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A expressão usada no plural era comum pelo menos até o século XIX, haja visto a
existência de duas Jacobinas na época: a sede da velha Freguesia, situada na atual Campo
Formoso, e a Vila da Jacobina Nova, onde atualmente se encontra a cidade. Para o
historiador Solon Santos (2011), sua abrangência tinha o caráter de “um espaço
imaginário” geograficamente situado no interior da Capitania da Baía de Todos os Santos,
sem contornos precisos, possivelmente estendendo seus limites no sentido N/S entre os
rios Itapicuru Açu e Paraguaçu, e W/E entre o Médio São Francisco e o Recôncavo
baiano. A região serviu como cenário para os movimentos de ocupação e povoamento de
variados agentes colonizadores (exploradores, criadores de gado, sesmeiros, rendeiros,
missionários, soldados, autoridades), mas também consistia em uma zona de intensa
mobilidade e interação de diversas etnias indígenas, com destaque para os Paiaiás na
região das missões do Saí e do Bom Jesus da Glória.
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Doutor em História Social pela UFBA, professor Adjunto na Universidade do Estado da Bahia e líder do
Núcleo de Estudos de Cultura e Cidade. Agradeço aos pesquisadores da Universidade do Estado da Bahia
que colaboraram com esse produto.
A Capela da Missão do Bom Jesus da Glória foi fundada pelos jesuítas em 1706.
Foto: Juventino Rodrigues, Década de 1930
O topônimo
A ocupação do território
• A criação de gado;
• A busca de metais preciosos;
• As missões religiosas.
A Freguesia Velha de Santo Antônio, localizada onde hoje está Campo Formoso,
foi dividida por D. João Franco de Oliveira, quarto arcebispo, épocas depois de
ter percorrido os sertões. Em 1752 foi criada a Freguesia Nova de Jacobina.
As duas atas foram transcritas e citadas por Afonso Costa em seu texto de 1916.
Em virtude das tais ordens o dito coronel Pedro Barbosa Leal erigira a
vila para os mineiros e mais moradores dêste distrito de Jacobina, em
a missão de N.S das Neves do Saí, e na mesma mandara levantar
pelourinho, em sinal de ser ali a dita vila, cuja diligencia, fizera em 24
de junho de 1722, e ordenando o dito exmo. sr. vice rei dêste estado,
por portaria sua de 15 de fevereiro de 1724, a êle dito ouvidor geral da
comarca se passasse á vila novamente erecta de Jacobina, e na
mesma fizesse o que se continha na dita portaria, o trabalho é o
seguinte – “Portanto a vila de s. Antonio, novamente erecta na
Jacobina, na jurisdição desta comarca e se faça preciso que o ouvidor
geral dela passa logo a fazer as diligencias que forem mais
convenientes, não só para as boas arrecadações dos quintos,
administração da justiça e estabelecendo daquele magistrado, senão
também para obviar ás desordens que podem acontecer da pouca
união de alguns daqueles moradores; ordeno a Pedro Gonçalves
Cordeiro Pereira, ouvidor geral da comarca, parta sem demora alguma
á dita vila, procurando executor de tudo o que lhe parecer conveniente,
afim de que se logre está utilidade, que tire uma exacta devassa dos
seus procedimentos e de todos os mais que houverem cometido culpa,
que pela lei seja de devassa , procedendo contra êles na fórma da
mesma lei.E considerando que nos seus oficiais não dá aquela
coacção que baste para sujeitar os delinquentes, mando que os oficiais
de milícias, não daquele regimento, mais de todos os mais
circunvizinhos lhe obedeçam e sigam suas ordens , não duvidando que
em tudo que pertencer ao serviço do el-rei e ao interesse da real
fazenda, e bem público dos seus vassalos, obra não só com o assêrto
que costuma, mas de maneira que se faça credor das atenções de
s.m... que Deus guarde, Baía, 15 de fevereiro de 1724.—Vasco
Fernandes Cézar de Menezes.”
“quando foi coronel Pedro Barbosa Leal a essas minas erigir vila por
minha ordem, lhe encarreguei elegesse o sítio mais capazes e próprio
de se utilizarem êsses moradores: depois de erecta a dita vila algumas
queixas me chegaram a respeito da distância, por cuja causa
dificultaram os recursos, mas como o meu fim não seja outro mais que
evitar êsses moradores o incômodo, v.m. os ouça e mande pôr o
pelourinho e fazer a câmara, em parte onde os livre da opressão da
distancia’’...
Em observancia da qual ordem, êle dito ouvidor geral da comarca
passara vêr o sítio que chamam do Coqueiro, que eram um dos que
alguns moradores e mineiros lhe apresentaram para nêle erigir a vila,
e chegando ao dito sítio e examinando-o, o achou incapaz, e que
seguiram não menos incômodo que no em que a dita vila está situdada,
por não ter moradores nem ficar no meio das minas, em que os mineiro
pudessem tratar de suas causas e recolher no mesmo dia para suas
casas; ao que tendo respeito e consideração, resolveu erigir e crear a
vila nêste sítio e arraial do Senhor Bom Jesus, por ficar em meio as
minas em muitas convenções para os litigantes, por poderem se
recolherem ás suas casas em ao mesmo dia que viessem tratar das
suas demanda, e procurassem seu recurso, além de haverem nêste
sítio mais de trinta e tantos moradores, afóra as aldeias dos indios e a
igreja para poderem ouvir a missa e assistirem os oficios divinos, e ser
logar mais frequentado de gente, com uma estrada comum para o rio
s. Francisco, Arraial e Minas Gerais, e com efeito fez e creou vila no
dito sítio com o nome s. Antonio de Jacobina, e ordenou que nela
fizessem ou comprassem casas para audiencia e câmara, e que se
fizessem cadeia para nela se recolherem os deliquentes e criminosos
e que os oficiais de justiça residissem nela continuamente, e que todos
os moradores a tivessem e reconhecessem por vila de hoje em deante
e fosse logar e fôro público, para se tratarem as causas e litigio, e os
moradores assim o tivessem entendido.
A Comarca
Afonso Costa (1918) comenta que entre 1710 a 1721, quinhentos e trinta e dois
homicídios foram praticados com armas de fogo nas áreas de garimpo, somente
baixando o índice após a criação da Vila.
A Cidade
Bibliografia consultada
OLIVEIRA, Valter de. “Offereço meu original como lembrança”: circuito social
da fotografia nos sertões da Bahia (1900-1950). Salvador: EDUNEB, 2017.