajudar a encontrar mecanismos de gestão do choro

- Promover a visita, a permanência dos pais nas unidades de cuidados intensivos

- Educar as crianças para que estas se protejam:

- Promover jogos;

- Ensinar a dizer não.

116
Crianças com necessidades especiais
Crianças que apresentam ou se encontram em maior risco, de apresentar um problema de saúde crónico, evolutivo,
a nível físico, comportamental ou emocional, e que precisa de serviços e cuidados de saúde, para além do que
necessitam as outras crianças. (Hockenberry, Wilson & Winkelstein, 2006)

São elegíveis para acesso ao SNIPI, todas as crianças do 1º e dos 2º grupos, que acumulem 4 ou mais fatores de risco
biológico e/ou ambiental

Critérios de elegibilidade para Intervenção Precoce na Infância (0-6 anos)

1.º grupo:

"Alterações nas funções ou estruturas do corpo” que limitam o normal desenvolvimento e a participação, mas
atividades típicas, tendo em conta os referenciais de — desenvolvimento próprios, para a respetiva idade e contexto
social.

2º grupo

“Risco grave de atraso de desenvolvimento” pela existência de condições biológicas, psico afetivas ou ambientais,
que implicam uma alta probabilidade —de atraso relevante no desenvolvimento da criança.

CNE-Programa individual de vigilância

A função de “charneira” destes cuidados deve ser liberada, de preferência, pelo médico ou pelo enfermeiro
especialista em saúde infantil e pediátrica/ enfermeiro de família, privilegiando-se a articulação com a área da saúde
escolar, entre outros” (DGS,2013)

117
CNE- adaptação à parentalidade
Diagnósticochoque/Negação Aceitação Reintegração/Reconhecimento

CNE- Fatores adaptação

CNE- cuidados centrados na família

- Famílias e profissionais trabalham em conjunto

- Orientar para eventos / pontos críticos (início escolar...)

- Foco evolutivo

- Respeito pelas competências, e o sentido de “peritos” cuidados! criança / jovem

- Confiança

- Comunicação aberta e objetiva/ relações terapêuticas

- Normalização / inclusão (preparação; participação; partilha; controlo; expectativas; atitude positiva)

118
- Articulação nas tomadas de decisão

- Negociação

- Reconhecer a família como constante na vida da criança

- Reforçar os pontos fortes da família

- Apoiar a participação da criança / jovem

- Valorizar a intervenção dos serviços comunitários

- Promover uma abordagem individual / desenvolvimental

- Promover o suporte familiar / amigos

- Valorizar os “sucessos conseguidos.

Tarefas adaptativas do país

- Aceita a doença

- Gere doença dia a dia

- Satisfaz as necessidades desenvolvimentais: criança, outros elementos família

- Adapta-se ao stresse e crises “acidentais”

- Ajuda os membros da família a lidar com os sentimentos

- Orienta e instruí outras pessoas sobre a condição da criança

- Estabelece um sistema de apoio

Contextos e Conceitos
Cuidados terapêuticos através de intervenções que eliminam ou minimizam o desconforto físico e psicológico da
criança/família no sistema de cuidados de saúde.

- Evitar ou minimizar a separação da criança dos pais

- Estimular um sentido de controlo

- Evitar ou minimizar o
sofrimento (físico, emocional)

119
Níveis de autonomia Familiar e da interação enfermeiro/família

Programa Nacional de vacinação: novembro 1965


As vacinas funcionam, proteja-se a si e aos que o rodeiam de doenças graves.

1965-poliomielite (último caso em 1988)

1966: tosse convulsa, difteria, tétano e varíola

120
1974: sarampo

1987: rubéola e a parotidite

2000: Haemophilus

2006: meningococo C

2008: HPV

2015: Streptococus pneumoniae (Pn13)

O Programa Nacional de Vacinação (PNV) é um


programa universal, gratuito e acessível a todas
as pessoas presentes em Portugal.

Aos profissionais de saúde compete divulgar o


programa, motivar as famílias e aproveitar todas
as oportunidades para vacinar as pessoas
suscetíveis, nomeadamente através da
identificação e aproximação a grupos com
menor acessibilidade aos serviços de saúde." (PNV, 2012: 6)

PNV – Surtos

Imunidade de grupo:
Efeito indireto da vacinação: por proteção dos vacinados e por proteção dos não vacinados, por redução da
circulação do agente e da transmissão da infeção

121
122
PNV- Extracalendário- vacina contra o vírus da hepatite A

Vacina BCG (Bacilo Calmante-Guérin)

Prova tuberculinica
Prova de Mantoux

- Injeção intradérmica de proteínas purificadas derivadas dos bacilos de tuberculose

- Ocorre uma reação de mediação celular retardada (do tipo hipersensibilidade retardada)

- Leitura entre 48 e as 96 horas, determinando os seus limites, no seu alpando — cuidadosamente a


induração e diâmetro horizontal (DGS, 2014)

- Administração 0,1 ml de forma estritamente intradérmica

- Forma uma pápula de cerca de 5mm de diâmetro que desaparece ao fim de 10 a 15 minutos

- Assinalar o local de injeção traçando uma circunferência circundante

123
Considera-se reação positiva:

- Induração >= a 15 mm, em indivíduos saudáveis sem qualquer contacto com tuberculose ativa.

- Induração >= a 10 mm em indivíduos com viagem recente (tiveram um aumento na resposta tuberculínica)
e indivíduos com condições predisponentes à tuberculose - diabetes, insuficiência renal crónica, malnutrição, etc.

- Induração >= a 5 mm, em doentes com HIV.

124
PNV- grupos de risco ou circunstâncias especiais
- Grávidas

- Recém-nascidos e lactentes prematuros

- Indivíduos com:

- Terapêutica (imunossupressora, imunoglobulinas - incluindo sangue total -) e aplasia

- Transplantados

- asplenia

- Alterações da coagulação

- Imunodeficiências

- Profissionais de saúde para o feto.

- Pessoas com deficiências imunitárias graves não devem ser vacinadas com vacinas vivas

- Grávidas não devem ser vacinadas com vacinas vivas. As vacinas vivas atenuadas representam um risco teórico para
o feto.

Falsas contraindicações

* Ultrapassada a idade recomendada no esquema vacinal

* Sem exame médico prévio, em pessoa aparentemente saudável

* Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior

* Doença ligeira aguda, com ou sem febre

* História pessoal ou familiar de alergias (exemplo: ovos, penicilina, asma, febre dos fenos,)

* Terapêutica antibiótico concomitante, com corticosteroides tópicos ou inalados; imunoterapia.

* Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas

* Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática, neurológica estabilizada (paralisia cerebral)

* Síndroma de Down ou outras patologias cromossómicas/genéticas

* Doença autoimune * Prematuridade /Baixo peso ao nascer * História de icterícia neonatal

* Criança em aleitamento materno ou mulher a amamentar

* Exposição recente a uma doença infeciosa;

* Convalescença de doença aguda

* História anterior da doença (para a qual vai ser vacinado)

* História familiar de reações adversas graves à mesma vacina ou a outras vacinas

* História familiar de síndrome de morte súbita do lactente

* História familiar de convulsões ou epilepsia

* Cirurgia eletiva recente ou programada; anestesia.

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Vacina, conceito, tipologia

É uma preparação antigénios (partículas estranhas ao organismo), que administrada a um individuo provoca uma
resposta imunitária protetora especifica de um ou mais agentes infeciosos.

Tipologia:

1) Vacinas vivas atenuadas

O agente patogénico, obtido a partir de um individuo infetado, é enfraquecido por meio de


passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável.

Ex: VASPR (sarampo, papeira e rubéola); BCG (Mycobacterium bovis); Rotavirus

2) Vacinas inativas/ inertes

Os microrganismos são mortos por agentes químicos

- Inteiras: o agente bacteriano ou viral é inativado por exemplo por formaldeído, e fica incapaz de se
multiplicar, mas mantém todas as suas componentes e preserva a capacidade de estimular o sistema imunitário. Ex:
VIP e Hepatite A

- Fracionadas: contem pequenas frações ou porções de vírus ou bactérias. Ex DTP, vacina antigripal,
vacina contra a cólera

- Toxoide: contém uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que mantém as suas
propriedades imunogénicas, estimulando a formação de anticorpos. Ex: difteria

-Polissacarideas: contruídas a partir de polissacarídeos da cápsula envolvente do agente infecioso Ex:


Hib

- Conjugadas: conjugam um polissacarídeo da cápsula com uma proteína transportadora. Ex: MenC

Vacinas: Intervalos entre a administração

- intervalos superiores ao recomendado: a interrupção do esquema vacinal apenas requer completar o


esquema estabelecido, independentemente do tempo decorrido desde a administração da última dose.

- intervalos inferiores ao recomendado: por razões epidemiológicas, clínicas ou para aproveitar


oportunidades de vacinação, pode ser necessário antecipar a idade recomendada para a primeira dose e /ou
encurtar os intervalos entre doses. Deve respeitar-se sempre a idade mínima de administração da primeira dose e
intervalos mínimos aconselhados entre as doses.

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Vacinas e locais de administração para <12 meses

Para > ou = a 12 meses

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