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HISTÓRIA DE OLINDA

@professoradmilsoncosta
HISTÓRIA DA CIDADE DE OLINDA

INTRODUÇÃO

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE OLINDA.


Antes da chegada do português colonizador, a região do atual Estado de Pernambuco
era habitada por uma população indígena que tinha o domínio do território, no qual
existiam as primitivas aldeias dos Tabajaras e dos Caetés. Sua antiga denominação
mostrava esta particularidade. Chamava-se Marim, palavra supostamente de origem
indígena, corruptela de “Mirim”, que segundo o sociólogo pernambucano Gilberto
Freyre,67 pode estar ligada à idéia de pequeno ou pequena, ou derivada de “Barim”,
que significa coxo, numa referência a Duarte Coelho, donatário da Capitania de
Pernambuco, que em luta com os indígenas teria sido ferido numa perna e mancava.
“Marim seria a vila do coxo”.68 Há ainda uma outra versão para o nome Marim, ligada a
Mayr, que seria a expressão usada pelos indígenas para denominar os franceses.
Vejamos o que indica Vanildo Cavalcanti,69 apoiado em Adolfo de Varnhagem, em seu
estudo sobre Olinda: “[...] o nome Marim ou Mar-y, que primitivamente tinha a aldeia
que depois cedeu a Olinda o posto, queria com o dizer ‘Água ou Rio dos Franceses’; e
denuncia-nos que foram os mesmos franceses os primeiros que aí se estabeleceram.”

ELIANE MARIA VASCONCELOS DO NASCIMENTO


CARTA DE DOAÇÃO DE 12 DE MARÇO DE 1537

Duarte Coelho, Fidalgo da Casa de El-Rei Nosso Senhor, Capitão Governador destas Terras da Nova Luzitania
por El-Rei Nosso Senhor.

No ano de 1537 deu e doou o senhor governador a esta sua Vila de Olinda, para seu serviço e de todo o seu povo,
moradores e povoadores, as cousas seguintes: Os assentos deste monte e fraldas dele, para casaria e vivendas
dos ditos moradores e povoadores, os quais lhes dá livres de foros o isentas de todo o direito para sempre, a as
Varzeas das Vacas e de Beberibe e as que vão pelo caminho que vai para o Paço do governador, e isto para os que
que não têm onde pastem os seus gados, e isto será nas campinas para pacigo, e as reboteiras de matos para
roças a quem o conselho as arrendar, que estão das campinas para o alagadiço e para os mangues, com que
confinam as terras dadas a Rodrigo Álvares e outras pessoas.

O rossio que está defronte da Vila para o sul até o ribeiro e do ribeiro até a lombada do monte que jaz para os
mangues do rio Beberibe, onde se ora faz o varadouro em que se corregeu a galeota, porque da lombada do
monte para baixo para baixo, o qual o dito Senhor Governador alimpou para sua feitoria e assento dela, que é do
montinho que está sobre o rio até o caminho do varadouro, e daí para cima todo o alto da lombada para os
mangues será para casas e assentos de feitorias, até um pedaço de mato que deu a Bartolomeu Rodrigues, que
está abaixo do caminho que vai para Todos os Santos (...)
A ribeira do mar até o arrecife dos navios, com suas praias, até o varadouro da galeota, subindo pelo rio Beberibe
arriba, até onde faz um esteiro que está detrás da roça de Brás Pires, conjunta com outra de Rodrigo Álvares, tudo
isto será para serviço da Vila e povo dela, até cinqüenta braças do largo, do rio para dentro, para desembarcar e
embarcar todo o serviço da Vila e povo dela, e daí para riba tudo que puder ser, demais dos mangues, pela várzea e
pelo rio arriba é da serventia do Concelho.

Outrossim, dali mesmo do varadouro rodeando pela praia ao longo do mar até onde sai o ribeiro de Val de Fontes,
todo o mato dessa dita praia até cinqüenta braças adentro da terra, tudo será serventia e para serventia da Vila e
povo, reservando que se não pode dar a pessoa alguma. E da dita ribeira sainte de Val de Fontes até o rio Doce, que
se chama Paratibe, tudo será serventia do povo e Vila até as várzeas, que serão pouco mais ou menos duzentas
braças de largo, da praia para dentro das várzeas, porque do rio doce para banda do norte fica com o termo de
Santa Cruz outro tanto ao longo do mar, duzentas braças pela terra adentro, de arvoredo para madeira e lenha do
povo da Vila de Santa cruz, assim como atrás conteúdo é para a Vila de Olinda.

O Monte de Nossa Senhora do Monte, águas vertentes para toda a parte, tudo será para serviço da Vila e povo dela,
tirando aquilo que se achar ser da casa de nossa senhora do monte, que é cem braças da casa ao redor de toda
parte, e assim o Valinho que é da banda do nortee rodeia todo o monte pelo pé, até o caminho que vai da dita Vila
para o Val de Fontes, para o curral velho das vacas, que tudo é da dita casa de Nossa senhora do Monte.
E porque, por detrás do dito montinho, onde há de fazer o Senhor Governador a sua feitoria, até o varadouro da galeota, há
de se abrir o rio Beberibe e lançar ao mar por entre as duas pontas de pedras, como tem assentado o Senhor Governador;
entre o dito rio lançado novamente e as roças da banda de riba, de Paio Correia e da Senhora Dona Brites e o mato que
está adiante, que ora é do Senhor Jerônimo de Albuquerque, há de ir uma rua de serventia ao longo do dito rio novo para
serventia do povo, de que se possa servir de carros, que será de cinco ou seis braças de largo e rodeará pelo pé do
montinho até o varadouro da galeota.

Todas as fontes e ribeiras ao redor desta Vila dois tiros de besta são para serviço da dita Vila e povo dela; fa-las-a o povo
alimpar e correger à sua custa.

Todos os mangues ao redor desta Vila, que estão ao longo do rio Beberibe, assim para baixo como para cima, até onde
tiver terra de arvoredo e roças ou fazendas pelo Senhor Governador, todos os ditos mangues serão para serviço da dita vila
e povo . E assim os do rio dos Cedros e ilha e porto dos navios.

Os varadouros que estão dentro do recife dos navios e os que estiverem pelo rio arriba dos Cedros e de Beberibee todo o
varadouro que se achar ao redor da Vila e termo dela serão para o serviço seu e do seu povo.

Isto foi assim dado e assentado pelo dito Governador e mandado a mim Escrivão que disto fizesse assento e foi assinado
pelo dito governador a 12 de março de 1537 anos.

Fonte: COSTA, F. A. Pereira da. “Anais Pernambucanos”, 2ª. edição, Fundarpe, Recife, 1983, vol. 1, pág. 187.
12 DE MARÇO – ANIVERSÁRIO DA CIDADE
É A DATA MAGNA DA CIDADE.

Fundada em 1535 por Duarte Coelho Pereira, donatário da Capitania de


Pernambuco, Olinda foi oficialmente reconhecida como vila em 12 de março de
1537. Nesta data, a cidade festeja toda sua riqueza histórica e cultural desde seu
surgimento. A festa é uma expressão das tradições culturais, religiosas, dos
artistas e artesãos, no cenário dos casarios e igrejas, datados dos séculos 18 e 19.
Olinda é considerada uma das cidades coloniais mais bem preservadas do país.
Foi a segunda cidade brasileira a ser declarada como Patrimônio Histórico e
Cultural da Humanidade pela ONU, em 1982.

https://www.olinda.pe.gov.br/a-cidade/feriados-municipais/
❖ Em 1534, a Coroa portuguesa instituiu o
regime de Capitanias Hereditárias.
❖ Duarte Coelho, que tomou posse de sua
capitania desembarcando, em 9 de março
de 1535, na feitoria fundada em 1516, entre
Pernambuco e Itamaracá.
❖ Encontrou ao sul um local
estrategicamente ideal, no alto de colinas,
onde existia uma pequena aldeia chamada
Marim, pelos índios, instalando aí o
povoado que deu origem a Olinda.
Um sítio protegido pela altura descortinando o mar,
com um porto natural formado pelos arrecifes, água em
abundância e terras férteis, e fácil de defender, segundo
os padrões militares da época. O local era tão aprazível, Formação Administrativa
que, conta-se, o nome Olinda foi dado a partir de uma
frase dita por Duarte Coelho: “Ó linda situação para se ❖ Distrito criado com a denominação de
construir uma vila”. Não se sabe o dia da fundação de Olinda, pelo Alvará de 29-01-1787.
Olinda; sabe-se que o povoado prosperou tanto, que em ❖ Elevado à categoria de vila com a
1537, já estava elevado à categoria de vila. Em 12 de denominação de Olinda (ex-Aldeia
março de 1537, Duarte Coelho enviou ao rei de Portugal, Marim), em 1537.
D.João III, o Foral, carta de doação que descrevia todos ❖ Foi capital do Estado até o ano de 1827.
os lugares e benfeitorias existentes na Vila de Olinda. ❖ Elevado à condição de cidade e sede com
Nas praias, a vila foi fortificada para a defesa e do alto a denominação de Olinda, em 16-11-1837.
das colinas se expandiu em direção ao mar, ao porto e
ao interior onde ficavam os engenhos

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/olinda/historico
Diz-se que foi assim: eu “hum Gallego criado de Duarte Coelho [...] andando com
outros por entre o matto buscando o sitio em que se edificasse [a vila], achando
este que he em hum monte alto, disse com exclamação de alegria: Olinda!” Foi esta
a tradição que frei Vicente do Salvador recolheu nas notas de História do Brasil que
acabou de escrever em 1627 [...] o beneditino Dom Domingos de Loreto Couto e,
depois dele, o inglês Southey, afirmam, em seus escritos, que foi o próprio Duarte
Coelho, primeiro donatário de Pernambuco, que exclamou diante do monte:
“Olinda situaçam para se fundar huma villa” Oh linda teria se aquietado em Olinda.

FREYRE, 1968. p. 3.
❖ Com o extrativismo do pau-brasil e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, Olinda
tornou-se um dos mais importantes centros comerciais da colônia, enriquecendo a tal ponto que
disputava com a Corte portuguesa em luxo e ostentação. O traçado urbano da vila configurou-se,
ainda no século XVI, com a definição dos caminhos e com a ocupação dos principais promontórios
pelos religiosos. Com a chegada das primeiras ordens religiosas – carmelitas, em 1580, jesuítas,
em 1583, franciscanos, em 1585, e beneditinos, em 1586, foi feita também a catequização dos
índios, de fundamental importância para a conquista definitiva das terras.

❖ Em 16 de fevereiro de 1630, a Holanda invadiu Olinda e conquistou Pernambuco. Tomada a


cidade, os holandeses se estabeleceram no povoado e ilhas junto ao porto e abandonaram Olinda.
Em 24 de novembro de 1631, os holandeses incendeiam Olinda, após retirar os materiais nobres
das edificações para construir suas casas no Recife, que começa a prosperar sob a administração
holandesa. Em 27 de janeiro de 1654, os holandeses foram expulsos e iniciou-se a lenta
reconstrução da Vila de Olinda.
❖ APÓS 1654 – Depois de 1654, não se pode mais mudar o destino do Recife, que passa a ocupar aquele
lugar antes Olinda. Será o Recife a sede, embora não oficial, e Olinda, secundarizada, se reconstruirá
lentamente, não tendo mais a importância que teve naqueles anos anteriores a 1630. Mapa de meados
do século XIX revela uma cidade, título obtido em 1676, ainda com as mesmas dimensões da antiga
vila. É bem verdade que se reconstruíram, de forma monumental, as suas casas religiosas. O
mercantilismo presente no Recife e a racionalidade daquela nova relação, à luz do novo mundo dos
séculos XVI e XVII venceram afinal. Olinda tem seu futuro traçado diante do crescimento da
importância do Recife. O centro histórico (atual), nesses meados do século XIX, ainda se encontrava
envolvido por propriedades rurais, as maiores, os engenhos, na maioria de fogo morto, os da várzea do
Beberibe, e as menores, os sítios, nas margens do Rio Beberibe e do mar.

❖ NOVO FLORESCER – Sendo Olinda lugar de moradias e onde estava instalada, desde 1827, a Academia
de Direito, ela adquire certa importância com relação ao lugar de trabalho, o Recife. Mas é o interesse
pelos salutares banhos de mar, recomendados pelos médicos, que lhe dá nova vida. Nova vida que é
bem representada pelo interesse de uma ligação mais rápida, através de um trem urbano, com o
Recife, esta se fez desde a Encruzilhada, por antigo caminho que existia desde o século XVI.
❖ De princípio, os veranistas usavam casas de terceiros, alugadas para as temporadas de verão. Depois,
são adquiridos imóveis e se torna hábito então morar na cidade, mesmo fora da temporada de
veraneio. É o renascimento da cidade. Sente-se essa transformação naquelas casas próximas ao mar,
onde elas se revestem com roupas ecléticas e, com as reformas das fachadas, são modernizadas. O que
se restringia às áreas próximas às praias vai depois caminhar para as outras ruas da cidade. Uma
transformação urbana que dá novo alento ao velho burgo. A água potável, levada às casas pela
Companhia Santa Teresa, e a eletrificação, denotam a importância que readquire a cidade. Logo, o trem
urbano é substituído pelos bondes elétricos, no início do século XX.

MENEZES, José Luiz Mota, in Evolução Urbana e Territorial de Olinda: do Descobrimento aos Tempos
Atuais – A Vila de Olinda – 1537-163

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