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LAUDO GOGRÁFICO

OBJETIVO DO LAUDO

O presente Laudo Técnico tem por objetivo verificar e comprovar as interferências antrópicas e suas
marcas no espaço geográfico do rio vermelho no decorrer dos anos

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O Rio Vermelho surgiu entre 1509 e 1511 após a vinda do primeiro europeu à
região, sendo primordialmente ocupada por um grupo indígena Tupinambá. Seu nome é
originário desta tribo, surgindo através da coloração avermelhada do Rio Camarajipe;
derivada do barro presente na água. É conhecido como “O Bairro Boêmio de Salvador”
pelos seus bares, casas noturnas e festas, crescentes ao longo dos anos. Inicialmente, o
Rio vermelho era isolado da cidade, e demorou muito para ser considerada uma área
urbana. No entanto, como passou de uma simples área de pobres trabalhadores para um
dos maiores centros culturais e urbanos de Salvador? 

O agrupamento indígena com o tempo foi expandindo, e consequentemente foi


expulso do território ou tendo sua forma de vida alterada, sendo pouco a pouco
transformados em pescadores e lavradores. Ainda nos anos 1500, inúmeros terrenos
passaram a ser vendidos para as famílias de classes mais altas e para a construção de
casas de veraneio. Sem embargo, o bairro permanecia longínquo do crescimento urbano.
Entretanto isto logo mudaria, levando em conta o suprimido pertencimento do Rio
Vermelho aos indígenas, e a nova instalação dos portugueses a partir de 1530, logo após
os franceses.

No início do século XVII, precisamente em nove de maio do ano de 1624, os


holandeses invadiram Salvador após duas tentativas. Por conta da situação
desesperadora, boa parte da população soteropolitana da época buscou refúgio fora da
cidade, enquanto outros se escondiam no Rio Vermelho. Após os invasores serem
expulsos foi construída uma Fortaleza no bairro usado como refúgio, o famoso Reduto
do Rio Vermelho, a única fora das fronteiras da Baía de Todos os Santos. A construção
não foi concluída, todavia recebeu um contingente militar e artilharia apropriada. Em
1822, o aparato bélico foi reforçado para suprir as necessidades das Guerras da
Independência do período de 1821 a 1824. 

A partir do século XVIII passará a ser possível a observação de maiores


construções no bairro, podendo então ser finalmente denominado de urbano. No
decorrer dos anos, já em meados do século XIX, a região passou a ser ocupada por três
povos: Santana, Paciência e Mariquita.

 O núcleo Paciência, era composto por famílias com melhores condições. O da


Mariquita, era habitado por pescadores localizados no Largo das Mariquitas, que
infelizmente não mais existe devido à urbanização. Seu nome, em Tupi Guarani
significa naufrágio- esta região foi assim nomeada devido à submersão do barco de
Diogo Correia, um europeu que batizou o Rio Vermelho e o fundou oficialmente.
Enquanto o núcleo Santana, foi também formado por pescadores, localizando-se
no Porto de Santana e sendo ainda existente, mesmo com a urbanização. Além disso, o
“Largo de Santana” constantemente atraia turistas e moradores de outras regiões do
bairro para presenciarem as festividades da Igreja da Santana, construída em 1746.

Na década de 70, a urbanização se deu em ritmo acelerado. Com a melhoria dos


transportes dentro do bairro, que antes não proporcionavam suficiente mobilidade
urbana, além de um incrível avanço imobiliário, houve também um certo
desenvolvimento vertical da área, causando inúmeras e estrondosas diferenças.
Podemos enxergar como o pontapé dessa revolução, a construção do famoso conjunto
residencial de Santa Madalena. Foi nesse período também, que o turismo passou a ser
mais explorado e utilizado como fonte de renda, tornando a região mais atrativa.

Entre o final dos anos 70 e o início de 1980, o Rio Vermelho é submetido à um


grande crescimento demográfico, levando a uma alta concentração de cidadãos de em
regiões periféricas, dando origem assim à novos bairros e causando a expansão de
comunidades de baixa renda, como o Nordeste da Amaralina e o Nordeste de Santa
Cruz. Inevitavelmente, o espaço urbano passa a ser massivamente alterado os espaços
desocupados passam a ser tomados pelo sistema viário. Tal termo pode ser entendido
como, áreas de circulação da cidade com boas condições de habitação e povoamento das
classes mais altas. Desde então a região vem crescendo massivamente, atingindo uma
certa estabilidade apenas nos dias de hoje. 

O alto desenvolvimento do bairro, impulsionou o investimento no turismo. As


festas religiosas passaram a possuir uma maior relevância municipal. Podemos ver em
todo o bairro a presença da religião católica além de crenças de matriz africana.

Ainda no século XX, os trens elétricos chegaram ao bairro, trazendo consigo


ainda mais proprietários e compradores de casas de veraneio. Esse costume estimulou a
ocupação da região. Tal situação fez com que os habitantes de baixa renda se
deslocassem para regiões interiores, devido à crescente valorização das áreas litorâneas.
Esse histórico pode ser considerado um dos fatores para justificar os altos preços dos
espaços do bairro. 

Nessa época, o uso de meios de transporte de alta lotação (tais como os trens
elétricos) passaram a manifestar-se. Temos como amostra o ônibus, chamado
primordialmente de Marinetti. Eram disponibilizados também, transportes como kombis
e micro-ônibus. Logo depois foi construída a orla, que conectava o Rio Vermelho à
Pituba e a Itapuã, levando o tráfego para a região litorânea causando o aumento do fluxo
e consequentemente a integração do bairro com o restante da cidade. 

O Rio Vermelho é extremamente famoso por seus festejos religiosos. Traços de


religião católica e de matriz africana estão presentes em toda a região. Na praça
Mariquita e na Santana, são presentes lindas estátuas da Deusa dos Mares Iemanjá.
Conhecida por vários nomes (tais como Sereia do Mar, Mãe D’água e até mesmo
Janaína), Iemanjá é uma figura religiosa da matriz africana que representa os oceanos.
Sua festa, que ocorre todos os anos no dia 02 de fevereiro, é extremamente famosa, e se
torna ainda mais conhecida por ter como “Lar” o Rio Vermelho desde oficialmente
desde 1943. Os festejos incluem desfiles, presentes, sambas de roda e diversas
apresentações.

O festejo da Nossa Senhora de Santana também é bastante conhecido. A festa da


padroeira dos pescadores conta com 10 dias de comemoração. A história conta que
enquanto pescadores estavam distraídos, uma senhora apareceu e os mandou partirem
ao mar alegando que o governo iria convocá-los para a Guerra de Canudos. Sua festa
contava com a lavagem das escadarias da velha igreja e com desfiles pelas ruas,
acontecendo sempre no último domingo anterior ao período de carnaval. 

Esse, entre muitos outros festejos trouxeram maior fama ao bairro. Apesar de
primordialmente não ser considerado parte da cidade, hoje é um dos maiores centros-
turísticos de Salvador. O Largo da Mariquita, onde é localizado um dos acarajés mais
famosos da cidade, o da Cira, Largo de Santana e Igreja de Santana são exemplos de
lindos pontos turísticos, que já havíamos explicado a história previamente. 

A Vila Caramuru, onde fica localizado o Mercado de Peixe, também é um ponto


turístico grandemente conhecida. Caramuru, é como Diego Corrêa havia sido batizado
pelos Indígenas. Este apelido é proveniente de um peixe habitual no Recôncavo
Baiano. 

Agora, acerca das praias, os paraísos naturais mais célebres são a Praia da
Paciência e a Praia do Buracão. A da Paciência, em outros tempos, era dedicada às
classes mais altas, como o próprio nome já diz, ao se referir ao mais rico dos núcleos
populacionais. Conta com esbeltas piscinas naturais e espantosas formações rochosas,
mas sendo usualmente apenas ocupada por moradores da região. 

Temos também o Espaço Cultural Casa da Mãe. Classificado como um bar ou


restaurante, traz a nossa cultura em cada um dos seus traços. Com música ao vivo e
comidas e bebidas típicas de nossa região, o Espaço Cultural se torna uma visita
indispensável para os Turistas. 

Uma qualidade extremamente persuasiva do nosso objeto de estudo é que,


apesar de ser um bairro extenso, o entretenimento é homogeneamente espalhado, e tudo
pode ser considerado perto. Você nunca se sentirá entediado. 
 
Essa grandiosa transformação de posição e função pode ser justificada por vários
fatores, tais como: A antiga disputa de terrenos para casas de veraneio por famílias de
classes mais altas, a presença de artistas como moradores, trazendo um ar artístico à
região, ponto de turismo, aumento da população por conta da fuga dos cidadãos devido
à invasão holandesa e grande extensão litorânea. 

A veracidade der ser boêmio, é derivada de alta presença de casas noturnas,


bares, restaurantes e festas. Podemos justificar isso através da procura pelo espaço de
veraneio e lazer, além dos pontos turísticos naturais e que surgiram através dos anos.

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Ana Gabriela de Araújo Figueiredo; Maria Souza Oliveira Bomfim; Pablo


Lirio Rodrigues de Oliveira.

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